PEÇA - GATO MALHADO E ANDORINHA SINHÁ
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PEÇA TEATRAL GATO MALHADO E ANDORINHA SINHÁ...
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PEÇA TEATRAL: “O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ” ( JORGE AMADO ) Personagens: Personagens: Gato Malhado, Andorinha Sinhá, Coruja, o pai da Andorinha, dois narradores (6 participantes)
Narrador2: Narrador2: A história que vamos contar fala de um amor impossível entre dois seres de espécies tão diferentes desta estranha fábula, sim, fábula, já que acontece entre bichos “humanizados”: “humanizados”: Narrador1: “O mundo só vai prestar Narrador2: para nele se viver viver Narrador1: no dia em que a gente ver Narrador2: um gato maltês casar Narrador1: com uma alegre andorinha Narrador2: saindo os dois a voar Narrador1: o noivo e sua noivinha Narrador2: dom gato e dona andorinha.” Narrador1: Quando a primavera chegou, vestida de luz, cores e alegria o Gato Malhado estirou os braços e abriu os olhos pardos feios e maus, aliás, não só os olhos do gato refletiam muuuita maldade, mas todo seu corpo forte, ágil se raspando de modo sensual pelos troncos das árvores. Narrador2: Desse modo seria impossível imaginá-lo cantando canções românticas, sentimentais. Do Gato Malhado ninguém se aproximava!...Estava sempre de mau humor. Ninguém nunca apresentou provas, mas quem colocaria em dúvida a ruindade desse gato? Bicho feio aquele... Gato Malhado: (Miado Romântico) - Miaaauuuuu...... Coruja: Ai Coruja: Ai meu Deus, Deus, um miado romântico!!! romântico!!! Impossível! Parece até até que ele está rindo! rindo! Pai da Andorinha: Ninguém nunca viu esse gato rir. Ele é famoso por ser um gato mau, mau e egoísta Coruja: Creio que ele enlouqueceu. Pai da Andorinha: Ele está é preparando alguma maldade. Coruja:Vamos Coruja:Vamos correr! Narrador2: Afugentad Narrador2: Afugentados os pelo medo a debandada debandada foi geral... geral... Gato Malhado: (Se assusta com a movimentação) Ora, mas porque fogem? Justo quando a primavera traz para o bosque a doçura de viver? (Neste momento colhe e cheira uma flor)...É todos fogem de mim (encolhe os ombros com indiferença) Não faz mal não me importa a opinião opinião dos outros, deixe que fujam... Andorinha: Andorinha: (escondida) Fogem todos, todos menos um...(cantarolando) Gato: Gato: Quem está aí, quem seria dono de tanta coragem? Andorinha: Não tenho medo de você, eu tenho asas para voar e você não, você não passa mesmo de um gato gordo e feioso! Gato: Feeeio euuu?! Haahahahaha! (desfilando e mechendo os “cabelos”) Narrador 1: 1: Nesse momento chega o pai da andorinha Pai da andorinha: Vamos embora filha, sua louca, como pode, perdeu o juízo, quer virar mingau de andorinha... Andorinha: Até Andorinha: Até logo, seu feio... feio... (carregada pelo pelo pai)
Narrador 2: Pronto, deste momento em diante a andorinha estava terminantemente proibida de chegar perto do gato feroz... (música triste, o palco se escurece ) FECHAM-SE AS CORTINAS (A CORUJA E A ANDORINHA) Coruja: E você teria coragem de comprometer a honra da família, rasgar uma velha lei estabelecida, mocinha tome juízo!!! Como pensa em passar por cima de regras consagradas pelo tempo, em fazer tal insulto aos seus amigos, dar tamanho desgosto aos seus pais? Se envolvendo com esse gato e ainda por cima MALHADO!!!! Andorinha: Mas eu não consigo compreender qual é o pecado em conversar com o Gato Malhado? Só por ser um gato? Ele tem um coração como todos nós... Coruja: Coração?!!! Você viu o coração dele??? Andorinha: (Dá alguns passos em direção à platéia e diz balançando a cabeça...) Ver eu não vi... Coruja: Então jure que nunca mais vai falar com o gato! Andorinha: Eu juro... Narrador1: A coruja Ainda falou longamente, contou várias histórias que “tinha ouvido” falar do Gato. A andorinha ouviu, pacientemente, mas ficou triste. Coruja: Você não devia conversar com o gato, fizera muito mal em fazer tal coisa ! Um horror mesmo!!! Andorinha: (com ar desiludido) A Coruja deve ter razão... Ela é mais experiente e só quer o meu bem. Andorinha: Não que eu seja desobediente, mas uma proibição brusca só faz aumentar minha curiosidade, afinal porque não tentam me convencer com boas e justas razões coisa que até o momento ninguém fez! (sai andorinha e coruja do palco e entra o gato) Gato Malhado: (colocando a pata sobre a testa) Creio que estou doente. Estou ardendo em febre. Que tristeza, vou é voltar pra minha cama mas quando consigo dormir, sonho com a andorinha, não consigo entender, quer saber não vou mais pensar em nenhuma Andorinha,vou tocar a minha vida em frente.(o gato sai do palco) Narrador2: Enquanto isso, não muito longe, dali na manhã do dia seguinte: Pai de Andorinha : Filha estou indo em busca de alimentos, Não saia sozinha pois o bosque esta muito perigoso com esse gato delinquente andando por aí. Narrador1: E logo que o pai da andorinha se afasta, vejam só o que acontece!!! Gato Malhado : Nossa agora que me dei conta, onde que eu vim parar,estou em frente a casa da Andorinha Sinhá,o que faço aqui ? Há não, acho que eu vou voltar, a Andorinha vai pensar que eu vim aqui por causa dela, já to voltando... Andorinha : Não me diz Bom dia? Seu mal-educado!!! Gato Malhado :( Nesse momento ele se vira em direção a Andorinha). Bom Dia Sinhá.(todo meloso) Andorinha: Senhorita Sinhá, me faça o favor e eu te chamarei de Feio. Gato Malhado : Já lhe disse que não sou feio, aliás preciso ir embora. Até Logo. Andorinha : Não precisa ir embora. Está bem agora só lhe trato de formoso. Gato Malhado : Não quero também... Andorinha: Então como vou lhe chamar? Gato Malhado: Gato.
Andorinha: Gato não posso. Gato Malhado: Por quê? Por que não pode? Andorinha: Não posso conversar com nenhum gato. Os gatos são inimigos das andorinhas. Gato Malhado: Quem lhe disse? Andorinha: É verdade. Eu sei. Gato Malhado: Mas nós não somos inimigos, não é? Andorinha: Nunca. Andorinha: Então nós podemos conversar. Mas agora você precisa ir que papai já está voltando. Depois eu vou na ameixeira conversar com você, Feião... (sai a andorinha) Narrador 2: O Gato ri e saltitando trata de sumir entre as moitas de capim, estava novamente alegre. Narrador 2: A primavera foi o tempo feliz na vida do gato e da andorinho. Mas ela anda sumida a ingrata! Depois de passado um tempo vamos reencontrar o nosso amigo Malhado já sem nenhuma alegria, num estado de espírito muito diferente daquele em que o deixamos. Perdera o ar brincalhão com que acordara, a leveza que sentia desde a véspera, os grandes bigodes estavam caídos, desmoralizados, murchos. Isso era um triste e perigoso sinal em se tratando do Gato Malhado. Gato Malhado: Por que sinto meu coração tão dolorido? (entra a andorinha toda alegre) Andorinha: Eu estava com o Rouxinol, estávamos aula de canto. Porque você ficou triste? o Rouxinol para mim é como um irmão! (e passa a mão no rosto do gato ele as segura entre as dele e diz:) Gato: Se eu não fosse um gato, te pediria para casares comigo... FECHAM-SE AS CORTINAS
NARRADOR 1 E 2 : APRESENTAÇÃO DO JOGRAL DOS BOATOS E DAS LAMENTAÇÕES Leitor 1:Onde já se viu uma coisa igual? Uma andorinha com um gato, Leitor 1:Onde já se viu, onde já se viu? Leitor 2:Onde já se viu, uma andorinha andar pelos cantos namorando um gato? Leitor 2:andam dizendo, andam dizendo, eu não acredito, Leitor 3:mas pode ser, mas pode ser, que ele anda querendo casar com ela. Leitor 3:Onde já se viu uma andorinha, linda andorinha, louca andorinha, andando com gato? Leitor 1:Tem uma lei, uma velha lei, pombo com pomba, pato com pata e gato com gata. Leitor 1:Onde já se viu uma andorinha noivando com gato? TODOS:
É o fim do mundo, perdeu-se o respeito a todas as leis.
Leitor 2: Pobre Andorinha, passeia com o Gato, mal sabe ela que ele deseja apenas um dia almoçá-la. Leitor 2: O Gato é ruim, só quer almoçar a pobre Andorinha. Conversa com o Gato Leitor 4: como se ele não fosse um velho gato.Logo com o Gato! Leitor 3: gato malhado, malhado gato, criminoso nato, ainda por cima um gato malhado!!! Leitor 3:"Onde já se viu? Onde já se viu? Onde já se viu?" TODOS:"Andorinha não pode. Não pode! não pode!Não pode com gato, com gato casar!
O pai da Andorinha ouviu os rumores, Leitor 2: Sussurro:
A mãe da Andorinha os rumores ouviu. O pai da Andorinha disse com tristeza à mãe da Andorinha: "Nossa filha vai mal, nossa filha anda às voltas com o Gato Malhado.
Leitor 3: Lamentação:
" A mãe respondeu: "Nossa filha é uma tola, precisa casar." O pai perguntou: "Casar, mas casar com quem?" A mãe respondeu: "Com o Rouxinol que já me falou."
TODOS: E o parque inteiro tal coisa aprovou... Leitor 1:Que bom casamento para Andorinha. O Rouxinol é belo e gentil, Leitor 1:e é um passarinho, com ele bem pode a Andorinha casar. Leitor 4: Casar só não pode com o Gato Malhado; TODOS:
Andorinha com gato, quem no mundo já viu?!!!!!!!
Coruja: Amigo velho, não há que fazer. Como pudeste imaginar que a Andorinha viesse te aceitar como marido? Nunca houve caso... Mesmo se ela te amasse — e quem te afirma que ela te ame? — jamais poderia casar contigo. Desde que o mundo é mundo, às andorinhas é proibido casar com gatos. Essa proibição é mais do que uma lei e está plantada com fundas raízes no coração das andorinhas. Ela fala que gosta de você... Pode ser, acredito mesmo que sim. Mais forte que ela, porém, é a lei das andorinhas. E para romper uma lei é preciso uma revolução... Gato: Já sei! Vou escrever um poema! Narrrador 1 e 2: E foi assim que o gato Malhado escreveu...
Gato: SONETO DO AMOR IMPOSSÍVEL! Para a minha adorada Andorinha Sinhá (A Andorinha Sinhá, A Andorinha Sinhô A Andorinha bateu asas e voou. Vida triste minha vida, não sei cantar nem voar, não tenho asas nem penas, não sei soneto escrever. Muito amo a Andorinha, com ela quero casar. Mas a andorinha não quer. Comigo casar não pode porque sou um gato e ainda por cima um gato malhado, ai!) Narrador 1: Neste momento o gato encontra Andorinha e ficaram em silêncio. Ela estava séria, não exibia a leve alegria de sempre, que era o seu maior encanto. Também o Gato Malhado não conseguia esconder a tristeza, pesavam-lhe no coração as palavras da Coruja. Andorinha: Chegou a hora de partir. Vou ficar com o soneto e ler cada vez que pensar em ti. Amanhã não estarei aqui, mas também escrevi algo pra você: "Uma andorinha não pode jamais casar com um
gato, não posso mais me encontrar com você. Em compensação jamais fui tão feliz, quanto no tempo em que vivi com você. Da tua sempre Sinhá ".(entrega a carta e sai do palco) Narrador 1:(toca a marcha nupcial) Dias depois, realizou-se o casamento da Andorinha com o Rouxinol. Houve grande festa, mesa de doces e bolo. O casamento civil foi em casa da noiva, a Coruja era o juiz e fez um discurso eloqüente sobre as virtudes e os deveres de uma boa esposa, especialmente sobre a fidelidade devida ao marido. Narrador 2: Da fidelidade do marido à esposa ele não lembrou de falar nada...de pois da cerimônia a Andorinha veio em direção ao Gato e derrubou sobre ele as pétalas do seu buquê de noiva, saindo rapidamente com o véu de sua grinalda esvoaçando. O Gato as coloca sobre o peito, parecia que se tornavam gotas de sangue. Gato: (diz soltando lentamente as pétalas) Já não existe futuro pra alimentar meu sonho de amor impossível. (com as mãos espalmadas em direção à platéia) Noite sem estrelas; sangue... apenas sangue. (fecham-se as cortinas). Narrador 1: Sobre o vermelho de sangue da pétala de rosa brilhou a luz da lágrima da Andorinha Sinhá. Iluminou o solitário caminho do Gato Malhado, Narrador 2: Na Noite sem estrelas e aqui termina a história que a Manhã ouviu do Vento e contou ao Tempo, que lhe deu a prometida rosa azul.
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