OXALÁ em montagem
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OXALÁ
Se Exu é o começo de tudo, Oxalá é o fim. Se Exu é o principio da vida, Oxalá é o principio da morte. Equilíbrio positivo do Universo, é o pai da brancura, da paz, da união, da fraternidade entre os povos da Terra e do Cosmo. Pai dos Orixás, é considerado o fim pacífico de todos os seres. Orixá da ventura, da compreensão, da amizade, do entendimento, do fim da confusão. O branco, nos cultos Afro-Brasileiros, é a cor principal. É, entretanto, o luto, a cor de Oxalá, pois Oxalá é aquele Orixá que vai determinar o fim da vida, o fim da estrada do ser humano. Daí sua cor ser considerada a cor do luto, nos Cultos. Oxalá é ofim da vida, é o momento de partir em paz, com a certeza do dever cumprido. Embora não gostemos dela, nem que a queiramos com certeza, a morte é uma conseqüência da própria vida. Exu inicia, Oxalá termina. É assim nas rodas de
Candomblé, no xirês, quando louvamos todos Orixás. Começamos por Exu, terminamos com Oxalá. A religião, então, encara o fator morte com a mesma naturalidade com que encara os demais assuntos, pois ele faz parte da Natureza e sabemos que tudo tem um inicio, um meio e um fim. Também o Culto vai encarar esta evidência com lógica e vai determinar uma regência, ou melhor, inúmeras regências, para essa força chamada Oxalá. A morte é descanso final, e se é o descanso final é a paz. Oxalá é o Orixá da paz. Ele é o pai da brancura, cor do luto no Candomblé. Portanto ele é o pai a morte, ou melhor dizendo, é o principio do fim da vida. Mas Oxalá também tem outras atribuições na Natureza. É ele que vai proporcionar a paz entre os homens; é ele que vai trazer o entendimento, a compreensão, o sossego, a fraternidade, não somente entre os homens, mas também em sua relação com outras forças da natureza, pois é comum nas Casas de Santo oferecemos comidas e flores, para que Oxalá venha apaziguar uma situação de conflito, uma determinada cabeça. É ele que servirá de mediador para que haja uma solução, uma definição. Oxalá, portanto, está presente nos momentos em que a calma é estabelecida. Rege a tranqüilidade, o silêncio, a paz do ambiente. Oxalá é o equilíbrio das coisas, mantendo-as suavemente estabilizado e em posição de espera ou definição, de acordo com o caso, de acordo com a situação. É, portanto, a organização final, da maneira mais pacífica possível.
Mitologia Oxalá era marido de Nanã, Senhora do Portal da vida e da morte. Senhora da fronteira de uma dimensão (a nossa) para outras. Por determinação da própria Nanã, somente os seres femininos tinham o acesso ao Portal, não permitindo a aproximação dela de seres do sexo masculino, sob hipótese alguma. Esta determinação servia para todos, inclusive para o próprio Oxalá.
E assim foi, durante muito tempo. Porém, Oxalá não se conformava em não poder conhecer o Portal, não só por ser marido de Nanã, como por sua própria importância no panteão dos Orixás. Assim, pensou, até que encontrou a melhor forma de burlar as determinações de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o Adê (coroa) com os “chorões”, no rosto, próprio das Iabás (mulheres) e aproximou-se do Portal, satisfazendo, enfim, sua curiosidade. Foi pego, porém, por Nanã, exatamente no momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou: -Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um segredo importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a incumbência de ser o principio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, jamais conseguiras te desfazer das vestes femininas e, daqui para frente, terá todas as oferendas fêmeas! E Oxalá, conhecido por Olufan, passou a comer não mais como demais santos Aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as Iabás. E jamais se defez das vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no Senhor do principio da morte e conheceu todo o seu segredo. Oxalá, portanto, é o fim. Não o fim trágico, mas pacífico, de tudo que existe no mundo. E por isso merece todo o carinho que lhe damos. Por isso, é o nosso salvador, nosso conselheiro, aquele que vem nos momentos de angustia para trazer algo que esse mundo precisa demasiadamente: Paz.
ALGUMAS LENDAS DE OXAGUIÃN
Batalha dos Atoris Batalha dos Atoris. Na cidade Africana de Eleegibò até hoje por ocasião de sua festa os habitantes são divididos entre dois bairros e trocam golpes de atori (varas), relembrando o mito que diz sobre um Babalaô seu amigo que foi preso pelos guardas de Eleegibò ,por que se referiu o Rei como, Oxaguian (Orixá Comedor de Inhame) tendo sido encontrado no calabouço Oxagüian pediu-lhe perdão só aceito se os moradores da cidade trocasse golpes de varas durante suas festas (sob pena de não haver boa colheita caso isto não acontecesse).
O Castelo de Ogum Oxaguian, jovem filho guerreiro de Oxalá, acompanhava Ogum pela terra em suas guerras. Aproveitava de toda ocasião em que a guerra criava destruição para reconstruir no lugar algo maior e mais próspero.
Assim espalhou pelo mundo prosperidade, sem descanso, obrigando todos a trabalhar e progredir. Onde via preguiça, inspirava movimento e crescimento. Um dia, entre uma batalha e outra, Oxaguian foi à cidade de Ogun para buscar provisões e encontrou um castelo que acabava de ser construído pelo povo do lugar em oferecimento a Ogum. Oxaguian perguntou ao povo: “Que vão fazer agora que terminaram de construir o castelo do seu rei?” “Descansar”, eles responderam. Oxaguian retrucou: “O seu rei ainda demora a voltar; vocês devem aproveitar deste tempo de maneira melhor. Construam um castelo ainda melhor e encham de alegria o seu rei.” Sacou da espada e com um toque empurrou a parede do castelo, que ruiu todo.” Oxaguian voltou para a guerra, e o povo pôs-se a construir um castelo ainda melhor. O tempo passou e Oxaguian voltou à cidade de Ogun em busca de mais provisões. Encontrou lá um castelo ainda maior e melhor do que o que tinha derrubado. Semelhante diálogo se travou. Oxaguian perguntou ao povo: “Que vão fazer agora que terminaram o castelo do seu rei?” “Vamos descansar”, eles responderam. Oxaguian interrogou: “Mais uma vez, o seu rei demora a voltar; vocês que aproveitem ainda deste tempo de maneira melhor. Construam um castelo melhor para o seu rei.” Como tinha feito antes, sacou da espada e com um toque derrubou o castelo.” E partiu para guerra, voltando sempre em busca de novas provisões. Tantas vezes isto aconteceu que o povo do lugar se transformou em um povo de grandes construtores, desenvolvendo engenharia e arquitetura soberba, reconhecida mundialmente. Oxaguian promove o progresso. Não gosta de ver ninguém parado.
Ogum faz instrumentos agrícolas para Oxaguian Oxaguian, rei de Ejigbô, o Elejigbô, chamado "Orixá-Comedor-de-inhame-pilado", inventou o pilão para saborear mais facilmente seus prediletos inhames. Todo o povo do seu reino adotou a sua preferência. Todo o povo de Ejigbô comia inhame pilado. E tanto seu comia inhame em Ejigbô que já não se dava conta de plantá-lo. E assim, grande fome se abateu sobre o, povo de Oxalá. Oxaguian foi consultar Exu, que o mandou fazer sacrifícios e procurar o ferreiro Ogum, que naquele tempo viva nas terras de Ijexá. O que podia fazer Ogum para que o povo de Ejigbô tivesse mais inhame?, consultou Oxaguian. Ogum pediu sacrifícios e logo deu a solução. Em sua forja, Ogum fez ferramentas de ferro. Fez a enxada e o enxadão, a foice e a pá, fez o ancinho, o rastelo, o arado. "Leve isso para o seu povo, Elejigbô, e o trabalho na plantação vai ser mais fácil. Vão colher muitos inhames, mais do que agora quando plantam com as mãos", disse Ogum. E assim foi feito e nunca se plantou tanto inhame, como se colheu. E a fome acabou. O povo de Ejigbô, agradecido cultuou Ogum e ofereceu a ele banquetes de inhames e cachorros, caracóis, feijão-preto regado com azeite-de-dendê e cebolas. Ogum disse a Oxaguian: "Na casa de seu Pai todos se vestem de branco, por isso também assim me visto para receber as oferendas". E o povo o louvava e Ogum ficou feliz. E o povo cantava: "A kaja lónì fun Ògúnja mojuba". "Hoje fazemos sacrifício de cachorros a Ogum, Ogunjá, Ogum que come cachorro, nós te saudamos". Oxaguian disse a Ogum: "Meu povo nunca há de se esquecer de sua dádiva. Dême um laço de seu abadá azul, Ogum, para eu usar com meu axó funfun, minha roupa branca. Vamos sempre nos lembrar de Ogunjá". E, do reino de Ejigbô até as terras de Ijexá, todos cantaram e dançaram.
O NASCIMENTO DE OXAGUIÃN Nasceu dentro de uma concha de caramujo. Não tinha mãe. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido e sem rumo. Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado. Apesar de feliz com sua nova cabeça branca, ela esquentava muito, e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos. E sofria muito. Um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo com o orixá. Então Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça branca, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas. A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
O PILÃO DE OXAGUIÃN Oxaguian teria nascido em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifan. Valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino. Partiu, acompanhado de seu amigo Awoledjê. Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Ele tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo
durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto! Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu companheiro, era babalawo, um grande adivinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes. Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era arrodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dandolhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia. Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!" Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. "Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se".
Desde então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair. A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, também, na Bahia. Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedor-de-inhamepilado."
EJIONILIE OSOGUIAN
8 BÚZIOS ABERTOS Arquétipo Fartura, mulher perseguida, intriga de mulher perversa, mulher ou homem, fortes intrigas, barulho, verdadeiros Ejos (brigas), fofocas, ódios acumulados em seu íntimo, vingança e falsidade são negatividades que prosperam em seus nativos com facilidade contagiosa. Importante Este Odu, se perguntado para uma pessoa enferma, tem que se ter muito cuidado com o que ele responde no Ifá – porque ele engana até a morte. Quando ele aparece por três vezes consecutivas no jogo, levanta-se três vezes em sua reverência. Atenção Não se esqueça de que este Odu é de Omoguian, e sendo assim, sendo ele o dono da guerra, será possivelmente o dono da vitória, e é bom que, quem estiver jogando, faça uma grande reflexão, pois os ebós existem para afastar suas negatividades e trazer de suas entranhas sua parte Positiva que é muito linda e pura para seus nativos. Isto é muito importante, para que não se sacrifique e se crucifique por antecipação o consulente que está procurando uma saída para seus problemas. A
personalidade de seus nativos, “pelo lado positivo” – é muito boa, podendo se conseguir deles muita ajuda e compreensão, assim como firmeza de caráter. Nunca se deve pré-julgar uma criatura, sem se conhecer todo o seu interior e em qual estágio de sua descendência ela está (se positiva ou negativa).
OMO ODUS DE EJIONILE 1º - Olanfin 2º - Odoluà 3º - Kudiré 4º - Sagrim 5º - Ebuim 6º - Akanji 7º - Yalante 8º - Ekio 9º - Silin 10º - Kokonisse 11º - Iró 12º - Sakonam 13º - Soia-Dã 14º - Morosse 15º - Gea 16º - Dejanissé 1º Omo Odu de Ejionile:: OLANFIM Ebó 8 palmos de morim branco 8 bolas de arroz 8 bolas de inhame cozido 8 moedas branca 8 ovos 8 folhas de colônia 8 acaçás Procedimento Passar tudo na pessoa, fazer uma trouxa com o morim após passar tudo na pessoa, despachar em mato limpo. 2º Omo Odu de Ejionile:: ODULUÀ Ebó 1 cabaça grande 8 cabacinhas
8 varas de atori de algodão 8 moedas 8 cavalos marinhos 8 acaçás 8 bolas de inhame 8 punhados de ebó (canjica) areia do mar água do mar Procedimento Fazer uma estrela desenhada no chão, colocar em seu centro a cabaça grande aberta, colocar em volta as oito cabacinhas abertas e enche-las com a água do mar. Nota Derramar a areia do mar sobre a estrela, assim que fizer o desenho. Este ebó deve ser feito em um campo limpo no mato assim que o dia for nascendo. 3º Omo Odu de Ejionile:: KUDIRÊ Ebó 1 metro de morim branco 1 tigela de ebô 1 tigela de arroz do bom 1 inhame acará cozido 8 acaçás 8 moedas 1 prato branco 1 pedaço de cristal da rocha Procedimento Passar na pessoa o ebô (canjica).
Passar o arroz (cru). Limpe bem o
seu suor com o morim. Em seguida, coloque no prato o inhame cozido, em sua volta os acaças, e por cima do inhame a pedra de cristal, encravada nele, as moedas, em sua volta também.
Nota O Ebô e o arroz que foi passado no corpo da pessoa, é embrulhado no morim, separado, despacha-o em lugar no mato, e o prato com o
inhame e o cristal etc. arreia-se na beira de uma cachoeira, quando o sol se põe – ou seja, bem à tardinha. 4º Omo Odu de Ejionile:: SAGRIN Ebó 8 pombos brancos 8 moedas 8 gemas de ovo de galinha 8 folhas de peregun 2 metros de morim branco Procedimento EMBRULHAR A PESSOA NO MORIM. Colocar nas mãos da pessoa uma gema em cada mão espalmada. Passe nela de cada vez dois pombos e solte-os; duas moedas e jogue-as fora; duas folhas de peregun – bata-lhe com elas no corpo da pessoa e jogue-as fora, as gemas que estão nas mãos jogue-as neste instante fora também. Repita tudo na mesma ordem outra vez até completar o orô de quatro vezes por tudo, ou seja, dois pombos, duas moedas, duas folhas de peregun. Quando terminar, limpe bem as mãos da pessoa, seu rosto, seu suor e deixe neste local este morim. 5º Omo Odu de Ejionile: Ebuin Ebó 1 bacia de ágate 8 pedras brancas 8 búzios 8 moedas 1 estrela do mar 8 conchas 8 peixinhos do rio de água limpa água limpa Procedimento Arrumar e deixar em casa esta bacia, com a água, os peixinhos, tudo etc. etc. em lugar alto, que seja acima da cabeça da pessoa, durante oito dias a contar de um Sábado. Findo os oito dias, levar tudo em uma cachoeira de água limpa e jogue tudo nas águas. Acenda uma vela de cera e peça o que desejar ao Omo Odu Ebuin, quinto de Ejionile. 6º Omo Odu de Ejionile: AKANJI Ebó 8 palmos de morim branco
8 8 8 1 8 8 8
acaçás bolas de inhame cozido acaçás amarelos (ekidis) bacia de ebó (canjica) pedaços com um metro de fita branca pedaços com um metro de fita azul claro velas
Procedimento Em mato limpo, arriar o morim no chão, arrumar tudo em cima do morim e acenda as oito velas em sua volta, pedindo tudo o que desejar ao Omo Odu Akanji. 7º OMO ODU DE EJIONILE: Yalante Ebó 8 pedaços de cipó 8 velas 8 ovos 8 bolas de arroz 8 bolas de farinha 8 acaçás 1 corvina assada só no azeite doce 1 folha grande de taioba mel azeite doce Procedimento Levar tudo para o mato limpo, e em um caminho deste mato, coloque a folha de taioba no chão. Sobre a folha arrume em sentido vertical as oito varinhas de cipó. Por cima dos cipós, enfeite com as outras coisas, e por cima de tudo, arreie a corvina assada e derrame por cima o mel e o azeite doce. Ofereça ao Omo Odu Yalante e peça o que desejar. 8º Omo Odu de Ejionile: EKIO Ebó 1 moringa 1 alguidar 8 cabacinhas 8 acaçás 8 velas 8 bolas de arroz 8 bolas de farinha 8 moedas
8 obis água limpa mel azeite doce vinho branco rapadura ralada gengibre ralado Procedimento Fazer uma mistura de “Água + rapadura ralada + gengibre ralado + vinho + mel”. Colocar nesta mistura oito gotas de azeite doce. Arreie o alguidar grande, coloque em seu interior a moringa e em sua volta as oito cabacinhas. Encha a moringa com água limpa, e as cabacinhas com a mistura.
Coloque nos espaços vazios todos os
outros ingredientes enfeitando. Entregar em mato limpo e chamar pelo Omo Odu Eio.
9º Omo Odu de Ejionile: SILIN Ebó 1 bagre 8 acaçás 8 maças 8 peras 8 obis 8 moedas 1 quilo de uva branca 1 acará cozido mel azeite doce 1 travessa de louça branca Procedimento
O inhame depois de cozido e descascado deve ser amassado bem, adicionando azeite e mel, esparrame por sobre a travessa. Do bagre cru tira-se o ferrão e acomoda-o sobre a massa de inhame, as frutas, os obis e o restante enfeita-se a travessa. Deve ser oferecido em um tronco de árvore frondosa e deixar lá para o tempo consumir.
10º Omo Odu de Ejionile: KOKONISSE Ebó 1 ebô (canjica) 8 fitas com um metro azul claro 8 fitas com um metro cor branca 1 cabaça grande 8 argolas branca (idés) 1 obi 1 orobô 8 búzios 8 moedas areia do mar 8 conchas 8 acaçás 1 travessa de barro grande mel azeite doce Procedimento Abrir a cabaça, colocar tudo dentro desde a areia até o mel, menos a canjica, que deverá ser espalhada na travessa. Em cima do ebô, coloque a cabaça e em volta da cabaça coloque as fitas. Oferecer ao Omo Odu Kokonisse em uma árvore frondosa no mato.
11º Omo Odu de Ejionile: IRO Ebó 8 broas de trigo (pão) 8 moedas
8 acaçás 8 doces brancos 8 pedaços de fitas azul e branca 8 travessas de louça branca Procedimento Arrumar tudo na travessa, esparramar mel por cima. Com as fitas, faça uma trança e com ela envolva a travessa, enfeitando-a. Despache no mato e chame pelo Omo Odu Iro.
12º Omo Odu de Ejionile: SAKONÃ Ebó 1 saco de morim branco 8 pedaços de cadarço branco 8 moedas 8 batatas doce cozida 8 obis 8 orobos 8 búzios 8 bolas de arroz 8 bolas de farinha 1 inhame cozido e descascado (acará) 1 vara forte de guaximba Procedimento Passar tudo na pessoa, colocar tudo dentro do saco, amarrar sua boca, atravessar sua boca com o pau. Por no ombro da pessoa, fazêla caminhar 8 metros mais ou menos, soltar o ebó, virar as costas e vir embora. Na volta à casa, tomar banho de ervas frescas: macaça; saião; tapete; elevante; oriri; e alfavaca.
13º Omo Odu de Ejionile: SOIADAN Ebó 1 travessa de barro
1 1 8 8 1 1 1 7
peixe agulha (cru) ebô (canjica) cravos da índia noz moscada obi orobô pouco de melão de São Caetano (folha) pedaços de papel crepom com 7 cores
Procedimento Colocar o peixe na travessa, arrumar o papel crepom em volta, todo picadinho e também por cima do peixe em sua volta, também acomode o ebô, de um lado o obi e do outro o orobô, novamente em volta da travessa. Arrume as folhagens ramada do melão de São Caetano e jogue por cima de tudo os cravos da índia. Entregar em um pé de árvore bem frondosa.
14º Omo Odu de Ejionile: MOROSSE Ebó 1 espadinha branca (feita de metal) 1 pilaozinho branco (feito de metal) 8 argolinhas brancas (feita de metal) 8 búzios 8 conchas 1 bacia de ágate 1 igbin branco (vivo) 1 ebô (canjica) azeite doce mel 8 acaças Procedimento Levar tudo em uma cachoeira limpa, e na beira d’água colocar a bacia arrumando assim: na bacia o ebô, rodeando os acaças, e cravado no
ebô, as argolas, os búzios, a espadinha, enfim tudo bem enfeitado. O igbim coloque-o em cima do ebô (vivo). Ofereça ao Omo Odu Morosse para que lhe traga tudo que deseja ou leve tudo que queira por aquelas águas.
15º Omo Odu de Ejionile: GEA Ebó 1 estrela do mar das grandes 8 acaças 8 moedas 1 obi 1 orobô 1 fava de cumaru 1 gema de ovo 1 tigela branca 1 dúzia de banana ouro (ou oito bananas) mel azeite doce Procedimento Arrumar tudo na tigela, enfeitar seu interior com as bananas, temperar com azeite doce e mel, e oferecer em um campo aberto no mato em dia de chuva, e de preferência em uma quinta-feira.
16º Omo Odu de Ejionile: DEJANISSÈ Ebó 1 quilo de uva branca 1 bandeira feita de morim branco e 1 vara de algodoeiro 8 palmos de morim branco 8 acaças 8 moedas 1 obi 1 orobô
1 melão 1 ebô (canjica) 8 ovos cozidos 8 búzios 8 conhcas 8 bolas de algodão 8 cavalos marinho 1 imã 8 gotas de azogue azeite doce mel 1 inhame cozido (acará) 1 travessa de louça branca ou de barro pintado com efum branco (que é melhor) Procedimento Arrumar tudo na travessa, colocando o melão no centro da travessa. Passe a bandeira na pessoa e finque-a no centro do melão. Entregue no mar, que tenha mato próximo. Nota: não é dentro d’água, não é na areia ou em estrada que vise o mar sagrado. Derrame o mel e o azeite doce por cima e peça tudo ao Omo Odu Dejanissè, que lhe traga tudo de bom.
Mitologia de Oxaguian Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra. Ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã.
Gostava de guerrear e comer. Gostava muito de uma mesa farta. Comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame amassado. Jamais se sentava estavam sempre atrasados, pois eram muito demorado preparar o inhame. Elejigbô, o rei do Ejigbô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra. Oxalá então consultou os babalaôs, fez suas oferendas a Exu e trouxe para a humanidade uma nova invenção. O rei de Ejigbô inventou o pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame e Elejigbô pode ser fartar e fazer todas as suas guerras. Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame que todos agora o chamam de “Orixá Comedor de Inhame Pilado”, o mesmo que Oxaguian na língua do lugar.
Dados Oxalufan Dia: sexta feira Data: 15 de janeiro; Metal: prata, ouro branco, chumbo e níquel; Cor: branco leitoso; Partes do corpo: parte genital masculina, rins, sêmen, os 16 dentes do maxilar inferior (cauris) que pertencem a Oxalá. Comida: ebô, acaçá, o ibi (caracol) e o inhame.
Arquétipo: calmos, mas capazes de liderar, bondosos e tolerantes; Símbolos: apaasoró (cajado)
Oxaguian Dia: sexta feira; Data: 15 de janeiro; Metal: todos os metais brancos; Cor: branco e leitoso; Comida: inhame pilado; Arquétipo: altos e robustos, porte majestoso, olhar ao mesmo tempo altivo e travesso, elegante e amigo das mulheres, alegre, gosta profundamente da vida, revela-se muitas vezes irônicos, malicioso, prolixo, brincalhão, idealista e defensor dos injustiçados, intuitivo quanto ao futuro. Seu pensamento original antecipa o de sua época, espírito brilhante, facilidade de argumentação. Se rico é generoso e até pródigo. Embora guerreiro não é agressivo, nem brutal. ASSENTAMENTOS DE ALGUNS OXALÁ OLOJUGBÉ IKALEBABÁ BURUKAN ÉLÉTÉKÓ AJAGUNAN
BABÁ OLOJUGBÉ ( OXOSI ) MATERIAL NECESSÁRIO 1 BACIA DE ESTANHO EFUN 16 BÚZIOS FAVAS DE OXALÁ PANO BRANCO PARA COBRIR APOTÍ OU APERE OROGBO OKUTÁ DE ESTANHO E CHUMBO ORÍ 16 MOEDAS BRANCAS FOLHAS DE OXALÁ 16 IDÉ DE CHUMBO OBÍ BRANCO BATATA DE NARCISO MARFIM ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO 6, 8, 16 IGBIN POMBO BEBIDAS ÁGUA ÁGUA DE COCO WODKA GIM COMIDAS
EGBO MUGUNZÁ OBÍ ARROZ
ASSENTAMENTO: DENTRO DA BACIA UNTADA COM ORI, SÃO COLOCADOS OS DEMAIS ELEMENTOS. ESTA BACIA FICA SOBRE O APOTI/ APERE, COBERTA COM PANO BRANCO. OS PRIMEIROS A SEREM SACRIFICADOS SÃO OS IGBIN CUJO ÉJÉ VAI PARA O ASSENTAMENTO.
INKALEBABÁ ( YEMANJA SAGBÁ) MATERIAL NECESSÁRIO 1 BACIA BRANCA EFUN RALADO 16 MOEDAS FAVAS DE OXALÁ ORÍ APOTÍ TABARINGA BRANCA 16 BÚZIOS FOLHAS DE OXALÁ OBÍ FUNFUN OKUTÁ DE CHUMBO BATATA DE NARCISO MARFIM ANIMAIS PARA O SACRIFÍCIO 6, 8, 16 IGBIN POMBO BEBIDA
ÁGUA ÁGUA DE COCO GIM COMIDAS EGBO COM ORI ( METADE CRUA E METADE COZIDA ) EGBO COM EFUN PADE DE ORI AKARAJÉ COM CAMARÃO FRESCO SEM CABEÇA FRITO NO ORÍ OU ADIN. ASSEBTANENTO: SOBRE O APOTÍ É COLOCADO O ASSENTAMENTO OU SEJA A BACIA COM OS INGREDIENTES SOLICITADOS. SÃO, ENTÃO, SACRIFICADOS OS IGBIN.
BABÁ BURUKAN ( NANA) MATERIAL NECESSÁRIO 1 BACIA BRANCA 16 BÚZIOS ORI FOLHAS DE OXALÁ ( NARCISO) PEDAÇO DE MARFIM 16 IDÉ DE CHUMBO 16 MOEDAS BRANCAS EFUN
FAVAS DE OXALÁ APOTÍ ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO 6,8, 16 IGBIN POMBO BEBIDAS E COMIDAS IGUAIS AO ANTERIOR. ASSENTAMENTO; A BACIA COM OS INGREDIENTES FICA SOBRE O APOTI, SÁO SACRIFICADOS OS IGBIN
BABÁ ÉLÉTÉKÓ ( OGUN E OXUN ) MATERIAL NECESSÁRIO 1 BACIA BRANCA ORI BATATA DE NARCISO 16 MOEDAS FOLHAS DE OXALA OBI BRANCO 1 PILÃO DE JAQUEIRA EFUN 16 BÚZIOS 16 IDÉ DE CHUMBO FAVAS DE OXALÁ OKUTÁ DE CHUMBO ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO 6,8, 16 IGBIN POMBO COMIDA E BEBIDA IGUAIS AO ANTERIOR
ASSENTAMENTO: A BACIA É PREPARADA E COLOCADA SOBRE O PILÃO CHEIO DE OBI EM SEGUIDA SÃO SACRIFICADOS OS ANIMAIS.
AJAGUNAN MATERIAL NECESSÁRIO NARCISO 1 ESPADIM DE METAL BRANCO 16 BÚZIOS 16 IDÉ DE CHUMBO E ESTANHO FOLHAS DE OXALÁ OKUTÁ DE CHUMBO E ESTANHO 1 BACIA BRANCA 1 MÃO DE PILÃO 16 MOEDAS 16 PEDACINHOS DE EFUN FAVAS DE OXALÁ 1 PILÃO MARFIM ANIMAIS PARA SACRIFÍCIO 6, 8 OU 16 IGBIN POMBO COMIDAS E BEBIDAS JÁ MENCIONADAS ASSENTAMENTOS: DENTRO DE UMA BACIA UNTADA COM ORI SÃO ADICIONADOS OS DEMAIS INGREDIENTES. ESTE ASSENTAMENTO FICA SOBRE UM PILÃO SACRIFICAR OS ANIMAIS.
Oxalá NOME: Oxaguian (novo), Oxalufan (velho) SAUDAÇÃO: Epa Babá epa ô COR: branco, marfim, pérola, chumbo (Lufan) branco e azul (Guian) ADORNO: Opaxorô (cajado com adornos), Omon Odô (braço do pilão), Alá (pano branco) DIA DA SEMANA: sexta feita DOMÍNIO: ar, céu (Orun), rios, montanhas AXÉ: purificação, sabedoria, criação, tranqüilidade (Lufan), pai da clareza, senhor das decisões e das conquistas (Guian) KIZILA: dendê, sal, café, roupa escura, cachorro, sujeira, montar a cavalo OFERENDA: egbo (canjica branca), akasá, ori (gordura animal), inhame, ekurú, obi, arroz, feijão fradinho, mel, vinho branco doce SACRIFÍCIO: cabra, pata, galinha d’angola, pomba, igbin, galinha INTRODUÇÃO "O grande orixá", ocupa uma posição única e inconteste do mais importante orixá e o mais elevado dos deuses Yorubás. É o dono da argila e da criação, onde molda os seres humanos em barro. Senhor do silêncio, do vácuo frio e calmo, onde as palavras não podem ser ouvidas. Por apreciar muito o vinho de palma, embriagando-se freqüentemente, perdeu a chance de criar a terra e tornou-se responsável pela moldagem das pessoas e ficou proibido de beber o vinho. Teimoso, às vezes passa por cima dessas regras. Pessoas com defeitos de nascença, provocados por ele, lhe pertencem. Ele as protege para se redimir. Muda de nome conforme a situação. Lento como um caramujo, todo de branco como seu ritual exige, é conhecido como Oxalufan. Enérgico e guerreiro, de colar branco com azul real, é Oxaguian. Em todas versões é Orixalá, Obatalá o rei do pano branco. ARQUÉTIPOS Os filhos deste orixá são pessoas calmas e dignas de confiança. São dotados de grande sabedoria, pois estão sempre buscando os significados de tudo o que ocorre ao seu redor, não cansam de estudar e buscar o conhecimento. Os filhos de Oxalufan possuem tendência a serem preguiçosos. O trabalho braçal não os atrai, preferem buscar lugares onde possam colocar as suas idéias e projetos em atividade. Extremamente responsáveis, são ótimos projetistas e organizadores. Seus principais defeitos são: preguiça, teimosia e lentidão. Por serem calmos, nunca se deve abusar da paciência, pois quando acaba...Os
filhos de Oxaguian já são mais ativos, guerreiros, alegres e trabalhadores. São incansáveis em seus ofícios e projetos, possuem também tendências ao estresse por se darem demais as suas funções. Responsáveis como ninguém. Assim como Oxalufan também são teimosos orgulhosos e inteligentes. São os famosos senhores do tudo ou nada. Ou dá certo ou não. Seja nos negócios, no amor e nas amizades. LENDAS Oxalufan era um rei muito idoso. Um dia, sentindo saudades do filho Xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos orixás, consultou um babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse. Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa (pasta extraída do caroço de dendê e fazer tudo o que lhe pedissem assim como, jamais revelar sua identidade em qualquer situação. Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho encontrou Exu Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. com boas maneiras, ele pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. o velho orixá, lembrando as palavras do babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. derramou todo o dendê sobre Oxalufan. o orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. mais adiante encontrou Exu Onidu, dono do carvão e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas continuando sua caminhada rumo ao reino de Xangô. Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaramno um ladrão. Sem permitir explicações, e Oxalufan lembrando do conselho do babalaô de manter segredo de sua identidade, nada reclamou...Eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis. Preocupado com isso, Xangô consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o orixá. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpálo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida. É por isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se “As Águas de Oxalá”, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.
Oxalufan tinha um filho chamado Oxaguian, muito valente e guerreiro que almejava ter um reino a todo custo. Era um período de guerras entre dois reinos vizinhos e seus habitantes perguntavam sempre aos babalaôs o que fazer para que a paz voltasse a reinar. Um dos sacerdotes respondeu que eles deveriam oferecer ao orixá da paz, que se vestia de branco, como uma pomba, muito inhame pilado, comida de sua preferência. Oxaguian, cujo nome significa "comedor de inhame pilado", apreciava tanto essa comida que ele próprio inventou o pilão para fazê-la. Depois que as oferendas foram entregues, tudo voltou as boas. Oxaguian tornou-se conhecido por todos e conseguiu seu próprio reino. Até hoje são oferecidas grandes festas a esse orixá para que haja fartura o ano todo. QUALIDADES Oxalá (o sol); Oxaguian (o nascer do sol); Oxanyin (Oxalá moço); Oxadinhan (Oxalá moço); Oxagiriyan (Oxalá feminino); Oulissa (Oxalá no Gege); Oxalufan (Oxalá velho); Oxá Olokun (Oxalá do mar); Orixalá (Oxalá do meio dia); Obi am (esposa de Orixalá); Orixá Okô (Oxalá da agricultura); Oba Okê (Oxalá da montanha); Ora Minhan (filho de Odudua e Obatalá); Orixalá (rei dos orixás); Ifá (o espírito santo); Canaburá (o nascer do dia), Obatalá, Odudua, Okin, Lulu, Ko, Oluiá Babá Roko, Babá Epe, Babá Lejugba, Akanjapriku, Ifuru, Kere, Babá Igbo, Ajaguna. Bàbá Àjàgùnná - ( Òbìtíò - que caminha com Ògún - o verdadeiro Rei de Èjìgbô , General das Guerras ) Bàbá Àjàgùnná - ( Òbìtìòdé - que caminha com Òdé ) Bàbá Èpê - ( que caminha segundo os mais vellhos com Lògún Èdé ) Bàbá Dànkó - ( Senhor dos Banbuzais que tem fundamentos tambem com Ògún e Òya ) Bàbá Dùgbé - ( Guerreiro valente e muito rico ) Bàbá Lèjùbé Bàbá Àkírè Bàbá Òlójò Obs reformulando que o nome Àjàgùnná pode tambem ser usado como título a todo Òsògìyán por que vem da palavra Guerreiro. Asiim forma-se os 8 Guerreiros da Prata. Àsé Ìrmão Àjàgùnná Òbòcìfùó
ERVAS DE OSAALAA
Alecrim de Caboclo: Erva de Oxalá, porém mais exigido nas obrigações de Oxóssi. Não possui uso na medicina popular. Alecrim de Tabuleiro: Erva empregada nas obrigações, nos abô e é um maravilhoso afugentador de larvas astrais, razão pela qual deve-se usá-lo nos defumadores, quer das casas de culto. Não possui uso na medicina popular. Alecrim do Campo: Seu uso se restringe a banhos de limpeza. É muito usado nas defumações de terreiros de Umbanda. Em seu uso medicinal resolve o reumatismo, aplicado em banhos. Angélica: Tem emprego ritualístico muito reduzido. Sua flor espanta influências malignas e neutraliza a emissão de ondas negativas. É aplicado na magia do amor, propiciando ligações amorosas. A flor também é usada como ornamento e dá-se de presente na vibração do que quer. Não possui uso na medicina popular. Funcho: Empregada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e em banhos de limpeza. Usa-se, do mesmo modo, para tirar mão de Zumbi. O povo dá-lhe bastante prestígio como excitante e para as mulheres
aumentarem a secreção de leite. Eficaz na liberação de gases intestinais, cólicas, diarréias, vômitos. É usado no tratamento dos males aqui referidos quando se trata de crianças. Araçá: As folhas são aplicadas em quaisquer obrigações de cabeça e nos abô. Usada de igual sorte nos banhos de purificação. O povo indica esta espécie como um energético adstringente. Cura desarranjos intestinais e põe fim às cólicas. Usam-se folhas e cascas em cozimento. Barba de Velho: Aplicadas em todas as obrigações de cabeça referentes a qualquer orixá. Usa-se também após as defumações pessoais feitas após o banho. A medicina caseira indica seu uso tópico no combate às hemorróidas. Baunilha verdadeira: Aplicada nas obrigações de cabeça e na tiragem de Zumbi. A medicina popular indica esta erva no restabelecimento do fluxo menstrual. São usadas folhas e caule, em chá. Debela as hipocondria, as tristezas e é energético afrodisíaco. É preconizada para pôr fim à esterilidade. Calistemo Fênico: É uma extraordinária mirtácea que entra em qualquer obrigação de cabeça, ebori, feitura de santo, lavagem de contas, tiragem de Zumbi ou tiragem da mão de cabeça. Medicinalmente é usada em doenças do aparelho respiratório, bronquites, asma e tosses rebeldes. Aplica-se o chá. Camélia: Vegetal muito usado na magia amorosa. É captadora de fluidos positivos, a flor. Usada, aproxima uso na medicina popular. Camomila Marcela: Sua aplicação é restrita nas obrigações ritualísticas. Usa-se, entretanto, nos banhos de descarrego e nos abô. Carnaúba: Só tem aplicação em abô feito da folha, que basta para cobrir a cabeça e, depois, cobrir-se a cabeça durante doze horas, fugindo aos raios solares. É fortalecimento da aura e alimento da cabeça. A vela de cera de carnaúba é a melhor iluminação para o orixá. Cinco Folhas: Aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de descarrego. A medicina caseira indica esta erva como eficaz depurativo do sangue. Cipó-cravo: Não possui uso ritualístico. Na medicina caseira atua como debelador das dispepsias e dificuldade de digestão. Usa-se o chá ao deitar. É pacificador dos nervos e propicia um sono tranqüilo. A dose a ser usada é uma xícara das de café ao deitar.
Colônia: Possui aplicação em todas as obrigações de cabeça. Indispensável nos abô e nos banhos de limpeza de filhos-de-santo. Aplicada, também, na tiragem de Zumbi, para o que se usa o sumo. Como remédio caseiro põe fim aos males do estômago. Usado como chá (pendão ou cacho floral). Cravo da Índia: Utilizada em qualquer obrigação de cabeça, nos abô e nos abô de cabeça. De igual sorte, participa dos banhos de purificação dos filhos dos orixás a que pertence. O povo tem-no como ótimo nos banhos aromáticos, o cozimento de suas folhas e cascas debelam a fadiga das pernas em banhos de assento. Erva de Bicho: Usada em banhos de purificação de filhos-de-santo, quaisquer que sejam e que vão submeter-se a obrigações de santo ou feitura de santo. É positiva a limpeza que realiza e possante destruidora de fluidos negativos. O povo indica esta planta em cozimento (chá) a fim de curar afecções renais. Espirradeira: Participa em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos abô de ori. A medicina do povo indica o suco dessa planta, em uso externo, contra a sarna e para pôr fim aos piolhos. Estoraque Brasileiro: Sua resina é recolhida e reduzida a pó. Este pó, misturado com benjoim, é usado em defumações pessoais. Essa defumação destina-se a arrancar males. O povo aconselha o pó desta no tratamento das feridas rebeldes ou ulcerações, colocando o mesmo sobre as lesões. Eucalipto Cidra: Empregado em todas as obrigações de cabeça, em banhos de descarrego ou limpeza de Zumbi. Na medicina caseira é usado nas afecções dos brônquios, em chá. Eucalipto Murta: Empregado em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de limpeza. A medicina caseira indica-o nas febres e para suavizar dores. Recomendado também nas doenças do aparelho respiratório. Fava de Tonca: A fava é usada nas cerimônias do ritual, o fruto é usado depois de ser reduzido a pó. Este pó é aplicado em defumações ou simplesmente espalhado no ambiente. Anula fluidos negativos, afugenta maus espíritos e destrói larvas astrais. Propicia proteção de amigos espirituais. Não possui uso na medicina popular. Fava Pichuri: No ritual de Umbanda e Candomblé usa-se o fruto, a fava, que reduz a pó, o qual é aplicado espalhando-se no ambiente. Aplica-se, igualmente, em defumações que atraem bons fluidos. É
afugentador de eguns e dissolvedor de ondas negativas, anulando larvas astrais. Folha da Fortuna: É usada em todas as obrigações de cabeça, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abô de qualquer filho-de-santo. Na medicina popular é muito eficaz acelerando cicatrizações, contusões e escoriações, usando-se as folhas socadas sobre o ferimento. Girassol: Tem aplicação no ritual. Usa-se nas obrigações de cabeça e nos abô e banhos de descarrego. Tem grande prestígio nas defumações, em face de ser anuladora de eguns e destruidora de larvas astrais. Nas defumações usam-se as folhas e nos banhos colocam-se, também, as pétalas das flores, colhidas antes do sol. Não possui uso na medicina popular. Golfo de flor branca: Planta aplicada em obrigações de cabeça, ebori e banhos dos filhos de Oxalá. O povo indica suas raízes como adstringente e narcóticas, mas lavadas, debelam a disenteria e, as flores, as úlceras e leucorréia. Guaco cheiroso: Aplica-se nas obrigações de cabeça e em banhos de limpeza. Popularmente, esta erva é conhecida como coração-de-Jesus. Medicinalmente, combate as tosses rebeldes e alivia bronquites agudas, usando-se o xarope. Como antiofídico (contra o veneno de cobra), usamse as folhas socadas no local e, internamente, o chá forte. Hortelã da horta: conhecida como hortelã de tempero e, deste modo, muito usada na culinária sagrada e na profana também. Entra nas obrigações de cabeça alusivas a qualquer orixá. Participa do abô dos filhos-de-santo. Popularmente é conhecido como eficiente debelador de tosses rebeldes; de bons efeitos nas bronquites é muito útil no tratamento da asma. É excitante e fortalecedor do estômago. Jasmim do Cabo: Seu uso restringe-se ao adorno de pejis em jarra ladeando Oxalá. Não possui uso na medicina popular. Laranjeira: As flores são aplicadas nas obrigações de ori. São também indicadas em banhos. Para o povo, o chá desta erva é um excelente calmante. Lírio do Brejo: Usam-se as folhas e flores nas obrigações de ori, nos abô e nos banhos de limpeza ou descarrego. O povo emprega o chá das raízes como estomacal e expectorante. Malva Cheirosa: Usada nas obrigações de cabeça, nos abô e banhos de purificação de filhos-de-santo. O povo a indica como desinflamado-ra
nas afecções da boca e garganta. É emoliente, propiciando vir a furo os tumores da gengiva. Usa-se em bochechos e gargarejos. Malva do Campo: Seu uso se restringe aos banhos descarrego e limpeza. Em seu uso popular possui o mesmo valor da malva cheirosa. Mamona: Esta erva é muito utilizada como recipiente para se arriar ebó para Exu. Não possui uso na medicina popular. Manjericão Miúdo: Usada na preparação de abô e nos banhos de purificação dos filhos a entrar em obrigações ou serem recolhidos. É considerado pela medicina caseira como excelente eliminador de gases. Manjerona: Entra em todas as obrigações de ori, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abô. A medicina popular aplica-a como corretiva de excessos de excitações sexuais, abrandando os apetites do sexo. Mastruço: Não possui aplicação em nenhuma cerimônia ritualística. Porém na medicina caseira é extraordinário tratamento das afecções pulmonares, nota-damente nas pleurisias secas ou com derrame. desta erva é usado o sumo, simples ou misturado com leite. Quantas vezes queira o doente. Mil em Rama: Não possui uso ritualístico. É adstringente e aromática. Indicada em doenças do peito, hemorragias pulmonares e hemoptise. Narciso dos Jardins: Esta erva é somente usada para o assentamento. A medicina caseira o tem como planta venenosa. Noz de Cola: Erva indispensável nos banhos dos filhos de Oxalá. Para o banho, rala-se a semente, o obi, misturando-se com água de chuva. A medicina popular indica esta erva como tônico fortificante do coração. É alimento destacado em face de diminuir as perdas orgânicas, regulando o sistema nervoso. Noz Moscada: Desta erva utiliza-se o pó em mistura com a canela também em pó. Isto feito, espalha-se no ambiente caseiro ou em lugar onde se exerce atividade, para melhoria das condições financeiras. É também usado como defumador. Não possui uso na medicina popular. Patchuli: Erva usada em todas as obrigações de ori, ebori, feitura de santo, lavagem de contas e tiragem de Zumbi. É parte dos abô que se aplicam aos filhos-de-santo. A medicina popular indica o patchuli como possuidor de um principio ativo que é inseticida.
Poejo: Entra em todas as obrigações de ori de filhos-de-santo, quaisquer que sejam os orixás dos referidos filhos. Popularmente, atenua os males do aparelho respiratório aconselhando o uso do cozimento das folhas e ramos. Muito eficaz nas perturbações da digestão, usando-se o chá. Rosa Branca: Participa de todas as obrigações de cabeça. Usa-se, inicialmente, na lavagem do ori, ato preparatório para feitura. O povo consagrou-a como laxativo branco e aplicável no tratamento da leucorréia (corrimento) sob forma de lavagens e chá ao mesmo tempo. Como laxativo, é aplicado o chá. Saião: Entra em todas as obrigações de cabeça, quaisquer que sejam os filhos e os orixás. Utilizada também no sacrifício ritual. Medicinalmente, é utilizada para evitar a intolerância nas crianças. Dá-se misturado o sumo, com leite. Em qualquer contusão, socam-se as folhas e coloca-se sobre o machucado, protegido por algodão e gaze. Do pendão floral ou da flor prepara-se um excelente xarope que põe fim a tosses rebeldes e bronquites. Sálvia: Suas folhas e flores são utilizadas nas obrigações de cabeça, nos abô e banhos de limpeza dos filhos dos orixás a que pertence. Usada pelo povo como tônico adstringente. Emprega-se em casos de suores profundos, com grande efeito positivo, contra as aftas e feridas atônicas da boca. É grande aperiente (desdobradora do apetite). Sangue de Cristo: Emprega-se em ebori, lavagem de contas e feitura de santo, e usa-se nos abô dos filhos de Oxalá. É conhecido popularmente como adstringente e tônico geral. Usa-se o chá ou cozimento das folhas como contraveneno. Umbu: Possui aplicação em todos os atos da liturgia afro-brasileira, ebori, abô, feitura de santo e lavagens de cabeça e de contas. Bastante usada com resultados positivos nos abô de ori e nos banhos de purificação. O povo utiliza suas cascas em cozimento, para lavagens dos olhos e para pôr fim às moléstias da córnea.
Lendas ... comedor-de-inhame-pilado Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto! Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-deinhame-pilado", e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas
mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia. Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!" Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. "Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se". Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair. A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, tanbém, na Bahia. Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em
seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedorde-inhame-pilado." Exê ê! Baba Exê ê! ... Oxaguian encontra Iemanjá e lhe dá uma Filho Houve um tempo em que os orixás viviam do outro lado do oceano. Mas depois tiveram que vir para o lado de cá, para acompanhar seus filhos que foram trazidos como escravos. Assim vieram todos e assim veio Oxaguian. Oxaguian veio boiando na superfície do mar, navegando no tronco flutuante de uma árvore. A travessia durou muito tempo, mas de um ano. Foi nessa viagem que Oxaguian conheceu Iemanjá, que era dona do próprio mar em que viajava Oxaguian. Logo se conheceram e logo se gostaram. Oxaguian era moço, forte, corajoso; Iemanjá era mulher bonita destemida e sedutora. Iemanjá engravidou de Oxaguian e nove meses depois deu a luz à um menino, que já nasceu valente e forte, querendo guerrear. Mais tarde chamaram o menino de Ogunjá, porque o guerreiro gostava de comer cachorro. Sempre que ia à guerra, a mãe o acompanhava e então todos a chamavam Iemanjá Ogunté. Oxaguian, Ogunté e Ogunjá formam uma família de guerreiros. E eles são muitos festejados no Brasil. ... Orisa sem cabeça Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido. Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado, branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e
ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem problemas. A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra. Oxaguian - O guerreiro que não conhece a derrota! (Por Gil Bello) Eis o Senhor do Dia, o Orixà do progresso e da cultura, o Orixà da vida e também da efervescência da vida, da discussao, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do branco, do claro, do positivo e do masculino!! Orixà moço, Oxalá criança, às vezes adolescente, não passando do jovem adulto Ajagunan!! Brinda o Universo com vida, com energia, com o lúdico e com a guerra e a cultura. Traz o Dia, traz o tempo, traz a evoluçao e o ritmo! Este controvertido Orixà, apenas superado em controvérsia por Exù, já traz os paradoxos em sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalà com Yemanjá, mas na grande maioria da cultura este Orixà é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missao era outra que apenas a administraçao da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixà é tao distinta e paradoxalmente semelhante, que ao mesmo tempo que o separa em dois Orixàs distintos, os une no mesmo Orixà ao final da compreensão do momento, missão e natureza deste Orixanlà (Supremo Orixà)! Este Orixà é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele véio o dia primordial e consigo a vida! À ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criaçao! Que não pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9 mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador desta relação o terceiro Orixà mais velho: Exù (esfera), aquele que faz girar o Axé destes dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino. Conta uma lenda que, após espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras, desceram os Orixàs para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogun. Trabalharam arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalà frágil para lidar com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogun que havia presenciado o ocorrido, e ofereceu à Oxalà sua própria espada para q Oxalà continuasse a trabalhar. Enquanto Ogun continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogun goza de eterno prestígio com Oxanguian, que sempre o abençoa em
todo os seus empreendimentos e trabalhos! Há uma relaçao muito íntima, sem dúvida entre Ogun e Ogyan, tanto que muitos devotos e até mesmo sacerdotes o confundem com uma “qualidade branca” de Ogun... somente o desconhecimento para levar a esta proposiçao, haja visto que o grande Ogun é um ébora, enquanto Ogyan é um Irunmonlè!... Ogyan divide com Ogun algumas regências, como a guerra, o espírito de luta e o progresso cultural e tecnológico. No entanto são dois Orixàs absolutamente distintos, ainda q companheiros. Ogyan é em si o Orixà da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto Ogun, primordialmente, era o Orixà da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxóssi, enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de Ifà descobriu o FERRO e como manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmao Xangô, o fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixàs invejaram a descoberta de Ogun. No entanto, nem o próprio Ogun sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogun para confeccionar todos os instrumentos que inventava! E assim Ogun e Oxalá produziram todos os instrumentos de labor, de cultivo, construçao e tb de guerra!! Sendo assim Ogun, o Orixà do Ferro, se tornou tb um dos patronos da construçao, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra! Ainda se pode ver, em suas danças míticas, Ogun fazendo uso dos instrumentos que confeccionou, ao mesmo tempo que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilao!... Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogun, para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacoes são tidos como prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyà para acelerar uma enorme produção de armas para a guerra de Ogyan! Assim sendo, Ogyan é o Orixà da Guerra, enquanto Ogun é um de seus patronos e um grande general de batalha! A distinção dos dois giraria na mesma distinção entre o Ares e a Atenas gregos, ambos deuses da guerra, tendo distinção na forma de guerrearem e da natureza do combate. Ogun e Ares (grego) são viscerais, sao furiosos, lutam corpo a corpo, brandindo sua espada com poderosa e inumana força, destroçando tudo o que estiver em seu caminho de guerreiro, sem muita distinção e discernimento, é o calor da batalha, a cegueira da fúria, o gosto pela violência e pela força, junto consigo está a companhia das forças mais obscuras do Universo, assim como Ares vem junto phobbos (medo), entre outras divindades obscuras e até mesmo demoníacas, Ogun vem acompanhado de Ikù (a morte) entre outras divindades terríveis!... Ogun furioso é uma força indomável e absolutamente terrível, contrastando com seu caráter humilde, reto e justo de trabalhador honesto e incansável quando está trabalhando diligentemente. Tanto que é um Orixà de justiça, muito severo, mas reto e verdadeiro. É um grande Orixà!! Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixà do gosto pela batalha como depuradora de verdades e otimizadora de progressos!! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim incessantemente até chegar à perfeiçao que este Orixà almeja! É isto, ou NADA!! Assim configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixà da
cultura e do progresso), a desonra, a covardia, o medo, tudo isso ele ignora. Mas se regozija da guerra quando esta consegue trazer a evolução e a depuração necessárias para que a vida cresça e ascenda a outro patamar de cultura e compreensao! A confusão e a guerra, é um instrumento que Ogyan utiliza para que faça saltar a verdade, e assim, uma vez liberta, que a justiça e o progresso se façam!! Um Orixà q busca trazer o valor à tona, utilizando de momentos de extremos, para que o vício ou a virtude se apresentem. É o brilho do dia, que com seu esplendor força os contrastres ao extremos clareando e definindo tudo! É a visão e a verdade! Nenhuma dissimulaçao ou meia-verdade resiste ao vigor de seu brilho que define as naturezas e traz à tona as verdades. É um Orixà de estratégia, deixando o campo de batalha para seu companheiro Ogun, que se compraze com a violência do campo de batalha. Sendo assim Ogyan é o general e Ogun seu direto imediato! A Ogyan cabe os respeitos e a honra! Tanto que além da saudação digna aos Oxalàs: “Exe ê!” e “Epa Babà”, também exige o “Kabiesyi!” digno dos Reis!! Ogyan é o inventor e Ogun seu artesão! Ambos espírito e técnica são invencíveis!! Sua parceria é algo tao íntimo que encontramos em diversas lendas a união dos dois! Em outra lenda mostra a natureza extrema de Ogyan e como foi importante a parceria com Ogun para encontrar um ponto de equilíbrio: Ogyan sentia fortes dores de cabeça, pois seu Orì era demasiado branco! Era um excesso de vida e atividade, pediu auxílio e encontrou Ikù, que lhe disse que poderia resolver este seu problema, desta demasiada claridade, assim Ikù atirou sobre o Orì de inhame branco de Ogyan uma grande quantidade de Ossum, o que tornou a cabeça agora azul-marinha quase negra! Ogyan que sofria de imensas dores de cabeça devido à extrema claridade, agora era assombrado pelas trevas de Ikù (a morte). Uma extrema depressão e fobia tomou conta dele! Perambulando perdido pelas ruas, encontrou Ogun, que com seu Obè (espada) misturou os dois ingredientes (yan- inhame pilado e ossum) tornando a cabeça de Ogyan uma mistura das duas – branca e azul! Assim Ogyan pôde viver e prosperar, tendo sempre ao seu lado o seu fiel companheiro Ogun! Esta lenda pode-se entrever a natureza extrema deste Orixà, às vezes muito branco, às vezes quase negro!! Ele nasceu de Eji-Ogbè (Eji-Onilé para o Merindilogun) um Odù de extremos! Às vezes os filhos de Ogyan, como é comum para os filhos de Oxalà, devido justamente à extrema brancura, sofrem de rinites, sinusites e outras alergias naturais à uma cabeça muito branca, assim como também a fotofobia, que a lenda relata. Também sabe-se que seu comportamento é de extremos, e muitas vezes após a sua disposição extrema até quase maníaca, eles caem depois em uma grande fadiga ou até mesmo depressão... Vão ao céu e ao inferno praticamente no mesmo dia. Mais uma vez os extremos da lenda. E os fantasmas, as situaçoes obscuras e mal-resolvidas, são os agentes de maior perturbação para seu filhos, que não suportam não discernir e resolver por completo uma situação. Necessitam sempre deixar tudo às claras!! Assim as trevas (as sombras) são o que lhes deprime e atemoriza! Assim, como é comum à todos os Oxalàs, não pode se ver manchado. Quando digo manchado me refiro ao “manchar o alà branco com dendê...”! Ou seja, manchar a reputaçao!! E outro ponto muito interessante ainda a ser explorado nesta lenda é a questao do trabalho ser o ponto de equilíbrio para o Orì de Ogyan, assim como o afiado discernimento! Quando aparece Ogun e com sua espada mistura harmoniosamente as duas tendências, na verdade Ogun e a espada são símbolo do trabalho e do progresso, assim como da batalha. Somente o trabalho pode reunir as duas tendências extremistas de Ogyan para um ponto em comum de progresso e saúde, que é o trabalho. A necessidade de Ikù participar da formaça da cabeça de Ogyan é pq os filhos de Ogyan sem temores, angústias e questoes a elucidar nao se movem, e assim ficam se ressentindo de tanto talento armazenado e não explorado! É a uniao da motivação, do talento, com a necessidade e a angústia o que faz eles se moverem!! Mas apenas a espada, ou seja, o discernimento afiado, que os filhos de Ogyan possuem por excelência, é que fará com que consigam aplicar tudo isto de modo equilibrado, saudável e
proveitoso!! E isto será aplicado no trabalho, ou na batalha, fazendo emergir o valor, o novo, a virtude ou o vício, tudo para limpar o caminho e trazer o progresso! E como meta última, a perfeiçao! Não é necessário dizer que os filhos de Ogyan são perfeccionistas natos, e não perdoam a sua obra até atingirem a perfeiçao... nunca estará bom para eles, até que lhes pareça perfeito... Toda a obra para eles será sempre apenas um ensaio, a próxima será melhor, e talvez, a definitiva... Para um Orixà do progresso nunca existe a obra definitiva... e assim caminharão até à perfeição! São, como todos os Oxalàs, altivos ao mesmo tempo que humildes. Existem muitas “qualidades” ou muitos Orixàs sob esta classificação... não pretendo aqui discorrer sobre todas que seriam um grande número... com todas as suas multifaces e idiossincrasias. Basta tentar classificar as maiores tendências. Existe uma diferença em muitas casas que definem os Ogyans que portam pilão, e os Ogyans que portam espada. Assim os que portam o pilão seriam doces, progressistas e sociàveis, equilibrados. Enquanto os que portam espada seriam os desafiadores, os “encrenqueiros”, de humor instável e severos progressistas! No entanto ainda sabe-se que em outras casas, todos portam tanto uma quanto a outra, sendo apenas momentos do Orixà... e devendo ser acompanhado para buscar sempre estar equilibrando o Orixà. Alguns Ogyans no entanto são mais infantis que outros, outros são mais guerreiros e dados à batalhas, e assim vai, dependendo do aspecto do Ogyan correspondente. Em comum todos possuem uma alegria inesgotável, um vigor invejável, uma mente brilhante e afiada, um discurso ainda mais reluzente e afiado! Uma mente criativa e por demais inventiva! Uma coragem de propósitos inigualável e uma rebeldia nata. A inconformidade é seu traço mais comum, para todos o bom pode ainda ficar melhor, e lutarão por isso!! Quado saciarem esta fome de perfeiçao, encontrarão a maturidade e a paz que no fundo é o que mais desejam... Seu nome Oxanguian vem de uma lenda, em que o senhor de Ejigbô, este mesmo Orixà, gostava muito de comer inhame pilado, de tal modo que inventou o pilao, para que ficasse mais fácil de produzir sua comida predileta. Assim o chamaram, seus amigos de Oxanguian, que significa, Orixà comedor de inhame pilado! Um dia Awoledjé, seu babalawó resolve partir em peregrinaçao após lhe dar sábios conselhos sobre como dirigir sua cidade recém conquistada. E realmente Ejigbó tornou-se a grande cidade que Awoledjé previra: Com grandes muralhas, grandes construções, luxo, exércitos, etc, etc, todo o luxo que um grande reino exigia. Awoledjé quando retornou mal reconheceu a cidade. E chegando aos porteiros da cidade pediu para ver o “comedor de inhames”, bastou para que os soldados ficassem absolutamente indignados com o tratamento desrespeitoso do forasteiro em relaçao ao seu querido Rei. E então, após surrá-lo bastante, o prenderam na masmorra mais fétida que havia. Muito triste com o tratamento recebido pela cidade que havia ajudado a fundar, Awoledjé invocou um encanto que trouxe a esterilidade e a seca para Ejigbó. Passado uns anos reinar estava impraticável... entao ogyan pediu para os adivinhos descobrirem o q se passava com seu reino. E Ifà lhes diz que um amigo foi preso injustamente em seu reino! Imediatamente Elejigbó pede para repassarem todos os veredictos do reino e é quando reencontra seu amigo Awoledjé, transfigurado pelos maus tratos recebidos. Oxanguian estava desconsolado... como ele podia ter feito isto ao amigo?? Imediatamente manda lavarem Awoledjé, o alimentarem com as melhores comidas, vesti-lo de branco (traje de honra) e após todo o tratamento convence a Awoledjé que retire o encantamento que secava o seu povo. Awoledjé aceita, mas impôs uma única condiçao: Todos os anos, no fim da seca, deverão todos os habitantes de Ejigbó dividirem-se em duas tribos que deveram golpear-se com varetas de madeira até estas se quebrarem! E é assim que até os dias atuais Ejigbó nesta época se dividem os bairros de Ixalê Oxolô e Okê Makpo para golpearem-se até quebrarem-se todas as varetas! Esperando que a chuva caia e a fertilidade retorne. Esta lenda demonstra mais uma característica, além de Ogyan portar as armas acima referidas, também porta o Irukeré (rabo de cavalo branco) símbolo de sua realeza! E também a vareta de
amoreira... demonstrando que possui também uma forte ligaçao e regència sobre os mortos... Ogyan, o Orixà da vida por excelência, também é o Orixà da vida após a vida! Sendo assim rege os mortos e sua lembrança viva... Na natureza encontramos Ogyan no camaleão, nos primeiros raios do Dia, assim como no dia todo. Também encontramos seu axé em tudo o que é branco e puro, assim como também nas águas, sobretudo nos gêisers, fontes de águas termais e quentes! Pois ele é a água e o fogo do início dos tempos, a água vulcânica que presenciou a criação do mundo e criou a atmosfera, o ar, que gerou a vida neste planeta!! Ogyan é tanto o Orixà da vida que é muito comum ser um Orixà favorito dos sacerdotes anciãos, pois ele é sempre o prenúncio de mais vida! Onde entra um omorixá de Ogyan, a vida se renova, o tempo de vida se prolonga, as atividades retomam força, os objetivos se redefinem ou se discernem melhor os ideais. Há um reavivamento em tudo!! E também o famoso lorogùm... aquele que limpa e define as coisas... o brilho afiado de Ogyan que define tudo, que exalta os ânimos, os vícios e as virtudes, que traz à tona à verdade, e os contrastes, colocando tudo em seu devido lugar. Nada mais se paira à sombra, o dia chegou!! Tanto que em algumas casas, antes de se fazer um Ogyan busca-se acalmar sua cabeça de Lorogum. Existe um preceito muito simples e eficiente para isso.
Seu elemento: Ar e Água Seu temperamento: Quente Sua regência: Vida, criatividade, estratégia, a guerra, as invenções, a inteligência, o debate, o brilho, o dia!
Sua cor: o Branco, matizado de azul, cor que leva em honra à Ogun seu companheiro. Seus instrumentos: a mão-de-pilao, a espada, a lança, o escudo, o irukeré (rabo de cavalo), o iruexan (vareta de amoreira).
Comida preferida: inhame pilado. Animais consagrados: pombos brancos, cavalos brancos, camaleão, igbin. Saudemos entao o grande senhor da vida! Salve o grande guerreiro branco que desconhece à derrota! Saudemos ao amanhecer do dia, quando surgirem os primeiros raios de vida e de luz!!
“Exeu ê! Epa Babà!! Kabiesy Oxanguian!!” Axé!!
Reza do dia (quando o dia amanhecer) Olo ojo oni Obara meji, delogum.
Obaraxé obaraji edemim. Olo ojo oni Obara meji, delogum. Obaraxé obaraji edemim
A “FESTA DAS ÁGUAS DE OXALÁ”: A RELIGIOSIDADE E O PATRIMÔNIO AFROBRASILEIRO. A discussão que apresentamos neste simpósio encontra-se em fase inicial de investigação, mas adquire forças e se alimenta à medida que reconhecemos a relevância do patrimônio cultural imaterial em nosso país. Nesse âmbito, privilegiamos, a análise da “Festa das Águas de Oxalá”, um dos mais longos e belos rituais do Candomblé no Brasil. Nosso objetivo central volta-se para a apreensão da “Festa das Águas” como uma manifestação religiosa afro-brasileira pertencente ao patrimônio cultural e imaterial que também tem seu lugar entre as celebrações paranaenses, mas ainda carece de visibilidade social e reconhecimento pela historiografia. Sabemos a importância de se preservar a memória e as manifestações culturais de um país por meio de sítios arqueológicos, centros históricos e paisagens culturais, porém estamos cientes de que a cultura de um povo se faz também por aspectos nãofísicos tão enriquecedores quanto monumentos históricos antigos. Estamos falando das tradições, do folclore, dos saberes, das línguas, festas e tantas outras manifestações culturais e religiosas que enriquecem e dão sentido à discussão envolvendo o patrimônio cultural imaterial. Sandra C.A. Pelegrini e Pedro P. Funari nos chamam a atenção para este tipo de abordagem: Uma paisagem não é apenas um conjunto de árvores, montanhas e riachos, mas sim uma apropriação humana dessa materialidade. Assim, compõem o patrimônio cultural não apenas as fantasias de carnaval, como também as melodias, os ritmos e o modo de sambar, que são bens imateriais. 3
Além disso, a preservação do patrimônio imaterial se insere no contexto da construção de nossa identidade nacional e esta, por sua vez, é plural e multicultural. Em nosso país, o reconhecimento do papel das expressões populares na formação de nossa identidade cultural remonta aos anos 30 do século XX e é importante afirmar que faz parte do contexto de criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O intelectual paulistano e autor de “Paulicéia Desvairada”, Mário de Andrade, fora um dos primeiros a refletir seriamente acerca do patrimônio cultural imaterial brasileiro: 2 Se, por acaso, a reflexão e a conseqüente ação sobre o patrimônio cultural imaterial do Brasil tivessem um santo padroeiro – esse santo padroeiro seria Mário de Andrade. Escritor, musicólogo e polemista de ótima cepa, ele foi um dos cérebros da Semana de Arte Moderna de 1922 e um dos mais importantes nomes da cultura brasileira do século passado. Já nos anos 20 e 30, enveredava pelos mais distintos rincões do país em busca de registros culturais que marcassem o jeito de ser, de agir, e de se comportar do brasileiro.4 Ações e reflexões acerca da importância dos bens culturais imateriais contribuíram para incluir o assunto de maneira contundente na Constituição Federal promulgada em 1988. O artigo 216 da Constituição estabelece: Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...). 5 O Decreto que institui o registro de bens culturais de natureza imaterial no Brasil é de 04 de Agosto de 2000 e inclui os procedimentos a serem adotados para o reconhecimento do patrimônio imaterial. Foram citados quatro livros, nos quais serão feitos os registros, Livro de Registros e Saberes; Livro de Registros das celebrações; Livro de registros das Formas de Expressão e Livro de Registros e lugares. Como afirmamos anteriormente, o estudo da “Festa das Águas de Oxalá” se insere na discussão acerca das celebrações, onde são inscritos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social. Tendo em vista que a mesma tem suas origens vinculadas aos povos da África e se insere no contexto da inserção dos negros na economia brasileira cabe-nos salientar os elos que se construíram entre os brancos, negros e índios nos
primeiros tempos da colonização do Brasil perpassam inter-relações que podem ser desvendadas a partir do aprofundamento da célebre frase de Câmara Cascudo, quando ele se refere à existência de um: “Brasil n’África e África no Brasil” 6. O desenvolvimento da economia açucareira nos séculos XVI e XVII ocasionou a vinda de um grande número de africanos no Brasil. Chegaram na condição de escravos e influenciaram de várias formas a cultura, hábitos e costumes dos brasileiros. Estimase que no ano de 1.660, a população brasileira era de 184.000 habitantes sendo que 3 110.000 eram escravos. No início do século XIX, em 1816, o número de escravos era de aproximadamente 1.930.000 para uma população de 3.360.000 habitantes 7. A despeito das celeumas referentes às conseqüências do modelo colonial e da exploração da mão-de-obra escrava no país, autores clássicos da historiografia brasileira como Caio Prado Junior e Sergio Buarque de Hollanda, além da literatura mais recente, salientam as contribuições e os problemas enfrentados pelos escravos no Brasil. Romário Martins, em particular, referindo-se a história do Paraná, comenta que “os índios e os negros foram agentes da riqueza colonial, individual e pública”, bem como “elemento(s) formador(es) da nossa nacionalidade”. 8 Mas, não podemos ignorar que o mito da “democracia racial” e os “ideais de branqueamento” que informaram os projetos sociais das elites no Brasil e corroboraram historicamente para construção da chamada “identidade nacional brasileira” tenderam a mitigar as dimensões da herança cultural africana entre nós e não raro visaram a silenciá-la. Kabengele Munanga9 e Lilia M. Schwarcz10 assinalam que Silvio Romero, Nina Rodrigues, Oliveira Viana e Euclides da Cunha, pioneiros das ciências sociais no Brasil, acolheram as teorias raciais européias como uma necessidade premente para de desenvolvimento da sociedade brasileira e não como mera apropriação de modelos teóricos. Sob a ótica, os argumentos eugenistas adotados por parte da nossa intelectualidade parecem estar inseridos na dinâmica das relações sociais num momento em que os segmentos dominantes mostravam-se temerosos em relação aos desdobramentos da onda de motins que precedeu a abolição da escravatura 11. Na mesma direção, Munanga ressalta que embora se tratassem de inferências inspiradas na “ciência” ocidental, as elites ao defenderem o branqueamento da sociedade brasileira buscaram se proteger e manter seus privilégios. Ambos os autores
discordam, portanto, de estudiosos como Nelson W. Sodré e Thomas E. Skidmore que explicam tal perspectiva como resultado da “importação de modelos fora do contexto” ou “como idéias fora do lugar” 12. Schwarcz aponta que houve uma assimilação seletiva de alguns fundamentos das teorias raciais difundidas na Europa, entre os séculos XVIII e XIX, por parte dos pensadores e de instituições de ensino como as faculdades de direito de Pernambuco e São Paulo e das de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro 13. Por essa via, ressalta que as noções de uma suposta superioridade racial branca inviabilizou a propagação de discussões sobre a cidadania das populações negras e mestiças nas primeiras 4 décadas do período republicano. Se o direito à memória e à preservação do patrimônio cultural é um direito do cidadão, talvez possamos começar a entender por que a cultura afro-brasileira tardou tanto a ser valorizada e reconhecida 14. Tomado apenas como objeto de estudo da ciência o negro se transformavam em temática de estudos que “oscilavam entre, de um lado, reconhecer o caráter singular desse país miscigenado e, de outro, divulgar as conclusões pessimistas dos mestres europeus que não viam futuro em um país de raças mistas” 15. Do ponto de vista da autora, a “defesa da diferença nem sempre se fez, portanto, em uma só direção”, enquanto os pensadores mostravam-se divididos entre “reconhecer e elogiar uma certa originalidade nacional” e “fazer jus às teorias estrangeiras que viam na mistura um mal”. Silvio Romero resignava-se a admitir as diferenças, as desigualdades e à idéia da inferioridade de certos grupos. Gilberto Freyre, em Casa-Grande & Senzala 16, por seu turno, reafirmava através da literatura, a superioridade dos brancos em relação aos negros e índios. Embora admitisse que senhores e escravos se misturavam no interior do reduto patriarcal representado pela sedes dos engenhos, no seu entendimento as “raças atrasadas” (a negra e a indígena) foram degradadas pela imposição e domínio da “raça adiantada" (a branca). Destacava ainda que as relações de poder imersas na religiosidade, nos negócios e na vida doméstica e sexual forjaram cotidianamente os alicerce da sociedade brasileira. No caso específico do Estado do Paraná, a mão-de-obra e a cultura africana foram introduzidas, a exemplo do que ocorreu no restante do país, através da escravidão. Entretanto, Rui Wachowicz estabelece algumas diferenciações:
(...) Aqui, o sistema do trabalho escravo, fosse africano ou indígena, foi também empregado, mas não chegou a ser exclusivo, devido ao tipo de economia que aqui se desenvolveu, uma vez que o regime escravocrata instalou-se no Paraná com o início da mineração de ouro no litoral. Os elementos lusos, para cá atraídos por tal atividade, não chegavam a ganhar o avultado capital necessário para a compra de grande número de escravos africanos, de modo que, no século XVII, o trabalho escravo existente no Paraná baseava-se, sobretudo no índio. Nas últimas décadas desse século foi trazido para a região um maior número de escravos africanos, em virtude de as minas paranaenses passarem a produzir mais ouro (...).17 O número de africanos que chegaram no Sul na época da escravidão é menor se comparado com o montante levado para as regiões Nordeste e Sudeste, porém não 5 podemos desconsiderar a presença de africanos introduzidos no estado sob o regime da escravidão. A história dos negros no Paraná, assim como a história da colonização polonesa, alemã ou asiática faz parte de nossa formação história enquanto estado culturalmente diversificado. Daí a relevância de valorizarmos essa diversidade étnica e riqueza cultural. Ainda assim, a cultura negra parece encontrar certa dificuldade de reconhecimento entre os paranaenses, por esta razão torna-se fundamental a observância do patrimônio cultural imaterial expresso na “Festa das Águas de Oxalá” nesse estado, considerado um legado religioso vivo deixado pelos africanos e inserido na dinâmica da cultura afro-brasileiras no Sul do Brasil. Segundo Reginaldo Prandi, por muito tempo os negros tiveram que esconder o seu culto aos orixás e mesmo após a abolição da escravatura (1888), tiveram que assumir perante a sociedade que eram católicos 18 : “(...) ao longo do processo de mudanças mais geral que orientou a constituição das religiões dos deuses africanos no Brasil, o culto aos orixás primeiro misturou-se ao culto dos santos católicos para ser brasileiro, forjando o sincretismo (...)”. 19 No candomblé, como em todas as outras religiões de origem africana, os seguidores acreditam na existência de vários deuses (orixás), caracterizados por distintos perfis, funções e poderes. No candomblé cada pessoa possui um orixá específico que apresenta traços de personalidade e tendências de comportamento. Por meio de uma aquilatada série de narrativas que contam os mitos de cada orixá, essa prática religiosa fornece padrões de comportamento e conduta aos seus fiéis. Podemos inferir que a “Festa das Águas de Oxalá” é uma das mais belas e
complexas do Candomblé, uma vez que rememora a saga de Oxalá concebido como o criador da humanidade e como pai de todos. Assim, Oxalá é o deus mais reverenciado tanto pelos devotos humanos como pelos outros orixás 20. José Beniste detalha abaixo o mito fundador que envolve a entidade denominada Oxalá: Òsàlá representa o princípio criador e formalizador das idéias, daí ser denominado de Eléda, o criador, em razão de Olódùmarè o ter indicado para a criação da Terra, com todos os seus atributos, e também para a criação do homem físico. As águas, Omi, e o barro primordial, Amò (n), são os elementos utilizados por Òsàlá para moldar o ser humano para, 6 depois, Olódùmarè insuflar nele o princípio vital, o Emí, representado pela respiração, que irá lhe dar a vida.21 A narrativa do mito das “Águas de Oxalá” inicia-se com Oxalá decidindo fazer uma visita a Xangô, a divindade dos raios e dos trovões, sendo seu elemento o fogo, identificado pela cor vermelha e pela cor branca, decorrente da sua ligação com Òsàlá. Ele é idealizado como um guerreiro violento e audacioso. Como era de costume na terra dos orixás, Oxalá consultou um Bàbálawo para saber como seria a viagem. Este recomendou que a viagem não se realizasse, mas Oxalá já havia decidido deslocar-se para Òyó, então lhe foi aconselhado que levasse três mudas de roupa, limo e sabão da costa, não devendo pedir ou se recusar a dar nada que lhe fosse pedido, tendo também, que fazer voto de silêncio durante toda a viagem. Com estas precauções o orixá pôs-se a caminhar com seu cajado em direção a Òyó. No caminho encontrou Exu22 por três vezes, e por três vezes foi vítima de brincadeiras de mau-gosto de Exu sujando Oxalá com azeite-de-dendê, àdin 23 e carvão. Ao aproximar-se de Òyó, avistou o cavalo branco que havia dado de presente a Xangô. Oxalá fora mal interpretado pelos soldados de Xangô que o julgaram ladrão do animal e o agrediram violentamente deixando seus braços e pernas quebrados. Oxalá foi levado à prisão do palácio e lá esquecido por sete anos. Durante este tempo, o reino de Xangô é assolado por pestes e infortúnios: Durante este tempo, o reino de Xangô entra em decadência, sofrendo a pior seca que compromete, então, toda a colheita. Epidemias, doenças e mortes se sucederam com freqüência, fazendo com que o povo se revolte com Xangô. Sem outra solução, ele vai procurar um Bàbálawo da região,
que faz o jogo e lhe diz: “Um homem que usa roupa branca foi preso injustamente. O que está acontecendo é uma revolta natural pela injustiça cometida”.24 Segundo a narrativa os soldados de Xangô receberam a devida punição pelos feitos acometidos contra Oxalá, pois “(...) o que seria da justiça se os maus juízes não fossem punidos de alguma forma? A paz não é a ausência da terra, e sim a presença da justiça”25. Depois do mal entendido desfeito, a chuva chegou, as culturas de alimentos prosperou e as enfermidades cessaram, enfim, todas as coisas do reino de Xangô voltaram à normalidade. A cerimônia das “Águas de Oxalá” rememora este episódio mítico com uma procissão representando a viagem de Oxalá. Trata-se de um cerimonial complexo que 7 se estende por 17 dias e constitui um marco nas práticas e nos rituais que se sucedem no decorrer do ano litúrgico do candomblé. Segundo os Cadernos Paraná da Gente - Festas Populares do Paraná, o calendário das cerimônias afro-brasileiras inicia-se em 13 de janeiro com a “Festa das Águas de Oxalá”, uma celebração que visa “pedir purificação e paz para as divindades26. No entanto, segundo José Beniste “a partir da última quinta-feira de setembro” os terreiros passam a reviver a “odisséia” de Oxalá. E mais: No seu início o Candomblé toma ares tristes e silenciosos, pois Òsàlá será dado a uma aventura em que virá a ser preso e maltratado, por força de sua insistência em viajar quando as determinações eram contrárias” 27 . Do ponto de vista do referido autor, trata-se de um “mito consagrado e de forte expressão religiosa”, cujo cerimonial se circunscreve a 17 dias e chega a alterar a postura dos seguidores desse culto. Eles “adotam um comportamento reservado, cauteloso e de muita concentração”. Ao término dessa breve reflexão reafirmamos que se trata de uma pesquisa em sua fase inicial. Temos mais incertezas e questionamentos do que respostas. Nossos próximos passos se voltaram especificamente para apreensão das trajetórias desse ritual entre aqueles que cultuam o candomblé no noroeste paranaense e quiçá em todo esse estado. Para tanto, daremos prosseguimento às visitas aos terreiros de candomblé existentes na região supracitada e às entrevistas com seus líderes espirituais. Sem dúvida, a cada pista encontrada e a cada leitura realizada nos certificamos da necessidade da historiografia paranaense enfrentar esse tema e inclusive reconhecer que tais cultos ainda sofrem descriminação. Por fim, devemos acrescentar que almejamos que esse estudo sobre a “Festa das Águas de Oxalá” contribuía para a percepção das celebrações afro-brasileiras
como parte integrante de nosso patrimônio cultural imaterial, para a valorização das tradições populares no Paraná e para o respeito à diversidade cultural nem sempre vislumbrada nessa região.
As Águas de Oxalá Na quinta-feira à noite, antes de se iniciarem os preceitos desta cerimônia, das 7 horas da noite até meia noite, todos os filhos da casa são obrigados a fazer um bori, em muitas casas essa obrigação tem sido substituída por um obi , para poderem carregar as águas. Depois desse bori ou obi, vão se recolher, até que são acordados, antes do nascer do Sol pela Yalorixá ou pelo Babalorixá para iniciarem o preceito das águas. Os filhos do Axé, trajados de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e moringues, tendo à frente o Babalorixá ou a Yalorixá tocando o seu adjá. Todos se dirigem para uma fonte próxima. Hoje em dia, como muitas casas não encontram fontes por perto, essa obrigação é feita dentro do próprio terreiro. Meia hora depois, com suas vasilhas cheias d'água, aproximam-se de um lugar apropriado, todo cercado de palha, com uma oca indígena, chamado Balué, onde se colocou o assentamento do Orixá Oxalufon. Ali, todos apresentam aquelas águas ao Babalorixá ou Yalorixá que as derrama por cima do assentamento de Oxalufon. São feitas três viagens à fonte ou aonde está a água (no caso das casas que não possuem fontes perto), e, na terceira, a água não é mais derramada, ficando todas as vasilhas cheias depositadas no Balué, sendo colocada uma cortina branca na porta e uma esteira no chão. Cada pessoa que chega ajoelha-se sobre aquela esteira em sinal de reverência. Algumas pessoas, os que têm orixá masculino, dão Dodobalé, deitam-se de fio ao comprido, tocando a cabeça no chão. As demais, as que são dos orixás femininos dão o Iká otun iká osi, virandose de um lado e do outro, tocando o chão com a cabeça -. Depois dessa cortesia, o Babalorixá, juntamente com todos os seus filhos e associados, começa a cantar uma saudação para Oxalá (Oriki): Babá êpa ô Babá êpa ô Ará mi fo adiê
Êpa ô Ará mi ko a xekê Axekê koma do dun ô Êpa Babá Depois de cantada essa saudação, todas as pessoas pertencentes à Oxalá são por ele manifestadas e vão até o Balué, que é, como já se viu, onde está o assento de Oxalufon. Fazem ali determinadas reverências e cumprimentam a todos, agradecendo o sacrifício daquele dia e rogando a Oduduá para abençoar a todos. Uma das perguntas mais frequentes dos meus internautas é: SENDO OXALÁ UM ORIXÁ FUN FUN (DO BRANCO) E QUE NÃO ACEITA OUTRA COR SE NÃO ESSA POR QUE USA EKODIDE? POR QUE O WAJI PERTENCE A OXALUFON QUANDO NA CABEÇA DO YAO? Vou começar pela segunda pergunta: Oxalá, como todos sabemos é a própria vida e quando fazemos a pintura na cabeça do yawo note que ele é feito em forma de meia cuia o que na realidade representa a escuridão do útero materno. quanto ao ekodide este é o símbolo da menstruação também relacionado ao início da vida. A seguir mostrarei a transcrição de um iton (lendas das quais surgem as leis e as explicações para nossa religião. Por que Oxalá usa Okodide (transcrição do livro Porque Oxalá usa Ekodidé - Deoscóredes M. dos Santos-DIDI - Edição Cavaleiro da Lua Fundação Cultural do Estado da Bahia - foi mantida a ortografia original do manuscrito) Muito tempo depois que Oduduwa chegou em Ilê Ifé e começaram a adorar o culto das Águas de Oxalá, aconteceu que, logo no primeiro ano, quando estava perto das festas Oxalá escolheu uma senhora das mais velhas do terreiro, chamada Omon Oxum, para tomar conta de todo, ou melhor, de toda sua roupa, adornos e apetrechos, depositando com toda benevolência nas mãos dela aquele direito especial para tomar conta de tudo que lhe pertencesse, da coroa ao sapato. Omon Oxum por nunca ter tido nenhum filho, criava uma menina. Dessa data em diante ela e a menina ficaram sendo odiadas por algumas pessoas que faziam parte nesse terreiro e que por inveja de Omon Oxum começaram a tramar novidades, procurando um meio qualquer para fazer Oxalá se zangar com ela e tomar o "Axé" entregue por Oxalá. Fizeram coisas que Deus duvida contra Omon Oxum porém nada surtia efeito. Cada vez mais Oxalá ia aumentando a amizade e dedicação para Omon Oxum. Ela era muito devotada ao cumprimento das suas obrigações e não dava margem alguma para ser por ele repreendida.
Como dizem que a água dá na pedra até que fura, aconteceu que, na véspera do dia da festa, as invejosas, já desiludidas por poderem fazer o que desejavam, de passagem pela casa de Omon Oxum se depararam com a coroa de Oxalá que ela tinha arriado e colocado no sol para secar. Quando elas viram a coroa de Oxalá muito bonita e mais reluzente do que nunca, combinaram roubar a coroa e ir jogar no fundo do mar. E assim fizeram. Quando Omon Oxum foi apanhar a coroa para guardar, não encontrou. Ficou doida. Procura daqui procura dali, remexeram com tudo procurando em todos os cantos da casa e nada da coroa aparecer. As invejosas vendo a aflição que estava passando Omon Oxum e sua filhinha, satisfeitas pelo mal que tinham causado, riam as gaiofadas dizendo: agora sim quero ver como ela vai se atar com Oxalá amanhã quando ele procurar a coroa e não encontrar. A essa altura Omon Oxum completamente perdida só pensava em se matar e já estava resolvida a fazer isso para não passar vergonha perante Oxalá. Foi quando a meninazinha, sua filha de criação disse: Mamãe, porque a senhora não vai na feira amanhã de manhã bem cedinho e não compra o peixe mais bonito que tiver lá? A coroa de Oxalá deve estar na barriga desse peixe. E assim a menina insistiu, insistiu tanto, até que Omon Oxum se decidiu a aceitar o que a menina aconselhou, dizendo:- Fique tranqüila minha filha, porque de madrugada eu vou acordar para ir à feira ver se encontro com esse peixe que você imagina ter a coroa do nosso Rei Oxalá na barriga. A menina foi dormir tranqüila. Omon Oxum coitada, não pôde dormir toda a noite preocupada que já amanhecesse o dia para ela ir a feira ver se conseguia encontrar o dito peixe que a menina julgava ter a coroa na barriga. Quando o dia mal tinha clareado, Omon Oxum pulou da cama, se preparou e lá se foi. Quando ela chegou na feira foi diretamente no mercado de peixe e não encontrou nenhuma escama. Ainda era muito cedo. Omon Oxum deu uma volta pela feira e já bastante impaciente voltou ao mercado onde encontrou um senhor vendendo um peixe, cujo peixe, era o único que se encontrava no mercado. Omon Oxum comprou o peixe e foi voando para casa a fim de destrincha-lo. Queria ver se sua filha tinha aconselhado bem, para ela poder obter a paz e tranqüilidade espiritual, encontrando a coroa de Oxalá. Assim que ela chegou em casa foi logo para a cozinha para abrir a barriga do peixe. Porém não conseguiu. Quando ela estava aí se acabando de chorar e labutando para abrir a barriga do peixe, a menina acordou e foi logo perguntando: - Mamãe já comprou o peixe? A senhora deixa que eu abra
a barriga dele? - Omon Oxum bastante chorosa respondeu:- Minha filha a barriga dele está muito dura. Eu não posso abrir quanto mais você. A menina se levantou, chegou na cozinha, apanhou um cacumbú e puxou rasgando a barriga do peixe, está se abriu em bandas deixando aparecer a coroa de Oxalá ainda mais bonita do que era antes. Omon Oxum se abraçou com a menina e de tanto contentamento não sabia o que fazer com ela. Carregava, beijava, dançava, e por fim Omon Oxum olhando para a menina e em seguida voltando as vistas para o céu, disse: - Olorun, Deus que lhe abençoe. Sua mãe está sendo perseguida, porém com a fé que tem no seu Eledá, anjo da guarda, não ha de ser vencida. Limparam muito bem limpa, a coroa, e guardaram, muito bem guardada, juntamente com o resto das coisas pertencentes a Oxalá. Em seguida Omon Oxum cozinhou o peixe, fez um grande almoço e convidou a todos da casa para almoçar com ela dizendo que estava festejando o dia da festa do Pai Oxalá. Ao meio dia Omon Oxum juntamente com seu, quero dizer, sua filhinha serviram o almoço acompanhado de Aluá ou Aruá, a bebida predileta de Oxalá a qual os Erê dão o nome de mijo do pai. Depois do almoço todos foram descansar para na hora determinada dar começo a festa das Águas de Oxalá. As invejosas quando viram todo aquele movimento, Omon Oxum muito alegre como se nada tivesse acontecido a ponto de dar até um banquete em homenagem a Festa de Oxalá, ficaram malucas. Uma delas perguntou:- Será que ela encontrou a coroa? - Outra respondeu:- Eu bem disse que queimasse. - E a outra mais danada ainda dizia:- Eu disse a vocês que o melhor era cavar um buraco bem fundo e enterrar. - A primeira procurando acalmar os ânimos, disse para a outra:- Vamos esperar até a hora que ela apresentar as roupas de Oxalá com todos os armamentos. Se a coroa estiver no meio o jeito que temos é fazer um grande ebó e colocar na cadeira onde ela vai se sentar ao lado de Oxalá. - O ebó, sacrifício, pode ser empregado para o bem ou para o mal. Quando estava perto da hora de começar a festa, Omon Oxum apresentou a Oxalá toda a roupa com todos os armamentos deixando as invejosas mais danadas e com mais desejo de vingança, a ponto de procurarem fazer o ebó por elas idealizado e colocar na cadeira onde Omon Oxum era obrigada a sentar-se por ordem de Oxalá. Começou a festa com a maior alegria possível. Oxalá chegou acompanhado por Omon Oxum e se sentou no trono. Omon Oxum sem saber do que estava sendo feito contra ela, também se sentou na sua
cadeira ao lado de Oxalá. Quando começaram as cerimônias e que Oxalá precisou de colocar a sua coroa, virou-se para Omon Oxum e pediu para ela ir apanhar a coroa. Omon Oxum quis levantar e não pôde. Fez força para um lado, para o outro, e nada de poder levantar-se, até quando ela decidiu levantar-se de qualquer maneira. Devido a grande dor que sentiu, olhou para a cadeira e viu que estava toda suja de sangue. Alucinada de dor, e horrorizada por saber que Oxalá de forma nenhuma podia ter nada de vermelho perto dele porque era ewó, proibição, saiu esbaforida pela porta afora, indo se esbarrar na casa de Exú. Quando Exú abriu a porta que viu Omon Oxum toda suja de vermelho, disse:- Você vindo desse jeito da casa de meu pai? Infringiu o regulamento e eu não posso lhe abrigar,- e fechou a porta. Daí ela foi para a casa de Ogun, Oxossi, de todos Orixás e sempre diziam a mesma coisa que disse Exú. Só restava a casa de Oxum. Quando Omon Oxum chegou a casa de Oxum, esta já tinha sabido do que estava acontecendo e estava a sua espera. Omon Oxum se jogando nos pés dela disse:- Minha mãe me valha, estou perdida. Oxalá não vai me querer mais em sua casa. Oxum disse para ela que não se preocupasse, que um dia Oxalá ia buscar ela de volta. Depois Oxum, usando de sua magia, fez com que, do lugar onde sangrava em Omon Oxum saísse Ekodide, pena vermelha de papagaio da costa, até quando sare a ferida. Oxum, depois de colocar todo aquele Ekodidé numa grande igbá, cuia, reuniu todo seu pessoal e todas as noites faziam um xirê, festa, cantando assim: BI O TA LADÊ BI O TA LADÊ IRÚ MALÉ IYA OMIN TA LADÊ OTO RU ÉFAN KOBÁJA OBIRIN IYA OMIN TA LADÊ E Assim Oxum ricamente vestida, sentada no seu trono, com Omon Oxum ao seu lado, a cuia de Ekodidés e a vasilha para colocarem dinheiro em frente a elas, recebia as visitas de todos os Orixás que iam até lá para ver e saber porque Oxum estava fazendo aquela festa todas as noites. Todos que lá chegavam e ficavam sabendo do acontecimento, si era homem dava dodóbálé, se estirava de peito no chão para Oxum, depois apanhava um Ekodidé e colocava uma certa quantia na vasilha que estava ao lado para ser colocado o dinheiro, e se era mulher dava iká, quer dizer, se deitava no chão de um lado e do outro para Oxum e em seguida apanhava um Ekodidé e colocava também o dinheiro na referida vasilha. Tudo aquilo que estava acontecendo no palácio de Oxum, ficou sendo muito propalado e as invejosas faziam todo possível para que Oxalá não
soubesse. Um dia, elas, sem observarem que Oxalá estava por perto, começaram a comentar o caso, onde uma delas disse:- Com ela não tem quem possa, depois de tudo o que nós fizemos, depois de ter acontecido o que aconteceu aqui no palácio de Oxalá e de ter sido enjeitada por todos Orixás, vocês não estão vendo que Oxum abrigou ela? Curou, conseguindo que do lugar que sangrava saísse Ekodidé, fazendo uma grande fortuna e aumentando a sua riqueza. Agora só nos resta é fazer com que o velho não saiba do que está acontecendo no palácio de Oxum, se não é bem capaz de querer ir até lá. Nisso o velho Oxalá pigarreou dando a entender que tinha ouvido toda a conversação. Ordenou a elas que procurassem saber a hora que começava o xirê no palácio de Oxum e que elas iam servir de companhia para ele poder ir apreciar o xirê e tomar conhecimento do que estava acontecendo. Quando elas ouviram Oxalá falar desta maneira bem pertinho delas a terra lhe faltaram nos pés e o remorso montou nos seus cangotes fazendo com que elas fugissem para nunca mais voltar ao palácio de Oxalá. A noite, depois do jantar, Oxalá cansado de esperar pelas três invejosas e não vendo nenhuma delas aparecer, disse:- Fugiram com medo de que eu castigasse pela grande injustiça que cometeram, não sabendo de que o castigo será dado pelas mesmas. Assim Oxalá se dirigiu para o palácio de Oxum afim de assistir o xirê e saber qual a causa do mesmo. Quando Oxalá chegou no palácio de Oxum mandou anunciar a sua chegada. Oxum mais bonita do que nunca, coberta de ouro e muitas jóias dos pés a cabeça, sentada no seu rico trono, mandou que Oxalá entrasse, e continuou o xirê cantando: BI O TA LADÊ, BI O TA LADÊ, IRÚ MALÊ, IYA OMIN TA LADÊ. Quando Oxalá entrou ficou abismado de ver tanta riqueza e quando reparou bem para Oxum, que viu a seu lado Omon Oxum, a pessoa que cuidava dele e de todas suas coisas, a quem ele julgava ter perdido devido o que tinha acontecido, não se conteve, se jogou também no chão dando dodóbálé para Oxum, apanhando um Ekodidé e colocando bastante dinheiro na vasilha. Oxum quando viu o velho dar dodóbálé para ela, se levantou cantando: DÓDÓ FIN DODÓBÁLÉ KÓ BINRIN IYA OMIN TA LADÊ E foi ajudar a Oxalá se levantar do chão. Depois que Oxalá se levantou Oxum pegou Omon Oxum pela mão e entregou à Oxalá dizendo:- Aqui está a vossa zeladora, sã e salva de todo mal que desejaram e fizeram para ela para que ela ficasse odiada por vós.
Oxalá agradecendo a Oxum disse:- Oxum, em agradecimento a tudo o que fizestes de bem e para amenizar os sofrimentos de Omon Oxum eu, Oxalá, prometo levar ela de volta para o meu palácio e de hoje em diante nunca hei de me separar desta pena vermelha que é o Ekodidé e que será o único sinal desta cor que carregarei sobre o meu corpo.
ÀDÚRÀ TI ÒÒSÀÀLÁ Bàbá esá rè wa Pai dos ancestrais, venha nos trazer boa sorte Ewa agba awo a sare wa . Belo ancião do mistério, venha depressa A je águtan Comedor de ovelha A sare wa ewa agba awo Venha depressa belo ancião do mistério Iba Òrìsà yin agba ògìnyòn. Saudações Orixá escute-me ancião comedor de inhame pilado.
Cantigas de Osalá 1(ÌGBÍN) Ajalá môôrí môôrí môió Ajalá fez o meu orí, minha cabeça Me germinou e fez crescer Alá fôrican e agô firimi Alá que segura e mantém a minha cabeça
2(ÌGBÍN) Béôricô ki Ajalá Não há orí que não saúde Ajalá Babá Okê kiamoré O pai que está no tôpo nós o saudamos Ki Ajalá béôricô Ajalá, não há orí que não o faça 3(ÌGBÍN) Ajagunã aba auô Ajagunã Guerreiro é o mais velho do culto Ajagunã Ajagunã babá ô Ajagunã Ajagunã é o pai Ajagunã Ele móójó obá wá Senhor que entende o dia, nosso rei Ôlôrôôgum Ajagunã babá ô Senhor que vê e conhece a magia Ajagunã É o pai 4(ÌGBÍN) Epô kêtêô alá téléô Evite o azeite-de-dendê e pisar no alá Epô kêtêô alá téléô Evite o azeite-de-dendê e pisar no Alá 5(ÌGBÍN) Babá odê órum é O pai do céu é o senhor babá odê orum é O pai do céu é o senhor Ê babá okê O pai que está acima de todos babá odê órum é ô O pai do céu é o senhor
6(ÌGBÍN) ô pêrêquêtê A vasilha de azeite-de-dendê fresco ô pêrêquêtê babá A vasilha de azeite-de-dendê fresco, pai ibá ôni alá cô ijéniinha awá ô é a cabaça que está sobre o Alá não nos castigue pêrêquêtê babá É aquela vasilha de azeite-de-dendê, pai 7(ÌGBÍN) Orixá rewá môrá babá êê Orixá lindo eu vi, o nosso pai é êste Môrá babá nilêwaô Eu vi nosso pai em nossa casa Mora babá epuaê Eu vi nosso pai eépàà (saudação a Oxalá) 8(ÌGBÍN) Wá babá ki ilê wá awô É nosso pai que vamos cultuar em nossa casa Wá babá ni epuaê É para nosso pai esta saudação Orixá éréuá awá babá ni epuaê Sois um orixá lindo, nosso pai a quem saudamos 9(ÌGBÍN) Axó funfum awá bi Sobre o pano branco nós nascemos Alá funfum ti orixalá Pano branco do Grande Orixá Aláaiê ajaláô
Senhor que molda nosso orí alá funfum ti orixalá Pano branco do Grande Orix 10(ÌGBÍN) ôuú silé ibim é tororô O algodão está sobre o chão e o vosso caracol o unta babá a fé abá ki é mó awo Pai, nós queremos encontrar e cumprimentar-vos, pois conheceis o segredo do culto 11(ÌGBÍN) Éyin a kómó dengué ôôrê Nós somos vossos filhos orientados com delicadeza e bondade Éyin a kómó Nós somos vossos filhos 12(ÌGBÍN) Êbô babá êbô unjéwa Milho branco cozido pai estamos comendo milho branco cozido. Êbô babá êbô unjéwa Milho branco cozido pai estamos comendo milho branco cozido. Orixalá bôriô êbô Orixá que nos cobre com seu manto branco, milho branco cozido Oxalá bôriô êbô Oxalá que nos cobre com seu manto branco, milho branco cozido Babá bôriô ebô Pai que nos cobre com seu manto branco, milho branco cozido. 13(ÌGBÍN) Éinhiim ri wá ibabóuá ócan Vós vedes a nós e a crença em nossos corações Éinhiim ri wá ibabóuá ócan Vós vedes a nós e a crença em nossos corações
Êtutu xê ipadê xirê Façais com que haja concórdia em nossa reunião de xirê Corulê corulê babá ifá Que não cause confusão na casa Pai Ifá Corulê corulê babá ifá Que não cause confusão na casa Pai Ifá É sim xê ipadê xirê Cultuaremos-vos em nossa reunião de xirê 14(Aguerê) Ôfurufú êmirê lé babá, babá kérrindê elejibô O ar da atmosfera é o vosso hálito sobre a terra pai. Pai que voltou e tornou-se chefe de Ejibô Ô kilê ifá emójuá babá awá ómóinhim É mojubá auô Aquele que saúda a casa de Ifá aquele que nos conhece, simplesmente pelo olhar, pai somos vossos filhos e pedimos vossas bênçãos para o culto Ôfurufú êmirê lé babá, babá kérrindê elejibô, O ar da atmosfera é o vosso hálito sobre a terra pai. Pai que voltou e tornou-se chefe de Ejibô ô kilê ifá émójuá babá awá ómónhim é mojubá awô Aquele que saúda a casa de Ifá aquele que nos conhece, simplesmente pelo olhar, pai somos vossos filhos e pedimos vossas bênçãos para o culto Oluami émó awô É a epuaê élémóuó elejibô, émó awô é Meu senhor vós que conheceis o segredo do culto, nós vos saudamos chefe de Egibô a epuaê élémóuô awá ókan émó awô é a epuaê A vós que conheceis o segredo do culto nós saudamos senhor, que conheceis os segredos de nossos corações, vos que conheceis os segredos, a nossa saudação 15(Aguerê) Elé babá béré kiô émó awô Senhor e pai, começamos a cumprimentrar-vos, sois aquele que conhece os segredos Elé babá béré kiô émó awô Senhor e pai, começamos a cumprimentrar-vos, sois aquele que conhece os segredos 16(Aguerê) Ofurufú ofurufú ofurufú
Ar da atmosfera, ar da atmosfera, ar da atmosfera Babá ôdê, babá ôdê babá odê Pai do céu, pai do céu, pai do céu 17(Aguerê) ofurú furú furú babá ôdê Ar da atmosfera, pai do céu ofurú furú furú babá ôdê Ar da atmosfera, pai do céu 18(Aguerê) Mêrôinhim merôinhim babá éinhim émó awô Vossa sensibilidade, vossa sensibbilidade pai, é o entendimento do culto Mêrôinhim merôinhim babá éinhim émó awô Vossa sensibilidade, vossa sensibbilidade pai, é o entendimento do culto 19(Aguerê) Auádêó môtibí ibíô auádêó môtibí babá Ao chegarmos a ti eu nasci ali, ao chegarmos a ti eu nasci pai Auádêó môtibí ibíô auádêó môtibí babá Ao chegarmos a ti eu nasci ali, ao chegarmos a ti eu nasci pai Babáô adêô auádêó môtibí babá Pai que chegamos até ele e. Ao chegarmos a ti eu nasci pai 20(Aguerê) Auádêó môtibíô auádêó mojubaré lê Ao chegarmos a ti eu nasci, ao chegarmos a ti eu fui coberto pelo teu olhar sobre mim Auádêó môtibíô auádêó mojubaré lê Ao chegarmos a ti eu nasci, ao chegarmos a ti eu fui coberto pelo teu olhar sobre mim Babá kibáxé auádêó môbôjuré lê babá Pai que eu receba as tuas bençãos e o teu axé, ao chegarmos a ti eu ffui coberto pelo teu olhar sobre mim Babá kibáxé auádêó môbôjuré lê babá Pai que eu receba as tuas bençãos e o teu axé, ao chegarmos a ti eu ffui coberto pelo teu olhar sobre mim 21(Batá) Éni féuá ôrô ôlua odô éni féuá ôrô É aquele que deseja o nosso culto tradicional, senhor do pilão, é aquele que deseja o nosso culto tradicional ôlua odô éni féuá ôrô éni féuá ôrô ô béri óman Senhor do pilão, é aquele que deseja o nosso culto tradicional e saúda os filhos
22(Batá) Ójó nibi wan nibôrêó élékómó orixá xirê Nos dias de nascimento, somos cobertos por tua benevolência, senhor para quem os filhos de orixá brincam Ójó nibi wan nibôrêó élékómó orixá xirê Nos dias de nascimento, somos cobertos por tua benevolência, senhor para quem os filhos de orixá brincam 23(Batá) ônixê aurê a unlajé ônixê aurê a unlajé Senhor que faz que tenhamos boa sorte e com que sejamos grandes, senhor que faz que tenhamos boa sorte e com que sejamos grandes onixê aurê ô béri óman onixê aurê a Senhor que nos da o encantamento da boa sorte cumprimenta os filhos, senhor que nos da boa sorte e nos torna unlajé babá onixê aurê ô béri oman grandes, pai e senhor que nos da boa sorte cumprimenta seus filhos 24(Igbin)) Akaká umbá é babá, akaká umbabá a é babá Curvamos nossas cabeças humildemente para receber-vos pai, curvamos nossas cabeças humildemente para receber-vos pai 25(Ijexá) Ólórum a kibáxéô é babá ôni Senhor do céu nós cumprimentamos e pedimos a benção a vós pai Ólórum a kibáxé é babá ôni Senhor do céu nós cumprimentamos e pedimos a benção a vós pai 26(Ijexá) Ô filá alaiêô irê ilê awá Ó senhor do mundo que usa alá, faça nossa casa ffeliz É babá aurêô irê ilê awá Senhor e pai dê-nos boa sorte e faça nossa casa feliz 27(Ijexá) ô durô ô durô ôni alá éman man ójó ôxoguinhan Ele parou para descançar, ele parou para descançar, senhor do alá, aquele que entende o dia é oxoguinhan éni maan man ójó ôxoguinhan éni man man ójó ôxôlufan Senhor que entende o dia é oxoguinhan, enhor que tem o conhecimento e o entendimento do dia é Oxolufan
28(Ijexá) Éró babá mi xéró, éró mi babá kojádê Propiciação, o pai me propiciou, o pai me propiciou, levando embora os males Éró babá mi xéró, éró mi babá kojádê Propiciação, o pai me propiciou, o pai me propiciou, levando embora os males 29(Ijexá) Éró babá mi xéró, éró mi babá kojádê Propiciação, o pai me propiciou, o pai me propiciou, levando embora os males Éró babá mi xéró, éró mi babá kojádê Propiciação, o pai me propiciou, o pai me propiciou, levando embora os males 30(Ijexá) Ê mirê mirê babá ólórum babá môriê Façai-me feliz, façai-me ffeliz, pai e senhor do céu, pai eu vos vi Abáôdô alá sorí awáô Senhor velho do pilão, pomhai vosso alá sobre nós 31(Ijexá) Ni órum ô ônirê midê babá môdurô No céu, oh bom senhor, eu cheguei pai vou parar e descançar Ni órum ô ônirê midê babá môdurô No céu, oh bom senhor, eu cheguei pai vou parar e descançar 32(Ijexá) Babá okê êpá êpá ôlôdô Pai que esta no topo, vos saudamos babá okê êpá êpá ôlôdô Pai que está no topo, vos saudamos, saudamos o dono do pilão 33(Ijexá) ójó mó tinhim ôdô alaiê ójó ójó biuaê Chefe do dia que entende o dia e o seu pilão, o dia que nasce em nossa casa ójó ójó tinhim ôdô aláaiê ójó abóuá babaô Chefe do dia que entende o dia e o seu pilão, o dia que nasce em nossa casa, vamos cultuar o nosso pai 34(Ijexá) Ê ê môríô ê môrifá ô Eu vi, eu vi através de Ifá Ê ê môríô ê môrifá ô Eu vi, eu vi através de Ifá
35(Ijexá) A irê a irê babá a irê a irê babá Faça-nos felizes pai, faça-nos felizes pai A irê a irê babá a irê a irê babá Faça-nos felizes pai, faça-nos felizes pai 36(Ijexá) Awá aláiêêê babá unlá êpuaêê Nosso chefe, grande pai, vos saudamos Awá aláiêêê babá unlá êpuaêê Nosso chefe, grande pai, vos saudamos 37(Ijexá) É inhê nifá éró é inhê nifá éró oxalá Aquele que sobreviveu com a propiciação de ifá, aquele que sobreviveu com a propiciação de ifá Oxaalá vos saudamos Kiô môxaké oxalá ki awá urê ê oxalá kojadêô Ele acariciou-me Oxálá que nos da boa sorte, Oxalá leve embora os nossos pesos 38(Ijexá) Aurêô babá ki a féé jóuó a aurêô Dê-nos boa sorte paai, nós desejamos e vos pedimos por favor dê-nos boa sorte Babá ki a fé éninhim éninhim a puê é Pai nós vos amamos e a vós chamamos irunmalé éninhim a puê é iirunmalé Senhor dos irunmalé, vos chamamos senhor dos irunmalé 39(Ijexá) Alá ô alá ôrô alá êpá babá O pano branco, o pano branco é sagrado, o pano branco vos saúda pai Alá ô alá ôrô alá êpá babá O pano branco, o pano branco é sagrado, o pano branco vos saúda pai 40(Ijexá) Awá fum kinkim ô alá babá awá aurê Nos dê um pouquinho, ó paai do pano branco, de boa sorte Awá fum kinkim ô alá babá awá aurê Nos dê um pouquinho, ó paai do pano branco, de boa sorte 41(Ijexá)
Alá ki kôjamidê alá ki kojamidê O pano branco que me purificou, o pano branco que me purificou Auabó óbatálá alá ki kojamidê Vamaos cultuar o rei do pano branco, foi o pano branco que me purifiicou 42(Ijexá) Orixá bêmi babá mi olôdê órum Orixá que me dá proteção meu pai senhor do céu Wá babá babá ibi babá ibi odê Nosso pai. O pai está aqui, o pai está aqui, ele chegou 43(Ijexá) Orixá ôôrê orixá ôôrê a unló a lanu rê ajô O Orixá da benevolência, o Orixá benevolente irá embora, e nós gritamos para ele: boa a viagem
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