Os Puritanos e a conversão - Samuel Bolton,Nathaniel Vincent, Thomas Watson

August 14, 2017 | Author: api-3861555 | Category: Sin, Saint, God, Jesus, Bible
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E-book digit ali za do e do ado por: Maz inho R odr i gues Rev isão e v ersão em “doc ” p or: Levita Di git al

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Os Puritanos e a conversão Pecado: O Mal sem Par Samuel Bolton A Conversão de um Pecador Nathaniel Vincent A Coisa Indispensável Thomas Watson (Editado por Don Kistler) Prefácio por Albert N. Martin

PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287 - 01059-970 - São Paulo-SP

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Título original: The Puritans on Conversion Editora: Soli Deo Gloria Publications Primeira edição em inglês: 1990

Tradução do inglês: Marlene Marques Prado Revisão: Antonio Poccinelli Capa: Ailton Oliveira Lopes Primeira edição em português: 1993

Composição e impressão: Imprensa da Fé

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ÍNDICE Prefácio do Editor Prefácio por Albert N. Martin Capítulo 1 - Pecado: O Mal sem Par Samuel Bolton Capítulo 2 - A Conversão de um Pecador Nathaniel Vincent Capítulo 3 - A Coisa Indispensável Thomas Watson

SOLI DEO GLORIA PUBLICATIONS 213 W. Vicent St. Ligonier, PA. 15658 (412) 238-7741

Estes escritos apareceram primeiramente no século 17 em três diferentes livros. A edição destes trabalhos e de 1990 da Soli Deo Gloria Publications. Esta compilação de sermões puritanos com mudança estilística e gramatical é direito autoral.

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PREFÁCIO DO EDITOR Esta coleção de escritos puritanos, composta de dois sermões e de um tratado, inicia o que esperamos ser uma longa série intitulada Os Puritanos e______________. O potencial para uma importante série é evidente. Qualquer pessoa que tenha lido os ricos escritos dos teólogos puritanos tem sido tocada pelo senso de reverência deles para com Deus e Sua majestade, respeito à Sua beleza e reconhecimento à Sua soberania. Quem pode gastar tempo com esses homens sem ter o seu próprio conceito de Deus elevado a um plano mais alto? Quem pode ler esses mestres das Escrituras sem concluir que temos perdido o conhecimento íntimo de Deus que eles possuíam? Com este livro pagamos um tributo àqueles que nos antecederam neste trabalho. No século 19 a obra de James Nichols e James Sherman abriu caminho com sua dedicação em amor, pois vemos tantos dos trabalhos dos Puritanos revisados, editados, e disponíveis uma vez mais. Neste século 20 Jay Green em sua Sovereign Grace Trust, Iain Murray e a obra de The Banner of Truth Trust, e Lloyd Sprinkle têm enriquecido a comunidade cristã com suas reedições dos clássicos puritanos. Indubitavelmente há muitos outros publicadores, os quais desconhecemos, mas sabemos que Deus os conhece e os recompensará à altura! A edição destes três trabalhos em um volume não alterou seu conteúdo substancialmente. Os parágrafos longos receberam um formato mais agradável de serem lidos. A pontuação foi adicionada ou suprimida conforme os padrões mais contemporâneos. A ortografia foi mudada quando necessária. Palavras cujos significados se tornaram obscuros foram mudadas no texto para palavras de uso mais comum. Isso foi feito usando-se o Oxford English Dictionary. Nenhuma alteração teológica foi feita, pois nós não ousamos pensar que poderíamos expressar melhor o coração desses homens do que eles mesmos foram capazes de fazer. Os versículos das Escrituras foram deixados intactos na forma usada no original, pontuação e tudo mais. A única mudança foi escrever com maiúscula os pronomes que se referem a Deus. Nós acreditamos, querido leitor, que nossos esforços serão usados para aprofundar seu conhecimento dEle e da mesma forma seu amor para com Ele. Em tal caso, o trabalho envolvido na reprodução e edição destes escritos nunca será visto como tedioso ou vão. E finalmente, confiamos este trabalho à Sua soberana mão para usá-lo como Lhe aprouver. À Sua Glória DonKistler Soli Deo Gloria Publications

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PREFÁCIO PARA "OS PURITANOS E A CONVERSÃO" O tema mais crucial com o qual a mente e o coração humano podem se ocupar está ligado com a questão, "como pode o pecador se tornar justo diante de Deus?" Todos os que têm se apegado à fé bíblica e apostólica concordam que a única base de aceitação dos pecadores por Deus está incluída na obra dohomem-Deus, Jesus Cristo, Aquele que levou os pecados do Seu povo, como substituto dele, e adquiriu a justiça perfeita como fruto de Sua vida, morte e ressurreição (Rom. 5:12). Entretanto, as Escrituras deixam bem claro que ninguém chega a possuir a justiça operada por Cristo, exceto através da total conversão a Deus (Atos 26:16-18; Mateus 18:3). A verdadeira conversão compreende a área na qual há grande confusão e terrível engano em nossos dias, sim, mesmo entre os evangélicos que são esclarecidos na questão do fundamento da aceitação do pecador por Deus. É precisamente na área da apresentação da doutrina bíblica da conversão que os pregadores puritanos têm muito a nos ensinar. Enquanto o livro de Joseph Alleine Um Guia Seguro para o Céu e Um Chamado ao não Convertido de Richard Baxter foram editados inúmeras vezes nas últimas décadas e se tornaram um modelo da pregação puritana sobre a doutrina da conversão, os três menores tratados reunidos neste livro nos dão a essência do mesmo entendimento puritano sobre a doutrina da conversão. As vantagens desta trilogia é que cada sermão tem sua área distinta de força na apresentação de uma sã teologia da conversão e um profundo discernimento pastoral do método de conversão. Contrastando com muitas pregações e publicações evangélicas em nossos dias, estes três sermões são marcados por características distintivas no extenso conteúdo da doutrina puritana da conversão, e a maneira pela qual pregaram essa doutrina.

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O CONTEÚDO DA DOUTRINA DA CONVERSÃO 1. Eles mostram o terrível mal do pecado sem, de modo algum, tirar o brilho da magnitude da graça de Deus. O tratado de Bolton é muito útil ao mostrar que ninguém consegue exagerar o tremendo mal do pecado. Além disso, o referido tratado em conjunto com os outros dois sermões silencia para sempre qualquer acusação de que uma preocupação com os detalhes e a extensão do mal do pecado poderiam obscurecer a magnitude da graça de Deus. 2. Os sermões demonstram a necessidade de um exame consciente do pecado sem, de modo algum, restringir a liberdade de acesso do pecador a Cristo ou a necessidade imediata de suplicar a misericórdia perdoadora de Deus. 3. Cada um destes sermões desperta a consciência sobre a absoluta necessidade de um profundo e completo arrependimento, se é que deva existir uma fé genuína na promessa de perdão para os pecadores que crêem. Ao contrário do conceito de "graça barata" em nossos dias, estes autores demonstram de uma maneira convincente, que Jesus Cristo veio para salvar Seu povo de seus pecados, mas não em seus pecados. 4. Cada um destes autores é claro em relação a tão discutida questão, se Cristo pode ser ou não recebido como Salvador enquanto não conhecido como Senhor. Como um exemplo dessa asserção, Vincent mostra que na verdadeira conversão, os convertidos são tirados das "trevas da ignorância". E assim, cita uma das áreas específicas na qual esta libertação ocorre. Ele escreve: "Ele os faz saber que Cristo deve ser recebido por fé, que não existe salvação em nenhum outro, e que é vão esperar qualquer coisa dEle como Salvador, a não ser que haja consenso em obedecê-lO como Senhor. Estas e outras verdades não são mais desconhecidas por eles." Mais tarde no mesmo tratado ele escreve: "O convertido vê Deus como Senhor. Ele se apropria de Sua soberania e submete-se ao Seu cetro. Na verdade em tempos passados outros senhores tiveram domínio sobre ele (Is. 26:13), mas agora sua resolução é firme e imperiosa em não pertencer a nenhum outro Senhor, senão somente a Deus. Sua vontade se submete em obediência à vontade de Deus e concorda com ela." 5. Estes tratados mostram uma visão da conversão centralizada em Deus. Embora não haja nada obscurecendo as realidades de paz e de alegria que goza o penitente e convicto pecador, há uma constante ênfase sobre o fato de que na conversão é propósito de Deus trazer o pecador de volta à intenção original para a qual ele foi criado - a saber, para uma vida centralizada em Deus. Novamente as palavras de Vincent deixam isso bem claro quando ele escreve: "O convertido vê Deus como seu objetivo máximo, vê que Deus deve

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ser glorificado, vê que pode se deleitar em Deus e no Seu plano de conversão. O pecador é consciente do fato de que ele, enquanto não convertido, viveu para desonra dAquele que é o seu Criador, em cujas mãos está o seu fôlego de vida. Agora, entretanto, tem um forte desejo de caminhar de modo digno do Senhor em tudo o que lhe seja agradável." 6. Eles constantemente descrevem a magnitude da obra da conversão, e sua total impossibilidade sem a intervenção soberana e direta de Deus. Uma das maldições de nossos dias é a difundida noção de que a salvação é "simples". Apesar de que a essência da mensagem da salvação dada por Deus é realmente simples, para o pecador se desligar completamente de seus pecados, sua justiça própria, e se entregar a Deus conforme exige o evangelho, é exatamente o que o nosso Senhor disse: "é impossível para o homem". Estes autores puritanos tinham captado a realidade dessa declaração do nosso Senhor, e não temeram apresentá-la de maneira ousada e convincente. 7. Eles nos mostram que é possível pregar as verdades elementares referentes à conversão, de uma maneira vigorosamente doutrinária e eminentemente bíblica. Estes sermões em toda a sua extensão mostram as Escrituras ilustrando e reforçando a si mesmas, e também uma evidente compreensão do equilíbrio da verdade. Nos seus mais veementes apelos à consciência de seus ouvintes, estes autores nunca transtornaram o delicado equilíbrio de uma autêntica teologia sistemática.

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A MANEIRA PELA QUAL ELES PREGARAM A DOUTRINA DA CONVERSÃO Quando se lê estes sermões fica evidenciada a característica dominante da maneira e do método de pregação destes homens, contrastando com as sociáveis, condescentes, casuais pregações, sem confrontação, que marcam muito do evangelismo atual. Tenho anotado algumas das características da maneira como são feitas as suas pregações, as quais são dignas de imitação. 1. Eles são modelos de uma santa austeridade e veemente tenacidade que instam com seus ouvintes para que sejam convertidos. É necessário somente ler no começo do tratado de Vincent "A Dedicação" e "Carta ao leitor", para ver que ele não se envergonha de comprometer-se com o grande objetivo de assegurar a conversão de seus ouvintes. É esta santa paixão e intrepidez em advertir quanto a uma imediata e sincera obediência a seus chamados à conversão, que faz com que seus sermões sejam marcados por profundos apelos à consciência, vigorosas advertências específicas relativas ao pecado, as lutas da alma e as questões levantadas pela dúvida. 2. Seus sermões são marcados por uma cadeia constrangente de razão e argumentação. Embora estes homens acreditassem firmemente na morte espiritual absoluta do pecador, eles não acreditavam que o homem tivesse perdido sua capacidade de sentir a pressão dos argumentos razoáveis. É extraordinária a habilidade de tirar as pessoas dos vários "refúgios da mentira" nos quais tentam se esconder do Deus vivo. Ademais, são levantadas razões bíblicas e lógicas sobre os terrores ligados ao estado de impenitência e incredulidade, e também sobre a felicidade e conveniência de se estar num estado de graça e aceitação por Deus. 3. É evidente que estes homens não temeram ser rotulados como "exagerados" em seu zelo. Foi dito a respeito do piedoso McCheyne, que compartilhou muito desse espírito puritano, que "ele pregava como se estivesse morrendo pela conversão dos homens" .Essa paixão legítima que flui através dos sermões editados destes homens, saltando através dos séculos e das mudanças de estilo literário, etc, é uma das evidentes deficiências da atual pregação evangélica e mesmo da de muitos pregadores reformados. Deus, por Si não Se envergonha de demonstrar paixão quando Ele admoesta com as palavras: "Arrependei--vos, arrependei-vos, por que vos morreríeis ? " Estes homens não se envergonhavam de mostrar a paixão da preocupação genuína pelas almas de seus ouvintes através de seus apelos bem arrazoados e eminentemente bíblicos. Para o leitor que não é familiarizado com os reconhecidos autores puritanos, a primeira leitura dos tratados deste livro poderia causar uma

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impressão errada. Deve ser lembrado que a visão puritana sobre justificação somente pela fé, através da imputação da justiça de Cristo, era tão clara quanto a de Martinho Lutero. Este aspecto é certamente destacado nestas obras. Por exemplo, Bolton escreve: "Cristo não deixou nada para ser feito por nós, a não ser receber o que Ele adquiriu e entregou às mãos do Pai; nada além do que pedir uma absolvição, sim, das mãos dAquele que é justo, e que nunca nos decepcionará; das mãos dAquele que certamente concederá tudo o que Seu Filho tenha adquirido pela Sua obra redentora". Bolton prossegue escrevendo: "Oh, como isso deveria fazer-nos promover Cristo, admirar Cristo, valorizar Cristo! O que aproximaria mais nossos corações de Cristo do que saber que Ele levou nossos pecados e o fez de modo que nunca jamais teremos que levá-los se estivermos vinculados a Ele?" Entretanto, para uma compreensão mais profunda da doutrina puritana da justificação devem ser lidos trabalhos tais como o Volume 5 de Owen, o Volume 8 de Goodwin e as seções específicas nas obras de Roberl Traill. Ao exporem tais textos, como Rom. 4:4-5, estes homens declaram a graciosidade e a plenitude da salvação fundamentada na obra de Cristo. Mas quando examinaram textos tais como Lucas 13:24, que nos ordena a que "esforçemo-nos para entrar pela porta estreita" eles não se detiveram em expor e aplicar a pressão própria de tais textos. Se existe qualquer esperança de que a verdadeira doutrina da conversão seja mais uma vez proclamada no poder e na compaixão do Espírito Santo, é bem provável que os autores destes sermões e destas páginas sejam os nossos guias mais úteis. O editor deve ser elogiado por tornar estes três tratados sobre a conversão acessíveis a nossa necessitada geração. Albert N. Martin, Pastor Igreja Batista da Trindade Montville, New Jersey

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PECADO: O MAL SEM PAR ... porém agora, ó Senhor, peço-te que traspasses a iniqüidade do teu servo; porque tenho procedido mui loucamente... " (II Samuel 24:10)

Samuel Bolton, D.D. Falecido Mestre do Colégio de Cristo, Cambridge (Publicado pela primeira vez em 1657)

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PECADO: O MAL SEM PAR "... porém agora, ó Senhor, peço-te que traspasses a iniqüidade do teu servo; porque tenho procedido mui loucamente... " (II Samuel 24:10) Estas palavras foram ditas quando a mão de Deus pesava sobre os filhos de Israel por causa do pecado de Davi em recensear o povo. Lemos no versículo 2 que "Davi ordenou a Joabe percorrer todo o Israel e numerar o povo", porém logo de início "Joabe tentou dissuadi-lo ". Alguém poderia perguntar: "era contra a lei numerar o povo? Moisés não fez o mesmo no deserto tanto quanto Josué e Neemias?" Sim, mas Joabe viu nessa atitude o orgulho do coração de Davi, como se observa pela sua resposta no versículo 3: "então disse Joabe ao rei: ora, multiplique o Senhor teu Deus a esse povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu Senhor o vejam: mas porque deseja o rei meu senhor este negócio? Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe" - para a sua infelicidade e às custas de Israel. Que felicidade teria sido para Davi e Israel se Joabe não tivesse concluído o trabalho, porém ele obedeceu e numerou o povo. Eram "... oitocentos mil homens de guerra, que arrancavam espada; e os homens de Judá eram quinhentos mil..." Mas, qual foi o fruto, qual foi o efeito disso? 1. Lê-se: "... e o coração doeu a Davi... " versículo 10. Isto é, sua consciência o acusou. Se a consciência não for um freio, será um chicote. Se ela não for refreada, ela será açoitada. Se não ouvirmos os avisos, sentiremos os golpes. Se ela não nos impedir de pecar pela admoestação, ela nos fará sofrer pela contrição. 2. Todavia isso não era tudo. Deus o puniria pelo pecado. E nós podemos reconhecer o pecado através da punição. Ele tinha se gloriado nos números e por essa razão Deus diminuiria essa soma. Deus submeteria à sua escolha três julgamentos, os quais seriam: sete anos de fome, três meses fugindo dos seus inimigos, ou três dias de pestilência. Mas, qualquer um dos três seria um grande flagelo. No entanto, atentemos para o comportamento de Davi. Deus o ameaça com julgamento e ele lamenta pelo seu pecado. "O coração afligido de Davi e sua oração, embora registrados antes, parecem ser um resultado da descoberta de seu pecado pelo profeta, como se yê no versículo subseqüente: "... levantando-se pois Davi pela manhã veio a palavra do Senhor ao profeta Gade, vidente de Davi... ". Isso revela a razão pela qual o coração de Davi se afligira e porque ele orou assim, pois o profeta esteve com ele e havia lhe convencido de seu pecado, tinha anunciado o julgamento de Deus contra ele, depois que "o

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coração doeu a Davi" e ele orou, versículo 10: "... Peço-te que traspasses a iniqüidade de teu servo; porque tenho procedido mui loucamente..." Aqui, porém, alguém pode interrogar: por que Davi orou pelo perdão de seu pecado, quando Deus ameaçou com julgamento? Por que ele não pediu que Deus suspendesse Seus castigos, e assim desviasse Sua ira em vez de simplesmente suplicar perdão pelo seu pecado? Ou se ele desejou isso, por que então não suplicou tanto um quanto o outro, unindo-o na mesma petição? Resposta 1. Para ensinar-nos em todas as opressões e aflições sobre o nosso homem exterior a voltarmos os nossos pensamentos para o nosso homem interior e lamentar pelo pecado. Resposta 2. Porque ele viu o pecado como a causa do julgamento e portanto, desejou a remoção deste para que o outro fosse retirado. Resposta 3. Porque ele sabia que o julgamento jamais poderia ser removido através da misericórdia, a menos que o pecado fosse retirado. Tudo o que é retido é também uma reserva. Toda libertação é feita em justiça, não em misericórdia, se permanece o pecado. Resposta 4. Ele estava mais apreensivo por estar desonrando a Deus através de seu pecado, do que propriamente com qualquer julgamento que resultasse do seu pecado. Resposta 5. Ele vê no pecado o grande mal, e portanto busca a correção deste mais do que qualquer outro mal: "...traspasses a inqüidade do teu servo...". No texto observa-se duas partes da oração: (1) Confissão (2) Petição. 1. Confissão, com auto-julgamento: "porque tenho procedido mui loucamente... " 2. Petição: "... traspasses a iniqüidade do teu servo... ", unida com fé. Aqui temos (1) o suplicante, Davi, declarando seu relacionamento: "... teuservo", (2) o suplicado, Deus, (3) a petição em si:"... traspasses (ou perdoes) a iniqüidade de teu servo...". A frase parece ter relação com o bode expiatório, um tipo de Cristo, que levou os pecados do povo de Israel para o deserto (Lev. 16:22), dessa forma significando a retirada dos pecados por Cristo. Há pouca dificuldade nas palavras, a não ser aquela dificuldade que criemos. Realmente, seria criar uma dificuldade se tentássemos explicar aquilo que é tão evidente, em vez de expor as palavras. Se eu fosse falar das várias distinções que os homens fazem do pecado, diria três palavras no hebraico. Pela primeira eles entendem o significado do pecado original, pela segunda enfermidades, e pela terceira seus pecados mais graves. Mas após um exame, descobri-as usadas mescladamente, e portanto tais distinções não tem fundamento. As letras das palavras e seu aspecto exterior no texto falam de três doutrinas: 1. Que os servos de Deus podem cometer pecado, cometer iniqüidade: "... a iniqüidade de teu servo..."

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2. Pecados novos devem ter novos arrependimentos. Se você renova seus pecados, você deve renovar seu arrependimento. 3. É necessário perdão novo para novas insurreições: "... traspasses...". Ele não diz: "... assegure-me que estão sendo traspassados...", e sim "traspasses". Este, porém, não será o assunto de meu discurso agora. O que pretendo enfocar é o tempo e a ocasião de tais palavras, que foi o momento da ameaça de Deus contra Davi. 1. O pecado verdadeiramente é, e o povo de Deus entende que o seja, o mal sem par no mundo. Ele não disse, "traspasses a praga", nem "traspasses o julgamento", e sim "traspasses a iniqüidade". Ele olhou para o pecado como o maior mal. 2. Quando Deus ameaça punir o pecado, a melhor coisa é correr para Deus para que Ele o retire. Ou, quando a mão de Deus é temida ou sentida, seria sábio para o cristão arrepender-se do pecado, desejando a remoção deste. Comecemos com o primeiro, o que o pecado realmente é, e que o povo de Deus entende que ele é o maior mal no mundo. Nós o tomaremos (1) por partes, (2) as juntaremos. A doutrina se divide em duas partes: (a) que o pecado é o maior mal no mundo, e (b) que o povo de Deus sabe disso. Para o primeiro, que o pecado é o maior mal no mundo, posso demonstrar isso (i) pela comparação desse com outros males, e (ii) pela demonstração e prova disso. Se você comparar o mal do pecado com os outros males, verá quão pequeno os outros males são em relação ao pecado. 1. Antes de tudo mais, os outros males são somente externos. São relacionados somente ao corpo, o estado, o nome, porém o pecado é um mal interior, um mal da alma, e este é o pior dos males. 2. Todos os outros males são somente de natureza temporal, eles têm um fim. Pobreza, doença, desgraça, todos esses são grandes males, mas estes e todos os outros, têm um fim. A morte põe um fim em todos eles. Contudo, o mal do pecado é de natureza eterna e nunca terá fim. A eternidade em si nunca porá um fim nisso. 3. Todos os outros males não fazem do homem o obj eto da ira e da inimizade de Deus. O homem pode ter todos os outros males e ainda assim permanecer no amor de Deus. Você pode ser pobre e ainda ser precioso na avaliação de Deus. Você pode estar debaixo de toda espécie de miséria e ainda assim ser amado por Deus. Todavia existe um mal que faz da alma o objeto da ira e da inimizade de Deus. A ausência de todos os outros bens, e a presença de todos os males criados, não tornará você abominável para Deus se não houver pecado, contudo, a presença de todos os outros bens e a ausência de todos os outros males não irão tornar você amado se houver pecado. 4. Todos os outros males somente se oporiam ao seu bem-estar presente, porque eles não podem roubar as suas futuras alegrias, mas o pecado se oporia ao seu bem-estar para sempre. Você não pode ser feliz se não for santo.

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E ainda mais, este se opõe ao seu ser. Ele o leva a morte. Você pecaria até morrer, caso Deus não o impedisse e fizesse com que se sentisse um miserável, por causa do seu pecado. 5. Todos os outros males são destrutivos para o homem em si; eles lutam contra particularidades. Entretanto este é contrário ao bem universal, sendo contrário a Deus, e é, até onde pode ser, destrutivo ao próprio ser de Deus, como mostrarei doravante. 6. Todos os outros males são criações de Deus, e portanto bons. Ele é o possuidor de tudo; Ele é o autor de tudo o mais. "... sucederá qualquer mal à cidade, e o Senhor não o terá feito?" (Am. 3:6), significando todos os males de punição penal, não mal pecaminoso, pois este é criação do diabo e realmente pior do que tudo mais, sendo todo pecado. 7. Todos os outros males são medicina de Deus e são usados como remédios, tanto para a prevenção, como para a cura do pecado. Como prevenção do pecado: para que você não seja condenado com o mundo, Ele envia aflições e males sobre você (I Cor. 11:32). Ele permitiu a satanás tentar Paulo e o entregou aos seus ataques, o que no entanto é o maior mal no mundo e o mais próximo do pecado, o maior mal punível no mundo. E para que impedisse o pecado, como disse o apóstolo em II Cor. 12:7, Deus enviou um mensageiro de satanás para esbofeteá-lo, e qual era o motivo? Só para prevenir o pecado, para que nao se exaltasse, isto é, para que não ficasse orgulhoso. E como Ele usa todos os outros males para prevenção, do mesmo modo Ele os usa para a cura do pecado. Não se conhece nenhum remédio que possa ser tão ruim como é essa doença. Todos os outros males Deus tem permitido sobre o Seu povo para a cura ou para a recuperação do estado pecaminoso. E para falar sem exagero, não há tanto mal na condenação de mil mundos de homens como existe no menor pecado, no menor pensamento pecaminoso que se levante no espírito, visto que o bem destes carece do bem e da glória de Deus. Pela comparação deste mal com os outros males, pode ver que de todos, o pecado é o mal supremo - o que passaremos a demonstrar a seguir.

1. DEMONSTRAÇÃO Aquilo que luta contra e se opõe ao maior Bem, deve ser o maior mal, portanto, o pecado se opõe e luta contra o maior Bem. Por isso um dos Pais da Igreja chamou o pecado de "Deus-matança", aquele que luta contra o ser e a essência de Deus, aquele que, se fosse suficientemente forte e infinitamente mau como Deus é infinitamente bom, porfiaria para "acabar" com Deus. Deus é summum bonun, e realmente non datur summum malüm, o pecado não pode ser infinito.

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Se o pecado fosse tão mau quanto Deus é bom, isto é, adequada e proporcionalmente, se fosse infinitamente mau como Deus é bom, o pecado seria difícil demais para Deus perdoar. Seria difícil demais para Deus subjugar, difícil demais para Deus vencer. O pecado se empenharia em vencer Deus. Realmente há mais mal no menor pecado do que há do bem em qualquer um dos anjos do céu. Por isso o pecado conquistou-os espoliando toda a bondade deles, tornando-os demônios, o que não aconteceria se o bem existente neles tivesse sido maior do que o mal do pecado. Contudo, ele não é capaz de conquistar a Deus, de vencê-lO (há mais bem em Deus do que mal em dez milhares de infernos de pecado e por isso ele não pode vencer o poder de Deus, a misericórdia de Deus, a santidade de Deus), ainda assim ele batalha e faz complô contra Deus continuamente. Reúne todas as forças contra Ele e vem em campo aberto desafia- IO todos os dias. E não somente isso, quando expulso do campo aberto pelo poder de Deus e Suas ordenanças, então o pecado tem fortalezas, como diz o apóstolo em II Cor. 10:4, e a partir delas luta e se opõe a Ele. Usa sua concupisciência contra Ele, sua vontade contra Ele, seu coração se levanta contra Ele. Quando o pecado é expulso do campo, ainda leva um longo tempo até que seja expulso da fortaleza. Quando ele na prática é vencido e conquistado, mesmo assim, na afeição é difícil de ser vencido. A oposição que há entre Deus e o seu coração pecaminoso é difícil de ser vencida. Custará a você muitas batalhas, muitos assaltos, até que possa vencê-lo em suas fortalezas, vencê-lo em seu coração. Embora às vezes possa parecer estar vencido e extirpado, ele ainda posteriormente se refaz e fará novas investidas contra você, para enfraquecêlo e feri-lo. Ora, aqui está a malignidade, a maligna e venenosa natureza do pecado, embora Deus o tenha conquistado, contudo ele nunca foi enfraquecido, ele ainda irá agir contra Deus e expelir seu veneno. Temos um exemplo disso no ladrão sobre a cruz. Quando ele foi pregado na cruz, mãos e pés cravados, somente um membro não ficou fixo, e esse membro podia ainda expelir seu veneno, injuriando Cristo. Assim, apesar de Deus ter crucificado o pecado, enquanto houver vida nele, ele agirá por si e expelirá veneno contra Deus, o que mostra essa grande oposição entre Deus e o pecado. E por isso essa obstinação e oposição ao maior Bem deve mostrar que o pecado é o maior mal.

2. DEMONSTRAÇÃO

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Aquilo que é universalmente mal não tendo bem nenhum em si, deve ser o maior mal do mundo. O pecado é inteiramente mal. Como podemos dizer de Deus "não há mal nEle pois Ele é bom" então posso dizer do pecado, não há bem nele, pois ele é inteiramente mal! Há algo de bom nas piores coisas do mundo e há algo nas piores coisas para torná-las elegíveis a nossa escolha em alguns casos; algo bom na doença, algo bom na morte. Entretanto, não há bem algum no pecado e nem pode qualquer situação no mundo fazer do pecado o objeto de nossa escolha. Embora um pecado pudesse evitar a morte, ainda assim o pecado é universalmente mal e não há bem algum nele. Você não deve fazer uso do pecado a fim de evitar a morte. Por isso vemos que quando o apóstolo Paulo se referia ao pior pecado, ele não encontrou nenhuma expressão pior do que esta para descrevê-lo em Rom. 7:13 "excessivamente maligno ". Ele o chama de excessivamente maligno maligníssimo!

3. DEMONSTRAÇÃO Aquilo que é o único objeto da ira de Deus deve ser o supremo mal. Mas o pecado é o único objeto, não somente o objeto, porém o único objeto da ira de Deus. Ele não odeia nada a não ser o pecado. Seu amor flui nos diversos ribeiros em direção a tudo o que Ele tem criado, contudo a Sua fúria corre por somente um canal, e este em direção ao pecado. Se o homem fosse feito o centro de todos os outros males no mundo, Deus ainda assim poderia amá-lo se o pecado não estivesse nele. Se existe uma confluência de todos os outros bens, saúde, beleza, riqueza, aprendizado e tudo o mais, Deus o abomina se existir nele pecado. O amor de Deus não habitará nele, e sim a Sua ira.

4. DEMONSTRAÇÃO Aquilo que separa a alma do Bem maior, aquilo que separa a alma e Deus, o Bem maior, deve ser o maior mal. O pecado faz separação entre a alma e Deus: "mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus" (Is. 59:2), entre sua alma e a graça de Deus, entre sua alma e o conforto de Deus, sua alma e as bênçãos de Deus. Diz-se que Naamã era um grande homem, um homem honrado, um poderoso homem de guerra, porém ele era um homem leproso. (II Reis 5:1). Quaisquer ornamentos que o homem tenha, quaisquer dons, beleza, bens,

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riquezas, etc, entretanto se ele for leproso, apesar de ser um homem letrado, um homem rico, ele é um homem repulsivo e isso estraga tudo.

5. DEMONSTRAÇÃO Aquilo que é o fundamento e a causa de todos os outros males deve ser o mal sem par, pois o pecado é a causa de todos os outros males. O mundo antigo foi submerso em água? Isso foi por causa do pecado. Sodoma foi destruída com fogo, se transformando num lago de asfalto até o dia de hoje? Isso foi por causa do pecado. Jerusalém foi transformado em ruínas? O pecado fez isso. Se eu continuar citando nunca encontrarei um fim. O pecado é a causa de todos os males nacionais. A seguir daremos nomes a alguns deles. 1. Guerras "E se escolhia deuses novos, logo a guerra estava às portas". (Juízes 5:8). "De onde vem as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vem dos vossos deleites?". (Tiago 4:1). 2. Fome "Ele converte a terra frutífera em terreno salgado, pela maldade dos que nela habitam. (Salmo 107:34). "Por isso também vos dei limpeza de dentes (por causa de seus pecados) em todas as vossas cidades, e falta de pão em todos os vossos lugares, etc." (Amós 4:6). 3. Pestilência Observe o pecado de Davi em numerar o povo em Deuteronômio 28:21: "O Senhor te fará pegar a pestilência, até que te consuma da terra a que passas a possuir." Como o pecado é a causa dos males nacionais, assim ele é também a causa dos males pessoais, e eles são (1) temporais, (2) espirituais, e (3) eternos. O pecado é a causa, a conseqüência, o responsável por tudo. Todos os males têm origem no pecado. O pecado é um mal protuberante e todos os outros males provêm dele. Alguns se manifestam sobre os seus corpos: doenças, dores, temores, enfraquecimentos. Outros sobre suas almas: medos, corações feridos, terrores, horrores. Se você pudesse rasgar o pecado, encontraria tudo isso habitando no interior do menor pecado. Quer saber de uma coisa? O pecado foi o fundador do inferno, aquele que assentou a pedra angular da câmara mortuária das trevas, pois antes do pecado não existia inferno. E ainda, foi o pecado que edificou o inferno e o tem equipado com aqueles tesouros e riquezas da ira, fogo e enxofre. E não somente isso, entesoura ira para o dia da ira (Rom. 2:5). Portanto, sendo um mal universal, um mal católico, o útero dos males e a causa de tudo, é o maior mal.

6. DEMONSTRAÇÃO

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Aquilo que é pior do que o mais terrível dos males, há de ser o pior dos males, porém o pecado é o mal sem par. Aquilo que é maior do que o maior mal é excessivamente mau. O inferno é o mais terrível mal, todavia o pecado é pior do que o inferno em si. O inferno separado do pecado é somente miserável, não pecaminoso; um lugar punitivo, não um pecado em si. Separe o inferno do pecado (embora não possamos fazê-lo, ainda podemos fazer uma separação intelectual, abstrair o inferno do pecado só em nosso entendimento), digo então que o pecado é pior do que o inferno, porque o inferno é somente um lugar punitivo, o pecado é um mal excessivamente maligno. Existe o bem na punição, o bem na justiça, mas não existe bem nenhum no pecado, portanto, o pecado em si é o maior mal. Agora vamos ao segundo ponto, que é o principal. O pecado em si, na compreensão do povo de Deus, é o mal sem par. Seus lamentos pelo pecado, e seus sofrimentos a fim de evitá-lo, mostra que ele reconhece ser o pecado o mal sem par. 1. Concernente a seus lamentos pelo pecado - pode ser visto nos salmos penitenciais de Davi quantas foram as lamentações e os gemidos dele por causa do pecado. Leiam o Salmo 51. Por que, qual foi a razão para eles? Todos os sofrimentos, todos os males no mundo não o teriam afetado tanto quanto o seu pecado. Paulo diz em Rom. 7:24: "Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte ? " A morte de seu corpo não era nada para ele em comparação com o corpo da morte! Paulo passou por muitas tribulações, suportando grande sofrimento, como vocês podem ler em II Cor. 11:23-25. No entanto, todos esses flagelos, essas prisões e perseguições não machucaram tanto o seu coração como o pecado, isto é, não o poder do pecado, e sim sua simples presença. Ainda que tenha sofrido muito, não lemos que ele tenha lamentado por tudo isso. Mas lamentou pelo pecado, "Oh miserável homem que sou! Quem me livrará deste corpo do pecado?" Assim fez Pedro, Manasses e outros. 2. Concernente ao sofrimento deles para evitar o pecado - Daniel estava contente ao ser atirado na cova dos leões, os três jovens no fogo, Paulo e Silas nos troncos. E muitos filhos de Deus escolheram prisões, estacas, fogo, e as mais ardentes perseguições em vez de pecar, o que claramente evidencia para nós que consideraram ser o pecado o maior mal. Eles consideraram-no pior que a pobreza, que é um grande mal. "Melhor mendigar do que pecar" disse alguém. "Moisés escolheu antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado ". (Heb. 11:24-28). Alguém semelhante a Moisés, Caleacius Caracciolus, foi um nobre príncipe e marquês que, para não pecar, deixou tudo o que tinha e foi morar em pobreza com o povo de Deus, meramente para se deleitar nas ordenanças. Músculus, um homem de grande sabedoria e famoso teólogo, em vez de pecar preferiu se submeter a qualquer condição. A história conta-nos que

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sendo despojado de tudo quanto tinha, contentou-se, a fim de não pecar, em tornar-se um pobre comerciante, tecelão, para conseguir pão para sustentar sua esposa e filhos. Posteriormente, sendo marginalizado, o mundo considerando-se bom demais para ele, foi trabalhar com uma pá nas valas comuns da cidade para conseguir sua sobrevivência. Ele aceitaria qualquer condição, menos a que o levasse a pecar. Eles não somente compreenderam que o pecado é um mal pior do que a pobreza, compreenderam que é algo pior do que a própria morte em si. Este foi o discurso de Ambrósio: "Você me lançará na prisão? Você tirará minha vida? Tudo isso é preferível para mim do que o pecado." Quando Eudóxia, a Imperatriz, ameaçou Crisóstomo, aquele a quem posteriormente baniria, ele enviou-lhe esta mensagem: "Vá e diga-lhe", disse ele, "Eu não temo nada neste mundo a não ser o pecado". 3. Eles consideraram o pecado como sendo um mal maior do que a morte. Basil fala de uma jovem rica, à qual, sendo condenada ao fogo e sentenciada a perder todos os seus bens por não adorar ídolos, foi oferecida a promessa de vida e a restituição de seus bens se ela se retratasse. Ela respondeu, "Adeus vida, que pereça o dinheiro." Olhem para o caso das "Dez Sangrentas Perseguições" e os nossos recentes dias cruéis sob a rainha Maria, e encontrarão muitos exemplos dessa natureza. 4. Ademais, eles não somente compreenderam que o pecado é um mal maior do que a morte; mais do que isso, viram-no como um mal maior do que o inferno em si. Isto foi o que disse Crisóstomo: "Assim penso, e conseqüentemente sempre irei pregar, que é mais amargo pecar contra Cristo do que sofrer os tormentos do inferno." Anselmo disse que se por um lado lhe fosse apresentado os males do pecado, e por outro lado os tormentos do inferno, ele preferiria escolher cair no inferno do que cair em pecado. Tal era a distância que estavam os corações deles do pecado. E nada é mais comum do que expressões como essas feitas pelos santos em tentações, em tribulações de espírito, ou num esclarecimento de seus próprios corações: "Prefiro que me matem, prefiro que me amaldiçoem, prefiro que me lancem no inferno, do que me permitir pecar contra Ti." Isso deve ser o suficiente para esclarecer a parte doutrinária. Agora vamos à aplicação.

1. CONSEQÜÊNCIA Se o pecado é o maior mal no mundo, então vamos nos prostrar e admirar a sabedoria e adorar a bondade de Deus, Aquele que do maior mal, traria o maior bem, Aquele que faz do maior mal uma ocasião para o maior

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bem jamais feito antes. Bernardo foi tão absorvido por tais pensamentos a ponto de dizer: "Bendito erro que proporcionou tal Redentor." Deveríamos ficar humilhados pelo erro e agradecidos a Deus pelo Remédio, e dessa maneira admirar a sabedoria e a bondade que foram reveladas por causa da maldade do homem para declarar a bondade de Deus; pelo pecado do homem tornou conhecida e expressa Sua infinita sabedoria, poder, misericórdia, justiça, etc. Esta seria então uma oportunidade para manifestar todos os Seus gloriosos atributos; pois Ele traria bem do mal, vida da morte, céu do inferno, bem do pecado, licor do veneno. Nunca duvidemos, nunca suspeitemos, de que Deus pode trazer o bem de qualquer coisa, pode tornar os maiores males na manifestação de Sua glória e o bem do Seu povo, Ele pode tirar benefício do pecado e do inferno. O que é para Ele transformar as aflições, perseguições, conspirações emalignidades do homem? O que é para Ele transformar os problemas, guerras, etc., em Sua própria glória, e o progresso de Sua causa? Ele que foi capaz de transformar o maior mal em bem? Ele que pode transformar o mal do pecado, o qual é a quintessência do mal e o maior dos males, pode muito mais transformar o mal do problema no bem de Seu povo. Isso fez com que o apóstolo dissesse que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Aquele que tem experiência disso não precisa duvidar de nada mais. Esse Deus, que pode transformar o pecado, pode transformar as aflições, cruzes, perseguições e tantas outras coisas, no bem de Sua Igreja e de Seu povo.

2. CONSEQÜÊNCIA Daí se conclui que ser entregue ao pecado, é a mais triste punição, o mais terrível julgamento que existe no mundo. Esta é a pior punição que Deus impõe sobre os homens, portanto, é a maior de todas as punições. Deus normalmente age em etapas em Sua maneira de julgar. Primeiro, Ele começa com a menor. Se não der resultado, então Ele aumenta a intensidade. Ele punirá sete vezes mais, e quanto mais longe Ele for maiores serão Seus golpes. Esta é a conclusão, o golpe final; esta é a última punição e a maior de todas elas, entregar o homem ao estado lamentável do pecado, dizendo-lhe: "Aquele que é sujo, suje-se ainda, aquele que é imundo seja imundo ainda ". Ele disse isto em Ez. 24:13:"... pois te purifiquei, e tu não te purificaste; nunca mais serás purificada da tua imundícia..." Ele diz ainda aos israelitas: "Porquanto Efraim multiplicou os altares para pecar; teve altares para pecar. " (Os. 8:11). Oh, não há outro julgamento mais triste no mundo do que o homem ser abandonado à corrupção do seu próprio coração! Isso traz como conseqüência eterna noite de trevas.

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"Bom Deus, liberta-me de mim mesmo" disse Agostinho. Seria melhor você ser entregue à corrupção dos homens, à malícia e crueldade de homens sanguinários; melhor ser abandonado a extrema fúria e malícia dos nossos irlandeses rebeldes do que ser entregue à consupciência do seu próprio coração. Uma pessoa estaria em vantagem se fosse entregue a satanás do que ser entregue a si mesma e aos seus pecados. Segundo lemos em I Cor. 5:5, a pessoa incestuosa foi entregue a satanás, e foi restaurada novamente. Contudo, nunca lemos de alguém que fosse entregue a si mesmo e que tenha retornado, de alguém que fosse entregue à concupiscência do seu próprio coração que tenha se recuperado. Melhor então, ser entregue a satanás do que ao pecado, pois nenhum outro mal é tão grave como o pecado. Trata-se de Deus na posição de juiz, que pode punir um pecado com outro e amaldiçoar o pecado com dureza de coração. Mas com relação a nós é um mal pecaminoso. Trazemos o escrito e a cera e Deus coloca Sua chancela sobre ela, e então somos aprisionados para sempre. E vocês estão caminhando para esse destino, vocês que andam em pecado e não querem ser corrigidos. Apesar de Deus ter operado através da doença e das aflições para recuperálos, vocês ainda estão de caminho para este julgamento final: "Aquele que está sujo, suje-se ainda".

3. CONSEQÜÊNCIA Se o pecado é o maior mal no mundo, então vejam quão loucos são aqueles que procuram livrar-se de outros males, admitindo o pecado. Aquele que trabalha para evitar outros males, ou removê-los praticando o pecado, incorre no maior de todos os males. Ele se mata para salvar-se. Ele se destrói para preservar-se. Aquele que tenta salvar a sua vida dessa forma, perdê-la-á. Jamais houve tempos tão ruins que o povo de Deus não pudesse estar seguro neles se apenas tivesse confessado o pecado. No entanto, ele achou sua segurança no sofrimento, quando devia tê-la achado na confissão do pecado. Vemos isso exemplificado na ação dos três jovens: Sadraque, Mesaque e Abednego. Este era o argumento dos cristãos primitivos quando foram ameaçados com prisões e mortes, caso não renunciassem a Cristo. "Bom Imperador, você ameaça com prisão, mas Cristo ameaça com o inferno!" Quando Cipriano foi sentenciado a morrer pela mesma causa, o governador tentou discutir com ele que deveria ter pena de si e renunciar seu erro ao invés de perder sua vida. Cipriano, porém, respondeu-lhe: "Senhor tu és meu juiz, e não meu conselheiro. Em tão clara e justa causa não há necessidade de conselho. Não irei desonrar a justiça da minha causa, entrando em discussão e conselho como se fosse decidir entre sofrer ou pecar". É como

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o caso da jovem de quem Basílio fala, que preferiu dizer adeus à vida e aos seus bens do que abandonar sua profissão de fé. Quão deplorável coisa seria assegurarmos as nossas vidas através daquilo que é a nossa ruína, comprar nossa liberdade através da escravidão, nossa salvação através do pecado. Vejam o que isso custou a Frances Spira e Cranmer nos dias da rainha Maria. Cranmer não sabia como vingar-se por seu próprio ato, a não ser queimando primeiro aquela mão que tinha contribuído para o pecado. É melhor ainda estar na prisão do que pelo pecado abrir a porta da prisão, porque é melhor ser prisioneiro de Deus do que ser um homem livre, pertencendo ao diabo. Melhor perder tudo do que preservar nossos bens pela prática do pecado. E portanto, quaisquer que sejam seus problemas, quaisquer que seja seus temores, quaisquer que sejam seus perigos, tenham cuidado em preservar-se ou comprar liberdade ou mesmo vida por um preço tão alto como abraçar-se ao pecado, desonrando a Deus e ferindo suas próprias consciências. Tenham cuidado ao se tornarem amigos do homem, fazendo de Deus o seu inimigo. Não sabemos ainda qual será o rumo dos nossos tempos, porém está fora do alcance do poder ou da malícia dos homens fazer de você um miserável, meu amigo, se eles primeiro não fizerem de você um pecador.

4. CONSEQÜÊNCIA Se o pecado considerado separadamente é um mal tão grande, o que é então o pecado circunstancial? O pecado contra o conhecimento? Contra intenções? Se há tanto mal no pecado, no menor pecado, quanto haveria, então, no maior? Se os átomos são tão grandes, quão grandes então são as montanhas? Se os pensamentos impertinentes são tão pecaminosos, tendo mais pecado neles do que todos os tesouros do céu possam expiar (a exceção de Deus e Cristo) o que seriam então, os pensamentos rebeldes, os assassinatos planejados, o adultério, a maldade premeditada, os meios e fins gananciosos, o desrespeito a Deus, negligenciando e desvalorizando Seus caminhos? Se há tanto pecado e inferno numa vã e tola palavra, que inferno de pecado, que montanha de ira há em seus discursos apodrecidos, fétidos, seus terríveis juramentos de sangue e blasfêmias? Se existe tanto mal num pecado, considerando-se simplesmente um pecado, o que devemos pensar do pecado composto, pecado pormenorizado, pecado feito excessivamente maligno? Pecado contra a sabedoria? Contra as intenções? Contra as misericórdia? Oh, sente-se e considere um pecado e veja como ele é grande! Aquele pecado que eu cometi contra o conhecimento, contra os avisos da consciência, contra o mover do Espírito, etc. E me diga se o menor pecado não é excessivamente pecaminoso.

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5. CONSEQÜÊNCIA Se o pecado é um mal tão grande, então vejam quão loucos são aqueles que zombam do pecado: "Os loucos zombam do pecado " (Prov. 14:9), eles brincam com o pecado. É um esporte jurar, ficar bêbado, etc. Eles irão pecar por esporte e recreação. É recreação para eles praticar o mal, beber, jurar, mentir, profanar o dia do Senhor. Estes são loucos. Loucos naturais? Não. Aquele que prossegue assobiando, tagarelando e na ociosidade, está numa situação melhor. Este é um louco espiritual, o maior dos loucos. Vocês se divertiriam com veneno? Vocês se divertiriam com o inferno? Não, e ainda mais, vocês se divertiriam com sua própria destruição? Vocês se divertiriam com aquilo que foi tão amargo para Cristo, e que também lhes será, caso não sejam perdoados? Quem se divertiria com aquilo que é a miséria dos homens e demônios perdidos, tanto aqui quanto no inferno eternamente? Consideraríamos desprezível alguém divertir-se dilacerando o corpo, ferindo e derramando o sangue de um estranho, de um inimigo, porém quanto mais do nosso mais querido Amigo? Vocês que se divertem com o pecado, fazem o mesmo com Cristo. Vocês se divertem matando Cristo, crucificando-O, dilacerando Seu corpo novamente. Toda blasfêmia é um punhal no Seu coração, como uma lança no Seu lado novamente. Divertir-se com o pecado é a maior manifestação da natureza demoníaca no mundo. Ninguém a não ser os demoníacos fazem isso. Este é o fardo de Deus. Ele Se queixa disso e considera um alívio ficar livre de vocês: "Ah! consolar-me-ei acerca de meus adversários." (Is 1:24). Isto é o ferir a Cristo, o pesar do Espírito, o problema dos anjos, a destruição das criaturas. Acaso vocês se divertiriam com aquilo que trouxe todo o mal sobre o homem e mesmo sobre Cristo? Divertir-se--iam com o que gerou o inferno e o abasteceu, com o que tem sido o tormento das almas e o será para sempre? Oh, não se alegrem naquilo que foi o sofrimento de Cristo e será o seu também para sempre, caso sua alegria no pecado não se transforme em pesar pelo pecado!

6. CONSEQÜÊNCIA Se o pecado é o maior mal, então vejam a absoluta impossibilidade de recebermos alívio e socorro da parle de qualquer um debaixo do céu, por causa da culpa do nosso pecado, a não ser que venha do próprio Senhor Jesus Cristo. Você, pecador, cometeu um único pecado? Então, disso nem todos os tesouros da justiça nos céus e na terra são capazes de livrá-lo ou ajudá-lo, a não ser o Senhor Jesus Cristo. O que é exigido para expiar a culpa de milhares de pecados é também exigido para expiar a culpa de um só pecado. Infinita

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justiça é exigida para um, e não mais é exigida para milhares. E tal justiça, ninguém tem a não ser Cristo somente. Ninguém pode nos libertar do mal do pecado, a não ser Aquele que é justo. Ora, não existe justiça no mundo que seja proporcional ao mal do pecado senão a justiça de Cristo. A nossa própria justiça, vocês sabem, é muito pequena e é chamada de trapos de imundícia (Is. 64:6). Um trapo, portanto, não pode cobrir-nos; uma imundícia, portanto, embora pudesse cobrir-nos, cobriria somente a imundícia com outra imundícia, como diz o profeta em Is. 30:1: "...se cobriram com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado a pecado, " ou seja, eles acrescentam o pecado de sua justiça ao pecado de sua injustiça. Eles cobrem mancha com mancha, adicionam pecado a pecado, esterco a esterco. A justiça da lei ainda não seria suficiente, supondo-se que o homem fosse capaz de cumprir toda a justiça e guardar toda a lei. A obediência presente, embora supostamente adequada à justiça da lei, jamais irá responder pelas ofensas e desobediências passadas. A lei é forte o suficiente para amaldiçoar a milhares, porém é incapaz de salvar uma só alma. Pode trazer o inferno, a ira e a condenação sobre um mundo de pecadores, todavia é incapaz de trazer a graça ou dar justificação para um só deles. O apóstolo nos diz em Rom. 8:3: "Portanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, condenou o pecado na carne " . O mesmo apóstolo nos diz em Gal. 3:21: "... se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. " O apóstolo também nos diz em Gal. 3:17: "... a lei que veio quatrocentos e trinta anos depois... ", para mostrar que não precisamos trabalhar para que sejamos justificados, e sim sermos justificados para sermos capazes de trabalhar. Se Deus pretendesse que a lei fosse o instrumento da justificação, Ele teria dado a lei quatrocentos e trinta anos antes da promessa. E, ainda mais, essa não é a justiça dos anjos (a qual é maior do que a da lei, visto que os anjos estavam acima do homem em inocência) porque esta também foi uma justiça criada finita e de maneira alguma proporcional ao mal do pecado. Se o tivesse sido, um pecado não teria despojado imediatamente aqueles gloriosos anjos de sua bondade e feito deles demônios, o que o pecado fez, mostrando que existiu mais mal no pecado do que bem ou justiça neles. Bem, então isso mostra a absoluta impossibilidade de sermos libertos do mal do pecado por qualquer outro no céu ou debaixo do céu, que não seja Jesus Cristo. Nada a não ser infinitude pode lidar com o pecado. É necessário infinita sabedoria para tratar disso. É necessário infinita misericórdia para perdoar, infinito poder para subjugar; infinito mérito para purificar e limpar, e infinita graça para aniquilar o pecado. Seja lá o que for que vocês pensem sobre o pecado, na verdade ele tem sido o grande inimigo com o qual Deus e a Sua graça têm contendido incessantemente desde que o mundo começou. E é por isso que Deus tem Se

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empenhado totalmente, até mesmo a Sua infinitude, em nos resgatar, em nos salvar das mãos e do poder do pecado. Sua infinita sabedoria, poder, misericórdia, verdade e santidade, tudo tem sido empregado para vencer o pecado; quero dizer, tanto para subjugar o pecado como para salvar vocês pecadores. O grande propósito de Deus ao enviar Cristo ao mundo, Sua encarnação, humilhação, paixão e morte, foi exatamente este: subjugar e destruir o pecado. Que grande inimigo era esse para que Deus enviasse Seu Filho para subjugá-lo? Ele pode Se utilizar de moscas, piolhos, a menor das criaturas, para destruir a maior e mais poderosa força sobre a terra, mas nada menos do que Seu Filho era forte o suficiente para conquistar o pecado. Vocês podem desprezar o pecado tanto quanto queiram, engoli-lo sem medo, viver nele sem percebê-lo, cometê-lo sem remorso, no entanto isso que vocês tornam tão sem importância, requereu nada menos do que o infinito poder de Deus para ser subjugado, a infinita misericórdia de Deus para ser perdoado, o infinito mérito de Cristo para expiá-lo. Foi isto que feriu e fez sangrar o coração de Cristo e fará o seu também, se não se interessarem por Ele.

7. CONSEQÜÊNCIA Se o pecado é o mal sem par, então vejam o quanto estamos presos a Cristo, Aquele que carregou os pecados e todos os males de vocês que têm interesse nEle. Oh, o amor de Cristo! Quão admirável que Ele pudesse carregar o pecado, o qual é maior que todas as misérias, um mal maior do que a morte, do que o inferno em si! Caro leitor, se houvesse alguém no mundo que ficasse contente em ser pobre no seu lugar, levar as suas dores, ficar doente, ser preso, morrer por você, e ainda sofrer a ira de Deus e padecer as dores do inferno no seu lugar, o quanto você se. consideraria preso e devedor a tal pessoa por tudo isso? No entanto, Cristo fez isso por você. Ele carregou o pecado - o maior de todos os males, aquele que abrange todos os outros em si -pois, ninguém senão Cristo, seria capaz de fazê-lo. Se Deus colocasse sobre você o menor pecado, simplesmente um pecado (o qual ninguém exceto Cristo jamais carregou neste mundo), isso o faria em pedaços com seu peso, ainda que todos os pilares do céu e todos os anjos gloriosos contribuíssem com sua força para o ajudar a carregá-lo. O menor pecado merece e atrai para si uma infinita ira que nem você, nem todos os anjos do céu são capazes de ficar em pé debaixo dela. Os perdidos carregam esse peso no inferno. Eles sofrem-no, porém sem forças para suportá-lo. Eles são moribundos sem poder morrer. Sempre consumindo, nunca consumidos! Portanto, veja quanto você está endividado a Cristo -

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Aquele que carregou o pecado, o maior de todos os males, e com o pecado, todos os tormentos, ira e justiça atribuíveis ao pecado. O mundo todo não é capaz de expressar que tormentos Cristo suportou quando levou o pecado, quando Ele suou gotas de sangue, quando Ele lutou com a justiça e suportou a ira de Deus: quando Ele clamou: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Que estranha exclamação dAquele que era o Filho de Deus, Ele que fez os patriarcas da Igreja Grega dizerem: "Pela virtude de Teu desconhecido labor, e aqueles sofrimentos não revelados ao homem, tenhas misericórdia de nós". Não é desonra dizer que quaisquer que fossem os sofrimentos dos perdidos, Cristo suportou-os, contudo não em espécie. E portanto, enfatizo novamente o quanto você deve a Cristo que levou seus pecados para você. De fato, está mais preso ainda por ter sido um ato voluntário de Cristo; ninguém poderia forçá-lO ou constrangê-lO a isso. Quanto mais voluntária for a gentileza feita, tanto melhor ela é. A gentileza é muito mais digna quando feita voluntariamente. Quando uma cortesia é voluntária, costumamos dizer que é uma dupla cortesia. A voluntariedade torna tudo maior, pois quanto maior o mal que está no pecado, maior é o pecado. Isto se aplica ao pecado contra o Espírito Santo. Ele é praticado com volição desesperada e diabólica. Quanto maior o desejo de se prestar um serviço, maior será a aceitação dele. O que quer que você faça para Deus, quanto maior for a vontade de fazêlo, maior será a apreciação de Deus. Quanto maior foi a voluntariedade envolvida naquele ato de Cristo, tanto maior deve ser a nossa vinculação a Ele por isso. Ora, se você considerar isto em toda a sua extensão, não encontrará nisso outra coisa senão amor e pura boa vontade. Sua primeira aquiescência foi voluntária. Foi um acordo voluntário feito entre Deus e Cristo, um contrato de bom grado feito no céu com Deus, de que Ele Se incumbiria dessa grande obra. E Ele veio ao mundo com tanta voluntariedade: "Pelo que, entrando no mundo, diz: sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), parafazer, ó Deus, a tua vontade " (Heb. 10:5-7), evidenciando a liberdade e a voluntariedade de Cristo ao incubir-Se desta obra. E por isso os anjos entoaram por ocasião da Sua encarnação, boa vontade para com os homens. Isso mesmo - boa vontade. E quando Ele estava no mundo, realizou Seu trabalho com a maior boa vontade. Ele nos fala: "para esse fim eu nasci, e para esse fim eu vim para o mundo ", e Ele disse que estava em angústia até que chegasse a hora, a saber, em ânsia de amor até que a hora chegasse. E quando chegou o momento, foi uma negra e desoladora hora, chamada "A hora das trevas"; ainda assim Ele não nos abandonou, não nos deixou. Se o tivesse feito, teria nos deixado no inferno sem qualquer

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recuperação. Contudo, Ele não o fez, embora (em relação a Sua humanidade) isso fizesse da obra de Sua misericórdia uma coisa estranha. Não, Ele carregou o pecado, levou a ira e derramou até a última gota de sangue do Seu corpo. Oh, leitores, pensem consigo mesmos, vocês que são o povo de Deus, o quanto estão dependentes de Cristo! Quantos de nós podemos dizer como Bernardo: "Tu és minha vida, sou Tua morte; Tu és minha justiça, sou Teu pecado; Tu és meu céu, sou Teu inferno; Tu és minhas riquezas, sou Tua pobreza." Oh, quanto vocês estão dependentes de Cristo, dAquele que carregou o pecado! E ainda mais, vocês sabem o quanto estão dependentes de Cristo, dAquele que carregou o pecado de maneira como jamais poderíamos fazê-lo, pagando assim o débito do qual estamos absolvidos? "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz." (Col. 2:14). Como a morte de Cristo foi o pagamento necessário para nosso resgate, assim também a Sua ressurreição constitui-se em nossa absolvição. "O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação. " (Rom. 4:25). Somos justificados pelo Seu sangue? Somos. Todavia Ele não ressuscitou formalmente para justificar-nos, e sim para declarar que já estávamos justificados, que estávamos desobrigados, e que nossos pecados foram perdoados. Se Cristo ainda fosse prisioneiro sob as cadeias da morte, não poderíamos ter nenhuma certeza de que nosso débito fora pago. Como diz o apóstolo Paulo: "Se Cristo não houvesse ressuscitado, estaríamos ainda em nossos pecados". Mas agora Cristo - preso, levado prisioneiro, posto no túmulo e tendo quebrado os grilhões da morte, na qual era impossível prendê-lO tendo ressuscitado, declara, por tudo que passou, que nossos pecados estão perdoados. Se realmente Cristo levou o pecado e nós também tivéssemos que leválo, qual a nossa vantagem? No entanto, Cristo levou o pecado de maneira tal que não temos de levá-lo, então quão infinitamente somos devedores a Ele por isso! Cristo não deixou nada para fazermos, a não ser receber o que Ele adquiriu e entregou nas mãos do Pai: nada além de pedir uma absolvição, sim, e das mãos dEle que é justo e nunca nos decepcionará, das mãos dAquele que certamente concederá o que quer que seja que Seu Filho tenha tão custosamente adquirido pela Sua obra expiatória. Se umhomem morre e deixa legados nas mãos de alguém que é fiel, não podemos requerê-los? Quando Cristo morreu, Ele confiou todos os Seus méritos nas mãos de Seu Pai, e Ele não deixou nada para fazermos, a não ser requerê-los todos. Deus fez um pacto com Cristo que, se Ele levasse o pecado, não precisaríamos carregá-lo também; que se Ele morresse pelo pecado, o mesmo

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seria perdoado por Ele; pois tudo isso está incluso em Isaías, capítulo 53, versículo 11: "O trabalho de sua alma ele verá, e ficará satisfeito ". Ora, Cristo colocou em nossas mãos todas as cédulas e fianças de Seu Pai, e ainda uma procuração pela qual estamos autorizados a reivindicar tudo isso das mãos de Deus. Foi por nós que Cristo Se incumbiu do trabalho e tudo o que Cristo fez foi para nos comprometer com Deus, para satisfazê-lO e depois comprometêlO, fazer de Deus o devedor daqueles que foram Seus devedores. E enquanto houver uma gota do sangue de Cristo para ser distribuída (o qual nunca se esgotará, é uma justiça eterna) haverá a misericórdia de Deus, ou melhor, a justiça de Deus incumbida de transmiti-la a nós que pela fé chegamos a Ele. E não sobrou nada para fazermos em relação à justificação, a não ser requisitar tudo o quanto Cristo já adquiriu. Vivemos no mundo como se tivéssemos que comprar o perdão, quando temos apenas de recebê-lo. Deus nos detém pelo débito do nosso pecado, mas vocês pensam que temos de pagar por ele? Ai de nós, pobres criaturas, se tivéssemos que pagar! Isto não é senão para tirar-nos de nós mesmos e trazernos para Cristo - Aquele que já pagou o débito. Oh, como isso nos faria proclamar Cristo, admirá-lO, prezá-lO! O que poderia aproximar mais o nosso coração a Cristo do que o fato de que Ele levou os nossos pecados, e o fez de modo que nunca teremos que levá-los se tivermos interesse nEle?

8. CONSEQUÊNCIA Se o pecado é o maior mal, então isso deve conduzir-nos para: 1. a maior tristeza 2. o maior ódio 3. o maior cuidado em evitá-lo 4. o maior empenho em livrar-nos dele. Se o pecado é o maior mal, então precisa haver a maior tristeza por sua causa. Nenhuma aflição, nenhum problema, nenhum mal deve ser tão amargo para nós como o pecado, porque o pecado é o maior mal. É uma coisa triste ver nossos corações suscetíveis e sensivelmente afetados com males menores e problemas, e ainda permanecerem duros e insensíveis ao pecado, o qual é o maior dos males. Seria sábio de nossa parte, portanto, quando nenhum outro mal estiver sobre nós, voltarmos todos os nossos lamentos, lágrimas e tristezas para o pecado. É um aforismo na medicina que, se um homem sangrar copiosamente num lugar, os médicos o farão sangrar em outro lugar, a fim de fazer o fluxo de sangue mudar de direção. Seria sábio de nossa parte, quando nossas almas sangrarem e nossos corações lamentarem por outros males, direcionar todos

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os lamentos angustiosos para o pecado. Deixem que eles corram pelo canal certo. Lágrimas derramadas deveriam ser derramadas novamente se não foram derramadas pelo pecado. A tristeza é como a influência de Mercúrio: boa, se unida a outro planeta bom, má, se ligada a um planeta mau. Não é tanto a tristeza em si como o é a base e a fonte da tristeza. O motivo dela é que deve chamar a atenção. A tristeza era nula em Judas, sincera em Pedro, foi nula em Saul, sincera em Davi. Mundana em um, divina em outro - "A tristeza do mundo opera a morte ". E tal é toda tristeza que não tem o pecado como seu fundamento, a graça como seu princípio e Deus como seu fim. Onde o pecado é entendido como sendo o ma ior mal, será objeto da maior tristeza, tristeza para exceder todas as outras tristezas. 1. Embora nem sempre em quantidade c tamanho, mas em qual ida de e equivalência: um pouco de ouro vale tanto quanto unia grande quantidade de terra e entulho. 2. Embora não em força - porém em extensão e continuidade -outras tristezas são como terra inundada, ocasionada pela tempestade a qual quando se vai, a inundação desaparece. Esta tristeza divina vem de um manancial, e tendo uma fonte para alimentá-la, é permanente mesmo quando a outra se vai. Esta é a diferença entre a tristeza divina e a outra. As tristezas do povo de Deus, que são espirituais, vêm de um manancial. A tristeza mundana surge da tempestade, da comoção. As tristezas do ímpio surgem de suas tristezas emocionais, surgem de uma tempestade, de peso na consciência, de temor da ira, portanto suas tristezas mundanas surgem de uma fonte. Onde o pecado é compreendido como sendo o maior mal, haverá a maior tristeza, (1) a tristeza é proporcional à medida e gravidade do pecado e (2) a tristeza é proporcional ao merecimento e valia do pecado. Como o merecimento do pecado é infinito, então a tristeza por ele deve ser uma tristeza infinita. Infinito, digo, não em ação e expressão, porém no desejo e afeição da alma. Aquele cujo coração e olhos secam ao mesmo tempo, cuja expressão em lágrimas e inclinação à tristeza terminam ao mesmo tempo, embora tenha chorado um mar de lágrimas, não tem ainda verdadeiramente chorado pelo pecado. Se a tristeza vem de Deus, há uma disposição ao lamento mesmo quando cessam as expressões de lamento, porque cada gota de lágrima vem de uma fonte interior de lágrimas. Como cada ato de fé surge de uma disposição de crer, um hábito de fé interior, todo ato de amor surge de um princípio de amor interior, assim toda expressão de tristeza surge de uma disposição à tristeza no espírito. Por isso lemos em I Sam. 7:6 que as tristezas dos filhos de Israel são expressas por esta metáfora:"... e tiraram água (vinda de um poço) e a derramaram perante o Senhor ". Seus olhos não davam vazão à medida que seus corações se enchiam. Seus olhos não podiam extravasar tão rápido quanto seus corações produziam.

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Todas as suas expressões de lamento, estavam aquém da disposição ao lamento que havia em seus corações. Esta é a tristeza pelo pecado: uma tristeza proporcional à medida, ao demérito do pecado; uma tristeza que excede todas as outras tristezas, embora não em quantidade, mas em qualidade; embora não em força, porém, em extensão e continuidade. O pecado é o supremo mal? Então exige que seja manifestada uma aversão ainda maior. Nada é propriamente o objeto de aversão a não ser o mal, no entanto, nem todos os tipos de males, e sim o mal do pecado. Males puníveis são mais objetos de medo do que de aversão, porque eles são males impróprios. Nada realmente é mal a não ser o que nos torna maus, e esse pode ser um meio de nos tornarmos bons e, por isso, não é propriamente mal e sim um objeto de aversão. O mal pecaminoso é objeto de inimizade por que é mal e, sendo o maior dos males, deveria então ter o máximo de nossa aversão." Vocês que amam o Senhor, odeiem o pecado. (Sal. 97:10). Não é suficiente ficar irritado e descontente com ele, pois é assim que o homem age com alguém que seja seu amigo, alguém a quem ele ame, no caso de alguma descortesia. Nem é suficiente desferir golpes contra o pecado, pois assim muitos o fazem hoje e o abraçam amanhã. Entretanto, vocês precisam se esforçar para matar o pecado. O ódio procura anular aquilo que ele odeia. Nada a não ser a destruição dele irá satisfazer a alma que realmente odeia o pecado. Há muitos erros nos homens com relação à este ponto. Em resumo, eu mostrarei a vocês os enganos secretos do espírito em relação a isso e quão longe estão de odiar o pecado. 1. Um homem pode desavir-se com um pecador pelo qual ele foi persuadido a pecar, e ainda assim não odiar o pecado; pode matar o traidor e ainda gostar da traição. 2. O homem pode desavir-se consigo mesmo pelo pecado e ainda assim não odiá-lo quando este o incomoda, pois ele gosta de pecar. 3. O homem pode indispor-se com o pecado e ainda assim não odiá-lo; atira fora o carvão em brasa quando ele o queima, e ainda assim não se contraria com o negrume ou a sujeira que vem dele. Se o pecado é o maior mal, então isso requer o maior cuidado para evitá-lo. Os homens naturalmente têm medo de cair no mal. Que estudos, que cuidados, que esforços há para prevenir o mal? Se vocês entendem que o pecado é o maior mal, devem então não medir esforços em evitá-lo. Vocês precisam se esforçar para andarem o mais próximo e corretamente com Deus, a fim de estarem atentos a todas as ocasiões, tentações e seduções que poderiam atraí-los para o pecado. Ninguém está totalmente seguro; pode cair em pecado aquele que negligenciar a vigilância cristã. Assim, onde o pecado é entendido como sendo o maior mal existirá maior cuidado e seriedade contra o pecado. Tal homem é familiarizado com as

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falhas dos outros, as quais para ele não são limites da terra para orientá-lo, e sim limites da maré e rochas a evitar. Ele é familiarizado com a fraqueza e a iniqüidade de seu próprio coração e espírito, e por conseguinte vigia. Ele sabe que não pode confiarem nenhum dos seus membros sem que esse esteja debaixo de vigilância. Os olhos estão cheios de pecado: adultério, orgulho, inveja, concupiscência dos olhos (I João 2:16) e ele não pode confiar em seus olhos sem o pacto de Jó: "Fiz um concerto com meus olhos, como eu os colocaria sobre uma virgem ? (Jó 31:1). A língua está cheia de pecado: de maldição, murmurações, injúrias, palavras vãs e não há confiança nela sem o freio de Davi: Eu disse: guardarei os meus caminhos para não delinqüir com a minha língua" (Sal. 39). Ele conhecia sua própria fraqueza e iniqüidade, e por isso não ousava confiar em nenhum membro sem ser vigiado. Tal homem está familiarizado com o poder e estratégia de satanás, que é, como Lutero o chamou, um inimigo sutil, cujas tentações são chamadas de "as profundezas de satanás". Apoc. 2:24; seus ardis, II Cor. 2:11, seus métodos Ef. 4:14. Ele também adapta espertamente suas tentações. Tal pessoa está familiarizada com os perigos e as estratégias do pecado, e como ele é (1) enganoso em seu objetivo; (2) enganoso em seus argumentos; (3) enganoso em suas pretensões e artimanhas; (4) enganoso em suas intrusões e (5) enganoso em suas promessas. E assim tal pessoa manterá uma santa sobriedade, um temor humilde, grande e cuidadoso sobre seu próprio espírito de modo a não cair em pecado. Ele vê o pecado como seu mal sem par, emprega seu maior esforço e cuidado para evitá-lo. Se o pecado é o maior mal, então devemos principalmente nos empenhar em nos livrar do pecado. Todo homem deveria se esforçar para livrar-se do mal, e quanto maior o mal, tanto maior deveria ser o desejo dele de se livrar desse mal. Ora, o pecado é o maior dos males. Quanto mais então deveríamos labutar e esforçarmo-nos para sermos libertos do maior dos males? Ai, ai de mim! O que são os outros males comparados ao mal do pecado - o qual torna nosso bem em mal? E ainda para se ver a vileza do íntimo dos homens, ficam felizes em se livrar de todos os outros males, senão o do pecado. Assim disse Faraó: "Retire esta morte, esta praga." Eles reclamam do resultado do mal, porém não do mal em si, da punição do mal, no entanto não do mal punido. Eles uivam sob os castigos e aflições presentes, mas nunca lamentam o pecado. Eles ficariam felizes em se livrar da dor, todavia ainda prefeririam manter os dentes. Infelizmente, até que o pecado seja removido, não seremos tratados em misericórdia, e sim em julgamento; uma temporária libertação somente nos reservaria o mais severo golpe. Pelo contrário, onde o pecado é removido, a aflição será removida. Eles são como o corpo e a

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sombra: remova o corpo e a sombra será removida. O pecado é o corpo e as aflições são sua sombra. Se, por outro lado, as aflições continuam, ainda que Deus tenha levado embora o pecado, a vileza do mal terá sido retirada. O pecado é a lança de toda aflição. O pecado é aquilo que amarga toda cruz, e o pecado sendo retirado, aquilo que é malévolo é retirado e aquilo que é terapêutico e para a salvação, permanece. Trata-se de resultados mais do que da punição em si. Tudo acaba na misericórdia quando pela misericórdia o pecado é retirado. Se o pecado é o maior mal, então vamos escolher cair em qualquer grande mal do mundo, exceto no menor mal do pecado. Todos os outros males têm algum bem neles e são objetos de escolha, no caso de não podermos evitá-los, mas no caso do pecado é questão de admissão e não de escolha. Desse modo, vejamos o que Moisés fez, como se lê em Hebreus, capítulo onze. Ele preferiu ser maltratado com o povo de Deus do que gozar os prazeres do pecado por um pouco de tempo. Todavia o pecado é totalmente mau, sem nenhum bem nele, e não existe nada no mundo que deveria nos obrigar a escolher o pecado. Seria o pecado o maior mal? Deixemos que isso nos leve a sentir compaixão e a orarmos por aqueles que estão sob o domínio do pecado. Vocês se compadecem de amigos doentes, de amigos pobres, amigos arruinados. Contudo, o que são todos esses males comparados com o mal do pecado? O que é a pobreza? O que é a doença? O que é qualquer coisa comparada com o mal do pecado? Todos eles são males exteriores, o pecado é um mal interior. Tudo isso tem uma natureza temporal, a morte é o fim de tudo, entretanto este mal é de natureza eterna. Todos os outros males não tornarão ninguém em objeto da inimizade e ira de Deus. Portanto, gastem algumas lágrimas e orações por aqueles que estão dominados pelo pecado. "Oh!", disse Abraão: "Quelsmaelviva diante de ti". Mencionem então os amigos, um irmão, um pai, etc., que estão debaixo do domínio do pecado, que estão sob a tirania do pecado. Oh, que vocês possam compadecer-se de suas almas! Oh, que vocês possam arrebatá-las do domínio do pecado! Se o pecado é um mal tão grande, então prostremo-nos e admiremos a grandiosidade da paciência de Deus em suportar os pecadores e a grandeza da misericórdia de Deus em perdoar o pecado. Admiremos a grandeza da paciência de Deus em suportar os pecadores. É possível que você, amigo, tenha sido um pecador depravado, um beberrão,umblasfemomiserável nesses vinte, trinta, quarenta, talvez sessenta anos ou mais. Deus desistiu de você? Oh, veja nisso a maravilha da paciência de Deus. Se não fosse por Deus ser Todo-poderoso na extensão da Sua paciência, teria sido impossível para Ele suportá-lo por tanto tempo. Assim Ele nos fala em Os. 11:9: "Eu sou Deus e não homem — eu entrareina cidade para destruí-la ". EmMal. 3:6 -."EusouJeováe não mudo; por isso vós, ofilhos de Jacó não sois consumidos ", significando que se Ele não fosse Deus, se não fosse Todo-

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poderoso na extensão de Sua paciência, eles teriam sido certamente eliminados muitos antes. Se o homem é provocado diariamente e irritado com ofensas e não revida, atribuímos isso à sua pusilanimidade ou à sua impotência; ou à sua falta de coragem ou à sua falta de poder. Mas não é assim com Deus. Sua paciência é o Seu poder (Num. 14:17-18). Quando Deus tinha ameaçado destruí-los Moisés orou a Deus para perdoá-los, e chamou este ato de Sua paciência nada menos que Seu poder: "Agora, pois, rogo-te que a força do meu Senhor se engrandeça; como tens falado, dizendo: o Senhor é longânimo... " Vejam, Ele faz Sua paciência ser Seu poder. E é isso realmente, se vocês considerarem o que é o pecado. Eu não direi nada mais sobre o assunto além do que Deus diz em Lev. 26:21 - pecar é contrariar Deus. 1. Pecar é contrário às obras de Deus. Tão logo que Deus revelou e aperfeiçoou o sistema do mundo, o pecado deu um golpe na tentativa de abalar esse sistema, e ele gostaria de ter feito tudo em pedaços. Se não fosse pela promessa de Cristo, tudo teria se desintegrado. Se um homem viesse ao atelier de um artesão e com um golpe quebrasse em pedaços a peça de arte que custou muitos anos de estudo e dores para idealizá-la, como o artesão suportaria isso? Assim fez o pecado, e será que Deus deveria suportá-lo? Oh, onipotente paciência! 2. E ainda mais, tudo isso é contrário à natureza de Deus. Ele é santo, o pecado é obsceno; Deus é puro; o pecado é impuro e, por isso, é comparado ainda à coisa mais impura do mundo: o veneno de áspides, úlceras, feridas, etc. Se toda a contaminação nociva do mundo se concentrasse em um antro comum, não seria igual à contaminação do pecado. Deus é bom, perfeitamente bom; o pecado é mau, universalmente mau. Existe o bem em todas as outras coisas, pragas, doenças. O inferno em si tem um tipo de bem nele. Mas no pecado não. Pecado é a blasfêmia prática do nome de Deus. É o desafio à Sua justiça, a violência à Sua misericórdia, o zombar de Sua paciência, o desrespeito ao Seu poder, o desacato ao Seu amor. É totalmente contrário a Deus. 3. O pecado é contrário à vontade de Deus. Deus nos ordena a fazer algo. O pecado diz: "Eu não vou fazer isso". "Santificado seja meu sábado", diz Deus. "Eu não o santificarei", diz o pecado. Aqui há contradição, e quem pode suportar a contradição? Isso é considerado como parte importante dos sofrimentos de Cristo (Heb. 12:3). Ele suportou a contradição dos pecadores contra Si mesmo. Certamente esse foi um grande sofrimento. Como pode um homem sábio suportar a contradição de um tolo? É aqui que Cristo -a sabedoria do Pai suportou tal contradição dos tolos, a qual Lhe causou grande sofrimento. O pecado contradiz Deus. Ele põe a vontade contra a sabedoria e o inferno de uma vontade corrupta contra o céu da infinita sabedoria. Imaginem! Deus suportando pecadores. Eis a maravilha!

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Vocês sabem que em todas as criaturas a oposição opera toda a combustão. Ela faz toda a guerra na natureza, ela provoca um elemento para brigar contra outro. Fogo contra água, água contra fogo. Ela faz as muitas pedras suarem e partir em pedaços. Percorram toda a criação e não encontrarão nenhuma criatura que possa suportar ser contrariada. Como pode o pecador viver num mundo onde Deus e o pecado estão em oposição? Eis aí a maravilha: uma extraordinária paciência! O pecado seria um mal tão grande? Então prostremo-nos, e admiremos a grandeza da misericórdia de Deus em perdoar o pecado. Vejam como o profeta clama e o admira: "Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade, e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança?... " (Miq. 7:18). Esta é uma das maiores obras que Deus faz no mundo: perdoar o pecado. É uma obra na qual Ele revela todos os Seus gloriosos atributos: Sua sabedoria, Seu poder, Sua justiça, Sua misericórdia, Sua santidade e assim por diante, ao perdoar o pecado. Os homens que pensam que a misericórdia perdoadora de Deus é simples e sem importância, dão dessa forma um sinal evidente de que nunca receberam perdão, nunca souberam o que era realmente receber o perdão. Seja houve alguma obra no mundo que pôs Deus à prova, o perdão foi essa obra. E se algum dia Deus intentou algo de bom para você, Ele o instruirá e o orientará quanto ao perdão do pecado. Entretanto, Deus humilha os homens em sua prestação de contas para elevar o conceito deles sobre o perdão, para promover a grandeza de sua própria misericórdia em perdoar o pecado. E realmente não precisaríamos de tão grandes preparações e humilhações ao virmos para Cristo se tivéssemos pensamentos mais elevados sobre o perdão do pecado. Os homens consideram perdão aquilo que não passa de um lamento: "Deus, tenha misericórdia!" Cometem uma blasfêmia e então dizem: "Deus, me perdoe!" ou dizem: "Senhor tenha misericórdia de mim quando eu morrer!" Dizem que Luiz II, rei da França, usava um crucif i xo em seu chapéu e quando ele pecava, beijava o crucifixo e então tudo estava resolvido. Os papistas fizeram o mesmo com o crucifixo e a confissão. Ah, meus irmãos, se Deus destinou o bem para vocês, Ele os fará saber o que é perdão. Em Is. 55:8, quando Deus atraiu os homens para mostrar-lhes o perdão, Ele os chamou para um lugar alto acima do mundo "... meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos ", diz o Senhor. "Se eles fossem, então Eu não poderia multiplicar o perdão, mas como os céus são mais altos do que a terra, assim são os Meus pensamentos mais altos do que seus pensamentos, e Meus caminhos mais altos do que seus caminhos. Eu sou infinito". Se a misericórdia criadora de Deus é tão grande, como Davi com dupla admiração declarou no Sal. 8:1 e no último versículo: "O Senhor, Senhor nosso,

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quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus " o que dizer então de Sua misericórdia perdoadora? Finalmente, seria o pecado um mal tão horrendo? Então vejam que motivo temos para humilhar nossas almas diante de Deus neste dia devido termos pensamentos tão superficiais sobre o pecado, e desde que Deus tem classificado o pecado como o maior de todos os males. Que pensamentos levianos temos do pecado? Podemos engoli-lo sem medo, podemos viver nele sem percebê-lo, podemos cometê-lo sem remorso. Tudo isso mostra a superficialidade dos nossos pensamentos sobre o pecado. Não avaliamos o pecado como sendo um mal tão grave como realmente ele é. Agora, para que vocês possam ter conceitos mais adequados sobre a magnitude dele, para que sejam capazes de ver o pecado como algo excessivamente maligno, irei apresentá-lo resumidamente sob seis aspectos. 1. Olhem para ele sob o prisma da natureza a qual, embora seja um cristal pouco transparente, é um refletor autêntico. O pecado tem ofuscado essa lente, ainda assim ela é capaz de revelar-nos muito do mal do pecado. Mesmo os pagãos têm visto e julgado por eles mesmos, muitos pecados como sendo o maior dos males. Embora os pecados espirituais fossem ocultos a eles, sua luz não era capaz de descobrir a infidelidade e os pecados íntimos. Todavia eles têm descoberto os pecados morais, e os evitado, e prefeririam correr o risco de sofrer do que cometer tais pecados. Os exemplos de Platão, Cipião, Catão, e muitos outros irão elucidar isso. Tudo isso foi descoberto pelo prisma da natureza, feito por ela própria, porém não pela mera natureza caída, e sim pela natureza bem administrada, pela natureza desenvolvida, pela implantação de princípios morais juntamente com a graça restringedora e de outros dons comuns do Espírito. O grande ódio que sentem pelo pecado, o grande cuidado que têm para evitá-lo, o grande sofrimento que experimentam por não quererem cometer pecado, deveriam ser suficientes para revelar-nos quão grande é o mal do pecado - mas interromperemos o assunto aqui. 2. A segunda lente pela qual vocês podem ver até onde vai o pecado é a lente da lei, a lente que revela o pecado em todas as suas dimensões: a culpa, o demérito, a corrupção e a malignidade do pecado. Portanto, o apóstolo diz em Rom. 7:7 "... mas eu não conheci o pecado senão pela lei..." Isto é, eu não teria conhecido o pecado como sendo tão abominável quanto ele o é, eu não teria conhecido o pecado em sua amplitude e latitude. Eu não teria conhecido a gravidade do pecado se não tivesse sido pela lei, se a lei não tivesse sido a lente para revelar o pecado a mim. Ela revelou a grandeza do pecado para Davi: "A toda a perfeição vi limite, mas o teu mandamento éamplíssimo " (Sal. 119:26), isto é, por revelar a extensão do pecado em proporção a sua amplitude e grandeza.

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Que lástima! Isso irá revelar a vocês mais nudez num pecado do que o mundo todo pode cobrir, mais indigência num pecado do que todos os tesouros da justiça disponível são capazes de suprir; mais obliqüidade e injustiça num pecado, num pensamento errado, do que a morte de todos os homens e o extermínio dos anjos seriam capazes de expiar. Procurem na lei e vocês descobrirão milhares de pecados que caem sob toda e qualquer lei de Deus. Eis aqui a lente! 3. Olhem para o pecado sob a lente das dores, feridas penetrantes e tristezas, as quais os santos encontraram em seu acesso e primeira entrada no estado de graça, em suas reincidências e retornos à insensatez. Para o primeiro, vejam que gemidos e humilhações tiveram que suportar em sua primeira admissão ao estado de graça - Manasses em II Crôn. 33:12, Paulo em Atos, capítulo nove, os judeus convertidos em Atos 2:37 admissão semelhante à ocasião quando os pregos perfuraram Cristo, agora cravados em seus corações como a lança no lado de um animal. Quantos dos muitos santos que já existiram estiveram presos num leito de miserável angústia, acamados sob os golpes da justiça possi velmente por muitos anos, e tudo isso por causa do pecado. Em todas as épocas houve milhares de exemplos dessa natureza. Olhem para as angústias e quebrantamentos que os santos t i veram quesuportar por causa de suas reincidências no pecado. Vejam nos em Pedro e em Davi. Leiam as tristes expressões que ele tem no Sal. 6:1-7 e no Sal. 32:3-5. Do mesmo modo no Sal. 51. Como ele lamenta pela sua alma perturbada, seus ossos quebrados, seus olhos consumidos pela tristeza, sua cama está encharcada com lágrimas! E tudo isso por causa do pecado. Aqui está a lente pela qual pode-se ver o mal do pecado como sendo o maior mal. Sim, quando Deus o enfoca, o menor pecado resultará em tudo isso. 4. Olhem para o pecado em Adão e vejam a extensão dele. Aquele único pecado de Adão trouxe todas as misérias, doenças, morte e outras desgraças, sobre toda a sua posteridade desde aquele tempo. O pecado tem sido a maldição de milhares de homens e ainda continua sendo. A justiça de Deus ainda não foi satisfeita. Se ela tivesse sido, haveria um fim. Não morreríamos, nem ficaríamos doentes jamais, etc. Oh, aqui vocês podem ver o pecado em sua extensão! 5. Olhem para o pecado sobre Cristo. Vejam que humilhações, que quebrantamentos, que feridas cruciantes, que ira isso trouxe sobre o próprio Cristo. Foi isso que misturou aquele cálice amargo com ingredientes tão terríveis, os quais, se tivéssemos que libá-lo quando assim estava temperado, teriam colocado nossas almas debaixo de uma ira pior do que aquela que todos os condenados sofremno inferno. Cristo suportou plena justiça por causa do pecado. Isso fez com que Ele que era tanto Deus quanto homem, santificado pelo Espírito para essa missão, fortalecido pela Deidade, suasse gotas de

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sangue, e até lutasse, parecendo recuar e orar contra a obra de Sua própria misericórdia, querendo desistir do propósito de Sua própria vinda ao mundo. Ah, ninguém sabe senão Cristo, nem é o finito entendimento humano capaz de conceber, o que Cristo suportou quando estava para carregar o pecado e com isso lutou contra a infinita ira e justiça do infinito Deus, os terrores da morte, e os poderes do mundo vindouro. Aqui está uma lente pela qual vocês podem ver a grandeza, a amplitude, a culpa, o demérito do pecado, tudo o que é revelado ao indivíduo na morte, sofrimentos, quebrantamentos e feridas do Filho de Deus. Você, amigo, que despreza o pecado, vá para Cristo e pergunte a Ele quão duro isso foi, aquilo que você despreza esmagou-O contra o chão. E o menor pecado esmagaria você e todos os pilares do céu para o fundo do inferno para sempre. 6. A sexta lente: olhem para o pecado na condenação eterna da alma, que nada satisfaria à justiça de Deus a não ser a destruição da criatura. Nem doenças, nem prisões, nem sangue, nem sofrimentos, a não ser os sofrimentos do inferno! E esses não por um tempo, mas para sempre! Ah, vejam aqui a enormidade do pecado, o qual poderia ser ainda mais ampliado considerando-se a preciosidade da alma, a qual o pecado arruina por toda a eternidade. E portanto, vocês conheceriam o pecado? Perguntem aos condenados: o que é pecado? Volvam seus ouvidos ao inferno e ouçam todos aqueles berros, aqueles gritos, aqueles rugidos dos condenados, e tudo isso por causa do pecado. Oh, eles foram os prazeres custosamente comprados, os quais precisam ser conseqüentemente pagos com dores sem fim. Assim através destas lentes vocês vêem o que é o pecado. E por conseguinte como devemos ser humilhados por causa de nossa indiferença em relação ao pecado, o qual é um mal tão grande!

APLICAÇÃO (1) Então, se é assim, vejam a necessidade que temos de enfatizar sobremaneira o pecado em nossas confissões, pois tudo o que podemos dizer dele será infinitamente deficiente diante da gravidade do pecado. Vocês não podem tornar o pecado mais grave do que eleja é, elevá-lo acima dele mesmo. Vocês não podem ter lentes de aumento para tornar o pecado maior do que eleja é. Vocês têm tais lentes para aumentar o tamanho dos objetos, as quais são capazes de apresentar pequenas coisas como sendo grandes, ampliando-as em seu tamanho, mas não têm lentes para multiplicar o pecado e fazê-lo parecer maior do que ele já é.

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Os sofrimentos e as tristezas dos santos, os sofrimentos dos condenados em relação ao pecado são diminutos. A lente da lei, a lente dos sofrimentos de Cristo, (o qual é a maior de todas), essas não mostram o pecado maior do que intrinsecamente ele é, elas somente revelam o pecado em suas exatas proporções e dimensões. Não teria sido justo se Deus requeresse mais sangue e colocasse Seu próprio Filho sob maior sofrimento do que o pecado merecia. Porventura seria condizente com o amor de Deus, Sua piedade e misericórdia para com Seu Filho, expô-lO além daquilo que o pecado merecia? Embora haja mais do que suficiente misericórdia para os maiores pecadores, como o apóstolo diz em I Tm. 1:14, não houve mais do que justiça suficiente aplicada em Cristo pela ofensa e culpa do pecado. A morte de Cristo foi um resgate adequado de nossas almas do pecado, e ainda haveria um excesso de mérito, uma superabundância de mérito, na satisfação de Cristo para resgatar milhares de mundos mais do que se necessita resgatar. Como o pecado é infinito em relação a seu efeito, assim a satisfação é infinita em relação ao seu mérito. Portanto, a morte de Cristo não é somente considerado uma satisfação, mas uma aquisição; não somente um pagamento, e sim uma compra. A morte de Cristo é a plena satisfação da justiça de Deus pelo pecado, é a aquisição de todas as coisas boas da misericórdia de Deus pela qual Sua justiça, quanto ao valor e mérito da satisfação de Cristo, é ligado a nós indiretamente. Vejam, então, o que é necessário para acentuar sobremaneira o pecado, porque não podemos multiplicá-lo ainda mais. Fazendo assim haverá muitos frutos: (1) isso produzirá vergonha e contrição de espírito por causa do pecado; e (2) isso fará vocês avançarem e apreciarem melhor a misericórdia. Quando o débito parece pequeno, estamos prontos e aptos para subestimar o perdão. No entanto, quando o pecado parece excessivamente maligno, isso faz com que valorizemos a misericórdia e apreciemos o perdão. Quando o pecado é visto como o maior mal, misericórdia e perdão serão compreendidos como os maiores bens. Isso nos coloca numa posição mais próxima de abandonarmos o pecado. Como aquele que minimiza o pecado está decidido a permanecer nele, aquele que realmente enfatiza o pecado deseja ficar livre dele. Além disso, ficamos irritados conosco mesmos quando consideramos como temos menosprezado a Deus. Isso produz auto-julgamento e auto-condenação como vemos em Davi, no Sal. 51. Isso produzirá uma brandura espiritual e compaixão de coração diante do pecado, porém tenho que deixar isso de lado.

(2)

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Se o pecado é o maior mal, então é a maior misericórdia do mundo ficar livre do pecado. Quanto maior o mal, maior é a misericórdia para se livrar dele. Ora, o pecado é o maior mal. Portanto verão esse livramento como a suprema misericórdia que vem através de Cristo: "E Ele se chamará JESUS, pois, salvará seu povo de seus pecados ". (Mat. 1:21). Como se todas as outras coisas vindas através de Cristo estivessem incluídas nesta, "Ele salvará seu povo de seus pecados ". Ele não diz que salvará Seu povo do inferno, mas do pecado; de nenhum outro mal no mundo, e esta é a maior misericórdia. Quando Deus quis declarar-Se de forma suprema, ou mesmo expressar Seu maior pensamento de misericórdia que jamais viera ao Seu coração, quando Ele quis manifestar a maior obra da Sua misericórdia que ela haveria de operar, Ele disse nada mais do que isto: "Ele salvará seu povo de seus pecados ". O pecado foi o mal máximo, e portanto, salvar-nos do pecado foi o maior bem. E por isso Davi no Sal. 32:1-2, declara: "Bem-aventurado é aquele cuja iniqüidade é perdoada, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado é o homem a quem o Senhor não imputa pecado ". Na verdade, temos pensamentos insignificantes, pensamentos mesquinhos sobre o perdão do pecado, e a razão é porque temos pensamentos superficiais sobre o pecado. Entretanto, se Deus abrisse nosso entendimento e nos fizesse ver a imensidade e a amplitude do mal do pecado, e se Ele juntasse o sentido do tato ao da visão e nos fizesse sentir o que é o pecado; se Ele deixasse a menor faísca de Sua ira cair sobre nosso espírito, por causa do pecado, isso faria nossas faces cobrirem-se de carvão. Rapidamente mudaríamos nosso tom e diríamos: "Oh, abençoados sejam para sempre todos aqueles cuja iniqüidade é perdoada e cujos pecados são cobertos." Contudo, a fim de que eu não pareça como que desferindo golpes no ar, iremos circunstanciar essa misericórdia um pouco e vocês verão a grandeza dela - embora, realmente, fosse suficiente dizer a vocês que o pecado é o maior mal. Portanto, necessariamente se segue que estarmos livres do pecado é a maior misericórdia no mundo, a qual se tornará mais claro se considerarmos as seguintes particularidades. Primeiro, então, o perdão do pecado é a misericórdia mais custosamente adquirida e isso é algo para mostrar a grandeza dela. Vocês sabem, quanto maior for a soma que deve ser paga pela compra de uma coisa (contanto que não exista falta de sabedoria do comprador ou nenhuma desonestidade no vendedor), ainda maior, e mais valioso é o bem comprado ou adquirido. Portanto essa misericórdia, o perdão do pecado, foi a misericórdia mais custosamente adquirida. Isso custou sangue, segundo Mat. 26:28. Vejam também: "Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados'',, como diz o escritor em Heb. 10:4.0 sangue significa isso então? Trata-se do precioso sangue de Cristo: "Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, quefostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um

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cordeiro imaculado e incontaminado".(IPed. 1:18-19). "E este, o sangue de Deus:"... Para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." (Atos 20:28). Agora sentem-se e imaginem que grande misericórdia deve ser esta equivalendo ao preço de sangue, e este do Filho de Deus. Não havia nenhuma falta de sabedoria no comprador, Ele não podia ser ludibriado, Ele conhecia o valor do bem. Nem houve falta de justiça ou bondade do Vendedor. Ele foi justo e não aceitaria unia gota de sangue a mais do que o bem valia. Ele também era Pai e não exporia a Seu Filho a maiores sofrimentos além daqueles que o bem merecia. Essa misericórdia é mais pura do que todas as outras, o perdão do pecado, uma misericórdia que vem do coração e da boa vontade de Deus para com vocês. Deus pode dar-lhes todas as outras coisas e odiá-los. Vocês podem ser ricos e ainda assim ser reprovados, grandes no mundo presente e malditos no porvir. Dives pôde ter riqueza, Herodes eloqüência, Saul autoridade, Agripa vestes gloriosos; um homem pode agir perversamente e ainda assim prosperar. Essas coisas não são realmente boas ou realmente más. Se boas, os ímpios não devem tê-las, se más, os santos não devem possuí-las. Essas são coisas que Deus estende das Suas mãos, não de Seu coração. Esses são favores gerais, não amor especial. Mas eis aqui um favor especial, peculiar aos santos, misericórdia pura, a misericórdia que vem das entranhas da misericórdia, do coração da misericórdia. Esta é a misericórdia mais autêntica que todas as outras, o perdão do pecado. Não houve nada para obrigar Deus a fazer isso, nem houve nada que pudéssemos fazer para adquiri-la. Todas as nossas orações, nossas lágrimas, nossas obras, não poderiam comprar o perdão de um pecado sequer. Não poderíamos comprá-lo se dependesse do que fazemos e se dependesse do que sofremos, nem se pudéssemos sofrer tanto quanto todos os santos sofreram desde o começo do mundo até hoje. Se pudéssemos chorar tantas lágrimas quanto o mar possa conter, se pudéssemos nos humilhar tantos dias quantos o mundo já passou desde o momento da criação, tudo isso seria muito pouco para comprar o perdão de um único pecado, ainda que fizéssemos tudo isso sem pecado. No entanto, que lástima! Tudo o que podemos fazer está tão longe de cancelar qualquer dívida culposa do passado que, ao contrário, nos torna ainda mais endividados. Tão longe estamos de adquirir o perdão que o que fazemos será aumentar a insubordinação. Não precisamos trabalhar para sermos justificados, porém somos justificados para que possamos trabalhar. De modo que é a misericórdia mais gratuita. E por conseguinte, nas Escrituras lemos que isso tudo é atribuído à graça. "Para que, sendo justificados pela sua graça " (Tito 3:7); "Deus justifica o ímpio. " (Rom.3:24). Não há motivo em nós, tudo vem de Deus. E verão isso claramente em Is. 43:23-25: "... não me compraste por dinheiro, cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me

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enchestes, mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas maldades. Eu, eu mesmo, sou o que apaga as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados me não lembro ". Poderia o homem ter esperado isso? Isso mostra espontaneidade não somente quando não a merecemos, porém quando merecemos exatamente o contrário: "... E me cansaste com tuas maldades... " Oh, infinita e livre misericórdia! Deus é misericordioso somente porque Ele quer ser misericordioso. Esta é uma misericórdia outorgada, uma misericórdia que outorga a vocês um bem maior do que sou capaz de expressar ou do que vocês são capazes de conceber. Esta é a misericórdia que os envolve em todas as outras misericórdias. Isso outorga-lhes todos os bens sobre a terra, toda a glória do céu. Esta é a misericórdia produzindo misericórdia, a misericórdia que faz com que todas as outras coisas sejam misericórdia para vocês. Coisas boas são misericórdias. Tudo que vocês possuem - riquezas, grandeza, posses, maridos, esposas, crianças, e tantos outros bens; todas essas coisas não são bênçãos enquanto não associadas ao perdão, o que faz delas bênçãos. Não, não somente boas coisas, e sim as coisas más também são misericórdias para vocês. O perdão do pecado faz a pobreza, a aflição, a doença, e mesmo a morte em si uma misericórdia. Semelhante ao chifre do unicórnio, o perdão tira a malignidade e o veneno de toda água. Como a pedra do filósofo, isso transforma tudo em ouro. Como disse o apóstolo: "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. " Uma cruz santificada é melhor do que um conforto não santificado. A perda na misericórdia é melhor do que o deleite na ira. Vocês nunca serão capazes de tornar bom aquilo que Deus concede em misericórdia, até que o pecado seja perdoado. A culpa do pecado sobre nós muda a natureza das coisas, e f az com que aquelas coisas que são boas em si mesmas sejam um mal para nós. Esta é uma misericórdia irrevogável. Deus pode dar outras misericórdias e retirá-las novamente. Na verdade, outras coisas são mais emprestadas do que dadas: marido emprestado, mulher emprestada, etc. Portanto elas são chamadas de talentos em suas mãos e somos mordomos delas por um tempo. Deus pode retirá-las quando desejar ou podemos ser privados delas e perdê-las. Quão freqüentemente somos privados e perdemos coisas boas por causa do nosso caminhar indigno no prazer que elas proporcionam! "Portanto, tornar-me-ei, e a seu tempo tirarei o meu grão, e o meu mosto no seu determinado tempo... " (Os. 2:8 Tudo isso era de Deus, e vocês saberiam qual a razão dlile em retini las? Vejam o versículo citado acima. Eles não reconheceram Deus como sendo o doador delas, mas atribuíram nas a Baal como se fosse ele que as tivesse dado.

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Ora, esta misericórdia é irrevogável, uma misericórdia que Deus nunca retira, uma misericórdia da qual Ele nunca Se arrepende. Os dons e os favores de Deus são sem arrependimento, e esta é a misericórdia que jamais será perdida. Podemos perder o senso de perdão, podemos perder o conhecimento do perdão, assim como foi com Davi, porém jamais poderemos perder o perdão. Se toda esta presciência não pôde impedir Deus de dar o perdão, nem tampouco pode fazer com que ele Se arrependa do perdão quando já o tem dado. A estabilidade da misericórdia é aquilo que confere maior valor a ela. Se as coisas que são más são intensificadas em relação à continuidade, estabilidade e durabilidade delas, muito mais as coisas que são boas. Então esta é uma misericórdia estável. Vejam a seguinte referência: "Porque isso será para mim como as águas de Noé, pois jurei que as águas de Noé não inundariam mais a terra: assim jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei. Porque as montanhas se desviarão, e os outeiros tremerão, mas a minha benignidade não se desviará de ti, e o concerto da minha paz não mudará, diz o Senhor que se compadece de ti. " (Is. 54:8-10). Esta é a diferença entre a Aliança das Obras e a Aliança da Graça. Uma é transitória, a outra é eterna. É uma aliança transitória, embora seja uma regra eterna. A outra é eterna e imutável. O perdão do pecado é uma misericórdia universal, o berço da misericórdia, uma misericórdia produtiva. Todas as outras misericórdias crescem sobre esta árvore do perdão do pecado. Esta é uma árvore, cuja raiz está em Cristo, cujos frutos são todas as boas coisas sobre a terra e no céu. Há sete frutos gloriosos do perdão do pecado os quais mencionarei antes de expor a aplicação final. 1. Reconciliação com Deus (II Cor. 5:19), admissão ao Seu favor. Aquele que antes era um inimigo se torna agora seu Amigo, pois, nada faz de Deus um inimigo a não ser o pecado. E tal Amigo Ele é, que será um Amigo na vida, um Amigo na morte - quando todos os outros o abandonarem - e também um Amigo depois da morte. 2. Adoção de filhos, o que vem após nosso perdão na justificação. 3. Acesso a Deus como Pai com a intimidade de filho. O pecado era o grande abismo entre Deus e nós. Agora, o pecado sendo perdoado, essa parede divisória desmoronou e abriu-se o acesso a Deus, e acesso com intrepidez. 4. Aceitação de nossas obras. Até que o pecado seja perdoado, não há aceitação de qualquer obra. Até que sejamos aceitos e reconciliados, nossas ações são abomináveis. Mas agora o pecado sendo perdoado, há aceitação de todos as nossas obras. Ele toma o leite tanto quanto o vinho (Cant. 5:1) e come favo com mel, etc.

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5. Santificação de toda nossa condição, após o pecado ter sido removido - o qual foi a maldição de tudo. 6. Sustentação sob cruzes após a remoção do pecado - o qual foi de todos o mais pesado dos fardos. 7. Participação em todos os privilégios da Nova Aliança. Estes são os inseparáveis frutos do perdão. Há outros tais como paz, alegria, consolo (Rom. 5:1), os quais realmente não são tanto frutos do perdão como frutos da certeza do perdão; não o perdão em si, porém os mais indiretos frutos do perdão.

(3) E finalmente, seria o pecado o maior mal no mundo? Oh, então, acima de tudo neste mundo esforcemo-nos para nos livrar do pecado. Recebam o perdão do pecado. Digam como Davi: "Oh! retira o pecado de teu servo ". Que proveito terá o gozo de todas as outras boas coisas se seus pecados não são perdoados? Que proveito teve Dives de sua riqueza? Ou Saul de seu reino? Uma coisa a ser profundamente lamentada é ver quão ativos e séri os são os homens sobre a remoção de outros males e na aquisição de outros bens, porém ainda quão negligentes, quão superficiais eles são quanto a alcançar o perdão do pecado. Você, leitor, está sob a culpa do pecado. Permanece como um homem ou uma mulher debaixo da condenação. Deus tem lhe dado tempo, e esse tempo não é somente de alívio temporário, mas é um tempo em que Deus tem permitido a você alcançar o perdão. E custou nada menos do que o sangue de Cristo para alcançar você. Isso foi o que fez cessar os atos de justiça de Deus contra você, senão já estaria no inferno há muito tempo. E irá desperdiçar esse tempo? Negligenciará esta questão? Negligenciará tal perdão? Se houvesse um homem condenado a morrer, cuja execução fosse adiada para que pudesse procurar seu perdão, e se o rei estivesse disposto a conceder-lhe perdão, você não acha que tal homem mereceria ter morrido, desde que agora desperdiça seu tempo bebendo, festejando ou coisa parecida? Ora, este é o seu caso. Existe ainda um outro tipo de pessoas que buscam o perdão, no entanto o procuram com indiferença. Eles o buscam formal, negligente e superficialmente. Eles o buscam como se não tivessem nenhuma necessidade dele, como se fossem bons o suficiente, embota necessitem perdão. Há muitos que brincam com Deus sobre esta importante questão. Muitos homens no mundo só fazem zombar de Deus sobre isso. Vou enumerar cinco ou seis tipos de homens que são zombadores de Deus no que diz respeito a este importante assunto, e mesmo eles não são os piores.

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Todavia eu não vou falar agora das pessoas debochadas, e sim daquelas que parecem fazer alguma coisa para obter perdão. 1. Os do primeiro tipo são: aqueles que buscam e talvez clamem sinceramente, mas ainda continuam na prática de todos aqueles pecados para os quais imploram perdão. Não estou falando agora de pecado, e sim de pecados como, por exemplo, pecados habituais, pecados de enfermidade, fraqueza e imperfeição na obediência. Estes, os melhores, apesar de suas orações diárias por perdão, ainda caem em pecado freqüentemente. Entretanto eu falo de pecados mais graves, pecados que ferem profundamente a consciência. Zombar de Deus é uma coisa terrível. O que vocês pensariam de um homem que deveria implorar o perdão e ainda, antes que o perdão lhe fosse dado corresse para cometer novos atos de traição? Esse é o seu próprio caso. Eu vejo muitos de vocês vivendo na maldição do pecado: bebendo cerveja, bebida forte, praguejando. Estou envergonhado só em mencioná-los. Vocês oram por perdão? Ou não oram? Se não oram, vocês não são melhores do que os ateus. Vocês oram por perdão e ainda vivem na prática daqueles pecados pelos quais oravam? Oh, quão perigoso é brincar assim com Deus! Acaso vocês não vêem que barreira forte é contra o pecado, orar pelo seu perdão? O quê? Vocês têm confessado pecado, humilhado suas almas por causa dele, implorado perdão, e tão logo voltam suas costas para Deus e retornam ao pecado? Ah, realmente esta é uma brincadeira perigosa! Este é um terrível agravante do pecado. Vocês pensam que virá resultado favorável sobre seus dias de humilhação por causa de suas orações pelo perdão. Pensam que há algum bemnisso. Porquê? Vocês imploraram perdão, embora tivessem pecado; ainda assim têm orado, e portanto esperam que, apesar de seus pecados, Deus ouça suas orações. Todavia, vocês vivem no pecado e confessam o pecado? Praticam-no, e ainda oram pelo perdão dele? Vocês os cometem e ainda se humilham por ele? Oh, estes são grandes agravantes do pecado. Estes adicionam mais peso a ele! Vocês acham que seria um atenuante ou um agravante para o malfeitor implorar perdão, e ainda correr para a mesma rebelião novamente? Ele pensaria que seu pecado seria amenizado por que tem formalmente implorado perdão? Não, certamente! Ele olharia para isso como um grande agravante. Pois bem, esse é o caso de vocês! E este, como podem ver, foi a posição de Israel que tanto desagradou a Deus: "... Pai meu, tu és o guia da minha mocidade " (Jer. 3:4). Aquele povo disse a Deus boas palavras, honrou-O com boas expressões, mas o Senhor disse: "... Eis que tens feito coisas más, e nelas permaneces ", versículo 5. 2. O segundo tipo que brinca com Deus são aqueles que buscam o perdão de alguns pecados, porém ainda continuam a amar e a simpatizar-se com outros. Pode ser que vocês estejam aflitos e preocupados com alguns

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pecados grosseiros, e implorem o perdão deles quando, possivelmente, exista algum problema de corrupção interior, o qual vocês desprezem; alguma obsessão secreta de maldade que seus corações repelem mas que não podem deixar, pois, não têm intenção de desfazer-se dela. Oh, leitor, homem vão! Você pode clamar toda sua vida e nunca se tornará bom. Poderá orar tanto quanto queira. Aquele pecado, guardado com amor e afeição, irá transformar todas suas orações em pecado. Deus nunca ouvirá as orações de um pecador que se apega ao pecado. Vejam Sal. 66:18: "... Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" - embora eu (Davi) nunca a pratique na minha vida. Mas se você conhecesse o conteúdo da Aliança da graça e da misericórdia, o rigor do evangelho e a severidade da misericórdia em si contra o pecado, veria a impossibilidade de ter um pecado perdoado enquanto não abandonar totalmente o pecado! Justificação e santificação, o perdão de Deus e nossa renúncia, são de igual tamanho - tanto um quanto o outro. Assim como Deus justifica da culpa do pecado, assim Ele santifica da corrupção de todo pecado. A graça de Deus perdoa todo pecado, e a graça em nós faz com que renunciemos a todo pecado. Onde o pecado é perdoado, então ele é abandonado. 3. O terceiro tipo é o daqueles que buscam o perdão do pecado sem o senso do pecado, que buscam perdão do pecado sem remorso pelo pecado; homens que nunca estão preocupados com nenhum sentimento, com nenhuma contrição de coração pelo pecado. Porventura vocês não tomariam como brincadeira se alguém os ofendesse em grande medida e desejasse seu perdão, sem mostrar sentimento algum ou arrependimento? O que pensam que Deus fará? Isso é certo, sem sangue não liá remissão de pecado, como diz o apóstolo. Cristo foi ferido, e você, leitor, precisa ser ferido também, antes que receba o perdão. Cristo sangrou, e a consciência precisa sangrar antes que Ele conceda o perdão. Acaso um homem de boa fé imploraria o perdão sem nunca ter sido ligado a perfídias, nem ter dado evidências de ser culpado disso? 4. O quarto tipo são aqueles que clamam por perdão, todavia n unca aguardam por uma resposta. Você não acharia ser negligência se um homem que lhe tivesse ofendido viesse e pedisse perdão, e tão logo que dissesse algumas palavras a você voltasse-lhe as costas e fosse embora sem esperar sua resposta? Por que você se comporta assim com Deus? Você apresenta suas orações porém não espera por respostas. Aquele que suplica em sinceridade observará diligentemente aquela palavra de conforto que Deus dará, aquelas consolações que Deus produzirá em seu espírito, e será grandemente zeloso delas, como fizeram os servos de Benadade. (I Reis 20:31-33). Após terem apresentado seu pedido, o texto diz: "Os homens tomaram isso por bom presságio, e apressaram-se em apanhar a sua palavra ". Deveríamos fazer assim. Vir com

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roupas de saco apresentar nossas orações com arrependimento, e assim sendo, quando temos recebido respostas às nossas orações, devemos esperar para ver queconsolaçõesreceberemosdocéu. Assim comoDavi: "Escutarei o que Deus o Senhor disser; porque falará de paz ao seu povo, e aos seussantos". (Sal. 85:8). "Pela manhã ouvirás a minha voz, óSenhor, pela manhã me apresentarei a ti e vigiarei". (Sal. 5:3). 5. O quinto tipo dos que zombam de Deus são aqueles que não acompanham suas orações com esforço para ter certeza de que seus pecados foram perdoados; não examinam a Aliança da Graça, não se informam das promessas da graça, não perscrutam a Palavra da Graça, não usam os recursos da graça. Esses homens escarnecem quando deixam de fazer uso da Palavra, das ordenanças, etc., como meios para obter a certeza do perdão.

A CONVERSÃO DE UM PECADOR Explicado e Aplicado "... convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos, pois por que razão morreríeis, ó casa de Israel? (Ezequiel 33:11) Nathaniel Vincent (Primeira edição: 1669)

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A DEDICAÇÃO À Tua sagrada e mais gloriosa majestade, Deus dos céus e da terra, REI DOS REIS e SENHOR DOS SENHORES; que está muito acima dos mais altos poderes e dos governos no mundo, do que estes estão acima de seus servos mais insignificantes. Senhor Todo-poderoso, a Ti, a quem tenho me devotado, dedico meu livro, tudo o que há de bom nele é Teu, e se ele trouxer algum bem, a Ti dou todo o louvor. O escritor seria realmente envergonhado e desencorajado se não soubesse que Tu podes operar tão bem tanto pelos meios fracos quanto pelos fortes. Algumas vezes Tu escolhes o fraco com o propósito de não permitir à carne gloriar-se, c sim que a excelência do poder seja somente Tua. Foi pela mais rica e voluntária graça de Deus - a qual a eternidade será pequena demais para admirar e adorar que eu recebi a salvação, eu que uma vez estive tão contaminado quanto qualquer outro; eu que andei tão longe no caminho largo e pequei até estar bem próximo da destruição eterna! Todavia, devido não ser somente um convertido, e sim também um instrumento usado para converter outros, minha obrigação em manifestar Teu louvor é ainda maior, embora já seja infinitamente grande. Este é o desejo de minha alma, ó Senhor, que Teu reino seja estendido e que o domínio usurpado pelo pecado e por satanás seja destruído. Sendo Teu jugo tão suave e Teu governo tão doce e benevolente, por que não deveriam ser numerosos Teus súditos? Cinja-te de Tua espada sobre Tua coxa, única e Todo-poderoso! Cavalgue conquistando e para conquistar; que Tua mão direita mostre Tuas maravilhas. Que Tuas flechas sejam aguçadas e Tua Palavra penetrante como espada de dois gumes; que o mundo todo, quer pela conversão quer pela subversão, mas especialmente pela conversão, se prostre diante de Ti!

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Tu és o Deus dos espíritos de toda a carne. Existiria alguma coisa difícil para Ti? Quando Lúcifer pecou contra Ti (e com isso tornou-se o diabo) Tu facilmente o expulsaste do céu e o agrilhoaste em cadeias nas trevas. Porventura Tu não poderias facilmente tirá-lo fora dos corações daqueles pecadores, os quais ele tem possuído completamente, e derrubar todas as suas fortalezas? Sendo o pecado algo tão poderoso que Adão em sua inocência foi vencido por ele, diante do qual nem mesmo os anjos do céu puderam permanecer, ainda assim Tu és capaz e prometeste subjugá-lo. Oh, mostre Teu poder e Tua graça! Já que Tua misericórdia é tão grande, por que deveriam ser tão poucos os participantes dela? Visto que Teu Filho é capaz de salvar até os mais ímpios, por que deveria ser tão pequeno o número de salvos por Ele? Posto que a nova Jerusalém é tão ampla, por que o inferno deveria se encher tão rapidamente? Oh, que Teu amor especial seja mais amplamente manifestado! Que Teu poder de cura e Tua graça salvadora fluam por um canal mais largo e que Tuas tendas sejam alargadas e que as cortinas de Tua habitação sejam esticadas. Que não haja tantas almas prisioneiras do diabo, pois estas são mais valiosas que o mundo, as quais são capazes de amar, admirar, e glorificar a Ti para sempre! Atenda, ó meu Deus, desejos tais como estes, tanto quanto sejam eles consistentes com os segredos de Teu conselho e Teus caminhos e julgamentos, os quais são insondáveis e imensuráveis. Que Teu evangelho seja espalhado por todo este país (Inglaterra)! Que o sol da justiça brilhe com maior força e glória, dispersando a neblina do erro e expulsando as trevas da ignorância! Que assim como as águas cobrem o mar seja também esta terra cheia do conhecimento da Tua glória! Enquanto existir Tua Igreja no mundo, que ela exista também neste país. E que o lâmpada da Tua Palavra brilhe intensamente sobre nós tanto quanto o sol e a luz brilham no firmamento. Tu que tens os corações de todos em Tuas mãos, inclines alguns para lerem estes sermões, e que todos os que os lerem sejam abençoados por meio deles. Que nestes seus dias entendam as coisas que dizem respeito à paz e obedeçam ao Teu chamado para serem convertidos, antes que Tu Te decidas a não mais chamar ou clamar por eles. Que ninguém se torne mais cego do que é pelo brilho da verdadeira luz em seus olhos! Que ninguém seja mais endurecido pelos meios designados para sensibilizá-los! Não permitas que a Palavra da Vida se transforme em sabor de morte! Faças com que algumas almas registrem a data de suas conversões pela leitura deste livro, e aqueles que são convertidos sejam mais fortalecidos por ele. Encorajes Teu servo que tem se resignado e se rendido a Ti, cuja maior honra e verdadeira felicidade é ser Teu para sempre, tornando este trabalho o mais bem sucedido. Nathaniel Vincent

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CARTA AO LEITOR Caro leitor, imediatamente antes de começar a leitura, pare e olhe para o céu! Como se obter algum proveito na leitura a não ser que o Pai das Luzes abra seus olhos e lhe dê um coração compreensivo! Ele pode mostrar-lhe maravilhas nas verdades mais simples, as quais eram desconhecidas para você. Do mesmo modo que seu julgamento pode ser aprofundado em relação àquelas doutrinas que são pregadas com mais freqüência, estou certo de que seu ânimo precisa ser estimulado na proporção adequada para suportar o peso e a concernência de tais doutrinas. Ao ver como alguns mestres tornam enjoativas algumas verdades, entristeci-me e cheguei quase à indignação. E ainda que se trate de verdades tão puras, as quais são freqüentemente ouvidas, eles não as conhecem como deveriam conhecer. No que se refere às intenções dos corações e ao conhecimento operante, estas pessoas que fantasiam, julgando-se muito inteligentes, são excessivamente ignorantes. Suas consciências são obscurecidas e nunca estiveram sob o poder da palavra que lhes é pregada. Os deveres, embora clara e freqüentemente obrigatórios, são negligenciados e os pecados comumente reprovados, ainda assim, são praticados por eles. Você que não aprecia um sermão a menos que ele satisfaça sua fantasia e lhe provoque coceiras nos ouvidos, você tem toda razão para questionar se sua natureza já foi renovada. Pois aqueles que nasceram de novo desejam o genuíno leite da palavra (embora exista uma pequena mistura com aquilo que é humano) de tal modo que eles possam crescer através dela. Leitor, acaso você é totalmente ignorante e incrédulo? O quanto então, você estaria interessado em utilizar-se dos meios disponíveis para alcançar a sabedoria? Sem o conhecimento seu coração não poderá ser bom, nem você estará seguro. Você estará perdido. Oh, seja convertido imediatamente para

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que seu próximo passo não seja dado em direção ao túmulo e ao inferno. Ignorar o perigo é uma falsa segurança. É uma alegria deplorável ignorar sua própria miséria, pois esta mesma ignorância aumenta o perigo e tornará sua miséria ainda mais inevitável. O pecado é algo tão terrível que ninguém jamais se arrependeu de tê-lo abandonado. Portanto conscientize-se da necessidade de rejeitar toda sua irreligiosidade e comportamento mundano a fim de viver sóbria, justa e santamente no presente mundo mau. Se você é um professante mas não um praticante da religião, considere isto: "Não é para uma conversão aparente, e sim para uma conversão genuína, de coração, que a vida é prometida e assegurada". Se você mostra uma aparente santidade mas sem o poder, isso prova o quanto você ainda é ímpio. Certamente pensa que o Senhor não o observa e nem irá puni-lo, cuidando que ao menos com você Ele será parcial. Eu me espanto como você se atreve a vir constantemente a Sua presença, tão próximo a Sua arca onde Seu zelo é tão ardente, e tão freqüentemente envolve-se em funções referentes à Sua adoração, mantendo em seu coração algum pecado ou vaidade que o afasta dEle. Mas se você é realmente convertido, oh, chegue mais perto de Deus e volte-se mais e mais a Ele. A graça é algo tão excelente que eu creio que você deveria persistir sem descanso para obter uma medida maior dela. Quanto mais você conhecer o Senhor tanto mais O amará, e mais relutante será em deixá-lo para retornar à loucura. A conversão é o prego no qual os profetas do passado martelaram incansavelmente. Nosso Senhor e seus apóstolos insistiram neste assunto, e ultimamente Deus não só tem enviado seus ministros para ocuparem-se disso mas tem tomado Ele mesmo o martelo dos julgamentos para fazer com que este prego penetre. Agora, quanto maior a resistência que ofereçamos, tanto maiores serão os golpes vindos desse martelo. Temos visto ultimamente dias de grandes calamidades e aflições, porém ainda assim eles tem sido, em certo sentido, dias de graça. Portanto, os julgamentos temporais têm vindo para que as misericórdias possam ser valorizadas e os julgamentos eternos possam ser evitados. Deus tem um desígnio de amor por trás de toda Sua severidade. Vamos corresponder a isso pois se ainda continuarmos a andar na contra-mão, Ele tem ameaçado castigar-nos furiosamente sete vezes mais do que Ele já o tem feito. E eu tremo só em pensar em tais julgamentos, os quais serão sete vezes piores do que as pragas e o fogo. Entretanto, se adquirirmos instrução e sabedoria através de Sua correção e nos convertermos a Ele que tem nos afligido, encontraremos as expressões de Seu favor e benevolência muito maiores do que jamais foram os sinais de Seu descontentamento. N. Vincent

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A CONVERSÃO DE UM PECADOR "... convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos, pois por que razão morreríeis, ó casa de Israel?" (Ez. 33:11) Não é muito fácil discernir se o homem demonstrou maior loucura afastando-se de Deus no princípio, ou se sua loucura é ainda mais indesculpável agora ao recusar a voltar-se para Ele. No princípio, ele conheceu pela abençoada experiência o quanto era bom estar perto de seu Criador, desfrutar da luz de Seu semblante num estado de inocência, e mesmo assim arriscou-se a afastar-se dEle. Agora ele sente os efeitos de sua apostasia, pois o pecado o tem sobrecarregado com várias misérias, calamidades, irritações, e no entanto como é difícil persuadi-lo a voltar atrás! Os filhos dos homens são facilmente induzidos a entregarem-se a satanás como se fosse interessante para eles entregarem-se nas mãos de um assassino. Contudo o Senhor, fora de quem não há salvador, pode chamar e chamar com freqüência, com veemência, e ainda assim chamarem vão. O coração deles é insensível, seus ouvidos são surdos, eles não O ouvirão. O fato do pecado ter produzido muitos loucos no mundo nunca poderá ser suficientemente lamentado. Morte e vida, bênção e maldição são colocados diante deles, não obstante a morte é escolhida ao invés da vida. As mais espantosas e insuportáveis maldições são abraçadas enquanto que as bênçãos da mais alta e mais duradoura natureza são rejeitadas. É por isso que o Senhor insiste, não somente em relação ao pecado, mas também em relação ao julgamento. Ele não somente pergunta por que você se arriscaria o transgredir, mas também por que você estaria tão ansioso para morrer, ó casa de Israel? O profeta, no começo deste capítulo é designado pelo Senhor como o atalaia sobre a casa de Israel. A ele foi ordenado erguer sua voz quando visse

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a espada vingadora sendo desembainhada e vindo para separar o ímpio de sua impiedade, e a menos que ele o admoestasse a que fosse convertido e vivesse, ele, o profeta, seria cúmplice da morte do tal. O sangue dele seria requerido de suas mãos. Sendo então comissionado, a ele é ordenado fechar a boca dos malfeitores que criticam e contestam seu Criador e responsabilizam a Deus insensatamente. Parece ter havido uma controvérsia, à porta da qual jazeria a culpa pela destruição dos pecadores. A casa de Israel muito corajosa e peremptoriamente lançou a culpa sobre Deus, dizendo que o caminho do Senhor não é justo. Mas o Deus de misericórdia e verdade vindicou--Se dessa imputação injusta, declarando que se não fossem os pecadores tão perversamente inclinados à sua própria ruína, poderiam escapar da destruição. Ele jura pela Sua vida que a morte do ímpio não O agrada. Portanto no texto, Sua voz é alta e enfática, "... convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos ", e a responsabilidade volta para a verdadeira culpada, a casa de Israel. A própria vontade do homem é a causa de sua desgraça, "por que morreríeis, ó casa de Israel?" As palavras expressam um apelo sério e patético, no qual se observa: 1. As pessoas chamadas: a casa de Israel; 2. Para o que foram chamados; foram chamados ao arrependimento; 3. A urgência desse chamado, a qual aparece na repetição: "convertei-vos, convertei-vos "; 4. Do que deveriam ser convertidos: de seus maus caminhos; 5. O argumento usado para persuadir, o qual está carregado de uma santa retórica: "por que morreríeis? " Sem conversão a morte é certa. Satanás poderia dizer à posteridade como fez com nossos primeiros pais, "certamente não morrereis ", e isto seria verdadeiro, "os ímpios serão lançados no inferno " (Sal. 9:17) - aqueles que não se voltarem para Deus. É para lá que tendem todos os maus caminhos. Há várias trilhas para o caminho largo, mas todos terminam na morte, na segunda morte. Portanto, o Senhor é apresentado compade-cendo-Se dos pecadores e pleiteando com eles. Por que morreríeis? Seria porque Me apresso em vingar-Me? Vocês sabem que sou tardio em irar-Me, e a experiência tem confirmado isso, do contrário Minha ira há muito teria vindo sobre vocês. Ou é porque sou implacável, não adiantando suplicar-Me, uma vez que sou provocado? Pelo contrário, Eu tenho Me proclamado pronto para perdoar e pleno em misericórdia para com todos aqueles que clamam por Mim. Ou é porque vocês nunca ouviram sobre o caminho e os meios de recuperar a vida e escapar da punição que lhes está reservada? Quão freqüentemente Eu tenho enviado Meus profetas para que vocês pudessem ser levados a crer, arrependerem-se e obedecerem? Mas a sua cerviz continua sendo de ferro. Vocês estão decididos a continuar disparados no pecado. Caso pereçam,

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devem agradecer a si mesmos. Se vocês forem destruídos, é porque escolheram a destruição. Podemos extrair três doutrinas do texto: 1. Os maus caminhos são caminhos de morte. 2. A grande razão porque os homens morrem, e morrem para sempre, é porque eles querem. 3. O Senhor chama continuamente os pecadores para que se voltem de seus maus caminhos e vivam. DOUTRINA 1. Começarei com a primeira doutrina, isto é, que os maus caminhos são caminhos de morte. Como eles são moralmente maus, são maus e destrutivos para aqueles que caminham por eles. Realmente, tais caminhos podem parecer corretos, porém por causa disso eles não são menos perniciosos, e sim mais perniciosos. Vejam Prov. 14:12 - "Há caminho que ao homem parece direito mas o fim dele são caminhos de morte ". 1. Estes caminhos maus muitas vezes aceleram e apressam a morte temporal. Essa foi a sentença pronunciada após a Queda da homem -"Dopó viestes e ao pó voltarás ". E quão freqüentemente a execução dessa sentença tem sido apressada em conseqüência do pecado! Lemos a respeito de alguns que Deus não permitiu viver metade de seus dias (Sal. 55:23). A razão é porque viveram tão impiamente. Aqueles cujas carcaças caíram no deserto deveriam ter vivido para possuir a terra da promessa, todavia várias vezes eles murmuraram. Às vezes cometeram idolatria, fornicação, e por fim foi feito o juramento de que não entrariam em Canaã. Pois bem, como os imoderados e impuros perdem suas forças? Com quantas doenças se punem a si mesmos? E embora estejam tão miseravelmente despreparados para o julgamento, como apressam sua partida deste mundo para o tribunal dAquele que julga retamente? 2. Deus não pode ser encontrado em tais caminhos. Apesar de vivos, estamos mortos espiritualmente. Os efésios são tidos como mortos em suas transgressões e pecados enquanto caminhavam segundo o curso deste mundo, fazendo a vontade da carne (Ef. 2:2-3). Se a vida da alma consiste em estar unida a Deus, em ser vivificada e influenciada pelo Seu Espírito, então a iniqüidade que nos separa de Deus (Is. 59:2) deve certamente ser uma coisa mortal. 3. Estes caminhos maus são as trilhas palmilhadas para a maldição do inferno, para aquelamorte que é eterna. Ninguémjamais chegou ao inferno a não ser por estes caminhos, e não há ninguém que continue a andar neles, sem conversão, que não vá para lá. A figura da morte sobre o cavalo branco, por um segundo é tenebrosa, mas quando o inferno aparece imediatamente após, ai de mim! Que mão pode ser forte? Que coração pode ser capaz de resistir? Esta segunda morte é chamada por um dos patriarcas "a morte que é imortal", porque o pecador nunca se livra de sua dor; sempre torturado, nunca

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executado. O fogo queima, entretanto sem consumir aqueles a quem queima. O verme corrói, porém nunca se satisfaz. Até onde vai, alma embriagada e cega? Para onde você está indo com tanta pressa? É ganho, prazer, e alegria que você está perseguindo, parecendo mais voar do que correr em direção deles? Nem isso é! Não! É para o caminho largo que você se dirige tão apressadamente. Não é ganho, mas perda; não é prazer, mas dor; não é alegria, mas miséria, sim, a mais extrema miséria que você pode possuir. Oh, detenha-se, não siga adiante. Oh, deixe estes caminhos que conduzem para baixo. Leia Prov. 15:24 - "Para o sábio o caminho da vida épara cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo ". Veja em quais sentidos os caminhos maus são os caminhos de morte. A justiça de Deus ao punir com a morte aqueles que persistem nesses caminhos será evidente se considerarmos o seguinte: A. Tais caminhos são expressamente proibidos por Ele que é o supremo Legislador, Aquele que tem poder para salvar e para destruir. Por isso, quão infeliz o homem se torna ao afrontar e desprezar tal majestade e autoridade que está tão infinitamente acima dele; merece justamente uma punição infinita. Além disso, o Senhor Se manifesta ao pecador se ele desistir de seus maus caminhos e pensamentos. No entanto, se o pecador rejeita tal oferta e prefere não somente o mundo vazio como também os mais vis desejos, ao invés de preferir o Deus bendito, permita que a razão julgue se não é justo que ele seja separado eternamente de Deus. E esta separação de Deus é exatamente a morte mencionada, é o verdadeiro inferno do inferno. B. Os pecadores são ameaçados com a morte. Se no entanto eles se arriscam naquilo que os mantém sob o açoite das ameaças, é porque se julgam espertos o suficiente para tal atrevimento. Eles são alertados para fugirem da ira que está por vir, mas se não consideram o aviso, tal ira muito justamente os alcançará. Eles não podem alegar, também, que desconheciam a vontade de seu Mestre ou que ignoravam a penalidade por se voltarem contra ela. Saberíamos quão freqüentemente têm sido avisados aqueles que desfrutam da luz do evangelho, de que é a vontade de Deus que eles se entristeçam com o pecado e o aborreçam em seus corações? De que é a vontade de Deus que eles creiam em Seu Filho? De que é a vontade de Deus que eles se santifiquem? (1 Tess. 4:3). Entretanto, quantas vezes tem sido preanunciado àqueles que continuam em desobediência voluntária, os muitos açoites que deverão suportar? Não é estranho, então, já que eles fazem do Senhor um mentiroso, em virtude de sua incredulidade, que Ele vindique Sua verdade e faça com que sofram aquelas pragas e tormentos sobre os quais milhares de vezes foram advertidos - porém, aos quais não deram crédito e nem mesmo os temeram. C. Assim como os pecadores são ameaçados por causa de seus maus caminhos, assim também lhes é mostrado o caminho da vida e da paz, e são exortados a caminhar por ele. A graça que socorre e fortalece lhes é

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apresentada, mas se até mesmo a glória, a imortalidade ao final do caminho e a ajuda e a graça que há nele são desprezadas, preferindo os caminhos da destruição e miséria (como são chamados em Rom. 3:16), então eles realmente prejudicam suas próprias almas. Por isso Deus é justo ao destruí-los. O único uso que farei desta doutrina é para alertá-los contra estes caminhos maus que são os caminhos da morte. Vocês que pela graça os tem deixado, tenham o cuidado de não inclinar-se para eles. Os santos, ao fazerem isso, pagaram um alto preço. Seus desvios os corromperam e quebraram seus ossos. E vocês que continuam decididos a caminhar por tais caminhos, pelo menos abram seus olhos e vejam para onde estão caminhando. Após lerem estas linhas, façam uma pausa sem demora antes que a morte, a destruição ou a maldição súbita venha sobre vocês, sem que haja possibilidade de escapar. (1 Tess. 5:13). 1. Não se deixem cegar pelo lucro destes caminhos. A riqueza é cheia de decepções, ela parece ser aquilo que não é, e enquanto egoisticamente a possuímos somos ludibriados, enganados e não nos damos conta do quanto estamos longe da verdadeira riqueza. Nós perderemos aquele tesouro no céu que nunca terminará (Luc. 12:33). Não se deixem enganar pelo injusto mamon. Promessas de satisfação, comodidade e alegria lhes serão feitas, porém o preço a ser pago serão problemas e aflições. As riquezas são comparadas a espinhos pelo Senhor, em parte porque elas sufocam a semente da Palavra, e em parte porque perfuram com muitos sofrimentos aqueles que são atraídos por elas. Usem os pesos do santuário para pesar os ganhos que vocês têm tido caminhando em seus maus caminhos e comparem-nos com a perda que já têm e ainda terão que suportar, e então será visível que o intento de satanás e os desejos dos seus próprios corações por lucros não são nada razoáveis. Vocês ganham a terra mas perdem o céu. Vocês ganham ouro porém perdem Deus. Vocês ganham um pouco do mundo, que fica com vocês por pouco tempo, no entanto perdem suas almas e toda uma eternidade de glória. 2. Não deixem que os prazeres desses maus caminhos os seduzam. Os prazeres do pecado geralmente deleitam somente a parte mais sensual do homem, e quanto se rebaixa aquele que tem uma alma racional ao desejar aqueles prazeres que são comuns até mesmo aos próprios animais! Salomão os teve em abundância. Aquilo que seus olhos desejassem ele não lhos negava, e nem privou seu coração de quaisquer alegrias, porém ele descobriu que eram tão inúteis, tão inferiores, tão inconvenientes e em meio a tudo gritou: "Tudo é vaidade e aflição de espírito" (Ecl. 2:10-11). Prazeres são sonhos agradáveis, mas quanto tempo duram? Quão depressa surgem a aflição, a morte e o inferno? Aqueles que são amantes dos prazeres mais do que amantes de Deus, quão insensatos são em relação ao que escolhem ou recusam? Os prazeres são as capas que cobrem o pecado e o faz ser engolido avidamente. Eles são a poção fatal que tornam vocês estúpidos e os fazem

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mentir inconscientemente, colocando-os em extremo perigo. Eles são as mais finas e ainda as mais fortes cordas com as quais satanás arrasta os homens para as câmaras da morte. Eles são o combustível que aquece o lago de fogo. Vejam Apoc. 18:7 -"Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi outro tanto de tormento epranto... ". Oh, o quanto os amantes dos prazeres sofrerão por causa deles. 3. Não permitam que a multidão daqueles que caminham por estes maus caminhos corroborem e lhes endureçam. Ló caminhou solitário nos caminhos da justiça, contudo Sodoma foi totalmente corrompida pela conduta degenerada. Aquele que disse: "estreita é a porta e apertado éo caminho que leva ávida, e poucos há que andem por ele " (Mat. 7:13), certamente jamais pretendeu que Seus discípulos andassem pelo caminho do mundo. Pecador, não se iluda com isso. Você faz o que os outros fazem, você vai trapacear tanto quanto eles. Você e eles caminharão na mesma direção, ou seja, diretamente para o inferno por causa de sua iniqüidade. Não servirá de consolo ter companheiros na sua miséria ali, mas entre os condenados haverá uma tristeza torturante e uma indignação ao verem um ao outro e reconhecerem que eles foram como demônios encarnados um para com a alma do outro, e como ajudaram a apressar a condenação um do outro. Baseado nisso pode ser que o homem rico de Lucas, capítulo 16, estava tão preocupado sobre seus irmãos irem para aquele lugar de tormento, porque se ele foi condenado por aqueles pecados (os quais em vida praticara em cumplicidade com eles) a companhia deles no inferno só serviria para aumentar sua própria desgraça. Nós costumamos dizer "quanto mais, melhor", mas aqui devemos dizer "quanto mais, mais triste!" Quando Deus juntar todos os Seus inimigos em um só lugar, e não restar ninguém de Seu povo com eles, então toda Sua ira será suscitada e todas as taças de Sua fúria serão derramadas sobre eles. Termino aqui com a primeira doutrina, de que os maus caminhos são caminhos de morte. DOUTRINA 2: A segunda doutrina é esta: a grande razão pela qual os homens morrem e morrem para sempre é porque eles querem. Eles querem ser os escravos do pecado, embora a morte seja o pagamento que certamente receberão pelo seu fatigante e laborioso trabalho. Os pecadores não querem ser purificados. "... ai de ti Jerusalém! Não te purificarás ? Até quando ainda ? " (Jer. 13:27). Não querem ser juntados debaixo das asas de Cristo, embora seja o único lugar de refúgio, tanto do furor de satanás quanto da ira de Deus. "Jerusalém, Jerusalém que mata os profetas, e apedreja os que te são enviados! quantas vezes quis cu juntar os teus filhos, como a galinha junta os seus pintos, debaixo das asas e tu não quisestes! " (Mat. 23:37). Não apenas isso, os desejos de muitos que freqüentemente já têm desprezado as admoestações e chamados de Moisés e dos profetas tendem tão desesperadamente para o pecado, que, embora pudessem ver as chamas e os tormentos que fazem outros sofrerem, mesmo assim não seriam persuadidos a desistir. "E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se

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algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscitem ". (Luc. 16:30-31). Meu trabalho ao expor esta doutrina será, primeiro, demonstrar a verdade contida nela, que os homens morrem porque querem; segundo, para evidenciar que a incapacidade do homem fazer o que é bom, tão freqüentemente mencionada nas Escrituras, não contradiz esta doutrina. Os argumentos para demonstrar que os desejos dos homens são a grande causa de sua morte e perdição são estes: 1. Um argumento será deduzido da corrupção natural e depravação da vontade do homem. E essa corrupção se evidencia na vontade do homem afastar-se de Deus, a Fonte da vida e da paz, e inclinar-se para o que é mal, embora o pecador (ai dele!) chame de bem aquilo que é mal e imagina ser doce aquilo que provará ser amargo e venenoso como toda picada de áspide. Os pelagianos talvez assemelhem a vontade do homem a uma virgem pura, a qual escapou de ser deflorada na sua primeira apostasia, mas sabemos pelas Escrituras e pela experiência que o pecado original revela-se mormente na vontade. Aquele que não entende que seu coração é desesperadamente corrupto (Jer. 17:9), mostra um sinal de que seu coração o engana e ele nem sabe disso. Quanta incredulidade, quanto orgulho, quanta alienação da vida de Deus, quanta inimizade contra o mandamento, o qual é santo, justo e bom, existem na vontade do homem natural! Vejam Romanos, capítulo 7. A vontade, então, sendo tão completamente corrupta e exercendo tanta influência como exerce, impede a conversão a Deus e a santidade, o que a contraria muito. E conseqüentemente ela tem grande responsabilidade na perdição dos filhos dos homens. 2. Outro argumento será deduzido da reprovação e ira justas de Deus. Certamente Ele não os repreenderia tão duramente, Sua ira não fumegaria tanto contra eles por causa de suas teimosias e obstinações nos seus maus caminhos, se tivessem uma vontade sincera e faltasse apenas a força para fazer o que é bom. Quando o Senhor infligiu julgamentos sobre o Seu povo antigo, Ele falou da obstinação dele, da recusa em entender e ser regenerado, e isto Ele fez para vindicar a retidão de Suas mais severas maneiras de lidar com ele. Nós lemos que o Senhor testificou contra Israel pelos Seus profetas e videntes dizendo: "... convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos. Porém não deram ouvidos, antes endureceram a sua cerviz como a cerviz de seus pais, que não creram no Senhor seu Deus". (II Reis 17:13-14,18). Agora, após sua obstinação, seguiu-se, e muito justamente, a ira de Deus e a destruição deles. Portanto, o Senhor estava muito irado com os filhos de Israel e os afastou de Sua vista. Em segundo lugar, vou provar que a habilidade dos homens em fazer o que é bom não frustra a doutrina de que os seus pecados e misérias permanecem à porta da vontade deles. O Espírito Santo, Aquele que torna

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humilde os filhos dos homens, põe por terra a opinião que eles têm de seu próprio poder e justiça e os faz usar a linguagem do profeta Isaías: "Certamente no Senhor tenho justiça e força... " -inferindo, portanto, que o homem em seu estado degenerado e pecaminoso é incapaz de fazer o que é espiritualmente bom. Por conseguinte, somos considerados fracos - "Não que sejamos capazes por nós, de pensar alguma coisa como de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus ". (Rom. 5:6; II Cor. 3:5). Somos considerados cansados e sem vigor (Is 40:29), e nosso Senhor nos afirma claramente em João 15:5: "Sem mim nada podeis fazer. " Mas por tudo isso, embora nos falte a força para fazer o que é bom, nossa vontade é culpada do mal cometido por nós. Não se pode imaginar que as Escrituras mencionem a incapacidade do pecador em fazer o bem como uma desculpa para ele fazer o mal, mas sim para dirigí-lo a Cristo quem pode fortalecê-lo a fazer todas as coisas (Fil. 4:13). É verdade que o homem é incapaz, porém ele também não está disposto a fazer o que Deus requer dele, apesar de ser para o seu próprio bem. A razão pela qual ele continua no pecado e é subjugado por ele não é somente porque o homem não pode converter-se a si mesmo, e sim também, e principalmente, porque ele não está disposto a ser convertido. Isso será particularmente ampliado a seguir. a. O homem pecador pensa que é capaz de deixar seus maus caminhos. Ele adia seu arrependimento como se pudesse voltar-se para Deus quando quisesse. Já que ele não faz o que pensa que pode, sua própria vontade deve ser a causa do impedimento, e ela deve ser responsabilizada no caso dele perecer. b. O homem pecador não faz o que realmente é capaz de fazer. Tem um talento, todavia não quer negociar com ele. Poderia se abster de muitos pecados que o expõe a ira e vingança se quisesse, porém infelizmente ele é um escravo voluntário deles, e está feliz com sua servidão. O adultério propositadamente vai a casa da prostituta, o ímpio mundano propositadamente procura o ganho desonesto. Portanto, segue-se que estes voluntariamente destroem a si mesmos. O homem natural pode fazer o que é bom, embora ele falhe, na maneira de fazê-lo. Ele pode orar, ouvir, ler, contudo, intencionalmente omite estas obrigações, e assim voluntariamente se sujeita à maldição que o ameaça por causa de sua omissão. Ele não fará o que realmente pode, e, certamente, ainda que seu poder fosse ampliado jamais seria usado. Aquele que tem de sobra e recusa-se a dar um cruzeiro a um pobre, podemos concluir com certeza que não estaria disposto a fazer uma doação generosa - embora bem pudesse. Da mesma maneira, o homem natural que não fará o que pode para ser salvo, apesar de ser muito pouco, por certo não faria maior esforço, a fim de ser salvo, mesmo se seu poder fosse aumentado. c. O homem pecador lamenta que seja capaz de fazer o quanto pode. Ele desejaria ser totalmente impotente para que isso pudesse servir-lhe de

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desculpa. Isto mostra a malignidade de sua vontade. Além disso, ele não quer usar os meios pelos quais a graça e a força são transmitidas. Ele não quer esperar em Deus, nem invocá-lO. Ele não quer buscar nEle o cumprimento das promessas feitas na aliança da graça. Não, ele resolutamente resiste o Espírito quando este vem operar nele. Ele preferiria ser deixado entregue ao seu pecado. Essa é a linguagem dos ímpios: "E todavia dizem a Deus: retira-te de nós, porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos." (Jó 21:14). O homem depravado pode argumentar que lhe falta o poder, ainda assim esta falta de vontade de arrepender-se e viver é principalmente o que o arruina. E todos aqueles pensamentos e argumentos contra Deus, como se Ele fosse um mestre severo, como se Seus caminhos não fossem justos - pergunto: não será o homem envergonhado diante dEle naquele Grande Dia, no qual sua consciência o acusará e em tristeza o reprovará por isso? Ele que fora constantemente avisado e admoestado, entretanto, não se arrependeu para que pudesse ter vida.

APLICAÇÃO 1. Informação sobre estes particulares: A. Os homens morrem para sempre porque querem? Então quem é você que responsabiliza Deus pela destruição deles? Com certeza aqui você culpa Deus insensatamente. Pois Ele não tem prazer no seu pecado, e nem na sua morte. O réu não pode ficar zangado com o juiz por ele lhe dar a sentença de condenação, mas deve culpar a si mesmo por fazer aquilo que é passível de condenação. Quantas vezes o Senhor o tem chamado e você tem recusado. Quantas vezes Ele estendeu-lhe a mão durante todo o dia, e você foi desobediente e contrário a Ele? Acaso isso não o emudecerá quando Ele vier para julgar o mundo em justiça? B. Os homens morrem para sempre porque querem? Então a morte do ímpio é mais do que justa e reta. E justo que escravos voluntários do pecado que não se tornam homens livres no Senhor, devam ser aprisionados em cadeias nas trevas. O ofensor que recusa o perdão oferecido em misericórdia, merece duplamente ter seu julgamento executado, primeiro pela ofensa e também por desprezar a misericórdia. O paciente que dispensa o médico que poderia curá-lo de sua doença bem merece morrer por isso, e o pecador que não se volta para Deus, que rejeita o Senhor Jesus, o qual é capaz tanto de perdoado quanto de curá-lo, embora pereça e seja condenado, não está sendo injustiçado. C. Os homens morrem para sempre porque querem? Que tortura será para eles no inferno pensar que foi sua própria obstinação que os levou para

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lá? Tais reflexões serão como punhais envenenados perfurando as almas dos réprobos condenados. Ele dirá: o que houve comigo para que me tornasse um diabo para mim mesmo? O que me levou a aliar-me a satanás, acarretando minha própria destruição? Que loucura foi esta de fazer eu mesmo o chicote com o qual seria açoitado, acender com minhas próprias mãos as chamas nas quais eu terei que permanecer, a fim de queimar para sempre? 2. Advertência: tenham cuidado quanto a pecar voluntariamente, pois, essa é a estrada principal que conduz à morte. Fiquem atentos também em não se contentar com um aparente desejo de escapar da destruição. A. Deixem-me alertá-los contra o pecado voluntário. Quanto maior a voluntariedade envolvida na transgressão, maior a inclinação. Por isso, Davi foi tão cuidadoso em se proteger, a fim de não ser preso pelo pecado da soberba o qual ele conhecia, pois o pecado da presunção é uma grande transgressão. (Sal. 19:13). Numa nação esclarecida gozando um período de luz, tomem cuidado para não ser intencionalmente ignorantes. Em meio aos auxílios e encorajamentos para o dever, precavenham-se contra a preguiça que é falta de disposição, mas sejam seguidores daqueles que através da fé e da paciência herdam as promessas (Heb. 6:12). Não se permitam amar o pecado, desejá-lo, viver nele. Não deixem o sabor deleitoso fazê-los aventurarse para algum fruto proibido. Não se deixem enganar pela maciez da pele, abraçando uma serpente que poderá picá-los até a morte. B. Deixem-me alertá-los sobre aquilo que é somente um simulado desejo de deixar o pecado e escapar da destruição. i. Uma vontade vã, induzida, é somente uma vontade simulada. Um indolente desejo de ser salvo, onde não há seriedade no uso dos meios de salvação, significa nada mais que vocês são grosseiramente ignorantes e estúpidos; ignorantes do valor da salvação e estupidamente insensíveis do perigo que estão correndo. ii. Uma vontade procrastinadora é somente uma vontade simulada. A maioria daqueles que vão por seus maus caminhos tem vontade de deixá-los no futuro, porém isso somente demonstra a presente relutância deles. Se vocês estão relutantes em arrepender-se agora, do mesmo modo vocês estarão no futuro mais adversos quando Deus estiver mais distante de vocês, quando satanás tiver construído fortalezas em vocês, e suas consciências estiverem mais obtusas, quando o hábito de pecar tiver dobrado a força e veemência de sua inclinação natural a ele. Que lástima! Quantos milhões têm morrido e se perdido em suas iniquidades, os quais estavam tão completamente decididos a se arrependerem no futuro, como aqueles que ainda permanecem vivos. Tomem cuidado com esta pedra sobre a qual muitos têm se partido e têm sido condenados para sempre. A vontade de Deus é para o presente. Ele diz: "Hoje se ouvirdes minha voz não endureçais os vossos corações". (Heb. 3:7-8). Mas se agora, quando Deus está querendo lhes dar vida, vocês estão relutantes, Ele poderá no futuro relutar quando vocês a quiserem. Ele admoestou vocês para

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que clamassem a Ele por vida e salvação, porém, quando a morte e a destruição virem sobre vocês como um redemoinho, isso já não será mais possível, "...de madrugada me buscarão, mas não me acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do Senhor. " (Prov. 1:28-29). iii. Uma vontade baseada em algo enganoso é somente uma vontade simulada. Aqueles que nosso Senhor comparou ao solo rochoso ouviram a palavra com alegria e estavam desejosos de obedecê-la, porém não contaram com a cruz e a perseguição. Isso fez com que morressem. Muitos parecem querer ser convertidos, todavia não se sentam para calcular o custo da conversão. E quando são informados de que deverão negar-se a si mesmos, desistir de todas as suas atuais inclinações e possessões, posto que estas rivalizam com o Senhor Jesus; quando são informados que devem dar carta de divórcio às suas "Herodias", e devem declarar oposição a toda concupiscência, embora isto nunca mais possa oferecer alegria ou ganho a ponto de poder ainda ser desejado; quando eles são informados de que devem vigiar, orar e andar com o maior cuidado, fervor, e circunspecção; de que devem tomar o reino de Deus, com violência santa, como que por assalto, ou de outro modo eles falharão e perderão a coroa, aí então eles bradam: "Duras são estas palavras, quem pode ouvi-las? " 3. Da exortação. Sendo que os homens morrem porque eles querem, deixem-me persuadi-los a concordar que seus desejos podem ser renovados. O homem não tem um inimigo pior do que sua própria vontade, até que haja uma transformação nela. E para que essa mudança possa ser efetivada, observem estas orientações: A. Julguem a si mesmos em função de sua natureza pervertida. Enquanto não forem sensíveis a isso, não poderão ser submissos da maneira correta. O fato de terem pecado muito, por muito tempo, deveria afetar e afligi-los muito diante de Deus, contudo o desejo que vocês têm de pecar dez mil vezes mais, pecar até a eternidade, não fosse pela restrição da graça, oh, quanta confusão e tristeza isto deveria causar! B. Analisem o quanto o tentador e o mundo são enganosos. Então seus corações não ficarão ansiosos em serem ludibriados e separados de Deus. O mundo é vão e vexatório, e satanás é um mentiroso e assassino. Vocês têm muito poucas razões para entregar-se a qualquer um dos dois. C. Coloquem diante de seus olhos a bênção da vida eterna e a miséria da morte eterna para que possam escolher a vida e o caminho que dá acesso a ela. D. Sejam fervorosos nas orações para que o Senhor, de acordo com a Sua promessa, possa lhes dar um novo coração e operar em vocês para desejarem Sua boa vontade. (Ez. 36:26 e Fil. 2:13). E se o Senhor fizer os seus corações desejarem graça e glória, Ele satisfará tais desejos que Ele tenha originado em vocês. Se o Senhor operar em vocês o querer e o realizar, a despeito de toda oposição, vocês porão em prática sua própria salvação, e lhes

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será dado o amplo direito de entrada no reino eterno. Daí a segunda doutrina: a razão por que os homens morrem e morrem para sempre, é porque eles querem. DOUTRINA 3. Esta é a terceira doutrina. O Senhor adverte os pecadores e os adverte novamente, a deixarem seus maus caminhos para que vivam: "arrependei-vos, arrependei-vos" diz o Senhor no texto. A questão da conversão não é uma coisa que o homem tenha pensado antes de Deus. Não, ele nunca pensaria nisso ou seria persuadido disso se o Senhor não o chamasse e tornasse essa chamada eficaz. De fato, lemos nas Escrituras sobre os penitentes sensíveis e alertas chorando e implorando a conversão, mas estes gritos eram como que ecos da voz e do chamado de Deus que vieram antes. Na exposição da doutrina, eu mostrarei primeiramente como Deus chama os pecadores a volverem se para Ele; e em segundo lugar porque Ele o faz; em terceiro, explicarei a natureza desta conversão ou arrependimento; e em quarto concluirei com a aplicação. Em primeiro lugar vou mostrar como Deus chama os pecadores a voltarem-se para Ele. Isto Ele faz de diversas maneiras. 1. Ele os chama do monte Ebal. Esse era o monte de onde as maldições eram pronunciadas. Ele lhes fala em Sua Palavra da maldição e da praga do estado do não convertido. Ele envia a lei como um professor para ensinar-lhes uma triste lição, que por causa de suas freqüentes transgressões, eles estão à beira da miséria eterna. E Seu desígnio é que com isso possam ser despertados e barrados em seus caminhos destrutivos, e não se enganem com esperanças de paz enquanto caminharem de acordo com a imaginação de seus próprios corações. Esta voz do Senhor através da lei é alta e terrível, declarada com o propósito de despertar e sobressaltar aqueles que dormem o sono da morte. Quando a lei foi dada, houve no monte palpável chamas de "fogo e escuridão, e trevas e tempestades, e sonido de trombeta, voz de palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falassem mais... e tão terrível era a visão que Moisés disse: estou todo assombrado e tremendo ". (Heb. 12:18-19,21). Se a maneira como a lei foi pronunciada foi tão terrível, muito mais terrível será a maneira como será executada sobre aqueles que a violaram. O fogo e a escuridão do monte Sinai não são nada se comparados ao fogo do inferno e o negrume da escuridão que existe lá. O Senhor tem ameaçado o iníquo impenitente: "sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso: eis o porção do seu copo ". (Sal. 11:6). E verdadeiramente esta demonstração da lei é necessária para que possamos ganhar um verdadeiro conhecimento e entendimento do pecado. E quando estivermos aos pés do monte Ebal e do Sinai, tendo ouvido que o pecado é o grande impedimento a todo tipo de bênção e aquilo que nos carrega com maldição de toda espécie, (tanto temporais quanto espirituais, e também eternas) esta é a maneira de curar nossa loucura irracional por ele, e nos fazer tremer e temer por termos dado tantas ocasiões a ele.

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2. Deus chama os pecadores do monte Gerizin que se voltem a Ele para o lugar de onde no passado, soaram as bênçãos. Ele não somente lhes dá uma visão da ira como estando às portas, enquanto eles continuam suas obras de iniqüidade, como também Ele lhes dá uma visão da misericórdia que está muito distante, a qual será trazida para perto deles desde que deixem suas iniquidades. Misericórdias e abundante perdão são prometidas aos homens justos após abandonarem seus maus caminhos e pensamentos (Is. 55:7). Este chamado do evangelho vindo do monte Gerizin é como o eco após o vento forte, o fogo e o terremoto. Quão cheias de encorajamento são aquelas palavras em Zac. 1:3- "Tornai para mim diz o Senhor dos exércitos, e eu tornarei para vós " e em Os. 14:1 - "Ó Israel, tornai ao Senhor teu Deus; porque pelos teus pecados tens caído." Vocês têm se destruído, mas em Mim está o seu auxílio. Eu curarei suas apostasias e os amarei livremente, embora mereçam nada menos do que Minha ira e Meu ódio. Satanás, tentando-nos para o pecado, tem afastado de nós as bênçãos, e mesmo assim não devemos ficar desanimados, pois o Senhor tem mais de uma bênção. Aquilo que o primeiro Adão perdeu, o segundo Adão foi enviado para readquirir - "Deus tendo levantado a seu filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, cada um, das vossas maldades. " (Atos 3:26). O Senhor leva os pecadores, como se fosse, para o monte Gerizin. Ele lhes mostra Seu reino e as glórias dele. Ele lhes fala de Seu celeiro de bênçãos, dos inestimáveis benefícios que foram comprados por Seu Filho: a justificação, a adoção, a santificação, a glória, e lhes assegura que tudo será deles se realmente forem convertidos. E certamente estas são ofertas melhores do que as que satanás fez ou possivelmente possa fazer. 3. Deus chama os pecadores ao arrependimento mediante os mais apaixonantes apelos e ardorosas súplicas. Seu desígnio em instar é torná-los sensíveis às suas irracionalidades, em possuir vaidades enganosas, atendendo suas sensualidades corruptas, e recusando a ser convertidos a Ele que pode santificá-los de suas corrupções, tanto como satisfazê-los pela Sua suficiência. Ele debate o assunto com Judá: "Por que gastais o dinheiro naquilo que não épão e o produto de vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? (Is. 55:2-3). Desde que venham a Mim, poderão obter a redenção de suas almas e as misericórdias garantidas por uma aliança eterna. O Senhor pleiteia com o ímpio através do ministério da Palavra pela seguinte maneira: "Ora, ora! Embora vocês tenham sido avisados da natureza decepcionante, corruptível e condenável do pecado, ainda o abraçam firme para Minha desonra e sua própria destruição? Embora vocês sejam prevenidos do peso e do calor da Minha ira, não fugirão dela? Embora tenham sido tantas vezes avisados que não terão descanso no inferno, ainda assim vocês correrão para lá e se queimarão para sempre? Embora lhes tenha sido falado de um reino imutável, vocês não desejarão entrar nele, nãoserão persuadidos a lutar por isso? Acaso a graça e a glória não têm valor algum?

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Não deveria o Salvador ser estimado por aqueles que, devido ao pecado, estào escravizados e perdidos, e em perigo de se perderem por toda a eternidade? Considerem tais coisas e mostrem-se homens, vocês transgressores". Assim o Senhor roga para que Ele possa triunfar sobre os pecadores para o próprio bem deles. 4. Deus chama os pecadores para voltar a Ele através do exemplo de outros e pela voz da vara sobre eles. Os ímpios são propensos a observar os maus exemplos que eles podem imitar, porém é dever deles observar as punições exemplares que lhes são infligidas, a fim de que possam ficar receosos de continuar na maldade por mais tempo. Quando observamos outros sendo castigados pelos mesmos pecados dos quais nós somos culpados, o Senhor exorta-nos através dos golpes que eles têm recebido diante de nossos olhos, a ver a abominação de nossa própria iniqüidade. E podemos justamente prever que tais pecados terão semelhante resultados se houver continuidade na prática deles. Os exemplos são propositadamente colocados diante de nós "para que não cobicemos as coisas más" (1 Cor. 10:6) para que sejamos admoestados a sair destes caminhos que têm levado outros à ruína. Mas especialmente quando a vara desce sobre nossas costas, Deus nos chama de uma maneira mais perceptível e sensível para voltarmos a Ele. O propósito da vara é tornar o pecado amargo, tanto para a carne como para a consciência, a fim de não mais poder ser visto como coisa agradável, a qual é a razão para cada chicotada a ser suportada. A vara tem uma voz tanto quanto a Palavra, e seríamos sábios se a ouvíssemos. Quando a aflição vem sobre os ombros do pecador, sabemos então que o Senhor está falando pela linguagem de Jer. 2:17: "Porventura não procuras isto para ti mesmo " pelo pecado? Deixar a sua iniqüidade é levar em conta seu próprio bem-estar; deixe a dor da vara (que é nada comparada às dores do inferno) convencê-lo de que o pecado não deve ser apreciado pelos seus prazeres. No presente você é somente castigado com açoites, porém se for incorrigível e pecar mais e mais, certamente por fim será açoitado com escorpiões. 5. Deus chama os pecadores ao arrependimento pela voz interior e a operação do Seu Espírito. O Espírito freqüentemente adverte com relação ao enganoso e falso caminho, "não é este o caminho e portanto saia dele". Mas em relação ao caminho da santidade o qual leva a Deus, Ele diz: "este éo caminho, andai nele ". E sem desviar-se "andai nele " (Is. 30:21). Todos os outros chamados serão de pouca utilidade, a não ser que venham acompanhados pelo Espírito. Sem Sua convicção as denúncias de maldição não serão consideradas. Sem Sua iluminação as bênçãos proferidas serão desvalorizadas. Sem Sua espada penetrante, os mais patéticos apelos não terão a mínima eficácia para persuadir. As palavras gritadas não serão atendidas mais do que sussurros. A não ser que o Espírito junte Sua instrução e ensinamento, a vara será muda e insignificante. Nada será aprendido, nem

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pela aflição individualnem pela coletiva. É perigoso, portanto, ser indiferente e resistir ao Espírito Santo, já que a eficácia de tudo depende dEle. Há um duplo chamado do Espírito: o mais comum e o especial. 1. O mais comum é: muitos são chamados, só que nunca são totalmente convertidos. Foi a operação comum do Espírito que fez Feliz tremer, o qual trouxe Agripa a um passo de se tornar cristão e fez com que Herodes realizasse muitas coisas. Multidões de não regenerados têm sentido as águas agitarem-se, o Espírito Santo movendo-os à conversão, e têm prontamente aceitado Sua ajuda e assistência, e talvez, por um tempo, tenham sido guiados por Ele. Todavia, posteriormente têm se recusado a deixar a sensualidade ou a vaidade, as quais Ele exigiu que abandonassem. Eles não transformaram a sua preguiça espiritual em séria diligência pelo interesse de suas almas imortais, e assim desprezando Sua operação, desconsiderando Sua ajuda, eles fazem com que o Espírito Se afaste entristecido, Ele que veio com amor agir em suas vidas. 2. Há um chamado do Espírito que é mais especial e eficaz, e quando Ele os move a voltar-se para Deus, os pecadores são persuadidos, não parcialmente, mas completamente. Agora observemos o método do Espírito ao operar naqueles que são realmente convertidos. A. Aqueles os quais o Espírito chama efetivamente, Ele os convence do pecado (João 16:8). Ele lhes apresenta a lei, e Ele mesmo é o intérprete dessa lei. E pela Sua interpretação são levados a ver que a lei proíbe não somente a manifestação do pecado nos lábios e na vida, e sim também a concupiscência interior e a manifestação do pecado no coração. E quando vem a lei, oh, quão abundante é a ofensa! O Espírito mostra suas iniquidades em ordem diante de seus olhos e os mantém abertos para enxergá-las. O livro da consciência é aberto, e quantas transgressões estão ali registradas? E se, ao mergulharmos neste livro, muitas abominações aparecem, quão inumerável é a multidão que está no livro memorial de Deus? Embora os pecadores não considerem o fato, Deus ainda Se lembra de todas as corrupções deles (Os. 7:2). O justo, porém, se conscientiza disso. "Males sem número me tem rodeado", diz Davi, "minhas iniquidades me prenderam" (Sal. 40:12). Quando ele se deita elas se deitam. Quando ele se levanta elas se levantam com ele. Onde quer que vá ou o que quer que faça elas continuamente o perseguem e o assediam. Quão hediondo e horrendo o pecado parecerá ao pecador quando todas as justificativas e desculpas forem silenciadas, quando a lente colorida for retirada e este for visto por ele em sua aparência natural! Bebedice, impureza, blasfêmias, gestos profanos e cobiça pelo mundo não mais serão vistos como sem importância. Esse modo de viver antes parecia não ter nada de perigoso nele, pelo contrário era cheio de delícias e prazeres. Contudo, após a convicção, sua decepcionante e condenável natureza será tão evidente como a luz do sol ao meio dia.

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E ainda que o pecador não tenha sido contaminado com as mais pesadas contaminações do mundo, ainda assim será necessário mostrar-lhe suficientemente a natureza do pecado, a fim de levá-lo a concluir que é um miserável e está perdido. Ora, ora! Todas as suas omissões ou suas chacotas contra o Deus zeloso, cometidas de maneira insensível, seriam consideradas como nada? Acaso seria nada seu desperdício de tempo e sua desconsideração para com a eternidade? O deleitar-se nas coisas criadas, nas vaidades e prazeres do mundo, e o amar a estes mais do que a Deus, a Cristo e a glória, seria um assunto de menor importância? Tais pecados são hediondos e são imputados até mesmo às pessoas mais civilizadas. Esta convicção do Espírito é forte e permanente. Ela resiste até que o pecador seja reconduzido completamente de volta. As transgressões presentes com seus agravantes são pesadas, e o pecado original é a fonte da qual outras fontes são originadas. E nessa fonte, há o suficiente para alimentar mais dez mil outras nascentes além das que já nasceram. Davi não somente foi convencido do assassinato e do adultério que cometera, mas teve que traçar estes pecados até a fonte deles, a corrupção original de sua natureza (Sal. 51:5). Imagine o quanto a visão desta realidade o inclinou em direção à sua auto-humilhação? Finalmente, esta convicção não trata somente de alguns atos pecaminosos, porém da nocividade do estado do pecador. Ele é levado a examinar-se, visto que é um filho da desobediência, como também um filho da ira. Tudo será reconhecido e confessado, sem contestação. Isso é o que evidencia a convicção do Espírito. B. Aqueles aos quais o Espírito chama efetivamente, Ele produz temor neles. O espírito de temor vem antes do espírito de adoção. Realmente, há vários, graus desses temores e terrores, no entanto o Senhor opera esses sentimentos em todos aqueles acerca dos quais Ele tem desígnios de amor, a fim de torná-los insatisfeitos em seu estado natural. A segurança carnal é uma das primeiras coisas que é atacada pelo Espírito. Ele ordena a alma que desperte e a faz saber que permanecer dormindo no pecado é muito mais arriscado do que se dormisse no topo de um mastro. O pecador tem toda razão para ficar amedrontado. Ele tem atraído ira contra si, a qual vem carregada com um onipotente e irresistível poder contra si mesmo. "Quem pode suportar a Sua indignação ? Quem subsistirá diante do furor de Sua ira?" (Naum 1:2). As maldições da lei têm um som apavorante aos ouvidos do pecador e, devido ser ameaçado de maldição, não ficará adormecido por muito tempo. A proximidade de tão grande mal aumenta excessivamente o medo. Sua aquiescência é profunda e em sua mente agora ele antevê: "...e em chama de fogo tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição... "(II Tess. 1:8-9). E, que miséria, ele pensa consigo mesmo, quão terrível será fazer parte do número daqueles que

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pedirão às rochas e montanhas para que caiam sobre eles, para que possam se esconder da face dAquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Isto faz com que ele pare repentinamente no seu mau caminho. Ele não se atreve a continuar correndo em direção ao pecado, assim como o cavalo corre em direção à batalha. C. Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele desperta pesar e tristeza neles por causa de seu pecado e miséria. Eles vêem o que têm feito contra Deus e contra si mesmos, e isso faz com que seus espíritos fiquem perturbados. Isso é o que é estar cansado e sobrecarregado (como dizem as Escrituras), estes são os que Cristo chama para vir a Ele, para que possam encontrar descanso para suas almas. (Mat. 11:28-29). Havia uma voz vinda dos lugares altos, voz de choro e súplica dos filhos de Israel, porque eles perverteram seus caminhos e esqueceram-se do Senhor seu Deus, e isso aconteceu antes de aceitarem o Seu convite para retornar a Ele. (João. 3:20-21). O pecador, pelo Espírito, é levado a contemplar a gravidade do seu caso, o mal do seu pecado, e ver quão miseravelmente ele tem sido enganado pela sua concupiscência e por satanás, como também sua loucura em se render a eles. Vejam como ele agora acusa e condena a si próprio! "Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante, era como um irracional à tua presença" (Sal. 73:21-22). Ele desejaria milhões de vezes que as tentações tivessem sido recusadas e que o pecado nunca tivesse sido cometido. Quero apresentar o lamento do coração do pecador nesta proposição: "Oh, como sou miserável, o que tenho feito eu durante todos os meus dias! Seria esse o fim para o qual fui criado, destruir a mim mesmo? Não havia algo melhor a fazer do que adicionar pecado a pecado, e então entesourar ira para o dia da ira? Quanto tempo tenho desperdiçado, e como tenho me esforçado para tornar ine um miserável! Ah, tolo, miserável auto-destruidor! Não percebe o quanto tem provocado a ira do Senhor? Oh, que meus olhos sejam fontes de lágrimas e que eu possa chorar dia e noite! Os condenados irão chorar e lamentar par sempre, e eu não deveria lamentar e chorar - eu que mereço tanto ser condenado? Tenho toda razão para estar perturbado e humilhado grandemente, e para prantear durante o dia todo". Assim o pecador se aflige e lamenta-se, pois a companhia dos amigos, os prazeres sensuais e as diversões mundanas não podem mandar embora suas tristezas. Ninguém, senão Aquele que faz as feridas no coração, é capaz de curá-las novamente. D. Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele faz com que se desesperem de si mesmos. Eles são levados a compreender que não há poder neles mesmos, a não ser fora dos caminhos do pecado e da miséria nos quais estão mergulhados. E como são incapazes de se ajudarem, então eles compreendem que são totalmente indignos de serem ajudados. Deus pode justamente permitir que permaneçam onde caíram e, não fosse a Sua

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intervenção, cairiam cada vez mais até não poderem mais ser recuperados. O pecador pode valer-se de suas boas obras, esperando com isso reconciliar-se com Deus por causa daquilo que ele tem feito de errado, entretanto é levado a ver que suas melhores obras estão tão misturadas com o pecado que, não fosse a justiça e a intercessão de Cristo, estas seriam verdadeiras abominações. Agora ele está abatido no seu interior. Ele não tem confiança na carne (Fil. 3:3). Ele não pode fazer nada por si mesmo. Não pode alegar que tenha direitos a ter algo feito em seu favor, mas ele deve esperar a graça de Deus para tudo. Baseado nisso, ele clama pelos caminhos do Senhor (Sal. 130:1). Ele percebe que está afundando e clama: "Dasprofundezas a ti clamo, ó Senhor. Senhor salva-me ou perecerei. Estou à beira do inferno e cairei, a menos que a mão da misericórdia me segure." Ele implora com Efraim: "Salva-me, e serei salvo. " E como o mal do pecado se torna manifesto à sua vista, assim a bondade de Deus é, em alguma medida, revelada pelo Espírito. E, portanto, ele decide se tornar um convertido, não somente pela necessidade, porque dessa maneira ele seria extrema e eternamente miserável, mas também por escolha, porque esse é o caminho para a verdadeira felicidade. E este desejo de ser convertido é como se fosse o primeiro sopro da operação do Espírito em todos aqueles que Ele chama efetivamente para voltarem-se para Deus, como também são as muitas outras maneiras como o Senhor chama os pecadores à conversão, muitas das quais tornaram-se sem efeito, porque aqueles que foram chamados são surdos, desobedientes e rebeldes. Meu trabalho, em segundo lugar, será discorrer sobre as razões por que Deus chama os filhos dos homens, dessas maneiras, para arrependerem-se dos seus maus caminhos e viverem. As razões são tais como se segue: 1. Por meio disso Ele mostra Sua natureza benevolente, pois Ele não Se deleita na destruição e morte de Suas criaturas. Realmente, a morte será infligida a eles, devido sua obstinação em continuar no mal, porém mostrar misericórdia e dar vida são coisas que agradam a Deus. Portanto Ele chama o mais obstinado à conversão. 2. O Senhor chama-nos à conversão para que através disso possa informar-nos sobre a nossa obrigação. Nós devemos entender daqui por diante que é nossa obrigação não mais errarmos o caminho, mas voltarmos rapidamente à casa de nosso Pai. E pela freqüente pressão dos apelos, nossa obrigação para com esta tarefa é grandemente intensificada. E verdadeiramente negligenciar nossa tarefa neste particular, e os grandes encorajamentos para isso, nossa recusa em voltar, nos causará maior dano do que todos os nossos pecados. Na nossa conversão todos os outros pecados seriam totalmente perdoados, todavia enquanto permanecermos sem conversão nenhum deles é perdoado. A culpa de tudo desaba sobre nós, e seguramente permanecemos debaixo da ira. 3. O Senhor nos chama ao arrependimento para mostrar que nossa conversão a Ele não será em vão. Embora o pecado tenha sido abundante, não

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existe somente a possibilidade, e sim a certeza de que se retornarmos seremos recebidos e abraçados misericordiosamente. E isso é algo de grande encorajamento para a alma que jaz sob a condenação do pecado e da ira. Ouçam a expressão que é usada para alertar a Judá! "Eis que tens dito efeito coisas más, e nelas permanece. Ora, tu te maculaste com muitos amantes, mas ainda assim, torna para mim, diz o Senhor" (Jer. 3:1, 5). Esse apelo evidentemente mostra que suas transgressões, embora grandemente multiplicadas, não seriam uma tranca para fechar as portas da misericórdia para eles - se eles se convertessem sinceramente. 4. O Senhor nos chama à conversão para tornar conhecido que é dEle mesmo que vem o poder e a força para nos converter verdadeiramente. Os preceitos e exortações das Escrituras sobre converter, arrepender, crer, e permanecer firme não são enviadas para que daí possamos concluir que temos poder em nós mesmos para fazer aquilo que nos é ordenado e exortado a fazer, mas eles são enviados para que possamos transformar tais preceitos em orações. Por exemplo, quando ouvimos o mandamento para crer, isto deve fazer com que clamemos como opai da criança doente fez no Evangelho: "Senhor, ajuda me na minha falta de fé. " Quando ouvimos o mandamento para rejeitarmos toda transgressão, devemos implorar como Davi: "Ordene meus passos em tua palavra, e não permita que a iniqüidade tenha domínio sobre mim. " Quando ouvimos o mandamento para nos arrepender, isto deve fazer-nos usar a linguagem do penitente: "Converte-me, e converter-me-ei, porque tu és o Senhor meu Deus. " (Jer. 31:18). 5. O Senhor nos chama à conversão para deixar sem desculpa o obstinado que não quer ser convertido, que não quer vir a Cristo para que possa ter vida. Dos filhos de Israel Ele disse: "Todo o dia estendi minhasmãosaumpovo rebeldee contradizente " (Rom. 10:21),mas a sua desobediência tornou-os indesculpáveis. Quando os incrédulos caem nas mãos vingadoras de Deus, são os que menos merecem compaixão. Eles não têm nada de que reclamar porque o estender das mãos de Deus através do ensino do evangelho foi em vão. Estes que pecam contra suas próprias almas, cuja cerviz é como tendão de ferro, os quais nunca se atemorizam pelas ameaças nem se abrandam pelas expressões de grande bondade e misericórdia, quando forem intimados a comparecerem ao tribunal, como serão abatidos e emudecidos -não tendo eles sequer uma palavra para dizer contra sua condenação! Eles foram chamados para a graça e a glória, contudo não deram ouvidos. Foram avisados do perigo que corriam, mas nada fizeram para prevenir-se. Foram esclarecidos sobre os caminhos do pecado e I foram advertidos acerca deles; foram instados com insistência e súplica com a mais intensa veemência a não serem cruéis consigo mesmos, dando vazão a al go tão maldito, todavia não concordaram em ser livrados do pecado e tornados servos da justiça. E certamente suas bocas devem ser fechadas ou, se disserem

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alguma coisa quando a sentença for proferida, deve ser para concordar com a justiça de Deus contra si mesmos, para reconhecer a eqüidade de Seus caminhos e a ' iniqüidade de seus próprios caminhos. 6. O Senhor nos chama ao arrependimento para que aqueles que estão ordenados para a vida eterna sejam eficazmente influenciados e persuadidos a realmente buscá-lO. Lemos que o evangelho foi pregado tanto para os judeus como para os gentios - "...e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna ". (Atos 13:48). E a verdade é, que é para o bem dos eleitos que estão espalhados entre a multidão, que o chamado seja tão universal quanto realmente o é. Por isso todos aqueles que o Pai tem dado a Cristo são conduzidos ao lar e, chegando em casa, quão bemvindos eles o são! "Todos aqueles que o Pai me deu virão a mim, e aquele que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. " Muitas são as razões porque Deus chama os pecadores à conversão. Em terceiro lugar, eu prometi explicar a natureza desta conversão ou arrependimento. E eu encontro o apóstolo dando uma notável e | completa definição em Atos 26:18, onde ele chama isto de uma volta { das trevas para a luz e do poder de satanás para Deus. Daí concluirmos I que a conversão baseia-se em quatro pontos: a. Em voltar-se das trevas; b. Em voltar-se para a luz; c. Em voltar-se do poder de satanás; d. Em voltar-se para Deus.

I.

A conversão implica em voltar-se das trevas. Como as trevas estavam sobre a face do abismo até que Deus dissesse: "Haja luz " (Gên. 1:2) assim verdadeiramente as trevas cobrem a alma do homem natural até que do alto ele seja iluminado. Os crentes são libertos do poder das trevas quando são trasladados para o reino do Filho. (Col. 1:13). Isto mostra que até um certo ponto eles estavam em trevas tanto quanto os outros. E se diz que estas trevas têm poder - poder para segurar, poder para cegar e poder para arruinar, de modo que há uma necessidade de ser liberto delas. Agora, há vários tipos de trevas dos quais eles se tornam livres. A. Os convertidos são tirados das trevas da ignorância. Eles não estão mais satisfeitos em desconhecerem o caminho da salvação, mas se tornam inquisitivos quanto ao que devem fazer para serem salvos. Eles são informados sobre a doutrina de Cristo, e são levados a entender o que significa crer e arrepender-se. Eles sabem que o pecado deve ser lamentado como o pior de todos os males, e que Deus é o Sumo Bem, e que Ele "... amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. " (João 3:16). Eles são levados a saber que Cristo deve ser recebido por fé, e que não há salvação em nenhum outro, e é

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vão esperar qualquer coisa dEle como Salvador a não ser que haja uma disposição para obedecê-lO como Senhor. Estas e outras verdades semelhantes não mais lhes são ocultas. Eles estão cientes agora do mal e do perigo da ignorância. Portanto, eles desejam ardentemente ser libertos da ignorância, e prosseguir em conhecer ao Senhor. B. Os convertidos são tirados das trevas da incredulidade. O Espírito faz uma obra de persuasão em seus corações a respeito das verdades estabelecidas, de tudo o que Deus (em revelado em Sua Palavra. Todavia, eles não devem atrever se a continuar a fazer Deus mentiroso, deixando de acreditar naquilo que Ele registrou. Eles crêem, admiram e reconhecem a sabedoria do mistério de Deus do Pai e de Cristo. (Col. 2:2). Até agora, sua incredulidade ocultou deles o evangelho eosmantevena condição de perdidos. Eles não entendiam o mistério da Palavra. Eles não consideravam os tesouros da sabedori a e da graça, os quais são agora revelados. Nem ficaram amedrontados com as ameaças dos terrores que pesam contra os ímpios, terrores esses dos quais a Palavra está cheia. No entanto agora o véu é retirado e eles concordam e se comovem com o que o evangelho lhes fala. Eles crêem que Deus está em Cristo reconciliando o mundo conSigo mesmo, não imputando-lhes suas transgressões, e que "sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. " (Rom. 5:9). Eles crêem que o pecado é mortal e que o mundo é um engano, que a felicidade verdadeira e eterna é encontrada só em Deus. Portanto eles deixam o que é inconsistente para abraçar aquilo que é substancial. C. Os convertidos são tirados das trevas do preconceito. O preconceito levanta um estranho tipo de neblina diante dos olhos, a qual impede que a luz da verdade brilhe na mente. O preconceito dos judeus contra Cristo foi o maior causador da cegueira deles, o principal impedimento para que abraçassem a fé. Satanás esforça-se para encher os ímpios com este preconceito, a fim de incentivá-los, porque através disso seu reino é sustentado. Às vezes os pecadores são preconceituosos contra a santidade como se ela fosse uma desgraça, ao passo que, sendo ela a glória da natureza divina, certamente é a maior honra e perfeição de que a criatura racional é capaz de experimentar. Às vezes a santidade é vista como desnecessária, entretanto as Escrituras afirmam que ninguém verá a Deus sem santidade. Às vezes o coração carnal se levanta contra a santidade pois imagina que ela não é consistente com nenhum dos seus deleites e prazeres, porém o que realmente acontece ao sermos convertidos a Deus é que não perdemos a nossa alegria, posto que ela é sublimada. O reino de Deus não é somente justiça, mas também gozo paz e alegria no Espírito Santo. (Rom. 14:17). Antes a alegria era pobre, inferior, irracional, e impura, sendo misturada com a relutância muito secreta da consciência e apreensões do coração. Agora, na conversão, a alegria é pura, angelical, satisfatória, e zelosa daqueles prazeres que serão para toda a eternidade. (Sal. 16).

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Este preconceito irracional não é somente contra os caminhos da santidade e sim também contra os que anunciam estes caminhos. Havia um preconceito contra Elias, como se ele fosse o perturbador de Israel; contra Jeremias, como se fosse infiel à nação e amigo secreto dos caldeus; contra os apóstolos, como se tivessem sido intoleráveis perturbadores que viraram o mundo de cabeça para baixo. E na verdade o tesouro, na maioria das vezes, é negligenciado, apesar de seu inestimável valor, por causa do vaso no qual é derramado. Contudo, quando alguém é convertido, a neblina do preconceito é imediatamente dissipada. Então a rigorosa doutrina derrotará aquilo que antes estava causando náusea e fazendo o coração rebelar-se contra ela. Então o servo de Cristo será estimado e obedecido, aquele que antes era visto como impuro e a escória do mundo. (I Cor. 4:13). D. Os convertidos são tirados das obras das trevas. Estas obras são rejeitadas. (Rom. 13:12). Não é permitida nenhuma presunção de pecado. Eles percebem quão infrutíferos foram seus antigos caminhos e portanto envergonham-se deles. (Rom. 6:21). Seguramente no passado entraram no pecado porque não sabiam para onde estavam indo, mas agora percebem a tendência dessas obras das trevas, as quais conduzem ao negror das trevas eternas. E então são libertos do pecado, ou seja, libertos da servidão do pecado, e se tornam servos da justiça. O pecado pode apelar duramente contra essa rejeição, porém todos os seus apelos são inócuos. O pecado sedutor, conseqüentemente, pleiteia da seguinte maneira: "Eu o levantei de um nível miserável para o mais alto grau. Eu enchi sua carteira e supri sua mesa. Por minha causa você conquistou um status promissor, pois de outra forma você não seria muito diferente de um mendigo. E como eu posso ser rejeitado, tendo sido de tão grande benefício e tendo trazido tantas vantagens?" Entretanto, o convertido tem o suficiente para responder a tal pleito. Qualquer que tenha sido seu ganho ilícito ele deve restituir. Se ele tivesse confiado em Deus e agido corretamente, ele teria lucrado muito mais. O mamom da injustiça é acompanhado de uma maldição, e durante todo o tempo que ele prosperou de maneira ilícita, esteve destituído das verdadeiras riquezas. É espantoso que por causa de tal ganho ilícito ele não tenha perdido sua alma há muito tempo. Agora, portanto, está determinantemente decidido contra o ganho ilícito, caso que posteriormente e sem aviso prévio, ele venha a descobrir que Deus, Cristo e a salvação de sua alma não estão mais ao seu alcance. O pecado sedutor não está sem argumentos para ser tratado com carinho: "Eu tenho dado prazer à sua carne e alegria ao seu coração. Eu tenho feito com que os dias e as noites passem sem ser sentidos. Eu tenho satisfeito seus desejos e feito seus lábios cantarem de alegria. Tenho entorpecido e adormecido a fúria chamada "consciência" quando ela começou a instigar e a torturar você. Tenho afugentado suas preocupações e feito você esquecer suas

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tristezas. Houve tempo quando os seus pensamentos a meu respeito eram deleitosos e eu era abraçado como algo querido. E por que deveria eu agora ser banido e morto como se fosse um inimigo? Asafliçõesda alma e quebrantamento de coração deveriam ser preferidos ao invés da doçura que eu estava acostumado a oferecer a você?" Mas os ouvidos do convertido são surdos para tão sedutora melodia. Uma palavra é suficiente para derrotá-la e responder a tudo isso: "...usufruir os prazeres transitórios do pecado " (Heb. 11:25), porém as dores do inferno (as quais certamente serão inevitáveis se não houver conversão) jamais terão um fim nem mesmo serão no mínimo abrandadas. O homem rico que tinha vivido prazerosamente e em abundância todos os dias de sua vida, quando foi lançado nas chamas implorou por uma gota de água e até isso lhe foi negado. Portanto, as obras das trevas são rejeitadas pelos convertidos. Os prazeres dessas obras são nada comparados à dor, nem o ganho comparado à perda que rapidamente se seguirá. 2. Esta conversão implica em se voltar das trevas, e também em voltarse para a luz. "Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor, andai como filhos da luz.". (Ef.5:8). Vejam também II Cor. 4:6 - "...que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. ". Esta luz tem uma tríplice propriedade: revelar, direcionar e operar. A. Esta luz revela. O apostolo nos diz: "a luz tudo manifesta ". O convertido enxerga o que nunca viu antes. Pode ser que haja muitas rãs, serpentes e outras repugnantes e odiosas criaturas em um calabouço, mas enquanto a luz não brilha ali estes não são percebidos. O romper da luz os revela. E assim muitos sentimentos impuros e ofensivos têm sua morada no coração do homem, porém eles não são realmente reconhecidos, nem são os tais motivo de aborrecimento, até que a luz os tornem manifestos. O convertido vê seu pecado, sua vergonha. Ele é ciente das pragas de seu próprio coração e a absoluta necessidade de cura. Semelhantemente o seu verdadeiro interesse lhe é revelado, ou seja, buscar primeiramente o reino de Deus e Sua justiça, guardar a sua alma (a qual é muito mais valiosa do que o mundo) e ter em mente a única coisa necessária, a boa parte que nunca lhe será tirada. B. Esta luz direciona. Ela guia aqueles que se voltam para o caminho da paz e da verdade. A lâmpada da Palavra (mesclada ao Espírito que a ensina) mostra quais são os perversos e tortuosos caminhos, a fim de que possam ser esquivados e evitados. Ela também direciona para aqueles caminhos que são agradáveis a Deus e agradáveis em si mesmos, e são, além disso, tão extremamente seguros que ninguém que caminhou por eles tenha jamais perdido o céu. Somos levados a crer e a obedecer, e quando fé e obediência se juntam, o resultado desta união certamente será a glória, a honra e a imortalidade.

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C. Essa luz opera de uma maneira poderosa. Ela é tanto luz quanto calor. Os convertidos se apercebem do mal, da loucura do pecado, portanto, agora eles o vêem através de outra luz e seus corações fervem de indignação contra o mesmo. Eles vêem o pecado do modo como são profundamente atingidos. Eles o lamentam e o abominam. Antes foram informados da misericórdia e onipotência e outras perfeições de Deus, todavia agora eles têm uma visão de Sua glória na face de Cristo que suscita o amor ardente, e tal amor os leva à ação. Quando Calebe viu a terra da promessa ele desejou muito entrar e possuí-la. (Num. 13:30). E verdadeiramente quando a luz revelar a Canaã celestial e ensinar aos convertidos como chegar lá, oh, quanta vigilância, quanta oração, quanta resistência, quanto empenho será empregado! 3. Esta conversão implica em ser libertado do poder de satanás. Ele é o espírito que opera e governa nos filhos da desobediência (Ef.. 2:2) e tem domínio sobre eles até que sejam convertidos. Mas então ele é expulso e suas fortalezas são derrubadas. Que maravilha! Considerando o ódio do diabo, seu poder, sua sutileza, que misericórdia é essa que tenhamos em mãos as cordas com que nos manteve cativos ao seu bel prazer! Três coisas são compreendidas ao sermos libertos do poder de satanás: A. Aqueles que são convertidos são libertados do domínio de satanás. Eles têm sabedoria e graça para resistir à sua autoridade usurpada. A promessa feita a eles é que não estão mais debaixo da lei e sim debaixo da graça, e que o pecado não terá domínio sobre eles. (Rom. 6:14). Isto implica necessariamente que o domínio de satanás será destruído, pois é pelo poder do pecado que ele os mantém presos. O laço é agora rompido e a alma escapa como um pássaro liberto da armadilha do caçador. Como é escravo de satanás o pecador não convertido! Se o diabo lhe diz para ir, ele vai; não, ele corre, ainda que seja paraasua própria ruína. O diabo só precisa pedir para ter. Ele pode exigir o tempo e os membros do pecador, e mesmo sua alma - e os terá. O convertido, porém, corre para perto de Deus, e é tão fortalecido pela Sua graça que, ao invés de ser comandado por satanás, ele o compele a fugir. B. Aqueles que são convertidos se mantêm à distância de satanás. Eles são conscientes de quão indignas e injuriosas são as artimanhas de satanás, tanto para Deus quanto para suas próprias almas. E existe uma obra melhor do que a dele, a saber, a obra do Senhor, na qual eles labutam e, por mais que se empenhem, ainda deixam incompleta. C. As armadilhas de satanás se tornam desprezíveis para todos aqueles que são convertidos. E é através delas que satanás é tão poderoso. O deus deste mundo usa grandemente o mundo para encantar e enlaçar os filhos dos homens. Ele magnifica excessivamente os deleites da sensualidade, alimentação requintada, roupas caríssimas, crédito entre os homens e recreações agradáveis. Ele insinua: "Quão feliz estas coisas lhes farão!" Ele fala aos pecadores do valor da prata e do ouro, e freqüentemente, através da visão

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incendiada em seus olhos, se esforça para manter seus corações com um ardente desejo para aquilo que é belo. No entanto o convertido, pelos olhos da fé, olha para coisas mais elevadas que essas. Ele é levado a ver a vaidade das coisas materiais. Experimentou o peso da ira divina, e agora o mundo lhe parece uma bolha vazia, uma coisa insignificante. Sua consciência foi ferida, e uma vez ferida, ai! Nenhuma das coisas que o mundo pudesse dar-lhe, absolutamente nenhuma, poderia curá-lo. O convertido é levado a olhar para as coisas do alto e assim pode perceber as riquezas de duração infindável, os prazeres mais permanentes do que aqueles de que o mundo se gaba. Dessa forma ele não se deixa levar pelas coisas aparentes, e sim por aquelas que não são aparentes. Embora ele esteja no mundo, enxerga além dele. Moisés, a despeito da recompensa do prêmio, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, desprezou os prazeres do pecado e todos os tesouros que estavam no Egito. 4. Esta conversão, visto que implica num desprender-se do poder de satanás, implica também num voltar-se para Deus. "Torne para mim, diz o Senhor dos Exércitos, e eu tornarei para vós" (Zac. 1:3). Assim como na corte do rei, muitos dos que vão para lá ocupam-se em observar as curiosas tapeçarias e quadros que ali estão, porém, o sábio estadista não se ocupa de tais coisas. Seu negócio é com o próprio rei. Da mesma maneira, enquanto a maioria da criação está sendo levada inteiramente a observar, admirar, a seguir isto ou aquilo, e outras vaidades, o convertido (que se mostra ser verdadeiramente sábio) se aproxima de Deus que fez todas as coisas, e que pode torná-lo mais feliz do que tudo isso poderia fazer. Ora, quando o pecador retorna para Deus, ele O vê sob três aspectos: como Senhor, como Pai e como seu maior objetivo. A. O convertido vê Deus como Senhor. Reconhece Sua soberania e submete-se a Ele e ao Seu cetro. Outros senhores tiveram realmente em tempos passados domínio sobre ele (Is. 26:13), mas agora sua resolução é fixa e peremptória em não possuir nenhum outro Senhor senão somente Deus. Sua vontade se curva em obediência à vontade de Deus. Quando sua inclinação natural em direção a qualquer coisa é muito veemente, se o convertido toma conhecimento de que tal inclinação deixará Deus muito descontente, isso é suficiente para pôr um fim nos seus desejos. Ele toma os testemunhos do Senhor como norma, a fim de regular sua conduta, e quando ouve que Deus lhe tem ordenado que mantenha Seus preceitos diligentemente, seu coração emite um eco em resposta àquele comando: "Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos. Oxalá os meus caminhos fossem dirigidos de maneira a poder eu observar os teus estatutos." (Sal. 119:4-5). Ele não mais se atreve presunçosamente a cometer o mal que a Palavra proíbe, nem omitir o bem que a Palavra ordena. Imperfeições e enfermidades existem e existirão. "Em muitas coisas, o ofendemos muito " disse o apóstolo, mas este mal que está presente com o

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convertido é um peso para ele. A lei do Senhor é aprovada e aceita por ele. Há um deleite naquilo que é santo, justo e bom. O convertido (o qual é diferente dos hipócritas) está muito longe de querer que a lei fosse menos santa, a fim de que tenha liberdade para pecar, mas ele deseja que seu coração e sua vida sejam mais santos, e mais e mais estejam em conformidade com a lei. B. O convertido vê Deus como Pai, ou como desejando que Ele Se torne seu Pai em Jesus Cristo. Isso foi dito na verdade por um erudito, "Não há nenhum outro Pai como Deus, nenhum outro há tão pleno de afeições paternais." Ele tem reservas suficientes para suprir todas as necessidades dos filhos pródigos que regressam, e Ele está muito mais desejoso de prover esse suprimento para aqueles que sentem sua necessidade e o buscam do que os pais terrenos possam querer alimentar seus filhos famintos. (Mat. 7:11). Por isso vale a pena retornar. Aquelas parábolas da ovelha perdida, da moeda perdida e do filho pródigo foram transmitidas para esse fim: para encorajar os pecadores e voltarem para casa, para Deus. (Lucas, capítulo 15). Aquele homem se regozijou quando encontrou sua ovelha perdida, também aquela mulher quando encontrou sua moeda de prata. Aquele pai amoroso, cujo filho voltou ao lar por necessidade, depois de estar prestes a perecer num país distante - e embora tenha voltado ao lar em trapos, tendo gasto todas as suas economias numa vida desenfreada -eu digo que aquele pai amoroso, tão logo que viu seu filho, correu para ele, e tendo compaixão dele o abraçou, o beijou, o vestiu, o adornou e fez uma festa para ele. Como ficou feliz porque o filho perdido foi encontrado, e o que estava morto reviveu! Podemos concluir que Deus está desejoso de receber todos aqueles que, estando cônscios como Jó: "pequei, e perverti o direito, o que de nada me aproveitou " (Jó 33:27), se voltam a Ele de todo o coração. E verdade que os pecados do convertido junto com seu coração incrédulo enchem-no muitas vezes de dúvidas e temores. Ele se lembra de Deus e fica perturbado porque Lhe tem provocado tão amargamente. Ele fica temeroso de chamar-Lhe de "Pai" e tem muitas dúvidas de que será recebido. Mas novamente a fé e a esperança são encorajadas por promessas tais como as que se lê em II Cor. 6:17-18: "nãotoqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso. " C. O convertido vê Deus como seu objetivo maior. Portanto deseja que Deus possa ser glorificado, e possa ser desfrutado pelo seu retorno a Ele. O convertido é conscientizado de que enquanto incrédulo ele viveu para a desonra de Quem lhe deu vida, e em cuja mão está o seu fôlego de vida. Agora, entretanto, ele deseja ardentemente andar de maneira digna do Senhor, sendo Lhe em tudo agradável, sendo frutífero em todos os trabalhos que são para o Seu louvor. Antes ele só pensava em si mesmo, em suas próprias coisas. Não tinha alvos elevados além de satisfazer as inclinações mundanas da carne com o que sua mente carnal e corrupta julgava conveniente. Ele não se preocupava com o quanto o Senhor estava magoado e

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entristecido. No entanto, agora ele tem outra mente. Ele sustenta os mesmos desígnios dos anjos, os mesmos propósitos que Cristo teve, a saber, honrar e agradar ao Deus da glória. E não somente cumpre seu propósito em suas ações espirituais, mas também em suas ações naturais, civis e recreativas, as quais, estando ele renovado, se tornam espiritualizadas. Ele leva a sério o que o apóstolo diz em I Cor. 10:31: "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. " E agora ele vive como nova criatura, como um filho. Antes não vivia nem como um nem como outro, pois vivia somente para si. Por assim glorificar a Deus, o convertido toma o rumo certo para alegrálO. Ele vê Deus como a melhor porção, e portanto se lança sobre Ele. Agora esta é sua linguagem: "Deixem os homens mundanos participarem das coisas do mundo que lhes agradam. Deixem que corram atrás do vento. Deixem que se envergonhem e se aborreçam com aquilo que, uma vez alcançado, resultará somente em mais aborrecimentos. Minha alma busca a Deus. Somente Ele merece minha busca. Somente Ele, quando encontrado, pode preencher-me totalmente." O convertido não se satisfará com apenas um pouco de Deus. Riquezas não poderão fazê-lo. Reputação, prazeres sensuais tampouco poderão fazê-lo. Nem mesmo as ordenanças por si mesmas, pois são iguais a corações vazios e cisternas rachadas, a menos que venham acompanhadas do prazer da comunhão com Deus. O convertido ora para Deus, ele ouve a Deus, ele jejua para Deus, ele participa da Ceia do Senhor para Deus. Para ele a terra é como um inferno se Deus estiver ausente, e avalia que o céu não seria o céu se Deus não estivesse sempre presente. Assim, tenho mostrado até aqui em que consiste a conversão, ou seja, consiste em voltar-se das trevas para a luz, e do poder de satanás para o poder de Deus. Devo acrescentar uma palavra ou duas para esclarecer através de quem o pecador deve voltar-se para Deus, se ele realmente deseja ser recebido. E a verdade é esta, que é somente através de Cristo. O apóstolo claramente afirma: "porque por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito " (Ef. 2:18). E nosso Senhor em termos expressos, diz em João 14:6: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim." É impossível que criaturas tão culpadas e corruptas como nós, por causa do pecado, possam ser aceitas diante de um Deus justo e santo, sem terem um Mediador. Portanto segue-se que existe uma necessidade de olharmos para Jesus para podermos usar a frase do apóstolo, "em quem Deus está reconciliando consigo o mundo " (II Cor. 5:19). Doutro modo não devemos nos atrever a aproximarmo-nos dEle, mas sim fugirmos com medo de sermos consumidos (como de fato merecemos). Agora quando olhamos para Jesus o Mediador, devemos olhar para Ele como sendo a nossa Justiça, nosso Advogado e nosso Ajudador.

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1. Precisamos olhar para Jesus como nossa Justiça. Este é o nome através do qual aquele renovo que brotou de Davi é chamado: "O Senhor Justiça nossa ". (Jer. 23:6). Não há como vir para Deus sem justiça. Nossa justiça é considerada como trapo de imundícia, e desde que é um trapo não é capaz de nos cobrir; visto que é trapo de imundícia não pode nos adornar ou recomendar-nos. Portanto, precisamos olhar para Jesus para que Ele seja feito justiça por nós, para que em consideração à Sua obediência e sofrimento em nosso lugar, nossos pecados possam ser perdoados e possamos ser aceitos diante de Deus. A justiça de Cristo, a qual é imputada aos crentes, é de tal forma perfeita e suficiente, de modo que os penetrantes e puros olhos de Deus não podem perceber a mínima imperfeição ou defeito neles. Entretanto, se somos assim convertidos, nenhum de nossos pecados surgirá contra nós ou será lançado sobre nós. Cristo morreu e, baseado na Sua morte, Deus justifica. Quem, portanto, poderá acusar ou condenar aqueles que crêem? 2. Quando nos voltamos para Deus, precisamos olhar para Cristo como nosso Advogado:"... se alguém pecar, temos um advogado com o Pai, Jesus Cristo o justo." (I João 2:1). Como esse Advogado sofreu para adquirir perdão e graça, então Ele intercede para que estes possam ser concedidos aos pecadores que se arrependem, e Deus Seu Pai sempre O ouve. Devemos refletir, encorajandonos através da consideração, de que temos um Sumo Sacerdote à mão direita de Deus. Quando o pecador se vê em sua destruição, e pede por remissão de pecado, pela cura de suas feridas espirituais, e pela salvação de sua alma, que parece estar às margens da condenação, esse Advogado irá levar as petições do pecador e apresentá-las ao Seu Pai, e tudo será concedido, sim, e infinitamente mais do que o pecador possa desejar ou conceber. 3. Quando nos voltamos para Deus, precisamos olhar para Cristo como nosso Ajudador. Ele fortalece os joelhos fracos, do contrário não seríamos capazes de dar um só passo no caminho da vida. O Senhor Jesus é chamado "o Autor da nossa fé" (Heb. 12:2) e através dEle podemos ter acesso àquela graça na qual permanecemos. (Rom. 5:22). O pecador precisa se aperceber de sua incapacidade de arrepender-se, de se libertar, e baseado nisso precisa olhar para o Filho de Deus, para tirar sua alma da prisão, para torná-lo realmente livre da maldição da lei, da escravidão da corrupção, e torná-lo apto a voltarse para Deus e apegar-se a Ele.

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APLICAÇÃO 1. DO EXAME Uma vez que Deus chama reiteradamente os pecadores para voltaremse, é muito interessante examinar se esse chamado tem sido obedecido! È sábio colocar nossa graça diante da Pedra-angular, visto que existe tanta falsificação da graça no mundo. Devido ser fácil e comum equivocar-se sobre esse assunto, portanto não existe nenhum erro mais perigoso, e muito em breve não será mais possível corrigir erros sobre a salvação. E então os condenados vêem onde foram enganados, mas ai deles! É muito tarde para pensar em voltar e consertar. A porta da misericórdia está fechada e barrada, e estará barrada para sempre. Recordo-me de Theodoret, comentando sobre esse texto, observou que a repetição da palavra "arrependei-vos, arrependei-vos" nos leva a entender a sinceridade requerida na conversão. Uma mera aparência nos coloca mais distantes de Deus. Falarei agora de algumas mudanças que têm uma semelhança com a conversão, as quais carecem da graça e da glória de Deus.

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(1) . Aqueles que estão somente voltados para qualquer partido ou opinião sobre os assuntos menos relevantes da religião não podem dizer que foram convertidos. Suponhamos que suas opiniões sejam ortodoxas e corretas. Que importa isso se seus corações não são corretos segundo a visão de Deus? Quanto aqueles que se comprazem em ter o nome de não-conformistas, o que significa isso, a menos que se recusem a se conformarem às ondas e cursos deste mundo? Por outro lado, aqueles que se gabam de serem filhos da igreja, que vantagem terão se pelas suas juras, mentiras, e ódio à santidade se se mostrarem ser filhos de Belial? (2). Aqueles cujo arrependimento é somente parcial não são convertidos. Saul obedeceu em parte a ordem de comando do Senhor contra Amaleque. Aquilo que era vil e refugo ele destruiu completamente, mas o refinado Agague e o melhor do despojo ele poupou. (I Sam. 15:9). Essa obediência parcial é censurada e considerada como alta rebelião, (versículo 23). Muitos irão se render ao chamado de Deus de alguma maneira. Eles consentirão em mortificar os pecados dos quais possam facilmente deixar, mas o principal, o querido, o pecado refinado no qual eles vivem, ou com que vivem tão agradavelmente, esse não será tocado! Herodes foi um convertido parcial. Em vários aspectos ele rendeu-se em obediência às pregações de João Batista, porém quando João requereu dele o arrependimento em função do incesto que praticava com Herodias, isso não pôde ser tocado. Apesar de obedecer a mensagem, ele perseguiu, e posteriormente matou, o mensageiro. (3) Aqueles que somente se voltam para Deus quando as dificuldades atingem seus limites e posteriormente são culpados de insurreição, não são convertidos. Israel, quando o Sinai estava em chamas diante de seus olhos, voltou-se para Deus por medo de ser consumido. Então clamaram eles: "e tu nos dirás tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, e o ouviremos" (Deut. 5:27). No entanto, passados poucos dias já tinham se esquecido, e rapidamente se desviaram do caminho que Deus havia determinado, e caíram em total idolatria. E novamente lemos: "Pondo-os ele à morte, então o procuravam; e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Todavia... o seu coração não era reto com ele, nem foram fiéis ao seu concerto." (Sal. 78:34, 36-37). Quantas resoluções no leito da enfermidade têm uma aparência de conversão, e quando a saúde é restabelecida desaparecem completamente? A verdadeira conversão é uma mudança permanente. Pode haver deslizes e quedas como as de quem cochila: as virgens prudentes "tosquenejaram todas c, adormeceram " (Mat. 25:5), embora não se tenham mostrado prudentes em fazer isso, entretanto, verdadeiros convertidos nunca vão tão longe como mudar de Senhor ou escolher qualquer outro, senão Deus, para ser sua maior felicidade. Leitor, cuidado para não ser somente um quase convertido, pois você não desejaria ser somente quase salvo e completamente perdido.

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A questão agora será: como pode a verdadeira conversão ser distinguida entre todas aquelas exibidas por meio das quais multidões têm sido iludidas? A isso respondo da seguinte maneira: (A). Na verdadeira conversão todo o amor por qualquer pecado conhecido é retirado do coração. A força do pecado reside em nosso amor a ele; por isso, amá-lo prova claramente que o coração ainda está preso a esse amor. A linguagem do convertido é: "Por isso tenho em tudo como retos todos os teus preceitos, e aborreço toda a falsa vereda ". (Sal. 119:128). Você ama principalmente aquilo que Deus requer de você. Se comete pecado, e isso se tornar conhecido em público, como pode você ter condição de diz;er que foi convertido? Não é suficiente abster-se do ato exterior do pecado - um fariseu hipócrita poderia ir além disso - mas a alma do convertido deve abominá-lo. Especialmente o pecado que tem sido mais desejado, mais deleitado, deverá ser o mais detestado quando a conversão é autêntica. O homem ganancioso, quando realmente convertido, irá abominar a cobiça em escala maior; o impuro abominará sua imundice; o orgulhoso, seu orgulho; e a razão é evidente, é porque através desses pecados essas pessoas têm se poluído e corrompido, e acima de tudo, Deus tem sido ofendido e desonrado. (B). Na verdadeira conversão existe uma renovação do homem no seu todo. Todas as coisas se tornam novas, diz o apóstolo em II Cor. 5:17, e para aqueles que são novas criaturas, as coisas antigas já passaram. O homem inteiro é santificado, embora não completamente santificado. Cada parte é mudada, ainda que a mudança não seja perfeita. O entendimento é agora iluminado, a consciência se torna sensível e exerce grande controle. O coração por sua vez escolhe a Deus e deseja Seu favor e amizade. Os membros são apresentados como instrumentos de justiça para a santidade. O convertido voluntária e resignadamente entrega todo o seu ser, tanto o espírito quanto o corpo, para o Senhor. (C) Na verdadeira conversão há um desejo de ser transformado mais e mais. Há um anseio pelos mais altos graus de justiça. Aquilo que resta da carne é um fardo, e "a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne" (Gal. 5:17). O convertido vai a Deus para o aperfeiçoamento daquilo que lhe diz respeito, a fim de fortalecer aquilo que Deus tem realizado nele. Senhor, Tu tens feito muito por mim, mas ainda existe muito mais para ser feito. Existem muitos inimigos ainda para serem subjugados, muitas indisposições ainda para serem curadas, muitas manchas para serem apagadas, muitas rugas ainda para serem alisadas. Oh! Tu que tens posto o fundamento, construa o edifício e por último coloque a pedra de arremate, para que eu possa gritar, "Graça, graça, para sempre!" (D) . Na verdadeira conversão existe um puro e ardente amor para com os convertidos. O amor pelos irmãos é um sinal de ter passado da morte para a vida. (I João 3:14). Ainda que sejam humildes, pobres, a parte fraca, ainda que sejam caluniados e desprezados pelo mundo, porém, se eles forem santos

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serão estimados e aceitos por aqueles que foram sinceramente transformados. Além disso, quanto mais santo somos mais correto é nosso amor, quanto mais os amamos mais santos serão seus propósitos a nosso respeito. Quanto mais francos forem conosco por causa do pecado que vêem em nós, ainda mais ardentemente os consideremos. Sim, e podemos nos regozijar em sua graça, embora sejamos obscurecidos pelo intenso brilho que há neles. (E) . Na verdadeira conversão existe compaixão pelos não convertidos. Aqueles que foram convertidos têm escapado do perigo e eles devem preocupar-se com aqueles que continuam em perigo. Que mais poderiam fazer além de lamentar seus conhecidos e seus parentes que estão no mundo sem Cristo? Oh, como eles correm perigo! Quando vão dormir, não sabem se irão acordar em meio as chamas que serão inextinguíveis! Quando saem de casa poderão estar no inferno antes mesmo de voltarem! Eles estão pendurados sobre o inferno pelo tênue fio de suas vidas, e milhares de coisas podem acontecer diariamente que são suficientes para romper esse fio. Então, caindo, não haverá redenção. Oh, que triste é a situação do ímpio! Se você que é uma esposa religiosa acordasse no meio da noite e encontrasse seu esposo morto ao seu lado, isso não a afligiria e pasmaria extremamente? Oh, se você é o chefe da família e inesperadamente encontrasse seus filhos e empregados mortos diante de seus olhos, não seria o seu coração grandemente afetado? E certamente se o seu marido, sua esposa, seus filhos, seus empregados estão mortos no pecado, em perigo de serem condenados para sempre, você tem muito mais razões para estar preocupado com eles e se empenhar em avisá-los, e orar e chorar a fim de vê-los arrependidos e reconciliados com Deus. Agora, leitor, julgue-se através desses sinais característicos da conversão. Se você os encontrar em sua vida, pode regozijar-se porque isso mostra claramente que o seu nome está escrito no Livro da Vida. Mas se ainda houver algum pecado que você ama, sua mente e sua consciência, seu coração e sua vida, estão maculados. E como você não foi regenerado, então não terá desejos de alcançar a graça vivificadora. Se você se deleita naquilo que e carnal e odeia os santos, isso mostra que você nunca experimentou a conversão e está em amargurada tristeza até agora. 2. DO TERROR Quem quer que você seja, alto ou baixo, rico ou pobre, mulher ou homem e que esteja lendo estas linhas e nunca foi convertido, eu sou um enviado de Deus para você e trago duras notícias, tais como: se você continuar sendo cruel e irracional, pode lhe acontecer como aconteceu com Belsázar, que viu aquela mão na parede escrevendo: "Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram, as juntas dos seus lombos se relaxaram, e seus joelhos bateram um no outro. " (Dan 5:6). Eu não vou profetizar coisas boas a seu respeito, porém coisas más. Tenho algo a dizer-lhe, o qual está escrito com

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lamentação, tristeza e pesar. Possivelmente você está feliz e seguro, entretanto isso é como a alegria e o riso de um homem que está emocionalmente desequilibrado, cuja condição reflete que seu desequilíbrio é o mais doloroso. Pecador, você não tem razão para sorrir enquanto estiver nesse estado. Quantas ameaças pesam agora contra você? Suponha que estivesse cercado por canhões, todos prontos para serem disparados contra você. Isto seria considerado como nada se comparado às terríveis ameaças e maldições que o justo e zeloso Deus tem proferido. Abra os seus olhos e observe em toda e qualquer direção. Isso seria suficiente para que seu coração se enchesse de terror; acima um Deus irado; abaixo, um inferno flamejante; atrás uma inumerável hoste de pecados perseguindo você; na frente, satanás e o mundo lhe conduzindo ao longo de um largo caminho rumo a destruição. Quero explicar mais particularmente as seguintes verdades e aplicá-las ao seu coração: (1) Enquanto não for convertido, você também não estará perdoado. Está endividado em muitos milhões de cruzeiros e até agora nem um cruzeiro dessa dívida foi pago. A menor transgressão faz você sujeito à maldição da lei; poderia, então, imaginar o que seus muitos pecados têm feito de você, miserável condenado? Deus tem determinado eliminar tudo isso se retornar e confessar sua iniqüidade. Ele irá depositar todo o fardo nos ombros do Mediador, todavia, se você não concordar em ser salvo, então terá que suportar as conseqüências sozinho. O pecado é uma coisa diferente daquilo que você imagina. A primeira transgressão de Adão ao comer o fruto proibido (a qual foi agravada porque ele teria sido como Deus, porém ele creu na serpente e tornou Deus mentiroso, o que na realidade significou uma completa rejeição do pacto de vida feito com ele) oh, como isso lhe foi penoso! E não somente ele, mas toda a sua descendência, o que é o pior de tudo. E se um pecado trouxe a maldição sobre todos os filhos dos homens, pense, ó alma, como será possível a você suportar o peso de todos os pecados que tem cometido? O pecado faz toda a criação gemer, faz o condenado lamentar e se desesperar, pois estará com um fardo insuportável sobre si para sempre. Nosso Senhor achou o pecado pesado. Isso levou-O a agonizar e tornou Sua alma excessivamente triste até à morte. Deus lamenta que Cristo seja pressionado pela iniqüidade. A carroça é pressionada pela carga que leva, e você, pecador, tratará isso levianamente? Oh, um dia quão pesado você achará seu fardo! (2). Enquanto não for convertido você estará entesourando mais e mais ira para o dia da ira. Sua contagem já é alta, mas a cada dia seu placar aumenta. Cada dia você faz novos pontos, embora a consciência esteja tão cauterizada que agora não sente nada. Como a sua pele cobre o seu corpo, proporcionalmente, assim também os vasos da indignação divina ficam mais cheios, os quais por fim serão todos derramados sobre sua cabeça. É uma crueldade anormal fazer mal a si próprio, ser o assassino de sua própria alma.

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Você está continuamente afastando--se de Deus e fazendo com que Ele fique mais e mais contra você, Aquele que unicamente pode ser seu refúgio e salvação. Você verá afinal que tem sido seu próprio adversário e que tem agido para sua própria confusão. "Acaso é a mim que eles provocam à ira, diz o Senhor, e não antes a si mesmos, para confusão dos seus rostos?" (Jer.7:19). (3) . Enquanto não for convertido você se torna cada vez menos apto para a glória e a santidade. Quanto mais impuro você for, menos apto estará para ver Deus. As abominações que você pratica e ama o tornam um habitante inadequado para a Nova Jerusalém. A herança celestial é a herança dos santos. É uma herança incorruptível e impoluta. (I Ped. 1:4). A companhia toda é santa e santos são todos os afazeres. Não há sequer uma palavra vã ou pecaminosa falada, nem é encontrado sequer um desejo ou pensamento impuro dentre os que estão lá. E o que faria lá entre eles, a não ser que uma mudança fosse operada em você? (4) . Se não se arrepender, é certo que morrerá eternamente. Assim como a vida é longínqua, assim a morte está próxima. O salmista nos fala que "Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias. Se o homem se não converter, Deus afiará a sua espada; já tem armado o seu arco e está aparelhado. " (Sal. 7:11-12). E quando os instrumentos da morte estiverem preparados é um sinal que Deus fará um trabalho rápido e repentinamente eliminará o ofensor. A morte é chamado de "Rei dos Terrores", e em relação aos ímpios este nome é bem merecido. As coisas boas deles são todas recebidas e seus males vêm sobre eles, os quais nunca serão removidos. Tem início seus tormentos para nunca terem um fim. Enquanto Deus for Deus, eles O terão como inimigo. Enquanto Deus for feliz, eles estarão na mais extrema miséria! Poderia a língua pronunciar ou o coração imaginar o horror de tudo isso? Um Senhor irado, vingando-Se do pecado colocará sobre você a carga que merece, e ainda impedirá que você afunde no nada. Ele susterá seu ser para que não se esvaia e você possa ser atormentado para sempre. Ele mostrará Seu supremo poder ao levantá-lo com uma das mãos, para que possa chicoteá-lo com a outra por toda a eternidade. 3. DA CONSOLAÇÃO A vocês que têm obedecido o chamado de Deus para arrepender--se, eu devo dar uma mensagem de paz e consolo: "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus ". (Is. 40:1). Os incrédulos não são tão amaldiçoados quanto vocês são abençoados. Eu tenho várias coisas para dizer-lhes que farão seus corações saltarem de alegria. (1). Deus tem tido pensamentos de amor para com vocês desde antes que os fundamentos da terra fossem lançados. Ele os predestinou e os escolheu para a doação de filhos, muitos antes de existirem. (Ef. 1:4-5). Desde a eternidade Ele determinou fazê-los herdeiros e co-herdeiros com Cristo daquele reino e glória com os quais os sofrimentos do tempo presente não são

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dignos de serem comparados. E como o amor de Deus para com vocês vem desde a eternidade, é co-eterno com Ele, nunca poderá ser mudado em tempo algum. (2). Deus os justificou livremente pela Sua graça através da redenção em Jesus Cristo. (Rom. 3:24). "Quanto está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós nossas transgressões". (Sal. 103:12). E certamente isto é tão distante quanto se possa desejar. Eles são aprisionados no fundo do mar, o qual implica que quando forem procurados não serão encontrados, tanto quanto as coisas que estão presas no fundo do mar, as quais não temos esperanças que sejam recuperados. "Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades". (Is. 53:5). E como a imputação de seus pecados a Cristo fez com que Ele passasse por reais sofrimentos, assim a imputação de Sua justiça a vocês trará uma real isenção da ira e das punições que, pelo pecado, vocês justamente mereciam. Alegrem-se, convertidos, seus pecados são perdoados e, conseqüentemente, a maldição das aflições e também o estigma da morte foi retirado. (3). Vocês que são convertidos, não demorará muito para serem glorificados: "E aos que predestinou a estes também chamou: e aos que chamou a estes também justificou: e aos que justificou a estes também glorificou. " (Rom. 8:30). Deus prometeu que aqueles que vencessem sentariam com Ele em Seu trono. Vocês não serão apenas vencedores, porém serão mais do que vencedores por Aquele que os amou. As mansões já estão preparadas, e quando vocês estiverem prontos para elas, serão recebidos lá. Então nem a fúria nem o favor do mundo serão mais tentações. Os dardos inflamados de satanás não serão capazes de atingi-los quando alcançarem o terceiro céu. Quando estiverem entrando na Nova Jerusalém darão um adeus ao pecado e à miséria às portas, pois nenhum deles será capaz de entrar com vocês. Todas as lágrimas serão enxugadas e a causa das tristezas não mais existirá. Haverá uma visão clara de Deus sem a mínima nuvem. O Sol da Justiça brilhará para sempre sem nenhum eclipse. Haverá completo gozo sem pesar, perfeita paz sem quaisquer problemas, completa santidade sem o mínimo resquício de corrupção, benção completa sem interrupção. 4. DA EXORTAÇÃO Diante disso, quem não gostaria de ser convertido? Alguém teria alguma coisa a dizer contra o perdão ou contra a glória que tem sido revelada? Deveríamos perguntar se preferem antes os prazeres eternos ou os tormentos eternos? Oh, que possam voltar-se para si mesmos! E então estou certo de que se voltarão para Deus imediatamente. Os argumentos para persuadi-los são diversos. (1). Se não se arrependerem, não poderão corresponder àquilo para o que foram criados. Não pensem que Deus lhes deu um ser e enviou--os ao mundo para agradarem-se a si próprios, para satisfazerem seus desejos

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desordenados e corruptos, e para viverem negligente e rebeladamente contra Ele. No entanto, é assim mesmo até que vocês sejam convertidos. Porventura o Senhor lhes deu a capacidade de discernir, e não deseja ser compreendido e conhecido por vocês? Ele lhes deu um coração para amar e desejar, e não desejaria Ele ser o principal objeto dessas afeições? Ele lhes deu afeições para que as dedicassem à vaidade e ao pecado? Oh, não contrariem mais o fim para o qual vocês foram feitos, a fim de não fazer o Senhor arrepender-Se de haver feito o homem sobre a terra, e pesar-Lhe o coração, e assim decida destruir a obra das Suas próprias mãos. Se continuarem obstinados e sem entendimento, "... aquele que o fez não se compadecerá dele, e aquele que o formou não lhe mostrará nenhum favor. " (Is. 27:11). (2). A não ser que se arrependam, vocês não poderão corresponder à finalidade da morte de Cristo e a redenção ganha através dela. Nosso Senhor não morreu somente para expiar ofensas, como também a fim de purificar para Si um povo peculiar, zeloso de boas obras, e "No corpo da sua carne, pela morte... vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis " (Col. 1:22) "...pelo espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortes, para servirdes ao Deus vivo. " (Heb. 9:14). Destes e de outros textos semelhantes, segue-se evidentemente que não somente nosso perdão e sim também nossa purificação foi designado pelo Senhor Jesus. Mas como podemos ser puros, a não ser que voltemos para Deus do pecado que nos contamina? Cristo sabia que o pecado é a doença e a degradação da nossa natureza, portanto Ele mesmo foi aniquilado para que o pecado pudesse ser exterminado. E vocês se atreverão a viver no pecado? Ouçam o apóstolo em I Ped. 2:24: "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fomos sarados. " E como a morte de Cristo é um argumento para nos persuadir a sairmos do pecado, assim dessa morte resultam a virtude e o poder para que o pecado seja subjugado. (3). Vocês estão ainda mais obrigados a arrepender-se porque Deus Se dignou permitir-lhes que fizessem isso. Se o abismo fosse fixado após a primeira transgressão, se o arrependimento do homem caído tivesse sido tão impossível quanto o arrependimento dos anjos que caíram, não se poderia imputar ao Senhor a menor injustiça. No entanto desde que vocês se afastaram, Ele lhes tem chamado. Sem detrair da Sua justiça ou prejudicá-la Ele encontrou uma maneira de mostrar-lhes misericórdia. Os demônios nunca foram chamados à conversão. Assim que pecaram foram acorrentados nas cadeias das trevas de onde nunca sairão. Mas ouçam o que a sabedoria diz em Prov. 8:4: "A vós, ó homens, clamo: e a minha voz se dirige aos filhos dos homens. " Vocês têm freqüentemente fechado seus ouvidos. Oh, se pelo menos quisessem ouvir para que suas almas pudessem viver. O prolongado ensurdecimento de seus ouvidos pode levar o Senhor a fechar Sua boca e então nunca mais serão convertidos, nunca serão curados.

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(4). Considerem Quem é que os chama ao arrependimento e o que Ele deseja com isso. Vocês são uns perdidos miseráveis, que não têm capacidade, nem vontade, nem o poder para salvar a si mesmos. E Aquele que os chama é um Deus ao qual pertencem o poder e a misericórdia, e Seu propósito é o de tornar conhecidos para vocês esse poder e essa misericórdia. Seu desejo é trazê-los para perto, de modo a manifestar-Se a vocês, como Ele Se manifestou ao mundo, abrigá-los do perigo, suprir suas necessidades de acordo com as riquezas de Sua glória, libertá-los de toda obra má, e preservá-los para Seu reino celestial - e haveria algum mal nisso tudo? (5). Não é razoável que o mundo e o pecado sejam obstáculos a continuarem afastando-os de Deus. Bem, vocês devem deixar o pecado, pois ele merece sua indignação. Bem podem seus corações deixar de idolatrar o mundo e as coisas dele, pois estes merecem seu desprezo. Todas as coisas, a não ser as de Deus, são tanto prejudiciais quanto inúteis. Nada é mais prejudicial do que o pecado, e todos aqueles que esperaram ajuda das criaturas foram decepcionados e desamparados em sua situação desesperadora. (6). Se se voltarem para Deus, Ele não deixará de voltar-Se para vocês. Seus ouvidos estarão abertos e voltados ao seu clamor. Sua mão estará sobre vocês para o bem, e na palma de Sua mão estarão seguros. Ele é maior do que tudo, e ninguém é capaz de arrancá-los de Suas mãos. Ele não irá esconder-Se, mas voltará Sua face na direção de vocês. Ele lhes dará paz como também misericórdia. Ele os fará saber que o perdão é multiplicado para que seu amor também seja aumentado. A quem muito se perdoou muito se amou. Finalmente a fonte de Seus benefícios estará voltada para vocês. O Senhor lhes fará bem e Se alegrará em fazê-lo. As coisas temporais não serão desejadas. As bênçãos espirituais serão derramadas em abundância, e no final vocês subirão e serão admitidos em Sua presença pessoal, onde Deus estará com vocês para nunca mais retirar-Se. Não desfaleçam nem temam, seja quem for que se coloque contra vocês por causa de sua conversão. O próprio Senhor está com vocês, e Ele tornará em bem tudo o que os seus adversários propuserem para o seu mal. (7). Não somente Sua Palavra, Seus ministros e o Espírito Santo, mas também Sua providência conclamam vocês a voltarem-se para Deus. Tanto Suas misericórdias como Seus juízos pressionam esta exortação à conversão. As fontes da bondade que continuamente correm em sua direção, as quais às vezes se intensificam e transbordam abundantemente, significam que é sábio deixar as cisternas quebradas e vir para a fonte das águas vivas. Suas misericórdias falam esta linguagem, que é bom voltar e interessarem-se pelo Pai delas. Então estas estarão agindo. Cordões de amor são lançados com o propósito de trazê-los para junto do Deus de amor e paz. Oh, que vocês possam correr para Ele! As riquezas de Sua bondade estão abertas e descobertas para que por elas possam ser levados ao arrependimento. (Rom. 2:4).

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Seus juízos, da mesma forma, são infligidos de conformidade com os mesmos propósitos. Esta é a voz que os proclama: "Vinde e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; fez a ferida, e a ligará. " (Os. 6:1). O incêndio de Londres* chama os seus habitantes e toda a terra (já que não somente ouviram falar de Deus com seus ouvidos mas seus olhos O tem visto marchar tão ameaçadoramente sobre eles), para que rejeitem a si mesmos e arrependam-se no pó e nas cinzas. Aqueles muitos milhares que foram mortos pela praga da pestilência, apesar de estarem mortos, eles ainda falam, e isto é o que eles dizem: "Oh, vocês que estão vivos, voltem-se para o Senhor seu Deus, pois após a morte será muito tarde para fazê-lo." (8). Considerem isto: ainda não é muito tarde para voltarem-se para Deus. Embora até aqui vocês tenham sido estúpidos, se agora acordarem; embora tenham sido teimosos até aqui, se agora se renderem ao Senhor; embora até aqui tenham fechado a porta, deixando o pecado do lado de dentro e Cristo do lado de fora, se agora mesmo abrirem ao bater do evangelho e consentirem que suas iniquidades sejam expulsas e que o Senhor Jesus entre, Ele está pronto para recebê-los em favor e graça, e todas as rejeições passadas, afrontas e repulsas serão esquecidas e perdoadas. _____________ * A cidade de Londres esteve incediada por uma semana em 1666. O cetro real continua apontado para vocês; o Senhor não foi removido do Seu trono de misericórdia. Misericórdia e graça estão agora ao seu alcance se vocês virem recebê-las. Contudo se não reconhecerem uma boa proposta, por estarem decididos a não dar fim ao seu obstinado caminho, subitamente um juramento poderá ser pronunciado que vocês nunca mais entrarão em descanso. Deus poderá dizer: "Aquele que é sujo, suje-se ainda. Aquele que é injusto seja injusto ainda. Aquele que é amante dos ganhos e prazeres do mundo, os quais se tornaram seus ídolos, deixe-o só. Aquele que desprezou a oferta da graça não terá outra oferta; aquele que agora recusa a ser convertido nunca será um convertido." Oh, que eu possa convencê-los através destes argumentos. Todavia, caso eles não os impressionem, caso eles escapem de suas mentes e assim não tenham influência em seus corações, eu reforçarei os mesmos da seguinte maneira: A. Com a voz do inferno; B. Com a voz do céu; C. Com a voz de Cristo. A. Com a voz do inferno. Imaginem, portanto, um pecador condenado que tivesse permanecido muitos anos no lago de fogo. Suponham que ele pudesse voltar e aparecer diante desta assembléia e um rio de lágrimas jorrasse de seus olhos, e então finalmente parando de chorar ele dissesse:

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"Maldito seja o dia em que nasci, e a noite em que disseram: foi concebido um menino! Seja este dia trevas, que Deus nas alturas não atente para ele, nem permita que a luz brilhe sobre ele. Ai de mim, teria sido melhor nunca ter existido do que ser um miserável eternamente! Quão insuportáveis são as mordidas contínuas do verme que nunca morre! Quão ardentes e inextinguíveis são aquelas chamas que e o sopro do Senhor, semelhante a uma fonte de enxofre, incendeia!" "O mundo está completamente enganado em relação ao pecado. As pessoas pensam nele leviana e prazerosamente, e era exatamente assim que eu pensava no princípio. Mas agora eu descobri quão miseravelmente eu estava enganado. Estou provando o sabor e o peso do pecado; sim, eu estou bêbado com o fel e a amargura dele. Estou descobrindo ser verdade aquilo que antes me foi falado mas que não cria, a saber, que é coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo. Suas poderosas mãos me agarraram e prenderam minhas mãos e pés, lançando-me nas trevas exteriores, onde terei que permanecer em torturas por toda a eternidade! Oh, esta palavra dilacera meu coração, mata toda a esperança, afunda-me e esmaga-me inteiramente em completo desespero". "Se após milhares e milhares de eras meus tormentos por fim terminassem, eu seria fortalecido nas minhas angústias, porém desde que após tão longo espaço de tempo eu estarei tão longe de ser liberto quanto no primeiro momento em que fui aprisionado, isto é o que faz minha tristeza não conhecer limites, pois a miséria não os conhece. Oh, que loucura apoderou-se de mim para que em troca de um pequeno ganho e prazer temporário me rendesse ao pecado, me aventurando a morar com o fogo devorador, e a morar com chamas eternas!" "Mas eu devo culpar somente a mim. Deus é severo, entretanto nem um pouco injusto. Ele me chamou, porém eu recusei. Ele estendeu Sua mão, todavia eu O desprezei. Eu menosprezei todos os Seus conselhos e não fiz caso de nenhuma de Suas reprovações. Lembro-me muito bem que Ele me falava sempre para que deixasse os caminhos que conduzem à destruição e miséria, mas eu teimei em andar neles. Fui avisado para fugir da ira que estava por vir, contudo não atentei para nenhum aviso. Fui instado para que fosse reconciliado com Deus, porém resolvi continuar em rebeldia. Eu não quis ser salvo, embora o Senhor me aguardasse com Sua graça salvadora!" "Que direi? Poderá algum de vocês continuar com os mesmos pensamentos que eu tinha? Vocês ainda acalentariam os mesmos pecados que foram minha ruína? Vejam as chamas nos meus olhos. Oxalá vocês pudessem compreender a angústia do meu coração. Sejam sábios, sejam sábios, e aceitem misericórdia e salvação enquanto estão ao seu alcance, pois uma vez que venham para este lugar de tormento, o Senhor Se esquecerá de ser benevolente, e Sua misericórdia será totalmente retirada - e isso para sempre!" B. Com a voz do céu. Suponham que um dos santos glorificados que habita a Jerusalém celestial que tenha conversado com uma inumerável

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companhia de anjos e tenha visto Deus face a face, possa, por um tempo, deixar sua gloriosa mansão, e tendo abundância de alegria e glória diante de seus olhos, proferisse uma mensagem tal como esta diante de vocês: "Oh, a altura, o comprimento, a profundidade e largura do amor de Cristo, o qual ultrapassa o conhecimento! Quão inescrutável é Sua bondade e Sua misericórdia revelada! Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e bênção, pois Seu sangue me redimiu, com milhões de outros de todo grupo, língua, povo e nação! Fui chamado para me arrepender e viver, e através da rica graça fui capacitado a obedecer ao chamado. E agora descobri quão gloriosa é aquela vida para a qual serão trazidos os convertidos sinceros e perserverantes. Esta é uma vida livre do pecado, a qual nunca verá a morte". "O melhor de tudo é estar perto de Deus. Cristo é sem qualquer dúvida o melhor Mestre. Estar sujeito a Ele é reinar, e reinar para sempre! O que afeta este cego e estúpido mundo e faz com que os homens não vejam nenhuma formosura nem atrativos em Cristo - o mais belo e desejável dentre outros dez milhões, a luz de cuja face faz o céu não precisar da luz do sol, da lua, ou das estrelas? Sua beleza ultrapassa a tudo, Sua graça vale muito mais do que o ouro que perece, mas a Sua glória não me é lícita ou possível expressar". E agora algum de vocês continuará a menosprezá-lO? Abram seus olhos e vejam claramente que vocês são filhos da perdição, os filhos da morte sem Ele. Mas através dEle podem ser convertidos. Através dEle podem ser salvos com uma grande e eterna salvação. Certamente, então, vocês têm razões para valorizá-lO acima de tudo, embora o mundo todo, sim, dez milhões de mundos, pudesse estar competindo com Ele." C. Com a voz de Cristo. Imaginem o Senhor Jesus aparecendo numa luz que exceda a luz do sol. Suponham que alguns de Seus anjos viessem como anunciadores e precursores, vindo à frente dEle e anunciando: "Santo, santo, santo éo Senhor dos Exércitos", e por fim que Ele mesmo viesse visivelmente enchendo este lugar com Sua majestade e Sua glória. E, tendo inspirado em vocês profunda reverência e tendo provocado em vocês uma admiração por Sua excelência e grandeza, suponham que Ele fale então: "Olhai para Mim e sereis salvos, todos os confins da terra. Eu sou Seu Redentor, e não há outro. Vocês têm se auto-destruído, mas em Mim, e somente em Mim, poderão encontrar ajuda. A não ser que Eu os torne livres, o pecado continuará reinando em vocês, e se ele reinar, também destruirá. A não ser que Eu amarre o homem forte, ele irá mantê-los presos e os levará cativos ao seu bel prazer. A não ser que Eu Me volte e os traga para perto de Deus, vocês correrão cada vez para mais longe dEle, até que por fim não haja mais nenhuma possibilidade de retorno. Por quanto tempo vocês, almas simples, amarão a simplicidade, e vocês, tolos, odiarão o conhecimento?

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Voltem-se para Mim; ouçam a Minha reprimenda. Olhem, Eu derramarei Meu Espírito sobre vocês, Eu lhes revelarei Minha Palavra". "Os desrespeitos passados Eu desconsiderarei se agora por fim Me receberem. Eu os libertarei da culpa e do poder do pecado. Pacificarei a ira de Meu Pai, embora por quebrarem a Sua lei e Me desprezarem - Eu, Seu Filho vocês O tenham enfurecido como nunca. Embora cativos por natureza, Eu os farei reis e sacerdotes. Embora traidores pelo pecado e inimigos, Eu os farei filhos e herdeiros de Deus e co-herdeiros coMigo que sou o herdeiro de todas as coisas. De modo algum vocês serão miseráveis, se toda a plenitude que habita em Mim puder satisfazê-los e torná-los felizes." Depois de tudo isso, meus irmãos, vocês se devotarão ao pecado e à ruína? Oh, ouçam a voz do filho de Deus, que não deseja que pereçam. O que posso fazer para persuadi-los? Eu penso que desejaria que estas fossem minhas últimas palavras, sob a condição de que fossem poderosas e eficazes para a conversão, a cura, e a salvação de todos os que estão ao alcance do som delas. Eu estaria disposto a expirar aqui e ser levado morto fora do púlpito sob a condição de que todos vocês pudessem ouvir de modo a voltarem-se dos seus maus caminhos e viverem. A maioria daqueles milhares que estão diante de mim é me desconhecida, mas isto eu sei, que vocês têm almas e que cada alma é mais valiosa do que o mundo. Oh, que todos possam considerar o interesse e a segurança de suas almas! No entanto, caso que eu esteja falando em vão a vocês, eu dirigirei minhas palavras a Ele que é Senhor sobre todos: "Oxalá, que Tu que operas e que ninguém pode obstruir ou impedir, operes uma completa mudança salvadora nestas almas! Oh, que Tu tenhas compaixão daqueles entre elas que são cruéis consigo mesmos! Oh, que Tu possas despertar as almas que não estão apenas dormindo, mas mortas! E quebrantes os corações que têm se tornado corações de pedra! Oh, que Tu os convenças de seu pecado e miséria, e efetivamente os tires do primeiro para que possam ser livres para sempre da segunda!" Que cada coração diga, "Amém!" a estas petições. 5. DA DIREÇÃO Eu gostaria de crer que agora vocês estão desejando ouvir, e igualmente desejando seguir, algumas indicações de modo a se tornarem sinceros convertidos. Direções sobre como libertarem-se da dor, como recobrar saúde quando estiverem doentes, ou uma determinada condição que tenham perdido, estou confiante que vocês dariam atenção. E não seriam as orientações vindas da infalível Palavra da verdade de muito maior conseqüência? As orientações são as seguintes:

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(1). Pensem em seus caminhos e com um espírito contrito os considerem. Esta consideração teve uma grande influência no salmista: " Considerei os meus caminhos e voltei os meus pés para os teus testemunhos. Apresseime e não me detive. " (Sal. 119:59). Esta injunção é dupla em Ageu 1:5, e novamente no versículo sete: "Aplicai os vossos corações aos vossos caminhos. " E esta passagem em Ez. 18:14 deve ser observada: "E eis que, se ele gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez, e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes... " Se os pecadores considerassem o que eles fazem quando cometem o mal, isso seria um meio de pôr um fim no mal que praticam e de aprender a fazer o bem. Considerem a miséria e o perigo de estar distantes de Deus. Os caminhos pelos quais vocês naturalmente caminham os conduzem para longe dEle, e as Escrituras dizem: "Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que, apostatando, se desviam de ti. " (Sal 73:27). Pensem longamente nestas coisas até que elas atinjam seus corações, de modo a considerarem ser loucura vocês permanecerem seguros num estado de incredulidade. Deixem que este pensamento cause uma profunda impressão: todo o tempo que persistirem nos seus maus caminhos vocês estão abandonando o Senhor, como também abandonando as misericórdias disponíveis para vocês, e estão viajando rapidamente para as regiões de eterna miséria e trevas." (2). Estudem a vaidade das desculpas anteriores. Eu sei que os lábios do homem natural estão cheios delas, mas é muito fácil respondê-las. "O pecado", vocês dizem, "está cravado na nossa natureza." Portanto vocês precisam clamar ao céu para que sua natureza possa ser transformada. "Ora, o pecado é uma prática comum." Portanto seu perigo é ainda maior e vocês devem ser mais cuidadosos para que não sejam soterrados na ruína que será quase total. "Mas," dirá alguém, "minhas iniquidades são tão vantajosas e agradáveis, por que deveria abandoná-las?" Considere, alma, se os condenados que perderam suas almas e a bênção eterna, e sofrem a vingança do fogo eterno, têm quaisquer razões para orgulharem-se do ganho ou do prazer. "Concordo com isso, porém os homens me ridicularizarão e desprezarão se eu me tornar um convertido." Todos os que agem desse modo estão loucos, e as pessoas sóbrias não precisam estar preocupadas com as risadas daqueles que estão fora de si. Oh, condenem a desobediência deles, desprezem a vergonha que eles lançam sobre vocês. Muito em breve eles mesmos desejarão que, ao invés de desprezarem, tivessem sido seus imitadores. "Exato, contudo voltar-se a seguir a Deus é muito duro, e a dificuldade é um grande desencorajamento."

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O trabalho é realmente difícil, todavia a força e a assistência que lhes serão proporcionadas são grandes. O Senhor operará toda a Sua obra em vocês e a seu favor. (Is. 26:12). Deus não ordena nada que Ele não esteja pronto para ajudá-los a desempenharem. "Mas se sou um convertido, eu nunca terei uma hora de prazer. Minhas lágrimas serão minha comida e bebida e minhas tristezas serão minhas eternas companheiras." Oh, terrível engano! Irracional preconceito contra os caminhos da santidade! Se a bondade de Deus é algo tão melancólico, porque então as Escrituras nos falam de paz que ultrapassa todo entendimento, e de gozo que é indizível e cheia de glória? Por que Davi cantava tão freqüentemente, tocava harpa, se a alegria e a religião fossem inteiramente incompatíveis? "Ora, se eu me arrepender estarei exposto ao sofrimento." Bem, suponhamos que sim. Os sofrimentos desse tempo presente não podem ser comparados com a presente graça e consolação que ajudarão suas tentativas, muito menos com a gloria que está por ser revelada. Estudem a inconsistência de todas estas desculpas! (3) . Salvem-se dessa geração perversa na qual vocês vivem. liste foi o aviso que o apóstolo deu àqueles que haviam sido despertados e pungidos nos seus corações. (Atos 2:40). Vocês devem despedir-se de seus antigos companheiros de iniqüidade, pois de outro modo eles serão uma grande tentação e armadilha para vocês. Companhia carnal é um demônio encarnado que pretende puxar tantos quantos possa para o inferno juntamente com ele. Portanto, os homens mais sábios usam muitas palavras de advertência. "Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus. Evita-o; não passes por ele: desvia-te dele epassa de largo. " (Prov. 4:14-15). Embora vocês não sejam forçados a ser mal humorados e mal educados para com o ímpio, tomem cuidado para não ser muito familiarizados. Muitas convicções e boas decisões têm se esfriado e desvanecido por causa de nossa aquiescência na sociedade dos ímpios. Não alimentem nenhum preconceito destes contra a verdadeira piedade, quando eles se atrevem falar contra orações, o ouvir a Palavra, os jejuns, as profissões de fé, quando eles debatem contra o dia do Senhor e censuram o povo do Senhor, quando eles focalizam tudo isso como sendo o delírio daqueles que estão perturbados, num sentido espiritual. (4) Não desprezem profecias. O ministério da Palavra é ordenado com o propósito de operar fé e trazer os pecadores a Deus. Portanto, não deixem o entorpecimento, a distração, os cuidados, os prazeres, as iniquidades ou o engano das riquezas abafarem esta Palavra a fim de impedi-la de prosperar naquilo para o qual ela foi designada. Quando Ezequiel profetizou sobre os ossos secos, eles reviveram e o vale de ossos se transformou num exército vivo. E quem sabe, enquanto estão profetizando a vocês sobre o ministério do evangelho, talvez inesperadamente possam ser avivados, vocês que estiveram mortos, em transgressões. Permitam-se ser frequentadores assíduos da

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pregação que é cheia de poder. Certamente a Palavra tem um poder para converter quando aplicada pelo Espírito Santo. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera (converte) a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá, sabedoria aos símplices. (Sal. 19:7). (5) Não apaguem o Espírito. (I Tess. 5:19). Vocês não devem abafar a convicção que provém dEle, mas devem desenvolvê-la. O Espírito do Senhor às vezes aproxima-Se muito do ébrio, do blasfemo, do ganancioso, e da pessoa impura, e lhes mostra que o caminho que está adiante deles é perverso, e que há somente um passo entre eles e a morte, entre eles e a maldição. Portanto isso os leva à humilhação e à transformação. Ele lhes mostra que é melhor deixar os seus pecados do que ser destruído por eles. Ora, tal convicção talvez conduzisse à conversão, se fosse acolhida e aproveitada, porém milhares resistem ao Espírito Santo. Eles preferem continuar pecando sem serem perturbados, ao invés de aproximarem-se das águas agitadas para serem curados, seja qual for a doença ou tormento espiritual que sofram. Você, pecador, sente a proximidade do Espírito? Oh, atente para Sua advertência. Aquieça a todos os seus movimentos. Suplique para que tudo isso em você não seja apenas uma coisa sem importância, e sim que sua salvação possa ser devidamente realizada. (6) Aprenda e suplique o pacto do Senhor. Nesse pacto Ele tem Se comprometido a dar-lhe um novo coração, a limpá-lo de sua impureza e de seus ídolos, dar-lhe Seu Santo Espírito e levá-lo a caminhar em Seus estatutos (Ez. 36:25-27), o que em outras palavras significa convertê-lo. Empenhe-se para que essas promessas possam ser concretizadas. Decida-se a não responder com um "não". O Senhor ficará satisfeito se você O importunar com um assunto que é ponto de honra para Ele. Não poderá converter a si mesmo, contudo Ele pode facilmente fazer tal obra se você se dispor a que ela seja feita. Uma palavra de vida e poder irá levantá-lo. E assim que Ele disser: "Arrependei-vos, arrependei-vos, de seus maus caminhos, por que morreríeis, ó casa de Israel?" - então faça disso uma oração!" Arrependo-me, arrependo-me, de meus maus caminhos, porque eu morreria, ó Deus de Israel?"

A COISA INDISPENSÁVEL "Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...?" (Hebreus 2:3)

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Thomas Watson Pastor da Igreja de São Estevão, Walbrook na cidade de Londres

Pregação contida num sermão feito na presença do Excelentíssimo Prefeito e dos Vereadores da cidade de Londres. (31 de agosto de 1656)

Ao Excelentíssimo Senhor John Dethick, Digníssimo Prefeito da cidade de Londres Excelência, Não era minha intenção ter este sermão publicado (eu o considerava despretencioso), mas primeiro recebi o convite de Vossa Senhoria, e depois fui convidado pelo seu honrado Gabinete. Eu não soube como recusar, caso que, esquivando-me de suas ordens, eu incorresse em sua justa censura. Meu Senhor, foi meu desejo neste sermão chamá-lo para fora do vazio, das noções

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exageradas, e disputas litigiosas destes tempos para buscar aquilo que é mais sólido, no que, estou certo, todo homem está muito interessado, a saber, o desenvolvimento de sua salvação. Este é um trabalho que talvez exija, que demande os mais vigorosos atos espirituais da alma na sua realização. Este trabalho tem necessidade de ser bem feito, pois o mesmo é para a eternidade. Meu Senhor, esta é a verdadeira sabedoria: ser sábio para a salvação. (I Tm. 5:15). Através desta santa linha de ação nós iremos superar todos os políticos de todos os tempos. Nós escaparemos do inferno. Nós sentar-nosemos no verdadeiro lugar de honra. Deus será nosso Pai, Cristo nosso irmão, o Espírito nosso Consolador, os anjos nossos companheiros. Quando morrermos, levaremos conosco uma consciência limpa e deixaremos um bom nome atrás de nós. Não discorrerei mais. Meu desejo é que este sermão possa ser patrocinado por sua Excelência. Certas pequenas adições serão encontradas no final deste, as quais preparei de antemão para Vossa Senhoria, porém me faltou tempo para acrescentá-las. Que o Senhor Deus o enobreça com Seu Espírito, e o coroe com prosperidade de alma, a qual será a oração daquele que é, Seu Honrado, no serviço do evangelho Thomas Watson Do meu gabinete na Capela de S. Estevão, Walbrook 15 de outubro de 1656

A COISA INDISPENSÁVEL "...desenvolvei a vossa vocação com temor e tremor... " (Filipenses2:12) Se existe alguma coisa excelente, esta é a salvação. Se existe algo que seja realmente necessário, é o desenvolvimento da salvação. Se há alguma ferramenta com a qual se trabalhar, esta é o santo temor: "desenvolvei a vossa vocação com temor. "

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Essas palavras são uma exortação grave e séria, necessária não somente para aqueles cristãos que viveram no tempo dos apóstolos, mas altamente apropriada para esta época em que vivemos. Primeiramente observe no texto o modo da advertência. "Meus amados". O apóstolo tentou por todos os meios tornar-se agradável a fim de penetrar nos corações dos Filipenses. Ele prescreveu uma pílula de evangelho e mergulhou-a no açúcar para que pudesse ser melhor engolida. Ele esforçou-se para levar os Filipenses à compreensão do seu axioma, isto é, que tudo quanto falava com eles sobre suas almas o fazia em puro amor. Às vezes misturou suas palavras com lágrimas e falou chorando. (Fil. 3:8). Às vezes ele as mergulhava em mel. Paulo sabia como reprovar. Era parte de seu trabalho e ferramenta de sua cirurgia espiritual, "...repreende-os duramente ", (Tito 1:13), ou como dizem os gregos, "severamente". Entretanto, quando terminava de lancetar, ele sabia como colocar vinho e óleo sobre a ferida. Ele oferecia aconchego como uma ama, e desejava repartir com o povo não somente seus sermões, como também sua alma. (I Tess. 2:7-8). Aqui o apóstolo Paulo dá um exemplo a todos os ministros de Cristo. Seus corações devem arder não com o fogo da paixão, e sim com o do amor para com seu povo. Sendo eles os embaixadores de Cristo, devem vir com palavras de paz em seus lábios." Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. "(ICor. 13:1).E melhor amar como um pastor do que falar como um anjo. O amor é aquela flor que deve crescer no coração e espalhar seu perfume nos lábios de cada ministro. Aqueles que vêm em espírito de moderação para seu povo provavelmente farão maior bem. Corações endurecidos serão rápida mente amolecidos pelo amor. O amor abrasado penetrará onde a cunha não pode penetrar. O raio quebra, todavia o sol funde. Quando o amor manifesta sua doce influência, faz com que o coração do pecador se desfaça em lágrimas. Quando as engrenagens estão duras e emperradas, coloca-se óleo para que fiquem flexíveis. A melhor maneira de amolecer um coração duro e enternecêlo, é untá-lo com este óleo do amor. É por essa razão que a advertência se inicia com "Meus amados ". Agora passarei à exortação em si: "desenvolvei a vossa vocação com temor e tremor ", cujas palavras se dividem em três particulares. Primeiro, a ação: "desenvolvei". Segundo, o objeto: "sua salvação ". Terceiro, o modo, ou a maneira como devemos desenvolvê-la: "com temor e tremor ". Falarei principalmente das duas primeiras, e retornarei brevemente à outra na aplicação. A proposição é a seguinte: deve ser a maior tarefa do cristão desenvolver sua própria salvação. O grande Deus nos colocou no mundo como se fosse numa vinha, e aqui está a tarefa que Ele nos deu, o desenvolvimento de nossa salvação. Há um versículo paralelo a este em II Ped. 1:10: "procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição... " Quando

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não se pode garantir o status, os amigos ou a vida, garante a sua eleição. A palavra grega para "fazer firme" significa "estudar" ou "quebrar a cabeça" por alguma coisa. A palavra no texto "desenvolver " implica em duas coisas. Primeiro, implica em desven-cilhar-se da preguiça espiritual. A preguiça é o travesseiro no qual muitos têm adormecido o sono da morte. E em segundo lugar, implica em reunir todas as forças de nossas almas com o propósito de desenvolvermos a salvação. Deus ordenou no paraíso que o homem não comesse da árvore da vida, e sim que se sustentasse pelo suor do seu rosto. Aquilo que chamamos "desenvolver " no texto tem vários significados nas Escrituras. Primeiro, algumas vezes é chamado de "esforço" - Luc. 13:29: "esforçai-vos por entrar pela porta estreita. " Esforço como se alguém estivesse agonizando ou suando sangue. Segundo, outras vezes é chamado de "busca " Mat. 6:33: "Buscando em primeiro lugar o reino de Deus ", como um homem que perdeu seu tesouro e procura diligentemente por ele. Quanto a nós, perdemos a salvação. Adão, ao comer da árvore do conhecimento, perdeu a árvore da vida. Quanto à "busca ", guiemo-nos pelo exemplo de Davi e busquemos a salvação. A palavra "buscar ", conforme anotações de um escritor conhecido, significa perseguir alguma coisa com intenso desejo, assim como um condenado deseja o perdão. Terceiro, isso às vezes é chamado "correr numa corrida" - ICor. 9:24: "...correi de tal maneira que o alcanceis. " O apóstolo parece aludir aos jogos olímpicos, os quais eram celebrados a cada cinco anos em honra a Júpiter. Nestes jogos eles punham todas as suas forças. É uma longa corrida da terra para o céu, portanto deixe de lado cada peso do pecado que irá retardá-lo na corrida, e esforce-se apressadamente para garantir sua vitória. Quarto, isso às vezes é chamado "agir com violência" - Mat. 11:12: "...se faz violência ao reino dos céus." Não deve existir somente diligência, mas deve existir violência. Não devemos somente orar, e sim orar ardentemente (Tiago 5:16). Não devemos somente nos arrepender, porém sermos zelosos e arrependidos (Apoc. 3:19); não somente amarmos, mas sermos cheios de amor. (Cantares 2:5). Isto é cometer violência. A palavra grega é uma metáfora tomada do castelo que se oculta entre muralhas e não será conquistada, a não ser que tomado de assalto. Assim o reino dos céus está oculto para o cristão inerte, preguiçoso, e não será conquistado, a não ser por assalto. Passarei agora às razões que fomentam este santo esforço para a salvação, as quais são três. Precisamos desenvolver nossa salvação por causa da: *dificuldade desse trabalho; *excelência desse trabalho; *possibilidade desse trabalho. A dificuldade desse trabalho. Este é um trabalho que pode fazer--nos trabalhar até que o sol de nossas vidas se ponha. Ora, a dificuldade no

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trabalho do desenvolvimento da salvação aparecerá de quatro diferentes maneiras. Primeiro, a natureza do trabalho. Há uma metamorfose a ser operada. O coração precisa ser mudado, pois ele é a verdadeira sementeira do pecado. É o depósito onde todas as armas da injustiça estão armazenadas. Ele é um pequeno inferno. O coração está cheio de antagonismo contra Deus. E uma zanga contra a graça salvadora. Quanto trabalho temos pela frente, visto que o coração precisa ser mudado! Quanto precisamos implorar a Cristo, Aquele que transformou água em vinho, que possa transformar a água, ou melhor o veneno, da natureza, no vinho da graça! Segundo, a vida atual deve ser alterada. Para que o fluir do pecado, que antes corria tão forte, possa ser mudado, isso não é fácil. Para que o pecador, que antes estava indo em direção ao inferno, não precisando nem de vento nem de correnteza que o carregasse, possa agora alterar seu curso e navegar para um novo porto, isso é realmente um grande trabalho! Foi por um milagre que o rio Jordão retrocedeu. Ver o homem natural se tornar espiritual, ver o pecador andar contrário a si mesmo em direção aos caminhos de Cristo e à santidade, é tão estranho quanto ver a terra girar ao contrário ou o boliche correr em direção oposta ao seu próprio arremesso. Desenvolver a salvação é difícil, considerando-se os enganos a respeito do trabalho. O coração está pronto para assumir qualquer ponto em falso nesse desenvolver da salvação. Ele tem engano próprio, como aqueles que pensam poder ludibriar a morte. Por isso Agostinho exclamou: "O coração é um grande abismo." O coração está pronto para ser enganado duplamente sobre esse desenvolvimento da salvação: 1. Ele freqüentemente faz o homem confundir moralidade por graça. Moralidade é nada mais do que natureza refinada, é o velho Adão vestido com melhores roupas. Um homem moralizado não é nada mais do que um diabo manso! Pode ser uma correnteza límpida de civilidade fluindo e ainda assim existir muito verme do orgulho e ateísmo permanecendo no fundo. O refinamento da moral não é nada mais do que uma coroa de flores colocada sobre um defunto. Como é fácil iludir-se quanto ao assunto da salvação e, como fez Ixião, abraçar a nuvem ao invés de Juno! Civilidade não é graça, embora seja um bom caramanchão sob o qual se plantar a vinha da graça. 2. O coração estará pronto para nos enganar no desenvolvimento da salvação e nos fazer tomar um simulacro da graça por graça autêntica. Plínio disse que há uma pedra de berilo que se assemelha ao verdadeiro diamante. Assim sendo, existe alguma coisa que parece graça mas que não é graça. Existem duas graças que ajudam muito o desenvolvimento da salvação e nós facilmente nos enganamos com elas. Primeiro, arrependimento. Verdadeiro arrependimento acontece quando choramos pelo pecado como pecado, quando choramos por ele porque é uma coisa que mancha. Ele apaga a imagem de Deus e mancha a pureza da alma.

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Como ele é um ato de crueldade, é um soco contra o peito que nos amamentou. Ora, como é fácil prevaricar nisso! A. Muitos acham que se arrependem quando não é a ofensa e sim a penalidade que os perturba; não a traição, e sim o instrumento punitivo dessa traição. B. Eles acham que se arrependem quando derramam apenas algumas lágrimas, no entanto, embora esse gelo comece a derreter-se, este congela-se novamente e eles continuam andando no pecado. Muitos choram por causa de seus maltrates com Deus, como Saul em sua maldade para com Davi. Então disse Saul: "Pequei; volta, meu filho Davi, porque não mandarei fazer-te mal; porque foi hoje preciosa a minha vida aos teus olhos. Eis que procedi loucamente, e errei grandissimamente." (I Sam. 26:21). E assim os homens podem levantar suas vozes e chorar por causa do pecado e ainda continuarem nele. Eles são como cobras que trocam sua pele, mas conservam sua picada. Existe tanta diferença entre a verdadeira e a falsa lágrima quanto entre o canal de água e o manancial. Segundo, outra graça que conduz à salvação é a fé, entretanto quão facilmente os homens são enganados com uma pérola falsificada! Há um engano a respeito da fé: quando os homens reivindicam as promessas da Palavra, porém não os seus preceitos. A promessa é salvação, o preceito é "desenvolvimento." Eles aceitarão o primeiro, contudo não o outro, como se o médico pudesse prescrever duas receitas ao seu paciente, uma prescrevendo pílulas e outra prescrevendo bebida alcoólica. Ele irá tomar a bebida porque lhe é agradável, mas não a pílula. Muitos quererão Cristo como Salvador, todavia O recusarão como Príncipe; recebem Seus benefícios, mas não submetem-se às Suas leis. Isto é separar aquilo que Deus juntou. Assim sendo, em virtude de tais enganos e decepções a respeito deste desenvolver da salvação, devemos ser o mais cautelosos e alertas quanto possível nesse trabalho. Terceiro, a dificuldade em desenvolver a salvação vem dos impedimentos e dos obstáculos. Estes obstáculos são (1) interiores, a saber, a carne. Esta é um inimigo astuto. A carne clama por tranqüilidade: "e cobiça contra o espírito". (Gal. 5:17). Temos a ordem para crucificar a carne, (Gal. 5:24), entretanto quantos golpes precisamos dar com a espada do Espírito até que a carne esteja perfeitamente crucificada! (2) Neste trabalho nos deparamos com obstáculos que são exteriores às tentações. Austin afirmou que toda a nossa vida é uma tentação. Caminhamos por entre armadilhas. Há uma armadilha nas festas, sim, nossa mesa é geralmente uma armadilha. Satanás ainda está tentando pescar nossas almas. Quão freqüentemente ele joga sobre nós uma série de tentações para destruir nossa fortaleza de graça? O apóstolo nos fala destes dardos inflamados. (Ef. 6:16). As tentações são chamadas de dardos pela sua velocidade, elas são disparadas em alta velocidade, e inflamadas por causa de seu terror. Elas são disparadas como rajadas de fogo em direção à alma, a qual se assusta e se

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assombra, e isto não retardaria o desenvolvimento da salvação e o dificultaria? (a) Das reprovações. "... é corrente a respeito desta seita que por toda parte é ela impugnada. " (Atos 28:22). A velha serpente está sempre cuspindo seu veneno contra a religião e aqueles que a professam. Quero mencionar aquele versículo em I Cor. 10:1: "... nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem..." Todos os santos do passado foram para o céu debaixo de uma nuvem de palavras rudes e reprovações. O mundo os colocou em seu livro negro enquanto Deus os colocou em Seu livro com letras garrafais! A garganta do ímpio é um sepulcro aberto para enterrar o bom nome daqueles que foram os baluartes da religião e carregaram suas cores. (b) Às vezes eles foram difamados e injuriados. Paulo foi considerado um homem sedicioso. (II Tm. 2:9). Os papistas remistas difamaram Calvino e o culparam por ensinar que Deus era o autor do pecado, e disseram que ele morreu blasfemando, embora Beza, que foi testemunha ocular e escreveu sua vida e morte refutasse tal injúria, e relatou que final abençoado ele teve. Martin Bucer, aquele homem abençoado que gritou em santo triunfo: "Eu sou de Cristo e o diabo nada tem a ver comigo" foi caluniado pelos papistas que afirmaram ter ele negado que Cristo fosse o Messias encarnado. Mas aquele que foi o orador em seu funeral testemunhou pelo seu caráter sob juramento. Os Jesuítas na Burgundia cometeram a mesma calúnia a respeito de Beza, aquele santo homem. Eles disseram que ele, sentindo que a morte estava próxima, renunciara à sua profissão do evangelho e se reconciliara totalmente com a igreja de Roma. Isso era tão falso que o próprio Beza, que viveu ainda após tal calúnia ser espalhada, a refutou com grande indignação. Freqüentemente os santos sofreram o açoite das zombarias. (Heb. 11:36). Cipriano foi chamado, sarcasticamente, de Copriano; Atanásio, de satanásio; Davi foi a canção dos bebedores de bebidas fortes, (Sal. 69:12). Eu não tenho dúvidas de que Noé foi vítima de amarga zombaria quando estava construindo a arca muitos anos antes do dilúvio. Eles riram dele e o censuraram como a um velho tolo, caduco, que na realidade foi o mais sábio comparado a todos os do seu tempo. Por conseguinte, quando virmos o dilúvio da ira de Deus vindo sobre o mundo e começarmos a construir a arca e a "desenvolver nossa salvação ", os homens darão vazão ao seu desdém e escárnio: "Oquê? Vocês serão mais santos do que os outros? Vão fazer além do necessário?" Tudo isso serve para retardar e dificultar o desenvolvimento da salvação. (c) Um terceiro obstáculo neste desenvolvimento é a violência declarada: "Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora. " (Gal. 4:29). Tão logo um homem se renda a Cristo e seriamente comece a desenvolver sua salvação, o mundo levanta seus bandos treinados e manda toda a milícia do inferno contra ele. A Igreja de Cristo é como a ovelha de Abraão presa numa touceira de espinhos.

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Dêem testemunho as dez perseguições nos dias de Nero, Domiciano, Trajano, etc. Um homem que seja realmente santo é o alvo favorito para as críticas. Se a música do mundo não prevalecer, então ele tem sua fornalha acesa. (II Tm. 3:12). Estejam certos de que Cristo e Sua cruz nunca se separam. Ela está conosco em nossa preparação para o céu assim como esteve com os judeus na sua reconstrução do muro: "...cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas. " (Nee. 4:17). Portanto não somente devemos ser construtores, e sim também guerreiros. Com uma mão devemos trabalhar, e com a outra segurar uma arma, a saber, a espada do Espírito, e combater o bom combate da fé. Este é também outro obstáculo ao desenvolvimento. Tão logo nos pomos a caminho do céu: "...me esperam prisões e tribulações. " (Atos 20:23). O mundo faz soar um alarme e não haverá trégua até à morte. Quarto, aquilo que torna difícil o desenvolvimento da salvação é o trabalho não confiável. Olhem ".. .por vós mesmos para não perderdes aquelas coisas as quais temos obtido. " (II João v. 8) Este trabalho é derrubado quase tão rapidamente como é construído. Um artífice, quando está trabalhando, encontra seu trabalho na manhã do dia seguinte da mesma forma que o deixou na noite anterior, mas isto não acontece conosco. Quando estamos desenvolvendo nossa salvação pela oração, jejum, e meditação, e interrompemos este trabalho por algum tempo, ao voltarmos a ele não mais o encontraremos como deixamos. Uma grande parte do nosso trabalho terá sido derrubada novamente. Precisamos estar continuamente alertas. "Sê vigilante e confirma os restantes que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. " (Apoc. 3:2). Tão logo um cristão seja tirado do fogo do santuário, ele estará pronto para esfriar e congelar novamente na segurança. Ele é como um relógio de pulso: quando lhe dão corda em direção ao céu, ele rapidamente desenrola-se para a terra e para o pecado novamente. Quando o ouro é purificado na fornalha, ele se mantém puro, porém isso não acontece com o coração. Deixe-o aquecer com uma ordenança, deixe-o purgar no fogo da aflição. Ele não se mantém puro mas rapidamente junta óleo e corrupção. Nós raramente permanecemos bem dispostos por muito tempo. Tudo isso mostra o quanto é difícil desenvolver a salvação. Não somente devemos trabalhar, mas também vigiar. Questão 1. Mas por que Deus fez o caminho para o céu tão difícil? Por que tanto trabalho? Resposta 1. Para ensinar-nos a valorizar as coisas celestiais. Se a salvação viesse facilmente, não lhe daríamos o devido valor. Se os diamantes fossem comuns teriam pouca importância, entretanto, visto que são tão difíceis de serem conseguidos, são tão valorizados. Tertuliano conta que quando as pérolas eram comuns em Roma, as pessoas as usavam em seus sapatos, cujo próximo passo era esmagá-las sob seus pés. A salvação é uma

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pérola que Deus não permite ser desconsiderada. Portanto, deverá ser conseguida com trabalho santo. Deus não permitirá que baixem os preços das misericórdias espirituais. Aqueles que têm esta preciosa flor da salvação devem colhê-la com o suor de seus rostos. Devemos trabalhar e nos esmerar para podermos estar qualificados para o céu. Um pai deixará sua herança ao filho, todavia primeiro ele lhe dará uma educação para que possa estar qualificado para ela. Deus nos dá a salvação, contudo primeiro Ele "nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz. " (Col. 1:12). Enquanto estamos trabalhando, estamos correndo e nos adequando para o céu. O pecado está sendo enfraquecido, a graça está sendo amadurecida. Enquanto estamos em combate, estamos nos preparando par a a coroa. Primeiro se amadurece o odre antes de colocar o vinho. Deus irá nos amadurecer com a graça antes de derramar o vinho da glória. Questão 2. Mas se deve haver este trabalho, como se diz que o jugo de Cristo é suave? Resposta 2. Para a parte carnal é difícil, porém onde há a infusão de um novo e santo princípio, o jugo de Cristo é suave. Não é um jugo, e sim uma coroa. Quando as rodas da alma são lubrificadas com graça, então um cristão se move no caminho da religião com facilidade e alegria. Uma criança se alegra em obedecer a seu pai. Para Paulo servir ao Senhor era o céu: "... segundo o homem interior tenho prazer na lei de Deus. " (Rom. 7:22). E quão rapidamente a alma é levada por essas asas! O serviço de Cristo é a liberdade de Cristo, portanto o apóstolo chama isso de "lei da liberdade " (Tg. 1:25). Servir a Deus, amar a Deus, ter prazer em Deus, é a mais doce liberdade do mundo. Cristo não faz como fez Faraó: "... faziam servir os filhos de Israel com dureza " (Ex. 1:13), mas Ele põe sobre eles os constrangimentos do amor: " ...o amor de Cristo nos constrange... "(II Cor. 5:14). Seus preceitos não são cargas, são privilégios; não são obstáculos, são ornamentos. Portanto, Seu jugo é leve, mas para o homem não regenerado este fardo tem um peso que o atormenta e aborrece. Quando a corrupção prevalece, ainda o melhor coração encontra alguma relutância. É isso que precisa ser levado em conta quanto à primeira razão que citamos, a dificuldade do trabalho. A segunda razão porque precisamos de muito suor santo e esforço no desenvolvimento da salvação é devido à excelência desse traba lho. Pouco serão salvos, portanto devemos trabalhar o máximo que puder mos para estarmos entre esses poucos. O caminho para o inferno ó largo, ele está repleto de riquezas e prazeres. Ele tem uma rua de ouro, por isso há muitos que viajam por ele; no entanto, o caminho para o céu não lhes é atraente. Não é uma trilha batida, e poucos podem achá-la. Os anunciadores da graça universal dizem que Cristo morreu intencionalmente por todos, mas então por que nem todos são salvos? As intenções de Cristo poderiam ser frustradas? Alguns afirmam tão

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grosseiramente que todos serão realmente salvos, porém não foi o que disse o Senhor Jesus: "estreita éaporta e apertado o caminho que leva à vida, epoucos há que a encontrem. " (Mat. 7:14). Ora, como todos podem entrar por essa porta e poucos a encontrarem, para mim parece um paradoxo! A manada dos homens vai para o matadouro, "mas o remanescente será salvo. " (Rom. 9:27). A peça inteira é cortada e vai para o diabo. Somente um remanescente será salvo. A maioria das pessoas no mundo é fruto caído da árvore, derrubado pelo vento. Aquela oliveira em Is. 17:6 com duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, é um símbolo apropriado do reduzido número daqueles que serão salvos. Satanás vai embora com a colheita, Deus tem somente alguns rabiscos. Nesta grande cidade se fizéssemos uma votação ou uma pesquisa de opinião, o diabo certamente venceria. Baseado no que aprendemos, observe que se fôssemos dividir o mundo em trinta partes iguais, dezenove destas trinta estão cobertas de idolatria barbaresca, seis dos onze restantes com a doutrina de Maomé, de modo que restaria apenas cinco partes das trinta onde há um pouco de cristianismo. Entre estes "cristãos" há muitos seduzidos pelos papistas por um lado e protestantes formais por outro, de forma que há poucos que são salvos. Assim sendo, isso deve levar-nos a um esforço cada vez maior para fazermos parte do pequeno número daqueles que herdarão a salvação. A terceira razão porque devemos pôr tanto vigor neste trabalho é devido a possibilidade do mesmo. A impossibilidade mata todo o esforço. Quem irá sofrer por algo que não tenha a esperança de conseguir? Mas "... no tocante a isto ainda há esperança para Israel. " (Esd. 10:2). A salvação é algo viável, ela pode ser conseguida. Ó amigos, embora a porta do paraíso seja estreita ela ainda está aberta. Está fechada para os demônios, aberta porém para vocês. Quem não se esforçaria por entrar por ela? É uma questão de livrar-se de seus pecados, remover esta fina camada de barro que os mascara, desinflar seu orgulho e assim talvez vocês possam entrar pela porta estreita. Esta possibilidade da salvação, aliás probabilidade, deve fazer com que vocês empenhem sua vida neste esforço. Se há alimento, por que continuarem por mais tempo morrendo de fome em seus pecados?

APLICAÇÃO 1. Informação. Este texto mostra que a salvação não é algo tão fácil como tantos imaginam. Muitos fantasiam um modo elegante e fino de se chegar ao céu; um suspiro, ou lágrima, ou "Senhor, tenha misericórdia" supondo que isso irá salvá-los. Aqueles que assim crêem estão num sonho dourado. O texto nos fala de desenvolver nossa salvação. Basílio compara o caminho para o céu com um homem passando por uma ponte estreita. Se ele caminhar muito na beira ele cai e se afoga. Aquele que pensa que o caminho é

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fácil, nunca esteve realmente no caminho. Há tantos preceitos a serem obedecidos, tantas promessas nas quais crer, tantas tentações para se resistir que não acharemos fácil o caminho. Não basta apenas a diligencia, tem que haver também a violência. Amados, a porta do céu não é igual àquela porta de ferro que se abriu para Pedro espontaneamente. (Atos 12:10). Não, é necessário bater e forçar. Jacó obteve a bênção por causa dos trajes de Esaú, os quais vestiu. O nome Esaú em Hebraico significa trabalho. Se alguém usa o traje bordado da salvação, deve consegui-lo trabalhando: "desenvolvei a vossa salvação ". O general Anibal abriu caminho para seu exército através dos Alpes. Devemos abrir nosso caminho para a glória em meio as dificuldades. Gosto da resposta dada, de pronto, por um homem com uma picareta escavando um caminho através da rocha: "Encontrarei o caminho ou abrirei um!" Devemos ir para o céu através do suor e do sangue. Não se consegue nada sem trabalhar duro. Você não pode ter o mundo sem trabalhar, e como teria Cristo e a salvação sem fazê-lo? Um homem escava para achar uma saída e não escavaria muito mais para achar ouro? Observa--se que Adão no paraíso não ficou ocioso, mas ele cuidou da vinha. Mesmo os anjos, embora sejam espíritos gloriosos, são também espíritos ministradores. (Heb. 1:14). Deus colocou diligência mesmo nas criaturas destituídas de razão. A abelha é a criatura mais laboriosa, todas têm sua própria tarefa para desenvolver na colmeia. Algumas abelhas produzem o mel, outras fazem a cera, algumas moldam o favo, e outras ficam de sentinela à porta da colmeia para afastar o zangão. A abelha seria tão diligente em função do instinto da natureza na fabricação do mel? Oh, quão laboriosos devemos ser no desenvolvimento de nossa salvação! 2. Censura. Posso retirar deste texto, que considero uma aljava espiritual, muitas flechas de reprovação. A. Ele reprova aqueles que, em lugar da salvação, preferem outras coisas, que trabalham mais pelo pão que perece do que pela salvação. Sua preocupação principal consiste em viver neste mundo e conseguir sua subsistência. "Todo trabalho do homem épara a sua boca. " (Ecl. 6:7). O corpo é inclinado a isto e se empenha, essa é sua parte animal, por outro lado a pobre alma fica completamente à míngua. Dessa forma os cristãos agem como pagãos: "assim fazem os gentios ". (Mateus, capítulo 6). Deus não nos mandou aqui somente para usarmos roupas finas ou nos alimentarmos fartamente todos os dias, porém para que pudéssemos nos empenhar em nossa salvação. Se isso não for feito, estaremos atirando aquém da marca o tempo todo. Temos empunhado a bainha da espada e deixado a alma, essa lâmina de admirável têmpera, enferrujar e gangrenar. B. Ele reprova aqueles que, ao invés de trabalharem, ficam ociosos na vinha durante todo o dia. Eles desejam a salvação, entretanto não fazem o

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trabalho. O cristão ocioso é como um soldado que está interessado no espólio e no tesouro de um castelo, todavia reluta em arriscar-se ou teme meter-se em apuros. Os homens estariam contentes se fosse possível obter a salvação da mesma maneira que aconteceu com os figos temporões de Naum 3:12: "caíram na boca de quem os haveria de comer ". O preguiçoso "esconde a sua mão no seio " (Prov. 19:24), e hesita em retirá-la, ainda que fosse para pegar uma coroa. "Que dormis em camas de marfim ". (Amós 6:4). Os homens preferem antes, dormir numa cama macia do que ir para o céu num flamejante carro de zelo. Crisóstomo chama a preguiça de raiz do desespero. Um cristão inativo gasta seu tempo inutilmente. Ele vive no mundo em busca de cifras, mas esteja certo de que Deus não registra cifras no Livro da Vida. Uma pessoa inativa é um solo fértil para o diabo trabalhar nele. Não costumamos lançar a semente numa terra despreparada, contudo o diabo lança a maioria das suas sementes de tentação nos corações despreparados. Jerônimo faz a seguinte observação sobre o caranguejo. Enquanto a ostra se abre, o caranguejo joga uma pedrinha em sua boca de modo que ela não possa mais se fechar e então o caranguejo a devora. O diabo é como este caranguejo quando ele pega os homens bocejando (o que é comum para aqueles que são preguiçosos), então ele atira suas pedras de tentações em suas bocas e os devora. C. Ele reprova aqueles que, ao invés de fazerem da religião um trabalho, fazem dela uma brincadeira. Estes são aqueles que têm encontrado um novo caminho para o céu, que tornam o caminho mais fácil do que Cristo jamais o fez! Assim, como dizer que não há lei para o crente, e se não há lei, então não há transgressão, e se não há transgressão não há necessidade de arrependimento. Entre o arminiano e o antinomiano há um atalho para o céu. O arminiano diz que temos poder em nós mesmos para crer, e o antinomiano diz que o crente não está debaixo de nenhuma lei, ele não está obrigado a nada. Cristo fez tudo por ele, de modo que dando este passo ele está automaticamente no céu. Se esta doutrina é verdadeira, então todos os dias são dias de folga, e o apóstolo cometeu um erro quando disse: "desenvolvei a vossa salvação ". D. Ele reprova aqueles que, ao invés de desenvolverem a própria salvação, discutem-na, como se pudessem argumentar contra a autoridade das Escrituras e fazer de nossa fé uma fábula; tal como argumentar contra a imortalidade da alma e assim de uma vez por todas derrubar o tribunal da consciência; como se pudessem argumentar contra a divindade de Cristo. Esta pode ser chamada, realmente, de doutrina de demônios. (I Tim. 4:1). É uma doutrina diametralmente oposta ao versículo em I João 5:20: "E no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu filho Jesus Cristo, este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. " Este texto é uma proteção contra o socinianismo.* Oh, que paciência Deus tem para com aqueles que abrem suas bocas para blasfemar contra Cristo, para que a terra não se abra para engoli-los! É lamentável que os tais se atrevam a contestar a divindade do Filho de Deus,

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mas isso será para a própria condenação deles. Alguns dos melhores escritores pagãos (Livio, Aristóteles, Plutarco) afirmam que houveram sentenças e punições decretadas por príncipes e governadores pagãos a respeito da religião. Se o pagão não permitia que o seu deus fosse blasfemado, porventura os cristãos permitiriam que Cristo fosse blasfemado? E. Ele reprova aqueles que, ao invés de buscarem sua salvação, buscam sua própria destruição. Essas são as pessoas profanas que vão para o inferno através do suor de seus próprios rostos: (i) . Os bêbados. O que eles ganham no templo, perdem no bar. Eles colocam de molho no vinho os sermões que ouviram. "Ai da coroa de soberba dos bêbados de Efraim ". (Is. 28:1). Eu poderia mudar a expressão e dizer "os bêbados da Inglaterra." Há um tipo de vinho que é chamado lácrimo, o qual significa lágrimas. Tal vinho que o condenado bebe é inflamado pela ira de Deus, e este será o cálice dos bêbados. (ii) . Os blasfemadores. Eles blasfemam até o ponto de perderem a salvação. O blasfemador, ao que parece, não tem crédito. Ele precisa apoiar-se em juramentos (blasfêmias) ou ninguém acreditará nele. Mas deixem-me lembrar-lhes que a alma dele esbarra na admoestação "de maneira nenhuma jureis". (Mat. 5:34). Se temos que prestar contas das palavras vãs, não serão os vãos juramentos (blasfêmias) levados em conta e registrados no livro razão? Quando a escara aparece no lábio, tal homem deve ser considerado impuro. Cada juramento é uma ferida para a alma, e cada ferida tem uma boca que clama aos céus por vingança. Alguns chegam a um ponto de perversidade, que voam no rosto de Deus como cachorros loucos, amaldiçoando. _________________ * Do Socínio. Salvação pelas obras. Se um ministro falar-lhes do seu pecado, se ele for atrás deles na tentativa de trazê-los de volta para o lar, como a lei diz que se deve trazer de volta o jumento de seu inimigo quando este se desgarrar (Ex. 23:4), eles certamente protestarão contra a reprovação. Como a cal pega fogo quando adicionada água, assim eles se inflamam ainda mais diante da repreensão. A repreensão está sobre eles como o acicate da condenação, mas não tocarei mais nesse assunto. (iii). Os adúlteros. O coração do adúltero, como a língua do blasfemo é inflamado pelo fogo do inferno. Mesmo as criaturas destituídas de razão se levantarão no julgamento contra os tais. Diz-se da cegonha, aquela singela criatura, que se confina em seu próprio ninho, e se alguma delas deixa seu próprio companheiro e se junta com qualquer outro, o resto cai sobre ela e lhe arrancam todas as suas plumas. Deus condena o adúltero à morte. (Deut. 22:22). Gregório observa, a respeito da chuva de fogo e enxofre derramado sobre Sodoma, que Deus enviou aquela praga nociva para levá-los a ver a

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hediondez de seu pecado. O pecado do adultério é uma maldição sobre a alma. (I Cor. 6:9). O adúltero, como a mariposa, voa tanto tempo ao redor da vela que por fim chamusca sua alma. Este pecado, embora comece comicamente, termina em tragédia! Não será "amargo no fim ? " (II Sam. 2:26). Esta doce calma precede um terremoto. Depois dos cabelos da mulher vem os dentes do leão. F. Ele reprova aqueles que adiam o desenvolvimento da salvação até que não podem mais trabalhar. Eles adiam o arrependimento até chegarem à idade avançada e à enfermidade. (i). Até à idade avançada. Quando puderem realizar mais nenhum outro trabalho, então começarão este. A idade avançada não é uma boa idade para se arrepender. Quando os dedos já estiverem endurecidos, fica difícil aprender a tocar alaúde. Quando o coração já estiver inflexível e endurecido pela maldade, fica difícil subjugá-lo em penitência. Uma planta tenra é facilmente removida, porém é difícil arrancar uma velha árvore que já esteja enraizada. Um pecador idoso que tenha estado muito tempo enraizado no pecado dificilmente é arrancado de seu estado natural. Em matéria de salvação é perigoso adiar. Quanto mais tempo os homens estiverem no pecado, mais ampla será a possessão de satanás sobre eles. Quanto mais tempo o veneno permanecer no estômago, mais mortal será. É uma loucura adiar o desenvolvimento da salvação até o cair da tarde, até o pôr do sol. "A noite vem, quando ninguém pode trabalhar. " (João 9:4). Um marinheiro seria muito imprudente se permanecesse ancorado quando o navio está equipado, com as máquinas com capacidade, vento favorável, e o mar calmo, porém ao chegar a tempestade e o navio começar a se encher de água, então se decidisse a içar velas para a viagem. Esta é a condição daquele que negligencia a saúde e o vigor, e quando a idade avançada chega e sua máquina estiver já arruinada, então ele começa a pensar na sua viagem em direção ao céu. E muito questionável se Deus irá aceitar o arrependimento dele quando já é tão tarde. Ele chama para os primeiros frutos, e achamos que podemos oferecer-Lhe só o restolho? Este não foi o menor dos motivos pelos quais Deus rejeitou a oferta de Caim, pois aquela oferta foi feita com muito tempo de atraso. "E aconteceu que ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor " (Gen. 4:3), ou, como no original que é mais enfático: "depois de muitos dias. " Parece que já estava estragada quando foi trazida. Não seria indigno os homens darem ao diabo seu vigor e suas forças e trazerem diante do altar de Deus seus ossos velhos e sem nenhum vigor? É verdade que Deus pode mostrar Sua misericórdia no final, contudo isso pode ser um risco perigoso. O pecador, na idade avançada, dorme entre a morte e o diabo como Pedro dormiu entre os dois soldados. (ii). Até chegará enfermidade. Seria muito imprudente que, aquele que se prepara para uma longa jornada colocasse a bagagem sobre o cavalo mais

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fraco. Não seria imprudência colocar a bagagem pesada do arrependimento sobre si quando você está tão fraco por causa da enfermidade? Quando as mãos vacilam, os lábios tremem, as forças diminuem, e o coração desfalece? Possivelmente você não sofrerá enfermidades, possivelmente não terá o uso de seus sentidos. É possível que Deus negue Sua graça a você e então onde estará seu arrependimento? É provável que aquele que se esquece de Deus em tempos de saúde, Deus Se esqueça dele em tempos de enfermidade. G. Ele reprova aqueles que começam a trabalhar, mas não desenvolvem sua salvação. Não basta ter um bom começo. Alguns há que, como Jeú, atiram-se com tudo na religião, mas em pouco tempo seu esmorecimento é bem visível. Nós vivemos no outono. Observamos muitos que uma vez floresceram e deram boas esperanças de conversão, porém suas primaveras transformaram-se em outonos. Pararam de trabalhar para o céu, um sinal de que a motivação era apenas superficial e não vital. "Israel rejeitou o bem". (Os. 8:3). Eles que uma vez foram diligentes e zelosos na oração, que se reuniam santamente, agora deixaram as coisas boas. Eles se cansaram em sua caminhada para o céu. Eu tenho pensado com freqüência que há muitos que podem ser comparados à imagem de Nabucodonosor em Daniel, capítulo 3. A princípio eles pareciam ter a cabeça de ouro. Eles se assemelhavam a gloriosos professores. Então depois pareciam ser prata, depois cobre, ferro e então barro. Eles por fim se degeneraram no pecado. Assim, como acontece com manhãs ensolaradas, eles rapidamente se tornaram nublados. Epifanios fala dos gnósticos que a princípio pareciam ser um povo santo e rigoroso, todavia posteriormente caíram na libertinagem. Alguns se tornaram tão impudentes que vangloriaram--se de sua apostasia. Foram os tempos quando eles liam e oravam com suas famílias, mas agora agradecem a Deus porque têm se tornado mais sábios e abandonaram essas tarefas. Bem como se você pudesse ouvir o diabo vangloriando-se de que primeiro era um anjo de luz, porém agora se transformou no anjo das trevas. Os apóstatas são os mais ricos despojos que satanás leva consigo. Ele irá dependurá-los no inferno como seu troféu de triunfo. Os tais que deixaram de trabalhar, que leiam este trovejante versículo em II Ped. 2:21: "Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo--o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. " Ao deixar de trabalhar, eles perderam tudo o que haviam feito antes. Eles perderam sua recompensa. Aquele que corre metade da corrida e depois desmaia, perde o prêmio. 3. E assim eu passarei para o próximo ponto de aplicação, que é o da exortação, para persuadir a todos, pelas misericórdias de Cristo, a desempenharem este grande trabalho, o desenvolvimento de sua salvação. Amados, eis aqui uma fórmula para chegar ao céu, e eu incluiria a todos nesta fórmula. Reúnam todas as forças de suas almas, não dêem descanso nem a Deus nem a vocês mesmos até que tenham confirmada sua eleição. Cristãos,

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não deixem de trabalhar. Façam isso imediata, honesta e incessantemente. Persigam a salvação como se fosse uma caçada santa. Outras coisas são assuntos de simples conveniência; salvação é uma questão de necessidade. Ou vocês fazem o trabalho que os cristãos estão fazendo ou vocês farão o trabalho que os demônios estão fazendo. Oh, vocês que ainda nem começaram a desenvolver sua salvação, comecem agora. Religião é uma boa ocupação se for seguida corretamente. Estejam certos de que não existe salvação sem obras. No entanto, aqui eu devo registrar um aviso para evitar enganos. Cuidado. Embora não sejamos salvos sem obras, ainda não somos salvos por causa de nossas obras. Belarmino disse que merecemos o céu apesar de nossa indignidade. Não, embora sejamos salvos pelo uso dos meios, somos também salvos pela graça. (Ef. 2:5). E necessário arar o solo e semear, mas não podemos esperar nenhuma colheita sem a influência do sol. Assim, é necessário trabalhar, porém não se deve esperar a colheita da salvação sem o brilho do sol da livre graça, "...a vosso pai agradou dar-vos o reino " .(Luc. 12:32). Dar? "Ora", alguns poderiam argumentar, "nós trabalhamos duramente para isso"! Sim, mas o céu é uma doação. Embora alguém trabalhe para alcançá-lo, não deixa de ser a boa vontade de Deus que o concede. Observem ainda que o mérito é de Cristo. Não é o suor do homem, e sim o sangue dEle que salva. Está claro, amigo, que seu trabalho não o torna merecedor da salvação: "porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar. " (Fil. 2:13). Não é seu esforço e sim o co-esforço de Deus. Assim como o professor guia a mão da criança para que possa escrever, semelhantemente o Espírito de Deus precisa propiciar Sua cooperação, ou nosso esforço torna-se inútil. Como pode então o homem ter mérito pelo trabalho quando é Deus que o ajuda a trabalhar? Tendo dado este aviso, devo agora reassumir a exortação e persuadi--lo a desenvolver a sua salvação, entretanto primeiro quero remover dois obstáculos que permanecem no caminho. Obstáculo 1. Você nos exorta a desenvolver nossa salvação, mas não temos nenhum poder para isso. Resposta 1. É verdade, não temos nenhum poder. Nego que tenhamos livre-arbítrio. O homem, antes da conversão, é puramente passivo. Daí as Escrituras chamarem isso de "coração de pedra ". (Ez. 33:6). O homem em seu estado natural não pode preparar-se para a sua própria conversão mais do que a pedra pode preparar-se para ser amolecida. Não obstante, quando Deus começa a atrair podemos seguir. Aqueles ossos secos em Ezequiel não poderiam, por si mesmos viverem, porém quando o sopro veio sobre eles, então "viveram, e se puseram em pé". (Ez. 37:10). Pergunta. Que tal se Deus não tivesse implantado o princípio da graça? E se Ele não tivesse dado o sopro de vida?

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Resposta. Mesmo assim, use os meios. Embora você não possa trabalhar espiritualmente, trabalhe fisicamente. Faça o que você é capaz de fazer, e isso, por duas razões: 1. Porque o homem, negligenciando os meios, se auto-destról, como o homem que não vai para o médico, pode ser responsabilizado pela sua própria morte. 2. Porque Deus nunca está em débito conosco, mesmo quando fazemos o que somos capazes de fazer. A promessa urge: "buscai e encontrareis." (Mat. 7:7). Transforme esta promessa em súplica através de oração. Você diz que não tem poder, porém você não tem uma promessa? Aja da melhor maneira que você puder. Embora eu não me atreva a dizer, como os arminianos, que quando nos esforçamos e seguimos em frente, Deus é obrigado a conceder graça, entretanto digo que Deus não está endividado àqueles que buscam Sua graça. Não, e digo mais. Ele não nega Sua graça a ninguém, a não ser àqueles que deliberadamente a recusam. Obstáculo 2. O segundo obstáculo é este: mas para que finalidade devo trabalhar? Há um decreto estabelecido. Se Deus decretou que devo ser salvo, serei salvo. Resposta 2. Deus decreta a salvação sem desprezar esforço. (II Tess. 2:13). Orígenes, em seu livro contra Celsus, observa um sutil argumento daqueles que discutem sobre sorte e destino. Alguém deu um conselho ao seu amigo doente de que não fosse para o médico porque, ele disse, está escrito pelo destino se você vai se recuperar ou não. Se for seu destino recuperar-se então você não precisa do médico, e se não for seu destino, então o médico não lhe fará nenhum bem. A mesma falácia é usada pelo diabo contra os homens. Ele os induz a não se empenharem. Se Deus tiver decretado que eles serão salvos, eles serão salvos e não há necessidade de porfiar. Se Ele não tiver decretado sua salvação, então o trabalho deles não lhes fará nenhum bem. Este é um argumento retirado do pensamento do diabo. Mas dizemos que Deus decreta o fim usando os meios. Deus decretou que Israel entraria em Canaã, contudo primeiro eles deveriam lutar contra os filhos de Anaque. Deus decretou que Ezequias deveria recuperar-se de sua doença, porém ordenou que colocasse pasta de figos como emplasto sobre as chagas. (Is. 38:21). Não usamos tais argumentos em outros assuntos. Um homem não diz: "Se Deus decretou que eu terei uma colheita este ano, eu terei uma colheita este ano! Por que eu terei que arar, semear ou adubar a terra?" Não, ele usará os meios e esperará pela colheita. Embora "a bênção do Senhor é que enriquece " (Prov. 10:22), e isso é uma verdade, "a mão dos diligentes enriquece" (Prov. 10:4). Os decretos de Deus são executados através de nosso trabalho. E assim, amigo, tendo removido estes obstáculos, deixe-me agora persuadi-lo a empenhar-se neste trabalho abençoado, o desenvolvimento de

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sua salvação. E, para que minhas palavras possam prevalecer, eu proporei vários argumentos com a finalidade de motivá-lo a este trabalho. 1. O primeiro argumento ou motivo para trabalhar é retirado da preciosidade da alma. Bem podemos nos esmerar para que possamos estar a salvo do perigo. A alma é a divina centelha acesa pelo sopro de Deus. Ela supera o mundo em valor e importância. (Mat. 16:26). Se o mundo é o livro de Deus, como Orígenes o chama, a alma é a imagem de Deus. Platão chama a alma de o refletor da Trindade. É um espelho vívido, o qual reflete o brilho da sabedoria e da santidade de Deus. A alma é o florir da eternidade. Deus fez a alma capaz de ter comunhão com Ele. Pagar a metade do valor de uma alma levaria o mundo à bancarrota. A que preço avaliou Cristo a alma quando Se vendeu para comprá-la? Oh, que pena que essa alma excelente, essa alma pela qual Deus convocou um conselho no céu quando a criou, possa fracassar e ficar perdida por toda a eternidade. Quem não trabalharia noite e dia para não perder essa alma? A jóia é inestimável, a perda é irreparável. 2. A diligência santa e o esforço enobrecem o cristão. Quanto mais excelente for alguma coisa, mais dinâmica será. O sol é uma gloriosa criação. Ele nunca fica parado, está sempre girando em seu circuito ao redor do mundo. O fogo é o elemento mais puro e o mais ativo, ele está sempre inflamado e flamejando. Os anjos são as criaturas mais nobres e as mais ágeis. Portanto são representados pelo querubim com suas asas abertas. Deus em Si é o ato mais puro. Homero disse que Agamenon algumas vezes assemelhava-se a Júpiter em suas feições, Palas em sua sabedoria, Marte em seu valor. Através da santa diligência nos assemelhamos a Deus que é o ato mais puro. A fénix voa com uma pequena coroa em sua cabeça. O cristão esforçado não precisa de coroa sobre sua cabeça, seu suor o enobrece. Seu trabalho é sua insígnia de honra. Salomão nos diz que: "...a sonolência faz trazer os vestidos rotos. " (Prov. 23:21). A infâmia é um dos trajes que o cobre. Deus odeia o temperamento lasso. Lemos na lei que o asno, sendo uma criatura estúpida, não poderia ser oferecida em sacrifício. A atividade espiritual é um distintivo de honra. 3. Desenvolver nossa salvação é o que fará com que tanto o céu como a morte sejam algo doce para nós. A. Isso adoçará a morte. Aquele que trabalha duro durante todo o dia, quão tranqüilamente dorme durante a noite. Você que tem desenvolvido sua salvação durante toda sua vida, quão tranqüilamente poderá deitar sua cabeça no sono da morte na esperança de uma gloriosa ressurreição! Este será um leito estimulante de morte. B. Isso adoçará o céu. Quanto mais nos esmerarmos por causa do céu, tanto mais doce ele será quando para lá formos. É um deleite para o homem olhar para seu trabalho e ver os frutos aparecerem. Quando ele tem plantado árvores em seu pomar ou plantado mudas, é um deleite observar e rever seu

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trabalho. Assim, no céu, quando virmos o fruto obtido de nosso esforço: "o fim de nossa salvação " (I Ped. 1:9), isso fará o céu muito mais doce. Quanto maiores forem os esforços para se alcançar o céu, tanto mais bem-vindo ele será. Quanto mais suor, tanto mais doçura. Quando o homem peca, o prazer se vai e as acutiladas permanecem, mas quando ele se arrepende, o labor se vai e o gozo permanece. 4. Vocês ainda têm tempo para trabalhar. Este texto, ou sermão, estaria fora da época para ser pregado para o execrável no inferno. Se eu lhes ordenasse que trabalhassem, já seria tarde demais. O seu tempo já passou. É noite com o diabo, mas hoje é ainda dia para vocês. "...trabalhem enquanto édia " (João 9:4). Se vocês perderem seu dia, perderão suas almas. Este é o tempo para suas almas. Agora Deus ordena, agora o Espírito sopra, ministros suplicam, até mesmo as campainhas de Arão soariamnas suas almas chamando-os para Cristo. Oh, aproveitem a época! Este é seu tempo de semear; semeiem agora as sementes da fé e do arrependimento. Se na época certa vocês não têm o desejo, virá o tempo em que terão o desejo e não terão mais a época certa. Aproveitem o tempo enquanto podem. O marinheiro iça suas velas enquanto sopram os ventos. Nunca um povo teve ura caminho tão aberto para o céu como as pessoas desta cidade, e não iriam vocês prosseguir adiante em suas viagens? E como corre para o final este tempo! Eu lhes asseguro que o Grande Legislador não atrasará Seu chamado. Oh, meus irmãos, agora é o tempo de chamada para suas almas. Agora supliquem a Deus por misericórdia, ou pelo menos peçam a Cristo que faça isso por vocês. Pensem seriamente sobre estes oito itens: Primeiro, nossa vida se vai rapidamente. Gregório compara nossa vida com um marinheiro navegando a todo vapor. Estamos cada dia navegando rapidamente em direção à eternidade. Segundo, os tempos da graça, embora sejam preciosos, não são permanentes. A misericórdia desprezada será como a pomba na arca de Noé, abrirá suas asas e voará para longe de nós. A época áurea da Inglaterra - e da humanidade - irá passar rapidamente. As bênçãos do evangelho são muito doces, porém são muito passageiras. "Mas agora isto está encoberto aos teus olhos." (Luc. 19:42). Não sabemos quando o candelabro dourado poderá ser removido. Terceiro, haverá um tempo quando o Espírito terá parado de contender. Há um fluir do Espírito, o qual, tendo sido negligenciado, é possível que não tornemos a ver um novo fluir acontecer. Quando a consciência pára de acusar, geralmente é porque o Espírito cessou de contender. Quarto, a perda das oportunidades do evangelho será o inferno do inferno. Quando então, no último dia, o pecador deverá pensar consigo mesmo: "Oh, o que eu poderia ter sido! Eu poderia ser tão rico quanto os anjos, tão rico quanto o céu pudesse me tornar. Eu tive o tempo opor tuno

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para trabalhar e o perdi. "Isso será como um câncer corroendo-o. Isso intensificará e acentuará sua miséria. Portanto, permitam que tudo isso venha rapidamente persuadi-los a desenvolver a sua salvação. Quinto, vocês podem desenvolver sua salvação sem que isso os impeça de realizar seu trabalho profissional. Desenvolver a salvação e realizar seu trabalho secular para o qual foi chamado não é inconsistente. E coloco dessa forma para evitar objeções. Alguém poderia dizer: "Mas eu trabalho tanto visando o céu que não tenho tempo para meus negócios." Estejam certos de que o sábio Deus nunca faria com que um de Seus mandamentos interferisse em seu sustento. Da mesma forma como Ele quer que vocês busquem o Seu reino (Mat. 6:33), Ele também quer que supram o sustento de suas famílias. (I Tim. 5:8). Vocês podem desenvolver os dois negócios juntos. Não gosto daqueles que fazem com que a igreja exclua o emprego comercial, fazendo com que passem todo o tempo ouvindo, e assim negligenciando suas responsabilidades no lar. (II Tess. 3:11). Eles são como os lírios do campo, "os quais não tecem nem fiam. "(Mat. 6:28). Deus nunca selou nenhuma autorização a favor da preguiça. Ele ordena e recomenda diligência em sua ocupação, o que pode também nos incentivar a buscar a salvação, porque esta ocupação não nos isentará de nossas outras obrigações. Um homem pode seguir a Deus totalmente como Calebe (Num. 14:34), e ainda fazer como Davi: "...seguiras ovelhas pejadas " (Sal. 78:71). Piedade e diligência devem andar juntas. Sexto, a inescusabilidade daqueles que negligenciam o desenvolvimento de sua salvação. Eu imagino ouvir Deus discutindo o caso com um homem no último dia, da seguinte maneira: "Por que você não trabalhou? Eu lhe dei tempo para fazê-lo, Eu lhe dei iluminação com que trabalhar, lhe dei Meu evangelho, Meu Espírito, Meus ministros. Eu lhe dei talentos para trabalhar, coloquei a recompensa diante de você. Por que não desenvolveu a sua salvação? Tanto pode ser preguiça quanto obstinação. Teria havido algum outro trabalho de tão grande importância para você fazer? Você trabalhou nos tijolos mas não no ouro. O que poderia dizer a seu favor para que a sentençn tiAo lhe fosse dada?"Oh, como o pecador ficará sem palavras nessa liorn, e como cortará o seu coração pensar em como negligenciou sim salvação sem poder explicar o porquê! Sétimo, a inexprimível miséria daqueles que não desenvolveram sua salvação. Aqueles que dormem na semeadura mendigarão na colheita. Após a morte, quando estiverem esperando receber uma colheita de glória, eles estarão implorando por uma gota d'agua como fez o rico no hades. Os vadios desocupados são levados presos para serem investigados. Aqueles que não desenvolveram sua salvação, saibam que o inferno é a prisão de Deus para a qual serão mandados. Oitavo, se tudo isto não os convencer, considerem por último para o que estamos trabalhando. Ninguém se esmera por uma ninharia. Estamos trabalhando por uma coroa, por um trono, por um paraíso, e tudo isso está

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compreendido em uma só palavra: salvação. Eis algo estimulante em que trabalhar. Todos os homens desejam a salvação. É a coroa de nossas esperanças. Nenhum esforço é grande demais para se conseguí-la. Quantos sacrifícios os homens estão dispostos a fazer para conseguirem o poder e o cetro na terra! Imaginem então se os reinos deste mundo fossem mais gloriosos do que são, com alicerces de ouro, muros de pérolas, janelas de safiras. O que seria isso comparado ao reino pelo qual trabalhamos? Seria mais fácil abraçar todo o universo do que descrever esse reino em todo o seu esplendor e magnificência. A salvação é uma coisa formosa. Está tão acima de nossos pensamentos quanto está acima de nossos merecimentos. Oh, como isso pode acrescentar asas aos nossos esforços. O mercador correrá por regiões de frio e calor a fim de conseguir um pequeno prêmio. O soldado, por um rico soldo de guerra, suportará a bala e a espada. Ele suportará alegremente uma primavera sangrenta, visando obter uma colheita dourada. Oh, então, quanto mais nós devemos dar nosso santo suor por este bendito prêmio da salvação! E tendo exposto alguns argumentos a fim de persuadi-los a executar este trabalho, agora proporei algumas diretrizes que lhes ajudarão a executálos. E aqui lhes mostrarei quais são aquelas coisas que precisam ser removidas, pois elas poderiam atrasar nosso trabalho, e quais são as coisas que devem ser buscadas, pois as mesmas irão apressá-lo. Devemos remover aquelas coisas que retardarão o desenvolvimento de nossa salvação. Há seis obstáculos no cjiminho de nossa salvação que devem ser removidos. 1. Os alçapões do mundo. Enquanto os pés estiverem numa armadilha, o homem não pode correr. O mundo é uma armadilha. Enquanto nossos pés estiverem nele não poderemos "correr a carreira que nos está proposta. " (Heb. 12:1). Se um homem tivesse que escalar uma rocha íngreme com pesos amarrados em seus pés, estes atrasariam sua escalada. Tantos objetos que valorizamos muito, atrasarão nossa escalada dessa rocha íngreme que leva à salvação. Enquanto a mó dos negócios está girando, faz tanto barulho que mal podemos ouvir o ministro levantando sua voz como uma trombeta. O mundo sufoca nosso zelo e apetite pelas coisas celestiais. A terra apaga nosso ânimo, a música do mundo nos encanta e nos faz dormir, e por isso não podemos trabalhar. Nas minas de ouro há gases venenosos. Oh, quantas almas têm sido destruídas por esses gases que sobem da terra! 2. O segundo obstáculo no caminho da salvação é a tristeza e a indisposição. Quando o coração do homem está triste, ele não é capaz de desenvolver seu trabalho, fica como um instrumento desafinado. Quando sentimos temores e estamos abatidos, isso é refletido em nossas ações religiosas. Davi se esforçou para sair dessa melancolia espiritual: "Por que estás abatida, ó minha alma?" (Sal. 42:5). A alegria estimula. Os espartanos usavam a música em suas batalhas para estimular seus espíritos, a fim de lutarem com

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maior valentia. A alegria é como a música para a alma, ela estimula para a tarefa. Ela lubrifica as engrenagens das emoções. A alegria faz com que realizemos o serviço com prazer, e nunca somos levados tão velozmente na religião como quando estamos nas asas da alegria. A melancolia trava as rodas de nossa carruagem e então fica muito difícil dirigi-la. 3. O terceiro obstáculo para a salvação é a preguiça espiritual. Este é um grande impedimento ao nosso trabalho. Foi dito dos filhos de Israel que "desprezaram a terra aprazível". (Sal. 106:24). Qual seria a razão? Canaã era um paraíso de delícias, um tipo de céu. Sim, mas eles pensaram que esta lhes traria uma grande quantidade de problemas e exigiria muito esforço para ser alcançada, assim eles preferiram continuar sem ela. Desprezaram a terra aprazível. E acaso não existem milhões entre nós que prefeririam ir dormindo para o inferno, mais do que esforçarem-se em ir para o céu? Eu ouvi falar sobre alguns espanhóis que viviam perto de um local onde existia grande quantidade de peixes, todavia eram tão preguiçosos que não se esforçavam em pescá-los. Eles os compravam de seus vizinhos! Existe uma preguiça tão pecaminosa sobre a maioria das pessoas, de modo que, embora Cristo esteja perto delas, embora a salvação lhes seja oferecida através do evangelho, ainda assim elas não a desenvolvem. "A preguiça faz cair em sono profundo". (Prov. 19:15). Adão perdeu sua costela enquanto dormia, e muitos são os homens que perdem suas almas durante o sono profundo. 4. O quarto obstáculo no caminho da salvação é a opinião de que a salvação é muito fácil - "Deus é misericordioso e se acontecer o pior, nós somente temos que nos arrepender". Deus é misericordioso, é verdade, no entanto Ele é justo. Ele não prejudica Sua justiça por mostrar misericórdia. Portanto observe aquela cláusula na proclamação: "...que ao culpado não tem por inocente. " (Ex. 34:7). Se um rei proclamasse que seriam perdoados somente aqueles que viessem à sua presença e se submetessem ao seu cetro, poderia ainda alguém que persistisse na rebelião reivindicar o benefício desse perdão? Oh, pecador, você gostaria de receber misericórdia, no entanto sem depor as armas da injustiça? "Somente arrepender-se?" É este "somente" que nós não podemos alcançar, a não ser que Deus direcione nossa seta. Diga-me, pecador, é coisa fácil para um homem morto viver e andar? Você está espiritualmente morto e embrulhado em sua mortalha. (Ef. 2:2). É fácil a regeneração? Não há angústias no novo nascimento? É fácil negar-se a si mesmo? Você sabe o quanto a verdadeira religião deve custar, e o que ela pode custar? Ela deve custar a sua separação de suas concupiscências, e ela pode custar a sua própria vida! Preste atenção a esta obstrução. A salvação não é per saltum. Não é um passeio pela floresta. Milhares têm ido para o inferno por causa desse engano. Os óculos de aumento da presunção têm feito a porta estreita parecer mais larga do que realmente é.

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5. O quinto obstáculo no caminho da salvação são os amigos ímpios. É perigoso dar ouvidos à sua voz. A serpente falou a Eva. A esposa de Jó o teria impedido de servir a Deus: "Ainda reténs a tua integridade?" (Jó 2:9). O quê! Ainda orar e prantear? Aqui o diabo lançou uma tentação para Jó através de sua esposa. Os amigos ímpios tentarão nos desviar da nossa meta. "Qual a necessidade de tanto esforço para ser salvo? Um menor empenho bastará!" Lemos a respeito dos irmãos de Cristo, quando eles O viram pregando com tanto zelo, que tentaram refreá-lO: "E quando os seus ouviram isto saíram para o prender... "(Mar. 3:21). Nossos parentes e amigos às vezes nos bloqueariam no nosso caminho para o céu, e julgando nosso zelo como loucura, nos envolveriam e impediriam no desenvolvimento da nossa salvação. Spira encontrou-se com tais amigos, buscando seu conselho se ele deveria rescindir sua opinião anterior a respeito da doutrina de Lutero ou se deveria persistir nela até morrer. Eles fizeram com que Spira se retratasse, e então abertamente, negando sua fé anterior, ele assim se tornou com o um homem vivendo no inferno. 6. O sexto obstáculo no caminho da salvação são as más companhias. Elas nos retirarão de nosso trabalho. As águas doces perdem sua frescura quando se juntam a águas salgadas. Os cristãos perdem sua frescura e sabor quando estão entre os ímpios. As pombas de Cristo serão manchadas por "deitarem-se entre redis... ". (Sal. 68:13). A companhia pecaminosa é como a água na forja de um ferreiro a qual esfria o ferro, não importa quão quente ele esteja. Tais pessoas esfriam as boas afeições. Os ímpios têm "a chaga do... coração " (I Reis 8:38) e seu hálito é infeccioso. Eles nos desencorajarão no desenvolvimento da nossa salvação. Se um homem fosse um pretendente de uma mulher, e se empenhasse muito para conquistá-la, porém, se chegasse alguém com uma notícia ruim sobre ela, algum impedimento, ao ouvir isso ele desistiria do seu intento. Assim acontece com muitos homens que são pretendentes da religião. Eles de bom grado firmariam o compromisso, e se envolveriam completamente para começar a desenvolver sua salvação, mas então alguns de seus conhecidos viriam para dizer-lhes que sabem de algumas coisas ruins sobre a religião. "Em todo lugar falam mal desta seita ". (Atos 28:21). Nela encontrarão tantas restrições e mortificação que eles jamais voltarão a sentir a alegria de viver. Imediatamente após isso eles são desencorajados e então o processo é quebrado. Tomem cuidado com tais pessoas, elas são demônios vestidos de carne. Elas são, como alguém disse, como Herodes que, se ele pudesse, teria matado Cristo assim que Ele nasceu. Então, quando Cristo começa a ser formado no coração, num sentido espiritual, eles O matariam. E assim tenho lhes mostrado as barreiras que se encontram no caminho para a salvação, as quais precisam ser removidas. Agora, em segundo lugar, estabelecerei alguns indícios que ajudam na salvação.

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O primeiro está no texto: "temor e tremor. " Não se trata de temor de quem está duvidando, porém um temor de quem é zeloso. Este temor é um requisito no desenvolvimento da salvação. "Temamos pois que, porventura deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás". (Heb. 4:1). O temor é um remédio contra a presunção. O temor é uma espada flamejante que se movimenta em todas as direções para impedir o pecador de entrar. O temor estimula; é um antídoto contra a preguiça. "Pela fé Noé divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação de sua família, preparou a arca. " (Heb 11:7). O viajante temendo que a noite o alcance antes que chegue ao fim de sua jornada, ele esporeia seu cavalo para que caminhe mais rápido. O temor causa seriedade. Aquele que caminha em temor dá passou cautelosamente. O temor preserva da apostasia: "e porei o meu temor em seu coração, para que nunca se apartem de mim ". (Jer. 32:40). O temor de cair nos livra da queda. O temor é a insígnia e o adorno do cristão. Os santos da antigüidade foram homens tementes a Deus. (Mal. 3:17). Diz-se que o piedoso Anselmo gastava a maior parte do seu tempo pensando sobre o dia do julgamento. "Bem-aventurado o homem que continuamente teme ". (Prov. 28:14). O temor é a defesa do cristão, a maneira de estar seguro é temer sempre. Esta é uma das melhores ferramentas para o cristão utilizar. Segundo, outro grande indício no desenvolvimento da salvação é o amor. O amor faz o trabalho se desenvolver com prazer. Sete anos de trabalho pareceram como nada para Jacó por causa do amor que ele sentia por Raquel. O amor facilita tudo. É como as asas para o pássaro, como as rodas para o carro, como as velas para o barco. Ele prossegue rápida e animadamente em suas tarefas. O amor nunca se cansa. Há uma excelente citação de Gregório: "Deixe o homem abraçar o amor do mundo e ele rapidamente se enriquecerá." Assim, se alguém mantiver o amor à religião em seu coração, rapidamente será rico na graça. O amor é uma graça ativa e vigorosa. Ele despreza o perigo, despreza as dificuldades. Como uma poderosa corrente ele leva tudo o que está à sua frente. Esta é a graça que toma o céu pela violência. Façam com que seus corações sejam aquecidos por esta graça e vocês estarão aptos a trabalhar. O terceiro indício para a salvação é trabalhar na força de Cristo. "Posso todas as coisas naquele que me fortalece ". (Fil. 3:13). Nuncn trabalhem sozinhos. A força de Sansão estava em seu cabelo, e a força do cristão está em Cristo. Quando vocês tiverem que realizar alguma tarefa, que resistir a alguma tentação, que subjugar alguma fraqueza, façam-no na força de Cristo. Alguns saem para combater o pecado mi força das resoluções e dos votos. Eles são rapidamente derrotados. Façam como Sansão. Ele primeiro clamou ao céu por ajuda, e então, abraçando os pilares demoliu a casa sobre os líderes dos Filisteu* Quando envolvemos Cristo no trabalho, abraçamos os pilares de uma ordenança, e assim pomos abaixo a casa sobre a cabeça de nossas concupiscências.

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Quarto, vão com calma, sejam humildes, não pensem que vocês merecerão qualquer coisa pelo seu trabalho. Satanás nos nliislitiri do trabalho ou nos tornará orgulhosos dele. Deus precisa perdoar os nossos trabalhos antes de coroá-los. Se pudéssemos orar como os anjos, derramar rios de lágrimas, construir igrejas, erigir hospitais, r tivéssemos o conceito de que mereceríamos qualquer coisa por causa disso, seria como uma mosca morta num frasco de perfume. Macularia e ofuscaria a glória do trabalho. Nossas obras, como o bom vinho, tomam o gosto do barril ruim. Elas serão nada mais do que cintilantes pecados. Não deixemos o orgulho envenenar nossas coisas santas. Quando estamos trabalhando para o céu, devemos dizer como o bom Neemias: "Nisto Deus meu, lembra-te de mim, eperdoa-me segundo a abundância da tua benignidade. " (Nee. 13:22). Quinto, trabalhem sobre os seus joelhos. Sejam fervorosos em oração. Supliquem ao Espírito de Deus para ajudá-los no trabalho. Façam esta oração: "Levanta-te vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim..." (Cantares de Salomão, capítulo 4). Precisamos ter o Espírito soprando sobre nós, pois existem muitos ventos contrários soprando contra nós. Consideremos a rapidez com que nossas santas afeições estão sujeitas a murcharem. O jardim não precisa de mais vento para fazer brotar seus frutos do que nós precisamos do Espírito para fazer florescer nossas virtudes. Filipe juntou-se à carruagem do eunuco, o Espírito de Deus precisa juntar-se à nossa carruagem. Do modo como o marinheiro mantém a mão no leme, assim também ele mantém os olhos nas estrelas. Enquanto estamos trabalhando, precisamos olhar para o Espírito. Que valor tem a nossa preparação sem a operação do Espírito? De que vale todo o nosso remar sem o vento do céu? "O Espírito me levantou ". (Ez. 3:14). O Espírito de Deus precisa tanto infundir a graça quanto estimulá-la. Nós lemos da roda dentro da roda em Ez. 1:16. O Espírito de Deus é aquela roda interior que precisa mover a roda dos nossos esforços. Para concluir, orem a Deus para abençoá-los em seu trabalho. "...não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja... " (Ecl. 9:11). Nada prospera sem a bênção, e qual o modo de se obter isso, a não ser pela oração? É um velho ditado: "Os santos levam a chave do céu em seus cintos." A oração derruba as armas das mãos do inimigo e apanha a bênção das mãos de Deus. Finalmente, sexto, trabalhem com esperança. O apóstolo disse: "Aquele que lavra deve lavrar com esperança". (I Cor. 9:10). A esperança é a âncora da alma. (Heb. 6:19). Lancem esta âncora sobre a promessa e vocês jamais afundarão. Nada nos atrasa mais em nosso trabalho do que a incredulidade. "Claro", disse um cristão: "Posso trabalhar penosamente o dia todo e não conseguir nada." O quê? Não há bálsamo em Gileade? Não há um trono de misericórdia? Oh, derramem fé em cada tarefa, olhem para a livre graça, fixem seus olhos no sangue de Cristo. Vocês querem ser salvos? Façam seu trabalho com fé.

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CONTRACAPA

Os Purita nos e a conversão

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Não há doutrina sobre a qual ê mais importante sermos completamente ortodoxos do que a doutrina da conversão. Se o arrependimento estiver ausente, então teremos antinomianismo ou fideismo. Se a fé estiver ausente, teremos apenas salvação pelas obras. Se o entendimento da fé ou do arrependimento estiver defeituoso, haverá pouca probabilidade que a conversão seja genuína. O Pastor Albert N. Martin, da Trinity Baptist Church, Montville, New Jersey, diz no seu prefácio: "A verdadeira conversão compreende a área na qual há grande confusão e terrível engano em nossos dias, sim,mesmo entre os evangélicos que são esclarecidos na questão da base de aceitação do pecador por Deus. Ê precisamente na área da apresentação da doutrina bíblica da conversão que os pregadores puritanos têm tanto para nos ensinar. " Estes três tratados puritanos ajudarão o leitor a compreender melhor a doutrina da conversão. Cada obra examina a conversão a partir de um ângulo diferente. Estes tratados, nunca antes disponíveis em forma impressa, são: Pecado: O Mal sem Par - Samuel Bolton A Conversão de um Pecador - Nathaniel Vincent A Coisa Indispensável - Thomas Watson Cada obra tem sua própria área particular de peso em apresentar uma sã teologia da conversão, tanto como compreensões penetrantes sobre o método da conversão.

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