Os Segredos do Templo de Salomão - Kevin L. Gest

January 10, 2018 | Author: danilodfv | Category: Solomons, Nature, People, Religion And Belief
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Kevin L. Gest

Os Mitos em Torno do Rei Bíblico Tradução: Silvio Antunha MADRAS 2011 A Sabedoria é Suprema "Bem-aventurado o homem que encontra sabedoria, o homem que adquire conhecimento... Adquire pois a sabedoria, obtenha entendimento... A sabedoria é suprema; portanto, obtenha sabedoria. Ainda que custe tudo que você tem, obtenha entendimento." Provérbios 3,13 e 4,7 Para: Louis, Emma, Matthew e Alexander - e minha mãe.

Índice

Agradecimentos...........................................................................................................................................................................2

Capítulo 1...................................................................................................................9 Por que o Sol?....................................................................................................................9 Conhecimento Secreto - Sabedoria Sagrada..................................................................83 Capítulo 4...............................................................................................................127 O Segredo do Selo de Salomão.....................................................................................127 Capítulo 5...............................................................................................................158 Pitágoras, Escolas de Mistério e Maçonaria..................................................................158 Capítulo 6...............................................................................................................174

Influência Eclesiástica - Maçons Admiráveis.........................................................................................................................174

Capítulo 10.............................................................................................................348 Capítulo 11.............................................................................................................371 Capítulo 12.............................................................................................................377 Capítulo 13.............................................................................................................394

AGRADECIMENTOS A preparação deste livro resultou em muita leitura de assuntos que originalmente não eram familiares para mim, em viagens a outras terras e na investigação histórica de um jeito que antes não havia imaginado. Isso implicou trancar-me com um computador e fazer desenhos sem fim em papel para diagramas, tanto para provar como para investigar diversos critérios. Tudo isso demorou vários anos, durante os quais coloquei minha família em muitas situações inconvenientes. Só posso agradecer-lhes pela paciência e compreensão, enquanto eu me entregava à fascinação por aquilo que descobria. Transmito aos membros da Loja Santa Cecilia 1636 a minha gratidão pelas muitas horas que agüentaram ouvir minhas conversas e palestras por um período de dez anos, quando explicava o que havia descoberto e avaliava a reação deles aos meus achados. Em particular, gostaria

de agradecer ao bom amigo e pesquisador por profissão, o Ven. Irm. Mike Oulten, que ouvia atentamente minhas divagações em outros tempos e me incentivava a continuar procurando. E Mike, mais uma vez, em companhia do Ven. Irm. Ron Cuff OBE, ambos os quais perceberam que eu devia registrar meus achados na expectativa de que seriam de interesse e valor para outras pessoas. Foi o incentivo deles que me inspirou a escrever este livro. Junto a isso, eu gostaria, da mesma forma, de agradecer ao Grão-Mestre Provincial da Província Maçônica de Sussex pela permissão de utilizar a grande quantidade de fotografias do Templo Maçônico de Sussex nesta obra. Também agradeço ao Ven. Irm. Reg Barrow, curador do Museu Maçônico de Sussex, pela paciência de comentar a respeito de algumas de minhas observações, pouco sabendo onde isso poderia terminar. É desnecessário dizer que a publicação de qualquer livro envolve muita gente. Só posso agradecer a todo o pessoal da Ian Allan-Lewis Masonic Books pela ajuda e, em particular, pela orientação e incentivo que recebi de Peter Waller nas primeiras etapas de redação. Nick Grant por sua paciência com as ilustrações e correções, e Martin Faulks pela orientação sobre questões de marketing. Também agradeço à maravilhosa equipe de funcionários e bibliotecários da Biblioteca e Museu Maçônico do Freemasons Hall, em Londres, que tantas vezes a meu pedido procuraram documentos há muito esquecidos e me orientaram para informações que talvez eu jamais levasse em consideração. Eu também gostaria de agradecer aos bibliotecários e outros funcionários que me atenderam na Biblioteca Britânica, em Londres, no Real Instituto de Arquitetos Britânicos, na Real Sociedade

Astronômica de Londres, no Observatório Real de Greenwich, na Biblioteca de Referência de Sussex e na Biblioteca Central da Cidade de Brighton; aos funcionários do Departamento de Turismo do Governo Egípcio, em Londres, da Biblioteca de Referência da Cidade de Westminster, em Londres, do Museu Judaico em Camdem, Londres, e outras fontes de informações e referências que são muitas para citar individualmente. Meus agradecimentos também vão para Crichton Miller pelo uso das imagens que ele criou relacionadas à utilização da cruz céltica; para dr. Robert Lomas por seu incentivo e pela permissão de usar o material desenvolvido a respeito da Jarda Megalítica [Megalithic Yard] e as obras de William Preston; para Paul Bush e o deão da Catedral de Peterborough pela permissão de usar informações e desenhos previamente produzidos a respeito da catedral - novamente são muitas pessoas para mencionar individualmente. Nota especial: neste livro, fiz referências às obras do sr. George Lesser e sua investigação, na década de 1960, do uso de geometria sagrada na construção de várias catedrais em toda a Europa e, em particular, na Catedral de Chartres. Foram feitos esforços para localizar os editores de suas obras, Tiranti, a fim de obter a aprovação paia usar certas ilustrações, mas em vão. Parece que a companhia editora dos Tiranti foi vendida na década de 1970, mas as tentativas de localizar quem naquele tempo possuía as listas de obras publicadas antes resultaram em silêncio. Por isso, peço desculpas antecipadamente por qualquer inconveniência que o uso desse material possa causar-lhes. Todos os esforços foram feitos para rastrear cada detentor de direitos autorais e conseguir a devida

autorização, mas, na eventualidade de alguma omissão, favor entrar em contato com o autor, via editor, para que as correções necessárias possam ser feitas em futuras edições deste livro.

Abertura - O nascer do Sol, uma inspiração Ainda estava escuro. Exceto o da minha própria respiração, nenhum outro ruído quebrava o silêncio da noite. As brasas da fogueira ardiam em um rubor intenso. O ar estava tão parado que a fumaça de um braseiro, que queimava parte de uma tora erguida verticalmente, unificava-se com a nebulosa fumaça da Via Láctea, como se a textura nublada acima tivesse sido criada apenas por ela. Saltei para fora do meu saco de dormir. Andando silenciosamente em volta da fogueira para não perturbar meu companheiro, coloquei alguma lenha no fogo para mantê-lo aceso. E também uma pequena chaleira, com água suficiente para fazer uma boa caneca de café quente. Havia acordado muito naturalmente e senti que a alvorada não poderia demorar muito. Nossos relógios de corda haviam parado há alguns dias e não tínhamos a menor idéia de qual horário inventado pelo homem estávamos vivendo. Longe do alcance das estações de rádio, vínhamos, desde a semana passada, levantando com o Sol e encerrando as tarefas do dia quando o Sol se punha. Com o café na mão, afastei-me do fogo, agora inflamado, e me coloquei em frente ao velho Volkswagen. Antes de sair para o sertão australiano, fui aconselhado a usar um dos seguintes três tipos de veículos: um com tração nas quatro rodas; algum carro fabricado no país -

tipo Holden -, cujas peças de reposição eram fáceis de encontrar; ou um Volkswagen refrigerado a ar - sem radiador ou mangueiras d'água com que se preocupar. O velho Volkswagen era tudo o que eu podia pagar. Sentado nas Montanhas Kimberley, no noroeste da Austrália, as estrelas no céu tinham uma claridade rara. A cidade grande mais próxima, que irradiaria luzes intrusas de faróis de carros, semáforos e iluminação das ruas, ficava a cerca de 640 quilômetros. O Cruzeiro do Sul se destacava entre as constelações, enquanto Orion, que eu chamava de "meu velho amigo", pois foi um dos primeiros grupos de estrelas importantes que aprendi a reconhecer, surgia no céu ao norte. Nos meses em que eu estivera no mato, percebi que olhava os céus como centenas de gerações antes de mim haviam feito. As estrelas, muito mais do que qualquer pessoa poderia ver perto de uma cidade, destacavam-se pelo brilho exuberante, enquanto o pano de fundo do espaço sideral era mais negro do que qualquer um pudesse imaginar. Também vi estrelas cadentes em abundância, algo que alguém dificilmente saberia que existe em um ambiente urbano. Embora não tivesse notado quando me coloquei em frente ao Volkswagen com meu café, eu estava virado para o Leste. Quando quase todo café havia sido bebido, o primeiro resplendor da alvorada rompia no horizonte. Não era a primeira alvorada que eu testemunhava, mas presenciei com respeito o desenrolar desse drama de todo dia. As estrelas no oriente começavam a esmaecer à medida que a luz do Sol ganhava força. Quando a bola amarela de fogo apareceu no horizonte, um calor confortável e inesperado atingiu meu rosto em cheio. O ar, que estava completamente parado, de repente e agradavelmente precipitou-se em direção ao horizonte

iluminado, como se o Sol fosse um imenso ímã que o atraísse. Um martim-pescador cantou a distância. Um ruído sussurrante, fraco, vinha do capim branco comprido que nos rodeava, quando as pontas dos caules roçavam suavemente umas na outras ao leve sabor do ar. Um bando de papagaios, cor-de-rosa e cinza - Galahs -, voou bem no alto, rodopiou e circulou, depois arremeteu para o chão, várias centenas de metros abaixo. No ar também se sentia o leve aroma do eucalipto e do capim seco, onde antes nada mais havia além do frescor do ar da noite e da leve fragrância do café instantâneo que saía da caneca encaixada nas minhas mãos. Embora eu tivesse presenciado o alvorecer muitas vezes, nessa manhã, em particular, meus sentidos pareciam encontrar alguma afinidade extra com o mundo ao meu redor. Estava preenchido com uma tranqüilidade e uma paz interior, com um sentimento de estar completamente de acordo com o ambiente à minha volta, totalmente sintonizado com o mundo - com a natureza - e minha participação nele. Era muito bom estar vivo, sentir-me vivo. Tal sentimento vivo deixou sua marca. Ainda hoje, tantos anos depois, posso fechar os olhos e ser transportado de volta àquela manhã e experimentar tudo isso: a luz, o calor, o movimento do ar, até mesmo o cheiro do mundo misturado com o café. Foi uma experiência espiritual que jamais esqueci. Muitos anos depois, minha atenção foi particularmente atraída para o Sol nascente e sua influência sobre as pessoas das antigas civilizações. Precisei de pouquíssimas pesquisas para constatar que tais civilizações cultuavam esse evento como a base da própria vida e que o impacto que ele teve há tantas

gerações continua a ser sentido hoje. Isso voltou à tona nos lugares mais inesperados. A Maçonaria foi um deles.

CAPÍTULO 1 POR QUE O SOL? Salomão, rei de Israel no Antigo Testamento, é um personagem bem conhecido dos adeptos das três principais religiões do Ocidente - o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo - e se mantém vivo graças às referências ao Templo de Salomão, em Jerusalém, e à sua conhecida sabedoria. Ele foi um líder, um construtor e um diplomata talentoso. E, se a tradição for interpretada de forma lógica, foi claramente um homem de charme e presença considerável o que talvez ficou consubstanciado no seu relacionamento com a rainha de Sabá. Sua liderança foi demonstrada em muitos atos, o mais significativo talvez ligado à construção e ornamentação do primeiro Templo em Jerusalém. Nas entrelinhas do texto bíblico, o reinado dele coincidiu com um período de estabilidade para os adoradores de Yahweh, um povo cujos ancestrais haviam vagado, errantes, por várias gerações, pela Península do Sinai, depois do êxodo do Egito, e haviam se envolvido em batalhas para garantir a sua terra prometida. Com essa estabilidade, veio também um período de relativa prosperidade, o que fica evidente nas descrições dos opulentos ornamentos do Templo.

Como uma dedução a partir de seus vínculos com o primeiro Templo em Jerusalém, e de sua pretensa sabedoria, somos levados a crer que seu nome era Salomão. Mas suponhamos que não fosse. Vamos presumir que essa palavra servisse para descrever seu cargo e sua posição. Assim, se o nome do Templo fosse um reflexo de seu cargo ou posição, então poderia mudar nosso entendimento a respeito do significado e da finalidade para a qual o Templo servia. Isso poderia definir para que o templo fora criado ou dedicado, em vez de identificar de quem ele recebeu seu nome. A suposta sabedoria de Salomão pode então ter sido um reflexo das habilidades e do conhecimento que ele adquiriu em relação à sua função, em vez de implicar que ele fosse uma pessoa de intelecto superior ou que tivesse poderes de raciocínio altamente desenvolvidos. Os resultados de tal revelação seriam extremamente poderosos. Apesar do fato de eu ter ocupado, por muitos anos, cargos executivos em negócios e também em muitos comitês e organizações sociais, não havia nada em minha vida que tivesse me preparado verdadeiramente para a Maçonaria. Minhas primeiras impressões foram de uma organização cujas práticas eram, na melhor das hipóteses, obtusas. Porém, ao mesmo tempo, existe uma dignidade e uma grandeza nos procedimentos que vêm de uma tradição muito antiga e consagrada. Percebi depois que essa grandeza era realçada pela decoração da sala que a Loja da qual eu era membro usava para suas reuniões. Alguns anos depois da minha iniciação, aquela sala, junto com sua arquitetura e decoração, tornou-se um foco de minha atenção. Isso resultaria em um fascínio que me

levaria a uma jornada de descoberta e mudaria, de uma maneira que eu jamais havia pensado, meu entendimento e minha percepção sobre o quadro histórico de certos eventos associados às principais religiões ortodoxas. O tema da Maçonaria é algo que, por várias vezes nos últimos séculos, atraiu um misto de excitação e histeria do público. Existem famílias nas quais a filiação a essa sociedade fraterna tão antiga existe há gerações, com pais iniciando filhos, e depois netos, com grande orgulho. Existem outras pessoas que a vêem como uma organização que perpetra sentimentos diabólicos e antireligiosos; uma sociedade secreta na qual os membros estão empenhados em golpes para desestabilizar e derrubar governos, uma associação de homens que está comprometida em garantir que seus membros sejam promovidos a altos cargos no governo local, em instituições ou corporações importantes, em detrimento de qualquer outra pessoa com capacidade similar. Porém, repetidas investigações de funcionários de governos e de pessoas respeitadas, que não eram maçons, mas pesquisaram sua história e estrutura, concluíram que tais temores são infundados. Em vez disso, eles relatam que se trata de uma organização altamente intelectual e moral, que no passado foi instigadora, motivadora e patrocinadora de significativos empreendimentos científicos e de caridade, papel que ainda continua existindo. A Maçonaria é uma organização dominada por homens, embora, desde o início do século XX, participantes femininas passaram a ter sua própria estrutura de Loja no Reino Unido, operando de maneira concomitante à de seus equivalentes masculinos. Os homens ingressam na Maçonaria em várias etapas de sua vida, a partir de 21

anos de idade. Eles vêm de vários substratos socioeconômicos, permanecem membros por várias razões, mas obviamente não o fazem a menos que retirem alguma satisfação interior de sua filiação. O período típico de filiação é acima de 25 anos. A maioria associa-se na meia-idade, embora os que ingressam na juventude provavelmente se tornam membros regulares de apoio por volta de 40 ou 50 anos. Existem aqueles que desistem de sua filiação e também o fazem por razões variadas. A Maçonaria é uma organização global que, se adequadamente regulamentada, é aceita pela constituição da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI), sujeitando-se a ela. A GLU da Inglaterra tem suas origens em 1717, quando um pequeno grupo de Lojas sediadas em Londres reuniu-se para formar a Grande Loja da Inglaterra, a precursora do órgão administrativo que existe atualmente. Porém, Lojas Maçônicas existem há muito mais tempo. Na Escócia, por exemplo, existem Lojas conhecidas em Edimburgo desde o século XV. A mais antiga Loja conhecida da Inglaterra, cujos registros foram conservados, é a Loja de Antigüidade no 2. Seus livros de atas estão disponíveis desde 1736, mas se sabe que outros estiveram disponíveis desde 1721, e desde então se perderam. Os mais antigos livros de atas guardados na Biblioteca do Freemasons Hall, em Londres, são da reunião de uma Loja que se juntava em uma taberna conhecida como Swan and Rummer [Cisne e Copázio] e datam de 1725. Porém, Elias Ashmole registrou em seu diário que foi iniciado como maçom especulativo em Warrington, em 1646, cerca de 70 anos antes da formação da Grande Loja da Inglaterra. Existiram, no passado, muitos autores e pesquisadores eminentes que acreditavam que as origens da Maçonaria

derivavam do conhecimento sagrado conservado pelos sacerdotes do Antigo Egito; que o mesmo foi transferido para as civilizações da Grécia e de Roma antes de chegar à Grã-Bretanha com as legiões romanas, há 2 mil anos. As reuniões típicas da Loja consistem na representação de uma série de peças curtas que contêm uma mensagem moral e incentivam a compreensão pessoal e o entendimento. Tudo isso está contido em uma complicada história que envolve a construção do Templo de Salomão. Caracterizado nos livros de Crônicas e Reis do Antigo Testamento, o Templo de Salomão dispõe da aura de ter sido algo especial, uma aura que resistiu ao passar do tempo. Existem muitos livros dedicados apenas ao tema do Templo, com uma ampla variedade de imagens e modelos feitos através dos séculos em tentativas de revelar como o mesmo deve ter sido. Apesar disso, o Templo de Salomão demonstrou ser um enigma. Alguns arqueólogos e pesquisadores acadêmicos chegaram mesmo a questionar se ele existiu algum dia. Na introdução de seu livro essencial A Test of Time [Um Teste do Tempo], o dr. David Rohl reflete sobre uma tese apresentada pelo professor Thomas L. Thompson da Universidade de Copenhague, considerado pelo dr. Rohl como "uma das maiores autoridades em assuntos bíblicos". O dr. Rohl comenta a opinião do professor Thomas L. Thompson assim: (...) basicamente ele está dizendo que as histórias do Antigo Testamento são composições ficcionais, escritas no segundo século a.C., e que, como resultado, seria uma "completa perda de tempo" (em suas palavras) alguém

tentar confirmar essas histórias por meio da arqueologia (...). De fato, a base do livro do dr. Rohl se origina da questão sobre a significativa defasagem entre aquilo que o texto bíblico nos conta, que aconteceu há 3 ou 4 mil anos, e a capacidade da comunidade arqueológica de provar isso por meio de evidências de campo, apesar de 150 anos de escavações no Egito, em Israel e em territórios adjacentes. O dr. Rohl prossegue, fazendo uma observação mais interessante como conseqüência dessa falta de evidências: (...) temos um problema fundamental para aqueles que defendem o uso da Bíblia como fonte de história. As escavações históricas no Egito e no LEVANTE, em andamento na maior parte dos últimos dois séculos, não produziram evidências tangíveis para demonstrar a veracidade arqueológica das narrativas bíblicas iniciais. O material direto de apoio à história tradicional da nação israelita, legado nos livros de Gênesis, Êxodo, Josué, Juizes, Samuel, Reis e Crônicas, virtualmente não existe. É como se os israelitas simplesmente tivessem pegado seus pertences, deixado o Egito no reinado de Ramsés II (no século XIII a.C.) e se encaminhassem para o Sinai, para milagrosamente desaparecer da História por cerca de 400 anos, antes de voltarem à tona nas inscrições da campanha dos reis da Assíria do século IX. Aonde eles foram? De acordo com a Bíblia, eles foram se instalar na Palestina, onde afinal deveriam forjar uma pátria sob os carismáticos reis do Período da Monarquia Unida: Saul, Davi e Salomão. Mas virtualmente nada parecido com essa aventura épica foi encontrado nos registros

arqueológicos da Palestina. Aliás, os séculos da longa peregrinação na terra dos faraós também não deixaram absolutamente nenhum vestígio no vale ou no delta do Nilo. O dr. Rohl prossegue para acrescentar: (...) é essencial encontrar evidências arqueológicas que mostrem que os eventos registrados no Antigo Testamento verdadeiramente aconteceram e que personagens como José, Moisés, Saul, Davi e Salomão realmente caminharam por esta Terra por volta de 3 a 4 mil anos atrás? Claramente, se existe dúvida de que Moisés, Saul, Davi e Salomão de fato caminharam por esta Terra, então, por definição, também deve existir alguma dúvida se o Templo atribuído a Salomão foi mesmo construído. Por outro lado, o templo, que depois alcançaria certa fama, pode ter sido construído, mas não por Salomão, ainda que atribuído a ele no texto do Antigo Testamento. Algumas pessoas sugeriram que o Templo não foi realmente construído em Jerusalém, mas que fazia parte de um complexo, atribuído a Salomão, que foi escavado em Megido. Mas mesmo a conexão de Salomão com essas escavações é duvidosa. Novamente citamos o dr. Rohl: Através dos anos até o presente, têm sido mostradas estruturas monumentais, de vários períodos arqueológicos que se estendem por séculos, atribuídas às atividades de construção de Salomão nas cidades de Megido, Gezer e Hazor. O "Portão de Salomão", em Megido, não é mais datado dos tempos de Salomão,

embora a sinalização turística moderna, erguida na frente do mesmo, continue a informar aos visitantes que eles estão diante de um portão "dos tempos de Salomão. O enigma da existência de Salomão acabou ficando ainda mais confuso. O dr. Rohl menciona que Salomão não era seu nome de nascimento, mas um nome atribuído a ele algum tempo depois de sua morte. Então, se não existiu ninguém com o nome de rei Salomão, quem seria a pessoa que posteriormente adotou esse nome? E por que seu nome foi mudado? Supõe-se que a época à qual nos referimos como a do reinado de Salomão tenha sido um tempo em que seu reino gozou de um período prolongado de paz. Por isso, deduziu-se que o nome dele derivava da palavra hebraica shalom, que significa paz. Existem outros pesquisadores que têm diferentes interpretações para a origem do nome dele, assunto que será devidamente retomado adiante. Então, existe um problema potencial. Com base em comentários recentes do professor Thompson, ampliados pelo dr. Rohl, a comunidade arqueológica nos deixa com um dilema: Temos um povo que constitui o foco central de muitas religiões ocidentais, mas que aparentemente deixou pouca ou nenhuma evidência arqueológica de sua existência inicial na Palestina, no Sinai ou no Egito. • Temos a impressão de que não existem evidências de ter existido um grupo de reis, Saul, Davi e Salomão, cujo comentário escrito no Antigo Testamento é fonte diária de considerável inspiração para milhares de pessoas. •

É questionável se a edificação que constitui a peça fundamental da organização fraterna mais antiga do mundo, a Maçonaria, jamais tenha existido. • É duvidoso se o nome atribuído à pessoa reverenciada pela sua empreitada de construção e por sua sabedoria, Salomão, tenha realmente sido seu verdadeiro nome. •

O que vamos fazer com tudo isso? Existem respostas possíveis para os problemas causados pela falta de evidências observada antes, como o dr. Rohl habilmente demonstra em seu livro. Ele faz isso por meio do reexame de algumas evidências e artefatos arqueológicos que foram recuperados, mas considerados de um contexto diferente pela comunidade arqueológica. Isso, entretanto, ainda nos deixa com um número de perguntas sem respostas, especialmente em relação à Salomão e a conexão com a Maçonaria. Se não há evidências para provar a existência de um homem chamado Salomão, então como ele e o Templo que lhe é atribuído foram ligados à Maçonaria? Não havia referências aparentes em minha família de filiação à Maçonaria por parte de pai, mas sim por parte de mãe. Quando estava no início de minha adolescência, minha avó encorajou-me à filiação caso a oportunidade aparecesse. Ela vinha de uma família razoavelmente grande, que cresceu no começo do século XX. A maior parte de seus irmãos havia sido membros da fraternidade e muitas de suas irmãs se casaram com homens que eram maçons, ou se tornaram, sendo encorajados por sua tradição familiar. Desse modo, tendo sido devidamente planejado pela minha avó, quando surgiu a oportunidade de ingressar, perto da minha chegada à meia-idade, eu também fui iniciado nessa antiga instituição.

Alguns anos após a minha iniciação, tivemos uma palestra em nossa Loja, a primeira em muitos anos, conhecida como Palestra de Preston, assim chamada em homenagem a um dos grandes registradores e historiadores maçônicos, Willian Preston. Este é especialmente lembrado pela obra Illustrations of Masonry [Ilustrações da Maçonaria], publicada pela primeira vez em 1772 e que se tornou referência freqüentemente citada nos registros maçônicos antigos. Uma Palestra de Preston é aquela, segundo o que nos dizem, fundamentada em uma pesquisa bem estruturada. O título da palestra a que assistimos naquela noite era "A História da Maçonaria na Inglaterra". O tema em pauta prendeu a minha atenção e aguardei com interesse o início dos trabalhos, pois desejava ter uma compreensão clara de uma história que até aquele momento continuava amplamente desconhecida para mim. Ouvi atentamente. Fiquei pouco entusiasmado com as conclusões. Elas afirmavam que: não havia história da Maçonaria na Inglaterra antes de 1717, ano em que a Grande Loja da Inglaterra foi formada por quatro Lojas sediadas em Londres. • embora alguns membros acreditassem que a Maçonaria guardasse algum grande segredo, muitos haviam procurado e chegado à conclusão de que ali nada disso existia. • a Maçonaria havia sido formada apenas como um clube de cavalheiros e assim permanecera até os dias atuais. •

Por razões que não posso explicar, uma descrença completa nessas conclusões cresceu dentro de mim nos meses seguintes. Acho que eu esperava que algo mais misterioso fosse revelado, e como isso não aconteceu,

senti que deveria existir alguma coisa a mais. Assim sendo, gastei os dois anos seguintes lendo uma ampla variedade de livros sobre a história maçônica. Embora eles trouxessem uma quantidade considerável de informações, não respondiam as muitas questões fundamentais que surgiram em minha mente. Muitos dos livros oficiais sobre a Maçonaria haviam sido escritos algumas décadas antes e, muitas vezes, baseavam-se em pesquisas realizadas no final do século XIX. A maioria tratava da história da instituição, especulando sobre suas origens e/ou de onde derivavam certas práticas e elementos de nossas cerimônias. Ao final desse breve período de leitura e pesquisa, muitas outras questões haviam surgido em minha mente: 1. A Grande Loja Unida da Inglaterra, em uma gravação de vídeo produzida e disponibilizada para qualquer pessoa interessada em Maçonaria, mencionava que nossas cerimônias giravam em torno de uma complicada história, envolvendo o Templo do Rei Salomão. a. Por que, eu me perguntei, esse edifício, brevemente mencionado no Antigo Testamento, deveria ter tal foco de atenção? b. Existia alguma coisa a respeito desse edifício que não fosse imediatamente óbvia? c. Por que o assim chamado clube de cavalheiros estaria interessado em um obscuro edifício religioso da Antigüidade? Era difícil imaginar que alguém, em algum momento das últimas centenas de anos, de repente levado por uma onda de imaginação erudita, tivesse achado uma boa idéia incluí-lo nas cerimônias maçônicas e de fato conseguisse fazer isso.

d. Existia, eu me perguntei, algo a respeito do Templo de Salomão que não fosse imediatamente óbvio quando subentendido ou transmitido pelo ensino religioso tradicional? 2. No começo de uma das cerimônias maçônicas, indicase que a Maçonaria é um sistema próprio de moralidade, coberto de alegorias. Eu pensei que soubesse o que era uma alegoria, mas, apesar disso, fui procurar no Oxford Dictionary para ter certeza de que a minha interpretação estava correta. A definição afirmava que era uma: "narrativa que descreve um assunto sob a aparência de outro". Em outras palavras, uma alegoria é uma coisa mascarada ou apresentada como outra coisa. Uma verdade ou uma realidade subliminar ou oculta da visão evidente, como em uma história. Assim, dentro das nossas cerimônias, existe uma declaração aberta de que debaixo da aparência externa da Maçonaria existe alguma coisa que está escondida e não imediatamente óbvia. Isso, eu pensei, dificilmente está de acordo com as conclusões da Palestra de Preston de que não existe nada ali. 3. Meus instintos levaram-me de volta à referência sobre sistema próprio de moralidade. Sem uma análise mais profunda, este é um ideal altamente respeitável, para encorajar a honestidade e a integridade em todas as coisas que uma pessoa faz na vida. A moralidade é um código pelo qual uma pessoa deve viver sua vida e regular suas ações. É, portanto, um código que governa a vida e lhe dá ordem. É um código pelo qual povos civilizados devem conduzir seus negócios e se relacionar uns com os outros. Comecei a me perguntar por que a palavra próprio precisava ser usada. Convenci a mim mesmo de que talvez a referência a um sistema próprio de moralidade pudesse se referir a algum

outro código que, de modo organizado, influenciasse a nossa vida. 4. Desenvolvi um fascínio pelo ano no qual quatro Lojas, sediadas em Londres, reuniram-se para criar uma corporação administrativa única a fim de governar seus procedimentos - a Grande Loja da Inglaterra. O ano em questão era 1717. Esse número é freqüentemente usado por acaso como nota de rodapé da história maçônica - um ponto de referência de passagem e nada mais. Mas esse número - 1717 - é muito simétrico. Por que as quatro Lojas com sede em Londres se juntaram nesse ano em particular e não no ano anterior, 1716, ou no ano seguinte, 1718? Durante algum tempo comecei a achar que estava atribuindo um grande significado a algo que era, apesar de tudo, apenas um número para definir um ano. Mas eu estava bem alerta para o fato de que nada na Maçonaria é realmente tão simples, tudo existe ali com uma finalidade. A simetria dos números me intrigou, mas muitos anos passariam antes que uma resposta inesperada se apresentasse a mim. Quando alguém participa pela primeira vez de uma Loja Maçônica, é aceito naquilo que é conhecido como O Ofício. As Lojas de Ofício na Maçonaria abrangem três níveis de capacitação, conhecidos como graus. Esses graus são chamados: Aprendiz: significa, como nas profissões de antigamente, aquela pessoa que não sabe nada das habilidades da profissão em que ingressará e que está no ponto de partida de seu processo de aprendizagem. O nome desse indivíduo é incluído no registro para mostrar sua aceitação

como apto para treinamento, exatamente como no sistema das antigas Guildas. Companheiro: significa que o conhecimento, a compreensão e as habilidades básicas da arte foram alcançadas. Mestre Maçom: significa que agora a pessoa adquiriu o entendimento completo das habilidades da indústria e é Mestre da Arte. Hoje esses três níveis de capacitação estão mais relacionados ao entendimento simbólico do que ao conhecimento real associado à arte de moldar e entalhar a pedra. Cada Grau tem uma cerimônia bastante específica pela qual todo maçom deve passar. Todas essas cerimônias são decoradas e passadas de uma geração de maçons a outra, de cor, exatamente como as tradições orais das antigas civilizações e como os maçons operativos de antigamente faziam. Como quase todas as sociedades e clubes, a administração de cada Loja é empreendida por membros nomeados e eleitos para realizar tarefas específicas, como Secretário, Tesoureiro, Mestre de Banquete e Esmoler. Existem três cargos principais em cada Loja. Eles são conhecidos como o Venerável, exatamente como o Presidente de qualquer organização social; o Primeiro e o Segundo Vigilante, cujos papéis são parecidos com o de presidentes em treinamento. Existem outros cargos na Loja, normalmente classificados pelos mais velhos, que participam e realizam as cerimônias. À medida que a pessoa progride em cada cargo, torna-se então responsável por uma parte específica de cada cerimônia,

uma parte que precisa ser decorada tanto em palavras como em ações. A sala na qual minha Loja se reunia em Sussex, na Inglaterra, era mencionada como um Templo Maçônico. Outras salas usadas por Lojas em outras localizações geográficas, muitas vezes, eram mencionadas como Salas de Loja, o que indicava que ali havia alguma diferença. Por que, eu me perguntei, havia ali alguma diferença? Essas razões, eu descobri depois. Uma nova cidade, um novo Templo O Templo de Sussex é único e o prédio que o abriga conquistou o status de Edifício Listado. Isso quer dizer que é visto como uma construção de significado histórico e arquitetônico especial e que seu caráter deve ser preservado. Nem sempre foi usado como edifício maçônico. Foi construído originalmente na década de 1820 e depois foi usado como residência de uma família proeminente do negócio de cervejaria local. No final do século XVIII, uma pequena cidade de pesca situada na costa sul da Inglaterra, uma aldeia chamada Brighthelmstone, de repente se viu em uma situação muito desagradável. O príncipe regente, filho do rei George III, depois coroado como George IV, adquiriu uma chácara perto do mar e determinou que fosse construído nela um palácio. Fascinado pelos desenhos do Oriente, reconhecendo que naquela época o Império Britânico estava expandindo sua influência em territórios como a Índia, a arquitetura do palácio refletia seus interesses. Arquitetonicamente, o mesmo não estaria deslocado se tivesse sido construído por algum marajá. Mas, nessa pequena aldeia costeira de pesca, causou um rebuliço

total. Atualmente, com seu interior restaurado em sua antiga glória, é conhecido como o Pavilhão de Brighton, uma importante atração turística na estância balneária de Brighton. E desnecessário dizer que o advento do novo palácio resultou na rápida transformação da antiga aldeia de pesca em uma cidade na moda, enfeitada com espetaculares residências, ladeadas por outras casas que refletiam a arquitetura georgiana da época em que foram construídas. Foi durante esse período da expansão urbana de Brighthelmstone, que o antigo príncipe regente, o rei George IV, tornou-se maçom e, depois, Grão-Mestre. À medida que a cidade de Brighton se expandia e sua população crescia, nas décadas seguintes, tornou-se o destino obrigatório de uma invenção, a estrada de ferro, que trouxe enorme prosperidade à cidade. Foi nesse cenário de desenvolvimento da cidade que, em meados de 1800, os maçons de Sussex começaram a procurar um local onde pudessem estabelecer uma sede permanente. Uma reunião dos maçons de Sussex foi realizada na Prefeitura de Brighton, em 1858, e, embora vários locais fossem examinados e muitas outras reuniões dos maçons de Sussex acontecessem, em 1893, o então Grão-Mestre Provincial lamentou que por várias razões nenhuma das plantas podia ser aproveitada. Alguns anos mais tarde, em 1897, a antiga casa pertencente à família da cervejaria e uma área adjacente de um terreno baldio, ambas ficando a poucos minutos de caminhada da estação ferroviária de Brighton, tornaram-se propriedades dos maçons de Sussex, estabelecendo a sede maçônica permanente que eles procuravam há tanto tempo. No mesmo ano, a pedra fundamental foi lançada para que a antiga residência se transformasse em um Clube Maçônico, que, no final da reforma, ostentava um salão de

sinuca, salas para comissões e salas menores onde as Lojas podiam praticar suas cerimônias. Não foi antes de 1928 que o Templo Maçônico de Sussex foi construído no complexo que existe hoje em dia. Uma das razões para a demora na construção do Templo foi a Primeira Guerra Mundial, a Grande Guerra que ocorreu de 1914 a 1918, após a qual, por causa da colossal carnificina humana nos campos de batalha da Europa, houve considerável redução de mão-de-obra especializada. Essa redução de homens capacitados retardou as oportunidades para a construção. Por isso, a pedra fundamental foi lançada em 26 de junho de 1919 pelo Grão-Mestre Provincial de Sussex, o duque de Richmond. A edificação foi consagrada nove anos depois, em 20 de julho de 1928, por lorde Ampthill. Enquanto estava investigando o cenário desses acontecimentos e expondo minhas descobertas para um companheiro de Loja - um pesquisador local bem conceituado -, ele chegou à conclusão de que um conceito do desenho do Templo provavelmente já havia sido definido em meados do século XVII. Esse conceito possivelmente ditava inclusões específicas, o formato resultante e o espaço necessário. O que se procurava, depois da reunião na Prefeitura de Brighton, em 1858, era um local onde pudesse ser construído. A antiga moradia do cervejeiro, junto com o terreno baldio adjacente a ela, constituíam o local ideal. E, como era uma cidade que gozava de amparo real e atraía muitos moradores com influência política, fortuna e posição social, nenhuma despesa seria poupada em sua execução. O Templo Maçônico de Sussex evidentemente pretendia ser algo especial. De fato, temos uma clara indicação disso nas atas, após a cerimônia de dedicação. Ao propor um brinde

ao "Templo Maçônico de Sussex", o Mui Venerável Irmão sir Alfred Robbins concluiu com estas palavras: Eu tive a oportunidade de examinar o edifício e jamais vi outro mais bem planejado para o uso ao qual foi proposto. Fico satisfeito que nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam, em tempos vindouros, rememorar o evento deste dia e dizer que nessa época existiram maçons que acreditaram totalmente nos grandes princípios da Maçonaria e, por isso, se empenharam em erguer um edifício merecedor sob todos os aspectos das tradições da Maçonaria e merecedor da alta posição que a mesma alcançou. Essas palavras por si só deixam claro que realmente aquele era considerado um edifício muito especial. Algo especial foi o que a construção se tornaria, como veremos nas páginas seguintes. Por uma dessas estranhas coincidências que às vezes acontecem, a Loja na qual fui iniciado se reuniu nas salas do Pavilhão Real a maior parte do tempo nos anos iniciais de sua existência, antes de se mudar para o Templo Maçônico de Sussex, pouco depois do edifício ter sido concluído. A decoração incomum levantou questionamentos Embora tenha visitado outros complexos maçônicos ou locais onde as Lojas realizam suas reuniões, tanto na Grã-Bretanha como no exterior, eu ainda estava para encontrar algum cuja decoração ornamental se comparasse com aquela onde a minha própria Loja se reúne. Ele até hoje ainda é decorado de forma espetacular: as paredes têm painéis de madeira, existe uma suave

claridade difusa, que torna possível a iluminação uniforme em volta da sala, fornecida discretamente e oculta em uma galeria engalanada com uma decoração floral. Os principais móveis são de madeira, exuberantemente entalhados com grande esmero e habilidade por mãos desconhecidas, feitos há várias décadas. Na área central, sobre o antigo chão de madeira, há a inserção do pavimento mosaico em preto e branco, cercado pela orla dentada.

No centro do pavimento, existem dois círculos de diferentes tamanhos, um dentro do outro; o menor contém a letra "G" pintada em dourado. Mas a característica dominante da sala é um zodíaco enorme, lindamente decorado, no teto. Medindo cerca de 40 pés (12,5 metros), seu efeito é irresistível quando visto pela primeira vez. Em intervalos equidistantes em torno da circunferência do zodíaco, existem 12 pequenos painéis que exibem a representação ilustrativa de cada símbolo do zodíaco - cada qual pintado à mão por um artista

desconhecido. Dentro do círculo descrito pelo zodíaco, o teto sobe para formar uma cúpula, a abóbada celeste, pintada à mão em azul pastel suave e complementada com estrelas e com um símbolo do Sol. O teto em abóbada projeta-se por inteiro diretamente em cima do pavimento mosaico. Fica evidente que nenhuma despesa foi economizada quando tudo isso foi instalado originalmente. Definitivamente, tal sala era considerada de grande importância para receber tanto esmero e atenção. Durante os primeiros dez anos de minha carreira maçônica, visitei essa sala em muitas ocasiões e sua ambientação se tornou o pano de fundo de um cenário tão familiar para nossas ocupações que não atribuí à decoração nenhum outro pensamento. Mas, quando entramos em uma era muito mais aberta a respeito do movimento maçônico, após muitos anos de suspeita, fustigação e acusações infundadas sobre sermos uma sociedade secreta, foi realizado um evento social nesse complexo maçônico para o qual companheiras e esposas foram convidadas. Uma exibição especial sobre nossa história foi montada no templo principal. Foi dessa maneira que minha esposa passou pela porta do Templo, quando então ficou imediatamente perplexa com a preeminência do zodíaco. Ela virou-se para mim e perguntou por que aquilo estava ali. Fiquei um pouco envergonhado de ter de admitir que não sabia o porquê. Igual pergunta surgiu a respeito do pavimento mosaico e novamente precisei admitir a completa falta de compreensão da finalidade daquilo. Outras questões surgiram a respeito da decoração e do tamanho de vários objetos e o meu embaraço, por não ter respostas satisfatórias, foi ficando cada vez mais intenso. No final daquela noite, percebi que estivera tão envolvido em fazer

direito a minha parte nas cerimônias, que não havia dado o devido valor àquilo que estava ao meu redor, o porquê de estar ali ou o que significava. Isso era algo que claramente eu precisava corrigir. Cada Loja realiza o que é conhecido como Instrução da Loja, noites em que cerimônias são ensaiadas e alguns fatos menos conhecidos sobre a Maçonaria são revelados. Tendo participado regularmente dessas noites, fiquei um pouco surpreso de não ter sido informado da razão e do significado das instalações do Templo. Indaguei aos mais antigos da Loja o motivo do zodíaco estar ali. Fiquei pasmo ao descobrir que nenhum deles sabia. Alguns membros dos mais antigos comentou que nosso Grão-Mestre Provincial Adjunto, um cargo muito alto da Maçonaria sediada em Sussex, certa vez disse que ele mesmo havia se perguntado sobre o significado de o zodíaco. Pedi a opinião do curador do Templo, e ele comentou que também não sabia. Por meio dessas respostas percebi que, se aquilo tivera algum significado na época em que foi instalado, então esse entendimento se perdera para a atual geração de maçons. Esse ponto ficou mais bem demonstrado quando o curador acrescentou o comentário: "Se algum dia você ficar sabendo, então, por favor, conte-me. Essa é a primeira pergunta que sempre me fazem quando recebo visitantes no Templo". Depois fiquei sabendo que o curador era muito bem informado a respeito da história maçônica, de modo que o comentário dele dava a entender que a descoberta de alguém que conhecesse o significado do zodíaco seria bastante improvável. Se eu quisesse encontrar a resposta, então precisaria procurá-la por mim mesmo.

Dessa experiência com nossos anciões maçônicos, logo cheguei à conclusão de que empenhávamos esforços consideráveis para aprender e aperfeiçoar nossas cerimônias, mas que não dedicávamos tempo algum ao entendimento daquilo que fazíamos, ou por que fazíamos aquilo. Se essa mesma situação fosse comum em outras Lojas, então nossa organização como um todo corria sério risco de perder todo vestígio e entendimento a respeito da base de nossa antiga instituição e, consequentemente, terminaríamos como uma sociedade que seria como uma concha oca, vazia de conteúdo. Quando externei essa opinião para alguns dos maçons seniores da região de Sussex, eles reconheceram que talvez já havíamos chegado a tal situação. Os comentários negativos só serviram para me incentivar a encontrar respostas. A busca pelo entendimento Existem pessoas que acreditam que a Maçonaria seja uma sociedade secreta, o arauto de algum grande segredo. A visão oficial, como mencionei anteriormente, é que a Maçonaria não passa de um clube de cavalheiros. Como qualquer maçom confirmará, as cerimônias dos três graus do Ofício usam uma linguagem um tanto enigmática, junto com ações complexas, algumas das quais podem ser desconfortáveis de se realizar e passíveis de discussões, sendo deliberadamente planejadas para serem assim. Agora, quando essas cerimônias são bem realizadas, elas transmitem uma dignidade e uma grandeza raramente experimentadas hoje em outros gêneros de vida. Essas cerimônias são totalmente únicas. Então, qualquer maçom que ler este livro entenderá o meu ponto de vista, quando afirmo que cheguei à

conclusão de que qualquer indivíduo ou grupo de pessoas, que tenha deliberadamente se assentado à mesa, há várias centenas de anos, e concebido nossa organização, nossas cerimônias - tanto na retórica como nas ações, na estrutura, nos cargos, nas insígnias e no mobiliário -, com a finalidade exclusiva de criar um clube de cavalheiros, estaria, sem sombra de dúvidas, sofrendo de algum sério distúrbio mental. Apesar dos muitos livros oficiais que indicavam e explicavam a origem e o significado simbólico ocultos sob certos aspectos de nossas cerimônias, não existiam explicações para muitos dos pontos que começaram a me intrigar. Entre eles estava a maneira como o Sol figura em nossas cerimônias, ao indicar: que o Sol nasce no Oriente; • que existe um cargo para marcar o Sol poente; • que existe um cargo para marcar o meridiano (o ponto mais alto) que o Sol alcança no céu, ponto que chamamos meio-dia; • que a Terra gira constantemente sobre seu eixo em sua órbita em torno do Sol. •

Existem outras referências ao Sol, além das mencionadas. Até mesmo o símbolo que o Grão-Mestre mostra em parte de sua insígnia é o do Sol. Por que, eu me perguntei, fazemos isso? Por que existe toda essa referência ao Sol? Por que um clube de cavalheiros precisaria chamar a atenção para essas coisas? Imagens perdidas

O Templo Maçônico de Sussex tem outra característica: mantém um museu e um centro de exposições de itens da memória do passado maçônico. Isso inclui grande quantidade de aventais e outros objetos ilustrativos que faziam parte das imagens que compunham as insígnias da Maçonaria nos séculos XVIII e XIX. O que surpreende é que grande parte dessas imagens contém o símbolo do Sol, da Lua e das estrelas, e também ilustrações pictóricas de referências bíblicas: a escada de Jacó, conectando o Céu e a Terra, está particularmente bem representada. Hoje em dia, as insígnias da Maçonaria são produzidas em massa por poucos fornecedores especializados e adquiridas pelos membros como objeto necessário ao progresso e à posição de alguém.

Um belo avental bordado, com data em torno de 1785, junto com representações do Sol e da Lua. Porém, nos séculos XVIII e XIX, tudo era feito à mão, especialmente os aventais, alguns dos quais exibiam imagens pictóricas maravilhosas, delicadamente bordadas com muita habilidade. Hoje em dia, adquirimos as insígnias a cada nova posição que avançamos. Nos séculos anteriores, os membros acrescentavam novas

imagens às insígnias existentes para indicar a posição que ocupavam na Loja. Assim, no passado, essas imagens indicavam conhecimento e entendimento, enquanto hoje em dia as insígnias são estilizadas, com mais simplicidade, destituídas de imagens elaboradas e mais indicativas da hierarquia e do tempo da filiação. O que havia ocorrido, me perguntei, para causar tal mudança? Por que, de repente, o Sol, a Lua, as estrelas e as imagens bíblicas saíram de moda das insígnias maçônicas? A Loja em que fui iniciado é, por padrões modernos, muito antiga, tendo sido fundada em 1876. Originalmente, para alguém ser aceito como membro, precisava ser músico ou de alguma forma estar ligado à música, como um organista de igreja. O resultado dessa conexão musical foi que a Loja acabou sendo batizada de acordo com a santa padroeira da música, Santa Cecília. Na época em que a Loja foi fundada, um estandarte foi feito para ser exibido sempre que a Loja estivesse reunida. Esse estandarte media cerca de 1,82 metro de comprimento por 1,5 metro de largura, e foi delicadamente bordado com fios de seda para exibir a maravilhosa imagem dessa famosa santa. Também bordadas no estandarte existiam imagens geométricas, semelhantes aos símbolos que se destacavam em outros objetos do século XIX, inclusive o símbolo do pentagrama. Depois de cerca de 75 anos de bons serviços prestados, durante os quais ela foi reparada várias vezes, o estandarte original foi considerado sem condições de mais reparos, sendo doado ao Museu Maçônico de Sussex. Outro estandarte foi feito, semelhante em cada aspecto ao original, mas com uma revisão principal: o pentagrama foi omitido. Na mesma época, existiam duas lâmpadas ornamentais,

cuidadosamente fabricadas em ferro fundido, que iluminavam a entrada principal do Templo Maçônico de Sussex. Uma delas tinha o símbolo geométrico do Selo de Salomão e a outra era decorada com o pentagrama. Em um tempo de vandalismo insensato, essas lâmpadas tornaram-se alvo de persistente estrago, durante o qual em uma ocasião a lâmpada que mostrava o pentagrama foi arrancada da parede. Quando a mesma foi substituída, o pentagrama foi removido e a lâmpada substituta foi decorada com mais um Selo de Salomão. Lamentavelmente, desde então, ambas as lâmpadas foram removidas. Por que o até então altamente respeitado modelo geométrico do pentagrama, um exemplo do qual se destaca orgulhosamente nos degraus principais do Freemasons Hall, em Londres, na sede da Grande Loja Unida da Inglaterra, a corporação que governa a Maçonaria, caiu tão dramaticamente em desgraça? Essas eram questões para as quais não havia resposta imediata. Imagens místicas Existia ainda mais alguma coisa a respeito do Templo de Sussex que era intrigante. Assim como o degrau da entrada principal do Freemasons Hall, em Londres, mostra a representação de um pentagrama, o degrau principal do complexo de Sussex exibe um modelo completamente diferente: seções de círculos rodeadas por um círculo externo.

Mais uma vez procurei os maçons mais antigos de Sussex e perguntei a respeito do significado daquilo. Houve zombarias de que se tratava de um sinal secreto, cujo simbolismo eles não poderiam divulgar. Ficava óbvio por esse comportamento que eles que não tinham mais nenhuma idéia da importância daquela representação, como não tiveram sobre o zodíaco. Esse desenho entrou para a minha lista como mais um item a ser investigado. Começa a busca - graças à BBC Resolvi encontrar respostas para as questões que entraram no foco central. Assim que minha busca começou, vários eventos ocorreram em minha vida em um curto espaço de tempo que, de modo imprevisto, tiveram considerável influência sobre a minha linha de pesquisa. Isso acabou virando um rumo de pesquisa que me levou por um caminho de descoberta e esclarecimento, colocando-me em contato com pessoas de prestígio, enviando-me a lugares distantes que de outra maneira talvez eu apenas sonhasse visitar. Em primeiro lugar, eu estava inseguro por onde começar. Demorei muito para chegar à conclusão de que, se seguisse um caminho tradicional de investigação, terminaria com uma resposta tradicional. Eu teria que pro-

curar e abordar qualquer investigação sobre o tema do zodíaco, do pavimento, do pentagrama e do símbolo no degrau da frente do Templo de Sussex de um ângulo inteiramente diferente, usando outras fontes além das tradicionais obras maçônicas. Raciocinei que, se ainda assim terminasse com uma resposta tradicional, então ficaria satisfeito. À medida que ponderei a questão a respeito de quais fontes deveria usar, várias semanas passaram. Uma tarde, eu estava dirigindo perto do Aeroporto Gatwick, de Londres, e ouvia um programa no rádio do carro transmitido pela BBC. Nesse programa em particular, os ouvintes eram incentivados a escrever para o apresentador em busca de respostas para questões que os intrigassem. Toda semana, várias dessas questões eram tratadas em determinada tarde, em um segmento conhecido como "Answers Please" [Respostas, Por Favor]. Sendo assim, naquela ocasião em que eu estava ouvindo o rádio perto do Aeroporto Gatwick, escutei que um ouvinte escreveu para o programa dizendo que havia lido que existiam muitas discrepâncias entre as afirmações bíblicas e sua relação com eventos históricos. O ouvinte perguntava se o programa podia trazer mais luz ao assunto, verificando se isso era verdade. Para conseguir respostas, o apresentador da BBC fez algo que parecia ser um contato ao vivo com o Vaticano, em Roma, falando com um bibliotecário do Vaticano e perguntando a questão do ouvinte. O bibliotecário concordou que existiam muitas afirmações de eventos que não se encaixavam naquilo que hoje conhecemos como a cronologia real, com base em calendários produzidos a partir dos registros históricos conservados. Uma observação em particular, que eu vou parafrasear, ficou

gravada em minha mente. Ela foi exposta da seguinte forma: Por exemplo, observou o bibliotecário, referimo-nos a Jesus de Nazaré, sugerindo que ele veio de uma cidade com esse nome. As autoridades romanas eram muito conscienciosas e meticulosas a respeito dos registros que faziam. Muitos documentos dessa época foram conservados. Não fomos capazes de localizar nenhum mapa dessa área, nem qualquer documento conservado dessa época, que mostre um lugar chamado Nazaré. Nossas investigações mostraram que não existiu nenhum lugar com esse nome antes de cerca de 600 d.C. Então isso nos coloca diante de um problema com referência a esse termo: Jesus de Nazaré. Essa simples afirmação me forneceu a possível explicação para aquilo que eu estava procurando. Parecia lógico dar uma olhada mais próxima no pano de fundo e no cenário histórico e arqueológico do Templo de Salomão do que meramente confiar no texto bíblico e na fé orientada pela Igreja. Logo consegui perceber que existia considerável diferença entre o meu entendimento, baseado naquilo que me ensinaram na escola e por meio da doutrinação religiosa, e aquilo que aparentemente aconteceu com base nos registros históricos. E especialmente aquilo que foi deixado de fora, de forma deliberada ou não, que distorce as imagens. E é aquilo que nos é dito que dá colorido às nossas percepções. Quando alguém está informado sobre os fatos ocorridos, uma nova perspectiva sobre os eventos se apresenta.

O Zodíaco e o Pavimento - outra análise Quando mencionamos o termo zodíaco instintivamente, podemos ser levados a pensar nisso como uma ferramenta astrológica usada para ler a sorte. Isso não surpreende. Hoje em dia, dificilmente uma revista ou um jornal no mundo ocidental deixa de apresentar um horóscopo, produzido por astrólogos, que fornece previsões a respeito de eventos que podem ou não ocorrer na vida de alguém. Essas previsões são relacionadas à data de nascimento da pessoa, que, por sua vez, é associada a um signo específico do zodíaco. A Astrologia é uma ciência antiga que se originou há milhares de anos do estudo do movimento dos céus. Era a ciência da previsão do lugar onde as estrelas ou os planetas estariam em certas horas de dias específicos. Foi precursora da ciência que conhecemos atualmente como Astronomia. E continuou a ter significativa força científica até o século XIX, embora tenha começado a dar lugar à Astronomia que se desenvolveu no século XVIII. Ao que parecia, seria possível existir alguma lógica no zodíaco que circundava a abóbada celeste, salpicada de estrelas, que eu tão freqüentemente via no Templo Maçônico de Sussex. Tendo em mente que se as minhas conjecturas estivessem corretas e que o desenho do Templo de Sussex havia sido criado antes de meados do século XIX, então isso teria acontecido em uma época em que ainda existiria considerável entendimento a respeito da antiga influência da Astrologia. Assim, raciocinei: o zodíaco provavelmente estava mais relacionado com a astrologia da localização de planetas e estrelas do que

com a leitura da sorte. Nesse caso, haveria alguma mensagem oculta nisso tudo? O pavimento tinha uma história diferente. Não apenas se mostrava mais próximo da Terra, mas estava intrinsecamente vinculado com o zodíaco. Eu tinha antes afirmado que o pavimento era uma área mosaica de ladrilhos pretos e brancos, cercada por uma orla dentada. São dez ladrilhos na largura por 22 ladrilhos no comprimento. Parecia uma proporção extremamente singular, pois o pavimento oferecia uma simetria visual que aparentava naturalmente se encaixar com o tamanho da sala, a decoração e o zodíaco acima. Isso levava a pensar no que veio primeiro, a sala - e daí o pavimento desenhado para se encaixar nela -, ou se o desenho da abóbada celeste tinha influenciado o tamanho da sala, e daí novamente o pavimento havia sido calculado para se encaixar nela. Demonstrarei, no momento oportuno, que os três elementos estão vinculados por conceitos desenvolvidos por civilizações antigas para garantir a harmonia da forma. Porém, antes que eu chegasse a esse estágio, alguma coisa mais aconteceu. Logo que notícias do meu interesse em certos aspectos do Templo de Sussex tornaram-se conhecidas, um Irmão de outra Loja chamou minha atenção para "The Lectures of the Three Degrees" [Palestras dos Três Graus]. Essas, lamentavelmente, poucas vezes são citadas ou mencionadas nas Lojas hoje em dia, mas elas fornecem um ponto de referência útil. Desconhecemos exatamente onde e quando essas palestras se originaram, mas registros antigos parecem remetê-las ao sistema de palestras de William Preston, publicado pela primeira vez em 1772. Nas Lectures, o pavimento é descrito assim:

O Pavimento Mosaico pode ser considerado o belo soalho de uma Loja Maçônica justamente pelo fato de ser colorido e enxadrezado... À medida que os passos do homem são trilhados nos vários e incertos incidentes da vida, e que seus dias são variegados, encaixando-se em tribulações e eventos desconhecidos, sua passagem por esta existência, embora algumas vezes acompanhada de circunstâncias prósperas, muitas vezes é acossada por uma grande quantidade de coisas ruins. Por essa razão, nossa Loja é guarnecida com o trabalho mosaico para indicar a incerteza de todas as coisas aqui na Terra. Hoje podemos andar na prosperidade, enquanto amanhã podemos tropeçar nos caminhos acidentados da fraqueza, da tentação e da adversidade. Então, embora tais emblemas estejam diante de nós, somos moralmente instruídos para não nos vangloriarmos de nada, mas para prestarmos atenção em nossos caminhos, para andarmos honestamente e com humildade perante Deus, pois não existe uma situação na vida na qual o orgulho possa ser fundido com o equilíbrio. Essa é a qualidade moral da área quadriculada do pavimento em questão, seu objetivo claramente definido. Dizem-nos que ele serve para nos lembrar dos destinos opostos que podemos experimentar em nossa passagem pela vida. Exatamente como o dia é claro e a noite é escura, há a alegria e a tristeza, a vida e a morte, a saúde e a doença, a prosperidade financeira e a pobreza. Dessa mesma forma, existem aqueles que têm abundância de todas as coisas sob seu comando, enquanto existem muitos que enfrentam as marés baixas das adversidades da vida. Para estes, devemos providenciar alguma ajuda,

cada um de nós pessoalmente e nós como um todo. Temos uma responsabilidade caridosa. Lições mais justas e morais são difíceis de imaginar e ainda assim são ilustradas de uma forma tão simples. Isso, porém, levanta questões específicas: • Como tudo isso começou? • Onde surgiu a idéia do uso desses métodos simples de ilustração moral? • Onde e como o pavimento mosaico em preto e branco se originou? Também somos apresentados a uma interpretação alegórica de nossos arredores. Por um lado, temos um pavimento desenhado de maneira atraente sobre o qual somos convidados a caminhar, mas, por outro lado, ele contém um simbolismo oculto - uma mensagem que enfatiza a moralidade em seu contexto mais amplo. Quando chega a orla dentada, as Lectures continuam: A orla dentada representa para nós os planetas que, em suas várias rotações, formam um belo arremate ou orla em volta desse grande luminar, o Sol... Novamente o Sol! Das observações feitas nas Lectures, parecia que a abóbada, como símbolo do céu, representava o Céu, enquanto o pavimento era o reflexo de nossa vida na Terra. Porém, isso não explica por que deveria existir qualquer menção aos planetas, nem por que atenção específica deveria ser dirigida a eles. Eu observara que a maioria das salas de Loja tinha o pavimento mosaico, mas nem todas elas tinham a orla dentada; então para estas tal simbolismo planetário estava perdido. Fiquei sabendo que algumas Lojas no Norte da Inglaterra reuniam-se em

salas com o teto pintado com estrelas afixadas, mas estas eram poucas e raras. Das que me informaram, nenhuma mostrava o zodíaco. A medida que os meses passavam, entrei regularmente no Templo Maçônico para nossas reuniões da Loja, com o zodíaco e o pavimento em visão total. Tendo desenvolvido interesse pelas suas imagens, eu sentia como se alguma força oculta me levasse para eles e me dissesse para continuar procurando. Eu olhava mas não conseguia enxergar aquilo que havia para eu ver. A única resposta, que me parecia adequada, era aquela amplamente aceita entre os maçons e que já foi mencionada, da lição de moralidade, de que o pavimento simboliza e representa a experiência da vida na Terra, com seu padrão de antagonismos, sob a cobertura do Céu. Era uma resposta, mas meus instintos continuavam a me dizer que existiam mais revelações a caminho. Por causa dos meus anos de envolvimento com essa antiga instituição, eu sabia que tudo na Maçonaria estava lá para alguma finalidade, quer fosse um símbolo ou um movimento em uma cerimônia. Isso reforçou em minha mente que deveria existir um propósito específico para o plano da Loja. Como eu observara anteriormente, o número de ladrilhos do pavimento mosaico contava 22 de comprimento por dez de largura. Nenhum desses números parecia relacionado a nada que eu conhecesse. O total de 22 x 10 = 220 fazia menos sentido ainda. Eu continuava sem poder deixar de sentir que havia alguma coisa a respeito do pavimento para a qual meus instintos tentavam chamar minha atenção. Como havia notado que o pavimento parecia se encaixar tão bem nas proporções do Templo de Sussex, com o comprimento total cabendo exatamente acima no diâmetro do zodíaco,

perguntei ao curador se havia sido conservada alguma planta arquitetônica do complexo, contendo as dimensões, que eu pudesse consultar. Ele não tinha conhecimento de nenhum documento detalhado, mas me forneceu uma cópia de um, originalmente produzido no início da década de 1920, que mostrava algumas dimensões muito importantes. Elas indicavam que o Templo tinha 58 pés de comprimento por 40 pés de largura. Agora eu queria saber qual o tamanho do pavimento. Parecia que a única maneira de descobrir isso seria medindo-o. Durante esse período uma tarefa coube a mim, regularmente, como parte de nossas reuniões. Na cerimônia de segundo grau há uma referência à habilidade dos primeiros maçons de ofício. Dizem que neste nível os indivíduos teriam adquirido e demonstrado considerável habilidade em talhar e esculpir formas ou modelos em pedras nas quais seriam alocados para trabalhar. Além disso, contava-se uma história a respeito da construção de parte do Templo do Rei Salomão, tendo como fundo o cenário bíblico das guerras entre efraimitas e gileaditas. Alguns componentes do Templo são citados com medidas em côvados. Essa mesma unidade de medida pode ser encontrada nos livros de Reis e Crônicas do Antigo Testamento. Também era uma unidade de medida usada pelos antigos egípcios. Percebi, pela reação dos candidatos, que eles não tinham a menor idéia a respeito do tamanho de um côvado. Então, sem interferir no conteúdo da história, eu introduzia o candidato no fato de que um côvado era medido como o comprimento do ponto do cotovelo até a ponta do dedo médio da mão esticada, cerca de 18 polegadas de

comprido na medida imperial ou quase meio metro no sistema métrico. Então, foi assim que, depois de uma dessas reuniões, eu peguei uma trena para medir o pavimento. Para economizar tempo, decidi medir um ladrilho e depois multiplicá-lo pelo número de ladrilhos no comprimento e na largura. A orla dentada parecia ter uma largura igual em toda a volta, então eu só precisava medir uma borda e aplicar a dimensão ao perímetro total. Percebi que o complexo do Templo foi erguido em uma época em que a unidade de medida padrão na Grã-Bretanha estava no sistema imperial de pés e polegadas, não no sistema métrico. Todavia, verifiquei se a minha trena tinha ambas unidades marcadas nela. Os ladrilhos mediam exatamente 18 polegadas quadradas, e o arremate da mesma dimensão, 18 polegadas de largura. Dezoito polegadas - o representativo comprimento de um côvado. Conforme eu observava o pavimento, ficou imediatamente óbvio que 22 ladrilhos de comprimento podiam ser interpretados como 22 côvados. Mas a orla significava que eu podia somar um côvado em torno das laterais. Assim, em vez de ser 22 x 10, a medida agora era 24 côvados x 12 côvados. O perímetro não era 1.296 polegadas, 108 pés ou 33 metros, era 72 côvados. Esta seria a minha primeira descoberta decisiva. Só, muito depois, descobri os possíveis relacionamentos que ditavam essa dimensão. Quanto mais demorava, mais excitado eu ficava para descobrir que existia realmente uma relação proporcional exata entre o pavimento e a abóbada acima. Quanto mais eu investigava, mais questões se levantavam - e tantas mais respostas eram necessárias. Mas até então não havia respostas. A busca para encontrar essas respostas tornou-se cada vez mais

instigante e percebi que precisava desenvolvê-la de maneira estruturada. Essa se mostrava uma reveladora jornada pelo universo do entendimento, como acontecia nos tempos antigos, sem nenhuma pequena medida do mistério atrelado. Obviamente, eu precisava saber, aprender e compreender mais. Conclusão Embora a Maçonaria seja apresentada como um clube de cavalheiros, está claro que suas cerimônias e procedimentos assentam-se na Antigüidade. O vínculo entre essa antiga instituição e o Templo de Salomão era particularmente obscuro. Parecia possível que o zodíaco, o pavimento e a decoração do Templo Maçônico de Sussex refletissem essa antigüidade em virtude das origens e das razões há muito esquecidas. Além do mais, o esforço de garimpar respostas mostrou que era impraticável confiar exclusivamente no texto bíblico, na fé religiosa e na opinião convencional, pois necessitava explorar outras fontes de informação. Particularmente, eu precisava descobrir mais a respeito: • das possíveis origens da Maçonaria. • da conexão maçônica com Astrologia/Astronomia; • da influência do pentagrama; • dos aparentes relacionamentos visuais harmoniosos entre o zodíaco e o pavimento mosaico do Templo de Sussex;



do significado do símbolo no degrau da frente.

Capítulo 2 O Nascer do Sol Da maneira que levamos nossas vidas no mundo ocidental do século XXI, como estamos agora acostumados, a maioria de nós tem pouco entendimento ou empatia pelo mundo que nossos ancestrais conheceram, como eles viveram, como sobreviveram, suas crenças, seus medos, suas esperanças e sonhos. É, porém, sensato pensar que cada um de nós vem de uma corrente de antepassados que se estende de volta ao alvorecer da primeira existência do homem - uma corrente de seres que nasceram, aprenderam como sobreviver no ambiente em que viviam, associaram-se a outro ser, tiveram filhos, depois morreram - em um processo que continuou por dezenas de milhares de anos. Nós, hoje,

meramente estamos passando os elos dessa corrente do desenvolvimento humano, que, acreditamos, se estenderá muito longe no futuro. Atualmente podemos olhar no calendário e observar quantos dias de verão restam no ano. Nos dias escuros e frios do inverno, podemos nos confortar com o conhecimento de que a primavera está bem ali, virando a esquina. Para os nossos ancestrais, que não tinham a vantagem do relógio, do calendário, do diário e da agenda programada em rede no computador para identificar exatamente onde eles estavam na passagem do tempo, a vida não era tão certa. É difícil compreender que dezenas de milhares de anos atrás, alguém, em algum lugar, deve ter percebido que em vários intervalos de dias o Sol se movia mais alto no céu durante aquilo que chamamos verão e que, quando isso acontecia, o ar em volta ficava mais quente. Ele deve ter percebido que, à medida que o ar ficava mais quente, as flores e as árvores floresciam e o alimento e sua variedade tornavam-se mais fáceis de encontrar. Imagine um de nossos ancestrais, milhares de anos atrás, talvez até há dezenas de milhares de anos, possivelmente sentado em volta de uma fogueira em uma caverna, à noite, junto com outros de sua tribo, de repente dizendo a eles: Vocês já perceberam que quando aquela grande bola de luz surge acima das árvores ela faz a escuridão ir embora? Que a mesma fica em um lugar ligeiramente diferente quando o ar está mais quente em comparação com quando o ar está frio? Vocês já perceberam que quando a outra bola com menos luz está no céu, no escuro, algumas vezes ela é como uma pedra totalmente

redonda, mas, em outros períodos escuros ela tem pedaços faltando, e que ela então cresce de novo até ficar como uma pedra redonda cheia? Como será que isso acontece? Alguém, em algum lugar, algum dia observou essas coisas. Alguém, em algum lugar, algum dia começou um processo dedicado de observação. Alguém, em algum lugar, algum dia começou a observar os detalhes do cosmos, do mundo natural em torno de si e de que modo certos arranjos do cosmos influenciavam o mundo natural. Alguém, em algum lugar, algum dia percebeu que, por meio de observação cuidadosa, os arranjos do cosmos e da natureza eram tão regulares que podiam ser previstos. Alguém, em algum lugar, algum dia colocou em prática um mecanismo de registrar essas observações, de estudar esses arranjos e de entender seu significado. Alguém, em algum lugar, algum dia desenvolveu e divulgou um método de passar adiante essas informações de uma geração a outra - uma forma de universidade antiga - com, sem dúvidas, cada geração somando e acumulando conhecimento e entendimento em uma era distante, antes da escrita e dos livros terem sido inventados. Imagine você os debates e as discussões que devem ter se seguido, talvez durante dias, meses e mesmo gerações, à medida que nossos antepassados tentavam entender as informações que recolhiam - o que a lógica do cenário sugeria. Pense sobre as horas e os dias de debates e aborrecimentos, discussões e coletas de informações necessários para levar em conta apenas o processo de responder a questões como:

O que é o Sol? Por que ele é quente? Como fica pendurado no céu? Como se movimenta pelo céu de um lado para o outro? Como fica mais quente e mais frio? O que acontece para ele se mover mais alto no céu em algumas épocas do ano em comparação com outras? O que faz o ciclo se repetir dia após dia, ano após ano? Como somos os beneficiários de milhares de gerações de entendimento acumulado, consideramos o conhecimento como óbvio. À medida que testamos o universo com as vantagens de sofisticados dispositivos eletrônicos, satélites e radiotelescópios, com equipes de cientistas dedicados, reunidos para garantir resultados, acreditamos que, em nossa geração, estamos fazendo grandes progressos. As proezas de nossos ancestrais exigiram até maior dedicação, por causa da limitação com que os olhos deles podiam ver e da natureza primitiva de suas ferramentas de medição e avaliação. O que eles conseguiram talvez seja até mais notável do que tudo o que temos, ou que estamos fazendo, em nossa era. Infelizmente, começamos, no século XX, uma partícula minúscula de tempo na imensidão do entendimento humano, a nos afastar desse conhecimento acumulado. A base e as origens desse conhecimento correm perigo de serem perdidas ou de serem tratadas com desdém. Exatamente onde ou como todo o processo de entendimento da mecânica do cosmos começou a se perder nas brumas dos tempos. Muito do entendimento global da atualidade foi influenciado pelo desenvolvimento da civilização ocidental. Esta, por causa da proximidade geográfica, retirou muito de seu conhecimento das eras

grega e romana. O papel desempenhado por outros povos, em outras partes do mundo, foi amplamente ignorado. Recentemente começou a haver um crescente reconhecimento de que alguns processos celestiais atribuídos às civilizações mediterrâneas e do Oriente Médio foram observados e reconhecidos na Índia e na China há muito tempo. Se os povos dessas áreas foram os primeiros a descobrir como o processo celeste funcionava e se eles transferiram esse conhecimento para as civilizações da Ásia Menor, ou se foi o contrário, não está claro. Seja lá como for, isso deve ter acontecido, com certeza, há muitas gerações. Os estudiosos nos dizem que o Sol foi a principal divindade. Era cultuado pelos maias, pelos egípcios antigos e pelos babilônicos. No caso dos egípcios antigos, o deus Sol Ra pode ser rastreado há pelo menos 5 mil anos, por volta de 3.000 AEC. Atualmente existe na Índia uma marani, cuja família proclama 5 mil anos de descendência contínua do deus Sol. Para o deus Sol ter sido uma divindade principal, com forma humana há 5 mil anos, isso implica que a civilização existente naquela época provavelmente já tinha um entendimento avançado do significado da esfera flamejante, com base em informações que foram passadas por centenas de gerações antes dela. Filósofos gregos, que visitaram o Egito em tempos antigos, mencionaram que os egípcios lhes mostraram registros de dados astronômicos que remontavam a uma época muito distante. Provavelmente não teria levado mais que algumas gerações de monitoramento a partir de um único local, como o topo de uma colina com visão clara para o horizonte, para perceber que o Sol nasce em um lugar ligeiramente diferente todo dia. Esses primitivos

observadores do céu teriam notado que o Sol se movia para duas posições extremas em seu trajeto - posições a que nos referimos como o solstício de verão e o solstício de inverno repetindo o ciclo. Eles teriam notado que, conforme o Sol se movia para o norte desde sua posição no solstício, de inverno, ele subia mais alto naquela posição que chamamos de meio-dia, e que, quanto mais alto subia, mais quente o ar ficava à medida que a estação avançava do inverno para o verão. Teriam percebido que existe um ponto no trânsito do Sol pelo horizonte - um ponto central - pelo qual o Sol passa em seu caminho de trazer o verão para o inverno, e o inverno para o verão, e que, nos dois dias do ciclo anual em que isso acontece, a duração do dia e da noite é igual. Chamamos esses pontos de equinócio de primavera e equinócio de outono. Logo se perceberia que o ciclo tem alto grau de previsibilidade, repetindo-se após o Sol nascer 366 vezes. Provavelmente não teria levado mais que algumas gerações de monitoramento dedicado, a partir de um único local, para observar os ciclos da Lua; e que após o Sol nascer 30 vezes, a Lua passa por um processo de se tornar novamente um círculo cheio de luz, diminuindo e depois gradualmente crescendo de novo para se tornar um círculo cheio. Não teria demandado muita observação adicional para notar que, da hora em que as primeiras centelhas de luz apareciam depois de terem sumido, no dia que chamamos de Lua nova, a mesma completaria novamente seu ciclo no 28o dia, e que o mundo natural também era influenciado por ciclos similares, como a menstruação feminina. Não teria demandado maior avaliação para reconhecer que, em um dia ensolarado, uma projeção escura - uma

sombra - seria criada por um objeto perpendicular, como uma árvore, e que a sombra se moveria em torno da base do objeto conforme o dia avançasse, aumentando e diminuindo com o ciclo do Sol. A observação e o registro do movimento da sombra enfim permitiram a previsão da época e da estação. Esses ritmos estavam totalmente alinhados com o movimento do Sol pelo horizonte e sua altura no céu ao meio-dia. Claro, esse conhecimento viria com novas questões, como e para onde o Sol vai quando fica embaixo do horizonte à noite? A previsão das estações e da época do ano teria ajudado imensamente na transição da existência nômade do caçador-coletor para a existência fixa, a domesticação de certos animais, o gerenciamento da colheita e do alimento. Com o passar do tempo isso influciaria as roupas, a adaptação de armas de caça e o desenvolvimento de estilos permanentes de abrigo. No meio de tudo isso, viria o estudo do céu à noite e com ele a compreensão de que algumas estrelas se movem pelos céus no mesmo plano do Sol e da Lua - essas estrelas seriam mais tarde chamadas de planetas. Grupos de estrelas, ou aquelas que formavam configurações que lembravam aos nossos ancestrais alguma coisa de seus hábitos, da mitologia ou daquilo que eles tivessem visto, receberam nomes - e se tornaram constelações. Nossos ancestrais teriam percebido que alguns planetas se moviam pelos céus mais rápido que outros, enquanto alguns tinham seus movimentos tão lentos que era difícil detectar. Imagine a inteligência, o raciocínio lógico e os debates em que esses ancestrais devem ter embarcado para chegar à conclusão de que aquele que viajava mais rápido deveria estar viajando em torno do círculo menor,

ou órbita, em comparação com os outros. E em torno do que eles estavam viajando ou circulando? Da Terra? Do Sol? De alguma outra coisa mais? A lógica talvez também tenha levado a sugerir que os planetas fossem todos de igual tamanho e viajassem à mesma velocidade. Isso levaria a mais uma conclusão lógica, de que, se eles estivessem viajando em torno da Terra, então aquele que viajasse mais rápido deveria estar mais próximo. Por definição, aquele que viajasse mais lentamente estaria mais distante. Nós já sabemos atualmente que essas conclusões são incorretas, mas, pareciam muito lógicas alguns milhares de anos atrás. Imagine ainda a compreensão da grandeza do ato da criação à medida que eles percebiam a vasta distância entre nós, que os círculos criados pelos caminhos dos planetas indicavam. Essas devem ter sido revelações realmente perturbadoras. Precessão do Equinócio Existiram outras implicações associadas ao movimento do Sol que teriam demorado muito mais tempo para ser entendidas, como o fenômeno conhecido como Precessão do Equinócio. Ao contrário do ciclo do Sol, erguendo-se acima do horizonte a cada manhã, 366 vezes no ano do calendário, ou da Lua com seus ciclos de 28 e 30 dias, ou do movimento anual do Sol pelos equinócios e solstícios, a precessão leva cerca de 26 mil anos para completar apenas um ciclo. Por meio do estudo das estrelas à noite e do ciclo sem fim do movimento aparente do Sol no horizonte e sua elevação no céu, junto com o monitoramento dos solstícios e dos equinócios, nossos ancestrais astrônomos

teriam observado este outro fenômeno da mecânica celeste. Eles teriam percebido que, no amanhecer, após intervalos de 30 dias, no mesmo intervalo de tempo de um ciclo da Lua, o Sol surgiria em uma das 12 constelações ou configurações de estrelas que se alinham no caminho que o Sol percorre - a eclíptica. O Sol, então, passa por determinada constelação à medida que o período de 30 dias progride, cruzando todas as 12 constelações no ano. Não teriam precisado dar um salto muito grande para conectar a passagem das estações com o movimento do Sol pelo horizonte na alvorada - as quatro estações equivalentes aos quatro quartos do ciclo anual da passagem da Terra em torno do Sol. Embora seja especulação, é possível imaginar que, ao notar as três posições primárias do Sol no horizonte como sendo significativas, eles tenham escolhido dividir cada um dos quartos dos ciclos sazonais em três seções e daí nomeado as 12 constelações nas quais o Sol nascia em sua jornada anual aparente. Seja lá como isso aconteceu, as 12 constelações foram definidas e nomeadas. A cada uma foram alocados aproximadamente 30 graus de um círculo. As 12 constelações tornaram-se conhecidas como Cinturão ou Grande Círculo - mais conhecido pela maioria das pessoas hoje em dia como o zodíaco. Na manhã do equinócio de primavera, quando o Sol cruza o horizonte, ele o faz em uma das 12 constelações do zodíaco que se alinham no caminho que o Sol, a Lua e os planetas percorrem. A precessão é causada por uma ligeira oscilação no eixo da Terra. Essa oscilação causa uma ação de rolagem muito gradual que em troca resulta em uma rotação muito lenta do eixo. Como conseqüência, o horizonte move-se adiante em relação ao caminho que o Sol percorre,

levando, por estimativa, 25.920 anos para o eixo realizar uma rotação completa. O efeito visível é que o Sol parece nascer em uma das 12 constelações na madrugada da manhã do equinócio de primavera e, então, nos 2.160 anos seguintes, ele se move muito lentamente por essa constelação e dentro de cada uma das outras constelações em rotação. Então, há 5 mil anos o Sol nasceu na constelação de Touro no equinócio de primavera. Hoje ele nasce na constelação de Peixes e, entre essas épocas, nascia na constelação de Aries, a constelação em evidência no tempo de Salomão.

Nas Escrituras, existe menção ao sacrifício do bezerro gordo. Alguns autores sugeriram que essa é uma indicação de que o evento das escrituras se refere ao ocorrido na era em que a constelação em evidência era a de Taurus - o touro. Depois encontramos referências a carneiros e ovelhas, supostamente significando a era de Áries - o carneiro. Também houve muita especulação de que as referências aos peixes, no Cristianismo, em grande parte dos últimos 2 mil anos, indicavam a atual era precessional de Pisces Peixes. Existem aqueles que acreditam que o Ano 1 ( 1 EC/1 d.C.) da Era Cristã, o início nominal de nossos

atuais sistemas de calendários no Ocidente, marca o tempo em que a era precessional de Áries finalmente terminou e a nova era de Peixes começou. Em futuro não muito distante, o Sol começará a nascer na constelação de Aquário, por isso a famosa referência ao início da Era de Aquário. Exatamente quando essa mudança deve acontecer depende de a quem nos referimos. Os maias da América do Sul, em seus calendários antigos, concluíram que a nova era começaria em 2012. Quando levantei o assunto junto ao Observatório de Greenwich, eles sugeriram que a nova era não começaria antes de 350 anos. O problema é o lugar onde a pessoa começa a medição e qual ponto determinado no céu, talvez uma estrela solitária, denota o fim do atual ciclo. Não obstante essas diferenças, uma coisa é certa - depois de um intervalo de tempo de cerca de 2.160 anos, nossa era precessional de Peixes está chegando ao final. Nossos ancestrais talvez tenham levado milhares de anos para perceber que o Sol percorria toda uma constelação antes de se mover para a seguinte, e depois para outra, e que isso era ainda mais um dos ciclos que haviam sido criados como parte do governo do cosmos.

O conhecimento e a descoberta desse processo da mecânica celeste demonstram a incrível habilidade de nossos ancestrais de guardar registros que, de alguma forma, foram passados de geração em geração. Com certeza, apenas uma única geração não teria detectado o movimento precessional. Provavelmente foram necessários 5 mil anos ou mais de entendimento e observação acumulados junto com alguma forma de registro para se fazer comparações, antes que o fenômeno fosse identificado positivamente. De acordo com registros conservados, a primeira pessoa que notou, entendeu e explicou o ciclo precessional foi o filósofo, matemático e astrônomo grego Hiparco. Ele fez isso por volta de 245 AEC. O que não quer dizer que ele tenha sido o primeiro, mas apenas que ele foi o primeiro de quem existem evidências registradas desse entendimento. Os babilônios e os mesopotâmicos também conheceram e entenderam esse processo celeste. Porém, tendo em mente o tempo que leva para o movimento precessional ser percebido, é altamente provável que o processo tenha sido monitorado durante milhares de anos antes de Hiparco ter conquistado a glória. Se a minha sugestão de que provavelmente foram necessários 5 mil anos de observação para se entender a mecânica da precessão, sem mencionar qualquer intervalo de tempo anterior durante o qual alguém observou se esse fenômeno ocorria, está certa, então estamos nos projetando de volta ao sexto ou sétimo milênio AEC - ou 9 mil anos atrás. Algumas observações reunidas e interpretadas por nossos ancestrais nem sempre eram bem recebidas. O astrônomo Anaxágoras, da Grécia Antiga, é lembrado por ter declarado à hierarquia dominante da época que, em

sua opinião, a Lua era provavelmente uma massa de pedra orbitando a Terra, tendo possivelmente o tamanho de uma das ilhas gregas. Ele anunciou essa teoria por volta de 480 AEC. Tal visão lhe custou caro. Foi acusado de atividade irreligiosa e lançado ao exílio. O que também fica entendido é que, como a conseqüência de o Sol ser a principal divindade, seria lógico que os primeiros sacerdotes se tornassem os guardiões do conhecimento, formulando métodos de transmitir esse conhecimento de geração em geração, quase da mesma maneira como as principais religiões continuam a operar atualmente. Graham Hancock, em seu famoso livro Fingerprints of the Gods [Impressões Digitais dos Deuses], indica que um sacerdócio devotado ao estudo e ao registro do movimento do Sol, e outras relações astronômicas, existiu possivelmente durante milhares de anos em Heliópolis, no Egito, e que esse sacerdócio acumulou considerável quantidade de dados e entendimento. Outros autores observaram, geralmente sem fazer especulações, que era provável que os sacerdotes dominantes da Antigüidade, percebendo a importância de garantir que o conhecimento que acumulavam fosse transmitido para gerações futuras - e que isso exigia um intelecto mais elevado do que o normal para entender, explicar e continuar a pesquisa -, procuravam jovens que mostrassem inteligência, educando-os para a vida de sacerdotes astrônomos. Alguns autores chegaram a sugerir que os sacerdotes procuravam, como parceiras, mulheres que também mostrassem alto grau de inteligência e tinham filhos com elas, na esperança de que a prole resultante desses relacionamentos pudesse se mostrar suficientemente inteligente para que a informação fosse passada dentro

de uma linhagem familiar. Isso, é claro, teria sido uma tentativa primitiva de manipulação genética. Se isso fosse verdade, poderia sugerir que nossos ancestrais tinham pelo menos um entendimento básico do mundo natural e do processo de seleção, que se estendia além do exclusivo estudo do céu. É interessante notar que seções do Antigo Testamento são registros de linhagens sacerdotais familiares como essas. Isso inclui Davi. Compreendemos da linhagem de Davi - seus descendentes. Antes da linhagem de Davi, existe outra linhagem sacerdotal como essa mencionada na Bíblia. Ela abrange os descendentes de Aarão, irmão de Moisés - o sacerdócio conhecido como os levitas. Existem lugares do mundo onde esse tipo de regime se petpetua ainda hoje. Na Índia, a casta brâmane é o mais alto grau das castas, assemelhando-se ao sacerdócio em que tradicionalmente a elite dominante se desenvolveu. Também é interessante observar que o castiçal israelita de sete braços, a menorá, que se acredita tenha origem por volta da época de Moisés, refere-se especificamente aos planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, mais o Sol e a Lua. Moisés, que, como dissemos, lançou as fundações das tradições israelitas, é considerado como tendo vivido por volta de 1.400 AEC, o que significa que um considerável conhecimento astronômico já devia estar bem estabelecido nessa época, sendo transmitido de geração em geração, por meio da linhagem sacerdotal. Stonehenge [Círculo de Pedras], na planície de Salisbury, é um lugar conhecido como calendário e marcador solar. A tradição diz que foi construído pelos druidas, que eram os sacerdotes predominantes e os guardiões do conhecimento de sua época, na Grã-Bretanha e em grande parte da Europa Ocidental. Embora a conexão

druídica apareça em alguma literatura do século XX, a English Heritage, que é responsável pelo local, agora sugere que ele foi construído por três culturas diferentes. A construção de Stonehenge, segundo a English Heritage, é datada por volta de 2.100 AEC. Mas antes da edificação desse relógio solar, altamente complexo e exato, com uma metodologia de construção que ainda continua a desconcertar arqueólogos e a fascinar quem visita o local, outro círculo havia sido erguido no mesmo lugar. Essa construção anterior foi feita com estacas de madeira em vez das grandes placas de pedra. Pode muito bem ter sido um protótipo temporário, fácil de construir, para testar a ciência antes que uma estrutura permanente, muito mais elaborada e construída em pedra, fosse tentada. Buracos feitos no chão, que originalmente abrigavam os postes de madeira, foram descobertos por John Aubrey por volta de 1666 e, muito naturalmente, agora são conhecidos como os "buracos de Aubrey". Usando as técnicas de datação por carbono, esses buracos, e consequentemente as estacas de madeira montadas neles, foram datados em 3.100 AEC. Isso sugere que o Wooden Henge [o Círculo de Madeira] foi usado por um período de mil anos entre a sua construção e a daquele que restou, feito de pedra. É preciso discutir mais se o Wooden Henge foi uma tentativa, possivelmente bemsucedida, de construir aquilo que atualmente nós reconheceríamos como peça do aparato científico, que permitiria o monitoramento de dados conhecidos, como eles existiam. Isso proporcionaria que os sacerdotes continuassem a construir conforme esse entendimento, pois o aparato lhes possibilitava observar e monitorar uma atividade celestial em uma instalação conhecida. Supondo que fosse usado regularmente para observações, então

os dados coletados ali precisavam ser entendidos e transmitidos por muitas gerações antes que a estrutura de pedra fosse experimentada. Quando associamos isso ao relato de Anaxágoras e sua tentativa de estimar o tamanho da Lua, e a construção do Wooden Henge na planície de Salisbury, então temos boas indicações de que algum entendimento, interesse e estudo do universo foram empreendidos durante considerável período na primeira antigüidade. Vamos supor mil anos de observação e registro antes da edificação do Wooden Henge, e então agora temos um intervalo de tempo que nos remonta a 4.000 AEC. O mundo está pontilhado de restos de observatórios solares de diferente engenhosidade, muitos deles originados da época anterior a 2.500 AEC. Assim, é muito provável que alguém tenha registrado os detalhes da Precessão do Equinócio bem antes do tempo de Hiparco. Os registros ou não foram conservados ou nós ainda não os encontramos. Qual o tamanho da bola? Junto com o registro das esferas celestes e seus movimentos, também é óbvio que as primeiras civilizações se debateram na tentativa de entender o que era o próprio mundo. Ficando em pé em qualquer ponto na terra, ou mesmo no litoral, a linha de visão de uma pessoa termina no horizonte. Agora, se você caminhar até o horizonte, tudo o que vai descobrir é que o horizonte se mudou para longe de onde você o viu pela primeira vez. O que você consegue ver é outro horizonte distante. Esse fenômeno deve ter causado grandes debates nas primeiras civilizações à medida que se procurava

entender que a razão pela qual o horizonte continuava a se mudar para longe era a curvatura da superfície da Terra - pois a Terra é uma bola muito grande. Uma vez percebido isso, o próximo problema a resolver seria definir com certeza qual a grandeza da bola. Exatamente como Hiparco, a primeira pessoa de quem temos registros conservados para mostrar que ele entendeu os princípios da precessão, o filósofo grego Eratóstenes foi o primeiro registrado como tendo medido a circunferência de nosso planeta. Eratóstenes tinha um trabalho que lhe oferecia muitas oportunidades. Ele tomava conta da grande biblioteca que existia em Alexandria. Essa biblioteca, a história nos conta, guardava registros de considerável antigüidade. Eratóstenes estava, portanto, em posição de ter acesso irrestrito a eles. A tradição diz que na coleção de materiais conquistados existiam documentos que Alexandre, o Grande, que deu o nome à Alexandria, havia recuperado ou recolhido enquanto conquistava partes da Índia. Incluída nesses documentos, acredita-se, estava a referência ao fato de a Terra ser uma esfera. Eratóstenes conhecia bastante Trigonometria e Geometria. Ele também sabia que bem ao sul de Alexandria, cerca de 5 mil estádios adiante (430 milhas ou 720 quilômetros), situada nas margens do Rio Nilo, ficava a cidade de Sirene, conhecida atualmente por Aswan. Na cidade existia um poço em que o Sol, quando ficava diretamente suspenso ao meio-dia no Solstício de Verão, brilhava diretamente sobre as águas embaixo. Era a única época do ano em que isso acontecia. Também se sabia que nesse mesmo dia e nessa mesma hora, um objeto vertical erguido em Sirene, como uma vara ou um obelisco, não tinha sombra. De volta a Alexandria no

mesmo dia do ano, Eratóstenes notou que, ao colocar uma vara verticalmente no chão, ela lançava uma pequena sombra. Ele mediu o comprimento da sombra e, com seus conhecimentos de geometria, foi capaz de definir o ângulo do Sol em relação ao de Sirene. Era de 7,2 graus. Obviamente ele sabia que, se a Terra fosse uma esfera, também poderia ser definida por um círculo de 360 graus. Então, a divisão de 360 graus por 7,2 lhe dizia a distância de Sirene a Alexandria, que era um cinqüenta avos da distância em torno de todo o círculo - a Terra. 360/7,2 = 50 Assim, a multiplicação dos 5 mil estádios por 50 lhe deu o comprimento da circunferência polar da Terra: 430 milhas x 50 = 21.500 milhas (arredondadas) 720 quilômetros x 50 = 36 mil quilômetros (arredondados) Os resultados de Eratóstenes eram notavelmente exatos quando comparados com medições de satélite de moderna tecnologia. A absoluta enormidade do tamanho da Terra deve ter sido estonteante para uma civilização em que a maioria das pessoas viajava apenas algumas poucas milhas desde seu local de nascimento, enquanto os mais estudados, como Eratóstenes, podem ter viajado apenas algumas poucas centenas de milhas. Certamente que o comprimento da sombra, como conseqüência da vara de Eratóstenes, produzindo uma sombra com relação angular de 7,2 graus, quando medido em Alexandria no Solstício de Verão, continua sendo sempre um oitavo do comprimento da vara. Supondo que o comprimento de vara seja de 64 unidades: 64 x seno de 7,2 graus = 64 x 0,125 = 8

De acordo com dois outros filósofos, Cleomedes e Posidônio, Eratóstenes escreveu vários livros e produziu mapas do mundo então conhecido. Infelizmente, nada disso sobreviveu até a nossa era atual. Cleomedes e Posidônio aparentemente tiveram acesso a alguns originais e, por suas descrições, parece que os mapas de Eratóstenes revelaram um conhecimento territorial das massas de terra da Escandinávia até a África do Norte, do Sinai ao Mar Vermelho, e da Grã-Bretanha à Ásia Menor. Segundo cálculos dele para o tamanho do globo, ele deve ter percebido que terras vastas e não descobertas deveriam existir além do mundo então conhecido. O fato de a Terra ser uma esfera parece ter sido bem entendido em tempos antigos. Está até anotado no Antigo Testamento. Em Isaías 40, 22 está escrito: Ele [Deus] se assenta no trono acima do círculo da Terra. A Terra, como esfera, e sua medição parecem ter sido entendidas bem antes de Eratóstenes registrar sua experiência. Vários autores e investigadores indicaram que existem vínculos entre as dimensões da Grande Pirâmide de Gizé e uma gama de atributos geográficos, inclusive o diâmetro e a circunferência da Terra. Mais uma vez, observando o que arqueólogos e historiadores nos dizem a respeito das pirâmides no planalto de Gizé - que elas foram construídas por volta de 2.500 AEC -, isso sugere que esse conhecimento havia sido acumulado bem antes dessa época. Os sacerdotes egípcios eram considerados tão avançados no entendimento que tinham de Geometria e de sua aplicação prática, que muitos filósofos gregos visitaram o Egito com a esperança de conseguir compreender a natureza desse conhecimento acumulado. Platão e

Pitágoras estiveram entre eles. Com base no antigo adágio de que conhecimento é poder, pode muito bem ter acontecido de que esses sábios gregos que visitaram o Egito não tenham sido abastecidos com acesso a todos os segredos do entendimento egípcio, mas receberam apenas alguns vislumbres fundamentais a respeito do conhecimento básico. Progressivamente, através dos séculos e das gerações, os gregos então desenvolveram essas informações básicas e foram aclamados na história por nos terem fornecido a maior parte do conhecimento geométrico que temos atualmente. Existe até uma bem fundamentada sugestão de que o côvado real egípcio de 20,63 polegadas imperiais deriva e está relacionado com a circunferência da Terra, e é facilmente copiado por meio do conhecimento do pentagrama. Retornaremos à geometria dessa sugestão em outro capítulo. No século passado, muitos pesquisadores sondaram as misteriosas dimensões das pirâmides de Gizé, e, embora algumas das características esotéricas sustentadas por eles sejam alheias ao assunto, persiste o fato de que elas parecem ter sido desenhadas de acordo com princípios geométricos sólidos, e muitos desses princípios relacionam-se ao círculo da Terra. Por definição, portanto, é altamente provável que o tamanho da Terra tenha sido estimado bem antes de 2.500 AEC, cerca de 2 mil anos antes de Eratóstenes ter conquistado a glória. Hoje temos uma medida da Terra A maior parte das pessoas, hoje em dia, se precisasse indicar o tamanho da Terra, faria isso se referindo à circunferência equatorial. Para os filósofos e cientistas dos

tempos antigos, eram o diâmetro polar e a circunferência a base a partir da qual o tamanho da Terra era calculado, como vimos com a experiência inventada por Eratóstenes. Atualmente, temos uma unidade de medida, adotada por muitos países como padrão, que também deriva da medição da circunferência da Terra. É a medida métrica, o metro. A palavra metro foi retirada da ortografia em francês, metre, mas sua raiz veio da palavra grega metron, que significa "medida". Em 1791, a Academia Francesa de Ciências determinou o estabelecimento de uma unidade de medida padrão. Várias propostas para resolver esse problema foram consideradas. A proposta que finalmente foi aceita como a mais favorável indicava medir a distância do quadrante da circunferência da Terra, junto a um meridiano que passava por Paris desde o Polo Norte até o Equador e usar a 1/10.000.000 parte dele para criar o padrão. Essa proposta foi aceita pelo governo francês em 1793. Nos anos seguintes, astrônomos e cientistas realizaram suas pesquisas e, em 1799, o padrão foi determinado com a utilização de uma série de barras feitas de platina. Infelizmente, descobriu-se que, por causa de um pequeno erro de cálculo, o padrão definido ficou 0,0002 metro ou 1/5 de um milímetro mais curto. Assim, com base nesse método francês original de definição do metro, o cálculo da distância Polo-Equador pode ser definido como 10 milhões de metros. A circunferência polar total da Terra seria, portanto, de 40 milhões de metros, menos 4/5 de um milímetro. O ponto-chave, porém, é que o método de medição era por referência ao meridiano polar, medindo a distância do quadrante da Terra do Polo ao Equador, a quarta parte de um círculo, e multiplicando o resultado por quatro para

obter a circunferência total do planeta. Os registros sugerem que esse foi exatamente o mesmo método usado pelos filósofos e sacerdotes dos tempos antigos. Outro fato de interesse relaciona-se com a Maçonaria. Na França, a Academia de Ciências foi fundada em 1660. Quase nessa mesma época foi fundada, em Londres, a Sociedade Real. Ambas as organizações tinham objetivos similares: a pesquisa e a promoção da ciência. A Sociedade Real rastreia suas origens à década de 1640, quando um grupo de filósofos se reuniu para discutir idéias apresentadas por sir Francis Bacon. Esse grupo tornou-se conhecido como a Faculdade Invisível. Eram anos do governo (republicano) da Comunidade [Commonwealth] de Oliver Cromwell. Com a restauração da monarquia em 1660, e o retorno à Inglaterra de Charles, a Sociedade Real foi formada. O principal motivador foi sir Robert Moray, que era um confidente próximo de Charles II e iniciado como maçom. Moray reuniu um grupo de homens versados em aspectos da ciência. Dos 12 homens presentes na reunião inaugural, 11, supostamente, eram maçons, e o 12o era simpático aos ideais dessa antiga instituição. Assim, poder-se-ia afirmar que a famosa Sociedade Real foi fundada por maçons. A sombra Exatamente como Eratóstenes usou a sombra de uma vara para ser capaz de calcular a circunferência do globo, também a civilização que conhecemos como Egito Antigo usou outra forma de vara, o obelisco, para seu estudo da mecânica celeste. Dois dos mais famosos obeliscos, considerados de grande antigüidade, foram retirados do

Egito, no século XIX, quando as nações européias embarcaram em seu período de construção de impérios. Um deles, conhecido como a Agulha de Cleópatra, foi removido de Alexandria e levado para Londres, em 1877, por um maçom, sir James Erasmus Wilson, e erguido ao lado do Rio Tamisa um ano depois, com grande cerimônia maçônica. Acredita-se que originalmente o mesmo tenha sido erguido em Heliópolis, mas foi movido para Alexandria pelos romanos. O segundo obelisco fica na Praça da Concórdia, em Paris, sendo parte de um par do Templo de Luxor. A forma do obelisco era ideal para fins de monitoramento mais um exemplo de uma peça do aparato científico inicial. Tendo em seu topo uma peça pontiaguda piramidal [piramídio], o obelisco levanta-se em direção a um ponto. Assim, a sombra lançada no chão fornecia um ponto claramente definido como marcador. Além disso, se uma pessoa ficasse regularmente em um local fixo em torno da base do obelisco, o pico apontado podia ser usado como marcador de referência para estudar o movimento dos planetas e outras estrelas nos céus. Essa era uma ferramenta altamente inovadora. Ela pode ter evoluído do uso primitivo de uma vara ou de uma lança que havia sido espetada no chão, apontando para cima. Todavia, sua origem parece recuar a uma era anterior a 2.500 AEC. Um dispositivo como esse teria sido útil para um construtor. Vamos imaginar que existisse uma instrução de que um novo prédio precisasse ter uma orientação leste-oeste verdadeira. O alinhamento leste-oeste verdadeiro seria determinado ao nascer do Sol do dia do equinócio de primavera ou de outono. Então, ao colocar um dispositivo com o cume apontado ao máximo para o centro da área do terreno, que seria o local da construção,

e alinhando um segundo objeto apontado para o primeiro, e para o lugar no horizonte oriental onde o Sol apareceu antes, a pessoa teria o alinhamento leste-oeste verdadeiro. Se a pessoa então dividisse essa linha de orientação em ângulos retos, também teria um alinhamento norte-sul verdadeiro. Os pontos cardeais verdadeiros da Terra seriam estabelecidos simplesmente com o uso de dois marcadores apontados e alinhados para o nascer do Sol na hora do equinócio e para a linha traçada a 90 graus desse alinhamento leste-oeste. Duas lanças, um comprimento de corda ou pano e uma estaca fincada no chão forneciam um compasso. O mesmo resultado podia ser conseguido usando a sombra do Sol lançada em seu meridiano, a saber, quando o Sol está mais alto no céu - o que chamamos de meio-dia. Se, durante vários dias e semanas antes do equinócio de primavera, a sombra do Sol fosse marcada no chão entre a metade da manhã e a metade da tarde, existiriam vários padrões em forma de "V" no chão, que se tornariam mais discerníveis à medida que o Sol ficasse mais alto a cada dia que passasse. Dia após dia, esses padrões não variariam muito, porém, no período de cerca de um mês, haveria uma diferença perceptível, especialmente se a pessoa estivesse vivendo no Oriente Médio. Ao traçar uma linha da base da forma em "V" até a base do poste marcador ou obelisco, o alinhamento nortesul verdadeiro seria determinado. Se essa linha fosse dividida, então o alinhamento leste-oeste verdadeiro poderia ser determinado. A vantagem da marcação do Sol em seu meridiano seria que o compasso poderia ser montado em qualquer época do ano. Haveria ainda mais uma vantagem na marcação do Sol em seu meridiano. Se uma linha indelével fosse traçada

no chão ao longo da linha da sombra lançada pelo obelisco ou poste marcador, então a marcação da posição da sombra, todo dia, permitiria que uma verificação fosse feita sobre a progressão das estações. Festivais religiosos poderiam ser marcados. Tendo em mente que esse conhecimento sobre o funcionamento do mundo, o macrocosmo, provavelmente ficaria guardado entre os sacerdotes de alguma comunidade religiosa, então assegurar a exata marcação do Sol em seu meridiano seria considerada uma tarefa de responsabilidade. Isso permitiria uma referência cruzada com base no dia das fases da Lua à noite. Entre os sacerdotes, o dia seria regido pelo Sol, enquanto a noite seria regida pela Lua. Imaginemos que um semi-círculo fosse traçado em torno da base do obelisco ou poste marcador, para o norte do poste, de modo que a sombra lançada pelo marcador cruzasse esse semicírculo por um curto tempo depois do nascer até o pôr-do-sol. Vamos imaginar também que, em torno do semi-círculo, marcas fossem feitas em intervalos de 15 graus da linha que representava o meio-dia, então um relógio de Sol rudimentar teria se estabelecido, pois, como foi mencionado, uma rotação de 15 graus da Terra representa aquilo que hoje em dia chamamos de uma hora. Seis setores de 15°, em cada lado da sombra de meio-dia, criariam um relógio de sombra marcando as horas que atualmente conhecemos como 6 da manhã até 6 da tarde. Existiriam, portanto, 12 marcas de segmentos no semicírculo. Desnecessário mencionar, um círculo completo, com o segundo semicírculo ficando ao sul do poste, adicionaria mais 12 segmentos, perfazendo ao todo 24 segmentos, assim marcando e definindo em 24 horas a rotação da Terra.

Heliocêntrico x Geocêntrico Hoje em dia, toda criança em idade escolar no mundo ocidental sabe que a Terra orbita em torno do Sol. Mas a aceitação desse conceito não foi conseguida facilmente. Como observamos anteriormente, Eratóstenes foi o primeiro homem, que se tem conhecimento, que provou que a Terra era uma bola e a mediu. Mas isso não respondeu uma questão básica. Será que os planetas, as estrelas, o Sol e a Lua viajavam em torno da Terra, em um universo geocêntrico, ou será que a Terra viajava em torno do Sol, em um universo heliocêntrico? As observações científicas e astronômicas sugeriam que a Terra orbitava em torno do Sol. As Escrituras estabeleciam que Deus havia feito a Terra primeiro, depois o firmamento com o Sol, em seguida a Lua e as estrelas. Assim, a visão da comunidade religiosa era de que a Terra devia ser o centro da criação e o centro do universo em torno do qual tudo mais foi construído. Essa perspectiva inflamou um debate que continuou por séculos, mesmo antes do advento da Era Cristã. Nos primeiros dias da Igreja Romana, foi decretado que o universo geocêntrico seria o sistema correto, e que postular algo diferente era heresia. E essa foi a maneira que a Igreja, em Roma, tratou a questão até o fim do século XIX. Como conseqüência, essa doutrina forçada se tornou a crença estabelecida na Europa Ocidental por cerca de 1.500 anos. Foi dentro da própria Igreja Católica que as sementes da mudança com o tempo se originaram. No século XV, um bispo católico fazia secretamente descobertas que mudariam nosso entendimento.

Copérnico viveu entre 1473 e 1543 e era reconhecido como um notável astrônomo e teólogo. Por volta de 1507, após alguns anos de cuidadosas observações, ele entendeu que a Terra não era plana, mas esférica, e, o mais importante, que ela orbitava em torno do Sol como faziam os planetas. A Terra, ao que parecia, era de alguma forma interligada a eles. Ele continuou desenvolvendo essa tese até que, em 1513, privativamente, divulgou o estudo entre alguns amigos mais próximos, explicando suas teorias. Copérnico não era louco. Ele sabia que a hierarquia católica de então o estigmatizaria como lunático e herege se ele tentasse publicar suas idéias naquela época. Finalmente, a teoria de Copérnico foi publicada, em 1543, em seu livro intitulado De revolutionibus orbium coelestrium [As Revoluções das Esferas Celestes]. Mais tarde, estigmatizada pelo Vaticano como a "Teoria Copernicana", ela foi desautorizada pela Igreja, de tal modo que o livro foi colocado na lista de "proibidos" em 1616 e não foi removido de lá antes de 1853. A idéia de Copérnico não somente contrariou muitas filosofias estabelecidas, como também aqueles que as defendiam. Assim, a Igreja decidiu que tais idéias eram ato de heresia e o perpetrador podia ser condenado à morte ou lançado ao cárcere. E foi isso o que aconteceu com outro famoso cientista e astrônomo, Galileu Galilei. Galileu nasceu em 1564, exatamente 21 anos depois da publicação das teorias de Copérnico. Por meio de seus próprios estudos astronômicos, ele começou a perceber a verdade da obra de Copérnico, passando a ensinar as idéias relacionadas a ela. A Igreja não gostou. Galileu foi preso sob acusação de herege. Conta-se que Galileu foi torturado e somente

escapou de ser condenado à morte porque finalmente admitiu que estava errado. Mas, como ficou registrado, não sem antes gritar, chorando muito sob tortura: "mas elas se movem" - uma referência às suas próprias observações sobre o movimento das estrelas e planetas em suas várias órbitas. Por adotar visões copernicanas, Galileu foi submetido a exílio interno e passou os últimos oito anos de sua vida sob prisão domiciliar até sua morte em 1642. Outras pessoas continuaram a explorar a teoria copernicana até que finalmente houve o reconhecimento de que tanto Copérnico como Galileu estavam certos: a Terra era redonda e realmente orbitava em torno do Sol. Copérnico e Galileu, por dedução científica, demonstraram o universo heliocêntrico como realidade. Crenças religiosas e científicas estavam agora em sério conflito. Embora separadas por 2 mil anos, as conseqüências sofridas por Galileu foram semelhantes às de Anaxágoras. As instituições religiosas claramente tiveram alguma dificuldade de entrar em acordo com as novas descobertas científicas, uma vez que haviam determinado, e decidido, a filosofia de seus dogmas religiosos. Como foi mencionado antes, o castiçal de sete braços usado pelos israelitas, a menorá, estava diretamente relacionada aos planetas conhecidos naquela época. Havia um braço para o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. De todos, Saturno era considerado o mais significativo. Acreditava-se que o Céu, onde o Deus criador residia, ficava bem depois da órbita de Saturno. Assim, o planeta e sua órbita eram o ponto mais próximo, que uma pessoa podia imaginar, da fonte da divina criação.

Há 3.500 anos, nossos ancestrais pensavam que Saturno era o planeta mais distante da Terra. O planeta seguinte em nosso sistema solar, e o terceiro maior, é Urano, e foi descoberto por William Herschel em 1781. Netuno, o planeta seguinte, foi descoberto em 1846. Em 1930, mais uma massa que orbitava foi descoberta, definida como um planeta e que recebeu o nome de Plutão. Setenta e cinco anos depois, os avanços da Astronomia resultaram em uma mudança sobre a definição de o que é um planeta e Plutão foi rebaixado. Considerando que Saturno era um componente estabelecido do entendimento israelita que emanava do tempo de Moisés, o qual viveu em torno de 1.400 AEC, então cerca de pelo menos 3.100 anos decorreram desde o estabelecimento da doutrina religiosa israelita até a descoberta de que existem outros planetas em nosso sistema solar. Essa descoberta singular contribuiria muito para solapar a essência da filosofia religiosa então existente, provocando maior conflito entre ciência e religião. Números, Aritmética e o Macrocosmo Desnecessário dizer que se nossos ancestrais tiveram a capacidade de avaliar o tamanho do mundo em que vivemos, então eles devem ter tido algum entendimento de aritmética básica. Existe uma opinião amplamente aceita por muitos estudiosos de que a origem da Matemática começou com os babilônios em torno de 2.000 AEC. Números foram usados bem antes dessa época como um método de quantificação e medição. Basta apenas dar uma olhada nas pirâmides de Gizé para perceber isso. Presume-se que as pirâmides tenham sido construídas por volta de

2.500 AEC, 500 anos antes do desenvolvimento da aritmética babilônica. A Matemática é realmente o uso de números ou grupo de números para resolver problemas com regras predefinidas, como a multiplicação, a divisão, a potenciação e o cálculo. Muito provavelmente foram os primeiros comerciantes que desenvolveram o entendimento básico. Se tivessem comprado 200 bodes por um determinado preço, eles gostariam de saber quanto haviam pago em cada bode. Se fossem vender os bodes, eles gostariam de saber quanto teriam de lucro com seu investimento, senão para que os venderiam? Mais tarde, é provável que a administração do governo tenha desenvolvido a Matemática no desejo de recolher impostos. Mas, de acordo com os historiadores, só foi perto de 500 AEC que os gregos começaram a ampliar os princípios matemáticos que os babilônios haviam desenvolvido. Mais de uma vez, porém, vemos que nossos ancestrais tinham bom entendimento dos números, provavelmente há 5 mil anos ou mais. Pesquisadores nos dizem que muito tempo antes de expandirem os princípios da Matemática, nossos ancestrais desenvolveram o interesse por números, relacionando-os mesmos com o mundo natural. Eles descobriram que os números mais comuns na natureza eram três, cinco e sete. O número três, por exemplo, pode ser relacionado com o movimento do Sol e suas três posições primárias: o equinócio, os solstícios de verão e de inverno. O número cinco ocorre freqüentemente em formas de plantas com o número de pétalas das flores. Como foi mencionado antes, o sete era o número de esferas celestiais conhecidas nos tempos antigos.

Também aprendemos que as civilizações antigas se interessavam por modelos e eventos que inspiravam esses padrões de números. Assim, padrões como: 12121212121212 ou 666666666 ou 318318318 foram considerados com particular respeito. Nossos ancestrais também adicionariam e subtrairiam números para obter maior significação e simbolismo. Observe, por exemplo, o misterioso número nove. Se você pegar a resposta de qualquer múltiplo de nove e adicionar juntos os dígitos na resposta, a soma sempre será nove. Por exemplo: 2x9= 1 8 1 + 8 = 9 8x9 = 72 7 + 2 = 9 24x9 = 216 2+ 1 +6 = 9 32x9 = 288 2 + 8 + 8= 18 237 x9 = 2133 2+1 + 3 + 3 = 9

1+8=9

Depois, havia a ordem dos números. Pegue como exemplo os primeiros três dígitos no sistema de numeração: um , dois e três. Esses números têm uma qualidade especial: 1+2+3=6 1x2x3=6 O número seis era altamente respeitado. As escrituras registram que Deus criou Céu e Terra em seis dias. Esse era, portanto, um número simbólico poderoso. O número

sete tinha igual poder simbólico, pois as escrituras registram que Deus descansou no sétimo dia.

A figura acima é da flor do arbusto da amora. Ela parece idêntica ao padrão que conhecemos como pentagrama, com suas cinco pétalas espalhadas em um padrão geométrico similar. O mesmo se aplica a muitas flores, como pode ser visto abaixo.

Exatamente como o padrão de números reteve incontestável simbolismo, o mesmo aconteceu com a Geometria do mundo natural. Pegue, por exemplo, o número cinco.

Não é difícil, portanto, entender como nossos ancestrais conseguiram vislumbrar o relacionamento entre a Aritmética, a Geometria e o mundo natural. Tudo isso estava ligado em conjunto no macrocosmo. Aparentemente, os números foram usados para outros fins simbólicos. As pessoas dos tempos antigos não tinham o conceito de numeral que nós conhecemos como "0" ou zero. Por gerações, aquilo que conhecemos como zero era a indicação de que não havia nada ali. Assim, o número dez também podia ser definido como um. O número um era visto como o início do processo de contagem, tinha unidade com a divindade e como tal passou a representá-la. Como um é um número ímpar, e, por causa de seu vínculo com a divindade, todos números ímpares eram vistos como números que trazem boa sorte. Essa tradição continua verdadeira ainda hoje na cultura islâmica. O número 20 também podia ser interpretado como dois, o conceito da dualidade de Céu e Terra. As origens da Geometria Acredita-se que a base da Geometria tenha se originado do estudo dos céus: a) Que as 366 manhãs do ano solar formaram a base do círculo de 360 graus. Na Era Babilônica, a base da contagem era 60. Quando o Sol alcança as extremidades da sua passagem de solstício de verão e inverno, seu movimento dificilmente poderia ser detectável com o uso do dispositivo básico, embora normalmente eficiente, que os antigos tinham à disposição. O Sol teria que ser percebido parado nas pontas de seu percurso por alguns poucos dias. Um período de três dias parado em cada

ponta do percurso pareceria razoável. Portanto, 360 não teria sido uma escolha fantasiosa para a definição do comprimento de um ciclo e, portanto, de um círculo. Poderia parecer um número lógico, facilmente dividido em partes menores, baseado no número 60. Quando se ignorava o resíduo de seis dias daquelas manhãs, restando 360, tinha-se o número ideal que se encaixava no sistema de contagem babilônico e na geometria. Assim, o 360 dividido por dois, metade, seria 180; dividido por três é 120; dividido por quatro é 90; dividido por cinco é 72; dividido por seis é 60. O número 60 é facilmente dividido em duas partes de 30; 60 dividido por três é 20; 60 dividido por quatro é 15; 60 dividido por cinco é 12. Em termos geométricos, a segmentação do padrão, ou da circunferência de um círculo, é um jeito conveniente de produzir ângulos menores, sem a necessidade de instrumentação sofisticada. A pessoa precisava apenas lembrar alguns poucos princípios básicos referentes a um círculo. b) O ciclo lunar de 30 dias formou a base do calendário religioso. Os 360 dias divididos por 30 = 12. Isso se relacionava ao Grande Círculo, também conhecido como Grande Cinturão: o zodíaco e as 12 constelações em que o Sol entrava durante o ciclo solar anual. c) O ciclo solar tornou-se o calendário civil. As escrituras nos dizem que o mundo foi criado em seis dias, com o sétimo sendo o dia do descanso. Assim, a semana de sete dias foi definida desde tempos muito antigos. Como Deus criou o Céu e a Terra e depois descansou no sétimo dia, o número sete passou a ser visto como algo especial, um número altamente respeitado. Uma semana de sete dias dividida pelo número de dias em um ciclo solar é igual a 52, e 5 + 2 = 7.

d) O número 72 aproximava-se do tempo de vida estimado para o homem, três vintenas mais dez. Mas também tinha outro significado. A rotação do eixo da Terra durante a precessão do equinócio é de um grau a cada 72 anos. Assim, em uma existência humana típica, a rotação precessional da Terra teria avançado um grau. Foi esse o número que encontrei no pavimento mosaico do Templo Maçônico de Brighton, diretamente embaixo da abóbada celeste do zodíaco. e) Para medir a passagem do tempo, um relógio - um relógio de sombra, talvez baseado em um obelisco precisava ter um círculo desenhado em volta da base de um poste vertical. A posição do Sol em seu meridiano, ao meio-dia, o mais alto ponto no céu que o Sol alcança em determinado dia, podia ser marcada com uma linha reta a partir do centro da base do obelisco ou poste. A partir disso, o círculo poderia ser dividido pela metade. Cada metade poderia ser facilmente dividida em quatro segmentos de 45 graus. Daí é fácil dividir cada segmento de 45 graus em três partes iguais. Isso resultaria em cada semi-círculo tendo 12 segmentos. Portanto, o círculo completo teria 24 segmentos iguais. Cada segmento teria, portanto, 15 graus. Como foi mencionado antes, a Terra gira 15 graus em um período que nós definimos como uma hora em nossas modernas unidades de tempo. A Terra gira 15 graus de seu ciclo diário de 360 graus em uma hora e realiza uma rotação completa em 24 x 15 segmentos de graus, ou em 24 horas. Mais uma vez podemos ver a influência dos antigos em nossa atual medição de tempo: 60 minutos = 1 hora, 60 segundos = 1 minuto. f) O número 15 tinha outra característica simbólica. O ciclo lunar é de 30 dias e a Lua fica cheia no 15 2 dia de

cada novo ciclo, marcado desde quando o primeiro raio de luz podia ser visto, a Lua Nova. Pelo que foi dito anteriormente, podemos reparar que, por meio da observação do ritmo do sistema solar e do efeito resultante no macrocosmo, essas influências se entrelaçariam com os princípios da Geometria. Avançados na observação dos céus foram os mesopotâmicos, que receberam os créditos pela nomeação das 12 constelações do zodíaco. Assim, por volta de 2.000 AEC, eles tinham razoável entendimento de Geometria. Embora o Teorema de Pitágoras defina o meio de encontrar o comprimento da hipotenusa de um triângulo reto, usando a soma dos quadrados dos outros dois lados, esse era um processo que os babilônios também dominavam. Pitágoras embalou isso de um jeito que seria facilmente entendido, conquistando a imortalidade ao fazê-lo, mas os babilônios, que já conheciam esse processo, passaram para a obscuridade. Uma antiga placa de argila da Babilônia demonstra claramente o entendimento deles. Mas foram os filósofos e os matemáticos gregos que afinal receberam a maior parte do crédito da descoberta geométrica, embora em muitos casos estivessem construindo sobre os fundamentos lançados por babilônios e egípcios. Conclusão O conhecimento a respeito do Sol, seu nascimento e seu ocaso, o avanço das estações e a precessão do equinócio, eram características bem entendidas pelos nossos recentes ancestrais. Eles aprenderam a usar a sombra lançada pelo Sol para medir a circunferência da

Terra com alto grau de exatidão. Também está claro que tinham completo entendimento dos ciclos da Lua. Isso eles viam claramente como luzes guias em suas vidas, de tal maneira que elas se tornaram o coração de seus sistemas de crenças religiosas. Todo conhecimento que nossos ancestrais possuíam a respeito do mundo natural era o tipo necessário para permitir que os maçons operativos realizassem suas tarefas de construção. Agora é possível entender a razão pela qual as cerimônias maçônicas pareciam como o legado dessas eras passadas. Mas desenhar um prédio em harmonia com as forças da criação, com o macrocosmo, era algo diferente. Isso exigia claramente conhecimento especializado. Qual seria esse conhecimento?

CAPÍTULO 3 CONHECIMENTO SECRETO - SABEDORIA SAGRADA (...) Tu vês a fonte de ensinamentos que emana da sabedoria? (...) Que vantagem existe em conhecer as

causas da maneira do Sol se mover, por exemplo, e o restante dos corpos celestiais, ou de estudar os teoremas de geometria ou lógica, e cada um dos outros ramos de estudo? (...) Tratar da descrição dos objetos celestes e da forma do universo, da rotação dos céus e do movimento das estrelas, levando a alma mais perto do poder criativo, ensina logo a perceber as estações do ano, as mudanças no ar e o aparecimento das estrelas; assim como a navegação e a agricultura retiram muitos benefícios daí, também acontece o mesmo com a arquitetura e a construção a partir da geometria. Esse ramo de ensino, igualmente, faz a alma se elevar ao mais alto grau observador, capaz de perceber a verdade e de detectar o falso, de descobrir correspondências e proporções, e, ainda, de afastar a similaridade de coisas diferentes; e nos leva a descobrir o comprimento sem largueza, a extensão superficial sem espessura e um ponto indivisível, transportando para o intelecto objetos a partir dos sentidos. de Textos Sagrados Bem antes do desenvolvimento de compilações aritméticas sofisticadas, a Geometria era uma importante ferramenta de resolução de problemas do tipo que hoje resolvemos facilmente como conseqüência de nosso entendimento matemático. Nossos ancestrais perceberam que três figuras geométricas - o quadrado, o círculo e o triângulo - formavam a base de quase todas as soluções de seus problemas particulares. O círculo era o mais respeitado de todos os símbolos geométricos, já que era uma linha que, sem começo definível e, portanto, sem fim, representava o infinito. O centro do círculo era o ponto mais respeitado, já que de cada parte da circunferência

era equidistante, sendo o centro da criação e, portanto, infinito em poder. Um pino podia ser cravado no chão com uma corda ou um pano amarrado à ponta de uma estaca e à outra vareta; então, quando puxava a corda ou esticava o pano, uma pessoa podia traçar um círculo no chão ao caminhar em volta da estaca. A partir de onde se originasse, a circunferência do círculo podia então ser usada para estabelecer as quatro faces de um quadrado.

Os princípios da Geometria foram registrados em uma série de teoremas expostos pelo matemático grego Euclides por volta de 300 AEC. Um dos primeiros princípios a que ele faz alusão é o processo de dividir uma linha reta em duas partes iguais. Isso é feito pegando a linha AB e desenhando dois círculos de igual diâmetro, um círculo em cada ponta da linha, de modo que eles se sobreponham.

Vesica Piscis

Vesica Piscis

Área da Vesica Piscis O desenho de uma linha vertical entre os pontos C e D vai dividir em duas partes a linha AB, com dois comprimentos iguais. Esse conceito pode ser obtido em um estágio suplementar, quando os círculos, ambos de igual diâmetro, são desenhados de tal modo que a circunferência de um toque o centro do outro círculo. Esse modelo geométrico era bem conhecido dos antigos e foi passado adiante, até nós, com o título de Vesica Piscis. A área resultante, onde os dois círculos se sobrepõem, é conhecida como a Vesica. Ela produz algumas características interessantes. Por exemplo: é possível a partir do uso desses dois círculos determinar um ângulo de 30 graus e de 60 graus. Isso é mostrado no diagrama abaixo por meio de dois pontos, onde 60 graus é definido pelos pontos ACB. A linha em negrito, em ângulo, representa a hipotenusa de um triângulo reto CBA. Então, o ângulo oposto, BAC, é 30 graus. Ao transformar essa relação simples em um retângulo (como mostram as linhas pontilhadas) e ao dividir em dois os ângulos com um par de círculos, é possível criar os ângulos de 15, 30, 45, 60, 75 e 90 graus. Assim, com um simples par de círculos e uma ponta reta, por exemplo um padrão de 24 polegadas, nossos ancestrais eram capazes de determinar os ângulos geométricos primários normalmente usados.

Vesica Piscis Ângulo ABC = 60 Graus Ângulo BAC = 30 Graus

Essa estrutura geométrica simples imediatamente leva à construção de outra figura importante: o triângulo equilátero. Vesica Piscis

Assim, nossos ancestrais, por seus conhecimentos de Geometria, eram capazes de produzir, com considerável exatidão, as três formas geométricas mais comuns em seu arsenal de construção: o círculo, o quadrado e o triângulo equilátero, os últimos dois sendo derivados da forma básica, o círculo. Então, o círculo tornou-se um dispositivo geométrico altamente considerado. Mas, essencialmente, o ponto no centro do círculo era o mais respeitado, pois nenhum círculo poderia ser construído sem ele. E, à medida que o círculo fornecia a forma que daria origem a muitas outras geometrias, que por seu lado serviram de base para a construção de muitos templos, palácios e prédios importantes dos tempos antigos, assim

esse ponto dentro do círculo passou a ser visto como o centro a partir do qual toda criação emanava. Alguém pode imaginar que, por meio de seu conhecimento do macrocosmo interligado, e da crença de que o próprio Deus havia projetado e implementado cada elemento final de tudo isso, nossos ancestrais acreditavam que Ele devia ter usado os mesmos princípios geométricos. Então, também se pode imaginar que o centro do círculo, infinito na sabedoria e no conhecimento que poderia derivar do mesmo, fosse respeitado como o próprio Deus. A vesica ou a área central dos círculos entrelaçados, era tratada não somente com respeito, mas como uma entidade sagrada. Era uma área a partir da qual tantas coisas mais, geometricamente, podiam ser criadas. Com o conhecimento que tinham do macrocosmo, não passou despercebido de nossos ancestrais que a forma não era diferente daquela da vulva da mulher, a origem da forma inteligente, a origem de todos nós. Isso então representava a geometria da vida. A medida que o tempo passava, isso foi adquirindo outros significados. Por exemplo: a área central também tem a forma parecida com o olho e assim também passou a significar a visão compartilhada ou o terreno comum. Na livraria do Vaticano, existe um cartão-postal que mostra o selo do cardeal Antonio Correr (1431-1445), que foi bispo de Bolonha entre 1407 e 1412. A forma indisfarçável é a da vesica. Dentro da vesica, a figura mostra um grupo de pessoas em oração, ao passo que mais além a imagem de um homem, provavelmente representando Jesus Cristo, ascende aos Céus, sendo caracterizado como uma estrela de cinco pontas. É a crença comum da fé cristã. O selo demonstra o significado simbólico que a forma da vesica recebia. Ainda hoje, os coristas da Igreja e as

pessoas ligadas à música na Igreja Cristã estão bastante familiarizados com o símbolo, pois o mesmo é a base das medalhas que recebem como demonstração de sua habilidade. O conhecimento do potencial prático da Vesica Piseis seria de considerável utilidade para os construtores dos tempos antigos, pois permitia que dispositivos para a medição de ângulos de 30, 60 e 90 graus fossem desenvolvidos no local, bem melhor que carregar dispositivos incômodos de um lugar para o outro. No Museu do Cairo existe uma maravilhosa exposição de esquadros de construtores, encontrados em sítios arqueológicos no Egito, datados em torno de 2.500 AEC. Se eles foram criados ou não com o uso dos princípios geométricos da Vesica Piseis, é assunto de pura especulação. Porém, um método para a criação de tais ferramentas era claramente entendido naqueles tempos. Muitas das plantas baixas para a construção de igrejas e monumentos importantes originaram-se dos princípios da Vesica Piscis. Edward Condor, antigo Mestre da Companhia dos Maçons de Londres, em seu livro intitulado Records of the Hole Crafte & Fellowship of Masonry, With a Chronicle of the History of the Worshipful Company of Masons of the City of London

[Registros do Ofício Sagrado e da Fraternidade da Maçonaria, com uma Crônica da História da Venerável Companhia dos Maçons na Cidade de Londres], faz a seguinte observação: (...) por volta do século XII, podemos facilmente imaginar como a construção do triângulo equilátero(...) deve ter assustado os primeiros arquitetos cristãos, dando a eles, pela intersecção de duas circunferências, um novo modelo para o arco (...)

O arco a que ele se refere nós conhecemos como o arco gótico, característico das grandes catedrais da Europa que foram construídas entre os séculos XII e XIII. A maioria das fontes de informação nota que os melhores exemplos podem ser encontrados nas catedrais de Canterbury e Chartres. Acredita-se que o estilo gótico tenha se originado na construção da catedral dedicada a Saint Denis, onde hoje em dia ficam os subúrbios ao norte de Paris. Essa concepção foi usada pela primeira vez na Inglaterra na reconstrução da catedral de Canterbury, depois que o prédio original foi destruído por um incêndio.

Na realidade, esse conceito de desenho é lembrado na catedral de Peterborough, situada cerca de três milhas ao norte da cidade universitária de Cambridge, na Inglaterra, onde as paredes internas foram adornadas com esculturas que mostram uma série de arcos interligados, derivados da forma da Vesica Piscis. É quase como se os construtores medievais tivessem deixado um registro de que o princípio dos círculos entrelaçados forneceu a base do desenho e da construção da catedral. Retornaremos à geometria da catedral de Peterborough novamente em outro capítulo.

A figura acima mostra parte da parede sul dentro da Catedral de Peterborough. A ligação da Vesica Piscis é claramente definida. Maiores evidências ainda podem ser vistas na catedral de Lincoln, situada na costa leste central da Inglaterra. Essa catedral comporta duas maravilhosas janelas em rosáceas: uma virada para o norte e a outra para o sul. Ambas as janelas são circulares, mas duas vesicas podem ser claramente vistas desenhadas na armação de chumbo. Outros símbolos geométricos também podem ser desenvolvidos a partir de círculos interligados. Entre estes havia um claramente associado ao rei Salomão que, em diferentes épocas, vem sendo referido como o Selo de Salomão, a Estrela de Davi de seis pontas. O pentagrama às vezes também é citado como o Selo de Salomão. Por causa de seu significado, voltaremos ao Selo de Salomão em outro capítulo. Embora seja um processo geométrico raramente falado no século XXI, a Vesica Piscis continua sendo usada

ainda hoje. Ela pode freqüentemente ser exibida como um símbolo cristão.

Quando comecei a investigar o Templo Maçônico de Sussex, o conceito e o termo Vesica Piscis eram completamente desconhecidos para mim. E isso ainda renderia uma grande surpresa. Pois, como vamos descobrir no devido tempo, influenciariam diretamente o desenho tanto do Templo Maçônico de Sussex como do Templo de Salomão. A corrente A Vesica Piscis também permite outro potencial geométrico: o de uma corrente. Ao desenhar uma linha do topo do eixo vertical de um dos círculos até o fundo do eixo vertical do círculo adjacente, a linha vai cruzar o centro da vesica. Um círculo adicional, acrescentado de modo que sua circunferência se encaixe no ponto central, criará um efeito de corrente, com base em meios raios. Obviamente tal efeito poderia ser obtido em um plano horizontal ou vertical. Esse efeito de corrente, aparentemente, era visto como um símbolo de sorte pelos antigos egípcios; por isso, quatro desses círculos entrelaçados foram escolhidos para formar o símbolo usado por um fabricante de veículos de prestígio com sede na Alemanha.

Visica Piscis formando uma corrente

A constante do círculo - enquadrando o círculo Os antigos perceberam que deveria existir um relacionamento entre a circunferência e o diâmetro de um círculo, a razão que atualmente conhecemos como o número pi. Os egípcios ficaram conhecidos por ter definido a razão de 3,1, a razão que é encontrada em relação às colunas do Tempo de Salomão: Ele fundiu duas colunas de bronze, cada uma com 18

côvados

de altura e 12 covados de circunferência.

1 Reis 7,15 Com base na razão de 3,1, a medição de 12 para a circunferência daria o diâmetro de quatro. Esta razão é exposta em uma cerimônia maçônica na qual, em relação às colunas, se afirma: (...) a circunferência tinha 12 côvados e o diâmetro, quatro. Os egípcios sabiam, porém, que a razão exata era um pouco maior que o número três exato. Em sua tentativa de descobrir a razão exata, os egípcios procuraram um quadrado cuja dimensão lateral tivesse uma área equivalente à de um círculo específico. Isso era conhecido como enquadrar o círculo. Descobriu-se que o círculo com diâmetro

de nove unidades (nove côvados) produzia a mesma área equivalente a um quadrado cujos lados mediam oito unidades (oito côvados). O nove dividido por oito (9/8) é igual a 1,125. Acredita-se que isso tenha dado a eles a razão constante de 3,125. Isso é extraordinariamente próximo do valor normal usado hoje em dia de 3,142, uma variação de apenas 0,5%. A medição de 3 1/8 (três e um oitavo) não era fácil, mas a medição de 12 1/2 (12,5) era. E 12,5 é um valor equivalente muito próximo do 4x n (pi). O valor de Fi Havia ainda outro relacionamento numérico que parecia ser de particular interesse para os nossos ancestrais. Assim como os números três, cinco e sete eram vistos como os mais comuns na natureza, também eles perceberam que o valor de Fi também podia ser interpretado geometricamente. Enquanto a maioria dos caracteres aritméticos ou geométricos tem um número simples definível, o Fi tem dois valores numéricos: 1,618 e 0,618, que, por conveniência, são escritos simplesmente como 1,6 ou 0.6. O Fi também se tornou conhecido como a Proporção Áurea ou a Proporção Divina. É uma daquelas fascinantes características geométricas que, mais uma vez, dificilmente ainda é mencionada hoje em dia, embora nossos ancestrais tenham usado essa proporção na construção de muitas das maiores e remanescentes estruturas da Antigüidade, como o Parthenon em Atenas, que as gerações posteriores aprenderam a respeitar. Os relacionamentos proporcionais empregados criam um efeito que determina que a estrutura esteja visualmente em harmonia.

Para entendermos isso, precisamos examinar aquilo que veio a ser chamado de a seqüência de Fibonacci. Em termos simples, a mesma começa com os primeiros números de nosso sistema de contagem, zero, um e dois. Se somarmos 0 + 1 , então a resposta é 1. Se agora adicionarmos 1 + 1, a resposta é 2. Depois, se pegarmos o último total de 2 e adicionarmos ao mesmo o total anterior de 1, então teremos 3. Se continuarmos com esse formato, teremos a seguinte série de totais: 0+1 = 1 8 + 5 = 13 1 + 1 = 2 13 + 8 = 21 2 + 1 = 3 21 + 13 = 34 3 + 2 = 5 3 4 + 2 1 = 55 e assim por diante. 5+3=8 Na seqüência de Fibonacci descobrimos que, se pegarmos dois totais adjacentes quaisquer e dividirmos um pelo outro, então o resultado é muito próximo do valor de fi. 13/8=1,625(1,6) 8/13 = 0,615 55/34=1,6176 34/55 = 0,6181818181818181818181818... Descobrimos que, uma vez passados alguns dos primeiros totais, os resultados aritméticos nos totais oscilam em volta dos algarismos 1,618 e 0,618, mas sempre começam com 1,6 e 0,6. Então, esses dois números, 1,6 e 0,6, tornaram-se sinônimos da representação de Fi. Se olharmos a primeira coluna nas somas acima e desenharmos retângulos com essas proporções, então teremos o que é conhecido como a Proporção Áurea. A Proporção Áurea, também conhecida como Proporção Divina, destaca-se na construção geométrica de algumas das grandes catedrais da Europa. E, como veremos, ela surge nos locais mais inesperados.

O Fi é uma característica encontrada extensivamente em proporções associadas à estrutura do coipo humano, como na relação entre o centro dos olhos e a largura da cabeça, a distância entre o cotovelo e o pulso, a proporção entre o comprimento do braço medido do ombro até o cotovelo. A posição geralmente mais citada é a do umbigo em relação à altura da pessoa. Ao medir a altura da pessoa, você vai medir a distância do alto da cabeça até o umbigo; depois, a posição do umbigo até a sola dos pés, que eqüivale à do umbigo em relação ao chão; e dividir a distância dos pés ao umbigo pela distância do umbigo até o alto da cabeça, o resultado disso tudo é Fi, 1,618 (1,6). A espiral da concha do caramujo do mar também tem a razão de Fi. A Pitágoras atribui-se essa descoberta da conexão da natureza com todas as coisas que achamos agradáveis ao olhar. Quando chegamos à beleza humana, as mesmas razões são encontradas. Por exemplo, a largura do nariz como razão da largura da boca. Isso é sugerido pela obra de um cirurgião plástico, que mora nos Estados Unidos, sobre a definição do que achamos belo na face humana. Falando de um modo geral, uma estrutura construída com base no conceito de Fi tem proporções simétricas e agradáveis aos olhos da mesma maneira que muitos atributos da natureza são igualmente agradáveis. Estando relacionada com a natureza, essa estrutura, portanto, era vista como tendo a proporção preferida do Criador, e como tal era uma criação divina, daí a expressão Proporção Divina. Geometricamente a razão pode ser desenhada como a seguir:

A partir daí poderá ser visto que um quadrado de qualquer tamanho pode ser transformado em um retângulo da Proporção Áurea, com o quadrado ABCD acima se tornando os retângulos definidos pela linha de base DZ e CY. Existem seções das grandes catedrais europeias onde a pessoa pode claramente ver como os maçons construtores teriam usado esse tipo de geometria para estabelecer um prédio de proporção divina. Esse aspecto do valor de Fi tem outras conexões geométricas que mostraremos no devido momento. O quadrado secreto do maçom Nessa geometria geral, existia outro segredo que os maçons de antigamente entenderam e usaram. Ele é diversamente conhecido como o corte secreto, corte sagrado ou quadrado sagrado. Como isso também está ligado ao trabalho dos maçons, resolvi chamá-lo de quadrado secreto do maçom. A figura a seguir é a janela de uma igreja em Lewes, cidade do condado de Sussex Leste. A igreja rastreia sua história até uma época logo em seguida à Conquista Normanda e, portanto, foi construída no mesmo período de muitas das grandes catedrais da Europa. Dentro dela se destaca a construção do arco gótico pontiagudo [em ogiva] não apenas típico da época, mas inerente ao

processo geométrico da Vesica Piseis. Esse tipo de desenho não é incomum, e pode ser encontrado em muitas igrejas e prédios importantes.

A estrutura externa octogonal carrega um simbolismo que será mencionado em outro capítulo. O octógono pode ser facilmente produzido com o uso de um esquadro e um compasso, as ferramentas principais do maçom.

O desenho completo teria sido conseguido com a ajuda de um compasso, de uma régua, como um esquadro, e do conhecimento do processo de trabalho dos segredos da geometria sagrada.

Um quadrado em torno do círculo central da Vesica Piscis definia os pontos internos da cruz de quatro folhas, ao passo que o quadrado secreto do maçom, derivado do quadrado externo original e do octógono, definia a espessura do relevo em torno do padrão definido pelos círculos da Vesica. Era como se, na construção dessa igreja medieval, os construtores estivessem registrando os princípios geométricos que governavam seu planejamento e sua construção.

A borda externa tem 24 segmentos triangulares representando o ciclo da Terra em um dia, e o espaçamento de 15 graus que representa uma hora.

A Geometria sagrada - o segredo de um maçom Através da minha introdução nessa área da Geometria, sua associação com o macrocosmo e seu uso no desenho e na construção de prédios sagrados, eu me dei conta de que todo esse gênero de forma geométrica, e seu uso, em algum momento no passado, tornou-se conhecido como Geometria Sagrada. Era fácil compreender por que os maçons dos tempos antigos buscaram entender esse conhecimento: era essencial para o ofício deles. De fato, em quase todas as Lojas Maçônicas, a letra "G" fica posicionada perto do centro da sala em uso. Documentos históricos e pesquisas de outras pessoas indicam que essa letra "G" denota Geometria. Isso esclareceu para mim que, em tempos antigos, esse conhecimento era para ser guardado de maneira zelosa. Era o tipo de informação que demandava que fosse transmitida apenas dentro do ofício, à medida que cada profissional demonstrasse ter entendido plenamente, manifestando proficiência de entendimento e reprodução em cada nível de especialização do conhecimento. Para garantir que essa informação permanecesse como segredo de ofício, punições draconianas foram definidas para os transgressores que violassem o código de honra que juravam obedecer, de não revelar tais segredos para ninguém que não estivesse preparado para conhecê-los. Isso ajudou a garantir a confidencialidade de valiosos segredos da arte. Assim, cada novo nível de proficiência exigia uma demonstração de reconhecimento, de modo que outras pessoas de conhecimento similar ou superior tivessem o meio de saber se o indivíduo tinha, de fato, alcançado certo nível de entendimento e aceitação dentro do ofício. Atualmente,

em várias áreas de especialização profissional, certificados são emitidos por corporações examinadoras regulamentadas, e a apresentação de um certificado para algum futuro empregador serve para demonstrar um nível de proficiência no entendimento de uma profissão, tanto na teoria como na prática. Os procedimentos de exame atualmente são, portanto, meras extensões daqueles processos de promoção de níveis desenvolvidos por fraternidades de ofícios como os maçons. A antiga memória do Sol e da Lua continua viva Dentro do serviço de comunhão da Igreja Anglicana existe um segmento conhecido como Credo Niceno. Trata-se de uma declaração que a congregação profere em voz alta, reafirmando seu compromisso individual e coletivo com sua religião. Da mesma forma, sem dúvida, que muitos outros freqüentadores assíduos de serviços religiosos, eu rotineiramente me juntei nessa reafirmação. Foi assim que em uma manhã de domingo, nosso vigário de então, como parte de seu sermão, falou a respeito do Credo Niceno. Ele observou que estávamos reafirmando um compromisso começado por bispos no Concílio de Nicéia, no século IV. Ele se admirava com as muitas gerações que, desde aquela época, fielmente fizeram essa reafirmação de modo que pudéssemos receber a mesma como havia sido originalmente escrita. Esse evento ocorreu durante um período em que, no esforço para entender mais a respeito de nossos antepassados, eu estava lendo muito sobre história antiga e procurava encontrar referências e comparações cruzadas entre religiões antigas e suas conexões com as

religiões ocidentais eminentes que existem hoje em dia. Quase por acaso, deparei com um gênero de livros que analisa a religião em um contexto histórico, em vez de em declarações de fé, e questionavam as interpretações que, no passado, tanto o dogma da Igreja quanto a retórica haviam sido reforçados e expostos como verdades absolutas. Esses livros abriram um mundo totalmente novo para mim, fornecendo respostas para muitos aspectos da religião que eu sentia que não haviam sido totalmente esclarecidos em minhas próprias práticas religiosas. Não pretendo fazer aqui nenhuma revisão detalhada desse material, a não ser observar que o Sol, a Lua e os macrocosmos eram componentes-chave de todas as religiões primitivas, que também passaram para o simbolismo do Cristianismo. O que despertou interesse em mim foi que, à medida que a doutrina cristã se espalhava pela Europa, outras crenças religiosas eram removidas de sua frente sob o título de paganismo. Para destruir qualquer registro dessas religiões, os lugares sagrados dos pagãos muitas vezes foram absorvidos pelo Cristianismo, talvez com uma igreja sendo construída no local. Os festivais pagãos foram absorvidos pela religião cristã e "rebatizados". Nestes estão incluídos: •25 de dezembro, uma data anteriormente associada ao solstício de inverno e celebrada como o renascimento do Sol. Ela se tornou o mais importante festival dos seguidores do Sol Invictus, o deus Sol romano. •A véspera do Dia de Reis, como os 12 dias do Natal, era um festival druídico. Era um ponto em que o Sol podia ser positivamente medido quando se movia para o norte depois de atingir o ponto mais ao sul, o solstício do

inverno. A véspera do Dia de Reis também era celebrada como o festival do renascimento do Sol, que logo traria calor, luz e abundância de volta à Terra, banindo os dias escuros e frios do inverno. Era um tempo de festa na Europa Céltica quando, antes da chegada do Cristianismo, árvores e bosques eram decorados como parte do estímulo para o renascimento do mundo natural. No Cristianismo, essa data passou a comemorar a suposta chegada dos três reis magos a Belém em busca do novo rei, trazendo junto com eles presentes como ouro, incenso e mirra. E, posteriomente, tornou-se o dia da festa de São João, celebrada em 6 de janeiro. Interessante é que, através dos séculos, existiram vários dias de festa maçônica que eram comemorados em 6 de janeiro. Isso estabelece mais uma vez uma conexão direta entre as cerimônias maçônicas e o Sol: quer fosse intencional ou por acidente, o vínculo estava lá. A herança do culto ao Sol e à Lua continua uma característica de nossas vidas. A memória permanece em nosso calendário por meio dos nomes dos dias da semana. Todos os dias da semana [no calendário europeu] têm nomes de deuses associados aos planetas. Sábado[Saturday], por exemplo, é o dia do deus Saturno. Saturno era um elemento central da religião israelita primitiva e observa-se que, nesse dia, aqueles que professam a fé judaica celebram o seu Sabá. Os nórdicos e os vikings, que invadiram a região norte da Grã-Bretanha, deixaram a lembrança de seus deuses por meio de Woden, Thor e Freyja, que tinham conexões diretas com o macrocosmo. Muitas partes da Grã-Bretanha foram obviamente influenciadas pelo idioma francês após a conquista normanda. Com forte influência latina, derivada

dos romanos, essa herança pode ser encontrada nos nomes dos outros dias da semana, que foram nomeados conforme os deuses romanos. Assim a lista completa é a seguinte: Sábado [Saturday] era o dia do deus Saturno. Domingo [Sunday] era para o deus Sol. Segunda-feira [Monday] era para a deusa Lua - Lundi vincula-se com lunar. Terça-feira [ Tuesday | era para o deus Marte - Mardi. Quarta-feira [Wednesday] é para o deus Mercúrio Mercredi e Woden. Quinta-feira [Thursday] era para o deus Júpiter - Jeudi e Thor. Sexta-feira [Friday] era para a deusa Vênus - Yendredi e Freyja. O festival religioso da Páscoa originou-se do festival pagão de Eostre. Esse festival celebrava a chegada da primavera, tempo de renascimento e renovação. Parece que não existia um dia exato que definisse quando esse festival seria celebrado. Isso mudou quando ele foi absorvido pela Igreja Cristã como uma data paia relembrar a crucificação. A igreja primitiva, por intermédio do conselho de Nicéia por volta de 325 EC, fixou o dia de celebração como sendo no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que ocorre durante ou após o equinócio Vernal (Primavera). Essa prática continua a existir ainda hoje, cerca de 1.700 anos após ter sido definida pela primeira vez. A data da Páscoa é fixada pelo trânsito das órbitas celestes do Sol e da Lua. O calendário solar tinha, nos tempos romanos, se tornado o calendário pelo qual os eventos civis e administrativos eram

governados. As instituições religiosas continuaram a usar o calendário lunar. O imperador romano Constantino convocou o Concílio de Nicéia. Embora defendesse o estabelecimento da aceitação cristã, ele continuou acreditando nos deuses romanos da época e, em particular, no culto ao deus Sol, Sol Invictus. Ao definir o dia de festival como um domingo (o dia do deus Sol), Constantino estava então apaziguando seu deus, quando formalizou o festival de Eostre e juntou os calendários civil e lunar. Sob muitos aspectos, isso foi uma obra-prima de diplomacia. Na época em que o Concílio de Nicéia se reuniu, em 325 EC, o calendário civil em uso era o que foi legado por Júlio César. Esse calendário permaneceu em uso em toda a Europa até o século XVI. Ele tinha certas falhas em conseqüência disso, datas importantes foram deslocadas; por exemplo, o equinócio de primavera, que conhecemos como 21 de março, desviou-se no tempo em cerca de dez dias. Por volta do século XVI, a Igreja Católica estava com grande dificuldade para ligar a data definida no calendário com os eventos tradicionais determinados a partir da observação solar e lunar. Durante o reinado do papa Gregório, um novo calendário foi inventado, o calendário gregoriano, que continuamos a usar atualmente em nossa vida profana. Foi criado em 1582 e seu uso gradualmente se espalhou para todos os países sobre os quais a Igreja Católica tinha então influência política. Foi somente cerca de 200 anos mais tarde, em 1752, que o calendário foi adotado na Inglaterra e, portanto, em suas colônias, especialmente nos Estados Unidos. Para ajustar a diferença de dias acumulados que existiam no calendário juliano, algum realinhamento era necessário. Na Inglaterra isso foi feito no mês de setembro, quando a quarta-feira, 2

de setembro, era seguida pela quinta-feira, 14 de setembro. Isso causou considerável revolta, especialmente entre os proprietários de terra e seus arrendatários, quando estes últimos, ao pagar seus arrendamentos, acharam que estavam sendo trapaceados em dez dias de pagamento por dias que não existiram. A estrutura do calendário gregoriano, como conhecemos, dita que existem alguns meses com 28 dias, alguns com 30 e outros com 31. E assim, claro, existem anos bissextos, que aumentam o mês de fevereiro para 29 dias. Então, foi com alguma surpresa que encontrei uma referência ao fato de que, desde os primeiros dias de fundação das Nações Unidas, uma proposta aparentemente estava pendente para um novo sistema de calendário global. Foi, aparentemente, sugerido que esse novo calendário tivesse 12 meses, cada um com 28 dias, quase um eco dos calendários religiosos lunares dos tempos antigos, e mais um mês complementar a ser instalado entre os atuais meses de junho e julho, para encaixar os dias excedentes. 12 meses de 28 dias = 336 dias 365 dias - 336 dias = 29 dias e 30 dias em um ano bissexto. E qual nome foi sugerido para esse novo mês?... Sol, novamente o Sol. Como mencionamos anteriormente, a religião cristã primitiva absorveu antigos locais sagrados pagãos com a construção de igrejas no mesmo terreno. Quase todas as igrejas receberam o nome de algum santo. A Igreja Católica implantou uma estrutura em que um dia de uma festa específica era alocado no calendário com a celebração de um santo em particular. Assim, por exemplo, o dia da festa de São Jorge é 23 de abril. Era prática comum

construir a igreja com orientação não apenas no eixo leste-oeste, mas mais exatamente alinhado ao ponto no horizonte ocidental onde o Sol surgia no dia do festival associado ao santo ao qual a igreja era dedicada. Assim, uma igreja dedicada a São Jorge estaria orientada para aquele ponto no horizonte onde o Sol surgiria no dia 23 de abril. Também devemos notar que o altar era invariavelmente colocado no leste de modo que os primeiros raios do Sol do dia pudessem iluminá-lo. É por essa razão que normalmente uma grande janela ficava instalada na extremidade leste da igreja. Tal processo de orientação precisava ser totalmente entendido pelos maçons que realizavam o trabalho de construção. Dentro do repertório de habilidades deles, havia uma necessidade não apenas para os métodos e truques da profissão associada ao entalhe da pedra, mas para o conhecimento associado aos princípios tanto da mecânica como da geometria celeste. Princípios teóricos são ótimos, mas não têm nenhum valor a menos que sejam colocados em prática, ou seja, demanda o desenvolvimento de aparelhos, instrumentos e procedimentos repetíveis para garantir a consistência dos resultados. Sabendo que nossos ancestrais não tiveram a vantagem das tabelas de logaritmos e trigonometria, então qualquer aparelho que eles desenvolvessem deveria, por necessidade, ser simples de fazer e de usar. A questão é: nossos ancestrais tiveram instrumentos que permitissem essas medições sofisticadas? A resposta mais provável é sim. Surpreendentemente, um dispositivo simples pode ter vindo de uma forma que a maioria das pessoas no mundo ocidental reconhecerá, embora em um contexto totalmente diferente.

A cruz céltica A cruz que conhecemos como parte da iconografia do Cristianismo representa o dispositivo no qual Jesus foi crucificado e simboliza a dor e o sofrimento que acompanharam o evento. Porém, nos primeiros séculos após os eventos de Jerusalém, há 2 mil anos, o símbolo da cruz não era identificado com a iniciante religião cristã, especialmente como viemos a conhecê- lo por meio da cruz latina, com sua longa haste reta e seu braço cruzado mais curto. O símbolo original era o peixe ou Ichthys (a palavra grega para peixe), símbolo que, de acordo com a tradição, os cristãos primitivos usavam como meio secreto de identificação em uma época em que eram perseguidos pelas autoridades romanas. A perseguição apenas parou com a Declaração de Milão, em 313 EC, que efetivamente fez do Império Romano uma província secular. O símbolo da cruz tem suas origens em tempos mais antigos. Muitos teólogos identificam a primeira menção da cruz no Antigo Testamento, com referência a Adão e Eva e o Jardim do Éden. Lemos em Gênesis, 2, 10: E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. Acredita-se que os quatro braços sejam uma referência aos quatro pontos cardeais de Norte, Sul, Leste e Oeste, que criaram o símbolo da cruz. Como conseqüência disso, não era incomum que jardins fossem definidos com caminhos que se cruzavam em ângulos retos no centro para criar quatro áreas separadas de cultivo, um padrão que se tornou conhecido como quadrângulo.

Em tempos pré-cristãos, existia o símbolo de um círculo, dividido com uma cruz que representava o Sol. A imagem resultante era conhecida como a roda do Sol, enquanto o círculo sozinho representava a Lua. O imperador romano Constantino incentivou a adoção do Cristianismo como religião única para unir o império, a partir daí veio o Concílio de Nicéia em 345 EC. Supostamente, ele teve um sonho no qual viu o símbolo de uma cruz e incentivou que ela fosse adotada. Esta se tornou conhecida como o lábaro. Constantino também acreditava no Sol Invictas, o deus Sol. O resultado foi que o lábaro se tornou um símbolo evitado durante muitos anos por aqueles de respeito mais devotos que, por causa das origens do mesmo, o consideravam um símbolo pagão que representava o Sol e a roda do Sol. A Ankh - Chave da vida O Lábaro

Entre as primeiras formas da cruz usadas havia a Ankh, um hieróglifo egípcio que significa vida. Hoje em dia é muitas vezes referida como a chave da vida. Esses pontos, e muitos outros, chamaram a minha atenção quando tive um interesse maior pela cruz céltica. Várias vezes durante o curso da minha pesquisa, aproximei-me de referências que sugeriam que o desenho da cruz céltica se baseava em sabedoria antiga. Vários autores sugerem que os braços da cruz representam os quatro pontos cardeais de Norte, Sul, Leste e Oeste, enquanto o círculo representa o círculo da Terra ou o círculo do horizonte. Apesar de várias investigações

durante muitos anos, o exame de apoio para essas afirmações se mostrou infrutífero. Em séculos recentes, a cruz céltica ficou associada aos primeiros tempos do Cristianismo na Ilhas Britânicas. Acredita-se que ela derivou da época em que o Cristianismo céltico dominava as crenças religiosas da Grã-Bretanha, antes da partida das legiões romanas das costas britânicas por volta de 450 EC. O Cristianismo céltico existiu por várias centenas de anos antes de Santo Agostinho chegar à Inglaterra, em 597 EC, trazendo consigo a doutrina da Igreja de Roma. A forma romana de Cristianismo que chegou à Inglaterra se espalhou pelo Norte e pelo Oeste, de Kent, onde Santo Agostinho estabeleceu sua base inicial. A versão céltica dominante se espalhou pela Irlanda, por Gales, pelo Norte, Oeste e Sudoeste da Inglaterra e pelo Sul da Escócia. Entre os mais famosos centros de desenvolvimento do Cristianismo céltico estavam os da Ilha de lona, bem ao lado da costa oeste escocesa, onde Santa Colomba estabeleceu um mosteiro e, depois, Lindisfarne, também conhecida como a Ilha Sagrada, na costa nordeste da Inglaterra, onde agora fica o condado de Northumberland. Em Margam Park, bem diante da cidade de Port Talbot, no Sul de Gales, existe um magnífico exemplo de uma cruz céltica. Envelhecida com a idade, ninguém tem certeza absoluta de quão antiga na realidade ela é. Ao contrário das cruzes lisas de quatro braços, encontradas no Cristianismo, as cruzes célticas são, em geral, embelezadas com padrões entrelaçados que simbolizam a vinha da vida. Alguns, como os da figura a seguir, parecem indicar cravos ornamentais que simbolicamente fixam a cabeça circular no braço e na coluna da cruz

convencional, ao passo que o grande cravo no centro é mais evocativo de um eixo ou pivô. Em The Holy Kingdom [O Reino Sagrado], Adrian Gilbert, junto com Alan Wilson e Baram Blackett, investigam as possíveis conexões entre os reis célticos galeses e as lendas do rei Arthur. Eles também exploram as lendas de que o personagem bíblico José de Arimatéia visitou o Sul de Gales logo após a crucificação de Jesus Cristo em Jerusalém. Acredita-se que Llantwit Major, uma pequena comunidade na costa da baía de Cardiff, não muito longe de Margam, era o local de um mosteiro estabelecido logo depois da visita de José de Arimatéia. Em uma pequena igreja de Llantwit Major, Adrian Gilbert observou os restos de outra cruz céltica que ele avaliou como sendo de grande antigüidade. A mesma pode até ter relação com o antigo mosteiro. Se esse fosse de fato o caso, então isso implicaria que a cruz céltica existia nos anos iniciais dos primeiros séculos da Era Cristã. Ela tem o desenho que era relativamente exclusivo da área dominada pela tradição cristã céltica e, assim sendo, implicaria que o conceito original do desenho deve ter existido antes da chegada do Cristianismo na Grã-Bretanha. Então, como esse desenho relativamente exclusivo foi desenvolvido?

Uma cruz céltica na propriedade rural dos condes de Spencer, em Northamptonshire, Inglaterra. Fotografia obtida e reproduzida pela gentil permissão de Crichton Muller: É interessante ver que a Vinha da Vida esculpida na coluna lembra os dois círculos da Vesica Piscis entrelaçados com outros dois círculos na base da coluna. As serpentes interligadas foram esculpidas na cabeça circular, e existem marcadores nas pontas do braço da cruz. O problema é que ninguém sabe ao certo onde o desenho da cruz céltica se originou. Existe a opinião de que ela proveio dos séculos VIII e IX, vindo junto com uma combinação do simbolismo cristão com os símbolos pagãos do Sol, que era um círculo inscrito em uma cruz -

a roda do Sol -, e da Lua, que é um círculo. Os povos que agora conhecemos como celtas, e que freqüentemente são definidos como tendo sido pagãos, viveram nas Ilhas Britânicas durante vários milhares de anos antes da ocupação romana. O paganismo algumas vezes é visto como culto ao Demônio, mas essa é uma terminologia promulgada pelos primeiros bispos cristãos que queriam que todos acreditassem naquilo que eles pregavam; qualquer um que tivesse uma crença contrária era rotulado como uma pessoa ligada ao Demônio ou praticante de bruxaria. O pagão é alguém que não segue aquilo que somos incitados a aceitar como crenças religiosas estabelecidas, e pode acreditar não em um deus único mas em vários. O culto ao Sol e à Lua seria natural para qualquer pessoa antes da difusão da doutrina cristã. Além da cruz céltica, existem outros exemplos de símbolos cristãos e pagãos que foram combinados. Muita coisa na iconografia cristã primitiva mostrava isso. O imperador romano Constantino, já mencionado, foi responsável por instigar nos romanos a crença cristã como meio de unificar seu império. Embora aceitasse o símbolo da cruz, ele também acreditava no culto do Sol Invictus, o culto ao deus Sol. Como conseqüência, ele misturou as duas de modo que Cristo é visto na iconografia da crucificação como estando em uma cruz de quatro pontas, com o halo do deus Sol ficando atrás de sua cabeça. Essa imagem perdurou através dos séculos, implicando uma sutil referência à continuação da influência do deus Sol. Pelo que foi dito anteriormente, não é difícil entender como a cruz céltica, em seguida, começou a ser vista como o simbolismo combinado dos celtas e do Cristianismo primitivo: a cruz do Cristianismo sobreposta

ao disco do Sol. Em muitos aspectos, era a harmonização perfeita das imagens cristãs e célticas. Isso levanta questões como: por que o símbolo pagão do Sol era um círculo inserido em uma cruz? Os sacerdotes celtas eram aqueles que viemos a conhecer como druidas? Os druidas eram bem conhecidos pelo entendimento que possuíam do macrocosmo e tinham um conhecimento bastante avançado da maneira pela qual as esferas celestes e os céus trabalhavam? Em muitos aspectos, o conhecimento deles era temido pelos romanos que finalmente os dominaram, forçando-os a se retratar e a se retirar para a Ilha de Anglesey, ao lado da costa nordeste de Wales, onde os sacerdotes druidas afinal foram derrotados e dizimados pelos exércitos de Roma. Com o desaparecimento deles foi-se o conhecimento que herdaram de centenas de gerações de seus antepassados. Apesar disso, é possível desenvolver o cenário que pode muito bem ter sido a origem. Vamos imaginar que os sacerdotes druídicos procurassem monitorar a progressão anual do Sol. Um ponto de referência estaria adiante no horizonte e, a partir de um ponto favorável, como o topo de uma montanha ou uma planície aberta, o horizonte os rodearia. Seria lógico copiar o círculo do horizonte convenientemente no chão talvez com um círculo de pedras. Monitorar os céus consistentemente por um longo período exigia permanecer no mesmo lugar, para ter o mesmo lugar de referência. Isso determinou a descoberta do centro do círculo. Ao monitorar a sombra ao meio-dia e o nascer do Sol no dia do equinócio, produzindo a partir daí linhas do norte para o sul e do leste para a oeste, o centro podia ser estabelecido: um círculo dividido por uma cruz. As linhas da cruz poderiam ser visíveis durante o dia, caso fossem

rabiscadas no chão, com o uso de alguma coisa como uma galhada, mas a observação da Lua à noite resultaria em linhas invisíveis. Então, o círculo com a cruz simbolizaria o Sol e o círculo sem a cruz simbolizaria a Lua. Isso é, claro, pura especulação. Infelizmente, muitos governantes na história, por ignorância, ou como fútil demonstração de poder, destruíram registros e vestígios do conhecimento que nossos ancestrais cuidadosamente recolheram e passaram. É possível que, com a destruição dos druidas pelo romanos, o entendimento das origens da cruz céltica tenha desaparecido com eles? Sem evidência positiva, pesquisadores e estudiosos só foram capazes de fazer conjecturas durante o século XX. Mas isso agora pode mudar graças à invenção de Crichton E. M. Miller, no início do século XXI. Crichton Miller é um marinheiro habilidoso e muito qualificado em navegação. Seu interesse foi despertado quando ele tentou entender como nossos ancestrais, há milênios, foram capazes de navegar por vastos mares antes do desenvolvimento dos processos sofisticados que surgiram nos últimos 500 anos. Nós já sabemos, por exemplo, que grupos de vikings navegaram da Noruega para a Islândia e para a Groenlândia há mais de mil anos. Em sepulturas perto das pirâmides de Gizé, arqueólogos descobriram vários barcos grandes que haviam sido deliberadamente enterrados. A princípio, pensava-se que fossem usados em procissões fúnebres ou em navegação localizada no Rio Nilo. Porém, exames de arquitetos navais mostraram que eles foram projetados para navegações mais distantes e que eram capazes de enfrentar vagas e ondas em alto-mar. Esses barcos foram construídos há cerca de 4 mil anos. Também é sabido que

os fenícios, contemporâneos da era do rei Salomão, navegaram para a Cornualha, na Grã-Bretanha, para comprar estanho, que eles então comercializaram em todo o Mediterrâneo e o Oriente Médio. Isso foi há cerca de 3 mil anos. Além disso, é sabido que na era do rei Salomão, navios navegavam para portos do Mar Vermelho e comercializavam mercadorias na Índia. Tudo isso exigia conhecimentos de alguma forma de

instrumento de navegação ou outra metodologia.

As ilustrações foram reproduzidas com a gentil permissão de Crichton Miller e usadas inicialmente para ilustrar seu livro The Golden Thread of Time [O Fio de Ouro do Tempo]. Elas mostram como um instrumento, baseado no conceito conhecido como cruz céltica, poderia ser usado para observação e alinhamento horizontal, alinhamento vertical e angular, e medição astronômica.

Após muitos anos de investigação, Crichton Miller descobriu que havia desenvolvido um instrumento simples, que compreendia uma vara e um braço cruzado que parecia uma cruz. Um fio de prumo e uma placa circular com marcações que representavam os 360 graus de um círculo foram amarrados à cruz. Logo ele percebeu que o que havia desenvolvido representava uma cruz céltica tradicional. Quando chegou a essa posição, ele tentou aperfeiçoar seu invento por meio do contato com a comunidade acadêmica, mas encontrou total falta de interesse. Assim, para dar credibilidade e destaque ao dispositivo, ele o patenteou - globalmente - sob a Solicitação de Patente no Reino Unido: GB 2 344 654 A. É um dispositivo incrivelmente simples que pode ser usado para medir, entre tantas coisas, a altitude do Sol, da Lua,

das estrelas e das constelações do zodíaco; o alinhamento vertical de uma construção ou pedras em pé como as de Stonehenge; o alinhamento vertical de fileiras de blocos de pedra usados em paredes de palácios ou templos; o alongamento angular de uma pirâmide e a latitude. Ao monitorar a sombra da vara quando o Sol está em seu meridiano, ao meio-dia, e ao desenhar uma linha norte-sul ao longo da orientação da sombra, ou ao colocar a vara horizontalmente sobre a mesma, a placa na qual os ângulos haviam sido marcados imediatamente se torna um compasso. Em poucas palavras, trata-se de uma ferramenta de observação muito portátil, um sextante, um compasso, um instrumento astronômico para monitorar o movimento celeste, tudo em um só objeto. Desde a produção de seu fascinante livro The Golden Thread of Time [O Fio de Ouro do Tempo], Crichton Miller continuou mostrando como a longitude poderia ter sido medida com razoável exatidão, com o uso do mesmo dispositivo. Em tempos mais modernos, isso era impossível de ser feito com alguma exatidão até que John Harrison inventou seus relógios marítimos no século XVIII. Ao fazer isso, Harrison mudou a face da navegação, estabelecendo Greenwich como o meridiano global para a medição do tempo. Crichton Miller relata que, à medida que seu dispositivo foi se tornando mais amplamente conhecido, um número maior de estudiosos, particularmente nos Estados Unidos, começou a ter mais interesse em seu desenvolvimento e em seu uso. Ele indica ainda que um dispositivo antigo, conhecido como astrolábio, usado para medição celeste por toda a Idade Média, e com origens estabelecidas também há mais de 2 mil anos, tinha as características físicas parecidas com a cabeça de uma cruz céltica.

Adrian Gilbert, que foi mencionado antes, escreveu vários livros sobre o tema do conhecimento antigo e da sabedoria esotérica. Em seu livro Signs in the Sky [Sinais no Céu], ele observa que o termo serpente era freqüentemente usado em tempos antigos para definir uma sombra lançada pelo Sol. Não pude deixar de lembrar que a cruz céltica de Northamptonshire (ver foto) mostra a imagem de serpentes entrelaçadas na cabeça circular. Isso faria sentido se a cruz fosse usada para medições com o uso da sombra do Sol, lembrando que uma sombra era vista nos tempos antigos como uma serpente. No livro de Êxodo, lemos que, quando Moisés voltou do Egito, ele se dirigiu ao faraó e pediu a liberação de todos os israelitas da escravidão. Durante esse encontro, ele e os sacerdotes do Egito entraram em uma disputa para ver quem lançava a maior serpente. Moisés venceu. Êxodo nos conta que eles lançaram suas varas e elas se tornaram serpentes. Quando Faraó vos disser: Fazei milagres que vos acreditem, dirás a Arão: Toma a tua vara e lança-a diante de Faraó; e ela se tornará em serpente... Então Moisés e Arão se chegaram a Faraó e fizeram como o SENHOR lhes ordenara; lançou Arão a sua vara diante de Faraó e de seus oficiais, e ela se tornou em serpente... Pois lançaram eles cada um a sua vara... mas a vara de Arão devorou as varas deles.

Êxodo 7,9-12 Disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste... Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste... Números 21, 8-9

No texto de Êxodo acima, alguém pode imaginar que faraó pudesse muito bem ter esperado que Moisés provasse quem ele era, quais eram suas credenciais para fazer tal pedido em favor dos israelitas. Uma demonstração dos métodos de medição e geometria relacionados ao macrocosmo, originada da sombra do Sol, ou de outras características do sistema da cruz céltica, provaria que ele não era um simples camponês que acabara de perambular pelo deserto, mas alguém altamente educado na sabedoria reservada para algumas poucas pessoas selecionadas na hierarquia, um tipo de informação que devia ser transmitido a um príncipe ou governante no Egito. A segunda citação de Números é ainda mais intrigante, especialmente a referência a uma serpente abrasadora. Se a alegoria da serpente é que a mesma era uma sombra, então a fabricação e a colocação de um dispositivo especial de metal em uma haste podem muito bem ter sido uma referência a um marcador graduado para medir ângulos, junto com uma linha de prumo, como Crichton Miller desenvolveu. Tendo em mente que Moisés foi educado como um príncipe no Egito, com todo o conhecimento dos sacerdotes, é possível que a sabedoria de Moisés fosse mais desenvolvida do que a dos sacerdotes levados a confrontá-lo. Crichton Miller cita vários lugares onde o símbolo da cruz poderia ter sido usado por nossos ancestrais no esboço de círculos e em outros locais antigos, para o registro e o monitoramento do movimento do Sol e da Lua. Entre eles estão as fortificações do condado de Pickaway, em Ohio, EUA. Acredita-se que tenham sido construídas antes das pirâmides de Gizé, isto é, há pelo menos 4.500 anos. Ele cita ainda outro perto do Rio Tygart, também em Ohio,

que também tem toda a aparência da cruz céltica. Depois, existe ainda outro conhecido como Callanish, na Ilha de Lewis nas Hébridas Exteriores, na Escócia. A vinculação entre a lança de Moisés e Arão, a cruz céltica e sua origem, é, claro, uma teoria. Talvez alguém possa considerá-la uma teoria estranha. Mas, quando Frank Whittle inventou o motor a jato, ele partiu de uma posição que acolhia uma teoria estranha. Contudo, a teoria parece fazer sentido, especialmente quando observamos que alguns estudiosos modernos consideram que a cruz céltica foi feita para harmonizar a combinação do simbolismo cristão com os símbolos pagãos que significavam a Lua e o Sol, símbolos pagãos que estavam bem definidos antes da chegada do Cristianismo organizado na Grã-Bretanha. Também devemos nos lembrar de que, nos primeiros anos do estabelecimento da religião cristã na Grã-Bretanha, muitos lugares e símbolos pagãos foram absorvidos pela Igreja como meio de "cristianização", para eliminar aquelas coisas que a Igreja via como demônios do passado. Muito desse simbolismo padrão era já muito antigo, bem estabelecido e entendido. Entre os sacerdotes, o mesmo pode ter sido conhecido por mil anos ou mais. Seria possível que na tentativa de "cristianizar" um instrumento de paganismo preexistente, a Igreja Romana primitiva o tivesse preservado? As observações de Crichton Miller a respeito do desenvolvimento e do uso da cruz céltica são baseadas em muitos anos de pesquisa, observação e experimentação. Ele começou tentando resolver o problema relacionado com a navegação em tempos antigos e reconstruiu um dispositivo com consideráveis semelhanças com a cruz céltica. Ele chegou a demonstrar

a versatilidade do dispositivo como instrumento de medição e monitoramento, um dispositivo inteiramente adaptado aos princípios do conhecimento antigo a respeito do macrocosmo.

A fotografia acima mostra Crichton Miller segurando o dispositivo portátil de medição parecido com uma cruz céltica, durante a observação do nascer do Sol no solstício de verão. A roda está marcada com ângulos para 360 graus, tem peso para garantir alinhamento vertical e girar em torno do pivô central; marcadores nas pontas do braço da cruz permitem o alinhamento. O ângulo é lido por meio de um furo na haste da cruz na parte inferior da roda. Assim, qual a relevância disso para a minha pesquisa a respeito do Templo de Salomão? Trata-se de uma demonstração de que um dispositivo normalmente considerado como de origem de crenças cristãs: pode ter suas origens há milhares de anos antes dos acontecimentos que supostamente ocorreram em Jerusalém há 2 mil anos; •

pode ter sido usado na construção, no estabelecimento e na definição de círculos, círculos de pedras e outros monumentos antigos; • era um dispositivo para o monitoramento das estações pela passagem do Sol e da Lua. •

Longe de ser exclusivamente um símbolo de crença religiosa, o mesmo pode muito bem ter sido uma ferramenta prática usada na definição e na construção de importantes edificações, como o Templo de Salomão. Assim, ele teria sido adotado e usado pelos maçons daquela época. Conclusão A minha pesquisa me fez perceber o relacionamento que existia entre o entendimento da Astronomia primitiva, como nossos ancestrais a conheceram, e a Geometria; que eles teriam reconhecido uma conexão entre a Geometria e a natureza, de modo que tudo fosse visto interligado no macrocosmo; que existiam muitas áreas onde um aspecto de um estudo envolvia outro, de modo que isso era visto como o trabalho criativo de um grande e divino arquiteto, o Arquiteto do Universo ou o Geômetra do Universo. Ela também demonstrou como nossos ancestrais puderam ter conhecimento do movimento dos céus, do nascer e do ocaso do Sol, e da rotação precessional da Terra, e de como usar esse entendimento no alinhamento e na definição de estruturas, ou no desenho geométrico de uma construção importante. Também ficou evidente que toda essa informação era protegida e transmitida de uma geração a outra por meio

dos sacerdotes, que eram, invariavelmente, a elite educada de uma sociedade ou civilização. Então era lógico que na construção de toda estrutura importante, os pedreiros envolvidos precisassem conhecer e entender esse mesmo conhecimento, caso contrário, a implementação da planta poderia resultar em uma estrutura que não atendesse às especificações. E provável também que o conhecimento fosse compartilha-

do gradualmente, à medida que um maçom demonstrasse habilidade suficiente ao trabalhar com a pedra; haveria a compreensão de que o conhecimento que já havia sido compartilhado entre eles, que eram capazes de usar, devia ser mantido entre eles, sem compartilhar com outros que não fossem qualificados para conhecê-lo e usá-lo. A partir dessas conclusões, eu decidi que precisava entender mais a respeito de como algumas dessas informações seriam associadas à Maçonaria e por que certas propriedades geométricas mereceriam tanto destaque.

CAPÍTULO 4 O Segredo do Selo de SalOMÃO O Hexagrama e o Pentagrama Tanto o hexagrama quanto o pentagrama são conhecidos como o Selo de Salomão. Mas como, eu me perguntei, isso podia acontecer? Como ambos podiam ser o Selo de Salomão? No passado, o pentagrama teve claros vínculos com o simbolismo maçônico. O hexagrama continua tendo. É o símbolo gravado na medalha que, quando usada em cerimônias maçônicas, serve como indicação para os outros Irmãos de que quem a usa é um membro iniciado no Grau do Real Arco da Maçonaria, um grau que

completa a educação de um Mestre Maçom. A medalha maçônica mostra o símbolo do hexagrama encaixado em um círculo externo. O símbolo do hexagrama tem recebido vários títulos, como Estrela de Davi ou Magan Davi [Escudo de Davi], além de Selo de Salomão. Algumas vezes os triângulos que ficam no centro do símbolo são entrelaçados e outras vezes não. Algumas vezes são mostrados com um círculo externo que os rodeia e, outras vezes, sem ele. O pentagrama também é conhecido por variantes, como pentalfa, pentângulo ou pentáculo. Assim como o hexagrama, algumas vezes é mostrado com os elementos centrais interligados e outras vezes sem. Algumas vezes é rodeado por um círculo e outras vezes não. E para aumentar seu mistério, existem vezes em que pode ser

visto com um círculo inscrito em seu centro de modo que sua circunferência apenas toque o pentágono que ficará visível no meio do pentagrama. Deve existir, pensei, uma razão para essas diferenças, o que significava tentar por todos os modos descobrir as suas origens. O Hexagrama - origens antigas Existe uma tradição que sugere que o uso do hexagrama remete a muitos séculos antes de Salomão, aos tempos da Mesopotâmia Antiga, e que ele foi absorvido por diferentes culturas. A Enciclopédia Judaica observa que, na Idade do Ferro, exemplos podiam ser encontrados da índia à Grã-Bretanha. Em certas épocas da Antigüidade, o hexagrama era usado com suas duas partes componentes separadas: quando o triângulo apontava para cima, representava o sexo masculino; quando apontava para baixo, representava o feminino. Quando sobrepostos, pensava-se que a imagem resultante, criada pelos dois triângulos, implicava harmonia. Durante minha investigação do fundamento desse símbolo, encontrei uma referência de passagem ao fato de que o símbolo havia sido encontrado bordado em roupas usadas por descendentes de hebreus. Os antropólogos aparentemente o consideravam apenas decorativo. Com a implicação da representação masculino/feminino e a respectiva sugestão de harmonia, não pude deixar de pensar se, quando bordado na roupa, ele não simbolizava que a pessoa que usava aquilo era casada. Não tinha prova para essa afirmativa e não encontrei nenhuma outra referência a essa idéia. Apenas me pareceu uma conclusão lógica. Então, por acaso, eu estava folheando um livro

em uma biblioteca, quando uma página de repente se abriu e os meus olhos captaram a seguinte frase: A héxada é também o símbolo do casamento, porque é formado pela união de dois triângulos, um masculino e outro feminino. O livro que encontrei por acaso foi publicado pela primeira vez em 1928. O que muito me tocou foi essa afirmação de natureza positiva e inequívoca que implicava que, em algum momento, essa devia ter sido uma conotação mais amplamente aceita. Não pude deixar de pensar por que essa função dos triângulos no hexagrama não era mais amplamente comentada. Talvez isso aconteça por conta de o símbolo ter sido completamente ofuscado pelos eventos que afetaram os povos judeus nas décadas de 1930 e 1940, e as subsequentes vinculações com a formação do Estado de Israel. Existe uma crença, originada de tempos antigos, de que o hexagrama era visto como um símbolo que, por causa de suas seis pontas, definia a criação do universo: uma criação que se estende de norte a sul, de leste a oeste, para cima e para baixo. Também, aparentemente, era vinculado aos princípios antigos de medição da Terra, embora do subcontinente indiano aprendemos que ele representava os escudos unidos dos deuses Vishnu e Shiva. Na Idade Média o mesmo podia ser encontrado em igrejas cristãs e nas catedrais, e foi amplamente usado em países muçulmanos durante o mesmo período. As referências sobre a ligação entre o hexagrama e a magia são abundantes. Consequentemente, ele também era visto como um símbolo que atraía boa sorte. Existem ainda muitas referências que sugerem que o símbolo era

muito usado pelos alquimistas, com um triângulo representando o fogo e o outro a água. Aparentemente, isso simbolizava a harmonização dos opostos.

A Estrela de Davi como símbolo dos povos judeus Ninguém sabe exatamente de que modo ou por qual razão o símbolo do hexagrama chegou a estabelecer um vínculo tão definitivo com o Judaísmo. Existem indícios intrigantes e considerável mitologia, mas nada mais que pode ser atribuído à cruz como símbolo do Cristianismo. O hexagrama teve associações periódicas com os judeus desde a Idade Média. Em 1354, Carlos IV, aparentemente, deu permissão à comunidade de Praga para que tivesse sua própria bandeira na qual o hexagrama era exibido. A partir daí, seu uso se espalhou pela Áustria, pelo Sul da Alemanha e pela Holanda. Novamente em Praga, em 1492, o hexagrama foi identificado como um símbolo dos impressores. Muitas fontes observaram que, em vários momentos nessa época, presumia-se que os judeus usassem um crachá que permitia sua identificação. Isso porque a Igreja Católica considerava os judeus responsáveis pela morte de Jesus Cristo, pelo fato de não terem pedido a soltura dele quando Pôncio Pilatos ofereceu uma oportunidade de libertá-lo, em Jerusalém, um pouco antes da crucificação. Como resultado, e reconhecendo que a Igreja Católica manteve domínio político e espiritual sobre a maior parte da Europa durante a Idade Média, os judeus foram proibidos de realizar comércio e de exercer cargos administrativos do governo. Usar o símbolo do hexagrama

sugere que o clima político da ocasião claramente associava algum vínculo entre Judaísmo e hexagrama. Durante o século XX e no século XXI, o hexagrama vinculou-se inegavelmente aos judeus, talvez como conseqüência de os nazistas terem exigido o mesmo uso e processo de identificação da Idade Média como prelúdio do holocausto subsequente. O Templo do Rei Salomão foi construído por volta de 950 AEC. Mas parece que a primeira conexão definida com o antigo Israel deriva de um selo que era, de acordo com a tradição, usado no século VI AEC, aparentemente, como o Selo de Jerusalém. A Enciclopédia Judaica observa que "o mais antigo exemplo inconteste está em um selo do século VII AEC encontrado em Sidon". Isso aconteceu cerca de três ou quatro séculos depois da era atribuída a Salomão. Existe uma tradição de que o símbolo aparecia em um anel que Salomão usava, porém, apesar dessa lenda constar em muitas referências que consultei, era quase sempre citada como uma tradição, sem fatos que ajudassem a verificar sua autenticidade. Existe ainda a tradição de que o hexagrama, como Estrela de Davi, surgiu porque o rei Davi tinha um escudo com o emblema pintado nele, apesar de outra interpretação da tradição registrar que o próprio escudo era no formato do hexagrama. Enquanto o símbolo da cruz aparece com destaque em igrejas cristãs desde os primeiros tempos da formação dessa religião, o hexagrama não era usado desse jeito pelos povos judeus. Embora aparecesse em prédios associados a outras religiões, o hexagrama não se destacava nas sinagogas como tema da decoração habitual. Uma identificação positiva com os judeus foi o aparecimento do símbolo na parede de uma sinagoga de

Cafarnaum, por volta de 200 AEC. Isso aconteceu cerca de 500 anos antes da formulação coesiva do Cristianismo, tal como o conhecemos atualmente, como foi definido no Concilio de Nicéia em 325 EC. Mas essa ligação não significa que o hexagrama era usado exclusivamente pelos judeus. Como foi mencionado antes, esse era um símbolo indicativo de boa sorte e harmonia, que era usado por diferentes culturas. Antes da Era Cristã, não era um símbolo usado exclusivamente nem conectado com o Judaísmo. Não obstante os registros históricos mostrarem o símbolo sendo usado em conexão judaica, sua associação direta e universal com os judeus é muito recente. De acordo com vários relatos, no século XVII existia um limite que separava o bairro judeu de Viena da área cristã. A linha fronteiriça aparentemente era marcada por pedras limites, em um lado das quais aparecia o hexagrama e do outro, o símbolo da cruz. Essa idéia pode ter sido emprestada dos venezianos que usaram uma designação similar em uma parte de sua cidade no início da Idade Média. De fato, em Veneza, parece que uma corrente era colocada junto aos corredores à noite, na área em que os judeus viviam, para melhor simbolizar que aquele era um bairro protegido. A palavra gueto origina-se da palavra italiana que significa "escória", o lixo do metal produzido pelas oficinas de fundição. As áreas em Veneza onde esse tipo de trabalho era realizado ficaram conhecidas como guetos. Foi em uma área como essa que a população judia da cidade se concentrou, tornando-se uma área protegida e segregada dentro da República Veneziana em 1516. Em Praga existia o uso do símbolo para definir o povo judeu desde o século XIV, e acredita-se que foi a partir daí que o uso do hexagrama gradualmente se

espalhou pela Europa, para se tornar o símbolo coesivo de reconhecimento que conhecemos atualmente. Parece que por volta do século XVII, grupos de judeus dispersaram-se pela Europa e começaram a buscar um símbolo que definiria sua unidade religiosa da mesma maneira que a do Cristianismo era simbolizado pela cruz. O hexagrama pareceu se encaixar nesse objetivo. Porém, sua aceitação mais ampla parece ter ocorrido entre 1822 e 1840, quando foi usado pela família Rothchild em seu brasão de armas, indicando que eles eram ligados aos Habsburgos e ao imperador austríaco. Somente por volta de 1897, o símbolo foi oficialmente definido como emblema global da comunidade judaica. Hoje, o hexagrama destaca-se ostensivamente na bandeira da moderna Israel, como símbolo inequívoco dessa nação. Evidência não conclusiva Os comentários anteriores foram tirados das informações que recolhi a respeito do símbolo do hexagrama, embora isso não pretenda ser uma tese definitiva. Existem centenas de fontes, referências e websites na Internet que podem ser consultados, mas, sem considerar a fonte, o mesmo tipo de informação sempre volta à tona com o tempo. Isso quer dizer que é tudo o que se conhece a respeito do símbolo. A partir dessas observações, alguém notará que não existe evidência conclusiva para vincular o hexagrama, a Estrela de Davi, com os judeus como um todo até o século XIX, embora existam conexões localizadas e periódicas como as de 600 AEC e a escultura na parede em 200 AEC. Existem conexões mais positivas a partir do período definido como Idade Média, mas isso foi a cerca de 2 mil

anos depois da era de Salomão. Parece não existir conexão definitiva com o rei Salomão, pessoa com a qual o termo Selo de Salomão é tão positivamente identificado. Isso sugeriu para mim que, se existia algum vínculo positivo, então deveria existir alguma outra dimensão para o símbolo, uma dimensão que não era do conhecimento comum, talvez o tipo de informação secreta retida por sacerdotes como os levitas.

Além do mais, o símbolo do hexagrama pode ser encontrado em muitas igrejas cristãs e catedrais construídas em tempos medievais. Era uma época em que as fundações da Igreja estavam firmes como rocha. Havia literalmente apenas uma única igreja tolerada na

Europa, a doutrina da Igreja Romana. Eu não podia imaginar que um símbolo alquímico ou indicativo de magia, de paganismo ou de feitiços de sorte, todos os quais podiam ser vistos como conexão com o mal, podia ser exibido em construções com significado religioso. Um dos hexagramas mais proeminentes que encontrei em uma catedral na Inglaterra pode ser visto na catedral de Chichester, característica significativa da face norte. Além do mais, ele fica encaixado em um aro circular, exatamente como na medalha que é um emblema da Maçonaria do Real Arco. Jarrow, agora amplamente absorvida pela cidade de Newcastle, fica a cerca de 640 quilômetros ao norte de Chichester. Embora com uma representação ligeiramente diferente, o mesmo símbolo do hexagrama pode ser encontrado em uma igreja próxima. Acredita-se que a igreja tenha sido parte de um complexo originado nos anos imediatamente posteriores à fusão da Igreja Católica com a antiga Igreja Cristã Céltica. Essa fusão foi definida no Sínodo de Whitby, em 664 EC. A parte da igreja é tudo o que resta do imponente mosteiro que uma vez ocupou o local. Era o mosteiro onde o Venerável Bede, que registrou uma das primeiras histórias da Inglaterra, passou a maior parte de sua vida. Além disso, ele era fascinado pelo Templo de Salomão, assunto que retomaremos oportunamente. Bede nunca se afastou mais que poucos quilômetros além do mosteiro de Jarrow, fato que sugere que, para que existisse algum interesse pelo Templo salomônico de Jerusalém, devia existir na época alguma tradição a respeito de sua grandeza, o que atrairia Bede para o assunto com devoção tão cuidadosa, transmitindo-o ao posto avançado do mundo cristão.

Paris, sede de uma das mais famosas catedrais do mundo - a catedral de Notre Dame -, fica algumas centenas de quilômetros ao sul de Chichester. Instituída originalmente no século XII, ela foi quase totalmente destruída na Revolução Francesa. Essa catedral se destaca pelo simbolismo geométrico e pelas ligações com o macrocosmo. Muitos vitrais coloridos fazem alusão aos princípios da Geometria Sagrada e à arte dos maçons. Mas, apesar disso, as centenas de pessoas que a visitam admiram suas proporções e sua decoração, não entendendo o simbolismo que a rodeia. Uma bela janela com vitral colorido no lado sul da catedral, com a face apresentada para o Sol na maior parte do dia, exibe o sinal do hexagrama. Observando o uso amplamente difundido do hexagrama, ficava evidente que a conexão com o hexagrama devia ter outros significados além da ligação com o povo judeu. Parecia existir uma forte conexão com o Cristianismo dos tempos primitivos, pois era usado em profusão pela Igreja sediada em Roma. Eu não podia deixar de acreditar que devia existir alguma coisa a mais a respeito desse símbolo, que era visto como especial em virtude do fato de ter cruzado continentes por um período talvez de 1.500 anos após o reinado de Salomão, para ocasionalmente adornar algumas das grandes catedrais da Europa, construídas pelos maçons em tempos medievais. O padrão distintivo do símbolo e a maneira como era usado nas igrejas e catedrais sugeriam que o vínculo seria geométrico. Mas como? E por quê? Os maçons de antigamente que construíram essas igrejas e catedrais obviamente apreciavam a Geometria. E nós já sabemos que a Geometria é uma característica importante da

Maçonaria. Será que existiria, pensei, alguma ligação entre ambos que poderia ser a resposta para o mistério do Selo de Salomão? Provavelmente, sim. Mas, antes de chegar a uma conclusão, eu precisava entender onde o outro símbolo de Salomão, o pentagrama, encaixava-se no cenário. O Pentagrama Como o hexagrama, as origens do pentagrama se perdem nas brumas do tempo, muito antes do período de Salomão. Tal símbolo também é referido como pentalfa, pentângulo ou pentáculo. Algumas das primeiras descobertas arqueológicas a revelar o uso da figura do pentagrama foram encontradas em uma área do Oriente Médio conhecida como Antiga Mesopotâmia, a maior parte da qual pertence agora ao moderno Iraque. Alguns dos artefatos recuperados, que mostram tal símbolo, foram datados por volta de 3.000 AEC, cerca de 2.000 anos antes da época de Davi e Salomão. Outros artefatos que mostram o símbolo do pentagrama foram descobertos por arqueólogos naquilo que foi a antiga cidade da Babilônia e datados por volta de 900 AEC, no período salomônico. O pentagrama também aparece em estátuas associadas ao Egito Antigo. Durante o período do Império Romano, o pentagrama aparentemente foi usado como símbolo para representar as especialidades da construção, uma das quais era obviamente a dos maçons. O simbolismo ligado ao uso do pentagrama parece ter variado dependendo da cultura na qual foi usado. No passado, simbolizava os cinco elementos: terra, fogo, água, ar e éter, com o éter associado ao espírito. Também

parece ter sido uma representação dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. De acordo com alguns pesquisadores, o uso do pentagrama data pelo menos da época de um soberano da Mesopotâmia chamado Uruk IV, por volta de 3.500 AEC. Nessa época o pentagrama aparentemente simbolizava "direção" ou "região celestial". Por meio disso, podemos ver que a definição simbólica inicial estabelecia uma ligação com a Astronomia. Isso pode ser significativo, já que o pentagrama é muitas vezes associado ao planeta Vênus. Essa conexão parece vir de uma antiga crença astrológica que sugeria que várias conjunções desse planeta com o Sol resultariam na observação de cinco padrões distintos, cada um com oito anos de duração, que descreveriam o padrão do pentagrama no céu por um período de 40 anos (5x8 = 40). Esse padrão era, aparentemente, tão regular que o ciclo de 40 anos se tornou um relógio estelar para os povos antigos que observaram que esse planeta retornava exatamente à mesma posição relativa no final de cada ciclo de 40 anos. Esse padrão astronomicamente vinculado é citado em vários livros. Um dos mais interessantes, que explora a passagem de Vênus, sua possível ligação com o pentagrama e a influência que ele teve sobre povos antigos, é intitulado A Máquina de Uriel, e foi escrito por dois maçons ingleses, Christopher Knight e Robert Lomas. Eles exploraram as ligações entre certas cerimônias maçônicas, o Livro de Enoch e o ciclo de 40 anos de Vênus. No processo de investigação, eles fizeram várias descobertas, inclusive a possível ligação entre os ciclos do planeta, os ceramistas Rinyo-Clacton [Grooved Ware people] da Antigüidade, e Newgrange, uma grande construção circular, na Irlanda, que foi datada por volta da mesma

época de Stonehenge. Knight e Lomas depois desenvolveram a teoria de que as referências na Bíblia a vários períodos de "40 dias e 40 noites" derivam da alusão à passagem cíclica de Vênus como era entendida pelas antigas civilizações.

Embora astrônomos modernos desprezem esse conceito antigo da passagem cíclica de Vênus, ele continuou circulando até recentemente. Uma ilustração gráfica da passagem de Vênus pelo período de 40 anos, que claramente mostra um inequívoco padrão de pentagrama, aparece em um livro do astrônomo escocês James Ferguson (1710-1776). Ferguson, que era basicamente autodidata em várias disciplinas científicas, é descrito em fontes de referência como "entusiástico filósofo experimental, mecânico e astrônomo". Ele é considerado o escritor de um dos primeiros textos de livros populares sobre Astronomia, publicado pela primeira vez em 1756. Ferguson deu particular atenção à passagem de Vênus e

produziu vários diagramas que ilustram associações geométricas com órbitas de planetas. Existiram pesquisadores maçônicos, a maior parte do final da Era Vitoriana e do início da Era Eduardiana, que apresentaram a hipótese de que a origem de alguns conteúdos cerimoniais e outros materiais usados na Maçonaria derivava daquelas que, em tempos antigos, eram vistas como "escolas de mistério". Elas formavam uma espécie de sociedade secreta que, ao que parece, protegia conhecimentos a respeito de vários assuntos, inclusive Astronomia, Alquimia, Aritmética, Geometria e macrocosmo, passando essas informações para os seus adeptos, muitos dos quais eram selecionados individualmente. Uma dessas escolas na Grécia Antiga era a dos pitagóricos, uma sociedade aparentemente secreta que usava o pentagrama como símbolo de reconhecimento. Parte do conhecimento a que esses antigos adeptos, acredita-se, tinham acesso parece ter encontrado seu caminho até a psique maçônica do século XIX e do começo do século XX e há menção disso no século XVIII. Na ausência de qualquer evidência direta que pudesse ser estabelecida para verificar a ligação com as "escolas de mistério" e, em particular, com aquela associada a Pitágoras, eu só pude concluir que essa interpretação surgiu no sistema de educação que se desenvolveu em internatos como Eaton e Harrow, que patrocinavam o entendimento da história clássica junto com a inspiração social promovida pela Renascença e pelo interesse por idiomas como o latim e o grego. Teriam sido esses internatos que educaram muitos maçons seniores da Era Vitoriana e da Era Eduardiana, préuniversidade, ou antes deles terem adquirido suas comissões nos serviços militares e coloniais que então

existiam. Assim, é fácil entender como eles podem ter traçado o conteúdo e os símbolos de certas cerimônias maçônicas de uma linha direta de descendência a partir da Era Clássica da Grécia e de Roma. A Igreja sediada em Roma, como foi dito antes, "cristianizava" os lugares e as práticas considerados pagãos, por meio da construção de igrejas em locais sagrados ou incorporando o simbolismo pagão. Essa foi uma tentativa da parte da Igreja para erradicar aquilo que considerava como práticas relacionadas ao mal. Em vez de erradicá-las, a Igreja inadvertidamente preservou muitas delas. Assim, não seria surpresa descobrir que o pentagrama também tem conotações religiosas, inclusive vínculos com o Cristianismo, já que as cinco pontas do símbolo representam as cinco chagas de Cristo durante a crucificação: chagas na cabeça causadas pela coroa de espinhos, pregos nas mãos e nos pés. O simbolismo do número cinco muitas vezes é registrado na arquitetura pelo pentágono, a partir do qual o pentagrama pode ser definido. Um bom exemplo pode ser encontrado na igreja anexa ao Colégio de São João da Universidade de Cambridge. É interessante notar como o símbolo também está contido dentro das formas geométricas de um triângulo equilátero e de um círculo.

Um website que fornece muitas observações interessantes a respeito das conexões com a Maçonaria, e comentários sobre o pentagrama, é aquele mantido pela Grande Loja da Colúmbia Britânica e Yukon. Ele insiste para o ponto de que, apesar de o pentagrama ter sido ilustrado em muitos artefatos maçônicos, ele não é mencionado e não tem conexão com as palestras nem com a cerimônia maçônica. A minha própria experiência apenas endossa esses sentimentos. Porém, isso não responde aos pontos observados antes, de que o símbolo do pentagrama fica em destaque no degrau da frente do Freemasons Hall em Londres, ou que está caracterizado nas lâmpadas externas do Centro Maçônico de Brighton. Em uma das cerimônias maçônicas, foi sugerido que todos os maçons deviam estudar aquilo que ficou conhecido como as Sete Artes e Ciências Liberais: Gramática, Retórica, Aritmética, Música, Lógica, Astronomia e Geometria. Como a geometria abrange um importante componente do entendimento maçônico, a única conclusão a que alguém pode chegar é que a proporção geométrica do pentagrama deve ter muito mais a ver com sua presença na Maçonaria do que qualquer coisa esotérica. É a mesma conclusão a que cheguei para

o hexagrama. Sendo assim, então quais características têm algum interesse em particular? Quando o pentagrama é rodeado por um círculo, a figura resultante é definida como pentáculo. Eu não podia deixar de observar que tanto o hexagrama como o pentagrama às vezes podem ser usados independentemente e, em outras ocasiões, são definidos dentro de um aro circular externo. Assim, será que quando rodeados pelo círculo eles não se tornariam conhecidos como o Selo de Salomão? Nesse caso, isso mostraria que existia alguma coisa a respeito do círculo que conectava essas formas geométricas com o rei Salomão. A conexão com a Maçonaria Após demonstrar proficiência nos primeiros três graus do Ofício da Maçonaria, a pessoa pode ser convidada a se juntar na próxima etapa da progressão maçônica. Isso é mencionado entre os maçons como a Maçonaria do Real Arco ou simplesmente como Capítulo. O emblema desse grau é um hexagrama encaixado em um aro circular externo. No centro do hexagrama, há um símbolo complementar, um compasso apoiando a representação de um globo e, mais uma vez, a imagem do Sol. A descrição que explica o simbolismo ligado a essa configuração observa que o hexagrama é um triângulo duplo, algumas vezes chamado de Selo de Salomão. Gravadas no emblema existem duas inscrições, ambas em latim. Uma inscrição traduzida diz que "nada falta, a não ser a chave". Desnecessário dizer que quando vi isso pela primeira vez, como novo membro de um Capítulo, logo começei a me perguntar: Para que serve a chave?

Como a chave é usada? Onde posso encontrar essa chave? A tradução da outra inscrição diz que "se tu podes entender estas coisas, então sabes o bastante". Saber bastante sobre o quê? A respeito de que prováveis coisas vamos saber? A descrição então prossegue para uma longa explicação geométrica associada à teoria platônica e aos sólidos platônicos: tetraedro, octaedro, cubo, icosaedro e dodecaedro. Existe uma explicação para a conexão entre o Ia Livro de Euclides e os triângulos, que é feita em uma linguagem tão complicada que eu achei que muitos poucos maçons teriam lido e compreendido por conta própria o que lhes estava sendo transmitido. Apesar da menção aos cinco sólidos platônicos primários simétricos, o mesmo ignora um dos mais respeitados por Pitágoras, a esfera, que ele via como o mais perfeito.

Esfera

Sem considerar a explicação a respeito do emblema do Capítulo, a descrição não traz maiores referências ao Selo de Salomão. O fato de o termo Selo de Salomão ter passado ao uso reafirmava a minha crença de que sua origem derivaria da aplicação geométrica prática. Pensei se isso não estava de algum modo associado ao Templo de Salomão. Em algum momento no decorrer dos tempos, o mesmo passou a adquirir esse título pois estava tão especificamente ligado ao rei Salomão. É difícil imaginar que o título tenha sido inventado há muitos anos, e associado a Salomão, apenas pelo motivo de lhe dar um nome. Percebi que, nos tempos antigos, as pessoas faziam as coisas para fins práticos. Elas não se davam ao luxo de usar desenhos esotéricos apenas para que tais títulos pudessem existir. Como o hexagrama e o pentagrama, junto com o rei Salomão, destacam-se extensivamente no simbolismo e nas cerimônias Maçônicas, e como alguma mitologia envolve todos os três, decidi tentar entender onde a ligação com o rei Salomão, e também os hebreus, podia ter sido originada. Foi por causa da possível conexão com a Geometria, um conhecimento óbvio para os maçons operativos que caracterizavam a Maçonaria, que achei que valia a pena explorar melhor isso. Uma solução para o segredo do Selo de Salomão

Em capítulo anterior, indiquei o significado geométrico do uso de dois círculos sobrepostos definidos como Vesica Piscis. Também observei que essa estrutura geométrica tinha a capacidade adicional de permitir o desenho de um triângulo equilátero como conseqüência do relacionamento angular de 30 graus e 60 graus quando uma linha é traçada dentro da vesica. É óbvio que o relacionamento geométrico simétrico existente dentro da figura da vesica permite que a Estrela de Davi seja produzida com exatidão. Vesica Piscis - Estrela de Davi

A imagem acima podia ser reproduzida com o uso das ferramentas simples dos maçons, um compasso e uma peça reta, como um esquadro.

Além do mais, o símbolo geométrico resultante pode ficar totalmente encaixado em um círculo que toca cada ponto externo quando este é desenhado a partir do centro da vesica. Na verdade, o círculo externo define a consistência da forma. Sendo assim, ocorreu-me que existia uma explicação simples para a diferença de terminologia entre quando os triângulos equiláteros se sobrepõem, um no topo do outro, como na figura anterior, e quando os triângulos estão entrelaçados, como na figura abaixo.

Este é o segredo do Selo de Salomão?

Os triângulos entremeados são indicativos do uso da sobreposição ou dos círculos entremeados, derivados da Vesica Piscis.

Em outras palavras, o uso do Selo de Salomão é indicativo da noção do potencial geométrico da Vesica Piseis. E evidência do conhecimento dos segredos da geometria sagrada. Ele mostra o conhecimento de alguns segredos do maçom. E mostra a utilidade do conhecimento para a definição e o planejamento de algumas das mais significativas construções da Antigüidade. O que seguramente seria visto como uma importante informação, a não ser perdida, mas passada de uma geração a outra. Tudo isso é bastante válido para a Estrela de Davi. Mas, e com relação ao pentagrama? Pesquisando em livros de Geometria, encontrei apenas um método de construir o pentagrama corretamente que parecia compatível. Ele envolve o círculo e o quadrado. Para construir um pentágono ou a figura do pentagrama, primeiro desenhe um círculo, em seguida um quadrado de ângulo reto, cujos lados apenas toquem na circunferência do círculo. Observe o ponto onde o eixo vertical passa pelo centro e a circunferência do círculo (na figura a seguir isso é a linha CD). Construa uma linha reta (EF) a partir do ponto onde o eixo vertical passa pela circunferência de baixo para um canto oposto do quadrado. Coloque a ponta de um compasso no lugar

onde a linha (EF) passa pelo eixo horizontal do círculo (linha AB) e descreva um arco ou círculo a partir do ponto onde a linha EF cruza o eixo vertical CD pelo eixo horizontal AB.

Após construir o pentagrama com base nos princípios geométricos, descobrimos que o símbolo resultante tem certas características interessantes, como podemos ver no diagrama abaixo. B

Cada ponto no círculo externo onde um dos cinco catetos do pentagrama toca (A, B, C, D, E) tem uma separação angular de 72 graus. • Entre cada cateto, por exemplo AFB, é de 144 graus, o que é duas vezes 72. • O ângulo de cada cateto, por exemplo, CBD, é de 36 graus, que é a metade de 72. •

Existem ainda características mais interessantes. Há uma clara ligação com a Proporção Áurea e o valor de Fi. Se alguém pegar o comprimento do fio entre os pontos AB, que também forma um lado do pentagrama, com uma proporção do comprimento de um braço do pentagrama, o valor é 1,618 ou 0,618. Algumas vezes o símbolo do pentagrama é ilustrado com o círculo desenhado no centro, e apenas toca a parte interna dos catetos, ou do pentágono. O diâmetro do círculo resultante é 0,6 do raio de um círculo desenhado em volta dos pontos externos, ou o raio do círculo externo é 1,6 vezes aquele do diâmetro do círculo interno, outra vinculação direta entre o pentagrama e a Proporção Áurea, o Fi, e seus dois valores de 1,6 e 0,6.

A Proporção Áurea também se manifesta de outra maneira. Se você pegar qualquer braço reto do pentagrama e observar o ponto em que as outras linhas

cruzam com o mesmo, então o comprimento mais curto do braço é sempre 0,618 do comprimento do braço.

Se um triângulo for desenhado entre os dois pontos nas pontas dos catetos do pentagrama mais os lados do triângulo, então a base tem uma proporção de 1 enquanto os lados têm o valor de 1,618. O vértice do triângulo terá um ângulo interno de 36 graus, enquanto os ângulos internos na base terão cada um 72 graus.

o pentagrama e a proporção áurea - 3

A vinculação hexagrama/pentagrama com as unidades de medida Anteriormente, neste capítulo, mencionei que existia a sugestão de uma vinculação entre o hexagrama e as medições da Terra. Apesar de considerável pesquisa, não encontrei nada que fornecesse qualquer evidência positiva para apoiar essa pretensão. Mas, inesperadamente, descobri algo que faz tal conexão com o pentagrama. Supondo que as hipóteses tradicionais a respeito da medição da Terra sejam baseadas em práticas antigas, então a unidade de medida pode muito bem ter sido o côvado. Uma unidade de medida, em particular, usada no Egito Antigo era conhecida como o côvado real, que no padrão imperial é 20,63 polegadas (525 milímetros). Cheguei a isso por meio de um estudo que sugeria que o côvado real era baseado no tamanho da Tetra. O argumento definido no estudo sugere que os sacerdotes egípcios estavam procurando um meio de produzir uma unidade de medida padrão. Eles mediram a circunferência da Terra, e a partir daí determinaram que um minuto (1/60 de um grau) de latitude representava 6.046 pés. Essa dimensão por si própria era muito grande para ser manuseada como padrão de medida. Em tempos modernos, essa é uma distância de cerca de uma milha (5.280 pés). O autor nota que a latitude que serviu como limite entre o Egito Superior e Inferior era 29° e 27', e a divisão ficava entre os distritos de Memphis, uma capital egípcia, e Medum. Assim, uma medida relacionada com essa latitude também serviria para unir, simbolicamente, os dois territórios do Egito Superior e Inferior. Como a unidade de medição de ângulos circulares era o

sexagésimo, então, como isso sugeria, os sacerdotes pegaram a medida de 6.046 pés, geometricamente reduziram-na ao equivalente do cosseno de 29° e 27' (0,8708) e dividiram o resultado por 60, depois por 60 novamente. Isso resultou em uma medida mais manuseável, de 1,46246 pés ou 17,5495 polegadas. O interessante é que essa dimensão de 17,5 polegadas é quase a medida normalmente aceita para o padrão do côvado, de cerca de 18 polegadas. Para se construir o pentagrama com o uso dos princípios geométricos, seria desenhado um círculo de 17,5495 e um quadrado em torno da mesma medida. O eixo horizontal seria então dividido por uma linha desenhada a partir do topo do eixo vertical para o canto inferior do quadrado em torno do círculo. O comprimento da linha resultante, BF, no diagrama a seguir, eqüivaleria a 20,63 polegadas, o valor reconhecido do côvado real no padrão de medida imperial. Como vimos na construção metodológica anterior do pentagrama ou pentágono, se um arco for descrito a partir do ponto F, com o centro em B, então o pentágono pode ser inscrito dentro do círculo externo e o comprimento de cada lado também será de 20,63 polegadas.

Alguém poderia, então, muito bem imaginar que os maçons de antigamente teriam usado esse método simples de construção da Vesica Piscis em seus desenhos e implementações. Na maioria das circunstâncias a variação nem seria perceptível. Então, essa construção geométrica se baseava no mesmo processo usado para construir um hexagrama. É fácil entender como e por que o termo Selo de Salomão tornou-se associado a ambas as figuras: a Estrela de Davi e o pentagrama.

Ambos, quando interligados, são derivados de círculos intercalados da Vesica Piscis. Teria sido um processo de construção simples para lembrar quando se trabalhava em um local de construção importante, como um templo ou uma catedral. Desse modo, deve ter sido incluído no segredo do maçom do Selo de Salomão.

O Selo de Salomão Na época em que escrevi este capítulo, apesar de fazer referência a muitas obras de outras pessoas, não encontrei nenhuma sugestão anterior que reclamasse uma solução da Vesica Piscis como sendo uma definição geométrica para o termo Selo de Salomão ou como isso podia ser aplicado ao hexagrama ou ao pentagrama. Confio isso aos leitores. Tendo agora estabelecido uma provável explicação plausível para o Selo, esse fato então nos deixa ainda uma questão a ser respondida: por que ele é ligado ao rei Salomão? Conclusão A respeito do hexagrama, ou Estrela de Davi, as minhas investigações revelaram que a vinculação global e definitiva do hexagrama com o Judaísmo é bem recente, data do início do século XIX, embora tal associação

viesse crescendo progressivamente desde o século XIV. Indícios mostram que o hexagrama foi um símbolo aceito e estabelecido bem antes da era salomônica. Existem vinculações judaicas antigas com o símbolo, mas não muito mais além do que o uso em outras culturas como símbolo de boa sorte, ou com o significado esotérico de representar harmonia. Pode ter sido usado pelos hebreus em tempos antigos como símbolo de casamento, mas não está claro se tal simbolismo recuaria à época dos monarcas carismáticos, Saul, Davi e Salomão. Descobertas arqueológicas na Mesopotâmia traçam o uso do símbolo do pentagrama a uma época de cerca de 2.500 anos anterior à construção do Templo de Salomão. Além de ser uma figura geométrica bem proporcionada, com interessantes características angulares, na Antigüidade foi associada aos ciclos do planeta Vênus. Acredita-se que o pentagrama era um símbolo de reconhecimento dos adeptos da escola de mistério criada por Pitágoras, filósofo e matemático grego. Os ensinamentos de Pitágoras parecem ter sido inculcados na Maçonaria Antiga. Como a referência ao símbolo do pentagrama não é feita em nenhuma cerimônia ou palestra maçônica, a presença do pentagrama na cultura maçônica pode estar relacionada em parte com essa conexão antiga. Isso pode explicar a presença do símbolo nos principais degraus do Freemasons Hall, em Londres, sede da Grande Loja Unida da Inglaterra, embora a interpretação oficial na Maçonaria seja de que se trata de um símbolo de amizade e um talismã de harmonia e boa vontade. A conexão dos símbolos do pentagrama e do hexagrama com os maçons operativos dos tempos antigos é possível por causa da construção geométrica simples, que pode

ser conseguida com base na Vesica Piscis. Quando construídos com o uso dos princípios definidos como Vesica Piscis, eles estão diretamente vinculados a círculos sobrepostos ou intercalados. O que apresento à consideração dos leitores é que, quando os símbolos são produzidos dessa maneira e ficam encaixados dentro de outro círculo, ambos assumem a forma definida como Selo de Salomão; e que a construção do Selo de Salomão era um segredo do ofício dos maçons operativos como símbolo do conhecimento a respeito da Vesica Piscis, usada no desenho e na definição de certas edificações. O que eu continuo precisando descobrir é a razão da referência a Salomão e onde e como tal referência pode ter se originado.

CAPÍTULO 5 Pitágoras, Escolas de Mistério e Maçonaria De que maneira a informação contida na sabedoria antiga era transmitida de geração em geração? Parte da resposta parece estar relacionada às "escolas de mistério".

Em capítulo anterior mencionei as escolas de mistério que, como nós já sabemos, existiram na Era Clássica da Grécia Antiga. Entre estas, havia uma atribuída a Pitágoras, o filósofo e matemático. Parte do conhecimento atribuído a essa escola de mistério em particular manifestou-se na Maçonaria. Conforme os relatos tradicionais, as escolas de mistério têm uma história que data possivelmente de antes de 2.500 AEC. Uma delas estava aparentemente relacionada com Ísis e Osíris, as primeiras divindades do Egito Antigo, e a partir das quais, pela tradição, o império egípcio foi semeado. As religiões importantes, aparentemente, tinham seus próprios ensinamentos místicos, ao lado da doutrina regulamentada. Esse conhecimento místico era dividido entre indivíduos selecionados, que eram iniciados nesses segredos, normalmente com os primeiros três níveis de capacitação sendo referidos como os três graus. Essa mesma prática é encontrada na Maçonaria ainda hoje. E bem sabido que o conhecimento a respeito do macrocosmo, das operações da natureza, de seus ciclos e dos padrões celestiais era dominado por um seleto grupo de pessoas conhecidas como sacerdotes. Tais sacerdotes não apenas entendiam o mundo ao redor deles, realizando investigações sobre assuntos a respeito da maneira como o mundo funcionava, como também tratavam de garantir que as informações e o conhecimento acumulado pelo homem fossem passados de geração em geração. Eles eram magos, os guardiões do conhecimento e do entendimento, e acontecia que, quanto mais sênior a pessoa se tornava dentro da hierarquia, mais o entendimento de um assunto em particular, provavelmente, seria mais extensivo, enquanto

o acesso ao conhecimento de quase qualquer assunto conhecido era vasto. Em seu livro Ancient Freemasonry [Maçonaria Antiga], Frank Higgins faz a seguinte observação a respeito de tais sacerdotes e do processo de iniciação que os rodeava: O objeto de todas essas cerimônias de iniciação antigas era pura e simplesmente a preservação da casta sacerdotal. Esta divisão particular da sociedade, dotada de lazer e dos meios para buscar o conhecimento, descobriu muita coisa, mas nada que pudesse ser compartilhado livremente, quando se percebia que isso se destinava às grandes massas. À medida que o tempo passou, é altamente provável que esses sacerdotes tenham caído na armadilha dos paradigmas, quando os costumes, dogmas e percepções estavam bem estabelecidos, a tal ponto que mudanças não eram toleradas nem contempladas. A mais antiga referência à experiência de Anaxágoras e sua estimativa a respeito do tamanho da Lua serve para ilustrar esse ponto. Punições eram infligidas àqueles que procuravam caminhos alternativos ou propunham soluções ou proposições que não se encaixavam no dogma estabelecido. No caso de Anaxágoras, a punição foi o exílio. Assim, não é difícil entender que as sociedades secretas podem muito bem ter se desenvolvido para explorar novas idéias, transmitindo-as aos adeptos, pessoas desejosas de explorar e promulgar novos conceitos. Os sacerdotes do Egito Antigo mereceram o crédito de ter entendimento bem desenvolvido do macrocosmo, de Geometria, de Astronomia e das regras básicas dos

sistemas de numeração. Da mesma forma, os druidas da Grã-Bretanha mereceram o crédito do mesmo conhecimento. Em alguns aspectos, o entendimento druídico é até considerado superior ao dos egípcios. O terreno do Egito ditava que os sacerdotes de lá tivessem entendimento profundo das plantas e dos animais adequados ao ambiente seco e quente que eles habitavam; eles aprenderam como construir com barro, tijolos e pedras porque as árvores e a madeira eram escassas. Por outro lado, os druidas eram rodeados de florestas que abrigavam um conjunto de vida animal diferente, uma rica flora e fauna. A madeira existia em tal abundância que se tornou o principal material de construção. Tanto druidas como egípcios tiveram algo em comum: o conhecimento, o entendimento e o estudo do movimento celestial. Considera-se que mais tarde os druidas absorveram em sua doutrina muito do entendimento filosófico atribuído a Pitágoras. À medida que o tempo passava, os homens cultos de cada cultura tornaram-se conhecidos como sábios ou homens sabidos; um daqueles que entende. Foi Pitágoras quem aparentemente inventou o termo filósofo, que significa aquele que está tentando descobrir. De acordo com a tradição, Pitágoras nasceu em Sidon, na Fenícia. Existe alguma dúvida a respeito do ano exato, mas acredita-se que tenha ocorrido em tomo de 580 AEC. Considera-se que fosse familiarizado com o conhecimento esotérico. De acordo com a tradição, tendo aprendido tudo o que sentiu que podia dos filósofos gregos da época, ele se tornou um iniciado nos mistérios eleusianos; viajou para o Egito e foi admitido nos mistérios de Ísis pelos sacerdotes de Tebas; então, ele foi iniciado nos mistérios de Adônis antes de passar para a Mesopotâmia e

receber os mistérios dos caldeus; finalmente, ele acabou no Industão para aprender com a casta sacerdotal dos brâmanes. Com o valor de tudo isso que aprendeu, ele voltou ao Mediterrâneo e estabeleceu sua escola em Crotona, no Sul da Itália, onde iniciou discípulos pitagóricos, aos quais transmitiu o conhecimento secreto que adquiriu em suas viagens. Eu já mencionei que aparentemente o pentagrama era tido como símbolo de reconhecimento pelos adeptos de sua escola. Especulou-se que a razão para ele escolher esse símbolo foi por causa de sua conexão com o mundo natural, o macrocosmo. A maioria das pessoas, quando precisa cortar uma maçã pela metade, vai fazer isso pela linha que atravessa o ramo, isto é, ao longo do comprimento da maçã, como se estivesse pendurada na árvore. Se, no entanto, a maçã for cortada pela metade através daquilo que pode ser considerado seu equador, então o símbolo do pentagrama será revelado no núcleo. Assim, seria muito fácil para um adepto da escola demonstrar sua conexão sem ter de falar ou escrever qualquer coisa. Ele podia simplesmente pegar a maçã, cortá-la ao meio e revelar o símbolo interno. Pitágoras aparentemente ensinou a sabedoria alquímica de sua época, junto com a Geometria, a Música, a Aritmética e a Astronomia. Esses quatro assuntos formam a base daquilo que, durante a Renascença, se tornou conhecido como as Ciências e Artes Liberais. As Ciências e Artes Liberais são atribuídas ao conhecimento dos maçons, como registra um documento existente na Biblioteca Bodley de Oxford. Nos primeiros tempos da educação acadêmica formalizada naquilo que atualmente conhecemos como universidades, o estudo das Ciências

e Artes Liberais era básico para o título de Mestre em Ciências Humanas. A chave da contagem pitagórica era o número dez, que Pitágoras definiu como o número mais perfeito e infinito; um número que, claro, tinha íntima associação com a quantidade de dedos da mão ou do pé para a forma humana. O ensinamento pitagórico desprezava os primeiros dois números do sistema de contagem, que Pitágoras chamava de mônada e díada, pois não tinham significado, mas atribuía grande valor aos dois números seguintes, três e quatro. Estes, quando somados aos primeiros dois resultavam no total dez (1+2 + 3 + 4= 10), a década. Aparentemente, é dessa terminologia pitagórica que hoje em dia usamos o termo década para definir o período de dez anos. O interessante é que existia a visão de que, quando dois maçons apertam as mãos, eles estão simbolizando a década pitagórica. A década pode ser dividida em duas porções iguais de cinco e, assim, duas mãos se juntando, cada uma com cinco dedos, criam a década. Pitágoras é famoso por ter atribuído grande valor ao número três. De acordo com Aristóteles, "os pitagóricos dizem... que todas as coisas são definidas por três; pois fim e meio e começo constituem o número de tudo, e também o número da tríade". É interessante como esta conjectura simples permanece uma característica de nossa linguagem de hoje: todas as coisas vêm em três(...) uma gripe leva três dias para chegar, dura por três dias e em três dias vai embora. Pitágoras também atribuiu certo significado simbólico aos números primos na faixa de um a nove. Como exemplo

considere o número 666. O sistema de Pitágoras somava em conjunto os números componentes individuais e depois somava juntos os dígitos da resposta para reduzir isso a um valor simples, dentro da faixa de um a nove. Assim: 6 + 6 + 6= 18 1+8=9 Pitágoras atribuiu ao número nove o próprio homem. A tabela dos números pitagóricos No Nome Representação simbólica pitagórica 1 Mônada Simboliza o pai. Permanece sempre na mesma condição e separado da multidão. É o símbolo da mente, estável e proeminente; é hermafrodita, sendo macho e fêmea, ímpar e par; quando é somado a um número par resulta em um ímpar. Uma mônada somada a outra mônada cria a díada. 2 Díada Simboliza a mãe da sabedoria; a dualidade do Céu e da Terra. 3 Tríada É vista como o primeiro número ímpar (pois a mônada nem sempre é vista como número). Caracteriza amizade, paz, justiça, prudência, piedade, temperança e virtude. 4 Tétrada Vista como o número mais perfeito. Simboliza a divindade, pois incorpora os quatro primeiros números. O número de estações. O meio da semana. Os quatro elementos: ar, fogo, água, terra. Os quatro cantos da Terra: norte, sul, leste e oeste. Caracteriza harmonia, força e virilidade. 5 Pêntada O número dez dividido em duas partes iguais. A soma dos primeiros números ímpares e pares: 3 + 2 = 5. É um dos dois números que quando multiplicados

por si mesmos reproduzem a si mesmos no produto. Caracteriza imortalidade, cordialidade, providência e som. 6 Héxada Representa a criação do mundo. A soma e o produto dos primeiros três números: 1 + 2 + 3 = 6 ; 1 x 2 x 3 = 6 . O segundo número, quando multiplicado por si mesmo, reproduz a si mesmo no produto. Considerado o símbolo do casamento conforme definido pelos dois triângulos que se sobrepõem. Caracteriza harmonia. 7 Heptada Considerado como o número da religião, pois reflete as sete esferas e espíritos celestiais (a Terra é omitida, mas o Sol e a Lua estão incluídos). Considerado o símbolo da vida, pois uma criança nascida após a gestação de sete meses normalmente viveria. 8 Octoda O símbolo sagrado do cubo, que tem oito cantos. Qualidades especiais observam que oito dividido em duas partes é igual a quatro; quatro dividido em duas partes é igual a dois; dois dividido em duas partes é igual a um, a Mônada (1-2-4- 8-4-2-1). Caracteriza amor, conselho, prudência e lei. 9 Enéada O primeiro quadrado de um número ímpar (3x3 = 9). Considerado como o número do homem, pois o mesmo precisa de nove meses de gestação para receber a vida. Algumas vezes é considerado número ruim, pois é o seis invertido. Caracteriza o oceano e o horizonte. 10 Década Considerado como o maior dos números. É representada no tetractys (triângulo de dez pontos). Incorpora todos os números anteriores. A base da aritmética por permitir a contagem com o uso da calculadora humana, os dedos.

Esta tabela foi parafraseada e editada a partir das informações fornecidas em The Secret Teachings of All Ages, de Manly P. Hall. No ensino pitagórico havia um sistema em que certas palavras recebiam um significado numérico que lhes atribuía um sentido oculto. Manly P. Hall observa que o primeiro passo para se obter o valor de uma palavra é saber se ela foi definida em sua linguagem original, e depois acrescenta que isso somente funciona com palavras derivadas do grego ou do hebraico. Na verdade, Hall indica que tanto os gregos como a cabala hebraica usaram esse sistema. Ele demonstra que a palavra que conhecemos atualmente como Jehovah é sinônimo do Demiurgus dos judeus. Quando esta palavra é traduzida novamente para o hebraico, ela se caracteriza pelas seguintes letras hebraicas: Yod-He-Vau-He Então, ao consultar a tabela de conversão impressa no livro de Hall, as letras têm números alocados. Assim, Demiurgus (Jehovah) torna-se: Yod-He-Vau-He 10+ 5 + 6 + 5 = 26 Desse modo, à palavra derivada de Jehovah é atribuído o valor de 26. Levando o processo pitagórico à sua conclusão, reduzindo este total a um número simples, temos: 2 + 6 = 8. Pela tabela anterior foi visto que o número oito (Octoda) representa o cubo sagrado com os seus oito cantos. Porém, o cubo também era uma representação simbólica do mundo. Assim, podemos interpretar a palavra Jehovah como a simbolização do mundo. Manly P. Hall indica que:

As palavras e nomes do Antigo Testamento, portanto, precisam ser retraduzidas para os caracteres originais em hebraico e as palavras do Novo Testamento para o grego.

Correndo abertamente o risco de gerar polêmica, o que está sendo sugerido aqui é que os nomes e as frases da Bíblia têm uma característica mística oculta. Em outras palavras, a Bíblia contém um código, um código revelado pela aplicação de um processo tipificado pela doutrina pitagórica! Mas é por seu entendimento geométrico que Pitágoras é mais bem conhecido. O Teorema de Pitágoras é ensinado para quase toda criança em idade escolar no mundo ocidental. Em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos cateto, isto é, a 2 + b2 = c2. E isso é demonstrado em um triângulo retângulo com as proporções três, quatro, cinco: por exemplo, 32 + 42 = x2 9 + 16 = 25 √25 = 5 O diagrama desse teorema é mostrado assim:

O símbolo acima é bem conhecido em palestras maçônicas, sendo ilustrado em certos emblemas. Em particular, caracteriza uma joia ganha por um ex-

Venerável da Loja, mais uma vez vinculando o antigo conhecimento da Maçonaria com a Geometria. Fiquei surpreso por tanto tempo que precisei recuar para encontrar alguma referência a Pitágoras em materiais maçônicos publicados. A primeira menção que pude encontrar na literatura maçônica estava em uma das primeiras obras mais consideradas da fraternidade, Illustrations of Masonry, de William Preston, publicada em 1772. O original e uma cópia antiga desta notável obra rara foram disponibilizados para mim por conexões locais, mas confesso que o estilo próprio do impresso não facilitava a leitura. Felizmente, Robert Lomas, o elogiado maçom coautor de The Hiram Key, produziu uma versão on-line bem mais fácil de assimilar, que foi traduzida do inglês antigo, que era o estilo de escrita comum quando Preston compilou a obra original, e que oferece a facilidade da busca de palavras. Robert Lomas foi muito gentil ao permitir que alguns trechos fossem impressos aqui. A respeito da história da Maçonaria na Inglaterra, Preston escreveu as seguintes referências a Pitágoras. De modo que elas não fiquem fora do contexto, uma grande parte de texto será reproduzida. Primeiro, há uma referência a Pitágoras e aos druidas: Os druidas, somos informados, tinham entre eles muitos usos similares aos dos maçons; mas, no que eles consistiam nesse período remoto não podemos com certeza descobrir. De acordo com práticas antigas da fraternidade, aprendemos que eles faziam suas assembleias em florestas e bosques, e tinham o mais impenetrável sigilo em seus princípios e opiniões; uma circunstância que temos motivo para lamentar, tendo em vista que isso, sendo conhecido apenas deles próprios,

acabou perecendo com eles. Eles foram sacerdotes dos bretães, gauleses e de outras nações célticas e se dividiam em três classes: os bardos, que eram poetas e músicos, formavam a primeira classe; os vates, que eram sacerdotes e fisiologistas, compunham a segunda classe; e a terceira classe consistia nos druidas, que juntavam filosofia moral ao estudo da fisiologia. Como estudo e especulação eram as ocupações favoritas desses filósofos, foi sugerido que eles derivaram seu sistema de governo principalmente de Pitágoras. Muitos princípios e doutrinas do mesmo parecem ter sido adotados por eles. Em seus refúgios secretos eles tratavam do exame da origem, leis e propriedades da matéria, da forma e magnitude do universo, e até se aventuravam a explorar os mais sublimes e ocultos segredos da natureza. A respeito desses assuntos eles formulavam uma variedade de hipóteses que passavam em versos aos seus discípulos, de modo que estes pudessem mais facilmente retê-las na memória, e prestavam o juramento de não anotá-las por escrito.

Existe uma referência suplementar, dessa vez relacionada ao sigilo: E bem sabido que os usos e costumes dos maçons sempre corresponderam àqueles dos egípcios antigos, aos quais atribuíam uma afinidade próxima. Esses filósofos, que relutavam expor seus mistérios a olhos vulgares, ocultavam suas doutrinas particulares e seus princípios comunitários sob figuras hieroglíficas; e expressavam suas noções de governo por sinais e símbolos, que comunicavam apenas a seus Magos, que estavam impedidos de revelá-los por juramento. Pitágoras parece ter estabelecido seu sistema em um plano similar, e muitas ordens de data mais recente copiaram o exemplo. A Maçonaria, porém, não é apenas a mais antiga, mas também a instituição mais ética que já existiu;

cada símbolo, figura e emblema representado na Loja tem uma tendência moral, com finalidade de incentivar a prática da virtude. Então, encontramos mais uma referência que alude a Pitágoras sendo iniciado no mesmo conhecimento que formou a filosofia da Maçonaria, e depois uma dissertação sobre as viagens e o conhecimento adquirido pelo sábio: Os registros da fraternidade nos informam que Pitágoras era regularmente iniciado na Maçonaria ; e, sendo adequadamente instruído nos mistérios da Arte, propagou os princípios da Ordem nos outros países em que viajou. Pitágoras viveu em Samos, no reinado de Tarquínio, o último rei dos romanos, no ano 220 de Roma; ou, de acordo com Lívio, no reino de Servius Tullius, no ano 3.472 do mundo. Ele era fdho de um escultor e foi educado por um dos maiores homens de sua época, Terecídes de Siro, um dos primeiros a ensinar a imortalidade da alma. Após a morte de seu patrono, ele decidiu observar a ciência em sua fonte e satisfazer a si mesmo com novos tesouros em cada parte do mundo onde isso podia ser obtido. Animado por esse desejo de conhecimento, ele viajou para o Egito e submeteu-se aos tediosos e desalentadores cursos preparatórios de disciplina que eram necessários para obter o benefício da iniciação egípcia. Quando conseguiu tornar a si mesmo mestre de todas as ciências que eram cultivadas nos colégios sacerdotais de Tebas e Memphis, ele prosseguiu suas viagens pelo Oriente, conversando com os Magos e os Brachmans indianos (Brahmins/Brâmanes), misturando as doutrinas destes com as que havia aprendido no Egito. Depois estudou as leis de Minos, em Creta, e as de Licurgo, em Esparta. Após gastar grande parte do início de sua vida dessa maneira proveitosa, ele voltou para Samos bem informado a respeito de cada coisa curiosa da natureza ou da arte em países estrangeiros, aperfeiçoado com todas as vantagens resultantes do curso laborioso e regular de educação instruída, e adornado com aquele conhecimento da humanidade necessário para ganhar ascendência sobre eles. Acostumado com a liberdade, ele desaprovou a arbitrariedade de Samos e se retirou para Crotona, na Itália, onde abriu uma escola de filosofia; e pela seriedade e santidade de suas maneiras, a importância de suas doutrinas e a peculiaridades de suas instituições, logo espalhou sua fama e influência pela Itália e pela Grécia. Entre outros projetos que ele usou para criar respeito e ganhar crédito para sua afirmação, ele se escondeu em uma caverna e fez com que fosse divulgado que havia morrido. Voltou para o mundo, exterior depois de algum tempo e inventou que as informações que seus amigos lhe passavam, em seu retiro, sobre o que ocorria em Crotona, haviam sido recolhidas durante a sua estadia em outro mundo junto às assombrações dos falecidos. Ele formava seus discípulos, que vinham de todas as partes para se colocar sob sua direção, em uma espécie de república, onde ninguém era admitido antes que severa provação tivesse exercitado suficientemente a paciência e a docilidade deles. Depois disso, ele os dividia nas classes esotéricas e exotéricas: aos primeiros, ele confiava as doutrinas mais sublimes e secretas; aos últimos, as mais simples e populares. Esse grande homem achou que era capaz de unir o caráter do legislador com o do filósofo, e de igualar Licurgo e o Orfeu no primeiro, Ferecídes e Thales no outro; seguia, nesse aspecto em particular, os padrões definidos para ele pelos sacerdotes egípcios, seus instrutores, que não foram menos famosos por definir tanto a economia civil como a religiosa de sua nação. Ao imitá- los, Pitágoras fez leis para a república de Crotona e levou os habitantes de um estado de luxúria e dissolução a se tornarem conhecidos pela ordem e pela sobriedade. Enquanto viveu, era sempre consultado pelas repúblicas vizinhas, como conciliador de diferenças e o reformador de costumes; e desde sua morte (que aconteceu por volta do quarto ano da 70 a olimpíada, em uma confusão armada contra ele por um tal Cylon) a administração de seus negócios foi normalmente confiada a alguns de seus discípulos, entre os quais, para produzir a autoridade de seu mestre em qualquer afirmação, bastava determinar a verdade daquilo sem maiores questionamentos.

As noções mais famosas e filosóficas de Pitágoras são aquelas que tratam da natureza da divindade; a transmigração das almas por diferentes corpos (que ele emprestou dos Brachmans indianos

[Brahmins/Brâmanes]) e o sistema do mundo. Ele foi o primeiro a adotar o nome de filósofo; quer dizer, o que amava a sabedoria. Seu sistema de moralidade era admirável. Ele tomou a unidade o princípio de todos as coisas, e acreditava que entre Deus e o homem existiam várias ordens de seres espirituais que administravam, a vontade divina. Ele acreditava na doutrina da metempsicose ou transmigração das almas; e achava que Deus estava espalhado em todas as partes do universo, como uma espécie de alma universal, impregnando cada partícula de matéria e animando cada criatura viva, do réptil mais desprezível aos próprios seres humanos, que compartilhavam uma larga porção do espírito divino. A metempsicose estava fundada sobre essa máxima de que a alma era de origem celeste, não podia ser aniquilada e, portanto, após abandonar um corpo, necessariamente se transferia para outro, que freqüentemente penava por suas antigas inclinações viciosas, em forma de animal ou inseto, antes de aparecer de novo na forma de uma criatura humana. Ele afirmava que tinha uma faculdade especial, que havia sido dada a ele pelos deuses, de relembrar os vários corpos pelos quais sua própria alma havia passado, e confundia os zombeteiros aplicando a eles a própria experiência. Em seu sistema de mundo, a terceira doutrina que distinguia sua seita era a suposição de que o Sol ficava em descanso no centro, e que a Terra, a Lua e os outros planetas se moviam em torno dele em diferentes órbitas. Ele pretendia ter grande habilidade nas propriedades misteriosas dos números, e sustentava que alguns deles, em particular, continham uma força e um significado peculiar. Ele era um grande geômetra, e só admitia no conhecimento de seus sistemas aqueles que antes passavam por uma provação

de cinco anos de silêncio. Atribui-se a uma descoberta dele o 47o enunciado do primeiro livro de Euclides, que, em soluções e demonstrações geométricas de quantidades, é de excelente uso; e para o qual, como o sr. Locke observa, na alegria de seu coração, dizem que ele sacrificou uma hecatombe. Seu extraordinário desejo de conhecimento e os sofrimentos que passou para propagar seu sistema acabaram, com justiça, transmitindo sua fama à posteridade. Os pupilos que eram iniciados por ele nas ciências e nos estudos da natureza, na escola crotoniana, levavam todas as suas mercadorias para um tesouro comum, continham os prazeres dos sentidos, abstinham-se de blasfemar e não comiam nada que tivesse vida. Firmados nas doutrinas e princípios em que estavam imbuídos, eles se dispersaram no estrangeiro e ensinaram as doutrinas de seu preceptor em todos os países por onde viajaram. As palavras entre parênteses foram acrescentadas pelo autor. A Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada em 1813, pela fusão de duas grandes Lojas conhecidas separadamente como Antigos e Modernos. Assim, em virtude do que foi mencionado por Preston em sua obra de 1795, a doutrina pitagórica deve ser considerada como uma característica da fraternidade reconhecida bem antes dessa época. Isso explica por que muito da literatura eduardiana e vitoriana produzida na história da Maçonaria, e alguns de seus atributos cerimoniais, apoiam as atitudes e reflexões da doutrina pitagórica, junto com o simbolismo ligado à mesma, inclusive o uso do pentagrama.

Como aconteceu com outros assuntos da minha pesquisa, li muito a respeito de Pitágoras e senti que tinha um bom entendimento de sua filosofia. Eu agora sabia bastante, sem transformar minhas pesquisas em uma tese sobre a história dessa figura muito culta. Havia ali uma série de elementos importantes que satisfaziam meu interesse, particularmente como e por que Pitágoras chegou a ter essa conexão próxima com a Maçonaria. O que ela não explicava era como havia encontrado seu caminho até a Ordem. Conclusão 1. Com a confirmação de que, segundo a tradição, Pitágoras obteve seu conhecimento a partir de extensivas viagens e da iniciação no entendimento esotérico no Mediterrâneo Oriental, Egito, Mesopotâmia, Pérsia e Norte da Índia, o simbolismo dos números apoiado por Pitágoras pode muito bem ter sido um tema comum de várias culturas. Com uso tão difundido, é compreensível que esse conhecimento tenha permeado esse percurso nas épocas subsequentes. 2. O número mais perfeito definido por Pitágoras era o número dez. Assim, seria lógico encontrar esse número em qualquer projeto baseado na doutrina de Pitágoras. 3. O pentagrama era o símbolo de conhecimento dos iniciados na escola de Crotona. Com a doutrina de Pitágoras sendo inculcada na Maçonaria, era lógico que o símbolo devia marcar sua presença na fraternidade.

Agora, a questão que precisa de resposta é: como eram usados os conceitos de Pitágoras?

CAPÍTULO 6 Influência Eclesiástica - Maçons Admiráveis Quando Davi morreu, Salomão assumiu o trono de Israel. Com base nos calendários associados à cronologia bíblica, o intervalo de tempo entre José sendo feito prisioneiro pelos midianitas, toda a escravidão dos israelitas do Egito, o Êxodo, a conquista, o reinado de Saul e David, até a era em que Salomão assumiu o poder como rei de Israel, decorreram impressionantes 700 anos. O lapso de tempo entre o projeto e a construção da Arca da Aliança e a construção do Templo em Jerusalém chegava perto de 500 anos. O Templo foi construído para abrigar aquilo que já era uma relíquia antiga. O Templo - um empreendimento suntuoso

Ao ler a respeito do primeiro Templo de Jerusalém no Antigo Testamento, a pessoa não pode deixar de se impressionar com os registros dos detalhes de ostentação e riqueza da decoração, o maciço emprego de mão-deobra e o esforço que tanto Salomão como seu cordial vizinho Hirão, rei de Tiro, despenderam para proteger e transportar para o local da construção os materiais vistos como certos para a tarefa. a. A decoração: Por dentro, Salomão revestiu a casa de ouro puro; e fez passar cadeias de ouro por dentro do Santo dos Santos, que também cobrira de ouro. 1 Reis 6,21 Assim, cobriu de ouro toda a casa, inteiramente, e também todo o altar que estava diante do Santo dos Santos. 1 Reis 6,22 Nas paredes todas, tanto no interior da casa como no seu exterior, lavrou, ao redor, entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas. 1 Reis 6,29 Também cobriu de ouro o soalho, tanto no interior da casa como no seu exterior. 1 Reis 6,30 b. O emprego de mão-de-obra e os materiais necessários para a construção do primeiro Templo: Formou o rei Salomão uma leva de trabalhadores dentre todo o Israel que se compunha de 30 mil homens. 1 Reis 5,13

E os enviava ao Líbano alternadamente, 10 mil por mês; um mês estavam no Líbano, e dois meses, cada um em sua casa; e Adonirão dirigia a leva. 1 Reis 5,14 Tinha também Salomão 70 mil que levavam as cargas e 80 mil que trabalhavam pedra nas montanhas. 1 Reis 5,15 Afora os mestres-de-obra de Salomão, em número de 3.300, que dirigiam a obra e davam ordens ao povo que a execu tava.

1 Reis 5,16 c. A linha de abastecimento de materiais, muitos dos quais embarcados de Tiro: Os meus servos os levarão desde o Líbano até o mar, e eu os farei conduzir em jangadas pelo mar até o lugar que me designares e ali os desamarrarei; e tu os receberás. Tu também farás a minha vontade, dando provisões à minha casa. 1 Reis 5,9 Assim deu Hiram a Salomão madeira de cedro e madeira de cipreste, segundo este queria. 1 Reis 5,1 Além disso, esse fornecimento maciço de trabalho e materiais dificilmente parece justificar-se quando consideramos que as dimensões totais do Templo indicam que o mesmo era do tamanho de uma igreja típica que pode ser encontrada em muitas cidades pequenas e em vilas da Inglaterra. A casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de 60 côvados de comprimento, 20 de largura e 30 de altura.

1 Reis 6,2 Supondo, para facilitar a conversão, que um côvado tem 18 polegadas na medida imperial ou meio metro em medida métrica, esse prédio teria cerca de 90 pés (30 metros) de comprimento por 30 pés (dez metros) de largura e 45 pés (15 metros) de altura. Assim, caberia em muitos jardins, no quintal de muitas casas, em qualquer cidade da Grã-Bretanha. Ademais, o Antigo Testamento registra que esse pequeno templo exigiu 183.300 homens envolvidos na construção, dos quais 150 mil foram empregados para cortar e arrastar pedras da pedreira até o lugar definitivo no canteiro de obras da construção. Algumas pessoas sugeriram que no passado essa enorme utilização de mão-de-obra foi necessária principalmente para construir uma plataforma sólida em torno do topo do Monte Moriá, já que as fundações anteriores ao templo foram construídas ali. Mesmo considerando a preparação das fundações, tal força de trabalho parece muito grande. Além disso, esse exército de mão-de-obra de construção recrutada não parece ter sido muito eficiente, pois a construção levou anos para terminar. E, no 11 - ano, no mês de bul, que é o oitavo, acabou-se esta casa com todas as suas dependências, tal como devia ser. Levou Salomão sete anos para edificá-la. 1 Reis 6,38 O número de trabalhadores envolvidos nesse projeto de construção foi quase equivalente ao da construção da Grande Pirâmide de Gizé, construída por volta de 1.500 anos antes do primeiro templo de Jerusalém. Estimativas

de egiptologistas sugerem que a construção da Grande Pirâmide foi empreendida por 100 mil homens durante um período de 20 anos. Em termos simples, se os construtores da pirâmide tivessem usado o mesmo número de homens empregado na construção do Templo, eles poderiam ter concluído a obra em dez anos. A quantidade absoluta de homens envolvidos sugere que a escala e a complexidade dos projetos foram semelhantes. Será que estamos falando de alguma outra coisa? Pegue, por exemplo, a quantidade de pessoas necessárias para a construção. Como observamos anteriormente, as quantidades de operários envolvidos eram enormes para quaisquer padrões. Se você somar os 30 mil que vieram de Tiro, mais os 70 mil talhadores de pedra, os 80 mil transportadores, os 3.300 supervisores, e desprezar os zeros que identificam os milhares, nós temos: 30 + 70 + 80 + 33 = 213, e, considerando Pitágoras e sua conclusão lógica de redução da resposta a um número simples, então temos: 1 + 2 + 3 = 6, o valor da harmonia. Os 30 mil que vieram de Tiro podiam ser considerados 30, o do número de dias do calendário religioso, lunar. Os que estavam ligados ao corte e ao transporte de pedras eram 70.000 + 80.000, o que podia ser reduzido para 15, a rotação angular em graus da Terra, que representa 1/24 de um dia, que atualmente chamamos de hora. Esse número pode ser reduzido para seis, simbolizando a harmonia. O 33 poderia representar as três posições primárias do Sol no horizonte; três, quando se move para o norte; e três quando se move para o sul, e pode novamente ser reduzido a seis.

Há cerca de um milênio e meio, um monge então desconhecido, que vivia em um canto relativamente remoto do antigo império romano, pegou esses mesmos números, e muitos outros associados ao Templo, e lhes deu uma interpretação simbólica. A história o conhece como o Venerável Bede. Bede - o Tabernáculo e o Templo A idéia de somar números em conjunto para criar uma alegoria simbólica completamente diferente tornou-se claramente bem estabelecida em círculos religiosos. Um dos exemplos mais notáveis relaciona-se ao Venerável Bede. O Venerável Bede viveu no século VII e nas primeiras décadas do século VIII EC. Ele nasceu em 673 EC e morreu em 735 EC. Ficou famoso por causa de uma excepcional coleção de escritos que deixou para trás, interinamente relacionados com a época de sua vida. Foi um monge que viveu por volta da época da Igreja Cristã Céltica, bem estabelecida em áreas do Norte e do Oeste da Grã-Bretanha, e da Igreja Católica Romana, que havia se estabelecido firmemente nas áreas do Sul e do Sudeste, fundindo-se no Sínodo de Whitby em 664 EC. Bede recebeu o crédito de ter escrito um relato detalhado das ações do Sínodo ainda que o mesmo tenha ocorrido nove anos antes de seu nascimento. Bede foi levado à comunidade monástica e eclesiástica ainda muito jovem. Ele dedicou toda a sua vida à mesma, jamais tendo se distanciado além de uma ou duas milhas de seus muros. Suas conexões com o mundo exterior do círculo monástico foram, portanto, muito limitadas, o que tornou suas realizações e sua fama por demais notáveis.

O Venerável Bede nasceu há mais de 1.300 anos, cerca de 250 anos após os exércitos romanos terem deixado a Grã-Bretanha. Muitos dos hábitos dos romanos ainda continuavam presentes; casas e edifícios conhecidos continuavam em pé. A muralha de Adriano, apenas a poucas milhas ao norte do mosteiro, provavelmente continuava em sua condição original. O folclore e as histórias a respeito dos romanos provavelmente ainda eram abundantes nas comunidades. Foi com esse pano de fundo que Bede escreveu a história dos povos da Inglaterra, como ele então a entendia, a partir desse folclore e dos documentos que foi capaz de obter. A história de Bede é uma obra que continua sendo consultada atualmente. Bede mereceu o crédito de ser a primeira pessoa conhecida a ter usado o conceito de data do calendário AD [Armo Domini - que em latim significa "no ano de nosso Senhor") [em inglês: AC ou After Christ ou em português: d. C. - depois de Cristo]. O monge de nome Dionysius Exiguus inventou o conceito de d.C. no ano de 525 EC, embora o mesmo tenha realmente entrado em uso em 532 EC para definir o ano 1 d.C., cujas origens são de quando e onde o atual sistema de datação anual é derivado. Bede foi o primeiro a usar isso como conhecemos atualmente e inventou o conceito adicional de a.C. (antes de Cristo) [em inglês: BC - Before Christ] para definir o período anterior a 1 d.C. Ambas designações permaneceram em evidência até o início do século XX, quando as letras EC ganharam destaque em substituição à referência d.C. junto com AEC como alternativa para BC. A designação EC tem várias interpretações, na Era Cristã, na Era Corrente, na Era Comum, enquanto AEC é abreviação de Antes da Era

Cristã. Para colocar o período da vida de Bede no contexto, ele viveu na época anterior às invasões dos vikings no Norte da Inglaterra, e dos Jutas e Anglos em outras partes ao longo da costa leste, todos pretendendo conquistar a Inglaterra. Alfredo, o Grande, não seria rei antes de 150 anos. Bede viveu 400 anos antes da conquista normanda e da morte do rei Harold na batalha de Hastings. Ainda nessa época, a religião que conhecemos atualmente como Islã acabara de ser criada. Além de registrar a história, como a entendeu, Bede desenvolveu o interesse pelo macrocosmo, inclusive a passagem e as fases da Lua. Talvez isto não seja tão surpreendente, pois essas fases forneceram a base do calendário lunar, que era o coração do calendário que governava os festivais e os assuntos religiosos. O sistema de datação d.C. baseava-se exatamente em tais ciclos lunares e nesses especialmente, em um conceito conhecido como o Grande Ciclo de 532 anos. Nós já sabemos que, em nosso atual sistema de calendário ocidental, uma data pode ocorrer em uma segunda-feira em um ano e avançar para a terça-feira no ano seguinte, exceto se o ano for bissexto. Então, o dia de solstício de verão, 21 de junho de 2000, era uma quarta-feira, enquanto a mesma data, em 2001, era uma terça-feira. Durante a vida de Bede, o calendário juliano era usado em toda a Europa. Ele foi substituído em 1582 pelo calendário gregoriano. No calendário juliano, o ciclo solar precisava de 28 anos antes que todas as datas se repetissem exatamente em dias apropriados. Se o ciclo lunar fosse usado, ele precisaria de 19 anos para que o ciclo fosse repetido. Assim, para os ciclos do calendário solar e lunar coincidirem, seriam precisos 19 x 28 = 532 anos. Isso se tornou conhecido como o Grande Ciclo, ou o

Grande Período Pascal, e foi usado para calcular a data da Páscoa. Bede, ao que parece, entendeu plenamente as implicações astronômicas associadas a essa influência. O mosteiro ao qual Bede estava ligado ficava às margens do Rio Tyne, bem no leste da cidade moderna de Newcastle. Aquilo que em outras épocas foi uma zona rural, com o rio fornecendo peixe para complementar a dieta, é atualmente uma região altamente industrializada, com um rio que, durante o século XX, sofreu com a poluição. Onde certo dia Bede deve ter visto, ao lado do rio, uma área rural e florestal ainda virgem, hoje ele vislumbraria uma floresta de tanques de armazenamento de petróleo. O local junto ao rio se mostrou ideal para Bede. Ele estudou a subida e descida das marés, e mereceu o crédito pela descoberta da conexão do movimento das marés com as fases da Lua. Ele sabia que a Terra era uma esfera, entendeu o relacionamento das estações em relação à posição do Sol no horizonte, pois o mesmo se movia do hemisfério norte para o sul e voltava. Também entendeu a relatividade do comprimento das sombras lançadas pelo Sol e seu relacionamento com a posição da latitude na face do planeta. Para alguém que não viajou além das imediações de seu mosteiro, Bede parece ter sido muito bem versado nos princípios da sabedoria antiga. Quase todo o contato que ele teve com o mundo exterior foi por meio de cartas e visitas ao mosteiro de monges Irmãos e dignitários da Igreja, o que implica que o único local em que tal sabedoria poderia ser encontrada seria dentro da comunidade monástica. A mesma parece ter incluído conhecimentos dos princípios pitagóricos e misticismo, pois entre os escritos de Bede existem duas obras

intrigantes conhecidas como De Tabernacle e De Templo. De Templo foi traduzido do original em latim e agora está disponível em um belo livro com o título de Bede: On the Temple [Bede: no Templo]. Nessa obra Bede discute vários atributos do Templo de Salomão que são vistos como uma interpretação alegórica tanto do Tabernáculo como do Templo. Ele trata da descrição, das dimensões e dos utensílios como uma profecia comparativa dos eventos que depois foram registrados como o tema central do Cristianismo. Em De Templo, Bede se refere freqüentemente ao The Book of Paralipomenon [O Livro de Paralipomeno] como fonte de informações. Esse é um livro das escrituras raramente mencionado, nos dias de hoje, em fontes normais de textos religiosos. A Enciclopédia Católica descreve essa obra da seguinte maneira: Dois livros da Bíblia contendo o resumo da história sagrada de Adão até o final do Cativeiro. O título Paralipomenon, livros "das coisas que já passaram", que, a partir da Septuaginta passou para a Bíblia latina antiga e depois para a Vulgata, normalmente é considerado como complemento da narrativa dos Livros de Reis (também conhecidos como 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis);(...) na bíblia protestante, impressa em hebreu, e em muitas bíblias católicas eles são intitulados como Livros de Crônicas. Assim, com base na definição da Enciclopédia Católica, Bede estava refletindo textos que hoje encontramos nos dois Livros de Crônicas. No Antigo Testamento, existem descrições de aspectos do Templo que têm números associados a elas, e Bede os multiplica consecutivamente, atribuindo significados simbólicos tanto aos números como aos totais.

Por exemplo, ao comentar sobre a altura das colunas de 18 côvados cada, ele indica que 3 x 6 = 18 e observa que três é uma referência à fé baseada na tradição da Santíssima Trindade, enquanto seis é referência a trabalhos, pois como o livro de Gênesis do Antigo Testamento afirma: o mundo foi feito em seis dias. Ele indica o número dez convencionalmente anunciado como "esperança de recompensas celestiais". Na mesma seção, ele observa que 20 é 4 x 5; o cinco, ele garante, relaciona-se aos cinco livros atribuídos a Moisés, a lei mosaica, enquanto o quatro ele atribui aos quatro evangelhos. A obra de Bede contém muitas dessas manipulações numéricas. Fazer isso significa que, em algum momento de sua carreira monástica, ele entrou em contato com a filosofia de pegar números bíblicos, manipulá-los e atribuir-lhes um significado com interpretação simbólica. No Antigo Testamento somos informados que o Templo de Salomão tinha uma sala principal chamada Saguão, e o Santuário Interno, ou o Santo, dos Santos, enquanto o Templo era acessado por meio de um pátio externo. Bede observa que isso é uma cópia do conceito usado para o Tabernáculo projetado por Moisés. O pátio ficava onde a massa de fiéis se reunia, e representava o povo; o Saguão era onde os seletos, sacerdotes e professores se reuniam, e simbolizava a Terra; enquanto o Santuário Interno era apenas usado pelo sumo sacerdote, e simbolizava o Céu. Assim, dessa forma simplista, a construção do Templo, com as duas salas principais do Saguão e do Santo dos Santos, era uma representação simbólica do Céu e da Terra. O Santuário Interno tinha a dimensão de um cubo que media 20 côvados x 20 côvados x 20 côvados. Se os inteiros forem multiplicados

consecutivamente, então o total é oito e, como mostramos antes, o número oito simbolizava o cubo sagrado. Assim, partindo de Bede, podemos interpretar o cubo sagrado como uma referência simbólica ao Céu. Então, como exatamente Bede entrou em contato com esse conhecimento pela primeira vez? Ele nos fornece uma resposta interessante. A seção 3.3 na tradução de De Templo trata do número de pedreiros, cortadores de pedra, citados como envolvidos na construção do Templo. O texto refere-se aos pedreiros como latomi. O dicionário anglosaxão define a palavra latomi como "um obreiro da pedra, um trabalhador da pedra, um pedreiro". O termo latomi aparece em um documento mais recente, publicado pela Sociedade Arqueológica de Kent e citado como Archaeologia Cantiana Vol. 58 - 1945 - página 36, Recent Discoveries in the Archives of Canterbury Cathedral. A note on the Craftsmen [Descobertas Recentes nos Arquivos da Catedral de Canterbury. Nota

Esse documento registra os nomes de alguns dos principais artesãos associados aos trabalhos de construção da catedral de Canterbury nos séculos XIII e XIV. Nesse documento se faz uma conexão direta entre o termo latomi e maçom: sobre os Artesãos]. Por John H. Harwey".

Provavelmente o terremoto levou à interrupção a obra da nova nave, que estava em andamento desde 1378. Isso, também, foi tomado em consideração por Chillenden e levou a uma conclusão triunfante; no relatório de 1396/7, vemos o resumo da atividade de um único ano. A força de trabalho compreendia 20 maçons (latomi), três engastadores (lapidaclores) e quatro operários que os ajudavam, todos contratados para o ano ao custo total de £167 Os. 8d. Isso permitiu três feriados não remunerados de uma semana cada no Natal, na Páscoa e nos Pentecostes, e também alguns dias de festa não remunerados. As taxas normais de pagamento seriam de

cerca de 3s. por semana para os maçons, 2s. 6d. para os engastadores e 2s. para os operários, o que somaria o total de um pouco menos de 45 semanas de trabalho no ano, ou um total de 30 festivais não remunerados além das três semanas de feriados. Os pedreiros eram menos afortunados que os empregados das obras do rei, onde cerca de metade dos 40 a 50 dias de festa no ano eram pagos (...). A tradução do De Templo afirmam:

Templo

de Bede e a conexão

latomi

com o

Esses pedreiros, que figurativamente representam os lenhadores, são os pregadores santos que treinam as mentes dos ignorantes(...) e trabalham para tirá-los da infâmia e deformidade em que nasceram, e, quando eles estiverem devidamente instruídos, esforçam-se para apresentá-los ajustados para se juntarem ao corpo de fiéis.

A partir daí, Bede identifica os pedreiros como professores, e para ser um professor é preciso que a pessoa tenha sido educada e entenda o significado de um conhecimento específico. O conhecimento que era predominante naquela época era o mesmo tipo que eu chamei de conhecimento antigo, que em tempos mais recentes ficou conhecido como as Sete Artes Liberais: Gramática, Retórica, Música, Lógica, Aritmética, Astronomia (Astrologia) e Geometria. As Sete Artes Liberais eram conhecimentos especificamente atribuídos aos maçons de antigamente e transferidos aos britânicos pelos pedreiros que vieram da França. Quando os romanos deixaram as costas da Grã-Bretanha, cerca de 250 anos antes de Bede ter nascido, para a construção de prédios voltou-se a usar a madeira. O fundador do mosteiro de Jarrow era um nobre chamado Benedict Biscop. Ele viajou muito e experimentou a vida em comunidades monásticas na Grã-Bretanha, na França

e na Itália, e admirou muito a arquitetura e os costumes que encontrou nesses lugares. Aparentemente, ele ficou muito impressionado com o uso de vidro colorido nas janelas. Assim, quando começou a construção do mosteiro de Jarrow, Biscop trouxe pedreiros e vidraceiros da França. As informações apresentadas na exposição Bede's World [Mundo de bede] em Jarrow observam: Naquela época, a tradição da construção anglo-saxônica era construir em madeira; os mosteiros de São Pedro e São Paulo foram as primeiras construções em pedra na Northumbria, desde os dias do império romano, e criaram uma eloqüente manifestação na paisagem.

A conseqüência disso foi que Benedict Biscop, que fundou o mosteiro de Jarrow ao qual Bede se dedicou, trouxe pedreiros da França para a construção, e o conhecimento antigo que depois ficou conhecido como as Sete Artes Liberais, pode muito bem ter ficado evidente em Jarrow por meio desses maçons. Assim, será que existiriam evidências de que esse pode realmente ter sido o caso? Na minha opinião existiam. Por volta do final do século XIX, Edward Condor tornou-se Mestre da Companhia dos Maçons. Ele escreveu um livro intitulado The Hole Craft and Fellowship of Masonry, with a Chronicle of the History of the Worshipful Company of Masons of the City of London [O Ofício e a Fraternidade Oculta da Maçonaria, com uma Crônica da História da Venerável Companhia dos Maçons na Cidade de Londres]. Nesse livro, Condor indica o vínculo que inevitavelmente existiu entre os pedreiros da história e a comunidade eclesiástica. Ele observa: Os pedreiros das catedrais e outras grandes construções eclesiásticas estavam ligados ao mosteiro, e muitas vezes a escola técnica da alvenaria era fundada por monges,

que quando ensinavam o ofício não esqueciam do valor simbólico ou superior que seria derivado das figuras geométricas usadas nas seções desenhadas(...) Foi sem dúvida esse conhecimento geométrico que os primeiros maçons quiseram manter como segredo profissional(...) e, quando se juntaram em uma fraternidade, foram capazes de fazer isso. A partir disso, somos levados a entender como o conhecimento a respeito da construção de enormes edificações de pedra ficou retido dentro de várias ordens monásticas. Uma visita ao local de origem mostra que os monges do mosteiro de Jarrow, ao qual o Venerável Bede estava ligado, construíram enormes alojamentos para eles, junto a uma igreja igualmente enorme. Restaram apenas algumas ruínas do mosteiro, enquanto a parte leste da igreja de Bede foi integrada à construção de uma igreja mais recente. O mosteiro original tinha proporções de uma catedral, com paredes de pedra maciça, escadarias, lareiras, chaminés, portais e janelas, e para construir tudo era preciso conhecimento sobre a profissão de pedreiro. Além do mais, esse mosteiro foi construído muitos séculos antes das subsequentes grandes catedrais da Inglaterra e dos mosteiros anexos a elas. Então, é possível que Bede tenha encontrado o misticismo e a interpretação alegórica associados aos números e à forma geométrica entre os monges encarregados da construção do mosteiro, relatando esse entendimento quando compilou seu De Templo. Na tradução de De Templo, encontramos uma interessante descrição do pórtico do Templo de Salomão. Na seção 6.2, ele afirma:

O pórtico na frente da nave do prédio tinha 20 côvados de comprimento. E óbvio, portanto, que esse pórtico foi construído no lado leste do Templo. Pois o Templo ficava virado para o leste assim como o Tabernáculo ficava, e tinha a porta da entrada na porta leste oposta do Templo de acordo com o que o historiador judeu Josephus bem explicitamente nos fala, de modo que o nascer do Sol equinocial podia irradiar seus raios diretamente na Arca da Aliança através de três portas, a saber do pórtico, do Templo e do oratório. Quando usa o termo oratório, Bede parece referir-se ao que é chamado em outra parte como Santuário Interno ou Santo dos Santos. Alguns outros autores e construtores de maquetes interpretaram o oratório como sendo a torre em cima do pórtico. A Enciclopédia Católica define isso como: "Uma comunicação divina que ocorria em um lugar especial por meio de pessoas especialmente indicadas; assim como o

A respeito dos hebreus, a enciclopédia então vai associar a palavra com o éfode, descrito como "(...) um adorno de linho usado em circunstâncias rituais(...)". Na respectiva seção da enciclopédia não há nada que relacione diretamente a palavra oratório com o Santo dos Santos do Templo de Salomão. No devido momento voltaremos ao oratório e aos detalhes a respeito do pórtico, mencionado acima. próprio local".

Conexões eclesiásticas com a Maçonaria Embora a versão oficial indique que a Maçonaria rastreou suas origens até 1717, existem registros que sugerem que alguma forma de estrutura organizada existia em uma data muito anterior. Listas de antigos Grão-Mestres da Ordem recuam a uma época anterior à conquista normanda. A maioria dessas listas deriva de uma obra

impressa em 1772 intitulada Illustrations of Masonry, de William Preston. Ele observa que os princípios da Maçonaria eram conhecidos dos druidas e foram reintroduzidos na Grã- Bretanha pelos romanos. De fato, existe uma pedra que foi desenterrada em Chichester, no final do século XVIII, que traz uma inscrição que sugere uma conexão com uma fraternidade dos maçons antigos. Essa pedra foi mantida sob custódia dos duques de Richmond por muitos anos na propriedade de Goodwood, a poucos quilômetros de Chichester. Nos séculos XVIII e XIX vários duques de Richmond foram Grão-Mestres da Ordem ou ocuparam destacadas posições de influência dentro da mesma. Depois, nos primeiros anos do século XX, eles foram os Grão-Mestres Provinciais da Província Maçônica de Sussex, o condado em que a pedra foi descoberta. O trecho a seguir foi retirado do seção de Illustrations of Masonry que fala da História da Maçonaria na Inglaterra (reproduzido por cortesia de Robert Lomas): Depois da partida dos romanos da Grã-Bretanha, a Maçonaria teve pouco progresso e, em pouco tempo, estava totalmente esquecida por conta do surgimento dos pictos e dos escoceses, que obrigaram os habitantes do Sul da ilha a pedir a assistência aos saxões para repelir esses invasores. À medida que os saxões aumentaram, os bretães nativos sucumbiram na obscuridade e em breve se submeteram à superioridade de seus protetores, que reconheceram sua soberania e jurisdição. Esses bárbaros rudes e ignorantes, que desprezavam tudo que não fosse a guerra, logo acabaram de destruir o resto de conhecimento antigo que havia escapado da fúria dos pictos e dos escoceses. Eles continuaram suas depredações com desenfreado vigor, até a chegada de alguns piedosos professores de Gales e da Escócia, quando muitos desses selvagens se reconciliaram com o Cristianismo; a Maçonaria recuperou a forma, e Lojas foram novamente formadas; mas como elas estavam sob a direção de estrangeiros, elas raramente se reuniam e nunca atingiram qualquer grau de consideração ou importância. A Maçonaria continuou em declínio até o ano de 557, quando Austin, com 40 outros monges, entre os quais as ciências haviam sido preservadas, chegaram à Inglaterra. Austin foi comissionado pelo papa Gregório, para batizar o rei Ethelbert de Kent, que o indicou como o primeiro arcebispo de Canterbury. Esse monge e seus associados propagaram os princípios do Cristianismo entre os habitantes da Grã-Bretanha, e por sua influência, em pouco menos de 60 anos, todos os reis da heptarquia foram convertidos. A Maçonaria floresceu sob o patrocínio de Austin, e muitos estrangeiros foram para a Inglaterra nessa época, onde introduziram o estilo gótico de construção. Austin parece ter sido um grande incentivador da arquitetura, pois ele encabeçava a fraternidade na fundação da catedral de Canterbury, em 600, e da catedral de Rochester, em 602; a de São Paulo, em Londres, em 604; a de São Pedro, em Westminster, em 605; e muitas outras. Vários castelos e palácios foram

construídos sob seus auspícios, assim como outras fortificações nas fronteiras do reino, razão pela qual o número de maçons na Inglaterra aumentou consideravelmente. Alguns Irmãos especializados chegaram da França em 680, e se reuniram formando uma Loja, sob a direção de Bennet, abade de Wirral, que logo depois foi nomeado por Kenred, rei de Mércia, inspetor das Lojas e superintendente geral dos maçons.

Durante a heptarquia, a Maçonaria continuou em baixa; mas, no ano de 856, ela reviveu sob o patrocínio de São Swith in, que foi contratado por Ethelwolph, o rei saxão, para reparar algumas casas religiosas; e a partir dessa época ela gradualmente melhorou até o reino de Alfred, em 872 d.C, quando, na pessoa desse príncipe, encontrou um zeloso protetor. A Maçonaria geralmente seguiu os passos do progresso do ensino; os patronos e incentivadores mais modernos foram mais notáveis pela cultura e pelo estímulo que os antigos. Nenhum príncipe estudou mais para polir e melhorar o conhecimento de seus súditos do que Alfred, e nenhum outro jamais se mostrou melhor amigo da Maçonaria. Pela sua infatigável assiduidade na busca de conhecimento, seu exemplo teve poderosa influência, e ele rapidamente reformou as atitudes bárbaras e dissolutas de seu povo.

Preston afirma que em 680 EC um grupo de maçons foi levado da França para a Inglaterra. Isso aconteceu na época em que Benedict Biscop começou a construir o mosteiro de Jarrow, ao qual Bede estava ligado. Como pode ser visto, existem várias referências a monges, abades e bispos do período do século VI EC e mais ainda no período até o século XIV. Os nomes incluem o bispo Willian de Wykeham, que supervisionou a construção da catedral de Chichester. No período logo após a conquista normanda, encontramos Gundulph, bispo de Rochester, que não somente supervisionou a construção de partes da catedral de Rochester como também construiu a Torre de Londres. A lista de GrãoMestres ou Patronos, como aparentemente foram chamados até épocas posteriores, começa com Austin o

Monge. E quem era Austin, o Monge? Como podemos ver no texto de Preston, trata-se de ninguém menos que Santo Agostinho, o monge que, pelo que a história nos diz, levou o Cristianismo romano, a Igreja Católica Romana, para a Inglaterra por volta de 597 EC; converteu o rei Ethelbert de Kent e sua rainha ao Cristianismo; começou a construção da primeira catedral de Canterbury em cujo terreno permanece a catedral atual; começou e estabeleceu o mosteiro São Pedro e São Paulo em Canterbury; e durante o processo de tudo isso se tornou o primeiro arcebispo católico romano da Inglaterra. O mosteiro ao qual Bede estava ligado foi estabelecido em dois conclaves, também conhecido como São Pedro e São Paulo. Se as afirmações de Preston a respeito das origens da Maçonaria estiverem corretas, levando em consideração as referências ao termo latomi, fica bem claro então que existia uma ligação muito forte com a instituição eclesiástica dos primeiros tempos. Existem na Maçonaria certos elementos cerimoniais que têm uma aparência inconfundível de influência eclesiástica, a respeito do que, no século XX, vários setores da Igreja fizeram críticas. Mesmo assim temos a impressão de que a partir da íntima associação com a instituição eclesiástica - os antigos patronos do ofício - a Maçonaria pode muito bem ter herdado sua aparência visível de ritual eclesiástico. Edward Condor afirma a mesma coisa em seu livro The Hole Craft and Fellowship of Masonry que foi publicado em 1897. Isso também reforça a sugestão de que Bede teria encontrado o simbolismo dos números como conseqüência da interação com a construção da comunidade monástica da qual ele fazia parte.

Geometria sagrada, da Europa

Sabedoria Antiga

e as grandes catedrais

Nós já observamos que o entendimento da Geometria produz relacionamentos matemáticos úteis, como o caso da Vesica Piscis. Essa antiga sabedoria geométrica também foi usada nas plantas de algumas grandes catedrais da Europa, naquilo que se tornou conhecido como o estilo gótico. Chartres, que fica perto do Sudoeste de Paris, é provavelmente a catedral mais admirada e citada como a maior estrutura gótica. Provavelmente ela foi a primeira de quatro catedrais como essa a ser construída no novo estilo arquitetônico; as outras foram a de Sens, Senlis e Saint Denis, perto do Norte de Paris. Como se originou o desenho gótico tem sido assunto de muitos debates. Atualmente, aceita-se que ele derivou das influências culturais experimentadas pelos cruzados e, em particular, pelos Cavaleiros Templários, durante o período em que estiveram no Oriente Médio. Um de seus maiores patrocinadores foi o bispo que mais tarde foi imortalizado como São Bernardo. Provavelmente ele não foi o criador do desenho, mas certamente defendeu seu uso. A autoridade papal da Igreja Católica Romana dominava toda a Europa na época em que as catedrais foram construídas. Inquisições e perseguições ditavam a estrita observação da doutrina religiosa que a Igreja sustentava. Junto com isso vieram filosofias a respeito de ciência e de astronomia, da ordem universal e de seu relacionamento com a criação, das escrituras e dos conceitos de Céu e vida após a morte. O desenvolvimento progressivo diminuiu e gradativamente a Europa se afundou naquilo que ficou conhecido como Baixa Idade Média. E, em

comparação, o mundo islâmico tornou-se um centro de instrução progressista. Seu conhecimento de Geometria, de números, da Aritmética e da forma cresceu, e isso se refletiu no estilo único de sua arquitetura. A sugestão foi que os maçons associados aos princípios da construção islâmica haviam sido aprisionados após várias ações militares e eles repartiram seus conhecimentos com os cavaleiros cruzados invasores. Alguns chegaram até a ser embarcados de volta para a Europa para supervisionar a construção de certos edifícios. A partir disso, um novo e instruído uso da geometria e da proporção foi desenvolvido, o que levou à criação do estilo gótico. Assim, pode ser justificável dizer que os cavaleiros cruzados e, em particular, os Cavaleiros Templários, influenciaram tal conceito arquitetônico. A influência do antigo uso da geometria não se limitou às catedrais construídas na França, pois evidências desse uso podem ser encontradas também em catedrais inglesas.

A catedral de Peterborough Na Inglaterra, a catedral de Peterborough mostra evidências de como os maçons do período medieval usaram a geometria para definir a estrutura. Um livreto à venda na catedral, intitulado The Geometric Skeleton of Peterborough Cathedral [O Esqueleto Geométrico da Catedral de Peterborough], ilustra como provavelmente isso foi feito. O livreto foi compilado por Frederick Stallard, cônego emérito da catedral de Peterborough, com a ajuda de Paul Bush.

Muitas grandes catedrais da Europa sofreram danos por incêndios no início do período medieval: Chartres, Canterbury e Lincoln foram apenas alguns desses desastres. Peterborough foi outro, tendo sido devastada pelo fogo em 1116. Os incêndios continuam sendo um perigo em potencial para essas construções maravilhosas. A catedral de York e também a de Peterborough sofreram da mesma forma no final do século XX, mas, graças à intervenção adequada e à habilidade dos bombeiros e dos modernos utensílios de combate ao incêndio, os danos foram contidos e essas antigas construções preservadas. Se os incidentes tivessem ocorrido cem anos atrás, elas poderiam ter sido totalmente destruídas. Depois do incêndio de 1116, começou a reconstrução de Peterborough. O resultado é fundamentalmente a estrutura que vemos hoje em dia. Entre seus principais atributos e, talvez, seu principal apelo à fama, seja o seu uso como túmulo para o coipo de Mary, rainha dos escoceses, imediatamente após sua execução a mando de Elizabeth I. Mary, rainha dos escoceses, era mãe de James I da Inglaterra e VI da Escócia. Pesquisas feitas no século XX sugerem que a Maçonaria, tal como está atualmente estruturada, segue os princípios consolidados na Escócia sob a direção de James I (VI), conhecidos como os Estatutos de Shawe, que foram ordenados por James para regularizar a Maçonaria na Escócia. O trabalho realizado por Frederick Stallard e Paul Bush é louvável, considerando que a quantidade de medições que precisavam ser obtidas, mais os desenhos estudados e feitos, seriam extensivos e, sem dúvida, exigiriam dedicação quase exclusiva por um longo período. Em poucas palavras, os senhores Stallard e Bush chegaram à conclusão de que o comprimento da catedral

era baseado em dez quadras, cada uma com a dimensão lateral de 39 pés, enquanto a largura através do transepto foi medida em cinco dessas quadras. A largura total da nave é equivalente a duas quadras de 39 pés posicionadas lado a lado. Muitas outras dimensões principais são baseadas em múltiplos de 39 pés. O próximo nível principal de medição é em quadras de 78 pés, o dobro de 39 pés, seguido pelo próximo nível de 117 pés, que é três vezes 39 pés, e depois 156 pés. A conseqüência do uso dessa dimensão de 39 pés é que a maior parte do volume da catedral também pode ser definida em cubos de 39 pés. A medição de 39 pés me pareceu ter sido uma escolha estranha para os Mestres Maçons medievais encarregados da construção a ser feita. Por que não arredondá-la para 40 pés ou baixá-la para 35 pés? Com certeza estes teriam sido números mais fáceis de administrar. Existe um problema baseado em dados reais com tal especulação. Aquilo que atualmente é conhecido como unidade de medida imperial, pés e polegadas, só foi formalizado por volta do reinado de Henrique VIII, pelo menos 400 anos depois que a reconstrução de Peterborough foi realizada. Uma dimensão de 39 pés não é algo que uma pessoa faça surgir do ar por encanto. Houve alguma razão para sua origem. Não consegui encontrar qualquer evidência de que alguma forma de dispositivo padrão de medição existisse naquela época que pudesse ser levada de um local de construção para outro, além da antiga medida do côvado. Aproxima medida notória em Peterborough, identificada pelos senhores Stallard e Bush, era 78 pés. É interessante que, se assumirmos que um côvado eqüivale a 18 polegadas imperiais, então 78 pés é o equivalente a 52 côvados. E o

número 52 corresponde às semanas que a Terra leva para orbitar em torno do Sol em um círculo/ciclo completo. Seria apenas coincidência? Por alguma razão, pensei, os maçons que realizavam a obra deviam ter um método de determinar medições e padronizá-las para o projeto. Essa metodologia deveria então ter definido a base das medidas que os senhores Stallard e Bush descobriram. Precisei de muita leitura sobre esse contexto antes de confiar em uma resposta admissível. Quando isso aconteceu, a resposta pareceu óbvia: estava ligada ao Sol. O dimensionamento da catedral de Peterborough com o uso do Sol - hipótese Por causa da minha pesquisa através dos anos, a variedade de material que estudei era imensa, e vasto o assunto. Gastei bastante tempo lendo a respeito de antigos monólitos, como os de Stonehenge, e outras estruturas antigas semelhantes, existentes em todo o Reino Unido. Isso incluiu aquelas das ilhas mais ao norte da Escócia, como as Orkney [Órcadas], O fator comum entre elas é que todas foram construídas para denotar os principais eventos solares, especialmente os equinócios e os solstícios. Foi nessa época que encontrei referências às investigações do professor Alexander Thom, da Universidade de Oxford, que começou a examinar esse locais em meados dos anos de 1930. Ele publicou a maior parte de suas descobertas 20 anos depois, na década de 1950. A partir do detalhado trabalho de pesquisa, ele percebeu que havia chegado à conclusão de que os construtores desses monumentos antigos, alguns dos

quais datados com cerca de 4.500 anos de idade, haviam sido construídos conforme uma unidade de medida padrão que, depois, ele chamou de jarda megalítica [Megalithic Yard] (MY). Ele determinou o comprimento da mesma como sendo 2,72 pés ou 2 pés e 8,6 polegadas ou 0,83 metro, apenas algumas polegadas mais curtas que a moderna jarda imperial. Ele também observou outra medida, à qual chamou de vara megalítica [Megalithic Rod] (MR), que definiu como sendo 2,5 vezes maior que a jarda megalítica. A unidade de medida jarda megalítica pareceu consistente em monumentos tão ermos e distantes como os das Ilhas Orkney e do Oeste da Inglaterra. Isso implica claramente que esses povos antigos tinham meios de determinar essa medida com alguma exatidão, e também conhecimentos de Geometria e Astronomia. O que o professor Thom não foi capaz de determinar foi como isso era feito. Fascinado por esse mistério e pelo sonho extravagante de resolvê-lo, depois disso, gastei bastante tempo tentando representar o pensamento de uma pessoa de 4.500 anos atrás, inventando estruturas e cismando com tabelas trigonométricas, calculando comprimentos de sombras e ângulos e monitorando o movimento do Sol com o uso de um simulador solar computadorizado, tudo com o objetivo de tentar encontrar uma solução repetível, mas de pouco proveito. Foi então que os dois maçons anteriormente mencionados neste livro, Robert Lomas e Christopher Knight, publicaram seu terceiro livro, A Máquina de Uriel. Esse livro foi preparado para investigar as conexões entre certas cerimônias maçônicas e o antigo texto religioso conhecido como O Livro de Enoch, e em particular uma pessoa citada no texto, Uriel. No passado, Uriel era

apresentado como um anjo ou um ser sobrenatural. Lomas e Knight concluíram que Uriel provavelmente era um sacerdote céltico ou druídico, bom conhecedor de Geometria, que entendia muitos princípios da mecânica celeste da Terra, e como essas informações podiam ser usadas; e que ele ensinou os segredos a outros, que então transmitiram o conhecimento às civilizações mediterrâneas, que desenvolveram esse entendimento. O livro termina com o exame da jarda megalítica. Robert Lomas deu mais um passo à frente e desenvolveu um método de reproduzi-la, usando o Sol, e publicou os detalhes em seu website na internet. Foram esses mesmos princípios de medição que então apliquei à geometria da catedral de Peterborough. Após várias visitas ao local, cheguei à conclusão de que não era a dimensão de 39 pés, mas a de 78 pés. Definição da referência de 78 pés No livreto The Geometric Skeleton of Peterborough Cathedral, Frederick Stallard e Paul Bush mostram alguns desenhos concisos que indicam o relacionamento entre certos elementos da estrutura. No texto, eles observam como a parte da frente reúne quadrados, cada um com uma dimensão lateral de 39 pés, de modo que dois quadrados resultantes de 78 pés determinam a largura da base, e a forma retangular resultante determina a altura dos elementos triangulares sobre os arcos principais.

Reproduzido com a gentil permissão de Paul Bush.

Senti que existia um passo antes disso. Além do mais, eu senti que a base que guiava essa etapa havia sido construída na parede sul - a representação das colunas e dos arcos que resultou na ilustração da Vesica Piscis. Também é importante mencionar de passagem que exatamente o mesmo padrão da Vesica Piscis pode ser encontrado na Igreja Redonda dos Cavaleiros Templários no Templo, bem próximo da rua Fleet, em Londres. Esse mesmo padrão forma uma galeria inteira sobre o corpo principal na ponta circular dessa igreja famosa. A minha conclusão dizia que, quando o layout da catedral era observado, a parte da frente começava com três círculos, cada um de 78 pés de diâmetro, conectados em forma de vesica. Isso resultava em dois círculos externos que definiam a largura total e a forma retangular básica da fachada frontal, enquanto os centros dos três círculos definiam os centros verticais dos arcos do portal.

Usando o quadrado secreto do maçom, anteriormente mencionado, o círculo com diâmetro de 78 pés e o quadrado resultante seriam reduzidos para 39 pés. Três círculos em forma de vesica, com a base de 78 pés, mostrada anteriormente, definiriam a posição das linhas centrais ao longo das quais as colunas de apoio seriam construídas do começo ao fim do comprimento da nave e do coro. Frederick Stallard e Paul Bush estão totalmente certos na avaliação de que o comprimento representa dez quadrados com diâmetro de 39 pés - e dez concorda com a filosofia de Pitágoras. O comprimento e a largura podiam da mesma forma ser definidos com cinco quadrados de 78 pés. O valor cinco também era um valor importante na filosofia de Pitágoras. A largura do transepto é metade do

comprimento da catedral. Seria lógico para os maçons construtores reduzir o tamanho da dimensão pela metade, usando o quadrado secreto do maçom, para depois usar o tamanho resultante para determinar a distância através do transepto. Isso também poderia ser usado para estabelecer o relacionamento da vesica que definia a linha das principais colunas de apoio. Além disso, com base nas medições que fiz em Petereborough, a redução do quadrado de 39 pés pela metade novamente, com o uso do quadrado secreto do maçom, parece definir o espaçamento entre as principais colunas de apoio ao longo do comprimento. Claro que só fui capaz de chegar a essas conclusões como conseqüência do dedicado esforço antes realizado pelos senhores Frederick Stallard e Paul Bush.

Reproduzida com a gentil permissão de Paul Bush. Os Círculos da Vesica foram acrescentados pelo autor para fins de ilustração. Embora esses resultados fossem encorajadores, eles não indicavam a razão pela qual o diâmetro de 78 pés, que eu acreditava que fosse a dimensão principal, havia evoluído em primeiro lugar. Eu não podia deixar de acreditar que alguma coisa no processo de desenho, números simbólicos cruciais, havia sido usada pelos Mestres Maçons envolvidos. Construí uma planilha computadorizada na qual inseri todos os

números simbólicos importantes que encontrei e os somei, multipliquei e dividi, buscando um resultado aceitável. Para minha surpresa, o número-chave que produziu o resultado mais perfeito revelou-se como sendo 28. 78/28 = 2,785 Esse resultado era tão notavelmente parecido com o valor de 2,83 pés medido pelo professor Thom para a jarda megalítica que tive o sentimento de que o mesmo não podia ser ignorado. A variação é de apenas 0,065 pés, que é apenas cerca de 0,78 polegada ou 19,81 milímetros. Para toda a dimensão de 78 pés, isso resultaria em uma exatidão de 2,3%. Em um website produzido como anexo de A Máquina de Uriel, Lomas e Knight observam que: (...) a curiosa unidade de medida britânica conhecida como "vara" [rod ou pole] é igual a seis jardas megalíticas com exatidão de 1%. Existem quatro varas em uma corrente e 80 correntes em uma milha. Será que a moderna milha de L760 jardas poderia realmente ser baseada na medida pré-histórica da jarda megalítica? Variações na exatidão de até 3% se encaixariam muito bem nos limites aceitáveis de erro. Eu só podia concluir que, na época em que a catedral de Peterborough foi construída, os maçons do período medieval usaram o mesmo método antigo para determinar o equivalente deles para aquilo que o professor Thom chamou de jarda megalítica, usando a sombra do Sol. Eles então aumentaram o comprimento da sombra do Sol 28 vezes para conseguir a dimensão comparativa de 78 pés, estando o número 28 ligado aos 28 dias de luz visível da Lua, que formavam a base dos ciclos lunares usados

para regular os procedimentos da Igreja. Assim, o mesmo valor de regulação era usado para determinar o contorno da estrutura e estava diretamente vinculado ao macrocosmo e à criação de Deus, como isso era entendido por eles. Então, com o uso dos princípios da geometria sagrada - o quadrado secreto do maçom -, eles reduziam ou aumentavam a dimensão de 78 pés, dependendo das necessidades do projeto. Essa é a razão para os quadrados de 39 pés, identificados pelos senhores Stallard e Bush, serem tão sobressaltados. Tudo isso se encaixa bem no trabalho de avaliação feito por Frederick Stallard e Paul Bush. As dimensões são abordadas desde uma perspectiva diferente e continuam a chegar aos mesmos valores relativos.

Espero que os senhores Stallard e Bush não se importem muito se eu colocar um esquema da estrutura de Vesica Piscis sobreposto à fachada de um croqui que eles criaram e publicaram no livreto The Geometric Skeleton of Peterborough Cathedral. Além da avaliação feita, parece para mim que a largura total da fachada da catedral se baseia em três círculos, cada um de 78 pés de diâmetro em Vesica Piseis, enquanto dois desses círculos no plano vertical definem a altura máxima. Isso estaria de acordo com, e simbolizaria, as três posições do Sol no plano horizontal, tendo em vista que o mesmo atravessa o

horizonte: e com a Trindade, enquanto os dois círculos no plano vertical simbolizariam a dualidade de Céu e Terra. A largura do centro do círculo até o centro de uma vesica contígua determinava a largura das torres laterais, enquanto as linhas centrais, que corriam das duas vesicas no plano horizontal, determinavam as linhas centrais das duas torres ogivais. A altura das duas torres laterais parece alcançar cinco vezes a distância do centro do círculo no plano horizontal, até o centro de uma vesica adjacente. A finalidade exclusiva da minha investigação superficial da catedral de Peterborough era verificar e determinar se a geometria sagrada de um tipo bem conhecido no mundo antigo, que era conhecida e usada pelos maçons operativos do período medieval, estava presente no desenho dessa estrutura. A conclusão que eu cheguei é que estava. Eu posteriormente forneci essa informação a Paul Bush, coautor do livreto The Geometric Skeleton of Peterborough Cathedral. Ele, junto com o deão da catedral, foi muito gentil em permitir que croquis selecionados fossem reproduzidos aqui. Como foi mencionado anteriormente, de passagem, em seu livro A Máquina de Uriel, Robert Lomas e Christopher Knight descobriram um método de recriação da jarda megalítica. Robert Lomas gentilmente forneceu mais detalhes a respeito de como isso pode ser feito. Veja o Anexo 1. Chartres Chartres é uma cidade construída sobre as margens de um vale raso onde corre um rio. A catedral se destaca no ponto mais alto acima do vale. Grande parte da zona rural

em torno desse vale é plana e uniforme. Como conseqüência das modernas técnicas agrícolas, aquilo que em tempos antigos era uma grande floresta deu lugar a vastos campos abertos. O resultado é que, quando alguém se aproxima de Chartres a partir de quase qualquer direção, a catedral se destaca na paisagem e pode ser vista a muitos quilômetros de distância. A catedral atual foi construída durante um período de cerca de 30 anos no início do século XIII, após um incêndio ter devastado completamente a catedral original, construída no mesmo lugar em 1194. Acredita-se que grandes igrejas foram construídas no local desde os primeiros dias da expansão do Cristianismo, provavelmente ainda antes do colapso do império romano. Essa catedral é reverenciada, entre suas muitas qualidades, por ter escapado de várias revoluções e atos destrutivos que atingiram diversas outras catedrais européias, de tal modo que os guias turísticos nos informam que ela serve hoje como "uma enciclopédia da fé e da vida medieval", Chartres alcançou considerável prosperidade por guardar uma importante relíquia cristã, que levou milhares de peregrinos a visitar a cidade. Em exposição na parte nordeste da catedral, o objeto é conhecido como a Santa Camisia, um pedaço de pano presenteado ao imperador Carlos Magno, em 876 EC, por Constantinopla, como sendo um véu usado por Maria, mãe de Jesus, na época do nascimento de Cristo. Assim, tempos depois os peregrinos viajaram em multidões a Chartres para ver essa relíquia e a conseqüência foi que a catedral se tornou muito próspera. A catedral também é bastante conhecida pelo labirinto construído no chão, a meio caminho entre as portas principais na frente da catedral e a nave. Na verdade, o

labirinto não parece estar na posição central entre o Portal Real e o transepto. Tem havido considerável especulação a respeito da finalidade para a qual servia. A versão geralmente aceita é que os peregrinos chegavam à catedral e depois seguiam de joelhos pelo labirinto, recitando suas rezas até que alcançassem o meio, como avivamento espiritual. Embora o interior da catedral seja totalmente austero, com suas paredes enegrecidas pela fumaça e cobertas pela fuligem das velas queimadas durante séculos, a acústica é notável, amplificando o cântico da congregação durante o serviço com inopinada clareza e ressônancia, que chega facilmente aos ouvidos. Quando a cerimônia religiosa termina, um murmúrio suave se ergue na edificação em um tom agradável, nem um pouco invasivo, enquanto feixes de raios solares atravessam os vitrais das janelas ao sul e iluminam a parte interna com delicada luz difusa. Os sons harmoniosos e a sutil luz natural se combinam para criar um sentimento de calma. Na ponta oriental e em volta do coro, existe um biombo bastante ornamentado, esculpido em pedra, com painéis que representam as mais conhecidas histórias e eventos contidos na Bíblia. Até nas obras de cantaria, sobre os vãos das passagens, existem imagens que representam cenas associadas ao texto bíblico. Chartres também se tornou importante centro de ensino, especialmente do estudo dos assuntos que mais tarde se tornaram conhecidos como as Sete Artes Liberais Aritmética, Geometria, Astronomia, Música, Gramática, Retórica e Dialética. O termo dialética é uma ligeira variação da referência usual de lógica. A catedral também ostenta alguns dos mais admiráveis vitrais de janelas do mundo.

Como vigorosas observadoras da passagem dos séculos, na época de minha última viagem, extensas seções dessa catedral medieval obviamente estavam precisando de reparos e restauração. A catedral de Chartres tem sido assunto de muitas investigações há décadas. Um desses estudos foi feito por George Lesser, arquiteto e membro do Royal Institute of British Architects (RIBA) [Real Instituto de Arquitetos Britânicos], em meados do século XX. Ele efetuou amplo exame do uso da geometria no desenho de muitas igrejas e catedrais em toda a Europa e publicou suas descobertas em três volumes entre 1957 e 1964. O

volume 3 trata quase exclusivamente de Chartres. Infelizmente, Lesser morreu antes de ter a oportunidade de ver seu último volume editado. Por muitos anos, ele dedicou considerável tempo e esforço fazendo medições no local, à medida que explorava como os maçons do período medieval haviam definido as posições estruturais mais importantes. Os volumes produzidos contêm muitas ilustrações magníficas que comprovam suas descobertas e vários diagramas dobráveis que indicam a geometria do plano horizontal. Em particular, George Lesser observou o uso do octograma. Este parecia estar presente em muitos desenhos das primeiras catedrais. Particularmente, eu observei, a partir de suas obras, que o número de

estruturas correspondia muito aproximadamente à escala ditada por dois octogramas que se tocavam.

O canto externo dos octogramas define a largura da catedral ou igreja, enquanto as pontas A e B dos octogramas angulares definem o comprimento total. Quando ele reviu a planta do piso de Chartres, a mesma revelou uma série de quadrados, círculos e octogramas que determinavam os pontos principais.

O círculo principal, no centro da estrutura, delineia a posição do labirinto e o centro da ponta curvada do coro; ambos são equidistantes em relação ao centro da catedral. O círculo parece ser o fator determinante. Não é mostrado nesse desenho de George Lesser que dois círculos complementares do mesmo diâmetro daquele que foi mostrado, e cada um desenhado em relação ao centro do labirinto e do coro, produzem três círculos em forma de Vesica Piscis, exatamente como na fachada da catedral

de Peterborough. E na fachada da catedral de Chartres encontramos a imagem da vesica. Isso então levanta a questão sobre aquilo que ditava o diâmetro do centro do círculo, pois é a partir dessa dimensão que a proporção, pelo menos no comprimento da catedral, parece ter se originado. Escalonando as plantas, elas parecem ter sido baseadas em 12 quadrados de 12 côvados, ou em um círculo de 144 côvados de diâmetro ou em raio de 72 côvados. Isso se relaciona ao pentagrama. De fato, gravada em relevo em locais específicos da catedral, é possível encontrar a imagem da Estrela de Davi, o pentagrama e, como foi anteriormente mencionado, a Vesica. Mas pode existir mais uma razão para isso, à qual chegaremos em breve. A minha última visita a Chartres aconteceu em pleno inverno. Quando acabamos de chegar, o dia estava claro, com a luz do Sol úmida rompendo um céu salpicado de nuvens. Era quase meio-dia quando, depois de entrarmos pela porta oeste e de termos estudado muita coisa lá dentro, saímos por uma porta no lado sul do transepto. Ficava evidente, pelas sombras lançadas pelo edifício, que a orientação da estrutura não seguia a linha lesteoeste verdadeira, encontrada em muitas igrejas cristãs, mas orientava-se segundo uma linha cuja ponta indicava mais a direção nordeste, em uma marcação da bússola de quase 50 graus. Ao voltar para casa, verifiquei a direção da bússola em comparação com os ângulos solares para solstícios e equinócios. Cheguei à conclusão de que a orientação se dirigia à primeira luz do dia na hora do solstício de verão, com a catedral virada para o centro do transepto.

O símbolo da vesica se destaca em cima da porta principal da catedral de Chartres, construída no século XIII. Dentro da vesica, a imagem de Jesus ressalta o respeito com o qual o símbolo era visto.

A respeito da orientação rumo ao nascer do Sol no solstício de verão, havia uma confirmação mais positiva. Na biblioteca do Real Instituto de Arquitetos Britânicos, localizei um livro intitulado Chartres - Sacred Geometry, Sacred Space [Chartres Geometria Sagrada, Espaço Sagrado]. Nele, o autor, Gordon Strachan, confirma que a orientação é feita rumo ao solstício de verão e faz comparações com a disposição de Stonehenge. Ele também observa que a catedral tem 37 varas megalíticas de largura no transepto, enquanto o diâmetro do círculo de pedra de Sarsen, em Stonehenge, mede 37 varas megalíticas. Isso tinha íntimas ligações com as minhas opiniões iniciais a respeito da catedral de Peterborough e eu estava particularmente interessado em observar a referência a jardas e varas megalíticas. Embora Stonehenge seja famoso por seu alinhamento solar, também tem um certo eixo que era usado para monitorar a Lua. O mesmo também parece acontecer no caso da catedral de Chartres. Gordon Strachan comenta: (...) suas flechas norte e sul, tão diferentes em estilos e altura, simbolizam o Sol e a Lua(...) Seus dois ciclos complementares foram engenhosamente integrados à estrutura do desenho, na forma de dois eixos ligeiramente diferentes, que seguem a extensão da construção.

A Face oeste da Cathedral de Chartres Alguém poderia se surpreender com esse aspecto misterioso do desenho. Como foi mencionado antes, o Sol se põe no mesmo ângulo geométrico em relação ao leste verdadeiro em que nasceu nesse dia. Em virtude disso, a orientação ficava alinhada com o nascer do Sol no dia do solstício de verão, e, a ponta ocidental, alinhada com o pôr-do-Sol no dia do solstício de inverno. Assim, no solstício de inverno, que a Igreja primitiva selecionou como Natal para ofuscar a temporada festiva pagã original, à medida que o Sol se movia em direção ao oeste, e ficava totalmente em linha com o centro da fachada ocidental, um largo facho de luz brilhava através da janela alongada em cima do Portal Real e ao longo do centro da catedral. O resultado disso era um trajeto iluminado ao longo do comprimento da nave e do coro até o altar perto do ambulatório. A ponta do coro no leste é curva, como pode ser visto na planta do piso. Como foi observado na planta produzida por George Lesser, a

distância é igual, tanto do centro do transepto até o centro do semicírculo na ponta do coro, como do centro do transepto até o centro do labirinto. Eu só consegui visualizar isso em uma tarde clara e brilhante; exatamente quando o Sol se punha no horizonte, a sombra lançada pela borda inferior da janela combinava com o topo do labirinto, enquanto a curva superior da janela combinava com a curva do biombo na ponta do coro. Como o equinócio é o ponto central entre os solstícios, então nesse dia a ponta mais baixa da janela combinava com o centro do labirinto e a ponta curva do facho de luz seguia o centro do transepto à medida que o Sol passava pelo oeste no dia do equinócio. No período do solstício de verão, o facho de luz recuaria até tocar a ponta externa inferior do labirinto. Assim, o diâmetro do labirinto seria o reflexo do Sol e a planta do piso da catedral seria o reflexo de um relacionamento harmonioso com o ritmo natural dos ciclos das estações e, por isso, da vida, conforme criada pela divindade. Isso, eu quero logo acrescentar, é apenas especulação da minha parte, pois não encontrei, até agora, nada que o comprove. Pretendo, em ocasião oportuna, voltar na data adequada para ver se a teoria se confirma. Como veremos, também parece que existiu um relacionamento de luz e sombra semelhante, incorporado ao desenho do Templo de Salomão, e, nesse caso, a catedral de Chartres também seria um reflexo desse mesmo conhecimento antigo. Gordon Strachan também observou os tons harmoniosos que são criados na edificação e atribui isso em parte ao alinhamento dos dois eixos pelo Sol e pela Lua, criando uma ligeira torção na orientação da estrutura. É como se o

edifício estivesse sendo sintonizado para receber uma ambientação controlada. Existe a opinião de que os desenhistas e construtores dessas magníficas catedrais tentaram recriar a percepção deles a respeito de um espaço na Terra que seria o reflexo da harmonia do aspecto, da forma, da luz e do som que provavelmente existiam no Céu, para desse modo agradar e estar com o Criador e Grande Arquiteto do Universo. Assim, na construção da catedral de Chartres, encontramos os mesmos conceitos da sabedoria antiga e do entendimento que foram de domínio de nossos mais distantes ancestrais, que basearam muito de seu entendimento no ambiente natural e no macrocosmo. Além disso, Chartres era um importante centro de ensino para o conhecimento que está no núcleo do estudo que os maçons são incentivados a compreender: as Sete Artes Liberais. Barcelona No final do século XIX, um jovem arquiteto da região da Catalunha, na Espanha, e da cidade de Barcelona começou a fazer sucesso pelo mundo, conquistando fama por meio de seus projetos certamente incomuns. Seu nome era Antonio Gaudi (1852-1926). Uma das principais obras de Gaudi foi o projeto de uma nova igreja. Já que existia uma catedral na cidade, o projeto de Gaudi ficou conhecido como basílicaTemplo da Sagrada Família. Gaudi foi nomeado para projetar a obra em 1884, após uma disputa entre a Igreja Católica e o arquiteto original indicado para a tarefa. Gaudi partiu de um desenho totalmente novo e ficou ligado ao projeto durante quase

40 anos. A construção dessa vasta nova basílica se tornou um caso de para e anda: ocorreram dificuldades financeiras, a morte repentina de Gaudi - que faleceu em um acidente com um bonde na rua - e a guerra civil espanhola. Esta última interrompeu a construção da obra e resultou na destruição de várias maquetes e desenhos originais de Gaudi. Cem anos depois de Gaudi ter criado seu projeto original, a construção da basílica havia feito pouco progresso. Foi somente nos anos de 1990 que um decisivo compromisso com a empreitada foi finalmente acertado, e todos os esforços estão sendo feitos para garantir sua conclusão no primeiro quarto do século XXI. Eu visitei a construção no final do século XX. Até então continuava sem o teto, mas as colunas principais estavam prontas para recebê-lo. Embaixo do corpo principal da estrutura, em uma área compatível com o conceito de uma cripta, havia uma exposição de vários desenhos da concepção original de Gaudi. Maquetes mostravam como parte da intrincada decoração que adorna a fachada externa foi feita. Havia uma exposição pequena, sem destaques especiais, que a maioria dos visitantes passava sem nem sequer dar uma olhada. Quase fui culpado da mesma atitude, mas só de relance meus olhos iluminaram-se com a palavra Chartres. Essa exposição mostrava muitas observações feitas por Gaudi, em particular quanto ele admirava o desenho das catedrais góticas, e que decidiu criar seu próprio desenho com base nos mesmos conceitos usados em Chartres quase mil anos antes. Como resultado, as obras de cantaria em volta das portas principais; em ambos os lados da igreja, são enfeitadas com imagens elaboradas, representando cenas bíblicas, exatamente como em Chartres. A finalidade de várias dessas imagens nem sempre é óbvia

imediatamente. Por exemplo, perto da porta no lado sul há uma placa, esculpida em pedra, que contém números em fileiras e colunas. Pelo que notei, raramente alguém dá uma segunda olhada ou comenta sobre isso. Ao somar os números em fileiras, colunas, ou na diagonal, o total é sempre 33, a idade na qual, diz a tradição, Jesus Cristo foi crucificado. E a Maçonaria tem 33 graus de conhecimento. Ainda nas observações havia uma clara representação da proporção geométrica, e em particular da Proporção Áurea. Ele expressou isso na forma das espirais usadas nas escadarias. Embora a parede do lado oriental ainda não estivesse terminada na ocasião da minha visita, o seu perfil ficava evidente, e nela estavam previstas janelas grandes em proporções de catedral, sendo possível imaginar como a luz do Sol brilhante fluirá dentro do interior cavernoso. Se o tom de harmonia será comparável ao de Chartres, somente saberemos quando a basílica da Sagrada Família finalmente ficar pronta. O que Gaudi parece ter feito, reconhecendo o seu valor, foi refletir os mesmos parâmetros de projeto usados pelos maçons medievais em uma estrutura relativamente moderna, e isso testemunha a sabedoria e a identidade com o macrocosmo que nossos ancestrais alcançaram. A conexão com os Vigilantes Assim, eu concluí que os Mestres Maçons do período medieval continuavam conservando conhecimentos semelhantes aos usados por nossos ancestrais remotos a respeito do uso do Sol, provavelmente na hora do equinócio, para determinar o que era para eles uma

unidade padrão de medida, uma unidade que eles podiam copiar facilmente e conservar ao cortar uma haste ou vara no comprimento da sombra resultante. O uso dessa vara ou haste para criar uma unidade de medida em importantes projetos de construção perdurou por muito tempo, antes que a medida imperial padronizada de uma vara fosse concebida. Existem dois cargos seniores dentro da Loja Maçônica cuja tarefa é continuar a marcar a posição do Sol no ocidente e a marcar o Sol em seu meridiano (meio-dia). Essas duas posições são conhecidas como Primeiro Vigilante e Segundo Vigilante. Por coincidência, o emblema dos respectivos cargos é uma coluna. Essas colunas variam um pouco conforme a interpretação da Loja. Falando de um modo geral, elas são feitas de madeira rija e durável, cada uma tendo cerca de um pé (0,3 metro) de altura. Quando a Loja estiver realizando suas atividades, o Segundo Vigilante vai deixar sua coluna na horizontal, enquanto a do Primeiro Vigilante permanece na vertical. A razão disso é que, se a haste, ou obelisco, ou coluna, ou outro dispositivo similar for usado para lançar uma sombra por meio da qual essa unidade de medida poderia se originar, então duas pessoas, habilitadas no conhecimento, precisariam trabalhar juntas. Uma deveria monitorar a posição do Sol relativa à haste vertical, interpretada atualmente pelo papel do Primeiro Vigilante, enquanto a outra teria a tarefa de marcar o comprimento da sombra lançada pela haste e, por meio dela, definir a unidade de medida quando instruído pelo Primeiro Vigilante para fazer isso. Seu papel é refletido na posição que hoje em dia conhecemos como Segundo Vigilante. Assim, essas importantes obrigações, e a habilidade e o conhecimento ligados a elas, são

relembradas na atualidade. O plano vertical é aquele com o qual o Primeiro Vigilante trabalha, e é refletido pela sua coluna, colocada ereta quando a Loja está realizando suas atividades; enquanto o plano horizontal é aquele com o qual o Segundo Vigilante trabalha, e é refletido pela sua coluna colocada horizontalmente. Também ocorre que, além da reconstrução da unidade de medida, esses dois maçons habilitados poderiam usar a mesma técnica em qualquer dia do ano, quando o Sol brilha para determinar os quatro pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste. Isso permitiria que o eixo N-S e L-O, irradiando através de um ponto central, fosse usado na construção de um esquadro em ângulo reto, uma ferramenta necessária para os construtores. E, tendo em mente que a maioria das igrejas cristãs primitivas era nomeada conforme o santo, e a linha central da igreja estaria alinhada com aquele ponto no horizonte onde o Sol nasce no dia de festa reservado ao santo, então o mesmo marcador e o processo de sombra poderiam ser adotados para determinar a linha de orientação. A haste ou obelisco que os maçons usavam em seu trabalho provavelmente devem ter tido a ponta superior em forma pontiaguda permitindo marcações mais exatas. Infelizmente, em muitas Lojas novas representações inovadoras dessas hastes se desvirtuaram; algumas mostram globos que representam a Terra, enquanto outras exibem as características de colunas arquitetônicas clássicas, com estilo dórico ou coríntio. Esses estilos provavelmente devem parecer fora de lugar e a forma de obelisco com certeza está mais de acordo com os acessórios da sala da Loja. Os dois maçons, agora chamados de Primeiro e Segundo Vigilantes, seriam indivíduos muito importantes no

desenvolvimento de qualquer projeto de construção em tempos antigos. Por essa razão, eles atualmente são intimamente ligados e dão apoio ao Venerável Mestre da Loja. Luz em vez de sombras Existem ocasiões, é claro, em que um facho de luz também pode ser tão eficiente quanto uma sombra. Conforme foi mencionado, como parte da minha pesquisa eu visitei o Egito em três ocasiões diferentes, em busca de desenhos de estruturas de templos e outros aspectos de civilizações antigas. A minha segunda visita ao Egito foi concentrada no Cairo, expressamente com a finalidade de observar a Esfinge, as pirâmides e o Museu Egípcio. Tive a oportunidade de fazer as várias excursões que estavam sendo oferecidas. Elas incluíam visitas à pirâmide de degraus em Saqqara e aos vestígios da antiga capital de Memphis. Havia ainda outra excursão que senti que não podia deixar de fazer. Era até a antiga cidade de Alexandria. O itinerário incluía a visita a um mosteiro copta, localizado em um oásis no deserto, quase na metade do caminho entre o Cairo e o nosso destino. O mosteiro copta se mostrou mais interessante do que eu esperava. O complexo originalmente foi fundado nos séculos iniciais da religião cristã. Fomos recebidos por um monge muito dedicado, que tinha impecável domínio do idioma inglês. Ele se tornou nosso guia e mostrou onde os monges comiam, dormiam e entravam em períodos de contemplação solitária, que podiam demorar de alguns dias até vários anos.

Então foi assim que visitei a igreja principal no final da manhã. O Sol subia para seu zênite enquanto seus raios refletiam na areia do deserto com um brilho ofuscante. Enquanto deixávamos os sapatos do lado de fora, podíamos ouvir o canto entoado por algum sacerdote dentro da igreja. Era óbvio que a cerimônia ou serviço estava em andamento. Quando entramos, senti o desconforto que a nossa turma, cerca de 12 pessoas, provocou, perturbando aquilo que estava acontecendo. Não só por ter invadido a cerimônia, mas porque fomos convidados a contornar a parte interna da sala e observar tudo o que era mostrado, enquanto o sacerdote continuava a cantar e orar, sem hesitação, indiferente com a nossa chegada. A sala principal da igreja era vagamente iluminada por uma simples lâmpada elétrica pendurada no centro da sala, diretamente em cima do púlpito que o sacerdote usava. A atmosfera era densa por causa da névoa fumegante das velas e do incenso que queimavam. A fumaça pairava no ar, quase sem movimento, na espera de uma brisa para dispersá-la. Um pequeno grupo de cerca de oito pessoas estava sentado no chão em frente ao sacerdote com as pernas cruzadas. Essas pessoas, pelo que nos informaram, vieram de uma aldeia próxima. Tinham com elas uma criança doente e pediram ao sacerdote para orar pela cura da criança. Isso só me fez sentir ainda mais desconfortável pela nossa intromissão. No momento da nossa chegada à igreja, o sacerdote, pelo que nos avisaram, orava há várias horas. Apesar da nossa visita, ele continuou cantando e recitando orações e, enquanto fazia isso, o monge, que era nosso guia, explicava que o sacerdote continuaria seu ritual por cerca de mais duas horas ainda, como fazia nesse horário todo dia.

O corpo principal da igreja dava início a um corredor que representava a única rota de entrada. Enquanto as pessoas da nossa turma de viajantes circulavam em fila pela igreja, percebi que a única iluminação no corredor vinha de uma pequena abertura quadrada existente no alto da parede, na ponta mais distante do corredor a partir da porta principal. Através dessa abertura, a brilhante luz do Sol se concentrava em um estreito facho, um quadrado com cerca de nove polegadas. A atmosfera enevoada que se criava pela queima do incenso e das velas delineava claramente a coluna de luz. Esse facho refletia diretamente em uma parede com reboco branco, no lado oposto à posição onde o sacerdote ficava em pé. Ele podia vê-lo, mas a congregação ficava de costas. Gastamos cerca de três quartos de hora nessa parte do complexo do mosteiro e passamos por essa parede em três ocasiões diferentes. Não pude deixar de notar como o facho de luz do Sol se movia para baixo e pela parede à medida que lá fora o Sol se movia mais alto no céu, enquanto fazia seu trânsito para o sul. Para mim se tornou óbvio que aquilo era o relógio que o sacerdote usava para cronometrar seu ritual diário. Sem levar em consideração a época do ano, a coluna de luz atingia uma borda da seção branca rebocada, no mesmo horário, todo dia. De acordo com a estação, a posição se movia para cima e para baixo na parede, correspondendo à posição do Sol acima do horizonte. A medida que passava um período de duas horas, e o Sol ficava mais alto no céu, então o facho de luz se movia para baixo e na diagonal pelo reboco. Quando a coluna de luz se movia para fora da área rebocada, duas horas haviam passado e o sacerdote sabia que era a hora de parar. Foi uma demonstração simples do uso do Sol como cronômetro. Não pude deixar

de me admirar como tantos turistas passavam todos os anos por esse corredor sem notar essa ligação com esse antigo, mais eficiente, uso do Sol e dos princípios da mecânica celeste. Foi uma revelação extraordinária. Esse era um exemplo do funcionamento de uma tecnologia simples, mas eficiente, dos tempos antigos; um entendimento quase esquecido em nosso mundo moderno do século XXI: o uso do Sol como cronômetro.

Luz e o Templo de Abu Simbel Foi na minha primeira visita ao Egito que eu fiz a jornada de Assuan (Sirene) até Abu Simbel. Ameaçado pelas águas do Rio Nilo e do Lago Nasser, que subiam após a conclusão da represa de Assuan, em meados do século XX, esse Templo era visto como uma importante obra do Egito Antigo e foi cortado, peça a peça, da frente do rochedo que o abrigava originalmente, sendo remontado em um local mais seguro, acima da linha de água. Assisti a documentários e li revistas que mostravam as façanhas da engenharia na gigantesca tarefa de remoção e remontagem. A medida que caminhávamos pela empoeirada trilha de pedra que levava até o complexo, eu me entusiasmava com a perspectiva de realmente ver e tocar esse antigo monólito. O entusiasmo era mais do que justificado. Eu estava assombrado. Era mesmo tudo aquilo eu sempre vira nas figuras. O Templo de Abu Simbel foi construído por Ramsés II, também conhecido como Ramsés, o Grande. No capítulo 10, tratarei do tema da cronologia bíblica e histórica. A

partir das informações reunidas, preparei uma tabela que mostra que Ramsés foi contemporâneo de Roboão, o rei israelita que sucedeu Salomão. Assim, a construção de Abu Simbel provavelmente começou cerca de 30 a 35 anos depois de o Templo de Salomão ter ficado pronto. Ramsés II foi identificado na cronologia como o faraó Shishak, que invadiu Jerusalém durante o reinado de Roboão, filho de Salomão, cerca de 25 anos depois de o Templo ficar pronto. Shishak/Ramsés, o Grande, subjugou Jerusalém e levou embora grande quantidade de ouro e prata em pagamento por não arrasar a cidade por completo. Essa triunfante aventura de Ramsés II está registrada em painéis nas paredes de Abu Simbel. A fachada inteira de Abu Simbel está orientada para o lado leste. Coitado no lado do morro fica o pórtico de entrada do templo. O pórtico é flanqueado em ambos os lados por duas estátuas maciças do faraó e sua rainha. Em cima da porta fica a estátua em forma de cabeça de falcão de Ra Harakht, completada com o disco do Sol em sua cabeça. Isso não surpreende, pois esse Templo era supostamente dedicado em parte ao deus-Sol, Amon-Rá, e retratava o que era chamado de milagre do Sol. Embora o templo tenha cerca de 125 pés (39 metros) de largura por 210 pés (65 metros) de comprimento, o pequeno pórtico não corresponde à magnificência do interior. De fato, o pórtico parece inadequadamente pequeno em comparação com o tamanho das estátuas que o flanqueiam e com a dimensão da caverna com suas maciças colunas de apoio. Mas o pórtico é deliberadamente pequeno pois tem uma finalidade prática. Ao deixar para trás o brilho da luz solar quando entrei no Templo, demorou alguns minutos para meus olhos se acostumarem totalmente com a relativa escuridão da

câmara principal. Duas fileiras de colunas magnificamente esculpidas, cada uma representando uma forma humana, sentinelas, tão grandes que um homem com 1,80 metro de altura parecia encolhido diante delas, que vigiavam tudo o que se passava embaixo. Atrás do saguão principal ficava um pequeno pórtico que levava ao Santo dos Santos, uma saleta na qual quatro estátuas compactas foram esculpidas na parede do fundo. As estátuas representam Amon-Rá, o deus-Sol; Ramsés II, Harmakis outro nome para o termo Esfinge, que por outro lado significa "Hórus que está no horizonte"; e Ptah, o deus da escuridão. Por volta da hora do equinócio de primavera, quando o Sol está avançando para o norte ao longo do horizonte, por um curto período, ao amanhecer, uma coluna de luz penetra no pórtico na fachada, ao longo de todo o comprimento do saguão e entre suas estátuas guardiãs, para dentro do Santo dos Santos, iluminando, em dias sucessivos, Amon-Rá, depois Ramsés II, em seguida Harmakis. O alinhamento e o tamanho dos dois pórticos, mais o comprimento total do saguão e o Santo dos Santos, são tais que a coluna de luz então se extingue antes de alcançar Ptah, o deus da escuridão. Obviamente, na hora do equinócio de outono quando o Sol está se movendo ao longo do horizonte do norte para o sul, então a ordem do processo de iluminação é revertida enquanto Ptah permanece na escuridão. Assim que deixei a escuridão do saguão e emergi para o brilho da luz solar externa, percebi uma cadeia de montanhas rasa no horizonte distante, no lado oposto ao Rio Nilo - Lago Nasser. Havia um claro caminho para a luz do Sol nascente percorrer até o Templo. Do local onde fiquei em pé, na frente do Templo, o topo das montanhas

no horizonte parecia mais baixo que o pórtico de entrada. Em conseqüência, pensei, a luz seria derramada por sobre as montanhas entre o pórtico e o Santo dos Santos atrás da câmara interna. Retornei ao Templo e, para grande espanto dos outros visitantes, ajoelhei e olhei ao longo do comprimento do piso de pedra. Sem dúvida, o Templo tinha uma ligeira inclinação desde o pórtico na fachada até o Santo dos Santos, para otimizar o alinhamento. Essa inclinação, muito suave, era praticamente impossível de perceber quando se caminhava na parte interna. Novamente do lado de fora, abordei nosso guia para perguntar se existiam excursões especiais para observar o evento solar para o qual o Templo havia sido construído. Infelizmente, não. E acrescentou que desde a transferência do Templo o mesmo não funcionava mais exatamente tão bem como antes. Os agrimensores, afirmou, com a mais moderna instrumentação e toda a tecnologia de computação da época, haviam feito um erro de cálculo, e o Templo nunca mais ficou tão exatamente alinhado. Isso apenas serviu para aumentar a minha admiração pelos maçons de 3 mil anos atrás, que esculpiram originalmente aquilo, e pelas habilidades que eles possuíam. Abu Simbel, a catedral de Peterborough ou a catedral de Chartres, os homens que criaram esses monumentos esplêndidos foram realmente maçons admiráveis. Conclusão Parece que os princípios de Pitágoras, que ele sem dúvida ensinava em sua escola de mistério, junto com a geometria que também lhe é atribuída, eram bem •

conhecidos pelo menos de alguns membros da instituição eclesiástica nos tempos iniciais da expansão do Cristianismo, baseado em Roma, na Europa. • O simbolismo de números parece que teve bom fundamento, especialmente com Bede. Sua localização remota implicaria que tais interpretações simbólicas eram bem entendidas e aceitas dentro da Igreja. • Os antigos princípios da Geometria, inclusive o uso da Vesica, eram conhecimentos entendidos e praticados pelos maçons operativos que projetaram e construíram as grandes catedrais da Europa. Com tais informações, parece adequado testar o projeto do Templo Maçônico de Sussex para ver se esses mesmos princípios estavam envolvidos ali. Nesse caso, isso implicaria que eles permaneceram como importantes componentes da Maçonaria, pelo menos até o final do século XIX.

Capítulo 7 O Conhecimento Sagrado Ressurge (...) Por tratar da descrição dos objetos celestes, da forma do universo, e da revolução dos céus, e do movimento das estrelas, levando a alma mais perto do poder criativo, o mesmo ensina a rapidez em perceber as estações do ano, as mudanças do ar e o aparecimento das estrelas; já que tanto a navegação quanto a agricultura recebem disso muito benefício, assim como a arquitetura e a construção recebem da geometria. Antigo Testamento

A sabedoria dos séculos. Senti que havia acumulado conhecimento suficiente para começar a tentar resolver alguns dos aspectos do Templo de Brighton e das Cerimônias Maçônicas, que me intrigavam e me instigaram a colocar a pesquisa em primeiro lugar. A Vesica e o desenho Para começar, o desenho básico do Templo foi facilmente resolvido. Uma antiga ilustração dos idos de 1920 deu uma dica e, depois, uma cópia da planta de um arquiteto confirmou que o comprimento e a largura da sala baseavam-se em três círculos, cada qual com 40 pés de diâmetro em forma de Vesica Piscis. Isso rapidamente levou à solução do quebra-cabeça a respeito do desenho no degrau da porta da frente.

Também provava ser derivado da Vesica Piscis.O símbolo do degrau da porta da frente

Era como se, ao colocar esse desenho no degrau da frente, e em um painel de vidro em Círculos de vesicas cima da porta, houvesse um e metade do raio pronunciamento de que, ao entrar no prédio, as pessoas estavam entrando em um lugar onde existia o entendimento dos princípios dos círculos entrelaçados, a Vesica Piscis, e por meio disso da sabedoria e da geometria antiga. Não era uma idéia descabida. Em um capítulo anterior, fiz referência ao piso ladrilhado preto e branco e como, ao tomar a medida do mesmo, descobri que este parecia se basear na medida do côvado, que media 12 côvados de largura por 24 côvados de comprimento, resultando em um perímetro que media 72 côvados. Os círculos entrelaçados de 40 pés de diâmetro em Vesica Piseis, usados para definir a largura e o comprimento do Templo principal, revelaram uma conexão com o piso do Templo. Tendo em mente que o piso também pode ser interpretado na medida em côvados, descobri que, ao desenhar a vesica com base em dois círculos de 40 côvados de diâmetro cada um, a área retangular maior, criada por dois quadrados iguais, que podiam ser derivados dentro da vesica e permaneciam em proporção com a sala, era exatamente a do piso, 24 côvados de comprimento por 12 côvados de largura.

O zodíaco O zodíaco que se destaca no teto mostrou ter um alinhamento interessante, que serve para dois propósitos. Primeiro, é o alinhamento da constelação de Áries que fica diretamente na frente da cadeira do Mestre, o trono do rei Salomão. Isso é claramente um registro indicativo da época na qual os eventos em torno dele ocorreram.

A constelação de Áries diretamente em cima da cadeira do rei Salomão.

E, em segundo lugar, por causa disso somos lembrados de que o eixo da Terra tem uma ligeira oscilação, que resulta na posição relativa do cinturão, deslizando no sentido contrário de uma constelação em cerca de 2.160 anos, processo conhecido como Precessão do Equinócio, que leva quase 25.960 anos para terminar sua passagem por todas as 12 constelações. Além disso, o piso quadriculado diretamente abaixo tem um perímetro com valor numérico de 72. Demora 72 anos para que os efeitos da precessão avançem o cinturão apenas um grau. Se pegarmos 2.160 e desprezarmos o zero, temos 216, e esse é o produto de 6 x 6 x 6, isto é 666. Seiscentos e sessenta e seis Como observamos: 1. Nas organizações religiosas primitivas, o número seis era sagrado, pois o Antigo Testamento estabelece que Deus criou o mundo em seis dias. 2. Para os filósofos antigos, o número seis simbolizava harmonia e beleza, sendo inclusive associado ao casamento. 3. A importância do número seis está representada na Estrela de Davi, que é uma estrela de seis pontas, também considerada um talismã de sorte.

4. Foi visto como o número mais puro, sendo tanto o produto como a soma dos três primeiros, isto é, l + 2 + 3 = 6elx2x3 = 6.

5. O número seis da mesma forma simbolizava o Sol. 6. Como vimos, existe um relacionamento direto entre o número 666 e a Precessão do Equinócio por meio do número 216(0), que é o produto de 6 x 6 x 6. A Precessão pode ser observada por um longo período quando se nota a posição da constelação regente se movendo progressivamente no alvorecer do Equinócio de Primavera. Há muitos anos esse número 666 tem sido associado ao Demônio. Essa associação tem suas origens no Livro de Apocalipse [em inglês: Book of Revelation, Livro da Revelação] em que o número 666 é mencionado como o número da besta. Lemos no texto do Livro de Apocalipse: Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis. Apocalipse 13,18 Essa conexão com a besta foi progressivamente contestada no final do século XX, tendo em vista que historiadores reconheceram que Jerusalém, há 2 mil anos, foi uma cidade ocupada por uma força invasora, os romanos. Era uma época em que moradores rebeldes estavam engajados naquilo que é mais bem descrito como "atividade terrorista contra Roma". Essa insurreição intensificou-se por volta da década de 60 EC, até finalmente ser esmagada pelos romanos em Masada, em 70 EC. Especula-se que a referência à "besta" seria um

código usado naquele tempo, significando Roma e seu imperador. Para mim, é interessante a linha que fala "pois é número de homem". O Antigo Testamento afirma que a duração da vida do homem é três vintenas e dez. Pensei então se a referência ao homem fosse 66 + 6 = 72. Assim, durante a vida do homem, a precessão avançará um grau no cinturão da constelação. Os romanos tratavam esses números sagrados com a mesma reverência dos povos antigos do Egito, da Babilônia e da Grécia. No sistema de contagem romano, a letra (I) conta o algarismo 1; a letra (V) conta o algarismo 5; a letra (X) conta o algarismo 10; a letra (L) conta o algarismo 50; a letra (C) conta o algarismo 100; e a letra (D) conta o algarismo 500. Se você somar todas essas categorias numéricas, ou seis grupos de números, a resposta é 666. Outro número chave é 36, que é 6 x 6. Igualmente significativo é o fato de que, se você pegar todos os números na seqüência de 1 a 36 e somá-los, a resposta é 666. O Livro de Apocalipse não é o único onde se menciona 666. Quando fiz a busca de palavras em uma versão eletrônica do Antigo Testamento, encontrei uma referência bem anterior, no Livro de Esdras. Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis. Esdras 2,3 Mas, talvez, o mais surpreendente de tudo seja que a minha busca de palavras com a ajuda do computador descobriu que a primeira referência ao número 666 no

Antigo Testamento relaciona-se com a principal personalidade ligada às minhas pesquisas: o rei Salomão. O peso do ouro que se trazia a Salomão cada ano era de seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro. 1 Reis 10,14 Ouro naquela época, em parte por causa da cor, também simbolizava o Sol. Assim, temos duas referências simbólicas ao Sol em uma única passagem do Antigo Testamento: ouro e o número 6 x 6 x 6 = 216(0). Embora certos aspectos do número seis mereçam especial consideração, existem outras combinações que aparecem regularmente na Bíblia; por exemplo, assim como 6 x 6 x 6 = 216, e 36 é 6 x 6, então 72 é (6 x 6) + (6 x 6); 36 = (6 + 6 +6) + (6 + 6 +6); 12 = 6 + 6. Todos esses números aparecem no Templo de Brighton. Procurando Pitágoras As conexões do Templo não paravam no número seis. Em volta das paredes há uma sanefa, detrás da qual é emitida uma sutil iluminação difusa. A sanefa é decorada com florzinhas de nove pétalas. Da conexão com Pitágoras, trata-se de um símbolo do homem. Sabendo que o ensinamento de Pitágoras era um elemento da vida maçônica no começo do século XX, achei que deveriam existir mais dessas indicações. Em particular, procurei por evidências de dois outros números: o oito e o dez. Novamente, no começo deste livro, eu mencionei que o piso quadriculado do Templo era organizado com a área dentro da borda, sendo dez ladrilhos de lado a lado e 22 de comprimento. Aqui havia pelo menos um exemplo em

que o número dez existia. Ao desenhar uma linha pelo centro, o resultado era dois retângulos de dez côvados por 11 côvados, o que não significava nada. Assim, decidi criar quadrados de dez côvados x dez côvados. Fiz isso pegando toda a largura do piso interno e depois cinco côvados de ambos os lados da linha central. Para meu assombro, isso produziu as dimensões exatas da Razão Áurea.

De fato, no gráfico anterior, o arco claramente produz os pontos Y & Z a uma distância marginalmente maior que seis para refletir 0,618. Assim, 10/6,18 = 1,610. E existe a harmonia com o número dez, pois há seis quadrados equilibrando ambos os lados dos dez quadrados centrais. Algo que eu não esperava também aconteceu. Ao tratar do tamanho do quadrado como uma unidade em vez de dez, pude também tratar das seis unidades no tamanho idêntico como 0,6 ou o valor de Fi= 0,618. E não parava aí, pois: 0,618 + 1 + 0,618 = 2,236 que é também √5. "G" de Geometria

A Loja de pesquisa Quatuor Coronati e vários livros escritos por maçons eminentes indicam que a letra "G", quando exibida em um Templo, não significa Deus [em inglês: God], como muitos preferem imaginar, mas na verdade significa Geometria. O centro do Templo de Brighton é dominado por duas letras "G". Uma fica na luz colocada em cima do centro do piso. Com certeza podemos aceitar isso como uma referência a algum Grande Geômetra do Universo. Aquela que fica no centro do piso provavelmente se refere apenas à Geometria, como veremos. Eu já mencionei que um dos símbolos mais comuns encontrados na Maçonaria é o pentagrama. Parece lógico acreditar que, em algum lugar da sala, um pentagrama ou pentágono estava facilmente definido com base na geometria do piso. Imagens do pentagrama muitas vezes caracterizam um símbolo no centro, e o fato de existirem dois círculos no centro do piso não passou despercebido para mim. Sem dúvida, um pentagrama, que se encaixa perfeitamente na parte externa dos dois círculos e nas dimensões do piso, logo se destaca.

Ao estabelecer a ligação da parte externa dos dois círculos do piso com o desenho do pentagrama, parecia

que tudo estava completo. Porém, a finalidade do círculo mais interno ainda não estava definida; nem a dos emblemas em formato de losango, ligando os dois círculos. Quando olha pela primeira vez para esse desenho, alguém pode facilmente chegar à conclusão de que se trata de uma representação simbólica em que o Grande Geômetra do Universo está no centro de toda criação, de onde flui toda bondade, e que os losangos são setas decorativas, ligando nosso mundo material (o piso mencionado antes) ao grande desenho. Mas existem outras possibilidades:

1. Existem oito losangos. O número oito era aquele que eu procurava, pois na filosofia de Pitágoras simbolizava o cubo sagrado. O cubo sagrado simbolizava o mundo. Os Cavaleiros Templários são conhecidos por terem cultuado o número oito e sua conexão com o Santo Sepulcro, onde, de acordo com a tradição, Cristo foi enterrado. Na época dos Cavaleiros Templários, a doutrina cristã referiase a Cristo como "a luz do mundo". Além disso, na Cidade Santa Islâmica de Meca, o artefato fundamental de veneração e adoração é um cubo: a Kaaba. 2. Na Geometria existe uma figura, que pode ser construída a partir de um pentágono/pentagrama,

chamada icosaedro. Trata-se de uma estrutura complicada que, quando girada, cria a mesma apresentação ótica evidenciada pelos losangos. 3. Isso deriva diretamente dos fenômenos naturais associados ao Sol. 4. Os círculos ditam alguma geometria complementar que resulta nesses padrões. Possibilidade complementar - alinhamento pela sombra Precisamos lembrar que vemos o mundo nesse novo milênio com a vantagem do conhecimento, da experiência e da tecnologia. Quando construíam uma estrutura nova e importante, nossos ancestrais, nos tempos antigos, não tinham os sofisticados teodolitos com tecnologia a laser, nem imagens digitais. O teodolito que eles usavam era o Sol e a sombra lançada por ele. Está bem documentado que as civilizações antigas, em particular os egípcios, usavam estacas de sombra para essa finalidade. Essas estacas de sombra tinham a forma de obelisco. O obelisco normalmente tinha o topo em forma de pirâmide. A ponta no topo fornecia um excelente marcador para o final de uma sombra. No esboço a seguir, imagine que o triângulo ABC é uma face de uma pirâmide. O Sol, nascendo exatamente acima do horizonte na alvorada e iluminando a face apontada para ele, resultaria na face ABC, ficando na sombra, e a inclinação da sombra ADC resultante ficaria um pouco alongada. O formato DCBA é equivalente aos losangos dentro dos círculos centrais. A letra "G" também é amarela, a cor do Sol. Será que isto significava o importante papel do Sol, quando usado por nossos ancestrais, na decisão a respeito da construção de novos edifícios?

Considere mais uma vez a fotografia dos círculos ao lado. Existem oito desses losangos. Assim o deslocamento angular entre eles é de 45 graus (360/8=45). Os losangos não começam no eixo vertical ou horizontal. Eles estão deslocados 22,5 graus. Isso corresponde ao ângulo nominal de inclinação do eixo da Terra. Então, pode ser que os losangos signifiquem os oito principais pontos no horizonte que teriam sido mais importantes para os nossos Irmãos antigos: o Norte, o Sul, os horizontes no Ocidente e no Oriente na hora dos equinócios e solstícios,

o que hoje em dia chamamos de trópicos e equador. Além disso, eles poderiam significar que a posição angular relativa ao sul, de quando o Sol está em seu meridiano, seria a mesma de quando o Sol nasce no horizonte no leste, como o mesmo está para a posição angular relativa ao sul de quando o mesmo se põe no horizonte ocidental. Quando o Sol nasce no leste... quando o Sol se põe no oeste... A Terra gira constantemente sobre seu eixo em sua órbita em torno do Sol...

Quase como se estivesse chamando atenção para o uso da sombra, as grades das janelas do Templo também mostram obeliscos e desenhos semicirculares relacionados com a passagem do Sol pelo horizonte, tanto nos solstícios como nos equinócios.

Aí barras verticais pontudas têm o mesmo desenho do obelisco clássico. Além disso, o centro do sacerdócio científico do Egito Antigo supostamente ficava em Heliópolis, perto de Gizé. Existiam dois obeliscos nesse local que mais tarde foram levados para Alexandria pelos romanos. Um deles foi desmontado no século XIX e agora está nas margens do Rio Tâmisa, em Londres. É conhecido como a Agulha de Cleópatra. A instalação no aterro, aparentemente, foi realizada com uma cerimônia maçônica completa. Possibilidade complementar - Geometria baseada nos círculos Com o maior dos dois círculos no centro do piso, com raio de 1,5 côvado, um círculo é desenhado e um pentágono construído dentro dele. Um segundo círculo é então desenhado, com diâmetro de 1,5 côvado também, de modo a tocar a linha básica do pentágono nos pontos A e B. Mais um pentágono é então construído como espelho do primeiro. A conexão dos dois pentágonos, como mostra o diagrama a seguir, produz o mesmo símbolo dos

losangos no centro dos círculos. Tendo em mente que existe muito mais geometria associada ao Templo, parece altamente provável que essa solução geométrica, novamente baseada no número cinco, seja particularmente adequada. Mas existe uma pequena variação. Dois lados de um pentágono não fornecem um ângulo interno de 90 graus. Porém, nada disto passou despercebido, como veremos.

A Geometria Sagrada do Octógono e a Estrela de Davi A geometria sagrada aparece em muitas construções religiosas. Outro exemplo é o octógono. Assim como toda geometria desse tipo, ele pode ser facilmente construído com a ajuda do compasso e um canto reto, como um esquadro. O octógono ilustrado acima mostra que o ponto de partida é um círculo, rodeado por um quadrado. A linha traçada entre os cantos opostos do quadrado, e que passa pelo centro do círculo, cria um ângulo de 45 graus, relativo aos eixos vertical e horizontal. A divisão desse ângulo vai criar partições de 22,5 graus, o deslocamento angular dos losangos nos círculos centrais.

A geometria octogonal era uma importante geometria sagrada usada pelos Cavaleiros Templários na construção de suas igrejas. Eles usaram essa geometria para construir igrejas que do lado de fora eram redondas, com oito colunas de apoio dentro, ou octogonais na forma externa; muitos bons exemplos delas ainda continuam sendo usados na Europa. Essa geometria foi utilizada em propriedades dos Templários que continuam existindo na Grã-Bretanha: na Capela Rosslyn, perto de Edimburgo; na Igreja Redonda de Cambridge; na Igreja Redonda em Northampton; e na Igreja Redonda no Templo Interno, próxima a Fleet Street, em Londres. Quando a igreja é redonda, as oito colunas de apoio também ficam posicionadas em um círculo interno, cujo diâmetro está relacionado com suas paredes externas. Fiz medições com fita de aço quando visitei a Igreja Redonda de Cambridge. Minhas medições sugeriram que o círculo interno, que fornecia a linha central das colunas de apoio, tinha o raio de seis côvados, e as paredes externas de 12 côvados, somando o diâmetro total de 24 côvados. Assim, o círculo interno tem metade do diâmetro do externo. Essa é exatamente a razão geométrica dos dois círculos no centro do piso do Templo de Brighton. A partir desses dois círculos, uma Estrela de Davi de seis pontas pode ser criada, como método alternativo para o uso da Vesica Piscis mostrado anteriormente.

O raio AB cria o centro do círculo de 583 de diâmetro, enquanto o raio AC cria o interno de 293 de diâmetro. Os lados dos triângulos ficam na tangente da borda do círculo interno, criando triângulos equiláteros. Assim, temos um pentagrama (estrela de cinco pontas) em torno da borda externa dos círculos, cercando uma Estrela de Davi (estrela de seis pontas) dentro deles. Devemos agora retornar à geometria sagrada do octógono. Os lados inclinados de um octógono têm um ângulo interno de 135 graus, o que significa que na configuração mostrada no diagrama anterior, onde seu deslocamento é de 22,5 graus, os lados inclinados têm 45 graus cada um, a partir da horizontal ou da vertical.

Esquadro e Compasso a partir da geometria básica

O diagrama acima mostra o desenho oculto contraposto no piso do Templo Maçônico de Brighton. Mas isso não é tudo. Novamente temos de volta os dois círculos. O Esquadro e o Compasso A origem do emblema maçônico do Esquadro e do Compasso tem sido assunto de debate na Maçonaria por muitos anos. Existiram até mesmo sugestões de que o símbolo se originou na China há milhares de anos. Quando eu estava assistindo a um documentário na televisão sobre o tema das máquinas de guerra criadas pelo exército romano, uma nova possibilidade emergiu. Existia uma catapulta, particularmente grande, que tinha a capacidade de atirar uma rocha enorme contra os muros da cidade defendida pelo exército contrário. Parte do programa estava centrada na reconstrução e na demonstração de uma réplica de tal aparelho. Isso provou ser uma grande façanha de engenharia, que incluía o uso de consideráveis vigas de madeira. Para

maior autenticidade, as pessoas que realizaram a reconstrução juntaram as vigas de madeira usando métodos de junção típicos do período. Eles mencionaram que na França medieval todas as juntas típicas que um carpinteiro podia encontrar recebiam nomes de pássaros. Assim, ao lembrar os nomes dos pássaros e das juntas associadas a eles, todos os carpinteiros desse ramo sabiam qual tipo de junta estava sendo mencionado. Alguém pode imaginar uma carta sendo enviada de um carpinteiro a outro dizendo algo como: "... e na parte superior da estrutura use a junta pega-rabuda". A maioria das pessoas não seria capaz de entender nada do que isso significava, mas teria sido um sistema de código muito eficiente entre os carpinteiros da época. Os fabricantes do modelo de reconstrução indicam que esse simbolismo era usado em outros ramos do sistema de guildas na França. Tendo conseguido facilmente construir o emblema do Esquadro e Compasso na geometria do piso, ocorreume que esse emblema maçônico podia muito bem ter sido um meio que permitia um maçom operativo dos tempos antigos demonstrar aos outros seu conhecimento de Geometria, um conhecimento de tamanha importância que ele seria visto como um mestre em seu ramo - um Mestre Maçom. Com esse pensamento em mente, passei vários meses pesquisando documentos relacionados às várias guildas que estavam à disposição em Londres, mas não pude encontrar evidências que apoiassem a teoria de forma concreta. Mas, então, se esse era um ramo secreto, nada teria sido escrito para os olhos de todos. Há uma frase na cerimônia maçônica em que o candidato afirma que ele:

(...) não vai escrever esses segredos, nem esculpir, marcar ou de outra maneira delineá-los em coisa alguma(...) de modo que os segredos de um maçom possam ser inadvertidamente revelados. É possível que o emblema do Esquadro e do Compasso, que define a Maçonaria, pudesse ser visto da mesma maneira que os motivos usados pelos carpinteiros franceses? Constantes Geométricas no Templo A Vesica Piscis já foi mencionada com alguma minúcia. Além de criar um retângulo de tamanho representativo, equivalente às dimensões do piso, permite a definição de certas constantes matemáticas, como os valores de:

Também já vimos que o tamanho do Templo de Brighton em três círculos em Vesica Piscis, onde cada círculo tem 40 pés de diâmetro. Assim, cada círculo tem o raio de 20 pés. Agora podemos criar dois círculos em Vesica Piscis, cada sentando 40 pés de diâmetro ou 20 pés de raio. Produzindo √3 em Vesica Piscis

A linha angular (R) representa a hipotenusa de um triângulo retângu- lo. A linha horizontal (A) é a base de um triângulo retângulo. Como a hipotenusa (R) é traçada a partir do centro para a circunferência do círculo, ela tem o comprimento igual ao raio, 20. A linha horizontal entre os círculos fica em um ponto que é a metade do raio. Assim, se o raio de um círculo completo for 20, então a metade do raio é 10. Então, o lado vertical do triângulo é a metade do comprimento da linha vertical sólida (YZ). Assim, aplicando o teorema de Pitágoras: a2 + b2 = c2 102 + b2 = 202 então, 202- 102 = b2 então, 400-100 = 300 portanto, b = √300 = 17,32 A linha vertical (YZ) é o dobro do comprimento do lado vertical do triângulo. Assim: 17,32 x = 34,64 Porém, deveria ser para uma razão de 1. Temos uma razão de 20. 34,64։20 = 1,732 = √3. Conclusão O(s) criador(es) do desenho original do Templo de Brighton possuía(m) claramente um conhecimento impressionante da Geometria Sagrada e seus efeitos sobre - ou a herança dentro da - a Maçonaria. Alguém, em algum momento, obteve claramente a sabedoria e

o entendimento de como isso podia ser usado. Muito dessa sabedoria era apresentada como uma coisa, mas revelava algo completamente diferente, o que é uma alegoria. Nas cerimônias maçônicas, é dito para nós que a maçonaria é um sistema peculiar de moralidade disfarçado em alegoria... a) O zodíaco é girado de modo que o signo de Aries fique em cima da cadeira do rei Salomão. b) O comprimento do Templo é ditado pela largura da sala, que é definida pelo diâmetro de um círculo. c) O tamanho do piso quadriculado corresponde ao maior retângulo que pode ser feito em uma vesica. d) Existem as constantes matemáticas √2, √3, √5. e) A capacidade de exibir o valor de Fi= 1,618 e 0,618. f) A apresentação de um pentagrama. E muitos outros itens não imediatamente óbvios. Decidi avaliar se a geometria do Templo Maçônico de Sussex podia se aplicar ao Templo de Salomão, e desse modo estabelecer uma ligação positiva com a Maçonaria. Isso dizia que eu precisava dar uma olhada mais próxima nos textos bíblicos, a fim de encontrar quaisquer ligações. Descobri que, quando alguém vê e investiga a religião com uma perspectiva mais acadêmica do que com fé, toda uma nova faixa de explicações possíveis para os eventos bíblicos começa a emergir. Esses novos esclarecimentos somente são factíveis graças às recentes descobertas da ciência e da Arqueologia, que não estavam disponíveis para nossos antepassados há cem anos. São os textos bíblicos que em seguida chamam minha atenção.

CAPÍTULO 8 AS Coisas Podem não Ser como Nos Ensinaram Aviso: Existem aspectos de religião considerados neste capítulo que podem incomodar pessoas com uma convicção religiosa muito forte. A educação tradicional, em meados do século XX, ensinava que a civilização organizada começou em torno de 5 mil a 8 mil anos atrás, por volta de 3 mil a 6 mil anos AEC. Isso porque a história documentada decifrável parecia ter evoluído a partir dessa época. Foi nesse tempo, somos levados a acreditar, que as antigas civilizações do Egito, da Suméria e da Acádia surgiram, esta última ficando naquela região que depois se tornou conhecida como Mesopotâmia. Nesses primórdios, também nos fazem acreditar, começou a domesticação de animais; as plantas foram selecionadas, suas sementes reunidas e semeadas em solo especialmente preparado; foi o começo da agricultora organizada; e, supostamente, o início da era em que comunidades estáveis e fixas permitiram o desenvolvimento das civilizações subsequentes. Imediatamente antes desse período inicial de fixação, nossos ancestrais eram considerados pouco

mais do que caçadores-coletores que perambulavam pelas planícies, tinham inteligência mínima e continuavam a empunhar porretes de pedra. No final do século XX, as evidências de campo acumuladas e a posterior avaliação dos arqueólogos nos forneceram uma perspectiva muito diferente. Conhecimento ancestral descoberto recentemente Escavações em Çatal Hõyük, na moderna Turquia, mostram evidências de uma comunidade muito avançada que vivia em uma forma primitiva de blocos de aposentos em vários andares rasos. Çatal Hõyük foi descoberta nos anos de 1950, e acredita-se que tenha sido fundada entre 7 mil e 8 mil AEC, cerca de 4 mil a 5 mil anos antes do desenvolvimento do Egito Antigo. Alguns arqueólogos consideram Çatal Höyük como a primeira cidade, a partir da qual nossa civilização ocidental se originou. Os habitantes mantinham animais domesticados, produziam colheitas selecionadas, moíam uma espécie de trigo primitivo em farinha, tinham acomodações escrupulosamente limpas forradas com reboco ornamentado, o qual era substituído aproximadamente a cada seis meses. Também se acredita que o culto religioso da Deusa Mãe, como símbolo de vida e fertilidade, pode até ter começado nessa área. Por razões que ainda permanecem obscuras, a comunidade como um todo parece ter desertado de sua organização coletiva relativamente segura e protegida. Para onde eles foram também continua um mistério. Antes da assim chamada civilização do Egito Antigo se desenvolver, por volta de 3.100 AEC, outro grupo

avançado estabeleceu-se em Malta e Gozo, ilhas do Mediterrâneo. Essa cultura construiu o que atualmente é visto como as mais antigas estruturas de pedra sem apoio conhecidas no mundo. Muito antes de os egípcios terem começado a desenvolver sua perícia na construção com pedra, os habitantes de Malta e Gozo construíram impressionantes templos com grandes blocos de pedra. Mesmo em uma época tão remota como 4.500 AEC, parece que eles já tinham desenvolvido um conceito de movimentação de pedras muito grandes, manobrando-as sobre bolas de pedra especialmente esculpidas, mais parecidas com imensos rolamentos esféricos. Essa é uma aplicação única que não aparece em nenhuma outra parte. Eles dominaram a arte de cortar e levantar grandes blocos regulares de pedra, organizando-os em seqüências bem encaixadas; eles fizeram muros de proteção circulares e esculpiram delicadas imagens em determinados setores.

Em Tarxien, no Sudeste de Malta, ainda é possível encontrar, esculpidos em rochas, os esboços de vários animais que devem ter sido comuns na ilha há vários milênios, quando aparentemente as imagens foram criadas. Certos aspectos dos templos possuíam claros alinhamentos estelares, indicando que essas pessoas tinham conhecimento do movimento dos céus. A visão arqueológica oficial é que passagens específicas eram orientadas pelo Sol nascente no dia de Solstício de Inverno, o que talvez implique que eles seguiam a tradição de celebrar o retorno potencial do calor do Sol e a nova vida que isso traria, a repetição dos ciclos da natureza exatamente como os celtas e os druidas são conhecidos por terem feito. Ligados a esses ciclos e com a descoberta de figuras esculpidas de grandes mulheres voluptuosas, também parece que eles tiveram a crença religiosa centrada na Deusa Mãe como um símbolo de fertilidade. E tal era a habilidade

e a capacidade deles de trabalhar com pedra que, em alguns casos, talvez por razões cerimoniais importantes, mais do que a construção de uma abertura quadrada como um vão de porta, usando quatro peças de pedra manejável, como muitas vezes pode ser visto em templos posteriores do Egito, eles faziam o furo para a passagem diretamente em uma grande peça de rocha, um feito de habilidade profissional e exatidão que desafiaria qualquer pedreiro moderno altamente treinado, absolutamente à parte da dificuldade de transportar e manejar pedras antes. Usando aquilo que somos levados a crer que fossem ferramentas relativamente simples, eles trabalhavam para fazer furos na pedra, que, possivelmente, forneciam cavidades para o encaixe de peças de madeira que podiam funcionar como portão ou porta. E, igualmente surpreendente entre as relíquias que foram descobertas, havia um grande pote de pedra, com paredes relativamente finas e curvas no estilo que enfeitava muitas outras civilizações posteriores em todo o Mediterrâneo. Por definição, esse pote deve ter sido esculpido a partir de uma peça de pedra. Embora esses templos impressionantes e seus usos provavelmente estivessem no auge cerca de mil anos antes que a construção das impressionantes pirâmides de Gizé tivessem até começado, acredita-se que suas origens datem provavelmente por volta de 5.000 AEC. De fato, uma exposição em um escritório de informações turísticas, em um desses locais, observa que, por volta de 4.500 AEC, esses povos desconhecidos desenvolveram claros estilos arquitetônicos que distinguiam prédios usados para finalidades rituais e cerimoniais em

comparação com os relacionados puramente ao uso doméstico. Na Ilha de Creta, no Mar Mediterrâneo, muito perto da costa da Palestina, outrora existiu uma impressionante cultura minoica. Tal civilização alcançou o ponto alto de sua notoriedade na época em que o primeiro Templo de Jerusalém foi construído. Porém, essa civilização havia florescido antes por volta de mil anos. A razão para seu declínio concentra-se em uma maciça erupção vulcânica na Ilha vizinha de Santorini. A erupção criou maremotos e terremotos que demoliram muitas construções minoicas importantes. Acredita-se também que muitos minoicos morreram em conseqüência disso, e que, como resultado, a coesão social desse povo, outrora próspero, ficou seriamente abalada. Uma visita aos vestígios da comunidade minoica de Cnossos, que existiu entre 3.500 e 4 mil anos atrás, revela um entendimento impressionante de engenharia civil. Ainda é possível ver os restos dos aquedutos de pedra usados na distribuição de água fresca, e existem dutos separados para levar o esgoto embora. O povo dessa civilização era muito habilidoso no corte e acabamento de pedra, conseguindo superfícies notavelmente polidas. Seus templos eram orientados no eixo leste-oeste; a decoração dos palácios era colorida e com paredes cobertas de reboco; suas habilidades manuais eram eficazes e demonstravam alto grau de destreza. Isso ainda pode ser percebido nos grandes potes de terracota usados no armazenamento de grãos e outros produtos alimentícios. Navios, que levavam e traziam ampla variedade de mercadorias comerciais, ficavam atracados em um pequeno porto natural bem perto da

cidade. Depois da erupção de Santorini, os terremotos provocaram significativo levantamento de terra de modo que, atualmente, os vestígios de Cnossos ficam no interior, distantes do mar que antigamente batia no degrau da porta de entrada. Era uma civilização que atingiu claramente alto nível de sofisticação. Nos últimos dias da cultura minoica, é altamente provável que alguns dos navios que visitavam Cnossos pertenciam e eram operados por um grupo de comerciantes que depois se tornaram conhecidos como fenícios. Estabelecidos ao longo de uma estreita faixa de terra, que hoje em dia forma parte do Líbano, a Fenícia na realidade era um grupo de cidadesestados individuais que operavam em alianças umas com as outras. Uma dessas cidades-estados era Biblos, conhecida por nós como Tiro - domínio de Hirão, rei de Tiro, que estava ligado à construção do primeiro Templo de Jerusalém. Todas as culturas acima se estabeleceram nas costas ou bem perto do Mar Mediterrâneo. Pouco ou nada a respeito delas era conhecido pela sociedade ocidental até meados do século XX. Sabia-se apenas do domínio de pessoas com interesse especializado. As mudanças na educação e a disponibilidade dos meios de entretenimento em massa permitiram que essas descobertas fossem levadas ao público em geral de maneira interessante. Ligado a isso está o progressivo desenvolvimento das técnicas científicas associadas à Arqueologia, junto com o crescimento substancia! da quantidade de pessoas empregadas na disciplina arqueológica. O resultado final tem sido informações novas e confiáveis vindo à luz e mudando o nosso

entendimento. E essa mudança tem ocorrido em um período relativamente curto. Em nossa cultura ocidental, neste século XXI, existem muitos indivíduos com condição de viajar e ver por si mesmos os lugares e os vestígios dessas culturas antigas. Isso reforça a velocidade com a qual a mudança na aceitação dessas novas descobertas vem permeando a nossa sociedade. A comunicação também contribuiu para mudar a perspectiva das culturas e das tecnologias primitivas disponíveis para nossos ancestrais. Isso aconteceu como resultado de se permitir que mais e mais pessoas tivessem acesso à informação, o que, como já foi mencionado, antes era visto como domínio privilegiado de alguns poucos escolhidos. Os documentários da televisão ajudaram a tornar o mundo entrevado e embolorado da história e da arqueologia em educação e entretenimento das massas; arqueólogos muito conhecidos se tornaram os modernos caçadores de tesouros e aventureiros que descobrem relíquias de valor incalculável e desvendam segredos do passado. Inevitavelmente, alguns desses segredos do passado incluem informações das quais os órgãos governamentais preferiam que não tomássemos conhecimento, pois tais revelações podem desestabilizar a autoridade e a credibilidade de certas instituições consagradas de nossa civilização. Os sistemas de comunicação, junto com as tecnologias da informação, também têm permitido a reunião em um catálogo de muitas peças individuais de feixes de informações que, caso contrário, ficariam isoladas. Quando classificados e comparados, os dados algumas vezes revelaram um padrão histórico

de eventos com datas que minaram completamente estimativas antigas do desenvolvimento das civilizações e de suas tecnologias. Em meados do século XX, aprendi que o bumerangue era um apetrecho de caça, desenvolvido através de milhares de anos e exclusivo dos povos aborígines da Austrália. Imagine a minha surpresa então, quando visitei o Museu Egípcio no Cairo. Encontrei um armário com bumerangues em exposição, datados de cerca de 2.500 AEC e descobertos em escavações arqueológicas no Egito Central. Quando fiz mais pesquisas a respeito das origens do bumerangue, descobri que ele havia sido um dispositivo popular entre os povos aborígines da Austrália, do Egito e da região que conhecemos hoje como Califórnia, nos Estados Unidos. Olhando no mapa- múndi, qualquer pessoa pode ver que esses três locais são muito distantes uns dos outros. Isso levanta questões a respeito de onde o dispositivo pode ter se originado e, mais especificamente ainda, como a tecnologia de sua criação e fabricação, que permite o seu funcionamento aerodinâmico, pôde ser transferida para três culturas diferentes tão isoladas umas da outras? A educação convencional do século XX nos ensinou que a Idade do Ferro começou há cerca de 3 mil anos. A fabricação do ferro envolve a coleta e a mineração de rochas de minério de ferro e depois o derretimento das mesmas. É exatamente esse o início da tecnologia. Em seguida, deve ter ocorrido toda uma série de atividades de tentativas e erros para entender qual a melhor maneira de moldá-lo no apetrecho pretendido, a fim de torná-lo utilizável. Então, foi com surpresa que a cabeça de um martelo de ferro,

completa com os restos do cabo de madeira, foi descoberta no Texas nos anos de 1930, enterrado em um monte de arenito em uma rocha perto de uma cachoeira. A implicação é que esse martelo deve ter sido feito há muito tempo, possivelmente vários milhares de anos antes do suposto início daquilo que somos educados a acreditar que foi a única Idade do Ferro da civilização. Esses pontos demonstram que nossos ancestrais foram muito mais habilidosos e inteligentes do que lhes era atribuído anteriormente. Existe também ampla evidência de que civilizações altamente sofisticadas existiram bem antes do que os cronogramas produzidos na metade do século XX podem sugerir. Essas descobertas e mudanças em nosso entendimento da história não são limitadas à ciência da Arqueologia. Elas revelam o mundo da religião e da Teologia. Elas têm a capacidade de mudar nossas percepções a respeito do que realmente pode ter acontecido em tempos bíblicos, junto com a cronologia e os cronogramas nos quais esses eventos ocorreram. Se, portanto, ocorreram mudanças de longo alcance em nosso entendimento a respeito de 3 mil anos passados de história humana, isso também pode afetar a maneira pela qual vemos certas práticas religiosas. Pode mudar o modo como vemos certos eventos que lemos no Antigo Testamento. Pode colocar o Templo de Salomão, e aquilo para o qual era usado, em um contexto muito diferente daquele que muitas pessoas foram incitadas a acreditar que seria a realidade. Um quadro aos olhos da mente, construído e armazenado por um longo período, poderia ser destruído. Vamos deixar a verdade aflorar!

Nossa fé em eventos religiosos e seus significados Para muitas pessoas, a experiência com religião começa em uma tenra idade. Dentro da Igreja Cristã, acontece a primeira exposição ainda quando somos bebês por meio do ritual de nomeação chamado batismo, em que os pais reconhecem que a criança crescerá dentro da estrutura e conforme o dogma da fé cristã. Nos anos seguintes, essas crianças podem estar sujeitas a comparecer às cerimônias da igreja da comunidade, onde recebem instrução especial, sendo introduzidas nos principais personagens e eventos bíblicos. Elas podem até freqüentar escolas especiais, fundamentadas na fé, para sua educação formal, em ambiente que reforça o regime cristão. Em alguns casos esse processo de doutrinação é enfatizado pelo currículo educacional apoiado pelo Estado. Assim, na época em que a criança completar sua primeira década de vida, ele (ou ela) efetivamente já terá passado por uma lavagem cerebral e estará condicionado (a) ao domínio do dogma, do protocolo, do preconceito e da superstição. Algumas pessoas se afastam dessa cultura mais tarde até rejeitar totalmente a filosofia; alguns se tornam menos ativos, mas periodicamente seu subconsciente os alerta para as raízes da cultura e para a superstição na qual foram influenciados; outros permanecem resolutos em sua fé, com total aceitação e adesão ao dogma, acreditando em cada palavra registrada nas escrituras religiosas. A isso devem ser acrescentadas a deferência e a aceitação daqueles que promulgam a mensagem religiosa. O mesmo tipo de processo se aplica a todas

as religiões importantes do mundo, inclusive o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo. A adesão forte e rígida dos "fiéis" indubitavelmente causa problemas de tensão social, se ou quando opiniões lógicas e alternativas, que afetam a religião, são apresentadas com base em explicações bem elaboradas. Ocorreram certos eventos que foram considerados milagres, em termos bíblicos. Na ausência de qualquer explicação lógica para o milagre, na época em que a ocorrência foi registrada, o evento foi visto pelos escribas como alguma forma de intervenção divina por parte de uma divindade. Tendo sido avisados disso pelos sacerdotes das gerações anteriores, essa idéia foi subseqüentemente aceita em cada detalhe, sem questionamentos, pelos "fiéis". As evidências arqueológicas e os desenvolvimentos científicos podem agora nos apresentar a explicação lógica de qualquer evento miraculoso, abalando então o conceito da intervenção divina. Só agora somos capazes de apresentar novas interpretações de eventos vistos como milagres com pesquisa científica e acadêmica e com o acúmulo de conhecimento que existe atualmente. Isso permitiu que certos eventos anteriormente interpretados como milagres fossem explicados de um modo que não poderia ser contemplado, nem sequer seria possível, há algumas gerações. As pragas do Egito De acordo com o livro de Êxodo do Antigo Testamento, uma série de pragas castigou o Egito durante o período em que Moisés procurava liderar seu povo

para fora daquele país. Em séculos recentes, essas pragas foram apresentadas pelas instituições religiosas como milagres que castigaram os egípcios em apoio aos israelitas, pela divindade deles, para ajudá-los a escapar do cativeiro. Essas pragas incluíram escuridão caindo sobre a terra, o Rio Nilo parecendo virar sangue, pragas de rãs, moscas e gafanhotos, e terríveis chagas e bolhas flagelando o povo que vivia ao longo das margens dessa importante fonte de vida. Esses castigos agora podem ser explicados como uma série de eventos naturais, um sendo influenciado pelo outro, um determinando as circunstâncias a partir das quais o outro foi capaz de se desenvolver. Uma teoria afirma que a escuridão foi causada por cinza vulcânica, talvez a partir da erupção da Ilha de Santorini. A erupção é conhecida por ter sido extremamente violenta, explodindo a ilha e lançando poeira e detritos vulcânicos por várias milhas na atmosfera. Essa poeira e esses detritos finalmente circularam em volta do mundo pela atmosfera, causando problemas climáticos em toda parte. Em particular, deve ter criado um manto escuro na região geográfica próxima da erupção, ofuscando a intensidade do Sol, o que deve ter causado queda na temperatura. Nessa mesma época, deve ter ocorrido a poluição no Rio Nilo por causa da cinza vulcânica que caiu. A poluição teria matado os peixes, o que por sua vez teria poluído ainda mais o rio. As rãs teriam fugido do rio para escapar da poluição, mas, como já haviam sido infectadas, elas morreram na terra. Isso, junto com os peixes mortos deixados ao longo das margens do rio, poderia ter criado as condições para um grande

aumento de moscas e piolhos que transmitiram doenças para o gado. Isso fez o gado morrer. Com o rio tão poluído, o resultado seria água não potável. Então, como está registrado em Êxodo 7,24, os egípcios cavaram buracos, provavelmente poços, para ter acesso à água potável. Aqueles que beberam a água poluída do Rio Nilo acabaram com chagas e bolhas pelo corpo, tendo em vista que as bactérias contaminaram a corrente sangüínea. Na verdade, existem evidências de que eventos similares ocorreram em tempos mais recentes. Um documentário da TV BBC a respeito de Moisés relatou um incidente que ocorreu em 1999, em New Burn, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. O Rio Neuse ficou com uma cor vermelha, como se estivesse tingido com sangue. Moradores do local notaram bolhas aparecendo na pele, exatamente como a Bíblia relata que aconteceu no Egito cerca de 3.500 anos antes. A causa do incidente na Carolina do Norte foi descoberta como sendo a mutação de um microrganismo chamado pfiesteria, que por sua vez fora afetado pela poluição de uma fazenda de porcos. Para os egípcios que experimentaram a série de pragas que os atingiu há 3.500 anos, e para os escribas que as registraram, esses eventos podem muito bem ter sido interpretados como o descarregamento da vingança de deuses sobre eles por causa de possível má conduta. Deve ter ocorrido algum evento que provocou grande consternação, e as histórias que refletiam a experiência dessa época foram recontadas para as gerações subsequentes, passando para o folclore. Os israelitas, por outro lado, talvez não tenham sido afetados de forma tão grave,

especialmente se não viviam muito perto do Rio Nilo, e podiam muito bem ter visto esses castigos como milagres realizados em seu favor pela divindade que os protegia. Apesar da disponibilidade das modernas evidências científicas, que são capazes de mostrar exatamente como esses eventos podem ter ocorrido, existem pessoas encarregadas de apresentar o dogma religioso, como padres e bispos, que continuarão promovendo a idéia de que o milagre foi realizado pela divindade e instilando essa crença no fiel. A história de Sodoma e Gomorra Como outro exemplo, vamos considerar a história de Sodoma e Gomorra conforme contada no capítulo 19, do Livro de Gênesis, no Antigo Testamento. Nessa história, conta-se que os habitantes dessas duas cidades, Sodoma e Gomorra, haviam se tornado tão moral e sexualmente depravados que a divindade descarregou sua vingança, destruindo-os com fogo e enxofre em um evento cataclísmico. Nem todos os habitantes das cidades morreram. O herói da história é um homem chamado Ló, que, junto com a mulher e duas filhas, teve a oportunidade de escapar, mas foi avisado para não olhar para trás senão eles virariam estátuas de sal. Quando estavam escapando, Ló e sua mulher puderam ouvir a destruição das cidades acontecendo atrás deles. A mulher de Ló, incapaz de conter seu fascínio pelo barulho aterrador da destruição que estava ocorrendo, fez aquilo que avisaram que não deveria fazer - parou e olhou para trás e imediatamente virou uma estátua de sal, e assim permaneceu para sempre.

Dessa maneira, essa história tem sido apresentada por centenas de anos, com essa sugestão moral para incentivar a vida casta e honesta dentro da sociedade em que vivemos, com receio de que a divindade possa promover a sua vingança em qualquer comunidade que se torne ruim e ímpia. Na ausência de qualquer outra informação, essa história e o contexto no qual tem sido usada serviram de bom propósito como lição de moral para as gerações passadas. Atualmente, porém, a pesquisa especializada indica que Sodoma e Gomorra, provavelmente, eram pequenas comunidades que faziam parte de um grupo de cinco cidades que existiam em uma planície outrora fértil, adjacente ao Mar Morto. O Mar Morto é assim chamado por causa de seu conteúdo muito elevado de sal. O resultado é que virtualmente nada é capaz de viver nele. Sodoma e Gomorra provavelmente foram construídas por volta de 3.000 AEC. E altamente provável que as cinco cidades existiam para explorar a coleta de betume - encontrado sobre rochedos ao longo da margem do Mar Morto. O betume era uma mercadoria comercial usada na impermeabilização de barcos e na fixação de blocos de pedra em construção de importantes prédios, como os Templos, na ausência do cimento e da argamassa que conhecemos hoje em dia. As investigações científicas e arqueológicas atuais sugerem que, por volta de 2.500 AEC, a outrora fértil planície e as cidades nela estabelecidas foram sacudidas por violento terremoto que causou grande deslizamento de terra. Durante o terremoto, ocorreu o processo conhecido como liquefação, quer dizer, o que antes era chão duro tornou-se fluido, quase como

água, e as pressões causadas pelo tremor forçaram a passagem de umidade para fora do solo, criando um fluxo de água onde antes ninguém havia notado que existia. E como se de repente o chão duro adquirisse características de areia movediça. Nessas circunstâncias, as construções afundariam no chão. As chances de sobrevivência para qualquer pessoa que vivesse nas cidades imediatamente afetadas seriam virtualmente nulas; Sodoma e Gomorra teriam deslizado para dentro do Mar Morto sem deixar qualquer rastro para eventuais observadores. Modelos produzidos na Universidade de Cambridge demonstraram como isso pode ter acontecido. Além disso, foi mostrado que, ainda hoje, bolsões de gás metano podem ser encontrados excatamente embaixo da superfície da região próxima ao Mar Morto. Em caso de terremoto, tais bolsões de gás poderiam vazar e incendiar, criando uma terra de fogo e enxofre. O enxofre é outra palavra para a substância sulfúrea, que exala um odor irritante e repulsivo. Pesquisas de satélite, tecnologia disponível para os arqueólogos somente no final do último milênio, permitiram que potenciais restos das cidades fossem localizados embaixo das águas do Mar Morto, possibilitando mais investigações. A história de Ló e suas duas filhas é provavelmente o registro da fuga de apenas três sobreviventes de uma traumática experiência do terremoto que destruiu seus lares. Com base na análise científica do evento, podemos ainda especular que essa é a história de uma família que estava prestes a voltar e fugir para um lugar mais alto quando o terremoto começou, levada pelo pai da família. Alguém pode imaginar que, durante o

pandemônio, Ló gritaria para sua família, algo como: "Não parem e não tentem olhar para trás. Vamos embora o mais rápido possível. Continuem andando. Só não

E a mulher de Ló, porém, provavelmente ficou um pouco para trás da turma que fugia, hesitou e olhou para trás para ver se alguém que ela conhecia, algum parente ou amigo, também não estava fugindo. Mas ela se encontrava na borda do terreno que estava sendo afetado pela liquefação. Ela deslizou lá dentro e foi absorvida como se tivesse caído em um poço de areia movediça. Tendo em vista que a cidade afundou no Mar Morto, ela também foi tragada junto. Isso pode ser interpretado como uma referência à estátua de sal, como um meio de dizer que ela foi absorvida pelo Mar Morto, seu corpo ficou incrustado e desintegrou pela alta concentração de sal nas águas. Imagine também que, enquanto Ló e suas filhas continuavam a fuga, o terremoto permitiu que colunas de gás metano pegassem fogo, provocando um incêndio, acompanhado do cheiro irritante da substância sulfúrica que escapava, causando o fogo e liberando o enxofre. É fácil compreender como esses eventos em seguida foram eternizados. Continuando a especulação, vamos imaginar que, sem mais nada a não ser as roupas do corpo, Ló e suas filhas finalmente alcançaram outra cidade próxima; no Livro de Gênesis ela se chama Zoar. Nela os fugitivos contaram suas histórias e o destino da mulher de Ló. Não é difícil imaginar como essa narrativa se tornou um relato permanente, contado em volta das fogueiras nos acampamentos dos beduínos, e como então passou de geração a geração até ser escrita 2 mil anos depois do evento pelos escribas. É totalmente compreensível parem para olhar para trás, estamos contando cada segundo".

que as pessoas de épocas posteriores tenham tomado conhecimento do evento, mas, negando o conhecimento acumulado que temos hoje à nossa disposição, tenham interpretado isso como um ato de Deus e registrado o mesmo como tal, passando-o adiante para as gerações futuras. Também podemos compreender a razão pela qual Ló foi definido como o "herói" da história, contra os excessos dos depravados das duas cidades de Sodoma e Gomorra. E como "bom moço", no sentido da firmeza moral, ele foi encorajado pela divindade a escapar. O nome de Jesus Quando aparecem referências a Jesus Cristo, muitos cristãos acham que existiu uma pessoa, com o primeiro nome Jesus e o sobrenome de família Cristo, que andou pela região de Israel e da Palestina há 2 mil anos. Eles acreditam que ele era chamado assim como hoje, em nossa cultura, nos referimos a alguém como William Smith - William seria seu primeiro nome e Smith o sobrenome de família. Os Evangelhos do Antigo Testamento foram originalmente escritos em grego. O nome Jesus é derivado do nome grego Jesu, que podemos interpretar como Joshua. Em hebreu o nome Joshua se tornou Yehoshua. A palavra Cristo parece ter vários significados dependendo da fonte. É a interpretação em grego da palavra hebraica para Messias, entendida como aquele que será coroado rei dos Judeus. Durante visita ao Egito, fui informado de que a palavra significa aquele que foi ungido. Essa definição não está muito distante da interpretação hebraica. Então, uma pessoa indicada como líder ou

governante de um grupo, investida de poderes específicos de autoridade em um processo que pode ter exigido alguma cerimônia, onde essa pessoa selecionada era ungida, como meio de outorga dessa autoridade, podia ser citada como o Cristo. De fato, os monarcas da Inglaterra são ungidos, o que significa uma forma de líder tribal, por meio do que é conhecido como Coroação. O monarca é ungido com óleo, como parte do processo de outorga de autoridade. Seguindo a lógica dessa conclusão, o processo de ungir é a declaração de um monarca como Cristo. Assim, o uso do termo Jesus Cristo é realmente uma versão abreviada da afirmação mais adequada de Jesus o Cristo, ou Yehoshua - aquele que foi ungido para ter a autoridade de líder tribal. Mas essa é apenas a definição em nossa cultura. Há algumas décadas soubemos que a pessoa à qual nos referimos como Jesus Cristo teria sido conhecido, em sua própria época e cultura, como Yehoshua Ben Joseph, Joshua filho de José. Essa é uma revelação que muitos fiéis ignoram, mas que muitos teólogos e sacerdotes sabem há muitos anos. De fato, esse é o conhecimento comum apresentado na Enciclopédia Católica. Essa referência à estrutura e ao significado do nome se mostrará relevante mais tarde em outro contexto, diretamente relacionado ao rei Salomão. Um truque mágico com ossos Então, contra o pano de fundo delineado pelo incidente de Sodoma e Gomorra e os exemplos de nomeação de Cristo, surpreende muito quando um clérigo sênior ou um pesquisador acadêmico coloca um conceito que

contradiz o dogma aceito, considerando que essa pessoa provavelmente será ridicularizada e terá de enfrentar o desprezo daqueles que constituem "os fiéis" de nossa comunidade. Um exemplo assim ocorreu no início da última década do século XX, quando o então bispo de Durham, o Rt reverendo David Jenkins, afirmou que aceitar a idéia da concepção sobrenatural de Cristo e o subsequente nascimento virgem não era requisito para alguém se tornar cristão. Porém, esses dois conceitos alicerçam o dogma cristão há quase 2 mil anos. Eles são explicados como milagre e promovidos como tal pelas organizações religiosas há séculos. O bispo de Durham alimentou ainda mais a controvérsia quando um pouco depois a imprensa relatou que ele sugeriu que a ressurreição era um "truque mágico com ossos". Desnecessário dizer que foi criticado por muitos de seus colegas nos círculos da religião organizada, ridicularizado pelos "fiéis" e por setores da mídia. Mas muitas pessoas consideraram os comentários feitos pelo bispo de Durham revigorantes, honestos e realistas quando considerados contra o pano de fundo de nosso moderno entendimento da biologia humana e das ciências associadas a ela. Isso levou as pessoas a perguntarem: de onde veio o conceito de nascimento virgem, e será que isso é mesmo importante? O Nascimento Virgem - a Imaculada Conceição As possíveis origens de termos como Filho de Deus e a referência aos outros indivíduos que supostamente tiveram nascimento virgem não são as finalidades reais deste livro. Vamos tratar desse assunto, por um

momento, apenas porque ele prepara o terreno para a aceitação daquilo que ainda será apresentado a respeito do Templo de Salomão. Algumas pessoas podem ter concepções que foram durante anos enraizadas na superstição religiosa e no condicionamento da aceitação fiel do dogma atual. Jesus Cristo, pelo que nos dizem, era o Filho de Deus. No entanto, após cerca de 2 mil anos de doutrinação sistemática, podemos achar que essa é uma afirmação excepcional. Nos primórdios, essa era uma frase bem estabelecida no que chamamos hoje de Oriente Médio e Ásia Menor. Um Filho de Deus era alguém respeitado, capaz de se tornar rei. Por exemplo, Alexandre, o Grande, também foi chamado de Filho de Deus em sua época. Zoroastro não era apenas um Filho de Deus, mas também era considerado como tendo nascido de uma virgem, ao passo que Mitra nasceu em um estábulo, em 25 de dezembro, cerca de 600 anos antes do nascimento de Jesus Cristo. O deus grego Dioniso, supostamente nasceu de uma virgem, em uma estrebaria, e também transformou água em vinho, ações que mais tarde foram atribuídas a Jesus Cristo. Deve existir algum cenário alternativo aceitável para a história do nascimento virgem, como viemos a conhecer no Cristianismo, que foi promulgado através dos séculos. Acredito que alguns leitores possam achar algumas das minhas visões, a seguir, ofensivas. As informações a respeito do nascimento virgem estão ligadas ao conceito da Imaculada Conceição, embora sejam tratadas como duas doutrinas separadas. Estas são pedras angulares da crença católica romana que, por sua vez, tiveram grande influência sobre o credo

cristão em geral. O Catolicismo Romano é, acima de tudo, a base de grande parte da doutrina cristã da Europa Ocidental. A fonte da maior parte do entendimento cristão a respeito do nascimento virgem e da vida de Jesus, está contida nos Evangelhos do Novo Testamento - nos quatro livros de Mateus, Marcos, Lucas e João. A doutrina do nascimento virgem é que Jesus foi concebido no útero de sua mãe, a Virgem Maria, sem a participação de pai humano. A Imaculada Conceição exige a crença de que a Virgem Maria foi concebida e nascida sem pecado original. O pecado original não é um assunto fácil de incutir na mente das pessoas. De fato, a Enciclopédia Católica dedica uma seção considerável ao assunto, mas o único sentido definido é que o pecado que Adão cometeu pela primeira vez, que como pode ser lido em Gênesis 3, relaciona-se com o incidente que envolve a serpente e a maçã, que Deus havia dito para que ele não comesse, senão morreria. E tanto Adão como Eva comeram a maçã. Esse fato, de acordo com as escrituras, levou o homem a ter uma expectativa de vida. Isso tem muito pouco a ver com o processo relacionado à biologia, à fertilização humana e ao nascimento de uma criança. Esse conceito implica que o pecado de Adão não se refere a Maria, pois ela não foi manchada pelo pecado que ele cometeu, e ela jamais havia cometido pecado de qualquer tipo: ela era sem pecado. O termo nascimento virgem não aparece em nenhum lugar dos textos bíblicos, mas Isaías 7,14 e Mateus 1,23 fazem a mesma afirmação: A virgem ficará grávida e dará à luz um filho....

Então, é fácil relacionar isso com a expressão nascimento virgem. Porém, é em Lucas 1,35 que vamos encontrar a conexão com a idéia de que Maria concebeu sem um pai humano. O conceito da Imaculada Conceição não está relacionado com nenhum texto bíblico, exceto com a referência a uma virgem e a um Filho de Deus. A doutrina exige que Maria seja absolutamente sem culpa, sem mancha nem mácula alguma. O Livro de Mateus, versículos 18 a 20, afirma que José e Maria se comprometeram a se casar. Antes de o casamento ocorrer, José descobriu que Maria estava grávida, mas, claramente, ele acreditava que não era dele. Evidentemente, ele considerou divorciar-se dela discretamente, sem fazer alarde. O divórcio, nesse contexto, significa claramente quebrar o acordo de casamento. Nos versículos 20 a 24, somos então informados de que José teve um sonho no qual era visitado por um anjo que anunciava que ele deveria permanecer com Maria, e que o filho que ela estava esperando deveria ser chamado Jesus. José arrependeu-se e continuou a aceitar Maria como esposa. Nem os Livros de Marcos ou de João mencionam o nascimento virgem. Ambos começam com João Batista batizando Jesus no Rio Jordão, depois Jesus se reunindo com seus primeiros discípulos. Em outras palavras, eles começam em um ponto em que Jesus já era adulto. Somente no Livro de Lucas 1,26-38 encontramos alguma menção ao assim chamado nascimento virgem. O interessante é que tanto em Lucas como em Mateus

somos informados de que Jesus era descendente de Davi por parte de seu pai José. Então, mesmo os capítulos que mencionam isso não deixam dúvida de que havia um pai humano envolvido. Isso cai em contradição total com a doutrina da Igreja. Como no Evangelho de Mateus, descobrimos que Maria estava comprometida com José, mas não eram casados ainda. Maria foi então visitada por um anjo que lhe falou que, sem intervenção de nenhum homem, ela engravidaria. Maria notou que continuava virgem e questionou como isso podia acontecer. No versículo 35, o anjo respondeu: ... O Espírito Santo virá sobre você e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. A versão em latim diz: "et respondens angelus dixit ei Spiritus Sanctus superveniet in te et virtus Altissimi obumbrabit tibi ideoque et quod nascetur sanctum vocabitur Filius Dei" Literalmente, é a partir desse versículo, e por 17 palavras no total do texto bíblico moderno (35 em latim), que a percepção e o dogma do nascimento virgem parece ter se baseado. A partir dessas 17 palavras, toda uma indústria de iconografia e amuletos foi criada. Mais uma vez, literalmente, reconhecendo tudo o que nós sabemos a respeito da biologia humana, o contato de duas pessoas no ato sexual vai inevitavelmente resultar em uma sombra lançada sobre a outra. Acrescente-se a isso a mitologia, que existia há 2 mil anos, de que o paraíso, o lugar onde a

divindade morava e de onde os anjos vinham, ficava no ou em cima do céu; então, o que é sugerido aqui, e anunciado na doutrina, é que um espírito invisível desceu do paraíso, em um evento registrado apenas uma única vez em toda a história da humanidade, teve algum tipo de encontro sexual com essa garota pobre, Maria, e de repente voltou para o céu, deixando-a grávida e sujeita ao escárnio daqueles que a conheciam, especialmente José que estava comprometido com ela. Isso tem todas as características do livro de Erich Von Daniken, campeão de vendas nas últimas décadas do século XX, Chariots of the Gods [Carruagens dos Deuses], no qual ele sugere que formas de vida alienígenas visitaram a Terra. Artigos de jornais dessa época usaram a expressão "Eram os deuses astronautas?", uma idéia amplamente condenada pela Igreja. Porém, com base na doutrina da Igreja, trata-se do mesmo tipo de idéia. Se nenhum pai humano estava envolvido, então quem ou o quê estava? É bom lembrar que a doutrina do nascimento virgem diz que nenhum humano estava envolvido. As escrituras prosseguem deixando claro que o filho de Maria entrou neste mundo como um bebê, da maneira como todos os seres humanos nascem. Existem pessoas que eu conheço, muito inteligentes, que ficam perplexas com essa doutrina, mas dão de ombros e sugerem que tudo foi feito com alguma forma de inseminação artificial humana. Essa é uma técnica que exigia cientistas médicos altamente competentes e desenvolvimento de aparato de apoio avançado, e só foi conquistada pela primeira vez nas décadas finais no século XX, em um espaço de tempo de 2 mil anos.

Então, existiria alguma outra explicação? Existe. Novas descobertas - novas revelações Durante os dois últimos séculos ou mais, descobertas intrigantes de pequenos fragmentos de pergaminho, considerados partes de textos originais dos Evangelhos do Novo Testamento, alguns omitidos do atual formato, mas consolidados nos Apócrifos, vieram à luz tornando-se disponíveis para exame acadêmico. Na segunda metade do século XX, ocorreram duas descobertas de quantidades de manuscritos [ou pergaminhos em rolos] que, em algum momento do passado, foram deliberadamente escondidos. Eles são conhecidos como os manuscritos de Nag Hammadi, encontrados em 1945, e os manuscritos do Mar Morto, que vieram à luz em 1948. Esses últimos estavam dentro de jarros de cerâmica enterrados em cavernas, provavelmente há 2 mil anos. Essas duas importantes descobertas colocaram arqueólogos, historiadores e teólogos em posição muito melhor para entender os eventos que ocorreram ao redor de Jerusalém há 2 mil anos. Muitas pessoas especularam que as revelações que eles continham poderiam mudar nossas noções religiosas. Uma dessas revelações diz respeito ao chamado Nascimento Virgem.

O Nascimento Virgem - um cenário revisto

A dra. Barbara Thiering, palestrante muito conhecida nas áreas de Teologia da Universidade de Sidney, na Austrália, gastou vários anos da sua vida pesquisando e estudando os textos dos manuscritos do Mar Morto. Em sua posição de pesquisadora eminente e palestrante de Teologia, ela escreveu três livros fascinantes e esclarecedores, um dos quais foi campeão de vendas: Jesus the Man [Jesus o Homem], Com base em sua pesquisa, ela obteve um pano de fundo esclarecedor de como é incutida em nós a noção do nascimento virgem. De fato, ela dedica um capítulo inteiro a isso. A dra. Thiering explica que Maria era membro de uma comunidade ou seita, devota em suas práticas religiosas; uma comunidade onde os homens e as mulheres gastavam consideráveis períodos separados, tendo em vista que os homens entravam em uma existência semelhante à dos monges. Mas, ao contrário dos monges posteriores do período medieval, os homens em níveis superiores do sacerdócio podiam se casar e constituir famílias. O casamento era um processo de duas etapas. Primeiro havia um noivado que demorava vários anos, um tipo de "relacionamento estável", que pode ser experimentado atualmente por um casal antes de um compromisso tradicional. Ao final desse período de noivado, o casal passava para um primeiro casamento, após o qual tinham o direito de manter relações sexuais. Até esse primeiro casamento, esperava-se que a mulher se mantivesse virgem. Depois disso, seguia-se um período de até três anos, no qual o casal vivia um casamento de teste. Se durante o primeiro período de casamento ou no casamento de teste a mulher engravidasse, então,

quando ela estivesse de três meses, o casal podia ratificar sua união por meio de um segundo casamento, agora definitivo, depois do qual o divórcio era proibido. A dra. Thiering afirma: O Novo Testamento, ao falar do ideal essênio, discute o caso de um homem que "tinha uma virgem", cuja "paixão se tornou forte". Se isso acontecesse durante o período de noivado, antes do primeiro casamento, e a paixão se tornasse muito forte, e uma criança fosse concebida, então poderia ser dito por um jogo de palavras que "uma Virgem concebeu". Legalmente a mulher continuava Virgem, mas não fisicamente. Seria exatamente como o caso de um casal concebendo uma criança durante seu compromisso. Voltando ao texto bíblico, fica então sugerido que Maria e José estavam comprometidos um com o outro, que as paixões se tornaram muito fortes e que ela engravidou antes da cerimônia de casamento inicial. O divórcio era proibido após o segundo casamento, o que talvez explique porque, em Lucas, José considera o divórcio. Como eles não haviam ainda feito a cerimônia de casamento, então Maria continuava legalmente virgem, e sendo assim, como foi observado antes, uma virgem concebeu. O casamento, portanto, não havia ainda sido totalmente ratificado dentro dos processos normalmente adotados pela comunidade devota da qual Maria era membro. Por definição, a legitimidade de uma criança concebida antes do casamento inicial seria duvidosa, outro aspecto mencionado em Jesus the Man.

Alguém pode muito bem imaginar a dificuldade que os fundadores da Igreja Cristã primitiva tiveram para promover a idéia de que o Filho de Deus seria o fruto daquilo que, se levado pela interpretação literal, parece ter sido um nascimento ilegítimo. Por isso, os pais da Igreja primitiva deram respeitabilidade a Maria e sua gravidez ao criar a noção de nascimento virgem intervenção divina - acoplada ao conceito da Imaculada Conceição. Porém, para entender as circunstâncias de Maria e colocá-las em um contexto realista, a pessoa precisa considerar a estrutura social e as práticas da comunidade da qual essa senhora era membro, na época em que os eventos aconteceram. A interpretação de Jesus the Man parece ser uma explicação totalmente racional e bastante aceitável do pano de fundo do conceito do nascimento virgem, fornecendo um entendimento lógico para as noções que foram incutidas em nós. Desnecessário dizer que essa explicação é uma pílula amarga para os "fiéis" que engolem há quase 2 mil anos a doutrinação institucional, que promulga a noção de que alguma forma de intervenção divina e miraculosa ocorreu. Essa revelação a respeito do nascimento virgem e outras que se apresentaram durante a minha pesquisa, e que estão relacionadas com os assim chamados eventos bíblicos miraculosos, demonstraram que em minha investigação eu não podia aceitar meramente as palavras do Antigo Testamento, impresso pela interpretação literal que gerações anteriores foram obrigadas a fazer. Se o Novo Testamento estava sujeito a interpretações, então isso também acontecia com o Antigo Testamento.

Será que Jesus se casou com Maria Madalena? A idéia de que Jesus e Maria Madalena foram casados e dveram filhos está no ar há vários anos. Nas últimas décadas do século XX, houve a produção do que parecia uma infindável série de materiais que tratavam do assunto. Desnecessário dizer que a prova dessa questão abalaria substancialmente uma das colunas da fé cristã. Essa idéia controversa não foi negada conclusivamente nem reconhecida pelas autoridades da Igreja, que, na maior parte, preferem desviar-se da questão com afirmações a respeito da fé. Se, como já foi notado, Jesus de fato foi um homem com pai e mãe humanos, então não é difícil imaginar que um Jesus humano poderia ter se casado e tido filhos. Isso é desenvolvido no livro Jesus the Man, da dra. Barbara Thiering, mas com uma diferença. Enquanto outros autores se basearam em materiais especulativos e em evidências circunstanciais, a dra. Thiering deu um passo a mais. Em uma cronologia detalhada de apoio às evidências no livro, ela cita o evento a seguir, ocorrido na terça-feira, dia 6 de junho de 30 d.C, com base no sistema de calendário juliano: 18 horas... Noivado de Jesus e Maria Madalena em Ain Feshkha "Cana". "Casamento" pelas leis helênicas. Refeição sagrada 18 horas às 22 horas da noite que antecede a cerimônia (...)". Depois, em 23 de setembro, de novo em Ain Feshkha, aconteceu o primeiro casamento, oficiado por Simão Magus.

Cerca de dois anos depois, na sexta-feira, 19 de dezembro de 32 d.C., Jesus dirigiu-se a Qumram, um assentamento próximo a Jerusalém, para buscar a permissão final da hierarquia para prosseguir seu casamento. Finalmente, de novo em Ain Feshkha, na quinta-feira, 19 de março de 33 d.C., constatamos o "segundo casamento de Jesus e Maria Madalena" . Para aumentar a controvérsia, a dra. Thiering, em outros trabalhos, indica que Jesus e Maria Madalena tiveram três filhos: uma menina chamada Tamar, um filho (que também era o herdeiro de Jesus) chamado Jesus (Justus) e um segundo filho cujo nome não ficou registrado. Além disso, ela afirma que Jesus teve uma segunda mulher chamada Lídia e desse casamento eles tiveram um quarto filho, também uma menina. Assim, Jesus foi pai de quatro filhos. Eu com certeza cresci em uma época em que, por meio da doutrina e das imagens da Igreja, fui incentivado a acreditar que Jesus não era casado, sem falar de ter sido pai de quatro filhos. As coisas podem não ser como nos ensinaram. A Bíblia e as tentativas de Cronologia À medida que a pesquisa prosseguia e eu reunia mais dados e entendimento, deparei com o que me pareceu um enorme quebra-cabeças: pilhas de peças, um quadro geral, mas as peças não se encaixavam facilmente. As datas e os eventos registrados em alguns documentos não correspondiam com as datas de outras fontes. As variações no tempo podiam representar 200 anos ou mais. Como veremos em breve,

não fui o primeiro a encontrar problemas na cronologia bíblica. Acredita-se que os primeiros livros do Antigo Testamento foram escritos originalmente sob sua forma atual em torno de 500 a 600 AEC, por escribas desconhecidos. A visão amplamente aceita é a de que, antes dessa época, eles formavam uma coletânea de histórias que fazia parte da tradição verbal, em que as informações eram transmitidas de geração a geração. Mas a Bíblia não é a única fonte de informações. Historiadores judeus também anotaram e preservaram registros que passaram por gerações e tradições. Muito desse material foi obtido por Flavius Josephus, cidadão romano e homem de fé judaica, que registrou muita coisa da história dos judeus. Ele claramente teve acesso a certos documentos enquanto compilava suas Antiquities of the Jews [Antigüidades dos Judeus], documentos que, infelizmente, não estão disponíveis para nós. A obra de Flavius Josephus ajudou os pesquisadores a preencher muitas lacunas que ficam evidentes se a pessoa confia apenas no texto bíblico. Do começo ao fim do Antigo Testamento, existem muitas referências a pessoas e suas vidas, a eventos e lugares por ordem de ocorrência e intervalos de tempo entre os acontecimentos mais importantes. Isso levou a várias pesquisas a fim de tentar identificar as datas com exatidão, com base em nossa estrutura de calendário atual, de quando certos eventos bíblicos ocorreram, ou quando determinados personagens supostamente viveram. Uma dessas empreitadas se deve a James Ussher, que totalizou os intervalos de tempo na Bíblia, chegando à conclusão de que a data da criação, de acordo com os versículos de abertura

do Livro de Gênesis, foi 23 de outubro de 4.004 AEC. James Ussher (1581-1656) era um homem respeitado em sua época; foi arcebispo de Armagh, primaz de toda a Irlanda e vice chanceler da Trinity College, de Dublin. De fato, sua perspectiva de cronologia bíblica era tão considerada que, para citar a Enciclopédia de Religião: foi incluída em uma versão autorizada da Bíblia impressa em 1701, e então começou a ser vista com quase tanta reverência inquestionável quanto a própria Bíblia Na verdade, a cronologia de Ussher foi aplicada a alguns aspectos das cerimônias maçônicas, em que as datas e a cronologia da Ordem são baseadas no esquema de Ussher. Com a soma do conhecimento total acumulado que temos à nossa disposição hoje em dia, a idéia de Ussher é evidentemente ridícula. Porém, com base nos conhecimentos e percepções do mundo que se apresentavam aos olhos dessas pessoas eminentes, que viveram em um mundo e em uma cultura muito diferentes, há 300 anos, junto com a interpretação da fé religiosa na qual eles dedicaram o melhor que possuíam, essas conclusões foram fonte de incentivo e esclarecimentos que influenciaram a instituição por várias gerações. Nos últimos 200 anos, houve um enorme investimento de tempo e de recursos no exame acadêmico e arqueológico de locais famosos que são mencionados em registros históricos e também bíblicos, bem como em outras fontes religiosas. O resultado é que nosso entendimento foi colocado em um contexto muito

diferente em comparação com aquele da época do bispo Ussher. À medida que o tempo passou, a cronologia bíblica inovadora defendida por James Ussher, em sua qualidade de antigo bispo de Armagh, foi sendo aperfeiçoada. No final do século XX, a relação de datas e acontecimentos bíblicos tornou-se assunto de investigações completas, com cronologias desenvolvidas por historiadores famosos. Porém, os processos usados pelos arqueólogos no desenvolvimento dessas cronologias não foram muito diferentes daqueles originalmente usados pelo bispo de Armagh. Durante o século XX, por meio da referência a uma ampla faixa de fontes primárias, os pesquisadores compilaram listas de reis, governantes e indivíduos importantes junto com o período de seus governos ou de suas influências. Ao reunir os períodos relevantes, levando em consideração quaisquer lacunas no conhecimento, a cronologia de certos eventos foi obtida. Essa abordagem, em primeira instância, pressupõe que todos os critérios básicos e todas as hipóteses estejam corretas. Se as hipóteses básicas feitas pelos pesquisadores estiverem incorretas, então a cronologia resultante obviamente seria inexata. Se uma hipótese incorreta foi inadvertidamente incluída em uma obra de referência, sendo publicada em outras e usada como um documento definitivo, então qualquer cronologia resultante também seria afetada de maneira adversa. Por exemplo, deparei com várias referências que afirmam categoricamente que Moisés era na verdade o faraó herege Akhenaton. Essas afirmações se baseavam na idéia de que a ambos foi designado um

espaço no século XIII AEC. Esse faraó, famoso pelo que se tornou conhecido como a Heresia Amarna ou a Heresia de Akhenaton, desapareceu quando uma religião monoteísta do Egito, baseada no deus-Sol, Rá, inspirada por Akhenaton e estabelecida nas margens do Rio Nilo, em Tell-el-Amarna, desmoronou. Poucos anos depois desse declínio, o jovem príncipe Tutankhamon tornou-se faraó. O que aconteceu com Akhenaton e vários de seus confidentes próximos tem sido assunto de muita especulação. Por meio de especulação parece que foi feita a conexão com Moisés. A face variável do Antigo Testamento Mudanças no texto do Antigo Testamento poderiam afetar profundamente o desenho do Templo de Salomão em comparação com avaliações anteriores, não importando se no passado o texto foi bem considerado. A análise científica de supostos milagres bíblicos e de descobertas arqueológicas, como os Manuscritos do Mar Morto, podem mudar nossas percepções daquilo que teria acontecido na Terra Santa há 2 mil anos. Como se não bastasse, na segunda metade do século XX, também houve um realinhamento de áreas específicas do texto do Antigo Testamento. Algumas dessas mudanças devem afetar profundamente a maneira como as informações podem ser interpretadas hoje em comparação com interpretações feitas há séculos. No Reino Unido, o texto padrão da Bíblia Anglicana foi a versão autorizada King James. Ela foi publicada pela

primeira vez em 1611, no reinado de James I da Inglaterra, ou James IV da Escócia, filho de Mary, rainha dos escoceses. A maior parte dos textos originais do Novo Testamento provém de Antioquia por volta de 150 EC. Esses textos originalmente estavam em grego, mas foram traduzidos para o latim antigo por volta de 160 EC. À medida que a Igreja Romana expandiu sua influência após o Concilio de Nicéia, em 325 EC, no qual o conteúdo da Bíblia como conhecemos foi padronizado, esses textos foram copiados por monges e escribas, que dedicaram suas vidas a esse trabalho. Desnecessário dizer que, apesar de todo o cuidado com a transcrição e tradução desses textos, foi inevitável a ocorrência de alguns erros. No século XIV EC, houve um movimento para traduzir os textos da versão latina que se tornara a linguagem padrão da Igreja Católica Romana para os idiomas pertinentes dos locais em que as pessoas comuns viviam. O argumento era que muito poucas pessoas fora da Igreja, além de algumas poucas almas cultas, entendiam o latim. Desse modo, a mensagem contida na Bíblia ficava perdida para a maioria das pessoas. A crença nessa época era de que as pessoas comuns deviam ter a oportunidade de ler, entender e apreciar o texto em sua própria língua. Embora várias tentativas anteriores de traduzir textos específicos tenham ocorrido, foi John Wycliffe (1324-1384) quem preparou a primeira tradução, que alguém pode contestar, mais abrangente do Novo Testamento para o inglês, por volta de 1382. Wycliffe era professor da Universidade de Oxford; ele defendeu a reforma da Igreja, criticou a hierarquia e achava que a Igreja devia se desfazer de

suas propriedades. Seu trabalho enfureceu a Igreja Católica a tal ponto que ele foi expulso de sua posição de ensino, após a publicação de uma bula pelo papa Gregório XI, em maio de 1382. As ramificações das ações e atitudes de Wycliffe para com a Igreja foram tão estrondosas que, 40 anos depois de sua morte, o então papa ordenou que seus ossos fossem desenterrados e queimados para que não restasse nenhum traço dele. O próximo passo importante foi quando William Tyndale (1494-1536) aproveitou-se de uma invenção, desenvolvida havia pouco tempo, chamada impressão tipográfica. Tyndale também estudou em Oxford, bem como em Cambridge. Como Wycliffe, defendeu a reforma da Igreja. Assim, foi intimado a comparecer perante o chanceler da Diocese de Worcester para responder à acusação de heresia. Logo após esse evento, ele fugiu da Inglaterra com nome falso e foi para Hamburgo, na Alemanha. Ali, Tyndale terminou a tradução do Novo Testamento para o inglês, fez cópias impressas e distribuiu-as na Inglaterra em 1526. A instituição da Igreja Católica foi afrontada. O cardeal Wolsey pediu a prisão de Tyndale por heresia. Tyndale foi finalmente capturado em Antuérpia, em 1535, processado sob a acusação de heresia e condenado a queimar na fogueira, sentença executada no ano seguinte. Com o estabelecimento da Igreja da Inglaterra no reinado de Henrique VIII, a dissolução dos mosteiros e o efetivo banimento da Igreja Católica da Inglaterra, as pressões para se ter a Bíblia em inglês cresceram e muitas outras versões foram iniciadas. Finalmente, foi no reinado do rei James I que uma tradução completa

do Antigo e do Novo Testamento foi reunida, tornandose a versão autorizada King James. Essa versão, com o uso da prosa e dos estilos de linguagem do inglês antigo, foi usada e consultada nos quatro séculos seguintes e em muitas instâncias ainda continua em vigor. As coisas mudaram em meados do século XX. A língua inglesa mudou no decorrer dos séculos e surgiram pressões para que uma versão em linguagem corrente fosse produzida. Ao mesmo tempo, acadêmicos fizeram a revisão do texto para corrigir erros de tradução e outros que há séculos causavam arrepios. O Prefácio da Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional de 1978, faz as seguintes observações: A Nova Versão Internacional é uma tradução completamente nova da Bíblia Sagrada, feita por cerca de uma centena de estudiosos que trabalharam diretamente a partir dos melhores textos disponíveis em grego, aramaico e hebraico. Ela começou em 1965(...) O texto prossegue para indicar que a obra foi feita com a ajuda de muitos estudiosos importantes dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia, e de uma ampla variedade de denominações, para preservar, de tendências sectárias, a tradução. A respeito do Antigo Testamento, em particular, os seguintes comentários são feitos, no mesmo Prefácio:

Para o Antigo Testamento, o texto padrão em hebraico, o Texto Masorético conforme publicado nas mais recentes edições da Bíblia Hebraica, foi usado do começo ao fim. Os Manuscritos do Mar Morto contêm material que trata da primeira fase do texto em hebraico. Eles foram consultados assim como o Pentateuco Samaritano e as antigas tradições dos escribas com relação a mudanças textuais. O que se deve observar é que o conteúdo dos Manuscritos do Mar Morto, descobertos apenas 30 anos antes da Nova Versão Internacional ter sido publicada, foram considerados importantes para a consulta e, sem dúvida, tiveram alguma influência sobre áreas específicas do texto subsequente. Está claro, a partir do Prefácio, que foi efetuado esforço considerável para tentar garantir a tradução mais abrangente e exata, junto com o texto em linguagem corrente de nossa Era Moderna. Problemas com traduções Embora quase todas as descrições relacionadas ao Templo de Salomão geralmente sejam as mesmas na versão anterior King James, existem algumas mudanças que criam interpretações muito diferentes. Por exemplo, vamos observar as seguintes comparações do texto que se relacionam à passagem que leva ao santuário interno: E para entrar no oratório ele fez portas de árvore de oliveira; a viga e os batentes laterais eram a quinta parte da parede.

1 Reis 6,31 (Versão King aproximadamente em 1870)

James,

impressa

Para a entrada do santuário interno fez portas de oliveira com batentes de cinco lados. 1 Reis 6,31 (Nova Versão Internacional, impressa em 1983) Existe uma diferença considerável na interpretação que pode derivar da afirmação de que a viga e os batentes laterais eram a quinta parte da parede, quando comparada com a afirmação de que eram batentes de cinco lados. Supondo que o comprimento da parede fosse de 20 côvados, então, pela versão King James nós poderíamos interpretar que a afirmação define o tamanho das colunas laterais, quatro côvados. Deveriam existir dois batentes laterais na passagem de modo que o espaço total que eles ocupariam no comprimento da parede seria de oito côvados. Ora, novamente em relação à versão King James, o texto implica que os dois batentes laterais tinham quatro côvados no total, portanto, dois côvados de cada lado. Quando nos referimos ao texto da Nova Versão Internacional, não há indicação do tamanho dos batentes laterais, mas ele sugere que, sendo de cinco lados, teriam a forma pentagonal. Vamos discutir as implicações disso mais adiante neste livro. Será que o Êxodo atravessou o Mar Vermelho? Existem algumas mudanças que se referem ao Êxodo. A maioria das pessoas com formação cristã aprendeu que Moisés saiu com os israelitas do Egito para o Mar

Vermelho e faraó fez a perseguição com 600 carruagens e seu exército. O ensino tradicional diz que, quando os israelitas alcançaram o Mar Vermelho e notaram que faraó os perseguia, Moisés ergueu sua vara sobre as águas e elas se afastaram, criando uma passagem seca pela qual os israelitas puderam atravessar. Faraó e seu exército continuaram a perseguir os israelitas e, quando o último israelita completou a passagem do Mar Vermelho, as águas se fecharam sobre faraó e seu exército, afogando-os. Tanto na versão King James como na Nova Versão Internacional, há apenas uma referência ao Mar Vermelho. Isso está em Êxodo, 13,18: Pois Deus levou o povo em sentido contrário, pelo caminho do deserto ao Mar Vermelho: e os filhos de Israel armados saíram da terra do Egito. Versão King James. Assim, Deus fez o povo dar a volta pelo deserto, seguindo o caminho que leva ao Mar Vermelho. Os israelitas saíram do Egito preparados para lutar. Nova Versão Internacional. Desse versículo em diante, a maior parte do drama ligado à fuga dos israelitas é descrita em Êxodo 14. Não há mais referências ao Mar Vermelho, apenas menção às palavras "mar'' e "água(s)". Então, o texto indica que os israelitas meramente se dirigiram para regiões desérticas em torno do Mar Vermelho, não que eles o cruzaram realmente. De fato, quem visita o Mar Vermelho notará que, em geral, é um curso de água muito fundo e bastante largo. Estando no lado egípcio,

a pessoa não pode ver as margens opostas na Jordânia ou na Arábia, exceto no promontório do Golfo de Aqaba. Além disso, o caminho rumo ao Mar Vermelho pode ser uma referência a alguma rota comercial de camelos. Nós já sabemos atualmente que o Mar Vermelho tinha alguns pontos onde foram estabelecidos portos para o transbordo de seda, marfim e especiarias, que eram levados para cidades como Tebas, Memphis e para portos do Mediterrâneo. O tamanho e a profundidade do Mar Vermelho, junto com a estimativa das forças maciças que seriam necessárias para separar e juntar de novo as águas a fim de permitir a passagem dos israelitas, têm preocupado os estudiosos há muito tempo. No final do século XX, uma nova teoria surgiu. Ela sugeria que a referência ao Mar Vermelho seria um erro de ortografia, devendo tratar-se do Mar de Juncos. Em Êxodo 15, existem duas referências ao Mar Vermelho. Na Nova Versão Internacional do texto existe uma nota de rodapé a respeito dessas duas referências ao Mar Vermelho como: O termo em hebreu é Yam Suph, quer dizer, Mar de Juncos. O Mar de Juncos é uma área a leste do delta do Nilo, uma localização bem diferente do Mar Vermelho. Além disso, existem aqueles que levantaram a hipótese de que o Êxodo coincidiu com a erupção de um vulcão na Ilha grega de Santorini por volta de 1650 AEC. Com base na cronologia estabelecida, isso significa que o evento teria ocorrido cerca de cem anos antes de

Moisés ter nascido. O Santorini foi um evento cataclísmico, que explodiu a ilha e causou maciços maremotos. A hipótese é que durante esse evento, ou talvez depois, por causa de um terremoto na mesma área, um tsunami se criou exatamente quando os israelitas alcançaram as margens de um rio estreito na área do Mar de Juncos. As águas foram dragadas à medida que o tsunami ganhava forças, abrindo caminho para que os israelitas passassem O faraó continuou sua perseguição pelo mesmo curso de água, exatamente na hora em que o tsunami retornou à área, varrendo para longe o faraó e seus seguidores. O que de fato aconteceu é que, no final do século XX, as referências ao Mar Vermelho [Red Sea] no livro de Êxodo mudaram em algumas edições da Bíblia, para se tornarem Mar de Juncos [Reed Sea], Essa mudança inevitavelmente significa que as futuras gerações provavelmente aprenderão essa nova localização, ao contrário do cenário apresentado às gerações anteriores. Pareceu-me que o surgimento de todas essas novas evidências significava que o dogma religioso que existia e foi defendido durante séculos seria questionável. Na verdade, muitas lacunas surgiram nele. Isso deve causar alguma perturbação na instituição religiosa. Eles não podem anunciar e implementar uma mudança completa no dogma da noite para o dia. Isso abalaria a confiança e provocaria considerável ansiedade naqueles que com certeza investiram enorme parte de suas vidas e de seu intelecto em acreditar no dogma e nos rituais que foram apresentados. Existem até ramificações para as estruturas políticas e institucionais que governam a

sociedade. Embora a crença principal possa permanecer, mudanças nos rituais devem acontecer a passos lentos, uma etapa de cada vez, por várias gerações, demorando talvez uma centena de anos para ser totalmente implementadas. Ao apresentar o que foi dito anteriormente, eu não pretende desmerecer a crença de ninguém. Apenas procurei transmitir aquilo que se tornou conhecido para mim em conseqüência das minhas pesquisas. Se as mudanças em nosso entendimento de certos assuntos bíblicos, como mostrei, tiverem aceitação, então o Templo de Salomão e nossa crença a respeito de como ele pode ter sido e para que foi usado também podem estar sujeitos a mudanças. As minhas pesquisas e investigações subsequentes revelaram uma imagem bem diferente do Templo de Salomão em comparação com a visão estereotipada que outras pessoas, em gerações anteriores, criaram. Conclusão As descobertas arqueológicas, em particular nas terras em torno do Mar Mediterrâneo, desde que começaram a ser escavadas em meados da Era Vitoriana, junto com as inovações científicas e tecnológicas do século XX, resultaram em um novo entendimento de certos eventos históricos em comparação com as interpretações que existiam até o fim da Era Vitoriana quando a Maçonaria começou sua meteórica aceitação na sociedade. Muito da literatura fundamental que existiu no século XX, relacionada à Maçonaria e à sua história, baseava-se no entendimento e nas interpretações de estudiosos da Era Vitoriana. A

confiança nisso e sua perpetuação como fonte de informações válidas, especialmente no que diz respeito à reflexão do Antigo Testamento e de outras fontes bíblicas, devem ser questionadas. O efeito de nossa interpretação de certos eventos sagrados no dogma religioso também está aberto à discussão. Após vários anos de exploração dessas novas evidências, que às vezes desafiaram minhas próprias convicções e a minha formação religiosa, e percebendo suas implicações, ficou claro que eu precisava prosseguir com a mente totalmente aberta. Isso, como eu percebi, podia muito bem me colocar em linha de colisão com as filosofias dominantes e com o dogma da instituição. À medida que o tempo passou e mais evidências ficaram conhecidas, uma nova teoria a respeito do Templo de Salomão começou a tomar forma. Antes, porém, precisei entender mais a respeito dos conceitos incorporados na Maçonaria e suas possíveis origens, absorvendo conhecimentos, mas mantendo a mente aberta.

Capítulo 9 Moisés Preparou as Fundações do Templo Salomão construiu o Templo. Davi o desenhou. Mas foi Moisés quem preparou as suas fundações. A construção do primeiro Templo de Jerusalém foi o ponto culminante de uma jornada que demandou cerca de 500 anos de esforços dos israelitas para buscar e guardar sua terra prometida, trazendo consigo uma era de estabilidade, paz e prosperidade. O Templo foi construído em uma era de apogeu na qual os israelitas confiavam em mostrar a realização da nacionalidade que, obviamente, tanto almejavam. Ele, então, tornouse o símbolo dessa nacionalidade, a prosperidade dessa comunidade coletiva que demonstrava capacidade e entendimento tecnológico, igualando, ou superando, as culturas vizinhas. Ao menos, essas são as impressões obtidas nos Livros de Reis e Crônicas do Antigo Testamento. Entretanto, existem ainda aspectos específicos dessa jornada israelita que parecem proporcionar a chave para algumas características do desenho desse Templo. E eles começam com Moisés. Os primeiros cinco livros do Antigo Testamento são os mesmos cinco livros que os judeus chamam de Torá. Durante centenas de anos, houve a crença, entre grupos de estudiosos, de que esses cinco livros foram realmente escritos por Moisés. Depois, pensou-se que Moisés teve acesso a um conjunto de outras escrituras e, enquanto ele cuidava de ovelhas e bodes em Midiã, copiava e editava essas outras escrituras compilandoas nas obras que conhecemos como os cinco livros da Torá. A pesquisa moderna, porém, sugere que foram

vários escribas que originalmente escreveram o texto, por volta de 500 AEC. Depois, os textos foram editados e ligeiramente emendados em cada geração até em torno de 7 AEC, quando a hierarquia hebraica da época decidiu que a compilação, que então constituía a Torá, era a forma final: eles não a poderiam continuar editando por causa do receio de perder qualquer conexão com as origens. Assim, a Torá tornou-se um documento por volta de 7 AEC e desde essa época não foi modificado. É no segundo livro da Torá, o Êxodo, que encontramos indícios que sugerem as influências que mais tarde moldaram o desenho do Templo. Para mim, parece óbvio que a construção de qualquer edifício majestoso, feito pelas civilizações de 3 mil a 4 mil anos atrás, refletiria as crenças religiosas, a cultura, a tecnologia e o conhecimento que a comunidade que empreendia a obra tinha na época. Basta apenas observar as cidades e os municípios que formam a base de nossa própria cultura e civilização para ver influências periódicas. Existem estilos arquitetônicos, princípios de construção, materiais e desenhos de fachadas que representam o registro das influências que afloravam na época da construção. Assim, encontramos por toda a Europa o estilo gótico, que permeou a era de construção das grandes catedrais no período de 350 anos, que começa por volta de 1100 EC; os estilos influenciados pela Renascença, uma época de cerca de 200 anos, entre os séculos XV e XVI. Na Inglaterra, temos os períodos Tudor e Elisabetano, que duraram aproximadamente 150 anos, também nos séculos XV e XVI; e o período Georgiano, uma época de aproximadamente 200 anos.

O que podemos ver em todos esses estilos é a influência dos atributos políticos, culturais e da moda pertinentes à época da construção. São tantos os afazeres do homem que essas influências raramente ficam em completo isolamento das inovações e das modas que transcendem outros aspectos da vida. O Templo de Salomão foi um empreendimento maior e uma estrutura importante para a nova nação fundada pelos israelitas. É improvável que os conceitos do desenho representem algum lançamento radical a partir das normas aceitas na época. É mais do que provável que tenham incorporado conceitos testados e comprovados, desenvolvidos em culturas e épocas anteriores, ou em aspectos familiares de seus vizinhos. Apesar de as cerimônias maçônicas fazerem referência à construção do Templo de Salomão, recebemos poucas noções nessas mesmas cerimônias para inferir como era o aspecto do prédio. Mas ilustrações pictóricas, usadas nas Lojas Maçônicas, mencionadas como quadros de desenhos, dão a impressão do desenho estético potencial de alguns aspectos do Templo, mas são apenas impressões artísticas. Não há nem mesmo consistência na apresentação dessas ilustrações. Existem diferentes estilos, dependendo da região. Além disso, algumas dessas ilustrações existem há muitos anos e, quando vistas repetidas vezes pelos membros da Loja, podem criar a impressão de serem baseadas em alguma realidade documentada. Em poucas palavras, são obras imaginárias de ficção. A única informação que temos, para continuar a obter pistas sobre como o era Templo, é uma combinação de detalhes registrados nas escritoras e escavações

arqueológicas dos lugares da mesma época e localização geográfica. O exame arqueológico em locais considerados de significado histórico ou religioso só foi realizado há bem pouco tempo, cerca de 150 anos, desde meados do Período Vitoriano. Algumas imagens dos quadros de desenhos maçônieos, usadas hoje em dia, tiveram suas origens há cerca de dois séculos atrás, bem antes da era dos estudiosos que se baseiam em arqueologia. Além disso, a reunião abrangente de fragmentos de evidências arqueológicas de campo e a capacidade de chegar a conclusões sustentáveis para os estilos de vida e as influências de nossos antigos ancestrais são noções relativamente novas, auxiliadas pela disponibilidade do desenho, com ajuda do computador (CAD - Computer Aided Design), e pela reconstrução visual que utiliza tecnologia gráfica computadorizada. É natural que, quando alguém enfrenta uma lacuna no conhecimento, ela então automaticamente seja preenchida com interpretações dos conhecimentos existentes. Por isso, quando usavam o termo Templo, os artistas de 200 anos atrás naturalmente se voltavam para os estilos neoclássicos da Grécia e da Roma Antiga. Muitos locais de Templos continuam existindo e originando-se, sobretudo, das épocas da Grécia e de Roma como pontos de referência. O Parthenon em Atenas, as ruínas do Templo em Delfos e outros entre na Turquia e em Chipre servem como guia dos estilos arquitetônicos em uso na época entre 750 AEC e 250 EC. O problema de se tentar a tradução dessa perspectiva para o Templo de Salomão é que as civilizações antigas da Grécia e de Roma só tiveram seus alicerces estabelecidos muito tempo depois do

primeiro Templo de Jerusalém - o Templo de Salomão - ter ficado pronto. Na Maçonaria, os graus do ofício estão intimamente ligados a histórias vinculadas ao Templo de Salomão. Existe um ponto nos procedimentos em que o candidato é avisado que a Maçonaria reconhece as três ordens nobres da arquitetura, a saber: iônica, dórica e coríntia. Quando se faz isso, existe a implicação de que esses três estilos clássicos estariam associados ao Templo. Porém, esses três estilos arquitetônicos estão associados aos períodos clássicos da Grécia e de Roma, que vieram muito depois da construção do Templo de Jerusalém. Para mim não parece absurdo acreditar que essas influências, que afinal definiram o desenho do Templo do Salomão, tenham se originado de outras fontes. E uma revisão de algumas influências culturais e políticas que existiam na época que levou até, e durante, aquela em que o Templo foi construído, mostram que a influência principal provavelmente deve ter vindo do Egito. Mas antes de explorar essa influência específica, o meu raciocínio ficará mais claro por meio de uma breve revisão das outras culturas da região. A influência dos Impérios clássicos da Grécia e de Roma Como já mencionamos, os alicerces dos impérios da Grécia e de Roma, e as civilizações clássicas às quais são associados, somente começaram após o primeiro templo de Jerusalém ter sido construído. Esses alicerces foram traçados por volta de 700 AEC, época em que o Templo de Jerusalém já estava de pé por

quase 250 anos. Então, é impossível que essas culturas clássicas tivessem qualquer influência sobre o desenho. A civilização minoica Os minoicos estabeleceram-se na Ilha mediterrânea de Creta. Palácios como o de Cnossos, que os arqueólogos datam de cerca de 1.600 AEC, foram construídos com madeira e pedra. Onde eram necessárias colunas para suportar o telhado ou a entrada, exemplos remanescentes sugerem que elas eram feitas de troncos de árvore que podiam ser facilmente modelados, principalmente no topo, onde deveriam suportar as escoras do teto ou a viga de madeira da porta. A aparência externa das construções não era elaborada, mas a decoração interior revela habilidades bem desenvolvidas dos artesãos da época, com imagens cuidadosamente esculpidas e colocadas em um acabamento com reboco. A habilidade e o conhecimento dos artesãos ficam particularmente enfatizados pelo sistema de drenagem. Existem evidências de que Cnossos tinha água potável entrando de um lado do local e esgoto sendo levado para fora em dutos separados do outro lado. Esses dutos eram cuidadosamente trabalhados em pedra. Em Cnossos, a entrada principal do palácio ou templo ficava orientada para o Leste, para que a primeira luz do Sol nascente pudesse entrar no prédio.

A civilização minoica desmoronou após a erupção de um vulcão na Ilha vizinha de Santorini. Foi uma devastação que abalou toda a região. Aparentemente, Creta foi devastada por terremotos associados à erupção. Os terremotos destruíram muitos prédios importantes dessa civilização. O deslocamento da crosta terrestre resultou em Cnossos sendo arrancada pelo mar. Acredita-se que maremotos e afundamentos tenham destruído os portos. A conseqüência da destruição em Creta foi que a sociedade altamente desenvolvida rapidamente entrou em declínio. Na época em que o Templo de Jerusalém foi construído, a influência da civilização minoica era inexistente. E portanto duvidoso que possa ter existido alguma influência dessa cultura no desenho do Templo. Mas ninguém pode negar a possibilidade de que, no apogeu, tenha ocorrido a transmissão da influência minoica que permeou toda a região do Mediterrâneo Oriental. Há, entretanto, um vínculo de similaridade entre os minoicos e Salomão. Antes eu mencionei que onde havia necessidade de colunas para suportar vigas nos palácios, a evidência sugere que os minoicos usaram troncos de árvore, que eram redondos e podiam ser modelados. Nos versículos do Antigo Testamento relacionados à construção da casa de Salomão, encontramos o seguinte texto: Ele construiu o palácio... sustentado por quatro fileiras de colunas de cedro sobre as quais se apoiavam vigas de cedro aparelhadas. 1 Reis 7,2

Os assírios A cultura assíria se desenvolveu no local que atualmente circunda as áreas fronteiriças do Sul da Turquia, Armênia, Síria e o Norte do Iraque. Os arqueólogos estabeleceram que existiram assentamentos em vários locais, desde a remota era de 5.000 AEC, com pelo menos três cidades principais e sociedades complexas, que foram desenvolvidas por volta de 2.500 AEC. Em vários estágios de seu desenvolvimento, a Assíria esteve envolvida em conflitos na região, algumas vezes sendo usurpada por outras nações ou pegando territórios de seus vizinhos. A idade de ouro dos assírios durou de 2.500 AEC a 1.400 AEC. Por volta de 1.400 AEC, a influência da civilização assíria entrou em declínio em conseqüência de uma série de conflitos com os armênios, de modo que, em torno de 1.000 AEC, cerca de 50 anos antes da construção do Templo de Jerusalém, a influência assíria na região era virtualmente inexistente. Em torno de 940 AEC, os assírios novamente consolidaram sua influência territorial. Um novo império assírio surgiu das cinzas do antigo e teve seu pico por volta de 200 anos depois de o Templo ser construído. Foi um império que se estendeu de Chipre ao Eufrates. Esse império declinou aproximadamente em 612 AEC, o que ofereceu mais tarde a oportunidade para o surgimento da independência babilônica, sob o comando do líder Nabopolassar. Tamanha era a força independente dos babilônios nessa época, que foi o filho de Nabopolassar, Nebuchadnezzar [Nabucodonosor],

quem comandou a invasão de Jerusalém que destruiu o Templo em torno de 550 AEC. Assim, na época em que o Templo de Jerusalém foi construído, o poder territorial dos assírios era muito limitado, e é difícil imaginar que eles pudessem ter alguma influência maior no desenho do Templo. Porém, o conhecimento acumulado de épocas anteriores pode muito bem ter influenciado alguma tecnologia básica de construção. Os egípcios antigos e o faraó herege Acredita-se que a civilização egípcia antiga tenha se desenvolvido por volta de 3.000 AEC. Tratava-se da civilização dominante na ponta oriental do Mediterrâneo, além do Norte da África, na época em que o Templo foi construído. O Antigo Testamento nota que existia uma associação amistosa entre o rei Davi e Hirão, rei de Tiro, o que sugere que Tiro e o que atualmente conhecemos como faixa costeira do Líbano formavam um país separado. Na realidade, Tiro era uma das cidades-estados que se tornou conhecida como colônia de comerciantes fenícios. Essas cidades-estados existiram, em grande parte, em razão do patronato egípcio. Toda a região em torno da inexperiente nação israelita era dominada pelos egípcios. Assim, parece lógico que o estilo arquitetônico e o conhecimento técnico adotado pelos hebreus se espelhassem intimamente nos dos egípcios. Podemos conseguir uma perspectiva interessante do relacionamento que deve ter existido, por volta de 1.000 AEC, entre a nação dos israelitas e a do Egito,

no livro A Test of Time, de David Rohl. Após guerrearem juntos, o Antigo Testamento nos conta como Saul ficou com muito ciúme de Davi e como, embora Davi fosse casado com a filha de Saul, este queria vê-lo assassinado. Jônatas, filho de Saul, e sua filha ajudaram Davi a escapar para o deserto. Davi tinha um bando de seguidores leais que se juntou a ele. Davi e seu pequeno exército se tornaram fora-dalei, sendo contratados como mercenários por vários senhores de guerra. Durante essa época, Davi continuou a ser caçado por Saul. O dr. Rohl sugere que as atividades de Davi claramente irritavam Saul, que escreveu pai a o faraó se queixando e pedindo ajuda para lidar com ele. Essa perspectiva sugere que Saul era subserviente ao faraó. E quem era o faraó que David Rohl identifica como governante do Egito nessa ocasião? Nenhum outro senão Akhenaton, o assim chamado faraó herege, que aboliu a doutrina religiosa então praticada no Egito - o culto de uma pletora de deuses, mas em particular o deus Amon substituiu-os por uma religião monoteísta que trouxe de volta o culto de Aton, o deus-Sol. Akhenaton, acredita-se que pai de Tutankhamon, construiu uma nova capital dedicada ao deus-Sol - o Aton -, em Tell-el-Amama, nas margens do Nilo. Embora a cidade tenha sido destruída logo após o fim do reinado de Akhenaton, pesquisas arqueológicas no local sugerem que certos prédios importantes tinham orientação para acompanhar as várias progressões solares. A cronologia estabelecida por dr. Rohl indica que a construção da nova capital egípcia estava em andamento durante o reinado de Davi. Assim sendo, é

inconcebível que as atividades de Tell-el-Amarna, a influência do realinhamento da doutrina religiosa de Akhenaton e o retorno ao culto do deus-Sol fossem ignorados pelos governantes da nova nação israelita. Saul, Davi e o faraó herege Akhenaton foram contemporâneos. Os israelitas e a terra dos faraós Conclui-se, assim, que para iniciar a revisão do cenário de onde e como o Templo de Salomão foi construído seria preciso partir do ponto da história bíblica onde José, famoso, entre outras razões, por seu manto multicolorido, entra nos textos do Antigo Testamento. Somos convidados para a fascinante história de uma transação clandestina, que resultou em José sendo vendido como escravo. Depois, ele tentou uma possível relação romântica com a mulher de seu mestre, foi preso e, na melhor das tradições de Hollywood, finalmente se libertou do jugo da opressão, sendo aclamado o herói do momento. De acordo com o Livro de Gênesis, José foi aprisionado por um grupo de midianitas. Em alguma etapa após a chegada deles ao Egito, José foi vendido como escravo. Estava então no meio da adolescência, com 16 ou 17 anos de idade, e se torna criado no lar de um comandante do exército egípcio, Potifar. Enquanto estava nesse serviço, foi acusado de fazer propostas sexuais à mulher de seu mestre; considerado culpado, ficou preso durante vários anos. Somente foi solto quando convenceu adequadamente o faraó de que tinha respostas para a série de sonhos que incomodava o governante egípcio. Essas

interpretações referem-se à projeção de que o Egito entraria em um período de sete anos de fartura, seguido de sete anos de fome e seca. José era claramente um indivíduo inteligente e desembaraçado, com habilidade natural para a diplomacia, a administração e a organização, pois evidentemente ele planejou e dirigiu as operações necessárias para garantir que recursos adequados estivessem disponíveis, supervisionando o armazenamento de grãos para ajudar o Egito inteiro a se sustentar durante os períodos de fome e escassez. Nesse período de cerca de 15 anos, suas habilidades tornaram-se tão altamente respeitadas que ele estava literalmente por trás do trono, sendo o importante braço direito do faraó, muito considerado pelos funcionários responsáveis pela administração da época. Na conclusão dessa importante obra, um palácio foi construído por ele. Depois, ele se aposentou para ter uma vida mais tranqüila na cidade de Avaris, que se desenvolvia perto do delta do Nilo. Os restos de Avaris ficam perto de uma pequena cidade que atualmente é conhecida por Tell ed-Daba. Conta-se que a família de José se juntou a ele no Egito e, assim, conseguiu evitar o pior da fome. Essa referência à "família" dele pode realmente existir ao notarmos que um setor da população semítica adjacente se mudou para o Egito nessa ocasião, na tentativa de evitar as piores devastações de uma escassez que assolou uma área muito grande e que se estendeu além das fronteiras egípcias. Com certeza existem evidências arqueológicas de que um grande número de pessoas originadas da Ásia Ocidental se mudou para a área em torno do delta do Nilo nessa

época, muitas permanecendo na região perto de Avaris. Essas pessoas eram conhecidas como os hibaru, de onde se acredita possa ter derivado a palavra hebreu. Depois da era da fome de José, houve um período de cerca de 200 anos no qual claramente os descendentes desses povos semíticos, que se mudaram para o Egito, voluntariamente ou como escravos, prosperaram e cresceram. Os israelitas, porém, eram férteis, proliferaram, tornaram-se numerosos e fortaleceram-se muito, tanto que encheram o país. Êxodo 1,7 Esse grande contingente de imigrantes, que aumentou a população total do Egito, preocupava claramente as autoridades locais, pois temos estes comentários: Então subiu ao trono do Egito um novo rei, que nada sabia sobre José. Disse ele ao seu povo: "Vejam! O povo israelita é agora numeroso e mais forte que nós. Temos que agir com astúcia, para que não se tornem ainda mais numerosos e, no caso de guerra, aliem-se aos nossos inimigos, lutem contra nós e fujam do país". E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Êxodo 1,8-10 A resposta para o problema foi absolutamente draconiana, pois, além do trabalho pesado da escravidão, o faraó publicou uma ordem para que todas as crianças israelitas recém-nascidas do sexo

masculino, e devemos supor, as crianças do sexo masculino de outras raças não egípcias e de tribos que também viviam no Egito nessa época, fossem mortas. Evidências arqueológicas de alguns cemitérios na região do delta do Nilo demonstram que a população nessa área era predominantemente feminina, o que implica de fato ter ocorrido alguma intervenção que afetou a população masculina. A população de "imigrantes" era tratada muito severamente e seu destino era executar tarefas servis, como carregar materiais e fazer de tijolos de barro material de construção padrão para muitas aplicações nessa época. Outros pesquisadores sugeriram que o genocídio e o tratamento severo pretendiam avisar que novas incursões migratórias ao Egito não seriam bemvindas, ao mesmo tempo em que também incentivavam os outros a irem embora. Moisés - educado nos mistérios Perante esse cenário de perseguição e opressão aos israelitas, lemos no Antigo Testamento a respeito da mãe israelita que, dando à luz uma criança do sexo masculino, guardou em segredo por três meses, colocando-a em um cesto que escondeu entre os juncos, obviamente querendo evitar a possibilidade de que ela fosse encontrada durante esse período de expiação implacável. Nós já sabemos que a criança foi encontrada por uma princesa egípcia. Acredita-se que a princesa em questão chamava-se Thermuthis. Ela, incapaz de ter seus próprios filhos, adotou a criança; assim, ele foi criado como o príncipe do Egito, chamado Mousos. A Enciclopédia Católica sugere que

ele se chamava Mesh, a palavra egípcia que significava "criança". A Enciclopédia nota que, embora esse termo agora seja amplamente usado entre egiptólogos, nenhuma conclusão real foi alcançada. Os nomes Mousos ou Moisés, portanto, continuam a ser aceitos. Thermuthis é conhecida por ter escolhido o nome Mousos porque a palavra egípcia para água era Mo, enquanto aquele que era salvo dela, Usos. Em sua primeira fase de desenvolvimento, o jovem Mousos teria sido criado com o entendimento de todos os costumes e protocolos que qualquer outro príncipe do Egito teria recebido. E, se ele fosse destinado a coisas mais elevadas, sua educação, talvez, teria incluído a exposição a costumes e práticas não totalmente disponíveis para outros. Filo, filósofo judeu que viveu depois de mil anos de o primeiro Templo de Jerusalém ter sido construído, sugeriu que a educação de Moisés incluiu o estudo de "aritmética, geometria, o saber do metro, ritmo e harmonia" . Esses assuntos eram ensinados pelos adeptos egípcios, membros dos mais altos níveis do sacerdócio. Além disso, Moisés aprendeu as línguas das nações fronteiriças e a ciência da Caldeia dos corpos celestes, que atualmente chamamos de Astronomia. A isso acrescentou-se a Astrologia, uma habilidade altamente respeitada entre os sacerdotes do Egito. A Astrologia era o processo de prever onde o Sol, a Lua e certas estrelas e planetas estariam em determinados dias e horas. A partir dos resultados astrológicos, influências favoráveis ou desfavoráveis poderiam ser previstas. É dessa ciência que temos as previsões astrológicas atuais, que vemos regularmente

em jornais e revistas. Embora algumas pessoas possam zombar do conceito da Astrologia, devemos lembrar que ela permaneceu a ciência dominante em relação aos movimentos planetários até os séculos XVIII e XIX, quando a ciência mais especializada, Astronomia, passou à frente. Aos caldeus também se atribui a determinação dos 12 segmentos ou os signos do zodíaco, junto com o entendimento do processo de rotação e movimentação da Terra, conhecido como precessão. O que há de interesse particular nos comentários de Filo, porém, é que Moisés aparentemente aprendeu os conceitos daquilo que nos séculos XVIII, XIX e XX ficou conhecido como as Ciências e Artes Liberais. Filo também indica que Moisés recebeu dos sacerdotes do Egito o completo entendimento dos "símbolos mostrados nas inscrições sagradas". Isso sugere que existia um segredo de sabedoria que era transmitido pelas escrituras, uma forma de alegoria, cujo significado ficaria totalmente obscuro e ignorado para aqueles que não tinham conhecimentos relevantes; mas o significado ou a interpretação seriam claros para aqueles que fossem iniciados no entendimento da mensagem contida no simbolismo. Esses símbolos exibidos nas inscrições sagradas, e o outro conhecimento que foi transmitido a Moisés, parecem ter sido de bom efeito. Mais tarde, parece que ele incorporou esse conhecimento aos rituais religiosos que desenvolveu quando os israelitas estavam vagando pelo deserto, construindo o Tabernáculo. Isso é explicado no livro Antiquities of the Jews, de Josephus:

Considere os panos do Tabernáculo, e observe as indumentárias do alto sacerdote, e daqueles vasos que fazemos uso em nossa ministração sagrada(...) ele descobrirá que cada um deles foi feito no modo de imitação e representação do universo. Quando ele [Moisés] ordenou que 12 pães fossem colocados na mesa, ele denotou o ano, pois distinguia o mesmo em tantos meses. Ao ramificar o candelabro em sete partes, ele [Moisés] secretamente anunciou as Decani, ou 70 divisões dos planetas; e quanto às sete lâmpadas nos castiçais, elas se referem ao curso dos planetas, dos quais esse é o número. Os véus, também, que foram compostos de quatro coisas, declaravam os quatro elementos:... Terra... Ar... Água... Fogo. Sendo como o raio em suas romãs [relâmpago], e o barulho dos sinos parecendo trovão Cada uma das sardônicas [ônix na qual camadas brancas alternam com sárdios; cornalinas amarelas e laranjas consideradas pedras preciosas] declara para nós o Sol e a Lua; aquelas, digo, que estivavam na natureza dos botões nos ombros dos mais altos sacerdotes. E para as 12 pedras,(...) entendemos o mesmo número dos signos daquele círculo que os gregos chamam de Zodíaco, não devemos nos enganar no significado delas. (As palavras entre colchetes foram acrescentadas pelo autor.)

Josephus era cidadão romano e também judeu. Ele escreveu o que está acima há 2 mil anos. Isso sugere que ele tinha um conhecimento particular do simbolismo oculto ligado aos rituais religiosos judeus. Isso levanta uma questão interessante. Essa informação deve ter sido conhecida dos fariseus e dos saduceus, membros seniores do sacerdócio judaico, há 2 mil anos. É possível que o mesmo simbolismo tenha sido transferido para a religião cristã quando esta foi formalizada? Moisés, o General - revelação e fuga Além do conhecimento transmitido a ele sobre ciência e os mistérios da religião egípcia, o príncipe Mousos era claramente um hábil estrategista militar. Nós já sabemos que ele comandou campanhas militares contra os etíopes e foi um general muito bemsucedido. Josephus menciona uma batalha em particular em que a princesa chamada Tharbis, considerada filha do rei etíope, estava em uma cidade sitiada pelas tropas comandadas pelo príncipe Mousos. Os etíopes não queriam sair para lutar, de modo que Mousos decidiu que seu exército deveria lutar no campo deles. A princesa Tharbis olhou por cima dos muros da cidade e notou as ações do jovem guerreiro inimigo. Os instintos naturais prevaleceram e ela se apaixonou por ele, um caso de amor à primeira vista. As hostilidades cessaram e a princesa Tharbis e o príncipe Mousos casaram-se. Os termos de paz foram então acertados, e, em seguida, o casamento foi consumado. O príncipe Mousos então voltou ao Egito, mas, infelizmente, perdemos de vista o conhecimento

a respeito do destino de sua nova esposa. Esse foi o primeiro casamento registrado do príncipe Mousos, o que implica que a princesa Tharbis foi sua primeira esposa. Ter o comando de um exército como o citado na história acima implicava que o príncipe Mousos era altamente respeitado e um líder militar competente, profundamente inserido no modo de vida egípcio, em seus mistérios e em sua sabedoria. Ao retornar de suas façanhas militares, a tradição bíblica diz que Mousos foi então informado de suas origens e criação. As pessoas podem entender a confusão mental que tal revelação causaria em alguém, especialmente em uma pessoa que ainda era relativamente jovem. Era uma pessoa que, até essa época, muito claramente deveria ter a percepção de ser mais alguém, e algo a mais, em termos de governo, administração e segurança no país. Tendo em mente o status de cativeiro da população israelita no Egito nessa época, e o severo tratamento a que eram submetidos, supõe-se que o príncipe Mousos observou um capataz egípcio administrando severo castigo a um escravo, agora alguém de seu próprio povo. Mousos interveio tentando salvar seu companheiro israelita. Aparentemente, ele ficou com tanta raiva que matou o egípcio. Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao lugar onde estavam seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus. Correu o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu na areia.

Êxodo 2,11-12 Essa ação, conta-nos o Antigo Testamento, resultou na sua fuga do Egito. Josephus, em seu livro Antiquities of Jews, apresentava uma perspectiva ligeiramente diferente desses eventos: Agora os egípcios, após terem sido preservados por Moisés, nutriam ódio por ele e estavam muito ansiosos para conspirar seus desígnios contra ele, pois suspeitavam que, se ele tivesse a ocasião, pelo seu bom sucesso, levantaria uma sedição e traria inovações ao Egito; e disseram ao rei que ele deveria ser morto. O rei também tinha intenções próprias com a mesma finalidade, e isso da mesma forma por inveja de sua gloriosa expedição à frente de seu exército, ainda que sem medo de ser abatido por ele e instigado pelos escribas sagrados, ele estava pronto para mandar matar Moisés; mas como este tomou conhecimento de todos os complôs que existiam contra ele, fugiu em segredo; e como as estradas públicas estavam vigiadas, ele empreendeu sua fuga pelos desertos e por onde seus inimigos não poderiam suspeitar que ele fosse viajar (...) O comum desses textos é dizer que Moisés escapou do Egito.

Moisés encontra refúgio e se casa pela segunda vez

No final das contas, Moisés seguiu para a Arábia e finalmente chegou à cidade de Midiã. Ali Moisés descansou perto de um poço. Um grupo de moças, filhas do sacerdote, que iam ao poço buscar água para o gado, simplesmente foram afugentadas por um grupo de rapazes. As virtudes cavalheirescas de Moisés vieram à tona e ele açoitou os rapazes, ajudando as moças. Seu prêmio foi ser aceito na comunidade de Midiã, onde se casou com Ziporá, filha do sacerdote. Ziporá, portanto, é a segunda mulher de Moisés. Parece que Moisés permaneceu em seu novo lar na Arábia durante 40 anos. O nome do sacerdote de Midiã é um pouco confuso. Em Êxodo 2,18, ele é mencionado como Reuel. Nada mais é dito a respeito do sogro de Moisés até chegar em Êxodo 4,18, quando então é introduzido Jetro. Josephus lhe dá o nome um pouco modificado de Raguel, mas nota que ele também era conhecido como Jetro. Assim, nas referências subsequentes aos nomes, o leitor deve lembrar que Jetro e Raguel são a mesma e única pessoa. Retorno de Moisés ao Egito O texto do Antigo Testamento continua. Em seu 80 o ano, Moisés voltou ao Egito. Ele começou sua jornada com Ziporá e sua família, mas afinal aconselhou-os a voltar para Midiã. Moisés enfrentou o novo faraó e pediu a liberação de seus irmãos israelitas do cativeiro. Aqui, o interessante é que Moisés, embora tivesse deixado a terra do Egito muito antes, continuava a ter algum tipo de acesso que lhe permitiu abordar o faraó diretamente. O faraó recusou liberar os israelitas e, como conseqüência,

uma série de pragas assolou o Egito. Após a décima praga, Moisés levou os israelitas, em massa, para fora do Egito, pelo deserto rumo ao Mar Vermelho. Em algum lugar, onde havia água (observar os comentários anteriores a respeito do Mar Vermelho e do Mar de Juncos [Red Sea & Reed Sea]). Moisés foi ajudado por uma miraculosa separação das águas que permitiu que eles atravessassem em segurança. O faraó e seus seguidores armados perseguiram os israelitas e estavam alcançando seus calcanhares na hora em que o faraó chegava ao mesmo ponto. O faraó e seu exército, ao tentar seguir pela passagem milagrosamente aberta no mar, pereceram quando a parede de água desabou sobre eles, embora a mesma só tenha desabado depois de todos os israelitas terem terminado a passagem (em uma nota de rodapé de Êxodo 15,4, o mar é citado de volta no termo hebreu Yam Suph, isto é, Mar de Juncos). Estima-se que o Êxodo tenha ocorrido por volta de 1.400 AEC, cerca de 480 anos antes da construção do primeiro Templo de Jerusalém. Moisés retorna ao território familiar - perto da Sarça Ardente Depois de escapar do cativeiro no Egito, os israelitas, a história nos conta, vagaram pelo deserto durante os 40 anos seguintes sob a orientação de Moisés, na expectativa de encontrar uma terra prometida, uma terra de leite e mel. Em outras palavras, uma terra que era fértil e verdejante, ao contrário da escassa vegetação do deserto. Também nos contam que os

israelitas que deixaram o Egito durante o Êxodo eram dezenas de milhares. Atualmente, estudiosos questionam se as dezenas de milhares de pessoas mencionadas no Antigo Testamento poderiam reunir-se e sair do Egito em massa, como foi sugerido. Eles postulam que devem ter sido vários pequenos grupos que deixaram o Egito em diferentes ocasiões, talvez depois de ouvirem falar a respeito da partida de um grupo inicial, conduzido por Moisés. Então, não é difícil imaginar que um pequeno grupo inicialmente conduzido por Moisés pelo Mar de Juncos tenha crescido à medida que mais e mais grupos semíticos se juntavam àquele que lhes parecia o líder mais dinâmico. Gradualmente, esses povos semíticos, que compartilhavam uma religião comum, reuniram-se em uma só área, até que finalmente os números cresceram para formar a significativa população que o Antigo Testamento registra. Existe uma variedade de guias e dicionários de estudos bíblicos que incluem mapas indicando a rota que Moisés e seu rebanho de seguidores podem ter seguido pelos desertos. O Antigo Testamento dá claras indicações de pelo menos parte dessa jornada. Êxodo 3 relata a história da Sarça Ardente: Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro [Raguel], que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o Monte de Deus. O texto entre colchetes foi acrescentado por mim.

Em Êxodo, 16,17, lemos que eles vagavam de um lugar a outro, reclamando de fome e sede. Foi então, em Êxodo 17,6, que Moisés bateu em uma rocha com seu cajado e descobriu uma fonte de água. Eu estarei à sua espera no alto da rocha do Monte Horebe. Bata na rocha e dela sairá água para o povo beber. Atualmente, o mosteiro de Santa Catarina, estabelecido pela primeira vez no século III EC, fica ao pé do Monte Sinai, ou Horebe, a montanha de Moisés. Dentro dos altos muros que cercam o mosteiro, existe uma sarça maravilhosa, uma planta que supostamente descende da Sarça Ardente, a qual rompeu das mesmas raízes da original. Uma pequena fonte também brota adjacente a ela e agora enche um poço, usado pelos monges para a retirada de água potável. Essa fonte supostamente é aquela referida em Êxodo 17. Por meio dos dois versículos anteriores, após vários capítulos, descobrimos que Moisés levou o povo a um lugar que ele conheceu quando cuidava de ovelhas. Parece altamente provável, portanto, que, com todo o murmúrio a respeito da falta de água, ele os tenha levado a um lugar que conhecia, onde possivelmente poderia existir água, uma fonte natural. Era justamente o tipo de lugar que seu sogro, Raguel, buscaria se quisesse encontrar Moisés, caso o estivesse procurando.

Raguel trouxe a ordem - e as sementes - dos Mandamentos? Tendo conduzido seu povo para longe das garras de um país e de uma administração que foram seus opressores por várias gerações, Moisés enfrentaria novas e desafiadoras dificuldades diariamente. Seu treinamento e experiência como príncipe, funcionário do governo e comandante do exército, teriam-lhe fornecido conhecimento, tenacidade, habilidade, determinação e intrepidez, qualidades exigidas do rei não coroado. É possível imaginar as dificuldades que esse homem carismático, apesar de idoso, deve ter encontrado ao tentar exercer autoridade sobre a multidão que se reunia em torno dele. Além disso, como escravos do Egito, é bem provável que comida e bebida fossem levadas, ou racionadas, para eles. A auto-suficiência era uma nova lição que precisavam aprender. Isso fica adequadamente demonstrado em Êxodo 16, onde há muitas lamentações a respeito da quantidade e da qualidade da comida que eles tinham no deserto em comparação com as panelas de carne no Egito. Porém, Moisés educou-os das várias maneiras que precisavam para sobreviver no terreno do deserto. Então foi essa palavra de bravura de Moisés e o Êxodo do Egito que chegaram a seu sogro em Midiã. Raguel foi ao deserto encontrar seu genro, levando Ziporá, a mulher de Moisés, e seus dois filhos. Ao que parece, Raguel ficou muito impressionado. Porém, notou que Moisés tomava todas as decisões e resolvia todas as disputas. Raguel mostrou isso ao genro, observando que, se não fizesse nada a respeito da situação, ele

correria o perigo de assumir muito mais tarefas do que poderia dar conta, e o esforço de tentar controlar tudo acabaria matando-o. Na melhor tradição administrativa, Raguel recomendou-lhe que delegasse responsabilidades e tratasse apenas dos assuntos importantes. Isso também permitiria liberar tempo para lidar com algumas outras questões que eles haveriam de enfrentar, como avaliar a situação e planejar algum avanço. Moisés reconheceu as observações de seu genro, implementando-as. Moisés aceitou o conselho do sogro e fez tudo como ele tinha sugerido. Êxodo 18,24 Só podemos especular que Raguel ajudou Moisés, pois foi somente depois que uma estrutura de administração adequada e de justiça e autoridades delegadas foram implantadas que Raguel voltou para casa. E isso nos leva aos Dez Mandamentos. Moisés havia reunido considerável comunidade ao seu redor. Seguindo as sugestões de Raguel, implantou um sistema de autoridade, administração e justiça. Mas a mesma continuava uma comunidade sem leis contra as quais a justiça pudesse ser administrada. Ao ler os Mandamentos, alguém só pode concluir que eles são um conjunto de regras pelas quais uma sociedade adequadamente ordenada poderia governar a si mesma; pelas quais o povo soubesse o que se esperava dele; pelas quais os relacionamentos de uma pessoa com outra pudessem ser estabelecidos. Esse grupo de pessoas buscava uma identidade, precisava

ser moldado como um grupo coeso e finalmente como uma nação. Raguel era um sacerdote. Moisés era um guerreiro. Alguém pode imaginar as conversas que Raguel teve com Moisés durante o encontro deles no deserto, quando Raguel instigou em seu genro a necessidade de desenvolver e adotar um conjunto de regras pela qual a multidão podia ser governada, tanto naquela época como no futuro. Além disso, é possível imaginar que Moisés precisou se isolar, para pensar a respeito do que estava diante dele e da massa de pessoas pelas quais era responsável. Ele precisou de tempo e espaço para estabelecer as leis e os processos pelos quais esse povo deveria ser governado. E não havia melhor lugar para fazer isso senão no Monte Sinai. Podemos ainda imaginar que Raguel instilou em Moisés a necessidade de garantir que, a partir do momento em que ele divulgasse aquilo que se tornou os Mandamentos, eles tivessem credibilidade aos olhos da multidão. Apenas sentar e fazer algumas marcas em um papiro não ajudaria nesse sentido. A melhor maneira de criar impacto e credibilidade seria se essas leis viessem diretamente das mãos da própria divindade - Yahweh. Fazer algo assim em um só dia, ou da noite para o dia, no meio da multidão reunida, e dizer que veio da divindade, não teria credibilidade. Mas no topo da montanha, bem perto do céu, no domínio da divindade, seria algo muito diferente. E, com um intervalo de tempo adequado entre a subida da montanha e a entrega do resultado, então o processo por inteiro atingiria um status elevado. Durante a subida ao Monte Sinai, Moisés providenciou para não ser perturbado, fazendo com que seu irmão

Aarão o seguisse parte do caminho e, depois, parasse para ele ficar sozinho. Como Graham Hancock indica em seu livro The Sign and the Seal [O Sinal e o Selo], Moisés, então, sabia o que estava tramando. Moisés foi a única fonte de informação a respeito do que aconteceu no monte durante o tempo em que permaneceu ali. Ninguém mais estava lá para dar apoio ou verificar os eventos. Moisés poderia ter feito exatamente o que quisesse, depois poderia ter contado de qualquer maneira as coisas que aconteceram com ele, pois era a única palavra e registro dos eventos. Não havia melhor maneira de introduzir o conceito de uma divindade viva e zelosa como fonte de autoridade para proclamar as regras, as leis e os rituais necessários para moldar uma plebe desunida e indisciplinada em um grupo coeso, que formaria a base de uma nova nação. Afinal, ele tinha um precedente a se referir: Hórus, o deus fundador do Egito, que ele reverenciou e entendeu como a base e a origem das regras, das leis e das tradições nas quais aquele país foi fundado. Estaria Moisés tentando recriar uma fundação semelhante? Em vez de produzir os Mandamentos em papiro, ele os esculpiu em pedra. Seria lógico Moisés escolher algo mais permanente para a inscrição, exatamente como ele havia visto no Egito: o registro de eventos importantes ficava gravado em relevo nas pedras das paredes e colunas do templo. Esculpir o texto cuidadosamente em pedra levava tempo. É interessante observar que, após a dramática produção dos Mandamentos por Moisés, a estrutura social, o Tabernáculo e seus utensílios, a Arca, as vestes sacerdotais e os rituais religiosos, tudo acabou

acontecendo do modo como está registrado nos livros de Êxodo e Levítico. Acho que os comentários a seguir não vão agradar a todos os meus leitores. Porém, após vários anos de leitura e considerando as várias questões envolvidas, cheguei à conclusão de que, no Monte Sinai, Moisés baseou-se em sua educação, na experiência como príncipe e general do Egito e no conselho sacerdotal que recebeu de seu sogro. Ele gastou seu tempo compilando um plano de ação detalhado, que reuniu a base da defesa, do governo e da crença religiosa. Onde sua educação anterior condicionou seu entendimento, ele incorporou os princípios da sabedoria antiga da maneira como lhe ensinaram. Por essa razão, achamos que ele inculcou a mesma no desenho da Arca, nas vestes e nos rituais dos sacerdotes, como destaca Josephus. E essa sabedoria antiga foi então transmitida para as gerações posteriores até vir à tona posteriormente no Templo de Salomão. Finalmente, Moisés conduziu seu povo para a área que conhecemos como Palestina e, embora tenha visto a terra de seus sucessores, jamais colocou os pés nela, morrendo nesse importante momento da história. Com base nas citações bíblicas, Moisés (ou Mousos) tinha 120 anos quando morreu. Os israelitas não caminharam simplesmente para uma área aberta de terra que reclamavam como sua propriedade, mas precisaram retirar à força os outros que já viviam ali. Um a um, eles conquistaram seus assim chamados inimigos, apossando-se de suas terras, de modo que na época de Salomão suas pretensões territoriais se estendiam do Rio Eufrates ao

Mar Mediterrâneo. Nunca é demais lembrar que tudo começou com Moisés. Cerca de 1.500 anos depois do Êxodo, o Livro de Atos no Novo Testamento registrava: Moisés foi educado com toda a sabedoria dos egípcios e veio a ser poderoso em palavras e obras. Atos 7,22 Moisés. Grande homem! Quem quer que tenha sido... A Arca da Aliança Depois de entregar os Mandamentos, Moisés deu instruções para a construção da Arca da Aliança, cujo desenho, o Antigo Testamento registra, também foi transmitido a Moisés por Yahweh no Monte Sinai. A Arca da Aliança é um atributo importante do primeiro Templo de Jerusalém. De fato, somos informados de que o Templo foi especificamente desenhado para oferecer uma morada permanente para a Arca. Isso implica que existia algo especial a respeito dela, no mínimo como peça central da nação. A palavra Arca aparentemente deriva das palavras em hebreu Aron Kodesh, que podem ser traduzidas como gabinete sagrado. O conceito da Arca provavelmente não era novo para Moisés. O mesmo tipo de dispositivo, quer dizer, uma caixa ornamentada carregada em varais, era um item absolutamente trivial usado no Egito pelo faraó. Com relação a isso, então, Moisés estava seguindo uma idéia já vista durante sua ligação com a casa real do

Egito, que ele uma vez havia desfrutado, sendo educado como príncipe. A Arca foi descrita como uma estranha geringonça. Tão estranha, de fato, que ela e seu uso têm sido assunto de considerável especulação. Entre as teorias mais extremas, existe a idéia de que esse dispositivo servia para comunicação com nossos antepassados alienígenas, que ficavam sentados no espaço observando o desenvolvimento das espécies que eles criaram e enviando mensagens por intermédio de querubins localizados no Trono de Misericórdia (Note que na versão King James do Antigo Testamento isso também é chamado de Trono de Misericórdia. Porém, a mesma é a tampa [o propiciatório], usando a tradução moderna refletida na Nova Versão Internacional.) Mais uma vez, apesar da especulação, a conclusão é que durante o período após o Êxodo, e até a construção do Templo, a Arca representava o objeto da mais alta veneração dos utensílios religiosos. Lá dentro foram depositados em vários intervalos de tempo: Primeiro, as tábuas contendo os Mandamentos; Segundo, a vara de Aarão que começava a crescer quando colocada no chão; E terceiro, o vaso do Maná. Depois de depositadas na Arca, parece que as importantes tábuas contendo os Mandamentos não viram a luz do dia novamente. De modo interessante, 1 Reis 8,9 nos conta que, após a Arca ter sido levada para o Templo de Jerusalém, os únicos itens nela eram as tábuas de pedra. Isso levanta uma questão

intrigante: o que aconteceu com a vara de Aarão e o vaso do Maná? A Arca foi então recoberta com ouro puro, tanto por dentro como por fora, e decorada com modelagem de ouro. Duas argolas de ouro depois foram acrescentadas de cada lado, provavelmente nos cantos ou perto para ajudar na estabilidade durante o transporte, quatro argolas ao todo. Duas varas de madeira acácia, também recobertas de ouro, foram inseridas nas argolas com a instrução de que elas jamais poderiam ser retiradas das argolas. O comprimento dos varais era de cerca de 20 côvados. A caixa foi acrescentado então o Trono de Misericórdia ou Assento de Misericórdia. Recoberta com ouro puro, essa peça tinha dois querubins, um de frente para o outro, em cima dela. É óbvio que o Trono de Misericórdia servia como tampa para selar a caixa, que de outra maneira ficaria aberta. A quantidade de ouro usada em sua fabricação determinava que o peso dessa tampa ornamental deveria ser considerável, essencial para manter a tampa no local enquanto a Arca estivesse sendo carregada. Ela oscilaria e balançaria com o movimento desse transporte, caso passasse por terreno acidentado. Qualquer pessoa com entendimento básico dos princípios de engenharia mecânica rapidamente perceberá que os longos varais usados para carregar a Arca eram importantes para distribuir o peso e para reduzir a carga que cada transportador teria sobre o ombro. Os querubins dariam ao objeto acabado uma aparência artística e distinta que criaria a aura de alguma coisa especial. Em duas ocasiões separadas, em dois anos consecutivos, tive a oportunidade de visitar o Egito e

ver muitas maravilhas do reino antigo a respeito das quais eu havia lido durante minha pesquisa: as pirâmides, o Templo de Karnak em Luxor, o Vale dos Reis, o impressionante Museu do Cairo, a coluna quebrada de Assuã (Sirene) e Abu Simbel. Muitos livros que li faziam referência a artefatos que podem ser vistos em exposição no Museu do Cairo; então foi com um certo desejo ardente que eu estava ansioso para vê-los por conta própria. Entre os muitos itens de joalheria, por exemplo, existem peças extraordinárias que qualquer artesão moderno ficaria orgulhoso em assinar. O fato de terem sido feitos há 4.500 anos, era ainda mais impressionante. Fiquei particularmente admirado com uma cama de acampamento dobrável, com 4 mil anos de idade, usada em expedições de caça, que demonstrava notável uso de dobradiças. Mas eu e minha família ficamos especialmente entusiasmados com uma exposição de artefatos removidos da tumba de Tutankhamon. O uso do ouro para fins decorativos era evidente em quase todos os objetos expostos. Não pude deixar de notar que havia opulento uso de ouro em quase todos os objetos funerários reais expostos. Nesse sentido, o fato de Moisés revestir a Arca com ouro por dentro e por fora, mais uma vez, nada mais era do que aquilo que ele havia experimentado em sua associação com a elite dominante no Egito. Havia um grande sarcófago, feito de vários sarcófagos, onde um se encaixava no outro. Parecia aquele tipo de boneca russa na qual múltiplas bonecas se encaixam umas nas outras, cada uma menor que a anterior. Tanto por dentro como por fora, cada camada do sarcófago era revestida com ouro, assim como era o acabamento da Arca. Não pude

deixar de comentar que os faraós usavam o ouro como atualmente usamos potes de tinta. Existia uma característica nos sarcófagos que eu estava particularmente ansioso para ver. Cerca de dois anos antes de minha visita ao Museu do Cairo, li o livro The Sign and the Seal, de Graham Hancock. É a narrativa de sua busca da Arca da Aliança e de uma tradição que sugere que ela foi levada para a Etiópia, onde supostamente permanece até hoje. Hancock observou não só o mesmo uso do ouro no efeito decorativo dos sarcófagos como eu vi, mas também que nas portas e nas paredes traseiras de cada sarcófago existiam imagens de guardiãs femininas aladas, com "suas asas abertas para cima", uma de frente para a outra, exatamente como os querubins do Trono de Misericórdia foram modelados. Talvez esta seja mais uma evidência da tradição e da influência egípcia que Moisés carregava quando desenvolveu a base da cultura que os israelitas estavam criando. A Arca, então, era um objeto altamente venerado. Mas, como nos contaram, tinha outro atributo. Acreditava-se que ela tivesse desenvolvido poderes místicos e perceptivos. Usados de maneira discriminatória, esses poderes tinham força suficiente para matar aqueles que se aproximassem ou a tocassem sem autorização, ou que estivessem envolvidos em atos desagradáveis. É interessante observar que, com algumas poucas exceções, que podem ser explicadas de outra maneira, o poder da Arca ferir as pessoas parece que só era possível na presença de Moisés. Ao que parece, a Arca era tão venerada que foi até mesmo carregada para uma batalha como um tipo de mascote de proteção. Em uma primeira fase, para decepção dos

israelitas, ela foi capturada pelos filisteus, que depois a devolveram quando começaram a experimentar a magia cruel do dispositivo. A Arca, pelo que foi sugerido, era uma ferramenta que Moisés usava periodicamente para garantir a adesão à sua liderança e aos valores que ele defendia por meio dos Mandamentos escritos nas tábuas, e para criar um clima de temor e respeito. Alguém poderia entender que as vítimas da Arca eram usadas como exemplo no controle das ações de seus seguidores. Essa mesma estratégia de controle foi usada na Primeira Guerra Mundial pelos generais britânicos. Os registros mostram que alguns homens, fuzilados ao amanhecer por suposta covardia, infração de regras do exército ou de ordens durante o enfrentamento com o inimigo, não eram citados na audiência da Corte Marcial por terem cometido alguma falta disciplinar grave, mas porque eram "usados como exemplo". Eram fuzilados por um esquadrão de seus próprios compatriotas no esforço de gerar medo nas tropas para mantê-las na linha. Porém havia ainda algo mais a respeito da Arca do que aquilo que ficava imediatamente óbvio. A Arca - um dispositivo astucioso? O Templo de Salomão, como nos contaram, foi construído para abrigar a Arca da Aliança. Bezalel e Oolibá, apontados por Moisés como os construtores da Arca, eram mestres artesãos "astuciosos". No texto relacionado à Arca temos exemplos mais completos de mudanças no texto e suas implicações. Como exemplo, vamos nos referir a Êxodo 35, onde os detalhes da construção estão

registrados. Quase no final do capítulo, somos apresentados a Bezalel e Oolibá, dois artesãos altamente habilidosos que, além de realizar a construção, ensinavam outras pessoas. O texto diz: Encheu-os de habilidade(...) toda obra de mestre, até a mais engenhosa(...) sim, toda sorte de obra Êxodo 35,35 Versão King James A todos esses deu capacidade para realizar todo tipo de obra como artesãos(...) Eram capazes de projetar e executar qualquer trabalho artesanal. Êxodo 35,35 Nova Versão Internacional A impressão que alguém pode ter do texto King James é de um grupo de indivíduos que, por força da astúcia, realizava obras de maneira talvez um pouco dissimulada, talvez sem toda a integridade que poderíamos esperar. O dicionário de Oxford define a palavra "astucioso" como: habilitado em iludir; esperto; engenhoso. O que então poderia existir nessa caixa de madeira incrustada de ouro que exigiria astúcia ou esperteza? Vamos falar disso no devido momento. No segundo texto, mais recente, da Nova Versão Internacional, os construtores da Arca recebem alguma respeitabilidade por serem mestres artesãos. Na verdade, ambos versículos tratam do mesmo ponto. Imagine pessoas que você conhece, que precisam construir uma parede de tijolos, pretendem fazer isso, mas não é a profissão habitual deles. Talvez eles

consultem alguns textos de livros técnicos sobre o assunto e então comecem a tarefa exatamente como os especialistas sugerem. Um pedreiro treinado, por outro lado, aparentemente deve usar alguns atalhos em comparação com a opinião especializada. Alguém pode achar esses atalhos astuciosos. O pedreiro, porém, pode apenas estar implementando alguns truques da profissão aprendidos com os anos de experiência. Assim, no caso do texto de Êxodo 35,35 em ambas versões, a mesma coisa está sendo dita: Bezalel e Oolibá eram mestres artesãos bem equipados, com conhecimento e entendimento dos truques da profissão. Mas parece que os truques da profissão deles se estendiam além dos métodos de construção. Eles incluíam conhecimentos dos mistérios antigos. Na apresentação da Arca, o dogma religioso, as explicações e as ilustrações desenhadas para apoiar várias histórias do Antigo Testamento criaram a impressão de que se tratava de um ornamento altamente sofisticado, incrustado de ouro, acabado em um assento com anjos parecidos com querubins na tampa; de que esse ornamento tinha um poder secreto, um poder que algumas pessoas descreveram como semelhante ao de um gerador nuclear, um poder tão apavorante que poderia por si só derrotar os inimigos dos israelitas. A realidade é que essa Arca era uma caixa de madeira relativamente pequena, com 1,5 côvado de lado e 2,5 côvados de comprimento. Para se ter uma idéia do tamanho, estique ambos os braços para os lados. Agora levante um braço até o nível de seu ombro. Da axila até o final do braço esticado, pontas dos dedos, a distância é de cerca de

1,5 côvado. Do corpo até a ponta do braço esticado, pontas dos dedos, a distância é de cerca de 2,5 côvados.

Essas dimensões parecem que foram escolhidas deliberadamente e têm ligações com a geometria sagrada, a Proporção Divina, os números sagrados e o valor de Fi. 1,5/2,5 = 0,6 o valor de Fi aceito 2,5/1,5 = 1,6 novamente Fi Se agora pegamos as pontas dos lados: 1,5 + 1,5 + 1,5 + 1,5 = 6, um número altamente respeitado que significa harmonia. As escrituras também dizem que os céus e o mundo foram criados em seis dias. Na caixa, existem duas pontas, e assim: 6 x 2 = 12, o número de meses do ano e das constelações que constituem o zodíaco. Então existem as duas pontas da caixa multiplicadas pelo comprimento. 12 x 2,5 = 30, que se relaciona com as fases da Lua. As datas dos festivais religiosos eram ditadas pelo calendário lunar, e algumas, como a Páscoa, continuam a ser. E há mais ainda. O comprimento total dos lados das duas pontas dividido pelo comprimento de um lado da ponta:

12 - 1,5 = 8, que reflete o cubo sagrado. É claro, uma linha diagonal desenhada entre dois cantos das pontas dos lados vai dar um ângulo de 45 graus, enquanto a linha diagonal desenhada pela face do comprimento vai dar ângulos muito próximos de 30 graus e 60 graus. Ao adicionar em conjunto os quatro cantos que formam o comprimento, temos: 2,5 x 4 = 10; desconsiderando o zero, temos 1, a unidade, o símbolo da divindade. Pegando o comprimento do perímetro de uma ponta e multiplicando-o pelo comprimento dos lados, temos: (1,5 x 4) x 2,5 = 15, a rotação tubular em graus da terra em 1/24 avos de um dia, o que hoje chamamos de uma hora. Por causa de seu relacionamento com valor de Fi, 1,6, a área do lado do comprimento da caixa é uma representação visual da Proporção Divina conforme expressa como a razão de cada uma das pontas. É intrigante notar que Bezalel e Oolibá, esses mestres artesãos astuciosos, tivessem a "habilidade de ensinar os outros". Daí surge a perspectiva de que aquilo que eles estavam ensinando não seria apenas a habilidade da montagem de peças de madeira em uma caixa, mas os segredos dos mistérios antigos, os segredos da sabedoria antiga como isso era então percebido. E talvez isso não seja surpreendente para nós quando lembrarmos que o mestre deles era Moisés. Como príncipe do Egito, ele teria aprendido esses mesmos mistérios, essa mesma sabedoria. A partir dos comentários de Filo a respeito da educação de Moisés, e tendo ele aprendido a

linguagem das nações fronteiriças e a ciência da Caldeia dos corpos celestes, temos a indicação de que Moisés possuiu exatamente o tipo de sabedoria antiga que permitiria a construção da Arca para refletir os princípios geométricos que ela parece exibir. Moisés. Grande homem! Quem quer que tenha sido... Cerca de 500 anos depois de a Arca ser projetada e construída por Bezalel e Oolibá, o primeiro Templo de Jerusalém foi edificado. Na consagração do Templo, a Arca foi levada para dentro dele e lá instalada. Depois disso, ela não desempenhou mais nenhum papel na história dos israelitas. A Arca e a Rainha de Sabá Exatamente o que aconteceu com a Arca é um mistério da história. Alguns sugerem que ela foi escondida em uma caverna perto de Jerusalém. Outros sugerem que foi escondida em uma câmara escavada na rocha do Monte Moriá sob o Templo e redescoberta 2 mil anos depois pelos Cavaleiros Templários. Outra sugestão é que ela se encontra atualmente na Etiópia. A história diz que a rainha de Sabá visitou o rei Salomão para aprender mais a respeito de sua sabedoria e para ver o Templo. Durante a estadia dela em Jerusalém, um grande caso de amor aconteceu entre eles. Quando a rainha de Sabá voltou para a Etiópia, ela deu à luz uma criança, filho de Salomão, chamado Menelik. O filho de Salomão foi criado por sua mãe na Etiópia, mas, depois, perto da idade adulta, visitou seu pai em Jerusalém. No final dessa visita, Menelik supostamente voltou para a Etiópia,

levando a Arca da Aliança com ele. Considera-se que esse suposto roubo da Arca foi instigado por Azarius, filho do sumo sacerdote de Israel. A tradição também diz que a Arca permanece em Axum, a antiga capital da Etiópia, até os dias atuais. O Tabernáculo A Arca da Aliança, com seu simbolismo oculto de sabedoria antiga, ficava instalada em uma tenda conhecida como o Tabernáculo. Existem consideráveis detalhes a respeito do Tabernáculo em Êxodo, e a partir desses detalhes podemos identificar certas características. A primeira é a orientação. O Tabernáculo ficava na linha leste-oeste. Podemos deduzir isso em virtude de Êxodo 40, 22-24: Moisés colocou a mesa na Tenda do Encontro, no lado norte do Tabernáculo... Pôs o candelabro na Tenda do Encontro, em frente da mesa, no lado sul do tabernáculo... Essas duas referências parecem indicar que a tenda era montada para corresponder aos quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. Essa orientação significaria claramente que a primeira luz do dia, a luz do Sol, penetraria o comprimento do Tabernáculo, provavelmente alcançando a Arca, na única hora que fazia isso todo dia. Êxodo 38,13 afirma: O lado oriental, que dá para o nascente...

Consequentemente, o Sol se levantaria mais alto no céu e depois se moveria em volta para o sul e o oeste. A parte interna e a Arca ficariam protegidas da luz direta do Sol. O texto nos diz que uma cortina ficava colocada na entrada da frente do Tabernáculo. Ela talvez não fosse feita do material de cortina grosso e pesado que conhecemos em nossas casas, no mundo ocidental, mas de algum material do tipo de uma musselina, possivelmente translúcido, usado como véu. Traduções modernas referem-se a linho. Além da orientação, percebemos que apareciam séries de números- chave: 11/2 ou 1,5, 4, 5, 6, 8, 10, 11, 16, 20, 28, 30 e 50. Tendo em mente aquilo que já descobrimos na Arca, e a aparente familiaridade de Moisés com a sabedoria antiga, esses números poderiam conter algum simbolismo oculto. O número 30 é o número de dias em um mês lunar. Os ciclos da Lua eram, e em algumas instâncias continuam sendo, a base do calendário religioso. A Lua tem um ciclo de 271/2 dias desde o primeiro aparecimento como Lua Nova até o desaparecimento. Então, ela desaparece em 28 dias. Assim, existe um período de dois dias quando fica na escuridão antes de reaparecer novamente. O ciclo total da lua demora 291/2 dias, completado no 30o dia; 28 + 11/2 = 291/2, ou no 30o dia. Então poderia ser que esses números, 11/2, 28 e 30, todos se relacionassem com o ciclo da Lua e o estabelecimento do calendário religioso. O número quatro provavelmente se relaciona com os quatro elementos - Terra, Fogo, Ar e Água - ou com as estações, como foi denotado antes por Josephus. Desprezando os zeros de 10 e 20, temos um para a unidade, a divindade, e dois para o equilíbrio, a

dualidade, o Céu e a Terra; cinco para o pentagrama como símbolo de boa sorte; seis para o processo de criação que levou seis dias segundo as escrituras; e oito para o símbolo do cubo sagrado. Esses critérios representam muita coincidência. Quando vamos para o pátio, encontramos outro conjunto de números: 100, 50, 30, 20, 15, 3, 4 Dessa vez parece haver outro fator oculto. Nós já sabemos que o pátio em torno da tenda tem dimensões de cem côvados ao longo das bordas norte e sul, e 50 nas partes leste e oeste. Nós já sabemos que existiam 20 estacas de apoio marcando os limites dos lados mais compridos, por isso dez além dos lados mais curtos. Com o comprimento de cem côvados e 20 estacas para suportar as cortinas, isso significa que as cortinas tinham cinco côvados de comprimento cada uma. Também significa que havia um total de 60 estacas. Assim, temos: 60 estacas, para suportar as cortinas 5 côvados de comprimento, em torno de um perímetro que é de 300 côvados de comprimento = 365 = dias de um ano solar Também existe uma conexão entre 20, 4 e 15. A Terra gira 15 graus em torno de seu eixo naquilo que atualmente chamamos de hora, e 24 divisões de 15 graus = 360 graus, uma rotação completa. Esse tipo de revelação é difícil de descartar como sendo mera coincidência, especialmente quando considerada contra a possível referência aos ciclos lunares acima.

O Monte Sinai - a Montanha de Moisés Tínhamos agüentado dirigir três horas pelo deserto, altas horas da noite adentro. Sacudidos por estradas esburacadas e cobertas de areia, estávamos cansados, mas cheios de animação e esperança. O perfil do velho mosteiro era claramente perceptível à luz da Lua quando chegamos nas primeiras horas da manhã. Nem som nem luz vinham lá de dentro. A suave brancura da luz emitida pela Lua dava ao prédio uma aura de fria tranqüilidade, como se ele estivesse abandonado. Sabíamos que continuava habitado como sempre, desde o século III, quando foi fundado. Era uma noite maravilhosamente limpa. A Lua estava alta no céu, apenas dois dias depois de ficar cheia. A luz branca refletida nas areias do deserto ao nosso redor criava uma fraca luminescência de fundo. Na retaguarda do mosteiro havia a sombra escura da montanha, com a silhueta de seu topo recortada no céu. De algum lugar no vale, escondido atrás de um afloramento de rochas, ouvia-se o som de camelos blaterando e as vozes de pastores incitando seus animais de carga. Nosso guia sugeriu que podíamos ir em um camelo ou caminhar até a montanha. Cheio de valentia, escolhi caminhar. Minha mulher, que tinha muito mais consciência de seus limites do que eu, resolveu ir de camelo. E assim partimos para nossa jornada de três horas rumo ao topo. O chão sob os pés era poeirento, irregular e desalinhado. A subida logo deixou de ter a

inclinação suave ao longo do vale para se tornar cada vez mais íngreme à medida que seguíamos para a montanha. A mochila nas minhas costas, que continha apenas um par de garrafas de água e jamais havia incomodado, tornava-se definitivamente pesada, embora fosse leve um pouco antes. Após os primeiros 20 minutos de subida, minhas pernas começaram a doer, minha respiração ficou mais pesada e percebi quanto estava fora de forma! Deixei a valentia de lado e também montei em um camelo para ser carregado, com imponente majestade, montanha acima. Os camelos avançavam a passo firme, com movimentos constantes, impelidos pelos pastores que caminhavam atrás gritando eventuais instruções que só os camelos entendiam. Admirei a resistência e o preparo físico dos pastores de camelos. A despreocupada jornada de camelo ofereceu-me a chance de contemplar o céu à noite. O brilho da Lua obscurecia a maioria das estrelas, mas as que podiam ser vistas tinham uma claridade que era admirável. Vivendo em uma sociedade industrial do Ocidente, com luzes nas ruas, grupos de torres de prédios e sinais de neon piscando, as pessoas raramente veem esse cenário natural da abóbada celeste no céu à noite. A minha satisfação era imensa de saber que estava vendo a abóbada celeste como incontáveis gerações de tribos de beduínos testemunharam desde os primórdios da Antigüidade. Às vezes, o caminho por onde nossos camelos marchavam parecia pender precariamente do lado da montanha. Um tropeço poderia levar a uma longa queda até o fundo do vale lá embaixo. Afastei essa

perspectiva dos meus pensamentos, desfrutando por completo a experiência em que havíamos embarcado. A Lua iluminava as laterais da montanha, mostrando que era um precipício desprovido de vegetação. Os lados eram cobertos com xisto solto, do tipo que você podia colocar de pé, escorregar e depois rolar ladeira abaixo. Estávamos subindo pela rota de uma trilha cuidadosamente escolhida, cujo caminho serpenteava montanha acima. Eu admirava o homem de 80 anos, milhares de anos antes, que subiu a mesma montanha, provavelmente no calor do dia, carregando a comida e a água que necessitava, e sem a vantagem dessa rota. Não pude deixar de pensar que ele era louco só de tentar fazer isso. O ar da noite ficara, ao longo do fundo do vale, quieto e quente, com um doce perfume vindo da vegetação que crescia perto do mosteiro. À medida que subíamos, o ar da noite ficava gelado. Havia um leve movimento no ar; o pó, chutado pelo lento e metódico caminhar dos camelos, esvoaçava e penetrava em nossas narinas. Cerca de duas horas depois de deixarmos o fundo do vale, o camelo que liderava de repente virou à esquerda rumo a um cercado plano, com muros de pedra, e os demais de nossa turma o seguiram. Sabendo exatamente o que se esperava deles, os camelos agacharam-se como uma instrução para descermos. Nosso guia nos informou que esse era o ponto mais distante que os camelos podiam chegar. Dali em diante, o resto da subida, demorava cerca de mais uma hora, tendo de ser feita a pé. Isso significou subir quase 700 degraus de pedra, preparados mil anos

antes, pelos monges ligados ao mosteiro. Não eram degraus do tipo que encontramos em modernos prédios ocidentais, projetados e construídos de acordo com padrões de construção cuidadosamente elaborados, com largura, altura e profundidade regulados. Aqueles eram degraus de alturas que variavam da largura da mão à altura do joelho, feitos de peças de pedras depositadas umas sobre as outras. Eram blocos arredondados encaixados na posição por peças de pedras menores. Cada degrau era torto e irregular. Não era uma subida fácil. Eu subia uns 30 degraus de uma vez e então desabava ofegante sobre a pedra em frente, buscando recuperar o fôlego e descansar as pernas antes de castigá-las novamente. Meu único consolo é que eu não era o único. Os outros membros da nossa turma estavam sofrendo a mesma tortura. Finalmente, chegamos ao último degrau. Tínhamos conseguido. Estávamos no topo. Achei uma laje pedregosa e sentei, feliz pelo sucesso de chegar ali, embora com o sentimento de exaustão. O suor quente que me ensopou durante a escalada agora ficara gelado com o ar da manhã que nos picava com rajadas repentinas. A Lua continuava a lançar sua aura brilhante sobre nós. A nossa turma não era a única na montanha naquela manhã. Lá deveria ter uma centena de pessoas no total e a variedade dos idiomas indicava os mais distantes lugares do globo, apenas para estar lá, como nós, para testemunhar o mesmo espetáculo antigo: o nascer do Sol no deserto. Nossa escalada foi bem cronometrada. Não precisamos esperar muito antes do primeiro raio de Sol aparecer no horizonte oriental, além da distante cadeia

de montanhas. O raio gradualmente se tornou um feixe de luz que se alargava em poucos segundos, pressionando a escuridão da noite de volta contra o horizonte ocidental. Então, em um piscar de olhos, uma fina linha vermelho-sangue apareceu no horizonte. Houve um animado tagarelar entre as pessoas reunidas no topo da montanha, um tagarelar de ansiosa esperança e dos sons dos botões das dúzias de câmeras ansiosas para registrar o evento. A cada piscar de olhos, a fina linha vermelho-sangue dava passagem para uma bola de fogo que emergia progressivamente e, à medida que clareava calmamente o topo das montanhas distantes, havia uma alegria espontânea na multidão reunida na montanha. Era para isso que todos viemos. Para testemunhar isso, todos havíamos feito a exaustiva escalada. Era o grande espetáculo da natureza, a alvorada e o nascer do Sol. Um novo dia no ciclo da vida estava começando. Toda experiência estava gravada em minha memória para ser revivida várias e várias vezes. Aquele era o deserto do Sinai. Aquele era o Monte Sinai, a Montanha de Moisés. Aquilo era o que Moisés devia ter visto ao romper do dia durante seus dias na montanha há 3.500 anos. E abaixo de nós estava o Mosteiro de Santa Catarina, denotado como o lugar da Sarça Ardente e da torrente que Moisés liberou ao tocar a pedra com sua vara. Conclusão Parece claro que quem quer que Moisés/Mousos tenha sido, como príncipe egípcio, ele foi educado no

conhecimento e na sabedoria antiga, retidos pelos sacerdotes do Egito. Esse conhecimento incluía informações a respeito do mundo natural, do macrocosmo, inclusive dos céus, do Sol e da Lua. Também está claro que ele precisou criar um conjunto de regras de comportamento civilizado para que a multidão que enfim o seguiu pelo Sinai pudesse usar como base de sua sociedade. Além disso, ele evocou seu conhecimento do macrocosmo como lhe ensinaram, e incluiu elementos do mesmo nos rituais e utensílios religiosos que criou. Isso sem dúvida incluiu a educação de novos sacerdotes no significado simbólico oculto de certos personagens das escrituras. Ele fez tudo isso como parte do processo de moldar uma plebe discrepante no corpo coesivo de uma nova nação. Entre os utensílios religiosos importantes criados por Moisés estava a Arca da Aliança. Davi desenhou um lar para a Arca, então é para ele que vamos agora voltar nossa atenção.

CapíTULO 10 Davi, HERESIA E CRONOLOGIA O Antigo Testamento nos fala do desenho do primeiro Templo de Jerusalém, originado com o rei Davi. A história conta que existiram três templos dedicados à fé judaica, construídos no Monte Moriá, em diferentes períodos, naquela que se tornou conhecida como a cidade de Jerusalém. O primeiro templo, pelo que já sabemos, foi construído por Salomão, provavelmente por volta de 950 AEC. Depois de quase 400 anos, esse templo foi destruído pelo exército invasor do rei da Babilônia, Nabucodonossor, por volta de 573 AEC. Após essa derrota, muitos israelitas foram levados como escravos para a Babilônia, para lá permanecerem por 70 anos, até que a própria Babilônia fosse conquistada pelo rei da Pérsia, Ciro, e se tornasse parte do império persa. Na libertação do cativeiro da Babilônia, os israelitas voltaram para Jerusalém e um segundo templo foi construído pelo rei Zorobabel no século VI AEC. Este segundo templo pode ter sido baseado em uma visão do profeta Ezequiel, que supostamente ocorreu durante o período de cativeiro babilônico. Mas o mesmo foi saqueado e destruído pelos

gregos por volta de 170 AEC. Então, um terceiro templo foi construído pelo rei Herodes. Acredita-se que a construção desse templo começou por volta de 20 AEC e continuava em andamento na época de Jesus Cristo, tornando-se conhecido como o Templo de Herodes. Esse terceiro templo teve uma vida curta, pois foi completamente destruído pelos romanos em torno de 70 EC, depois da rebelião dos judeus contra a ocupação romana na Palestina e da revolta em Jerusalém que ocorreu nessa época. Atualmente, na mesma área do terreno onde antes foram erguidos os três templos da fé judaica, fica a mesquita de Al-Aqsa: a Cúpula da Rocha, uma estrutura sagrada islâmica. A mesquita de Al-Aqsa cobre uma grande área do espaço original, incorporando alguns elementos remanescentes do Templo de Herodes. Pesquisas arqueológicas detalhadas obviamente são difíceis de realizar, tanto em função da política como da religião. A moderna exploração arqueológica em profundidade da área que provavelmente cobria a construção do Templo original esteve repleta de dificuldades desde o advento de abordagens científicas avançadas. Sendo assim, tais pesquisas só podem confirmar o perfil de algum prédio original e a divisão de salas internas por indícios remanescentes de fundações. Também pode confirmar a orientação. Com toda probabilidade, a pesquisa não nos dirá nada da aparência desse templo enigmático, nem como ele era usado. As únicas fontes que temos nos fornecem indícios da combinação do texto do Antigo Testamento com o cenário histórico das culturas que existiam na época em que o Templo foi construído.

Antes de Davi projetar o Templo Moisés, parece, preparou as fundações do Templo. Salomão o construiu, mas foi seu pai, Davi, quem o projetou, de acordo com o Antigo Testamento. Assim, quais fatores podem ter influenciado esse desenho? Em poucas palavras, vamos esboçar alguma coisa do cenário que podemos captar do Antigo Testamento que se relaciona com os dois reis, Saul e Davi. Isso os coloca em um pano de fundo histórico e também explora as influências que existiam na época. Samuel, Davi e Saul A história nos conta que, na época de Samuel, o povo israelita fez saber que não mais queria ser governado por um comando coletivo, conhecido como Juizes, mas que esperava que um rei governasse. Quando jovem, Saul estava procurando alguns jumentos perdidos e decidiu ir à cidade onde, por acaso, Samuel ficava, para perguntar se alguém havia visto os animais. Na ocasião, Samuel estava evidentemente examinando os prováveis candidatos para a nova posição. O comportamento de Saul impressionou Samuel e, assim, no devido momento, ele foi ungido com óleo, tornando-se rei. Seguiu-se então um período de guerras e derramamento de sangue. A conclusão, talvez, é que Samuel não ficou contente com o desempenho geral de Saul como rei ou estava ganhando tempo, pois Saul era uma indicação interina e oportunista. Samuel estava claramente tentando garantir a futura sucessão sem que ela passasse automaticamente para os descendentes de

Saul. Com certeza algo deu errado, pois Samuel começou a buscar um sucessor para Saul, e fez isso em segredo. Embora Saul continuasse rei, Samuel partiu para Belém levando consigo o Óleo Sagrado usado na unção. Ao ler os relatos tanto do Antigo Testamento como de Josephus a respeito do processo de seleção de Saul e Davi, a pessoa tem a impressão de que Samuel percebeu que havia escolhido Saul mais pelo potencial de liderar um exército como rei guerreiro do que como o rei com habilidades diplomáticas que, talvez, a posição também exigisse. Já um pouco idoso, Samuel estava, portanto, procurando alguém diferente que pudesse ser indicado para a sucessão de Saul no momento certo, alguém à altura de comandar como político, que fosse aceito pela linha sacerdotal e que também tivesse habilidade para aprender a planejar e a entender táticas militares. Quando escolheu alguém tão jovem, Samuel estava ganhando tempo para si mesmo e para a hierarquia sacerdotal governante, a fim de passar todos os conhecimentos que possuíam e que consideravam que o sucessor deveria ter. Em outras palavras, um sólido período de treinamento. Isso incluiria os segredos sacerdotais aos quais retornaremos depois. O candidato escolhido foi Davi, filho caçula de Jessé. Todo esse processo pode ser visto claramente como um assunto delicado, pois Josephus comenta que Samuel estava suficientemente preocupado, pois, se fosse descoberto, poderia ser assassinado por Saul tanto em público quanto por meios mais privados. Em Belém, Samuel começou a procurar os candidatos adequados. Foi então que encontrou Jessé e seus filhos, todos, quer dizer, menos Davi, que ficou cuidando das ovelhas. Samuel claramente não viu o que estava

procurando nos filhos que Jessé apresentou e Davi foi chamado. Nessa ação, é como se Samuel já tivesse mandado seus espiões procurarem por um tipo específico de indivíduo e soubesse quantos filhos Jessé tinha, pois foi ele quem comentou que parecia que um filho faltava, que deveria ser chamado nos campos. Jessé mandou chamá-lo e ele veio. Ele era ruivo, de belos olhos e boa aparência. Então o Senhor disse a Samuel: "É este! Levante-se e unja-o ". 1 Samuel 16,12 Josephus registra que Davi parecia ser de: Pele amarela, olhar penetrante, e uma pessoa agradável em outros aspectos também. Se Josephus estiver correto, parece que Davi estaria sofrendo de alguma forma de icterícia quando ele e Samuel se encontraram pela primeira vez. Davi foi escolhido e todos se sentaram para comemorar. Depois de comerem, Davi foi ungido. Samuel apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na presença de seus irmãos(...) 1 Samuel 16,13 Existe uma passagem muito curiosa em que Josephus diz o seguinte:

(...) Então ele [Samuel] sentou-se para comemorar e colocou o jovem sob ele... após o que ele pegou o óleo na presença de Davi, e o ungiu, e cochichou em sua orelha... O comentário relativo a "cochichou em sua orelha" representa a observação de um detalhe realmente extraordinário, e devemos supor que Josephus registrou isso porque era uma parte importante da cerimônia de unção, cujo significado seria entendido pelo menos pelas pessoas que lessem suas obras. Era como se, ao ser ungido, algum segredo fosse passado para Davi como parte da cerimônia de elevação ao trono. Sendo assim, as pessoas ficariam curiosas para saber qual segredo seria esse. De fato, a transmissão de informações altamente confidenciais, de segredos, na unção de um rei não é desconhecida. Os egípcios tinham uma cerimônia de entronização em que os segredos de Hórus eram transmitidos. Fragmentos de um livro que descobri ao pesquisar o assunto mencionavam que, ainda hoje, quando o novo papa é ungido no Vaticano, supostamente, após a coroação, ele se retira para um aposentado privativo onde é presenteado com uma chave e uma caixa de madeira muito antiga. Dentro da caixa há um pergaminho que o papa lê, sela e coloca de volta na caixa, que então volta para um lugar seguro. Um segredo é passado de um papa ao outro. Davi, supõe-se, começou a receber treinamento de Samuel ou alguém indicado por ele em todo conhecimento considerado necessário. Isso continuou até Saul ficar doente e perceber a dificuldade de sua situação. Assim, surgiu a oportunidade para Davi ser apresentado a Saul e trabalhar em seu círculo imediato, embora nada indique que Saul tivesse sido avisado a respeito da unção

de Davi. E possível especular que, tendo sido educado em outros aspectos do conhecimento necessário, talvez em sabedoria antiga, Davi tenha sido deliberadamente colocado junto a Saul para entender melhor a respeito das táticas de guerra e do uso de armas que, como sacerdotes, Samuel e a hierarquia sacerdotal teriam pouco entendimento. Devemos admitir que Davi foi um bom aluno, pois o encontramos combatendo em futuras batalhas. Inicialmente tudo estava bem, mas Saul ficou com inveja de Davi, especialmente depois deste matar Golias, e começou a tramar a morte dele. Davi esquivou-se tão bem do esquema de Saul que chegou mesmo a se casar com Mical, filha de Saul. Porém, a situação entre os dois homens se deteriorou, e logo Saul retomou seus esforços para eliminar o carismático Davi. Felizmente, Davi tinha um bom amigo na pessoa de Jônatas, um dos filhos de Saul, que o avisou das intenções de seu pai, e com a ajuda de Mical, finalmente ele escapou para o deserto. Vários outros desafetos também foram embora junto com Davi, de modo que o Antigo Testamento registra, em Samuel, que eles formavam um forte grupo de 600 indivíduos. Então Davi e seus soldados, que eram cerca de 600, partiram de Queila, e ficaram andando sem direção definida (...) 1 Samuel 23,13 Saul continuou a caçar Davi e seu grupo, que se tornaram mercenários e fora-da-lei. Davi permaneceu nas fortalezas do deserto e nas colinas do deserto de Zife. Dia após dia Saul o procurava (...)

Quando Davi estava em Horesa, no deserto de Zife, soube que Saul tinha saído para matá-lo. E Jônatas, filho de Saul, foi falar com ele, em Horesa, e o ajudou a encontrar forças em Deus. "Não tenha medo", disse ele, "meu pai não porá as mãos em você. Você será rei de Israel, e eu lhe serei o segundo em comando. Até meu pai sabe disso". Os dois fizeram um acordo perante o Senhor. Então, Jônatas foi para casa, mas Davi ficou em Horesa. Saul claramente tratava David como um "ninguém" e casou sua filha Mical, mulher de Davi, com outra pessoa: Palti, filho de Laís. Entretanto, Davi tinha uma admiradora de nome Abigail que lhe fornecia mantimentos. Tal era a devoção dela que se casaram. Duas vezes, enquanto estava sendo caçado no deserto, Davi ficou em posição de matar Saul, mas em ambas ocasiões desistiu de cometer o ato final em terras onde Saul era rei e que ele, Davi, não tinha direito de depô-lo. Isso, claro, só fez a reputação de Davi aumentar ainda mais. Os filhos de Saul, inclusive Jônatas, foram mortos em uma batalha com os filisteus. Saul, ferido por uma flecha de arqueiros filisteus, não queria ser pego vivo e, literalmente, jogou-se sobre sua espada. Assim, Davi tornou-se rei. Então Saul ordenou ao seu escudeiro: "Tire sua espada e mate-me com ela, senão sofrerei a vergonha de cair nas mãos desses incircuncisos". Mas seu escudeiro estava apavorado e não quis fazê- lo. Saul, então, pegou sua própria espada e jogou-se sobre ela. 1 Samuel 31,4

Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom; o rei fez um acordo com eles em Hebrom perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel. 2 Samuel 5,3 O uso da palavra acordo indicava que Davi deveria concordar com atender a certas obrigações definidas pelas autoridades antes que a realeza fosse afinal concedida. Essa obrigação pode muito bem ter incluído algum tipo de juramento de fidelidade. Isso indica que havia um grupo de autoridades que continuava mantendo influência total sobre os negócios da nação. O Monitor Secreto Nos livros de Samuel, a amizade entre Davi e Jônatas, filho de Saul, é indiscutível. Jônatas parece saber do destino final de Davi e é mais leal a Davi do que ao seu próprio pai. Na Maçonaria Inglesa existe um grau secundário conhecido como A Ordem do Monitor Secreto. Acredita-se que tal Ordem tenha se originado na Holanda, onde era conhecida como Ordem de Davi e Jônatas. Aparentemente, ela foi introduzida na Inglaterra por um certo dr. Zacarias, em 1875. O objeto da Ordem serve para ensinar as belezas da amizade e da lealdade, baseando-se nos incidentes das vidas conjuntas desses amigos bíblicos. Uma nova cronologia - um novo calendário

Em anos recentes, nova luz foi lançada sobre esse tema da cronologia bíblica. Já mencionei o trabalho interessante e inovador realizado pelo dr. David Rohl, no livro intitulado A Test of Time - The Bible from Myth to History. O dr. Rohl reexamina o tema da cronologia bíblica e arqueológica, redefinindo a alocação de tempo do calendário em que certos eventos provavelmente ocorreram. A partir desses dados, as datas da provável época em que os personagens principais e seus contemporâneos viveram podem ser deduzidas. A cronologia dos eventos bíblicos já estava bem estabelecida nos meios acadêmicos. Nesse contexto, estava claro que a reavaliação de datas proposta pelo dr. Rohl provavelmente não obteria imediata credibilidade. Tanto assim que, no prefácio do livro, o professor Robert Steven Bianchi fez um apelo para que a Nova Cronologia defendida pelo dr. Rohl recebesse séria consideração. Ele diz do trabalho de David Rohl: Ele [o dr. David Rohl] foi muito corajoso ao definir um novo e revolucionário modelo histórico para o exame crítico de seus colegas. Creio que eles estarão preparados para enfrentar esse desafio com o verdadeiro espírito do debate vigoroso e de mente aberta. O dr. Rohl refere-se aos calendários derivados de sua obra como The New Chronology [A Nova Cronologia]. Então foi esse o termo que eu usei. Uma nova cronologia O dr. Rohl apresenta a hipótese bem fundamentada de que os calendários anteriormente produzidos por

especialistas eminentes em história bíblica são imprecisos em fusos horários importantes. Esses calendários já estabelecidos são usados e citados por vários estudiosos em campos de pesquisa histórica. Nas cronologias estabelecidas, certos eventos bíblicos e pessoas associadas aos mesmos foram alocados em datas específicas, mas, por causa das imprecisões, os dados subsequentes produzidos em campo por meio da Arqueologia causaram um descompasso com os calendários da história bíblica anteriormente estabelecidos. Por definição, se os arqueólogos estão usando os mesmos calendários estabelecidos, então eles podem estar atribuindo artefatos e níveis de estratos a eras bíblicas incorretas, daí a dificuldade de estabelecer conexões com os principais eventos e personagens. Usando o dados históricos e informações periféricas, com datas firmes bem estabelecidas, o dr. Rohl pretende demonstrar que personagens bíblicos específicos podem ser identificados, junto com suas conexões e seus contemporâneos. Assim, foi definido que Moisés teve o faraó Khaneferre Sobekhotep IV (1.529-1.508 AEC) como padrasto na juventude; Dudimose (que se tornou faraó em 1.448 AEC) como faraó na época do Êxodo; e Davi e Saul como contemporâneos do faraó herege Akhenaton/Amenhotep IV (faraó entre 1.022 e 1.007 AEC). As evidências apresentadas são no mínimo fascinantes, completas e lógicas. utros

Davi e a Heresia de Amarna Em A Test of Time, o dr. David Rohl registra observações interessantes entre o texto do Antigo Testamento, relacionado à era da Monarquia Unida de Saul, Davi e

Salomão, e certos eventos que aconteceram no Egito. Esses acontecimentos ficaram registrados naquilo que é conhecido como Cartas de Amarna. Por conveniência, parafrasearei seu significado. Em 1887, pequenas tábuas de barro, usadas para correspondência, há 3 mil anos, quase da mesma forma como usamos uma carta hoje em dia, foram descobertas em um local ao longo das margens do Rio Nilo, um lugar que, por um curto período, foi a capital do Egito Antigo. O nome dessa antiga capital é conhecido agora como Tel-elAmarna. Quando Amenhotep IV, mais conhecido como Akhenaton, tornou-se faraó, ele criou uma religião monoteísta baseada no retorno ao culto do deus-Sol, o disco Sol, o Aton. Por muitos anos antes dessa época, o centro do poder estava sediado em Tebas, onde uma poderosa classe sacerdotal incentivava o culto a Amon, o rei dos deuses. Akhenaton, cuja esposa era a rainha Nefertiti, construiu a nova capital em louvor ao deus-Sol, transferindo sua corte real e a base do poder para lá. Como sempre acontece com o advento de alguma mudança política importante, existiram vencedores e perdedores. Ao abandonar o culto ao deus Amon, ele enfraqueceu os sacerdotes de Tebas e, sem dúvida, grande parte da prosperidade deles. Não somente estava estritamente proibida a menção a Amon, como pedreiros foram encarregados de viajar por todo o Egito, removendo qualquer referência a essa base anterior de religião e cultura. Conforme registros históricos, a era de Akhenaton trouxe muita discórdia em todo o país, enfraquecendo-o econômica e militarmente e diminuindo assim a influência do Egito em toda a região.

Existem mistérios que rodeiam o fim de Amenhotep IV, Akhenaton. Há insinuações de que os sacerdotes descontentes financiaram um golpe militar. O que quer que tenha acontecido a Akhenaton, este foi, anos depois, sucedido por Tutankhaton, que logo em seguida mudou de nome, tornando-se talvez o mais famoso de todos os faraós, Tutankhamon, o rei-menino. A alteração sutil das últimas quatro letras do nome assinala a mudança de ênfase de Aton, o deus-Sol, para o retorno de Amon e, com isso, o restabelecimento de Tebas. Tel-el-Amarna, a nova capital do deus-Sol, foi abandonada. Essa época é muitas vezes referida por historiadores e arqueólogos como o período da heresia Amarna. David Rohl indica que existem certos elementos dos textos traduzidos das tábuas de barro, encontradas em Tel-el-Amarna, que permitem a identificação de Saul e Davi. Em poucas palavras, nas tábuas de barro, é feita referência ao Habiru. Estes são identificados como os seguidores prescritos de Davi, e, portanto, liderados por Davi enquanto este estava no exílio e fugia de Saul. Existem também algumas cartas escritas diretamente aos cuidados do faraó, de uma pessoa conhecida como Homem Leão. Depois ele é chamado de Labayu, que posteriormente foi identificado como Saul. Incrivelmente, em uma carta de Labayu (Saul) ao faraó, conhecida simplesmente como tábua EA254, David Rohl observa que o filho de Labayu estivera "implicado nas atividades do Habiru". O Habiru foi identificado anteriormente como Davi e seu bando de prescritos quando eles estavam vivendo no exílio e se mantinham afastados de Saul. O "filho" mencionado é provavelmente uma referência a Jônatas e ao conluio deste com Davi.

A partir dessa esplêndida peça de trabalho de detetive de David Rohl, apenas podemos concluir que Saul e David foram contemporâneos de Akhenaton, e que ambos foram bem conhecidos de nome e de feitos pelas autoridades egípcias da época. Reciprocamente, também podemos tirar a conclusão de que Davi e Saul deviam estar a par da mudança política que havia ocorrido no Egito, com a ascensão do deus-Sol, o Aton, e da cidade de Tel-elAmarna, dedicada a ele. Tamanho era o poder e a influência dos egípcios que Davi, em particular, deve ter sido influenciado pelo conhecimento do deus-Sol conforme proclamado pela Heresia Amarna. No Antigo Testamento existe uma coletânea de poemas conhecida como Salmos. Os Salmos são atribuídos a Davi. No final do século XX, houve uma bem fundamentada sugestão de que Davi não seria o autor de trechos significativos desses poemas, com sessões inteiras sendo atribuídas a Akhenaton e seu louvor ao deus-Sol, o Aton. Observando o papel do sacerdócio levita em seu cuidado com o Tabernáculo e a Arca, ambos os quais parecem ter sido desenhados segundo os princípios da sabedoria antiga, seria possível que aspectos dessa sabedoria tivessem sido combinados com elementos da nova religião atribuída ao deus-Sol, como era então praticada no Egito, e tivessem encontrado caminho para as plantas e o desenho do Templo, que Davi depois passou para Salomão? O resultado da comparação com as diferentes cronologias coloca os eventos conforme mostrados nas tabelas a seguir. Como podemos ver, a janela de tempo alocada para o Êxodo varia por um período de cerca de 200 anos. Isso é

crítico, pois o texto bíblico em relação à construção do Templo de Jerusalém cita intervalos de tempo relativos ao Êxodo. Por exemplo, 1 Reis 6,1 afirma que a construção do templo começou no quarto ano do reinado de Salomão e 480 anos após o Êxodo. Em outras palavras, se pegarmos os intervalos de tempo como afirmados literalmente, então o reinado de Salomão começou 476 anos depois do Êxodo. Com base nos calendários mostrados na tabela, o Templo teria sido construído em algum momento entre 974 e 775 AEC. Essa é uma variação enorme em comparação com a data aceita, em tomo de 950 a 960 AEC. A cronologia bíblica coloca eventos importantes relacionados a essa investigação na tabela a seguir.

A tabela acima é baseada em informações e em um calendário publicado no The Student Bible Dictionary [O Dicionário do Estudante de Bíblia], compilado por K. Dockery, J. Godwin e P. Godwin.

Davi começa a projetar o Templo Foi depois de sua posse como rei que Davi decidiu trazer a Arca da Aliança para fora do armazenamento. Também pela primeira vez somos apresentados a Hirão, rei de Tiro. Ficamos então sabendo que, embora Salomão seja considerado o construtor do primeiro Templo de Jerusalém, o projeto foi criado por Davi. Mas não existe nada mencionado no livro de Samuel nem no de Josephus que explique como Davi obteve os conhecimentos necessários. Existem, porém, vestígios de onde e como tais conhecimentos podem ter sido transmitidos. Em primeira instância, nós já sabemos que o Templo foi fundamentalmente construído para abrigar a Arca. Em 1 Crônicas 13, Davi parece lembrar de repente que a Arca existiu: Vamos trazer de volta a arca de nosso Deus, pois não nos importamos com ela durante o reinado de Saul. 1 Crônicas 13,3 Em 1 Crônicas 23, ficamos sabendo que os levitas tinham a obrigação de cuidar da Arca e do Tabernáculo. Era dever deles transportá-los aonde fosse necessário. Eram obrigações deles ajudar os descendentes de Aarão na administração e no cuidado de todas as coisas sagradas que possuíam. Aarão era irmão de Moisés e seus descendentes claramente retinham as posições primárias na linha sacerdotal como responsabilidade hereditária. Aarão é o primeiro verbete de The Student Bible Dictionary e é definido como:

Aarão: Irmão mais velho e porta-voz inicial de Moisés(...) Foi o primeiro sumo sacerdote de Israel. O sacerdócio aarônico (sacerdotes da tribo de Levi) foi assim chamado por causa dele. Seria razoável supor então que, se os sacerdotes eram os guardiões da sabedoria antiga, dos mistérios antigos, os sacerdotes da tribo de Levi seriam os guardiões desse conhecimento dentro da nação israelita. Além do mais, os levitas continuavam a reter o Tabernáculo e a Arca, de modo que podemos supor, corretamente ou não, que o simbolismo, que já havia sido revelado no que diz respeito tanto ao Sol e à Lua, como à geometria e os números sagrados, continuava notório e bem conhecido para aqueles que precisavam saber. Em 1 Crônicas 28, Davi cede as plantas para o Templo de Salomão, junto com os detalhes de todos os materiais, os trabalhadores escravos e os artesãos que ele já havia preparado para a tarefa. Ele incentivou Salomão a não desistir da empreitada. Então Davi deu a seu filho Salomão a planta do pórtico do Templo, dos seus edifícios, dos depósitos, dos andares superiores(...) 1 Crônicas 28,11 Disse Davi a Salomão: "Tudo isso a mão do Senhor me deu por escrito, e ele me deu entendimento para executar todos esses projetos". 1 Crônicas 28,19

Essa expressão "entendimento para executar todos esses projetos" é digna de nota pois indica que ele entendia os elementos de arquitetura, os conceitos e a geometria para a definição do Templo. Há referência específica ao pórtico e aos andares superiores, o que implica que existia algo especial no desenho deles. O total de ouro e pedras preciosas mencionado é inacreditável. Na nota de rodapé de I Crônicas 29, existe uma aproximação de pesos de ouro e prata. Davi passou adiante sua própria riqueza, que chegava a cerca de 110 toneladas de ouro e 260 toneladas de prata refinada. Os líderes das famílias importantes também fizeram doações que coletivamente somaram duas toneladas de ouro e 375 toneladas de prata. Foi feita uma estimativa considerando o valor do ouro e da prata no início do século XXI, então o valor total desses metais preciosos seria em torno de £50 bilhões (ou US $90Bn) [50 bilhões de libras (ou 90 bilhões de dólares)]. O Templo não era apenas um lar permanente para a Arca: marcava também o fim da linha para o Tabernáculo, que então já durava cerca de 450 anos. Embora pareça provável que a arquitetura projetada por Davi e os sacerdotes da época abrangia o mesmo conhecimento de desenho da Arca e do Tabernáculo, a sabedoria antiga, alguém poderia considerar se não existiriam outras motivações na ocasião. E não é de surpreender que sim, existiam. A Shekiná Na versão King James do Antigo Testamento existe uma referência a Shekiná. A palavra aparece no livro de Êxodo

por volta do tempo em que o Tabernáculo estava sendo construído e posicionado. Mas o que era a Shekiná? Houve a sugestão de que se tratava de uma referência ao planeta Vênus e, em particular, ao ciclo de 40 anos que resulta no movimento aparente de sua órbita para criar o forma de um pentagrama progressivamente descrito no céu, e Vênus retornando ao mesmo ponto no céu, criando um relógio de precisão de 40 anos. Aparentemente, isso era bem entendido pelas culturas antigas, inclusive pelos celtas e druidas. A referência a Shekiná desaparece do texto em traduções mais modernas, sendo substituída por uma nuvem de glória. No Easton's Bible Dictionary [Dicionário de Bíblia de Easton], encontramos a Shekiná mencionada assim: Uma palavra Caldeia que significa lugar de descanso(...) usada pelos judeus posteriores para designar o símbolo visível da presença de Deus no Tabernáculo, e mais tarde no Templo de Salomão(...) E provável que depois da entrada em Canaã essa nuvem de glória tenha pairado sobre a Arca da Aliança no local mais sagrado. Não temos nenhuma referência especial a ela até a consagração do Templo por Salomão quando a mesma encheu todo o edifício de glória, de modo que os sacerdotes não puderam ficar para o ofício(...) Provavelmente permaneceu no primeiro templo no Santo dos Santos como símbolo da presença de Jeová durante todo o período em que o templo existiu. Posteriormente, desapareceu. Se, como indiquei anteriormente, o Tabernáculo desenhado por Moisés refletia o conhecimento dele do macrocosmo, incluindo os corpos celestes, então também é altamente provável que ele entendesse o ciclo de 40 anos de Vênus, como os antigos então entendiam, junto

com a forma do pentagrama resultante. Se, como alguns autores sugerem, esse era um ciclo altamente respeitado, que fazia parte de suas crenças religiosas, então é muito provável que fosse conhecido como tal por Moisés há 3.500 anos. O ciclo de 40 anos, portanto, não poderia ser ignorado e se tornaria uma importante característica para inclusão nos rituais dos sacerdotes, com esse conhecimento depois sendo transferido para o primeiro Templo em Jerusalém. Em particular, os antigos pensavam ter observado a posição de Vênus especificamente cerca de uma hora antes do nascer do Sol no dia do equinócio como sendo o início e o fim do ciclo de 40 anos. Nós já sabemos que o tabernáculo era orientado para que os primeiros raios do Sol na alvorada brilhassem através da entrada e recaíssem sobre a Arca. Por definição, o mesmo se aplicaria à luz que emanava de Vênus. Essa luz era altamente respeitada e se tornou conhecida como nuvem de glória. Assim, uma vez a cada 40 anos, a luz do planeta Vênus iluminaria a Arca dentro do tabernáculo. Com o Templo sendo construído para refletir as características do Tabernáculo, o mesmo processo seria incluído. Com a destruição do Templo pelos invasores babilônicos 400 anos depois, é possível que esse conhecimento tenha se perdido ou ficado esquecido e, quando o segundo templo foi construído por Zerubabel, tenha sido omitido, daí o comentário do Easton's Bible Dictionary de que ele "posteriormente, desapareceu". Mas não desapareceu, esse conhecimento simplesmente foi perdido, ou já não era mais importante. O templo em Jerusalém foi construído, com base nas tabelas de informações dadas anteriormente, em algum momento por volta de 945 a 958 AEC.

É interessante saber que em 21 de junho de 945, solstício de verão, às 4 horas, a relatividade de Sol-Vênus no céu era quase igual à da mesma data em 958 AEC. Isso foi revelado com o uso do software de astronomia chamado Skyglobe.

Conclusão Na juventude, Davi indubitavelmente esteve ciente da

influência do Sol na cultura egípcia por meio daquilo que ficou conhecido como a Heresia Amarna. Parece muito provável que ele desenhou o Templo para refletir as características do Tabernáculo. Este foi desenhado por Moisés e também influenciado pelo nascer do Sol na alvorada. E possível ainda que outra característica do macrocosmo, a órbita de Vênus-Shekiná, também tenha desempenhado seu papel. O padrão emergente sugere que as principais influências apresentadas no desenho do Templo se relacionam com o macrocosmo.

Capítulo 11 Salomão e Sua Sabedoria -

REVELADOS

A sabedoria de Salomão Após ser entronizado rei dos israelitas, Salomão atrasou a construção do Templo por cerca de quatro anos, apesar de os materiais e da mão-de-obra já estarem preparados por seu pai Davi. Quatrocentos e oitenta anos depois que os israelitas saíram do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão em Israel(...) ele começou a construir o templo(...) 1 Reis 6,1 Nesse período de quatro anos, Salomão buscou sabedoria. E tamanha é a percepção do alcance dessa sabedoria, que mesmo atualmente não é incomum ouvir alguém fazer comentários do tipo: "Ele tem a sabedoria de Salomão", e "isso testaria a sabedoria de Salomão" ou "seria preciso a sabedoria de Salomão para resolver isso". Grande parte do mérito de tal sabedoria é atribuída à curta seqüência mencionada em 1 Reis 3,16-28. Duas prostitutas viviam na mesma casa e cada uma deu à luz um filho com poucos dias de diferença uma da outra. Um dos bebês morreu e surgiu uma disputa entre as mães sobre qual bebê havia morrido e quem cuidaria daquele que continuava vivo. Uma das mães afirmou que, quando foi alimentar seu bebê à noite, o encontrou morto. Mas,

após uma inspeção mais acurada, verificou que aquele que havia examinado não era seu filho; a criança morta, ela alegou, pertencia à outra mãe. A disputa foi levada diante de Salomão. O julgamento deste foi pedir uma espada para matar o bebê e cortá-lo em dois, de modo que ambas as mães pudessem compartilhar uma parte. A verdadeira mãe suplicou a Salomão para que a vida do bebê fosse poupada, cedendo-o à outra mãe. A segunda mãe sugeriu que o bebê fosse cortado em duas partes, de modo que ambas pudessem compartilhá-lo. Salomão decidiu que deveria dar o bebê à primeira mulher, pois nenhuma mãe de verdade conseguiria ver seu bebê morto. Esse julgamento foi uma hábil representação do pensamento lateral da parte de Salomão. É desses 13 versículos do livro de Reis, que descrevem tais acontecimentos, que todo o escopo da sabedoria de Salomão é atestado e enaltecido. Existe uma segunda história a respeito da sabedoria de Salomão que sempre é citada pelos pregadores. Trata-se da rainha de Sabá levando flores a Salomão. Algumas flores eram reais e outras, artificiais. As flores artificiais eram tão bem feitas que se tornarva virtualmente impossível identificá-las das reais e a rainha de Sabá pediu-lhe para distingui-las. Salomão identificou as flores de verdade colocando todas perto de uma janela aberta e observando quais flores eram procuradas pelas abelhas. O problema dessa história é que ela não aparece em nenhum dos textos que constituem a Bíblia Sagrada. Existem, no entanto, histórias transmitidas na Arábia e na Etiópia a respeito da lendária rainha de Sabá. Pode ser de uma dessas tradições que a história das flores deve ter sido mais tarde derivada e transmitida para o nosso próprio folclore. Mas, da maneira que existe atualmente,

nos resta apenas a história simples de 1 Reis 3,16-28 como demonstração prática do pensamento lateral que aponta para a grande sabedoria notada em Salomão. Em 1 Reis 4, 29-34, somos brindados com uma definição muito mais ampla da sabedoria de Salomão. Não é a habilidade já demonstrada de pensamento lateral, mas a sabedoria que adquirira por meio de estudo especializado. Descreveu as plantas, desde o cedro do Líbano até o hissopo que brota nos muros. Também discorreu sobre os quadrúpedes, as aves, os animais que se movem rente ao chão e os peixes. 1 Reis 4,33 Para ter essa capacidade, provavelmente ele precisaria se inspirar em algum interesse pelo mundo natural, talvez incentivado e sustentado pelos sacerdotes levitas. Por meio da referência ao cedro do Líbano e ao hissopo, o escriba está demonstrando a afinidade com alguma coisa grande e óbvia por um lado, as árvores de cedro, enquanto, no outro lado da escala, temos um tipo de hortelã silvestre, o hissopo. A sabedoria de Salomão era maior do que a de todos os homens do Oriente, e do que toda a sabedoria do Egito. 1 Reis 4,30 Poderia ser que os homens do Oriente fossem alguma referência à ciência Caldeia dos corpos celestes, o zodíaco, a precessão, as órbitas dos planetas, os princípios da astrologia e a mecânica celeste. Esse conhecimento não seria o mesmo que foi ensinado a Moisés quando príncipe do Egito? E ainda o mesmo

conhecimento celeste que, de acordo com Josephus, Moisés usou para definir certos atributos das vestes e dos rituais sacerdotais. Esse mesmo conhecimento era de domínio dos sacerdotes da tribo de Levi. E o conhecimento que constitui uma compreensão do macrocosmo. O mesmo que constituía a sabedoria antiga. Será que Salomão deliberadamente embarcou em algum curso de educação da sabedoria antiga de modo a alcançar melhor entendimento das plantas do Templo que seu pai lhe deixou? Com mais essa referência da Nova Cronologia do dr. Davi Rohl, poderia parecer que o reinado do faraó herege, Akhenaton, tivesse terminado na época em que Salomão chegou ao trono. O Egito teve o rei-menino Tutankhamon como sucessor de Akhenaton não muito tempo depois do falecimento do último, imediatamente seguido por Horemheb, em cujo reinado o Egito começou a recuperar sua influência política na região. Davi e o deus-Sol A partir disso, cheguei à conclusão de que Davi desenhou o Templo para refletir a influência do deus-Sol, o Aton, então em voga no Egito. Davi morreu. Pouco antes da morte de Davi, aconteceu o falecimento de seu contemporâneo, Akhenaton, de modo que ambos deixaram o poder com pequeno período de diferença um do outro. David Rohl sugere que a princesa egípcia, com quem Salomão casou, era filha de Horemheb, como parte do que se poderia chamar de um tratado de paz entre as duas nações, no momento em que Horemheb restabelecia o controle sobre seu próprio país. Salomão, tendo sido incumbido da construção do Templo e vendo o faleci-

mento de Tutankhamon, esperou para ver o que aconteceria no Egito. Ele usou o tempo que dispunha para obter o máximo de conhecimento do macrocosmo que podia, tendo sido ensinado pelos sacerdotes de Levi, e talvez até por outros do Egito em conseqüência do casamento com a filha do faraó. Então, ele modificou as plantas de modo que isso refletiu no desenho que seu pai lhe havia deixado, mas não tão abertamente que causasse atrito com seu poderoso vizinho, o Egito. No final do século XX, membros da comunidade acadêmica sugeriram que o Livro dos Salmos, freqüentemente atribuído a Davi, pode não ter sido escrito por ele. Vários Salmos são hoje atribuídos a Akhenaton, como poemas de adoração e louvor ao deus-Sol, o Aton. Conclusão Durante quase 2 mil anos, o texto contido na Bíblia Sagrada foi tratado como sacrossanto. É fácil entender como vários eventos, que não eram fáceis de explicar pelos líderes da Igreja no passado distante, foram vistos como milagres ou como conseqüências da intervenção divina. E, quem sabe, talvez fossem. Porém, em meados da Era Vitoriana, a exploração arqueológica na área conhecida como Terra Santa, o exame cuidadoso de documentos históricos e religiosos e a aplicação da ciência baseada na investigação colocaram diante de nós informações que permitiram que os antigos milagres fossem vistos no contexto de eventos naturais, que podem ser explicados. Tais explicações podem parecer desconfortáveis para milhões de indivíduos que aceitaram, incondicionalmente, o dogma no qual foram educados e inspirados a acreditar.

Esse mesmo tema pode ser considerado por meio da suposta sabedoria de Salomão. Ele recebeu dos pregadores da Igreja atual o mérito do pensamento lateral no exemplo que envolve os filhos das prostitutas. Mas sua sabedoria se estendeu claramente além do conhecimento associado ao macrocosmo, o que raramente é mencionado, se é que já foi alguma vez. Como rei israelita, é difícil imaginar que Salomão não estivesse a par do simbolismo ligado às vestes sacerdotais, como nota Josephus. Tal simbolismo é relacionado ao universo celestial e aos corpos celestes primários do Sol e da Lua. E isso tem uma conexão direta com Akhenaton e com seu culto ao deus-Sol. Então, chegou o momento de olharmos mais de perto alguns textos periféricos associados ao Templo de Salomão.

Capítulo 12 Quem Foi SALOMÃO? QUEM FOI MOLOQUE? Salomão não era seu nome de batismo, mas o nome que lhe foi atribuído depois que morreu. Essa é a opinião que o dr. David Rohl expressa em A Test of Time. Em virtude de ser um nome adquirido, então qual seria o verdadeiro nome dele? E como ele adquiriu esse novo nome? Visto de outra maneira, o novo nome não estaria talvez relacionado a uma função do Templo, que, como construtor, foi então traduzido como sendo o nome dele? Ou, tendo ele conquistado o nome, será que o mesmo não se refletiu de volta no Templo? Normalmente, considera-se o nome Salomão derivado da palavra hebraica Shalom, que significa paz. Com certeza o Antigo Testamento indica que a era do rei Salomão foi uma época de relativa paz para os israelitas, depois das carnificinas executadas pelo pai de Salomão, Davi, e por Saul, antes deste. Porém, não há provas que liguem o nome de Salomão com a palavra Shalom. Parece uma fábula inventada em algum momento do passado, talvez como teoria apresentada por algum estudioso acadêmico, e que

foi regularmente regurgitada e estabelecida como fato comprovado, sem sombra de dúvida, o que não é o caso. Davi e Bate-Seba Podemos ter uma perspectiva do verdadeiro nome de Salomão por meio do livro de Samuel. O capítulo 11 nos diz que certo dia Davi acordou e, olhando fora de seu palácio, viu uma bela mulher banhando-se. O nome dela era Bate-Seba. Ela foi chamada por ele, que dormiu com ela. O problema é que ela era casada, sendo nome do seu marido Urias. Davi havia tomado parte em uma ligação adúltera. Bate-Seba voltou para casa e descobriu que estava grávida. Ela escreveu a Davi, explicando a situação. Davi precisava encontrar uma solução. Ele enviou o marido dela, Urias, para a guerra e deu ordens a seu general, Joab, para que Urias fosse colocado na linha de frente da batalha, sendo abandonado à própria sorte. Desnecessário dizer que Urias foi morto. O caminho agora estava livre para Davi se casar com Bate-Seba e afinal tornar o nascimento da criança, seu filho, menos controverso. Natã, o profeta, visitou Davi e castigou-o severamente pela ação insensata em relação a Urias, e disse a Davi que ele haveria de pagar caro por seus atos, talvez até com sua própria vida. No capítulo 12, lemos como a punição lhe foi imposta.

Então Davi disse a Natã: "Pequei contra o Senhor!" E Natã respondeu: "O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá". 2 Samuel 12,13 Todavia, porquanto com este feito tu deste motivo a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá. 2 Samuel 12,14 Então Natã foi para sua casa. Depois o Senhor feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi, de sorte que adoeceu gravemente. 2 Samuel 12,15 Davi orou e se apegou à esperança de que a criança seria poupada. Infelizmente, a criança morreu. Bate-Seba ficou

enlouquecida. É neste cenário que, nos versículos 24 e 25, somos apresentados pela primeira vez a Salomão: Depois Davi consolou sua mulher Bate-Seba e deitou-se com ela, e ela teve um menino, a quem Davi deu o nome de Salomão. O Senhor o amou. 2 Samuel 12,24 E enviou o profeta Natã com uma mensagem para Davi. E Natã deu ao menino o nome de Jedidias. 2 Samuel 12,25 Tendo em mente o comentário do dr. Rohl de que o nome Salomão foi atribuído a ele algum tempo após sua morte, então o versículo 25 acima sugere uma ação positiva da parte do escriba que escreveu o texto, não apenas para registrar os eventos conhecidos, mas para nos levar a saber que a pessoa que subseqüentemente viemos a conhecer como Salomão originalmente se chamava Jedidias, que depois se tornou o rei Jedidias. Podemos, portanto, concluir que o primeiro Templo de Jerusalém, construído por esse descendente de Davi, teria realmente se tornado conhecido como o Templo de Jedidias. Então, como vamos chegar de Jedidias a Salomão? O que provocou essa mudança? É o texto do Antigo Testamento que fornece a pista quando os ornamentos do dogma são revelados. Essa visão vem da observação mais acurada da decoração do Templo. Explorando as decorações

As colunas do Templo de Salomão, conforme o Antigo Testamento menciona, podem ter uma significância maior do que anteriormente se acreditava. Quando usamos o termo coluna, nossa experiência e associação com a palavra podem criar a impressão de um dispositivo estático, uma estrutura que sustenta um teto, um pórtico ou uma abóbada cobrindo uma entrada. As colunas usadas em colunatas normalmente definem limites de algum tipo. Em todos esses casos, tais colunas podem ser decorativas e repercutir os estilos arquitetônicos clássicos, embora sejam dispositivos do tipo que a maioria das pessoas não repara pela segunda vez. Estão ali cumprindo uma tarefa que é tomada por certa. Supondo, então, que existissem colunas que não sustentassem nem tetos, nem pórticos, nem qualquer outra coisa, que fossem apenas autossustentáveis, ficando aprumadas ao ar livre, sem nenhuma função. Isso nos levaria a perguntar: para que elas servem? Qual a razão de alguém se dar ao trabalho de construí-las ou fazê-las? Ou erguê-las? Colunas independentes foram construídas em tempos antigos, mas a maioria das que restaram, como os obeliscos, tinha superfícies gravadas que registravam algum tipo de evento. Eram marcadores. No caso do Templo de Salomão, nós sabemos de duas colunas. O que não sabemos ainda é para que elas serviam, por que estavam lá. Pois elas deviam ter tido alguma finalidade, caso contrário não haveria razão para essas pessoas dos tempos antigos se darem ao trabalho de fazê-las, transportá-las por tantas milhas e erguê-las. Apenas decoração? Não é provável. Aquelas pessoas não se davam ao luxo da decoração pela decoração. Tudo o que eles construíam tinha algum propósito, fosse prático ou simbólico da cultura deles. Muitos estudiosos

avaliaram o significado das colunas durante o século XX, e de maneiras variadas atribuíram-lhes diferentes funções e usos. Dois dos que são mencionados com maior regularidade sugerem que elas eram queimadores de incenso ou marcadores para a previsão de equinócios e solstícios. Porém, minhas pesquisas sugerem que tinham outros atributos ocultos, dos quais trataremos no devido momento. Como acontece em relação a outros aspectos do Templo, adotei a visão de que, como são mencionados nos textos dos livros de Reis e Crônicas do Antigo Testamento, as colunas deveriam ter significado especial, caso contrário, por qual razão se dariam ao trabalho de mencionar tais coisas? Além disso, existem muitos detalhes a respeito do tamanho e da decoração das partes componentes, não talvez as minúcias que se poderiam esperar caso elas fossem meros ornamentos decorativos. Como as colunas são gravadas com muitos detalhes, isso deve indicar que teriam algum significado importante, talvez cerimonial, ou alguma outra finalidade principal. Afinal, quase todas as outras decorações do templo eram igualmente detalhadas, com comentários a respeito de sua funcionalidade.

O Mar, as pias e os implementos O Mar [Tanque], mencionado em 1 Reis 7 e 2 Crônicas 4, ficava localizado no canto sudeste do pátio, ou colunata, em frente ao Templo. Nós já sabemos que o Mar [Tanque] tinha forma circular, com dez côvados (15 pés ou 4,5

metros) de diâmetro. Tinha cinco côvados (7,5 pés ou 2,3 metros) de altura; então, não era o tipo de coisa que alguém poderia facilmente enxergar quando estava em pé no nível do piso, e, portanto, fornecia um certo grau de privacidade para a pessoa que estivesse nele. O Mar [Tanque] comportava 3 mil banhos, que, como as notas de rodapé da Bíblia indicam, exigiam algo em torno de 17.500 galões (80 mil litros) de água. Já sabemos que isso era fundido, sem dúvida em bronze, então deveria ser pesado. Também precisaria ser resistente. O peso da água alcançaria cerca de 136 mil libras (61 toneladas ou 61.690 quilos). Isso contando com as 12 figuras de touros necessárias para suportá-lo. Em 1 Reis 7 sabemos que o Mar [Tanque] permitia 2 mil banhos, mas as notas de rodapé no texto bíblico observam que "a Septuaginta não tem esta sentença", o que significa que, para o livro de Reis, trata-se de uma sentença acrescentada em outro momento. O Mar [Tanque] era uma banheira enorme, equivalente a uma piscina pequena. Sem dúvida era usado por vários sacerdotes ao mesmo tempo, o que contaria para a necessidade do tamanho. Além disso, havia uma borda em volta do topo para impedir que a água deslocada pelo movimento dos sacerdotes dentro do Mar [Tanque] alagasse o pátio embaixo. Nós já sabemos que o Mar [Tanque] era usado pelos sacerdotes para limpeza. Não sabemos ainda se essa limpeza era antes ou depois do ritual. Entre outros utensílios do pátio existiam as pias, dez no total, com cinco para o norte e cinco para o sul. Elas serviam para a lavagem dos implementos usados nas oferendas queimadas [holocausto]. Em outras palavras, durante o sacrifício ritual. Mas o que era sacrificado?

Esses utensílios poderiam estar associados ao festival de Moloque?

Moloque - Molech De repente, o texto de 2 Reis, que observei várias vezes mas desprezei como sendo irrelevante para minhas pesquisas, adquiriu toda uma nova dimensão. Eu havia desprezado sua importância antes, pois o mesmo estava relacionado ao período imediatamente anterior àquele em que o Templo foi afinal destruído pelos babilônicos, em oposição à construção na primeira instância. O texto em questão é 2 Reis 23,10 em que lemos: Também profanou Tofete, que ficava no Vale de BenHinon, de modo que ninguém mais pudesse usá-lo para sacrificar seu filho ou filha a Moloque. Foi a última parte do versículo, "para sacrificar seu filho ou filha a Moloque", que chamou minha atenção. Estiveram os israelitas realmente envolvidos no sacrifício de crianças? E quanto tempo isso durou? Josias foi rei de Israel cerca de 400 anos após o Templo de Jerusalém ter sido construído por Salomão. Aqui existia a afirmação de que um grupo de pessoas, os israelitas, que haviam conquistado a mais alta estima e respeito por muitas gerações, foram indulgentes na grotesca atividade de sacrifício de crianças. O sacrifício humano é, evidentemente, bem registrado como prática tolerada por aquelas culturas consideradas pagãs, como os astecas e os incas da América do Sul, mas não estava

associado aos antepassados das principais religiões ocidentais. Com certeza, isso não poderia estar certo? E o que era o "fogo de Moloque"? Essas simples questões me arremessaram a um território impróprio da religião nessa época. Fiquei ainda mais surpreso pelo fato de isso não ser mais amplamente tratado. Contudo, pensando bem, é possível entender como as autoridades religiosas de épocas passadas tiveram interesse em mascarar esse grotesco aspecto de práticas claramente toleradas por figuras bíblicas de alto nível, respeitadas e veneradas há séculos. Sabia-se do festival de Moloque, que havia sido praticado na época de Salomão. E, ao que parece, era um antigo festival já naquela época. De acordo com várias enciclopédias e fontes de referências, Moloque significa "rei", mas também podia ser interpretado como "deus". No Antigo Testamento também podia ser escrito como Molech. O altar do sacrifício era aparentemente uma grande estátua oca de um touro, também citado como bezerro. A crença é que crianças eram ritualmente mortas enquanto as pessoas dançavam em torno de Moloque, ao som de música barulhenta, de modo que eles não podiam ouvir a gritaria das crianças enfrentando a brutalidade desse ritual abominável. Após ser morta, o corpo da criança assassinada era então depositado aos pés do bezerro agachado, como se fosse comida; o bezerro estava pronto para consumir o sacrifício, a criança assassinada. Uma fogueira era construída dentro do bezerro ornamental de modo que seu corpo e seus olhos ficassem vermelhos em brasa. Acredita-se que o corpo da criança sacrificada era então colocado dentro da estátua do bezerro para ser consumido pela fogueira. Esse processo normalmente é

descrito no texto bíblico como passagem pelo fogo. Acredita-se que esse ritual tenha continuado até por volta do século VI AEC, quando Josias finalmente tomou medidas para bani-lo. A mais famosa evidência citada para apoiar a associação do sacrifício de crianças com Moloque está em Gênesis 22, 2-13. Abraão levou seu filho Isaque a Moriá, mais tarde o local onde o Tempo de Salomão foi construído, para ser sacrificado, mas no último minuto Abraão ficou tão dominado pelo remorso que pegou uma ovelha e a sacrificou no lugar dele. O versículo 2 contém o texto significativo: Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto(...) Em Êxodo, há um ponto no texto quando Moisés está no Monte Sinai recebendo os Mandamentos e, em sua ausência, seus seguidores descontentes construíram um bezerro para adoração. Em Atos 7, 41-43, existe a menção positiva de que os israelitas toleravam o festival de Moloque, o que indica que a memória de tais práticas continuou pelo menos com os escribas. 41... Naquela ocasião fizeram um ídolo em forma de bezerro. Trouxeram-lhe sacrifícios e fizeram uma celebração em honra ao que suas mãos tinham feito. 42... Mas Deus afastou-se deles e os entregou à adoração dos astros... 43... levantaram o santuário de Moloque e a estrela do seu deus Renfã, ídolos que vocês fizeram para adorar... Moloque não é mencionado pelo nome em Êxodo 32, somente que os israelitas construíram um bezerro

enquanto Moisés estava longe na montanha. Mas o construtor do bezerro não era outro senão Aarão, irmão de Moisés. O texto continua: Vendo isso, Aarão edificou um altar diante do bezerro e anunciou: "Amanhã haverá uma festa dedicada ao Senhor". Na manhã seguinte ofereceu holocaustos e sacrifícios de comunhão. O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra. Êxodo 32, 5-6 Moisés, devemos presumir, estava assustado com esse festival e tomou providências para bani-lo, como Josias fez mil anos depois. Mas está claro que a herança permaneceu. No Salmo 106 não há dúvidas a respeito do que acontecia. No versículo 19 podemos ler: Em Horebe fizeram um bezerro, adoraram um ídolo de metal. E continua nos versículos 37 e 38: Sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas sacrificados aos ídolos de Canaã; e a terra foi profanada pelo sangue deles. Na época em que o Templo de Salomão foi consagrado, Salomão era rei há 17 ou 18 anos; ele reinou quatro anos antes de começar a construção, que demorou 13 anos para ser edificada. Está registrado que nessa época a adoração de Moloque estava bem estabelecida nos montes e vales em torno de Jerusalém e, em particular,

na área conhecida como Vale de Ben-Hinon. Por ocasião da inauguração do Templo, Salomão tinha conquistado várias esposas. E, assim, lemos em 1 Reis 11,7-8: No monte que fica a leste de Jerusalém, Salomão construiu um altar para Quemós, o repugnante deus de Moabe, e para Moloque, o repugnante deus dos amonitas. Também fez altares para os deuses de todas as suas outras mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e ofereciam sacrifícios a eles. A partir desses versículos, está claro que Salomão devia estar bem informado a respeito dos rituais de sacrifício ligados a Moloque, e que isso era praticado mesmo no tempo de Davi, seu pai. Considerando que Abraão estava vivo bem antes de José ser levado em cativeiro ao Egito, então o sacrifício de crianças existiu entre os israelitas por cerca de 2 mil anos, supondo que tenha sido suspenso no reinado de Josias. Existe ainda outro meandro nessa avaliação de Moloque/Molech que depois se tornará mais intrincado. Moloque era visto como o deus-Sol. Então, os israelitas e seus vizinhos que veneravam Moloque estavam realmente adorando o deus-Sol. Além disso, em Atos 7,42, citado anteriormente, existe a referência ao culto dos corpos celestiais [astros]. Os dois corpos celestiais [astros] mais eminentes são o Sol e a Lua. Assim, a citação de Atos implica que os seguidores de Moloque/Molech eram adoradores do Sol e da Lua. Em 1 Reis 10, encontramos a visita da rainha de Sabá. Cronologicamente, no livro de Reis, ela aparece depois do Templo ter sido consagrado. Existe uma tradição de que também ela adorava o deus-Sol. Nos versículos 4 e 5,

notamos que ela ficou impressionada com o conhecimento e a sabedoria de Salomão, incluindo "os holocaustos que ele fazia no templo".

Oferendas queimadas Na consagração do Templo, já sabemos por 2 Crônicas 4,6 que eram feitas oferendas queimadas [holocaustos]. O que não sabemos ainda é em que isso consistia. A partir do texto sobre Abraão e Isaque, observamos que, muito provavelmente, o significado era o sacrifício de crianças. Temos mais uma dica disso depois em 2 Crônicas 7. No versículo 1 podemos ler: Assim que Salomão acabou de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios(...) Isso é incrivelmente parecido com a prática de Moloque, em que a fogueira dentro do bezerro consumia o corpo de uma criança sacrificada. Depois disso, ficamos sabendo que os israelitas ajoelhavam e oravam. Somente depois desses dois eventos terem ocorrido, a fogueira e as orações, é que Salomão oferecia em sacrifício 22 mil cabeças de gado e 20 mil ovelhas e bodes, ou 42 mil animais no total. Supondo que todos fossem abatidos e preparados no local do Templo, como parte do ritual de consagração, então os arredores do Templo seriam inundados por milhares de galões de sangue de animais. A partir daí, podemos supor que essa referência ao sacrifício provavelmente indicava que isso era de natureza animal.

Mas, em 2 Crônicas 7,7, também são mencionadas oferendas de dois outros tipos: Salomão consagrou a parte central do pátio, que ficava na frente do templo... e ali ofereceu holocaustos e a gordura das ofertas de comunhão. Isso implica que as oferendas queimadas [os holocaustos] e a gordura das ofertas de comunhão eram diferentes de outras formas de sacrifícios associados com animais. Na verdade, nas notas de rodapé do texto bíblico, elas são explicitadas como "ofertas tradicionais de paz". Mas no que elas consistiam? Existe, é claro, a menção em Gênesis de que o Monte Moriá, o lugar em que o Templo de Salomão foi construído, era o local onde Abraão se dirigiu para realizar seu massacre humano ritualístico. Seria natural, portanto, que os descendentes de Abrão associassem a montanha com esse ato de sacrifício como parte da cerimônia de consagração - o primeiro ato, conforme registrado em 2 Crônicas 7,1. Será que a adoração de Moloque fazia parte da cerimônia de consagração? Será que por causa de suas repugnantes conotações, depois que o festival foi efetivamente abolido por Josias, no século VI AEC, essas práticas abomináveis de sacrifícios de crianças, da parte de seus antepassados, eram tão embaraçosas para os governantes e escribas israelitas da época que qualquer referência foi deliberadamente oculta nos textos bíblicos pelo uso da referência cuidadosa às oferendas queimadas e às ofertas de comunhão, conforme anotado em 2 Crônicas 7,7 com o encobrimento sendo completado por referências posteriores a elas simplesmente como

"ofertas de paz"? Nesse caso, estamos considerando uma cerimônia de consagração do Templo que envolvia o uso de crianças como sacrifício de apaziguamento. E, além disso, as pessoas de Jerusalém estariam, por meio desse ritual, adorando o deus-Sol. Não surpreende as autoridades religiosas terem calado a respeito desse aspecto do texto bíblico e empurrado o assunto para debaixo do tapete. Essa revelação confrontaria muito com a que temos sido incentivados a acreditar através de muitos séculos de doutrinação religiosa. O uso das decorações Nós já sabemos que algo ou alguém seria sacrificado, pois os livros de Reis e Crônicas nos dizem isso. Esse sacrifício era tão abundante que dez pias eram necessárias para lavar os utensílios depois. Existiam até mesmo pás, sem dúvida para remover detritos dos sacrifícios. O Mar [Tanque] provavelmente era usado pelos sacerdotes para se lavarem do sangue e das gorduras, com os quais sem dúvida eles estariam cobertos, caso desempenhassem papel ativo no processo do sacrifício. Também é interessante observar que o Mar [Tanque] ficava apoiado sobre as imagens de touros. Será que isso indicaria alguma conexão com Moloque? Qualquer que fosse a prática ritualística realizada, temos ou podemos deduzir uma explicação para a razão do Mar, das pias e dos utensílios serem feitos como eram. Até um altar de bronze maciço é mencionado como lugar no qual os sacrifícios eram apresentados. O uso de equipamentos internos também é claro: dez candelabros, dez mesas, cem bacias de ouro para aspersão, aparadores de pavio, conchas, incensórios e portas.

É interessante notar o uso do número dez, que tem conexões notáveis com a doutrina posterior de Pitágoras. A centena de bacias para aspersão são dez grupos de dez. Mas e as colunas? Apesar do fato de serem descritos como equipamentos do Templo, e de que considerável parte do texto de 2 Crônicas 4 e 1 Reis 7 se relaciona a eles e à sua decoração, até sobre o nome e a posição deles fora do Templo, não parece ter existido nenhuma conexão óbvia entre o uso de outros equipamentos e as colunas. Ou existiria? Então, quem era Salomão? Vimos que, de acordo com o texto bíblico, quando esse filho de Davi e Bate-Seba nasceu, ele recebeu o nome de Jedidias, o que levanta a questão a respeito de como depois ele passou a se chamar Salomão, o nome com o qual entrou para a história bíblica. Também vimos que os israelitas cultivavam o sacrifício de crianças por meio do festival de Moloque. Não houve um envolvimento isolado com esse festival indecente, isso claramente fazia parte dos costumes do culto de pelo menos alguns setores da comunidade israelita, cultivado durante quase mil anos antes do primeiro Templo de Jerusalém ser construído, e mais 400 anos depois de ser concluído. Além disso, vimos que Salomão construiu instalações para que suas esposas realizassem esses sacrifícios se quisessem, e a rainha de Sabá observou a prática de "oferendas queimadas no templo". Também sabemos que Moloque era um ídolo dedicado ao deus-Sol.

Existe uma tradição de que o nome Salomão foi traduzido pela primeira vez em forma alquímica. Isso significa que seria Sol Amon (Omon). O que se percebe imediatamente é a palavra Sol. A palavra Amon tem várias interpretações. Uma delas dizia: Sol oculto, o Sol que não mais pode ser visto quando a pessoa está posicionada embaixo do horizonte ocidental. Era a palavra para a Lua, a luz predominante no céu após o pôr-do-sol. Assim, o tempo de Sol-Amon seria o templo do Sol e da Lua. Eu era muito cético em relação a essa conotação de duas palavras até que um conhecido, que havia nascido e crescido na África Oriental, e que seguia crenças religiosas que não eram da tendência da Europa Ocidental, comentou que onde ele crescera, desde criança, Salomão eram sempre duas palavras. Ele ficou surpreso quando foi à Inglaterra e descobriu o termo apresentado como uma palavra. Assim, pareceria lógico que o termo rei Salomão fosse uma referência ao rei que era filho de Davi e Bate-Seba; e, como já sabemos, chamava-se Jedidias, construtor de um templo em Jerusalém dedicado ao culto do Sol e da Lua, o Templo de Sol e Amon. Conclusão A introdução de uma nova geração de textos integrais de Bíblias Sagradas, com base no reexame e na tradução de materiais e documentos de melhores fontes, incluindo as descobertas recentes, como os Manuscritos do Mar Morto, colocam algumas partes do texto, relevantes para a minha investigação, em um contexto diferente em comparação com minha educação inicial. Percebi que precisava rever as palavras usadas em partes importantes

do texto bíblico e não meramente aceitá-las como afirmações absolutas. As evidências científicas e arqueológicas e o desenvolvimento de novas tecnologias, no final do século XX, colocaram-nos em uma posição capaz de reexaminar percepções a respeito do Templo de Salomão e identificar

com rigor quem Salomão realmente foi. Aparentemente seu nome original era Jedidias. Descobrimos como o nome de Salomão pode ter se originado. Em capítulo anterior, notamos que Davi, que projetou o Templo, pode ter feito isso contra um cenário de influências que envolvia o deus-Sol, e que, no reinado de Salomão/Jedidias, o deus-Sol estava ligado ao culto de Moloque, que também incluía o sacrifício de crianças. Essa não era uma prática nova; existem evidências de que tal culto teria sido implantado nos tempos de Abraão e Moisés. Moisés também desenhou o Tabernáculo de modo que os raios do Sol nascente iluminassem a Arca. Os fatores comuns em tudo isso são os corpos celestes [os astros] do Sol e da Lua.

Capítulo 13 Revelando o Desenho do TEMPLO DE SALOMÃO Antes de embarcarmos na revelação passo a passo do Templo, vale a pena recapitular algumas informações discutidas anteriormente: a. O Sol se destaca extensivamente nas cerimônias maçônicas. b. O Templo de Salomão é um atributo do Ofício da Maçonaria, um lugar que mostramos como sendo o Templo de Sol e de Amon, dedicado ao Sol e à Lua. c. Examinamos alguns aspectos da geometria antiga, inclusive o conceito de círculos entrelaçados chamado de Vesica Piscis. d. Depois da Vesica Piseis, vimos como o Selo de Salomão pode ter se originado e então nomeado. e. Notamos que os israelitas cultivavam o culto do bezerro, conhecido como Moloque, que por sua vez era um ídolo que refletia o deus-Sol. f. Observamos que Moisés implantou os rituais e a estrutura que se tornaram o núcleo da religião israelita. Isso incluiu a Arca da Aliança, que foi construída com grande habilidade, e parece incorporar características associadas com a sabedoria antiga. Havia ainda o Tabernáculo, que também parece ter vínculos dimensionais com o conhecimento antigo. g. Sabemos que, quando o Sol nascia na alvorada, iluminava a Arca dentro do Tabernáculo. h. Vimos referências de Bede e Josephus ao fato de que, na hora do equinócio, o Sol brilhava entre as colunas do

templo, através do pórtico, do saguão e dentro do Santo dos Santos para iluminar a Arca. i. Vimos que Davi, que projetou o Templo, foi contemporâneo do faraó herege Akhenaton, que mudou a religião do Egito e o poder dominante na região, na época em que o Templo foi construído, para o culto monoteísta do deus-Sol. j. E está claro que Davi projetou o Templo para refletir as características do Tabernáculo, e como lar para a Arca. Eu aprendera muita coisa, havia visto e lido tanto, que senti que sabia o suficiente para aplicar alguns dos princípios ao Templo de Jerusalém. Estava tudo indo muito bem com as informações que obtive, mas, se eu quisesse prosseguir com sucesso na minha pesquisa para descobrir a razão pela qual o Templo de Salomão era visto com tanto respeito, precisava me remeter de volta à era dos construtores. Eu precisava pensar como eles. Mas era mais fácil dizer do que fazer isso. Toda construção começa com alicerces firmes. Eu não podia imaginar que os construtores do Templo tivessem iniciado as obras no local sem idéia do que construiriam e sem realizar nenhum planejamento para isso. Plantas escritas realmente existiram. Em 1 Crônicas 28, no Antigo Testamento, podemos ler: David reuniu em Jerusalém todos os líderes de Israel... O rei Davi se pôs de pé e disse: "Escutem-me, meus irmãos e meu povo. Eu tinha no coração o propósito de construir um templo para nele colocar a Arca da Aliança..." Então Davi deu a seu filho Salomão as plantas do pórtico do templo, dos seus edifícios, dos seus depósitos, dos andares superiores e suas salas, e do lugar do propiciatório.

Disse Davi a Salomão: "Tudo isso a mão do Senhor me deu por escrito, e ele me deu entendimento para executar todos esses projetos". E acrescentou: "Seja forte e corajoso! Mãos ao trabalho! Não tenha medo nem desanime... As divisões dos sacerdotes e dos levitas estão definidas para todas as tarefas que se farão no templo de Deus, e você receberá ajuda de homens peritos em todo tipo de serviço". A partir da citação acima, sabemos que havia uma planta. Consequentemente, os conceitos que caracterizavam essa planta seriam baseados no conhecimento antigo que, em grande parte, estava aos cuidados dos sacerdotes levitas. Desse modo, ainda muitos detalhes a respeito de como o Templo deveria ser construído também devem ter existido. A metodologia de construção quase, com certeza, levaria em conta os princípios geométricos que examinamos previamente neste livro. Assim, quando Hirão, rei de Tiro, enviou Huram, um artesão qualificado, para ser encarregado das obras de construção, também podemos supor que Huram era igualmente instruído a respeito da geometria e de como usá-la em uma construção. Além disso, também seria conseqüente que os israelitas baseassem o Templo nos mesmos conceitos que até então haviam sido empregados no Tabernáculo. Quando embarquei pela primeira vez nessa tarefa, cheguei a uma conclusão muito simples: que, apesar do incrível entendimento que essas pessoas tinham do mundo natural em torno delas, teriam usado métodos de construção simples e sem complicações, baseados no conhecimento que tinham de Geometria e da influência do macrocosmo. Percebi que, se aplicasse o mesmo

entendimento, eu terminaria com uma estrutura que não estaria de acordo com as interpretações arquitetônicas estilizadas que podem ser encontradas em uma infinidade de outros livros. Eu precisava ter certeza de que cada passo era racional e justificado. O reinado do rei Salomão havia começado. Era hora de iniciar a construção. A medida que o processo avançar, descobriremos os mistérios do Templo de Salomão, construído no Monte Moriá. Por que o Monte Moriá? - o significado do Cubo Arqueólogos, historiadores e teólogos que estudaram a Terra Santa e os principais personagens dos tempos bíblicos concluíram que pelo menos a religião israelita primitiva colocava considerável ênfase no culto a objetos celestiais e lugares elevados, com montanhas altas específicas, adoradas por serem consideradas sagradas. Já vimos a influência do culto celeste nos paramentos usados pelos sacerdotes, quando o historiador romanojudeu Josephus nos fala que certos atributos eram reflexo dos céus: o Sol, a Lua, os planetas e as constelações do Grande Cinturão. Os paramentos foram desenhados durante o período em que Moisés e Aarão exerceram influência nos tempos subsequentes ao Êxodo. Observamos ainda que Moisés foi ao topo de uma montanha, o Monte Sinai, por conta própria, para receber ou construir os Mandamentos, as leis que regularizariam a conduta e os relacionamentos dentro da tribo. Não é difícil compreender que em uma época em que se pensava que o Paraíso ficava em cima do céu, cultuar a divindade no alto da montanha, seria visto como estar o mais próximo possível para se ter comunicação direta com a divindade. Assim, a construção do Templo ou pelo menos de um

altar de sacrifício, no alto da montanha, estaria inteiramente de acordo com os princípios religiosos em voga. Então, por que o Monte Moriá? Os primeiros israelitas viam a si próprios como descendentes de Abraão, e o Monte Moriá foi o lugar onde Abraão levou seu filho Isaque para o ritual de sacrifício. Então, as tradições religiosas primitivas identificariam o mesmo como um local sagrado desde os primeiros dias da religião israelita. O Monte Moriá também é identificado com Abraão por outra razão. A tradição diz que, nessa montanha, Abraão viu um objeto cair do céu. Aparentemente o objeto era uma grande rocha negra. Atualmente podemos considerar isso como um meteorito que ficou escuro em conseqüência do calor criado à medida que ele caía da atmosfera superior da Terra. Porém, como caiu dos céus, seria inteiramente lógico que as pessoas daquela época o considerassem originado no reino de Deus e, portanto, a ser visto como objeto sagrado a ser adorado. A tradição islâmica nos informa que o profeta Maomé primeiro procurou construir o santuário mais sagrado no Monte Moriá, o Monte do Templo, mas depois deu instruções para que o santuário mais sagrado fosse construído em Meca. É o santuário conhecido como Kaaba (existem várias ortografias), que os peregrinos islâmicos viajam para ver. Tem a forma aproximada de um cubo e abriga uma rocha negra que se acredita, em algumas áreas, sejam restos de um meteorito. A Kaaba é considerada a representação do centro da Terra e o ponto onde Adão adorou a Deus pela primeira vez. Acredita-se que tenha uma contraparte celeste. Também se acredita que seja o lugar onde, sob orientação celestial, a Kaaba

foi construída pela primeira vez por Abraão e seu filho Ismael, quando a sakinah rodeava o local e os instruiu sobre a construção. A referência a sakinah parece ter uma relação direta com a shekiná, observada no livro de Êxodo do Antigo Testamento, e a construção do Tabernáculo por Moisés. Como foi indicado anteriormente, existem pessoas que acreditam que a shekiná é uma referência ao planeta Vênus e ao ciclo de 40 anos, como isso era entendido em tempos antigos. Na época em que a religião islâmica estava se desenvolvendo, alguém podia muito bem imaginar que os mesmos princípios da sabedoria antiga fossem conhecidos, embora a religião islâmica tenha se desenvolvido cerca de 1.500 anos depois da construção do Templo de Salomão. O cubo, feito de seis lados e oito cantos, simbolizava o Paraíso. Se a mesma tradição a respeito de Abraão ter construído um templo em forma de cubo existia entre os israelitas, então isso também teria sido igualmente importante para eles. Assim, não surpreende descobrir que o mesmo foi incorporado ao projeto do Templo de Jerusalém criado por Davi. A conseqüência seria que o Santo dos Santos em forma de cubo, que fazia parte do Templo do Salomão, foi construído com a mesma interpretação. Assim, se o cubo representava o Paraíso, então o centro do cubo seria uma representação do centro do Paraíso, o lugar lógico para a divindade residir. Definição das fundações Na construção de qualquer estrutura importante, as fundações [ou alicerces] são o elemento mais crítico. Nós

já sabemos que o Templo foi construído no alto do Monte Moriá. Devemos supor que o solo exigiu algum tipo de nivelamento e grandes blocos de pedra foram necessários para fornecer um nível básico sobre o qual iniciar a construção. Depois de terminar essa fundação, a tarefa seguinte seria marcar as posições relativas das paredes. Como foi discutido antes, o Tabernáculo foi originalmente erguido no eixo leste-oeste. A linha central do eixo precisava ser definida, pois tudo o mais surgiria a partir dela. Definir a orientação era, suponho, relativamente fácil. No centro do local, uma lança ou uma vara com uma seta na ponta poderia ser fincada no chão de modo que sua ponta ficasse do lugar mais alto. Na alvorada do dia do equinócio de primavera, uma pessoa especializada em marcação, como o próprio Huram, ficaria de pé no canto ocidental do local com outra lança. Quando a primeira luz do dia aparecesse, então o observador principal alinhava a lança que ele tinha no Oeste com aquela do centro do local, também em linha com o ponto no horizonte onde o Sol aparecia pela primeira vez. A segunda lança era então inserida no chão ao longo dessa linha. A linha reta desenhada a partir da base da segunda lança, passando pela base da primeira lança, até o ponto onde o observador principal ficava em pé, fornecia o eixo lesteoeste perfeito.

O nascer do Sol na hora do Equinócio - o alinhamento leste-oeste perfeito O capítulo 6 do livro 1 Reis do Antigo Testamento nos conta que o Templo tinha 60 côvados de comprimento e 20 côvados de largura. Depois nos informa que do comprimento total de 60 côvados, o saguão [átrio] tinha 40 côvados de comprimento e o Santo dos Santos tinha 20. Parece perfeitamente lógico sugerir que essas seriam dimensões internas, pois em nenhuma outra parte do Antigo Testamento são fornecidos detalhes exatos a respeito da espessura das paredes externas. Assim, ao descrever um círculo de dez côvados de raio a partir da base da lança no centro do local, nós teríamos então a largura definida de 20 côvados. Ao descrever mais dois outros círculos, com o mesmo raio, um de cada lado da lança central, com o uso dos princípios da Vesica Piseis, então existiriam cinco círculos no total. A razão para a escolha de cinco círculos se tornará clara no devido momento. O comprimento total que eles criariam seria de 60 côvados e a largura de 20 côvados. Nesse processo simples, a largura do Templo é determinada e também o seu comprimento. Até as duas salas principais, o Santo dos Santos e o Saguão também são definidos. Além disso, a definição está de acordo com o conhecimento sagrado.

O raio de 10, sem o zero = 1 = unidade e simboliza a divindade. • O diâmetro de 20, sem o zero = 2 = dualidade = Céu e Terra. • O comprimento de 60 reflete o sistema de contagem, sem o zero = 6 = harmonia. • O número 40, sem o zero = 4 = os quatro elementos: Terra, Vento, Fogo, Água. • Vesica Piscis: o desenho mais sagrado na geometria. Em um processo muito simples, o esboço da planta baixa básica do Templo estava definido. •

Com relação à altura, os livros de Reis e Crônicas afirmam que o Templo tinha 30 côvados. Isso levantou em minha mente a questão a respeito de como essa dimensão foi determinada. Nós já sabemos que o Santo dos Santos era um cubo que media 20 x 20 x 20 côvados. Assim, a altura total não seria ditada por esse aspecto da estrutura. Existe, porém, um aspecto do Santo dos Santos que podemos pesquisar. Em suas considerações filosóficas, Pitágoras atribuía certas características aos números. O cubo sagrado era definido pelo número oito. Quando retiramos o zero de 20, então temos 2, e 2 x 2 x 2 = 8, que, por sua vez, representa simbolicamente o mundo. A altura podia ser determinada por dois círculos, cada um de dez côvados de raio, em Vesica Piscis. Isso resultaria em um prédio retangular simples, fácil de construir.

Raio de 10 côvados = 30 côvados de altura Essa distância de 30 côvados seria bastante fácil de fixar, levantando dois postes nos cantos no final do prédio, depois pegando uma corda e medindo até o ponto onde uma linha desenhada na tangente do segundo círculo, usado na definição da planta baixa, atingia a extremidade externa da parede. Assim, a marca de 30 côvados seria definida. Ao girar a corda verticalmente, a altura seria estabelecida. Mas esse foi um prédio considerado especial por centenas de anos.

A abordagem vesica de dois círculos parecia lógica, ainda que também bastante simples. Não que eu estivesse querendo tornar isso mais difícil do que precisaria ser. A única alternativa sugerida seria usar a abordagem do quadrado secreto do maçom. Girando uma corda na base de apenas um círculo na planta baixa, resultaria em uma altura de 20 côvados. Adicionando metade de um quadrado no topo teríamos 30 côvados de altura.

O segredo do maçom

O segredo do maçom

O segredo do maçom = Quadrado reduzido à metade

Se esse quadrado fosse então acrescentado ao topo da estrutura quadrada já criada, o resultado seria um perfil no qual a porção superior seria exatamente a metade daquela de baixo. Isso seria importante para a forma que não era imediatamente óbvia para a pessoa que não estivesse autorizada a entender. Decidi continuar com

no texto bíblico.

essa escolha como a principal. Possível esboço do Templo

Acrescentando o pórtico O texto de 1 Reis 6, 3 afirma que: E o pórtico diante do templo da casa era de 20 côvados de comprimento, segundo a largura da casa, e de dez côvados de largura diante da casa.

A partir disso, está claro que o pórtico se estendia ao longo da largura do prédio e dez côvados adiante, mas não há menção à altura. Voltaremos a essa questão. O significativo é que agora o comprimento total do Templo pode ser baseado em seis círculos em Vesica Piscis. Seis, o número simbólico da harmonia. Vesica Piscis, templo + pórtico I

Santo dos

Saguão

Pórtico

Santos

Nota: A quantidade de círculo agora aumentou exatamente para seis. Deus criou os Céus e a Terra em seis dias. É fácil entender que o projeto havia sido baseado no comprimento total ditado por seis círculos em vez de cinco. Sendo o centro de um círculo visto como mais sagrado, então, se o tamanho do Santo dos Santos fosse definido por um círculo completo, o centro dessa área também seria o lugar mais sagrado do Templo. Por enquanto vamos deixar de lado o assunto do pórtico e da estrutura. Mas retornaremos a eles. A posição da Arca O texto de 1 Reis 8, 6-8 informa a localização da Arca no Templo, antes de a construção ter sido consagrada.

Assim trouxeram os sacerdotes a Arca da Aliança do SENHOR ao seu lugar, ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo, até debaixo das asas dos querubins. Porque os querubins estendiam ambas as asas sobre o lugar da arca; e os querubins cobriam, por cima, a arca e os seus varais. E os varais sobressaíram tanto, que as pontas dos varais se viam desde o santuário diante do oráculo, porém de fora não se viam; e ficaram ali até o dia de hoje. No livro de Êxodo, torna-se claro que, quando a Arca foi construída, as varas de transporte eram para ser passadas pelos anéis que faziam parte do projeto, e que as varas nunca deveriam ser removidas. O texto acima implica que os querubins já estavam no local. Como era possível ver as pontas das varas de transporte, estas devem ter sido alinhadas na direção leste-oeste. Assim, a Arca teria sido carregada para o Santo dos Santos e depositada em uma linha diretamente na frente da porta que dava acesso ao Saguão e ao Santo dos Santos. Os querubins Os querubins levantaram um mistério: Por que estavam ali? Eles deveriam servir para alguma finalidade. Qual seria essa finalidade? Em todo o material que li a respeito do Templo, existem muitas referências à existência desses querubins, mas jamais encontrei alguma tentativa de explicar para que eles serviam. Era como se esses itens fossem identificados como símbolos religiosos que os escritores se esquivavam de comentar. De acordo com fontes acadêmicas, a palavra querubim é derivada do acadiano e significa "um gênio que era

conselheiro dos grandes deuses e um advogado do trono de Javé". Bede atribui aos querubins outra definição. Ele os descreve como sendo "...preenchidos com a luz da sabedoria celestial...". Bede continua: Era por isso que ele queria que se chamassem cherub que significa em latim "grande depósito de conhecimento". O que era esse depósito de conhecimento? O que ele queria dizer com a luz da sabedoria celestial? Eu tive uma visão deles que mais tarde chamei de loucura de Huram. O quadro que se formou em minha mente era que, durante a construção do Templo, Salomão encontrou-se com Huram na passagem entre o Saguão e o Santo dos Santos. Salomão olhou ao longo do comprimento do Santo dos Santos e tudo o que podia ver era uma parede escura de pedra cinzenta no final do lado oposto. Virando-se para Huram, ele disse: "não sei o que vamos fazer com essa parede, Huram. Parecerá escuro, desolado e horrível quando o sumo sacerdote caminhar por essa passagem". "Não se preocupe, Salomão", replicou Huram, "o que eu tenho em mente é pregar um par de grandes querubins de bronze, revestidos de ouro, é claro, com asas estendidas de um lado ao outro do Templo. Eles vão cobrir essa parede sutilmente. Os sacerdotes vão esquecer que a parede existe". Mas as coisas não aconteciam assim. Na época em que o Templo foi construído, tudo era feito com um propósito, não apenas como decoração. Os detalhes a respeito dos querubins estão em 2 Crônicas 3,10-13:

Também fez na câmara santíssima dois querubins de madeira, e os cobriu de ouro. As asas dos querubins tinham 20 côvados de comprimento: a asa de um deles, tendo cinco côvados, tocava na parede da casa, e a outra asa, tendo também cinco côvados, tocava na asa do outro querubim; também a asa deste querubim, tendo cinco côvados, tocava na parede da casa, e a outra asa, tendo igualmente cinco côvados, estava unida à asa do primeiro querubim. Assim as asas destes querubins se estendiam por 20 côvados; eles estavam postos em pé, com os rostos virados para a câmara. A partir desse texto, aprendemos que os dois querubins tinham duas asas de cinco côvados de comprimento, que eles estendiam por toda a largura do Santos dos Santos, tocando levemente as paredes externas e o meio da câmara. Então, eles se encontravam em uma posição diretamente acima da Arca. Como a Arca ficava colocada no centro da câmara, embaixo das asas dos querubins, é óbvio que os querubins ficavam em uma posição que formava uma linha pela metade do caminho da câmara entre a passagem e a parede dos fundos. Eles também ficavam de frente para o Saguão, o que significa que apontavam para a passagem que conectava as duas câmaras, e, portanto, ficavam de frente para o Sol nascente.

Querubi ns A Arca sobre as varas de transporte

Os querubins foram cobertos de ouro, assim como a Arca nos tempos antigos. As paredes de dentro, as partes internas, também foram revestidas de ouro. As notas anexas ao texto bíblico indicam que o peso do ouro era de cerca de 23 toneladas. Supondo que o valor do ouro seja $ 430 a onça, então, no início do século XXI, o valor do ouro usado só nessa câmara teria sido cerca de $ 235.000.000,00. Ainda devemos lembrar que o ouro nessa época também poderia simbolizar o Sol. O cubo e o centro Vimos que provavelmente a Arca ficava posicionada no centro do Santo dos Santos. Como as asas ficavam estendidas sobre a Arca, isso significava que também os querubins se encontravam no centro em cima dela. Sendo um cubo de 20c x 20c x 20c, existia um ponto diretamente em cima da Arca que era o centro exato do cubo. A partir desse ponto, a distância para o teto, o piso e cada uma das paredes seria de exatamente dez côvados; desprezando o zero, ficamos com o número um, o símbolo da divindade. Em tal cenário, é altamente provável que o ponto no qual as asas dos querubins tocavam fosse o ponto central exato do Santo dos Santos. As salas laterais O texto de 1 Reis 6, 5-6 diz: Edificou andares em torno da casa, contra a parede, tanto do templo como do oráculo, fazendo assim câmaras la-

terais ao seu redor. A câmara de baixo era de cinco côvados; a do meio, de seis côvados; e a terceira, de sete côvados de largura. E do lado de fora, ao redor da casa, fez pilastras de reforço, para que as vigas não se apoiassem nas paredes da casa. Nos versículos citados, ficamos sabendo que em torno das paredes externas do Templo uma série de salas foi construída em três níveis separados. Além disso, o método de construção era tal que a integridade do interior do templo não era prejudicada pelas protuberâncias necessárias para suportar a estrutura externa. Os versículos também nos dizem como isso era obtido, com o uso de uma estrutura de pedra em degraus, pilastras de apoio como parte das paredes externas.

A estrutura de pedra em degraus em torno das paredes externas fornecia uma saliência no local a partir da qual vigas de madeira poderiam se apoiar, criando assim um piso para o segundo e o terceiro níveis, e um teto sobre o terceiro. Isso é reforçado em 1 Reis 6,10, que diz:

Também edificou os andares, contra toda a casa, de cinco côvados de altura, e os ligou à casa com madeira de cedro. Como cada sala tinha cinco côvados de altura, isso fornecia um quarto nível de cinco côvados antes de chegar à altura de 20 côvados do nível criado pelos dois quadrados, um no topo do outro. Assim, tudo ficava equilibrado. Porém, havia ainda mais alguma coisa que chamava a atenção. As salas tinham larguras específicas muito definidas, que por sua vez poderiam afetar a estrutura externa de apoio. Em 1 Reis 6, 6 elas são descritas assim: A câmara de baixo era de cinco côvados; a do meio, de seis côvados; e a terceira, de sete côvados de largura. E do lado de fora, ao redor da casa, fez pilastras de reforço, para que as vigas não se apoiassem nas paredes da casa. Somando todas as larguras, temos: 5 + 6+7 = 18. Na filosofia de Pitágoras: 1 + 8 = 9, o valor simbólico do homem. Existiam dois lados do Templo, de modo que o total é 36 e 3 + 6 = 9. Essa mesma configuração também existia detrás do Templo: 3 x 1 8 = 54 e 5 + 4 = 9. As janelas do clerestório O texto de 1 Reis 6:4 afirma que: Ele fez para o templo janelas com grades estreitas.

Em virtude de existir a menção específica de que elas eram estreitas, isso indica que a medida da largura era significativamente menor do que a da altura. A maioria dos desenhos anteriores, ou tentativas de ilustrar o Templo, ignora essa afirmação completamente, mostrando janelas quadradas na área em cima do teto, sobre o terceiro nível das salas laterais. Supondo que o esboço do Templo fosse aquele que eu sugeri, isto é, definido pelos dois quadrados, sendo exatamente a metade de um o tamanho do outro, então a área da parede em cima das salas laterais é de apenas cinco côvados de altura. Fazendo a redução no topo e na parte inferior da janela de um côvado, por razões estruturais, então a altura máxima das janelas só pode ser de três côvados. Para serem estreitas, elas precisariam ter a proporção de algo parecido com três côvados de altura por dois côvados de largura. Essa parece uma janela bem pequena para o tamanho da estrutura. Decidi investigar a possibilidade de as janelas ficarem posicionadas nas laterais da estrutura superior. Isso revelou que era possível ter 12 janelas ao longo do comprimento do Saguão e do Santo dos Santos. Cada uma teria seis côvados de altura e três côvados de largura, com um intervalo de dois côvados e um côvado em cada ponta, que, quando somados em conjunto, também acrescentariam dois côvados. Intervalo entre = 2c 12 janelas

Esta configuração provou ter outro interessante efeito relacionado ao Sol. As janelas do clerestório e o efeito do Sol Tendo chegado ao que pensava que seria o perfil lógico das janelas, imaginei qual seria o efeito do Sol brilhando através delas. Investiguei isso usando desenhos em escala. Escolhi as três elevações primárias do Sol, a saber: o equinócio, o solstício de verão e o solstício de inverno. O que ficou evidente era que, conforme as estações mudavam, também mudava a posição do raio de luz do Sol que entrava pelas janelas no lado sul, enquanto batia no interior da parede do Templo no lado norte. No inverno, a posição do raio ficava naturalmente alta na parede. Na época do equinócio no hemisfério norte, o Sol fica mais alto no céu e o raio de luz se espalharia por uma área maior na parede. Na época do solstício de verão, a luz cobriria a parede norte.

Isso tem outras conseqüências interessantes. O texto em 1 Reis 6 afirma que as paredes internas do Templo eram decoradas com imagens de querubins, bagos, palmeiras e flores abertas. Já demos uma olhada na evidente sabedoria da Salomão como observa 1 Reis 4, que afirma: Descreveu as plantas, desde o cedro do Líbano até o hissopo que brota nos muros. Também discorreu sobre os quadrúpedes, as aves, os animais que se movem rente ao chão e os peixes. O fato de as paredes serem decoradas com palmeiras e flores abertas parece-me estranho para uma estrutura religiosa, a menos que seja um reflexo da sabedoria de Salomão, de seu conhecimento do macrocosmo e da sua interdependência derivada dos dias iniciais da criação do mundo. As flores aparecem

em muitas variedades, exibindo suas cores em diferentes momentos do ano. Além disso, muitas formas de plantas a que hoje em dia nos referimos como vegetais têm flores associadas a elas. As ervilhas, por exemplo, produzem uma flor a partir da qual cresce a vagem. O mesmo vale para os morangos. Cachos de framboesa produzem flores antes da colheita, assim como as maçãs e as pêras. O mesmo acontece com a amora preta nas cercas vivas. A palavra bago significa o fruto suculento de uma planta de trepadeira podendo incluir as uvas e as amoras pretas. Assim, o comentário a respeito de bagos e flores abertas pode não ser uma referência ao tipo de flores que hoje cultivamos especificamente para fornecer cores decorativas para nossos jardins e lares, mas um comentário referente às flores que formavam aquilo que, para os povos da época salomônica, era a sua fonte de alimento. O Templo de Salomão nos foi legado como uma estrutura significativa, uma impressionante maravilha, que sugere algo mais do que apenas um lugar de culto. Foi contra essa percepção reforçada que me dei conta de que o uso combinado de raios de luz do Sol em vários períodos sazonais e os bagos e flores abertas da decoração poderiam funcionar em conjunto como um almanaque de produção de alimentos.

A parte interna do Saguão era dividida em uma série de seções ditadas pela colocação dos candelabros. Eu pude imaginar que cada seção era decorada com diferentes formas de vida de plantas. A medida que o Sol se movia ao longo do horizonte, então sua elevação acima do horizonte também mudava. A medida que o ano avançava, os raios de luz nas janelas do clerestório iluminariam certos bagos ou flores para indicar que era tempo de semear, cultivar ou colher. Teria sido um calendário sazonal para cultivo. A era de Salomão foi de relativa paz e prosperidade. Ambos atributos podem muito bem ter sido, entre outros fatores, o resultado de uma plenitude de suprimentos de alimento. Esta última seria a conseqüência de um calendário sazonal bem estruturado para o gerenciamento da agricultura. Esse

calendário pode muito bem ter se originado dos raios de luz brilhando através das janelas do clerestório. Os batentes das portas e a luz dos querubins Anteriormente mencionei a mudança no texto entre as versões King James do século XVII e a mais recente da Nova Versão Internacional. Em particular, chamei atenção para 1 Reis 6, 31 na Nova Versão Internacional, que descreve a entrada entre o Santos dos Santos e o Saguão [átrio] assim: Para a entrada do santuário interno fez portas de oliveira com batentes de cinco lados. Durante meses pensei sobre isso, notando que em 1 Reis 6,33 existe uma descrição da passagem para o Saguão que afirma que a entrada era feita com um batente de quatro lados; em outras palavras, que a entrada era bastante convencional. O fato de os batentes do Santo dos Santos serem de cinco lados implicava que eles teriam alguma característica especial. Se eles tivessem a forma de um polígono regular, então poderíamos considerar que os batentes eram pentagonais. Isso não fazia sentido. Como podemos ver no diagrama abaixo, o formato resultaria em um ponto de gargalo na passagem. Nem faria sentido girar a forma de modo que existisse uma estrutura de porta paralela. Isso só poderia levar a protuberâncias embaraçosas dentro da câmara. Além disso, eu não podia compreender por que eles decidiriam por um arranjo tão elaborado e pouco

prático, embora obviamente tivessem habilidades necessárias para construí-lo.

todas

as

Os meses passaram e essa configuração sempre me deixava perplexo. Então, nesse meio-tempo, fiz uma viagem de negócios pelo Norte da Inglaterra. Certa noite, eu estava sentado no quarto do hotel contemplando os aspectos do projeto do Templo, quando resolvi descobrir a resposta dos batentes. Tentei transportar a minha mente para a época da construção e refletir sobre os muitos Templos da Antigüidade que visitei na área do Mediterrâneo, especialmente no Egito, e como eles eram estruturas relativamente simples feitas de blocos de pedra quadrados. Preocupava-me como alguém poderia produzir batentes com cinco lados usando blocos quadrados. Peguei duas folhas quadradas do bloco de anotações da minha pasta e coloquei-as no espelho do quarto. Eu continuava dizendo a mim mesmo que aquelas eram pessoas simples, de modo que deveria existir uma solução simples. De repente, como por divina inspiração, a resposta apresentou-se para mim. Girei um dos quadrados em 45 graus.

Embora a solução fosse simples, eu tinha dúvidas. Elas se dissiparam meses depois. Em visita ao Egito para ver em primeira mão as pirâmides de Gizé e a Esfinge, aproveitei para visitar a pirâmide em degraus de Saqqara e Mênfis, a capital antiga. Já nos subúrbios do Cairo, perto do antigo centro de Heliópolis, várias estradas se encontravam em uma junção que forma uma rotatória. A medida que nos aproximamos dessa junção, notei que em toda a área em volta existiam pilhas de pedras, claramente de construções antigas, restos de estátuas e outras relíquias, que, não sendo atribuídas a nada em particular, haviam sido reunidas em montes. No centro da rotatória da junção de estradas, ficaram duas pedras muito antigas, de forma quadrada, cada uma com cerca de oito pés de altura (2,5 metros). Elas tinham sido deliberadamente arranjadas na configuração que mostrei acima. Provei para mim mesmo que alguém mais havia percebido a beleza desse arranjo simples.

Agora, eu tinha alguma solução para a passagem que era simples de construir, mas não explicava por que continuava existindo um lado inclinado no batente. Durante a mesma viagem de negócios antes

mencionada, tive a oportunidade de visitar a catedral de Durham. Eu a visitara duas vezes anteriormente, mas bem antes do meu interesse pelo Templo de Salomão surgir. Novamente encontrei aquele efeito da divina inspiração, como se estivesse me ajudando. Eu estava admirando alguns vitrais das janelas quando meus olhos perceberam a forma da face interna das paredes adjacentes a elas. Elas ficavam em ângulo. Isso era para espalhar a luz. Nesse momento, percebi que o batente de cinco lados talvez tivesse assim alguma implicação com a física da luz e a maneira como a mesma era distribuída no Santo dos Santos. Em capítulo anterior, fiz referência à Arca posicionada no Tabernáculo de modo a ficar iluminada pelo Sol na alvorada, uma função destacada na tradução do De Templo de Bede: (...) de modo que o nascer do Sol equinocial podia derramar seus raios diretamente sobre a Arca da Aliança por meio de três portas, a saber, o pórtico, o templo e o oratório(...) Batente de cinco lados - Física da luz Equinó-

Se o templo fosse construído segundo esse mesmo princípio, então, estando em um eixo leste-oeste na hora do equinócio, um raio de luz do Sol podia penetrar no pórtico, no saguão [átrio], pelo batente de cinco lados e iluminar a Arca. Em tese, à medida que o Sol se movia para o Norte, durante os meses de verão, para a posição do solstício de verão, então o ângulo interno do batente, no lado esquerdo, permitiria que um raio de luz se espalhasse para o Sul, enquanto a metade norte do templo ficaria na sombra. Ao contrário, à medida que o Sol se movia para o Sul desde o equinócio, em direção ao solstício de inverno, então o raio de luz se tornaria restrito pelo ângulo reto do outro batente. Batente de cinco lados - Física da luz Solstício de verão

Supondo uma passagem com altura suficiente, o raio de luz do Sol na alvorada também iluminaria progressivamente as asas dos querubins.

Pela minha formação de engenheiro, eu sabia que nem sempre a teoria e a prática necessariamente se apoiam. Para provar que o princípio era confiável, construí uma réplica do Saguão e do Santo dos Santos em escala em uma cartolina grossa. Arrumei um pedaço de cartolina no centro do Santo dos Santos e desenhei nele as representações dos querubins e da Arca. Coloquei-os na linha central do chão da garagem e então marquei os ângulos que representavam a posição dos solstícios. Cerca de oito pés atrás do modelo, posicionei uma lâmpada de 100 watts. À medida que movia a lâmpada no vão dos ângulos de solstício, então a luz dentro da réplica do Santo dos Santos se espalhava exatamente como a teoria sugeria. Além disso, o ponto que representava o centro entre os solstícios e o equinócio correspondia exatamente com os corpos dos respectivos querubins. Em muitos aspectos, essa era uma característica das origens do octograma, que mencionei antes neste livro, e dos festivais célticos que eram realizados a meio do tempo entre os solstícios e os equinócios. À medida

que o raio de luz se movia do corpo do querubim, que ficava posicionado no norte da câmara, a intensidade da luz diminuía rapidamente para cerca de três quartos do percurso ao longo da asa mais ao norte, e o raio de luz se apagava. Isso levantava uma idéia interessante. Os querubins tinham asas, e as asas tinham penas. Se as asas estivessem adequadamente arranjadas de modo que as penas na ponta debaixo das asas estivessem claramente definidas, e tivessem adequado espaçamento, à medida que o Sol se movia de norte a sul no equinócio, então a posição do espectro da luz do Sol registraria a passagem do Sol. Os querubins atuariam como calendário e como indicadores da passagem das estações. A tradição dizia que o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos apenas um dia do ano. Imaginei o que poderia estar acontecendo que fosse de tal significado para esse evento solitário. Talvez o sumo sacerdote estivesse observando se a luz do Sol havia reaparecido na asa norte dos querubins, o que significava o final do inverno; será que estava tudo bem com o macrocosmo? Seria uma forma de observação ligeiramente diferente de assistir aos solstícios de inverno em Stonehenge, mas com as mesmas conotações. Como foi citado, o Venerável Bede descreveu os querubins como "... preenchidos com a luz da sabedoria celestial... um grande depósito de conhecimento". O Templo Sol continua a existir

Em Udaipur, no Rajastão, um estado do Norte da Índia, existem dois palácios magníficos. Um palácio fica no centro de um grande lago e serve atualmente como hotel. Seu cenário tranqüilo e incomum, junto com a localização romântica, faz que seja bastante popular entre turistas ocidentais. O outro palácio, muito maior, que fica nas margens do lago, é o lar dos Maharanas, que são os tradicionais governantes desse Estado. O palácio atual, aparentemente, data por volta do século XVI, muito tempo antes da chegada do governo colonial britânico. Quando tive a felicidade de visitar esse palácio, o meu guia era um homem da casta brâmane. Os brâmanes são uma linha sacerdotal semelhante aos levitas dos tempos do Antigo Testamento davídico. À medida que demos uma volta pelo palácio, o guia mencionou que os maharanas reconstituíram suas origens e linhagem até 5 mil anos, até o deus-Sol. Isso despertou o meu interesse imediatamente. Eu estava admirado com a quantidade de simbolismos presentes e embutidos na estrutura. O octograma era particularmente visível. Perguntei se havia alguma razão particular para esses elementos estarem ali, mas sempre a existência de qualquer elemento simbólico era negada. Até que, aí sim, chegamos a um lugar que só posso descrever como a sala do trono, onde a coroação de um novo maharana estava acontecendo. O meu guia mencionou que durante os procedimentos, que aparentemente demoravam horas, o novo governante segurava um rosário de 12 contas, que ele constantemente movimentava e contava. Indaguei a respeito do significado do número 12. O guia se afastou do grupo de outros turistas e acenou para que

eu o seguisse. Ele notou meu interesse pelo simbolismo dos números e então indicou que 1 + 2 = 3, e que, dentro do panteão dos deuses indianos, o terceiro é o deus da criação; que a criação da vida como conhecemos é governada pela luz e o calor do Sol, e que isso se relacionava ao deus-Sol, de quem os maharanas consideravam-se descendentes. À medida que passamos para o pátio, na frente do palácio, notei um grande disco circular dourado inserido no alto de uma parede. Ele sobressaía contra o que eram de outra maneira as paredes estruturais externas que, em algum tempo, foram revestidas de uma tinta que continha pigmento vermelho, uma cor que há muito tempo havia sido esmaecida pela intensidade do Sol. O meu guia mencionou que o disco era o símbolo do Sol, novamente observando que o maharana era descendente do deus-Sol. Enquanto prosseguíamos pelo palácio, eu me vi, quase por acidente, em uma sala atrás do disco do Sol que havia visto do pátio. Era óbvio que ele fora construído de maneira a permitir que fosse removido lá de dentro. Isso, o meu guia me contou, era para o momento em que o dia e a noite tinham igual duração, o que nós chamamos de equinócio, na alvorada, um raio de luz penetrasse no comprimento da sala e iluminasse a parede na qual a imagem do deus-Sol havia sido montada. Essa imagem agora havia sido removida para uma parede lateral. O guia continuou indicando que existiam duas janelas laterais e, quando o Sol estava nos limites de sua viagem pelo horizonte, os solstícios, então o raio de luz na alvorada penetrava nos cantos mais distantes da sala.

O disco do Sol na parede externa do "A sala de penetração do Sol" no palácio, ao lado das duas janelas palácio, atrás do disco do Sol. laterais. A similaridade entre o conceito de penetração solar que parecia possível no Templo de Salomão e o que eu era capaz de ver nesse palácio no Rajastão era espantosa. E havia ainda o vínculo com o deus-Sol. O mistério do oráculo (...) e assim a altura total da casa de acordo com o livro de Paralipomeno alcançava 120 côvados (...) Cento e vinte côvados de altura é o equivalente a cerca de 180 pés ou 60 jardas ou 85 metros. O que está sendo sugerido é que a altura do Templo de Salomão era, grosso modo, o equivalente a um prédio moderno de 18 a 20 andares. Teria sido um empreendimento estrutural gigantesco para a época. Só o peso das pedras demandaria extensas fundações, que não foram identificadas pelos

arqueólogos. O peso poderia ter sido reduzido com o uso de madeira de Tiro, no Líbano, mas, mesmo assim, o peso final continuaria demandando alicerces consideráveis. Um oráculo dessas proporções teria sido semelhante às torres que foram acrescentadas a muitas catedrais européias, torres pontiagudas que se dirigiam para o céu e forneciam uma visão imponente sobre a região campestre em volta. Mesmo com a construção de torres substancialmente baseadas em estruturas de madeira, tal era esse peso que muitas delas desabaram. Grossas paredes de pedra de escoramento renderam-se sob o peso dessas enormes estruturas de madeira. Na catedral de Chichester, a torre foi acrescentada no século XV e desabou cerca de 400 anos depois, em 1861. Inúmeras ilustrações representando como teria sido o Templo de Jerusalém têm sido feitas desde o século XVIII. A grande maioria delas, que tive a oportunidade de inspecionar, não mostra nenhuma estrutura substancial que reflita a altura de 120 côvados. A única que eu encontrei foi aquela desenhada pelo reverendo Caldecott, que será mostrada adiante neste livro. Mesmo assim, por razões proporcionais associadas com a apresentação em uma página impressa, apenas parte da altura total é mostrada. Então, será que a indicação ao oráculo era uma referência a outra coisa que não uma superestrutura gigantesca? Existe uma resposta surpreendente e atormentadora. Segundo tudo o que já observamos até agora, o Sol nascente, particularmente na hora do equinócio, brilhava através do pórtico, do saguão e da passagem

que levava ao Santo do Santos, iluminando a Arca e, ao que parece, os querubins. O número 15 já ocorreu várias vezes e está relacionado com a rotação da Terra em seu eixo, que leva 24 divisões de 15 graus, que atualmente definimos como uma hora de tempo, para completar uma revolução. Também é significativo que a Lua esteja sempre cheia no 15o dia de seu ciclo, o ponto médio do calendário lunar usado para governar assuntos religiosos. Se o Templo de Salomão se baseava no conhecimento do mundo natural e na sabedoria que existia na época, então alguém poderia esperar que essa referência a 120 côvados tivesse algum vínculo com esse entendimento. Como já era de se esperar, existe exatamente essa evidência. Acontece que todos os números inteiros compreendidos entre 1 e 15, quando somados, perfazem um total de 120. Além disso, esses números se encaixam no padrão aritmético conhecido como números triangulares.

1 2 4 7 11

5 8

12

3 6

9 10 13 14 15

Esses números inteiros produzem algumas características interessantes. Por exemplo, se todos os números ímpares forem somados em conjunto, eles perfazem 64:

1 + 3 + 5 + 7 + 9+11 +13+ 15 + = 64 e 6 + 4= 10 Se agora nós somarmos conjuntos para produzir subtotais intervenientes, temos os quadrados dos números inteiros consecutivos: 1 + 3 = 4 + 5 = 9 + 7 = 16+ 9 = 25 + 11 = 36+ 13 = 49+ 15 = 64 2x2 = 4, 3x3 = 9, 4x4 = 16, e assim por diante." Então, com o que o número 120 poderia estar relacionado? No texto do Antigo Testamento, a palavra oráculo está associada ao Santo dos Santos, que sabemos ser um cubo que mede 20 côvados. Dentro da sala existiam dois querubins com asas esticadas. Cada asa tinha cinco côvados. A natureza das duas asas em volta de um corpo é que elas formem um triângulo. Se a altura das asas no centro do corpo dos querubins também fosse de cinco côvados, então as três principais dimensões para a construção das asas estariam completas quando relacionadas à sabedoria do número 120 e sua relação com o número 15.

Se a referência ao oráculo de 120 côvados de altura realmente for uma referência a um padrão triangular contendo números que somam 120, então novamente estamos observando os princípios da sabedoria antiga. Como o Venerável Bede observou, a tradução do latim

da palavra "cherub" conhecimento".

é

"grande

depósito

de

E os sacerdotes pararam Em 1 Reis 8,10-11, encontramos um comentário curioso, relacionado à consagração do Templo quando a Arca da Aliança foi carregada para o Santo dos Santos e colocada entre as asas abertas dos querubins. O texto diz: E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor; de modo que os sacerdotes não podiam ter-se em pé para ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor. Algumas interpretações desse texto sugerem que a glória do Senhor era uma luz brilhante que significava a presença do Senhor, e era tão forte que os sacerdotes eram forçados a se ajoelhar no Santo dos Santos. A partir dos detalhes dos desenhos que fomos capazes de juntar até agora, parece que a Arca foi carregada para dentro do Templo, provavelmente um pouco antes da alvorada, no dia do equinócio. Sem dúvida, incenso era queimado no incensário dourado, o que por sua vez fornecia uma atmosfera ligeiramente enfumaçada. Então, na alvorada, o feixe de luz penetrava no pórtico, no saguão, na passagem para o Santo dos Santos, batendo nas asas douradas dos querubins, refletindo uma descarga de luz intensa através da sala, que por sua vez refletia e combinava

com as finas partículas de fumaça. Se os sacerdotes não tivessem previsto essa reação, qualquer um pode muito bem imaginar que eles ficariam assustados, e a intensidade da experiência teria sido tal que eles poderiam não administrar os ritos cerimoniais que haviam previsto. Em vez disso, abandonariam o Santo dos Santos atrás de proteção, e é isso o que a passagem acima registra. Se essas especulações estiverem corretas, então eles teriam testemunhado a glória do deus-Sol. Conclusão O projeto e a implementação do Templo parecem refletir os princípios da sabedoria antiga tanto no uso da geometria como no avanço do Sol pelo horizonte oriental. Isso revela seu uso potencial como calendário sazonal, que uma sociedade estabelecida e estável poderia usar para prever as estações e, portanto, maximizar a produção de alimentos. Isso teria melhorado a prosperidade e o bem-estar da nação. Existe aqui alguma coisa a ser aprendida a partir das informações que foram dadas a respeito das colunas?

Capítulo 14 Segredos nas Colunas As colunas se mostraram um pouco diferentes da maneira como as havíamos imaginado no passado. Nós já tratamos das colunas no sentido de que elas faziam parte dos untensílios. Como elas se destacam nas cerimônias maçônicas, então parecia lógico que eu devesse tentar entendê-las com maiores detalhes.

O que já sabemos sobre as colunas Temos os detalhes em 1 Reis 7, 15-22: E formou duas colunas de cobre; a altura de cada coluna era de 18 côvados, e um fio de 12 côvados cercava cada uma das colunas. Também fez dois capitéis de fundição de cobre para pôr sobre as cabeças das colunas; de cinco côvados era a altura de um capitei, e de cinco côvados a altura do outro capitel. As redes eram de malhas, as ligas de obra de cadeia para os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas, sete para um capitel e sete para o outro capitel. Assim fez as colunas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs, assim também fez com o outro capitel. E os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas eram de obra de lírios no pórtico, de quatro côvados. Os capitéis, pois, sobre as duas colunas estavam também defronte, em cima da parte globular que estava junto à rede; e 200 romãs, em fileiras em redor, estavam também sobre o outro capitel. Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz. E sobre a cabeça das colunas estava a obra de lírios; e assim se acabou a obra das colunas. Existem algumas observações interessantes aqui, no mínimo para sabermos que as duas colunas ficavam em um eixo norte-sul, com a coluna chamada Jaquim no Sul e a coluna chamada Boaz no Norte. Enquanto 1 Reis 7, 21 afirma que:

Depois levantou as colunas no pórtico do templo. O texto de 2 Crônicas 3,15 tem uma perspectiva ligeiramente diferente: Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados de altura.. Os dois textos combinados não deixam dúvidas de que as colunas foram erguidas no lado oriental do templo, na frente do pórtico, em oposição a Oeste, e atrás do Santo dos Santos. Apresento essa idéia pois, em muitos centros maçônicos, modelos de interpretações das colunas às vezes são acrescentados à decoração da sala da Loja, e em algumas Lojas ficam posicionados no Oeste. Existe uma lógica perversa nisso. Se alguém olhasse as colunas a partir da posição do Sol nascente, por definição elas ficariam no Oeste em relação a isso. Está claro, porém, que não devemos confundir a posição: eles ficavam no lado oriental do prédio, na frente do pórtico. O que o texto bíblico falha em dizer é a respeito da distância na frente do pórtico em que elas ficavam posicionadas. Por acaso, a moderna simulação no computador ajudou-me a resolver esse problema. Vamos ver os resultados rapidamente. De acordo com 1 Reis, cada coluna tinha 18 côvados de altura e 12 côvados de circunferência, medidos em linha. Havia uma ligeira variação nos comprimentos das colunas implicados no texto de 2 Crônicas 3,15, que afirma que "juntas elas tinham 35 côvados de comprimento". A interpretação de alguns círculos,

incluindo certas cerimônias maçônicas, é de que talvez tivessem 17,5 côvados de altura cada um. A variação algumas vezes é atribuída à necessidade de ter uma área em torno do topo das colunas na qual os capitéis podiam ficar. Assim, os capitéis cobririam a metade de um côvado do comprimento total das colunas. Como veremos depois, não pode ser essa a razão para a diferença nos dois textos, notando que também existe uma variação no uso de palavras, altura e comprimento. Existiam, então, dois capitéis, também fundidos em bronze, que foram colocados nos topos das colunas; cada capitel tinha cinco côvados de altura. Novamente, encontramos uma ligeira diferença entre os textos de Reis e Crônicas. Em Reis, os capitéis têm topos em forma de lírio, enquanto em Crônicas os capitéis são descritos como tendo a forma de vasos. Em Reis também há menção a mais uma imagem de lírios que se estendiam por outros quatro côvados em cima dos capitéis. Depois, ficamos sabendo que existiam redes de correntes entrelaçadas esculpidas nos capitéis, sete para cada capitel. Finalmente, somos avisados de que também existiam duas fileiras de romãs em cada capitel, com o número total de romãs nos dois capitéis sendo de 400. Assim, supondo que eles fossem igualmente alocados em cada fileira, então existiam cem imagens de romãs em cada fileira. Tal suposição se confirma em 2 Crônicas 3. Assim, a altura das colunas, com base no texto bíblico, e usando a altura estabelecida de 18 côvados, era: 18 + 5 + 4 = 27 côvados.

Os capitéis - as correntes entrelaçadas Também fez dois capitéis de fundição de cobre para pôr sobre as cabeças das colunas; de cinco côvados era a altura de um capitel, e de cinco côvados a altura do outro capitel. As redes eram de malhas, as ligas de obra de cadeia para os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas, sete para um capitel e sete para o outro capitel. Em painéis das Lojas Maçônicas e em outras ilustrações das colunas, as correntes entrelaçadas muitas vezes são representadas como malha quadrada. No Egito Antigo, uma corrente era uma série de círculos interligados, com base na Vesica Piscis e no raio pela metade, vistos antes nesta obra. Tais círculos interligados simbolizavam bons presságios. Então, seria lógico que a referência a correntes entrelaçadas seguisse o mesmo princípio. Se os capitéis têm um diâmetro de cinco côvados, então o comprimento da circunferência é um pouco mais de 15 côvados, dois números significativos do macrocosmo. Se os círculos são desenhados com um pouco mais de dois côvados de diâmetro, então o resultado são sete círculos que podem circundar o capitel redondo. Além disso, o valor numérico seria um reflexo da dualidade: dois = Céu e Terra.

É igualmente interessante que, se três fileiras dessas correntes são acrescentadas ao capitel, mas em forma de Vesica Piscis, o padrão a seguir emerge.

Essa configuração resultaria, portanto, em três fileiras, representando as três posições do Sol; sete círculos em cada fileira para representar os sete dias da criação e o descanso; 21 círculos no total resultando em 2 + 1 = 3, mais 3 a partir das linhas e 3 do total, 3 + 3 = 6 = harmonia. Além disso, a altura das correntes ficaria em torno de quatro côvados, deixando espaço para outra decoração, embora o número quatro possa ser uma alusão aos quatro elementos: Tem, Vento, Fogo e Água. Os capitéis - as romãs Assim fez as colunas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs, assim também fez com o outro capitel. Conforme o texto complementar, existiam cem romãs em cada fileira, 200 para cada capitel. Assim, achamos que as romãs ficavam em cima das correntes.

Os capitéis - a forma de vaso e os lírios E os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas eram de obra de lírios no pórtico, de quatro côvados. Quando visitei os templos antigos que ficavam ao longo do Nilo, no Egito, observei que os topos tinham formas diferentes, dependendo de sua função e localização. Basta um olhar atento para perceber que podiam ser interpretados como tendo formato de vaso. Fiquei surpreso com aqueles que claramente sugeriam a parte de baixo de uma planta, ao passo que a borda superior era moldada para representar as folhas da planta. No templo de Edfu, nas margens do Rio Nilo, a partir de Luxor, existem alguns exemplos maravilhosos que ilustram topos modelados em forma de vasos e folhas e uma ampla variedade no número de pétalas.

Os topos das colunas em forma de pétalas de lírios foram modelados junto com as linhas da arquitetura egípcia, como pode ser visto em Edfu. Reproduzido com a gentil permissão do Departamento de Turismo do governo egípcio.

A minha conjectura é que essa era a intenção desse tipo de arranjo. Porém, lembrei também que o número de pétalas usado em Jerusalém era seis, mais uma vez a idéia de harmonia. Mas o mais importante era que o número seis tinha uma relação direta com o lírio. Até agora sabemos apenas que se tratava da representação de um lírio. Existem vários tipos deles, sem mencionar os híbridos que se originaram comercialmente no último século. Não tinha percebido isso até começar minha pesquisa sobre este assunto, mas o lírio padrão, que pode muito bem ter crescido no Oriente Médio, na época de Salomão, tem uma configuração de pétalas muito próxima dos triângulos intercalados do Selo de Salomão. Recordando que a sabedoria de Salomão se estendia ao conhecimento enciclopédico sobre árvores e plantas, é compreensível que ele possa ter escolhido tal flor como emblema de sua identidade nacional, quase da mesma maneira que o lótus se tornou o símbolo do Egito.

Vamos sair do assunto dos capitéis por enquanto. Voltaremos a eles depois de ver a estrutura das colunas com mais detalhes.

O lírio parecido com Selo de Salomão A aritmética babilônica do reverendo Caldecott Com o Templo de Salomão se destacando de forma tão proeminente nas cerimônias maçônicas, parecia lógico que, se existisse algum lugar único para alguém com esperança de encontrar informações a respeito dessa estrutura, ele seria a Sede Central Global da Maçonaria, mais conhecida como o Fremasons Hall, em Londres. Esse prédio também abriga um museu e uma biblioteca magnífica, cada um contendo artefatos e documentos, alguns dos quais com séculos de idade. Trancadas em gabinetes de vidro, existem até cópias de obras famosas a respeito da Maçonaria e do

Templo de Salomão, escritas em outros idiomas além do inglês, especialmente em latim, francês e alemão. Quando eu estava examinando esse conjunto de materiais, o bibliotecário apontou-me a direção de um livro que ficava trancado nos gabinetes de vidro. Publicado no início do século XX, e escrito pelo reverendo W. Shaw Caldecott, ele tinha o título singelo de Solomon's Temple - its history and structure [O Templo de Salomão - Sua História e Estrutura]. Caldecott foi claramente um homem bem educado em seu tempo. Como muitos nessa época, parece que teve uma educação clássica que lhe deu firme compreensão do latim e do grego. Ele faz muitas observações detalhadas a respeito da estrutura do Templo, inclusive o fato de que a base do Templo provavelmente teria sido construída sobre uma plataforma em relevo, sugerindo que existiam dez degraus que levariam à frente do mesmo. Quanto às colunas, Caldecott chega a ponto de somar as alturas registradas de 18 + 5 +4 = 27 côvados, como observamos anteriormente. A área de quatro côvados no topo dos capitéis ele se refere como supracapitéis. Ele vai então estabelecer, quase à força, que as colunas deveriam ter sido montadas sobre bases para ter estabilidade, e sugere ainda que cada base tinha três côvados de altura. Assim, cada coluna teria altura total de 30 côvados. Isso, ele afirma, era para se encaixar com os princípios da aritmética babilônica que usava 60 como base de seu sistema de contagem. Duas colunas, cada uma, de 30 côvados, dariam o total de 60 côvados. O reverendo Caldecott também faz outra suposição: a de que os capitéis tinham forma quadrada. Isso, ele

argumenta, porque as colunas se encaixavam dentro do pórtico na frente do templo. Aqui, eu encontro uma fraqueza nos argumentos dele. O texto bíblico sugere que a altura do Templo era de 30 côvados, mas, a partir do esboço do projeto que já vimos, com base no entendimento geométrico, é provável que a altura do pórtico fosse de apenas 20 côvados. Então as colunas não se encaixariam dentro deles, pois seriam muito altos. Se, porém, a altura do pórtico fosse de 30 côvados, então as colunas provavelmente poderiam ser vistas como elementos estruturais, segurando o teto do pórtico. Caldecott parece pular essa questão ao indicar que a torre da frente, o Oráculo Real, tinha um teto com altura suficiente para acomodar as colunas. Se elas fossem elementos estruturais, é duvidoso que alcançassem a aclamação e a admiração que lhes são atribuídas, tanto no texto do Antigo Testamento como depois nas cerimônias maçônicas. Além disso, os capitéis teriam diâmetro maior, ou lados quadrados, do que o diâmetro da haste da coluna. Usando o princípio de que a circunferência de um círculo tinha três vezes o diâmetro, então, com a circunferência da coluna tendo "12 côvados em linha", o diâmetro seria de quatro côvados. Não seria irracional, suponho, que o diâmetro ou as laterais dos capitéis tivessem cinco côvados. Caldecott mostra os capitéis tocando no pórtico, como na ilustração abaixo. Por definição, isso implica que a largura do pórtico era de dez côvados. Com as colunas tendo quatro côvados cada uma, oito côvados e dez côvados de largura seriam usados pelas colunas, deixando três intervalos, um de cada lado e um no meio. Assim, aquele que ficava no meio, como

mostrado, teria menos de um côvado de largura para passar e ter acesso ao Templo. Com essa conclusão, as colunas funcionariam efetivamente mais como uma grade, impedindo a entrada.

FRONT ELEVATION OF TEMPLE Apesar dessa fraqueza, a revisão da estrutura de Caldecott era a primeira que eu encontrava que sugeria que as colunas haviam sido montadas sobre bases ou plintos. Para a minha formação de engenheiro, essa sugestão simples, embora desprezada, fazia total sentido. O que me incomodava era a altura das bases de três côvados. Arredondando, essa é uma altura de cinco pés (1,5 metro), mais ou menos a altura média de um homem dos tempos mais antigos. Por enquanto, eu havia percebido que tudo o que era feito naqueles tempos caracterizava algum reflexo do macrocosmo. Se, realmente, a cerimônia de

consagração do Templo tivesse sido em favor do deusSol e dos corpos celestes, então a altura das colunas teria que refletir algum aspecto deles. A respeito disso, a medida de 30 côvados se encaixava exatamente por causa do calendário lunar, o qual era a base da organização e da regulamentação da vida religiosa naqueles dias, que era medido em períodos de 30 dias. Não pude deixar de pensar se o reverendo Caldecott estava a par disso e como essa revelação se pareceria da parte dele. Teríamos então um homem vestindo hábito, que observava a conexão de 30 dias com os ciclos lunares, e isso, portanto, implicava que Salomão estaria associado ao que era visto como ideais pagãos. A conexão aritmética babilônica teria sido, portanto, uma alternativa adequada e justificável. Não obstante o ceticismo e o cinismo de minha parte, o ponto que ele estabeleceu a respeito das bases das colunas me impressionou. Logo depois de encontrar a obra de Caldecott, fiz a primeira das minhas três visitas ao Egito. Essa primeira visita me levou a muitos lugares maravilhosos, a respeito dos quais eu havia lido durante vários anos: Luxor, Tebas, o Vale dos Reis, o Templo de Edfu, Assuan e a coluna quebrada e o Templo de Abu Simbel. Em cada local do Templo, a enormidade da sugestão de Caldecott ficava imediatamente óbvia. Todas as colunas tinham bases. Medi a altura de algumas delas em cada novo local que visitei. A minha metodologia era simples. Eu colocava as pontas dos dedos no chão e o antebraço contra a base; a distância para o meu cotovelo é de aproximadamente um côvado, como a medida antiga. Havia uma pequena, mas notável variação nas alturas que, em

geral, eu atribuí ao fato de muitos locais terem passado por restaurações arqueológicas, e as alturas dos pisos podiam, portanto, ter sido ajustadas no processo. De modo geral, porém, observei que a altura de cada base era de cerca de um côvado e que o diâmetro das bases era maior do que o diâmetro das colunas, cerca da metade de um côvado em volta, isto é, um côvado a mais no diâmetro total. Se as bases das colunas do Templo de Salomão refletiam os princípios de construção que se desenvolveram no Egito, então pensei que as bases das duas colunas associadas ao Templo também podiam ter um côvado de altura. Isso, é claro, seria totalmente contrário à sugestão do reverendo Caldecott. O que me preocupava, porém, era que a altura total das colunas agora poderia ser de 28 côvados e continuava se encaixando nos aspectos do ciclo lunar, pois a Lua nova leva 28 dias até a escuridão, e daí a conexão com o calendário religioso e o macrocosmo. Existia mais alguma coisa que me impressionava a respeito do número 28. No sistema de medição em côvados, havia uma divisão menor, o dígito, que era aproximadamente a extensão de um dedo indicador. Um côvado abrangia 28 dígitos, a quantidade de distâncias em dedos indicadores da ponta dos dedos até o cotovelo. Quatro dígitos eram iguais à largura da mão, e cinco dígitos eram um palmo. Essa conexão com o mundo natural, que usa a forma humana como método de medição, era, nesse caso, outra associação com o macrocosmo. Também, simbolicamente, o número 28 tem o seu significado. O número 7 era altamente considerado,

pois, de acordo com as escrituras, a divindade realizou toda a criação em seis dias, e descansou no sétimo, completando os sete dias da semana. Somando os sete números de 1 a 7 = 28. 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28 Percebi que todos os edifícios grandiosos precisam ser construídos sobre alicerces sólidos, geralmente de rocha. Se não existisse rocha imediatamente disponível sob a posição das fundações, então uma base sólida deveria ser inserida. Em lugares como Luxor e Tebas, notei que as bases das colunas pareciam estar assentadas sobre lajes de pedra. Não seria irracional que, se fossem necessárias fundações especiais em Jerusalém, onde as colunas seriam erguidas, um bloco de pedra precisasse ser instalado para que se pudesse apoiar a superestrutura das colunas. E tal bloco de pedra deveria facilmente ter dois côvados de altura. Se o mesmo tivesse dois côvados de altura, então a altura total seria de 30 côvados. Essas revelações, inspiradas nos comentários do reverendo Caldecott, forneceram visões que serviram mais tarde para desbloquear aquilo que agora acredito terem sido os segredos das colunas do Templo de Salomão. Elas também fortaleceram a sugestão aritmética de Caldecott, mas não exatamente da maneira que ele pensou.

Colunas Maçônicas do Reverendo Caldecott

A sombra das colunas Em virtude de as colunas serem descritas como estando em um eixo norte-sul, é óbvio que, se elas também ficassem na frente do pórtico, como igualmente descrito, então, ao meio-dia, elas lançariam uma sombra ao longo desse eixo. Para estabelecer qual efeito sazonal ocorreria, consultei um simulador astronômico. Selecionei o local como Jerusalém. Para levar em conta as inclinações da precessão, recuei o calendário de volta a 955 AEC, época na qual o templo foi construído. Foi fascinante observar o Sol se movendo ao contrário na eclíptica para fora da nossa atual constelação precessional de Peixes em direção à eminente constelação da época de Salomão, Aries, na hora do equinócio. Defini as datas para equiparar com o equinócio e os solstícios, registrando a altitude máxima aproximada do Sol alcançada naquele momento. Em uma pequena simulação doméstica no computador, não era fácil conseguir a altitude exata e o azimute, mais consegui

uma aproximação bastante próxima. Os resultados foram os seguintes: Jerusalém 955 AEC - Sol na altitude máxima aproximada Equinócio Altitude de 54,5 graus em azimute de 179 graus Solstício de Verão 81,5 graus em azimute de 179 graus Solstício de Inverno 35,3 graus em azimute de 180,5 graus Decidi que dois côvados da altura total ficariam abaixo do piso, deixando assim 28 côvados para cima. Um pouco de trigonometria elementar produziu um diagrama simples do efeito da sombra. O resultado foi uma revelação.

Alguém na classe sacerdotal deve ter tido a tarefa de marcar a posição da sombra quando o Sol estava em seu meridiano. Isso teria permitido aos sacerdotes usar a sombra como calendário e relógio. É um desenvolvimento interessante, pois, em uma Loja da Maçonaria, esse é o trabalho do Segundo Vigilante, que fica posicionado ao sul da Loja, para "marcar o Sol em seu meridiano". Tendo em mente que o Templo de Salomão é uma característica da Maçonaria, será que a marcação da posição da sombra entre as colunas não seria a origem dessa expressão? A geometria das colunas era interessante, mas eu observei que, se o pilar norte, Boaz, tivesse sido colocado com sua linha central no fim da sombra do solstício de inverno, então a sombra não alcançaria o centro do pilar por causa da natureza de sua construção. Os capitéis nos topos das colunas são citados como tendo cinco côvados de altura. As colunas são mencionadas como de quatro côvados de diâmetro. Para mim parecia lógico que os capitéis fossem maiores em diâmetro que as colunas e poderiam muito bem ter o mesmo diâmetro que a altura. Em outras palavras, os capitéis teriam cinco côvados de diâmetro. Em consideração à simetria, eu, portanto, assumi que a área exposta da base teria também cinco côvados de diâmetro. Mais uma vez, um pouco de trigonometria simples mostrou que, se um ângulo fosse obtido do centro da base da coluna ao longo da linha do Sol no solstício de inverno, um ângulo de 35 graus, o resultado era o comprimento dentro da base de 1,5 côvado. Isso corresponde com a altura da base visível

mais a área entre a borda externa da base e a haste da coluna.

Então, alguma coisa a mais surgiu involuntariamente. Se a área visível da base era de cinco côvados, então seria possível que a seção da base oculta, embaixo da superfície como um bloco de fundação, fosse provavelmente maior em diâmetro do que a base visível. Decidi que deveria ser um côvado maior como a variação entre a base e a coluna. Assim, o bloco da fundação teria seis côvados de diâmetro. Se alguém considerasse a base visível com cinco côvados de diâmetro, então ela também teria 2,5 côvados de raio. Com duas dessas colunas, isso significaria que a distância central entre as linhas centrais das bases seria reduzida em cinco côvados. Isso produz mais uma revelação surpreendente, pois 40 - 5 = 35. O texto de 2 Crônicas 3,15 do Antigo Testamento afirma que: Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados de altura; e o capitel, que estava sobre cada uma, era de cinco côvados. Assim, quando menciona que:

Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados de altura... Então pode não ser a referência à altura das colunas como muitas vezes se pensa na Maçonaria, mas a distância entre elas medida nas bases. Tudo isso parecia muito incrível. Até agora tudo parecia se encaixar. Por vários meses, depois da descoberta do relacionamento geométrico entre as colunas e a influência do Sol, fui cauteloso a respeito do resultado. Porém, foi em uma viagem a Delhi, na Índia, que todas as dúvidas se dissiparam.

O Jantar Mantar Durante vários anos, visitei Delhi regularmente a negócios. Como sempre acontecia em viagens desse tipo, eu quase não tinha tempo suficiente para ver qualquer coisa na cidade como turista. Nos finais de semana, se ficasse em Delhi, eu pegava o ônibus de

turismo para lugares como Agra para ver o Taj Mahal, ou encomendava um novo terno dos alfaiates da praça Connaught, um importante distrito comercial de Nova Delhi. Eu sabia da existência do parque celestial conhecido como Jantar Mantar, com centenas de anos, e que agora fica quase no centro da cidade, mas que eu nunca havia visitado antes. Agora, eu estava lá, de volta a Delhi, interessado em assuntos celestiais, e a visita ao Jantar Mantar de repente ganhou alta prioridade em minha agenda. O Jantar Mantar é um observatório que foi construído por volta de 1725, alguns anos antes da chegada do governo colonial britânico, por um marajá com interesse na resolução de mistérios da Astronomia. Na verdade, ele construiu dois observatórios como esse, que são idênticos, distantes cerca de 250 milhas. Isso permitiu que seus sacerdotes brâmanes astrônomos observassem os céus, comparassem suas descobertas separadamente e avaliassem o que haviam visto. O local em Delhi contém algumas construções circulares maravilhosas, a céu aberto, mas com paredes com dúzias de aberturas pelas quais a luz do Sol ou da Lua podia penetrar. As partes internas das paredes são cuidadosamente inscritas com marcações angulares, muitas das quais agora estão desbotadas, mas que continuam úteis. Existe uma construção que tem um formato peculiar contendo o contorno de dois corações, com degraus de pedra que vão do chão até o topo. Fui informado de que, se alguém ficar de pé no degrau mais baixo, à noite, e olhar para o topo dos degraus, a estrela em cima será a Estrela Polar. Existem porões cuidadosamente desenhados para monitorar o Sol em momentos

importantes do ano. O observatório como um todo é uma construção maravilhosa, que lamentei não ter visitado anos antes. Porém, havia um prazer inesperado para encontrá-lo. O guia me conduziu por entre duas colunas redondas, pintadas de vermelho, que ficam perto da entrada. Eu não as medi, mas elas tinham cerca de nove pés (três metros) de altura. O guia explicou que no alto verão, ao meio-dia, as sombras ficavam contidas dentro do diâmetro da base nas colunas. Na época do equinócio, a sombra do pilar sul apenas tocava a base do outro, ao passo que na época do solstício de inverno, a sombra do pilar sul se arrastava até o topo do pilar do norte. Fiquei extasiado. Essa era a recriação virtual do movimento da sombra que eu havia cogitado para as colunas do Templo de Salomão. Todas as minhas dúvidas se dissiparam.

O Jantar Mantar de Nova Delhi, na Índia. As duas colunas estão à esquerda na figura. A posição das colunas em frente ao pórtico Muito feliz porque agora as sombras das colunas do Templo de Salomão pareciam ter significado, imaginei a qual distância do pórtico as colunas estariam. Eu já

sabia que a distância entre as colunas era provavelmente de 35 côvados, ou 40 côvados até seus centros. A partir do texto bíblico, sabemos que o pórtico e o saguão tinham uma profundidade combinada de 50 côvados, e a profundidade dentro do Santo dos Santos até a face dos querubins provavelmente era de dez côvados, medindo 60 côvados ao todo. Incrivelmente, esse é o comprimento estabelecido para o Templo no livro de Reis. Mais uma vez, usando o simulador celeste, notei que na alvorada do dia do solstício de verão, quando visto de Jerusalém na época do rei Salomão, o Sol aparecia no horizonte em um azimute de 62,5 graus e no dia do solstício de inverno em 117,5 graus. Isso é o que se poderia esperar, com ambos ficando cerca de 27,5 graus de cada lado do equinócio. A distância da linha central do pórtico do Templo até a base das colunas era de 17,5 côvados de cada lado. O ângulo do Sol em seu nascimento nos solstícios era de 27,5 graus. Então, o comprimento a partir da face dos querubins até a linha da base das colunas é 17,5 seno de 27,5 graus = 37,9 côvados. A isso precisa ser acrescentado ainda o raio da base da coluna - 2,5 côvados - perfazendo 40,34 côvados no total. Isso pode facilmente ser arredondado para 40 côvados. Assim, 60c + 40c dá cem côvados como a distância das colunas a partir da face dos querubins. Tudo perfeitamente equilibrado. A posição das colunas - prova

Sol - a meio caminho entre B Equinócio e Solstício

100c = 1 = divindade Os supracapitéis Existe apenas mais um elemento dessas estruturas a considerar: os quatro côvados no topo dos capitéis das colunas. Nas cerimônias maçônicas esses supracapitéis são mencionados como sendo globos nos quais eram delineados mapas dos globos terrestre e celeste, implicando na universalidade da Maçonaria. Mas era altamente improvável que eles tivessem essa conotação na época de Salomão. Embora historiadores sugiram que os povos desse tempo acreditassem que a Terra fosse plana, não podemos ter certeza se os sacerdotes da alta hierarquia, guardiões do conhecimento antigo, não pensavam de outra maneira. Somente séculos mais tarde, na época de Eratóstenes, tal revelação veio a público. Essa referência maçônica parece ter derivado desses supracapitéis sendo descritos como pomos. Por muito tempo pensei que soubesse o que fosse um pomo, mas para ter certeza verifiquei a definição no Dicionário de Oxford. Os principais significados citados eram que se tratava da ponta bulbosa do punho de uma espada, claramente feita para impedir que a mão da pessoa deslizasse em uma hora inoportuna da batalha; uma área saliente na frente de uma sela; uma

extremidade em um lado da sela; atacar com a espada; atacar com os punhos, esmurrar. Eliminei as duas últimas definições, pois não podia imaginar como pudessem se conectar com o Templo. Pouco depois percebi que as outras podiam ser definidas por uma palavra simples que estabelecia a conexão. A palavra era protrusão [protuberância] - todas elas sobressaíam de outra coisa. E parecia ser o que era necessário para finalizar os capitéis das colunas. Se, como já mostramos antes, a sombra lançada pelas colunas no meio-dia fosse usada para monitorar o calendário e as estações, então seria preciso ter uma estrutura pontuda no topo das colunas para garantir a exatidão, bem parecida com a forma triangular encontrada no topo de um obelisco. Seria muito difícil obter alguma indicação exata do momento da marcação da sombra criada por meio de um topo arredondado em comparação com o topo pontiagudo.

Aparecia em vários artefatos recuperados pelos arqueólogos. Ela nos mostrou o exemplo de um símbolo esculpido em uma grande peça de pedra, que originalmente deve ter sido usada como base de uma coluna. O símbolo era semelhante a dois triângulos, um invertido no topo do outro, de modo que suas pontas se encontrassem. Nossa guia também mencionou que as origens do símbolo eram desconhecidas, mas que ele era usado extensivamente, até em potes. Em razão das pesquisas que eu estava fazendo a respeito de povos dos tempos antigos, e as conexões religiosas deles com o Sol e a Lua, o símbolo

imediatamente me impressionou, como um padrão que alguém obteria ao definir as posições do Sol, nascente e poente, nos dias dos solstícios de verão e inverno. A sombra lançada pela coluna simples em espaço aberto seria similar ao padrão de Cnossos. Ao dividir o símbolo com uma linha passando pelo centro dos triângulos invertidos, imaginei se os ângulos resultantes norte e sul da linha central corresponderiam com a latitude do lugar onde Cnossos foi construída. Ao incluir o desenho em componentes importantes e em mercadorias comercializadas, isso reforçaria a localização a partir da qual tais mercadorias se originavam, quase como marca registrada. Foi logo depois dessa visita que encontrei o livro de Robert Lomas e Christopher Knight intitulado Uriel's Machine. Eles fizeram algumas observações a respeito da Newgrange, um lugar histórico na Irlanda, que se acredita tenha sido construído quase na mesma época de Stonehenge. Newgrange com certeza tem alinhamentos solares muito parecidos com os que podem ser encontrados em Stonehenge. Lomas e Knight observaram que os ceramistas Rinyo-Clacton [Groove Ware people], que também estavam associados com a era de Newgrange, freqüentemente usavam na olaria o padrão que produzia um losango em forma de diamante. A semelhança do padrão usado pelos ceramistas Rinyo-Clacton [Groove Ware people] com o de Cnossos foi imediatamente percebida. Assim que fiz essa observação, guardei logo na memória, para refletir depois. Foi quando eu estava avaliando o Templo de Salomão, alguns anos depois, que a lembrança dessa observação voltou à tona.

Tendo calculado a possível posição para as colunas serem colocadas na frente do pórtico do Templo, e como as dimensões se equilibravam com as outras partes da estrutura, pareceu lógico testar quais padrões de sombra resultariam no piso no nascer e no poente do Sol nos dias dos solstícios de verão e inverno. Com a ajuda de um simulador solar baseado em software, voltei o céu até a época em que o Templo supostamente foi construído, e defini o horário mais próximo daquele no qual o Sol teria aparecido no horizonte na alvorada. O azimute ficou em torno de 62 graus para o solstício de verão e 118 graus para o solstício de inverno. Isso daria uma variação angular a partir da linha central leste-oeste de 28 graus. O número 28 era significativo no calendário religioso lunar como já foi mencionado. Tudo parecia estar em perfeito equilíbrio. Porém, dependendo da capacidade do código usado no simulador de software, como pude perceber, a exatidão do resultado exibido era afetada. As leituras de azimute ficaram bem próximas de 60 graus e 120 graus, dando uma variação angular de 30 graus. Imaginei se não seria essa a verdadeira intenção, já que 30 graus correspondiam aos 30 côvados de altura das colunas. Um pouco de trigonometria básica dessas leituras mostrou que as sombras resultantes, criadas pelas colunas, enfocariam o centro da entrada do Templo. Mais uma vez, tudo parecia ter sido projetado para se encaixar harmoniosamente. Existe outra vantagem oculta a ser obtida com este arranjo. Isso significaria que, ao medir o ângulo da sombra em relação à linha central do Templo, a posição da Latitude de Jerusalém e, em

particular, a posição latitudinal do Templo na face da Terra também seriam registradas. A sombra das Colunas no

Além disso, com a marcação do ângulo do pôr- do-sol nesses mesmos dias, o padrão do losango estaria completo. Assim, como conhecimento sagrado, seria percebido que com a medição dos ângulos demarcados em um losango, criados pela sombra do Sol no nascente e no poente nos dias dos solstícios, a pessoa poderia determinar a sua posição latitudinal, pois a forma do losango mudaria dependendo de quão perto ou longe a pessoa estivesse do equador. O quadrado oculto de Rosslyn Durante o período em que estive preparando este livro, Robert Lomas, um dos autores mencionados anteriormente, escreveu uma obra complementar com o título de Turning the Hiram Key [Girando a Chave de Hiram]. Em suas obras anteriores, Robert Lomas e Christopher Knight chamaram atenção para a capela de Rosslyn, bem perto de Edimburgo, na Escócia; uma capela que contém considerável simbolismo maçônico

esculpido na pedra da estrutura. Rosslyn foi construída no século XV por William St. Clair, o último conde nórdico de Orkney, cuja família, durante séculos, forneceu os Grão-Mestres da Maçonaria na Escócia. Robert Lomas sustenta que as origens da Maçonaria Moderna podem ser traçadas pela construção dessa capela. Em um capítulo sobre o simbolismo em Turning the Hiram Key, Robert Lomas examina o assunto da forma do losango, tendo em vista que este pode ter sido associado ao culto da Deusa. Ele também chama atenção para o método do uso da forma do losango como meio de determinar a latitude da posição de alguém. Ele afirma: Na latitude em que William St. Clair construiu o Templo de Rosslyn, os ângulos do solstício produzem um quadrado perfeito, e foi ali que a moderna Maçonaria começou. Essa é uma observação interessante, pois, na cerimônia de iniciação maçônica, o candidato é admitido "(...) no quadrado". As colunas - o conhecimento oculto A disposição do Templo serviu para a idéia do Sol penetrando no Santo dos Santos na alvorada, e seu projeto parece corresponder com os principais ritmos solares. As janelas do clerestório teriam servido para a iluminação de um calendário na parede para acompanhar a produção e a colheita. O tamanho e a localização das colunas parecem ter correlação com a

altitude do Sol no meio-dia e com as principais posições no horizonte. Tanta coisa serviu para ser projetada em torno do Sol, que me perguntava se as dimensões das partes componentes também não haviam contribuído para o nosso conhecimento. Depois de uma série de falsas partidas, decidi criar uma planilha de computador simples que reunisse todas as dimensões da estrutura da coluna. Somei, multipliquei, subtraí e dividi os números, embora sentisse que as pessoas do tempo de Salomão só os deveriam ter somado e multiplicado. Mais uma vez fiquei abismado com o resultado. Confesso que eu tinha muitos dados que faziam sentido, mas, quando os coloquei em um gráfico, alguns se tornaram imediatamente óbvios. A tabela a seguir é um exemplo daquilo que os números revelaram (ver a tabela na página 316). O que particularmente me surpreendeu foram os totais de 27,5 e 29,5 relacionados com a Lua. Eu já mencionei que depois de 27,5 dias a face iluminada da Lua desaparece e emerge novamente dois dias depois como a Lua nova. Esses eventos acontecem no 28 o dia, o qual era a base do calendário solar civil, enquanto o 30o dia, no qual a mesma emerge de novo, era a base do calendário lunar religioso. Em virtude de dois côvados da base da coluna ficarem debaixo da terra e, portanto, na escuridão, parece que isso corresponde com os dois dias de escuridão da Lua. A Lua também tem um grande ciclo de 18,6 anos, resultando no retorno exato à mesma posição no céu. Isso corresponde com a altura das colunas. A partir disso e de outras informações reveladas nas dimensões das colunas, mais a localização e o

tamanho das colunas, acredito que o Templo fora construído para refletir e registrar as principais informações a respeito do movimento da Terra e seu efeito, além do conhecimento a respeito do Sol e da Lua. O Templo - a solução final Para mim, tudo agora se encaixa. O templo foi chamado de Templo de Salomão após a morte do construtor Jedidias, filho de Davi. Quando foi construído pela primeira vez, era conhecido como o Templo do Sol e da Lua [Salomão em inglês é Solomon], pois Sol significava Sol e Amon significava Lua. Esse fato também explicaria a razão pela qual o Templo de Salomão granjeou tão elevada consideração por tantos séculos: era o que o tornava tão exclusivo. Isso ainda explicaria porque se tornou importante característica da Maçonaria, no sentido de que as informações conferidas pelos sacerdotes e usadas pelos maçons operativos dos tempos passados ajudavam-nos a projetar prédios de acordo com os princípios do macrocosmo, os quais, por sua vez, eram vistos como se houvessem sido planejados e governados pela divindade. Também explicaria por que na Maçonaria contemporânea são feitas tantas referências a aspectos do Sol, embora na geração atual não tenhamos a compreensão do significado disso. Nós herdamos esse conhecimento antigo, mas, por causa do desenvolvimento da ciência e dos processos sistemáticos de educação das massas,

fomos nos afastando do entendimento de como isso poderia ser usado em nossas vidas cotidianas. Além disso, as colunas não eram apenas objetos simbólicos espremidos dentro do pórtico, ou queimadores de incenso metálicos que ficavam na frente da porta principal do Templo; eram símbolos enormes e magníficos da nacionalidade dos israelitas, da mesma grandeza do próprio Templo. Embora grande parte do simbolismo e dos detalhes ocultos fossem conhecidos de poucas pessoas, podemos imaginar esses ornamentos maravilhosos expostos orgulhosamente no topo do Monte Moriá, como faróis que podiam ser vistos a distância, com seus cumes dourados resplandecendo a luz do Sol. Na cerimônias maçônicas eles são mencionados assim: Eles foram colocados na entrada do templo(...) para que os Filhos de Israel pudessem ter a feliz libertação de seus antepassados continuamente diante de seus olhos, quando fossem e voltassem da divina adoração. Quando os israelitas subiam o Monte Moriá, não podiam deixar de ver as colunas. Estas ficavam posicionados 40 côvados na frente do Templo, em destaque, gigantes permanentemente eretos que dominavam a paisagem. Como os israelitas poderiam esquecer a sua libertação?

Revelação Divina Anteriormente, examinamos exemplos da geometria sagrada. Em particular, vimos o assunto da Razão Áurea, também conhecida como Divina Proporção, que se vincula com os números 1,618 e 0,618. Portanto,

para você não será surpresa descobrir que esses números agora aparecem no projeto do Templo. Se, como meus cálculos mostram, a posição das colunas fosse 20 côvados ao norte e ao sul da linha central do Templo, então elas também estariam cerca de dez côvados fora da estrutura do quadrado principal que representava o corpo principal do Templo. Também sabemos que as salas em torno das paredes externas, usadas pelos sacerdotes ou para armazenamento, tinham cerca de cinco, seis ou sete côvados de largura. Assim, a largura adicional criada por tais salas não podia ser menor que sete côvados. A posição das colunas significa que o diâmetro da base do alicerce inferior era de seis côvados; assim, ela estaria na mesma linha da dimensão exterior das paredes das salas dos sacerdotes. A parede externa precisava ter uma espessura que, assumiremos, seria 0,5 côvado, de modo que visualmente o intervalo ficaria fechado entre a parede e a base das colunas. Isso, portanto, acrescentaria 15 côvados à largura total do templo, estando o 15 em harmonia com as 24 divisões das horas, representando a rotação da Terra em um dia. Então, as bases das colunas seriam vistas alinhadas com as paredes externas das salas usadas pelos sacerdotes. As bases tinham cinco côvados de diâmetro, assim a largura total no nível do chão aumentaria em mais 2,5 côvados.

Agradecimentos................................................................................................................................................................2

Capítulo 1...................................................................................................................9 Por que o Sol?....................................................................................................................9 Conhecimento Secreto - Sabedoria Sagrada..................................................................83 Capítulo 4...............................................................................................................127 O Segredo do Selo de Salomão.....................................................................................127

Capítulo 5...............................................................................................................158 Pitágoras, Escolas de Mistério e Maçonaria..................................................................158 Capítulo 6...............................................................................................................174

Influência Eclesiástica - Maçons Admiráveis..............................................................................................................174

Capítulo 10.............................................................................................................348 Capítulo 11.............................................................................................................371 Capítulo 12.............................................................................................................377 Capítulo 13.............................................................................................................394

Até que visitei a maravilhosa catedral construída e usada pela Ordem dos Cavaleiros de São João. O padrão geométrico recorrente na decoração era o octograma. A princípio, fiquei surpreso de ver isso, pois, acima de tudo, é um símbolo venerado como talismã de sorte em países islâmicos, vinculado à roda de oito raios dos rituais pagãos. Então, descobrir isso ornamentando uma catedral com forte conexão cristã foi uma surpresa muito grande. Para mim ficou claro que deviam existir vestígios da construção da crux fourchette. Se ela se aplicava aos Cavaleiros Hospitalários e aos Cavaleiros da Ordem de São João, então, pensei, os mesmos princípios seriam verdadeiros para os Cavaleiros Tempiários. A partir dessa idéia simples, a solução do desenho rapidamente se revelou. E resolveu outro mistério para o qual eu buscava solução. Em capítulo anterior, indiquei os desenhos geométricos ocultos do Centro Maçônico de Sussex. No centro do piso existem dois círculos, um tendo a metade do diâmetro do outro e a letra "G" posicionada no centro. Embora certos aspectos do desenho se tornassem claros, a razão das oito figuras de losangos pretos em volta da borda externa permanecia sem solução, assim como a razão do círculo do centro. Eu já havia identificado que os oito pontos no círculo

externo permitiam o desenho do octógono, a geometria relacionada ao pentagrama e o quadrado secreto do maçom, mas nada disso produzia uma razão definida para os losangos pretos. O que eu não estava percebendo era que, ao produzir o octógono, eu também poderia criar o octograma. De repente tudo ficou claro. Quando os oito pontos do círculo externo se conectavam por dois quadrados, um grande octagrama se revelava; isso por sua vez levava ao padrão de oito pontas que resultava em um quadrado secreto do maçom. E isso também produzia outro octograma menor na direção do centro do círculo. Então desenhei um círculo em torno dos pontos externos e do octograma interno, e descobri que havia produzido um círculo com exatamente a metade do diâmetro do externo. Isso era encorajador por causa da óbvia vinculação com o piso. Então foi preciso apenas mais um curto passo para revelar a crux fourchette, com os losangos pretos se encaixando perfeitamente no padrão. Desnecessário dizer que esse padrão oculto, agora revelado em Sussex, também permitia derivar o octograma das oito colunas e da nave circular da Igreja Redonda de Cambridge. Além disso, há muito tempo foi estabelecido pelas Antigas Constituições Maçônicas que a letra "G" se referia à Geometria, enquanto os manuscritos maçônicos iniciais dizem que Geometria e Maçonaria são a mesma coisa.

O que até então não passava de uma pequena igreja histórica sem importância em Cambridge, agora se revelava um calendário sazonal capaz de monitorar o equinócio e o solstício, e uma precursora de muitos dos atributos da geometria sagrada, derivados de nossos antigos ancestrais para os quais o deus-Sol era a principal divindade.

Hiram Abiff ou Huram Abi? Um dos principais personagens da Maçonaria é Hiram Abiff, que, de acordo com a lenda maçônica, foi o arquiteto e o construtor do primeiro Templo de Jerusalém. Já vimos que, de acordo com o texto do Antigo Testamento, Davi foi o arquiteto e Salomão (Jedidias) foi o construtor. Quando, porém, fazemos uma analogia moderna, podemos inteipretar isso como

sendo Davi quem supervisionou o projeto e a preparação das plantas, Salomão (Jedidias) quem se encarregou das obras a serem feitas, e Hiram foi quem fez a coisa acontecer, sendo o gerente do projeto. Nos livros de Reis e Crônicas do Antigo Testamento, somos apresentados a Huram-Abi, que Hirão, rei de Tiro, enviou ao rei Salomão para ajudar na construção. Os textos relevantes em Reis e Crônicas são muito parecidos, mas a versão de Crônicas é mais detalhada. Estou te enviando Huram-Abi, homem de grande habilidade. Sua mãe era de Dã e seu pai, de Tiro. Ele foi treinado para trabalhar com ouro e prata, bronze e ferro, pedra e madeira, em púrpura, em azul, em linho fino e em carmesim e em todo tipo de entalhe. Ele pode executar qualquer projeto que lhe for dado. Trabalhará com os teus artesãos e com os de meu senhor Davi, teu pai. 2 Crônicas 2,13-14 Com base no texto acima, Huram-Abi era um profissional muito capacitado. Ele era habilitado na execução de projetos dados a ele como artesão. Isso é bem diferente de ser um arquiteto. Se essa pessoa não pode ser positivamente considerada o construtor do templo, então quem foi o verdadeiro Hiram Abiff? Huram, o Alquimista A maioria das pessoas que lê o texto de Reis e Crônicas pode muito bem notar as impressionantes descrições do Templo e a profusão de equipamentos,

mas poucos, arrisco sugerir, podem ter a idéia dos processos logísticos e das habilidades necessárias para fornecer tais instrumentos e equipamentos, como o Mar [Tanque] e as colunas, especialmente há 3 mil anos atrás. Esses itens sozinhos eram objetos substanciais de metal. Eles precisavam ser moldados com metal fundido. Para fazer isso, Huram necessitava de experiência na construção e operação de fundição, na identificação e fusão de minério bruto extraído do solo e no manuseio de metais fundidos muito quentes. Por causa do tamanho do Mar [Tanque] e das colunas, os materiais fundidos precisavam ser em quantidades relativamente grandes para a época na qual a obra foi empreendida. Somos informados no texto do Antigo Testamento que o Mar [Tanque] e as colunas eram moldados em bronze. O bronze é uma liga, isto é, a fusão de dois ou mais metais. O bronze é feito a partir do cobre, ao qual se acrescentam zinco e estanho. É um metal bem mais duro que o próprio cobre e, na época, em torno de 1.000 AEC, podia ser feito ainda mais duro com a adição de outras substâncias, como arsênico. No texto citado de Crônicas, também notamos que Huram era especializado em trabalhar com ferro. O Templo foi construído na época do auge da mudança da civilização e do uso cultural de metais; era o final da Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro. A Idade do Bronze, como a conhecemos, teve origens que podem ser rastreadas ao terceiro milênio AEC, então essa era uma ciência bem desenvolvida com pedigree de quase 2 mil anos na época da construção do Templo de Salomão. Portanto, não surpreende encontrar um homem que fosse capacitado em fundir

minério de cobre e que também fosse capaz de usar o ferro. As técnicas de fusão de minérios e o manuseio de metais derretidos teriam sido muito parecidas. Como foi afirmado antes, o material primário para fazer o bronze é o cobre, cujo ponto de fusão fica em torno de 1.083°C (1.981 graus Fahrenheit). Para esse metal derreter e ficar suficientemente líquido, de modo a fluir livremente para fins de moldagem, seria preciso que o fogo embaixo do caldeirão que segurava as matériasprimas atingisse uma temperatura maior do que essa. Sem dúvida, o material a ser queimado na fogueira seria madeira ou carvão vegetal derivado do mesmo. Qualquer que fosse o combustível, seria necessário bom acesso a suprimentos abundantes. Na época em que o Templo de Salomão foi construído, uma fonte primária de estanho existia na GrãBretanha, em Cornwall. Os comerciantes que visitavam Cornwall para obter suprimentos de estanho eram os fenícios, que operavam a partir de Tiro. Então, Huram tinha uma fonte de suprimento desse importante metal que ele precisava para produzir a liga do bronze. Se não fosse por sua conexão bíblica, Huram teria sido visto como um alquimista. A alquimia normalmente está associada à questão de transformar metais básicos, como o minério de ferro, em ouro. A mistura de metais, naquilo que atualmente chamamos de ligas, é exatamente o tipo de processo aceito pelos alquimistas como parte de sua busca. Huram seria, sem dúvida, capaz de identificar os minérios básicos de cobre, estanho e ferro, e saberia muito bem as conseqüências de adicionar substâncias como arsênico. Ele também era capaz de trabalhar com ouro

e prata. Uma pessoa assim, tão bem versada no uso e na manipulação de metais, não poderia fazer isso sem estar plenamente familiarizado com a arte do alquimista. O conhecimento da fusão dos materiais de Huram é igual ao dos tecidos, pois ele tinha claramente entendimento a respeito de como fazer e usar vários corantes. O carmesim é mencionado. Essa é uma cor vermelho-sangue, cujo corante é derivado de vermes. Mas a menção a púrpura é interessante tendo em vista que essa cor estava associada ao reinado e à realeza, status atribuídos tanto a Hirão, rei de Tiro, como a Salomão. Sendo um corante raro, então os materiais imersos nessa cor também eram caros. A característica desse corante é que a cor não desbota. Esse corante tão caro que Aristóteles lhe atribuiu um valor dez ou 20 vezes maior que o ouro. Era raro porque derivava de uma espécie em particular de molusco, conhecida como trunculus murèx, e exigia cerca de 50 mil desses moluscos para produzir uma libra (450 gramas) do corante. Como resultado de seu custo, o corante púrpura então criado era conhecido como "real" ou "púrpura imperial". A razão pela qual é mencionado no texto de Crônicas é significativa, pois tornou-se conhecido como "púrpura de Tiro". Isso porque era extraído, processado e vendido pelos comerciantes fenícios de Tiro, lugar de onde Huram veio, e domínio real de Hirão, rei de Tiro. Huram, como vimos, não era um homem comum. Os fundamentos de suas habilidades e de seus conhecimentos eram muito maiores que o texto de Crônicas e Reis indica. Pois somente quando olhamos com mais atenção por trás dessas habilidades,

realmente percebemos seu significado. Embora possamos agora reconhecer e apreciar essas qualidades, isso necessariamente não implica que ele tenha sido o arquiteto ou construtor do templo, como se afirma nas cerimônias maçônicas. O texto de Crônicas deixa claro que ele era capaz de pegar o projeto que lhe era dado e produzi-lo no material escolhido. Existe uma grande diferença entre isso e ser a pessoa responsável pela construção do prédio do Templo. Se for esse o caso, então temos que perguntar novamente: quem ou o que era Hiram Abiff? Quem era Hiram Abiff? Na cerimônia Maçônica, existe a encenação de uma história que observa que o suposto arquiteto do Templo, Hiram Abiff, foi brutalmente assassinado por três malfeitores. Esses assassinos sabiam que Hiram Abiff entendia os segredos associados à construção do Templo e tentaram extorquir dele essas informações para suas próprias finalidades. Quando Hiram recusou revelar esses segredos, ele foi atacado pelos malfeitores, um de cada vez, e finalmente foi assassinado. Com sua morte, a cerimônia afirma, os segredos genuínos da Maçonaria foram perdidos, sendo substituídos por outros, até o tempo em que os genuínos forem restaurados. Foi na referência à perda e à subsequente restauração dos segredos que concentrei meu interesse. As notas de rodapé do texto bíblico afirmam que a palavra Huram é a ortografia em hebreu para o nome Hiram. Assim, substituindo Hiram por Huram, temos Hiram-Abi que tem exatamente uma letra a menos que

o nome maçônico atribuído ao construtor. Parece que isso servia mais para identificar o personagem principal do ritual maçônico, mas não necessariamente. Há anos existe uma grande quantidade de textos a respeito de Hiram Abiff em um esforço para adequadamente identificá-lo, e uma ampla faixa de interpretações alegóricas foi atribuída a esse nome. Alguns autores sugerem que o nome é usado como um vínculo alegórico na Maçonaria com a morte na fogueira do Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários, Jacques de Molay, em Paris, em 19 de março de 1314, sob a orientação do papa Clemente, como já foi mencionado. Ele também está associado à idéia de homem de Platão. Então existe a sugestão atribuída a Elias Ashmole, que era muito ligado à Maçonaria no século XVII, que associou o nome com a execução por decapitação do rei inglês Carlos I, em 1649. O nome Hiram, em hebreu, significa "nobre" ou "majestoso", ao passo que a palavra Abiff parece vir do francês antigo para "pessoa perdida". A pesquisa de Robert Lomas e Christopher Knight em The Hiram Key associa Hiram Abiff com a perda de conhecimento da cerimônia egípcia de "formar o rei", como conseqüência da morte violenta do faraó Seqenenre Tao II. Parece que a morte de Seqenenre Tao tem similaridades completas com a história maçônica da morte de Hiram Abiff, mesmo não sendo possível identificar os ferimentos fatais recebidos por Seqenenre, conforme revelam seus restos mumificados em exibição no Museu Egípcio do Cairo. Isso então levantou uma questão sobre por que tal evento da história egípcia deveria se tornar componente importante da cerimônia maçônica.

A única resposta que parecia fazer sentido era que Huram-Abi e as histórias relacionadas a Seqenenre eram usadas como alegorias para indicar e, ao mesmo tempo, ocultar algo mais, alguma coisa importante, particularmente para os Mestres Maçons Operativos. Sendo assim, isso implicava que qualquer que fosse a coisa que estivesse sendo ocultada, seriam informações protegidas por alguma razão muito especial. Refletindo a respeito, era a definição de Hiram como "nobre" e de Abiff como "pessoa perdida" que chamava a minha atenção. Nobre e majestoso referem-se à ascendência ilustre e, portanto, historicamente, a alguém de significado. Algo ou alguma coisa que está perdida pode sugerir que não está disponível no momento, mas que pode ser encontrada de novo, recuperada. Eu refiz essa frase como "alguém/algo de importância que não estava disponível para uso/menção; que um dia pode estar disponível de novo e adequadamente restaurado em seu devido lugar, mas, nesse meiotempo, o genuíno foi substituído por alguma outra coisa a mais, por conveniência". Então quem ou o que não estava mais disponível de modo que ele ou isso precisasse ser substituído? Nas cerimônias maçônicas aprendemos que os genuínos segredos da Maçonaria foram substituídos. Uma curta conversa com o Mestre da Loja e com seus Vigilantes, que vou parafrasear, diz o seguinte: P.: Para onde você está indo? R.: Do leste para o oeste. P: Por que está indo para lá?

R.: Vou buscar aquilo que estava perdido, que, pela sua instrução e nossa própria indústria, esperamos encontrar. P.: O que é que foi perdido? R.: Os segredos genuínos da Maçonaria. R: Como eles se perderam? R.: Pela morte inesperada do nosso mestre Hiram Abiff. R: Como você vai encontrá-los? R.: Usando o centro de um círculo. Antes de voltar novamente ao diálogo, existe ainda outro elemento da cerimônia, P: De onde você vem? R.: Do oeste, onde estamos buscando os segredos genuínos. P.: Você os encontrou? R.: Não, mas tenho certos segredos substitutos. P: Diga quais são eles. Antes de a conversa terminar há então outro elemento da cerimônia. Mestre: Os segredos substitutos foram transmitidos a mim e, como representante do rei Salomão, eu os aprovei para que sejam representados na Maçonaria em todo o Universo, até que o tempo ou as circunstâncias restaurem os genuínos. Nesse diálogo, uma coisa sobressai: a referência à mecânica celeste. Os artífices deixam o leste, onde o Sol nasce, para seguir o caminho do Sol, onde ele se põe, no oeste. Eles observam que o segredo genuíno pode ser recuperado com o uso do conhecimento já disponível para o Mestre, quando pensa a respeito e trabalha o problema, o que eles podem fazer usando o círculo. Assim, o vínculo da mecânica celeste e o

círculo podem significar a Terra e sua órbita. Os artífices assim voltam para o oeste. O Sol parece mover-se do leste para o oeste, pois a Terra gira de oeste para leste. Eles deixam claro que estão divulgando informações substitutas, as quais o Mestre observa que todos os maçons reconhecerão "até que o tempo ou as circunstâncias restaurem as genuínas". Isso é quase como se ele soubesse o que são os segredos genuínos, mas está dizendo aos seus artífices para usar o conhecimento substituto até que os tempos mudem e eles possam retornar para o genuíno. O que me intrigava é que deveria existir alguma boa motivação, muito grave, para exigir uma ação drástica como essa. E a única motivação que surgiu em minha mente seria alguma forma de perigo, um risco à vida. Mas, afinal, o que estava em perigo? Revelando outro Hiram Abiff Já estabelecemos que na época em que o Templo de Salomão foi construído é altamente provável que se soubesse que a Terra girava em seu eixo, que era uma grande bola, e que havia uma idéia bruta a respeito de sua grandeza e que ela orbitava em torno do Sol, o conceito heliocêntrico onde o Sol fica no centro do sistema solar. Por volta do século IV AEC, a idéia de que a Terra ficava no centro e os céus se moviam em volta dela se tornou dominante. Ela é conhecida como sistema geocêntrico. De acordo com Aristóteles (384-322 AEC), que apoiava a idéia geocêntrica, os pitagóricos acreditavam que existia um grande fogo no centro do

universo e que a Terra orbitava em volta desse grande fogo, criando noite e dia. A idéia heliocêntrica voltou à moda cerca de 150 anos depois de Aristóteles, quando foi apoiada por Aristarco, mas sua importância parece que teve vida curta. Tudo indica que por volta de 100150 AEC o conceito de heliocentricidade foi condenado como antirreligioso, pois as escrituras afirmavam que Deus fez o mundo e depois os céus e, portanto, a Terra deveria ser o centro do universo. Essa então se tornaria a filosofia predominante por cerca de 2 mil anos e quem quer que defendesse a idéia heliocêntrica era condenado como herege. Por ora, o conhecimento de que o Sol está no centro de nosso sistema solar, o conceito heliocêntrico, é a chave das cerimônias maçônicas. Cada candidato a ser passado para o Segundo Grau aprende e afirma: A Terra constantemente girando sobre seu próprio eixo em sua órbita em torno do Sol (...) Apenas há alguns séculos, na época, por exemplo, em que a Grande Loja da Inglaterra foi formada, em 1717, mencionar abertamente tal conceito bastava para que o indivíduo fosse taxado de herege. Nos países dominados pelo Santo Império Romano, isso podia resultar em prisão e cadeia. Apenas um século antes da fundação da Grande Loja da Inglaterra, uma acusação de heresia provavelmente resultaria em tortura e morte. Algumas décadas antes da formação da Grande Loja da Inglaterra, Galileu foi torturado, em Veneza, por ordem do Vaticano por sugerir que o sistema heliocêntrico era a verdadeira ciência. Ele escapou da morte, mas foi colocado sob prisão

domiciliar como forma de exílio interno. O conhecimento a respeito do sistema heliocêntrico então não era algo para ser alardeado. Havia risco à vida. A heliocentricidade é o conceito orientador que se encaixa inteiramente na definição alegórica de Hiram, o nobre, majestoso, isto é, o governante, a base do poder. E também se encaixa na antiga tradução francesa de perdido. Em outras palavras, o sistema heliocêntrico é o conceito orientador/governante, os segredos genuínos que foram temporariamente substituídos por volta de 120 AEC, por causa do risco de serem tachados como anti-religiosos; o segredo substituto foi o conceito geocêntrico; e a restauração do segredo é a compreensão de que o sistema heliocêntrico, entendido até mesmo nos tempos do rei Salomão, é o genuíno. Hiram Abiff, sugiro, não é uma referência a uma pessoa. E a referência ao conflito religioso que estava centrado em torno da ciência dos conceitos geocêntrico e heliocêntrico. Para entender como usar o Sol, as sombras criadas por ele, a precessão e a mudança das estações, a pessoa precisa entender os princípios da mecânica celeste, o sistema heliocêntrico. Isso era entendido pelo rei Salomão/Jedidias como parte do seu portfólio de sabedoria. A conexão dos princípios A continuação do grau de um Mestre Maçom está contida naquilo conhecido como o Real Arco da Maçonaria, e, em cerimônias maçônicas simplesmente como o Capítulo.

Existe um ponto na cerimônia do Capítulo onde se observa que a construção do Templo de Salomão foi empreendida por três cabeças, a saber: Hirão, rei de Tiro; Salomão, rei de Israel; e Hiram Abiff. A implicação é que eles eram três pessoas individuais. Eu sugiro que isso é uma alegoria para alguma coisa a mais: a. Que Hirão, rei de Tiro, forneceu os materiais e a maior parte da mão de obra principal, inclusive as habilidades de Huram-Abi. b. Que a referência a Salomão indica o fato de que aquilo que eles construíram era o Templo do Sol e da Lua. c. Que a referência a Hiram Abiff e aos segredos substitutos da Maçonaria, mais a recuperação e a restauração dos segredos genuínos, é um reflexo do fato de que, na época em que o Templo foi construído em Jerusalém, os conceitos do sistema heliocêntrico, cujo conhecimento era a base da construção do Templo de Jerusalém, eram os segredos genuínos, sendo completamente entendidos naquela época. Esse era o princípio básico que determinava como o macrocosmo funcionava. Foi substituído pelo conceito geocêntrico para satisfazer o dogma religioso prevalecente. A recuperação dos segredos se daria quando o sistema heliocêntrico fosse restaurado ao seu lugar de direito; o nobre e superior entendimento conseguido pela observação, pela aplicação da geometria e da lógica em comparação com a filosofia substituta do conceito geocêntrico ditado pela fé e pelo dogma religioso.

Assim, eu sugiro que o segredo genuíno da Maçonaria tem sido, durante muitos séculos, o entendimento de que o Sol era o centro de nosso sistema solar, de que a Terra e os planetas orbitavam em torno dele, e que, quando isso era entendido, a sombra do Sol podia ser usada junto com os princípios básicos da Geometria para ajudar no projeto e na construção de prédios importantes.

Capítulo 16 Conclusão A minha pesquisa começou com a Maçonaria e uma Loja Maçônica e é onde deve terminar. Aprendi muito a respeito de assuntos que anteriormente não tinham grande interesse para mim. Descobri muita coisa a respeito da Maçonaria, fiquei maravilhado com sua história e a intrincada rede de conhecimentos e conexões, que tinham óbvias vinculações com o antigo conhecimento que nossos ancestrais acumularam a respeito dos céus e do mundo em que vivemos, o macrocosmo. Não pude deixar de pensar e observar que qualquer Irmão na Maçonaria podia merecidamente se orgulhar de ter sido aceito como membro dessa fraternidade antiga e respeitável. Antes de embarcar em minha pesquisa: Jamais havia parado para pensar a respeito de quem era Salomão. Eu aceitava a posição que ele ocupava de acordo com o Antigo Testamento ou com o que havia sido passado para mim por autoridades religiosas, pelas quais se esperava que eu mostrasse deferência. Descobri um personagem muito diferente. •

Jamais havia parado para pensar a respeito da geometria que poderia ter sido empregada na construção das grandes catedrais que visitei na Europa ou dos antigos templos do Norte da África, do Oriente Médio e dos arredores do Mar Mediterrâneo. Eu apenas aceitava que eles haviam sido construídos por maçons muito capacitados, sem avaliar a grandiosidade dessa capacidade ou o conhecimento necessário na época em que a construção ocorreu. • Desde a infância ouvi falar a respeito de Abraão e Isaque; li as passagens do Antigo Testamento a respeito de Moisés e do bezerro que os israelitas construíram enquanto ele estava no monte registrando os Mandamentos; sabia da menção ao sacrifício, às ofertas queimadas [holocaustos] e a Moloque, mas nunca havia percebido que estavam todos ligados ao mesmo tema, e que eu estava lendo a respeito do sacrifício de crianças. Nem havia percebido que essas atrocidades ocorreram no reinado de Salomão ou que ele fornecera recursos para que tais eventos ocorressem. • Eu tinha pouca ou nenhuma compreensão a respeito de como o Templo de Salomão poderia parecer ou para que servia. •

Não hesito em reconhecer que muitas conclusões que alcancei são minhas próprias opiniões subjetivas, mas espero ter demonstrado os processos de avaliação, com profundidade suficiente, para que eles possam ser vistos como luz positiva em vez de meros pensamentos fantasiosos. Também reconheço que minhas conclusões e hipóteses e, em algumas

instâncias, a linguagem direta podem não ser facilmente aceitas por todos os leitores. Descobrir as respostas sobre como o Templo de Salomão realmente parecia e como ele e as colunas funcionavam foi muito bom. Mas continuam existindo outras questões levantadas no início das minhas pesquisas que exigem respostas. Foi uma longa jornada de descoberta que demorou quase 15 anos. Quando comecei não tinha idéia de onde chegaria. Trazia algumas questões em mente para as quais eu queria respostas, já que pessoas à minha volta, que eu pensava que soubessem as respostas, alguns membros antigos da Maçonaria, pareciam não conhecê-las. Para conseguir as minhas respostas, viajei para algumas das cidades e países antigos do Oriente Médio, da Índia, partes da Europa, até a totalidade da Grã-Bretanha. Gastei muitas horas em bibliotecas, sentado em casa diante da calculadora, navegando pela internet e lendo uma infinidade de livros de assuntos que normalmente não estariam na minha lista. Fiz descobertas a respeito de religião, do modo de vida e crenças de nossos ancestrais, de distorções da história e do conhecimento do mundo; descobertas feitas em épocas passadas que rapidamente estão sendo perdidas para todos, exceto alguns poucos pesquisadores devotados. E de tudo isso, fui capaz de propor uma visão para aquilo que acredito que eram os segredos do Templo de Salomão/Jedidias, a sabedoria de Salomão/Jedidias e o selo de Salomão/Jedidias. Muitos acadêmicos começam com uma teoria e buscam evidências coerentes para sustentá-la. Eu comecei no lado oposto da escala, buscando

informações, como as peças de um quebra-cabeça, e então, peça a peça foi se construindo o quadro que fornecia o que espero ser uma solução digna de crédito. Comecei fazendo algumas perguntas básicas sobre o Templo Maçônico no qual a minha Loja se reúne. As respostas se mostraram ligadas à mistura de informações celestes, geometria sagrada e sabedoria antiga, familiar a Pitágoras. E, incrivelmente, até que eu apresentasse aos meus colegas maçons um estudo á respeito das minhas descobertas, ninguém tinha nenhuma idéia do significado do conhecimento oculto que estava presente. Algumas dessas informações originais eu revelei neste livro. Também fiz outras perguntas como: Por que na Maçonaria marcamos o Sol em seu meridiano? a. Ao marcar a posição do Sol em seu mais alto ponto no céu, com o uso de uma vareta marcadora pontuda e a sombra lançada por ela, em qualquer época do ano, a pessoa pode produzir uma linha de orientação que fornece o eixo norte-sul verdadeiro. Então, ao dividir essa linha em ângulos retos, uma segunda linha de orientação pode ser produzida, que é o eixo lesteoeste. Os quatro pontos cardeais da superfície da Terra podem ser determinados. Isso poderia ser importante para que um Mestre Maçom Operativo de épocas passadas determinasse a planta baixa de um prédio importante. b. Se alguém estivesse trabalhando em um projeto que levaria anos para ser realizado, como o projeto de uma

catedral, então a marcação da posição da sombra ao meio-dia fornecia o calendário para a previsão das estações com alto grau de exatidão. Por que marcamos o pôr-do-sol? c. A posição angular relativa do pôr-do-sol em qualquer dia tem a mesma relatividade angular que a alvorada desse mesmo dia. Assim como acontece com a marcação do Sol nascente, ela permite que os solstícios e os equinócios sejam identificados. Isso era importante não apenas para determinar o avanço das estações, mas também para a recriação de uma unidade de medida consistente, que fosse transferida de local para local, pelo professor Thom de jarda megalítica. d. A posição do Sol no horizonte poderia ser importante se uma estrutura em particular precisasse ser orientada por ele, isto é, para marcar a festa de um santo, o nascimento de um rei, a vitória sobre um inimigo ou a sobrevivência em alguma catástrofe natural. e. Após o pôr-do-sol vem a noite e com ela um arranjo de corpos celestes novos para monitorar, inclusive a Lua. Séries de estrelas e planetas, como Vênus e Saturno, eram registrados e seus avanços monitorados, pois eles tinham um significado religioso especial. Por que notamos que "a Terra gira constantemente em torno do seu próprio eixo em sua órbita em torno do Sol"?

f. Essa era a resposta para o fato de o Sol se pôr no Oeste e nascer no Leste. E por isso que existe o dia e a noite. Era a base da definição da semana e, portanto, do sabá ou dia do descanso. g. A referência ao eixo é a base para o entendimento da precessão e dos efeitos que isso causa. h. A órbita em torno do Sol é a maneira pela qual as estações são criadas, seguindo umas após as outras com tamanha regularidade e certeza. Por que notamos que "o Sol nasce no Leste para abrir o dia..."? i. Isso indicava que o nascer do Sol é uma ilusão, criada pelo fato de a Terra girar em torno do seu próprio eixo, do Oeste para Leste, e que o Sol aparentemente ficava estacionário no universo. A partir de minhas pesquisas, enquanto eu reunia as informações para este livro, comecei a acreditar que os três graus originais da Maçonaria eram o que eu chamo de treinamento externo nos princípios da mecânica celeste. Alguém que fosse treinado para ser maçom operativo aprenderia o caminho das pedras com a mão na massa, muito como os aprendizes do posterior sistema de guildas faziam. Além disso, para progredir até chegar a ser Mestre Maçom, era preciso ter um entendimento peculiar, uma educação que trazia à luz muita coisa a respeito do mundo ao redor, o macrocosmo, e como esse funcionava. Apenas aqueles que mostravam sinais de possuir intelecto superior eram selecionados para receber essa informação. Esse treinamento externo era dado e

recebido na Loja Maçônica, no local da construção onde ficavam armazenadas as ferramentas e se trabalhavam delicadas esculturas ou pedras com formatos especiais. Esse treinamento era transmitido em segredo para os adeptos selecionados, que eram ameaçados com penalidades draconianas em caso de revelação. Tendo em vista que muitos desses maçons operativos não sabiam nem ler nem escrever, as informações eram encenadas em uma série de pequenas peças ou cerimônias, que, sendo memorizadas, transmitiam todas as informações que eles precisavam conhecer e aplicar. O primeiro grau ensinava que a Terra é redonda, uma esfera, que a mesma orbita em torno do Sol; que gira sobre seu próprio eixo para fazer o dia e a noite e o calendário do ano; que a Lua orbita em torno da Terra junto com seus ciclos. O segundo grau ensinava que o eixo da Terra é inclinado, e que por isso existiam as estações; que existe uma lenta rotação e oscilação no eixo, a chamada precessão, e o efeito disso. O terceiro grau ensinava os princípios básicos da Geometria e como, em conjunção com o conhecimento já transmitido, podia ser usada para avaliar o tamanho da Terra e até para ajudar na indicação de onde a pessoa se encontrava na face do planeta. A História do Arco Também estou convencido de que, até por volta do século XVI, os três graus do Ofício da Maçonaria, mais a continuação do terceiro grau conhecida como Real Arco da Maçonaria, continham resíduos de um de-

senvolvimento histórico das habilidades operativas da Maçonaria. Até o desenvolvimento do Cristianismo protestante e a dissolução dos mosteiros por Henrique VIII, os Mestres Maçons também eram os desenhistas de quase todos os prédios importantes; e a geometria e a interpretação simbólica estabelecida pela conexão eclesiástica resultavam em desenhos que seguiam padrões aceitos pela Igreja Católica Romana. A quebra do domínio do Vaticano resultou na necessidade de seguir o código estrito, diminuindo e permitindo, assim, o desenvolvimento de um novo critério de projeto. Foi por volta dessa época que o arquiteto profissional, separado da companhia ou corporação dos maçons, se desenvolveu. Também foi por volta dessa época que encontramos maçons especulativos sendo admitidos como membros da fraternidade. Estou convencido de que a história, que até então estava contida nas cerimônias, observava o desenvolvimento inicial do arco. Até por volta da época em que o Templo de Jerusalém foi construído, uma passagem [um vão], por exemplo, em um Templo ou palácio, provavelmente compreenderia três grandes blocos de pedra, com o corte final de perfil em forma de quadrado simples. Dois blocos seriam colocados verticalmente para dar suporte a ambos os lados da porta, enquanto um terceiro seria colocado em cima, no topo, para se tornar o que hoje chamamos de viga. Esse método de construção foi usado durante milhares de anos: era a norma de construção em quase todas as culturas do Oriente Médio, do Mediterrâneo e das regiões célticas.

Então, na época em que o primeiro Templo de Jerusalém foi construído, um novo conceito se desenvolveu, o arco semicircular que, por sua vez, fornecia um teto abobadado, possibilitava grandes cavernas subterrâneas para estocagem e reuniões secretas. Isso foi possível com a confecção de uma série de pedras, todas cortadas com ligeiro perfil em forma de cunha, para montar tal arco, e cuja pedra mais importante era aquela do topo da curva, que era a pedra chave. Isso então permitiu que amplas estruturas de grande poder fossem construídas. Podemos ver evidências disso nos aquedutos que os romanos construíram para transportar água, e nos portões triunfais [arcos do triunfo]. O arco semi-circular também caracterizou a arquitetura normanda antes da evolução do estilo gótico. Exemplos maravilhosos continuam existindo na Inglaterra, como a porta oeste da catedral de Rochester, em Kent, considerada um refinado exemplo remanescente da porta normanda. O arco semi-circular então deu passagem para o arco ligeiramente pontudo do estilo gótico, que combinava o simbolismo geométrico da Vesica Piscis com essa metodologia de construção, permitindo que estruturas fortes e eficientes fossem construídas. Isso é especulação, mas foi sugerida por alguns pesquisadores de antigamente. Ensinamentos sobre Mecânica Celeste Além do que foi dito anteriormente, os principais dirigentes da Loja, mesmo atualmente, têm suas posições na Loja nos principais pontos do trânsito solar. O Mestre fica no Leste, lugar onde o Sol nasce

para trazer luz e calor ao dia; o Segundo Vigilante fica no Sul, a posição do Sol em seu zênite no céu; e o Primeiro Vigilante fica no Oeste, lugar onde o Sol se põe e permite que a gloriosa abóbada dos céus seja revelada. Como o Sol não viaja pelo Norte enquanto nos dá a luz do dia, nenhum dirigente regular de cerimonial fica parado ali. Existe um ponto na cerimônia de iniciação, quando o novo candidato a membro da Loja é colocado no canto nordeste da sala da Loja. Tradicionalmente, a primeira pedra do alicerce de um novo prédio [a pedra fundamental] era colocada no canto nordeste e a superestrutura da construção era levantada sobre as firmes fundações resultantes. O Nordeste também é o ponto máximo da viagem do Sol pelo hemisfério norte, o ponto que chamamos de solstício de verão. Então o candidato é colocado no mesmo canto da sala da Loja, para representar simbolicamente a pedra fundamental, o firme alicerce de seu primeiro passo na carreira maçônica. Ao ficar no canto nordeste, ele também está no Leste, simbolicamente iniciando sua jornada maçônica; ele continua substancialmente "no escuro" a respeito da atividade maçônica, tendo ainda que progredir até onde o Sol nasce mais além no horizonte oriental. No segundo grau ele progride para o lado sul, perto do canto sudeste, seguindo a passagem do Sol em seu ponto médio diário, em seu meridiano. Exatamente como o Sol se move de um ponto mais baixo no céu no inverno para seu cume na metade do verão, substituindo o frio e a escuridão pelo calor e pela luz, então simbolicamente o maçom do segundo grau foi movido da escuridão da ignorância para a luz da revelação, sendo incentivado a estudar aqueles

aspectos do mundo natural e das ciências que, no passado, teriam formado a base do grau universitário de Mestre: as Sete Artes Liberais e as ciências da Gramática, Retórica, Astronomia/Astrologia, Música, Lógica, Aritmética e Geometria. Estranhamente, no terceiro grau, ele não progride para o Oeste, o local do pôr-do- sol, o ponto que é o fim do dia. Embora exista uma substituição simbólica, não posso deixar de acreditar que, em tempos mais antigos, teria existido uma progressão para o canto sudoeste da Loja, mas não consigo descobrir nenhum traço disso nos documentos que examinei. Existe uma possibilidade alternativa. O novo aprendiz começa pelo Nordeste, que coincide com a posição mais ao norte do Sol no horizonte, isto é, o solstício de verão no hemisfério norte. No segundo grau, ele se move para o canto sudeste para simbolizar o outro extremo, o solstício de inverno. No terceiro grau, todas as transações ocorrem opostas ao Mestre, no centro, na posição dos equinócios da primavera e do outono, as mais significativas para os nossos ancestrais. Existe, porém, um vestígio do que acredito que fazia parte das cerimônias maçônicas originais. É no segundo grau e dura apenas alguns minutos. O candidato, por causa dos outros aspectos da cerimônia, por acaso encontra-se na parte oeste da sala da Loja. Ele é instruído a prosseguir para o Leste, o que ele só pode fazer passando pelo Norte. Todos os cerimoniais da procissão maçônica giram em volta da Loja a partir do Leste, para o Sul, para o Oeste, e retornam para o Leste por meio do Norte. Isso é claramente seguir o caminho do Sol quando visto no hemisfério norte. A partir do canto nordeste, o

candidato então faz uma aproximação em linha curva em direção ao Mestre da Loja que está esperando por ele, no Leste, no Trono do rei Salomão. A aproximação em linha curva representa cerca de um quarto ou a quarta parte de um círculo. Quando a Loja inicia pela primeira vez seus procedimentos, é feita a proclamação de que o Mestre está sempre colocado no Leste. Como o Sol nasce no Leste para abrir e animar o dia, assim o Mestre está colocado no Leste... Simbolicamente, portanto, o Mestre é o Sol. O fato de o Sol nascer no Leste é realmente uma ilusão criada pela Terra, girando de Oeste para Leste, ao passo que o Sol, que fica estacionário no espaço, parece viajar de Leste para Oeste. O candidato, portanto, inicia sua jornada na cerimônia a partir do local onde o Sol se põe, o Oeste; viaja em torno do lado escuro, simbolizado pela sua parada ao longo do norte da Loja; e finalmente emerge em linha curva em direção ao Sol, representado pelo Mestre. Em outras palavras, durante essa curta seqüência, o Mestre é o Sol e o candidato é a Terra, girando em torno dele. Isso eu acredito que seja um vestígio do antigo ritual maçônico que explicava os processos da mecânica celeste para aqueles que, naquela época, não tinham nenhuma idéia de como a esfera do mundo funcionava. Uma perda para o clube de cavalheiros Com o passar do tempo, parece óbvio que as cerimônias da Maçonaria tinham originalmente seus

fundamentos firmemente enraizados na sabedoria e no entendimento antigo. Sem dúvida, no entanto, alguém com autoridade, mas que não entendia o que eram as mensagens ocultas, incorporou mudanças que apagaram o significado. Tendo em vista que outros vieram e sentiram que aquilo parecia ter ficado sem sentido, então chamaram a fraternidade de clube de cavalheiros, sentindo-se livres para fazer mais mudanças. Assim, desde o século passado, ou antes, alterações de palavras e sentenças, para parecer mais moderno ou para apaziguar as críticas, acabaram, na minha visão, deixando-nos com uma organização na qual mesmo os membros da hierarquia têm pouca idéia a respeito do que significam o conteúdo ou o simbolismo, ou de onde tudo isso veio. No entanto, quando olhamos com objetividade as demais organizações, acredito que a Maçonaria fornece uma conexão inigualável com nossos ancestrais. Ela é única e tomara que possa continuar sempre assim. Nos últimos anos do século XX e no XXI, tenho ministrado muitas palestras nas Lojas. Em todas as ocasiões imploro aos Irmãos para que olhem com maior profundidade e interesse a história e os fundamentos daquilo que estamos fazendo, e por que fazemos isso, e peço ainda que parem de fazer quaisquer mudanças, mesmo que bem-intencionadas, sem antes entender aquilo que seria mudado e os efeitos conseqüentes que poderiam ocorrer - o que poderia ficar perdido no futuro. A Maçonaria é uma instituição antiga, nobre e imponente. Seria uma pena vê-la reduzida a uma série de cerimônias desprovidas de significado, meramente para satisfazer a moda passageira de alguma coisa "politicamente correta".

Fundada em 1717, por que razão? Uma das últimas questões que levantei foi: Por que a Grande Loja da Inglaterra foi formada em 1717? A princípio, foi a simetria dos números que chamou a minha atenção. Haveria alguma razão específica para tal simetria ou acontecera por acaso? Se existisse uma razão, então qual seria ? Por que não formar essa nova corporação em 1716 ou 1718? A versão oficial diz que quatro Lojas existentes em Londres, no começo do século XVIII, sentiram que uma organização única deveria ser criada para supervisioná-las. Então, a Grande Loja da Inglaterra foi formada. Outros autores sugeriram que isso teve mais a ver com o desejo de elas se afastarem da rebelião jacobita, no século XVIII, do que simplesmente a necessidade de criar uma hierarquia organizacional. Esse é um argumento bastante plausível. Existe alguma evidência documental que mostra que os movimentos para criar uma entidade única de governo se originaram em 1716, com 1717 sendo o ano em que isso finalmente aconteceu e um GrãoMestre foi instalado. O ano de 1746 foi, portanto, o período de planejamento. O que é particularmente interessante de observar é que o primeiro Grão-Mestre foi instalado em 24 de junho de 1717, dia da festa de São João Batista, que fica próxima da época do solstício de verão.

Porém, foi quando eu estava perto da conclusão das minhas investigações sobre o Templo de Salomão (Jedidias), que uma solução inesperada surgiu. Eu estava lendo a respeito da aritmética pitagórica quando encontrei uma tabela que comparava vários alfabetos com aqueles da língua dos hebreus. Havia também uma tabela comparativa de numerais e fiquei imediatamente impressionado com a similaridade entre certos caracteres hebraicos e os numerais do Ocidente. Eu também lembrei de uma curta seção no final daquilo que é conhecido como a descrição do O Painel da Loja do Segundo Grau. Esse ato da cerimônia maçônica faz referência a certos antigos conflitos militares que ocorreram antes de o Templo ser construído. Ele também nota que a dedicação com a qual os maçons se envolveram na construção do Templo veio a propósito da tarefa deles e da maneira como eles eram recompensados por seus esforços. A seção no final da cerimônia nota que existia uma sala em particular no Templo onde os maçons recebiam o pagamento por seus serviços: Uma vez dentro do Templo do Rei Salomão, o maçom operativo tinha sua atenção dirigida para certos caracteres hebraicos (...) Quando li as tabelas comparativas do alfabeto, alguns desses caracteres de repente assumiram uma característica diferente. Olhando mais de perto para o número 1717, o 1 e o 7 parecem caracteres hebraicos:

A primeira vista, alguém pode concordar que eles são muito semelhantes. Porém, a similaridade termina, pois: Vau é o caractere hebraico para o número quatro. Daleth é o caractere hebraico para o número seis. Substituindo esses dois números traduzidos por 1717: = 4646 ou 4 + 6 + 4 + 6 = 20. Era de 20 côvados o tamanho do cubo no Santo dos Santos no Templo de Salomão (Jedidias), o comprimento da sombra do equinócio criada pelas colunas, e o comprimento da sombra do solstício. O total de 20 côvados + 20 côvados = 40 côvados era a distância entre as linhas centrais das colunas e era ainda a distância em que as colunas ficavam em frente ao pórtico do Templo. 20 côvados + 20 côvados = 40 côvados era ainda o comprimento do saguão do Templo, por meio do qual, ao longo do pórtico, o Sol brilhava ao nascer para iluminar a Arca da Aliança que ficava posicionada embaixo das asas dos querubins e no centro exato do cubo do Santo dos Santos. E, ao ignorar os zeros, pois não existe nada ali, temos o número dois, o sinal da dualidade do Céu e da Terra. Será que um grupo de maçons, com maior conhecimento das práticas dos maçons antigos, que eram membros das Lojas baseadas em Londres, e que

estavam ao mesmo tempo buscando por conta própria distância dos jacobitas, percebeu que era o ano oportuno, em termos numéricos, para registrar a importância da Maçonaria e o vínculo com o Templo de Salomão (Jedidias)? Seria essa a verdadeira razão para a fundação da Grande Loja da Inglaterra no ano de 1717? Esse é o verdadeiro segredo de 1717.

Anexo 1 O Mistério da Jarda Megalítica Revelado Como criar essa unidade de medida pré-histórica por conta própria. Um guia criado por Robert Lomas e Christopher Knight, autores de A Máquina de Uriel. Este artigo usa alguns dados da pesquisa desenvolvida em conjunto com Allan Butler. Para maiores detalhes, ver A Máquina de Uriel. E eu vi naqueles dias quão compridas eram as cordas que foram dadas aos dois anjos... Por que eles pegaram essas cordas e saíram? E ele disse a mim, eles saíram para medir. O Livro de Enoch A descoberta da jarda megalítica Quando o antigo professor Alexander Thomas examinou a cerca de mil estruturas megalíticas do Norte da Escócia, passando pela Inglaterra, pelo País de Gales e pela França Ocidental, ele ficou surpreso ao descobrir que todas haviam sido construídas com o

uso da mesma unidade de medida. Thom apelidou essa unidade de jarda megalítica (JM), pois ficava muito próxima em tamanho da jarda imperial, tendo exatamente dois pés e 8,64 polegadas (82,966 centímetros). Como engenheiro, ele pôde apreciar a fina exatidão inerente na JM, mas se sentiu iludido tendo em vista que não sabia como povos primitivos poderiam ter consistentemente reproduzido tal unidade em uma região que se estende por várias centenas de milhas. A resposta que escapou ao antigo professor não estava nas rochas, mas nas estrelas. A JM mostrou ser muito mais que uma unidade abstrata; como o metro moderno, ela é uma medida científica altamente repetível, construída por meios empíricos. Ela baseia-se na observação de três fatores fundamentais: 1. A órbita da Terra em torno do Sol. 2. A rotação da Terra sobre seu próprio eixo. 3. A massa da Terra. Como fazer a sua própria jarda megalítica Os antigos construtores marcavam o ano pela identificação de dois dias do ano, quando a sombra lançada pelo Sol nascente se alinhava perfeitamente com a sombra do Sol poente. Nós chamamos isso de equinócio de primavera e equinócio de outono, que acontecem por volta de 21 de março e 21 de setembro, respectivamente. Eles também sabiam que existiam 366 alvoradas de um equinócio da primavera até o seguinte, e parece que consideravam esse número sagrado.

Então, eles traçaram um grande círculo no chão dividindo-o em 366 partes. Tudo o que você precisa fazer é copiar o processo da seguinte maneira: Primeira etapa: Encontre um local adequado. Encontre um terreno razoavelmente plano que tenha visão aberta para o horizonte, especialmente no leste ou no oeste. Você precisará de uma área de cerca de 40 pés por 40 pés, com uma superfície razoavelmente macia de grama, solo raso ou areia. Segunda etapa: Prepare o seu equipamento. Você vai precisar dos seguintes itens: 1. Duas varas, macias e resistentes, de aproximadamente seis pés de comprimento e algumas polegadas de diâmetro. Uma ponta deve ser pontiaguda. 2. Um malho grande ou uma pedra pesada. 3. Uma vareta curta, com pontas bem cortadas, de aproximadamente dez polegadas. Para a vida ficar mais fácil, ela deve ter pequenos cortes feitos para marcar cerca de cinco partes iguais. 4. Uma corda (o fio de um varal vai servir) com aproximadamente 40 pés de comprimento. 5. Um pedaço de barbante com aproximadamente cinco pés de comprimento. 6. Um sistema de pesos pequenos, simétricos, com furo no centro (por exemplo: anilhas pesadas). 7. Uma vareta reta de cerca de três pés de comprimento. 8. Uma lâmina afiada. Terceira etapa: A construção de um grau megalítico. O círculo megalítico foi dividido em 366 partes iguais, o que é, quase com certeza, a origem de nosso moderno círculo de 360 graus. Parece provável que, quando a

Matemática entrou em uso no Oriente Médio, eles apenas descartaram seis unidades para tornar o círculo divisível pela maior quantidade de números possível. O grau megalítico era 98,36% do grau moderno. Para fins da criação da jarda megalítica, você apenas precisa medir a sexta parte de um círculo, que vai conter 61 graus megalíticos. Isso é fácil de fazer, pois o raio de um círculo sempre divide a circunferência exatamente seis vezes (é interessante observar que o termo geométrico na linha reta através da circunferência é "corda"). Agora, vá para o canto da área escolhida e coloque uma das estacas verticalmente para o chão. Então, pegue sua corda e faça um laço na vara. Originalmente os construtores megalíticos devem ter dividido a sexta parte do círculo em 61 partes por tentativa de erro com pequenas varetas. É altamente provável que eles tenham conseguido perceber que a razão de 175/3 dá a 366a parte do círculo, sem a necessidade de calibrá-lo. A etapa seguinte é verificar se a sua corda está a 175 unidades de comprimento do centro do primeiro laço até o centro de um segundo laço que você precisará fazer (o comprimento das unidades não importa). Por conveniência, use uma vareta de cerca de dez polegadas de comprimento para fazer isso, porém, para evitar um círculo muito grande, marque a vareta em cinco partes iguais (você pode usar uma régua como atalho para fazer isso, se quiser). Depois, use a vareta para medir 35 unidades de laço a laço, o que vai dar aproximadamente o comprimento de 30 pés.

Agora coloque o primeiro laço na vara fixa e alongue a corda até o seu comprimento total, tanto na direção mais ao oeste quanto na mais ao leste, e coloque a segunda vara no laço. Agora você pode traçar parte do círculo no chão. Como você está usando o método da razão, não há necessidade de fazer a sexta parte inteira de um círculo; cerca de dois pés dará certo. Em seguida, pegue seu pedaço de vareta e ligue-o diretamente no peso para formar uma linha de prumo. Você pode colocar a vara no chão usando a linha de prumo para garantir a verticalidade. Então pegue a sua vara de medição e marque um ponto na curva, que fique distante três unidades da borda externa da vara. Volte ao centro e remova a primeira vara, marcando o furo com uma pedra ou outro objeto. Agora essa vara tem de ser colocada no ponto que você marcou no círculo. Verifique se ela está na vertical e se a borda externa dela está distante três unidades da borda externa, que corresponde à borda da primeira vara. Volte ao centro do círculo e olhe para as duas varas. Através delas você vai ser capaz de ver exatamente a 366a parte do horizonte. Quarta etapa: Tempo de medição. Agora você vai dividir o horizonte de modo que ele tenha tantas partes quantas vezes o Sol nasce no decurso da órbita do Sol. Agora você precisa medir a rotação da Terra sobre seu eixo. Será preciso esperar por uma noite clara, com as estrelas visíveis. Fique de pé na frente do ponto central e espere uma estrela brilhante passar entre as varas. Existem 20 estrelas com magnitude astronômica de 1,5. Elas são conhecidas como estrelas de primeira grandeza.

O movimento aparente das estrelas no horizonte é causado pela rotação da Terra. Prosseguindo, o tempo que uma estrela leva para percorrer o trajeto da ponta de arrasto da primeira vara até a da segunda vai demorar exatamente um período de tempo igual à 366 a parte de uma rotação (um dia). Um dia tem 86.400 segundos e, portanto, a 366 a parte do dia terá 236 segundos, ou três minutos e 56 segundos. Assim, as suas duas varas lhe fornecerão um relógio de alta precisão que sempre funcionará. Quando você observar uma estrela de primeira grandeza se aproximando da primeira estaca, pegue sua linha de prumo e puxe o barbante no comprimento de aproximadamente 16 polegadas. Balance os pesos como um pêndulo e, quando aparecerem atrás da primeira vara, conte os pulsos de um extremo ao outro. Apenas dois fatores efetuam o balanço do pêndulo: o comprimento do barbante e a gravidade, que é determinada pela massa da Terra. Se você balançar o pêndulo mais rápido, ele se moverá mais para fora, mas não mudará o número de pulsos. A sua tarefa agora é contar o número de pulsos do seu pêndulo enquanto a estrela se move entre as varas. Você precisa ajustar o comprimento até obter exatamente 366 batidas durante esse período de três minutos e 56 segundos. É provável que faça várias tentativas para chegar ao comprimento certo, então se prepare para encarar a estrela um bocado de tempo. Quinta etapa: Fazendo a sua medida de jarda megalítica. Assim que tiver o comprimento correto do pêndulo, marque o barbante no ponto exato em que ele deixa seus dedos. Depois, pegue a vareta reta e coloque a

parte de barbante marcada, coloque-a aproximadamente no centro e puxe a linha para baixo da vareta. Marque a vareta no centro dos pesos e então balance o pêndulo para o outro lado da vareta, verificando se essa parte de barbante marcada continua firme no lugar. Então marque novamente a vareta para registrar a posição do centro dos pesos. Descarte o pêndulo e corte a vareta nos dois pontos que correspondem com a posição dos pesos. Parabéns, agora você tem uma vareta exatamente do comprimento de uma jarda megalítica. É interessante observar que a curiosa unidade de medida britânica conhecida como "rod" (vara) ou "pole" é igual a seis jardas megalíticas com exatidão de 1%. Existem quatro varas em uma corrente e 80 correntes em uma milha. Será que a moderna milha de 1.760 jardas realmente se baseia na medida pré-histórica da jarda megalítica? O texto acima foi reproduzido com a gentil permissão do dr. Robert Lomas. Maiores detalhes podem ser vistos no website: .

Anexo 2 O Universo Refletido nos Detalhes do Tabernáculo e nos Governos dos Sacerdotes Em nenhum outro lugar pode alguém pensar no malestar que os homens sentem por nós, e que eles

professam sentir por conta de nosso desprezo pela divindade que eles pretendem honrar; pois se alguém considerar o tecido do Tabernáculo, e olhar os paramentos do sumo sacerdote e dos eleitos que fazem uso disso em nossa ministração sagrada, descobrirá que nosso legislador era um homem divino e que somos injustamente censurados pelos outros; pois se alguém sem preconceito, e com o juízo, olhar para essas coisas, descobrirá que elas foram feitas na maneira da imitação e da representação do universo. Quando Moisés separou o Tabernáculo em três partes, e atribuiu duas delas aos sacerdotes, como lugar acessível e comum, ele denotou a terra e o mar, sendo estes de acesso geral para todos; mas ele definiu separar a terceira divisão para Deus, pois o céu é inacessível aos homens. E quando ordenou que 12 pães fossem colocados na mesa, ele denotou o ano, distinguindo-o em tantos meses. Quando ramificou o candelabro em sete partes, ele secretamente anunciou as Decani, ou 70 divisões dos planetas; e também para as sete luzes nos candelabros, ele se referiu ao curso dos planetas, dos quais esse é o número. Os véus, também, que eram compostos de quatro coisas, ele declarou os quatro elementos; pois o fino linho era adequado para significar a Terra, já que a fibra do linho cresce da terra; a púrpura significava o mar, porque essa cor é tingida pelo sangue do caramujo do mar; o azul se encaixa no significado do ar; e o escarlate naturalmente é a indicação do fogo. Agora, a roupa do sumo sacerdote sendo feita de linho significava a Terra; o azul denotava o céu, sendo como um relâmpago suas romãs, e o ruído dos sinos semelhante ao trovão. E no éfode, mostrava que Deus fez o universo de quatro elementos; e para o ouro entrelaçado, eu suponho isso relacionado ao esplendor pelo qual todas as coisas são iluminadas. Ele também indicou o peitoral a ser colocado no meio do éfode, para parecer a Terra, pois ela tem o verdadeiro local do meio do universo. E a cinta que cinge o sumo sacerdote significava o oceano, pois isso vai ao redor e inclui o universo. Cada uma das sardônicas [ônix na qual camadas brancas se alternam com sárdios; cornalinas amarelas ou laranjas vistas como pedras preciosas] declara para nós o Sol e a Lua; aquelas, eu quero

dizer, que tinham a natureza de botões nos ombros do sumo sacerdote. E para as 12 pedras, se entendemos por elas os meses, ou se entendemos como o número mais provável de signos naquele círculo que os gregos chamam de Zodíaco, não devemos nos enganar no significado delas. E para a mitra, que era de cor azul, para mim parece significar o céu; pois como de outra maneira poderia o nome de Deus ser inscrito nisso? Como isso era também ilustrado com uma coroa, e como de ouro também é por causa desse esplendor com o qual Deus se agrada. Deixe esta explicação (16) ficar no presente, uma vez que o curso da minha narração vai muitas vezes, e em muitas ocasiões, dar a mim a oportunidade de ampliar a virtude do nosso legislador.

O trecho acima foi extraído de Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, Livro 3, Capítulo 7, relacionado com os paramentos vestidos pelos sacerdotes e pelos sumos sacerdotes. Traduzido para o inglês por William Whiston.

Anexo 3 Uma Cronologia Especulativa Resumida da História da Maçonaria Muita coisa mudou. Existiram homens de letras muito eminentes e de posição social que realizaram pesquisas sobre aspectos específicos da história da Maçonaria. Não pretendo contestar o conhecimento nem a pesquisa independente deles. Muitas dessas pesquisas foram realizadas na Era Vitoriana da história da Grã-Bretanha, entre 1840 e 1910. Elas refletem as visões e opiniões que existiam então e foram externadas no contexto do cenário das influências sociais dessa época. O advento da Grande Guerra de 1914-1918, a Grande Depressão dos Anos 30 e a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, resultaram em poucos avanços no conjunto do conhecimento maçônico. A Arqueologia, como disciplina acadêmica, começou em meados da Era Vitoriana, por volta de 1860. Muitas escavações na Terra Santa e no Oriente Médio aconteceram nos cem anos que vão até a segunda metade do século XX. Artefatos foram diligentemente

limpos, restaurados e catalogados, mas, com exceção de iniciativas esparsas, poucas análises foram realizadas. Nas décadas pós-Segunda Guerra Mundial, a educação das massas foi prioridade. Muito mais pessoas chegaram à universidade: engenheiros, cientistas e pesquisadores saíram de nossas faculdades mais do que nunca. Novas tecnologias foram inventadas e descobertas, e o volume combinado do poder cerebral com ciência resultou na análise com maior profundidade dos artefatos arqueológicos e das informações anteriormente reunidas, de maneira inimaginável 50 anos antes. Nosso conhecimento a respeito de quase qualquer aspecto do comportamento humano aumentou. Nosso conhecimento do inter-relacionamento daquilo que os antigos se referiam como o macrocosmo tornou-se mais bem compreendido, e aventuras das viagens espaciais mudaram para sempre a nossa percepção do céu e dos céus, em comparação com as interpretações de nossos ancestrais. O resultado total foi essa mudança na maneira como percebíamos os antigos conceitos da criação do mundo e de todas as coisas a nossa volta. E com essa mudança, veio a reinterpretação de nossas atitudes em relação à religião. Muita coisa mudou nos últimos 50 anos do século XX. Mas foi apenas nas duas últimas décadas desse século que novas abordagens para avaliar a história da Maçonaria se desenvolveram, trazendo novas informações e argumentos desafiadores. No final do século XX, a visão oficial da Grande Loja Unida da Inglaterra - GLUI - era de que a Maçonaria,

da maneira como a conhecemos, pôde ser investigada em 1717. Houve muita especulação a respeito das verdadeiras origens, mas a GLUI observou que, sem evidência documental ou provas claras, que duvidam algum dia sejam encontradas, se é que existiram mesmo no passado, essas idéias permaneceriam apenas como especulação. Essa é, talvez, uma atitude compreensível e adequada para essa conceituada e emblemática organização adotar. Mas tal é o conhecimento acumulado sobre o passado, que agora é possível fazer uma avaliação racional do percurso histórico desenvolvido pela nossa antiga instituição. A seguir, fazemos uma avaliação com base nas informações encontradas durante a minha pesquisa. Ela começa 12 mil anos atrás e continua até a época atual: Antes de 10.000 AEC O homem desenvolveu interesse pelo ambiente que o rodeava como caçador-coletor. Ele acumulou conhecimentos a respeito de onde encontrar vários tipos de alimento, como perseguir e capturar animais; quais comidas eram boas e quais eram venenosas; como usar os ossos e a pele para fazer equipamentos e roupas. O principal abrigo, provavelmente, era a permanência em cavernas, em particular nas latitudes mais frias do Norte. 10.000 AEC O homem continuava um pouco nômade, mas havia adquirido interesse pelos céus e começava a se preocupar com o Sol e com a Lua, o que os fazia

funcionar e como isso afetava o ambiente e as estações. 8.000 AEC Comunidades estáveis começaram a se desenvolver, junto com a seleção de colheitas e a domesticação de animais. Inevitávelmente em qualquer grupo de pessoas sempre existirão alguns que serão vistos como líderes, ou anciões tribais, e este era sem dúvida o caso. Coletivamente eles estruturavam o aspecto ordenado do grupo, a caça coletiva e a defesa, e algumas regras básicas do governo tribal. Como uma comunidade estável com estrutura, o compartilhamento do conhecimento havia começado e eles iniciaram experimentos ao vivo. Isso pode ser visto por meio da seleção de colheitas e do cultivo, desenvolvendo aquilo que eles queriam e quando quisessem, e da criação e pastoreio de animais. Tudo isso veio de alguma forma de experimentação primitiva, do aprendizado a partir de resultados. 5.000 AEC Os ciclos do Sol, da Lua e as estações eram compreendidos e previsíveis. A estrela polar era observada junto com as estrelas que se moviam, os planetas. Havia o entendimento de que o Sol e a Lua tinham efeito sobre o ambiente, fornecendo períodos em que o alimento era abundante e outros em que a sobrevivência era difícil. Existia religião organizada por meio do culto ao deus-Sol e à deusa da Fertilidade. 4.500 EC

Primeiras tentativas de criar estruturas, aparatos científicos, para o monitoramento dos ciclos do Sol em particular, que eram temporárias e sujeitas à deterioração pelo uso de materiais porosos. Por volta de 3.500 AEC, existia um meio de tornar essas estruturas mais permanentes, retirando grandes pedras do chão por meio de alavancas e arranjando-as nos padrões necessários. Isso também causou o desenvolvimento dos meios de transportar essas pedras; de levantá-las vários pés ou metros acima do chão; de reforçar e apoiar pedras, de modo que o conjunto não desabasse. Podemos ver evidências disso em templos de Malta e Gozo. A arte de construir um aparato científico estável começou. O monitoramento do Sol estava bem estabelecido como religião relacionada à deusa da Fertilidade. Isso ditava uma forma primitiva de classe sacerdotal para administrar e realizar funções cerimoniais. 3.000 a 2.500 AEC Existia um bom, mas limitado entendimento do macrocosmo. Os anciões da tribo governavam as comunidades. Talvez um só indivíduo, um guerreiro ou caçador importante, fosse eleito para adjudicar disputas. A partir daí, a realeza desenvolveu-se. Os sacerdotes tornaram-se guardiões do conhecimento. Os sumos sacerdotes eram formas primitivas de professores universitários. Eles asseguravam que a sabedoria cumulativa e o conhecimento já entendido fossem passados para as gerações seguintes. Desenvolveram métodos de pesquisa e estudo com sacerdotes juniores, que realizavam o trabalho de campo, como a observação do céu à noite, o avanço das sombras, a quantidade de plantas com cinco

pétalas. Tal entendimento aumentou a percepção deles da grandeza da tarefa da criação que havia sido realizada pela Divindade. Métodos de modelar a pedra haviam começado, como pode ser visto em vãos de passagens ou em eixos de rolagem em Malta. Isso deve ter envolvido o desenvolvimento de ferramentas suficientemente fortes para cortar a pedra e ferramentas específicas para trabalhos especializados. Sem dúvida, nessa época, havia conhecimento desenvolvido entre os trabalhadores sobre qual tipo de pedra era melhor de usar e como podia ser cortada em blocos manejáveis. Daí derivou a pedreira. Cortar pedras em pedreiras exigiu o desenvolvimento de ferramentas ainda mais especializadas, dispositivos de levantamento e métodos de trabalho. Isso, sem dúvida, resultou no desenvolvimento de ferramentas de metal. A geometria básica e a forma do círculo, do triângulo e do quadrado foram definidas e houve tentativas de entender as constantes aritméticas e as proporções encontradas em cada uma delas. O monitoramento solar e lunar estava bem estabelecido, especialmente na Mesopotâmia (Suméria) e no Egito. Em outros lugares, especialmente na Europa, a criação de círculos de pedra como observatórios solares e lunares começou, como em Stonehenge. Diferentes características humanas, como a inteligência, foram percebidas. Existe a possibilidade de a classe sacerdotal ter selecionado jovens e moças brilhantes para serem educados e se tornarem os guardiões do conhecimento e da sabedoria; e de incentivar o casamento deles, com vistas a seus filhos também serem muito inteligentes. Nesse sentido, as primeiras famílias dinásticas de sacerdotes foram criadas. Isso

também representaria as primeiras tentativas de procriação para uma finalidade específica, diferente da seleção natural e da manipulação genética. Tribos se misturaram ou foram conquistadas por tribos maiores e aquilo que conhecemos como países, como o Egito, foram formados. Grandes tribos se reuniram para criar ambientes urbanos. Muros de pedra foram construídos em torno de algumas dessas comunidades para proteção, e ao fazer isso desenvolveram ainda mais o ofício de pedreiros.

2.500 a 2.000 AEC O macrocosmo era mais bem entendido e muito firmemente controlado pela classe sacerdotal. O ciclo do Sol fornecia o calendário para a administração civil e os ciclos lunares, para os festivais religiosos. Os pontos cardeais da Terra haviam sido definidos; os primeiros sete planetas tinham nomes; o conceito de precessão era entendido e as 12 constelações que formam o Grande Cinturão eram representadas miticamente e sua forma observada; sabia-se que a Terra era uma bola; a previsão das estações foi estabelecida. A construção em pedra e o ofício do pedreiro estavam bem estabelecidos. Buscava-se construir estruturas maiores e melhores, que fossem duráveis e refletissem o macrocosmo. Algumas estruturas desabaram durante a construção, outras um pouco depois, mas tudo isso serviu como processo de aprendizado. Podemos ver isso nas estruturas das pirâmides, tanto

em Gizé como naquelas construídas antes, que se estendem por muitas milhas ao sul do planalto de Gizé. O entendimento da Geometria era razoavelmente avançado para resolver uma gama de problemas outrora complexos. O significado da proporção e aquilo que nós conhecemos como Fi havia sido entendido; a circunferência de um círculo era observada como sendo três vezes o comprimento do diâmetro. Havia um entendimento inicial dos relacionamentos no triângulo e daquilo que entrou para a história como o Teorema de Pitágoras. 2.000 a 1.500 AEC Por todo o Oriente Médio e o Mediterrâneo Oriental, mas especialmente no Egito, ao longo do Rio Nilo, importantes construções, sobretudo templos, foram desenhadas para serem duráveis; construídas em pedra, elas refletiam o macrocosmo quando sintonizadas com os ciclos lunares e solares, com a direção e com a prevalência do vento, ou com a fertilidade, mas não limitadas apenas a esses critérios. O desenvolvimento de comunidades urbanas aumentou o poder e o conhecimento da classe sacerdotal. A habilidade para viajar pelo mar, via barco, trouxe o contato com outros povos e outras culturas. Novos conhecimentos foram obtidos e transferidos entre comunidades. O índice de conhecimento acumulado e entendido entre os sacerdotes se desenvolveu. Isso aumentou ainda mais o poder deles. Alguns desses conhecimentos, particularmente os relacionados à Geometria, foram transferidos para os pedreiros, que precisavam conhecê-los tanto para desenhar como para construir prédios importantes. Mas apenas os mais capacitados

desses pedreiros eram admitidos nos segredos dos sacerdotes quando relacionados à construção. Eles se tornaram desenhistas e supervisores. 1.500 a 1.000 AEC Grupos de povos semitas, por razões ainda não inteiramente esclarecidas, mas possivelmente por influência dos eventos resultantes da explosão vulcânica do Santorini e dos subsequentes terremotos e doenças ao longo do Rio Nilo e do Delta, deixaram a região do Nilo e se reuniram em uma região do Sinai, perto do Mar Vermelho, onde poderiam obter comida do mar. Esses povos passaram para a história como hebreus. Como acontece com todas as tribos ou comunidades, existiam aqueles que eram líderes e aqueles que eram seguidores. As tribos foram modeladas em conjunto e alguns costumes dos egípcios e o conhecimento que eles adquiriram se tornaram a base de sua própria identidade e costumes. À medida que a tribo dos hebreus se expandiu, eles formaram um exército e começaram a invadir terras mais férteis e próximas do Mediterrâneo. Finalmente, eles garantiram uma grande área em torno da qual forjaram a nova nação dos israelitas, apesar de subserviente ao regime egípcio. Notando que um país como o Egito tinha uma cidade central, que eles definiam como capital ou centro administrativo, os israelitas seguiram o poder egípcio concentrado em Tebas, onde a classe sacerdotal estava baseada, administrando grandes complexos de templos. Então Akhenaton formou sua nova capital dedicada ao deusSol, rompendo com Tebas.

1.000 AEC Os israelitas formaram uma cidade em torno de uma pequena aldeia chamada Salém, que se tornou o centro de administração tribal conhecido como Jerusalém. Um líder tribal, de origem humilde, destacou-se acima dos outros e se tornou um grande rei guerreiro. Nós o conhecemos como Davi. Os anciões decidiram construir uma comunidade como centro para os sacerdotes, semelhante àquela que os egípcios tinham em Tebas, e então desenharam um templo para se tornar o centro de sua cultura. A divindade dominante era o deus-Sol, de modo que o Templo foi construído para refletir os ciclos solares, lunares e sazonais, enquanto incorporava o entendimento geométrico e o conhecimento do macrocosmo como eles o entendiam. Era um centro de aprendizado e transferência de conhecimento. Os pedreiros construtores foram os desenhistas e incorporaram a sabedoria antiga que eles então acumulavam. Mas esse conhecimento era passado como tradição oral. Ao contrário dos templos egípcios, que eram construídos com grandes blocos de pedra, e tinham alinhamentos solares e lunares, mas não exibiam especificamente beleza proporcional específica, o primeiro Templo de Jerusalém foi construído de acordo com os princípios da beleza e da proporção, e também tinha funcionalidade cerimonial. Isso o tornou único no meio da fraternidade de maçons. O conhecimento do macrocosmo que os maçons e os sacerdotes tinham era semelhante àquele conhecido pelos draidas, que eram a classe sacerdotal dos celtas e estavam baseados na Europa. Esse conhecimento incluía o entendimento a respeito da Terra como sendo uma

esfera, que girava em torno do seu próprio eixo e, à medida que esse eixo inclinava, provocava uma oscilação; que a Terra orbitava em torno do Sol, que era uma grande bola de fogo. 750 AEC As fundações das civilizações posteriores da Grécia e Roma estavam formadas. A classe sacerdotal foi ficando mais interessada em questões e em cerimônias religiosas; os maçons tornaram-se precursores do conhecimento a respeito da construção e do desenho que incluía a proporção, a forma e a geometria para conseguir o resultado final. Uma nova espécie de filósofos se desenvolveu e consolidou o conhecimento. Houve o surgimento dos grandes filósofos e matemáticos gregos, que incluíram Euclides, Pitágoras, Platão, Aristóteles, para citar apenas alguns. Enquanto isso, os egípcios, que haviam registrado seu conhecimento em linguagem hieroglífica, gradualmente passaram a usar a escrita que conhecemos como arábica, e os meios de decifrar os hieróglifos diminuíram. O surgimento dos primeiros filósofos gregos coincidiu com a capacidade de viajar mais amplamente do que no tempo dos egípcios, e novos e diferentes conhecimentos foram transferidos de lugares como a Pérsia e a Índia. As escolas de mistério tornaram-se lugares de desenvolvimento de novas idéias e avaliação das antigas. Isso permitiu reunir o conhecimento acumulado no passado, assimilar novos, construir sobre eles e registrá-los, de modo que os famosos filósofos gregos são fundadores das grandes teorias que chegaram até nós. Enquanto isso, os

maçons expandiam os limites do desenho elegante e da habilidade artesanal, embelezando estruturas com características deliberadas, como o Parthenon, em Atenas. Os estilos arquitetônicos dórico, jônico e coríntio haviam começado a se desenvolver. Os maçons também desenvolveram os meios de construir o arco semi-circular, cujo segredo é a pedra chave. Isso eles mantiveram como segredo da profissão. 350 AEC No período perto de 1.000 AEC, o contraste dos conceitos geocêntrico versus heliocêntrico da mecânica celeste começou a ser questionado pelos filósofos e sacerdotes, cada conceito com seu mérito. Aristóteles declarou que o sistema geocêntrico era a resposta. Os sacerdotes, agora mais relacionados a assuntos espirituais e cerimoniais, endossaram isso, e este se tornou o conceito oficial nos próximos 1.800 anos seguintes. Os maçons sabiam que o conceito heliocêntrico estava correto e o mantiveram como segredo da profissão, em suspenso, até a revalidação do mesmo como fato científico. Esse conhecimento perdido depois ficou conhecido como Hiram Abiff. Todas as informações foram encenadas em uma série de peças e diálogos curtos, que permitiram que o conhecimento fosse passado de uma geração de maçons a outra. Esse era um processo muito antigo. 250 AEC O surgimento do Império Romano resultou em grande demanda para o Ofício e o conhecimento dos maçons. A profissão se expandiu por toda a Europa, Norte da

África e Oriente Médio, junto com a expansão do império; e a metodologia geométrica e o conhecimento do macrocosmo então ficaram conhecidos como as Artes e Ciências Liberais. Os maçons construíram estradas e pontes, aquedutos, portos, cidades, depósitos, templos, palácios, domos, casas majestosas e fortificações. A expansão do desenho, o conhecimento e a experiência de construir trouxeram grandes desafios. A queda do Império Romano resultou nos maçons sendo empregados regionalmente, e vários novos conceitos de desenho foram desenvolvidos com base em culturas e costumes locais. Entre estes, a influência árabe foi a principal, que passou para o desenho os padrões culturais associados das comunidades islâmicas posteriores. Em áreas mais remotas da Europa do Norte, inclusive a Grã-Bretanha, a capacidade de construir com pedra diminuiu consideravelmente com a retirada do exército romano, e a construção reverteu principalmente para o uso de madeira. 600 EC O crescimento da Igreja Romana em toda a Europa substituiu grande parte da autoridade antes exercida pelos imperadores romanos, o que resultou na necessidade de o Ofício dos Maçons novamente florescer por meio da construção do novo estilo de templo das igrejas cristãs e dos abrigos da nova classe sacerdotal, os mosteiros. O conhecimento do macrocosmo prevaleceu relacionado aos conceitos da criação legados nas escrituras. Muitas das novas igrejas foram construídas com alinhamentos que refletiam os ciclos solares e lunares. O conhecimento

do macrocosmo relacionado com a criação e, portanto, com a simbologia da mão da divindade, tornou-se conhecimento retido dentro da classe sacerdotal. O conceito geocêntrico da mecânica celeste permaneceu a base da interpretação religiosa. O conceito heliocêntrico definido Hiram Abiff permaneceu o conhecimento secreto da Maçonaria. Por volta de 700 EC, a época de Bede, os maçons com os conhecimentos de geometria e mecânica celeste retidos, mais seus segredos profissionais relacionados ao desenho, à proporção e à tecnologia da construção, foram novamente introduzidos na Inglaterra por meio da construção de estabelecimentos religiosos substanciais. 1.000 EC Jerusalém, sagrada para as três religiões - Judaísmo, Cristianismo e Islã - foi invadida pelos turcos de Seljuk. Os cristãos foram impedidos de fazer peregrinações a ela, o que levou às Cruzadas. A ordem dos Cavaleiros Tempiários se formou. Eles estiveram sob proteção do papa e operavam sob a autoridade papal. Eram, portanto, parte integrante da instituição religiosa da Igreja Romana. Durante o tempo que passaram na Terra Santa e no Oriente Médio, eles entraram em contato com grande parte da sabedoria antiga que a Igreja via como conhecimento proibido. Isso incluía o conceito do sistema heliocêntrico, a Geometria e os padrões geométricos resultantes. Estilos de construção se desenvolveram a partir desse conhecimento. Talvez eles também tenham descoberto que a filosofia religiosa defendida pela Igreja não estava inteiramente de acordo com os eventos que realmente ocorreram em Jerusalém mil anos antes. Isso os levou a entrar

em conflito com a instituição da Igreja, que foi a proposta inicial usada por Filipe, o Belo, como desculpa para dissolver essa organização. Enquanto isso, os maçons capturados nos países islâmicos forneceram idéias de desenhos que os Tempiários incluíram em suas próprias estruturas. Seu benfeitor, São Bernardo, incentivou os novos desenhos, que se tornaram conhecidos como estilo gótico. A Geometria na qual o mesmo se baseava tornou-se o desenho e o princípio de construção de quase todas as grandes catedrais na Grã-Bretanha e na área da Europa dominada pelo Vaticano. Os princípios do desenho também se tornaram o conhecimento especializado e secreto dos maçons. As guildas e corporações do período medieval se tornaram reguladoras da profissão, mas o conhecimento contido nessa profissão a respeito do desenho e dos reflexos da mecânica celeste permaneceram segredo profissional. 1.300 EC Figuras antigas dos Cavaleiros Templários na França foram capturadas em 1307 EC. Muitos outros de menor importância escaparam para Escócia onde foi construído o primeiro preceptório fora da Terra Santa. A ordem dos Cavaleiros Templários finalmente foi dissolvida por meio de uma bula papal. O Grão-Mestre Jacques de Molay foi assassinado em 1314, sendo queimado vivo pela autoridade do papa. Os maçons ligados à Ordem agora herdavam o conhecimento restante que não tinham até então, especialmente em relação ao sistema heliocêntrico. Muitos, enfrentando a penúria, foram para os mosteiros na Grã-Bretanha e

provavelmente no resto da Europa. O conhecimento deles gradualmente foi absorvido pela profissão de pedreiro, e o conhecimento esotérico que tinham passou para praticantes mais altamente capacitados. A retenção desse conhecimento continuou pela tradição oral. 1.400 EC Copérnico publicou a teoria que sustentava o sistema heliocêntrico, mas foi condenado pelo Vaticano, que continuou a apoiar o conceito geocêntrico. Na Escócia, o Grão-Mestre dos maçons e descendente da família Sinclair, na qual Hugues de Payen entrou por meio do casamento, 300 anos antes, construiu uma igreja em sua propriedade que incorporou muito do conhecimento esotérico então entendido pelos maçons. Ela também foi construída em um local que refletia o conhecimento celeste, a sombra lançada por duas colunas, como haviam sido erguidas no Templo de Salomão. A sombra na época dos solstícios produzia o padrão no quadrado. Essa igreja é conhecida como a capela Rosslyn. Ela se tornou o lar espiritual dos maçons, especialmente na Escócia. Como a capela construída nas terras do Grão-Mestre tornou-se o lar espiritual da Maçonaria, então ser admitido na fraternidade dos maçons passou a ser conhecido como ser admitido no quadrado, refletindo o conhecimento das sombras de Rosslyn. Lojas que antes se reuniam apenas em locais de construção, agora começavam a se reunir em locais selecionados. Na Escócia, por exemplo, existem registros de arranjos especiais sendo feitos para eles se encontrarem na Prefeitura de Edimburgo.

1.500 AEC Henrique VIII da Inglaterra quebrou o domínio da Igreja Romana em seu país, fundou a Igreja da Inglaterra e dissolveu os mosteiros, abolindo assim o poder deles e do Vaticano. Um novo conjunto de dificuldades afetou os maçons, muitos dos quais estavam envolvidos na manutenção de igrejas e mosteiros. Agora eles estavam envolvidos no desmantelamento desses locais. O conflito de poder entre reis e rainhas ingleses e o Vaticano prosseguiu, e o resultado foi que Elizabeth I apoiou a Igreja da Inglaterra e, com isso, o Protestantismo. Nesse período em que foi eliminada a autoridade do papa na Inglaterra, começaram a aparecer praticantes independentes do desenho para a construção. Assim foi o desenvolvimento inicial da profissão do arquiteto. Os maçons que construíram seus desenhos subsequentes então aceitaram parte desses arquitetos na fraternidade e se referiam a eles como maçons especulativos, em oposição aos maçons operativos. Isso levou à formação de algumas Lojas privadas, em oposição àquelas dedicadas aos maçons operativos. Universidades começam a florescer e a base do conhecimento transmitido aos estudantes era o mesmo entendimento que havia sido guardado ciosamente pelos maçons durante milênios, a sabedoria antiga de nossos ancestrais, as Artes e Ciências Liberais. Era essa a base do grau de Mestre em Artes. James II, filho da rainha Maria dos Scots, tornou-se rei da Escócia. Ele reconheceu o desenvolvimento da Maçonaria e regulamentou-a por meio dos estatutos de Shawe.

1.600 EC Os Stuarts tornaram-se patronos da Maçonaria. James VI da Escócia tornou-se James I da Inglaterra. A regulamentação da Maçonaria, que ele introduziu na Escócia, acompanhou-o. A Maçonaria desenvolveu-se e o conhecimento esotérico se espalhou em áreas específicas da sociedade, especialmente entre os arquitetos, certos membros da aristocracia e aqueles que os serviam. Isso continuou até Carlos I ser decapitado e a monarquia da Inglaterra ser abolida. Na Itália, Galileu foi torturado por ordem do Vaticano por expressar pontos de vista copernicanos (heliocêntricos). O sistema geocêntrico continuava vivo e saudável nos círculos religiosos. Então, as conexões maçônicas com o conhecimento heliocêntrico continuavam retidas sob a referência a Hiram Abiff. A restauração da monarquia em 1660, com a coroação (unção) de Carlos II, resultou em sir Robert de Molay, um escocês, patrono dos Stuarts e confidente do rei Stuart, a estabelecer a Sociedade Real, junto com vários outros assuntos. Isso anunciou a abertura do desenvolvimento da ciência, a era do Iluminismo, e pavimentou o caminho para muitas descobertas que resultaram na Revolução Industrial e no estabelecimento de ramos da ciência, como a Astronomia e a Física, que nos trouxeram a tecnologia que nossa sociedade conhece atualmente." 1.700 EC Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o conhecimento esotérico contido na Maçonaria era aquele também conhecido como as Sete Artes e Ciências Liberais. Foi

o ponto de partida para grande parte do conhecimento científico futuro. As dificuldades jacobitas no início do século XVIII causaram algum embaraço para os membros das Lojas, em Londres e outras cidades provinciais importantes. Eles decidiram se distanciar por conta própria desses problemas, criando a Grande Loja da Inglaterra. Alguns maçons, de identidade desconhecida para nós, mas familiarizados com o conhecimento esotérico inerente ao ritual maçônico, entenderam o significado do nitmero 20, e que certos caracteres em hebreu podiam ser adicionados em conjunto para fazer esse número. Eles notaram que esses mesmos caracteres em hebreu podiam representar o ano de 1717, em que estavam ou que estava próximo. Para se distanciar de seus colegas da Escócia, quatro Lojas estabeleceram a Grande Loja da Inglaterra, em 1717, como corpo administrativo separado daquele baseado em Edimburgo, e para isso empregaram o número 20 da sabedoria antiga. Um membro de uma dessas quatro Lojas era sir Joseph Banks, reconhecido como importante botânico e presidente da Sociedade Real. Ele navegou com o capitão Cook em uma viagem ao Taiti para observar o trânsito de Vênus, planeta sinônimo de Maçonaria e sabedoria antiga. Eles descobriram a Nova Zelândia e a costa oriental da Austrália. Depois, Banks incentivou o desenvolvimento e o estabelecimento da Austrália, de modo que se pode corretamente afirmar que a Austrália que conhecemos hoje em dia foi colonizada a partir do apoio original de um maçom. 1.800 EC

O sistema heliocêntrico finalmente se tornou dominante sobre os conceitos geocêntricos, baseado nas revelações da nova ciência da astronomia. As Ciências e Artes Liberais, o conhecimento inerente à Maçonaria, permaneceu a base do estudo nas universidades e para o grau de Mestre de Artes. À medida que a ciência se desenvolvia, mais e mais questões se levantaram a respeito da veracidade da história que rodeava a Terra Santa como defendida pelas altas autoridades religiosas. Expedições arqueológicas foram organizadas e gradualmente, por um período de 150 anos, o conhecimento básico aumentou. Os resultados nem sempre apoiaram a doutrina religiosa promovida nos últimos 2 mil anos. Com o sistema heliocêntrico enfim corretamente restabelecido, então a Maçonaria se tornou mais aberta, embora protegida. A filiação não era mais apenas do domínio exclusivo dos maçons especulativos e operativos. Ela estava aberta a homens que tivessem mentalidades abertas, que tivessem capacidades acadêmicas e interesse na preservação do conhecimento esotérico que ela continha. A partir de meados do século XIX, o crescimento da Revolução Industrial e a expansão do Império Britânico propiciavam o desenvolvimento de Lojas Maçônicas em outros países. Na Grã-Bretanha houve um crescimento maciço da classe média. Eram homens cultos, gerentes e administradores intermediários de bancos, companhias de seguro, companhias de transportes, comerciantes de ações, proprietários de fábricas e lojas. Muitas dessas instituições substanciais, como os bancos, incentivavam seus gerentes para que providenciassem que suas famílias fossem

regularmente à igreja participando e demostrando interesse em atividades sociais de caridade. Uma ampla gama de organizações sociais e fraternais, e sociedades beneficentes, foram criadas para atender a necessidades de comunidades diversas, que prosperaram. A Maçonaria na Inglaterra foi uma das beneficiárias dessa nova ordem social. Houve um substancial crescimento de membros, novas Lojas foram formadas e salas especiais de reunião, chamadas de Salões Maçônicos, foram construídas em muitas cidades importantes da Grã-Bretanha. Em outras cidades onde isso não era facilmente conseguido, salas especialmente preparadas em hotéis e em estabelecimentos públicos foram usadas como locais de encontro. Alguns sobrevivem portando nomes como Brasões dos Maçons [The Freemasons Arms]. E então, no início do século XX, houve maciça melhoria na educação, de modo que, em meados do século XX, grande parte daqueles conhecimentos, que até então eram considerados como os segredos da Maçonaria, passou a ser ensinado nas escolas, para crianças pequenas, raramente em idade adolescente: Geometria, Aritmética, Música, Lógica (raciocínio e resolução de problemas), Gramática e Retórica (línguas e linguagem), Astronomia e Ciência (mecânica celeste, o sistema solar e o universo, Física, Química e Biologia). Muito disso é derivado do entendimento inicial desenvolvido sob as orientações da Alquimia, da Astrologia, da sabedoria antiga e do entendimento do macrocosmo.

O conhecimento secreto que havia sido o domínio da Maçonaria não era mais segredo. Era parte da educação das massas, em escala global. Assim, quando alguém diz que não existe conhecimento secreto ou informações secretas na Maçonaria, está correto. Isso agora é conhecimento comum para qualquer pessoa que tenha se beneficiado de alguma educação modesta. Então, o que é a Maçonaria atualmente? Acredito que a pessoa que se preocupar vai observar que o conhecimento da sabedoria antiga continua incorporado nas cerimônias e nas instalações. A Maçonaria continua a promover uma respeitável abordagem da vida baseada em verdade, prudência, caridade, justiça, modéstia e temperança, obediência à lei e à ordem. Ela incentiva seus membros a se tornarem cidadãos corretos, pilares da sociedade, na comunidade em que vivem e trabalham. São todas essas qualidades que uma sociedade justa e adequadamente regulamentada precisa ver em seus juizes, magistrados, médicos, contadores, professores, funcionários públicos e dirigentes. Neste início do século XXI, muitas atividades maçônicas estão direcionadas para apoiar necessidades sociais por meio de atividades filantrópicas. Cuidar da sociedade em que vivemos é a maneira dos maçons cuidarem de si próprios. E o que aconteceu com a sabedoria antiga? Ela precisa ser preservada. Ninguém sabe quando pode ser perdida pela sociedade em geral, e se vai precisar ser redescoberta. A Maçonaria, adequadamente regulamentada, continuará a protegê-la.

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