Poemas ibéricos e Mensagem de Fernando Pessoa

April 24, 2019 | Author: Metaforas | Category: Portugal, Iberian Peninsula, Sea, Poetry, Ciência
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Comparação entre estas duas obras...

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 A Mensagem e Poemas Ibéricos Comparação - Pontos comuns e divergentes Diogo Emanuel Gonçalves Nogueira dos Santos - Português, 1º ano Estudos Pessoanos  –  Doutor José Carlos Seabra Pereira

18-06-2011

«Visionário, histórico e implicitamente profético, inscreve-se na linha épica de Camões e da Mensagem de Pessoa. A Península aparece aqui como uma colectividade de nações unidas telúrica e espacialmente num único espírito, um  povo com um um destino comum.» comum.» 1

Contracapa da edição da obra de Miguel Torga Poemas Ibéricos publicada nos Estados Unidos pela Gávea-Brown Publication, com o apoio apoi o do Instituto Camões.

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Índice

Introdução ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................ .................................. ............3 Abordagem geral ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................. .......................4 .................................................................. ............................................. ............................................ .......................... ....4  Mensagem ........................................... .................................................................... ............................................. ..................................... ...............6 Poemas Ibéricos ............................................. Considerações comparativas.................................. comparativas........................................................ ............................................. ...................................... ...............8 Conclusão ............................................ .................................................................. ............................................ ............................................ ................................ ..........11 Bibliografia .......................................... ................................................................ ............................................ ............................................ ................................ ..........12

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Introdução

Este trabalho consistirá numa análise individual e comparativa entre a obra de Fernando Pessoa, Mensagem e a de Miguel Torga, Poemas Ibéricos. Posto isto, pretende-se realizar um estudo, não intensivo, sobre a Mensagem e os Poemas Ibéricos ,

comparando-os, e assim seleccionar os pontos de contacto e os de

divergência entre estas obras. Partindo do ponto de vista que foram publicadas com, sensivelmente, 30 anos de diferença, dispõe-se estabelecer características comuns: em que medida podem ser equiparadas? É relevante perceber que não aspiro realizar uma comparação valorativa entre as obras em questão, mas simplesmente analisar as suas parecenças.

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Mensagem A principal obra de Fernando Pessoa ortónimo é  Mensagem,

uma colectânea de 44 poemas (redigidos entre

1913 e 1934) publicada em 1934, foi também o único livro a ser publicado enquanto o autor viveu. Esta obra teve para ter o título de “Portugal”

e possui

uma estrutura dividida em três partes: a primeira O Brasão que é constituído por cinco subdivisões e no total contém dezanove poemas, a segunda parte  Mar Português, inclui doze poemas, onde são apresentadas as navegações e conquistas marítimas portuguesas, bem como as principais etapas da expansão ultramarina que levou Portugal a ocupar um lugar de destaque entre os séculos XV e XVI. Por último, a terceira parte denominada O Encoberto, que é dividido, pelo autor, em três partes: Os Símbolos, Os  Avisos e Os Tempos.

É nesta secção que é anunciado o mito Sebastianista, o misticismo

em torno de D.Sebastião, o profetismo e a criação de um Quinto Império que marcaria a supremacia de Portugal sobre o mundo.  Mensagem apesar do seu carácter lírico pode ser vista como uma epopeia, o que,

à partida parece ser uma contradição, tendo em vista o pendor modernista da estética pessoana. O conceito de epopeia pode ser introduzido nesta obra devido ao seu fundamento histórico, aqui empregue e pelo facto de cantar os acontecimentos passados e os mitos da nação portuguesa. Reforçando ainda esta ideia, ainda está presente um herói colectivo, tal como n’Os n’Os Lusíadas.

Esta obra tem um objectivo muito forte, Pessoa quando escreveu a Mensagem vivia-se um período de instabilidade social e política em Portugal, assim, o autor veio recordar o passado á nação presente, esta mensagem pode ser comprovada no verso “O Ocidente, futuro do passado”(O Brasão, O dos Castelos).

Logo, a obra profetiza a criação de um Quinto Império que transpõe o campo material, através do mito sebastianista (aparece várias vezes referenciado como

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porque a obra esta repleta de alusões a mitos, enigmas e simbologias, temas que privilegiam o mistério e a predição. A nível da linguagem utilizada por Fernando Pessoa é clara e concisa, embora use, por vezes, um vocabulário latino e marcas modernistas. Ainda recorre ao uso de maiúsculas, no início de cada palavra-chave como, por exemplo, Império, Além, Sorte,  Destino, Mar, Mar, Magia, Magia, Longe, Distância, Distância, Luz, Ciência Ciência,, entre outras…

Finalizando,  Mensagem  Mensagem não é nada mais que Portugal virado para a Europa, como se pode visualizar claramente no poema O dos Castelos, n’O Brasão. É Castelos, inserido n’O um poema trinitário que resume 8 séculos, uma verdadeira obra de arte.

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Poemas Ibéricos

Poemas Ibéricos

é uma obra, publicada em 1965,

que retrata bem o nacionalismo de um homem, que prega o fim das rivalidades ibéricas e um maior diálogo entre os países. Este livro foi escrito e publicado durante o período ditatorial de Portugal e Espanha, por isso Miguel Torga queria mostrar que mesmo com todas as atrocidades desta época, o homem e a terra ibérica são fortes e o mais importante: possuem um passado. Dividido em quatro partes:  História Trágico-Telúrica Trágico-Telúrica,  História Trágico Marítima, Os Heróis

e O Pesadelo. Esta obra pretende revisitar a história dos povos

peninsulares. Na primeira parte ( História  História Trágico-Telúrica Trágico-Telúrica ), Torga descreve a península com os poemas:  A Terra, A Raça, Fado, A Vida, O Pão, O Vinho e A Miragem, isto é, o poeta transmontano apresenta os elementos básicos que constituem o quinhão ibérico. Em  História Trágico-Marítima, Trágico-Marítima, relata as aventuras do povo ibérico nos tempos das grandes navegações. O poema Sagres faz referência à Escola que tanto contribuiu com avanços científicos para a humanidade,  A  Largada é um claro diálogo com o episódio do Velho do Restelo d’ Os Lusíadas. Ainda nesta divisão, temos os poemas: A  Espera, O Regresso, Regresso, O Achado, Achado, Tormenta Tormenta e Mar.

A terceira parte Os Heróis é uma evidente referência aos homens do passado. Os heróis de Torga são espanhóis (Cid, Inês de Castro, Torquemada, Herman Cortez,  Loiola, Santa Teresa, Filipe Filipe II, São João da Cruz, Cervantes, Goya, Unamuno, Picasso Picasso

e Garcia Lorca), portugueses ( Nun’Alvares,  Nun’Alvares, Infante D.Henrique, O Príncipe Perfeito (D.João II) , , Bartolomeu Dias, Fernão Magalhães, Afonso de Albuquerque, Albuquerque, Camões, D. Sebastião, Padre Vieira, Herculano

e Pessoa) e os que eram do tempo em que a

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espanhóis, tanto que Miguel Torga começa o seu livro com o poema Ibéria que, a meu ver, é independente de quaisquer outras partes do livro, ou seja, este poema é a própria apresentação do livro pelo autor, uma espécie de prefácio ou prólogo. Em suma, ao escrever Poemas Ibéricos, Miguel Torga declara o seu optimismo quanto ao futuro do povo ibérico, pois um povo que resistiu a invasões e regimes autoritários, tem a resistência necessária para continuar a vida em tal terra, tendo como aliado a poesia, que segundo Pound, tem “a sua função social definida proporcional à

qualidade de seus escritores, e um povo que cresceu ao lado de uma má poesia, é um  povo que está para perder o pulso do seu se u país”.

Uma história que teve, por exemplo, Cervantes, Unamuno, Garrett e Pessoa, Jamais poderá ser esquecida enquanto se ler Poemas Ibéricos, onde portugueses e espanhóis poderão encontrar o seu passado grandioso e dele tirar as forças necessárias para não ceder perante adversidades.

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Análise Comparativa Miguel Torga publicou Poemas Ibéricos 32 anos após a publicação da  Mensagem,  Mensagem, mas ambas as obras foram publicadas sob o regime ditatorial português.

Tanto na Mensagem como em Poemas Ibéricos, o sonho, a ambição e a loucura são os propulsores do avanço: Foram então as horas no convés Do grande sonho que mandava ser Cada homem tão firme nos seus pés Que a nau tremesse sem ninguém tremer. (Torga, 1965, A Largada) Louco, sim, louco, porque quis grandeza […]

Sem loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria? (Pessoa, 1997, D.Sebastião rei de Portugal)

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Em ambas as obras é bem expressa a necessidade de criar um mundo melhor, de fazer um mundo! Tomando estes versos como exemplo do anteriormente citado: Era o resto do mundo que faltava (Porque faltava mundo! ) (Torga, 1965, Sagres ) Depois de quatro impérios, um novo nascerá,

Começado por D.Sebastião (Pessoa, 1997, O Quinto Império ) A presença de um ser mitológico, dono dos mares, está patente em ambas as n’Os Lusíadas, O obras, tal como estava presente na obra de Camões: O Adamastor n’Os

Mostrengo na  Mensagem e a Tormenta em Poemas Ibéricos. Realça o medo pelo desconhecido, o poder e a confiança do povo português. Note-se que o herói (representando o povo) que interrompe o “monstro” é em

todas as obras diferentes,

Camões escolhe Vasco da Gama para o fazer, Pessoa selecciona o Homem do Leme e Torga elege o Gajeiro (tripulante que se situa no topo do mastro, que tem a função de vigiar os perigos). Miguel Torga e Fernando Pessoa, como não poderia deixar de ser, exaltam o mar nas suas obras. Mar, local perigoso, encantador e despertador de sonhos, como se pode demonstrar nos versos seguintes:

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Mar! Tinhas um nome que ninguém temia: Era um campo macio de lavrar Ou qualquer sugestão que apetecia […]

Mar! E quando terá fim o sofrimento! E quando deixará de nos tentar O teu encantamento! (Torga, 2009, Mar ) Em toda a obra de Pessoa está presente o mito sebastianista, o saudosismo e o profetismo, bem como nos Poemas Ibéricos. Há vários poemas que o ilustram, tal como O Encoberto na Mensagem e D.Sebastião  D.Sebastião nos Poemas Ibéricos.

Os heróis presentes na obra de Torga são muitos dos da obra de Pessoa: Viriato aparece em ambas como o introdutor de Portugal, o primeiro homem português;  Nun’Alvares é o defensor da liberdade, o iluminado que mostra o caminho; O Infante

D.Henrique é o prodígio, homem com vontade e confiança, o escolhido por Deus, o guia dos descobrimentos; Afonso de Albuquerque o rei da Índia e por último D.Sebastião: o louco, o ambicioso, salvador da pátria, a esperança, a luz…

A nível da simbologia, existem símbolos comuns, como o Mar que transporta a carga conotativa da dinâmica da vida; a Noite que transmite a ideia de tristeza e angústia; o Dia que remete para o nascimento de algo; a Espada que aparece, várias

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Conclusão Apesar dos 30 anos que as separam,  Mensagem e Poemas Ibéricos tocam-se inevitavelmente nalguns pontos. Pode concluir-se que os dois autores partilham o carácter nacionalista e saudosista e expressam-no nas respectivas obras. Também importa relevar que o mito Sebastianista e messiânico estão presentes tanto na  Mensagem, como em Poemas  Ibéricos.

No entanto, ainda que as duas obras partilhem determinadas características, como as acima referidas, observando de outros prismas constatamos que a Mensagem e a Poemas Ibéricos nem sempre se aproximam. E se por um lado parecem semelhantes, por outro são duas obras inteiramente originais e merecedoras de uma leitura imparcial.

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Bibliografia PESSOA, Fernando. Mensagem . Lisboa: Assírio & Alvim, 1997. TORGA, Miguel. Poemas Ibéricos, Coimbra: Miguel Torga, 1965.

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