Pequenas Centrais Hidrelétricas

March 17, 2019 | Author: aafgalo | Category: Hydrology, Rain, Drainage Basin, Spillway, Flood
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Pequenas Centrais Hidrelétricas...

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PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS Aplicação ao seu desenvolvimento na América Latina e no Caribe

Índice PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS .......................................................................... .................................................................................................... .......................... 1 Objetivos do Módulo .............................................................................................................................. 1 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... ...................................................................................................................................... 2 1.1 Introdução................................................................................ .................................................................................................................................... .................................................... 2 1.2 Desenvolvimento das pequenas usinas hidrelétricas. ................................................................. 4 1.3 Classificação das pequenas usinas hidrelétricas. ......................................................................... 5 1.4 Potencial hidrelétrico aproveitável....................................................................... ............................................................................................. ....................... 6 1.5 Potencia instalada em pequenas usinas hidrelétricas nos países da América Latina e do Caribe ........................................................................................................................................................... ............................................................................ ............................................................................... 6 Resumo ............................................................................. .............................................................................................................................................. ................................................................. 7 2. ESTUDO DO RECURSO HIDRÁULICO.................................................................................................... 8 2.1 Processo de gestação de um projeto de uma pequena usina hidrelétrica ................................. 8 2.2 Estudo prévios ......................................................................... ............................................................................................................................. .................................................... 8 2.3 Determinação da queda líquida l íquida............................................................................ ................................................................................................. ..................... 45 2.4 Potencia teórica de uma queda d’água ............................................................................ ..................................................................................... ......... 46 2.5 Potencia instalada e produção .................................................................................................. 47 Resumo ............................................................................. ............................................................................................................................................ ............................................................... 49 3. TIPOS DE MINI USINAS .................................................................... ...................................................................................................................... .................................................. 50 3.1 Tipos de mini Usinas Hidrelétricas ............................................................................................. ............................................................................................. 50 Resumo ............................................................................. ............................................................................................................................................ ............................................................... 58 4. OBRA CIVIL ........................................................................................................................................ ................................................................................................................ ........................ 59 4.1

Introdução ........................................................................... ............................................................................................................................. .................................................. 59

4.2

Açude ..................................................................... .................................................................................................................................... ............................................................... 60

4.3

Escada de peixes .............................................................................. ................................................................................................................... ..................................... 62

4.4

Tomada de água ............................................................................... .................................................................................................................... ..................................... 63

4.5

Canal de derivação ........................................................................... ................................................................................................................ ..................................... 63

4.6

Desarenador e câmara de carga ...................................................................... ........................................................................................... ..................... 67

4.7

Conduto forçado .............................................................................. ................................................................................................................... ..................................... 69

4.8

Edifício da usina ............................................................................... .................................................................................................................... ..................................... 72

4.9

Sistema de descarga ........................................................................ ............................................................................................................. ..................................... 73

Resumo ............................................................................. ............................................................................................................................................ ............................................................... 75

Pequenas Centrais Hidreléctricas

5. TURBINAS HIDRÁULICAS ................................................................................................................... ................................................................................................................... 76 5.1

Introducción. Descripción general ............................................................................... ........................................................................................ ......... 76

5.2

Descrição geral. Localização da turbina dentre dentre os componentes principais da usina.......... 77

5.3

Percurso da água na turbina. Elementos fundamentais....................................................... 79

5.4

Fundamento hidráulicos teóricos ................................................................................ ......................................................................................... ......... 82

5.5

Parámetros hidráulicos básicos de una turbina.................................................................... 84

5.6

Tipos de turbinas hidráulicas. Escolha ......................................................................... .................................................................................. ......... 85

5.7

Considerações para sua escolha ...................................................................... ........................................................................................... ..................... 91

Resumo ............................................................................. ............................................................................................................................................ ............................................................... 91 6. EQUIPO ELECTROMECÁNICO ............................................................................................................ ............................................................................................................ 92 6.1

Elemento de fechamento e regulação ......................................................................... .................................................................................. ......... 92

6.2

Turbina Hidráulica ............................................................................ ................................................................................................................. ..................................... 95

6.3

Grupo óleo-hidráulico ...................................................................... ........................................................................................................... ..................................... 95

6.4

Caixa multiplicadora de Velocidade ............................................................................. ...................................................................................... ......... 96

6.5

Gerador síncrono ............................................................................. .................................................................................................................. ..................................... 99

6.6

Equipamento elétrico geral........................................................................... ................................................................................................. ...................... 105

6.7

Equipamentos auxiliares ............................................................................... ..................................................................................................... ...................... 112

6.8

Elementos de regulação, controle e proteção .................................................................... 112

Resumo ............................................................................. .......................................................................................................................................... ............................................................. 115 7. AUTOMATIZAÇÃO E CONTROLE ................................................................... ...................................................................................................... ................................... 116 7.1

Automatização e controle ............................................................................. ................................................................................................... ...................... 116

7.2

Modos de funcionamento................................................... funcionamento................................................................................................... ................................................ 119

Resumo ............................................................................. .......................................................................................................................................... ............................................................. 121 8. IMPACTO AMBIENTAL. GESTÃO ADMINISTRATIVA ........................................................................ 122 8.1

Fases de um estudo de impacto ambiental ........................................................................ 122

8.2

Análises do projeto .......................................................................... ............................................................................................................. ................................... 124

8.3

Identificação e avaliação de impactos ......................................................................... ................................................................................ ....... 124

8.4

Medidas preventivas e corretivas ................................................................................ ....................................................................................... ....... 125

8.5

Efeitos positivos do ponto de vista ambiental .................................................................... 125

8.6

Trâmites Administrativos .............................................................................. .................................................................................................... ...................... 126

8.7

Legislação ............................................................................ ............................................................................................................................ ................................................ 127

Resumo ............................................................................. .......................................................................................................................................... ............................................................. 128 TEMA 9. ASPECTOS ECONÓMICOS ............................................................................... ..................................................................................................... ...................... 129 9.1

Índice de potencia ............................................................................ ............................................................................................................... ................................... 129

9.2

Índice de energia.............................................................................. ................................................................................................................. ................................... 129

9.3

Horas equivalentes de funcionamento ou tempo característico ....................................... 130

Pequenas Centrais Hidreléctricas

9.4

Fator de capacidade ............................................................................................................ 130

9.5

Fiabilidad y disponibilidad................................................................................................... 130

9.6

Critérios para analisar a rentabilidade do investimento .................................................... 131

9.7

Fatores a considerar no estudo econômico........................................................................ 132

9.8

Calculo de investimento de uma mini usina hidrelétrica ................................................... 133

9.9

Exemplo de cálculo de investimento e rentabilidade econômica ...................................... 134

9.10

Conclusões finais ............................................................................................................. 137

Resumo .......................................................................................................................................... 137 Glossário ............................................................................................................................................. 138 Bibliografia .......................................................................................................................................... 143 Páginas de Internet ............................................................................................................................. 145 Índice de figuras .................................................................................................................................. 146 Tabelas/Gráficos/Figuras .......................................................................................................................... 146

Pequenas Centrais Hidreléctricas

PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS Aplicação ao seu desenvolvimento na América Latina e no Caribe

Objetivos do Módulo Pretende-se apresentar os fundamentos teóricos relativos ao estudo de um aproveitamento hidrelétrico em um determinado local, bem como revelar as diferentes tipologias de pequenas usinas hidrelétricas e seus componentes; da obra civil ao equipamento eletromecânico. Os objetivos mais importantes deste módulo são:        

Entender como se avalia o recurso hidráulico disponível em um determinado local, para determinar a queda líquida e a vazão de equipamento. Definir a tipologia da usina hidrelétrica a ser instalada em cada local, bem como todos seus componentes relacionados com a obra civil. Entender o funcionamento das turbinas hidráulicas, os tipos que podem ser utilizados e o processo de escolha da turbina ideal. Definir e dimensionar o equipamento eletromecânico da usina. Analisar os distintos modos de funcionamento e o aproveitamento de automatização. Estudar o impacto ambiental que representa a instalação de uma pequena usina hidrelétrica. Considerar aspectos econômicos e estudar a rentabilidade econômica. Estudo de viabilidade de um aproveitamento hidroelétrico aplicado a uma área concreta de LAC (a resposta do exercício está na documentação anexa).

Os conteúdos dos módulos se estruturam nos seguintes temas: 1. Introdução. Estado da arte. Classificação 2. Estudo do recurso hidráulico, como aproveitamento hidroelétrico 3. Tipologias de pequenas centrais hidráulicas 4. Obra civil. Componentes 5. Turbinas hidráulicas. Fundamentos teóricos. Descrição dos elementos básicos 6. Equipamento eletromecânico 7. Automatização e Controle. Modos de funcionamento 8. Impacto ambiental. Legislação 9. Aspectos econômicos e rentabilidade

Pequenas Usinas Hidreléctricas

1

1. INTRODUÇÃO 1.1. Introdução Dentre as energias renováveis, a energia hidrelétrica é a principal aliada na geração limpa, autóctone e inesgotável, constituindo uma das principais fontes de eletricidade. A energia hidráulica é a energia cinética do movimento de massas de água e a energia potencial da água disponível a uma altura determinada. Indiretamente, provém da radiação solar, no que se conhece como ciclo hidrológico (figura 1.1).

Figura 1.1 A energia hidráulica no ciclo hidrológico. Fonte: Centrais de energias renováveis. José Antonio Carta

A produção mundial anual foi de 3288 TWh em 2008 (IEA, “Informações sobre a electricidade” de 2010), equivalente a 16,3% da produção total de eletricidade global.. Em alguns países da América Latina, a fração da energia elétrica gerada com as usinas hidrelétricas alcança um alto nível: Equador 85%, Peru 79%, Brasil 78,2%, Colômbia 77%. Em outros países, a fração da energia elétrica com usinas hidrelétricas é consideravelmente menor: nos Estados Unidos, por exemplo, é somente de 10%; no Japão, 12,2%; na Espanha, 20%, na CEI, 14%, etc. Estes dados justificam-se a partir do ponto de vista de que a energia elétrica nos países é obtida principalmente através da exploração de centrais térmicas (de carvão e gás natural) e nucleares. Em termos de produção mundial, de “Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos” da UNESCO divulga previsões de crescimento para o ano 2010 em que se constata este maior ,

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potencial de crescimento nos países em desenvolvimento. Na Tabela 1.1 é possível observar como a União Européia e seus países mais próximos, que em 1995 possuíam 18,5% da população mundial, somente representavam uma décima parte no ano 2010. Isso se deve ao crescimento, principalmente, da Ásia e, em menor medida, da América Latina. Tabela 1.1 Produção de energia hidráulica no mundo. Fonte: UNESCO

Localização

Área de mercado

1995 (TWh/ano)

% 1995

2010 (TWh/ano)

% 2010

Mundo

Grandes usinas

2.265

100

3.990

100

Pequenas usinas

115

100

220

100

Total

2.380

100

4.210

100

Grandes usinas

401,5

17,73

443

11,10

Pequenas usinas

40

34,78

50

22,73

Total

441,5

18,55

493

11,71

Grandes usinas

57,5

2,54

83

1,44

Pequenas usinas

4,5

3,91

16

7,28

Total

62

2,60

99

2,35

Grandes usinas

160

7,06

388

9,72

Pequenas usinas

4

3,48

12

5,45

Total

164

6,89

400

9,50

Grandes usinas

635

28,03

685

17,17

Pequenas usinas

18

15,65

25

11,36

Total

653

27,44

710

16,86

Grandes usinas

131

5,78

138

3,46

Pequenas usinas

0,7

0,61

3

1,36

Total

131,7

5,53

141

3,35

Grandes usinas

35,5

1,60

72

1,80

Pequenas usinas

0,5

0,43

0,7

0,32

Total

36

1,51

72,7

1,73

Grandes usinas

65,4

2,89

147

3,68

Pequenas usinas

1,6

1,39

3

1,36

Total

67

2,81

150

3,56

Grandes usinas

24,8

1,09

49

1,23

Pequenas usinas

0,2

0,17

1

0,45

Total

25

1,05

50

1,19

Grandes usinas

291

12,85

1.000

25,06

Pequenas usinas

42

36,52

100

45,45

Total

333

13,99

1.100

26,13

Grandes usinas

461,5

20,37

990

24,81

Pequenas usinas

3,5

3,04

10

4,54

Total

465

19,54

1.000

23,75

UE+AELC

CEE

CIS

NAFTA

OCDE Zona Pacífica

Zona mediterránea

África

Oriente Medio

Asia

América Latina

UE + AELC: União Européia e Associação Européia de Livre Comércio; CEE: Europa Central e do Leste; CEI: Comunidade de Estados Independentes; Países NAFTA: Estados Unidos, Canadá e México; OCDE Zona Pacífica: Austrália, Japão, Nova Zelândia; Zona Mediterrânea: Turquia, Chipre, Gibraltar, Malta; Ásia: Ásia sem incluir a ex-URSS.

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Em grande escala esta fonte de energia tem um campo de expansão limitado devido a aspectos de caráter financeiros, ambientais e sociais. Em pequena escala (na maior parte dos países com uma potencia instalada menor ou igual a 10 MW), a geração hidrelétrica com pequenas usinas oferece possibilidades de crescimento, em razão da diversidade de vazões que ainda são suscetíveis de aproveitamento. Existem inúmeras vantagens que são compartilhadas entre as pequenas e grandes usinas hidrelétricas. As vantagens gerais são: 

Constitui uma fonte de energia renovável



É uma tecnologia madura, consolidada e com alto nível de confiança e rendimento.



Os custos da energia gerada são praticamente independentes dos efeitos inflacionários. Constituem uma fonte de energia autóctone e, portanto, seu aproveitamento reduz a vulnerabilidade energética do país com relação aos mercados internacionais de combustíveis fósseis.



Seus custos de operação e manutenção são relativamente baixos.



Têm uma vida relativamente longa.



Possui um alto grau de disponibilidade operativa.

1.2. Desenvolvimento das pequenas usinas hidrelétricas. A princípios do século XX ocorreu uma intensa construção de pequenas usinas hidrelétricas na América do Norte, Europa e Ásia [1]. Nos anos 1920, a energia hidrelétrica gerada constituía 40% do total produzido mundialmente pelas usinas em seu conjunto. Depois, durante um longo período (50 anos), houve uma queda na construção de pequenas usinas hidrelétricas, dando lugar às grandes usinas hidráulicas que possuíam um maior rendimento econômico. Durante a década dos 70, em muitos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, devido à crise energética mundial, as usinas hidrelétricas de pequena potencia atraíram novamente a atenção com o auxílio das seguintes razões: 

Brusco aumento dos preços do petróleo



Aumento dos requerimentos ecológicos durante a construção



Necessidade de eletricidade nas regiões distantes e de difícil acesso



Tendência ao uso múltiplo dos recursos hidráulicos, o que reduz os investimentos na hidroenergia.

Por estas razões, em muitos países a construção de pequenas usinas recebeu um novo impulso. Assim, ampliou-se a cooperação internacional neste terreno: em 1982 foi realizada a Conferência Européia de Pequenas Usinas Hidrelétricas em Montecarlo e, em 1984, a I Conferência Internacional sobre Pequenas Usinas Hidrelétricas em Singapura. No seio da Comissão Internacional sobre Energia (IEC) fundou-se o grupo de trabalho de pequenas usinas hidrelétricas para desenvolver os requerimentos técnicos no projeto, construção e exploração. Na Espanha, em 1980, criou-se a Comissão de Pequenas Usinas hidrelétricas e uma análise de sua distribuição geográfica. [1] José Mª de Juana. Energias Renováveis para o Desenvolvimento. .Editorial Thomson Paraninfo 2003

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De acordo com o "Livro Branco para uma a Estratégia Comum e um Plano de Acção para as Energias Renováveis", desenvolvido em 1997 pela Comissão das Comunidades Européias, o objetivo geral fixado pela UE em pequenas usinas hidrelétricas é alcançar 14.900 MW no ano 2010.

1.3. Classificação das pequenas usinas hidrelétricas. As pequenas usinas hidrelétricas podem ser classificadas por distintos parâmetros tais como potencia, altura de carga e regime de trabalho, dentre outros. Na grande maioria dos países toma-se como base a potencia instalada em kW ou MW (Tabela 1.2). Em alguns países consideram-se pequenas usinas hidrelétricas aquelas com um potencial de até 2.000 kW (Itália, Noruega, Suécia, Suíça) ou até 5.000 kW (Áustria, Índia, França, Canadá, Alemanha e outros). A organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. (ONUDI) tipifica como pequenas usinas hidrelétricas as que possuam uma potencia instalada de até 5.000 kW. Em outros países, consideram esta potencia até 30.000 kW, como nos Estados Unidos e no CEI. A Organização Latino-americana de Desenvolvimento de Energia (OLADE) considera como pequena usina as que possuem uma potencia entre 1.000 e 10.000 kW. Esta diversidade na classificação das pequenas usinas hidrelétricas resulta dos diferentes níveis de desenvolvimento alcançados nos distintos países, das particularidades das condições naturais, dos diferentes procedimentos de reconhecimento dos projetos de aproveitamentos hidrelétricos assim como de outros fatores. Tabela 1.2 Classificação das pequenas usinas hidrelétricas

Potencia limite instalada da central (kW) Pequena usina

Mini usina

Micro usina

País, organização internacional

Pins  30.000

CEI ( antiga URSS)

Pins  30.000

Estados Unidos

Pins  12.000

China e países sudeste da Ásia

Pins  5.000 Pins  5.000 Pins  10.000 (*)

Pequenas Centrais Hidreléctricas

Pins = 100 1000

Pins  100

do

América Latina (OLADE) UNIDO, Áustria, Espanha*, Índia, Canadá, França, Alemanha e outros

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1.4 Potencial hidrelétrico aproveitável. Para determinar o potencial hidrelétrico aproveitável é necessário avaliar os recursos potenciais que podem ser aproveitados em cursos pequenos, médios e grandes dos rios. Esta classificação, de acordo com seu tamanho, pode ser feita com base em diferentes critérios: por vazão, potencia, comprimento do rio e área da bacia, dentre outros. Segundo o critério da área da bacia, os pequenos rios possuem até 5.000 km 2 e os médios até 100.000km 2. Podemos distinguir três tipos de potencial hidrelétrico (figura 1.2): 

Teórico (bruto): energia teórica do curso de água sem considerar perdas



De exploração: energia do curso de água que tecnicamente pode ser aproveitada considerando perdas. Mundialmente esta magnitude é avaliada em uma média de 60%.



Econômico: energia do curso de água cuja utilização resulta economicamente efetiva. Mundialmente representa 47% do potencial de exploração e 26% com relação ao teórico.

O potencial hidrelétrico econômico, diferentemente do teórico e técnico, varia com relação ao tempo e utilização, dependendo das condições energéticas e econômicas.

1.5 Potencia instalada em pequenas usinas hidrelétricas nos países da América Latina e do Caribe Conforme o estudo Climascopio 2012, divulgado na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20 e realizado pelo Fundo Multilateral de Investimentos, a porcentagem de potencia instalada em pequenas usinas hidrelétricas em MW até 2011, nos países da América Latina e do Caribe, foi a seguinte: Tabela 1.3 Porcentagem de potencia instalada em MW. Fonte: Climatescope Estudo de 2012

PAÍS Argentina Belize Bolívia Brasil Chile Colômbia Costa Rica República Dominicana Equador El Salvador Guatemala Haiti Honduras Jamaica Nicaragua Panamá Perú

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% DE POTENCIA INSTALADA 2 39 18 4 4 3,9 10 7 6 2 10 45 9 3 5 13 6

6

Resumo

Neste tema 1, de introdução, realizou-se uma apresentação do aproveitamento da energia hidrelétrica enfocada em pequenas usinas hidrelétricas com uma potencia média de 10 MW na maioria dos países. Analisou-se seu grau de desenvolvimento em âmbito mundial e sua classificação em micro, mini e pequenas usinas hidrelétricas. Ademais, apresentou-se também o potencial hidrelétrico aproveitável no mundo e a potencia instalada até o ano 2011 nos países da América Latina e do Caribe, de acordo com o estudo Climascopio 2012, divulgado na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20 e realizado pelo Fundo Multilateral de Investimentos ( www5.iadb.org /mif/Climatescope/2012).

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2. ESTUDO DO RECURSO HIDRÁULICO 2.1 Processo de gestação de um projeto de uma pequena usina hidrelétrica O processo de gestação de um projeto de uma pequena usina hidrelétrica pode ter várias origens. As mais frequentes são: 

 

Projeto que faz parte de um desenvolvimento em âmbito nacional ou regional, no qual geralmente são realizados estudos prévios ou existe informação básica preliminar suficiente. Projeto proposto por uma comunidade ou prefeitura diante da necessidade de abastecimento energético de uma população ou região. Projeto proposto por entidades privadas para usos da energia em processos industriais ou comerciais para a venda a populações ou às redes elétricas nacionais.

São vários os recursos que a natureza disponibiliza para a realização, conservação e exploração dos aproveitamentos hidrelétricos, ainda que, por sua importância, é possível citar três:   

altura da queda hidrologia vazão sólida: elementos que a água carrega com seu movimento

Os dois primeiros permitem a execução e funcionamento do aproveitamento, enquanto o terceiro, consistente na entrada de elementos estranhos que deve ser evitada, pode resultar em problemas de índole diversa. 2.2 Estudo prévios É necessário dispor de suficiente informação através de diversos estudos do meio físico da área ou região onde se pretende instalar a usina hidrelétrica. Isso permite conhecer com detalhes as características morfológicas, hidrológicas, socioeconômicas e de impacto ambiental para poder definir as alternativas tecnicamente e economicamente viáveis. Na figura 2.1 se apresenta um fluxograma com os tipos de estudos a realizar. 2.2.1

Estudos da demanda

Este tipo de estudo é muito importante, principalmente quando se trata de fornecer energia elétrica a pequenas populações ou comunidades rurais isoladas da rede elétrica nacional. Utiliza-se para avaliar qual é a demanda de energia elétrica dos potenciais clientes da central e a forma do perfil de demanda diário. 2.2.2

Estudo socioeconômico

Neste se realiza a avaliação econômica do projeto, sua organização e desenvolvimento, além do impacto social que causaria na comunidade ou região como a compra de terras, a relocação de

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comunidades inteiras, etc. Abrange o desenvolvimento e construção da usina, bem como a manutenção, administração e operação da mesma.

Figura 2.1 Fluxograma dos estudos para um aproveitamento hidrelétrico. Fonte: Elaboração própria T. Adrada

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2.2.3

Estudos de impacto ambiental

As obras a serem construídas e a operação da usina implicam um grande impacto ambiental, pois se inunda uma grande extensão de terra, resultando em perdas agrícolas, de flora e fauna. Uma das barreiras mais importantes para o desenvolvimento desta tecnologia é o impacto ambiental que pode provocar. Na Tabela 2.1 estão presentes alguns destes impactos e as medidas corretoras a serem utilizadas. Tabela 2.1 Impacto ambiental e medidas corretoras. Fonte: elaboração própria.

IMPACTO AMBIENTAL

Detração de vazões (com a conseguinte perda de hábitat fluvial, que por sua vez provoca a diminuição das população de fauna piscícola, a redução da riqueza vegetal das margens, etc.) Destruição de formações vegetais por ocupação das estruturas

Impacto visual

ESTRUTURAS QUE O PROVOCAM

MEDIDAS PROPOSTAS PARA REDUÇÃO



Todas as instalações em conjunto.





Medidas de revegetação e integração paisagística



Medidas de revegetação e integração paisagística



Enterrar estruturas (canal de derivação, câmara de carga e conduto forçado)



Construção das estruturas com tipologia semelhante a do meio



Instalação de grades na entrada do canal



Instalação de uma barreira sônica para peixes na entrada do canal

Todas as estruturas

Todas as estruturas

Estabelecimento de uma vazão ecológica mínima Medidas de revegetação e integração paisagística

Mortalidade de fauna piscícola

Usina (pela ação da turbina)

Efeito barreira ao trânsito de fauna

Açude



Instalação de uma escada para peixes

Usina (turbina e geradores)



Isolamento acústico da usina

Impacto acústico

2.2.4

Estudos geológicos e geotécnicos

Os estudos geológicos e geotécnicos indicam as condições e propriedades dos terrenos. Permitem obter uma boa informação sobre o subsolo. Realiza-se a localização e adequação das obras com relação à estabilidade dos terrenos. O estudos das possíveis falhas geológicas é essencial para o projeto e construção da usina, já que permite aos desenhadores ter uma ideia de quais riscos geológicos devem considerar no momento de projetar a usina. Um estudo completo deverá obter os conhecimento da Geologia Histórica, Geomorfologia, Estratigrafia e Geologia Estrutural da área. Normalmente nos projetos são analisados os seguintes pontos:

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   

Disponibilidade de materiais de construção Permeabilidade dos terrenos Estabilidade das encostas Métodos construtivos

O conflito enfrentado pelo planejador de pequenas usinas hidrelétricas consiste em ter que escolher entre:  

Custo elevado dos estudos detalhados geotécnicos e hidrotécnicos par a cada projeto. Elevação de custos de construção ao desenhar obras com fatores de segurança elevados.

As falhas mais frequentes correspondem a problemas geotécnicos (40%) e hidrológicos (40%). 2.2.5 Estudos cartográficos e topográficos A cartografia necessária é obtida através dos Institutos Cartográficos existentes nas diferentes comunidades ou regiões e permite fixar as coordenadas geográficas da área do projeto:

- Altitude - Latitude - Longitude Geralmente, quando o estudo começa as informações disponíveis são:

- Mapas do país a escalas de 1:500.000 a 1:2.000.000 - Cartas nacionais a escalas de 1:25.000 a 1:200.000 - Fotografias aéreas a escalas de 1:10.000 a 1:60.000 A partir da informação topográfica, elabora-se um perfil do comprimento do rio ( figura 2.2) que mostra, ao longo do seu curso, quais são as inclinações existentes em seu transcurso segundo a área de estudo, definindo os trechos com potenciais mais interessantes.

Figura 2.2 Perfil longitudinal de um rio. Fonte Adaptado de Rosgen (1996)

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Com este perfil é possível conhecer fatores fundamentais: por um lado, a altura bruta da queda (Hb) em metros, isso é, a diferença de cotas entre o ponto em que se realiza a captação da água do rio e o ponto onde é devolvida a seu curso natural, depois de haver aproveitado sua energia potencial, ou energia de altura (figura 2.3).

Figura 2.3 Esquema geral de uma queda. Fonte: IDAE

Do mesmo modo, define-se a localização do canal, do conduto forçado e do lugar físico das máquinas em que será realizado o retorno das água ao seu curso natural através do canal de escoamento. Recomendações adicionais na informação topográfica •





O local de descarga e a edificação das máquina deve cobrir pelo menos 50m ao longo do curso e nas margens, até 5m acima do nível de captação. O canal necessita uma faixa não maior que 10m de cada lado do eixo. Para o desarenador a largura do canal aumenta de 25 a 30% em um comprimento de 50m. O mesmo ocorre com a câmara de carga. Aoconduto de pressão é representada sobre um eixo com topografia de 10m para cada lado, e um perfil longitudinal com suficiente detalhe para o desenho das mudanças de direção do conduto de pressão com seus apoios e bases.

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A Tabela 2.2 mostra os intervalos entre as curvas de nível recomendáveis Tabela 2.2 intervalos entre as curvas de nível. Fonte: Jairo Arcesio. Tese de Doutorado 1998

ELEMENTO

INTERVALO ENTRE CURVAS (m)

ESCALA

Captação Canal Desarenador Câmara de Carga Descargas Conduto de pressão Edifício de máquinas Caminhos de acesso Linha aérea

0,50

1:200

2,00

1:2000

0,50

1:200

0,50

1:200

0,50

1:200

0,50

1:100

0,50

1:2000

2,00

1:2000

2,00

1:500

Por outro lado, a informação cartográfica e topográfica permite obter a superfície da bacia de drenagem em km2, chamada bacia hidrográfica ou topográfica (a) (figura 2.3.1) , e que desemboca na captação de água ou, em outras palavras, na área na qual a chuva coletada pode ser aproveitada. Pode ser definida como a superfície na qual todas as águas procedentes das precipitações produzidas (em Hm3) (b), desembocarão no rio na área de coleta de água. Equivale à drenagem superficial desta superfície.

Figura 2.3.1. Detalhe de uma bacia hidrográfica

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Uma bacia de drenagem se separa de suas vizinhas por uma linha de crista de curvas de nível (figura 2.4), cuja longitude será limitada por duas linhas de máxima inclinação.

Figura 2.4 Determinação da superfície de uma bacia

2.2.6 Estudos hidrológicos e pluviométricos Estes estudos são os responsáveis pelo recursos hídrico disponível e determinam a vazão do projeto da usina. Pretende responder duas perguntas: •



Qual é a vazão garantida ou projetada existente em um aproveitamento? Qual pode ser o valor do vazão de máxima cheia em um determinado momento? Sua avaliação é muito importante para dimensionar corretamente as obras de proteção e evacuação de enchentes.

A determinação da quantidade de água existente em um rio em um ponto determinado está vinculada às condições físicas de sua bacia de drenagem e às condições meteorológicas presentes na região. Quando se dispõe de estações meteorológicas e de medições dentro da bacia de drenagem, a informação estatística que proporcionam permite determinar a curva de precipitação média, bem como a curva de vazões médias classificadas. Se não se dispõe de estações meteorológicas e/ou pluviométricas dentro da bacia de drenagem, mas se conhecem suas características físicas, é possível avaliar a quantidade de água que pode passar por uma determinada seção de um rio interpretando a correlação destas condições.

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2.2.6.1 Determinação da vazão de equipamento da usina hidrelétrica Para a obtenção da vazão de equipamento são considerados três métodos de atuação: •





Por pluviometria Por estação de Medição Por correlação entre bacias com características, composição e proximidade semelhantes.

Os três métodos são válidos, ainda que a maior efetividade, em princípio, corresponda às estações de Medições. Contudo, sempre que possível, convém utilizar todos os métodos disponíveis devido à incerteza dos resultados, especialmente se somos conscientes de que o trabalho será realizado com base em dados passados e que se acredita que ocorrerão de forma cíclica, em distintos períodos de tempo.

2.2.6.1.1 Determinação da vazão de desenho por pluviometría O estudo das precipitações é básico dentro de qualquer estudo hidrológico regional, para quantificar os recursos hídricos. Também é fundamental na previsão de inundações, desenho de obras públicas, estudos de erosão, etc. A precipitação é qualquer água meteórica coletada sobre a superfície da terra. Isto inclui basicamente: chuva, neve e granizo. A unidade de medida é o milímetro. Precipitação= ET +Esc. Sup + Esc.Sub Sendo:

Esc Sup. = Escoamento superficial Esc Sub = Escoamento subterrâneo ET = Evapotranspiração Denomina-se ciclo hidrológico (figura 2.5) ao movimento geral da água, ascendente em razão da evaporação e descendente, em primeiro lugar, pelas precipitações, e logo em forma de escoamento superficial e subterrâneo.

Figura 2.5 Ciclo hidrológico. Fonte: Departamento de Geologia da Universidade de Salamanca.

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O escoamento subterrâneo é muito mais lento que o superficial. Outros conceitos fundamentais são: •



Escoamento direto: o que chega aos cursos superficiais em um período de tempo curto após a precipitação e que normalmente envolve o escoamento superficial. Escoamento básico: o que alimenta os cursos superficiais na estiagem, durante os períodos sem precipitações e que normalmente envolve o escoamento subterrâneo.

Como média, na grande maioria das bacias hidrográficas: (Precipitação) 670 mm (100%) = (ET) 480 mm (72%) + (Esc.Sup) 130 mm (19%) + (Esc.Sub) 60 mm ( 9%) A relação entre a entrada no rio e a precipitação é conhecida pelo nome de coeficiente de escoamento e seu valor varia muito dependendo de inúmeras variáveis como a área de estudo, sua vegetação, a época do ano, etc. Quando se sabe qual é a precipitação, a área da bacia de drenagem e o coeficiente de escoamento, obtém-se o valor do curso, de acordo com a fórmula 1:

     

Sendo

- Q = vazão em m 3/s. - I = Intensidade da precipitação em mm/hora - A = superfície da bacia de drenagem em -

km2 C = coeficiente de escoamento

O valor do coeficiente de escoamento pode ser calculado através da fórmula 2.

          Nesta o Pd =precipitação diária em mm (obtida estatisticamente para o período de retorno considerado) e P0 =limiar de escoamento em mm. Exemplo 1. Calcular a vazão do projeto para um período de retorno de 50 anos em uma bacia com uma superfície de 12,1Km 2. Comprimento do curso: 5,1 km. Quota máxima: 956 m; Quota mínima: 889 m. A precipitação diária Pd: 71mm (para o período de retorno de 50 anos). Limiar de escoamento P0: 27mm. Intensidade de precipitação de 16,2 mm/hora. Solução: Substituindo estes dados na fórmula 1, com x= Pd/P0 = 71/27=2,60

      A Vazão de drenagem da bacia aplicando a fórmula 2:

          Pequenas Centrais Hidreléctricas

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Apresentação dos dados pluviométricos A mensuração das precipitações é realizada através das estações pluviométricas distribuídas por todos o território nacional. Por exemplo, no caso da Espanha, estas estações dependem do Instituto Nacional de Meteorologia. Os dados são fornecidos de forma mensal e anual (ano hidrológicos), conforme mostra a seguinte figura 2.6.

Figura 2.6 Precipitações mensais médias. Fonte: Departamento de Geologia da Universidade de Salamanca.

O ano hidrológico varia de acordo com o regime climático. Em muitos países, é considerado de 1 de outubro a 30 de setembro, como é o caso da Espanha. Os gráficos utilizados em pluviometria se denominam hietogramas e expressam precipitações em função do tempo. Podem figurar a precipitação que cai, ou a intensidade de precipitação (mm/hora) (figura 2.7).

Figura 2.7 Hietograma: Intensidade de precipitação em função do tempo. Fonte: Dpto. de Geologia da Univ. de Salamanca.

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Para calcular as vazões geradas nos cursos superficiais a partir das precipitações, por exemplo, para o desenho de obras públicas, utiliza-se a curva Intensidade-Duração ( figura 2.8) que expressa a máxima intensidade de precipitação registrada em diversos intervalos de tempo.

Figura 2.8 Curva intensidade-duração. Fonte: Departamento de Geologia da Universidade de Salamanca.

É comum representar conjuntamente várias curvas de intensidade-duração para diversos períodos de retorno, ensejando uma família de curvas denominadas Intensidade-Duração-Frequência (Curvas IDF) (figura 2.9).

Figura 2.9 Curvas IDF. Fonte: Departamento de Geografia da Universidade de Salamanca

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A frequência é o inverso do período de retorno. Ocorrendo algo a cada 50 anos, sua frequência é de 0,02. Quando dispomos de séries pluviométricas longas (mais de 20 anos) podemos calcular a probabilidade existente de que as precipitações do próximo ano superem um valor determinado. Normalmente trabalha-se com o dado da precipitação média sobre a bacia: volume total de água coletado na bacia. Conhecido o valor da precipitação média sobre uma bacia em um período de tempo determinado (um dia, um mês, um ano) e conhecida a superfície total da bacia, é possível obter o volume de água (lâmina de água captada). Definida a superfície da bacia hidrográfica e sabendo os dados pluviométricos da área, podemos definir os seguintes conceitos: •





Descarga (Hm3): É o volume de água aportado pelo curso em um ponto determinado durante um ano. Vazão específica (litros/s.km2): Vazão por unidade de superfície. Representa a vazão aportada por cada km2 de bacia. Permite comparar bacias de superfícies distintas. As áreas de montanha proporcionam mais de 20 litros/s. km 2, enquanto nas partes baixas da mesma bacia somente de 4 a 5 litros/s.km 2. Lâmina de água equivalente: obtém-se dividindo a descarga pela superfície da bacia.

Na figura 2.10 apresentam-se os dados de descarga anual coletados em um bacia, com histórico de 30 anos.

Figura 2.10 Dados de descarga anual. Fonte CEDEX.

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2.2.6.1.2 Por estações de Medições Destinam-se a medir uma vazão. Na Hidrologia superficial pode ser necessário medir pequenas vazões (litros/s) de rios com muitos m3/s. A determinação das vazões deve ser realizada por seções específicas, fixas e inalteráveis no tempo, denominadas medições. Vários países dispõem de redes de estações de Medições. Os resultados são editados pelas Confederações Hidrográficas. Por exemplo, na Espanha, estas medições são realizadas nas estações de Medições distribuídas pelas diferentes Bacias Hidrográficas espanholas dependentes do Ministério de Fomento, através do CEDEX (Centro de Estudos e Experimentação de Obras Pública) (www.hercules.cedex.es). Atualmente, depende do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente, sendo que o anuário de dados de medições pode ser encontrado em www.sig.magrama.es. Na figura 2.11 apresenta-se uma bacia que dispõe de um ponto de medição de águas acima do ponto de interesse.

Figura 2.11 Bacia hidrográfica com estação de Medição. Fonte: Jairo Arcesio. Tese Doutoral 1998.

2.2.6.1.2.1

Tipos de medições

As medições podem ser: a) Medições diretas: Com algum aparelho ou procedimento medimos diretamente a vazão. Os métodos podem ser: a.1) Método área velocidade: Molinetes, medidores ultrassônicos, etc. a.2) Diluição com marcadores: Medição de descarga constante a.3) Medição de descarga única ou de integração Pequenas Centrais Hidreléctricas

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b) Medições indiretas ou contínuas: Mede-se o nível de água no curso e, a partir deste nível, calcula-se a vazão. Os métodos são: b.1) Estruturas hidráulicas com escalas linimétricas e linígrafos b.2) Método área inclinada Descrição dos métodos por medições diretas a.1) Método área - velocidade com molinetes (figura 2.12).  2.12).   Mede-se a velocidade da água em seções conhecidas do curso e se calcula com: Vazão (m3/s)= Seção (m2) x Velocidade (m/s) •



Divide-se a área transversal em seções não maiores que 1/15 a 1/20 da largura total da seção Em cada vertical, dentre as várias em que se divide a seção, medem-se velocidades a diferentes profundidades com molinetes e determina-se a velocidade média em cada seção. O molinete envia por cada volta um impulso elétrico que é registrado em um contador. Dispõe de uma curva que correlaciona o número medido de impulsos com a velocidade da corrente que se deseja medir. Isto permite obter o perfil vertical da velocidade da água em cada seção.



Calcula-se a vazão correspondente em cada c ada seção, conhecendo-se sua área.



A Vazão total será a soma de todas as vazões obtidas em cada seção ou área.

Moinho de hélice

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21

Figura 2.12 Método área - velocidade com molinetes.

a.2) Diluição com marcadores. Medições químicas. Esta técnica é utilizada em correntes muito largas, em rios caudalosos ou em rios de montanha. Baseia-se em aplicar uma substância de concentração conhecida no curso que se dilui na corrente, tomando-se amostras a jusante. Quanto maior for a vazão, mais diluídas estarão as amostras analisadas. É importante destacar que para aplicar este método parte-se do pressuposto de que a vazão é permanente e os marcadores possuem as seguintes propriedades: •





Não devem ser absorvidos pelos sedimentos ou vegetação, nem devem reagir quimicamente. Não devem ser tóxicos. Devem ser facilmente detectáveis em pequeñas concentrações.

São 3 os tipos de marcadores: •





Químicos: desta classe são o sal comum e o dicromato de sódio Fluorescentes: como a rodamina. Materiais radioativos: os mais usados são o iodo 132, bromo 82, sódio.

O sal comum pode ser detectado com uma margem de erro de 1% para concentrações de 10 ppm. O dicromato de sódio pode ser detectado em concentrações de 0,2 ppm e os marcadores fluorescentes com concentrações de 1/1000. Os marcadores radioativos são detectados em contrações muito baixas (1/1014). No entanto, sua utilização requer pessoal muito especializado. As medições químicas podem ser: 

Medições de descarga constante (figura 2.13). Injeta-se um marcador em uma determinada seção em uma vazão constante, com uma concentração de marcador C1. Realizando-se um balanço de massa do marcador entre o ponto 1 e o ponto 2, supondo-se que a corrente leva uma concentração de marcador de C0, tem-se:

Q C0 + q C1 = (Q+q) C2

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Mas como C0





0 , q C1 = (Q+q) C2 e como Q+q  Q, logo

Q = q (C1/C2)

Figura 2.13 Aforo de vertido constante. Fuente Dpto. Geología. Univ. Salamanca

Exemplo: Exemplo: Uma solução de sal comum com uma concentração de Co = 200 g/l foi aplicada em um rio com uma vazão constante de q= 25 l /s. O rio tinha uma concentração inicial de sal de C1 =10 ppm = 0,01 g/l. A jusante, mediu-se uma concentração de C2 = 45 ppm = 0,045 g/l. Aplicando a equação anterior, tem-se que Q=113,6 m 3/s 

Medições de descarga única ou de integração (figura 2.14). Em uma seção 1 de um rio, adiciona-se um pequeno volume de marcador (V 1) com uma concentração alta C 1. Existindo no rio uma concentração C0, o perfil de concentrações se comporta com o tempo assim:

Figura 2.14 Medição de descarga única.

A continuação, tem-se:





      Pequenas Centrais Hidreléctricas

23

Donde Q es el caudal que se desea conocer, resolviendo la ecuación para Q se tiene:

Q=

     

Descrição dos métodos por medições indiretas. b.1) Estruturas hidráulicas com escalas linimétricas e linígrafos •



Escalas linimétricas: São escalas graduadas em centímetros presas ao solo. Todos os dias coleta-se o valor máximo e mínimo alcançado.

Linígrafo: Aparelho que mede o nível da água através de uma boia. O valor é registrado de forma contínua.

escalas que indicam o canal real hidrograma gráfico

disco conversor de h1 em Q

leitura do totalizador volumétrica

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24



Estruturas hidráulicas: São estruturas de controle fixas e inalteradas (conhecidas como vertedouros) em que a partir da medida do nível da água é possível estimar a vazão .

Estes vertedouros podem ser:

-

de parede fina para vazões menores que 0,5 m 3/s.

-

de parede grossa para vazões maiores

Podem ser construídos com seções de triangulares, retangulares ou trapezoidais. Pode-se estabelecer uma relação H-Q direta com o linígrafo e, a partir desta, pode-se obter um hidrograma de Q-t.

Figura 2.14.1 Curva H-Q e hidrograma Q-t

A) Vertedouro de parede fina

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25

Os vertedouros de parede fina (figura 2.15) estão formados por uma placa com uma borda muito fina. Este tipo de estruturas utiliza-se como dispositivo de medição em canais de pequenas dimensões. O ponto ou aresta mais baixa de um vertedouro é conhecido como crista (w), enquanto o desnível existente entre a superfície livre da água, a montante do vertedouro, e sua crista, são conhecidos coma carga hidráulica (H ou h). A equação do vertedouro com seção retangular é: Q= C.L.H 3/2 (m3/s) Na qual C = coeficiente de contração do vertedouro, L = largura do vertedouro e H = altura da água. Dependendo da forma, a equação pode ser distinta: TIPO DE VERTEDEURO

Equação

RETANGULAR

Q=C.l.H 3/2

TRIANGULAR

Q=C.H 5/2

TRAPEZOIDAL

Q= C.L.H 3/2

Figura 2.15 Vertedouro de parede fina: a) seção retangular, b) seção triangular e c) seção trapezoidal. Fonte: SOTELO ÁVILA; Gilberto. Hidráulica General.

Os valores de C podem ser obtidos mediante a medição de w e H Pequenas Centrais Hidreléctricas

26

w

H=0.05

H=0.10

H=0.20

H=0.40

H=0.60

H=0.80

H=1.00

0.5

2.316

2.285

2.272

2.266

2.263

2.262

2.262

1.0

2.082

2.051

2.037

2.030

2.027

2.026

2.025

2.0

1.964

1.933

1.919

1.912

1.909

1908

1907

B) Vertedouros de parede grossa Os vertedouros de parede grossa são utilizados para medir grandes vazões (figura 2.16).  A vazão sobre a parede possui linhas de correntes paralelas, de modo que existe uma distribuição de pressões hidrostáticas. O valor da vazão pode ser calculado com a seguinte fórmula:

Sendo: C = coeficiente de descarga b = comprimento do vertedouro ε1 = coeficiente que depende da relação (e/h) h = altura da água

Figura 2.16 Vertedouro de parede grossa e construção de um vertedouro em forma de V. Fonte: SOTELO ÁVILA, Gilberto. Hidráulica General. p. 267.

b.2) Método área-inclinada Pode-se fazer uma estimativa aproximada do curso determinando as propriedades geométricas de duas seções diferentes, separadas por uma distância L e pelo coeficiente de rugosidade no curso. Partindo-se do pressuposto de que existe um curso do rio com profundidades Y1 e Y2 nas seções 1 e 2, respectivamente, sendo NR o nível de referência (figura 2.17): Pequenas Centrais Hidreléctricas

27

Figura 2.17 Método área-inclinada

Aplicando a equação de Bernoulli tem-se:

Na qual: h = (Y+Z) e Hf são as perdas de energia que podem ocorrer usando a fórmula de Manning V = velocidade em m/s Rh = raio hidráulico em m Sf = inclinação da linha de energia A = área da seção transversal em m2 n = coeficiente de rugosidade de Manning

2.2.6.1.3 Determinação da vazão de equipamento por correlação de bacias Em alguns casso pode ocorrer que não existam Estações de Pluviometria ou de medição na área em que será implantado o aproveitamento (figura 2.18), nem mesmo em todo o curso do rio, somente em áreas adjacentes com alguma estação que possa proporcionar os dados. Nesse caso, se as condições de vegetação, orientação das chuvas dominantes, morfologia, encostas, distância, etc., são adequadas, podem ser utilizados seus dados e aplicados à área a ser estudada. O coeficiente de aplicação a ser utilizada costuma ser o da relação entre as superfícies da bacia.

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- Bacia sem

- Bacia com estação de medição

estação de medição

Figura 2.18 Correlação entre bacias. Divisórias de águas: topográficas (em laranja), direção do escoamento nas ladeiras (azul escuro) e rede de drenagem principal (azul celeste). Fonte: Instituto Cartográfico de Valencia.

Para os estudos de viabilidade e avaliação de vazões, recomenda-se avaliar as seguintes características: •



Área da bacia (A) (km2). A área da bacia está definida pelo espaço delimitado pela curva do perímetro ou linha da crista das curvas de nível. Comprimento do curso principal (L) (km), perímetro (P) (km) e largura (W) (km). O comprimento L da bacia está definido pelo comprimento do curso principal, sendo a distância equivalente percorrida pelo rio entre o ponto de descarga a jusante e o ponto situado na maior distância topográfica a montante.

Comprimento do canal principal

A largura é definida como a relação entre a área (A) e o comprimento da bacia (L). •





Fator de forma. É a relação entre a área da bacia e o quadrado da longitude de seu curso principal. A forma da bacia determina seu conduto forçadomento hidrológico e influi diretamente no modo de escoamento. Fato de compacidade. É um índice comparativo com a forma da bacia de drenagem (perímetro e área da bacia). Extensão superficial da bacia. É o mais importante entre bacias. É a área circunscrita pelo “divortium-aquarum” ou linha divisória da bacia que influi diretamente nos resultados de qualquer fenômeno hidrológico que ocorra dentro dela.

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29







Extensão superficial média. É a relação entre a área total da bacia e a dupla longitude do curso maior. Elevação média da bacia. Dentre os fatores que modificam as características hidrológicas de uma região encontra-se a altura sobre o nível do mar. Inclinação média do curso (j).  Pode-se obter da informação topográfica. É a relação existente entre o gradiente de altitude da bacia e seu comprimento.  j = h/l, sendo que h = gradiente de altitude em km e L = comprimento da bacia em km.



Inclinação média da bacia (J). Calcula-se como média ponderada das inclinações de todas as superfícies elementares da bacia nas quais a linha de máxima inclinação se mantém constante; é um índice da velocidade média de escoamento e, portanto, do seu poder para arrastar ou poder erosivo. Na qual: Li = Comprimento de cada curva de nível (km) E = Equidistância das curvas de nível (km) A = superfície da bacia (km2)

2.2.6.2 Conclusões: utilização de um método ou outro O método mais direto e fiável é utilizar os dados oferecidos pelas Estações de Medições, já que os valores obtidos são vazões em m 3/s.

Atualmente, todas as obras realizadas nos rios implicam a realização de uma Estação de Medição, determinada pela Administração do Estado e que se encontra em bom estado, realizando medições fiáveis. Para que um estudo hidrológico tenha validade, é preciso dispor de dados fiáveis de um período não menor do que 25 anos. As Estações Pluviométricas, por seu próprio método de funcionamento, não estão relacionadas com o sistema das Estações de Medição. O fornecimento de dados mensais, o coeficiente de escoamento, etc., faz com que os dados obtidos se revistam de notável incerteza. O sistema da correlação de bacias, sobretudo quando os dados a correlacionar são de precipitações, possui uma escassa fiabilidade. De todos os modos, como já se indicou anteriormente, um estudo hidrológico é um estudo que prevê o que ocorrerá no futuro em função do que ocorreu nos anos passados. Isso indica que os anos abrangidos pelo estudo deverão ser suficientes para que possam abarcar um ciclo de umidadeseca completo pois, do contrário, as surpresas e principalmente as consequências poderiam ser muito importantes.

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30

2.2.6.3 Determinação da vazão de equipamento Define-se coma vazão de equipamento de um aproveitamento hidrelétrico aquela que fornece a maior quantidade de energia, considerando uma série de condicionantes como: •

a vazão ecológica.



o Vazão mínima que pode ser admitida pela turbina, o Vazão mínima técnica



o tipo de aproveitamento



a disponibilidade ou não de uma represa reguladora, etc.

O estudo aqui realizado está baseado em um aproveitamento com água fluente, no qual não existe capacidade de regulação e as turbinas somente podem turbinar as vazões circulantes pelo rio.

2.2.6.3.1 Vazão ecológica Os aproveitamentos hidrelétricos coletam a água em um ponto determinado do rio e a restituem ao curso natural em outro, situado a jusante e a uma distância, que pode ser considerável, do anterior. Isto ocorre sobretudo nos aproveitamentos hidrelétricos do tipo fluentes com canal de derivação (figura 2.19). Figura 2.19 Usina de tipo corrente com canal de derivação. Fonte EVE

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A área do rio assim definida deve dispor de vazões mínimas capazes de manter o funcionamento do ecossistema fluvial em todos seus níveis ( figura 2.20), o que é possível ver nos gráficos que relacionam a Largura Ponderada Útil (LPU) com a vazão circulante pelo curso Q em cada um dos cursos considerados.

Figura 2.20 Ecossistema fluvial. Fonte: CONAMA (Congresso Nacional de Meio Ambiente - ETSI Montes).

A LPU total do curso, para uma vazão e etapa de vida concretos, determina-se como a soma das LPUs correspondentes a cada seção transversal do curso que representam com relação ao total. Uma vez calculadas as LPUs para diferentes vazões e etapas de vida, obtém-se curvas que servem para estabelecer o regime de vazões de manutenção ou servidão. 2.2.6.3.2 Métodos de modelagem do hábitat Os métodos de modelagem da idoneidade do hábitat baseiam-se na simulação hidráulica, acoplada ao uso de curvas de preferência do hábitat físico para a espécie ou espécies objetivo, obtendo-se curvas que relacionem o hábitat potencial útil com a vazão nos c ursos escolhidos. Uma das metodologias mais utilizadas é a IFIM (Instream Flow Incremental Methodology), que analisa as diferentes condições hidráulicas produzidas em um curso com a variação das vazões circulantes, relacionando também as preferências das espécies escolhidas através do uso de curvas, obtendo finalmente uma relação entre a vazão circulante e o hábitat disponível para a espécie. Na figura 2.21 apresenta-se em que consiste esta metodologia

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Figura 2.21 Metodologia IFIM

Dentre as vazões ecológicas podem-se destacar os seguintes: •

Vazão mínima absoluta: É a vazão capaz de suportar tanto a vida macro-invertebrada, como a piscícola e, portanto, deverá ser capaz de, pelo menos, gerar uma LPU igual a um metro ou a 10% da largura total do curso em cada seção (o que possuir maior número). Como largura média será considerada a correspondente ao nível de seção plena ou bankfull.

Para sua obtenção se utilizam as curvas LPU / vazão para cada transecção (técnica de observação e coleta de dados que estabelece uma rede de referências fixas) segundo o exposto na figura 2.22.

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Figura 2.22 Escolha da vazão ecológica. Curvas LPU/vazão. Descrição de uma transecção. Fonte: CONAMA (Congresso Nacional de Meio Ambiente - ETSI Montes). •





Vazão mínima de estiagem: É possível reforçar o critério do mínimo absoluto com a exigência de que a LPU seja maior do que 30% da largura média do curso, já que uma redução maior e permanente afetaria a ecologia de inúmeras espécies adaptadas a um rio de dimensão determinada. Esta vazão indicará o mínimo necessário na época de estiagem. Vazão mínima ideal: Outro critério para determinar a vazão ecológica mínima é encontrar a menor vazão a partir da qual a inclinação da curva LPU / Q diminui sensivelmente e, possivelmente, na qual maiores vazões não aumentariam apreciavelmente o hábitat útil. Vazão aconselhável: O conceito das vazões ecológicas aconselháveis nasce da observação do fato de que algumas vazões baixas, que originam escassez de peixes, não possuem interesse do ponto de vista da pesca esportiva ou da manutenção de populações piscícolas. Assim, considera-se que, sempre que possível, devem circular pelos cursos vazões aconselháveis capazes de manter uma biomassa ou produção piscícola em função dos fins perseguidos.

2.2.6.3.3 Normas ambientais Atualmente existem normas ambientais em distintos países que indicam as vazões mínimas existentes em função da vazão presente em 347 dias do ano (obtida da curva de vazões classificadas).

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Pode-se estabelecer que a vazão ecológica, em litros/segundo, deverá ser igual ou superior ao maior valor obtido nas três formulas seguintes:

2.2.6.3.4 Vazão mínima técnica As turbinas obtém seu rendimento ideal para vazões circulantes compreendidas entre seu valor nominal e seu mínimo técnico. A primeira coincide com a do equipamento, isso é, aquela que fornece a máxima energia, enquanto a segunda depende do fabricantes da turbina e do seu tipo. A Vazão mínima técnica é diretamente proporcional à vazão de equipamento (Qe) com um fator de proporcionalidade K que depende do tipo de turbina : Q min = K. Q e TIPO DE TURBINA

FACTOR K

PELTON

0,10

FRANCIS

0,40

KAPLAN

0,25

SEMIKAPLAN

0,40

2.2.6.3.5 Tratamento estatístico dos dados da medição Conforme comentou-se no ponto 2.2.6.2, o método mais direto e fiável é utilizar os dados oferecidos pelas Estações de Medição e, a partir destes, realizar: Análise da série histórica •

A partir dos dados iniciais, realiza-se uma análise da descarga (Hm3) das estações de medição mais próxima da implantação da central (devem ter mais de 30 anos de dados de vazões médias diárias).

Classificação dos anos tipo •

Em todo estudo teórico ou com dados reais, é preciso obter uma série anual ou grande o suficiente que inclua anos secos (65-100%), úmidos (0-35%) e normais (35-65%).

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35



Com esta série, realiza-se uma distribuição estatística que tipifica os anos em função da descarga registrada (figura 2.23). Obtém-se um ano natural mais próximo à média, ao qual se denominará ano centralizado.

Figura 2.23 Curva de classificação dos anos hidrológicos. Fonte: IDAE

2.2.6.3.5.1 Curva de duração da vazão ou curva de vazões médias classificadas É um procedimento gráfico para analisar a frequência dos dados de vazões e representa a frequência acumulada das vazões médias diárias ou mensais, indicando a porcentagem de tempo durante o qual as vazões se igualam ou superam um determinado valor. Quando se dispõe de n  dados de vazões, o tratamento estatístico encaminha-se a avaliar a probabilidade de que se apresente no futuro uma vazão maior ou menor do que um determinado valor, ou avaliar qual vazão superará uma determinada % dos anos, para considerar a probabilidade de que ocorram enchentes ou secas. Deve-se ordenar os dados disponíveis do menor ao maior, desconsiderando sua ordem cronológica, e calcular para cada um a probabilidade (frequência relativa) de que a vazão ou descarga alcance este valor. As curvas de duração de vazões fornecem informação sobre a porcentagem de tempo relativa a uma vazão de um rio superior ou inferior a um determinado valor, mas não refletem a distribuição ou sequência deste período, nem o momento do ano em que se produz, o que pode ser de grande importância para as espécies aquáticas. A inclinação da curva depende do tipo de dados disponíveis (ver figura 2.24). Vazões diários produzem uma curva mais inclinada do que uma calculada com vazões mensais. -

A presença de um reservatório modifica a natureza da curva.

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A forma e inclinação destas curvas refletem a capacidade de regulação da bacia hidrográfica ou a regulação artificial por reservatórios.

Figura 2.24 Curvas de duração de vazões

Quando se desenha um papel logarítmico, a curva se transforma em uma reta. -

Se a reta está muito inclinada, indica vazões variáveis.

-

Se a inclinação é pequena, indica respostas lentas à chuva e variações pequenas da vazão.

As curvas de duração são utilizadas para a avaliação do potencial hidráulico de um rio, para estudos de controle de inundações, no desenho de sistemas de drenagem, para calcular a carga de sedimentos e para comparar bacias hidrográficas. Através desta curva, definem-se também as seguintes vazões características ( figura 2.25):

-

Vazão de máxima cheia ou de inundação (QM): vazão de mais de 10 dias ao ano

-

Vazão de seca: vazão que ultrapassa 355 por ano

-

Vazão média anual: Valores médios das 12 vazões médias mensais (para cada ano)

-

Vazão mínima provável ou de estiagem: é a vazão que a corrente deve fornecer durante todo o ano, com uma probabilidade de excedência próxima a 100%

-

Vazão ecológica (Qsf): aquela que deve ser deixada no curso normal do rio. Inclui a vazão necessária para outros usos. A Vazão ecológica é fixada pelo Organismo da Bacia. Quando não existe uma estimação prévia, pode ser considerada como 20% da Vazão média interanual.

-

Vazão mínima técnica (Qmt): é aquela diretamente proporcional à vazão de equipamento, com um fator de proporcionalidade K que depende do tipo de turbina.

-

Vazão de equipamento ou vazão nominal (Qe): é a vazão que pode ser turbinada com uma determinada turbina hidráulica.

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Figura 2.25 Curva de vazões médias classificadas. Fonte: IDAE

EXEMPLO 1. Procedimento para obter a curva de vazões médias diárias classificadas A seguir se descreverá o procedimento para a obtenção da curva de vazões médias diárias classificadas. De um determinado rio, dispõe-se dos dados de vazões médias diárias obtidas para cada dia e em cada mês, durante 20 anos, conforme consta na Tabela 2.3. Estes dados foram obtidos através de uma estação de medição .

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Tabela 2.3 Dados de vazões médias diárias Dia

JAN   FEVER

  MARÇO

  ABRIL   MAIO   JUNHO   JULHO   AGOSTO   SETEM   OUTUB

NOV   DEZE

Ordenando os valores da vazão do menor ao maior, desconsiderando a ordem cronológica de surgimento e descontando 20% da vazão ecológica para todo o ano, ficariam ordenados da forma apresentada na Tabela 2.4: Vazão (Q) (m3/s) 0 5 8,95 9,5 10,25 11 11,75 12,5 13,35 14,2 15,05 15,9 16,75 17,6 18,45 19,3 20,15 21 22,7 25,25 29,5 31,2

Q – Qsf (m3/s) 0 4 7,16 7,6 8,2 8,8 9,4 10 10,68 11,36 12,04 12,72 13,4 14,08 14,76 15,44 16,12 16,8 18,16 20,2 23,6 24,96

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Nº de vezes que o valor se repete 0 7 4 12 3 1 3 5 5 3 6 13 13 4 4 10 1 9 5 12 13 1

Dias acumulados 0 7 11 23 26 27 30 35 40 43 49 62 75 79 83 93 94 103 108 120 133 134

Dias / ano 365 358 354 342 339 338 335 330 325 322 316 303 290 286 282 272 271 262 257 245 232 231

Horas disponíveis de cada vazão (h) 0 168 96 288 72 24 72 120 120 72 144 312 312 96 96 240 24 216 120 288 312 24

Energia (kWh /ano) 0,0 48519,5 49628,5 158034,9 42627,8 15249,0 48866,0 86641,9 92533,6 59055,1 125180,2 286542,2 301860,4 97593,5 102306,8 267550,2 27933,4 262005,2 157341,7 420040,0 531634,8 43251,6

39

Vazão (Q) (m3/s) 33,75 34,6 36,3 38 39,9 42,75 45,6 47,5 49,4 52,25 53,2 55,1 57 59 62 67 72,5 75,8 78 80,2 84,6 86,8 89 94,75 100,5 102,9 112 117,6 118 118,88 125,25 127,8 131,62 138 144,5 151 164 185 192 213,75 221

Horas disponíveis de Dias / ano cada vazão (h) 27 2 136 229 48 27,68 2 138 227 48 29,04 24 162 203 576 30,4 37 199 166 888 31,92 5 204 161 120 34,2 12 216 149 288 36,48 5 221 144 120 38 16 237 128 384 39,52 1 238 127 24 41,8 8 246 119 192 42,56 1 247 118 24 44,08 9 256 109 216 45,6 14 270 95 336 47,2 2 272 93 48 49,6 6 278 87 144 53,6 5 283 82 120 58 3 286 79 72 60,64 2 288 77 48 62,4 7 295 70 168 64,16 2 297 68 48 67,68 1 298 67 24 69,44 1 299 66 24 71,2 7 306 59 168 75,8 1 307 58 24 80,4 4 311 54 96 82,32 2 313 52 48 89,6 1 314 51 24 94,08 1 315 50 24 94,4 1 316 49 24 95,104 1 317 48 24 100,2 9 326 39 216 102,24 1 327 38 24 105,296 5 332 33 120 110,4 4 336 29 96 115,6 2 338 27 48 120,8 3 341 24 72 131,2 3 344 21 72 148 2 346 19 48 153,6 1 347 18 24 171 1 348 17 24 176,8 3 351 14 72 Tabela 2.4 Tabela de vazões ordenadas da menor à maior e energia

Q – Qsf (m3/s)

Nº de vezes que o valor se repete

Dias acumulados

Energia (kWh /ano) 93573,3 95929,9 1207719,1 1949096,6 276561,0 711156,9 316069,7 1053565,7 68481,8 579461,2 73749,6 687451,7 1106244,0 163579,9 515692,7 464400,7 301513,9 210158,6 756903,8 222357,8 117278,5 120328,3 863646,7 131349,2 557280,8 285294,5 155262,3 163025,4 163579,9 164799,9 1562673,7 177165,4 912304,8 765221,4 400632,2 627980,6 682045,2 512920,2 266164,0 296315,4 919097,5

O valor da energia elétrica ou produção em kWh/ano para cada valor de vazão da tabela 2.4 foi calculado segundo a fórmula: E = 9,81. Hn . (Q-Qsf) . h .e ( kWh/año)

Sendo: 

h = horas de disponibilidade de cada valor de vazão por ano



Hn = Queda líquida. Considerou-se um valor de 8 metros

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 

e = eficiência global da usina (turbina + gerador elétrico + transformador) = 92% Q-Qsf = Vazão média diária menos a vazão ecológica em m3/s.

Representando graficamente os valores da vazão em função dos dias do ano em que é maior ou igual a este valor, obteremos a curva de vazões médias diárias classificadas (figura 2.26):

Figura 2.26 Curva de vazões médias classificadas

Según esta curva, el caudal máximo o de crecida es de 221 m 3/s, donde corta la curva con el eje de abscisas y el caudal medio anual es de 50,58 m 3/s. 2.2.6.3.6 Determinação da vazão de equipamento A Vazão de equipamento Q e será escolhida de modo que o volume turbinado seja máximo, isso é, a área fechada entre os pontos A, B, C, D e E seja máxima, de acordo com a figura 2.25. Para determinar o valor ideal, pode-se utilizar os seguintes métodos:

MÉTODO 1 Uma vez descontada a vazão ecológica (Q sf ) na curva de vazões médias classificadas, escolhe-se a vazão de equipamento (Q e) no intervalo da curva compreendido entre o Q 80 e o Q 100, sendo o Q 80 a vazão que circula pelo rio durante 80 dias por ano e o Q 100 a que circula durante 100 dias por ano. Representando estes dois valores na curva da figura 2.26:

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A Vazão de equipamento estaria entre valores aproximados de 45 a 58 m3/s na curva de vazão, reduzindo-se a vazão ecológica. MÉTODO 2 Este método para a obtenção da vazão de equipamento (Q e) está baseado em fazer funcionar a central o maior número de dias a sua potencia nominal. A partir de cada valor de vazão, vazão ecológica ou de servidão (Q sf ) e Vazão mínima técnica (Q mt), que dependerá do tipo de turbina escolhida, obtém-se a energia elétrica correspondente. Observando os valores obtidos no Exemplo 1, o valor da vazão Q = 38 m3/s repete-se 37 dias por ano, e obtém-se um valor de energia de 1949096,6 kWh/año (descontando-se 20% da vazão ecológica). Este é, portanto, o valor ideal. De forma gráfica, pode-se observar também esta conclusão (figura 2.28): Flujo = 38 m3/seg

Figura 2.28 Gráfico da energia em função da vazão

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Escolhendo como vazão de equipamento Q e  = 38 m3/s, e descontando 20% por vazão ecológica, teremos Q e=30,4 m3/s. Comparação de resultados dos métodos propostos Considerando que o tipo de turbina hidráulica é Kaplan, o Vazão mínima técnica de funcionamento se calculará: Q min = Q e .K para K=0,25 (según apartado 2.2.6.3.4), Portanto, a energia elétrica total produzida será a soma dos valores de energia do Q mt  até o Q e considerado. Na Tabela 2.5 apresentam-se os resultados obtidos por ambos métodos:

Tabela 2.5 Comparação de resultados

Q e (m3/s)

Número de dias que este valor se apresenta por ano

Q mt (m3/s)

Energia total kWh/ano

MÉTODO 1 (Q 80)

45

14

11,25

10.901.355,69

MÉTODO 1 (Q 100)

58

3

14,5

11.573.904,93

MÉTODO 2

30,4

37

7,6

6.472.567,31

Conclusões Com o método 1, obtém-se maior quantidade de energia. Dentre os valo res da vazão Q 80 = 45 m3/s e Q 100 = 58 m3/s, não existe muita diferença no valor da energia, de modo que será escolhido o valor de 45, apresentado 14 dias por ano, diante do valor de 58, que somente se apresenta 3 dias por ano. A potencia instalada da usina, a energia produzida e o custo de investimento dependem do valor da vazão de equipamento. Quanto maior a vazão, maior a potencia instalada, a quantidade de energia produzida e o custo de investimento. Do ponto de vista do método 2, é interessante que a usina trabalhe sempre o maior número de dias com sua potencia nominal, apresentando, assim, o melhor rendimento. O valor da vazão de 30,4 m3/s apresenta-se 37 dias por ano e, portanto, seria o valor ideal. Tanto a potencia instalada, quanto a energia produzida e o custo de investimento, serão também menores. Escolher um valor alto de vazão pode provocar um superdimensionamento dos equipamento para funcionar poucas horas ou dias por ano a plena potencia.

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43

2.2.6.3.7 A Vazão sólida Todos os rios carregam, de uma forma ou de outra, materiais sólidos como pedregulhos, areia, lodo, árvores, galhos, folhas, etc. Saber qual é o transporte sólido do rio é fundamental em um aproveitamento, já que seus efeitos podem ensejar:  

O aterro dos depósitos criados pelos reservatórios e pelas câmaras de carga, que a longo prazo pode ensejar a anulação das instalações. A entrada de materiais sólidos na descarga de água traz consigo uma redução da vazão e da altura disponível. A acumulação de detritos flutuantes pode romper elementos como as grades. As pás das turbinas podem ser danificadas pelo envelhecimento e destruídas pela erosão ou atritos.

Infelizmente, o fenômeno da vazão sólida não é fácil de avaliar, devido ao grande número de parâmetros que nele interferem, de modo que o estudo deverá focar-se em averiguar o comportamento dos materiais sólidos, em tentar eliminá-los utilizando as medidas adequadas como grades, desarenadores, etc. 2.2.6.3.8 Histograma de vazões médias mensais Outra forma de representação é através de histogramas de vazões médios mensais, com um histórico determinado de anos. Na seguinte figura 2.29  representa-se o histograma de vazões médias mensais correspondente aos dados da Tabela 2.3.

Figura 2.29 Histograma de vazões médias mensais

2.2.6.3.9 Vazão de máxima cheia ou de enchente Para dimensionar o açude ou a represa, bem como a descarga de água, é necessário conhecer a inundação correspondente em um período de retorno ou de recorrência (T) ao longo de n anos, e se define como o intervalo médio entre as inundações de magnitude, a vazão (Q) no período de observação (T). Pequenas Centrais Hidreléctricas

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Para o cálculo das vazões e dos níveis para diferentes inundações em função dos períodos de retorno, utiliza-se a fórmula empírica de Fuller (1914): Q(T) =Q M. (1+ 0,8 Log10 T) Considerando o dado do exemplo 1, se Q M = 221 m3/s (dado da curva de vazões classificados), os valores de vazão de cheia para diferentes valores de T são:

T = 50 anos

Q = 521,37 m3/s

T = 1.000 anos

Q = 751,40 m3/s

T = 5.000 anos

Q = 874,97 m3/s

Se estes valores de vazão fossem alcançados em algum momento, provocariam uma elevação do nível da água na represa que poderia resultar em seu transbordamento, com o conseguinte risco de rompimento. Portanto, o desenho da represa deve garantir que, diante do surgimento de uma vazão de cheia desta magnitude, não se produza uma situação de risco.

2.3 Determinação da queda líquida A queda é outra magnitude fundamental no projeto de uma pequena usina hidrelétrica. Normalmente é medida em metros. Deverá possuir a máxima altura permitida pela topografia do terreno, considerando os limites marcados pelas condições ambientais e viabilidade econômica do investimento. Podemos falar dos seguintes conceitos: 

Queda bruta (Hb). Altura existente entre o ponto de descarga de água no açude ou representa, e o ponto de descarga da vazão turbinada ao rio (SOCAZ).



Queda útil (Hu). Desnível entre a superfície da água na câmara de carga e o nível de descarga na turbina.



Queda líquida (H n). É a diferença entre H u e as perdas de carga produzidas por todas as condições. Representa a máxima energia que poderá ser transformada pelo eixo da turbina.



Perdas de carga (H p). São perdas por fricção da água contra as paredes do canal, conduto forçado, válvulas, grades, etc. Mede-se como perdas de pressão (ou altura da queda). Considera-se normalmente que as perdas de carga representam de 5 a 10% da queda bruta.

Na seguinte figura 2.30 estes conceitos são apresentados para uma usina hidráulica com canal de derivação

Pequenas Centrais Hidreléctricas

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Figura 2.30 Conceito de queda bruta, útil e líquida. Fonte Ente Vasco de la Energía

2.4 Potencia teórica de uma queda d’água

A potencia teórica de uma queda d’água em watts pode ser estimada através da seguinte expressão :

         

Sendo: ρ = densidade da água (1000 kg/m 3) g = gravidade (9,81m/s2) Q = vazão de água (m 3/s) Hb = queda bruta (m) O produto de p.g é o peso específico da água γ (N/m 3). Seu valor depende da temperatura da água, isso é, a 4ºC vale γ = 9,8 (kN/m 3). . Na seguinte Tabela 2.6 apresenta-se sua variação para diferentes valores de temperatura da água.

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Tabela 2.6 Variação do valor de γ em  fundação de T (ºC)

Temperatura ˚C

Peso Específico N/m3

0

9805

5

9806

10

9803

20

9786

40

9737

60

9658

80

9557

100

9438

Este valor pode ser considerado constante nos estudos de produção de energia elétrica, porque sua variação para a gama de temperaturas da água que uma vazão pode apresentar costuma ser muito pequena. Se substituímos estes valores na expressão da potencia teórica, para o caudal de equipamento Q e teremos:

                     

2.5 Potencia instalada e produção A potencia disponível varia em função do valor da vazão a ser turbinada e da queda existente a cada instante. Descontando as perdas de carga e o valor da queda bruta, a expressão da potencia seria, em função da queda bruta:

      Considerando agora um fator de eficiência global da central (e), teríamos:

      Pequenas Centrais Hidreléctricas

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O fator de eficiência global da centra e é um produto de rendimentos dos diferentes equipamentos que intervém na produção da energia, mais o consumo próprio:

             

 

 

 

 

Onde: ηt = rendimento da turbina hidráulica (0,90 a 0,94)

ηg= rendimento do gerador elétrico (0,96 a 0,98) ηm=rendimento da caixa multiplicadora (si existe) (0,96 a 0,98) ηT=rendimento do transformador de potencia de saída (0,97 a 0,98) ηL= rendimento da linha aérea ou subterrânea (0,95 a 0,96) ηauto = rendimento do consumo próprio ( 0,96 a 0,97). Entre 3 e 4 % da potencia instalada Um valor aproximado de e de uma pequena usina hidráulica moderna oscila entre 0,80 e 0,85. No caso de um usina micro hidráulica (figura 2.31) este rendimento pode estar entre 0,50 e 0,60

Figura 2.31 Perdas nos distintos elementos de uma central micro hidráulica (Sánchez, T y Ramírez, J. ITDG-Peru, 1995)

Os elementos que compõem a central são praticamente os mesmos que os de turbinas com potencia maior. No entanto, aqui as obras de engenharia civil são significativamente menores, especialmente com relação à descarga e ao canal de derivação. Do mesmo modo, os elementos auxiliares, como o sistema de regulação, serão específicos para potencias menores, e não haverá as opções de pontos de funcionamento das turbinas maiores. A potencia instalada da turbina, ou potencia mecânica no eixo, será:

       

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48

E a potencia instalada ou nominal do gerador elétrico:

        

 

A potencia nominal do gerador elétrico costuma ser um pouco inferior à potencia da turbina hidráulica. Normalmente está em kVA ou MVA. A potencia do transformador principal de saída costuma ser igual à potencia do gerador elétrico, mas poderia ser um pouco inferior devido a que é preciso descontar a potencia consumido pelo consumo próprio da usina. Uma vez conhecida a potencia disponível, é possível calcular a produção média da central, como produto da potencia em cada momento pela horas de funcionamento:

        Sendo: T = horas de funcionamento equivalentes anuais ou mensais c = coeficiente de imponderáveis que reflete as perdas devidas à manutenção e reparação, disponibilidade de água, etc. Costuma-se usar um valor entre 0,8 e 0,85

Resumo

No tema 2, intitulado Recurso Hidráulico, foram apresentados os diferentes estudos prévios que devem ser realizados para a realização de um projeto de uma mini usina hidrelétrica. O estudo do recurso hidráulico em um determinado local é fundamental para poder realizar um estudo de viabilidade do projeto. Para tanto, são necessários dados de vazões com um registro de anos elevado. Foram analisadas as distintas metodologias de medição de vazões através de aferições diretas e indiretas (estações hidrométricas), através da correlação de bacias hidrográficas e pluviometria (estações pluviométricas). Também foi analisada a obtenção da vazão de equipamento, mediante a curva de vazões médias classificadas, por dois métodos, considerando a restrição devida à vazão ecológica imposta pelas Confederações Hidrográficas. Por fim, apresentou-se a expressão da potencia teórica de uma queda d’água e o cálculo da energia elétrica anual, em função do rendimento global da central.

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3. TIPOS DE MINI USINAS 3.1 Tipos de mini Usinas Hidrelétricas As características geográficas, geológicas e ambientais determinam a localização do aproveitamento hidráulico e os componentes da obra civil mais convenientes para maximizar a transformação da energia hidráulica em energia elétrica. Devido a grande variedade de soluções possíveis para conseguir aproveitar a maior parte de quedas hidráulicas, as mini usinas hidrelétricas podem ser classificadas tanto em função do tipo de queda, quanto por sua localização com relação à queda a ser explorada. 3.1.1 Em função do tipo de queda hidráulica a explorar As minis usinas hidrelétrica classificam-se em: A) Mini usinas de alta pressão: estão associada a quedas elevadas, com mais de 200 m, e vazões pequenas. Nelas costumam-se instalar turbinas Pelton ou Francis em função da queda. O uso das turbinas Pelton é mais indicado nas quedas de grande altura, enquanto para as quedas de menor altura são mais idôneas as turbinas Francis. B) Mini usinas de média pressão: instaladas em quedas compreendidas entre 20 e 200m e vazões médias. Geralmente instalam-se turbinas Francis normais nas quedas com maior altura, enquanto as Francis rápidas estão indicadas para as quedas menores nas quais a vazão também é mais elevada do que nas primeiras. C) Minicentrais de baixa pressão: associadas a quedas hidráulicas com menos de 20m e elevadas vazões. Utilizam-se turbinas de Hélice e principalmente Kaplan. No tema 5 será explorado com mais detalhes o processo e critérios de seleção das turbinas hidráulicas mais indicadas para cada queda. 3.1.2 Em função da localização da mini usina hidrelétrica e do tipo de captação de agua a turbinar As mini usinas podem ser classificadas em: A) Mini centrais de água corrente São instalações preparadas para turbinar diretamente parte da vazão de um curso natural. Segundo esta característica, os elementos construtivos ou de obra civil associados a este tipo de instalações dependerão das características hidráulicas das quedas, ensejando dois grande grupos, a mini usinas hidrelétricas de agua corrente de alta pressão e as mini usinas de média e baixa pressão. Em seguida serão descritas com maior detalhe cada uma delas.

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A.1) Mini usinas de água corrente de alta pressão Uma das características mais notáveis destas instalações é que não possuem um reservatório que assegure o aporte contínuo de água às turbinas para produzir a energia elétrica, ou este não é grande o suficiente para compreender funções de regulação. Compreende um açude ou pequena represa para elevar o nível da água do rio e reduzir a velocidade da água. Seguindo o esquema da figura 3.1, a água do rio se desvia a um conduto fechado ou canal, através da captação de água pelo açude. Para evitar a entrada de corpos estranhos nas conduções que transportam a água a turbinar, a captação de água inclui uma grade ou filtro. O conduto ou canal é de pequena inclinação (entre 0,2 e 0,5 metros por mil, seguindo as linhas de nível) e comunica o açude com um depósito, chamado câmara de carga, no qual a água é armazenada para assegurar uma vazão constante durante o funcionamento da turbina. Deste depósito a água passa a um conduto forçado com um desarenador em sua extremidade inicial para evitar a entrada de areia na turbina. Finalmente, a água é devolvida ao curso do rio através do canal de descarga.

Figura 3.1 Esquema de uma mini usina hidrelétrica de água corrente de alta pressão.

Os principais elementos da infraestrutura da obra civil necessários para este tipo de instalações são (figura 3.1):        

Açude ou pequena represa com escada de peixes Tomada de água com grade Canal de derivação Desarenador Câmara de carga. Inclui um vertedouro lateral que permite a descarga de água no caso de grandes vazões Conduto forçado Edifício da usina, no qual se encontra a turbina e os grupos eletromecânicos usados para a transformação da energia mecânica em energia elétrica Canal de descarga

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Em algumas instalações, a câmara de carga pode estar aberta (sob pressão atmosférica) ou fechada (sob pressão). Nas câmaras de carga fechadas é necessário incluir na instalação uma chaminé de equilíbrio para amortizar as pressões excessivas produzidas no caso de um golpe do martelo de água por um fechamento brusco da extremidade final do conduto forçado (ver figura 3.2).

Figura 3.2 Mini usina hidrelétrica de água corrente com canal de derivação. A) Um canal aberto se encarrega de transportar a água do pequeno reservatório até a câmara de carga, também aberta; b) entre o reservatório e a câmara de carga existe um conduto forçado que comunica o açude com uma câmara fechada (Fonte : http://www.galeon.com/sloren/luciapra/ouren93.htm).

Este tipo de mini usinas também pode ser denominado mini usinas hidrelétricas com canal de derivação. Conforme anteriormente mencionado, estas mini usinas estão instaladas nos cursos altos dos rios caracterizados por uma queda elevada e uma vazão pequena, que em algumas ocasiões do ano pode chegar a ser insuficiente para que o aproveitamento hidráulico seja ideal. Assim, é normal que estas mini usinas não funcionem durante alguns meses do ano e o tempo de funcionamento médio oscila de 2500-3000 horas/ano. Ao extrair uma fração da vazão do rio para sua turbina, deve-se assegurar que no trecho do rio a  jusante da captação exista uma vazão mínima garantida, que normalmente se denomina vazão ecológica (ver Tema 2). A.2) Mini centrais de água corrente de média/baixa pressão Estas mini usinas são instaladas nos cursos médios e baixos dos rios nos quais as quedas são de pequena altura e a vazão elevada. O aproveitamento hidráulico da queda pode ser realizado com canal de derivação ou no próprio curso do rio.. a) Com canal de derivação (figura 3.3).  Esta solução é semelhante a utilizada nas mini centrais de água corrente de alta pressão com canal de derivação (ver figura 3.1). Através de um canal de grandes dimensões, deriva-se uma fração da vazão às turbinas através de um conduto forçado.

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Represa

Comporta de segurança

Comporta arenera

Comporta arenera

Multiplicador

Grupo hidráulico

Comporta de entrada

Grade e máquina para limpar as grades

Gerador

Comporta de saída

Canal de derivação

Turbina Kaplan

Equipamento eléctrico

Canal de saída

Figura 3.3 Componentes de uma usina hidráulica de média ou baixa pressão com canal de derivação. Fonte EVE

Os elementos da construção compreendidos nestas mini usinas são, portanto, muito semelhantes aos usados nas mini usinas de alta pressão:       

Açude ou pequena represa com escada de peixes Tomada de água com grade Canal de derivação Desarenador Conduto forçado Edifício da usina Canal de descarga

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Figura 3.4 Mini usina localizada em um curso médio de um rio com canal de derivação

b) No próprio curso do rio. Este tipo de mini usinas consiste em uma represa dotada com um vertedouro pelo qual a água transborda. Na lateral da represa se situa o edifício em que se encontram as turbinas ( figura 3.5). Não possuem conduto forçado e a entrada da água às turbinas ocorre através de uma câmara aberta. Portanto, seus principais elementos são:    

Represa com vertedouros de comporta Desarenador Escada de peixes Edifício da central

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Figura 3.5 Esquema de uma mini usina hidrelétrica de água corrente de média/baixa pressão.

Este tipo de mini usinas não introduzem modificações na vazão em nenhum trecho do rio. As mini usinas hidráulicas localizadas nos cursos médios/baixos dos rios garantem o aporte da vazão durante mais meses com relação às mini usinas localizadas em cursos altos dos rios. Assim, o tempo médio de funcionamento destas mini usinas é maior, oscilando entre 3000-4000 horas. B) Mini usinas ao pé da represa As mini usinas ao pé da represa dispõem de uma vazão procedente de um reservatório construído no curso de um rio através de uma represa, na qual se dispõe de uma tomada de água. Denominamse ao pé da represa porque a sala de máquinas está localizada na base da represa. Este tipo de mini usinas pode ser usado como mini central de uso compartilhado, já que o reservatório também pode ter funções de abastecimento de água potável às populações, ou para regular o curso dos rios e evitar as enchentes. Ao interpor um obstáculo (represa) na corrente natural, o nível da superfície livre do rio aumenta, elevando-se a queda natural disponível. Este novo desnível é aproveitado pela turbina instalada para gerar maior energia hidrelétrica. O reservatório criado no curso do rio permite a regulação da vazão que recebe a turbina em função da demanda elétrica. Outra vantagem é que se garante a produção continua de energia elétrica durante todo o ano, inclusive nos meses secos. Os elementos que constituem o esquema mais característico deste tipo de mini usinas são (ver figura 3.6).

  

Represa que permite a acumulação para posterior regulação Tomada de água Grades

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  

Conduto forçado Edifício da usina Canal de descarga para retornar a água turbinada ao curso do rio

Figura 3.6 Central a pie de presa . Fuente IDAE

Dentre os tipos de usinas situadas ao pé da represa estão as de tipo caverna ( figura 3.7) na qual o edifício da usina se encontra instalado no interior de uma montanha, a uma quota que pode estar abaixo do nível da descarga para evitar o fenômeno de cavitação.

Figura 3.7 Mini usina hidrelétrica ao pé da represa em caverna

As usinas ao pé da represa costumam ter um tempo de funcionamento médio de 2500-3000 horas/ano. C) Usinas de uso compartilhado

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São mini usinas incluídas nas redes de água destinadas a outros usos, como a irrigação, abastecimento de água potável à população e transferências de águas entre rios ( figura 3.8). A energia que pode ser extraída destes canais está associada à vazão excedente para seu uso principal. A vazão desviada à turbina logo é devolvida ao canal. É importante construir um canal auxiliar que garanta a água de irrigação, de transferência ou abastecimento de água a populações quando a turbina não estiver operando. Este tipo de mini usinas tem um tempo característico de funcionamento, de 2000 horas/ano. Estas instalações têm a vantagem de exercer um impacto ambiental menor, devido a que aproveitam parte dos elementos do sistema em que se integram, com a consequente redução do custo da instalação. Os elementos principais que constituem este tipo de mini usinas são:

-

Tomada de água do canal

-

Grades

-

Conduto de pressão que parte diretamente do canal

-

Edifício da usina

-

Canal de descarga que retorna a água turbinada ao próprio canal de irrigação

Figura 3.8 Mini usina localizado no canal de irrigação. Fonte: IDAE

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Resumo

A grande diversidade de quedas hidráulicas e suas características geográficas, geológicas e topográficas associadas ensejam uma ampla variedade de mini usinas hidráulicas. Os critérios normalmente usados para classificar são o tipo de queda e a localização da mini usina com relação à queda, bem como a instalação usada para a captação da água a ser turbinada.

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4. OBRA CIVIL 4.1 Introdução Conforme apreciou-se nos capítulos precedentes, existem três tipos fundamentais de mini usinas hidráulicas: a) de água corrente b) ao pé da represa c) no canal de irrigação A construção de uma mini usina inclui todas as infraestruturas necessárias para: 1) 2) 3) 4)

derivar ou conduzir a água à usina, inclusive os desvios na fase de construção devolução da água ao curso alojar os componentes eletromecânicos facilitar os acessos de veículos de construção e manutenção

Em comparação com as grandes centrais hidrelétricas, as obras nas mini usinas são, geralmente, muito menores. En comparación con las grandes centrales hidroeléctricas, las obras en las minicentrales son, en general, mucho más reducidas. Dependendo da localização da mini usina, as instalações mais frequentes de engenharia civil são (figura 4.1):

-

Açude/represa com escada de peixes Tomada de água Canal de derivação Câmara de carga com desarenador Conduto forçado Edifício da usina Canal de descarga Viales

Figura 4.1 Esquema típico de una mini usina com instalações de obra civil (Sánchez T. Ramírez, J. , ITDG-1995)

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A estes componentes é possível agregar as adequações nas represas ou açudes existentes, bem como os canais de irrigação, quando as mini usinas aproveitam estas infraestruturas

4.2 Açude Essencialmente trata-se de um muro transversal ao rio, de pequena altura (máximo 15m), destinado a conseguir um regime fluvial com escoamento a montante para facilitar o desvio da água por uma lateral através de um canal de derivação. No próprio açude, ou na entrada do canal, a jusante, existirá um vertedouro de coroação que fará com que a vazão restante retorne ao rio antes de passar à usina. Os tipos de açudes e represas, por sua forma, são variados: de gravidade, de terra ou enrocamento. Por suas características construtivas, podem ser: de concreto, de terra construída e de enrocamento com tela de impermeabilização (figura 4.3). As represas de contrafortes, em arco ou abóboda, por sua envergadura, não costumam ser utilizadas nas mini usinas.

Figura 4.2 Tipos de açudes. Fonte IDAE

Figura 4.3 Corte na represa de enrocamento com impermeabilizaçãoo. Caspe, Espanha

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Em outros casos, como na represa da figura 4.4, a represa foi projetada para a instalação de uma mini usina ao pé da represa em sua margem esquerda e um canal de derivação para irrigação na margem direita.

Figura 4.4 Represa de Estremera, rio Tajo, Espanha (foto J.A.Mancebo, 2007)

As represas dispõem de vários tipos de vertedouros, destinados a evacuar a vazão excedente em condições de segurança: a) vertedouros de superfície, com comportas verticais ou de setor (figura 4.4) b) vertedouros de fundo médio ou de fundo, com válvulas de borboleta, tronco-cônicas ou de  jato oco, etc. Um exemplo de açude típico a ser utilizado em uma mini usina seria o exposto na figura 4.5. Encontra-se no rio Kaseke (Tanzânia) e tem capacidade para evacuar pelo conduto forçado (de 14km de comprimento) uma vazão de 20 l/s. O problema associado a este caso, e a outros semelhantes existentes na mesma região, radica nas obstruções pelas enchentes provocadas constantemente pelas intensas chuvas na cabeceira da bacia.

Figura 4.5 Açude no rio Kaseke, Tanzânia (Foto J.A.Mancebo, 2010)

Neste caso concreto foram efetuadas reparações, como a representada na figura 4.6, agregando uma caixa de captação complementar para águas altas, situada fora do alcance da máxima enchente do rio.

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Figura 4.6 Planta de açude com detalhes de reabilitação.

4.3 Escada de peixes Facilita a subida dos peixes em suas migrações a montante do rio interceptado pela represa da usina. Existem vários tipos de escadas que se adaptam às características especificas de cada caso, sempre utilizando uma vazão não turbinável mínima para que os peixes possam saltar contra a correnteza. Sobre as formas de construção, em alguns casos se trata de pequenas poças desniveladas por pequenas cascatas de 30cm de queda cada uma. Em outros casos, constrói-se um canal muito inclinado com divisórias alternadas entre as quais a água corre em zig-zag (figura 4.7) antes de cada queda. O tipo de escada determinada como mais apropriada em cada caso, depende de vários fatores:

-

Tipo de peixes Capacidade natatória Salto de cada peixe

Cada dispositivo de passagem está desenhado para determinadas condições de vazão. Se no rio circular muita ou pouca água, a escada pode não ser funcional. Os dados para o cálculo da escada de peixes:

-

Altura da queda Q mínimo Altura dos degraus ou estanques Vazão da escada

Figura 4.7 Escada de peixes. Fonte: ESHA

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4.4 Tomada de água Trata-se de uma estrutura encarregada de desviar a água do açude ou represa até o canal. Nas usinas ao pé da represa é uma embocadura na parede da qual parte o conduto forçado até a turbina. Nas usinas de água corrente, a água é canalizada. A tomada também pode estar submersa e igualmente desembocar no canal. Costumam resultar em uma série de elementos adicionais: sistemas de desbaste (barras com pentes de limpeza automáticos ou barreiras de limpeza  –  figura 4.8 - ), sistemas para evitar a entrada de peixes, uma pequena lagoa de decantação de areia e lodo e uma comporta com vertedouro para regular a entrada de água. O desenho hidráulico destas estruturas baseia-se no critério de que sejam competentes para permitir a passagem pelo menos da enchente prevista no projetada, aplicando-se a fórmula para a descarga livre de vertedouros.

Figura 4.8 Barreira de limpeza automática na entrada de uma tomada de água. Fonte: ESHA

4.5 Canal de derivação O canal parte da tomada e conduz a água até a câmara de carga, de onde é conduzida pelo conduto forçado à usina. Os canais costumam ser abertos à atmosfera, ainda que constantemente estejam cobertos em alguns trechos para evitar contaminações, avalanches de materiais de ladeiras adjacentes,

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quedas de animais ou pessoas; ou para que uma elevação do terreno possa atravessá-lo através de um túnel. Por sua forma, em uma seção transversal ao fluxo, os canais podem ser trapezoidais, retangulares, semicirculares ou de seção irregular. Com relação aos materiais, os mais comuns na mini hidráulica são dos de concreto, ainda que na micro hidráulica também sejam construídos a base de pré-fabricados de concreto armado, reforçados com fibras, ou através de um corte longitudinal por um plano diametral a uma condução circular. Em seu desenho, procura-se fazer com que as perdas de energia sejam mínimas.

Figura 4.9 Formas dos canais

A inclinação do canal costuma estar entre os valores de 0,2 e 0,5 metros por mil, seguindo as linhas de nível. A forma do canal obedece a considerações econômicas ou construtivas. A seção transversal dependerá do tipo de terreno: normalmente para canais em rochas utiliza -se a seção retangular, e para canais na terra utiliza-se a trapezoidal. Nos canais de comprimento considerável, instala-se um vertedouro intermediário que pode incluir um desarenador ou um ladrão protegido com rede, como na figura 4.10:

Figura 4.10 Vertedouro com desarenador e vertedouro lateral em canal. (Foto J. A. Mancebo 2010)

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Para o desenho de sua seção, podem ser adotadas fórmulas de Chezy e Manning adaptadas aos materiais e à forma do canal. A velocidade média de circulação da água no canal em m3/s, conforme a fórmula de Chezy, é: vm  C  ( R h  I )

- C: coeficiente de Chezy:

C   n 1 Rh

1/ 6

Que modificada por Manning fica:

      n= coeficiente de rugosidade do material rh=Raio hidráulico (Área/ perímetro molhado, em m) I= Declive inferior ou comprimento do canal

Sabendo-se qual é a velocidade média V m (m/s) (m/s) e o valor do caudal Q (m3/s), é possível obter a seção ou área transversal do canal S (m2) através de: S=Q/V m=b.y. A condição da seção econômica de um canal resultaria no raio hidráulico r h= y/2. Começa-se estabelecendo os parâmetros a serem determinados, que serão os seguintes: b = largura do canal y = profundidade do canal rh = raio hidráulico (figura 4.11) S = seção do canal I = Inclinação longitudinal que normalmente se estabelece en 0,0005 n = coeficiente de rugosidade de Manning. Vale 0,01 para paredes muito polidas e para revestimento de concreto aproximadamente 0,014 V= velocidade de circulação da agua pelo canal. Costuma-se ter um valor máximo de 1,5 m/s Q = vazão a transportar (m3/s)

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Área A Perímetro molhado P Largura superior da se ão T Raio hidráulico

Profundidade hidráulica D

Fator de seção Figura 4.11 Diferentes formas de canais e raio hidráulico. Fonte: ESHA

Assim, por exemplo, em um canal de seção retangular de largura 1,2m e lâmina de água de altura 0,5m, revestido de concreto, tem-se uma velocidade de 0,67 m/s e uma vazão de 0,4 m3/s. Outro método interessante para a obtenção das dimensões ou da vazão é através de ábacos, como o da figura 4.12, válido para seção retangular.

Gráfico 4.12 Gráfico de vazão em função de dimensões do canal retangular. Fonte: IDAE

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4.6 Desarenador e câmara de carga Qualquer tipo de captação sempre deixa passar uma quantidade de materiais sólidos que avançam pelo sistema de condução (canal ou conduto), produzindo grandes prejuízos e deterioração em toda a estrutura da usina. A fim de evitar este tipo de inconvenientes, constrói-se um desarenador. Existem vários tipos de desarenadores aplicáveis ao desenho de pequenas usinas hidrelétricas. O objetivo principal é aumentar a longitude do curso de água a fim de conseguir a sedimentação. O desenho mais simples e econômico consiste em um tanque dotado de um degrau ou grade (figura 4.13), para diminuir a velocidade da agua trazida pelo canal, de modo que seja possível assentar dentro do tanque as partículas consideradas prejudiciais para a operação da usina. O volume de sólidos para as cheias de um rio de montanha é de aproximadamente 4 a 6% do volume de água, e planícies em torno de 0,2 a 1%.

Figura 4.13 Detalhe de um desarenador na entrada da câmara de carga. Fonte Jairo Arcesio Palacios. Tese Doutoral 1998

Não possuir um desarenador pode provocar: 

Redução da seção do canal por sedimentação

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Redução da capacidade da câmara ou tanque de carga (diminuição do volume)



Quando as partículas adquirem velocidade, aumenta o desgaste do conduto, injetores e turbinas, aumentando os custos de manutenção e reduzindo a vida útil da usina.

A câmara de carga se localiza depois do desarenador e dela parte o conduto forçado ( figura 4.14). Do mesmo modo, possui um vertedouro lateral que permite evacuar toda a vazão no caso de uma parada rápida da turbina ou de uma enchente.

Figura 4.14 Detalhe de uma cámara de carga

Em alguns casos, serve como deposito de regulação, ainda que normalmente somente tenha capacidade de fornecer o volume necessário para o funcionamento das turbinas sem intermitências. No calculo da câmara de carga deve-se garantir o volume e o nível de água adequado durante a operação da planta. A geometria da câmara de carga deve ser dimensionada para minimizar as perdas de carga e evitar a formação de redemoinhos que provocam a formação de vórtices se o conduto forçado não está suficientemente submerso. Quando isso acontece, o ar empurrado pelo vórtice pode chegar às turbinas produzindo uma forte vibração e diminuindo seu rendimento. Na figura 4.15 pode-se observar uma grade de filtro automatizado e a comporta ensecadeira para fechar a passagem da água ao conduto forçado.

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Figura 4.15 Câmara de carga com barreira de limpeza e ensecadeira. (Foto J. A. Mancebo 2010)

4.7 Conduto forçado O conduto forçado parte da câmara de carga e leva a água ao edifício da usina e à turbina nele instalada. É construído com aço com reforçadores e apoios desenhados para os esforços de resistência em cada caso, incluindo os possíveis golpes do martelo de água. No caso de micro usinas, são fabricados com outros materiais menos resistentes como fundição, fibrocimento e plásticos reforçados. Na tabela 4.1 se apresenta uma comparação para distintos tipos de material: Tabela 4.1 Comparação de diferentes tipos de material para condutos

Perda por fricção

Peso

Corrosão

Custo

Pressão de trabalho

Ferro dúctil

4

3

2

1

5

Asbesto cimento

3

3

4

4

4

PVC

5

5

4

4

4

Aço comercial

3

3

3

2

5

Polietileno

5

5

5

3

4

Material

Variações: Ruim: 1; Excelente: 5

O conduto forçado é desenhado através de cálculo mecânico (resistência à solicitações constantes, a sobrepressões do martelo de água e a forças por mudanças de direção, de seção, etc.), bem como de calculo hidráulico de velocidade, vazão e perdas de carga. A espessura mínima dos condutos é de 5 a 6mm e seu diâmetro é calculado em função da vazão, com velocidades máximas de água de 4 a 5 m/s. Um fator muito importante ao determinar o diâmetro ideal do conduto de pressão são as perdas de carga no próprio conduto. As perdas são representadas como uma porcentagem sobre a queda bruta da usina e traduzidas em perdas de energia. Estas se reduzem com o aumento do diâmetro, mas representam um aumento de custo importante.

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O diâmetro do conduto é determinado para que as perdas de energia sejam mínimas ( figura 4.16). Estas perdas se devem a: •









Atrito de água ao deslocar-se sob grande pressão e velocidade em seu interior. Serão proporcionais ao diâmetro da mesma Mudanças de direção do conduto  (cotovelos verticais e horizontais), estreitamento e passagem pela válvula na entrada da turbina Temperatura da água. A viscosidade da água depende de sua temperatura. Costuma-se considerar uma temperatura de 22ºC Estado superficial do conduto. Liso para um conduto novo e rugoso para um conduto antigo. Dependerá também do tipo de material com o qual esteja construído Comprimento do conduto

Figura 4.16 Relação entre o diâmetro, número de condutos e custo relativo. Fonte: Centrais Eléctricos, Universidade Politécnica da Catalunha, UPC.

Para o calculo mecânico em seções distantes das conexões pode-se utilizar a formula da teoria membranal, através da qual a espessura e o diâmetro podem ser obtidos mediante as expressões:  D e  2 P   ad m

V  

4.Q  . D

2

Nas quais:

- e: espessura do conduto (mm) - P: pressão interior da agua e considerando sobrepressão por golpe de martelo de água ( normalmente 6.105 N/m2)

- D: diâmetro do conduto em metros - σadm: tensão admissível de cálculo ( para o aço utiliza-se um valor de 2400 N/m 2) - V= velocidade máxima da água pelo interior o conduto. Normalmente 4m/s

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Em seções próximas às conexões aparecem solicitações por momentos de flexão que obrigariam um calculo mais conservador, que considerasse a combinação de solicitações. De forma gráfica (figura 4.17), é possível obter o diâmetro ideal do conduto em função do valor da vazão.

Figura 4.17 Determinação gráfica do diâmetro do conduto sob pressão. Fonte IDAE

Figura 4.18 Conduto forçado. Foto J. A. Mancebo 2010

De modo semelhante a outras partes do projeto, devem-se reduzir as perdas de carga no conduto forçado, ainda que por vezes estas sejam inevitáveis quando, como se verifica na figura 4.19, seja necessário manter uma floresta para minimizar o impacto ambiental. Resolveu-se o caso através de um cotovelo e um suporte de concreto, já que as forças às quais o conduto deverá resistir são consideráveis.

Figura 4.19 Mudança de direção no conduto forçado. Foto J. A. Mancebo 2010

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4.8 Edifício da usina Neste se situa o equipamento que converte a energia hidráulica em mecânica e elétrica e todos os elementos auxiliares: turbinas, geradores, quadros elétricos de controle, sistema de regulação, válvula de guarda e de desvio e o sistema de descarga ao rio. A configuração física do edifício depende do tipo e número de maquinas a utilizar e do tamanho das mesma, devido a que pode ser um grupo de turbinas  –  gerador de eixo horizontal ou vertical. O edifício costuma ser construído ao lado do rio ao qual a água será devolvida, produzindo o mínimo impacto ambiental. Deve-se considerar também que, devido ao tamanho e viabilidade da instalação, a usina somente será visitada ocasionalmente. O ponto em que se deve localizar o edifício deve ser escolhido cuidadosamente, considerando os estudos topográficos, geológicos e geotécnicos, bem como a acessibilidade.

Figura 4.20 Edifício na usina com barreira de limpeza e ensecadeira. Instalada no rio Júcar, Espanha (foto J.A.Mancebo, 2012)

A localização do edifício responde a uma seleção meticulosa baseada no projeto da central. Basicamente procura-se:

-

facilidade para a entrada do conduto forçado capacidade para alojar todos os componentes facilidade para a aspiração e descarga cumprimento das normas relativas a este tipo de instalações, incluída a legislação ambiental minimizar o custo de implantação como medida para garantir a viabilidade da exploração

Tudo isso sem esquecer do estudo geotécnico e de acessibilidade. Em alguns casos, o edifício localiza-se em grande parte no subsolo, como medida para minimizar o impacto ambiental. Normalmente se situa a alguns metros acima do nível de desague, para evitar sua inundação no caso de uma enchente.

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Figura 4.21 Localização do edifício da usina. Fonte ESHA

No interior do edifício da usina encontram-se as turbinas, os geradores elétricos e os demais equipamentos elétricos e auxiliares necessários para seu funcionamento. Ademais, é comum possuir um guindaste de ponte, ainda que em alguns casos pode ser suficiente um guindaste portátil durante a montagem e operações de manutenção.

Figura 4.22 Interior da mini central hidráulica Molino de Suso (Álava – Espanha). Fonte IDAE

4.9 Sistema de descarga A usina devolve a água ao rio no próprio edifício ou em suas proximidades. As turbinas de ação vertem diretamente ao canal de desague, já que não incorporam o tubo de aspiração, e as de reação o fazem a partir do tubo de aspiração (figura ( figura 4.23). 4.23).

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Figura 4.23 Seção de sistema de descarga de uma turbina Francis

O sistema de descarga ao rio está formado pela saída em lâmina livre e pela descarga da válvula de desvio ou de guarda (figura (figura 4.24). 4.24). Em todos os casos, convém situar a grade na saída e uma ensecadeira como se mostra nas figuras seguintes. Descarga da válvula de guarda

Figura 4.24 Sistemas de descarga ao rio

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Resumo

O tema 4 foca-se nos aspectos concretos do projeto de implantação de uma mini usina hidrelétrica. Trata-se das infraestruturas de engenharia civil da central. No tema descrevem-se os principais elementos que configuram a construção seguindo a ordem de fluxo da água: da captação à descarga e devolução da água ao rio, passando pela tomada, a condução de desvio, a câmara de carga e o edifício da central. Procurou-se sintetizar de maneira resumida a caracterização dos principais elementos das obras de modo que o leitor possa obter uma ideia geral próxima ao projeto da vertente da engenharia civil.

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5. TURBINAS HIDRÁULICAS 5.1 Introducción. Descripción general Foram publicados vários estudos sobre os engenhos precursores das turbinas hidráulicas. A evidencia mais antiga é  a roda hidráulica romana , que tinha sido previamente implementada na Índia e na China, e depois chegou à Europa através do Egito. Mais tarde, durante a Idade Média e o Renascimento, generaliza-se o uso dos moinhos hidráulicos, além dos eólicos. Exemplos disso são as rodas d’água de Aleppo (Síria) e de Córdoba (Espanha). Outro caso interessante é o dos moinhos de regolfo na Península Ibérica e na América, muito próximos em sua forma e fundamentos às turbinas hidráulicas (Los veintiún libros de los ingenios, anónimo, S XVI ). Logo, os estudos de Euler, Burdin e Forneyron prepararam o campo para o avanço definitivo de Pelton, Kaplan, Francis e outros. Atualmente admite-se como limite superior para a mini hidráulica as usinas com uma potencia instalada de 5000 kW, e considerando que quando as potencias são inferiores a 500 kW, denominase micro hidráulica. No entanto, na América Latina são aceitos os valores da Tabela 5.1: Tabela 5.1 Classificação de mini usinas (Sánchez, T. y Ramírez, J. ITDG-Perú, 1995)

Classificação de MCH segundo a potencia Região

Instituição

Micro usina

Mini Usina

Pequena Usina

Mundial

ONUDI1

< 100 kW

101-2000 kW

2000-10000 kW

América Latina

OLADE2

< 20 kW

21-500 kW

500-5000 kW

1. Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial2. 2. Organização da América Latina de Energia

Devido a sua potencia limitada e seu caráter de geração, em algumas ocasiões, como sistema isolado, a energia mini hidráulica encontra-se vinculada a intervenções de desenvolvimento em áreas menos favorecidas, com o objetivo geral de melhorar o acesso a serviços básicos. No entanto, nestes casos a implantação das energias renováveis, baseada em pequenas turbinas hidráulicas, encontra numerosos problemas, dentre os quais: a) Escassez de correntes de água com desníveis suficientes para instalar mini-turbinas. Em algumas regiões inclusive as micro-turbinas são inviáveis. b) Dificuldades técnicas para a realização das instalações c) Sustentabilidade complicada, que frequentemente se verifica com o abandono de instalações

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Figura 5.1 Turbina tipo Pelton de dois injetores

5.2 Descrição geral. Localização da turbina dentre os componentes principais da usina Como foi possível ver nos capítulos anteriores, um aproveitamento típico poderia ser o que está representado na figura 5.2, no qual se indicam as partes principais de uma mini hidráulica, que dispõe de: uma captação em forma de represa, uma condução forçada como sistema de alimentação da água da turbina, o edifício da usina no qual se localiza a turbina, com todos seus elementos acessórios, e o gerador elétrico. Destaca-se que um dos menores componentes da usina é precisamente a turbina, ainda que seja nela onde se realiza a captura da energia hidráulica da corrente, para logo convertê-la em energia elétrica no gerador.

1 2 3 4 5

Represa- captação Conduto forçado Central Turbina Gerador elétrico

Figura 5.2. Elementos principais de uma usina hidráulica (modificado de Fernández, P. 2002)

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5.3 Percurso da água na turbina. Elementos fundamentais Quando seguimos a trajetória teórica da água no interior da turbina (figura 5.3), encontramos seus elementos principais. Devido a que os órgãos são diferentes conforme os distintos tipos de turbinas, são concebidos de maneira geral para uma turbina de reação, especificando depois as diferenças com as de ação.

Figura 5.3 Corte esquemático de uma turbina de eixo vertical

Em primeiro lugar, na extremidade final da condução de alimentação da água à usina (conduto forçado, canal de derivação, etc.), situa-se a câmara espiral   da turbina (figura 4.5). As turbinas de reação são uma câmara de pressão que circunda os elementos seguintes, convertendo a direção do fluxo de unidirecional e tangencial à turbina, em radial, e com admissão completa de todo o perímetro até o interior da turbina. A cessão uniforme de vazão até o seguinte órgão, o distribuidor, faz com que a vazão na câmara espiral seja reduzida conforme avança na periferia do distribuidor, de modo que a câmara tem uma seção decrescente, como um espiral em forma de caracol.

câmara espiral

Figura 5.4 Turbina Francis. Câmara e tubo de aspiração. CH Torrelaguna, Espanha (Foto Mancebo, 2012)

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O seguinte órgão que encontra a água é o distribuidor   (chamado também distribuidor tipo Fink) (figuras 5.5 e 5.6), que na verdade é um corredor prévio ao rotor. Essencialmente está formado por duas coroas circulares entre as quais se situam pás direcionais. Nele se orienta a água de modo conveniente, em direção à turbina, já que as pás direcionais podem girar sobre um eixo conectado às coroas superior e inferior.

Figura 5.5 Mecanismo exterior de acionamento das pás do distribuidor Fink. CH EL Atazar Espanha (Foto Mancebo, 2012)

Figura 5.6 Eixo da turbina com acoplamento. Acionamento da coroa do distribuidor. CH El Villar, Espanha (Foto Mancebo, 2013)

O movimento das pás é acionado por um mecanismo de biela-manivela exterior ao fluxo, obedecendo o sistema de regulação da turbina. Deste modo, o distribuidor atua na regulação da vazão de entrada e, portanto, da velocidade e da potencia. A velocidade de fechamento do distribuidor está condicionada ao possível golpe do martelo de água que pode ser produzido no conduto de alimentação se o fechamento é muito rápido. Quando em uma condução são produzidas manobras de fechamento e abertura com uma rapidez determinada, produz-se uma sobrepressão do golpe do martelo de água  – que, em alguns casos, pode ser aproveitada para realizar impulsões sem aporte energético mecânico exterior.

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Através da formula de Michaud para manobras lentas, obtemos uma altura de sobrepressão (em metro de coluna de água) por golpe de martelo de água, que aplicada a um exemplo simples nos oferece os seguintes resultados:

 H  

2  L  v  g   T 

No qual: L : comprimento do contudo: 100 m v : velocidade da água em regime estacionário: 4 m/s g : aceleração da gravidade: 9,81 m/s2 T : tempo de duração da manobra: 3 s Obtemos assim: ΔH = 27,2 mca Mas se a manobra é rápida, com uma celeridade da onda de sobrepressão de 1000 m/s:

 H  

C   v  g 



1000  4 9.81

 408 m

Nas turbinas de ação as funções da câmara e do distribuidor são realizadas pelo bico ou injetor. Aqui o fluxo de entrada na turbina possui direção tangente ao rotor ( figura 5.7), sendo de admissão parcial, ainda que constantemente existam vários injetores fracionando a vazão total.

1.Misturador 2.Hélice 3.Cobertura 4.Eixo Figura 5.7 Turbina Pelton (alterado de Fernández, 2002)

Logo o fluxo alcança o órgão giratório da turbina, o rotor, que está dividido em uma série de canais através de divisórias entortadas que conduzem a água ao mesmo tempo em que transferem parte do seu potencial energético ao próprio eixo do rotor, que o transmite, por sua vez, ao gerador elétrico. O último trecho deste percurso pelo interior da turbina está constituído pelo tubo de aspiração (somente disponível em turbinas de reação). Este órgão é essencialmente um conduto de seção crescente no sentido do fluxo, que evacua a água até o canal de desague, devolvendo-a ao curso do

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rio. Este elemento reduz a pressão na saída do rotor e, assim, contribui com o aumento da queda disponível na turbina. No entanto, sua altura está limitada pela possibilidade de alcançar a pressão de saturação e, portanto, ter cavitação, com efeitos destrutivos na área de saída da água do rotor.

5.4 Fundamento hidráulicos teóricos Da perspectiva do balanço energético, podemos definir uma turbina hidráulica como a máquina (motora) que é capaz de transformar parte da potencia disponível em uma corrente hidráulica em potencial mecânica no eixo. A cessão de energia é realizada no rotor, mas para tanto existe uma importante contribuição de outros órgãos, como o distribuidor (nele parte da energia potencial se converte em cinética), e o conduto de aspiração que, como se mencionou, reduz a pressão de saída do rotor, aumentando a queda líquida disponível. Do ponto de vista teórico, os sistemas utilizados no projeto de aproveitamento da energia hidráulica cumprem com a aplicação das equações básicas de mecânica de fluídos: a) Continuidade: Dela obteremos, para os regimes permanentes: velocidades, vazões e seções de passagem em conduções, tanto livres quanto forçadas. Assim, integrando em volume finito (figura 5.8) a conservação da massa para um conduto de fluxo elementar:



    v .  n  dA  



0

 A

ou utilizando as velocidades médias, em uma seção transversal ao fluxo de área (A):

Q  v  A  cte

Figura 5.8 Conduto de corrente

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b)



Conservação de quantidade de movimento: Permite conhecer forças atuantes.

esión  + fuerzas aceleració nlocais local  = 00     (v .  n ).v  dA   Peso Peso+ fuerzas Forçasde dePr  pressão forças por  de aceleração 





 A

Geralmente ficam reduzidas a:     Q  (v1 



 v2 )      ( g )Vol    p1  A1   p2  A2  ( F L )  0 









Na qual ( ´ F  L )é a força que exerce o fluído sobre o contorno de confinamento. c) Conservação do movimento cinético: Oferece o torque motor (Tm) das máquinas hidráulicas e a potencia capturada por uma maquina de uma corrente de fluido,

Figura 5.9 Modelo ideal de triângulos de velocidade de entrada e saída do rotor de Francis







T m      (v1  r 1 )  v1  dA      (v2  r 2 )  v2  dA      Q  (r 1v1 cos  1  r 2v2 cos  2 )  e z  



 A1







 A 2

Na qual: ρ: densidade da água (kg/m3) Q: vazão (m3/s) r1 , r2 : raio vetor de um ponto a seção de entrada e na de saída ao rotor da turbina. α1 , α2: ângulo da velocidade absoluta com a tangencial na entrada e saída do rotor.

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Se a máquina gira a uma velocidade angular (ω), a potencia desenvolvida será  Potenciaefetiva efectiva=  P m        Q(v1u1 cos  1  v2u 2 cos  2 ) Potência

 P e     Q  H e Por outro lado, do balanço energético obtemos: Energia:  H 1

  H 2   H    H e

sendo geralmente:

 Z  

 P  V 



  

2

2 g 

  H 

Na qual: Z: quota geométrica ( L ) P: pressão (ML-1 T-2 ) γ : peso específico ( L 3T-1 ) v : velocidade ( LT -1 ) g : aceleração da gravidade ( LT -2 ) Finalmente, a queda efetiva resulta em:

 H e 

1  g 

(v1u1 cos  1  v2u2 cos  2 )

Sendo o rendimento hidráulico   

u1v1 cos  1  u 2 v 2 cos  2  gH 

5.5 Parámetros hidráulicos básicos de una turbina Costuma-se dar como dado de partida a “queda bruta” (H b) que na prática representa a diferença de quota entre o nível de água e o ponto de captação (uma vala de irrigação, um canal ou uma represa) e o ponto de localização da turbina (nível do canal de descarga). No entanto, os parâmetros básicos que melhor definem a turbina são a queda líquida ou disponível (Hn) em metro, que na realidade é a queda bruta menos as perdas no trajeto até a mini usina, e a vazão útil ou de equipamento (Qe) em m3/s, que é a turbinável menos as perdas. Assim, obtemos a potencia efetiva dada por uma turbina com um rendimento η: Pe = γ ∙Q∙H∙η = γ ∙Q∙He (W) Pequenas Centrais Hidreléctricas

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A potencia real transmitida ao gerador será: Pr= γ ∙Q∙H∙ηg Sendo (ηg) o rendimento global. Como exemplo, uma micro turbina que tem um rendimento global de 70% com uma vazão de 30 l/s e dispõe de um salto de 20m, resultará em uma potencia: Pe = 9810∙0,03∙20∙0,6 = 3532 W Quando não se dispõe de dados prévios com séries temporais ou de vazões, será preciso construir um sistema de medição in situ com os meios dos quais se disponha em cada lugar, por exemplo, para turbinas pequenas:

-

Vertedouro retangular. A vazão é o resultado da aplicação da equação do vertedouro correspondente Q=f(h)

Sendo h a carga ou altura da água sobre o limite de saída.

- Depósito. Apenas é necessário um recipiente com capacidade mínima de 100 litros, sendo a vazão a relação entre o volume completo e o tempo que demora para encherse.

- Tubo de Pilot, para correntes superficiais. Se o aumento da altura da água sobre a superfície livre é (∆h), a velocidade resulta: resulta :

v  2  g  h A queda bruta pode ser medida facilmente quando se dispõe de aparelhos topográficos. Para a perda de carga no conduto forçado ou no canal de derivação é preciso ter alguma tabela de perdas de carga dos materiais mais comuns: PVC, PE, concreto, etc.

5.6 Tipos de turbinas hidráulicas. Escolha Todas as turbinas têm seu fundamento teórico no princípio da reação, do qual se obtém a equação de Euler que expressa o torque motor (Tm), como já mencionado: Tm (N∙m) = ρ∙ Q∙ (r 1v1cosα1 - r2v2cosα2 ) Segundo a forma de realizar a conversão de energia hidráulica em mecânica, existem dois tipos de turbinas:

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- Turbinas de ação ou de impulso (Pelton, Turgo, Ossberger ou Michell-Banki. Trabalham sob pressão atmosférica. Toda a energia foi convertida em cinética no conduto.

- Turbinas de reação (Francis e Hélice, ou Kaplan). Trabalham sob pressão superior à atmosférica, na entrada; como possuem um conduto de aspiração, estão em depressão na saída do rotor (figura (figura 5.10). 5.10).

Figura 5.10 Detalhe dos tubos de aspiraç aspiração ão em uma mini usina hidráulica.

A) Nas seguintes figuras 5.11 e 5.12, 5.12, apresentam-se as diferentes tipos de turbinas:

Figura 5.11 Micro turbina de ação tipo Michell-Banki (Sánchez T. e Ramírez, J. ITDG-Peru, 1995)

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Figura 5.12 Tipos de turbinas hidráulicas

Uma vez determinados a vazão e a queda disponível, é preciso escolher a máquina que melhor se adapte às características da queda. Existem vários critérios que ajudam nesta escolha: a) Velocidade especifica (ns) Aplicável a todos os tipos de turbina, tem o mesmo valor para turbinas semelhantes.

n s



n

 pe cv 1, 25

 H 

Sendo: n: velocidade de giro ( r.p.m) Pe: potencia global da turbina em CV H: queda disponível o útil (m ) As variedades de utilização são:   



Turbinas de acción, Pelton, Turbinas Michell-Banki Turbinas Francis Turbinas Hélice

3 < ns 
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