Ordem e Progresso - james hunt.pdf
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ORDEM E HISTÓRIA
EM BUSCA DA ORDM
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T í tulo origna: Ord er and Hist v . V- T he c ollec ted wrk s f Er ic Vegelin , © 20 by The Cura tors o f the University o f Missouri
Unversity of Mssour Press, Columba, MO 65201 ISBN 0-82621261-1 Al rghts reseed.
Preparação: Carlos Albeo Bárbaro Capa: Mauro C Naxara Diagramação: So Wa Tam Revisão: Mauríco Balthazar Leal
Edições Loyola Rua 1822, 341 pranga 04216- São Paulo, SP T 55 11 3385 85 F 55 11 2063 4275 @loyacom.br @loyola.com.br wloyola.comb -
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ISBN 978-85-15-03740-7 ©EDIÇÕS OYO, São Paulo, Brasl, 2010
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RDEM E HISTÓRIA I ã ó ã ó
IV ê V
Sumário
Introdução do edior Sumário analítico Prefácio Introdução 3 Capítulo princípio do princípio 35 Capítulo Distância reflexiva v idenidade reflexiva Epíogo
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Ídice remissivo
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Introdução o editor
ste breve volme não reqer ma introdção prolixa do editor A in trodção qe redgi há doze anos para a edção original persiste válida ainda hoe, e o precioso epílogo de Jürgen Gebhardt está também dis ponível para conslta Contdo, cabe enfatizar ma o das qestões e apon tar a viosa iteratra inspirada pelo presente livro como a clminação de Ordem e hstóra (19561987) Em primeiro lgar, este últmo livro completa a rptra teórca dentiva de Voegelin com o racionalismo ilminista como a forma da losoa moder na e sa sbstitição pela racionalidade meditatva o noess, revivescendo assim m modo de investigação qe remonta às Conssões de Santo Agosti nho e aos diálogos de Platão O livro é em si ma análise persasiva da análise medtativa como a forma sbstancia do reqisito losofante, caso se pretenda qe a exporação das atras e prondezas da realidade sea condzida em abetra perante a verdade e não estea viciada por deformações redcionistas de ma espécie o de otra. Essa análise meditativa, por sa vez, constiti o cerne da ciência renovada das qestões hmanas qe Voegeln se empenho po estabeecer e ecda em sa obra drante toda a sa vida. Por m lado, é m ato de resistência contra as concepções trncadas e enganosas eqentes em nossa época ideoógica, com conseqências desastrosas para a ordem pes soa e poítica Po otro, é uma tarefa na qal o ator se envolveu de modo atoconsciente e explícito, pelo menos desde a época da inédita Herrschas lehre (c. 1930) em dante, e de maneira mais vigorosa nas útmas obras. Longe
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I ntr odção do edit or
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de se algo novo neste pequeno lvo, a estutuação da nvestgação com base no modelo des quaerens ntellectum é assumda como emblemátca da loso a em s desde suas ogens pésocátcas o amo à sabedoa de uma ala nqudoa sensível ao apelo dvno que ascende em admação umo a uma patcpação mas lumnosa na ealdade emente A oba de Voegeln coge um desvo da osoa que ele constatou ocoe já na geação subsequente a Astóteles, que nclu a desnatuação cstã do Nous como azão natual [ve p 65 Em segundo luga, a foma de nvestgação assm caactezada seguda po uma pssoa passível da desgnação "lósofo místco compeende a atvidad e a vda que dsdoba como consstntes com o senso comum e como epesentatvas daqulo que petende qualca como se humano Voegeln sustntou memente que toda boa osoa se ndamenta no senso comum que a dmensão pmáa na azão noétca (nous) é a tensão em elação ao ndamento dvno do se Deste modo, tão logo econhecemos que este vo pode e deve se stuado lado a ado com os gandes clásscos medtatvos da hstóa, econhecemos em seguda que a humandade comum de todos os homens enconta seu cento vtal e suas mas pondas satsfações na vda esptual à qual todos são chamados, po mas mpfeta que possa se de fat a spota d cada pssoa ao aplo dvn Os maanhados a mdtao an ts nós dssolvemse todos na compeensão eexva da ntelgênca od náa e da expênca comum Apenas não pae de pensa Vogeln às ve zes sugee Ou, elemando outa de suas exotações favotas, um lvo qu no esteja acma da compeensão que você possu não vale se ldo ee ad mava o sentmento de T S Elot de que o únco método m questões losó cas é se muto ntelgente Pesumvelmente, mesmo se ntelgene não s tua a losoa místca além da esfea da fatendad dos homens sob Deus O equemento de Elot pode com efeto suge que alguns daqueles que anun cam com o máxmo alade sua peplexdade e sua ncompeensão dante dos textos de Voegeln fonecem evdêncas dos avanços da coupção, da ncapa cdade e da desculuação em letoes supostamente nstuídos, pncpalmente um elexo de suas decêncas Paa a consdeável lteatua sobe os aspectos centas do pensamento de Voegen, devese consulta a gande bblo aa complada po Geoey L Pce, Ec Voegln Classed Bblogaphy, Bulletn of the John Rylands Un versty Lbrary of anchester 76, n 2 (veão 199) esta fo atualzada po Ste phen A McKnght e Geoey L Pce (eds), Internatonal and nterdscplna O
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I Em bsa da orde m
perspectves on Erc Voegeln, Coluia, Univesity o f Missoui Pess, 997, 8924, que também contém divesos ensaios valiosos De impotância paa temas deste lvo, enciono: Michel P Moissey, Conscousness and transcendence the theology ofEc Voelin, Note Dame, Univesiy ofNote ae Pess, 994, especialmente os cítulos 4 e 6 Glenn Hughes (ed), The poltcs of soul Eic Voegelin on elius expeience, Lanhanm, Rowman & Littleeld, 999 Glenn Hughes, ystery and myth n the phlosophy of Erc Voegeln, Columbia, Univesiy of Mssoui Pess, 99 Kenneth Keulman, The balance of conscousness Eic Voelin s poltical theoy, Univesiy Pa, Pennsylvania State Univesity Pess, 990 Bay Coope, Erc Voegeln and the foundatons of modern polítca scence, Columbia, Univsity of Missui Pess, 999 Bendan M Pucell, The drama of humanty towads a philosophy of humanity n histoy, Fant am Main, Pete Lang, 996 Robet cMahon, Eic Voegelins paadoxes f consciousness and paticpation, Re vew of Poltcs 6, n (inveno 999) 738 Ellis Sandoz, The poltcs of truth ond other untmely essays the cisis of cvic consciousness, Columba, Univesity f Missoui Pess, 999, esecialmente o capítulo 0 David Walsh, Guarded by mystery meaning in a ostmoden age, Washington [DC], Catholic Univesity of Ameica Pess, 999 Michael Fanz, Erc Voegeln and the poltcs of sprtual revolt the ts of mode idelo, Batn Rouge, Lousiana State Univesi Pess, 992 e Paul Caingella, Voegelin: phlosophe of divine pesence, em Ellis Sandoz (ed), Erc Voegeln 's sgcance for the modern mnd, Baton Rouge, Louisiana State Univesi Pess, 99, 74205
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I nrodção do edtor
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In consdertone creaturatum non est vana et pertura curostas exer cenda sed gradus ad mmortala et semper manen ta facendus
[No studo da catua, não s dv xc uma cuosdad vã pcdoua, mas ascnd umo àquo qu é mota pmannt] Santo Agostnho, De vera relgone
Sumáro analítco
O pncípo do pncípo § Onde pncpa o pncípo? Pncípo e m O todo e a palava A lnguagem comum e a lnguagem do lósofo §2 O paado da conscênca Intenconaldade e lumnosdade Realdadecosa e ealdade Isso §3 O complexo conscêncaealdadelnguagem Lnguagem convenconal e lnguagem natual Conceto e símbolo §4 O pncípo de Gêness A tensão no Isso Palava e desolaão Dgessão sobe alguns malentenddos convenconas () Pscologas de pojeão (2) Relgão compaada (3 ) Exegese doutna §5 A vedadea estóa O campo socal da vedade O campo hstóco da vedade A autodade da estóa A estóa como naatva e acontecmento §6 A estóa pncpa no meo A metaxy platônca §7 A plualdade dos meos I Sumário anal tio
A ssoestória única e a pluralidade de episódios O Princípio, o Fim e o Além A parusia do aém, o uxo da presença, presente indelével A verdadeira imortalidade e a imortalidade in termediária dos deuses §8 Coisidade denida e diversicação indenida §9 Parusia formativa e deformação A correlação entre a estória da formaço e a estória da deformação §0 Resistência estencial Os motivos da resistência A separação da "realidade e do "além As alternativas máicas § mainação Sua estrutura paradoxal maginação armativa e autoarmativa A imaem do mundo cria o mundo O otivo comum da resistência à verdade e da resistência à falsidade §2 Os símbolos reevos Distâncialembrançaesquecimento Sua validade no contexto da meditação 2 Su a validade no contexto das equivaências históricas 3 Distância reexiva Di rssão sobre o re ate dos ímbolos 2
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Distância reexiva versus identidade reexiva § A revolução aemã da consciência O propósito formativo e a tradição deformadora As ambiuidades da consciência A imainação especulativa A cons ciência revoucionária A autointerpretação As ambi uidads da resistência §2 Heel Sistema versus tensão existencia 2 A ambiuidade da dialética 3 A deformação da peragoge 4 A inversão da formação e da deformação 5 A linua em pronomina 6 Os pronomna de Heel e os nomna de Platão 7 A consciência invertida como inconsciência 8 O inconsciente público (Jun Kerényi) 9 O ato de esquecimento imaginativo
I Em bsa da orde m
0 A autoanálise da consciência ativista O trauma do ambiente ortodoxo 2 Deus: o som sem sentido 3 Ambiguidade e validade paradoxal 4 Deus: a experiência de sua morte 5 A mortalidade e a imortalidade do s deuses 6 A linguagem dos deuses: MorteParusiaLembrança §3 A nemosne de Hesíodo As três invocações das Musas da Teogona A Parusia das Musas a mediação da verdade divina 2 As Musas lembram aos deuses sua divindade 3 O conto das coisas (ta eonta) divinas 4 A visão hesiódica da reaidade §4 Lembrança da realidade 1. Do vidente ao cantor (HomeroHesíodo) ta eonta 2 O homem que sabe (Parmênides) to eon 3 O lósofo (Platão) to pan §5 O Tmeu de Platão Os símbolos tensionais 2 As tensões e seus polos 3 Os níveis da inguagem paradoxal a constante e a superconstante 4 O Cosmos uno 5 Monosis e monogênese 6 O Além e sua Parusia 7 A unicidade da realidade divina e o Deus Único O Deus Único e os muitos deuses 8. 9 A desordem das coisas Espaço 0 O procedimento meditativo A iluminação mútua dos símbolos coisas e nãocoisas 2 [Sem título] [2]
I S mário anal tio
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Prefácio
o ongo de nossos cnquenta e três anos de atrmôno, tente ser ua parcera da vda de eu ardo o áxo que pude A prncípo sso fo dfíc, pos não tve ensno acadêmco forma e tve de e faarzar co o seu mundo de estudo e reexão Co sua orentação procure absorver às vezes apenas por deferênca, as co crescente nteresse o que o mundo do estudo e da cênca tnha a oferecer Mas, ua vez que os taentos que possuo são as os da resposta afetva, eu prncpal e maor nteresse na vda esteve em eu ardo e sua obra Co frequênca quacada como sua parcera sencosa, um título que me é aproprado e que eu gostara de anter Fo apenas por nsstênca de agos que concorde em redgr estas lnhas, expondo aguns fatos que pode ter nteresse gera a respeto da orge deste voume Meu mardo coeçou a redgr estas págnas no verão de 980, após quatro anos de pesqusas, com a dedcada assstênca de Pau Carngea, e prosseguu e suas extensas leturas e em sua redação ao ongo dos três anos seguntes No na de 983 sua saúde começou a decar, e a estrênua concentração necessára para escrever tornouse cada vez mas dfíc Por vota daquea época ee já hava envado boa parte do manuscrto para a Lousana State Unvers Press, sepre na esperança de que algu da estvesse e condções de escrever novaente Mas, uma vez que sua enfermdade avançava, ee por copreendeu que não he estava destnado contnuar vvendo E seus últmos eses de vda eu o v, quase todos os das, endo e reendo o
I Prefáio
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manuscrito, fazendo pequenas correções ocasionalmente e sempre enfatizan do para mim: "Este será o volume V. Ele gostava de seu trabalho e falava sobre ele com equência, fazendome entender que sabia muito bem que estas páginas são a chave para todas as suas demais obras e que nelas ele foi o mais longe que pôde na análise, dizendo o que queria dizer tão claramente quanto possível Ele não nos deou nenhuma instrução concernente à pubicação sabia que sua obra estaria sob os maiores cuidados da experiente Beverly Jarrett, a quem tinha como amiga Espero que estas observações sejam úteis para uma compreensão deste aparentemente pequeno volume LY V
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Odm istó
I Em bsa da ordem
Introução
ma introdução a st volume nal d Ordem e hstóra fita por outras mãos qu não as d Eric o in a o requrido m razão da mort d o lin m 9 d janiro d 985, não pod ser ua xposição tórica d peso como o foram as introduçõs aos volums anteriores O litor trá d s contntar com muito mnos qu isso Admais, o livro e si nos ch a às mãos como um framnto, como a stória inconclusa da busca da ordm Sob tais circunstâncias, nossa introdução só pod sr uma rmmoração do caminho trilado por o lin ao invstiar a ordm a desordm na história sua rearticulação rexiva m su ivro, com a indicação prtinente do novo trrno aqui explorado O caráter framntário da obra diante de nós não dv contudo induzir a uma suspita d qu tenha sido ponderada de modo imprfito ou de que carça d uma rvisão como projeto nal Pelo contrário O livro só é fra mntário por não stndr a anális a outros assuntos qu o autor claramnte considrava e por não ilustrar a aprsntação tórica m dtalhs maiors do que ele foi capaz d fazr ants que o tempo s es otasse Mas a apresentação teórica m si está ssencialmente completa, e o fato d qu a busca da ord sja uma stória inacabada conform rlatada por oe elin é inteiramente apropriado, pois, como l insistia, nm a ralidade nem a losoa podem ser reduzidas a um sistma Dst modo, pods dizer qu a forma da present obra simboliza a visão osóca de o lin acrca da história e da realidade abranente como uma estória inacabada, narrada por Deus na linua m re
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I ntrod ução
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exiva dos homens e mulheres espiritualmente dotados abertos ao mistério da verdade emergente por meio do encontro do divino e do humano no ntermediário da existência participativa, a realidade humana por excelência. A forma e o cnteúdo, deste modo, interpenetramse. A evocação da realidade participativa do ntermediári (ou metaxy, como designado por Platão) é um pont crucial a ser rememrado, já que encontra sua expressão no início de Ordem e hstóra e permanece no centro da busca da verdade de Voegelin como símbolo e experiência diferenciadores na presente obra. Logo, o primeiro parágrafo da introdução ao volume diz o seguinte: Deus e homem, mundo e sociedade formam uma comunidade primordial do ser A comnidade, com sua esrutura quaernária, é e não é um dado da experiência hu mana É um dado da experiência na medida em que é conhecida pelo homem em virude da paricipação dese no misério de seu ser Não é um dado da experiência na medida em que não se apresena maneira de um objeto do mundo exterior, mas só é cognoscível pela perspeciva da paricipação nela
A exploração esclarecedora prossegue nos parágrafos subsequentes. "A participação no ser [ ] não é uma participação parcial do homem; ele se acha engajado com o todo de sua existência, pois a participação é a própria existência. Há uma experiência de parcipação, uma ensão reexiva na exstência, que irradia sentido na proposição: O homem, em sua exisência, paricipa do ser Esse senido, ereano, orna-se absurdo se esquecemos que o sujeio e o predicado da proposi ção são ermos que explicam a ensão da exisência e não conceios que denoam objeos Não há um "homem que paricipa do "ser como se ese fosse um empreen dimeno de qe ele poderia muio bem não paricipar; há anes um "algo, uma pare do ser, capaz de expermenarse como al, e capaz, além disso, de usar a linguagem e de chamar essa consciência que em a experiência pelo nome de "homem [ ] No cenro de sa exsência o homem é desconhecido para si mesmo, e deve permanecer assim, pois a pare do ser qe chama a si mesma de homem só poderia ser inera mene conhecida se a comunidade do ser e seu drama no empo foss integralmene conhecidos A parceria do homem no ser é a essência de sua exsência, e essa essên cia depende do odo de que a exisência é uma pare O conhecimeno do todo, en reano, é impossibiliado pela idenidade enre o conhecedor e o parceiro, e a igno rância do odo impossibilia o conhecimeno essencial da parte Essa siuação de ignorância com relação ao núcleo decisivo da exisência é mais do que desconceran e: é prondamene perrbadora, porque das prondezas dessa ignorância básica jorra a ansiedade da exsêcia (Ordm história, v I, 45-46)
Centenas de páginas e dezoito anos depis, no volume V de Ordem e hstóra, onde deixamos a estória inacabada em 974, V oegelin escreveu so 24
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I Em busa da ordem
bre a análise experiencial da participação e a verdade que ela desvela na losoa A ocasião é aquilo que ele chama de "simbolização da tensão erótica na existência do homem como uma realidade ntermediária transmitida por Platão no Banquete A verdade da exisência na ensão eróica é comunicada pela profeisa Dioima a Sócra es O diáogo da alma enre Sócraes e Dioima, reaado por Sócraes como sua conri buição a um diáogo sobre Eros que é u diáogo na aa de Plaão, reconado a am gos pr um cero Apoodoro, que, anos anes, o ouvira de Arisodemo, que, anos arás, esivera presene no Banquee, é o cenário engenosamene cicunvaado para a verda de da meaxia De fao, essa verdade não é uma informação a respeio da reaidade, mas o eveno em que o processo da realidade ornase luminoso a si mesmo Não é uma informação recebida, mas um discerneno que surge do diálogo da alma quando invesiga "dialeicamene sua própria incereza "enre conhecimeno e ignorância Quando surge o discernimeno, ee possui o caráer da "verdade, porque é a exegese da ensão eróica experimenada; mas ele surge somene quando a ensão é experimenada de al maneira que irrompe em sua própria exegese dialógica Não há neuma ensão eróica siuada ao redor em alguma pare a ser invesigada por aguém que com ea opa A dicoomia sujeioobjeo, que é moldada conforme a reação cogniiva enre ser humano e coisas no mundo exerior, não se apica ao eveno de uma "experiência-ari cuandoa si mesma Por conseguine, o Sócraes do Banqut recusase cuidadosa mene a fazer um "discurso sobre Eros Em lugar disso, faz a verdade revelarse por meio de seu diálogo com Dioa, medida que o relaa Ademais, ele insise em fazer seu relao iniciar com a própria quesão que aparecera por imo no diáogo preceden e com Agathon O diálogo socráico da alma dá coninuidade ao diálogo enre os com paeiros no Banquee e, inversamene, essa coninuidade assegura ao diálogo prece dene o mesmo caráer do "eveno em que a ensão eróica na alma de um ser humano ua para aingir a uminosidade ariculada de sua própria realidade Daí o diálogo da alma não ser fechado como um veno em uma pessoa que, após er ele aconecido, informa o reso do gênero humano sobre seus resulados como uma nova dourina Embora o diálogo ocora na aa de um ser humano, não é "ideia de um ser humano acerca da realidade, mas um eveno na meaxia em que o ser humano enreém "con versção com o ndameno divino do processo que é comum a odos os seres huma nos Devido presença divina no diálogo do daimonios anr, o eveno em uma dimen são socia e hisórica A alma socráica arrasa para se diálogo os companheiros e, além dos companheiros ediaos, odos aqueles que esão ansiosos para er esses diáogos a eles relaados O Banqut se apresena como o reao de um relao ao longo de inea los de anos; e o reporar prossegue aé hoje (Ordm história, v V 251252)
O poder arrebatador da linguagem meditativa de Voegelin ao expor as dimensõeschave da realidade participativa do Intermediário nos prepara para o volume aqui apresentado e também nos lembra de outras duas questões relevantes neste contexto A primeira delas é que a resstênca à falsidade é a I ntodo
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origem especca da busca da verdade reetida na osoa de V oegelin e em sua exploração das alturas e prondezas da realidade experienciadasimboli zada. O tema arcano e a apresentação tecnicamente abstrusa que, como vimos no volume precedente, forçam os limites da inguagem e da compreensão não devem obscurecer o ípeto exstencial da empreitada de Ordem e hstóra como um todo e dos esforços heroicos de seu autor a servço da verdade. "As motivações de minha obra são simples; elas provêm da situação política, de clarou Voegelin em 1973 A elaboração da resistência à falsidade na osoa de Platão oferecida por Voegelin em vários locais (por exemplo, a luta contra a sociedade sofística no Górgas analisada em Ordem e hstóra, , 8589) é feita nos moldes do empenho do próprio autor para encontrar a verdade em meio à corrupção da linguagem escarnecedora e da política ideológica que tiveram início durante as décadas de 1 920 e 1930 na Europa. A "situação política da qual se fala seria, resumidamente, aquela representada por Stalin, i tler, Mussoini e os meios sociais e intelectuais cua emergência histórica lhes permitiu predominar como guras representativas. Antes de tudo, a saída de cena dessas guras "epigoais , porém, não erradica os fatores de longo prazo que favoreceram sua ascendência. Por conseguinte, o esforço de recuperar o ndamento espiritual da exstência como um movimento contra a degrada ção da existência forçada de modo esmagador pelas atmosferas de opiião deformadas pela ideologia e inclinadas à erradicação da oposição era uma ta refa de compreensão histórca e de urgência teórica presente. Essa urgêcia foi memoravelmente expressa no prefácio a Ordem e hstóra, em que Voegelin não apenas fala da "amnésia com relação às realizações passadas na busca da ordem, mas também aponta duramente "a fé metastática [como] uma das grades fontes de desordem, se não a principal, no mundo contemporâeo , e declara que "é uma questão de vida ou morte para todos nós compreender o fenômeno e encontrar remédios para combatêo antes que ele nos destrua. Ele aponta a investigação losóca como um dos mais modestos remédios contra as desordens da época, e escreve: A ideologia é a existência em rebelião contra Deus e o homem. É a violação do pi meiro e do décimo mandamentos, se quisermos empregar a linguagem da ordem israelita; é a a doença do espírito, empregando a lingagem de Ésquio e Pla tão A losoa é o amor ao ser por meio do amor ao Ser divino como a fonte e sua ordem O Logos do se é o objeto próprio da investigação osóca, e a busca da verdade concenente odem não pode ser conduzida sem um diagnóstico dos mo dos de existência na inverdade A verdade da ordem tem de ser reconquistada na uta 26
Orm sa
I Em bsa da ordem
perpétua contra a queda em reação mesma, e o movimento rumo verdade tem seu início na consciência que um homem tem de sua existência na inverdade A nção diagnóstica e a nção terapêutica são inseparáveis na osoa como uma forma de estência (Ordem e história, I, 32).
Ordem e hstóra foi portanto concebida como um diagnóstico dos tempos
de conturbação e como uma terapia para eles, com o propósito de ajudar a estabelecer uma ilha "de ordem na desordem da época. Uma segunda questão trazida à mente pelas passagens que reetem sobre a realidade participativa do ntermediário é a primazia do símbolo Deus. É a primeira palavra no corpo do livro, e aparece de modo sinonímico como o "ndamento divino e o "homem espiritual na análise do Banquete previa mente citada. A losoa em si, como acabamos de ver, é "o amor ao ser por meio do amor ao Ser divino como sua fonte de ordem. Na reviravolta do homem como um todo, para Eric Voegelin, longe das sombras da burla losóca e rumo à luz da verdade que de algum modo o atraía, a exigência da resis tência pessoal diante da falsidade nacionalsocialista com suas alegações generalizadas sobre a existência humana forçou um resgate da ciência clássica e cristã do homem como a maneira de conduzir sua crítica da modernidade e reorientarse na realidade Conforme implicado pela Parábola da Caverna, de Platão, o interesse em Deus foi primorialmente losóco e existencial, mais que "religioso, no sentido de doutrinas, dogmas e credos. O apelo acima das reivindicações abrangentes de verdade política reside nas "Leis da Natureza e do Deus da Natureza, como Voegelin descobriu em sua primeira viagem aos Estados Unidos em 192; e ele vinculou a losoa do senso comum do iluminismo escocês prenunciado no pensamento americano com as noções da racionalidade helênica como contidas nos escritos de Platão e Aristóteles, que evocam o Fundamento, a Beleza, o Bem e o Primeiro Motor divinos transcen dentes como a fonte do ser e da ordem. Voegelin começou a estudar grego em Viena no início da década de 1930 a m de ler as fontes mais importantes; epois de escapar aos nazistas e se mudar permanentemente para os Estados Unidos, ele começou a estudar hebraico com um rabino em uscaloosa, no Alabama, por volta de 190, a m de ler o Antigo estamento. Muito antes que as primeiras linhas de Ordem e hstóra fossem redigidas, Voegelin salientou energicamente, na correspondência com seu grande amigo Alfred Schütz, em 193, que (em contraste com o imanentismo de Edmund usserl) os "problemas osócos da transcendência [eram] os problemas decisivos da osoa (Anamness [ 1 966] , 36). Voegelin reiterou esta visão uma I ntod ção
2
década mais tarde, quando, em outra carta para o mesmo correspondente, respondendo a questões sobre seu novo livro, The new scence ofpoltcs [952] , escreveu o seguinte: E agora respondendo sua pergunta decisiva: a teoria só é possível no interior da estrutura da cristandade? É óbvo que não A osoa grega é pré-cristã; logo pode se losofar perfeitamente bem como um platônico ou um aristotélico Fiosofar me parece ser essencialmente interpretar experiências de transcendência; essas expe riências como fato histórico existiram independentemente da cristandade e não há dúvida de que também hoje é igualmente possível losofar sem a cristandade Mas a resposta básica e inequívoca tem de ser ressalvada nu ponto essencial Há graus de diferenciação das experiências Eu assumiria como um princípio do losofar que o lósofo tem de incluir em sua interpretação as experiências diferenciadas ao máxi mo [ ] Ora com a cristandade uma diferenciação decisiva ocorreu (apud Peter Opitz e Gregor Sebba [eds] The philoso phy oforder, 1981, 50)
sso, então, nos traz ao livro que temos diante de nós pois o volue nal de Ordem e hstóra é dedicado à elucidação das experiências de trascen dência que Voegelin discutiu amplamente em volumes anteriores e e ensaio e livros que não estão inclusos na presente obra. Não pode haver dúvidas de que V oegelin tenha se mantido el à sua visão, conforme expressa a Schütz décadas antes: "o losofar me parece ser, em essência, a interpretação das ex periências de transcendência. De que modo, preciamente, isso completa a obra e a ciência noética incluindo uma nova losoa da consciência, da polí tica e da história é um assunto vasto, que é preferível deixar para comentado res e para outras ocasiões. Em suma, uma vez que as experiências de trascendêcia constituem a essência tanto da losoa como da ordem da exstência huana e da história, resta demonstrar, de maneira teoricamente contudente, o que são exatamente essas experiências. Essa é ua tarefa crucial do pre sente livro. Algumas palavras de esclarecimento sobre o contexto do notável esforço de Voegelin para cumprir essa tarefa podem concluir esta introduçã ao arremate da ciência noética das questões humanas, que, em aspectos signicativos, sutilmente revisa e suplanta, de modo crítico, a ontologia tradicional e a epistemologia da losoa. Uma página particularmente alarmante dos perturbadores prolegôenos a Ordem e hstóra, publicados sob o título The new scence ofpoltcs, anuncia a preocupação da última década da obra do autor, especialente no que diz respeito à fruição em Em busca da ordem Ao discutir o mpeto rumo à certeza exstencial, que explica parcialente os simbolismos religiosos de caráter fala ciosamente imanentista da escatologia cristã dos gnósticos modernos, Voegelin 28
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I Em b sa da ord em
reete sobre a ânsia por uma certeza substancial e sua relativa ausência na delicada textura da relação entre a fé e a graça Ele escreve: A incerteza é a própria essência do cristiaismo. O sentimento de segurança em um "mundo ceio de deuses [proporcionado peas antigas reigiões cosmoógicas mti cas é perdido junto com os próprios deuses; quando o mudo é desdivinizado, a comunicação com o Deus que transcende o mundo é reduzida ao tênue laço da fé, no sentido encontrado em Hebreus 11,1, como a substância das coisas esperadas e a prova das coisas não vistas. Ontoogicamente, a substância das coisas a que se aspira não se encontra senão na fé, e, epistemoogicamente, não á proa das coisas não vistas a não ser, novamente, essa mesma fé. O aço é, de fato, tênue e pode facmente se romper. A vida da ama em abertura para Deus, a espera, os perodos de aridez e embotamento, cpa e desalento, contrição e arrependmento, desistência e esperan ças sobre esperanças, os avoroços silenciosos do amor e da graça, estremecendo beira de uma certeza que, se conquistada, é perdida a própria eveza desse tecido pode se revelar um fardo demasiadamente pesado para os omens que anseiam por uma experiência possessia intensa (The new science ofpolitics 122)
O que uma nota de rodapé de caráter primordialmente defensivo identi ca como "uma psicologia da experiência não a teologia ou a dogmática da fé é o assunto de Voegelin nessas linhas e, mais amplamente, também na presente obra O fato de que há algo de duvidoso acerca de sua fé veio porém cmo uma notícia mprtuna para os cristã dgmáticos, que reagiram com exasperação à sugestão, tanto em 1952 como em ocasiões similares posterio res, como a análise da fé de Paulo em A era ecumênca (Ordem e hstóra, V, cap 5, A visão paulina do Ressuscitado, 309 ss) Não apenas os ideólo gosgnósticos, mas também os éis contribuem para a "dogmatomaquia da época, e o propósito de Voegelin de procurar resgatar os ndamentos expe renciais da civização por meio da análise imparcial e investigativa certamente zeram dee, em diversos graus, o adversário de tods os grupos empenhados no êto na uta de poder e o avo de sua vituperação incompreensiva e depreciativa quando ele não se dispunha a ser recrutado para suas causas Com base nestas últimas reexões, as dimensões pessoal, social e histórica da vocação do lósofo aparecem de maneira pertinente F ocado nas experiên ciassimbolismos formativas cruciais, de qualquer ambiência, ocorridas no tempoeternidade da realidade humanodivina do ntermediário chamada história, o homem que é o lugar da experiênciaquesearticua (agora ou no passado) é e não é atado por sua identidade individua, peo pertencimento étnico e nacional e pelas circunstâncias históricas de sua vida Os paradoxos da busca, apenas sugeridos nos termos ifenizados, constituem um importan I ntrodção
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te assunto das páginas seguintes O ponto arquimediano d ver a realidade "objetivamente, que não está em nenhum lugar onde possa ser econtado, é equiparado pela experiênciasímbolo que é igualmente inacessível na realida de inevitavelmente participativa e particular dos mais sensíveis e argutos exploradores da verdade noética e pneumática O vasto empenho em elaborar uma teoria da ordem e da história não é abandonado por Voegelin ao concluir a obra com este delgado volume Entre tanto, aquela teoria se forma de tal modo que o pensamento de Voegelin surpreenderia alguns leitores Nos dezessete anos que separam a publicação dos três primeiros volumes e a publicação do quarto volume de Ordem e hstóra ( 195657 a 1974, a subjacente osoa da consciência pressuposta nas primei ras obras (e referente a todo o percurso desde o primeiro livro do autor em 1928 apareceu plenamente desabrochada em 1966 em Anamness Nos trinta anos após a publicação do quarto volume, e também antes e no decurso de sua publicação, outros escritos e publicações desenvolveram linhas vitais de inves tigação completadas aqui por Voegelin Entre os mai s essenciais destes ensaios estão "he beginning and the beyond (escrito entre 1975 e 1978, um texto datilografado de setenta páginas deixado inacabado e inédito) e alguns ensaios publicados que incluem "mmortality: experience and symbol ( 1967, "Equivalences of experience and symbolization in histo ( 1970, "he Gspel and culture (1971, "On egel: a study in sorcery (1971, "Reason: the classic experience ( 1974, "Remembrance of things past ( 1978, "Wisdom and the magic of the extreme: a meditation (1981, e a despedida "Quod Deus Dicitur (1985, ditado em seu leito de morte Esses ensaios, entre outros, foram Uma bibliograa dos escritos de Voegelin desde 98 pode ser encontrada em llis S z Te egeinin reuin a biographical introduction 98; 2• ed.: New Brunswick Transaction Publishers 2000 artigo Quod Deus Dicitur foi publicado em Jurn f e Ame ricn Acdemy f Reigin 53 3 (985) 569584 e incorpora cerca de dez páginas do inédito The beginning and the beyond As referências dos artigos de Voegelin mencionadas no texto são as seguintes: mmotality: experience and symbol Hrd Tegic Reiew 60 ( 967) 235 27 9; quivalences of experience an d symbolization in history in Eerni sri i valori per manenti nel divenire storico Firenze Valecchi 970 25-234 (reeditado em Pispic Sudies 28 [sd] 88- 03; The Gospel and Culture em Donald G MER e Diran Y. H (eds) Jesus nd mns pe, Pitsburgh Pitsburgh Theological Seminary Press 97 / 59 0 ; n Hegel: a study in sorcery Sudium Genere 24 ( 97 ) 335-368 (reed J. T. FRER et a. eds] Te sudy f ime , Heidelberg 972 48-5); eason: the classic experience Suern Reie 0 (974) 237264; emembrance ofthings past in Anmnesis, ed. e trad. Gerhart Nie meyer N otre Dame Universiy of Notre Dame Press 978 3-3; Wisdom and the magic o f the extreme: a meditation Suern Reiew 7 ( 98 ) 235 287 Além disto esponse to professor
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reeditados nos volumes 12 e 28 e The Collected Works of Erc Voegeln A guns desses ensaios, junto com outros não mencionados aqui, tiveram, num momento ou noutro, sua possível inclusão neste volume cogitada, mas tal in tenção modicouse à medida que a concepção do livro em si modicouse no pensamento do autor, e não há como saber ao certo como o ivro teria aparecido se o próprio Voegelin houvesse vivido para vêo impresso. É evidente, no entanto, que "he beginning and the beyond e "Wisdom and the magic o f the extreme, junto com "Quod Deus Dicitur, pertencem ao mesmo horizonte meditativo do manuscrito aqui publicado. Quando se lançou em ua investigação, mais de trinta anos antes, a teoria da ordem e da história que Voegelin esperava encontrar mediante o estudo da história da ordem foi assumida, como rememoramos, segundo a convicção de que a interpretação das experiências da transcendência constitui o âmago do losofar. Com a devida ressalva da riqueza e da sutileza da análise que examina cuidadosamente a realidade multifacetada da política, da historiograa e das irrupções espirituais como grandes estruturas inextricavelmente vinculadas entre si no processo da realidade e requerendo um tratamento equilibrado numa losoa da consciência e da história, conforme enfatizado no volume V, o âmago do assunto permanece nas experiências de transcendência. E uma teoria plenamente elaborada emergiu numa vigorosa apresentação que transforma os termos deste debate assim como foram transformados pelo abando no da concepção original do próprio livro. O campo pluralista da história da humanidade universal forçou o abandono da obra originalmente plaejada em seis volumes, reetindo uma concepção não linear da história e da consciência em desdobramento. Os estágios de diferenciação teórica anunciados em The new scence ofpoltcs em 1 952, que passam do cosmológico ao antropológico e ao soteriológico, já estavam no pano de ndo quando do apareci mento de Israel e a revelação em 1956 A nítida distinção entre as experiências de revelação e as experiências pneumáticas reetidas no Antigo estamento e na cristandade como Deus em busca do homem em contraste com as da losoa ou com as experiências noéticas, quando a ênfase recai no homem em busca de Deus tornouse menos marcada. Descobriuse que a revelação e a Altizer's "A new history ad a new but ancient God? Jurn f e Americn Acdemy fRe igin 43 ( 975) 765-772. Todos estes ensaios foram reeditados em Pubised essys 966-98 ed llis Sandoz v. 2 de e ceced wrs fEric Vegein Columbia University ofMissouri Press 999. A série será daqui em diante abreviada como W.
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razão não podiam ser tão separadas, pois, com efeito, a razão era ela mesma uma revelação na psique dos ósofos gregos, especialmente em Platão, e aquela análise noética era comum ao Novo estamento e à losoa Ademais, embora tenha sido advertido no primeiro parágrafo do livro, como obseamos, a lingagem da coisidade e dos sujeitos cognitivos apreendendo objetos, ainda que entendida metaforicamente, persiste muito presente numa análise que habitualmente identica a realidade imanente e a readade transcendente como entidades, talvez como o homem em busca de Deus, ou Deus em busca do homem A "falácia intencionalista ainda espreita nos bastidores, defor mando a experiência Para superála, é preciso desenvolver a losoa da consciência, e, em seu interior, as densões ôntica e cognitiva das próprias experiências têm de ser analisadas Mas onde e como? Somente na consciência concreta das pessoas concre tas nas quais as experiências alcançam articulação Voegelin salienta repeti damente, como nos comentários sobre o Banquete previamente citados, que "a tensão erótica não se encontra em algum lugar esperando para ser investigada por alguém que tropece nela Podese consultar o restante da passa gem Nisto reside a única e preciosa ndamentação na evidência empírica da ciência noética, da compreensão reexiva crítica da realidade, obtenível no tipo de vião meditativa e ima inativa chamada loa, de acrdo com o signicado que o termo tem em Platão Em "he beginning and the beyond, após considerar os casos concretos de uma variedade de horizontes contemplativos, incluindo o védico, o losóco, o profético e o apostólio, Voegelin sintetiza: Eu rastreei a consciência da linguagem por meio de numerosos casos representativos no período das grandes diferenciações As variantes da consciência vão da irrupção védica da realidade abrangente no discurso autoiluminador até a emergência da pa lavra a partir da Metaxy da psique, depois sua emergência a par do encontro pessoal do profeta com eus e sua transformação imaginativa na palavra ambígua das escrituras e, por m, epifania de Cristo com sua noção do homem como o parceiro atuante, sofredor e, nalmente, vitorioso, num processo em que a realidade se torna luminosa por seu mistério divino por meio da verdade da linguagem Em bora as variantes abarquem um leque amplo na escala da compacidade e da diferen ciação, todos os espiritualistas que passam pela experiência concordam quanto ao caráter sagrado de uma linguagem na qual a verdade da realidade divina torna-se articulada A experiência e a linguagem da verdade estão juntas como partes de um processo que deriva seu caráter sagrado do uxo da presença divia no teror dele mesmo Agora será possível conferir precisão a algumas das noções implcadas no processo conforme este se apresenta empiricamente 32
Om s
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O mais grave obstácuo a uma compreensão apropriada da experiência . ] é a pro pensão a hipostasiar. O objeto no mundo da percepção sensoria tornouse tão for çosamente o modeo das "coisas que ee se introduz inadvertidamente na com preensão das experiências que não concernem a objetos, mas ao mistério de uma reaidade na qua os objetos do mundo exterior serão encontrados entre outras "coi sas. A experiência da reaidade divina, é verdade, ocorre na psique de um homem que está soidamente enraizado por seu corpo no mundo exterior, mas a psique em si existe na Metaxy, na tensão rumo ao ndamento divino do ser. É o sensório para a reaidade divina e o ugar de sua presença uminosa Mais ainda, é o ugar no qua a reaidade abrangente se torna uminosa para si mesma e gera a inguagem na qua faamos sobre uma reaidade que abrange um mundo exterior e o mistério de seu Princípio e de seu ém, assim como a psique metaéptica na qua a experiência ocorre e gera sua inguagem. Na experiência, não só a verdade da reaidade divina se torna uminosa, mas, ao mesmo tempo, a verdade do mundo na qua a experiência ocorre. Não há um mundo "exterior ou "imanente a menos que seja reconhecido como ta por sua reação com ago que é "interior ou "transcendente Termos tais como imanente e transcendente, exterior e interior, ou expressões como este mundo e o outro mundo, e ass por diante, não denotam objetos ou suas propriedades, mas são os índices da inguagem provenientes da Metaxy quando ocorre o evento em que ea se torna uminosa para a reaidade abrangente, sua estrutura e sua dinâmica s termos são exegéticos, não descritivos Ees indicam os movimentos da ama quando ea, na Metaxy da consciência, expora a experiência da reaidade divina e tenta en contrar a inguagem que articuará seus mmentos exegéticos Por conseguinte, a inguagem e sua verdade gerada peo evento não se referem a um objeto externo, mas são a inguagem e a verdade da reaidade quando se torna uminosa na consciência do homem Em o �tra ocasião concentrei esse probema na seguinte assero o fato da reveação é o seu conteúdo Cf. NSP 78] Uma vez que a experiência não possui conteúdo a não ser ea mesa, o miagre da reaidade irrompendo na inguagem de sua verdade passará ao centro de atenção quando a consciência se diferenciar sucientemente para se tornar uminosa por seus próprios movimentos A inguagem da verdade sobre a reaidade tende a ser istoricamente reconhecida como a verdade da inguagem na reaidade Uma fase importante nesse processo é representada pea cosmogonia do Gênesis. Na estória da criação, o cosmos com sua hierarquia do ser que vai desde o universo inorgâ nico, passando pea vida vegeta e anima e chegando até o homem é pronunciado na existência por Deus A reaidade é uma estória proferida na inguagem criadora de Deus; e, em uma de suas guras, no homem que é criado imagem de Deus, a reaidade responde ao mistério da paavra criadora com a verdade da estória da cria ção. Ou, inversamente, peo ado humano, a reaidade divina tem de ser simboizada de maneira anáoga como a paavra criadora de Deus porque a experiência gera para sua expressão a paavra imaginativa do mito cosmogônico. A reaidade é um ato de mitopoese divina que se torna uinosa por sua verdade quando evoca o mito res ponsivo a partir da experiência do homem. Essa correação perfeita entre a ingua
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gem da verdade e a verdade da lngagem na realdade . . . é a marca dstntva da estóra da cração2•
alvez esta citação proporcione ao eitor uma perspectiva que mehore a acessibilidade do lio a seguir, mesmo que se trate de um primeiro contato com V oegelin. A primeira primeira meditação do livro, " O princípio princípio do princípio, votas votasee para uma exporação exporação do Gênesis e se desdobra numa análise do parapara doxo da consciência e do complexo consciênciareaidadeinguagem consciênciareaidadeinguagem como a estrutura da experiência simboizada simboiza da imaginativamente, atentando para a verdade e sua deformação. Depois, em "Distância reexiva versus identidade identidade rer eexiva, exiva, investigamse investigam se as forças deformadoras e formadora formadorass em vigor na lolo soa moderna, com particuar atenção a Hegel e à revolução aemã da consciência. Em seguida, o ivro trata de Hesíodo e do esforço esforço de Platão por uma linguagem da consciência existencial, especialmente como apresentada no Tmeu A descoberta e o renamento que Voegelin faz do conteúdo da verdade articulado por milênios, numa atividade cujos termos podem ser aplicados de modo reexivo a si mesma como realidade que se torna luminosa em nosso próprio próp rio presente, foram certa vez caracterizados caracterizados para mim nas seguintes palap alaClo u d of of unkn un knowng, owng, até vras: "Desde " Desde meu primeiro contato contato com obras como Clou miha miha recete compree compreensão nsão do prolema místico místico . . . ] , a grande quest questão ãofoi]: foi]: não parar naquilo naquilo que pode ser s er chamado de misticismo clássico, mas restabe lecer o problema da etaxy para a sociedade e a história• Esta introdução ao volume V terá servido a este propósito se algo da forma nal do trabaho de restabelecimento de Voegelin houver sido exposto nestas páginas cuja adequação quação depende depend e de minha colaboração com o autor au tor em tentar reembrar reembrar o que qu e não deve ser esquecido E S
2 "The beginning and the beyond in is is? And other late unpublished writings ed. Thomas A. HLLWEK a ARINGELLA v 28 de W 184186. ric Voegelin a llis Sandoz 30 de dezembro de 1971, 1971, in Eric Vegein Ppers , Hoover nstitution nstitu tion Library Stanford Stanford University box 27.10.
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Cíl
O princípo do princípio
§
n de pri pri ncipia o pri ncípio ncípio
'
medida que registro estas estas palavr palavras as numa numa página vazia principio a es crever crever uma sentença que, quando terminada, terminada, será ser á o princípio pri ncípio de um capítul capítul sre s re determinads prl p rlemas emas refeentes refeentes a Princípio. A sentença está terminada. Mas M as é verdadeira? O leitor não sae s ae se é verdadeira verdade ira até que tenha terminado termina do de ler o capítulo e possa julgar se é de fato um sermão sore a senença cnfrme seu texto. Nem eu mesmo sei até agora, pois o capítulo ainda não está escrito; e, emora eu tenha uma ideia geral acerca de sua construção, sei também, por experiência, que novas ideias têm o háito de emergir durante o curso da escrita, forçando a modicações na construção e tornando o princí pio inapropriado. A menos que queiramos nos deleitar com um ux de consciência ao modo de Stern, o texto não tem princípio até que tenha chegado ao m. Então, o que viria primeiro: o princípio ou o m? O que vem primeiro não é o princípio nem o m. Antes, Ant es, a questão aponta para um todo, algo denominado "capítulo, com uma variedade de dimensões. Esse todo possui p ossui uma extensão no espaço esp aço como um corpo de letras escritas ou impressas impressa s na forma forma de páginas. em ainda uma dimensão temporal temp oral no processo de ser escrito ou de ser lido. E, E , por m, tem uma dimensão de sentido, nem espacial nem temporal, no processo existencial da busca da verdade verdade na qual tanto o leitor como o escritor estão envolvidos. Seria então o todo,
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com suas dimensões espaciotemporal e existencial, a resposta à questão "O que vem primeiro?? primeiro? ? O todo como unidade literária chamada chamada "capítulo tampouco é a resposta. Com seu caráter de capítulo num livro, o todo aponta a ponta para além de si mesmo, aos intricads intricads problemas da comunicação entre leitor e escritor. O propósito do livro é ser lido; é um evento num vasto campo social de pensamento e l nguagem, de escrita e leitura sobre questões que o membros membro s do campo creem ser de interesse para sua exstência exstência na verdade. verdade. O todo não é o princípio num sentido absoluto; não é princípio de nada a menos que tenha uma nção numa comunhão de preocupação exstencial; e a comunhão de interesse como um campo social depende, para sua existência, da comunicabilidade comunicabilidade do interesse por meio da linguagem. Novamente somos remetidos, o leitor e eu, às palavras, palavras, pois elas começaram antes que eu começasse a pôlas pô las no papel. p apel. Estava a palavra no princípio, anal? Ora, a m de transmitir seu signicado, o capítulo tem de ser inteligível inteligível.. Ele tem tem de ser redigido numa linguagem linguagem comum comum ao leitor e ao escritor neste caso, caso , o inglês inglês , , e essa linguagem linguagem tem de ser escrita escrita de acordo acordo com os padrões drõe s contemporâneos de emprego das palavras, palavras, da gramática, gramática, da construção frasal, da pontuação, dos parágrafos, de modo que o leitor não encontre obstáculos impróprios ao seu esforço de compreensão do sentido do capítulo. Mas isso não é suciente, pois o capítulo não é uma informação sobre objetos familiares do mundo exterior; antes, procura comunicar um ato de participação na busca da verdade. Além de satisfazer a padrões de inteligibilidade no sentido cotidiano de referência a objetos, a linguagem tem de ser comum no sentido de comunicar os signicados na área da busca existencial; existencial; ela tem de ser capaz de transmitir os signicados da experiência experiência de um lósof lósofo, o, de sua meditação e de sua análise exegética. exegética. Essa Es sa linguagem linguagem do lósof lós ofo, o, poém, também não começa com o presente capítulo, mas foi estruturada por por uma históhist ória milenar da busca da verdade verdade por parte dos lósofos, lósofos, uma história históri a que não parou em algum ponto do passado, mas que prossegue no esforço presente entre leitor e escritor. O campo social constituído pela linguagem do lósofo não se limita portanto à comunicação por meio da palavra falada e escrita entre contemporâneos, mas se estende historicamente a partir de um passado distante, passando pelo presente e encaminhandose ao turo. no n o caso especial desta edição ediçã o tem de ser traduzido traduzido numa linguagem linguagem comum comu m ao leitor do país em que se edita edita o livro livro que ora se lê neste caso caso o português português (N do bras.) bras. )
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§2 O aradoxo da consciência
Até agora, o Prinípio vagueou desde o iníio do apítuo até o seu m, do m do apítuo até o seu todo, do todo ao idioma omo meio de omuniação entre eitor e esritor, e do proesso de omuniação em ingês [ e português] até uma inguagem dos ósofos que possibiita a omuniação entre os parti ipantes no proesso mienar de busa da verdade Contudo, o aminho do prinípio ainda não aançou o m que seria inteigíve omo seu verdadeiro prinípio, pois o apareimento de uma "inguagem dos ósoos susita novas questões onernentes a um probema que omeça a se agurar mais omo um ompexo de probemas Há ago peuiar a respeito da "inguagem dos ósofos: para ser inteigíve ea tem de ser faada numa das várias inguagens étnias, imperiais e naionais que se desenvoveram desde a Antiguidade, embora não pareça ser idêntia a nenhuma deas; e todavia, embora não seja idêntia a nenhuma das numerosas inguagens antigas e modernas nas quais oi faada, todas eas deixaram, e ontinuam a deixar, seus traços espeíos de signiado na inguagem usaa no presente apítuo, inguagem esta que pre tende ser ompreendida Mas então, mais uma vez, a busa da verdade, em seu urso mienar, desenvoveu, e ontinua a desenvover, uma inguagem própria Qua é a estrutura a reaiae que inuzirá, quano experimentaa, a esse uso equívoo do termo "inguagem? O equívoo é induzido pea estrutura paradoxa da onsiênia e de sua reação om a reaidade Por um ado, faamos da onsiênia omo ago situado nos seres humanos em sua existênia orpórea Com reação a essa onsiênia onretamente orporiada, a reaidade assume a posição e um objeto tenionado Ademais, por sua posição omo objeto tenionad por uma onsiênia que está orporamente situada, a própria reaiade adquire um toque metafório de oisidade externa Usamos essa metáfora em expressões tais omo "ter onsiênia de aguma oisa, "reembrar ou "imaginar aguma oisa, "pensar sobre aguma oisa, "estudar ou "exporar aguma oisa Por onseguinte, denominarei essa estrutura da onsiênia sua intenionaidade, e a orrespondente estrutura da reaidade, sua oisidade Por outro ado, sabemos que a onsiênia orporamente situada é também rea; e essa onsiên ia onretamente situada não pertene a outro gênero de reaidade, mas az parte da mesma reaidade que passou, em sua reação om a onsiênia do homem, para a posição de uma readadeoisa Nesse segundo sentido, por tanto, a reaidade não é um objeto da onsiênia, mas o ago no qua a ons
I O prinpio do prnpo
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iênia ooe omo um evento de partiipação ente paeios na omunidade do se Na expeiênia ompexa, que está agoa em poesso de atiuação, a eaidade passa da posição de um objeto tenionado paa a posição de um su jeito, enquanto a onsiênia do sujeito humano tenionando objetos passa paa a posição de um evento pediativo na "eaidade do sujeito quando ea se tona uminosa paa sua vedade A onsiênia tem poanto o aspeto estutua não só da intenionaidade, mas também da uminosidade Aém disso, quando a onsiênia é expeimentada omo um evento da iuminação patiipativa na eaidade que abange os paeios no evento, ea tem de se situada ão num dos paeios, mas na eaidade abangente; a onsiênia tem uma dimensão estutua em vitude da qua petene não ao homem em sua existênia opóea, mas à eaidade na qua o homem, os outos paeios na omunidade do se e as eações patiipativas ente ees ooem Se a metáfoa espaia ainda fo pemitida, a uminosidade da onsiênia está situada em agum uga "ente a onsiênia humana na existênia opóea e a ea idade tenionada em seu modo de oisidade O disuso osóo ontempoâneo não possui uma inguagem onven ionamente aeita paa as estutuas que aabamos de anaisa Po onseguinte, paa enota o status intemediáio da onsiênia, usaei a paava gega metaxy, desenvovida po Patão omo o temo ténio em sua anáise a estutua Até onde sei, paa denota a eaidade que abange os paeios no se, isto é, Deus e o mundo, o homem e a soiedade, ninguém desenvoveu nenhum temo ténio Obsevei, no entanto, que os ósofos, ao intoduzise inidentamente nessa estutua em sua expoação de outos assuntos, têm o hábito de se efei a ea po um neuto "isso O sso a que se efee aqui é o misteioso "isso que também ooe na inguagem otidiana em fases do tipo "hove• Assim, usaei a denominação "eaidadesso, enquanto distin ta da eaiadeoisa O uso equívoo da paava "inguagem apontou paa uma expeiênia da eaidade que teia de se expessa po esse uso, e em seguida a busa passou à estutua da onsiênia omo a expeiênia que gea a equivoação Mas seia essa esposta um passo na dieção do Pinípio? À pimeia vista, mais paee uma expansão das equivoações Há uma onsiênia om dois sentidos estu
2 m inglês no orginal i ins m português este sujeito é inestente (N. do bras)
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turais, a ser distinguidos omo intenionaidade e uminosidade Há uma rea idade om dois sntidos estruturais, a ser distinguidos omo a reaidadeois a e a reaidadesso A onsiênia, portanto, é um sujeito tenionando a reai dade omo seu objeto, mas, ao mesmo tempo, é aguma oisa numa reaidade abrangente, e a reaidade é o objeto da onsiênia, mas, ao mesmo tempo, o sujeito do qua se predia a onsiênia Em que ponto, nesse ompexo de equívos, enontramos um prinípio?
§3
O complexo consciênci a-real idadeli ngu age m
Não há de fato um prnípio a ser enontrado nessa o u naquea parte do ompexo; o prinípio só se reveará se o paradoxo for tomado a sério omo o ago que onstitui o ompexo omo um todo Esse ompexo, entretanto, omo mostra a expansão das equivoaões, inui a inguagem e a verdade, junto om a onsiênia e a reaidade Não há uma inguagem autônoma, não paradoxa, pronta para ser usada peo homem omo um sistema de signos quando ee deseja se referir às estruturas paradoxais da reaidade e da ons iênia As paavras e seus signiados fazem parte da reaidade à qua se refe rem tanto quanto as oisas existentes fazem parte da reaidade abrangente; a inguagem partiipa do paradoxo de uma busa que faz que a reaidade se torne uminosa para sua verdade mediante a busa da verdade omo uma oisa ui dada Essa esttura paradoxa da inguagem fez que agumas questões, ontro vérsias e diudades terminoógias se tornassem onstantes no disurso d ósofo desde a Antiguidade, sem que se hegasse a onusões satisfatórias Ua de tais onstantes é a grande questão de se a inguagem é "onvenio na ou "natura A opinião onvenionaista, a mais em voga atuamente, é evada, pea intenionaidade da onsiênia e a orrespondente reaidade oisa, a ver as paavras omo signos fônios esohidos de modo mais ou me nos arbitrário para se referirem a oisas Os naturaistas orientamse pea no ão de que os signos têm de ter agum tipo de reaidade em omum om as oisas às quais se referem, aso ontrário não seriam inteigíveis omo signos om determinados signiados Ambas as opiniões têm ndamento preário, pois seus adeptos não estavam presentes quando a inguagem se originou, en quanto os homens que estavam presentes não deixaram registros do evento, mas apenas a própria inguagem Segundo meu entendimento da questão, am bos os grupos estão etos em suas motivações, assim omo em suas tentativas
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de exporar as ondições inidentais da origem da inuagem e de seu signiado; e no entanto ambos estão errados, na medida em que negigeniam o ato de que a epiania das estruturas na reaiade sejam eas átomos, moéuas, genes, espéies bioógias, raças, a onsiênia humana ou a inguagem é um mistério inaessíve a uma expiação Outra das onstantes menionadas é a distinção entre "oneito e "símboo, om a diudade de atribuir signiados preisos aos termos Esse probema aigiu o disurso dos ósoos desde que Patão o reonheeu e, na prátia de seu próprio osoar, idou om ee usando tanto a anáise onei tua omo a simboização mítia omo modos ompementares de pensamento na busa a verdade Nos hamados séuos modernos, desde o Renasimento, essas diudades agravaramse ainda mais devido ao desenvovimento paraeo das iênias naturais e histórias Por um ado, o avanço das iênias naturais onentrou intensamente a atenção nos probemas partiuares de oneituaização por eas apresentados, de modo om eeito tão intenso que a onentração aabou por se tornar a orça motivadora de um movimento soiamente resente de setários que pretendiam monopoizar o signiado dos termos "verdade e "iênia restringindoos aos resutados e métodos das iênias matematizantes Por outro ao, o avanço iguamente surpreendente as ênias histórias onentrou a atenção nos probemas e simboização susitados peas desobertas eetuaas nas antigas iviizações e em suas mito ogas, assim omo pea exporação dos modos de pensamento enontrados nas soiedades tribais ontemporâneas Novamente, os dois tipos de onentração são transparentes para as experiênias de intenionaidade e uminosi dade, da reaidadeoisa e da reaidadeIsso por trás deas; novamente os re presentantes de ambas as onentrações estão ertos em sua busa da verdae, na medida em que se onnam a áreas da reaidade nas quais as estruturas de sua preerênia predominam; e, novamente, estão errados ao se envover em sonhos mágios de uma verdade que só pode ser aançada mediante a onentração exusiva seja na intenionaidade da iênia oneituazadora, seja na uminosidade dos símboos mítios e d a reveação Da anáise emerge o ompexo onsiêniareaidadeinguagem omo ago que reebe seu aráter omo unidade por meio da presença disseminada de outro ago, denominado paradoxo da intenionaidade e da uminosidade, da oisidade e da ssoidade Em que sentido, porém, seria esse ompexo o prinípio que nós o eitor e eu prouramos sem o havermos enontrado até agora? E o que são os termos e expressões tais omo "ompexo, "paradoxo 0
Orm his
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e "presença disseminada? Seriam oneitos tenionando uma reaidadeoisa ou seriam ees símboos expressando a reaidadesso? Ou seriam ambas as oisas? Ou tavez não sejam mais que eementos de um disurso vazio? Todas essas oisas reamente existem em agum ugar omo um ompexo signiativo a não ser na fantasia da presente anáise? O que é preiso para abrandar esse tipo de questão é um doumento iterário, um aso onreto, que de monstre inteigivemente a oexistênia das estruturas na unidade do ompe xo, assim omo o signiado desse ompexo omo um "prinípio Com esse propósito, apresentarei um dos asos ássios em que o Prinípio tem seu iníio preisamente om o ompexo de estruturas aqui anaisado, o aso de Gênesis 1
§4 O princípio de Gê nesis
Em Gênesis 1 , 1, emos: "No prinípio, Deus riou o éu e a terra• Dii mente podemos nos aproximar mais do prinípio rea de quaquer oisa do que no ato origina de riar tudo Mas o que é a riação? E omo Deus proede quando ria? Gênesis 1,3 nos dá essa informação: "Deus disse: Haja uz', e houve uz, ou, na tradução mais itera de BuberRosenzweig, "Deus faou: Que a uz seja', e a uz veio a ser A reaidade uz aparee nesse versíuo quando a injunção divina a invoa, em sua uminosidade exstenia, hamandoa por seu nome A paavra pronuniada, ao que paree, é mais que um mero signo que signia ago; é um poder na reaidade que evoa estruturas na reaidade mediante sua nomeação Esse poder mágio da paavra pode ser dis ernido ainda mais aramente em Gênesis 1,5 (na tradução BuberRosen zweig: "Deus hamou à uz Dia' e à treva hamou Noite' E passaram a estir uma noite e uma manhã: um Dia Contudo, o poder da paavra riadora ainda não é o verdadeiro prinípio que prouramos, pois a narrativa do proesso riador está inerentemente inompeta Ee forçosamente susita questões tais omo: A quem se dirigem as ordens divinas? e Quem é o Deus que as profere?, ou Qua é o tipo de reaidade em que a paavra proferida evoa as estruturas da qua faa? Na situação riada por essas questões, um reurso a onepções teoógias da "reveação seria de A não ser quando inormada outra onte as citações bblicas utiizadas ela tradução são reroduzidas da Bblia de Jerusalém São Palo Palus 2002. (N da .)
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poua utiidade, pois mesmo uma reveação tem de faer sentido omo uma paavra proferida ou esrita, uma paavra ouvida ou vista, para que a mensa gem reveada pea paavra seja inteigíve Os autores do apítuo 1 do Gênesis, omo preferimos assumir, eram seres humanos do mesmo tipo que nós; ees tinham de enfrentar o mesmo tipo de reaidade, om o mesmo tipo de ons iênia que nós; e quano, na busa da verdade, registraram suas paavras em agum materia tiveram de susitar e idar om as mesmas questões que onfrontamos quando e revemos as nossas paavras Na situação riada pea questão "Qua é o tipo de reaidade em que a paavra proferida evoa as estru turas a qua faa? ees tiveram de enontrar os símboos da inguagem que expressassem adequadamente a experiênia e a estrutura daquio que denominei reaidadesso Como ees o zeram? A resposta é dada por Gênesis 1,2: "A terra estava vazia e vaga; as trevas obriam o abismo; e um sopro de Deus agitava a superfíie das águas Sobre um vazio, sobre uma desoação amorfa se move, tavez omo uma tempestade, o sopro ou o espírito, o ruah, e Deus, ou antes, de uma divindade pura, elohm A reaidadesso é portanto simboizaa omo o movimento enérgio de uma onsiênia espiritua, impondo forma a um ontramovimento amorfo e não formativo, omo a tensão entre uma força pneumátia, formativa (ruah; na tradução grega posterior: pneuma), e uma ontraforça no mínimo passivamente resistente Aém disso, a tensão no sso denitivamente não é a tensão de uma onsiênia humana em sua uta om a reaidade por sua verdade; é reonheida omo um proesso não humano, a ser simboizado omo divino; e, ontudo, ea tem de portar uma aura de anaogia om o proesso humano porque o homem experimenta seus próprios atos, tais omo a busa da verdade, omo atos de partiipação no proesso do sso Quando os autores de Gênesis 1 esreveram as primeiras paavras de seu texto, estavam onsientes de omeçar um ato de partiipação no misterioso Prinípio do sso
Dgressã sbre ag un s ma entendds cnvencna s
Na atmosfera inteetua de nossa époa, a s tensões experimentadas pea onsiênia, sua expressão por meio de símboos e sua exporação difereniadra estão expostas a ertos maentendidos Neste ponto será prudente menionar aguns dees; prevenindoos, será possíve esareer ainda mais a estru tura da presente investigação: 2
óa
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( 1 ) Uma onte de maentendidos são as várias psioogias de projeção O simboismo de Gênesis 1 não deve ser erroneamente interpretado omo um "antropomorsmo, ou omo a projeção de uma onsiênia humana numa onsiênia divina, e tampouo seria admissíve a interpretação oposta de um "teomorsmo, ou uma projeção da onsiênia divina na onsiênia huma na Por prinípio, os poos de uma tensão que se experimenta não devem ser deormados em entidades existentes separadamente da própria tensão experi mentada; a estrutura a ser exporada é a tensão em si ea não deve ser ragmentada om o propósito de se usar um dos poos omo base de uma psioo gização engenhosa sso não sgnia dzer que as projeções não oorram reamente; peo ontrário, eas oorrem om muita requênia, mas omo e nômenos seundários, sejam eas a humanização dos deuses ou a divnização dos homens Um desses enômenos é a divinização euerbahianamarxiana do homem om o propósito de expiar a reaidade divina omo uma projeção humana que, se votada novamente para o homem, produzirá a humanidade pena Tais ausações não podem porém ser dirigidas ontra uma busa pneu matiamente diereniada do Prinípio, omo o apítuo 1 do Gênesis, pois todo homem é reamente onsiente de partiipar num proesso que não prin ipia om os partiipantes, mas om o sso misterioso que abara a todos (2 A presente anáise não eve ser erroneamente entendida omo uma ontribuição às grandes empreitadas historiográas de reigião omparada e mitoogia omparada Os resutados historiográos estão pressupostos e são aeitos om gratidão, mas no presente ontexto estão submetidos a uma aná ise osóa Não seria utíero antes, desviaria a atenção das araterísti as do apítuo 1 do Gênesis que nos entregássemos a uma extensa exposi ção das "inuênias, omo os anteedentes egípios e babiônios dos símboos mítios empregados O onheimento de tais ateedentes é ertamente da maior importâna para a ompreensão da situação história dos autores, do ambiente utura no qua iruavam e da inguagem que tinham de aar em sua própria inumbênia mitoespeuativa Esse onheimento, porém, é ago ra submetido à ategorização nos termos da inguagem dos ósofos Aém disso, a "inguagem dos ósoos paree ter o hábito de mutipiar ingua gens tão ogo toa os materiais histórios Tivemos de aar de uma inguagem do "mito, de "mitoespeuações no interior de uma inguagem mítia gera agora, porém, temos de aar do apítuo 1 do Gênesis omo uma "mitoes peuação pneumatiamente diereniada, aso queiramos entender o uso di ereniado ao qua a inguagem do mito foi submetida no Gênesis, riando
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mediante esse uso uma nova inguagem para novas onepções Essa mutipi idade de inguagens tem de ser aeita omo uma estrutura na história da busa da verdade As inguagens são todas reonheíveis e inteigíveis omo in guagens porque, em seus diversos modos de ompaidade e difereniação experienia, todas simboizam as mesmas estruturas da onsiênia que, num modo mais difereniado, são simboizadas na busa da verdade peo ósofo Sua puraidade, nos paraeos e nas sequênias da mutipiidade, revea a in guagem omo uma parte integrante do ompexo onsiêniareaidade inguagem, permeado peo paradoxo da intensidade e da uminosidade, em seu desdobrar histório da verdade da reaidade Os símboos da inguagem desdobram se omo parte da verdade em desdobramento da reaidade Essa ompreensão da inguagem por parte dos ósofos não deve ser onndida om a onepção dos inguistas da inguagem omo um sistema de signos Mas isso deve ser óbvio o bastante para não requerer maiores expiações (3) E, por m, a anáise não deve ser erroneamente ompreendida omo uma exegese doutrina no sentido das teoogias eesiástias posteriores Não estamos interessados neste momento pea questão de se a doutrina de uma creato ex nhlo é ou não é a interpretação mais apropriada do apítuo 1 do Gênesis; nem na questão mienar de por que uma riação que foi onsiderada "boa por seu Criador deveria requerer inteenções de savação para redimia de seu ma Antes, estamos interessados na experiênia do sso que foi simbo izada peos autores do Gênesis e ees experimentaram o Prinípio omo uma evoação, pea força da paavra pneumátia, da forma na reaidade a partir de uma desoação amorfa e destituída de estrutura Essa desoação amorfa tem então de ser protegida ontra os maentendidos onvenionais de uma mente modernista que está aostumada a pensar na reaidadesso nos termos da reaidadeoisa, pois essa desoação amorfa não é o nada nem o nãonada: (a) Não é o nada, pois se fosse nada nenhuma evoação riadora de ago seria neessária; a reaidade formada já estaria á (b) E, no entanto, ea é nada, se por ago nos referimos a aguma estrutura experieniada omo rea na reaidade pósriaiona; a desoação amorfa não é uma "matéria sobre a qua o Criador pneumátio opera, se por "matéria entendese quaquer oisa que hamemos de matéria na vida otidiana ou na físia O simboismo desse materia prériaiona, que não é uma matéria estruturada pósriaiona, tavez se torne mais próximo de nossa ompreensão ao reordarmos que nosso termo " atéria deriva do atim matera, que por sua vez deriva de mater, a reaidade materna originamente geradora A desoação amorfa (tohu) do Gênesis preser
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vou, provavemente por meio de sua reação om o tamat babiônio, o signiado mítio de produtividade feminina no ato de geração Mas então, novamente, o eemento de informação história não deve ser usado para inter pretar erroneamente a estória do Gênesis omo uma versão "subimada da riação por meio de um ato sexua, tavez pea imposição de aguma interpretação psianaítia Uma interpretação reduionista desse tipo destruiria tanto a reaização difereniadora do Gênesis omo o signiado do mito, pois os autores do Gênesis, tendo difereniado a força formativa no sso omo o poder evoativo do espírito e de sua paavra, tinham de difereniar uma desoação amorfa sobre o abismo omo o reeptor orreato da ordem formativa, se quisessem ompreender o sso omo o Prinípio de seu esforço pea ordem espiri tua no homem, na soiedade e na história Ao diferniar o esforço pneumátio omo o Prinípio da misteriosa epifania de toda estrutura na reaidade, porém, ees revearam a presença de sua onsiênia na inguagem ompata de mitoespeuações anteriores sobre o Prinípio, omo as diversas osmogonias, antropogonias e teogonias Se estas questões ndamentais forem obsureidas por maentendidos onvenionais, perderemos a ompreensão do Gênesis omo um dos grandes doumentos no proesso histório da passagem das inguagens ompatas para as inguagens difereniadas Se perdermos essa ompreensão, pereremos também o horizonte histório mais ampo os avanços difereniaores, omo, por exempo, as equivaênias entre a simboi zação do Prinípio no Gênesis e sua simboização omo a imposição da forma à chora informe no Tmeu de Patão E se perdermos o horizonte histório mais ampo dos avanços perderemos, por m, a possibiidade de reonheer na difereniação pneumátia do Gênesis a presença ompata da estrutura noétia da onsiênia, a presença do ompexo onsiêniareaidadeinguagem A atmosfera de opinião ontemporânea riou um ampo soia de poder onsideráve; quaquer um que ouse pensar no âmbito de sua pressão tem de ontar om seus vários antagonismos ao pensamento Os antagonismos não são inteiramente pensados; ees derivam sua força soia do fato de terem se tornado habituais a ponto de serem automátios Assumindo que o eitor, em seu esforço de ompreender a presente anáise, esteja sob as mesmas pressões que eu ao onduzia e redigia, artiuei, nas páginas preedentes, agumas das pressões inartiuadas sobre a busa da verdade em nossa époa Espero que o breve esboço seja suiente, não apenas para aertar, mas para hamar a atenção para a questão gera, de modo que não se façam neessárias uteriores interrupções da anáise para esse propósito Resumirei agora a
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anáise até o ponto ao qua havia hegado antes desta digressão sobre os maentendidos onvenionais
§ A verda de i ra estó ria
Os autores de Gênesis 1, omo armei, estavam onsientes de omeçar um ato de partiipação no misterioso Prinípio do sso ao esrever as primei ras paavras de seu texto Como doumento iterário, o teto será datado em tempos pósexíios, em agum ponto entre o meio do séuo V e o meio do séuo V aC O texto dá iníio a uma estória da humanidade desde o seu prin ípio na Criação, passando pea história dos Patriaras, do ativeiro e do xodo, da povoação paestina, do império davídiosaomônio, dos reinos e sua atástrofe, do Exíio e do retorno, até o sonho do Dêuterosaías de um srae universa, sob a orientação das aianças de Deus om o homem Por intermé dio de Israe, a história do homem ontinua o proesso riaiona da ordem na reaidade; faz parte da estória abrangente do Isso; e o ponto ao qua a estória hega ao evento do Gênesis deriva seu signiado da reveação da verdade que a epifania da estrutura na reaidade umina na harmonização d a história humana om a inunção da Paavra pneumátia A estória e a verdade que ea pretende transmitir são aramente omuni adas, mas o que signiam a estória e sua verdade no que se refere à experiên ia e à simboização? A busa da verdade, ao que paree, não resuta em um fragmento de infor mação que teria estado disponíve em outros momentos e em outras situações, ou que, quando enntrado, seria inondiionamente váido em sua forma espeía para todas as époas turas e em todas as situações turas O evento da busa faz parte de uma estória a ser reatada peo inquiridor humano, aso queira artiuar a onsiênia de sua busa omo um ato de partiipação na estória abrangente A "estória emerge então omo o simboismo que expressará a onsiênia do movimento e do ontramovimento divinohumano na busa da verdade Thomas Mann, um dos mais prondos onheedores e pratiantes da narração de estórias no séuo , simboizou a metaepse divinohumana da estória na sentença na de seu romane sobre José: "E assim termina a beíssima estória e invenção de Deus sobre José e seus irmãos Contar uma estória nesse sentido metaéptio do termo não é uma questã Ó de esoha A estória é a forma simbóia que o inquiridor tem de adotar neessaria 6
Om s
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mente ao ofereer um reato de sua busa omo o evento de arranar, por meio da resposta de sua busa humana a um movimento divino, a verdade da reai dade de uma reaidade prenhe de verdade ainda não reveada Ademais, a estória persiste sendo o simboismo onstante da busa, mesmo quando a tensão entre a estória divina e a estória humana é reduzida ao zero da identidade omo na estória diaétia narrada peo logos autoidêntio do sistema hegeiano A partir da onsiênia da busa omo um evento uja estória tem de ser reatada omo parte da estória da reaidade tornandose uminosa para sua verdade, resuta um onsideráve número de probemas om os quais se terá de idar nos apítuos posteriores este voume No momento, temos de nos onentrar nas impiações para o probema do Prinípio As grandes busas da verdade nas quais a onsiênia da estória metaéptia se torna difereniada sejam uma busa saerdota do Gênesis om as busas profétias no pano de ndo, ou a busa judeuristã, ou a zoroástria, a hinduísta e a budista, as busas onionista e taoista, ou, por m, as busas noétias dos ósofos heênios não oorrem num váuo Eas oorrem em ampos soiais, onstituías por experiênias mais antigas a ordem e simbo izações de sua verdade, que os inquiridores experieniam agora omo tendo aído na desordem e no deínio A busa da verdade é um movimento de reitênia à esorem prevaeente; é um esforço para reoniiar a existênia onretamente desordenada om a verade da reaidadeIsso, uma tentativa de riar um novo ampo soia de ordem existenia em ompetição om os am pos uja pretensão de verade tornouse duvidosa Se a busa for bemsuedi da em enontrar os símboos que expressarão adequadamente a reémife reniada experiênia da orem, se ea então enontrar aeptos da nova verdae e formas duradouras para sua organização, poderá de fato se tornar o prinípio de um novo ampo soia O reato desses eventos pessoais e soiais, porém, não exaure a estória a ser ontada; aém isso, o estabeeimento bem sueido de um ampo e orem difereniada ria novas estruturas na história por meio de suas reações om outros ampos soiais, pois a busa, se tiver êxito, imporá aos ampos mais antigos as araterístias previamente não existentes e fasi dade ou mentira; essa imposição provoará movimentos de resistênia por parte dos adeptos da verdade mais antiga e mais ompata, assim omo por parte dos desobridores das verdades aternativas tanto à antiga omo à nova verade Conontarseá, aém disso, om os obstáuos soiais a obtu sidade espiritua e da indiferença; e enontrará movimentos de etiismo susitados pea nova puraidade de verdade A busa, portanto, não é apenas seu Captulo
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próprio prinípio. Ao reestruturar os ampos soiais em grande esaa em suas reações om a verdade da ordem, ea mara o prinípio de uma nova ongu ração da verdade na história Uma vez que a busa do inquiridor é aompana da por sua onsiênia do evento omo um prinípio nas dimensões pessoa, soia e história da ordem, o inquiridor eetivamente tem de narrar uma gran de estória É a estória de sua experiênia da desordem, da resistênia nee sus itada pea obseação de asos onretos, de sua experiênia de ser arrastado na busa da verdadeira ordem por uma inunção proedente da reaidadeIsso, a estória de sua onsiênia da ignorânia e do questionamento, de sua deso berta da verdade e das onsequênias da desordem irrestrita a respeito da or dem que experieniou e artiuou. O evento omo um prinípio é a estória de uma tentativa de impor ordem a um badio de desordem. A estória da busa é a paavra que evoa a ordem a partir da desordem pea orça de sua verdade. Mas de que modo o ouvinte reonhee que a estória é verdadeira, de modo que, peo reonheimento de sua verdade, sea orçado a reordenar sua exstênia? Por que ee deveria areditar que a estória é verdadei ra em vez de onsideráa a opinião partiuar de aguém aera da ordem de sua preerênia? Para indagações desse tipo, há somente uma resposta possíve: para que a estória evoque om autoridade a ordem de um ampo soia, a pa avra tem de ser proerda om uma autordade reonheíve omo ta peos homens aos quais o apeo é dirigido; o apeo não possui autoridade omo ver dade a menos que ae om uma autoridade omumente presente na onsiên ia de todos, por mais inartiuada, deormada ou suprimida que a ons iênia possa ser no aso onreto. Usando a distinção heraítea do púbio e do privado, podemos dizer que o apeo não será mais que uma opinião privada (idios) a menos que o inquiridor enontre no urso de sua busa a paavra (lo gos) que eetivamente diga o que é omum (xynon) à ordem da estênia do homem omo um pareiro na reaidade abrangente; somente se o inquiridor aar o ogos omum da reaidade poderá evoar uma ordem verdadeiramente púbia. Ou, na inguagem do Gênesis, a estória da busa só terá a autoridade da verdade se estiver harmonizada om uma reaidade abrangente que é ea mesma uma estória de evoação pneumátia da ordem a partir da desord em O aráter de verdade, portanto, vinuase à estória em virtude de sua es trutura paradoxa de ser tanto uma narrativa omo um evento: ( 1 ) Como narrativa, a estória da busa omunia desobertas na ord da reaidade pea inguagem no modo da intenionaidade A narrativa humana reerese à reaidade tenionada no modo da oisidade. 48
e
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(2) (2 ) Como evento, evento, a estóia emege da eidades eidadesso; so; sua sua inguagem inguagem ati cua uma expeiência na metaxy dos movimentos e contamovimentos divi nohumanos no humanos A estóia é um event eventoo no qua a eaidade eaidadeIsso Isso se tona umino sa paa sua vedade Sob o aspecto dessa segunda estutua a inguagem da estóia não é naativamente efeencia, mas uminosamente simbóica Contudo, emboa essas estutuas da estóia possam se distinguidas, não devem se hipostaticamente sepaadas A estóia que pincipia no capítuo 1 do Gênesis não deve se hipostaticamente intepetada como uma naativa contada contada po um Deus eveado ou po um se humano inteigentemente imaima ginativo Ea é ambas as coisas, pois po is não é nem uma coisa nem outa; e ea tem esse caáte paadoxa na medida em que não é uma simpes naação de coi sas, mas, ao mesmo tempo, um simboismo no qua o pincípio humano da odem se tona tansúcido paa seu signicado como um ato e paticipação no Pincípio divino A estutua paticipativa do evento e o eato dee ofee cido na estutua efeencia efeencia da naativa são insepaavemente unos na estuest utura paadoxa paadoxa da estóia estóia
§6 A estória principia no meio
O pincípio que estivemos estivemos tentando tentando enconta é po m encontado, mas, ao encontáo, não chegamos a um m da estóia, pois a estóia da busca só pode se uma estóia vedadeia vedadeia caso o inquido patcipe existenciamen existenciamente te na estóia abangente contada peo sso po meio de sua epifania criadoa da estutua Expesso de modo cooquia: a estóia não pode começa a menos que comece no meio Aemais, esse paadoxo se apica não só à estóia do Gênesis, escohida como um exempo em nossa anáise, mas também à nossa pópia anáise, pois, em seu cuso, o compexo consciênciaeaiade, com sua constituição paadoxa de intencionaidadeuminosidade, que apaeceu pimeiamente pimeiamente no modo de uma eaidadecoisa eaidade coisa a se expoaa, teve teve de se aargado passo a passo até que a pópia anáise anái se se tonasse pate do compexo paadoxa Ee teve de se aagado, pimeiamente, po meio da incusão de uma inagem que é tanto conceitua como simbóica; si mbóica; o compexo então au mentou, expandindo expandindose se paa uma vedade dependente, dependente, para par a sua vaidade, da busca paticipativa da vedade; expandiuse, em seguida, quando o simbois mo da estóia se impôs, e a estóia, po m, passou ao simboismo de um pincípio pincípio que tem início no meio medida medid a que a anáise posseguiu, o com
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plexo plexo cresceu sem perder seu caráter paradoxal; longe longe de terminar como como uma u ma coisa sucientemente sucientemente analisada, ele atraiu a análise para sua órbit a. própria análise é paradoxal em sua estrutura. O amplo campo de implicações vinculadas a uma análise que é paradoxal em estrutura nos ocupará depois. Mas as implicações que emergem mais imediatamente de um um princípio princíp io que começa no meio concernem ao presente present e contexto contexto.. Será conveniente desdobrar as questões mais impo rtantes partindo partind o de sua formulação formulação nos termos termo s da experiência e da simbolização patônicas d a metaxy:
( 1 A estória da busca como o relato de um even evento to participativo participativo não se ori gina nem se desenrola na dimensão temporal dos objetos externos nem na dimensão mensã o de uma eternidade, de um tempo temp o divino divino fora fora do tempo, temp o, mas em algum lugar lugar no Intermediár Intermediário io de ambos, isto é, na dimensão simboizada simboizada por Platão como a metaxy A partir desse fator, fator, abrese abres e no paradoxo a visão visão sobre os prop roblemas dos vários modos do tempo. tempo . O fator fator é uma das razões experienciais que levaram Platão a simbolizar o tempo como o ekon móvel da eternidade. (2 A tensão entre o tempo e a eternidade, no entanto, não deve ser transtrans formada num objeto autônomo do discurso losóc lo sóco, o, pois isso fragmentaria agmentaria o complexo paradoxal hipostasiando a tensão participativa na desconsideração dos participantes participantes nos polos da tensão. tensão . Com uma visão dos participantes, participantes, seria preciso dizer o contrário: a estória da busca é um verdadeiro verdadeiro princípio da ordem no tempo externo porque simboliza a experiência do inquiridor de ser impelido rumo à ordem pela realidade divina fora do tempo; a busca é uma erupção da ordem desde o além do tempo. (3 (3 Conforme se acentuam um ou outro dos fatores, fatores, a estória então come ça no tempo ou não começa no tempo, e as duas posições contrad contraditór itórias ias são iguamente verdadeiras quando entendidas como impicações do complexo. O paradoxo das verdadeiras contradições tem suas raízes no paradoxo de uma linguagem linguagem que fala fala no modo da realidadecoi realidadecoisa sa das coisas coi sas que não são coisas coisa s no sentido e objetos externos; e o paradoxo da linguagem faz parte do paradoxo de uma realidadeIsso realidadeI sso tornando se luminosa para sua verdade verdade por meio de uma consciência que está sicamente s icamente situada no coro do homem embora esteja existencialmente situada na metaxy abrangente. ( 4) Expressar o paradoxo de uma estória que começa no meio nos termos da metaxy platônica, entretanto, não pode pod e ser a última palavra sore a questão; se fosse fosse,, não teríamos de nos envol envolver ver numa busca própria, mas poderíamos poder íamos simplesmente simplesmente reeditar os diálogos diá logos de Platão; Platã o; o mero fato fato de que nos referimos referimos 50
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à análise platônica no contexto de nossa própria análise sugere forçosamente que os problemas acerca do "meio não foram exauridos pelo simbolismo da validade da estória depende de seu princípio no meio, então, para metaxy Se a validade que nossa própria estória seja válida, válida, é preciso que tenha também também seu princípio no meio; e o meio no qual começamos como lósofos ocidentais quase no m do século d.C. não é o meio mei o no qual os autores autores do Gênesis G ênesis tiveram tiveram de começar sua estória por volta de 500 a.C. a. C.,, nem é o meio no qua qua Platão desenvolv volveu eu seu simbolismo. Assim, ao conduzir nosso questionamento, questionamento, encontra mos uma pluralidade de meios, validando uma pluralidade de buscas, contando uma pluralidade de estórias, todas elas com princípios válidos.
§7 A plu ral ida de dos dos meios
A pluralidade dos meios, gerando uma pluraidade de estórias verdadei as, foi observada como um fenômeno até onde remontam nossos registros escritos, no terceiro milênio antes de Crsto. , até onde remonta a própria observação, ai se encontra também a multiplicidade das variadas respostas a ela indo, em padrões convencionais, convencionais, da toleânca à intolerância, intolerância, da dú dúvi vida da nqurdora nqurdo ra à nderença nderença obtusa, das alegações mperas mpera s dessa dess a estóra como a única verdade à aceitação diplomática da coestência entre uma pluralidade de verdades verdades,, do ceticismo pragmático prag mático que se conf con formará à verdade verdade dominandominan te porque a ordem pacíca é preferível à perturbação da sociedade por pate de combatentes fanáticos pela verdade, passando por relativismos históicos que consideram a crescente pluralidade de meios uma prova conclusva de que a busca da verdade é inútil, até os extremos do niilismo radical. ra dical. ssas resre spostas convencionais, no entanto, embora conrmem, por sua recorrência milenar, a vedade da observação, pouco contribuem para a compreensão analítica da plualidade de meios como uma estrutura na realidade. Temos agora de formular formular a questão em continuidade com nossas reexões anterores sobre o simbolismo da estória. Se a verdade da estóa da busca depende de que esta seja um eento na ealidade abrangente, uma pluralidade de meios pode signicar: ( 1) uma pluralidade de realides abrangentes com uma correspondente pluralidade de meios, ou (2) uma pluralidad pluralidadee de episódios que ocorrem na mesma IssoestóIss oestória abrangente. A primeira possibilidade tem tem de ser s er descartada como despovida de sentido, pois p ois não temos experiência de uma realidade abrangente abrangente se
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não como sua abrangência com reação à reaidade e seu modo de coisidade A fantasia de múltipas realidadesIsso transformaria o Isso em uma das coisas abrangidas e requereria outra realidade abrangente; a fantasia abandonaria a análise da consciência, com suas estruturas de intencionalidade e uminosida de, e, com a análise exegética, sua base experiencial Se aceitarmos, então, a segunda possibidade, teremos de aceitar a reaidade de uma Iss oestória que se narra por meio dos acontecimentos das buscas participativas da verdade e, com sua realidade, as implicações do simboismo paradoxa O inquiridor, ao oferecer o relato de sua busca participativa, está consciente de um Princípio aém do princípio e de um Fim além do m de sua estória Mas onde encontramos a base experiencial para essa consciência de um Princípio e de um Fim maiuscuizados além do princípio e do m temporais da busca? A questão tem de ser suscitada, pois o " além da sentença precedente obviamente não tem a nção de uma preposição acrescentando ao passado e ao turo do tempo no qual a estória é contada uma extensão de tempo exterior, mas, antes, um símboo que expressa a participação da estória tempora na dimensão da reaidadeIsso foradotempo Se esse for o caso, porém, como o inquiridor experimenta um Princípio e um Fim que, onde quer que estejam, certamente não estão no âmbito de sua experiência presente? O probema foi explorado por Platão no contexto heênico da experiência, e ele descobriu a enigmática consciência presente que vaidará a inguagem de um Princípio e de um Fim na própria estrutura da busca Ademais, na exegese linguística da estrutura experimentada, ele desenvolveu o "além prepositivo como o símbo lo do Aém divinoimortal, o epekena de todas as coisas (ta onta) vivas, incuindo os deuses A presença do ém divino, do Nous formativo, é experimentada como presente em todas elas (parena) como sua força criativamente formativa O Além não é uma coisa aém das coisas, mas a presença experimentada, a Parusia, da realidadeIsso formativa em todas as coisas A Parusia do Aém, experimentada no presente da busca, impõe portanto à dimensão do tempo externo, com seu passado, seu presente e seu turo, a dimensão da presença divina O passado não está simpesmente no passado, nem o turo está simplesmente no turo, pois ambos, passado e turo, participam na pre sença do mesmo Além divinoiorta que é experientado no presente da meditação participativa do inquiridor Temos de falar, por conseguinte, de um lo da presença que confere a todas as fases passado, presente e turo do tempo externo a dimensão estrutura de um presente ineével O uxo da presença é a experiência da Parusia do Aém no tempo, o modo do tempo no 52
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qual o Isso narra seu conto por meio dos eventos da investigação metaléptica, conferindolhe o presente indelével; é o tempo do Issoconto que exige expressão por meio do Princípio e do Fim maiusculizados quando a presença do Além for simbolizada no relato da busca do inquiridor A metaxy, portanto, permanece sendo o símbolo que expressa validamente a experiência da existência no Entre da reaidadecoisa, incuindo a localiza ção corpórea da consciência, e da émrealdade, mas certas ramicações de seu signicado são descobertas quando o Além se torna mais claramente dife renciado Essas ramicações se estendem a todas as partes do compexo cons ciênciarealidadelinguagem Acima de tudo, o Além é entendido não como uma coisa entre coisas, mas é experimentado somente em sua presença forma tiva, em sua Parusia Em relação ao Além imortaldivino, mesmo os deuses anteriormente imortais agora se tornam coisas que derivam sua imortalidade de sua contemplação da realidade verdadeiramente imortal do Aém divino Testemunhamos os princípios de uma compreensão dos "deuses como uma inguagem que expressa a experiência da presença divina num modo mais compacto, e também como uma consciência de que a "imortalidade intermediária dos deuses não se dissolve em nada quando os deuses são descobertos como uma inguagem compacta em reação à linguagem diferencada do Além Ademais quando o Além é plenamente entendido cmo uma nãocoisa, as coisas existentes afora os deuses podem ser plenamente compreendidas em sua coisidade Elas adquirem uma "natureza, entendida como a forma que receberam como sua própria mediante a presença formativa do Além No entanto, essa natureza das coisas, essa rerum natura, pode então se tornar, com respeito às suas características comparativamente estáveis, um tópico autônomo de exporação; com efeito, tão autônomo que sua origem na presença formativa do Além pode ser esquecida e uma Natureza maiusculizada virá a assumir as nções da realidadeIsso Essas várias ramicações, e suas conse quências milenares, ocuparnosão em capítulos posteriores sobre a Parusia platônica e cristã, e sobre as transformações do símbolo Natureza Por en quanto temos de nos concentrar nos problemas que surgem mais imediatamente para a estrutura da busca da verdade §8 Coisidade defin ida e diversificação ind efi nid a
A distinção entre as coisas e um Além que confere a elas suas formas denidas perde a clareza que tem quando passamos dos objetos externos (artea
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tos e organismos são os exemplos de coisas preferidos por Aristóteles) para a área existencial da realidade na qual os símbolos das coisas e suas formas têm sua origem, isto é, para o complexo experiencial que se torna aticulado no simbolismo consciênciarealidadeinguagem Esse complexo da experiência e da simbolização representa uma classe de coisas cujas estruturas são reconhecíveis mas não têm o caráter de formas denidas de coisas com um princípio e um m no tempo Deparamonos com um tipo de diversicação que não é o mesmo da reação denida, e denível, entre gênero e espécie, ou entre uma espécie e os indivíduos nela subsumidos, mas, antes, a de uma orma em processo de formação, ou em deciência de formação, com um Princípio e um Fim fora do tempo ivemos de obsevar a diversicação peculiar do complexo por meio dos modos da compacidade e da diferenciação; a diversica ção da compacidade por meio da linguagem do mito, por meio das constru ções mitoespeculativas de tipo cosmogônico, e por meio de mitoespeculações pneumaticamente diferenciadas; a ulterior diversicação dos tipos diferencia dos de consciência por meio das ênfases experienciais sobre a irrupção divina do pneuma ou sobre a busca noética em resposta a um momento divino; a diversicação desses vários tipos numa puralidade de culturas étnicas; no in terior das culturas étnicas, a diversicação por meio de personalidades e cam pos sociais; e, em resultado das diversicações pessoa e socia, a criação de campos históricos diversicados da verdade E, no entanto, esse campo indenidamente diversicado, om sua pluralidade de princípios e ns, é deni damente reconhecível como um campo de linguagens, simbolizando inteigivemente a verdade da realidade em conformidade com a estrutura reconhecíve do complexo Mais ainda, no interior do campo de diversicação indenida podemse discernir linhas denidas de signicado, como as inhas do progressivo co nhecimento acerca do mundo das coisas e a crescente clareza acerca da reaidadeIsso, a não menos ipotante dessas linhas tornandose manifesta no simbolismo que nos pemite distinguir as coisas e o Além das coisas As linhas de signicado, ademais, não ocorrem como fatos cegos para si mesmos, a ser descobertos como tais somente em retrospecto pelas gerações posteriores, mas ocorrem como eventos acompanhados da consciência de um avanço, que é ao mesmo tempo a consciência de uma busca prévia que não alcançou o avanço Consequentemente, ambas as buscas passam a uma distânci relexiva em reação a uma consciência que se torna a fonte dos critérios pelos quais a verda de da busca será julgada Por f os critérios reamente emergem da história 54
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da busca à medda med da que esta se torna torna relexivamente relexivamente intelgíve intelgívell para sua própria estrutura nas experiências exstenciais exstenciais simbolizadas pelo complexo complexo consciênciarealidadelinguagem. ciarealidadelinguagem. Deste modo, m odo, a presente análise conrma a arma ção que iniciou este estudo sobre Ordem e hstóra: "A ordem da história emerge emerge da históra da ordem Mas Ma s o que signica signica "emergr? Saímos do processo process o da busca, anal, e che gamos a resultados nos moldes de conceitos intencionalistas? Emergirá por m uma verdade que tenha o caráter de uma generalização ou uma abstração de uma multiplicidade de casos individuais?
§9
Parusia formativa e deformação
A s questões tocam um problema crucial crucial nerente nerente à análise d a consciência exstencial, exstenc ial, a tentação inerente que é o fardo fardo de todo inquiridor, inqui ridor, a tentação tent ação de deformar deformar o Além e sua s ua Parusia Parus ia formativa, formativa, como são s ão expermentados e simbo simbo lizados na respectiva investigação, mediante a transformação do Além numa coisa e sua Parusa na imposição de uma um a forma forma denida à realidade. A tentação afeta não só a presente análise, mas é uma força constante no processo milenar da busca da verdade. ecordarei algumas de sua manifestações rfe ridas em contextos anterores. Há as construções mitoespeculativas imperiais de uma história unilinear que é considerada como alcançando seu Fim divino no m presente da estória do especulador; especul ador; esse é o tipo que se estende da Lista do ei suméria até a especulação imperial hegeliana. Quando o Além divino, então, se torna incipientemente diferenciado pelos profetas israelitas, um Isaía Isaí a pode pod e se entregar entregar à fantasia fantasia mágica mágica de forçar forçar o Fim da d a Isso Iss oestória estória sobre sobr e o m de uma guerra com a Assíria Assíri a por meio de um ato régio de fé fé que trans gurará gurará as condições pragmátcas pragmátcas da guerra na vitória vitória nal da realidadeIs so; esse tipo de especulação metastática, como a denominei, permaneceu novamente uma constante nos movimentos metastáticos de fé do século X de nossa noss a era. Quando a transguração transguração por meio de um ato régio de fé não ocorre e os desastres políticos chegam a um ponto insuperável, o tipo metastático de especulação especulaç ão dá lugar então ao tipo apocalíptico, apoc alíptico, que espera que a desordem de magnitude catastróca termine por intervenção divina. E, quando a intevenção divina não ocorre, o tipo gnóstico se s e emparela com o tipo apocalíptico e a ele se segue, construindo a gênese do cosmos com suas catástrofes de domi nação ecumênicoimper ecumênicoi mperial ial como a consequência c onsequência de uma queda pscodamáti pscodamáti
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ca no Além, a ser agora revertida pela ação dos gnósticos com base em sua compreensão (gnose) pneumática do drama. Foi um erro começar com o Princípio, e o m da estória gnóstica a conduzirá conduzirá ao seu Fim. Fi m. A estória estóri a dos simbolismos gerados gerad os pelas perturbações da consciência existencial tencial possui poss ui um fascínio fascínio próprio, própr io, mas m as não nã o devemos deixar deixar que seu charme obscureça seu caráter deformador, ou a correlação entre as estruturas deformadas e a estrutura da deformação. O cosmos não desaparece apenas porque há sonhadores gnósticos por aí; seus sonhos são eventos no interior do cosmos que querem abolir; e nós ainda teremos de viver no cosmos quando os vários vários movimentos movimentos sectários apocalípticos e gnósticos completarem seus re spectivos cursos. Se situada no contexto da realidade experimentada, a reevocação cação dos casos iluminará a tensão entre as estruturas conceitualmente deni das e as a s estruturas indenidamente indenidamente diversicadas que constitui constitui nosso noss o interesse no momento. Os símbolos símbol os enumerados enumerado s podem ser interpretado interpretadoss como uma lista de casos individuais a ser subsumids no conceito geral de uma perturbação da consciência, talvez da nosos da alma no sentido clássico; e, se pararmos de pensar nesse ponto, eles permanecerão como com o tal lista, lista , a ser conscienciosamente relatada numa "história das ideias positivista. Se, contudo, não se parar de pensar aí, a reevocação erá comprendida como uma "estria dos símbolos deformadore gerados gerado s em paralelo com c om a diferenciação diferenciação formativa formativa do Além nas culturas étnicas do Oriente Médio dos impérios cosmológicos e do Povo Eleito. A reevocação, longe de ser se r um mero relato de casos indiferentemente indiferentemente iguais igu ais sob um um título geral, conta a estória da crescente resistência consciente aos princípios que chegam ao m sem alcançar o Fim, Fim , culminando na fantasia fantasia de um princíprincí pio que conduzirá o Princípio a um m. m . No contex contexto to da estória, portanto, os casos partilham a diversicação que caracteriza a busca da verdade. Paralelamente à história diversicada da verdade e da conciliação com sua ordem, e intimamente relacionada com sua substância, parece transcorrer uma história diversicada da lsidade e da desordem. Se agora indagarmos se o reconheci reconheci mento da reevocação como uma "estória torna sem sentido a sua concepção como uma lista de casos individuais de um tipo geral, a resposta respo sta terá de ser: si si e não. Os símbolos s ímbolos enumerados são s ão de fato fato casos individuais de um tipo geral de deformação, deformação, reconhecivelente reconhecivelente do mesmo tipo que prevalece prevalece nos contextos helênico, helenístico, cristão e moderno; mas, ao mesmo tempo, eles são, em todos esses contextos, contextos, partes de uma "estória "estória que transcorre em paralelo paralelo com a estória da busca diferenciadora diferenciadora da verdade. A coisidade c oisidade intencionalista intencionali sta 56
Odm
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dos casos é inseparável de um complexo de estruturas que abrange a diversicação da busca. O que "emerge da análise, portanto, não é nem a coisidade intencionalista nem a diversicação, mas um complexo que abrange ambas. Esse complexo na reevocação requer que façamos mais algumas alg umas reexões.
§10 Resistência existencial
Veremos as estruturas que governam o complexo se considerarmos que a estória reevocativa reevocativa dos casos ca sos revela um movimento de resistência existencial à existência numa numa realidade na qual qual as "coisa "co isas, s, incluindo inclui ndo o homem e a socieda socieda de, chegam a um m no tempo sem chegar ao seu Fim fora forado dotempo. tempo. Não se questiona a verdade verdade da realidade; resistese resistes e a ela. Temos de distinguir, portanto, a resistência à verdade verdade e a concordância ou a discordância acerca da simbolização ótima da verdade experimentada. Aqueles que resistem são seres humanos, dotados do mesmo tipo de consciência dos pensadores que estão envolv envolvidos idos na busca da verdade; sua exeriência da realidade é a mesma dos pensadores pensad ores inquisitivos; inquisiti vos; eles não negam neg am que a realidade efetivamen efetivamente te ossua ossu a a estrutura estrutura simbolizada pelos inquiridores neumáticos neumáticos e noéticos. no éticos. Deves Devesee salientar que frequentemente se negligencia que os deformadores concordam com os envolvidos envolvidos na busca da verdade em que a realidade não é exaurida pela coisidade no tempo. Aqueles que resistem estão tão conscientes quanto os profetas e lósofos do movimento da realidade para além de sua estrutura presente; presente ; e têm também a consciênci a de que a realidade se move não só para um turo turo das coisas, cois as, mas rumo ao Além delas. Simbolismos mais recentes da resistência deformadora, como a "transcendência ara o turo (Transzen denz n de Zukun Zuk un) ),, revelam por sua própria formulação formulação a distinção disti nção que retendem obscurecer; tampouco se deve esquecer a inimizade contemporânea entre determinados representantes do "positivismo e ativistas ideológicos. Uma vez que aqueles aqueles que qu e resistem não discordam da verdade verdade à qual resistem, a questão experiencialmente crucial entra em foco: por que resistem a uma verdade que não negam nem podem mudar? E quais são as fontes experienciais que conferem à resistência tal força de signicado a ponto de tornarem na uma força constante na história? Os motivos da resistência têm uma superfície superfície de obviedade. Seus partidários estão insatisfeitos com a carência de ordem que experimentam em sua exstência pessoal e social. Medida pela "medida invisível de Sólon, a realida
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de na qual eles vivem, muito visivelmente, não se coforma à forma exgida pela força ordenadora divina do ém. A estória de sua existência não é a es tória que a realidadeIsso quer contar. Na base da insatisfação experimentada estão os infortúnios gerais que aligem a existência humana, enumerados por Hesíodo como a fome, o trabalo árduo, a enfermidade, a morte prematura e os malefícios que os mais acos têm de sofrer nas mãos dos mais fortes. Esse potencial geral de insatisfação pode ser exponencialmente agravado pelas perturbações da existência pessoal e social por meio de eventos com efeitos históricos em massa. A essa classe de eventos pertence uma variedade de fenômenos. Da perspectiva demográca, terseia de considerar os grandes movimentos populacionais envolvendo migrações e conquistas, igualmente conturbadores se pacícos ou violentos, e igualmete conturbadores para conquistadores e conquistados; além disso, reduções súbitas da população causadas por epidemias, fome em massa causada pela disseminação de pestes animais e vegetais, e aumentos da população aci ma do nível de subsistência proporcionado pelo potencial econômico e técni co do lugar e da época. Da perspectiva políticoprática, terseia de considerar a vasta destruição das culturas étnicas por parte dos empreendedores impe riais da era ecumênica e a subsequente ascensão das civilizações dogmáticoimeriai desde o naufrágio dos impérios ecumênicos. Quanto ao período moderno, terseia de acrescentar a criação do diferencial de poder entre a civilização ocidental e todas as outras civilizações mediante as revoluções inte lectual, cientíca, comercial e industrial no Ocidente, assim como a explora ção do diferencial a limites globais; o declínio do poder e da ordem ocidentais devido aos conitos internos ocasionados pela ascensão dos grandiosos nacionalismos e de movimentos ideológicos igualmente grandiosos; e a resistência das sociedades civilizacionais não ocidentais à destruição de suas próprias culturas por um ecumenismo ocidental global. Nos casos concretos, portanto, há amplas razões para estar insatisfeito com a ordem da existência. Os resistentes estão prondamente cientes da discrepância entre a desordem que têm de experimentar e a ordem que perde ram, ou que tentam desesperadamente manter, ou que julgam estar além de qualquer possibilidade de ser alcançada; eles estão desapontados com a lentidão do movimento na realidade rumo à ordem que experimentam como a verdadeira ordem requerida pelo ém; eles são moralmente incitados, e inlamados, pelo infortúnio imposto pela lentidão do movimento transgrador na realidade; e as experiências desse tipo podem se intensicar na convicção 58
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de que algo está ndamentalmente errado com a própria realidade, se ela sempre prejudica o movimento rumo à ordem que supostamente seria o seu sentido. Nesse ponto, quando a resistência à desordem se transforma numa revolta contra o próprio processo da readade e sua estrutura, a tensão da existência formativa no movimento e no contramovimento divinohumano da metaxy pode ruir; a presença do Além, sua Parusia, não é mais experimentada como uma força ordenadora ecaz, e, consequentemente, o inquiridor da verdade não pode mais contar uma estória que faça parte da estória contada pela realidadeIsso. No extremo da revolta na consciência, a "realidade e o "Além se tornam duas entidades separadas, duas "coisas a ser magicamente manipuladas pelo homem sofredor com o propósito de abolir inteiramente a "realidade e regiarse no "Além, ou com o propósito de impor a ordem do "Além à "realidade. A primeira das alternativas mágicas é preferida pelos gnósticos da Antiguidade; a segunda, pelos pensadores gnósticos modernos.
§11 Imaginação
A análise, embora busque os motivos superciais dos partidários da resistência até o extremo de sua expressão em operações mágicas, não pode ser conduzida sem esbarrar constantemente no estrato da resistência, isto é, na sua fonte na estrutura da própria consciência inquiridora. Na profundeza da inquirição, a verdade formativa e a falsidade deformadora estão mais intimamente relacionadas do que a linguagem da "verdade e da "resistência sugeririam. Pois a "verdade não é, como a linguagem supercial sugere, algo que está aí, a ser aceito, rejeitado ou ao qual resistir; imaginar a "verdade como uma coisa deformaria a estrutura da consciência assim como a transformação em coisas dos símbolos "realidade e "Além para propósitos de manipulação. A verdade tem sua realidade nos símbolos gerados pela inquirição, e a inquirição tem sua realidade na metaxy dos movimentos e contramovimentos divinohumanos. Os símbolos, por conseguinte, surgem da resposta humana ao apelo da realidade, e a resposta é atribuída com seu caráter como um evento na realidade a que responde. Nesse ponto, será útil introduzir na análise o termo "imaginação. O even to, podemos dizer, é imaginativo no sentido de que o homem pode encontrar uma via de passagem de sua experiência paticipativa da realidade para a sua expressão por meio de símbolos
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Se, contudo, usamos o termo "imaginação, sancionado por seu uso na linguagem dos lósoos desde a Antiguidade, para denotar essa habilidde de encontrar uma via de pasagem das experiências metalépticas às imagens dos símbolos expressivos, a estrutura paradoxal do complexo consciênciarealida delinguagem nos obriga a ormular certas questões com respeito ao objeto e ao sujeito da imaginação. Se os símbolos imaginados expressam a experiência da realidade, expressarão a realidade experientada pelo homem como um algo, ou expressarão a experiência como um evento na realidade abrangente? E, quant ao seu sujeito, a imaginação seria uma "aculdade humana de criar símbolos? Ou, em lugar disso, teríamos de dizer que a existência de uma via que conduz da experiência metaléptica à simbolização revela a realidade como internamente imaginativa e, na medida em que os símbolos pretendem ser "verdadeiros, como internamente cognitiva, de modo que a realidade abrangente, e não o homem, tornarseia o sujeito dotado de imaginação? Segundo nossa análise, nenhuma das alternativas oerecidas pelas questões pode ser armada com exclusão da outra; o paradoxo da consciência governa também a imaginação. A imaginação, como uma estrutura no processo de uma realida de que se encaminha para sua verdade, pertence tanto à consciência humana em sua localização corpórea como à realidade que abrange o homem corporalmente situado como um parceiro na comunidade do ser. Não há verdade sim bolizada sem o poder imaginativo do homem de encontrar os símbolos que expressarão sua resposta ao apelo da realidade; mas não há verdade a ser si bolizada sem a realidadeIsso abrangente na qual ocorrem as estruturas tais como o homem com sua consciência participativa, as experiências de apelo e resposta, a linguagem e a imaginação. Por meio do poder imaginativo do homem a realidadeIsso se encaminha imaginativamente rumo à sua verdade. Entretanto, sendo governada pela estrutura paradoxal do complexo consciênciarealidade, a imaginação oerece ao homem imaginador um certo tipo de saída da realidade pela qual é governado. Já que estamos agora suciente mente amiliarizados com a diversicada variedade dessas saídas, não serão necessárias maiores elaborações. Podemos nos concentrar na onte das saídas na tensão entre a orça imaginativa e a realidade na qual ela ocorre, entre a imagem da realidade e a realidade cuja imagem ela supostamente retrata. Em virtude de sua responsividade imaginativa, o homem é um parceiro criativo no movimento da realidade rumo à sua verdade; e essa orça criativa mente ormativa é passível de soer uma perversão deormadora caso o parceiro criativo se imagine como o único criador da verdade. A expansão ima 60
históra
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ginativa do poder participativo no poder único torna possível o sonho de obter poder último sobre a realidade por meio do poder de criar sua imagem A distância inerente na tensão metaléptica pode ser obscurecida ao se permitir que a realidade que se revela na verdade imaginativa dissolvase imagina tivamente numa verdade que revela a realidade Estamos tocando o potencial de deformação que foi discernido, desde a Antiguidade, como um vício hu mano subjacente a símbolos tais como hybrs, pleonexa, alazonea tou bou, superba vtae, orgulho da vida, lbdo domnand e vontade de poder No pe ríodo romântico, o vício encontrou sua mais notável caracterização na "declaração do bacharel no Fausto: "O mundo não existia antes que eu o criasse A imagem do mundo se torna o próprio mundo Por meio de sua imaginação, podemos dizer, o homem pode se exoimaginar e exoabranger a realidade abrangente A perversão imaginativa da imaginação participativa num poder autono mamente criativo permaneceu ua constante na história, por melhor que suas manifestações tenham sido observadas, descritas, diagnosticadas, criticadas, dramatizadas, desaprovadas, anatematizadas, ironizadas, ridicularizadas e satirizadas Até onde podemos discernir analiticamente, ela não desaparecerá no turo, pois a perversão imaginativa não é um erro num silogismo ou sistema que possa ser eliminado para sempre uma vez que tenha sido descoberto, mas um potencial no jogo de forças paradoxal na realidade no curso de seu movimento rumo à sua verdade O movimento rumo à verdade sempre resiste a uma falsidade Todo pensador que está envolvido na busca da verdade resiste a um simbolismo recebido que ele considere insuciente para ex pressar verdadeiramente a realidade de sua experiência responsiva Para visar a uma verdade mais verdadeira, ele tem de exoimaginar os símbolos até então imaginados; e na armação de seu poder imaginativo ele pode esquecer que está exoimaginando símbolos da verdade, mas não o processo da realidade no qual se move como um parceiro Aquele que resiste, inversamente, embora possa ser dominado por sua lbdo domnand a ponto de se imaginar grotes camente o criador de um mundo na verdade última, não precisa em absoluto estar errado ao perceber as insuciências da ordem e da simbolização que incitam sua cólera O pensador envolvido na busca formativa é um ser humano acometido pelas forças da resistência autoarmativa em sua alma tanto quan to sua contraparte, aquele que resiste à estrutura paradoxal da consciência realidade, é acometido pea verdade da realidade Consequentemente, um movimento de resistência, caso alcance clareza sobre suas motivações experienciais C
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e elabore a estória de sua busca deormadora, pode contribuir substanciamente para a compreensão do paradoxo na estrutura ormativa à qual esiste, enquanto os deensores da verdade podem cair nas várias armadihas preparadas por sua própria resistência autoarmativa e, desse modo, contribuir subs tanciaente para uma compreensão das orças da deormação. § 1 2 Os símb olos reflexivos Distância-lembrança-esquecimento
A análise investigou a resistência à verdade até o ndamento que tem em comum com a resistência à falsidade, até seu ndamento na imaginação assertiva do homem como uma orça na realidade. O poder da imaginação, entre tanto, embora assertivo da verdade, não é necessariamente autoarmativo. O pensador envolvido na busca da verdade pode permanecer, ou se tornar, ciente da estrutura de sua busca. Ele pode estar consciente de seu estado de ignorância acerca da verdadeira ordem e estar ciente de que uma consciência da ignorância pressupõe a apreensão de algo cognoscível alé de seu presente estado de conhecimento; ele pode se experimentar cercado por um horizonte de verdade cognoscível rumo ao qua pode se mover, ainda que não o alcance; ele pode se sentir impelido a moverse, e pode sentir que está se movendo na direção certa ao moverse rumo ao Além do horizonte que cria o horizonte; em suma, ele pode estar consciente de seu papel participativo no processo da experiência, da imaginação e da simbolização. Ele pode descobri a dimensão da consciência que foi implicada, e com requência reerida, na presente análise, mas que ainda não se tornou explicitamente temática a distância reexiva da consciência de sua própria participação na realidadecoisa e na realidadeIsso. O pensador pode ser tentado, mas não é orçado, a acentuar essa participação assertiva na simbolização imaginativa da verdade numa ultimidade autônoma autoarma tiva; ele não precisa deormar o princípio de sua busca num Princípio que traga o F de todos os princípios. Ee pode lembrar sua experiência dos movimentos e contramovimentos na metaxy como a realidade da qual emergiram suas visões assertivas no interior da verdadeira ordem, e ele pode expressar sua lem brança por meio de símbolos relexivos tais como a tensão da metaxy, os polos da tensão, as coisas e o seu Além, a realidadecoisa e a realidadeIsso, o huma no e o divino, a intencionalidade e a luminosidade, o paradoxo consciência reaidadelinguagem e o complexo participaçãoarmaçãoautoarmação. 6
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Os símbolos enumerados ocorreram com equência na presente análise e zeram que nós, oportunamente, suscitássemos a questão de se constituem conceitos que tencionam uma realidadecoisa, ou símbolos que expressam a realidadeIsso, ou nada mais que elementos de uma fala vazia questões que tinham de permanecer em suspenso na ocasião. Estamos agora listando os símbolos como manifestações de uma consciência que é estruturada não só pelo paradoxo da intencionalidade e da luminosidade, mas talvez por uma consciência do paradoxo, por uma dimensão a ser caracterizada como uma lembrança reexivamente distanciadora. É a dimensão que Platão simbolizou expressivamente, embora ainda de modo compacto, como a anamnesis noéti ca. Essa terceira dimensão da consciência, todavia, não nciona automaticamente como uma força formativa na busca existencial da verdade. O pensa dor, é verdade, não pode abolir a distância reexiva de sua consciência em relação a sua própria estrutura existencial, mas, em sua lembrança, ele pode esquecer imaginativamente essa ou aquela parte do evento paradoxalmente complexo; e quando um pensador, quaisquer que possam ser seus motivos, esquece seu papel como um parceiro no ser, e, com esse papel, o caráter metaléptico de sua busca, ele pode deformar o poder assertivo de imaginação lembrado em sua busca imaginativamente no poder único da verdade. A lembrança imaginativa do processo, a lembrança tencionada por Platão, implica o potencial de esquecimento imaginativo. Os termos usados no parágrafo precedente para expressar a experiência da distância reexiva na consciência são novos. Eles derivam sua validade do contexto da meditação anamnética como o evento do qual emergem imaginativamente. Em nossa época, porém, isso não é suciente para tornar sua validade convincente. Eles estão expostos aos malentendidos convencionais resultantes da deformação das exposições meditativas em proposições sobre coisas, da fragmentação dos complexos experienciais e simbólicos em suas partes e da hipóstase das partes em conceitos denicionais referentes a coisas deníveis. Algumas observações, portanto, serão oportunas.
1 Su a va dad e n cntext da me dta çã
A primeira questão é a validade conceitual dos símbolos na medida em que emergem da meditação anamnética. Não há esquecimento imaginativo sem lembrança. O algo esquecido no ato do esquecimento não é um objeto
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externo perdido, ou negligenciado, ou inacessível no oento do ato, as a estrutura da existência inevitavelente presente, sibolizada pelo cmplexo consciênciarealidade, o complexo da realidadecoisa e da realidadeIsso, das coisas e do seu Alé. U partidário iaginativo da resistência pode estar até ais acentuadaente ciente da realidade existencial à qual resiste do que u crente complacente e conforista, coo observou Santo Agostinho; ele pode se lembrar muito be do que quer esquecer. Não há, adeais, lebrança ou esqueciento sem a distância reeva em relação ao paradoxo da existência experientado; tampouco há algo a ser esquecido ou lebrado sem a cons ciência existencial à qual pertence os atos na distância reeva. E, por , não há consciência existencial se a realidade na qual ela está consciente de ocorrer, estendendose essa realidade à corporalização da consciência no homem, à realidadecoisa e torno da coisidade do corpo humano, e à realidadeIsso com sua força divinamente forativa. A análise, por conseguinte, é um todo coerente gerando um coplexo coerente de síbolos que confere aos síbolos individuais a sua validade contextual. Logo, os síbolos individuais não deve ser deformados ao ser imaginados coo conceitos referindose a "coisas; o todo não deve ser fragmentado em entidades independentes dele um jogo de especialização "ontológica que se tornou socialmente dominante desde a invenção do temo "ontologia no século XVII. Isso não signica, no entanto, que a análise coo um todo esteja acia de críticas: erros substantivos, caso tenham ocorrido, deve ser expostos e corrigidos. Tampouco signica que o "todo da análise seja exaustivo: ele pode, em cada ponto, ser expandido em maiores detaes. Tampouco é a análise, esmo que se mostre sustentável e seus pontos principais, a últia palavra no assunto que explora: sua orientação é deterinada por seu princípio a partir do sim boliso do Princípio. Ela terá de se suplementada por explorações analíticas que partam de outros pontos na estrutura da consciência, como por exeplo as experiências e simbolizações do Alé ou do Fim, ou as Visões de um Todo da realidade Tais editações supleentares conduzirão a noções que não foram contempladas na presente análise.
2 Sua va ida de n cntext das equiva ênci as hi stóricas
A segunda questão é a validade dos símbolos no contexto de suas equivalências históricas. Os síbolos são novos, mas a experiência que necessita da 64
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anáise dierenciadora não é. Com eeito, o esorço de lidar com a variedade de seus aspectos é uma constante milenar no processo da busca da verdade. Para o presente propósito, não precisamos recuar até antes da exegese de Platão do complexo lembrançaesquecimento. Sua análise é "noética no sentido especíco, mas ainda compacto, de uma meditação dominada pelo simbolismo do Nus como o "terceiro deus depois de Cronos e Zeus, deus que ormará agora, na noa situação histórica, a ordem da existência por sua presença, sua Parusia, na consciência participativa do homem; estamos na junção em que a análise noética começa propriamente a se dierenciar da experiência e da simbolização míticas compactas da reaidade. Nessa situação de transição, Platão expressa a experiência do esquecimento por meio do símbolo ania convencionalmente traduzido por "loucura, que az que a ênase recaia na desordem da existência daquele que resiste e não nos atos de esquecimento imaginativo causados por ea. O resistente cupado de ania é um homem que não se lembra de seu papel como um parceiro na comunidade do ser, que conseguiu se tornar inconsciente de sua consciência da participação inquiridora no Além divino, no Nus e que, consequentemente, pode transormar sua participação assertiva numa autoarmação . O homem que resiste a sua ormação por meio do Nus divino deorma a si mesmo; ee se torna um tolo. O símboo a n ia porém, não sobreviveu no discurso osóco; ior ainda, devido à sua compacidade, tornouse praticamente intraduzíve para ua íngua moderna. Se o Nus or traduzido como razão, sua negação tem de se tornar a desrazão, para e a associação do simboismo nusania seja reservada. Esse uso, porém, seria inguisticamente ineiz, pois o símboo "razão soreu, desde a época de Platão, modicações substanciais de signicado no decurso dos movimentos da teologia cristã e do racionaismo iuminista A teologia cristã desnaturou o Nus platônico degradandoo imaginativamente numa "razão natura, uma onte da verdade subsidiária da onte preponderante da reveação; mediante um ato de esquecimento imaginativo a tensão reveatória na visão platônica do Nus como o "terceiro deus oi ecipsada, a m de obter para a greja o monopóio da reveação. as a história teve a sua vingança. A razão não reveatória, imaginada peos teóogos como uma serva tornouse uma mestra não assertiva. Na sequência histórica, a razão não reveatória imaginada se tornou a real razão antirrevelatória da revota iuminista contra a greja A resistência ao poder socia das instituições autoarmativas inteectuamente inertes motivou os atos de esqueciento imaginativo ue ; I O
píp píp
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eclpsam a verdade noétcoreelatóra preservada nas doutrnas eclesiástcas que se tornaram nexíves. Além dsso, uma vez que os resstentes lumnados não podem gir mas que os outros da estrutura da conscência, eles têm de se aproprar da auordade da verdade noétca para sua resstênca a ela; na orma de várias deologas, a resstênca à verdade noétca, entendendose como a resstência à rraconaldade, tornouse a onte legtmadora denitiva da verdade revelada. O monopólo usurpado da revelação mgrou das nsttuições eclesástcas para os estabelecmentos deológcos que as sucederam, chegando aos "poscionamentos revelatóros por meio de atos de destrução vo lenta nos movimentos de terrorismo contemporâneos.
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Di stâ nci a refexiva
A terceira questão é a dmensão da própria dstânca reexiva, com seu poencial tanto de lembrança como de esquecmento. Seu signicado derenciado terá cado claro ao longo da presene análse como uma tercera dmensão da conscência. A estrutura da consciência, simbolizada pelo com plexo consciênciarealidadelnguagem e pelo paradoxo da ntenconalda de e da luminosidade, da realidadecoisa e da realidadeIsso, não está sim plesmene "ali como a estrutura de um objeto nio a ser ocasionalmente descoberta. Ela não é uma "cosa a ser ou não descrta, mas tem sua presen ça reexiva na própria consciência. Qualquer que possa ser o modo da cons cência na pluraldade de sua diversicação quer apareça no regstro da compacidade e da dierencação, quer no da ormação e da deormação , está reexivamente presente para si mesmo em sua smbolzação. Ademas, a presença reexiva não se conna às nstâncias isoladas da conscênca como entdades echadas. Como vimos, a pluraldade das nstâncias diversi cadas o observada e a observação nduzu a respostas reexvas, e os even tos de dierenciação não estavam simplesmente presentes na conscência reexiva, mas vnham acompanhados a reexão sobre o enômeno da die rencação e sobre as novas congurações da verdade na hstória por ele cra das Qualquer que possa ser em últma análse a ordem da hstóra, há uma históra da ordem porque a verdade da conscênca está documentando a s mesma como um processo hstórco por meo da reexvdade da consciênca smbolzadora. A hstóra da conscênca, como a ormule, é internamente cogntva. 66
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Digressão sobre o resgate dos símbolos
O esquecmento imagnativo deforma a consciência. A consão da in guagem na esteira dos movimentos mienares é a síndrome de uma desordem q evouiu na sociedade ocidenta contemporânea a proporções de um estado de conscência estabeecido, no sentido de pubicamente aceito sem esque cer a extensão goba da desorde em razão da dinâmica de poder do ecume nismo ocdenta. Se queremos romper a inconsciência púbica, temos de anasáa e, desse modo, trazêa à conscênca: temos de embrar seus atos históricos de esquecimento, a m de identicáos como atos de esquecimen to; então, temos de embrar o compexo paradoxa conscênciareadadein guagem como o critéro da embrança e do esquecimento; e, para reconhecer o compexo paradoxa como o critério da verdade e da fasidade, temos de d ferencar a dimensão de sua distância reexiva que se encontra compactamente impcada na anamnesis patônca no prncípio de todo osofar noético. Somente quando o compexo distânca reexivaembrançaesquecimento está sucientemente diferenciado e articuado é possíve resgatar os símboos que foram historcamente desenvovdos para descrever os fenômenos do es quecmento de seu seputamento historiográco como "deias, "opnões ou "crenças, para decdr quas dees anda podem ser usados na consa stuação presente e restituíos à sua nção egítma no contexto noético. Aguns embretes e sugestões: ( 1 O termo anoia deve votar a ser usado porque expressa do modo mais caro o estado de esquecimento como uma deformação da conscência noéti ca. A tradução por "desrazão ou "irraconaidade é no momento inutiizáve peos motivos anterormente apresentados. A tradução por "oucura, preferida peos cassicistas, é correta, mas perde a reação com o Nus. Ea tem ainda a desvantagem de contar com a "oucura pea qua a versão da Bíba do rei Jaime traduz o hebraco nabala a "toice de negar a existência de Deus, com sua ênfase na constituição pneumática da consciência. As traduções grega e atna de nabala como moria e insipientia também não sugerem versões utiizáveis. Contudo, devese notar que, em seu uso compacto, Patão faz que o termo anoia abarque também o nabala pneumático. (2) Os termos " desordem e "perturbação da consciência que frequentemente uso traduzem a nosos ou nosema de Ésquo e Patão, assim como a morbus animi a "doença da mente, de Cícero. A inguagem médica de Patão se orna totamente contundente quando ee aerta para a morbdez noética.
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No Górgias (480) ele fala da nosema tes adikias a "doença da injustiça, que, se não for curada a tempo, pode se tornar um câncer incurável da ala (hypou lon kai aniaton Nas Leis (716), um homem pode fazer que sua ala se iname (phlegetai chegando a um estado de inação (exartheis autoarmativa, por meio da arrogância, do orgho devido à riqueza ou à posição socia, ou à beleza do corpo, ou do feor juvenil, estado no qual o hmem crê não mais precisar de orientação, e sim ser capaz de guiar outros, e, como resultado, carreta a ruína para si e para a sociedade. Em tais passagens pode se perceber que Platão tateia à procura da linguagem que tornará os frequentemente ob seados fenômenos da desordem pessoal e social inteligíveis como uma doen� ça da consciência noética. (3 Trezentos anos antes, após as subevações da conquista de Alexandre, dos reinos diádocos e da expansão imperial romana, a morbidez noética da situação prece ter se tornado uma obviedade muito discutida. Em seu Tuscu lanae disputationes (V, 23 32 ), um Cícero pode falar com rmeza da morbus animi identicandoa como uma aspernatio rationis uma "rejeição da razão, e discutir os sintomas d a doença. Entre suas variadas manifestações, ele men ciona a ganância incansável, a avidez por status social, a efeminação, a gula, o vício em guloseimas e petiscos, a embriaguez de vinho, a irascibilidade, a an gústia, o dese de fama e de econhecimento público, a igide de atitudes, e medos tais como o medo de contato com outros seres humanos, como a misoginia e a misantropia. A lita é sucientemente atemporal para ser também moderna, embora se possam acrescentar alguns itens tais como o vício em drogas, muito discutido por Platão nas duas formas do vício em substâncas químicas, e o vício em constructos sofísticos da falsidade, ou a disseminação da ornograa e das ideologias modernas, que têm sua conexão íntima bem demonstrada plo marquês de Sade em sua Philosophie dans le boudoir. ( 4) Embora a conepção ciceroniana da morbus e de seus sintomas seja digna de aimentar o pensamento dos psiquiatras que atuam com modelos imanentitas da psique e do comportamento humano, ela não deve ser aceita de modo acrítio. Isso signicaria ignorar as enormes diculdades da psicoo ga estoica Pathos e o Lgos no pano de ndo, assim como as obseações satírics de Horácio sobre os resultados estoicos. Contudo, a linguagem da "doença e da "desordem tem sua sólida ndamentação na exegese existen cia dos tragediógrafo e historiadores helênicos que experimentavam a desor dem pessoa e social de sua época como uma perturbação da consciência, e na exegese de Platão, que concebia seu osofar como uma persuasão terapêutica, 68
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como um esorço de saão p ara curar a desordem pneumátca e noétca da psque. Não podemos prescndr sso, dado que entendemos a aspernatio ra tionis como reerda aos atos de esquecmento magnato que tento derencar, assm como aos seus enômenos. (5 ) Nossa rca experênca contemporânea de tas atos, de seus enômenos e de suas consequêncas parece exercer alguma pressão para encontrar a ln guagem que expressará a experênca. Eu uso com equênca a expressão "Se gunda ealdade, crada por obert Musl e Hemto on Doderer, para denotar os constructos magnatos dos pensadores deológcos que querem ecpsar a readade da conscênca exstencal. Além dsso, em seu Daemonen Doderer desenoleu o símbolo a Apperzeptionsverweigerung da recusa a perceber, que, em seu sgncado, se aproma muto da aspernatio rationis cceronana no sentdo de um ato delberado de esquecmento magnato. No uso cotdano, obsero anda o aparecmento de expressões como "conscênca seeta e "obtusdade deensa (cujos autores não conheço), reerndose, em lnguagem polda, a uma aredade de enômenos desordenados que ão dese a tortuosdade ntelectual dos atstas polítcos, passano pela semlterareda de dos tendencosos oportunstas prossonas e pelo mas prondo anaabetsmo mposto pelo sstema educaconal, chegando até a pena estupdez. (6 Por m, temos e lembrar a sentença de Arstóteles: "Toos os homens desejam saber por natureza. A sentença é o símbolo crstalno que dá níco ao grande estudo relexo da conscênca, o ato de lembrar seu âmbto esde a percepção sensoral até a sua partcpação no Nous dno. Ea dá níco à procura da erdade da readade (tes arches theoria como a busca pea arche tes kinemos (ou a arche tes geneseos de Platão), pelo prncípo da gênese como um movmento ormato. Se essa sentença osse retrada de seu contexto noétco, sera rdcularzada como uma armação emprcamente asa, pos obvamente são muto poucos os homens que desejm conhecer, e não entregarse à construção de Segundas eadades, e que, obcecados por sua obtusdade deensa, se recusam a perceber a realdade. Se, porém, não entendermos a sentença teralmente, o que destrura sua aldade noétca, ela expressará a abertura conscente de um pensador perante o paradoxo da conscênca exstenca; e, ademas, smbolzará essa abertura como o potencal de "todos os homens, anda que o potencal seja demasadamente deormado por meo de atos de esquecmento. Com Deux sources de la morale et de la religion de Bergson, o smbolsmo da "abertura e do "echamento, da âme ouverte e da âme ose tornouse uma parte eetamente derencada da lnguagem da
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losoa que nos permitirá falar inequivocamente dos estads exisenciis de lembrança e esquecimento A pesquisa dos símbolos, adequados e inadequados, deve ser suciente para elucidar a consão linguística na qual trabalhamos, assim como a necessidade de resgatar tais símbolos, quando tenham sido desenvolvidos com êxito, salvandoos do destino de ser tragados pelas máximas letais indiferenciadas das "ideias e "opiniões, restituindoos à sua condição oéica.
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Dstânc efexv versus dentd e ef exv
odemos ser breves quanto ao signicado da dimensão relexiva no contexto de nossa própria análise. O simbolismo da " distância relexi va, porém, foi formulado em oposição, e como correção, ao simbolis mo da "identidade relexiva desenvolvido pelos ósofos idealistas alemães em sua grande tentativa de diferenciar mais adequadamente a estrutura ana mnética da consciência em seus aspectos pessoal, social e histórico. Esse signi cado corretivo do símbolo "distância em relação ao símbolo "identidade requer maior elaboração.
§ 1 A revolu ção al em ã da con scênc ia
O propósito dos pensadores alemães era formativo. A m de recuperar a base experiencial da consciência, eles queriam remover as camadas de incrus tações proporcionais acumuladas ao longo dos séculos de pens amento segun do o modo intencionalista sujeitoobjeto. No século VIII, esse modo culmi nou numa nova onda de sistematizações denicionais e proposicionais da metafísica, da ontologia e da teologia que tornaram o método intencionalista de lidar com as estruturas da consciência convincentemente inconvincente A deformação da consciência por meio da "metafísica e da "ontologia foi o alvo explicitamente atacado por Hegel por meio de sua Wissenscha der Logik [Ciência da Lógica]. A tentativa de recuperação, contudo, oi seriamente pre
I Dtân a flxva versus nta flxva
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juicaa pea oça e taição que o hábito e pensa nos moes a eaiaecoisa havia aquiio, uma taição que oi aina mais otaecia n época peo sucesso as ciências natuais, peo pestíio a ísica neoniana e, o que oi e especia impotância paa os pensaoes alemães, po sua legitimação como o moeo a "expeiênia po meio a Crtica da razão pu ra e Kant Devese estaca a posição e a nção ambivaentes a Crtica nesse contexto. Ao esclaece o signicado a expeiência espaciotempoa, é veae, a Crti ca não eixou úvia e que havia paa a "Razão mais o que a sica; a áea a ealiaesso havia sio, se não estabeecia, ao menos novamente eno caa como a áea a "Razão que não poia se aequaamente expessa po meio a apicação o natuerliche Erkenntnis" [conhecimento natual, o pensa em categoias o tipo sujeitoobjeto. Mas oi pecisamente a caactei zação o moo sujeitoobjeto como o na tuerliche Erkenntnis" inquestioná ve e ominante, e também o poundo sentimento e que a ecupeação a base expeiencia "inatua a losoa ea uma evolução e popoções co penicanas, que evelou a oça a taição que tinha e se supantaa. Nessa situação e deteioação losóca não é e supeene que Kant tivesse i culdae paa enconta a linguagem que se ajustasse ao seu esoço evoucio náio. Com eeito, a m e enota o "mais que a ísica eve enconta na "Razão, ee não pôde senão cunha o símboo Ding-ansich [coisaemsi]. Dao que a consão o amso símboo mesmo hoje aina não é sucientemente pecebida, até one vejo, não seia impópio saienta que "emsi a coisa não é uma "coisa, mas a estutua a ealiaesso na consciência. Os poblemas técnicos geados peo símboo, toavia, não constituem nosso inte esse no momento; antes, evese expoa o caáte o símbolo como um sintoma as pessões que zeam que a tentativa e ecupea as expeiências movesse a consciência existencia paa a posição e uma "coisa. A dominância a ealiaecoisa na imaginação simboizaoa a época eteminou o omato dos poblemas como sugios no pocesso e ecupeação da estutua a consciência. Se os "atos a consciência, o ponto e patia da Wissenschaslehre [Doutina a ciência e 1794 e Fichte, ossem um objeto a se expoado, seia peciso que houvesse um sujeito que zesse a expoação, e, se houvesse um sujeito, ele teia e te uma consciência eetino sobe a consciência. Qual seia então a eação ente a consciência o sujeito e os "atos a consciência po ea exploaos? O pobema a imensão eex va a consciência havia sio euzio à eação ente ois atos a consciência. Como uma soução paa esse pobema, no entanto, a simpes constução e 2
I a a e
um ato relexivo da parte do sujeito se tornaria mais um "ato da consciência a ser reetido por um outro ato de um outro sujeito. A construção puramente intencionalista teria dissolvido a integralidade da consciência existencial numa cadeia indenida de atos subjetivos. Se a integralidade osse preservada, as condições intencionalistas sob as quais o problema havia sido ormulado re quereriam a ienticação do sujeito reexivo como o Ich do homem com o h da consciência exstencial. Ich idêntico a si mesmo oi então imaginado não como mais um fato da consciência, mas a orma transcendental da consciên cia, imediatamente evidente num ato não da "experiência, mas da "intuição intelectual. Uma vez que nessa identicação dos dois hs porém, a ênase da construção recaía no sujeito relexivo, e que o ato reexivo havia sido concebi do por Reinhold, o preecessor de Fichte em Iena, em seu Satz des Bewusst seins sobre o modelo sujeitoobjeto, o intencionalismo não participativo do ato relexivo poderia usurpar a autoridade da consciência participativa1• Para denotar esse novo tipo de consciência deormada, os pensadores ae mães desenvoveram o símbolo "especulação. processo histórico da cons ciência, com sua autoridade internamente cognitiva, oi abandonado em avor de uma "especulação com autoridade externa que permitiria que o pensador tomasse sua posição imaginativa num ato relexivoespeculativo além do pro cesso. A tensão da existência na metaxy havia sido eclipsada; o patônico Além da realidade divina encarnarase no "além da imaginação do especulador. Consequentemente, a especulação podia se proclamar a revelação última da consciência existencial e, nessa capacidade, a orça que determinaria toda his tória utura. A história da ordem havia sido transormada numa ordem da história cuja verdade tornarase inteligível por meio do esorço do especula dor e, uma vez que sua verdade havia se tornado inteligível, podia ser condu zida à sua conclusão na reaidade de acordo com o Sistema da Ciência do es peculador. A realidade experimentada e simbolizada pela existência consciente de todos os homens seria substituída pela Segunda Realidade da especulação; o princípio histórico do Sistema especulativo viria a ser o verdadeiro Princípio conducente ao verdadeiro Fim da história. Questões reerentes à estrutura da consciência do próprio especulador, as questões reerentes à verdade por ela Para ma discssão mais completa do desenolimento de Fichte er Ulrich CEE Geschichte des Selbstbewusstseins: Der rsprung des speklatien Problems in Fichtes Wissens chlehre on 794-95 Den Haag 974 As notas de rodapé de m busc d ordem foram preparadas por Pal Caringella , :
I Dtâa fxva versus dtdad fxva
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corporalizadas nos termos da lembrança e do esquecimento, não eram permitidas. Este último requerimento, necessário para proteger os esforços especulativos contra questões demasiadamente óbvias, foi elevado à posição de um postulado explícito por Karl Marx. A criação da imaginação especulativa como a nova fonte da verdade na história foi de fato um acontecimento revolucionário. omo sabemos por nu merosas declarações de einhold, Fichte, Schelling, Hegel, Friedrich Schlegel e Schiller, os atores do acontecimento interpretaramno como a variante ale mã da revolução geral que se dava no nível prático na América, na França e nos Países Baixos (epública Batava de 1 795 Eles derivaram a intensidade de seu fervo do sentimento de participar de uma revolução da consciência no nível da história universal. Além disso, com uma coloração nacionalista desse fervor, os pensadores alemães estavam convencidos de que sua própria revo lução do "espírito era superior às revoluções pragmáticas paralelas, porque alcançava mais radicalmente a prondidade da consciência e, por conseguin te, teria, a longo prazo, um efeito prático mais duradouro. Numa carta de 28 de outubro de 1 808, Hegel escreveu a eu amigo Niethammer dizendo estar a cada dia mais convencido de que a obra teórica efetua mais realizações no mundo que a obra prática "uma vez que o âmbito da percepção Vors tellung] é revolucionado, a realidade não pode resistir . E um dos mais astutos obseadores do acontecimento, Henrich Heine, em sua Contribução histó ria da religião e dalosofia na Alemanha prevê que a "revolução no espírito seguirseá da "mesma revolução no âmbito dos fenômenos. pensamento, prossegue ele, "precede as ações assim como o raio precede o trovão; o trovão tardará porque os alemães se movem desajeitada e morosamente; "mas quando o ouvirdes estrondar como nunca antes estrondara na história universal, sabereis: chegou o trovão alemão Embora o acontecimento seja historiogracamente bem conhecido nos mais ínmos detalhes, sua análise crítica ainda dea muito a desejar. Com efeito, ela é tão insuciente que não temos sequer um termo comumente aceito para caracterizar a estrutura do evento e, com sua estrutura, seu âmbito, as debatemse na linguagem símbolos criados pelo próprio acontecimento. Tra 2 Para as declaraões representatias de einhold Fichte Schiler Hegel e Scheling er M AR Nturl supernturlism New York 97 348-356. Para a declaraão de Hegel a Niethammer er Johannes HEER ed) Briefe on und n Hegel Hambrg '52 , 253 Para a citaão de Heine er Hermann F RE aimond PN eds) Heines Werke in Fuenfehn Teilen Berlin [sd ] parte 9 26
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dicionalmente, reerimonos a ele como a Icphilosophie [Filosoa ou Identitatesphilosophie [Filosoa da identidade], ou como a Lógica ltc do Ser desenvolvida por egel como seu "Método maisculizado; e o s e tais termos é justicado desde que permaneçaos cientes de que pertenc à atonterpretação dos grandes pensadores aleães. Seu emprego parecrá enos justicado, porém, se recordarmos que a validade analítica dos terms o qe está em discussão, e que os termos aparecem nas polêmicas internas ento e invalidam parcialmente uns aos outros. Não estaremos e terren re se usarmos autocaracterização abrangente de "idealismo transcendent, pois o uso convencional de "idealismo excluiria do evento o "materialism e arl arx. Contudo, para que o sistema marxiano seja incluído talvez co o primiro estampido do trovão mtaórico de Heine , a lingage s "is mos, e, com ela, o grande conito entre o "idealismo e o "materiaismo, tornase irrelevante. A relevância analítica passaria aos jogos envovendo o símbolo "Ser. Teríamos de entender as táticas marxanas de identicar o "Ser que determina a história com as Produktionsverhltnisse [elações e produ ção], pondo de pé o "Ser idealisticamente especulativo de Hegel, co m jogo intelectual possibilitado pelo uso qestionável, por parte de Hegel, do símbolo "Ser como o Princípio de seu Sistema. Se, então, admitirs que a estrutura do evento é anaiticamente um certo tipo de jogo envolvendo símbolo "Ser, do qual o caso marxiano é um exemplo, poderemos notar, com novo interesse, que, no século X um pensador alemão do nível de Martin Heidegger pôde, ao menos por certo tempo, entregarse à antasia de permtir que o "Ser osse orçado numa nova Parusia na realidade pela eclosã nacional de um movimento populistaracial. E, se tivermos de entender as Produktions verhltnisse marxianas e o nacionalsocialismo temporário e Heidegger como jogos igualmente deormadores, jogados segundo as regras da especlação de Hegel sobre o "Ser, o evento assumirá proporções até então insuspeitas. As proporções permanecerão incertas enquanto não tivermos clarez acerca dos critérios a ser empregados para julgar a dimensão do evento. Mas por que soremos dessa alta de clareza atualmente, duzentos anos depois de sua eclosão? A questão se impõe de orma premente, pois os primeiros contemporâneos não aceitam de modo algum a revolta espiritual em seus próprios termos, as são impelidos a azer comentários sarcásticos. Heine não estava sozinho ao reconhecer seu signicado revolucionário, um signicado que dicilmente poderia ser negligenciado, já que oi proclamado alto e bom som pelos próprios autores dos "Sistemas; nem estava sozinho ao azer troça é
J Dtâa flxva vrsus ta fxva 7
de suas gotescas impicações. Jean Pau, po exemo, logo oi incitado pea cômica discepância ente o Ich especuativo de Fichte e a consciênci de um homem de seu eu numa existência copóea, e satiizoua esplendidamente em sua Clavis chtiana de 1804, emboa expessando tavez uma admiação iônica pea quaidade estética da oba de Fichte. Quato décadas depois, Kie egaad empeendeu seu ataque sumáio à existência especuativa chtiana e hegeiana em nome de um existenciaismo cistão, desenvovendo em suas "migaas osócas a impotância anaítica de símboos como a angústia, o instante (ou momento) e a existência que se tonaam símbolos dominantes com os pensadoes existencialistas do sécuo X. E uma anáise penetante, sustentada pelo omidável apaato históico de um teóogo competente, oi conduzida po Fedinand Chistian Bau em sua oba Die Christliche Gnosis [A gnose cistã , de 1835, na qua situa a Religionsphilosophie de Hege no con texto dos movimentos gnósticos desde a Antiguidade. Havia sido undada, potanto, uma ampla base sobe a qua outras anáises cíticas podeiam te sido constuídas. Po que, então, o evento pemaneceu opaco apesar de tudo? As azões seão encontadas nas ambiguidades da esistência peviamente discutidas. Aqueles que esistem à vedade noética não são necessaiamente seus inimigos; peo contáio, podem esistir aos simboismos deomados pevaecentes em seu ambiente socia e tenta ecupea a vedade obscurecida po tais simbolismos. Entetanto, ees mesmos podem se tão intensamente aetados pea desodem pevaecente a ponto de sua tentativa de ecupeação, ainda que seja eminentemente bemsucedida em outos aspectos, se condu zida segundo o mesmo estio de defomação autoamativa que motivou sua esistência. A amação imaginativa na ciação de novos símboos pode te de caega o ônus de uma nova autoamação, e o desejo de enconta novos símbolos pode decina no desejo de domina a eaidade simboizada. novo simbolismo tonaseá então uma imposição ditatoia nos mesmos moldes que suscitaam a evota conta os simbolismos pecedentes. Esse é o poblema do caso aemão. Um ataque abangente, soidamente detahado e histoicamente cognoscível aos síboos que pedeam seu signi cado a tentativa de ecupear "a expeiência da consciência da qual os símboos emegentes deivam seu signicado sucumbe à deomação devido ao desejo de domina a expeiência recobada nos modes da eaidadecoisa. A ambiguidade da omaçãodeomação num novo níve de dieenciação expeiencial é a azão pela qual a expoação analítica do acontecimento pemaneceu inconclusiva até hoje. Aceitando a ealização cítica em seus pó 6
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pios temos, aiscamonos a cai na amadilha de sua defomação; ejeitando inteiamente o esultado defomado, incoemos no isco de pede a conquista cítica. A saída paa a diculdade não passa po volumosas exposições e comentáios sobe os Sistemas em sua expansão; a análise tem de se concenta na estutua peculia de um popósto fomativo defmado que seve de pin cípio paa a constução dos Sistemas, e o pincípio ambíguo não pecisa se extaído a pati de sua aplicação nos Sistemas, mas deveá se encontado nas declaações pogamáticas d seus autoes. Os constutoes do Sistemadentidade, especialmente Hegel, dominavam seu poblema; eles sabiam o que queiam e o expessaam com uma claeza que apenas o componente defomado de sua empeitada diminui. Eles petendiam cia, como fomulou Hegel em sua Fenomenologia uma Wissenscha der Eahrung des Bewusstseins uma Ciência da experiência da consciência. Com o m de ilumina a estu tua da ambiguidade, apoiameei em declaações epesentativas da Vorrede [Pefácio] e da Einleitung [Intodução] paa a oba pogamática de Hege.
§ 2 H eg e l
Hegel queia etabelece uma "ciênca da expeiência da conciência. A declaação pogamática detemina as questões que têm de se indagadas no cuso da análise: em que medida o pogama teve êxito? O que Hegel entendia po "expeiência? Quais expeiências estavam incluídas em sua análise? Quais foam excluídas? E de que modo a vontade de pode defomadoa deteminou as inclusões e exclusões? 1 Sstema vru tensã exstenc a
O pincípio sobe o qual se apoiam as constuções ambíguas é fomulado po Hegel nas pimeias páginas da Vorrede (12 A vedadeia gua (wahre Gestalt da vedade seá encontada na foma de um "sistema cientíco Hegel se popõe a apoxima a "osoa de sua "vdadeia gua, de modo A fórmla e Hege ma Cêna a eperêna a onsêna apar ee no na e sa Einleitung à Phenomenologie, 74 a eção e Hoester oas as referênas à Fenomeno logi nas págnas segntes em respeto a essa eção 4 r Voegeln falee antes e regr a seção Hegel 11" este apítlo
I Dtâa fxva versus ta fxva
que ea possa abandonar seu nome de "amor ao conhecimento e se tornar "cnhecimento real. Despojada de termos equívocos cm "conheciento e "ciência, a proposta hegeiana de superar a deormação da osoa, doorosamente óbvia sob a crítica iuminista, signica a aboição da osoa amor à sabedoria, a tensão erótica rumo ao Aém divino, um amor que parece nunca acançar seu objeto, esse processo indenido que nunca chega ao m, terá de ser conduzido ao seu Fim pea sabedoria possuída na orma do conhecimento absouto, por uma Wissenscha acima do amor inconcusivo. programa de uma osoa que dá um Fim à osoa é o mais reuzente sintoma da con são inteectua predominante na época. Peo viés crítico, temos de dizer: o programa excui a experiência da consciência existencial da existência na tensão da metaxy , da "experiência da consciência.
2 A ambgudade da daétca
Se a tensão da existência não é uma constante empírica na estrutura da consciência, o que, então, é realmente experimentado? A resposta é dada nas páginas nais da Einleitung à Fenomenologia (6975) A consciência deve ser concebida n modo sujeitoobjet; ea é consciência de ago (etwas. Numa primeira abordagem, o ago experimentado é a realidade em si (an sich. Entre tanto, numa segunda abordagem, quando no processo do conhecimento o algo se revea dierente dquio que se creditava que osse, o Ansich da realidade se torna um Ansich para o sujeito que experimenta r es; por trás do Ansich para a consciência aparece uma segunda realidade que é an sich para si mesma. A consciência tem agora dois objetos (Gegenstnde o "primeiro Ansich" e "o segundo, das Füres-sein dieses Ansich" (73) Então, ao descobrir o "segundo objeto, a consciência descobre que sua própria subjetividade modicouse em reação ao primeiro sujeito, que experimentara o objeto como o primeiro Ansich convertendose num segundo sujeito que se experimenta como estan do em movimento. "Esse movimento dialético que a consciência exerce em si mesma, reativo tanto ao seu saber como ao seu objeto, na medida em que dee surge seu novo verdadeiro objeto, é aquilo que é propriamente eigentlich] chamado de experiência" (73) Esse movimento, adverte Hege, não deve ser conndido com o movimento do conhecimento avançando ao níve da também convencionamente chamada experiência, na qual a verdade baseada na observação de uma coisa pode ser externamente asicada pea observação coni 8
V
I E a da ord
tante de outa coisa. novo objeto não suge como um novo objeto exteno, mas mediante uma "convesão da consciência ( Umkehrung des Bewusstseins (74) A Umkehrung um "acéscimo nosso (u nsere Zutat; mediante o "acés cimo, a "sucessão das expeiências da consciência elevase a um pocesso cieníco; a sucessão não é tal pocesso cientíco para a consciência do "pimeio nível da expeiência no modo sujeitoobjeto "que contemplamos (74)
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A defrma ç ã da prgg
A ambiguidade da formaçãodeformação na "expeiência de Hegel, assim como seus meios de expressão, está apaente nas páginas pecedentes. As estutuas que ele tenciona esclarece por meio de suas elexões sobre o Ansich e o Für-es são reconhecíveis. Elas são o paadoxo da intencionalidadelumino sidade e o complexo simbólico consciênciaealidadelinguagem. As diculdades que Hegel enfenta tonamse tangíveis no uso do símbolo " Umkehrun que ecoda a periagoge do pisioneio da cavena de Platão, o seu volvese das sombas na paede paa ascende à luz. Hegel está na posição do prisioneio, abertamente em evolta contra as sombas na cavena de sua época , sejam ela deformações doutinai da teologia, deformações proposicionais da metafísica ou da ontologia, o intelectualismo agucioso, o criticismo ou o ceticismo de segunda classe, a exubeância extaticamente fantasiosa, a admonição edicante ou a elevação sentimental e ieetida. Até aqui, o movimento de Hegel é igual ao platônico. Se, poém, buscamos a mesma luz blhando do Além que foça (anangkoito dietamente ou po um mediado, o pisioneio a se via, ecebeemos ao invés a infomação de que a periagoge é unsere Zutat um acéscimo ou adendo nosso. A periagoge não é uma resposta assetiva, mas uma aço autoamativa. Nesse ponto, a interpetação tem de se tornar linguisticamente pedante, pois a ambiguidade da fomaçãodeformação se manifesta na ambiguidade da linguagem de Hegel.
4 A nversã da frma ç ã e da defrma ç ã
Se a Umkehrung é uma Zutat um acéscimo, tem de se acescida a algo que existe sem o adendo. que é então essa coisa que existe em independência? No
I Dtân a rflxva ersus nta flxva
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contexto de Hegel, é a "experiência no modo do prmero Ansich a "experiência que permite tratar a simbolzação luminosa da realidadeIsso no odo da intencionalidade como uma ciência das coisas dadas a um sujeito. É a natürli che Erkenn tnis em sua aplicação deormadora à realidadeIsso. Ao aceitar a de ormação da consciênciareaidade como a "primeira experiência, o caso pato lógico se torna o modelo pelo qual as estruturas da consciência serão medidas; as Segundas Realidades deormadas tornamse a "primeira realidade à qual a ormação acrescentarseá como um adendo; a ordem relaciona! da ormação e da deormação oi nvertida. Essa inversão peculiar deve ser vista como uma marca distintiva da situação histórica. Ela é sintomática do grau em que a experiência e a simboização da consciência estencial haviam se tornado inconscientes na consciência pública do debate intelectual da época. A situação da osoa por volta de 1800 era deplorável, legitimando a revolta das mehores inteligências, mesmo que a revolta culminasse em sua própria deormação.
5 A nguagem prnmna
A linguagem proominal usada para identicar o agente no processo da ao no menos questionável. A conversão um acrscimo unsere". Passando do pronome possessivo para o pronome pessoal: quem é o "nós que acresce? Na Parábola da Caverna, é o homem em sua existência pessoal e so cial quem se volta para a luz, respondendo em sua busca da verdade à atração do Além divino. Quem é então o "nós de Hege? Seria o homem, em sua busca da verdade, encontrando a verdade por si mesmo sem a atração do divino? Ou o Deus quem atrai? Todos os homens se votam ou apenas Hegel? E, se or apenas Hege, ele se volta por si própro ou é atraído por alguma outra orça? Todas essas questões maniestamente exercem sua pressão nas declarações programáticas de Hegel, mas nenhuma delas é diretamente respondida. A linguagem pronomina é habimente empregada para ocultar o que está realmente sucedendo. Hegel não pretend ser o único ósoo a ter experimentado a Umkehrung; pelo contrário, ele reconhece que a Umkehrung está presente onde quer que uma voz cética se levante contra um simbolismo osóco ou teológico que alegue que seus símbolos são denitivos como o conhecimento da verdade em seu Ansich. A verdade está em movmento; mais ainda, como vimos, o movimento é a verdade. Todo simbolismo que arma ter conhecimento dentivo do Ansich como um objeto "decai (sinkt 8
I a a
herab para a consciência passando a Fürdas BewusstseinSein des Ansich (74) "Essa circunstância (dieser Umstand é a "necessidade (Notwendigkeit
que conduz as guras da consciência em sua sequência "Somente essa mesma necessidade, ou a gênese do novo objeto, oferecendose a uma consciência que não sabe o que lhe acontece, é o que ocorre ür uns] como que por detrás de suas costas Por meio dessa necessidade introduzse no movimento da consciência "um fator Moment] do Ansich-oder Fürunssein que não está presente na consciência que está ela mesma inserida na experiência Embora a gênese (die Enstehung do novo objeto ocorra por detrás das costas da consciência, o produto resultante (das Enstandene é um conteúdo für es para a consciência; mas o que concebemos (begreen) acerca desse conteúdo é somente a formalidade (das Formelle de sua pura gênese Für es para a conciência, o produto existe apenas no modo do objeto; für uns é ao mesmo tempo movimento e vir a ser (74)
6 Os pr de Hege e s de atã
Nas passagens supracitadas, Hegel representa o papel ambíguo de um prisioneiro na caverna que assume o controle da periagoge. Se quisermos entender o signicado desse jogo com os pronomina teremos de relacionálos aos nomina isto é, aos símbolos reconhecidamente platônicos que a linguagem pronominal pretende eclipsar Apontamos anteriormente o propósito geral de conduzir ao seu Fim maiusculizado o processo inconclusivo da losoa no sentido platônico, mediante a criação de um Sistema da Ciência especulativo Tivemos então de constatar a transmutação da periagoge de Platão na Umkehrung com a curiosa consequência de inverter a relação entre formação e deformação: a força formativa tornouse um adendo, enquanto a deformação proposicional dos símbolos losócos, as "sombras tornouse a "experiência natürliche primária E agora temos de apontar a luz divina que irradia do Além e força o prisioneiro a se voltar, transmudada numa Notwendigkeit uma necessidade que opera por detrás das costas da consciência ds prisioneiros e "nos força a produzir na Caverna sucessivas sombras intencionalistas proposicionalmente deformadas, até que Hegel apareça e suprima as produções inconscientes elevando à consciência o seu signicado como um processo milenar do espírito absoluto com o propósito de por m revelarse absolutamente no Sistema da Ciência
I Dtâa refexva versus et ae efexva
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7 A cnsciência i nveida cm i ncnsciência
A deformação dos símbolos platônicos revela o conito extraordinário com a realidade contido nas declarações programáticas de Hegel. Hegel ten ciona criar uma "ciência da experiência da consciência e seu procedimento consiste em eliminar da consciência a experiência do lósofo de ser atraído para sua busca da verdade pela realidade divina a partir do Além. A atração se torna uma "necessidade indeterminada por detrás das costas da consciência; o que se introduz na consciência é apenas o corpo de símbolos literários produzidos pela "necessidade. que está implicado nessa construção é tão inacreditavelmente grotesco que dicilmente se ousa expressálo abertamente tda a obra de Platão de uma vida dedicada a explorar a experiência da busca, de seus movimentos e contramovimentos humanodivinos, da subida à atura do Além e descida à prondeza cósmica da alma, às meditações anamnésicas, à anáise da existência nas tensões entre vida e morte, entre nou e paixões, entre verdade e sonhos obstinados, à Visão (nas Leis da orça ormativa divina esse drama intensamente consciente da busca, essa reaidade da consciência e de sua simboização luminosa na existência de um lósofo são excluídos da "experiência da consciência e reegados a uma "necessidade inconsciente por detrás das costas de Platão. Juntamente com a consciência da existência noética e sua simbolização, há, excuída da consciência, a distância reexiva de Platão em relação à sua obra, sua consciência de sua obra como um evento que assinala um Antes e um Depois na história da verdade sem concuir a busca da verdade. que resta para a "consciência é um corpo de obras iterárias, a ser compreendido de forma ndamentalista como um conjunto de proposições no modo sujeitoobjeto, com Hegel convenientemente se esquecendo das enérgicas decarações de Platão de que quem quer que o compreendesse dessa maneira não haveria compreendido o que ele estava fazendo.
8 O incnsciente púbic (JungKerényi
Mas nós não estamos empreendendo uma crítica de Hege. Procuramos deslindar as ambiguidades de um programa representativo da consão inteectual de sua época e determinar outras consões que chega até os nossos dias No momento estamos interessados nas consões causadas pelas modi 8
I
a da d
cações no signicado de "consciência e "inconsciente. Se a deformação in tencionalista da consciência por meio do ato de reexão for aceita como o mo delo da consciência, as experiências formativas da estrutura da consciência não se ajustarão ao modelo; elas terão de ser excluídas da consciência. Dado que a exclusão, no entanto, não abole sua realidade, e que a proposta formativa do programa é recuperar as experiências perdidas na época, deparamo nos com o curioso resultado de que a "experiência da consciência é efetivamente recuperada, mas, ao sêlo, tem de ser classicada como um tipo de "incnsciência. Os fenômenos desse tipo são bem conhecidos. Como um impressionante exemplo, menciono o s famosos estudos de Jung e arl erényi sobre a Crian ça Divina, o ore e o mistério eleusino, publicados em 1 942 sob o título Ein hrung in das Wesen der Mythologie [Introdução à essência da mitologia] . Os exceentes estudos de erényi no âmbito do anteriormente pouquíssim conhecid simbolismo da Criança Divina revelam seu signicado como a experiência da nova vida formativa emergino de uma realidadeIsso perigosa mente resistente, a ser cruelmente destruída, apenas para erguerse num novo prin pio, isto é, a experiência da realidadeIsso abrangendo a realidade mral das coisas, ou, na formulaçã explcita de Jung, a experiência "do princpio e do m. A Criana Divina é uma simboização consciente do paradoxo da realidade, da estória que a realidade tem a contar sobre si mesma pr meio da estória contada pelo homem. Os estudos analticos de Jung, então, conrmam a "realidade do simbolismo mediante seu reapareciment, na frma de partes fragmentadas, nos sonhs e visões de pacientes que sofrem de distúrbios metais porque suas consciências perderam essas experiências. Cntudo, quanto mais concordamos com as importantes descobertas em pricas dos dois estudioss, mais ns espantamos de vêlos classicar os smbolos explorados como "inconscientes. Essa classicação signica que os antigos simbolizadores não estavam cientes das experiências que estvam expressando ao criar seus smbolos? Os partcipes nos rituais eeusinos não sabiam por que aderiam à sua execução? Por que desejavam ser iniciados? Seriam os iniciados inconscientes do mistério qu e lhes era revelado, do mité rio da imortalidade abrangendo a mortalidade? Estariam eles apenas paados ali, derivando "arquétipos do "inconsciente coletivo? Em suma: os membros do cut do mistério teriam reamete de esperar por Jung e eréy para des cobrir aquilo de que estavam incoscientemente conscientes? As questões suscitadas no pretendem denigrir os símbolos junguianos da consciência e do inconsciente como destitudos de sentido, mas sim pôr em
I Dâ a lxva versus dtdad xva
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oco sua ambiguidade absurdo de caracterizar os simboizadres antigos como "inconscientemente conscientes revela seu sentido tão logo reivertemos a inversão e caracterizamos os simboizador s modernos como "conscien temente inconscientes simbolizador moderno é realmente "inconsciente, mas está tomando ciência disso e tentando recobrar a "consciência por meio do estudo do mito que oereça uma visão dos movimentos e das estruturas da consciência mais rica e penetrante que o babucio de sua época Essa reinversão da inversão, eu gostaria de saientar, não é o meu "adendo à categorização de Jung, mas representa o mais exatamente possíve sua própria consciência de estar inconsciente A "psicologia, insiste ele, "transere o discurso arcaico do mito para um mitologema moderno evidentemente ainda não reconhecido como ta que constitui um eemento do mito ciência' ( 146 Na "psicologia de Jung, testemunhamos a "consciência ambígua se tornando ciente de ser "inconsciente, assim como o bravo empenho de recobrar a consciência por meio do estudo de suas maniestações na história e o esorço la mentavelmente não tão bemsucedido de obter a linguagem que expressará a recémdierenciada experiência Dos "mitologemas modernos ambíguos de senvovidos por Jung, manterei o símboo "inconsciente num dos signicados que o compõem, usandoo, como já z, para denotar um estado socialmente dominante da consciência deormada peo esquecimento que causa perturbações pessoais e sociais da ordem Nesse sentido, ee será empregado para denotar não só o estado contemporâneo do inconsciente público, mas também os estados comparáveis em outras situações cuturais, como por exemplo o estado heênico da inconsciência púbica contra o qual Platão se revotou
O at de esquecment magnatv
No caso de Jung, estamos no estágio em que um percurso representativo da consciência ambígua está se tornando consciente de ser inconsciente; no caso do programa de Hege, estamos no estágio em que um pensador repre sentativo, resistindo às deormações dominantes na época, reconstrói o in consciente público da época, num níve dierenciado, como um novo tipo de C G J e Karl KERÉ Einhrung in ds Wesen der Mythologie, rh 95 A
tração taa na versão nglesa é a etaa por F C Essys on science of mytho lo, Prneton 969 98.
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consciência. programa, embora seja claro quanto à sua intenção, permanece ambiguamente opaco, porque não consegue digerir analiticamente os ários elementos da experiência que nele conergem Um desses elementos expres souse na grotesca inersão da consciência noética de Platão num estado de inconsciência; tenho de enatizálo, pois Hegel tornouo central em seu pro grama. Mas por que ele eetuou o ato grotesco de descartar como " desproida de alor cientíco (57) a simbolização platônica da consciência noética por meio do mito, enquanto mantinha a própria estrutura do mito em suas trans ormações da periagge na Umkehrung e também do moimento existencial mente ormatio na metax rumo ao Além diino numa "necessidade que opera "por detrás das costas do pensador? Essas transormações não podem ser explicadas como simples malentendidos causados pela leitura descuidada das ontes: antes, elas pressupõem que a estrutura noética, junto com sua sim bolização platônica, está muito presente na consciência de Hegel, embora ao mesmo tempo se deseje que essa presença não esteja presente. Confrontamo nos com um ato deliberado de esquecimento imaginatio e temos de indagar quais seriam as razões experienciais pelas quais a simbolização da existência em tensão rumo ao Além era obnóxia para Hegel como o pensador que articu lou representatiamente o inconsciente de sua época. Qua é a necessidade por trás e suas costas que o orça a eformar o Nus?
1 O A autanáse da cnscênca atvsta
Ao responder a essas questões, não temos de nos introduzir na psicanálise ampliada A autoanálise hegeliana de seu próprio inconsciente concentrase com admiráel careza em sua oposição do símboo Geist" ao Nus platônico Antes de tudo, Hege faz sua declaração programática: "Que a erdade só é real como um Sistema, ou que a substância é essenciamente sujeito, é expresso na percepção Vrstellung] que pronuncia o Absouto como Geist esse conceito mais sublime que pertence à era moderna neuere Zeit] e à sua religião (24) Quando indagamos pelo signicado e pelo contexto histórico desse símbolo moderno, recebemos a inormação (no capítulo sobre Boehme, em Geschichte der Philsphie , 300) é o "princípio protestante situar o mundo do intelecto Intellektuel Welt] no interior da própria mente Gemüth] e er, conhecer e sentir na própria autoconsciência tudo o que preiamente estaa Além. Quan do o princípio protestante por m reconciliou a préia separação entre este
I
Dâ a rfxva versus ddad fxva
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mundo e o Aém, quando os antecedentes históricos a autoconsciência, o Nous de Anaxágoras, as Ideias de Platão e o último remanescente do ém, a Ding-ansich antiana, foram conceitualmente penetrados e absordos na imanência da consciência que move a si mesma, quando, nesse processo, o conceito se tornou Ser, e o ser se tornou Conceito, então o âmbito do Geist chegou à sua verdade (46 âmbito em sua verdade é por m apresentado por Hege em sua Logik Acerca dessa apresentação e de seu conteúdo, ele diz: "esse âmbito é a verdade, como ela é sem véu em si e para si Por conseguinte, pode expressarse da seguinte maneira: seu conteúdo é a apresentação de Deus como ele é em seu Ser eterno ewiges Wesen] antes da criação da natureza e de um Geist nito (I, 31) A passagem transgura o evangeo de São João 1,1 De acordo com o evangelho, o Logos estava no Princípio com Deus; agora o Princípio mostrase como não mais que um princípio no tempo que chega à sua revelação plena, ao seu verdadeiro Fim moderno, no Geist da Logik de Hegel• inconsciente de Hegel, no entanto, é mais do que a proclamação do Geist como um princípio protestante moderno sugere, pois faz que o princípio "moderno abarque uma variedade de eementos herméticos, apocaípticos, gnósticos e neoplatônicos da experiência. Até Platão, embora seu mito seja desprovido de valor, tem de ser elogiado por seu Parmênides "a maior obra de arte da antiga dialética, corretamente considerada, em alguns momentos, " a verdadeira revelação e a expressão positiva da vida divina (57) A sentença audatória se aproxima do autoeogio de Hegel de sua Logik. ais próxima de seu Geist programático, todavia, é a declaração programática de arsílio Fiino, na introdução à sua radução do Corpus hermeticum de que a Mente Di vina "pode brilhar em nossa mente e podemos contemplar a ordem de todas as coisas como existem em Deus, uma declaração que Hege provavemente desconhecia. sso nos faz embrar do desejo gnóstico, condenado por Ireneu, de er em Deus como num ivro. Entretanto, quaisquer que sejam as ramicações da experiência que possamos acrescentar, o dominante no símbolo Geist" segue sendo uma escatoogia paracética, a visão de um descenso do Espírito que alcançará aquio que as cristandades de Pedro e de Paulo não alcançaram isto é, a Parusia denitivamen te savaciona do Aém neste mundo. Entregarse a essa fantasia, e propor, no 6 HEE orlesungen über die Geschichte der Philosophie (v. 1 a eção e jbe e Herman Glokner) 3, 300 Ver também HEE Wissensch der Logik e Georg Lasson Hambrg 163 pae 1 , 3
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I a a e
curso de sua realização ativista, a aboção da osoa requeria considerável grau de consciência a respeito do tratamento desse problema por parte dos pensadores helênicos, helenistas e medievais. Temos agora de identicar o trau ma que esse estado peculiar de inconsciência atista causou na época de Hegel
1 1 O trauma d ambiente rtdx
Hegel, como muitos de seus contemporâneos e sucessores até Nietzsche, Jung e Heidegger, havia sido vítima de sua educação sob as pressões de um am biente ortodoxo. Ele havia sido expoto, com uma intensa experiência de resis tência, à deformação do compexo consciênciarealidadelinguagem, à deformação da realidadeIsso na reaidadecoisa, da luminosidade na intencionali dade, dos símbolos em conceitos denicionais. O Além, o símbolo criado por Platão para expressar sua experiência da reaidade divina como formativamente presente nos movimentos participativos da metaxy tornouse um objeto situado espacialmente, um enseits deste mundo; e a simbolizaão platônica do Nous divino como o Ser além dos seres nitos foi transformada no conceito de uma coisa existente além das coisas existentes. Na linguagem de Hegel, os sím bolos experienciais Aém e Ser toraramse entidades cm um artigo deido, das enseits das Sein Por m, a deformação linguística tornou possível para o símboo Ser aparecer como o predicado nas proposições nas quais o Deus da ortodoxia cristã tornouse o sujeito, como em Gott ist das Sein Os símbolos noéticos e pneumáticos, helênicos e judeucristãos foram transformados em conceitos intencionalistas a ser manipulados por pensadores proposicionais. A conquista irreversível de Hegel é ter compreendido inteiramente a deformação dominante dos símbolos, e seu grandioso fracasso foi ter tentado chegar a uma soução ndindo a realidadeIsso e a realidadecoisa no novo simbolismo do Sein um sujeito que desdobra sua substância "dialeticamente no processo his tórico até chegar a seu eschaton seu Fim, na conceituação plenamente articula da de sua autoconsciência, abrangendo assim a própria realidade abrangente.
1 2 Deus: sm sem sentid
Embora seja difícil, se não impossível, apresentar a conquista ou o fracasso de Hegel em suas próprias palavras, considerando a ambiguidade de sua lin C
I Dtâna eflexva versus dentdade eflexva
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guagem, é possível identicar o ponto em que a deformação dominante pro voca sua severa resistência: o ponto traumático esá manifesto em su preocupação com o Gott ist das Sein proposicional. Nessa proposição, "Deus é para Hegel o sujeito em dois sentidos. Em primero lugar, ee é o sujeito gramatica do qual Ser é predicado; em segundo ugar, ele é um sujeito no sentido de uma consciência autorreexiva. Como sujeito gramatical, Deus é para Hegel uma entidade supérua. Se as sentenças omeçam com "Deus como em "Deus é eterno, ou "o Amor, ou "o Ser, ou "o Uno , então Deus é um som sem sentido, um mero nome, e só o predicado diz o que ele é; "esse princípio vazio [da sentença] só se torna co nhecimento real em seu m. Poderseia justicadamente indagar, portanto, por que não falar unicamente do sentido predicativo, "sem acrescentar o som sem sentido" (22) Por conseguinte, numa discussão losóca poderia ser proveitoso "evitar o nome de Deus (54 Assim, como sujeito gramatical, Deus tem de ceder seu lugar ao Ser. Todavia, mesmo no lugar gramatical Deus ainda tem alguma utlidade. As proposições incriminadas reetem "a necessidade de imaginar o Absouto como Sujeito. É verdade que as proposições ape nas põem o Sujeito, mas não o representam em seu movimento autoreexivo; mas a palavra "Deus ao menos indica que se postula "um ser ou uma essência ou alguma coisa em geal, mas m algo que é autoeetido, um Sujeito. Mas mesmo essa concessão poderia ser demasiadamente generosa, pois a imagem "Deus meramente "antecpa o Absoluto como Sujeito, na medida em que o põe somente como um ponto quiescente, não na realidade de seu Ser como um "movimento concetual (23) Conferr ao Ser de Hegel o movimento do Intelecto divino, sem o qual, de outro modo, esse Ser não seria mais que uma "genealidade, parece ser o último e não de todo indubitável servço que Deus pode prestar.
1 3 Ambi gu idade e val idade pa radoxal
As famosas e provocativas passagens permanecerão analticamente ininteligíveis a menos que as experiências deformadas pelo ato ambíguo de resistência sejam identicadas. que se impõe à nossa atenção, antes de tudo, é o jogo questionável com o símbolo "sujeito. Se sua ambguidade fosse relevada como um simples equívoco, invalidando a construção, pederseia a questão experiencial sub 88
Odm
I E a da orde
jacente. Temos de distingui o componente expeienciamente válido da equivocação de sua defomação. Encontamos o que chamo de componente expeienciamente váido em nossa pópia análise da consciência. Po um ado, o sujeito da consciência visava à eaidade como seu objeto, motivando o símbolo de uma eaidadecoisa; po outo ado, os atos da consciência situada copoamente evelaamse eventos na eaidadeIsso e, sob esse aspecto expeiencia, tiveam de se poposicionamente "pedicados da eaidadeIsso como seu "sujeito. A equivocação não foi um eo ógico, mas a manifestação inguística do paadoxo da consciência, da intencionaidade e da luminosidade, que estende sua estutua aos pobemas da eaidade, da inguagem e da imaginação. A estóia da busca da vedade tem uma nguagem, a linguagem do conto, na qual os símbolos que expessam as expeiên cias se tonam sujeitos nas sentenças com pedicados como se fossem "coisas detentoas de popiedades. Se a consciência das expeiências que geaam os símbolos não é pesevada ou estauada, a tensão naativa acontecimento na estóia pode leva a enganos litealistas. Hege, temos de econhece, encontou e apeendeu o poblema; com efeito, efetuou agumas obsevações muito impotantes aceca da linguagem do conto, como veemos no devido tempo. as, se suas noções ainda assim pemaneceam ambíguas, devese pocua a azão disso em sua esistência ao símboo defomado "Deus sem uma análise suciente das azões expeienciais paa sua fomação ou dos modos históicos de sua defomação.
Deus: a experiência de sua morte
Hege é um pensado instuído sobe a históia e de fomidável habilida de analítica. Diante da decaação de que o símboo "Deus é um som sem sentido, a indignação eligiosa seia uma esposta tão fátua quanto a manifestação de egozijo escaecido. Quando um Hegel é ambíguo, sua ambiguidade eete um pobema ndmental na estutua da consciência que se tonou opaco em sua época. Emboa a manifestação adical da opacidade nas declaações de Hege seja um evento especicamente "modeno, a estutua paadoxal dos símboos evelatóios no pano de ndo, assim c omo o potencia de sua defomação sobecaegaam a linguagem dos deuses com seus poblemas até onde emontam nossos egistos escitos, isto é, ao Egito do teceio miênio antes de Cisto. Ademais, os pobemas desse tipo atingiam um
I Dtâna rflva versus nta rflva
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novo nível de gravidade desde que o símbolo "Deus se tornou diferenciado no chamado sentido monoteísta. A opacidade na época de Hegel te de ser compreendida em seu contexto histórico como a culminação de uma luta milenar com os paradoxos da revelação divina. Nessa situação, a única resposta criticamente possível é a análise do sentido do síbolo "Deus ao emergir da experiência da realidade na Antiguidade helênica, uma análise que terá de incluir os problemas da formação e da deformação em torno de sua gêne se. Essa análise será apresentada nas seções imed iatamente seguintes do presente capítulo. Antes de nos dedicarmos a essa análise, contudo, temos de identicar a característica da ambiguidade de Hegel que a torna representativa de uma fase histórica "moderna naquela luta milenar. Essa característica foi fre quentemente observada de maneira incidental, mesmo no nível dos gracejos; mas, até onde sei, nunca foi adotada como tema de análise de modo a fazer justiça ao alcance da consciência histórica de Hegel. Chamarei essa característica representativa de traço sériocômico do moderno movimento "Deusestámorto. O movimento tem de ser levado a sério: a fórmula concisa sobre o "som sem sentdo não é idiossincrática, mas tem de ser aceita como a expressão de atordade do movmento "Deusestámorto que caracteriza um período da modernidade ocidental que agora dura por cerca de trezentos anos. Os fenômenos históricos são bem conhecidos. enciono apenas, antes de Hegel, o ateísmo iluminista, sua radicalização ativista em Encre un efort Français . . . (1793) do marquês de Sade, e o contraponto paralelo no sonho depressivoresistente de Jean Paul, Rede des toten Christus von Weltgebude herab dass kein Gott sei ( 1794); e, desde Hegel, a variedade de metodologias positivistas antiteístas, a psicologia de projeção de Feuerbach e arx, a reexão nietzschiana sobre "o assassinato de Deus e, no século X a explosão existencialista da literatura da corrente "Deus estámorto. a s o movimento também tem seu toque cômico: o Deus que é declarado morto está vivo o bastante para ter mantido seus agentes nerários nerosamente atarefados já por três séculos. Entretanto, a vida que ele está levando, antes e depois de sua morte, é conturbada e complicada. Ao ser interrogado por eminentes pensadores, Deus não parece saber ao certo se é uma substância ou um sujeito (Spinoza/Hegel), ou, talvez, ambos, ou se não existe de modo algum, se é pessoal ou impessoal, consciente ou inconsciente, racional ou irracional, se é só espírito ou se também é matéria, se é somente uma ideia regula 9
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dora (Kant), se é ou não é idêntico a si mesmo, ou se é a identidade da identi dade e da nãoidentidade (Hege), se é um ser ontoógico ou teoógico, ou ambos, ou se é ago inteiramente diferente (Heidegger). que é absouto nes se debate ambíguo sobre o Absouto é a sua seriedade morta. Deus parece ser o único que pode rir da situação.
1 5 A moa idade e a imo ai dade dos deuses
Não se podem negar nem a seriedade do movimento "Deusestámorto nem o seu toque de comédia. Ambas as características derivam do paradoxo no compexo consciênciareaidadeinguagem. A nguagem dos deuses simboiza a experiência da Parusia do Aém. A reaidade divina é experimen tada como presente nos movimentos ordenadores divinohumanos da ama, e, ao mesmo tempo, como ago que está "aém de sua presença concreta. Na anáise de Santo Tomás de Aquino, por exempo, aparece o Deus pessoa que porta o noe próprio "Deus, mas, por trás do Deus que profere sua Paavra e ouve a paavra da oração, assoma o Deus sem nome, impessoa e tetragrâm co. Deus que é experimentado como concretamente presente permanece o Deus am de sua resença. Assm, a nguagem dos deuses é rovida do probema da simboização da experiência de uma reaidade divina não experienciáve. Embora os símboos imaginativos que expressam essa experência nunca sejam conceitos intencionaistas denindo a natureza de um deus, ees têm, inguisticamente, a aparência da inguagem no modo da reaidadecoisa. Consequentemente, se a inguagem dos deuses for erroneamente entendda como uma inguagem conceitua referente a uma enidade divina "aém da experiência do Aém e de sua P arusa, os deuses terão de morrer quando sua inguagem for substituída por uma inguagem mais adequada no processo diferenciador da busca da verdade. A cena histórica ca repeta de deuses mortos. Se, porm, esse erro não for cometido, se a consciência da experiência e da simboização permanecer viva, ou for acançada, a sucessão dos deuses se tornará uma série de acontecimentos a ser embrados como a história da Pa rusa do Aém divino vivo. Não o Aém, mas sua Parusia na consciência cor poreamente situada do homem inquiridor, a experiência da reaidade divina não experienciáve, tem história: a história da verdade emergindo da busca da verdade. Sob esse aspecto, o esforço sério da busca da verdade adquire o cará ter de uma comédia divina.
I Dtâna reflexva versus detdade refexva
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1 6 A i ng uag e ds deu ses Me-Paus ia-Le bran ç a
Hege estava penamente ciente das estruturas paradoxais e reexivamen te distanciadoras na inguagem dos deuses. Enumerarei as principais questões a respeito das quais ee expressou sua consciência na Fenomenologia (a) E e sabia que, ao morrer em sua "era moderna, os deuses não estavam morrendo pea primeira vez na históri. Nas civiizações antigas os deuses também haviam morrido. Numa variação da theologia tripartita estoica, nos três capítuos sobre "reigião natura, "reigião da arte e "reigião reveada, ee embrou os deuses que viveram e morreram no passado. Em particuar, ee reetiu sobre os deuses oímpicos através da dissoução nas "nuvens da co média de Aristóanes (51720; ver também os comentários sobre a komische Bewusstsein 523 (b) Hege, sabia, aém disso, que os deuses, ainda que morram na história como vítimas do processo dierenciador da verdade, têm de ser "embrados como deuses vivos, pois sua puraidade em coexistência e sucessão é a Parusia do Aém vivo (508 Hege, embora tenha decarado ormamente que o próprio Deus morrera (dass Gott gestorben ist "na abstração da Wesen divina à qua se entregavam seus contemporâneos doutrinários (523, 546, sabia que o Deus morto estava vivo o bastante para ceebrar uma Parusia no Sistema da Ciência: na Fenomenologia a theologia tripartita é seguida por essa Parusia no capítuo concusivo sobre conhecimento absouto uma Parusia, ainda que ibidinosamente deormada pea especuação autoarmativa de Hege. (c) Por m, e mais importante, um conhecedor dos antecedentes históricos de seus próprios esorços anaíticos, Hege estava amiliarizado co o sim boismo hesiódico da Lembrança (5078 A Mnemosine divinohumana, o símboo que devemos à imaginação criativa de Hesodo, dierenciou de modo rudimentar a distância reeva da consciência em reação ao processo para doxa da reaidade. Hesíodo simboizou, nos imites de sua inguagem com pacta, a distância "recordativa em reação à experiência da reaidade como um Todo, e, em particuar, à experiência do Além divino não experienciáve e sua Parusia nos deuses que vivem e morrem. Ao dierenciar a experiência da distância reexiva, ee abriu a consciência para o processo da realidade como uma estória inacabada. Hege, por sua vez, entendia muito bem a Lembrança como o constituinte da consciência histórica; mas ee queria terminar a estó ria. Para esse propósito, a visão noética no interior da estrutura paradoxa da reaidade tinha de ser autoarmativamente deormada na ação de dominar o 9
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I a da d
paradoxo como uma "coisa; e, com o misério transormado numa "coisa a ser dominada, a Lembrança distanciadora que havia aberto o horizonte histó rico poderia se tornar instrumento de seu echamento sob o pretexto de que tudo o que valia ser lembrado acerca do processo da verdade na realidade já havia sido lembrado. Com essas suposições dadas como certas, o processo pa radoxal da busca da verdade podia ser assumido como terminado, e a estória inacabada podia ser conduzida ao seu Fim no Sistema da Ciência. A deormação de Hegel de certas estruturas da consciência, no entanto, não deve obscurecer o ato de que ele agiu em revolta contra a deormação ainda pior das mesmas estruturas no inconsciente público que o cercava socialmente. Ele só pôde deormar as experiêncas ndamentais porque primeiro as redescobriu, em oposição aos símbolos que haviam perdido sua onte experiencial de signicado e, consequentemente, se tornado um corpo morto de ideias e opiniões. Por conseguinte, a enumeração precedente não deve ser entendida como uma crítica de Hegel, mas, pelo contrário, como uma tentativa de esclarecer e salientar sua realização. Sua redescoberta da onte experiencial da simbolização, assim como sua identicação dos problemas ndamentais na estrutura da consciência são irreversíveis. que tem de ser revertido é sua deormação dos problemas identicados. As duas seções seguintes "A Mne mosine de Hesíodo e "Lembrança da realidade analisarão, em sua orma original não deormada, ases do processo da verdade que Hegel, como mostra a enumeração acima, reconhecia como antecedentes de sua própria compreensão da consciência. Por meio desse método será possível, espero, restituir alguma signicação aos sons que se tornaram destituídos de sentido.
§3 A Mnmn de Hesíodo
Hesíodo desenvolve o simbolismo de Mnemosine em sua Teogonia nas invocações às Musas. A Teogonia é notável por seu princípio, não com uma, mas com três invocações. Presumo que elas ormam uma unidade de signicação. Como unidade, as invocaçes destinamse a lidar com os vários apectos de "começar um relato isto é, uma embrança da realidade e de suas estruturas que se supõe ser verdadeiro. A m de assegurar sua verdade, o relato tem de "começar com uma inquirição na estrutura da própria busca recordativa da verdade. Desse modo, a responsabilidade noética da busca tornase temática. No que se reere a esse aspecto temático, o "princípio triádico
I Dtâna flxva ersus dntdad flxva
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da Teogonia pode ser comparado às "Invocações de Hegel do Geist na rre de e na Einleitung à Fenomenologia. Seguirei o desdobramento do simbolismo ao longo das três Invocações consecutivas
A arusia das Musas a media ç ã da verdade divi na
Na primeira Invocação (. 1 35), a s Musas Helcônias são exaltadas como as mediadras divinas da verdade sobre a realidade, isto é, "sobre as coisas que ainda estão por vir e as coisas que sucederam no passado (32) O poeta experimenta a verdade da realidade como um Além divino que não pode ser apreendi do pela consciência intencional em seu Ansich mas que tem de ser mediado pela Parusia das Musas. Esse movimento divinohumano na metaxy é reatado como o evento existencial revelador no qua a verdade da realidade se origina (2628) O evento vem ento acompanado da asseveração de que a revelação presente será mais verdadeira do que aquo que foi por vezes revelado aos predecessores do poeta e or eles mesmos. Os símbolos precedentes podem se tornar fasos seudea quando, no processo de diferenciação, são substituídos por imagens mais adequadas (alethea; Hesíodo está consciente da tensão entre verdadeiro e falso na simboização imaginativa (2728 E, por m, a verdade que as Musas ordenam que ele cante é "da raça dos seres eonta] eternos bemaventurados, e somente deles antes de tudo e por último (3334); não há canção dos deuses sem que sua presença seja mediada pelas Musas. Embora o evento estencial tenha se revelado em seu acontecimento, por ora não se revela nada além do fato de ter acontecido. Estamos no estágio da análise que, em outra ocasião, condensei na seguinte fórmula sucinta: o fato da reveação é o seu conteúdo NSP 7]8•
2 As Musas lembram as deuses sua divindade
Na segunda Invocação (36 104), Hesíodo distancia o evento reetindo sobre a estrutura experiencial na revelação da Música. A primeira Invocação 7 As referênas a Hesíoo nas págnas segntes no orgna em ngês tam a eção e Teogonia pbaa pea Loeb Classa Lbra om eção e tração e Hg G elyn Wte The new science ofolitics.
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m a a r m
determinou que ele exaltasse as Musas antes de tudo e por último; agora ele obedece "Comecemos com as Musas (36. As Musas são as as de Mnemosine a Lembrança, de sua união com Zeus em seu ato de "esquecer os problemas e descansar das preocupações (53-55. Sua gênese e também sua nção são imaginadas como internas à própria realidade divina. O cenário de sua geração é o Além olímpico, ou, antes, um Além joviano superior ao olímpico, pois salientase que sua geração se deu "longe dos imortais (57; e, ao nascer, elas têm de entoar seu canto rememorativo para os olimpianos, mas, acima de tudo, para Zeus, "o pai dos deuses e dos homens (3643. As Musas, portanto, medeiam a divindade primariamente para os próprios deuses, e apeas secundariamente para os ho mens, inspirando a palavra ordenadora de príncipes e aedos (79104 Mas o que é essa estranha lembrança, interna ao Além divino? De que as Musas têm de lembrar os deuses? Os olimpianos têm de ser lembrados de sua existência como a presença da ordem divina, vitoriosa sobre a desordem dos antigos deuses dos quais povieram e que ainda estão vivos. A Lembrança, no sentido do símbolo hesiódico, não rememora um passado morto, mas lembra uma presença que só é uma presença viva se está plenamente consciente de sua vitória ordenadora sobre as forças que estiveram outrora tão vitorioamente presentes quanto ela está agora. Em sua linguagem compacta do mito, Hesíodo expressa sua isão da Lembrança como a distância reexiva em relação ao evento existencialmente ordenador na metaxy. A Mnemosine distaciadora é a dimensão da consiência a qual a presença do Além, experimentada como a força ordenadora no evento, adquire a realidade de sua Parusia na linguagem dos duses. A "es tência dos deuses é a presença do Além divino nos símbolos da linguagem que expressam sua Parusia em movimento na experiência da foça odenadora ão experienciável no evento existencial. Com Hesíodo, estamos toando os limites da simbolização na linguagem dos deuses não há deuses sem um Além dos deuses. Estamos no estágio da análise diereniadora no qual a relação ente os deuses e seu Além está se tornando noeticamente poblemátia. Na pimeia Invocação, as Musas Hecônias medeiam a verdade do Além olímpico inspi rando o canto hesiódico. Na segunda Invoação, o ém olímpico adquie uma estrutura interna. Os imortais parecem esta em dúvida acea de sua própria Parusia como os deuses vitoriosamente odenadores e têm de se lem bados de sua presença divina pelas Musas. Mas as Musas não existem até que I
â a va vesus a va
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sejam geradas por Zeus em Mnemosine. Um Além joiano se dierencia dos deuses do Além olmpico Mas tampouco Zeus é o Além último Embora seja imortal, ele tem de ter nascido para ser imortal; e, ao conquistar sua vitória sobre os outros deuses nascidos, ele tem de ser "lembrado de sua presença vitoriosa Ademais, é preciso observar que mesmo após a vitória sua existência persiste tão intensamente atribulada pea uta para manter ordem contra as orças de resistência que ele tem de buscar descanso de suas preocupações na união com Mnemosine. As Musas azem que o deus "esqueça por um mo mento a luta contínua, pondo a ênase de seu canto rememoratvo, de modo reconortante, na presença vitoriosa na da realidade divina ordenadora No esorço divino na direção de uma estência verdadeiramente ordenada, as Musas entoam um canto visionário da divinamente verdadeira exstência além da luta Seu canto tem um tema apocalíptico, e o apocalipse é cantado não somente para os homens, mas para o próprio Zeus A existência jovana, com a precária consciência de sua presença, é uma Parusia, isto é, um evento revelatório numa realidade divina abrangente O próprio Zeus tem um Aém A pressão noética na busca de Hesíodo az que empilhe um Além sobre outro no medium do mito, um processo que prenuncia sua culminação na visão platônica do epekeina noético além de todas as coisas exstentes, incluindo os deuses e o próprio Zeus Mesmo quano a visão do m divino é acanada, po rém, nm Platão nem, depois dele, Plotino negariam a divindade dos deuses antigos Os antigos deuses tornaramse "antigos sob a pressão noética, mas permanecem imortais Eles não morrerão Por que não?
3 O conto das cosas (t t) divinas
A resposta a essa pergunta é o tema da terceira Invocação (105-115. Hesíodo experimenta o Além, no sentido da orça geradora e ormativa em toda reaidade, tão compactamente presente nas estruturas geradas e ormadas, indo desde a tríade primordial do Caos, da Terra e de Eros até os deuses olím picos, que a Parusia da orça não é sucientemente dierenciada de seu Além As estruturas ainda são compactamente divinas Embora a pressão noética em seu pensamento seja maniesta, ela não evoui imaginativamente para uma simbolização do Além noético Esse estágio intermediário da mitoespeculação tem a vantagem de que Hesíodo não é assediado pela tentação de erigir o Além numa entidade intencionalista; por conseguinte, ele não tem de resistir, como 96
I a a e
Hegel, ao enseits de uma Parusia hipostasiada; seus deuses têm Além o bas tante para que não tenham necessidade de ser lembrados de sua divindade Numa linguagem mais diferenciada que a de Hesíodo, porém menos defor mada que a de Hegel, teríamos de dizer que os deuses são imortais porque nasceram da presença participativa do Além na tensão divinohumana da me taxy mas que os imortais partilham a temporalidade porque também nasce ram da presença participativa da consciência humana responsivamente ima ginativa na limitação de sua mortalidade temporal corporeamente siuada A luta inquisitiva pela verdade da realidade é a luta da realidade por sua verdade; ela se dá no interior da realidade e envolve toda a hierarquia do ser, desde as estruturas materiais básicas até a experiência formativa do Além não experienciável A imortalidade é experimentada pelos mortais; o que nasceu no tempo morrerá no tempo; sua imortalidade é adquirida em virtude de sua participação na estória da realidadeIsso Com essa última formulação, estamos retornando aos símbolos de Hesío do, pois não há participação na estória a ser contada da realidadeIsso a menos que seja "rememorada; e como ela pode ser "rememorada a mens que o caráter participativo da estória seja realmente experimentado na existência presente da realidade existencia? A lembrança no sentido hesiódico consttui a consciência como a consciência de sua própria estória na luta da metaxy de sua gênese como parte de uma estória abrangente Se o presente da realidade existencial não fosse relembrado como uma estória metaléptica, não haveria estória de nada Se, contudo, a estória da luta na metaxy contada em distância reexiva, constitui a estrutura da consciênca no "presente, então ea constitui seu passado e seu turo como "Presentes em seu próprio tempo A estória participativa, se lembrada no presente da existência, expandese na estóra de seu passado e de seu turo como a estória das relações entre seus "presentes dentro dos limites, é claro, do conhecimento concretamente disponível no momento Suspeito que o intensamente discutido problema da "historicidade encontrou, na Lembrança de Hesíodo, um símbolo anaítico difíc de ser melhorado Esperase que as usas da terceira Invocação relembrem a gênese dos deuses, nascidos (exegenonto da Terra, do Céu estelado, da Noite escura e do ar sagado (105-107. Os "deuses nascidos dessa fonte, embora sejam cha mados a trazer a ordem para o mundo e para si mesmos na justiça (Erga 1-1; Teogonia 7 1 73 não criaram o mundo que têm a incumbência de ordenar A tensão da criaçãosalvação está presente na experência hesiódica da realidade
I Dtâna flxva versus ta fxva
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A m de apresentar seu relato da presença criativamente divina no processo da realidade, contudo, as Musas têm de usar a inguagem hesiódica da divndade compacta, isto é, uma linagem dos deuses que ainda não diferenciou sucientemente a tensão PrincípioAlém e a tensão ParusiaAlém O s símbolos que estão à disposição de Hesíodo e das Musas são um meio de expressão imaginativa demasiadamente compacto para que seja inteiramente adequado ao grau de diferenciação noética que a experiência atingiu Consequentemente, a estória contada pelas Musas tem de enfrentar certos problemas de simbolização A estória deve contar a epifania das estruturas na realidade como uma manifestação da criatividade divina: as estruturas experimentadas, como no livro do Gênesis, vão desde as formas materiais da Terra e do Céu até o movimento formativo do Além divino na metaxy; além disso, como no Gênesis, requerse que as Musas contem essa estória da realidade criacional "desde o princípio (ex arches ( 1 1 5 e, todavia, elas têm de contar a estória da criatividae divina sem simbolizar o poder criador divino aca de todas as coisas existentes Mas como um Princípio começa se não há ém atuante e nada sobre o que atuar? Hesíodo, ao que parece, tem de lidar com o mesmo proble ma de Hegel, o problema de contar uma estória que pressupõe a experiência do Além sem simbolizáo Há, no entanto, uma importante difernça entre os dois casos Para Heído, a experiência e a simbolização movemse imaginativamente rumo à diferenciação do Além, enquano Hegel tenta anular uma diferenciação acançada submetendoa ao esquecimento imaginativo gu mas obseaçõe sobre as ambiguidades na linguagem compacta porém recordativa de Hesíodo tornarão mais inteligíveis as ambiidades na construção diferenciaa porém olvidativa de Hegel Os síboos dominantes na estória de Hesíodo são os "deuses (theoi e as "coisas ou os "seres (eonta. O símbolo "deuses representa, acima de tudo, os olimpianos, mas também sua Lembrança existencial, isto é, Mnemosine e as Musas; diz respeito ainda aos "deuses dos quais os olpianos descendem, isto é, a Urano e Cronos, mas também a linhas laterais como os Ciclopes e os Titãs; e, or m, o símbolo tem de abarcar a tríade da sucessão divina, isto é, a tríade CaosGaiaEros Embora as relações entre os sucessivos etratos de "deuses sejam simbolizadas como genéticas no sentido biológico, o princípio da inh genealógica permanece ambíguo É verdade que a cada membro da tríade primordil é atribuída uma posição especíca mediante epítetos auda tórios: Caos é distingido como o primogênito dentre todos; Eros, como "o mais belo dos de ses imortais; e Gaia, speciamente, a Terra, como "o lugar 98
Odm sóa
I E sa da o rde
genético seguro hedos asphales] de todas as coisas panton" ( 1 16- 120. Contudo, nenhum deles é a onte criadora dos outros dois, nem tampouco há por trás deles um agente criador ou um materia sobre o qual este pudesse ter atuado. Caos, como salientou Werner Jaeger, não é esse material; ele não é nem a chora platônica nem um tohu wabohu hebraico, mas a enda crescente entre o Céu e a Terra. Os membros da tríade são inexoravelmente autogenéticos; sua orça criadora é imanente a eles mesmos. Essa ambiguidade de uma realidade autogenética é então composta pelas relações ambíguas entre os símbolos "deuses e "coisas. As Musas devem contar a estória "das coisas eonta] que são, que serão e que já foram (38). Mas o que são tais eonta? Quando as Musas alam da terra, dos rio e do mar, do céu e das estrelas, e dos deuses dees nascidos, isso soa como se as estruturas cósmicas enconadas ossem as "coisas das quais os "deuses nasceram ( 1 0 1 1 1 mas, ao retrocedermos na linha genética até a tríade autogenétca, não pode haver dúvida de que as estruturas cósmicas são também "deuses. Além disso, quando os próprios olimpianos são denominados "a raça das eonta imortais que são eternas (33 105 "deuses e "coisas parecem se tornar sinônios. Mas, se são sinônimos, o que seriam então os homens? Eles se tornam "deuses quando as Musas têm de cantar sobre " a raça dos homens ou são " coisas de um tipo dierente? Certamente, o esíodo a quem as Musas se dirgem como "u pastor de regiões agrestes, ua abjeção repusiva, uma mera barriga (26) não se parece muito com um "deus. E, todavia, quando as Musas concedem a um governante, um basileus os dons de "um julgamento sábio e uma fala graciosa, os membros da assemblea o acoerão com reverência como um "deus (1) e a mesma divindade parece ser conerida por sua audiência ao cantor, o aoidos que pode dissipar a dysphrosyne (angústia, pesar) de um hoem com seu canto (93103).
A visão hesiódi ca da eal idad e
Dentro dos limites de sua linguagem compacta, as ambguidades dessa classe não podem ser convertidas em declarações não ambíguas. Elas só podem ser historicamente compreendidas coo enômenos oriundos das tensões en tre a experência existencial, a exegese analítica e a simboização iaginativa num estágio especíco da mitoespeculação. Contudo, compreender historicamente o simbolismo ambíguo não signica estabelecêo como um objeto morto num ponto da linha do tempo, como se osse uma antiguidade a ser preser Captulo
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vada por seu valor ornamental; signica, antes, participar em sua presença viva como evento na busca da verdade Ele efetivamente possui essa presença, graças à itensidade do esforço noético de Hesíodo em abertura para o Além; e, em virtde dessa abertura, ele não só ilumina a estrutura da consciência que tentamos exporar em seu próprio presente, mas também seu passado e seu turo ao irradiar luz sobre a estrutura do mito mais compacto do qual emerge, bem como sobre as diferenciações que ainda estão por vr Articulando assim nosso modo de compreender o evento, estamos de fato participando na visão hesiódica da realidade como "as coisas ta eonta] que são, que serão e que foram antes (3 o grande sibolismo que expressa a constância da estrutura experimentada no complexo consciênciarealidadeliguagem Apontarei agora agns dos raios de luz lançados pela presença do Além no evento sobre suas dimensões temporais do presente, do passado e do turo No que diz respeito ao seu presente: quando os deuses de Hesíodo são coi sas e suas coisas são divinas, não devemos suspeitar de equivocações causadas pela inabilidade do poeta em distinir os deuses, os homens e as coisas do mundo exterior, mas reconhecer (a) os símboos como ambíos e (b) a tensão paradoxal da consciência como a fonte de sua ambiguidade A realidadecoisa e a realidadeIsso, embora sejam sujeitos gramaticais em proposições, não são entidades, mas ps de tensã expermentads como mutuamente participantes no processo da eaidade: a reaidadeIsso é a dimensão "abrangente experimentada como presente em todas s coisas, e as coisas são experimentadas como "transcendendo sua existência para dentro da realidadeIsso Pode mos dizer que toda reaidadecoisa transcende para a realidadeIsso, enquanto a reaidadeIsso abrange toda reaidadecoisa As ambiguidades das Invocações sugerem que Hesíodo era intensamente sensíve à tensão compreender transcender no Todo paradoxal da realidade Para ee, a enorme multipicidade da realidadecoisa trazia a aura divina de transcender para a realidadeIsso abrangente, e, em virtude de sua aura divina, todas as coisas a terra, o céu, o mar, as estrelas, as montanhas, os rios, as árvores, os animais, os homens podiam ascender imaginativamente à posição divina, à posição dos "deuses Quanto ao seu passado, a s ambiguidades mitoespeculativas fazem que nos tornemos cientes das estruturas noéticas no convencionalmente chamado po liteísmo, que são mais difíceis de discernir nos níveis mais compactos da simbolização mítica As coisas têm uma aura divina Por conseguinte, não devemos nos surpreender ao encontrar tais subdivisões coisais da divindade como os deuses cósmicos do céu e da terra, do mar e do submundo, como os ele 1 I E a da orde
mentos divinamente orignadors terra, água, fogo e ar, com a inclusão de um éter divino quintessencia, como s divindades ctônicas, como o s deuses terio mórcos e antropomórcos ou as forças psíquicas divinas do amor e da dis puta (eroseris. Inversamente, os deuses têm uma aura coisal. Eles têm um corpo sucientemente coisal para se tornarem atores em estórias de ordem e desordem, de ações benevolentes e malevolentes, justas e injustas, prudentes e emocionais, de sofrimento e de vitória, e até se tornam visíveis, embora seus corpos não sejam compostos da matéria que compõe as coisas do mundo exterior. Cerca de dois séculos depois de Hesíodo, esse corpo coisal porém imaterial dos deu ses parece ter se tornado objeto de questionamento meditativo, como se pode depreender das imagens concernentes de Xenófanes e Ésquilo. Deus Uno de Xenófanes, embora não seja um dos muitos deuses e "não similar ao mortai nem em corpo demas] nem em pensamento (B 23 ), parece ter, todavia, ago como um corpo, já que é um deus que "tudo vê, tudo sabe e tudo ouve (B 24) porém um corpo peculiar que "permanece sempre no mesmo lugar e nunca se move sendo imprório de deus moverse para lá e para cá , mesmo quando o deus sem labuta (anapeuthe ponoio está agitando todas as coisas "com o pensamento de sua mente (B 25); e, nas Suplicantes de Ésquilo, en contramos o deus que, de seu lugar sagrado, realiza seu pensamento "de algum modo (empas sem a força, pois "tudo o que é divino é sem labuta (pan apo non daimonion (96- 103 . Embora a questão paradoxal dos corpo imateriais divinos não deixe de ser objeto de interesse meditativo, ela não se dissolverá sob a pressão da diferenciação: nos contextos pósclássicos imperiais temos de constatar sua sobrevivência, e até sua força renovada, em simbolismos tais como a matéria espiritual dos estoicos ou a distinção paulina entre um corpo carnal e um coro dóco. A mitoespeculação de Hesíodo nos torna cientes das experiências ndamentais da realidade que requerem, para sua expressão, a linguagem dos deuses, mesmo que no processo de diferenciação os muitos deuses sejam substituídos pelo Deus Uno. passado da experiência não mor rerá com a diferenciação; ele faz pate do Todo da realidade, das "coisas que são, serão e já foram• As coisasdeus participam de uma estória inacabada da realdade. Elas se tornam transparentes para o paradoxo da consciência, pois a mitoespecuação As efeênas a Xenófanes são da edção de DEKZ Frente der orsokrtiker, Bem 1954.
I tâna reflexva veru dentdade refexva 1 0 1
de Hesíodo não trata dos deuses ou das coisas como entidades compactamente autônomas em estórias autônomas (mitos), mas de sua aura divina e coisal como polos da tensão no processo genético da realidade como um todo. Há somente uma realidade; es sa realidade única está envolvida em seu movimento genético único dos deuses e das coisas rumo à única orde justa do todo; e, se a ordem é experimentada como estando distante de ser alcançada no presente, sua imperfeição é apreendida como tal por uma visão do todo cuja ordem chegou ao m da luta por conquistála. Dominados por essa visão, os deuses e as coisas perdem seu tatu como entidades compactas e se tornam partícipes na estória abrangente de uma reaidade cuja luta pela ordem eles têm de efetuar no momento genético Nem mesmo o Zeus olímpico, como vimos, é eximido dessa luta participativa, e tem de buscar alívio de seus aborrecimentos por meio de Mnemoine e das Musas apocalipticamente rememorativas. A tensão que se experimenta entre o todo não tensional e a luta tensional para sua realização, a tensão entre um Além divino do tempo e sua Parusia temporal, portanto, dife renciouse na visão de Hesíodo, mas o evento não resultou na criação de sím bolos expressivos correspondentes. Os símbolos compactos tornamse ambíguos, pois têm de portar os signicados de uma experiência diferenciada. Estou salientando a discrepância entre a experiência e a simbolização na visão a m e reforçar que se dê ateço às extraordinárias diculdades, hesitações e resis tências que têm de ser superadas quando um pensador fadado à visão que é um homem com uma consciência situada em seu corpo, que está situado numa sociedade corpórea com suas tradições de simbolização compactas, que está situada num cosmos corpóreo cuja evolução estrutural culmina na gênese dos seres humanos morais dotados de consciência tem de responder à manifestação, em sua consciência, de uma realidade além da coisidade compacta de suas imagens tradicionais da realidade de um Além dos deuses, um Além das coisa, um Além do cosmos, de uma realidade além da realidade em cuja verdade ele acreditava viver [ele vivia? ES] • A articulação exegética dessa visão e de suas implicações requer esforços participativos e leva tempo. Mencionei anteriormente o período de mais de dois séculos transcorrido para que um detalhe especíco, o corpo imaterial dos deuses, se tornasse objeto de aten ção na linguagem de Xenófanes e de Ésquilo; e, até quatro séculos depois de Hesíodo, na exploração analiticamente completa do Além das coisas existentes por Platão, a questão experiencial da visão hesiódica ainda teve de assumir a S = s Sandoz
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forma de uma pernta, na formidável indagação: "Quem é esse Deus? (Lei, 713a), esse Deus além dos deuses dos "poetas, de Homero e Hesíodo. Em razão da discrepância entre a experiência e a simbolização, a visão de Hesíodo possui um turo de exegese experiencial e linguística que se estende até o nosso próprio presente e além. O s principais eventos nesse processo criação dos símbolos do ém, do Um, do Todo, do Deus Único, do Ser, do Nada, da Plenitude, do Pleroma, da reaidade divina, da viae eminentiae e ne gationi, do armativo (catafático) e do negativo (apofático), da teologia dogmática e mística serão abordados em contextos posteriores. No momento, esclarecerei o signicado de "turo na visão, concentrandome em três eventos, distintos entre si pela proxmidade em relação aos problemas suscitados pelo próprio Hesíodo em sua mitoespeculaão. São eles: o princípio da razão suciente na formulação de Leibniz, o símbolo da autogênese conforme desenvolvido pelos neoplatônicos e o signicado do símbolo Deus desenvolvido por Tomás de Aquino. Considero primeiramente o caso moderno, o princípio da razão suciente na formulação de Leibniz, por representar o mais rico acmulo do "turo hesiódico. Como fontes da análise, uso os ensaios tardios Le príncipe de la nature et de la grâce (PNG e a Monadologie (M), ambos escritos por volta de 1713, tendo circulado entre estudiosos antes da morte de Leibniz em 1716, mas só publicados postumamente\ O probema global na estrutura de reaidade suscitado pea visão de Hesíodo é a tensão entre as estruturas tensionais no processo temporal da realidade e o Aém não tensiona do processo temporal como um todo. Uma vez que o probema é suscitado, é exposto a nova diferenciação nas duas direções de uma compreensão e uma simbolização mais caras do Além e de uma melhor compreensão das estruturas internas do processo tempora, bem como da elaboração imaginativa dos símbolos que expressarão otmamente as tensões experimentadas entre um Aém e sua Parusia na epifania espaciotemporal das estruturas. Durante os dois milênios e meio entre Hesíodo e Leibniz, a busca da verdade efetivamente avançou muito em ambas as direções, sendo o pro cesso formativo da experiência e da simbolização como sempre acompanhado pelo processo da reicação deformadora dos símboos obtidos, com o resuta
11 As ciações de Leibniz são de Principes de la naure e de la grâce ondés en raison in G W. LEZ Ausgewhlte Philosophische Schren im riginltext ed erman Schmalenback Leipzig 1915 Il, 126 s
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do de que, na época de Leibniz, as coisasdeus do poeta foram formadas e de formadas no Deus Único dos teólogos e nas coisas dos matemáticos, fsicos e biólogos com os dois polos da tensão ndamental ameaçando dissociarse em coisas autônomas não relacionadas Na linguagem de Leibniz, os eventos contingentes do processo espaciotemporal (coisas, choe) tornaramse o ob jeto de interesse dos phyicien, enquanto a relação tensional das coisas com seu Além, com o Deus Único dos teólogos, tendo se tornado questionável, necessita de uma ressimbolização construtiva por meio dos esforços de ua ciência chamada métaphyique. Operando nesse meio misto de visão, símbolos formadosdeformados e análise genuína, Leibniz, falando no papel do metafísico, propõe preservar a unidade do processo único da realidade única "usando o grand principe, co mumente pouco empregado, de que nada acontece sem razão suciente, isto é, de modo que alguém que esteja sucientemente familiarizado com as coisas [qui connatrait aez le choe] não possa oferecer uma razão pela qual tenha acontecido dessa maneira e não de outra Se o princípio for assumido e aceito (poé), surgirão duas questões (a) "Por que há algo em vez de nada? e (b) assumindose que as coisas têm de exstir, "Por que existem como existem, e não de outro modo? (PNG 7. Essa razão suciente para "a existência do uiverso não ser ncotrada a quêcia das coias contingentes, isto é, nos corpos corp] e em suas representaçõs nas almas [âme]", pois no movimento da "matéria não se pode encontrar nem a razão do movimento nem a razão de um movimento especíco; cada movimento presente pode nos remeter indenidamente para trás ao seu precedente como sua causa, permanecendo sempre a mesma a questão básca A razão suciente que não necessita de uma outra razão será encontrada numa substância além da sequência material (hor de cette uite de choe contingente), numa sustância que é a sua causa, numa substância que é "ser necessário, trazendo em si a razão de sua existência . . . ] Essa razão última das coisas é chamada de Deus (PNG . Na exposiçã do princípio, esforceime por preservar tão elmente quan to possível a complicada linguagem da fonte, consistindo essa complicação na evidência histórica do declínio da luminosidade para a intencionalidade que a linguagem dos lósofs sofreu depois de cerca de 1700 dC Como no caso de Hegel, portanto, os seguintes comentários analíticos não devem ser entendi dos como críticas dirigidas contra Leibniz, mas como uma tentativa de escla recer o modo do inconsciente público prevalecente em sua época, um modo do qual o grande pensador não pôde escapar, embora tenha resistido a ele 104
Ordem históa
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Em sua estrutura ndamental, o grand príncipe não difere da visão hesió dica da realidade. A visão, se usarmos o termo no sentido platônico, é a consciência de participar de um ém da realidade coisa formativo ao parthar da estência corpórea no processo espaciotemporal; e a visão, nesse sentido, ani ma o argumento de Leibniz, e, inclusive, anima tão intensamente os seus últimos ensaios que não seria exagero classicálos na história da visão como um equivalente "moderno da criação meditativa de um santo medieval com incli nações empiristas, do Itinerarium mentis in Deum, de São Boaventura. Contu do, algo ocorreu à estrutura da consciência, o algo que ocasiona os símbolos, surgindo imaginativamente da metaxy experiencial da existência, a ser aplanada em nomes de objetos; a experiência das coisasdeus ainda é a questão que necessita ser expressada, mas a inguagem dos deuses está se inclinando para uma linagem as coisas, das coisas que ameaçam desintegrarse de uma ma neira não divina. Acima de tudo, o símbolo "Deus padeceu muito. mistério de uma realidade que é experimentada como uma epifania de estruturas signicativa, o signicado do todo, porém, não sendo dado, á que seu Princípio e seu Fim são desconhecidos; o mistério de uma realidadeIsso que é experimentada como o Além não experienciável de toda a reaidadecoisa e, todavia, como a Presença abrangente nea; o mistério que faz que toda as estórias signicativamente estruturadas no interior do processo sejam expermentadas como subestórias da etória abrangente; o mistério do DeusUno que evoca a questão platônica "Quem é esse Deus? esse mistério encontrou agora uma resposta extraordinária: esse Deus é a "razão suciente para uma mente hu mana em busca de uma explicação causal das coisas. A "razão das coisas su ciente última é uma substância ou coisa que traz avec soi a razão de sua existência. rand mystre tornouse o grand príncipe, uma informação bem conhecida por um metafísico que conhece o seu trabao, por um conhecedor das choses, um perito em todas as "coisas das quais Deus é uma. A deformação do símbolo Deus não está ligada a uma anáise de resto sóli da, e, potanto, não se deve deixála passar em silêncio, pois ela é sintomática de um movimento na consciência para transformar os símbolos em conceitos mediante o esquecimento imaginativo do contexto experiencial do qual surgem, uma tendência que afeta o ensaio como um todo. A tendência se torna inteiramente manifesta nas obseações sobre a questão do goNada, imediatamente seinte ao estabelecimento do próprio princípio. Uma vez que o princípio é posto e aceito, prossegue Leibniz, cetas pergntas têm o direito (droit de ser formuladas, a primeira delas a famosa indagação: "Por que existe
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algo em vez de nada?. direito da pergunta é sustentado pelo argumento experiencial de que "o nada é mais simples e mais fácil que o algo. Emora na visão de um Êsquilo "tudo o que é divino é sem labuta, o Deus de Leibniz parece ser uma personalidade que pode fazer que o universo exita, uma atividade que parece requerer algum esforço, ou tomar a via mais fácil de não fazer abso lutamente nada, uma formulação de escoa que leva alguém a ndagar por que o Deus que "traz avec i a razão de sua existência não teria escoido a saída ainda mais simples de tais decisões não sendo a caua ui, a solução simples de, antes de tudo, não causar a si mesmo. Esse extraordinário argmento experien cial provoca certa reexão distanciadora: diferentemente do Deus de Leibniz, eu, de minha parte, considero mais fácil fazer algo do que sentar e não fazer nada; essa conclusão, no entanto, se complica devido à experiência de que, às vezes, quando estou fazendo algo, sinto que não estou fazendo nada, como quando me entrego a divertiement no sentido pascaliano; mas, além disso, mesmo quando sinto que não estou fazendo nada quando estou fazendo algo, como por exemplo agora, escrevendo esta ase, mesmo assim minha mente não estará paralisada em paz devido à certeza de estar fazendo algo em vez de nada, pois minha ação é perturbada por dúvidas acerca de se a estória meditativa que estou produzindo é, dentro dos limites de minha existência humana, verdadeiramente a subestória da estória abrangente que se empenha em ser. Antes da época de Leibniz a prática daquilo que pode ser chamado de metafísica conceituamente sistematizante havia de fato divergido amplamente da análise notica e seu reconhecimento dos mistérios da ralidade. grau de esquecimento imaginativo envolvido nas observações de Leiniz será mais claramente apreendido ao confrontáas com a análise da mesma questão no já mencionado Itinerarium menti in Deum It.) . São Boaventura está ciente de que o Nada ou o NãoSer nonee) é uma privação do Ser e de que, uma vez que não se pode reconheer uma privação a menos que se conhe ça aquilo de que é a privação, o conhecimento do Ser é primário. NãoSer non-ee] é a privação do Ser ee], ele não pode se introduzir no intelecto senão por meio do Ser; o Ser, contudo, não pode se introduzir por meio de nada que não ele mesmo. [ . ] NãoSer só é inteligível por meio do Ser. [ . . . ] Esse Ser é o Ser divino It., V, 3 ). Na análise do santo, não há experiência primária das "coisas contingentes, do "Ser particular que é o Ser restrito, pois o reconhecimento da contingência implica a experiência da efetividade nãocontingente; a tensão experimentada na realidade entre o Além divinamente formativo e sua Parusia nas estruturas contingentes do processo espaciotem
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poral não deve ser rompida, ou os polos da tensão se tornarão entidades autô nomas. Ademais, o santo está ciente da fonte do esquecimento imaginativo, que, entretanto, induz à ruptura: "É estranha a cegueira do inteecto que não considera acima de tudo priu] o que vê, sem o que não pode conhecer nada. Mas, assim como o oo concentrado nas várias diferenças de cores não vê a luz em virtude da qual vê as outras coisas entia], e, se a vê, não se dá conta, do mesmo modo o olho de nossa mente, focado nos seres particulares e univer sais entia], não se apercebe do próprio Ser, que está além de todos os gêneros, embora ele venha primeiro perante a mente e, por meio dele, todas as demais coisas (It, V, 4 ) 1 2• O confronto é instrutivo. São Boaventura está mais próximo das noções compactas de Hesíodo que Leibniz. As coisasdeus, é verdade, diferenciaramse no DeusUno que é Ser e nas cosas que são NãoSer, mas os polos da tensão não se desintegraram. Pelo contrário, a diferenciação paralela do intellectu meditativo como o lugar originador da experiência torna possíve esclarecer a junção dos polos na tensão: não há experiência autônoma das coisas; as coisas são tensionalmente experimentadas como "Ser restrito, e não pode haver experiência de privação de coisas como o NãoSer sem a experiência do Ser do qual constitui uma privação. Os símbolos meditativos do santo, movendose no contexto diferenciado da tradição platônica e cristã, expressam de modo equivalente a aura coisal dos deuses e a aura divina das coisas do poeta. Entretanto, embora a linguagem de Hesíodo esteja repleta das ambiguidades de uma diferenciação emergente, a linguagem de São Boaventura tem um toque defensivo induzido por uma percepção das fendas deformadoras que amea çam as formações alcançadas e que se ampliarão no turo. A distinção radical do Ser e do NãoSer, substituindo o simbolismo platônico de um Além formativo e sua Parusia na realidade formada, salienta tão fortemente a eminência formativa do Além na tensão experimentada da realidade que ela adquire um monopólio ôntico que não pode ser sustentado no curso da análise; o "Não Ser não pode evitar se tornar sinônimo de "Ser restrito, e "Ser restrito, em bora não o ipum ee do Ser, é, anal, alguma espécie de Ser. A nova ambiguidade, ao que parece, tem de ser entendida como a consciência de uma tentativa de prevenir uma ameaçadora ruptura do paradoxo da consciência: uma incli 2 As ciações do Itinerrium são raduções de oegelin do exo laino em Works of Sint Bonenture ed Poeus Boener F M Sr M Frances Laughlin S M C. 2 Itine rrium mentis in Deum New York 1956 82.
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nação publicamente perceptível a identicar a realidadecoisa com o Ser é compensada pela conciliação do monopólio do Ser com a realidade abragen te. O que o santo quer evitar é a potencial transformação da realidadecoisa no Ser e, de modo corrspondente, do Ser divino no NãoSer, isto é, a potencial deformação que se tornou efetiva no desenvolvimento do inconsciente público entre o século XVIII e o século X Essa iterpretação é conrmada pela análise feita por São Boaventura do potencial de deformação no intellectu, no Nou. O intellectu é exposto à doença da cegueira, caecita intellectu, manifestandose no fenômeno patológico do esquecimento imaginativo.
§4 Lembrança da realidade
Nos limites de sua própria linguagem, a ambiguidades desse tipo não po dem ser convertidas em declarações sem ambiguidade. Elas só podem ser entendidas historicamente como fenômenos procedentes das tensões entre a ex periência existencial, a exegese analítica e a simbolização imaginativa nu estágio especíco da mitoespeculação. Os próprios símbolos dominantes, porém, embora causem as ambiguidades devido à sua falta de articulação analíti ca, são eminentemente luminosos. De fato, o verso hesiódico sobre as "coisas que são, que serão e que já foram antes é uma resposta tão sensível ao mistério da formação divina em toda a realidade que se toou como que ua constante catalítica na simbolização da experiência ao longo de milênios de diferenciação. Alguns exemplos representativos iluminarão a nção milenar do simbolismo.
Do vidente ao canto (Homeo-Hesíodo)
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O alcance temporal total do simbolismo não pode ser determinado com certeza, pois seu aparecimento na Teogonia já constitui um evento no proces 1 3 oegelin não chegou a completar essa expansão da seção precedente "A Mnemosine de Hesíod o Por conseguinte ele ão proveu a transição apropriada que removeria a repe tição aqui de duas sentenças do início de "A visão hesiódi ca da realidade Para as "ambigui dades mencionadas na reetição aqui das duas sentenças o leitor pode rerescar sua memória revendo a discussão de oegelin de "certos problemas de simbolização ligados à linguagem compacta de Hesíodo às páginas 9799 acima C também "Quod Deu s Dictur in W xii 376394
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