Porta Viagem Livro Do Professor

October 14, 2017 | Author: Célia Figueira | Category: Semiotics, Linguistics, Languages, Science, Philosophical Science
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– 5.o ANO Português

CADERNO DE APOIO AO PROFESSOR ANA SOARES • MARTA BRANCO

Acordo Ortográfico − por Paulo Feytor Pinto Materiais fotocopiáveis Guiões de exploração de obras integrais Transcrições dos conteúdos do CD Áudio

ÍNDICE APRESENTAÇÃO DO PROJETO PORTA-VIAGENS ...............................

3

COMPONENTES DO PROJETO ........................................................ Manual .............................................................................. Minigramática .................................................................... Leituras ............................................................................. Cartazes ............................................................................ Apresentações em PowerPoint .............................................. Livro de Testes .................................................................... Planos de Aula .................................................................... Materiais fotocopiáveis ........................................................ Caderno de Atividades.......................................................... CD Áudio ............................................................................ Aula Digital ........................................................................

4 4 5 5 5 6 6 7 7 7 7 7

O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO NO SISTEMA EDUCATIVO PORTUGUÊS – POR PAULO FEYTOR PINTO ...................................................

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ANUALIZAÇÃO (PROPOSTA DE CICLO – 5.O E 6.O ANO) .........................

13

GUIÕES DE EXPLORAÇÃO ............................................................. A Fada Oriana ..................................................................... O Dragão ............................................................................

25 26 31

MATERIAIS FOTOCOPIÁVEIS ......................................................... Guião de apoio à realização de banda desenhada....................... Banda desenhada a completar: As bocas do mundo ................... Cartazes ............................................................................

33 34 38 40

GRELHAS DO PROFESSOR / AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS............. Leitura expressiva ............................................................... Compreensão do oral ........................................................... Expressão escrita ................................................................ Expressão oral ....................................................................

53 54 55 56 57

GRELHAS DOS ALUNOS ................................................................ Texto narrativo ................................................................... Texto descritivo .................................................................. Leitura expressiva ...............................................................

59 60 60 60

ÁUDIOS ..................................................................................... Guião dos áudios ................................................................. Textos do CD Áudio ..............................................................

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Nota: Este caderno encontra-se redigido conforme o novo Acordo Ortográfico.

APRESENTAÇÃO DO PROJETO

Caras/caros colegas, O Porta-viagens que vos propomos como projeto pedagógico é reflexo da nossa visão do ensino da Língua Portuguesa. Segundo esta, ensinar a língua materna deve ser uma constante descoberta, sendo o professor o guia que orienta os alunos em viagens sempre novas, mas também sempre enriquecedoras. Assim, o manual que vos apresentamos inclui, para cada período escolar, sete viagens. Cada uma tem um núcleo temático e tipológico que se prolonga em atividades de diferentes domínios, pois para cada uma delas estipulámos várias possibilidades de paragem. Como numa viagem real, em que apreciamos aspetos vários como a arquitetura, a gastronomia, entre outros característicos de um novo local que visitamos, também nas aulas de português, e em particular nas viagens que propomos, há várias etapas possíveis: ler, ouvir, falar, escrever e conhecer a língua (o conhecimento explícito da língua – CEL). São assim estas viagens, com paragens pelas cinco competências. Por outro lado, esta estrutura é também a que nos parece ser mais adequada à implementação das alterações decorrentes das novas indicações programáticas, dado que este projeto é também fruto de uma aturada reflexão sobre os Novos Programas de Língua Portuguesa e respetivos descritores de desempenho. Destacamos ainda que, não retirando ao texto literário o protagonismo que ele merece no ensino da língua, e destacando textos do Plano Nacional de Leitura, valorizamos também outras tipologias textuais. Tivemos ainda o cuidado de inserir textos sobre outras culturas e/ou autores de expressão portuguesa de forma a enriquecer este projeto do ponto de vista cultural e das variedades do português. A anualização que fizemos para a concretização deste manual é fruto da nossa experiência com os alunos que nos foi indicando qual a prioridade pela qual alguns domínios devem ser trabalhados e que, conse quentemente, orientou as opções que fomos fazendo. Estas opções vão ainda ao encontro das Metas de Aprendizagem definidas para este ciclo de estudos e estão conforme a nova nomenclatura gramatical (o Dicionário Terminológico). O caráter prático e utilitário não foi descurado na organização do Porta-viagens. Assim, após as viagens previstas para cada período, propomos ainda uma etapa de descanso e consolidação: a Memória de Viagens. Nela, reveem-se e reflete-se sobre as viagens realizadas, ao jeito de revisões da matéria dada. Por último, gostaríamos de destacar que não faltam ainda a este projeto outros materiais auxiliares, como os guiões opcionais para exploração de textos integrais (um versando sobre A Fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Andresen e outro sobre o conto O Dragão de Luísa Ducla Soares), testes formativos, testes sumativos e toda uma variedade de materiais em suporte digital que os professores podem utilizar de formas diversas de modo a poderem adequar o material base à realidade particular da escola e turmas que encontram à sua frente. A flexibilidade é, portanto, também um conceito subjacente a este projeto.

Esta apresentação sumária não poderia terminar sem os votos de boa viagem. Que cada uma das viagens que idealizámos seja proveitosa para alunos, que todas as etapas sejam para eles, mas também para os seus guias especializados, os professores, fonte de descoberta e alegria. Foi com muito entusiasmo que preparámos este material. Sabemos que será também com a paixão que caracteriza os professores de português pela sua língua que estas viagens serão propostas aos alunos. As Autoras 3

COMPONENTES DE PROJETO Manual O manual apresenta uma viagem introdutória e de diagnóstico e está dividido em três grandes unidades, cada uma constituída por sete viagens e uma secção de revisões (Memórias de viagem). As viagens propõem atividades das cinco competências, articuladas entre si. Para além da flexibilidade que esta proposta oferece, a mesma pode ser entendida como uma forma de possibilitar aprendizagens diferenciadas por parte dos alunos, atendendo ao diferente grau de dificuldade das tarefas propostas e da variedade de competências exploradas a partir do mesmo núcleo temático ou textual. Por outro lado, a grande diversidade de atividades e estratégias propostas vai ao encontro de alunos com diferentes estilos de aprendizagem. A adequação curricular é também facilitada por este conceito das viagens, podendo o docente insistir em determinadas competências em detrimento de outras ao longo de todo o manual, pois todas as viagens apresentam propostas para as cinco competências. Na versão do professor, as badanas incluem propostas de solução dos exercícios.

Unidade 0 – Antes de partir (Viagem de diagnóstico) Unidade 1 – Viagens pela tradição oral Viagem 1 – Conto maravilhoso Viagem 2 – Conto tradicional português e Adivinhas Viagem 3 – Conto tradicional português Viagem 4 – Provérbios, Trava-línguas e Lengalengas Viagem 5 – Lendas Viagem 6 – Fábulas / Conto africano Viagem 7 – Mitos Memórias de viagem Unidade 2 – Viagens pelo real e pelo imaginário (Predomínio do texto narrativo em articulação com outros tipos de texto) Viagem 1 – Narrativa Viagem 2 – Conto, Texto descritivo e (Auto)biografia Viagem 3 – Narrativa e Texto institucional Viagem 4 – Narrativa Infanto-juvenil Viagem 5 – Memórias Viagem 6 – Texto narrativo e Biografia Viagem 7 – Conto integral Memórias de viagem

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Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelos palcos (Predomínio do texto poético e dramático em articulação com outros tipos de texto) Viagem 1 – Narrativa em verso e Entrevista Viagem 2 – Texto poético Viagem 3 – Texto poético, Mapas e Texto informativo Viagem 4 – Texto poético e Biografia Viagem 5 – Texto poético Viagem 6 – Texto dramático Viagem 7 – Texto dramático Memórias de viagem

Minigramática Com todo o rigor, mas com uma linguagem que se pretende adequada à faixa etária destes alunos, o manual integra no final uma mini-gramática para consulta dos alunos ao longo das viagens. A mesma está de acordo com o Dicionário Terminológico e visa complementar as viagens, sendo esta, na nossa perspetiva, um importante auxiliar do estudo dos alunos.

Leituras O projeto Porta-viagens oferece, para além do texto integral contemplado pelo manual e respetiva exploração («Trisavó de espada à cinta», de Alice Vieira), dois outros guiões extra para exploração de obras integrais e que o docente pode integrar na sua planificação: A Fada Oriana, de Sophia de Mello Breyner Andresen e O Dragão de Luísa Ducla Soares.

Cartazes O projeto Porta-viagens inclui um conjunto de cartazes que podem ser usados em final de unidade para síntese e balanço ou, em início de unidade, para rever aspetos tratados nos períodos anteriores. Fornecemo-los em vários formatos. No Caderno de Apoio ao Professor estão disponíveis para poderem ser fotocopiados e entregues aos alunos. Os mesmos surgem nos PowerPoints para serem projetados e podem ainda ser impressos para afixar nas salas de aula dos alunos. Estão também disponíveis, neste mesmo formato, na Aula Digital. Unidade 1 – Viagens pela tradição oral

lendas adivinhas

trava-línguas

Tipos de texto

expressões idiomáticas

lengalengas

fábulas

contos

provérbios

mitos

Porta-viagens | 5.o Ano

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Apresentações em PowerPoint As apresentações em PowerPoint que propomos visam complementar as atividades do manual e planos de aula. Embora associadas a unidades específicas, podem ser reutilizadas sempre que a mesma tipologia textual ou atividade seja explorada.

PowerPoint

Conteúdo

1 – Bem-vindo ao 5.o ano

Apoio à organização do caderno diário e integração dos alunos no 2.o ciclo.

2 – Dicionário

Estratégias para consulta do dicionário e exemplos.

3 – Banda desenhada

Apoio à atividade de transformação de texto narrativo em banda desenhada.

4 – Fábulas

Características das fábulas, exemplos de textos e autores clássicos.

5 – Pesquisar

Como preparar uma atividade de pesquisa, etapas.

6 – Produzir e avaliar um texto escrito

Material de apoio às fases de planificação, redação e revisão de texto – grelhas para avaliação dos textos.

7 – Leitura expressiva

Sensibilização e preparação de atividades de leitura expressiva.

Cartazes

Cartazes síntese para impressão.

Livro de Testes Os testes propostos visam facilitar a tarefa de pesquisa de textos e construção de itens. Por isso, são mesmo para serem fotocopiados. Em alternativa, e sabendo que nem todas as escolas, turmas e alunos têm o mesmo ritmo, estes testes estão também disponíveis na Aula Digital de forma a poderem ser editados, manipulados e adaptados às necessidades reais de cada docente. São doze testes, pensados de forma a poderem ser realizados dois formativos e dois sumativos por período escolar e os mesmos estão articulados com as propostas das viagens do manual. Todos têm uma estrutura tripartida (Leitura e Interpretação, CEL e Produção Escrita). Quanto ao domínio da Leitura, propomos sempre dois textos: o primeiro, texto A, de tipo informativo (com itens de seleção) e o outro, texto B, literário (com, predominantemente, itens de construção). O índice detalhado dos testes, em que se apresentam as tipologias textuais e os conteúdos do CEL , visa facilitar a escolha dos itens mais pertinentes a aplicar.

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Planos de Aula Os Planos de Aula apresentam um caminho possível por entre as viagens que constituem este projeto. Estão em estreita articulação com os descritores de desempenho dos Novos Programas de Português assim como com as Metas de Aprendizagem. Os planos que propomos não têm a pretensão de ser a única leitura do manual, mas apresentam-se como um modelo e referência. Os mesmos estão ainda disponíveis para serem editados e modificados na Aula Digital. Não contemplámos as aulas de realização dos testes nem o trabalho com as obras de leitura integral, por considerarmos que estas propostas podem ser integradas, no momento do ano letivo mais oportuno, pelos próprios colegas.

Materiais fotocopiáveis São disponibilizados aos docentes, no Caderno de Apoio ao Professor (CAP), alguns materiais fotocopiáveis, nomeadamente cartazes síntese de apoio a aulas de revisões e um guião para a realização de uma banda desenhada (atividade prevista na unidade 1).

Caderno de Atividades Em estreita articulação com as viagens do manual, o caderno do aluno propõe textos e exercícios complementares e de reforço aos conteúdos do CEL previstos para o 5.o ano. Podem ser usados para TPC, atividades extra na sala de aula ou ainda para trabalho e estudo autónomo por parte do aluno, visto que o mesmo integra, no final, as soluções dos exercícios propostos.

CD Áudio O CD áudio contém todos os materiais necessários à realização das atividades da secção OUVIR das viagens das três unidades. As suas transcrições encontram-se disponíveis no final deste caderno de apoio ao professor.

Aula Digital A Aula Digital possibilita a fácil exploração do projeto Porta-viagens, através das novas tecnologias em sala de aula. É uma ferramenta inovadora, que lhe permitirá tirar o melhor partido do seu projeto escolar, simplificando o trabalho diário. Na Aula Digital são-lhe disponibilizados os planos de aula em formato editável, para que os possa personalizar à medida das suas turmas. Poderá não só projetar e explorar as páginas do manual na sala de aula, como também aceder a um vasto conjunto de conteúdos multimédia integrados no manual para tornar a aula mais dinâmica: • Animações de textos – em cada unidade são apresentados textos com vocalização e ilustrações animadas, integrando também atividades de exploração do texto. • Gramática Interativa – animações que apresentam todos os tópicos gramaticais abordados ao longo do manual, acompanhadas de exercícios interativos.

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• Vídeos e Áudios – recursos audiovisuais que complementam e enriquecem as atividades propostas ao longo do manual. • Jogos – atividades lúdicas que permitem a revisão da matéria, de forma mais apelativa, garantindo a componente didática. • Testes Interativos – extenso banco de testes interativos, personalizáveis e organizados pelos diversos temas do manual. • PowerPoints – apresentações que exploram de forma didática e motivadora conteúdos relevantes do manual. • Links internet – endereços para páginas na internet de apoio às matérias, para a obtenção de mais informação. Para avaliar facilmente os seus alunos, poderá: • Utilizar os testes pré-definidos ou criar um à medida da sua turma, a partir de uma base de mais de 100 questões. • Imprimir os testes para distribuir, projetar em sala de aula ou enviar aos seus alunos com correção automática. • Acompanhar o progresso dos alunos, através de relatórios de avaliação detalhados. Para poder comunicar mais facilmente com os seus alunos, a Aula Digital permite a troca de mensagens e a partilha de recursos.

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O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO NO SISTEMA EDUCATIVO PORTUGUÊS Principais alterações, por Paulo Feytor Pinto A ortografia da língua portuguesa, tal como a própria língua, tem sofrido alterações ao longo do tempo. Em 2011, com a entrada em vigor da nova ortografia que aqui se apresenta, chega ao fim um período de 100 anos durante o qual a língua portuguesa teve duas ortografias oficiais distintas. Este facto foi provocado pelos portugueses que, em 1911, adotaram uma nova ortografia, tornaram-na oficial e não consultaram os brasileiros. Apesar de a nova ortografia comum ter provocado alterações tanto na ortografia portuguesa como na brasileira, aqui apresentam-se apenas as regras que alteram a ortografia a utilizar no sistema educativo português. Todas as regras ortográficas que não são referidas mantêm-se, portanto, inalteradas. Também a terminologia utilizada nestas páginas é a adotada no ensino básico e secundário e não a do texto legal. As alterações introduzidas na ortografia são as seguintes: 1. Introdução das letras k, w e y no alfabeto (Base I) 2. Obrigatoriedade de inicial minúscula em alguns nomes próprios e formas de cortesia (Base XIX) 3. Supressão das letras c e p em sequências de consoantes (Base IV) 4. Supressão de acento em palavras graves (Base IX) 5. Supressão e/ou substituição do hífen em palavras compostas e derivadas, formas verbais e locuções (Bases XV-XVII) A consulta deste texto pode ser complementada com a leitura do diploma legal que aprova a nova ortografia, em especial das bases ou regras acima identificadas e das respetivas notas explicativas. A Resolução da Assembleia da República, de agosto de 1991, está permanentemente disponível em: http://dre.pt/pdf1sdip/1991/08/193A00/43704388.pdf

A Resolução do Conselho de Ministros que determina a entrada em vigor da nova ortografia, de janeiro de 2011, adotou também o Vocabulário Ortográfico do Português e o conversor Lince desenvolvidos pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional, com financiamento público do Fundo da Língua Portuguesa. Uma vez que o texto legal que descreve a nova ortografia prevê exceções e não é exaustivo na exemplificação, estas duas ferramentas são muito úteis para esclarecer as inevitáveis dúvidas e estão disponíveis gratuitamente no sítio: www.portaldalinguaportuguesa.org

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1. Introdução das letras k, w, e y no alfabeto k

w

y

As letras k, w e y fazem parte do alfabeto da língua portuguesa. Apesar desta novidade, as regras de utilização mantêm-se as mesmas. Estas três letras podem, por exemplo, ser utilizadas em palavras originárias de outras línguas e seus derivados ou em siglas, símbolos e unidades internacionais de medida, como darwinismo, Kuwait, km ou watt. A posição destas três letras no alfabeto é a seguinte: …j, k, l… …v, w, x, y, z.

2. Obrigatoriedade de inicial minúscula em alguns nomes próprios e formas de cortesia sábado agosto verão sul senhor Silva A letra minúscula inicial é obrigatória nos: – nomes dos dias: sábado, domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira… – nomes dos meses: agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro… – nomes das estações do ano: verão, outono, inverno, primavera… – nomes dos pontos cardeais ou equivalentes, mas não quando eles referem regiões: sul, leste, oriente e ocidente europeu, mas o Ocidente. A letra minúscula inicial é obrigatória também nas formas de tratamento ou cortesia: senhor Silva, cardeal Santos… A letra inicial tanto pode ser maiúscula como minúscula em: – títulos de livros, exceto na primeira palavra: Amor de perdição ou Amor de Perdição. – nomes que designam cursos e disciplinas: matemática ou Matemática. – designações de arruamentos: rua da Liberdade ou Rua da Liberdade. – designações de edifícios: igreja do Bonfim ou Igreja do Bonfim.

3. Supressão das letras c e p em sequência de consoantes ótimo

ação

facto

apto

As letras c e p são suprimidas sempre que não são pronunciadas pelos falantes mais instruídos, como acontece em algumas sequências de consoantes: ação, ótimo, ata, ator, adjetivo, antártico, atração, coletânea, conceção, letivo, noturno, perentório, sintático…conceção, letivo, noturno, perentório, sintático… As letras c e p mantêm-se apenas nos casos em que são pronunciadas: facto, apto, adepto, compacto, contacto, corrupção, estupefacto, eucalipto, faccioso, fricção, núpcias, pacto, sumptuoso… Assim, tal como na oralidade, na escrita temos Egito e egípcio. 10

Aceita-se a dupla grafia quando se verifica oscilação na pronúncia culta, como em sector e setor. Já existiam em português outras palavras com mais de uma grafia, como febra, fevra e fêvera. As letras b, g e m mantêm-se na escrita em português europeu padrão de sequências idênticas de consoantes: subtil, súbdito, amígdala, amnistia, omnipresente… A letra h mantém-se tanto no início e no fim de palavra como nos dígrafos ch, lh e nh: homem, oh, chega, mulher, vinho.

4. Supressão de acento em palavras graves pera

leem

joia

heroico

veem

para

O acento agudo é suprimido das palavras graves cuja sílaba tónica contém o ditongo oi. Generaliza-se portanto a regra já aplicada em dezoito e comboio. Assim, passamos a ter: joia, heroico, boia, lambisgoia, alcaloide, paranoico… O acento circunflexo é suprimido das formas verbais graves, da terceira pessoa do plural, terminadas em eem. Assim, passamos a ter: leem, veem, creem, deem, preveem… O acento gráfico, agudo ou circunflexo, é suprimido das palavras graves que não têm homógrafas da mesma classe de palavras. Assim, para poder ser uma preposição ou uma forma do verbo parar, tal como acordo já podia ser um nome ou uma forma do verbo acordar. Outros exemplos são: acerto (verbo ou nome), coro (verbo ou nome), fora (verbo ou advérbio)… O acento agudo mantém-se na escrita em português europeu padrão das formas verbais da primeira pessoa do plural, do pretérito perfeito do indicativo, dos verbos da primeira conjugação: gostámos, levámos, entregámos, andámos, comprámos…

5. Supressão e/ou substituição do hífen em palavras compostas e derivadas, formas verbais e locuções semirrígido

autoavaliação paraquedas fim de semana suprassumo

hei de

O hífen é suprimido das palavras derivadas em que a última letra do primeiro elemento – o elemento não autónomo – é diferente da primeira letra do segundo elemento: autoavaliação, autoestrada, agroindústria, antiamericano, bioalimentar, extraescolar, neoidealismo… O hífen mantém-se nas derivadas começadas por ex, vice, pré, pós, pró, circum seguido de vogal ou n, pan seguido de vogal ou m, ou ab, ad, ob, sob ou sub seguido de consoante igual, b ou r. Assim, continuamos a ter: pós-graduação, pan-americano, sub-região…

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O hífen mantém-se nas derivadas em que o segundo elemento começa por h, r ou s. No primeiro caso, mantém-se a regra anteriormente em vigor: anti-herói, pan-helénico… O hífen é suprimido de palavras cuja noção de composição se perdeu, tal como já tinha acontecido com pontapé. Assim, passamos a ter: paraquedas, mandachuva… O hífen é substituído por r ou s, duplicando-o, nas palavras derivadas e compostas acima referidas em que a última letra do primeiro elemento é uma vogal e a primeira letra do segundo elemento é um r ou um s: semirrígido, suprassumo, antirroubo, antissemita, girassol, madressilva, ultrassecreto… O hífen é substituído por um espaço em branco nas locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais: fim de semana, cão de guarda, cor de vinho… O hífen é substituído por um espaço em branco nas quatro formas monossilábicas do verbo haver seguidas da preposição de: hei de, hás de, há de e hão de. Mantém-se a ortografia em exceções pontuais tais como desumano, cor-de-rosa, coocorrência. O hífen mantém-se em todos os restantes casos: – generalidade das compostas: cobra-capelo, ervilha-de-cheiro, mal-estar, tenente-coronel… – derivadas em que a última letra do primeiro elemento é igual à primeira letra do segundo elemento: anti-ibérico, hiper-realista… – formas verbais seguidas de pronome pessoal dependente: disse-lhe, disse-o, dir-te-ei… – encadeamentos vocabulares: estrada Lisboa-Porto, ponte Rio-Niteroi…

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ANUALIZAÇÃO – 2.o CICLO Compreensão do oral Escutar para aprender e construir conhecimento Descritor Prestar atenção ao que ouve, de modo a tornar possível: – reformular o enunciado ouvido; – cumprir instruções dadas; – responder a perguntas acerca do que ouviu; – explicitar o assunto, tema ou tópico; – indicar o significado global, a intenção do locutor e o essencial da informação ouvida;

5.o

6.o

• • • • • •

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– referir pormenores relevantes para a construção do sentido global; – fazer inferências e deduções; – distinguir facto de opinião: • o que é objetivo do que é subjetivo; • o que é essencial do que é acessório; – explicitar o significado de expressões de sentido figurado; – relatar o essencial de uma história ouvida ou de uma ocorrência; – distinguir diferentes graus de formalidade em discursos ouvidos. Utilizar procedimentos para reter e alargar a informação recebida: – registar tópicos, tomar notas; – preencher grelhas de registo; – pedir informações e explicações complementares; – registar relações de forma e de sentido com outros textos ouvidos, lidos ou vistos; – esquematizar relações.



Manifestar a reação pessoal ao texto ouvido, tendo em conta a sua tipologia.





Detetar aspetos de diferenciação e variação linguística, precisando o papel da língua padrão.





Distinguir traços característicos específicos do oral.





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Expressão oral Falar para construir e expressar conhecimento Descritores Usar da palavra de modo audível, com boa dicção e num débito regular.

5.o

6.o





Usar com precisão um repertório de termos relevantes para o assunto que está a ser tratado.



Produzir enunciados, controlando com segurança as estruturas gramaticais correntes e algumas estruturas gramaticais complexas.



• •

Respeitar princípios reguladores da atividade discursiva: – na produção de enunciados de resposta; – na colocação de perguntas; – na formulação de pedidos; – na apresentação de factos e opiniões; – na justificação de pontos de vista.

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Produzir textos orais: – combinar com coerência uma sequência de enunciados; – distinguir com clareza uma introdução e um fecho; – captar e manter a atenção de diferentes audiências; – apoiar-se em recursos audiovisuais, informáticos ou outros; – exprimir o(s) conhecimento(s); – emitir opiniões; – construir uma argumentação, através de um discurso convincente e com alguma complexidade. Ler em público, em coro ou individualmente.







5.o

6.o

Interagir com espontaneidade e à-vontade em situações informais de comunicação.





Iniciar, manter e terminar conversas simples com diversos tipos de interlocutores.





Respeitar os princípios adequados às convenções que regulam a interação verbal e não verbal.





Fornecer um contributo eficaz para o trabalho coletivo, na turma ou grupo, em situações mais formais: – pedir oportunamente a palavra e esperar pela sua vez; – apresentar os seus pontos de vista e fundá-los em argumentos válidos; – facilitar o entendimento entre os participantes; – relacionar os seus contributos com os dos restantes participantes; – sintetizar o essencial.





• • •

• • • • •

Participar em situações de interação oral Descritores

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Leitura Ler para construir conhecimento Descritores

5.o

6.o

Ler de modo autónomo, em diferentes suportes, as instruções de atividades ou tarefas.





Detetar o foco da pergunta ou instrução, de modo a concretizar a tarefa a realizar.



• •

Localizar a informação a partir de palavra ou expressão chave e avaliar a sua pertinência. Utilizar técnicas adequadas ao tratamento da informação: – sublinhar; – tomar notas; – esquematizar; – preencher grelhas de registo; – sintetizar.

• • •

• • • • •

Antecipar o assunto de um texto, mobilizando conhecimentos anteriores.





Definir uma orientação de leitura e fixar-se nela.





• • •

• •

Fazer uma leitura que possibilite: – confirmar hipóteses previstas; – identificar o contexto a que o texto se reporta; – explicitar a intenção comunicativa ou função dominante e registo(s) utilizado(s); – demarcar diferentes unidades de forma-sentido; – identificar pelo contexto ou pela estrutura interna o sentido de palavras, expressões ou fraseologias desconhecidas; – detetar informação relevante: • factual e não factual; • essencial e acessória; – distinguir relações intratextuais e a sua ordem de relevância: • parte-todo; • causa-efeito; • razão-consequência; – captar sentidos implícitos; – fazer inferências, deduções; – explicitar o sentido global de um texto.



• (função e registos) • •



• •



• • • • • • •

• •



Explicitar processos de construção do sentido de um texto multimodal. Confrontar diferentes interpretações de um mesmo texto, sequência ou parágrafo.





Recontar e sintetizar textos.





Identificar relações, formais ou de sentido, em vários textos, abrindo redes intertextuais.





Detetar traços característicos de diferentes tipos de texto ou sequências textuais.





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Ler para apreciar textos variados Descritores

5.o

6.o





Fazer apreciações críticas sobre um texto, incidindo sobre o conteúdo e sobre a linguagem. Identificar marcas de literariedade nos textos: – mundos representados; – utilização estética dos recursos verbais.

• • •

Distinguir modos e géneros de textos literários a partir de critérios dados.





Manifestar-se em relação a aspetos da linguagem que conferem a um texto qualidade literária.



Ler textos literários

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Descritores

5.o

6.o

Fazer a leitura integral de textos literários representativos dos três modos literários.

• (texto narrativo)

• (texto dramático)

Expor o sentido global de um texto narrativo ou de partes específicas do mesmo.





Explicitar os temas dominantes e características formais de poemas.





Expor o sentido global de um texto dramático, estabelecendo relações entre o texto e o desenvolvimento cénico.



• •

Expressar ideias e sentimentos provocados pela leitura de um texto literário.





Escrita Escrever para construir e expressar conhecimento 5.o

6.o

Redigir com correção enunciados para responder a diferentes propostas de trabalho.





Organizar as respostas de acordo com o foco da pergunta ou pedido.





Descritores

Usar com precisão o repertório de termos relevantes para o assunto que está a ser tratado.



Controlar as estruturas gramaticais mais adequadas à resposta a fornecer.



Combinar os enunciados numa organização textual com coesão e coerência.



Cuidar da apresentação final do texto escrito.





Utilizar técnicas específicas para selecionar, registar, organizar ou transmitir informação.





Definir a temática, a intenção, o tipo de texto, o(s) destinatário(s) e o suporte em que o texto vai ser lido.





Fazer um plano, esboço prévio ou guião do texto: – estabelecer objetivos; – selecionar conteúdos; – organizar e hierarquizar a informação.

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• • • •

Redigir o texto: – articular as diferentes partes planificadas; – selecionar o vocabulário ajustado ao conteúdo; – construir os dispositivos de encadeamento (crono)lógico, de retoma e substituição que assegurem a coesão e a continuidade de sentido; – dar ao texto a estrutura compositiva e o formato adequados; – respeitar regras de utilização da pontuação. Adotar as convenções (orto)gráficas estabelecidas.

• •

• • • • • • • •

Rever o texto, aplicando procedimentos de reformulação: – acrescentar, apagar, substituir; – condensar, reordenar, reconfigurar.

• •

Produzir textos que obrigam a uma organização discursiva bem planificada e estruturada, com a intenção de: – reformular, reinterpretar, resumir; – relatar, expor, descrever; – dar instruções, persuadir; – analisar, comentar, criticar.

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Escrever em termos pessoais e criativos Descritores Escrever textos por sua iniciativa, para expressar conhecimentos, experiências, sensibilidade e imaginário. Intervir em rede, utilizando dispositivos tecnológicos adequados: – cooperar em espaços de partilha de escrita relacionados com os seus interesses e necessidades; – participar em projetos de escrita colaborativa, em grupo ou em rede alargada. Escrever textos experimentando novas configurações textuais, com marcas intencionais de literariedade.

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5.o

6.o





• •







Conhecimento explícito da língua Plano da língua, variação e mudança 5.o

Descritores Identificar em enunciados orais e escritos a variação em vários planos (fonológico, lexical, sintático, semântico e pragmático).



(escritos)

6.o



(orais)

Distinguir contextos geográficos e sociais que estão na origem de diferentes variedades do português.





Identificar propriedades da língua padrão.





Consultar regularmente obras lexicográficas, mobilizando a informação na análise da receção e da produção no modo oral e escrito.





5.o

6.o

Identificar unidades mínimas com valor distintivo nas palavras.





Distinguir ditongos crescentes e decrescentes.





Distinguir ditongos de sequências de duas vogais que não pertencem à mesma sílaba.





Identificar diferentes estruturas silábicas nas palavras.





Plano fonológico Descritores

Distinguir sílaba gramatical de sílaba métrica.

• Plano morfológico 5.o

6.o

Sistematizar as propriedades de distinção entre palavras variáveis e invariáveis.





Explicitar categorias relevantes para a flexão das classes de palavras variáveis.





Sistematizar paradigmas flexionais regulares dos verbos.





Descritores

Identificar paradigmas flexionais irregulares em verbos de uso muito frequente.



Estabelecer grupos de verbos de conjugação incompleta.



19

Plano morfológico Descritores Explicitar padrões de formação de palavras complexas. Deduzir o significado de palavras complexas a partir do valor de prefixos e sufixos nominais, adjetivais e verbais do português contemporâneo.

5.o

6.o

• (derivação)

• (composição)





Distinguir regras de formação de palavras por composição de duas ou mais formas de base.



Plano das classes de palavras Descritores Distinguir classes abertas e fechadas de palavras. Explicitar propriedades distintivas de classes e subclasses de palavras.

5.o

6.o





• (nome/verbo/

• (todas)

adjetivo/ pronome/ determinante /interjeições/ onomatopeias/ conjunções/ preposições) Utilizar o pronome pessoal átono (reflexo e não reflexo) em adjacência verbal. Sistematizar as propriedades na base das quais se pode distribuir o léxico do português em dez classes gramaticais.

20



• •

Plano sintático Descritores Distinguir os constituintes principais da frase.

5.o

6.o





Sistematizar processos sintáticos.



Explicitar a relação entre constituintes principais de frases e as funções sintáticas por eles desempenhadas.





Identificar diferentes realizações da função sintática de sujeito.





Distinguir as funções sintáticas de constituintes selecionados e não selecionados pelo verbo. Identificar a função sintática do constituinte à direita do verbo copulativo e os grupos que o podem constituir.

• (c.d., c.ind., predicativo do sujeito) •

• (modificador)

• (grupos que o constituem)

Explicitar as convenções do uso do vocativo em enunciados orais ou escritos.



Transformar frases ativas em frases passivas e vice-versa.



Explicitar processos sintáticos de articulação entre frases complexas.

• (coordenação)

• (subordinação)

5.o

6.o

Identificar processos de enriquecimento lexical do português.





Identificar diferentes significados de uma mesma palavra ou expressão em distintos contextos de ocorrência.





Plano lexical e semântico Descritores

Explicitar relações semânticas de semelhança e oposição, hierárquicas e de parte-todo.



Detetar processos irregulares de formação de palavras e de inovação lexical.



Identificar duas funções básicas da linguagem verbal que dão origem ao significado das frases e dos enunciados: – referir entidades, localizações temporais e espaciais; – descrever situações e relações entre as entidades.





Utilizar diferentes processos de negação em enunciados e frases. Distinguir recursos verbais que podem ser utilizados para localizar no tempo as situações descritas nos enunciados: – tempos verbais; – grupos preposicionais e adverbiais temporais; – orações temporais. Estabelecer relações entre diferentes categorias, lexicais e gramaticais, para exprimir o aspeto e a modalidade.

• •



• • • • 21

Plano discursivo textual Descritores

5.o

6.o

Explicitar relações pertinentes entre a sequência dos enunciados que constituem um discurso e: – quem o produz; – a quem se destina; – a intenção e o efeito conseguido; – a situação particular em que ocorre; – o tema ou assunto; – o registo (in)formal.

• • • • • •

• • • • • •

Caracterizar modalidades discursivas e sua funcionalidade.





Detetar, nas formas de realização de um enunciado, o objetivo do locutor, tendo em conta o contexto em que a interação ocorre.





Explicitar princípios básicos reguladores da interação discursiva, aplicando-os eficazmente nos enunciados que produz.





Distinguir, na receção de enunciados, ou utilizar intencionalmente na sua produção, unidades linguísticas com diferentes funções na cadeia discursiva: – ordenação; – explicação e retificação; – reforço argumentativo; – concretização; – marcação conversacional ou fática; – conexão entre enunciados.





Identificar nos enunciados recebidos ou produzidos as unidades linguísticas que referenciam a sua enunciação.



• • • • • •

Identificar informação não explicitada nos enunciados, recorrendo a processos interpretativos inferenciais. Distinguir modos de reprodução do discurso no discurso, quer no modo oral quer no modo escrito. Detetar, em sequências de enunciados orais ou escritos, características inerentes à textualidade: – autonomia (sequência de enunciados com um princípio e um fim delimitados); – autoria (sequência de enunciados produzida por um ou mais autores); – unidade forma-sentido (sequência de enunciados organizados de acordo com determinadas intenções, convenções e regras, de modo a produzir um sentido global); – atualização do sentido feita por um leitor/ouvinte intérprete. Enunciar, por comparação, as principais diferenças entre texto realizado no modo oral e texto realizado no modo escrito, no que se refere a: – organização da informação; – utilização de recursos extraverbais e verbais.

22

• •

• (escrito)

• (oral)

• (escrito)

• (oral)

• •

• •





• •

Representação gráfica e ortográfica 5.o

6.o

Explicitar regras de uso de sinais de pontuação para: – delimitar constituintes da frase; – representar tipos de frase.

• •

• •

Aplicar regras de uso de sinais auxiliares da escrita.





Aplicar regras de configuração gráfica dos textos, das unidades textuais ou das palavras.





• • •

• • •





Descritores

Explicitar regras: – ortográficas; – de acentuação gráfica; – de translineação. Desambiguar sentidos que decorrem de relações entre a grafia e a fonia de palavras.

Nota: O grau de progressão entre os dois anos que constituem o ciclo será feito a partir do grau de dificuldade e do material linguístico apresentado. Daí que muitos dos descritores se repitam nos dois anos.

23

GUIÕES DE EXPLORAÇÃO: A FADA ORIANA, de Sophia de Mello Breyner Andresen

O DRAGÃO, de Luísa Ducla Soares

A FADA ORIANA 1. Antes de leres a obra, o título já te dá algumas indicações sobre o seu conteúdo. 1.1 Como se chama a personagem principal? 1.2 Quem é ela? 2. Lê da página seis à página dezasseis.* 2.1 Descreve a Fada Oriana. 2.2 Identifica a outra personagem presente. 2.2.1 Que função deu à Fada Oriana? 2.3 Quais as tarefas diárias da Fada Oriana? 2.4 Desde o dia em que lhe foi atribuída a função de vigiar a floresta passou um ano. 2.4.1 Transcreve do texto uma frase que comprove esta afirmação. 3. Identifica os recursos retóricos presentes nas seguintes transcrições. Pode haver mais do que um por frase.

3.1 «E voaram as duas por cima de planícies, lagos e montanhas.» p. 6 3.2 «De dia e vista de perto a cidade era escura, feia e triste.» p. 7 3.3 «Mas à noite a cidade brilhava cheia de luzes verdes, roxas, amarelas, azuis, vermelhas e lilases, como se nela houvesse uma festa.» p. 7

3.4 «Primeiro acordaram as árvores, depois os galos, depois os pássaros, depois as flores, depois os coelhos, depois os veados e as raposas.» pp. 7 e 8

3.5 «— Que negra vida, que negra vida! Estou tão velha como o tempo e ainda preciso de trabalhar.» p. 8 3.6 «... Oriana voando no ar como uma borboleta.» p. 10 4. Oriana todos os dias acompanhava a velha que morava na floresta à cidade onde ia vender os ramos secos que apanhava. Numa manhã de abril, enquanto esperava pela velha, conversou com as andorinhas.

4.1 Indica: a) o que lhe contaram as andorinhas; b) a proposta que fizeram à Fada; c) a resposta dada e a justificação apresentada; d) os argumentos usados pelas andorinhas para a convencerem; e) a reação das andorinhas. * Da edição utilizada da Editora Figueirinhas, 2003.

26

5. Na tua opinião, a fada deve ou não aceitar a proposta da andorinha? Redige um texto entre dez e quinze linhas, em que refiras a tua opinião sobre o assunto. Não te esqueças de incluir os argumentos que justificam a tua opinião.

6. Naquela manhã de abril, Oriana fez o que costumava fazer todos os dias. 6.1 Preenche o quadro. Personagens que vivem na floresta

Tipo de ajuda obtida

Caracterização das personagens Física

Psicológica

27

O Homem Muito Rico 1. A Fada Oriana conseguiu entrar na casa do Homem Muito Rico por uma janela, mas na sala onde entrou «reinava uma atmosfera de grande má disposição».

1.1 Explica porquê. 1.2 Transcreve uma frase que comprove a tua resposta. 1.3 Caracteriza o Homem Muito Rico. Justifica a tua resposta fazendo referência ao texto.

O Peixe 1. Neste capítulo é apresentada uma personagem. 1.1 Identifica-a. 1.2 Classifica-a quanto ao papel que desempenha. 2. O Peixe é uma personagem importante para o desenrolar da ação. 2.1 Concordas com a afirmação? Justifica a tua resposta. 3. A Fada Oriana transforma-se após conhecer o Peixe. 3.1 Organiza os adjetivos abaixo para caracterizares psicologicamente Oriana antes e depois de conhecer o Peixe. fútil/ inconsequente/ responsável/ desleal/ amiga/ vaidosa preocupada/egoísta/ generosa/ prestável/ vaidosa/ leal insensível/ presente/ irresponsável/ altruísta egocêntrica/ pura / ausente

Caracterização de Oriana antes de conhecer o Peixe

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Caracterização de Oriana depois de conhecer o Peixe

4. Retira deste capítulo um exemplo para cada um dos seguintes recursos retóricos: a) enumeração; b) repetição; c) adjetivação; d) hipérbole; e) personificação; f) comparação. 5. Lê atentamente a seguinte entrada de uma enciclopédia. «Narciso, personagem da mitologia grega, filho do rio Cefiso, célebre pela sua beleza, foi objeto da paixão de um grande número de admiradoras, entre as quais a ninfa Eco; mas manteve-se de tal forma insensível que elas pediram vingança à deusa Némesis. Certo dia, Narciso, debruçando-se sobre uma fonte para matar a sede, ficou seduzido pela sua própria imagem refletida na água e deixou-se morrer na contemplação de si próprio. No lugar onde morreu, nasceu a flor que tem o seu nome, o narciso.» In, Nova Enciclopédia Larousse, vol. XVI

5.1 Com certeza reparaste nas semelhanças entre Narciso e Oriana. Compara as duas personagens, referindo o que os aproxima e o que os distancia.

A Rainha das Fadas 1. Preenche o resumo do capítulo sobre a A Rainha das Fadas. A Fada Oriana estava cada vez mais ______________________ , consequência dos constantes ______________________ do Peixe. A sua vaidade era tanta que manifestou a vontade de ____________________________________________ do rio porque queria ____________________________________________ para si. Entretanto, a Rainha das Fadas apareceu e recordou Oriana da ____________________________________________ de ____________________________________________ abandonar ____________________________________________ e informou-a do que _____________________________ durante o tempo que passara a __________________________________________________________. Assim, como consequência da sua incúria e da sua vaidade, a rainha das fadas __________________________________________________________. Oriana, ao tomar consciência dos seus _____________________________, pede perdão à Rainha das Fadas, mas esta diz-lhe que percorra _____________________________ para __________________________________________________________, e acrescenta que só tornará a ter asas se concretizar as seguintes condições: __________________________________________________________ e _______________________________________________________________________________________.

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A floresta abandonada e a cidade 1. A atitude egocêntrica da Fada Oriana teve consequências negativas na vida de todos os habitantes da floresta. Preenche o quado com o que aconteceu a cada uma das personagens referidas.

Habitantes

Motivo do abandono

Espaço

Nova vida

Animais

Moleiro

Lenhador

Poeta

Velha

A árvore e os animais e o abismo 1. Relê os dois últimos capítulos do conto A Fada Oriana e prepara o resumo dos mesmos. Para te preparares, deverás: – sublinhar as ideias/factos mais importantes; – eliminar as ideias/factos menos importantes (como descrições, pormenores…). Para escreveres um novo texto deverás: – reescrever as ideias/factos mais importantes de forma mais simples, clara e curta; – apresentar as ideias pela mesma ordem do texto original; – passar o discurso direto para o discurso indireto; – articular as ideias; – o resumo deve ter entre um terço e metade do número de palavras.

30

O DRAGÃO Reconstitui os acontecimentos da história, respondendo a estas questões:

1. No início do conto, há um conflito entre Ching-Ling e os seus pais. 1.1 Explica porquê. 2. Um acontecimento surpreendente altera a situação inicial. 2.1 Que mudança ocorre na vida de Ching-Ling? 3. Ching-Ling enfrenta uma série de problemas. 3.1 Ordena-os. a) Entretanto, médicos e enfermeiros pensaram ter sido roubadas doses de medicamento suficientes para tratar mil pessoas durante um ano.

b) Por isso, à noite desenrolava-se o cordel que o prendia e deixava-o percorrer o hospital, na esperança de que encontrasse comida.

c) A polícia foi chamada ao hospital, mas o culpado não foi descoberto. d) Para além de ter de o esconder, o seu grande problema era alimentá-lo. e) Como Ching-Ling era alimentada a soro e leite sob vigilância de uma enfermeira, não podia alimentar o dragão.

f) Ching-Ling escondeu o seu pequeno dragão na algibeira e levou-o para o hospital. g) Depois, de madrugada, enrolava o cordel e puxava-o até junto de si. h) Durante aqueles três dias em que foi alimentada a soro, o dragão empanturrou-se de medicamentos.

i) Por fim, Ching-Ling saiu do hospital, conseguindo levar o seu companheiro na algibeira. j) Ching-Ling ficou doente e o médico mandou-a internar. 3.2 «O que em seguida se passou foi absolutamente extraordinário». 3.2.1 Como explicas as alterações verificadas no dragão? 3.3 «Era impossível esconder por mais tempo a sua existência.» 3.3.1 Que factos alteraram a vida do dragão? 3.3.2 Como é que esses factos alteraram a vida de Ching-Ling e da sua família? 4. No final do conto, Ching-Ling fura no meio da multidão e entra no jardim zoológico. 4.1 O que faz? 4.2 Como explicas a sua atitude?

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5. Na contracapa do livro O Dragão pode ler-se: «O que é a diferença: um problema ou uma grande ajuda? O que me assusta: o aspeto do outro ou o meu próprio medo? O que é ser amigo: prender ou deixar viver em liberdade?»

5.1 Relaciona estas questões com as atitudes e as formas como as personagens se relacionaram com o dragão.

6. Exprime a tua opinião sobre os diferentes comportamentos das personagens na sua relação com o dragão.

7. Responde às questões que o livro te coloca na contracapa. 8. Repara na última frase da história: «Nunca mais o conseguiram encontrar»

8.1 Redige um texto no qual imagines o que terá acontecido ao dragão, optando por uma das seguintes sugestões:

a) O dragão encontrou alguns obstáculos, mas alguém o ajudou a encontrar um final feliz. b) O dragão conseguiu evitar dificuldades, mas voltou a cair numa situação que o tornou infeliz. Deves: – imprimir um ritmo adequado aos factos; – criar diálogos expressivos; – partilhar com os teus colegas a tua história; – trocar pontos de vista.

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MATERIAIS FOTOCOPIÁVEIS: Guião de apoio à realização de banda desenhada Banda desenhada a completar: As bocas do mundo Cartazes/Fichas de sistematização* • Tipos de texto • Texto narrativo • Sintaxe • Texto poético e texto dramático • Classes de palavras abertas e fechadas

*Em

pode ainda encontrar os cartazes/fichas de sistematização disponíveis para impressão.

GUIÃO DE APOIO À REALIZAÇÃO DE BANDA DESENHADA A atividade de escrita que propomos consiste na transformação do texto A lenda dos nove irmãos em banda desenhada. Para tal, dever-se-ão adaptar os excertos da lenda apresentados em cada alínea e com eles preencher os balões da banda desenhada.

1. Texto narrativo original A lenda dos nove irmãos A meio do oceano havia um lindo reino com grandes montanhas cobertas de arvoredo. As mais altas eram tão altas que furavam as nuvens e pareciam tocar o céu. Nesse país vivia um rei que tinha nove filhos muito amigos uns dos outros. Certo dia o pai chamou-os e anunciou: – Resolvi dar uma propriedade a cada um, por isso escolham o sítio que preferem. Todos preferiam lugares situados no cume das montanhas, e como se entendiam bem escolheram sem zangas. Pouco tempo depois despediram-se e partiram, cada um na intenção de construir uma bela casa. Antes de se separarem, marcaram encontro para daí a um ano. E o ano passou. Na véspera do dia previsto, demoraram a adormecer, tal era a ânsia de reverem os irmãos. A meio da noite, porém, sentiram a terra tremer e ouviram um ruído pavoroso. Saíram a correr estremunhados, para verificarem com assombro que o país se tinha afundado! Restavam apenas os nove cumes das montanhas, agora transformados em ilhas. Após o primeiro susto, a mesma ideia atravessou todas as cabeças: começariam imediatamente a construir barcos. Lançaram-se ao trabalho com a maior energia e não tardou que se voltassem a reunir. Nada nem ninguém os impediria de se verem e abraçarem sempre que lhes apetecesse. A terra fragmentara-se em ilhas? Pois viajariam por mar. Quando o mar estivesse revolto e as saudades apertassem, encontrariam maneira de voar. Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Portugal – História e Lendas, Editorial Caminho

2. Excertos que poderão dar origem às vinhetas da bd. a) «A meio do oceano havia um lindo reino com grandes montanhas cobertas de arvoredo.» b) «Nesse país vivia um rei que tinha nove filhos muito amigos uns dos outros. Certo dia o pai chamou-os e anunciou: – Resolvi dar uma propriedade a cada um, por isso escolham o sítio que preferirem.»

c) «Pouco depois despediram-se e partiram. Antes de se separarem, marcaram um encontro para daí a um ano.»

d) «Na véspera do dia previsto (...) a meio da noite (...) sentiram a terra tremer e ouviram um ruído pavoroso.»

e) «Verificaram com assombro que o país se tinha afundado! Restavam apenas os nove cumes das montanhas, agora transformados em ilhas.»

34

ESCOLA: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________ NOME: ________________________________________________________________________________________ ANO: ______________ TURMA: ______________ A meio do oceano havia um lindo reino com grandes montanhas cobertas de arvoredo.

⎧ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩

Era uma vez um lindo reino com grandes montanhas cobertas de arvoredo.

VINHETA

LEGENDA

Nesse país vivia um rei que tinha nove filhos muito amigos uns dos outros. Certo dia o pai chamou-os e anunciou: – Resolvi dar uma propriedade a cada um, por isso escolham o sítio que preferem.

BALÃO QUE REPRESENTA A FALA DAS PERSONAGENS

35

Pouco depois despediram-se e partiram. Antes de se separarem, marcaram um encontro para daí a um ano.

Na véspera do dia previsto (...) a meio da noite (...) sentiram a terra tremer e ouviram um ruído pavoroso.

BALÃO QUE REPRESENTA O PENSAMENTO DAS PERSONAGENS

36

Verificaram com assombro que o país se tinha afundado! Restavam apenas os nove cumes das montanhas, agora transformados em ilhas.

37

AS BOCAS DO MUNDO

38

39

40

Porta-viagens | 5.o Ano

Unidade 1 – Viagens pela tradição oral

Tipos de texto

41

Porta-viagens | 5.o Ano

contos

expressões idiomáticas

provérbios

adivinhas

Unidade 1 – Viagens pela tradição oral

Tipos de texto

lendas

mitos

fábulas

lengalengas

trava-línguas

42

Porta-viagens | 5.o Ano

Texto narrativo

Unidade 2 – Viagens pelo real e pelo imaginário

43

figurante

secundária

principal

personagens

Porta-viagens | 5.o Ano

caracterização física

narrador participante não participante

espaço interior exterior

Texto narrativo

Unidade 2 – Viagens pelo real e pelo imaginário

caracterização psicológica

tempo

44

Porta-viagens | 5.o Ano

A avó e o avô

A avó

Dou

deram

deu

Sintaxe

Unidade 2 – Viagens pelo real e pelo imaginário

ao Manuel complemento indireto

complemento direto

ao Manuel.

ao Manuel.

os livros

livros

um livro

45

Porta-viagens | 5.o Ano

nulo

composto

A avó e o avô

simples

Dou

deram

deu

ao Manuel complemento indireto

complemento direto

ao Manuel.

ao Manuel.

os livros

livros

um livro

predicado

sujeito

A avó

GN Grupo Verbal

A avóaaaa GN Grupo Nominal

Sintaxe

Unidade 2 – Viagens pelo real e pelo imaginário

46

Porta-viagens | 5.o Ano

Texto dramático – conceitos

Texto poético – conceitos

Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelo teatro

47

Porta-viagens | 5.o Ano

estrofe

falas

indicações cénicas ou didascálias

Texto dramático – conceitos

verso

Texto poético – conceitos

Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelo teatro

rima

48

adjetivos

Porta-viagens | 5.o Ano

nomes

interjeições

Classes de palavras

Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelo teatro

verbos

advérbios

49

qualificativo

próprio comum coletivo

Porta-viagens | 5.o Ano

adjetivos

nomes

interjeições

Classes abertas

Classes de palavras

Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelo teatro

transitivo intransitivo copulativo

regular irregular

verbos

advérbios

50

Porta-viagens | 5.o Ano

determinantes

pronomes

quantificadores

Classes de palavras

Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelo teatro

preposições

conjunções

51

pessoal possessivo demonstrativo

artigo definido artigo indefinido possessivo demonstrativo

Porta-viagens | 5.o Ano

pronomes

determinantes

quantificadores

Classes fechadas

Classes de palavras

Unidade 3 – Viagens pela poesia e pelo teatro

preposições

copulativa adversativa disjuntiva

conjunções

GRELHAS DO PROFESSOR AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS

Grelha de Avaliação da Leitura Expressiva Alunos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

54

Pronuncia todo o texto de forma clara e fluente

Lê expressivamente e com entoação adequada todo o texto

Utiliza ritmo e tom muito adequados

Grelha de Avaliação de Compreensão do Oral Alunos

Compreende globalmente o texto

Compreende pormenores do texto

Realiza deduções sugeridas pelo texto

Compreende a intencionalidade comunicativa do texto

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

55

Grelha de Avaliação da Expressão Escrita

Alunos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

56

Interpreta e cumpre a instrução, desenvolvendo o tema de acordo com a tipologia textual

Revela conhecimento profundo sobre o tema, apresentando um juízo crítico

Define claramente a estrutura do texto, com recurso adequado a parágrafos

Utiliza corretamente conetores, concordâncias, flexões verbais, construção frásica e outros

Aplica corretamente as regras ortográficas, de acentuação, pontuação e uso de maiúscula

Grelha de Avaliação da Expressão Oral

Alunos

Estrutura e organiza o discurso/ as ideias

Utiliza tom, entoação Utiliza linguagem É objetivo, e expressividade variados e rigor adequados, desenvolve e adequados, ritmo assim como e fundamenta regular e adequado, vocabulário as ideias volume audível adequado e dicção clara

Revela domínio de estratégias argumentativas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

57

GRELHAS DOS ALUNOS

Tabelas para os alunos avaliarem as produções dos pares/colegas TEXTO NARRATIVO 1 História

Forma

2

3

4

5

Nada interessante

Pouco interessante

Interessante

Muito interessante

Uma verdadeira aventura!

Muitos erros, sem parágrafos, texto pouco claro.

Com dois dos seguintes aspetos: – erros ortográficos; – erros de pontuação; – texto pouco claro.

Só com um dos seguintes aspetos: – erros ortográficos, – erros de pontuação; – texto pouco claro.

Sem erros de ortografia ou pontuação. Texto claro e com parágrafos.

Sem erros de ortografia ou pontuação. Texto claro e com parágrafos. Vocabulário variado e rico.

1

2

3

TEXTO DESCRITIVO

Descrição

Forma

4

Nada interessante

Pouco interessante

Interessante

Muito interessante

Muitos erros, sem parágrafos, texto pouco claro.

Com dois dos seguintes aspetos: – erros ortográficos, – erros de pontuação, – texto pouco claro.

Só com um dos seguintes aspetos: – erros ortográficos; – erros de pontuação; – texto pouco claro.

Sem erros de ortografia ou pontuação. Texto claro e com parágrafos.

5 Excelente

Sem erros de ortografia ou pontuação. Texto claro e com parágrafos. Vocabulário variado e rico.

LEITURA EXPRESSIVA Assinala com X os pontos atribuídos em cada categoria. Depois, soma-os para obteres a pontuação final. Aluno: Clareza das palavras Entoação e expressividade Pausas, ritmo e velocidade da leitura Volume Total de pontos obtidos

60

5 pontos

10 pontos

15 pontos

20 pontos

25 pontos

ÁUDIOS

GUIÃO DOS ÁUDIOS

Viagem/Faixa

Textos para cd-áudio Unidade 0

Os lápis de cor

Faixa 1 Unidade 1 Viagem 1 Faixa 2

O príncipe sapo

Viagem 2 Faixa 3

Cinco adivinhas de Luísa Ducla Soares

Viagem 3 Faixa 4

Provérbio português Quem tudo quer, tudo perde

Viagem 5 Faixa 5

A sereia de Ponta Ruiva

Viagem 6 Faixa 6

Entrevista entre um locutor da Rádio Savana e um leão

Memórias de viagem Faixa 7

Adivinha de Alice Vieira Unidade 2

62

Viagem 1 Faixa 8

Texto de Mónica Baldaque, Serviço de chá e torradas

Viagem 1 Faixa 9

O livro que só queria ser lido

Viagem 2 Faixa 10

Excerto de A menina do mar

Viagem 3 Faixa 11

Excerto de A Fada Oriana

Viagem 4 Faixa 12

Excerto de Um camaleão na gaveta

Viagem 5 Faixa 13

Notícia do jornal Público

Viagem 6 Faixa 14

Biografia de um escritor brasileiro, Erico Veríssimo

Viagem 6 Faixa 15

Uma aventura do Capitão Tormenta

Memórias de viagem Faixa 16

Biografia da escritora Maria Alberta Menéres

Viagem/Faixa

Textos para cd-áudio Unidade 3

Viagem 1 Faixa 17

Excerto de O sétimo herói

Viagem 2 Faixa 18

Poema A triste história do zero poeta

Viagem 3 Faixa 19

Apresentação de uma gravura rupestre

Viagem 4 Faixa 20

Excerto da música Homem do leme

Viagem 4 Faixa 21

Poema O mostrengo

Viagem 4 Faixa 22

Frases a ouvir

Viagem 4 Faixa 23

Frases a ouvir

Viagem 5 Faixa 24

Texto sobre o livro de Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas

Viagem 6 Faixa 25

Canção de roda

Viagem 7 Faixa 26

Excerto da peça de teatro A flauta mágica

Memórias de viagem Faixa 27

Poema A história da aranha Leopoldina

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TEXTOS DO CD ÁUDIO Unidade 0 Faixa 1 – Os lápis de cor Foi então que o caderno de desenho teve uma ideia que explicou aos companheiros: – Vamos fazer um desenho só para não estarmos aqui parados sem nenhuma distração. Que tal acham a ideia? Todos concordaram que era uma ótima ideia e começaram logo a trabalhar. (...) Depois foi uma correria. Todos queriam mexer-se e trabalhar. Foi de novo o caderno de desenho que falou: – Calma! Vamos primeiro pensar no desenho que queremos fazer. Depois dividimos as tarefas. Estão de acordo? (...) Depois, cada um fez a sua sugestão: o lápis verde queria fazer um prado, o azul queria desenhar o mar, o vermelho um pôr-do-sol e o amarelo uma praia.

Unidade 1 Viagem 1 Faixa 2 – O príncipe sapo No dia seguinte, quando, sentada à mesa com toda a corte, comia no seu pratinho de ouro, ouviu: «plic, plac, plic, plac». Qualquer coisa subia, aos saltos pela escadaria de mármore e, chegada à porta, batia e chamava: – Princesa, abre! A princesa correu a ver quem era mas, quando abriu, viu-se diante do sapo. Então bateu a porta com quanta força tinha e voltou a sentar-se à mesa, muito assustada. O rei viu-a empalidecer, tremeu e perguntou-lhe: – De que tens medo, minha linda? À porta está algum gigante que te queira levar? – Oh, não! – respondeu-lhe. – Não é gigante nenhum, mas um sapo muito feio. – E que te quer ele? – Ó pai, é que ontem, quando eu brincava na floresta ao pé da fonte, a minha bola de ouro caiu à água. Eu pus-me a chorar tanto, tanto que o sapo ma foi buscar. Em troca, fez-me prometer que o escolheria para amigo e companheiro. Mas eu nunca pensei que ele pudesse sair da água! Agora está lá fora e quer vir ter comigo. Entretanto, o sapo batia à porta e chamava: – Princesa, abre! Já não te lembras do que me prometeste ontem, junto à fonte? Abre, princesa! Então o rei decidiu: – Quem promete, cumpre. Vai abrir. A menina foi abrir a porta. O sapo entrou e dirigiu-se, aos saltos, para o lugar dela, onde parou e pediu: – Pega em mim, por favor. Como ela hesitasse, o rei ordenou-lhe que o fizesse. – Agora aproxima o teu pratinho de ouro para podermos comer juntos. Ela obedeceu de má vontade e não conseguiu engolir nada, enquanto o sapo comia com o apetite. – Comi muito bem e agora estou com sono – disse o sapo. – Leva-me para o teu quartinho e prepara a tua cama de seda. Vamos dormir. 64

A princesa pôs-se a chorar, porque tinha tanto receio do viscoso sapo que nem se atrevia a tocar-lhe e agora ele queria dormir com ela na sua cama limpinha. O rei ficou furioso e ralhou: – Não deves desprezar quem te ajudou num momento de necessidade. Por isso a princesa pegou no sapo com dois dedos, levou-o para o quarto e pô-lo num canto. Mas, mal ela se deitou, ele aproximou-se e disse: – Estou cansado e quero dormir. Deita-me contigo ou faço queixa ao teu pai. A menina enfureceu-se. Pegou nele e atirou-o com toda a força contra a parede: – Morre para aí, feio sapo! Quando o animal caiu no chão já não era um sapo mas um sedutor príncipe que, graças ao rei, era agora o companheiro e esposo da princesa. O jovem explicou-lhe que uma bruxa o tinha transformado em sapo, que só ela o poderia libertar e que, no dia seguinte, partiriam para o seu reino.

Viagem 2 Faixa 3 – Cinco adivinhas de Luísa Ducla Soares A. Altos palácios, Lindas janelas, Abrem e fecham, Ninguém mora nelas. B. Somos duas irmãs gémeas, Despidas mas enfeitadas, Nunca nos podemos ver E nunca andamos zangadas. C. Tenho dez amigos certos Com quem muito bem me dou; Eles vêm procurar-me, Eu procurá-los não vou. D. Quais são os camaradas que passam o dia a bater-se e não fazem mal uns aos outros? E. Uma senhora Muito assenhorada, Nunca sai de casa Está sempre molhada.

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Viagem 3 Faixa 4 – Quem tudo quer tudo perde Há muito que, naquela aldeia, se ouvia falar de uma terra longínqua, muita rica, abundante em pedras preciosas. Muitos eram aqueles que partiam em busca de alguma riqueza para poderem ter uma vida melhor, mas aquele rapaz sonhava com mais, muito mais. Era demasiado ambicioso e o que mais queria era ser dono de uma grande fortuna. Certo dia, anunciou aos seus pais: – Vou partir para a terra de que todos falam. Também eu hei de conseguir trazer muitas pedras preciosas e, em breve, serei o homem mais rico de toda a região! A mãe desaconselhou-o: – Mas, meu filho, para chegares até lá são precisos muitos dias de viagem, e ninguém sabe ao certo quais os perigos que poderás encontrar. Também os seus amigos mais próximos, ao saberem que ele se preparava para fazer aquela viagem, acharam que ele tinha enlouquecido e que tudo aquilo era um grande disparate. Apesar de tudo, o jovem mantinha firme a sua ideia: – Vou partir de qualquer forma! Mesmo sem o vosso apoio, hei de conseguir e, quando regressar, vão ver que realizei o meu sonho. E o dia da partida chegou. Logo pelo amanhecer, o jovem deixou a sua aldeia. Sabia que o caminho ia ser longo, por isso nada melhor do que aproveitar a luz do dia. Depois de já ter andado muito tempo, cruzou-se com um velho que trazia uma sacola pendurada à cintura. Dirigiu-se a ele e perguntou-lhe: – Sabe dizer-me se é por aqui o caminho para a terra onde há muitas pedras preciosas? O velho pegou na sacola e respondeu: – É sim, meu rapaz. Também eu venho de lá e é aqui que trago as pedras que apanhei. Ele ficou surpreendido: – O quê? E de tanta riqueza só traz isso? Eu hei de trazer um saco grande, o maior que eu conseguir e bem cheio! O velho percebia o rapaz, mas explicou-lhe que aquelas pedras chegavam perfeitamente para ele viver bem até ao final da vida, não precisava de mais. Um pouco à frente, encontrou um homem e novamente quis saber se estava no bom caminho. O homem disse-lhe: – Sim, sim! Olha só o que trago de lá. Mas acabou de dizer isto, abriu o seu saco e o rapaz espreitou lá para dentro. Era fantástico o que via: eram quatro ou cinco pedras, umas brilhantes e luzidias, outras coloridas e macias. Era exatamente assim que ele imaginava as pedras preciosas e aquilo era tudo o que ele mais desejava. No entanto, voltou a dizer: – Como é possível teres apanhado só isto? O meu saco há de vir cheio, cheio até cima, à medida daquilo que eu desejo que é ser muito, muito rico. Também este homem entendeu perfeitamente a forma de pensar do rapaz, mas não deixou de lhe dizer: – Quando te puseres a caminho, de regresso à tua aldeia, vais ver como é difícil transportar o saco das pedras. Elas são muito pesadas e a viagem é muito longa! O jovem estava cada vez mais ansioso e desejava alcançar rapidamente o seu destino. Retomou a viagem e, algumas horas depois, chegou ao local desejado. Olhou à sua volta e nem sabia por onde havia de começar. As pedras preciosas cobriam o chão, estavam por todo o lado, umas grandes, outras mais pequenas, mas todas elas tão irresistíveis, que o levaram a pensar: – Quem me dera levar tudo isto comigo! Em vez de ser o homem mais rico da minha aldeia, seria o homem mais rico do mundo. Apesar do seu desejo, reconhecia que isso nunca iria acontecer. Jamais podia levar toda aquela riqueza. Então, arranjou um saco bem grande, ajoelhou-se e começou a enchê-lo. Olhava para um lado e escolhia as maiores, 66

depois olhava para o outro e deitava a mão às que lhe pareciam mais valiosas. Escolheu o melhor que pôde e que sabia, colocou pedras atrás de pedras no seu saco e só parou quando já não cabia mais nada, nem sequer a mais pequenina. O saco ficou tão cheio que não era possível fechá-lo. – Está na hora de regressar! Finalmente seria muito rico e poderoso! De volta a casa, o caminho foi muito difícil e ainda mais demorado, pois o peso era imenso. O rapaz fazia um esforço enorme para andar, mas a certa altura, pareceu-lhe que o saco estava um pouco mais leve. Parou para tentar perceber o que se passava. Inspecionou-o com todo o cuidado e descobriu um pequeno buraco. – Ora aí está! À medida que caminhava, as pedras mais pequenas foram caindo! Jamais voltarei a casa apenas com as que sobraram. São muito poucas! Como era muito orgulhoso, tentou arranjar uma solução e disse: – Só me resta uma alternativa… Mesmo não tendo qualquer valor, apanho estas pedras que estão à beira da estrada, e assim, pelo tamanho do saco, todos vão achar que fui o único a conseguir a maior riqueza! No entanto, o que o rapaz não podia imaginar é que, com todo aquele peso, o saco não resistiria, acabando por rebentar completamente. Todas as pedras estavam agora espalhadas pelo chão e não havia forma de as levar: – E agora, o que hei de fazer? Nos bolsos só consigo pôr duas ou três… O que hei de dizer a toda a gente da aldeia? Cheio de vergonha, apressou o passo e, assim que chegou à sua terra, refugiou-se em casa. Não queria encontrar ninguém mas, mal o viram, os pais quiseram saber o que tinha acontecido para ele regressar de mãos vazias. O rapaz contou-lhes tudo, e a mãe só foi capaz de lhe dizer: – Pois é, meu filho, foste ambicioso demais e, sabes, «quem tudo quer, tudo perde»!

Viagem 5 Faixa 5 – A sereia de Ponta Ruiva Lá pelo século dezasseis, um dia um pescador de uma povoação do Norte da ilha das Flores andava na costa a apanhar peixe, como era seu costume. Começou a ouvir uma voz muito bonita de mulher a cantar por perto, mas numa língua que não conhecia. Ficou a cismar que por ali havia uma sereia. Logo espalhou pelo povoado a novidade e, pela maneira como falava da sereia, todos ficaram a pensar que ela encantava os homens. O pescador não pensava noutra coisa e, logo que pôde, poucos dias mais tarde, voltou à pesca, sonhando com a ideia de que havia de ver a sereia. Tinha acabado de lançar o anzol ao mar, quando começou a ouvir o canto que tanto o perturbava. Recolheu logo a linha e pôs-se a escutar com muito cuidado e a seguir o som. Por fim encontrou a dona de tão melodiosa voz. Não era uma sereia, como ele pensava, mas uma linda rapariga de olhos azuis, pele clara e sardenta e cabelos ruivos. Muito assustada, ao começo, nada disse, mas por fim o pescador ficou a saber a sua história. Era irlandesa e tinha-se escapado de um navio pirata, atirando-se ao mar quando tinha visto terra ali próximo. O pescador ficou ainda mais encantado e, depois de conquistar a confiança da rapariga, voltou para casa, trazendo consigo a mulher mais bela que alguma vez a gente do lugar tinha visto. Algum tempo mais tarde, o pescador casou com a «sereia» e deles nasceram muitos filhos, todos de olhos azuis e ruivos como a jovem irlandesa. Assim, àquele lugar da ilha das Flores se passou a chamar, por causa da cor dos cabelos de muitos dos seus habitantes, Ponta Ruiva, e ainda hoje ali há muitas pessoas de pele clara, sardentas e de cabelos ruivos, como a rapariga irlandesa que um dia ali apareceu.

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Viagem 6 Faixa 6 – Entrevista entre um locutor da Rádio Savana e um leão Entrevistador: Bom dia, senhores ouvintes da Rádio Savana. Temos hoje connosco o mais alto representante da savana, o Leão, rei da selva. Bom dia, sr. Leão. Leão: Bom dia a todos. Entrevistador: Gostava que começasse por dizer-nos qual é o seu nome completo e que idade tem. Leão: O meu nome completo é Leão Sabichão da Silva e tenho 12 anos. Entrevistador: Onde vive? Leão: Vivo na savana, em África. Entrevistador: Quais são as suas ocupações e responsabilidades enquanto rei? Leão: As minhas principais obrigações consistem em observar a savana e verificar se todos os animais vivem em harmonia, cumprindo a lei da selva. Entrevistador: Para além do exercício destas funções, como ocupa os seus dias? Leão: Intercalo esta missão com uns passeios; à hora das refeições, caço para mim e para alimentar a minha família, pois é essa uma outra responsabilidade que tenho, enquanto chefe de família. Entrevistador: Conhece a história do coelho e do leão? Já a ouviu? O que pensa dela? Leão: Conheço e já a ouvi muitas vezes. Mas deixe que lhe diga que essa história não passa disso mesmo, de uma lenda que se conta em África e, em particular em Moçambique, e que nada tem de real! Nós, leões, damo-nos muito bem com todos os animais. Os coelhos não são exceção! Entrevistador: Bom, o nosso tempo de antena está a chegar ao fim e temos de terminar esta agradável entrevista. Obrigado, sr. Leão. Agradeço em nome dos ouvintes do nosso programa a sua disponibilidade e despeço-me até uma próxima oportunidade.

Memórias de viagem Faixa 7 – Adivinha de Alice Vieira À meia-noite Se ergue o francês Levanta-se de noite Mais de uma vez Sabe da hora Não sabe do mês Traz esporas Não é cavaleiro Toca a alvorada Não é corneteiro Tem uma serra Não é carpinteiro

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Tem picão não é pedreiro Tem uma foice Não é ceifeiro Cava na terra Não acha dinheiro Passeia na arena Não é estudante Canta na missa Sem ser sacristão Sabe da hora Da morte não.

Unidade 2 Viagem 1 Faixa 8 – Serviço de chá e torradas, de Mónica Baldaque Natália, Nati, como lhe chamavam em família, era uma rapariga bonita, com uma cara exótica e um corpo miúdo, tão frágil, que parecia não resistir a um vento de primavera! A pele branquíssima e mate, umas finas veias azuis desenhavam-se nas fontes e por baixo dos maxilares. Tinha uns grandes olhos pretos, sombreados pelas pestanas e sobrancelhas fartas, e o cabelo duro e tão preto, que com o Sol parecia ter reflexos azuis. Ver Nati pentear o cabelo, escovar as ondas largas que lhe chegavam à cinta, enrolá-lo e prendê-lo com os fanchos de tartaruga era um belo ritual que todos na casa admiravam e respeitavam. «Onde está Nati? Ela não vem tomar o chá? As torradas assim perdem a graça!» «Está a pentear-se.» E ninguém a apressava. E se o chá arrefecia, fazia-se outro, quando Nati chegasse à sala, e outras torradas. O chá naquela casa não tinha horas. O serviço de loiça azul permanecia todo o dia na mesa, sempre preparado para servir. E Nati fazia as torradas tão bem feitas, que eram famosas! O pão cortado fino, nem de mais nem de menos, torrado o bastante, apenas loiro, e a manteiga levemente aquecida era rapidamente espalhada. Esse sentido do tempo certo para todas as coisas simples era um dom! Falava pouco. Era misteriosa, mas muito prendada para os trabalhos da casa e para tratar das plantas. Engomava as golas e os punhos de renda como ninguém! Nunca se enganava na porção exata de goma a misturar na água para obter a perfeita dureza da renda. Nem hirta de mais nem mole de mais. As golas e punhos deviam assentar com naturalidade, mas um «arzinho» de goma mantinha-os no seu lugar e dava relevo ao rendado. «As dálias são uma flor rústica!», dizia Nati. «São-se em qualquer lugar e não precisam de muitos cuidados.» As dálias de Nati cresciam por todo o lado: nos caminhos, nas fendas do empedrado do pátio, em vasos na varanda, até dentro do galinheiro nasciam dálias pompom brancas e amarelas! Nati conhecia todas, as singelas e as dobradas, os sítios onde nasciam, de um ano para o outro. Mas raramente acedia a cortar dálias para enfeitar uma jarra! Gostava de ver a flor viver e morrer na planta. Interromper-lhe a circulação da seiva, separá-las da raiz, do Sol e da terra era como levá-la a ela para longe dali. Dos seus cantos, da vida bem ordenada dos seus desvelos com tudo o que a confortava. Nati era uma daquelas belezas escondidas, apagada pela penumbra da casa e pelos hábitos modestos, que um dia sensibilizou um pintor. E eternizou-a. Se não tivesse sido ele, Nati teria vivido e murchado com as suas flores, como as golas de renda que já ninguém engomava. Todas as pessoas merecem que alguém encontre nelas uma razão para as eternizar, a mais pequenina que seja. Não acham?

Viagem 1 Faixa 9 – O livro que só queria ser lido Era uma vez um livro triste. E não era triste pelo que contava nas suas páginas e ilustrações, mas sim porque tinha um desejo imenso de ser lido e muito poucas pessoas pareciam ter vontade de o ler. Por isso, era um livro triste, e não se envergonhava de o ser, perguntando mesmo com frequência: — Se um livro existe para ser lido e a mim não me leem, como posso eu andar contente da vida? Embora tivesse sido publicado há já alguns anos, não podia dizer-se que fosse um livro velho. Os livros mais antigos e raros, agasalhados nas suas belas encadernações de cabedal que os protegiam da humidade e das rugas da idade, estavam bem guardados na biblioteca do dono da casa, herdada de um avô que sempre gostara muito de ler e de viajar e que os comprara nas mais importantes cidades do mundo. 69

O livro de que este livro fala tivera a sua época, fora lido por várias pessoas da casa e depois esquecido, como acontece, infelizmente, com a maior parte dos livros. Mas há livros que aceitam o esquecimento e outros que não se resignam com ele. Era o caso deste livro, que encontrara o seu pouso certo numa prateleira alta de uma estante, colocada ao lado da secretária, onde agora era rei e senhor o computador. Na prateleira de baixo, o livro tinha como companhia vários dicionários de que gostava muito, pois, enquanto a casa caía num sono profundo, eles ensinavam-lhe palavras em línguas que nunca imaginara poder vir a falar. Foi assim que aprendeu a dizer «obrigado», «até amanhã», «desculpe» e «posso entrar» em francês, inglês, espanhol e alemão. Não se pode dizer que estas palavras fossem de grande utilidade no seu dia-a-dia, mas, como o saber nunca ocupa lugar, tinha-as armazenadas na memória, para o caso de um dia vir a precisar delas. Sim, porque nunca se sabe que destino está reservado a um livro.

Viagem 2 Faixa 10 – Excerto de A menina do mar De manhã, quando acordou, tudo estava calmo. A batalha tinha acabado. Já não se ouviam os gemidos do vento, nem gritos do mar, mas só um doce murmúrio de ondas pequeninas. E o rapazito saltou da cama, foi à janela e viu uma manhã linda de sol brilhante, céu azul e mar azul. Estava maré vaza. Pôs o fato de banho e foi para a praia a correr. Tudo estava tão claro e sossegado que ele pensou que o temporal da véspera tinha sido um sonho. Mas não tinha sido um sonho. A praia estava coberta de espumas deixadas pelas ondas da tempestade. Eram fileiras e fileiras de espuma que tremiam à menor aragem. Pareciam castelos fantásticos, brancos mas cheios de reflexos de mil cores. O rapaz quis tocar-lhes, mas mal punha neles as suas mãos, os castelos trémulos desfaziam-se. Então foi brincar para as rochas. Começou por seguir um fio de água muito claro, entre dois grandes rochedos escuros, cobertos de búzios. O rio ia dar a uma grande poça de água onde o rapazinho tomou banho e nadou muito tempo. Depois do banho continuou o seu caminho através das rochas. Ia andando para o lado sul da praia que era um lado deserto para onde nunca ia ninguém. A maré estava muito baixa e a manhã estava linda. As algas pareciam mais verdes do que nunca e o mar tinha reflexos lilases. O rapazinho sentia-se tão feliz, que às vezes punha-se a dançar em cima dos rochedos. De vez em quando encontrava uma poça boa e tomava outro banho. Quando ia já no décimo banho, lembrou-se que deviam ser horas de voltar para casa. Saiu da água e deitou-se numa rocha a apanhar sol. «Tenho que ir para casa», pensava ele, mas não lhe apetecia nada ir-se embora. E, quando assim estava deitado, com a cara encostada às algas, de repente, atrás de si, ouviu rir. Eram quatro vozes muito esquisitas, que riam às gargalhadas. Com muito cuidado para não fazer barulho, levantou-se e pôs-se a espreitar escondido entre duas pedras. E viu um grande polvo a rir, um caranguejo a rir, um peixe a rir e uma menina muito pequenina a rir também. A menina, que devia medir um palmo de altura, tinha cabelos verdes, olhos roxos e um vestido feito de algas encarnadas; o polvo e o caranguejo estavam numa rocha ao sol, a ver a menina e o peixe, que estavam dentro de água a jogar às escondidas. A menina escondeu-se entre as algas, e quando o peixe ia a passar, atirou-lhe com uma pedrinha branca ao nariz. Mas o peixe muito zangado, deu uma sapatada com o rabo nas mãos da menina e fugiu. Depois pôs-se a rir. Maravilhado, o rapaz nem se mexia. De repente, uma grande onda saltou por cima das rochas e entrou na poça de água. Então o polvo disse: – Vem aí a maré alta, são horas de nos irmos embora.

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Chamaram o peixe e puseram-se os quatro a caminho. O peixe ia à frente a nadar com a menina ao lado, depois vinha o polvo e no fim o caranguejo, sempre com um ar muito desconfiado e furioso. Foram indo por entre as areias e as rochas, até que chegaram a uma gruta para onde entraram os quatro. O rapaz quis ir atrás deles, mas a entrada da gruta era muito pequena e ele não cabia. E como a maré estava a subir, teve que se ir embora, pois se ali ficasse morria afogado. Foi para casa muito espantado com o que tinha visto e durante esse dia não pensou noutra coisa.

Viagem 3 Faixa 11 – Excerto de A Fada Oriana Era uma vez uma fada chamada Oriana. Era uma fada boa e era muito bonita. Vivia livre, alegre e feliz, dançando nos campos, nos montes, nos bosques, nos jardins e nas praias. Um dia a rainha das Fadas chamou-a e disse-lhe: – Oriana, vem comigo. E voaram as duas por cima de planícies, lagos e montanhas. Até chegarem a um país onde havia uma grande floresta. – Oriana – disse a rainha das Fadas –, entrego-te esta floresta. Todos os homens, animais e plantas que aqui vivem, de hoje em diante, ficam à tua guarda. Tu és a fada desta floresta. Promete-me que nunca a hás de abandonar. Oriana disse: – Prometo. E daí em diante, Oriana ficou a morar na floresta. De noite dormia dentro do tronco de um carvalho. De manhã acordava muito cedo, acordava ainda antes das flores e dos pássaros. O seu relógio era o primeiro raio de sol. Porque tinha muito que fazer. Na floresta todos precisavam dela. Era ela que prevenia os coelhos e os veados da chegada dos caçadores. Era ela que regava as flores com orvalho. Era ela que tomava conta dos onze filhos do moleiro. Era ela que libertava os pássaros que tinham caído nas ratoeiras. À noite, quando todos dormiam, Oriana ia para os prados dançar com as outras fadas. Ou então voava sozinha por cima da floresta e, abrindo as suas asas, ficava parada, suspensa no ar entre a terra e o céu. À roda da floresta havia campos e montanhas adormecidos e cheios de silêncio. Ao longe viam-se as luzes de uma cidade debruçada sobre o seu rio. De dia, e vista de perto a cidade era escura, feia e triste. Mas à noite a cidade brilhava cheia de luzes verdes, roxas, amarelas, azuis, vermelhas e lilases, como se nela houvesse uma festa. Parecia feita de opalas, de rubis, de brilhantes, de esmeraldas e de safiras. Passou um verão, passou um outono, passou um inverno. E chegou a primavera. E certa manhã de abril, Oriana acordou ainda mais cedo do que o costume. Mal o primeiro raio de sol entrou na floresta, ela saiu de dentro do tronco do carvalho onde dormia. Respirou fundo os perfumes da madrugada e fez uns passos de dança. Depois penteou os cabelos com os dedos das mãos a fazerem de pente e lavou a cara com orvalho. – Que manhã tão bonita! – disse ela. – Nunca vi uma manhã tão azul, tão verde, tão fresca e tão doirada. E foi pela floresta fora dançando e dizendo bom-dia às coisas.

Viagem 4 Faixa 12 – Um camaleão na gaveta – Por aqui deve ter passado um dinossauro, e dos grandes! – teimou a menina, a querer convencer-se do que ainda não estava bem convencida. Descobriu umas covas fundas e largas que no caminho de areia se desenhavam e resolveu segui-las. 71

Andou, andou, andou, andou até que se perdeu. Olhou em volta e não viu floresta nenhuma. Nem janela à qual pudesse bater. Nenhuma luzinha pequenina ao perto ou ao longe. Nenhum coelhito pardo abrindo-lhe a porta de uma casca de árvore. A menina estacou, quase muito aflita, quase muito admirada. Sem mais nem menos, uma raposa lhe aparecia ali à porta da sua toca, a olhar para ela. – Quero ir para casa. Vou bem por aqui? – Eu não sei onde é a tua casa mas acho que vais bem. Ainda é cedo, não queres entrar um bocadinho na minha casa? – convidou a raposa, muito amável. A Carolina reparou melhor: entre aquela raposa e a gola da samarra do seu pai havia uma estranha semelhança. Coisa esquisita! O melhor seria não tocar nesse assunto. Devia haver outras coisas de que falar. ( ... ) Por acaso já viste algum dinossauro? – Imensos. Ainda há pouco passou um por aqui! – respondeu a raposa com a maior naturalidade. – E como era ele? – Não reparei muito bem mas parece-me que este hoje levava uma cauda de escamas verdes.

Viagem 5 Faixa 13 – Na Matemática não existem diferenças entre raparigas e rapazes, in Público O mito acabou. As raparigas e os rapazes são iguais nos resultados que têm a matemática. Um estudo publicado hoje na revista científica Science utilizou os resultados dos testes de matemática de mais de sete milhões de raparigas e rapazes de dez estados diferentes dos EUA. Não encontraram diferenças. Por isso, Janet Hyde, professora na Universidade de Wisconsin-Madison e líder do projeto aconselhou os pais e os professores a reverem as ideias que têm sobre esta matéria. Os cientistas calcularam a média dos resultados dos testes de rapazes e raparigas e compararam-nos entre si. O que descobriram é que a diferença entre os dois géneros era irrelevante e que, em alguns estados, os rapazes eram ligeiramente melhores do que as raparigas mas, noutros estados, acontecia o inverso. No final, a comparação da média ponderada entre os géneros dava um avanço insignificante aos rapazes. (…) Nos Estados Unidos esta discussão leva décadas. Antigamente, as áreas matemática e ciência no liceu tinham mais rapazes do que raparigas. Atualmente, quase 50 por cento das raparigas fazem a disciplina de cálculo, apesar de ainda haver muito menos elementos do sexo feminino a entrarem para as áreas de física e engenharia.

Viagem 6 Faixa 14 – Biografia de um escritor brasileiro, Erico Veríssimo Erico Veríssimo dizia que era apenas «um contador de histórias». Contou muitas histórias para gente grande, em livros como Olhai os lírios do campo, Caminhos cruzados, O tempo e o vento, O senhor embaixador e Incidente em Antares. Mas também gostava de contar histórias para crianças. Nasceu em Cruz Alta, no interior do Rio Grande do sul, em 1905. Antes de ser escritor, fez muitas coisas. Trabalhou no comércio, foi bancário, e tornou-se sócio de uma pequena farmácia que foi à falência porque ele preferia ficar a ler os seus livros em vez de vender remédios. Quando se mudou para Porto Alegre, Erico foi trabalhar na Revista do Globo, que era publicada pela Livraria do Globo. Depois nasceu a Editora Globo, que ele ajudou a criar e a tornar-se uma das mais importantes do país. Esta editora editou todos os seus livros, desde o primeiro, Fantoches. 72

Viagem 6 Faixa 15 –Uma aventura do capitão Tormenta O Capitão Tormenta e seus companheiros voavam dentro do avião vermelho, que subia cada vez mais… O ursinho olhou para baixo e viu as luzes de uma cidade. Começou a bater palmas. O boneco já estava a comer uma banana sem pedir licença ao capitão. Fernandinho, de repente, sentiu vontade de tomar sorvete. – Minha gente – gritou ele, olhando para trás -, onde é que vamos comprar sorvete? O ursinho apontou para a cidade, dizendo: – Dlem-bim-bom! Mas Chocolate teve uma ideia mais inteligente: – Gom-bom! – gritou. Queria dizer que na Lua havia muito sorvete. Então o Capitão Tormenta levou o avião para a Lua. Tudo lá era de gelo. As cidades, as casas, os automóveis e os homens. Os homens eram muito engraçados. Tinham pernas de sapo e olhos de mosca. Quando o motor do avião parou, os três exploradores apearam-se. O Capitão Tormenta vestiu o seu casacão de pele. O ursinho não sentia frio porque o seu corpo era peludo. Chocolate fez uma roupa com casca de banana e ficou muito faceiro. Os três aventureiros começaram a olhar para os lados e viram uma tabuleta numa casa. Estava escrito: SETEVROS. O capitão leu, mas não entendeu. Depois achou que na Lua tudo devia ser de trás para diante, e compreendeu que o que estava escrito na tabuleta era sorvetes. Foram para lá. Entraram. Era uma loja muito engraçada. Os três fregueses ficavam do lado de dentro do balcão. Os empregados ficavam do lado de fora. Quando a gente pedia um sorvete, em vez de pagar cinquenta centavos ou um cruzeiro, era o empregado que pagava à gente. O capitão entrou e disse: — Quero três sorvetes. O empregado assustou-se ao ver os três exploradores. Nunca tinha visto gente da Terra. Fernandinho tornou a pedir três sorvetes. O outro não entendeu. O Capitão Tormenta então resolveu falar a língua da Lua e repetiu a frase de trás para diante. — Setevros sêrt oreuq. O empregado soltou uma risada e tirou três sorvetes de uma lata; depois espichou o braço, furou o teto da casa e apanhou lá no alto três estrelinhas, que soltaram gritos de susto. Trouxe as estrelinhas para dentro da loja e espetou as coitadinhas uma por uma no cocuruto dos sorvetes. O capitão e os companheiros comeram e lamberam-se todos de prazer.

Memórias de Viagem Faixa 16 – Biografia da escritora Maria Alberta Menéres Maria Alberta Menéres nasceu em 1930, em Vila Nova de Gaia, e licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Lisboa. Entre 1965 e 1973, foi professora dos ensinos Técnico, Preparatório e Secundário. Foi tradutora e colaborou em jornais e revistas literárias. Autora de vários programas televisivos para crianças, foi também diretora do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da Radiotelevisão Portuguesa entre 1975 e 1986. Dirigiu ainda a revista Pais entre 1990 e 1993. Como escritora, publicou cerca de sessenta livros destinados, sobretudo, a crianças. Está também representada em antologias nacionais e estrangeiras. 73

Em 1951, recebeu o Prémio Internacional de Poesia Giacomo Leopardi. Em 1981 e em 1983 foi galardoada com o Prémio «O Ambiente na Literatura Infantil»; mais tarde, em 1986, recebeu o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças. Foi ainda responsável, juntamente com Ernesto Melo e Castro, pela organização de uma antologia de Poesia Portuguesa, publicada inicialmente em 1951 e que contou com uma nova edição ampliada em 1979.

Unidade 3 Viagem 1 Faixa 17 – Excerto de O sétimo herói No dia seguinte chegaram à orla de uma floresta que pertencia já ao reino de Gududu e, quando passavam sob as copas das primeiras árvores, Raf observou: – A partir de agora, Iorg, estamos em território verdadeiramente perigoso. Estamos numa floresta que se tornou hostil. Tudo pode acontecer. Na verdade, não tardou muito que acontecesse algo. Não sob a forma de monstros, dragões, águias, leões ou outras bestas, mas antes, mais prosaicamente, sob a forma de três salteadores que, importa esclarecer, não pertenciam à corrente ideológica de Robin dos Bosques, não roubavam os ricos para darem aos pobres; roubavam toda a gente, repartiam entre si o produto e, para evitarem problemas de consciência sobre a triste sorte dos infelizes espoliados, matavam-nos. O ataque foi inesperado, como é das regras nestes casos: um dos malfeitores surgiu em frente dos viajantes, saído de uma moita, outro veio por trás e atirou-se a Raf, enquanto o terceiro, que – também é clássico – os espiava do alto de uma árvore, disparou com certeira pontaria uma flecha contra Jorge e depois saltou, agarrado a uma corda presa a um dos ramos, pronto a derrubá-lo da sela. Tudo muito bem organizado, como se vê. Em circunstâncias normais, teria resultado infalivelmente. Mas os assaltantes não sabiam que uma das vítimas não era uma criança humana, e sim um elfo, e que a outra era um herói consagrado, além de que não repararam no facto de as suas montadas não serem vulgares cavalos e sim cavilos – para mais, um deles pertencia a um elfo e por ele fora treinado. Assim, o programa não decorreu exatamente como estava previsto. Zobro pressentiu o ataque pela traseira e, à cautela, disparou um formidável coice que atingiu o fora-da-lei em pleno queixo. Quanto a Radna, fletiu de súbito as quatro pernas, de modo que o homem da corda passou em voo rasante por cima de Jorge e foi bater no tronco de uma árvore, no lado oposto; além disso, a flecha que ele disparara não pôde perfurar uma roupa fabricada pelos elfos da Circânia. No entanto, este primeiro embate não foi decisivo porque só um dos atacantes ficara fora da ação; aquele que se esbarrara contra a árvore refez-se rapidamente e o da dianteira atacou. O seu primeiro ato foi lançar uma inútil flecha, o que deu tempo a Jorge para guardar os óculos e desmontar, pois temia que Radna fosse ferido e, além disso, heroicamente, pensou que seria mais leal combater apeado. Claro, havia ainda o outro bandido, mas esperava que Raf pudesse encarregar-se dele, uma vez que estava armado. De facto, o Elfo desembainhara a sua pequena espada e enfrentava o ex-voador, porém não da forma que se esperaria: apontou simplesmente a lâmina na sua direção e ele ficou paralisado. Entretanto, Jorge batia-se contra o comparsa. Era, a propósito, o seu primeiro combate contra um humano. Os ensinamentos de Calciste vieram então à tona da memória e portou-se bastante bem, considerando que se tratava de uma estreia. Contudo, o outro defendia-se eficazmente, apesar de ter apenas treino como brigão e salteador. – Iorg, eu não posso manter este parado por muito mais tempo… – avisou Raf.

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Viagem 2 Faixa 18 – Poema, A triste história do Zero poeta Numa certa conta havia um zero dado à poesia que tinha um sonho secreto: fugir para o alfabeto. Sonhava tornar-se um O nem que fosse um dia só, ou ainda menos: só o tempo de dizer: «Oh!» (Nos livros e nas seletas o que mais o comovia eram os «Ohs!» que os poetas metiam nas poesias!) Um «Oh!» lírico & profundo, um só «Oh!» lhe bastaria para ele dizer ao mundo o que na alma lhe ia! E o que na alma lhe ia! Sonhos de glórias, esperanças, ânsias, melancolia, recordações de criança; além de um grande vazio de tipo existencial e de uma caixa que o tio lhe pedira para guardar; e ainda as chaves do carro e uma máscara de entrudo... Não tinha bolsos, coitado, guardava na alma tudo! A alma! Como queria gritá-la num «Oh!» sincero! Mas não passava de um zero que, oh!, não se pronuncia... Daí que andasse doente de grave doença poética e em estado permanente de ansiedade alfabética. 75

E se indignasse & etc. contra o destino severo que fizera dele um zero com uma alma de letra! Tanta ambição desmedida, tanto sonho feito pó! E aquele zero dava a vida para poder dizer «Oh!»...

Viagem 3 Faixa 19 – Apresentação de uma gravura rupestre 1. Equídeo de maiores dimensões, ocupando grande parte do painel ao centro e à esquerda, de que se reconhecem ainda relativamente bem os quartos traseiros, estando no seu conjunto muito patinado. Está disposto na horizontal e voltado para o lado esquerdo. A cabeça, algo desproporcionada, está muito destruída por fraturas e estalamentos do suporte, mas é ainda reconhecível o característico estrangulamento da mandíbula (em forma de «bico de pato»), o que, juntamente com a ausência de marcação da crina, um ventre pronunciado e o estilo algo pesado deste equídeo são características que permitem inserir esta gravura numa das fases antigas da arte do Côa, provavelmente ainda no período Solutrense. 2. Mais atrás, e como que seguindo aquela representação, foi gravado posteriormente um segundo equídeo de menores dimensões, também voltado para o lado esquerdo. Com um estilo mais naturalista, onde se destacam a cabeça (retocada numa segunda fase) e a parte central e inferior do tronco, preenchidas com traços múltiplos paralelos, o ventre quase reto e a representação das pernas com cascos assinalados. A segunda figura foi claramente encaixada no espaço deixado livre pela primeira.

Viagem 4 Faixa 20 – Excerto da música Homem do leme Sozinho na noite um barco ruma para onde vai. Uma luz no escuro brilha a direito ofusca as demais. E mais que uma onda, mais que uma maré… Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé… Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade, vai quem já nada teme, vai o homem do leme… E uma vontade de rir, nasce do fundo do ser. E uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida é sempre a perder…

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Viagem 4 Faixa 21 – Poema – O mostrengo O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse, «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tetos negros do fim do Mundo?» E o homem do leme disse, tremendo, «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso, «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse, «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes, «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»

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Viagem 4 Faixa 22 – Frases a ouvir a) Quem se ateve a invadir o meu território? b) Só cumpro as ordens do rei D. João II. c) Volta para trás! d) Não desistimos de navegar por estes mares. e) Regressa ao teu país ou arrepender-te-ás! f) Assim que passarmos, não te importunaremos mais. g) Que diremos a D. João II, se o não fizermos?

Viagem 4 Faixa 23 – Frases a ouvir a) Finalmente, conseguimos vencer o mostrengo! b) Chegámos a terra. c) Quem nos observa atrás daquela árvore? d) Apresentem-se! e) Que calor que está aqui. f) Que terra será esta!?

Viagem 5 Faixa 24 – Texto sobre o livro de Lewis Carroll, Alice no país das maravilhas Quando Alice persegue um coelho branco pela toca adentro, ela descobre um extraordinário mundo novo onde tudo funciona de maneira muito diferente. Há estranhas poções gigantes; há festas de chá muito, muito peculiares; jardineiros que pintam as rosas; e um gato que desaparece, deixando para trás o seu sorriso. Alice encontra um sem-número de personagens excêntricas, incluindo o Chapeleiro, a Lebre de Março, o Arganaz, e, é claro, a Duquesa que joga croquet. Assim que Alice aprende as regras de cada louca situação, elas parecem mudar novamente. Como pode ela voltar de novo para o seu mundo? E alcançará ela alguma vez o coelho branco? Esta louca extravagância de Lewis Carroll, é puro entretenimento do princípio ao fim.

Viagem 6 Faixa 25 – Canção de roda Roda que roda no ar, no chão, nas ondas que batem no meu coração. Roda que roda, piano, pião, gaivota, canoa, búzio, camarão. 78

Roda que roda, flor da amizade, vela de moinho, perfume, saudade. Roda que roda, na terra, no vento, pontos cardeais lá no firmamento. Roda que roda dentro da canção. Acabou-se o frio. Acabou-se o medo. Já não posso mais. Vou cair no chão.

Viagem 7 Faixa 26 – Excerto da peça de teatro A flauta mágica – Olá, estás boa? Uma serpente! Para onde é que ela foi? Tu viste para onde ela foi? Se calhar fugiu… Socorro, ajudem! Socorro! Tu! Tu não me faças mal, ouviste? Ou ainda te vais arrepender! Oh! Não! Espera! Vamos conversar. É a falar é que a gente se entende. Olha que eu sou o príncipe Tamino! O que é que estás a fazer?! Olha que se tu me hipnotizas… – Com a nossa valentia… – Com a nossa coragem… – … e a nossa esperteza… – Já está! – Oh, que gracioso… – Que doce… – Que belo… – Tão lindinho… Se o meu coração se destinasse ao amor, dedicá-lo-ia a este jovem. – Mas não posso! – Nem eu… – Não podemos! Porque somos as três damas da rainha da noite. Temos de lhe dar imediatamente a notícia. – Vão vocês, enquanto eu fico aqui a protegê-lo. – Ah, então eu também fico, porque pode aparecer outra serpente dali, ou dali. – Nesse caso, eu também tenho de ficar, porque pode aparecer uma outra… daquele lado. – A verdade é que todas gostávamos de ficar, mas não podemos. Temos de avisar a nossa rainha e já!

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Memórias de viagem Faixa 27 –A história da aranha Leopoldina Era uma vez uma aranha Simpática e gordinha, Como são normalmente as aranhinhas. (É certo que há aquelas Que, mesmo sendo belas, Não resistem a dar umas picadinhas… Mas esta era uma aranha Talvez um pouco estranha, Mas engraçada e muito boazinha.) Talvez um pouco estranha Era esta nossa aranha Por não gostar daquilo que fazia. O seu nome de aranha Era aranha Leopoldina (nome que vinha já da sua tia). A aranha Leopoldina Nem grande razão tinha Para queixar-se da vida que levava. O que as amigas tinham Ela também o tinha, Mas algo de diferente desejava.

Porta-viagens, Português, 5.o ano, Caderno de apoio ao professor.

É que a pobre aranha Leopoldina Era infeliz naquilo que fazia, Ou seja, em vez de teia, Só queria fazer meia (não importava a cor, qualquer servia).

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