Parmênides - Da natureza
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José Trindade Santos
Da natureza Parmênides
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© 2000 by José Trindade Santos Diagramação Victor Tagore Capa Leonardo Gonçalves Impressão: Thesaurus Editora
S337d Santos, José Trindade Da natureza - Parmênides I José Trindade Santos.- Brasília : Thesaurus, 2000. 124 p. 1. Filosofia da natureza 2. Parmênides, filósofo grego I. Título CDU 113 CDD 113.2
Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópi a, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito do autor. THESAURUS i::D!TORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Quadra 8, lote 2356- CEP 70610-400 - Brasília, DF. Fone: (61) 344-3738Fax: (61)344-2353 Composto e impresso no Brasil Printed in
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A Giovanni Casertano
"Questa vita
e um continuo sacrificio "
Sumário PREFÁCIO ............................................. ..... ........................ 11 FRAGMENTOS ..... .............................................................. 15 33 O saber é coletivo e pessoal ........................................................... 34 O que há para saber? ............................................ ........................ 35 O peso da memória ....................................................................... 36 Transmissão e criação cultural na Antigüidade ............................... 39 PoR QUE SABER? ................................................... .. .. ....... . .............. .
A ESCRITA ...................................... ..................................... ........ 40 A produção dos primeiros textos da Cultura Grega ........................ 43 A Cultura e Literatura gregas até ao séc. V .................................... 45 A formação da tradição filosófica grega ......................................... 4 7 INTERLÚDIO POLÍTICO ........ ..................................·................... 47 Política e Cultura ..................... .................... .... ....... ..... .;........ ........ 50 Os sofistas ....... ..................................................... .. ...................... . 51 A FILOSOFIA ..... .... .... .................................................................. 54 PLATÃO .......... . ............. . .................................................................. 54 ARISTÓTELES .............................................. . .... ... .... . ....................... . 56 O Poema de Parmênides ................................................................ 57
INTRODUÇÃO À LEITURA DO POEMA DE PARMÊNIDES .... . ..... ........ .. 59
História das cópias do poema ................. ....................................... 60 O texto do poema ................ ... ............................. .. ............ ... ........ 63 Sentido desta edição do Poema de Parmênides ............................... 64
INTERPRETAÇÃO DO POEMA DE P ARMÊ
1.
IDES ........ . ............
65
o PROÊMIO .. .. .. .. .. .. ... .. .. ............... ..... .... . ............ ........................ 65 1.1 As PALAVRAS DE ACOLHJME ;TO AO JOVE.\1. .... . .......... .................. 68 1.2 REALIDADE E APARÊ CIA ........................... ......................... ..... 69
2. A via da Verdade .......................... .... .................... ..................... 76 2.1 OS DOIS CAMINHOS ........................................ ......................... 76 NoTA sOBRE ALÊTHEIA . ............. ........... ........................................ 87 A LOCALIZAÇÃO DOS FRAGS. 4 E 5 .. ....................... ......... .. .. ........... 88 2. 2 DESENVOLVIMENTO DO ARGUMENTO : A NOVA VIA ...................... 90 3. A Via da Opinião ... ................... ................. ....... . ......... . .. ... ...... 3. 1 0 ALCANCE DA V IA DA VERDADE .. . ....................................... 3. 2 As DUAS FORMAS ........................................................ . ....... 3. 3 A POSITIVIDADE DA OPINIÃO .............. . ................................. , 3. 4 ASTRONOMIA E FISIOLOGIA .. . ................................................ 3. 5 0 PENSAMENTO E A MISTURA....................................... . .... . .... 3. 6 A OPINIÃO E OS NOMES ......................... ............................ ...
101 102 104 107 108 111 112
4. Parmênides e a herança eleática .. .............................................. .4. 1. 0 FRAG . 2 REVISITADO .......... .. ............................................ 4. 2 A CRÍTICA À SOFÍSTICA ............................................. ........ .... 4. 3 0 SABER DOS SOFISTAS .. .. .. . .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. . 4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS SOFISTAS ............ .. ... . ............ 4.5 CONCLUSÃO : NÓS E PARMÊNIDES ............................................
113 114 117 122 125 126
PREFÁCIO
Esta obra apresenta, uma tradução anotada e um comentário seqüencial do Poema de Parmênides, acompanhando uma versão do texto Grego. A tradução é precedida de UI\1 ensaio dedicado à abordagem da questão do saber. O trabalho dirige-se especialmente aos estudantes e procura provê-los com uma versão cientificamente aceitável de um dos textos capitais da Cultura Ocidental, à qual agrega alguns instrumentos de trabalho, com a finalidade de facilitar a sua compreensão. Como se explicará adiante, e pelas razões aí apresentadas, esta versão não pode confundir-se com uma edição do poema. Apoia-se na edição realizada por Hermann Diels, Parmênides' Lehrgedicht, griechisch und deutsch, Berlim, 1897. Não parte, portanto, de um cotejo das fontes manuscritas e das respectivas variantes, ou mesmo das principais edições do poema, às quais se refere incidentalmente e de passagem, só quando é preferida uma lição divergente da acima citada. Este esclarecimento é importante pelo fato de a tradução apresentada ser devedora do trabalho de análise filológica e crítica realizado por muitas outras edições e traduções do poema, em diversas línguas, às quais não faz a referência devida. Menciono apenas, e porque seria grave não o fazer, a dívida para com duas traduções do poema: em Português, a de Maria Helena da Rocha Pereira, in Hélade, Cohnbra, 1959 (1 a edição), e, em Italiano, a edição e comentário de Giovanni 11
Casertano, Parmenide il metodo la scienza l'esperienza, Napoli, 1978 ( 1o edição). A estes estudioso quero aqui acrescentar, ao meu agradecimento, a minha homenagem. Como é de esperar, .um texto com a en ergadura do Poema de Parmênides tem vindo a merecer, especialmente ao longo do séc. XX, a detida atenção da crítica, atravé da apre entação de muitas edições e comentários, tanto globais, quanto centrado numa ou noutra questão do argumento. A finalidade e ambição de te trabalho não justificam a referência a essa monumental tarefa, nunca acabada, para a qual contribuirá apenas na medida das limitações já expressas. Esta advertência é ditada não apenas pelo rigor e exigência do trabalho científico, mas sobretudo para que se tome manifesto que a interpretação aqui apresentada carece da referência ao acervo de bibliografia filológica e crítica, sem a qual nunca teria chegado a poder ser formulada 1 • A única justificação que se oferece para essa falta reside na finalidade que presidiu à sua concepção e redação. O diálogo com a tradição multissecular de interpretação crítica do Poema de Parmênides pesaria enormente sobre a sua compreensão, sobretudo àqueles que o vão abordar, pela primeira- e talvez última - vez. Para benefício desses, passo agora a sugerir o modo como devem realizar a tarefa de se apropriarem das indicações e pistas aqui semeadas. 1. A versão bilíngüe do texto do poema, que inicia a obra, deve ser utilizada sobretudo como referência e oportunidade de visualização global do texto. Para além das poucas divergências assinaladas, limitase a seguir a edição de Diels, no texto estabelecido e na ordem pela qual são apresentados os fragmentos. Essa ordem, que a tradição impôs, 5
Ainda assim, as pouquíssimas referências bibliográficas feitas , de todo indispensáveis, não devem ser confundidas. De um lado, acham-se as fontes-. textos antigos-, com os quais se estabelecem relevantes relações; do outro, os comentadores que se pode ignorar. Em qualquer dos casos, a função que desempenham no texto é secundária: ou servem de apoio a um argumento, ou tese apresentada; ou apontam uma via de investigação possível. As personagens referidas e as siglas das suas obras acham-se explicadas em qualquer obra de introdução ao estudo do pensamento antigo, como o clássico de G. S. Kirk e J. E. Raven, The Presocratic Philosophers, Cambridge, 1966 (trad. port. Os filósofos pré-socráticos, Gulbenkian, Lisboa, 1979).
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será questionada adiante, mas nunca alterada. Isto ~ignifica, por exemplo, que, apesar de se propor a sua localização entre os fragmentos 1 e 2, o fragmento 5 nunca deixa de ser referido por esse número; e assim para os casos análogos. Na parte dedicada ao comentário, a tradução do poema será repetida pari passu. Tanto aí, como na tradução inicial, é da maior importância a habituação da referência aos fragmentos, identificados pelo respectivo número, seguido de um ponto '.', quando precedem a indicação de versos. Estes podem aparecer sozinhos, ou emparelhados por um hífen '-', ou uma vírgula ','. Por exemplo: 8 (ou B8, adiante explicado) refere esse fragmento; 8. 2, o verso 2 do fragmento 8; 8. 3441 a seqüência de oito versos, habitualmente referida como o "sumário da via da verdade"; 8. 38, 53, os dois versos do frag. 8 em que aparecem formas do verbo onornazein (nomear). 2. O ensaio sobre o saber deve ser encarado como uma introdução temática ao texto e ao seu comentário. Debate, de modo superficial e sem pretensões, a constituição da questão do saber na Grécia clássica, procurando evocar a adesão simpática dos leitores, a quem porventura nunca terá sido proposta nesta perspectiva. A pouco frequente intrusão da linguagem poética pelo discurso de divulgação científica constitui uma opção de incerta eficácia. Também aqui se calou a oportuna referência a muita e variada bibliografia de difícil acesso a estudantes. Para facilitar a leitura e compreensão, esse texto é dividido em curtas seções, com titulação centrada. Essa decisão traduz e· pretende sugerir que não reproduz um argumento seqüencial. É antes constituído por um percurso, quase caleidoscópico, onde se vão descobrindo tópicos que convergem numa visão panorâmica da Cultura de uma época, convocada de uma pluralidade de perspectivas. Deve ser encarado mais como matéria para meditação e reflexão pessoal do leitor do que como abordagem dogmática e científica do tema tratado. Para os que quiserem entrar imediatamente no texto do poema, esse capítulo poderá ser abordado depois do comentário. 13
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3. A última parte do texto é integralmente dedicada ao comentário do poema. Começa por uma curta introdução que descreve sucintamente as vicissitudes pelas quais o texto passou até atingir a forma com que é hoje apresentado ao público. A entrada no poema é assinalada pela paragrafação numérica, inserida à margem, de forma a salientar a integração dos tópicos, na ordem pela qual são abordados. Estes são quatro: as três partes em que consensualmente se divide o poema, seguidas de um comentário ao modo como este foi recebido pelos filósofos e pelos sofistas gregos - 1. O proêmio; 2. A via da Verdade; 3. A via da opinião; 4. Parmênides e a herança eleática (cada um deles articulado e subdividido em parágrafos distintos). A repetição dos algarismos iniciais significa que o parágrafo seguinte faz parte do anterior, enquanto a mudança indica a passagem à outra questão. A inclusão de notas com titulação centrada quer dizer que estas devem ser lidas como apêndices ao que se disse na seção em que se acham, mas que a sua relevância para o argumento é marginal. Devo ainda uma palavra de agradecimento a todos aqueles que 1n:e auxiliaram com a leitura atenta de alguma das sucessivas versões por que foi passando o texto, até atingir a forma atual. Começo por Adriana Nogueira, que me auxiliou em inúmeras revisões do texto, e não posso deixar de mencionar Maria José Figueiredo, Helena Ramos, Pedro Vidal e Graça Pina, além do revisor, cuja competência e acribia já se tornou entre nós lendária, Senhor Manuel Joaquim Vieira. Devolhes a chamada de atenção para muitas passagens duvidosas, erradas e imprecisas, que afetavam a sua compreensão do texto. José Trindade Santos
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FRAGMENTOS
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