O Teon

September 24, 2017 | Author: Fernando Meyer | Category: Marriage, Mind, Love, Death, Time
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O Teon

Profissão de fé: “Testifico que aceito o Teon como guia, creio em seus fundamentos e irei me empenhar ao máximo para cumprir as práticas que formam seus alicerces.”

Fundamentos: 1º. O äksha é o estado desejável, e em sua ausência devemos buscá-lo. 2º. Todos os seres estão interconectados na rede Yd. 3º. O äksha pode ser mais facilmente atingido no seio do kïne. 4º. É possível e altamente desejável que todos sintam o äksha. 5º. O sofrimento advém do apego, mas nem todo apego engendra sofrimento. 6º. Todos os seres morrem, mas é possível viver eternamente, através de feitos e obras, na memória das pessoas. 7º. Alguns problemas que impedem o äksha podem ser solucionados com a mente atenta (atanat), outros com a mente dispersa (anatat). 8º. A religião começa na mente, mas se concretiza nas palavras e ações. 9º. Não há doutrina superior à verdade, nem mesmo esta.

Os alicerces teonistas: 1º. Celebrar o ëalin. 2°. Praticar o lumë. 3º. Pagar o zik. 4º. Trilhar o Caminho. 5º. Cumprir o näue.

Os passos do Caminho:

1. Ama a paz, a alegria e a beleza. 2. Sê cortês e benevolente. 3. Evita causar danos materiais ou físicos. 4. Evita a má língua e o julgamento apressado. 5. Dentro do possível, faz o que desejas. 6. Empenha-te em cumprir a palavra dada. 7. Mantenha a tua integridade e a do teu kïne. 8. Que haja justiça com imparcialidade, mas que haja tolerância. 9. Usa a razão, reflete antes de agir. 10. Procura conhecer-te, sê sincero contigo mesmo. 11. Por mais que tu saibas, evita ser pretensioso e procura saber mais. 12. Evita tomar companheiros dentre os cruéis, os injustos e os que te fazem mal.

O Teon 1 Akshalindäle! Que a paz e o äksha prevaleçam!

1

Quem quer que se sinta realizado ou satisfeito, aquele que experimenta uma

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alegria plácida na presença de amigos, quem vivencia prazeres intensos, está mergulhado em äksha. Äksha provoca a sensação de bem-aventurança, de se estar no local e momento

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corretos, o desejo de que a situação não mude. Tal estado de espírito é äksha. O äksha se manifesta de diferentes formas, do bem-estar silencioso ao gozo

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selvagem, e é sempre intenso, mesmo quando é calmo, e é sempre suave, mesmo quando é avassalador. Äksha é plenitude. Quem está em äksha se sente completo.

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O äksha é o estado desejável, e em sua ausência devemos buscá-lo. Este é o

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primeiro fundamento. Aquele que se lamenta pelo seu estado atual deve primeiro olhar para seu

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passado, e depois para aqueles que estão à sua volta. Estamos todos interconectados, tais como fios em uma rede, complexa e

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inacabada, ainda em construção. O que fazemos agora afeta os que estão próximo a nós, e o futuro deles, e o

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nosso futuro, e conforme as ações dos que estão próximo a nós, poderá haver mudanças em nosso futuro, e no futuro deles. O que fazemos agora pode afetar aqueles que estão muito distante de nós, de

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maneiras insuspeitadas. Uma ação presente pode reverberar por séculos. E uma ação de séculos anteriores pode alterar nossas vidas no futuro. O

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interesse sexual de um indivíduo há um milênio pode ter permitido, há algumas décadas, o nascimento da pessoa que mais amamos hoje. Este emaranhamento é chamado de Yd.

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Todos os seres estão interconectados na rede Yd. Este é o segundo

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fundamento. Por conseguinte, devemos ponderar nossas ações e refletir antes de agir, para

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tentarmos antever a repercussão de nossos atos sobre aqueles mais próximos, o nosso kïne. Ainda assim, a consequência de nossas ações é frequentemente imprevisível,

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devido à complexidade de Yd. O kïne de um indivíduo é formado por aqueles que lhe dão maior júbilo, os

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mais próximos de seu coração. 17

O kïne é a verdadeira família, a extensão da própria pessoa, e pode ser

formado por parentes, amigos ou cônjuges, embora nem todo companheiro ou familiar esteja nele. Entra-se em um kïne não por acordos contratuais ou fortuitas relações

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sanguíneas, mas pela afeição sincera e mútua. Se alguém está em nosso kïne, então também estamos no seu. 19

No Yd, nossas ações repercutem mais intensa e prontamente nos fios de nossas

almas irmãs. Portanto, devemos zelar mais pelo nosso kïne do que por outros, e pensar nele em primeiro lugar. O Äksha pode ser mais facilmente atingido no seio do kïne. Este é o terceiro

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fundamento. 21

Procuremos então nos mantermos próximos a ele.

Prazer gera prazer, compartilhar alegria é multiplicá-la.

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É possível e altamente desejável que todos sintam o äksha. Este é o quarto

fundamento. O Äksha pode ser alcançado pelo indivíduo solitário, mas é sempre mais pleno

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quando ocorre na presença de um ser amado. Quanto mais pessoas no mundo o sentirem, mais facilmente poderá ser alcançado. 25

O ódio e o rancor de um podem provocar a ruína de muitos.

Mas a alegria, o amor e o prazer podem exterminar o ódio e o rancor, tal como

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a luz que mitiga a penumbra, pois esta não pode se sustentar em sua presença.

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Não se conserva o estado de äksha de forma contínua, pois nada permanece

inalterado indefinidamente. Sofremos quando desejamos que nossos corpos fiquem sempre jovens, ou que

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as pessoas que amamos estejam sempre conosco. Apegamo-nos e desejamos que certas condições nunca mudem. 29

O sofrimento advém do apego, mas nem todo apego engendra sofrimento.

Este é o quinto fundamento. Podemos nos apegar a algo ou a alguém por longo tempo, até deixarmos esta

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vida, sem que isto nos traga qualquer infortúnio ou dor. 31

Quanto menor o apego, menor a possibilidade de sofrimento. Mas em última

instância, cabe a nós discernirmos quando o apego será recompensador e correr os riscos que provêm dele. O sofrimento é reduzido com a consciência da transitoriedade das coisas, em

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especial com a consciência da morte. 33

Todos os seres morrem, mas é possível viver eternamente, através de feitos e

obras, na memória das pessoas. Este é o sexto fundamento. O esquecimento é uma segunda morte. A lembrança perpétua é imortalidade.

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O sofrimento e a preocupação diante dos problemas são as barreiras que

impedem o äksha, e se elas nos parecem intransponíveis, devemos nos recordar de que a busca do äksha sempre é possível, e não há dificuldade que não possamos tentar contornar. Quando o desespero e a desesperança nos abatem, em geral é por estarmos

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com a mente aprisionada no passado ou no futuro. 37

Muitas vezes, poderíamos encontrar a solução se empregássemos o estado

mental conhecido como atanat. Atanat é a mente atenta. É a concentração plena no presente momento.

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Atanat é a consciência do que estamos fazendo, do local onde nos

encontramos, neste exato instante. Atanat é o estado mental eficaz contra a preocupação.

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Quando festejamos, ou desfrutamos de algo prazeroso, temos a sensação de

que as horas se esvaem como areia entre os dedos. A rapidez com que os momentos prazerosos passam é a indicação de que não

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estamos sabendo aproveitá-los. Não estamos saboreando-os, extraindo o máximo deles, por não estarmos com nossas mentes focadas no ato de desfrutar. Isto só pode ser alcançado com atanat. 43

Há um momento para nos concentrarmos e há um momento para a dispersão.

Os momentos de tédio, de bloqueios na criatividade e quando percebemos o

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lento vagar do tempo são provocados por usarmos a mente concentrada quando não deveríamos. 45

Anatat é a mente dispersa, que permite o livre fluxo de pensamentos, sem os

reprimir nem os organizar. É o momento das ideias que germinam sem esforço, das reflexões que surgem sem serem convidadas. É comum, após anatat, surpreendermo-nos com o local ou as pessoas ao nosso

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redor, por termos esquecido como chegamos aonde estamos. Está presente também no desregramento dos sentidos, quando nos autorizamos o excesso por vezes salutar. 47

Alguns problemas que impedem o äksha podem ser solucionados com a

mente atenta (atanat), outros com a mente dispersa (anatat). Este é o sétimo fundamento. Assim esclarecemos a doutrina do Teonismo. Devemos passar à sua prática.

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Pois todo religioso, para ser virtuoso, deve contar com bons pensamentos,

boas palavras e boas ações A religião começa na mente, mas se concretiza nas palavras e ações. Este é o

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oitavo fundamento. 51

E aquele que lê estes versos, que julgue e pondere por si mesmo.

Não há doutrina superior à verdade, nem mesmo esta. Este é o nono

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fundamento.

2 Há cinco práticas que constituem os alicerces da religião, e o teonista que as

1

observar com maior zelo será aquele que melhor exerce sua religiosidade. Os alicerces são: celebrar o ëalin, praticar o lumë, pagar o zik, trilhar o

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Caminho e cumprir o näue. O ëalin é um momento reservado para celebrarmos a vida e nos deleitarmos

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com a presença de nossos companheiros. Para executá-lo, é necessário passar no mínimo duas horas com um ou mais

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membros do kïne, e é imprescindível ter a intenção de fazer do encontro um ëalin. Não se deve falar em problemas ou executar atos desagradáveis, e sim manter todas as condições para que o äksha seja sentido por todos. É altamente recomendável fazer o simbel, que consiste neste ritual simples:

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enche-se um cálice ou copo com uma bebida do agrado de todos. Se não houver consenso, esta deverá ser suco de uva tinto não fermentado. Cada participante pega o cálice, faz um brinde desejando algo positivo aos presentes, bebe um gole e passa o recipiente para que a próxima pessoa possa fazer o mesmo. Depois que todos tiverem bebido, deve-se fazer mais duas rodadas de maneira análoga, reabastecendo o conteúdo do cálice quando necessário. O simbel é obrigatório se em um ëalin todos os presentes são teonistas.

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O ëalin deve ser celebrado toda semana, entre o nascer do sol de sexta-feira e o

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surgimento da aurora no domingo. Pessoas doentes ou com a capacidade de locomoção restrita por alguma razão

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estão dispensadas deste preceito. Aqueles que não possuem um membro do kïne na localidade devem celebrar o

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ëalin procurando fazer uma amizade, no mesmo momento e pela mesma quantidade de tempo que se celebraria o ëalin tradicional. O lumë é a prática da individualidade introspectiva. Para executá-lo, deve-se

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se afastar de todas as pessoas conhecidas, sentar-se ou se deitar em um local confortável e deixar a mente trabalhar de forma livre, sem fazer nada deliberado.

Por vezes, o estado mentado em lumë é atanat, noutras vezes é anatat, ou

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ainda ocorre uma alternância entre os dois, não há um que seja mais adequado do que outro. É recomendável que o lumë seja praticado em um lugar aberto, onde se possa

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apreciar belezas naturais, nem que seja o ceú diurno ou noturno. O ideal é fazêlo onde não se vá rotineiramente, se for possível. O lumë deve ser feito uma vez na semana, por pelo menos meia hora, de

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preferência aos domingos. Quem não puder fazê-lo em um local aberto, que o faça onde puder. Quem

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estiver impossibilitado de praticá-lo no domingo, que o faça em outro dia, o mais breve possível. Aquele que não tem condições de praticá-lo em nenhum momento, deve se

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concentrar em criá-las. Além disso, o lumë pode ser feito sempre que se considerar desejável.

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Zik significa compartilhamento, e deve ser pago pelo menos uma vez por mês.

Para pagá-lo, devemos gastar uma parte de nossos recursos para ajudar no

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mínimo uma pessoa de fora do kïne. Pode-se doar dinheiro, mão-de-obra ou conhecimento, em prol dos que estejam necessitados. 19

Para que o preceito seja cumprido, é necessário envolvimento pessoal com o

indivíduo que receberá o zik. Deve-se conhecê-lo, saber do seu problema diretamente e ver como o zik melhorou sua situação. Ajudas impessoais também são louváveis, mas não contam como zik. Mesmo estando em dificuldade financeira, e mesmo que se receba zik de

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outros, a pessoa deve pagar o zik, da forma que puder. 21

Indivíduos em dificuldades extremas, que não podem contribuir de nenhuma

maneira, estão dispensados de pagá-lo. Fazendo isto, ajudamos a promover o äksha, e apenas quem o cumprir

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regularmente saberá quão gratificante o zik pode se tornar. 23

Dentre os alicerces, o Caminho é o mais grandioso e trilhá-lo é o ato mais

louvável.

Devemos percorrê-lo paulatinamente, cada passo dado é considerado uma

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conquista. 25

Muitos dos dissabores da vida surgem como consequência do desvio em

algum ponto do Caminho. Observemos seus doze passos:

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Um. Ama a paz, a alegria e a beleza.

A paz é o bem supremo. O cultivo do belo é uma fonte inesgotável de äksha.

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Dois. Sê cortês e benevolente.

Procura evitar as palavras ríspidas, ensina com paciência, sê grato. Se não

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sabes se quem está diante de ti é amigo ou inimigo, escolhe primeiro o trato gentil. Sê demorado em irritar-se com desconhecidos, e cem vezes mais demorado em irritar-se com familiares e amigos. 31

Três. Evita causar danos materiais ou físicos.

Tirar deliberadamente a vida de um ser humano é a maior das abominações.

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Mesmo em legítima defesa, procura ao máximo preservar a vida, e que a morte seja o último recurso. 33

Não agridas o corpo nem a mente. Castigo corporal jamais será educação. Não

te envolvas em brigas, não lutes a menos que seja para preservar tua própria integridade e a daqueles a quem amas. Coerção é violência, respeita a vontade alheia.

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Não tomes o que não te pertence, não sejas indolente com a propriedade dos

outros, preserva o patrimônio coletivo. Evita matar os animais desnecessariamente, jamais os maltrates e não confies

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em quem é cruel com eles. 37

Quatro. Evita a má língua e o julgamento apressado.

Evita apontar defeitos, mas se for imprescindível, que seja feito de modo

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benevolente. Procura em ti mesmo, por três vezes, o erro que denuncias em outro, pois quem aponta um dedo para alguém, aponta três para si próprio.

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Quem profere calúnias semeia a própria infelicidade. A zombaria é uma das

formas mais abjetas de crueldade. Evita as discussões tolas, acaloradas ou agressivas.

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Aquele que prejudica seus semelhantes é digno de reprimendas, e não aquele

que meramente age de forma diferente. Não agir conforme a tua vontade não é razão suficiente para condenar alguém.

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Cinco. Dentro do possível, faz o que desejas.

Tudo o que não causa danos ao próximo é lícito. Siga tua vontade e o conselho

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dos sábios, não a opinião das massas. 45

Que tua religião sirva para libertar tua mente, não para agrilhoá-la.

Seis. Empenha-te em cumprir a palavra dada.

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Uma vez que tenhas feito uma promessa, é teu dever mobilizar todos os

recursos possíveis para honrá-la. Palavra dada é palavra cumprida. Sete. Mantenha a tua integridade e a do teu kïne.

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Afasta-te dos que querem te prejudicar e defenda a ti mesmo e aqueles a quem

amas, caso sejais atacados. Oito. Que haja justiça com imparcialidade, mas que haja tolerância.

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Que a justiça seja aplicada a todos, que não haja privilegiados. Presta o

testemunho correto, ainda que seja contra quem amas, ou contra ti mesmo. Mas lembra que o arrependimento é possível e o perdão preferível.

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Compadece-te dos que sofrem, apieda-te dos miseráveis e proscritos. 53

Nove. Usa a razão, reflete antes de agir.

Procura a companhia dos sábios. Aconselha-te com pelo menos um membro

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do teu kïne. 55

Espera um dia ou mais antes de tomar decisões importantes.

Não aceites o que escandaliza tua razão.

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Dez. Procura conhecer-te, sê sincero contigo mesmo.

Onze. Por mais que tu saibas, evita ser pretensioso e procura saber mais.

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Valoriza tuas habilidades, mas sem arrogância.

Sê o primeiro a respeitar-se, pois o respeito alheio é corolário do respeito

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próprio. Mas lembra que sempre podes aprimorar-te. 61

Não julgues a destreza e a capacidade de alguém por sua aparência.

Que o aprendizado seja sempre uma prioridade.

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Doze. Evita tomar companheiros dentre os cruéis, os injustos e os que te fazem

mal. Aquele que anda com o iníquo aprende seus modos sem o perceber. Se

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descobrires que alguém do teu convívio conspira contra ti, aparta-te dele de imediato. 65

O último dos alicerces é o cumprimento do näue, que deve ser feito

diariamente. Para tanto, deve-se experimentar ou fazer algo novo, nunca vivenciado antes,

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quer seja ricamente elaborado ou bem simples, isto é indiferente. Pode-se experimentar um prato desconhecido, tomar um caminho inexplorado para casa, conhecer uma pessoa ou local. 67

Para que o näue seja cumprido, deve-se fazê-lo com a intenção de satisfazer o

preceito, e pronunciar “akshalindäle” antes de executá-lo. Para quem o observa costumeiramente, deixar de cumprir o näue pode ser

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uma forma de cumpri-lo.

3 Todos os teonistas são convertidos.

1

Não é possível ser criado nesta religião, ou ser coagido. Ela deve ser uma

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escolha racional, livre e pessoal do indivíduo. Quem quiser se converter deve aceitar seus fundamentos e concordar com seus

3

preceitos. Então deve-se se sentar e dizer em voz alta, se possível, a profissão de fé, com convicção. Eis a profissão de fé: “Testifico que aceito o Teon como guia, creio em seus

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fundamentos e irei me empenhar ao máximo para cumprir as práticas que formam seus alicerces”. Aquele que fez a profissão de fé livremente e com consciência do seu

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significado, uma vez na vida, aceita os fundamentos e pratica os alicerces, é teonista. Quem quiser se casar na religião deve cumprir os seguintes requisitos: cada um

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dos noivos deve ser teonista; ser solteiro, divorciado, viúvo ou ter a autorização para casar dada, com pleno consentimento e consciência, por seus cônjuges; estar em idade legal para o casamento ou ter a autorização escrita do responsável legal; e estar disposto ao ato por vontade própria, plenamente consciente, sem coerção. 7

Não há, para os noivos, restrições quanto ao sexo, nacionalidade ou quaisquer

outras, desde que cumpram os requisitos. O noivado começa com a troca do anväe.

8

O anväe é um conhecimento ou técnica, de cunho prático ou artístico, ainda

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desconhecido por um nubente e que lhe será ensinado pelo outro. O anväe é considerado um presente mais duradouro do que objetos materiais,

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pois perdurará enquanto a pessoa souber executá-lo. O casamento não poderá ser consumado se algum dos noivos esquecer seu

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anväe.

No dia do casamento, duas testemunhas adultas devem ser chamadas. Em sua

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presença, cada noivo declara: “Eu te aceito, (nome), com plena consciência e pela minha vontade, como meu/minha esposo/esposa”. O casamento é então consumado com o beijo dos cônjuges.

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A troca de alianças ou de outros presentes materiais é permitida.

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Em seguida, deve haver uma celebração, mesmo que simples.

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Para desfazer o casamento, o indivíduo deve, na presença do cônjuge,

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comunicar-lhe sua intenção verbalmente ou por escrito, repetindo três vezes a frase: “Quero me divorciar de ti, (nome do cônjuge ao contrário, da última letra do último nome até a primeira letra do primeiro nome)”. E isto basta para o divórcio. 17

O casamento não deve ser feito por leviandade. Que os recém-casados sejam

agraciados com a bênção da intimidade e do companheirismo, e se lembrem que o que une os corações é o amor, e não cerimônias e papéis. Há quatro festas tradicionais no teonismo, e sua celebração é opcional.

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Para celebrá-las, é obrigatório a presença de comida, bebida e música. Dança é

altamente recomendável. Deve ocorrer em um local harmonioso, do qual os convivas saiam sentindo-se bem. A primeira delas é o Asbä, no primeiro sábado a partir do equinócio de março,

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primaveril ou outonal. 21

A segunda é o Dia de Arien, comemorada oitenta e quatro dias depois, em

junho, preferencialmente a céu aberto. A terceira é Ashnat, no dia treze de setembro.

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A última é Elenash, celebrada nos dias sete, oito e nove de dezembro. Deve

haver festa nos três dias, e é costume haver troca de presentes. Os que desejarem comemorar algum acontecimento marcante podem fazer um

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ealöh, celebração que cumpre as mesmas condições para as festas. 25

No teonismo não há rituais funerários. Quem quiser honrar uma pessoa

falecida pode seguir este costume: pagar sete zik adicionais, dedicando cada um à memória daquele que morreu.

Outro costume: um membro do kïne da pessoa falecida, a qualquer momento

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a partir da constatação do óbito, pode oferecer um ealöh em memória dela, desde que isso não perturbe a família ou o restante do kïne. Neste ealöh, devese dar preferência aos pratos e músicas que agradavam o homenageado, relembrar seus bons feitos e falar nele com carinho. 27

É considerado um dever sagrado prestar ajuda a um amigo de luto e respeitar

seu pesar. Três ou mais teonistas podem se reunir em um grupo organizado, chamado de

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kamäla, para o estudo e a prática da religião. 29

A kamäla deve possuir um espaço onde seja possível a troca de ideias

filosóficas e religiosas, a celebração de festas e ealöh e a execução de outras atividades. Neste local deve haver também a divulgação de conhecimentos edificantes e a

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promoção da cultura e da arte. 31

Cada kamäla é independente e se organiza da maneira como aprouver a seus

integrantes. Uma kamäla pode, quando desejar, praticar o huilien, atividade participativa

32

em grupo. 33

No huilien, a kamäla se reúne onde seja considerado apropriado. Um

integrante é responsável por guiar a atividade. Ele irá apresentar um projeto para ser executado pelo grupo. Dará a cada um esclarecimentos e instruções, de modo que todos possam, juntos, realizar o projeto proposto. Outra maneira de fazê-lo é, ao invés de projetos, um integrante apresentar um

34

problema e algumas sugestões de solução. O grupo então debate, organizadamente, qual é a melhor sugestão ou propõe outras. Todos devem ter voz e a discussão prossegue até que um consenso seja atingido. Após isso, a kamäla, conjuntamente, executa a solução encontrada e resolve o problema. 35

Se a kamäla for grande, recomenda-se a formação de subgrupos para a prática

do huilien. Independente da forma como seja feito, em um huilien todos os presentes

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devem contribuir para a realização do projeto. A atividade proposta deve ser agradável e ninguém pode ficar sobrecarregado.

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Não busques fazer prosélitos, nem tentes impor tua religião, mas esclarece

aqueles que te procuram para saber mais sobre ela. Quando dois teonistas se encontrarem, que se cumprimentem com

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“Akshalindäle!” ou apenas “Lindäle!”, podendo se despedir da mesma maneira. É considerado cortês, quando expressar ou ouvir um planejamento ou desejo, dizer a expressão “Akshäla”, que tem o significado de “Que tudo dê certo!” ou “Que a sorte me/te seja favorável!”. 39

O calendário teonista considera 1764 e.c. como o ano 1 a.t. (ano teonista). Os

anos anteriores são contados pelos anos que faltam para 1764 e marcados com o sinal de negativo. 1763 e.c. é o ano -1 a.t. O vanah é um símbolo para representar o teonismo e ajudar seus praticantes a

40

se reconhecerem. 41

Que o vanah esteja na capa do Teon e no local de reuniões de cada kamäla.

Lembra-te que não se pratica a religião apenas na kamäla.

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Pratica-se a religião no trato com teus semelhantes, nas ruas e enquanto

trabalhas. Pratica-se a religião quando estás sob a chuva, quando sentes o calor tenro da

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luz da manhã ou escutas a música do vento entre as árvores. Ou quando te apavora a certeza da morte, maravilha-te a precisão dos astros ou quando te fundes com a imensidão do mar. 45

Tu te tornas religioso no momento em que tomas consciência do próprio

corpo, e percebes que ele vibra, ressoa e oscila e o faz porque está vivo. Então, em um átimo assombroso, tu te lembras que a vida é sagrada, e por isso teu corpo é sagrado e que a vida de teus semelhantes é sagrada, pois seus corpos são iguais ao teu. Aprende que todos os preceitos cumprir-se-ão quando estiveres feliz, e que

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isto ocorrerá quando tiveres levado a felicidade a quem tu amas. 47

E quando entenderes que tudo o que existe pode ser bom e que o impulso que

te move é puro, então poderás viver a religião, ao invés de meramente praticála.

O äksha é uma intrincada mistura de sensações, um estado de espírito

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alcançado pelo desfrute dos prazeres mais simples e puros. Fora dele, somos consumidos pela necessidade de encontrar um sentido para a vida. Nele, o próprio sentido da vida deixa de ter importância. Não pensamos mais, e sim experimentamos a felicidade de forma absoluta, e nos sentimos plenos. Por isso, nossa própria natureza nos compele a buscá-lo, e tal busca é a nobre missão a ser empreendida pelo teonista, em prol de si mesmo e de todos que estejam ligados a ele. 49

Akshalindäle! Que a paz e o äksha prevaleçam!

Nota sobre a pronúncia: Entre parênteses há sugestões para a pronúncia: äksha (áquixa), Yd (id, com pronúncia breve e seca do “d”), kïne (quíne), lumë (lumê), näue (náuê, “na” é sílaba tônica), atanat e anatat (não se deve nasalizar o “a” que precede o “n”, e a sílaba tônica é a última; assim, a-ta-nát e a-na-tát), simbel (símbel, o “l” deve deve ser pronunciado distintamente, e não como um “u”), lindäle (lindále, o “e” deve ser pronunciado como “ê” e não como “i”), asbä (asbá), Arien (árien), anväe (anváe, o “e” deve ser pronunciado como “ê” e não como “i”), ëalin (êalin, o “i” não deve ser nasalizado), ealöh (ealórr, o “h” deve ser pronunciado como “rr” em “carro”), huilien (rúilien), kamäla (camála, o “a” não deve ser nasalizado), vanah (vanárr, o “a” não deve ser nasalizado e o “h” deve ser pronunciado como “rr” em “carro”).

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