PIAGET - Visão de homem

June 7, 2019 | Author: Marcelo Fabiano Rodrigues | Category: Thought, Immanuel Kant, Knowledge, Reality, Learning
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Universidade de Brasília PPGE- Faculdade de Educação Disciplina: Processos de aprendizagem e desenvolvimento Professora: Maria Carmem V. R. Tacca Mestrando: Marcelo Fabiano Rodrigues Pereira

Considerações sobre Piaget O presente texto tem o propósito de propor reflexões sobre o pensamento de Piaget no sentido de identificar a visão de homem, de mundo e quais os aspectos pedagógicos que se desdobram a partir  de seus estudos.

Visão de homem Os estudos de Piaget nos permite inferir que o homem é visto como um sujeito ativo. Por meio da ação sobre o objeto é capaz de construir seu conhecimento. A relação entre o sujeito (que aprende) e o objeto (aprendido) é indissociável e reflete a interação constante que o sujeito faz com o ambiente no sentido de buscar adaptação. Essa adaptação é a busca do indivíduo por discriminar entre estímulos e sensações quais irá organizar em sua estrutura cognitiva. O conhecimento é a equilibração (reequilibração) entre assimilação e acomodação que acontece entre indivíduos e o meio. A partir da ação do sujeito sobre o objeto proposto, o sujeito busca configurá-lo, aprendê-lo como um desafio que é solucionado pela exploração do ambiente e interação com o meio social. Esta interação com o ambiente representa o esforço do homem (em sua totalidade) para a manutenção do todo. A interação do homem com o meio acontece no sentido de manter unidade, equilíbrio. Piaget vê o homem como sujeito capaz de construir seu conhecimento, mediante sua interação com os objetos do conhecimento, conhecimento, o que resulta na organização do real e na construção das estruturas do sujeito. Esse conhecimento conhecimento construído construído não é predeterminado nas nas estruturas internas do indivíduo mas como uma construção construç ão ativa e contínua.

A visão de mundo Jean Piaget, apesar de ter uma formação voltada para área da biologia e filosofia, adotou uma visão de mundo que transcende sua formação inicial buscando no estruturalismo, na filosofia de Kant, na Fenomenologia e no Evolucionismo (Bergson) e na psicologia elementos que nos fazem pensar em que postulados (modelos) ele se embasou para delinear sua visão de mundo. Pode-se inferir, a partir dos estudos das obras de Piaget, a Influência Estruturalista. Piaget ao se dedicar a uma teoria de caráter científico trouxe a ideia de que o conhecimento se organiza em estruturas cognitivas hierarquicamente construídas.. Pode-se afirmar que visão de mundo de Piaget se assemelha aos moldes do estruturalismo (estruturalismo genético) que se atém ao processo genético das estruturas buscando a racionalidade dos mesmos. A realidade é vista como elementos relacionados relacionados entre si. Há a ideia de progressão onde a alteração de um dos elementos desencadeia a alteração de outros Para Piaget, a construção da estrutura cognitiva se dá por etapas. A organização da realidade dá-se por meio do pensamento estruturado e o pensamento é construído mediante relação dialética entre processos de maturação biológica e o ambiente.  Ao afirmar que parte de uma visão de mundo estruturalista, estruturalista, é importante salientar que não é estruturalismo “puro”, pautado num desenvolvimento linear, mas em um processo de construtivismo dialético. Partindo da análise dos estudos de Piaget, percebe-se também influências do pensamento de Kant sobre o conhecimento. A busca por explicar como se dá a relação entre os elementos do universo. Resgata o sujeito enquanto "eu", enquanto estrutura subjetiva, capaz de atividade reflexiva. Na perspectiva kantiana o processo de conhecimento tem início na experiência. A filosofia kantiana traz implícita uma nova compreensão da relação entre sujeito e objeto. Pode-se também destacar a fenomenologia como influenciadora da visão de mundo de Piaget. Esta se ocupa com a descrição pura da realidade, ou seja, do fenômeno entendido como sendo aquilo

que se oferece ao olhar intelectual. Estudar o fenômeno significa descrever os fatos vivenciais do pensamento oriundos da observação "pura" (observação despida de preconceitos), em outras palavras, significa estudar a constituição do mundo na consciência. Este princípio está bem presente no método clínico de Piaget. Por fim, enquanto Biólogo, a influência do evolucionismo no pensamento de Piaget é clara. Piaget encontra em Bergson o apoio e o espaço dos quais necessitava para validar o conhecimento objetivo, sem destituí-lo de sua subjetividade. Piaget apreendeu de Bergson fundamentos sobre a essência do fenômeno (no caso o pensamento, a consciência) não e algo estático. Ao contrário, trata-se de uma estrutura dinâmica, cujo movimento se caracteriza justamente por uma construção sucessiva e contínua de fases que, mesmo tendo duas origens calcadas na experiência empírica, na ação, encaminham-se no sentido de atingirem formas de pensamento cada vez mais independentes deste referencial prático. Em síntese, Piaget e Bergson dialogam no sentido de conceberem e buscarem a discrição da sucessão de fases no processo de desenvolvimento cognitivo. Ambos defendem que a o pensamento não é algo fossilizado, mas dinâmico e passa por construção sucessivas e continuas expressas em fases que caminham no sentido de atingirem formas de pensamento mais independentes do referencial prático.

Aspectos pedagógicos Embora Piaget não tenha se detido em criar uma teoria de ensino, as considerações abaixo se voltam para os reflexos do pensamento de Piaget no trabalho pedagógico. Neste sentido, a relação professor-aluno deve ser baseada num diálogo produtivo , onde os “erros” apresentados pelos alunos são vistos como integrantes do processo de aprendizagem. O erro do aluno permite ao professor identificar o criança já sabe e o que ainda deve ser ensinado (construído).A organização do trabalho pedagógico deve permitir a experimentação, o contato da criança com situações concretas. Para Piaget o conhecimento parte da ação física e mental do sujeito sobre o objeto. Cabe à escola promover situações para que o estudante construa seu conhecimento de forma significativa se relacionando com o objeto de estudo e agindo sobre ele. O professor é um incentivador e encorajador da iniciativa própria do aluno. Para isso deve ser um observador criterioso do momento de desenvolvimento que a criança está vivenciado para intervir de forma a corresponder à suas necessidades. Para que essa intervenção seja produtiva, cabe à educação a abordagem de conteúdos relacionados a situações significativas para o sujeito. Atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento. Um novo enfoque é dado à avaliação na ótica piagentiana pois é necessário considerar o nível de partida deste sujeito. Assim a avaliação deverá indicar se há ou não avanço na compreensão do sujeito considerando seu ponto de partida. Os avanços no conhecimento se dão sempre em relação a níveis imediatamente inferiores de conhecimento. O foco da avaliação está na compreensão e não o acúmulo de informações sem sentido para a criança. Em síntese, o desdobramento da teoria de Piaget na prática pedagógica pode oferecer subsídios para a compreensão dos processos de aprendizagem escolar. Compreender a atividade cognitiva do aluno e a sua relação com os conteúdos escolares auxiliar os educadores na construção de práticas educativas que respeitem os níveis de desenvolvimento dos educandos.

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