Platão - Resumo do Sofista de Platão

April 1, 2019 | Author: Caius Brandão | Category: Plato, Dialectic, Materialism, Discourse, Theory
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Resumo do Sofista, de Platão...

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Caius Brandão 13/05/08

Resumo do Sofista, de Platão

O diálogo empreendido pelo Estrangeiro de Eléia e o seu interlocutor, o jovem filósofo Teeteto, Teeteto, busca definir definir o sofist sofista a através através de analog analogias ias e análise análises s dicotôm dicotômicas icas,, tendo tendo como como objetivo objetivo estabelecer estabelecer sua verdadeira natureza. natureza. Ao mesmo tempo, tempo, a definição definição do sofista serve de parâmetro para conceituar o filósofo, explicitando uma radical diferença entre ambos no que concernem os métodos e as motivações de cada um.

Nesta obra, ao criticar criticar o sofista sofista como produtor de simulacros simulacros da verdade verdade (aparência), Platão atribui ao filósofo a habilidade de produzir discursos verdadeiros (cópia) com base no método dialético.

Um discurso falso se refere a algo que seja “contrário” daquilo o que realmente é, ou seja, “são os não-seres, o que a opinião falsa concebe.” Para Platão, esta conclusão serviria de refúgio ao sofista que tentaria refutar sua acusação – que este seria um mero produtor de simulacros – com base na teoria de Parmênides de que o não-ser é impensável e indizível. Desta forma, contrariando a teoria pamenidiana, Platão investe na afirmação do não-ser como alteridade do ser e não necessariamente como o contrário do ser, e assim, demonstrando a possibilidade da existência de falsidade em um discurso.

Portanto, o que aparece em primeiro plano neste diálogo de Platão é o debate a cerca do discur discurso so fals falso o em cont contra rapo posi siçã ção o ao disc discur urso so verd verdad adei eiro ro – assoc associa iado do à análi análise se que que estabelece o não-ser como alteridade do ser – e a estratégia de relegar a sofística a um plano inferior do conhecimento, em contraste com o saber superior da filosofia.

Por outro lado, ao superar as posições contrárias das doutrinas pluralistas e unitárias a cerca do ser, bem como da irredutibilidade do ser ao movimento (Heráclito) e ao repouso (Parmênides), Platão afirma que o verdadeiro ser (a idéia, a forma) é, ao mesmo tempo, uno (em relação às suas cópias finitas no mundo sensível) sensível) e múltiplo múltiplo (em relação à multiciplid multiciplidade ade infinita das formas), propondo assim uma nova teoria do ser, ou seja, a do ser metafísico.

Caius Brandão 13/05/08

Fichamento

1)

Teodor Teodoro, o, Sócrat Sócrate, e, Estran Estrangei geiro ro de Eléia, Eléia, Teeteto Teeteto

Teodoro apresenta a Sócrates o Estrangeiro de Eléia, a quem incumbe o desafio de definir definir o sofist sofista, a, o políti político co e o filósofo. filósofo.

Neste Neste diálogo, diálogo, tendo o jovem filósof filósofo o como como seu

interlocutor, o Estrangeiro se dedica à definição do sofista.

2) O dialogo entre entre o Estrangeiro e Teeteto: a definição do sofista

O Estrageiro propõe a Teeteto um método de investigação para se chegar a uma definição definição fiel do sofista. Decide também também fazer um ensaio deste método método com um tema “mais fácil”, desenvolvendo assim um modelo para se aplicar à investigação do “tema grandioso”, ou seja, do gênero sofístico.

Reconhecendo a sofística como uma arte, a compara com a arte da pesca por anzol:

3) A aplicação aplicação do método na definição definição dos sofistas

Atribui ao pescador por anzol e ao sofista uma arte em comum, a saber, a arte de aquisição, definindo a ambos como caçadores.

Caius Brandão 13/05/08

4) A primeira definição definição do sofista: caçador interesseiro de jovens ricos

Com o pretexto de ensinar, o sofista se empenha na caça interesseira aos jovens ricos para obter vantagens econômicas.

5) A segunda definição do sofista: o comerciante em ciências

De acordo com o Estrangeiro, o sofista “de cidade em cidade vende as ciências por  atacado atacado,, trocando trocando-as -as por dinhei dinheiro. ro.””

Desta Desta forma, forma, coloca coloca a sofísti sofística ca no plano plano da arte arte da

aquisição, ou mais especificamente, “da troca comercial, da importação espiritual, que negocia discursos e ensinos relativos à virtude”.

6) Terceira Terceira e quarta definições definições do sofista: sofista: pequeno comerciant comerciante e de primeira ou de segundamão

Independentemente de a troca comercial ser uma venda de segunda-mão ou venda pelo próprio produtor, desde que o comércio seja dos ensinos relativos à virtude, está será sempre a sofística.

7) Quinta definição do sofista: erístico mercenário mercenário

O sofista se utiliza a arte da contestação (erística) para ganhar dinheiro em disputas privadas.

8) Sexta definição: o sofista, refutador 

O Estrangeiro reluta, mas acaba definindo o sofista como um refutador que purifica as almas das opiniões, na medida em que seriam estas um obstáculo às ciências.

9) Recapitulação das definições



Caçador interesseiro de jovens ricos;



Negociante, por atacado e por varejo, das ciências relativas à alma;



Produtor e vendedor destas mesmas ciências;



Mestre na arte da erística;



Refutador, purificador de almas;

Se referindo ao sofista como quem domina a arte da discussão a propósito de qualquer  assunto, indaga a Teeteto se é possível que um homem saiba tudo.

Caius Brandão 13/05/08

10) As artes ilusionistas: a mimética

O sofista produz uma uma falsa aparência de possuir possuir uma ciência universal. universal. Através Através do discurso, produz ficções verbais, dando a impressão de ser verdadeiro tudo o que fala.

O Estrang Estrangeir eiro o faz a distinç distinção ão entre entre dois dois aspect aspectos os da miméti mimética ca (arte (arte de produz produzir  ir  imagens): imagens): a arte de copiar (proporções (proporções fieis ao que copia) e a arte de produzir simulacros simulacros (proporções infiéis ao que copia). Neste momento, mostra-se mostra-se indeciso onde incluir o sofista.

Dizer algo sem verdade é afirmar afirmar o falso. Como pensar e dizer que o falso é real sem cair em contradição?

11)

O Problema do erro e a questão do não-ser 

Um discurso falso se refere a algo que seja “contrário” daquilo o que realmente é, ou seja, “são os não-seres, o que a opinião falsa concebe.” Para o Estrangeiro, esta conclusão serviria de refúgio ao sofista que tentaria refutar sua acusação – que este seria um mero produtor produtor de simulacros simulacros – com base na teoria de Parmênides Parmênides de que o não-ser é impensável impensável e indizível. Mas a imagem produzida pelo simulacro simulacro seria um objeto parecido com o verdadeiro. Sendo o ser o que há de real, a imagem não poderia ser senão na dimensão do irreal, ou seja, um “não-ser irreal”. Desta forma, o Estrangeiro afirma: “Na falsidade dos discursos e opiniões o não-ser de alguma forma é”.

12) Refutação à tese de Parmênides

Para falar de discursos ou opiniões falsas, imagens, cópias, imitações ou simulacros sem cair em contradição, o Estrangeiro propõe demonstrar que o não-ser, em certo sentido é, contrariando a tese parmenidiana.

13) As teorias antigas do ser. As doutrinas pluralistas

O Estrangeiro desconsidera as antigas doutrinas pluralistas do ser por terem sido insuficiente insuficientemente mente demonstradas demonstradas por seus defensores. Apresenta Apresenta o seguinte seguinte raciocínio como evidência de possíveis equívocos:

Se o frio frio e o quente igualm igualment ente e são, o que seria seria o Todo? Todo? O somatóri somatório o dos dois, portanto o Todo seria três? Ou seria o Todo o par? par? Mas isto não seria afirmar que dois é um?

Caius Brandão 13/05/08

14) As doutrinas unitárias

Os defensores defensores das doutrinas doutrinas unitárias afirmam afirmam que o Todo é uno. Também Também afirmam que o ser é uno, empregando dessa forma dois dois nomes para o mesmo objeto. objeto. Como podemos admitir que há dois nomes quando se acabou de afirmar que só existe o Uno e nada mais?

O Estrangeiro afirma que tudo o que foi gerado, veio a ser sob forma de um todo. Desta forma, não podemos admitir nem a existência, tão pouco a própria geração, se o Uno não for considerado considerado como Todo no número dos seres. seres. O que tiver alguma quantidade, quantidade, a terá como um todo. Serão infinitas infinitas as dificuldades dificuldades para para quem definir definir o ser ou como um par ou como uma unidade.

15) Materialistas e amigos das formas

O Estrangeiro reconhece o debate entre aqueles que afirmam o corpo e a existência como idênt idêntic icos os (mate (materi rial alis istas tas)) e os que defe defend ndem em que que o “ser “ser verd verdad adei eiro” ro” são são cert certas as form formas as inteligíveis e incorpóreas (amigo das formas).

Buscando contestar os materialistas, o Estrangeiro defende que a justiça, a sabedoria e a virtude são necessariamente seres incorpóreos e que residem na alma que, por sua vez, também é incorpórea.

16) Uma definição do ser. Mobilistas Mobilistas e estáticos

Mesmo que provisoriamente, o Estrangeiro define o ser como tudo aquilo que possui o poder para exercer ou sofrer ação.

Para os amigos das formas, o devir (que implica movimento) participa do poder de sofrer e de exercer ação, mas este poder não poderia ser atribuído ao ser (eles separam o devir do ser). Por outro lado, para o Estrangeiro, Estrangeiro, a vida, a alma e o movimento movimento são definitivament definitivamente e seres e assim, conclui que não se poder negar o movimento nem o repouso aos seres.

17) A irredutibilidade do ser ao movimento e ao repouso

O Estrangeiro afirma que o ser não é a reunião de repouso e movimento, mas algo distinto de ambos. Por outro lado, reconhece ser impossível impossível que o ser revele-se separado do repouso e do movimento. movimento. Esta dificuldade dificuldade é comparável comparável àquela que eles encontraram encontraram anteriormente, anteriormente, quando tentaram relacionar alguma coisa ao não-ser.

Caius Brandão 13/05/08

18) O problema da predicação e a comunidade comunidade dos gêneros

O Estrangeiro afirma a relação entre o ser, o movimento e o repouso, introduzindo a idéia de participação (comunidade). Nada pode existir sem que possua comunidade com o ser. Por  outro lado, conclui que nem todas as coisas participam umas das outras, ou seja, têm mútua comu comuni nidad dade. e. O repo repouso uso e o movi movime ment nto o não não possu possuem em comu comuni nida dade de entr entre e si, si, pois pois são são essenci essencialm alment ente e contrá contrário rios s um ao outro. outro.

Por outro outro lado, lado, o ser se associa associa aos dois, dois, caso caso

contrário os mesmos não existiriam.

19) A dialética e o filósofo

O Estrangeiro Estrangeiro atribui ao filósofo, filósofo, por dominar dominar a arte da ciência ciência dialética, a capacidade de distinguir quais os gêneros que são mutuamente concordes e quais os outros que não podem suportar-se.

20) Os gêneros supremos e suas relações mútuas mútuas

O Estr Estran ange geir iro o elege elege cinc cinco o gêner gêneros os como como os mais mais impor importa tante ntes, s, a sabe saber, r, o ser, ser, o movimento, movimento, o repouso, o mesmo mesmo e o outro. Em seguida, seguida, investiga investiga quais destes gêneros gêneros são mutuamente concordes, concluindo uma vez mais que nem todos os gêneros se prestam à associação mútua.

21) Definição do não-ser como alteridade

De acor acordo do com com o Estr Estrang angei eiro, ro, quan quando do nos nos refe referi rimo mos s ao não-s não-ser, er, não não esta estamo mos s necessariamente afirmando algo contrário ao ser, mas simplesmente qualquer coisa que não o ser. Desta forma, não admite que a negação signifique contrariedade, mas sim algo diferente. diferente.

22) Recapitulação da argumentação sobre a realidade do não-ser 

Visto que o não-ser possui uma natureza que lhe é própria, neste caso, de ser algo diferente do ser, da mesma forma podemos afirmar que o belo é belo e o não-grande o nãogrande. “O não-ser é uma unidade integrante do número que constitui a multidão das formas”.

23) Aplicação à questão do erro na opinião e no discurso Uma vez estabelecida a existência do não-ser, restava agora analisar a natureza do discurso e da opinião, e determinar se o não-ser pode se associar a eles.

A ordem dada aos vocábulos é um fator que determina o sentido sentido de um discurso. Nomes

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e verbos usados separadamente separadamente não formam um discurso, discurso, pois não discorreriam discorreriam sobre nada. Da combinação entre nomes e verbos, surge o discurso que necessariamente discorre sobre algo. algo.

O discurs discurso o verdade verdadeiro iro discorre discorre sobre sobre algo algo como como ele realmen realmente te é, enquan enquanto to que o

discurso falso discorre sobre um outro como sendo o mesmo daquilo que realmente é.

24) Retorno à definição sofista O sofista é, então, um imitador do sábio, visto que ele nada conhece realmente. Através de simulacros e de discursos falso, ele produz somente ilusões.

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