O Púlpito Criativo

March 31, 2019 | Author: seuze7910 | Category: Creativity, Loneliness, Thought, Holy Spirit, Ciência
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Criatividade na arte de pregar....

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O Púlpito Criativo - Jésus S. Gonçalves.

Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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O Púlpito Criativo - Jésus S. Gonçalves.

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APRESENTAÇÃO Um pastor ouviu recentemente de um dos membros de sua igreja a seguinte afirmação: “Pastor, eu dependo de seus sermões dominicais para a minha própria sobrevivência profissional. Eu me vejo repetindo seus conceitos nos contatos que faço durante a semana.” Não é essa a experiência de todo e qualquer pregador? Creio que sim! E mais: os pregadores, em sua vasta maioria, estamos cônscios dessa tamanha responsabili responsabilidade, dade, qual seja, a de abrir e expor a Palavra Palavra de Deus a uma congregação congregação sequiosa e disponível, disponível, para não dizer dominicalmente cativa. O “x” da questão é menos a consciência do dever da pregação e mais o “fazer” da pregação. Em outras palavras: todo pregador sabe que há uma diferença entre “ter de dizer alguma coisa” e “ter alguma coisa para dizer”. Daí a pergunta sobre o “como” pregar.  A literatura homilética é abundante e variada, tanto da parte de autores nacionais, incluindo-se nessa categoria as obras traduzidas, quanto de escritores de outros países. Diante disso, alguém pode perguntar: “Mais um livro na área de homilética?” Se fosse mais um livro, a pergunta teria sentido. Porém, não é mais um livro, pois que sua proposta é “encorajar os pregadores a utilizar a criatividade de que já dispõem, desenvolvendo-a a serviço da pregação”. E isso isso o autor autor faz com desen desenvo voltltur ura a e clare clareza za,, numa numa ling linguag uagem em aces acessív sível el mesmo mesmo quand quando o se vê na contingência de abordar matéria complexa, como é o caso, por exemplo, da exposição sobre o processo criativo. Com quatro capítulos, o autor desafia seu leitor-pregador, e leigos também, a buscar dentro de si os incalculáveis recursos de criatividade que lá foram depositados pelo Criador e que, infelizmente, nem sempre são adequadamente acionados para a proclamação da Palavra de Deus.  A leitura deste livro ressalta um fato notável e decorrente da própria proposta do autor: a criatividade permeia a exposição, a partir, inclusive, do titulo dos capítulos, que foge ao que se observa tradicionalmente na bibliografia homilética. O pastor Jésus Silva Gonçalves faz, pois, uma importante e criativa contribuição à área sermônica da educação ministerial evangélica, em geral, e batista, em particular, em nosso país. Estou persuadido de que o leitor, especialmente o pregador, que se detiver na prática dos princípios aqui expostos realizará o que o autor chama de MILAGRE, a saber, O P ÚLPITO CRIATIVO. E não valerá a pena esse milagre, tanto para pregadores como para as igrejas? Dr. Fausto Aguiar de Vasconcelos

Pastor da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO O Púlpit Púlpito o Criativ Criativo o é um trabalh trabalho o teológi teológico co da área área de Homil Homilétic ética, a, desenv desenvolvi olvido do no campus campus do Seminário Teológico Teológico Batista do Sul do Brasil, sobre a criatividade no púlpito evangélico brasileiro. O objetivo deste trabalho não é prever o imprevisível ou dar solução ao insolúvel, mas apontar os meios que seguramente contribuirão para ajudar tanto a comunidade acadêmica, preocupada com a qualidade da pregaçã pregação o hodier hodierna, na, como como também, também, e princi principal palment mente, e, os pregad pregadore oress de hoje hoje que convive convivem m com a necessidade de um púlpito criativo. O interesse para elaboração deste trabalho nasceu da necessidade do próprio autor de tornar-se criativo como pregador, bem como de sua observação critica sobre a carência de criatividade na pregação de nossos dias, face aos avanços das comunicações e continuo desafio de que os pregadores tomem-se criativos para cumprir o ideal de Deus como pregadores para uma geração que está acostumada a pensar de forma cinematográfica. Como todo trabalho científico, este também nasceu de uma paixão, passou pelas limitações do autor, mas tornou-se realidade pela riqueza das fontes disponíveis tanto primárias como secundárias. As fontes primárias não poderiam deixar de ser livros clássicos de homilética. As fontes secundárias constituíram-se de livros livros de propaga propaganda nda e marketi marketing; ng; psicolo psicologia gia;; filoso filosofia fia;; comuni comunicaç cações ões e ainda ainda consul consultas tas a eminen eminentes tes pregadores batistas, e professores de homilética. O problema central abordado abordado neste trabalho é a falta de criatividade na pregação. Entender as razões para a falta de criatividade na pregação é precisamente a preocupação e o conteúdo do primeiro capitulo: “A  Arte da Chatice no Púlpito”. Quais são os problemas que levam um pregador a tomar-se chato e rejeitado na comunicação de uma mensagem? Decorrentes desse problema central surgem as seguintes perguntas: se o pregador tem consciência da falta de criatividade, então o que fazer, como resolver o problema? Esse dilema é respondido pelo capítulo Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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segundo: “Entendendo e Facilitando o Processo Criativo“. Outra questão que surge em decorrência do problema central, se o pregador é pregador da palavra de Deus, então será que a Bíblia tem alguma coisa a dizer sobre a pregação criativa? O capitulo três responde a essa pergunta tratando sobre: “A Unção do Pai da Criatividade” (O Espírito Santo).  A falta de criatividade é urna realidade, aliás é um grave problema para a pregação atual: a arte da chatice no púlpito tem que ser refreada, e para isso existem recursos. O autor crê que além de entender e facilitar o processo criativo, contar com a unção do Pai da criatividade (o Espírito Santo), o pregador precisa dispor de recursos e técnicas para a pregação criativa. Por isso propõe no quarto capitulo onze recursos e técnicas para a pregação criativa. Para facilitar o entendimento, o autor apresenta abaixo a definição do termo criatividade: Para Erich Fromm, criatividade é a habilidade para ver e responder. Rollo May diz que é trazer alguma coisa nova ao nascimento. Alex F. Osborne acredita que criatividade é a observação que produz com profundidade e invenção.1 O Dr. Irving A. Tayior sugere que há cinco níveis de criatividade: Criatividade expressiva: ênfase na espontaneidade e liberdade. Criatividade produtiva: é o nível caracterizado pelo realismo, objetividade e perfeição. Criatividade inovadora: habilidade de conceitualização abstrata para apreender os princípios básicos da fundação. E criatividade emergente: Habilidade em absorver experiências que são comumente fornecidas e daí produzem alguma coisa que é bem diferente. Essa capacidade foi notável em Freud e Einstein. As definições supracitadas têm como objetivo ajudar o leitor a entender o significado e uso do termo criatividade. É desejo do autor que como fruto da leitura deste trabalho cada estudante de homilética e cada pregador, leigo ou não, descubra o potencial criativo existente dentro de si mesmo. Sobretudo conscientize-se da arte da chatice no púlpito, entenda e facilite o processo criativo , aceite a unção do Pai da criatividade e use os recursos e técnicas para a pregação criativa, para conseguir fazer, do seu púlpito, um púlpito verdadeiramente criativo.

A ARTE DA CHATICE NO PÚLPITO  Arte é a capacidade que o homem tem de pôr em prática uma idéia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria. Chato, chatice, chateação é o efeito de chatear, aborrecer, amolar, entediar, irritar, ser sem elegância, vulgar e maçante.2  A última coisa que se espera ouvir de quem ocupa um púlpito religioso é um sermão maçante, irritante, vulgar e tedioso. Mas a realidade mostra que muitos pregadores estão desenvolvendo uma nova arte homilética: a arte de ser bacharel em chatice, mestre na divagação com doutorado em mediocridade. O que leva um pregador a tomar-se chato, irritante e maçante? Como toda arte, esta também leva tempo para ser aperfeiçoada. “Há três tipos de pregadores: aqueles que você não pode escutar; aqueles que você pode escutar e aqueles que você deve e precisa escutar. Durante a introdução, a congregação usualmente decide qual é o tipo de preletor que se dirige a ela naquela ocasião“.3 O primeiro porque é maçante, o segundo porque é tolerável e o terceiro porque é criativo e relevante.

1.1 — DESCONHECIMENTO DA ATENÇÃO DO AUDITÓRIO Qualquer pregador acha ser urna perda de tempo ouvir um péssimo sermão. Esse tipo de comentário é comum em ambientes acadêmicos (de estudo teológico), em assembléias e convenções ou congressos de pastores. Nesses locais o publico é extremamente critico, isso porque os ouvintes que estão ali estão conhecem as regras de homilética. Ocorre que esses mesmos pregadores nem sempre se colocam no lugar do povo que os escuta a cada domingo, desconhecendo, em conseqüência, o senso crítico da congregação, não desenvolvendo uma visão real da atenção que o auditório lhes dispensa. “Quando um ministro sobe ao púlpito, não ousa pressupor que a congregação está assentada com 1 2 3

Patterson, F. Creativity and Preaching , p. 2 Ferreira, A.B.H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, p. 315 Haddon, R. A Pregação Bíblica, p. 111

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expectativa na beira dos bancos, esperando seu sermão. Na realidade, provavelmente estão um pouco entediados e acalentam uma suspeita de que ele tornará a situação pior”.4 Tais pregadores não aprenderam a diferença entre o que lhes interessa e o que interessa aos seus ouvintes. Henry Garret declara que “os discursos tediosos e monótonos não mantêm as atenções por muito tempo. A atenção não se evapora simplesmente, mas se transfere para outra coisa, isto é, para outras pessoas, para a decoração da sala, para os ruídos das pessoas que entram e saem. Assim presta-se atenção a quase tudo, menos ao discurso“.5 Não há auditório que suporte ouvIr palavras e mais palavras. O pregador pode achar que é interessante o que está dizendo, mas o auditório já descobriu o contrário. Pregando normalmente para auditórios heterogêneos, o pregador dificilmente manterá firme a atenção total das pessoas. O pior é que há pregadores que por desconhecerem a expectativa e a psicologia da atenção do auditório querem manter a atenção das pessoas à força, apelando para chavões, ameaças, palavras difíceis, socos e pontapés no púlpito (como se esse fosse o culpado) ou conseguem ter o talento de condensar um mínimo de pensamento num máximo de palavras.6 É uma situação difícil para um pregador ver que a falta de atenção do auditório cresce a cada minuto.

1.2 — PROBLEMAS NA PERSONALIDADE Ser maçante e irrelevante pode estar associado à personalidade do pregador. Ninguém se dispõe a ouvir um pregador que pregue com “dúvida as suas convicções e com convicção as suas dúvidas”.7 Não se pretende apresentar aqui a questão da personalidade do ponto de vista da antropologia ou da psicologia, mas sim analisar o homem pregador atrás de um púlpito, pronto para anunciar ou anunciando uma mensagem. O que na personalidade e apresentação desse homem pode tomá-lo irritante e levar os ouvintes a rejeitarem a sua mensagem? “Há pregadores que fracassam e isto acontece quase sempre devido à nulidade de sua personalidade. Não procuram desenvolver esta qualidade insubstituível e sem ela caem no desagrado total. Os ouvintes perdem o interesse por urna pregação, quando percebem que o orador  não demonstra nada de pessoal e dessa maneira não exerce nenhuma influência psicológica sobre seus ouvintes”.8  A chatice nos púlpitos se evidencia não só pela falta de preparo mas também e principalmente pela falta de coerência e probidade. A falta de probidade gera um conflito entre a doutrina e a prática, entre o discurso e a vida do orador. O ouvinte fica no dilema para saber o que está certo, as palavras ou a vida do pregador. Se as obras contradizem as suas palavras ele perde a autoridade e anula a personalidade, a menos que seja o mais sincero dos hipócritas. Esta falha na personalidade faz transparecer o seu fingimento e o povo logo percebe, porque a falta de probidade reduz ou tira completamente a capacidade de persuadir, logo não se mostrará eloqüente. “O mau exemplo é o mais formidável adversário do orador, pois desfaz todos os efeitos dos seus discursos por mais brilhantes e racionais que sejam“.9 Nenhum ouvinte coerente quererá ouvir de bom-grado um pregador de cujo caráter se tem dúvida. Nesse aspecto, Quintiliano afirma que “não pode ser orador perfeito quem não for homem de bem, dotado de todas as virtudes morais, pois é impossível que o vicioso tenha sentimentos nobres e delicados sem a justiça e virtude“.10 Um pregador não se toma rejeitado e chato da noite para o dia, isto é um processo de descuido da arte de persuadir o ânimo alheio. Na verdade há pregadores que são em si mesmos a encarnação do desânimo e 4 5

Haddon, R. Op. cit., p. 111 Jorge, H. Psicologia da Atenção do Auditório, p. 85

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Koller, C.H. Pregação Expositiva sem Anotações, p.85 Arthur da Mota Gonçalves (Pastor e Psicólogo)

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Marinho, H. A Psicologia da Atenção do Auditório, p.9 Dias, J. Elementos da Arte Concionatória, p.20

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Dias, J. Op. cit., p.20

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da preguiça. “Não há esfera de serviço mais revestida de santo privilégio e de promessas sagradas, e não há esfera onde o empobrecimento do individuo se apresenta de maneira mais dolorosa. O púlpito pode ser o cenário de trágico revés“.11 É uma vergonha o descuido de alguns pregadores na administração pessoal do tempo; por descuido e negligência tiram o poder de atração do púlpito. Aquilo que deveria atrair acaba repelindo. Transformam um trabalho santo em vadiagem, são capazes de ir para qualquer lugar mas para lugar nenhum em particular. Semana após semana vagueiam como um barco sem leme, nuvem sem direção. O resultado não poderia ser  outro que não sermões marcados pela vacuidade, envoltos no reino nebuloso das suposições indecisas. C. H. Spurgeon aconselha o seguinte: “Os nossos sermões devem ser o nosso sangue vital, mental, o fluxo do nosso vigor espiritual e intelectual: ou, para mudar a figura, devem ser diamantes bem lapidados e bem guarnecidos intrinsecamente preciosos e trazendo as marcas do labor. Não permita Deus que ofereçamos ao Senhor algo que não nos custe nada”.12 Bons sermões não são produto do acaso, da preguiça, negligência e procrastinação, isso porque “ninguém é mais depressa descoberto que o ministro ocioso e ninguém há corno ele mais depressa visitado pelo desprezo. Podemos ocultar alguma coisa, mas a nossa ociosidade é tão descarada como se o apelido de mandrião estivera gravado a ferro em nossa testa. Pode ser que venhamos a supor que estamos trabalhando de fato, quando somente estamos gastando o tempo de que dispomos”.13 E o pior, e que pode evidenciar falta de personalidade, é gastar o tempo com tudo, menos com a preparação de nossos sermões. A pregação que não custa nada, não vale nada e nada alcança. Se o gabinete é preguiça, o púlpito será insolência. 14 Sem planejamento não há variedade, sem variedade não há atração. A variedade inteligente não é filha da casualidade nem neta da preguiça.

1.3 — PROBLEMAS NO SERMÃO Ser maçante como pregador pode ser conseqüência do desconhecimento da psicologia da atenção da congregação, da falta de personalidade, mas o problema pode ser o sermão. Quando se trata de sermão, o que mais entedia uma congregação é a duração. Um sermão de 50 minutos tem maiores possibilidades de apresentar erros. “Muitos pregadores chegaram a extremos de prolixidade e profusão. Serviram mesas tão cheias, que quase provocaram indigestões... mas recentemente alguns dos seus sucessores no ministério reduziram demais as iguarias”.15 Mas o problema não é só a duração. Sermão mal-elaborado, sem um objetivo específico, que apresente um desafio ao ouvinte, ou por ser tímido e por demais conciliador, contribui para o descrédito do púlpito. O Dr. Jerry S. Key afirma que “um dos pontos mais fracos na pregação hodierna é a falta do uso de bom material ilustrativo no sermão. Muitas mensagens, contendo forte alimento, deixam de atingir o coração dos ouvintes passando como por cima da cabeça, devido à falta de ilustrações que trariam luz e entendimento à verdade exposta”.16 Num mundo de imagens, um sermão sem ilustrações é como uma televisão com defeito, com áudio mas sem o vídeo. 11

Jowett, J.H. O Pregador, Sua Vida e Sua Obra , p.96

12

Spurgeon, C.H. Lições aos Meus Alunos, p. 185

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Jowett, J.H. Op. cit., p.77

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 Ibidem, p. 76

15

Blackwood, A.W. A Preparações de Sermões, p. 294

16

Key, J.S. José da Silva, Um Pregador Leigo, p. 49

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“O que o ausente exige e deixa continuamente de achar é algo que o interesse e desafie na igreja. o que mais desaponta são os sermões”.17

1.4 — PROBLEMAS NA COMUNICAÇÃO Pegue-se um pregador que desconheça a psicologia da audiência do auditório, some-se com uma personalidade frágil, acrescente-se um sermão mal-elaborado e uma comunicação deficiente e o resultado será o mais completo desastre no púlpito.  A falha na comunicação afasta muitas pessoas das igrejas. Em questão de comunicação, “muitos pregadores pecam pela monotonia. Não é fácil descobrir também uma nova maneira de dizer  alguma coisa que nós vamos dizer mil vezes em nosso ministério perante um povo”.18  A monotonia na pregação é uma falta grave, principalmente porque existem muitas maneiras de se variar a comunicação da mensagem. Os meios de comunicação (multimídia) estão se aprimorando na variedade de comunicar. Eles sabem que um comercial, filme, novela ou programa esportivo monótono não conquista audiência, e sem audiência há falência. Por isso estão sempre avaliando para melhorar.  A má comunicação começa com uma voz irritante, fraca, estridente, aguda ou grave demais. Assim como as boas vozes produzem convicção, as vozes defeituosas geram dúvidas e rejeição. Em questão de comunicação a convicção é vital. “Se o pecador nota que o pregador está meio dormindo, enquanto fala do juízo vindouro, conclui que esse juízo é algo sobre o que o pregador está sonhando, e resolve considerar isso tudo como simples ficção”.19 Pregar preso a um esboço ainda se constitui num empecilho à boa comunicação. O manuscrito atrapalha tanto o pregador como os ouvintes, porque com o manuscrito o pregador não consegue prender a atenção, e o ouvinte perde o interesse no pregador; daí pra frente será uma luta para recuperar a atenção dos ouvintes. “Prega mal quem não tem a capacidade de encarar os seus ouvintes e olha tudo, menos para as pessoas, e estas desejam uma perfeita comunicação com o pregador. A comunicação do pregador  deve ser com pessoas, não com galerias imaginárias, corredores, paredes, ventiladores, pianos ou qualquer outro objeto no santuário”.20  A qualidade e a seleção das palavras fazem a diferença na comunicação. Há palavras que são duras como um soco de boxe, outros são tão frias como o aço. Há comunicadores, isto é, pregadores, que conseguem com suas palavras transportar os homens para perto dos átrios de Deus, e outras palavras os enviam para o esgoto. Pregadores frios, indiferentes e insensíveis na comunicação não conseguem tocar a alma de seus ouvintes. Isso só será possível quando ele atear fogo em sua própria alma, convencer-se a si mesmo de que o que está pregando é a melhor alternativa para os homens. Se não estiver convencido disso, a sua igreja será uma geladeira esfriada por seu púlpito congelado e frio. Pregação é vida em movimento, não deixe o seu púlpito ser um caixão e seus cultos um velório, não mate a palavra, não a sepulte em seu púlpito. Apaixone-se pelo que você prega, e as pessoas se apaixonarão por ouvir sua comunicação viva, contundente, espiritual e convincente. Ignorar a arte da boa comunicação é condenar-se a si mesmo como pregador. É pregar uma mensagem que não pulsa com o vigor da realidade. Há pregadores que em nome do conteúdo pecam na comunicação, isso porque não conseguem se libertar das anotações.

1.5 — AUSÊNCIA DE UM PROGRAMA DE PREGAÇÃO  A arte da chatice no púlpito é evidente pela nulidade da personalidade; sermões mal-elaborados; falha na comunicação e sem dúvida agravada pela ausência de um programa de pregação.  A monotonia é uma desgraça para o púlpito cristão. Negligenciar a variedade é o pecado da maioria dos pregadores. Essa negligência é fruto da ausência de um programa de pregação. 17

Spurgeon, C.H. Lições aos Meus Alunos, p. 156

18

Key, J.S. O Uso da Imaginação na Pregação, p. 1

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Spurgeon, C.H. Lições aos Meus Alunos, p. 156

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Jowett, J.H. O Pregador, Sua Vida e Sua Obra , p.76

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Não adotar um programa de pregação pode ser causado por preconceito, isto é, achar que está tolhendo a ação do Espírito Santo, negligência velada ou por total desconhecimento de como fazer para elaborar um equilibrado e criativo programa de pregação.  A falta de um programa de pregação invariavelmente resulta num programa de improvisação. Só que “os homens não são profundamente influenciados por pensamentos improvisados. Não são transportados pela correnteza da eloqüência que não sabe onde vai. Sozinha a loquacidade não põe algemas no auditório. Sermões soltos ao acaso não despertam a razão para nenhuma necessidade, nem levam nenhuma compulsão imperiosa ao coração”.21  A improvisação geralmente é produto da negligência no estudo e disciplina. Para o grande pregador  Spurgeon isso era vital. Ele afirma que “o Espírito Santo não fez promessas de fornecer alimento espiritual aos santos por intermédio de um ministério improvisado. Ele jamais fará por nós o que nós podemos fazer. Se podemos estudar e não o fazemos, se podemos ter um ministério estudioso e não o exercitamos, não temos direito de apelar  para a intervenção divina para cobrir os déficits da nossa ociosidade ou da nossa excentricidade”.22  A ausência de um programa de pregação contribui para perda de tempo. Todos os pregadores sabem da importância de um programa de pregação, mas nem todos estão dispostos a pagar o preço da elaboração espiritual e trabalhosa de um programa de pregação. Por isso tornam-se monótonos, tediosos e suas ovelhas acabam indo beber em outra fonte. Água estagnada faz mal à saúde, pregação sem a correnteza da variedade espanta os ouvintes e em alguns casos mais crônicos debilita a igreja. “A monotonia na pregação constitui-se uma falta muito grave precisamente porque há muitas maneiras legítimas para variar nossas mensagens tanto no conteúdo como na forma”.23 Uma arte leva tempo para ser aperfeiçoada, assim também a arte da chatice no púlpito, ou a capacidade de fazer os ouvintes dormirem sem fazer força, aparece e se aperfeiçoa com o tempo e o hábito do ministério. Ignorando o bom senso das pessoas, alguns pregadores se tornam relaxados, descuidam de sua própria personalidade, não elaboram com cuidado os seus sermões, negligenciam os recursos da boa comunicação e sequer cogitam de trabalhar com um programa de pregação. O resultado não poderia ser outro que não sermões tediosos, maçantes, povo insatisfeito e ausente. Isso parece duro mas é a realidade, afinal o púlpito não é lugar para fracassados e débeis. É o lugar  onde toda criatividade deve ser colocada em prática para anunciar as verdades do Deus criador. É tarefa de todo pregador conhecer a sua própria realidade e estar disposto a entender e facilitar o processo criativo para a pregação. É desse assunto que o próximo capítulo se ocupará, pois afinal existe uma forma de diminuir ou acabar com a arte da chatice no púlpito. Todo pregador deve ter em mente a grave advertência que se encontra em Hebreus 8:13: “...E o que se torna antiquado e envelhece perto está de desaparecer”.

ENTENDENDO E FACILITANDO O PROCESSO CRIATIVO “O ser humano é um maravilhoso organismo capaz de perceber eventos, formular juízos complexos, recordar informações, resolver problemas e pôr um plano em ação. Contudo esse intrincado aparelho pode ser usado para uma diversidade de fins tanto para planejar uma guerra como para explorar o espaço exterior, para humilhar outra pessoa ou confortar os enfermos, obter o reconhecimento, o domínio ou a amizade”. 24 O Deus criador colocou no homem a capacidade de criar. Cabe ao homem, e principalmente ao pregador, entender e facilitar esse processo de criatividade, ou atividade de criar.

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Spurgeon, C.H. Lições aos Meus Alunos, p. 185

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Edward, I.M. Motivação e Emoção, p.11

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 A criatividade é o maior tesouro do passado e a maior esperança do futuro25. É possível estimular e desenvolver a criatividade, mas ninguém pode desenvolver o que não entende. Por isso este capítulo se propõe a ajudar pregadores, leigos ou não, a entender e facilitar o processo criativo. Partindo do ponto de vista de que o homem é um ser criador, é possível estimular e desenvolver a criatividade de qualquer pregador, a menos que ele não queira, pois a criatividade é uma qualidade que todo ser humano pode demonstrar em sua maneira de viver. E todo pregador deve entender e facilitar.

2.1 — OS DOIS LADOS DO NOSSO CÉREBRO Uma pessoa criativa é aquela que é capaz de processar, sob novas formas, as informações de que 26 dispõe.  O nosso cérebro tem dois lados; o lado esquerdo e o lado direito. O lado esquerdo controla o lado direito do corpo, e o lado direito controla o lado esquerdo do corpo. Além disso, cada lado tem sua função. “O lado esquerdo controla (na maioria dos indivíduos) a função da linguagem, pensamento, raciocínio com predominância. Este lado representa pensamento verbal: ‘analisa, abstrai, conta, marca o tempo, planeja cada etapa de um processo, verbaliza, faz declarações racionais baseadas na lógica‘”.27 O lado direito é o não-verbal, que trabalha com a intuição e a percepção de coisas. Através desse lado, “compreendemos metáforas, sonhamos, criamos novas combinações de idéias”.28 Este lado é subjetivo, preocupado com o quadro total e não com detalhes. Enquanto o lado esquerdo é pouco imaginativo, o direito é divertido e flexível.  A parte frontal do cérebro é agressiva, e determina a agressividade tão necessária à pregação.29 Entendendo as funções de cada lado do cérebro, torna-se possível entender como acontece o processo criativo. “E uma compreensão do processo criativo permite o seu uso deliberadamente, e o seu uso deliberado aumentará a criatividade de qualquer pessoa”.30

2.2 — OS ESTÁGIOS DO PROCESSO CRIATIVO “Quando o estudo da criatividade separou-se da filosofia e entrou no âmago da psicologia, verdadeiro progresso começou. Um estudo foi feito sobre o processo de pensamentos de indivíduos criativos, e um padrão consistente apareceu”.31 Esse padrão parte do princípio de que a compreensão do processo criativo e seu uso deliberado aumenta a criatividade de qualquer pessoa. “Para o pregador, o processo criativo pode ser um achado extraordinário e uma verdadeira revolução pode acontecer no ministério da pregação a partir da utilização dos estágios do processo criativo. O processo criativo inclui quatro estágios: orientação, incubação, iluminação e verificação”. 32

2.2.1 — ESTÁGIO DA ORIENTAÇÃO “Este é o estágio da confrontação. O indivíduo encontra a necessidade de criar e luta com isso. Muitas coisas estão envolvidas”.33  Aqui deve-se definir o objetivo. Descobrir um conceito que sirva de ponto de partida. A pregação é arte e ciência ao mesmo tempo. “A tarefa do sermão em particular pode ser clara, mas a arte que vai na sua produção não é”. 34 O pregador está sob constante pressão para produzir, ele precisa entender o processo 25

Oech, R.V. Um “TOC” na Cuca, p.74

26

Betty, E. Desenhando Com o Lado Direito do Cérebro, p.38

27

Betty, E. Op. cit., p.48

28

29

Luís Tomaz de Queiroz ( Professor de pós-graduação da Universidade Gama Filho)

30

Patterson, F. Creativity and Preaching , p. 1

31

Patterson, F. Op. cit., p.2

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33

 Ibidem, p.3

34

 Ibidem, p. 3

Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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criativo e saber usá-lo. “Uma vez que o objetivo é definido, materiais de todo tipo de fonte são trazidos à tona. A produção criativa desejada pode seguir o suo de conhecimentos técnicos. Todo tipo de experiência passada de toda fonte é buscada no esforço de encontrar a resposta. A isto são adicionados estudos em profundidade, o quanto mais de informações pertinentes, fatos, e dados possíveis devem ser  ajuntados. Manson no seu livro How To Be a More Creative Executive dá uma interessante citação: O pensamento limitado pela informação com a qual se tem de trabalhar. Por exemplo: Leonardo da Vinci, como um grande e criativo pensador que era, não pôde produzir a televisão porque o componente necessário de informação não estava ao seu alcance”.35 Isso se aplica aos pregadores mais do que a qualquer outra pessoa. O pregador pode ser considerado culpado de grave erro se recusar-se a estudar os princípios de homilética por receio de que estes venham tirar  sua criatividade natural. Ele deve se lembrar de que as conquistas mais criativas da ciência foram construídas em anos de conhecimento técnico, e isso reforça a necessidade de estudo. “Um pré-requisito para a descoberta é encher a mente com informações. Uma das razões principais por que há um trabalho tão pouco criativo e artístico no púlpito de hoje é que os pregadores não estudam. Quanto mais informações um homem ganha sobre o seu assunto, melhores são os sermões”.36 Para o pregador isso significa que esta fase de coleta de dados deve ser ampla. Quanto mais informações, maior será a possibilidade de tornar o sermão mais criativo. O fluxo de idéias não deve ser  interrompido apenas porque o pregador achou uma boa idéia. Na verdade ele precisa encontrar muitas boas idéias, e isso só se dará com o maior número de informações.  A finalização deste estágio traz uma ponta de frustração, pois mesmo com toda a gam a de informações o sermão não vem. Aqui o pregador desiste ou prossegue rumo à conquista criativa na pregação. Se parar, ele corre o risco de tomar o caminho do lugar-comum na pregação.37 Cabe ao pregador aplicar-se à oração para superar a frustração e prosseguir no processo criativo.

2.2.2 — ESTÁGIO DA INCUBAÇÃO “Alguns chamam este estágio de estágio da frustração porque é a frustração de tatear para achar o objetivo criativo. Este estágio começa quando a frustração se torna muito grande; um período de recesso chamado incubação se instala. Hutchinson descreve deste modo: ‘Este período, envolvendo um alto grau de frustração, é comumente caracterizado por levantar um tom emocional, sem descanso, sentimento de inferioridade, e em última análise um cessar temporário do esforço. O relaxamento necessário pode ser deliberadamente planejado, praticamente forçado pela exaustão do pensador’”. 38 O que mais surpreende nesse período chamado incubação é que, apesar do deliberado relaxamento mental, a mente continua a trabalhar de forma inconsciente, isto é, imperceptível para o pensador. “Há dois valores notáveis de incubação. Além de permitir que o inconsciente do pregador trabalhe, isso dá tempo ao objetivo criativo de crescer. O fim sempre resulta além do objetivo original. O outro valor é o ganho que vem do entendimento do processo criativo”.39 Em outras palavras, o estágio da incubação é a subordinação do inconsciente... É arriscado, para o pregador, preparar o sermão na última hora. É um desrespeito à arte e à ciência da pregação; principalmente à pregação criativa. Criatividade leva tempo. O desrespeito para com o estágio da incubação pode ser a causa da mediocridade no púlpito hoje. “A vasta maioria dos pregadores precisa de tempo, muito tempo, entre o início do sermão e a

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 Ibidem, p.16

36

 Ibidem, p.17  Afirmação feita pelo Pr. Fausto Aguiar de Vasconcelos (Doutor em Homilética)

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38

 Ibidem, p.18

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pregação. Os grandes e criativos atos da ciência foram produto do tempo”.40 Tempo! Se um sermão que está para ser descoberto pudesse falar, então ele clamaria ao pregador: “Tempo! Preciso de mais tempo! Não está na hora de me pregar.” Os pregadores precisam fazer exegeses antecipadas e acrescentar a isso tempo, muito tempo para que o processo de incubação seja longo e rico. O estágio seguinte depende desse estágio de incubação.

2.2.3 — ESTÁGIO DE ILUMINAÇÃO  A orientação fornece material e motivação para a incubação, e a incubação processa o material adquirido na orientação para facilitar e enriquecer a iluminação. Nesse estágio acontece a introspecção, e por isso denomina-se também estágio da introspecção, conquista e síntese. O tempo deste estágio é imprevisível. Alguns insistem que a criatividade não é mais do que uma simples reorganização de hipóteses conhecidas. “Hutchinson em seu livro How To Think Creatively diz que iluminação é sempre acompanhada por  uma enxurrada de sugestões alternativas para a solução, aparecendo em rápida sucessão, muitas das quais são difíceis de captar devido à rapidez com que aparecem. Notadamente nesta experiência são as aparições de idéias vívidas, quase alucinatórias em conexão com os sentidos: visual, audição... e emocional, envolvendo sentimentos de exaltação e finalidade”.41 Se o pregador escolher o texto com bastante antecedência, estudar e adicionar tempo, o resultado final será um sermão rico e criativo, e isso deveria ser regra geral e não exceção. O processo criativo produzirá um novo nível de clareza de pensamento e pregação”.42

2.2.4 — ESTÁGIO DA VERIFICAÇÃO O estágio da orientação coleta dados para alimentar o estágio de incubação, e este, por sua vez, processa o material recebido, que aflora de forma abundante na iluminação, mas cabe ao estágio da verificação dar o toque final, fazer o acabamento. “O estágio da verificação é chamado também de elaboração, ou avaliação. Este é o estágio do  julgamento antes do que imaginação. O esforço do estágio da orientação é novamente resumido mas sem a frustração que dá incapacidade de conseguir a solução. Agora a resposta está à mão, mas tem de ser testada, desenvolvida, avaliada e posta em uma forma que possa ser comunicada”.43  Aqui é o sermão na forma final, é o momento de criticar a idéia recebida no estágio da iluminação. Deve-se excluir todo exagero. O trabalho intenso do estágio produz uma base secundária que dessa vez fará a pessoa sair da atividade crítica para a atividade produtiva.44  Aqui é o momento para se cortar do sermão tudo o que é supérfluo, efêmero, mas preservar o que é realmente necessário. “Duas coisas precisam ser enfatizadas sobre este estágio. Primeiro é trabalho. Não há nada insignificante ou acidental sobre o esforço de verificar e elaborar. Um grande inventor disse que o gênio é 98% de transpiração e 2% de iluminação”.45 O pregador preocupado em apresentar sermões criativos e relevantes deve pagar o preço do trabalho. Pregação pressupõe trabalho, e trabalho árduo. “A segunda coisa necessária é que a introspecção da iluminação precisa ser posta em uma forma que possa ser comunicada aos outros; esta é uma parte do propósito do já mencionado ‘trabalho’, o produto criativo não tem valor sem que se some ao conhecimento humano. É possível para o pregador receber o sermão em um flash mas não significa que o trabalho acabou, pelo contrário está longe de ser acabado”.46 40

 Ibidem, p.19

41

 Ibidem, p.21

42

43

 Ibidem, p.22

44

45

 Ibidem, p.24

46

 Ibidem, p.24

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Se esse processo for levado a sério pelo pregador, ele verá a praticidade e funcionalidade desse método, e o sermão por sua vez evidenciará método e arte, logo o pregador tornará o seu púlpito criativo e eficaz. Entender o processo criativo é apenas metade do caminho que compreende em coletar o maior  número possível de dados e informações sobre o texto e contexto para o estágio da orientação. A este material, ou melhor, a esta informação, o pregador deve acrescentar tempo para o estágio da incubação. A incubação resultará na iluminação, que é o estágio de afloramento das idéias. Finalmente tudo deve ser submetido ao estágio da verificação, que envolve trabalho e crítica para melhorar o produto final que é o sermão. Cabe ao pregador não somente entender mas sobretudo facilitar o processo criativo.

2.3 — FACILITANDO O PROCESSO CRIATIVO 2.3.1 — ACREDITANDO  A primeira coisa a ser feita para facilitar o processo criativo é acreditar nele, acreditar que orientação, incubação, iluminação e verificação, quando respeitadas, apresentam, como produto final, um sermão criativo e relevante.  A diferença entre pregadores vitoriosos e pregadores derrotados, entre pregadores criativos e pregadores monótonos, é que os primeiros acreditam que podem pregar bons sermões. Da mesma forma a grande diferença entre os que ganham e os que perdem em competições esportivas é que os ganhadores se vêem ganhando, ao passo que os perdedores arranjam uma desculpa para perder. Um bem-sucedido nadador  declarou: “’Primeiro desenvolvi todos os estilos; segundo, treino com afinco, sempre cumprindo as distâncias para cada dia; terceiro, me cuido muito bem e me alimento corretamente. Mas, em geral, os meus concorrentes principais também fazem isso tudo. Portanto a diferença fundamental entre ser bom e ganhar é a minha preparação mental antes de cada competição‘. E conclui dizendo que sempre se vê ganhando e acredita que vai ganhar, e invariavelmente ganha”. 47

2.3.2 — NOÇÃO DE FINALIDADE Para facilitar o processo criativo é preciso acreditar nele; e acreditar que pode pregar sermões cada vez mais criativos. Mas o pregador não pode perder de vista a noção de finalidade do processo criativo. “Conhecimento é a matéria-prima das novas idéias, porém conhecimento só não basta para tornar  uma pessoa criativa. Acho que todos nós já cruzamos com pessoas que sabem um monte de coisas, e nem por isso coisas criativas acontecem. É que o conhecimento fica engavetado na cabeça e elas não pensam de maneira nova nas coisas que sabem. Portanto, a verdadeira chave para tornar-se criativo está no que você faz com o conhecimento que tem. O pensamento criativo supõe uma atitude, uma perspectiva (noção de finalidade) que leva a procurar idéias, a manipular conhecimento e experiência, isto é, olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa diferente”. 48 Para facilitar o processo criativo, o pregador precisa, segundo o Dr. Fausto Aguiar Vasconcelos 49, deixar o lugar-comum, isto é, ver além dos outros. Quem teve o privilégio de ouvir os sermões do Pr. Fausto Vasconcelos, sabe que ele prega de modo incomum, relevante e com criatividade. O processo criativo é facilitado quando o pregador, com uma saudável noção de finalidade, sai do corriqueiro para pensar criativamente, isto é: reconhecer a idéia básica em uma situação e aplicá-la em outra .50 O processo criativo pode ser facilitado quando se acredita nele, quando se tem uma noção correta de sua finalidade. Mas também quando o pregador aprende a alternar o trabalho com o lazer.

2.3.3 — ALTERNANDO O TRABALHO COM O LAZER “Todos nós já aprendemos que os professores dão melhores aulas quando alternam o trabalho com lazer, os escritores escrevem melhor quando fazem como Macaulay, que trabalhava duas horas,  jogava malha por algum tempo, e voltava ao trabalho”.51 47

Oech, R.V. Um “TOC” na Cuca, p.74

48

Oech, R.V. Op. cit., p.19  Doutor em Homilética

49

50

 Ibidem, p.16

51

May, R. A Coragem de Criar , p.60

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Isso se aplica e muito a pregadores. Esse processo é muito mais do que uma alternância mecânica entre trabalho e lazer. Representa o exercício da solidão construtiva. Os pregadores vivem cercados de pessoas, mas precisam aprender a afastar-se do mundo por demais presente e apressado, precisam deixar a solidão trabalhar em si e por si. Esta solidão construtiva facilita o entendimento e aplicação do processo criativo. Não pode o pregador perder de vista o fato de que vive em um mundo que tem medo da solidão; ficar  só é sinônimo de fracasso social, e ninguém quer ficar sozinho, se puder evitar. Embora o esporte seja um lazer saudável para quem trabalha com a mente, o lazer do pregador pode e deve incluir momentos de solidão construtiva. Isso facilita o processo criativo.  Acreditar, ter noção de finalidade, alterar o trabalho com o lazer facilita o processo criativo. Mas conhecer os limites da criatividade e os conflitos resultantes daí facilita também o processo criativo.

2.3.4 — LIMITES E CONFLITOS  A criatividade tem limites. Heráclito disse que o conflito é o rei e o pai de todos. Referia-se ao fato de que “conflito pressupõe limite, e a luta contra os limites é tão necessária quanto as margens dos rios, sem as quais a água se dispersaria na terra e não haveria rio. Isto é, o rio é o resultado da tensão entre a água corrente e as margens. A arte também exige limite, fator necessário para o seu nascimento”.52 Conhecer as limitações pessoais, bem como as limitações da criatividade, facilita o processo criativo, isto é, conflito, limite e criatividade têm uma ligeira relação. O processo criativo existe e funciona em todas as áreas do conhecimento humano, e sendo a homilética a arte e ciência da pregação não pode prescindir do processo criativo. Cabe ao pregador, que está desejoso de sair do lugar-comum, ter a coragem e a iniciativa de aplicar o processo criativo na preparação de seus sermões. Mas não basta só coragem, ele precisa conhecer e facilitar o processo, isto é, saber que o processo criativo envolve orientação, incubação, iluminação e verificação. Entendendo estes quatro estágios da criatividade, o pregador deve facilitar o processo: acreditando nele, mantendo uma atitude mental de quem acredita no que está fazendo, tendo a noção de finalidade do processo, alternando trabalho com lazer, cultivando a solidão construtiva e finalmente conhecendo os limites e os conflitos da criatividade. Pregar como alguém que todos tenham prazer em ouvir é o desejo de cada pregador. Para chegar lá, o pregador precisa estar consciente da arte da chatice no púlpito, isto é, da problemática da falta de criatividade no púlpito, buscar saída através do entendimento e facilitação do processo criativo, mas nunca perder de vista o fato de que é um pregador da Palavra de Deus, e esta Palavra foi inspirada pelo Espírito Santo de Deus. Logo, se quer ser criativo, e cultivar um púlpito criativo, o pregador precisa e muito contar com a unção do Pai da criatividade.

A UNÇÃO DO PAI DA CRIATIVIDADE (O Espírito Santo)  A Bíblia afirma na Primeira Epístola de João 2:20: “Vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento.” “Unção no grego é charisma. O autor sagrado indica o dom do Espírito Santo, ...e nisto conhecemos que ele habita em nós pelo Espírito Santo que ele nos deu”.53 Os gnósticos costumavam ungir com óleo, o que supostamente iniciava os seus discípulos em verdades superiores. Há somente uma unção verdadeira, a que vem do Espírito. A verdadeira unção é um contato genuíno com o Espírito Santo, por parte da alma humana. Se o crente comum necessita dessa unção para viver a vida cristã produtiva, quanto mais o pregador  da Palavra de Deus. O Espírito Santo de Deus é o Pai da criatividade. A narrativa bíblica da criação assegura a participação ativa e criativa do Espírito Santo. O texto diz: “...E o Espírito de Deus pairava sobre a face do abismo”. Isto é, criava, transmitia vida.  A unção do Pai da criatividade é a maior necessidade para os pregadores de hoje, é essa unção que 52

53

Champlim, R.N. O NT Comentado Versículo Por Versículo, p.247

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garante o uso da criatividade na pregação.

3.1 — A NECESSIDADE DA UNÇÃO Em se tratando de pregação, o uso da imaginação sem unção é presunção . Assim escreveu a respeito

de si mesmo um já idoso ministro escocês: “Eu sinto a falta do Espírito Santo, do poder e da demonstração do Espírito no falar, no orar, e no exortar que trazem convencimento aos homens, que os deixam aterrados ou maravilhados. Aquilo mesmo que diferenciava os sermões de Cristo dos sermões dos escribas e fariseus (...). As minhas palavras são fracas e carnais e não há remédio para tudo isto a não ser humildade, contrição e um esforço incansável para estar em comunhão com Deus”.54 Para aquele antigo pregador, a capacitação do Espírito era a maior necessidade de sua vida, era a garantia de usar acertadamente o conhecimento adquirido. Isto porque o Espírito é chamado de Espírito de sabedoria, e precisamos dele e desta capacidade. Sim, pois o conhecimento pode ser perigoso, se não for  acompanhado pela sabedoria, que é a arte de usar acertadamente o que conhecemos.55 O pregador não pode se comportar em relação ao Espírito Santo de forma negligente. Para o grande pregador do passado, Spurgeon, o comportamento de alguns pregadores se resumia da seguinte forma: “Ir para cima e para baixo a semana inteira perdendo tempo, e depois lançar-se ao amparo do Espírito é presunção ímpia, é tentativa de fazer do Senhor um ministro da nossa preguiça e autocomplacência”.56 Para Spurgeon o Espírito Santo não somente entra em contato com o intelecto do pregador para capacitá-lo na exposição da palavra como também assiste o pregador, sobretudo quando este estiver sob rigorosa pressão de serviço. Cada pregador precisa ter a consciência da necessidade da unção do Pai da Criatividade para a sobrevivência de um ministério efetivo e criativo da pregação. Ao contemplar sua própria necessidade, deve voltar os seus olhos para a Palavra de Deus e enxergar ali o exemplo claro de pregadores criativos mas sobretudo sob a unção do Pai da criatividade.

3.2 — EXEMPLOS DA UNÇÃO DO PAI DA CRIATIVIDADE NA BÍBLIA O Senhor Jesus declarou: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para levar a boa nova aos pobres, anunciar aos cativos a libertação, proclamar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4:18,19). Todos os evangelistas afirmam o mesmo fato: A importância de Jesus Cristo como pregador incansável que atraiu multidões e forçou até religiosos de Israel em oposição a admitir que ele falava com uma autoridade raramente encontrada pelo povo. Jesus, o maior pregador da história do cristianismo, admitia ter sobre si a unção do Pai da criatividade. Ele é o maior exemplo de pregação criativa, mas inegavelmente o exemplo supremo de pregador ungido pelo Espírito Santo.  A Bíblia afirma: “Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada lhes falava; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo” (Mt 13:34,35). Napoleão Bonaparte certa vez disse: “Os homens de imaginação reinarão sobre o mundo”. 57 Jesus é o Rei dos reis. Ele reinará sobre o mundo. Isso também pode ser aplicado à pregação. E os pregadores que desenvolverem a imaginação, este dom que Deus nos dá, serão os que Deus poderá usar melhor na pregação da sua Palavra. Jesus é o mais sublime exemplo de pregador imaginativo ungido.  A variedade é uma das mais notáveis qualidades da criatividade, e é impressionante como a Bíblia fala da variedade na pregação. Desde os profetas, que empregaram a criatividade para comunicar a vontade de Deus a um povo rebelde e contradizente, até os exemplos mais clássicos do Novo Testamento. James Crane descreve com muita propriedade essa variedade bíblica: “A comunicação verbal da verdade divina é o método divinamente ordenado para pregação do evangelho. Porém é necessário lembrar que dentro deste método existe uma saudável variedade. Existem várias expressões no Novo Testamento que descrevem os discursos cristãos. No livro de  Atos se encontram vinte e quatro delas, tais como: exortar, testificar, disputar, afirmar, persuadir, 54

Horatus, A.B. Um Recado Para Ganhadores de Almas, p.17

55

Spurgeon, C.H. Lições aos Meus Alunos, p. 40

56

Spurgeon, C.H. Op. cit., p.200

57

Key, J.S. O Uso da Imaginação na Pregação, p.1

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admoestar, profetizar, discorrer, ensinar, alegar, e outras mais. Em termos gerais podemos dizer que havia quatro tipos principais de discurso na pregação apostólica”.58 Cabe ressaltar que todas essas expressões e os quatro termos gerais empregados para a pregação apostólica é fruto da unção do Pai da criatividade sobre os pregadores na era apostólica. James Crane registra os seguintes termos gerais empregados para a pregação no Novo Testamento: discurso informal, discurso explicativo, discurso argumentativo e discurso declarativo.

3.2.1 — DISCURSO INFORMAL Em Atos 20:11 está escrito: “Ainda lhes falou largamente até o romper do dia”. Esse método facilita o entendimento por proporcionar descanso mental.59 3.2.2 — DISCURSO EXPLICATIVO Dezesseis vezes em Atos se emprega o verbo ensinar para descrever os discursos apostólicos. Em  Atos 17:1-4 encontramos a história da atividade do apóstolo Paulo em Tessalônica. Seguindo seu plano normal, ao chegar à nova cidade ele se dirigiu primeiramente à sinagoga judaica e por três sábados consecutivos “discutiu com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que era necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos; e este Jesus que eu vos anuncio, dizia ele, é o Cristo”. “O termo expor   indica um processo pedagógico, mediante o qual o pregador apostólico analisava as Escrituras, aprofundando-se nelas e descobrindo seu fundo e seu verdadeiro significado. Indica tudo o que cabe legitimamente no vocábulo exegese“.60 Outro termo usado é demonstrando, que significa explicar, e indica um processo de síntese, dando a entender tudo o que legitimamente cabe no uso homilético da palavra exposição.

3.2.3 — DISCURSO ARGUMENTATIVO Seu uso é indicado de duas maneiras: disputar , que é pensar alguém coisas diferentes consigo mesmo, misturar pensamento com pensamento, ponderar, resolver na mente, argumentar ou discutir. 61 E a outra forma é refutar com base em argumento histórico. 3.2.4 — DISCURSO DECLARATIVO É o tipo indicado por dois verbos muito usados no Novo Testamento: evangelizar  e pregar . “O primeiro significa trazer boas notícias, anunciar alegres novas. O segundo significa apregoar  publicamente como um arauto, sempre com a sugestão de formalidade, gravidade e de uma autoridade que demanda atenção e obediência. Trata-se de um discurso cuja idéia característica é a de um anúncio, de uma proclamação, de um pregão”. 62  A pregação apostólica era diversificada porque era ungida, e era ao mesmo tempo uma combinação de todos estes procedimentos acima citados. Estêvão é um exemplo notável do pregador ungido pelo Pai da criatividade (o Espírito Santo). A Bíblia afirma que ele foi cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Ninguém podia resistir à sabedoria e ao espírito com que falava. Afinal foi seu sermão inflamado e perdoador que lançou a semente no coração do temível perseguidor Saulo de Tarso, que veio a ser o criativo e notável pregador Paulo.  A Bíblia foi escrita sob a inspiração do Espírito Santo de Deus, e é notável a variedade que ela contém em termos de pregação. Existem na Bíblia pelo menos 22 diferentes figuras de linguagem. James Crane em seu livro O Sermão Eficaz enumera as seguintes: ➢

Símile: “Não é a minha palavra como o fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23:29)63.



Metáfora: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor” (Jo 15:1).

58

Crane, J.D. O Sermão Eficaz , p.17

59

Crane, J.D. Op.cit., p.19

60

61

 Ibidem, p.21

62

63

Citações extraídas da Tradução Almeida Revista e Corrigida

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• •

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Analogia: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado: para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:14,15).



Alegoria: A história de Sara e Agar empregada por Paulo em Gálatas 4:21-31.



Parábola: Empregada por Jesus cerca de trinta vezes.



Fábula: O rei Joás empregou a fábula em sua controvérsia com Amazias, rei de Judá (2 Rs 14:9,10).



Alusão histórica: Empregada por Jesus para ressaltar a dureza de coração dos moradores de Nazaré (Lc 4:25-27).



Incidente biográfico: Empregada na Epístola aos Hebreus para ilustrar os heróis da fé.



Experiência pessoal: Usada muitas vezes por Paulo para exaltar a graça de Deus (1 Ts 2:2-6).

A pregação na era apostólica da igreja primitiva causou um grande impacto na vida das pessoas, até mesmo com conseqüências políticas que abalaram as estruturas do império romano. Ninguém podia segurar  aqueles pregadores, mas também não era para menos, eles pregavam de forma criativa, mas sobretudo com a unção do Pai da criatividade; eles acreditavam na unção do Espírito Santo, e não somente isto, mas também buscavam essa unção, viviam em função dela. Afinal, o sucesso do reino dependia do sucesso da pregação — e ainda depende — e o sucesso da pregação é o resultado da unção do Pai da criatividade.

• “O apóstolo Paulo vê no homem um elemento a que chama espírito, algo que pode responder ao Espírito Santo. Isso é o centro da personalidade espiritual e pode ser despertado, refeito e dinamizado pelo Espírito de Deus. Não para deslocar ou desalojar a mente, a consciência e a vontade do homem, e sim para habilitar tais faculdades a funcionarem de modo normal e próprio em comunhão com Deus”.64 •

Tal como um pedaço de aço frio pode tornar-se coisa diferente, uma vez aquecido até a incandescência, assim se dá com os poderes humanos, uma vez que contem com a dinâmica unção do Pai da criatividade.  A unção do Pai da criatividade beneficia o pregador em todos os sentidos, agindo nele e na congregação. “A pregação é mais eficaz quando pode conquistar a atenção espontânea, por haver apelado a necessidades básicas, tocando as emoções elementares, despertado e organizado os sentimentos, ou, melhor ainda, por haver induzido nas almas dos homens o sentido da presença divina. Quando isso se alcança, toda a sensação de tensão e de esforço cessa; e cai sobre a congregação uma estranha calma carregada de expectativa, e se sente dominada pela serenidade da paz íntima. Em tal condição de espírito, o Espírito Santo de Deus pode fazer sua melhor obra nos homens e consegue o verdadeiro objetivo da pregação”.65 O Espírito Santo é a fonte do poder criativo, e cabe ao pregador de hoje conservar-se em íntima comunhão com ele, pois “Ele é a fonte eterna da visão espiritual. A imaginação acha inspiração e poder no cenáculo, tanto hoje como no maravilhoso dia de Pentecostes. Aguardar expectativamente, orar sem cessar, meditar  na palavra do evangelho e crer de coração, estiveram por trás daquela maravilha”.66 E o resultado foi uma grande realização, uma energia espiritual todo-poderosa e o poder da expressão oral. Abriram-lhes os olhos da fé e viram então a realidade como jamais a tinham visto. O mundo espiritual invisível se lhes tornou mais real do que o cenáculo.  A extraordinária unção do Pai da criatividade possibilita ao pregador apresentar a razão das verdades 64

Conner, W.T. A Obra do Espírito Santo, p.195

65

Hughes. La Psicologia de la Predicación, p.139

66

Broadus, J.A. O Preparo e Entrega de Sermões, p.285

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do cristianismo embelezadas pela imaginação e animadas pelos sentidos para atrair os homens à verdade do Deus criador. O Criador da vida está disponível hoje. Ele concede vida à pregação de Sua Palavra. Deus, e não a retórica, faz com que a mensagem pregada penetre as fortalezas da vontade humana. Uma vez que Jesus Cristo é o Logos, a Palavra de Deus personificada, através de sua vida ele aplica ao coração dos ouvintes sua palavra exposta. “Se o pregador orou pela ajuda de Deus, certamente o Espírito Santo, que está mais perto que a vida física, guiará a mente até a criatividade espiritual”.67 O pregador que quer honrar a Deus e os homens com uma pregação criativa e relevante tem consciência da arte da chatice no púlpito, está procurando entender e facilitar o processo criativo, mas sobretudo deseja ardorosamente a permanente unção do Pai da criatividade (o Espírito Santo de Deus). Para esse tipo de pregador existem inúmeros recursos e técnicas, e é precisamente disso que se ocupará o próximo capítulo: Recursos e Técnicas Para a Pregação Criativa. Recursos esses que, submetidos ao rigor dos estágios da criatividade e contando com a unção do Pai da criatividade, contribuirão decisivamente para o púlpito criativo.

RECURSOS E TÉCNICAS PARA A PREGAÇÃO CRIATIVA Manter um púlpito criativo não é tarefa fácil, nem obra do acaso. Já ficou claro que a criatividade não é produto da vacuidade da mente, nem filha da preguiça negligente. Tornar o púlpito criativo e dinâmico requer uma decisão deliberada de, em consonância com o processo criativo e sob a unção do Pai da criatividade, utilizar os recursos e técnicas para a pregação criativa. Os recursos e técnicas disponíveis para a pregação criativa são quase ilimitados e não poderiam ser todos mencionados aqui. Com essa consciência serão considerados onze recursos e técnicas para a pregação criativa: 1) Ter um bom programa de pregação; 2) Ser um colecionador de idéias; 3) Acumular conhecimentos; 4) Saber introduzir e atrair atenção; 5) Transmitir confiança pelo caráter; 6) Explorar os recursos da boa comunicação; 7) Não se esquecer das ilustrações; 8) Usar a força do drama; 9) Explorar o gosto das pessoas pela novidade e curiosidade; 10) Conhecer e usar os recursos da imaginação; e, 11) Ter coragem para criar.

4.1 — TER UM BOM PROGRAMA DE PREGAÇÃO Nenhum pregador consciente despreza um bom programa de pregação. Um bom programa de pregação deve ter qualidades indispensáveis tais como: pesquisa sobre as reais necessidades e possibilidades da congregação (igreja); uma visão correta do equilíbrio entre os objetivos da pregação, ou seja, o programa deve manter o equilíbrio entre sermões evangelísticos, doutrinários, devocionais, éticos, de consagração e alento; e também incluir sermões para ocasiões especiais. Um bom programa de pregação, além de variar os objetivos, deve variar os livros da Bíblia, procurando um equilíbrio. Variar também as doutrinas bíblicas.  A forma de apresentação dos sermões deve variar semana após semana, isto é, usar sermões tipo biográfico, monólogo, diálogo, sermão tipo pérola (aquele em que se dá tratamento por inteiro ao texto, usa-se uma só ilustração e uma só aplicação), sermões expositivos, temáticos, de tópicos, etc. Deve-se incluir o estudo em série de determinados livros da Bíblia; pregar uma série sobre temas polêmicos, porém relevantes.  A questão é como começar um programa. Primeiro deve haver a decisão de elaborar um programa. Em segundo lugar, deve-se dedicar tempo à oração para que o Espírito Santo de Deus dê a orientação necessária. Deve-se fazer uma pesquisa sobre a realidade e necessidades da igreja. Separar os textos de forma equilibrada com tema, idéia central do texto e tese. Depois de elaborado o programa deve-se dar lugar à flexibilidade necessária quando acontecimentos urgentes assim requerem. Um bom programa de pregação, que é a base para a variedade na pregação, deve incluir: visão espiritual, pesquisa funcional, base bíblica, equilíbrio de objetivos, variedade de tipos de sermões, flexibilidade e disciplina, muita disciplina. 68 67

Patterson, F. Creativity and Preaching , p.19  Para um conhecimento mais profundo do assunto, ver apostila do Dr. Jerry S. Key sobre Programa de Pregação (utilizada em Homilética II do curso de  Bacharel em Teologia do STBSB) 68

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O Púlpito Criativo - Jésus S. Gonçalves. 4.2 — SER UM COLECIONADOR DE IDÉIAS

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“Uma importante diferença entre pessoas criativas e menos criativas é que as primeiras prestam atenção às menores idéias. Embora sem saber ao certo até onde vão chegar, elas sabem que uma pequena idéia pode resultar em uma grande descoberta e acreditam que são capazes de fazer isso acontecer.”69 Dentre os muitos conselhos e orientações que se recebe na disciplina de Homilética I, II e III do curso de Bacharel em Teologia do STBSB, o que o professor Dr. Jerry Stanley Key destaca é que o pregador deve andar sempre com papel e caneta no bolso. E ele mesmo é um exemplo claro dessa prática. Quem quer ser criativo no púlpito deve colecionar idéias. Não importa se elas são grandes ou pequenas, têm que ser registradas para não serem esquecidas. O pregador sempre deve ter um banco de idéias de fácil acesso. Para quem dispõe de um computador, isto se torna mais aplicável, mas qualquer  pregador pode ter um arquivo por mais simples que seja. Para ser um bom colecionador de idéias, o pregador deve ser um observador permanente, deve ver  sermão em tudo, na Bíblia, nos jornais, revistas informativas, livros de história, etc. Não estamos dizendo que se deve basear seus sermões em qualquer coisa, mas que uma atenção apurada e uma idéia apropriada podem dar origem a um requintado sermão bíblico.

4.3 — ACUMULAR CONHECIMENTOS “O orador ou pregador que fala demonstrando conhecimento do assunto que está abordando atrai como também prende a atenção do auditório e não só atrai como também prende esta atenção durante toda a sua fala, também domina psicologicamente os seus ouvintes”.70  A convicção é a mãe da persuasão. Quem quer persuadir tem que conhecer, e quem quer conhecer  mais tem que ler mais, estudar mais. O grande escritor brasileiro Rui Barbosa já dizia que “o homem vale pelo que sabe, sabe pelo que pensa, pensa pelo que lê”. Esse conhecimento tem que ser diversificado, isto é, abranger várias áreas do conhecimento humano. Pregador que não lê é um papagaio teológico; só repete o que ouve. Existem bons livros e boas bibliotecas disponíveis. Embora esteja consciente de que nem sempre as igrejas proporcionam aos seus pastores recursos e tempo suficientes para a boa leitura, o autor está certo de que, com vontade e disciplina, o homem de Deus que quer ser criativo no púlpito pode acumular conhecimentos diversos, dando assim material para que sua mente formule e processe novas idéias para a pregação. Isso implica dizer que o pregador não é um depositário de conhecimentos; ele é na verdade um transmissor da verdade, e só pode ser transmissor quem recebe e repassa.

4.4 — SABER INTRODUZIR E ATRAIR A ATENÇÃO Saber introduzir é uma arte. As primeiras palavras ditas no púlpito atrairão ou dispersarão a atenção do ouvinte. O pregador deve chamar a atenção, assegurar a boa vontade, e preparar para dirigir. O pregador precisa cultivar aquilo que Spurgeon denominou “poder surpresa”, isto é, dizer a coisa apropriada de forma inesperada.71  A introdução deve ser cordial e amigável, não deve prometer mais do que o sermão vai oferecer nem ser proporcionalmente maior do que um dos pontos do sermão. Um provérbio russo oferece sábio conselho ao pregador: “Acontece com os homens o mesmo que com os asnos: quem quiser segurá-los firme deve agarrar-se muito bem às suas orelhas”.72  A introdução além de introduzir o sermão deve ser como um pequeno imã, pequeno mesmo, mas potente o suficiente para induzir o auditório a contemplar o pregador como se fora um alto-falante nas mãos de Deus.73  A introdução deve captar a atenção do ouvinte, e isto não é apenas para chamar atenção sobre o pregador. É sobretudo para produzir mudanças. Quando no trânsito um motorista faz uma manobra repentina para se desviar de um acidente, é porque está prestando atenção.

69

Oech, R.V. Um “TOC” na Cuca, p.33

70

Marinho, H. A Psicologia da Atenção do Auditório, p.7

71

Blackwood, A.W. A Preparação de Sermões, p.20

72

Robinson, H. A Pregação Bíblica, p.107

73

Jorge, H. Psicologia da Atenção do Auditório, p.10

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“A moderna psicologia aponta quatro efeitos principais da atenção sobre os processos psíquicos normais, que são: a) Aumenta a capacidade e a rapidez da percepção. b) Proporciona maior nitidez aos processos psíquicos. c) Estimula a função de análise e discrição da inteligência. d) Determina a coordenação das representações mentais (associação de idéias, memorização, etc.)”.74 Tudo isto deve ser visto pelo pregador como um poderoso auxílio para melhorar a capacidade de prender a atenção do auditório. A aplicação desse conhecimento e utilização na pregação traz enormes vantagens para o pregador. Pregadores como Carlos César Novaes (batista), Nilson do Amaral Fanini (batista), Guilherme Cunha (presbiteriano), Irland P. de Azevedo (batista), Joel Felix da Silva (batista), Caio Fábio (presbiteriano) e Hélio Schuartz Lima (batista) são criativos na arte de captar a atenção dos ouvintes, seja ela espontânea ou voluntária. A atenção pode ser espontânea ou voluntária: “Espontânea, isto é: aquela que advém de nossa curiosidade ou interesse pelas coisas que nos cercam, devido a alguma excitação ou novidade, está em ligação com nossas tendências, sentimentos, necessidades e paixões. Voluntária: é aquela que usamos intencionalmente em determinada direção ou objeto chegando a se identificar, pelo seu esforço, com a vontade propriamente dita”.75 O pastor Hélio S. Lima é um exemplo de pregador criativo que sabe utilizar-se dos recursos de quantidade, disposição, intensidade e contraste. Existem fatores do estímulo que atraem a atenção e o pregador deve conhecê-los para deles se utilizar: “Quantidade e disposição, intensidade e contraste. A percepção das coisas é maior quando conseguem atrair nossa atenção em maior grau, de acordo com a intensidade e os contrastes dos estímulos que essas coisas nos apresentem. Alterações e movimentos: tudo que é possuído de movimento tem maior poder de atrair a atenção. Todo movimento ou estímulo que é repetido de um modo alto e intenso tende a captar mais atenção. Entretanto, se as repetições continuarem de um modo monótono, tendem a se tornar estímulos ignorados, fator importante que em psicologia se denomina adaptação negativa”.76 Prender a atenção não é tarefa fácil, mas é para isso que o pregador está no púlpito.

4.5 — TRANSMITIR CONFIANÇA PELO CARÁTER Nenhum ouvinte coerente quererá ouvir de bom grado um pregador sobre cujo caráter tenha dúvida. Isso porque “a probidade de vida é a alma da verdadeira eloqüência e o mais sólido penhor do seu triunfo para o orador e para os ouvintes. Se a oratória é uma arte a serviço da verdade e da justiça, com razão afirma Quintiliano ‘que não pode ser orador perfeito quem não for homem de bem, dotado de todas as virtudes morais, pois é impossível que o vicioso tenha sentimentos nobres e delicados sobre a  justiça e virtude’”.77 Quando o pregador prega exatamente o que vive e apresenta-se a Deus como obreiro que não tem de que se envergonhar, ele não é desprezado. Um homem de caráter honra qualquer púlpito, transmite confiança aos ouvintes antes mesmo de abrir a boca. Um caráter saudável é campo fértil para a imaginação construtiva na pregação.

4.6 — EXPLORAR OS RECURSOS DA BOA COMUNICAÇÃO O pregador é um comunicador, e viverá da comunicação. Não pode, portanto, negligenciar os recursos oferecidos para uma boa comunicação.  A principal ferramenta de trabalho do pregador é a sua voz. E ninguém pode ser criativo no púlpito desconhecendo as limitações e o alcance da sua própria voz. Aqui se destaca o Pr. Fausto Aguiar de Vasconcelos, que consegue utilizar a voz com precisão, clareza, pureza de tom e convicção. “As boas vozes produzem convicção. As vozes defeituosas geram dúvidas. Além disso, uma boa voz 74

 Ibidem, p.1

75

 Ibidem, p.2

76

 Ibidem, p.3

77

Dias, J.O. Elementos da Arte Concionatória, p.20

Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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é ouvida com agrado e qualquer coisa que ajuda um auditório a escutar ajuda-o também a crer. Sabe-se que à medida que o orador consegue captar a atenção de seu auditório, ele determina, em grande parte, a medida que este vai responder à sua mensagem, e uma boa voz ajuda a conservar a atenção dos ouvintes”.78 Geralmente o pregador comunica duas mensagens quando está pregando: uma com a voz e outra com o corpo. O ideal é que o pregador aprenda a equilibrar e conciliar a mensagem corporal com a voz. “A eficácia de nossos sermões depende de dois fatores: o que dizemos e como dizemos. Os dois são importantes. Sem conteúdo bíblico relacionado com a vida, nada temos que valha a pena comunicar. Mas sem uma entrega perita, não transmitiremos nosso conteúdo para a congregação. Na ordem de relevância, os ingredientes que compõe o sermão são o pensamento, a disposição, a linguagem, a voz e os gestos. Na prioridade das impressões, no entanto, a ordem é invertida. Os gestos e a voz emergem como os fatores mais determinantes”.79  A palavra em si é uma poderosa arma. Ninguém tem dúvida disso. Mas o pregador deve estar  absolutamente convencido dessa verdade e acrescentar o fato de que “a palavra não é a única arma a serviço da eloqüência, também o gesto, o olhar, o jogo da fisionomia, as lágrimas, os suspiros, o exemplo, e o próprio silêncio são por vezes poderosamente eloqüentes.  Assim é que Marco Antônio, ao defender no tribunal a Áquila, rasgou a túnica do réu para mostrar ao povo as cicatrizes das feridas recebidas em defesa da pátria. E mais do que o discurso, foi eloqüente este rasgo que levou os romanos, movidos por um tal espetáculo, a absolver o seu cliente. Por isso, em sentido mais amplo, é eloqüência a faculdade de persuadir por qualquer destes meios. Mas em sentido próprio, é a faculdade de persuadir por meio da palavra”.80 O poder da palavra pronunciada por uma boa voz e apoiada por uma comunicação corporal adequada atrai com mais facilidade. E se isso tudo for feito com verdadeira paixão e desejo de comunicar bem, o resultado será a fusão da alma que fala com a alma que escuta. Mas além de uma boa voz e harmonia entre esta e a comunicação corporal, a comunicação oferece outros recursos ao pregador do evangelho. O enriquecimento do conteúdo verbal é um recurso da boa comunicação.

4.6.1 — ENRIQUECEDORES DO CONTEÚDO VERBAL “Enriquecedores do conteúdo verbal são ferramentas que retêm e capturam a atenção dos ouvintes através do embelezamento lingüístico nas nossas conversações do dia-a-dia”.81 Entre outros destacam-se os seguintes: Comparação e Contraste: são basicamente opostos. O primeiro é usado para ilustrar semelhanças e o segundo enfatiza as diferenças. Citação: citações textuais tomadas por empréstimo de fontes de publicações respeitadas. Perguntas retóricas: são aquelas para as quais o orador não espera que haja respostas. Jogo de palavras: é uma forma verbal sofisticada, utilizando uma linguagem inventiva ou inteligente, visando a esclarecer algum ponto da apresentação de maneira humorística ou espirituosa. As mais comuns são: humor , hipérbole, trocadilho e rima. Porém o comunicador não deve abusar dos enriquecedores verbais para não cair no ridículo.

4.6.2 — APOIO VISUAL “Os apoios visuais ampliam o impacto positivo do assunto abordado, pelo uso simultâneo do auxílio visual e auditivo. A comunicação simultânea em dois níveis sensoriais dobra as chances de se fazer  entendido e aumenta significativamente o poder de retenção”.82 São quatro as vantagens do apoio visual: aumenta o interesse e vitalidade da pregação, facilita a 78

Crane, J.D. O Sermão Eficaz , p.148

79

Robinson, H. A Pregação Bíblica, p.127

80

Dias, J.O. Elementos da Arte Concionatória, p.15

81

Berg, E.A. Administração por Objetivos, p.55

82

Berg, E.A. Op. cit., p.58

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concentração, aumenta a retenção, e enfatiza pontos-chaves. Os critérios para o uso de apoio visual devem ser: clareza, relevância, exatidão, visibilidade e interesse. Isto é explicado por estas perguntas: O item está claro? O tópico é importante e apropriado? As informações dadas são corretas? Todos podem ver ou ler o visual? Irá prender a atenção da audiência?  Além desses recursos o pregador não pode descuidar do contado visual, pois este estabelece a comunicação e mantém a atenção das pessoas presa na mensagem do pregador. Já a expressão facial denunciará o estado de espírito do pregador. Uma boa comunicação deve ter ritmo e este deve variar durante o seu andamento, de acordo com a reação do auditório, complexidade de tópico e o que o pregador estiver querendo alcançar. Uma boa comunicação requer também uma boa aparência, que deve ser simples e elegante. Por fim é preciso que “o orador se dirija não a auditórios abstratos, mas só àquele que o escuta e de tal modo que os ouvintes, cada um, esteja sentindo que o pregador está falanado com ele pessoalmente. Este é o segredo da comunicação. E a comunicação íntima com a alma do ouvinte é meio caminho andado para a persuasão”.83

4.7 — NÃO SE ESQUECER DAS ILUSTRAÇÕES Ilustrar é lançar luz, por meio da comparação com a verdade conhecida. O emprego de uma ilustração oportuna é como o acionar de um interruptor elétrico em sala escura: inunda de luz o ambiente.  A ilustração atrai a atenção, quebra a monotonia do sermão, geralmente repleto de sentenças declarativas e categóricas.84 O Pr. Nilson Fanini tornou-se bem conhecido pelo uso apropriado de ilustrações em seus sermões para grandes multidões. Vivemos num mundo de mentalidade cinematográfica. O povo está acostumado a imagens, quadros, cenas que se movem em transições rápidas e não em arrazoados longos e argumentos profundos. As revistas que o povo lê, os cartazes, os anúncios, as novelas, os dramas ligeiros, tudo concorre para a formação desse popular método de pensar, isto é, enxergando as coisas. “Na realidade, em cada período da história da igreja, os mais eminentes pregadores têm sido aqueles que têm feito uso judicioso das ilustrações, em uma evidente imitação do método de Jesus Cristo de proclamar a verdade”.85  As ilustrações tornam-se um grande auxílio para os ouvintes, proporcionando-lhes levar para casa as verdades do sermão. Porque quando passa a hora do culto, não se lembram mais dos argumentos do pregador  ou do teor de todo o sermão, mas é difícil esquecer as ilustrações, e quando se lembram delas, por associação de idéias evocam o ensino fundamental da pregação, fixando-a na mente de uma maneira indelével. “Assim como os cientistas são capazes de reconstruir o esqueleto de um animal, partindo de um simples osso, também é possível refazer um sermão inteiro pela rememoração das ilustrações marcantes usadas no mesmo”.86 Ninguém pode ser pregador criativo se negligencia o uso de boas ilustrações, pois elas, além de ajudar  a reconstruir os sermões, devem ser vistas como uma parte importante do sermão. Há quem afirme que “não há parte mais importante do sermão para a comunicação da mensagem do que a ilustração. O povo falha em entender a mensagem ou considera ser outro discurso, porque o pregador falha em traduzir o abstrato para o visual por meio de ilustrações. Criatividade é uma resposta para um bom material ilustrativo”.87  A eloqüência é a capacidade de converter ouvidos em olhos. Já dizia um velho ditado: “as pessoas precisam ver e sentir a verdade”. As coisas espirituais e a teologia, embora sejam reais, muitas vezes são abstratas demais e precisam ser materializadas através das ilustrações. Quando o ouvinte associa o espiritual com alguma coisa concreta, ocorre a iluminação. Nesse processo de associação, o ouvinte se torna um participante que pensa em vez de um recipiente passivo. Quando uma ilustração dinâmica intensifica as emoções, o ouvinte se torna um participante ativo, sensível no processo da comunicação.  A ilustração é o elemento de que o povo mais gosta. Ela serve para explicar, provar, embelezar, 83

Dias, J.O. Elementos de Arte Concionatória, p.536 Oliveira, M.M. Manancial de Ilustrações, p.9

84

85

Oliveira, M.M. Op. cit., p.17

86

 Ibidem, p.8

87

Patterson, F. Creativity and Preaching , p.21

Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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chamar e prender a atenção, estimular as emoções, fixar os pontos do sermão. Quanto às fontes, o pregador deve tomar o máximo cuidado, evitando o uso de livros de ilustrações, pois estes livros contêm ilustrações que estão fora do contexto cultural do ouvinte. São ilustrações enlatadas, de fácil acesso mas de pouco efeito.  A ilustração, quanto mais próxima da cultura, mais sensível será ao ouvinte. O pastor João Falcão Sobrinho, que se destacou como escritor das “Parábolas Vivas” em O Jonal Batista, afirma que o pregador não pode usar no contexto brasileiro uma ilustração que só se aplica a pessoas da cultura norte-americana ou européia, e cita como exemplo a ilustração do menino que foi caçar ninhos de águia no penhasco e se perdeu. Ora, o povo escuta, mas não sente. Essa ilustração seria mais apropriada para quem mora próximo aos Alpes Suíços e não na Baixada Fluminense.  A observação do reino animal (especialmente da espécie humana), do reino vegetal e os recursos em geral da natureza fornecem ilimitado material ilustrativo. Jesus derivou muitas das suas ilustrações da natureza, como, por exemplo, o lírio do campo, o grão de mostarda, as aves do céu, etc. Existem pelo menos nove tipos de ilustrações que podem ser empregadas com proveito na pregação: “As figuras de linguagem, a analogia, a fábula, a parábola, a alusão histórica, o incidente biográfico, a experiência pessoal, e a anedota. Todos estes tipos, menos o último, foram empregados pelos santos homens de Deus que falavam sob inspiração do Espírito Santo, e que bom número deles foram sancionados por nosso próprio Senhor e Salvador”.88 O pregador criativo não pode negligenciar um recurso tão eficaz que tem sido usado por muitos com tanto sucesso. O Rev. Caio Fábio sabe utilizar esses recursos com muita propriedade.

4.8 — USAR A FORÇA DO DRAMA Dramatizar é tomar ou procurar tornar dramático, interessante ou comovente como um drama. Os filósofos que desejam tornar as suas idéias conhecidas, as transformam em drama. Jean-Paul Sartre é um exemplo disso. “Se aprendermos a pregar sermões tão dramáticos como as cenas que as Escrituras apresentam, nunca deixaremos de ter quem nos queira ouvir. O pregador tem que saber usar a imaginação como dramaturgo”.89 Pintar em cores vivas a pregação, dar vida pelo emprego oportuno do drama para enriquecer e tornar  conhecida a mensagem do evangelho, este é o desafio da dramatização equilibrada e coerente da pregação.  As pessoas pagam, e caro, para ir ao cinema e ao teatro porque sabem que verão a exposição de uma filosofia de vida apresentada de forma dramática e viva. Os filhos da luz não podem ser insensatos a ponto de desprezar o uso do drama na pregação.

4.9 — EXPLORAR O GOSTO DAS PESSOAS PELA NOVIDADE E CURIOSIDADE Um aspecto importante da estimulação que provoca o interesse das pessoas é a novidade. 90  Apresentar uma verdade antiga com um elevado teor de novidade, sem contrariar a essência, atrai qualquer pessoa. As emissoras de TV e os produtores de filmes não arriscariam dinheiro num projeto que não apresentasse nada de novo, porque seria um fracasso de bilheteria e audiência. As pessoas gostam de novidade e pedem novidade. O grande pregador Rubens Lopes era um especialista nessa área. Certa ocasião ele começou um sermão a partir da conclusão. Um modo inusitado, curioso e com sabor de novidade.  Além disso, “a curiosidade é uma tendência humana definida e clara como qualquer outra. Queremos saber o que contém um telegrama fechado, ou o que diz a carta que outra pessoa lê ou que está sendo falado em voz baixa ao telefone. Esta curiosidade é estimulada pelo ciúme, pela desconfiança ou pela sugestão de que podemos ser o assunto do telegrama, da carta ou da conversa telefônica”.91  As igrejas possuem um percentual maior de mulheres em suas congregações, e as mulheres são extremamente curiosas. O pregador pode explorar isso de forma legítima com enorme sucesso, para o bem do Reino de Deus. 88

Crane, J.D. O Sermão Eficaz , p.130

89

Blackwood, A.W. A Preparação de Sermões, p. 159

90

Murray, E.I. Motivação e Emoção, p.121

91

Robinson, J.H. A Formação da Mentalidade, p.41

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4.10 — CONHECER E USAR OS RECURSOS DA IMAGINAÇÃO  A imaginação é uma das características mais importantes num pregador. E seu uso apropriado pode fazer com que a pregação sobre textos como o do vale dos ossos secos em Ezequiel se torne tão clara que o povo pense que está ouvindo o barulho provocado pelo movimento dos ossos se ajuntando. “A imaginação é a função imaginadora da mente. A imaginação vê com o material guardado na mente, ela cria um mundo novo. A imaginação dá atmosferas individuais e as estimula. Um simples fato pode deixar uma impressão errada, mas a imaginação reveste este fato de cenas e situações vivas e nos apresenta a verdade que estava oculta. A imaginação, portanto, é a base de toda linguagem figurada. Ela compara objetos com objetos. O desconhecido e o conhecido, e cria um novo todo”.92  A imaginação é uma função própria do lado direito do nosso cérebro, que pode e deve ser explorada na pregação. A legitimidade do uso da imaginação na pregação está nas páginas da Bíblia. “Os profetas na pregação foram os precursores do homem-Deus, ensinando-nos a arte de sensibilizar e popularizar as verdades divinas sem detrimento da gravidade e energia com que se devem anunciar. Foi o mesmo Deus quem assim as colocou ao alcance do homem. Mais pelo vigor e audácia do que pela graça das suas imagens. São mestres no uso da oratória da imaginação, quando por ela é necessário abalar os ânimos e criar impressões grandiosas”.93 Os que por preconceito questionam ou condenam o uso da imaginação a serviço da pregação devem olhar para o exemplo de Jesus. Ele era o pregador por excelência e fez uso da imaginação. “Ele que é a própria sabedoria incriada, protótipo de pregadores, vestido da nossa humanidade, longe de desprezar o poder da imaginação, dela se serviu também para triunfar das inteligências e dos corações. Na sua divina humana eloqüência, Jesus Cristo explorou os diversos simbolismos da natureza, criou até novos simbolismos: o lobo e o cordeiro, o trigo e a cizânia eram tipos simbólicos já conhecidos, mas quem ousara comparar a caridade de um Deus-homem com a galinha ajuntando os seus pintinhos debaixo das asas, ou com a cepa da vide de que nós somos o sarmento? Não há dúvidas, o divino Mestre, como homem, quis auxiliar-se da imaginação e ensinar-nos o seu uso”.94 Não podemos desprezar um recurso que foi usado de forma tão apropriada por aquele que era a própria sabedoria encarnada. E que também foi usado pelos profetas que escreveram sob inspiração do Espírito Santo de Deus. “Podemos muito bem tornar real uma história, mediante uma restauração imaginada, em nossa própria mente, das cenas, pessoas e acontecimentos do passado, pensando naqueles períodos, ou trazendo-os para os nossos dias, e mentalmente observando o que eles transpiram, e deles participando”.95  A imaginação precisa ser simpática. Sem forçar o texto, mas dando aquele toque que o ouvinte não esperava ouvir. Na linguagem dos pregadores é ‘tirar água de pedra‘. Quando o pregador fala a linguagem do ouvinte pelo uso da imaginação não precisa pedir-lhe a atenção nem prendê-la com argumentos sutis. Já conquistou a vontade do ouvinte porque aprendeu o segredo do poder. Para Napoleão Bonaparte o futuro pertenceria aos homens de imaginação. Se ele estivesse vivo, poderia comprovar isso na prática.  A imaginação pode ser usada na elaboração do tema. Este deve criar uma imagem na mente do povo. Na introdução devem-se criar imagens que comecem onde as pessoas estão. O plano e esboço deve ser  imaginativo e vivo. A conclusão deve conter uma imagem que acompanhará o ouvinte de volta para casa.  A imaginação pode ser enriquecida com a leitura da Bíblia, leitura de livros infantis, com a observação das atitudes do povo no seu dia-a-dia, tendo cuidado evidente. Enfim, pensar no que o povo pensaria. A imaginação deve ser explorada para a pregação criativa. Porque as pessoas vivem mais do sensível do que do 92

Key, J.S. O Uso da Imaginação na Pregação, p.3

93

Dias, J.O. Op. cit., p.98

94

 Ibidem, p.101

95

Broadus, J.A. O Preparo e Entrega de Sermões, p.298

Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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abstrato. E é só aprenderão o abstrato se lhes for servido com imagens sensíveis que o encarnem. É bom para o pregador cultivar a imaginação, reservando tempo para fazer perguntas. E quanto mais praticar essa atividade, mais produtivo se tornará.96

4.11 — TER CORAGEM PARA CRIAR Não basta conhecer os recursos e técnicas para a pregação criativa. É preciso ter coragem para criar.97 “As pessoas, em sua maioria, desistem da responsabilidade de ser inovadoras e criativas. Dizem: ‘não vou conseguir, isso é loucura!’ Se você realmente acha que pode, então vá e faça”.98 Os resultados da pregação criativa são tão compensadores que vale a pena arriscar-se a criar, não importa se algumas pessoas vão ou não gostar; é preciso ter coragem para colocar em prática a criatividade à serviço da pregação. A missionária americana Peggy Smith e o Pr. Manoel Xavier (batista) são corajosos na arte de criar, por isso os seus sermões atraem sempre.  A coragem deve ser uma virtude na vida do pregador, e esta coragem deve se evidenciar na hora de criar, de ser criativo na pregação das verdades eternas, sem porém passar por cima dessas verdades. Sem coragem não há criatividade. Se o medo dominar o coração do pregador, ele não conseguirá sair do lugarcomum. Os grandes pregadores são aqueles que falam a verdade eterna sem medo algum, mas que sobretudo falam esta verdade com coragem criativa.  Além desses recursos existem muitos outros, e ainda a associação de um ou mais dos recursos acima descritos ampliará a visão de qualquer pregador. O pregador criativo deve lançar mão de recursos e técnicas para a pregação criativa, e ele certamente não se decepcionará se resolver adotar um bom programa de pregação; ser um colecionador de idéias; acumular conhecimentos; aprender a arte de introduzir e atrair a atenção; transmitir confiança pelo caráter; explorar os recursos da boa comunicação; não se esquecer de usar boas ilustrações; usar a força do drama; saber tirar proveito do gosto das pessoas pela novidade e curiosidade; conhecer e usar os recursos da imaginação; e sobretudo ser corajoso o suficiente para criar. Então o seu púlpito será verdadeiramente criativo.

CONCLUSÃO O grande mistério da pregação é que Deus usa um homem para transmitir a mensagem que transforma outro homem. A pessoa que Deus usa para pregar deve utilizar todos os meios legítimos com o propósito de alcançar o objetivo de Deus: a redenção dos homens e edificação da igreja.  A criatividade é um meio legítimo, mas se for negligenciada o pregador corre o risco de estar  desenvolvendo uma nova arte homilética: a arte da chatice no púlpito. Ao invés de atrair, ele vai afastar os homens da redenção e edificação. Para fazer uso da criatividade de modo construtivo, o pregador precisa entender e facilitar o processo criativo. Sabendo que o progresso da humanidade se deve ao respeito dos cientistas pelos estágios da criatividade, estes mesmos estágios observados na arte de preparar um sermão aumentará a criatividade de qualquer pregador. Criatividade pode e deve ser aperfeiçoada. Mas na pregação o uso da imaginação sem unção é presunção. Por isso o pregador pode e deve contar com a unção do Pai da criatividade que é o Espírito Santo de Deus. Ele está pronto para capacitar os homens de Deus para que se tornem cada vez mais criativos na arte e ciência da pregação. Se o pregador deseja tornar o seu púlpito criativo, certamente não lhe faltarão os recursos e técnicas para a pregação criativa. Para tornar isso uma realidade, o capítulo quatro apresenta onze recursos e técnicas, mas a criatividade pessoal do pregador poderá ampliar, e muito, esses recursos. Criatividade não é um dom raro possuído por alguns afortunados. O nível da criatividade é limitado pela habilidade, mas mesmo assim todos podem criar. O pregador que acredita na criatividade como um dom de Deus pode realizar muito mais. O pregador  precisa ser determinado em usar os recursos para melhorar a sua mensagem.  Aplicar-se aos estudos é um grande desafio, porque o que vai sair em termos de criatividade dependerá e muito do que entrou. Sem conhecimento a criatividade ficará limitada. As grandes conquistas criativas são sempre baseadas em conhecimento incomum, grandes recursos de informação e intenso esforço. É o desafio de usar o poder mental ao máximo. O esforço de criar é grande mas a recompensa é maior.  O pregador consciente das suas limitações, que entende o processo criativo, deve estar aberto à 96

 Ibidem, p.36

97

Para um estudo profundo sobre a coragem de criar, ver o livro A Coragem de Criar , de Rollo May, 1982, Ed. Nova Fronteira.

98

 Ibidem, p.75

Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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inovação construtiva, isto é, deve se tornar um caçador de boas idéias construtivas. Mas não basta ser um bom caçador de idéias. O pregador precisa acreditar nas suas próprias idéias e ter persistência para continuar construindo a partir delas. É um risco que vale a pena. O pregador da Palavra do Deus perfeito e completo não deve parar de se aperfeiçoar nunca. Não podemos construir o ministério da pregação criativa nos satisfazendo com as coisas do jeito que elas são. O enriquecimento na pregação deve ser alvo permanente de todo pregador. Embora haja quem queira enriquecer-se através da pregação, o alvo permanente do pregador criativo deve ser o enriquecer a sua pregação para que, através dela, enriqueça a vida daqueles que a ouvem. Cada pregador deve colocar para si mesmo o desafio de pregar os melhores sermões de sua vida. Não pode ficar apenas repetindo os bons sermões do passado. O púlpito cristão evangélico não pode carregar o estigma de maçante e cansativo. Deus vocaciona pregadores e espera que eles honrem o púlpito que ocupam, fazendo com que os homens desejem obedecer  ao Deus criador. Só um púlpito verdadeiramente criativo pode fazer isso. Conhecer e evitar a arte da chatice no púlpito, entender e facilitar o processo criativo, desejar e buscar  a unção do Pai da criatividade e finalmente reconhecer e usar os recursos e técnicas para a pregação criativa, regado a oração e lágrimas, pode realizar o milagre do púlpito criativo.

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Obras não publicadas.

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O Púlpito Criativo - Jésus S. Gonçalves.

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Editora JUERP - 2ª edição, 1993.

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