Outros Percursos 11º Ano

May 27, 2018 | Author: carlos carmo | Category: Fishery, Poverty, Poverty & Homelessness, Sea, Pregnancy
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ÍNDICE

Matriz dos Testes de Avaliação Formativa ................................... 3

Sequência 1 Outros Percursos… Pelos Media Teste A ................................................................................... 4 Teste B ................................................................................... 7

Sequência 2 Outros Percursos… Pelos Textos Argumentativos Teste A ................................................................................... 11 Teste B ................................................................................... 15

Sequência 3 Outros Percursos… Pelos Textos Dramáticos Teste A ................................................................................... 19 Teste B ................................................................................... 23

Sequência 4 Outros Percursos… Pelos Textos Narrativos/Descritivos Os Maias Teste A ................................................................................... 26 Teste B ................................................................................... 30 O Primo Basílio Teste...................................................................................... 34

Sequência 5 Outros Percursos… Pelo Texto Poético Teste A ................................................................................... 38 Teste B ................................................................................... 42 Propostas de correção e cotações .............................................. 45

Nota Todos os testes se encontram disponíveis, em formato editável, em

MATRIZ DOS TESTES DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Os testes de avaliação formativa que se apresentam contemplam a estrutura do exame nacional de Português - 12.º ano, pelo que os objetivos que se elencam foram retirados do documento do GAVE orientador da prova de exame. GRUPOS I

COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS Competências Leitura e Expressão Escritas

TIPOLOGIA COTAÇÃO DE ITENS (em pontos) Resposta restrita

Objetivos e – explicitar o sentido global do texto; – processar a informação veiculada pelo texto, em função de um resposta determinado objeto; extensa – detetar linhas temáticas e de sentido, relacionando os diferentes elementos constitutivos do texto; – inferir sentidos implícitos a partir de indícios vários; – determinar a intencionalidade comunicativa; – identificar elementos de estruturação do texto, ao nível das componentes genológica, retórica e estilística; – avaliar aspetos textuais relativos à dimensão estética e simbólica da língua; – formular juízos de valor fundamentados; – interpretar relações entre linguagem verbal e códigos não verbais; – identificar funções do texto icónico; – produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático, semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação; II

Competências Funcionamento da Língua Objetivos – identificar elementos básicos da língua nos planos fónico, morfológico, lexical, sintático, semântico e pragmático; – identificar/analisar diferentes tipos de nexos interfrásicos (estruturas de coordenação e de subordinação); – reconhecer valores semânticos da estrutura frásica; – reconhecer a função de marcadores de continuidade e de progressão textual; – (...)

III

Competências Expressão Escrita Objetivos – planificar a atividade de escrita de acordo com a tipologia textual requerida; – adequar o discurso à situação comunicativa; – expressar ideias, opiniões, vivências e factos, de forma pertinente, estruturada e fundamentada; – estruturar um texto, com recurso a estratégias discursivas adequadas à explicitação e à defesa de um ponto de vista ou de uma tese; – cumprir as propriedades da textualidade (continuidade, progressão, coesão e coerência); – produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático, semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação; – (...)

70

30

Escolha múltipla; associação; V/F; completamento

50

Resposta extensa

50

1

Teste A

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 1

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê, atentamente, o texto. CRISE ENERGÉTICA FEITA OPORTUNIDADE RENOVÁVEL

5

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15

20

Os combustíveis atingem preços nunca vistos, sem razões, pelo menos aparentemente, que o justifiquem. É preciso perceber: nada, em termos energéticos, voltará a ser como antes. A questão não é nova, mas agora se levanta pela sua indiscutível atualidade. Quais as alternativas a um mundo movido à base de combustíveis fósseis? Desiludam-se os que acreditam que o preço da gasolina e do gasóleo vai regressar a preços sustentáveis. Nas palavras dos especialistas, isso não passa de um sonho irrealizável. O que nos resta fazer? Enquanto o salário encolhe, o preço que pagamos quando abastecemos depósito do automóvel cresce na proporcionalidade. Nem tudo é negativo. Olhemos para a crise energética como uma oportunidade. Mudar de meio de transporte pode ser uma possibilidade para quem não pretende queimar parte significativa do ordenado, na estrada, a caminho do trabalho. Transportes públicos? Claro. Desde que existam e respondam às necessidades dos cidadãos que deles precisam. Nunca é de mais lembrar aos responsáveis pela gestão dos transportes o seguinte: é necessário adaptar a mobilidade à realidade do novo século. Uma oportunidade, dizíamos. Embora a empresa se afigure tormentosa. Os responsáveis políticos a mudança de paradigma só é possível com envolvimento desta gente - andam há anos a falar de eficiência energética, da troca dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. A realidade, contudo, segue o ritmo e a práxis antigos, com estradas apinhadas de veículos alimentados a gasolina e a gasóleo. Aqui estão os principais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa. Mudar as lâmpadas em casa é um gesto louvável, mas insuficiente. E não nos venham dizer que não existe um relação direta entre as enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo na Polónia e o efeito de estufa! Que são ideias de fundamentalistas, movidas por inconfessáveis interesses. O melhor mesmo, até prova em contrário, é prevenir. Nas grandes cidades, pelo menos, é possível uma mobilidade amiga do ambiente e mais suave para a bolsa. Fica o carro em casa, apanha-se o metro. A bicicleta também pode vir: na última carruagem, sem algum custo adicional. Antes que seja tarde. in www.jn.pt (19/1/11)

1. Responde às questões com frases completas. 1.1. Identifica o assunto do texto. 1.2. Expõe três aspetos que são motivo de crítica evidentes no texto, recorrendo à fundamentação textual. 1.3. Considera a frase: “Uma oportunidade, dizíamos.” (linha 14). 1.3.1. Explicita a “oportunidade” referida. 1.4. Retira do texto exemplos dos seguintes recursos retóricos, comentando o seu valor expressivo. 1.4.1. Metáfora. 1.4.2. Ironia. 1.4.3. Antítese. 1.5. Demonstra o caráter diretivo de algumas passagens textuais. 1.6. Justifica o recurso aos exemplos “enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo na Polónia e o efeito de estufa” (linhas 20-21). 4

Outros Percursos 11

Outros Percursos... pelos Media

B Observa, atentamente, a imagem que se segue.

http://penatosambientalistas.blogspot.com

Num texto, entre oitenta e cento e trinta palavras, refere-te à intenção do cartoonista, analisando os diversos componentes da figura.

Grupo II Lê, atentamente, o texto. EM DEFESA DOS OCEANOS

5

10

15

A vida marinha esteve demasiado tempo totalmente exposta à exploração por parte de quem possuísse meios para o fazer. Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade, o alcance e a potência das embarcações e do equipamento usados para explorar a vida marinha exceda de longe a capacidade da Natureza de a preservar. Se isso não for controlado, terá amplas consequências no ambiente marinho e nas pessoas que dele dependem. A vida nos oceanos possui um incrível conjunto de formas e dimensões – desde o plâncton microscópico até à maior das grandes baleias. Apesar disso, muitas espécies foram levadas à extinção, ou aproximam-se dela, devido a devastadores impactos humanos. (…) As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas. Por um lado, os navios gigantes, utilizando equipamentos de ponta, podem localizar com precisão cardumes de peixe rapidamente. As frotas de pesca industrial ultrapassaram os limites ecológicos do oceano. À medida que o peixe maior é exterminado, os objetivos passam a ser as espécies seguintes de peixes mais pequenos, e assim sucessivamente (…). Em segundo lugar, a aquacultura é frequentemente apresentada como o futuro da indústria de alimentos marinhos. Mas a aquacultura de camarão é talvez a indústria de pesca mais destrutiva, insustentável e injusta no mundo. O desmatamento de mangais, a destruição do pescado, o assassínio e desmatamento de terrenos comunitários têm sido amplamente divulgados. (…) in www. greenpeace.org/Portugal/oceanos (texto adaptado e com supressões)

1. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F). A. No segmento “Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade (…)” (linha 2), a palavra sublinhada é um pronome relativo. B. Em “(…) a capacidade da Natureza de a preservar.” (linha 4), a palavra destacada retoma o referente “Natureza”. C. O terceiro período do texto é composto por três orações. Outros Percursos 11

5

› SEQUÊNCIA 1

D. O sujeito da oração “(...) que dele dependem” (linha 5) é composto. E. No último período do primeiro parágrafo, todas as frases estão na voz ativa. F. Na frase “As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas.” (linha 8), a oração subordinada adjetiva relativa nela inserida acrescenta uma informação acessória ao grupo nominal que a antecede. G. Com o complexo verbal sublinhado, em “Por um lado, os navios gigantes, (…), podem localizar com precisão (…)” (linhas 8-9), evidencia-se um exemplo de modalidade epistémica de possibilidade. H. “(...) cardumes de peixe” (linha 9) corresponde ao complemento direto da oração subordinante. I. Entre os dois primeiros períodos do último parágrafo verifica-se uma relação de causa. J. A palavra sublinhada em “(...) têm sido amplamente divulgados.” (linha 16) é um modificador. 2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. COLUNA A

COLUNA B

2.1. Com o recurso ao pronome pessoal “o”, em “para o fazer” (linha 2), ...

a) o enunciador apresenta uma situação possível de acontecer, dependendo da concretização da ação referida anteriormente.

2.2. Com a frase “terá amplas consequências no ambiente marinho e nas pessoas que dele dependem.” (linhas 4-5), ...

b) o enunciador dá conta de uma progressão de acontecimentos de forma ordenada.

2.3. Com o uso da locução subordinativa “Apesar disso” (linha 6), ... 2.4. Com a oração gerundiva “utilizando equipamentos de ponta” (linha 9), ... 2.5. Com a expressão “e assim sucessivamente” (linhas 11-12), ...

c) o enunciador apresenta a condição do que refere posteriormente. d) o enunciador retoma uma informação apresentada anteriormente. e) o enunciador estabelece uma relação de finalidade. f) o enunciador introduz uma conexão concessiva. g) o enunciador apresenta o conteúdo da frase como uma impossibilidade. h) o enunciador dá conta de uma sucessão de hipóteses.

Grupo III Em tempos de crise, os comportamentos economicistas estão na linha da frente. Partindo da perspetiva exposta na frase acima transcrita, apresenta uma reflexão, entre duzentas e trezentas palavras, sobre a importância dos atos economicistas e sobre as formas de os pôr em prática. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo. 6

Outros Percursos 11

1

Teste B

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 1

Nome

Turma

Data

Grupo I Lê, com atenção, o texto.

A EDITORIAL LEVAR A SÉRIO OS ENJOOS DA GRAVIDEZ

30 | 06 | 2010 09.06H ISABEL STILWELL | [email protected]

5

10

15

20

As grávidas continuam a ser as maiores vítimas dos tabus com que todos nós, homens e mulheres, continuamos a rodear a ideia de mulher, sobretudo a da mulher-mãe. Demasiado cristalizados por dentro para podermos entender que todas as coisas boas têm sempre lados maus, sem deixarem, por isso, de ser maravilhosas, endeusámos aqueles nove meses de espera e proclamámos que o “parirás com dor” era um desígnio divino, como se o sofrimento fosse condição imprescindível ao milagre. Ainda me lembro de há 20 anos ter feito uma reportagem na Maternidade Alfredo da Costa, para constatar que as mulheres que recebiam uma muito desejada analgesia para o parto imploravam aos médicos que não revelassem a “fraqueza” aos maridos. Não queriam que eles soubessem, diziam “que não tinham sido suficientemente mulheres para aguentar a prova de que mereciam ser mães”. Não lhes passava pela cabeça (será que agora passa?) nem a elas, nem aos maridos, nem tão pouco à medicina, perguntar por que é que, então, se arrancavam dentes com anestesia... Os enjoos na gravidez são outro dos “episódios” reduzidos a simples incómodo de percurso. Aliás, o único medicamento que atenua os sintomas tem, pelo menos, 50 anos e quem é que duvida que, se fossem os homens a engravidar, por esta altura a indústria farmacêutica já teria inventado trezentos remédios para os eliminar? Felizmente os tempos estão a mudar, provavelmente com a ascensão das mulheres a lugares de decisão no mundo da ciência. Prova disso é a decisão da Sociedade inglesa de Obstetrícia de agendar o tema para um debate universitário. Alertam os médicos que as náuseas e vómitos são insuportáveis e graves em muitas gravidezes, provocando depressão e levando 2% das mulheres ao internamento hospitalar. Apelam, por isso, a que os médicos os levem a sério, e os cientistas investiguem as causas e procurem tratamento. Finalmente. in www.destak.pt/ (texto adaptado)

1. Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário. 1.1. Propõe uma explicação para a metáfora “(...) endeusámos aqueles nove meses de espera” (linha 4). 1.2. Identifica os elementos linguísticos que marcam a presença de dois tempos. 1.3. Explicita a intenção da autora do texto quando relata um episódio ocorrido há vinte anos. 1.4. Demonstra como o enunciado apresenta características do texto de opinião. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 1

B Observa a imagem.

Redige um texto publicitário, entre oitenta e cento e trinta palavras, que alerte para a realidade representada na figura. Para tal, segue as orientações: – descrição da situação; – medidas a tomar para evitar graves danos; – discurso apelativo.

Grupo II Lê, atentamente, o texto que se segue. A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA NA INTERNET: QUAIS SERÃO AS NOVAS FORMAS DE ADOECER? Rui Tinoco (Psicólogo clínico)

Estamos perante as primeiras gerações de crianças e jovens que crescem, utilizando quotidianamente a internet. A rede é cada vez mais utilizada para satisfazer um maior número de necessidades. À vertente de investigação e de conhecimento, soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e ainda de convivialidade. Esta disseminação é fomentada por ministérios da educação de diversos países, não sendo acompanhada pela correspondente necessidade de formação.

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10

15

8

Os desenhos animados dos mais novos existem online e disponibilizam pequenas atividades. As redes sociais disputam também este público mais jovem com jogos dirigidos às suas idades. Para os adolescentes, a tudo isso somam-se as já tradicionais salas de chat ou programas de troca de mensagem instantânea como os vários messenger existentes no mercado. Temos, pois, amplas franjas da população para as quais a internet é algo de evidente. A rede transformou-se num espaço de estar e de viver que, forçosamente, replicará formas de mal-estar social e psicológico. Mas que formas de mal-estar e de disfuncionalidade serão essas? A interrogação tem ainda poucos dados que possibilitem respostas. No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram algum furor mediático: a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal; a do marido ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem que é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo real. Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes esboços… Outros Percursos 11

Outros Percursos... pelos Media

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Interessa-nos ainda o modo como certas pessoas com dificuldades de relacionamento interpessoal se reinventam na rede como outro eu; ou ainda como outros dão azo a esferas dos seus eus, a desejos ocultos e as afirmam de uma forma, desbragada até, no contexto de certas plataformas virtuais… Quais serão as consequências destes movimentos de centrifugação do eu no desenvolvimento psicológico? De que forma a perda da necessidade de coerência em plataformas internáuticas ou da ausência de consequências para determinados comportamentos virtuais (passe-se a contradição dos termos) serão refletidas no sujeito psicológico? O uso intensivo de computador pode até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais e fisiológicas… A multiplicação de identidades virtuais poderá ainda reforçar essa tendência de dissipação. O que será, para os vindouros, existir? in www.psicologia.com.pt/ (texto adaptado e com supressões)

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta. 1.1. De acordo com a informação do texto, cada vez mais crianças utilizam a internet para... a) recolha de informação. b) se informar, divertir e conviver. c) aceder a bens de escassa comercialização. d) investigar e socializar. 1.2. Se os problemas familiares e relacionais provocados pelo “vício” da internet preocupam o autor do texto, um há que merece uma especial atenção: a) a infidelidade de um dos cônjuges. b) a rede de pedofilia. c) a marginalidade. d) a criação de novas identidades em indivíduos de difícil relacionamento. 1.3. A forma verbal “replicará” (linha 13), no contexto em que surge, é sinónima de... a) desencadeará. b) resultará de. c) responderá. d) copiará. 1.4. O segmento sublinhado em “(...) soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e ainda de convivialidade” (linhas 4-5) corresponde… a) ao complemento direto. b) ao complemento indireto. c) ao sujeito. d) a um modificador. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 1

1.5. O enunciador, ao servir-se das expressões “dos mais novos” (linha 8) e “este público mais jovem” (linha 9), recorre a um mecanismo de... a) coesão lexical por substituição. b) coesão lexical por pronominalização. c) coesão referencial. d) coesão frásica. 1.6. A palavra destacada na frase “Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes esboços (….)” (linha 19) é... a) um pronome relativo. b) uma conjunção subordinativa causal. c) uma conjunção subordinativa completiva. d) uma conjunção subordinativa consecutiva. 1.7. A frase “O uso intensivo de computador pode, até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais e fisiológicas.” (linhas 27-28) possui um verbo auxiliar modal com valor de... a) obrigatoriedade. b) possibilidade. c) probabilidade. d) necessidade. 2. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F). A. O sujeito da primeira frase do texto é nulo expletivo. B. O segundo período do texto contém uma oração subordinada adverbial final. C. O sublinhado em “Esta disseminação é fomentada por ministérios de educação de diversos países” (linhas 5-6) corresponde ao complemento agente da passiva. D. As duas orações que iniciam o segundo parágrafo são subordinadas. E. Na frase “No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram algum furor mediático: a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal; a do marido ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem que é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo real.” (linhas 15-18), os sublinhados correspondem a pronomes relativos.

Grupo III Redige um artigo de apreciação crítica, entre duzentas e trezentas palavras, que pudesse ser publicado no jornal da tua escola, sobre um dos seguintes temas: A. um filme que te tivesse marcado. B. um livro que nunca tenhas esquecido. Atenção, deves fazer referência, entre outros aspetos: — ao título; — às personagens; — aos atores; 10

Outros Percursos 11

— ao autor; — ao realizador; — a momentos marcantes...

2

Teste A

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 2

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê o texto seguinte.

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Mas para que, da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor ou inveja de outra não menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro peixezinho, a que os latinos chamaram torpedo. Ambos estes peixes conhecemos cá mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes, que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a boia sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador. Com muita razão disse que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadores do nosso elemento, ou quem lhes pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na terra! Muito pescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem tanto e que tremam tão pouco. Tanto pescar e tão pouco tremer! Pudera-se fazer problema; onde há mais pescadores e mais modos e traças de pescar, se no mar ou na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para os peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam as canas, na terra, as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões e até os cetros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos inteiros. Pois é possível que, pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?! Se eu pregara aos homens e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer. Vinte e dois pescadores destes se acharam acaso a um sermão de Santo António, e às palavras do Santo os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se lançaram a seus pés; todos, tremendo, confessaram seus furtos; todos, tremendo, restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer mais neste pecado que nos outros); todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram. Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Pará (que é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa), vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia; e como me dissessem que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente a razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dá graças a Deus, lhe disse, e louva a liberalidade de sua divina providência para contigo; pois às águias, que são os linces do ar, deu somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixezinho, quatro. Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar. Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos! Oh quão altas e incompreensíveis são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos! “Sermão de Santo António”, Padre António Vieira, in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, 1.ª Ed., agosto de 2008 Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 2

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Insere o excerto na estrutura interna e externa da obra. 2. Reflete sobre a crítica feita aos homens, tendo por base a simbologia do peixe-torpedo. 3. Explicita a alusão a Santo António. 4. Clarifica as interrogações que se coloca o pregador sobre a região do Maranhão, a partir das características do peixe quatro-olhos.

B Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a centro e trinta palavras, baseando-te nos conhecimentos adquiridos sobre Padre António Vieira e a sua produção literária. O Padre António Vieira começou a desenvolver importante atividade missionária junto dos índios brasileiros. E isso faz dele um homem notável. “É o lutador pela liberdade dos índios, nações, culturas e povos com identidade própria, num tempo em que a regra era precisamente a da escravatura, domínio e subjugação”, aponta Marcelo Rebelo de Sousa. http://www.rtp.pt

Grupo II Lê, agora, o seguinte texto.

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15

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12

Em janeiro, a UNESCO publicou um relatório sobre a avaliação global do programa “Educação Para Todos”. Trata-se de uma avaliação intercalar do objetivo que tinha sido apontado para que, em 2015, todas as crianças do mundo tivessem acesso à educação primária. Os resultados são dececionantes. O relatório refere que 72 milhões de crianças estão ainda fora da escola e que, por este andar, 56 milhões ainda o estarão em 2015. E isto porquê? Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), “enquanto os países ricos alimentam a sua recuperação económica, muitos países pobres enfrentam um cenário iminente de atrasos educacionais. Não podemos permitir-nos criar uma geração perdida de crianças privadas da sua oportunidade de educação, que as poderia elevar do seu estado atual de pobreza”. No mesmo sentido, o coordenador do relatório, Kevin Watkins, escreve: “os países ricos mobilizam montanhas financeiras para estabilizar os seus sistemas financeiros e proteger a sua infraestrutura social e económica, mas só conseguiram mobilizar pequenas colinas para os pobres do mundo”. E, na verdade, estima-se que faltam 16 mil milhões de dólares para conseguir atingir o objetivo da educação primária em todo o mundo em 2015. Estes números e opiniões são eloquentes. (...) A educação é a primeira e essencial condição para a existência de um desenvolvimento sustentado, contudo, verificamos que muitos Estados não colocam esta prioridade entre as mais prementes. Por outro lado, os países mais desenvolvidos não apostam suficientemente em criar as bases que poderão levar os países mais pobres a sair da pobreza. (...) Assim, a retórica de dinamizar o desenvolvimento local nos países pobres, para evitar as desesperadas migrações para os países mais ricos, não é fundamentada em medidas concretas. (...) É tempo, pois, de encararmos de que forma um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça e autocentrado tem contribuído para que os países mais pobres não disponham de meios que lhes permitam assumir os destinos das suas crianças. Outros Percursos 11

› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos

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É tempo de pensar que a Educação Inclusiva, para além de uma reforma educacional que se passa em cada um dos países (ricos ou pobres), é também uma postura ética mundial. Uma postura que recusa o fatalismo da exclusão escolar ou o acesso a uma Escola tão debilitada que seja incapaz de promover a mobilidade social. Já sabíamos que era difícil pensar uma Escola Inclusiva numa sociedade que não o fosse. Sabemos agora, pelos dados deste relatório, que o caminho da inclusão não deve respeitar fronteiras. Não são apenas as crises que são mundiais; as soluções também têm que o ser. (...) 16 milhões de dólares!?... David Rodrigues, in A Página da Educação, Ed. Profedições, primavera de 2010 (adaptado e com supressões)

1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 1.1. A utilização das aspas em “Educação Para Todos” (linha 2) justifica-se por... a) se tratar de uma frase que não pertence ao autor do texto. b) ser um título de um livro. c) ser o nome de um projeto. d) se referir a uma secção da UNESCO. 1.2. A locução sublinhada em “para que, em 2015, todas as crianças do mundo tivessem acesso à educação primária”(linhas 3-4) introduz uma oração... a) final. b) consecutiva. c) concessiva. d) completiva. 1.3. Em “Os resultados são dececionantes.” (linha 4), a palavra sublinhada desempenha a função sintática de... a) complemento direto. b) sujeito. c) predicativo do complemento direto. d) predicativo do sujeito. 1.4. O constituinte sublinhado em “que as poderia elevar do seu estado atual de pobreza” (linhas 10-11) substitui o grupo nominal... a) “oportunidade de educação.” b) “crianças.” c) “geração.” d) “geração perdida.” 1.5. No segmento textual “os países ricos mobilizam montanhas financeiras” (linhas 11-12), a palavra sublinhada desempenha a função sintática de... a) modificador apositivo do nome. b) modificador restritivo do nome. c) predicativo do sujeito. d) complemento direto. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 2

1.6. O tipo de sujeito em “Estes números e opiniões são eloquentes.” (linha 16) é... a) composto. b) simples. c) nulo expletivo. d) nulo indeterminado. 1.7. O recurso retórico presente na expressão “… um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça e autocentrado” (linhas 22-23) é uma... a) metáfora. b) adjetivação. c) enumeração. d) perífrase. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras. COLUNA A

COLUNA B

2.1. Com a utilização da construção sintática “enquanto os países ricos…” muitos países pobres” (linhas 8-9), …

a) o enunciador pretende exprimir, simultaneamente, perplexidade e incredulidade.

2.2. Ao utilizar o complexo verbal “Não podemos permitir-nos criar…” (linha 9), …

c) o enunciador destaca a realização em simultâneo de duas ações.

2.3. Na expressão “Estes números e opiniões são eloquentes.” (linha 16), … 2.4. Na expressão “Assim, a retórica de dinamizar…” (linhas 19-20), … 2.5. Com a pontuação do parágrafo final (linha 32), …

b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivo indireto.

d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valor de proibição. e) o enunciador emprega um verbo copulativo. f) o enunciador utiliza um marcador discursivo com valor conclusivo. g) o enunciador pretende exprimir interesse e persistência. h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com valor consecutivo.

Grupo III Ao longo da História são diversos os exemplos de povos ou grupos discriminados em virtude da etnia a que pertencem, da religião que professam, da opinião política que defendem.

Tendo presente a sociedade tua contemporânea, apresenta uma reflexão sobre este tema. Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

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Outros Percursos 11

2

Teste B

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 2

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê, com atenção, o texto que se segue.

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Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra, que se não deixa salgar, que se lhe há de fazer? Este ponto não resolveu Cristo Senhor nosso no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou. Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele, e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta protestação; e uns pés, a que se não pegou nada da terra, não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência, ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh, maravilhas do Altíssimo! Oh, poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam. Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro. Vós estis sal terrae. É muito bom o texto para os outros santos doutores; mas para Santo António vem-lhe muito curto. Os outros santos doutores da Igreja foram sal da terra. Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. Este é o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que nas festas dos santos é melhor pregar como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina, qualquer que ele seja, tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que é força segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária e importante é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios que a corrompem. O fruto que tenho colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós o sinto. Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar e, já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixar o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer. Domina maris: “Senhora do mar”; e posto que o assunto seja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria. “Sermão de Santo António”, Padre António Vieira, in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, agosto de 2008 Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 2

Responde com clareza e correção às seguintes perguntas. 1. Insere o excerto na obra a que pertence, atendendo à sua estrutura interna. 2. Expõe as razões da referência a Santo António neste passo do Sermão. 2.1. Apresenta três traços caracterizadores da figura referenciada, recorrendo à fundamentação textual. 3. Identifica, justificando, no segmento textual apresentado, as razões da pregação deste sermão do Padre António Vieira. 4. Procede ao levantamento de dois recursos expressivos, comentando a sua expressividade.

B Num texto, entre oitenta e cento e trinta palavras, refere-te ao modo como as duas obrigações do sal se concretizam no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.

Grupo II Lê, com atenção, o texto que se segue.

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No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações do ator, de uma forma absolutamente orgânica. Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelo texto, já de si muito rico e profuso. A relação entre a multimédia, o teatro e as artes plásticas desenvolveu-se pelo processo de identificação, incorporação e fusão de elementos expressivos, e não pela sua simples combinação sequencial. Existe, ainda, na abordagem interpretativa do Sermão, uma questão importante: a oratória funciona como discurso direto, objetivo e frontal, procurando convencer o público, argumentando, provando, lançando reptos e propondo respostas. É um instrumento moralizador e edificante, no intuito de corrigir/melhorar a humanidade. Esta característica, que em Vieira ultrapassa os recursos do contador de estórias, é comum a todos os que têm o ofício de sal — políticos, professores, legisladores, religiosos — e concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da pregação, na sua profunda e intensa oralidade. Em Payassu, o parateatral sobrepõe-se ao teatro, na perspetiva do público, que vê um pregador religioso. Mas o teatro esconde-se na oratória, pois não temos orador, temos ator; não temos sermão; temos teatro. Para mais, no Sermão de Santo António aos Peixes, existe outro jogo de metalinguagem, que confunde e complica este juízo de frontalidade: Vieira não prega aos homens, prega aos peixes para pregar aos homens. Um jogo de ilusão, um malabarismo dialético, tanto barroco como contemporâneo, um caminho tão válido hoje como ontem. Evidente é que tudo isso dificulta o trabalho do ator, que tem de percorrer um labirinto de olhares, insinuações, alternâncias e subtilezas, oscilando entre um público real e um mundo aquático virtual. Payassu, o Verbo do Pai Grande (caderno de criação do espetáculo), Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde (texto adaptado e com supressões)

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Outros Percursos 11

› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos

1. Seleciona a opção correta. 1.1. De acordo com a informação do texto, o espetáculo Payassu... a) oferece uma diversidade de recursos complementares ao discurso vieiriano. b) é uma representação teatral em que o ator joga apenas com o discurso de P.e António Vieira. c) apresenta-se como a atualização da mensagem de P.e António Vieira. d) reveste-se de uma plasticidade surpreendente, de forma a superar a ausência do texto vieiriano. 1.2. Tanto no Sermão de Santo António aos Peixes, de P.e António Vieira, como em Payassu, ... a) a reação do público é imprescindível à atuação. b) há pregação religiosa, pelo facto de ambos se assumirem como sermões. c) verifica-se o recurso ao discurso indireto. d) assiste-se a um jogo de linguagens. 1.3. O sujeito da oração “fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem” (linha 1) é... a) nulo subentendido. b) nulo indeterminado. c) nulo expletivo. d) simples. 1.4. O segmento “a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações do ator” (linhas 1-2) corresponde... a) ao sujeito. b) ao modificador. c) ao complemento direto. d) ao predicativo do sujeito. 1.5. Na expressão “quer plásticos quer cénicos” (linha 3), verifica-se uma relação de... a) oposição. b) alternância. c) condição. d) adição. 1.6. No segmento “todos os que têm o ofício de sal – políticos, professores, legisladores, religiosos” (linha 12), entre o primeiro sublinhado e o segundo destaca-se uma relação de... a) meronímia-holonímia. b) hiperonímia-hiponímia. c) hiponímia-hiperonímia. d) holonímia-meronímia. 1.7. A oração “que vê um pregador religioso” (linha 15) é uma... a) oração subordinada adjetiva relativa explicativa. b) oração subordinada substantiva completiva. c) oração subordinada adjetiva relativa restritiva. d) oração subordinada adverbial causal. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 2

2. Considera as seguintes frases. a) “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira (…)” (linhas 1-2). b) “Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelo texto, já de si muito rico e profuso.” (linhas 3-5). c) “(…) concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da pregação (…)” (linha 13). 2.1. Reescreve a frase a), de forma a incluir-lhe uma oração subordinada adverbial final, fazendo as alterações necessárias. 2.2. Expande a frase b), incluindo-lhe uma oração subordinada adverbial causal. 2.3. Reescreve a frase c), substituindo o segmento sublinhado por uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa.

Grupo III O significado de Herói tem sofrido algumas transformações ao longo dos tempos, nomeadamente com a massificação dos meios de comunicação social, misturando-se com a conceção de Ídolo. Partindo da perspetiva exposta no excerto acima transcrito, apresenta uma reflexão, entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

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Outros Percursos 11

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Teste A

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 3

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê o texto seguinte.

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Parte baixa do palácio de D. João de Portugal, comunicando, pela porta à esquerda do espetador com a capela da Senhora da Piedade na igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada: é um casarão sem ornato algum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras1 cruzes, ciriais 2 e outras alfaias e guisamentos 3 de igreja, de uso conhecido. A um lado um esquife 4 dos que usam as confrarias 5, do outro, uma grande cruz negra de tábua com o letreiro J.N.R.J.6, e toalha pendente como se usa nas cerimónias da semana santa, mais para a cena uma banca velha com dois ou três tamboretes 7: a um lado, uma tocheira baixa, com tocha acesa e já bastante gasta: sobre a mesa, um castiçal de chumbo, de credência 8, baixo e com vela acesa também, e um hábito completo de religioso domínico, túnica, escapulário, rosário, cinto, etc. No fundo, porta que dá para as oficinas e aposentos que ocupam o resto dos baixos do palácio. É alta noite.

Cena I Manuel de Sousa, sentado num tamborete, ao pé da mesa, o rosto inclinado sobre o peito, os braços caídos e em completa prostração de espírito e de corpo; num tamborete, do outro lado, Jorge, meio encostado para a mesa, com as mãos postas e os olhos pregados no irmão. 15

MANUEL — Oh! minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfã de pai e de mãe... (Pausa.) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje... (Levanta-se com violenta aflição.) A desgraçada nunca os teve. Oh! Jorge, que esta lembrança é que me mata, que me desespera! (Apertando a mão do irmão, que se levantou após dele e o está consolando do gesto.) É o castigo terrível do meu erro... se foi erro... crime sei que não foi. E sabe-o Deus, Jorge, e castigou-me assim, meu irmão.

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JORGE — Paciência, paciência: os seus juízos são imperscrutáveis (Acalma e faz sentir o irmão; tornam a ficar ambos como estavam.) MANUEL — Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão e ao discursar do vulgo?... Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho do nosso pai, Jorge! JORGE — Tu chamas-te o homem mais infeliz da terra... Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…

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Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa 1

Grandes castiçais para colocar as tochas ou as velas.

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Castiçais altos que terminam em lanterna, na parte superior, e que se colocam ao lado da cruz alçada nas procissões.

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Utensílios e alfaias necessários ao serviço divino, ao culto.

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Caixão.

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Irmandades, congregações, associações para fins religiosos.

6

Sigla que Pilatos mandou colocar sobre a cruz de Jesus Cristo e que significa Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.

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Cadeiras de braços sem espaldar.

8

Mesa que se coloca ao pé do altar para aí colocar as galhetas e outros acessórios da missa. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 3

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Faz a caracterização espácio-temporal, destacando o seu aspeto funesto. 2. Mostra de que modo o espaço contribui para o adensamento trágico da ação. 3. Manuel de Sousa mostra-se desesperado. 3.1. Evidencia de que forma essa aflição se manifesta. 3.2. Explicita a sua maior preocupação.

B Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te nos conhecimentos que possuis sobre Frei Luís de Sousa. Almeida Garrett afirma na “Memória ao Conservatório Real” que se contenta com a designação de drama para a sua obra, reconhecendo, todavia, que, “se na forma desmerece da categoria (de tragédia), pela índole há de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico”.

Grupo II Lê, agora, o seguinte texto. Por Clara Teixeira

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O planeta poderá, em breve, tornar-se um lugar pouco recomendável para viver. Seremos mais, mas as nossas vidas serão mais difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia. Portugal sairá a ganhar, se souber aproveitar uma nova potência chamada África. O mundo está a mudar. E mudará ainda mais até 2025. Em muitos aspetos, ficará irreconhecível. Exemplos? O Ocidente entrará em declínio, a idade da reforma estender-se-á para além dos 70 anos, África será o continente mais jovem e populoso, o México destronará a China no mercado global e esta pode, até, atravessar uma recessão. Um cenário por vezes apocalíptico é o que resulta da análise das tendências mundiais para 2025 traçadas pelo think-tank global Business Policy Council (GBPC), da consultora internacional A.T. Kearney. Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo, a que a Visão teve acesso, levanta-nos a dúvida de saber se, em 2025, o mundo será um lugar melhor para viver. À primeira vista, a resposta é negativa. A crise financeira de 2008 tarda a dar tréguas, os países ocidentais estão em recessão ou registam crescimentos anémicos, os preços das matérias-primas não param de subir, os recursos naturais escasseiam e as alterações climáticas ameaçam o ecossistema. Mas Walker, o autor do estudo, acredita que estamos a tempo de evitar o pior: “O mundo poderá ser um lugar melhor, se alguma tecnologia mais recente vier a ser adotada”. Apesar das dificuldades que se anteveem para 2025, o autor do estudo não hesita em escolher a Europa como a melhor região para viver, “desde que a idade da reforma seja atrasada e o sistema de pensões e as universidades reformados”. (…) in Visão, n.º 930, 30 de dezembro de 2010 (com supressões)

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Outros Percursos 11

› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 1.1. No segmento textual “pouco recomendável para viver “(linhas 1-2), a palavra sublinhada introduz uma oração subordinada adverbial… a) final. b) consecutiva. c) concessiva. d) condicional. 1.2. O conector sublinhado na frase “as nossas vidas serão mais difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia.” (linhas 2-3) introduz no discurso uma ideia que… a) é uma consequência da anteriormente expressa. b) é a causa da anteriormente expressa. c) funciona como concessão à ideia anteriormente expressa. d) é impossível de realizar. 1.3. Na frase “Em muitos aspetos, ficará irreconhecível.” (linhas 5-6), a palavra sublinhada desempenha a função sintática de… a) complemento direto. b) sujeito. c) predicativo do complemento direto. d) predicativo do sujeito. 1.4. O constituinte destacado em “e esta pode, até, atravessar uma recessão” (linha 8) pode ser substituído por... a) desenvolvimento. b) progresso. c) retrocesso. d) aumento. 1.5. O adjetivo sublinhado em “África será o continente mais jovem...” (linha 7) encontra-se no grau... a) normal. b) comparativo de superioridade. c) superlativo absoluto sintético. d) superlativo relativo de superioridade. 1.6. O segmento sublinhado em “Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo…” (linha 11) desempenha a função sintática de... a) sujeito. b) complemento agente da passiva. c) complemento direto. d) complemento indireto. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 3

1.7. A utilização das aspas em “O mundo poderá ser um lugar melhor, se alguma tecnologia mais recente vier a ser adotada.” (linhas 16-17) justifica-se por se tratar… a) de uma frase em discurso direto. b) da opinião da autora do texto. c) da previsão de um acontecimento. d) de uma frase condicional. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras. COLUNA A 2.1. Com a utilização do complexo verbal em “O planeta poderá, em breve, tornar-se um lugar” (linha 1), ... 2.2. Ao utilizar a conjunção “se” na frase “se souber aproveitar uma nova potência…” (linha 4), ... 2.3. Com a utilização do pronome relativo em “é o que resulta da análise das tendências” (linha 9), ... 2.4. Na expressão “acredita que estamos a tempo de evitar o pior” (linha 16), ... 2.5. Com o uso da locução subordinativa “Apesar das” (linha 17), ...

COLUNA B a) o enunciador socorre-se de uma conjunção completiva. b) o enunciador utiliza um mecanismo de coesão referencial. c) o enunciador faz depender a concretização da ação de uma condição. d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valor de proibição. e) o enunciador socorre-se de um verbo modal para apresentar uma possibilidade. f) o enunciador apresenta uma situação que se realizará no futuro. g) o enunciador introduz uma conexão concessiva. h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com valor consecutivo.

Grupo III

O planeta sofre, todos os dias, diferentes tipos de agressões. Se quisermos continuar a habitá-lo, de forma confortável, devemos preservá-lo através de comportamentos equilibrados.

Tendo presente a sociedade tua contemporânea e o seu comportamento perante o planeta Terra, apresenta uma reflexão sobre este tema. Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo. 22

Outros Percursos 11

3

Teste B

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 3

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê, atentamente, a cena seguinte.

Cena I MADALENA, MANUEL DE SOUSA, JORGE MADALENA — Jorge, meu irmão, meu bom Jorge, vós, que sóis tão prudente e refletido, não dais nenhum peso às minhas dúvidas? 5

JORGE — Tomara eu ser tão feliz que pudesse, querida irmã. MADALENA — Pois entendeis?...

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MANUEL — Madalena… senhora! Todas estas coisas são já indignas de nós. Até ontem, a nossa desculpa, para com Deus e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências. Essa acabou. Para nós já não há senão estas mortalhas (Tomando os hábitos de cima da banca) e a sepultura de um claustro. A resolução que tomámos é a única possível; e já não há que voltar atrás… Ainda ontem, falávamos dos condes de Vimioso… Quem nos diria… oh, incompreensíveis mistérios de Deus… Ânimo, e ponhamos os olhos naquela cruz! Pela última vez, Madalena… pela derradeira vez neste mundo, querida… (Vai para a abraçar e recua). Adeus, adeus! (foge precipitadamente pela porta da esquerda). Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa

Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 1. Insere, justificadamente, a cena selecionada ao nível da estrutura interna da obra a que pertence. 2. D. Madalena ainda manifesta uma réstia de esperança. 2.1. Explica de que modo. 3. Uma vez mais, Manuel de Sousa mostra-se mais racional do que D. Madalena. 3.1. Indica de que forma se manifesta essa racionalidade. 3.2. Justifica, explicitando, a réplica de Manuel de Sousa: “Até ontem, a nossa desculpa, para com Deus e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências.” (linhas 7-8)

B Em Frei Luís de Sousa há vários elementos carregados de valor simbólico, alguns apontando o desenrolar da ação, outros pressagiando a desgraça das personagens. Redige um texto de oitenta a cento e trinta palavras, no qual confirmes a veracidade da afirmação, fazendo referência aos aspetos simbólicos associados quer à ação quer às personagens. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 3

Grupo II Lê, agora, a introdução de uma entrevista à viúva de José Saramago. 13.11.2010 - 15:24 Por Isabel Coutinho, em São Paulo

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A viúva de José Saramago, a tradutora e jornalista espanhola Pilar del Río, não para. Dá-nos uma lição sobre o que fazer quando a morte nos estraga a vida. Novembro é o mês de José Saramago. Numa entrevista à Visão, em 2005, o Prémio Nobel da Literatura 1998 contou que a determinada altura da sua vida foi “à procura da grande biblioteca, as Galveias, que não seria tão grande assim, mas para (ele) era o mundo”. Na próxima terça-feira, dia em que o escritor português faria 88 anos, é atribuído o nome “Sala José Saramago” à principal sala da Biblioteca Municipal Palácio Galveias, em Lisboa. No dia anterior é lançado o livro José Saramago nas Suas Palavras, com organização e seleção do espanhol Fernando Gómez Aguilera (Ed. Caminho) e a 18 de novembro, no Palácio Galveias, realiza-se uma leitura da tradução de José Saramago do romance Anna Karenina, na iniciativa León Tolstoi e José Saramago - Dois Aniversários. Nessa noite, no Lux-Frágil, há o concerto de apresentação da banda sonora do filme José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes, que se estreia também neste dia nas salas de cinema portuguesas. Pilar del Río estará em Lisboa na próxima semana, mas em São Paulo, na cerimónia do Prémio Portugal Telecom de Literatura 2010, onde o seu marido foi homenageado, falou com o P2 sobre os novos projetos da Fundação José Saramago, de que é presidente. A casa de ambos em Lanzarote irá funcionar como casa-museu com “cheiro a café português” e terá uma residência para escritores seniores. Lição sobre o que fazer quando a morte nos estraga a vida. in www.publico.pt

1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 1.1. O texto anterior põe em destaque… a) algumas das iniciativas de José Saramago. b) a ação de Pilar del Río após a morte do marido. c) as comemorações da morte de Saramago. d) o aniversário de José Saramago. 1.2. O Nobel português faria 88 anos… a) na próxima terça-feira. b) no dia 24 de novembro de 2010. c) no dia 17 de novembro de 2010. d) em novembro de 2005. 1.3. A atribuição do nome de Saramago a uma sala da biblioteca de Galveias precederá… a) o lançamento do livro José Saramago nas Suas Palavras. b) a leitura da tradução saramaguiana de Anna Karenina. c) a apresentação da banda sonora do filme José e Pilar. d) a estreia do filme José e Pilar nas salas de cinema portuguesas. 24

Outros Percursos 11

› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos

1.4. Entre os novos projetos de Pilar del Río, conta-se… a) a abertura da fundação José Saramago. b) a transformação da casa de Lanzarote num museu. c) a receção de novos escritores em Lanzarote. d) a organização da homenagem ao marido em S. Paulo. 1.5. No primeiro período do texto, verifica-se… a) o emprego de um sujeito nulo subentendido. b) a inexistência de tempos verbais. c) o recurso a um verbo transitivo direto. d) a utilização de um modificador apositivo. 1.6. A oração subordinada adverbial temporal “quando a morte nos estraga a vida” (linhas 2-3) apresenta… a) complemento direto e indireto. b) complemento oblíquo e sujeito. c) predicado e predicativo do complemento direto. d) predicado e predicativo do sujeito. 1.7. A oração “que a determinada altura da sua vida foi, “à procura da grande biblioteca…” (linhas 5-6) classifica-se como… a) subordinada adjetiva relativa. b) subordinada adverbial final. c) subordinada substantiva relativa. d) subordinada substantiva completiva. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras. COLUNA A 2.1. No segmento “A viúva de José Saramago” (linha 1), ... 2.2. Na forma verbal utilizada em “era o mundo” (linha 7), ...

COLUNA B a) o enunciador fornece a explicitação de uma ideia. b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivo indireto. c) o enunciador serve-se de um adjetivo relacional.

2.3. Com a oração “que não seria tão grande assim” (linhas 6-7), ...

d) o enunciador apresenta o sujeito do primeiro período do texto.

2.4. Em “Dois Aniversários” (linha 12), ...

e) o enunciador emprega um advérbio conectivo.

2.5. Em “banda sonora” (linha 13), ...

f) o enunciador utiliza um quantificador numeral. g) o enunciador recorre a um verbo copulativo.

Grupo III A partir da leitura do texto apresentado no Grupo II, é possível perceber a importância que a literatura e leitura têm em qualquer sociedade. Contudo, os livros não são a única fonte de informação. Partindo das afirmações anteriores, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo. Outros Percursos 11

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Teste A

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê o texto seguinte.

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— Quanto ganha você? exclamou Teles da Gama, assombrado. Carlos não sabia. No fundo do chapéu já reluzia ouro. Teles contou, com o olho brilhante. — Você ganha doze libras! disse ele maravilhado, e olhando Carlos com respeito. Doze libras! Esta soma espalhou-se em redor, num rumor de espanto. Doze libras! Em baixo os amigos de Darque, agitando os chapéus, davam ainda hurras. Mas uma indiferença, um tédio lento, ia pesando outra vez, desconsoladoramente. Os rapazes vinham-se deixar cair nas cadeiras, bocejando, com um ar exausto. A música, desanimada também, tocava coisas plangentes da “Norma”. Carlos, no entanto, num degrau da tribuna, com a ideia de descobrir o Dâmaso, sondava de binóculo o recinto das carruagens. A gente, agora, ia dispersando pela colina. As senhoras tinham retomado a imobilidade melancólica, no fundo das caleches, de mãos no regaço. Aqui e além um dog-cart, mal arranjado, dava um trote curto pela relva. Numa vitória estavam as duas espanholas do Euzebiosinho, a Concha e a Carmen, de sombrinhas escarlates. E sujeitos, de mãos atrás das costas, pasmavam para um char-à-bancs a quatro atrelado à Daumont onde, entre uma família triste, uma ama de lenço de lavradeira dava de mamar a uma criança cheia de rendas. Dois garotos esganiçados passeavam bilhas de água fresca. Carlos descia da tribuna, sem ter descoberto o Dâmaso — quando deu justamente de frente com ele, dirigindo-se para a escada, afoguedado, flamante, na sua sobrecasaca branca. (…) — Escuta lá homem, tenho que te dizer... Então, essa visita aos Olivais?... Nunca mais apareceste... tínhamos combinado que fosses convidar o Castro Gomes, que viesses dar a resposta... Não vens, não mandas... O Craft à espera... Enfim um procedimento de selvagem. Dâmaso atirou os braços ao ar. Então Carlos não sabia? Havia grandes novidades! Ele não voltara ao Ramalhete, como estava combinado, porque o Carlos Gomes não podia ir aos Olivais. Ia partir para o Brasil. Já partira mesmo, na quarta-feira. A coisa mais extraordinária... Ele chega lá, para fazer o convite, e Sua Excelência declara-lhe que sente muito, mas que parte no dia seguinte para o Rio... E já de mala feita, já alugada uma casa para a mulher ficar aqui à espera três meses, já a passagem no bolso. Tudo de repente, feito de sábado para segunda-feira... Telhudo, aquele Castro Gomes. — E lá partiu, exclamou ele, voltando-se a cumprimentar a viscondessa de Alvim e Joaninha Vilar que desciam das tribunas. Lá partiu, e ela já está instalada. Até já antes de ontem a fui visitar, mas não estava em casa... Sabes do que tenho medo? É que ela, nestes primeiros tempos, por causa da vizinhança, como está só, não queira que eu lá vá muito... Que te parece? — Talvez... E onde mora ela? Em quatro palavras, Dâmaso explicou a instalação de madame. Era muito engraçado, morava no prédio do Cruges! A mamã Cruges, havia já anos, alugava aquele primeiro andar mobilado: o inverno passado estivera lá o Bertoni, o tenor, com a família. Casa bem arranjada, o Castro Gomes tinha tido dedo... — E para mim, muito cómodo, ali ao pé do Grémio... Então não voltas cá acima, a cavaquear com o femeaço? Até logo... Está hoje chic a valer a Gouvarinho! E está a pedir homem! Good-bye. Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa

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Outros Percursos 11

› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Insere este excerto na obra. 2. Caracteriza o ambiente em que decorre a ação narrada. 3. Explica a urgência de Carlos em encontrar Dâmaso. 4. Infere da simbologia da vitória de Carlos nas apostas das corridas de cavalos.

B Em Os Maias, o velho Guimarães assume o papel de mensageiro da desgraça, desenterra o passado revelando os laços de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda, o que, inevitavelmente, conduzirá ao fim trágico de várias personagens. Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, comenta a afirmação supracitada.

Grupo II Lê, com atenção, o texto que se segue.

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A simples leitura do título e do subtítulo da obra – Os Maias – Episódios da vida romântica – situa-nos num tempo, um tempo vago, o tempo da vida romântica, mas um tempo coletivo, no qual se move uma família. E o facto de o narrador qualificar este tempo coletivo de romântico é desde logo uma sugestão de leitura do Portugal seu contemporâneo. (…) E ao longo destes episódios, vamo-nos dando conta de que, apesar da passagem do tempo, apesar de algumas modificações introduzidas pela civilização, tão apreciadas, talvez desde diferentes pontos de vista, por Dâmaso ou Gouvarinho quanto odiadas por Alencar, o mundo em que se move a aristocracia e a alta burguesia lisboetas nos finais da década de 70 é substancialmente idêntico àquele em que se moveu Pedro da Maia ou até o velho Afonso. Isto torna-se por de mais evidente quando, em 1887, dez anos volvidos sobre o fim trágico da ação, que se situa entre outubro de 1875 e o fim do ano de 1876, Carlos, regressando da sua segunda viagem pelo mundo, encontra Lisboa imutável e constata que “Nada mudara.” (…) Parece que o tempo coletivo de há muito se encontra suspenso, o que aliás é simbolicamente transmitido por aquela “sentinela sonolenta”, talvez mesmo adormecida, (…) “em torno à estátua triste de Camões”. Jacinto do Prado Coelho considera que este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, um tempo fora do tempo”, um tempo “coletivo, português” que contrasta com o tempo da ação em que Carlos é envolvido. Aí há progressão, há peripécias, “No tempo coletivo não há princípio, meio e fim: nada acontece. Imobilismo versus dinamismo”. Cremos que esta oposição imobilismo/dinamismo pode funcionar como uma importante pista de leitura do romance, dirigindo uma outra, morte/vida. Com efeito é este imobilismo, este tempo parado, que naturalmente o leitor só vai apreendendo como tempo português à medida que avança na leitura do romance, que, envolvendo tudo e todos e abafando qualquer vento inovador, acaba por comandar a desilusão. (…) E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, tal imobilismo em que o universo português está envolto vem do exterior, é estrangeiro. Isabel Pires de Lima in As Máscaras do Desengano – Para uma Abordagem Sociológica de “Os Maias” de Eça de Queirós, Ed. Caminho, Lisboa (1987: 55-56). Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 1.1. Entre “título” e “obra” (linha 1), verifica-se uma relação de... a) holonímia-meronímia. b) hiperonímia-hiponímia. c) hiponímia-hiperonímia. d) meronímia-holonímia. 1.2. O sujeito do predicado “(…) situa-nos num tempo (…)” (linhas 1-2) é... a) nulo subentendido. b) simples. c) composto. d) nulo indeterminado. 1.3. Em “(…) apesar da passagem do tempo (…)” (linha 5) , com o articulador utilizado, depreende-se uma ideia de... a) alternância. b) tempo. c) concessão. d) condição. 1.4. Em “(…) Carlos, (…) constata que “Nada mudara.” (linhas 10-11), a palavra sublinhada é... a) um pronome relativo. b) uma conjunção subordinativa completiva. c) uma conjunção subordinativa consecutiva. d) uma conjunção subordinativa condicional. 1.5. O segmento textual sublinhado em “(…) este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, um tempo fora do tempo” (…)” (linhas 14-15) corresponde ao... a) complemento direto. b) complemento agente da passiva. c) predicativo do sujeito. d) complemento indireto. 1.6. Em “dirigindo uma outra, morte/vida” (linha 19) , os termos sublinhados mantêm entre si uma relação de... a) oposição contraditória. b) oposição conversa. c) inclusão. d) sinonímia. 28

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› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

1.7. Na frase “E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, (…)” (linha 22), a palavra sublinhada é um... a) determinante. b) pronome pessoal. c) pronome demonstrativo. d) pronome possessivo. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A

COLUNA B

2.1. No segmento “é desde logo uma sugestão de leitura” (linhas 3-4), …

a) o enunciador pretende estabelecer uma comparação.

2.2. No segmento “tão apreciadas” (linhas 5-6), … através do recurso ao termo sublinhado, …

c) o enunciador apresenta a situação como possível.

2.3. No segmento “em torno à estátua triste de Camões”. (linha 13), … 2.4. Através do recurso ao complexo verbal “pode funcionar como” (linha 18), … 2.5. No segmento “tudo o que perturbe” (linha 22), …

b) o enunciador recorre a um verbo copulativo.

d) o enunciador recorre a um verbo transitivo predicativo. e) o enunciador recorre a um verbo no imperativo. f) o enunciador pretende marcar a intensidade. g) o enunciador recorre a um verbo presente do conjuntivo. h) o enunciador recorre à hipálage.

Grupo III “Afinal o que é estudar? Ir à escola? Ficar sentado a ouvir o professor, ler atentamente um livro? Fazer os trabalhos de casa? Na verdade é tudo isto e também observar o ambiente, as pessoas e o mundo à nossa volta.” in Revista Escolhas, n.º 16, setembro de 2010

Partindo das interrogações do excerto, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

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4

Teste B

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê o texto seguinte.

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Os velhos amigos de Afonso da Maia que vinham fazer o seu whist a Benfica, sobretudo o Vilaça, o administrador dos Maias, muito zeloso da dignidade da casa, não tardaram em lhe trazer a nova daqueles amores do Pedrinho. Afonso já os suspeitava: via todos os dias um criado da quinta partir com um grande ramo das melhores camélias do jardim; todas as manhãs cedo encontrava no corredor o escudeiro, dirigindo-se ao quarto do menino, a cheirar regaladamente o perfume dum envelope com sinete de lacre dourado; — e não lhe desagradava que um sentimento qualquer, humano e forte, lhe fosse arrancando o filho à estroinice bulhenta, ao jogo, às melancolias sem razão em que reaparecia o negro ripanço... Mas ignorava o nome, a existência sequer dos Monfortes; e as particularidades que os amigos lhe revelaram, aquela facada nos Açores, o chicote de feitor na Virgínia, o brigue Nova Linda, toda a sinistra legenda do velho contrariou muito Afonso da Maia. Uma noite que o coronel Sequeira, à mesa do whist, contava que vira Maria Monforte e Pedro passeando a cavalo, “ambos muito bem e muito distingués”, Afonso, depois dum silêncio, disse com um ar enfastiado: — Enfim, todos os rapazes têm as suas amantes... Os costumes são assim, a vida é assim, e seria absurdo querer reprimir tais coisas. Mas essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má. (…) No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Dias depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que em setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã... — Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto... — E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura... O amor é um luxo caro, Vilaça. — Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça! E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho, chegava a tranquilizar Vilaça. Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muro a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: as fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a sua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos dum azul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de modista, encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no braço, o guarda-sol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando: — Caramba! É bonita! Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas. Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa

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› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Insere, justificadamente, o excerto na estrutura da obra. 2. Apesar de Afonso não atribuir grande importância aos encontros de Pedro e Maria Monforte, isso desperta-lhe um sentimento ambivalente. 2.1. Aponta algumas razões para esse comportamento. 3. A despreocupação de Afonso contrasta com a apreensão de Vilaça. 3.1. Explica esta atitude do procurador dos Maias. 4. A atitude de Afonso muda quando vê Maria Monforte e Pedro juntos. 4.1. Explicita o que faz o pai de Pedro mudar de opinião.

B Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te nos conhecimentos adquiridos sobre Os Maias. Em Os Maias existem diversas situações, espaços, elementos que pressagiam e concorrem para o fim trágico da família Maia.

Grupo II Lê, agora, o seguinte texto. DINÂMICA DE VITÓRIA

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Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que existe, para além do talento pessoal, da perseverança, do otimismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age na sombra e que se revela determinante: a sorte. (…) Quando nos interrogamos sobre os motivos do êxito ou do fracasso, há quem coloque a ênfase na sorte ou no azar, enquanto outros evocam o talento ou a sua ausência, o esforço ou a abulia, a inteligência, as aptidões sociais, o dom da oportunidade, o faro para os negócios… A verdade é que costumamos atribuir os nossos êxitos ao mérito pessoal, e os dos outros às circunstâncias (sorte, cunhas…). Os nossos fracassos, pelo contrário, devem-se ao azar ou injustiça; os dos restantes, ao comportamento das pessoas em causa. Em psicologia, essa forma de ver as coisas é designada por “erro fundamental de atribuição”. Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar as características da personalidade e as motivações psicológicas, e em menosprezar ou ignorar fatores exteriores quando se pretende explicar o comportamento de alguém numa situação. Esse desvio está também relacionado com aquilo que Julian Rotter, psicólogo da Universidade de Connecticut, denomina “locus de controlo”, pelo local onde situamos as causas do que nos acontece. (…) A educação é, também, um fator fundamental. No meio familiar, as crianças aprendem muito ao observar o que fazem os pais, incluindo a atitude perante a vida. A hereditariedade não é apenas genética, também se manifesta pela forma como se copiam comportamentos. O êxito pode também ser condicionado pela educação e pela cultura em que vivemos. Há famílias que incentivam a procura de iniciativas, enquanto outras atribuem maior importância ao aspeto económico e material. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias

E não podemos esquecer o esforço. Herbert Simon, Prémio Nobel da Economia, estimou que é necessário, para ser um perito internacional em qualquer especialidade, dedicar pelo menos 40 horas por semana ao trabalho, 50 semanas por ano, durante uma década. Outros falam em dez mil horas de esforço como fórmula para alcançar a glória, e o senso comum costuma situar-se entre estas duas teorias. in Super Interessante, n.º 150, outubro de 2010, pp. 22 a 24 (com supressões)

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 1.1. Em “revelam que existe, para além do talento pessoal” (linhas 1-2), a palavra sublinhada é… a) um pronome relativo. b) uma conjunção subordinativa consecutiva. c) uma conjunção subordinativa completiva. d) um pronome interrogativo. 1.2. Na frase “há quem coloque a ênfase” (linha 6), o constituinte sublinhado pode ser substituído por… a) ostentação. b) realce. c) exibição. d) dignidade. 1.3. A palavra sublinhada em “os dos restantes, ao comportamento das pessoas em causa” (linhas 9-10) retoma o segmento… a) êxitos. b) outros. c) nossos. d) fracassos. 1.4. Na frase “Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar” (linhas 11-12), a conjunção sublinhada apresenta um valor… a) disjuntivo. b) copulativo. c) adversativo. d) consecutivo. 1.5. O constituinte sublinhado em “Julian Rotter, psicólogo da Universidade de Connecticut” (linhas 14-15), o conector sublinhado desempenha a função sintática de… a) sujeito. b) modificador apositivo do nome. c) modificador restritivo do nome. d) complemento direto. 32

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› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

1.6. No segmento textual “situamos as causas do que nos acontece” (linha 15), o constituinte sublinhado desempenha a função sintática de… a) sujeito. b) complemento indireto. c) complemento direto. d) complemento oblíquo. 1.7. Na frase “E não podemos esquecer o esforço.” (linha 21), está representada a modalidade... a) deôntica, valor de permissão. b) epistémica, valor de possibilidade. c) apreciativa. d) deôntica, valor de proibição. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras. COLUNA A 2.1. Para elencar alguns fatores que podem conduzir ao sucesso (1.º parágrafo), … 2.2. Com a utilização do conector sublinhado em “Quando nos interrogamos” (linha 5), … 2.3. Na frase iniciada em “O êxito pode também” (linha 18), … 2.4. Com a utilização do conector sublinhado em “para ser um perito internacional em qualquer especialidade…” (linha 22), … 2.5. Com o sublinhado na frase “e o senso comum costuma situar-se entre estas duas teorias” (linha 24), …

COLUNA B a) o enunciador marca a temporalidade da ação. b) o enunciador introduz no discurso a ideia de finalidade. c) o enunciador serve-se de uma enumeração. d) o enunciador expressa um modificador restrito do nome. e) o enunciador serve-se de um complexo verbal que indica obrigação de realização da ação . f) o enunciador serve-se de um verbo auxiliar modal com valor de possibilidade. g) o enunciador recorre a uma frase que representa a modalidade deôntica. h) o enunciador apresenta a situação como obrigatória.

Grupo III Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que existe, para além do talento pessoal, da perseverança, do otimismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age na sombra e que se revela determinante: a sorte. in Super Interessante, n.º 150, outubro de 2010, pp. 22 a 24 (com supressões)

Partindo da perspetiva acima exposta, apresenta uma reflexão sobre este tema. Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo. Outros Percursos 11

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4

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê, com atenção, o texto que se segue.

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Luísa olhava, calada. A multidão crescera. Nas ruas laterais, mais espaçosas, frescas, passeavam apenas, sob a penumbra das árvores, os acanhados, as pessoas de luto, os que tinham o fato coçado. Toda a burguesia domingueira viera amontoar-se na rua do meio, no corredor formado pelas filas cerradas das cadeiras do asilo: e ali se movia entalada, com a lentidão espessa de uma massa mal derretida, arrastando os pés, raspando o macadame, num amarfanhamento plebeu, a garganta seca, os braços moles, a palavra rara. Iam, vinham, incessantemente, para cima e para baixo, com um bamboleamento relaxado e um rumor grosso, sem alegria e sem bonomia, no arrebatamento passivo que agrada às massas mandrionas: no meio da abundância das luzes e das festividades da música, um tédio morno circulava, penetrava como uma névoa; a poeirada fina envolvia as figuras, dava-lhes um tom neutro; e nos rostos que passavam sob os candeeiros, nas zonas mais diretas de luz, viam-se desconsolações de fadiga e aborrecimentos de dia santo. Defronte, as casas da Rua Ocidental tinham na sua fachada o reflexo claro das luzes do Passeio; algumas janelas estavam abertas; as cortinas de fazenda escura destacavam sobre a claridade interior dos candeeiros. Luísa sentia como uma saudade de outras noites de verão, de serões recolhidos. Onde? Não se lembrava. O movimento então retraía-a; e encontrava em face, fitando-a numa atitude lúgubre, o sujeito da pera longa. Debaixo do véu sentia a poeira arder-lhe nos olhos: em redor dela gente bocejava. D. Felicidade propôs uma volta. Levantaram-se, foram rompendo devagar; as fileiras das cadeiras apertavam-se compactamente, e uma infinidade de faces a que a luz do gás dava o mesmo tom amarelado olhavam de um modo fixo e cansado, num abatimento de pasmaceira. Aquele aspeto irritou Basílio, e como era difícil andar lembrou – “que se fossem daquela sensaboria”. Saíram. Enquanto ele ia comprar os bilhetes, D. Felicidade, deixando-se quase cair num banco sob a folhagem de um chorão, exclamou aflita: - Ai, filha! Estou que arrebento! Passava a mão no estômago, tinha a face envelhecida. - E o Conselheiro, que me dizes? Olha que já é pouca sorte! Hoje que eu vim ao Passeio… Eça de Queirós, O Primo Basílio (cap. IV), Ed. Livros do Brasil, Lisboa

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Apresenta três traços caracterizadores do ambiente descrito no excerto. 2. Identifica os elementos textuais que remetem para a época histórica que serve de pano de fundo a esta obra queirosiana. 3. Explicita o modo como as três personagens do romance presentes neste excerto se inserem no ambiente descrito. 4. Identifica um exemplo de hipálage e comenta o seu valor expressivo. 34

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› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

B Em O Primo Basílio, a aventura romântica de Luísa, despida de qualquer romantismo, foi objeto de uma análise naturalista, método adotado por Eça de Queirós como forma de traçar um quadro crítico da sociedade portuguesa. Comenta a frase supracitada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, fundamentando-te no romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós.

Grupo II Lê, atentamente, o excerto.

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A valorização da família irá conduzir a alguns avanços na condição social da mulher, sobretudo no que respeita à sua instrução. E, embora se esteja longe do otimismo manifestado por Victor Hugo – que, em meados do século, vaticinava que, se “o século XVIII foi o século dos direitos do homem, o século XIX será o dos direitos da mulher” -, registaram-se alguns progressos neste domínio. De acordo com princípios tradicionais, a educação reservada às raparigas destinava-se a convertê-las em mulheres ociosas, sinal de prosperidade e de êxito material dos respetivos esposos. Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que para desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais. Nesta linha de domesticidade, o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente nulo. Saber ler, escrever e contar, ter alguns rudimentos de línguas vivas, em especial francês, doutrina cristã, princípio e regras de civilidade e uma aprendizagem apurada das “prendas próprias do sexo feminino”, em particular dos trabalhos de agulha, constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas, mas a preparar as raparigas para as nobres funções de esposa e mãe de família, sabendo receber e dirigir uma casa. Ora, a Regeneração irá imprimir algumas alterações neste modelo educacional. A necessidade de recuperar o atraso que nos separava dos países mais cultos e civilizados, que promoviam a educação da mulher, e o reconhecimento de que a instrução feminina era um contributo indispensável ao projeto de modernização do País fizeram-na avançar. Neste período de triunfo do capitalismo, em que se afirmavam em todos os domínios as noções de rentabilidade, eficácia e utilidade social dos indivíduos relativamente à sociedade, a mulher não podia ficar alheia. As suas funções tradicionais como esposa e mãe, sobretudo como educadora da primeira infância, tendem a ser valorizadas. (…) Mas, para além da valorização da família, assumia ainda particular relevância no quadro dos valores burgueses a importância dada às regras de etiqueta e às boas maneiras. Estas noções de civilidade visavam proporcionar o prestígio e o luzimento que a aquisição de um título só por si não conferia. Porém, ao criar novos valores, adoptará uma característica “revolucionária” relativamente aos hábitos da antiga nobreza. Nesta medida, a compostura e o porte ou, como se diz atualmente, a linguagem corporal, foram objeto de um discurso normativo no que concerne aos cuidados de higiene, ao vestuário e adornos, ao modo de andar e de falar. Recomendava-se a reserva e o comedimento. O porte deveria ser sério e grave, de modo a conquistar a aprovação dos outros, os gestos comedidos. Não se deveria falar alto ou gesticular e, por outro lado, deveria evitar-se tudo o que pudesse chamar a atenção para o corpo, que era proscrito do código das boas maneiras: abafava-se a tosse, escondiam-se os bocejos. O mesmo era válido para as efusões de riso ou de choro, “vulgares” e comuns entre “gente sem qualidade”. José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa (texto adaptado e com supressões) Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, de acordo com as afirmações do texto. 1.1. Assistiu-se a uma evolução no que diz respeito à condição social feminina... a) em meados do século XVIII. b) porque Victor Hugo assim o vaticinou. c) aquando da proclamação dos direitos humanos. d) motivada pela política nacional da Regeneração. 1.2. Os novos hábitos burgueses... a) sentiram-se exclusivamente no seio das famílias. b) implicavam comportamentos de recato e moderação. c) prendiam-se essencialmente com valores nobiliárquicos. d) implicavam uma participação mais ativa da mulher, tanto na esfera social como na política. 1.3. A palavra sublinhada em “registaram-se alguns progressos neste domínio.” (linha 4) é... a) um “se” passivo. b) um pronome pessoal reflexo. c) um pronome pessoal recíproco. d) uma conjunção subordinativa condicional. 1.4. A forma verbal “convertê-las” (linha 5) encontra-se no... a) presente do indicativo. b) imperativo. c) presente do conjuntivo. d) infinitivo. 1.5. Na frase “Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que para desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais.” (linhas 7-8), as palavras destacadas são... a) pronomes relativos. b) conjunções subordinativas causais. c) conjunções subordinativas completivas. d) conjunções subordinativas consecutivas. 1.6. O segmento sublinhado na frase “o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente nulo.” (linha 9) corresponde ao... a) sujeito. b) predicativo do sujeito. c) complemento direto. d) complemento oblíquo. 36

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› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos

1.7. A forma verbal do predicado “constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas” (linha 12) encontra-se no singular, visto que... a) se trata de um sujeito composto, mas formado por verbos no infinitivo. b) se trata de um sujeito simples. c) o sujeito é nulo subentendido. d) o sujeito é nulo indeterminado. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco segmentos da coluna A um segmento da coluna B, de modo a obteres afirmações corretas.

COLUNA A 2.1. Com o uso da conjunção subordinativa “embora” (linha 2), … 2.2. Com a oração “que não se destinava a formar literatas” (linha 12), … 2.3. Na frase “O porte deveria ser sério e grave, de modo a conquistar a aprovação dos outros” (linhas 28-29), … 2.4. Com a repetição de formas do verbo auxiliar modal “dever” (linhas 28-30), … 2.5. Na última frase do texto, ao servir-se de um pronome demonstrativo, …

COLUNA B a) o enunciador apresenta o facto e a respetiva finalidade. b) o enunciador introduz uma relação de disjunção. c) o enunciador pretende transmitir uma ideia de obrigatoriedade, como se se tratasse de um discurso normativo . d) o enunciador introduz uma conexão aditiva. e) o enunciador introduz uma conexão concessiva. f) o enunciador clarifica a referência de uma expressão verbal. g) o enunciador desvaloriza a importância dos factos apresentados. h) o enunciador restringe um grupo nominal. i) o enunciador retoma informação antecedente.

Grupo III

A relação da mulher com o lar e com os filhos foi-se perdendo com os tempos.

Partindo da perspetiva exposta na frase supracitada, apresenta uma reflexão, entre duzentas a trezentas palavras, sobre as consequências da evolução da condição feminina. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Outros Percursos 11

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5

Teste A

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 5

Nome

Turma

Grupo I

Data

A

Lê, com atenção, o texto poético que se segue. DE VERÃO A Eduardo Coelho

5

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I No campo; eu acho nele a musa que me anima: A claridade, a robustez, a ação. Esta manhã, saí com minha prima, Em quem eu noto a mais sincera estima E a mais completa e séria educação. II Criança encantadora! Eu mal esboço o quadro Da lírica excursão, de intimidade. Não pinto a velha ermida com seu adro; Sei só desenho de compasso e esquadro, Respiro indústria, paz, salubridade. (…) VI Numa colina azul brilha um lugar caiado. Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha, Com teu chapéu de palha desabado, Tu continuas na azinhaga; ao lado Verdeja, vicejante, a nossa vinha. VII Nisto, parando, como alguém que se analisa, Sem desprender do chão teus olhos castos, Tu começaste, harmónica, indecisa, A arregaçar a chita, alegre e lisa Da tua cauda um poucochinho a rastos. (…) IX E, como quem saltasse, extravagantemente, Um rego de água sem se enxovalhar, Tu, a austera, a gentil, a inteligente, Depois de bem composta, deste à frente Uma pernada cómica, vulgar! X Exótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo! No atalho enxuto, e branco das espigas Caídas das carradas no salmejo, Outros Percursos 11

Esguio e a negrejar em um cortejo, Destaca-se um carreiro de formigas.

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XI Elas, em sociedade, espertas, diligentes, Na natureza trémula de sede, Arrastam bichos, uvas e sementes; E atulham, por instinto, previdentes, Seu antros quase ocultos na parede. XII E eu desatei a rir como qualquer macaco! “Tu não as esmagares contra o solo!” E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco, Eu de jasmim na casa do casaco E de óculo deitado a tiracolo! XIII “As ladras da colheita! Eu se trouxesse agora Um sublimado corrosivo, uns pós De solimão, eu, sem maior demora, Envenená-las-ia! Tu, por ora, Preferes o romântico ao feroz. (…)” XVI Vibravam, na campina, as chocas da manada; Vinham uns carros a gemer no outeiro, E finalmente, enérgica, zangada, Tu inda assim bastante envergonhada, Volveste-me, apontando o formigueiro: XVII “Não me incomode, não, com ditos detestáveis! Não seja simplesmente um zombador! Estas mineiras negras, incansáveis, São mais economistas, mais notáveis, E mais trabalhadoras que o senhor.” Cesário Verde

Outros Percursos... pelo Texto Poético

Responde com clareza e correção às seguintes perguntas. 1. Caracteriza o espaço que serve de cenário à ação descrita no poema. 2. Atendendo ao caráter dicotómico da poesia de Cesário Verde, associa cada uma das personagens a um determinado espaço, justificando com expressões textuais. 3. Apresenta uma possível explicação para os versos “Não pinto a velha ermida com seu adro;/ Sei só desenho de compasso e esquadro.” (vv. 10-11). 4. A “ação” associada ao campo é motivo de inspiração do “eu”. 4.1. Confirma-o, com exemplos textuais. 5. Identifica dois recursos estilísticos, comentando o seu valor expressivo.

B A poesia de Cesário Verde revela a sua faceta de um observador atento da realidade da sua época.

Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, aborda a opinião apresentada na frase supracitada, fundamentando com a obra poética de Cesário Verde.

Grupo II Lê, atentamente, o texto.

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Ascensão da burguesia e reforço da sua mentalidade é um dado a reter na evolução deste importante grupo social no decurso do século XIX. E se, numa primeira fase, a condição de burguês era transitória e intermédia, visto que, à medida que enriquecia, procurava adquirir o título com que se integrava na nobreza, progressivamente este modelo foi desaparecendo, na mesma proporção em que ganhava consciência política e social. Os escritores “malditos” ou os caricaturistas, ao caírem sem dó nem piedade sobre os parvenus, contribuíram indiretamente para “desmoralizar” o enobrecimento de todos aqueles que “se deitavam simples João Fernandes e que de repente acordavam Visconde Fernandes ou Conde João”. O despertar de uma nova mentalidade, quer no domínio da moral familiar, quer na imposição de novos hábitos de convívio, traduz esta afirmação social, que se acentua nas últimas décadas do século. Mais do que em qualquer outro período, a cultura burguesa difunde-se, dispondo de meios de influência decisivos na transformação das mentalidades. A escola primária e a imprensa são dois dos principais instrumentos que a possibilitam. Lenta, mas inexoravelmente, a sociedade “emburguesa-se”, difundindo-se novos gostos, novos costumes, que vão minando, aos poucos, as velhas estruturas sociais. Mas, tudo tem limites… A fraqueza numérica da burguesia permanecerá como um condicionalismo, que limitará, na prática, o seu progresso e capacidade interventiva. José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 5

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, de acordo com as afirmações do texto. 1.1. Ao longo do século XIX, afirmou-se um relevante grupo social, especificamente, … a) a nobreza, com a influência da burguesia. b) a burguesia. c) os escritores “malditos”. d) os caricaturistas. 1.2. No final do século XIX, assistiu-se a uma transformação das mentalidades, motivada… a) exclusivamente pela ascensão do novo grupo social. b) essencialmente pela ação da imprensa. c) pelos novos hábitos que surgiram. d) fundamentalmente pelo acesso à instrução e pela imprensa. 1.3. O segmento sublinhado em “a condição de burguês era transitória e intermédia” (linhas 2-3) corresponde ao... a) sujeito. b) complemento direto. c) predicativo do sujeito. d) modificador restritivo do nome. 1.4. Na frase “procurava adquirir o título com que se integrava na nobreza” (linhas 3-4), a oração sublinhada... a) corresponde ao modificador restritivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva. b) desempenha a função sintática de complemento direto, dado sob a forma de uma oração subordinada substantiva completiva. c) é o modificador apositivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa. d) desempenha a função sintática de sujeito, dado sob a forma de uma oração subordinada substantiva completiva. 1.5. O complexo verbal “foi desaparecendo” (linha 4) transmite o valor aspetual... a) de uma ação concluída. b) de uma ação ainda a concluir. c) do início de uma ação. d) de uma ação prolongada no tempo. 1.6. O sujeito do predicado “traduz esta afirmação social” (linha 10) é... a) nulo subentendido. b) nulo expletivo. c) simples. d) nulo indeterminado. 40

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Outros Percursos... pelo› Texto SEQUÊNCIA Poético 5

1.7. A palavra sublinhada na frase “que limitará” (linha 16) retoma o referente... a) “um condicionalismo” (linha 16). b) “A fraqueza numérica” (linhas 15-16). c) “burguesia” (linha 16). d) “A fraqueza numérica da burguesia” (linhas 15-16). 2. Completa o texto que se segue, selecionando a opção correta, a partir das propostas apresentadas.

aqueles, todos, simultaneamente, abertos, fechados, particulares, simples, público, clausura, hera, uns, ascendentes, gradeamento, sentimental, contudo, igrejas, era, outros, estes, Lisboa, românticas, casadas, paraíso, social

Um dos símbolos da civilização oitocentista (do seu sistema político e do seu modo de vida) foi, sem dúvida, o passeio a) ________________, lugar privilegiado de sociabilidade das classes b) ________________. Quase todas as principais povoações do País entram na c) ________________da vida d) ________________ ao ar livre, preferindo os espaços e) ________________ e arborizados à f) ________________ dos palácios e das g) ________________ do Antigo Regime. (…) h) _________________________, o exemplo paradigmático é o do Passeio Público do Rossio, em Lisboa. Para i) ________________, ele era a “gaiola dos Lisboetas” (uma alusão ao j) ________________ que o cercava a toda a volta); para k) ________________, era uma espécie de l) ________________ das jovens m) ________________ e dos namorados piegas, n) ________________ o coração físico e o) ________________ da capital. José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa (texto adaptado e com supressões)

Grupo III Produz um texto argumentativo, entre duzentas e trezentas palavras, sobre a importância dos momentos de lazer na vida das pessoas. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

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5

Teste B

TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA › SEQUÊNCIA 5

Nome

Turma

Data

Grupo I A Lê atentamente o poema seguinte. DE TARDE Naquele “pic-nic” de burguesas, Houve uma cousa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarela. 5

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15

Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal azul de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas. Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o Sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia.

O pic-nic, Claude Monet.

Mas, todo púrpuro a sair da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas! Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde, Paisagem Editora, 1982

Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 1. O poema apresentado é passível de uma divisão tripartida. 1.1. Delimita-o, justificando essa tripartição. 2. No texto poético esboça-se uma estrutura narrativa. 2.1. Explicita a afirmação anterior. 3. O uso de diferentes sensações é apanágio de Cesário Verde. 3.1. Confirma o recurso às sensações visuais, gustativas e táteis. 4. Analisa o poema a nível versificatório.

B Comenta a afirmação, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te nos conhecimentos adquiridos sobre Cesário Verde e a sua produção poética. “Os grandes motivos de inspiração de Cesário aprendeu-os ele na escola da vida e do dia a dia; entraram-lhe na alma através de todos os sentidos e a expressão saiu mais do seu intelecto do que da subordinação às exigências do coração.” In “Considerações introdutórias à vida e à obra de Cesário Verde”, 1982, Paisagem Editora

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Outros Percursos 11

Outros Percursos... pelo Texto Poético

Grupo II Lê, agora, a parte inicial da seguinte reportagem. Por Isabel Lacerda, 11-11-2010

5

10

15

20

Na igreja, as pessoas começavam a desesperar. Faltava um dia para as festividades da vila e ninguém sabia do padre. Já o tinham procurado em casa e nos cafés, já lhe tinham ligado para o telefone – mas nada. Estava desaparecido e isso era estranho. Educado no Opus Dei e membro da obra, disciplinado e respeitoso, nunca falhara na coordenação do evento, momento alto do ano religioso na paróquia. Só uma razão fortíssima poderia justificar a sua ausência. As hipóteses sobre o seu paradeiro multiplicaram-se quando, de repente, uma mulher, transtornada, irrompeu na igreja. Era a mãe da chefe das catequistas: “O padre fugiu com a minha filha. Estão os dois em parte incerta.” A notícia circulou rapidamente pela freguesia com perto de três mil habitantes, na zona centro do País, apanhando quase toda a gente de surpresa. A chefe das catequistas, casada, sempre de blusa e saia travada, pertencia a uma família “rica mas rude” da vila, e era um símbolo de devoção católica. O padre, por sua vez, apesar de ainda ter 30 e poucos anos (como ela) revelava uma ortodoxia inabalável. “Era muito puritano. Dizia aos adolescentes que a masturbação estava errada, que o esperma era naturalmente expelido através da urina”, recorda um dos moradores, na altura muito próximo do pároco. “Às mulheres que ousassem subir ao altar de pernas à mostra, durante a missa repreendia-as no momento”, acrescenta. Só os mais atentos tinham desconfiado. Uma funcionária da autarquia, sexagenária, lembra que “o carro dele era visto muitas vezes em frente à vivenda dela, e vice-versa, e toda a gente sabia que o marido, devido ao seu emprego, passava muito tempo fora de Portugal”. Um outro residente da vila, de 78 anos, ia para o emprego às 13 h, voltando ao fim do dia, e durante esse período via sempre o automóvel da catequista estacionado na garagem da casa paroquial. Outra pessoa afirma ainda que, a dada altura, os horários começaram a esticar-se pela madrugada. Alguns também sabiam que ambos tinham sido colegas no secundário, antes de ele entrar no seminário. (…) www.sabado.pt

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 1.1. Pode dizer-se que o texto pretende salientar que… a) o Opus Dei impõe regras muito rígidas. b) os padres têm todos uma vida escondida. c) as tentações sexuais não poupam os padres. d) a vida religiosa é demasiado castradora. 1.2. A história narrada pode ser entendida como… a) a pretexto para desenvolver um tema polémico e atual. b) o principal objetivo da cronista. c) exemplo da vida sexual dos padres. d) alerta para a instituição eclesiástica. 1.3. As certezas de que algo de grave se teria passado para explicar a ausência do pároco deviam-se… a) à irregularidade revelada pelo padre na organização de eventos. b) ao cumprimento escrupuloso das obrigações paroquiais. c) ao puritanismo que o padre sempre demonstrou. d) à educação, disciplina e respeito revelados pelo pároco. Outros Percursos 11

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› SEQUÊNCIA 5

1.4. A fuga inusitada do padre foi rapidamente espalhada, visto que… a) a chefe das catequistas também estava envolvida. b) a mãe da catequista fez circular a notícia da fuga da filha. c) toda a população já se tinha apercebido do caráter do padre. d) a freguesia tinha apenas cerca de três mil habitantes. 1.5. Os depoimentos de alguns habitantes da aldeia vêm confirmar… a) a surpresa causada pelo acontecimento. b) as suspeitas que recaiam sobre o pároco. c) a falsa moralidade da mulher que o acompanhou. d) a atenção que os mais velhos dedicam à vida religiosa. 1.6. O primeiro período do texto apresenta… a) um complemento direto. b) um complemento indireto. c) um modificador. d) um predicativo do sujeito. 1.7. Os pronomes “o” e “lhe” (linha 2) retomam… a) ambos o padre. b) o padre e a casa, respetivamente. c) o telefone e o padre. d) um dia e o padre. 2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras. COLUNA A 2.1. Em “uma mulher, transtornada, irrompeu na igreja” (linha 6), … 2.2. Em “A notícia circulou rapidamente pela freguesia” (linha 8), … 2.3. Com o grupo nominal “um símbolo de devoção católica” (linha 10), … 2.4. Ao utilizar a locução “apesar de” (linha 11), … 2.5. Com a forma verbal “ousassem” (linha 13), …

COLUNA B a) o enunciador recorre a um complemento oblíquo. b) o enunciador regista o predicativo do sujeito. c) o enunciador evidencia o complemento direto. d) o enunciador emprega um modificador apositivo do nome. e) o enunciador sugere uma ideia consecutiva. f) o enunciador recorre ao conjuntivo para sugerir a possibilidade. g) o enunciador impõe uma lógica concessiva à frase. h) o enunciador serve-se de um advérbio de predicado.

Grupo III O celibato é um dos votos a que os padres estão obrigados. Contudo, são várias as vozes que criticam a inflexibilidade da igreja católica, defendendo, inclusive, o casamento para os servos eclesiásticos. Partindo das afirmações anteriores, redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo. 44

Outros Percursos 11

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES Teste A SEQUÊNCIA 1

(pp. 4-6)

GRUPO I A 1.1. ....................................................................................................................................

10 pontos

1.2.....................................................................................................................................

15 pontos

1.3.1. .................................................................................................................................

10 pontos

1.4.1. .................................................................................................................................

5 pontos

1.4.2..................................................................................................................................

5 pontos

1.4.3..................................................................................................................................

5 pontos

1.5.....................................................................................................................................

10 pontos

1.6. ...................................................................................................................................

10 pontos

B.......................................................................................................................................

30 pontos

GRUPO II 1. ......................................................................................................................................

30 pontos

2. ......................................................................................................................................

20 pontos

GRUPO III ..........................................................................................................................

50 pontos

GRUPO I

A

1.1. O aumento dos preços dos combustíveis como forma de renovação dos hábitos/comportamentos dos cidadãos, nomeadamente a troca dos transportes privados pelos públicos. 1.2. - Aumento dos combustíveis (“Os combustíveis atingem preços nunca vistos” – linha 1); - Cortes salariais (“Enquanto o salário encolhe” – linha 7); - Desadequação entre os transportes públicos e as necessidades dos cidadãos (“Desde que existam e respondam às necessidades dos cidadãos que deles precisam.” – linhas 11-12). 1.3.1. A oportunidade de mudar de meio de transporte. 1.4.1. Metáfora – “para quem não pretende queimar parte significativa do ordenado” (linhas 9-10) – ao serviço da crítica da autora, denunciando as dificuldades económicas de muitos cidadãos. 1.4.2. Ironia – “Nem tudo é negativo.” (linha 8) – ao serviço da crítica da autora, propondo uma alternativa, irrealizável, para atenuar a negatividade da situação.

1.4.3. Antítese – “Enquanto o salário encolhe, o preço que pagamos quando abastecemos o depósito do automóvel cresce na proporcionalidade.” (linhas 7-8) – ao serviço da crítica da autora, intensificando as dificuldades económicas de muitos cidadãos. 1.5. O uso da frase interrogativa (linha 7); os conselhos que se depreendem no último parágrafo. 1.6. Recurso à exemplificação para confirmar a ligação entre a indiferença dos responsáveis políticos relativamente às questões ambientais e as catástrofes que têm ocorrido. B Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá: — referir-se à intenção do cartoonista (cartoon revelador de preocupações ambientais); — construir um texto coerente, baseando-se nos elementos que compõem a imagem (analisar, por exemplo, o contraste entre as cores); — respeitar o limite de palavras proposto. Outros Percursos 11

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES GRUPO II

Assinala corretamente:

1. A) F; B) F; C) V; D) V; E) F; F) F; G) V; H) V; I) F; J) V.

10 afirmações – 30 pontos; 9 afirmações – 24 pontos; 7 ou 8 afirmações – 18 pontos; 5 ou 6 afirmações – 12 pontos; 3 ou 4 afirmações – 6 pontos.

2.1. d); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. c); 2.5. b).

4 ou 5 correspondências corretas – 20 pontos; 2 ou 3 correspondências corretas – 12 pontos; 1 correspondência correta – 4 pontos.

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno).

Teste B SEQUÊNCIA 1

(pp. 7-10)

GRUPO I A 1.1........................................................................................................................................ 15 pontos 1.2. ...................................................................................................................................... 15 pontos 1.3. ...................................................................................................................................... 20 pontos 1.4 ....................................................................................................................................... 20 pontos B ......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1. ......................................................................................................................................... 35 pontos 2.......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos

GRUPO I

A

1.1. Valoriza excessivamente o período de gestação, entendido como uma fase da vida feminina em que a dor estaria associada à vida. 1.2. Passado – verbos no pretérito perfeito: “endeusámos”, proclamámos” (…); – verbos no pretérito imperfeito: “recebiam”, “imploravam” (…); – expressão temporal: “há 20 anos”; Presente – verbos no presente do indicativo: “continuam”, “são” (…); – advérbio de tempo: “agora”. 1.3. Realçar o modo de pensar da época, nomeadamente o facto de a sociedade considerar que a 46

Outros Percursos 11

mulher que recorria a analgésicos para atenuar a dor do parto não reunia as qualidades necessárias para ser mãe. 1.4. – marcas da 1.ª pessoa: “Ainda me lembro”; (linha 6) – advérbios: “Felizmente” (linha 15), “Finalmente” (linha 20); – expressão parentética: “(será que agora passa?)” (linha 10); – adjetivação expressiva: “cristalizados” (linha 2); “desígnio divino” (linha 5). B Resposta de caráter pessoal. No entanto, espera-se que o aluno oriente o seu texto, obedecendo aos aspetos elencados, para o cuidado que se deve ter relativamente ao fácil acesso das crianças aos medicamentos/detergentes...

GRUPO II 1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. b).

2. A. – F; B. – V; C. – V; D. – F; E. – V.

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno)

Teste A SEQUÊNCIA 2

(pp. 11-14)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 2. ......................................................................................................................................... 3. ......................................................................................................................................... 4. .........................................................................................................................................

15 pontos 20 pontos 15 pontos 20 pontos

B ......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos GRUPO I

A

1. O excerto insere-se no desenvolvimento, terceiro capítulo, no momento em que orador distingue, individualmente, as virtudes dos peixes, concretamente, o passo em que evidencia as qualidades de torpedo e quatro-olhos. 2. Torpedo apresenta como característica principal o facto de, no momento em que está a ser pescado, evitar que isso se concretize, utilizando, para se defender, descargas elétricas que fazem tremer o braço do pescador, obrigando-o a largar a cana. O pregador, estabelecendo um paralelismo entre os pescadores do mar e os pescadores da terra, reflete acerca da inúmera variedade deste últimos, metaforizados nas “varas”, “ginetas”, “bengalas”, “bastões” e “cetros”, afirma a sua “voracidade” e o modo como se apropriam dos bens, (cidades, reinos), interrogando-se e mostrando o seu espanto pela inatividade dos que estão a ser “pescados”, “Pois é possível que, pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?!” (linhas 16-17).

3. Santo António, através da sua palavra (fez tremer 22 pescadores destes), conseguiu comover e demover aqueles que tinham comportamentos desonestos, levando-os não só a emendar-se mas também a devolver o fruto dos roubos, elevando, assim, o valor da doutrina pregada pelo Santo. 4. Após ter descrito os quatro-olhos como peixinhos dotados da capacidade de se livrarem dos perigos vindos de dois elementos, uma vez que Deus lhes deu “quatro-olhos”, interroga-se sobre os desígnios do próprio Deus, pois dota uns de grandes capacidades para se defenderem e permite que outros vivam cegos e na ignorância, numa alusão clara aos povos indígenas do Maranhão que vivem abandonados e maltratados. B A vida de Vieira decorreu, essencialmente, no Brasil onde se dedicou à pregação, o que no século XVII constituía uma maneira de ser escutado por todas as camadas sociais. Elegeu o Maranhão como seu local predileto, aí pregou o “Sermão de Santo António”. Pretendendo Outros Percursos 11

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES alcançar os fins da oratória, docere, delectare, movere, aí se tornou um acérrimo defensor dos direitos dos índios, vítimas da ganância e corrupção dos colonos. A sua luta não se ficou pelas críticas, às quais nem a Igreja escapou. Vieira agia, tendo mesmo obtido do rei

um documento reconhecendo aos Jesuítas a jurisdição sobre os Índios. Visando “preservar o são para que se não corrompa”, metaforizou nos peixes os homens e satirizou a sociedade do seu tempo: os vaidosos, os parasitas, os traidores, os ambiciosos. (129 palavras)

GRUPO II 1.1. c); 1.2. a); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. a); 1.7. c).

2.1. c); 2.2. d); 2.3. e); 2.4. f); 2.5. a).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno).

Teste B SEQUÊNCIA 2

(pp. 15-18)

GRUPO I A A 1........................................................................................................................................... 2. ......................................................................................................................................... 2.1. ....................................................................................................................................... 3. ......................................................................................................................................... 4. .........................................................................................................................................

15 pontos 15 pontos 10 pontos 15 pontos 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos

GRUPO I

A

1. Exórdio – final do capítulo I do Sermão de Santo António, de Padre António Vieira; momento da referência a St.º António e justificação da escolha do auditório – peixes, tal como o fez o santo referido. 2. St.º António, exemplo de homem/pregador a seguir, pelas virtudes que apresenta; comemoração do dia do santo (13 de junho de 1654), festividade que, segundo Padre António Vieira, deverá implicar uma pregação seguindo o modelo do santo (“nas festas dos santos é melhor pregar como eles, que pregar deles.” – linhas 26-27); 48

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2.1.– pregador (“Pregava Santo António em Itália” – linha 6); – homem puro (“uns pés, a que se não pegou nada da terra, não tinham que sacudir.” – linhas 13-14); – perseverante (“mas não desistiu da doutrina.” – linha 17); (…): 3. De acordo com o excerto, emendar os vícios da terra (“Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária e importante é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios que a corrompem.” (linhas 29-31);

4. Interrogação retórica – “Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar?” (linhas 10-12) – de forma a captar a atenção do público e a fomentar a reflexão. Paralelismo anafórico – “Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes” (linha 20) – para realçar os efeitos que as palavras de Santo António causaram nos seus recetores (peixes).

B Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá: – referir-se às duas obrigações do sal: louvar o bem para o preservar e repreender o mal para se livrar dele; – exemplificar com os louvores em geral (cap. II) e em particular (cap. III) e as repreensões no geral (cap. IV) e em particular (cap. V); – construir um texto coerente; – respeitar o limite de palavras proposto.

GRUPO II 1.1. a); 1.2. d); 1.3. a); 1.4. c); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, para promover a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira.” 2.2. “Como o texto de Vieira é muito rico e profuso, na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos

quer cénicos, evitámos a mera ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelo texto.” 2.3. “(…) concentra a ação dramática do ator, que constrói alguma dessas personagens, no exercício da pregação (…).”

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno) Teste A SEQUÊNCIA 3

(pp. 19-22)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 2. ......................................................................................................................................... 3.1........................................................................................................................................ 3.2........................................................................................................................................

20 pontos 20 pontos 15 pontos 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO II .............................................................................................................................. 50 pontos

GRUPO I

A

1. A ação decorre madrugada alta, num espaço exíguo, sem decoração, apenas se veem objetos religiosos, escuro, sóbrio, havendo, portanto, entre

espaço e tempo uma correlação. O caráter funesto é evidente nos objetos: cruzes, tochas, uma enorme cruz negra e outros que se prendem com a realização de funerais. Outros Percursos 11

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PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES 2. À medida que a ação se vai aproximando do fim trágico, o espaço físico vai afunilando, vai perdendo claridade e harmonia, revestindo-se, pelo contrário, de elementos que provocam o adensamento trágico. 3.1. Manuel de Sousa está desesperado, atribuindo a causa da situação que está a viver ao seu casamento com D. Madalena, que, nas suas palavras, “foi um terrível erro.” O modo como nos é descrito, “o rosto inclinado sobre o peito, os braços caídos e em completa prostração de espírito e de corpo”, é revelador do desalento e da extenuação sentidas. A prová-lo está também o discurso sincopado e o recurso constante a interjeições e as frases exclamativas. 3.2. A sua maior preocupação é a sua filha Maria e a tragédia que se abaterá sobre ela e que a desonrará.

B Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá abordar alguns dos seguintes tópicos: Conteúdo – Drama - não está escrita em verso; não tem cinco atos; o assunto não é fornecido pela mitologia nem pela história grega. – Índole trágica – assunto nacional ao gosto romântico; número reduzido de personagens; unidade de ação; o pathos apodera-se das personagens; os acontecimentos progridem dramaticamente até ao clímax; personagens cuja função se aproxima da do coro da tragédia clássica (Telmo Pais e Frei Jorge). Forma – construir um texto coerente; – respeitar o limite de palavras proposto.

GRUPO II 1.1. a); 1.2. c); 1.3. d); 1.4. c); 1.5. d); 1.6. b); 1.7. a).

2.1. e); 2.2. c) 2.3. b); 2.4. a); 2.5. g).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno) Teste B SEQUÊNCIA 3

(pp. 23-25)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 15 pontos 2.1. ....................................................................................................................................... 20 pontos 3.1........................................................................................................................................ 15 pontos 3.2........................................................................................................................................ 20 pontos B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos GRUPO I

A

1. Esta cena (VIII) de Frei Luís de Sousa pertence ao ato III, uma vez que o diálogo apresentado ocorre 50

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quase no final da obra, no momento em que os dois esposos veem, como salvação das suas almas, o ingresso na vida conventual.

2.1. D. Madalena não quer aceitar que a solução passe pela dissolução do seu matrimónio e, por isso, ainda duvida que o seu primeiro marido possa estar vivo, questionando frei Jorge sobre a possibilidade de o romeiro não ter dito a verdade. 3.1. A racionalidade de Manuel de Sousa manifesta-se em toda a sua intervenção, embora esta seja ainda mais evidente no momento em que se dirige a D. Madalena para a abraçar e reconfortar, mas, imediatamente, recua (“Vai para a abraçar e recua”). 3.2. Manuel de Sousa pretende assegurar que até à chegada do romeiro ninguém os poderia acusar de má fé, que a sua união violara as leis da igreja, uma vez que desconheciam a verdade e, como tal, ambos estiveram de consciência tranquila. Contudo, a partir da descoberta da verdade, seria impossível viverem sem remorsos ou sem pecado.

B Em Frei Luís de Sousa há elementos carregados de simbolismo que surgem ao longo da obra. Assim, logo no início, D. Madalena lê o episódio de Inês de Castro, sugerindo a vivência de um amor fugaz e impuro que terminará de forma trágica. Ao nível das notações temporais, a sexta-feira surge associada a acontecimentos que marcaram o percurso de vida da personagem: numa sexta-feira casou com D. João de Portugal, viu Manuel de Sousa pela primeira vez e o romeiro regressou. A numerologia adquire igualmente valores simbólicos inigualáveis, particularmente o número 7: D. Madalena esperou sete anos pelo regresso de D. João, esteve casada 14 com Manuel de Sousa e o primeiro marido regressa ao fim de 21. Também o 13 pode sugerir azar, idade com que Maria morre. (129 palavras)

GRUPO II 1.1. b); 1.2. c); 1.3. a); 1.4. b); 1.5. d); 1.6. a); 1.7. d).

2.1. d); 2.2. g); 2.3. a); 2.4. f); 2.5. c).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno) Teste A SEQUÊNCIA 4 - Os

Maias

(pp. 26-29)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 2. ......................................................................................................................................... 3. ......................................................................................................................................... 4. .........................................................................................................................................

15 pontos 20 pontos 20 pontos 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos GRUPO I

A

1. O texto é um excerto do capítulo X, onde se insere o episódio das corridas de cavalos, cujo objetivo é apresentar uma visão irónica e satírica da sociedade

lisboeta que, apesar do seu provincianismo, se julga cosmopolita e elegante. 2. O ambiente é de desalento e abatimento, como se pode observar pela descrição dos comportamentos Outros Percursos 11

51

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES dos que assistiam às corridas – os rapazes deixavam-se cair nas cadeiras, bocejando; a música tocava coisas plangentes; até as senhoras voltavam à quietude tristonha. Um momento que se pretende elegante e de diversão é, afinal, encarado de forma entediada e sem entusiasmo. 3. Carlos procurava ansiosamente Dâmaso, pois este deveria tê-lo já apresentado a Castro Gomes, “marido” de Maria Eduarda, o que não se verificara. Por outro lado, as corridas, sendo um acontecimento em que a alta sociedade lisboeta se encontrava, seriam uma hipótese para ele rever Maria. Como o único conhecido da família Castro Gomes em Lisboa era Dâmaso, seria de esperar que este os acompanhasse e, assim, Carlos teria hipótese de rever a sua amada. 4. A sorte de Carlos nas apostas, apesar de serem sobre um cavalo não favorito, são bem sucedidas, indiciando um final infeliz para o seu amor, o que se verificará.

B Carlos e Maria Eduarda foram separados pelo destino, mas o destino fê-los reencontrarem-se à porta de um hotel. A beleza e a elegância de ambos atrai-os irresistivelmente e fá-los protagonistas de uma história de amor. O mesmo destino que os uniu separa-os, retirando de uma caixa de velhos papéis, confiada a um amigo, a sua consanguinidade. Contudo, Carlos, mesmo tendo consciência da gravidade da situação, comete o incesto. O caráter funesto deste ato provoca o final trágico de Afonso, ao saber que o neto sucumbiu ao incesto, apesar da educação que lhe proporcionou. O que o destino não conseguira alcançou a realidade. A perceção de que a dor tinha matado o avô leva Carlos a terminar o romance e a separar-se da irmã. (122 palavras)

GRUPO II 1.1. d); 1.2. b); 1.3. c); 1.4. b); 1.5. c); 1.6. a); 1.7. c).

2.1. b); 2.2. f); 2.3. h); 2.4. c); 2.5. g).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno). Teste B SEQUÊNCIA 4 - Os

Maias

(pp. 30-33)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 2.1. ....................................................................................................................................... 3.1........................................................................................................................................ 4.1........................................................................................................................................

20 pontos 20 pontos 15 pontos 15 pontos

B ......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos GRUPO I

A

1. O excerto pertence à intriga secundária e relata factos ocorridos após a morte de Maria Eduarda Runa, mãe de Pedro, precisamente o momento 52

Outros Percursos 11

em que Pedro se apaixona por Maria Monforte e sai da abulia em que caíra. 2.1. Afonso, por um lado, fica agradado com a ideia de que Pedro possa estar interessado por uma mulher,

uma vez que isso poderá contribuir para o afastar da letargia em que caíra por causa da morte da mãe. Contudo, quando toma conhecimento dos factos que no passado foram protagonizados pelo pai de Maria, fica apreensivo e afirma mesmo que: “essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má.” (linha 14) 3.1. Vilaça mostra-se preocupado, pois corre a contar a Afonso, e a outros amigos o passado do pai de Maria Monforte. Mais preocupado se mostra quando o jovem Maia decide informar-se sobre as suas capacidades financeiras, pois antevê que essa atitude não é motivada só pelo facto de querer oferecer presentes à amada. 4.1. Quando Afonso vê Maria, fica surpreendido com a sua beleza “e a sua face, grave e pura como um mármore grego” (linhas 29-30). Contudo, um facto deixa-o apreensivo: a sombrinha escarlate de Maria que cobria Pedro assemelhava-se a uma mancha de sangue que o envolvia.

B Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá abordar alguns dos seguintes tópicos: Conteúdo – Espaços: descrição do jardim do Ramalhete quando é feito o restauro: o cipreste, o cedro, a fonte e a estátua de Vénus; - descrição de alguns objetos que adornam a Toca: o quadro de São João Batista degolado; a tapeçaria representando os amores de Vénus e Marte; - a lenda referida por Vilaça de que as paredes do Ramalhete são fatais aos Maias; - a vitória de Carlos nas apostas na corrida de cavalos, contra todas as expectativas (...) Forma - construir um texto coerente; - respeitar o limite de palavras proposto.

GRUPO II 1.1. c); 1.2. b); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. d).

2.1. c); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. b); 2.5. d).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno).

SEQUÊNCIA 4 - O

Primo Basílio

(pp. 34-37)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 20 pontos 2. ......................................................................................................................................... 20 pontos 3. ......................................................................................................................................... 15 pontos 4. ......................................................................................................................................... 15 pontos B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos GRUPO I

A

1. Caracterização do ambiente: – lento (“com a lentidão espessa de uma massa mal derretida”) (linha 4);

– passivo (“no arrebatamento passivo que agrada às massas mandrionas”) (linha 7); – entediante (“um tédio morno circulava”) (linha 8); Outros Percursos 11

53

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES 2. Época histórica retratada - segunda metade do século XIX: – “burguesia domingueira” (linha 3) – ascensão da classe burguesa; – “o macadame” (linha 5) – tipo de pavimento da época; – “poeirada fina” (linha 9) – resultante do piso de terra; – “os candeeiros” (linha 10) – iluminação pública; – “Debaixo do véu” (linha 16) – peça de vestuário/ acessório da época; – “a luz do gás dava o mesmo tom amarelado” (linha 18) – iluminação pública a gás. 3. Luísa: retraída pela inadaptação ao espaço onde se encontra, sentindo saudades do lar, da privacidade: “Luísa sentia como uma saudade (…) de serões recolhidos”; “O movimento então retraía-a (…)”; Basílio: irritado pela inadaptação ao espaço onde se encontra e devido ao ar abatido dos transeuntes: “(…) num abatimento de pasmaceira. Aquele aspeto irritou Basílio (…)”; D. Felicidade: desanimada, frustrada devido à ausência do conselheiro Acácio.

4. “Bamboleamento relaxado” – com a atribuição do adjetivo “relaxado”, normalmente associado a pessoas, ao nome “bamboleamento”, o narrador pretende destacar a impressão dominante, neste caso, a de relaxamento, inércia da massa humana que se passeava pelo Passeio. B De facto, a aventura romântica de Luísa foi “pintada” à luz naturalista, método adotado por Eça de Queirós, de modo a criticar, de forma demolidora e sarcástica, os costumes da pequena burguesia lisboeta da época retratada. Luísa surge-nos descrita como uma mulher romântica, sentimental, ociosa, sem valores espirituais, que, na ausência do marido, se entrega a uma relação adúltera com o primo Basílio, aventura que a leitura de romances lhe despertara. No primeiro capítulo, Eça prepara o leitor para os futuros comportamentos da personagem, destacando o seu envolvimento com o primo, antes de conhecer Jorge, e o interesse da mãe de Luísa naquela relação, pois “Basílio era rico”. Ora, a origem social, a educação e influências externas são os fatores determinantes do comportamento da personagem eciana. (126 palavras)

GRUPO II 1.1. d); 1.2. b); 1.3. a); 1.4. d); 1.5. c); 1.6. b); 1.7. a).

2.1. e); 2.2. h); 2.3. a); 2.4. c); 2.5. i).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno). Teste A SEQUÊNCIA 5

(pp. 38-41)

GRUPO I A 1........................................................................................................................................... 2. ......................................................................................................................................... 3. ......................................................................................................................................... 4.1........................................................................................................................................ 5. .........................................................................................................................................

15 pontos 15 pontos 10 pontos 15 pontos 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos 54

Outros Percursos 11

GRUPO I

A

1. Espaço rural, luminoso: “No campo” (linha 2); “A claridade” (linha 3); “velha ermida com seu adro” (linha 10); “Numa colina azul brilha um lugar caiado” (linha 15); “azinhaga” (linha 18); (…) 2. Sujeito poético – citadino: “E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco,/Eu de jasmim na casa do casaco/E de óculo deitado a tiracolo” (linhas 48-50). A prima do sujeito poético – campestre/rural “chapéu de palha” (linha 17); “Sem desprender do chão teus olhos castos,/Tu começaste, harmónica, indecisa,/A arregaçar a chita, alegre e lisa” (linhas 22-24); “Tu, a austera, a gentil, a inteligente,/Depois de bem composta, deste à frente/Uma pernada cómica, vulgar!” (linhas 30-32); (…) 3. Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno poderá orientar a sua resposta para o rigor, a exatidão que Cesário Verde pretende com os seus versos, distanciando-se, deste modo, da poesia romântica. 4.1. A energia e a desenvoltura da prima, rapariga do campo; “A claridade, a robustez, a ação.” (linha 3) GRUPO II 1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. d); 1.6. c); 1.7. a). GRUPO III

do espaço campesino transmitem ao poeta força e vitalidade, daí ser um local que lhe serve de “musa” e “ que [o] anima” (linha 2). 5. A (dupla) adjetivação expressiva: “completa e séria educação” (linha 6); “alegre e lisa” (linha 24) – ao serviço do caráter impressionista da poesia de Cesário Verde, de modo a realçar as características do que observa e os sentimentos que o observado despertam no observador. Enumeração – “Respiro indústria, paz, salubridade” (linha 12) – realçando os aspetos positivos do espaço onde o “eu” se encontra. (…) B Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá: – referir-se ao caráter deambulante da poesia de Cesário Verde; – fazer alusão aos espaços/figuras antagónicos(as) observados(as) e descritos(as) pelo poeta; – construir um texto coerente; – respeitar o limite de palavras proposto.

2. a) público; b) ascendentes; c) era; d) social; e) abertos; f) clausura; g) igrejas; h) contudo; i) uns; j) gradeamentos; k) outros; l) paraíso; m) românticas; n) simultaneamente; o) sentimental.

(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno).

Teste B SEQUÊNCIA 5

(pp. 42-44)

GRUPO I A 1.1. ....................................................................................................................................... 2.2........................................................................................................................................ 3.1........................................................................................................................................ 4. .........................................................................................................................................

20 pontos 20 pontos 15 pontos 15 pontos

B .......................................................................................................................................... 30 pontos GRUPO II 1........................................................................................................................................... 35 pontos 2. ......................................................................................................................................... 15 pontos GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos Outros Percursos 11

55

PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES GRUPO I

A

1.1. A primeira quadra constitui a introdução do poema; nas segunda e terceira quadras descreve-se a ação levada a cabo pela dama que desce do burrico e vai colher o “ramalhete de papoulas” e acampam para fazer um pic-nic. A última estrofe constitui a conclusão, fixando o “supremo encanto da merenda.”(V. 15); 2.1. No poema é possível encontrar categorias próprias do discurso narrativo, nomeadamente a localização no tempo (“De tarde”, “Pouco depois/ … inda o Sol se via”), no espaço (campo – “um granzoal”, “em cima duns penhascos”), a intervenção de personagens (“burguesas”, “tu”, “Nós”) e ação (um “pic-nic”, “descendo do burrico,/ Foste colher…”, “Nós acampámos…”). 3.1. É notória a utilização de várias sensações. Assim, o recurso à sensação visual é percetível em versos como: “granzoal azul”, “ramalhete rubro de papoulas”, “inda o Sol se via”. A sensação gustativa salienta-se na referência aos alimentos (“E pão de ló molhado em malvasia”) e, finalmente, a tátil em expressões como “molhado em malvasia” e “seios como duas rolas”, percecionando a humidade e a suavidade, respetivamente.

4. O poema é constituído por quatro quadras, com versos decassilábicos, com rimas cruzadas e graves em todas as estrofes, exceto nos versos 10 e 12 onde a rima é aguda. O ritmo é conferido pelas rimas e pelas aliterações em “r” e em “m”. B Cesário Verde marcou uma rutura com a poética tradicional e romântica principalmente porque se inspirou em motivos prosaicos, abandonando a sentimentalidade característica do movimento literário anterior. Na verdade, a poesia cesariana reflete a dupla vivência do poeta, a qual oscilou entre a cidade e o campo, e foi nestes cenários que Cesário se inspirou e deles falou nos seus textos. Contudo, para que essa realidade pudesse chegar ao leitor de forma mais concreta, vai lançar mão dos órgãos dos sentidos de modo a descrever a realidade como se de um pintor se tratasse. E porque conseguiu pintar por letras e sinais o seu quotidiano, pode dizer-se que a subjetividade ou a emotividade foi preterida por este poeta que tanto se aproximou do impressionismo. (123 palavras)

GRUPO II 1.1. c); 1.2. a); 1.3. b); 1.4. d); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. a).

GRUPO III (Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios de classificação para a produção de um texto que visa avaliar a expressão escrita do aluno).

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Outros Percursos 11

2.1. d); 2.2. a); 2.3. b); 2.4. g); 2.5. f).

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