O QUE É FILOSOFIA E PARA QUE SERVE - FICHAMENTO

March 21, 2019 | Author: Caroline I. S. Freitas | Category: Wisdom, Aristotle, Ciência, Thought, Empiricism
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FICHAMENTO DE CITAÇÕES TEXTO: O que é a filosofia e para que serve REFERÊNCIA: IGLÉSIAS, Maura. O que é a filosofia e para que serve. In: REZENDE, Antonio. (org). Curso de Filosofia. Jorge Zahar Ed. R.Janeiro, 1991. cap. 1.

CITAÇÂO 1 “...filosofia tem a ver com uma forma de saber  —   —  e que não é um saber qualquer: não é, por  exemplo, um “saber que o fogo queima”, ou um “saber nadar”, ou um “saber plantar”, ou um “saber fazer vestidos”, por mais úteis e até mesmo indispensáveis que sejam todo s esses tipos de saber. “Filosofia” “Filosofi a” tem, mesmo no n o seu se u sentido sen tido lato, uma ligação l igação com um saber que se

 percebe como sendo mais relevante, relativo a coisas mais fundamentais, embora menos diretamente úteis, que um simples saber empírico, ou que um saber ligado a produções de ) coisas indispensáveis para a sobrevivência.” (p.

COMENTÁRIO O termo filosofia poder designar , um “saber acerca das coisas”, é a filosofia entendida como conhecimento intelectivo (no sentido mais amplo desses termos) acerca das coisas (abrangendo entre as coisas o homem e a sua vida). A filosofia apresenta-se entendida como saber que busca a dimensão última e radical da vida e das coisas.

CITAÇÂO 2 “Filosofia é uma palavra de origem grega (philos = amigo; sophia = sabedoria) e em seu

sentido estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o apogeu entre os antigos gregos,e que teve continuidade com os povos culturalmente dominados por eles: grosso modo, os povos ocidentais.” (p. )

COMENTÁRIO A origem da Filosofia como ciência, ou mesmo como forma de estudo das inquietações humanas surge no século VI a.C, na Grécia antiga, que é chamada de “o berço da Filosofia

ocidental. Numa época em que praticamente tudo era explicado através da mitologia e da ação dos deuses, esses pensadores buscavam, em pensamentos lógicos e racionais, explicar qual a fundamentação e a utilidade dos valores morais na sociedade da época. Também queriam identificar as características do conhecimento puro, as origens das coisas e dos fatos e outras indagações que surgiam conforme o caminhar intelectual da época.

CITAÇÂO 3 “...talvez uma das características da questão filosófica seja o fato de suas respostas, ou

tentativas de resposta, jamais esgotarem a questão, que permanece assim com sua força de ) questão, a convidar outras respostas e outras abordagens possíveis.” (p.

COMENTÁRIO Há questões às quais a resposta não é conhecida daquele que as põe, mas que outros conhecem. Algumas, entre elas, provocam uma multiplicidade de respostas. Se uma delas é correta, a solução consiste em encontrá-la. Toda questão filosófica pode obter várias respostas, dessa forma elas jamais vão parar, sempre vai haver mais e mais respostas correspondentes a uma única questão.

CITAÇÂO 4 1

“É pois evidente que a sabedoria [sophia] é uma ciência sobre certos princípios e causas. E, já

que procuramos essa ciência, o que deveríamos indagar é de que causas e princípios é ciência a sabedoria. Se levarmos em conta as opiniões que temos a respeito do sábio, talvez isso se torne mais claro. Pensamos, em primeiro lugar, que o sábio sabe tudo, na medida do possível, sem ter  a ciência de cada coisa particular. Em seguida, consideramos sábio aquele que pode conhecer  as coisas difíceis, e não de fácil acesso para a inteligência humana (pois o sentir é comum a todos e por isso é fácil, e nada tem de sábio). Ademais, àquele que conhece com mais exatidão e é mais capaz de ensinar as causas, consideramo-lo mais sábio em qualquer ciência. E, entre as ciências, pensamos que é mais sabedoria a que é desejável por si mesma e por amor ao saber, do que aquela que se procura por causa dos resultados, e [pensamos] que aquela destinada a mandar é mais sabedoria que a subordinada. Pois não deve o sábio receber ordens, porém dálas, e não é ele que há de obedecer a outro, porém deve obedecer a ele o menos sábio. Tais são,  por sua qualidade e seu número, as ideias que temos acerca da sabedoria e dos sábios.” (p. )

COMENTÁRIO Cada uma das características apontadas por Aristóteles mereceria um exame especial. Mas fixemo-nos em algumas delas. O saber filosófico: 1) é um saber “de todas as coisas”, um saber  universal; num certo sentido, nada está fora do campo da filosofia; 2) é um saber pelo saber: um saber livre, e não um saber que se constitui para resolver uma dificuldade de ordem prática; 3) é um saber pelas causas; o que Aristóteles entende por causa não é exatamente o que nós chamamos por esse nome; de qualquer forma, saber pelas causas envolve o exercício da razão, e esta envolve a crítica: o saber filosófico é, pois, um saber crítico.

CITAÇÂO 5 “Platão e Aristóteles indicaram com precisão a experiência que, segundo eles, dá origem ao  pensar filosófico. É aquilo que os gregos chamaram “thauma” (espanto, admiração,  perplexidade).” (p. )

COMENTÁRIO  Na filosofia, o empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou  principais) formadoras das idéias, discordando, portanto, da noção de idéias inatas. Assim, o  pensar filosófico terá origem a partir do empirismo que diz que a base para o conhecimento está na observação do mundo, na experiência de mundo. Segundo Aristóteles a filosofia tem sua origem e sua raiz no espanto (thauma) que provém de uma dificuldade inicial - aporia - que é provocada pelo fato de existirem argumentos em conflitos. Este estado inicial de ignorância, comparado por Platão, no Mito da Caverna, a um homem acorrentado, dá lugar a um sentido  posterior à aporia que se torna agora diaporia, exploração de vários caminhos, exploração que se mostra como um processo dialético, esse processo conduz a uma solução, ou seja, ela induz o método filosófico.

CITAÇÂO 6 “Ora, a filosofia grega parece ter surgido quando, por uma série de fatores complexos,

que não podemos aqui desenvolver, as respostas dadas pelo mito a certas questões não satisfizeram mais a certas mentes particularmente exigentes de um povo particularmente curioso e passível de se espantar  — e as questões continuaram assim, com sua força de questão e de espanto, a exigir uma resposta que fosse além das convencionais.” (p. )

COMENTÁRIO Uma característica do homem moderno é a incapacidade de se espantar com a vida. O grande  pensador grego, Sócrates, costumava dizer que a filosofia nasce do espanto. Ninguém é filósofo se não for capaz de tomar sustos e se surpreender com o que vê. Para nós, homens e mulheres pós-modernos, após a revolução científica ter desvendado alguns dos segredos da natureza, parece que o que nos cerca perdeu o encanto e o caráter sobrenatural. O espanto é a  base de todo o questionamento: com o espanto surgem questões e nasce um impulso para investigar e compreender as coisas. Logo, o espanto é a fonte da filosofia; ela é possível em qualquer lugar e tempo, como uma compreensão dos fundamentos das coisas que encontramos 2

diariamente.

CITAÇÂO 7 “Desde os tempos dos gregos, muitas das questões que nasceram “filosóficas” já deixaram de o ser  —  pois foram resolvidas, perdendo sua força de espanto. Mas, em compensação, outras questões são suscitadas, em número infinito.” (p. )

COMENTÁRIO A admiração (espanto) é a verdadeira característica do filósofo. Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a origem do universo. Portanto, como filosofavam para fugir  à “ignorância” que os mitos traziam, é evidente que  buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária.Ao se reconhecerem

ignorantes e, ao mesmo tempo, se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo e as coisas nele contidas, os homens foram tomados de espanto, o que deu início à filosofia. Mesmo que muitos acreditem que por uma questão estar resolvida ela deixa de ser filosófica, entretanto o estudo da filosofia sempre será necessário, porque sempre haverá questões para serem respondidas e na filosofia uma pergunta pode ter muitas respostas.

CITAÇÂO 8 “Quando se examina a história das civilizações, até um passado muito recente, um aspecto que

chama a atenção é o dinamismo das sociedades ocidentais, em comparação com as orientais. A civilização ocidental não só elaborou as teorias físicas que resultaram na tecnologia moderna, mas também todas as grandes teorias no campo da biologia, da psicologia, da política, da economia etc. que revolucionaram a visão tradicional sobre os homens e suas instituições. Com seus méritos e desméritos, vantagens e desvantagens, todo esse dinamismo tem a ver com o ) tipo de pensamento desenvolvido no Ocidente, isto é, com a fil osofia.” (p.

COMENTÁRIO O fato é que assim como Ciência, a Arte e a Mística, a Filosofia sempre existiu em forma latente no ser humano e há de se respeitar e buscar conhecer a razão pela a maneira de pensar  de cada indivíduo ou de um pensar coletivo, seja ela Ocidental ou Oriental.

CITAÇÂO 9 “Ora, uma das belezas que nos revela a análise etimológica da palavra filosofia é a modéstia com que o filósofo se apresenta: ele não é um sábio, ele é “amante da sabedoria”. A filosofia

não é tanto um saber como uma atividade: a da busca, a do cultivo do saber. O primeiro espanto talvez tenha sido involuntário; mas, depois que se torna “amante da sabedoria”, o filósofo torna-se amante do próprio espanto, que é a experiência que o joga na atividade da  busca do saber, que é o objeto do seu amor. O filósofo é alguém que sabe manter viva a capacidade de se espantar.” (p. )

COMENTÁRIO Pitágoras de Samos teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, respeito pelo saber. Logo o filósofo é aquele que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim a filosofia indica um estado de espírito da pessoa que ama, isto é, daquela que deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita e vive sempre em espanto.

CITAÇÂO 10 „Filosofia é “saber de todas as coisas” e é saber crítico. Nem ela própria pode escapar ao seu questionamento e à sua crítica.‟ (p. )

COMENTÁRIO 3

Para Aristóteles, o saber filosófico: é um saber pelas causas; o que Aristóteles entende por  causa não é exatamente o que nós chamamos por esse nome; de qualquer forma, sabe pelas causas envolve o exercício da razão, e esta envolve a crítica: o saber filosófico é, pois, um saber crítico. Pensar de forma crítica é saber defender as nossas opiniões com argumentos rigorosos, claros e sistemáticos. E é neste aspecto que a filosofia, encarada como uma forma de  pensamento crítico, se aproxima da ciência.

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