Os Hinos à Noite - Novalis
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Texto Bilíngue - Alemão / Português Tradução de Orlando Ferreira...
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Os Hinos à Noite (Novalis)
I. Diante do espetáculo maravilhoso do espaço aberto à sua volta, que existência viva, sensível, não ama a deliciosa luz, com suas cores, raios e ondulações, sua onipresença gentil na forma do alvorecer? O mundo gigantesco g igantesco das constelações despertas inala o dia como a mais profunda alma da vida, e flutua dançando em sua torrente azulada; a pedra tranqüilamente faiscante, a pesarosa planta, o mundo selvagem, ardente e multiforme dos animais o inala; porém, mais que elas, o nobre estrangeiro com olhos brilhantes, andar altivo, lábios melodiosos e cerrados. Como um rei que comanda a natureza mundana, ele invoca os poderes para transformações incontáveis, ata e desata inúmeras alianças, sustenta sus tenta sob forma celestial cada substância terrena. Sua presença por si só revela o esplendor maravilhoso dos reinos do mundo. E eu me volto para a Noite misteriosa, sagrada e indescritível. Ao longe repousa o mundo, em sepulcro profundo; um lugar solitário e arruinado. Nas cordas do peito golpeia uma tristeza profunda. Estou pronto para mergulhar nas gotas do orvalho, e misturar-me às cinzas. - A distância da memória, os desejos da juventude, os sonhos da infância, as breves alegrias e aspirações vãs de uma vida longa, surgem com uma veste acinzentada, como o vapor da tarde antes do pôr do sol. Em outras plagas a luz assentou suas tendas felizes: e se eu nunca mais retornar para suas crianças, que me esperam com a fé da inocência? O que renova todos os pressentimentos de meu coração, e acalma o ar suave da tristeza? Negra Noite, não terás uma afinidade conosco? O que qu e seguras sob teu manto, cujos poderes ocultos afetam minh'alma? O bálsamo precioso goteja do ramo de papoulas, em tuas mãos. Tu retiras os cravos de aço da alma. De modo obscuro e indescritível, somos tocados: estarrecido de prazer contemplo a face grave que, suavemente e em prece, inclina-se sobre mim, e, em meio a olhares confusos, revela o amor jovial da Mãe. Como a luz parece agora algo pobre e infantil! como é agradável e bem-vinda a partida do dia! Não é apenas porque a noite arrebata de ti t i seus servos, e lança aos abismos do espaço teus globos faiscantes, que proclamas, nos momentos de ausência, sua onipotência, e desejas seu retorno?
Temos olhos que a noite abriu em nosso interior, mais divinos que aquelas estrelas brilhantes. Sua visão alcança além dos incontáveis hóspedes mais pálidos da noite. Sem auxílio da luz eles penetram penet ram as profundezas que abrangem as regiões elevadas com inefável delícia. Glória à rainha do mundo, à grande profetisa dos mundos mais sagrados, à mãe m ãe cuidadosa do delicioso amor! ela mandou-te a mim, tu a mais suavemente amada, sol gracioso da Noite. Agora desperto, pois sou teu e meu. Fizeste-me conhecer a Noite, entregaste-a a mim para que se tornasse minha vida; tu fizestes de mim um homem. Consumas meu corpo com o ardor de minh'alma, de modo que eu, tornado ar purificado, possa misturar-me completamente contigo, e assim, nossa noite de núpcias durará eternamente. II. Por que a manhã deve sempre retornar? ret ornar? O despotismo do dia nunca terá t erá fim? A atividade profana consome a visita angélica da noite. Nunca chegará o dia em que o sacrifício oculto do Amor arderá eternamente? Veio o tempo da Luz; porém, o domínio da Noite é eterno e ilimitado. A duração do sono é eterna. Sono Sagrado, servo dedicado da Noite, não se s e preencha de júbilo no trabalho mundano do dia. Os tolos julgam-te mal, nada conhecendo do sono exceto a sombra que lanças piedosamente sobre nós no crepúsculo da noite real. Eles não te sentem no fluxo dourado das videiras, no óleo mágico da árvore das amêndoas, e no suco marrom do pomo da papoula. Eles não sabem que és tu quem assombra o seio da bela dama, e transforma t ransforma em Céu a sua nobreza; no breza; jamais suspeitam que és tu, guardiã gu ardiã do Céu, quem envia a eles as antigas histórias, h istórias, mensageira silenciosa dos segredos infinitos, portadora da chave para par a a morada dos abençoados. III. Certa vez, quando derramava lágrimas amargas, que minha esperança, dissolvida na dor, se esvaía, e eu permanecia só sobre uma colina estéril que em seu contorno escuro, baixo, ocultava a desvanecida forma de minha Vida; só como ninguém jamais havia sido, tocado por uma angústia indescritível, privado de forças, e nada mais restava exceto a consciência da miséria; - enquanto olhava ao meu redor em busca de socorro; não podia avançar nem retroceder, e enfraquecido com a perda, extinguí minha vida com uma saudade sem fim;
então surgiu das distâncias azuis, das profundezas de meu júbilo passado, uma chuva brilhante, crepuscular; e num só momento romperam-se as amarras do nascimento, os grilhões da Luz. Ao longe fugiu a glória da Terra, e com ela meus lamentos. A tristeza fluiu num mundo novo e inescrutável. Tu, ó inspiração da Noite, Sono celestial, viestes sobre mim. O local elevou-se suavemente, e acima pairou meu espírito recém-nascido, ilimitado. A colina tornou-se uma nuvem de poeira e envolveu-me, e na nuvem vislumbrei a glorificada face de minha Amada. Em seus olhos jazia a eternidade. Apertei suas mãos e minhas lágrimas tornaram-se um laço ardente e indestrutível. Milhares de anos fluíram ao longe nas distâncias do relâmpago e da tempestade. Em seu dorso eu saudei a nova vida com lágrimas e êxtase. Jamais tive tal sonho novamente; desde então e para sempre eu mantenho uma fé eterna e inabalável no Céu da Noite; e em seu sol, a Amada. ~~~ IV. Agora sei quando chegará o derradeiro amanhecer: quando a luz não afugentar mais a Noite e o Amor, quando o sono persistir sem o despertar, existindo apenas um sonho contínuo. Sinto em mim uma exaustão celestial. Minha peregrinação para o túmulo sagrado foi longa e cansativa, e a cruz esvaia-se. Aquele que experimentou a onda de cristal que, imperceptivelmente ao sentido comum, brota do seio obscuro da colina batida pelo fluxo do mundo, aquele que esteve na montanha fronteiriça do mundo, e vislumbrou o interior das novas terras nos domínios da noite, certamente não retornará ao tumulto do mundo, às terras nas quais reina a Luz em inquietude perpétua. Naquelas alturas ele constrói para si tabernáculos - tabernáculos de paz; lá recorda, ama e contempla, até que a mais querida das horas lança-o nas águas da fonte. Tudo o que é mundano flutua sobre ele, revolvendo-se em tempestades; mas o que se tornou sagrado pelo toque do Amor flui livremente através dos caminhos ocultos, das regiões mais além, onde, junto aos aromas, mistura-se ao amor adormecido. Doce Luz, tu ainda acordas o homem cansado para o trabalho, e em mim deitas a alegria da vida; mas tu não me afastarás do monumento coberto de musgo da memória. Oferecer-te-ei a mão laboriosa sempre que necessitares de mim; louve a rica pompa de teu esplendor; persiga incansável as harmonias amáveis de teu habilidoso artesão; contemple feliz a
pesarosa paz de teu poderoso, radiante relógio; explore o equilíbrio das forças dos maravilhosos e incontáveis mundos e suas estações; mas meu coração secreto permanece da Noite, e do seu filho, Amor o criador. Poderias tu me revelar um coração eternamente verdadeiro? Possui teu sol olhos amigos que me conhecem? Seguram tuas estrelas minha mão quando ela se oferece? Retribuem elas a pressão suave da minha palavra carinhosa? Tu não as adornaste com cores e com trêmulo contorno? Ou terá sido ela quem concedeu às tuas jóias um significado mais elevado, e querido? Que delícias, que prazeres, a tua vida me oferece, para aliviar o fardo dos transportes da Morte? Não será tudo aquilo que nos inspira investido da vivacidade da Noite? Tua mãe, é ela que te gera, e a ela deves toda tua glória. Tu poderias desvanecer em si, poderias dissipar-se no espaço infinito, se ela não te amparasse, não te enfaixasse para que permanecesses quente e flamejante, concebendo o universo. É certo que eu já existia antes de ti; a mãe enviou-me com minhas irmãs para habitar o mundo, para santificá-lo com amor de modo que ele se tornasse um memorial eternamente presente, para semeá-lo com flores que jamais fenecerão. Mas assim como elas não germinaram, e nem estes pensamentos divinos; não há sinal algum do apocalipse que está próximo. Mas um dia teu relógio apontará para o fim do Tempo, e então deverás ser apenas um conosco, e deverás, pleno de ardente saudade, extinguir-se e morrer. Eu sinto em mim o término de tua atividade, experimento a liberdade celestial, e a restauração feliz. Com dores selvagens reconheço como estás distante de nosso lar, teu feudo junto ao antiquíssimo domínio, o Céu. Tua ira e teus delírios são em vão. Inconsumível paira a cruz, bandeira de vitória em nossa senda. Peregrinei Onde toda dor Certo dia, Só terá sabor de prazer. Mais alguns momentos E estarei livre, Intoxicado Na mentira envolvente do amor.
A vida eterna Surge qual onda diante de mim: Observo do cume, Observo a ti. Ó Sol, deves desvanecer Sob a colina; Uma sombra irá trazer-te Irada frieza. Ó, atire em meu coração amor, Atire até que eu me vá; Até que adormecido, Ainda ame! Eu sinto o fluxo da Correnteza da jovem e generosa morte; Que transforma meu sangue Em bálsamo e éter! Com fé e vontade Eu vivo os dias: Com um êxtase sagrado, Morro a cada anoitecer. V. Em tempos antigos um Destino de ferro surgiu a reinar, com força implacável, sobre as dispersas famílias humanas. Uma opressão sombria envolveu suas almas ansiosas: a Terra não tinha fronteiras, ainda era um lar para os homens e morada de deuses. Sua estrutura misteriosa jazia desde eras eternas. Além das colinas rubras do amanhecer, no seio sagrado do mar, reinava o sol, aquele que tudo inflama, luminária viva. Era como um velho gigante abraçando este mundo feliz. Aprisionados nas profundezas jaziam os primogênitos da mãe Terra, sem esperanças em sua fúria destruidora contra a nova raça de deuses e seus parentes benévolos, os homens. O abismo esverdeado e obscuro do oceano abrigava uma deusa. Nas grutas de cristal as pessoas brincavam. Os rios, as árvores, as flores e animais tinham a espiritualidade esperta do ser humano. O vinho era doce, servido por jovens personificadas; havia um deus nos vinhedos; uma deusa maternal, amável, cresceu entre as folhagens
douradas; a sagrada embriaguez do amor era doce prece para a mais bela das deusas. A vida vagava através dos séculos numa contínua primavera, uma festa sem fim dos filhos do Céu, habitantes da terra. Todas as raças, como crianças, adoravam a chama etérea, multiforme, como a mais sublime entre as coisas do mundo. Nada mais que uma ilusão, um sonho horrível Algo temível avançou sobre o banquete feliz, E deixou os espíritos numa consternação selvagem. Os próprios deuses não conheciam respostas ou conselhos, Para infundir consolo nos corações sufocados. A senda do monstro era misteriosa e sem rumo, Cuja fúria não se aplacava com preces e sacrifícios; Era a morte que invadiu o banquete com medos, Com angústia, dores cruéis e lágrimas amargas. Agora separados eternamente de tudo Que inclina o coração à felicidade fluente do prazer, Separados dos que amam, os corações partidos, Em vão saudosos e em desespero sem fim Lutam em sonho tristonho, Parecia que tudo era posse da morte profunda! Que rompeu a vaga próspera da glória do homem No rochedo inevitável da Morte. Em vôo ousado, vão ao alto as asas do Pensamento; Os homens cobrem a coisa horrível com o manto da beleza: Uma bela jovem apaga a vela, para dormir; O fim aproxima-se suavemente, como o lamento do alaúde do amante. Uma sombra fria rasteja sobre a memória: Assim dizia a canção, pois Miséria a movia. Ainda indecifrável jaz a Noite interminável O símbolo solene de um Desejo distante. O velho mundo entrou em declínio. O jardim de delícias da raça jovem definhou; mais acima, em regiões amplas e desoladas, agora combatiam os homens maduros tendo abandonando a infância. Os deuses desvaneceram -se junto a seu séquito. A natureza jazia solitária e sem vida. O Número seco e a
Medida rígida aprisionaram-na com correntes de ferro. Envoltas no ar e na poeira as inestimáveis florações da vida fugiram para mundos obscuros. Fora-se a Fé, criadora de maravilhas, e aquele anjo que tudo une e transforma, seu companheiro, Imaginação. Os ventos do norte sopraram sobre aquela plaga tórrida, e a terra maravilhosa primeiro gelou-se, e então evaporou-se no éter. As profundezas distantes do Céu tornaram-se plenas em mundos relampejantes. A alma do mundo, junto a todos seus poderes, ocultou-se no santuário profundo, nas regiões mais puras da mente, até que um dia desperte o alvorecer da glória universal. A Luz não era mais a morada dos deuses, nem o presságio celeste de sua presença: fora lançado sobre eles o manto da Noite. A Noite tornou-se o grande berço das revelações; nela retornaram os deuses, e adormeceram, persistindo em formas novas e gloriosas no interior do mundo transfigurado. Entre o povo, antes perfeito e bondoso, que havia se tornado zombeteiro e insolentemente hostil diante da abençoada inocência da juventude, apareceu o Novo Mundo, sob o disfarce nunca visto antes, de uma canção abençoada de pobreza, filho de uma dama, uma mãe, fruto eterno de enlace misterioso. A sabedoria oriental, profética, florescente, de pronto reconheceu o surgimento de uma nova era; uma estrela mostrou-lhes o caminho para o pobre berço do rei. Em nome de um futuro distante, homenagearam-lhe com respeito e perfumes, as mais elevadas maravilhas da natureza. Na solidão, o coração celeste revelou-se para o cálice em flor do amor grandioso, voltou-se para a face suprema do pai, e repousou sobre o seio da mãe solene e doce. Com fervor divino o olhar profético do filho contemplou os anos futuros, previu, imperturbável sob o fardo terreno de seus dias, a prole amada a surgir de sua árvore divina. As almas infantis reúnem-se ao seu redor, e anseiam pelo amor verdadeiro, maravilhosamente obtido. Como flores, elas desabrocham uma nova vida em sua presença. Mundos que jamais se esgotam e boas novas saem como faíscas de um espírito divino por seus lábios benévolos. De uma costa distante veio um bardo, nascido sob o céu claro de Hellas, para a Palestina, e cedeu seu coração inteiro para a criança maravilhosa: Tu és o jovem cujas eras mantiveram por tanto tempo Pairando sobre nossos túmulos, perdido entre as névoas da imaginação; Sinal na escuridão da boa-nova de Deus,
Quando madura a humanidade a colherá; E é o que desejamos, e cultivamos com amor E toda a desgraça perde o viço, o sentido; A morte encontrou sua razão de ser na vida eterna, Pois tu és Morte, e fizeste-nos totalmente unos. Cheio de alegria, o bardo foi para o Indostão, o coração intoxicado com a doçura do amor, que expressou em canções compostas sob aquele céu suave, de modo que milhares de corações ajoelharam-se diante dele, e a boa nova frutificou em uma infinidade de ramos. Logo depois da partida do cantor, aquela vida preciosa foi entregue em sacrifício pela profunda queda do homem. Ele morreu jovem, arrebatado do mundo que tanto amava, de sua mãe chorosa, e seus amigos temerosos. Seus doces lábios sorveram a taça amarga de erros inexprimíveis. Em angústia horrível aproximou-se o nascimento de um novo mundo. Ele combateu bravamente os terrores da antiga Morte; grande foi o peso da antiga palavra sobre ele. Porém, ele olhou suavemente para a mãe; surgiu a mão libertadora do Amor eterno, e ele adormeceu. Por alguns dias pairou um véu profundo sobre o mar revolto, sobre a terra que tremia; lágrimas sem fim brotaram de seus amados; o mistério desvendou-se: espíritos celestes arrastaram a grande rocha da tumba obscura. Anjos observaram-no, adormecido, desencorporado docemente em sonhos; ele despertou em nova glória, Divinificado galgou ao cume do novo mundo recémnascido, enterrou com as próprias mãos o antigo cadáver na cavidade abandonada, e com mão suprema deitou sobre ela uma rocha que poder algum seria capaz de remover novamente. Seus olhos amados lacrimejam sobre a tumba lágrimas graves de júbilo, lágrimas emocionadas, lágrimas de graça eterna, sempre renovadas; com felicidade observam-no a erguer-se novamente, e contemplaram seu lamento fervoroso e suave sobre o seio abençoado da mãe, a andar em comunhão pensativa com seus amigos, murmurando palavras como que arrebatadas da árvore da vida; vêem a ti, partindo saudoso para os braços do pai, levando consigo a jovem Humanidade, e a inexaurível taça de um futuro dourado. Logo a mãe juntou-se a ti em triunfo celeste, e era a primeira pessoa contigo na nova morada. Desde então, eras fluíram, e num esplendor sempre maior tens se
dedicado à nova criação, e milhares seguiram a ti, em meio a dores e torturas, plenos de fé e desejosos pela verdade, andam contigo e a virgem celestial no reino do Amor, e serão para sempre teus, ministro do templo da Morte celestial. A pedra é elevada, E toda a humanidade ergue-se; Todos nós residimos em ti, Desaparecemos em nossa prisão. Todos os tormentos se foram Diante da taça dourada; Pois nem a vida nem o mundo podem estar Na mesa em que ceamos com o Senhor. Ao casamento a Morte convida; E nenhuma virgem tarda; As lamparinas queimam vistosas; Sem necessitarem de óleo algum. Teus pés ao longe despertam Ecos em nossas sendas! E as estrelas criam símbolos E doces vozes! Dez mil corações aspiram A ti, ó nobre mãe; Nesta vida, carregados de tristezas, Desejam apenas a ti; Em ti esperam a cura; Em ti esperam repouso seguro, Quando, selando sua segurança, Os abraçará contra teu peito. Os que repousam no inferno Queimam desapontados, Pois por fim, ao te verem Fogem deste mundo: E tu apareces em auxílio, A nós, em meio às dores: Agora estamos mais próximos de tua morada, E nunca mais iremos embora!
Agora não existem mais lágrimas Que amor e preces junto aos túmulos; O dom que o Amor concede Não será mais roubado de ninguém. Para apaziguar e aquietar a saudade Vem a noite, e acalma os sábios; A multidão de filhos do Céu nos envolve Zela por nós e guarda nosso coração. Coragem! pois esta vida ruma Para uma vida sem fim adiante; O sentido, amoroso, aguardando, Torna-se claro e forte. Um dia as estrelas, caindo, Devem fluir como vinho dourado: E nós, sorvendo tal néctar, Brilharemos como estrelas vivas! Livre, o amor emerge da tumba, Para não morrer nunca mais; Em plenitude, a vida eleva-se e ondeia Qual mar sem limites! Toda noite há uma deliciosa tarefa! Uma ode de júbilo! E o sol de todos nossos prazeres É a face de Deus! VI. DESEJANDO A MORTE No seio da terra! Fora dos domínios da Luz! As dores da Morte nada mais são Que a partida, romper-se de grilhões! Rapidamente, num barco esguio, Rapidamente navegamos para a costa do Céu! Bendita seja a Noite eterna, E bendito o Sono sem fim!
Somos abrasados pelo dia luminoso, E ressecados pelo tédio! Estamos cansados da vida que dura: Venha, agora iremos para casa, para Deus! Para que permanecer neste mundo sublunar? Para que nutrir o amor e a verdade aqui? Se o que é antigo está muito além Para nós o novo deve perecer! Aquele que ama o passado com piedade ardente Está sozinho, amargurado, em exílio. Porém, como o espírito humano, o passado Elevou-se em chamas sublimes; Onde os homens herdaram do Pai, O dom de reconhecer sua face; E, em simplicidade perfeita Muitos tornaram-se seu arquétipo. O Passado em rica florescência, no qual Antigos troncos geraram o fruto glorioso; E as crianças em busca do mundo futuro, Buscaram a vitória sobre a dor e a morte; E, apesar da vida e do prazer fenecerem, Muitos corações partiram-se de amor. O Passado no qual o próprio Deus possuiu O vigor da juventude; E enfrentou a morte prematura, por amor à verdade Que os jovens contemplaram, e ousaram Enfrentar com paciência a angústia e a tortura Para provar que o amavam. Agora vemos com inquietação ansiosa Aquele passado envolto em trevas; Com a água deste mundo Nunca poderemos matar nossa sede: Precisamos retornar à nossa antiga morada E conhecer aquele tempo abençoado de novo. E o que impediria nosso retorno? Já que repousam aqueles que amamos!
Sua sepultura é o limite de nossas vidas; Nós recusamos com repugnância esta época odiosa! Não somos enganados por nenhuma esperança: O coração está pleno; o mundo vácuo! Infinito e misterioso, Vibra em mim um doce tremor, Como se na distância ecoasse Um sinal, semelhante ao nosso lamento: Os amados esperam, assim como eu, Enviam seu suspiro de saudade. Abaixo, para a noite amorosa, e mais além Para o amado Jesus! Coragem! as sombras do entardecer tornam-se em cinzas, Assim como nossos planos, e nos acalmam! Um sonho romperá nossos grilhões, E nos abrigará no coração do Pai. (tradução de Orlando Ferreira) Hymnen an die Nacht (NOVALIS) (verfasst 1799/1800)
1. Welcher Lebendige ...
2. Muß immer der Morgen wiederkommen?
3. Einst da ich bittre Thränen vergoß ...
4. Nun weiß ich, wenn der letzte Morgen seyn wird ...
5. Über der Menschen weitverbreitete Stämme ...
6. Sehnsucht nach dem Tode
1.
Welcher Lebendige, Sinnbegabte, liebt nicht vor allen Wundererscheinungen des verbreiteten Raums um ihn, das allerfreuliche Licht - mit seinen Farben, seinen Stralen und Wogen; seiner milden Allgegenwart, als weckender Tag. Wie des Lebens innerste Seele athmet es der rastlosen Gestirne Riesenwelt, und schwimmt tanzend in seiner blauen Flut - athmet es der funkelnde, ewigruhende Stein, die sinnige, saugende Pflanze, und das wilde, brennende,
vielgestaltete Thier - vor allen aber der herrliche Fremdling mit den sinnvollen Augen, dem schwebenden Gange, und den zartgeschlossenen, tonreichen Lippen. Wie ein König der irdischen Natur ruft es jede Kraft zu zahllosen Verwandlungen, knüpft und löst unendliche Bündnisse, hängt sein himmlisches Bild jedem irdischen Wesen um. - Seine Gegenwart allein offenbart die Wunderherrlichkeit der Reiche der Welt. Abwärts wend ich mich zu der heiligen, unaussprechlichen, geheimnißvollen Nacht. Fernab liegt die Welt - in eine tiefe Gruft versenkt - wüst und einsam ist ihre Stelle. In den Sayten der Brust weht tiefe Wehmuth. In Thautropfen will ich hinuntersinken und mit der Asche mich vermischen. - Fernen der Erinnerung, Wünsche der Jugend, der Kindheit Träume, des ganzen langen Lebens kurze Freuden und vergebliche Hoffnungen kommen in grauen Kleidern, wie Abendnebel nach der Sonne Untergang. In andern Räumen schlug die lustigen Gezelte das Licht auf. Sollte es nie zu seinen Kindern wiederkommen, die mit der Unschuld Glauben seiner harren? Was quillt auf einmal so ahndungsvoll unterm Herzen, und verschluckt der Wehmuth weiche Luft? Hast auch du ein Gefallen an uns, dunkle Nacht? Was hältst du unter deinem Mantel, das mir unsichtbar kräftig an die Seele geht? Köstlicher Balsam träuft aus deiner Hand, aus dem Bündel Mohn. Die schweren Flügel des Gemüths hebst du empor. Dunkel und unaussprechlich fühlen wir uns bewegt - ein ernstes Antlitz seh ich froh erschrocken, das sanft und andachtsvoll sich zu mir neigt, und unter unendlich verschlungenen Locken der Mutter liebe Jugend zeigt. Wie arm und kindisch dünkt mir das Licht nun - wie erfreulich und gesegnet des Tages Abschied - Also nur darum, weil die Nacht dir abwendig macht die Dienenden, säetest du in des Raumes Weiten die leuchtenden Kugeln, zu verkünden deine Allmacht - deine Wiederkehr - in den Zeiten deiner Entfernung. Himmlischer, als jene blitzenden Sterne, dünken uns die unendlichen Augen, die die Nacht in uns geöffnet. Weiter sehn sie, als die blässesten jener zahllosen Heere - unbedürftig des Lichts durchschaun sie die Tiefen eines liebenden Gemüths - was einen höhern Raum mit unsäglicher Wollust füllt. Preis der Weltköniginn, der hohen Verkündigerinn heiliger Welten, der Pflegerinn seliger Liebe - sie sendet mir dich - zarte Geliebte liebliche Sonne der Nacht, - nun wach ich - denn ich bin Dein und Mein - du hast die Nacht mir zum Leben verkündet - mich zum Menschen gemacht - zehre mit Geisterglut meinen Leib, daß ich luftig mit dir inniger mich mische und dann ewig die Brautnacht währt.
2.
Muß immer der Morgen wiederkommen? Endet nie des Irdischen Gewalt? unselige Geschäftigkeit verzehrt den himmlischen Anflug der Nacht. Wird nie der Liebe geheimes Opfer ewig brennen? Zugemessen ward dem Lichte seine Zeit; aber zeitlos und raumlos ist der Nacht Herrschaft. - Ewig ist die Dauer des Schlafs. Heiliger Schlaf - beglücke zu selten nicht der Nacht Geweihte in diesem irdischen Tagewerk. Nur die Thoren verkennen dich und wissen von keinem Schlafe, als den Schatten, den du in jener Dämmerung der wahrhaften Nacht mitleidig auf uns wirfst. Sie fühlen dich nicht in der goldnen Flut der Trauben in des Mandelbaums Wunderöl, und dem braunen Safte des Mohns. Sie wissen nicht, daß du es bist der des zarten Mädchens Busen umschwebt und zum Himmel den Schoß macht - ahnden nicht, daß aus alten Geschichten du himmelöffnend entgegentrittst und den Schlüssel trägst zu den Wohnungen der Seligen, unendlicher Geheimnisse schweigender Bote. 3.
Einst da ich bittre Thränen vergoß, da in Schmerz aufgelöst meine Hoffnung zerrann, und ich einsam stand am dürren Hügel, der in engen, dunkeln Raum die Gestalt meines Lebens barg - einsam, wie noch kein Einsamer war, von unsäglicher Angst getrieben - kraftlos, nur ein Gedanken des Elends noch. - Wie ich da nach Hülfe umherschaute, vorwärts nicht konnte und rückwärts nicht, und am fliehenden, verlöschten Leben mit unendlicher Sehnsucht hing: - da kam aus blauen Fernen - von den Höhen meiner alten Seligkeit ein Dämmerungsschauer - und mit einemmale riß das Band der Geburt - des Lichtes Fessel. Hin floh die irdische Herrlichkeit und meine Trau er mit ihr zusammen floß die Wehmuth in eine neue, unergründliche Welt - du Nachtbegeisterung, Schlummer des Himmels kamst über mich - die Gegend hob sich sacht empor; über der Gegend schwebte mein entbundner, neugeborner Geist. Zur Staubwolke wurde der Hügel - durch die Wolke sah ich die verklärten Züge der Geliebten. In ihren Augen ruhte die Ewigkeit - ich faßte ihre Hände, und die Thränen wurden ein funkelndes, unzerreißliches Band. Jahrtausende zogen abwärts in die Ferne, wie Ungewitter. An Ihrem Halse weint ich dem neuen Leben entzückende Thränen. - Es war der erste, einzige Traum - und erst seitdem fühl ich ewigen, unwandelbaren Glauben an den Himmel der Nacht und sein Licht, die Geliebte. 4.
Nun weiß ich, wenn der letzte Morgen seyn wird - wenn das Licht nicht mehr die Nacht und die Liebe scheucht - wenn der Schlummer ewig und nur Ein unerschöpflicher Traum seyn wird. Himmlische Müdigkeit fühl ich in mir. Weit und ermüdend ward mir die Wallfahrt zum heiligen Grabe, drückend das Kreutz. Die krystallene Woge, die gemeinen Sinnen unvernehmlich, in des Hügels dunkeln Schooß quillt, an dessen Fuß die irdische Flut bricht, wer sie gekostet, wer oben stand auf dem Grenzgebürge der Welt, und hinübersah in das neue Land, in der Nacht Wohnsitz - warlich der kehrt nicht in das Treiben der Welt zurück, in das Land, wo das Licht in ewiger Unruh hauset. Oben baut er sich Hütten, Hütten des Friedens, sehnt sich und liebt, schaut hinüber, bis die willkommenste aller Stunden hinunter ihn in den Brunnen der Quelle zieht - das Irdische schwimmt obenauf, wird von Stürmen zurückgeführt, aber was heilig durch der Liebe Berührung ward, rinnt aufgelöst in verborgenen Gängen auf das jenseitige Gebiet, wo es, wie Düfte, sich mit entschlummerten Lieben mischt. Noch weckst du, muntres Licht den Müden zur Arbeit - flößest fröhliches Leben mir ein - aber du lockst mich von der Erinnerung moosigem Denkmal nicht. Gern will ich die fleißigen Hände rühren, überall umschaun, wo du mich brauchst - rühmen deines Glanzes volle Pracht - unverdroßen verfolgen deines künstlichen Werks schönen Zusammenhang - gern betrachten deiner gewaltigen, leuchtenden Uhr sinnvollen Gang - ergründen der Kräfte Ebenmaß und die Regeln des Wunderspiels unzähliger Räume und ihrer Zeiten. Aber getreu der Nacht bleibt mein geheimes Herz, und der schaffenden Liebe, ihrer Tochter. Kannst du mir zeigen ein ewig treues Herz? hat deine Sonne freundliche Augen, die mich erkennen? fassen deine Sterne meine verlangende Hand? Geben mir wieder den zärtlichen Druck und das kosende Wort? Hast du mit Farben und leichtem Umriß Sie geziert - oder war Sie es, die deinem Schmuck höhere, liebere Bedeutung gab? Welche Wollust, welchen Genuß bietet dein Leben, die aufwögen des Todes Entzückungen? Trägt nicht alles, was uns begeistert, die Farbe der Nacht? Sie trägt dich mütterlich und ihr verdankst du all deine Herrlichkeit. Du verflögst in dir selbst - in endlosen Raum zergingst du, wenn sie dich nicht hielte, dich nicht bände, daß du warm würdest und flammend die Welt zeugtest. Warlich ich war, eh du warst - die Mutter schickte mit meinen Geschwistern mich, zu bewohnen deine Welt, sie zu heiligen mit Liebe, daß sie ein ewig angeschautes Denkmal werde - zu bepflanzen sie mit unverwelklichen Blumen. Noch reiften sie nicht diese göttlichen Gedanken -
Noch sind der Spuren unserer Offenbarung wenig - Einst zeigt deine Uhr das Ende der Zeit, wenn du wirst wie unser einer, und voll Sehnsucht und Inbrunst auslöschest und stirbst. In mir fühl ich deiner Geschäftigkeit Ende - himmlische Freyheit, selige Rückkehr. In wilden Schmerzen erkenn ich deine Entfernung von unsrer Heymath, deinen Widerstand gegen den alten, herrlichen Himmel. Deine Wuth und dein Toben ist vergebens. Unverbrennlich steht das Kreutz eine Siegesfahne unsers Geschlechts. Hinüber wall ich, Und jede Pein Wird einst ein Stachel Der Wollust seyn. Noch wenig Zeiten, So bin ich los, Und liege trunken Der Lieb' im Schooß. Unendliches Leben Wogt mächtig in mir Ich schaue von oben Herunter nach dir. An jenem Hügel Verlischt dein Glanz Ein Schatten bringet Den kühlenden Kranz. O! sauge, Geliebter, Gewaltig mich an, Daß ich entschlummern Und lieben kann. Ich fühle des Todes Verjüngende Flut, Zu Balsam und Aether Verwandelt mein Blut Ich lebe bey Tage Voll Glauben und Muth Und sterbe die Nächte In heiliger Glut.
5.
Über der Menschen weitverbreitete Stämme herrschte vor Zeiten ein eisernes Schicksal mit stummer Gewalt. Eine dunkle, schwere Binde lag um ihre bange Seele - Unendlich war die Erde - der Götter Aufenthalt, und ihre Heymath. Seit Ewigkeiten stand ihr geheimnißvoller Bau. Ueber des Morgens rothen Bergen, in des Meeres heiligem Schooß wohnte die Sonne, das allzündende, lebendige Licht. Ein alter Riese trug die selige Welt. Fest unter Bergen lagen die Ursöhne der Mutter Erde. Ohnmächtig in ihrer zerstörenden Wuth gegen das neue herrliche Göttergeschlecht und dessen Verwandten, die fröhlichen Menschen. Des Meers dunkle, grüne Tiefe war einer Göttin Schooß. In den krystallenen Grotten schwelgte ein üppiges Volk. Flüsse, Bäume, Blumen und Thiere hatten menschlichen Sinn. Süßer schmeckte der Wein von sichtbarer Jugendfülle geschenkt - ein Gott in den Trauben - eine liebende, mütterliche Göttin, empor wachsend in vollen goldenen Garben - der Liebe heilger Rausch ein süßer Dienst der schönsten Götterfrau - ein ewig buntes Fest der Himmelskinder und der Erdbewohner rauschte das Leben, wie ein Frühling, durch die Jahrhunderte hin - Alle Geschlechter verehrten kindlich die zarte, tausendfältige Flamme, als das höchste der Welt. Ein Gedanke nur war es, Ein entsetzliches Traumbild, Das furchtbar zu den frohen Tischen trat Und das Gemüth in wilde Schrecken hüllte. Hier wußten selbst die Götter keinen Rath Der die beklommne Brust mit Trost erfüllte. Geheimnißvoll war dieses Unholds Pfad Des Wuth kein Flehn und keine Gabe stillte; Es war der Tod, der dieses Lustgelag Mit Angst und Schmerz und Thränen unterbrach. Auf ewig nun von allem abgeschieden, Was hier das Herz in süßer Wollust regt, Getrennt von den Geliebten, die hienieden Vergebne Sehnsucht, langes Weh bewegt, Schien matter Traum dem Todten nur beschieden, Ohnmächtiges Ringen nur ihm auferlegt. Zerbrochen war die Woge des Genusses Am Felsen des unendlichen Verdrusses.
Mit kühnem Geist und hoher Sinnenglut Verschönte sich der Mensch die grause Larve, Ein sanfter Jüngling löscht das Licht und ruht Sanft wird das Ende, wie ein Wehn der Harfe. Erinnerung schmilzt in kühler Schattenflut, So sang das Lied dem traurigen Bedarfe. Doch unenträthselt blieb die ewge Nacht, Das ernste Zeichen einer fernen Macht. Zu Ende neigte die alte Welt sich. Des jungen Geschlechts Lustgarten verwelkte - hinauf in den freyeren, wüsten Raum strebten die unkindlichen, wachsenden Menschen. Die Götter verschwanden mit ihrem Gefolge - Einsam und leblos stand die Natur. Mit eiserner Kette band sie die dürre Zahl und das strenge Maaß. Wie in Staub und Lüfte zerfiel in dunkle Worte die unermeßliche Blüthe des Lebens. Entflohn war der beschwörende Glauben, und die allverwandelnde, allverschwisternde Himmelsgenossin, die Fantasie. Unfreundlich blies ein kalter Nordwind über die erstarrte Flur, und die erstarrte Wunderheymath verflog in den Aether. Des Himmels Fernen füllten mit leuchtenden Welten sich. Ins tiefre Heiligthum, in des Gemüths höhern Raum zog mit ihren Mächten die Seele der Welt - zu walten dort bis zum Anbruch der tagenden Weltherrlichkeit. Nicht mehr war das Licht der Götter Aufenthalt und himmlisches Zeichen - den Schleyer der Nacht warfen sie über sich. Die Nacht ward der Offenbarungen mächtiger Schoos - in ihn kehrten die Götter zurück schlummerten ein, um in neuen herrlichern Gestalten auszugehn über die veränderte Welt. Im Volk, das vor allen verachtet zu früh reif und der seligen Unschuld der Jugend trotzig fremd geworden war, erschien mit niegesehenem Angesicht die neue Welt - In der Armuth dichterischer Hütte - Ein Sohn der ersten Jungfrau und Mutter - Geheimnißvoller Umarmung unendliche Frucht. Des Morgenlands ahndende, blüthenreiche Weisheit erkannte zuerst der neuen Zeit Beginn - Zu des Königs demüthiger Wiege wies ihr ein Stern den Weg. In der weiten Zukunft Namen huldigten sie ihm mit Glanz und Duft, den höchsten Wundern der Natur. Einsam entfaltete das himmlische Herz sich zu einem Blüthenkelch allmächtger Liebe - des Vaters hohem Antlitz zugewandt und ruhend an dem ahndungsselgen Busen der lieblich ernsten Mutter. Mit vergötternder Inbrunst schaute das weissagende Auge des blühenden Kindes auf die Tage der Zukunft, nach seinen Geliebten, den Sprossen seines Götterstamms, unbekümmert über seiner Tage irdisches Schicksal. Bald
sammelten die kindlichsten Gemüther von inniger Liebe wundersam ergriffen sich um ihn her. Wie Blumen keimte ein neues fremdes Leben in seiner Nähe. Unerschöpfliche Worte und der Botschaften fröhlichste fielen wie Funken eines göttlichen Geistes von seinen freundlichen Lippen. Von ferner Küste, unt er Hellas heiterm Himmel geboren, kam ein Sänger nach Palästina und ergab sein ganzes Herz dem Wunderkinde: Der Jüngling bist du, der seit langer Zeit Auf unsern Gräbern steht in tiefen Sinnen; Ein tröstlich Zeichen in der Dunkelheit Der höhern Menschheit freudiges Beginnen. Was uns gesenkt in tiefe Traurigkeit Zieht uns mit süßer Sehnsucht nun von hinnen. Im Tode ward das ewge Leben kund, Du bist der Tod und machst uns erst gesund. Der Sänger zog voll Freudigkeit nach Indostan - das Herz von süßer Liebe trunken; und schüttete in feurigen Gesängen es unter jenem milden Himmel aus, daß tausend Herzen sich zu ihm neigten, und die fröhliche Botschaft tausendzweigig emporwuchs. Bald nach des Sängers Abschied ward das köstliche Leben ein Opfer des menschlichen tiefen Verfalls - Er starb in jungen Jahren, weggerissen von der geliebten Welt, von der weinenden Mutter und seinen zagenden Freunden. Der unsäglichen Leiden dunkeln Kelch leerte der liebliche Mund - In entsetzlicher Angst nahte die Stunde der Geburt der neuen Welt. Hart rang er mit des alten Todes Schrecken - Schwer lag der Druck der alten Welt auf ihm. Noch einmal sah er freundlich nach der Mutter - da kam der ewigen Liebe lösende Hand - und er entschlief. Nur wenig Tage hing ein tiefer Schleyer über das brausende Meer, über das bebende Land - unzählige Thränen weinten die Geliebten - Entsiegelt ward das Geheimniß - himmlische Geister hoben den uralten Stein vom dunkeln Grabe. Engel saßen bey dem Schlummernden - aus seinen Träumen zartgebildet Erwacht in neuer Götterherrlichkeit erstieg er die Höhe der neugebornen Welt begrub mit eigner Hand der Alten Leichnam in die verlaßne Höhle, und legte mit allmächtiger Hand den Stein, den keine Macht erhebt, darauf. Noch weinen deine Lieben Thränen der Freude, Thränen der Rührung und des unendlichen Danks an deinem Grabe - sehn dich noch immer, freudig erschreckt, auferstehn - und sich mit dir; sehn dich weinen mit süßer Inbrunst
an der Mutter seligem Busen, ernst mit den Freunden wandeln, Worte sagen, wie vom Baum des Lebens gebrochen; sehen dich eilen mit voller Sehnsucht in des Vaters Arm, bringend die junge Menschheit, und der goldnen Zukunft unversieglichen Becher. Die Mutter eilte bald dir nach - in himmlischem Triumf - Sie war die Erste in der neuen Heymath bey dir. Lange Zeiten entflossen seitdem, und in immer höherm Glanze regte deine neue Schöpfung sich - und tausende zogen aus Schmerzen und Qualen, voll Glauben und Sehnsucht und Treue dir nach - wallen mit dir und der himmlischen Jungfrau im Reiche der Liebe - dienen im Tempel des himmlischen Todes und sind in Ewigkeit dein. Gehoben ist der Stein Die Menschheit ist erstanden Wir alle bleiben dein Und fühlen keine Banden. Der herbste Kummer fleucht Vor deiner goldnen Schaale, Wenn Erd und Leben weicht Im letzten Abendmahle. Zur Hochzeit ruft der Tod Die Lampen brennen helle Die Jungfraun sind zur Stelle Um Oel ist keine Noth Erklänge doch die Ferne Von deinem Zuge schon, Und ruften uns die Sterne Mit Menschenzung' und Ton. Nach dir, Maria, heben Schon tausend Herzen sich. In diesem Schattenleben Verlangten sie nur dich. Sie hoffen zu genesen Mit ahndungsvoller Lust Drückst du sie, heilges Wesen, An deine treue Brust. So manche, die sich glühend In bittrer Qual verzehrt
Und dieser Welt entfliehend Nach dir sich hingekehrt; Die hülfreich uns erschienen In mancher Noth und Pein Wir kommen nun zu ihnen Um ewig da zu seyn. Nun weint an keinem Grabe, Für Schmerz, wer liebend glaubt, Der Liebe süße Habe Wird keinem nicht geraubt Die Sehnsucht ihm zu lindern, Begeistert ihn die Nacht Von treuen Himmelskindern Wird ihm sein Herz bewacht. Getrost, das Leben schreitet Zum ewgen Leben hin; Von innrer Glut geweitet Verklärt sich unser Sinn. Die Sternwelt wird zerfließen Zum goldnen Lebenswein, Wir werden sie genießen Und lichte Sterne seyn. Die Lieb' ist frey gegeben, Und keine Trennung mehr. Es wogt das volle Leben Wie ein unendlich Meer. Nur Eine Nacht der Wonne Ein ewiges Gedicht Und unser aller Sonne Ist Gottes Angesicht. 6.
Sehnsucht nach dem Tode Hinunter in der Erde Schooß, Weg aus des Lichtes Reichen,
Der Schmerzen Wuth und wilder Stoß Ist froher Abfahrt Zeichen. Wir kommen in dem engen Kahn Geschwind am Himmelsufer an. Gelobt sey uns die ewge Nacht, Gelobt der ewge Schlummer. Wohl hat der Tag uns warm gemacht, Und welk der lange Kummer. Die Lust der Fremde ging uns aus, Zum Vater wollen wir nach Haus. Was sollen wir auf dieser Welt Mit unsrer Lieb' und Treue. Das Alte wird hintangestellt, Was soll uns dann das Neue. O! einsam steht und tiefbetrübt, Wer heiß und fromm die Vorzeit liebt. Die Vorzeit wo die Sinne licht In hohen Flammen brannten, Des Vaters Hand und Angesicht Die Menschen noch erkannten. Und hohen Sinns, einfältiglich Noch mancher seinem Urbild glich. Die Vorzeit, wo noch blüthenreich Uralte Stämme prangten, Und Kinder für das Himmelreich nach Quaal und Tod verlangten. Und wenn auch Lust und Leben sprach, Doch manches Herz für Liebe brach. Die Vorzeit, wo in Jugendglut Gott selbst sich kundgegeben Und frühem Tod in Liebesmuth Geweiht sein süßes Leben. Und Angst und Schmerz nicht von sich trieb, Damit er uns nur theuer blieb.
Mit banger Sehnsucht sehn wir sie In dunkle Nacht gehüllet, In dieser Zeitlichkeit wird nie Der heiße Durst gestillet. Wir müssen nach der Heymath gehn, Um diese heilge Zeit zu sehn. Was hält noch unsre Rückkehr auf, Die Liebsten ruhn schon lange. Ihr Grab schließt unsern Lebenslauf, Nun wird uns weh und bange. Zu suchen haben wir nichts mehr Das Herz ist satt - die Welt ist leer. Unendlich und geheimnißvoll Durchströmt uns süßer Schauer Mir däucht, aus tiefen Fernen scholl Ein Echo unsrer Trauer. Die Lieben sehnen sich wohl auch Und sandten uns der Sehnsucht Hauch. Hinunter zu der süßen Braut, Zu Jesus, dem Geliebten Getrost, die Abenddämmrung graut Den Liebenden, Betrübten. Ein Traum bricht unsre Banden los Und senkt uns in des Vaters Schooß.
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