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P o l í ticas de saú de no Brasil continuidades e mudanç as
Cristiani Cristi ani Vie Vieira ira Machado Tatiana Wargas de Faria Baptista Luciana Dias de Lima (orgs .)
L O Books / SciELO Livros / SciELO Libros
P o líticas
e
Saude e mudanç as continuidades noBrasil
FUNDA ÇÃ O OSWALDO CRUZ Presidente N í sia Trindade Lima çã o e Comunica çã o Vice - Presidente de Educaçã o , Informa Informaçã Manoel Barrai Netto
EDITORA EDIT ORA FIO FIOCRUZ CRUZ GESTã O 2017 - 2020 ) Diretor
Manoel Barrai Netto
Editor Executivo
Jo ã o Carlos Canossa Mendes
Editores Científicos
Carlos Machado de Freitas Gilberto Hochman
Conselho Editorial
Denise Valle Jos Jo s é Roberto Lapa e Silva Kenneth Rochel de Camargo Jr . Ligia Maria Vieira da Silva Marcos Maria Cec CeCueto cília de Souza Minayo Marilia Santini de Oliveira Mois é s Goldbaum
Rafael Linden Ricardo Ventura Santos
P o líticas d e Saude ^ Brasil
continuidades e mudan ças
Cristiani Vieira Machado Tatiana Wargas de Faria Baptista Luciana Dias de Lima Organizadoras
2 a reimpressã o
EDITORA
FIOCRUZ
Copyright © 2012 dos autores Todos os direitos desta ediçã o reservados FUNDAçã O OSWALDO CRUZ/ EDITORA
à
Ia edi çã o : 2012 Ia reimpressã o : 2014 2 a reimpressã o : 2018
gr á fico e editora çã o eletró nica editoraçã Fernando Vasconcelos
Capa , projeto
Revis ã o Jorge Moutinho Padroniza çã o de refer referêê ncias bibliográ ficas
Clarissa Bravo
Supervisãã o editorial Supervis Janaina de Souza Silva
Catalogação na fonte Institut Inst ituto o de Comunica ção e Informa ção Cient ífica e Tecnológica Biblioteca de Sa ú de P ú blica
M149
Machado, Cristiani Vieira Org Or g.)
Pol íticas de sa ú de no Brasil: continuidades e mudanç as. / organizado por Cristiani Vieira Machado, Tatiana Wargas de Faria Rioo de Janeiro: Editora Fiocruz , Baptista e Luciana Dias de Lima . - Ri 2012.
324 p. , tab. , graf .
ISBN : 978 85- 7541- 419 4
1.
Pol ítica d e Sa úde . 2. Atenção Prim ria à Sa úde . 3. Planos e Primáá ri
Programas de Sa ú de. 4. Educaçã o em Sa úde. 5. Descentralizaçã o. 6. Sistema Ú nico de Sa úde . 7 . Regionalizaçã o . 8. Gest ã o em Sa úde . 9. Brasil. I. Baptista, Tatiana Wargas de Faria Or g.). II. Lima , Luciana Dias de Org Or g .). III . Título.
CD D - 22 .ed . - 362.10981
2018
Editora Fiocruz
Av . Brasil , 4.036 - Io andar - sala 112 - Manguinhos 21040- 361 - Ri Rioo de Janeiro, RJ 3882 55(21 Tels 21 - 9039/ 3882 - 9041 Fax:.:+ +55 - 9006 ) )3882 editora @ fiocruz. br www.fiocruz . br/ editora
Autores
Enfermeira. Mestra e doutoranda em Sa úde P ú blica pela Escola Nacional de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca da Fundaçã o Oswaldo
Nacional de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca da Fundaçã o Oswaldo Cruz Daps/ Ensp/ Fiocruz ) e bolsista do Con Conse selho lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló gico
Cruz Ensp/ Fiocruz) .
[email protected] m .br
CNPq ).
[email protected]
na
Luisa arros de Castro
Ana Luiza
d’ Á vilaViana
Economista. Doutora em Economia pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas IE/ Unicamp ) . Professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de Sã o Paulo DM P / FM / U SP ) e bol bolsis sista ta do Co Conse nselh lho o Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló gico CNPq ). analuizaviana@ usp.br
Carlos Augusto Grabois Gadelha
Economista . Doutor em Economia pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Ri Rioo de Janeiro IE/ UFRJ ) . Professor e pesquisador do Departamento de Administraçã o e Planejamento em Sa úde da Escola Nacional de Sa úde P ública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz Daps/ Ensp/ Fiocruz) e secret ário de Ci ência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministé rio da Sa úde .
[email protected]
arolina de Oliveira Nogueira Antrop óloga . Mestra e doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Ri Rioo de Janeiro M N / UFRJ ). carol_
[email protected] .br
Cristiani Vieira Machado Organizadora) M é dica sanitarista . Doutora em Sa ú de Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Uni Univer versid sidade ade do Estado do Ri Rioo de Janeiro IM S/ Uerj ) , com pó s - doutorado em Ci ência Po lítica pela University of North Carolina at Chapel Hill. Professora e pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Sa ú de da Escola
Hudson Pací fico da Silva
Economista. Doutor em Ci ê ncias pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade FM// US de Sã o Paulo D M P/ FM USPP ) , co m p ós doutorado pela Université de Montré al Canad á ) , mestre em Economia Social e do Trabalho pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas IE/ Unicamp ) . Professor da Faculdade de FCA A/ Ci ências Aplicadas da Unicamp FC Unicamp) , na á rea de gestão de p ol íticas públicas.
[email protected]
í r i s Jordão Lessa de Morais Cientista social. Mestra em Ci ê ncias da Sa úde políticas públicas e sa úde ) pela Escola Nacional de Sa úde P ública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz Ensp/ Fiocruz). irislessa@ ensp.fiocruz.br
Lais Silveira Costa Administradora. Mestra em Development London on School School of Economics Studies pela Lond and Political Science , doutoranda em Sa úde Nacion ional al de Sa ú de P ú blica P ública da Escola Nac Sergio Arouca da Fundaçã o Oswaldo Cruz Ensp/ Fiocruz).
[email protected]
giaa L í gi
ahia
M é dica sanitarista . Doutora em Sa ú de Nacion ional al de Sa úde P ública pela Escola Nac P ública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz Ensp/ Fiocruz) . Professora do Instituto de Estudos em Sa ú de Coletiva
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Ri o de Janeiro Iesc/ FM / UFRJ ). ligiabahia @terra .com .br
Lucia de Fátima Nascimento de Queiroz
M é dica sanitarista . Mestra em Geographie de La Santé pela Université Paul Va Vallé ry Franç a ) , em Economia Rural e Regional pela Universidade Federal da Paraíba Sist stem emas as de Sa úde UFPB) e em Gestã o de Si pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Ri Rioo de Janeiro (IM S/ Uerj). Especialista em Pol Po líticas P úblicas e Gestã o Governamental, em exercício no Ministé rio da Sa úde.
[email protected] go v.br
Luciana Dias d e Lima Organizadora ) M é dica sanitarista . Doutora em Sa ú de Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Ri Rioo de Janeiro IM S/ Uerj). Professora e pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Sa ú de da Escola Nacional de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca
e pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Sa úde da Escola Nacional de Sa ú de P ública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz Daps/ Ensp/ Fiocruz).
[email protected] m Roberta Gondim de Oliveira Psic ó loga . Mestra em Sa úde P ública pela Escola Nacional de Sa úde P ú blica Sergio
Arouca da Fundação Oswaldo Cruz Ensp/ Fiocruz) e doutoranda do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Portugal). Professora e pes pesqui quisad sadora ora da Escola de Governo em Sa ú de da Escola Nacional de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz EG S/ Ensp/ Fiocruz) . robertagondim @ensp.fiocruz .br Rosana Freitas Arantes
Cruz Daps da Funda /Ensp/ de o Oswaldo Fiocruz bolsista Nacional ) eçã do Conselho Desenvolvimento Científico e Tecnoló gico CNPq ) .
[email protected]
social Assistente e doutoranda . Mestra Po Pollítica Social pelo de Estudosem Programa Pó s - Graduados em Po Pollítica Social da Universidade Federal Fluminense UF UFFF ) . roarantesl 2 @yahoo.com .br
M árcia Cristina Rodrigues Fausto Assistente social. Doutora em Sa úde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio Ri o de Janeiro Profe ofesso ssora ra e pesquisadora da IM S/ Uerj) . Pr Escola de Governo em Sa úde d a Escola Nacion Nac ional al de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca da EG S/ Ensp/ Fiocruz) . Funda ção Oswaldo Cruz EGS
Sarah Escorei M édica sanitarista . Doutora em Sociologia Univer versid sidade ade de Brasília UnB) , com pela Uni pó s -doutorado pela Universidade de Lancaster Reino Unido) . Pesquisadora titular do Departamento de Administra çã o e Pla Planej nejamen amento to em Sa ú de e integrante Po lítico -Sociais em do N úcleo de Estudos Pol
[email protected] .br
Sa úd e d a Escola Nac Nacion ional al de Sa úde P ú blica Sergio Arouca da Fundaçã o Oswaldo Cruz Daps/ Nupes/ Ensp/ Fiocruz ).
[email protected]
M á rcia Maria Garcia Gomes Economista. Mestra em Sa ú de Coletiva pelo Instituto de Estudos em Sa ú de Coletiva da Uni Univer versid sidade ade Federal do Ri Rioo de Janeiro Profe ofess ssora ora e pesquisadora do Iesc/ UFRJ ) . Pr Departamento de Ci ê ncias Sociais da Escola Nacion Nac ional al de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca da Funda ção Oswaldo Cruz DC S/ Ensp/ Fiocruz).
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Tatiana Wargas de Faria Baptista
Mareia Teixeira
Organizadora) Psic ó loga . Doutora em Sa úde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio Ri o de Janeiro Professo ssora ra e pesquisadora IM S/ Uerj) . Profe do Departamento de Administração e Planejamento em Sa ú de da Escola
Cientista socialpela e doutoranda . Mestra Sa úde P ública Escola Nacional deem Sa úde P ública Sergio Arouca da Funda ção Oswaldo Cruz Ensp/ Fiocruz). Professora
Nacion Nac ional al çã deoSa ú de P ú blica da Funda Oswaldo CruzSergio Daps/Arouca Ensp/ Fiocruz) .
[email protected]
Sum Su m á rio
Pref ácio
9
Pollítica de Estado, Projetos de Governo e Sa úde Apresentaçã o: Po
13
PARTE I - CONTEXTO 1. Desenvolvimento e
Institucionalidade da Pol tica ca Soc Socia iall no Brasil Po líti Ana Luiza d’ Ávila Viana e Hudson Pac í fico da Silva
31
2. Sa ú de e Dese Desenvolv nvolviment imento o Naci Nacional onal: a gest gestãã o federal entre 2003 e 2010 Carlos Augusto Grabois Gadelha e Lais Silveira Costa
61
3. Financeiriza çã o da Assistê ncia M édico- Hospitalar no Governo Lula L í gia Bahia
91
PARTE II - CAMINHOS 4 .0 Modelo
o do Estado na Sa úde: not notas as sob sobre re a atua federa erall de Interven çã atuaçã ção çã o fed
Cristiani Vieira Machado
11 117 7
5. A Agenda Federal da Sa úde: din â mica e prioridades Cristiani Vieira Machado e Tatiana Wargas de Fa Farria Baptista
14 149 9
6. A P ol ítica Brasileira de Aten çã o Prim á ria à Sa ú de Ana Luisa Barros de Castro e M á rcia Cristina Rodrigues Fausto
173 17 3
Po líticas do Trabalho e da Educa çã o em Sa úde no Gov Govern erno o Lula Lula Mareia Teixeira, Roberta Gondim de Oliveira e Rosana Freitas Arantes
197
7. Mudanças nas
PARTE II IIII - PROCESSOS
8. O Processo de Descentralização e Regionaliza ção do SU S no Contexto do Pacto pela Sa ú de Luciana Dias de Lima e Lucia de Fátima Nascimento de Queiroz
.
229
Mini nist sté rio da Sa úde: 9 A Secretaria de Gestã o Estratégica e Participativa do Mi inovação e desaf desafios ios instituc institucionais ionais - 2003 a 2007 í ris Jord ã o Lessa de Morais e Sarah Escorei
253
10. O Legislativo e a Sa úde: o debate no período do governo Lula Tatiana Wargas de Faria Baptista , M á rcia rcia Mari Mariaa Garcia Gomes e Carolina de Oliveira Nogueira
283
Ap êndice
323
Pref á cio
D
esde a Constituição brasileira promulgada em 1988, que definiu a sa ú de como direito de todos e dever do Estado, iniciou- se o esforç o hercú leo para tornar
realidade os princípios e diretrizes en entt ã o definidos , bem como o de construir o Sistema Ú nico de Sa ú de SU S ) . Esse processo foi afetado por conjunturas específicas ,
muitas ou na maioria das vezes adversas , seja na perspectiva econó mica , seja na política. Tais dificuldades, expressas no confronto ou na tens ão entre diferentes agendas , se traduziram tanto no subfinanciamento do setor quanto
em resist resistêê ncias à efetivaçã o dos princípios universalistas e públicos da política de sa ú de , que, embora consagrados institucional e legalmente, se mos mostr trar aram am de dif ícil concretiza ção. Apesar disso, a política de sa ú de avan ç a paulatinamente,
construindo estrat égias, alternativas, inovando do ponto de vista organizacional, de gest ã o, de de deffin iniiçã o da dass rela ções federativas e de experi ências democr á ticas , experiências
co m desafiando a capacidade criativa daqueles efetiva e politicamente envolvidos com sua concretiza çã o . Esta coletâ nea , fruto de um amplo projeto de pesquisa, traz uma contribuição
importante para a compreensão desse processo processo,, particularmente no período mais recente , e es estt á vocacionada
a ser uma referê ncia na literatura sobre as políticas
de sa ú de no Brasil e para todos aqueles interessados pelo tema da sa ú de, tanto
na academia quanto na gestã o e na prá tica social. Mais do que isso, torna - se uma leitura imprescind ível ao oferecer um panorama geral da á rea bastante atualizado e diversificado , alé m de arti articu cula larr a políti tica ca re rece cente nte à trajetória da sa ú de no Brasil -
infforma ormaç õ es relevantes para n ã o apenas por fornecer um grande arsenal de in
a compreensã o e a avaliaçã o da á rea rea,, com forte respaldo em dados empíricos atualizados , mas ainda por produzir interpretaçõ es alicerç adas em referenciais te óricos que t ê m se mostrado bastante prof ícuos para a an á lise de p o líticas pú blicas , particularmente o n o v o institucionalismo histórico. esttá relacionada , particularmente A capacidade analí tica dessa abordagem es particularmente,, à poss possib ibil ilid idad adee de se considerar na interpreta ção dos eventos p o líticos a interrela çã o de atores , interesses, ideias e in inst stit itui uiçõ es es,, entre elas as constitu ídas com 9
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
base em políticas p r évias. É nessa inter- rela ção que as políticas pú blicas ter ã o fortes efeitos de feedback , particularmente os efeitos políticos no sentido da constituiçã o
aren enaa es espe peccífica de cada de ator atores es, preferê ncias e percepções que , ao afetarem a ar política pú blica, afetam as decisões posteriores. Nessa trilha anal analíítica , este livro, pelo fa fatto de aliar uma rica empiria com certa
unidade anal analíítica , permite que , em geral, os diferentes capítulos, cada um enfocando um aspecto da política de sa ú de , superem o cará ter meramente ensa ístico e opinativo que tende a prevalecer em estudos de políticas pú blicas , entre elas as de
sa ú de. T al característica n ã o significa, contudo, uma an á lise isenta de elementos normativos, particularmente no sentido de reafirmaçã o e compartilhamento de Esta tado do e dos objetivos do determinada visã o da dass políticas sociais, da atua ção do Es
desenvolvimento - visã o essa que considera esses objetivos como voltados para a produçã o de bem - estar e equidade entre os cidad ã os. Nessa perspectiva , a sa ú de
se apresenta inegavelmente como um fator imprescind imprescindíível. Mesmo que tenha como objetivo geral analisar a política de sa ú de no Brasil no p e ríodo correspondente aos dois mandatos n o s anos 2000 , particularmente do presidente Lula , a perspectiva histórica orienta a an á lise d as inova çõ es e
continuidades que esse período revela , atreladas à própria trajet ó ria da p o lítica de sa úde no país. Ou seja , entender o período recente, por um lado, n ã o é factível
sem considerar os desdobramentos no tempo de a ç õ es e decisões , entendidas ainda no â mbito de condicionantes es estr trut utur urai aiss e políticas - nos termos dos autores , sem desconsiderar os fatores económicos , político ticoss e so socciais iais que afetam
as políticas pú blicas. Por outro lado, h á que se identificar a atua çã o de novos atores , particularmente do presidente da República , e, consequentemente , as novas anal alis isad ado o e que sã o o parâ metro para se agendas que se constituem no período an entenderem as inova çõ es. Essas agendas marcam novos vetores de a tu a çã o governamental articulados com a perspectiva política mais geral do governo Lula -
no caso, voltada para a inclus ã o social e para a radicaliza çã o da democracia -,
a qual se man manif ifes esta ta tamb també m na política de sa ú de . É nesse jogo entre a heran ç a , que inclui as coaliz ões p o líticas e os interesses consolidados, e a inova çã o que se desenvolve a política de sa ú de , premida pelas limita çõ es , mas construindo inova çõ es nas brechas do possível. Embora as diferen as de ênfase em rela
s inova es e co cont ntin inui uida dade dess
ç o à, tal aspecto çõ capítulos da coleçtâãnea transpare ç am nos diversos
n ã o prejudica a
unidade do trabalho e a sua contribuiçã o significativa ao oferecer um panorama 10
PREFÁ CIO
geral das políticas de sa ú de , bastante atualizado e diversificado. Cada um de seus dez capítulos enfoca uma tem á tica diferente, com algumas dessas tem á ticas ainda
pouco exploradas de fo form rmaa sistem á tica na literatura setorial - como a atua çã o do
Legislativo no campo da sa ú de - e outras relativamente emergentes - ou que sã o retomadas com novos enfoques - como a rela çã o entre sa ú de e desenvolvimento nacional. O livro també m revisita e atualiza questões que já se tornaram c l á ssicas, como a rela ção pú blico- privado, as formas de expansã o do setor de mercado e
as relaçõ es federativas na sa ú de com base na an á lise do processo em curso de regionalização da assistê ncia em contexto descentralizado e de au autton onom omia ia dos
entes federados.
a coletâ nea , organizada por Cristiani Vieira Machado, Tatiana Wargas de Faria Baptista e Luciana Dias de Lima , sã o um brinde para os leitores , com informaç õ es e an á lises ú te teis is ta tant nto o para aqueles que Esses e outros temas que constituem
se iniciam no campo como para aqueles mais engajados e que passam a dispor de uma síntese da política de sa ú de contemporâ nea . Um balanç o que permite ainda descortinar perspectivas para o futuro na d if íci cill tarefa de ef efet etiv ivar ar o s princ princíípios dire reit ito o à sa ú de em todos os seus aspectos. constitucionais do di
Telma Maria G on çalves Menicacci
Po lítica da Departamento de Ci ência Pol Universidade Federal de Minas Gerais DC P/ UFMG )
11
Apresenta ç ã o P o lítica d e Estado, Projetos d e Governo e S a ú d e
A
s p o líticas pú blicas de sa ú de constituem um pilar fundamental dos sistemas de proteçã o soci social al const constru ruídos ao longo ngo do século XX . Nas ú ltimas dé cadas ,
diversos paíse sess pass passar aram am por processos de reforma que repercutiram sobre as
p o l íticas sociais, incluindo as de sa ú de, em geral sob di dire retr triz izes es de redu çã o da ção do Estado e de aumento do espa ç o de at atuaç uaçãã o dos merc mercado adoss. intervençã interven As reformas apresentaram varia çõ es importantes entre os pa íses , que t ê m capacidades distintas para lidar com os novos dilemas sociais, a depender da trajet ósoci cial al prevalecentes Esping- Andersen , ria dos Estados e dos regimes de prote çã o so 1999 , 2002; Ferrera, 1998; Huber & Stephens, 2001; Wilensky, 2002) . As respostas
das na ções na esfera da política social às mudanç as do capitalismo mundial s ã o
diferentes, pois dependem da interaçã o de variáveis estruturais inser inserçã çã o internacional , modelo económico, forç a dos mercados) , institucionais solidez dos
sistemas de proteçã o , coordenação entre políticas) , políticas sistemas partid partidáá rios , base ba se de apoio social) , ideológicas penetra penetraçã çã o das ideias neoliberais , influê ncia dos valores igualit igualitáá rios e democrá ticos) e socioculturais questões religiosas , formas de
identidade , tipos de solidari solidariedade edadess). Se , por um lado, as transformaç õ es no capitalismo e na atua çã o dos Estados
Nacionais t ê m import â ncia para as políticas sociais, por outro os sist sistem emas as de
proteçã o social apresentam características próprias , que afetam a face das
na çõ es capitalistas da dass quais fazem parte e repercutem na quest ã o social em cada sociedade - porque porque,, como assinalam Lenhardt e Offe 1984) , as p o lí ticas sociais precisam ser ana men nos em dois planos. O primeiro é o plano anali lisa sadas das ao me
estrutural, que considera sua inserçã o no Estado capitalista e as determinaçõ es socioeconô micas, bem como o papel desempenhado pelas políticas sociais no
pró prio processo de moderniza çã o e desenvolvimento. Poré m , a interpretação da 13
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
política social como instrumento de regula çã o es esta tata tall em uma dada sociedade
organizaçã capitalista n ão é suficiente para a compreensã o das fun ções , organiza ção e
estratégias do Estado na á rea social. Os autores també m consideram um segundo plano, referente à singularidade das políticas sociais, ou seja , à s peculiaridades que
as distinguem nos processos histó ricos das sociedades . É importante compreender as especificidades relacionadas à evolu çã o , a modifica çõ es e inova çõ es em uma dada política social, assim como a rela ção entre as estratégias mais gerais de a ção estatal e as mudan ç as nessas políticas. Na Am é rica Latina , ainda h á muito
a se explorar quanto à s relaçõ es entre modelo de desenvolvimento , políticas econó micas e políticas sociais, que assumem características peculiares nos p a íses e á reas da política nos vá rios momentos histó ricos Huber, 2002; Riesgo , 2007). Os sistemas de sa ú de , associados aoss pr ao prog ogra rama mass de aposentadorias e pensões, configuram eixos estrat égicos dos sistemas de prote proteçã ção social, tanto pelos direitos que abarcam como em termos do n ú mero de pessoas que abrangem e do volume de recursos que mobilizam Mesa Lago , 2008). Dessa forma , foram bastante afetados pelas reformas empreendidas orma ma perversa sobre nas d écadas de 1980 e 1990, que muitas vezes incidiram de for
sociedades historicamente marcadas por profundas desigualdades estruturais.
O Brasil constitui um caso peculiar de desenvolv desenvolviment imentismo ismo na Am é rica Latina.
Al é m de te r apresentado as mais elevadas taxas de crescimento económico da regi ão entre as décadas de 1930 e 1980, o p a ís singularizou- se no contexto latinosetorr de bens de consumos americano pela extensã o da ind ú stria , pelo porte do seto durr á veis e de produ çã o , pelo grau de articula çã o interindustrial, pelo dinamismo du do se settor ex exte tern rno o e pela criaçã o , no â mbito do Estado, de uma ampla e complexa institucionalid institucio nalidade ade conf conformada ormada por burocracias econó micas Fiori , 1995) .
moder erni niza zaçã o econ ó mica durante déca Apesar desse expressivo processo de mod nall do século XX como um dos pa íses mais desiguais das , o Brasil chegou ao fina do mundo. O desenvolvimento capitalista brasileiro reproduziu ou mesmo apro -
fundou desigualdades socioeconô micas cujas ra ízes remontam ao período colo-
nial. Al é m disso, ocorreu sob o comando de regimes autoritá rios , marcados pela viola çã o de direitos civis e p o l íticos elementares. Tais características fizeram
com que dif difere erente ntess auto autores res tenham designado o modelo brasileiro de ‘desenvolvimentismo conservador ’
, 1995; Sallum ., 2004) .
Fiori O sistema de proteção social brasileiro Jrassumiu , desde a d écada de 1930 e principalmente a partir de 1964, características n ítidas e coerentes com o 14
ÇÃ O APRESENTAÇÃ I APRESENTA
exclud ludent ente: e: centra centrali liza zaçã modelo econó mico conservador e socialmente exc çã o polí-
tica e financeira no n ível federal; fragmentaçã o institucional ; exclus ã o da partici-
p a ção da popula ção nos processos decisó rios; predom ínio dos princípios de autofinanciamento do investimento social e da privatizaçã o na presta ção de serviç os Aureliano & Draibe, 1989). Aureliano e Draibe sugerem que a reestruturaçã o capitalista conservadora imprimiu a marca meritocr á tico - particularista ao sistema de proteçã o social, que adquiriu contornos regressivos , com baixa efic á cia para en enfr fren enta tame ment nto o das desigualdades sociais subjacentes, mesmo em
momentos de dinamismo econó mico. A trajetó ria das políticasde sa ú de no Brasil expressou essas características gerais
do sistema de proteçã o social e foi ainda ainda mar marca cada da por uma expressiva dualidade
institucional na maior parte do s éculo passado Fonseca , 2007 ) , com implicaçõ es
para o direito à sa ú de . De um lado lado,, havia a execução de a çõ es de sa ú de pú blica orientadas para a coletividade, cujas origens remontam à Primeira R ep ú blica e que guardam relaçã o com a constru ção do Estado Nacional Lima , Fonseca & Hochman, 2005) ; de outro lado, a assistê ncia mé dica previdenciá previdenciá ria , estruturada em uma
lógica corporativa e segmentada . O maior peso político e financeiro da segunda , bem como sua forma de inserçã o no sistema capitalista em expans ã o, explicaria a
conformação do modelo “ médico- assistencial privatista” (Oliveira & Teixeira , 1989) , sist stem emaa de sa ú de brasileiro. que deixaria marcas profundas no si Na década de 1980 , a reforma sanitá ria brasileira partiu de críticas ao cará ter
ema de sa ú de at é en entt ã o Teixeira , fragmentado, privatista e excludente do sistema 1989;
Escorei , 1999 ; Paim, 2008). Houve experiê ncias relevantes de reorganizaçã reorganiza çã o
setorial com expansã o assistencial, como as A çõ es Integradas de Sa ú de e o Sistema Ú nico Descentralizado de Sa ú de Noronha & Levcovitz , 1994; Paim, 2008). Na Constitui çã o de 1988, a sa ú de foi reconhecida como direito de cidadania e inse-
rida em uma concepçã o ampla de seguridade social,
a ser garantida mediante políticas econó micas e sociais abrangentes e pela institui çã o do Sistema Ú nico de Sa ú de SU S) . A implantaçã o do projeto da reforma sanit á ria exigia o enfrentamento de distorçõ es es estr trut utura urais is do si sist stem emaa de sa ú de e tinha como desafio a superaçã o do grave quadro de desigualdades em sa ú de no país. T al reforma seria vi á vel no bojo de uma transformaçã o ampla do modelo de desenvolvimento e da sociedade brasileira, que aliasse crescimento económico, fortalecimento dos valores democrá ticos e avanç os sociais. 15
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
No entanto, parte das conquistas constitucionais
foi fo i obstaculizada pelas
consequ ê ncias da inflex ã o cons conserva ervadora dora do final da déca cada da de 1980, que culminou
na eleição de Collor para a Presid ê ncia da R e p ú blica em 1989. A d écada de 1990 no Br Braa s i l f oi marcada pela convivência entre democratizaçã o e liberalização econó mica Sallum Jr., 2004).
O percurso da política de sa ú de na década de 1990 expressou tens ões entre as agendas da reforma sanit á ria e de reforma do Estado de inspira ção liberal inspiraçã Cordeiro, 2001; Noronha & Tavares, 2001) . Mesmo em um contexto adverso, houve avanç o s político - institucionais, como a unifica ção do comando da política nacional de sa ú de no â mbito do Ministé rio da Sa ú de e a constru ção de um arcabou ç o
insti ins tituc tucion ional al e decisó rio para o SU S que respeitasse a organizaçã o federativa e a diretriz de participa çã o social. Outro avan ç o diz respeito à expansã o das a çõ es e
dos serviç os p ú blicos de sa ú de no territ ó rio nacional. Poré m , a implementa çã o do S U S foi prejudicada pelo processo de reforma
do Estado hegem ónico naquela d écada , adverso a uma ló gica de proteção social abrangente. Algumas evidê ncias disso foram: as dificuldades na consolidação do m odelo de seguridade social, ta tais is como como a evolu çã o fragmentada da dass políticas
sociais com baixa integração Vianna , 2008) e as re rest stri riçõ es ao financiamento das políticas sociais, incluindo a saú de Dain , 2001; U g á & Marques , 2005) ; as condiç õ es
adversas em que ocorreu o processo de descentralizaçã descentralizaçã o em sa ú de, relacionadas
ao ajuste fiscal , às restrições à contrata çã o de pessoal e à heterogeneidade dos municípios pios bra brasi sile leir iros os Souza , 2002 ; Lima , 2007; Viana & Machado, 2008; Ribeiro , 2008); os problemas no campo da gestã o do trabalho e da forma çã o de profissionais
de sa ú de Machado, 2008; Brasil/ M S/ Opas, 2004) ; as defici ê ncias na produ çã o e na distribuiçã o nacional de in insu sumos mos relevantes para a sa ú de - medicamentos , vacinas tecnoló e equipamentos -, com agravamento da depend ê ncia tecnol ógica que amea ç a a
sustentabilidade do SU S a médio e longo prazos Gadelha , 2006 ) ; a persistência de problemas nas rela ç õ es público- privadas em sa ú de , como a depend ê ncia do S U S
em relaçã o aos prestadores privados e o peso do segmento de planos e seguros de sa ú de Bahia , 2008; Menicucci, 2007; Andreazzi & Kornis , 2003). No final da déca cada da de 1990 , a sa ú de registrava uma situa situaçã ção paradoxal, verificada
em outras á reas sociais, em que avanç os institucionais e programas específicos conviviam com
persist ncia de
sociais Draibe , 2005 ) .
desigualdades graves uma inflex ã o importante com a entrada tica ca bras brêasil ilei eira ra sofreu entrada,, A história p oal íti na Presid ência da R ep ú blica, de um representante de origem popular e com
16
ÇÃ O APRESENTAÇÃ I APRESENTA
trajetó ria no sindicalismo. Luiz In á cio Lula da Silva foi fundador do Partido dos Trabalhadores PT) em 1979 e participou quatro vezes 1989 , 1994, 1998, 2002) da
disputa presidencial at atéé ser eleito em 2002 para o principal cargo político do p a ís.
Lula ocorreu doze anos apó s o restabelecimento das da s elei ções diretas para a presid ê ncia e num contexto de oti otimismo mismo e aposta na mudan ç a de orientaçã o
A vitória de
políti tica ca do Estado. A agenda de governo apresentada durante a campanha eleitoral mostrava - se
comprometida com os projetos para a á rea social , como também com a manu ten te n ção da estabilidade , do superá vit prim á rio e do controle da dívida interna . Desenhou - se, assim , uma plataforma de governo voltada para o crescimento e
o dese desenvol nvolvimen vimento to asso associad ciados os à inclus ã o social e ao combate às desigualdades Coliga ção Lula Presidente , 2002) , ao mesmo tempo que se apresentou uma carta ao povo brasileiro selando o compromisso na manutenção dos acordos internacionais feitos na á rea econó mica Silva , 2002) . relaçõ ções entre Estado nass rela O governo Lula trouxe expectativas quanto a inflex ões na e sociedade, no modelo de desenvolvimento e de proteçã o social. Em qu quee pe pese sem m dass tran transf sfor orma ma çõ es , em oito anos o as controv é rsias em rela çã o à intensidade da
Brasil mudou sua posição na geopol ítica e na economia mundial, experimentou co m redução das desigualdades de renda, e momentos de crescimento económico, com democráá ticos. Ademais , o gasto público desempenhou aprofundou os mecanismos democr
um papel fundamental na resposta do p a ís à crise econ ómica in inte tern rnaci aciona onall de 2008- 2009. Em 2010, ao té rmino do segundo mandato de
Lula , o governo e o
ndic ices es de aprova çã o bastante elevados , o que favoreceu presidente apresentavam índ eleiçã o para a Presid ênc Dilm lmaa Ro Rous usse seff ff , ministra do nciia da Repú blica de Di ae ca candi ndida data ta da situa çã o, at é en enttã o sem grande peso político partid á rio no governo cen á rio
nacional French & Fortes, 2011).
J á se produziram numerosas an álises de autores internacionais e nacionais sobre o período , com distintos enfoques e sobr sobree vari variados ados temas e á reas de políticas entanto,, Pitts, 2009 ; Love & Baer, 2009; Magalh ães, 2010 ; Garcia & Sader, 2010) . No entanto ainda existem poucos estudos de ba bala lan n ç o sobre as polític icas as de sa ú de no p er odo correspondente aos dois mandatos presidenciais de Lula Teixeira & Paim , 2005 ; Bahia, 2010 ; Machado et al , 2010; Machado, Baptista & Lima , 2010 ; Menicucci , 2011) . Um primeiro motivo para
relativa escassez de estudos sobre as
ticas na
a lí cion cionai aiss de sa ú de com esse recorte terr ai aind ndaap orecente dotemp tempor oral al po pode de ser o cará te rmino no desse desse governo , o que requer cautela na realizaçã o de an á lises abrangentes. térmi 17
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
a longa trajetória da sa ú de como política de Estado no Brasil imp õe desafios te ó rico- metodoló gicos à delimita delimitaçã çã o do estudo da política setorial em um dado governo. A an á lise de conjunturas específicas n ã o pode prescindir da considera consideraçã element mentos os histó ricos de longo prazo, que imprimiram çã o de ele características estruturais e institucionais ao sistema de sa ú de brasileiro. Ademais , Um segundo motivo é que
o primeiro governo Lula iniciou- se 14 anos apó s a promulgação da Constituição de 1988. Nesse período, a implementa ção do S U S já expressava numerosos problemas e contradiçõ es , refletindo tanto as distorções estruturais do sistema quanto os efeitos da conjuntura adversa da década de 1990. A vasta produ ção acad ê mica da á rea das políticas de sa ú de dos ú ltimos anos tem se debru ç ado sobre um leque balan n ç o sobre amplo e variado de temas relevantes para o SU S , porém estudos de bala a condu çã o nacional da política de sa ú de sã o mais raros. Umaa terceira possível explica çã o para essa relativa escassez de pesquisas que Um atéé o momento, enfoquem a p o lítica de sa ú de durante os dois mandatos de Lula at menci ciona onadas das, seria o fato de que a sa ú de n ão representou uma á rea de al ém das men destaque no referido governo. Entre 2003 e 2010, a age agenda nda govern govername amenta ntall para a á rea social enfatizou principalmente as políticas de redu çã o da pobreza - com rend ndaa com condicionalidades - e de expansã o destaque para a transfer ê ncia de re
grupos específicos. Tais políticas, associadas a medidas de estímulo saláá rio mínimo, têm à gera çã o de emprego e de recuperação dos valores reais do sal contribu ído de forma expressiva para a diminuição da pobreza e para a redu reduçã çã o da desigualdade de renda (Gon ç alves, 2011) . Em consequ consequêência , alguns autores têm sugerido a configuraçã o de uma “ nova classe mé dia ” no p a ís Neri, 2011) , enquanto de direitos de
outros enfatizam , com maior precisã o , que as mudan ç as recentes t ê m levado
uma reconfigura ção das cl class asses es traba trabalha lhador doras as Pochmann , 2012).
a
E m termos do gasto social federal , as duas á reas que contaram com maior inc ncrrem emen entto orç ament á rio durante os dois mandatos de Lula , seguindo uma tend ê ncia observada desde meados dos anos 1990, foram a assistência social em termos relativos) e a previd ê ncia em valores absolutos) . J á os gastos com educa çã o e sa ú de expressaram no período oscila çõ es em te term rmos os de participa çã o
no Produto Interno Bruto Ipea , 2011) . Ainda assim , a sa ú de representa o segundo maior o r ç amento da á rea social, e o si sist stema ema pú blico de sa ú de brasileiro apresentou
consider ável expansão em termos mos de oferta e produ ção de a ç õ es e serviç os na maior parte do territó rio nacional. 18
ÇÃ O APRESENTAÇÃ I APRESENTA
Mesmo sem ter tido destaque importante na agenda principal do
governo
federal, o Ministério da Sa ú de foi fo i ocupado, na maior parte do período, por diriorma sanitá ria bra gentes sanitaristas comprometidos com os princípios da reforma
sileira e do SU S.1 As política ticass na naci cion onai aiss de sa ú de no período expressaram muitas
continuidades, mas mudan ç as incrementais foram operadas em á reas estratégicas sistem emaa de sa ú de. para o sist Decorridos mais de vinte anos da promulgação da Cons Consti titu tuiição de 1988, a
an á lise da política na naci cion onal al de sa ú de no período recente é fundam fundament ental al para o entendimento das possibilidades e dos limites da prote çã o social no p a ís , dada proteçã bussca da igualdade e da a relevâ ncia das p o l ítica ticass uni univer versai saiss abrangentes para a bu
cidadania cidad ania naci nacional onal. Este livro se insere nesse esforç o , ao analisar as políticas de sa ú de no
Brasil
nos anos 2000 , particularmente no período correspondente aos dois governos volu lume me busc buscaa oferecer um pano anora rama ma diversificado de de Lula 2003 a 2010 ). O vo
interpretaç õ es sobre os rumos recentes da p o lítica de sa ú de no país. Ainda que com co m base em perspectivas te ó ricas e recortes empíricos distintos, os capítulos que o integram , em sua maioria , caracterizam-se pela valoriza çã o da dimens ão histórica e a considera çã o da multiplicidade de fatores - económicos, p o l í ticos e sociais - que influenciam a formula ção ção e a implementaçã o das políticas setoriais.
O livro est es tá organizado em três partes. A parte I , intitulada “ Contexto ” , comp co mprree eend ndee três capítulos que , na perspectiva da economia política , buscam faceta etass das rela çõ es entre desenvolvimento , padrão de at atua ua ção explorar diferentes fac do Estado nas p o l íticas sociais e na sa ú de e din â mica do doss me merc rcad ados os em sa ú de
odo o re rece cente nte. A discussã o busca iluminar a conjuntura em que as no Brasil no períod políticas icas de sa ú de se inserem , considerando o imbricamento entre as dimensões
econó mica e social, e entre Estado e mercados. Anaa No capítulo 1, An
Luiza d’Ávil vilaa Via Viana na e Hudson Pacífico da Silva analisam as rela çõ es entre mod model elo o de desenv desenvolv olvime iment nto o e p o lí tica social nas décadas de 1990 e 2000. Os autores identificam tr ês diferentes instit institucionalidades ucionalidades da política social, associadas aos distintos governos: uma liberal, que predominou nos governos Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso; outra de transiçã o , durante o primeiro 10 Apê ndice
apresenta o quadro de ministros e dirigentes federais do Ministé rio da Sa ú de no perí odo de 2003 a é frequente dirigentes do ministé rio ocupa ocupantes ntes das secr secreta etaria riass de primeiro escalão
2010 . Ressalte- se , no entanto , que
ria, ria ,influenciada tico - partidáfoi , a ocupa terem vincula alé m de trajet ção polívinculadas ção de a té cnico ó riria ítica na sa . Ademais das entidades por acordos de interesse . Esse o caso cargos co- pol m partidos ouú de grupos fo foii alguns da presid ê ncia da Fundaçã o Nacional de Sa ú de (Funasa), objeto de negocia çõ es político - partid árias, e de algumas diretó rias da Agê ncia Nacional de Sa ú de Suplementar AN S) , que foram ocupadas por pessoas ligadas ao mercado de planos e seguros de sa ú de.
19
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
governo Lula 2003- 2006) ; e uma neodesenvolvimentista, no segundo governo Lula 2007- 2010 ) . Tais institucionalidades se referem a di dist stin inta tass fo form rmas as de interligaçã o entre as políticas econó micas e sociais, que se expressam em diferen ç as entre estratégias, p ú blico- alvo, financiamento e formas de provis ã o de serviç os sociais, incluindo os de sa ú de. Os autores defendem a ideia de que a efic á cia da política social depende de sua centralidade na agenda governamental e no esforç o de desenvolvimento , considerado em suas m ú ltiplas dimensões. No capítulo 2 , Carlos Augusto Grabois Gadelha e
Lais Silveira Costa abordam a
inserção da sa ú de na trajetó ria de desenvolvimento brasileiro no período de 2003
a 2010 , com foco na gestã o federal. Os autores partem da crítica ao tratamento insulado da sa ú de, ressaltando - a como parte inerente ao desenvolvimento , em suas dimensões económica , tecnol ó gica , territorial , democrá tica e social. Identificamse , no período estudado estudado,, avan ç os no sentido do reconhecimento macropolítico da importâ ncia da sa ú de para o desenvolvimento , bem como alguns desdobramentos concretos dessa articula ção no â mb mbit ito o na naci cion onal al. Em que pesem os aspectos positivos, sã o destacados numerosos entraves e desafios para a configuraçã o da sa ú de como direito universal e como fator e s t r a tégico do desenvolvimento
nacional.
gi a Bahia, no capítulo 3, discute a din â mica dos mer mercad cados os assist assistenc enciai iaiss J á Lígia de sa ú de no período correspondente ao governo Lula , indicando um fen ômeno de financeirizaçã o da assistência médico- hospitalar. A autora explora as cone-
x ões entre processos recentes de aquisiç ões, fus ões e abertura de capitais de empresas de planos e seguros de sa ú de e a atua çã o da A g ência Nacional de Sa ú de Suplementar A N S ) , reconhecendo a existê ncia de um ambiente polí ticoinstitucional propício à pr priv ivat atiz izaaçã o que antecede e acompanha a A N S. Identifica -
se a concomitâ ncia entre expansão do SU S , contrata çã o de organiza çõ es privadas merca cado do de planos e seguros de pelo setor pú blico e transformaçõ es estruturais no mer
sa ú de, suportadas pel pelaa par partic ticipa ipação de fundo fundoss de in inve vest stime iment ntos os e legitimadas pelo
m últiplas e complexas articula çõ es entre Estado e segmentos privados no sistema de sa ú de brasileiro. A parte II do livro, intitulada “ Caminhos” , conforma - se por quatro capítulos que abordam a condu ção nacional das p o lí ticas de sa ú de com foco na atua ção do modelo regulató rio adotado no país. A an á lise reitera as
Ministério da Sa de , considerando modelo de interven
, din mi micca da
,
çã o a â estratagenda a formula çã o eú a implementaçã oo de políti tica cass fe fede dera rais is em á reas égicas. Os capítulo tuloss ba base seiiam-se em contribuiçõ es te ó rico- metodológicas da literatura 20
ÇÃ O APRESENTAÇÃ I APRESENTA
sobre an á lise de políticas p ú blicas e da abordagem do institucionalismo histó rico
(Thelen & Steinmo, 1992) para analisar os principais resultados da pesquisa empírica sobre a política nacional de sa ú de no período correspondente ao governo
Lula . A preocupa ção central é identificar e explicar as principais continuidades e mudan ç as na política de sa ú de brasileira nos anos 2000 , em rela ção a sua trajetó ria anterior e ao longo da década , bem como discutir as possibilidades e os limites da atua çã o federal no período.
Vieira Machado analisa o modelo de intervenção do Estado na sa ú de na esfera federal nos anos 2000 , considerando as macrofun çõ es de planejamento,, financiamento, regula çã o e execução direta de serviç os. A an á lise planejamento valoriza os condicionantes - histó rico- estruturais estruturais,, inst instituc itucionai ionaiss e p o líticos - para a atua çã o do Ministério da Sa ú de, bem como as continuidades e mudan ç as no padrão de interv intervençã enção federal em rela çã o à década de 1990. A autora registra, no período recente , a expans ã o da dass es estr trat atégias de planejamento em sa ú de , o predom ínio de No capítulo 4, Cristiani
continuidades no modelo regulató rio e a persistência de limitações no â mbito do financiamento, que restringem a atua ção federal no sentido da amplia çã o do acesso e da redu ção da dass desigualdades em sa ú de. No capítulo 5, Cristiani
Vieira Machado e Tatiana Wargas de Faria Baptista
abordam a din â mica e as prioridades da agenda federal para a sa ú de entre 2003 e 2010 , considerando contribuições da abordagem de
Kingdon 1995) e do
relaçõ institucionalismo histó rico (Pierson , 2004) . As autoras exploram as rela ções entre
as diretrizes governamentais e a conforma çã o da agenda setorial , buscando compreender a lógica de inserçã inserção das políticas e as influ ências sobre a definiçã o
das prioridades na sa ú de. Identificam- se continuidades e m udan ç as na agenda setorial, fruto da intera interaçã çã o entre as agendas próprias do setor, historicamente construídas ; as diretrizes do
esco colh lhas as dos dos atores governo Lula ; e as preferências/es
envolvidos na política de sa ú de no decorrer das quatro gestões min minis iste teri riai aiss do
período. Analisam - se ainda as três p o líticas definidas como marcos de governo
na sa ú de - o Brasil Sorridente, o Serviç o de Ate Atend ndime iment nto o M ó vel de U rg ência e a
Farm á cia Popular - que apresentam distintas trajet órias político- institucionais ,
bases de apoio social e implicaç õ es para os princípios e a organiza çã o do S U S.
O capí tulo 6, de au auto tori riaa de Ana Luisa Barros de Castro e M á rcia Cristina Rodrigues Fausto, discute
condu
nacional da pol tica de aten
prim ria
sa de
çã o á hist çã o a Lula. As à ó rica ú , durante o gove goverr no autoras partem deí uma breve retrospectiva
para analisar as continuidades e mudan ç as no â mbito dessa política no período 21
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
recente , considerando o conteú do estrat égias) e o processo político. Observaram-
se dois momentos distintos na condu conduçã ção da referida política no período analisado 2003 a 2005 e 2006 a 2010 ) , que guardam rela ção com as gest gestõ ões ministeriais e a diversidade de visões no int interi erior or do Ministé rio da Sa ú de. No conjunto do período,
predominaram elementos de continuidade em rela ção à década anterior - como
a ê nfase na Estrat ég ia
incrementais relevantes.
Sa ú de da Fam ília - associados
a algumas mudan ç as
No capítulo 7, Mar Mareia eia Tei Teixei xeira ra, Roberta Gondim de
Oliveira e Rosana Freitas Arantes analisam as políticas federais na á rea da gestã o do trabalho e da educa ção em sa ú de , fortalecidas a partir da cria criação de uma secretaria específica na estrutura do Ministé rio da Sa ú de em 2003. Segundo as autoras, as políticas nessa á rea refletem mudan ç as mais gerais das diretrizes para o campo da gest gestãã o do trabalho no governo Lula , bem como envolvem iniciativas relevantes de articula çã o intersetorial, principalmente com a educa çã o. Assim como no capítulo anterior, s ão iden tificados dois momentos na condu ção federal dessa política 2003 a 2005 e 2006 a 2010) , relacionados às dis distin tintas tas estratégias adotadas pelas equipes dirigentes do
Ministé rio da Sa ú de. No entanto , considerando o conjunto do período , sobressaem
as mudan ç as institucionais voltadas para afirmar o papel da autoridade sanitá ria nacional nesse campo estrat estratéégico para a consolidaçã o do S U S , em que havia atuaçã lacunas importantes de atua çã o federal. trêês capítulos que enfocam a A parte III do livro, intitulada “ Processos ” , abrange tr
intera ção entre atores rele relevante vantess para a constru ção das políticas nacionais de sa ú de:
as rela çõ es intergovernamentais , particularmente no processo de descentraliza çã o
e de regionaliza ção; as relaçõ es entre Ministério da Sa ú de, Conselho Nacional de Sa ú de C N S) e movimentos sociais , associadas a iniciativas de fortalecimento da gestã o participativa na sa ú de de;; a atua çã o do Legislativo e suas rela çõ es com
o
Executivo na definição da política setorial.
O capítulo 8, de Luciana Dias de Lima e Lucia de Fá tima Nascimento de Queiroz , discute a implementaçã o nac nacion ional al do Pacto pela Sa ú de no período de 2006 a 2010. As autoras partem do reconhecimento da complexidade da descentralização
e da regionaliza ção no Brasil e buscam explorar em que medida as mudan ças introduzidas pelo Pacto contribu íram para o aperfeiç oamento da coordena çã o federativa na sa de , compreendida como as formas de ar artic ticula ula entre inst ncias çã o â da o desenho governamentaisú nas políticas pú blicas. A an á lise valoriza tanto
estratégi giaa nacional quanto os contextos polí ticos, econó micos e sociais dos estados 22
ÇÃ O APRESENTAÇÃ I APRESENTA
brasileiros que condicionam diferentes ritmos e graus de implantaçã o dessa política. Em que pesem os avan avanç os nas rela ções intergovernamentais nas últimas duas décadas, as autoras refletem sobre
a persistência de li limi mite tess na descentralização
e na regionaliza regionalizaçã ção em sa ú de , n ã o equacionados pelos instrumentos e processos propostos no â mbito do Pacto pela Sa ú de. No capítulo 9, íris Jord ã o Lessa de Morais e Sarah Escorei analisam a cria criaçã ção e a atuaçã atua Secret retari ariaa de Gestã o Participativa do Ministério da Sa ú de, no período de çã o da Sec
2003 a 2007 . A cria ção dessa estrutura , que visa a contribuir para o fortalecimento da
gestã o participativa no S U S , trouxe repercussões e conflitos e estabeleceu um novo
relaciona rel acionamento mento entre o Ministé rio, o C N S e os movimentos sociais. O texto explora tr ês t ó picos principais: o contexto político que propiciou a cria çã o da Secretaria e sua reformula çã o em 2005; as rela ções entre a Secretaria e o C N S ; e a Po Pollítica Nacional de Gest ã o Estratégica e Participativa ParticipaSUS ) , lan ç ada em 2007. As autoras enfatizam que
a divulgaçã o das informaçõ es sobre os processos deci-
atores es soc socia iais is sã o bases fundamentais só rios e participativos e a autonomia dos ator dass política para a consolida ção do processo democr á tico na formula çã o da ticass de sa ú de . Por fim , no cap capíítulo 10 , Tatiana Wargas de Faria Baptista , M á rcia Maria Garcia Gomes e Car Carol olina ina de Oliveira Nogueira discutem a atua çã o do Legislativo na política
de sa ú de no período de 2003 a 2010, correspondente ao governo Lula e a duas renovaçã legislaturas (52a e 53a) , que envolveram uma renova çã o expressiva do Congresso Nacional. Apesar do foco emp írico no con conte text xto o re recen cente te, as autoras adotam uma
perspectiva histórica para compreender as contribuiçõ es do Legislativo federal desdee a abertura democr á tica . A an á lise revela que o Executivo ainda para a sa ú de desd controle le, sendo ambos se sobrepõe ao Legislativo , enfraquecido na sua fun çã o de contro
permeados por interesses privados distantes das reivindicaçõ es e necessidades da
sociedade. As autor autoras as sin sinali alizam zam a importâ ncia de se reapresentar o debate sobre
a questã o democr democráá tica e o direito à sa ú de , trazendo para o centro da discussão o Estado brasileiro e suas uas instituiçõ es políticas. sistema ema de sa ú de brasileiro apresentou avanç os importantes desde E m síntese, o sist a redemocratizaçã o , como a expansã o de políticas e de serviç os p ú blicos de sa ú de e a ado çã o de mecanismos participativos na condu çã o das p o lí ticas. No entanto entanto,, financ nancia iament mento o , à s relaçõ es persistem desafios em vá rios â mbitos - relativos ao fi pú blico- privadas , entre outros - cujo enfrentamento requer o fortalecimento da base política e social de apoio ao SU S Paim et a l , 2011) . 23
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
A dificuldade de consolida consolidaçã ção de um sistema nacional de cará ter universal em
um p a ís heterogé neo e desigual exige esforç os coletivos, na esfera política e na construçã produçã o de conhecimentos , que contribuam para a constru ção de um pensamento
crítico na sa ú de, fundado na an á lise das possibilidades e dos limites de superaçã o doss desa do desafi fios os observados. Este livro busca contribuir nesse sentido, com ba basse na
discussã o das cont tica cass de sa ú de no Brasil nos anos continu inuida idades des e mudan ç as nas nas políti 2000 , considerando a sua trajet ó ria histó rica como p o l ítica de Estado e a conjuntura governamental recente. Espera - se que sua leitura provoque novas inquieta çõ es , formulaçã instigue a reflexã o e a formula ção de alternativas para as políticas de sa ú de, e
estimule pesquisadores, alunos , gestores e profissionais de sa ú de a desenvolverem outros estudos que aprofundem questões aqui levantadas. A elabora elaboraçã ção deste livr livro o teve teve origem em debates e projetos de investigaçã o
Pollíticas de Sa ú de , desenvolvidos pelo grupo de pesquisa Estado, Proteçã o Social e Po da Escola Nacional de Sa ú de P ú blica Sergio Arouca da Fundaçã o Oswaldo Cruz
contemporââ neo. Ensp/ Fiocruz) , acerca dos rumos da p o lítica de sa ú de no Brasil contempor A principal investigação ção que embasou a publicaçã o sobre a condu ção nacional da política de sa ú de nos anos 2000 envolveu pesquisadores e alunos da Ensp e
conto co ntou u com com apoio fi finan nance ceir iro o do Conse Conselh lho o Nac Nacio ional nal de Desen Desenvolvime volvimento nto Científico
e Tecnológico CNPq ) - editais Universal e Jovens Pesquisadores -, da Fundaçã o Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Ri o de Janeiro Faperj)
Cient ntiista sta do Nosso Estado - e do Programa de Apoio à Pesquisa Jovem Cie Estratégica em Sa ú de Papes/ Fiocruz ) , entre os anos de 2007 e 2011. As organizadoras sã o gratas às pessoas que contribu íram p o r meio do
-
edital
Mini nist stério fornecimento de dados rele relevante vantess - particularmente os funcion á rios do Mi da Sa ú de - e, sobretudo, aos entrevistados da pesquisa , que partilharam suas
histórias e visões sobre a política de sa ú de brasileira.
O livro tem ainda ainda co cont ntri ribu buiiçõ es de autores convidados , refletindo parcerias intra e interinstitucionais. Participam da col olet etâ nea outros pesquisadores da Fiocruz , da Universidade de São Paulo U SP ) , da Universidade Estadual de Campinas Unicamp)
e da Universidade Federal do Ri Rioo de Janeiro UFRJ ) .
Na fase de edi çã o do livro, Cristiani Vieira Machado estava realizando
o Pós -
Doutorado na University of North Carolina at Chapel Hill U N C - C H ) , com o apoio
, que favoreceu dedica necess ria para finalizar e revisar volume. CNPq o çã o o a á A pesquisadora é grata à Chefia do Departamento de Administraçã o e Planejamento em Sa ú de Daps) , à Dire çã o da Ensp, à Presidência da Fiocruz e ao Ministério do do
24
ÇÃ O APRESENTAÇÃ I APRESENTA
Planejamento, Orç amento e Gestã o MPOG ) , pela autoriza ção para afastamento do
p a ís. A l ém disso, beneficiou- se da acolhida da professora Evelyne Huber no
ambient ambi entee int intelec electua tualment lmentee estimulante do Department of Political Science e do Comparative Working Group, da U N C - C H . A participa ção no Brazil Working Group,
a convite do professor John French , da Duke University, fo fomen mento tou u no nova vass ideias e reflex ões. As organiza organizadoras doras agrade agradecem cem ainda à equipe da Editora Fiocr Fiocruz uz pelo empenho nas
diversas fases do processo; aos doi doiss ava avalia liadore doress an ó nimos, pelas recomenda ções
ao aprimoramento dos textos ; e ao Conselho Editorial, pelas sugestões e aprova çã o para a publica çã o do livro. fim,, agradecemos ao apoio e à toler Por fim tolerââ ncia das nossas fam ílias, de quem
nosso ssoss amo amores res: Alexandre, subtraíímos um tempo muito precioso. Em especial, aos no subtra Nina e Lia Li a ; Ernani, Mariana e Gabriel; Nerval , Teresa e Larissa .
As Organizadoras
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PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
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1
Desenvolvimento e Institucionalidade d a P o lítica Social n o Brasil Ana
Luiza d’ Á vila V i a n a
H u d s o n P a c í fico d a Silva
O Brasil atual configura um caso de sucesso no bloco das chamadas democracias sociedades dades caracteri caracterizadas zadas por transfor transforemergentes de mercado Whitehead , 2005) , socie
ma ções em sua forma de inserçã o no cená rio internacional resultantes da intera çã o din â mica entre a liberaliza liberalizaçã çã o dos regimes econ ómicos e o processo de
democratizaçã o. Prova disso são os seguintes aspectos Sola , 2011): baixa vulne -
p a ís aos choques externos; estabilidade de preç os e da dass regras do dota tado do de jogo económico; convers ã o do país de devedor em credor internacional, do um mercado de capitais moderno; integra ção à economia global compatível com a reduçã redu çã o da desigualdade social; e amplo consenso social sobre a democracia . Como foi possível transformar um p a ís que apresentava crises recorrentes de endividamento, infla çã o explosiva , déficits públicos crescentes , desigualdades sociais e democrá tico incipiente no ís com as características descritas regime aqui ? Para responder a essa pergunta , é necpesasá rio partir de uma perspectiva de rabilidade do
longo prazo que procure identificar períodos e agendas diferenciadas , tanto na política econ ó mica quanto na política social, e - mais do que isso - discutir as
mudanç as substantivas nas rela çõ es entre Estado, mercado e sociedade.
A resposta para essa quest ã o , de acordo com Sola 2011) , reside na recombina cadas as de 1980 e 1990 - que marca a çã o entre Estado e mercado, característica das décad integra çã o definitiva do país à economia e à sociedade global -, sob a égide da Constituiçã o de 1988, habilitadora do v i és redistributivo, sustentá vel, que reverteu nossa voca çã o secular para a modernizaçã o socialmente conservadora . Ao mesmo tempo, segundo a autora , a Constituiçã o atuou como obstá culo a experimentos radicais, como o liberalismo econó mico e o ‘assalto ao Estado’. 31
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Segundo Draibe 2011) ,
a considera ção do longo prazo é necessá ria para
evitar uma síndrome de continu continuíísmo, se sendo ndo import important antee localizar características tica ca socia sociall. A autora destaca a existê ncia particulares da integra ção economia/ políti
de tr ê s grandes períodos que marcam a histó ria recente brasileira: o da agenda social desenvolvimentista, iniciada na década de 1930, cuja cujass gran grandes des características
centralizaçã ção ao lado do burocratismo; o da agenda liberal, a partir da década s ã o a centraliza de 1990 , com predomin â ncia da dass for orma mass de mercado e com apelo à participa çã o social e o maio maiorr env envolvi olviment mento o dos usu á rios com o financiamento e
a provisã o de
serviç os; os; e, finalmente, o momento atual atual,, de uma agenda neodesenvolvimentista,
em que o Estado passa a ter ma maiior protagonismo, junto com a participa ção da dire reit ito o e da justiç a com solidariedade e legitimidade sociedade e a reafirma reafirmaçã ção do di social instrumento da coesã o social) .
No período atual de ret etom omad adaa e generalizaçã o do desenvolvimento Castro,
2008) ou , como querem chamar, de ‘outra globalizaçã o ’, países como Brasil , China e
encontram caminhos diversos para o desenvolvimento e reafirmam a imporítndia â ncia dos contextos locais para a formula formulaçã çã o e a implementação de uma agenda de refo reforma rmass económicas e institucionais. Nesse contexto, as discussões deixam de
umaa lista universalmente v álida de p o líticas e afirmam a imporomo o de um girar em tom
estratéé gia tâ ncia de se articular uma estrat gi a adequada a cada situação, tendo em vista os variados pontos de partida e as diferentes heran ças institucionais (Rodrick , 2006 ) . Dessa forma, como bem destacado por
Miguel 2011) , o desenvolvimento com
proce ocess sso o histórico, pela integraçã o do econ ómico ao social ser á condicionado pelo pr heran ç a institucional e pelas restri çõ es objetivas do presente. Esse au auto torr mos mostr traa sucedido em compatibilizar crescimento econó que o caminho brasileiro foi fo i bem mico e equidade na vi de uma democracia representativa , poré m foi maisvigg ê ncia
limitado em termos de aperfeiç oamento da governan ç a pública , criaçã o de sistemas de inova çã o tecnológica e produtiva e gestã o estrat égica de política econó mica.
a an álise de longo prazo que pode trazer pistas importantes pa para ra ent entend ender er essa complexa interliga çã o entre política econó mica e social, quando o resultado é cada da setor setor, isto é, pelo padrã o també m explicado pelas características intrínsecas a ca constitutivo de uma determinada p o lítica pú blica. No caso das especificidades brasiespecificidadesbrasi leiras , chama a aten çã o n ã o somente o papel desempenhado pela Constituiçã o de É
1988, mas tamb é
forte participa
do setor privado na é nese de
çã algumas políticas públicas m naaá rea social caso dao sa ú de , por exemplo) egas formas como os diversos ent entes es da federa ção se relacionam no â mbito de cada política em particular.
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
Olhar para cada uma das políticas e evidenciar as opções adotadas para
alé m do referencial constitucional é o objetivo deste capítulo, em que a grande vistaa so soci cial al, econó mico e político) transformaçã o operada no p a ís do ponto de vist
fioo condutor da an á lise. Para tanto, é funda é o fi fundamen menta tall verificar o contexto mais dass políticas sociais, isto é, identificar uma dada geral que informa a configura çã o da institucionalidade da política , conformada pela existê ncia de estratégias, programas construçõ e projetos direcionados por instituições específicas, compreendendo constru ções cognitivas e regras normativas integrantes do processo regulató rio, que ao mesmo
tempo conté m e modela o comportamento social Scott, 1995) . Dessa forma , transformações na institucionalidade da política social implicam redistribuição de poder no inte interi rior or de políticas específicas , que se traduz na introdu ção de novos atores , objetos, normas e processos, que s ão governados/liderados por diferentes
orientações/ ideologias. Instituciona ucionalidade lidades s da Política Social A s Diferentes Instit
ident entif ific icada adass Brasil, tr ês institucionalidades de p o lítica social podem ser id nass últimas duas d écadas: um na umaa institucionalidade neoliberal, durante os governos Collor 1990-1992) , Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso 19952002) ; uma institucionalidade de transiçã o , durante o primeiro governo Lula 20032006) ; e a institucionalidade neodesenvolvimentista, no segundo governo Lula 2007- 2010). As características de cada período s ã o diferentes, do ponto de vista económico e p o lítico, assim como s ã o distintas as interliga çõ es entre as políticas econó mica e social, as estratégias- chave, o pú blico- alvo, a forma e os agentes da tica ca so soci cial al e, provisão de serviç os, e o tipo de financ financiam iament ento o dese desenhado nhado para p o líti em especial, para a política de sa ú de. No
O período de institucionalidade neoliberal se caracteriza , em primeiro lugar na relaçã o Estado/ mercado - por privilegiar este último, como mecanismo mais
gera çã o e alocaçã o de recursos, reservando ao Estado um papel reduzido em termos de tamanho e fun çõ es. Nesse sentido, a ê nfase da política pú blica tende a se concentrar na libera çã o das forç as de merc mercad ado o e na permissã o/ favorecimento do livre movimento de bens e capitais , estimulando a acumula ção financ anceir eiraa dos agentes privados. Algumas ideias chave do período s ã o: produtiva e fin - í nio das liberdades a liberdade de mercado e sua primazia sobre o Estado; o predom individuais sobre os direitos coletivos; e a redu çã o do papel do Estado, que deve eficiente de
33
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
restringir- se a suas fun çõ es bá sicas defesa , arrecada ção , diplomacia e p o l ícia cia)) , a
um aparato limitado de proteção social com reconh reconhecimen ecimento to de poucos - e seletos - direitos
sociais) e a uma gestã o m ínima da ordem econó mica regula ção de falhas
de merc mercad ado o e gest gestãão macroecon ô mica) . No Brasil e em boa parte dos p a íses da Am é rica Latina , ao longo da d éca cada da de 1990,
foram implementadas políticas alinhadas com o diagnó stico e as recomenda çõ es formuladas po porr in inst stit itui uições sediadas em Washington - principalmente Fundo Monetá rio Internacional FM I) e Banco Mundial. Quanto ao diagnó stico, partia -
se do pressuposto de que a crise econó mica dos p a íses latino- americanos, que haviam adotado políticas de subs substi titui tuiçã ção de importa çõ es es,, era caus causad adaa ta tant nto o pelo crescimento exc excess essivo ivo do papel do Es Esta tado do na economia protecionismo , regula regulaçã ção , adoçã peso das empresas pú blicas) como pela ado ção de medidas econó micas populistas ,
geradoras de d éficit pú blico e de aumento da infla ção.1
J á as recomenda çõ es de política econ ó mica incluíam medidas de curto prazo para alcanç ar o equilíbrio fiscal e a estabilidade monetá ria disciplina fiscal, redirecionamento das prioridades do gasto pú blico blico,, reforma tribut á ria , liberalizaçã o da taxa de juros e da taxa de câ mbio); e reformas de longo prazo, capazes de realizar o ajuste estrutural rumo a um modelo de desenvolvimento
orientado para o mercado abertura comercial, liberaliza çã o dos fluxos de merrcados e garantia dos investimento direto, privatizaçã o , desregulaçã o dos me direitos de propriedade) . Esse conjunto de recomenda ções ficou conhecido como Consenso de Washington - termo cu cunh nhad ado o po porr Williamson 1990) para identificar
o mínimo denominador comum do conjunto de id idei eias as econó micas e políticas que estava sendo sendo enc encami aminha nhado do, pelas institui çõ es com sede em Washington , para os p a íses da Am érica Latina , no final da dé cada de 1980.
a agenda neoliberal de re refo form rmas as en enfa fati tizo zou: u: a formulação e a implementaçã o de programas de rend ndaa mínima alocação direta de re recu curs rsos os em dinheiro) , como fo forrma de substitui substituiçã ção progressiva do conjunto de bens e serviç os soc sociai iaiss ofe ofere recid cidos os pel pelo o Estado; e a ado çã o de medidas objetivando descentralizar, privatizar os programas sociais e concentrá - los nos segmentos mais pobres da popula çã o . É verdade que parte dessas recomenda çõ es era expressão de uma legítima preocupa çã o com o volume e a efic á cia do gasto social num contexto No campo da política social ,
Evidentemente , nenhuma men ção era feita à s verdadeiras origens da crise económica na Am é rica rica La Lati tina na da dé cada de 1980: o efeito avassalador da s ú bita eleva ção das ta taxa xass de juros da economia americana sobre o n ível de endividamento externo dos pa íses da regi ão e a estraté gia preconizada para o tratamento do pagamento da d ívida , cujos termos de ajuste penalizavam ainda mais as já fragilizadas economias latino - americanas .
1
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
de crise estagna estagnaçã ção , desemprego , queda de renda dos trabalhadores e limita ção de recursos) . Entretanto , como aponta Draibe 1993) , tais recomendações tamb tambéé m
expressavam uma concepção residual do papel do Estado na á rea social, limitado
a complementar aquilo que os indivíduos n ã o fossem capazes de sol soluc ucio ionar nar, via mercado ou por meio de recursos familiares e comun comunit itá rios. Desde me mead ados os da d écada de 1990, esse determinismo na rela ção entre Estado e mercado, isto é, a opção pela primazia do mercado em detrimento do Estado
como f ó rmula v á lida para todos os p a íses , suscitou críticas profundas, elaboradas
por diferentes escolas de pensamento, int intel elect ectuai uaiss e instituições internacionais.
c r ítica ticass fo fora ram m estimuladas , de um lado, pelo mau desempenho econó mico dos p a íses que aderiram às p o líticas recomendadas , expresso em crises econ ó micas recorrentes;; e, de outro , pela emergê ncia de novos modelos , em países cujas p o l íticas recorrentes económicas e sociais se distanciavam do consenso neoliberal. Sã o exemplares os perr odo e, casos da Coreia do S ul , Cingapura , Taiwan e Hong Kong num primeiro pe As
ã o Consenso de em seguida , da própria China - de onde, al alii á s, se cunhou a express Pequim Ramo, 2004) em oposi çã o ao Consenso de Washi Washington ngton. oposiçã As
cr ticas eram di diri rigi gida dass tanto às políticas dos pa íses do norte - evidenciando
as variedades de capitalismo no hemisf hemisféé rio norte Hall & Soskice, 2001) - como à s
alternativas de políticas no sul - descrevendo diferentes modelos de capitalismo e extraindoli extraindo liçõ es para a Am érica Latina Huber, 2002). De modo geral, esses trabalhos mostram que as respostas dos diferentes países às pressões para aumentar a competitividade de suas economias num mundo globalizado - via desregulação dos seus mercados de trabalho, sistemas de be bem m - estar social e rela çõ es industriais
n ã o tê m sido uniformes; isto é, n ão existe uma única resposta ou um ú nico arranjo institucional a serem seguidos por todos os países como receita de sucesso
-
numa economia globalizada Royo , 2008) . O papel da p o lític ticaa soc social ial em cada uma dessas diversas experiê ncias foi fo i central para a conforma ção de um modelo determinado de desenvolvimento para cada
um dos dif difere erente ntess p a íses; e a div divers ersida idade de dos instrumentos e estrat égias políticas introduzidas só pode ser apreendida pela an álise de cada caso concreto.2 De todo modo, as reformas das p o lí ticas sociais e a implementaçã o de novos sistemas de proteçã o social nos países emergentes - principalmente naqueles que conseguiram Ver as publicaçõ es recentes do Uni Unite ted d Na Nati tion onss Re Rese sear arch ch Institute for Social Development UNRISD ) sobre o desenvolvimento social desenvolvimento social de difer diferentes entes pa íses em difere diferentes ntes continentes na s é rie Social Policies in a Development Context Series e , em especial , Draibe e Riesco 2007 ) . 2
35
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
alcan ç ar os padrões de desenvolvimento do bloco mais desenvolvido - n ão
receit eitas as un unive iversa rsais is de predomin â ncia da dass for orma mass seguiram modelos ú nicos ou rec de me merrca cado do na provis ã o de serviç os sociais ou da desresponsabiliza ção pú blica riscos cos soc socia iais is; ao contr á rio, reafirmaram a nec necess essida idade de de responsabilização pelos ris coletiva para a cobertura da proteçã o social.
O reconhecimento da falha das políticas e reformas neoliberais em promover a estabiliza ção macroecon ô mica e o desenvolvimento abriu espaç o para a formula estabilizaçã formulaçã çã o de novas políticas p ú blicas integradoras do econó mico com o social. Essas políticas emergiram nos países tanto do norte países centrais) quanto do sul p a íses emergentes ) ; e sua implementa ção deu origem a uma nova institucionalidade ,
perr odo do capitalismo regulado ou adm pe admin inis istr trado ado perr odo tem como no norte ) e do nacional - desenvolvimentista no su sull) . Esse novo pe
distinta daquela verificada no
caracter sticas a
busca por uma sinergia maior na rela ção Estado- mercado e por
políticas promotoras do desenvolvimento , privilegiando
a ado çã o de modelos
democráá ticos e soci economicamente din âmicos, politicamente democr socialmen almente te inclusivos. A redu reduçã çã o da desigualdade social ganha centralidade, como objetivo a ser seráá reduçã perseguido pelas políticas pú blicas, mas reconhece - se que tal redu ção só ser possível num contexto de crescimento econ ómico sustentado , com gera çã o de
emprego e renda . A formulação de uma estratégia naci cion onal al de desenvolvimento, gi a na capaz de fortalecer simultaneamente o Estado e o mercado, passa a ser vista como condição necessá ria para que a economia volte a crescer. Ao mesmo tempo , a dicotomia Estado/ me merc rcaado é substitu substituíída pela ideia de que um me merc rcad ado o fort fortee s ó
será possível com a presen ç a de um Estado també m forte, com papel estrat égico e desenvol nvolvime vimento nto naci nacional onal. Abandona - se a vis ã o de Estado minimalista indutor do dese e n ã o intervencionista presente no p er odo lib libera erall Sics ú , Paula & Michel, 2007) .
a institucionalidade neoliberal e a institucionalidade neodesenvolvi mentista,, é possível identificar um p er odo de transiçã o que , como diz o nome, já mentista reflete o esgotamento das p o l í ticas li liber berai aiss do p er odo anterior, poré m ainda sem forç a suficiente para fazer emergir um novo referencial de política pú blica; nessa fase s ã o criadas algumas normas e iniciativas de política que s ó serão viabilizadas Entre
no p e r odo seguinte.
Brasil, a política social teve com omo o estr estrat atégia nsti titu tugi a - chave, no p e r odo de ins , ao lado do incentivo s parcerias cionalidade neoliberal, descentraliza o çãsocial pú blico- privadas , do est í amulo ao controle e da ado çã o de a çõ esà focalizadas No
em regi ões e popula çõ es mais pobres. J á no último 36
perrodo pe
institucionalidade
1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA POL PO L ÍTICA SOCIAL NO BRASIL
neodesenvolvimentista) , as políticas com recortes territoriais regionais, urbanas, maiorr prot protagon agonismo ismo, ao la lado do de maio maiore ress investimentos metropolitanas) assumem maio
pú blicos em saneamento , habita ção e sa ú de federais e estaduais ) , mantendo- se o est ímulo à s parcerias p ú blico- privadas e a sele seletiv tivida idade de de programas direcionados
para o combate à pobreza. A política de sa ú de tam b é m pode ser diferenciada segundo esse essess me mesm smo os períodos. A descentraliza ção , acompanhada pela ê nfase na aten ção prim á ria via
expansã o da Estratégia gi a Sa ú de da Fam ília , principalmente para as regiões e popula chave ave do primeiro período institucionalidade çõ es mais pobres, constitui o aspecto- ch neoliberal) . No período marcado pela institucionalidade neodesenvolvimentista,
assume maior centralidade a regionalizaçã o , aliada à forte expansã o do inves timento pú blico federal e estadual voltado para a constru ção de equipamentos de sa ú de ambulató rios e hospitais) , assim como para o est es tímulo ao forta componentee científico lecimento do complexo económico- industrial da sa ú de e do component
tecnol ó gico da política de sa ú de. A seguir, para cada período ou institucio institucionalid nalidade ade da p o lítica social, sã o descritos
o cen á rio económico, os mecanismos de interliga çã o entre o económ económic ico o e o social, assim como as principais característi dass p o l íticas de assistê ncia sticas cas institu institucionai cionaiss da social, previd ê ncia, educa ção e sa ú de . Mais adiante , sintetizam - se as implicaçõ es desses dif difere erente ntess momentos, com ênfase na caracteriza çã o da fase atual , marcada porr mud po mudan anç as nas políticas sociais e nas rela çõ es entre o económico e o social. A Institucionalidade Neoliberal da Política Social: 1990 a 2002 O senso comum da é poca é neoliberal Gostemos ou n ã o ele se na s massas . O mercado é idolatrado ; o implantou profundamente nas Estado demonizado; a empresa privada é exaltada; e o darwinismo social de mercado aparece como algo desej áv e l e eficaz do ponto de
vista econó mico .
Boró n , 1995
A institucionalidade neoliberal da p o lí tica social acompanha uma fase de merrcad ado o na política econó mica , que esteve direpredomin â ncia das forç as de me
cionada a promover a liberaliza çã o econó mica , a estabiliza çã o monetá ria , o ajuste fiscal, o est í mulo à competitividade empresarial e
a redu çã o do papel do Estado perr odo a na esfera produtiva e na provisã o de serviç os. Sã o características desse pe crenç a na autorregulaçã o do doss me merc rcad ados os, a predomin â ncia do capital financeiro, 37
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
a desregulamenta çã o do doss mer mercad cados os, a internacionalização ace aceler lerad adaa dos circuitos produtivos e uma disjuntiva entre os ciclos dos sistemas interestados conjunto de rela çõ es por meio das quais os Estados definem a soberania uns dos outros ) e
teia iass de rela ções insumo - produto entre empresas). interempresas as te Do ponto de vista internacional, esse período se caracterizou por uma mudan ç a
no padrã o de desenvolvimento capitalista. Esse novo padrã o foi fo i analisado por diferentes escolas de pensamento, que destacaram a influ ê ncia de aspectos dis tintos , entre eles: o fen ô meno da globalizaçã o , o crescimento do setor de serviç os,
o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunica ção , e o papel estra té gico do con onhe hecciment mento o e da inovaçã o na gera ção de riqueza. Sociedade pó sindus in dustr tria iall e capitalismo cognitivo foram alguns termos cunhados nesse período ,
para denominar esse novo padrã o de des desen envol volvi vimen mento to. Fo Foii tamb ém o período de apogeu do pensamento neoliberal, marcado pela ideia de que o bem - estar mais is be bem m promovido liberando - se as liberdades e capacidades humano pode ser ma
estrutur uturaa insti instituc tucio ional nal caracteempreendedoras individuais no â mbito de uma estr rizada por só lidos direitos à propriedade privada , ao li livr vree merc mercad ado o e ao livre
comércio Harvey, 2008).
O Brasil passou a adotar políticas alinhadas com a institucionalidade neoliberal
logo no início da década de 1990. Durante o governo Collor 1990-1992) , a visã o do Estado como agente económico prioritá rio no desenvolvimento económico foi idei eiaa de que o livre mer merca cado do ser seria ia o principal mecanismo abandonada em favor da id refo form rmaa gerador de bem - estar coletivo. Sob as bandeiras do combate à infla çã o , da re do Estado e da moderniza çã o econó mica do p a ís , foram adotadas medidas
cl clar aram amen ente te si sint nton oniz izad adas as com o Consenso de Washington, agrupadas em tr ê s eixos principais principais:: a obten çã o da estabilidade monet á ria , a retirada / recuo do Estado de muitas atividades econó micas e a liberalizaçã o dos me merc rcad ados os nac nacio iona naiis à
entr trad adaa de capitais de risco. Dentre as importa çã o de bens e serviç o s , bem como à en medidas medi das adot adotadas adas, destacam - se a cria çã o do Programa Nacional de Desestatiza çã o
P N D ) ,3 a redu çã o gradativa das alíquotas de importaçã o , a libera ção da taxa de
c â mbio, a supressã o de incentivos fiscais, o contingenciamento orç amentá rio e micass ini inicia ciadas das no governo Collor - e continuadas A privatização tornou- se parte integrante das reformas econó mica em todo o perí odo de predom ínio da institucionalidade neoliberal. Naquela é poca , foram concentrados esforç os na 3
1990á rias Entre é gicos18 siderurgia vend ve ndaa de estatais estrat e 1994 a setores ímicaee15fertilizantes , sendo o governo empresas empresas, petroqu federal pertencentes desestatizou 33 controladas participa çõ) . es minorit da, e Petroquisa Petrofé rtil. També m foram foram rea realiz lizados ados oit oito o leilõ es de participa çõ es minorit á rias. Com essas aliena çõ es o governo obteve uma receita de US 8 , 6 bilhõ es que , acrescida de US 3, 3 bilh õ es de dívidas que foram transferidas informa ormaçõ es . ao setor privado, alcan ç ou o resultado de US 11 , 9 bilh õ es. Ver Brasil/ MDIC 2002) para mais inf
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
a extin ção de empresas e organismos pú blicos Portobrá s, Siderbr á s, Instituto do Aç ú car e do Á lcool, Embrafilme, por exemplo). Os planos de estabilizaçã o monetá ria adotados durante o governo Collor , caracterizados por políticas fiscais e monet á rias restritivas , n ã o foram bem sucedidos na tentativa de con onttro rola larr a infla ção. Ao inv és disso, contribu íram para o agravamento da crise social, marcada pela desorganizaçã o do mercado de tr trab abal alho ho, pela queda do n ível de renda dos trabalhadores e pelo aumento do desemprego e da informalidade. Os planos de ajuste macroecon ô mico tamb tambéé m
afetaram negativamente as finan ç as do setor p ú blico, restringindo a capacidade de reduçã financiame fina nciamento nto das políticas sociais. Como resultado, houve redu ção do gasto social
subo bord rdin inar ar ai ainda nda mais mais as no período Piola & Camargo, 1993) , o que contribuiu para su políticas sociais aos imperativos da p o l ítica econó mica. A estratégia gi a do
tica socia ociall foi marcada por dois governo Collor para a política
tra ç os principais Fagnani, 2005): desfigura ção do doss di dire reit itos os sociais consagrados
na Constituiçã o de 1988 e desorganiza ção burocrá tica das políticas sociais. O prifo i caracterizado pela ado ção de numerosas medidas, entre as quais meiro tra ço foi cabe destacar o uso de recursos do Orç amento da Seguridade Social O S S ) para
fi fina nanc ncia iarr ou outr tras as á reas do governo ; o veto presidencial a 25 itens da Le Leii O rg â nica da Sa ú de L O S); a ma manu nutte n ção do Instituto Na Naci cion onal al de Assistê ncia M édica da
Previd ência Social Inamps) como órg ão central de planejamento, gestã o e financiamento do Sistema Ú nico de Sa ú de S U S ) ; o veto integral ao projeto de regu lamenta çã o da Lei Le i Orgâ nica da Assistê ncia Social Loas) ; as distorçõ es no finan ciamento do seguro - desemprego ; a desfigura çã o dos direitos sindicais e trabalhista s e a paralisia na regulamenta çã o da Lei Le i de Diretrizes e Bases da Educaçã o LDB ) . J á a desorganizaç ã o burocrá tica das políticas sociais esteve associada a dois fatores principais: omiss ão do
governo federal na coordenaçã o do processo de des desce centr ntrali aliza zaçã o das políticas sociais principalmente sa ú de , educa çã o e assis t ê ncia social) ; e amplia çã o do uso da política social como moeda de troca no jogo político e eleitoral fragmenta çã o de a çõ es e programas , pulverizaçã o de recursos em a çõ es pontuais, aus ê ncia de planejamento e de mecanismos de acompa nhamento e controle, e utilização preferencial da figura jurídica dos conv é nios , mais á geis e menos sujeitos a controles externos) . junho de 1993,
no
Itamar Franco , foi
divulgado o Programa Em j governoa primeira etapa do plano de A çã o Imediata PA de estabilizaçã o PAII) , áconsiderado
econó mica Plano Real) , que veio a ser ad adot otad ado o com omo o estr estrat até gia gi a para controlar o 39
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
desordem dem fin financ anceir eiraa processo inflacioná rio no Brasil. De acordo com esse plano, “ a desor
e administrativa do setor pú blico ” Brasil/ M F, 1993) era a causa fundamental da inflaçã infla ção no
p a ís. Coerente com esse diagnó stico, a estrat ég ia utilizada envolveu, num primeiro momento: corte de gastos U S 6 bilh õ es das despesas no orç amento de 1993, abrangendo todos os ministé rios) ; recupera çã o da receita tribut á ria mediante a cria ção de um imposto provisó rio sobre movimenta ção financeira IPMF ) e medid medidas as de co comb mbat atee à sonega çã o e eva evasã o fiscal; aust austeri eridade dade no relacionamento da Uniã o com est estado doss e municípios para equacionar o problema da d ívida entre
os entes federados; controle e fiscaliza ção do estaduais;; saneamento dos doss ba banc ncos os estaduais
bancos federais; e continu continuida idade de do programa de privatizaçõ es.
Ainda nessa primeira fase do plano de estabiliza estabilizaçã ção econó mica , foi criado o
Fundo Social de Emergê ncia FS FSEE ) , dando origem à prá tica - ainda em vigor - de
desvincular parte dos recursos fiscais da Uniã o , os quais deveriam ser transferidos
para estados e municípios ou ut util iliz izad ados os para o fi fina nanci nciame ament nto o das á reas que compõem a seguridade social. Isso porque a maior parte dos recursos desse fundo, que podiam ser aplicados em quaisquer ‘programas de rel relev evant antee interesse económico e social’, era proveniente de 20 do produto da arrecada arrecadaçã ção de todos os impostos e contribuições da União, mais a parcela da ar arre reca cada da çã o resultante do au aumen mento to de alíquotas ou da alteraçã o da base de cálculo de alg alguns uns tribut tributos os. Na
prá tica , os recursos do FSE FS E foram utilizados para cobrir o déficit orç ament á rio do mecan anis ismo mo de ajuste fiscal.4 governo federal , atuando assim como mec atre rela lava va a esta estabil bilidad idadee de preç os a um conjunto Em linhas gerais , o Plano Real at articulado de medidas de política econó mica que , em certa medida , seguiam o Lattina modelo geral de estabiliza çã o aplicado em diversos países da Am érica La durante o período Batista Jr., 1996) . Os ele element mentos os cen centr trais ais des desse se mod model elo o incl inclu uíam:
uso da taxa de c â mbio como instrumento de comb combaate à infla ção ; abertura da
economia à s importaçõ es, por meio da dr á stica redu çã o das barreiras tarif á rias e abertu rtura ra fi fina nanc ncei eira ra exte externa rna , com a ado çã o inclusive de políti tica cass de n ã o tarif á rias; abe desin index dexaa ção est ímulo à entrada de capitais externos de curto prazo; medidas de des da economia; ajuste fiscal e aus auste teri ridad dadee monet monetáá ria ; e venda de empresas p ú bli-
cas. O objetivo de cont contro rola larr o processo inflacioná rio foi atingido: a média anual da inflaçã o , que era de 76 4 entre 1990 e 1994, caiu para 8,6 entre 1995 e 2000. odo de vi Destaque- se que o FSE , que deveria vigorar somente no per íodo 1994 -1995 , teve seu período viggê ncia estendido Fund ndo o de Estabiliza çã o Fiscal FEF ) , de 1996 a 1999, e at é dias atuais , rebatizado nos anos seguintes como Fu Desvinculaçã o das Receitas da Uniã o DR U ) , a partir do ano 2000. 4
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
estabilizaçã o preç o pago pela estabiliza ção monetá ria foi bastante elevado em termos econó micos e sociais: baixo crescimento econó mico, desequilíbrio nas co cont ntas as ex exte tern rnas as, aumento da dívida p ú blica , au aume ment nto o da carga tribut á ria , desorganizaçã desorganiza çã o / desnacionaliza ção de segmentos importantes do parque industrial
Entretanto ,
brasileiro, aumento do desemprego e da informalidade no me merc rcad ado o de tr trab abal alho ho,
queda do nível de ren endi dime ment nto o das das fam ílias e estreitamento das possibilidades de finan financia ciament mento o das políticas sociais. A reforma do Estado foi outro te m a de grande centralidade na agenda
governamental durante o período de institucionalidade neoliberal. Partia - se da constata ção de que o Estado brasileiro - ele pró prio - vivia uma crise , cujas manifesta çõ es mais evidentes eram: a deteriora ção dos serviç os pú blicos, o agravamento da crise rise fiscal e o esgotamento da estrat ég ia estatizante de interv Esta tado do interven en ção do Es
em suas vá rias formas Estado de Bem - Estar Social nos p a íses desenvolvidos , estratég ia de substituição de importaçõ es no Terceiro Mundo e estatismo nos p a íses necessidad sidadee de substituir o modelo burocrá tico comunistas) .Tamb ém se apontava a neces co m ênfase no controle de de administra çã o pú blica por um mod model elo o gere gerenc ncia iall com
resultados Brasil/ Presid ê ncia da Rep ública , 1995). A delimita ção do tamanho do Estado, a redefiniçã o do seu papel regulador, o fortalecimento da capacidade de
implemen impl ementar tar adequada adequadament mentee as políticas pú blicas governan ç a ) e o au aume ment nto o da capacidade política de
governar governabilidade ) eram as principais questões a
serem enfrentadas no processo de reforma do Estado Bresser Pereira , 1997). Na prá tica , esse processo envolveu a ado çã o de programas de privatizaçã o de empresas entt ã o prestados pela administra administraçã estatais, a transferê ncia de serviç os at é en çã o direta finss luc lucrat rativos ivos)) e a terceirizaçã o para o setor pú blico n ã o estatal organiza çõ es sem fin das atividades auxiliares e de apoio.5 Envolveu também a cria çã o de novos
ag agêê ncias reguladoras, as organiza çõ es sociais O S ) e as organiza çõ es da sociedade civil de interesse pú blico Oscip ) , sinalizando a progressiva substitui substituiçã çã o de um Estado do tipo intervencionista por um Estado formatos organizacionais, como as
regulador.
A criaçã o dessas organiza çõ es impactou numerosos setores , em especial o da sa ú de, em raz ã o da transferê ncia da gestã o de equipamentos pú blicos para Fernando do Henriq Henrique ue Cardoso, fo foii confer conferida ida maior prioridade prioridade à privatização . “A partir de 1995, com o in ício do governo Fernan Estad Essubstitui tado o, sendo do Programa dos princi pride ncipai paiss instrumentos da) fo reforma integrante O N D é apontado como um , e o Conselho , em Nacional Naci onal . InicioudePGoverno Desestatiza o CND foi i criadodo à Comiss çã ção çã o parte ão Diretora se um umaa nova fase da privatizaçã o, em que os serviç os pú blicos começ am a ser transferidos ao setor privado. Foram conc nces esssões das áreas de transporte, rodovias , saneamento, portos e incluídos setores elé trico , financeiro e as co telecomunica çõ es ” Brasil/ MDIC , 2002: 15 ) . 5
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PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
essas novas figuras institucionais , bem com omo o da cria çã o das a g ê ncias reguladoras, inclusive atuando na á rea social. Na verdade, as primeiras agê ncias reguladoras
foram criadas na segunda metade da d écada de 1990, para regular os mercados de energia elétrica Aneel) , telecomunica ções Anatei) e petróleo ANP). Do ponto de vista institucional , as agê ncias representaram uma importante inovaçã o na forma de atua ção do Estado brasileiro, na medida em que foram constitu ídas como autarquias especiais , ca cara ract cter eriz izad adas as po porr independ ê ncia administrativa ,
estabili esta bilidade dade de seus dirigentes , autonomia financeira e aus ê ncia de subordina subordinaçã çã o hieráá rquica. Al é m disso, elas foram dotadas de compet ê ncias bastante amplas para hier intervir nos mercados sob regulação , fiscalizar o comportamento das empresas reguladas e estabelecer regras e normas para garantir a competitividade dos mercados. Do ponto de vista da política industrial, o
gove go verr no Fernando Henrique Cardoso
manteve as mesmas diretrizes adotadas no in ício da década de 1990, isto é, a
crenç a de que as ‘forç as de mercado’ promoveriam a moderniza çã o produtiva , a melhoria da competitividade e o aporte de capital, tecnologia e conhecimento provenientes do exterior, fazendo com que o país se integrasse às novas regras do jogo da ec econ onom omia ia globalizada Cano & Silva , 2010) . Optou - se , na época , pela
substituiçã o progressiva dos instrumentos setoriais verticais) por instrumentos horizontais, com base na premissa de que as empresas mais aptas sobreviveriam
ao desafio da competitividade e seriam premiadas com a integraçã o competitiva
aos mercados globais. Como exemplo dessa postura , destaca - se a desativa çã o das
c â maras setoriais, no final de 1995 , que haviam tido papel relevante como locus de discussã o de política in indus dustr tria iall e de estabelecimento de acordos para alguns setores t êxteis , ind ústri striaa na nava vall, tratores e má quinas a gr ícolas e, principalmente, o complexo automotivo ) . Partia - se , assim , do pressuposto de que “ a melhor política
industrial era n ã o ter política industrial” Cano & Silva , 2010: 4).6 Outra característica importante do
p er odo foi a emergê ncia de uma série de
leis complementares à Constituiçã o Federal de 1988, que permitiram a expansã o da
autoridade da U n i ã o sobre os governos subnacionais Arretche, 2009) , resultando
na reten çã o de parte da dass tr tran ansf sfer erê ncia nciass const constituc itucionai ionaiss a est estad ados os e munic ípios, mediante: a cria çã o dos já citados meca mecanis nismos mos de desvincula çã o de recursos ; uma
nova legisla çã o
sobre impostos estaduais Le Leii Kandir) , que prejudicou os esta estado doss
Apesar de a experi ê ncia internaci internacional onal mostrar que pa íses como China e Coreia do Sul est estava avam m adotando adotando políticas ativas de desenvolvimento industrial , para enfrentar de forma agressiv agressivaa a concorrê ncia internacional .
6
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
limitaçã autton onom omiia decisó ria dos gastos est estad adua uaiis e exportadores;; e uma limita exportadores çã o da au LRFF) . Leii Camata e Le Leii de Responsabilidade Fiscal - LR municipais Le A política social teve , como aspectos - chave nesse
p er odo, o est es tímulo à maior
participaçã participa nciame ment nto o e no controle das políticas çã o privada na oferta , no financi sociais, seja p o r meio das organizações sociais O S ) , seja mediante
a ado ção de
mecanismos/instrumentos tipicamente empresariais ou , ainda , expandindo a participa çã o de setores já tradicionais , como organiza organizaçõ ções n ã o governamentais ONGs ) e dif diferen erenttes associa çõ es civis/filantró picas. Da mesma forma , foram
incentivados diferentes tipos de parceria p ú blico - privada em toda a á rea social.
a Comunidade Solidá ria , programa criado em 1995 pelo governo federal , que articulava diversos segmentos da sociedade civil es,, institutos, universidades, empresas e comu Esta tado do ONGs , funda çõ es comunid nidades ades) e do Es Uniã o , est estad ados os e munic ípios) no desenho e execuç uçãã o de programas destinados , situaçã ção de exclus exclusãão social. prioritariamente , a jovens em situa Como exemplo, pode ser citada
A descentraliza çã o assumiu uma posiçã o- chave em praticamente toda a á rea social, pois contemplou diferentes objetivos: estimular a participaçã o das esfe esfera rass
financiamen ciamento to e na provis ã o de serv serviiç os sociais; favorecer a partisubnacionais no finan dass p o líticas; estimular a cipa çã o de di dife feren rente tess instituiçõ es na provisão e a gestã o da
criatividade local na formula ção e no man manej ejo o de políticas pú blicas; e permitir maior controle e participaçã o social na gestão , no acompanhamento e na avaliaçã o das políticas. No que diz respeito a esse último aspecto, o controle social, exercido pelos
conselhoss setori conselho setoriais ais em várias instâ ncias de governo , foi umas da dass marcas da p o lítica social; foram exploradas dife difere rent ntes es fo forma rmass de participaçã o soci ocial deliberativas e
consultivas) , no interior de diferentes p o l íticas. Draibe 1998) assinala que foram criados 25 novos co conse nselh lhos os na naci cion onai aiss de p o líticas sociais durante a década de 1990. Também é preciso mencionar que foi nesse
p e r odo
que passa assara ram m a ser
trans ansfe ferrê ncia de renda com condiprogramas de tr cionalidades , com base na experiê nci nciaa inov inovador adoraa de alguns munic ípios brasileiros Campinas e Brasília ). Nos dois ú ltimos anos do governo Fernando Henrique Cardoso, foram criados trê s programas desse tipo: um na á rea da educa çã o Bolsa Escola ) , outro na á rea de sa ú de Bolsa Alimenta çã o) e um terceiro na á rea de trans ansfer feriam iam energia Auxílio G á s) . E m comum , os tr ê s programas eram seletivos e tr formulados e implementados os
recurso em dinheiro para
populacionais espec ficos: fam lias de baixa
grupos condicionalidades , como frequ ê ncia regular renda que cumprissem determinadas í
í
de crian ç as e adol adolesc escent entes es à escola, e acompanhamento da situaçã o de sa ú de de 43
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
crian ç as e gestantes. O processo de implementa ção desses programas apresentou
duas inova çõ es importantes: a cria ção do cadastro ú nico das a çõ es sociais, o que
aoss pr prog ogra rama mass e o permitiu a simplificaçã o do acesso das fam ílias beneficiadas ao cart rtã o magnético para o pagamento acompanhamento das a ções; e a utilizaçã o de ca dos benef ícios. Entretanto , os programas n ã o eram unificados, e seu gerenciamento
era feito p o r unidades distintas da administraçã o federal Ministé rio da Educação , Minist ério da Sa ú de e Ministé rio de Minas e Energia ). vista ta do financiamento das políticas sociais, o primeiro aspecto a ser Do ponto de vis
ressaltado foi fo i a desconfiguração do O S S , que jamais chegou a ser implementado na
prá tica. Contribui Contribuiçõ ções sociais passaram a ser vinculadas a á reas específicas, como é o caso da contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social INSS ) ; e os FEFF, D RU ) contribuíram para reduzir mecanismos de des desvin vincula culação de recursos FS FSEE , FE
o montante dispon reas as que que integram a seguridade disponíível para ser aplicado nas tr ês á re sa ú de , previd ê ncia e assistê ncia social) . Houve retra çã o ou manut manuten ençã çã o do gasto ticass un univ iver ersa sais is educa ção e sa ú de ) e crescimento para programas para as política assistenciais focalizados dif difere erente ntess auxílios em re recu curs rsos os e esp écie, destinados a popula çõ es específicas) , que objetivavam minorar as situa ções de pobreza Tafner,
Carvalho & Botelho, 2009).
A assistênci nciaa soc social ial teve sua reorganização institucional iniciada com a aprova -
ção da Loas , em 1993, que estabeleceu os objetivos da política de assistê ncia social, seus princípios e diretrizes , as competê ncias de cada esfera de
governo ,
os benef ícios e serviç os a serem oferecidos e sua forma orma de financiamento. A partir de 1995, como aponta Fagnani 2005) , diversas medidas foram tomadas , no sentido de implementar o modelo descentralizado e participativo de assistê ncia social pr prev evis isto to pe pela la Loas: reposicionamento da assistê ncia social na estrutura burocrá tica do governo federal;7 regulamentação do Fundo Nacional da Assistê ncia burocrá Social FNAS ) , por meio do qual seriam financiados os benef ícios,
a çõ es e serviç os
de assistê ncia social no
Pollítica Nacional de â mbito da U n i ão ; formulação da Po Assistê ncia Social; elaboraçã o da Norma Operacional Bá sica N O B ) , que conceituou o sistema descentralizado e participativo da assistê ncia social e ampliou o â mbito de atua çã o dos entes federados ; regulaçã o das form formas as de transferê ncia de recursos do FNAS para os fundo undoss es esttad adua uaiis e municipais ; regula ç ã o do Benef ício O Ministé rio do Bem - Estar Social , a Fundação Legi ã o Brasileira de Ass Assist istê ncia LBA ) e a Funda çã o Centro Brasileiro para a In Inff â ncia e Adolesc ê ncia CBIA) foram extintos ; e a coordena çã o da política de assistê ncia social passou a ser de responsabilidade da Secretaria de Assist ê ncia Social SA S) , vinculada ao Ministé rio da Previd ê ncia e Assistê ncia
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Social. 44
1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
de Prestaçã o Continuada BP BPC C ) , de base n ã o contributiva , para idosos e pessoas portadoras de defici ê ncia , sem meios de prover sua p r ó pria manuten ção ou de
Pollítica Nacional do Idoso; e t ê -la provida por sua fam ília ; regulamentação da Po instituiçã o do Programa de Erradica ção do Trabalho Infantil Peti) , um incentivo financeiro mensal, destinado
a fam ílias cujos filhos deixassem de trabalhar e
passassem a frequentar a escola. Mudan ç as importantes tamb é m ocorreram na previd ê ncia social. Em linhas egrras objetivando ampliar a base e o tempo gerais, foi institu ído um conjunto de reg de co cont ntri ribu buiição , restringir o ac aces esso so ao sistema , adiar o in ício do recebimento dos
benef ícios e reduzir o período de usuf usufru ruto to. As mudan ç as introduzidas incluíram
a substituiçã o da aposentadoria por tempo de serviç o pela aposentadoria por contri ribu buiição , o fim da aposentadoria proporcional, o estabelecimento tempo de cont tetos os nomin nominai aiss do valor da aposentadoria de idade mínima , o estabelecimento de tet e a cria çã o do fator benefici á rio pa para ra dese desesti stimu mula larr as aposentadorias precoces. A l ém disso, a correçã o do benef ício foi desvinculada do sal á rio mí nimo no caso do co m benefício maior que o piso) e do sal á rio da ativa no segurado do re regim gimee ge gera rall com caso do servidor p ú blico ) .8 Do ponto de vista do financiamento , prevaleceu a vis ão ncia ia so soci cial al deveria ser fi de que a previd ê nc finan nanci ciad adaa exc exclus lusiv ivame amente nte com recursos contributivos de empregados e empregadores, implicando recuo da participa çã o governamental e supressã o do esquema tripartite de financiamento. Na á rea da educa çã o ,
a prioridade foi universalizar o acesso ao n ível
fundamental. Entre as novidades instituci institucionais onais introduzidas no período , destacam -
se: a aprova çã o da LD Plan ano o Na Naci cion onal al de Educação PN LDB B ; a formulaçã o do Pl PNEE ) ; a cria ção do Fundo de Manuten ção e Desenvolvimento do En Ensi sino no Fu Fund ndam amen enta tall e de Valoriza çã o do Magist é rio Fundef ) ; a descentralizaçã o de programas federais
a transferê ncia direta eta de re recu curs rsos os no â mbito do Programa de Manuten çã o e Desenvolvimento do En Ensi sino no PMDE ) ; a ampliaçã o e descentralização do Programa Nacional do Livro D id á tico PNLD ) ; a introdu introduçã çã o de novas tecnologias de ensino T V Escola ) ; a elaboraçã o dos Par â metros Curriculares Nacionais P C N ) ; e o aprimoramento de meca mecanis nismos mos de avalia çã o da qualidade do ensino em todos Naci cion onal al do os níveis - Sistema de Avalia çã o da Educaçã o B á sica Saeb) , Exame Na Merenda Escolar) ;
Destaque previd ê ncia poró um do contribui modelo de em reparti si simp mple less da, obedecendo intençã ção as çã o individuais governo çõsubstituir -se que era modelo de capitaliza , no qual es seriamo depositadas contas çã ointen à l gica atuarial dos planos de previdê ncia privada complementar. També m se tent tentou ou inst institui ituirr a cobran ç a da contribui çã o bem suce sucedi dida dass em sua previdenciá ria para funcion á rios públicos inativos . Ambas as propostas n ão foram bem tramita çã o no Congresso Nacional.
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PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Ensino M édio Enem ) e Exame Nacional de Cursos. No entanto, observou - se um
recuo do governo federal na expansã o da ofer oferta ta de ed educ ucaa ção profissional escolas té cnicas) e de ensino superior unive universid rsidades ades federais federais) .
a sa ú de sofreu grandes transformaçõ es nesse período. Ainda em 1993, durante o governo Itamar Franco , o Inamps foi extinto, e suas atividades Por fim ,
fora ram m ab abso sorv rvid idas as pelas instâ ncias federal, estad e atribuições fo adua uall e municipal reorganizaçã gestoras do SU S. A reorganiza ção institucional do S U S compreendeu um conjunto
modalid lidade adess de gestã o para esta estado doss e mu muni niccípios; amplo de inova ções: diferentes moda critérios e formas de transferê ncia autom á tica e regular) de recursos federais para
estados e municípios; inst â ncias de negociaçã o e decisã o entre os gestores dos diferentes níveis de governo comissõ es intergestoras ) ; programas inovadores na
á rea de atenção bá sica agentes comunitá rios, sa ú de da fam ília); instrumentos de informaçã programa çã o , controle , avalia ção e auditoria; e sistemas de informa ção hospitalar hospitalar,, ambulatorial, nascidos vivos , mortalidade, agravos sob notifica çã o, aten çã o bá sica , 9
orç amentos pú blicos etc.) . Tambéém merecem destaque nesse período o incentivo à produ çã o de medica Tamb
g en é ricos, a realiza çã o de mutirões como forma de reduzir as filas de atendimento para execu çã o de serviç os espec especííficos, o fortalecimento do Programa Nacional de Doen ç as Sexualmente Transmissíveis D S T ) e Aids , a reorganizaçã o dass funções de controle sobre as atividades de produ çã o e comercializaçã o de proda duttos e serviç os sujeitos à vigil â ncia sanitá ria que passaram a ser atribuiçõ es da du Sanitáá ria ) , e a regulamenta çã o do mercado de pla A g ência Nacional de Vigil â ncia Sanit nos privados de as assi sisstê ncia à sa ú de , cujas atividades passaram a ser objeto de mentos
ncia - A gê ncia Nacional de Sa ú de Suplementar - vinculada regula çã o de outra ag agê ê Minist rio da ao é Sa ú de. Entretanto , o carro- chefe no campo da política de sa ú de foi a descentralizaçã o ,
acompanhada pela ê nfase nas a çõ es de aten çã o prim á ria e o fortalecimento de sistemas municipais de sa ú de, por meio da Estratégia gi a Sa ú de da Fam ília , focada ,
no seu início, em regiõ es e populaçõ es mais pobres. J á no final da década de 1990, a descentralizaçã o atingia todo o territ ó rio nacional , com a assun çã o pelos municípios da gestã o de toda a re rede de ambu ambulat latori orial al - viabilizada pela transferê ncia autom á tica fundo a fundo) da maior parte dos recursos federais para as inst â ncias
subnacionais de
, principalmente munic pios í . governo
Muitas dessas inova çõ es foram introduzidas por meio da edi ção de instrumentos normativos normas operacionais ) pelo Ministério da Sa úde ap ó s intensa negocia ção co m gestores de estados e municí pios.
9
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO LÍTI TICA CA SOCIAL SOCIAL NO BRASIL
Do ponto de vista do financiamento, duas inova çõ es merecem ainda ser
mencionadas: a cria çã o da Contribuição Provis ó ria sobre Movimentaçã o Financeira
a política de sa ú de, mas cujos recursos passaram a ser compartilhados com outras á reas a partir de 1999; e o estabelecimento de recursos mí nimos a serem aplicados pelas tr ê s esferas de governo em a ções e CPMF) , em 1996 , para financiar
10
serviç os p ú blicos de sa ú de. Por sua v ez , a assun ção pelos munic municíípios de parcelas crescentes do gasto p ú blico em sa ú de garantiu parte do custeio e o investimento
para aumentar a capacidade instalada ambulatorial, em momentos de estagna estagnaçã çã o ou de oscila çõ es do gasto federal; e novas mod modali alidad dades es de transferê ncia per capita melh lhor or dist distri ribu buiição dos recursos , favorecendo regiões , estados e garantiram me munic ípios mais carentes. Dessa forma , a descentralização permitiu padrõ es mais
equitativos de política, ao diminuir as desigualdades inter- regionais, no tocante formas as mais mais demo democr crá ticas aos indicadores básicos de sa úde de;; e també m favoreceu form ões da decisãã o pú blica , ao aproximar os usu á rios do sist decisõ de decis sistema ema de sa ú de das decis 11
p o l ítica.
p e ríodo, emergiu uma nova norma na sa ú de - a Norma Operacional da Assis Assisttê ncia à Sa ú de Noas 2001/ 2002) - com ênfase na regionaliza çã o dos servi ç os. Por é m , seu alcance foi fo i limitado, seja pelos poucos recursos federais para incentivar uma nova estrat estratéé gi giaa , seja pelo baixo empenho dos estados em iniciar u m processo mais substantivo de regionaliza çã o e regula ção das a çõ es de sa ú de em todos os níveis da assistência , seja ainda pelo cará ter burocr á tico de seus instrumentos . No final do
A Fase de Transição: 2003 a 2006 O sentimento predominante em todas as classes e em todas as regiõ es qu e o atual modelo esgotou - se . Por isso, o pa í s n ã o pode insistir é o d e que
nesse caminho sob so b pena de ficar numa estagna çã o crónica o u a té mesmo de sofrer, mais cedo ou mais tarde , um colapso econó mico, social e moral ...) . Premissa dessa transi çã o será naturalmente o respeito aos ao s contratos e obrigações do pa í s . Silva , 2002
A fase de transiçã o é marcada por uma continuidade na política econó mica ado estabi abiliz lizaaçã o monetá ria quanto ta tada da no período anterior, do ponto de vista tanto da est procurar uraram am compensar compensar as perdas ocasionadas pela suspens ã o do repasse Destaque - se que esses dois mecanismos proc de recursos do Fundo de Previd ê ncia e Assistê ncia Social FPAS) para a sa ú de , a pa part rtir ir de 1993, e pelos mecanismos de desvincula çã o de recursos da União FSE , FEF, DR DRU U ).
10
das cond condiiçõ es locais, o que produziu , em alguns casos , Como é previs ível, esses resultados sofrem influ ê ncias das resultados divergentes dessa afirma ção.
11
47
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
a gera çã o de superávits fiscais para o pagamento de juros da dívida p ú blica e est ímulo à maior inserçã o do p a ís no comé rcio internacional. A conjuntura internacional foi extremamente favorá vel, tendo em vista a recupera ção das cris crises es fi finan nancei ceiras ras que assolaram os p a íses emergentes no final da década de 1990. Taxas de c â mbio mais competitivas tamb tambéé m favoreceram o p a ís , do compromisso com
que , pela primeira v ez , mostrou saldos positivos, tanto em sua balan ç a comercial rese serv rvas as no quanto na de pagamentos , apresentando acumula ção crescente de re período 2003- 2007 - o que favoreceu o setor exportador, a inserção int intern ernaci acional onal e
a pró pria estabilidade das con contas tas ext extern ernas as. ontr trol olee da inflação , çã o da política macroeconô mica de con Apesar da manuten ção metas as de inflação com c â mbio flutuante, juros apoiada na combinaçã o do regime de met fo i retomada , elevados e gera ção de superá vit fiscal prim á rio rio,, a política industrial foi Po lítica Industrial, Tecnoló gica e de Com ércio Exterior PITCE ) . com a instituição da Pol Desde o lan ç amento da p o lítica , em març o de 2004 , at é o final do primeiro governo iniciativa ativass foram adotadas objetivando: 1) desonerar o investimento, Lula , diversas inici Lula, IPII para bens de capital, a produção e as exportaçõ es redução da alíquota do IP cobranç a da Cofins para produtos importados, isen ção do pagamento de PI PISS/ Pasep e Cofins para a compra de m á quinas e equipamentos por empresas exportadoras) ; 2) construir o arcabouç o legal - regulatório dedicado a promover as atividades de inov a ção aprova ção e regulamentaçã o da Lei Le i de Inovação e da Le Leii do Bem); 3) forta lecer a estrutura inst instituc itucional ional de apoio à política , por meio da criaçã o do Co Cons nsel elho ho Nacional de Desenvolvimento Industrial CNDI) e da A g ência Brasileira de Desen -
volvimento Industrial ABDI fina nanc ncia iamen mento to do Banco ABDI)) . Al é m disso, as linhas de fi Nacional de Desenvolvimento Econ ómico e Social BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos Finep) , de apoio às atividades de inves investiment timento o e inova çã o, foram
ampliadas . Apesar de todos esses esforç os, Cano e Silva 2010 ) destacam que a PITCE
ness ssee per período de transiçã o , principalmente n ão produziu os resultados que poderia ne em virtude dos limites impostos pela política macroeconô mica de estabiliza çã o. Do ponto de vista das interliga çõ es entre as políticas econó mica e social,
a
cria ção do Conselho de Desenvolvimento Econ ó mico e Social CDES) , em 2003,
iniciou uma importante experiê ncia de renova çã o das estrat égias de concerta çã o ,
preparando a agenda do desenvolvimento do objetivo de assessorar
perr odo seguinte Tapia , 2007). Com pe
presidente da Rep blica na formula
de
ticas e
odiretrizes específicas , e oapreciar propostas úde p o lí ticas pú blicas çã o , dep orelíforma mass estruturais e de desenvolvimento econ ó mico e social, o CDES apresentou diversas 48
1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
propostas e sugestões para o desenvolvimento nos seus quatro primeiros
anos de funci funciona onamen mento to, como as Cartas de Concerta ção , a Ag Agen enda da Na Naci cion onal al de Desenvolvimento e os Enunciados Estratégicos para o Desenvolvimento. Em
comum , essas propostas reconheciam que o desenvolvimento é um fen ômeno que comum, envolve m ú ltiplos aspectos econó micos , sociais, p o l íticos, culturais, ambientais)
e que depende do envolvimento e responsabiliza ção da sociedade como um todo. Essa iniciativa també m contribuiu para ampliar a interlocu ção/ diá logo entre o go gove verr no e representantes da sociedade civil trabalhadores, empres á rios , movimentos sociais e lideran ç as de dive diverso rsoss setores). Nesse período de transição , a política social foi marcada pela centralidade que
um programa emblem á tico - o Programa Bolsa Fam ília
-
passou a ter na agenda
fo i o resultado da unificação de governamental. Na realidade , o Bolsa Fam ília foi Alimentaçã ção e antigos programas de transferê ncia de renda Bolsa Escola , Bolsa Alimenta Aux ílio G á s) criados no período anterior anterior;; poré m , com a introdu ção de inova ções
gerenciais, como o aperfeiç oamento do Cadastro Ú nico dos Programas Sociais do Governo Federal e o est í mulo com co m os tra ços ço s de complementaridade às p o líticas
universais de educa ção e sa ú de , mediante as condicionalidades já introduzidas nos
programas anteriores de transferê ncia de renda Fonseca & Roquete, 2005).
A expans ã o acelerada do
Bolsa Fam ília , passando de mais de tr ês milh ões três
de fam ílias, em 2003, para 12 ,3 milhões em dezembro de 2009, a amplia çã o da popula ção - alvo no interior dos
enda da grupos familiares , a atualização da faixa de ren familiar per pe r capita para ingresso no programa , o incentivo financeiro índice de Gestão Descentralizada ) aos municípios para aprimorar a qualidade do cadastro, tudo isso permitiu melhora substantiva nos padrões de pobreza absoluta e relativa, alé da redu çã o nos indicadores de desigualdade social.12 Seu impacto na melhoriamdas condiçõ es de pobreza (com apoio fo fort rtee do doss au aumen mento toss do sal á rio m ínimo e a redu -
çã o de impostos sobre os alimentos da cesta b á sica) fez desse programa um para sociall e do pró prio período de transi çã digma de p o lítica socia çãoo - modelo que serviu de refe ricaa Lati Latina na e do Caribe no deco decorrer rrer de toda a d é cada .13 rê ncia a muitos p a íses da Am éric Dese senvo nvolv lvim imen ento to Social e Combate à E m 2004 , a cria çã o do Ministério do De Fome M D S ) , que passou a coordenar as a çõ es de assi ncia ia so soci cial al do governo assisst ê nc nica ca da Assistê ncia Social tem també m inegável O crescimento do Benefício de Prestação Continuada da Lei Or g â ni cidad d ãos idosos e portadores impacto na redu ção da pobreza: em dezembro de 2009 , atingia mais de tr ê s milhõ es de cida baixaa renda ) co m o pagamento de um salá rio m í nimo mensal. de defici ê ncias pertencentes a fam ílias de baix
12
13
Sobre
ricaa Latina Latina e no programas na Am é ric
Caribe e suas influ ê ncias , consultar Fonseca (2009).
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PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Lula , inclusive o gerenciamento do Bolsa Família , sinalizou a importâ ncia que as ncia ia so soccial ial, duas p o líticas focalizadas passaram a ter nesse período. Na assistê nc inovaçõ inova mere rece cem m destaque: a elabora elaboraçã nova vass ve vers rsões da Po Pollítica Nacional ções me ção de no de Assistê ncia Social e da Norma Operacional Bá sica da Assistê ncia Social, e a cria ção do Sistema Ú nico da Assistê ncia Social Suas). Este ú ltimo foi concebido
com ba basse no modelo já existente na á rea da sa ú de, com tipos e níveis de gestã o deliberaçã para os entes federados, inst â ncias de arti articu cula lação , pactua ção e delibera ção , ins trumentos de gest anssferê ncia de recursos.14 No gestãão e crité rios de partilha e tran
â mbito do M D S , destacam - se ainda as a ções de seguran ç a alime aliment ntar ar e nutricional, incluindo iniciativas voltadas para incentivar a produ ção , a comercializa comercializaçã ção , a dis tribuiçã tribui ção e o consumo de alimentos , assim como os programas de qualifica ção profissional para inserção produtiva de pessoas de baixa renda . No campo da previd ê nc ncia ia so soci cial al, algumas mudan ç as importantes foram intro duzidascom a reforma aprovada em 2003, principalmente no que se refere ao regime havia via so sofr frid ido o poucas altera çõ es na previdenciá rio do servidor público RPSP ) , que ha reformaa rea reform reali lizada zada no período anterior. As principais mudanç as realizadas nesse
regime foram: aumento da idade m ínima para aposentadoria ; fim da aposentadoria integral para os novos servidores p ú blicos, cujo teto passou a ser o mesmo verificado
para os segu segura rado doss do regime geral da
previd ênc ncia ia so soci cial al (RGPS) ; estabelecimento
contribuiçã o para inativos e pensionistas da contribuiçã pensionistas,, com alíquota de 11 sobre o valor
que exceder o teto do RGPS ; e cria çã o de um ‘ abono de perman ê ncia’ equivalente
à isen ção da contribuição de 11 para os servidores da ativa que permane permanecere cerem m trabalhando at é completar a id idad adee lim imiite para a ap apos osent entad ador oria ia comp compul ulssória (70 anos) . Em rela çã o aos segurados do regime geral da previdê ncia , a ú nica altera çã o foi fo i o aumento do valor do teto do sal saláá rio de cont contribu ribuiiçã o. Novamente a justificativa
fo i de natureza fiscal: a insustentabilidade financeira do para essas mudan ç as foi sistema , ocasionada por mu muda dan n ç as demográ ficas (au aume ment nto o da longevidade e da contribui buinte ntess. parcela de idosos na popula çã o ) e pela redu çã o do nú mero de contri Com essas medidas , o governo tamb ém pro procur curou ou esti estimular mular o desenvolvimento
da previdê ncia complementar privada fundos de pensão ) , cujos recursos pode -
riam desempenhar papel importante na forma çã o de poupan ç a interna. Os resulo Suas , as a çõ es de assi assist stê ncia social passaram a estar organizadas em dois tipos de proteção social: a Prote çã o Social destinadas Prote Especial Básica , de natureza alta , e aem , queoucompreende çõ es de tenham çã oçãSocial m édia e sido complexidades a fam íliaspreventiva situa o de risco pessoal e indiv íduos social, cujosadireitos violados ou amea ç ados . N os dois casos , os serviç os são prestados por unidades descentralizad descentralizadas as que atu atuam am co como mo porta de entrada do sistema - os Centr Centros os de Referê ncia de Assistê ncia Social Cras) - ou especializadas na ofer oferta ta de Centro tross de Referê ncia Espe Especial cializad izadaa de Assistê ncia Social (Creas) . a çõ es de m édia e alta complexidades - Cen
14
Com
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1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
tados mostram que, de fato fato, o valor total dos at ativ ivos os das entidades fecha fechadas das de previdê ncia complementar apresentou aumento expressivo durante
o período
2003-
2006 , passando de R 189 bilhões es,, em janeiro de 2003, para R 377 bilh ões, em
deze de zemb mbrro de 2006 , embora o n ú mero de entidades e de participantes tenha variaçã apresentado pouca varia ção. A á rea de ed educ ucaa ção foi marcada pela retomada de a ções e programas destinados à expansã o do acesso à educa educaçã ção superior - tanto nas instituições p ú blicas federais , cujo n ú mero aumentou de 83 para 105 , no período 2003- 2006 , como nas instituições privadas, que foram esti estimul mulada adass co com m a cria ção do Programa Universidade para Todos Prouni) . Este programa passou a oferecer bolsas de estudo integrais e ensi sino no superior ; parciais) para alunos de baixa renda em instituiçõ es privadas de en estas, ao garantirem o ac aces esso so ao aoss alunos beneficiados, recebem , em contrapartida, isen ção no pagamento de alguns tributos federais isen ção fiscal) .15 Destaque - se ainda o fortalecimento da educa ção a distâ ncia como modalidade de en ensi sino no, por
criaçã ção da Universidade Aberta do Brasil UA meio da cria UAB B ). Na educa educaçã fo i a substituição do Fundef , criado no ção básica , a grande inovação foi
período anterior, pelo Fundo da Aten ção B á sica Fundeb) , ampliando seu escopo
n íveis de ensino ens ensin ino o in infa fant ntil il e ensino médio) e o co m o fina comprometimento da U ni ão com financ ncia iame ment nto o da ed educ ucaa ção b ásica. O aperfeiçoamento das ferramentas de avalia çã o tamb é m foi contemplado no período, tanto no Sistema de Avalia çã o da Educaçã o B ásica Saeb) , por meio do Prova Brasil , quanto no Sistema Nacional de Avalia ção çã o da Educa çã o Superior Sinaes) , mediante o Exame Nacional de Desempenho de Estuda Estudante ntess Enade). de atua çã o para outros
primáá ria , agora com a A p o lítica de sa ú de continuou a incentivar a aten çã o prim , além preocupa ção de atingir as regi ões Sudeste e Sul e o s munic í pios maiores
n ível de aten çã o. fora ram m int introd roduzi uzidas das para ampliar o acesso da popula çã o Algumas a çõ es també m fo às a çõ es de sa ú de bucal Brasil Sorridente ) e de medicamentos Farm á cia Popular). J á o atendimento aos casos de u rg ê ncia ganhou centralidade, com a institui çã o da Po Pollítica Nacional de Ate Atend ndime iment nto o à s U rg ê ncias e a introdu çã o do Serviç o de Atendimento M óvel de U rg ê ncia Samu) e das Centrais de Regula çã o M é dica das U rg ê ncias. de implantar m et eta s de acompanhamento e avalia ç ã o desse
Somente nos doi doiss primei primeiros ros anos de func funciona ionament mento o do programa foram concedidas cerca de 250 mil bolsas 68 ensino superior em todo o pa ís. integrais) , envolvendo a participa ção de 1.232 instituiçõ es privadas de ensino
15
51
POL PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
à estratégia gi a de descentralização da p o lítica de sa ú de , alguns sinais já demonstravam seu esgotamento: o crescimentodos orç amentosmunicipais atingindo níveis superiores à queles preconizados pela emenda constitucional 29 em muitos casos perfil definanciamento) ; a aus ê ncia de uma rede de serviç os que No que se refere
limites tes municipais e desse conta das nec necess essida idades des de atendimento extrapolasse os limi
nos demais níveis de assistê ncia integralidade sisté mica ) ; a racionalidade no uso da infraestrutura de sa ú de transporte e compra de materiais) e as dificuldades na extensã o de iniciativas visando à cria ção de espa ços e instâ ncias intermunicipais
para of ofer erta ta de serviç os de sa ú de os consó rcios de sa ú de , por exemplo ). Por isso,
já no final do período, emergiu uma nova norma, visando a superar os limites do processo de descentralização o Pacto pela Sa ú de ) , mas que só come ç ou a ser
perr odo seguinte. implementada no pe
O Pacto pela Sa ú de introd introduzi uziu u fortemente a estrat ég ia de regionaliza çã o e criou novas instâ ncias de pactua ção e negocia ção da p o lítica de sa ú de: os Colegiados de Gest ão Regional (CG CGR R ). As novas diretrizes preconizadas para a regionalizaçã o do sistem sis temaa de sa ú de foram baseadas em u m fortalecimento da pactua ção p o lítica entre pactuaçã
os en ente tess federados - sobretudo no â mbito municipal - e na diversidade econ ómica , dass regiões do país, para um umaa redefini ção da dass ‘regiões de sa ú de’. cultural e social da
Pode -se presumir que o Pacto pela Saú de iniciou um novo ciclo de descentralizaçã o do SU S , ao procurar garantir a fun funçã çã o do planejamento regional e ao levar os conte ú dos do território para dentro das lógicas de sistema e de des descen central traliza izaçã o - como forma de pensar e bus buscar car mai maior or coerê ncia e aproxima ção entre essas duas l ógicas.16 A Institucionalidade Neodesenvolvimentista: 2007 a 2010
qu e m eu segundo governo ser á o Durante a campanha afirmei que com m distribuiçã o de renda e educaçã o governo do desenvolvimento , co quee , para termos u m crescimento acelerado, de qualidade . Disse qu duradouro e justo, devemos articular cada v ez melhor a pol ítica macroeconômica com co m um a pol ítica social capaz de distribuir renda, gerar emprego e inclus ã o. Discurso de posse de Lula
O
perr odo pe
neodesenvolvimentista se distingue dos períodos an ante teri rior ores es po porr
favorecer as condiçõ es para uma expansã o continuada do aparato produtivo,
incentivando setores de alto potencial inovador , novos investimentos em O capítulo 8 aprofunda a discussã o sobre o Pacto pela Sa ú de e suas implicaçõ es para os processos de descentraliza ção e regionalizaçã o em sa ú de . ção
16
52
1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
infraestrutura transporte e energia) e a manuten ção dos níveis de abert abertura ura externa e de competitividade internacional dos produtos brasileiros de origem prim á ria soja ,
carne e mine minera raiis). A gera ção de n íveis mais elevados de crescimento foi produto ta tant nto o da expansão das exportações como do mercado interno, principalmente via aumento do poder de compra das clas classe sess de menor renda consumo de massa) , amplia ção do acesso ao crédito e melhores condições de financiamento. Durante os períodos anteriores, o p a ís perseguiu algumas p o l íticas que o habilitaram para esse desempenho, como uma agressiva política comercial que meiio de acordos bi conquistou novos mercados para os produtos brasileiros, por me
e multilaterais, diminuindo a depend ê ncia do país dos costumeiros parceiros do Esta tado doss Un Unid idos os). Al é m disso, a atua ção estrat égica Norte especificamente dos Es
de fortes instituiçõ es do
perr odo pe
desenvolvimentista, como os grandes bancos
Norde dest stee) , pú blicos Banco do Brasil , Caixa Econ ó mica Federal, BNDES e Banco do Nor cia,, ao lado de novas permitiu grande aporte e flexibilidade da política creditícia
alinhando nhando financia financiamento mento ao des desenvo envolvi lviment mento o tecnológico. f ó rmulas de fomento, ali O Estado passou a ter um papel mais ativo na induçã o do crescimento econ ó mico e do dese desenvol nvolvime vimento nto durante esse
p er odo , mobilizando um conjunto amplo de
instrumentos de p o lítica p ú blica para essa finalidade. Na á rea de infraestrutura , por exemplo, o Programa de Acelera çã o do Crescimento PA PAC C) , lan çado em janeiro de 2007, previa o investimento de R 503,9 bilhõ es no
p er odo
de quatro anos,
contemplando um conjunto amplo de a ções agrupadas em tr ês eixos: transporte amplia ção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias) ; energia (gera ção e transmiss ã o de energia el é trica , produ çã o , exploraçã o e transporte de petróleo, g ás infrae raest strut rutura ura social e ur urba bana na saneamento, natural e combustíveis renováveis) ; e inf habita çã o , metros, trens urbanos, universaliza çã o do programa Luz para Todos e
recursos h ídricos) .
Pollítica de a formulaçã o da Po Desenvolvimento Produtivo PD P ) , lan ç ada em maio de 2008, com o objetivo de desenvol olvim vimen ento to produtivo. Com ê nfase na inova çã o e gerar um longo ciclo de desenv no dese desenvol nvolvimen vimento to tecn tecnol oló gico , a PD P abrangia quatro macrometas para 2010: Outra iniciativa emblem á tica desse período foi
uto Interno aumento da taxa de investimento da economia para 21 do Produto Bruto PIB ) ; ampliação da participa çã o das exporta çõ es brasileiras para 1, 25 das
ativi ivida dades des de pesquisa ções mundiais ; aumento do disp ndio privado em at
exporta e desenvolvimento para 0 ,64 do PIB ; e êaumento de 10 no n ú mero de micro e
pequen peq uenas as empres empresas as exportadoras. Dois aspectos merecem ser destacados: de um 53
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
lado, a abrangê ncia da política , que contemplou 25 setores da economia agrupa dos em tr ê s grupos de programas ;17 de outro, a engenharia institucional para sua
implanta ção , envolvendo a participa ção de praticamente todos os ministé rios e demais dema is ins insti titui tuiçõ es do governo federal. A fraca participa Esttado nas participaçã ção do Es
p o líticas de c i ê ncia, tecnologia e inova ção
odo de instituci institucionalidade onalidade neoliberal, inclusive pela aus ê ncia que caracterizou o pe per, rfoi de p o lítica industrial fo i substitu substituíída pela ado ção de numerosos instrumentos de
p o lítica visando ao incentivo de setores estratégicos Arbix & de Negri , 2009 ). Al ém da PITCE e da PD P, o governo federal lan ç ou o Plano de Ação de Ci ê ncia, Tecnologia PIB B , o gasto em atividades de e Inovação , com a me metta de aumentar, para 1, 5 do PI pesquisa e capacita ção científica. Para essa finalidade, o plano previa a mobiliza ção de R 41, 2 bilhões para serem aplicados em quatro prioridades estratégicas: expansão e consolida consolidaçã ção do sistema nacional de c i ência, tecnologia e inova ção ; promoção da inova ção tecnoló gica nas empresas; pesquisa , desenvolvimento e ino va ção em á reas estrat estratéégicas; e c i ência e tecnologia para o desenvolvimento social. As interliga ções entre a política econ ómica e a social adquirem materialidade
dass ind ú stri strias as vinc vincul ulad adas as ao fornecimento de insumos, quando a expansã o da
materiais e itens essenciais à oferta de serviç os é incorporada às agendas de
p o l íticas da á rea social. A sa úde e a educação, p o r exemplo, foram contempladas com programas específicos nesse sentido, com o lan ç amento do Mais Sa ú de e do Plano de De Dese senvo nvolv lvime iment nto o da Educa ção PD PDEE) . Destaque - se , porém , que o peso maior do Estado na política de in inves vesti timen mento toss na á rea social - principalmente em saneamento, habita çã o , sa ú de e educa çã o - foi viabilizado por uma política fiscal centralizadora ; o peso dos impostos e tributos carga tribut á ria ) chegou representar quase 38 do PIB (Dornelles & Afonso, 2009 ) .
a
O crescimento econó mico, aliado à p o lítica social, tirou da pobreza 19 ,3 milh ões
de indivíduos e fez outros 31, 9 milh ões ascenderem na pirâ mide social no p er odo 2003- 2008; essa chamada
nova classe m édia passou a ser a mai maior or con concen centra trador doraa de poder de compra 46, 5 da renda do p a ís).18 O aumento do emprego formal e da 1) Programas para fortalecer a competitividade: complexo automotivo ; bens de capital ; têxtil e confecçõ es ; erviç os; ind ú stria naval e madeira e m óveis ; higiene , perfumaria e cosmé ticos; construçã o civil; complexo de serv cabotagem ; couro, calç ados e artefatos ; agroind ú stria ; biodiesel ; e plá sticos; 2) programas para consolidar e expandir a lideran ça : complexo aeroná utico ; petró leo , g á s natural e petroqu ímica ; bioetanol; minera ção ; siderurgia ; celulose e papel; e carnes ; 3) programas mobilizadores e ár áreeas estrat é gicas: complexo industrial da sa úde ; tecnologias de defesa sa; nanotecnologia; e biotecnologia Brasil , informa çã o e comunica çã o ; energia nuclear; complexo industrial de defe
17
2008a).
foii o título de nova pesquisa de Marcelo N éri , do Cen Centro tro de Po Poll íticas Sociais/ Fundação Get ú lio A nova classe m é dia fo Neri,, 2012) , utilizando os dados da Pesq Pesquisa uisa Naci Naciona onall por Amostra de Domicílios Vargas/ Rio de Janeiro CP S/ FG V/ RJ ) Neri Pnad Pnad)) e també m objeto de an álise de Lamounier e Souza (2010).
18
54
1 | DESENVOLVIMENTO EINSTITUCIONALIDADE DA PO L ÍTI TICA CA SOCIA SOCIALL NO BRASIL
mínimoeos renda do trabalho, a p o lítica de valorização dosalá rio mí nimoeos programas na á rea social foram as principais razões para esse fen ô meno. No que se refere ao impacto rece cent ntee do Instituto de Pesquisa Econ ó mica dos programas na á rea social, estudo re Aplicada Ipea , 2011) mostrou que as p o l íticas sociais apresentam extraordin á rio
efeito multiplicador sobre o crescimento econó mico: um incremento no valor dos gastos p ú blicos sociais de 1 do PIB PI B gera, ao final do ciclo, um crescimento de 1, 3 7 PI B. Al é m disso, o gasto social, em seu conjunto, gera um efeito multiplicador de do PIB 1,85
na re rend ndaa da dass fam ílias beneficiadas .19
A redu ção das desigualdades sociais foi outro importante resultado obtido
ao longo dos ú ltimos anos. O Coeficiente de Gini, que mede a concentra concentraçã ção de renda na população , caiu de 0, 580 em 2003 para 0, 538 em 2009, mostrando que é haver er cre cresci sciment mento o com distribuição de renda num ambiente de relativa possível hav
estabilidade macroeconô mica , a despeito da crise econó mica internacional
que atingiu a maioria dos p a íses em 2008- 2009. Novamente é preciso chamar a aten ção para o efeito das políticas sociais, na medida em que o gasto social reduçã contribui positivamente para a redu çã o da dass desigualdades. Por exemplo, gastos
incrementais no Benef ício de Presta ção Continuada , no Programa Bolsa Fam ília ,
na sa ú de pública , no re regi gime me ge gera rall da previd ência social e na educa ção pública implicam redu çõ es significativas no Coeficiente de Gini - 2,3 , 2, 2 , 1,5 , 1, 2 e 1,1 , respectivamente Ipea , 2011) .
O Gráfico 1 permite visualizar os efeitos de gastos públicos selecionados sobre o crescimento económico e a distribuiçã o de renda enda. Observa - se que, no caso das políticas sociais ,
a disjuntiva entre crescimento e equidade n ã o é verdadeira .
O incremento no gasto do Programa Bolsa Fam ília e do Benef ício de Presta çã ção o Continuada , por exemplo, provoca , ao mesmo tempo, varia çã o positiva do PI PIB Be grande queda na desigualdade. Da mesma forma, a sa ú de pública , a previdê ncia social RGPS ) e a educa ção pú blica apresentam desempenho positivo em ambos os
quesitos; isto é, favorecem o crescimento econó mico e a distribui çã çãoo de renda. No
entanto, um incremento no investimento em constru çã o civil e na exportaçã o de
commodities n ão contribui para reduzir a desigualdade social, embora seja indutor de crescimento econó mico. J á o gasto com o pagamento de juros tende a ser o mais maiior que os benef ícios econó micos gerados, alé m de perverso, pois seu cu sto é ma perverso,
favorecer
a
concentra
ção çã o
de rend rendaa .
Em 2005 , gastos sociais correspondiam a 21,1 do PIB , puxados pela previd ê ncia social geral 7 ) , previd ê ncia do setor p ú blico 4, 3 ) , educa çã o 4,1 ) e sa úde 3, 3 ) , segundo dados do Ipea 2011).
19
55
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
G r áfico 1 - Efeitos de gastos públicos selecionados sobre o crescimento económico e a distribuição rendaa çã o de rend Educa çã o p ú blica
2
Sa ú de p ú blica
o
d a
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S a úd e e Desenvolvimento Nacional: a gestã o federal entre 2003 e 20101 Carlos Augusto G r ab o i s G a d el h a Lais Silveira Costa
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movime mov iment nto o de de democ mocra rati tiza zação do Brasil colocou na Constituição Federal de
1988 um conjunto importante de di dire reit itos os sociais , inserindo a sa ú de co como mo um dever
do Estado e direito da popula ção. Esse fato foi um marco do pr proc ocess esso o histó rico de conformaçã o de um sistema de proteção social no p a ís. sico co de como mo fat fator or bási Al ém da sua import â ncia para a seguridade social , a sa ú de, co
cidadania , é parte inerente e est estra rattégica da dimens ão social do desenvolvimento. Ademais, possui características , cada vez mais evidenciadas , que a colocam como desenvolvi nvolvimento mento naci nacional onal em outras dimensões , á rea destacada de um projeto de dese
como p o r exemplo mais is de 8 exemplo:: 1) a econ ómica e tecnológica , uma v ez que alavanca ma do Produto Interno Bruto PIB ) brasileiro e articula a gera çã o e difusão de tecnologias
instituciona ionaliz lizados ados de de futuro; 2 ) a democrá tica , por ser um dos campos mais instituc participaçã o democrá tica em sua gestã o ; 3) a territorial e regional, uma vez ve z que a organiza çã o dos serviç os de sa ú de no território condiciona o desenvolvimento regional. Dessa forma , enfatizam -se as interfaces mais evidentes entre sa ú de e desenvolvimento.
tratamento mento in insu sula lado do setorizado) da sa ú de cons consti tittuiConsequentemente, o trata
se em uma grave limitaçã o , uma v ez que subestima seu impacto tanto sobre a cidadãã o brasileiro quanto sobre as demais vari á veis críticas qualidade de vida do cidad do desenvolvimento .Vale enfatizar que se parte de um conceito mais abrangente
A an álise contida neste capítulo é fruto de algumas experiê ncias de pesquisa , entre as quais se destaca a realizada apoio o do Centro de Gest ão e Estudos Estratégicos , em 2010, para o desen co m o apoi desenvolvi volvimento mento da nota té cnica “ Melhoria pe rodo entre 2003 da sa ú de da popula çã o brasileira ” , visando a apoiar o estudo da tr traj ajet etó ria de a çõ es de governo no per . 2010 e
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PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
de ‘desenvolvimento’ , o qual pressupõe sua interface econó mica , social, territorial
e ambiental. Assim , partindo da visã o da economia p o l ítica , em que
a sa ú de configura -se como direito social, bem econó mico e espaç o de acum acumul ulaa ção de capital , Viana e Elias 2007: 1.766) entendem as relações entre sa ú de e desenvolvimento “ como um processo din â mico e virtuoso que combina, ao mesmo tempo, crescimento econó mico, mudan ç as fun fundame damenta ntais is na estrutura produtiva e melhora do padrã o de vida da população ”. Desse modo, levando - se em conta a an á lise das di dimen menssões sociais e econó micas
da sa ú de e da sua rela ção com a proposta de modelo de desenvolvi desenvolvimento mento observ observada ada
nas p o líticas federais na d écada de 2000 , este capítulo apresenta elementos sinté ti -
c o s para uma avaliação dos avan ç os observados no governo federal no período entre 2003 e 2010 . Busca també m apontar desafios para a consecu ção dos objetivos sociais estabelecidos pela Pol Po lítica Nacional da Sa ú de, marcando o papel da sa ú de em uma proposta de desenvolvimento sustent ável nas vertentes econó mica e social. Para tanto, a an álise fo foii estruturada em tópicos. A lém desta introduçã o , o
pr prim imei eiro ro tó pico trata do reconhecimento macropolítico da importâ ncia estrat égica
da sa ú de no padrã o de desenvolvimento nacional. No segundo tó pico, apresentam -
se os desdobramentos concretos da articulaçã o entre sa úde e desenvolvimento.
E m seguida, exploram - se alguns desafios visando à concretiza ção da sa ú de como direito universal e como fator crítico para o desenvolvimento socioeconômico nacional e a supera çã o da vulnerabilidade estrutural do Brasil. gica Import tico da ncia Estrat da Saúde â í Nacional é O Reconhecimento Agenda de Desenvolvimento na Macropol
o papel da sa ú de como um fator essencial para as condiçõ es de cidadania da populaçã o e como eleme element nto o est estrut ruturant urantee do Estado de Bem - Estar Social,2 a gestã o federal avanç ou , no período analisado, em reconhecer seu papel tamb ém no que tange ao dese desenvol nvolvimen vimento to naci nacional onal. O governo passa a perceber a sa ú de como fator rel relevan evante te de gera çã çãoo de emprego Reconhecido
e de renda , configurando- se como importante ind indica icador dor de cidadania. Al ém disso,
a sa ú de assume papel importante no desenvolvimento socioeconô mico nacional , mediante a rela çã o sistémica dos serviç os em sa ú de com segmentos industriais
Dados os pre precei ceitos tos do Sistema Sistema Ú nico de Sa ú de SU S ) , que institucionalizam o acesso integral, equ â nime e universal para a popula ção brasileira.
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2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
uturo o, de base biotecnológica e química ind ú stria farmac ê utica , portadores de futur vacinas, hemoderivados e reagentes para diagnó stico) , de base mecâ nica , eletró nica
e de materiais ind ú st stri riaa de equipamentos e mat materi eriais ais mé dico - hospitalares e odon toló gicos) . Esse papel é enfatizado, em especial, ao se considerar que a sa ú de te tem m inovaçã doss maio maiore ress particular relevâ ncia para a gera ção de inova ção , uma v ez que é um do
responsá veis pelo investimento de pesquisa e desenvolvimento P & D ) no mundo Gadelha et a l , 2009a ; Viana & Machado, 2008; Viana , Silva & Elias , 2007 ; Viana &
Elias , 2007; Gadelha & Maldonado, 2008 ; Albuquerque, 2007; Guimarã es, 2005). Ademais, foi fo i reconhecido seu cará ter est estrut ruturant urantee na ocupação territorial , por ser central para a organização da dass redes urba urbana nass e para a delimitação de escalas e limi limite tess territoriais Gadelha et a l , 2009 b) , reu reunin nindo do element elementos os essenciais para o desenvo nvolvi lvimen mento to nacio nacional nal planejamento e a implementa ção de novas políticas de dese n ã o concent concentrador radoras as terr territor itorialment ialmentee Ara ú jo , 2006 ; Gadelha & Costa , 2007 ; Costa et a l , 2006 ). Todos esses s ão fatores especialmente imp mpor orttan anttes na agenda de desen volvimento, situando de forma inequívoca a importâ ncia estr estrat atégica da sa ú de
nela . Assim, passa a ser importante um olhar sist é mico da sa ú de na proposta geral de des desenv envol olvim vimen ento to nac nacion ional al em su soci cial al e económica. suaa dimens ã o so
ve vezz que a atua çã o do governo federal no período fo foii marcada pela busca de uma convergê ncia histórica na trajetória de crescimento do país entre a dimensão económica e a dimensã o social, conforme se depreende da análise dos principais documentos macropolíticos dos oito anos analisados. Observa -se que, tanto nas propostas de governo encontradas Essa an álise é particularmente relevante, uma
na “ Carta ao povo brasileiro” Silva , 2002) e nos programas para os dois mandatos Programa de Governo, 2002, 2006 ) quanto nos documentos bá sicos do planejamento PP A 2004- 2007 e PPA PP A 2008 - 2011) , manifestagovernamental para os dois períodos PPA
se, explicitamente , a busca pela cria çã o de um círculo virtuoso entre a melhoria
na distribui çã o de renda e nas condiçõ es de exclusã o social e pobreza e a competitividade económica e gera çã o de emprego , renda e riqueza.
Essa perspectiva desdobrou - se no campo da sa ú de, sendo crescentemente inc incor or-
Pollí ti tica ca Nac Nacio ional nal de Sa ú de como sua marca mais expressiva e inovadora porada na Po base se no rec reconhe onheci ciment mento o de que e sta é uma á rea que alia , a um (Ipea , 2009 ) , com ba s e de modo modo esse essenc ncia iall, as dimensões econ mica e tecnol e social . ó tempo ó o econó mico ó gica a , houve ao social A lém do mérito inerente a uma proposiçã o que alie
uma base concreta para a converg es,, convergêê ncia din â mica entre essas duas dimensões 63
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
que n ã o apenas se mostrava factível, como era vista como uma possibilidade de dese senv nvol olvi vime ment nto o di din n â mico e socialmente justo. Essa engendrar um padrã o de de
base consistia , de um lado, na redu reduçã ção da desigualdade , na garantia dos direitos e na inclus ã o social, que implicariam uma mudan ç a profunda nas condiçõ es de cidadania e de bem - estar da populaçã o , apresentando impactos expressivos na
expansã o e na consolida ção de um mercado interno de massas. De outro lado, essa expansã o do doss dire direit itos os e do mercado interno poderia ser aproveitada e se retroalimentaria pelo investimento produtivo, pela gera ção de inovaçõ es e pela
geraçã o de empregos empregos,, caracterizando um c írculo virtuoso.
O Plano Plurianual PP PPA A 2004- 2007 ) , que inaugura oficialmente a nova estratég ia no Planejamento Governamental , é explícito nessa perspectiva , como evidencia a cita çã o a seguir:
ao poder aquisitivo das fam ílias trabalhadoras funcionarem a contento , pode- se esta da s fam ílias belecer o seguinte círculo virtuoso: aumento do rendimento das Se os mecanismos de transmiss ã o do aumento de produtividade
base de consumo de massa / investimentos / trabalhadoras / ampliaçã o da bas aumento da produtividade e da competitividade / aumento do rendimento das fam ílias trabalhadoras . (Brasil/ MPOG , 2003: 17 17))
p o líticas p úblicas , essa proposta de desenvolvimento permitiria orie ient ntaa çõ es para a montagem de um sistema de prote çã o social com a aliar as or retomada de uma estrat égi giaa económica din â mica e menos dependente. De fato, a proposta era ambiciosa e inaugurou uma nova concepçã o cuja “ grande diferenç a tica ca so soci cial al e a política econ ó mica , derivada do reside na integração entre a políti mode mo delo lo de de dese senv nvol olvi vime ment nto o adotado ...) , [ envolvendo] a universaliza çã o dos No âmbito das
direitos sociais básicos ” Brasil/ MPOG , 2003: 61) . Assume - se assim , de modo reiterado, em todos os documentos relativos à estrat égia gi a de desenvolvimento para
o período 2003- 2009, a busca pelo estabelecimento de uma sinergia din â mica entre a dimensã o social e a econó mica .3 Na estrat ég ia de desenvolvimento do primeiro programa de governo , a vertente social foi considerada como “ o eixo do desenvolvimento e n ã o mero apê ndice ou um suposto resultado natural do crescimento econó mico” Programa de Governo, 2002: 2 5) , sendo, portanto, um â mbito específico e priorit prioritáá rio nas p o l íticas pú blicas. O grande compromisso assumido com a sa ú de, que pauta a aná lise empreendida , Essa perspectiva que alia o econ ó mico ao social é fortemente presente em todos os documentos citados Propostas de Governo e Planos Plurianuais) . Para evitar redund â ncia , optou - se por utilizar algumas poucas cita çõ es selecionadas do primeiro Programa de Governo e do PP PPA A 2004- 2007 - os mar marco coss que inauguram a nova estrat é gi giaa de desenvolvimento desenvolvi mento proposta. 3
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2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
fo foii com o avanç o na garantia dos direitos definidos na Constituiçã o Federal Brasil , universalizaçã 1988) e na Lei Le i O rg â nica da Sa ú de Brasil , 1990) , relacionados à universaliza ção do acesso,, à equidade e à integralidade acesso integral e articulado , envolvendo todos acesso os níveis de complexidade tecnol ó gica ) , tendo ainda como diretrizes organizativas
a descentraliza descentralizaçã çã o regionalizada e pactuada ) e a gest ã o participativa. Essa percepçã o estrat égica , com destaque para a universaliza çã o , já se manifestava no Programa de Governo do primeiro mandato analisado. Nele se
afirmava: “ nosso governo trabalhará para garantir acesso universal , equ â nime e
integral à s a çõ es e serviç os de sa ú de , assim como a políticas sociais e econó micas
que reduzam o risco de adoecimento e que promovam a qualidade de vida ”.
Explicita - se , assim , o compromisso de empenho para o cumprimento dos princípios constitucionais e da Le Leii O rg â nica da Sa ú de Programa de Governo, 2002: 47) . A ê nfase na sa ú de universal como um di dirreit eito b á sico de cidadania se reproduz , com a mesma intensidade , no programa para o segundo mandato, nos pla nos plurianuais e nos dois documentos principais do Ministé rio da Sa ú de para o p er íodo - oPlano Nacional de Sa údede 2004 e o Programa Mais Sa údede 2007 Brasil/
Minist ério da Sa úd údee, 2004, 2007) . De fato , as ideias -forç a do ‘movimento sanit á -
údee universal como rio’ , que se mobilizou com sucesso para a incorpora çã o da sa úd
Constituiçã direito na Constitui çã o de 1988, encontraram, nesse momento, espaço político
para atuar em favor de seu cumprimento efetivo, uma v ez que a própria composiçã o das equipes ministeriais ao longo do período estudado envolveu sanita -
ristas reconhecidos nos n íveis decis ó rios mais elevados Machado, Lima & Baptista, 2009) .
Embora ã o seja proposta deste trab ise do amplo conjunto trabalho alho faz fazer er uma an álise de objetivosn e metas relacionados à dimensão social da sa ú de constantes nesses
documentos, cabe elencar algumas diretrizes , decorrentes dessa formulação estratégica dos compromissos assu assumi midos dos ao longo do período em an álise: 1) con -
solidaçã o da aten çã o à sa ú de em seus diversos n íveis de complexidade ; 2) consti-
tuiçã tui rede de nac nacion onal al de serviç os de sa ú de descen descentra traliz lizada ada no territ ó rio; çã o de uma re
preven ção e de vigil â ncia em sa ú de ; 4) reforç o da a çõ es de prevençã regula çã o sanitá ria mediante a consolida çã o do papel da A gê ncia Nacional de Sanitáá ria Anvisa Anvisa)) ; 5) melhoria na regulaçã o do segmento de sa ú de Vigil â ncia Sanit 3) consolida çã o da dass
suplementar ; 6)
de um financiamento est ável; 7) introdu
demecanismos
garantia çã oégicos emsa ú de; de gestã o ; 8) compromisso com o acesso a produtos e insumos estrat 9) desenvolvimento de a çõ es de promoçã o à sa ú de , fruto do reconhecimento de que 65
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
a sa ú de depende de um conjunto de p o líticas econó micas e sociais que extrapolam a governabilidade específica do setor.
nacion ional al de Outra dimensã o da sa ú de , que ressalta sua import â ncia no padrã o nac desenvolvimento , passa a ser enfatizada especialmente a partir de 2007. O ponto de partida desse novo contexto é o reconhecimento do cará ter estrat égico do Complexo Industrial da Sa ú de C IS ) , que envolve todas as atividades produtivas em sa ú de , abarcando as ind ú strias e os serviç os.4 De fato, houve uma grande
converg ê ncia nas orientaçõ es estrat égicas do governo , decorrente do impacto da elevada visibilidade do papel estratégico e da vulnerabilidade da base produtiva tomad mador ores es de decisã o. da sa ú de para os formuladores de políticas e to Em decorr ê ncia , o Programa Mais Sa ú de ‘ PA PAC C da Sa ú de ’) , lan ç ado pelo ministro da Sa ú de em 2007, define o CEIS como um dos eixos estrat égicos para a política de sa ú de. Assim , pela primeira v ez , foi fo i inserida na agenda da p o lítica tica so soci cial al a quest ão do desenvolvimento da base produtiva e da inova çã o, considerando a alta intensidade científica e tecnoló gica do CEIS e seu potencial de dissemina disseminaçã ção de fo i lan çada pelo conhecimento e inovação para a matriz produtiva. Por sua vez ve z , foi
Po lítica de Desenvolvimento Produtivo PD P ) , presidente da Rep ública, em 2008, a Pol seis is á reas estrat égicas portadoras de futuro. Por fi que situou o C IS como um umaa das se fim m,
Plan ano o de A çã o 2007-2010 do Minist éri com co m a designação de ‘Insumos em Sa ú de’ , o Pl rioo PAC C da Inovaçã o Brasil/ MCTI , 2007) , també m da Ci ê ncia , Tecnologia e Inovação , o PA situa a sa ú de como uma das á reas estratégicas, orientando o fi financ nanciam iament ento oea
atua çã o do Sistema Nacional de C T & I. Houve, de fato, uma grande
converg ência nas orientaçõ es estratégicas das
desafi fio o de dotar o país de uma base para a sa ú de , partindo-se do desa p o líticas p úblicas produtiva e de inova çã o em sa ú de avan ç ada e reconhecendo- se o risco, para o sistema de sa ú de e para a estrat égi universa ersalida lidade de, proveniente da fragilidade giaa de univ base se na naci cion onal al de inova çã o em uma á rea de alta intensidade e di da ba dina nami mism smo o científico e tecnol ó gico.5 Um dos elementos que mel melhor hor il ilust ustram ram essa nova perspectiva - de inserçã o da sa ú de na estratég ia global do governo , ao associar as dimens õ es social e CISS també m incorpora as atividades de serviç todos segmentos seguem um Para ficar evidente que o CI padrão industrial de pr prod odu u çã o ) , Gadelha e colaboradores 2009 a ) adotam o termo ‘Complexo Econó mico- Industrial de’’ (CI CISS) a fim de demarcar a vis ã o de que existe um verdadeiro da Sa ú de’ CEIS) em ve vezz de ‘Complexo Industrial da Sa ú de econom nomia ia nacio nacional nal IBGE , 2009b) . Neste texto Sistema Produtivo da Sa ú de , que mobiliza parte substantiva da eco as terminologias ‘Complexo Produtivo da Sa ú de de’’; ‘Complexo Industrial da Sa úde’ de ’ ou se seu u an anac acrró nico CIS ) , ‘Com ple plexo xo Prod Produtiv utivo o’; ‘Complexo da Sa ú de de’’ e ‘Complexo ’ serão utilizadas indiscriminadamente para designar ‘Complexo Económico- Industrial da Sa ú de de’’ ou seu seu anacr anacró nico CEIS. 4
mundi dial al de P & D, assumindo , em conjunto A sa ú de representa 22 do gasto mun esforç o mundial de inova ção Global Forum for Healt Health h Research , 2008). 5
66
co m a á rea de defesa , a lideran ç a do
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
econó mica , refletida no círculo virtuoso aqui descrito , entre equidade e direitos sociais, consumo de massa, inova ção e competitividade - foi fo i o fato de ela emergir
no campo da sa ú de , particularmente no Programa Mais Sa ú de, impulsionando sua absorção por outras p o lítica ticass na naci cion onai aiss de á reas at entt ã o distantes da social. atéé en
O Mais Sa ú de , de certa forma , constitui um esforç o para integrar a sa ú de à proposta de desenv desenvolv olvime imento nto, como fica evidente na cita ção a seguir intitulada n ã o por acaso “ Sa ú de e Desenvolvimento Nacional” ): As a çõespara a sa ú de se inserem na política de desenvol desenvolvimento vimento do Presidente
Lula , voltada para aliar o crescimento econ ó mico com o desenvolvimento e a equidade social ...). A sa ú de possui , assim , duas dimens ões ... ...). É parte da política social e do sist sistem emaa de proteçã o social e fonte de geraçã o de articu cula la - se com um conjunto altamente riqueza para o Pa ís. O direito à sa ú de arti din â mico de ativ ativida idades des econ ó micas que podem se relacionar virtuosamente num padr ã o de desenvolvimento que busque o crescimento econ ó mico e a equidade como objetivos complementares . Brasil, 2007: 5 - 6) Como decorrê ncia dessa perspectiva , houve um movimento das
p o líticas
pú blicas para reconhecer, ainda que de modo incipiente, a interface entre sa ú de e desenvolvimento , indo alé m de um umaa vis ã o restrita apenas ao campo social. Como condicionante concreto desse movimento, chamou a aten çã o o fato de que a ómica ca e tecnológica - expressa em um d éficit comercial em sa ú de dependêê ncia económi depend explosivo e que atingiu o patamar superior a U S 9,4 bilhões em 2010 - ameaç a e
torna tor na vu vuln lner eráável, estruturalmente cons nsum umo o de estruturalmente,, a universalizaçã o que implica um co
massa de grande envergadura) , colocando em risco diversos programas estrat égi -
c o s de sa ú de int intens ensivo ivoss em conhecimento e tecnologia , como os de im imun uniz izaa çã o , ncer,, tr á umato - ortopedia , cardiologia , Aids, ent de aten atençã entre re muito muitoss outros. ção em c â ncer Assume -se , particularmente no contexto geral da Po Pollítica de Desenvolvimento Produtivo PD PDPP) , que o enfrentamento do desafio de redefinir e impulsionar o desen -
volv vo lvim imen ento to do sistema produtivo da sa ú de depende , p o r sua natureza , de uma
a articula çã o de vá rias inst â ncias da á rea da sa ú de, bem como das de demai maiss esfe esfera rass de governo. política transversal, devendo incluir
ticass de dese desenvol nvolvime vimento nto caso,, aproxima -se da natureza das política A agenda , nesse caso
produtivo, só que vinculadas, assumidamente , à dimensã o social, como fica e v i -
dente pelo fato de que é o Minist ério da Sa ú de que coordena a a çã o transversal para o Complexo no â mbito da PD P.6 Para tanto, foi fo i criado, no mesmo momento do lan çamento da PD P, o Grupo Executivo do Complexo Industrial da Sa úde Gecis) po r decr decreto eto pres preside idenci ncial al, envolvendo 14 ministé rios e instituiçõ es estratégicas para o CIS Brasil/Ministé rio da Sa ú de, 2008) . 6
67
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Diante dessa aproxima ção entre as políti tica cass de dese desenv nvol olvi vime ment nto o produtivo e
as sociais , cabe enfatizar as seguintes diretrizes gerais elencadas pelas p o líticas
p ú blicas mencionadas: 1) fortalecer o Complexo Econ ó mico-Indus ndusttrial e de Inova ção em Sa ú de ; 2) aumentar a competitividade em inova ções das empresas e produtores p ú blicos e privados, de modo articulado com as instituiçõ es de ci ê ncia e tecnologia ICTs ) ; 3) utilizar estrategicamente o poder de compra do Estado na á rea da sa ú de em articula ção com políticas de fomento ao desenvolvimento industrial; 4) implementar p o líticas tribut á rias, tarif á rias e de regula çã o sanit á ria
que garantam a competitividade da produ çã o local ante as importa çõ es , em termos de pre ç o e da qualidade dos produtos e in insu sumo moss em sa ú de.
governo buscam superar as lacu lacuna nass entre o que prop ô s o movimento sanitá rio e a realidade do Sistema Ú nico de Sa ú de S U S) , vinte anos depois, ao relacionarem a sa ú de a um di dire reit ito o de cidadania; destacam , ainda , seu cará ter estrat égico , situando - a como segmento Em resumo, os compromissos nesses oito anos de
chave em políticas e programas federais , que refletem a atua ção do Estado em busca da retomad mada de uma trajetória de de dese senv nvol olvi vime ment nto o pautada em sua económ onómic icaa e social. sustentabilidade ec Desdobramentos Concretos da
Desenvolvimento
Articulação entre Saúde e
No t ópico anterior, foi apresentada a institucionaliza ção da relação entre
sa ú de e dese desenvol nvolvimen vimento to naci nacional onal e do seu reconhecimento político como campo dass p o líticas analisadas , serã o estrat égico . A fim fi m de explicitar as consequ ências da ticos
apresentados alguns de seus desdobramentos prá . E m um esforç o de síntese , podem ser considerados tr ês grandes desdobramentos das políticas qu quee ma marc rcar aram am a intervençã o empreendida no período, em termos de
seu impacto direto e indireto nas condiç õ es de sa ú de. melho horia ria dos dos determinantes sociais E m primeiro lugar, destaca - se o impacto da mel da sa ú de. Houve , no período analisado, um reconhecimento macropolítico do consenso, c l ássico no campo da sa ú de coletiva , de que o tratamento setorizado da sa ú de constitui- se em uma grave limitaçã o , uma v ez que subestima seu impacto sobre variáveis críticas do desenvolvimento , al aléé m daquele sobre a qualidade de vida do ci cida dadã dã o.
o campo da sa ú de coletiva reconhece que as condiçõ es de sa úde dependem de fatores muito mais gerais, atin atinent entes es aos aos padrões nacionais Na realidade,
68
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
de desenv desenvol olvim vimen ento to, envolvendo a distribui ção de renda , pobreza, condiçõ es de trabalho, de alimenta ção e nutriçã o , saneamento, lazer, alé m do padrão de crescimento econó mico, entre muitas outras dimensõ es WHO, 1978; CSDH , 2008; CNDSS , 2008) . No período , os condicionantes gerais da sa ú de - ou seja , os seus determinantes
sociais - evoluíram muito favoravelmente , refletidos a partir de uma melhoria doss indi indica cado dore ress de pobreza , de di dist stri ribu buiiçã o de renda , crescimento, expressiva do
alimentaçã alimenta çã o e nu nuttriç ã o , alé m daqueles constantes nas pesquisas cl ássicas sobre o tema , como a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios IBGE , 2009 a ) .
a çõ es em sa ú de em praticamente todas as á reas de interven çã o , compreendendo desde a çõ es inovadoras em promoçã o à sa ú de at é uma expans ã o significativa da cobertura em diversas á reas de aten çã o , sobretudo na aten çã o b á sica , mas també m em outras a çõ es como serviç os de alta complexidade , vigil â ncia em sa ú de , imuniza ção e Em segundo lugar, observou-se uma clara expansã o das
regula
o sanit ria e do segmento
de sa ú de.7
Emçãterceiro álugar, houve um importante movimento e
suplementar
o início ci o de um conjunto de a çõ es concretas para tr a ta r a sa ú de como á rea estrat égica do padrã o de dese de senv nvol olvi vime ment nto o na naci cion onal al, desencadeando importantes iniciativas para os segmentos produtivos e infraestrutura tecnoló gica , envolvendo um aporte significativo de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ ó mico e Social BNDES) e do Ministério da Ci ê ncia, Tecnologia e Inovaçã o por meio dos fundos setoriais) e uma a çã o in édita do Minist ério da Sa ú de para estimular a produ çã o e a inova çã o em sa ú de , mediante uma articula ção entre o setor p úblico e o privado. Entretanto, esses avanç os ainda encontram- se essencialmente restritos às ind ústrias do complexo da sa ú de , sem ter conseguido incorporar os serviç os de ness ssaa me mesm smaa lógica . maior densidade ne E m resumo, entende- se que houve avanç o s nas a çõ es para a conformaçã o do S U S , mas estes se mostra mostram m ins insufi ufici cient entes es para at aten ende derr aos desafios do presente e mais ainda do futuro no que toca ao acesso universal , à capacidade tecnológica end ógena para a inova çã o em sa ú de e à capacidade de resposta , em termos mos de ncia ia da re rede de nacion nacional al e das das un uniida dade dess produtoras . qualidade e efici ê nc Vale notar que os tr ê s grandes des desdobr dobramen amentos tos das políticas, aqui sintetizados, levaram a consequ ê ncias prá ticas, no que tange à implementa çã o de programas e Conforme se depreende do Gr á fico 2 deste capítulo , dos dados apresentados no capítulo 5 deste livro, dos resu resulta ltados dos da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Pnad ) analisados porViacava 2010) e dos resultados da Pesquisa de Assistê ncia Mé dico- Sanitá ria MA S ) de 2009 IBGE , 2010) . 7
69
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
a ções no período , assim como a importantes desafios para a agenda macropolítica da sa ú de. Os dois pró ximos subtó picos buscam apresentá -los. O primeiro tratar á de exemplificar o impacto da evolução dos determinantes sociais e da expansã o dos serviç os de sa ú de de;; enquanto o segundo parte de uma contextualização para indicar as consequ ê ncias prá ticas do reconhecimento do elo entre sa ú de e desenvolvimento , indic icat ativo ivoss da in insu sufi fici ciência de condi condiçõ ções políticas no assim como mostra alguns ind de estruturais o desenvolvimento enfrentamento lacunas para da sa ú de - o que levará ao delinea delineament mento o dos desafios para sa ú de , que ser ã o retomados adiante. Determinantes sociais e expansã o do doss serviç os em sa úd e Ao se considerarem os impactos diretos e ind indire iretos tos dos dois primeiros desdo -
br brame ament ntos os das políticas qu quee ma marc rcar aram am o período - a evoluçã o favorável dos detersoci ciai aiss da sa ú de e a expansão dos serviç os de sa ú de - e pensando nos minantes so
indica ind icador dores es mais gerais, pode-se afirmar que o cidad ã o brasileiro experimentou
uma melhoria nas suas condiçõ es de sa ú de e de acesso; sendo essa melhoria fruto, em parte , de aspectos histórico-estruturais conquistados anteriormente e que foram preservados explicitamente e , em parte , de fa fato tore ress dec decorr orrent entes es dass políticas p ú blicas ad da adot otad adas as no per perííodo.8 Os coeficientes de sobrevivê ncia na dass condiçõ es gerais de sa úd údee da populaçã o e inf in f â ncia s ã o indicadores -síntese da refletem melhoria nas condiç õ es gerais de um país e a expansã o das a ç õ es em sa ú de. Tanto a mortalidade infantil quanto a de crianç as menores de cinco anos ness ssee pe perríodo de an álise. O G ráfico 1 de idade reduziram - se de modo significativo ne mostra que a mortalidade infantil chegou a 19 p o r mil nascidos vivos , para o p a ís, o que significou uma redu çã o de 21 , entre 2003 e 2008 - um indicador muito mais:: as informaçõ es evidenciam expressivo para um período de cinco anos. Ainda mais que a regi ã o Nordeste , que tem a pior situa situaçã çã o , foi a que apresentou melhor desempenho alcan ç ando um decréscimo de 23 , diminuindo a distâ ncia em rela ção aos indicadores apresentados para o Sul- Sudeste. No que se refere à esperan ç a de vida ao nascer, outro indicador síntese: o dado de 2008 para o Brasil é de 73 anos. A evoluçã o apresentada na Tabela 1 também mostra um resultado positivo, indicando um aumento de 1,6 ano de vida , no período compreendido entre 2003 e 2008. Este indicador possui uma interpretaçã o mais complicada do que o da mort mortali alidade dade infa infanti ntill, porque representa o somató rio de Para informaçõ es detalhadas sobre a evolu çã o nas condiçõ es de sa ú de no Brasil desde a institucionalização do SU S na Constituiçã o, ver o trabalho Sa úde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Ú nico de Sa ú de SU S ) no Brasil Brasil/ Ministé rio da Sa ú de/SV S, 2009 ).
8
70
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
G r áfico 1 Taxa de mortalidade infantil 2008 ( < 1 ano ) e variaçã o ( % . Brasil 2003 2008 30
26 , 7
20
10
21 , 1
19 , 0
15 , 8
14 ,1
12 ,8
18
19
23
-21
0 rasil
NE
O
ax a de Mortalidade < lano
16
17
CO
SE
su
Varia çã o da taxa 2003 a 2008)
Fonte: Brasil / M S/ SVS , 2010.
Tabela 1 Evolu çã o regionalizada da esperan ç a de vida ao nasc nascer er. Brasil 2003 2008 Vã rla çã o
003
2004
2005
2006
2007
2008
NO
70 , 4
70, 7
71 , 0
71 , 3
71 , 6
71, 8
1 , 9
NE
68.3
68 , 6
69 ,0
69 ,4
69 ,7
70 , 1
2, 7
SE
72 ,9
73 ,2
73 , 5
73, 8
74, 1
74, 4
2, 1
SU
73.6
73,9
74,2
74,4
74 ,7
75 ,0
1 ,9
CO
72.6
72 ,9
73 ,2
73, 5
73, 7
74 ,0
1 ,9
Brasil
71.4
71 , 7
72 , 1
72 ,4
72 ,5
73,0
2, 2
2003/ 2008
Fonte: adap Ministéério da Sa ú de / Datasus, 2009. adaptad tadoo de Brasil / Minist
todos os anos de vida perdidos em qualquer idade, sendo fortemente influenciado pela mortalidade na in inff â ncia e dos jovens.9 De toda forma, destaca -se evolução positiva e
a sua
o particular desempenho da regi ã o Nordeste, que apresentou
melhor resultado em comp compar araa çã o com as outras regiõ es brasileiras , o que pode ser explicado, em parte, pelo impacto das p o l íticas sociais e de sa ú de. No campo dos determinantes gerais da melhoria nas condiçõ es de vida das
pessoas, deve - se enfatizar també m a crescente mobilizaçã o e indu duçã çã o do governo federal para as iniciativas de promoçã o à sa ú de que t ê m elevado impacto,
contrapondo- se a uma medicaliza çã o excessiva. O avanç o , internacionalmente reconhecido, no controle do uso do tabaco no Brasil constitui um dos exemplos
mais bem sucedidos de promo çã o à sa ú de. Da mesma forma , a p o lítica para o licen n ç a - maternidade planejamento familiar incluindo a proposta de exten extenss ã o da lice A diminuição constante da mortalidade infantil repercute favoravelmente nesse indicador, mas a mortalidade por violê ncia entre jovens em alguma medida anula os ganhos da mortalidade infantil , e este é um dos principais vida da da popul anos recentes. motivos do crescimento pouco acentuado da expectativa de vi populaa ção ção brasileira em anos
9
71
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
para seis meses) , as a çõ es regulató rias como a p o lítica contra o uso de bebidas alcoó licas ao dirigir a Le Leii Seca , cujos efeitos sã o captados nos in indi dica cado dore ress de
reduçã viol ê ncia no trâ nsito) e a imposiçã o da redu ção de só dio e da restriçã o à gordura trans nos alimentos s ã o marcos exemplares do in ício de um processo, ainda incipiente, de se perceber a sa ú de como um fator associado à qualidade de vida . Ainda que n ã o caiba aqui uma an á li lise se exaust exaustiva iva da implementação dos serviç os em sa ú de , vale enfatizar que , a despeito de serem anali analisados sados tra tradici dicionalme onalmente nte
por um prisma setorial, eles s ã o os que possu ssuem maior peso econó mico do
CEIS , comparados aos segmentos industriais relacionados de base qu ímica , biotecnoló gica , mec â nica, eletró nica e de materiais). Al é m disso, s ã o os serviç os
que , ao estabelecerem a demanda p o r produtos industriais, geram uma din dinââ mica entre os referidos segmentos produtivos e a presta çã o da sa ú de , pautando uma rela ção sisté mica entre determinados setores indus ndusttri riai aiss e serviç os sociais e
definindo os segmentos que, em conjunto, formam o CEIS. Assim , importa pontuar algumas características da evolu ção da presta çã o dos serviços em sa ú de, uma vez que estes afetam a virtuosidade da relaçã o dessa
agenda setorial com aquela mais ampla de desenvolvimento sustentado nacional. Note-se que, mesmo na an álise estritamente setorial da sa ú de, os impactos dos
serviç os no est á g io de desenvolvimento s ão claros. Houve, no período, a expansã o
n íveis de complexidade da a tenção , com ênfase para a cobertura da ESFF ) e do Programa Brasil atençã aten giaa Sa ú de da Fam ília ES çã o b á sica , por meio da Estratégi Sorridente.10 Essa orientaç ã o propõ e uma nova formata formataçã mode delo lo de aten atençã çã o do mo ção e ori orien entta - se pela ne nece cess ssid idad adee de superaçã o de um modelo medicalizante, cuja dos tr ês
porta de entrada é o hospital, que tem se mostrado pouco efetivo para a popula çã o brasileira. Assim , potencializa- se a organizaçã o de uma rede regional, que envolve
a
articula çã o dos tr ê s n íveis de
governo, contribuindo para avanç ar no est á gio gi o de desenvolvimento do federalismo brasileiro. A l é m disso, a ampliaçã o ta n to da naci cion onal al dos dos serviç os implicam capilaridade municipal quanto da abrangê ncia na um importante efeito na equidade em sa ú de G ráfico 2 ) , enfatizando a rela çã o entre sa ú de e desenvolvimento. Note - se que , em um p a ís como o Brasil , a escala de alcance das a çõ es sociais é de alta relevâ ncia , assim como a magnitude do aumento da cobertura e seu impacto nas iniquidades em sa ú de. Os capítulos 5 e 6 deste livro retomam a discussã o dessas políticas , ao abordar respectivamente a din â mica da agenda federal agenda federal e a polí tica brasileira de aten çã o prim ária à sa ú de .
10
72
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
po r municípios e número de equipes G r á fico 2 - Evolução çã o da cobertura populacional, por da Estraté gia Sa úde da Família ( ES F). Brasil - 2003 -2010
74 %
81%
84%
90 %
79 62
55
92 %
87
85
co
co
96
-
S5 LD
LO
2007
2008
2009
Cf
âS N
93
94%
95 %
a
10 0
69
D CD
4%
92 %
co LD
CT )
CO
Q 2002
2003
2004
2005
2006
Cobertura populacional (milh.pessoas)
A Cobertura (% pop.
2010
Milhares Milha res de equipes ESF Cobertura (% mun.
Fonte: elabora ção pró pria co m dados de Brasil/ Minist é rio da Sa úde , 2010.
á reas mais características da aten atençã ção m édico-hospitalar envolvendo a a te n çã o de m é dia e alta complexidades) , as in infforma ormaçõ es in ind dic icam am, de forma an áloga , um umaa evoluçã o expressiva nos serviç os oferecidos à populaçã o usu á ria do SUS; e no â mbito da assist ê nc ncia ia fa farm rmac acêutica , a expansã o també também eviden ente te e m é evid Nas
muito expressiva.11 prevençã Em síntese , considerando a evoluçã o das a çõ es de preven çã o e a te nção à
sa ú de, h á robustas indica çõ es de uma expansã o do S U S que atua na direçã o da universaliza çã o . Todavia , ao contrá rio do que se observa nos programas de at aten ençã o básica , de pre preve ven nção e vigil â ncia , cabe destacar que , do ponto de vista regional,
praticamente todas as informaçõ es indicam uma grande rigidez na oferta do
S U S , restringindo a configura ção de uma rede regionalizada de assist ê ncia mais equ â nime e eficiente no território. Ademais, a realidade hoje sobre as interna çõ es es,, a distribuição de m édicos, de equipamentos, da infraestrutura para o tratamento de doen ç as de alta complexidade , por exemplo, mostra que osfortes limitesfinanceiros aoinvestimento din â mica proveniente das emendas no sist sistema ema e sua direç ã o fragmentada fruto da din
parlamentares, das pressões políticas locais etc .) impedem uma reestruturaçã o da rede segundo uma lógica nacional regionalizada Gadelha et ai ., 2009b) . T al realidade Conforme result resultados ados da Pesquisa Assistê ncia M é dico-Sanit ária (IBGE , 2010) e resultados da Pnad analisados por Viacava (2010) , entre outros estudos.
11
73
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
leva ao comprometimento dos grandes objetivos de regionaliza regionalizaçã ção previstos nos
princípios bá sicos do S U S e reforçados no Pacto pela Sa ú de Brasil/ Ministé rio da Sa ú de , 2006 ) . desenvolvimento vimento Avanç os do reconhecimento da sa úd e como área estratégica para o desenvol
Um dos principais marcos em te rmos mos de uma nova concepçã o e da implementa ção de intervençõ es no campo da sa ú de no períod odo o re refe fere re- se à percepçã percepção
e institucionaliza çã o do elo entre sa ú de e desenvolvimento Ipea , 2009) . O pró prio reconhecimento da import â ncia estrat égica do CEIS , inclusive no
â mbito
da p o lítica setorial da sa ú de , remete
a uma visã o mais ampla da necessidade de reestruturaçã o din â mica do sistema produtivo da sa ú de. Consequentemente, passa a requerer a articula ç ã o entre os direitos sociais, o consumo de massa e a evolu çã o da base de produ çã o e inova ção de bens e serviç os em sa ú de , integrando a lógica econ ómica e a sanitá ria desse complexo intersetorial. Ademais, a relevâ ncia da sa ú de em indicadores diversos de desenvol desenvolvime vimento nto socioeconô mico aponta para a concre concretude tude dessa relaçã o. A Tabela 2 evidencia essa
perspectiva ao mostrar a significativa participa çã o da sa úde na geraçã geraçã o de demanda efetiva para o sistema produtivo, alavancando ma maiis de 8 do PIB , em
raz ra z ão do impacto que exerce no consumo final de bens e serviç o s no país. Essa demanda gera valor no Brasil, uma v ez que as atividades da sa ú de restermos mos de valor adicionado , est estando ando no patamar de to toda da a pondem por 6 do PIB em ter
porr cerc cercaa de 30 do PIB da ind úst stri riaa de transforma transformaçã agropecu á ria , e po çã o IBGE , 2009 b) . Tabela 2 Composição do consumo final da sa úde por setor institucional ,
Setores institucionais/ produtos
participaçã çã o ( % ) P IB 2000- 2007 em participa 2001 2000 2002 2003 2004
2005
2006
2007
Fam ílias
4,9
5, 1
5 0
4 8
4 8
4,8
4,9
4 8
Administra çã o pú blica
3, 1
3, 1
3 3
3 2
3 2
3 ,3
3, 5
3 5
0,1
0, 1
0, 1
0, 1
0 ,1
0,1
0,1
0 ,1
8,1
8, 3
8,4
8 ,1
8, 1
8, 2
8, 5
8, 4
Inst. sem fim de lucro a servi ço das fam ílias
Total geral Fonte: IBGE, 2009 b. Obs.: tabela sintetizada.
termoss de seu impacto no emprego , as ocupaçõ es diretas em sa ú de cres cresce ceE m termo ões es,, ao passo que as ocupa es totais ram de 2003 2007 , chegando 4, milh 22 a asmo2 pe da economia cresceram mesmo perríodo IBGE , 2009b). O sistemaçõprodutivo 12 no me da sa úde responde ainda por cerca de 10 do total dos empregos qualificados 74
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
Brasil , 2007) , evidenciando
a importante interface com a á rea de educa ção e seu
papel para uma economia baseada no conhecimento. Assim , a visão tra tradici dicional onal do gasto em sa ú de como uma restri restriçã ção reflete a ainda
observada falta de centralidade dessa agenda, que relaciona o papel da sa ú de
com a sus susten tentab tabil ilida idade de e a propuls ã o de desenvolvimento . Esse descompasso entre atribui çã o de prioridades e agenda intersetorial da sa ú de - mostra - se mais expressivo ao se considerar que a composiçã o das atividades em sa ú de envolve segmentos de alta intensidade tecnoló gica e de inova çã o. A l é m disso, a sa ú de é
um dos grandes v e ículos de geraçã o e uso de inovaçõ es nas á reas portadoras do futuro - o que apresenta um desdobramento nacional e regional relacionado à configura ção da rede no terri errittó rio - como a biotecnologia, os
novos materiais, as tecnologias de informaçã o TI) aplicadas aos serviç os, a nanotecnologia , a qu ímica fina e os equipamentos eletrónicos Gadelha et al , 2009a ). Assim , a despeito desse cará ter estrat égico , a ainda incipiente articula çã o entre o reconhecimento político e a prá tica se reflete na fragilidade tecnológica údee, tornando vulnerá vel da atividade econ ó mica em sa úd ve l a p rópria política nacional de sa ú de . No mesmo período em que o S U S e o sistema de assistê ncia m é dica
come merc rcia iall re real al eleva -se de US 3 bilhõ es em suplementar se expandem , o d éficit co
2003 para U S 9,51 bilhões em 2010 G ráfico 3). Essa situaçã o torna -se insustentável
em uma perspectiva de universaliza çã o , como fica evidente , por exemplo, pelo
.
Gráfi fico co 3 - Evolução comerci rcial al do Complexo Económico Industrial da Sa úde Brasil çã o da balanç a come 2003 -2010 ( US $ bilh ões a pre ços constantes, atualizados pelo IPC americano ) 11, 40
3 , 70
4 , 44
4 ,85
,70
,85
003
2004
2005
(3, 60)
(3,84)
3 , 00 )
00
5, 64
7 , 08
8 , 61
8,85
,17
,32
,52
, 64
1,89
2006
2007
2008
2009
2010
( 7 ,09)
( 7 , 21)
4, 47 )
5, 76 )
(9 ,51 51))
•
Exportação
mporta çã o
A
D éficit
Fonte: elaborado com dados da Rede Alice/ MDIC, 2011. 75
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
mencion menc ionado ado cre cresci sciment mento o exponencial dos gastos do governo federal com me med di-
camentos e outros in insu sumo moss de alto alto con conte teú do tecnoló gico.
Esses indicadores revelam a nec necess essida idade de de se priorizar a estratégia gi a de inova ção
em sa ú de e de integraçã o da dimensão econó mica com a social, no bojo da estrat é-
g ia de universaliza çã o. T al integra ção se expressa na possibilidade do uso do poder de compra do Estado, tanto para atender à s necessidades do S U S quanto para estimular a inova çã o e a produçã o nacional. Potencializa - se, assim , o círculo virtuoso entre garantia de dire direito itoss, o consumo de massas , o inves investimen timento to e a inova çã o ,
constituindo um dos fatores para atenuar a forte depend ê ncia da sa ú de em rela çã o
à estrat égia gi a competitiva dos oligopólios internacionais, que dominam todos os segmentos do CEIS Gadelha et a l , 2009 a ) . A l ém disso, como marcas do período recente , o fa fato to de essa rela çã o entre sa ú de e mbit ito o da P D P, do ‘ Mais Sa ú de’ e do ‘ PA desenvolvimento ter sido assumida no â mb PAC C da Inova çã o ’ levou à implementaçã o de uma s é rie de iniciativas, cabendo evidenciar alguns exemplos.
ci o , verifica -se a retomada das açõ e s de política indust industrial rial para a á rea. Esta De in ício se expressa , emblematicamente , na a ção estrat égica do governo para internalizar
a produçã o de f á rmacos no Brasil, mediante o estabelecimento de parcerias p úblicomicas as nac nacion ionais ais e os laborat ó rios oficiais que privadas entre as empresas farmoqu ímic
maiis abrangente t ê m acesso ao mercado público - uma base inicial para um uso ma do poder de compra do Estado visando ao dese desenvol nvolvime vimento nto tecnol tecnoló gico em sa ú de.
O marco desse processo é a produ ção nacional do Efavirenz que faz parte do ‘coquetel’ para o tratamento da Aids) , que foi o primeiro licenciamento compulsó rio feito no Brasil , sinalizando que a sa ú de p ública e o acesso deveriam presidir a política
de inova ção. Essa parceria en envo volv lveu eu do dois is laborató rios oficiais Farmanguinhos/
Fiocruz e Lafepe ) e tr ê s empresas privadas produtoras de f á rmacos no p a ís. Apro fundando esse modelo, o Minist ério da Sa ú de inst instituc ituciona ionalizo lizou u , em 2009, uma PD P, viabilizando nove outras parcerias com um marco legal mais est es tável. Um segundo exemplo refere- se à crescente articula çã o da p o l ítica de ass assis isttê ncia farmac ê utica para a transforma transformaçã medicamen camentos tos çã o da base produtiva nacional de medi - o que pode ser observado por: cres cresci cimen mento to da participa çã o dos gen ge n éricos nas vendas da ind ústria , passando de 5, 5 , em janeiro de 2003,12 para 15 do mercado,
em dezembro de 2009 Próge genn éricos , 2010 ); evolu çã o do gasto do Ministério da Sa ú de com 12
a compra di dirreta eta de med medic icame ament ntos os e outros produtos ; e expansã o do
Dados dispon íveis em: < www. progenericos. or orgg.br/index. php / mercado> .
76
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
programa de Farm á cia Popular, levando a uma significativa mudan ça no perfil da demanda dema nda po porr med medic icame ament ntos os. Essas mudan ç as , em conjunto com o novo contexto de ren renasc ascimen imento to da política
tiveram ram fort fortee impacto no aumento da participaçã o industrial para a á rea da sa ú de, tive do capital nacional na ind ú st stri riaa farm farmac acê utica , cujas empresas j á atingem 45 do
faturamento total contra um patamar histó rico n ã o superior a 20 Aguilar, 2009; Garrido, 2009) . Vale notar, entretanto, que h á o risco de reversã o nesse processo pela falta de uma base end ó gena de inova ção. Um terceiro reflexo da aproxima çã o dos campos da sa ú de e do desenvolvimento
pode ser observado mediante o aprofundamento do apoio à inova ção em produtores
pú blicos de vacinas, reagentes para diagnó stico e biof á rmacos notadamente Fiocruz e Butantan) , associando
a estrat égia gi a de imunizaçã o ao desenvolvimento
tecnol ó gico local, utilizando - se do poder de compra , inclusive , para ter acesso a tecnologias de empresas líderes mundiais. Como marcos dessa estrat égia gi a , vale enfatizar negociaçõ es importantes envolvendo a atração de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em vacinas,
cuja viabilidade é oriunda de um acordo entre a Fundaçã o Oswaldo Cruz Fiocruz) e GSK K ) , e iniciat iniciativa ivass importantes para o dese desenvol nvolvimen vimento to futur futuro o a GlaxoSmithKline GS de uma va vaci cina na contra contra a dengue. Al ém disso, ho houv uvee acor acordo doss de transferê ncia de estabelecido ecido entre Fiocruz e GS GSK K , para produ ção tecnologia no período, a exemplo do estabel vaci cina na contr contraa pneumococo; entre Sanofi e Butantan , contra a gripe; e Novartis e de va Funed , contra meningite C , alé m das vacinas contra rotavirus , gripe, tríplice virai ,
qu á drupla bacteriana D T P + H ib ) , pneumocó cica 10- valente e meningocócica C conjugada. Para o s anos de 2011/ 2012, prevê - se ainda o desenvolvimento de uma vacina pentavalente D T P, H ib , Hep B). Ademais, como um quarto reflexo da aproxima çã o dos campos da sa ú de e do
desenvolvimento , observou -se importante investimento nas instituiçõ es p úblicas de produ ção e inova ção em sa ú de. Na rede de Laborat órios Oficiais , o Ministé rio da
Sa ú de invest investiu iu R 370 milh õ es no noss produtores p úblicos com recursos orç ament á rios
de 2003 a 2009.13 E h á propostas concretas de montagem de uma infraestrutura de apoio tecnológico à inova çã o em sa ú de , destacando - se alguns projetos da Fiocruz
em parceria com o Ministério da Ci ê ncia, Tecnologia e Inovaçã o e o BNDES tais como
o
Centro de Desenvolvimento Tecnol
ó gico
em Sa de ,
ú
o
Centro
Integrado
Segundo dados diretamente fornecidos pelo Departamento de Ass Assist istê ncia Farmacê uti utica ca da Secreta Secretaria ria de Ci ê ncia , Tecnologia e Insumos Estrat é gicos do Ministé rio da Sa ú de DAF DA F/SCTIE / M S).
13
77
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
de Protó tipos , Biof á rmacos e Reagentes para Diagn ó stico e a infraestrutura tec -
nol ó gica para desenvolvimento da insulina ) . Ressalta-se tamb tambéé m nesse processo
a cria çã o da Hemobrá s, em Pernambuco, para a tu ar no campo dos hemoderi vados e produtos para biotecnologia, cujo inv invest estime imento nto está ainda em fase inicial. Umaa quinta iniciativa se encontra no campo dos serviç os de maio Um maiorr intensidade de conhecimentos , cabendo enfatizar que a concepçã o , que alia a dimens ã o social com a da inova ção , começ a a ser incorporada , ainda que de modo impl implíícito, també m
na assistê ncia à sa ú de. Como exemplos , podem ser citados os inv invest estime imento ntoss de PPA A e no orç amento da Uniã o , do novo grande envergadura , já incorporados no PP
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Into Into)) e do novo campus integrado do Instituto Nacional de C â ncer Inca) . Eles atuar ã o como coor coordena denadore doress naci nacionais onais
de redes assistenciais nacionais e de desc scent entra rali liza zada dass de inovação , em serviç os com alto potencial de arti articul culaa çã o com a ind ú stria . fim,, o fato mais revelador da perspectiva inaugurada , refletida como um sexto Por fim
destaque, é a entrada de instituiç õ es da á rea econó mica e de C &T na prioriza çã o da produ ção e da inovação em sa ú de, com destaque para a a çã o do BNDES, que, reaa fa farma rmacc êutica em 2004 Profarma I) , depois de ter criado um prog progra rama ma par paraa a á re
ampliou o seu escopo para todo o complexo industrial em 2007, numa importante
articulaçã o articulaçã
com co m a área da sa ú de, inclusive em sua formulação Profarma II) . Até
julho de 2009, a carteira de investimento, incluindo as contrapartidas , era de R
2 ,54 bilhões, dando-se ênfase à inovaçã o nos segmentos industriais do complexo da sa ú de. No campo de C & T, o s fundos de sub subve ven n çã o canalizaram para as empresas inovadoras em sa ú de o valor de R 800 milh ões em 2007 e 2008, send sendo o ce cerc rcaa de 27 para sa ú de, no edital deste último ano, de acordo com informa çõ es coletadas no MCTIa Brasil/MCTI , 2009). reto toma mada da de uma p o lítica A despeito de todo esse movimento representar a re industrial e produtiva para a sa úde em novas bases, a evolu ção do déficit comercial
e o retomo do risco de uma entrada ‘n ão inovadora’ das lídere deress inte internac rnaciona ionais is para recuperar o espaço perdido) representam tanto uma amea ç a quanto um indicador
de que o s instrumentos disponíveis ainda s ã o insuficientes, notada notadamente mente par paraa cum-
prir o s objetivos da PD Tall situaçã PDPP e do ‘Mais Sa ú de’. Ta çãoo fica evidente pelo u s o limitado,
quando comparado ao seu potencial, do poder de compra do Estado para estimular
inova
e
desenvolvimento produtivo do doss se seto tore ress intensivos em tecno
çã osuaoindica ção a de po líticas governamentaislogia , apesar çã o em todos os programas e pol citados. 78
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
Esse é um dosindicadores que refletem as dificuldades vividas na prá tica de uma
ainda jovem percep ção da centralidade da relaçã o que a sa ú de e o desenvolvimento estabelecem entre si. Um exemplo disso é que a proposta desenvolvida pelo Grupo Executivo do Complexo Industrial da Sa ú de Gecis ) , para o uso estratégico do poder
de co comp mpra ra em sa ú de aind aindaa n ã o teve condiçõ es de ser enc encami aminhad nhadaa ao Congresso Nacional para ser apreciada. Ao longo da crise de 2009, esse limite também apareceu, pois, ao contrá rio
a geraçã gera çã o de demanda efetiva no â mbito da sa ú de anticííclicos) n ã o foi fo i priorizada na estrat égia mediante gastos antic gi a governamental, a socia iais is ter terem em sido responsá veis p o r sustentar a demanda despeito de as p o líticas soc da maior parte dos segmentos pro produt dutivo ivoss da sa ú de naquele período. Em todo caso caso,, já h á um expressivo conjunto de iniciativas para estimular a produçã o e a inova çã o nacionais - incluindo os serviç os de ma maio iorr densidade tecnol ó gica - que apontam do que se observou nos EU A ,
para um otimismo , em embo bora ra ca caut utel elos oso o, da perspectiva de se aliar um sistema universal
a
uma base
produtiva
din mica e inovadora.
â
Nacion ional al de Desenvolvimento Desafios para a Saúde na Agenda Nac
Apesar da expansã o em curso e do mencionado compromisso com a uni -
atençã versalidade em todos os níveis de aten observ ervara aram m con condi diçõ es políticas çã o, n ã o se obs
e institucionais reais para o enfrentamento de lacuna lacunass estruturais estruturais relacionadas ao financiamento e à gest ã o do si sisstema tema de sa ú de - o que
sugere que, a despeito de
a á rea ter tido sua importâ nci nciaa reco reconhec nhecida ida, ela n ã o teve centralidade na política nacio nac ional nal de desen desenvol volvi vimen mento to. Assim , observam -se desafios que inibem uma transformaç ã o profunda na á rea da sa ú de e que apresentam impactos negativos na qualidade e na perspectiva
de dinamiza çã o do SU S , ante o sistema privado de serviç os. A n ã o supera çã o desses desafios imp õ e limites ao sistema de sa ú de e à estratég ia nacional de desenvolvimento , que envolve desde a inova çã o at é a capacidade de um S U S universal que favore ç a a redu çã o das desigualdades regionais. Neste t ó pico , pretende - se apontar sucintamente
o s principais de dessaf afiios dei dei-
governo Lula , que em grande parte já foram men menci cion onad ados os ao longo deste texto. Sã o eles: 1) bas basee de fi fina nanc ncia iamen mento to da sa ú de; 2 ) mo mode dello de gest gestãã o do SU S ; 3) base produtiva e de inova o em sa ú de; çã ã o nacional; visã 4) capacidade organizativa federal para coordenar estratégias com vis 5) insulamento setorial do S U S nos f ó runs participativos de decisã o. xados pelos oito anos de gest ã o federal do
79
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
a an á lise leva em conta as condições reais da implementa çã o de uma agenda ambiciosa para a sa ú de que , em ú ltima inst â ncia , remete à p r ó pria constitui constituiçã çã o de um Estado de Bem -Estar e de um sistema de proteçã prote ção social universal no Brasil. A realidade da sa ú de no p a ís que estabelece um sistema universal em Deve- se considerar que
constru çã o , resultado de um movimento hist ó rico) , a evolu çã o econó mica e social fruto dos ú ltimos oito anos de gestã o federal crescimento com distribuiçã o de
renda e inclusã o social) e o novo contexto estrutural e prospectivo transiçã o demográ fica , deslocamento da fronteira tecnol ó gica em sa ú de e m udan ç a na Estado do) imp õ em enormes desafios que , em parte , també m estrutura e no papel do Esta
refletem as lacunas da dass estra estrattégias implementadas . A necessidade de seu enfren -
tamento acena para frentes de interven çã o que, se n ã o forem tratadas com cris ises es sucessivas que podem minar o objetivo de prioridade, implicar ã o riscos de cr concretizar um sistema de sa ú de universal , justo e din â mico do ponto de vista
económico. Dentre os principais de desa safi fios os macr macrop opol olíticos , ca cabe be en enfa fati tiza zarr, em primeiro es t á por se serr in inst stit itu u ída uma base de financiamento compatível lugar, que ainda est
com o compromisso de conforma çã o de um sistema universal no Brasil , havendo vazios assistenciais regionais e no in inte teri rior or das regi ões metropolitanas. O subfi-
nanciamento do S U S configura-se como grave ameaç a para a implementação e a
princíípios e diretrizes desse sistema U g á & Marques, 2005; Gadelha garantia dos princ
et al , 2009b) . Ou seja , o acesso universal ainda tem limites expressivos em termos quantitativos,, qualitativos , regionais e locais. A extin çã o da CPMF, a insuficiência quantitativos de regulamenta çã o da emenda constitucional 2 9 definindo claramente as regras para assegurar o financiamento em sa ú de ) e a falta de aprova çã o de mec mecani anismo smoss alternativos de financiamento do S U S como a Contribuiçã o Social da Sa ú de) e v i denciam o insuficiente apoio político para a constituiçã o concreta de um sistema universal no Brasil.
O pró prio fato de a questã o dos recursos para o SU S ter sido tratada pre-
mbit ito o seto setori rial al da sa ú de indica que o financiamento de dominantemente no â mb
um sistema universal n ã o teve a devida centralidade no â mbito dos poderes Executivo e
Legislativo .
As questões relativas ao fi fina nanci nciame ament nto o da sa ú de s ã o
ao se observarem as mudan as
no
de fina financiame nciamento nto
significativas agravadas perfil de des ç intr pú blico, decorrentes das características descen centra trali liza zaínsecas ao processo
çã o brasileiro, que vem contribuindo para uma base regional desigual desse 80
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
financiamento U g á & Marques, 2005; Machado & Viana , 2009 ) . O G rá fico 4 mostra PIB B situado em 1,7 que o gasto federal praticamente n ã o se alterou em rela çã o ao PI do PIB PI B em 2007) , sendo que 70 sã o repassados aos estados, ao Distrito Federal
e aos municí municípios, fruto da ló gica de desc scen entr tral aliz izad adaa de funcionamento do S U S. Somando o aporte federal ao dos estados e munic municíípios, os gastos p ú blicos chegam
PI B. a 3,6 do PIB Comparaçõ es internacionais permitem inferir que a proporçã o do gasto PI B em rela çã o ao gasto total do governo é incompatível governamental sobre o PIB com um sistema universal. Considerando os p a íses da Organiza çã o para a Coopera çã o e o Desenvolvimento Econ ó mico OCDE ) - que também contemplam sis temas n ã o universais , como o americano -, a despropor çã o é enorme Tabela 3). Adicionalmente , nos p a íses desenvolvidos o gasto p ú blico representa mais de 70 do gasto em sa ú de , e n ã o h á no m undo nenhum sistema universal cujo finan financia ciament mento o pú blico esteja abaixo desse patamar.
3
2
1
G rá fico 4 Gasto público em sa úde em percentual do PIB . Brasil 2003 2007 , 09
0 ,8
,7
,6
3 , 59
3,36
,45
, 55
,9
,9
1,0
1, 0
,8
,8
0 ,8
0,9
1, 7
,7
1, 7
1, 7
a
4 3 2
1
0
0 2003
2 0 04
ederal
2 00 5
Estadual
200 6
Municipal
2007
Total
Fonte: Brasil / Ministé rio da Sa ú de / Datasus 2009.
Brasil, a participa çã o pú blica no gasto em sa ú de situ situaa - se em torno de 45 , tendo tamb é m uma reduzida participa çã o no gasto total do governo em rela çã o aos p a íses da OCDE, o que reflete a insuficiência da mobilizaçã o p o lítica , social e económica para embasar a estrutura çã o efetiva de um sistema universal. T al situa çã o se mostra ainda ma maiis grave se for considerado que 78 da populaçã o dependem exclusivamente do S U S , sem terem acesso a planos de sa ú de registrados e regulados pela A gência Nacional de Sa ú de A N S, 2010 ). Assim , o pacto p o lítico social constitucional que define um sistema universal coabita com a estrutura de- dispênd ndio io de um sistema de sa ú de mercant mercantil il, em que o peso do gas gasto to priv privad ado o é incompatível com a universaliza çã o do acesso Tabela 3). No
81
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
A an á lise da din â mica entre interesses mercantis e capitalistas nos espa ç os sociais - e,
mais importante importante,, como suas contradições podem ser reguladas - faz parte do
processo de compreensã o de quais desafios ainda precisam ser superados pelo
S U S. Nessa an á lise, o Estado se configura como ator central, e é relevante avaliar se o mo mode delo lo de financiamento da sa ú de brasileira traz em seu bojo características capazes de promover relaçõ es de equidade de acesso o u se, na prá tica , vem inibindo reall univ univers ersali aliza zaçã o do sistema . a rea Tabela 3 - Gastos públicos em saúde ( % do gasto total em saúde e do gasto do governo ) Gastos públicos e m s a ú de como % do gasto total e m s a úde
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Média 0CDE
71,3
71, 71, 6
71, 71, 9
71,9
71,8
72 ,0
72 , 7
72, 7
73,1
Brasil
40 ,0
40, 5
41, 9
41,3
43 ,3
40 ,1
41, 7
41, 6
44 ,0
Gastos públicos e m s a úde como % do gasto total do governo
M édia OCDE Brasil
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
13,8
14, 14 , 2
14, 14 ,5
14 ,8
15,1
15,3
15, 5
15, 7
15, 7
4, 1
4, 7
5 0
4,4
1
4, 7
5 ,1
5 4
6 ,0
Fonte: elaboraçã o pr ó pria com dado dadoss da WHO, 2010.
O seg segund undo o gr grand andee desafio é o modelo de gest ã o do SU S , que precisa avan ç ar em duas direçõ es principais. Do ponto de vista de um umaa rede descentralizada e regionalizada , as vá rias partes do sistema precisam ser articuladas, envolvendo
um resgate e uma redefinição do papel da dass di dist stin inta tass esf esfer eras as de governo , e da relaçã o entre o SU S e o segmento de sa ú de suplementar, conforme sugerem as
orienta çõ es do S U S , no sentido de buscar a integra çã o das a çõ es e do doss serv rviiç os
omo o os eixos ori de sa ú de, definindo o s sistemas de aten çã o básica com orient entado adores res de tica Costa & Gadelha 2012; Viana & Machado, 2008) sua agenda p o lí . Urge retomar a dimensã o nacional de coordenaçã,o e de indu induçã çã o , para que a desarticulaçã o
institucional - sujeita a todos os tipos de press ã o política - n ã o gere um sistema
fragmentado e, de fato , n ã o nacional, ainda que disperso no territ ó rio. Para tanto,
sã o necessá rios desde um fortalecimento da capacidade institucional e profissional no nível central at é rec recurs ursos os pa para ra investimento, que s ã o escassos e fragmentados ,
e seguem , muit muitas as ve veze zess, uma ló gica particularista local.
Al ém disso, do ponto de vista econó mico, as unidades de produçã o de bens e serviç os em sa ú de s ã o organizadas de modo bastante complexo, caracterizando uma estrutura produtiva tipicamente empresarial Gadelha et al 2010) , o que ã o
n , , se confunde com sua natureza jurí dica sejam ó rg ã os da administraçã administra çã o direta sejam funda çõ es, empresas p ú blicas o u privadas, organiza çõ es sociais ou outras 82
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
modalidades) . Ou seja, a discussã o do modelo jurídico deve estar subordinada
à visã o que busque a melhor forma de operar unidades produtivas, visando a garantir sua efic á cia e eficiência para atingir os princípios constitucionais de acesso universal com qualidade. Nesse sentido, o formato jurídico-institucional do setor sa ú de deixa de ser uma questã o apenas ind indust ustri rial al ou da rela çã o entre o Esta tado do do pú blico e o privado que caracterizou a agenda restrita de reforma do Es período neoliberal) para se tornar uma agenda da garantia do doss me meio ioss necessá rios
para um sistema universal e de qualidade.
o aumento da complexidade e da pressã o de demanda , contextualizado em um modelo de gestã o de Estado burocrá tico , difi culta “ uma política de incorpora çã o tecnol ó gica , informatizaçã o , moderniza çã o administrativa e gestã o de re recu curs rsos os humano humanoss comprometidos com o serviç o pú blico” , caso particularmente limitante para a administração de hospitais e de serviç os ambulatoriais. De acordo com Santos 2007: 2 ) ,
Em que pesem os avanç os nas form as de gestã o con contr trat atual ualiz izad adaa co com m os hospitais universitá rios e filantró picos, estes se mostram tímidos ante as neces -
dass unidades sidades existentes para todo o sistema. A quest ã o da gest ã o da
umaa visã o político -estratégica , como fica evidente produtivas também carece de um
pela paralisação , no Congresso Nacional, do pr proj ojet eto o para as funda çõ es estatais ,
sem que tenha sido dada alternativa para uma situaçã o quest ã o do financiamento.
cr tica e articulada com a
O terceiro desafio, relacionado ao anterior, refere- se à capacita çã o da base produtiva e de inova çã o em sa ú de. Os indicadores demográficos e sociais apontam
para uma explosã o do consumo de massa em sa ú de. Mesmo com a mudan ç a no modelo mode lo de aten çã o - estruturado com base na aten atençã çã o prim á ria , em rede e com atividades intensas de promoçã o -, o sucesso desses fatores sociodemográficos
p o r exemplo, na queda da mortalidade infantil e no envelhecimento) vai pressionar a demanda de assistê ncia em grande escala . Entretanto, o est á gio dass indú strias do gi o de desenvolvimento ainda insuficiente da complexo de sa ú de tem pautado desafios importantes para a presta prestaçã çã o desses serviç os de sa ú de. Na prá tica , se o p a ís n ã o tiver uma base produtiva qu quee poss possua ua uma gest ã o moderna euma capacidade de gera çã o de conhecimento e de inova çã o refletidos ,
- tanto
para introduzir
produtos e processos na aten
à sa de quanto para
çã ú controlar a incorpora çãnovos o tecnol ó gica -, o compromisso com a ouniversalidade estará
permanentemente em risco Gadelha et a l , 2010) . Os dados do déficit comercial 83
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
expressam essa depend ência estrutural numa á rea de alta sensibilidade social e importâ ncia econó mica.
a crescente participa participaçã çã o dos gastos com co m med medic icame ament ntos os no orç amento federal da sa ú de , que aumentou de 6 em 2002 para 12 ,5 em 2010 G r á fico 5). Ainda que esse aumento possa expressar Um exemplo marcante dessa fragilidade é
uma expansã o de programas e da oferta de assistê ncia farmac ê utica p ú blica , a alta proporção de gastos co com m medicamen medicamentos tos no orç amento do Mi Mini nist stério da Sa ú de sugere desafios à sust sustentabi entabilidad lidadee das políticas nessa á rea. G r áfico 5 Participaçã o dos gastos do Ministé rio da Saúde c o m medicamentos ( em % ). Brasil 2002 2011 16
3
13 ,5
13 , 1
2
8 5 ,8
I 0 2002
iilllllli 2003
2004
005
2006
2007
2 00 8
2009
20 10
2 0 11
Fonte: elabora çã o pró pria com dad dados os da Secr Secretar etaria ia de Ci ê ncia, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Min Minist istério da Sa úde e do Fundo Nacional de Sa Saúde úde (FNS ).
debil ilida idade de da capacidade de produ çã o nacional , espelhada n ã o somente na A deb á rea de medicamentos , é observada na forte depend ência ex exte tern rnaa dos dos produtos do
marcadamente
tecnoló
constitui
daqueles de maior complexidade CEIS , gica ) e para Viana e Elias 2007) , um dos principais empecilhos relacionados à ideologia
dominante, de cunho liberal) à construçã o de um sistema de fato universal de sa ú de
no Brasil. Essa depend ê ncia pauta tanto uma vulnerabilidade socioeconô mica umaa am amea eaç a à sobe soberani raniaa naci nacional onal, dado o cará ter estratégico das in ind d ú strias quanto um desse complexo.
A despeito de significativas conquistas no sentido de institucionalizar a importâ ncia do desenvolvimento do complexo da sa ú de , h á muito que se avanç ar no que tange à regulamentaçã o incorpora çã o tecnol ó gica e poder de compra do Estado) , à adequa çã o dos ince incentiv ntivos os de fomento e ao aporte de recursos recursos,, sob o risco
de a p o lítica de sa ú de , garantida na Carta Constitucional , ver- se amea ç ada pela baixa capacidade produtiva nacional. 84
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
a constituição de uma base en end d ó gena de ino v a ção em sa ú de no p a ís requer a estrutura çã o de uma rede de in inst stit itui uições de Estado que dê suporte a uma estratégia gi a de â mbito nacional, à semelhan ç a do que ocorre nas á reas de energia e agropecu á ria , em que a Petrobras e a Empresa ancoram’’ o processo de inova çã o , Brasileira de Pesquisa Agropecu á ria Embrapa ) ‘ ancoram Nessa direçã o , entende - se que
em articula çã o com o setor privado. Considerando as particularidades da sa ú de , o objetivo expresso no ‘Mais Sa ú de ’) de expansã o nacional da Fiocruz deveria ser aprofundado, para
o desafio
de se constituir uma rede rede na naci cion onal al regionalizada de inova çã o , articulando essa
instituiçã o - chave na á rea de C T & I e produ çã o em sa ú de com os institutos nacionais de assist ência Inca , Into, Instituto de Cardiologia, entre outros ). T al articula çã o pode ser essencial para uma perspectiva de longo prazo que articule a
dimensã o social e a económica , podendo orientar e viabilizar um padrã o adequado de inovaçã o tecnol ó gica , ta n to p ú blico como privado, que permita dar um salto
qualitativo num ambiente internacional extremamente competitivo e amea ç ador.
Em ú ltima instâ ncia , somente o enfrentamento do desafio da inova çã o em sa ú de
e de redu çã o da dass assimetrias internacionais permitiria garantir o acesso integral à
sa ú de pelo cidadã o , independentemente do grau de complexidade tecnol ó gica dos bens e serviç os. Como decorrência dos desafios previamente indicados - sendo mesmo um fator
condicionante -, o quarto desafio é a neces necessida sidade de de construçã o de uma capacidade estrat égica no n ível federal do sistema de sa ú de, para garantir o predomínio de
uma vis ã o nacional em sua orienta çã o e regula çã o. A concepçã o de organizaçã o de um sistema descentralizado , que prioriza a execuçã o das a çõ es em nível estadual e, principalmente, municipal, tem como contrapartida conceituai e operacional a existê ncia de uma estrutura hierarquizada, capaz de estabelecer a organicidade das
a çõ es para a configura çã o de um sistema nacional de sa ú de integrado no territ ó rio. Para tanto, a esfera federal precisa ter uma alta capacidade de formulaçã o e de indu çã o das polític ticas as nac nacion ionais ais e de regulaçã o do sistema , estabelecendo formas democráá ticas e coerentes de organizaçã o federativa . Sem isso, a probabilidade de democr uma ineficiência sist émica , acompanhada de uma fragmentaçã o das a çõ es em sa ú de, parece incontorn á vel. O SU S , como um sistema na naci cion onal al de sa de, també
requer
de
m çãéogico a organiza uma nova estrutura no n ível federal , com a úincorpora çã o de um corpo estrat
de profissionais capazes de elaborar, induzir e avaliar as p o lí tica ticass nacionai nacionaiss. Assim 85
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
será possível, por exemplo, efetuar uma a ção efetiva para viabilizar os objetivos de uma atua ção regionalizada, que tenha uma visão nacional das iniquidades
e que, inclusive, recupere o espa ç o c rítico dos estados na a çã o regional. Tornarse - á possível tamb tambéé m uma regula çã o da incorporaçã o tecnol ó gica no SU S que permita induzir aquelas inova çõ es de que a populaçã o realmente precisa. Sem
isso, a ineficiê ncia sist émica e o descontrole do uso de tecnologias - que de fato v ê m ocorrendo pela ‘judicializa çã o ’ da sa ú de - tornam qualquer financiamento insuficiente para o atendimento de demandas que, nem sempre, se ligam à s necessidades de sa ú de.14
O quinto desafio que deve ser enfrentado refere- se à questã o democr á tica e aos mecanismos de participa çã o no S U S. A agenda intersetorial da sa ú de e a
a necessidade de tirar o S U S do insulamento setorial nos f ó runs participativos de decisã o . As inst â ncias de p a c tua tu a çã o e de deliberaçã o devem ser repensadas para aprofundar a gest ã o demo rela çã o entre sa ú de e desenvolvimento revelam
c rno á tica , incorporando novas ló gicas e novos atores no direcionamento estraté gico e controle social. No presente, observa-se o risco de essas inst â ncias participativas se burocratizarem , refletindo ló gicas e interesses localizados que n ã o interagem com um umaa p o lítica nacional de desenvol desenvolvime vimento nto que remete para novas quest õ es e para a nece necessi ssidade dade de ruptura com parad paradigmas igmas restri restritos tos ao campo da sa ú de. Considera ç õ es Finais
a relaçã o estabelecida entre os campos da sa ú de e do desenvolvimento no Brasil , com base em reflexõ es e exemplos concretos Este capítulo buscou aprofundar
que relacionam o cotidiano da sa ú de com essa agenda intersetorial, que extrapola fun çõ es sociais pa para ra comp compor or outras variá veis do desenvolvimento. Partiu -se do
desenvolvime vimento nto reconhecimento de que o avanç o do Brasil em uma trajet ó ria de desenvol
socioeconô mico sustentado e com equidade envolve uma grande diferenciaçã o do
sistema produtivo o que caracteriza a inova çã o ) e uma forte expans ã o do mercado
interno de massa, incorporando segmentos enormes da popula çã o , que es esttã o excluídos. É nessa dimensã o que se enfatiza o papel da sa ú de considerando seus
segmentos produtivos, industriais e de serviç os) em uma proposta sustent á vel de desenvolvimento. O sistema nacional de sa ú de inglê s , como paradigma dos sistemas universais , é o grande exemplo dessa a çã o que , ao mesmo tempo, estimula e regula a incorpora çã o tecnol ó gica ; es este te te tema ma está est á muito presente na agenda , mesmo nos sistemas de mercado, como o americano .
14
86
2 | SA Ú DE E DESENV DESENVOLVI OLVIMENTO MENTO NACION NACIONAL AL
governo federal, no período estudado , vinculam- se ao aprofundamento da proposta constitucional da sa ú de como direito de cidadania , mediante a cria çã o , no Brasil , de um sistema de proteçã o social universal , ten endo do como paradigma o Estado de Bem - Estar dominante na Europa ocidental no p ó s- guerra - cu cuja jass ex expe peri riências hist ó ricas concretas , mesmo quando Os compromissos específicos do
fora ram m cres crescente centemente mente assumindo a perspectiva se basearam em seguros sociais, fo do acesso universal à sa ú de - em oposiçã o aos modelos baseados na ló gica de mercado, a exemplo do modelo americano.15 Adicionalmente, inicia - se um processo político para situ situar ar
a sa ú de entre as
nacion ional al de des desen envol volvi vimen mento to, que incorpora grandes prioridades de uma agenda nac
uma visã o articuladora da dass di dime mens nsõ es social e econ ó mica , uma v ez reconhecido
o cará ter estratégico da sa ú de em dimensõ es outras, além da social - em especial geraçãoo de inovaçã o , emprego, renda e pelo naquelas referentes a seu potencial de geraçã futuro ro relacionadas ao segmento. conjunto de tecnologias de futu
governo federal nos ú ltimos anos deixa um SU S mais com co m açõ es mais amplas para atender a o s princípios constitucionais que
Em síntese, a atuaçã o do
forte e
fo fora ram m rec recorr orrente entemente mente assumidos. Assim , reafirma -se que houve importantes
avan ç os para a conforma çã o do SUS, ma mass estes se mostram incompat incompatííveis tanto
com co m a expansã o de demanda quanto com a centralidade da saú de na agenda de desenvol dese nvolvimen vimento to naci nacional onal. No que tange ao fom omen entto da ba basse produtiva da sa ú de , os avanç os ainda es esttã o
circunscritos às ind ú strias da sa ú de -
n ã o envolvendo os serviç os de maior
densidade tecnol ó gica nessa l ógica - e sua esc escal alaa ainda ainda precisa ser muito ampliada ,
quantitativa mobilizando maior quantidade de recursos recursos)) e qualitativamente exigindo a elabora çã o de um marco regulató rio) , a fi fim m de engendrar uma profunda transformaçã transforma çã o produtiva para o acesso de massa e para a gera çã o end ó gena de inova çõ es em sa ú de.
situaçã A situa çã o existente indica que , apesar dos avanç os, a sa ú de n ã o contou com a prioriza çã o política necessá ria e acena para
a ai aind ndaa embr embrio ion n á ria centralidade da
sa ú de na agenda de desenvol desenvolvime vimento nto. Esse debate adquire maior importâ ncia no momento histó rico que vive o Brasil:
de restabelecimento do papel do Estado como agente mais presente em uma
agenda
de desenvolvimento , e de mudan as socioecon micas e epidemiol
ç
ô
ó gicas
conceituai ituaiss, das tipologias dos sistemas de sa ú de e da situação Para uma recente e abrangente an álise dos aspectos conce internacional e no Brasil, v eerr o s artigos apresentados no livro organizado por Giovanella e colaboradores 2008) .
15
87
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
que pautam desafios específicos para a reestrutura reestruturaçã çã o produtiva do complexo da sa ú de como um todo. Assim, pensar o desenvolvimento da sa ú de exige um olhar sistémico, qu quee su supe perre uma visã o simplista de an álise de interesses pú blicos e privados envolvidos, levando a um círculo virtuoso entre sa ú de e desenvolvimento ,
em que as dimens õ es sociais e econ ó micas caminhem juntas. conf nfro ront nto o do doss interesses Naturalmente, a supera ção da dass ten enssõ es inerentes ao co pú blicos e privados na sa ú de deman demanda da uma atua çã o estruturada e coordenada por Estado do. Sem a devida intervenção estatal - via qualifica çã o de seu aparato parte do Esta
regulató rio, acentua çã o do uso de seu poder de compra compra,, adequa çã o de seu modelo de gestã o e fortalecimento da institucionaliza çã o do complexo da sa ú de em todas
as suas dimensõ es superando superando,, portanto , uma agenda restrita e setorial) - a rela çã o entre o s interesses p ú blicos e privados tender á a se manter desequilibrada , com custos insustentáveis para a sa ú de p ú blica e para o sistema de Bem -Estar Social. A grande aposta - que se constitui, ao mesmo tempo , numa expressiva
oportunidade para o S U S - é aliar a proteçã o social universal e o consumo de massa como vetores de progresso técnico, de investimento e competitividade , permitindo
a redu çã o da vulnerabilidade econ ó mica e social, e inserindo a sa ú de, de modo o rg â nico, na nova estraté gia gi a nacional de desenvolvimento.
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90
Financeiriza ç ã o d a Assistê ncia Mé dico-Hospitalar n o Governo Lula Lí g i a B a h i a
o tema da p o lítica de sa ú de especialmente a tem te m á tica da dass relaçõ es entre o pú blico e o privado no sistema Entre as muitas dificuldades para situar
brasileiro destacam -se o desencaixe entre um recorte temporal relativamente estreito e recente e os proce process ssos os de longo prazo que estruturam a conforma conformaçã çã o do
subsetor privado de assist ência à sa ú de; e a pontifica çã o de modelos idealizados ou do cont nteúd eúdos os hist ó ricos dota tado doss de alto teor de econo economic micism ismo o, que esvaziam os co
e conflituosos das políticas. Esses constrangimentos, especialmente quando contextualizados no novo ciclo de crescimento económico do final dos anos 2000 , nos inclinam a hipotecar a privatizaçã o da assistência à sa ú de à configuraçã o económica ditada pela globaliza çã o. Pouca aten çã o te tem m sido conferida a agentes nacionais, quando se imputa aos
processos de privatizaçã o na sa ú de total depend ência de tend ê ncias e agentes internacionais. Dizer que o crescimento econ ó mic mico o dev devee - se à conjuntura econó mica
mundial e em especial ao fen ô meno chin ê s e, p o r analogia ainda que esp ú ria ,
estabelecer uma rela çã o ca moviment mentos os set setori oriais ais provocam caus usal al entre entre este e os movi
menos sensibilidades do que considerar os diversos tipos de intermedi á rios e intermedia çõ es, que traduzem e reinterpretam essas sensibilidades em solo nacional. No entanto, retirar do debate sobre as rela çõ es contemporâ neas entre o
pú blico e o privado na sa ú de seus componentes conflituosos portanto , políticos) nutre equ ívocos sobre as fo font ntes es de dinamiza çã o daquilo que temos denominado merca mer cado do de assist ncia suplementar.
Usualmente, o êviés economicista aplicado à an á lise do mer merca cado do ass assist istenc encial ial
de sa ú de nos induz a acentuar, na an á lise do sistema privado, apenas os aspectos 91
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
da demanda. Em contraste, costuma -se sublinhar, na avalia ção do Sistema
Ú nico de Sa ú de S U S ) , a ampliaçã o da oferta como determinante da extensã o de acesso e co cobe bert rtur uras as. Inclusive estudos baseados em informa çõ es de inqué ritos result ultados ados co como mo o aumento do uso de serviç o s populacionais procuram discutir res de sa ú de , por exemplo, em ra razz ã o de suas possíve veis is assoc associa iaçõ es com a existê ncia
ou n ã o de unidad unidades es de sa ú de da fam ília Viacava , 2010 ). Enquanto isso, a subtra çã o nas an á lise lisess so sobr bree privatizaçã o dos esquemas assistenciais de pré- pagamento e ofeerta rta ce cede de passagem para associa çõ es dos serviç os de sa ú de de altera çõ es na of
lineares do crescimento da demanda com o poder de consumo dos indivíduos e das fam ílias. As afirma çõ es causais de que o mercado privado de assistê ncia à
sa ú de cresce porque a renda dos indivíduos e das fam ílias aumenta conotam um ticass vo volt ltad adas as ao est elevado desprezo pelas p o lítica estabel abeleci eciment mento o de bases sólidas
para as ativ ativid idad ades es de comercializaçã o de serviç os e planos privados de sa ú de. A ê nfase na variável demanda , nas
avalia çõ es do subsistema privado, simplifica
excessivamente a equa çã o sobre a din â mica do mercado; o s movimentos que alteraram a magnitude e o s regimes de propriedade das empresas s ã o essenciais da s tend à compreens ã o da gé nese e das tendêê ncias de expans ã o da privatiza privatizaçã çã o da assist ê ncia à sa ú de. Considerando essas lacunas, restriç õ es e ainda as imensas dificuldades para a conforma çã o de consensos - em raz ã o dos envol envolvim vimen entos tos político-partid ários dese senho nho mais mais re rece cent ntee da privatizaçã o -, este capítulo, implíícitos e explícitos no de impl apoiado nas reflexões sobre a ‘financeirizaçã o de esquerda’ Griin, 2009) , explora conexõ es entre recentes processos de aquisiçã o , fus ã o e abertura de capitais de
empresas de planos e seguros de sa ú de e a origem té cnico - empresarial- política dos atuais dirigentes da A gência Nacional de Sa ú de Suplementar A N S ). T al aporte , ainda provisó rio, objetiva contribuir para o debate sobre a incidê ncia de
tens õ es e deslocamentos de poder entre agentes do mercado suplementar sobre as sucessivas composiçõ es das diret ó rias da A N S. As conjecturas a respeito da relaçã o
entre as mudan ç as na configura çã o das empresas de assist ê ncia suplementar e a composiçã o da A N S repousam sobre estudos relativos à existência de um ambiente
p o lítico e institucional propício à privatizaçã o e à financeiriza çã o do setor, que antece ant ecede de e acompanha a montagem da A N S Menicucci , 2011) . Os pressupostos sobre
dass inst ncias t écnico pol ticas no protagonismo da
o , como base empírica , a âdisjuntiva entre - o ímodesto processo de privatizaçã o t êm crescimento proporcional das coberturas de planos e 92
seguros de sa ú de entre
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
vis vi s à expansã o financeira do setor suplementar, exem ex empl plif ific icad adaa pe pela la recente ascensã o do pr prin inci cipa pall propr propriet ietá rio da empresa de medi me dici cina na de grupo Amil ao grupo do doss ma maio iore ress bilion á rios do mundo IBGE , 2010 ; O Esta Estado do de S. Paulo, 2011). Em termos absolutos , o n ú mero de brasileiros vinculados aos planos e seguros 2003 24,6 ) e 2008 2 5 ,9 ) , ui uiss à
de sa ú de aumentou de 43 milh õ es para 49, 2 milh õ es de pessoas em 2008; mas as altera çõ es na configura çã o do setor parecem decorrentes, antes, de movi moviment mentos os de capitaliza çã o , fus õ es e aquisi çõ es do que do incremento da demanda IBGE , 2010 ). Antecipando algumas constata çõ es apresentadas neste capítulo, a mobilidade social ascendente, muito expressiva nos estratos de renda inferiores da popula çã o ,
n ã o alavancou automaticamente a reorganizaçã o das empresas privadas de
sa ú de. Parece ter ter si sido do a ‘ segunda alma ’ do governo petista a expressã o é de André Singer, 2010) - isto é, a continuidade do pacto envolvendo juros altos , liberdade de
movim mov imen ento to do doss capitais e corte dos gastos p ú blicos - a principal propulsora das
mudan ç as no setor suplementar. Porém , os referenciais g en éricos nem sempre adm admit item em tr tradu aduçõ es operacionais ortodo doxi xiaa ma macr croe oeco conô nômica n ã o se disseminaram simplificadas. Os efeitos da orto
homogeneamente nas p o líticas de sa ú de Teixeira & Paim, 2005; Machado et al
a reaçã o às ameaç as de ataque à moeda e outros haveres do p a ís , organizadas na sa úde sob inspira inspiraçã çã o dos denominados arranjos produtivos locais que buscam fomentar a produ çã o industrial, ocorreu lateralmente aos processos de financeiriza çã o. A cria çã o do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Sa ú de Gecis ) em 2008,1 a organiza çã o de um escritó rio 2010;
Bahia ,
2010) . Paradoxalmente ,
2
Fiocruz)) na Á frica e o apoio do governo brasileiro da Funda çã o Oswaldo Cruz Fiocruz que produzirá à implanta çã o da f ábrica de medicamentos em Moç ambique
antirretrovirais representaram um passo adiante na perspectiva de prioriza çã o de
investimentos produtivos. Essas iniciativas certamente n ã o fora foram m sufi suficien cientes tes para
provocar uma onda antifinanceiriza çã o. Contudo, parecem ter sido importantes descorti rtinar nar alt alternat ernativas ivas e deli delinear near efei efeitos tos- demonstra çã o. para desco Assim , as contradiçõ es e a ocupa çã o de espa ç os e interesses aparentemente antagó nicos no tabuleiro polí tico e social requerem chaves interpretativas mais A criaçã o do Gecis e sua inserçã o nas polí ticas federais relativas ao Complexo Industrial da Sa ú de sã o abordadas no capítulo 2. 2 A Fiocruz Á frica , o primeiro escritó rio internacional da Fun Funda çã o, foi inaugurado pelo presidente Luiz In áci cioo Silva,, o ent ão mini Lula da Silva ministro stro da Sa ú de , Jos é Gomes Temporão , o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, e autoridades africanas , no dia 17 de out outubro ubro de 2008, em Maputo, Moç ambique.
1
93
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
dass coalizões empre adequadas à abertura de ‘caixas- pretas’ da reorganização da financeirizaçã sariais setoriais. Nesse sentido, os estudos sobre a financeiriza ção de Griin 2007 , 2009) , ao problematizarem as diferen ç as de ênfase en enttre projetos políticos e
sociais dos agentes envolvidos com os fundos de pensã o e os private equities, s ã o
importantes referenciais para a compreensã o da complexa realidade brasileira.
O autor sugere que a origem distinta dos novos banqueiros de investimentos, em relação à queles oriundos da milit â ncia sindical e conectados aos fundos de pensã o , gera tens tens ões e estabelece um gradiente de posições no campo financeiro. Enquanto os primeiros - os banqueiros de investimentos - apoiam -se na tese
de que os problemas econó micos e sociais sempre de deco corr rrem em de m á alocação de
recursos da sociedade , os segundos - os militantes políticos , que atuam junto aos fundos de pens ã o -, com uma vis ã o hier hieráá rquica da sociedade, necessitam legitimar esfera era fina financei nceira ra em outros espa ç o s de sociabilidade. a esf
circunstââ ncias atravessadas pelas perspectivas de uma efetiva regula çã o Essas circunst e reforma do padrã o de domi min n â nci nciaa fin financ anceir eiraa , com a crise sistémica aberta em 2007/ 2008, voltaram a integrar o debate acad êmico e reo reori rient entara aram m inter interven venç õ es exata tament mentee os esforç os do Estado que governamentais. Na medida em que foram exa
garantiram , regularam e orquestraram a financeiriza çã o, seu desfecho poderá
estimular ag agen enda dass de de dese senv nvol olvi vime ment nto o. No entanto, a administra çã o da crise admite também cumplicidades e es esttímulos aos ganhos especulativos. Premidas pelas injun çõ es fiscais e pelo afastamento das fun çõ es de di dinam namiz izar ar a demanda efetiva e os lucros produtivos, as políticas económicas con const stit ituem uem eleme element ntos os
pú blicos fundamentais para a reprodu çã o macroecon ôm ômiica da riqueza financeira (Braga , 2009) . A projeçã o de tais categorias analíticas nos processos de m udan ças nas
empresas de assistê ncia suplementar suscita um conjunto de interroga çõ es sobre
a existência ou nã o das nuances da fina finance nceiri iriza zaçã o ; sobre a lógica predominante na integra çã o do setor ao mercado financeiro; e, ainda , sobre os modelos de at atua ua çã o política engendrados.
n ã o sã o resreunir nir e sis sistemat tematiza izarr informaçõ es pondidas ao longo deste capítulo, que se limita a reu inicia ini ciais is sobr sobree a financeiriza çã o na sa ú de. Realizou - se um esforç o de organiza çã o de Essas perguntas , exigentes de pesquisas mais aprofundadas ,
uma base emp rica sobre processos de fus ã e aquisi çã e abe abert rtur uraa de capital de
o ínicas mediante: consulí empresas de planos de sa ú de e laboratórios ode aná lises cl
tas ao noticiá rio da grande imprensa e a v e ículos de divulga çã o especializados; 94
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
an á lise de do docu cume ment ntos os contá beis das empresas; e co cons nsul ulttas a informações da
Bolsa de Valores de Sã o Paulo Bovespa) , referentes ao p er odo de vig vi gê ncia dos dois mandatos do presidente Lula . Recorreu - se també m a referê ncias legislativas, obtidas por meio de exame das proposi proposiçõ ções de parlamentares do Congresso Nacional sobre
a participa ção do capital e empresas estrangeiras na atividade de
assistê ncia à sa ú de para subsidiar o delineamento dos processos de financeiriza ção enfocados. O acompanhamento das trajetórias ias de rees reestr trut utur uraa ção das empresas
estudadas evidencia tra ç o s comuns e singulares nas estratégias de abertura de outras as fo form rmas as de participa ção de fundos privados no me a çõ es e outr merc rcad ado o de serviç os e planos de sa ú de . Do Pessimi Pessimismo smo à Euforia: prognó stico das empresas de assistência médica suplementar n o governo Lula
Um fato distintivo no
â mbito da assistê ncia suplementar, entre as gestõ es
dos presidentes Fernando Henrique Cardoso FH C ) e Lula - embora n ão possa ser atribu ído exclusivamente a aç õ es governamentais -, é a radical mudanç a de atitude dass empresas de planos e seguros de sa ú de. As da
cr ticas contundentes às regras
de amplia çã o de cob cober ertur turas as e aos percentuais de reajustes de pre ços estabelecidos
pelo
governo
-
marcaram a agenda pública de debates e crises e ameaç as setor durante a segunda gestã o de FH C - foram substitu ídas
que
de insolvê ncia do
por an úncios de lucros excepcionais de algumas empresas, ao longo de 2007; e no in iníício de 2011, pela declara çã o de paridade da Amil com as maiores empresas do mundo.
E m 2002 , reiterando posicionamentos anteriores, as entidades empresariais reafirmaram seu antagonismo à s normas regulamentadoras de ampliaçã o das coberturas e regula çã o dos pre ç os. A declara çã o do en entt ã o diretor da Federa çã o
Jo ão Alceu Amoroso Lima - “ o dever das seguradoras é zelar pela boa administra çã o dos fundos. O seguro privado é suplementar. Sa ú de é direito de todos e dever do Estado. As pessoas que n ã o tê m um preç o adequado na iniciativa privada devem procurar o S U S ” -, exemplifica adequadamente o tom r íspido das c r ticas à intervençã o nas regras de coberturas e defini çã o de preços Jornal do Brasil , 2001). Mas , logo depois, as posiçõ es adotadas Nacional das Seguradoras Fenaseg) ,
essa sass me mesm smas as empresas evidenciaram cautela e temor. Em julho de 2002, por es
esta tabe bele lece cerr umao percentual diferenciado prop propos osto to pe pella A N S , com o intuito de es vincula çã o entre o aumento dos pre ç os das mensalidades e aqueles
pagos para 95
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
os médicos, n ã o obteve a ades ã o das empresas de assistê ncia suplementar de dass seguradoras ) , sob alegaçã o do prová vel afastamento grande porte inclusive da incr creme ement nto o dos preç os acima dos reajustes médios , de clientes. A perspectiva de in
plenamente compartilhada pelas empresas empregadoras, corroborava a tese sobre os estrei estreitos tos li limit mites es de movimento das empresas de assistê ncia suplementar. Segundo Valter Hime, en entt ã o diretor-executivo da Aon Consulting, empresa de consultoria em re recu curs rsos os humanos, humanos, “ nos anos 80, os gastos com planos de sa ú de
representavam 2 da folha de sal á rios; hoj hojee cheg chegam am a 9 [e em fun ção ] do aumento
das despesas estt ã o reduzindo o s benef ícios dos planos ” Folha de S. despesas,, as empresas es
Paulo, 2002a ) .
J á em 2007 , houve uma rota ção radical nos conte ú dos dos discursos de
nottícias divulgadas acentua determinados empresá rios do setor. A t ô nica das no
lucros e investimentos. A Medial foi uma das primeiras empresas de assist ê ncia excele elente ntess result resultado adoss financeiros. O lucro suplementar a dar publicidade a seus exc líquido desta empresa , entre 2004 e 2005, passou de R 16 ,6 milhõ es para R 30 , 2 ões. Al ém disso, aquisiçõ es de outras empresas e o pioneiro lan milhõ milh lanççamento de
suas a çõ esna Bovespa em 2006 marcaram o início da inflex ã o no modus operandi e no discurso p úblico da dass empresas brasileiras de planos de sa úd údee Medial Sa ú de , 2008a) . Desde en entt ã o, empresas de me medi dici cina na de grupo , seguradoras e cooperativas médicas
Unimeds) passaram a estampar resultados financeiros positivos, associando-o s ,
aquisiçã simultaneamente, ao aumento do n ú mero de clientes e à construçã o ou aquisi çã o de empresas cong é neres, ou estabelecimentos de sa ú de. As no nottícias publicadas em 2007 e
2008 , selecionadas arbitrariamente entre
muitas , anunciaram a boa forma das cooperativas mé dicas. O crescimento do fatu ramento de Unimeds - como a de Belo Horizonte 19 ,1 ) , acima daquele veri-
o n ú mero de clie client ntes es 14 , 3 ) - e a constru çã o de hospitais no inte rior do país - como o investimento de R 16 milh ões para constru çã o de um hospital conotam am ace acertos rtos de gestã o e vitalidade de 68 leitos pela Unimed Vale do Ri Rioo Doce - conot dos investimentos Sa úde Business Web , 2007 a , 2008a ) . Estratégias de expansã o , por meio de fus ões e aquisi çõ es e investimentos na rede pró pria , també m foram adotadas por empresas com atua çã o mais localizada. med dicin cina de grupo criada em 1979, organizada com base no A Hapvida , uma me
ficado para
seu hospital Antonio Prudente, situado em Fortaleza CE ) , investiu R 16 milh ões em seu
hospital, o Sã o Lucas, pretendendo ampliar sua participa ção no mercado da região Norte. Adicionalmente, comprou 96
a empresa Santa Clara , que na é poca possuía 58
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
mil clientes em Pernambuco, e realizou uma fus ã o com o plano de sa ú de Sã o Lucas
de Macei ó Sa ú de Business Web , 2007b, 2008a , Valor Econ ó mico , 2010 d) . Atualmente, o panorama do me merrcado de planos e seguros de sa ú de e de aindaa ma mais is polarizado do que o configurado estabelecimentos de sa ú de tomou -se aind
at é o in ício dos anos 2000 , quando era hegemonizado por um conjunto maior de
empresas de planos e sa ú de , laboratórios de aná lises cl ínicas , unidades de exames concentraçã de imagem e hospitais . Embora as te tend ndê ncias de concentra ção das grandes empre sas e sua aproxima ção com os bancos de investime men ntos e de surgimento de empresas de planos de sa ú de de menor porte) sejam simultâ neas à conserva çã o dass estr da estrat atégias de atua ção de seguradoras e autogestõ es es,, os polos din â micos do uniidad adees de dia segmento da assistê ncia suplementar incluindo hospitais e un
g n ó stico) est ã o constitu constituíídos pela movimenta çã o de poucas organiza çõ es de â m bito nac nacion ional al de grande porte e pequenos novos empreendimentos localizados . Sucessos e Fracassos na Trajetó ria de Reconfiguração Empresarial na Bolsa de Valores
merca cado do, em janeiro de 2011, era de R 5,8 bilh ões ) é a Amil cujo valor de mer empresa que se fi firm rmou ou co como mo l íde derr do doss processos mais recentes de reconfiguraçã o A
segg assistê ncia suplementar. Outras empresas que integram o se do mer merca cado do de assistê mento sa ú de do setor consumo c íclico da Bovespa s ão: Dasa valor de me merc rcad ado o
de R 4, 6 bilh ões) ; Fleury valor de me merrcado de R 3, 3 bilhões) ; Odontoprev valor de mercado de R 4 bilh ões); Tempo Participa çõ es valor de me merc rcad ado o de R 700 milh ões); Biomm empresa de biotecnologia , lan ç ou a çõ es na Bovespa em 2002) e Cremer distribuidora e fabricante de produtos médicos hospitalares, que lan çou a çõ es em 2008) Bovespa, 2011) . A lé m dessas organiza çõ es, a Medial direcionou
suas estrat égias para a abertura de a çõ es na Bovespa em 2006. Mas enfrentou problemas e, em 2009 , foi comprada pela Amil.
O Quadro 1 procura elencar, n ã o exaustivamente , o processo de expansão da
Amil. Verifica - se que a veloz incorpora çã o de empresas e estabelecimentos de sa ú de concentrou - se em São Paulo, Ri Rioo de Janeiro, Brasília , Paran á e Pernambuco e, ainda , que o s valores estimados de aquisi çã o dessas organiza çõ es mostraram se bastante diferenciados . Segundo as informa çõ es compiladas , observa - se uma varia ção ampla no pre ç o pago por leito, ou por cliente das empresas de planos variaçã saú ú de. Nota - se que o lan ç amento de a çõ es na Bovespa , no final de 2007 , de sa alavanc ala vancou ou inic iniciat iativa ivass de aquisi çã o e fus ões iniciadas anteriormente . Com esses 97
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
inves in vesti timen mento toss e a venda da Farmalife , a Amil concentrou -se nos negó cios que envolvem
a assistê ncia e a comercializa comercializaçã ção de planos de sa ú de.
Os resultados
obtido obt idoss evi evide denci nciam am um expressivo crescimento da empresa . Entre 2007 e 2009,
o nú mero de cli milhõ clien enttes au aume ment ntou ou, de 2 , 7 milh ões para 5 ,1 milhões ; a receita , de R 3, 5 bilh õ es para R 5 bilh ões; e o lucro líquido, de R 2 4 0 milh milhõ ões para R 250 milhõ milh ões Amilpar, 2011) . O controle acion á rio do Dasa Diagn ó sticos da Am é rica) , que realizou em 2010 16 ,8 do total de exames do segmento privado, te m sido
considerado uma reviravolta e um do doss maio maiore ress negó cios do setor - em ra razz ã o do fato de inicialmente a Md Mdll da empresa da Amil ter cedido parte de seu mer mercad cado o de atua çã o ao Dasa Exame , 2011). Em 2009 , a Amil, empresa líder do setor suplementar, detinha 26 do to tottal de
clientes de planos de sa ú de no Distr Distrito ito Fede Federal ral, 19 no Rio Ri o de Janeiro, 14 em São
Paulo e 10 no Paran á. As perspectivas de verticalizaçã çãoo - claramente explícitas
mediante os mo movi vime ment ntos os de aquisi çã o e fus õ es - insinuaram -se ainda nos segmentos populacionais de ma maio iorr status socioeconô mico com a aquisiç ã o de dois Ri o de Janeiro. hospitais categorizados como de ‘ primeira linha’ n o Rio
Entre as outras empresas que abriram a çõ es na Bovespa , destacam -se: o Fleury
(que adquiriu 23 outros laborat órios, em vá rias cida cidades des bras brasilei ileiras ras) e a Odontoprev - ambas com co m participação do
Bradesco no controle acion acionáá rio. A Bradesco Corretora
investiu R 342 milhões para adquirir uma participa ção de 20, 54 na Integritas,
empr em pres esaa que det ém 68 das a çõ es do grupo Fleury. O restante do capital da Integritas pertence à Core Participaçõ es, cujos acionistas s ã o pessoas f ísicas Grupo Fleury, 2011) . A Bradesco Sa ú de S.A . possui 43, 5 0 das a çõ es da Odontoprev (Odontoprev, 2010 ) . Nem todas as empresas de sa ú de que abriram a çõ es na Bovespa fora foram m be bem m sucedidas. A Medial, após desenvolver uma trajet ó ria expansionista, soç obrou e foi adquirida pela Amil no final de 2009 . O Quadro 2 busca descrever as estratégias
empr pres esaa par araa se firmar no mercado, por meio da aquisi çã o de organiza çõ es dessa em de menor porte, inclusive de planos odontológicos , unidades de diagn óstico e da ampliaçã o e constru çã o de unidades hospitalares. H á diverg ê ncias sobre as
ra razz ões associadas ao desfecho negativo desses empreendimentos. Os motivos movi vime ment nto o de alargamento compilados nos coment á rios da imprensa para que o mo e verticaliza
de uni unidad dades es se desviasse do curso pre previs visto to podem podem ser
agrupados çã o em quatro grandes categorias:: a crise econó mica mundial; o elevado valor de ágio categorias gi o
pago pela compra da Amesp que valia R 150 milh ões e foi comprada por um 98
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
Quadrol - Trajetória da empresa Amil entre 2002 e 2010 segundo investimentos, lucros, valor das açõ executiv utivos os e administrativos ções es e ocupantes de cargos exec IPO * ( valor arrecadado )/ valor das a ções
Presid ê ncia , Conselho Presidê Consultivo
Clinihauer, Paran á , fundada em 1969 com 12 0 m il clientes, incluindo o hospital Milton Muricy e a rede de laborat ó rios Cendila Cendilabb. Valor estimado estimado:: R $ 12 0 milh ões MedCard , S ã o Paulo , 61.200 clientes, incluindo um hospital e dois centros m é dicos Blue Life, S ã o Paulo, 15 0 mi mill clientes Life System, S ã o Paulo, 5 5 m iill clientes. Valor da compra: R 60 milh ões + pagamento de R 50 milh õ es de dívidas Venda da Farmalife para a Dograsmil ( rede de farmáácias do Rio de Janeiro) farm As a ções Amil3 come começç aram a ser negociadas na Bovespa
R 1.400 .700.000 ( IPO )
Edson de Godoy Bueno * * ( presidente presidente)) Dulce Pugliese de Godoy Bueno * * ( vice - presidente ) Jorge Ferreira da Rocha * * e Gilberto João Ferreira da Costa * * ( Conselho de Administra ção ) Fernandoo Furlan Furlan * * * Luiz Fernand ( membro independente independente do Conselho )
2008
Ampla ( Sistema Ipiranga Ipiranga)), S ã o Paulo , 29 mi mill clientes Casa d e Sa ú de Santa Lúcia , Rio de Janeiro Hospital d e Clínicas SK Steckelberg Ltda., Brasília com 78 leitos. Valor da compra: R 8,5 milh ões + R 5 ,5 milh ões de dívidas
Valor m édio da açã o 28 de novembro R 8,22
O mesmo
2009
Medial empresa de medicina de grupo, posiçã çãoo derr com 1,4 milh ã o de clientes . Valor da compra: líde R $ 1,2 bilh ã o Hospital Nove de Julho, Sã o Paulo Valor da compra: R 14 0 milh ões + R $ 171 milh õ es d e dívidas
Valor m édio da açã o 28 de novembro R 12 ,82
O mesmo
2010
Hospital Pr ó - Cardíaco , Rio de Janeiro, com co m 110 leitos. Valor da compra: R 98,4 milh ões Hospital Samaritano, Rio de Janeiro, com cerca de milhõõ es 1800 milh cem leitos. Valor da compra: R 18
Valor m édio da açã o 28 de novembro
O mesmo
Ano
Aquisiçõ es e fus õ es/ outros investimentos
2002
Compra da Amico S ã o Paulo, empresa de medicina de grupo com 30 0 mi mill clientes, e cria çã o da DixAmico em 2003
2006
Compra da carteira de clientes de seguro sa úde ( 42 m il clientes) da Po Port rtoo Seguro Sa úde Compra da Sem Semic ic Rio de Janeiro , empresa de 10 0 m il clientes medicina de grupo com ce cerc rcaa de 100
00 0077
Valor da a çã o abertura R $ 18 ,00 Valor m édio da açã o 30 de novembro R $ 15 , 66
R $ 16 ,87
Excelsior de medicina de , empresa , Pernambuco grupo com . Valor da compra: R 132 m il clientes 50 milh ões Assinatura de memor memoran ando do de entendimento entre ( Diagn a Dasa ósticos da Am érica S.A.) e a Md l Diagnóósticos, empresa do ramo de análises clínicas Diagn diagnóóstico po r imagens da Amil. A intençã o era e diagn reorganização realizar uma reorganiza ção societária de ati ativos vos: os laborató rios S érgio Franco , a Clínica de Diagn óstico po porr Imagem CDPI, a clínica de ressonância CRMI e a Pro Pro Echo Echo Cardiodata Serviç os M é dicos. A Dasa iria adquirir fatias de 10 % da Pro Pro Echo Echo,, 28 % da po r R $ 88 ,2 milh õ es. CRMI e 16 ,5% da CDPI, por Diagnóósticos da América ): cont Dasa ( Diagn control rolee de 26 % Amilpar ções es pela Amilpar das a çõ Fontes : Bovespa , 2011; Folha úe Londrina 2007; 0 Globo 2008; Brasil Económico 2010 2010;; Amilpar, 2011; Agencia Estado 2010. um a empresa , isto é, qua quando ndo el elaa abr abree seu capital e primeir meiraa oferta de açõ es de uma * IPO (initial public offering), oferta p ú blica inicial, é o evento que assinala a pri
passa a vender açõ esrecebem na Bolsadinheiro de Valores controlee acioná rio. Em troca, as as empresas.abrem seu capital, elas transferem aos investidores parte do seu control . Quando para companhias seus investimentos abertas * * Graduados em medicina . ministroo de Desenvolvimento, Indústria e Com é rcio Exterior. Anteriormente, foi presidente do Conselho * * * Graduado em engenharia química . De 2003 a 2007, fofoii ministr çã o da Sadia S.A ., empresa na qual atuou desde 1978. Administraçã de Administra
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PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Quadro 2 - Trajetória da empresa Medial entre 2006 e 2009 segundo investimentos, lucros, valor das açõ es e ocupantes de cargos exe execut cutivo ivoss e administrativos Ano
Aquisiçõ es e fus õ es/ outros investimentos ( vendas )
Receita/ valor arrecadado lan ç amento das a çõ es
Valor das a çõ es
Presid ência , Conselho Consultivo,
consultorias ( estraté gia ) estratégia
00 6
Lan çamento açõ es na Bovespa
R 75 0 milhõ es arrecadados com o lan ç amento de açõ es na Bovespa
2007
Amesp medicina de grupo locali localizada zada em São Paulo ( 50 0 mi mill clientes) - valor: R $ 25 3 milh õ es E - Nova plano odontológico - valor : R 2,1 milh ões Laboratório rioss End Endome omedd - valor: R 5,3 milh ões
R 1, 58 bilh ão ( receita ) R $ 6 , 7 milhões Ebtida * R 19 , 4 mil milhõ es lucro
2008
Sport Club Corin Corinthia thians ns - valor: R 16 , 5 milhõ es Grupo Sa úde medicina de grupo, localizada em Pernambuco - valor 49 % das da s cotas: R 17 milh ões SAE Laborat órios, localizado em S ã o Paulo valor: R 12 ,3 milh õ es Previsã o de construir dois hospitais com 65 0 leitos em São Paulo
R 17 ,8 milh õ es Ebitda * Prejuízo R 16 2 mil mi l
2009
Prejuízo R $ 1,1 milh ã o no primeiro trimestre de 2009
R $ 22 ,10
Luiz Kaufmann * * ( presidente ) ( expandir investimentos ) Membros externos do Conselho: Alcides Lopes T ápias, Antonio Kandir, Betania Tanure de Barros McKinsey ( americana americana)) Gradus ( brasileira que auxiliou a integra çã o da Brahma com a Antarctica)) Antarctica
R 21,05
Emílio Carazzai * * * ( presidente presidente)) Refrear investimentos
Henning von Koss * * * * ( presidente presidente))
Membros independentes do Conselho : Alcides Lopes Tapias , Antonio Kandir, Betania Tanure de Bar Barros ros e Gustavo Fernandes Moraes Fontes: Gazeta Mercantil, 2008 b; Exame , 2008; atas da s reuniõ es d o Conselho de Admini Administr straa çã o Medial Sa ú de S.A., 22 de dez dezemb embro ro de 2006 e 20 de agosto de 2009. * Ebitda : lucro antes do s impostos, deprecia çã o e amortiza çã o. * * Luiz Kaufmann, graduado em engenharia. Presidente e CE O da Medial Sa ú de , sócio da GP Investimentos, diretor-presidente da Aracruz Celulose, diretor-geral do Grupo Multiplic e vice - presidente do Consel Conselho h o Diret Diretor or do Banco Multiplic, vice - presi presidente dente executi executivo vo do Grupo Petropar e diretor diretor- geral da Art Arthur hur D. Little. , , lio graduado em direito Caixa Econ ó Federal e secretá rio executivo é rio presidente Em í Carazzai, Carazzai . Preside Pres idente nte da mica do Mi Mini nist st da Fazenda da Medial Sa ú de , *** secretáá rio execu diretor executivo da Quadrivium Corporate Consulting, Pres Preside idente nte do Ban Banco co Pine Pine, dir diretor etor de Planejamento da Bompre ç oPar, consultor e secret executitivo vo da BoozAllen & Hamilton. Bayer Healthcare Kossda Henning , graduado çã ovice de- presidente Presidente consel selhhoo da s C â maras da von administra empresas. para do Grupo e daMateriaIScience ; foi êutica Col ô mbiaem e Venezuela Latina Bayer . , membro do con In*d*ú*stria Farmacê Farmac a Am é rica da Bayer
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3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
preç o muito superior, em ra razz ão da nec necessidade de demo demons nsttrar capacidade de investimento) ; a demora na adapta ção das empresas adquiridas adquiridas;; e o preç o médio 11 7 , 20, dos planos o preç o m édio dos pla planos nos empres empresaria ariais is da Amil, em 2009, de R 117
era significativamente maior do que o adotado pela Medial, de R 100, 50) Sa ú de
Business Web , 2010 b) . Nota - se ainda que uma importante estratégia gi a empresarial da Medial - a profissionaliza ção da Presid ê ncia e do Co Cons nsel elho ho Consultivo, com a convoca ção de renomados executivos do mercado - n ã o foi adotada pela Amil, que manteve seu principal propriet á rio e os m é dicos que integram
a diretó ria à frente
da gest ã o da empresa Quadros 1 e 2 ). ATempo Participaçõ es tampouco figura entre os casos de sucesso das empresas
que abriram seu capital. Esta empresa , formada incialmente pela CR CRC C - Connectmed, prestadora de serviços de administra çã o de planos de sa ú de de autogest ã o, adquiriu em 2001, da A IG , a Gama Sa ú de e diversos planos odontoló gicos. Em 2007 ,
já com o formato atual, passou a integrar o grupo GP Investiments - referê ncia em private equity na Am érica Latina -, que n ã o obteve o esperado sucesso com a redee odo odonto ntolló gica Imbra. Por sua vez, a Tempo voltou suas atividades çã o da red aquisiçã aquisi
ao atendimento domiciliar - comprou, em 2007 , a Med -Lar e, em 2008, a empresa
Staff ff Build Builders ers. Investiu també também paulista Sta m na compra de planos odontológicos , como
Associl, OralTech e OdontoEmpresa. Ainda em 2009, criou uma joint venture com Associl, co m a Assist-Card, especializada no mercado de as assi sist stê ncia de viagens Gazeta Mercantil , 2008a ) , e comprou a seguradora de sa ú de do Unibanco por R 55 milh ões. Tendo sido sid o vencedor vencedoraa em licita çõ es para ofe ofert rtar ar ass assist istência médica e odontológica para coss do governo do Ma servidores p úblico Mato to Gr Gros osso so, Senado e Infraero, em julho de 2010 anunciou uma associa ção com a Caixa Econ ó mica Federal , que criaria umaa em um emp pre resa sa de seguro sa ú de Caixa Seguro Sa ú de) , administrada pela Tempo es)) . Essa oportunidade daria continuidade à trajetória de co cont ntrol rolee de 25 das a çõ es crescimento da empresa . Mas , pouco tempo depois, em outubro, o GP Investiments anunciou a venda da Tempo. O banco de capital su íç o U BS foi contratado para negociar a venda de at é 100 do capital da empresa , cujo valor foi estimado em R 900 milh ões Valor Económico , 2010 a ) . As a çõ es da Tempo ca íram de R 5 ,40 , em 2008, para R 4, 00, no início de 2011 Bovespa, 2011) . U s o de Recursos Pró prios e Associa ç ã o c o m Bancos de Investimentos Um subgrupo de empresas importantes do mer mercad cado o de assistê ncia suplementar
optou por avan ç ar estratégias expansionistas baseadas no uso de seus próprios 101
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
recursos ou associa associaçã invest estime imento ntoss. Exemplos do prime ção com bancos de inv primeir iro o ti tipo po de estratégia variad ados os perfis. Em 2008, gi a podem ser encontrados em empresas de vari
a Unimed Paulista estabeleceu uma associa associaçã ção , por meio de joint ventures , com a Inpao Dental Instituto de Previd ê ncia e Assistência Odontoló gica ). Em 2010 , a Sul Am é rica comprou a Dental Plan, por R 2 8 , 5 milh õ es es,, e 49,92 da participa participaçã ção que
o Banco do Brasil. detinha na Brasilsa ú de , p o r R 28,4 milh ões S a úde Business Web , 2008c ; Folha de S Paulo , 2010). Todavia, a articula ção com bancos de in BTG G inve vest stim imen ento toss, especialmente o BT Pactuai, liderado por André Esteves , parece ter se firmado com um dos principais
pilares de dinamiza çã o do mercado. Fo Foii essa a estratégia ado da concessã o gi a que, ao lado de empréstimos do International Finance Corporation IF IFC C ) , 3 vinculado ao Banco Mundial, permitiu ao Grupo D ’ Or ampliar velozmente sua rede de estabelecimentos
hospitalares e tornar-se a maior empresa independente de hospitais privados do
Brasil. Até 2006, a rede D ’Or estava composta por tr ês hospitais Barra D ’Or, Copa D
’Or
de
Quinta
’Or
’
diagnó óstico L ab s) e localizava se no Rio unidades de diagn Ri o Ri o de Janeiro , hospitais nas zonas Norte e Oeste do Rio
D 56 Janeiro. A aquisição de e
) e
-
em Pernambuco e São Paulo e, posteriormente, a venda de suas unidades de
diagn óstico para o Fleury s ã o algumas mudan ç as observadas na trajetória recente
da rede, resumida no Quadro 3. Segundo declara çõ es dos executivos do Grupo D ’Or, o potencial de crescimento micco do país os estimula à expansão, por meio de aquisiç õ es Rede D ’ Or, económi 2011). A opção da rede D ’ Or por se concentrar na aquisi çã o e gestã o de hospitais,
sua capitaliza çã o via associa çã o com o BC BCG G - Pactual e a manuten çã o de m é dicos nos principais cargos administrativos do grupo conferem contornos singulares à
empresa. Quadro 3 - Trajetória do Grupo Df 0r entre 2006 e 2009 segundo investimentos e ocupantes de cargos executivos e administrativos Ano
Investimentos
Unidades da federa çã o
Valor/ ti tipo po de participa çã o participaçã
Presid ência Conselho Executivo
2006
Hospital Hospi tal Badim ( Tijuca )
Rio de Janeiro
2007
Hospital Joari ( Campo Grande ) , Hospital Real Bangu)) , Hospital Bangu ( Bangu Bangu)), Cordis ( Bangu
Rio de Janeiro
Bank nk Gro Group up, objetiva reduzir a pobreza e promover o ,crescimento do World Ba membro O IFC ó mico á vel , apoiando pa ,íses nos em desenvolvimento o desenvolvimento do setor privado por meio da econ mobiliza o de capital çã sustent para investimentos privados e serviç os de consultoria e mitiga çã o de riscos para empresas e governos. No Brasil, em 2009 , o IFC esteve envolvido com a assessoria para constru ção e implementação da par parcer ceria ia p ú blico- privada do Hospital do Sub úrbio e co m investimentos na rede D ’Or. Ver informaçõ es em: < www.ifc. org or g> . 3
102
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
Quadro 3 - Trajetória do Grupo D’O r entre 2006 e 2009 segundo investimentos e ocupantes de cargos executivos e administrativos (cont.) Ano
Investimentos
Unidades da federaçã federa çã o
2007
Hospital Provita ( Cascadura ), Hospit Hospital al Israelita Israelita ( Tijuca ), Hospital Rio de Janeiro ( Vila Valqueire
Rio de Janeiro
2008
ospital Esperanç a Hospital Prontolinda Hospital S ã o Marcos
Pernambuco
2010
Presidê ncia Conselho Executivo
5 0% 50 %
gest ã o
Associaçã o com o BT G Pactuai Obtençã o de rec recur ursos sos junto ao IFC
Compra de debentures transformá veis em a ções e direito a uma vaga no Consel Con selho ho de Administraçã o do Grupo D ’Or R 55 milh õ es
Hospital e Maternidade Brasil ( 249 24 9 leitos ) Hospital e Maternidade Assun ção çã o
( Sã o Paulo) (Santo André )
tr Hospital 803 leitosS ã) o Luís ( ês unidades hospitalares:
(( Sã Sã oo Bernardo Paulo ) )
Venda do Lab ’s para o Fleury
Valor/ tipo de
participa çã o
Valor estimado R 1,03 0 bilh ão
Jorge Moll * ( presidente ) José Roberto Guersola * * ( vice - presidente) Claudio Tonello * * * (diretor de Marketing Corporativo) Roberto
Martins * * * *
outros membros da Fam ília Moll R 1,04 bilh ã o O grupo D '0 r ter á 15 % de
participa çã o no controlee acion control acionáário e uma vaga no Conselho de Administraçã o
Fontes: IFC, 2010; Rede D ’Or, 2011; S ã o Luiz, 2011; Sa ú de Business Web , 2010b. principal al prop propriet rietá rio. * Graduado em medicina, fundador e princip * * Graduado em medicina . Carlrl Zeiss Vision, diretor comercial do MakroAtacadista , * * * Graduado em marketing , diretor do Grupo P ão de A çú car, vice - presidente Comercial e de Marketing da Ca diretor de Marketing do Grupo Berlin e da Johnson&Johnson. Informaçã çã o sobre graduaçã o nã o dispon disponíível . Represe Representant ntantee do BTG Pactuai, só cio do BCG Pactuai, diretor financeiro da dass Lojas Americanas. * * * * Informa
A Consolida ç ã o de Grandes Empresas de Assistência à Saúde e Planos de Saúde As trajet órias de empresas que levaram adiante os recentes processos de
aquisi çõ es tra ç am, em conjunto, um vetor de ruptura com o passado. Da oferta
saú úde caracterizada por hospitais , de serviç os e comercializaçã o de planos de sa unidades de diagn ó stico e terapia , empresas de planos de sa ú de de menor porte e limit limites es terr territori itoriais ais bem definidos, passa- se a priorizar a expans ã o via aquisi çõ es de est estabe abelec lecime imento ntoss e empresas de planos de sa ú de em cidades nas quais se concentram o s segmentos populacionais com maior renda. Trata - se, portanto , de 103
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
um movimento duplo, que conjuga a expans ã o de capitais , desterritorializa ção das empresas e redesenho da disputa de me merc rcad ados os já consolidados. A presen ç a do grupo de origem carioca D ’ O r no AB ABC C paulista , exatamente
a regi ã o na qual se
originou a primeira empresa de planos privados de sa ú de no Brasil Cordeiro, 1984) ,
e na cidade de Sã o Paulo ocorre simultaneamente à expans ã o do grupo paulista Fleury no Ri Rioo de Janeiro e em outros estados . Por enquanto, o s tra ços da nova geometria do mercado nem sempre s ã o ime -
diatamente visíveis . As marcas antigas das empresas e dos estabelecimentos de sa ú de re recc ém-adquiridos, em muitos casos, n ã o foram substituídas. Mas, atualmente , o principal mo movi vime ment nto o de concentra concentraçã ção do mercado n ã o consiste apenas
na mudan ç a nos regimes de propriedade das empresas. Outras ba base sess mater materia iais is
conferem suporte à s estrat égias complexas de verticalizaçã o, incluindo, parado-
xalmente, o recurso à terceiriza çã o de uma empresa pertencente ao pró prio grupo. Umaa comunica çã o da Amil Participa çõ es elucida as condiçõ es contratuais entre Um
planos de sa de,
e laborat rios Em fevereiro de 2011, a Dasa se tornou
hospitais ó ção . dos exames da responsáv el úexclusiva pela terceiriza dass un uniida dade dess próprias da Amil antes realizados pela Foccus) em São Paulo. Segundo uma comunica ç ã o ao
mercado, os valores pagos à Dasa , por exame, seriam 10 inferiores ao cus custo to unit á -
rio daquele praticado pela unidade própria; e a Amil receberia
u m desconto de 5
em suas tabelas de valores na realizaçã o de exames para seus clientes nos pontos cole leta ta da rede Dasa. Al ém disso, a Amil concederia descontos progressivos, de de co acordo com o volume de exames, para estimular o direcionamento de cl clie ient ntes es
para a Dasa. Competiria à Dasa pagar pela exclusividade na realizaçã o de exames de an á lises cl ínicas nas unidades da Amil o valor de R 9, 7 milh ões , considerado suficiente para cobrir as despesas decorrentes da descontinuidade dos serviç os da Foccus , tais como rescisões con contr trat atuai uaiss e dem demis isssões Amilpar, 2011).
Depreende - se que, embora singulares , as trajetórias dos três importantes
poss ssue uem m um fundamento comum: a capigrupos - Amil - Dasa , rede D’ Or, Fleury - po taliza çã o de valores mobili á rios a ç õ es, deb ê ntures e fundos de investimentos) , contextualizada pel pelaa perspec perspectiv tivaa de crescimento econó mico do país. Dois outros argumentos mencionados para justificar o s investimentos sã o: a ui s - à - uis ui s aos fragmentação das empresas de planos de sa ú de e hospitais no Brasil uis EUA EU A e as dívid vidas as dos hospitais que constituem a segunda característica homogé nea dessas organiza çõ es. Conforme citado em documento de uma das empresas e declarado por uma executiva do set setor or:: 104
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
...[o setor] é altamente fragmentado, sendo formado por
mil operadoras em atividade e milhares de prestadores de serviç os, entre hospitais, laborat ó rios , m é dicos , e outros profissionais de sa úde . ...) os beneficiá rios das dez mai maior ores es operadoras de planos m é dico- hospitalares do Brasil somam ...) de acordo com um relat ó rio publicado 28,1 do total em sete setembro mbro de 2008 2008.. ... pela corretora Bear Stearns , em junho de 2006, as 25 maiores empresas de planos de sa ú de dos Estados Unidos respondiam pelo atendimento de 85 doss cli do client entes es. Medial Sa ú de , 2008b) 17
O grupo comprador [de hospitais] tem a seu favor um setor extremamente pulverizado com quase 3 mil hospitais com fins lucrativos, e vá rios com endividamentos, devido à m á gest ã o e dif dificu iculda ldades des de negócios com co m planos de sa ú de ...) . H á muitos hospitais carregando passivo que chegam at é a gente qu declaraçã çã o de quer eren endo do ca capt ptar ar recursos. Valor Econ ó mico , 2010b - declara Priscila Amaro , consultora da Pri Pricewa cewater terhou house se)
O terceiro elemento - que auxilia a compreensã o da ado çã o de estrat égias de seguro ross e as capitaliza çã o diferenciadas pelos hospitais, as empresas de planos e segu unidades de diagnóstico - s ã o os marcos legais sobre a busca de financiamento via oferta de a çõ es. A Constitui Constituiçã ção brasileira , em seu artigo 199 , inciso § 3o, veda a
participa çã o direta ou ind indir iret etaa de empresas ou capitais estrangeiros na assistê ncia à sa ú de no pa ís, salvo nos casos previstos em lei. A lei n. 9.656/98, que regulamentou
as empresas de planos e seguros de sa ú de , per permi miti tiu u que pes pessoa soass f ísicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no ext exteri erior or constituam ou participem do capital, ou do aumento do capital, de pessoas jurídica dicass de direito privado, constitu ídas conforme
as leis brasileiras para operar planos privados de ass assistê ncia à sa ú de. Embora polêmica , a abertura do capital de empresas como Dasa e Fleury encontra respaldo
no fato de elas n ão serem prestadoras diretas de serviços.
A restriçã o à abertura de capital de hospitais na bolsa de valores mobiliza seus propriet á rios e executivos. O ex- diretor e propriet proprietáá rio da Casa de Sa ú de Santa
Lucia , no Rio Ri o de Janeiro, após considerar a magnitude dos recursos captados com as ofertas públicas de a çõ es IPOs) para o financiamento do setor privado, aduziu: O lament á vel é que o setor de presta çã o de serviç o mé dico- hospitalar, fundamental para o bem - estar comum , esteja à margem desse vigoroso processo, por forç a de um dispositivo constitucional (...). Como sabemos , n ã o h á IPOs de suce sucess sso o se sem m pa part rtic icip ipaa çã o de capital externo. ...) Ora , nenhum outro segmento merece mai maiss inv invest estime imento ntoss do que a sa ú de . Sempre é v á lido lembrar que os cust ustos no setor aumentam de forma exponencial em decorrê ncia da pr ó pria evolu çã o tecnoló gica , que imp õ e permanentes inovaçõ es no campo da medicina , em benef ício dos do s pacientes - o que di f íci cill imaginar o que tinham em mente exige reiterados investimentos. É dif os constituintes quando impuseram tal restriçã o. Até porque h á uma inexplicá vel assimetria de tratamento em relação às operadoras de planos 10 1055
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
en t ã o , impedir de sa ú de , que n ã o est ã o proibidas de real realiz izar ar IPOs. P or que , ent a atividade médico- hospitalar de receb receber er os necess á rios aportes de recursos para o seu desenvolvimento ? Uma quest ã o de sobe soberani raniaa ? Ora , se o argumento er eraa est estee à é poca da Constituinte , n ã o faz qualquer sentido. Hoje , num mundo globalizado , a veda çã o soa a uma injusta discrimina discriminaçã çã o Romano, 2008). Em 2009 , o senador
Fl Flexa exa Ribei Ribeiro ro, do PSDB, apresentou o projeto de lei n. 2 5 9 ,
propondo alterar a lei n. 8.080, para permitir a participa ção de empresa e de capital estrangeiros na assist ê ncia à sa ú de, incluindo instala çã o , operacionaliza çã o ou exploração de: a ) hospital geral; b) labo rat ó rios de an á lises ; clínicas, de anatomia patoló gica e de gen é tica hu mana ; c ) serviç o de fisioterapia ; d ) serviç o de diagn óstico por imagem ; e) a ções e pesquisas de planejamento familiar ; f ) seguro- sa ú de e plano privado de as assi sist stê ncia à sa ú de; g) hospital geral filantr ó pico; h ) serviço de sa ú de sem fina finalida lidade de luc lucrat rativa iva, man manti tido do po porr em empr pres esaa pa para ra atendimento de seus empregados e dependentes. Brasil/Senado Federal, 2011) A observâ ncia dos limites legais , embora tenha induzido o grupo Fleury
repa pass ssar ar se seu u hospital antes de abrir seu capital na a re
Bovespa, parece n ã o ter
impedido a rede D ’ Or nem outras empresas hospitalares de os contornarem e se dass transa çõ es com deb êntures associaram a investidores estrangeiros , p o r meio da
direit eitos os simil similares ares à queles dos acionistas ) . O grupo que conferem a seus detentores dir
Vita de Santa Catarina emitiu , em 2005, deb ê ntures n ã o convers conversííveis em a çõ es , mas que garantem aos investidores participa ção ção nos lucros. Os títulos da rede D ’Or, porém, poderã o, sim , ser convertidos em a çõ es Vita , 2005; Valor Econó mico, 2010c) . As a çõ es das empresas relacionadas ma mais is di dire reta tamen mente te com o me merc rcaado de assist ê ncia suplementar4 n ã o são as mais lucrativas , nem se situam entre as mais
entanto,, os processos recentes de capitaliza çã negociadas Bovespa, 2011) . No entanto çãoo certamente modificaram profundamente o status da sa ú de no mapa geral dos
investimentos brasileiros. A Agênc ncia ia Nac Nacion ional al de Saúde Suplementar n o Governo Lula
Sabidamente , todas essas negociaçõ es receberam aval da A N S e de o u tra s
inst â ncias, como o Conselho de Defesa da Concorr ê ncia e da Secret Secretar aria ia de Direito Econ ó mi mico co do Ministé rio da Justi ç a , entre outras. Mas
a natureza do envolvimento da inst â ncia regulatória nos ato s de concentra çã o e financeiriza çã o do mercado -
No in ício de 2011, as a çõ es das principais empresas do ramo valiam: Amil R 17 ,50 ; Dasa - R 20 , 00 ; Fleury - R 22 , 90 ; Odontoprev - R 22,40; e Tempo Participaçõ es - R 4,15 . Tais a ções tê m apresentado oscila çõ es de preç os 4
relativamente pequenas.
106
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
suplementar despertou pouca ou nenhuma polêmica. Ora se atribui ao ó rg ão formal mal, de legitimar processos ‘ naturais da evolução regulador o papel, meramente for do mercado’, o r a o de consentir, passivamente, com
reduçã a redu ção dos limites de cobertura . Mesmo os problemas de ressarcimento, de arrecada ção de multas sobretudo relativas a garantias assistenciais - e os índices elevados de reajustes
sido do debi debita tado doss na conta das imensas dificuldades para ‘ domar’ empresas t ê m si desobed des obedien ientes tes e poderosas .
O relato do primeiro presidente da A N S , ainda no governo FH C , Janu á rio Montone, confirma a impressã o de gu guer erra ra entre forç as assim étricas: “ as operadoras, por meio de suas entidades, lutaram bravamente contra a regulamentação ” Montone, 2003). Esse mito de origem separa artificialmente Estado e mercado
e a ten u a , convenientemente , a visibilidade do protagonismo das empresas de planos e seguros no processo de elabora çã o da legisla çã o e de estruturaçã o da
ANS. A moldura normativa original da A N S caracterizou -se pela ambiguidade . Na
predominaram naram quadros técnicos oriundos de enti entidades dades constituição inicial da A N S , predomi de autogestão - que delas se orgulhavam e afirmavam a inexorabilidade da segmenta ção no sistema de sa ú de - e dirigentes que encarnavam interesses opostos. Na primeira diretó ria da A gê nc ncia ia ha havi viaa um representante de entidade de defesa
dos con consumi sumidor dores es e outro que, após o mandato, aderiu claramente aos interesses das empresas de planos de sa úde como integrante da Federação Nacional de Sa ú de Suplementar Fenasa ú de ). A composiçã o da diretó ria dotou a A N S de capacidade entat atiiva de absorver para interiorizar conflitos sobre coberturas e preç os. A tent tens ões e conflitos pela via institucional , bem como a inclusã o da permissã o para do capital estrangeiro no setor na reda ção da lei n. 9.656/98, explicita o a entrada int intri rincad ncado o desen desenho ho político-legal da regula çã o . A institucionaliza çã o tout court das
tens ões re rest stri rita tass ao â mb mbit ito o dos concorrentes e usu á rios do mercado retirou de
cena os problemas regulatórios , relacionados ao aporte de recursos p úblicos para
a oferta e a demanda de planos e seguros de sa ú de. Consequentemente, supor que o ressarcimento ao S U S n ã o foi adiante apenas em ra razz ã o das imposiç õ es jurídicas implicaria desconhecer que o lastro cognitivo , valorativo e político dos dirigentes pioneiros da A N S criou um ambiente favorável a litiga çõ es e inviabiliza çã o da dass normas legais. operacionalizaçã o da No primeiro mandato do
, ex ministro da Sa ú de Humberto Costa
governo o -de preç o s dos planos individuais e endureceu o discurso em rela çã o ao reajuste Lula
anunciou o fec fechamen hamento to das duplas portas de entrada dos hospitais O Globo, 2004; 107
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Bahia , 2010 ). A nomeação para presidente da A N S de um sanitarista integrante do PT, e de outros t écnicos mil milit itant antes es das hostes do SU S, personificou as expectativas
de aproxima ção da A N S à s p o líticas emanadas pelo Ministé rio da Sa ú de . Nesse
mesmo momento, a nomea ção de um executivo do mercado, indicado pelos outros partidos situados à centro -direita da coaliz ã o governamental, para
a
Diretó ria de Operadoras, sinalizando a preocupa ção dos espa ços conquistados no governo do PSDB , acalentou expectativas opostas , que logo cederam v ez a uma
tercei ter ceira ra alte alternati rnativa: va: a do aplacamento dos conflitos com as empresas reguladas.
À disposiçã çãoo inicial, de observâ ncia estrita das reg egrras legais, seguiram - se acordos sobre reajustes de preç os que , praticamente , puseram fim à s polê micas pú blicas
entre a A N S e as ent entida idades des de representa ção das empresas de planos e segu seguro ross de
sa ú de.
Paralelamente, a Casa Civil da Presid ê ncia da R ep ú blica , na época dirigida por Social)) Jo Jossé Dirceu, procurou atribuir exclusividade à Geap Funda çã o de Seguridade Social 5
na oferta de planos de sa ú de para os servidores públicos da Uniã o. Essa estratégia gi a , e sua poss ív e l sinergia com o provimento de previdê ncia complementar para os
eforma ma da Previd ê ncia Social, terminaria por dotar o funcion á rios p úblicos p ós-refor
Brasil de um fundo de pens ã o semelhante - guardadas as devidas proporçõ es àqueles americanos como, por exemplo, o California Public Employees ’ Retirement System - CalPERS) . No entanto, as demais empresas de planos e seguros de sa ú de e o Tribunal de Contas da U n i ã o ponderaram que a legisla çã o induziria à forma ção de um monop ólio. A repercussã o , amplamente desfavorável da ini inicia ciativ tivaa da Casa Civil - no contexto de den ú ncias sobre manobra de articula ção entre petistas enffat atiizand zando o os aspectos político - partid á rios da especialmente Jos é Dirceu) , en fundo o de capitaliza çã o proposta e n ã o aqueles concernentes à conforma çã o de um fund - reverteu
as expectativas de transformar o estatuto da Geap Correio do Povo , 2004) .
Entre 2004 e 2006 , os reiterados an úncios de inovar na regula çã o , com a política
de qualifica çã o das empresas e amplia ção da capacidade técnica operacional da
A N S com a realizaçã o de concursos, caminharam pari passu com as estratégias de fixar elevados reajustes de pre ç os e permitir a comercializaçã o de planos falsos coletivos Cremesp/ Idec , 2007 ) . Essas iniciativas acalmaram o debate. Desde
entt ão , tr ê s premissas cognitivo - operacionais afirmaram- se: 1) a ne en nece cess ssid idad adee da eiio do decreto n. 4.979, de 2004, que regulamentou o artigo 23 Por m e 2300 da Lei sobre o Regime Ú nico dos Servidores. Disponível em : < http://legislacao. planalto. gov .br/legisla/legislacao. nsf /V iw Identificacao/ DE DEC C 24.979- 2004? OpenDocument> . Acesso em : 3 out . 2011. 5
108
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3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
adoçã ado ção de modelos assistenciais integrados , para propiciar aten ção integral aos clientes; 2 ) o masc mascara arament mento o do doss subs subsíídios pú blicos e das ten tentat tativa ivass de ampl ampliiá -los;
a retraçã o das a ções de cobran ç a de garantias de cobert cobertura ura. Lula,, o s ministros da Sa ú de in Durante o segundo mandato de Lula indi dica cado doss pelo PMDB mantiveram , com uma exce ção , os mesmos nomes nos cargos de direçã o da
3)
A N S . A troca de um diretor de estirpe sanitarista por outro n ã o alterou a ess ê ncia da composi ç ã o política da instituiçã o . No entanto , o projeto de qualificaçã o das empresas, antes categorizado como essencial para a mudan ç a na garantia de acesso e qualidade para os segme segmentos ntos pop popul ulac acio iona nais is vinculados aos planos de
sa ú de, perdeu vitalidade. Mesmo assim , os esforç os para ampliar as coberturas encontraram outra via de passagem. Em 2007, a inclus ã o negociada e progressiva de procedimentos, proposta com a resolu çã o normativa n. 167 , inaugurou uma din â mica mais aberta nos debates sobre as rela çõ es entre acesso, utiliza çã o de serviç os e pre ç o s A N S , 2008) . Simultaneamente , os projetos e os depoimentos de
doss dir direto etore ress da A N S em prol das empresas de planos e seguros tornaram - se um do dass empresas de planos mais aud íveis. As proposiçõ es de est est ímulos à capitalização da e seguros e cria ção de fundo garantidor, acompanhadas da tese tese so sobr bree a ‘falê ncia do setor público’, foram expostas em diversos f óruns so sobr bree o sistema de sa ú de no
Brasil.. Brasil Esses projetos, embora divergentes, confluíram em torno das inic inicia iati tivas vas dis dis-
propagar a comprova çã o dos ben éficos efeitos do crescimento económico para o mercado e, sub - repticiamente, para a sa ú de. Inicialmente, o aumento das coberturas, especialmente dos planos
seminadas pelos dirigentes da ANS de
odontol ó gicos , foi um resultado da sintonia da regula çã o com i anunciadodecomo nottícia publicada, o aumento da focapacidade consumo da popula çã o. Uma no provavelmente no início de 2008, introduz o novo script da A N S: Planos odontol ó gicos devem crescer 21, 4
O ano passado foi bom , quem dir á 2008 2008.. Essa Essa é a previs ã o feita pela A N S nciaa Nac Nacion ional al de Sa ú de ) . A expectativa é que o n úmero de benefici á rios A g ênci aumente em , aproximadamente , 21,4 ao final deste ano , ultrapassando a marca de 10 milhões de pessoas atendidas. A g ê ncia S e g N e w s , s. d .)
cont ntex exto to da crise econó mica mundial, as not no tícias Posteriormente , mesmo no co sobre os resultados da dass empresas de planos e seguros de sa ú de conotavam otimis -
mo: “Apesar da crise , planos odontoló gicos continuar ã o a crescer ” e “Apesar da cris crisee
econó mica , Unimed - BH expande em 13,3 ” Sinog, s.d.; Sa ú de Business Web, 2010 a ). 109
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Entre 2008 e 2009, provavelmente imersos nas previs ões sobre previsõ
o crescimento
econó mico e com as lides sobre as negocia ções de cob cobert ertura urass , dirigentes da A N S
encararam as inte intens nsas as transforma çõ es na configura ção económica e financeira das empresas como uma esp écie de evolu ção natural positiva. Acredito que hoje
o setor já se adaptou ao processo de regula çã o. O pró prio
n aquisições mostram de em oandamento ível de operadoras e fus ões que e a abertura reciclardo essecapital setor j á conseguiu primeiro algumas momento. Gazeta Mercantil , 2008b)
No processo de indica çã o do
novo presidente da A N S, em 2010 , as pontes es esta tabe bele leci cida dass entre entre interesses plasmados em to rno da forma çã o e ampliaçã o de fundos de capitaliza çã o e de hospitais que s ão plataformas de incorpora çã o tecnol ó gica fo fora ram m forta fortale leci cida dass , inclusive pelas afinidades desses agentes com autoridades influentes na á rea econ ó mica. Essa coaliz ã o , claramente ‘ nucleada’ logr grou ou indi indicar car, para dirigir a A N S , o mesmo pela ló gica dos mercados financeiros, lo exec ex ecut utiv ivo o da Qualicorp, empresa de administra çã o de planos de sa ú de , que a priv ivat atee equity equity General capitalizou mediante associa çã o com o fundo americano de pr Atlantic , em 2008 General Atlantic, 2008). Coerente com sua base de apoio, o atual presidente da ANS propôs , no início de 2011, a cria çã o de um novo produto que auferiria o mesmo tratamento tribut á rio da previd ê ncia complementar: o Vida Gerador de Benef ício Livre VGBL) .
Considera ç õ es Finais Durante
Lula , especialmente no segundo mandato o governo Lula, mandato,, ocorreram
merca cado do de planos e seguros de sa ú de, suportadas transforma çõ es estruturais no mer pela capitaliza çã o e participa çã o de fundos de inves nvesti time ment ntos os. As estrat égias
adotadas pelas empresas s ã o singulares , mas apoiam - se na ló gica de prioriza çã o de
vezz daquelas que se resultados de curto prazo seri riam am mui muito to mai maiss produtivas para prazo,, em ve
o pró prio crescimento econó mico, como a pesquisa , a forma çã o e a capacita çã o da for ç a de trabalho e o cultivo de rela çõ es duradouras com prestadores de serviços e ind ú strias do setor. O denominador comum da atua çã o da dass empresas enfocadas ao longo deste capítulo foi fo i a opçã o pela al alte tern rnat ativ ivaa mais mais ba bara rata ta: a compra da instalada alada exist existente ente. A concentra çã o das empresas nas cidades e regi ões capacidade inst aument ento o dos dos preç os apó s as aquisi çõ es. com maior renda acompanhou - se pelo aum Essas estrat égias conformam - para alé m dos efeitos mais do que decantados sobre a distribui çã o da renda - uma p o lítica de aume aument nto o dos ativos financeiros , 110
3 | FINANCEIRIZAÇÃ FINANCEIRIZA ÇÃ O DA ASSIST ÊNCIA MÉDICO HOSPITALAR NO GOVERNO LULA
em detrimento do investimento na expansã o real da oferta de a ções e serviç os de
sa ú de. Paradoxalmente , a justificativa para obten ção de empréstimos para a rede D ’Or junto ao Banco Mundial é a necessidade de apoiar redes de cuid cuidad ados os de sa ú de e prestadores de serviç os que ofertem serviç os, a pre ç os acessíveis, em regi ões carentes. Nos docu document mentos os das empresas, voltados a atrair inves investime timentos ntos internaciona internacionais is, nem o S U S nem mesmo a legisla çã o que regula as empresas de planos e segu seguro ross
de sa ú de foram sequer mencionados . Entre os argumentos ar arrol rolado adoss encontra encontram m-
se o crescimento econó mico, o es esttá g io do mercado - caracterizado como pequeno diante do potencial de consumidores e fragmentado - e comparaçõ es do sistema de sa ú de brasileiro com o americano.
à opacidade que as transa çõ es financeiras produzem , os fracassos das estratégias de capitaliza çã o da dass empresas e suas consequ ê ncias assistenciais n ã o integraram os dis discur cursos sos dos empres á rios, nem de autoridades reguladoras. Assim, Graç as
o otimismo em relação aos acertos da dass empresas contrasta fo fort rteme emente nte co com m o menosprezo ou o descarte do sistema público. Entretanto, a expansã o da oferta
governos é uma estratégia gi a explicitada pelas empresas de diagn óstico, que já atuam na rede p ú blica de diversos estados brasileiros. As estrat égias e as repercussões da financeiriza çã o , por meio de private equities ou fundos ndos de pensão , no sistema de sa ú de brasileiro, apenas tangenciaram o debate sobre as políticas regulatórias. A proposiçã o de elevar o status da Geap ao de umaa inst um inst â ncia p úblico- privada de asseguramento n ã o saiu do papel. Ironicamente, de presta ção de servi ç os laboratoriais aos
que volta ao centro da agenda é a constituiçã o de um fundo de capitaliza çã o oprivado que busca , pela assist ê ncia à sa ú de , catalisar a previd ê ncia complementar
a participa çã o dos novos banqueiros de investimentos. Embora a agenda pú blica da sa ú de n ão tenha registrado a financeiriza çã o , as intera çõ es dessa des sass muda mudan n ç as se concretizaram no plano político-institucional no final de 2010. O atual presidente da A N S , com cre credenc denciai iaiss de art ífice da financeiriza çã o , sustenta propostas políticas e projetos societá rios para o país , cujas diferen ç as com as diretrizes e os princí pios do S U S n ã o sã o cosm éticas. Hoje , a A N S , dotada com mais recu recurs rsos os human humanos os e financeiros, e bem ma maiis pró xima aos ce centr ntros os de deci cissó rios das privada com
pol ticas econ micas, maximiza e
financeiriza
. De
emanam teses
legitima a lá í çã o- entregando ó as riquezas da soci sobre como tornar sociedad edadee mais produtivas recursos pú blicos para particulares - que n ã o t ê m sido devidamente contestadas.
111
PO LÍTICAS DE SA ÚDE NO BRASIL
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113
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SI
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II. Caminhos
JÇr.
4
0 Modelo d e Interven ç ã o d o Estado n a S a úd e: notas sobre a atuaç ã o
federal
e i r a M ac hhaado ristiani V i ei
O projeto da re refo forma rma sanitá ria brasileira, que levou ao recon reconhecime hecimento nto da sa ú de como co mo dire direit ito o de cida cidada dani niaa na Constituiçã o de 1988 e à constitui çã çãoo do Sistema
Ú nico de Sa ú de S U S ) , de cará ter p ú blico e universal , pressupunha profundas mudanç as n o papel e no modelo de intervençã o do Estado n a sa ú de. Em 1990, a promulgaç ã o da
Lei Le i Orgâ nica da Sa ú de e a incorpora çã o do Instituto Nacional de Assistê ncia M édica da Previd ê ncia Social Inamps ) ao Ministé rio da Sa ú de marcaram o surgimento de um umaa ‘ nova autoridade sanit á ria nacional’, que
passou a ter responsabilidade de comando únicosobre a política de sa ú de no âmbito federal. J á a diretriz de descentralizaçã o político- administrativa em um contexto federativo democr democráá tico implicou o fortalecimento, nos anos subsequentes, subsequentes , de
estad adua uais is e municipais milh mi lhar ares es de outras autoridades sanitá rias - os gestores est de sa ú de. A instituiçã o do SU S, a unifica çã o do comando sobre a política nacional e a descentralizaçã o p o lítico - administrativa trouxeram repercussões para o papel federal na sa ú de, exigindo mudan ç as nas fun çõ es es,, na estrutura e na lógica de
atua çã o do Ministé rio da Sa ú de. No entanto entanto,, as tr tran ansf sfor orma ma çõ es na atua çã o do minist é rio nos anos subse -
quentes n ã o decorreram apenas da agenda de constru çã o do S U S. Conforme evidenciado em est estudo udo ante anterio riorr sobre o modelo de interven çã o federal nos anos 1990 Machado, 2007) , elas també m foram co cond ndic icio iona nada dass po porr outra outrass variáveis
hist ó rico estruturais , institucionais e político conjunturais , relacionadas tanto a
- gerais de mudan ç as no Estado brasileiro movimentos como à s singularidades da política de sa ú de. 11 7
PO L ÍTICAS DE SA Ú DE NO BRASIL
Este capítulo enfoca o modelodeinterven ção da esfera federal do Estado na sa ú de
nos anos 2000 , com ê nfase para o período de 2003 a 2010 , correspondente aos dois mandatos do presidente Lula . Inicialmente , sã o discutidos os condicionantes para
a a ção federal na sa ú de. Em seguida , apresentam - se as principais característ stica icass da Minist isté rio da Sa ú de no que se refere à s ma atua ção do Min macr cro ofun ções de planejamento, financiamento, regulação e presta çã o direta de serviç os, com base em uma pesquisa que envolveu an á lise documental , orç ament á ria, de dados prim á rios e secund á rios, e realiza çã o de entrevistas com dirigentes federais. Por fim , sã o analisadas as continuidades e m udan ç as recentes no modelo de interven çã o federal em sa ú de, bem como os desafios apresentados ao fortalecimento da a ção
estatal no sent sentid ido o da consolida çã o dos princípios do S U S. Condicionantes da Atuação do Ministério da Saúde
O mo mode delo lo de interven çã o do Mi Min nisté rio da Sa ú de nos últimos vinte anos foi fo i condicionado por um ari á veis. Entre aquelas de car á ter geral, destacam umaa sé rie de vari se as repercussões das da s agendas de refo reforrma do Estado no país , que s ã o mediadas pelas características histórico- estruturais do Estado brasileiro e pelas op çõ es dos
diferentes governos. Como variáveis setoriais, vale destacar a trajet ória histórico-
institucional da sa ú de e as novas regras para a atua çã o do gestor federal do SU S. Ressalte- se ainda um terceiro
grupo de vari á veis, de cará ter político- conjuntural, concernentes ao estatut estatuto o político da sa ú de nos governos do período e às rela çõ es entre os atores com peso na defini çã o da política , considerando os limit mites da governabilidade do Ministé rio da Sa ú de.
v á rios países , a partir do final da d écada de 1970 , fo fora ram m ma marc rcad ados os pela cr ítica à excessiva interven çã o estatal. Evans 1993) sinaliza que, após uma onda de re refo form rmas as fundamentadas em ideias neoliberais, já nos anos 90, houve , no plano internacional, certa retomada da valorizaçã o do Estado e da ne nece cess ssid idad adee de fortalecimento de sua capacidade institucional para o exercício de v á rias rias fu fun n çõ es. Quanto ao modelo de interven çã o estatal, Majone 1999) identifica, nas d écadas de 1980 e 1990 , um mov movim imen ento to de substituiçã o do ‘ Estado positivo’ - planejador , produtor direto de bens e serviços e empregador - pelo Estado regulador’ , ainda ‘ que tais ais mu muda dan n ças se expressem de forma diferente entre na çõ es e á reas da política. Na á rea da sa ú de , em muitos países europeus , as reformas levaram ao Os processos de reforma dos Estados Nacionais em
118
4 | 0 MODELO DE INT INTERVE ERVENNÇÃ O DO ESTADO NA SA Ú DE
fortalecimento da regulação dos sistemas , exercida por meio dos ministé rios da Sa ú de Figueras et a l , 2002) .
Brasil , as repercussões dessas tend ê nc ncia iass fora foram m ma mais is evid eviden ente tess na d écada de 1990 , com características específicas. A década foi marcada pela liberalizaçã o econó mica e a democratizaçã o Sallum Jr., 2004) , com o predom ínio de uma agenda No
de reformas que visou a desmontar o modelo de intervençã o econó mica e social conformado na ‘ era Vargas’. Tais reformas se nortearam , no plano econó mico,
dass medidas de estabiliza çã o fiscal e das pela abertura de mercados, centralidade da privatizaçõ es; no plano social, pela expans ã o de algumas políticas , porém com
limit mites ao cres cresci cimen mento to do doss gastos pú blicos e ê nfase na descentralizaçã o ; e no plano administrativo, pela busca de redu çã o do tamanho da administraçã o pú blica federal e de seu papel de prestaçã o direta de serviç os Santos, 2006) . Mattos 2006) , ao discutir as mudan ç as no Estado regulador1 brasileiro
à luz
das implica ç õ es das interpreta çõ es sobre o Brasil para as rela çõ es entre Estado e sociedade , identifica historicamente dois modelos preponderantes. O primeiro modelo estatal, conformado a partir do governo Vargas e aprofundado no regime militar, teria se fundado no pensamento autorit á rio, negando a relevâ ncia da democracia para o desenvolvimento . A alternativa formulada por Celso Furtado
na d écada de 1950, de um modelo democrá tico de Estado planejador desenvolvimentista , n ã o teria chegado a se constituir plenamente.
o autor, o segundo modelo - caracterizado pela cria çã o de a g ê ncias Esta tado do estatais,, terceirizaçã o defun çõ es do Es reguladoras, privatizaçõ es de empresas estatais e regula çã orrreçã o de çãoo da economia em uma lógica de defesa da concorrê ncia e cor Para
‘ falhas de mercado’ - teria se afirmado nos anos 90, no governo Fernando Henrique Cardoso. T al modelo, pautado pela nega çã o do pró prio Estado, envolveria um movimento político de ‘ descentralização ’ do poder do presidente e dos ministros , burocraci aciaa e de cria çã o de novos mecanismos de mudan ç as no funcionamento da burocr
insti tituc tucion ionais ais de formula ção ju jurr dico- ins çã o e regula çã o de p o líticas - como as a gê ncias reguladoras Mattos, 2006) . J á Boschi e Lima 2003) identificam uma mudan ç a expressiva no padrão de atua çã o do Estado a partir da d écada de 1990, mas ressaltam como um
de ‘de de interven regula forma do Estado, embora sobre a adota a uma concepçã concep ção ampla O autor adot ’ para designar çã obrasileiro economia . Nesse sentido , defende queçã a ideia ooEstado novidade no caso não é uma reguladorqualquer outros out ros autores autores designem o modelo de Estado constitu í do na era Vargas como ‘planejador’ ou ‘ desenvolvimentista ’. Nessa perspectiva , o que varia entre os modelos são as formas assumidas pela regula çã o e, sobretudo , o seu termos das rela çõ es Estado - sociedade. significado e implica çõ es em termos
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tra ço comum, entre
o n o v o modelo e o anterior, a face demiúrgica da atividade
autore oress ad adve vert rtem em , regulató ria do Executivo, sob novas formas institucionais . Os aut ainda , que o marco de atua çã o estatal defendido nos anos 90 orientou -se para
o mercado, estabelecendo um fosso na rela ção com os cidadã cidad ã os, transformados em consumidores pela limitada capacidade de interven ção do Estado nas p o líticas sociais.
o arranjo federativo, alguns trabalhos enfatizam, como um elemento de continuidade, o importante peso do Executivo federal, mesmo em um contexto de descentralização das políticas p ú blicas Almeida , 2007 ; Arretche, 2009 ). A an á lise das autoras é consoante com estudo anterior de Kugelmas e Sola 1999) , que ressaltaram, no caso brasileiro, o cará ter din â mico das rela çõ es entre centraliza çã o e descentralizaçã o , que n ã o se re resu sume mem m a movimentos pendulares nem antagó nicos. Em v á rios momentos histó ricos , observa- se a centraliza çã o de poder e recursos associada a medidas Em outra perspectiva , que enfoca
descentralizadoras. Nos anos 2000, principalmente a partir do início do governo Lula , em 2003, notam - se inflex ões relevantes para a atua çã o estatal nas políticas pú blicas,
como o movimento de recomposiçã o do quadro de serv servid idor ores es federais por meio da realização de
concursos públicos , a bu busc scaa de fo fort rtal alec ecim imen ento to do planejamento
nacional e o reconhecimento da import â ncia da prestaçã fede dera rall di dire reta ta de prestaçã o fe serviç os e stra t égicos . Na á rea económica , houve mudan ç as re rela laci cion onad adas as à s
bases bas es ins insti tituc tucion ionais ais para a retomada do desenvolvimento industrial em á reas estrat égicas , como o fortalecimento do papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ ó mico e Social BNDES) Boschi, 2007) e a cria çã o da A g ê ncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial Mattos , 2006 ). No segundo mandato, o lan ç amento do
Plano de Acelera çã o do Crescimento e da Po Pollítica de Desenvolvimento Produtivo
sinalizou inflex ões mais substantivas no sentido de um novo desenvolvimentismo
Ipea , 2010 ). No que concerne ao modelo regulató rio preponderante preponderante,, apesar das críticas
ag ê ncias independentes independentes,, as mudan ç as foram marginais , n ã o se observando nos anos subsequentes a conformaçã o de um tecidas no in ício do governo à atua çã o das
modelo jurídico institucional alternativo Mattos, 2006 ; Pacheco, 2006) . As reformas no funcionamento do Estado no
se expressaram de
governo forma heterogé nea entre dif difere erente ntess á reas da administra ção. Portanto , um segundo Lula
sticass inst instituc itucionai ionaiss grupo de variá veis a ser considerado se relaciona à s característica 120
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específicas do setor sa ú de. A trajetória histórica de centraliza ção decisó ria e administrativa do sistema de sa ú de brasileiro e o legado institucional representado atuaçã pelas ló gicas de atua ção dos antigos gestores nacionais da sa ú de - o Ministério da Sa ú de ‘ pré- S U S ’ e
o Inamps - influenciaram de forma decisiva a conforma çã o do modelo de interv interven en çã o federal nos vinte primeiros anos do S U S .
As mudan ç as institucionais na gest ã o federal da sa ú de , apó s 1988, impul Constituiçã sionadas pela nova Constitui dado do de form formaa lenta ção , embora importantes , t ê m se da
e incremental incremental,, guardando tra ç os de cont contin inui uida dade de com os modelos anteriores.
O movimento de unifica çã o institucional da sa ú de no plano nacional n ã o foi fo i suficiente para superar a histó rica fragmentaçã o na condu çã o das p o líticas. Observa - se ainda a convivê ncia , no â mbito do Ministé rio da Sa ú de , de diferentes lógicas de formulaçã o da dass políticas por problemas de sa ú de , faixa et á ria , grupos específicos , tipos de serviç os) , que se relacionam à complexidade do campo e à s heran ç as de distintas culturas institucionais. Tais características se expr expres essa sam m fortemente nas dificuldades de planejamento integrado e na diversidade dos mecanismos e instrumentos de financiamento , por exemplo. Por fim , um te terc rcei eiro ro gr grup upo o de variáveis, d e car á ter político- conjuntural, diz
respeito ao estatuto polí tico da sa ú de nos projetos de diferentes governos e à s relaçõ es entre os atores relevantes para a políti tica ca naci nacional onal de saúde. A importâ ncia orç amentá ria e a visibilidade p ública do Ministé rio da Sa ú de o tornam um lócus
potencial de expressã o de disputas políticas , de marcos de governo e de prioridades de dirigentes federais , em intera çã o com outros atores . custos os cre cresce scentes ntes No entanto, as características do setor sa ú de - tend ê ncia de cust da assist ê ncia m édica , depend ê ncia intensiva de tecnologias e de mã o de obra qualificada - tornam a política de sa ú de bastante vulner vulneráável a restriçõ es econó micas
que impliquem limitar o crescimento dos gastos pú blicos e do funcionalismo, duas condiçõ es importantes para a expansã o do sistema p ú blico de sa ú de. Tais restriçõ es foram recorrentes ao longo da implanta çã o do SU S , inclusive durante o
Lula,, co com m rep reperc ercuss ussões sobre as condiçõ es de atua ç ã o do Estado na sa ú de , governo Lula impondo limites ao planejamento planejamento,, financiamento, regula çã o e à presta ção federal dos serviç o s de sa ú de. A título de exemplo, pode - se afirmar que o movimento geral de recomposiçã çãoo ão dos quadros de servi servidor dores es na administra o federal durante o gove verr no Lula n do beneficiou de forma expressiva a sa ú de. çã A á rea n ã o apresentougocrescimento
n ú mero de serv servidor idores es fede federai raiss ativos entre 2002 e 2010 , ao contrá rio do observado 121
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para o conjunto do funcionalismo na administra ção federal ou na á rea da edu -
perr odo foram ca ção. As entidades da sa ú de mais privilegiadas por co conc ncur urso soss no pe as agê ncias reguladoras e a Funda çã o Oswaldo Cruz. Entre as unidades da administração direta , os hospitais federais do Rio Ri o de Janeiro rec recebe eberam ram ser servido vidores res a partir de 2006, embora em quantidade inferior ao necessá rioJ á o nível central do minist é rio n ã o foi concu ncurso rsoss para para a inclus ã o de quadros t écnicos fo i beneficiado por co contrata ta çã at é 2009, perma çãoo temporá ria de funcion á rios e permanece necendo ndo depend dependente ente da contra de con consul sultor tores es para v á rias á reas estrat égicas Alberto, Machado & Teixeira , 2011). Esse quadro de fragilidade da bur buroc ocra raci ciaa de n ível central do Ministé rio da Sa ú de
cruciai aiss do compromete sua capacidade institucional no desempenho de fun çõ es cruci Estado, como planejamento e regula çã o em sa ú de .
A s Macrofunç õ es de Estado na Saúde n o s Anos 2000 As quat quatro ro ma macr crof ofun unçõ es executivas do Estado na sa ú de , exercidas no â mbito
nacional pelo Ministério da Sa úde , s ã o: 1) planejamento; 2) financiamento; 3) regula çã o; 4) presta çã o de
a çõ es e serviços d e sa ú de. Pode- se dizer que a
intervençã configura çã o dessas fun çõ es expressa um dado modelo de interven ção do das mudan ç as observadas em cada um umaa delas e na sua gestor federal. A an álise das articula ção é importante para a compreensã o da dass tr tran ansf sfor orma maçõ es no papel do Estado na política nacional de sa ú de . Nos anos 1990 , a atua çã o do Ministério da Sa ú de
foi fo i influenciada por distintas
agendas, como a da reforma sanit á ria e a de reforma do Estado, hegemónica na mode delo lo de interven intervençã dé cada . Nesse contexto, observaram - se mudan ç as no mo ção do Estado na sa ú de, cujas principais caractersticas no
p er odo foram: fragilidades
de planejamento; instabilidade no financiamento; expansã o e diversificaçã çãoo das
atividades regulató rias , embora com limita çõ es; redu çã o da execuçã o diret reta de serviç os Machado, 2007 ). Na tentativa de explorar os elementos de co cont ntin inui uidad dadee e muda mudan n ç a na atua çã o
do Estado na sa ú de nos anos 2000 , discute-se, a seguir, a evolu çã o recente de cada
uma dessas macrofun çõ es . Planejamento
O planejamento constitui uma macrofun çã o fundamental para o direciodecisõ name na ment nto o da política de sa ú de , ao envolver a toma omada de decis ões e a proposi çã çãoo 122
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de inte interrve ven n ções sobre a realidade sanitá ria , abrangendo: identifica identificaçã ção de necessidades, de prioridades e dir diret etriz rizes es de a ção , elabora elaboraçã ção de estrat é gias e planos de intervenção , articula ção entre atores e mobilização de recursos necessá rios para a dass políticas. operacionalização da A trajet ó ria histórica da política de sa ú de das d écadas de 1930 a 1980 , marcada
pela fragmentação institucional, n ã o possibilitava o planejamento nacional inte grado. Com a instituiçã o do SU S em 1988, previa - se um fortalecimento do plane -
jam amen entto p ú blico, que foi, no entanto, prejudicado pelo contexto das reformas do Estado dos anos 90. Somente no final daquela d éca cada da ho houv uvee certa retomada de
estratégias mais consistentes de planejamento estatal nacional, p o r exemplo, PPA A ) , instrumentos previstos na Constituiçã o . por meio dos plano planoss pluri plurianua anuais is PP As iniciativas de planejamento federal na sa ú de foram esparsas e mostraram
importantes fragilidades, com aus ência de pl plano anoss in inte tegr grado adoss de m é dio e longo prazos. No período correspondente ao governo Lula 2003 a 2010) , houve uma valoriza çã o do planejamento estatal, que pareceu influenciar positivamente as
iniciativas setoriais de planejamento. O movimento de for orttalec alecer er o planejamento
nacional em um contexto democrá tico e fe fede dera rati tivo vo exigiu do governo federal a deba bate tess e a busca de forma çã o de consensos com outras esferas de amplia çã o dos de
governo e diversos grupos da sociedade. As estrat égias de planejamento adotadas pelo Ministé rio da Sa ú de no período
refletiram elementos do con conte text xto o geral a ló gica do planejamento estatal no país;
a conjuntura do governo Lula ) e as peculiaridades da sa ú de a especificidade do campo, a trajet ória da política , o modus operandi do ministério e a orientaçã o política das gestões ministeriais) . Observou - se um adensamento das estrat égias e instrumentos de planejamento
nacional em sa ú de ,2 em uma tentativa de dar direcionalidade à política. O Ministé rio da Sa ú de procurou fortalecer o seu papel por meio do planejamento planejamento,, compreendido
como um pr envol volvi vimen mento to de vá rios proc oces esso so técnico - político e social que requer o en atores. As estrat égias de planejamento em sa ú de no período tiveram propó sitos varia -
dos e se expressaram em instrumentos de planejamento específicos. Buscou- se Conforme proposto em Machado, Baptista e Lima 2010) , as ‘estraté gias’ de planejamento foram compreendidas sob b co cond ndu u ção do Ministé rio da Sa ú de relacionados à afirma ção papel el planej planejado adorr na como processos so ção de seu pap política , incluindo a articula ção co m out outros ros setor setores es e esferas de governo. J á os ‘instrumentos ’ são os dispositivos que planejadora dora federa federall , como os planos e pact pactos os formais formais. materializam a a ção ção planeja 2
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articulaçã a articula ção entre planejamento e orç amento, como nos anos 90, por meio dos PPAs 2004- 2007 e 2008- 2011). Esses PPAs , elaborados ao longo do mandato de um mesmo presidente da R ep ú blica , apresentaram diferen ç as quanto à orientação da estratégia gi a de desenvolvimento. Enquanto o primeiro enfatizou a redu çã o da inclus usã o social, o segu desigualdade e maior incl segundo ndo apresentou apresentou orienta ção fortemente
econó mica , visando à acelera çã o do crescimento. Tais diferen ç as refletiram - se na sa ú de , visto que os PPAs influenciaram , em cada mandato, mandato, as estrat égias e os instrumentos de planejamento de iniciativa do Ministé rio da Sa ú de . O fortalecimento da fun çã o planejadora federal, em
uma perspectiva mais integrada e debatida entre á reas, foi buscado por meio da constru çã o do Plano Nacional de Sa ú de 2004 - 2007 Brasil, 2004). A valorizaçã o da coo oorrde dena nação intergovernamental para o alcan cance de prioridades da política
se traduziu na elaboração do Pacto pela Sa ú de Brasil , 2006) . Por fim , o esforç o de inserçã o da sa ú de em um projeto de desenv desenvol olvim vimen ento to em transforma çã o se
expressou na constru çã o do Plano Mais Sa ú de 2008- 2011 Brasil/ Ministério da
Sa ú de , 2009) .
Ressalte- se que foram identificados dois momentos no que concerne ao
planejamento federal em sa ú de. O planejamento em sa ú de no primeiro governo orientaçã çã o democrá tica e gerencialista, 2003 a 2006) foi marcado por uma orienta envolvendo ao mesmo tempo um intenso proc proces esso so de debate int intern erno o ao ministé rio outtros ros at ator ores es do governo federal, de out outra rass es esfe fera rass de governo ) e um e com ou esforç o de tradu çã o das prioridades políticas em metas objetivas. No período
correspondente ao segundo governo 2007- 2010) , a orientaçã o gerencialista setori rial al de atrelar a política de sa ú de ao se manteve e houve um movimento seto modelo lo de dese debate do mode desenvol nvolvime vimento nto, co com m reperc repercuss ussões incertas . No entanto, o
processo de planejamento n ã o expressou t ã o fortemente a ado ção de mecanis mecanismos mos participativos amplos, tra ç o marcante no período anterior. As principais
caracter sticas do planejamento federal em sa ú de nos dois governos Lula são resumidas no Quadro 1. Financiamento
financ nanciam iament ento o se relaciona ao papel do Estado de prover A macrofun çã o de fi
recu recurso rsoss para para permitir
of ofer erta ta de servi os sociais ,
que depende da arrecada
ç pú blico. Ao sa ú de é um set çã o de rece receit itas as e da execu çaã o do orç amento setor or so soci cial al que mobiliza um importante e cresce crescente nte volu volume me de recursos. N ão por acaso, os sistemas 124
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de.. Brasil 2003 2010 stica cass do planejamento federal em sa úde Quadro 1 Característi Momentos
Contexto governamental geral
Estrat égias de planejamento em sa ú de
Instrumentos de planejamento em sa ú de
Orientaçõ es predominantes no planejamento e gest ã o da saú de
Io governo
- Definiçã o de prioridades de governo, associada a promessas de campanha. Organiza çã o de sistema - plan planejame ejamento nto junto junto à de Presid ência/ Casa Civil. ncia ia do - Construção e vig ênc PP A 2004 - 2007 . - Baixo crescimento económico ( até 2005 ) . - Crise pol ítica de 2005 e aproxima ção com o PMDB. concur cursos sos - Realizaçã o de con p úblicos para recomposi çã o de qu quad adro ross da administraçã administra çã o, diferenciada por áreas.
- Fortalecimento do
Nacional onal de - Plano Naci
- Democr ático -participativa - ênfase no envolvimento, negociaçã di álogo e negocia çã o entre
Lula
( 2003 - 2006 )
2 o governo
Lula ( 2007 - 2010 )
Retomada da do crescimento - Retoma económico ( 2006 - 2008 ).
po líticas de - Ê nfase nas pol
investimento, com destaque para o Plano de Aceler Aceleraa çã o do Crescimento. çãoo e vig vigência ência do - Construçã PP A 2008 - 2011. - Decisã o do Senado de n ão prorrogar a CPMF ( em 2007 ).
- Crise económica
internacional de 2009, com boa resposta do governo brasileiro. - Crescente popularidade governo.. do presidente e do governo
planejamento federal setorial, em sintonia com iniciativas governamentais. gestãã o - Ênfase na gest colegiada e participativa no interior do Ministério da Sa ú de. - Intensifica çã o de negociações negocia ções com estados e munic ípios, visando a mudanças nas rela rela çõ es intergovernamentais e na coo coorde rdena naçã çãoo federativa.
- Busca de articula çã o
set setor oria iall ao mod model eloo de desenvolvimento em transforma çã o. - Ênfase na melhoria das informa çõ es e dos sis sistema temass de gestã o internos ao Ministério da Sa úde, incluindo indicadores de acompanhamento de planos / programa çã o.
Sa ú de ( 2004 - 2007 )
- elaborado mediante
oficina oficinass com ampla participa ção çã o das áreas e dos atores setoriais. Diretrizes: 1) a reduçã o das desigualdades em sa ú de; 2 ) a amplia çã o do acesso com a qualifica çã o e a humaniza ção da atençã o; 3) a redu reduçã o dos riscos e agravos; 4 ) a reforma do modelo de aten çã o; 5 ) o aprimoramento dos do s mecanismos de gestã o , financiamento e contr controle ole social social. Pacto pela Sa ú de -( 2006 ) - construído ap ós dois anos anos de negociaçã o. Envolve metas sanitárias ( Pacto pela Vida ), compromissos po líticos ( Pacto em Defesa do SUS ) e metas de gestã o ( Pacto de Gest ã o ).
- Plano Mais Sa ú de ( 2008 - 2011) -
construído ao longo de oito me mese sess com o envolvimento de vá rias á reas do Ministério da Sa ú de , incluindo consultoria externa e construçã o de sistema de monitoramento . Organizado em oito çã o da eixos: Promo Promoçã Sa ú de; Atençã o à Sa ú de; Complexo Industrial da Sa ú de; Força de Trabalho em Sa ú de; Qualifica çã o da Participaçã çã o Gest ã o; Participa e Controle Social ; Coopera çã o Internacional; Saneamento . Continu inuida idade de do - Cont Pacto pela Sa ú de ( 2006 ).
diferentes atores - Gerencialista - .ênfase na tra transf nsforma ormaçã o das po pollíticas e compromissos co com m medid medidas as e metas quantific áveis, visando à programa ção financeira e ao monitoramento; lógica de contratualiza çã o.
- Desenvolvimentista -
as ênfase na articula çã o d as dimens ões econ ómica e sanitá ria do setor sa ú de e na relevância do setor par para o desenvolvimento nacional, ente entendi ndido do em um a perspectiva abrangente. - Gerencialista - ênfase na transforma çã o das po líticas e compromissos co com m medid medidas as e meta metass quantific áveis, visan visando do à programa çã o financeira e ao monitoramento; lógica de contratualiza ção .
Fonte: resumido e adaptado de Machado, Baptista e Lima ( 2010). Fonte:
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