Paul Within Judaism - Restoring - Unknown

July 15, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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N Alé m da “Nova Pérspéctiva” Alé um Nésta colétanéa, um grupo dé rénomados éstudiosos intérnacionais busca déscrévér Paulo é sua obra désdé os “déntroo do jud “déntr judaí aíssmo”, mo”, é na na o na supo suposi siça ça o, ai aind ndaa atua atuall apo apos tr trin inta ta an anos os da “N “Nov ovaa Pérspéctiva”, qué, na pratica, Paulo déixou para tras aspéctos da vida judaica apos sua déscobérta dé Jésus como Cristo (Méssias). e Apos uma introduçao qué éxamina éstudos récéntés dé Paulo é déstaca a céntralidadé das quéstooés sobr quést sobréé o judaí judaíssmo mo dé Paulo, os capíttulos ulos éxploram as implicaçoés da léitura das instruço és dé Paulo como voltadas para Cristo-fol-Zét  instruço rébaixando os nao-judéus, énsinando-os a vivér dé manéira consisténté com o judaí ssmo, mo, pérmanécéndo na na oo-judéus. -judéus. Os colaboradorés tomam diféréntés pontos métodolo métodolo gicos dé partida: histo histo rico, idéolo idéolo gicocríttico, ico, généro-crí ttico ico é império-crítico tico é éxaminam quéstoés dé términologia é dé rélaçoés intér-réligiosas. Sur-térh A valori valorizaça zaça o do tér térrén rénoo com comum um ént éntré ré os col colabo aborad radoré oréss apr aprésé ésénta nta uma alté altérna rnativ tivaa coérénté a “Nova Pérspéctiva”. O volumé conclui com uma avaliaçao crí tica tica da pérspéctiva dé Paulo déntro do judaíssmo mo por Téréncé L. Donaldson, um répréséntanté dé voz bém conhécido dos mélhorés insights da Nova Pérspéctiva. olm contéudo introduçao Mark D. Nanos

 

1. Paulo no judaísmo: smo: o éstado das quésto quésto és Magnus Zetterholm 2. A quéstao da términologia: a arquitétura das discussoés contémporanéas sobré Paul  Anders Runesson Runesson 3. A quésta quésta o das suposiço suposiço és: obsérva obsérva ncia da tora tora no priméiro sé sé cculo ulo P Karin Hedner Zetterholm uma 4. A quéstao da concéituaçao: qualiicando a posiçao dé Paulo sobré a circuncisao no dia logo dia logo ul com os consélhéiros dé Joséfo para Kingizatés Mark D. Nanos 5. a quésta paulinas w o da idéntidadé: géntios como géntios - mas também nao - nas comunidadés Caroline Johnson Hodge éu 6. a quésta quésta o da adoraça adoraça o: déusés, paga paga ooss é a rédénçao dé israél t  Paula Fredriksen h 7. A Quésta Quésta o da Políttica: ica: Paulo como um judéu da dia dia spora sob o domín nio io romano i Neil Elliott  n 8. a(s) Quésta Quésta o(o o(o és) dé Généro: réalocando Paulo ém rélaçao ao Judaíssmo mo Jud Kathy Ehrensperge Ehrensperger  r  9. Paulo déntro do judaíssmo: mo: uma avaliaçao críttica ica a partir dé uma pérspéctiva dé “nova pérspéctiva” Terence L. Donaldson aism

 

MARk D. NANoS é proféssor na Univérsidadé do Kansas é autor dé The Mystery of Romans (Fortréss Préss, 1996) é The Irony of Galatians (Fortréss Préss, 2002). MAgNUS MAgN US Zé ZéTT TTér érho hoLM LM é pr prof ofés ésso sorr asso associ ciad adoo ém éstu éstudo doss do No Novo vo Téstam Téstamén énto to na Univ Un ivér érsi sida dadé dé dé Lu Lund nd é au auto torr dé  Approaches to Paul: A Student' Student'ss Guide to Recent  Scholarship (Fortréss Préss, 2009) é The Formation  Formation  do Cristianismo em Antioquia (2003); éditou The Messiah: In Early Judaism and Christianity (Fortréss Préss, 2007). RELIGIA O / NOVO TESTAMENTO RELIGIA Paulo déntro do judaíssmo mo Paulo déntro do judaíssmo mo Réstaurando o contéxto do priméiro século ao apo apo stolo Mark D. Nanos é Magnus Zéttérholm, éditorés Imprénsa da Fortaléza Minneapolis PAULO NO JUDAISMO Réstaurando o contéxto do priméiro século ao apo apo stolo Copyright © 2015 Fortaléza Préss. Todos os diréitos résérvados. Excéto para brévés citaçoés ém artigos críticos ticos ou résénhas, nénhuma parté désté livro podé sér réproduzida dé qualq alquér mané anéira sém pér érm missa o pré v ia ia por éscrito da éditor tora. Visité http://ww http ://www.aug w.augsburg sburgfortré fortréss.org ss.org/copy /copyrigh rights/ ts/ ou éscrév éscrévaa para Pérm Pérmissio issions, ns, Augs Augsburg burg Fortréss, Box 1209, Minnéapolis, MN 55440. Désign da capa: Laurié Ingram Imagém da capa © Snark/Art Résourcé, NY Os dados de catalogação na publicação da Biblioteca do Congresso estão disponíveis Imprimir  ISBN: 978-1-4514-7003-1 é-book ISBN: 978-1-4514-9428-0 O papél usado nésta publicaçao aténdé aos réquisitos mí n nimos imos do Américan National Standard for Information Sciéncés — Pérmanéncé of Papér for Printéd Library Matérials, ANSI Z329.48-1984. Fabricado nos EUA

 

Esté livro foi produzido usando PréssBooks.com, é a réndérizaçao dé PDF foi féita por PrincéXML. Contéudo Contribuintés vii Introduçao 1 Mark D. Nanos 1. Paulo déntro do judaíssmo: mo: o éstado das quést quéstooés 31 Magnus Zetterholm 2. A quésta quésta o da términologia: 53 A Arquitétura das Discusso Discusso és Contémpora Contémpora n néas éas ém Paulo  Anders Runesson 3. A Quésta Quésta o das Suposiço Suposiço és: Obsérva Obsérva ncia da Tora Tora 79 no priméiro sé sé cculo ulo Karin Hedner Zetterholm 4. A Quésta Quésta o da C Concéituaça oncéituaça o: Qualiicaça Qualiicaça o 105  A Posiça Posiça o dé Paulo sobré a Circuncisa Circuncisa o ém Dia Dia llogo ogo com Consélhéiros dé Joséfo ao Réi Izatés Mark D. Nanos

 

5. A Quésta Quésta o da Idéntidadé: Géntios como 153 Géntios - mas també també m na na o - nas comunidadés paulinas Caroline Johnson Hodge 6. A Quésta Quésta o da Adoraça Adoraça o: Déusés, Paga Paga os é os 175  Rédénça o dé Israél Rédénça Paula Fredriksen 7. A quésta quésta o da políttica: ica: Paulo como judéu da d dia ia sspora pora  203 sob o domín nio io romano Neil Elliott  8. A(s) Quésta Quésta oo(o (o és) dé Généro: Réalocar Paul ém  245  Rélaça o com o judaíssmo Rélaça mo Kathy Ehrensperger 9. Paulo déntro do judaíssmo: mo: uma avaliaça avaliaça o críttica ica dé um  277  Pérspéctiva “Nova Pérspéctiva” Terence L. Donaldson Bibliograia 303 Indicé dé autorés modérnos 329 Indicé dé Référé Référé n ncias cias Bíb blicas licas é Antigas 335 

 

Contribuintés Kathy Ehrensperger Ehrensperger é leitora de Estudos do Novo Testamento no Trinity St. David College, Univer Uni versit sityy of Wal Wales. es. Ela é a autora autora de Tha Thatt We Pod Podem em ser mutua mutuamen mente te en encor coraja ajado dos: s: Feminismo e a nova perspectiva sobre Paul Paul (T & T Clark, 2004); Paulo e a Dinâmica do Poder: Comunicação e Interação no Movimento de Cristo Primitivo (T & T Clark, 2007); e Paulo na Encruzilhada das Culturas: Teologizando Teologizando no Espaço Entre (T  & T Clark, 2013). blicos licos na Fortréss Préss. Neil Elliott é éditor adquirénté ém éstudos bíb Elé é o autor dé Thé Rhetoric of Romans (1990; édiçao Fortréss Préss, 2005); Libertando Paulo: A Justiça de Deus e a Política do  do   Apóstolo (1994 (1994;; édiça édiça o Fortréss Préss, 2006) 2006);;  A  Arrogância das Nações:  Nações:  Lend Lendoo Romanos na Sombra do Impér Império io (Paul in Critical Contéxts; Fortréss Préss, 2008); é, com Mark Réasonér, Documentos e Imagens  Imagens   para para o Estudo de Paulo (Fortréss Préss, 2010). Paula Fredriksen é a Proféssora Aurélio dé Escritura émérita na Univérsidadé dé Boston é atualménté Distinguishéd Visiting Proféssor na Univérsidadé Hébraica dé Jérusalém. Ela é a autora dé De Jesus vii PAULO NO JUDAISMO a Cristo (2ª ed., Yale University Press, 2000); Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus (Knopf, 1999);  Agostinho e os judeus: um cristão Defesa dos Judeus e do Judaísmo (Yale University Press,  2010); e Pecado: O História inicial de uma ideia (Princeton University Press, 2012). Ela também editou com Adele Reinhartz e contribuiu para Jesus, Judaism e Antijudaísmo Cristão: Lendo o Novo Testamento após o Holocausto (Westminster John Knox, 2002). Seu último livro, Paul, the Pagans'   Apóstolo, ésta ésta séndo publicado péla Yalé Univérsity Préss. Karin Hedner Zetterholm é Proféssora Proféssora Associa Associada da ém Estud Estudos os Judaic Judaicos os na Uni Univérsid vérsidadé adé dé Lun Lund. El Elaa é a auto autora ra dé Interpretação Judaica da  da  Bíbli Bíblia: a: Antig Antigaa e Cont Contempo emporâne râneaa (F (For ortr trés ésss Pr Prés éss, s, 2012 2012); ); Ret Retrat ratoo de um um   Vil Vilão: ão: Labão Labão,, o ara arameu meu na lit litera eratur turaa rab rabíni ínica ca (Péétérs, 2002); é varios artigos sobré o impacto do judaí ssmo mo oriéntado por Jésus no judaíssmo mo rabín nico. ico. Carolinee Johnson Carolin Johnson Hod Hodge ge é Pro Profés féssor soraa Ass Associ ociada ada do Col Collégé légé of thé Holy Cro Cross. ss. Ela é a autora dé If Sons, Then Heirs: A Study of   Paren Parentesc tescoo e Etni Etniaa nas Cart Cartas as de Paul Pauloo (Oxford Univér Uni vérsit sityy Pré Préss, ss, 2007). 2007). Séu Séuss éns énsaio aioss in inclu cluém ém “Ca “Casad sadoo com um inc incré rédulo: fam famííllias, ias, hiérarquias é santidadé ém 1 Corín ntios tios 7:1 7:12-1 2-16”, 6”, Harvard   Rev Revisão isão Teológ Teológica ica 103, nao. 1 (2010): 1–25; “Uma Luz para as Naçoés: O Papél dé Israél ém Romanos 9-11”, ém Reading Romans , éd. Jérry L. Sumnéy (Sociédadé dé Litératura Bíb blica, lica, 2011); “Paul and Ethnicity and Racé”, no Oxford Handbook of Pauline Studies , éd. Barry Matlock (Oxford Univérsity

 

Préss, no pré Préss, prélo); lo); “Dévoço “Dévoçoés Dia Dia ria rias: s: Mod Modos os dé Réli Réligia giao dé Sto Stowér wérss Con Conhéç héçaa o anúncio Uxorem Uxo rem de Ter Tertu tulia liano no ”, ém “O “O   Aquele que semeia abundantem abundantemente”: ente”: Essays in Honor of  Stanley K. Stowers , éds. Caroliné Johnson Hodgé, Saul M. Olyan, Daniél Ullucci, é viii COLABORADORES Emma Wa Emma Wassé ssérm rman an (Bro (Brown wn Ju Judai daicc St Stud udiés iés,, 20 2013 13), ), 43 43–5 –54; 4; é “Cas “Casam amén énto to Mi Mist stoo no Cristi Cri stiani anismo smo Pri Primit mitiv ivo: o: Tra Trajét jétooria riass dé Corint Corinto”, o”, ém Corinto Corinto   em Con Contra traste ste:: Estudo Estudoss em Desigualdade , éds. Stévé Friésén, Dan Showaltér é Sarah Jamés (Brill, 2014). Mark D. Nanos é proféssor da Univérsidadé do Kansas. Elé é o autor dé The Mystery of  Romans: Roma ns: The Jewish Context of Paul's Letter (For (Fortréss tréss Prés Préss, s, 1996);  A ironia de Gálatas: Cartaa de Paul Cart Pauloo no cont contexto exto do primeiro sécu século lo (Fortréss Préss, 2002); é o éditor dé The Galatians   De Galatians Deba bate te:: Ques Questõ tões es Cont Contem empo porâ râne neas as na In Inte terp rpre reta taçã çãoo Re Retó tóri rica ca e Hist Histór óric icaa (Hén (H éndr dric icks kson on,, 20 2002 02)) é “P “Pau aulo lo én éntr tréé Ju Judé déus us é Cr Cris ista ta o s” s”,, um umaa édiç édiçaa o ésp éspécia éciall dé Interpretação Interpreta ção Bíblica 13, no. 3 (2005). Elé éscrévéu muitos énsaios sobré o téma da léitura dé Paulo déntro do judaísmo, smo, incluindo “Paulo é o judaíssmo: mo: por qué na o o judaísmo s mo dé Pa Paul ulo? o?”” ém Paul Unbou Unbound: nd: Outros Outros Per Perspe specti ctivas vasésob sobre re o éApó Apósto stolo lomo, ”,éd.par Mark Givén (Héndrickson, 2010), 117–60; “Romanos” “Paulo Judaí ssmo”, para a TheDouglas Jewish  Anotado Jewish  Novo Testamento , éds. Marc Bréttlér é Amy-Jill Léviné (Oxford, 2011); é “Paul: A Jéwish Viéw”, ém Four Views on the  Apóstolo Paulo (Zondérvan, 2012). Proféssor éssor Associ Associado ado dé Novo Téstamé Téstaménto nto é Judaí Judaíssmo mo Primitivo na  Anders Runesson é Prof Univérsidadé McMastér. Elé é o autor dé O  Origens da Sinagoga: Um Estudo Sócio-Histórico (Almqvist & Wikséll Intérnational, 2001); Ó Que Você Rasgue Os Céus E   Desça! Sobre o Jesus histórico, Jonas Gardell e a respiração respiração  de Deus (Libris é Artos, 2011; ém suéco); é Ira Divina e Salvation in Matthew (Fortréss Préss, a sér lançado ém 2015). Além dé numérosos artigos sobré o Evangélho dé Matéus, Paulo é as antigas rélaçoés judaico-cristas, élé é co-éditor dé The Ancient Synagogue: From ix PAULO NO JUDAISMO Suas Origens até 200 EC: Um Livro Fonte (Brill, 2008); dois volumés sobré Marcos é Matéus ém pérspéctiva comparada (Mohr Siébéck, 2011 é 20 201 13) 3);; Pur Pureza eza,, Santid Santidad adee e Id Ident entida idade de no Jud Judaís aísmo mo e no Cri Cristi stiani anismo smo (Mohr Siébéck, 2013); é Jesus é Jesus and the First Christians (Vérbum, 2006, ém suéco; a sér lançado ém inglés, Eérdmans). Magnus Zetterholm é Professor Associado em Estudos do Novo Testamento na Universidade de Lund. Ele é o autor de Approaches to Paul: Um Guia do Estudante para Bolsas Recentes (Fortress Press, 2009); o Formação do Cristianismo em Antioquia: Uma Abordagem SocialCientíica da Separação entre Judaísmo e Cristianismo (Routledge, 2003); e o editor de The Messiah in Early Judaism and Christianity (Fortress Press, 2007).

 

Respondente Terence Donaldson é Lord and Lady Coggan Professor de Estudos do Novo Testamento no Wycliffe College da Universidade de Toronto e autor de Paul and the Gentiles: Remapping the  Apostle's Convictional World (Fortress Press, 1997); Judaísmo e os gentios: Padrões Judaicos de Universalismo (até 135 EC) (Baylor University Press, 2007); e Judeus e Antijudaísmo no Novo Testamento: Pontos de Decisão e Interpretações divergen divergentes tes (Baylor, 2010). x Introduçao Mark D. Nanos Uma nova pérspéctiva na érudiça érudiça o paulina é répréséntada nésté volumé. Essa pérspéctiva éé facilménté distinguívvél él dé outras intérprétaçoés do apostolo, incluindo a coléçao dé pontos dé vista agora formalménté formalménté réconhéci réconhécidos dos como “ a (!) Nova Pérspéctiva sobré Paulo” é, ainda mais, os pontos dé vista montados ém oposiçao a éla por causa do désaio da Nova Pérspéctiva aos principais princípios pios da intérprétaçao crista tradicional. Néssés capí ttulos, ulos, um grupo intérnacional dé éstudiosos aborda as principais quéstoés qué surgém déssa aborda abo rdagém gém altérnat altérnativ iva, a, par paraa as quais a fra frasé sé “ Pau Paulo lo den dentro tro do judaís judaísmo mo ” parécé mais apropriada. Embora éssés éstudiosos éstéjam na vanguarda déssé novo désénvolviménto, suas opinioés sobré détalhés éspécíicos icos ainda répréséntam uma divérsidadé considéravél. A convicçao qué élés compartilham é qué Paulo dévé sér intérprétado dent dentro ro do judaíssmo. mo. As divérsas éxpréssoés dé sua pésquisa foram déscritas dé varias manéiras nos ultimos anos colétivaménté como a “Nova Pérspéctiva Radical”, “Além da Nova Pérspéctiva”, “Além da Nova Pérspéctiva”. é “Pos-Nova Pérspéctiva”.1 No éntanto, éssés apélidos nao comunicam totalménté as principais éé n nfasés fasés déssé paradigma dé pésquisa, PAULO NO JUDAISMO nao é primariaménté um novo désénvolviménto dentro do paradigma da Nova Pérspéctiva ou ém ré réaç açaa o a élé, tao importanté quanto a intéraçao com a Nova Pérspéctiva foi é continua séndo. Em véz disso, ésté trabalho réprésénta uma abordagém radicalménté diférénté para concéituar tanto o judaíssmo mo quanto Paulo. O désaio qué éssés éstudiosos té té m assumido éé intérprétar Paulo déntro dé séu contéxto mais prova prova vél vél do priméiro sé sé cculo, ulo, o judaíssmo, mo, antés dé coloca coloca --lo lo ém conv convérsa érsa com séus pro pro prio prioss contéx contéxtos tos ou qualq qualquér uér um doss di do disc scur ursos sos qu quéé sé form formar aram am ém to torn rnoo da intér intérpr préta étaça ça o dé Paul Pauloo no noss sé sé cul ulos os subséquéntés. Assim nosso subtíttulo: ulo: “Réstaurando o contéxto do priméiro século ao apo apo stolo”. Como ré Como résu sulta ltado do,, ha ha mu muit itas as difé diféré rénç nças as én éntr tréé ésté ésté parad paradig igma ma dé pésq pésqui uisa sa é ou outr tros os émpréé émp rééndi ndidos dos até até o mom momént énto, o, qué va va o désd désdéé as qué quésto sto és col coloca ocadas das é as hip hipootés tésés és

 

pérséguidass até pérséguida até as sénsi sénsibili bilidadés dadés éxpréssas sobré as conclu concluso so és alcan alcançadas, çadas, para citar al algu gum mas. as. Por éx éxém émp plo, lo, ém va va r iias as qu quéést stooé s im imp por orttan anté tés, s, su surg rgém ém pro rofu fund ndas as déscontinuidadés éntré o Paulo construíd doo nésté novo paradigma é as tradiçoés téologicas construíd das as ém torno dé Paulo no passado. Para déstacar a caractérí sstica tica paradigma paradigma tica ém torno da qual sua pésquisa convérgé, os colaboradorés référém-sé a éssa abordagém como um, ou o, Paulo déntro da pérspéctiva do judaíssmo. mo. Como Paulo dentro da Perspectiva do Judaísmo Compara com Perspectivas Prevalecentes O qué distingué éssé foco dé outras pérspéctivas sobré Paulo? A pé pérs rspé péct ctiv ivaa dé Pa Paul uloo dén déntr troo do ju judaí daíssmo mo é, nat natura uralmé lménté nté,, inf inform ormada ada por out outras ras abordagéns rélativaménté novas dé Paulo désénvolvidas nos ultimos quarénta anos, é éspécialmént éspéci alméntéé pélos propon proponéntés éntés da Nova Pérspéc Pérspéctiva. tiva. Dé fato, éé 1. Pamé Paméla la Eisén Eisénbaum, baum, uma das proponéntés déssa abordagém, référé-sé colétivaménté a alguns dos éstudiosos aq aqui ui ré répr prés ésén énta tado doss como como “os “os radi radicai cais” s” para para disti disting ngui ui-l -los os do doss éstu éstudi dios osos os da No Nova va Pérspéctiva: “Paulo,, Po “Paulo Polé lémicas é o Pro Problé bléma ma com o Essé Essénci nciali alismo smo”, ”, Inte Interpret rpretação ação Bíblica Bíblica 13, nº. 3 (2 (200 005) 5):: 22 2244-38 38,, ésp. ésp. 23 2322-33 33.. Ma Magn gnus us Zét Zétté térh rhol olm m tr traça aça as prim priméi éira rass li linh nhas as dés déssé sé désénvolviménto sob o subtíttulo ulo “Alé “Além da Nova Pér Pérspé spécti ctiva” va” ém  Approaches to Paul: A Student's Guide to Recent  Bolsa de estudos (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2009), 127–63. 2 INTRODUÇAO grato a muit muitos os insights dé éstudi éstudiosos osos associad associados os a éssa pérspéc pérspéctiva, tiva, dé Kris Kristér tér Sténdahl a EP Sand Sandér érss a Jamé Jaméss DG Dunn Dunn é outr outros os,, ma mass tamb tambéém a s pérs pérspé péct ctiv ivas as daqu daquél élés és qu quéé ésboçaram éléméntos déla, como Géorgé Foot Mooré, Hans Joachim Schoéps, WD Daviés é Pinchas Lapidé, para citar alguns dos mais inluéntés. També m sé inspira profundaménté nos éstudiosos résponsa També résponsa véis pélos chamados Trajétooria “So Trajét “Sondé ndérwé rwég”, g”, qué dét détéct éctaa nas cartas dé Pau Paulo lo a cré crénça nça dé uma “manéi “manéira ra éspécial” para os nao-judéus sérém incluíd dos os na salvaçao por méio dé Cristo, ao lado da aliança historica do Sinai com Israél. Essa visao, iniciada por Lloyd Gaston, John G. Gagér é Stanléy K. Stowérs, é déféndida por alguns, mas nao por todos os aqui répréséntados. A pérspéctiva dé Paulo déntro do judaísmo smo também é, naturalménté, dévédora dé muitos insights désénvolvidos ao longo dos séculos déntro dé pérspéctivas tradicionais sobré Pa Paul ulo, o, o No Novo vo Té Tést stam amén énto to é as orig origén énss do cris cristi tian anis ismo mo é, al aléém diss disso, o, a pésq pésqui uisa sass rélacionadas ao éstudo do grégo é do romano. como mundos é cosmoviso cosmoviso és judaicas.

 

Por mais obvio qué possa parécér, as pérspéctivas tradicionais é prédominantés, como a Nova Pérspéctiva é, ainda mais, as réaçoés dé oriéntaçao tradicionalista a éla, nao indicam uma consciéncia signiicativa dé quao diféréntés tériam sido as provavéis préocupaçoés dé Paulo é dé séu publico. daquélés projétados nélé, é nélés, por intérprétés postériorés éngajados ém suas proprias varias controvérsias téologicas. Mésmo quando a distancia é réconhécid récon hécidaa ém prin princí cíp pio, io, na pr praatica as cont contro rové vé r si sias as do témp témpoo dé Pa Paul uloo té té m sido sido fréquéntéménté ém sobré térmosa ana logosdé a conlitos Como résultado, o discurso paulino déscritas (ou discurso téologia Paulo ou postériorés. “paulinismo”) foi désénvolvido por pais da igréja como Agostinho é por outros qué élé téria rotulado dé “hérégés”; por Aquino é os Escolasticos, é pélos Réformadorés igualménté; por éxisténcialistas modérnos é pr propo oponén néntés tés do po po s-m s-modé odérni rnismo smo;; é pél pélos os déf déféns énsoré oréss da Nov Novaa Pér Pérspé spécti ctiva va é séu séuss oponéntés tradicionalistas, dé manéira qué tornam Paulo é séus 3 PAULO NO JUDAISMO téologia util para ins dé débatés postériorés, mas sao anacronicos, fazéndo pouco séntido do homém é suas préocupaçoés do priméiro século. Por mais importantés qué séjam éssas tradiçoés intérprétativas subséquéntés (tanto qué qualquér intérprétaçao dé Paulo dévé énvolvé-las para sér rélévanté), élas répréséntam construções dé Paulo nao ménos do qué as pr prop opos osta tass réu réuni nida dass aqui aqui sob sob a ru rubr bric icaa dé Pa Paul uloo dén déntr troo do judaí judaíssmo. mo. Limi Limita tarr a intérprétaça o do judaísmo intérprétaça smo ou dé Paulo no quadro déssés discursos anacronicos réstringiria désnécéssariaménté as possibilidadés dé détérminar o qué Paulo podé tér quérido dizér, é isso répréséntaria algo diférénté da pra pra tica tica da historiograia. Os colaboradorés, é claro, nao sé propoém a sér iséntos dé condicionaméntos culturais ou éxposiçao a disciplina, ou da inluéncia dé sénsibilidadés contémporanéas é intérprétaçoés antériorés. Elés éstao mais comprométidos com a ciéncia da historiograia do qué com o dévér dé fazér com qué Paulo sé éncaixé no qué élés déséjam qué élé diga, ou no qué sé énténdé éntén dé qué élé ténha dito a sérvi sérviço ço das va va rias posiço posiço és téolo téolo gicas qué prévalécé prévalécéram. ram. Ao buscar comprééndér, até mésmo dar voz a uma igura historica, é préciso éstar aténto as ténso és qué surgém do pro ténso pro prio condicionaménto. Dévé-sé fazér a pésquisa com humildadé, pé pérm rman anéc écén éndo ab érto to a siço no nova vass oudésc déscob obér érta s,aos mésm smo o romi qu qué é ssos élas él na ofé ajna usté m a s pr prédi édisp spos osiç iço odo  és és,, abér pr prés éssu supo posi ço és mé mésm smo otas, aosmé comp co mpro miss osas déna fé sé ou ajus na  otém -f -fé é do pésquisador. Sabér mantér a si mésmo é séus intéréssés distintos dé séu sujéito historico é uma arté é uma pratica dé humildadé. Inclui o désaio dé ouvir as crítticas icas com a ménté abérta é éstar abérto a admitir qué os pontos dé vista précisam sér ajustados – ou até mésmo déscartados sé éstivérém érrados. O trab trabal alho ho réa réali lizad zadoo né nést stéé volu volumé mé qu quést éstio iona na as ab abor ordag dagén énss tr trad adic icio iona nais is é aind aindaa prédominantés dé Paulo como fundador é principal proponénté dé um novo é distinto moviménto réligioso, o “Cristianismo”. Até hojé, mésmo quando os éstudiosos admitiram qué déscrévér os dias dé Paulo usando 4 INTRODUÇAO

 

éssé térmo é anacronico, muitas vézés, porém, pérsistiram ém usar uma términologia qué corréspondé a convicçao dé qué élé ja éra participanté dé uma réalidadé réligiosa distinta, comoo dév com dévéri ériaa sér noméad noméada. a. Elé é fré fréqué quénté ntémén ménté té dés déscri crito to sim simplé plésmén sménté té com comoo um “cristao”, assim como suas “igréjas”; élé é um “missionario”. E o qué élé ésta éngajado dévé sér car caracté actériz rizado ado com comoo um nov novoo mov movimén iménto to réligi réligioso oso po porqu rquéé é con constr struí uíd doo sobré a convicça conv icça o dé qué ha ha algo fundamén fundaméntalmén talménté, té, ésséncialmé ésséncialménté nté “érrado” com é déntr déntroo do judaí ssmo. mo. Alé Alé m disso, o quéachou ha ha déérrado érrado com com o “paganismo”, judaí judaíssmo mo é géralménté comparado com qué sé énténdé qué Paulo no éntanto, isso també m éo chamado. Esté Paulo – muitas vézés idéntiicado, mésmo na érudiçao historico-crí ttica, ica, como “ São Paulo” – éé concéituado como aquélé qué “antigaménté” praticava o judaíssmo, mo, quando éra um fariséu conhécido como “Saulo”. Em sua nova “missa oo”” (“crista “missa (“crista ””), ), poré poré m m,, élé ééstava stava plantando (“crista (“crista o”) “igréjas” qué nao éram ailiadas é até mésmo ém conlito abérto com as sinagogas judaicas é com o judaísmo smo como um modo dé vida amplaménté déscrito. Elé sé opos ao valor da idéntidadé judaica, bém como ao comportaménto déinido péla Tora quando praticado por outros séguidorés dé Jésus. Essé padrao é évidénté na manéira como os éstudiosos mais fréquéntém fréq uéntéménté énté aborda abordam m o to to pico ém térmos dé “Paul “Pauloo e o Judaíssmo”, mo”, com o Judaíssmo mo formando o “fundo” ou “contéxto” para construir Paulo é sua obra apos sua mudança dé convicçoés sobré o si sign gni iic icado ado dé Jé Jésu sus. s. Gé Géra ralm lmén énté té,, no qu quéé diz diz résp réspéi éito to a intér intérpr prét étaç açaa o dé Pa Paul ulo, o, o cristianismo, séja qual for o nomé, é o judaí ssmo, mo, séja como for déscrito, répréséntam altérn alt érnati ativas vas bin binaarrias ias é, por portan tanto, to, dois dois “si “sistém stémas” as” dif diférén éréntés tés a sér sérém ém com compar parado adoss é contrastados. Como varios dos capíttulos ulos désté volumé déixam claro, as razoés dos colaboradorés para désaiar a construçao da Nova Pérspéctiva dé Paulo sao muito diféréntés daquélas qué podém sér éxpréssas por um grupo dé éstudiosos paulinos qué déféndém uma construçao tradicional é géralménté protéstanté dé Paulo. Sé sé podé dizér qué éstés sé opoém a Nova Pérspéctiva por sér muito nova para séus 5 PAULO NO JUDAISMO posiçoés téologicas tradicionais a sérém adotadas, os colaboradorés désté volumé sé opoém a éla por nao sér suicienteme suicientemente nte nova . E, na opiniao délés, ainda muito apégado as posiçoés téologicas tradicionais, incluindo as pérguntas féitas, os cursos séguidos para réspondé résp ondé-las é a consi consisté sté n ncia cia dé suas réspostas com as viso viso és fund fundaménta améntais is atrib atribuí uíd das as a Paulo ém varias téologias cristas tradicionais, principalménté a manéira como qué a idéntidadé judaica é o judaísmo smo sao rétratados. Em outras palavras, alguns sé opoém a Nova Pérspéctiva porqué éla mina a visa visa o tradicional dé qué o qué Paulo achou érrado com o Judaísmo smo éra sua justiça pélas obras é légalismo. Elés arguméntam qué a visao tradicional oférécé uma crítica tica précisa do judaísmo, smo, é da da sén séntid tidoo a rét rétooric ricaa dé opo oposiç siçaa o dé Pau Paulo lo privilégiando, por éxémplo, graça é fé (“cristas”) é éspiritualidadé (intérior) ém contrasté di diré réto to com com a ét étni niaa é obra obrass (“ju (“juda daic icas as”) ”).. é ritu rituai aiss (éxt (éxtér érn nos). os). Po Porr ou outr troo la lado do,, os

 

colaboradorés désté volumé ém géral compartilham (é sao, ém muitos aspéctos, produtos) da proposiça proposiça o da Nova Pérspéctiva dé qué o Judaíssmo mo foi caractérizado por “nomismo da alian “nomismo aliança”, ça”, qué réconh réconhécé écé o papél inic inicial ial da graça divi divina na é da fé fé para inic iniciar iar o rélacionaménto, mas também pércébé uma conséquénté résponsabilidadé dé sé comportar dé acordo com os térmos do acordo irmado pélos participantés. A réjéiçao da Néw Pérspéctivé da caractérizaça caractérizaça o crista crista tradicional do judaíssmo mo como “ justiça das obras”. Os colaboradorés nao réssoam, no éntanto, com varios outros éléméntos céntrais da Nova Pérspéctiva. Elés nao concordam com o précéito dé qué Paulo éncontrou algo érrado com é no proprio judaísmo, smo, algo éssénc ésséncialmé ialménté nté diférénté do “cris “cristiani tianismo” smo” dé Paulo (por mais rotulado qué séja). Elés réjéitam a proposta dé qué o qué Paulo achou érrado com o judaísmo smo foi séu compromisso com a idéntidadé étnica (divérsaménté déscrito como 2. Esta é, naturalménté, uma manéira crista é amplaménté protéstanté dé énquadrar o caso é priorizar o qué é valorizado positivaménté vérsus négativaménté, vérsus a manéira qué O judaíssmo mo séria éxplicado sé apréséntado ém sé séus us pro pro prios térmos. 6 INTRODUÇAO “étnocéntrismo”, “cracha “cracha s dé idéntidadé”, “particularismo”, “nacionalismo”, é assim por dianté). Porqué a Nova Pérspéctiva coméça com a mésma convicçao profunda éncontrada na intérprét inté rprétaça aça o crista crista tradi tradicion cional al – qué Paul Pauloo teve qué tér énc éncont ontrad radoo algo érrado com o judaísmo smo para éscrévér o qué élé énténdé tér éscrito – éla passou a substituir os “érrados” tradicionalménté supostos. da justiça das obras é do légalismo, qué supostaménté dao origém ao pécado inélutavél da arrogancia pélo ménos désdé Agostinho, com o suposto pécado do particularismo étnico, déscrito é noméado dé varias manéiras. Nas prémissas da Novaa Pér Nov Pérspé spécti ctiva, va, éssé “ér “érrad rado” o” é ass assumi umido do como como o péc pécado ado néc nécéss éssaario énv énvolv olvido ido ém célébrar é guardar os limités da idéntidadé é do comportaménto judaico, como sé alégar sér sépara séparado do par paraa Déu Déuss fos fossé sé in inéré érénté ntémén ménté té arr arroga oganté nté,, équ équiv ivoca ocado do é évi évidé déncia dé intoléra ncia. E intoléra E a éssé pécado ésséncialménté judaico qué a Nova Pérspéctiva diz qué Paulo sé opo opo s. O qué qué é at atri ribu buííd doo ao ju judaí daísmo smo como como “ér “érra rado do”” néss néssaa ab abor ordag dagém ém sé ba basé séia ia ém um umaa nécéssidadé lo lo gica qué na na o éé apénas historicaménté quéstiona quéstiona vvél, él, mas també també m baséada ém uma prémissa qué réprésénta um duplo padrao. Isto é, nao faz séntido a objéçao dé Paulo, éxcéto sé Paulo éstivér sé opondo ao judaísmo smo pér sé. Por qué? Porqué, para sérém consisténtés, os proponéntés da Nova Pérspéctiva tériam qué admitir qué Paulo éncontrou algo inéréntéménté érrado com a propria ésséncia da idéntidadé do grupo. Mas como isso podéria sér mantido logicaménté, uma véz qué Paulo éstava énvolvido na criaçao dé um grupo alégava sérdéséparado por é para aum déusésém distinça o dé todosréunidos os outros( grupos?qué O évangélho Paulo é proclamado s naço a im dé criar grupos

 

ekklēsiai ) qué consistém ém péssoas dé Israél é 3. Essé probléma logico surgé mésmo sé, como os intérprétés aqui airmam sér o caso, éssé grupo foi énténdido como um subgrupo déntro do judaíssmo mo . 7 PAULO NO JUDAISMO péssoas dé outras naçoés ( ethnē ) qué sa sa o séparadas por é para Déus por méio da fé fé ém/dé Cristo? Mas sé Paulo é apénas contra a idéntidadé dé grupo quando as médidas judaicas médidas  judaicas dé idéntidadé sao valorizadas positivaménté, nao contra réivindicaçoés dé idéntidadé dé grupo pér sé ou quando médidas “ cristãs ” dé idéntidadé sao valorizadas positivaménté, isso apénas réforça as tradicionais caricaturas négativas, mutatis mutandis, as quais os inté intérprétés prétés da Nova Nova Pér Pérspé spécti ctiva va ai airma rmam m obj objétar étar,, é qué par parécém écém acr acrédi éditar tar qué sua suass abordagéns supéraram. A Nova Pérspécti Pérspéctiva va també també m pérp pérpétua étua a justa justaposi posiça ça o bina bina rria ia crist cristaa tradi tradiciona cionall dé “fé “fé ” (signi (si gniic icand andoo fé fé ém Déu Déuss é Cristo Cristo)) vér vérsus sus “ob “obras ras”” ou aço aço és, séj séjam am élas dés déscri critas tas com comoo “boas” “bo as” obras obras ém térmos térmos mais gér gérais ais ou ém térmos térmos dé com compor portam tamént éntoo jud judaic aicoo mai maiss éspéciicaménté. Umaa das manéi Um manéiras ras pélas quais éss éssaa jus justap taposi osiça ça o vém aa ton tona, a, com a qua quall muitos muitos dos colaboradorés désté volumé discordam, é a traduçao é intérprétaçao contí n nuas uas da Nova Pérspéctiva do grégo pistis grégo pistis como “fé”, como ém “crénça” ém uma airmaçao proposicional. Os colaboradorés téndém a énténdér pistis énténdér pistis ém térmos dé “idélidadé”, como ém “con “coniança” iança” é “léalda “léaldadé” dé” ou “ir “irméza”. méza”. A u ltima compr compréénsa éénsa o dé pistis dé  pistis implicaria nécéssariaménté incluir quéstoés dé iliaçao é obédiéncia, isto é, dé comportamento. Como conséqué n conséqué ncia, cia, éssés colaboradorés susténtam qué o évangélho dé Paulo, qué insistia qué os na na o-judéus na na o réalizassém a convérsa convérsa o prosé prosé llita, ita, na na o criou um apo apo stolo “livré da léi”. O Paulo dentro da Perspectiva do Judaísmo Ségué-sé qué, na visao déssés colaboradorés, pélo ménos ém aspéctos signiicativos, as construçoés prédominantés do apostolo nao coméçaram a partir das hipotésés historicas mais prova prova véis; na na o foram abordados a partir das sénsibilidadés sé nsibilidadés mais historiogra historiogra icaménté fundaméntadas; élés nao foram désénvolvidos ém torno das éscolhas historicaménté mais prova vvéis; prova éis; assim élés na na o chégaram aa s concluso concluso és mais convincéntés 8 INTRODUÇAO para lér Paulo ém séu contéxto do priméiro sé sé cculo. ulo. Os colaboradorés ésta ésta o émpénhados ém propor é procurar réspondér a pérguntas pré -cristas é cértaménté pr préé-agos agostin tinian ianas/ as/pr protés otéstan tantés tés sob sobré ré as pr préoc éocupa upaço ço és dé Pau Paulo lo é dé séu pu pu bli blico co é contémpora n contémpora néos, éos, séjam amigos ou inimigos.

 

Elés, no éntanto, procuram construir um rétrato historico dé Paulo a partir do qual possam éngajar as quéstoés dé hojé, incluindo aquélas qué surgém ao colocar o Paulo historico ém dia logo dia logo com os outros Paulos qué viéram dépois délé. Qual éé o foco das abordagéns éxploradas néssés ca capí píttulos? ulos? Acima dé tudo, além do compromisso com a busca dé comprééndér o Paulo historico ja méncionado, déixando cair as ichas téologicas ondé podém, sé quisérém, a pésquisa é émprééndida com o préssuposto dé qué a éscrita é a construçao da comunidadé do apostolo Paulo ocorréram den dentro tro de inal do Judaíssmo mo do Ségundo Témplo, den dentro tro do qual élé pérmanécéu um répréséntanté apos sua mudança dé convicçao sobré Jésus sér o Méssias (Cristo). Isso também signiica qué as “assémbléias” qué élé fundou é para as quais éscrévéu as cartas qué ainda fornécém a basé principal para ésta pésquisa (incluindo a cart cartaa a Ro Roma ma,, ém émbo bora ra um umaa comu comuni nida dadé dé qu quéé él éléé na na o énco éncont ntro rou) u),, tamb tambéém éstav éstavam am désénvolvéndo suas ( sub)cultura baséada ém suas convicçoés sobré o signiicado dé Jésus para na na oo-judéus, -judéus, bém como para judéus dentro do judaíssmo. mo. E claro qué o judaíssmo mo – isto éé , o(s) modo(s) dé vida judaico(s) também éra uma éxpréssao da cultura gréco-romana qué incluía uma grandé divérsidadé, principalménté na diaspora ondé Paulo éra ativo. Essés éstudiosos partém do préssuposto dé qué o judaí smo, smo, como um désénvolviménto cultural multifacétado é dinamico, ocorréu déntro dé outras culturas dinamicas multifacétadas no mundo hélénísstico tico é, por portan tanto, to, qué ha ha mui muito to mais mais int intéra éraça çao é com combin binaça açao dé idé idéias ias é compor com portam tamént éntos os cul cultur turais ais do qué dis distin tinça çao cat catégo égo ric ricaa ou soc social ial.. sép sépara araça ça o, com comoo os éstudiosos tradicionalménté supunham. Elés quérém évitar pérpétuar os habitos usuais dé érudiçao qué implicitaménté, quando na na o éxplicitaménté, répréséntam Paulo como éngajado ém criar 9. PAULO NO JUDAISMO uma cultura intéiraménté intéiraménté nova é difér diférénté, énté, novas comunida comunidadés dés é até até uma nova rélig réligia ia o; o; alé m disso, qué élé éstava fazéndo isso éspéciicaménté ém conlito com o judaí ssmo. alé mo. Embora éss Embora éssés és colabo colaborad radoré oréss tén ténham ham ché chégad gadoo a éss éssas as sén sénsib sibili ilidad dadés és é alt altérn érnati ativas vas intérprétativas dé forma rélativaménté indépéndénté umas das outras, é assim véjam as quéstoés é as éxponham dé manéiras divérsas é as vézés conlitantés, élés compartilham um intéréssé é préocupaçao, ém contrasté com os padroés prédominantés na érudiçao paulina, para énténdér Paulo como répréséntanté do judaí ssmo, mo, é réimaginar o qué isso signiicaria para as comunidadés qué élé fundou é procurou, por méio dé suas cartas, moldar. Embora ném todos os colaboradorés éxpréssém o assunto déssa manéira, podé-sé classiicar séu ésforço, é o dos outros apostolos é répréséntantés dé Jésus como Méssias, como uma nova “séita” ou “coalizao” judaica ou “moviménto dé réforma”. Elé éstava moldando, é élés éstavam séndo moldados ém subgrupos do judaíssmo, mo, isto é, déntro dé um modo dé vida cultural désénvolvido por é para judéus, émbora muitos, sé nao a maioria, daquélés qué sé juntavam a éssés subgrupos fossém é pérmanécéssém nao-judéus. Sua préocupaçao ém falar sobré as ténsoés sociais qué isso criou lévou a éscrita das cartas qué ainda procuramos intérprétar hojé.

 

Os participantés éstao préocupados com a términologia é a classiicaçao, é varios énsaios abordam éssé assunto dirétaménté. No éntanto, ésté projéto é rélativaménté novo, é muitas das préocupaçoés nésté moménto, comoo o léitor com léitor ira ira tés téstém témunh unhar, ar, tén téndém dém a gir girar ar ém tor torno no dé réc réconc oncéit éituar uar a man manéir éiraa dé pénsar sobré Paulo é suas comunidadés déntro do judaíssmo mo é, assim, propor paradigmas é vocabula rios altérnativos ao invé vocabula invé s dé do qué présumir qué o acordo ja ja foi alcançado. O procésso dé élaboraçao dé um novo paradigma énvolvé muito ésforço para évitar simplésménté réconigurar as formas familiarés. Em suma, o léitor éncon éncontrara trara aqui a form formaça aça o dé novas hipo hipo tésés é éxpér éxpérimént iméntaça aça o com va va rias considéraço considéraço és métodolo métodolo gicas é términolo términolo gicas para avaliar a proposiça proposiça o a 10 INTRODUÇAO léia Paulo dentro do ju judaí daísmo, ém véz da manéir éira como élé foi lido désdé ésdé o dé désé sénv nvol olvi vimé mént ntoo do pa paul ulin inis ismo mo dént déntro ro do cris cristi tian anis ismo mo , qu quan ando do éssé éssé mo movi vimén ménto to inicialménté judaico sé transformou ém um qué sé déinia principalménté como como  diferente é superior ao judaíssmo. mo. O volume O nucléo désté volumé é a idéia dé désénvolvé-lo foram inspirados por uma séssao intitulada “Paul and Judaism” na Sociéty of Biblical Litératuré ém 2010, ondé vérsoés antériorés dé varios déssés énsaios foram apréséntadas como papérs, é varios outros foram for am apr aprésé ésénta ntados dos na sés sésso so és anuais anuais subséq subséquén uéntés tés déss déssaa con consul sulta. ta. Alg Alguns uns for foram am désénvolvidos para ésté volumé para abordar quéstoés éspécí icas icas qué sao importantés paraa pés par pésqui quisar sar sob sobré ré Pau Paulo lo dé qua qualqu lquér ér pérspé pérspécti ctiva, va, por éxé éxémp mplo, lo, par paraa abo aborda rdarr as préocupaço és dina préocupaço dina micas décorréntés da crí tica tica políttica ica é dé généro. Os capítulos tulos sé concéntram ém diféréntés quéstoés dé pésquisa. Como é bém sabido, as rés réspo posta stass produto com mai maior or tipo pro probab dadéuntas dé sér sérém ém incluindo obt obtida idasdo s pél péla a pés pésqui quisa sa o sa sa o, ém mui muitos tos aspéctos, aspéc tos, dos tipos sbabili déilidadé pérg pérguntas féitas, incluin como élas sa sa énqu énquadradas adradas ou carrégadas carrég adas é cont contrasta rastadas, das, ou na na o, com outra outrass altérn altérnativ ativas. as. Esté procésso ésta ésta ém parté ligadoo a como as quésto ligad quésto és coloc colocadas adas sséra éra o présu présumivél mivélménté ménté réspon réspondidas, didas, bém como aos mé todos mé todos émprégados ém sua busca. No intéréssé da colégialidadé é do débaté produtivo no campo dos éstudos paulinos, Térréncé Térré ncé Donaldson acéitou graciosamén graciosaménté té o conv convité ité para oférécér uma avali avaliaça aça o críttica ica da da(s (s)) pé pérs rspé pécti ctiva va(s (s)) in intr trod oduz uzid ida( a(s) s) no noss én énsai saios os do doss cola colabo bora rado dorés rés.. As Aspé péct ctos os da intérprétaçao dé Donaldson dé Paul sé énquadram na éstrutura da Néw Pérspéctivé on Paul, é as vézés suas prémissas parécém diféréntés daquélas dos éditorés ou dé alguns dos colabo col aborad radoré orés. s. Com Comoo sér séria ia dé ésp éspéra érar, r, élé na na o ésta ésta int intéir éiramé aménté nté con convén véncid cidoo pél pélos os argum arg umént éntos os apr aprésé ésénta ntados dos nés néssés sés éns énsaio aios. s. Sér Séraa int intéré éréssa ssanté nté vér com comoo os rév réviso isorés rés é pésquisadorés qué éntram na 11ª

 

PAULO NO JUDAISMO discussao dé varias pérspéctivas réspondém aos arguméntos apréséntados, é sua crí ttica ica délés. Os Contribuintés No énsaio dé abértura, Magnus Zéttérholm aprésénta o éstado das quéstoés a sérém féitas a pésquisa qué busca éxplorar a intérprétaçao dé Paulo como um judéu do priméiro século é répréséntanté do judaíssmo. mo. Elé éxplica a diférénça éntré partir dé quéstoés téologicas cristas tradicionais é normativas é dépois prosséguir déntro é ém diréçao aos objétivos a qué sérvém é buscar fazér pésquisas dé acordo com os padro padro és ciéntíicos icos da historiograia, o qué podé produzir résultados bastanté diféréntés do qué sé supoé - até contrariar nossas éx éxpé péct ctat ativ ivas as in inic icia iais is - qu quéé pr prov ovav avélm élmén énté té fora foram m ba baséa séada dass ém cons constr truç uçoo és cr cris ista ta s normativas dé Paulo. A quéstao nao é déscartar os intéréssés do priméiro, mas ésclarécér a nécéss néc éssida idadé dé dé éng éngajam ajamént éntoo transc transcult ultura urall da voz his histo to ric ricaa dé Paulo Paulo,, qué é a tar taréfa éfa réalizada pélos colaboradorés aqui. Zéttérholm traça a historia da récépçao do Paulo antijudaico construí d daa ao longo dos sé culos a partir téologicas crista normativas. Estés m normalménté acéntuado a distadé nciapérspéctivas éntré o cristianismo (dos intésrprétés) é o judaí ssmo moté(do outro) com o qual tém sido désfavoravélménté comparado por méio da intérprétaçao da voz dé Paulo. Elé também discuté os paradigmas académicos qué foram avançados duranté os ultimos dois sé sé cculos. ulos. Em séguida, Zéttérholm Zéttérholm déscré déscrévé vé as mudanças récéntés qué éstab éstabélécér élécéram am as basés para ésté volumé, a Nova Pérspéctiva é varias outras abordagéns qué dérivaram dé séus insights basicos. Elé também discuté algumas das razoés pélas quais alguns éstudiosos, como os incluídos dos nésté volumé, considéram os résultados até agora inadéquados para a taréfa dé construir Paulo déntro dé séu pro pro prio contéxto prova prova vél do priméiro século. 12 INTRODUÇAO Dépois dé éxpor varios témas qué surgém da léitura dé Paulo déntro do judaí smo qué o diférénciam dos paradigmas intérprétativos antériorés, Zéttérholm éxplica qué a idéia dé “cristianismo” para Paulo, é qué foi concébida como uma “tércéira raça” composta por péssoa pés soass qué sa sa o ném judéus judéus ném na nao-jud -judéus éus,, sa sa o ana anacro cro nic nicos os é qua quasé sé cér cértam tamént éntéé énganados. éngan ados. Alé Alé m disso disso,, sé algué algué m postu postula la qué Paulo ainda obsérv obsérvava ava a Tora Tora , assim como Zéttérholm é varios colaboradorés, éntao a idéia dé qué Paulo a réjéitou como obsoléta ou antité anti tética aos objétivos dos judéus séguidorés séguidorés dé Crist Cristoo é ilo ilo gica. Zéttérholm Zéttérholm éxplica éxplica qué Paulo na na o éra contra a obsérv obsérvaan ncia cia da Tora Tora pélos judéus, inclu incluindo indo élé mésm mésmo; o; ém véz disso, élé foi inléxivélménté contra a obsérvancia da Tora por nao-judéus qué sé tornaram séguidorés dé Jésus. O réconhéciménto déssa distinça é céntral para compartilhou a taréfa ém ma os, mas é éncobérto na maioria das construço és dé Paulooaté hojé. Paulo éssa

 

objéça o aa Tora objéça Tora para na na oo-judéus -judéus com alguns outros judéus é grupos judaicos; éra uma forma dé os judéus protégérém a Tora, ém véz dé uma éxpréssao dé résisténcia a sua oriéntaçao. No éntanto, uma véz qué ésté judéu A “facçao” atraiu muitos nao-judéus, qué naturalménté éstariam dépois praticando as normas norm as judaicas judaicas da vida comuna comunal,l, mésmo qué na na o sob a Tora Tora técni técnicamén caménté té como na na ojudéus, isso lévou a varias visoés conlitantés sobré a posiçao é o comportaménto éspérado déssés nao-judéus. -Judéus dé déntro do moviménto é dé fora délé, como atéstam as cartas dé Paulo. Quando as cartas dé Paulo sao abordadas aténdéndo a éssé tipo dé dinamica, torna-sé évidénté qué nao sé podé lér dirétaménté dé Paulo para o cristianismo postérior, mésmo para o paulinismo postérior, qué foram fénoménos “géntios” qué nao ocorréram déntro do judaíssmo. mo. Dévé-sé, portanto, éngajar-sé ém um ésforço transcultural qué coméça com a obsérvaçao dé qué Paulo éstava éscrévéndo suas cartas déntro do judaí judaísmo, smo, nao do cristianismo, mésmo qué nao séja assim qué suas cartas foram lidas désdé pélo ménos mé nos algum ponto do ségundo século. . 13 PAULO NO JUDAISMO Andérs Runésson éxamina a quésta quésta o da términologia para construço construço és dé Paulo, bém como do judaíssmo. mo. Elé sé concéntra ém dois térmos, “Cristianismo” é séus cognatos, é “igréja”, émbora as implicaçoés dé suas considéraçoés métodologicas é corrélatas para abordar informaçoés historicas sé ésténdam a muitos outros térmos é topicos. Runésson réconhécé qué a manéira como éssés tí ttulos ulos foram usados sérviu aos intéréssés cristaos postériorés, mas obsérva qué élés sao inadéquados para a taréfa histo histo rica dé intérprétar a pérspéctiva dé Paulo ém séu contéxto judaico grécoromano do priméiro século. Para éxplicar isso, élé traça como funciona o procésso dé léitura transcultural. A léitura déssés téxtos énvolvé a nécéssidadé dé traduzir as coisas aparéntéménté novas éncontradas éncon tradas ém térmos ja ja famil familiarés iarés a no no s mésmo mésmoss é, assim, corré-sé o risco dé pérd pérdér ér o sé sént ntid idoo qu quéé élas élas ti tinh nham am para para o ou outr tro. o. Po Port rtan anto to,, o hist histor oria iado dorr dév dévéé proc procur urar ar tant tantoo désfamiliarizar quanto déscolonizar sua propria pérspéctiva intérprétativa, tanto quanto for capaz dé fazé-lo, mésmo qué isso nunca séja complétaménté possívvél. él. Mudar nosso vocabula rio éé um éléménto importanté nésté émprééndiménto. vocabula E amplaménté réconhécido qué as priméiras apariço apariço és dé cristãos são postériorés a Paulo é qué élé nunca sé référé a si mésmo ou a qualquér outra péssoa por ésté térmo ou séus cognatos. cogna tos. Alé Além do ésforço para évitar évitar o uso anacro anacro nico déssa términol términologia ogia ao discu discutir tir os pontosassim dé vista Paulo, Runésson nossa discutécapacidadé como, mésmo sé qualiicado usado, ainda inibédésigniicativaménté dé concéituar a visaquando o dé mundo dé

 

Paulo como algo inéréntéménté diférénté do désénvolviménto postérior do cristianismo como uma réligiao." Aquélés a quém procuramos énténdér izéram pérguntas diféréntés é éspéravam réspostas diféréntés do qué os cristaos postériorés (é também os judéus postériorés). Além disso, o térmo cristão tém é ainda funciona ém uma rélaçao binaria com os térmos judéu, judéu é judaí smo, smo, bém como com a Tora, o qué inibé a capacidadé dé considérar o qué signiica falar dé Paulo como judéu ou como judéu ou 14. INTRODUÇAO déntro do judaíssmo mo ou obsérvando a Tora a parté déssa manéira contrastiva dé concéituar as possibilidadés. Em séguida, Runésson éxplica como o térmo ekklēsia , do qual a traduçao “igréja” dérivou, também passou a répréséntar algo qué é, por déiniçao, distinguí vvél él dé “sinagoga”. No éntanto, éntan to, sabémos qué éssa términol términologia ogia ja ja éra usada na Séptuagin Séptuaginta ta antés do témpo dé Paulo, é ainda éra usada dé forma intércambiavél para sé référir a assémbléias ou réunioés dé grégos, romanos é outros, incluindo judéus. Runésson mostra como os tradutorés do Novo Téstaménto désénvolvéram uma convénçao dé sé référir apénas as assémbléias qué séguém a Cristo como “igréjas” é os judéus qué nao séguém a Cristo como “sinagogas”. Os casos dé Galatas 1:22 é 1 Téssalonicénsés 2:14 dé démo mons nstr trar ar qu quéé ekkl ekklēs ēsia ia éra um térmo qué, sé nao também qualiicado como séndo éspéciicaménté séguidor dé Cristo, séria naturalménté énténdido como répréséntando réunio és dé sinagogas dé judéus qué na réunio na o sé supunha sérém ailiados a séguidorés dé Cristo: a ekklēsia ainda na na o éra o qué “igréja” passou a réprés “igréja” répréséntar éntar.. Assi Assim, m, é anacr anacroonico é inu inu til para éntén énténdér dér Paulo ém séu pro prio contéxto usar a traduça pro traduça o “igréja” ao lér é discutir Paulo é suas “assémblé “assémblé iias” as” judaicas. Karin Hédnér Zéttérholm discuté a importanté quéstao das suposiçoés ao sé éngajar na invé invésti stiga gaça ça o hi hist stoori rica ca.. El Elaa apli aplica ca éssa éssa pr préo éocu cupa paça ça o ao to to pico pico da intér intérpr prét étaça aça o da obsérva n obsérva ncia cia da Tora Tora no priméiro sé sé culo culo é, portanto, para discutir Paulo ém térmos da Tora Tora . Séu énsaio fornécé ésclaréciméntos importantés rélévantés para qualquér discussao sobré o rélacionaménto dé Paulo nao apénas com a obsérvancia da Tora, mas com a idéntidadé judaica é com o judaíssmo mo dé forma mais ampla: éssés térmos sé référém nao a concéitos éstaticos, mas a concéitos dinamicos. Cada um é altaménté matizado; assim também dévé sé sérr di disc scus usso so é s po post stér ério ioré réss sobr sobréé élés élés.. El Elaa qu qués ésti tion onaa as supo suposi siço ço é s dé mu muit itos os pronunci pron unciaménto améntoss dé pont pontos os dé vist vistaa dé Paulo sobré a Tora Tora é o judaí judaíssmo, mo, éxplorando o éspéctro dé signiicado duranté o témpo dé Paulo, bém como dépois é duranté o nosso pro prio témpo. Ela simpliica é compléxiica os 15 pro

 

PAULO NO JUDAISMO ré réali alida dadés dés dé déss ssés és té téma mass é as form formas as como como élés élés sa sa o discu discuti tido doss po porr mé méio io dé téxt téxtos os invéstigativos é por méio dé éxémplos contémpora contémpora néos ana ana logos. A inté intérp rpré réta taça ça o da To Tora ra é a ob obsé sérv rvaan ci ciaa da hala halaka kah h sa sa o gové govérn rnad adas as po porr va va r ia iass considéraçoés morais baséadas na convicçao dé qué Déus é moral. No éntanto, déinir a morali mor alidad dadéé dé Déu Déuss nat natura uralmé lménté nté énv énvolv olvéé int intérp érprét rétaça açao, ass assim im com comoo déi déinir nir com comoo obsérvar a Tora. Cada uma délas é pércébida é pondérada dé forma variada por diféréntés judéu judéuss é gr grup upos os ju juda daic icos os,, o qué qué in incl clui ui difér diférén énté téss déc décis isoo és toma tomada dass ém difér diférén énté téss moméntos, lugarés é situaçoés, é assim por dianté. Ha uma diférénça éntré tomar décisoés intérprétativas sobré como mélhor obsérvar a Tora é tomar décisoés para ignorar a Tora ou halakah éspécíica, ica, é também éntré como um ou séu grupo pércébé as décisoés dé séu pro prio grupo judaico é aquélas tomadas por outros judéus é grupos judaicos. pro Além disso, ha a quéstao dé nao cumprir intéiraménté, sémpré, as décisoés intérprétativas a s qua quais is uma pés péssoa soa ou gru grupo po sub subscré scrévé vé intégr intégralm almént énté, é, par paraa as qua quais is a Tor Toraa tam també bém préscrévé soluço soluço és. Hédnér quésto és qué surgém para déinir éssés assuntos ém um contéxtoZéttérholm do priméirodésénvolvé sé cculo sé ulo poras méio da discussa o das instruço instruço  és rélacionadas aa comida dé íd dolos olos qué Paulo émitiu ém 1 Coríntios ntios 8 a 10. Ela obsérva qué o tipo dé décisao qué Paulo faz ali – quando sé dirigé a nao-judéus qué participam dé assémbléias judaicas ém um ambiénté dé dia dia sspora pora ém um ambiénté social qué énvolvia pra pra ticas cultuais gréco-romanas – sao ém muitos aspéctos sémélhantés aos tipos dé débatés rabí n nicos icos é décisoés sobré idolatria qué surgém no tratado da Mishna  Abodah  Abodah Zarah . Enfatizando a diférénça éntré as inténçoés do adépto é as pércépçoés dé suas inténçoés por outros qué provavélménté téstémunharao as açoés, éla traça o raciocí n nio io déntro dos arguméntos dé Paulo ao lado dos argum arg umént éntos os dé va va rio rioss out outros ros jud judéus éus,, in inclu cluind indoo éxé éxémp mplos los contém contémpor poraanéo néos. s. Com Comoo os rabinos ao discutir o qué constitui idolatria para nao-judéus, qué inclui avaliaçao dos éléméntos sociais éspécíicos icos énvolvidos, éla énténdé qué Paulo ésta désénvolvéndo halakic 16 INTRODUÇAO praticas para nao-judéus séguidorés dé Cristo no mundo social nao-judaico dé Corinto. Mésmo qué as conclusoés dé Paulo possam, ém qualquér caso, sér diféréntés das dos rabi rabino noss po post stér ério ioré rés, s, como como él élés és,, élé élé na na o ésta ésta désc déscar arta tan ndo o pa papé péll da To Tora ra , ma mass intérprétando a oriéntaçao dé Déus, com a principal diférénça séndo qué os téxtos qué témos mostram Paulo fazéndo isso para instruir na na o-judéus. Mark Nan Mark Nanos os sé com compr promé omété té a rés réspon pondér dér a qué quésta stao dé com comoo sé dév dévéé con concéi céitua tuarr Pau Paulo lo déntro do judaísmo smo no topico da circuncisao é, portanto, nos topicos do judaí ssmo mo é da obsérvancia da Tora dé manéira mais géral. Elé éxamina a oposiçao dé Paulo a circuncisao ém convérsa com um éxémplo dé Joséfo, qué aprésénta uma historia énvolvéndo varios consélhéiros judéus do réi Izatés. Essés judéus nao concordam sé éssé réi nao judéu dé um

 

povo na na o judéu judéu,, qué ésta ésta intér intéréssado éssado ém prati praticar car costumés judaicos judaicos é até até ém sé torn tornar ar judéu judéu,, dév dévéé ou na na o sér ci circ rcun unci cida dado do.. Na Nano noss ob obsér sérva va qu quéé os po pont ntos os dé vi vist staa dés déssé séss consélhéiros foram baséados no qué cada um arguméntou qué séria o curso mais iél para Izatés. Nénhum dos consélhéiros concédéu ao outro o idéal dé idélidadé, é cada um baséou sua posiçao nos aspéctos éspécíicos icos do caso dé Izatés ém quéstao. Elés nao procuraram aplica apl icarr éss éssas as posiç posiçooés a tod todos os os na nao-jud -judéus éus,, mui muito to mén ménos os a qua qualqu lquér ér jud judéu. éu. As Assim sim també m, propo é Nanos, os dirigiu arguméntos Paulo ém varias ocartas aos nao-judéus séguidorés dé Cristo qué élé foramdé baséados ém suas sua avaliaça do qué répréséntaria o curso iél éspécíico ico para élés, ém véz dé princíp pios ios gérais qué élé aplicaria a todos. naojudéus pér sé ou a quaisquér judéus. Da mésma forma, aquélés a quém Paulo sé opoé na Gala ccia Gala ia - por procurar inluénciar éssés na na oo-judéus -judéus para vir a sér prosélitos por caminho do complétando circuncisao - quasé cértaménté tériam baséado suas proprias posiçoés sobré o qué élés ac acré rédi dita tava vam m sé sérr o cu curs rsoo mai mais i iél él.. Ségu Séguéé-sé sé qué qué né ném m Pa Paul uloo né ném m séus séus op opon onén énté téss provavélménté tériam cédido o idéal dé idélidadé ao outro. 17 PAULO NO JUDAISMO Ao analisar as posiçoés tomadas por judéus é grupos judaicos sobré a circuncisao é témas rélacionados, como no caso dé Izatés, os éstudiosos costumam distinguir casos énvolvéndo a “convérsao dé nao-judéus ém judéus” da “adoçao dé comportaménto judaico por nao judéus”. -judéus”, é para distinguir ambos da “circuncisao é comportaménto dos judéus”. Nanos propoé qué, sé a mésma disciplina fossé aplicada ao concéituar Paulo, muitas das níttidas idas distinçoés éntré as razoés osténsivas dé Paulo para sé opor a circuncisao é outros “judéus” o comportaménto por parté dos nao-judéus séria intérprétado dé manéira muito diférénté do qué tém sido, tanto tradicionalménté quanto na Nova Pérspéctiva sobré Paulo. Além do téma éspécíico ico da fé é da idélidadé utilizado por Joséfo é Paulo, Nanos chama a aténçao para para os cont contéx éxto toss ém qué ergo ergonn é ergōn rgōn (plur (plural al possés posséssivo) sivo) surgém ém rélaça rélaça o a fé fé (plénitudé), traçando uma nova proposta dé como énténdér A frasé dé Paulo, ergōn nomou

 

(géralméntéé tradu (géralmént traduzida zida como “obras da léi”). Essés movi moviménto méntoss abrém uma nova manéira dé énquadrar todo o topico “fé vérsus obras”. Nanos conclui qué a oposiçao dé Paulo ao ergōn nomou éra apénas para os ritos énvolvidos na convérsao do prosélito (circuncisao é “atos/obras”) nao para as normas comportaméntais judaicas para judéus ou mésmo para nao-judéus dé forma mais ampla. Paulo nao éra contra boas obras ou obras judaicas ou marcad mar cadoré oréss dé idé idénti ntidad dadéé —p —par araa jude judeus us ; élé éra contra a imposiçao da convérsao a idéntidadé tnica (os trabalhos/ritos convérsao mémbros prosélito)dapara naojudéus, umaévéz quéjudaica élés ja éram (dé acordo comdé o évangélho) famíéssés lia lia dé Déus como na na o-ju o-judéus, déus, por méio dé Jésus Cristo. Cristo. Elés ja ja prati praticavam cavam as boas obras déntro do judaíssmo mo como na na oo-judéus, -judéus, émbora na na o o éspécíico ico “obras/ritos” dé circuncisao qué os tornariam judéus, téstémunhando assim a chégada da éspérada éra da réconciliaçao das naçoés ao lado dé Israél, dé acordo com o énténdiménto dé Paulo sobré o qué Nanos déscrévé como a proposta évangé évangé llica ica “cronomé “cronomé ttrica” rica” dé Paulo. 18 INTRODUÇAO Em conclusa o, Nanos aprésénta vadiscursivos rias dirétrizés gicas, os bém éléméntos términolo gicos é outros éléméntos quémétodolo dévém ajudar intécomo rprétés a évitar confundir éssés assuntos ao discutir Paulo, bém como outros autorés judéus, nao ménos os rabinos, daqui para frénté. Caro Caroli liné né John Johnso son n Ho Hodg dgéé cons consid idér éraa a qués quésta ta o da idén idénti tida dadé dé,, é éspé éspéci cii ica camén ménté té da idéntidadé dos na na oo-judéus -judéus déntro das assémblé assémblé iias as dé Paul. Ela coméça notando qué Paulo régularménté sé dirigé ao séu publico nao-judéu (qué é o pu bli pu blicoco-alv alvoo dé tod todas as as sua suass ins instru truço ço és) com comoo et ethn hnēē (mémbros das naçoés [além dé Israél]), mas também os distingué dé nao séguidorés dé Cristo qué nao séguém a Cristo. Judéus qué adoram outros déusés. No éntanto, ém um caso intéréssanté qué Johnson Hodgé éxplora, Paulo sé référé ao séu publico como nao mais ethnē : “Vocés sabém qué quando vocés éram géntios [ ethnē ], vocé vocés foram désvi désviados, ados, lévados a íd dolos olos mudos” (1 Corín ntios tios 12:2). ). Ao mésmo témpo, Paulo nunca os chama “cristaos” ou os idéntiica como judéus ou israélitas. Articular os éléméntos déssé énigma dé idéntiicaçao é buscar énténdér o qué é signiicado pélo rotulo ethnē para Paulo – é o qué na na o éé – éé o cérné désté énsaio. Johnson Hodgé évita o uso dé “géntios” para traduzir ethnē por va va rrias ias razo razo és é dé acordo com as préféréncias dé varios outros colaboradorés. A manéira como a idéntidadé é a étnicidadé tém sido tipicaménté concéituadas é parté do probléma qué éla procura matizar para énténdér como Paul Pauloo ésta ésta résolv résolvéndo éndo como récon réconigur igurar ar séu rélaci rélacionamén onaménto to com Déus é Israél como judéus ném ethnē nas formas comuménté concéituadas no judaíssmo mo , ou por Paulo antériorménté.

 

Elés sa sa o um tipo diférénté dé ethnē ; élés tém idéntidadés mu mu ltiplas qué na na o sa sa o totalménté ixa ixas, s, é a am ambi bigu guid idad adéé qu quéé isso isso cria cria é um aspéc aspécto to dé como como Pa Paul ul ésta ésta él élab abor oran ando do a construça o dé sua idéntidadé. Sua réto construça réto rica ésta ésta préscrévéndo um comportaménto para élés qué ésta ésta ligado aa sua ilosoia téolo téolo gica. PAULO NO JUDAISMO compréénsa o dé como a histo compréénsa histo ria da rédénça rédénça o dé Israél é da dass naço naço és ésta ésta sé désénrolando. Apos uma discussao das quéstoés gérais, Johnson Hodgé éxamina como a idéia da “santa séménté” sémén té” funcion funcionaa ém Esdras éé Jubileus  Jubileus , é como Paulo usa um argum arguménto énto sémélha sémélhanté nté ém Galatas 3 para apoiar a inclusao déssés nao-judéus ém Cristo como aquélé dé éstar na “séménté dé Abraao” sém sé tornar judéus. Com éssa analogia ém maos, éla éxamina como Paulo sé baséia nos discursos dé puréza judaica para éxplicar como, ém 1 Corí n ntios tios 6, éssés na na o-judéus sé tornaram mémbros santos do corpo dé Cristo, ao lado dé judéus como Paulo. Idéntiicar éssés ethnē como ém Cristo é ém si uma manéira judaica dé énténdér quém élés sa sa o , mas mas qué qué na na o élim élimin inaa a dist distin inça ça o én éntr tréé sua sua idén idénti tii ica caça ça o con contí tín nua ua co como mo nao-judéus/nao-israélitas: “Elés éstao inséridos na séménté dé Abraao como géntios é pérmanécém géntios, dé éspé éspécial, dé ;santiicados péloPau batismo”. Essa idéntidadé idént idadé é ttnica nica híb brida ridauma énv énvolv olvééciénov novas as ambig ambdépois iguid uidadés adés; As cartas cartas dé Paulo lo for fornéc nécém ém évidéncias das manéiras pélas quais élé éstava téntando résolvér éssas quéstoés a partir do judaíssmo. mo. Paula Frédriksén éxamina a quéstao da adoraçao, ém particular, a adoraçao dé déusés por aquélés qué nao sao judéus é como isso contrasta com a adoraçao do Déus dé Israél para a qual Paulo trouxé nao-judéus, é como isso sé baséia ém sua compréénsao dé a réstauraçao dé Israél téndo coméçado. Ela pédé ao léitor qué rélita sobré o qué signiicou para os naojudéus, cujo mundo é visoés dé mundo éram povoados por déusés qué éstavam énvolvidos ém todas as facétas da vida péssoal, familiar é cívica, vica, éntrarém ém adoraçao déntro da cosm cosmov ovis isaao ju judai daica ca dé sé ségu guir ir a Cr Cris isto to dé Pa Paul ulo. o. comu comuni nida dadés dés.. Os cont contra rasté stéss éram éram surpréénd surp rééndéntés, éntés, é a insi insisté sté n ncia cia dé Paulo ém qué élés désisti désistissém ssém das pra pra ticas comuns dé culto a éssés déusés, ao contrario do qué sé éspérava dé nao-judéus qué éram hospédés dé outros grupos judaicos da dia dia sspora, pora, gérou gravés conséqué conséqué n ncias. cias. Ela pérgunta por qué Paul abordaria suas résponsabilidadés déssa manéira. 20 INTRODUÇAO As réspostas sao varias. Frédriksén ésboça por qué sé référir a élés como “pagaos” ém véz dé “géntios” éé u til: manté manté m salién saliénté té a idént idéntidadé idadé étnica é rélig réligiosa iosa combina combinada da dé suas visoés dé mundo ém térmos dé famíllia, ia, cidadé é impé impé rrio; io; “déusés antigos corria corriam m ém séu sangué”. Duranté géraço és, spora, osra, judéus déscobriram como négociar sua judéus jud éus nas cidadé cidadés s da dia dia spo o qué qué, , po porr déiniç déiniça ao, énv énvolv olvia ia viv vivér ér idéntidadé “ de dent ntro ro décomo uma

 

instituiça o réligiosa paga instituiça paga ”. Elés também énténdiam, como as Escrituras também rétratavam o mundo dos israélitas, qué énquanto élés adoravam séu Déus como o maior dos déusés, cada povo tinha séus déusés para adorar. Vivér éntré nao-judéus, portanto, éxigia négociar éssa compléxidadé. Ha Ha alguma évidé évidé n ncia cia dé na na oo-judéus -judéus “convértidos”, mas éra mais comum qué nao-judéus éxpréssassém varios nívéis véis dé réspéito pélas comunidadés judaicas é séu déus énquanto pérmanéciam “paga “paga oos”. s”. E désté uu ltim ltimoo grup grupoo qué Paulo prov provavélmén avélménté té éncon éncontrou trou os intér intéréssado éssadoss na ménsagém qué élé proclamou. Mas élé insistiu qué mésmo qué élés nao sé torném judéus, élés dévém déixarr dé particip déixa participar ar do culto aos déusés dos na na oo-judéus, -judéus, o qué suscitou uma forté réaça réaça o tanto dé judéus quanto dé nao-judéus, pois nao éra assim qué éssés assuntos haviam ocorrido. négociado no passado. Por qué Paulo féz ésté curso? Paulo trabalhou com a convicçao dé qué as éxpéctativas apocalíp pticas ticas dé um témpo ém qué aquélés das naçoés adorariam o Déus dé Israél como séu proprio Déus ao lado dé Israél haviam chégado. As crisés atuais dé qué a diférénça éntré éssa convicçao dé sua chégada é dé sua consumaçao inal séria brévé, é assim o éstréssé criado por éssé désvio dos arranjos sociais normais nao duraria muito, mas éra nécéssario no moménto. Sérviu como o “intérruptor dé viagém” pélo qual Déus acabaria por réstaurar as naçoés, assim como Isra Israél él,, as assi sim m como como as Escr Escrit itur uras as ha havi viam am pré prédi dito to,, qu quéé agor agoraa fo foii décod décodi iic icad adaa pélo péloss séguidorés dé Jésus Cristo. Essés “paga “paga os” récéb récébéram éram o Espírrito; ito; élés nao podiam mais adorar outros déusés. Téndo sido “justiicado péla fé fé ”, ”, Frédriksén 21 PAULO NO JUDAISMO ar argu gumé mént ntaa qu quéé éssé ésséss na na o-j -jud udéu éuss ésta éstava vam, m, dé ac acor ordo do com com Pa Paul ulo, o, sob sob no nové vé do doss Dé Dézz Mandaméntos: élés dévériam adérir “irméménté” ao cumpriménto dé todas as obrigaçoés morais, mas nao ao ritual judaico da obsérvancia do sabado, uma véz qué nao sé tornaram judéus jud éus,, mas na na o obs obstan tanté, té, tor tornar naramam-sé sé “ju “justo stos”. s”. Ass Assim, im, éla sug sugéré éré qu quéé tra traduz duzamo amoss dikaiosynē ek pisteōs dé forma a signiicar “comportaménto corréto dé acordo a cordo com a Léi por causa do irmé apégo ao évangélho”. é vangélho”. Néil Elliott aborda a quéstao da políttica, ica, do qué signiica discutir Paulo como um judéu da diaspora sob o domín nio io rom romano ano.. Elé éxp éxplic licaa uma sé sérié dé im impli plicaço caço és po polí lítticas icas qué décorrém da léitura dé Paulo déntro do judaíssmo. mo. Elé émprééndé éssa taréfa ém convérsa com uma variédadé dé abordagéns contémporanéas qué procuram lér Paulo é séu cénario dé man manéi éira ra di difé féré rén nté té,, ma mas, s, no én énta tant nto, o, pérp pérpét étua uar, r, ém véz véz dé désa désai iar ar,, fo form rmas as profundaménté arraigadas dé concéituar a téologia é a pratica dé Paulo ém ní tido tido contrasté com o judaíssmo, mo, qué ainda é (mal) rétratado como infériorés. El Elli liot ottt éx éxam amin inaa os ar argu gumén ménto toss ré répr prés ésén énta tati tivo voss da No Nova va Pé Pérs rspé péct ctiv ivaa sobr sobréé Pa Paul ul,, concéntrando-sé ém um énsaio marcanté dé Jorg Fréy, dépois avalia quéstoés sémélhantés na léitura sociociéntíica ica dé Brucé J. Malina é John J. Pilch. Essés diféréntés éstudiosos (as vézés) négam éxplicitaménté qué Paulo déixou o judaíssmo; mo; no éntanto, Elliott mostra como

 

suas décisoés intérprétativas continuam a minar tais airmaçoés. Isso naturalménté ségué método mét odolog logica icamén ménté té qua quando ndo Pau Paulo lo é abo aborda rdado do princ principa ipalmén lménté té por méi méioo das léitur léituras as cristianizadas récébidas délé, é nao da suposiçao muito diférénté dé qué as préocupaçoés dé Paulo provavélménté surgiram déntro dé séu contéxto judaico do priméiro século. El Elli liot ottt ob obsér sérva va um umaa dés désco coné néxa xa o én éntr tréé as im impl plic icaç açoo és lo lo gica gicass dé no novo voss insi insigh ghts ts é abordagéns a Paulo é ao judaí ssmo mo é o péso dos compromissos habituais com as conclusoés tradicionais é pra pra tticas icas discursivas. Lévar a sério o contéxto judaico dé Paulo é suas comunidadés no priméiro século signiica lutar com o qué signiicava vivér déntro dé 22 INTRODUÇAO o Império Romano como judéus, ou no caso dos nao-judéus a quém Paulo éscrévé, o qué signiicava para élés sé juntarém a um moviménto judaico céntrado ém réivindicaçoés méssianicas dé um judéu cruciicado por Roma. Ao intéragir com o trabalho dé John MG Barclay, Barcl ay, Elliott ésclarécé como o judaí judaísmo smo podé sér déinido dé forma muito diférénté do qué tém sido, é assim também podé Paul. O qué signiicaria lévar a sério qué sér judéu nao é ém si alg algoo di difé féré rént ntéé dé sé sérr gr grég égoo ou sér roma romano no?? Po Podém démos os énté énténd ndér ér idén idénti tida dadé déss sobrépostas é cruzadas, incluindo as compléxas négociaçoés nécéssarias para vivér sob o Impé rio Impé rio Romano, como parté intégranté dé sér judéu? Kathy Ehrénspérgér discuté a(s) quéstao(oés) dé généro, do qué signiica buscar récolocar Paulo ém rélaçao ao judaíssmo. mo. Ela obsérva quao poucas pésquisas foram conduzidas até hojé sobré a quéstao da posiçao dé Paulo sobré quéstoés crítticas icas dé généro déntro do judaísmo smo dé séu témpo, ou como um répréséntanté délé. Entao, a “régra” déclarada ém 1 Corín ntios tios 14: 14:3333-36, 36, qué tra tradic dicion ionalm almént éntéé tém sid sidoo ént énténd éndida ida par paraa indic indicar ar qué Pau Paulo lo pr procu ocurou rou man mantér tér as mu mulhér lhérés és dé pap papééis is ati ativos vos ém assé assémb mblé léias qué ost osténs énsiva ivamén ménté té coméçaram ém térmos mais igualitarios ém contrasté com as praticas judaicas, séria mais provavélménté indicam qué éssés nao-judéus nao éstavam préparados para as réstriçoés a participaçao das mulhérés qué éram praticadas ém séus contéxtos nao-judéus nativos. Elés ainda nao sabiam como as novas oportunidadés dé participaça dasévidé mulhérés agora oférécidas por éssésnégociar s ubgrupos subgrupos judaicos. Dépois dé éxaminar algumaso das évidé n ncias cias da participaçao das mulhérés nas réunioés da sinagoga da época, Ehrénspérgér démonstra como como a or orié iént ntaç açaao dé Pa Paul uloo para para a ré réal aliz izaç açaa o dé or oraç açoo és é prof proféci écias as im impl plic icaa séu énvolviménto ativo néssas atividadés, émbora com cértas réstriçoés para garantir a ordém dé manéiras qué aparéntéménté sé conformavam as régras prédominantés. tradiçoés. Assim, émbora Paulo fossé um homém dé séu témpo, época ém qué nao sé podé négar arranjos hiéra hiéra rrquicos quicos baséados no gé gé néro, néro, foram as normas ménos hiéra hiéra rrquicas quicas 23 PAULO NO JUDAISMO opérantés déntro dé grupos judaicos qué criaram as novas oportunidadés dé participaçao, é na nao o contr contraarrio. io. Ela apon aponta ta va va rias manéira manéirass dé consi considérar dérar como as instr instruço uço és dé Paulo podém sé alinhar com as distinçoés dé outros grupos judaicos contémporanéos no qué diz réspéito aa léitura é instruça instruça o das Escrituras, vérsus atividadés como oraçao é profécia.

 

Ehrénspérgér também discuté as quéstoés mais gérais dé univérsalizaçao fréquéntéménté atribuídas das a Paulo, nésté caso com énfasé no probléma dé négar logicaménté as diférénças dé gé gé n ér éroo a sé sérv rviç içoo do ma mant ntra ra dé “u “um m no novo vo homém homém”, ”, para paralél lélam amén énté té a néga négaça ça o da idéntidadé judaica na suposta univérsalizaçao dé todos como “cristaos”, um cénario ém qué todos sao, por déiniçao, univérsalizados ao status dé nao-judéus. Ela ségué com uma léitura dé Paulo présérvando a particularidadé, a incorporaçao da diférénça étnica é dé gé gé néro ént éntré ré os qué partic participa s déss déssas ekklēs ekk lēsia ia jud judaic aica a ém Cristo, qué a évidé ncia sugéré foiipanté o ntés caso éntréasoutras ekklēsia judaica dé Déussémélhanté do SégundoaoTémplo qué na na o compartilhar suas convicço convicço és sobré o signiicado dé Jésus. O Réquérido Térréncé Donaldson oférécé uma avaliaçao críttica ica dos énsaios como um défénsor da Nova Pérspéctiva, dé fato, como alguém qué avançou ém varias trajétorias dé pésquisa déntro déla. Avaliar criticaménté pérspéctivas qué sao, ém alguns aspéctos importantés, diféréntés das pro pro prias na na o éé uma taréfa fa fa cil, é é préciso muito trabalho para fazé-lo bém. Donaldson é um éspécialista nisso, é os éditorés éstao muito gratos por élé tér coméçado a réspondér aa s va va rias posiço posiço és apréséntadas nésté volumé dé manéira tao construtiva é u til. Donaldson traça as quéstoés qué motivaram sua propria pésquisa é as soluçoés qué élé oférécéu, o qué é muito uu til para 24 INTRODUÇAO comprééndér algumas das principais linhas da Nova Pérspéctiva, bém como ondé surgé alguma divérsidadé éntré séus proponéntés. Em séguida, élé traça algumas das principais linhas dos arguméntos dos colaboradorés. Em muitos pontos importantés, Donaldson airma a sénsibilidadé é os arguméntos dos colaboradorés, incluindo a idéia dé lér Paulo déntro do judaí ssmo mo é a nécéssidadé dé éncontrar uma nova términologia para éxplicar o qué éstava acontécéndo nas comunidadés dé Paulo. Quando Donaldson sé volta para a avaliaçao crí ttica ica das contribuiçoés, élé déstaca dois pontos principais. Estés mérécém brévé apréséntaça apréséntaça o aqui. Priméiro, Donaldson Priméiro, Donaldson obsérv obsérvaa qué muitos dos colaborado colaboradorés rés éxpli éxplicam cam o éntén énténdimén diménto to dé Paulo sobré a inclusa inclusa o dé na na oo-judéus -judéus ém térmos dé judéus. éxpéctativas da “téologia da réstauraçao”. Elé acha ésta léitura atraénté, mas inalménté inadéquada, porqué élé énténdé qué Paulo acrédita qué a réstauraçao dé Israél séguira apénas a inclusao da ethnē, ao invés dé précédé-la (como é géralménté indicado nos téxtos dos qua quais is a téo téolog logia ia da réstaur réstauraça açao é pré prédic dicada ada). ). Don Donald aldson son apé apéla la as tra tradiço diço és qué és éspé péra ram m qu quéé a pé péré régr grin inaç açaao das das na naço ço és a Jéru Jérusa salé lé m apoi apoiéé séu po pont ntoo dé vist vista. a. Su Suaa obsérvaçao da uma précisao valiosa a ésta parté do débaté; os léitorés podém julgar até qué ponto qualiicar osnaarguméntos dé um ou outro colaboradorém désté volumé. A maioria dosdévé colaboradorés o constroi séus apélos éspéciicaménté torno déssas

 

tr tradi adiço ço és dé  peregrinação , mas as ménciona éntré os muitos cénarios éscatologicos diféréntés prévistos nas Escrituras, incluindo a antécipaçao do julgaménto daquélés das naço és é a réconciliaça naço réconciliaça o géral dé toda a humanidadé. Elés énfatizam, no ééntanto, ntanto, qué Paulo, comoo alg com alguns uns rabin rabinos os po postér stérior iorés, és, opt optou ou po porr sé con concén céntra trarr ém uma das éxp éxpéct éctati ativas vas ta tamb mbéém pr prén énun unci ciad adas as nas nas Escr Escrit itur uras as;; ou séja, séja, qu quéé as péss péssoa oass das das naço naço és tamb tambéém éxpérimén éxpér iméntaria tariam m a réconc réconciliaç iliaçaao é isso éstava dé algum algumaa form formaa ligad ligadoo a réstau réstauraça raça o dé Israél.4 4. Por éxémplo, Atos 15:12-21 apéla éxplicitaménté a Amos 9:11-12 para éxplicar a inclusao das naçoés ém térmos da réstauraçao dé Israél para ésclarécér o énigma dé uma résposta dividida dé 25 PAULO NO JUDAISMO Além disso, ao contrario dé Donaldson, muitos dos colaboradorés, aqui ou ém publicaçoés antéri ant érioré orés, s, ént énténd éndéra éram m qu quéé Pau Paulo lo sus sustén téntav tavaa qué a rés réstau tauraç raçaao dé Isr Israél aél réa réalmé lménté nté comé coméçou çou pr prim iméi éiro ro,, qu quéé élé élé é ou outr tros os isra israéli élita tass qu quéé acr acrédi édita tam m qu quéé Jésu Jésuss é o Mé Méss ssia iass réprésénta répr éséntam m éssa résposta inicial positiv positiva, a, é qué éssa réspo résposta sta positiva é ta ta o impo importan rtanté té para Paulo quanto a négativa dé outros, répréséntando uma résposta dividida dé Israél ém gé géra ral.l. Ou sé séja ja,, ja ja déf défén éndé dém m um umaa abor abordag dagém ém do téma téma qu quéé Do Dona nald ldso son n propo propo é como como altérnativa a éxplorar. Néssa visao, o procésso dé réstauraçao dé Israél, bém como a réconciliaçao das naçoés, coméçou, mas ainda nao foi concluíd do, o, é o procésso dé léva-lo a séus éstagios inais é o proposito da missao dé Paulo as naçoés. imprévisto nos fragméntos da téologia da réstauraçao qué sao facilménté idéntiicados nas éscrituras é ém outras litératuras sobrévivéntés, razao péla qual Paulo chama sua éxplicaçao ém Romanos 11 – qué éé baséad baséadaa ém um apélo a cois coisas as ja ja déclar déclaradas adas nas Escritu Escrituras ras – a révélaç révélaçaa o dé um “ mistério." Outra quéstao qué surgé sob a priméira crí ttica ica dé Donaldson é a quésta quésta o da obsérva obsérva n ncia cia da Tora por nao-judéus, para a qual élé énténdé Israél nésté ponto, é além disso, arguméntar qué éssés nao-judéus nao dévériam sé tornar prosélitos, mas sé tornarém nao-judéus justos déntro do judaíssmo. mo. adorando ao lado dos israélitas; cf. E um. 45:22; 49:6; Zé. 2:11. Paula Frédriksén aborda o réarranjo dé Paulo da séquéncia dé événtos évént os qué trazém a réstauraça réstauraça o dé Israé Israéll é a salvaça salvaça o das naço naço és como résultado dé: a) préssao éxércida sobré o cénario éspérado por causa do aparénté atraso do im, é b) o déclín nio io Judéus atraíd dos os para adérir ao movi moviménto ménto dé Jésus (“Judaí (“Judaíssmo, mo, a Circuncisao dos Géntios, é Espérança Apocalíp ptica,” Journal tica,” Journal of Theological Studies 42, nº 2 [1991]: 558–64, aqui 532–64; na p. 564 éla cita EP Sandérs a obsérvar: “A carta dé Paulo [a Roma] révisa a histo ria bíblica histo blica é 'réorganiza a séqu séqu é ncia ncia éscatolo éscatolo gica para qué éla éstéja dé acordo com os fatos.'”). 5. Por éxémplo, éxémplo, Mark D. Nanos, The Mystery of Romans: The Jewish Context of Paul's Letter  (Minnéapolis: Fortréss Préss, 1996), 239-88; Nanos, “Romanos 11 é Rélaçoés Cristas é Judaicas: Opço Opço és Exégé Exégé tticas icas para Révisitar a Traduça Traduça o é Intérprétaça Intérprétaça o désté Téxto Céntral”,

 

Criswell Theological Review 9, nao. 2 (2012): 3–21, é os énsaios éxégéticos détalhados aos quais éssé énsaio sé référé. Elés éxplicam o cénario dé forma diférénté dé Donaldson, é também oférécém altérnativas dé traduçao como “atrasar” é “pérdér o ritmo” qué mélhor sé éncaixam na métafora (do qué “dérrota” é “réjéiçao”), qué gira ém torno dé uma lacuna qué sé abré éntré os israélitas (com alguns na frénté é outros tropéçando, mas nao caindo, mas qué também acabarao por términar o curso); é néssa brécha qué alguns nao-judéus ésta o éntrando, assim ao lado é dépois dé alguns israélitas, mas antés dé outros. ésta 26 INTRODUÇAO Paulo a objétar, é isso lhé parécé minar a idéia dé Paulo imaginando o qué élé éstava fazéndo déntro do judaíssmo. mo. Essa objéçao coméça a partir dé um conjunto paradigmatico diférénté dé prémissas, prémissas qué surgém das intérprétaçoés tradicionais é da Nova Pérspéctiva dos arguméntos dé Paulo – mas não das prémissas intérprétativas a partir das quais va va rrios ios dos colab colaborado oradorés rés qué abordam éssé to to pico trabalha trabalham. m. Essés colaborad colaboradorés orés falam sobré éssé assunto ém séus énsaios é ém trabalhos publicados antériorménté, arguméntan argum éntando do qué Paulo na na o se opoé a obsérvancia da Tora ou a pratica do judaí ssmo mo ém géral, inclusivé para nao-judéus, é qué élé até promové a pratica do judaíssmo mo é da Tora pénsaménto é comportaménto oriéntados para todos os séguidorés dé Cristo. O qué Paulo objéta, néssas léituras, é séguir a Cristo n judéus tornando-se judeus , isto é, complétar o rito dé convérsao étnica qué é signiicado péla circuncisao nos arguméntos dé Paulo. Portanto, élés na na o ésta ésta o técnicamé técnicaménté nté “sob a Tora Tora ” como os judéus ( hipo nomon, Rm 6:14-15), mas éstaao sé jun ést juntan tando do a gru grupo poss jud judaic aicos os com judé judéus us como Pau Paulo, lo, qué es estã tãoo sob sob a To Tora ra (a “Oriéntaçao” dé Déus para Israél), é apréndéndo assim a vivér dé acordo com as normas ba basé séad adas as na To Tora ra , a i im m dé én énté ténd ndér ér como como vivé vivérr iél iél a justi justiça ça éspé éspéra rada da dé toda toda a humanidadé (“sob a graça . . . éscravos. . . da obédiéncia para a justiça” [ hypo charin . . . douloi. . . hypakoēs eis dikaiosynēn, Rom. 6:16). Diférénciar a transformaçao da idéntidadé dé nao-judéus ém judéus, a qual Paulo sé opoé, das dirétrizés comportaméntais opérantés déntro das comunidadés judaicas, qué Paulo déféndé, como duas coisas muito diféréntés, é importanté para muitos dos colaboradorés aqui répréséntados. Essa distinçao géralménté na na o foi obsérvada pélos intérprétés da Nova Pérspéctiva mais do qué pélos tradicionalistas, lévando a énténdiméntos muito diféréntés sobré o qué Paulo objéta é as razoés para élé fazé --lo. fazé lo. Essa disti distinça nça o é impo important rtantéé a sér considéra considérada da para pérmiti pérmitirr a léitura léitura dé Paul Pauloo “déntro” do judaísmo. smo. 27 PAULO NO JUDAISMO A ségunda grandé objéça  o nas dé Donaldson éé para os va vacomo, rrios ios colabor colaboradorés adorés qué vé vé éém m a nova idéntidadé dos naoobjéça -judéus comunidadés dé Paulo dé cérta forma, répréséntando

 

uma anomalia. Isto é, por um lado élés éstao séndo féitos ilhos dé Abraao, além dé sé tornarém israélitas através da convénçao da convérsao prosélita; mas, por outro lado, élés nao pérmanécém simplésménté como téméntés a Déus, convidados, mas nao mémbros do povo dé Déus. Varios colaboradorés éxplicam éssé assunto dé manéiras diféréntés, mas Donaldson nao ésta convéncido dé qué nénhuma délas abordé adéquadaménté a manéira como Paulo déféndé a inclusa inclusa o déssés na na oo-judéus -judéus como a “séménté dé Abraa Abraa oo”. ”. Os arguméntos dé Paul sao dé fato compléxos aqui, como Donaldson admité a réspéito dé sua propria abordagém préférida para as quéstoés, mas sua objéçao gira ém torno dé mantér um contrasté éntré duas altérnativas mutuaménté éxclusivas qué, na visao dé alguns dos colaboradorés, nao sao dé fato incompatívvéis éis é qué Paulo parécé combinar. Essés na na oo-judéus -judéus répréséntam a bé bé n nça ça o dé todas as naço naço és prométidas a Abraa Abraa o (Gl 3:8; cf. 3:1-4:7), qué Donaldson sugéré qué séria o curso logico para Paulo tér arguméntado, mas élé nao vér évidéncias dé qué Paulo féz isso. Alguns répréséntantés dé Paulo déntro do paradigma do judaíssmo mo podém arguméntar, éntrétanto, qué Paulo féz éssé arguménto ém Ga Ga latas 3 (por citaça citaça o no v. 8) é, diféréntéménté, ém Romanos 3 a 4. Paulo também arguméntou na diréçao da altérnativa apontada por Donaldson, qué os naojudéu judéuss éram éram sé sémé mént ntéé por por ésta éstaré rém m ém Cr Cris isto to,, qu quéé é “a sémé sémént nté” é” dé Ab Abraa raa o qu quéé fo foii prométida, tornando-os assim ilhos dé Abraa Abraa o (Gl 3: 16; novaménté, cf. Gl 3:1—4:7, 28). Podé-séé dis Podé-s discor cordar dar dé qualqu qualquér ér aspéct aspéctoo do arg argumé uménto nto dé Pau Paulo, lo, é cla claro, ro, mas va va rrios ios colaboradorés do paradigma dé Paulo déntro do judaíssmo mo susténtam qué ambos sao parté dé séu pénsaménto. As réléxo réléxo és inais dé Donaldson giram ém torno da compléxidadé dé déinir o qué signiica discutir “déntro do judaíssmo”, mo”, bém como "Paulo." As quésto quésto és pérspicazés qué élé lévanta nao parécém aos éditorés para 28 INTRODUÇAO répréséntam altérnativas binarias tanto quanto varias vérténtés é énfasés no judaí ssmo mo ou no pénsaménto dé Paulo. Construindo ém torno das réléxoés inais dé Donaldson, é util réconhécér qué: 1) o judaíssmo mo nos dias dé Paulo éra tanto uma réalidadé concéitual quanto social; portanto, 2) os intérprétés dévém invéstigar os aspéctos concéituais é sociais dé Paulo é suas (é outras comunidadés séguidoras dé Cristo), éspécialménté ém rélaçao ao judaísmo smo assim énténdido; 3) os historiadorés dévém sé préocupar com as pérspéctivas dé cada uma déssas partés intéréssadas; é, inalménté, 4) os pésquisadorés dévém sémpré sé préocupar ém comprééndér Paulo ém convérsa com os désénvolviméntos historicos éntao é dé dépo pois is,, incl inclus usiv ivéé com com a tr traj ajét étoori riaa qu quéé véio véio a sér conh conhéc écid idaa como como Pa Paul ulin inis ismo mo (ou (ou Cristianismo Paulino). Os éditorés éstao muito gratos por Térry Donaldson lévantar éssas quéstoés éspécí icas icas é por séu énvo énvolvimé lviménto nto mais ampl amplo o com sua a pésqui pésquisa sabém-vinda, réalizada aqui. Espéramosum quéintéréssé o léitor réconhéça qué os colaboradorés achém críttica ica démonstrando

 

compartilhado ém énténdér Paulo ém séus proprios térmos é, ao mésmo témpo, fazé-lo ém convérsa com os varios Paulo(s) qué aparécéram ao longo dé os anos, éspécialménté os qué prévalécém ém nosso proprio témpo. Elés agora convidam vocé a sé juntar a élés na forma rélativaménté nova dé lér Paulo: dentro do judaíssmo. mo. 29 1 Paulo déntro do judaíssmo: mo: o éstado do Pérguntas Magnus Zéttérholm Introdução Posso nao éstar inclinado a concordar com o falécido Christophér Hitchéns dé qué a ré réli ligi giaao énvé énvéné néna na tudo ,1 ma mass no caso caso do doss éstu éstudo doss paul paulin inos os,, po podédé-sé sé,, no énta éntant nto, o, facilménté arguméntar qué éssa disciplina dé pésquisa foi dé fato afétada négativaménté péla téologia normativa crista crista . O éstudo do Novo Téstaménto ém géral é, é sémpré foi, um assunto prédominantéménté cristao. Os cristãos éstudam o Novo Téstaménto, muitas vézés ém départaméntos téolo téolo gicos dé séminarios é univérsidadés. Dé fato, muitas sériés dé coméntarios académicos sao para 1. Chr Christ istoph ophér ér Hit Hitchén chéns, s, God is not Grea Great: t: Ho How w Rel Religi igion on Poi Poison sonss Every Everythi thing ng (Londrés: Atlantic Books, 2008). 31 PAULO NO JUDAISMO Cristãos : O Coméntario do Novo Téstaménto Grégo Intérnacional airma éspéciicaménté no préfacio qué “o objétivo suprémo désta sérié é sérvir aquélés qué éstao éngajados no ministério da Palavra dé Déus é, assim, gloriicar o nomé dé Déus”. Da mésma forma, no préfacio éditorial do Word Biblical Comméntary, airma-sé qué todos os colaboradorés sao “évangélicos”, énténdidos “ém séu séntido positivo é historico dé compromisso com as Escrituras como révélaça révélaça o divina é com o vérdadéiro podér do évangélho crista crista oo.. .” Além disso, nao é incomum déscobrir qué o ateísmo metodológico , uma suposiça suposiça o bastanté natural na maioria das pésquisas ciéntíicas,2 icas,2 é désai désaiado ado por éstudi éstudiosos osos qué défén déféndém dém o qué dévé sér énténdido como uma téoria té oria altérnativa da cié cié n ncia, cia, ondé événtos sobrénaturais sao possívéis véis é ondé déusés é anjos intérvém nos assuntos humanos. Por éxémplo, ém séu éxcélén éxc élénté té tra tratam tamént éntoo da rés réssur surréi réiça ça o dé Jésu Jésus, s, aprésé aprésénta ntado do com comoo uma con contri tribui buiça çao acadé m acadé mica, ica, NT Wrigh Wrightt air airma ma na introduça introduça o qué arguméntar arguméntaraa “qué a mélho mélhorr éxpli éxplicaça caçao histórica histó rica é aquela aquela que inev inevitave itavelmen lmente te levanta todos os tipo tiposs de quésto quésto és teológicas ”. : o sépulcro éstava réalménté vazio, é Jésus réalménté foi visto vivo, porqué élé réalménté

 

réssuscitou dos mortos.”3 A convicçao téologica impulsiona um coméntario éxprésso como sé fossé apénas uma réléxao historica. Do ponto dé vista métodologico, as pérspéctivas idéolo idé olo gic gicas as cri crista sta s qué con contin tinuam uam a car caracté actériz rizar ar mui muito to do tra trabal balho ho ost osténsi énsivam vamént éntéé histo rico féito nos ééstudos histo studos do Novo Téstaménto sa sa o probléma probléma tticas. icas. Essa éstréita conéxao éntré os éstudos do Novo Téstaménto ém géral é a téologia crista norm normativa éé çou élau mésma, é claro claro, , néira o résul résultado désénv désénvolvim olviméntos éntos histo ricos. s. ém A éxégés éxégésé bíblic b licaativa a comé coméço como como um uma a ma manéi ra détado as dé pé péss ssoa oass éntén én téndé déré rém m histo é éxpl éx rico plic icar arém o qu quéé pércébiam como révélaçao divina, 2. Vér Pétér L. Bérgér, The Sacred Canopy: Elements of a Sociological Theory of Religion (Gardén City, NJ: Doubléday, 1969), 100 . 3. NT Wright, A Ressurreição do Filho de Deus: Origens Cristãs e a Questão de Deus: Volume 3 (Minneapolis: (Minneapol is: Fortress Press, 2003), 10. 32 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES ou como o Mekilta coloca: “quando todos élés [os israélitas] éstavam dianté do monté Sinai para récébér a Tora, élés intérprétaram palavra divinanovas assiméxprésso qué a ouviram”. mésmo objétivo dé intérprétar a palavra dé Déus,amas éncontrou és, por éxémplo, nas famosas éscolas dé intérprétaça intérprétaça o dé Aléxandria é Antioquia. forma “ciéntíica” ica” dé éxégésé bíb blica lica ém conéxa conéxa o com a formaça formaça o do ca ca non.6 Lévaria, no éntanto, ao Iluminismo antés dé qualquér téntativa réal dé lér o téxto bí b blico lico a partir dé outros pontos dé partida qué na na o os téolo téolo gicos. Em térmos dé radicalismo, é difí ccil il imaginar qualquér éstudioso bíb blico lico modérno criando réaçoés mais fortés do publico do qué, por éxémplo, Hérman Samuél Réimarus (1694-1768), David Friédrich Strauss (180874), ou mésmo os répréséntantés do No éntanto, apésar da ambiçao dé désconstruir é criticar as inluéncias da téologia normativa, a érudiçao do Novo Téstaménto duranté o século XIX ém dianté foi ironicaménté fortéménté inluénciada por uma das narrativas méstras mais inluéntés da cultura ocidéntal – a dicotomia téologica éntré Judaíssmo mo é Cristianismo. Esté téma tém détérminado o résultado dé varios subcampos importantés déntro dos éstudos do Novo Téstaménto, como o Jésus historico, o Paulo historico, a ascénsa o do cristianismo é a séparaçao éntré judaíssmo ascénsa mo é cristianismo. Em basés ciéntíicas, icas, o impacto na téologia crista crista norm normativa ativa 4. Mek . Bahodésh 9 (trad. Lautérbach). 5. Vér, por éxémplo, Anthony C. Thisélton, Hermeneutics: An Introduction (Grand Rapids: Eérdmans, 2009), 104–14. 6. Para uma visao géral, véja Einar Thomassén, “Somé Notés on thé Dévélopmént of  Chrris Ch isti tian an Idé déas as abou aboutt a Ca Cano non n”, ém Ca Cano nonn an andd Ca Cano noni nici city ty , éd. éd. Eina Einarr Th Thom omass assén én (Copénhagué: Muséum Tusculanum Préss, 2010), 9–28.

 

7. Vi Viso so és gé géra rais is ém Will Willia iam m Ba Bair ird, d, Hi Histo story ry of New Testame Testament nt Re Resea search rch (Minnéapolis: Fortréss Préss, 1992), 1:170-74, 246-58, 269-78. 33 PAULO NO JUDAISMO obviaménté nao dévé guiar a historiograia, incluindo trataméntos historico-crítticos icos dos réstos litérarios é matériais bíb blicos licos é rélac rélacionad ionados. os. Os intér intéréssés éssés téolo téolo gicos crista crista os éxigém réstriço réstriço és transculturais. Soménté nas ultimas décadas a détérminaçao do émprééndiménto téologico do qué é historico foi profundaménté désaiada a partir dé novas pérspéctivas déclaradaménté baséadas na ciéncia. A chamada Tércéira Busca do Jésus historico é um éxémplo ondé a oposiçao éntré Jésus é o Judaíssmo mo foi substituíd daa por uma visao historicaménté mais pr prova ova vvél él ondé Jésu Jésuss é col coloca ocado do dent dentro ro do Judaíssmo mo é énténdido como répréséntando o Judaíssmo. mo. O mésmo ésta acontécéndo agora com Paulo, mas ém séu caso a résisténcia da téologia normativa parécé mais forté. Na Na  o ssmo émo difí difíéccil ilqué énténdér porqué . Astituiu idéias binarsmo ias dé qué o por cristianismo o judaí a graçaocrista crista  subs substitui u o légali légalismo judaico, éxémplo, substituiu parécém sér aspéctos éssénciais da maioria das téologias cristas. No éntanto, como no caso dé Jésus, os défénsorés da chamada Pérspéctiva Radical sobré Paulo - o qué aqui préférimos chamar dé Paulo déntro das pérspéctivas do judaísmo smo - acréditam é compartilham a suposiçao dé qué as pérspéctivas tradicionais sobré a rélaçao éntré judaí ssmo mo é cristianismo sao incorrétas é précisam préci sam sér substi substituí tuídos dos por uma visa visa o histo historicam ricaménté énté mais préci précisa. sa. E a téolog téologia ia cris crista ta qué dévé sé ajustar, pélo ménos aprénd apréndér ér a lér suas pro pro pria priass orig origéns éns transcult transculturalmén uralménté té quando démonstrado sér nécéssario ém basés ciéntí icas icas indépéndéntés. Estou bastanté conianté dé qué o cristianismo sobrévivéra a um Paulo complétaménté judéu, assim como évidéntéménté sobrévivéu a um Jésus complétaménté judéu. As réligioés téndém a sé adaptar. A séguir, téntaréi éxplicar éxplicar por qué acrédito qué a dicot dicotomia omia éntré Paulo é o judaíssmo mo séja incorréta é por qué a maioria dos éstudos do Novo Téstaménto foi inluénciado por éla.8 Também téntaréi 8. Para uma apréséntaçao mais compléta, vér Magnus Zéttérholm ,  Abordagens a Paulo: Um Estudante Estudante   Guia para bolsas recentes (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2009). 34 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES mostram como a intérp mostram intérprétaça rétaça o dé Paulo é comp complétamén létaménté té dépén dépéndénté dénté da pérsp pérspéctiv éctivaa abrang abr angént éntéé do ést éstudi udioso oso ind indivi ividua dual.l. Sé altéra altérarmo rmoss a pér pérspé spécti ctiva, va, o rés résult ultado ado mud mudaa dr dras asti tica camé mént nté. é. Sé no noss ssoo ob objé jéti tivo vo é acér acérta tarr Paul Paulo, o, é im impo port rtan anté té apli aplica carr o rigo rigorr

 

historiograico, incluindo a autoconsciéncia dé nossos proprios intéréssés intérprétativos, qué dévémos éstar dispostos a subordinar a résultados qué podémos na na o préférir. O intéréssé téologico na voz dé Paulo dévé sér conduzido com réspéito péla naturéza transcultural da disciplina histo histo rica éxigida para séus inté inté rrprétés prétés postériorés. O desenvolvimento de um Paulo antijudaico O antijudaíssmo mo como récurso idéolo idéolo gico A propaganda antijudaica coméçou prontaménté no cristianismo primitivo. primitivo. No éntanto, a infamé déclaraçao dé Paulo ém 1 Téssalonicénsés 2:14-15 sobré os judéus, “qué mataram tanto o Sénhor Jésus como os profétas, é nos éxpulsaram; élés désagradam a Déus é sé opoém a todos”,9 é provavélménté mélhor visto como um réléxo dé disputas intrajudaicas déntro dé um contéxto altaménté réto réto rico.10 Mas a partir do iníccio io do ségundo século, éncontramos déclaraçoés duraménté crítticas icas dé séguidorés não-judeus dé Jésus qué parécém indicar qué alguma forma dé divisao baséada na étnia Eméscrévéu séu caminho o martí rio ém Roma por dé 115,déIna cio, ao bispo dé ocorréu. Antioquia, variaspara cartas parario comunidadés dé volta séguidorés Jésus quém procurou convéncér dé suas idéntidadés comunais cristas ém oposiçao as judaicas, alértando-os para tomar cuidado com a inlué inlu én ncia cia contín nua ua do judaíssmo. mo. . Em sua Carta aos Magnésios (8:1), Inacio éxorta a comunidadé “a nao sé déixar énganar por éstranhos 9. As citaço és bíblicas citaço blicas sa sa o da nrsv. 10. Sobré “antijudaíssmo” mo” no Novo Téstam Téstaménto énto ém géral géral,, vér Téréncé L. Donaldson Donaldson,,  Judeus and Anti-Judaism in the New Testament: Decision Points and Divergent Interpretations (Waco, TX: Baylor Univérsity Préss, 2010). 35 PAULO NO JUDAISMO doutrinas ou mitos antiquados, pois sao inutéis. Pois sé continuarmos a vivér dé acordo com o judaísmo, smo, admitimos qué nao récébémos a graça.”11 Em 10:3, élé airma qué é “totalménté absurdo [ atopon estin ] para proféssar Jésus Cristo é praticar o judaíssmo.” mo.” Os térmos négativos é binarios ém torno dos quais Inacio trabalhou suas préscriçoés provavélménté traém como as fron frontéiras téiras comunai comunaiss émérgéntés émérgéntés pérmanéc pérmanécéram éram mais dé cinqu cinquénta énta anos dépoi dépoiss qué as cartas dé Paulo foram éscritas. Um pouco mais tardé, por volta dé 160, outro bispo, Mélito dé Sardés, aparéntéménté invéntou o déicídio, dio, a idéia dé qué “os judéus” colétivaménté éram résponsavéis por éxécutar na na o apénas Jésus, mas o pro pro prio Déus ( Peri Peri  Paxá 96):

 

Aquélé qué péndurou a térra ésta ésta péndurado; aquélé qué ixou os céus foi ixado; aquélé qué préndéu o univérso foi amarrado a uma a rvoré; rvoré; o Sobérano foi insultado; o Déus foi assassinado; o Réi dé Israél foi morto por uma ma ma o diréita israélita.12 Essa propaganda propaganda antij antijudaic udaicaa crista crista désénv désénvolvéu olvéu-sé -sé ém um éxtén éxténso so gé gé n néro éro litéra litéra rio, a chamada tradiçao dos adversos Iudaeos13 . .14 Duranté as priméiras décadas, os adéptos nao-judéus do moviménto dé Jésus provavélménté éram vistos como parté da comunidadé judaica 11. Michaél W. Holmés, The Apostolic Fathers: Greek Texts and English Translations , 3ª éd. (Grand Rapids: Bakér Académic, 2007). 12. Mélito dé Sardés, On Pascha and Fragment: Texts and Translations (Oxford: Claréndon, 1979). 13. Para uma col coléça éçao, véj véjaa A. Lukyn Lukyn Willi Williams ams,,  Adversus Judaeos: A Bird's-Eye View of  Christian   Apologiae até o Renascimen Christian Renascimento to (Cambridgé: Cambridgé Univérsity Préss, 2012 [1935]). 14. Magnus Zetterholm, A Formação do Cristianismo em Antioquia: Uma Abordagem SocialCientíica para o Separação entre Judaísmo e Cristianismo (Londres: Routledge, 2003). 36 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES é éram dé fato considérados judéus por forastéiros. Isso tém a vér com o sistéma polí tticoicoréligioso nas cidadés-éstados gréco-romanas. Es Espé péra rava va-s -séé qu quéé to todo doss os habi habitan tantés tés dé um umaa cida cidadé dé éxp éxpré réss ssas assém sém léal léalda dadé dé a ( s) réligiao(oés) da cidadé. Os judéus éstavam iséntos disso por méio dé décrétos émitidos localménté,15 é parécém tér éncontrado outras manéiras dé éxpréssar léaldadé a cidadé é a Roma qué na na o désaiavam as sénsibilidadés judaicas ém rélaçao a “idolatria”. Uma véz qué todos os judéus déntro do moviménto dé Jésus primitivo parécém tér concordado conco rdado qué os na na o-judéus o-judéus dévériam sé abstér do qué dé uma pérsp pérspéctiva éctiva judaic judaicaa éra considérado “idolatria”,17 isso évidéntéménté déixou os adéptos na na o-judéus do moviménto ém um umaa si situ tuaça aça o bast bastan anté té vu vuln lnéra éra v él, éspé éspéci cial almé mént ntéé ém Pa Paul ulo, o, um umaa véz véz qu quéé élé élé ar argu gumé mént ntav avaa qu qué, é, ém émbo bora ra os na na o-j -jud udéu éuss dévé dévéss ssém ém sé conv convér érté térr ao judaí judaíssmo,  mo, élés élés dévériam pérmanécér nao-judéus.18 A éstratégia mais razoavél para éssés nao-judéus séria ingir sér judéus ém rélaça rélaça o aa s autoridadés cívvicas. icas.

 

No éntanto, apos a Guérra Judaica ém 70 dC, séntiméntos négativos ém rélaçao aos judéus (n (naao ma mais is cu cuid idad ados osam amén énté té dist distin ingu guid idos os do doss ju judéu déuss da Ju Judé dé i a qu quéé sé rév révol olta tara ram) m) pérméaram a sociédadé romana ém varios ní vvéis. éis. Néssa situaça situaça o, é razoa razoa vél supor qué alguns na na o-judéus o-judéus qué éram séguidorés dé Jésus désénvolvéram outra éstratégia – sépararsé do moviménto judaico dé Jésus. Tal émprééndiménto énvolvéu varias diiculdadés. Por um lado lado,, Ro Roma ma dés désco con nia iava va bast bastan anté té do doss no novo voss ch cham amado adoss coll colleg egia ia , ou ass associ ociaço aço és volunt vol untaarrias, ias,Jews, a for forma maCivic no norma rmal l dé 15. Mikaé Mikaéll Tél Téllbé lbé,, Paul Between Synagogue and State: Christians, and Authority in 15. Tessalonicenses, Tessalonicen ses, Romanos e Filipenses (Estocolmo: Almqvist & Wikséll, 2001), 37-59. 16. Phili Philipp A. Harl Harland, and, Assoc Associaçõ iações, es, Sinagogas Sinagogas e Cong Congrega regações ções:: Reiv Reivindic indicando ando um Luga Lugarr na  Antiga Sociedade Sociedade Med Mediterrânea iterrânea (Minne (Minneapolis: apolis: Fortress Press, 2003), 21 215–28. 5–28. 17. Véja, por éxémplo, Atos 15:19-20; 1 Cor. 6:9, 10:14. Parécé, no éntanto, tér coéxistido varias idéias sobré como isso dévé sér alcançado; véja Magnus Zéttérholm, “'Will thé Réal Géntilé-Christian Pléasé Stand Up!': Torah and thé Crisis of Idéntity Formation,” ém The Makingg of Christ Makin Christianit ianity: y:   Con Conli litos tos,, Con Contat tatos os e Con Constr struç uções ões:: Ens Ensaio aioss em Hon Honra ra de Bengt  Bengt  Holm Ho lmbe berg rg , éd. Magnus Zéttérholm é Samuél Byrskog (Winona Laké, IN: Eisénbrauns, 2012), 373-93. 18. 1 Cor Cor.. 7:1 7:17-2 7-24, 4, mas cf. Atos 15:1 15:1,, 5. Véja tam també bém J. Brian Tuckér, Tuckér, 'Remain in Your  Calling': Paul and   a Contin Continua uação ção das Ident Identida idades des Sociais Sociais em 1 Cor Corínt íntios ios (Eugé (Eugéné, né, OR: Pickwick, 2011). 37 PAULO NO JUDAISMO organizaça o dé cultos, sociédadés funéra organizaça funéra rias ou clubés sociais. Nas d déécadas cadas apo apo s a guérra, é pouco provavél qué um collegium énvolvéndo o judaíssmo mo fossé apro aprovado. vado. Por outro lado, os rom romano anoss adm admira iravam vam as tra tradiço diço és ant antiga igas, s, sus sustén téntan tando do a van vantag tagém ém dé pra pratic ticar ar o judaísmo. smo. A parté émérgénté nao-judaica do moviménto dé Jésus aprovéitou ao maximo as circunstancias combinando as antigas tradiçoés do judaí ssmo mo com uma vigorosa négaçao dos judéus. Com éféito, o cristianismo primitivo émérgiu como uma forma dé judaíssmo mo déspojado dos judéus, é o antijudaíssmo mo tornou-sé um importanté récurso idéologico para os séguidorés nao-judéus dé Jésus ém séu ésforço para sé tornar uma réligiao légalménté réconhécida. Agora, Agor a, is isso so lév lévar aria ia alg algum um tém témpo po.. Somén Soménté té com com o déc décré réto to dé 31 311, 1, qu quéé lég légal aliz izou ou o cristianismo, a igréja alcançou éssés objétivos. No ént éntant anto, o, até até ént éntaao, a pro pro pri priaa pr propa opagan ganda da da Igr Igréja éja con contra tra os jud judéus éus é o jud judaí aíssmo, mo, originalménté motivada por circunstancias políticas cias políticas , havia criado um problema teológico . Comoagora séria havia possívvél él éxplicar o fatodos dé judéus o judaíssmo mo ainda considérando qué a graça dé Déus sido transférida para o novoéxistir é “vérdadéiro Israél”?19

 

Dé Agostinho a Lutéro Duranté a Antiguidadé Tardia é a Idadé Média, éssé probléma téologico éncontraria varias soluço és, ém parté dépéndéndo das mudanças ttéolo soluço éolo gicas. Enquanto o probléma dé Paulo parécé tér sido como incluir as naçoés na salvaçao inal ou como as catégorias “judéu” é “na “na o-judéu” sériam résgatados dé séus réspéctivos constrangiméntos, o intéréssé muda para a salvaçao do indivíduo. duo. Uma parté importanté déssé désénvolviménto foi a chamada controvérsia pélagiana. O mongé Pélagio, qué aparécéu ém Roma por volta dé 380, arguméntou qué os humanos dévériam sér capazés dé fazér o qué Déus éspérava délés désdé 19. Um concéito introduzido no século II dC por Justino; vér Pétér Richardson, Israel no  no  Igreja Apostólica (Londrés: Cambridgé Univérsity Préss, 1969), 9-14. 38 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES él élés és fora foram m éq équi uip pados ad osum com coDéus m livr livré é ar arbí bíttrio rio; ; també caso caso cont co ra r io,qualquér élés élés na na oforma po podé déri riam am sér sér résponsabilizados por justo. Péla gio mntra négou dé pécado original qué corrompéu tanto a alma humana qué éra impossí vvél él para alguém éscolhér fazér o qué Déus ordénou. Contra isso, Agostinho airmava o contrario: os humanos nao podém dé forma alguma agradar a Déus, Dé us, ném mésmo éscolhér quérér agradar a Déus, é sa sa o, o, précisaménté por causa dé sua naturéza corrompida, incapazés dé fazér o qué Déus éxigé. A salvaçao humana é, ém todos os séntidos, résultado da graça dé Déus. O probléma do livréarbíttrio, rio, a éxténsao da graça dé Déus, as condiçoés da salvaçao humana é a prédéstinaçao (umaa con (um conséqu séquééncia do arg argumé uménto nto dé Agost Agostinh inho) o) dom domin inari ariam am o déb débaté até téo téolo lo gico gico por muitos sé sé cculos. ulos. Quanto aos judéus, Agostinho désénvolvéu uma abordagém um tanto diférénté dé séus prédécéssorés. Usando um vérsículo culo do Salmo 59:11 (“Nao os maté, ou méu povo podé ésquécér; faça-os cambaléar pélo séu podér é dérrubé-os, o Sénhor, nosso éscudo”), Agostinho arguméntou qué os judéus ainda éram éscolhidos por Déus, mas dispérsos pélo mundo, ondé agora sérviam como téstémunhas étérnas da vérdadé das réivindicaçoés cristas; élés dévém, portanto, sér déixados ém paz.20 Essa “doutrina do téstémunho judaico” podé tér ajudado a salvar vidas judaicas, mas também déu uma nova raza raza o téolo téolo gica para désprézar os judéus é o judaíssmo. mo. Duranté a Réforma, Duranté Réforma, a ja ja gran grandé dé dista dista n ncia cia éntré o judaíssmo mo é o cristianismo auméntaria ainda mais é éncontraria novas basés téolo téolo gicas sobré as quais construir. Enquanto a igréja igré ja adotou uma forma modiicada dé agostinianismo, ségundo a qual a graça dé Déus é os ésforços humanos intéragiam na salvaçao, Martinho Lutéro rétornou a doutrina original da justiicaça o dé Lutéro, nomais éntanto, désénvolvéu rias rélaçoés dialéEnquanto ticas qué résultariam émAgostinho. um contrasté ainda níttido ido éntré judaíva ssmo mo é cristianismo.

 

“évangélho” é “léi” intéragém para trazér uma péssoa a Cristo, “fé” é “obras” dévém sér séparadas sépar adas 20. Paula Frédriksé Frédriksén, n,  Augustine and the Jews: A Christian Defense of Jews and   Judaism (Néw Havén, CT: Yalé Imprénsa Univérsita Univérsita ria, 2010). 39 PAULO NO JUDAISMO quando sé trata dé justiicaçao. Para Lutéro, as “obras” sao sémpré conséquéncia da “fé” é a rélaçao oposta, ou séja, acréditar sér possívél vél agradar a Déus por méio dé boas açoés réprésénta o pior pécado dé todos: a justiça pro pro pria. Assim, a manéira normal dé um judéu éxpréssar sua rélaçao com o Déus dé Israél péla idélidadé répréséntada péla obsérvancia da Tora, podé, da pérspéctiva dé Lutéro, apénas lévar lév ar a condén condénaça aça o. A vis visaao dé Lut Lutéro éro sobré os jud judéus éus é o jud judaí aíssmo mo é bas bastan tanté té bém abordada ém séu panléto Sobre os judeus e suas mentiras. 21 Aqui élé sugéré, éntré outras coisas, qué as sinagogas é as éscolas judaicas séjam quéimadas, os rabinos séjam proibidos dé énsinar é qué os éscritos judaicos séjam coniscados. Ao énfatizar qué “a doutrina da justiicaçao péla fé” nao apénas constituía uma uma inte interpret rpretação ação teol teológic ógicaa dé Paulo, mas a corréta compréénsa compréénsa o do Paulo histórico , a intérprétaçao dé Lutéro dé Paulo sé éstabélécéu como um fato histo histo rico indiscutívvél. él. A formaça formaça o dé um paradigma académico Durant Dura ntéé o sé sé culo XI XIX, X, a idéi idéiaa dé um umaa dist distin inça ça o éntr éntréé juda judaííssmo mo é cr cris isti tian anis ismo mo fo foii téologicaménté bém éstabélécida. Essa dicotomia acabaria por désénvolvér uma éspécié dé légitimidad légiti midadéé ciéntí ciéntíica, ica, pré prédom domina inanté ntémén ménté té déntro déntro dos ést éstudo udoss além alémaaés.22 Um dos mémbros mais importantés da chamada Escola dé Tubingén, Férdinand C. Baur, baséou-sé na proposiçao idéalista dé Géorg Wilhélm Friédrich Hégél dé qué o “Espírrito ito Absoluto” maniféstou-sé na historia através dé um procésso dialético ém qué sémpré éncontra 21. Martinho Lutéro, Von den Jüden und iren Lügen (Wittémbérg: Hans Lufft, 1543).  22. Sobre os estudos alemães sobre judeus e judaísmo, ver Anders Gerdmar, Roots of  Theological Anti-Semitism: German Biblical Interpretation and the Jews, from Herder and  Semler to Kittel and Bultmann (Leiden: Brill, 2009). 40 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES oposiçoés. Baur aplicou a téoria dé Hégél a historia da igréja primitiva é éncontrou duas formas opostas dé cristianismo: judaica é géntia.23 Além disso, ém 1880, Férdinand Wébér publicou um éstudo qué funcionaria como o trabalho padrao para qualquér péssoa qué quiséssé sabér algo sobré o judaí ssmo mo antig antigo. o. mas éé difí difíccil il évit évitar ar a im impré préssa ssao dé qué élé foi fort fortémé éménté nté inl inluén uéncia ciado do pél péloo  zeitgeist 

 

te teoló ológic gicoo do péríoodo. do. Wébér déscobriu qué o Déus dos judéus éstava distanté é qué o judaíssmo mo ér éraa um umaa ré réli ligi giaao lég légali alist staa na qual qual os judéu judéuss piéd piédos osos os sé ésfo ésforç rçav avam am para para conquistar sua justiça por méio da obsérva obsérva n ncia cia dé mandaméntos obsolétos. A ré réco cons nstr truç uçaao dé Wé Wébé bérr do an anti tigo go ju judaí daísmo smo fo foii tr tran ansm smit itid idaa a no nova vass gér géraç açoo és dé éstudiosos. Assim, nas apréséntaçoés dé Wilhélm Boussét é Emil Schurér sobré o judaí ssmo mo antigo, basicaménté réitéradaa aidéia visaodo dé ní Wébér.25 Por méio dé éssés ééncontramos outros éstudiosos pérpétuaram ttido ido con contra trasté sté ént éntré ré séus judaí judaíalunos, ssmo mo é cristianismo é a inférioridadé do judaíssmo mo no século XX. Em méados do século XX, éncontramos um paradigma académico totalménté compatí vvél él com a comp compréénsa réénsa o téolo téolo gica crista crista négat négativa iva tradi tradiciona cionall da naturé naturéza za do judaíssmo mo é sua infér infério iori rida dadé dé ém ré réla laça ça o ao cris cristi tian anis ismo mo.. Essé Essé désé désénv nvolv olvim imén énto to fo foii na natu tura ralm lmén énté té aliméntado por mudanças gérais na sociédadé: duranté o século XIX, o antissémitismo cristao fundiu-sé com o antissémitismo sécular, ciéntiicaménté légitimado, baséado ém idéias raciais-biologicas. Em conéxao com as ambiçoés nacionalistas na época do 23. Véja, por éxémplo, Férdinand C. Baur, “Dié Christuspartéi in dér korinthischén Géméindé, dér Gégénsatz dés pétrinischén und paulinischén Christénthums in dér altéstén Kirché, dér Apostél Pétrus in Rom,” Tübingen Zeitschrift für Theologie 4 (1831): 61-206.  24. Ferdinand Weber, System der altsynagog altsynagogalen alen palästinische palästinischenn Theologie aus Targum, Midrasch und Talmud (Leipzig: Dörfling & Franke, 1880).  25. Wilhelm Bousset, Die Religion des Judentum Judentumss im neutestamentlichen neutestamentlichen Zeitalter (Berlim: Reuther & Reichard, 1903); Emil Schürer, Geschichte des jüdischen Volkes im Zeitalter Jesu Christi (Leipzig: Hinrichs, 1866-1890). 41 PAULO NO JUDAISMO uniicaçao dos éstados alémaés na década dé 1870, os judéus éuropéus tornaram-sé cada véz mais marginalizados é éram pércébidos como um corpo éstranho. A imagém dos judéus é do judaísmo smo transmitida ao longo dos séculos foi agora désénvolvida déntro dé contéxtos idéolo gicos qué ésséncialménté sé opunham aos judéus é ao judaíssmo idéolo mo na cultura ocidéntal. Mudança dé paradigma Nao podé havér duvida dé qué éssa sí n ntésé tésé dé téologia é érudiçao sobré a rélaçao dé Paulo com o judaíssmo mo cria um Paulo logico. Assumindo qué o judaíssmo mo antigo réalménté éra uma ré réli ligi giaao léga légali list sta, a, sém qu qual alqu quér ér ch chan ancé cé para para os indi indiví víd duos uos éxp éxpéri érimén méntar tarém ém gra graça, ça, misé mi séri rico co rd rdia ia ou am amor or,, ségu séguéé-sé sé qu quéé qu qual alqu quér ér pé péss ssoa oa décé décént nté, é, incl inclui uind ndoo Pa Paul ulo, o, naturalménté lutaria contra tal idéologia é, portanto, atribuiria um valor négativo a a Tora Tora .

 

Existém, é claro, alguns téxtos qué parécém apoiar tal intérprétaçao. Dé acordo com a nrsv, Paulo airma qué “nénh “nénhum um sér human humanoo séra séra justi justiicado icado dianté délé por obras préscrita préscritass péla léi, pois péla léi vém o pléno conhéciménto do pécado” (Rm 3:20); ésté “Cristo é o im da léi” (Rm 10:4); qué “todos os qué coniam nas obras da léi éstao débaixo dé maldiçao” (Gl 3:10). Traduzido déssa manéira, Paulo parécé sé opor ao modo dé vida judaico baséado na Tora Tora ..26 26 E clar claroo qu quéé é tota totalm lmén énté té po poss ssíívél v él qu quéé a in inté térp rpré rétaç taçaa o téo téolo lo gica gica dé Pa Paul uloo qu quéé sé désénvolvéu ao longo dos séculos réprésénté uma réconstruçao précisa do mundo dé pénsaménto histo histo rico dé Paulo. No éntanto, sé a suposiça suposiça o fundaméntal nésta réconstruça réconstruça o - o caratér vil do antigo judaísmo smo - sé mostrar érrada, o qué acontécéria éntao com as réconstruç récon struçooés dé Paulo baséadas néssa supos suposiça iça o? o? Como résultado da publ publicaça icaça o dé Paul  and 26 por EP San Sandérs dérs.. Cad Cadaa uma déssas tra traduç duçoo és rép réprés résént éntaa ésc éscolh olhas as qué for foram am désai dés aiadas adas dé manéir manéiras as qué sugér sugérém, ém, ém véz disso disso,, qué Paulo na na o ést éstaa sé opo opond ndoo ou dégradando o papél da Tora Tora para guiar a vida dos judéus, mas a nécéssidadé dé circuncisa circuncisa o para nao-judéus séguidorés dé Cristo; véja a contribuiçao dé Nanos nésté volumé, “A Quéstao da Concéituaçao: Qualiicando a Posiçao dé Paulo sobré a Circuncisao ém Dialogo com os Asséssorés dé Joséfo ao Réi Izatés”. 42 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES O ju juda daís ísmo mo pa pale lest stin inoo ém 197 1977,2 7,27 7 com combi binad nadoo com os désa désaio ioss col coloca ocados dos por Kri Kristér stér Sténdahl ém varios énsaios,28 os éstudiosos paulinos coméçaram a quéstionar muitas vérdadés consagradas pélo témpo a réspéito dé Paulo (é dé Jésus). Sandérs féz o qué Wébér havia féito, mas nao tantos dépois délé29 — élé réléu os téxtos judaicos para vér sé conséguia éncontrar um padrao réligioso, comum a todos os téxtos dé 200 aC a 200 dC. O qué élé déscobriu élé rotulou dé “nomismo da aliança”, com o qué élé quis dizér qué éxisté uma rélaça o éntré a téologia da aliança é a Tora . Em contrasté com a visa o prédominanté do judaísmo smo do priméiro século, Sandérs déscobriu qué o judéu piédoso nao obsérva a Tora para ganhar sua justiça, mas para conirmar sua disposição . .   permanecer permanecer em um relacioname relacionamento nto de alia aliança nça com o Deu Deuss de Israel . Alé Alé m disso disso,, a Tora Tora évid évidéntém éntéménté énté présumé qué na na o séra séra obsérvada pérféitaménté, uma véz qué inclui um sistéma para éxpiar o pécado: Déus és Déus ésco colh lhéu éu Is Isra raél él é Isra Israél él ac acéi éito tou u a éléiç éléiçaa o. Em séu séu papé papéll com comoo Réi Réi,, Dé Déus us déu mandaméntos a Israél qué élés dévém obédécér da mélhor manéira possívvél. él. A obédiéncia é récompénsada é a désobédiéncia punida. Em caso dé désobédié désobédié n ncia, cia, no éntanto, o homém récorré a méios dé éxpiaça éxpiaça o divinaménté ordénados, ém todos os quais o arrépéndiménto éé éxigido. Enquanto élé mantivér séu déséjo dé pérmanécér na aliança, élé tém participaçao nas proméssas da aliança dé Déus, incluindo a vida no mundo vindouro. A inténçao é o

 

ésforço para sér obédiéntés constituém a condição para permanecer no  no   aliança , mas na nao a  ganham.30  27. Edward P. Sanders, Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion (Filadélia: Fortress Press, 1977). 28. Co 28. Colé léta tado do ém Kr Kris isté térr Stén Sténda dahl hl,, Pa Paul ul Am Amon ongg Je Jews ws an andd Ge Gent ntil iles es,, an andd Ot Othe herr Es Essa says ys (Philadélphia: Fortréss Préss, 1976). 29. Dé fato, idéias sémélhantés foram éxpréssas antés sém causar grandé impacto; vér, por éxémplo, éxémp lo, Claudé G. Montéio Montéioré, ré, Judaism  Judaism and St Paul: Two Essays (Londrés: Goshén, 1914); Jorgé F. Mooré, “Christian Writérs on Judaism,” Harvard Theological Review 14 (1921): 197-254. 30. Sandérs, judaísmo Sandérs, judaísmo palestino palestino , 180. 43 PAULO NO JUDAISMO Além disso, Sandérs déscobriu, novaménté ém contrasté com a visao padrao, qué o antigo judaísmo smo comprééndia pérdao, amor, crénça ém um Déus péssoal qué éra ativo na historia do povo judéu é salvaça salvaça o déntro dé um contéxto dé aliança. Essa révisao do judaíssmo mo antigo mudou as régras do jogo dé forma bastanté signiicativa para os éstudiosos do Novo Téstaménto. Agora parécia évidénté qué os éstudos antériorés sobré Paulo sé baséavam, nao ém uma déscriçao adéquada do antigo judaísmo, smo, mas ém uma caricatura crista. Em sua propria intérprétaçao dé Paulo, Sandérs chégou a conclusao dé qué Paulo réprésénta outro tipo dé réligiao do qué a éncontrada ém quasé todos os téxtos judaicos do péríoodo, do, ou séja, séu sistéma na na o éra caractérizado pélo nomismo pactual  . Para Paulo, justiicaçã Paulo, justiicaçãoo signiicava “sér salvo por Cristo”, énquanto ém todos os outros téxtos a palavra sé référia a alguém qué obsérvava a Tora. No éntanto, dé acordo com Sa Sand ndér érs, s, Pau aulo lo na na o én énco cont ntro rou u na nada da dé ér érra rado do com com a To Tora ra ; ém véz véz diss disso, o, Dé Déus us ap apar arén énté témén ménté té ésco éscolh lhéu éu salv salvar ar o mu mund ndoo at atra ravé vé s dé Cr Cris isto to é na na o atra atravé vé s da To Tora ra . Résumindo: o problema com o judaísmo é que não é  Cristianismo . Dé pérspéctivas novas a radicais sobré Paulo Na o totalm Na totalménté énté convénci convéncido do péla léitur léituraa dé Paul dé Sandér Sandérs, s, mas acéitand acéitandoo sua críttica ica aos éstudos protéstantés, Jamés DG Dunn publicou um artigo muito inluénté ém 1983 qué da dari riaa no nomé mé a um umaa abor abordag dagém ém ac acadé adé mica ica comp complét létam amén énté té no nova va – a ch cham amad adaa No Nova va Pérspéctiva sobré Paulo. Sandérs, Dunn acréditava qué a “réligiao” dé Paulo podéria muito bém sér caractérizada pélo nomismo pactual. Partindo dé Galatas 2:16 (“uma péssoa é justiicad justi icadaa na na o pélas obras da léi, mas péla fé fé ém Jésus Cristo”), Dunn arguménta arguménta qué a

 

érudiçaao ant érudiç antéri érior or 31. Jamés DG Du Dunn, nn, “Thé Néw Pérsp Pérspécti éctivé vé on Paul,” Bulletin of the Biblioteca John Rylands 65 (1983): 95-122. 44 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES (incluindoo Sandér (incluind Sandérs) s) havia lido o téxto para dizér qué ningué ningué m é just justiica iicado do pela  pela lei. Dunn, no éntanto, énténdé qué “as obras da léi” sé référém a marcadorés dé idéntidadé judaica. E cl claro aro qué Paul Pauloo na na o ti tinh nhaa na nada da cont contra ra a To Tora ra como como tal tal - o qu quéé élé élé sé op opun unha ha,, Du Dunn nn argum arg umént énta, a, éra éra judeu  judeu .  particularismo , a idéia dé qué a aliança judaica éra apénas para judéus. o “obras da léi”, na visao dé Dunn, référé-sé a aspéctos qué criam uma barréira éntré judéus é na na o-judéus: o-judéus: régul régulamént améntos os alimén aliméntarés, tarés, circu circuncisa ncisa o, o, régul régulamént améntos os rélati rélativos vos a puréz purézaa é assim por dianté. A cténtativa dé éstudos Dunn dépaulinos harmonizar réconstruça o dé éSandérs do judaí ssmo mo do priméiro sé ulo com os abriuapara intérprétaço s ainda mais radicais. Inspirados, por éxémplo, por Kristér Sténdahl, Lloyd Gaston é John J. Gagér, os éstudiosos coméçaram a brincar com a idéia dé colocar Paulo complétaménté déntro do judaíssmo. mo. Gaston fornécéu uma péça importanté do québra-cabéça ao sugérir qué Paulo sé dirigia éxclusivaménté a nao-judéus é, portanto, nunca discutia como os judéus dévériam sé rélacionar com a Tora. trazér a morté para aquélés fora dé uma rélaçao dé aliança com o Déus dé Israél. Duranté a década dé 1990, foram publicados varios éstudos qué abordaram Paulo a partir dé pérspéctivas diféréntés, mas qué nao éram éxataménté as mésmas visoés déféndidas por aquélés associados a Nova Pérspéctiva sobré Paulo. Em 1990, Pétér Tomson éxaminou a ligaça ligaça o éntré a halakah rabí nica nica é a manéira dé arguméntar dé Paulo ( Paul and the Jewish Law ), Stanlé Stanléyy Sto Stowér wérss pub public licou ou séu  A Rereading Rereading of Romans ém 1994, é Mark Nanos publicou séu Mystery of Romans ém 1996, séguido por um éstudo ém Ga Ga latas ém 2001 ( The Irony Iro ny of Gal Galat atian ianss ).3 ).33 3 Exé Exémpl mplos os mai maiss récé récénté ntéss 32. Lloy Lloyd d Gas Gaston ton,, Paul and the Torah (Vancouvér: Univérsity of British Columbia Préss, 1987). 33. Mark D. Nanos, The Mystery of Romans: The Jewish Context of Paul's Letter (Minneapolis: (Minneapolis: Fortress Press, 1996); Nanos, The Irony of Galatians: Pauls' Letter in First Century Context  (Philadelphia: Fortress Press, 2001); Stanley K. Stowers, Uma Releitura de Romanos: Justiça,  Judeus e 45  PAULO NO JUDAISMO dos éstudos qué téntam colocar Paulo irméménté déntro do judaíssmo mo sao o éstudo dé Willia Wil liam mEisénbaum Cam Campbé pbéll, ll, Paul Paull Was Pau andNot theaCre Creati ation on of(2009); Chr Christ istian ian Identit Idenvolumés tityy (2006); a monograia dé Paméla Christian os dois dé Brian Tuckér sobré

 

Paulo ém 1 Corín ntios tios (2010 é 2011) ( Você pertence a Cristo é permanece em em seu chamado ); monograia dé David Rudolph sobré 1 Coríntios ntios 9 ém 2011 ( Um judeu para os jude judeus us ); é Paul at the Crossroads of Cultures (2013) , dé Kathy Ehrénspérgér.34 Essés, é varios outros éstudos, constituém altérnativas coniavéis é vérdadéiros désaios as pérspéctivas tradicionais, qué todas, dé uma forma ou dé outra, supoém uma ruptura fundaméntal éntré Paulo é o judaíssmo. mo. Consid Con sidéran érando do a his histo to ria do désé désénvo nvolvi lvimén ménto to téolo téolo gic gicoo dén déntro tro da igr igréja éja cri crista sta é sua inluéncia na érudiçao, ou dito dé outra forma, a fusao da téologia normativa é da érudiçao paulina, pauli na, a pérsp pérspéctiv éctivaa tradi tradiciona cionall sobré Paulo é ménos convi convincénté ncénté.. A busca pélo Paul Pauloo historico nao podé sé limitar a éncontrar um Paulo qué faça séntido téologico para a igréja atual, mas um qué faça séntido no contéxto do priméiro século, antés dé Agostinho é Lutéro éntrarém ém céna. Como historiado doré rés, s, précisamos buscar a vér vérdadé histo r ic ica sobré Paulo, indépéndéntéménté das conséquéncias para a téologia crista. Para mim, o ponto dé partida método mét odolo lo gic gicoo nat natura urall sér séria ia ass assumi umirr um Pau Paulo lo ir irmémé méménté nté énr énraiz aizado ado no judaí judaíssmo mo – “circuncidado no oitavo dia, mémbro do povo dé Israél, da tribo dé Bénjamim, hébréu nascido dé hébréus” (Fp 3.3). :5). Gentiles (Néw Havén, CT: Yalé Univérsity Préss, 1994); Pétér J. Tomson, Paul e os judeus  judeus Lei: Halakha nas Cartas do Apóstolo aos Gentios (Assén: van Gorcum, 1990). 34. William S. Campbell, Paul and the Creation of Christian Identity (Londres: T & T Clark,  2006); Pamela Eisenbaum, Paul Was Not a Christian: The Original Message of a Misunderstood Apostle (Nova York: HarperOne, 2009); Tucker, permaneça em seu chamado ; David J. Rudolph, Um Judeu para o Judeus: Contornos Judaicos da Flexibilidade Paulina em 1 Coríntios 9:19-23 (Tübingen: Mohr Siebeck, 2011); J. Brian Tucker, Você pertence a Cristo: Paulo e a formação da identidade social em 1 Coríntios 1–4 (Eu Coríntios (Eugene gene,, OR: Pick Pickwick, wick, 2010); Kat Kathy hy Ehre Ehrenspe nsperger rger,, Paul na encr encruzil uzilhada hada de Cultures: Theologizing in the Space-Betwee Space-Betweenn (Londres: Bloomsbury, 2013). 46 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES Que diferença faz? Vou éncérrar ésta brévé visao géral da ascénsao é quéda do Paulo antijudaico, indicando algumas aréas ém qué uma pérspéctiva dé Paulo déntro do judaí ssmo mo sobré Paulo faz uma diférénça considéra considéra vvél él para nossas réconstruço réconstruço és histo histo ricas. Crista ooss como uma Tércéira Raça? Crista Tradicionalménté, tém-sé muitas vézés assumido qué as péssoas nos priméiros

 

“igréja”, indépéndéntéménté da étnia, fundiu-sé ém uma tércéira éntidadé.35 Ex-judéus é éx-géntios constituíaam m assim uma tércéira raça – “os cristaos”. Uma parté fundaméntal dé tal construça construça o éé a idéia dé qué Paulo sé opo opo s ao judaíssmo. mo. Tornando-sé “Cristao” énvolvia assim uma transformaçao radical dé idéntidadé, o qué signiicava, por éxémplo, qué os judéus déixaram dé sé déinir déntro do judaíssmo mo ou ém térmos dé obsérva ncia daCristo Tora. éOsum “crista os” éram todos caractérizados uma téologia comum oriéntada para comportaménto réligioso comum. Ospor “éx-judéus” déixaram dé obsérvar a Tora é pararam dé comér comida judaica é obsérvar os régulaméntos dé puréza. Esté moviménto cristao ortodoxo (no vérdadéiro séntido da palavra) foi améaçado por indivíd duos uos ou grupos héréticos qué ainda, érronéaménté, éstavam ligados ao judaíssmo. mo. Essés judéus “judaizantés” (judéus-cristaos) foram résponsavéis pélos maiorés conlitos déntro da igréja crista. Elés foram, no éntanto, dérrotados é, événtualménté, o évangélho paulino, pauli no, livré da léi, ganhou o dia. Désta form forma, a, éncon éncontramos tramos uma continui continuidadé dadé níttida, ida, sé na na o dé Jésu Jésuss (qué (qué qu quas aséé to todo doss ré réco conh nhéc écém ém como como vérd vérdad adéi éira ramé mént ntéé judé judéu) u),, ma mass déinitivaménté dé Paulo, para a atual igréja crista. Essa pérspéctiva motiva o uso dé désignaço és como “crista désignaço “crista oo”, ”, “cristianismo”, 35. Vé 35. Vér, r, po porr éx éxém émpl plo, o, EP Sand Sandérs érs,, Pa Paul ul,, th thee Law, Law, an andd the the Je Jewi wish sh Pe Peop ople le (Minnéapolis: Fortréss Fort réss Préss, 1983) 1983),, 171-7 171-79; 9; Héikk Héikkii Ra Ra isa isa nén, The Rise of Christian Beliefs: The Thought  World of Early Christians (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2010), 259–64. 47 PAULO NO JUDAISMO é “igréja”, émbora a évidéncia dé qué o moviménto dé Jésus sé idéntiicou como “cristaos” séja tardia é limitada.36 Sé, no éntanto, assumirmos um Paulo dentro do judaíssmo, mo, mésmo um Paulo obsérvador da Tora, como isso aféta a réconstruçao historica do désénvolviménto do moviménto dé Jésus primitivo? A priméira coisa qué témos a fazér é rélétir sobré as crítticas icas osténsivas da Tora Tora , qué sao uma caractérísstica tica saliénté ém varias cartas dé Paulo, éspécialménté Galatas é Romanos. Sé o autor déssas cartas éra um judéu obsérvanté da Tora, ainda acréditando sér iél ao judaíssmo, mo, suas instr instruço uço és sobr sobréé a obsérv obsérvaan ncia cia da Tora Tora na na o podém tér sido univérs univérsais, ais, ou séja, nao podém tér sido dirigidas aos discí p pulos ulos judéus dé Jésus. todas as cartas auténticas dé Paulo parécém sé dirigir a nao-judéus podém nos dar uma chavé hérménéutica. E possívél vél qué Paulo apénas sé opuséssé opuséssé a na na oo-judéus -judéus qué obsérvassém a Tora Tora ou a na na oojudéus sé tornando judéus é, portanto, sob a Tora nos mésmos térmos qué os judéus? Como arguméntéi ém outro lugar, é bastanté évidénté qué havia varias idéias judaicas sobré a rélaçao éntré nao-judéus é a Tora. Alguns parécém tér saudado a participaçao dé naojudéus ém assuntos judaicos, como a obsérvancia da Tora Tora .

 

Outros achara Outros acharam m tal idéia répu répugnan gnanté. té. Ha Ha tamb tambéém ampl amplaa évidé évidé n ncia cia indican indicando do qué muit muitos os na na o-judéus o-judéus foram atraíd dos os pé pélo lo ju judaí daísmo smo é im imit itar aram am um ésti éstilo lo dé vi vida da judai judaico co,3 ,38 8 provavélménté como résultado da intéraçao com judéus qué acréditavam qué também os na na o-judéus sé bénéiciariam da obsérva obsérva ncia da Tora Tora .39 36. Atos 11:26, 26:28; 1 animal dé éstimaça éstimaça o. 4:16. 37. Mark D. Nanos, “Paul and Judaism: Why Not Paul's Judaism?” ém Paul Unbound: Outros Perspectivas sobre o Apóstolo , éd. Mark Douglas Givén (Péabody, MA: Héndrickson, 2010), 117–60; 117– 60; Nanos, “Rélaça “Rélaça o dé Paulo com a Tora Tora a luz dé sua éstraté éstraté ggia ia 'tornar 'tornar-sé -sé tudo para todos' (1 Corín ntios tios 9:19–23)”, ém Paulo e o judaísmo: correntes cruzadas na exegese paulina e  o Estudo das Relações Judaico-Cristãs , éd. Didiér Polléféyt é Réimund Biéringér (Londrés: T & T Clark, 2012), 106-40. 38. Véja Michélé Murray, Playing a Jewish Game: Gentile Christian Judaizing in the First and  Second  Séculos CE (Watérloo, Ont: Wilfréd Lauriér Univérsity Préss, 2004), 11–27. 48 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES Uma véz qué éé prova provavvél él qué a maioria dos adépto adéptoss na na oo-judéus -judéus do movim moviménto énto dé Jésus fossém récrutados ém sinagogas ondé judéus é nao-judéus sé socializavam, é ondé naojudéus foram éncorajados a adotar alguns traços culturais judaicos, Paulo éncontrou naojudéuss qué podériam sér cons judéu considérad idéradoo como parcial parcialménté ménté obsérvad obsérvador or da Tora Tora . E possí possívvél él qué ésté séj séjaa o cér cérné né do pro problé bléma, ma, uma véz qué ha ha évi évidé déncias cias,, réc réconh onhéci écidam damént éntéé do tércéiro século, mostrando qué ném todos os judéus éram positivos para nao-judéus énvolvéndo-sé na obsérva obsérva ncia da Tora Tora .40 Paulo podé muito bém tér sido positivo para na na ojudéus. Judéus voltando-sé para o Déus dé Israél atravé atravé s dé Jésus-o-Méssias, mas sé opondo ao énvolviménto na na o-judéu o-judéu na Tora Tora . Tal cénario podéria muito bém éxplicar a críttica ica dé Paul Pauloo a Tora Tora (conf (conformé ormé dirigida dirigida aos nao-judéus qué obsérvavam a Tora), déixando éspaço para os séguidorés judéus dé Jésus qué obsérvavam a Tora, incluindo o pro pro prio Paulo. A partir dé tal pérspéctiva, a idéia dé um moviménto uniicado com um comportaménto réligioso comum dévé sér quéstionada. Sé um Paulo dé comportaménto judéu déféndia a obsérvancia contín nua ua da Tora Tora para os discíp pulos ulos judéus dé Jésus, énquanto dissuadia os nao-judéus dé sé énvolvérém nos assuntos da Tora, dévémos pérmitir uma situaçao social muito mais compléxa, como, por éxémplo, nao-judéus séndo éspérados conformar-sé as convénço és aliméntarés judaicas (sém sé tornar formalménté “sob” convénço Tora ), uma véz qué élés éstavam sé judaicos guiavam o comportaménto do juntando grupo. a grupos ondé os costumés aliméntarés

 

Além disso, assumindo um Paulo judéu, obsérvador da Tora, énfatiza o caratér judaico do moviménto, éntao o moviménto dé Jésus primitivo é, dé fato, mélhor déscrito como uma facça fac çao ju judai daica, ca, com comoo os far fariséu iséuss ou a com comuni unidadé dadé dé Qum Qumran ran (qué nin ningué guém airma airma répréséntar algo alé alé m do judaíssmo). mo). O qué hojé conhécémos como 39. Marc Hirshman, “Univérsalismo Rabín nico ico no Ségun Ségundo do é Tér Tércéi céiro ro Sé Séculos ulos”, ”, Harvard  Theological Review 93 (2000): 101–15. 40. m. Avot 3:14; Sipre a Déutérono Déutérono mio § 345. 49 PAULO NO JUDAISMO O “cristianismo” ainda nao éxistia. A idéntidadé réligiosa normal déntro désté moviménto éra uma idéntidadé judaica, é as péssoas déntro désté moviménto acréditavam qué pélo ménos alguns nao-judéus também tériam um lugar no mundo vindouro (como ém algumas outras formas contémporanéas dé judaíssmo). mo). Acrédito irméménté qué diféréntés idéias sobré a naturéza do rélacionaménto éntré Israél é as naçoés foram a fonté dominanté dé conlitos. Uma véz qué todos osJésus judéus déntro do moviménto continuaram a vivér como judéus, émbora réconhécéndo como o Méssias, os conlitos rélétidos nas cartas dé Paulo na na o éram sobré a obsérva obsérva n ncia cia judaica da Tora Tora pélos judéus. O probléma qué ésté jovém moviménto tévé qué supérar foi como incorporar nao-judéus, nao apénas para éncontrar manéiras dé socializar com ségurança com nao-judéus, mas como incluir nao-judéus no povo éscatologico dé Déus.41 Paulo évidéntéménté acréditava qué nao-judéus Os judéus dévériam pérmanécér nao-judéus, é qué élés nao dévériam obsérvar a Tora, o qué possivélménté signiicava qué élés nao dévériam baséar sua rélaçao com o Déus dé Israél na Tora, mas ém Jésus-o-Méssias. Como é évidénté ém Atos 15:1, 5, outros grupos ou indivíduos duos acréditavam acréditavam qué os na na o-ju o-judéus déus tinham qué sé tornar judéus para sérém salvos: Entao algumas péssoas déscéram da Judéia é éstavam énsinando aos irmaos: “A ménos qué vocés séjam circuncid vocé circuncidados ados ségundo o costum costuméé dé Moisé Moisé ss,, vocé vocé s na na o podém sér salvos. . . . Mas alguns alguns crénté créntéss qué pér pértén téncia ciam m a séi séita ta dos far farisé iséus us sé lév lévant antara aram m é dis dissér séram: am: “E “E nécéssa rio qué élés séjam circuncidados é ordénados a guardar a léi dé Moisé nécéssa Moisé s”. s”. Al Algu guns ns és éstu tudi dios osos os ac acréd rédit itam am qu quéé éssa éssa ér éraa a po posi siça ça o da comu comuni nida dadé dé dé Ma Matéu téus. s.42 42 Arguméntéi ém outro lugar qué a Didache talvéz 41. Mark D. Nanos, “Paul and thé Jéwish Tradition: Thé Idéology of thé Shéma”, ém Celebrando Celebrando   Paulo. Festschrift em homenagem a  Jerome Murphy-O'Connor, OP, e Joseph A. Fitzmyer, SJ , éd. Pétér Spitalér (Washington, DC: Catholic Biblical Association of América, 2012), 62–80. 42. Véja, por éxémplo, J. Andréw Ovérman, Matthew's Gospel and Formative Judaism: The Social World of   a Com Comun unida idade de Mateus Mateus (Minnéapolis: Fortréss Préss, 1990); Anthony J.

 

Saldarin Saldar ini,i, Mateus Mateus   Comun Comunidad idadee Crist Cristã-Ju ã-Judaic daicaa (Chicago: Chicago Univérsity Préss, 1994); David C. Sim, Os 50 PAULO NO JUDAISMO: O ESTADO DAS QUESTO QUESTO ES prévé uma posi prévé posiça ça o intér intérmédia média rria: ia: os na na o-ju o-judéus déus dévém pérm pérmanécér anécér na na oo-judéus, -judéus, mas obsérvar tanto quanto possívvél él a Tor Toraa. Séj Séjaa com comoo for for,, o qué ica évid évidént éntéé é qu quéé nés néssa sa pérspéctiva, a pérspéctiva dé Paulo déntro do judaíssmo, mo, éncontramos um moviménto no procésso dé déiniçao dé sua rélaçao éscatologica com as naçoés, para as quais élas dévériam sér uma luz. O moviménto inicial dé Jésus foi dividido é varias vozés coéxistiram. E bastanté natural é muito prova prova vvél él qué o procésso dé d é autodéiniça autodéiniça o ténha sido complicado é ténha lévado a duros conlitos. Curiosaménté, do ponto dé vista désté Paulo, o surgiménto do fénoméno qué chamamos dé “cristianismo” dévé sér réconsidérado signiicativaménté. A continuidadé éntré a réligiao dé Paulo é a igréja crista simplésménté nao é tao clara como muitas vézés sé supoé. O qué événtualménté sé tornou a igréja crista diféré ém varios aspéctos importantés da réligiao dé Paulo. Enquanto Paulo acréditava qué élé répréséntava a pérféiçao do judaísmo do judaísmo , a igréja rapidaménté sé tornou um moviménto réligioso oposto aa pra pra tica tica do judaíssmo. mo. Da mésma forma, énquanto a idéntidadé judaica éra normal no iní ccio io do moviménto dé Jésus, a igréja achava qué a idéntidadé judaica éra incompatí vvél él com sér crista o, é o cristianismo logo sé tornou uma réligia réligia o antijudaica désprovida dé judéus. Es Essé séss po pouc ucos os éx éxém émpl plos os mo most stra ram m qu quéé assu assumi mirr Pa Paul uloo dén déntr troo do juda judaííssmo mo mu muda da drasticaménté as condiçoés basicas para nossas réconstruçoés historicas. Isso auménta a compléxidadé é nos obriga a pénsar dé manéiras novas é inovadoras. Isso léva a novos résultados bastanté intéréssantés ém uma disciplina qué ha muito tém sido dominada por umaa pé um pérs rspé péct ctiv ivaa fu fund ndam amén énta tall – a op opos osiç içaa o én éntr tréé Paul Pauloo é o ju juda daííssmo. mo. A pa part rtir ir dé considéraçoés historicas é métodologicas, éssa pérspéctiva radical sobré Paulo – Paulo déntro do judaíssmo mo – précisa muito dé um éxamé mais aprofundado. Evangelho de Mateus e judaísmo cristão: a história e o cenário social do Mateus Comunidade (Edimburgo: T & T Clark, 1998). 51 2 A Quésta Quésta o da Términologia: A Arquitétura Contémpora Contémpora n néa éa Discusso és sobré Paulo Discusso Andérs Runésson

 

Ao longo da uu ltima dé dé ccada, ada, mais é mais ééstudiosos studiosos do Novo Téstaménto té té m apontado para a nécéssidadé dé répénsar a términologia qué usamos ém nossas analisés, bém como ém nosso énsino. Varios térmos foram solicitados a sé aposéntar, como Paula Frédriksén éxpréssou,1 é déixam éspaço para novas palavras é éxpréssoés qué podém nos ajudar a comprééndér mélhor 1. Paula Frédriksén, “Aposéntadoria obrigato obrigato ria: idéias no éstudo das origéns cristas cujo témpo Comé to Go”, Studies in Religion 35 (2006): 231–46. O poténcial da para énganar osn éstudiosos para tirar concluso anacro nicasRéal ou érrootérminologia érr  néas néas ja ja foi falha apo aponta ntado do por Mo Morto rton Smi Smith, th, “Términ “Tér minolo ologic gical al Boo Booby byésTra Traps ps and Probléms in Sécond Témplé Judaéo-Christian Studiés”, ém Studies in the Cult of Yahweh , éd. Shayé JD Cohén (Nova York: Brill, 1996), 1:95-103. Véja também a discussao ém Andérs Runésson, “Particularistic Judaism and 53 PAULO NO JUDAISMO o qué éstava acontécéndo no mundo méditérra méditérra néo do priméiro sé sé cculo, ulo, uma época é cultura muito distantés distantés da nossa nossa.. A quésta quésta o térmi términolo nolo gica éé um problémaprobléma-chavé chavé para os éstudo éstudoss historicos ém géral, mas récébé um nívvél él adicional dé urgéncia quando lidamos com téxtos qué tém autoridadé réligiosa para as péssoas hojé. A polí ttica ica dé traduçao tém, néssé séntido, récébido maior aténçao ém éstudos récéntés, como no livro Faithful Renderings dé 2006 , dé Naomi Seidman . , uma forma particular dé traduçao, como téntamos déscrévér os fénoomén fén ménos os usu usualm almént énté, é, é na min minha ha opi opinia niao dé for forma ma pro problé bléma ma tica, tica, réf référi éridos dos com comoo “judaico-cristianismo”. Gostaria dé contribuir para ésta discussao no qué sé référé a Paulo, concéntrando-mé ém dois térmos usados nas traduçoés inglésas do Novo Téstaménto é na analisé historica dé téxtos incluíd dos os nésta coléçao dé documéntos antigos: “cristaos” (incluindo “cristianismo”) é "igréja." "igréj a." Essés Essés térmos térmos ést éstaao, por sua véz, rél rélaci aciona onados dos a for forma ma com comoo usa usamos mos out outras ras palavr pal avras, as, com comoo “ju “judéus déus”, ”, “ju “judaí daíssmo” mo” é “si “sina nago goga ga”. ”. Séra Séra ar argu gumé mént ntad adoo Cr Cris isti tian anis ismo mo Univérsali Univ érsalista? sta? Algu Algumas mas obsér obsérvaço vaço és crítticas icas sob sobré ré tér térmi minol nologi ogiaa é téo téolog logia” ia”,,  Journal of  Cristianismo greco-romano e judaísmo 1 (2000): 120-44. 2. Naom Naomii Séid Séidma man, n, Fait Faithful hful Rend Renderin erings: gs: Jewish-C Jewish-Christ hristian ian Diffe Differenc rencee and the Polit Politics ics of  Transl Tra nslati ation on (Ch (Chica icago: go: Univé Univérsi rsity ty of Chi Chicag cagoo Pré Préss, ss, 200 2006). 6). Cf. as con contri tribui buiço ço és par paraa a discussao ém Scott S. Elliott é Roland Boér, éds., Ideology, Culture, and Translation (Atlanta: Sociéty of Biblical Litératuré, 2012). 3. Matt Jac Jacks ksonon-McC McCabé, abé, éd., Cristianismo Judaico Reconsiderado: Repensando Textos e Grupos Antigos (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2007). Nésté volumé, obsérvé éspécialménté as contribuiçoés dé Jérry Sumnéy (“Paulo é os judéus créntés ém Cristo a quém élé sé opoé”) é John Marshall (“Joao judéu [cristao?] Apocalipsé”). Véja também Néil Elliott, The  Arrogance of the Nations: Reading Reading   Romanos na Sombra do Império (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2008), 15–16; Andérs Runésson,

 

“Invéntando a idéntidadé crista: Paulo, Inacio é Téodosio I”, ém Explorando os primeiros cristãos   Iden cristãos Identi tida dade de , éd. éd. Bén Béngt gt Ho Holm lmbé bérg rg (Tu (Tubing bingén én:: Mo Mohr hr Siéb Siébéc éck, k, 20 2008 08), ), 59 59-9 -92, 2, éspécialménté 62-74. Cf. a cat catégo égoriz rizaça açao dé tip tipos os rél réligi igioso ososs ém An Andér dérss Run Runéss ésson, on, “Ré “Réthi thinki nking ng Ear Early ly JéwishJéwishChristian Rélations: Matthéan Community History as Pharisaic Intragroup Conlict”, Journal  Conlict”, Journal  of Biblical  Literatura 127, n. 1 (2008): 95–132, aqui 105. Sobré as origéns, historia é uso do térmo “Crista o Judéu” é “Cristianismo Judéu”, véja a pésquisa informativa dé Matti Myllykoski, “Crista “'Judéus cristaos' é 'cristaos judéus': as origéns judaicas do cristianismo na litératura inglésa, dé Elizabéth I ao Nazaréno dé Toland ” , ém A ém A redescoberta do cristianismo judaico: From Toland to Baur , éd F. Stanléy Jonés (Atlanta: Sociéty of Biblical Litératuré, 2012), 3– 41. 54 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA qué “cr “crist istaaos” os”,, “cr “crist istian ianism ismo” o” é “ig “igréj réja” a” sa sao tér térmos mos pol politi iticamé caménté nté pod podéro érosos sos qué sa sao inadéquados, anacronicos é énganosos quando lémos Paulo, sérvindo as nécéssidadés contémporanéas na formaçao dé idéntidadés réligiosas ém véz dé nos ajudar a déscrévér judéus é gréco-romanos sociédadé no priméiro século. Algumas palavras sobré a naturéza da términologia é possívéis véis armadilhas para traduzir fénoménos historicos sao nécéssarias antés dé abordarmos os problémas éspécíicos icos rélacionados a éssés térmos. Traduzindo a História: Colonizando o Passado ou Libertando os Mortos? As péssoas sé énvolvém ém pésquisas historicas por varias razoés, algumas das quais podém sér comparadas ao déséjo dé um viajanté dé éncontrar é apréndér sobré coisas désconhécidas. Historiadorés é viajantés té té m algo mais ém comum com toda a humanidadé, poré po ré m, o qu quéé pr prob oblém lémat atiz izaa a no noça ça o dé qu quéé a désc déscob obér érta ta dé al algo go vérd vérdadé adéir iram amén énté té désconhécido éé possívél. vél. Cada véz qué novas culturas sao éncontradas, incluindo paisagéns historicas pérdidas, o qué antés éra désconhécido é imédiataménté, com o auxíllio io instintivo das éxpériéncias antériorés é da socializaçao do obsérvador, acomodado déntro dé uma visa o dé mundo prééxisténté alhéia aos fé visa féno no ménos obsérvados. Com as déscobértas, como com todos os tipos dé éxpériéncias, um procésso dé “traduçao” instantanéo é incéssanté sé instala ém nossos cérébros assim qué éncontramos o romancé, vi visan sando do tra transf nsform ormaa-lo ém alg algoo fam famili iliar, ar, alg algoo com o qua quall pos possam samos os no noss rélac rélacion ionar ar é comprééndér. Esté é, dé fato, um importanté procésso psicologico , uma condiçao qué torna possívvél él qué os sé séré rés s hu huma mano noss éfu func ncio ioném ném, , dand da o sén sénti tido doa ao mu mund ndoocaménté ao no noss o réd rédor . Ma Mas s éssé éssé mécanismo mécan ismo hérmén hérméné u utico tico éspon ésponta tando  néo, émbor émbora psic psicologi ologicamént é sso nécés nécéssa saor.  rrio, io, també també m

 

signiicaa qué é imp signiic impossí ossívél, vél, éstritaménté falando, para alguém éxpériméntar algo como vérdad vér dadéir éiramé aménté nté novo , um umaa véz véz qu quéé a “alt “altéri érida dadé dé”” é inst instan anta tané néam amén énté té ab abso sorv rvid ida, a, incor incorpor porada ada é mod modii iicada cada pél péloo fam famili iliar, ar, mésmo mésmo com comoo um “éstran “éstrangéi géiro” ro”.. obj objéto éto." ." Novas déscobértas, 55 PAULO NO JUDAISMO nova compréénsao, sao, portanto, é dévém sér inéscapavélménté, o résultado dé nossos esforços conscientes para separar o que encontramos de  de   o famil familiar iar que conh conhecem ecemos os . Novos insights sao, portanto, dépéndéntés dé nossa vontadé dé nos désfamiliarizar com os fénoménos qué procuramos énténdér; ém nossa récusa ém déixar nossa méntalidadé é concéitos familiarés, ja ém uso, controlarém é catégorizarém o qué éncontramos. convidar o uso do método nas humanidadés é nas ciéncias sociais ém géral; o método ém si nao é, porém, uma soluçao garantida para o probléma dé nossa capacidadé limitada dé ir além dé no s mé no mésm smos os,, po pois is sua sua pr proopr pria ia cons constr truç uçaao ta tamb mbéém ésta ésta énré énréda dada da no noss mo moldé ldéss das das contémporanéidadés culturalménté détérminadas qué nos cércam.5 A pércépçao humana é égocéntrica é étnocéntrica é, por implicaçao, portanto, dé naturéza colonial, uma véz qué no no s, como céntro, “violéntaménté” éstruturam é da da o forma aa périféria, ao qué na na o somos no no s. Construím mos os o “outr “outro” o” a nossa pro pro pria imagém ou dist distorcémo orcémoss féno féno ménos éncontr éncontrados ados usando fraquézas pércébidas ém nossa propria cultura como blocos dé construçao ém um procésso dé “altéraçao”. Tais praticas coloniais éstao ém constanté trabalho na érudiçao bíb blica lica histo histo ricorico-crí críttica ica tan tanto 4. Cf. A disc discus ussa sa o dé Jam Jamés DG Dun unn n sob sobré no noss ssaa “coniguraçao padrao” como intérprétamos o mundo ao nosso rédor é os téxtos bí b blicos: licos: Uma Nova Perspectiva em Jesus: Qual é a Busca pelo Jesus Histórico   Perdeu (Grand Rapids: Bakér Bak ér Ac Académ adémic, ic, 200 2005), 5), 8080-82. 82. Dun Dunn n éscrév éscrévé: é: “Um “Umaa con coni igur guraça açao pad padra rao, ént éntaao, as préféré préf éré n ncias cias prédéi prédéinidas nidas dé um computado computador, r, é uma imagém u til dé uma méntalidad méntalidadéé éstabélécida, um viés inconsciénté ou Téndénz, uma résposta réléxa instintiva. A quésta quésta o é qué altérar coniguraça o padra , mudar uma habitual pérspéctiva réquér um aésforço consciénté é osusténtado ouatitudé répétido, caso ou contra rio, sém instintiva, pércébér, voltamos aa coniguraça coniguraça o padra padra oo,, aa s nossas prédisposiço prédisposiço és na na o éxaminadas” (82). 5. Sobré o método como parté daquilo qué précisa sér désémbaraçado, véja o capí ttulo ulo trés, “Théé Thé “Th Théoré orétic tical al Loc Locati ation on of Po Postc stcolo olonia niall Stu Studiés diés”, ”, ém An Anna na Run Runéss ésson, on, Exegesis in the Making: Postcolonialism and   Estudos do Novo Testamento (Léidén: Brill, 2011), ésp. 36-39. Vér também Todd Pénnér é Caroliné Vandér Stichélé, “Ré-Assémbling Jésus: Ré-Thinking thé Ethics of Gospél Studiés”, é Hans Léandér, “Mark and Matthéw aftér Edward Said”, ambo am boss és éstu tudo doss publ public icado adoss ém Ma Mark rk an andd Ma Matt tthe hew w , éds. éds. Ev Evéé-Ma Mari riéé Bé Béck ckér ér é An Andér dérss Runésson (Tu (Tu bingén: Mohr Siébéck, 2013), 2:311–34 é 289–309, réspéctivaménté. 56 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA

 

como ém outras disciplinas historicas. Précisamos nos consciéntizar déssés mécanismos hérménéuticos qué muitas vézés passam déspércébidos é résistir a élés sé buscarmos a compréénsao do historico, cuja altéridadé radical é dé outra forma néutralizada. Esté é um procésso ao longo da vida. Précisamos Préci samos ouvir antés dé falar, falar, é a éscuta radic radical al léva a désfam désfamiliar iliarizaça izaça oo,, o iníccio io da pésquisa historcom ica; ouvindo vozés o saono ém uma linguagém qué nao é nossa, ém um mundo um céntro qué qué nao na somos nonossas,  s. Réconstruir é traduzir a historia inévitavélménté coméça é términa com a linguagém.6 Quando nos désfamiliarizamos com téxtos é outros artéfatos, nos éngajamos ém um procésso dé déscolonizaçao do passado, libértando os mortos da éscravidao dé nossas idéntidadés polítticas icas contémporanéas. A historia, a réconstruçao das vozés silénciadas é dos mundos élas habitado, sémpré énvolvé, Portanto, Ambas décisoés métodologicas é éticas. Uma das éscolhas fundaméntais qué o historiador dévé fazér a éssé réspéito diz réspéito a términologia aplicada a médida qué a taréfa analí ttica ica é réalizada, pois as palavras qué usamos téndém té ndém a controlar a manéira como pénsamos.7 Mudando a arquitetura da conversa A linguagém linguagém é, ém muitos aspéctos, compara compara vél vél aa arqui arquitétur tétura. a. Por méio dé éstru éstruturas turas éxtérnas é visívvéis éis qué sao vivénciadas é compartilhadas por outros, éntramos ém édifí cios cios qué inluénciam nossa impréssa impréssa o da réalidadé. No éspaço arquitétonicaménté construíd do, o, a pércépça pércé pça o é récon réconigu igurada, rada, nossa visa visa o “révi “révisionad sionada”, a”, é tudo o qué é focal focalizado izado déntro déssé éspaço é visto é “agora” é o unico éspaço qué podémos, por déiniçao, habitar. A réconstruçao dé procéssos historicos énvolvé, como qualquér traduçao, duas linguagéns: a antiga é a modérna. Assim como os dois nao dévém sér confundidos no procésso analí ttico ico sé buscarmos aquilo qué nao somos nos, a traduçao résultanté é, por déiniçao, sémpré uma aproximaçao, uma véz qué o signiicado éé désénvolvido no contéxto. 7. Sobré ésté désaio, cf. Smith, “Términological Booby Traps”, 95, qué obsérva qué ha ha uma

 

“préconcéi “précon céito to a fav favor or dé qua qualqu lquér ér tér términ minolo ologia gia éstabé éstabéléc lécida ida;; dés désdé dé a inf infaan ncia cia fom fomos os tréinados tréin ados para acréditar qué o qué nos foi énsin énsinado ado é cérto. Alé Além disso disso,, éssa crénça é convéniénté.” 57 PAULO NO JUDAISMO comprééndi comp rééndida da a part partir ir da pais paisagém agém ém qué éntramos é qué nos énvolvé. Ha Ha éspaç éspaçoo para uma variédadé dé intérprétaçoés déntro do éspaço criado pélas éstruturas éxtérnas, ém grandé parté dépéndéndo dé nossas éxpériéncias antés dé éntrar no éspaço. No éntanto, as éstruturas ainda éstabélécém os pontos dé partida para qualquér discussao é fornécém os limités déntro dos quais as concluso concluso és podém sér tiradas.8 Térmos Térm os é conc concéi éito toss ac acad adéémic icos os,, todo todoss os qu quai aiss sa sa o po port rtad ador orés és dé vi viso so és é idéi idéias as éspécíicas, icas, funcionam da mésma manéira. Elés constroém o “éspaço” déntro do qual nos concéntramos ém quéstoés é topicos éspécí icos icos ém nossas convérsas. Os édifícios cios términolo términolo gicos sa sa o construíd dos os léntaménté ao longo do témpo é nao sa o facilménté Idéiasporqué académmuitos icas agora insusténta véis dé époocas antériorés inluénciam os démolidos. discursos atuais, dé no s ainda ocupamos éspaço criado pélas parédés, arcos é tétos términologicos qué déixaram para tras. Précisamos, portanto, réconsidérar é discutir na na o apénas as concluso concluso és qué tiramos, mas também a “arquitétura” déntro do qual os formulamos. Como a résposta a qualquér pérgunta ja ésta, até cérto ponto, déntro da pérgunta féita – a pérgunta forma a “sala” na qual téntamos t éntamos éncontrar a résposta – as concluso concluso és qué damos a luz para sé tornarém déscéndéntés da linguagém qué usamos. A términologia ésta répléta dé signiicados qué muitas vézés passam déspércébidos no procésso analí ttico, ico, mas qué éla controla dé déntro para fora. Répénsar a forma dé falar podé, portanto, résultar na déscobérta dé novas paisagéns. Os térmos qué discutirémos sao dois parés dé palavras qué sao dé fundaméntal importancia para nosso campo, pois détérminam muito dé como as pérguntas sao féitas é quais conclusoés sao tiradas. Essés térmos sao, como obsérvado acima, “crista “crista oo”/”cristianismo” ”/”cristianismo” (é “judéus”/”judaíssmo”) mo”) por um lado, é “igréja” (é “sinagoga”) por outro, é coméçarémos nossa discussao com o priméiro. 8. Cf. Runésson, “Invéntando a Idéntidadé Crista Crista ”, 62–63. 58 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA “Cristaos”/”Cristianismo”

 

Quando falamos sobré érudiça Quando érudiça o do Novo Téstamé Téstaménto nto ém géral é Paulo ém particula particular, r, tém sido a convénçao dizér qué alguém ésta éstudando (os priméiros) “Cristianismo” é/ou (os priméiros) prim éiros) “Crista “Crista oos”. s”.  Já em em   neste ponto, enquadramos a forma e, portanto, o resultado  provável da da   disc discus ussã sãoo , té ténd ndoo ésta éstabé bélé léci cido do um umaa li liga gaça ça o irm irméé éntr éntré, é, po porr um la lado do,, o fénoméno modérno do cristianismo convéncional (nao-judaico) é, por outro, o qué éstava acontécéndo nos témpos do Novo Téstaménto é nas cartas dé Paulo. Alguns éstudiosos qué séntém a ténsao criada por éssa linguagém modiicariam tal términologia é sugérém qué falémos dé “judéus-cristaos” ém véz dé apénas “cristaos”, mas tal moviménto hérménéutico na na o nos tira do paradigma modérno, pois na na o na na o abordar o probléma ém sua raiz.9 Dévémos nos pérguntar sé os priméiros séguidorés dé Jésus tériam réconhécido a si mésmos como pérténcéntés ao térmo “cristianismo”, a palavra companhéira dé “cristaos”. Como é bém sabido, o térmo christianismos nao ocorré no Novo Téstaménto;10 Paulo nao oférécé nénhuma évidé évidé n ncia cia dé qué ja ja tivéssé ouvido falar délé. “Cristianismo.”11 Christianos ocorré apénas trés vézés, das quais duas sao éncontradas ém Atos (11:26; (11:26; 26:28 26:28)) é uma ém 1 Pédr Pédroo (4:16 (4:16), ), ambos téxtos postérior postériorés és a Paulo Paulo.. déscré déscrévé vé outros 9. Para discussao do térmo “judéu cristao” é séus problémas inéréntés, vér os éstudos listados no n. 3 acima. 10. Ao contra contra rio dé Ioudaismos (Gal. 1:13, 14). 11. A pri priméi méira ra ocorré ocorréncia do térmo chris christian tianismos ismos éncontra-sé nas cartas dé Inacio dé Antioquia, datadas do iníccio io do século II, séja duranté o réinado dé Trajano ou dé Adriano: Magn Ma gn . 10:1-3 10:1-3;; Rom . 3:3; 3:3; Phld . 6:1. Véj Véjaa Wil Willia liam m R. Schoé Schoédél dél,, Inácio de Antioquia: Um Comentário sobre as Cartas  Cartas  de Inácio de Antioquia (Philadélphia: Fortréss Préss, 1985), 126. Cf. Aléxéi S. Khamin, “Ignatius of Antioch: Pérforming Authority in thé Early church,” PhD Diss., Dréw Univérsity, 2007: “Sua éxécuçao [Inacio] vividaménté imaginada conigura-sé como uma éspécié dé combaté dé gladiadorés qué réssoa com os témas da morté nobré, sacrifíccio io é ascénsao divina. Ina Ina cio ténta construir uma nova idéntidadé solida, Christianismos , ém oposiçao a Ioudaismos . No éntanto, os 'judaizantés' invadir o mund invadir mundoo dé Ina Ina ccio, io, borrar as frontéir frontéiras as é obli oblitérar térar a dico dicotomia tomia Chris Christian tianismos ismos / Ioudaismos .” 59 PAULO NO JUDAISMO como christianoi.13 Isso signiica qué, sé préférirmos usar a términologia émica ao discutir o qué acontécéu ém torno dé Paulo é séus contémpora contémpora néos, “Crista é “Cristianismo” éstao fora dé quéstao; éssés térmos nao répréséntam como éssas péssoaso”déiniram no qué éstavam énvolvidas.

 

Sé, éntao, dé uma pérspéctiva émica, éssés térmos nao podém sér usados, nossa unica opça o método opça métodolo lo gica réstanté é uma pérsp pérspéctiv éctivaa térmi términolo nolo gica ética, sé aind aindaa quér quérémos émos usar “crista “crista oo”” é “cristianismo” quando discutimos Paulo é suas cartas. Para décidir a favor ou contra uma abordagém ética, no ént éntant anto, o, pré précis cisamo amoss ré rélét létir ir sobré sobré o fat fatoo obs obsérv érvado ado aci acima, ma, qué a tra traduça duçao (histoatuais rica) sémpré énvolvé duas lín nguas guas é qué, portanto, dévémos priméiro considérar os usos da palavra “Cristianismo” “Cristiani smo” para vér sé é adéqu adéquado ado para nosso nossoss propo propo sitos sitos,, sé corré corréspon spondé dé ao qué acréditamos sér uma réconstruça réconstruça o histo histo rica razoa razoa vél dé Paulo. O qué é qué habita hojé o térmo “cristianismo” qué o faz sé comportar dé détérminadas manéiras ém nossos discursos? Qué éféitos o térmo tém quando falamos – o qué élé faz? Qué opostos éla invoca? Uma véz qué tais padroés discursivos dé éféitos é opostos ténham sido mapéados, mapéados, na na o antés antés,, podém podémos os pérgunta pérguntarr sé o qué ésta ésta “déntr “déntro” o” do térmo hojé podé sér considérado transférívvél él para discursos antigos é, mais éspéciicaménté, para as cartas dé Paulo. A maio maiori riaa das das pé péss ssoa oas, s, éstu éstudi dios osos os paul paulin inos os é ou outr tros os,, conc concor orda dari riaa qu quéé a pala palavr vraa “cristianismo” nos usos convéncionais sé référé a péssoas qué pérténcém a uma “réligiao” éspécíica ica,, qu quéé colo coloca ca Jé Jésu suss no cé cént ntro ro dé suas suas cr crén énça çass é ritu rituai ais. s. Al Aléém diss disso, o, ha ha , présumivélménté, um amplo acordo sobré o fato dé qué “judaí ssmo” mo” é “judéu” pérténcém éntré os féno féno ménos qué podém sér référidos para déinir o qué o cristianismo não é . 12. Atos 11:26: “Assim foi qué duranté um ano intéiro élés sé réuniram com a ekklēsia é énsinaram muitas péssoas, é foi ém Antioquia qué os discíp pulos ulos foram chamados péla priméi pri méira ra véz dé ' cristãos '”; 26:28: “Agri “Agripa pa dissé a Paulo Paulo:: 'Vocé 'Vocé ésta ésta mé pérsuadin pérsuadindo do ta ta o rapidaménté a mé tornar um christianon ?'”; 1 animal dé éstimaçao. 4:16: “No éntanto, sé algum dé vocés sofré como crist cristão ão , nao considéré isso uma vérgonha, mas gloriiqué a Déus porqué vocé vocé léva éssé nomé”. 13. Cf. Pamela Eisenbaum, Paulo não era cristão: a mensagem original de um incompreendido  Apóstolo (São Francisco: Francisco: Harpe HarperOne, rOne, 2009). 60 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA Ja com éssés dois coméntarios éncontramos grandés problémas com rélaçao a adéquaçao dé “cristianismo” como um térmo déscritivo ético aplicado aos séguidorés dé Jésus do priméiro sé sé cculo. ulo. Priméiro, o féno féno méno modérno da “réligia “réligia o”, qué o térmo

 

O “cristianismo” carréga déntro dé si, é traz para todos os discursos para os quais é convidado, nao éxistia como tal na antiguidadé, como foi démonstrado por Stévé Mason é outross . ésta outro ésta acont acontécénd écéndoo nas cartas dé Paulo, Paulo, impo impomos mos ilégitima ilégitimaménté ménté nossos ha ha b bitos itos discursivos modérnos ao mundo antigo é fazémos com qué élé sé comporté como sé compartilhassé as préocupaçoés ocidéntais do século XXI no qué sé référé ao divino. Criamos Criam os o “outr “outro” o” a nossa pro pro pria imagém é assim forçam forçamos, os, a manéi manéira ra colonial, outros aspéctos rélacionados dos téxtos a fazérém faz érém séntido modérno, na na o antigo. Em ségun ségundo do lugar, lugar, como obsérvado obsérvado,, a aplic aplicaça aça o désté térmo a corré corréspond spondéén ncia cia paulina també m déséncadéia uma réaça també réaça o ém cadéia no qué diz réspéito ao nosso énténdiménto do outro fénoménos, qué no no s fréquéntéménté instintivaménté – pénsé para déinir o qué o “Cristianismo” é ou nao. O térmo-chavé a éssé réspéi rés péito to é “ju “judaí daísmo”. smo”. Assim Assim,, alé alé m do uso anacro anacro nic nicoo dé “ré “rélig ligia iao”, nos nossos sos ha ha b bitos itos contémpora n contémpora néos éos impo impo ém aos antigos a idéia modérna (é a pra pra xis qué sé ségué com a idéia) dé “cristianismo” como na na o séndo “judaíssmo”, mo”, é “judaíssmo” mo” como nao sendo “Cristianismo” . A “réligiao”, como énténdémos o térmo hojé, nao podé sér abstraíd da, a, mas éra parté intégrant intég rantéé dé pélo ménos séis catégoria catégoriass dé vida na antig antiguidadé: uidadé: éthnos, culto (nacion (nacional), al), ilosoia, tradiço tradiço és familiarés/culto domé domé sstico, tico, associaço associaço és volunta volunta rrias ias ( collegia / thiasoi ) , é astrologia é magia. Vér també também Phili Philip p F. Eslér, Conlict and Identity in Romans: The Social Setting of Paul's Let ettters (M (Minn innéap éapoli olis: s: For Fortrés trésss Pré Préss, ss, 200 2003), 3), 73: éxp éxpéri ériéén ncia cia tin tinha ha um sta status tus mui muito to diférénté.” Para discussoés contémporanéas mais amplas sobré o térmo “réligiao”, vér, por éxémplo, Jonathan Z. Smith, “Réligion, Réligions, Réligious”, ém Critical Terms for Religious Studies , éd. Mark C. Taylor (Chicago: Univérsity of Chicago Préss, 1998), 269–84; Russéll T. McCutchéon, “A Catégoria 'Réligiao' ém Publicaçoés Récéntés: Uma Pésquisa Crí tica tica”, ”, Nu Numen men 42 (1995): 284–309; Sam Gil, "O Estudo Académico da Réligiao", Jornal ", Jornal da Academia Americana de Religião 62 (1994): (1994): 965-75. 61 PAULO NO JUDAISMO

 

“Cristao”, é résta apénas discutir é débatér os détalhés intérprétativos qué sé aplicam déntro déssé concéito réligioso géral, para déscobrir qué tipo dé “crista “crista o” élé éra. Dévé-sé énfatizar qué éssa “conclusao” géral, véstida como ponto dé partida, como quéstao dé pésquisa, éé réaliz réalizada ada antés mésmo dé qualq qualquér uér forma dé trab trabalho alho analíttico ico tér sido émprééndido. Nossa tér Nossa térmi minol nologi ogiaa ést éstaa prénhé prénhé da con conclu clusa sa o, qué qué,, no dévi dévido do tém témpo, po, é ént éntrég régué ué sém grandé gra ndéss surpré surprésas. sas. Mas ass assim im com comoo no cas casoo dos prés préssup supost ostos os ana anacro cro nicos nicos sob sobré ré a “réligiao” como contéudo das préocupaçoés dé Paulo, o téxto colonizado sé récusa a coopér coo pérar ar plénam plénamént énté, é, é as ténso ténso és, que os próprios termos “cristianismo” e “cristãos”  cria criara ram m , na na o sa sa o ré réso solv lvid idas as,, déi déixa xand ndoo muit muitos os éstu éstudi dios osos os com com um agud agudoo sén sénso so dé inquiétaçao. Vamos dar mais um passo ém nossa discussao é considérar o séguinté. Sé, por causa do arguménto, présumirmos – contra a évidéncia – qué Paulo dé fato conhécia o térmo christianos , como o autor dé Atos é 1 Pédro féz no inal do priméiro século, isso signiicaria qué dévéríaamos mos traduzir o grégo cristãos com o inglé inglé s “crista “crista oo”? ”? Ou séja, podémos assumir continuidadé ém nossa traduça traduça o simplésménté porqué a palavra inglésa éé dérivada do térmo grégo histo histo rico? Obviaménté, o priméiro ponto méncionado acima sobré como a idéia modérna “réligiao” habita os térmos inglésés “cristianismo” é “Cristao” militaria contra tal traduçao – pois ainda é uma traduçao mésmo qué a palavra séja a mésma ém ambas as lín nguas guas – uma véz qué nos lévaria a pénsar sobré Paulo dé manéiras qué Paulo nunca faria, apésar dé séu uso hipotético do térmo grégo . Déixé-mé ilustrar ésté ponto com um éxémplo dé 1 Corín ntios tios 14:23: 15. Conformé obsérvado acima no n. 11, a priméira téntativa dé distinguir “cristianismo” dé “judaíssmo”, mo”, como sé fossém duas éntidadés mutuaménté éxclusivas, éncontra-sé nas cartas do sé sé culo culo II dé Ina Ina ccio io dé Antioquia. 62 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA Sé, portanto, toda a ekklēsia sé réunir é todos falarém ém lín nguas, guas, é idiotas ( idiōtai ) ou incré d incré dulos ulos éntrarém, élés na na o dira dira o qué vocé ésta louco? A quéstao é por  por qué é tao claro é obvio para nos qué o grégo idiōtai não dévé sér traduzido com o inglés “idiotas”. O nrsv tém “outsidér” é kjv tém “unléarning”. A traduçao suéca dé 1981, para dar um éxémplo dé uma lín ngua gua minorita minorita ria,

 

“nao iniciado”.16 Claro, é porqué sabémos qué a forma a  forma ísica dé uma palavra, as létras qué comp compooém um umaa pala palavr vra, a, na na o ga gara rant ntém ém um si sign gni iic icad adoo ixo ixo ao longo do témpo é ém diféréntés culturas é ambiéntés sociais. Ou séja, sabémos qué uma palavra é como um vaso qué no - inconsciéntéménté - nos énchémos dé nuancés, atitudés é méntalidadés pérténcéntés ao stémpo é contéxto ém qué vivémos. O signiicado nao dépéndé da forma do “vaso”, mas dos sons, séntiméntos é habitos discursiv discu rsivos os qué as péssoas déspéjam nélé aa médida médida qué é féito para désémpén désémpénhar har suas funço fun ço és ém dif diféré érénté ntéss cul cultur turas. as. ém pri priméi méiro ro lug lugar, ar, por qué um indiv indivííd duo uo judéu dé oriéntaça o apocalíptica oriéntaça ptica do priméiro século, como Jésus, chégou a tér bilhoés dé séguidorés ao longo da histo histo ria é ao rédor do mundo hojé. As palavras éscritas, ou “vasos”, usadas para transmitir a ménsagém parécém funcionar como élos qué nos conéctam com o passado. Isso cria uma sénsaçao dé continuidadé historica éntré nosso témpo é o témpo dé 16. A palavra suéca é “oinvigda”. (Enquanto Bibel   2000 , a traduçao oicial suéca da Bí b blia, lia, inanciada pélo Estado, foi lançada no ano 2000, a traduçao do Novo Téstaménto dé 1981 foi mantida intacta quando a nova traduçao da Bíb blia lia hébraica foi adicionada.) Para dar outro éxémplo dé uma lí n ngua gua falada por mais péssoas do qué o suéco, a traduçao suaíllii (Unitéd Biblé Sociétiés, Union Vérsion, 1952) diz “watu wajinga”, qué podé sér traduzido para o inglés como “péssoas ignorantés”. No Swahili modérno, no éntanto, éssa éxpréssao podé sér pércébida como péjorativa, como alguns apontaram, obsérvando qué “watu ambao hawaéléwi” séria uma traduça traduça o mélhor. Agradéço a Victor Limbana péla discussao désté assunto. 17. Cf. a críttica ica agora classica do Theologische Wörterbuch zum Neuen Testament (TWNT = Dicionári Dicion árioo Teoló Teológic gicoo do Nov Novoo Tes Testa tamen mento to [TDN [TDNT] T])) po porr Jamé Jaméss Ba Barr rr ( The Semantics of  Biblical   Language [Oxford: Oxford Univérsity Préss, 1961], advértindo contra a étimologia, bém como os périgos da transféréncia ilégítima tima dé totalidadé. 63 PAULO NO JUDAISMO os pri priméi méiros ros ség séguid uidoré oréss dé Jésus, Jésus, énquan énquanto to a mén ménsag sagém ém ém si é tra transc nscult ultura uralmén lménté té inculturad incu lturadaa ém sociédadés ém todo o mund mundo. o. As palav palavras ras é, mais éspéci éspéciicamé icaménté, nté, cértos térmos-chavé como “cristao” assumém um papél dé éstabilizadorés historicos no procésso dé construça construça o idéntita idéntita rria ia nas comunidadés contémpora contémpora néas. O prob probléma, léma, poré poré m m,, é qué, émbora sé pénsé qué éssas palav palavras ras transpo transportam rtam a ménsag ménsagém ém antiga para na réalidadé somos nos qué énchémos “vasos” dé signiicado, dé modo quéo onosso luxotémpo, dé signiicado vai mais fréquéntéménté dé noos s para o téxto historico é

 

nao do téxto para nos. Para aquélés qué abordam o téxto a partir dé uma pérspéctiva dé fé, isso podé nao parécér um probléma hérménéutico ésmagador, uma véz qué, no qué diz réspéi rés péito to a léitur léituraa dé téx téxtos tos dé aut autori oridadé dadé rél réligi igiosa osa,, a rév révélaç élaçaa o div divin inaa na nao pod podéé sér pénsada pénsa da como situada ném no téxto ném com séus léitorés, mas no éspaç éspaçoo intér intérprét prétativo ativo qué sé concrétiza como résultado da troca dé séntido éntré léitor é téxto.18 procéssos dé troca dévém, é ntanto, éntanto, déixar o historiador préocupado, poisanti suago, taréfa éTais  préénchér préén chér éssas palav palavras ras comnoum signii signiicado cado qué, no contéxto, faça séntido antigo, na na o modérno. A importa importa ncia da éscolha da términologia utilizada na ana ana lisé histo histo rica na na o podé, a ésté réspéito, sér éxagérada. Em tal situaça situaça oo,, uma véz qué muitas vézés é difíccil il éncontrar términologia qué impoé um mínimo nimo dé controlé sobré o procésso analí ttico, ico, é importanté qué térmos altérnativos altérnativos séjam ao ménos téstados para pérmitir a poss possibili ibilidadé dadé dé novo novoss insights créscérém a partir dé 18. Dévé-sé notar, no éntanto, qué désdé o Iluminismo, é comoo com com comoo rés résult ultado ado da réf réform ormaa no sé século XVI qué éxi éxigia gia um “ré “rétor torno no aa s fon fontés tés”” ( ad   fontes ), as léituras historicas dé téxtos bíb blicos licos muitas vézés passaram a sér énténdidas como réligiosaménté autorizadas. Hojé, também nos documéntos oiciais da Igréja Catolica, as compréénsoés historicas das quéstoés téologicas sao éxplicitaménté réconhécidas como dé fundaméntal importancia é, como conséquéncia, os métodos éxégéticos é historicocrítticos icos for foram am san sancio cionad nados os péla Igr Igréja éja com comoo fér férram ramént éntas as com as qua quais is as vérd vérdadé adéss téolo gicas é, por implica téolo implicaça ça o, o, a révéla révélaça ça o divi divina na podé sér récup récupérada. érada. Véja a discu discussa ssa o ém Andérs Runésson, “Julgando a AA rvoré Téolo Téolo gica por Séus Frutos: O Uso dos Evangélhos dé Marcos é Matéus nos Documéntos Oiciais da Igréja sobré Rélaçoés Judaico-Cristas”, ém Marcos e  e Mateus , 2:189-228. 64 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA réconstruço és dé diféréntés paisagéns histo réconstruço histo ricas. Sé, éntao, os térmos Cons Co nsid idér éraa-sé sé qu quéé “c “cri rist staao” é “c “cri risti stian anis ismo mo”” no noss dés désvi viam am do cam camin inho ho é conv convid idam am a réconstruçoés historicas anacronicas é, portanto, dévém sér évitados, com o qué dévémos substituí--los? los? O ponto dé partida mais natural para uma réléxa r éléxa o términolo términolo gica rénovada sobré quém éra Paulo é como élé sé idéntiicava séria falar nao dé “Paulo, o cristao”, mas dé “Paulo, o judéu”; dé Paulo como alguém qué praticou “judaíssmo”, mo”, na na o “cristianismo”. “Judéu” sobré “judéu,”20 Ioudaios é mélhor traduzido como “judéu.”21 Ao contrario do qué sé tornou o cristianismo dominanté na Antiguidadé Tardia, o Judaí ssmo mo nunca réjéitou a antiga conéxao éntré um povo, sua térra, léis é déus(s).22 Embora os cristaos ténham, ao longo dos témpos, téntado rédéinir o judaíssmo mo como uma “réligiao”, uma imagém négativa dé si mésmos, os judéus tradicionais nunca acéitaram éssa rééscrita dé sua idéntidadé é

 

continuaram a énténdér séu éthnos como éntrélaçado com a léi judaica, o térra é o Déus dé Israél.23 Por um lado, o désénvolviménto dé sénvolviménto do qué véio a sér “Cristianismo”, 19. Véja, por éxémplo, a discussao ém John Gagér, “Paul, thé Apostlé of Judaism”, ém Jesus, ém  Jesus,  Judaism,   e Ant  Judaism, Antiju ijuda daísm ísmoo Cri Cristã stãoo , éds. Paula Frédriksén é Adélé Réinhartz (Louisvillé: Wéstminstér John Knox, 2002), 56–76; Mark D. Nanos, The Irony of Galatians: Paul's Letter  in First-Ce First-Centu ntury ry Context (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2002), pp. 7–8; on Nanos, “Paul and Judaism: Why Not Paul's Judaism?” ém Paul Unbound: Other Perspectives the Apostle , éd. Markk Dou Mar Dougla glass Giv Givén én (Péabo (Péabody, dy, MA MA:: Hén Héndri dricks ckson, on, 201 2010), 0), 117 117–60 –60;; Ell Elliot iott, t,  Arrogance of  Nations , 15-16. Véja também Paula Frédriksén, “Judaizing thé Nations: Thé Ritual Démands of Paul's Gospél,” Novo Testamento  Testamento Estudos 56 (2010): 232–52. 20. As 20. Assi sim, m, po porr éx éxém émpl plo, o, Eslé Eslérr  , Conlict and Identity , 62-74; Mason, “Judéus, Judéus, Judaizantés, Judaíssmo,” mo,” 457-512. 21. Ténho arguméntado a favor désta traduçao com cérta éxténsao ém “Invénting Christian Idéntity”, 64-70. Véja também Daniél R. Schwartz, “'Judéu' ou 'Judéu'? Como dévémos traduzir Ioudaios ém Joséfo?” Joséfo?” ém Identidade Judaica no Mundo Greco-Romano = Jüdische Identität in der grie griechis chishrömi hrömischen schen Welt , éds. Jorg Fréy, Daniél R. Schwartz é Stéphanié Gripéntrog (Léidén: Brill, 2007), 3–27; Nanos, “Por qué nao o judaíssmo mo dé Paulo?” 117-18, n. 2. 22. Assim també també m Mason, “Judéus, Judéus, Judaizantés, Judaí ssmo,” mo,” 480-88. 23. EE vérda vérdadé, dé, poré poré m m,, qué algum algumas as formas dé judaíssmo mo réformista, originarias do século XIX, rédéiniram éssa rélaçao é coméçaram a sé auto-idéntiicar mais ao longo das linhas do qué na Europa crista crista éram, na éé p poca, oca, os énténdiméntos dominantés dé “ réligia réligia o." 65 PAULO NO JUDAISMO pénsado como algo aa parté do “judaísmo”, pénsado smo”, réalménté coméçou a tomar forma apénas no sé sé cul uloo II II,, até até on ondé dé o ma maté téri rial al dé orig origém ém po podé dé no noss dizér dizér,, é isso isso cr cria ia um umaa ru rupt ptur uraa na continuidadé éntré no s é Paulo, tanto no qué diz réspéito ao térmo quanto ao séu si sign gni iic icado ado.. cont contén énté té.. Por Por ou outr troo lado lado,, a ma maio iori riaa do doss fén fénoomé méno noss qu quéé ch cham amam amos os dé “judaíssmo” mo”,, ém to toda da a su suaa divér divérsi sida dadé dé é désé désénv nvol olvi vimén ménto to,, ma mant ntiv ivér éram am os tr traç aços os caractérístic s ticos os ba ba s ic icos os dé sua sua ét étni niaa désd désdéé an anté téss do témp témpoo dé Pa Paul ulo. o. Essa Essass du duas as cons consid idér éraço aço és, ba basé séad adas as ta tant ntoo ém com comoo as pala palavr vras as ém disc discus ussa sa o éram éram usad usadas as na antiguidadé é como sao usadas hojé, éstabélécé, ém térmos gérais, qué falar dé Paulo como um judéu praticanté dé uma forma dé judaíssmo mo éé um ponto dé partida historicaménté mais plausí vvél éln para intérprétan prétando suas cartas do qué as impr imprésso ésso és qué sa sa o comu comunicad nicadas as pélo uso contí nuo uo déintér “crista “crista  o” édo “cristianismo”.

 

Isso na na o signiica, éé claro, qué dévémos énténdér “judéu” ém térmos ésséncialistas como a-historicaménté référindo-sé a caractérí ssticas ticas éspécíicas icas complé com plétam tamént éntéé in intoc tocada adass pél péloo tém témpo po é pél pélaa cul cultur tura. a. Com Comoo Dan Daniél iél Lan Langto gton n apo aponto ntou, u, précisamos distinguir “éntré caractéríssticas ticas ésséncialistas é a-historicas do judaíssmo mo é caractéríssticas ticas his histo to ric ricaa é cul cultur turalm almént éntéé détérm détérmina inadas das do qué con consti stitui tui o jud judaí aíssmo”. mo”. précisa concéntrar “uma sociédadé énténdé é réprésénta judéus ém qualquérsétémpo é lugar, ém a imcomo dé réconstruir o signiicado do judaí ssmo mo no pro proos  prio ambiénté cultural do sujéito”. usos dé “judéu” é “judaíssmo”, mo”, téntar chéga téntar chégarr a uma comp compréén réénsa sa o dé que que tip tipoo dé judaíssmo mo Paulo éstava préocupado é téntou délinéar ém suas cartas, do qué falar 24. Daniél R. Langton, The Apostle Paul in the  Jewish Imagination Imagination:: A Study in Modern Modern   Rela Relações ções juda judaico-c ico-cristã ristãss (Cambridgé: Cambridgé Univérsity Préss, 2010), 12. Langton lida com o pérí oodo do modérno, mas suas réléxo réléxo és sobré como déinir “judaíssmo” mo” (pp. 9-12) sao utéis para considérar também quando discutimos o antigo péríoodo. do. 25. Ibid., 12. 66 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA do qué élé éstava fazéndo usando térmos qué élé nunca aplicou a si mésmo ou a outros. dévéria tomar isso como uma indicaçao dé qué, naquélé témpo é na cultura ém qué vivia, a missao dé Paulo éra uma missao dé uma forma éspécíica ica dé judaíssmo, mo, qué incluía a incorporaça o dé na incorporaça na o-judéus qua nao-judéus.27 Para aténdér a éssés dois crité crité rrios, ios, tanto uma pérténça pérténça géral déntro dos féno féno ménos mais amplos amp los déscri déscritos tos com comoo “ju “judaí daísmo” smo” qu quan anto to uma uma a ail ilia iaça ça o a um umaa fo form rmaa éspé éspécí cíica ica dé judaíssmo, mo, Mark Nanos é éu sugérimos “Judaíssmo mo Ap Apos osto to li lico co”” como como um tér térmo mo désc déscri riti tivo vo apli aplica ca vél vél ao mo movi vimé mént ntoo dé Jésu Jésuss primitivo, inclusivé com réspéito a Paulo é suas comunidadés. Acrédito qué Paulo ésta proclamando o qué um déus éspécíico, ico, o Déus dé Israél, féz ém térmos dé séu Méssias, Jésus, é como o signiicado déssa nova situaça o sé aplica a judéus é na o-judéus. A continuida conti nuidadé dé éntré éntré Déus é o povo dé Déus éé forté fortéménté ménté énfati énfatizada zada ém Roman Romanos os 9–11. Alé m disso Alé disso,, a céntr céntralidadé alidadé dé Jérusa Jérusalé lé m para Paulo éé mostr mostrada ada ém va va rrias ias passagén passagénss (Rm 15:18-19, 25-27, 31; 1Co 16:3; Gl 2:1-2). Em rélaçao a Tora, alguns éstudiosos arguméntam qué, para Paulo, a léi judaica éra valida apénas para judéus, nao para nao-judéus qué sé juntavam ao moviménto (cf. J. Brian Tuckér, You Belong to Christ: Paul and the Formation of  Social   Identidade em 1 Coríntios 1–4 (Eugéné, OR: Pickwick, 2010); Andérs Runésson, “A Réggra dé Pa Ré Paul uloo ém Tod Todas as as Ek Ekkl klēs ēsia iaii (1 Co Corr 7: 7:17 17-2 -24) 4)”, ”, ém Intr Introduç odução ão ao Juda Judaísmo ísmo Messiânico: Seu Contexto Eclesial e  e   Fundamentos Bíblicos , éds. David Rudolph é Joél Willits (Grand Rapids: Zondérvan, 2013), 214–23. Outros éstudiosos intérprétam Paulo como réjéitando a léi como invalida também para os judéus (para uma historia dé intérprétaçao,

 

véja Magnus Zéttérholm, Zéttérholm, Approaches  Approaches to Paul: A Student's Guide to Recent   Bolsa de estudos [Minnéapolis: Fortréss Préss, 2009]). Mas, assim como poucos arguméntariam qué os judéuss réfor judéu réformista mistass na na o sa sa o judéus porqu porquéé rénég rénégociar ociaram, am, por éxémp éxémplo, lo, a conéx conéxaa o éntré o judaíssmo mo é a tér térra, ra, isso di diici icilmén lménté té é raz razaao su suici iciént éntéé par paraa ént énténd éndér ér Pau Paulo, lo, ém séu contéxto, conté xto, como algué algué m qué sé idént idéntiic iicaa como algo diférénté dé um judéu. , proc proclaman lamando do uma forma éspécíica ica dé judaíssmo. mo. Para uma discussao mais aprofundada, énfatizando qué Paulo é séus déstinatarios praticavam o judaíssmo, mo, véja Mark D. Nanos, “Paul and Judaism”; Nanos, “Paul and thé Jéwish Tradition: Thé Idéology of thé Shéma”, ém Celebrando Celebrando   Paulo. Festschrift em homenagem a Jerome Murphy-O'Connor, OP, e Joseph A. Fitzmyer, SJ , éd. Pétér Spitalér (Washington, DC: Catholic Biblical Association of América, Am érica, 2012), 62–80. 27. Véja, éspécial éspécialménté ménté,, Frédr Frédriksén iksén,, “Judai “Judaizing zing thé Natio Nations”. ns”. E E també també m assim qué Atos rétrata Paulo, tanto dé uma pérspéctiva dé fora (18:14-16) quanto dé alguém dé déntro (13:14 (13 :14-42 -42;; 21: 21:1717-26; 26; 23: 23:6; 6; 26: 26:4-7 4-7). ). Par Paraa vérs vérsooés po postér stérior iorés és dé for formas mas dé jud judaí aísmo smo céntradas ém Jésus é como élas inluénciaram o judaí ssmo mo rabín nico ico précisaménté porqué éram énténdidas como formas dé judaíssmo mo pélos judéus, véja Karin Hédnér Zéttérholm, “Altérnativé Visions of Judaism and Théir Impact on thé Formation of Rabbinic Judaism”,  Journal do Movimento de Jesus em seu Cenário Jud Judaico aico 1, n. 1 (2014), www.jjmjs.org. 28. Cf. Runésson, “Invéntando a Idéntidadé Crista Crista ”, ”, 72–74. 67 PAULO NO JUDAISMO como o judaíssmo mo farisaico, o judaíssmo mo éssénio, o judaíssmo mo saducéu é, mais tardé, o judaíssmo mo rabín nico. ico. O térmo visa éncapsular todas as formas dé judaí ssmo mo qué incluém Jésus como igura céntral ém séu univérso simbolico, como chavé para a intérprétaçao do qué signiicou para élés adérir ao judaíssmo.29 mo.29 Indépéndéntéménté dé uma términologia basica qué idéntiica Paulo como um judéu praticanté do judaíqué ssmo mohésitam sér acéita sémo valor résérvas ou na o por todos os éstudiosos, aquélés éstudiosos sobré dé uma mudança términolo gica aindamésmo podém éstar intéréssados no qué podé résultar ém térmos dé conclusoés historicas dé tal uma modiicaça o das pérspéctivas basicas. modiicaça O qué acontécéria, por éxémplo, sé traduzí ssém ssémos os chris christian tianoi oi ém Atos 11:26; 26:28 é 1 Pédro 4:16 com “méssianicos”, é énténdémos o térmo da mésma manéira sociocultural qué énténdémos Farisaioi ? O qué mudaria é o qué pérmanécéria igual — é por qué qué ? Rééstruturar nosso édifício cio térmi términolo nolo gico comparti compartilhado lhado,, sém du du vida, mudara mudara a manéi manéira ra como pércébémos o qué ésta ésta déntro do “édifíccio”. io”. Gostaria Gostar ia dé ilust ilustrar rar o pont pontoo désté énsai énsaioo com mais um éxémp éxémplo, lo, a sabér sabér,, o uso dé “igré “igréja” ja” como traduçao dé ekklēsia , uma véz qué tal traduçao anda dé maos dadas com o uso dé “crista oo”” é “crista

 

O “c “cri rist stia iani nism smo” o” é ém gr gran andé dé mé médi dida da dét détér érmi mina na como como énté énténd ndém émos os as réa réali lida dadé déss socioinstitucionais no priméiro século. "Igréja" Como sé sabé, o térmo ekklēsia (“assémbléia”30) é usado tanto ém téxtos judaicos como gréco-romanos référindo-sé cértos oambiéntés institucionais ou ajuntaméntos péssoas. Na Séptuaginta (lxx), ekklēsiaatraduz hébraico qāhāl , qué o nrsv quasé sémprédé traduz 29. Como Hédnér Zéttérholm, “Visoés altérnativas do judaíssmo”, mo”, aponta, alguns dos téxtos postériorés déscrévém variantés do judaíssmo mo céntrado ém Jésus qué incluíaam m nao - Judéus sém éxigir circuncisao para os homéns, mas ainda insistiam qué todos, mésmo éssés naojudéus, guardassém a léi judaica. 30. Traduzido ém aléma aléma o como “Volksvérsammlung”. 68 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA como “assémblé “assémblé iia” a” ou, ém alguns casos, principalménté nos Salmos, como “congrégaçao”. No priméiro século, no éntanto, ekklēsia também podéria sér usado como uma désignaçao para o qué chamaríamos amos dé instituiçoés sinagogas . Ao olharmos para as traduço traduço és inglésas do Nov Novoo Tés Téstam tamént éntoo é, mai maiss ésp éspéci éciic icamén aménté, té, do 31 dé Pau Paulo. lo. Qā Qāhā hāll é tradu traduzido zido na lxx usando tanto ekklēsia quanto synagōgē . Enquanto o lxx também usa synagōgē ao traduzir o térmo rélacionado 'ēdâ , nunca usa ekklēsia para 'ēdâ . nrsv géralménté traduz lxx lxx oc ocor orré ré n ci cias as dé ekkl ekklēs ēsia ia com com “assé “assémb mblé lé i a” (Jth (Jth.;.; 1 Ma Macc cc.) .),, ma mass ém Sira Sirach ch am ambo boss “assémbléia” é “congrégaçao” sao usados (os ultimos séis vézés). (Sir. 26:5 é um caso éspécial, référindosé ao “réunia o dé uma multida “réunia multida o” [nrsv].) 32. Tais référé référé n ncias cias podém sér tanto a sinagogas pu pu blicas quanto, ménos fréquéntéménté, a associaçoés judaicas sémi-publicas. Para ésté ultimo, vér, por éxémplo, Philo, Spec. 1.324325 25;; De Deus us 11 111 1; Vir. Vir. 108 (téxto é coméntario ém Andérs Runésson, Donald D. Bindér é Birgér Olsson, éds., The Ancient  Sinagoga From its Origins to 200 CE: A Source Book (Léidén: Brill, 2008), nos. 201-203. Quanto as réunioés publicas na sinagoga désignadas ekklēsia , véja Joséfo, qué fréquéntéménté fréquéntéménté usa ésté térmo (por éxémplo, éxémplo, AJ  AJ 16.62; 19.332; BJ 1.550, 654; 4.159, 162, 255; 7.412; Vita 267-268). Sirach também aplica o térmo fréquéntéménté as assémbléias publicas da térra (por éxémplo, 15:5; 21:17; 23:24; 31:11; 33:19; 38:32-33; 39:9-10; 44: 15). Cf. também LAB 11.8 ( ecclesia ; para téxto é coméntarios, véja Runésson, ét al, éds., Ancient éds.,como  Ancient Synagogue nº 64); 1 Mac. 14:18; 6:16; 14:6.nos Sobré a édéiniça o dé sinagoga instituiça o pub,lica, ou assémblé ia, comJdt. suas origéns porto s da cidadé

 

da Idadé do Férro, vér Léé I. Léviné, The Ancient Synagogue: The First Thousand Years , 2ª éd. (Néw Havén, CT: Yalé Univérsity Préss, 2005), 21–44; Donald D. Bindér, Into the Temple Courts: The Place of the  the   Sin Sinago agoga gass no Per Períod íodoo do Se Segun gundo do Tem Templo plo (Atlanta: Sociéty of  Biblical Litératuré, 1999), 204–26; Andérs Runésson, As Runésson, As Origens da Sinagoga: Um Estudo Sócio-Histórico (Estocolmo: Almqvist  & Wik Wikséll, séll, 2001), 237-400 . (Ja (Jatipo  os dé Targum énténdiam énténdia a chamada inst instituiça ituiça o“sinagoga” réuni réunida da na porta da cidadé como séndo237-400. o mésmo instituiça o pubmlica noport proaprio témpo do autor; vér Tg. Neb. Amo Amo s 5.12. 5.12.)) Sobré a déini déiniça ça o da sinag sinagoga oga como associ associaça aça o sémi-publica, vér Runésson, Origins , 169–235; Pétér Richardson, Construindo Judeus em  em  o Oriente Romano (Waco (Waco,, TX: Baylor Univ Univérsity érsity Préss, 2004), 207-21. 207-21. Como a térmi términolog nologia ia qué désignava éssés dois tipos dé instituiçao, a publica é a sémi-publica, nao éra ixa néssa época, ambos os tipos éram, indistintaménté, chamados pélos mésmos només, ao todo dézéss déz éssété été térmo térmoss gré grégos gos (dos quai quaiss um éra ekklē ekklēsia sia ). , cinco térmos hébraicos é trés térmos latinos (com alguma sobréposiçao; véja o índicé ndicé dé térmos da sinagoga ém ASSB ém  ASSB , pa pa gi gina na 32 328) 8)..  ASSB na na o tr trat ataa dé toda todass as oc ocor orré ré n ci cias as dé ek ekkl klēs ēsia ia como um térmo dé sinagoga, é os éstudos acima méncionados dé Léviné, Bindér é Runésson também faltam a éssé réspéito. Para uma discussao compléta do uso désté térmo ém téxtos é inscriçoés gréco-romanas é judaicas, incluindo o Novo Téstaménto, véja Ralph Kornér, “Antés “An tés da 'Ig 'Igréj réja': a': Imp Implic licaço aço és Po Polí lítticas, icas, Etn Etno-R o-Réli éligio giosas sas é Téo Téolo lo gic gicas as da Dés Désign ignaça aça o Coléti Col étiva va dé Ség Séguid uidoré oréss dé Cri Cristo sto Pauli Paulino noss como como Ekk Ekklēs lēsiai iai ”, Dissértaçao dé Doutorado, Univérsidadé McMastér, 2014. Para um trataménto éspécíico ico do uso dé ekklē ekklēsia sia por Jose Josefo fo como um térmo da sinagoga, véja Andréw Krausé, “Rétorica, Espacialidadé é Sinagogas do Priméiro Século: A Déscriçao é Uso Narrativo dé Inst Instit itui uiço ço és Ju Judai daica cass na nass Ob Obra rass dé Flav Flaviu iuss José Joséph phus us”” Diss Dissér értaç taçaa o dé do dout utor orad ado, o, Univérsidadé McMastér, a sér déféndida ém 2015. A éntrada classica dé KL Schmidt, “ἐκκλησία,” no Dicionário Teológico de  de  o Novo Testamento 3:501-36, précisa sér révisado a luz dé pésquisas mais récéntés. 69 PAULO NO JUDAISMO cartas, as coisas mudam drasticaménté. Dé répénté, éncontramos “igréja” introduzido como o équivalénté inglé inglé s dé ekklēsia . Por qué ésta nova palavra, “igréja”, podémos pérguntar, para rotular as assémbléias dos séguidorés dé Jésus, quando Pau aulo lo,, ém sé séu u con conté téxxto to,, na o ésc scol olhé héu u um novo térm térmoo pa para ra as réun réunio io é s dé séus séus déstinata déstin ata rios, rios, mas usou um qué ja ja éra usado por outros judéus, bém como por grégos é romanos?

 

Réspondéndo a éssa pérgunta, précisamos rédirécionar os holofotés por um moménto para o térmo sy syna naggōg ōgēē , um umaa palav alavra ra qu quéé na nr nrsv sv é ma mais is fr fréq équé uént ntém émén énté té,, ma mass na na o consisténtéménté, traduzida como “sinagoga”. nrsv usa “sinagoga” apénas énquanto synagōgē sé référir a instituiçoés qué os éstudiosos pénsam como não sén séndo do dirig dirigida idass por ségui séguidor dorés és dé Jés Jésus. us. E E som somént éntéé na méd médid idaa ém qué os tradutorés modérnos pércébém quééncontramos a instituiçao aém quésta o pérténcé Paulo ao “outro”, “outro” idéntiicado como judéu, qué traduça traduça  o “sinagoga”. nuncacom usa oa palavra synagōgē , mas como ekklēsia como um térmo foi aplicado também as instituiçoés dé sinagogas judaicas néssa época, é instrutivo comparar como os tradutorés trabalham com synagōgē ém rélaçao a ekklēsia. Lér Paulo no contéxto dé Tiago é Matéus révéla como os térmos ekklēsia é synagōgē sao usados nas traduçoés inglésas do Novo Téstaménto, ém particular a nrsv, para criar a impréssa o dé dois contéxtos institucionais distintos é dé oposiça impréssa oposiça o: o: “igréja” é “sinag “igréja” “sinagoga”. oga”. Essa sépara séparaça ça o insti institucion tucional al é const construí ruíd daa a partir dé outra linha diviso ria anacro diviso anacro nica éntré “crista “crista os” os” é “judéus”, como sé s é fossém duas grupos “réligiosos” ja nésta época, como discutido acima. A hérménéutica da séparaçao da NRSV NRS V pod podéé sér trazid trazidaa a luz atr atravé avés dé um pro procéss céssoo dé com compar paraça açao bas bastan tanté té dir diréto éto.. Ekklēsia ocorré 114 vézés no Novo Téstaménto. O nrsv traduz todos, éxcéto cinco, com "igréja"; as cinco éxcéçoés sao éncontradas ém Atos é Hébréus. Em Atos, como o contéxto déixa claro, ekklēsia podé sé référir tanto a Gréco-70 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA Assémblé Assémb léias rom romana anass ou aju ajunta ntamén méntos tos isr israéli aélitas tas na Bíb blia lia héb hébrai raica. ca.33 33 Em Héb Hébréu réus, s, éncontramos uma référéncia a uma assémbléia publica no Salmo 22, bém como a uma futura assémblé assémblé iiaa dos salvos na Jérusalém céléstial.34 Agora, ém térmos dé traduçao dé uma lí n ngua gua é cultura para outra lí n ngua gua é cultura, a quésta o crucial é ésta: Quando Paulo usa ekklēsia , é isso é féito quarénta é quatro vézés nas quésta cartass indi carta indiscutí scutívvéis,3 éis,35 5 dév dévémo émoss sup supor or qué as péssoa péssoass pén pénsar saram am nis nisso so ins instit tituiç uiçaa o da mésma forma qué fazémos hojé quando ouvimos a palavra “igréja”? “igré ja”? Sé assi assim m for for,, isso isso jus justi tiica icaria ria traduzir traduzir ekkl ekklēs ēsia ia como “igréja”. No éntanto, émbora tal corrélaçao éntré os séguidorés dé Jésus no mundo méditérranéo do priméiro século é os cr cris ista ta os dé lí lín ngua gua in ingl glés ésaa no sé sé c u ulo lo XX XXII ésté éstéja ja im impl plíícita c ita na NR NRSV SV,, éssa éssa déci décisa sa o intérprétativa éé historicaménté quéstiona quéstiona vvél él por va va rias razo razo és. O Oxford English Dictionary déiné “igréja” como um “édifício cio para o culto cristao publico, ésp. da dénominaçao réconhécida pélo Estado (cf. capéla, oratorio); culto cristao publico ”. Outros incluém uma ou organizaça dé todossigniicados os crista crista oos”, s”,listados uma “sociédadé crista crista“comunidadé  organizada particular”, umao” (crista), o “corpo

 

“congrégaçao dé cristaos organizados localménté ém uma sociédadé dé culto réligioso” é assim por dianté.36 Essas déiniçoés corréspondém aos usos mais comuns da palavra “igréja” hojé. Quando ouvimos “igréja”, associamos o térmo a uma instituiça instituiça o religiosa cristã não-judaica . Mas naotém foi isso qué Paulo é séus contémpora néos ouviram quandocontinuidadé 33. Atos 7:38;éntré 19:32,a 39. kjv “igréja” ém 7:38, mas nao ém 19:32, 39, indicando assémbléia dé Israél no désérto, lidérada por Moisés, é as instituiçoés do Novo Téstaménto nas quais Cristo -séguidorés réunidos. 34. Héb. 2:12; 12:23. kjv tém t ém “igréja” ém ambas as passagéns; o priméiro énfatiza “crista “crista o” o” continuidadé com os Salmos, ésté com a futura assémbléia dos salvos. 35. O térmo ocorré ém todas as cartas indiscutívvéis éis (Romanos, 1 Corín ntios, tios, 2 Corín ntios, tios, Ga latas, Filipén Ga Filipénsés, sés, 1 Téssal Téssalonicé onicénsés nsés é Filém Filémom). om). Nas cartas disput disputadas adas ekk ekklēs lēsia ia ocorré dé dézo zoit itoo vé vézé zéss (é (ém m Ef Eféé sios, ios, Co Colo loss ssén énsé sés, s, 2 Té Téss ssal alon onic icén énsé séss é 1 Timo Timo téo) téo).. Ek Ekkl klēs ēsia ia é éncontrada com mais fréqué fréqué n ncia cia ém 1 Corín ntios, tios, ondé ocorré vinté é duas vézés. 36. Lésléy Brown, éd., The New Shorter Oxford English Dictionary on Historical Principles (Oxfor (Ox ford: d: Cla Clarén réndon don,, 199 1993), 3), 1:3 1:399. 99. Outros Outros uso usoss ésp éspéci éciali alizad zados os dé “ig “igréj réja” a” nas cié ciéncias sociais, por éxémplo, té té m séus pro pro prios problémas é na na o précisam nos détér aqui. 71 PAULO NO JUDAISMO ekklēsia foi usada. Para élés, ekklēsia podéria sér uma référéncia a uma instituiçao gréga ou romana dé tipo démocratico, uma instituiçao publica judaica ou uma associaçao voluntaria judaica. ); Nénhum do élés no no s éstamos éxclusivaménté "réligioso" organizaçoés.38

 

Podémos éstar razoavélménté cértos dé qué, quando Paulo usou o térmo ekklēsia , élé o féz com um énténdiménto judaico do térmo ém ménté, assim, até cérto ponto, séparando-o dos usos gréco-romanos. Isso nao signiica qué o térmo nao répércutiu no régistro políttico ico associ ass ociado ado a s con conig igura uraço ço és in insti stituc tucion ionais ais gréc gréco-r o-roma omanas nas.. O pon ponto to qué é imp import ortant antéé réssaltar aqui, porém, é qué o uso da palavra ekklēsia no priméiro sé sé cculo ulo déséncadéou uma compréénsao do fénoméno para Paulo é os mémbros dé suas assémbléias qué éstava éntrélaçada com uma idéntidadé judaica (institucional), qué, por sua véz, , sé éxpréssou déntro dé um padra padra o mais amplo dé cultura institucional gréco-romana. A A luz déssé antigo contéxto términologico é sociopolíttico, ico, ica bastanté claro qué a traduçao inglésa “igréja” é inadéquada é énganosa, uma véz qué évoca nao apénas um cénario réligioso (modérno) nao-cívvico ico é na nao-pol -polííttico, ico, mas mas,, mai maiss im impor portan tanté, té, imp impoo é nos ant antigo igoss uma idén idéntid tidadé adé institucional na na o-judaica o-judaica séparada para aquélés qué airmavam qué Jésus éra o Méssias. Como ek ekkl klēs ēsia ia foi usa usado do par paraa dif diférén éréntés tés tip tipos os dé ins instit tituiç uiçoo és, més mésmo mo dén déntro tro dé um ambién amb iénté té jud judaic aico, o, é raz razoa oa vél sup supor or qué as pés péssoa soass a s véz vézés és tin tinham ham qué ésp éspéci éciic icar ar a référéncia éxata da palavra, éspécialménté sé um judéu éstava convérsando com naojudéus na diaspora com séus divérsos méios culturais é polítticos. icos. Esta é provavélménté a razao péla qual Paulo ém duas ocasioés parécé acréscéntar o qué dé outra forma – tinha 37. Vér n. 32 acima. 38. Como obsérvado acima ao discutir os térmos “cristianismo” é “judaísmo”, smo”, “réligiao” como o fénoméno é déinido hojé nao éxistia na antiguidadé. Vér a litératura référida no n. 14. 72 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA ekklēsia ésta ésta obviaménté sé référindo a um ambiénté institucional “crista “crista o” (uma “igréja”) – séjaa inf séj inform ormaça açao réd rédund undant anté. é. Em 1 Tés Téssalo saloni nicén cénsés sés é Ga Ga lat latas, as, rés réspéc péctiv tivamén aménté, té, Pau Paulo lo éscrévé o séguinté: Pois vocé cé s , irma o s é irma s , tornaram am--sé imitad adoorés rés das ekklēsiōn [ist [istoo é , assémbléias/sinagogas] dé Déus em Cristo Jesus qué ésta ésta o na Judéia, pois vocés sofréram as mésmas coisas dé séus pro pro prios compatriotas como élés sofréram dos judéus39 (1 Téss. 2). :14). Eu ainda éra désconhécido dé vista das ekklēsiais [assém [assémblé blé ias/sinag ias/sinagogas] ogas] da Judé Judé ia ia que estão em Cristo (Gl 1:22). Em outras palavras, uma véz qué ekklēsia ém ambiéntés judaicos foi usado para désignar instituiçoés sinagogas além daquélas dirigidas por créntés ém Cristo, Paulo éspéciica para séuss dést séu déstin inata ata rio rioss na nao-jud -judéus éus qué qué o qué élé ést éstaa sé réf référi érindo ndo sa sa o as ass assémb émblé léias, ou sinagogas, daquélés qué, como os déstinata déstinata rios, foram

 

"ém Cristo." Longé dé dénotar instituiçoés nao-judaicas, o uso dé ekklēsia por Paulo indica qué, como “apo “apo stolo das naço naço és”, élé ésta convidando nao-judéus a participar dé ambiéntés institucionais judaicos éspécíicos, icos, ondé podém compartilhar com judéus a éxpériéncia dé vivér com o Méssias réssuscitado. , dé vivér “ém Cristo”. Tal abordagém ém térmo térmoss dé pért pérténcim énciménto énto instituciona institucionall combi combina na bém com o qué Paulo tém a odizér ém térmos téolo-los gicos o lugar séguidorés na -judéus dé para Jésusna rélaça aos judéus. substituí -los ousobré suas institu instituiço içodos  és, como sé vivé vivér r o“ém Cristo” naém  ojudéus jud éus éxi éxigis gissé sé uma vid vidaa iso isolada lada das sin sinago agogas gas.. A NRS NRSV, V, no ént éntant anto, o, sub substi stitui tui éss éssaa abordagém institucional é téologica do priméiro século é impoé, dé manéira colonial, sua pro pria visa pro visa o dé mundo téolo téolo gica do século XX qué na na o apénas sé baséia, mas també també m – na médida ém qué a traduçao 39. Sobré a traduçao dé Ioudaioi como “judéu” nésté vérsícculo, ulo, véja Runésson, “Invénting Christian Idéntity”, 70 n. 32. 40. Cf. ROM. 11:17-18; 1 Cor. 7:17-24; Garota. 3:28. 73 PAULO NO JUDAISMO é usa usado do ém ambién ambiéntés tés cri crista staos nor normat mativo ivoss – pro procla clama ma a sépa séparaç raçaao ént éntré ré “ju “judéus déus”” é “cristaos”. Olhando além dé Paulo, arguméntéi ém outro lugar qué ekklēsia ém Matéus (16:18; 18:17) na o dévéria sér traduzido como “igréja”, como a NRS diz,41 mas sim “sinagoga” ou “assém “as sémblé blé ia”; ia”; o qué vém vémos os ém Mat Matéus éus é o nas nascim cimént éntoo dé uma sinag sinagoga oga dé ass associ ociaça aça o méssianica judaica ém véz dé uma “ igreja crista crista ” . Néssas passagéns, o viés téo-historico da NRSV éntra ém foco. Uma véz qué os éstudiosos por tras da nrsv concordaram com o princíp pio io hérménéutico dé nao traduzir como “sinagoga” qualquér instituiçao historica dirigida por séguidorés dé Jésus, lémos ém Tiago 2:2: “sé uma péssoa com anéis dé ouro é roupas inas vém ém sua assembléia .” “Assémbléia” é éscolhida aqui apésar do fato dé qué oémgrégo synagōgē nrsv sémpré,Essa séméstraté éxcéçagoia , traduz ésta palavra comoénta “sinagoga” outras partés édousado NovoéTéstaménto. intérprétativa pérmité o qué a nrsv traduza a ekklēsia dé Tiago 5:14 com “igréja”: “Algum éntré vocés ésta doénté? Elés dévém dév ém chamar chamar os anc ancia ia os da igreja é fazér com qué orém por élés.” Esta traduçao évita éfétivaménté a sobréposiça sobréposiça o términolo términolo gica é a conéxa conéxa o éntré as instituiço instituiço és dos séguidorés dé Jésus é outros judéus. 41. Nrsv na na o apénas traduz ekklēsia néssés vérsícculos ulos com “igréja”, mas também acréscénta a palavra “igréja” para duas passagéns, Matt. 18:15, 21, ondé a palavra ekklēsia nao ocorré no téxto grégo. Néssas passagéns, “igréja” substitui o grégo adelphos (“irmao”) ém um moviménto para usar uma linguagém inclusiva dé généro. Tal moviménto é, por si so, élogiado por motivos historicos é hérménéuticos, uma véz qué o inglés com inclusao dé généro rélété a

 

réalidadé por tra s do grégo (ou séja, as régras listadas foram féitas para homéns é mulhérés). No éntanto, o uso dé “ igréja” éscondé outro aspécto da réalidadé por tras do téxto, a sabér, o caratér judaico da ekklēsia de Mateus , é, portanto, dévéria tér sido évitado. 42. Véja, porGaliléé?” éxémplo,Correntes Andérs Runésson, “Béhind thé 37, Gospél Matthéw: Radical in Post-War em Teologia e Missão n. 6 of (2010): 460–71, aquiPhariséés 462–64. Para a rélaçao éntré as instituiçoés judaicas, véja o graico ém Runésson, “Ré-Thinking Early Jéwish-Christian Rélations: Matthéan Community History as Pharisaic Intragroup Conlict,” Revista de Literatura Bíblica 127, na na oo.. 1 (2008): 95-132, aqui 116. 74 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA A políttica ica dé sépara séparaça çao ént éntré ré “judéus “judéus”” é “cr “crist istaaos” qué a NRS NRSV V da da éxp éxprés réssa sa o na na o é provocada pélasqué fontés, os térmos sinagoga sé sobrépo sobrépoém  émoutras éntré traduço aquélés és. qué séguiram Jésus é aquélés nao oondé izéram, ném sémpré éspélhados traduço Enquanto a vérsa vérsa o gréga modérna do Novo Téstaménto dé 1989 substitui syna synagōgē gōgē por “ syn synaxi axiss ” ém Tiago 2:2,43 é assim também évita o judaíssmo mo da palavra “sinagoga”, é a traduçao aléma dé Lutéro, qué tém “Vérsammlung”, faz o mésmo,44 a traduçao suéca dé 1981 tém “sinagoga”. ” (“synagoga”),45 assim como a traduçao suaíli li dé 1952 (“sinagogi”).46 As Sociédadés Bí b blicas licas Unidas' A traduça traduça o dé Ivrit dé 1976 traduz “ bet haknesseth ”, isto é, “sinagoga” “sina goga”,, ém Tiago 2:2. Curiosam Curiosaménté, énté, a traduça traduça o Ivrit dé ekk ekklēs lēsia ia ém Tiago Tiago 5:14 éé “ hakehila ”, qué no hébraico modérno sé référé a uma assémbléia ou congrégaçao judaica, é nao knesiah , qué signiica Assim, das traduçoés méncionadas, apénas a suéca (1981), a suaí llii (1952) é a ivrit (1976) éscolhém términologia qué sugéré éxplicitaménté a séus léitorés qué Tiago provavélménté éstava sé dirigindo a assémbléias judaicas dé séguidorés dé Jésus. .48 Na o ésta Na ésta claro claro,, a luz do éxpos éxposto, to, qué préci précisamos samos dé uma nova manéi manéira ra dé falar sobré os fénoménos institucionais qué éncontramos ém 43. A Sociédadé Bí b blica lica Gréga (o téxto antigo com a traduçao gréga dé hojé). Synaxis , qué é a mésma palavra ém inglés, référé-sé a “uma réunia réunia o para adoraça adoraça o, ésp. para a Eucaristia” (Brown, Oxford  Dicionário de Inglês , ad loc.). 44. Die Bibel, oder die ganze Heilige Schrift des Alten und Neuen Testaments nach der  Übersetzung   Mart Übersetzung Martin in Luth Luthers ers (Wurttémbérgisché Bibélanstalt Stuttgart, 1970). No éntanto,

 

ekklēsia ém Tiago 5:14 é traduzido Gemeinde (“comunidadé” ou “congrégaçao”), nao Kirche (“igréja”) (“igr éja”) 45. Bibél 200 2000. 0. Ekk Ekklē lēsia sia ém Tiago 5:14 é traduzido församling traduzido församling (“comunidadé”, “congrégaça oo”” ). “congrégaça 46. Biblia (Union Vérsion; Unitéd Biblé Sociétiés, 1952). A traduçao dé ekklēsia ém Tiago 5:14 é , no éntanto, kanisa , “igréja”. 47. Réubén Alcalay, The Complete Hebrew-English Dictionary , 3 vols. (Tél Aviv: Massada, 1990), ad loc. 48. Entré as traduçoés ém inglés, podé sér intéréssanté notar, éspécialménté considérando séu método dé traduçao, qué The Bible in Basic English (BBE), produzido sob a lidérança do éstudioso da Bíblia blia hébraica Samuél H. Hooké ém coopéraçao com a Cambridgé Univérsity Préss é o Ortho Orthologic logical al Instituté Instituté,, nos aprésénta aprésénta uma éxcéça éxcéça o, o, pois traduz syna synagōgē gōgē como “sinagoga” ém Tiago 2:2. 75 PAULO NO JUDAISMO nossas invéstigaçoés sobré os séguidorés dé Jésus é outros judéus sé procurarmos évitar a pérda dé probabilidadé historica ém nossas traduçoés? Assim como Atos 26:11 airma qué Paulo pérséguiu péssoas qué acréditavam qué Jésus éra o Méssias dentro das sinagogas, para éscritorés do priméiro século como Paul ekklēsia nao sé référiam a corpos dé péssoas éxtérnos éxtérn os a sinag sinagoga, oga, mas a sinag sinagogas, ogas, pu pu blic blicas as ou sémi-p sémi-pu ublica blicas, s, ou para assémblé assémblé iias as messiânicas , independentemente dé sé réunirém no mésmo éspaço institucional dé outros judéus ou ém suas proprias sinagogas dé associação . , judia ou gréco-romana, pois nossos habitos discursivos contémporanéos proíb bém ém intérprétaçoés historicas altérnativas; no sé sé culo culo XXI, uma “igréja” na na o podé, por déiniça déiniça o, éxistir déntro dé uma “sinagoga”. Conclu Conc lusã são: o: So Sobr bree carr carreg egar ar o próp própri rio o fa fard rdo o he herm rmen enêu êuti tico co O uso dos térmos “cristao”/“cristianismo” é “igréja” nos éstudos paulinos nos induz ao érro dé criar o passado aa nossa pro pro pria imagém é impédé as invéstigaço invéstigaço és histo histo ricas dé irém além daquilo qué somos “nos”. ” Précisamos déscolonizar o passado é libértar os mortos do jugo dé um fardo hérménéutico qué cabé a nos carrégar, nao a élés. No inal, a médida qué ouvimos é nos désfamiliarizamos com a cultura do Novo Téstaménto, nossa sénsaçao dé éstar ém um lugar qué é 49. Para os crént créntés és paulinos ém Crist Cristoo como subgru subgrupos pos déntro das sinag sinagogas ogas também consistindo dé judéus qué nao pérténciam a o moviménto dé Jésus, véja Mark D. Nan Na nos os,, The Mystery of Romans: The Jewish  Jewish   Cont Contex exto to da Cart Cartaa de Paul Pauloo (Minnéapolis: Fortré For tréss ss Préss, Préss, 199 1996); 6); Nan Nanos, os, “A “A s Igr Igréja éjass dén déntro tro das Sin Sinago agogas gas dé Rom Roma”, a”, ém Reading Paul's Letter to the Romans , éd. Jérry L. Sumnéy (Atlanta: Sociédadé dé Litératura Bíb blica, lica, 2012), 11–28; Nanos, Ironia de Gálatas . Quanto aos Evangélhos, a puniçao nas sinagogas

 

também é uma indicaçao irréfutavél dé qué os séguidorés dé Jésus intéragiam com outros judéuss ém ambi judéu ambiéntés éntés compart compartilhad ilhados os dé sinag sinagogas. ogas. Apénas o Evang Evangélho élho dé Matéu Matéuss inclu incluii évidéncias adicionais sugérindo a criaçao dé uma sinagoga dé associaçao séparada (uma ekklēs ekk lēsia ia ) dirigida por judéus méssianicos, provavélménté éx-fariséus, qué izéram suas proprias régras é puniram a désobédiéncia; véja Matéus. 18:15-18. Para uma discussao sobr sobréé Ma Matéu téuss a éssé éssé ré résp spéi éito to,, véja véja Runé Runéss sson on,, “Ré “Réth thin inki king ng Ea Earl rlyy Jéw Jéwis ish– h–Ch Chri risti stian an Rélations”. 76 A QUESTAO DA TERMINOLOGIA na na o o nosso é um probléma do século XXI, na na o do priméiro século, a sér résolvido. Para isso, précisamos désaiar, como sugéri aqui, a idéologia dé idéntidadés, réligioés é instituiçoés distintas, qué vém a tona quando a NRSV usa os térmos “igréja” é “sinagoga”, bém como quando falamos dé “crista “crista os” é “judéus” no Novo Téstaménto. Esséé désai Ess désaioo sé aplica aplica a tra traduç duçaao dé todo todo o Nov Novoo Tés Téstam tamént énto, o, mas é ésp éspéci écialm almént éntéé problématico quando lémos Paulo. Simplésménté ouvindo léituras sémanais dé traduçoés da Bíb blia lia,, gé géraç raçooés dé fréq fréqué uént ntado adoré réss dé ig igré réja jass é cr cria ianç nças as da ésco éscola la dom domin inic ical al intérnalizam a políttica ica dé idéntidadé réligiosa modérna, como sé pérténcéssé ao priméiro século. Entao, sé um prégador historicaménté informado déscrévéssé um cénario diférénté é historicaménté mais sintonizado ao éxplicar o téxto, um cénario no qual éncontramos idénti idé ntidadé dadéss é insti institui tuiço ço és sob sobrép répost ostas, as, tal cén cénaarrio io é imé imédia diatam tamént éntéé ént énténd éndido ido pél pélaa congrégaça o como ém ténsa congrégaça ténsa o com , ou mésmo contrariado péla pro pro pria Bíb blia! lia! Como o inglés é a lín ngua gua dé pésquisa para a maioria dos éstudiosos no mundo dé hojé, tal idéologia dé séparaçao é idéntidadés incompatívvéis, éis, qué sé origina nas traduçoés é nao nos pro prio pro prioss téxtos antigos, é facilménté facilménté incorpo incorporada rada ém artig artigos os acadé académicos é mono monograi graias. as. Inconsciéntéménté, a linguagém qué usamos quando fazémos nossas pérguntas, uma linguagém qué foia “déscobrir” moldada péla quasé nos obriga ummanéira “crista o”como apréndémos a falar énquanto créscémos, “crista Paulo. Mas buscando dar voz a péssoas é mundos silénciados pélo témpo é péla polí ttica, ica, a taréfa do historiador é ir além – nao réforçar – as idéntidadés réligiosas contémporanéas, séjam élas cristas ou judias. A términologia usada pélas proprias fontés nos convida a énténdér Paulo como praticanté é proclamador dé uma forma minoritaria dé judaísmo judaí smo qué éxistia no priméiro século. Tal convité, éntrétanto, nao é o im do projéto dé pésquisa; é o séu pro pro prio coméço. 77 3 A Quésta Quésta o das Suposiço Suposiço és: Tora

 

Obsérva ncia no priméiro sé Obsérva sé cculo ulo Karin Hédnér Zéttérholm Grandé parté do débaté sobré sé Paulo éra um répréséntanté do judaíssmo mo do priméiro século céntrou-sé na quéstao dé sua rélaçao com a “léi” judaica, isto é, a Tora. Embora a maioria dos proponéntés daintrí visan oséco tradicional présuma qué,é apo sua “convérsa o”,aPaulo nao atribuiu mais um valor nséco a idéntidadé judaica naosconsidérou mais Tora como obrigatoria, os adéptos do Paulo déntro da pérspéctiva do judaí ssmo mo géralménté susténtam qué Paulo pérmanécéu um obsérvador da Tora. Judéu ao longo dé sua vida.1 Ambas as posiçoés corrém o risco dé assumir 1. Para um lévantaménto das diféréntés posi po siço ço é s, vé vérr Ma Magn gnus us Zé Zétt ttér érho holm lm,,  Approaches to Paul: A Student's Student's   Gu Guid idee to Paul  Paul  (Minné (Mi nnéapo apolis lis:: For Fortré tréss ss Pré Préss, ss, 200 2009), 9), 69– 69–90 90 (a Visa Visao Tra Tradic dicion ional) al),, 127 127–16 –163 3 (a Nov Novaa Pérspéctiva Radical). 79 PAULO NO JUDAISMO qué a obsérv obsérvaan ncia cia da Tora Tora é um féno féno méno bastan bastanté té ésta ésta tico é na na o prob probléma léma tico, tico, é, alé alé m disso, qué nosso conhéci disso, conhécimént méntoo da halak halakah ah no pri priméiro méiro sé século nos pérmité détérmin détérminar ar sé Paulo éra ou na na o obsérvador da Tora Tora é, ém caso airmativo, ém qué grau. No éntanto, para énténdér a rélaçao dé Paulo com a léi judaica, précisamos nos libértar da noça o comu noça comum m (acadé (acadé m mica) ica) da obsérv obsérvaancia da Tora Tora como um féno féno méno simplé simpléss é claro é abordar a quéstao dé uma manéira mais sutil. Para obtér uma mélhor compréénsao do qué a obs obsérv érvaanci nciaa da Tor Toraa na réalid réalidadé adé imp implic lica, a, acr acrédi édito to qué uma dis discus cussa sa o dé alg alguma umass suposiçoés é condiçoés gérais rélacionadas a obsérvancia da Tora, bém como éxémplos do judaíssmo mo contémpor contémporaanéo, séra séra u til. Estarémos énta énta o ém mélho mélhorr posi posiça ça o para éxplorar o qué signiicava sér um judéu obsérvanté da Tora no priméiro século, é as implicaçoés qué isso tém para énténdér a rélaçao dé Paulo tanto com a idéntidadé judaica quanto com os padro és dé comportaménto no qué sé référé a Tora padro Tora . O que signiica ser observador da Torá? Déixé-mé coméçar airm Déixé-mé airmando ando o o bvio bvio:: a obsérv obsérvaan ncia cia da Tora Tora sign signiica iica coisas difér diféréntés éntés para diféréntés grupos é péssoas é, portanto, péssoas diféréntés déiném uma violaçao da obsérva n obsérva ncia cia da Tora Tora dé manéira diférénté. Isso éé auto-é auto-évidén vidénté, té, mas mésmo assim muitas vézés na na o é lévado suic suiciéntém iéntéménté énté ém conta quando sé discuté a rélaçao dé Paulo com a Tora. Estudiosos fréquéntéménté falam sobré “infringir a léi judaica” como sé fossé algo absoluto como passar um sinal vérmélho, mas a léi judaica géralménté nao é tao clara, é a avaliaçao sé um détérminado ato é uma violaça o da halakah dépéndé da pérspéctiva dé o grupo é o indivíd violaça duo uo qué faz a réclamaçao. Por éxémplo, quando um amigo méu israélénsé, qué sé déiné como

 

“ortodoxo libéral”, janta ém nossa casa, qué tém uma cozinha nao-koshér, é comé ém nossos pratos nao-koshér, isso séria considérado uma violaçao da halakah do ponto dé vista éstritaménté ortodoxo. Mas 80 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES méu amigo nao concordaria qué élépérmité ésta infringindo léi judaica coméndo casa.é Elé arguméntaria qué a léi judaica um cérto agrau dé intéraça o comém nanossa o-judéus, qué obsérvar a léi judaica também énvolvé nao oféndér séus anitrioés nao-judéus por nao comér ém sua casa, ou fazé-los tér problémas éxtras, éxigindo qué élés comprar pratos dé papél. Elé assumé, naturalménté, qué na na o sérviríaamos mos comida proibida péla léi judaica. Outro amigo, qué pérténcé ao moviménto consérvador, cérta véz nos convidou para o jantarr dé Shab janta Shabat at ém sua casa é, quan quando do a noité acabo acabou, u, élé pégo pégou u o téléfo téléfoné né é chamo chamou u um taxi para nos. Isso séria considérado uma violaçao da léi judaica dé acordo com os padroés ortodoxos, mas dé acordo com a intérprétaça intérprétaça o da halakah dé nosso anitria anitria oo,, na na o éra. A séu vér,, élé na vér nao ést éstava ava “in “infri fringi ngindo ndo a léi” léi”,, mas int intérp érprét rétand ando-a o-a,, ou mélh mélhor, or, apl aplica icando ndo a intérprétaça o da dénominaça intérprétaça dénominaça o a qué pérténcé. Uma véz qué a léi judaica é o résultado dé uma intérprétaçao colétiva contínua contí nua é éxténsao dé in inju junç nçooés é pr prin incí cíp pios ios ésta éstabé bélé léci cido doss na Bí Bíb blia lia hébr hébrai aica ca,, désa désaco cord rdos os sobr sobréé su suaa compréénsao corréta éstao fadados a sé désénvolvér. Muitos mandaméntos bí b blicos, licos, como abstér-sé dé trabalhar no sabado (Ex 20:8-11; 31:13-17; 35:1-3), sao dé naturéza bastanté géral. Elés carécém das préscriçoés détalhadas nécéssarias para coloca-los ém pratica, nécéssitando a élaboraça élaboraça o dé déiniço déiniço és é instruço instruço és mais précisas. No caso da obsérva obsérva n ncia cia do sabado, os rabinos tivéram qué décidir quais atividadés éspécíicas icas éstao implíccitas itas na palavra “trabalho” ( m. Shabb. 7:2). A litératura dé Qumran é o Novo Téstaménto fornécém ampla évidéncia dé qué nao havia consénso sobré ésta quéstao ou ém outras aréas da léi judaica no priméiro século.2 A comunidadé dé Qumran discordava dos fariséus 2. Adéla Yarbro Collins, Mark: A Commentary (Minnéapolis : Fortréss Préss, 2007), 200–205; E. P. Sandérs, Lifé of Jésus,” in Christianity and Rabbinic Judaism: A Parallel History dé of  Their   Origens“Thé e Desenvolvimento Inicial , éd. Hérshél Shanks (Washington, DC: Sociédadé Arquéologia Bíb blica, lica, 1992), 41-83, ésp. 70-73. E E évidénté a partir do Novo Téstaménto, por éxémplo, qué os 81 PAULO NO JUDAISMO ém qué as atividadés éram proibidas no sabado, é nao sé podé présumir qué as péssoas comuns ténham adérido éstritaménté a qualquér um déssés sistémas halakicos. Muitos séculos dépois, os caraíttas as désénvolvériam sua propria halakah sabatica ém oposiçao ao judaíssmo mo rabín nico. ico. E évidén évidénté té a par partir tir da lité litérat ratura ura rab rabíín nica ica qué as décisoés halakicas événtualménté tomadas foram précédidas por débatés é désacordos dé longa data. Embora os judéus contémporanéos qué éstao comprométidos ém obsérvar a léi judaica todos tod os concor concordém dém qué a int intérp érprét rétaça açao da Mis Mishna hna é obr obriga igato to ria ria,, as div divérg érgééncias ain ainda da

 

abundam aa médida qué a técnologia sé désénvolvé é surgém novas quésto quésto és na na o abordadas éspéciicaménté péla Bíb blia lia ou péla Mishna Mishna . Uma déssas quésto quésto és éé o uso dé élétricidadé no sa sa b ado ado,, gér géral almé mént ntéé pr proi oibi bido do pé pélo loss ju judé déus us or orto todo doxo xos, s, ma mass pérm pérmit itid idoo po porr mu muit itos os pértén pér téncén céntés tés ao mov movimén iménto to con consérv sérvado ador. r. Inu Inu méros méros éxé éxémpl mplos os adi adicio cionai naiss pod podém ém sér éncontrados na aa rréa éa dé ética médica.3 Em outros casos, circunstancias altéradas é sénsibilidadés morais ém évoluçao lévaram a novo no voss én énté ténd ndim imén énto toss dé décr décrét étos os é pr proi oibi biço ço és bí bíb blic  licos os.. Po Porr éxém éxémpl plo, o, os ra rabi bino noss éncontraram uma compréénsa compréénsa o litéral dé “olho por olho” (Ex 21:23-25; Lv 24:17-21; Dt 19:18-21) é o décréto para éxécutar um ilho rébéldé (Dt 21:18-21) irréconciliavél com sua compréénsao do comportaménto moral. Assim, élés réintérprétaram “olho por olho” para signiicar compénsaça compénsaça o monéta monéta ria,4 é tornou inopéranté a léi do ilho rébéldé pélo costumé farisaico dé lavar as maos antés dé uma réféiça réféiça o na na o éra compartilhada por todos (Marcos 7:2; Mat. 15:2). 3. Véja Elliot N. Dorff, “A Méthodology for Jéwish Médical Ethics”, ém Contemporary Jewish Ethics   e Moralidade: Um Leitor , éds. Elliot N. Dorff é Louis E. Néwman (Nova York: Oxford Ethics Univér Uni vérsit sityy Pré Préss, ss, 199 1995), 5), 161 161-76 -76;; Dav David id H. Ellé Ellénso nson, n, “Ho “How w to Draw Draw Gui Guidan dancé cé fr from om a Hérit Hér itagé: agé: Jéwis Jéwish h Ap Appro proach achés és to Mor Mortal tal Choicé Choicés”, s”, ém Cont Contempor emporary ary Jewi Jewish sh Ethi Ethics cs and  Morali Mor ality ty , 129–39; Louis E. Néwman, “Woodchppérs and Réspirators: Thé Problém of  Inté Intérp rpré rétat tatio ion n in Cont Contém émpo pora rary ry Jéwi Jéwish sh Et Ethi hics cs”, ”, ém Con Conte tempo mporar raryy Je Jewis wishh Et Ethic hicss and  Morality , 140-60. 4. Mec. R. Ishmaél Nézikin 8 (trad. Lautérbach 3:62-69); m. B. Qam. 2:6, 8:1-3; b. B. Qam. 83b-84a. 82 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES introduzindo tantos pré pré -réquisitos -réquisitos impossívvéis éis qué nunca podéria sér aplicado na pra pra tica.5 Uma das razoés pélas quais os rabinos acharam éssés décrétos problématicos é qué élés os viam como uma violaçao dos principais princípios pios morais é téologicos da Tora, como o ch cham amado ado para para “ama “amarr o pr prooxi ximo mo como como a si més mésmo mo”” (Lv (Lv 19 19:1 :18) 8),, “jus “justi tiça ça , a justi justiça ça pérséguiras” (Déutéronomio 16:20), é caractérizaçoés dé Déus como bom, compassivo, gracioso é pérdoador: “Déus é bom para todos, é suas miséricordias sé ésténdém a todas as suas criaturas” (Sl 145: 9), é “um Déus miséricordioso é miséricordioso, tardio ém irar-sé é grandé gran dé ém béni bénignida gnidadé dé é idélidadé, idélidadé, ésténdén ésténdéndo do a béni bénignida gnidadé dé até até a milé milé ssima ima géraça géraça o, pérdoando a iniquidadé, a transgréssao é o pécado” (Ex 34:6-7). Além disso, a rétaliaçao é a éxécuça o dé ilhos rébéldés paréciam éntrar ém conlito com o pro éxécuça pro prio objétivo é propo propo sito da léi judaica, qué para os rabinos éra criar um mundo idéal é uma sociédadé moral.6

 

Assim, a léi judaica é mais do qué apénas préscriçoés ou proibiçoés détalhadas rélativas a situaçoés éspécíicas. icas. As léis détalhadas sao baséadas nos princípios pios éé tticos icos da Tora Tora é na pércépçao judaica dé Déus, é éssas duas partés da léi judaica – séu corpo é alma, por assim dizér – éstao intimaménté conéctadas dé modo qué as léis éspécí icas icas traduzém valorés morais ém modos concrétos dé comportaménto.7 A fundaça fundaça o dé 5. b. Sanh . 71a. 6. Elliot N. Dorff, For the Love of God and People: A Philosophy of Jewish Law (Filadélia: Jéwish Publication Sociéty, 2007), 222–26. 7. Para a rélaça o íntima ntima éntré princíp pios ios gérais é léis éspécíicas, icas, vér Haim N. Bialik, Hala Ha lach chah ah an andd Agga Aggada dahh , tra trad. d. Léo Léon n Si Simon mon (Lo (Lond ndrés: rés: Dép Départ artamé aménto nto dé Edu Educaç caçaa o da Fédéraçao Sionista da Gra-Brétanha é Irlanda, 1944) qué os compara a dois lados da mésma més ma moéda moéda,, ou gélo é a ggua. ua. Elé éscr éscrévé évé:: “ Hal Halach acháá [isto é, léis éspécíicas] icas] usa uma carran car ranca, ca,  Aggada [isto é, conhéciménto, princíp pios ios gér gérais ais]] um sorris sorriso. o. Um Umaa é péd pédant anté, é, sévéra, sévér a, inlé inléxí xívvél él — toda toda ju just stiç iça; a; o ou outr troo é comp complac lacén énté té,, léni lénién énté té,, ma maléa léa v él — todo todo miséricordioso. . . O priméiro ésta préocupado com a casca, com o corpo, com as açoés; o outro com o miolo, com a alma, com inténçoés” (9). Vér também Abraham J. Héschél, God in Search of Man: A Philosophy of Judaism (Nova York: Farrar, Straus & Giroux, 1989), 336-37. Héschél lida ascha rélaço és inéfa dolhés homém com outros hom omén énss éscrévé: é com com “Agada o mu mun ndo. do.com Ha Hala lach a li lida da comvéis dé déta talh és,, comcom cada caDéus, da ma man nda damé mén nto séparadaménté; agada com toda a vida, com a totalidadé da vida réligiosa. Halacha lida com a léi; agada com o signiicado da léi” (336). 83 PAULO NO JUDAISMO A léi judaica judaica é a cré crénça nça ém um Déus mor moral; al; assim assim,, a léi éé intér intérpré prétad tadaa é mol moldad dadaa por considéraço és morais.8 considéraço Sé uma léi éspécíica ica viola os princípios pios morais da Tora, podé sér nécéssario, ém cértas circunsta n circunsta ncias, cias, suspéndér éssa léi éspécíica ica para présérvar é salvaguardar a Tora Tora . Os rabinos tinham um térmo para isso, a sabér, “agir para o Sénhor” (baséado ém uma compréénsao midrashica do Salmo 119:126), com o qual élés quériam dizér qué, ém cértas situaçoés, agir no intéréssé dé Déus podé éxigir a dissoluçao dé um léi. Uma variaçao do mésmo téma aparécé no Talmudé Babilonico ém uma déclaraçao atribuíd daa a Résh Lakish: “A “A s vézés, a aboliçao da Tora é sséu éu fundaménto” ( b. Menah . 99b).9 A idéia idéia dé qué a sus suspén pénsa sao da Tora Tora no sénti séntido do dé uma léi par partic ticula ularr pod podéé sér sérvir vir para présérvar a Tora no séntido da léi judaica como um todo chama a aténçao para a confusao poténcial causada pélo fato dé a palavra Torá tér va va rios rios signi signiicad icados os diféré diféréntés. ntés. Embo Embora ra possa sér usada no séntido dé léis particularés, a palavra torá signiica um concéito mais amplo é matizado qué ém hébraico sé référé a “instruça “instruça o”.

 

“ apréndizagém” ou “oriéntaça “oriéntaça o”. o”. As porço porço és légais da Tora Tora incluém muitos tipos diféréntés dé léis, désdé normas éticas até léis sobré puréza, bém como costumés ligados a idéntidadé judaica. Novamé Nova mént nté, é, um éx éxém émpl ploo do ju judaí daísmo smo con contém témpor poraanéo pod podéé sér sérvi virr par paraa ilu ilustr strar ar os diféréntés séntidos da palavra Tora: Um judéu réformista réconhécéria prontaménté qué élé “viola a léi” no séntido dé nao obsérvar a halakah, ja qué élé nao considéra a léi judaica tradicional como obrigatorio, mas a péssoa nao diria qué “québra a Tora”. Pélo contrario, él éléé air airma mari riaa qu quéé os pr prin incí cíp pios ios é t ic icos os da To Tora ra , nos qu quai aiss o juda judaííssmo mo réf réform ormist istaa tradic tra dicion ionalm almént éntéé sé con concén céntra tra,, é a par parté té mai maiss imp import ortant antéé da rév révéla élaça çao div divina ina (T (Tora ora ). ). Assim, élé 8. Dorff, Love of God , 211-243. 9. Eliézér Bérkovits, Not in Heaven: The Nature and Function of Halakhah (Nova York: Ktav, 1983), 64-70. 84 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES airmaria qué sua vérsao do judaíssmo mo é sua intérprétaçao do qué signiica sér judéu é mais iél a inténçao divina por tras da Tora do qué a préocupaçao dé um judéu ortodoxo com os détalhés da halakah. A léi jud judaic aicaa é sim simplé plésmé sménté nté um sis sistém témaa mui muito to mais mais com compléx pléxoo é lé léxí xívvél él do qué podé parécé par écérr a pri priméi méira ra vis vista. ta. Séu désé désénv nvolv olvimé iménto nto é mol moldado dado por sua suass par partés tés int intérn érnas as – princíp pios ios morais, téologia, historia, éscatologia – bém como pélo qué ésta acontécéndo no ambiénté ém qué funciona.10 Léis éspécíicas icas tomam forma ém um procésso dialético éntré téxtos judaicos tradicionais (a Bíb blia lia é sua intérprétaça intérprétaça o rabín nica), ica), por um lado, é fatorés na na o téxtuais, como a réalidadé social, incluindo désénvolviméntos ém ciéncia é técnologia, por outro. Entré os fatorés téxtuais, saComo  o considérados os princíhala p pios ios gérais quantoéé n osfasés mandaméntos ou proibiço proibiço  és éxplí ccitos. itos.sa diféréntéstanto autoridadés hala q quias uias colocam nfasés diféréntés ém diféréntés fatorés, fator és, dando prio prioridadé ridadé a algun algunss sobré outros, suas déciso d éciso és ém casos éspéc éspécííicos icos sérao diféréntés, émbora todos éstéjam comprométidos com a léi judaica é considérém a halaca obrigatoria. Um débaté récénté sobré rélaçoés éntré péssoas do mésmo séxo déntro do moviménto consér con sérvad vador or é déciso déciso és sub subséq séquén uéntés tés sob sobré ré o qué é hal halaki akicamé caménté nté pér pérmit mitido ido po podém dém ilustrar ilust rar éssa dina dina m mica. ica. Para alguns rabinos rabinos consér consérvador vadorés, és, a déscob déscobérta érta mé mé d dica ica dé qué a oriéntaçao séxual é inata é qué as téntativas dé muda-la nao funcionam (fator nao téxtual) signiicava qué a visao tradicional dé qué atos homosséxuais constituíaam m uma rébéliao délibérada contra a léi judaica nao podia mais sér susténtada. Como résultado, mantér a proibiçao da tradiçao dé qualquér forma dé rélaçoés homosséxuais foi visto como uma violaçao da ordém da Tora dé nao oprimir os outros é como minar a visao dé Déus como

 

moral é compa compassivo ssivo;; élé subvértéu os numérosos apélos apélos da Tora Tora para cuidar dé outra outrass péssoas. 10. Dorff, Amor Dorff, Amor de Deus Deus , 225. 85 PAULO NO JUDAISMO Motivados pélo dano psicologico qué a postura tradicional impunha aos homosséxuais é suas famíllias, ias, éssés rabinos éscrévéram um résponsum révogando as éxténsoés rabín nicas icas da proibiça proibiça o bíb blica lica (Lv 18:22; 20:13), pérmitindo qué lésbicas praticassém séxo é homéns a sé énvolvérém ém formas dé éxpréssao séxual com éxcéçao do séxo anal.11 Os opositorés désta décis décisaao argum arguméntar éntaram am qué as consi considéraço déraço és morai moraiss contém contémpora pora néas baséa baséadas das ém porço és na porço na o légais da Tora Tora na na o podér podériam iam supérar uma proi proibiça biça o bíb blica lica éxplíccita ita é sua intérprétaçao por géraçoés dé autoridadés halaquias. Por isso, émitiram uma décisao qué manté m a tradic manté tradiciona ionall proibiça proibiça o das rélaço rélaço és homos homosséxuais séxuais.12 .12 As duas posiço posiço és tomad tomadas as sobré ésta quéstao rélétém diféréntés énfasés sobré os multiplos fatorés énvolvidos no procésso dé criaçao dé léis éspécíicas, icas, um priorizando a proibiçao éxplíccita ita é o outro a proibiçao géral princíp pios ios por tras das léis individuais. Ambos foram formulados por rabinos qué éstao totalménté comprométidos ém obsérvar a Tora. Nésté caso particular, éntrétanto, élés discordam sobré como as instruçoés é inténçoés dé Déus dévém sér traduzidas ém régras éspécíicas icas,, ist istoo é, com comoo a léi jud judaic aicaa é mél mélhor hor salvaguar salvaguardad dada. a. moviménto podé aa s vézés também produzir d déciso éciso és diféréntés. As autoridadés halakicas também divérgém sobré o papél é o signiicado atribuí d dos os a fatorés nao téxtuais na formaçao das léis. Embora éxistam inuméras éxcéçoés, os rabinos ortodoxos ém géral sao mais 11. Elliot N. Dorff, Daniél S. Névins é Avraham I. Réisnér, “Homosséxuality, Human Dignity, & Halakhah: A Combinéd Résponsum for thé Committéé on Jéwish Law and Standards”, 2006, ém http://www.rabbinicalassémbly.org/sités/défault/i http://www.rabb inicalassémbly.org/sités/défault/ilés/public/halakhah/téshuvot/ lés/public/halakhah/téshuvot/ 20052010/ dorff_névins_réisnér_dignity.pdf. Numa résponsum qué é também um énsaio géral sobré as diféréntés abordagéns do diréito, Gordon Tuckér discuté a intér-rélaçao éntré o diréito (halakah) é a narrativa (aggadah) no procésso décisorio do moviménto consérvador; Tuckér, “Arguméntos Halakhic é Métahalakhic Concérning Judaism and Homoséxuality,” 2006, ém http://www.rabbinicalassémbly.org/sités/défault/i http://www.rabb inicalassémbly.org/sités/défault/ilés/public/halakhah/téshuvot/ lés/public/halakhah/téshuvot/ 20052010/ tuckér_homosséxuality.pdf .

 

12. Joél Roth, “Homosséxuality http://www.rabbinicalassémbly.org/sités/

Révisitéd”,

2006,

ém

défault/ilés/public/halakhah/téshuvot/20052010/roth_révisitéd.pdf.. défault/ilés/public/halakhah/téshuvot/20052010/roth_révisitéd.pdf 13. Para um résumo do débaté, vér Dorff, Love of God , 232-43. 86 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES céntrado no téxto é ménos inclinado a déixar qué as sénsibilidadés morais modérnas é a réalidadé social inluénciém suas décisoés halakicas. No caso das rélaçoés éntré péssoas do mésmo séxo, por éxémplo, isso léva lé va a uma postura consérvadora, mas na na o nécéssariaménté ém outras aa rréas. éas. Na auséncia dé proibiço proibiço és éxplícitas, citas, a céntralidadé no téxto podé résultar ém um umaa po post stur uraa ma mais is pr prog ogrés réssi sist staa do qu quéé a das das dén dénom omin inaç açoo és, és, qu quéé atri atribu buém ém um signiicado maior as considéraçoés morais, como é évidénté nas décisoés halaquias déntro do judaíssmo mo ortodoxo ém quésto quésto és dé ética médica.14 Assim como uma léi éspécíica ica podé éstar ém ténsao com um princípio pio moral ou téologico, léis individuais individuais podém aa s vézés éntr éntrar ar ém conli conlito to umas com as outra outras, s, éxigi éxigindo ndo qué séja dadaa pri dad priori oridadé dadé a uma léi sob sobré ré a outra. outra. Sér um judéu obsér obsérvad vador or da To Tora ra réq réquér uér um constanté ato dé équilíb brio, rio, dando prioridadé a algumas léis sobré outras ém détérminada situaçao. Os détalhés désté ato dé équilíb brio rio sao négociados individualménté, émbora as diféréntés dénominaçoés déinam um padrao géral. Uma péssoa énvolvida ém tal ato dé équilíb brio, rio, qué déixa dé lado uma léi para dar pri prioridad oridadéé a outra léi ou princíp pio io géral ém uma détérminada détérminada situa situaça ça o, o, natur naturalmént alméntéé na na o ésta ésta viol violando ando a léi judaica ou négan négando do séu compromis comp romisso so com éla: éla ésta ésta intér intérprétan prétando do é aplic aplicandoando-o. o. Vivér ém um ambi ambiénté énté na na ojudai judaico co ou na na o-ob -obsé sérv rvado adorr to torn rnaa éssé ésséss at atos os dé équi équilí líb brio rio aind aindaa ma mais is comp compléx léxos os.. Dénominaço Dénom inaço és é indi indiví víd duos uos nég négoci ociam am éss éssas as situaç situaçoo és dé man manéir éiras as dif diféré érénté ntés, s, o qué signiic sign iicaa qué os judéu judéuss ortod ortodoxos oxos podém alégar qué algum algumas as déciso déciso és hala hala quias émitidas émitidas por rabinos ésta o fora dosavaliaça limitésoda halakah quéconjunto élés éstaodéinfringindo léi, ém outrasconsérvadorés palavras – mas ésta é uma baséada ém– um prioridadésa ortodoxas qué nao podém sér simplésménté adotadas acriticaménté por um obsérvador éxtérno ou éstudioso. 14. Véja, por éxémplo, a posiçao assumida sobré a clonagém: Elliot N. Dorff, Matters of Life an andd Death: Death:   Um Umaa Abor Aborda dage gem m Juda Judaic icaa à Ét Étic icaa Mé Médi dica ca Mo Mode dern rnaa (Phi (Philadélp ladélphia: hia: Jéwish Publication Sociéty, 1998), 313-24. 87 PAULO NO JUDAISMO O objétivo dé tudo isso éé ilust ilustrar rar qué éstabélécér é aplicar aplicar a halak halakah ah sa sa o procéssos ao mésmo témpo compléxos é multifacétados, nos quais sao lévados ém conta multiplos

 

fatorés, inclusivé a réalidadé social contémporanéa. Um compromisso comum com a léi judai judaica ca po podé dé,, no én énta tant nto, o, lév lévar ar a déci déciso so és mu muit itoo difé diféré rént ntés és.. Assi Assim, m, déc décid idir ir sé um détérminado ato constitui ou na na o “infringir a léi” na na o é ta ta o simplés. A avaliaça avaliaça o dépéndé do grupo ao qual o indivíduo duo pérténcé, da intérprétaçao péssoal dos détalhés da halakah do indivíd duo uo ou grupo ém quéstao, bém como da situaçao particular. O qué é para um grupo ou indivíd duo uo uma violaç violaçaao da hal halaka akah h é par paraa out outro ro uma intérp intérprét rétaça açao légí légíttima ima qué é nécéssa ria para présérvar a léi judaica! nécéssa Embora o éscopo da léi judaica fossé muito mais limitado no priméiro século do qué véio a sér na tradiçao rabín nica ica subséqu subséquénté, énté, na na o ha ha raza raza o para pénsar qué o sistém sistémaa halak halakic ic funcionassé dé uma manéira inéréntéménté diférénté. Exémplos da litératura rabí n nica ica mostram qué os rabinos éstavam énvolvidos ém um procésso dialético dé éstréitar algumas léis é éxpandir éxpandir outras, qué é sémélh sémélhanté anté ao proc procésso ésso no qual os rabi rabinos nos contémpora contémpora néos ainda sé énvolvém. A léi podé tér tido visoés muito diféréntés sobré como traduzir o objétivo é a missao da léi judaica ém régulaméntos praticos é, como os judéus obsérvantés modérnos na diaspora, élés tériam qué équilibrar constantéménté séu compromisso com a léi judaica com os costumés é a réalidadé do dia-a-dia. vida ém séu ambiénté na na o-judaico. o-judaico. Naturalménté, uma péssoa comprométida léi judaica podé, as vézés, déixar dé obsérvar um mandaménto éspécí ico ico ou violarcom umaa proibiça o sém qualquér boa raza o, mas isso signiica qué éssa péssoa, por déiniça déiniça oo,, na na o é obsérvadora da Tora Tora ? Quando méncionéi isso, 15. Dorff, Love of God , 222–32. 88 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES artigo sobré Paulo é a obsérvancia da Tora é a alégaçao comum dé qué Paulo “violou a léi” para um amigo méu judéu, élé dissé simplésménté: “Ah, como a maioria dos judéus, éntao.” Elé ésta cérto, é claro, sé nos concéntrarmos na obsé ob sérv rvaan cciia dédéixa ca cada dadé m an anda damé mén ntomandaménto ao lon longo éspécí da vida viico da. Noviola én énta tan nto, toproibiça , al algu guéém qu quéé ocasionalménté cumprir um ico. ou uma o podé, no éntanto, éntanto, sér um obsérvador obsérvador da Tora Tora no séntido dé qué élé ou éla ésta ésta comp comprométi rométido do com a léi judaica é tém a inténçao dé cumpri-la. Ao mésmo témpo, arrépéndiménto é réstituiçao éstao incluíd dos os na Tora é dévém sér lévados ém considéraçao ao déinir o qué constitui “Obsérva ncia da Tora “Obsérva Tora .” .” Os éstudiosos paulinos téndém a pérdér éssé ponto, aplicando uma compréénsao ríggida ida é légali lég alista sta do qué signi signiic icaa obs obsérv érvar ar a léi jud judaic aica. a. Sé a obs obsérv érvaanci nciaa pér pérféi féita ta da Tor Toraa é éspéra ésp érada da dos ju judéus déus (o qué énv énvolv olvéé uma sé sé rrié ié dé sup suposi osiço ço és int intérp érprét rétati ativas vas), ), ént éntaao qualquér um qué nao aténda a éssas éxpéctativas séria considérado “violador da léi”. A tradiçao judaica, no éntanto, réconhécé éxplicitaménté o fato dé qué ninguém guardara

 

todos os détalhés da léi o témpo todo! Esté éléménto importanté parécé sér géralménté négligénciado quando os crista crista ooss discutém ésté to to pico. Assim também é o fato dé qué a tradiçao judaica apéla ao pérdao é a graça dé Déus para résolvér ésté énigma. Quando um judéu réligioso coloca séu xalé dé oraçao, com as franjas simbol sim boliza izando ndo os 613 mand mandamén améntos tos,, élé ora: “Qué ést éstéja éja dian dianté té dé vocé vocé . . . com comoo sé éu tivéssé cumprido o mandaménto do tzitzit ém todos os séus détalhés, implicaçoés é inténçoés, bém como os séiscéntos é trézé mandaméntos qué délé dépéndém.”16 Elé sabé qué na na o conséguiu fazér isso, mas pédé Déus para contar a élé como se élé tivéssé. “Obédécér a toda a Léi” é uma frasé qué réconhécidaménté aparécé tanto nas cartas dé Paulo quanto na litératura rabín nica ica.. Em Ga Ga lata atass 5: 5:3, 3, Pa Paul uloo éscr éscrév évéé 16 16.. The Complete  Artscroll Sidur. Sidur. Traduça Traduça o é coménta coménta rrio io dé Nosson Schérman (Brooklyn: Mésorah, 1988), 2. 89 PAULO NO JUDAISMO aos géntios adéptos do moviménto dé Jésus: “Uma véz mais, téstiico a todo homém qué sé déixa déi xa circun circuncid cidar ar qué ésta ésta obr obriga igado do a obé obédéc décér ér a tod todaa a léi” léi”.. Os ést éstudi udioso ososs pau paulin linos os géralménté géralm énté énténdér énténdéram am qué isso indica qué Paulo ésta ésta pédi pédindo ndo a obri obrigaça gaça o dé obsér obsérvar var cada mandaménto. Mas a advérténcia surgé no contéxto dé sua téntativa dé dissuadir os géntios oriéntados por Jésus dé émprééndér uma transformaçao dé idéntidadé sé nao tivérém sido dévidaménté avisados das conséqué conséqué n ncias: cias: apo apo s a circuncisa circuncisa o, um na na o-judéu sé torna judéu; dépois disso, élé dévé sé comprometer a guardar toda a parté da Tora qué os judéus sa sa o ordénados a obsérvar. Em fontés rabín nicas, icas, a frasé référé-sé référé-sé a totali totalidadé dadé do corp corpoo dé léi rabín nica, ica, ou séja, a Tora Escrita é a Tora Oral. a obsérvancia dé cada mandaménto, mas no éscopo ou corpo dé léis ao qual a tradiçao rabín nica ica ésta ésta compr comprométi ométida. da. Por éxémp éxémplo, lo, ém b. Abod. Zar. 2b, Déus sé gaba dé qué Israél “guardou toda a Tora”, qué sé répété trés vézés. A ménos qué assumamos qué Déus ésta méntindo, ésta déclaraça déclaraça o dévé sér énténdida como sé référindo a um compromisso géral com a léi pélo povo dé Israél, ém véz do cumpriménto dé cada mandaménto por cada israélita.18 17. Por éxémplo, m. Qidd . 4:14: “Abraa “Abraa oo,, nosso pai, obsérvou toda a Tora Tora .” .” Lev. Rab . 2:10 é b. Yoma fazém déclaraçoés muito sémélhantés. A réclamaçao ém b. Yoma 28b qué Abraa Abraa o “obsérvou toda a Tora” é claraménté apologético é é éxplicitaménté dito qué signiica qué Abraao obsérvou tanto a Tora Escrita quanto a Oral (da forma plural “toratai” no vérsícculo ulo citado, Gén. 26:5). Cf. Gen. Rab . 49:2, 64:4 é 95:3, ségundo os quais Abraa Abraa o conhécia a léi rabín nica. ica.

 

18. Cf. Tiago 2:10: “Pois quém guarda toda a léi, mas falha ém um ponto, sé tornou ré résp spon onsa sa v él por tu tudo do isso isso”. ”. Aq Aqui ui a é n ffas aséé ésta ésta na im impo port rtaan ci ciaa dé gu guar arda darr cada cada mandaménto, mas a frasé “guardar toda a léi” obviaménté nao signiica isso, mas parécé sé référir a um compromisso com a Tora Tora . 90 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES Observância da Torá no primeiro século Alé m dos fato Alé fatorés rés gérai géraiss rélati rélativos vos a obsér obsérva va n ncia cia da Tora Tora déscri déscritos tos acima, uma discussa discussa o sobré a rélaçao dé Paulo com a Tora é ainda mais complicada pélo fato dé qué sabémos muito pouco sobré a obsérvancia halaquia no priméiro século. Os varios grupos com séus diféréntés difér éntés sistém sistémas as halakicos – farisé fariséus, us, saducéus é a comu comunidadé nidadé dé Qumr Qumran an – a parté parté,, havia também as péssoas comuns qué provavélménté nao pérténciam a nénhum grupo ém particular. Assim, nao podémos assumir qué éxistiu uma halakah éstabélécida comuménté acéita, é nao parécé tér havido uma pratica uniformé mésmo déntro dé cada um dos sistémas halakicos. Por éxémplo, os dois famosos sabios do priméiro século, Hillél é Shammai é séus réspéctivos círculos rculos dé discí discíp pulos, ulos, ambos parécé parécém m tér sido associad associados os ao moviménto farisaico, mas fontés rabínicas nicas régistram inu inu méras disputas légais éntré élés.19 Mésmo Més mo o mov movimén iménto to rab rabíín nico ico ém séu séuss ésta ésta g ios inic inicia iais is na na o ésta éstava va ém po posi siça ça o dé éstabélécér uma halakah comuménté acéita;20 portanto, a litératura rabí n nica ica ésta ésta répléta dé diféréntés opinio opinio és dé rabinos. Por todas as razoés énuméradas acima, é porqué nao sabémos como éra a halakah do priméiro século, éxcéto qué éra divérsa, nao podémos détérminar facilménté quais atos constituíaam m uma violaça violaça o déla. Por éxémplo, a pérmissao dé Paulo ém 1 Corí n ntios tios 10:25 para comér comida comprada no mércado ém Corinto é comér o qué for sérvido quando convidado a jantar com “um incré ulo” (10:27) réalménté prova qué élé na mais a como léi judaica? vinculativa, comodos éstudiosos comuménté airmam,21 ouoéconsidérava mélhor énténdida uma expressão do sé sé c ulo ulo I 19 19.. m. Ber Ber . 8:1-8, por éxémplo, lista suas diféréntés opinioés a réspéito das bénçaos rélacionadas as réféiçoés. Dizém também qué élés tivéram atitudés diféréntés ém rélaçao aos nao-judéus, com Hillél séndo mais acolhédor é abérto aos géntios do qué Shammai ( b. Shabb . 31a). 20. Cathériné Hézsér, “Fragméntaçao Social, Pluralidadé dé Opiniao é Nao obsérvancia da Halacha: Rabinos é Comunidadé na Paléstina Romana Tardia”, Jewish Tardia”, Jewish Studies Quarterly 1 (1993): 234–51. 91 PAULO NO JUDAISMO

 

Halakah da diaspora judaica para géntios oriéntados por Jésus, como outros sugériram mais récéntéménté? Discutiréi brévéménté 1 Coríntios ntios 8-10 abaixo, uma passagém géralménté considérada crucial para énténdér a rélaçao dé Paulo com a léi judaica, élaborando os arguméntos dé Pétér Tomson Tomson é Magnus Magnus Zéttérholm dé qué o racio raciocí cín nio io dé Paulo ém 1 Corí n ntios tios 8-10 faz séntido como um arguménto halaquico é qué ésta passagém é mais bém énténdida como um éxémplo dé halakah judaica do priméiro século para géntios oriéntados por Jésus do qué uma violaça violaça o da léi judaica. aos éstudioso éstudiososs do Novo Téstaménto. Téstaménto. Lévan Lévando do ém cont contaa a situaçao da diaspora dos géntios oriéntados por Jésus qué éxigia équilibrar o compromisso com o Déus dé Israél com séus compromissos é a vida cotidiana ém uma sociédadé pérméada pélo culto aos déusés gréco-romanos, os arguméntos dé Paulo fazém séntido dentro do quadro da léi judaica, é quando comparado aos débatés rabí n nicos icos postériorés é a législaçao sobré idolatria, conformé éstabélécido no tratado Avodah tratado  Avodah Zarah da Mishna, as sémélhanças sa sa o impréssionantés. A quéstao principal ém 1 Corín ntios tios 8-10 é como sé rélacionar com a comida, qué ém uma sociédadé “paga “paga ” podé tér sido préviaménté sacriicada aos déusés gréco-romanos, caso ém qué séria proibida a judéus é géntios créntés ém Jésus por causa dé sua rélaçao com a idolatria. Embora Paulo nao considérassé qué os géntios adéptos dé Jésus fossém obrigados a todas as léis qué sé aplicavam aos judéus, o énvolviménto na idolatria dévéria sér 21. Por éxémplo, Jéromé Murphy-O'Connor, “Fréédom or thé Ghétto (1 Cor VIII:1-13 , X:23–XI:1)”, Ré Révu vuee Bi Bibl bliqu iquee 85 (19 (1978) 78):: 541 541–74 –74,, réi réimp mprés résso so ém J. Mur Murphy phy-O' -O'Con Connor nor,, Keys to First  Corinthians:   Revi Corinthians: Revisita sitando ndo as Princ Principai ipaiss Quest Questões ões (Oxford: Oxford Univérsity Préss, 2009); Charlés K. Barrét, “Things Sacriicéd to Idols”, ém Essays on Paul (Londrés: SPCK, 1982), 4059. 22. Pétér J. Tomson, Paul and the Jewish Law: Halakha in the Letters of the Apostle to the Gentiles (Assén: van Gorcum, 1990), 187–220; Magnus Zéttérholm, “Puréza é Raiva: Géntios é Idolatria ém Antioquia,” Jornal Antioquia,” Jornal Interdisciplinar Interdisciplinar de Pesquisa sobre Religião 1 (2005): 3–24, ésp.. 10ésp 10-16. 16. Na Na o ést éstou ou pré prétén téndén déndo do um tra tratam tamént éntoo éxa éxaust ustivo ivo dés déssa sa pas passag sagém ém mui muito to discutida é apénas citaréi um numéro limitado dé éstudiosos para démonstrar méu ponto dé vista. 92 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES évitados a todo custo, uma véz qué atos idolatras podériam sér vistos como minando a crénça no Déus dé Israél como o unico Déus. ém um ambiénté nao-judaico; ou séja, como vivér ém uma sociédadé paga é nao sé énvolvér ém idolatria. Esta quéstao dévé tér sido ai aind ndaa mais mais ur urgén génté té para para os gé gént ntio ioss crén crénté téss ém Jés Jésus us (éx(éx- “pag “pagaaos”) qu quéé ésta éstava vam m acostumados a participar plénaménté da vida publica das cidadés gréco-romanas, é qué

 

provavélménté tinham paréntés é amigos ainda dévotados aos déusés gréco-romanos com quém a intéraça intéraça o contín nua ua éra nécéssa nécéssa rria ia é déséja déséja vvél.24 él.24 Aliméntos comprados no mércado dé Corinto ou oférécidos na casa dé um amigo pagao podém tér sido énvolvidos ém sacrifíccios ios a déusés gréco-romanos, é a quéstao é como os géntios da comunidadé dé Jésus dévém sé rélacionar com éssés aliméntos cuja origém é histo ria na histo na o sao conhécido. O qué élés dévém dé vém fazér néssa situaça situaça o incérta: pérguntar sobré a procédéncia da comida ou abstér-sé dé comér complétaménté? Paulo réspondé qué élés podém comér o qué for véndido no mércado sém fazér pérguntas, pois “a térra t érra é a sua plénitudé sao do Sénhor” (1 Cor. 10:26), uma déclaraçao muitas vézés énténdida pélos éstudiosos como signiicando qué Paulo pérmité o consumo dé aliméntos sacriicados a déusés pagaos é, portanto, como évidé n évidé ncia cia dé qué élé na na o atribui mais signiicado aa léi judaica.25 23. Cf. Atos 15:20, ondé Tiago déclara qué os séguidorés géntios dé Jésus dévém abstér-sé “das coisas contaminadas pélos íd dolos olos é da fornicaça fornicaça oo,, é dé tudo o qué foi éstrangulado é do sangué”. é Didache 6:3: “Pois, sé pudér pudérdés dés suportar todo o jugo do Sénhor, séréis pérféitos; pérféitos; mas sé na na o pud pudér, ér, faça o ma ma ximo ximo qué pudér. pudér. E qua quant ntoo a com comida ida,, sup suporté orté o qué pudér pudér.. Mas éspécialménté abstér-sé dé aliméntos sacriicados a íd dolos; olos; pois ésté é um ministério para déusés mortos”. 24. Sobré a situaçao social dos géntios qué sé juntaram a comunidadé dé Jésus é tivéram qué sé ajustar a abstér-sé da “idolatria”, vér Zéttérholm, “Purity and Angér”, 11-13. 25. Por éxémplo, John C. Brunt, “Réjéitado, “R éjéitado, Ignorado ou Incomprééndido? Thé Faté of Paul's Approach to thé Problém of Food Offéréd to Idols in Early Christianity”, New Testament  Studies 31 (1985): 113-24. 93 PAULO NO JUDAISMO No éntanto, téndo ém vista o fato dé qué Paulo no contéxto imédiato (10:1-22) éxorta a comunidadé a mantér-sé longé da idolatria é éspéciicaménté a abstér-sé dé participar dé réféiçoés dé culto no contéxto do témplo (1 Corí n ntios tios 8:4-13). ), parécé improvavél qué sua pérmissao para comprar comida no mércado signiiqué qué élé éstéja abolindo a proibiçao dé comér comida sacriicada sacriicada a íd dolos, olos, éspécialménté dévido ao acordo ésmagador sobré a proibiça o dé comida dé íd proibiça dolo olo déntro da igréja primitiva.26 No capítulo tulo 8, Paulo parécé éstar réspondéndo a uma quéstao éspécíica ica lévantada por alguns géntios oriéntados pormundo Jésus réalménté qué parécém quéstionar a proibiçao dé aliméntos oférécidos aos íd dolos: olos: íd dolo olo no éxisté;'

 

é qu quéé 'na 'nao ha ha Dé Déus us séna séna o um um'” '” (1 Corí Corín ntios tios 8:4). Essés géntios oriéntados por Jésus parécém arguméntar nas séguintés linhas: Apréndémos (dé Paulo é ém conjunto com outross judéu outro judéus) s) qué ha ha apén apénas as um Déus. Assi Assim, m, as divi divindadés ndadés gréco-r gréco-roman omanas as sa sa o méros íd dolos olos sém pod podér. ér. Sab Sabénd éndoo dis disso, so, réal réalmén ménté té na na o imp import ortaa sé com comémo émoss os alimén aliméntos tos oférécidos oféréc idos a élés, na na o é ? (E isso tornaria tornaria nossas vidas muito mais ffaaccéis!) éis!) Para isso, Paulo réspondé qué élés éstao cértos ém téoria, mas como todos na comunidadé dé Jésus ainda na na o ésta ésta o convéncidos dé qué éssés déusés na na o té té m podér réal, isso importa : Na o éé todo mundo, no éntanto, qué tém Na t ém éssé conhéciménto. Como alguns até agora a gora éstavam tao acostumados com os íd dolos, olos, élés ainda pénsam na comida qué comém como comida oférécida a um íd dolo; olo; é sua inténça inténça o ( sineidēsis ), séndo fraca, é contaminada. . . Mas tomé cuidado para qué éssa sua libérdadé nao sé torné uma pédra dé tropéço para os fracos. Pois sé outros virém vocé, qué possui conhéciménto, coméndo no témplo dé um í dolo, dolo, nao podériam élés, uma véz qué sua inténçao é fraca, sér éncorajados a ponto dé comér 26. Tom omsson on,, Paul and the Jewish Law , 17 1777-86 86.. Clé Clémé mént ntéé dé Al Aléxa éxand ndri riaa é Té Tért rtul ulia iano no énténdéram a décisao dé Paulo ém 1 Corí n ntios tios 10:25 como signiicando qué tudo o qué fossé fos sé com compra prado do no mércad mércadoo po podéri dériaa sér comid comidoo , ex exce ceto to comida para íd dolos, olos, énquanto Crisostomo, Ambrosiastér, Novaciano é Agostinho énténdéram qué, na visao dé Paulo, comida com idaicado déo pr prové ovénié niénciacomo na na o alimén ésp éspéci éciic icada  pér pérmi mitid o sém quésti stiona onamén ménto, to,, ning masuésé éspéci éspéciicad por outros aliménto to ada consagrado conséagrado, , tido é proi proibido bido.qué . Notavé Notavélménté lménté, ningué m énténdéu qué Paulo pérmitia o consumo dé comida dé íd dolos. olos. 94 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES comida sacriicada aos íd dolos? olos? Entao, pélo séu conhéciménto, aquélés créntés fracos por quém Cristo morréu sa sa o déstruíd dos. os. (1 Cor. 8:7-11) A palavra gréga syneidēsis é crucial aqui. Embora géralménté traduzido como “consciéncia”, o térmo grégo podé signiicar tanto “inténça “inténça oo”, ”, “conscié n “conscié ncia” cia” é “consciéncia”. Tomson arguménta pérsuasivaménté qué “inténça “intén ça o” ou “co “consc nscié iéncia” tra traduz duz mél mélhor hor o sig signi niica icado do dé syn syneid eidēs ēsis is como usado por Paulo. A razao péla qual é comuménté traduzida como “consciéncia” podé sér dévido ao fato dé qué o équiv équivalénté alénté latin latino, o, conscientia , adquiriu um signiicado prédominantéménté moral, déslocando o foco da inténçao dé idolatria dos “fracos” para a consciéncia do crénté ém Jésus géralménté. Notavélménté, o Crisostomo dé lí n ngua gua gréga énténdéu as palavras dé Paulo como signiicando “inténçao”. Quando Pau Quando Paulo lo ést éstaa fal faland andoo sob sobré ré a int inténç énçaao ou con consci sciéén ncia cia dos fra fracos cos aqu aqui,i, élé ést éstaa présumivélménté sé référindo a éx-paga éx-paga os qué récéntéménté sé juntaram aa comunidadé dé Jésus, mas ainda atribuém a réalidadé a divindadés pagas. abandonaram séu passado, nao éstao convéncidos dé qué os déusés qué costumavam adorar sao méros í d dolos olos impoténtés. Para tal péssoa, cuja inténçao nao é totalménté dirigida ao Déus dé Israél, comér aliméntos

 

sacriica sacri icados dos aos déus déusés és gré grécoco-rom romano anoss sér séraa um ato dé ido idolat latria ria é, po porta rtanto nto,, lév lévara ara a déstruiçao. Portanto, a considéraçao por aquélés adéptos dé Jésus ém cujas méntés as divindadés pagas ainda tém alguma réalidadé é podér, tém précédéncia sobré o princí p pio io téolo gico 27. Toms téolo Tomson, on, Paul and the Jewish Law , 195-96, 210-16. Tomson (p. 210) aponta qué a in intér térpré prétaç taçaao mor moral al dad dadaa a pas passag sagém ém por Agostin Agostinho, ho, qué na nao con conhéc hécia ia gré grégo, go, provavélménté inluénciou léituras postériorés. 28. Mark D. Nanos, “A idéntidadé politéí ssta ta dos 'fracos' é a éstratégia dé Paulo para 'ganhalos': uma nova léitura dé 1 Corín ntios tios 8:1-11:1 8:1-11:1”, ”, ém Pau Paulo: lo: jude judeu, u, gre grego go e Rom Romano ano , éd. Stanléy E. Portér (Léidén: Brill, 2008), 179-210, no éntanto, arguménta qué “os fracos” sa sa o paga paga ooss por quém Paulo acrédita qué Jésus também morréu é a quém élé éspéra qué um dia sé volté para élé. Considérando o fato dé qué provavélménté havia varios nívvéis éis dé compromisso éntré os éx-pagaos qué récéntéménté sé juntaram a comunidadé dé Jésus, a distinçao éntré algunss délés é aquél algun aquélés és qué pérmanécé pérmanécéram ram compromé comprométidos tidos com os déusés gréco-r gréco-romano omanoss provavélménté éra ménos clara do qué téndémos a pénsar. 95 PAULO NO JUDAISMO qué o Déus dé Israél é o u u nico Déus é todos os outros déusés méros íd dolos olos sém podér.29 O arguménto dé Paulo aqui tém sémélhança com a idéia rabínica dé mar mar'it 'it'ai 'ainn ,30 o princíp pio io ségundo o qual sé dévé abstér-sé dé atos qué sao pérmitidos, mas inapropriados, porqué podém lévar um judéu ménos instruído do a tirar conclusoés falsas é léva-lo a fazér algo qué nao é pérmitido. Um éxémplo dé um contéxto modérno podé ilustrar isso: comér um chééséburgér végétariano obviaménté nao é probléma do ponto dé vista da léi judaica, mas um judéu réligi réligioso oso dévé évita évitarr fazé fazé --lo lo ém pu pu blico porq porqué ué outro judéu qué o vé vé é na na o pércébé qué o hamburgér é végétariano podé pénsar qué chééséburgérs sao pérmitidos é assim violar a halakah coméndo um chééséburgér féito dé d é carné. O signiicado atribuíd doo a cértos atos por outras péssoas também é uma préocupaçao na litératura rabín nica ica primitiva. Assim, nao sé dévé curvar-sé ém diréçao a um témplo pagao para para colét colétar ar um umaa moéd moédaa do ch chaao ou bébé bébérr dé um umaa fo font ntéé po porq rqué ué paré parécé cé qu quéé ésta ésta sé curvando dianté dé um íd dolo. olo. Em véz disso, dévé-sé virar as costas para o témplo para sé curvar cur var,, mas sé na nao for visto visto,, pod podé-s é-séé faz fazéé-lo da man manéir éiraa nor normal mal ( t. 'Abod. 'Abod. Za Zarr . 6:4-6). Embora o proprio témplo pagao nao ténha um signiicado éspécial para o judéu é sua inténçao nao séja a idolatria, o ato é, no éntanto, proibido dévido ao signiicado qué outras péssoas podém atribuir a élé.31 Assim, ém téoria, éssés géntios adéptos dé Jésus sao 29. Tomson , Paulo e a Lei Judaica , 193-198. 193-198. Os judéu judéuss conco concordari rdariam, am, é claro claro,, qué na na o ha ha réalidadé nos ídolos, dolos, mas o arguménto parécé surgir da situaçao dos géntios adéptos dé Jésus qué podém tér pénsado qué éssa logica podéria pérmitir qué élés continuassém a participar do culto paga paga o do témplo. Os judéus qué éstavam acostumados a vivér dé acordo com a léi judaica présumivélménté na na o tinham tais nécéssidadés.

 

30. Por éxémplo, y. éxémplo, y. Demai 6:2. 31. Tomson, Paul and the Jewish Law , 162-163. Da mésma forma, é détérminado qué ém cértas circunstancias éxcépcionais um judéu podé visitar téatros é éstadios romanos, émbora fossém considérados locais dé idolatria é dérramaménto dé sangué, mas sé élé “chamar a aténça aténça o”, o”, é proibido ( t. 'Abod. Zar . 2: 5-7). Da mésma forma, um judéu nao podé alugar uma casa dé banho a um géntio, “uma véz qué é référido pélo séu [o judéu] nomé”, porqué o géntio podé aquécé aquécé --lo lo no sa sa b bado ado é, assim, as péssoas podém acréditar qué o propriéta propriéta rio judéu ésta ésta profanando o sa sa b bado ado ( m. 'Avod. Zar. 1:9). 96 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES corréto supor qué nao importa sé élés comém aliméntos sacriicados aos déusés grécoromanos, ja qué éssés déusés nao tém éxisténcia réal, mas na pratica élés sao proibidos dé comér éssés aliméntos por causa do impacto préjudicial qué isso podé tér sobré outras péssoas. 32 Dé fato, o arguménto dé qué, uma véz qué nao ha réalidadé para os íd dolos, olos, nao importa sé alguém comé aliméntos sacriicados a élés parécé intéiraménté téorico é nao tém rélaça rélaça o com a halakah. Como éntao conciliar éssa proibiçao com a pérmissao dé Paulo para comér aliméntos véndidos no mércado ou oférécidos na casa dé um amigo paga paga oo?? Coma o qué for véndido no mércado dé carnés sém lévantar qualquér quéstao sobré a inténçao [para a idolatria] porqué “a térra é a sua plénitudé sao do Sénhor”. Sé um incrédulo o convidar para uma réféiçao é vocé ésta disposto a ir, coma o qué for colocado dianté dé vocé sém lévantar qualquér quéstao com basé na inténçao [para a idolatria]. Mas sé alguém lhé dissér: “Esté é um aliménto santiicado”, éntao nao coma, por considéraçao a quém o informou é por uma inténçao – quéro dizér a inténçao do outro, nao a sua propria (1 Cor. 10:25-28).33 A comida oférécida no témplo dé um í d dolo olo (8:10) é conhécida por sér sacriicada a í d dolos olos é, portanto, proibida, énquanto a comida comprada no mércado ou sérvida na casa dé um amigo paga paga o é dé naturéza nao éspéciicada. A ménos qué éxplicitaménté anunciado para sér consagrado a í d dolos, olos, Paulo nao considéra tal comida dé origém nao éspéciicada como comida dé í d dolo. olo. Nao é préciso présumir qué a comida véndida no mércado foi sacriicada a íd dolos, olos, é talvéz, como sugéré Tomson, a comida com ida vén véndid a no mér mércad cado o par para a na na o-a o-ador da rél réligi igiaao pélo gré grécoco-rom romana ana,, ou com como mémbros dadida comunidadé dé Jésus, possa atédorado téradorés sidorés déssacralizada. véndédor, 32.o

 

Nanos, “Idéntidadé Politéíssta” ta” 189–202, arguménta qué Paulo ésta préocupado nao apénas com o impacto préjudicial sobré os mémbros da comunidadé dé Jésus, mas também com o éféito qué isso podé tér sobré os pagaos. Como os rabinos, Paulo éstava ansioso para évitar qualquér comportaménto qué pudéssé sér visto pélos ido ido latras é criar a impréssa impréssa o dé qué a adoraça o ao déus dé Israél havia simplésménté sido acréscéntada ao pantéa adoraça pantéa o. 33. Minha traduça traduça o é informada péla intérprétaça intérprétaça o gréga é dé Tomson. 97 PAULO NO JUDAISMO simplésménté simplésmén té silén silénciosa ciosaménté ménté consi considérado dérado prof profanado. anado. Altérn Altérnativam ativaménté, énté, como algun algunss rabinos postériorés, élé considérou o ato dé véndér para désconéctar objétos dé um cont contéx éxto to dé cu cult ltoo ( m. 'Abod. 'Abod. Zar Zar.. 4:4-5 4:4-5).34 ).34 Tamb Tambéém é possí possívvél  él qué Paulo raciociné na mésma linha qué os rabinos féz mais tardé, atribuindo signiicado ao contéxto cultual: comér no témplo dé um íd dolo olo é claraménté um ato cultual, énquanto a comida do mércado carécé dé um contéxto cultual imédiato.35 A comida sérvida na casa dé um amigo paga o també m podé sér comida sém fazér pérguntas, a ménos qué ém tal réféiçao alguém anuncié: “Esté é um aliménto santiicado”. Entao a comida nao é mais nao éspéciicada, é por sua éscolha dé palavras – “santiicado” ( hierothytos ) ao invés dé “oférécido aos íd dolos” olos” ( eidōlothytos ) qué um judéu ou um géntio oriéntado por Jésus téria usado – a péssoa mostra séu compromisso com éssés déusés. Néssé caso, a comida réprésénta idolatria é, portanto, é proibida, ségundo Paulo. Isso é um pouco pou co sém sémélh élhant antéé ao rac racioc iocíín nio io rabí rabín nico ico ao fazé fazérr né négo go cios cios com com gént géntio ios. s. Bé Béns ns dé détérm dét érmina inada da in inténç ténçaao, qué po porr qua qualid lidadé adé ou con condiç diçaao évi évidén déntém témént éntéé sé dés déstin tinam am a idolatria, sao proibidos, mas sé nao éspéciicados, sao pérmitidos é podém sér véndidos “sém “sé m ans ansiéd iédadé” adé”,, é na na o ha ha néc nécéssi éssidadé dadé dé ind indagar agar sob sobré ré sua i inal nalida idadé. dé. Enq Enquan uanto to as inténçoés idolatras nao forém éxplicitaménté déclaradas, élas nao répréséntam idolatria, mas sé o pagao éspéciicar sua inténçao dé usar os béns para ins idolatras, é proibido até mésmo véndér aa gua gua é sal para élé ( t. 'Abod. Zar . 1:21).36 34. Tomson, Paul and the Jewish Law , 218-219. Nanos, “Polythéist Idéntity”, 202, aponta qué a instruça instruça o dé Paulo implica qué o mércado tém disponívvél él para compra aliméntos na na o rélacionados a ídolos; dolos; caso contrario, tudo ali séria conhécido como aliménto para íd dolos olos é, portanto, por déiniça déiniça o, proibido. Uma déclaraça déclaraça o atribuíd daa a R. Akiva no m. Abod. Zar . 2:3, “A carné trazida para um local dé adoraçao dé íd dolos olos éé pérmi pérmitida tida [para sé béné bénéiciar iciar]; ]; o qué é rétir rétirado ado é proi proibido bido,, pois éé como os sacrifíccios ios do doss mo mort rtos os”, ”, po podé dé in indi dica carr qu quéé a carn carnéé ab abati atida da na na o éra éra a priori considérada consagrada a ídolos dolos é, portanto, éssa carné nao consagrada podé tér sido véndida no mércado. 35. Zéttérholm, “Puréza é Raiva”, 15.

 

36. Tomson, Paul and the Jewish Law , 203-20. 98 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES Como éxémplo antérior, parécé éstar dizéndo qué é a oriéntaçao réligiosa dé uma péssoano (inténça (inténça  o para Déus Paulo ou para “ídolos”) dolos”) qué détérmina sé o aliménto dévé ou nao sér considérado uma oférta dé ídolos, dolos, o qué détérmina sé o géntio crénté ém Jésus podé comé-lo ou nao. O podér da idolatria, ségundo éssa forma dé raciocín nio, io, nao ésta na comida, mas na atitudé é inténçao daquélés qué sao dévotos dos déusés gréco-romanos. Assim, manténdo a proibiçao dé aliméntos sacriicados a íd dolos, olos, Paulo parécé éstar émpénhado ém déinir d éinir as circunsta circunsta ncias ncias ém qué os al alim imén énto toss ém um umaa soci sociéda édadé dé paga paga dévé dévém m sér sér cons consid idér érad ados os “ali “alimén ménto toss dé íd dolos”, olos”, réstringi réstr ingindo ndo a catégo catégoria ria a situa situaço ço és énvol énvolvéndo véndo péssoas com apégo inténci inténcional onal a Gré Gré ccia. ia. At Ativ ivid idadé adéss dé cu culto lto roma romano no.. Somén Soménté té né néssé sséss caso casoss a comi comida da dév dévéé sér sér cons consid idér érad adaa consagrada a íd dolos olos é, portanto, proibida.37 Longé dé déclarar a léi judaica nula é sém éféito, Paulo ésta émpénhado ém estabelecer uma halakah sobré comida dé ídolos dolos par paraa gén géntio tioss ori oriént éntado adoss por Jésus Jésus,, ou ensinar-lhes uma halakah judaica corín ntia tia local éxisténté. A luz dos paral paralélos élos rabín nicos, icos, nao é inconcébívvél él qué élé éxtraia dé uma halakah judaica local sobré aliméntos comprados no mércado dé Corinto. Dé qualquér forma, élé ésta lévando ém conta a situaçao particular é o diléma dos géntios oriéntados por Jésus ao éscrévér sua résposta aa quésta quésta o éspécíica ica qué élés lévantaram. Como indicado acima, a inténçao ou atitudé como fator halakic décisivo na déiniçao da idolatria ésta présénté também nas fontés rabín nicas, icas, é éra uma forma dé lidar com a vida cotidi cot idiana ana ém uma soc sociéd iédadé adé pag pagaa ond ondéé os ésp éspaço açoss pu pu bli blicos cos éra éram m préénc préénchid hidos os com imagéns déusés é impéradorés gréco-romanos, associados déusés é iténs oférécidosdéaos déusés. A convivéncia com os géntioslugarés éra acéita como uma fato da vida; o probléma éra détérminar os moméntos précisos é lidar com élés ou suas possés 37. Brucé N. Fisk, “Eating Méat Offéréd to Idols: Corinthian Béhavior and Pauliné Résponsé in 1 Corinthians 8–10 (A Résponsé to Gordon Féé)”, Trini Trinity ty Jour Journal nal 10 (1989): 49-70, ésp. 60; Tomson, Paulo e a Lei Judaica ; Zéttérholm, “Puréza é Raiva”, 13–15. 99 PAULO NO JUDAISMO qué implicava associaçao com idolatria. No inal, os rabinos éstabélécéram uma déiniçao dé réligiosidadé paga qué consistia éxclusivaménté ém atividadés dé culto, incluindo a fala. Por éxémplo, émbora fossé éstritaménté proibido fazér qualquér coisa qué pudéssé ajudar um paga o a réalizar um ato dé adoraça o dé íd dolos, olos, o bénéfíccio io podé sér dérivado dé

 

négocios com ídolos dolos qué sé supoé nao térém sido adorados, ou qué foram abandonados, lévéménté désigurados ou ém uma opinia opinia o, véndido por um paga paga o ( m. 'Abod.  Zar . 4:4-6). Essé foco nos aspéctos rituais da réligiao gréco-romana tornou pérmissívvél él tudoo qué na tud nao ést éstivé ivéssé ssé dir diréta étamén ménté té associ associado ado ao cul culto to é po possi ssibil bilito itou u qué os jud judéus éus vi vivés véssém sém é fun funcio cionas nassém sém nas cid cidadés adés da dia dia spo spora ra é até até més mésmo mo par partic ticip ipassé assém m da vida vida pu blic pu blicaa até cérto pont ponto. o. Assim, muitos dos débatés no tratado  Avodah Zarah da Mishna conc concén éntr tram am-s -séé ém déi déini nirr qu quai aiss at atos os ou comp compor ortam tamén énto toss do doss paga paga os dév dévém ém sér sér considérados parté dé séu culto.38 Claraménté, os rabinos nao pércébiam o podér da idolatria na comida, nas coisas ou nas açoés ém si, mas na forma como os pagaos os tratavam. Foi féita uma distinçao éntré o rélacionaménto humano com os géntios, qué dévéria sér promovido (déntro dé cértos limi limité tés) s) “por cau causa sa da paz” ( t. 'Abod 'Abod.. Zar. 1:3), é séu culto idolatra, qué dévéria sér évitado.39 A litératura rabínica nica fornécé um éxémplo dé um caso duvidoso sémélhanté dé idolatria ondé a inténçao do adorador pagao é décisiva ém rélaçao aos objétos éncontrados ao lado do qué ados Mishna chama dé Markolis,(uma répréséntaça o daOs divindadé romana Mércu rio, o patrono viajantés é mércadorés m. ' Abod. Zar. 4:1-2). transéuntés jogavam pédras ou dépositavam dépositavam alim aliméntos éntos ém frént fréntéé a ésta ésta ttua ua para éxpré éxpréssar ssar sua dévoça dévoça o. o. A quésta quésta o subjacénté a ésta mishnah é como sé podé sabér sé os objétos 38. Tomson, Paul and the  Jewish Law , 158-63; Séth Schwartz, “Gamaliél no Banho dé Afrodité: Judaí ssmo mo Paléstino é Cultur Cul turaa Urban Urbanaa nos Sé Séculos Tércéi Tércéiro ro é Qua Quarto rto”, ”, no Talmud   Yerushalmi e cultura grecoromana , éd. Pétér Scha Scha fér (Tu (Tu bingén: Mohr Siébéck, 1998), 203-17, ésp. 206-11. 39. Tomson, Paul and the Jewish Law , 163. 100 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES éncontrados ém suas proximidadés sao déstinados ao íd dolo olo ou nao. Sé forém, o judéu podé nao tirar provéito délés, mas sé nao, as pédras podém sér usadas é a comida podé sér véndid vén didaa a um génti géntio. o. A Mi Mishn shnaa ai airma rma qué sé duas duas péd pédras ras sa sa o énc éncont ontrad radas as ao lad ladoo da divindadé, podé-sé présumir qué élas éstao la por acidénté é, portanto, podém sér usadas pélos judéus, mas trés séguidas parécém signiicar inténçao é, portanto, nao podém. Assim, a inténçao é o signiicado dado aos objétos pélo pagao détérmina sé os objétos sao ou nao considérados associados aa idolatria.40 Outro éxémplo da inténçao como fator décisivo na halakah rabí n nica ica é a famosa historia dé Rabban Gamliél, qué nao viu probléma ém visitar uma casa dé banho com uma éstatua dé Afrodité, Afro dité, référin référindo-sé do-sé aa régra régra:: “So “So o qué élés [os paga pagaos] trata tratam m como uma divindadé é proibido, mas o qué élés na na o tratam como uma divindadé é pérmitido” ( m.

 

 Abod. Zar. 3:4). Rabban Gamliél arguménta qué, uma véz qué os pagaos nao tratam a éstatua dé Afrodité na casa dé banhos como um déus, éla podé sér considérada como méra décoraçao. aspéctos cultuais, mas ainda réligiosos, da sociédadé paga, possibilitando-lhés vivér é funcionar ém um ambiénté pérméado dé idolatria.42 Os paralélos rabín nicos icos sao instrutivos porqué ilustram qué o raciocín nio io dé Paulo sé éncaixa pérféitaménté no contéxto judaico da halakah como sé désénvolvéu éntré os rabinos, incluindo como lidar com o désaio dé évitar a idolatria ém uma sociédadé pérméada pélo culto aos déusés gréco-romanos. Longé dé “infringir a léi”, Paulo parécé éstar éngajado no procésso dé aplica aplica -la, déinindo quais atos ém quais 40. Ibid., 208-10. 41. Ibid., 159-60, 213-14; Schwartz, “Gamaliél no Banho dé Afrodité”, 213–17. 42. A législaçao rabín nica ica as vézés parécé um tanto branda. Por éxémplo, R. Yohanan é rélatado para tér pérmitido aos judéus dé Bostra uma fonté cujas aguas foram usadas no culto local dé Afrodité Afrodité (  y. Sheviit 8:11/38b-c), Schwartz, "Gamaliél no Banho dé Afrodité," 216. 101 PAULO NO JUDAISMO circunstancias constituém idolatria é qué nao, dé uma manéira bastanté sémélhanté aos débatés rabín nicos icos no tratado tratado Avodah  Avodah Zarah Zarah da Mishna Mishna . Ao éstabélécér um éstado dé diréito para os géntios oriéntados por Jésus, Paulo sé émpénhou no équilíb brio rio énvolvido ao éstabélécér a halakah, lévando ém considéraçao a proibiçao bíblica blica da idolatria é suas intérprétaçoés prédominantés, bém como a situaçao social dos géntios oriéntados por Jésus ém um sociédadé paga, incluindo sua nécéssidadé dé int intéra éragir gir com ado adorad radorés orés dé déu déusés sés gré grécoco-rom romano anos, s, as con condiç diçoo és ésp éspécí écíicas icas da comuni com unidadé dadé ém Cor Corin into, to, inc inclui luindo ndo os va va rrios ios gr graus aus dé com compr promé ométim timént éntoo ént éntré ré séus séus mémbros géntios. Govérnar éssa inténça é o considérada fator crucial qué détérmina a comida ém uma détérminada situaçao dévé ou naoo sér consagrada a ísé d dolos, olos, élé podé muito bém répréséntar uma téndéncia halakic déntro do judaíssmo mo do priméiro século qué foi mais tardé aprééndida é désénvolvida pélos rabinos. Em uma nota inal inal,, pod podé-s é-séé acr acrésc éscént éntar ar qué a léi judai judaica ca é lé léxí xívvél; él; intérprétaçoés é décisoés diférém éntré os diféréntés grupos é déntro do mésmo grupo, é mudam com o témpo. As fontés rabín nicas icas sao muito mais brandas ém rélaçao as rélaçoés com os géntios do qué, por éxémplo, os téxtos dé Qumran ou Jubileus, ou Jubileus, qué pédém uma séparaçao clara ém rélaça o aos géntios: rélaça Séparé-sé dos géntios, é nao coma com élés, é nao faça coisas como as délés. E nao sé torném associados délés, porqué suas açoés sao contaminadas é todos os séus caminhos sao contaminados, désprézívéis véis é abomi abomina na vvéis. éis. Elés abatém séus sacri sacrifí fícios cios aos mortos é aos démo démo nios élés sé curvam; é élés comém ém tu tu mulos. E todas as suas aço aço és sa sa o inu inu téis é

 

va va s. (( Jub.  Jub. 22:16-17) Sé ainda existissem simpatizantés do Jubiléu no témpo da Mishna, élés pr prova ovavél vélmén ménté té tér tériam iam con consid sidéra érado do as déciso déciso és mais mais bra branda ndass dos rab rabin inos os com comoo uma violaçao da léi judaica. Dé fato, sé os rabinos nao tivéssém déinido a léi judaica como a conhécémos, uma comparaça comparaça o com os 102 A QUESTA QUESTA O DAS SUPOSIÇO SUPOSIÇO ES a éstrita proibiçao bíb blica lica da idolatria podé tér lévado os éstudiosos também a décidir qué os rabinos éstavam “violando a léi”. Nao témos méios dé sabér sé outros judéus considéravam Paulo indulgénté ou éstrito, mas a luz da naturéza compléxa da obsérvancia da Tora ém géral é da législaçao rabí n nica ica sobré idolatria ém particular, nada ém séu raciocí n nio io parécé indicar qué élé havia abandonado a léi judaica. Lévar a réalidadé social ém considéraçao ao éstabélécér um éstado dé diréito na na o éé um compromisso da léi judaica – é uma parté intrínséca nséca do procésso halaquico. Como éspéro tér ilustrado usando éxémplos dos procéssos dé tomada dé décisao déntro do judaísmo smo contémporanéo, diféréntés autoridadés halaquias négociam o équilí b brio rio éntré os varios fatorés énvolvidos no procésso dé manéira diférénté, mas ém graus variados, todos lévam ém conta a réalidadé os précédéntés déntro da léi judaica juntaménté com os princíp pios iossocial géraisjuntaménté téolo téolo gicos écom éé tticos. icos. 103 4 A Quésta Quésta o da Concéituaçao: Qualiicando a posiça posiça o dé Paulo sobré a circuncisa circuncisa o ém Dia Dia llogo ogo com os Asséssorés dé Joséfo para Réi Izatés Mark D. Nanos Judéus praticantés do judaíssmo mo no priméiro século obsérvavam o rito da circuncisao,1 por isso podé parécér natural o suiciénté concluir qué os arguméntos dé Paulo dépréciam,2 quando quan do na na o sé opo opo ém a circu circuncisa ncisa oo1. 1. Uma vérs vérsaao désté énsaio foi apréséntad apréséntadaa no “RéRéading Paul as um autor judéu do Ségundo Témplo”, Réuniao dé Nangéroni do Séminario Enoqué, Roma, 23 a 27 dé d é junho dé 2014. 2. Em um dos poucos coméntarios qué podériam sugérir qué alguns judéus podém nao tér praticado a circuncisao, o alégorista judéu Filo sé opoé aquélés qué podém propor qué a pratica litéral podé sér anulada porqué a circuncisao signiica éxtirpar paixoés é déstroi opinio pra opinio és í mpias m pias ( Migração suadéus objéça o sérvé para provar avado; régra.por O conhéciménto désta pra ttica ica judaica éntr éntréé89-91 os na na); oo-judéus -ju é ampl amplaménté aménté compro comprovado; éxémp éxémplo, lo, do priméiro é iníccio io do ségundo cént. cé: 105

 

PAULO NO JUDAISMO minar a propria idéia dé qué Paulo dévéria sér intérprétado como um répréséntanté do judaíssmo.3 mo.3 Mas a pos posiça içao dé Pau Paulo lo é mui muito to mai maiss mat matiza izada da do qué as léitur léituras as das quais dépéndém dépén dém as concl concluso uso és da tradi tradiça ça o intér intérpréta prétativa; tiva; assim també també m é a pra pra tica do rito déntro do judaísmo. smo. Arguméntaréi qué quando as déclaraçoés dé Paulo sobré a circuncisao sa sao qua quali liica icadas das con contéxt téxtual ualmén ménté té é éxamin éxaminada adass ao lad ladoo dé déc déclar laraço aço és igu igualm almént éntéé qualiicadas féitas por outros judéus, élas révélam um judéu qué sé opos a circuncisao dé um grupo particular dé nao-judéus por razoés muito éspécíicas, icas, razo razo és qué logic logicamént améntéé implicam qué élé dé forma alguma banalizou ou sé opos ao valor pactual da circuncisao paraa os jud par judéus éus qué éxpré éxpréssa ssavam vam fé fé ém (ou mélhor mélhor ain ainda, da, id idéli élidadé dadé a) Jésu Jésuss Cri Cristo sto,, incluindo élé mésmo. Outra manéira dé colocar isso é qué Paulo sé opos aos nao-judéus séguidorés dé Cristo sé tornarém judéus (ou séja, “convértér” a idéntidadé étnica judaica), mas élé nao sé opos, é ém véz disso promovéu, élés praticando o judaí ssmo, mo, (ou séja, “convérténdo” ém um modo dé vida judaico), ao lado dé judéus qué o izéram , como élé. Quando judéus a circuncisa o, a ménos qué sé séus déclaré éspéciicaménté contra rio,osélés éstaodiscutém sé référindo aos pais judéus qué dédicam ilhos dé oito dias a umo rito dé passagém qué apélava para uma aliança iniciada por Déus. Néssa aliança, Abraao é séus déscéndéntés através dé Isaqué é Jaco/Israél (os israélitas) foram ordénados a praticar prati car iélménté ésté rito para sémpré (Gn 17:9-14; 17:9-14; Lv 12:3).4 Os téxtos judaico judaicoss quasé sémpré tratam da circuncisao dé judéus; élés raraménté Horacé, sáb . 1.9.68-70; Pétronio, sáb . 102,14; Joséfo, Ag. Joséfo, Ag. Ap. 2.137; Epictéto, Discursos. 2.9.19-21; Juvé 2.9.19-21; Juvénal, nal, sáb . 14,96-106 (para nao-judéus como parté dé uma progréssao dé adoçao dé praticas judaicas); Tacito, Hist. 5.5.1-2 (para nao-judéus qué sé tornam judéus); Suétonio, Domiciano 12.2; vér Shayé JD Cohén, The Beginnings of Jewishness: Boundaries, Variet Var ieties ies,, Unc Uncert ertain aintie tiess , Héllén Héllénist istic ic Cultur Culturéé and Soc Sociét iétyy 31 (Bérké (Bérkéléy léy:: Uni Univér vérsit sityy of  California Préss, 1999), 29-49. Véja também o capítulo tulo dé Néil Elliott nésté volumé , “Thé Quéstion of Politics: Paul as a Diaspora Jéw undér Roman Rulé”. 3. Por éxémplo, Rom. 2:25-29; 1 Cor. 7:19; Garota. 5:2, 6; 6:15; Fil. 3:2-8. 4. David A. Bérnat, Sign of the Covenant: Circuncision in the Priestly Tradition , Anciént Israél and Its Litératuré 3 (Atlanta: Sociéty of Biblical Litératuré, 2009); Matthéw Théissén, Concurso   Conversão: Genealogia, circuncisão e identidade no antigo judaísmo e cristianismo Concurso (Nova York: Oxford Univérsity Préss, 2011). 106 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O discutém a circuncisao dé nãonão-jude judeus us é, quando o fazém, éssés casos sao éxplicitaménté sinalizados (por éxémplo, aquélés qué fazém parté dé famíllias ias judaicas éxténsas, como

 

éscravos, aquélés qué vivém na térra dé Israél é aquélés qué déséjam sé tornar judéus) . Quando sé trata dé concéituar é tirar conclusoés sobré os arguméntos dé Paulo sobré a circuncisao, no éntanto, o caso (dé outra forma) éxcépcional dé sé cértos nao-judéus dévériam dévér iam réalizar éssé rito éé o to to pico éxplícito cito ém quéstao, nao a circuncisao dé crianças judias. Apésar déssa qualiicaçao contéxtual, os arguméntos dé Paulo continuam a sér lidos como sé élé éstivéssé éxpondo uma régra univérsal aplicavél tanto a judéus como a naojudéus, séguidorés dé Cristo ou na na o, como sé élé sé opuséssé aa circuncisa circuncisa o para todos. Na o obstanté o fato dé qué havia outros povos qué praticavam a circuncisa Na circuncisa o dé acordo com costumés costu més diférént diféréntés, és, Paulo émpréga o térmo circuncisão , como outros judéus ém géral, para signiicar a idéntidadé dé homéns marcados como judéus ou israélitas dé acordo com as dirétrizés da Tora Tora , qué assim sé distinguém dé todos os outros povos. Paulo as vézés usa o térmo “circuncisao” é “circuncidado” como métoní mia mia para “judéu” é “prépu cio” como métoním “prépu mia ia para “na “na o-judéu”. (por éxémplo, Rom. 3:29-4:12; 15:8-9; Gal. 2:7-12). A manéira como Paulo usa a métoním mia ia “a circuncisao” néssés téxtos sugéré qué élé tém ém ménté judéus dé nasciménto, bém como homém qué prépucio cortado(isicaménté para sé tornar (ou séja, prosélqualquér itos), é, por éxténsa o lotévé gica,séu quaisquér mulhérés nao judéu circuncidadas) pérténcéntés aa s famíllias ias déssés homéns circuncidados. Os intérprétés réconhécém qué, quando Paulo aborda o téma da circuncisao, élé tém ém vista um procédiménto réalizado apénas ém homéns, émbora séu uso métoní m mico ico sé apliqu apl iquéé aos jud judéus éus com comoo um gru grupo po dif diféré érénci nciado ado dos na nao-jud -judéus éus é, por portan tanto, to, inclu incluii impl im plic icit itam amén énté té as mu mulh lhéré érés, s, ap apés ésar ar dé na na o séré sérém m i isi sica camén ménté té circ circun unci cidad dadoo (ou, (ou, altérnativaménté, prépu prépu cio).5 No éntanto, uma qualiicaça qualiicaça o implíccita ita compara compara vél na na o é 107 PAULO NO JUDAISMO aplicado para déinir a qual circuncisao Paulo sé opoé éspéciicaménté, é por qué. No éntanto, ém todos os casos disponívvéis éis para nos, os arguméntos dé Paulo para résistir a circuncisao nao tém nada a vér com a oposiçao dé pais judéus qué comprométém séus ilhos dé oito dias a éssé rito, ou dé nao-judéus qué comprométém séus ilhos péquénos a circuncisa oo,, assim como élés na circuncisa na o sa sa o sobré mulhérés (a circuncisa circuncisa o dé quém os inté inté rrprétés prétés supo ém na supo na o sér préocupaça préocupaça o dé Paulo ou daquélés com quém élé discutiu). Em véz disso, séus arguméntos sao dirécionados éspéciicaménté para é sobré sé adultos , homens , não-judeus dévém réalizar a circu circuncisa ncisa o. o. Alé Alé m disso disso,, é ta ta o impo importanté rtanté quanto quanto,, a oposiça oposi ça o dé Paulo é ainda mais qualii qualiicada: cada: élé sé opo opo é a circu circuncisa ncisa o dé homéns adultos nao-judéus éspécíicos icos qué já qué já são  são   seguidores de Cristo. 6 Séndo éssé o caso, ségué-sé qué a posi po siça ça o dé Pa Paul uloo sobr sobréé a ci circ rcun unci cisa sa o é détu déturp rpad adaa sé fo forr décl déclar arad ado, o, sém a dév dévid idaa qualiicaça oo,, qué Paulo se opôs à circuncisão . qualiicaça Sé qui quisér sérmos mos faz fazér ér com compar paraço aço és ént éntré ré Paulo Paulo é out outros ros int intéérprét prétés és jud judéus éus,, dév dévémo émoss procurar éncontrar é qualiicar qualquér matérial comparativo dé outros judéus é grupos

 

judai judaico coss sobr sobréé a circ circunci uncisão são de não-j não-judeu udeuss . Além disso, dévémos aténdér a quaisquér qualiicaço quali icaço és adici adicionais onais déssés na na oo-judéus -judéus com rélaça rélaça o ao te temp mpoo , loca locall é sit situa uação ção ém térmoss qué réconhéç térmo réconhéçam am qué éstam éstamos os comp comparando arando éssés pontos dé vist vistaa com o énsi énsino no dé Paulo sobré os nao-judéus qué sé idéntiicaram dé uma manéira particularménté judaica. , isto é, como créntés nas airmaçoés méssianicas do évangélho sobré o signiicado dé Jésus para si mésmos como na na o-judéus (cf. Rom. 1:1-6; 1 Cor. 15:1-28; Garota. 1:1-3; 3:6-9, 14; Fil. 2:4-13). A ménsagém na qual élés acréditaram énvolvé a airmaçao proposicional dé qué o im dos témpos coméçou ém méados da éra présénté, iniciando inic iando a récon réconciliaç ciliaçaao do kosmos . Vou mé référir a éssa airmaçao ao longo désté 5. Circun Cir cuncid cidado ado/pr /prépu épu cio també també m é usa usado do por Paulo Paulo é out outros ros judéus judéus ém um sén séntid tidoo obviaménté nao litéral para sé référir ao éstado do coraçao (Lév. 26:41; Déut. 10:16; 30). :6; Jér. 4:4; Jub 4:4; Jub . 1:22-24; Rom. 2:29); véja Bérnat, Sign of the Covenant , 97-114, 129. 6. Cristo = Jésus como Cristo/Méssias, por toda parté. 108 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O énsaio como “cronométrico”, para indicar qué a posiçao dé Paulo sobré o qué é apropriado déntro do judaíssmo mo par paraa ség séguid uidoré oréss dé Cri Cristo sto ést éstaa ésp éspéci éciic icamé aménté nté rél rélaci aciona onada da a sua convic con vicça ça o dé qu quéé a éra éspér éspérada ada ja ja dés déspon pontou tou na éra présén présénté, té, éxi éxigi gindo ndo ass assim im alg alguns uns ajustés ajust és na halaca halaca prév prévalécén alécénté; té; na na o é o résultado dé uma diférénç diférénçaa dé opinia opinia o sobré os valorés do judaísmo smo ém si (como “obras” ou “comportaménto dé marcaça marcaça o dé frontéiras”). A air airma maça ça o cron cronom oméétri rica ca do évan évangé gélh lhoo cr cria ia a ba basé sé para para a rési résist stéén ci ciaa dé Pa Paul uloo a circun cir cuncis cisaao dé na nao-jud -judéus éus ség séguid uidoré oréss dé Cri Cristo sto.. Elé acr acrédi édita ta qué ago agora ra élé éléss dév dévém ém répréséntar aquélés dé outras naçoés qué sé voltam para o Déus Unico dé Israél é do mundo, é assim, qué élés nao dévém sé tornar israélitas, como téria sido o caso antés désta mudança mudan ça dé éras coméçar, é ao invé invé s disso pérmané pérmanécér cér réprésén répréséntantés tantés dé outra outrass naço naço és. Sé élés élés mu muda dassé ssém m sua sua idén idénti tida dadé dé para para is isra raéli élita ta ou judéu judéu nést néstéé po pont nto, o, a alé aléga gaça ça o proposicional do évangélho dé qué o futuro péríoodo do utopico profétizado nas Escrituras judaicas havia chégado – émbora, surprééndéntéménté, no méio da présénté “éra maligna” – nao séria féito manifésto. Mas Paulo acrédita qué ésta réalidadé se manifésta na forma como séus subgrupos subgrupos ( ekklēsia ) dé israélitas é nao-israélitas vivém é adoram juntos sém discri dis crimin minaça aça o, émb émbora ora man mantén téndo do dif diférén érénças ças étnica nicas, s, dé gé généro é out outras ras diféré diférénça nçass signiicativas (cf. Rom. 3:29-4:25). ; 15:4-13; Gl 1:4; 3:1-4:7; Atos 15). Discutirémos éssé assunto mais abaixo, porqué élé molda signiicativaménté as préocupaçoés das cartas dé Paulo,, crian Paulo criando do as circunsta circunsta ncias muitas muitas vézés confus confusas as é até até advér advérsas sas das quai quaiss os na na ojudéus séguidorés dé Cristo qué élé procura consolar é désaiar ésta ésta o buscando alívvio. io. A considéraçao dé pérto dé alguns éxémplos dé outros éscritorés judéus do pérí oodo do dé Pau Paulo lo a rés réspéi péito to “judaí da cir circun cuncis cisa ao, qu quand andoo igu igualm almént éntéé qua quali liica icada, da, mos mostra tra qué out outros ros répréséntantés do smo” smo” també m foram concéituados 7. Tal como a chégada do dia ém qué o lobo sé déitara é coméra coméra com o Borrégo; E E um. 65:25.

 

Véja Téréncé L. Donaldson, Judaism Donaldson, Judaism and the Gentiles: Jewish Patterns of Universalism (até  135 EC) (Waco, TX: Baylor Univérsity Préss, 2007), ésp. 499-505. 109 PAULO NO JUDAISMO por intérprétés dé forma a univérsalizar o qué os jogadorés éntrégaram ém térmos muito particularistas. Nésté énsaio, considérarémos um éxémplo dé uma historia rélatada por Joséfo qué inclui visoés nitidaménté diféréntés sobré sé, séguindo séu compromisso dé pr prati atica carr um mo modo do dé vida vida ju juda daic ico, o, o réi dé Ad Adia iabé béné né,, um na na o-j -jud udéu, éu, dév dévér éria ia sér sér circuncidado, o qué, nésté caso, é intérprétado como um passo qué o tornaria judéu é, além disso, podéria sér énténdido por séus suditos como signiicando qué élés também dévém sé tornar judéus. Narrativa de Josefo sobre a circuncisão dos Izates não-judeus, rei de Adiabene O rétrato do réi Izatés ésboçado por Joséfo é rélatado ém uma historia qué élé aléga tér ocorrido déntro do judaíssmo mo da diaspora. Ocorré duranté o témpo dé Paulo é déscrévé diféréntés méstrés judéus pontos dé vista sobré o téma dé na na oo-judéus -judéus se comportando como judéus (ou “judaica”, praticando o judaísmo) smo) vér vérsus sus tamb tambéém se torn tornan ando do judé judéus us (  Ant. 20.17-48; a historia continua até 20.96). Joséfo rétrata dois consélhéiros judéus, Ananias é Eléazar (um tércéiro é introduzido ém 20.35, émbora élé pérmanéça sém nomé é suas opinioés pouco claras), qué discordam fortéménté sobré sé, para Izatés, o príncipé ncipé é mais tardé réi dé um térrito térrito rio cliénté parta, a idélidadé éxigia qué élé também sé circuncida, assim “déinitivaménté” (ou “cértaménté” ou “irméménté”, bebaiōs ) tornando -sé “um judéu”, ou sé a idél idélidadé idadé para élé éra mélhor éxpréss éxpréssaa por continuar continuar séndo um na na oojudéu qué adorava a Déus é praticava a adésa o piédosa a um modo dé vida judaico énquanto pérmanécia com o prépu prépu cio (20.38-48).8 8. Joséfo nao indica qué éssés judéus séjam, ém qualquér séntido formal, missionarios qué déféndém défén dém qué os na na oo-judéus -judéus sé comp comportém ortém dé manéi manéira ra judaica ou sé torn torném ém judéus; élés podém éstar énvolvidos ém négocios ou viagéns é simplésménté réspondéndo ao intéréssé éxprésso ém sua idéntidadé é praticas réligiosas. Ao mésmo témpo, Joséfo ésta ciénté dé muitos judéus na Babilonia é nas principais cidadés da Partia, é dé sua coléta, tésouraria é transporté do imposto para o Témplo dé Jérusalém, énta énta o éé possívvél él qué 110 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O

 

Joséfo caractériza a mudança qué o nao-judéu Izatés faz para vivér como um judéu ou praticar o judaíssmo mo – a na na o sér a circuncisa circuncisa oo,, qué ésta ésta ém quésta quésta o – va va rias vézés como uma éscolha dé vivér dé acordo com o ethos judaico (“costumé” ou “ha “ha bito”), nomos (“léi”, “convénça oo”” ou “princíp “convénça pio”), io”), ou ou patrios  patrios (“ancéstral [tradiça [tradiça o]”). Ha uma clara démarcaçao nésta historia éntré um nao-judéu (homém) torn tornando ando -se judéu através da circuncisao é se comportando como um judéu, ou séja, comportando-sé como judéu énquanto pérmanécé um na na o-judéu. o-judéu. Um dos éléméntos curiosos déssa d éssa histo histo ria éé qué, além dos consélhéiros judéus dé Izatés é dé sua maé Héléna (é suas comitivas), Joséfo nao mén mé nci cion onaa as com comun unid idad adés és judai udaica cass ou sé séu u én énvvol olvvimén iménto to né néla las, s, sé hou ouvvér. ér. O judaíssmo/judaí mo/judaíssmo mo én énqu quan anto to pé pérm rman anéc écéé na na o -j -jud udéu éu é désc déscri rito to ém térm térmos os mu muit itoo individualistas é familiarés para o péríoodo do dé témpo, mas ao mésmo témpo éxpréssa a importancia das implicaçoés dé suas açoés para o povo do réino sob séu réinado, qué é a política tica contéxto qué inluéncia as diféréntés posiçoés déféndidas ou assumidas pélos poucos judéus é na na o judéus ém torno dos quais gira a narrativa10. Joséfo coloca a historia déntro dé um cénario da diaspora duranté o pérí oodo do dé Paulo (20,15-17), émbora Joséfo(( Ant. ténha18.310-313, publicado o314-379). rélato cérca dé cinquénta anos dépois . Jud aism por éssés na o-judéus na  Ant. 9. Esté caso contrasta com a obsérvaçao dé Cohén dé qué “da pérspéctiva judaica, sém convérsao social – isto é, sém a intégraçao dé um géntio na sociédadé judaica – nao ha convérsa o alguma; o géntio pérmanécé géntio” (Cohén, Beginnings of Jewishness , 168). convérsa Além disso, os pontos dé vista éxpréssos por Ananias é Eléazar, dé acordo com Joséfo, fornécém évidéncias dé qué alguns judéus considéravam os prosélitos judéus, além dos muitos éxémplos dé na na o-judéus ém rélaça rélaça o a isso (cf. 160-62). 10. O intéréssé subséquénté ém, por éxémplo, viajar, patrocinar é sépultar na Judéia – al algu guns ns dos dos i ilh lhos os dé Izat Izatés és at atéé sé ju junt ntar aram am a révo révolt ltaa cont contra ra Roma Roma – na na o dévé dévé sér sér négligénciado, négligénci ado, é claro claro,, énta énta o ha ha uma implicaça implicaça o géogr géograaica ica saliénté (ou séja, , Judé Judé iia). a). No éntanto, nao déixa dé sér curioso qué nénhuma comunidadé judaica ou participaçao ém réunioés comunais judaicas ém Adiabéné séja méncionada, além do fato dé qué nénhum dos nobrés ou suditos do réino além da famíllia ia réal é comitiva (émbora inicialménté ganhé séu réspéito [20.49]) sao déscritos como sé juntando a élés para obsérvar o judaí ssmo mo ou para sé tornarém judéus. 111 PAULO NO JUDAISMO quéstao dé nao-judéus (homéns é mulhérés) sérém énsinados intérprétaçoés conlitantés sobré a mélhor forma dé éxpréssar piédadé para com Déus pélos varios proféssorés judéus dé Joséfo, qué artic articulam ulam suas posiço posiço és por méio dé térmi términolog nologia ia muito ssémélh émélhanté anté aa dé Paulo.

 

Ananias, um mércador judéu qué inluénciou varias mulhérés da famíllia ia réal ém Charax Spasini, para ondé o prín ncipé cipé foi énviado para guarda até qué chégassé a sua hora dé réinar ém Adiabéné, é apréséntado como téndo “pérsuadido” ou “incitado” ( synanepeisen ) Izatés, como éssas mulhérés, “adorar a Déus [a Divindadé] dé acordo com as tradiçoés ancéstrais jud udai aiccas [ os Ioud Ioudai aioi oiss pa patr trio ionn ]” (20. (20.34 34-3 -35) 5).. Ao més mésmo mo témp témpo, o, a ma ma é dé Izat Izatés és é apréséntada adotando o modo dé vida judaico sob a diréçao dé um judéu (qué pérmanécé sém nomé) ém Adiabéné, ondé o pai dé Izatés govérnava (20,34-35). Ao rétornar para sé tornar réi ém Adiabéné, Izatés soubé da alégria dé sua maé ém adotar um modo dé vida judaico (“régozijando-sé nos costumés dos judéus [ tois Ioudaiōn  Ioudaiōn etesina ]”, 20,38; référidos també m como “suas léis” ou “convénço també “convénço és” ( nomous ) ém 20,35). Izatés résolvéu, assim, ir além da méra adoçao dos costumés, séndo agora “zéloso dé também mudar [ou “passar” ou “convértér”, metathesthai ] nélé mésmo” (20.38). Izatés na na o é rétra rétratado tado méraménté como décidindo coméçar a sé comp comportar ortar dé manéi manéira ra judaica, mas como raciocinando qué élé na na o séria “déinitivaménté” [ou “cértaménté” ou “génuinaménté” ou “irméménté”, bebaiōs ] um judeu [ Ioudaios ] sé élé 11. Por qué Joséfo désénvolvéu a historia da manéira qué élé féz é a rélatou no inal désté volumé vol umé ésta éstao alé além do éscopo éscopo désté énsai énsaioo (cf (cf.. Daniél Daniél R. Sch Schwar wartz, tz, Reading the First  Century:   Sobre a leitura de Josefo e o estudo da história judaica do primeiro século [WUNT Century: 300; 30 0; Tu Tu bi bing ngén én:: Mo Mohr hr Si Siéb ébéck éck,, 20 2013 13]. ].). ). Cu Curi rios osam amén énté té,, ha ha évid évidéén ci cias as hist histoorica ricass corroborantés dé algumas das iguras é caractéríssticas ticas da historia; vér Téssa Rajak, “Os partos ém Joséfo”, ém Das Partherreich  Partherreich  und seine Zeugnisse: Beiträge des internationalen Colloquiums, Eutin (27. - 30 de junho de 1996) , éd. J. Wiéséhofér (Stuttgart: Franz Stéinér, 1998), 309-24. Para matérial rabín nico ico rélacionado a éssas iguras, véja Lawréncé H. Schiffman, “Thé Convérsion of thé Royal Housé of Abiabéné [ sp ] in Joséphus and Rabbinic Sourcés”, ém é m Josephus, Judaism, Judaism, and Christian Christianity ity , éd. Louis H. Féldman é Gohéi Hata (Détroit: Wayné Staté Univérsity Préss, 1987), 293-312; Louis H. Féldman, judeu Féldman,  judeu   e Gentile in the Ancient World: Attitudes and Interactions from Alexander to  Justinian (Princéton, NJ: Princéton Univérsity Préss, 1993), 328-31. 112 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O nao foi circuncidado, o qué éstava pronto para fazér” (20.38; grifo nosso). Essa déduçao é féita antés da chégada do outro judéu, Eléazar, a corté dé Izatés, qué déféndéra déféndéra éssa posiça posiça o (20.43, qué discutirémos a séguir), dé modo qué nao ica claro como Izatés chégou a éssa conclusa concl usa o ja ja na narrativ narrativa. a. A disti distinça nça o éntré Izatés tér adotado adotado costum costumés és judai judaicos cos até até ésté ponto é o qué élé agora quér fazér sugéré qué élé énténdia sua maé como judia, nao simplésménté um nao-judéu qué praticava costumés judaicos como élé vinha fazéndo, émbora émb ora Jos Joséfo éfo na na o sol solétr étréé iss isso.1 o.12 2 Est Estéé ass assun unto to pér pérman manécé écé obs obscur curo, o, um umaa véz qué a

 

circuncisao nao sé aplicava as mulhérés.13 Imédiataménté, sua maé sé opos fortéménté a idéia dé qué élé fossé circuncidado, téméndo qué séus suditos raciocinassém qué élé “déséjava qué élés apréndéssém a obédiéncia as manéiras [ou “costumés”, “ costumés”, ethōn ] qué sao éstranhos é éstranhos para élés”, pois élés nao iriam, éla prévé, “suportar sérém govérnados por um judéu” (ou “judéu”, 20.39). Ananias, qué acompanhou Izatés quando voltou a Adiabéné, concordou com a objéçao é améaçou déixar o réino, téméndo por séu proprio bém-éstar sé o réi sé comprométéssé a sé tornar judéu por méio da circuncisao. Aqui a distinça distinça o géo-políttico-é ico-é ttnica nica “Judéia”, qué é signi signiicad icadaa péla mésma palavra traduzi traduzida da como “judéu”, Ioudaios , podé muito bém sér a mélhor éscolha dé traduçao, émbora nao séja global, pois o résto da narrativa déixa claro qué Izatés é o réi dé outro povo ém outra térra, mésmo qué élé é sua maé (é outros) adotém modos dé vida judaicos é até até mésmo ajudém o povo da Judéia.14 12. Cf. Donaldson, Judaism Donaldson, Judaism and and the Gentil Gentiles es , 334-35. 13. Cf. Shayé JD Cohén, Por que as mulheres judias não são circuncidadas? Gênero e Aliança no Judaísm Judaísmoo (Bérkéléy: Univérsity of California Préss, 2005). Talvéz a circuncisao ténha sido lévantada lévantada pélo proféss proféssor or ano ano nimo dé Hélén Hélénaa ém Adiabéné Adiabéné,, ou talvéz sé Héléna fossé réalménté considérada judia sob sua diréçao, Izatés déduziu qué para élé isso énvolvéria o rito da circuncisa circuncisa oo.. 14. Cf. Cohén, Beginnings, 79. Véja Dani Daniél él R. Schwartz, “'Judaéan “'Judaéan'' or 'Jéw'? Como dévémos traduzir Ioudaios ém Joséfo?”, ém Identidade Judaica no Mundo Greco-Romano = Jüdische Identität 113 PAULO NO JUDAISMO Notavélménté, ém 20.41 (cf. 46-48), Ananias diz qué témé a puniçao porqué élé séria ré résp spon onsa sabi bili liza zado do po porr én énsi sina narr ao ré réii dést déstéé po povo vo o qu quéé élés élés ob objé jéta tari riam am como como “obr “obras as impro prias [ou “obras” ou impro “ritos”, erga ]” para séu réi ou para élés mésmos. Além disso, Ananias términa sua sénténça instruindo o réi “a adorar [ sebein ; litéralménté, “honra”, “réspéito” ou “témor”] Déus sém circuncisao; mésmo qué élé por todos os méios ténha résolvido sér zéloso pélas tradiço tradiço és ancéstrais [  patria ] dos judéus, isso é supérior [ kyriōteron ; litéralménté, mais nobré] do qué sér circuncidado” (20.41).15 Ananias énta énta o arguménta qué Déus “téra pérda pérda o” para com Izatés por “na “na o réalizar o ato” (ou “trabalho” ou “rito”, ergon ) dé circuncisao por causa das réstriçoés dé sua situaçao como réi dé um povo qué na na o éé judéu (nésté caso Joséfo usa o singular).

 

Ananias susténtou em seu caso – especiicamente para Izates como rei de um povo não judeu – qué praticando os idéais do grupo idéntiicado como in der griechisch-römisc griechisch-römischen hen Welt , éd. Jo Jo rg Fréy, Danié Daniéll R. Schw Schwartz artz é Stéph Stéphanié anié Gripént Gripéntrog rog (Léidén: Brill, 2007), 3–27; Mark D. Nanos, “Paul and Judaism: Why Not Paul's Judaism?” ém Paul Unbound: Other Perspectives on the Apost Apostle le , éd. Mark D. Dado (Péabody, MA: Héndrickson, 2010), 117 n. 2, para discussa o é bibliograia adicionais qué mé lévam a préférir géralménté “judéu” discussa sobré “Judéano” para traduzir Ioudaios para discutir Paulo. 15. Daniél R. Schwartz, “Déus, Géntios é Léi Judaica: Sobré Atos 15 é a Narrativa Adiabéné dé Joséf Joséfo” o”,, ém Gesc Geschicht hichte—Tra e—Tradiçã dição—Re o—Relex lexão: ão: Fest Festschr schrift ift für Mart Martin in Hen Hengel gel zum 70. Geburtstag , éd. Hubért Cancik, Hérmann Lichténbérgér é Pétér Schafér (Tubingén: Mohr Siébéck, Siébé ck, 1996), 263-82, argumént arguméntaa qué Izatés simplésménté simplésménté de decid cidiu iu séguir os costumés judaicos ém véz dé réalménté coméçar a pratica-los, qué touton sé référé a pro pro pria décisa décisa o, o, dé modo qué o qué Izatés féz coméçou a témér o déus dos judéus (267-272). Mas touton sé référé nao apénas a décisao/décisao dé Izatés ém si, mas a sua décisao/décisao éspécí ica ica de “ser zeloso pelas tradiçoés ancéstrais”. Isso sugéré qué Izatés ja éstava obsérvando todos élés , exceto a circuncisao, qué élé quéria corrigir séndo circuncidado também: “élé décidiu [ou: résolvéu] se serr ze zelo loso so por toda todass as tr tradi adiço ço és an ancé cést stra rais is do doss judéu judéus; s; sér isso isso [ to tout ut{o {on} n} : ou séja, décidido/ résolvido a ser zeloso por . . . ] éé supérior a um sér circuncidado” (20.41; grifo nosso). Qué Anan Qué Anania iass és ésté téja ja ré réag agin indo do ao no novo vo dés désdo dobr bram amén énto to,, a déc décis isaa o dé Izat Izatés és dé sér sér circuncidado, no comunicado dé 20.41, também mina o arguménto dé Schwartz dé qué Ananias é Héléna éstao sé opondo a qualquér tipo dé pratica dos costumés judaicos como périgosa, pois Ananias vém “incitando” ( Schwartz) costumés judaicos sobré os mémbros da casa réal até qué o topico da circuncisao agora surja. Mais uma véz, o fato dé tér surgido dé répénté implica qué o proféssor dé Héléna, novo no énrédo, trouxé a tona éssa quéstao dé sé tornar um judéu vérsus méraménté agir como um judéu (dé uma manéira ménos qué compléta, ou séja, além da circuncisa circuncisa oo). ). 114 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O dé honrar o Déus dos judéus (praticar o judaí ssmo) mo) do qué sér circuncidado (tornar-sé judéu ) judéu  ) . , éé pátria  pátria , é élé dé fato énsina Izatés a continuar iélménté a fazé-lo, mas Ananias insisté qué Izatés não o faça ém térmos dé um ergon judeu em particular qué faria délé um judéu - a circuncisao!17 Essés arguméntos pérsuadiram Izatés a rénunciar a circuncisao ou pélo ménos para adiar por um témpo (20,42). Ou séja, élé décidiu pérmanécér um naojudéu, mas sé comportar como judeu como  judeu , ou, talvéz, para mantér éssa distinçao dé sér judéu no séntido dé sé tornar judéu, talvéz dévéssémos dizér qué Izatés 16. Cf. Donaldson, Paul and  the Gentiles , 68-6 68-69, 9, dé forma sémélhanté argumén arguménta ta qué Anani Ananias as sé opo opo é a convé convérsa rsa o dé

 

prosélitos (tornar-sé judéu), émbora élé nao faça distinçao éntré tornar-sé judéu é praticar o judaíssmo mo como na na o-judéu o-judéu da manéira qué éstou propondo qué éstava funcionando aqui. 17. Gary Gilbért, “Thé Making of a Jéw: 'God-Féarér' or Convért in thé Story of Izatés,” Union Revisão Trimestral do Seminário 44, no. 3–4 (1991): 299–313, arguménta qué Izatés ja éra considérado judéu antés dé sér circuncidado. O arguménto dé Gilbért dé qué havia homéns nascidos dé judéus qué nao foram circuncidados mas considérados judéus nao sé aplica igua igualm lmén énté té a ho homé méns ns nasci nascido doss dé na na o-j -jud udéu éuss qu quéé na na o sa sa o circ circun unci cidad dados os sén séndo do considérados judéus, é élé nao aprésénta nénhuma évidéncia sob éssa qualiicaçao, o qué élé também faz nao lévantar. Gilbért podéria tér apontado para a linguagém dé Paulo ém Romanos 2:25-29, dé acordo com as intérprétaçoés prédominantés, qué concluém qué Paulo ésta ésta chama chamando ndo na nao-judéus dé prép prépu ucios dé judéu judéuss vérdad vérdadéiros éiros sé séus coraço coraço és forém circuncidados. Mas também discordo déssa intérprétaçao para Paul (véja Mark D. Nanos, “Paul's Non-Jéws Do Not Bécomé 'Jéws', Mas eles se tornam 'judeus'?” Jornal do Movimento de Jesus em seu cenário judaico 1, no. 1 [2014]: 26-53, www.jjmjs.org). Paulo arguménta qué (homéns) nao-judéus qué nao sao circuncidados implicitaménté éndossam julgaménto Déus dos judéusosqué sa sa oo,, amas qué na o vivém dé acordo com o éstilo dé vidaoséparado quédésér circuncidado marca séguir, qué a circu circuncisa ncisa o da carné dé tais judéu judéuss é minad minadas as sé na na o forém acomp acompanhad anhadas as péla circuncisa circu ncisa o do coraça coraça o. Isso na na o é a mésma coisa qué atrib atribuir uir circunci circuncisa sa o ou idénti idéntidadé dadé é ttnica nica judaica a na na oo-judéus; -judéus; apénas mostra qué élés podém sér iguais ou mésmo supériorés aos judéus étnicos ém térmos dé acéitaça acéitaça o dé Déus délés, émbora pérmanéçam na na oo-judéus. -judéus. Da mésma mésma for forma, ma, mut mutati atiss mut mutand andis, is, po podé-s dé-séé fal falar ar dé um na nao-cato -cato lic licoo mos mostra trando ndo-sé -sé catolico por sé comportar dé acordo com um idéal catolico qué alguns catolicos podém déixar dé déféndér - mas isso nao é o mésmo qué susténtar qué éssé nao-catolico é, na vérdadé, um catolico. diréito aos sacraméntos. Para Paulo, pélo ménos, sér um judéu do séxoo mas séx mascul culino ino dév dévéé inc inclui luirr sér cir circun cuncid cidado ado,, um pon ponto to dé idé idénti ntii icaça caçao étnica qué pérmanécé saliénté ém toda a sua corréspondéncia éxisténté com a étnia masculina nao circuncidada , , a quém élé procura pérsuadir a pérmanécér nao-judéu por nao réalizar a circuncidada circuncisa circu ncisa o, o, é ainda pratic praticar ar o judaísmo smo dé todo o coraçao. Paulo, pélo ménos, mantém a idéntidadé étnica dos judéus do séxo masculino é a idéntidadé réligiosa da pratica do judaísmo smo séparadas, como Joséfo aqui, pélo ménos com rélaçao aos Izatés masculinos; como ja ja obsér obsérvado, vado, éssa disti distinça nça o paréc parécéé tér sido ambíggua ua no caso das mulhérés, séndo Héléna o caso ém quéstao. 115 PAULO NO JUDAISMO dé déci cidi diu u cont contin inua uarr a sér é sé comp compor orta tarr “j “judé udéu u ” . Voltarémos a discutir éssa quéstao términolo gica mais adianté. términolo

 

Joséfo aprésénta éntao a chégada dé uma nova igura ém céna ém 20.43, Eléazar, qué é apréséntado com a réssalva dé qué Izatés ainda nao havia désistido dé séu déséjo dé sé circuncidar: assim Eléazar “éxortou-o [Izatés] a réalizar 'o trabalho' [ou “o rito”, ton ergon ].” Eléazar é um judéu da Galiléia é provavélménté um fariséu; pélo ménos Joséfo o idéntiica dé uma manéira qué élé ém outro lugar caractériza como farisaíssmo: mo: “sér éxtrémaménté préciso [ akribēs ] sobré as tradiçoés ancéstrais [ ta ta   pátria pátria ].”18 A partir daí, o lé léit itor or i ica ca ci cién énté té dé du duas as in inté térp rpré réta taço ço és juda judaic icas as con conli litan tantés tés do qu quéé é iél iél (apropriado/légítimo/ timo/ justiica justi icado) do) par paraa o réi na na o-j o-judé udéu u Iza Izatés tés com rés réspéi péito to a pra prattica ica do jud judaí aíssmo mo ondé a circuncisao surgé para si mésmo (é, por implicaçao, para séu réino). Mais uma véz nésta narrativa Joséfo référé-sé a circuncisao com a palavra ergon , comuménté traduzida como “trabalho”, précédido pélo artigo, portanto “ o ato” (ou “açao” ou “obra”), nésté contéxto talvéz mélhor traduzido como “o rito”19 énvolvido ém um homém se tornar um judeu ! Eléazar désaia o énsina éns inamén ménto to dé Anani Ananias as dé qué qué Izatés Izatés dévé  permanecer um não-judeu que se comporta como judeu, qué adota um judeu  judeu modo de vida, qué qué pratica  pratica ielmente ielmente o juda judaísmo. ísmo. 20 Encontrando Izatés léndo a Tora [ nomos ] dé Moisés, Eléazar o confronta por nao cumprir suas préscriço préscriço és: “Em sua ignora ignora ncia, oo réi, vocé vocé é culpado da maior injustiça [ou “injustiça”, adikōn ] contra a Tora é, portanto, contra Déus. Pois vocé nao dévé apénas lér a Tora, mas também, é ainda mais, fazér o qué é ordénado néla. Quanto témpo vocé vai 18. Véja Ant. Véja  Ant. 17,41; Guerra 1.110; 2.162; Vida 191; cf. Atos 26:5. 19. Para o volumé dé Loéb, Féldman traduz ergon como “rito” trés vézés, ém 20.42-43, 46, référindo-sé circuncisa circuncisao oo.déssé . Em vista réidéntiicaça réidéntiicaça  o étno-réligiosa muito éspécí ica ica ém quésta quésta  o para aaa réalizaça “ato”, da o rito parécé justiicado. 20. Vér Nanos, “Os nao-judéus dé Paulo nao sé tornam 'judéus', mas élés sé tornam 'judéus'?” para éxémplos adicionais dé Joséfo. 116 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O continuar incircunciso? Sé vocé vocé na na o léu a régra [ou “léi” ou “princíp pio” io”,, nomo nomoss ] sob sobré ré ést éstéé ass assunt unto, o, léia-o léia-o agora agora,, par paraa qué vocé vocé sai saiba ba qué impi im piéd édad adé [ as asse sebe beia ia ] é na qué voc vocéé com comété été” ” (20 (20,44 ,44-45 -45; Loé Loéb b com alg algum umas as o (éxcéto, mud mudanç anças) as).. Embora aéTora Tora  na vérdadé na  o instrua os na na  o-israélitas a;réalizar a circuncisa circuncisa por éxémplo, éxémp lo, éscravos dé israél israélitas) itas),, Eléazar déin déinéé uma résposta iél aa léitu léitura ra da Tora Tora para

 

ésté na na oo-judéu -judéu qué busca instruça instruça o néla para énvolvér o cumprimento da ação da régra qué a Tor Toraa ord ordéna éna par paraa Os déscénd déscéndént éntés és dé Abr Abraa aao, é os isr israél aélita itass ém par partic ticula ular‒‒ r‒‒ na nao simplésménté a vontadé dé fazé-lo sé éstivéssé ést ivéssé livré dé réstriço réstriço és, como dépéndé a ééxcéça xcéça o lévantada por Ananias. Ouvindo éssa logica, Izatés chama o médico para sér circuncidado é “complétar o qué lhé foi ordénado [ prostaxthen [  prostaxthen etelei etelei ]”, cumprindo assim “o ato” ou “rito” ( tou ergon ) ém torno do qual gira a contrové contrové rrsia.21 sia.21 Dévémo Dévé moss dé déix ixar ar dé lado lado a hi hist stoori riaa aqui aqui é passa assarr a résu résumi mirr al algu guns ns do doss déta détalh lhés és éspécialménté rélévantés para comparar varias visoés judaicas sobré a circuncisao dé naojudéus lévantadas pélo rélato dé Joséfo com os arguméntos dé Paulo contra a circuncisao dé na na o-judéus (séguidorés dé Cristo). . Joséfo usa a palavra ergon no singular é erga no plural para sé référir éspéciicaménté ao rito dé circuncisao énvolvido ém um nao-judéu tornar-sé judéu, sém signiicar ritual adicional adici onal ou outr outros os élémén éléméntos tos do comp comportamén ortaménto to déin déinido ido péla Tora Tora obsér obsérvado vado pélos judéus jud éus,, ou més mésmo mo por na nao-jud -judéus, éus, como ém dié diétas tas é dia dias. s. Jos Joséfo éfo déin déinéé éss ésséé er ergo gonn no contéxto conté xto do qué o nomos ordéna, éspéciicaménté para os homéns qué déséjam obsérvar a Tora Tora complétaménté judéus atravé atravé  s daoaça o da circuncisa circuncisa  oo,, aça açaordéna  o qué compléta uma idéntidadé étnicatornando-sé 21. Curiosaménté, a tradiça sacérdotal no Tanakh a O rito da circuncisao nao déscrévé quém réaliza o ato, assim como nao élabora muitos dos outros éléméntos dos procéssos énvolvidos, émbora éstés séjam délinéados ém tradiçoés judaicas postériorés, éspécialménté na litératura rabín nica. ica. Bérnat, Sign of the Covenant , 125, 129– 31; Cohén, Beginnings , 198-238, discuté a cérimo cérimo nia dé convérsa convérsa o rabín nica ica postérior. 117 PAULO NO JUDAISMO transform transf ormaça aça o, émb émbora ora José Joséfo fo na na o émp émprég régué ué a fr frasé asé erga erga   no nomo mouu , um to p ico ao qual rétornarémos. Embora a palavra ergon signiiqué simplésménté “trabalho” como ém “açao”, “açao” ou “trabalho”, nésté caso Joséfo a usa para dénotar o “ato” énvolvéndo o “rito” da circuncisao pélo qual um (homém) nao -Judéu torna-sé judéu.22 Além disso, Joséfo mais tardé (20.48) résumé a piédadé dé Izatés (no contéxto, por tér complétado ésté ato/rito) dianté da téntaçao dé évitar fazé-lo para protégér séus intéréssés como um ato dé “  fé ”.  plenitude) sozinho [ monō  pepisteukosin ]”!23 Por causa dé sua compléta coniança ém Déus, Izatés tévé sucésso, contra a oposiçao tanto dé séu proprio povo quanto dé invasorés éstrangéiros, qué Izatés (é atravé atravé s délé, Joséf Joséfo) o) atribui aa “prov “providé idé ncia ncia dé Déus [  pronoian ]” (20.91 [75] -91]). A coniança dé Izatés é déinida por Joséfo dé acordo com a intérprétaçao dé Eléazar dé fé (p (plén lénit itud udé) é) ad adéq équa uada da como como én énvo volv lvén éndo do ésté ésté ato/ ato/ri rito to apés apésar ar do doss risc riscos os po polí lítticos icos énvolv énv olvido idos, s, vér vérsus sus a int intérp érprét rétaça aça o dé An Anani anias as dé aco acordo rdo com a qua quall fé fé (pl (pléni énitud tudé) é) aprop apropriada éxigia ia evitar ésté ato/rito dévido as contingéncias unicas da situaçao atual dé Izatés.riada éxig

 

22. O médico nao é idéntiicado como judéu, é provavélménté nao éra, é nao ha indicaçao dé qué qué um mohel judeu ou qualquér outra péssoa capaz dé réalizar o ritual do brit milá éstivéssé disponívél vél ém Adiabéné. Aparéntéménté, um nao-judéu qué sé submétéssé a éssé ato com a inténçao dé sé tornar judéu éra considérado pélos pérsonagéns dé Joséfo como équivalénté a réalizar o rito étno-réligioso qué signiica na Tora Tora . 23. Eu uso “idélidadé” ém todo o téxto para réspéitar é désaiar a manéira como pistis como  pistis é géralmént géralm éntéé tra traduz duzido ido é int intérp érprét rétado ado par paraa Pau Paulo lo com comoo sé rép réprés résént éntass asséé “cr “crénç énça” a” ém contrasté com açao ou açoés ou obras ou ésforço, é para traduzir a historia dé Joséfo , para déstacar déstac ar a comp comparaça araça o qué ésta ésta séndo traçada déntro do judaí judaíssmo. mo. Estou convéncido dé qué a idélidadé no séntido dé “coniança”, “léaldadé”, inclusivé o compromisso dé réalizar as açoés concomitantés com o qué sé acrédita, éxpréssa mélhor o qué Paulo procurou comu comuni nica carr po porr méi méioo dé  pistis é séus cognatos, assim como o faz para Joséfo é outros éscritorés judéus ém géral, incluindo o lxx ao traduzir ' emuna . Véja agora méu ésforço para démonstrar isso ém Romanos nas anotaçoés apréséntadas ém Mark D. Nanos, “Thé Létt Léttér ér of Pa Paul ul to th théé Ro Roma mans ns”, ”, ém The Jewish Annotated New Testament: New Revised  Standard   Versão Tradução da Bíblia , éd. Amy-Jill Léviné é Marc Zvi Bréttlér (Nova York: Oxford Univérsity Préss, 2011), 253–86; véja també també m Caroliné Johnson Hodgé, If Sons, Then Heirs: A Study   of Kinship and Ethnicity in the Letters of Paul (Nova York: Oxford Univérsity Préss, 2007), ésp. 79–91; Néil Ellio tt, The Arrogance of Nations: Reading Romans in the Shadow of Empire , Paul in Critical Contéxts (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2008), 44–47; Kathy Ehrénspérgér, Paul no  no  Crossroads of Cultures: Theologizing in the Space Between (Londrés: Bloomsbury, 2013), 160–74. 118 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O Apésar dé Joséfo déféndér o idéal da décisao dé Izatés dé sé tornar judéu péla circuncisao como o curso iél apoiado por Déus, Joséfo rétrata os dois proféssorés judéus articulando quais qua is aço aço és mél mélhor hor éxp éxprés réssar sariam iam fé fé (pl (pléni énitud tudé) é) par paraa Iza Izatés. tés. Elé Eléaza azarr sus sustén ténta ta qué a  idelidade so so sé séri riaa démo démons nstr trad adaa po porr pa part rtéé dé Izat Izatés és ao comp comple leta tarr o at atoo ou ri rito to da circuncisão para sé tornar um judéu, ém conjunto com todos os démais atos énvolvidos na obsérvancia dé um modo dé vida judaico conformé préscrito na Tora. Ananias baséia séu arguménto dé qué Izatés séra pérdoado por Déus por nao sér circuncidado na prémissa dé qué a  idelidade de Izates séria mélhor éxémpliicada pélo réi dé um povo nao-judéu observando um modo de vida judaico conf conformé ormé préscrito préscrito na Tora Tora a  parte  parte   da circuncisão , além dé sé tornar judéu é, portanto, além dé sé tornar sob a Tora nos mésmos térmos qué um judéu (uma distinça distinça o qué as péssoas dé séu réino sa sa o répréséntadas como gananciosas, juntaménté com as implicaço implicaço és para si mésmas como ssu uditos). Como obsérv obsérvado, ado,os Izatés (é suajudaico ma ma éé)) sja ja (ou ésta éstaléis  o pratican praticando dos);um dé judaico consisté consi sté ém muit muitos costumés judaicos ou régra régras); nomodo éntan éntanto, to, vida Izatésjudaic na na o oé qué um

 

judéu da manéira qué a fé (idélidadé) para réalizar o trabalho ou ato ou rito da circuncisa circuncisa o o faria. Alé m disso, tomar éssa aça Alé aça o ou rito judaico judaico ém particul particular ar ( ergon ) para sér circuncidado (ou, no caso do plural erga , podémos parafraséar: as açoés ou ritos rélacionados a éssa transformaçao signiicada ém ultima instancia pélo ato ou rito da circuncisao) é éspérado paraa lév par lévar ar a réb rébéli éliaao con contra tra élé élé,, émb émbora ora nénhu nénhum m méd médoo séj séjaa éxp éxprés résso so ém rél rélaça açao a résisténcia a sua busca zélosa dé um modo dé vida judaico enquanto permanece um não judeu . Qué o comportaménto judaico dé Izatés (é Héléna) nao séja rétratado como cénsuravél lévanta a pérspéctiva dé qué Joséfo énténdéu qué tal comportaménto ém homénagém ao déus dé outro povo éra acéitavél déntro désta cultura pantéí ssta, ta, énquanto a convérsao a éssé déus por compléto (pélo ménos no caso dé a divindadé judaica) répréséntou um 119 PAULO NO JUDAISMO réjéiçao dé todos os outros déusés é padroés culturais concomitantés. Em outras palavras, dé acordo com narrativa, na na o-judéu praticar o judaí smo (idélidadé Déus acordo aco rdo com umésta mod modo o dé vida vidaumjudaic judaico) o) sémpodé sé torna tornar r um judéusmo (po (por r méi méioo do aer ergo gonn dé da circuncisa oo), circuncisa ), mas um nao-judéu quém pratica o judaíssmo mo (idélidadé a Déus dé acordo com um modo dé vida judaico) incluindo o ergon da cir circun cuncis cisaao éxp éxpéri érimén ménta ta uma transformaça o dé idéntidadé é tnica transformaça tnica dé na na oo-judéu -judéu ém judéu.24 As Assi sim, m, a qu qués ésta ta o ém torn tornoo do ergon rgon da circuncisao nésta historia sobré nao-judéus é apénas sobré o rito qué transforma a idéntidadé dé um nao-judéu na dé um judéu; nao sé trata do valor do rito para os judéus, por éxémplo, sé um judéu como Ananias dévé circun cir cuncid cidar ar séu pro pro pri prioo il ilho, ho, sé élé tiv tivér ér um. um. Alé Além disso, disso, iss issoo lév lévant antaa com compar paraço aço és intér intéréss éssant antés és com a in insis sisté téncia dé Pau Paulo lo dé qué a fé fé (pl (pléni énitud tudé) é) par paraa os na na o-j o-judéu udéuss séguidorés dé Cristo réquér a absténçao dé sé tornarém judéus através da circuncisao, ao mésmo témpo témpo ém qué insis insisté té qué élés sé afastém do culto associado associado a déusés famil familiarés iarés é cívvicos, icos, o qué séria éspéra-sé qué sé apliquém a si mésmos na maioria dos grupos judaicos, ao qué parécé, apénas sé élés tivéssém sé tornado judéus. Tal comportaménto hétérodoxo cria para élés uma idénti idéntidadé dadé ano ano mala qué léva aa marg marginali inalizaça zaça o socio sociopolí políttica, ica, tanto dos judéus, qué na na o compartilham sua airmaça airmaça o cronomé cronomé ttrica rica do évangélho dé nao sérém ném convidados ném prosélitos, mas mémbros plénos ao lado dos judéus, é, por diféréntés razoés, dé séus nao-judéus famíllias ias é vizinhos. Sé mésmo aquélés qué sé tornam prosélitos podém sér vistos com suspéita como atéus é traidorés, éntao provavélménté ainda mais améaç am éaçado adoré réss sér séria iam m aqué aquélé léss qué qué pé pérm rman anéc écér éram am na na o-j -jud udéu éus, s, sé simu simult ltan anéam éamén énté té réivindicassém o diréito dé sé abstér dé honrar os déusés é sénhorés dé séus companhéiros na na o judéus. (cf. Joséfo, Guerra 2.463; Ta Ta cito, Hist. 5.5.1-2).25 24. Ném todos os judéus concordaram qué os nao-judéus podériam sé tornar judéus més mésmo mo judéus com complé plétan tando a cir circun cuncisa cisaqué o (vé (vér Théiss issén, én, podériam Contestin Cont estinggséConver Conversion ); no éntanto, aquélés quédo susténtavam os rnaThé o-judéus tornarsion judéus/israélitas,

 

mésmo aqu mésmo aquélé éléss qué dif diféré érénci nciava avam m ént éntré ré prosé prosélitos é judéus judéus/is /israél raélita itas, s, man mantin tinham ham a éxigé ncia éxigé ncia dé circuncisa circuncisa o (masculino adulto) (vér Cohén, Beginnings ). 120 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O  Advertência: Algumas sugestões discursivas para quem busca para avaliar Paulo e sua visão da circuncisão em termos de judaísmo Mudar o discurso sobré Paulo adicionando uma tag contéxtual a praticaménté todas as déclaraçoés féitas sobré sua posiçao ém assuntos judaicos, como a circuncisao dé naojudéus jud éus,, é um bom ponto dé par parti tida da par paraa aqu aquélé éléss qué ésta éstao tén téntan tando do con concéi céitua tuarr Pau Paulo lo déntro do judaíssmo, mo, é um disciplina qué dévé sér considérada também por aquélés qué sé opoém ao émprééndiménto.26 No séntido mais curto, isso podéria consistir ém nada mais do qué acréscéntar a frasé “. . . para . para não-judeus não-judeus seguid seguidores ores de Cristo ” as déclar déclaraço aço és féita féitass a séu réspéito, ém éspéci éspécial, al, para évita évitarr a univ univérsali érsalizaça zaça o do assunto ém dis discus cussa sa o. Oca Ocasio sional nalmén ménté, té, isso isso pré précis cisara ara sér rév révisa isado do par paraa dé déini inirr alg alguma uma out outra ra idénti idé ntidadé dadé dé grupo, grupo, dépéndén dépéndéndo do dos référ référént éntés és do arg argumé uménto nto dé Pau Paulo, lo, como “  para  judeus não seguidores de Cristo ”, é assim por dianté. Além disso, émbora diicilménté séja uma éscrita éléganté ou énérgica, também séria util sinalizar régularménté qué éstamos falando dé um contéxto social déntro dé subgrupos das comunidadés judaicas é, assim, airma ai rmarr qué éssa é a vis visaao dé Paulo Paulo sob sobré ré um to to pico, pico, acrésc acréscént éntand ando: o: “  para não-judeus seguidores de Cristo que estão participando de  de   vida comunitári comunitáriaa ”; ésta frasé podéria sér éncurtada para " para " para seguir a Cristo Cristo  não-judeu não-judeuss que praticam o judaísmo .” Para qualiica qualiica -lo mais éspéciicaménté, é, novaménté, sacriicar a brévidadé, a frasé podéria sér complétada, “. . . quem quem  praticar  praticar o judaísmo judaísmo de ac acordo ordo com os en ensinamentos sinamentos ddee Paulo ”, ou, ém forma curta, “mai . . .sque praticam o judaísmo de oPaulo ” ou, ém térmos do Paulo25. déntro coaliza mais amp ampla, la, “. . . que praticam judaísmo apostólico. ”27papél Alémdédisso, Cf. Odaénsaio déo Paula Frédriksén nésté volumé, “A Quéstao da Adoraçao: Déusés, Pagaos é a Rédénçao dé Israél”. Tracéi éssa dinamica sociopolíttica ica ém profundidadé para os déstinatarios galatas ém The Irony Irony of Gal Galati atians ans : Paul Paul's 's Let Letter ter in First First-Cen -Century tury Context Context (Minnéapolis: Fortréss Préss, 2002). 26. Nanos, “Paul and Judaism”, 117–160. 27. “Judaíssmo mo Apostolico” é uma manéira possívvél él qué Andérs Runésson é éu propusémos para éxpréssar éxpréssar a idéia dé qué Paulo éé um réprésén répréséntanté tanté dé um movi moviménto ménto ou coaliza coaliza o maior déntro do judaíssmo mo qué 121 PAULO NO JUDAISMO

 

E imp import ortant antéé art articu icular lar con contin tinuam uamént éntéé qué a pos posiça içao dé Pau Paulo lo sob sobré ré éss éssés és assu assunto ntoss é baséada na airmaçao cronométrica do évangélho dé qué o im dos témpos, qué muitos qué praticam o judaíssmo mo aguardam aguardam,, chégou, é qué esta é a raza raza o para as mudan mudanças ças dé polí políttica ica ém rélaçao a éssés nao-judéus; daí, por éxémp éxémplo, lo, éscrévér éscrévér,, “  para não-judeus seguidores de Cristo   que praticam o judaísmo de acordo com a reivindicação cronométrica do evangelho Cristo  proclamado por por Paulo e out outros ros líderes apo apostólicos stólicos dest destee judaísmo. ”28 Praticar éssa disciplina dé éspéciicidadé para as déclaraçoés dé Paulo, é mutatis mutandis, para avaliar a déclaraçao dé qualquér outra péssoa com a qual procuramos comparar ou contrastar Paulo, révélara révélara as basés quéstiona quéstiona véis para muitas das caractéríssticas ticas sobré as quais os rétratos onipréséntés dé Paulo como um apostata ou um igura anomala ém térmos dé judaíssmo mo dépéndém. Podé pélo ménos ajudar aquélés qué déséjam considérar a concéituaçao dé Paulo déntro do judaísmo smo para évitar réinscrévér inadvértidaménté o rétrato paradigmatico dé um Paulo qué, por déiniçao, dévé éncontrar falhas é distanciar-sé do judaíssmo mo (séja osténsivaménté por idéias ou motivos érrados, justiça pélas obras, étnocéntrismo, é assim por dianté, como os inté inté rrprétés prétés tradicionais é da Nova Pérspéctiva sobré Paulo izéram é continuam a fazér). Com éssés para para métro métross ba ba sicos para concéitu concéituar ar é discu discutir tir Paulo é o judaí judaíssmo mo no topico da circuncisao agora éstabélécidos, éstamos préparados pélo ménos para considérar a opçao dé lér Paulo déntro do judaí smo. smo. acrédita acrédi ta qué Jésus é o Més Méssia sias, s, um sub subgru grupo po jud judéu éu cuj cujos os líd dérés érés sao conhécidos como “apo stolos “apo stolos”, ”, mésmo qué haja ténso ténso és ou conlitos, conlitos, até até mésmo facço facço és sé désénv désénvolvén olvéndo do éntré éssés subgrupos. 28. Para uma abordagém dé Paulo como répréséntanté ém véz dé rival da lidérança apostolica dé Jérusalém como géralménté rétratada, véja Mark D. Nanos, “Intruding 'Spiés' and 'Pséudo- bréthrén': Thé Jéwish Intra-Group Politics of Paul's Jérusalém Mééting ( Gal 2:1-10)”, ém Paul and His Opponents , éd. Stanléy E. Portér (Boston: Brill, 2005), 59–97. 29. Consulté o Apé Apé n ndicé. dicé. 122 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O Retratando a visão de Paulo sobre a circuncisão (de seguir a Cristo Não-Judeus) dentro do Contexto das Visões Judaicas Relacionadas na narrativa de Josefo Cértaménté dé intéréssé para comparaçoés com os pontos dé vista dé Paulo sobré a ci circ rcun unci cisa sa o é o uso uso dé erga rga é ergo ergonn po porr Jo Jose sefo fo para signiicar o rito da convérsao do prosélito masculino péla açao éspécíica ica da circuncisao. Embora os consélhéiros dé Izatés

 

nao usém a palavra pistis palavra pistis ém contrasté diréto com ergon , como discutido, ambos déféndém séu caso com basé no fato dé a açao ou rito répréséntar mélhor a idélidadé para élé. Ananias déféndé a manuténçao dé uma distinçao éntré idélidadé para o nao-judéu Izatés, qué sé éxpréssa adéquadaménté voltando-sé para Déus é praticando modos dé vida judaicos ( nomoi , ethoi , patria ), é tornando-sé judéu por méio do ergon da circuncisa circuncisa o, qué séria, ém sua opiniao, inadéquado é éxpréssaria inidélidadé nésté caso. Em contrasté, Eléazar arguménta qué para éxpréssar adéquadaménté a idélidadé Izatés também dévé sé tornar um judéu através do ergon da circuncisao, qué é uma açao éspécial (ou obra ou ato ou ri rito to)) qu quéé té tém m a vér vér com com a id idén énti tii ica caça ça o como como um judéu judéu qu quéé é disti disting nguí uívvél él do compromisso dé praticar Modos dé vida judaicos énquanto pérmanécé um nao-judéu. E importan impo rtanté té réssa réssaltar ltar qué Joséf Joséfoo éxpli éxplicitamé citaménté nté conécta  pisteuō (o ato dé fé [id [idélidadé] élidadé])) com a décisao dé réalizar a circuncisao mais tardé na historia (20.48), quando élé atribui a présérvaçao dé Izatés por Déus a sua decisão de ser circuncidad circuncidadoo como o “fruto da piédadé [ eusebeias ]” ém diréça diréça o a Déus por ““ idelidade/c  idelidade/coniança oniança some somente nte [ monō pepisteukosin ].” Embora o contrasté éntré éssés dois consélhéiros é Paulo ém rélaçao ao qué signiica fé (idélidadé) soménté para nao-judéus séja impréssionanté, as sémélhanças signiicativas nao dévém sér négligénciadas. Joséfo nao atribui a protéçao dé Déus a Izatés ao fato dé élé tér réalizado o(s) “rito(s)” da circuncisa circuncisa o ém si, mas sim aa coniança em Deus qué signiica complétar ésté “rito” (ou éssés “ritos”), indépéndéntéménté do poténcial améaça ao séu bém-éstar qué o ato (ou “atos”) é (ou éé ) prova prova vél PAULO NO JUDAISMO provocar. Essé raciocín nio io é paralélo ao arguménto dé Paulo sobré a circuncisao dé Abraao como um “sinal” dé sua idélidadé (baséado ém Gn. 17:11); no éntanto, Abraao para Paulo ilustra por qué a fé (idélidadé) para os nao-judéus qué séguém a Cristo é démonstrada por élés não sérém circuncidados (Romanos 3:27— 4:25; Gal. 3:1—4:7; passim). Paulo insisté qué éssés nao-judéus répréséntam os ilhos prométidos a Abraao das outras naçoés antés qué élé fossé circuncidado, é assim élés dévém pérmanécér na na oo-judéus, -judéus, isto éé , na na o dévém sé tornar mémbros dé Israél.30 Joséfo éxpréssa a aprovaçao da abordagém dé Eléazar, ém qué a fé a  fé (idelidade (idelidade)) por si só énvolvé énvol vé a circu circuncisa ncisa o como a aça aça o décisi décisiva va para os na nao-judéus Izatés, mésmo corréndo o ri risc scoo dé ré rébé béli liaao dé sé séu u po povo vo.. Em cont contra rasté sté,, Pa Paul uloo déf défén éndé dé somente a fé (idelidade) éxclusiva da circuncisao como a açao décisiva para os nao-judéus séguidorés dé Cristo a quém élé sé dirigiu, mésmo qué isso ténha custado a marginalizaça marginalizaça o. o. Isso rés Isso résult ultou ou da réi réivin vindic dicaça açao cro cronom noméétrica bas baséad éadaa no éva évangé ngélho lho dé tér dir diréit éitoo a participaça o pléna nas maiorés comunidadés judaicas como mais do qué méros convidados participaça qué adotaram cértas normas comportaméntais judaicas; assim, por éxémplo, élés na na o iriam mais participar do culto familiar é cí vvico ico ao voltar para casa das réunioés judaicas, ao contra rio contra rio do qué normalménté sé éspéraria daquélés qué éram méros convidados.

 

No éntanto, é improvavél qué a maioria dos judéus ou nao-judéus acéitariam qué tais naojudéus éstivéssém ém posiçao dé réivindicar isénçao da obsérvancia normal do culto naojudaico nos mésmos térmos aos quais os judéus podériam apélar.31 Paulo os lémbra qué élé também sofréram marginalidadé ém séu nomé para proclamar éssa “vérdadé do évangélho”. Para cada posiçao, émbora manténdo a opiniao oposta sobré sé a circuncisao éra apropria apropriada da para para os na na o-j o-judé udéus us ém vista, vista, a  idelidade é éxpr éxpréssa éssa dé cértas manéira manéirass considéradas apropriadas/justiicadas/légíttimas, imas, 30. Cf Cf.. Joh Johnso nson n Hod Hodgé, gé, Se Filhos, Então Herdeiros , 93-107. 31. Joséfo, Ant Joséfo, Ant . 12.138-153; 14.185-267; 16,27-65, 160-178; 19.278-291, 299-316; Guerra 2.195-203; Nanos, Ironia de Gálatas, 257-71. 124 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O é na na o ém outros, dépénd dépéndéndo éndo da perspectiva do intérprete sobré o qué réprésénta o rumo mais iél para a péssoa ou grupo ém vista. Su Sugi giro ro qu quéé Pa Paul uloo ta tamb mbéém qu quér ér dizér dizér com com fé fé ( (id idél élid idad adé) é) alé alé m da circ circun unci cisa sa o na na o simplésménté crér ém contrasté com agir, éspécialménté nao ém contrasté com atos dé justiça, pois é précisaménté para tal comportaménto qué o évangélho os chama para sérém éscravizados (cf. ROM. 6; 13; Garota. 5). Paulo na na o éstava procurando bifurcar fé fé é aça aça o/ o/ açoés ao déféndér qué a idélidadé (idélidadé) para os nao-judéus séguidorés dé Cristo signiicava nao sé circuncidar, assim como Ananias ou Eléazar dé Joséfo nao éstavam fazéndo tal bifurcaçao quando altérnativaménté éxortaram os nao-judéus Izatés a évitar ou réalizar a circuncisa circuncisa o como o curso apropriado dé fé fé (plénitudé). A obra (ou “aça “aça oo”” ou “ato” ou “rito”, singular plural) émavista ém todasréquér éssas articulaço és dé fé(idéntidadé plénitudé) para gira éspéciicaménté émoutorno dé sé fé(plénitudé) transformaça o dé tornar-sé judéus/israélitas ou nao; nao gira ém torno dé sé os costumés judaicos, como a obsérvaçao dé diétas é dias baséados na Tora, dévém sér réalizados (supoé-sé qué élés ja ténham sido iniciados por éssés nao-judéus). O contrasté qué Paulo faz , assim como os pérson pér sonagé agéns ns dé Jos Joséfo éfo,, é ém térmos térmos do qué mélho mélhorr rép réprés résént éntaa a id idéli élidad dadéé par paraa os jogadorés ém rélaçao a circuncisao. Além das açoés énvolvidas no procésso dé convérsao étnica, nao ésta séndo féito o contrasté éntré a fé é as obras ém géral (como séria dé sé éspérar dé acordo com os térmos dé uma léitura protéstanté tradicional), ou éntré a fé é o chamado comportaménto dé démarcaçao dé frontéiras. pér sé (como séria dé éspérar dé acordo com o énténdiménto prédominanté da Nova Pérspéctiva). Em quésta quésta o para Paulo ésta ésta éspéciic éspéciicaménté aménté a éscolh éscolhaa dé pérmanéc pérmanécér ér com o prépu prépu cio – uma métoním mia ia para nao-judéus qué os déiné ém térmos dé nao térém réalizado éssé rito

 

dé acordo com os térmos judaicos é, portanto, como répréséntantés dé outras naçoés além dé Israél – sobré a altérnativa 125. PAULO NO JUDAISMO ém ofé oférta rta par paraa sé tor tornar narém ém jud judéus éus,, isto isto é, cir circun cuncid cidado ados, s, o qué é néc nécéss éssaario para sé tornarém mémbros dé Israél. Em contrasté com o arguménto dé Eléazar, qué gira ém torno do qué é apropriado agora para aquélé qué é um réi dé nao-judéus, Paulo arguménta qué tal transformaça transformaça o dé idént idéntidadé idadé na na o é apro apropriad priadaa para élés apo apo s a réssur réssurréiça réiça o dé Jésus Jésus.. Por qué qué ? Porqué o ént Porqué énténd éndimé iménto nto dé Pau Paulo lo sob sobré ré o qué é apr apropr opriad iadoo ago agora ra é bas baséad éadoo ém uma intérprét inté rprétaça aça o cronomé cronomé ttrica rica do Shéma Shéma (qué o Déus dé Israél éé o unico Déus dé todas as naço és “agora”). Paulo aplic naço aplicaa a lo lo gica do Shéma Shéma (“Ouv (“Ouvé, é, oo Israél Israél,, o Sénhor é nosso Déus, o Sénhor é um [ou: o Sénhor soménté]”) éxplicitaménté ém Romanos 3:29-4:25 para fazér o caso cronométrico do évangélho qué os nao-judéus dévém pérmanécér nao-judéus com a ch chég égad adaa da ér éraa éspé éspéra rada da.3 .32 2 El Eléé pa part rtéé da pr prém émis issa sa dé qu quéé Dé Déus us ja ja é é aind aindaa é inquéstionavélménté o Déus dos judéus, da qual arguménta qué quando os “prépucios” agora sé voltam parao Déus atravéspérmanécér idélidadé a répréséntantés Cristo, Déus assim torna naço també dos prépu cios, énta élés dévém dasséoutras ésmé onaDéus o sé circuncidar, ou séja, na na o sé tornarém judéus/ israélitas. Dé acordo com as réivindicaçoés proposicionais do évangélho para élés como nao-judéus, Paulo éxigé qué élés pérmanéçam répréséntantés dé outras naçoés qué agora pé pért rtén éncé cém m ao Dé Déus us qu quéé faz faz o qu quéé é cé cért rtoo é, por orta tant nto, o, co como mo aq aqué uélé léss qu quéé ésta ésta o comprométidos ém fazér o qué é cérto. Elés assim démonstram a chégada do dia éspérado quando todas as naçoés sé submétériam ao réino dé Déus ao lado dé Israél, quando o Déus U nico dé Israél séra saudado como o u u nico Déus por répréséntantés dé todas as naço naço és.33 O arguménto réquér a déduçao logica do corolario 32. Véja Mark D. Nanos, “Paul and thé Jéwis Jéw ish h Tr Trad adit itio ion: n: Th Théé Idéol Idéolog ogyy of th théé She hem ma ”, éém m Celebrando Celebrando   Paul Paulo. o. Fest Festschri schrift ft em homenagem a Jerome Murphy-O'Connor, OP, e Joseph A. Fitzmyer, SJ , Sérié dé Monograia Triméstral Bíb blica lica Catolica 48, éd. Pétér Spitalér (Washington, DC: Associaçao Bíb blica lica Cato lica da Amé Cato Amé rica, rica, 2012 2012), ), 62–8 62–80; 0; Nano Nanos, s, O Mistério dos Romanos: O Contexto Judaico da Carta de Paulo (Minnéapolis: Fortréss Préss, 1996) , 1996) , 179-92. 33. Na Idadé Média, Rashi (ém Déut. 6:4) fala similarménté do éléménto futurista do résto das naço naço és també també m sé voltando para o Déus U U nico implíccito ito na atual conissao dé Israél do Shéma: “O Sén Sénhor hor qué é nos nosso so Déu Déuss ago agora, ra, mas na na o (ai (ainda nda)) o Déu Déuss das (outr (outras) as) naço naço és, ésta ésta déstinado a sér 126 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O qué os circuncidados qué sé voltam para Cristo dévém pérmanécér judéus, portanto, pérmanécéndo sob a aliança da Tora Tora féita com a naça naça o dos israélitas.

 

Nos arguméntos arguméntos dé Paulo Paulo,, a idéli idélidadé dadé a Déus éé éxpré éxpréssa ssa por na na o-ju o-judéus déus qué ségué séguém ma Cr Criisto sto qu quan ando do élés élés ésco éscolh lhém ém déix déixar ar a ador adoraç açaa o do doss déus déusés és dé suas suas na naço ço é s é o compor com portam tamént éntoo concom concomita itanté nté para para os pro pro pri prios os idé idéais ais dé jus justiç tiçaa qué inc incumb umbém ém aos israélitas, conformé articulado na Tora dé Israél. (além dé sé tornarém mémbros dé Israél através da circuncisao), mésmo qué éssés nao-judéus nao éstéjam técnicaménté “sob” a Tora , ja Tora ja qué élés na na o sé torn tornam am israélitas. israélitas. Por qué qué? Porqu Porquéé éssés sa sa o os idéais dé justiça para toda a humanidadé, émbora culturalménté construí d dos os para Israél como o povo dé Déus ém um rélacionaménto dé aliança éspécial pélo qual Déus podé iluminar toda a humanidadé.34 O raciocín nio io dé Ananias é Eléazar é baséado ém valorés sémélhantés, émbora chéguém a conclu con cluso so és opo oposta stass sob sobré ré sé Iza Izatés tés na na o dév dévéé ou dév dévéé réa réaliz lizar ar o er ergo gonn da circuncisao. Eléazarr claramén Eléaza claraménté té apéla aa  idelidade no séntido dé léaldadé ao mandaménto qué Izatés ésta léndo na Tora ésta Tora / Péntatéuco. Joséfo déféndé éssa intérprétaçao péla manéira como sé référé a idélidadé dé Izatés ém sér circuncidado ém résposta a Eléazar. E, conformé discutido, 20.48 Joséfo qué éxplica a oidélidadé dé Déuscomo ém pr présér ésérvar var Izatés quando quandém o élé é ata atacad cadoo éxplica mai maiss tar tardé, dé, isso car caracté actériz rizand ando éss éssaa  idelidade coniança somente em Deus . Ananias é o unico Sénhor, como é dito: 'Pois éntao daréi aos povos uma lín ngua gua pura, para qué todos invoquém o nomé do Sénhor, para sérvi-lo com um conséntiménto' (Sf 3:9). E (da mésma forma) é dito: 'E o Sénhor séra réi sobré toda a térra; naquél naq uéléé dia o Sén Sénhor hor séra séra Um é Séu nomé Um' (Zc 14: 14:9)” 9)” (tra (trad. d. dé Nor Norman man Lamm Lamm,, The Shema: Spirituality and Law in  in   Judaísmo como Exempliicado no Shema, a Passagem Mais Importante da Torá [Filadé [Filadé llia: ia: Sociédadé dé Publicaça Publicaça o Judaica, 2000], 31). 34. Por éxémplo, o arguménto dé Paulo ém 1 Corí n ntios tios 8-10 dé qué os nao-judéus qué séguém a Cristo nao dévém comér comida conhécida como comida para íd dolos, olos, fornécé um éxémplo éxémp lo u u til dé como élé os abord abordaa como nao éstando técnicam técnicaménté énté sob a Tora Tora é ainda obédécéndo as normas da Tora, incluindo o énsino do éxémplo dé Israél; véja Mark D. Nanos, “Thé Polythéist Idéntity of thé 'Wéak', and Paul's Stratégy to 'Gain' Thém: A Néw Réading of 1 Coríntios ntios 8:1—11:1,” in Paul: Jew, Greek, and   Romano , éd. Stanléy E. Portér, Pauliné Studiés 5 (Boston: Brill, 2008), 179–210. 127 PAULO NO JUDAISMO arguménto també arguménto també m na na o gira ém torno dé bifu bifurcar rcar fé fé (plén (plénitudé) itudé) dé aça aça o (ou aço aço és ou obra ob ras) s).. Sa Sa o do doiis lados ados da mé mésm smaa moéda oéda,, ma mass a idél idéliidadé dadé par araa Izaté zatéss ést éstar aria ia comp compro romé méti tida da,, sé ségu gun ndo sua sua ma ma é é An Anan ania ias, s, sé élé élé adot adotas assé sé o er ergo gonn pa part rtic icul ular ar da ci circ rcun unci cisa sa o. Altér Altérna nati tiva vamé mént nté, é, dé ac acor ordo do com com Elé Eléaza azar, r, a i idé déli lida dadé dé a To Tora ra séri sériaa comp comprométi rométida Izatés na naé), o réali réalizassé zassé ergon . Nénh Nénhum um casos énvolv énvolvé éaruma négaça négaça  oo do pap papél él dadafé fésé (pl (pléni énitud tudé), émb émbora ora ocada con consélh sélhéir éiro o dos pos possa sa rép réprés résént éntar o con consélh sélho contrario do proféssor rival (sobré a circuncisao, nésté caso) para falhar précisaménté ém

 

déféndér a fé (plénitudé), assim como os arguméntos dé Paulo contra o consélho contrario implícito cito dé séus rivais (por éxémplo, éspécialménté sobré éssés nao-judéus séguidorés dé Cristo réalizando a circuncisa circuncisa o). No éntanto, dévémos éxplicar o fato dé qué Ananias apéla éxplicitaménté aa conveniência é nao ao princíp pio io para para dissu dissuad adir ir Izaté Izatéss dé sé to torn rnar ar judé judéu u po porr sér circ circun unci cida dado do.. Elé arguménta qué, porqué Izatés é o réi dé um povo qué nao é judéu, élé dévé sér cautéloso para qué séus suditos nao réjéitém éssa transformaçao dé idéntidadé para élé por causa dé suas implicaçoés para si mésmos. A prémissa implí cita cita do arguménto dé Ananias, no éntant ént anto, o, con contin tinua ua sén séndo do um apélo aa  idelidade . Ananias arguménta, como méncionado acima, qué como réi dé um povo qué nao é judéu, élé dévé “adorar a Déus sém circuncisao; mésm mé smoo qu quéé élé élé po porr to todo doss os méio méioss  fez   décid décidaa ser zelos zelosoo pélas tradiçoés ancéstrais dos judéus, sér isso é mais nobré dé alguém [ém sua posiçao] do qué sér circuncidado” (20.41; gr grif ifoo no noss sso) o).. Em ou outr tras as pala palavr vras as,, pr prat atic icar ar os va valo lorés rés do gr grup upoo idén idénti tii ica cado do como como circuncid circu ncidado ado é uma forma mais mais iel  iel (mais adéquada, mais apropriada, mais justiicada) dé honr ho nrar ar o Déu Déuss do doss ju judéu déuss  para Izates Izates   co como mo um rei rei do qué sér circuncidado (tornar-sé judéu) séria em seu  seu  caso . Sé tradu traduzirmo zirmoss kyrioteron como “mais nobré” ou “mais réal” ém véz dé “supérior”, présérvamos o possívvél él trocadilho qué Joséfo (via Ananias) podé éstar fazéndo por ésta éscolha dé advérbio: para Izatés como “sénhor” ou “réi” 128 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O dé um povo qué nao é judéu, o mandaménto da circuncisao nao é apropriado. Dé acordo com Ananias, no éntan éntanto, to, Izatés éé justi justiicado icado por sua idélidadé (soménté! (soménté!)) circuncid circuncidado ado (ou séja, um judéu), o qué implicaria (inapropriadaménté) qué o povo sobré o qual élé réina sé circuncidassé (ou séja, judéus) também. O qué Ananias énsinaria a outros naojudéus qué procuram sér “complétaménté” iél ao sé tornar judéu através da circuncisao pérmanécé désconhécido, mas,, com mas comoo sua obj objéça éça o a Iza Izatés tés fazé fazé-lo é cir circun cunsta stanci ncial, al, pod podé-s é-séé infér inférir ir qué qué,, dad dadoo um conjun con junto to dif diféré érénté nté dé circun circunsta sta nci ncias, as, élé pod podéé con concor cordar dar com Eléazar Eléazar qué o “at “ato” o” é justiicado. O arguménto arguménto dé Paulo na na o apéla aa conveniência dé manéira sémélhanté sémélhanté a dé Ananias. No éntanto, muitos dos intérprétés dé Paulo atribuém éssé motivo a Paulo, sugérindo, por éxémplo, qué acréscéntar a circuncisao a crénça no évangélho téria inibido o crésciménto déssé moviménto, tanto porqué éxigia um passo doloroso qué muitos homéns nao dariam, quanto porqué tal a açao éra vista como mutilaçao, violando assim as sénsibilidadés grécoromanas, bém como résultando ém limitaço limitaço és sociais a partir dé énta énta o, inclusivé a éxclusa éxclusa o das oportunidadés é éains da  paideia . Simplésménté nao sérviria a élité ou qualquér péssoaéducacionais com aspiraço s dé da paideia élité. Paulo, no éntanto, nunca faz tal para arguménto quando insisté qué os na na o-judéus qué sé voltaram para Déus Dé us por méio dé Cristo nao dévém

 

sér circuncidados. Muito pélo contrario, élé insisté qué aquélés na Galacia résistém a qual qu alqu quér ér té tént ntaça aça o dé sé to torn rnar arém ém ci circ rcun unci cidad dados os,, mé mésm smoo qu quéé paré paréça ça a élés élés qu quéé a circuncisao séria réalménté o caminho mais convéniénté, é a abordagém rétorica dé Paulo para élés sugéré qué isso réprésénta um passo qué élés “quérém ” para tomar (4:21; passim). Em résposta, Paulo apéla ao princíp pio, io, nao a convéniéncia. Elé déiné o princí p pio io como fé fé (plénitudé) dé acordo com o qué é apropriado 129 PAULO NO JUDAISMO para élés como nao-judéus, o qué podé sér diférénté dé manéiras éspécíicas icas do qué a fé (plénitudé) podé consistir para aquélés qué sa sa o judéus. Paulo arguménta qué o qué é iél para aquélés do résto das naço naço és prométidas a Abraa Abraa o é o qué éé ié iéll par paraa sua linh linhaa déscénd déscéndént éntéé na na o sa sa o os mésmo mésmoss no qué diz résp réspéit éitoo aos erga nomou , isto éé , as obras (ou atos, atos, ritos) dé a convénça convénça o ou léi da circuncisa circuncisa o. Para Abraao é sua linha déscéndénté étno-historica, a circuncisao é um sinal dé idélidadé, mas na na o para os do résto d das as naço naço és prométidas a Abraa Abraa o. o. Paulo arguménta qué a idélidadé é diférénté para judéus é nao judéus por causa da vinda dé Jésus Cristo. O princíp pio io ao qual Paulo apéla para déféndér éssé caso é tanto téologico quanto éscatolo éscatolo gico. Como vimos, élé apéla ao Shéma é a airmaçao cronométrica do évangélho dé qué chégou o témpo ém qué as naçoés adorarao a Déus ao lado dé Israél. Em outras palavras, o Déus Criador ésténdéu a mao para transformar aquélés das naçoés dé séus déusés nacionais para o unico Déus, o Déus dé Israél, como o unico Déus dé todas as naçoés também (véja éspécialménté Rom. 3:29-31 ). Para élés sé comprométérém a sé tornar judéus, mémbros dé Israél, ésvaziaria éssa préténsao dé séntido, pois na época atual ja havia uma manéira dé os nao-judéus sé réconciliarém com Déus, tornando-sé mémbros do povo judéu através da convérsao prosélita. Assim, diz Paulo, a circuncisao nao podé mais sér réalizada por éssés créntés ém Cristo, porqué éntao o signiicado dé Cristo para as naçoés como o anuncio do dia éspérado séria préjudicado. Nada téria mudado. Aquélés das naçoés tériam qué sé juntar a Israél para sé tornarém mémbros do povo dé Déus, o qué subvértéria a airmaça airmaça o cronomé cronomé ttrica rica do évangélho dé qué élés répréséntam os ilhos do réstanté das naçoés prométidas a Abraao como uma bénçao (o arguménto ém Rm 3‒). 4 é Gal. 3‒5). 130 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O Um ponto adicional a sér féito aqui diz réspéito ré spéito ao discurso da tradiça tradiça o intérprétativa sobré o outro contra quém Paulo polémiza, por éxémplo, ém Galatas. Os intérprétés dévém considérar a probabilidadé dé qué, sé for dada uma voz, aquélés a quém Paulo sé opoé

 

apélando a fé apélando fé (plén (plénitudé itudé)) alé alé m da circu circuncisa ncisa o argu arguméntar méntariam iam qué sua posiçao também é ba basé séad adaa na fé fé (id (idél élid idadé adé), ), ém émbo bora ra éx éxpr préss éssaa po porr méi méioo dé um umaa ésco éscolh lhaa ou conj conjun unto to diférénté. dé éscolhas (como a circuncisao), ém véz dé éntrégar o valor da fé (plénitudé) a Paulo. Elés podém polémicaménté réjéitar a posiçao dé Paulo como répréséntando a inidelidade ém térmos binarios sémélhantés. Em outras palavras, o apélo ao papél da  fé  (plenitu (ple nitude) de) dévé sér postulado nao apénas para a posiçao dé Paulo, mas também como central para  para  o ensino ensino daque daqueles les cujas cujas pos posiçõ ições es seus seus ar argum gumen entos tos se opo opo ém.35 Ha Ha pouca poucass razoés para supor qué outros grupos judaicos nao déféndériam o valor da idélidadé, mésmo susténtando qué éla sé manifésta ém açoés diféréntés das qué Paulo associa com fé (plénitudé) para Seguidor de Cristo  Cristo não-judeus ém vista das reivindicaçõ reivindicações es cronométricas do ev evan ange gelh lho. o. Ta Tant ntoo Pa Paul uloo qu quan anto to séu séuss advé advérs rsaari rios os,, sé répr réprés ésén énta tassé ssém m o juda judaííssmo, mo, susténtariam qué sua sua  interpretação da Torá é a mais iel no assunto em questão! 36 Distinguindo quatro categorias ao comparar Paulo a Outros Autores do Segundo Templo Como résultado dé nossa qualiicaçao das quésto quésto és qué surgém na narrativa dé Joséfo é nos coménta rios dé Paulo sobré a circuncisa coménta circuncisa o, éxistém (pélo ménos) quatro catégorias distintas qué dévém sér cuidadosaménté considéradas quando buscamos concéituar é comunicar as posiçoés dé Paulo sobré a circuncisao é a obsérvancia da Tora, ou comparar as posiçoés dé Paulo aa q quélas uélas mantidas déntro do judaíssmo mo por outros judéus é grupos judaicos. 35. Véja Nanos, The Irony of Galatians , 203–283. 36. As implic implicaço aço és déssa déssa pér pércép cépça ça o dé qua quao équ équivo ivocad cadoo é ana anacro cro nico nico é o con contra trasté sté tr tradi adici cion onal al do qué é éssé éssénc ncia iall para para o cr cris isti tian anis ismo mo (fé (fé ) vérs vérsus us o judaí judaíssmo mo (ob (obras ras)) diicilménté podém sér éxagéradas! 131 PAULO NO JUDAISMO 1)  A circuncisão de não-judeus é um tópico especial; idelidade é o implícito implícito   motivação, argumentando a favor ou contra. Ném Joséfo ném as fontés sécundarias qué discutém ésta histo ria sugérém qué a résisté histo résisté n ncia cia dé Anan Ananias ias a circu circuncisa ncisa o do na na o-ju o-judéu déu Izatés implic implicaa qué Ananias éé , portanto, contra a circuncisa circuncisa o ém si, dé modo qué Ananias na na o circuncidaria séu pro pro pri prioo i ilho lho,, sé élé tivéssé tivéssé um. Dis Discut cutir ir a circ circunci uncisão são de não-j não-judeu udeuss por judéus ou grupos judaicos, inclusivé por méio dé términologia como ergon (“trabalho” ou “ato”, “açao” ou “rito”) ou erga (plural) não deve sér logicaménté confundido com sua provavél visao implíccita ita da circuncisão para os judeus . Quando os judéus tém séus ilhos circuncidados no oitavo dia, nao é uma quéstao dé débaté (géralménté, assumindo saudé é oportunidadé, para judéus qué valorizam a pratica da Tora, dé qualquér manéira), pois éxpréssa a idélidadé dos pais ém obsérvar os mandaméntos da Tora Tora para qué élés ja ja sa sa o considérados judéus.

 

Sémélhanté considéraçao dévé sér dada aos arguméntos dé Paulo sobré a circuncisao, qué nas cartas disponívéis véis para nos sao sémpré dirécionadas para é sobré a quéstao da circuncisa o para na circuncisa na oo-judéus -judéus é, mais éspéciicaménté, para na na oo-judéus -judéus qué ja ja sé tornaram séguidorés dé Cristo. Quando élé faz déclaraçoés gérais sobré o papél da circuncisao, como “a circuncisao nao é nada é o prépucio nao é nada, mas a obsérvancia dos mandaméntos dé Déus” (1 Corín ntios tios 7:19), muitos o énténdém como désvalorizando o papél da circuncisao para todos. , judéus é nao-judéus. Mas isso énvolvé um moviménto intérprétativo qué  privilegia a identidad identidadee do prepúcio por deinição , pois nao podé havér para os homéns (alé m dos éunucos) algo como pélé circuncidada ou prépu (alé prépu cio; ambos os éstados constituém “algo” qué déiné os homéns como judéus ou nao no contéxto das préocupaçoés rétoricas dé Paulo. A air airma maça ça o tamb tambéém ig igno nora ra a mé méta tadé dé fé fémi mini nina na da po popu pula laça ça o , qu quéé na na o po poss ssui ui a caractérísstica tica físsica ica caractérizada aqui nésta formulaçao binaria da humanidadé. Além disso, na na o léva ém conta os 132 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O apon aponté té v.ra19osqué, éms,u ltima ana anavolv  llisé, isé, import importa é rcun “obsé “obsérvar rvar mandaménto méntos s dé Déus Dé us”.3 ”.37 7noPa Para ju judéu déus, isso isso én énvo lvéé oa qué ali alian ança ça daa circ ci unci cisa sa  o; os no manda énta éntant nto, o, é ma mais is importanté, dé acordo com Paulo (é contrario a Eléazar), ésté mandaménto nao sé ésténdé aos mémbros do résto das naçoés com as quais Abraao dévé sér abénçoado. Para naojudéus, judéu s, na na o é um mandaménto (ném é géralm géralménté énté réconhéc réconhécido ido como um mandaménto mandaménto,, osténsivaménté Eleazar ), a ménos qué os na na o-judéus o-judéus ém quésta quésta o séjam éscravos da fam famíília lia é déscéndéntés dé Abraa Abraa o, o, ou qué procuram sé tornar judéus/israélitas. Paulo ésta, assim, jogando com a idéia concéitual dé qué o valor dé status associado a idéntidadé circuncidada ou prépu prépu cio “déntro do judaísmo” smo” na época atual, nao é mais guiar a valorizaçao hiérarquica dé status déntro do judaíssmo mo das réuni réu niooés dé sub subgru grupos pos ( ekk ekklēs lēsiai iai ) dos séguidorés dé Cristo. Elés tinham idéntidadés étnicas diféréntés quando sé voltaram para Cristo, é o énsino dé Paulo éxigé qué isso continué assim. No éntanto, a discriminaçao dé status usual associada a tais diférénças – qué déntro do judaíssmo mo naturalménté (dé acordo com a dinamica basica da idéntiicaçao social soc ial)) fav favoréc orécéu éu a idé idénti ntidad dadéé cir circun cuncid cidada, ada, énq énquan uanto to a idé idénti ntidad dadéé do pré prépu pu cio foi naturalménté (dé acordo com a mésma dinamica basica) favorécida no mundo grécoromano mais amplo do qual os nao-judéus aos quais Paulo sé dirigiu tinham vindo38—nao dévériam mais obtér éntré si, pois élés éram agora “um” ém Cristo (Gl 3:27-29). A conclusao tradicional dé qué Paulo vé a circuncisao como uma quéstao dé indiférénça para todos, sé nao também como préjudicial é obsoléta, uma conclusao muitas vézés éxpréssa por répréséntantés da Nova Pérspéctiva sobré Paulo também (como discutido abaixo), falha ém mantér ém foco o 37. Cf. J. Brian Tuckér, “Permaneça em seu chamado”: Paulo e a continuação das identidades sociais em 1 Corinthians (Eugéné, OR: Pickwick, 2011).

 

38. Cf. Mich Michael ael A. Hog Hoggg e Domi Dominic nic Abrams, Soci Social al Identi Identiicati ications: ons: A Socia Sociall Psych Psycholog ologyy of  Relações Intergrupais e Processos de Grupo (Londres: Routledge, 1988). 133 PAULO NO JUDAISMO situaçao rétorica para éssés tipos dé déclaraçoés.39 Quando sé réconhécé qué Paulo éscrévé para nao-judéus qué éstao sofréndo uma crisé dé idéntidadé déntro do contéxto judaico dos grupos aos quais élés viéram, ém qué a idéntidadé judaica é privilégiada por déiniçao, éntao é ségué-sé qué élé dévé éxplicar por qué élés nao podém sé tornar judéus. Como vimos, élé faz isso por méio dé um apélo ao Shéma é séu papél cronométrico como répréséntanté dos iéis das naçoés do présénté, dé acordo com as normas do século vindouro qué amanhécéu ém Cristo. Ao mésmo témpo, élé dévé convéncé-los a tér cértéza dé qué éssas réivindicaçoés dé idéntidadé sao justiicadas é légí ttimas imas dianté dé Déus, ou séja, qué répréséntam intérprétaçoés iéis das Escrituras dianté da résisténcia daquélés qué nao compartilham as convicçoés cronométricas dé séus grupos sobré Cristo é a chégada da éra éspérada. Elé também procura garantir qué éssés nao-judéus créntés ém Cristo a vivér graciosaménté, dé acordo com a bondadé dé Déus qué élés mésmosapréndam célébram tér récébido (o ponto dé Rom. 9 a 11 é, possivélménté, Gal. 6:16), ém véz dé sé résséntir dé outros qué nao os acéitam “como sao”, ou coméçam a julga-los é sé comportam dé forma indiférénté ou mésmo déstrutiva.40 Déclaraço Déclar aço és qué qué parécé parécém m nég négar ar o val valor or da cir circun cuncisa cisao fun funcio cionam nam dé man manéir éiraa mui muito to diférénté quando vistas sob éssa luz comparativa é so so cio-réto cio-réto rica. Elés sao projétados para bénéiciar nao-judéus qué sofrém marginalidadé décorrénté dé sua partic participa ipaça çao com comoo na nao-jud -judéus éus ém sub subgru grupo poss  judaicos recém-criados. Précisaménté porq po rqué ué o év évan angé gélh lhoo os im impé pédé dé dé supé supéra rarr su suas as idén idénti tida dadés dés ma marg rgin inai aiss dén déntr troo das das comuni com unidadé dadéss jud judaic aicas as por méi méioo da soluça soluçao pr prédo édomin minant antéé par paraa déi déini nirr qué quém m sa sao os mémb mé mbro ross do 39. 39. Nina Nina Li Livés véséy éy,, Cir Circu cunci ncisio sionn as a Ma Malle lleabl ablee Sym Symbol bol , Wissénschaftliché Untérsuchungén zum Néuén Téstamént 2.295 (Tubingén: Mohr Siébéck, 2010 ), 123-54, of ofér éréc écéé uma uma br brév évéé visa visa o gé géra rall das das mané manéir iras as péla pélass qu quai aiss a vi visa sa o dé Pa Paul uloo sobr sobréé a circuncisa o foi intérprétada ao longo dos séculos. circuncisa 40. Cf. Mark D. Nanos, “Romanos 11 é Rélaçoés Cristas é Judaicas: Opçoés Exégéticas para Révisitar a Traduçao é Intérprétaçao désté Téxto Céntral”, Crisw Criswell ell Theol Theologic ogical al Revi Review ew 9, no. 2 (2012): 3–21. 134 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O

 

justos na présénté éra, qué inclui aquélés qué sé convértém prosélitos como mémbros ao lado dé judéus natos, Paulo dévé minimizar as vantagéns obvias da idéntidadé para os jud udéu éuss é, ao mésm ésmo té tém mpo, éx éxp pli lica carr por qué él élés és na o dé dévvém rétor étorn nar ao séu séu comportaménto antérior como nao - Judéus, ambos éxcluíd dos os pélo évangélho ao qual réspondéram. Elés dévém agora apréndér a vivér ém sua idéntidadé “ém Cristo”, ou mélh mé lhor or,, “n “noo Mé Méss ssia ias”, s”, isto isto é , dént déntro ro do ju judaí daísmo smo com comoo na na o-jud o-judéus éus rép réprés résént éntand andoo a éspérada réstauraça réstauraça o da humanidadé ao u nico Déus atravé atravé s do Salvador. Os pr pronu onunci nciamé aménto ntoss dé Pau Paulo lo na nao rép réprés résént éntam am a réj réjéiç éiçaa o uni univér vérsal sal ou abs absolu oluta ta da circuncisao para judéus, incluindo judéus séguidorés dé Cristo, como o proprio Paulo, mais do qué o arguménto dé Ananias contra a circuncisao para Izatés sugéré qué élé éra contra judéuss térém séus ilhos circunci judéu circuncidados dados dé acord acordoo com a Tora Tora , ou mésmo contra isso para na na o-judéus qué quérém sé tornar judéus (éxcéto Izatés!). 2) 2) A  A prática do comportamento comportamento judaico judaico por não-judeu não-judeuss não é o mesmo tóp tópico ico  como se os não judeus devem ou não realizar a circuncisão (prosélito (prosélito   conversão). Essa distinçao catégorica tém sid sidoo amp amplam lamént éntéé nég néglig ligénc énciad iadaa nos ést éstudo udoss pau paulin linos os por porqué qué a transformação da identidade envolvida na  na  tor tornar nar-se -se um judeu judeu qué ésta ésta ém qué quésta stao qua quando ndo sé dis discut cutéé a circ circun unci cisã sãoo de nã nãoo-ju jude deus us té tém m si sido do conf confun undi dido do com com a disc discus ussa sa o de nã nãoo-ju jude deus us se comportando de acordo com  com  às prescrições do judaísmo (isto é, Tora, costumés é tradiçoés ancéstrais). Assim, éncontramos discussoés dé Galatas como éxpréssando a oposiçao dé Paulo aa Léi ou a Tora Tora , quando o qué élé éxpli éxplicitam citaménté énté argumén arguménta ta contra é a circuncisa circuncisa o para nao-judéus séguidorés dé Cristo; éstés sao instruí d dos os dé outra forma, por éxémplo, qué “a fé (plénitudé) opéra através do amor” (5:6), é vivér dé acordo com a Tora = amor (5:14), ém véz dé compétir pélo diréito dé sér idéntiicado como circuncidado (o contéxto para a éscolha para a qual Paulo os chama nésté capí ttulo ulo é a carta ém géral). A circuncisao dé na na o-judéus éé muito diférénté 135 PAULO NO JUDAISMO quéstao do qué a busca da justiça da justiça por nao-judéus ém térmos mais gérais, por éxémplo, quando nao-judéus sé associam a judéus é comunidadés judaicas como convidados (como téméntés a Déus ou géntios justos), ou no caso dos déstinatarios dé Paulo, quando éstés os nao-judéus airmam sér mémbros plénos do povo dé Déus além dé sé tornarém judéus (como na na o-judéus séguidorés dé Cristo). Como vimos na narrativa dé Izatés, Joséfo déscrévé um modo dé vivér dé acordo com os costumés dos judéus, qué um nao-judéu também podé praticar, mas diféréncia isso da transformaçao étnica péla qual um nao-judéu masculino sé torna judéu por méio da circuncisao . O caso trata éspéciicaménté da diférénça éntré duas opçoés: 1) a pratica cultural do judaísmo smo por na na o-judéus (o qué podéríamos amos chamar dé “convértidos” as praticas dos judéus désénvolvidas ém honra dé séu Déus, as vézés chamados chama dos dé “témén “téméntés tés a Déus”) Déus”);; é 2) a décisa décisa o dé na na oo-judéus -judéus dé sé tornarém judéu judéuss por méio dé (h méio (hom omén éns) s) ré réal aliz izar arém ém a ci circ rcun unci cisa sa o (ou (ou séj séja, a, o qu quéé po podér dérííaamos mos ch cham amar ar dé

convértid conv értidos os étnic tnicos, os, prosé prosélitos litos ), qué dépoi dépoiss prati praticariam cariam o judaí judaísmo smo como judéus (éx

 

nao-judéus) . Essa historia révéla qué as iguras da narrativa dé Joséfo réconhécém a diférénça éntré adotar (algumas ou muitas) praticas culturais dé um grupo étnico é tornarsé mémbro déssé grupo étnico, o qué Joséfo déscrévé como a diférénça éntré décidir “honrar a Déus [a Divindadé] dé acordo com a tradiçao ancéstral judaica” énquanto pérmanécé um naojudéu ou décidé “sér complétaménté um judéu” ( Ant. (  Ant. 20.34 comparado a 20.38). Sugiro qué Paulo éstava lidando com o mésmo tipo dé distinçao para éssés nao-judéus ém séus arguméntos sobré fé fé (idélidadé) vérsus émprééndér erga nomou (mais abaixo). A idéntidadé particular discutida na historia dé Joséfo é nas cartas dé Paulo podé sér chamada dé “judaíssmo”, mo”, o modo dé vida baséado nas tradiçoés judaicas, é a idéntidadé é ttnica nica “judéu “judéus” s” é signiic signiicada ada péla palav palavra ra Iou Ioudai daioi oi nés nésté té con contéx téxto. to. O judaísm judaísmoo dénota as crénças é o comportaménto qué é “judéu”, qué éxpréssa “judaíssmo”, mo”, qué sao déscriço déscriço és 136 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O qué podé sér aplicado ao comportaménto dé nao-judéus qué vivém da mésma forma qué os judéus Emidéntiicadas outras palavras, aplicaçavivém.41 aplicaça  o a péssoas como éssés sao rotulos déscritivos qué nao sé limitam a “Judéus”, séja porqué alguém nascéu dé pais idéntiicados étnicaménté como judéus (o qué continua a sé aplicar mésmo a q quélés uélés qué na na o sé comportam mais “judaicaménté” dé acordo com as opinioés dé outros judéus ou mésmo délés mésmos), é indépéndéntéménté dé tér nascido ou vivéu na Judéia. Essa idéntidadé étnica podé sé ésténdér (dé acordo com alguns judéus) também a uma péssoa qué émprééndéu os procéssos énvolvidos ém sé tornar mémbr mém broo do pov povoo cha chamad madoo “ju “judéus déus”, ”, com comoo é atr atrib ibuí uíd doo a complétar o ato ou rito dé circuncisao pélos judéus nésta historia. (é, portanto, Joséfo), qué é, pélo ménos mais tardé, référido como convérsa convérsa o prosé prosé llita, ita, é por Paulo como “judaizanté” (Gl 2:14). Com éssa distinçao ém ménté, podémos réconhécér qué um nao-judéu podé praticar o judaísmo smo é um judéu podé optar por nao fazé-lo; um nao-judéu podé sé comportar dé manéira mais judaica ou mais judia do qué um judéu, éxpréssando assim mais judaísmo, judaí smo, mas a distinçao éntré sér judéu ou nao-judéu - pélo ménos para os homéns - pérmanécé saliénté. Adotar o comportaménto judaico na na o faz do na na o-judéu um judéu, ném a falta dé tal comportaménto faz do judéu um nao-judéu. Podéríaamos mos dizér qué ha uma diférénça éntré sér judéu é sér judéu , judéu  , ou talvéz mélhor dizér qué sé ésta ésta sé référindo référindo a algo qué podé sér aplica apl icado do a na nao-jud -judéus éus,, sér  judeu . Podé sér util usar létras minusculas ao aplicar éssés adjétivos é advé advé rrbios bios a na na o-judéus: assim, ““ judeu  judeu ” “j “ju udé déu u ” é “  judeu ”, para qué o léitor nao suponha qué éssés nao-judéus éstao séndo déscritos como sé també també m tivéssém sé tornado “judéus”, como sé fossém mémbros “ povo judeu povo ”, masdas apénas como o-judéus 41. Cf., Paula Frédriksén Frédr iksén, , “Judai “Judaizando zando asdoNaço Naço  és: judeu As Déman Démandas Rituais do na Evangé Evangélho lho qué dé Paulo” Paulo”, Nova Estudos do Testamento 56 (2010): 232–52.

 

42. Mark D. Nanos, "O qué éstava ém jogo no 'Comér com os géntios' dé Pédro ém Antio An tioqui quia?" a?",, ém The The   Galatians Debate: Contemporary Issues in Rhetorical and Historical  Interpretation , éd, Mark D. Nanos (Péabody, MA: Héndrickson, 2002), 306-12. 137 PAULO NO JUDAISMO sé comportar como sé éspéra qué os judéus sé comportém, pélo ménos dé algumas manéiras é ém alguns moméntos. Aténdér a éssas dinamicas concéituais é déscritivas ao discutir os téxtos dé Paulo torna possívvél él coméçar a falar da judaicidadé dos nao-judéus dé Paulo. Elés répréséntam naojudéus praticando o judaísmo smo é sé comportando judaicaménté déntro dos subgrupos judéus dé Paulo. Israél é Salvador do résto das naçoés também. Tudo isso é éxplicitaménté baséado na visao dé mundo das Escrituras dé Israél é nas tradiçoés é normas judaicas désénvolvidas no contéxto da vida sob Roma, qué sao éléméntos da pérspéctiva judaica na qual Paulo incultura aquélés qué élé traz a idélidadé a Jésus como Cristo. a diférénciaçao é tradicionalménté ésquécida quando sé discuté Paulo; Acrédito qué isso séja ém grandé parté résultado da forma como erga nomou foi déinido ém séus arguméntos. Paulo usou a fra Paulo frasé sé erga nomou ém Romanos é Galatas ém contrasté com pistis com  pistis , qué tém sido énténdido tradicionalménté para signiicar um contrasté éntré comportaménto é crénça. Mas parécé-mé qué foi projétado éspéciicaménté para discutir o qué a idelidade a  idelidade én énvo volv lvia ia  para os não-judeus  não-judeus  que que já se vo volt ltar aram am pa para ra De Deus us po porr me meio io de Je Jesu suss Cr Cris isto to:: éspéciicaménté, qué eles também não devem se tornar judeus. Signiicava apénas o trabalho (ou ato ou ato ou rito) da circuncisão , incluindo quaisquér outros trabalhos (ou atos ou atos ou ritos) énvolvidos no procésso dé convérsao dé idéntidadé para sé tornar um judéu. Mas não signiicava as obras comportaméntais (ou atos ou atos ou ritos) énvolvidas ém um judé judéu u ou não-jud não-judeu eu sé comportando judaicaménté pér sé, como obsérvar os sabados é outros fériados judaicos désignados, ou diéta 43. Cf. Nanos, “Os nao-judéus dé Paulo nao sé tornam 'judéus', mas élés sé tornam 'judéus'?” 44. Cf. Ehr Ehréns énspér pérgér gér,, Pau Paull na encru encruzil zilhad hadaa das cu cultu lturas ras ; Néil Elliott, “Thé Quéstion of  Politics: Paul as a Diaspora Jéw undér Roman Rulé” Rulé ” nésté volumé). 138 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O mandaméntos, étc. Um nao-judéu no caminho para sé tornar um judéu séria inculturado na vida comunal judaica consistindo dé tais obsérvancias, assim como os nao-judéus a quém Paulo éscrévéu, mas a frasé dé Paulo nao incluía éssés assuntos: apénas sé référia ao rito(s) énvolvidos ém sé tornarém judéus.

 

As déin déiniço iço és tradic tradicion ionais ais da fra frasé sé erga rga nomo nomouu , bém como as da Nova Pérspéctiva, confundém a oposiçao dé Paulo a éssés nao-judéus qué réalizam a circuncisao com a oposiça o aa obsérva oposiça obsérva ncia da Tora Tora . Essé continua séndo o caso quando éstudiosos da Nova Pérspéctiva, como Jamés Dunn, éstipulam qué Paulo tém ém vista éspéciicaménté aquélas obsérvaçoés qué funcionam como idéntiicadorés do judaísmo do judaísmo . circuncisão ”. A ténsao nao é éntré fé é boas obras ou normas comportaméntais judaicas como tradicionalménté colocado na téologia paulina ao discutir sua oposiçao a erga nomou ; A oposiçao dé Paulo é apénas para os ritos énvolvidos ém na na oo-judéus -judéus séguidorés dé Cristo tornando-sé judéus. Esté nao é o forum para démonstrar ésta proposiçao ém détalhés, mas éu airmo qué os ar argu gumé mént ntos os dé Pa Paul uloo sobr sobréé fé fé (plé (pléni nitu tudé dé)) vérs vérsus us erga nomou sé torn tornar araa o ma mais is transparéntés ao traduzir a ultima frasé nao como “obras da léi”, mas com a parafrasé “ ritos de (a Convenção  Convenção  (da circuncisão) .”46 A quéstao ém cada caso é sé émprééndér éssa transform trans formaça aça o dé idéntidadé idéntidadé réprésénta réprésénta “idelidade” para seguir a Cristo.  Cristo.   nãonão-jude judeus us ém particular parti cular,, daí o cont contrasté rasté com com pistis  pistis para élés. A posiçao dé Paulo sobré ésté assunto ésta ém contrasté diréto com a posiçao qué 45. Jamés DG Dunn, “Yét Oncé Moré – 'Thé Works of  thé Law', A Résponsé,” ém The New  Perspective on Paul: Collected Essays, éd. Jamés DG Dunn (Tu bingén: Mohr Siébéck, 2007), 207–20. (Tu 46. Sé Paulo éstivéssé discutindo o topico dé erga nomou para judéus (por éxémplo, ém Galatas 2:16, a im dé ésclarécér por qué nao dévéria sér obsérvado por nao-judéus séguidorés dé Cristo), a parafrasé séria a “ritos da (a) convénçao (da circuncisao para ilhos dé oito dias)”. Sé claraménté aplicado a nao-judéus, éntao os “ritos dé (a) convénçao (dé convérsa o dé prosé convérsa prosé llitos)” itos)” podém sér mais u u téis. 139 PAULO NO JUDAISMO Joséfo rétratou Eléazar como advogado, com a aprovaça aprovaça o dé Joséfo. Déféndér a nécéssidadé dé convérsao dé prosélitos éra uma posiçao normativa para os judéus qué acréditavam qué na éra atual Déus trabalhava ém é através dé Israél (pélo mén mé nos par araa aq aqu uélés élés qu quéé su sust stén énta tavvam qué os na o -j -jud udéu éuss pod odéériam riam sé torn tornar ar judéus/mém judéu s/mémbros bros dé Israé Israél,l, uma visa visa o dé qué ném todos os judéus compar compartilh tilhado), ado), o qué mais élés pudéssém tér acréditado sobré o qué séria apropriado para nao-judéus qué sé voltassém para adorar o unico Déus quando a éra vindoura chégassé. Era provavélménté a posiçao qué Paulo déféndia antés dé séu éncontro com Cristo, mas qué agora élé sé opunha ta ta o vééméntéménté por causa das alégaço alégaço és cronomé cronomé ttricas ricas do évangélho (Gl 5:11).47 3) Circuncisão de não-judeus e observância da Torá para judeus (que inclui a circuncisão de seus ilhos de oito dias) são categoricamente diferentes. diferentes.

 

Discutir a circ circunci uncisão são de não-j não-judeu udeuss (assim como discutir a  obser observânc vância ia da Torá por não judeus ) não é da mésma catégoria qué discutir a observância da Torá para aqueles que já são judeus (ou séja, sob a Tora Tora ), o qué inclui discutir discutir aquélés qué ja ja sé tornaram judéu judéuss ap apoos a conc conclu lusa sa o dé erga erga nom nomou ou,, as obras (ou atos ou atos ou ritos) énvolvidos na conc conclu lusa sa o da conv convér érsa sa o é tni nica ca,, sign signi iic icada ada péla péla circ circun unci cisa sa o, torn tornan ando do-o -oss judéu judéuss (prosé litos). aquélés qué coméçaram cursolqué a éssa transformaça mas ainda naNaturalménté, o a complétaram (ou séja, candidatos ao prosé itos)léva iniciariam logicaménté oo, procésso dé apréndér a obsérvar a vida judaica, mas isso p pérmanécé érmanécé diférénté da obrigaça obrigaça o obrigato obri gato ria para com a Tora Tora qué ségué a concl conclusa usa o dé o(s) rito(s rito(s)) (aos quai quaiss Paulo apéla ém Galatas 5:2-5). Aquélés qué complétam éssé rito nao sao mais nao-judéus; élés sao dépoiss judéus (dé acord dépoi acordoo com os térmos dé Paul Paulo, o, é Joséfo ém 47. Cf. Donal Donaldson, dson, Paul and  the Gentiles , 277-84, qué também arguménta qué as pérspéctivas dé Paulo sobré isso éram provavélménté sémélhantés as dé Eléazar antés dé séus pontos dé vista mudarém sobré Jésus, apélando para Garota. 5:11. Uma véz qué Eléazar (é Joséfo) podé tér sido, como Paulo, um fariséu, isso podéria sugérir qué alguns subgrupos dé fariséus éstavam mais dispostos (até (até mésmo com zélo?: cf. 1:13-1 1:1 3-16) 6) a inc inclus lusaao dé na nao-jud -judéus éus por méi méioo dé séu séuss tra transf nsform ormaça aça o ém jud judéus éus do qué algumas outras séitas farisaicas, bém como outras séitas judaicas (as quais, talvéz, Ananias és ésta tava va ém dí dívvida ida?) ?),, dés désdé dé qué qué isso isso im impl plic icas assé sé a conc conclu lusa sa o do doss ri rito toss apro apropr pria iado dos, s, éspécialménté a circuncisa circuncisa o dos homéns? 140 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O ésta narrativa, émbora nao dé acordo com todos os judéus). Assim, discussoés sobré obrigaço és para élés sériam diféréntés dé discusso obrigaço discusso és sobré obrigaço obrigaço és para na na o-judéus. A décisa décisa o tradicion tradicional al dé abor abordar dar os argumé arguméntos ntos dé Paulo com a supos suposiça iça o dé trabalho dé qué séu pu pu blic blicoo sabia qué élé consi considérav déravaa a obsérva obsérva n ncia cia da Tora Tora como uma quésta quésta o dé indiférénça, obsoléta para judéus como élé, bém como para os nao-judéus a quém sé dirigia, moldou profundaménté as intérprétaçoés é o discurso qué prévalécém hojé. No éntanto, ha évidéncias ém todas as cartas dé Paulo dé qué élé susténtou qué os judéus qué éram séguidorés dé Jésus, como élé, ainda éram mémbros dé Israél é, portanto, dévériam sér iéis a aliança; isto é, élés dévériam obsérvar a Tora como uma quéstao dé idélidadé a aliança, qué incluiria circuncidar séus ilhos é obsérvar diétas é dias judaicos. Abordar séus téxtoss a partir da pérsp téxto pérspéctiv éctivaa dé qué séu pu pu blico o conhécia para obsérvar a Tora Tora porq porqué ué élé pérmanécéu judéu altéra profundaménté a manéira como um intérprété concéitua as possibilidadés dé compréénsao das ménsagéns dé Paulo, principalménté o qué élé ésta téntando comunicar aos nao-judéus sobré como vivér justaménté para além délés sé to torn rnar arém ém ju judé déus us.. Essé Essé to to pi pico co é mu muit itoo comp compléx léxoo para para sér sér disc discut utid idoo aq aqui ui,, é éu o iz iz lo long ngamé amént ntéé ém outr outroo lu luga gar, r,48 48 ma mass o po pont ntoo a sér léva lévant ntad adoo aq aqui ui é qu quéé élé élé na na o fo foii suiciéntéménté réconhécido na historia intérprétativa paulina ém parté por causa da falha

 

ém aténdér apénas a éssés tipos. dé disti distinço nço és catégo catégo ricas ricas,, qué éram oo bvias para Paulo é séus déstinata déstinata rios, émbora na na o para séus inté inté rprétés rprétés postériorés. 4) Discussões sobre circuncisão ou observância do Judaísmo/Torá, seja por não-judeus ou por   judeus, deve deve ser qualiic qualiicado ado com res respeito peito ao cont contexto. exto. 48. Véja, por éxémplo, Mark D. Nanos, “Thé Myth of thé Law-Fréé' Paul Standing Bétwéén Christians and Jéw éwss,” St Stud udie iess in Ch Chri rist stia iann-Je Jew wis ishh Rela Relati tion onss 4 (2009): 1–21, ém http://éjournals .bc.édu/ojs/ indéx indéx.ph .php/ p/scj scjr/a r/arti rticlé/ clé/vi viéw/ éw/151 1511; 1; Nan Nanos, os, “Rél “Rélaça aça o dé Pau Paulo lo com a Tor Toraa a luz dé sua éstratégia 'Tornar-sé tudo para todos' (1 Corín ntios tios 9:19-23)”, in Paul and Judaism: Crosscurrents  Crosscurrents   em Pauline Exegesis and the Study of Jewish-Christian Relations , éd. Didiér Polléféyt é Réimund Biéringér Biéri ngér (Lond (Londrés: rés: T & T Clark Clark,, 2012), 2012), 106– 106–40. 40. Uma list listaa complét complétaa ésta ésta disp disponí onívvél él ém http://www.marknanos.com/projécts.html. 141 PAULO NO JUDAISMO Quando Quan do av avali aliam amos os é disc discut utim imos os éssés éssés to to pi pico coss dév dévém émos os até atént ntar ar para para as prov provaavéis véis contingências qué podém éstar ém jogo ém cada caso, bém como as premissas as  premissas subjacentes das qua quais is os arg argumé uménto ntoss dép dépénd éndém, ém, dina dinamicas qué for foram am dis discut cutida idass aci acima ma par paraa os arguméntos dé Ananias é Eléazar, bém como para Paulo. E imp important ortantéé quali qualiicar icar o argumé arguménto nto dé Ananias Ananias ém térm térmos os dé sua préocupa préocupaça ça o com o lugar , pélo qué convém aqui , ém Adiabéné, assim como a pessoa a pessoa , pélo qué convém a Izatés como réi dé um povo qué nao é judéu. Da mésma forma, dévémos considérar como Paulo qualiica suas posiçoés ém térmos dé lugar (as contingéncias dé cada carta) é pessoa é pessoa (os déstinata rioséstudo. dé cada carta sao nao-judéus séguidorés dé Jésus), séndo ésté ultimo téma céntral désté Ao dis discut cutir ir gru grupos pos jud judaic aicos, os, éss éssas as qua quali liica icaço ço és con contéx téxtua tuais is tam també bém sé ést ésténd éndém ém a consid con sidéra érarr o élémént éléméntoo dé te temp mpoo , do qué é consi considérado dérado apropr apropriado iado por qualq qualquér uér parté agora , nésté caso nest nestee mome momento, nto, vérsus o qué podéria sér considérado apropriado ém ou outr troo mome moment ntoo . Isso naturalménté incluiria a considéraçao dé quaisquér convicçoés apocalíp pticas ticas é outras convicçoés éscatologicas, do qué podéria sér réconhécido como possivélmén possi vélménté té apropri apropriado ado entã entãoo . Ess Essaa con consid sidéra éraça çao é amp amplam lamént éntéé réc réconh onhéci écida da com comoo céntral para énténdér a posiçao dé Paulo, mas sua importancia é obscurécida quando as discusso discu sso és prosséguém como sé as difér diférénças énças dé opin opinia ia o éntr éntréé élé é séus rivais girassém ém torno dé fundaméntos como “fé” ou "funciona." Em véz disso, éssas qualidadés dévém sér discutidas ém térmos do qué cada grupo considéra sér a manéira apropriada dé agir iélménté (ou: éxpréssar fé) “agora” ém

 

vista dé suas convicçoés sobré sé (ou: ém qué grau) o im do idadés coméçou. As iguras na narrativa dé Joséfo nao présumém qué ténha havido uma mudança dé éras, o qué é um éléménto qué dévé sér considérado ao comparar suas visoés com as dé Paulo. Eu mé référi a qualiicaça qualiicaça o dé Paulo como a airmaça airmaça o cronomé cronomé ttrica rica do évangélho dé qué o inal do 142 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O éras amanhécéu com a réssurréiçao dé Cristo (émbora no méio da présénté éra, é assim éspérando qué éléméntos adicionais chéguém ém plénitudé ). Podé havér éléméntos sémélhantés ou diféréntés énvolvidos nas opinioés éxpréssas por quaisquér judéus ou grupos judaicos sobré varias préocupaçoés témporais ou outras rélativas. Espéra-sé qué as opinioés éxpréssas séjam diféréntés para diféréntés grupos dé péssoas é até mésmo indivíduos duos ém diféréntés moméntos é ém diféréntés circunstancias. Elés quasé cértaménté sériam diféréntés diféréntés dos pont pontos os d déé vist vistaa qué sériam aprésént apréséntados ados sé cada um fossé convidado a discutir o qué sé aplica a todas as péssoas ém todas as circunsta n circunsta ncias cias ém todos os moméntos. Conclusão Os intérprétés da narrativa dé Joséfo réconhécéram naturalménté a particularidadé da si situ tuaç açaa o é as solu soluço ço és pr prés éscr crit itas. as. El Elés és na na o conf confun undi dira ram m o cons consél élho ho dado dado sobr sobréé a circuncisa o é a pra circuncisa pra tica tica do judaíssmo mo a um nao-judéu qué é réi dé um povo na na o-judéu com os pontos dé vista qué Eléazar ou Ananias – ou Joséfo – déféndériam para os judéus, ou mésmo para outros na na o judéus. -Judéus.49 Na Na o é hora, agora, qué considéraça considéraça o sémélhanté séja dada aos arguméntos dé Paulo sobré topicos como pistis como  pistis , erga , circuncisao é a pratica do judaíssmo, mo, ainda mais? 49. A título tulo dé éxémplo, na p. 22, nota a, no volumé Loéb dé Joséphus, Joséphus, Ant.  Ant. 20, éd. é trans. Louis Féldman (Cambridgé, MA: Harvard Univérsity Préss, 1956–81), um possí vvél él paralélo rabín nico ico (! (!)) é forn fornéci écido do,, ém qué qué o rabi rabino no Josh Joshua ua ar argu gumén ménta ta ém Ye Yeba bamo mott 46a qué a circuncisao nao éra nécéssaria para um convértido, apénas o batismo. Além disso, uma razao logica para ésté énsinaménto dé um judéu é déntro do judaí ssmo mo é ofé oféréc récida ida:: a políttica ica dé éxcéça éxcéça o para circunsta circunsta ncias ém qué a vida éstaria ém périgo. 143 PAULO NO JUDAISMO  Apêndice: Um erro categórico na nova perspectiva em Paulo P aulo que perpetua a tradição Conceituação de Paulo Fora do Judaísmo Enfatizéi qué as cartas dé Paulo oférécém évidéncias rélativaménté unicas a partir das quais sé podé trabalhar ao discutir as visoés judaicas sobré a circuncisao dé nao-judéus, porqué a maioria das outras litératuras judaicas com as quais Paulo é comparado é dirigida

 

a companheiros judeus ou é sobre judeus ; alé alé m disso, éssa litératura nao énvolvé discusso discusso és sobré o qué é apropriado para nao-judéus por parté dé judéus qué acréditam qué o im dos témposs ja témpo ja coméç coméçou. ou. Por mais simplés qué éssa pércépça pércépça o possa sér, as imp implicaço licaço és para avaliar Paulo com réspéito ao judaíssmo mo do priméiro século, sé nao também déntro délé, continuam a sér inibidas pélo fracasso ém réconhécér éssa dinamica, ou séguir adianté com as implicaço implicaço és para pésquisas é discusso discusso és dé Paulo e o judaíssmo. mo. Os intérprétés da Nova Pérspéctiva dé Paulo, como os tradicionalistas, costumam lér o qué Paulo éscrévé sobré as praticas do judaísmo, smo, como a circuncisao, como sé répréséntassém déclaraçoés universais igual igualménté ménté aplica aplica véis a todos todos,, a judéu judéuss é na na o judéus ségui séguidorés dorés dé Cristo, até mésmo a nao séguidorés dé Cristo. Judéus é nao-judéus. Uma brévé révisao do trabalho dé EP Sandérs, um intérprété muito inluénté énvolvido ém rédésénhar o rétrato do judaíssmo mo é compa comparar rar é contr contrastar astar Paulo com élé, démonstr démonstrara ara a impo importa rta ncia dé qual matéri mat érial al é sélé sélécio cionad nadoo é qua quao in inluén luénté té é a man manéir éiraa com comoo éss ésséé mat matéri érial al é qua quali liica icado do pérmanécé para as conclusoés comparativas tiradas a réspéito dé Paulo é do judaí ssmo, mo, é éspéciicaménté com réspéito aa circuncisa circuncisa oo.. Sandérs éé amplaménté réconhécido como um dos mais informados é taléntosos inté inté rrprétés prétés do judaíssmo mo é dé Paulo, tornando sua construçao dé ambos altaménté rélévanté para ésta discussao. Como sé sabé, séu trabalho, juntaménté com o dé Kristér Sténdahl é varios outros, inspirou o désénvolviménto da chamada Nova Pérspéctiva ém 144 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O Paulo. Poucos éstudiosos paulinos podém alégar sabér mais sobré os topicos dé Paulo ou do judaísmo. smo. No éntanto, quando Sandérs discuté a sotériologia dé Paulo, comparando “como alguém [ou: “um homém”] obté obté m justiça” no sistéma réligioso dé Paulo ao do chamado judaí ssmo mo paléstino, élé acha qué a visao dé Paulo éé muito diférénté da dos rabinos.50 No éntanto, isso nao dévé surprééndér ninguém! Enquadrar a comparaçao ém térmos universais dé obtér justiça, como sé o assunto para os rabinos (é Paulo) fossé o mésmo para todos , nao é o topico das discussoés dos rabinos, ném dé Paulo. Ambos concéituaram a quéstao dé obtér justiça é quéstoés rélacionadas ém térmos dé dois grupos diféréntés: judéus é nao-judéus. E suas concéituaçoés foram diféréntés para cada grupo. Assim, o topico dé obtér justiça dévé sér abordado com aténçao as distinçoés étnico-réligiosas implíccitas itas (ou éxplíccitas) itas) néssé nésséss téxto téxtos. s. Somén Soménté té assim podémos énténdér as opin opinio io és dé Paulo ou dos rabinos, séja para comparar ou contrastar os résultados.51 r ésultados.51 Como Sandérs sabé bém, os rabinos éstao quasé sémpré discutindo como os judeus dévém sé comportar corrétaménté (éxcéçoés sao sinalizadas), énquanto Paulo ésta géralménté, sé na na o sé sémp mpré ré,, di disc scut utin indo do como como os nã nãoo-ju jude deus us dév dévém ém sé com compor portar tar cor corrét rétamén aménté, té, ou, altérnativaménté , , como os nao-judéus não devem tornar-se judéus. altérnativaménté

 

Essa distinçao éntré entrar (idéntidadé da aliança como o povo 50. EP Sandérs, Paul and  Palestin Pale stinian ian Judais Judaism: m: A Comp Compariso arisonn of Patterns Patterns of Rel Religion igion (Philadélphia: Fortréss Préss, 1977), 12 (grifo nosso); “quando um homém” ém 75. 51. Essa mésma críttica ica sé aplica aquélés qué agora procuram minar a Nova Pérspéctiva por supostaménté substanciar a justiça das obras ém téxtos judaicos. Por éxémplo, ém DA Carson, Pétér Thomas O'Brién é Mark A. Séifrid, S éifrid, éds., éds., Justiicação  Justiicação e Nomismo Variega Variegado do , vol. 2: O  Paradoxos de Paulo (Tubingén: Mohr Siébéck, 2004), os colaboradorés régularménté déstacam coméntarios ém varios téxtos judaicos ao longo dos séculos como sé fossém éscritos para um publico univérsal (ou séja, nao-judéus) quando éxigém obras adéquadas para sérém déclarados justos no julgaménto inal. No éntanto, éssés téxtos abordam os judéus qué ja ja ésta ésta o na aliança, na na o os na na oo-judéus -judéus sobré como éntrar na aliança, énta énta o élés na na o apo apo iam as alégaço alégaço és déssés intérprétés dé qué muitos judéus éxigiam obras (para nao-judéus) para sérém salvos ém suposto contrasté para Paulo. Para usar suas catégorias cristas, éssés téxtos foram éscritos para aquélés ja considérados salvos (ou séja, judéus) para instruí -los -los a pérmanécérém iéis até o im, uma ménsagém qué é igualménté évidénté ao longo das cartas dé Paulo aquélés (nao-judéus) a quém élé considéra considéra ja ja éstar “salvo “salvo”” dé acord acordoo com o évan évangélho, gélho, mas Paulo os instrui a “désénvolvér a vossa salvaça salvaça o com témor é trémor” (Fp 2:12). 145 PAULO NO JUDAISMO dé Déus) é permanecer é permanecer (boa posiça posiça o néssé rélacionaménto dé aliança) ésta ésta no céntro dos projétos dé Sandérs é da subséquénté Nova Pérspéctiva sobré os projétos dé Paulo, conformé avançado, por éxémplo, por Jamés Dunn é NT Wright. Mas a pércépçao é préjudicada péla fusao dé préscriçoés para judéus é nao-judéus como sé toda distinçao étnica tivéssé sido apagada é, portanto, logicaménté, como sé a aliança com Israél nao éstivéssé mais ém vigor como basé para idéntiicar os israélitas como o patrimonio histo rico. povo dé Déus ém distinça histo distinça o dé todos os outros povos, incluindo os n naa oo-judéus -judéus qué sé juntaram a élés na famíllia ia dé Déus além dé sé tornarém israélitas. Soménté no caso dé discutir a entr entrada ada dé nao-judéus (nao-israélitas) no povo dé Déus (qué Déus péla graça coninou por aliança aos judéus/israélitas) como co-hérdéiros das proméssas féitas a Abraao, Isaqué é Jaco. Israél, dévéríamos amos éspérar éncontrar a sotériologia surgindo nos térmos qué éssa catégoria géralménté fala ao discutir Paulo.52 Esté ponto é, dé fato, uma caractérísstica tica céntral dos proprios arguméntos dé Sandérs ém outros lugarés sobré a diférénça éntré entrar é icar  em . O qué a idélidadé a Déus signiica para judéus é nao-judéus é muito diférénté, é isso dévé sér déstacado continuaménté ou corré o risco dé sér confundido com princí p pios ios univérsais qué déturpam as posiçoés ém discussao. As instruçoés dé Paulo sao éspéciicaménté sobré o qué é apropriado para apropriado  para não judeus qué sé voltam para Déus por méio dé Jésus Cristo. Elés nao abordam o qué é apropriado (por éxémplo, com réspéito aa circuncisa circuncisa oo))  para judeus qué éstao convéncidos

dé qué Jés Jésus us é o Cri Cristo sto.. Ass Assim, im, para discu discutir tir os pon pontos tos dé vis vista ta dé Pau Paulo lo sob sobré ré os na naoo-

 

judéus, a quéstao dévé sér réairmada mais ou ménos assim: Como alguém não nasce judeu e, portanto, não está dentro do  do   aliança, entrar na aliança entre os justos (ou séja, como nao52. Quando Sandérs olha éspéciicaménté para téxtos rabí n nicos icos sobré a quésta quésta o da inclusa inclusa o dé não-judeus como justos tanto nésta éra quanto na éra vindoura, élé ésclarécé qué, ao contrario da litératura abordando os mémbros da aliança a partir da qual élé désénvolvé a noçaéntés o dé nomismo “os géntios sao tratados apénas ésporadicaménté, éntanto, é difér diféréntés rabino rabinoss pactual, tinh tinham am opinio opinio  és diféréntés sobré séu déstin déstino” o” ( Paul andnoPalestinian  Judaism , 207 ). ). 146 A QUESTA QUESTA O DA CONCEITUALIZ CONCEITUALIZAÇA AÇA O Judéus ao lado dé Judéus, também conhécidos como Israélitas, ilhos dé Abraao, povo dé Déus), ao qual a résposta dé Paulo é, péla fé ém (ou idélidadé a) Cristo; é, depois disso , como esse não-judeu se mantém em boas condições  condições   nele ? Para os judéus, no éntanto, sé colocado coloca do ém térmos térmos compara compara véis, a quésta quésta o séria: como alguém nascido e criado como  judeu, isto é, já  já dentro da aliança, permanecer/reter as bênçãos da aliança entre os justos justos (ou  (ou recuperá - los quando sofrér disciplina por falha ém cumprir as obrigaço obrigaço és da Tora Tora a s quais ja éstava ém dívvida)? ida)? Ha outr Ha outraa quali qualiicaça icaça o qué dévé sér déstacada aqui. Em qualq qualquér uér grupo éntén énténdido dido como répréséntando o judaíssmo mo é, portanto, para Paulo é séus grupos, sé élé é élés forém comparados com isso, séria dé éspérar qué surgissém diférénças catégoricas ém rélaçao as décisoés halaquias para séus grupos, com basé na airmaçao cronométrica do évangélho (qué a éspérada mudança dé éras coméçou ém méados da éra atual), é para outros judéus é grup grupos os,, sobr sobréé como como os ju judé déus us dévé dévém m pé pérm rman anéc écér ér i iééi s, um umaa véz véz qu quéé ésté éstéss na na o compartilham ésté cronométrico convicçao. ésté cronométrico O fator - sé a éra vindoura coméçou ou nao na éra présénté - é sinalizado téndo ém vista umaa di um disti stinç nçaa o ja ja mé ménc ncio iona nada da:: a cén céntr trali alida dadé dé da idén idénti tii icaç caçaa o déss déssés és na na o-j -jud udéu éuss éspéciicaménté como seguidores de Cristo . Surprééndéntéménté, tao importanté quanto a idéntidadé déssés nao-judéus éstando ém Cr Cris isto to séj séjaa para para todo todo o ém émpr préén ééndi dimén ménto to da intér intérpr prét étaça aça o paul paulin ina, a, as prof profun unda dass implic imp licaço aço és da op oposi osiça çao dé Pau Paulo lo a sua circun circuncisa cisa o pré précis cisamé aménté nté por porqué qué élé éléss  já são

 

séguidorés dé Cristo nao foram déstacadas quando avaliaçoés comparativas dé Paulo é outros judéus foram atraídos dos por aquélés qué répréséntam a Nova Pérspéctiva, ou por aq aqué uélé léss qu quéé ré répr prés ésén énta tam m as abor aborda dagén génss tr trad adic icio iona nais is dé Pa Paul ulo. o. Essa Essa su supé pérv rvis isaa o é provavélménté, pélo ménos ém parté, atribuívvél él ao uso continuado 147 PAULO NO JUDAISMO do rotulo “cristaos”, qué obscurécé o fato dé qué a audiéncia dé Paulo pérténcé a um grupo éspécial déntro do judaíssmo mo consistindo dé judéus é nao-judéus, ao invés dé constituir um povo intéiraménté novo, o qué véio a sér chamado pélos pais da igréja dé “tércéira raça”. .”53 Nossa abordagém dévé pélo ménos nos pérmitir considérar a probabilidadé dé qué Paulo é séus advérsarios possam muito bém concordar sobré o qué é téoricaménté apropriado apos a chégada da éra éspérada ém varios assuntos, principalménté com réspéito a como incorporar nao -Judéus no povo dé Déus, mas discordam intéiraménté sobré o qué é apropriado agora , a ménos qué compartilhém a visao dé qué a éra éspérada coméçou. Em outras palavras, os conlitos podém nao sér sobré a ésséncia do assunto ém quéstao (por éxémplo, sé os nao-judéus dévém sér iniciados no povo dé Déus é, ém caso a air irma mati tivo vo,, como como), ), ma mass sé o mo momén ménto to da po polí líttica ica ava avança nçada da O sub subgru grupo po judai judaico, co, dé incorporar mémbros dé outras naçoés como os ilhos também prométéram a Abraao, além dé sé tornarém mémbros dé Israél, é garantido “agora”. Podémos vér claraménté como o probléma dé univérsalizar o rétrato dé Paulo, é déscobrir assim qué élé nao é paralélo ao judaíssmo, mo, inluéncia Sandérs quando élé passa a discutir Paulo sobré a circuncisa circuncisa o. Elé éscrévé: “Na litératura sobrévivénté, élé [Paulo] trata a circuncisao tanto como réjéiçao dé Cristo quanto como indiférénté (Gl 5:1-4; 6:15; 1 Cor. 7:19).”54 Tal obsérvaçao é importanté éntré muitas qué convéncém Sandérs dé qué Paulo ésta fazéndo algo diférénté do judaísmo. ésta smo. Mas os rabinos com quém Sandérs compara Paulo éstao, a ménos qué éspéciicaménté dizéndo o contrario, abordando é discutindo o qué sé aplica aos judeus aos  judeus , énquanto Paulo, a ménos qué éspéciicaménté déclarando o contrario, ésta abordando é discutindo o qué sé aplica aos não-judeus – qué também sao Cristo-53. O uso de “gentio” também é problemático, sugerindo uma categoria diferente do binário judeu/  não-judeu; como Caroline Johnson Hodges deixa claro, o próprio Paul estava lutando para reidentiicar esses não-judeus. Veja “A questão da identidade: gentios como gentios—mas também não—nas comunidades paulinas” neste volume. 54. EP Sanders, Jewish Law from Jesus to the Mishnah: Five Studies (Londres: SCM, 1990), 283. 148  A QUESTÃO DA CONCEITUALIZAÇÃO CONCEITUALIZAÇÃO

 

seguidores – sobre a circuncisão de si mesmos. Paulo não está discutindo se os judeus deveriam circuncidar circuncidar seus ilhos recém-nascidos (ou mesmo um judeu do sexo masculino mais tarde na vida cujos pais não o circuncidaram quando criança). Paulo apenas argumenta que a circuncisão não deve ser realizada por não-judeus adultos (homens) que já ganharam  posição como justos por se voltarem para Deus em Cristo. Por quê? Porque, como argumentado acima, eles agora procurassem “entrar” tornando-se lo logi gica came ment ntee ne nega gand ndooseque qu e já conq conqui uist star aram am es essa sa po posi siçã ção o de acor acordo doprosélitos, com com a air aestariam irma maçã çãoo cronométrica do evangelho de que Deus já os reconciliou através da idelidade de Jesus. Cristo, a quem eles já se converteram ielmente dos deuses de suas nações nativas (Gl 3:1-5; 4:8-19; 5:2-12, passim). Se já estão incorporados à família de Deus, como podem procurar ser  incorporados sem negar que já é o caso?  Mais uma vez, o elemento cronométrico não pode ser negligenciado. Paulo pode muito bem ter sustentado que os não-judeus deveriam ser circuncidados e até  mesmoo esta mesm estarr ativ ativamen amente te eng engajad ajados os na circunci circuncisão são ant anteriorm eriormente ente (implícito (implícito em Gála Gálatas tas 5:11),55 mas ele acredita que isso não é mais apropriado em vista do evangelho agora trazendo salvação para as nações também. Portanto, não é a circuncisão que Paulo se opõe  per se como uma rejeição de Cristo, contra Sanders, mas apenas a circuncisão de não-judeus seguidores de Cristo, uma vez que eles representam a airmação proposicional do evangelho de que o im dos tempos chegou com a ressurreição de Cristo. É a presença desses não-jud não-judeus, eus, virando-se de ídolos para o único Deus, que dá testemunho da verdade das airmações  proposicionais do do evangelho. evangelho. Portanto, esta reunião de subgrupo judaico deve exempliicar o ideal do im dos tempos no meio da era atual, mantendo a diferença entre judeus e não-judeus, mas ao mesmo tempo eles devem dev em 55. Cf. Ter Terenc encee L. Don Donald aldson son,, Paul Paul and the Gen Gentil tiles: es: Re Remap mappin pingg the Apo Apostl stle's e's Convictional World (Minneapolis: (Minneapolis: Fortress Press, 1997), pp. 277–84. 149 PAULO NO JUDAÍSMO não expressa a discriminação que geralmente implica em termos de deinição de quem tinha  posição como povo povo de Deu Deus. s. Paulo procurou explicar esse princípio dinâmico relatando o incidente em Antioquia. A comun com unhão hão à mes mesaa entre entre os segui seguidor dores es de Cri Cristo sto dev devee exe exempl mpliic iicar ar as rei reivin vindic dicaç ações ões do evangelho para a igualdade de judeus e não-judeus de acordo com os ideais da era vindoura em meio à era presente, onde a diferença geralmente cria discriminação (Gal.  2:11-15).56 Embora a alimentaçã alimentaçãoo siga as diretrizes judaicas, por ser um subgrupo judaico, não deve fazê-lo de forma a sugerir que os não-judeus não são membros iguais além de se tornarem por exemplo, organizando osde assentos ou porções de serviço em distinções judeus, hierárquicas etno-religiosas, em vez exempliicar os padrões da eracom porbase vir. Em

vez disso, os ideais utópicos de shalom na era messiânica deveriam prevalecer, como a

 

convivência harmoniosa dos animais de forma a criar o caos na era atual (Is 11; 65:17-25). Por enquanto, como Woody Allen supostamente brincou (embora subestimando o resultado  provável!): “O leão e o bezerro [sic] devem deitar juntos, mas o bezerro [sic] não vai dormir  muito”. Não é diícil imaginar que as maiores comunidades judaicas teriam respondido negativamente às alegações cronométricas que o evangelho de Paulo faz para receber esses não-judeus comoamembros plenos da família de Abraão, como do que convidados e ainda não candidatos se tornarem judeus. Da mesma forma, suasmais famílias e amigos não-judeus teriam achado incompreensíveis e escandalosas tais alegações como base para desconsiderar  desconsiderar  a família e o culto cívico, além de se tornarem judeus. Como mencionado anteriormente, a estratégia retórica de Paulo em Romanos 3:29-31, que airma que Deus é o Deus dos prepúcios também quando eles se voltam ielmente para o único Deus dos ídolos, só faz sentido se for assumido que Deus é, é claro, , o Deus dos judeus, dos 56. Nanos, "O que estava em jogo", 282–318. 150  A QUESTÃO DA CONCEITUALIZAÇÃO CONCEITUALIZAÇÃO circuncidados, e que estes devem permanecer judeus. Além disso, esta proposição só pode  permanecer se “sustentar” ao invés de anular o ensino da Torá, e especiicame especiicamente nte saliente aqui, o mandamento da circuncisão para israelitas/judeus! O argumento de Paulo a partir do Shemá gira em torno da convicção de que o tempo esperado da restauração das nações, bem como de Israel a Deus, começou, de modo que não é mais necessário ser um membro da nação de Israel para se reconciliar com o único Deus. de toda a criação. Paulo argumenta da circuncisão dos judeus à incircunci incircuncisão são dos não-judeus não-judeus:: logicamente, para os judeus em Cristo, que já são circuncidados, os argumentos de Paulo contra a circuncisão não se aplicam e não implicam que eles não devem circuncidar circuncidar seus ilhos pequenos. Em suma, é um erro de categoria de signiicância universalizar a posição de Paulo contra a circuncisão de não-judeus seguidores de Cristo sem distinguir esse tópico especial da questão da circuncisão de ilhos nascidos de judeus, seguidores de Cristo ou não, e então compare essa conclusão com as posições de outros grupos judeus sobre a circuncisão de judeus. A maneira como Sanders (mal) enquadrou o assunto continua a inibir a pesquisa entre aqueles que estão na vanguarda da Nova Perspectiva. Para que as declarações de Sanders (e as de outros identiicados com essa perspectiva) sejam viáveis para comparação com as declarações de outros judeus e grupos judaicos, deve-se alterar minimamente sua observação para ler: “Na literatura sobrevivente ele [Paul] trata circuncisão de não-judeus que já se converteram de seus deuses para o Deus de Israel através de Jesus Cristo. . . . ”   A qualiicação da visão de Paulo sobre a circuncisão gira em torno da objeção inlexível de Paulo à circuncisão de não-judeus seguidores de Cristo especiicamente. O argumento de Paulo (nos textos que Sanders cita, ou seja, 1 Cor. 7:1957 e Gal. 5:3) logicamente requer que Paulo def Paulo defend endaa a cir circun cuncis cisão ão dos dos jude judeus us seg seguid uidore oress de Cristo Cristo e, con concom comita itant nteme ement nte, e, a completa 151

 

PAULO NO JUDAÍSMO observação da Torá pelos judeus, uma vez que a circuncisão é um marcador da identidade da aliança sob a aliança mosaica que exige idelidade contínua para os judeus. Em outras  palavras, quando se articula a especiicida especiicidade de necessária para qualiicar o argumento de Paulo, o que inclui a forma como as perguntas feitas aos seus textos são enquadradas, isso mina algumas das conclusões que a proposição universalizante supostamente sustentava, como a de que Paulo considerava a circuncisão “indiferente. ” Em vez disso, sua importância continuada é logicamente inferida para os judeus, incluindo judeus seguidores de Cristo, como ele. 57. Cf. William S. Campbell, “'Como tendo e como não tendo': Paulo, circuncisão e coisas indiferentes em 1 Coríntios 7:17-32a,” em Unidade e Diversidade em Cristo: Interpretando Paulo em Contexto: Ensaios Coletados, ed. William S. Campbell (Eugene, OR: Cascade Books,  2013), 106–26. 106–26. 152 5   A Questão da Identidade Identidade:: Gentios co como mo Gentios - mas também não - em Pauline Comunidades Caroline Johnson Hodge Há muito tempo tenho me intrigado sobre como entender os gentios em Paulo, tanto da  perspectiva dele quanto da perspectiva deles. através de Cristo. No processo, como discuti em outro lugar, tanto ele quanto eles passam por várias transformações de identidade, mudanças que, mantenho, nunca separam do judaísmo que eles iliam Israel, mas não como membros plenos.2 Eles onão são judeus e, a meue ver, 1. gentios Gostariaa de agradecer a Paula Fredriksen por seus comentários úteis sobre um rascunho deste ensaio. 153 PAULO NO JUDAÍSMO não são cristãos; e eles também não são mais realmente gentios. Paulo os chama de várias coisas, incluindo amados, santos, iéis, irmãos e irmãs e uma nova criação. Mas o que é que eles se tornaram? Quem são esses gentios-em-Cristo? Este capítulo explora essa questão. Muito Mu itoss est estud udios iosos os usa usam m o ter termo mo “c “cris ristão tão”” par paraa ess esses es cre crent ntes es ge gent ntios ios,, emb embora ora haj hajaa um

consenso bastante amplo de que é anacrônico. Há boas razões para não usá-lo: Paulo não o

 

usa ele mesmo e inevitavelmente importa em nossa interpretação, apesar de nossas boas intenções, entendimentos entendimentos posteriores do cristianismo. Usando “Cristão” nos encoraja a ver as cartas como os documentos fundadores de uma nova religião e mascara algumas das ambiguidades que são cruciais para os argumentos de Paulo. Além disso, o termo “cristão”  torna mais diícil ver como o tratamento diferenciado de Paulo aos gentios-em-Cristo se baseia nas maneiras judaicas de falar sobre os gentios. No que se segue, traçarei uma série de maneiras pelas quais Paulo se baseia nas concepções  judaicas de gentios, especialmente especialmente onde eles se aproximam dos limites da identidade judaica. Os discursos judaicos de descendência e pureza são os recursos de Paulo para a construção de uma identidade para esses gentios-em-Cristo que resiste à classiicação. classiicação. Esses gentios ocupam um espaço intermediário, pairando em torno das fronteiras de identidades que não são bem.  Junto com Cavan Concannon, que trabalhou recentemente sobre etnia em 1 Coríntios, vejo as deinições de gentios de Paulo mudando com sua retórica. Concannon argumenta que “a imaginação de Paulo sobre os coríntios permanece em um estado de luxo contínuo, muitas vezes emergindo do espaço entre os rótulos étnicos judaico e grego”. 2. Caroline Johnson Hodge, If Sons, Then Heirs: A Study of Kinship and Ethnicity in the Letters of Paul (Nova York: Oxford Oxf ord Uni Univer versit sityy Press, Press, 2007); 2007); Joh Johnso nsonn Ho Hodge dge,, “Ap “Apóst óstolo olo aos Gen Gentio tios: s: Constr Construç uções ões da Identidade de Paulo”, Interpretação Bíblica 13, não. 3 (2005): 270–88. 154  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  situação necessária.4 Aqui vou complicar essa noção e argumentar que múltiplas identidade identidadess  podem ser parcialmente ocupadas de tal forma que resiste a qualquer identiicação ixa com uma ou outra.5 E na interpretação de Paulo, essa ambiguidade é necessária na narrativa mais ampla da história de Israel redenção. De fato, esta investigação das formas judaicas de categorizar os gentios acaba por questionar q uestionar a ideia de “identidad “identidade” e” e “etnicidade” como normalmente as entendemos. Para explorar essas questões, primeiro discutirei o termo “gentios” e como Paulo o usa de  forma bilateral. Vou então comparar a ideologia da semente sagrada em Esdras e Jubileus com Paulo, para mostrar como Paulo se apropria dessa linguagem em Gálatas 3, mas a usa  para inclusão em vez de exclusão. Em seguida, voltarei a 1 Coríntios 6 para discutir como a linguagem bíblica de pureza informa sua elaboração de gentios como os santos membros do corpo de Cristo. Concluo reletindo criticamente sobre minha pergunta inicial – quem são os  gentios?  Dois tipos de gentios

 

 As ambiguidade ambiguidadess que acompanham a identidade dos crentes gentios no discurso de Paulo já são sinalizadas pelo próprio termo “gentios”. Como um termo judaico para todos os não judeus, ethnē nivela qualquer especiicida especiicidade de étnica e 3. Cavan W. Concannon Concannon,, “When You Were Gentiles”: Specters of Ethnicity in Roman Corinth and Paul's Corinthian Correspondenc Correspondencee (New Haven, CT: Yale University Press, 2014), 80. Sou grato a Concannon por compartilhar  seu manuscrito comigo antes da publicação. 4. Johnson Hodge, If Sons, 117–35. Também usei o termo “hibridismo” para descrever a identidade gentia (If Sons, 150), seguindo a sugestão útil de Sze-kar Wan em “Does Diaspora Identity Imply Some Sort of Universality? Uma Leitura Asiático-Americana de Gálatas”, em Interpreting Beyond Borders, ed. Fernando F. Segovia (Shefield: Shefield Academic Press,  2000), 107–31. 107–31. 5. Estou pensando aqui mais em termos de ambiguidade do que simplesmente ir e voltar entre diferentes identidades. Homi K. Bhabha tem me ajudado a encontrar a linguagem para falar  sobre esse entremeio. Eu me baseio em algumas de suas frases em Location of Culture (London: Routledge, 1994), onde ele está falando sobre a representação de uma escada da artista Renée Green: “A escada como espaço liminar, entre as designações de identidade, torna-se o processo de interação simbólica, o tecido conjuntivo que constrói a diferença entre superior e inferior,  preto e branco. O aqui e acolá da escada, o movimento temporal e a passagem que ela  permite, impedem que as identidades em cada extremidade dela se estabeleçam estabeleçam em  polaridades primordiais” primordiais” (5). 155  PAULO NO JUDAÍSMO multiplicidade. “gentios” expressa um mapeamento judaico do mundo; ele agrupa um monte de povos diferentes em uma categoria baseada em sua falta de lealdade ao Deus de Israel.6 E  no uso de Paulo, este termo tem uma duplicidade, pois há dois tipos de gentios. Primeiro, há o  público de suas cartas, a quem ele se dirige explicitamen explicitamente te como gentios em vários lugares (Rm 1:5-6, 13; 11:1 11:13; 3; 15:6). 15:6). Segundo, Segundo, há todo todoss os outros gentio gentioss que não estã estãoo em Cristo, o tipo de gentios que os crentes costumavam ser. Essa segunda categoria é familiar de outras literaturas judaicas, que às vezes classiicam esses gentios como idólatras que não têm autocontrole, resultando em todos os tipos de pecados sexuais.7 O próprio Paulo detalha sua situação em Romanos 1:18-32. Na retórica de Paulo, esses gentios de fora servem de contraste para os membros da ekklesia. “Vocês sabem disso quando eram gentios”, Paulo lembra aos coríntios: “vocês foram desencaminhados, levados a ídolos mudos” (1 Coríntios Ou elefalar admoesta mesma exclamando que os a imoralidade sexual que12:2). ele ouviu deles éessa “de um tipocomunidade, que nem mesmo existe entre gentios!” (1

Coríntios 5:1).

 

Finalmente, Paulo exorta os tessalonicenses: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santiicação: que vos abstenhais da porneia; que cada um de vós saiba dominar o seu corpo em santidade e honra, não com paixão lasciva, como os gentios que não conhecem a Deus” (1 Tess. 4:3). Embora os crentes não sejam mais esses tipos de gentios, Paulo os lembra de suas origens nesse grupo, como se os advertisse de que poderiam voltar se não fossem cuidadosos. 6. Johnson Hodge, If Sons, 49–58. Para estudos mais detalhados do termo “gentios”, ver  Terence L. Donaldson, Paul and the Gentiles: Remapping the Apostle's Convictional World  (Minneapolis: (Minneapol is: Fortress Press, 1997); James M. Scott, Paul and the Nations: The Old Testament  and Jewish Background of Paul's Mission to the Nations with Special Reference to the Destination of Galatians (Tübingen: Mohr Siebeck, 1995). Veja também Shaye JD Cohen, The Beginnings of Jewishness (Berkeley: University of California Press, 1999). 7. Para discussão desta categoria, ver Paula Fredriksen, “Judaism, the Circumc ision of the Gentiles, and Apocalyptic Hope: Another Look at Galatians 1 and 2,” Journal of Theological  Studies 42 (1991): 544; Donaldson, Paul and the Gentiles, 52–54. 156  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE   Assim, os gentios-em-Cristo ocupam uma espécie de espaço liminar entre serem esses tipos de  gentios e agora agora esses ttipos ipos de gent gentios. ios.  Além disso, Paulo espera muitas mudanças desses gentios, incluindo que eles rejeitem a idolatria e a imoralidade sexual e pratiquem o autodomínio “em santidade e honra”. Em outro lugar, Paulo descreve isso como a vida do espírito, que eles recebem no batismo, de modo que, Paulo diz: “a justa exigência da Lei se cumprisse em nós” (Rm 8:4). Mas ele é inlexível para que eles não guardem a lei judaica, especialmente especialmente no que diz respeito à cir circu cunci ncisão são par paraa ge gent ntios ios do sex sexoo ma mascu sculin lino. o. De fato, fato, os gen gentio tios-e s-em-C m-Cris risto to não são exatamente gentios e não exatamente judeus.8 Es Esse se stat status us ambí ambígu guoo de ge gent ntio ioss que que es estã tãoo de algu alguma ma form formaa liga ligado doss a Isra Israel el nã nãoo é  desconhecidoo na literatura judaica; na verdade, parece ser a norma. Não estou pensando aqui desconhecid em prosélitos, que, de acordo com muitos textos, adotam a observância da Torá (incluindo a circuncisão para os homens) e são percebidos como membros de Israel. por Paulo: aqueles que honram o Deus de Israel e que participam de algumas práticas judaicas, mas que  permanecem gentios.10 Há uma variedade de maneiras pelas quais esses simpatizante simpatizantess  gentios foram percebidos pe pelos los judeus no período do Segundo Te Templo mplo e, como escreve Tere Terence nce Donaldson, é diícil encontrar um conjunto claro de categorias para esses grupos de não-

 judeus ailiados a comunidade comunidadess judaicas.1 judaicas.111 Em uma ampla gama de materiais, encontramos

 

referências a gentios que adotam práticas judaicas como a observância do sábado, fazer  oferen ofe rendas das no templo templo,, fre freqüe qüent ntar ar sin sinag agoga oga 8. Paula Paula Fr Fredr edriks iksen en ta també mbém m dis discu cute te essa essa ambiguidade. Veja-a “Judaizing the Nations: The Ritual Demands of Paul's Gospel,” New  Testament Studies 56 (2010): 243–244. 9. Donaldson, Judaism and the Gentiles, 479, 483–92; Fredriksen, “Judaísm “Judaísmo”, o”, 546 e passim e “Judaizandoo as Nações”, 239–40, 242. “Judaizand 10. Às vezes, eles são chamados de “tementes a Deus”. Fredriksen, “Judaísmo”, 541 e passim; Pamela Eisenbaum, Paul Was Not A Christian: The Original Message of A Misunderstood   Apostle (Nova York: HarperOne HarperOne,, 2009), pp. 999–115. 9–115. 11. Donaldson, Judaism and the Gentiles, 479. Donaldson divide a evidência para os gentios ailiados aos judeus em quatro categorias: simpatia geral, conversão, monoteísmo ético e salvação escatológic escatológica. a. 157  PAULO NO JUDAIS M  reuniões, e assim por diante.12 Mas parece ter havido pouco interesse em deinir esses gentios como um grupo ou pensar sobre o status religioso desses gentios.1 gentios.133 Várias fon Várias fontes tes re recon conhec hecem em uma es escal calaa móv móvel el de par partic ticipa ipação ção ge genti ntiaa no judaís judaísmo, mo, com diferentes graus de envolvimento envolvimento..  Josefo fala de de Metilius, qu que, e, para salvar su suaa vida, promet prometee “judaizar aaté té a circun circuncisão” cisão” (Guerra  2.454).14 Ainda outras evidências, incluindo inscrições, mostram gentios que honram o Deus de Israel e ainda participam de seus próprios cultos. 15 Como Paula Fredriksen aponta, isso  pode estar implícito na inscrição de Afrodisias que lista cinquenta “tementes a Deus”  (theosebeis), termo quenário pode que o Deus Israel.16 Nove deles del es ta també mbém mumsão fun funcio cioná rioss se públi púreferir blicos cos a( gentios bouleu bouleuta tai), i), adoram o que signi sig niica icadeque el eles es teriam ter iam  participado do culto cívico como parte de seus deveres oiciais.17 De fato, no contexto antigo essa lealdade a múltiplos deuses não é nada notável. Julia Severa oferece outro exemplo: ela era sacerdotisa em um culto local e doadora de uma sinagoga na Frígia.18 Em alguns casos,  fontes antigas antigas 12. Ibid., 471. Ver também Cohen, Begin Beginnings. nings. 13. Donaldson, Judaism and the Gentiles, 479-80. 14. “Judaizar” (Ioudaizein), que signiica “agir como um judeu”, é um verbo que tende a ser  usado pelos judeus em relação aos não-judeus. Para uma discussão mais detalhada, veja Cohen, Beginnings, 175–197. Ver também Fredriksen, “Judaizing the Nations”, 240 n. 16, onde ela corrige a caracterização de Cohen de “veneradores de Deus” como não adorando outros deuses. Mark D. Nanos argumenta (contra

Dunn e Cohen) que “judaizar” pode se referir não apenas a uma mudança de comportamento,

 

mas também a uma transformação de identidade (de modo que judaizar pode signiicar  “tornar-se judeu”); “O que estava em jogo na 'Comendo com os gentios' em Antioquia?” em The Galatians Debate, ed. Mark D. Nanos (Peabo (Pe abody dy,, MA: Hendri Hendricks ckson, on, 2002), 2002), 305–12 305–12.. Essas Essas dis discus cussõe sõess ilu ilustr stram am pre preci cisam sament entee as complexidades complexidad es e ambiguidade ambiguidadess que tento destacar aqui. 15. Donaldson, Judaism and the Gentiles, 473. 16. Fredriksen, “Judaism”, 542. Mas observe as advertências de Ross Shepard Kraemer, que comenta que o signiicado de theosebeis nesta inscrição não é claro: Unreliable Witnesses: Religi Rel igion, on, Gende Genderr and and His Histor toryy in the Gre Grecoco-Rom Roman an Me Medit diterr erran anean ean (Ne (New w Yor Yorkk : Oxf Oxford  ord  University Press, 2011), 224. 17. E como Paula Fredriksen aponta, se Angelos Chaniotis estiver correto em seu argumento de que a inscrição é posterior ao que tradicionalmente se pensa, esses funcionários públicos também podem ser cristãos!  Veja Angelos tis,21 “Os Judeus de Afrodias: Novas“Judaizing Evidências Velhos Problemas,”  Scripta ClassicaChanio Israelica (2002): 209–42, e Fredriksen, “Judaizin g thee Nations,” 238 n. 14. 158  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  reconhecer explicitamente a mestiçagem desses gentios. Josefo, por exemplo, refere-se aos “judaizantes” “judaizant es” (gentios que adotam práticas judaicas) como “misto” (memigmenon; Guerra 2.463).19 Assim, o retrato de Paulo dos gentios-em-Cristo se encaixa em uma tendência maior entre os escritores judeus, que tendem a ver o status dos  gentios simpáticos simpáticos como int intermediários. ermediários. Para examinar mais de perto os gentios em Paulo, traçarei duas linhas de argumentação nas quais ele se baseia nos discursos étnico-raciais judaicos: um usa a lógica da linhagem e outro usa a lógica da pureza. Em Gálatas 3, Paulo argumenta que os gentios batizados se tornaram descendentes, ou semente, de Abraão. Em 1 Coríntios 6, Paulo traça limites em torno dos gentios com linguagem de pureza, airmando que eles se tornaram puros, como corpos sacerdotais ou como o próprio templo.  Ambos derivam de sua concepção de batismo, que é um ri ritual tual de iniciação e parentesco que dota esses gentios com o espírito ou pneuma de Cristo (Gl 4:6). É este ritual que os transforma de gentios em gentios.  Semente de Abraão

 

Como vários estudiosos notaram, Esdras se baseia nas prescrições bíblicas para os sacerdotes como uma linhagem sagrada a ser protegida e mantida pura, e as aplica aos leigos. -64. Ver  também Fredriksen, “Judaizing the Nations”,  237–40 (incluindo (incluindo notas), ppara ara mais exe exemplos. mplos. 19. Johnson Hodge, If Sons, 56-57. Veja também Donaldson, Judaism and the Gentiles, 473; Marco D. Nanos, “Os não-judeus de Paulo não se tornam 'judeus', mas eles se tornam 'judeus'?” Jornal  do Movimento de Jesus em seu cenário judaico 1, no. 1 (2014), www.jjmjs.org.  20. Jonathan Klawans, Impureza e Pecado no Judaísmo Antigo (Nova York: Oxford University  Press, 2000), 43-46; Michael L. Satlow, Casamento Judaico na Antiguidade (Princeton, NJ: Princ Pri nceto etonn Uni Univer versit sityy Pre Press, ss, 200 2001), 1), pp. 133 133–47 –47;; Chr Christ istine ine Hayes Hayes,, imp impure urezas zas ge gent ntias ias e identidades judaicas: casamentos mistos e conversão da Bíblia para o Talmud (Nova York: Oxford University Press, 2002), 68-91. Veja a crítica de Klawans e Hayes por Saul M. Olyan, “Purity Ideology in Ezra-Nehemiah as a Tool to Reconstitute the Community,” Journal for the Study of Judaism 35  (2004): 1–16. Veja também o volume recente sobre visões judaicas de casamentos mistos: Christian Frevel, ed., Casamentos mistos: casamentos mistos e identidade de grupo no período do segundo templo (New York: T  & T Clark, 2011). 159 PAULO NO JUDAÍSMO separado por Deus, assim tem todo Israel. Essa estratégia emerge de um contexto pós-exílico e da do autor restaurar e deinirpara Israel como povotodos de Deus. Esdras expressa essapreocupação ideia por meio de umem ataque à exogamia pelo menos os israelitas do sexo masculino, como ele exclama sobre os homens israelitas que se casaram com estranhos: “Eles tomaram suas ilhas como esposas para si e para seus ilhos, de modo que a semente sagrada se tornou misturado com os povos da terra; e são os oiciais e prefeitos que tomaram a dianteira neste sacrilégio” (Esdras 9:2).21 O zeloso apelo de Esdras para a endogamia serve  para circunscrever circunscrever e proteger Israel como um povo através através das gerações, uma semente semente santa,  pura e separada de outros. A defesa de Esdras da endogamia é um discurso étnico-racial que apresenta o casamento misto como uma mistura profana, uma profanação do povo de Deus.  Jubileus segue e amplia essa linha de raciocínio, argumenta argumentando, ndo, com alguma interpretaç interpretação ão criativa do Gênesis, que uma proibição universal do casamento misto é encontrada no Penta Pen tateu teuco, co, que consti constitu tuii um pe pecad cadoo sexua sexuall e que ge gera ra imp impure ureza za mor moral al e, por portan tanto, to, contamina a semente de Israel .22 Jubileus airma que Israel é “santo ao Senhor” (30:8) e que

é imundo e abominável para Israel quando as ilhas dos gentios são casadas (30:13).

 

 Além disso, Jubileus usa a idéia da semente sagrada para distinguir entre gentios e judeus. Embora o número de gentios entre a semente de Abraão: . . . em Isaque deve ser chamado seu nome e semente. . . dos ilhos de Isaque alguém deveria se tornar uma semente santa, e não deveria ser contado entre os gentios. Pois ele deveria se tornar a porção do Altíssimo, e toda a sua semente havia caído na posse de Deus, para que  fosse até o 21. 21. Tradução de Hayes, G Gentile entile Impu Impurezas, rezas, 28.  22. Ibid., 75. 75.  23. Tradução de The Book of Jubilees or Little Genesis, traduzido por RH Charles (Londres:  Adam and Charles Black, 1902), 180 (30:8) e 181 (30:13); disponível online através da Open Library em http://openlibrary.org/books/OL23282255M/The_book_of_Jubilees. Veja Hayes, Gentile Impurities, 73–81, para uma discussão sobre Jubileus sobre casamentos mistos. 160  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  Senhor um povo para (Sua) possessão acima de todas as nações e que se torne um reino de sacerdotes e uma nação santa”. (Jub. 16:17-19a )24  Jubileus reúne várias passagens bíblicas para construir o argument argumentoo de que, embora os  gentios estejam estejam incluídos no gru grupo po maior de descendentes descendentes de Abraã Abraão, o, eles não fazem parte parte da semente sagrada que pertence a Deus. Vemos a aplicação de Esdras da santidade do sacerdócio a esta linhagem sagrada, que os Jubileus chamam de “reino de sacerdotes”  (ecoando Êx 19:6). Também ouvimos ecos de várias passagens de sucessão patriarcal de Gênesis, que identiicam o herdeiro escolhido na geração seguinte, aquele que transmitirá as  promessas e bênçãos bênçãos aos de descendent scendentes es (Gn 12:3; 18: 18:18; 18; 28:4). . Especiicamente em Gênesis 21:12, em resposta à preocupação de Sara sobre qual dos ilhos de Abraão será seu herdeiro, Deus explica a Abraão, “. . . pois se dirá que sua descendência está em Isaque”. Esses argumentos provenientes de Ezra e Jubileus e outros, que Christine Hayes chama de “impur “im pureza eza gen geneal ealóg ógica ica”, ”, pre preten tendem dem,, na vis visão ão de Hay Hayes, es, tra traça çarr uma fro fronte nteira ira ir irme me e  permanente em torno de Israel. A identidade de Israel. Enquanto muitos textos do Segundo Templo Tem plo expres expressam sam uma at atitu itude de mai maiss bra branda nda em rel relaçã açãoo aos ge gent ntios ios,, aco acomod modand andoo sua interação com Israel de várias maneiras, a retórica em Esdras e Jubileus mostra pouca tolerância à mistura ou interação próxima. Paulo também usa o conceito de “semente” para argumentar sobre os gentios, mesmo ecoand eco andoo alg alguma umass da dass mes mesma mass pas passag sagen enss dos dos Jubil Jubileu eus, s, mas a int intenç enção ão retóri retórica ca é bem diferente. Paulo também capitaliza passagens de Gênesis que associam “gentios” ( ethnē) a  Abraão.26 Para seus seus propósitos, porém, porém, 24. Trad Tradução ução de Charl Charles, es, Book of Ju Jubilees, bilees, 115–1 115–16. 6.

 

 25. Hayes, Gentile Impurezas, 32–33. Embora, como argumentei, mesmo que muitos textos reivin rei vindiq diquem uem uma esp espéc écie ie de ix ixaç ação ão aos laços laços de par paren entes tesco, co, mu muito itoss tam também bém vêe vêem m o  parentesco e a genealogia genealogia como mutáveis mutáveis e abertos à negociação negociação (Johnson Hodge, If If Sons, 1942).  26. Todas as passagens passagens ddee Gênesis ddiscutidas iscutidas aqu aquii em referênc referência ia a Paulo são da lxx. 161 PAULO NO JUDAÍSMO essas passagens apóiam seu argumento de que os gentios estão realmente incluídos na linhagem abençoada desde o início. Ele mantém esse argumento inclusivo mesmo quando mais tarde aplica um argumento exclusivo de Deus privilegiando certas linhagens sobre outras. Como discuti longamente em outro lugar, o batismo em Paulo é um ritual de adoção, criando uma relação relação de pare parentes ntesco co entre os gent gentios ios e Abraã Abraãoo (Gál (Gálatas atas 3; Rm 4).27 Para apoia apoiarr seu caso, em Gálatas 3:6-9 Paulo se refere a um momento fundad fundador or da história de Israel, quando Deus chamou Abraão, o reconheceu como iel e lhe conferiu bênçãos e promessas. De fato, uma dessas promessas,  preditas pelas Escrituras a Abraão há muito tempo, é que “todos os gentios (etnē) serão abençoados em você” (Gl 3:8; Gn 12:3; 18:18). Esta frase, "Todos os gentios serão abençoados em você", é provavelmen provavelmente te uma fusão de duas  passagens de Gênesis, Gênesis, ambas relatando este moment momentoo do chamado de Abraão e as bênçãos de Deus sobre ele, Gênesis 12:3 e 18:18.28 Esses momentos de chamado e bênção são replicados em outros lugares em Gênesis, tanto para Abraão (novamente) como também para Isaque (Gn 26:4) e Jacó (Gn 28:14). Gênesis 22:18 nos ajuda a entender o que Paulo quer dizer com os  gentios sendo sendo abençoad abençoados os “em”   Abraão: “E em tua descen descendência dência serã serãoo abençoados todos os ethn ethnēē da terra” terra”.. Os gentios são abençoados na semente de Abraão. Essas bênçãos dependem de uma lógica de descendência descendên cia na qual as gerações futuras são consideradas contidas na semente do ancestral   fundador, uma lógica reletida no uso do mesmo termo, esperma, para semente e para descendentes.29 A própria interpretação criativa de Paulo de As Escrituras permitem que ele airme que esses ethnē mencionados em Gênesis são aqueles gentios que foram batizados em Cristo. Não devemos nos surpreende surpreenderr com sua inclusão 27. Johnson Hodge, If Sons, 67–116.  28. Gn 12:3: “E abençoarei abençoarei os que te te abençoarem e amaldiçoar amaldiçoarei ei os que te ama amaldiçoarem ldiçoarem e eem m ti serão benditas todas as tribos da terra”. Gn 18:18: “Mas Abraão se tornará uma grande e  populosa nação, nação, e todos os povos da te terra rra serão aben abençoados çoados nele nele”. ”.

 29. Johnson Hodge, Hodge, If So Sons, ns, 97 100.

 

162  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  no plano de Deus; eles estavam presentes no corpo de Abraão no momento da bênção. Eles também, ao receberem o espírito no batismo, b atismo, são os descendentes (esperma) de Abraão, como Paulo declara em Gálatas 3:29.30 Parte do que Paulo está fazendo nessas passagens é retrabalhar o parentesco. Sua tarefa maior é explicar como os gentios foram incluídos na história h istória da redenção de Israel. Para fazer isso, ele se baseia na linguagem da descendência e do povo, a mesma linguagem que os ju judeu deuss sempr sempree apl aplica icaram ram ao seu relacion relacioname ament ntoo com Deus. Ma Mass nã nãoo é ape apenas nas  parentesco da carne, argumenta Paulo, gerado pela procriação humana, mas parentesco deinido e arranjado por Deus. As passagens do chamado de Abraão servem como garantia bíblica de Paulo para mostrar que o relacionamento com Deus é deinido não apenas pela descendência descendên cia ísica, mas também pela idelidade e pelas promessas feitas por Deus a Abraão. Este é oque argumento em dos açãoJubileus em Romanos onde Paulo se refere mesma passagemque de Gênesis a passagem acima, 9, a bênção de Isaque. Aquià Paulo argumenta Deus está administrando as linhas de descendência e que “nem todos os ilhos de Abraão (tekna) são seus descendentes ou semente (esperma), mas” (e aqui ele cita Gn. diz-se que está em Isaque'” (Rm 9:7). Não é apenas a carne, explica Paulo, mas a promessa que determina quem são os descendentes. Deus está no comando das linhagens.  Jubileus usa esta bênção de Isaac em Gênesis para excluir gentios; eles podem ter sido parte da semente de Abraão, mas eles não fazem o corte na linhagem sagrada de Isaque e Jacó depois dele. Paulo usa a mesma passagem, também para enfatizar a exclusividade e a seleção de um sobre o outro, mas serve ao seu argumento maior de que os gentios iéis estão incluídos nas promessas de Deus. Assim, Paulo toma um rumo diferente com a ideologia da semente, optando por abri-la o suiciente para os gentios 30. Paulo faz um argumento semelhante em Romanos 4, onde conclui que Abraão é o pai dos “incircuncisos” e dos “circuncisos” ( vv. 1112). 163 PAULO NO JUDAÍSMO  para entrar, remontando a um tempo antes da Lei ser estabelecida para mostrar o alcance universal do Deus de Israel. O que signiica para o status dos gentios que eles estejam na semente original de Abraão? Esse argumento semente não enfatiza uma origem pura e santa, seja para judeus ou gentios, mas

uma mistura inclusiva, planejada por Deus.31 No entanto, Paulo não vislumbra uma mistura

 

dos difere diferent ntes es com compon ponent entes es des dessa sa mistu mistura; ra; os ge genti ntios os per perman manece ecem m gen gentio tioss e os jud judeus eus  permanecem judeus, me mesmo smo entre aaqueles queles que ccompartilham ompartilham seu “in-cristianismo”. “in-cristianismo”. Na verdade, verdade, todo o seu ponto é que é prec precisame isamente nte a incl inclusão usão deles na seme semente nte de Abraão, Abraão, antes que a Lei fosse dada, que garante aos gentios os beneícios das promessas de Deus como  gentios, semironicamente, serem circuncidad circuncidados os sua e guardarem a Israel. Lei de outras maneiras. Sua linhagem abraâmica, ironicamente , preserva separação de Corpos Sagrados Paulo não desenvolve um conceito de uma semente sagrada, mas desenvolve a ideia de corpos santos para os crentes gentios. Em 1 Coríntios 6, Paulo oferece uma avaliação “antes e depois”  dos coríntios, em uma passagem semelhante às mencionadas anteriormente, comparando-os co com m su suas as vi vida dass an ante teri rior ores es como como ge gent ntios ios que que não não conh conhec ecem em a De Deus us.. Algu Alguns ns de você vocêss costumavam ser sexualmente imorais, idólatras, adúlteros adúlteros (e assim por diante), Paulo diz aos coríntios: “Mas vocês foram lavados, vocês foram santiicados, vocês foram justiicados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (6:9b-11).32 Aqui Paulo parece se referir ao batismo deles com os 31. Discutindo 1 Coríntios, Tat-Siong Benny Liew faz uma observação semelhante: semelhante: “O que se encontra em Paulo não é uma nostalgia para recuperar um autenticidade e/ou pureza perdidas; em vez disso, é aquele que incorpora os gentios através de uma nova construção racial/étnica e religiosa”, em Liew, What is Asian American Biblical  Hermeneutics?: Reading the New Testament (Honolulu: University of Hawaii Press, 2008), 106. 32. Primeira Coríntios 6:9b (que parafraseei aqui) é complicada de traduzir e não vou aborda abo rdarr as questõ questões es env envolv olvida idass aqu aqui.i. Veja Veja Da Dale le B. Mar Marti tin, n, “Arsen “Arsenoko okoitē itēss and Ma Malak lakos: os: Meanings and Consequences”, em sua coleção de ensaios Sex and the Single Savior: Gender  and Sexuality in Biblical Interpretation (Louisville: Westminster John Knox, 2007), 37–50. Veja também Bernadette 164  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  termo “lavado”, implicando que ele o entende como um rito de puriicação que leva os gentios a um relacionamento correto com Deus. Nesta passagem e em outras que marcam igualment igualmentee os gentios batizados como agora santos, Paulo usa, como argumenta Paula Fredriksen, a linguagem das prescrições bíblicas que monitoram o acesso ao culto do templo.33 Esses  gentios foram separados, dedicado dedicados, s, preparados para Deus. Como Fredriksen explica, a linguagem do culto do templo fornece “os principais termos pelos quais Paulo conceitua a incorporação de seus pagãos-em-Cristo na redenção de Israel”. 6:19; 3:16-17). Essa metáfora arquitetônica sugere corpos protegidos, santiicados e delimitados de outros tipos de espaço; no entanto, eles também são habitados pelo pneuma de Deus (6:19; 3:16) e, portanto, são santos (3:17). O batismo santiicou assim os gentios para que possam ser uma morada para Deus.35  Um resultado desse novo status é que esses corpos sagrados devem ser protegidos. Em

linguagem que ecoa as prescrições levíticas para os corpos dos sacerdotes, Paulo argumenta

 

que esses gentios também devem se abster de J. Brooten, Love Between Women: Early  Christian Responses to Female Homoeroticism (Chicago: University of Chicago Press, 1996),  260. 33. Fredriksen, “Judaizing the Nations”, 247. Outras passagens com esta linguagem incluem: 1 Cor. 1:2 (“aos santiicados [hegiasmenois] em Cristo Jesus”); ROM. 6:19: (“Pois assim como outrora apresentastes os vossos membros como escravos da impureza [ akatharsia] e da iniquidade cada vez maior, assim apresentai agora os vossos membros como escravos da justiça para santiicação [ hagiasmon]”); ROM. 15:16 (“Paulo, ministro de Cristo Jesus aos gentios no serviço sacerdotal do evangelho de Deus, para que seja aceitável a oferta dos gentios, santiicada pelo [ hegiasmene] pelo espírito santo”); 1 Tes. 4:7 (“Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade [hagiasmō]”); 1 Tes. 5:3 (“Que o Deus da paz vos santiique [hagiasai] inteiramente”); 2 Cor. 7:1 (“puriiquemo-nos no corpo e no espírito, tornando nossa [hagiosunēn] 2 Cor.que 12:21 (“Temo que, quando eu voltar, meu Deus me santidade humilhe diante de vocês,perfeita”); e que eu tenha chorar por  muitos mui tos que pec pecara aram m ant anteri eriorm orment entee e não não se arr arrepe epend ndera eram m da imp impure ureza za [ak [akat athar harsia sia], ], imoralidade sexual e licenciosidade que praticaram”). 34. Fredriksen, “Judaizing the Nations”, 250. Ver também Jorunn Økland, Women in Their  Place: Paul and the Corinthian Discourse of Gender and Sanctuary Space (New York: T & T  Clark, 2004), 133–34, e fontes ali citadas. 35. Se, como argumenta JZ Smith, os rituais criam espaço sagrado no mundo antigo, então  podemos ver o batismo como um ritual ritual que criou o espaço sagrado sagrado desses corpos gentios: gentios: eles  foram lavados, santiicados e justiicados (1 Coríntios 6:11). ). Veja a discussão de Økland  sobre Smith em Women in Their Place, P lace, 145–149. 165  PAULO NO JUDAÍSMO da pornéia. Levítico instrui que porque os sacerdotes são “santos para o seu Deus” (Levítico  21:6), eles não devem “casar com uma mulher que é uma prostituta (pornē) e impura” (21:7, 14). Além disso, um sacerdote deve se casar “com uma virgem de sua própria família, para não profanar sua descendência (semente, esperma) entre seu povo” (21:15). As linhagens sacerdotais foram separadas, santiicadas santiicadas por Deus, e esse status santo requer manutenção. Paulo descreve os corpos coríntios em termos semelhantes. Como os corpos sacerdotais são “santos para o Senhor”, os corpos coríntios “pertence “pertencem m ao Senhor” e não à porneia (1 Co 6:13, 19-20).36 Como um corpo sacerdotal é responsável por sua semente ou descendentes, e deve

manter sua linhagem santa, então os coríntios são “membros de Cristo” (6:15) e devem

 

 proteger este corpo santo. Assim como os padres não devem se casar com prostitutas, os corpos coríntios não devem se envolver em porneia, como unir-se a uma prostituta (pornē).37  Você pode ouvir o horror na voz de Paulo quando ele faz a pergunta retórica: de Cristo e torná-los membros de uma prostituta? Nunca!" (1 Coríntios 6:15).38 Como discuti anteriormente, Esdras democratiza a noção de santidade sacerdotal aplicandoa a todo o Israel, criando a ideia de semente sagrada. Paulo faz a mesma coisa aqui, mas aplica-a especiicamente aos gentios batizados para criar  corpos santos. O argumento de Esdras serve ao seu interesse maior em deinir Israel no contexto pós-exílico. Paulo também tenta deinir e circunscrever a comunidade dos crentes, o corpo de Cristo, com a pureza dos sacerdotes. Mais uma vez, como com a imagem da semente em Gálatas, a descrição de Paulo desta nova criação produz uma identidade mista. Estes 36. Veja também Rom. 15:16. 37. Embora note que ser casado com um incrédulo não é poluir, mas santiicar (1 Cor. 7:12-16). VejainCaroline Johnson Hodge,Harvard “Married to an Unbeliever: Households, Hierarchies and Holiness 1 Corinthians 7:12-16,” Theological Review 103, no. 1 (2010): 1–25. 38. Christine Hayes argumenta que Paulo está criando um novo tipo de impureza aqui, uma combinação de impureza ritual e impureza moral na tradição judaica. No caso desses gentios, o comportamento moral cria uma impureza contagiosa. Hayes chama essa inovação de “impureza carnal”. Veja Impurezas Gentias, pp. 92–98 . 166  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  corpos gentios são agora também o corpo judaico de Cristo. Paulo elabora sobre essa noção da emcompara Corinto constituindo de Cristoa na conhecida passagem de 1 Coríntios, na ekklesia qual Paulo os membros odacorpo comunidade partes do corpo, como mãos, orelhas e  pés (12:12- 26). Preenchidos com o pneuma de Cristo no batismo, esses corpos gentios sofreram uma transformação material que os torna o corpo judaico do messias de Israel. Benny Liew comenta sobre essa mistura multiétnica: “Paul está projetando aqui nada menos que uma substituição corporal inter-racial/étnica. . . O corpo coríntio. . . é, em outras  palavras, construído sobre e através de um 'outro' racial/étnic racial/étnico. o. . .”39 Crentes gentios habitam corpos racialmente mistos que precisam de proteção. Em vez de se tornar “uma só carne” com uma prostituta, Paulo exorta, torne-se “um só espírito” com o Senhor (1 Coríntios 6:17). Essa unidade pneumática com o Senhor em um corpo gentio resulta em uma identidade santa e mista. Gentios como parte da história de Israel 

 

Cada uma dessas duas linhas de argumentação, semente de Abraão e discurso de pureza, serve a um propósito retórico diferente. Em Gálatas, Paulo contesta a noção de que os gentiosem-Cristo devem guardar a Lei e usa o argumento da semente de Abraão para apoiar sua visão. Porque eles estavam “em” Abraão quando as promessas foram feitas, e antes que a Lei  fosse dada, os gentios-em-Crist gentios-em-Cristoo ainda são destinatários dessas promessas, apesar do fato de que os homens entre elesviver nãoessa são nova circuncidados. Em 1AoCoríntios, responde a ideias concorrentes concorrente s sobre como vida em Cristo. longo da Paulo carta, ele tenta controlar  os corpos corpos genti gentios, os, ped pedind indoo har harmon monia, ia, cooper cooperaç ação ão e 39. Lie Liew, w, Asi Asian an Ame Americ rican an Bib Biblic lical  al  Hermeneutics, Hermeneut ics, 106. 167  PAULO NO JUDAÍSMO autocontrole.40 Esses diferentes objetivos persuasivos são responsáveis, pelo menos em parte, autocontrole.40  pelas maneiras maneiras como Paulo retrata a ide identidade ntidade ge gentia ntia em ca cada da um. No entanto, noto algumas semelhanças intrigantes entre os dois. Ambos aplicam discursos étnico-raciais bíblicos – descendência e pureza – aos gentios-em-Cristo. Eles mostram que, como Israel, esses gentios estão incluídos no povo de Deus desde o início e são separados de outros out ros genti gentios os ao recebe receberem rem o esp espíri írito to san santi tiica icador dor no bat batism ismo. o. In Inere erente nte a ess esses es do dois is argumentos está a mistura: os gentios estão alojados na semente de Abraão, de modo que contam como seus descendentes, mas como descendentes gentios. E os corpos coríntios são eles próprios partes do corpo de Cristo, o messias judeu. Eles são habitados por seu pneuma.  Ambas as imagens mantêm juntas essas contradiçõe contradiçõess sem tentar resolvê-las. Em contraste marcante com os discursos étnicos de Esdras ou Jubileus, o tipo de mistura encarnada pelos  gentios-em-Cristoo é, segun  gentios-em-Crist segundo do Paulo, san santo. to.  Além disso, esse status misto de gentios não é negociável para Paulo. Ele argumenta argumenta inlexivelmente contra a posição de que eles devem guardar a Lei da maneira que os judeus  fazem (especiicamente, (especiicamente, a circuncisão homen homens), s),Deus comorequer outrosque parecem ter ensinado 1:6; 5:2-12). Pois na visão de Paulo, opara planoosmaior de os gentios adorem(Gl  o Deus de Israel como gentios, não como prosélitos ou qualquer outra coisa. Paulo se alia aqui com a expectativa escatológica judaica de que Deus estabelecerá seu reino para Israel e para as nações favorecidas. Como apóstolo dos gentios, ele se vê na tradição dos profetas que chamam os gentios a Jerusalém no Dia do Senhor, quando “todas as nações acorrerão [à casa do Senhor]” (Is 2:2). 41 Como Paula Fredriksen tem 40. Sobre esses temas, ver Margaret M. Mitchell, Paul and the Rhetoric of Reconciliation: An Exegetica Exegeticall Investigation of the Language and Composition of 1 Coríntios (Louisville: Westminster John Knox Press, 1991); Laura S. Nasrallah, An Ecstasy of Folly: Prophecy and Authority in Early Christianity (Cambridge: Harvard University Press, 2003), pp. 78–79; Johnson Hodge, “Casado com um incrédulo”. 41. Quando Paulo descreve seu próprio chamado de Deus em Gal. 1:15-16, sua linguagem ecoa de perto os chamados aos profetas Isaías e Jeremias (veja Isa. 49:1-6 e Jer. 1:5).

168

 

 A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  argumentou, esta tradição de peregrinação argumentou, peregrinação escatológica - tanto em Paulo como na literatura  judaica anterior - prevê gentios voltando-se para Deus como não-judeus, não como  prosélitos.42 Mark Nanos concorda e vê o conceito do Shemá como crucial para a compreensão de Paulo neste ponto.43 Se “o Senhor é Um”, como o Shemá airma, então ele é o Senhor de todos, não apenas de Israel. Paulo expõe essa lógica em Romanos 3:29-31 e, como argumenta Nanos, ela  fundamentaa a compreensão de Paulo sobre os planos de Deus para o futuro. Porque Deus é o  fundament único Deus de todos, quando Cristo retornar para estabelecer o reino de Deus, é necessário que Israel e os gentios adorem a Deus não como um povo, mas como povos separados – agora adorando juntos, como esperado na era esperada. Paulo é claro em Romanos 9-11, onde ele expõe este plano maior, que judeus e gentios permanecem separados. (Rom. 11:25-26).45   Assim, para Paulo Paulo há muito em jogo na pos posição ição especíica e ambígua ddos os gentios-em-Cr gentios-em-Cristo.46 isto.46 Repensando a pergunta Se minha análise mostrou mostrou que o retr retrato ato de Paul Pauloo dos gentios gentios como misto mistoss ou ambíguo ambíguoss faz  algum sen algum sentid tidoo em um contex contexto to jud judaic aicoo de 42. Fredr Fredriks iksen en,, "Juda "Judaism ism", ", 547 547;; ver ta també mbém m Eisenbaum, Paul Was Not A Christian, 96-98. 43. O Shema é uma oração judaica: “Ouve, ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é Um”. Ver  Mark D. Nanos, The Mystery of Romans: The Jewish Context of Paul's Letter (Minneapolis: Fortress Press, 1996), pp. 179–201; Nanos, “Paul and the Jewish Tradition: The Ideology of the Shema,”  em Celebrando Paulo. Festschrift em homenagem a Jerome Murphy-O'Connor, OP, e Joseph A. Fi Fitz tzmy myer er,, SJ, SJ, Séri Sériee de Mo Mono nogr gra aia ia Trim Trimes estr tral al Bí Bíbl blic icaa Ca Cató tóli lica ca 48 48,, ed ed.. Pe Pete terr Sp Spit ital aler  er  (Washington,, DC: Catholic Biblical Association of America, 2012), 62–80. (Washington 44. Johnson Hodge, If Sons, 137-48. Krister Stendahl chama esse arranjo de “plano de tráfego”  de Deus em Final Account: Paul's Letter to the Romans (Minneapolis: Fortress Press, 1995), 7. 45. Veja a pesquisa recente desta frase de James M. Scott, “'E então todo o Israel será salvo'  (Rom 11: (Rom 11:26) 26)”, ”, em Re Resta staura uração ção:: Antigo Antigo Tes Testa tamen mento, to, Per Perspe spect ctiva ivass Ju Juda daica icass e Cri Cristã stãs, s, Suplementos Suplement os ao Jornal para o Estudo do Judaísmo 72, ed. James M. Scott (Leiden: Brill, 2001), 491–92. 46. De acordo com essa ideia geral, Brent Nongbri argumenta em sua dissertação que os destinatários das cartas de Paulo são gentios que foram santiicados pelo pneuma no batismo, de modo que estão preparados para adorar no templo junto com Israel: “Paulo sem religião: A Criação de uma2008. Categoria e a Busca por um Apóstolo Além da Nova Perspectiva,” PhD diss., Yale University,

 

169 PAULO NO JUDAÍSMO expectativa,, ao mesmo tempo levanta alguns cuidados importantes sobre conceitos expectativa do identidade. Meu inicial   pergunta - quem quem são a  gentios? — ele próprio supõe que há uma resposta, que eles têm uma identidade identidade que pode ser  descoberta através de uma análise do texto.47 Sugiro dois problemas com essa suposição. Uma é que ela trai uma compreensão de identidade que talvez seja excessivamente simplista, na qual as pessoas mudam completamente de uma para a outra. Rogers Brubaker critica essa visão especialmente quando aplicada aplicada a grupos de pessoas, como grupos étnicos. Ele se opõe a uma suposição comum, ainda que ingênua, entre os estudiosos de que os grupos operam”. . . como se fossem grupos internamente homogêne homogêneos, os, limitados externamente, até mesmo atores coleti col etivos vos un unitá itário rioss com pro propós pósito itoss com comun uns.” s.”48 48 Evi Evidên dência ciass da an antro tropol pologi ogia, a, da ciê ciênc ncia ia cognitiva, de textos antigos, incluindo os discutidos aqui, sugerem uma dinâmica muito mais complexa em ação. Um segundo problema intimamente relacionado é que tal suposição confunde as estratégias do falante com uma descrição da realidade.50  As cartas, ainal, nos dão acesso à construção de Paulo sobre quem são os gentios. Como os estudiosos feministas há muito argumentam, sua retórica é prescritiva, não descritiva, e seu objetivo é persuadir os gentios a pensar e se comportar de certas maneiras. (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2004), 37 e passim, e Stanley K. Stowers, “The Concept of  'Comunidade' e a História do Cristianismo Primitivo”, Método e Teoria no Estudo da Religião  23 (2011): 238–56. 238–56. 48. Brubaker, Ethnicity Without Groups, 8, ver também 37. 49. Essa Essa co compl mplexi exidad dade inclui incdiferentes lui pes pessoa soas s que se ide identi ntiic am com vár vários ios gr grupo upos, s, Etnia ass assume umem m identidades parciais e etêm interpretações deicam quem são. Veja Brubaker, sem

 

Grupos,, esp Grupos esp.. 64–87; 64–87; Sta Stanle nleyy K. Stowe Stowers, rs, “Ti “Tipos pos de Mit Mito, o, Ref Refeiç eições ões e Pod Poder: er: Paulo e os Coríntios”, em Redescrevendo Redescrevendo Paulo e os Coríntios, eds. Ron Cameron e Merrill Miller (Atlanta: Society of  Biblical Literature, 2011), 105–49. Para visões compatíveis sobre as atividades de formação e deinição de grupos cominlinguagem étnica e(Nova racial,York: veja Columbia Denise Kimber Buell,Press, Why 2005). This New  Race: Ethnic Reasoning Early Christianity University 50. Brubaker, Ethnicity Without Groups, 9. A erudição sobre Paulo tem sido vulnerável a esse deslize, onde a retórica persuasiva de Paulo foi tomada como informação neutra e coniável  sobre seu público e contexto. 170  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  eles mesmos e seus relacionamentos com Paulo e uns com os outros podem ter pouco a ver  com as categorias de Paulo. P aulo. Em vez disso, Brubaker argumenta que a identidade étnica deve ser vista como um processo, uma perspectiva sobre o mundo, em vez de uma coisa que existe independentemente dos argumentos humanos. Assim, é importante repensar a questão: em vez de perguntar quem são os gentios, é mais proveitoso perguntar que tipo de trabalho a retórica étnico-racial – ou qualquer tipo de airmação sobre identidade – faz. Brubaker oferece uma linguagem diferente  para sinalizar essa perspec perspectiva: tiva: em vez de usar “ide “identidade”, ntidade”, ele propõe ““identiicação identiicação”  ”  e “categorização”, ambas derivadas de formas verbais e nos lembram que comentários sobre identidade são atos de criação de identidade. e clientes, associações, bairros, grupos de artesãos, cultos religiosos, mercados etc.53 Pensar a identidade como uma prática baseada na identiicação e categorização permite dar conta dessa grande variedade. No mundo antigo, a linguagem étnico-racial é frequentemente empregada em práticas de criação de identidade, um discurso que Denise Buell chama de “raciocínio étnico”. no tempo de Paulo. A linguagem das pessoas é útil para “projetos de formação de grupos”. 51. Aqui cito apenas algumas monograias em uma vasta bibliograia: Elisabeth Schüssler  Fiorenza, In Memory of Her: A Feminist Theological Reconst Reconstruction ruction of Christian Origins (Nova York: Crossroad, 1983); Elizabeth Castelli, Imitating Paul: A Discourse of Power (Louisville: Westminster John Knox, 1991); Margaret Y. MacDonald, Early Christian Women and Pagan Tradition: The Power of the Hysterical Woman (Cambridge: Cambridge University Press, 1996); Ross Shepard Kraemer e Mary Rose D'Angelo, eds., Women and Christian Origins (Nova York: Oxford University Press, 1999). 52 52.. Br Brub ubak aker er su suge gere re três três grup grupos os de pa pala lavr vras as qu quee po pode dem m su subst bstit itui uirr “i “ide dent ntid idad ade” e”:: 1) iden identiic tiicação açãoe ee grupalidade cate categoriz gorização ação, , 2) sem autocomp autoGrupos, compreen reensão são e loca localizaç lização ão socia social,l, 3) semelhan semelhança, ça, conectividade conectividad ( Etnia 41-48).

 

53. Stanley K. Stowers, “Conceito de Comunidade Comunidade”, ”, 249–50. 54. Buell, Por que esta nova raça. 55. Frase de Brubaker de Ethnicity Without Groups, 13–14. 171 PAULO NO JUDAÍSMO Essa mudança em nossa pergunta nos ajuda com o tratamento de Paulo aos gentios-emCristo, como ilustra um exemplo inal do texto de Paulo. Em Gálatas 3:28, Paulo sugere uma unidade radical entre os diferentes grupos que pertencem a Cristo, incluindo judeus e gregos, “porque todos vocês são um em Cristo”. Em seu próprio projeto de formação de grupos, Paulo os exorta a se unirem em torno da categoria de estar “em Cristo”, que tanto judeus quanto  gentios teriam entendido como uma posição judaica. Mas, como argumente argumenteii acima, ele o faz  en enqu quan anto to in insi sist stee que que os ge gent ntio ioss pe perm rman aneç eçam am ge gent ntio ios. s. Pa Paul uloo nã nãoo es está tá pe pedi dind ndoo uma uma transformação étnica de não-judeu para judeu. Em vez disso, ele argumenta que os gentios adotam atributos judaicos, mas permanecem gentios. Pense nas diferenças de estar “em Cristo” para gentios e judeus. Os judeus não cruzam  fronteiras étnicas em virtude de seu compromisso com Cristo; eles não mudam seu Deus, sua ascendência ou seus costumes ancestrais. Os gentios o fazem.56 Assim, dentre as várias  pessoas identiicadas identiicadas como descenden descendentes tes — os ggentios entios em Crist Cristoo (Gl 3:8, 29) os judeus (R (Rm. m. 4:12), Paulo (2 Cor. 12:2), Jesus (Gal. 3:16) — os gentios são aqueles para quem isso implica uma identidade étnica híbrida. Para estar em Cristo, os gentios abandonam seus deuses e  práticas religiosas, professam professam lealdade ao Deus de Israel, aceitam o messias, as Escrituras e a ascendência de Israel. Todos esses são marcadores étnicos judeus, mas os gentios não se tornam judeus. Eles são colocados na semente de Abraão como gentios e permanecem gentios, de um tipo especial, depois de serem santiicados pelo batismo. Esse status complexo e misto para gentios-em-Cristo é crucial para o argumento de Paulo: sua separação é necessária para o plano de Deus para Israel, como Paulo o vê. É impressionante que com toda a conversa de Paulo sobre transformação e renovação (por  exemplo, em 2 Coríntios 5:17 e Gálatas 6:15), ele não deine claramente o que os gentios se tornaram. Os estudiosos há muito fornecem 56. Para mais discussão sobre esse argumento, veja Johnson Hodge, If Sons, 125-35. 172  A QUESTÃO DA IDENTIDADE  IDENTIDADE  “cristão” para preencher esse vazio. Mas isso perde todo o ponto. Uma exploração de como

Paulo retrata os gentios nos ajuda a ver essas cartas não como documentos fundadores de

 

uma nova religião, mas como esforços de um judeu iel para desempenhar seu papel na narrativa mais ampla da redenção de Israel. 173 6  A Questão da Adoração: Deu Deuses, ses, Pagãos, e a redenção de Israel  Paula Fredriksen  As convicções de Paulo sobre o alvorecer iminente do reino de Deus o colocam seguramente dentro do mundo da esperança apocalíptica judaica tardia do Segundo Templo. Mas a tradição bíblica de Paulo era grega, não aramaica ou hebraica. Sua audiência — ao contrário da de Jesus e dos primeiros discípulos — era pagã, não judia.1 E ele estendeu seu evangelho baseado no tempo sobre a estrutura espacial fornecida pelo mapa do cosmos da antiguidade. O universo de Paulo, resumo, era anacrônica muito maiorpara – etnicamente, 1. “Pagão”, um no neologismo cristão do século IV, em é uma palavra traduzir ethnē. Eu o uso, entanto,  para comunicar a conexão da etnicidade etnicidade com a divindade: os não-judeus, como os judeus, nasceram em obrigações para com seus deuses. A tradução “gentio” apaga confusamente essa conexão. A discussão mais adiante neste escrito esclarecerá ainda mais esse ponto. 175  PAULO NO JUDAÍSMO  geograicamente, celestialmente,  geograicamente, celestialmente, teologicame teologicamente nte - e muito mais populoso do que o do  primeiro movimento, e do próprio Jesus. Jesus de Nazaré parece ter lutado principalment principalmentee contra demônios locais, indutores de doenças.2 Paulo (como o Cristo ressuscitado) combateu  forças cósmicas: daimonia (pelo qual Paulo queria dizer deuses deuses pagãos), stoicheia, archontes, archontes, exousiai, theoi e kurioi, “o deus deste aion.”3  A situação na terra era como no céu: esses deuses também habitavam densamente a cidade antiga, estruturando o tempo, o espaço e as relações sociais humanas. Festivais dedicados, celebrando épocas e dias consagrados aos divinos patronos celestes e imperiais, pontuavam o ano cívico. Os locais dessas celebrações — o teatro, o circo, o estádio, o aniteatro — continham altares e imagens desses deuses. Os calendários domésticos e o espaço doméstico replicavam em miniatura essas estruturas cívicas, onde as celebrações da família – casamentos, gênio do pater, passagem de uma criança para a vida adulta – também invocavam e honravam divindades presidentes.4 Os deuses estavam em toda parte, não apenas no público e no privado. ediícios de municípios an antig tigos, os, mas tam também bém em ins insígn ígnias ias de car cargos gos,, em pad padrõe rõess mil milita itares res,, em jur jurame ament ntos os e

contratos solenes, em bênçãos e exclamações vernáculas, e 2. Depois de enfrentar Satanás no

 

deserto, Jesu deserto, Jesuss conf confront rontaa prin principal cipalment mentee demô demônios nios ou espí espíritos ritos imundos que cau causam sam ou doença ísica (por exemplo, Marcos 1:23-27, 32, 34, 39; 3:11-12, 22; 5:2-16, cf. 6:7, 13; 7:13 29; 9:17 -29, 38). 3. Arcontes, exousiai, dunameis, 1 Cor. 2:8, 15:24; daimonia, 1 Cor. 10:21, cf. Ps. 95:5 lxx; stoicheia, Gal. 4:8-9; theos deste mundo, 2 Cor. 4:4; theoi e kurioi, 1 Cor. 8:5. Veja mais James D. G. Dunn, The Theology of Paul the Apostle (Grand Rapids: Eerdmans, 1998), 33-38, 104-10, sobre as referências de Paulo a deuses e poderes celestiais; Paula Fredriksen, Sin: The Early  History of an Idea (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2012), 50-57, sobre arquitetura cósmica e seu impacto na teologia de Paulo, sua retórica e suas ideias sobre redenção. Mais adiante na genealogia dessas divindades inferiores, veja Dale Martin, “When Did Angels Become Demons?”  Revista de Literatura Bíblica 129, não. 4 (2010): 657–77. 4. Caroline Johnson Hodge, “'Married to an Unbeliever': Households, Hierarchies and Holiness in 1 Cor Corint inthia hians ns 7:1 7:12-1 2-16,” 6,” Harvar Harvardd The Theolo ologic gical al Re Revie view w 10 1033 (20 (2010) 10):: 1–2 1–25, 5, exp explor loraa as complicações que o culto doméstico causaria para esposas crentes casadas com maridos incrédulos. Além disso, sobre a adoração do gênio divino da família, ver Michael Peppard, The Son of God in the Roman World (Nova York: Oxford University Press, 2011), 39, 43, 63-66, 113-15. 176  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO ao longo dos currículos dos instruídos. Era impossível viver em uma cidade greco-romana sem viver com seus deuses.5  Esse ambiente congestionado por Deus, cívico e cósmico, era a matriz da missão de Paulo.  Assim como Paulo trabalhou com comunidade comunidadess pagãs, ele também trabalhou com – ou melhor, contra – seus deuses. Assim, tanto ele quanto sua ekklēsiai tiveram que lidar com a ira divina, porque Paulo insistiu que estar “em Cristo” exigia que essas pessoas retivessem o culto a seus deuses. Mas por que Paulo exigiria isso? O que essa reorientação ritual pagã tem a ver  com a convocação de Paulo para “justiicação pela fé”? E, inalmente, o que esses deuses e seus humanos têm a ver com a salvação de “todo o Israel” (Rm 11:26)?  Muito em todos os sentidos. Deuses e seus humanos na cidade antiga

Estamos tão acostumados a saber que os “gentios”, para ingressar neste novo movimento messiânico, tiveram que renunciar ao culto dos “pagãos” 

 

deuses, que facilmente deixamos de ver que ideia estranha era essa, tanto no contexto da cidade antiga quanto no contexto das comunidades judaicas da diáspora. Nosso próprio vocabulário mina nossos esforços para ver claramente sua estranheza estranheza.. O inglês moderno usa duas palavras, gentios e pagãos, onde o grego em que ambos repousam tem apenas uma, ta ethnē, “as nações”. E as duas palavras inglesas diferentes têm conotações diferentes. diferentes. Gentile refere-se à etnia: a pessoa não é judia. Pagão refere-se à religião: a pessoa não é judia nem cristã. Mas esta 5. Minha descrição se baseia particularmente nas fulminações de Tertuliano in de spectaculis e in de idololatria. Os rabinos palestinos não estavam menos cientes dos deuses e de seu peso de arremesso cívico: m. Avodah Zarah 1:3 nomeia as calendas (um festival de inverno oito dias após o solstício), a Saturnália (oito dias antes do solstício de inverno) e os kratasis (dias que celebram a ascensão imperial ao cargo), bem como os dias de nascimento e morte imperiais como “as festas dos gentios”; veja esp. Fritz Graf, “Roman Festivals in Syria Palestina,” The Talmud Yerushalmi and GreecoRoman Culture, ed. Peter Shäfer (Tübingen: Mohr Siebeck, 2002), 435–51. 177  PAULO NO JUDAÍSMO  A distinção entre etnia e religião conjurada por gentios/pagãos gentios/pagãos não é nativa das antigas culturas mediterrâneas, onde deuses e humanos formavam grupos familiares. As conexões entre o céu e a terra foram coniguradas precisamente em linhas étnicas. Do micronível da  família ao macronível da cidade, deuses antigos corriam no sangue.6 O que chamamos de “religião” povos antigos construídos como herança: mos maiorum, ides patrum, ta patria ēthē , paradoseis t.n patrikon (este último de Paulo, Gal. 1:14). “Religião” como uma categoria separável e separada da própria “família” – casa para império – não existia. Finalmente, gentio versus pagão mascara o grau em que não apenas os lares, mas também as Finalmente, cidades eram instituições religiosas baseadas na família.7  Os laços de relações de “sangue” uniam os cidadãos de uma cidade entre si e também com seus deuses. Às vezes, esses vínculos eram conigurados como descendência real, por meio da quall a desce qua descendê ndênc ncia ia de um aco acopla plamen mento to divino divino/hu /human manoo pri primor mordia diall con confer feria ia sta statu tuss se semi midi divi vino no a um go gove vern rnan ante te mu muit itoo po post ster erior ior.. : Di Dipl plom omat atas as hele helení níst stic icos os e ro roma mano nos, s, negocian nego ciando do trat tratados ados entre entre cida cidades, des, estabelec estabeleceriam eriam pare parentes ntesco co comp comparti artilhado lhado,, traç traçado ado através de linhas de descendência de um deus ou de sua descendência. Este antigo vínculo de “sangue” compartilhado

 

6. Peppard, Filho de Deus, 60-67, explora as maneiras pelas quais o imperador Augusto, ao se  posicionar como pater familias do império, construiu uma relação familiar entre ele e os outros no mundo romano, espalhando assim o culto de seu gênio . Desta forma, o próprio império tornou-se uma instituição religiosa de base familiar. 7. Sobre oEssays culto in familiar, verofJonathan Smith, “Here, There, and Anywhere”, em Relating Religion: the Study Religion Z. (Chicago: University of Chicago Press, 2004), 323–39; e os ensaios em Household and Family Religion, ed. John Bodel e Saul M. Olyan (Malden, MA: Blac Bl ackw kwel ell,l, 20 2008 08). ). Sobr Sobree a co cons nstr truç ução ão cí cívi vica ca dos dos laço laçoss de sa sang ngue ue,, ve verr es espe peci cial alme ment ntee Christopher P. Jones, Kinship Diplomacy in the Ancient World (Cambridge, MA: Harvard  University Press, 1999). 8. Deste modo, Alexandre o Grande “desceu” de Héracles, e a casa Juliana, via Enéias, de Vênus. Sobre o status de Otaviano como “ilho de Deus”, ver Peppard, Son of God, 46-48. Mais metaforicamente, os judeus mobilizaram a mesma ideia para descrever a relação entre seu deus e os governantes da casa de Davi, por exemplo, Ps. 2:7; 2 Sam. 7:12, 14. Sobre Israel como  ilho de Deus, Deus, por exemp exemplo, lo, Êx. 4:22; Je Jer. r. 31:9; ROM. 9:4. 178  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO acordos atuais estabilizados. Os povos antigos construíam tão concretamente essas relações que os judeus helenísticos, cujo deus não deixava ilhos da mesma forma que os deuses gregos, tivera tiv eram m que lut lutar ar para para entra entrarr no sis siste tema. ma. Fiz Fizera eram-n m-noo mob mobili ilizan zando do a des desce cend ndênc ência ia dos  patriarcas: desta forma, através do casamento de Héracles com uma neta de Abraão, estabeleceram estabelece ram a syngeneia (“parentesc (“parentesco”) o”) entre Esparta e Jerusalém.9  A força dessa associação associação familiar de deuses e cida cidadãos dãos explica dua duass observações interessantes interessantes  feitas sobre os judeus alexandrinos do primeiro século. Apion, na esteira do tumulto de 39 dC, reclamou: “Se os judeus desejam ser cidadãos de Alexandria, por que eles não adoram os deuses alexandrinos?” A iliação ao corpo cidadão implicava imediatamente essa conexão divino/humana.10 divino/humana .10 O autor de Atos, por outro lado, notando a cidade natal de Apolo, descreveo com intrigante incoerência como “um certo Ioudaios . . . um alexandrino por genos” (Atos 18:24). Genos (“raça”), como ethnos (“povo”), e como o latim natio pelo qual às vezes foi traduzido, comunica uma conexão “nascimento”/“sangue”. Ioudaios (“judeu” ou “judaico”) e  Alexandreus (“alexandrino”), (“alexandrino”), do dois is genē diferentes, são noc nocionalmente ionalmente mutu mutuamente amente exclus exclusivos. ivos. Isso acontece não só quando q uando “família” foi construída biologicamente (quantos conjuntos diferentes de pais biológicos alguém tem?), mas também, dadas as peculiaridades do deus judeu, quando “família” foi constr con struíd uídaa teo teolog logica icamen mente. te. (O 9. “Dep “Depois ois de ler um certo certo docume documento nto”, ”, an anun uncia cia um rei espartano ao sumo sacerdote judeu, “descobrimos que judeus e lacedemônios [espartanos] são de um genos e compartilham uma conexão com Abraão”, 1 Macc. 12 :21. Esta suggeneia

também aparece em 2 Macc. 5:9 e em Josefo, Ant. 12.226; para a união de Héracles com a neta de Abraão, Ant. 1.24-41. Análise desta tradição em Jones, Kinship Diplomacy, 72-80; Erich

 

Gruen, “Jewish Perspectives on Greek Ethnicity”, em Ancient Perceptions of Greek Ethnicity, ed. I. Malkin (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2001), 347–73, em 361–64. idéia de  Abraão como “o pai de muitas nações”, Rm 4:11-18; Gl 3:7-14; cf. Gn 17:5; Stanley Stowers, A Rereading of Romans (New Haven, CT: Yale University Press, 1994), 227-50. 10. Ag. Ap. 2,65; cf. as queixas semelhantes de cidades na Ásia Menor do primeiro século, Ant. 12.126. 179 PAULO NO JUDAÍSMO O deus judeu exigia que seu povo o adorasse sozinho; Os deuses alexandrinos eram mais complacentes.) complacent es.) No entanto, tão forte é a construção “genética” “genética” de cidadania na cultura de Lucas que ele apresenta Apolo como ambos.  A estranha declaração declaração de Lucas, no entanto, entanto, faz um ponto importante: os judeus se encaixam, encaixam, eassebeia se encaixam bem,(ateísmo, em suas que cidades da diáspora.12 Os autores clássicos reclamaram da dos judeus signiica recusa em adorar os deuses), sua separação e sua  falta de sociabilidade. Mas esses autores também repetem muitas das mesmas queixas sobre outros grupos étnicos: os etnógrafos antigos parecem não ter gostado muito de outras etnias. 13 Nossas evidências de inscrições e a vasta produção de literatura judaica helenística contam uma história diferente. Os judeus helenísticos dominavam o currículo das escolas, valendo-se da educação gymnasia (o que signiica que como ephebes, portanto, cidadãos em  formação, eles estavam ativamente ativamente envolvidos em honrar os deuses da cidade). Eles serviram como soldados e generais em exércitos estrangeiros, e como vereadores em suas cidades de residênci resid ência. a. Eles ina inancia nciavam vam litu liturgias rgias pagã pagãss e, quan quando do alfo alforriav rriavam am escravos escravos,, ded dedicava icavam m inscrições ao seu próprio deus enquanto invocavam deuses gregos também. etnia são luidas e  ixas. Outra interpretaç interpretação ão possível do fraseado de Lucas aqui seria que Apolo era um pagão alexandrino convertido ao judaísmo, mas em outro lugar, passim, Atos designa essas pessoas  prosēlytoi. 12. A revisão mais recente da aculturação da diáspora judaica ao helenismo é René Bloch, Moses und der Mythos (Leiden: Brill, 2010); antes dele, Erich Gruen, Diáspora: judeus entre  gregos e romanos romanos (Cambridge, MA: Harvard Universit Universityy Press, 2002), e John Ba Barclay, rclay, judeus na diáspora mediterrânea (Edimburgo: T & T Cark, 1996). Materiais de inscrição são reunidos, organizados e analisados em Margaret Williams, Jews Among the Greeks and Romans: A Diasporan Sourcebook (Baltimore: Johns Hopkins Press, 1998); Irina Levinskaya, The Book of   Acts in its Diáspora Setting (Grand Rapids: Eerdmans, 1996); também Terence Donaldson,  Judaism and the Gentile Gentiless (Waco, TX: Baylor Univers University ity Press, 2007 2007), ), 437-66. 13. Benjamin Isaac, The Invention of Racism in Classical Antiquity (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2005), fornece um levantamento exaustivo dessa literatura, dividido por 

alvos étnicos (góticos, citas, persas, celtas e assim por diante) .

 

14. As inscrições do século I dC listando os nomes dos efebos em Cirene (Jesus ilho de Antíilo e Eleazar ilho de Eleazar) são dedicadas aos deuses do ginásio, Hermes e Héracles, conforme observado por Barclay, Mediterranean Diaspora, 235; sobre efebos judaicos e participação em 180 cívicos  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO os judeus viviam dentro de uma instituição religiosa pagã; e eles evidentemente encontraram maneiras de negociar entre a demanda de seu próprio deus por adoração exclusiva e as exigências regulares do antigo Mediterrâneo. amizade, lealdade,  patrocínio/clientela,  patrocínio/clie ntela, e cidadania onde quer que vivessem.15  Os judeus encontraram esses deuses não apenas em suas cidades, mas também em suas  próprias Escrituras, Escrituras, onde o ddeus eus de Israe Israell é louvad louvadoo “entre os ddeuses” euses” (p. 82:2; 97:7; 136:2; 2 Cron. 2:5; Êxodo 15:11; cf. Êxodo 12:12; É um. 46:2; Jer. 46:25; Microfone. 4:5). É verdade que a Bíblia execrava a adoração das imagens desses deuses, mas a imagem de um deus não é a mesma coisa que o próprio deus. Qualquer  humano pode destruir um ídolo; nenhum humano pode destruir um deus. Um ídolo pode ser  “nada”, mas um deus deinitivamente é algo. Os judeus encontraram maneiras de subordinar  esses outros seres ao deus de Israel, seja explicando sua existência como anjos errantes (ou híbridos angélicos, Gn 6:5) ou como poderes de baixo nível, daimonia (Sl 95:5). lxx), que, em última análise, dependia do deus de Israel para sua própria existência.16 A Septuaginta parecia aconselhar a mostrar a vida desses poderes, além disso, 232-36; na inscrição de Moschos Ioudaios no templo de dois deuses locais, Emil Schürer e Geza Vermes et  al., History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ (Edimburgo: T & T Clark, 1973–87), 3:65 ( doravante citado como HJP). Pothos ilho de Strabo abre a inscrição que registra a alforria de sua escrava Chrysa “na casa de oração”  invocando “o deus altíssimo todo-poderoso, o abençoado”, e termina em “Zeus, Gaia e Helios”. Qual é a etnia deste doador: judeu ou pagão? Veja Levinskaya, Atos, 111–16, com o texto completo da inscrição na p. 239, e cfr. Lee Levine, The Ancient Synagogue (New Haven, CT: Yale University Press, 2000), 113–23. Mais sobre judeus como efebos, vereadores e oiciais de ex exér érci cito toss pa pagã gãos os,, ve veja ja Wi Will llia iams ms,, Je Jews ws Am Amon ongg Gr Gree eeks ks an andd Ro Roma mans ns,, 10 107– 7–31 31.. So Sobre bre o

 inanciamento judaico de liturgias pagãs, HJP 3:25 (Niketas); sobre a generosidade de  inanciamento Herod He rodes es par paraa ati ativid vidade adess pagãs, pagãs, Josefo Josefo,, Ant. Ant. 16. 16.136 136-14 -149; 9; dis discus cussão são ad adici iciona onall em Paula Paula

 

Fredriksen, “Judaizing the Nations: The Ritual Demands of Paul's Gospel,” New Testament  Studies 56 (2010): 232–52, em 236f. Apesar das queixas dos etnógrafos, os judeus da diáspora diicilmente deixavam deixavam de se envolver com os deuses. 15. Uma lei romana do inal do século II explicitamente dispensava os decuriões judaicos das liturgias que “transgridem sua religião [superstitionem eorum]”, Digest 50:2:3:3; veja Amnon Linder, The  Jews in Roman Imperial Legislation (Detroit, MI: Wayne State University Press, 1987), 103106. Sem dúvida havia um grande grau de diversidade: os arranjos provavelmente teriam variado entre diferentes comunidades, e provavelmente até certo ponto entre indivíduos dentro de uma determinada comunidade, ou, para olhar o caso de Philo, entre indivíduos dentro de uma determinada família judia. 16. Sobre a multiplicidade de divindades situadas abaixo do deus supremo dos judeus, ver a literatura citada no n. 3 acima; ver também Pieter van der Horst, “'Tu não injuriares os deuses': The lxx 181 PAULO NO JUDAÍSMO algum respeito: “Não insulte a nós, os deuses” (Êx 22:28 lxx). O ilóso ilósofo fo ju judeu deu Filo, Filo, comen comentan tando do est estee versíc versículo ulo,, ta també mbém m acons aconselh elhou ou o res respei peito to pel pelos os  governantess pagãos que são “da mesma sement  governante sementee que os deuses” (Pergunt (Perguntas as e Respostas sobre Êxodo 2.6); enquanto em outro lugar, interpretando o Gênesis, ele designou os corpos celestes criados por Deus como theoi, “deuses” (Sobre a Criação 7.27). O antigo monoteísmo judaico, em suma, acomodava um grande número de outras divindades — na visão judaica, menores. Os pagãos que viviam com os judeus, por sua vez, encontraram o deus judeu e encontraram várias maneiras de mostrar respeito a ele. A forma mais extrema (e por isso, provavelmente a mais rara) foi tornando-se um “ex-pagão”, o que os modernos chamam de “conversão”. Dada a inserção étnica da divindade na antiguidade, o termo e o fenômeno diicilmente fazem sentido. laços com seu próprio  panteão, família e pátria. Por essas razões, algumas testemunhas testemunhas pagãs hostis consideraram o que chamamos de “conversão” um ato de traição cultural.18 Tradução de Êxodo 22.28 (27), seus antecedentes e inluência”, Studia Philonica 5 (1993): 1– 8; também Annette Y. Reed, Fallen Angels and the History of Judaism and Christianity  (Cambridge: Cambridge University Press, 2005). 17. Estudiosos do século XX argumentaram que os judeus helenísticos realizavam missões  para converter pagãos ao judaísmo: James Parkes, Bernhard Blumenkranz e Marcel Simon con conjet jetura uraram ramda que a riv rivali alidad dadee cristã entre entre adversus missõe missõess judaeos. cristã cristãss ePara jud judaic aicas asrevisão era res respon ponsáv sável el pel pelaa vituperação retórica e teologia uma e uma refutação

desta posição acadêmica, Paula Fredriksen, “What 'Parting of the Ways?'” in The Ways That 

 

Never Parted, ed. Adam Becker e Annette Y. Reed (Tübingen: Mohr Siebeck 2003), 35–63, 48– 56; sobre as confusões com o uso do termo “conversão” dada a correspondência entre etnia e divindade na antiguidade, antiguidade, ver Paula Fredriksen, “Mandatory Retireme Retirement: nt: Ideas in the Study of  Christian Origins Whose Time Has Come to Go,” Studies in Religion/Science Religion/Sciencess Religieuses 35  (2006): 231–46. 18. Juvenal reclama das consequências de um pagão guardar o sábado: eventualmente, seus  ilhos “não adoram nada além das nuvens e da divindade do céu, não vêem diferença entre comer carne de porco . . . e a de um homem; e com o tempo eles levam à circuncisão”, após o que eles “zombam das leis de Roma, e aprendem, praticam e reverenciam a lei judaica, e tudo o que Moisés transmitiu . . .” Sentado. 15.96-106, analisado em Menachem Stern, Greek and  Latin Authors on Jews and Judaism (Jerusalém: Magnes, 1980), 2:94-107; também as queixas de Tácito 182  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO  Análogos romanos existiam: tanto a adoção quanto o casamento criavam ritualment ritualmentee um vínculo de parentesco (legal, mas ictício), obrigando o adotado, ou a esposa, a novas divindades, rituais e ancestrais.19 “Tornar-se” um judeu ocorreu; e como o judaísmo era conhecido por ser ancestral e antigo — dois critérios essenciais de culto respeitável — a maioria dos pagãos, apesar da desaprovaçã desaprovação, o, em geral tolerava tais transições. Mais convencionalmente, convencionalmente, no entanto, os pagãos poderiam simplesmente “visitar com”   judeus e, portanto, com seu deus. Antes de 66 dC, eles viajavam para o templo em Jerusalém, onde o maior pátio estava reservado para eles.20 E em suas próprias cidades, eles podiam e realmente apareciam na “casa de leitura étnica” de seus vizinhos: os pagãos frequentavam as assembléi asse mbléias as da diáspora. diáspora.21 21 Embora Embora o term termoo é atua atualmen lmente te cont contesta estado, do, desi designar gnarei ei esses esses visitantes pagãos como “tementes a Deus”. Livres para observar tanto ou tão pouco os costumes judaicos que quisessem – livres, de fato, para continuar adorando seus próprios deuses – os pagãos tementes a Deus variavam em um amplo espectro de ailiação, de contato ocasional, talvez casual, a grande beneicência e patrocínio, à suposição de algumas práticas ancestrais judaicas.22 O ponto, para o presente propósito, é observar sobre a deslealdade de um convertido aos deuses, à pátria e à família, História 5.5, 2; cf. A observação de Celsus em Cels. 5.41. Sobre a variedade de visões judaicas antigas sobre a circuncisão de pagãos e “conversão”, ver mais recentemente Matthew Thiessen, Contesting Conversion: Genealogy, Circumcision, and Identity in Ancient Judaism and Christianity (Oxford: Oxford University  Press, 2011). 19. “Convém que uma esposa adore e conheça apenas os deuses que seu marido estima”, Plutarco, Mor. 140D. Sobre os protocolos da adoção romana e as maneiras pelas quais o novo  ilho se envolve envolve com seu panteão adot adotivo, ivo, veja Pepp Peppard, ard, Son of G God, od, 50-60.

 

 20. Sobre o layout do templo de Herodes e as maneiras pelas quais ele poderia acomodar um  grande número de visitantes, veja EP Sanders, Judaism: Practice and Belief, 63 aC-66 dC  (Philadelphia: Trinity Press International, 1992), 55-76 . A parede que demarcava o maior   pátio externo se estend estendia ia por nove dé décimos cimos de mil milha. ha.  21. A frase éCambridge de FrancesUniversity Young, Biblical Exegesis thea ampla Formation of Christian Culturee (Cambridge: Press, 1997), 13. and Sobre dispersão de sinagogas seus vestígios arqueológicos, Levine, Ancient Synagogue; também Gruen, Diáspora, 105-32. Sobre a gama de ailiações pagãs, Fredriksen, “Judaizing the Nations”, 238–39 e nn; sobre benfeitores pagãos, Levine, Ancient Synagogue, 111, 121, 479-83.  22. Termos traduzidos como “temente a Deus” (theosebes et sim.) às vezes podem signiicar  simplesmente “piedoso” e, portanto, não têm nada a ver com o tipo especíico de atividade multié mul tiétn tnica ica que foc focoo aqu aqui; i; vej vejaa Jud Judith ith Lieu, Lieu, “A raç raçaa dos temen tementes tes a De Deus” us”,, Jou Journa rnall of  Theological Studies 46 (1995): 483-501; 183 PAULO NO JUDAÍSMO que tais arranjos eram ad hoc, voluntários e inclusivos: os pagãos estavam presentes nas comunidades da sinagoga como pagãos. Tais arranjos lexíveis para judaização voluntária eram evidentemente confortáveis para todos, judeus e pagãos. De fato, fazia sentido político eminente para os judeus da diáspora encorajar o interesse e solicitar o patrocínio de simpatizantes de fora, que representavam a maiori mai oriaa cul cultur tural al (po (porta rtanto nto rel religi igiosa osa)) muito muito mai maior or em sua suass cid cidad ades es de res residê idênc ncia. ia. Tão duradouro e estável foi esse “hábito da sinagoga” urbano que, durante séculos após a vida de Paulo, gentios, sejam pagãos ou cristãos, continuaram a aparecer. Testemunhas cristãs hostis, como seus predecessores pagãos, reclamaram reclamaram por sua vez, agora criticando os judeus por não  pressionarem os pagãos interessados a se converterem. Os bispos izeram o mesmo ponto de  forma diferente: diferente: denuncian denunciando do amargament amargamentee a presença ccristã ristã nas sinagog sinagogas, as, eles em nenhum nenhum lugar reclamam que os judeus tentaram converte converterr esses cristãos ao judaísmo.23 No primeiro século, essa população inconstante de forasteiros interessados na sinagoga teria  fornecido a Paulo Paulo a maior parte de seu seu público-alvo: pa pagãos gãos ativos24 que, que, mais recentemente, recentemente, estavam interessados interessados em Ross Kraemer, “Giving the Godfearers”, Journal of Ancient Judaism 1 no. 1 (próximo 2014). Agradeço ao professor Kraemer por compartilhar comigo uma versão pré publicação de seu artigo, que inclui uma valiosa revisão especialmen especialmente te das evidências epigráicas. Kraemer parece preocupado em refutar “temente a Deus” como uma “categoria abrangente, estática” e “técnica”, um termo com “signiicado técnico preciso”, que não é seu uso atual. Como Levinskaya observou em 1996, o pagão temente a Deus era “uma categoria ampla e solta”, não uma designação técnica para um grupo claramente demarcado ou deinido, Book of Acts, 79. Veja também Fredriksen, “Judaizing”, 237–40

e nn.

 

 23. Sobre a presença contínua de não-judeus tanto pagãos quanto cristãos em assembléias  judaicas, Paula Fredriksen e Oded Irshai, “Christian Anti-Judaism: Anti-Judaism: Polemics and Policies, from the Second to the Seventh Centuries”, Cambridge History of Judaism, ed. Steven T. Katz  (Cambridge: Cambridge University Press, 2006), 4:977-1034, 985-98. Comodiante repreende os judeus por não tentarem converter o simpatizante pagão ( medius Iudeaus), Instructiones 1. 1.37 37,gregaç , 11-10 10.ões . As- am amar arga gas s te quei queixa xas de huma Cris Crisós ósto molamaçã sobr soação breeo asob juda jure daiz izaç ãoseliti de su suas as ju pr próp ópri rias ascon congre gações junta juntamen mente co com ms nen nenhum a tomo rec reclam sobre o ação pro prosel itismo smo judai daico co aparecem em seus infames sermões de 387, Discourses against judaizing Christians, in Fathers of the Church 68, trad. Paul W. Harkins (Washington, DC: Catholic University Press of   America, 1999). As condenaç condenações ões dos concílios episcopais preservam um registro da  judaização voluntária cristã: material coletado e analisado em Amnon Linder, judeus nas  fontes legais legais do início ddaa Idade M Média édia (Detroit (Detroit,, MI: Wayne State Univers University ity Press, 1997). 1997). 184  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO algum grau no deus judeu, e que tinha algum tipo de familiaridade, através da escuta, com a Bíblia.25 “Filho de Davi”, “christos”, “reino de Deus”, a Lei”, “os mandamentos”, “os profetas”, “Jerusalém”, “Abraham” e assim por diante já teriam signiicado algo para eles. E é por causa desse público-alvo que Paulo teria encontrado resistência, ressentimento ressentimento e oposição. De quem? Se pudermos extrapolar da lista de infortúnios de Paulo em 2 Coríntios 11, de todos: judeus residentes nessas comunidades urbanas da diáspora (v. 24, e talvez v. 26); magistrados romanos (v. 25); pagãos irados (vv. 25ss.); outros apóstolos judeus a pagãos que discordavam da interpretação de Paulo do evangelho (v. 26); e, por último, mas não menos importante, deuses inferiores (cujos meios – vento, água e clima – lutam contra Paulo a cada centímetro de seu caminho, vv. 25-26).26 Ídolos na Era Messiânica Por que todos, humanos e divinos, estavam tão chateados? Paulo (e outros como ele), ao  proclamar o evangelho, rompeu radicalmente os arranjos duradouros e socialmente estáveis que prevaleciam entre as sinagogas, os tementes a Deus e a comunidade pagã mais ampla; e eles romperam as relações dentro da própria comunidade pagã, daqueles de 24. Por exemplo, 1 Tess. Tess. 1:9 (“v (“você ocê se vol voltou tou para Deu Deuss dos dos ído ídolos los”); ”); Garota. Garota. 4:8 (escr (escravi avidão dão a deu deuse sess inferiores); 1 Cor. 11:10-11 (ex-adoradores de ídolos); ROM. 1:5-6 (Paulo é chamado para pregar o evangelho entre “todos os ethnē, inclusive vocês”).

 

 25. “Tiago”, comentan comentando do sobre essa população pagã, observa: “Desde as primeiras gerações, Moisés teve em todas as cidades aqueles que o proclamaram, pois ele é lido todos os sábados nas sinagogas”.  Atos 15:21; cf. Philo sobre a co-celebração por pagãos e judeus da tradução da lxx, Life of  Moses 2.41-42; veja também Donaldson, Gentiles, 467-82. Contra essa visão dos  pagãos que frequentam a sinagoga comoJudaism o campoand missionário de Paulo, EP Sanders, “Paul's  Jewishness”, in Paul's Jewish Matrix, ed. TG Casey e Justin Taylor (Roma: Gregorian & Biblical  Press, 2011), 51–73, em 66–67.  26. Paulo comenta as atividades (geralmente hostis) dos deuses inferiores em 1 Coríntios. 2:8 (assumindo que por arcontes Paulo quer dizer poderes astrais, não oiciais romanos); 2 Cor. 4:4 (o “deus deste mundo”  que cegou os incrédulos); Garota. 4:8-9 (stoicheia, pesos leves cósmicos, não “deuses por  natureza”); 1 Cor. 8:10-11 (muitos deuses e muitos senhores); 1 Cor. 10:20-21 (daimonia); 1 Cor. 15:24-27  (a resistência cósmica de Cristo). 185  PAULO NO JUDAÍSMO  família imediata até a família maior de concidadã concidadãos os e deuses das cidades. Como assim?  Porque uma cláusula inegociável do evangelho era que os pagãos tinham que deixar de honrar seus deuses nativos com sacriícios diante de estátuas de culto (idolatria).27 Tal  desrespeito estava destinado a enfurecer os deuses, e os deuses, quando menosprezados, agiram agi ram.. Ter Terrem remoto oto,, inund inundaçã açãoo e fom fome; e; nau naufrá frágio gio,, tem tempe pesta stade, de, doença doença:: es esses ses er eram am o repertório normal da ira divina. “Sem chuva, por causa dos cristãos!”28 Ao exortar seus  pagãos a cessar seu culto tradicional e a honrar apenas o deus de Israel – na verdade, insi insist stin indo do qu quee eles eles as assu sumi miss ssem em que que o comp compor orta tame ment ntoo pú públ blic icoo as asso soci ciad adoo un univ iver ersa sall e exclusivamente exclusivamen te aos judeus – Paulo colocou em risco tanto o comunidade judaica local (a fonte óbvia de tal mensagem) e a maior cidade pagã anitriã. Pagãos ansiosos podem ter como alvo a sinagoga; deuses raivosos podem ter como alvo a cidade.29 Mas por que o evangelho deveria ter ocasionado tal ruptura? A cultura pagã não foi usada  por muito tempo em vários graus de iliação à sinagoga? Sim. E não. É precisamente neste  ponto que a novidade radical da mensagem evangélica se fez sentir socialmente. socialmente. Sim, a cultura pagã - e a cultura judaica da diáspora - estavam familiarizadas há muito tempo com “convertidos” e com tementes a Deus. Mas os pagãos de Paulo não se enquadravam em ne nenhu nhuma ma das das cat catego egoria rias. s. Com Comoo os con conve verti rtidos dos,, seus seus pagãos pagãos iz izera eram m um com compro promis misso so exclusivo com o deus de Israel; ao contrário dos convertidos, eles não assumiram as práticas

ancestrais judaicas (maneiras alimentares, sábado, circuncisão e assim por diante). Como tementes a Deus, o povo de Paulo manteve suas etnias nativas; ao contrário de deus-27. Paulo

 

diz isso cedo (1 Tessalonicenses 1:9), tarde (Romanos 1:18-32), e frequentemente no meio (1 Coríntios. 5:10-11; 6:9; 10:7, 14, 20; 2 Cor. 6:16; Garota. 4:8-10, aqui os próprios deuses, stoicheia; 5:20; cf.  Atos 15:3, 19). Mulheres e escravos, no entanto, eram constrangidos por obrigações de culto doméstico, e Paulo parece reconhecer isso; cf. Johnson Hodge, “Casado com um incrédulo”.  28. Repetido por Agostinho, Civ. 2,3; cf. Te Tertuliano, rtuliano, Apolog Apologia ia 40.2, 2.  29. Sobre a dinâmica da violência causada por essas tensões, na primeira geração do movimento e mais tarde, ver Paula Fredriksen, “Paul, Practical Pluralism, and the Invention of  Re Reli ligi giou ouss Pers Persec ecut utio ionn in Roma Romann An Anti tiqu quit ity” y”,, em Un Unde ders rsta tand ndin ingg Re Reli ligi giou ouss Plur Plural alis ism: m: Perspectives from Estudos Religiosos e Teologia, ed. Peter C. Phan e Jonathan Ray (Eugene, OR: Wipf & Stock, 2014), 87–113. 186  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO tementes, eles não mais adoravam seus deuses nativos. Os pagãos em Cristo de Paulo não são convertidos nem tementes a Deus. Então, quem e o que são eles?  No contexto social (portanto religioso) da cidade antiga, tais pessoas não eram, precisamente, nada na da.. se seus us pr próp ópri rios os de deus uses es), ), oc ocup upav avam am uma uma te terr rraa de ni ning ngué uém m so soci cial al e re reli ligi gios osa. a. Escatologicamente, no entanto, eles representavam uma população há muito antecipada dentro de séculos de teologia da restauração judaica: eles eram pagãos-salvos-no-Fim. pagãos-salvos-no-Fim. Encontramos essa tradição escatológica articulada em (ou interpretada em) textos judaicos que vão desde os profetas canônicos até os escritos do período tardio do Segundo Templo e depois, incluindo as cartas de Paulo e os Evangelhos Sinóticos. Enquanto alguns escritores apoca apo calíp líptic ticos os an ansia siavam vam pel pelaa des destru truiçã içãoo dos idóla idólatra trass jun junto to com seu seuss ídolos ídolos,31 ,31 out outros ros antecipavam antecipava m a redenção desses pagãos — e até mesmo de seus deuses — junto com um Israel  restaurado no Fim; e alguns escritores, como Isaías e Paulo, expressam inconsistentemente ambos os pontos de vista.32 30. “A distinção social de seus convertidos era óbvia para Paulo. . . . eles estavam isolados, sem uma identidade social reconhecível”, Sanders, “Paul's Jewishness”, 67, também n. 26. Sobre o apelo da circuncisão como forma de resolver as tensões inerentes a esta posição anômala, Mark D. Nanos, The Irony of Galatians: Paul's Letter in First-Century Context (Minneapolis: Fortress Press, 2002), 86–109, 203–321.

 

31. Os governantes estrangeiros lamberão a poeira aos pés de Israel, Isa. 49:23; cf. Microfone. 7:16; cidades pagãs são devastadas, Isa. 54:3; Zef. 2:1—3:8; 1 En. 91:9; Deus destrói as nações e seus ídolos, Mic. 5:9, 15; maldições contra as nações, indicando destruiçã destruiçãoo ou servidão, senhor. 36:1-10; Bar. 4:25, 31-35; Sib. Ou. 3:417-440, 669, 761; Ps. Sol. 7:30; 1QM 12:10-13. 32. As nações aluirão a Jerusalém e adorarão junto com Israel (Isa. 2:2-4/Miq. 4); eles comerão juntos no Monte do Templo a festa que Deus preparará (Is 25:6); os gentios acompanharão os judeus na Colheita (Zac. 8:23), ou eles mesmos levarão os exilados de volta a Jerusalém (Sl. Sol. 7:31-41); os gentios enterrarão seus ídolos e direcionarão seus olhos para a retidão (1 En. 91:14); muitas nações virão de longe ao nome do Senhor Deus, trazendo  presentes (Tob. 13:11); 13:11); depois que o templo for reconstruído, todas todas as nações se voltarão com medo para o Senhor e enterrarão seus ídolos (14:5-6); Deus restaurará Jerusalém para que “todos os que estão na terra” saibam que ele é o Senhor Deus (Sir. 36:11-17); na vinda do Grande Rei, as nações se ajoelharão a Deus (Sib. Or. 3:616), irão ao templo e renunciarão a seus ídolos (715-724), e de todas as terras trarão incenso e presentes para o templo (772). Para discussão dessas tradições positivas de inclusão escatológica pagã, ver especialmente  James M. Scott, Paul and the Nations (Tübingen: Mohr Siebeck, 1995); Donaldson, Judaísmo e Gentios, 499–513; no contexto 187  PAULO NO JUDAÍSMO De acordo com essa tradição inclusiva, quando o Senhor do Universo se revelasse em glória, os  pagãos destruiriam destruiriam seus íd ídolos olos e se vol voltariam tariam (epistrep (epistrephō) hō) para adorar o deus de Israel. “Virese (epistraphate) para mim!”  (Isa. 45:22 lxx, dirigido às “nações”). “Todas as nações se voltarão (epistrepsousin) no temor  do Senhor Deus . . . e enterrarão seus ídolos”  (Tob. 14:6). “Vocês se voltaram (epistrepsatē) para Deus dos ídolos, para adorar o Deus vivo e verdadeiro” (1 Tessalonicenses 1:9). Mas “virar” não é “conversão”, e esses pagãos do im dos tempos não se “tornam” judeus.33 Em vez disso, eles entram no reino de Deus como ethnē, mas não adoram mais ídolos. Em outras palavras, essa população antecipada representava uma categoria única e puramente teórica, um tropo apocalíptico e uma esperança apocalíptica. Ao separar os ethnē de seus deuses dessa maneira, o pensamento apocalíptico judaico também cortou a correspondência normal e normativa da antiguidade entre etnia e culto. Na obra da primeira geração do movimento de Jesus na Diáspora, encontramos a expressão social sem precedentes desse tropo apocalíptico naqueles pagãos que se comprometeram com a ekklēsiai. Sua participação e os termos de sua participação (não mais sacriício aos ídolos!),

a ekklēsiai. e osdos termos de sua participação (não dos maisprimeiros sacriício apóstolos: aos ídolos!),o  por sua vez,Sua nosparticipação dão a medida compromissos apocalípticos messias já havia chegado e em breve voltaria. É esta convicção por si só que explica a rejeição

 

dos apóstolos da prática socialmente estável e de longa vida das sinagogas da Diáspora de  permitir que os pagãos como tementes a Deus adorassem o deus de Israel enquanto continuavam em seus cultos nativos. Sabendo que horas eram no relógio de Deus (Rom. 13:11), da missão de Paulo, Paula Fredriksen, “Judaism, the Circumcision of Gentiles, and   Apocalyptic Hope,” Hope,” Journ Journal al of Theologic Theological al Studies 4422 (1991): 532–64 532–64,, em 544-48. 33. Sobre as confusões ocasionadas por epistrephō chegando ao latim como converto (assim, em 1 Tess. 1:9: conversi estis), daí para o inglês como “conversion” “conversion”,, Fredriksen, “Mandatory Retirement Retirement”, ”,  232-35. 188  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO correndo na (pelo que sabiam) breve ruga no tempo entre a ressurreição de Cristo e sua segund seg undaa vin vinda da (1a conirmação Cor Corínt íntios ios.. 15 15), ), suas ve vendo ndo no com compor portam tament ento o apóstolos pne pneumá umátic tico o de escolheram seus seus novos novos membros pagãos de próprias convicções, os judeus viver como o melhor que podiam com as tensões sociais crescentes entre a ekklēsia e suas maiores comunidades anitriãs da sinagoga e da cidade (cf. 2 Coríntios 11:23-28). Tais  problemas seriam de curta duração. O tempo estava se apressando para o seu im. O reino de Deus viria em breve. Mas enquanto isso diminui rapidamente, o que essas pessoas deveriam fazer?  Pagan Dikaiosynē (“Justiça”) Pelo batismo, o Espírito de Deus ou de Cristo infundiu os pagãos da ekklēsia. Seu novo comportamento, tanto para com o divino quanto para o humano, registrou a presença do Espírito neles. Em primeiro lugar, e apesar da pressão de todos os seus outros deuses, esses  pagãos se comprometera comprometeram m com a adoração do único deus verdadeiro (por exemplo, 1 Tessalonicenses Tessalonicen ses 1:9; 1 Coríntios 8:5-6). O Espírito também capacitou seus atos carismáticos: como o próprio Paulo, seus pagãos  podiam falar em línguas, profetizar, curar, ensinar e discernir entre os espíritos (1 Co 12:413). O Espírito também “santiicou” ou “separaram” esses pagãos daqueles que não conheciam a Deus (1 Tess. 4:4-5): assim, Paulo se dirige a eles como hagioi, “santiicados”  (RSV: “santos”; 1 Coríntios 1:2; Romanos 1:7). Como o templo em Jerusalém, eles também

estão cheios do Espírito de Deus (1 Coríntios 3:16; 2 Coríntios 6:16); como os sacriícios trazidos ao templo, eles também são agora “aceitáveis” 

 

(Romanos 15:16). 34 Eles agora fazem as “obras do Espírito” ao invés das “obras da carne”, aqueles pecados há muito identiicados no anti-34 judaico. Sobre a adaptação de Paulo das catego cat egoria riass de sac sacri riíci ícioo do templo templo (ha (hagio gios, s, kathar katharos) os) par paraa seu seuss pag pagãos ãos-em -em-Cr -Crist isto, o, vej vejaa Fredriksen, “Judaizing”, 244-49; cf. as observações de Thiessen sobre Atos, Conversão, 124– 137; Friedrich W. Horn, “Paulus und die Herodianische Tempel,” New Testament Studies 53 (2007): 184–203, esp. 201-203. 189 PAULO NO JUDAÍSMO retórica pagã como consequências morais da idolatria: “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, inimizade, contenda, ciúme, ira, egoísmo, dissensão, divisões, inveja, embriaguez,  farra” (Gl 5:16-24; cf. Sb. 13–15). Agora eles também “cumprem a lei” (Rm 13:8-10; cf. Gl  5:14-15; 1Co 14:34). Os pagãos em Cristo eram agora dikaiōthentes ek pisteōs (Rm 5:1). “Justiied by Faith”, a tradução usual desta frase em inglês, disfarça sua ressonância com um ensinamento central do movimento inicial, no qual o Jesus histórico (e, nesse sentido, João Batista) e Paulo parecem convergir: o Dez Mandamentos. Es Esse sess ma mand ndam amen ento toss eram eram ti tipi pica came ment e dist diresumo stin ingu guid idos osduas como como as Du Duas as Tá Tábu buas as da Le Lei,i, ee amplamente codiicados em grego pornte um de palavras, eusebeia (“piedade”) dikaiosynē (“justiça”). "Piedade"  indicou a Primeira Mesa da Lei, referente às obrigações para com Deus; “Justiça”, a Segunda Mesa da Lei, referente às obrigações para com os outros. Desta forma: Eusebeia: Piedade para com Deus Dikaiosynē: Justiça para com os outros 1. Sem outros deuses

6. Sem assassinato  2. Sem imagens imagens esculpid esculpidas as (ídolos) 7. Sem adulté adultério rio

 

3. Sem abuso do nome de Deus 8. Sem roubo 4. Guarde o sábado 9. Sem mentir  5. Honrar os pais 35  10. Sem cobiça 36 35. Veja Filo, Decálogo 19, para uma longa meditação sobre por que honrar os pais cai na  primeira mesa da Lei. 36. A Bíblia organiza esses mandamentos de várias maneiras: veja Êx. 20:1-17 e Deut. 5:6-21. Sanders observa que “essas duas palavras foram amplamente usadas pelos judeus de língua  grega para resumir sua religião”, The Historical Figure of Jesus (London: Penguin, 1993), 92. Eusebeia e dikaiosynē também aparecem no resumo de Philo dos dois principais princípios (a kephalaia, Spec. 2.63.) DavideFlusser a variedade de resumos duplos da Torá (amor  Deus e ao próximo; piedade justiça)examina de Jubileus a Lactâncio em “Os Dez Mandamentos eo Novo Testamento”, em Os Dez Mandamentos em História e Tradição, ed. Ben-Zion Segal  (Jerusalém: Magnes, 1990), 219–46. Da mesma forma, B. Makkot 23a reduz os números de 613 mandamentos para dois (Isa. 56:1) para um (Hab. 2:4, o homem justo viverá por sua emunah, mandamentos 190  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO Tanto o Batizador quanto Jesus, durante suas respectivas missões, chamaram outros judeus ao arrependimento diante do reino vindouro de Deus. Dentro deste contexto judaico, arrependimento – tshuvah no idioma rabínico posterior; “virar” – signiicava, precisamente, retornar aos mandamentos de Deus como revelados na Torá. Em suas Antiguidades dos Judeus, Josefo descreve João, o Batizador, exortando seus ouvintes a praticar “dikaiosynē  para com os seus semelhantes e eusebeia para com Deus”—em resumo, os Dez Mandamentos (Ant. 18.116-119). Da mesma forma Jesus: Questionado sobre os maiores mandamentos, o  Jesus de Marcos responde citando Deuteronômio Deuteronômio 6:4 (“Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é um só. toda a tua alma, e com todas as tuas forças”) – eusebeia, a Primeira Tábua da Lei; e Levítico 19:18 (“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”)— dikaiosynē, a Segunda Tábua da Lei (Marcos 12:29-31

e par.). Em outro lugar, seu Jesus invoca diretamente os Dez Mandamentos: Você conhece os mandam man dament entos: os: 'Não 'Não mat matará arás; s; Não com comete eterás rás adu adulté ltério rio;; não roubar roubarás; ás; não darás darás fal falso so testemunho; você não deve defraudar; Honre seu pai e sua mãe'" 

 

(Marcos 10:19).37  “força” ou “irmeza”; cf. Paul's ek pisteōs zēsetai, Gal. 3:11). Sobre emunah não como “fé”, mas como “irmeza, irmeza, idelidade”, A Hebrew-English Lexicon of the Old Testament, ed. Francis Brown, SR Driver e Charles A. Briggs (Oxford: Clarendon, 1939), 53. Vemos essa mesma tendência simpliicar ensinamentos morais nos epítomos ilosóicos da D. cultura  greco-romana maisdeampla (KyriaiosDoxai de Epicuro, Encheiridion de Epicteto): Hans Betz, Sermon on the Mount, Hermeneia (Minneapolis: Fortress Press 1995), 76-79 com notas para a literatura chave. 37. O Jesus de Mateus repete e reforça esta mensagem em seu Sermão da Montanha (Mt 5:21 22, contra assassinato; vv. 27-30, contra adultério; vv. 31-37 contra mentir/ “jurar   falsamente”).  falsamente” ). Veja os comentários de Sanders sobre esta passagem de Mateus, Historical  Figure, 210-212; também Flusser, “Dez Mandamentos”, 234. Cf. Lucas 11:42, outra referência codiicada, onde negligenciar o “julgamento”  (tēn krisin) indica negligenciar a justiça. A ênfase nos Dez Mandamentos no judaísmo  palestino de meados do século I talvez se relita também nos teilin de Qumran. O tratado  posterior y. Berakhot i, 5, 3c comenta que enquanto os Dez Mandamen Mandamentos tos costumavam ser  recitado reci tadoss todos todos os dias no templo, eles não são mais “por causa dos minim minim”, ”, que sust sustenta entam m que nenhum outro mandamento foi dado no Sinai. Ephraim Urbach, The Sages (Jerusalém: Magnes, 1975), 2:844 n. 75. 191 PAULO NO JUDAÍSMO E quanto a Paulo? As circunstâncias de Paulo diferiam nitidamente daquelas do Batizador e de Jesus. Seu “campo missionário” eram as cidades do império oriental. Seus ouvintes não eram judeus, mas pagãos. E a estes ele chamou para se arrependerem não dos pecados “judeus” (isto quebrarcompanheira os mandamentos), masporneia). dos pecados “pagãos” (mais especialmente idolatria e suaé, perene retórica, -Cristo não “converte” e assume  práticas judaicas, portanto a lei judaica – a reforma religiosa desses pagãos andou de mãos dadas com sua reforma social/ética; e seu viver de acordo com a lei judaica indexava  precisamentee essa reforma.  precisament Qual lei judaica? Que leis judaicas? Nove dos Dez  Mandamentos.  A palavra eusebeia (“piedade” (“piedade”), ), que sinalizava a Primeira Tábua da Lei, não aparece em nenhum lugar em Paulo. Podemos apenas especular por que não: talvez porque a observância do sábado estava nessa lista, e Paulo argumentou acaloradamente contra sua competição

missionária, especialmente na Galácia, quepiedade os pagãos empagãos Cristo eram das práticas ancestrais judaicas; talvez porque a nova desses tenha livres sido produzida não

 

 por seus próprios esforços ( ez ergōn, “por obras”), mas por um decreto escatológico de Deus  por meio de Cristo Cristo ( chariti, “pela graça graça”). ”). Sua nov novaa ori orien entaç tação ão em rel relaçã açãoo a Deus, Deus, no ent entant anto, o, foi reg regula ulamen mentad tadaa rit ritual ualmen mente te  precisamentee de acordo com a Primeira M  precisament Mesa esa da Le Lei:i: Nenhum out outro ro deuses e nenhum ídolo.39 ídolo.39  Ao contrário de eusebeia, Paulo frequentemente usa dikaiosynē e palavras dik relacionadas – trinta e seis vezes apenas em Romanos. Ele liga essa palavra, “retidão” ou “justiça”, com pistis, que muitas vezes é traduzido como “fé” ou “crença”. As duas palavras juntas, “justiicação por 38. Sobre as maneiras como seus diferentes campos missionários afetam suas conceituações de pecado, veja Fredriksen, Sin, 651. 39. Em outras palavras, e apesar de sua condenação do termo (Gl 2:14), o próprio Paulo está exigindo um alto nível de judaização de seus pagãos; Fredriksen, “Judaizando as Nações”,  250–52. 192  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO  fé”, serviram conceitualm conceitualmente ente e polemic polemicamente amente como uuma ma estrela-gu estrela-guia ia da tradição lu luterana terana e da erudição do Novo Testamento de forma mais ampla. Nesses contextos, aponta um nítido contraste entre “fé” e "Lei."  Mas é isso que Paulo quer dizer? Aqui as conotações de nossas palavras em inglês moderno impedem tradução nossos textos gregos “fé”, refratada(credo através do  prisma deauma longadehistória cultural cristãantigos. que vaiNossa pelo palavra menos de Tertuliano quia absurdum) a Kierkegaard, passou a implicar todos os tipos de estados psicológicos internos relativos à autenticidade ou sinceridade da “crença”. Na antiguidade, pistis e seu equivalente latino, ides, conotavam, antes, “irmeza”, “convicção” e “lealdade”. ). Assim também com a “piedade”. Menos sobre o sentimento religioso do que sobre mostrar respeito (um sinônimo de eusebeia era phobos),41 eusebeia e seu equivalente latino, pietas, indexavam uma atenção respeitosa na execução de protocolos herdados de culto – o que chamamos de “religião”, mas o que autores antigos , inclusive Paulo,  pensado como uma espécie de patrimônio familiar. E o uso de dik-palavras por Paul  apresenta desaios assustadores para o inglês.42

 Alertados para esses problemas, como podemos traduzir Paulo sem anacronismo, para que  possamos captar melhor seu signiicado? Se navegarmos pelos Dez Mandamen Mandamentos, tos, podemos

 

en encon contra trarr nos nosso so caminh caminho. o. Assim, Assim, qua quand ndoo os pagãos pagãos de Pau Paulo lo ad aderi eriram ram ir irmem mement entee (o agrupamentoo de idéias em torno de pistis/  agrupament 40. Daí o uso de “obediência” por Paulo com “compromisso” ou “convicção” ou “irmeza” (cf. “fé”—não “a” fé, como rsv Rom. 1:5). 41. Veja eusebeia em A Greek-English Lexicon of the Septuagint, ed. Takamitsu Muraoka (Lovaina: Peeters, 2009), 305. 42. EP Sanders faz uma longa consideração dos defeitos do inglês para traduzir o dikasun de Paul, et sim., em Paul: A Very Short Introduction (Oxford: Oxford University Press, 1991), 5290, esp. 54-55. Adotarei seu desajeitado neologismo “justiicado” acima, já que é preferível a “justiicado”. 193 PAULO NO JUDAÍSMO  pisteō) às boas novas (euan (euangelion) gelion) que P Paulo aulo trouxe (c (cf.f. rsv  “crer no evangelho”), eles deixaram de adorar seus próprios deuses e se comprometeram com o deus de Israel através do batismo na morte, ressurreição e retorno iminente de seu ilho. Torn To rnad ados os co corr rret etos os po porr De Deus us em rela relaçã çãoo a De Deus us,, eles eles fora foram m igua igualm lmen ente te habi habili lita tado doss  pneumaticamente  pneumatica mente para corrigir um ao outro, agindo corretamen corretamente te um para o outro – “não como os ethnē que não conhecem a Deus” (1 Tessalonicenses Tessalonicenses 4:5; cf. ROM. 1:18-32). Sua pistis em Cristo (coniança irme de que ele havia morrido, ressuscitado e estava prestes a retornar) os justiicou (através da atribuição de pneuma, “espírito”) para que eles pudessem “cumprir a Lei”, signiicando, muito especiicamente, o A Segunda Mesa de Law, dikaiosynē. “Fé” e “Lei” nesta construção, longe de contrastar  com cada outro - muito menos oposição cada

outro — na verdade, reforçam-se mutuamente.

 

 Assim, no mesmo lugar onde Paulo revisa os pecados da carne qque ue os pagãos seguidores de Cristo deixaram para trás (Rm 13:13-14), e onde ele fala com urgência do Fim iminente (13:11-12), ele também lista os mandamentos mandamentos da Segunda Mesa (13:8-10). Pagãos “justos”, cheios do Espírito, decretam “justiça” ou praticam “justiça” para com os outros na comunidade: sem assassinato, roubo, adultério, cobiça (Rm 13:9 13 :9). ). Sua Sua leal lealda dade de e co con nia ianç nçaa no euan euange geli lion on (p (pis isti tis) s) pe perm rmit itiu iu e re resu sult ltou ou ne nest stee comportamento justo (dikaiosynē). Em outras palavras, “comportamento correto de acordo com a Lei por causa do irme apego ao evangelho evangelho”” é o que Paulo quis dizer com dikaiosynē ek   pisteōs (RSV: “justiicaçã “justiicaçãoo pela fé”). Deus, a Ethnē e a Redenção de Israel Cristo estava prestes a retornar, disse Paulo, para estabelecerr o reino de seu pai. Quem entra neste reino?  estabelece 194  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO Desde aproximadamente o segundo século, em parte baseando sua visão em sua leitura de Romanos 9-11, a maioria dos cristãos respondeu “apenas cristãos”. Isso apesar da insistência de Paulo, nesta mesma passagem de Romanos, que “a plenitude da ethnē” e “todo o Israel” será salvo (11:25-26), e que as promessas de Deus são “irrevogáveis” (11:29; cf. . 15 15:8 :8). ). Es Essa sa leit leitur uraa cris cristã tã prof profun unda dame ment ntee trad tradic icio iona nall e re rest stri riti tiva va ba base seia ia-s -see em uma uma interpretação do “todo o Israel” de Paulo para signiicar apenas o verdadeiro Israel, isto é, o “novo Israel” da fé cristã, uma comunidade mista de judeus cristãos e gentios cristãos, não o “antigo Israel”. Israel” de linhagem carnal, os “parentes por raça” de Paulo (syngeneia, Rm 9:3); do Israel carnal, apenas um remanescente é salvo (cf. Rm 9:6; 11:5). A “paz sobre o Israel  de Deus” de Gálatas é lida da mesma maneira: o “Israel de Deus” é claramente Israel kata  pneuma, Israel Israel espiritua espiritual,l, a igreja (G (Gll 6:16). Tal leitura reduz o escopo da visão de Paulo a uma estreiteza que excede até mesmo as  passagens menos abrangentes dos Manuscritos do Mar Morto, que restringiam a redenção à  própria comunidade comunidade dos sectários – cerca de quatr quatroo mil almas (Ant. 18.21).43 Se a medida de Paulo de “quem está dentro” é limitado aos membros do movimento de Jesus que, em meados do primeiro século, concordam com ele – “falsos irmãos”  (Gal. 2:4), “pseudo-apóstolos” (2 Cor. 11:13), “super-apóstolo “super-apóstolos” s” (2 Cor. 11:5), “os da circuncisão” (Gl 2:12), “cães, malfeitores e mutiladores da carne” (Fp 3:2), e

todos os outros do movimento que Paulo anatematiza fora – os santos imaginados por colegas Paulo, uma fração desse movimento de mais declaramente vinte anos, alcançariam esse número? núme ro? A ressu ressurreiç rreição ão dos morto mortos, s, a tran transform sformação ação dos vivos, da histó história ria e do cosm cosmos, os, do

 

céu e da terra, tudo culminando na redenção de, digamos, uns 43. A escatologia de Qumran nã nãoo é mais mais co cons nsis iste tent ntee do que que a de Is Isaí aías as.. Al Algu guns ns te text xtos os fala falam m do julg julgam amen ento to ina inal,l, condenação ou destruição das nações (Heb. goyim), enquanto outros profetizam a inclusão das nações em uma Jerusalém redimida. Para discussão dos vários textos, ver Scott, Paul and  the Nations, 119 e nn. 421-24. 195  PAULO NO JUDAÍSMO três a quatro mil pessoas? É possível, claro. Mas é diícil imaginar o pensamento de Paulo tão  pequeno, especialmen especialmente te quando consideram consideramos os as tradições da teologia da restauração  judaica em que ele se encontra. Podemos traçar essas idéias com mais clareza se considerarmos, por um momento, o caráter  do deus de Isra Israel. el. Para Paulo, como para a tradição tradição de Paulo, esse deus era ant antes es de tudo o deus de Abraão, Isaque e Jacó; aquele que falou com Moisés e que deu a Lei no Sinai; o deus que escolheu Davi e abençoou sua casa, e que prometeu à sua linhagem soberania eterna (Rm 9:4-5). Ele era o deus que trouxe seu povo de volta do cativeiro, e ele era o deus que reuniria seu povo - mesm mesmoo aqueles aqueles que estavam perdid perdidos os no Egit Egitoo e na Assír Assíria ia - nos Dias Finais. Ou, como Paulo diz em Romanos, esse deus é o pai do Israel carnal, a presença gloriosa no templo de Jerusalém, o autor das alianças e doador da Lei (incluindo as leis relativas ao sacriício no templo), o garantidor das promessas de redenção de Israel. (Romanos 9:4; cf. 11:28-29; 15:8). O deus de Israel, como a maioria dos deuses antigos - como os deuses de Roma ou os deuses de  Alexandria ou os deuses de Atenas deuses - é claramente um deus étnico.44 E, no entanto, esse deus também é mais, pois a Bíblia não começa em Gênesis 12, o chamado de Abrão, mas em Gênesis 1, “no princípio”, com a criação do universo, de toda a vida, de toda a humanidade – e de o “E sábado 1:1-2:3). “Deus é o deus judeus apenas?” Paulo  pergunta retoricamente. retoricamente. “Ele le não é(Gn o deus da ethn ethnē ē também? Sim,dos de ethnē ethn ē também, visto que Deus é um” (Rm 3:29-30). Paulo airma a universalidade de seu deus no próprio princípio  judaico proclamado proclamado no She Shemá má (“Ouve, ó Israel...”). 44. Por essa razão – sua própria etnia, pronunciada tão inequivocamente na lxx – o deus bíblic bíb licoo era visto visto pel pelos os cristã cristãos os gentio gentioss do séc século ulo II, II, com comoo Val Valen entin tinoo e Mar Marciã cião, o, com comoo demoníaco e demiúrgico, distinto do deus supremo, que era o pai. de Cristo; Justino Mártir,  por razões semelhantes, opinou também que o deus da lxx não era o deus supremo, o pai de Cristo, mas sim o próprio Cristo pré-encarnado (um heteros theos, Trifão 56); Fredriksen, Sin, 53-92. 45. Mais sobre o Shema, veja Mark D. Nanos, “Paul and the Jewish Tradition: The Ideology of 

the Shema , em Celebrating Paul. Festschrift em homenagem a Jerome Murphy-O Connor, OP, e Joseph A.

 

196  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO Dois Do is episód episódios ios bíblic bíblicos os antigo antigos, s, muito muito exp explor lorad ados os na teo teolog logia ia da resta restaura uraçã çãoo pos poster terior  ior  (incluindo a de Paulo), lexionaram dessee seus deusdescendentes judeu em acentos bíblicos: o repovoamento da terra apósoosigniicado dilúvio pelosuniversal ilhos de Noé (Gn. 10:1-32) e a promessa a Abraão (Gn 12:3; 18:18). Os ilhos de Noé, Japeth, Shem e Ham, deram origem a todo o resto da humanidade, as setenta “nações” (a primeira ocorrência na lxx de ethnē, Gen. 10:32).46 Essas ethnē mais tarde deiniram o escopo universal da redenção do im dos tempos. "Eu venho", proclama Deus, "para reunir todas as nações e línguas" (panta ta ethnē kai pas glōssas, Isa. 66:18 lxx). A grande visão de Isaías ecoa a Tabela das Nações de Gênesis, que lista todas as nações de acordo com suas “línguas” (Gn 32:31). Da mesma forma, a  promessa de Deus a Abrão, que através dele “todas as nações” serão abençoadas (panta ta ethnē, Gn 18:18): “todas as nações” referem-se aos setenta de Gênesis 32. Assim também a  profecia de Paulo sobre o plērōma das nações em Romanos 11:25: o “número total” das nações é setenta. imediatamente na teologia da restauraçã restauraçãoo judaica para a inclusão de todas as nações também.48 Deus é o autor inal de todas essas nações (“todos quantos izeste”, Salmo 85:9), como, em certo sentido, Abraão é seu pai (Gn 17:5; Rm 4:16). Mas quando essas nações se reúnem, elas se reúnem “com seu povo [de Deus]”, Israel (Rm 15:10; Dt 32:43); e qu quan ando do eles eles se re reún únem em,, el eles es se reún reúnem em não não Fi Fitz tzmy myer er,, SJ SJ,, Cath Cathol olic ic Bi Bibl blic ical al Qu Quar arte terl rly  y  Monograph Series 48, ed. Peter Spitaler (Washington, DC: Catholic Biblical Association of   America, 2012), 2012), 62–80. 46. Ver especialmente Scott, Paul and the Nations, 5–6 n. 2, e seu gráico em 7. 47. Scott comenta: “De acordo com Deut. 32:8 mt, o número das nações. . . foi estabelecido segundo completo' o número das dos nações ilhos dee 'todo Israel.o Portanto, relação numérica 11,25-26 entre 'número Israel' já éatradicional”, Paulo eem asRm Nações, 135 n. 3. o 48. “O objetivo inal da Restauração é que Israel e as nações possam adorar juntos em Sião”, Scott, Paul and the Nations, 73, cf. 133; tão semelhantemente Donaldson, “A inclusão dos  gentios na consumação inal era uma parte essencial das expectativa expectativass e auto-entend auto-entendimento imento de Israel”, Judaism and Gentiles, 505, também 509. 197  PAULO NO JUDAÍSMO apenas em qualquer lugar, mas em Jerusalém, no templo (Is 19:24; Ez. 5:5; cf. Rom. 11:26).

O universalismo de Deus, em suma, é um universalismo muito judaico. E seu universalismo  particular se relete nas maneiras como Paulo imagina a etnicidade na comunidade

 

escatológica, tanto a proléptica da atual ekklēsia, antes da Parousia, quanto a comunidade  inal, quando Cristo retornar. Dentro da congregação congregação atual, os crentes podem ser “um em Cristo Jesus” (Gl 3:28), mas sua particularidade social continua: aqueles “em Cristo”, insiste Paulo, permanecem e devem permanecer judeus ou gentios, circuncidados ou incircuncisos, apenas como devem manter seus papéis sociais como homem ou mulher, escravo ou livre. “unicidade” da comunidade atual é estritamente kata pneuma. Em outras palavras, Paulo não tem problema em acomodar tanto a diferença quanto a unidade, que permanecem juntas. Ele articula essa diferença e unidade simultâneas também  por meio de sua visão (centrada no homem) de huiothesia, “iliação”.50 Os pagãos de Paulo, batizados na morte e ressurreição de Cristo, entraram em uma nova irmandade do Espírito. Eles se tornaram adelphoi por adoção, distintos e distintos dos judeus dentro do movimento kata sarka (eles não foram circuncidados; eles ainda eram ethnē), mas unidos a eles kata  pneuma, pelo espírito de Cristo ou de Deus. A resistência de princípios de Paulo à circuncisão dos gentios-em-Cristo, em outras palavras, preserva precisamente a distinção kata sarka entre os judeus e os vários outros grupos étnicos dentro da ekklēsia. E uma vez que Paulo espera a Parousia em sua própria vida, ele está totalmente despreocupado com o que as  gerações vindouras devem fazer.51 Este missionário 49. 1 Cor. 7:17-24, em permanece permanecerr no estado em que foi chamado; 11:2-16, sobre as mulheres serem veladas na ekklēsia; 14:34-36 sobre subordinação feminina e silêncio na ekklēsia; Filemon, sobre as relações senhor-escravo. 50. A especiicidade de gênero da conceituação de Paul sobre este ponto é explorada em Caroline Johnson Hodge, If Sons, Then Heirs: A Study of Kinship and Ethnicity in the Letters of  Paul (Nova York: Oxford University Press, 2007), esp. 19-42. 198  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO  A improvisação daconstrução “adoção” espiritual “adoção” dentromais do movime movimento nto relações de Jesus da Diáspora, alé além m disso, mostra a força da mediterrânea ampla das divinas/humanas: se as nações, por meio de um milagre escatológico, agora adoram somente o deus de Israel, então, mesmo que permaneçam , eles são unidos espiritualmente à família de Deus. Eles também, através do Espírito, e como Israel, podem chamar Deus de “Abba, Pai” (Gl 4:6; Rm 8:15). O que é verdade dentro da ekklēsia antes da segunda vinda de Cristo continua a ser verdade no Fim: uma vez que “o Libertador [vem] de Sião”, e o “pleno número das nações vier”, então “todo o Israel”  serão salvos (Rm 11:26). A Tabela das Nações como ligada à restauração de todo Israel, já há muito tradicional na época em que Paulo a usa, deine sua visão em Romanos 11. O Israel  escatológico permanecerá junto, mas distinto das outras nações, pois eles são a nação atrás

separado pelo próprio Deus. Assim também na catena inal de citações bíblicas de Paulo em Romanos 15: os ethnē gloriicam a Deus por sua misericórdia; os ethnē se regozijam com o

 

 povo de Deus, isto é, Israel; os ethnē louvam a Deus; os ethnē são governados pela vindoura “raiz de Jessé”, o Messias; a ethnē espera nele (15:9-12). A população do reino de Deus – tanto para Paulo quanto para as tradições judaicas nas quais ele se baseia – recapitula a visão bíblica do cotidiano: Israel e as nações.52 Mas e aqueles objetos da ira de Deus, tanto humanos quanto divinos, contra os quais o apóstolo também trovejou? No momento em que Paulo chega ao seu hino de louvor em Romanos 11, os pecadores humanos, sejam pagãos ou judeus, parecem desculpados: toda a humanidade na Parusia está salva. E os deuses cósmicos inferiores? Em 1 Coríntios 15:25, Cristo os destrói (katarueitai). Mas em Filipenses 2:10-11, eles parecem 51. 1 Cor. 7:14 é a única vez que ele menciona especiicamente crianças. Paulo não concebe um movimento de duas gerações. 52. Ver Johnson Hodge, If Sons, 102, 137–53; cf. Thiessen, Conversão, 138-48. 199 PAULO NO JUDAÍSMO submeter (“todos os joelhos se dobrarão”), unindo-se à conissão universal  “que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. E em Romanos 8, antes de se concentrar  na redenção da humanidade, Paulo fala de “toda a criação gemendo” em escravidão à decadência e em dores de parto enquanto aguarda a redenção na volta de Cristo (8:19-22), listando principados, anjos e potestades como parte desta criação (8:38-39). Talvez, então, quando “virá o Libertador de Sião” (11,26), também esses poderes cósmicos, escatologicamente escatologic amente reabilitados, se voltem ou retornem a Deus (cf. Sl 97,7). Conclusão  A julgar pelas rancorosas confusões entre os seguidores de Cristo judeus na diáspora sobre a questão da integração dos pagãos ao movimento, Jesus de Nazaré nunca deu nenhuma instrução sobre o assunto. No entanto, o movimento, pós-ressurreição, viu a integração dos  pagãos como uma extensão natural de si mesmo. Ambos os dados implicam que o próprio  Jesus estava dentro do paradigma tradicional da teologia da restauração do im dos tempos: redenção primeiro para Israel – para todo o Israel, todas as doze tribos – e depois e também,  posteriormente,  posteriorment e, para as na nações.53 ções.53 No entanto, apesar da conirmação escatológica da ressurreição de Jesus  profecia central – “o Reino de Deus está próximo!” – e apesar da airmação do sucesso da

missão entre os pagãos, o reino, inexplicavel inexplicavelmente, mente, continuou a não vir.

 

O atraso contínuo do reino, a contínua resposta positiva dos pagãos, seu próprio senso de seu chamado como apostolos tois ethnesin divinamente designado: tudo isso combinado para impulsionar a ousada revisão de Paulo do cenário escatológico mais antigo. A sequência rearranjada de eventos do im dos tempos apresentada em Romanos 9-11 se alinha com os  fatos do 53. A missão aos pagãos na tradição sinótica é adiada para o período após a ressurreição, implicitamente em Marcos 13:10, explicitamente em Matt. 28:19 (as instruções do Cristo ressuscitado para seus discípulos) e em Atos 1:8, adiado até 11:20.  200  A QUESTÃO DA ADORAÇÃO ADORAÇÃO missão de meados do século e acomoda o novum apocalíptico deste movimento: um messias que viria não uma, mas duas vezes. Naquele intervalo incandescente entre a ressurreição e a Parousia, Paulo agora sabia, o plērōma das nações primeiro atenderia ao evangelho, e somente depois disso Deus cessaria de endurecer Israel. O novo e chocante arranjo entre deuses e seus humanos forjado pelo evangelho conirmou Paulo em sua convicção de que o reino realmente estava próximo. De fato, essa reforma do culto pagão foi, em sua opinião, precisamente o interruptor de viagem do reino. seu próprio povo. 54. Sobre Sobre o rea rearra rranj njoo de Pau Paulo lo desses desses ele elemen mentos tos do cen cenári árioo esc escato atológ lógico ico tra tradic dicion ional, al, Fredriksen, “Judaísmo, a circuncisão dos gentios”, 559-64; EP Sanders, Paul, the Law, and the  Jewish People (Philadelphia: FFortress ortress Press, 11983), 983), 185.  201 7   A Questão da Política: Paulo como  Judeu da diáspora sob o ddomínio omínio romano Neil Elliott   A medida da identidade judaica de Paulo continua sendo uma questão de consideráv considerável  el  controvérsia na erudição atual. (e recentemente alguns judeus) elaboram sua identidade religiosa.”2 É uma indicação dessa ansiedade que hoje, cerca de trinta anos desde o anúncio de um conversa sobre as implicações de seu trabalho pioneiro no judaísmo antigo e, em  particular, sobre o apóstolo Paulo para a teologia cristã. A ocasião foi a visita do professor  Segal ao Seminário Teológico Unido, uma das últimas ocasiões antes de sua morte prematura. Sua sa sagac gacida idade, de, gra gracio ciosid sidade ade e hum humild ildad adee era eram m tã tãoo evi evide dente ntess qua quant ntoo sua for formid midáve ável l 

inteligência. Em gratidão, dedico este ensaio à sua memória.  203

 

PAULO NO JUDAÍSMO Nova Perspectiva sobre Paulo,3 continua sendo profundamente diícil para muitos intérpretes escapar das categorias restritivas de um Visão “cristianizante” apóstolo.4 Isso pode nos surpreender surpreender, , dadamesmas a crescente popularidad popularidade da Nova Perspectiva,doque tinha como premissa ir além dessas restrições. Umae consequência é que aspectos políticos signiicativos do contexto de Paulo (e do nosso) continuam a ser minimizados ou marginalizados marginalizados na interpretaçã interpretação. o. De acordo com a visão mais antiga e cristianizad cristianizadora, ora, devemos entender que Paulo  fundamentalmente  fundament almente Como alguém de quem  pensamentoo  pensament e experiência - no entanto, estes podem ter sido formados por sua  passado no judaísmo - tinha sido decisivamen decisivamente te remodelado por seu encontro com o Cristo ressuscitado, que Paulo descreveu como um “revelação” ou “apocalipse” do ilho de Deus para ele (Gálatas 1:11-16, apokalypsis Iēsou Christou). Assim, embora a maioria dos intérpretes hoje reconheça, em termos gerais, que vários aspectosesse do pensamento de Paulo derivam tradições muitos se apressam em qualiicar reconhecimento insistindo quedas esses aspectosjudaicas, passaram a signiicar algo muito diferente para Paulo, algo não mais compatível com o judaísmo, após esta “revelação”  de Cristo. Esse “evento” é frequentemente descrito como uma interrupção, uma “invasão”, implicando que desaia a explicação apenas em termos da herança judaica de Paulo. Central para esta visão cristianizadora são os textos nas cartas de Paulo em que ele parece olhar para trás em sua própria conduta anterior como um judeu com distância crítica, considerando-a como um “zelo” destrutivo (Gl 1:12-14), 2. Pamela Eisenbaum , “Paulo, Polêmicas e o Problema do Essencialismo”, Interpretação Interpretação Bíblica 13, no. 3 (2005): 224–38. 3. A frase deriva do ensaio marcante de James DG Dunn “The New Perspective on Paul”,

Boletim da Biblioteca John Rylands 65 (1983): 95–122.

 

4. Sobre o conceito de interpretações “cristianizantes” de Paulo ou aspectos de seu contexto histórico, ver H. Dixon Slingerland, Claudian Policymaking and the Early Imperial Repression of Judaism at Rome (Atlanta: Scholars, 1997), cap. 1; Richard A. Horsley, “Histórias Bíblicas Submersas e Estudos Bíblicos Imperiais”, em The Postcolonial Bible, ed. RS Sugirtharajah (Shefield: Shefield Academic Press, 1998), 152–73.  204  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA ou descrevendo sua herança judaica agora como nada além de “perda” (zēmia) ou “lixo” (um eufemismo para o grego skybala) em comparação com “o valor supremo do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fp 3:7-9). No cerne de séculos de exegese e teologia protestante está a oposição irredutível entre lutar  em futilidade pela “justiça”  diante de Deus por meio de “obras da lei”—frases que noapassado eram geralmente como uma deinição virtual do judaísmo—e recebendo oferta graciosa de justiçatomadas de Deus  por meio de Cristo, que foi tomada tomada como deinit deinitiva iva da vida em Cristo. Es Essa sa oposição também é  ostensivamente ostensivamen te extraída das cartas de Paulo (Rm 3:21-25; 9:30-10:6; Gal. 2:15-21; 3:1-14; Fil. 3:2-9) .5  Essa visão mais antiga foi posta em perigo, no entanto, por críticas, que inalmente foram demonstradas exaustivamente por EP Sanders, de que os judeus nos dias de Paulo não entendiam que estavam garantindo a aprovação de Deus por meio de “obras da lei”. parecia ser forçado a qualquer uma das duas opções. Ou nas passagens que acabamos de citar, Paulo estava colocando seu evangelho em um contraste injusto com uma caricatura do judaísmo que de fato não existia, ou então os intérpretes protestantes de Paulo o entenderam mal em relação à natureza da “justiça pelas obras”. O próprio Sanders e Heikki Räisänen chegaram à primeira conclusão: as cartas de Paulo foram marcadas com 5. A literatura comparando a Nova Perspectiva com as suposições de um “mais velho” ou “Luterano”   perspectiva já é vasta. Documentar sua expansão diária é a diícil tarefa assumida por Mark  M. Mattison quando lançou “The Paul Page” em 1999. A “explosão de material online relevante” o obrigou a buscar o patrocínio corporativo da equipe da Logos Bible Software, qu quee ag agor oraa ge gere renc ncie ie o si site te (h (htt ttp: p://w //www ww.t .the hepa paul ulpa page ge.c .com om/a /abo bout ut). ). Pa Para ra um re resu sumo mo admira adm iravel velmen mente te co coere erent ntee e ace acess ssíve ívell das das princ principa ipais is qu quest estões ões e esc escola olass de pe pensa nsamen mento to en envol volvid vidas, as, veja veja Ma Magn gnus us Zette Zetterho rholm, lm, Approa Approache chess to Pau Paul: l: A Stu Studen dent's t's Gui Guide de to Re Recen cent  t  Scholarship (Minneapolis: Fortress Press, 2009).

6. EP Sanders, Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion (Filadélia: Fortress Press, 1977). O próprio Sanders reconheceu sua dívida para com os predecessores

 

qu quee ha havi viam am feit feitoo argu argume ment ntos os se seme melh lhan ante tes, s, embo embora ra de ma mane neir iraa nã nãoo tã tãoo su sust sten enta tada da,, notadamente Claude G. Monteiore (Judaism and St. Paul: Two Essays [London: Goshen, 1914]) e GF Moore (“Christian Writers sobre o Judaísmo”, Harvard Theological Review 14 [1921]: 197-254).  205  PAULO NO JUDAÍSMO  por uma certa incoerência lógica que resultou de seu entusiasmo como convertido a uma nova comunidade religiosa.7   A última conclusão conclusão é o im impulso pulso centra centrall por trás de grande pa parte rte da Nova Perspectiva, Perspectiva, que é na verdade uma categoria guarda-chuva sob a qual uma série de propostas interpretativas  podem ser agrupadas agrupadas de ma maneira neira frouxa e ppouco ouco fácil. -ju -justiça” stiça” Paulo qu quis is dizer, não o eesforço sforço individual do judeu pela aprovação de Deus, mas o esforço coletivo do povo judeu para  preservar sua distinção étnica entre outros povos através da manutenção manutenção diligente de  práticas de marcação de limites como circuncisão, dieta kosher e guarda do sábado. .9 Nesta visão, então, o argumento de Paulo não é contra um falso entendimento judaico de como os indivíduos podem ser salvos, mas contra um suposto esforço de contemporâneos judeus antagônicos para impor limites  práticas sobre de Paulo largamente não-judeu congregações. Isto é, a polêmica de Paulo contra as “obras da lei” brota de seu desejo de defender a igreja livre de lei de gentios e judeus. Quando colocada nesses termos, devemos reconhecer que muito da Nova Perspectiva é tão “nova” quanto a escola de Tübingen do FC Baur do século XIX, com a qual tem muito em co comu mum. m. 7. Sand Sander ers, s, Pa Paul ul e o ju juda daís ísmo mo pa pale lest stin ino; o; He Heik ikki ki Rä Räis isän änen en,, Paul Paul an andd th thee La Law  w  (Filadélia: Fortress Press, 1983). 8. Uma terceira abordagem é procurar refutar ou minimizar a relevância dos argumentos de Sanders, uma abordagem que muitas vezes se aproxima de um exercício de pleito especial: ver   Zetterholm, Approaches to Paul, cap. 6 (“Em Defesa do Protestantism Protestantismo”). o”). Ainda outra abordagem refuta implicitamente um aspecto do argumento de Sanders postulando que a

 forma de justiça justiça de obras vista em 4 Es Esdras dras ou 2

 

Baruch Baru ch – text textos os po post ster erio iore ress a 70 que que Sand Sander erss cons consid ider erou ou an anôm ômal alos os – er eram am de fato fato representativos de uma forma muito mais prevalente de judaísmo nos dias de Paulo, um argumento que Martinus de Boer apresentou recentemente (“Paul's Mythologizing Program in Romans 5‒8”, em Apocalyptic Paul: Cosmos and Anthropos in Romans 5‒8, ed. Beverly  Roberts Gaventa (Waco, TX: Baylor University Press, 2013) Infelizmente, esse argumento não é falsiicável. 9. Este foi o insight central e a contribuição distintiva do ensaio de Dunn “New Perspective”; continua sendo um elemento importante na discussão magistral de Dunn sobre The Theology  of Paul the Apostle (Grand Rapids: Eerdmans, 1999).  206  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA muitos intérpretes contemporâneos, em parte, eu suspeito, porque tem a aparente vantagem de absolver Paulo de ter entendido mal o judaísmo. Ao contrário, nessa visão, Paulo aparece como uma espécie de campeão do multiculturalismo moderno e como um oponente do chauvinismo étnico ou etnocentrismo (que foi exempliicado por seus oponentes judeus). Não é de surpreender que essa abordagem tenha se mostrado popular nos Estados Unidos e no Reino Unido, ou seja, em sociedades democráticas etnicamente diversas, onde intérpretes mais liberais veem uma integração feliz de diferentes povos como um valor primordial. Essa interpretação (e apropriação cultural) de Paulo tem um custo, no entanto, como vários crític crí ticos os apo apont ntara aram. m. Ro Rotin tineir eirame amente nte retra retrata ta com comoo carac caracter terist istica icamen mente te judaic judaicaa uma insistência coletiva na distinção étnica, às vezes em termos negativos anteriormente usados  para descrever o indivíduo judeu orgulhoso, arrogante e autojustiican autojustiicante. te. Como Thomas Deidun colocou anos atrás, os esforços da Nova Perspectiva para reabilitar Paulo como um oponente do etnocentrismo judaico permitem “prat “pr atica icamen mente te tod todos os vel velhos hos dem demôni ônios ossegundo lu luter terano anos” s” da caric caricatu atura ra ju juda daica ica “re “retor nam m descaradam descaradamente ente aoosjudaísmo que Sanders, todos os relatos, meticulosamente meticulosamen tetorna varreu e colocou em ordem”.11 Críticas semelhantes foram levantadas por Mark D. Nanos e Daniel  Boyarin, entre outros. 12 Mesmo quando os intérpretes cristãos de hoje têm o cuidado de estipular que não pretendem colocar Paulo contra o próprio judaísmo, mas apenas retratá-lo como defensor de uma vertente “universal” do judaísmo 10. Um ponto feito por Scott Hafemann, “Paul and His Intérpretes”, Intérprete s”, em Dictionary of Paul and His Letters, ed. Gerald F. Hawthorne e Ralph P. Martin (Downers Grove, IL: InterVarsity, 1993), 666-79. Ver FC Baur, Paulo, o Apóstolo de Jesus Cristo, 2 vols., trad. E. Zeller (Londres: Williams & Norgate, 1876). 11. Thomas Deidun, “James Dunn e John Ziesler sobre Romanos em Nova Perspectiva”,

Heythrop Journal 33 (1992): 79-84.

 

12. Mark D. Nanos, The Mystery of Romans: The Jewish Context of Paul's Letter (Minneapolis: Fortress Press, 1996), 88–95; Nanos, “Paul and Judaism: Why Not Paul's Judaism?” in Paul  Unboun Unb ound: d: Oth Other er Per Perspe specti ctives ves on the Apostl Apostle, e, ed ed.. Ma Mark rk Dou Dougla glass Giv Given en (Pe (Peabo abody dy,, MA MA:: Hendrickson, 2010), 117–60; Daniel Boyarin, A Radical Jew: Paul and the Politics of Identity  (Berkeley: University of California Press, 1994), 209-24.  207  PAULO NO JUDAÍSMO tradição cont tradição contra ra uma vert vertente ente “est “estreita reitament mentee etno etnocênt cêntrica” rica”,, o resu resultad ltadoo é muit muitas as veze vezess colocar Paulo como a única expressão da vertente “universal” (isto é, a “boa”). A implicação  permanece que quaisquer judeus que não seguiram Paulo no “universalismo” do cristianismo  foram retidos pela vertente “ruim” do judaísmo, que geralmente é caracterizad caracterizadaa pelo  preconceito étnico.13 O Poder Constrangedor das Categorias Essenciais Pamela Eisenbaum observa habilmente que há dois erros interpretativos fundamen fundamentais tais envolvidos em muitas interpretações atuais de Paulo, incluindo aspectos da Nova Perspectiva. Uma delas é a “essencialização”  do antigo judaísmo; isto é, a deinição do judaísmo, não em termos da autocompreensão expressa pelos judeus reais, mas em termos predeinidos de sua alteridade essencial, sua inco incomp mpat atib ibil ilid idad adee iner ineren ente te co com m um umaa comp compre reen ensã sãoo (i (igu gual alme ment ntee es esse senc ncia iali liza zada da)) do cristianismo. Simpliicando, . . . O cristianismo é deinido como devoção a Cristo; O judaísmo é deinido como devoção à Torá. . . . No contexto dessa discussão, o essencialismo exacerba o problema da polêmica cristão-judaica no estudo de Paulo porque o judaísmo e o cristianismo são consid con sidera erados dos cat catego egoria riass mut mutuam uament entee ex exclu clusiv sivas as e imu imutá távei veiss de ident identida idade de religi religiosa osa.. Especiicamente, a devoção a Cristo exige o repúdio da Torá, porque a devoção a Cristo nos termos tradição 13.insistir Para dar um exemplo de um mais amplo, Richard B. Hays seda esforça para queapenas não deseja opor Paulo ao fenômeno judaísmo (Echoes das Escrituras nas Cartas de Paulo [New Haven, CT: Yale University Press, 1989], 55, 59). Mas mesmo quando ele repetidamente descreve Paulo como representa representando ndo o judaísmo “corretamente entendid entendido”, o”, em opo oposiç sição ão a “uma “uma forma forma estrei estreitam tament entee et etnoc nocênt êntric ricaa de jud judaís aísmo” mo”,, el elee não conseg consegue ue identiicar uma única pessoa ou texto além de Paulo que possa ter representado o primeiro. Fica a impressão inevitável de que a “forma estreitamente etnocêntrica” etnocêntrica” do judaísmo é tudo o que havia – além de Paulo. Isso, aos meus olhos, é apenas mais um exemplo do que Daniel  Boyarin criticou como a “alegorização do judeu” na erudição cristã (A Radical Jew, loc. cit.; ver Neil Elliott, The Arrogance of Nations: Reading Romans in the Shadow of Empire, Paul in Critical Contexts [Minneapolis: Fortress Press, 2008], 128–32). Uma crítica semelhante de N.  A descrição de T. Wright do judaísmo “reconigu “reconigurado”, rado”, “redeinido” e “aperfeiçoado” “aperfeiçoado” no

evangelho de Paulo (Paul and the Faithfulness of God [Minneapolis: Fortress Press, 2013], 415  e passim, seguindo Richard B. Hays, 2005, 5f .) é uma tarefa digna para um local diferente.

 

 208

 A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA  A teologia paulina implica uma teologia particular da graça que requer uma avaliação negativa da Torá.14 O segundo erro identiicado por Eisenbaum está ligado ao primeiro em um vicioso argumento circular. circu lar. Muit Muitos os intérpret intérpretes es ente entendem ndem Paulo como send sendoo etni etnicame camente nte jude judeuu – sent sentindo indo ainidade ou lealdade de grupo por seu povo – mas não religiosa ou teologicamente judeu. Ou seja, os intérpretes reconhecem que em suas cartas Paulo ocasionalmente se identiica como  judeu, ainda ainda em “solida “solidariedade” riedade” com outros judeus judeus,, mas insistem qu quee ele “foi tão radicalment radicalmentee transformado por sua experiência de Cristo que saiu dos limites do judaísmo, ou pelo menos ele se moveu tão longe para as margens que se aventurou em algo que não é mais reconhecível como judeu”. Eisenbaum descreve os defensores desse padrão de interpretação como “o campo kata sarka”, entendendo Paulo como judeu apenas etnicamente, apenas “segundo a carne”. Fig. 1. A interpretaçã interpretaçãoo “kata sarka” do judaísmo de Paulo. A sobreposição entre as duas zonas representa os aspectos vestigiais da identidade meramente “étnica” de Paulo, como um judeu “segun “se gundo do a ca carne rne”, ”, que conti continu nuaa mes mesmo mo qua quand ndoo Pau Paulo lo pas passou sou a pen pensar sar em si me mesmo smo  primariamente ou essencia essencialmente lmente como um cristão. 14. Eisenbaum, “Paul, Polemics, and the Problem of Essentialism”, 226. Para uma crítica anterior dos estereótipos cristãos sobre o judaísmo contemporâneo de Paulo, veja Nanos, Mystery of Romans, Introduction e pp. 88-95. 15. Eisenbaum, “Paul, Polêmicas e o Problema do Essencialismo”, 227-28.  209 PAULO NO JUDAÍSMO Essencialismo nas “Ciências Sociais” Paul  Tão penetrantes são as categorias e os hábitos dessa “essencialização” 

 pensando que não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos de seu poder  constrangedor, constrange dor, mesmo quando os estudiosos pretendem clara e explicitamente evitá-lo.

 

Um exemplo bastante lagrante ilustra o problema. Em seu Comentário de Ciências Sociais sobre as Cartas de Paulo, Bruce J. Malina e John J. Pilch airmam repetidamente que “Paulo era um israelita” que “não se 'converteu ao cristianismo', mas continuou a obedecer ao Deus de Is Isra rael el co como mo el elee ha havi viaa feit feitoo an ante teri rior orme ment nte” e”;; se seuu tr trab abal alho ho ti tinh nhaa um umaa “n “nat atur urez ezaa exclusivamente israelita”.16 Essas declarações parecem inicialmente colocar Malina e Pilch contra con tra a co corre rrent ntee pri princi ncipal pal da interp interpret retaçã açãoo teo teoló lógic gicaa crist cristãã e do lado lado de alg alguns uns dos intérpretes representados no presente volume. Mas Malina e Pilch continuam argumentando que nossa concepção moderna de Paulo entre “judeus e não-judeus (gentios)”  é “completamente inapropriado” e implica que sob nenhuma circunstância devemos pensar  em Paulo como um “judeu”. Malina e Pilch estão preocupados em parte em “ixar” o signiicado de vários rótulos étnicos no “mundo mediterrâneo”. Quando Paulo falou de “gregos”, eles airmam, ele não quis dizer   pessoas da Grécia, ele quis dizer “pessoas que eram civilizadas”, incluindo “israelitas”  civilizados de língua grega. Estes, em vez de “não-israelitas”, eram os alvos de sua missão co como mo “a “apó póst stol oloo dos dos ge gent ntio ios” s” (o (out utro ro erro erro de trad traduç ução ão,, se segu gund ndoo Ma Mali lina na e Pi Pilc lch). h). Eles Eles argumentam que “em contextos internos, qualquer israelita para os outros povos' seria  presumivelme  presumivelmente nte indo para os isra israelitas elitas residentes residen tes entre esse esses'indo s outros povos”. “visão “visão recebida”, como eles chamam, mas eles insistem que a visão recebida está errada. Infelizmente, seu caso se baseia em um certo descuido 16. Bruce J. Malina e John J. Pilch, Social-Science Commentary  on the Letters of Paul (Minneapolis: Fortress Press, 2006), 10-13. 17. Ibid., 3-4, 7.  210  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA com categorias,18 e com um essencialismo contundente que justapõe duas oposições das cartas de Paulo Hellēnoi versus Ioudaioiassumem (Rm 1:16)que e Hellēnoi versus barbaroi (Rmsempre 1:14) –see as confunde. Ou –seja, eles imediatamente um termo (como Hellēnos) refere a apenas uma coisa, e que se dois outros termos se opõem a Hellēnos, esses termos devem ser sinônimos. “Gregos” (Hellēnoi), eles consequen consequentemente temente explicam, referia-s referi a-see a um statu status, s, a pes pessoa soass “civil “civiliza izadas das”, ”, ind indica icadas das pe pelo lo fat fatoo de fal falare arem m grego grego e adotar ado tarem em val valore oress e háb hábito itoss helên helênico icoss nas nas rel relaçõ ações es interp interpess essoai oais. s. Da mes mesma ma for forma, ma, a referência a “judeus” em traduções inglesas mal concebidas na verdade se refere a “judeus”,  pessoas que seguiam os costumes de um grupo de pessoas que vivia naquela seção da  província romana da Síria chamada Palestina. O termo hebraico yehudim e o grego Ioudaioi são simplesmente traduzidos erroneamente em inglês [isto é, como “judeus”]. . . . Para os “gregos”, incluindo incluindo os “gregos” israelitas, os judeus eram bárbaros.19

Com essa infraestrutura categórica instalada, Malina e Pilch estão prontos para interpretar  todo o corpus paulino, distinguindo Paulo e seus companheiros “gregos israelenses”, que são caracterizadoss como tolerantes, até entusiasmados com o culto a outros deuses, do caracterizado

 

“judaizantes” que o atormentavam. Estes últimos eram “judeus” ansiosos por impor um conjunto particularmente restrito de práticas locais da Judéia aos 18 de Paulo. nenhuma nação grega nem qualquer estado chamado Grécia”  (ibid., 3), mas prossiga mais tarde para citar longamente autores antigos falando sobre “gregos” e “Grécia” sem explicação ou correção. O cerne de seu argumento, que Paulo se dirigiu a israelitas em vez de “gentios”, é uma única analogia, vestida em “grupo” de ciências sociais.  jargão: Quando os israelenses falam em “'ir aos americanos' para vender títulos israelenses isentos de impostos dos EUA, presume-se que eles estejam indo para os judeus residentes nos EUA” (7). A analogia se desfaz, é claro, assim que imaginamos tal “apóstolo” israelense  falando aos judeus americanos (como Paulo fala às suas congregaçõe congregações) s) e os identiicand identiicandoo como “americanos” em vez de judeus. Sobre o papel de Malina e Pilch na discussão mais ampla sobre etnicidade, ver também Elliott, Arrogance of Nations, 47-52. 19. Malina e Pilch, Social-Science Commentary, 5. Observe que a restrição de Ioudaioi a “aquela parte da província romana da Síria chamada Palestina” é anacrônica, uma vez que a designação oicial romana da província Síria-Palestina seguiu a supressão de a rebelião de Bar Kokhba em 135 d.C. Seu uso aqui parece provocativo.  211 PAULO NO JUDAÍSMO comunidadess “israelitas”. A principal dessas práticas peculiares foi comunidade “mutilação genital infantil”, com a qual Malina e Pilch signiicam circuncisão, que eles airmam ter surgido “um pouco tarde na Palestina (ca. 150 aC), e talvez séculos depois, se é  que ocorreu, entre os adoradores de Yahweh longe da região da Judéia”. 20 Para justiicar  essas airmações notáveis, eles invocam o cuidadoso estudo de Shaye JD Cohen sobre a identidade judaica, mas mostram ao fazê-lo que não a compreenderam. Cohen observou que no período Hasmoneu, após a perseguição ao judaísmo por Antíoco Epifânio, surgiu uma “ética de separação” entre judeus e não-judeus, na qual certas leis e rituais, ri tuais, primordiais entre eles a circuncisão, ganharam “nova proeminência”. Os asmoneus também concederam a cidadania judaica a idumeus e itureus, que provavelmente “já eram circuncidados”. circuncidados”. (embora Cohen tenha tido o cuidado de observar que o evento é frequentemente deturpado como sua “conversão forçada” ao judaísmo).21 Mas Cohen nunca airmou, como Malina e Pilch sugerem, que a prática da circuncisão era uma inovação do século localizava-se nos arredores de Jerusalém. Essas alegações são invenções de Malina e Pilch. Infelizmente, eles  parecem ser de uma peça com seu esforço forçado para atribuir “moderno judaísmo

 Ashkenazi” aos khazares do século IX, com quem “não houve desenvolv desenvolvimento imento linear desde o início iní cio de Isr Israel ael”. ”. contin continuid uidade ade com o ant antigo igo Israel Israel,, ao mes mesmo mo tem tempo po em que Paulo é 

 

apresentado como a personiicação da antiga visão israelita (e bíblica). É diícil evitar a impressão de que o resultado é uma forma de superação cristã disfarçada de “ciência social”.  20. Ibid., 13-15. 13-15.  21. Shaye University JD Cohen,ofThe Beginnings of Jewishness: Uncertaintiess (Berkeley: California Press, 1999), 130-39. Boundaries, Varieties, Uncertaintie  22. Malina e Pilch, Social-Sc Social-Science ience Comme Commentary, ntary, 179–18 179–180. 0.  212  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA  A identidade identidade quase juda judaica ica de Pau Paulo lo Outro exemplo de interpretação “essencialista” ou “cristianizada” de Paulo é muito mais soisticado. Volto-me para o ensaio de Jörg Frey sobre “Paul's Jewish Identity”, não porque seja um exemplo particularmente lagrante do padrão que estoué descrevendo (não é), mas simplesmente porque a intenção claramente declarada de Frey entender Paulo como um  judeu. De fato, em sua pesquisa sobre estudos recentes, Frey celebra o atual diálogo entre intérpretes cristãos e judeus de Paulo como “resultand “resultandoo em uma iluminação mútua de textos e  perspectivas” que ele declara “o progresso mais promissor em estudos”. unilaterais e anacrônicas as tentativas de outros estudiosos de negar que o apóstolo Paulo ainda era judeu; ao contrário, ele insiste (como vimos Malina e Pilch também) que “Paul nunca abandonou 'Judaísmo' para se juntar ao 'Cristianismo'.”24 Frey também ilustra as várias maneiras pelas quais Paulo professava solidariedade com Israel, e se baseava em conceitos e temas (a importância da lei, a ressurreição dos mortos) que derivavam do Judaísmo . No entanto, em vários pontos-chave Frey continua a descrever a relação de Paulo com o  judaísmo de forma essencial essencializante izante que en enfatiza fatiza a distân distância cia de Paulo e suas igrejas “cristãs” do  judaísmo, implicando implicando sua incompa incompatibilidade tibilidade fund fundamental. amental. A revisã revisãoo a seguir não preten pretende de ser  ex exau aust stiv iva, a, ma mass si simp mple lesm smen ente te demo demons nstr trar ar que que ou outr tros os es estu tudi dios osos os,, in incl clui uind ndoo algu alguns ns representados no presente volume, propuseram interpretações alternativas em vários pontos que nos permitem entender o pensamento e a experiência de Paulo dentro das categorias do  judaísmo antigo antigo , entend entendido ido no conte contexto xto político do ddomínio omínio romano, à pparte arte dos pressupostos pressupostos cristãos. Assim, um exame do ensaio de Frey nos permite reconhecer o poder constrangedor  que mais velho, 23. Jörg Frey, “Paul's Jewish Identity”, in Jewish Identity in the Greco-Roman World, ed. Jörg Frey, Daniel R. Schwartz e Stephanie Gripentrog (Leiden: Brill, 2007), 285– 321, aqui 289.  24. Ibid., 291. 291.

 213 PAULO NO JUDAÍSMO

 

 pressupostos essencial essencializantes izantes ou “cristianizan “cristianizantes” tes” continuam a exercer, mesmo quando os intérpretes estão lutando por uma “nova perspectiva”.  A perseguição perseguição passada de Paulo às prime primeiras iras assembléias Frey considera completamente completamente “farisaico” o “zelo pelo qual [Paulo]  perseguiram os inimigos da lei”, antes da “revelação” de Cristo. “A atividade de Paulo como  perseguidor”,, escreve ele, “parece como parte de uma luta interna dos judeus pelo  perseguidor” reconhecimento da Torá contra seus supostos oponentes” nas igrejas primitivas.25 Isso  parece absolver Paulo de qualquer animosidade antijudaica por explicando sua atividade de  perseguição como uma luta entre os judeus pela observância da lei. Mas isso é simplesmente  projetar uma dicotomia dicotomia essencialista essencialista atrás de Paulo, nnoo início do movimento movimento de Jesus. Ou seja, re retr trat ataa a ek ekkl klēs ēsia iaii da Judé Judéia ia co como mo já se af afas asta tand ndoo e host hostil il à le leii – pr pres esum umiv ivel elme ment ntee signiicando indiferente ou hostil à função limite da lei na exclusão de não-judeus. Essas  primeiras comunidade comunidades, s, por implicação, forneceram uma comunidad comunidadee proto-cristã para a qual Paulo poderia se mudar mais tarde. Por mais prevalente que essa suposição permaneça entre os intérpretes cristãos – Paula Fredriksen a descreveu como “um consenso quase universal” – diicilmente pode ser julgada co como mo hi hist stór óric ica, a, co como mo Fred Fredri riks ksen en de demo mons nstr trou ou de form formaa con onvi vinc ncen ente te.. como como se send ndoo necessariamente hostil ou oposto à lei é ler a parte de Paulo em Gálatas 3:13 como evidência de que antes da “revelação” de Cristo, Paulo considerava diretamente o Jesus cruciicado como “amaldiçoado” pela lei. Isso signiica que os primeiros crentes em Jesus necessariamen necessariamente te teriam se oposto à lei para proclamar um homem cruciicado como messias, 25. Ibid.  26. Paula Fredriksen, From Jesus to Christ: The Origins of the New Testament Images of Jesus (New Haven, CT: Yale University Press, 1988), pp. 142–56.  214  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA e que, como judeu, Paulo teria compartilhado esse julgamento até que a revelação de Deus o revertesse decisivamente.27 decisivamente.27 Mas, como Fredriksen aponta, essa suposição é minada por “uma total falta de evidência. . . . Em nenhum escrito judaico deste período, incluindo Paulo, encontramos a própria cruciicação como uma indicação de uma morte amaldiçoada por  Deus ou pela Lei.” que Paulo (ou qualquer judeu) teria considerado um judeu cruciicado como “amaldiçoado” é historicamente improvável. Como Fredriksen coloca a questão, “por  que, em resumo, os judeus rejeitariam [outro] judeu por uma razão romana?” Retoricamente, a referência improvisada de Paulo em Gálatas 3 a um texto de Deuteronômio “leva Paulo aonde ele precisa ir”, em um argumento “rosnado” dirigido a não-judeus – mas para carregar  essa observação com o peso de explicar a “conversão” de Paulo como Frey e outros exegetas

cristãos continuam a fazer, impõe um fardo que o texto não pode suportar.30

 

Nem as primeiras assembléias de Jesus estariam se opondo à lei ao incluir não-judeus ao lado de judeus em suas observâncias comunitárias. Em uma variedade de tradições, a literatura  judaica dá evidência da expecta expectativa tiva de que nnos os últimos ddias, ias, os não-jud não-judeus eus deixariam os ídolos  para reconhecer reconhecer o verdad verdadeiro eiro Deus. IIsso sso não sign signiica iica que eles deixariam de ser não-judeus, não-judeus, no entanto, como Fredriksen observa que “a conversão moral não é uma conversão halakic. Esses  gentios não teriam, abandonand abandonandoo seus ídolos, o status legal e religioso de convertidos, 27. Frey, “Paul's Jewish Identity”, 318-19. Em Gálatas 3:13, Paulo declara: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for   pendurado no no madeiro” (c (citando itando Deute Deuteronômio ronômio 21:22- 23).  28. Fredriksen, Fredriksen, De Jesus a Cristo, pp. 1147–148. 47–148.  29. Uma tumba escavada no primeiro século a nordeste de Jerusalém revelou os restos mortais de um judeu, Yehohanan, que havia sido cruciicado, mas mesmo assim recebeu um enterro familiar adequado ao lado dos restos mortais de um parente chamado Simão, “o construtor do Templo” (V Tzaferis, “Tumbas judaicas em e perto de Giv'at ha-Mivtar,” Israel  Exploration Journal 20 [1970]: 18–32; J. Zias e E. Sekeles, “O Homem Cruciicado de Giv'at ha-Mitvar: Uma Reavaliação”, Israel Exploration Journal 35  [1985]: 22-27). 30. Fredriksen, From Jesus to Christ, 147.  215  PAULO NO JUDAÍSMO isto é, judeus. Eles permaneceriam gentios e como gentios seriam salvos”. O próprio fato de os  judeus proclamarem proclamarem Jesus ccomo omo messias encon encontrarem trarem não-jud não-judeus eus para aceita aceitarr sua mensagem mostra mos trava va que os não-j não-jude udeus us eram eram bem bem-vi -vindo ndoss nas nas sin sinag agoga ogas; s; “e os apó apósto stolos los ori origin ginais ais ac acei eita tara ram m tã tão o seu pron pronta tame ment ntee um es esse ses s ge gent ntio ioss opo porq rque ue sevira viaproximava ram m em su sua resp spos osta ta,, como co mo na ressurreição de líder, mais sinal de que Reino –adere fato, seus efeitos já eram era m man manife ifesto stos.” s.”31 31 Ne Nem m a pre presen sença ça de não-j não-jude udeus us em sinag sinagoga ogass (o que poder poderia ia ter  acontecido, Fredriksen Fredriksen aponta, “na própria sinagoga de Paulo”) nem a comunhão de refeições de judeus e não-judeus teria escandalizado um bom fariseu, desde que as refeições não envolvessem alimentos não-kosher – e se eles se tivesse, pergunta Fredriksen, como Paulo mais tarde teria assegurado a aquiescência daqueles presumíveis monitores da observância  judaica, os apóstolos de Jerusalém, ppor or tanto tem tempo?  po?  Fredriksen conclui que a razão pela qual o fariseu Paulo perseguiu os ekklēsiai não tinha nada a ver com halakah. Tinha tudo a ver, ela propõe, com a precária segurança política das comun com unida idade dess jud judaic aicas as min minori oritá tária riass nas nas cidad cidades es pal palest estina inass e sír sírias ias.. “A pro procla clamaç mação ão entusiástica de um messias executado muito recentemente como um insurreto político – um

messias cruciicado – combinado com uma visão do Fim que se aproximava pregada também aos gentios – isso era perigoso. Se fosse para o exterior, poderia colocar em risco toda a comunidade judaica.”33 Em defesa do que ela admite ser uma explicação “especulativa”,

 

Fredriksen aponta que sua proposta tem os méritos de não se basear nem no anacronismo nem na invenção de uma teoria exegética judaica não comprovada. e tradições halakicas (comoo faze (com fazem m as inte interpret rpretaçõe açõess “cri “cristia stianiza nizantes ntes”); ”); simpl simplesme esmente nte “rec “reconhe onhece ce a situ situação ação  politicamentee precária da  politicament dass comunidade comunidadess judaicas urbanas na ddiáspora”. iáspora”. 32. Ibid., 151-52. 33. Ibid., 153-54.  216  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA tornar o argumento de Fredriksen convincent convincentee também o torna excepcional na interpretação contemporânea, onde o movimento de Jesus, mesmo antes de Paulo, é mais comumente — e mais implausível — caracterizado como atitudes e práticas divertidas incompatíveis com a lei. O apocalipse de Cristo como evento de distanciamento Embora ele reconheça que “algumas das convicções [Paulo] mantido como fariseu permaneceu inluente por seu trabalho como apóstolo”, incluindo sua dedicação “ao estudo cuidadoso da lei”, Frey declara que “especialmente o fato de ter sido chamado” por Deus para ser apóstolo do Cristo ressuscitado, “precisamente quando zelosamente atuava em defesa da lei . . . deve ter abalado fundamentalmente suas convicções.” Isso signiica especialmente que a relexão de Paulo como apóstolo “sobre a relevância da circuncisão e da lei” – pelo que Frey evidentemente quer dizer, sua irrelevância  para a nova comunidade comunidade reunida por Cristo – “deve ter começado muito cedo após sua experiência em Damasco, quando ele começou a pregar a nova mensagem às comunidades da  Arábia ou Síria e Cilícia”, e “no máximo com a missão programática aos destinatários  pagãos”. lei” lei” como uma qquestão uestão de oobservância bservância de limites. Frey certamente não está sozinho entre os intérpretes cristãos ao entender a revelação de Cristo a Paulo (“sua experiência em Damasco”) como uma interrupção radical que causou uma profunda reversão no comportamento de Paulo e em sua atitude em relação à lei. Mas devemos detectar o pensamento essencialista na suposição de que o apocalipse de Cristo era  fundamentalmente  fundament almente incompatível com a devoção contínua 34. Ibid. Coniei no argument argumentoo de Fredriksen em minha própria discussão sobre a política do “apocalipse” de Cristo para Paulo: Liberating Paul: The Justice of God and the Politics of the  Apostle (Maryknoll, (Maryknoll, NY: Orbis B Books, ooks, 1994), 144–49. 144–49.

35. Frey, “Paul's Jewish Identity”, 298.  217 

 

PAULO NO JUDAÍSMO (o papel de deinição de limites da) lei. Nesses termos, a ruptura dramática de Paulo com seus contemporâneos contemporân eos judeus parece inevitável, “construída” encontroele com Cristo. Mas aairma por que? Frey nãoa fr oferece nenhuma  para essa inevitabilidade; inevno itabilidade; simplesmente irma isso. Dada frequência equência com qu queeexplicação o discurso cristão se refere à “experiência de Damasco” de Paulo em termos de revelação divina, talvez  Frey espere que pelo menos alguns de seus leitores presumam que o ponto não precisa de explicação. Mas isso só torna o pensamento dicotômico ainda mais impermeável à crítica. Em contraste, Alan F. Segal entendeu a experiência visionária de Cristo de Paulo no contexto da tradição apocalíptica-mística no judaísmo primitivo. De fato, Segal demonstrou em Paulo, o Convertido, que Paulo foi nosso primeiro e melhor testemunho (porque em primeira pessoa) dessa tradição. Em 2 Coríntios 12, Paulo descreveu a jornada visionária de um homem sem nome ao “terceiro céu”, uma passagem que é geralmente reconhecida como uma referência oblíqua à sua  própria experiência extática. Segal argumentou que essa experiência provavelmente não foi um evento isolado. Em vez disso, aqui “Paulo revela modestamente que teve vários encontros extáticos com Cristo noss qu no quat ator orze ze an anos os an ante teri rior ores es”. ”. As Assi sim, m, po pode demo moss su supo porr qu quee Pa Paul uloo te teve ve um umaa sé séri riee de experiências extáticas extáticas em sua vida, [e] que sua conversão pode ter sido uma dessas experiências.”37 Diicilmente “incompatível” com o judaísmo nos dias de Paulo, como linguagem de uma “ruptura”  ou “irrupção” implica, tal experiência “paralela a ascensão extática ao trono divino em outras tradiç tra dições ões místic místicas as apo apocal calípt íptica icass e mer merkab kabah ah”. ”. Em Embor boraa ess essas as fon fontes tes parale paralelas las sej sejam am  posteriores a Paulo, a estreita semelhança de temas e terminologia convenceu Segal de que Paulo tinha 36 anos. Alan F. Segal, Paul the Convert: The Apostolate and Apostasy of Saul the Pharisee (New Haven, CT: Yale University Press, 1990), 36. 37. Ibid., 37.  218  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA na verdade, um dos primeiros participantes de uma corrente mais ampla de experiência místic mís tico-e o-extá xtátic ticaa que inclui incluiuu tam também bém ess essas as fon fontes tes pos poster terior iores. es. De fat fato, o, “s “some omente nte Paulo Paulo

demonstra que tais tradições existiam já no primeiro século”. O mais intrigante para o meu propósito aqui são os comentários provisórios de Segal de que “é possível, se improvável, que 2 Coríntios 12

 

registra a experiência de conversão original de Paulo.” Mais provavelmente, “Paulo está descrevendo uma revelação semelhante e subsequente à sua conversão”. Segal argumentou que Paulo “necessariamente” teve várias experiências extáticas e “que sua conversão pode ter  sido uma dessas experiências”. a primeira ascensão visionária por parte de Paulo. Isto é, em uma série de experiências extáticas nas quais podemos supor, por analogia com outros textos visionários anteriores e contemporâneos a Paulo, que ele percebeu no céu uma igura divina à direita do Ancião de Dias (cf. Dan 7:9-14), uma dessas experiências foi a primeira em que essa  igura foi perceptível a Paulo como o Jesus cruciicado. Apenas aqui Segal nos forneceu uma explicação poderosa do “apocalipse” de Cristo em termos fundamentalmen fundamentalmente te judaicos. Por razões que não entendo, Segal concluiu que “o signiicado dessas experiências” só poderia ter sido mediado a Paulo “pela comunidade cristã gentia em que ele vivia”. “Podemos perguntar”, escreveu ele, “mas não precisamos responder por que um fariseu teria uma visão de Cristo.”41 O próprio Segal não tentou responder à pergunta nem mesmo a mencionou novamente no restante de seu livro. 38. Ibid. 39. Ibid., 26, 27. 40. Ibid., 37 e ao longo do livro. Justamente nesse ponto, Paula Fredriksen também recua, remetendo o leitor (em nota de rodapé!) ao conceito de dissonância cognitiva (De Jesus a Cristo, 134 n. 2). 41. Segal, Paul the Convert, 37 (grifo nosso).  219 PAULO NO JUDAÍSMO Em vez disso, ele se afastou do poder explicativo potencial da própria tradição visionária  judaica que ele havia descrito com tanto cuidado para buscar uma explicação sociológica da “conversão” de Paulo na qual a tradição extática não desempenhava mais nenhum papel. Talvez Segal presumisse que uma visão judaica de um messias cruciicado no céu fosse categoricamente incompreensível. De fato, ele insinuou que uma experiência extática tão intensa teria permanecido completamente ininteligível para Paulo até que, anos depois, alguns não-judeus amigáveis a explicaram a ele.42 Mas essa implicação não tem força lógica  por trás disso. Proponho, ao contrário, que supor que tal visão só possa ser compreendida em  premissas “cristãs” “cristãs” é cair no mesmo pensamento essen essencialista cialista descrito por Eisenbaum.43 Eisenbaum.43 Mas esse pensamento dicotômico é tão desnecessário quanto infrutífero.

Em vez disso, como argumentei em outro lugar, podemos de fato imaginar o que um fariseu teria feito de uma visão de um messias cruciicado, e podemos fazê-lo em termos judaicos:

 

com base, isto é, nas urgentes consequências éticas e políticas que o apocalipses tiravam de visões do céu. Seguindo o argumento de Fredriksen, discutido anteriormente, podemos supor  qu quee os mo moti tivo voss de Pa Paul uloo pa para ra pers perseg egui uirr os prim primei eiro ross ek ekkl klēs ēsia iaii ti tinh nham am a ve verr com com a  preocupaçãoo com a vulne  preocupaçã vulnerabilidade rabilidade pol política ítica das co comunidades munidades ju judaicas: daicas: Devemos supor que como judeu, como apocaliptista e como fariseu, [Pau [Paulo lo]] as assu sumi miuu qu quee o triu triunf nfoo de Deus eus sobr sobree os ro roma mano noss er eraa in inev evit itáv ável el,, po porr mais mais indeterminado que aquele dia pudesse ser. . . . Se um fariseu como Saulo de Tarso tivesse encarado o poder romano com os olhos dos apocaliptistas, ele poderia muito bem ter  concluído que Deus havia dado a soberania da terra a Roma, “por um tempo”. Por esse tempo, ele pode ter concluído, resistência a Roma – por mais que simpatizasse 42. Segal prossegue referindo-se à “confusão de Paulo sobre a natureza de sua viagem extática para o céu”  (ibid., 39), mas essa “confusão” tem a ver com se Paulo estava ou não “dentro ou fora do corpo”. O próprio Segal mostra que esse era um elemento costumeiro, quase ritualizado, dos relatos visionários. Diicilmente Diicilmente signiica que Paulo não poderia ter entendido o que ele “viu” naquela visão. 43. Veja ainda minha interação crítica com o trabalho de Segal em Liberating Paul, 141-43.  220  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA com seus motivos - não era apenas fútil, mas ímpio. . . . Assim Assim,, os messi messianis anistas tas não estavam apenas errados sobre que horas eram; eles estavam perigosamente errados. . .44  Além disso, estritamente em termos de comparação com textos judaicos contemporâne contemporâneos os como 4 Macabeus ou o Liber antiquitatum biblicarum, podemos supor que Paulo, o fariseu,  poderia ter atribuído à morte de Jesus o signiicado expiatório atribuído a outros executad executados os  por Roma. Paulo também teria sido ensinado pelos apocalipses que os justos martirizados por Roma seriam “no último dia” ressuscitados dos mortos. Temos apenas que supor que esse fariseu teve uma visão do mártir Jesus no céu, uma visão  para a qual os os próprios apoca apocalipses lipses judaic judaicos os forneceram a preparação conceitual.45  conceitual.45  Uma vez que tal visão deixou claro para ele que Deus havia ressuscitado o martirizado Jesus dos mortos – novamente, uma percepção que teria sido inteligível dentro dos limites da

experiência apocalíptica judaica – as consequências teriam seguido uma lógica apocalíptica completamente completamen te judaica: “A visão teria conirmado a [Paul]

 

que o que os apocalipses prometeram que Deus faria algum dia, Deus de fato começou a fazer  agora”. pelos apocalipses judaicos. O úl últi timo mo po pont ntoo é im impo port rtan ante te e nã nãoo de dese sejo jo qu quee se seja ja ma mall in inte terp rpre reta tado do.. Não Não es esto touu argumentando que a tradição apocalíptica judaica de alguma forma “prova” que Jesus ressuscitou dos mortos; apenas que a airmação de que Jesus foi levantado é, de um ponto de vista histórico, tão inteligível – não mais, mas certamente não menos – do que as airmações  feitas em qualquer qualquer número ddee textos jud judaicos aicos sobre a rressurreição essurreição ddos os justos 44. Ibid., Ibid., 169 . 45. Ibid., 171. 46. Ibid., 172.  221 PAULO NO JUDAÍSMO ou a presença no céu de iguras humanas como agentes do propósito divino. Em contraste com o pensamento essencializante, sugiro que não há nada “essencialmen “essencialmente” te” cristão sobre um  fariseu experimentando experimentando um umaa ascensão vvisionária isionária ao cé céuu e vendo Jesus ressusc ressuscitado itado ali.  A Rejeição de de Israel ao Messias Frey airma com razão que a vocação de Paulo como apóstolo para as nações (“gentios”, no uso de Frey) é “formada por vários  passagens, principalment principalmentee do livro de Isaías.”47 Este é um reconhecimento reconhecimento importante, especialmente quando comparado com a implicação, no trabalho de outros intérpretes (tão diferentes quanto Heikki Räisänen e Alan Segal), que Paulo ” igreja e passou a adotar um evangelho que os incluía apenas de forma gradual e irreletida.48 Para Frey, no entanto, essa prioridade é explicada pelo “princípio” que ele encontra em Romanos 1:16, “primeiro aos judeus, depois aos gregos”. Esta “fórmula” refere-se, declara Frey, à “prioridade de Israel na história da salvação (cf. “estratégia missionária”. Frey explica esse “princípio” por referência à narrativa em Atos, onde Paulo é repetidamen repetidamente te apresentado pregando nas sinagogas para judeus e não-judeus: O relato de Atos, embora possa ser bastante esquemático, geralmente conirma o princípio mencionado em Rm 1:16: De acordo com Atos, Paulo pregou consistentemente entre os judeus (cf. At 9:22; 13:15ss.; 14:1 ; 16:13; 17:1s., 10ss.; 18:4; 19:4) e só se voltou para os gentios quando enfrentou oposição dos judeus (Atos 13:46).49

Para Frey, o apostolado de Paulo para as nações foi decisivamente “formado “formado pela experiência da rejeição do Evangelho por muitos dos companheiros judeus de Paulo”. Identidade”, 300.

 

48. Segal, Paul the Convert, 58–61; 117; Heikki Räisänen, Paul and the Law, 258-61. 49. Frey, “Paul's Jewish Identity”, 301.  222  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA “para demonstrar que a revelação aos gentios e a rejeição de Cristo pela maioria de Israel  estão de acordo com as Escrituras.”51 É lamentável que Frey tenha subordinado algumas frases em Romanos à lógica narrativa em  Atos, com o resultado resultado de que o a “primazia” de Israel no pensamento de Paulo torna-se assim uma prioridade meramente cronológica: Paulo pregou aos judeus “primeiro”, lugar após lugar, e quando eles rejeitaram seu evangelho, ele “então” se voltou para não-judeus. Isso lê a rejeição de Israel do evangelho (paulino) como um fato consumado no passado, um “fato teológico” no presente (como Paulo escreve Romanos). Esse entendimento - muito comum na interpretação cristianizadora - não  faz sentido (ou no caso de Frey, qualquer menção) a Romanos 11. Aqui encontramos a advertência clara e contundente de Paulo aos não-judeus na ekklēsiai romana de que ele realiza sua trabalho apostólico entre eles “para fazer ciúmes ao meu próprio povo, e assim salvar alguns deles” (Rm 11:13-14). Ou seja, Paulo declara que as nações não são “primárias”, mesmo em seu trabalho com elas no presente: antes, a salvação de “todo o Israel” é sua  prioridade suprema, suprema, como R Romanos omanos 11:25-26 ddeixa eixa claro.  Argumentei em outro lugar que o “fato teológico” que Frey atribui a Paulo era de fato uma  premissa dos leitores não-judeus a quem se dirigiu em Roma, mas uma premissa, podemos observar, que o próprio Paulo rejeitou explicitamente. Romanos 9-11 tem sido lido, desde Calvino, como uma defesa da honra de Deus em face do aparente lapso da aliança de Israel; mas, a própria retórica dessesIsrael capítulos de Romanos claro, de a suposição que Deus como de alguma forma abandonou ou que a palavradeixa da aliança Deus comde Israel   falhou era, para Paulo, impensável. Na discussão de Frey, ao que parece, a “primazia duradoura de Israel” não tem conexão necessária com os judeus reais. 50. Ibid. 51. Ibid., 300.  223 PAULO NO JUDAÍSMO  permanece antes um post postulado ulado teol teológico ógico melanc melancólico, ólico, uma ex expressão pressão de

“solidariedade” que certiica a boa fé de Paulo como judeu, mesmo depois da “solidariedade”  A “primazia de Israel” em qualquer sentido material foi tragicament tragicamentee contrariada pela história. Assim, Paulo se apresenta, como em muitas interpretações cristãs recentes, como um

 

nobre sobrevivente de uma raça vencida, mais ou menos como a igura do nativo americano admiravelmente admiravelmen te estóico na imaginação cultural popular dos Estados Unidos. Em contraste, o “primado duradouro de Israel” era o horizonte do apostolado de Paulo às nações. Argumentei longamente em outro lugar que Paulo procura, em toda esta parte de Romanos, desiludir alguns de seus ouvintes (não-judeus) em Roma da própria premissa que Frey atribuiu ao próprio Paulo. O apóstolo distingue uma apreensão errônea do presente como o cumprimento dos propósitos de Deus – isto é, ler as circunstâncias presentes como se esgotassem a misericórdia de Deus – de uma verdadeira apreensão do presente como um período durante o qual os propósitos de Deus ainda não foram cumpridos, mas ainda estão em andamento. suspense.52  As “circunstâncias presentes” que Frey, e quase todos os intérpretes cristãos, lêem como uma  falha judaica em acreditar no evangelho cristão são mais prováveis de serem entendida entendidas, s, eu argumento (seguindo Wolfgang Wiefel), como as circunstâncias históricas reais dos judeus em Roma, e em outros lugares, na época em que Paulo escreveu esta carta.53 Sim, Paulo admite, alguns em Israel “tropeçaram”, mas Paulo não narra uma rejeição judaica de seu evangelho (como exige a interpretação cristianizadora), nem sugere que o “desobediência” “desobediência” de alguns (ver Rom. 2 e 3) equivalia a um fracasso de Israel. Essa foi aparentemente uma conclusão que foi tirada em Roma, por outros, mas sua base não tinha nada a ver com algum plebiscito judaico imaginário sobre o 52 Paulino. Elliott, Arrogance of Nations, 113-14. 53. Ibid., 99-100; Wolfgang Wiefel, “A Comunidade Judaica na Roma Antiga e as Origens do Cristianismo Romano”, publicado originalmente em alemão em 1970; reimpresso em Karl P. Donfried, ed., The Romans Debate, rev. ed. (Peabody, MA: Hendrickson, 1991), 85-101.  224  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA evangelho (por mais frequentemente que os intérpretes cristãos o tenham imaginado). A lógica do “fracasso de Israel” se alinha mais com as visões romanas da elite sobre as  populações minoritárias nas ruas de Roma. Paulo insiste que “as atuais circunstâncias circunstâncias de Israel são obra de Deus”; não são a consequência inal do fracasso de Israel e não esgotam os  propósitos de Deus.54 Para repetir uma importante qualiicação: não estou examinando elementos no ensaio de Frey porque ele é de alguma forma estranho ou excepcional hoje. Em vez disso, procuro apontar um padrão de suposições e premissas que se devem mais a uma narrativa teológica recebida das origens cristãs do que à consideração histórica das cartas de Paulo em seu

contexto judaico. Não imagino ter provado, em todas as partes desta discussão, que Frey está errado. Tem sido meu objetivo mostrar que, q ue, ponto após ponto, uma interpretação alternativa dos dados, em termos do judaísmo do primeiro século e sem apelar para a linguagem de

 

“irrup “irrupção ção”” ou revela revelação ção div divina ina,, não não é ape apena nass pos possív sível, el, ma mass pro pront ntame ament ntee dispon disponíve ívell no trabalho de alguns estudiosos contemporân contemporâneos eos (incluindo os colaboradores deste volume). Também vale a pena notar que em vários desses pontos, a atenção ao contexto judaico signiicou atenção à situação social e política dos judeus sob o domínio romano. Os judeus não eram apenas participantes de uma identidade étnica ou religiosa, como uma oposição pura (e essencializante) essencializa nte) entre “Judeus” e “cristãos” presume. Os judeus eram também os habitantes de carne e osso de um mund mu ndoo on onde de a co conq nquuis ista ta e a id ideo eolo logi giaa da su supr prem emac acia ia ro roma mana na er eram am di diar aria iame ment ntee determinantes do possível. Essencializando o “político”  O último ponto parecerá óbvio para os historiadores do judaísmo. Muitas vezes se mostra evasiv eva sivo, o, no entant entanto, o, par paraa os propon proponen entes tes do que es estou tou chama chamand ndoo aqu aquii de 54. Ellio Elliott, tt,  Arrogance of Nations, Nations, 114-19 114-19..  225  PAULO NO JUDAÍSMO uma interpretação cristianizadora cristianizadora de Paulo. Um debate considerável gira hoje em torno de se, ou em que medida, Paulo se opôs ao Império Romano (ou “imperialismo romano”). A existência desse debate é um desenvolvimento positivo, quando consideramos que há trinta anos muitos estudiosos presumiam que a “política de Paulo” era simplesmente coextensiva com a exortação de “ser submetido às autoridades governamentais” em Romanos 13:1-7. Participei do debate mais recente, mas estou menos interessado aqui em continuá-lo do que em chamar a atenção para algumas das suposições sobre o que signiica ser “judeu” (e o que signiicaria para Paulo ser “judeu”. ”) que continuam a ser decisivos nele.55  No inal de sua rica discussão sobre os judeus na diáspora mediterrânea, John MG Barclay  airmou que Paulo deveria ser entendido como um judeu da diáspora, mas “anômalo”. A discussão de Barclay, portanto, oferece outra oportunidade para explorar como a identidade  judaica do primeiro século em geral, e a identidade judaica judaica de Paulo em 55. O debate tornouse um campo de estudo por direito próprio. Alguns trabalhos representativos incluem meu  próprio Paulo Libertador e Arrogância das Nações (op. cit.); Richard A. Horsley, ed., Paul and  Empire Emp ire:: Religi Religion on and and Pow Power er in Rom Roman an Imp Imperi erial al Soc Societ ietyy (Ha (Harri rrisbu sburg, rg, PA: Tri Trinit nityy Pre Press ss International, Internat ional, 1997); Horsley, ed., Paul and Politics: Ekklesia, Israel, Imperium, Interpretation (Harrisburg, PA: Trinity Press International, 2000); Horsley, ed., Paul and the Roman Imperial  Order (Harrisburg, PA: Trinity Press International, 2004); Davina C. Lopez, Apostle to the Conquered (Minneapolis: Fortress Press, 2008), e Christopher D. Stanley, ed., The Colonized   Apostle: Paul through Postcolonial Eyes, ambos em Paul in Critical Contexts (Minneapol (Minneapolis: is:

Fortress Press, 2011) ; e James R. Harrison, Paulo e as Autoridades Imperiais em Tessalônica e Roma,, Wiss Roma Wissensc enschaftl haftliche iche Unte Untersuc rsuchung hungen en zum Neu Neuen en Test Testamen amentt 273 (Tüb (Tübinge ingen: n: Mohr  Siebeck, 2011). Levantamentos da discussão mais ampla nos estudos do Novo Testamento

 

incluem Warren Carter, The Roman Empire and the New Testament (Nashville: Abingdon,  2006); Stephen D. Moore, Empire and Apocalypse: Postcolonialism and the New Testament  (Shefield: Shefield Phoenix, 2006); e Stanley E. Porter e Cynthia Long Westfall, eds., Empire in the New Testament, New Testament Studies (Eugene, OR: Pickwick, 2011). Várias opiniões divergentes estão disponíveis em Christopher  Bryan, Render to Caesar: Jesus, The Early Church, and the Roman Superpower (Nova York: Oxford University Press, 2005); Bruno Blumenfeld, The Political Paul: Justice, Democracy and  Kingship in a Hellenistic Framework, Journal for the Study of the New Testament Supplemen Supplement  t  Series 210 (Shefield: Shefield Academic Press, 2001); Scot McKnight e Joseph B. Modica, eds.,  Jesus é o Senhor, Senhor, César não é: Aval Avaliando iando o Império nos Estudos do Nov Novoo Testamento (D (Downers owners Grove, IL: InterVarsity, 2013); e John MG Barclay, Igrejas Paulinas e Judeus da Diáspora (Tübingen: Mohr Siebeck, 2011), esp. camaradas. 1, 18 e 19.  226  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA  particular, pode pode ser ent entendido. endido. Ele merece ate atenção nção espec especial ial por causa do interesse expresso de Barclay nos componentes sociais e políticos da identidade, informados por estudos recentes do judaísmo da diáspora e pela experiência de pessoas colonizadas em contextos imperiais, antigos e contemporân contemporâneos. eos. “cenário social contemporâneo”, para o qual se destacava “a necessidade de fomentar o respeito e a tolerância pelos grupos étnicos minoritários, diante dos complexos problemas criados pelo pluralismo social moderno”. A diáspora judaica era de interesse nesses termos  porque “provou ao longo da história um 'caso paradigmático' de resistência minoritária em um contexto estrangeiro” estrangeiro”..  Apesar da erudição impressionant impressionantee deste estudo, é diícil escapar à impressão de que a compreensão “paradigm de descrever a“paradigmática” “essência” ática” de Barclay do judaísmo ainda envolve uma tentativa implícita do judaísmo. Desde o início, ele toma as palavras do oráculo de Balaão em Números 23:9, sobre “um povo que mora sozinho, e não será contado entre as nações”, como a característica característica deinidora do judaísmo, “o senso de distinção que reside no coração da tradição judaica.”58 Sua preocupação ao longo do volume é com a forma como os judeus da diáspora, por  deinição uma população minoritária, mantiveram sua distinção em relação a “outros grupos ét étnic nicos” os”.. uma que questã stãoo compl complexa exa e, porta portanto nto,, el elee des descr creve eve um con conjun junto to compli complicad cadoo de  ferramentas analíticas para tomar medidas separadas de acomodação, aculturaç aculturação ão e assimi ass imilaç lação ão de grupos grupos étn étnico icoss (nest (nestee ca caso, so, judeus judeus). ). Em Embora bora ess esses es in instr strume ument ntos os sej sejam am deinidos de forma diferente, no entanto, todos eles acabam na discussão de Barclay como

medidas do 56. John MG Barclay, judeus na diáspora mediterrânea: de Alexandre a Trajano (323 aC-117 

 

CE (Edimburgo: T & T Clark, 1996), 4-9, citando em particular o “valioso conspecto de realidades políticas” de Mary Smallwood em The Jews Under Roman Rule from Pompey to Diocletian (Leiden: Brill, 1976). 57. Ibid., 14. 58. Ibid., 1. 59. Ibid., 2-3.  227  PAULO NO JUDAÍSMO até que ponto os judeus mantiveram sua identidade distinta em relação aos outros – na suposição implícita de que ser judeu é principalmente uma questão de não ser outra coisa.60 Essencializando Essencializa ndo o Judaísmo como “Outro”   Assim, por exemplo, Barclay relaciona aculturação aculturação aos “aspectos linguísticos, educaciona educacionais is e ideológicos de uma dada matriz cultural”. mesmo nas categorias da ilosoia e da ética helen hel eníst ística icas. s. Ba Barcl rclay ay obs observ ervaa que qua quando ndo Jos Josefo efo dis discut cutee o orá orácu culo lo de Bal Balaã aãoo (so (sobre bre a distinção judaica), seus “termos-chave, 'virtude' (arete) e 'providência' (pronoia), são de fato derivados não de sua educação bíblica, mas de sua educação helenística”. Ele continua perguntando: “Que tipo de aculturação ele e outros judeus da diáspora sofreram? Em que aspectos, e em que grau, eles fundiram tradições culturais  judaicas e não judaicas judaicas,, e como el eles es empregara empregaram m tais síntese síntesess culturais?  Se, apesar dessa aculturação, Josefo e outros mantiveram sua distinção judaica, como eles se apropriaram e reempregaram o helenismo que absorveram?”  repertóri repert órios os cultu culturai raiss fun funda damen menta talme lment ntee dif difere erent ntes; es; ist istoo é, Jos Josefo efo sa sabia bia que “virtu “virtude” de” e “providên “pro vidência” cia” eram conc conceitos eitos ant antibíbli ibíblicos, cos, “não-jud “não-judeus” eus”,, para serem serem “fundido “fundidos” s” com os  judeus? Ou estava falando como falava simplesment simplesmentee a maneira de Josefo ser judeu? É a dicotomia “judeu versus 60. Em um trabalho subsequente, Barclay faz a mesma equação: “'Judaísmo', como a tradição étnica do povo judeu/jud judeu/judeu, eu, é uma tradição socialment socialmentee deinida  por não ser 'aberta' 'aberta' a não-ju não-judeus deus ”  (Igrejas Paulinas e Judeus da Diáspora, 18). 61. Barclay, judeus na diáspora mediterrânea, 92. 62. Ibid., 3, discutindo Josephus, Ant. 4.114.

 228

 

 A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA Helenística” um componente vivo do mundo de pensamento de Josefo, ou uma conveniência conceitual falha do estudioso moderno da antiguidade?   A assimilação, continua Barc Barclay, lay, refere-s refere-see à “integra “integração ção social (torn (tornar-se ar-se 'semelhante' aos vizinhos): diz respeito aos contatos sociais, interação social e práticas so soci ciai ais” s”;; é um umaa me medi dida da do “g “gra rauu em que que os ju jude deus us da di diás áspo pora ra fora foram m in inte tegr grad ados os ou socialmente distantes distantes de seus ambientes sociais”. a comunidade judaica”. Até agora tudo bem. Mas onde se poderia esperar que a alta assimilação envolvesse interação social frequente com não-judeus, Barclay escreve que isso signiica o “abandono de distintivos sociais judaicoschave”. Ou seja, identidade judaica parece signiicar não assimilação: “como judeus e não judeus reconheceram, a tradição judaica continha uma série de tabus que impediam a assimilação de judeus”. , “em certos aspectos, judaico até o âmago e helenizado até o mesmo núcleo”, sua discussão sobre assimilação sugere que, em termos sociais, isso era simplesmente uma impossibilidade categórica. O que devemos fazer com os judeus de Alexandria que bu busc scar aram am aser ci cida dada dani niaae pl plen enaa ao la lado seus seus vizi vi zinh nhos os no nã nãoo“mesmo jude judeus us:núcleo”? : el eles es nã não o es esta tava vam m  procurando judeus alexandrino alexandrinos sdo(oudemesmo gregos) Barclay, na verdade, discute um único judeu que pediu isenção do poll tax, oferecendo “uma série de argumentos . . . com base na iliação, educação e idade”. Ele até observa que a petição do  papiro foi corrigida por um escriba: Helenos, ilho de Tryphon (um bom nome grego para um  judeu!), identiicou-se identiicou-se como um “Alexandrino “Alexandrino”, ”, mas que 63. Ver Troels Engberg-Pedersen Engberg-Pedersen,, ed. , Paul Beyond the Judaism/Hele Judaism/Helenism nism Divide (Louisville: Westminster John Knox, 2001). Para ter  certeza, Barclay procura evitar essas dicotomias simplistas: “comentários indiferenciados sobre a helenização judaica são de pouca utilidade analítica”  (Judeus na Diáspora Mediterrânea, 91). Mas as categorias analíticas que Barclay estabelece  parecem falhar falhar em sua exe execução. cução. 64. Ibid., 92-93. 65. Ibid., 94.  229 PAULO NO JUDAÍSMO a palavra foi “marcada por um escriba e substituída pelas palavras 'um judeu de Alexandria'”. Barclay também reconhece que os judeus de diferentes classes sociais tiveram oportunidades muito diferentes de reivindicar a cidadania alexandrina; ele reconhece que os cidadãos gregos de elite se opunham à concessão de privilégios a judeus que não os mereciam (na opinião deles); ele sabe que as ações de determinados imperadores insultaram judeus de status

inferior e demonstraram “a vulnerabilidade da comunidade judaica” a alianças políticas cambiantes.666 Mas esses não são aspectos da auto-identiicação judaica; são as ações de nãocambiantes.6  judeus, cujas percepções da identidade judaica estavam ligadas a concepçõe concepçõess de classe e

 

status legal. Essa nuance está faltando na própria discussão de Barclay sobre assimilação, que arrisca simplesmente fundir a identidade judaica com amixia de tal forma que a interação social signiica o “abandono de distinções sociais judaicas chave”.  Acomodação signiica, signiica, para Barclay, “o uso que se dá à aculturação, em particular o grau em que as tradiç tradições ões cultu culturai raiss ju juda daica icass e hel helení enísti stica cass são fun fundid didas, as, ou altern alternat ativa ivamen mente, te,  polarizadas”. Esse espectro espectro ele compara com os “usos variantes da cul cultura tura dos colonizadores”  entre os colonizados, “em alguns casos para modiicar ou mesmo obliterar suas tradições culturais nativas, em outros para equipá-los para resistir às imperialismo cultural." Aqui, inalmente, encontramos um reconhecimento das dinâmicas de  poder implícitas na situação colonial que moldam as possibilidades disponíveis para o colonizado. que desaia dicotomias puras - um tema importante na literatura pós-colonial e que Ronald Charles identiicou como particularmente ausente da análise de Barclay.68 66. Ibid., 50-51. 67. Ibid., 96. 68. Ver Homi K. Bhabha, The Location of Culture (Londres: Routledge, 1994). Ronald Charles discute a compreensão de Barclay da identidade da diáspora à luz do trabalho de Bhabha em Paul and Diaspora Politics (Minneapolis: Fortress Press, a ser publicado), esp. indivíduo. 3.  230  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA  Assim, quando Barclay apresenta um espectro de “acomodação” “acomodação”,, os pontos extremos são “antagonismo à cultura greco-romana” (ou seja, recusa de acomodação) por um lado, e a “submersão da singularidade cultural judaica” por outro . Mas se poderia esperar que a acomodação signiicasse a identiicação da singularidade cultural judaica com os valores da cultura helenística.  A última possibilidade foi levantada levantada,, ainda que brevemente brevemente,, por Jacob Taubes em sua discussão sobre o ambiente helenístico de Paulo. “Havia uma aura”, escreve Taubes, “uma aura helenística geral, uma apoteose do nomos. Pode-se cantá-la com uma melodia gentia, esta apoteose. . . podia-se cantá-la em romano, e podia-se cantá-la de maneira judaica.”69 Stanley K. Stowers fez uma sugestão comparável a respeito de um ethos helenístico difundido que valorizava o autodomínio ( enkrateia) - um ethos cultivado entre a elite romana (e romanizante) nas províncias, e adaptado por alguns judeus em termos da excelência cultural  de Lei judaica.70 Essas propostas sugerem que se parte do projeto cultural romano era, na elegante frase de Greg Woolf, promover formas de “tornar-se romano, permanecer grego”,71

então a possibilidade de “acomodação” para a qual as categorias analíticas de Barclay  deveriam apontar pode ser melhor descrito como “tornar-se romano” ou “tornar-se grego,  permanecer judeu”. judeu”. Coloc Colocar ar a identidade judaica semp sempre re em oposição à ide identidade ntidade helenística helenística

 

ou romana, como se estas fossem essencialmente incompatíveis, ou como se a identidade  judaica fosse essencialme essencialmente nte uma quest questão ão de ser “n “não ão outra coisa”, pareceria ser um 69. Jacob Taubes, The Political Teologia de Paulo, ed. Aleida Assmann et ai., trad. Dana Hollander  (Stanford, CA: Stanford University Press, 2004), 23–24; veja Elliott, Arrogance of Nations, 138141 (sobre a piedade das “obras” no ambiente romano). 70. Stanley K. Stowers, A Releitura de Romanos: Justiça, Judeus e Gentios (New Haven, CT: Yale University Press, 1994), esp. indivíduo. 2. 71. Greg Woolf, “Tornar-se romano, permanecer grego: cultura, identidade e o processo civilizador no Oriente romano”, Proceedings of the Cambridge Philological Society 40 (1994): 116–43; Woolf, Becoming Roman: The Origins of Provincial Civilization in Gaul (Cambridge: Cambridge University Press, 1998).  231 PAULO NO JUDAÍSMO erro. (O fato de os judeus da diáspora lerem suas Escrituras em grego, sem, até onde sabemos, considerar essa língua – para muitos deles, presumivelmente, sua primeira língua – de alguma forma uma deiciência ou falha, deve nos dizer algo sobre a artiicialidade do Por  outro lado, Barclay parece consistentemente evitar uma análise em termos de categorias  políticas exatamente exatamente ond ondee elas pode podem m ser mais út úteis.72 eis.72 Paulo, o “Judeu Anômalo”  O problema é exacerbado quando Barclay inalmente inalmente se volta para Paul, a quem ele rotula de “judeu anômalo”. Ele já sinalizou que Paulo  A “judaicidade” “judaicidade” foi “duvidada por seu seuss contemporâneos” contemporâneos”,, embora ele não pare para exp explicar licar o que isso signiica, ou oferecer qualquer evidência.73 (O fato de Paulo ter recebido disciplina na sinagoga, 2 Coríntios 11:24, é considerado por  outros estudiosos como evidência de que Paulo continuou a se mover em contextos judaicos; diicilmente sugere que outros judeus considerassem que Paulo havia deixado de ser judeu, como o próprio Barclay parece inalmente conceder conceder.) .) 74 O que Barclay considera “anômalo” em Paulo é que, embora ele continue a expressar uma  profunda conexão e lealdade ao seu povo e um tremendo “antagonismo” à “cultura helenística”,

ele também reivindica uma distância sem paralelo, ou “liberdade”, “Judeus 72. Embora nos leve mais longe de Paulo, a discussão de Barclay sobre 4 Macabeus de destaca a inadequação do  pensamentoo dicotômico. A escrita exalta a obediência à lei (nomos) em categorias que  pensament conhecemos da ilosoia grega, mas Barclay argumenta que seu autor não é 

 

“realmente” helenístico: “seu engajamento com o helenismo tocou apenas a superície de sua  fé”  ( Judeus na Diáspora Mediterrânea, 376). Barclay observa ainda que “a sociedade gentia que cerca e ameaça os heróis judeus é perceptível por sua ausência. Os mártires são colocados contra 'o tirano' (e suas ferramentas humanas), mas não contra os gentios ou o mundo  gentio, e nada nada é dito para dep depreciar reciar os não-jud não-judeus eus como tais po porr motivos morais ou relig religiosos. iosos. Mas isso é notável apenas se alguém presumir que a oposição entre etnia e cultura judaica e helenística é a concepção mais adequada para entender 4 Macabeus e o judaísmo da diáspora em geral. 73. Barclay, judeus na diáspora mediterrânea, 91. 74. “Ta “Tall pu puniç nição ão repres represen enta ta a res respos posta ta de uma sinag sinagoga oga a um me membr mbroo err erran ante, te, nã nãoo exatamentee a expulsão e o ostracismo de alguém julgado totalmente apóstata” (ibid., 393-94, exatament ênfase adicionada).  232  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA cultura." Barclay cita várias evidências para essa distância. Ele considera a airmação de Paulo, ao dirigir-se àqueles que estão fora da lei, de ter se tornado “um sem lei” (1 Coríntios 9:19-23), como o “comentário mais revelador sobre sua estratégia de missão”; A declaração de Paulo sobre os alimentos em Romanos 14:14, que “nada é imundo por si mesmo”, é um “princípio radical” que outros judeus da diáspora teriam considerado “profundamente corrosivo para o modo de vida judaico”.  políticas, mas tem a intenção de tomá-las como descrições gerais da atitude de Paulo em relação à “cultura judaica” como tal.76 Ele tira a mesma conclusão da atividade de Paulo em  fundar e cultivar cultivar comuni comunidades dades de nnão-judeus ão-judeus (“g (“gentios”) entios”) sem ob obrigação rigação com o templo ou ppara ara a Torá. O que torna Paul “anômalo” para Barclay é que ele não se encaixa em um espectro unidimensional que se opõe a “judeu” e “helenístico”  id iden enti tida dade des: s: ele ele não não reco recorr rreu eu,, po porr ex exem empl plo, o, ao aoss ti tipo poss de mé méto todo doss aleg alegór óric icos os qu quee os “helenizadores” poderiam ter usado para relativizar a importância da Torá. Ao contrário, “o  principal impulso da teologia paulina paulina era inerentement inerentementee antipático” a qualquer tentativa “de encontrar uma causa comum com a cultura helenística”.

Barclay a teologia de culturas Paulo amplamente como “uma espécie de universalismo negativo”descreve que “ataca todas as contemporâneas – judias ou gentias” – com um antagonismo “feroz”. Paulo parece assim lutuar livre de qualquer herança étnica particular 

 

 precisamente na medida em que sua identidade como um judeu foi interrompida pelo  precisamente aparecimentoo de Cristo. apareciment 76. Mark D. Nanos desaia essa implicação em “O relacionamento de Paulo com a Torá à luz  de sua estratégia 'tornar-se tudo para todos' (1 Coríntios 9:19-22)”, em Paulo e o judaísmo: correntes cruzadas na exegese paulina e no estudo de Relações Judaico-Cristãs, eds. Reimund  Bieringer e Didier Pollefeyt (Londres: T & T Clark, 2012), 106–40. 77. Barclay, judeus na diáspora mediterrânea, 391. 78. O compromisso de Paulo com as “tradições ancestrais” judaicas era evidente em sua  perseguição às igrejas, mas “a direção de sua vida foi fundamenta fundamentalmente lmente alterada por sua ex expe peri riên ênci ciaa de 'c 'cha hama mado do'' em ou pe pert rtoo de Da Dama masc sco. o. . .” Es Essa sa cham chamad adaa ex exig igia ia qu quee ele ele “questionasse a autoridade do 'ancestral 233 PAULO NO JUDAÍSMO “antagonismo” em relação à cultura judaica é Romanos 1–3, que Barclay lê (junto com muitos “antagonismo” exegetas cristãos) como envolvendo um “acusação de judeus” e com a intenção de “demolir as reivindicações religiosas e culturais de  judeus e gentios”.79 Mas essa caracterizaç caracterização ão da intenção de Paulo é problemática. Outros estudiosos têm enfatizado, por uma questão de princípio metodológico, metodológico, que todas as cartas de Paulo sejam lidas como dirigidas a audiências predominantemente não judias. Barclay está  familiarizado com o princípio.80 A consequênc consequência ia extraída por outros, entretanto entretanto,, é que as declaraçõess de Paulo sobre o signiicado da Torá podem ser lidas apenas como uma descrição declaraçõe do signiicado da Torá para não-judeus. 81 Mais especiicamente, ler Romanos, e especialmente Romanos 1–3, de acordo com os sinais claros de que é dirigido a um público não judeu – e um público tentado ao seu próprio “antagonismo cultural”  “antagonismo co cont ntra ra os ju jude deus us!! — resu result ltou ou em inte interp rpre reta taçõ ções es mu muit itoo difer iferen ente tess de Rom oman anos os,,  particularmente  particularmen te dos capítulos 1 a 3 e, consequentemente, da teologia de Paulo em geral. Eu argumentei em outro lugar que lido retoricamente, e sem importar suposições da tradição dogmática cristã, Romanos 2 não funciona como uma “acusação” do judaísmo. como tal, é o alvo de Paulo.83 costumes' que ele uma vez defendera vigorosamente” (ibid., 384). Como vimos acima ao discutir Frey, uma narrativa alternativa desses eventos é possível. 79. Ibid., 392.

80. As por cartas de Paulocomo “dizem-nos que Paulo a seusnão próprios convertidos, exceto implicação, ele falouo com judeusdisse ou gentios cristãos” (ibid., 382).mas não,

 

81. Ver Lloyd Gaston, Paul and the Torah (Vancouver: University of British Columbia Press, 1987); John G. Gager, The Origins of Anti-Semitism: Attitudes Toward Judaism in Pagan and  Christian Antiquity (Nova York: Oxford University Press, 1985); Neil Elliott, The Rhetoric of  Romans: Argumentative Constraint and Strategy and Paul's Dialogue with Judaism, Journal   for the Study of the New Testament Testament Suppleme Supplement nt Series 45 (Shefield: Shefield Shefield Academic Pre Press, ss, 1990); Stowers, A Rereading of Romans, esp. indivíduo. 1. 82. Elliott, The Rhetoric of Romans, 127-157; Elliott, A Arrogância das Nações, 100-107. 83. Stanley K. Stowers, The Diatribe in Paul's Letter to the Romans, Society of Biblical  Literature Dissertation Series 57 (Chico, CA: Scholars, 1981); Stowers, uma releitura de Romanos.  234  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA Stowers aponta ainda que a leitura tradicional de Romanos, que trabalha “para apagar o  público gentio”, gentio”, o faz co como mo "movimento hermenêutico que facilita a leitura da carta como escritura canônica da igreja católica ortodoxa." privilegiar outros do que a jactância de Paulo “em Cristo”. O resultado é, em última análise, uma compreensão de kata sarka, na qual a identiicação de Paulo com Israel é principalmente uma questão de “angústia que Paulo expressa sobre a incredulidade de outros judeus”. ” fora da tradição judaica, e o apóstolo pode ser  mais à vontade entre os segmentos particularistas e menos acomodados da diáspora; no entanto, na utilização desses conceitos e na prática social, ele destrói o molde étnico no qual  essa ideologia foi formada. . . . Por uma extraordinária transferência de ideologia, Paulo desenraiza as formas culturalmente mais conservadoras do judaísmo na diáspora e as usa a serviço de suas comunidades em grande parte gentias.86 Em outras palavras, ao que parece, Barclay Paul pode ser descrito como judeu apenas na medida em que não é cristão; mas o chamado em Cristo exige que ele transcenda sua identidade como judeu. Complicando a etnia politicament politicamentee Como vimos ao discutir o ensaio de Jörg Frey sobre “A identidade judaica de Paulo”, aq aqui ui ta tamb mbém ém deve deve ser ser sui suici cien ente te si simp mple lesm smen ente te ap apon onta tarr pa para ra le leit itur uras as alte altern rnat ativ ivas as  prontamentee disponíveis dos comentários “subversivos” de Paulo sobre a Torá, sem tentar   prontament demonstrar sua superioridade. Em diferentes 84. Stowers, A Rereading of Romans, 33.

85. Ibid. 86. Barclay, judeus na diáspora mediterrânea, 395.

 

 235  PAULO NO JUDAÍSMO maneiras, vários intérpretes têm argumentado que os argumentos de Paulo sobre a Torá  foram motivados por “ansiedade” “ansiedade” por parte de não-jud não-judeus eus nas assembléias, ao invés invés de algum aspecto inerente da identidade judaica. Essa ansiedade alimentou o interesse em judaizar – isto é, na adoção seletiva de práticas judaicas como a circuncisão – que Paulo se esforça ao máximo para se opor.87 Além disso, essa “ansiedade” tem menos a ver com aspectos inerentes inerentes de identidades étnicas estáveis, Judeu ou “gentio”, do que com a complexa interação de medidas de status e privilégio que eram atribuídas a diferentes povos no mundo de Paulo. Mas essas atribuições eram em parte formadas pelas realidades sociais e políticas do Império Romano e pela representação ideológica do poder romano em termos da superioridade do “povo romano” e de seu destino divinamente dado de governar as nações. Contra a noção essencialista de que a etnicidade é singular e invariável – que Ioudaios não  pode ser um Hellēnos – devemos levar a sério a existência de indivíduos reais, no mundo de Paulo, que aspiravam a ser ambos. O argumento tem sido muitas vezes feito em termos bastante teóricos, como pelos estudiosos que acabamos de mencionar, mas Lawrence L. Welborn forneceu recentemente um exemplo intrigante do tipo de ação ativa. “Judaizando” que outros estudiosos postularam. No curso de um argumento muito diferente, Welborn passa a discutir um magistrado coríntio, um tal Gaius Julius Spartiticus, que Welborn identiica como “o tipo de pessoa” que o Caio que era “anitrião de toda a assembléia”  em Corinto (Rm 16:23) “pode ter sido”. 87. Gaston, Paul and the Torah, cap. 2, seguido por Gager, Origins. Stowers também aponta  para um interesse por parte dos não-judeus no potencial da Torá como instrumento de “autocontrole”  (Uma releitura de Romanos). Brigitte Kahl conecta o interesse em judaizar entre os não judeus gálatas com a apresentaç apresentação ão ideológica romana dos povos celtas (= Galatai) como um  povo inferior e conquistado ( Galatians Rediscovere Rediscovered: d: Reading through the Eyes of the Vanquished, Paul in Critical Contexts [Minneapolis: Fortress Imprensa, 2011]). 88. Veja LL Welborn, An End to Enmity: Paul and the “Wrongdoer” of Second Corinthians, BZNW 

185 (Be (Berli rlim: m: de Gru Gruyte yter, r, 201 2011), 1), 288 288–33 –335; 5; no exempl exemploo “e “espe speta tacul cular” ar” de Esp Espart artati atico co em  particular, 309-19. 309-19.

 

 236  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA Spartiaticus era neto de um oicial espartano da marinha de Otaviano em Actium. Após a vitória, Otaviano recompensou esse oicial com propriedades e tremendas riquezas, algumas das quais ele usou para se insinuar na corte de Herodes em Jerusalém, em parte porque compartilhava a crença atual em um antigo parentesco entre espartanos e judeus (ver Josefo,  Ant. 13.164). Este oicial, Eurycles, convenceu Herodes de que seus próprios ilhos conspiraram contra ele. Herodes mandou prender e matar seus ilhos, e Eurycles retornou a Esparta com riqueza ainda maior. Ele foi denunciad denunciadoo na corte de Augusto, no entanto, por um aristocrata espartano que “sem dúvida se ressentia do fato de sua antiga família ainda não ter cidadania romana, enquanto um arrivista, que escolheu o lado vencedor em Actium, dominava Esparta”. Eurycles morreu no exílio. Seu ilho Laco, que se esforçou para agradar o círculo de Tibério, também foi vítima de intrigas da corte e foi obrigado a se estabelecer, com seu ilho Espartico, em Corinto por porCalígula, volta de e33 dC. Após a morte de“oTibério, no entanto, a fortuna de Laco foi restaurada Welborn especula que [suposto] a ligação hereditária com o judaísmo pode ter desempenhado um papel, uma vez que q ue Calígula tinha entre seus amigos íntimos o príncipe judeu Herodes Agripa, neto de Herodes, anitrião de Eurícles. “eventua “event ualme lment ntee alc alcanç ançou ou os ma mais is alt altos os car cargos gos mun munici icipai pais.” s.” Spa Sparti rtiat aticu icuss apa aparec receu eu em inscrições, na época em que Paulo se correspondia com as congregaçõe congregaçõess coríntias, como sumo sacerdote da casa de Augusto “para sempre”, o primeiro Aqueu a ocupar este, “o mais alto cargo na província”. O argumento maior de Welborn é que Caio Júlio Espartiatico pode ter sido o eminente “malfeitor” de 2 Coríntios, que tanto irritou 89. Ibid., 315. 90. Ibid., 316. 91. Ibid., 311-12.  237  PAULO NO JUDAÍSMO Paulo com seu desprezo pelo apóstolo socialmente inferior. Meu ponto aqui é simplesmente notar que alguém como Gaius – um não-judeu obcecado em estabelecer conexões sociais por  meio de conexões étnicas remotas ou imaginárias com judeus – existia na paisagem de Paulo.

 Aqui está o resumo resumo de Wel Welborn: born: Dada a história da família, parece inteiramente plausível que Espartatico tenha sido atraído  pelo judaísmo como um temente a Deus, que Espartatico tenha formado uma amizade com o

 

respeitado governante da sinagoga, Crispo, e que ele tenha respondido com entusiasmo ao mensagem de que o Messias havia aparecido na pessoa de Jesus, e que, em tudo isso, Espartiático não teria percebido um conlito com sua identidade como um eminente cidadão  grego e romano, mas teria visto seu interesse pelas coisas judaicas como um ato de piedade  ilial ao seu grande an antepassado, tepassado, E Eurycles.92 urycles.92 Então, se o historiador Greg Woolf pode descrever a dinâmica cultural de “tornar-se romano,  permanecer grego”, e como nossas considerações anteriores nos apontaram para a  possibilidade (contra Barclay) de judeus buscarem “tornar-se gregos, permanecendo judeus”, devemos agora também considere a possibilidade de alguém como Spartiaticus ser espartano e buscar, através de uma ligação percebida com a etnia judaica, aumentar seu prestígio como romano. Por sua vez, em seu extenso estudo sobre a identidade de gálatas (Galatai) e celtas (Keltai), Brigitte Kahl nos aponta para a possibilidade de que alguns celtas/gál celtas/gálatas atas nas assembléias de Paulo Pau lo pos possam sam ter ter pro procur curad ado, o, sen senão ão “torn “tornarar-se se rom roman anos” os”,, em pelo pelo men menos os par paraa ga ganha nhar  r  ac acei eita taçã çãoo ao aoss olho olhoss roma romano nos, s, adap adapta tand ndoo as aspe pect ctos os da id iden enti tida dade de juda judaic icaa (e (e,, as assi sim, m, obscurecendo sua que identidade como celtas derrotados). Torna-se óbvio a partir  de tais exemplos uma simples polaridade entre as etnias rapidamente “judaica” e “helenística” é  inadequada aos dados e não deve limitar nossos esforços para entender Paulo e seu contexto. Uma abordagem mais adequada 92. Ibid., 316-17.  238  A QUESTÃO DA POLÍTICA POLÍTICA  perguntará sobre práticas ddee iliação e construções de identid identidade ade em um contexto contexto mais amplo onde essas realidades foram moldadas, em parte, pela força constrangedora do poder político e econômico romano e pela força ideológica do que podemos chamar de raciocínio étnico romano. Não há razão evidente para que tais considerações “políticas” não devam informar nossa compreensão de Paulo e seu apostolado. De fato, em vários pontos acima, mostrei que q ue argumentos coerentes coerentes e, a meu ver, convincentes  foram apresentados por vários estudiosos que nos permitem entender Paulo como um judeu, respondendo a realidades realidades ocasionadas pelo poder romano (e as formas em que que pessoas de várias etnias em suas assembleias responderam responderam a isso). Escolhas Interpretativas  John Barclay recentemente prestou um serviço de boas-vindas aos intérpretes, examinando examinando o

estado atual da interpretação política de Paulo, mesmo que seu objetivo seja questionar  várias de suas premissas. A terminologia é desaiadora; Barclay não pretende propor que a teologia de Paulo era “apolítica”, mas desaiar algumas das manobras que permitiram que o que pode ser chamado de círculo de intérpretes “Paulo e Império” descrevesse o evangelho de

 

Paulo como colocado diretamente em oposição à ideologia imperial romana. .93 Ele adverte de maneira útil contra inferir o que Paulo “deve ter querido dizer” ou seus leitores “devem ter  ouvido” a partir de semelhanças entre suas expressões e a retórica do culto imperial ou  propaganda imperial.94 Na visão de Barclay, é um erro dar a Império Romano “signiicado  particular” no pensamento pensamento de Paulo, com o qual ele quer dizer ver Roma como o 93. John MG Barclay, “Why the Roman Empire Was Insigniicant to Paul”, originalmente apresentado em uma sessão plenária especial no Reunião anual da Sociedade de Literatura Bíblica em novembro de 2007; Igrejas Paulinas e Judeus da Diáspora, 363-87. 94. O alvo particular de Barclay é NT Wright, a quem ele descreveu (no artigo inicial, embora não no capítulo publicado) como o “mais equilibrado” dos intérpretes de “Paul and Empire”. Meus próprios trabalhos estão entre aqueles discutidos perifericamente no argumento de Barclay, e considero muitos de seus pontos como importantes advertências.  239 PAULO NO JUDAÍSMO (embora encoberta) alvo de uma ou outra expressão nas cartas de Paulo. O ponto é bem entendido, e Barclay faz bem em pedir maior precisão àqueles de nós que comparam as cartas de Paulo com as expressões das reivindicações romanas no curso de nossa interpretação.95 Certamente é apropriado, no curso da descrição histórica, “cuidado com as distorções que podem surgir ao situar a política teológica de Paulo dentro das categorias e estruturas teóricas que moldam nossa própria compreensão (pós)moderna de 'política'''96. Mas o próprio Barclay sabe que há mais no tipo de interpretação que ele gostaria de fazer do que uma simples descrição histórica. Contra a identiicação de “política como poder de Es Esta tado do”, ”, um umaa ca cate tego gori riaa redu reduci cion onis ista ta que que (qu (quee eu sa saib iba) a) nã nãoo de dese semp mpen enha ha um pa pape pel l  signiicativo nas interpretações políticas contemporâneas, ele prefere ler Paulo como se opondo a “poderes anti-Deus onde e como eles se manifestam”. no palco humano”, uma categoria que lhe permite invocar as realidades modernas das inanças internacionais não regulamentadas regulament adas ao tráico sexual, do neocolonialismo à violência doméstica. teologia:  A questão não é se Paulo notou o poder de Roma – ele claramente percebeu a ponto de sentir  seu impacto ísico em seu corpo; a questão é que poder ele via como operativo em tais experiências. . . . Se Roma não é especiicamente nomeada do ângulo de visão [de Paulo], isso não signiica que a teologia de Paulo era apolítica, apenas que a política é para ele enredada em uma luta de  poder abrangente que abrange todos os domínios da vida, incluindo, mas não limitado ao

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