Orixás - Texto do espetáculo do Giramundo Teatro de Bonecos

February 28, 2019 | Author: Luciano Oliveira | Category: Santería
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OS ORIXÁS  (2001) – Giramundo Teatro de Bonecos

CENA I - NI IGBA KAN NARRADOR   NI IGBA KAN  Nada dormia, não havia a noite  Nada andava, não havia o dia  Não havia água, não chovia  Não havia fogo, nada queimava. Pois o tudo era nada E o nada era nada Só Olodumaré dormia no nada Só Olodumaré dormia no nunca  No nunca e no nada Olodum sonhava. Olodum sonhou. Olodum em 4 partes, o mundo sonhou. Olokun, o mar. Orumilá, Ifá, o destino. Oduduá, a terra. Obatalá, o céu. Quatro colunas para Olodum se sentar. Olodum se senta no trono. Vê o corpo de Olokun infinito horizonte. Água d'água, água-oceano sem fim. Olodum chama Obatalá. Chama Obatalá de Oxalá. Êpa Babá, Oxalá Oxalá dono da coisa sagrada. Ele dá a quem tem e toma de quem não tem. Ele dorme na casa e escora a porta com chumbo. Oxalá, guerreiro cuja barba embeleza a boca. Homem belo como a folha do egberi. Orixá Okô que mata egum e come. Pega a árvore e engole. Obatalá pai de Xangô. Obatalá pai de Orumilá. Ele come mel, come com doçura. Ele apaga a lâmpada e ilumina com o fogo de seus olhos fulgurantes. Êpa Babá, Oxalá. Olodumaré pede para Oxalá criar o mundo. E dá pra Oxalá o saco da criação. Dentro do saco tem um pozinho. Será terra?

CENA II - EXU NARRADORA Oxalá devia cumprir obrigação. Para ir além do Além, Orum. Pôs-se a caminhar. E encontrou Exu, guardião do Portal de Orum. Exu nascido ainda não tinha. Mas teimoso já exigia. Pagamento na portaria.

CANTIGA 1: GANGARA PENSOÊ CANTIGA DE EXU

EXU Êpa Babá, Oxalá. O que me trazes aí. Para ir daqui. Pro lado de lá?

Ungira gira mavambu, Coro responde Gangara pensoê, Gangara pensoê, Gangara pensoâ, Ungira gira mavambu, Gangara pensoê.

NARRADOR  Mas Obatalá, altivo e orgulhoso.  Não respondeu e passou direto pelo Portal de Orum. EXU Ah, meu pai. Deserto ainda não há. Mas de sede, já morreu. E Oxalá mais sede que o deserto terá. NARRADOR  Oxalá, sedento, vê um pote de vinho de palma. Seiva pura e refrescante do pé de dendê. EXU Que tal um bocadinho? Bebe, bebe pra sede de Oxalá. Ir-se embora e nunca mais voltar. NARRADOR  Bebe um cuité de vinho. Bebe outro cuité de vinho.

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Bebe mais um cuité de vinho. Oxalá tem sono.

EXU Só mais um cuitézinho cuitézinho só... Oxalá tem sono. Oxalá dorme. Oxalá voltou pro nada. Oxalá saltou da mão. O saco da criação. Hahahahaha! NARRADOR  Que tal o vinho, Oxalá? Cadê o vinho, Oxalá? Que te fez o vinho, Oxalá? Tuas pálpebras pesam pedras, Oxalá. Tua boca abre e boceja. Oxalá dorme.

CENA III – ODUDUÁ NARRADORA Das vagas ondas do nada. Vem que vem vindo Oduduá. Vem nas ondas do nada que um dia será mar. Vem pé ante pé.  Não acorda Oxalá. Pisa, pisa, pisá.  Não pisa em Oxalá. NARRADOR  Oduduá semeia. A semente da criação. Vai jogando um pozinho.  Nas águas de Olokun. Será terra? E nas águas vão se formando. Montinhos de terra. Oduduá coloca então. Uma galinha para ciscar. E esparramar a terra. Será terra? Aqui e ali. Um morro aqui. Um riozinho ali. Um lago. E lá adiante. Uma cidade. Onde Okó, o homem. Um dia há de morar.

Oduduá muito contente. Sai para passear. E conhecer Ile-Aiyê, a Terra, Aganju, a terra firme, Olokun, a Água, E Ojo Orum, o Céu. Cheio de estrelas e de Ar. E o Fogo de derreter e esquentar.

CANTIGA 2: MONAÊ LEMBÊ OXALÁ CANTIGA DE OXALÁ Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Coro responde Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Coro responde Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá

CENA IV - OKIKISHI E IYÊ OXALÁ Olodumaré, meu pai. Onde o saco da criação está? VOZ: Debaixo do pote estará? OXALÁ Olodumaré, meu pai. Onde o saco da criação está? VOZ: Debaixo da tampa do pote estará? OXALÁ Olodumaré, meu pai. Onde o saco da criação está? VOZ Debaixo do cuité estará?

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OXALÁ  Não, não está.  Na história da História ninguém de mim falará. O mundo está pronto pronto o que falta faltar? VOZ: Falta Okikishi, Okikishi, o sal da Terra, que chamarão: o Homem. Falta Iyê, a vida, que chamarão: Mulher. Pega então desta argila que te doou. E modela o corpo de Okurin e Obinrin. E no calor do fogo. Ponha os dois para secar. NARRADOR  Oxalá dá forma ao barro. E põe para queimar. Mas um queima demais, É preto. Outro queima pouco, É branco. Orungã, o Vento, vem ver o que faz Oxalá. Venta, venta, venta. Esfria e racha o barro. E assim nasce a mulher. MULHER  O Ko Arô, Okirin Alaya'Mi HOMEM O Ko Arô, Iawô Mi. CANTIGA 3: NANÃ BULAIÔ CANTIGA DE NANÃ Ô Nanã abulaiô Que pembê Iaiá ô que pembê Aruê orerê Iaiá ô que pembê Coro responde Ô Nanã abulaiô Que pembê Iaiá ô que pembê Aruê orerê Iaiá ô que pembê Ô Nanã abulaiô Que pembê Iaiá ô que pembê Aruê orerê Iaiá ô que pembê

CENA V - NANÃ NARRADORA Salubá, Nanã Buruquê. Mãe das águas paradas! Mãe dos lagos, mãe dos pântanos! Poderosa, entra na cidade Sem dançar. Quem tem um frango não O depena vivo. Ela entra n'água, Os peixes não se assustam. Ah, Nanã, muita chuva faz A canoa virar. O trovão não fala como O farfalhar da palmeira. Ela mata o carneiro Sem usar faca. Foi Nanã que deu a Oxalá o barro para fazer o Homem. Quando a alma do homem se for,  Nanã pede o barro de volta.

NARRADORA  Nanã Buruquê domina o Egum, Egum espírito do morto que morreu E não foi pra lugar nenhum. OXALÁ Salubá, Nanã Buruquê. Que poder eu vejo! Eis aqui Oxalá teu esposo, Nanã vai querer? Oxalá quer dividir tudo com Nanã.  Nanã divide seu poder com teu esposo Oxalá? NANÃ: Oxalá tem tudo de Nanã. Meu jovem Okirin. Mas o poder sobre Egum Egum. Vem deles, não vem de mim. CANTIGA 4: ME DÂ TUA FORÇA CANTIGA DE NANÃ Me dá tua força  Nanã Me dá o teu Ibiri

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 Nanã Teu bento cajado  Nanã Teu Egum domado

Coro responde Me dá tua força  Nanã Me dá o teu Ibiri  Nanã Teu bento cajado  Nanã Teu Egum domado

OXALÁ Egum, egum, egum. Aqui, aqui, aqui ao pé de Oxalá! Egum, egum, egum. Aqui, aqui, aqui ao pé de Oxalá!

CENA VI - EGUN

NARRADOR: Oxalá ficou sem o poder sobre os eguns. Descuidou do casamento e não deu a Nanã o filho que prometeu. NANÃ: Vinho de palma E cento e um caramujinhos E um filho de Oxalá Este feitiço vai me dar. OXALÁ: Este jardim de eguns está Cheirando morte e podridão O vinho aquece o coração Deste magoado Oxalá.  Nanã, Nanã, Nanã.

CENA VII - OBALUAIÊ NARRADOR  O feitiço fez seu efeito Mas por causa dele o filho de Nanã. (que tantos filhos dos outros fez nascer)  Nasceu feio, deformado, torto.  Nanã, desesperada, atira-o no mar. Seu nome: Obaluaiê. CASAL Sai. Toma, toma, sai bicho feio.

NARRADOR  Um corpo em chagas. Estraçalhado Estraçalhado Mãos feridas. Pés furados Olhos de sangue. Braços, pernas. Corpo cortados O coração Mais que tudo Dilacerado Obaluaiê, ferido na alma, Tem vergonha de mostrar seu corpo. Mas Okirin e Iawô teceram para ele um manto de palha da costa chamado ganzé e com ele Obaluaiê se cobriu e assim saiu da noite onde se escondeu. Tomou do Xaxará e saiu pelo mundo com a missão de curar os enfermos e debelar as epidemias pelo resto das eras, épocas e tempos.

CANTIGA 5: MARÉ TÁ CHEIA CANTIGA DE OBALUAÊ Maré tá cheia  Nanã Venha me passar  Quando eu morrer  Obaluaiê

Coro responde Venha me salvar  Maré tá cheia  Nanã Venha me passar  Quando eu morrer  Obaluaiê Venha me salvar  Ô Nanã Venha me valer   Nanã

Coro responde Ô Nanã Venha me valer   Nanã Ô Nanã Venha me valer   Nanã

Coro responde Ô Nanã Venha me valer 

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 Nanã Quem tá te chamando Nanã É o teu filho  Nanã Obaluaiê  Nanã

Coro responde Quem tá te chamando Nanã É o teu filho  Nanã Obaluaiê  Nanã

CENA VIII - IEMANJÁ NARRADOR  Com a benção de Orumilá Obatalá, o Céu E Oduduá, a Terra, se casaram Daí nasceram Iemanjá, Rainha do Mar  E Aganju, Senhor da Terra Firme Obatalá está contente Oduduá está contente. Só o silêncio não está contente pois precisa ir embora. Por isso Obatalá e Oduduá Resolveram comemorar com uma festa O nascimento de Aganju e Iemanjá E mudaram três jovens cantores, Run, Rumpi e Lê, Em atabaques: Run, Rumpi e Lê E ordenaram às peles deles que saudassem a chegada de Iemanjá.

CANTIGA 6: IEMANJÁ Iê, Iemanjá

Coro responde Iê, Iemanjá Rainha das ondas Sereia do mar 

Coro responde Rainha das ondas Sereia do mar 

Mãe D’Água o seu canto é bonito

Coro responde Mãe D’Água o seu canto é bonito É bonito o canto de Iemanjá

Coro responde É bonito o canto de Iemanjá Faz até o pescador chorar 

Coro responde Faz até o pescador chorar  Quem ouvir a Mãe D’Água cantar  Vai com ela pro fundo do mar 

Coro responde Quem ouvir a Mãe D’Água cantar  Vai com ela pro fundo do mar  Vai com ela pro fundo do mar  Iemanjá

Coro responde Iê, Iemanjá Iê, Iemanjá Rainha das ondas Sereia do mar 

Coro responde Rainha das ondas Sereia do mar  Mãe D’Água o seu canto é bonito É bonito o canto de Iemanjá

NARRADOR  Odó Iyá! Iemanjá. Rainha das águas profundas Mãe que tem os seios úmidos Iemanjá, descontente arruína as pontes Ela cura como um médico Ela sai do rio como um arco-íris Odó Iyá! Iemanjá.

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CENA IX - ORUNGÃ CANTIGA 7: CORRENTES DE OURO Correntes de ouro Mas também tem laço de fita

Coro responde Correntes de ouro Mas também tem laço de fita Para a Dona Janaína Qu’ela é a moça bonita

Coro responde Para a Dona Janaína Qu’ela é a moça bonita NARRADORA Orungã, o Vento é filho de Iemanjá com seu irmão Aganju O coração de Orungã bate forte por Iemanjá. Orungã, Orungã, não te lembras que tua vida nasceu de Iemanjá? Iemanjá não pode receber em seu ventre a semente de Orungã.

CENA X - ASSENTAMENTOS NARRADOR  Mãe das águas! Iemanjá De teus seios doridos Jorram rios de cristal, Iemanjá Fontes entre pedras Lagos adormecidos Mares, marés móveis Iemanjá Mãe das águas e dos orixás De seu ventre fendido  Nascem pés e mãos do Universo De teu ventre fendido  Nascem cabeça, tronco, tripa e coração Do Universo Do teu ventre fendido  Nascem o sopro que cura A água que limpa O fogo que aquece A terra que devora e esquece Iemanjá. VOZ: Exu, Xangô, Katendê, Oxum, Ogum Oxossi, Iansã

CENA XI- EXU EXIGE EBÓ CANTIGA 8: CANTIGA DE EXU  Na terra de Virgem Santa Exu também é pai

Coro responde  Na terra de Virgem Santa Exu também é pai Segura seus filhos na giroganga Filhos de pemba não cai

Coro responde Segura seus filhos na giroganga Filhos de pemba não cai IALORIXÁ Andando pra Aruanda, Okurin? Estás no Reino de Elegbára, Obinrin. Cadê o Ebó? OKURIN Ebó? IALORIXÁ Ebó pra Exu Elegbára. Exu exige ebó. Cachaça, charuto, vela preta. OBINRIN Vela preta ? OKURIN  Não temos nada. Uma casa Um pasto Um monjolo vamos fazer. OBINRIN Um fogão, um tanque. Uma gamela. Um pote. Uma tigela vamos fazer. OKURIN Uma porta Uma janela Uma rede

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Uma tramela Um quarto escuro Vamos fazer.

OBINRIN Um berço Um terço Uma bola Um quintal Vamos fazer. IALORIXÁ Um ebó Dois ebó Três ebó Vamos fazer. NARRADOR  Senhor das Encruzilhadas Tranca Rua, Exu Caveira, Exu Tiriri, Exu Giramundo, Exu Marabô, Obá, Bará, Elegbara, Laroiê, Exu! CANTIGA 9: CADÊ GIRAMUNDO PEMBA CANTIGA DE EXU Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba

Coro responde Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba

Coro responde Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba O veado no mato é corredor  Cadê o meu mano caçador 

Coro responde O veado no mato é corredor  Cadê o meu mano caçador  Cadê meu caboclo Ventania Este caboclo é nosso guia. Coro responde

Cadê meu caboclo Ventania Este caboclo é nosso guia.  Exu sai rindo, às gargalhadas.

OBINRIN Você viu? OKURIN Vi e você? OBINRIN Elegante senhor. OKURIN Belo chapéu. OBINRIN É ... OKURIN Branco. OBINRIN Vermelho. OKURIN Belo chapéu branco. OBINRIN Belo chapéu vermelho. OKURIN O chapéu era branco. OBINRIN: O chapéu era vermelho. OKURIN: Você não viu direito. Era branco. OBINRIN Quem não enxerga direito é você. Era vermelho. OKURIN Cega! OBINRIN: Vesgo! OKURIN Caolha!

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OBINRIN Topeira! OKURIN Idiota. OBINRIN  Não encosta a mão em mim, tarado! OKURIN Histérica! OBINRIN Suma da minha frente. OKURIN Desapareça da minha vista. OBINRIN Okirin! OKURIN Obinrin! OBINRIN Okirin mi. OKURIN Obinrin mi. OBINRIN Oré mi. OKURIN Iawô mi. NARRADOR  Exu matou um pássaro ontem com a pedra que atirou hoje. Laroiê, Exu! Exu faz erro virar acerto, acerto virar erro. Eh! Exu! Exu carrega azeite na peneira. Eh! Exu! Exu quando está com raiva assenta na pele da formiga. Eh! Exu! Exu quando assenta bate com a cabeça no teto. Eh! Exu! Exu quando levanta não alcança o cano da botina. Eh! Exu!

NARRADOR Exu sumiu, sumiu na poeira da estrada. Foi contar o caso pro seu irmão Ogum.

CENA XII - OGUM E OKUNRIN OKURIN Ai ai ai! Ai que fome. Meu estômago é uma caixa vazia. Onde rola uma pedra dentro, ai. Ai como me doem as pernas. Ai, e os pés? Ai, como me doem os pés. Ai, a boca seca. Ai, a língua grossa. Ai, a língua? Ai, minha língua está rachando. Tenho sede!  Não tenho nada que me cubra os ossos!  Nada que me cubra a cabeça! A cabeça? Leva chuva, leva sol, minha cabeça, ai. Uma esteira, alguém aí! Durmo no meio de pedras e aranhas. Durmo? Não durmo. Fico acordado. Aranhas e escorpiões, ai. Estou perdido nas trevas. Quero luz! luz! luz!

OGUM Queres luz, meu filho? OKURIN Quero, quero, quero sim. OGUM Então pare de choramingar, choramingar, humanozinho. humanozinho. OKURIN Ai, ai, ai. OGUM Pare de se lamentar, lamentar, mortalzinho. OKURIN Sim senhor. Sim senhor. OGUM Quem te enfiou nesta cabeça oca que tu,

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Mortalzinho Mortalzinho preto, mereces alcançar a luz?

OKURIN: Ah !... eu... é...a fome, tenho fome. OGUM Eu também tenho fome. Venho de mais de cem guerras e de cem batalhas em cada guerra. Tenho fome. Tenho sede. Sou Ogum, que tem água , mas se lava com sangue. Ogum comedor de cachorro. Ogum que se morde a si mesmo sem piedade. Ogum que mata o ladrão, e o dono da casa roubada. Ogum que mata quem vende e quem compra um saco de vento. NARRADOR  Ogum ê! OKURIN Ai! CANTIGA 10: OGUM E SUA BANDEIRA CANTIGA DE OGUM Ogum, olha a sua bandeira Como ela é branca, verde e encarnada

Coro responde Ogum, olha a sua bandeira Como ela é branca, verde e encarnada Ogum nos campos de batalha Ele venceu a guerra E não perdeu soldados

Coro responde Ogum nos campos de batalha Ele venceu a guerra E não perdeu soldados Bandeira branca de Ogum Está inçada lá no Humaitá

Coro responde Bandeira branca de Ogum Está inçada lá no Humaitá E representa general de Umbanda Ogum venceu demanda

Vamos todos saravá

Coro responde E representa general de Umbanda Ogum venceu demanda Vamos todos saravá OGUM Hora de matar a fome, mortalzinho. mortalzinho. Quero gente da terra aqui. Vocês dois, vem cá, vem cá! Estou no Reino de Irê? Falem. Estou no Reino de Irê? Tenho de comer. Estou no Reino de Irê, que há muito tempo deixei?  Não respondem? São mudos? Não têm boca? Não têm língua? Ficarão também sem cabeça! Você fala, não fala, pequeno ser humano?

OKURIN Falo, falo, falo muito. Converso, canto, conto caso, danço. OGUM Vou te dar esta bigorna, este martelo, ferro e forja. Vou te ensinar como fazer arma para caçar bicho do mato. Vou te ensinar como fazer ferramenta para fazer casa, roça, moinho, monjolo, monjolo, ponte e barco. Vai agora na cidade de Irê, E traz comida pra gente comer. OKURIN Inhame, feijão, farofa, acarajé, milho branco, leite de côco, camarão, caramujo, tudo no azeite de dendê. Pra matar a sede dendê, mel e água, tudo misturado. Ah! Meu pai, o povo tá muito alegre com sua chegada, mas não podem falar nada porque hoje é dia Santo, têm que ficar calado, não é falta de respeito, por isso que aqueles dois... NARRADOR  Ogum estremeceu, deu um berro e desapareceu chão adentro numa nuvem de fumaça.

CENA XIII – CAMARINHA OKURIN Ai, que medo. Sumiu. Desapareceu. Estou sozinho na escuridão! Eh, alguém aí, me ajude! Estou perdido nas trevas... Quero luz! Luz! Luz!

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VOZ DA IALORIXÁ Cê quer luz, filho meu? OKURIN Aiaiai! Quero sim. IALORIXÁ Cê precisa de luz por fora. Cê precisa de luz por dentro. Cê não enxerga nada. OKURIN Aiaiai ... Não enxergo, não ... IALORIXÁ Cê tira 21 dias desta vida, cê entra pra camarinha e de lá não sai. É procê, ter humildade pra seguir a lei dos Orixás. Okurin precisa aprender a cantar rezas e cantigas da tradição. Okurin tem precisão de conhecer as ervas que curam o corpo e a alma do teu irmão. Ah, Muzenza! OKURIN Aiaiai... IALORIXÁ Okurin vai dar bori de Oxalá. Okurin vai dar a salva de Obaluaê. Okurin vai dar a salva de Nanã. Ah, Muzenza. OKURIN Ah, vou sim. Vou sim. IALORIXÁ Cê raspa seu cabelo. Cê lava sua cabeça nas águas de Oxalá. Cê toma banho de amaci na madrugada. Cê prepara seu nascimento para comunhão com os Orixás. Ah, Muzenza! Salva teu santo, ê! OKURIN Saravá! IALORIXÁ Saravá, ê! OKURIN Saravá, meu santo!

IALORIXÁ Okurin vai sair de branco, pintado de branco. Vai sair de chita, pintado de todas as cores. Vai sair na vestimenta do santo e vai dançar pra ele, ê! OKURIN A benção, minha mãe. Vou saravá meu santo. IALORIXÁ Vai lá, vai lá, vai lá ... CANTIGA 11: Ê MUZENZA EM DELE CONGO Ê, muzenza Em dele Congo

Coro responde É mamã (Repete mais treze vezes)

CENA XIV – OGUN E IANSÃ NARRADOR  Ogum ê! Ogum, guerreiro e caçador, entra na mata atrás de caça de pêlo De caça de couro. Que faz um búfalo na mata? Búfalo quer pasto alto e lama que refresca. Epa hei Oyá! É Iansã no seu disfarce de bicho de pêlo. Oyá é a única que pode agarrar os chifres do búfalo. Oyá cujos pés são embelezados com pó vermelho. Ela bate a cabeça do mentiroso no chão com toda força. Mulher corajosa que carrega uma espada. Tempestade que espalha as folhas Epa hei, Oyá!

OGUM Hum, que pele perfumada. Que formosa a Obinrin que veste a pele. Pele de búfalo, me sirva de leito e me traga bons sonhos! Bela Obá Obinrin da pele de búfalo, Obinrin de Ogum, te levo da mata, te corôo rainha do reino de Irê. Oyá, a que pega o búfalo pelo chifre, ela é o vento forte que derruba a árvore, a mão que carrega a espada. Oyá, a que devora o coração doído do guerreiro cansado

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IANSÃ Guerreiro! OGUM O guerreiro das 100 batalhas é chão pra Iansã pisar. IANSÃ A pele de búfalo é proteção daquele que atravessa a floresta. OGUM A pele de búfalo passou por aqui na direção de Irê. IANSÃ Iansã viu o guerreiro deitado sobre ela. OGUM Quando Ogum se levantou, ela voou para Irê. IANSÃ A pele veste, aquece e disfarça Iansã. OGUM A pele de búfalo espera Oyá no Reino de Irê. NARRADOR  Iansã foi morar com Ogum no reino de Irê. CANTIGA 12: CANTIGA DE IANSÃ Ogum e Oyá Vem pra saravar 

Coro responde Ogum e Oyá Vem pra saravar  Ogum com sua espada guerreia Oyá vem caçar 

Coro responde Ogum com sua espada guerreia Oyá vem caçar  NARRADOR  Iansã foi morar com Ogum no reino de Erê.

CENA XV – XANGÔ NARRADOR  Kaô Kabiencile, Xangô! Xangô Jacutá, atirador de pedras. Ele ri quando vai à casa de Oxum Ele se demora na casa de Oyá Oh! É um elefante que anda com dignidade Ele é Xangô que cozinha o inhame com o ar  Que sopra de seu nariz Só de franzir o nariz, o mentiroso foge Xangô tem o Livro Sagrado Xangô tem as 7 Chaves da Sabedoria Xangô do Raio, do Trovão, da Tempestade. Kaô Kabiencile, Xangô!

CANTIGA 13: LÁ DO ALTO DA PEDREIRA Quando ele grita lá no alto da pedreira As aves voam em seu louvor em revoada

Coro responde Quando ele grita lá no alto da pedreira As aves voam em seu louvor em revoada Os rios correm nos mares e cachoeiras Os negros cantam em seu louvor 

Coro responde Os rios correm nos mares e cachoeiras Os negros cantam em seu louvor  E tudo isso em homenagem a Xangô

Coro responde E tudo isso em homenagem a Xangô Xangô de Ogum Xangô de Ode De Iemanjá e Oxum

Coro responde Xangô de Ogum Xangô de Ode De Iemanjá e Oxum Oh, oh, oh, oh, oh, oh Xangô

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Oh, oh, oh, oh, oh, oh Kaô

Coro responde Oh, oh, oh, oh, oh, oh Xangô Oh, oh, oh, oh, oh, oh Kaô XANGÔ  No meu coração há um pequeno pedaço ainda vazio. vazio.  Não quer Oxum entrar nele e lá pro resto da vida morar? OXUM  Não e nem posso, cuido do meu muito velho pai Oxalá. XANGÔ Oxum, eu cuido dele. Entre no meu coração. OXUM  Não posso deixar meu pai que de velho não anda mais. XANGÔ Pois eu carrego seu pai no pescoço pro resto da minha vida. Para onde Xangô for, Oxalá irá com Xangô. OXUM Seja as pernas de meu velho pai que me caso com Xangô. NARRADOR  Xangô chama seus servos. Biri, as trevas Fefé, o vento E lhes ordena: XANGÔ Xangô quer aqui enquanto pisca um olho um colar de contas vermelhas misturadas com contas brancas. Biri busca as vermelhas dentro de fogo Fefé busca as brancas nas nuvens do céu. XANGÔ Cá está Xangô, rei de Oyá, levando no pescoço o pai de Oxum, Oxalá OXUM Ela não vê seu pai no pescoço de Xangô. XANGÔ Pois Oxum que abra seus lindos olhos e veja o colar que no pescoço trago E trarei pro resto da minha vida.  Nele as contas vermelhas são de Xangô e as brancas de Oxalá, seu pai. Case agora comigo. Conforme o prometido.

OXUM Contas brancas não são iguais À sabedoria de meu pai. Afaste-se dela, Oh poderoso Xangô. XANGÔ  Nunca, nada ou ninguém negou Cumprir um chamado de Xangô Vem e tome posse do faminto coração Do rei dos raios e do trovão. OXUM Afasta de Oxum teu ignóbil braço. Ela não te permite nem um simples abraço. CANTIGA 14 – CANTIGA DE XANGÔ Vermelho é o fogo O branco é nuvem do céu

Coro responde Vermelho é o fogo O branco é nuvem do céu Xangô carrega Oxalá Pra Oxum agradar 

Coro responde Xangô carrega Oxalá Pra Oxum agradar 

CENA XVI – XANGÔ E EXU EXU O gavião tem garras longas e afiadas. A pomba iriça as penas para voar. Afasta-se, rei de Oyá, meu irmão Xangô. XANGÔ Exu, Exu, não te atrevas a ficar entre Xangô e seu desejo. Toma! EXU Para, para, Gavião! XANGÔ Para fora Exu!

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EXU Para, para, Rei de Oyá, meu irmão Xangô. XANGÔ Para trás Exu! EXU Para, para, Rei do Raio e do Trovão, Xangô, meu irmão. XANGÔ: Se não vem com o Rei de Oyá Presa na torre para sempre estará.

CENA XVII – PRISÃO DA PEDREIRA EXU Ai, meu pai Obatalá. Oxum está presa na prisão da pedreira. Condenada pela esfomeada paixão De Xangô, que tanta beleza nunca conheceu. Tenha dó dela, meu pai, que ser bela É o único crime (se ( se é crime) que ela cometeu. NARRADOR: Obatalá no alto de sua grandeza A voz longínqua de Exu, o mensageiro ouviu E dando asas à beleza Tornou Oxum em pomba E a pomba para longe, rompendo ares, partiu.

CENA XVIII – ODÉ CANTIGA 15: ONDE MORA ODÉ Odé, aonde mora Odé Odé de Arerê Odé, aonde mora Odé Senhor Oxossi venha me valer 

Coro responde Odé, aonde mora Odé Odé de Arerê Odé, aonde mora Odé Senhor Oxossi venha me valer  Eu tenho pai, eu tenho mãe Ah, eles vão chorar por mim

A minha mãe é Nossa Senhora E o meu pai Senhor do Bonfim

Coro responde Eu tenho pai, eu tenho mãe Ah, eles vão chorar por mim A minha mãe é Nossa Senhora E o meu pai Senhor do Bonfim NARRADOR  Odé, Rei das Matas e dos caçadores, vivia no meio da floresta com sua mulher Oxum. OXUM Odé não devia caçar hoje. É dia de Ifá. Ifá proíbe a caça no dia de Ifá. ODÉ Odé é caçador. Caçador caça. Todo dia é dia de comer. Todo dia é dia de caça. OXUM Odé, tua casa está cheia de comida. Deixa um dia a caça em paz. Ifá é poderoso, é dono do ar que Odé respira. Ifá conhece o hoje e o amanhã. ODÉ A caça bebe água agora.  Não vai beber água amanhã. Já vejo sua trilha. Como um caminho aberto na mata. NARRADOR  Odé não dá ouvidos a sua mulher Oxum. E sai para caçar no dia de Ifá. Odé caminha pela mata.  Nem o silencio escuta o pisar leve de seus pés. ODÉ Bicho cobra, seu dia chegou. Vai virar comida na casa do Rei da Mata. SERPENTE (cantando) Eu não sou bicho de pena. Pra Odé me matar.

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ODÉ Diz adeus a tua árvore. Onde teu corpo de cobra se enrola. Como a linha se enrola no meu dedo. Diz adeus ao teu riacho. Que te dá de beber. SERPENTE (cantando) Eu não sou bicho de pena. Pra Odé me matar. ODÉ Adeus, cobra que canta. Toma, toma, toma. NARRADOR  Odé não ouve o canto da serpente. Mata a cobra. Corta seu corpo em sete pedaços. Põe dentro de capanga e volta pra casa. E põe a serpente pra cozinhar. SERPENTE (cantando) Eu não sou bicho de pena pra Odé me matar. CANTIGA 16 – CANTIGA DA SERPENTE  Não sou bicho de pena para Odé me matar 

Coro responde  Não sou bicho de pena para Odé me matar  (Repete mais três vezes)

CENA XIX - OXOSSI

NARRADOR  A serpente que Odé matou, picou e comeu, é Oxumaré, filho de Nanã e Oxalá. Oxumaré a serpente, é o arco-íris que leva água da Terra pro Céu de Olodum. Por isso Odé foi castigado. Sete anos se passaram e sete anos Oxum chorou, pedindo para Odé voltar. Olodumaré, compadecido, perdoou Odé e permitiu sua volta a terra como Orixá: Oxossi, Rei dos índios e caboclos. Okê Arô. Okê Arô, Oxossi. Com uma só mão abate duas palmeiras Ele não ativa na corça morta Ah, 400 búfalos fazem 800 chifres

Ah, a árvore grande faz sombra na água.

CANTIGA 17: BALANCEOU Balanceou as matas virgens Oh na cidade da Jurema Oxossi chegou do reino Saravou seus filhos Saravou congá Balanceou

Coro responde Balanceou as matas virgens Oh na cidade da Jurema Oxossi chegou do reino Saravou seus filhos Saravou congá

CENA XX - KATENDÊ NARRADOR  Oxossi está na floresta A floresta é a casa de Katendê Ossaim é mago mágico Faz mágica com flores e ervas E feitiço com raízes e folhas. Aroni, Aroni, traz as ervas para Katendê! KATENDÊ Caapeba, cabelo-de-milho, capim santo, erva cidreira, cipó-caboclo, um pouco d’água, vira, vira, vira, cipó-camarão, cipó-cravo, côco de iri, erva curraleira, folha de goiabeira, guaco, guanxuma, guiné caboclo, alfazema de caboclo, um pouco d’água,, vira, vira, vira, jaborandi,  jacatirão,  jacatirão, jurema e pitangatuba, vira, vira, vira, ôa, esfria. Tá pronto. Aroni, pega e põe no caminho de Oxossi. É pra ele tomar e ficar aqui. Tomando conta da mata. Mata caçador, Oxossi! Mata lenhador, Oxossi!

NARRADOR: E assim Oxossi, enfeitiçado por Ossaim, ficou para sempre na floresta onde a bela Oxum, rainha das águas doces, das fontes e riachos vai visitá-lo, murmurando docemente carinhos e carícias em seu ouvido.

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CANTIGA 18 – CANTIGA DE OXUM  Nas águas cristalinas eu vi Mamãe Oxum eu vi Coro responde  Nas águas cristalinas eu vi Mamãe Oxum eu vi Sentada na cachoeira Ao lado de uma pedreira Mamãe Oxum eu vi

Coro responde Sentada na cachoeira Ao lado de uma pedreira Mamãe Oxum eu vi

CENA XXI - OXUM NARRADOR  Oraieiê, Oxum Ialodê rainha das águas doces Rainha das fontes Oxum faz o que o médico não faz Cura doença com água fria Ajuda a mulher a ter criança Lava suas jóias antes de lavar seus filhos Oraieiê, Oxum Fortuna e beleza Riacho de água pura que penetra na floresta virgem Murmurar de amor  Que penetra no coração de Oxossi, O caçador.

NARRADOR  Oxossi não pode amar Oxum pois Oxum mora no palácio proibido. Para entrar no palácio, há tanto amor! Oxossi se veste de mulher e passa como se fosse amiga de Oxum. Assim passam horas a sós. NARRADOR  O amor voa de Oxossi para Oxum NARRADORA O amor nada de Oxum para Oxossi NARRADOR  Olu A Ô Ioriki! Logun Edê nasceu.

CENA XXII - LOGUN EDÊ NARRADORA Nasceu assim tão bonito. NARRADOR  Mas, porque Oxossi usou saia, Logun Edê é metade homem/metade mulher. 6 meses vive sobre a terra comendo caça (é Oxossi). NARRADOR  6 meses vive debaixo d'água comendo peixe (é Oxum). CANTIGA 19 – LOGUN EDÊ Menino caçador  Flecha da beira do rio

Coro responde Menino caçador  Flecha da beira do rio Banha nas águas claras  Na beira da cachoeira

Coro responde Banha nas águas claras  Na beira da cachoeira Coroa reluzent r eluzentee Todo ouro Todo azul

Coro responde Coroa reluzent r eluzentee Todo ouro Todo azul Menino caçador  Meio Oxossi Meio Oxum

Coro responde Menino caçador  Meio Oxossi Meio Oxum NARRADORA Ele é muito só e muito belo Ele é belo até na voz

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 Não se põe a mão em seu peito Ele tem um peito que atrai a mão das pessoas Homem esbelto Ele é fresco como a folha de Odundun altivo como o carneiro Ele usa roupas finas E tem olhar sagaz Ele anda gingando Ele tem o corpo muito belo Ele dá o filho à mulher que precisa.

CENA XXIII - OBINRIN OBINRIN Ah, quem me deu Meu filho meu Sumiu, Desapareceu  Numa briga atoa Agora só  No mato escuro Vago, divago Como lenta mó Moendo remoendo Histórias de fazer dó. Trago em meu ventre inchado Meu filho meu, filho teu Só por mim, por ninguém esperado  Nem mais um passo. Findou, aconteceu.

IALORIXÁ Ah, minha filha Andou tanto, padeceu  Nestes caminhos de Deus Vamos chamar  Para te ajudar  Vamos fazer oferendas Para grande mãe Oxum CANTIGA 20: Ê FILHO MEU CANTIGA DE OXUM Eh, filho meu (2x)

Coro responde Eh, filho meu (2x)

Oxum embalou Ora ieieu

Coro responde Oxum embalou Ora ieieu Eh, filho meu (2x)

Coro responde Eh, filho meu (2x) Oxum embalou Foi Deus Quem me deu

Coro responde Oxum embalou Foi Deus Quem me deu CANTIGA 21: CADÊ GIRAMUNDO PEMBA CANTIGA DE EXU Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba

Coro responde Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba

Coro responde Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba

CENA XXIV: EXU E IALORIXÁ EXU Chamou Exu, minha filha? IALORIXÁ Laroiê Exu! Chamei, meu pai.

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É prá Exu juntar  O que um dia separou Juntar Okurin com sua Iawô Os dois andam sem parar   No mato perdidos na escuridão Dá pena ouvir seus gemidos Coração chamando coração

EXU Pra juntar Okurin e Iawô Só as ervas de Katendê. Para Katendê as ervas te dar  Meu filho há de pagar  Com mel, fumo e o que mais haverá.

CENA XXV - IALORIXÁ E KATENDÊ KATENDÊ Toma essa: é prá resfriado. IALORIXÁ  Não. Eu preciso é prá casal separado. KATENDÊ Toma essa: é prá febre e calor. IALORIXÁ  Não. Eu preciso é prá casal sofredor. KATENDÊ Toma essa: é prá dor de ouvido. IALORIXÁ  Não. Eu preciso é prá casal no mato perdido. CANTIGA 22: AS FOLHAS LÁ NA MATA CANTIGA DE IANSÃ Olha as folhas lá na mata Que o vento já levou

Coro responde Olha as folhas lá na mata Que o vento já levou Iansã foi quem soprou

E o seu vento carregou

Coro responde Iansã foi quem soprou E o seu vento carregou Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié

Coro responde Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié

Coro responde Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié (bis)

CENA XXVI - ERVAS DE KATENDÊ NARRADOR  Iansã a pedido de Xangô Provoca tal ventania Que as ervas de Katendê Voam noite voam dia Cobrindo a face de Ilê-Ayé Chegando até as pontas de Orum Mas uma delas uma só Caiu leve aos pés de Okurin E o leva até a sua Iawô E o casado casal ficou Ao redor do doce Omobinrin Amamentando Amamentando o futuro amanhã Com as bênçãos de Obá, Oxum e Iansã E como raios de sol De uma linda manhã Um bando alegre de erês A festa veio para ver  Aos gritos, pulos e risadas Com balas, bolos, cocadas E seu jeitinho de ser  Falam, falam que falam

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CENA XXVII - ERÊS ERÊ I Me dá, me dá, me dá, tio. ERÊ II Uma balinha, tio, tá docinha, quer? ERÊ III Cê não me pega, cê não me pega. CANTIGA 23: ERÊ Oh, foi numa linda manhã de sol

Coro responde Êrerê Oh, foi numa linda manhã de sol

Coro responde Êrara (bis) NARRADOR: Orumilá, o destino, de tão feliz Chamou Olodumaré para ver  E Olodumaré que a todos conduz Tão contente ficou Que inundou  Nosso mundo de luz!

FIM

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