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FRUTICULTURA
Alguns conceitos a atender na poda da INTRODUÇÃO Autoria: Rui M. Maia de Sousa INRB, I.P. /L-INIA Centro de Actividades da Fruticultura (CAF) 2460-059 Alcobaça
Na fruticultura actual a redução d os custos de produção é cada vez mais um factor decisivo no sucesso o u insucesso dos fruticultores. A mecanização é e vai ser no futuro próximo um factor determinante, no entanto algumas das operações culturais unicamente podem ser parcialmente mecanizadas como é o caso da poda e da colheita. A poda é uma das operações culturais que mais contribui para o valor final do custo de produção, razão pela qual é fundamental reduzir o valor da mão-de-obra. Esta redução não pode, nem deve, implicar perda de produção por hectare, pelo que cada vez mais se tem de podar menos (menor número de cortes) e produzir mais. A poda é uma operação cultural que os fruticultores praticam tendo por finalidade: f inalidade: reduzir o período per íodo improdutivo das árvores, manter o equilíbrio entre a frutificação e a vegetação, manter o bom estado sanitário das plantas, perm itir a entrada de luz em toda a copa das árvores, reduzir a alternância, obter frutos de qualidade e em quantidade, pr ol on ga r a vi da ec on óm ic a do po ma r e au me nt ar a competitividade. Na fruticultura fruticu ltura competitiva co mpetitiva as árvores não têm pernadas definitivas, mas sim ramos produtivos que vão sendo substituídos ao longo dos anos por outros mais jovens mas também produtivos, mantendo-se assim as árvores no espaço que lhe destinamos inicialmente sem que ramos se cruzem com os das árvores vizinhas.
ÉPOCA
DE PODA
A poda, tradicionalmente, realiza-se quando as pereiras não têm folhas, em geral de Dezembro a Março. Vulgarmente designada por poda de Inverno ou poda em seco. Esta poda, em geral, estimula a formação de madeira e torna as árvores mais vigorosas. O período de cicatrização dos cortes é mais demorado e mais favorável ao desenvolvimento de infecções. Após as pereiras terem folhas e ter terminado a floração/ vingamento, pode-se realizar a poda de Verão ou poda em verde, podendo esta ser efectuada de final de Maio até final de Julho. Esta poda, em geral, dependendo da época do ano, estimula a formação de órgãos de frutificação e reduz o vigor das árvores. Pode efectuar-se em finais de Maio até meados de Junho para favorecer a diferenciação floral, que em geral ocorre 35 a 45 dias após a plena floração, pode ainda fazer-se mais tarde (Junho/Julho) e unicamente favorece a qualidade dos frutos principalmente a coloração, acidez e açúcares totais. Em qualquer das situações esta poda é sempre moderada e em geral não se utiliza tesoura uma vez que se eliminam ramos que ainda estão herbáceos. O período de cicatrização das feridas é mais rápido e menos favorável ao desenvolvimento de infecções. Actualmente a poda de Inverno é complementada com a poda de Verão, julgamos que no futuro próximo a poda p oda em verde conjuntamente com a monda de frutos serão as operações principais que q ue serão complementadas pela poda de Inverno. Invern o. 28
NOVEMBRO-DEZEMBRO. 2010
PRINCÍPIOS
DA PODA
Qualquer pretendente a podador antes de começar a podar deve conhecer a função e a evolução dos gomos, assim como os tipos de ramos de uma pereira.
GOMOS Os gomos designam-se por folheares ou olhos quando originam um ramo vegetativo ou folhas, em geral este gomos são finos e pontiagudos (Figura 1). Os gomos designam-se por florais ou botões quando originam flores, em geral estes gomos são bojudos e arredondados (Figura 2). Os gomos quanto à sua evolução podem ser prontos, dormentes e hibernantes. Os gomos prontos ou de formação pronta são aqueles que se formam e desenvolvem no mesmo ciclo vegetativo, produzindo ramos ou flores no próprio ano de formação. Os gomos hibernantes são aqueles que evoluem no ano seguinte ao da sua formação. Os gomos dormentes são aqueles que se formam e que só se desenvolvem alguns anos após a sua formação, conservando-se durante muito tempo sem despertar, podendo mesmo nunca evoluir. É importante saber que na base dos ramos existem gomos dormentes que podem evoluir quando são “forçados”, através do corte do ramo ou quando os ramos são partidos por acção do vento, e originar novos ramos. Estes gomos existem também ao longo do tronco das árvores.
Figu Fi gura ra 1: Go Gomo moss fol folia iare ress
Figu Fi gura ra 2: Go Gomo moss flo flora rais is
FRUTICULTURA
da da pereira, cultivar ‘Rocha’ TIPOS
Figura 3: Dardo
A pereira tem ramos específicos para formação de madeira e outros para formação de fruta. Os órgãos para formação de madeira são os dardos (Figura 3) e as verdascas simples (Figura 4). Estes órgãos terminam sempre num gomo foliar. O primeiro é um ramo pequeno de entrenós curtos e o segundo é um ram o flexível e alongado. Os órgãos específicos para produção de fruta são os esporões (Figura 5) e as verdascas coroadas (Figura 6). Estes órgãos terminam sempre num gomo floral. Os esporões são pequenos órgãos, por vezes rugosos e tortuosos com 2 ou mais anos de idade. As verdascas são órgãos formados no ano anterior ou seja com 1 ano de idade, flexíveis e de comprimento médio. Ambos terminam sempre num gomo floral. Em geral, no caso da pereira cv. ‘Rocha’, os esporões produ zem num ano e no ano seg uin te não produzem. As verdascas formam-se todos os anos pelo que não há alternância. São estas que asseguram a não alternância na pereira.
TIPOS Figura 4: Verdasca simples
Figura 5: Esporão
Figura 6: Verdasca coroada
DE RAMOS
Figura 11: Corte em bisel Figura 7: Atarraque simples
Figura 12: Corte rente em bisel
UTENSÍLIOS PARA A PODA Figura 8: Atarraque sobre ramo lateral
DE CORTES
Qualquer operador de poda deveria conhecer a resposta da pereira aos diferentes tipos de cortes. Assim, na poda de Inverno pode fazerse o encurtamento de um ramo através de um corte simples ou seja um atarraque sobre um gomo (Figura 7). Se este gomo é foliar a resposta da pereira é vigorosa, com a formação de madeira, se pelo contrario o gomo é floral a resposta é reduzida e há formação de fruta. Também se pode encurtar um ramo acima de um ramo lateral ou seja atarraque sobre ramo lateral (Figura 8). Nestas condições a resposta da pereira é moderada. Dependendo do diâmetro do ramo encurtado, os atarraques simples ou sobre ramos laterais, provocam enfraquecimento na ligação dos ramos que se formam ou nos que já estão formados, isto porque no local do corte a madeira vai secando e por vezes com o peso e com a acção do vento os ramos partem (Figura 9). Outro tipo de corte é a desramação, ou seja, o corte do ramo junto ao ponto de inserção com o tronco (Figura 10). Este corte, consoante a finalidade, pode estimular os gomos dormentes e origina a formação de um novo ramo de substituição (corte em bisel) ou não originar qualquer ramo (corte rente), dependendo da forma como é executado (Figura 11 e 12).
Figura 9: Efeito do atarraque sobre ramo lateral após um ano do corte
Figura 10: Desramação
Como é do conhecimento geral as tesouras e os serrotes utilizados na poda devem ser leves, afiados, limpos, lubrificados e desinfectados. Devem ser leves pa ra ma io r fa ci li da de de manuseamento e para menor esforço do operador. Os cortes na po da de ve m se r o ma is li so pos sív el par a que a humid ade escorra evitando a criação de um meio óptimo para o desenvolvimento de fungos, isto só é possível com objectos afiados. Convém recordar que nas tesouras só se afia a lâmina e que esta também só é afiada do lado de fora. Qualquer objecto de poda deve estar limpo de restos de casca de árvores ou serradura para maior facilidade de corte. A lubrificação da tesoura reduz o esforço do operador na execução dos cortes e aumenta a durabilidade do equipamento. A desinfecção é cada vez mais importante para evitar a transmissão de vírus, fungos e bactérias. Num dia de poda é aconselhável que os utensílios sejam desinfectados a meio e ao fim do dia. As árvores de um po ma r co m de se nv ol vi me nt o anormal devem ser podadas só no final. Em geral utiliza-se o álcool como desinfectante. NOVEMBRO-DEZEMBRO . 2010
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