O Pilão de Oxalá

March 10, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

Download O Pilão de Oxalá...

Description

 

O PIL Ã O DE Ò S ÀÁ L Á UM SOTAQUE SOTEROPOLITANO EM SÃO PAULO  Por Riz Maglio 

Tomando como base o ano em que fui iniciado na Religião dos Òrìsà Òrìsà (1978),  (1978), imagino que foi uns quatro ou cinco anos antes que comecei a visitar algumas Casas de Candomblé de São Paulo. Lembro queo aquilo comigo, me encantava: as de cantigas, mulheres vestidas naquela naqu elas s roupas, roupas, idioma idiomamexia utili utilizado zado nas louvaçõ louvações, es, o tom quase   as lamento de algumas rezas, o ritmo frenético dos atabaques, enfim, tudo da religião trazida pelos escravos ao Brasil fazia brilhar os olhos do garoto de ascendência italiana, de rígida formação católica. O tempo passou, fui iniciado e, por anos e anos, o Candomblé continuou sendo aquela coisa bonita, com algumas variações. Digo, algumas casas paulistanas apresentavam determinadas cerimônias de forma mais simples, outras de forma mais elaborada, mas sempre permeadas por aquela beleza que seduziu o garoto. A entrada do sýrè    - instrumento sagrado de sàngó , no barracão até hoje me causa a mesma sensação, a mesma emoção, que causou da primeira vez que vi. Não tinha menor dúvida de que trilhados o Candomblé em São Paulo era belo, maslevou, foi a decisão pora retraçar os caminhos pelo praticado meu saudoso Pai Kamusuan que me num passado recente, a ir com certa freqüência para o berço do segmento Kêtu do Cand Ca ndom ombl blé: é: Salvador Salvador.. E fo foii assi assim m que que co cons nseg egui ui subs subsíd ídio ioss para para esta estabe bele lece cerr al algu guns ns parâmetros comparativos, os quais me fazem ver que, se o Candomblé praticado em São Paulo é lindo, aquele praticado praticado em algumas tradicionais tradicionais casas soteropoli soteropolitanas tanas é belíssimo, descontando-se a tendenciosidade causada pela minha irrestrita paixão pelas Mães Baianas e pelo fascínio que a cidade de Salvador exerce sobre mim. Em total dissonância com o que acontece em São Paulo, a ausência de homens durante o "sirè Òrìsà " (l (lit iter eral alme ment nte, e, "bri "brinc ncad adei eira ra dos dos orixás ", mas, na verdade, a "louvação  introdutória a todos Òrìsà ""))  , até , até mesmo em casas que têm homens ocupando o mais alto cargo - ção. Bàbálórìsà  é o(1 caso Casa d’Òsùmàrè  uma das4-7) primeiras que a at aten ençã o. Al Aliás iás,,, como Be Benis niste te (199 997, 7,dapg. pg . 332, 332 , ISBN ISBN ,85-2 85é-28686-061 06147) ci cita ta coisas "O cu cuid idad adoochama pela  pela  participação de homens no Candomblé, em função apenas de acordo com a sua hierarquia, é  destacada por Ruth Landes, em A Cidade das Mulheres, 1967, fruto de seu trabalho junto  aos negros baianos em 1938/39. Sobre o homossexualismo, a autora relata um momento de  festa no Candomblé do Enge Engenho nho Velho, em que houve um constrangi constrangimento mento geral diante da  manifestação de Òrìsà   num num homem visitante. Tentaram impedir sua desenvoltura de dançar   junto às mulheres, mas não conseguiram. Depois de voltar a si foi-lhe mostrada, em tom de  advertência, uma placa afixada no poste central: ‘Por meio deste, pede-se aos cavalheiros o  máximo respeito. Os homens são proibidos de dançar entre as mulheres que celebram os  ritos neste templo’, pág. 60" . Logo emnaseguida vem dançar, o fato de mesmo as mais ilustres personalidades não entram "roda " para "roda  emque outras palavras, convidados são convidados evisitantes vão ali para,

 

pura e simplesmente, assistir - o respeito pelo Òrìsà  da  da casa, da(o) Ìyálórìsà  /  / Bàbálórìsà  e  e o próprio própr io do convidado é demonstrado demonstrado através de um gesto tão simples simples quanto ficar em pé, nadaa de louv nad louvaçõ ações es co como mo se a ca casa sa visi visita tada da fosse fosse a própri própriaa ca casa sa do vi visit sitan ante te..  Alágbè  "visitante ", ", que chega da rua, sem preparação adequada, não coloca as mãos nos "couros  "couros " (atabaques) (ataba ques) - instru instrumento mentoss sagrados, sagrados, devidamente devidamente preparados preparados para chamar as divindades africanas ao africanas  ao àiyé . Isto é claro, sem contar a marcante cordialidade do(s) membro(s) da casa que conhece(m) o visitante. Em outras palavras, a menos que haja uma certa insistência por parte da (o) anfitriã (o), um convidado é um convidado e comporta-se como tal, com toda discrição. Pelo exposto nos parágrafos anteriores, os que estão acostumados ao Candomblé da maior cidade da América Latina, a terceira do mundo, com mais de 16 milhões de habitantes, já devem ter percebido que há uma notável diferença. Para os que não estão acostumados, cabe dizer que em São Paulo homens participam do "sirè "sirè Òrìsà ", ", visitantes / convidados apresentam-se com roupas que fazem inveja a muitos africanos, participam das cerimônias públicas (e até mesmo das internas) como se a casa fosse deles: os ömö Òrìsà  prestam   prestam o dòbálû / yinká  para   para suas Ìyálórìsà  como   como se estivessem em seus barracões, Ìyálórìsà   saem cumprimentando os mesmos pontos físicos sagrados que cumprimentariam em suas próprias ca casa sas, s, en enttram ram na ro roda da para para dança ançarr para para os seus seus Òrìsà , os os  Alágbè   já vã vãoo lo logo go se acomodando para tocar os "couros  "couros " e assim vai. Não que isto seja uma crítica, é apenas o " jeito  jeito paulista " de ser, o qual, na min minha ha p part articu icular lar opini opi ni ão, foge às mais básicas regras de bom senso do comportamento social ocidental. Como nunca estive no Oeste Africano, não posso falar sobre as regras do povo iorubá, mas posso garantir que este "comportamento "comportamento paulista"  não  não pode, nunca, ser utilizado em algumas das tradicionais casas de Candomblé soteropolitanas. Lembro que desde os meus velhos tempos - época em que era privado de visitar Salvador pela minha falta de interesse cultural na reli religi gião ão,, ouvi ouviaa meu meu Pai Pai Ka Kamu musu suan an co cont ntar ar qu quee este este ou aque aquele le Bàbálórìsà   (falando especificamente de homens, incluindo meu Avô Zé Mauro d'Îñïîsì) era muito importante na Sampa de Caetano Veloso, mas se despia da sua importância quando chegava na "Cidade  "Cidade  das Mulheres" . Aliás, até hoje ouço históri histórias as de Bàbálórìsà   que mudam radicalmente seu comportamento e, conseqüentemente, maneira de vestir, quando vão aos Candomblés das tradicionais casas de Salvador. Mas o motivo de toda esta introdução é para dizer que, depois destas descobertas que tanto me agradaram em Salvador, viajando de volta para a minha querida Sampa, digo, por vias indiretas, acabei por descobrir uma casa de Candomblé paulista diferente, uma casa que faz lembrar lembr ar a velha e querida querida Casa Branca do Engenh Engenhoo Velho da Federação, o Ilè Àseý Ìyá Nasò  Oká . Esta casa é o Ilè Àsë  Ajàgunà  Öba   Öba Olá Fadaká , que tem como Bàbálórìsà   o Ûgbön   Alabíyí,   ini  Alabíyí, inicia ciado do por Maria Maria das Dore Doress da Silva, conh conheci ecida da como Talab Talabyy Deiyi, Deiyi, na cidade do Reci Re cife fe.. Já mora morand ndoo em São Paul Paulo, o, o Bàbálórìsà Alabiyi   foi procurar a ajuda de Vovó Conceição de Nàná Nàná,, que eu, infelizmente, não tive a oportunidade de conhecer, mas me contam que ela era filha de Ìyá Massi, quinta Massi, quinta Ìyálórìsà  da   da Casa Branca (Carneiro, 1948, pg. 56, ISBN 85-200-0083-5). Tal

ajuda, por desejo de Òsàgiyán Òsàgiyán  - Òrìsà Òrìsà de  de Bàbá Alabíyí , foi sucedida

 

por Mãe Cinha - filha sangüínea de Vovó Conceição, Ëkëd Ëkëdii d'Òñïîsì  d'Òñïîsì  e   e grande e inseparável amiga de minha querida Mãe Terezinha - Ëkëdi d'Îñun, pessoas d'Îñun, pessoas das quais pretendo falar à respeito em um artigo futuro.

Em virtude desta gostosa amizade que há entre Mãe Terezinha (à (à esquerda ), ), Mãe Cinha (à  (à  direita ) e eu (no (no centro ), ), acabei por também fazer amizade com Bàbá Alabíyí, com Alabíyí, com o qual tive chance de conversar umas duas vezes antes de ser convidado para o "Pilão  "Pilão ". ". O que mais me impressionou logo que comecei a falar com Pai Alabíyí  Pai Alabíyí  foi  foi o "nível "nível da conversa...” uma coisa gostosa, bem cadenciada, com um tom cultural que superou as minhas expectativas, isto sem contar algumas opiniões em comum, entre elas, as que dizem respeito a Ori . Não só a casa onde mora Bàbá Alabíyí , como também os pontos públicos de seu terreiro causam a melhor das impressões, pois são extremamente agradáveis. Simplicidade associada ao bom gosto. Paredes e chão limpo. Grama cortada. Tudo muito bem conservado, a ponto de ser difícil dizer que a casa tem toda idade que me foi reportada. Incrível! No dia da festa chegamos - eu, Roberto e Rubens, um pouco mais cedo e fomos recebidos por um garotinho com seus 5-6 anos, que foi logo dizendo que estava encarregado de receber as visitas. Fomos conduzidos aos fundos da casa - tão impecável quanto os outros lugares que já havia conhecido, e lá acomodados. Logo passaram uma, duas, três pessoas que nos cumpri cumprimen mentar taram, am, aperta apertando ndo social socialmen mente te nossas nossas mãos. Vale lembra lembrarr que, que, em situações diferentes, venho encontrando demonstrações similares tanto na Casa Branca (vide "O Dia do Caçador ""))  , como , como no Òpó Àfonjá , como no Gantois  e   e também na Casa d’Òsùmàrè. E, neste ponto, aproveito para perguntar: "Quem "Quem não gosta de ser bem tratado?" . Isto cativa, até mesmo em outras situações do cotidiano, quando a pessoa está em um daqueles dias

 

que Ölorun  determinou  determinou que não fosse dos melhores. melhores. Não era o caso, mas se estamos com uma má impre impressão, ssão, muitas vezes causada por outras outras coisas que nos acontecer aconteceram am durant durantee o dia, uma atençãozinha  nos  nos faz sentir diferentes, nos faz relaxar e, conseqüentemente, ver as coisas com olhos menos influenciados influenciados por aquele aquele stress  tão   tão característico de pessoas que vivem nos grandes centros urbanos. Naturalmente, o branco imperava, exceto por mim que decidi vestir uma camisa "azul  " azul  clarinho"  pra   pra combinar com Ògyian Ògyian  - filho guerreiro de Osàálá Osàálá,, a ponto de chegar a me sentir meio "deslocado"  "deslocado"  até  até que alguns visitantes chegaram trajando as mais diversas cores. O Candomblé - a cerimônia cerimônia pública, começou. Na "roda"  "roda" , somente mulheres vestidas vestidas com o mais alvo branco. Lindo. O "pique"  "pique"   baiano baiano já estava claro. As personalidades chegavam e eu discutia com Pai Roberto sobre o "couro " couro não dobrar"   e ele me dizia que aquilo estava acontecendo, mas meu péssimo ouvido não conseguia identificar. Talvez porque em São Paulo seja muito comum ver parar tudo quando um visitante importante chega. Por aí já vi o quanto estou perdendo quando vou a um Candomblé em Salvador! Uma vergonha para mim, sem dúvida.

O sirè teve início. Meu Pai Ògún Ògún foi  foi louvado seguido por meu Pai Îñïîsì. Îñïîsì. Foi  Foi logo após que Pai Roberto comentou comigo, no melhor dos tons: "o " o sirè é diferente" . Lembrei, imediatamente, quando o mesmo aconteceu em uma das festas que fui na Casa Branca e um olòtítï (dono (dono da  verdade em iorubá - palavra a mim ensinada por meu grande amigo eletrônico Ödë Lonà  através do ditado "olòtítï "olòtítï lýsû kékeré " que significa "o "o dono da verdade tem pernas curtas" ) disse atrás de mim: "este "este sirè está errado!...”  Tive   Tive que me segurar para não fazer um discurso ali mesmo. Ufa! Pelo menos estava feliz, pois ouvi alguém iniciado por meu Pai Kamusuan - Ògán  Roberto   Roberto de sángò sángò,, mostrar seu respeito pelo àsë trazido ao Brasil por Ìyá Nasò, pois acho que ninguém pode ter tanto conhecimento a ponto de dizer que qualquer coisa feita na Casa Branca do Engenho Velho esteja errada, afinal o Ilè Àsë Ìyá Nasò Oká  está para o Candomblé Kêtu assim como o Vaticano está para a Igreja Católica e, como sempre digo, negar isto é mostrar a falta de conhecimento histórico da religião, é negar a

 

brasilida brasil idade de des desta ta religião religião que hoje em dia cultua cultua divindades divindades   até mesmo esquecidas na  África.

Mas voltando ao barracão do Ilè Àsë  Ajàgunà  Öba   Öba Olá Fadaká , lá pelas tantas, depois de todos Òrìsà   terem terem sido louvados como de costume, a maioria das pessoas desaparece por alguns minutos. Parece uma espécie de "recesso"  "recesso"   para os poucos leigos presentes. De repente repen te os atabaques atabaques começam com o ìgbín    - ritmo característico de Òsàálá Òsàálá,, e é então que o resto da história de Òsàálá Òsàálá começa  começa a ser revivida. Digo "o "o resto"  porque,   porque, como a grande maioria das cerimônias no Candomblé, houve antes muitas outras cerimônias internas até que a cerimônia pública pudesse ser realizada.  Antes detextos prosseguir, para tornar fácilISBN o entendimento parte do leitor leigo, aproveito um dos de Verger (1957, mais pg. 429, 85-314-0475-4)por  para lembrar a origem da festa chamada "Pilão "Pilão d’Osàálá "":: Outrora Osalufön   , pai de Osagiyan   , rei de Ejigbo, projetou deixar o reino de seu filho para  visitar seu amigo sango   , rei de Koso, o país vizinho. Conforme a tradição, tradi ção, antes de partir ele  foi ver um babalawo, o qual, após consultar Ifá, declarou que não deveria empreender  aque aq uela la vi viag agem em.. Osalufön   insistiu e perguntou se algumas oferendas ou sacrifícios não  poderiam tornar a sorte mais favorável. O Babalawo confirmou que a viagem seria desastrosa, que ele seria vítima de inúmeros  aborrecimentos, que ficaria muito pouco satisfeito com as aventuras que o esperavam e que  se ele não quisesse morrer teria de fazer tudo aquilo que lhe fosse pedido, jamais recusando 

 

um favor e jamais se queixando do que viesse a acontecer. Além disso, deveria levar três  mudas de roupa, sabão da Costa e manteiga de karité. Osalufön  pôs-se   pôs-se a caminho, andando lentamente, pois era velho, e apoiava-se em um  pasoro, grande bengala de estanho. Em breve deparou com Esú   , sentado à beira da estrada, com uma grande barrica cheia de azeite-de-dendê perto dele. Esu  pediu   pediu a Osalufön  que   que o  ajudasse a pôr a barrica em cima de sua cabeça. Ele assim o fez e Esu  derramou  derramou o conteúdo  em cima dele, começando a rir e a caçoar de Osalufön . Este, Este, seguindo seguindo as recomendações  recomendações  do babalawo, nada disse e não se queixou. Foi até um rio vizinho e tomou um banho, lavou-  se, passou manteiga manteiga de karité no corpo, pôs uma roupa limpa e deixou deixou a roupa usada como  oferenda. ofere nda. Retomo Retomouu o caminho com muita dificuldade dificuldade e encontrou-se encontrou-se com Esu   mais duas  vezes, o qual lhe pregou a mesma peça, com um saco de carvão e com azeite de caroço de  palmeira. Osalufön   agiu agiu como da primeira vez e prosseguiu seu caminho. Daí a pouco chegou ao reino de sango  e,   e, ao passar perto de um milharal, viu o cavalo do  rei, que havia fugido. Colheu algumas espigas e deu-as para o animal comer. Os criados de  sango   , que procuravam o animal, chegaram naquele exato momento e acreditando que  Osalufön  roubara   roubara o cavalo caíram em cima dele, dando-lhe muitas porretadas, quebrando  suas pernas e braços. Jogaram-no em um calabouço e levaram o cavalo de volta a seu  senhor. Sete anos de desg Sete desgraç raças as se abat abater eram am sobre sobre o rein reinoo de sango . A seca comprometeu as  colheitas, epidemias dizimaram os rebanhos, as mulheres se tornaram estéreis, etc. sango  foi consultar Ifá   , que revelou que o motivo de todos aqueles apuros se devia ao fato de que  um velho havia sido preso injustamente. Realizaram-se indagações, buscas e, finalmente, Osalufön   foi levado ado diante de sango . Es Este te imed imediat iatame ament ntee reco reconh nhec eceu eu seu seu ami amigo go.. Deses De sespe pera rado do e enve enverg rgon onhad hadoo do que que ha havi viaa si sido do feit feito, o, or orde deno nouu a seus seus súdi súdito toss que, que, inteir int eirame amente nte vestidos vestidos de branco branco,, fossem fossem buscar buscar água, água, e no maior maior silênci silêncio, o, em sina sinall de  respeito, para lavar Osalufön . Este, em seguida, voltou para junto de Osagiyan   , que não  tinha mais notícias de seu pai, apesar das buscas com o objetivo de encontrá-lo. A volta é  comemorada por meio de grandes festas e distribuição de comida para todo o povo. Com o objetivo de deixar ainda mais claro o “por quê” desta linda festa comemorada todo ano por um grande número de terreiros de Candomblé Kêtu que têm filhos destes Òrìsà Òrìsà,, faço novamente uso das definições de Beniste (pg. 119): Òsàgiyán  era  era um guerreiro impetuoso e protetor dos Fùlàní, e sempre se alterca com outros  Òrìsà   , com Ömölu  em   em particular. É também conhecido como Ëlýmòsò, um nome ligado à  história de Ogbómînñï, lugar onde se faz o culto a Òrìsà Pópó . Os antigos relatos dizem que  quand qu andoo Orànmíyàn   se se dirigia para Meca a fim de vingar a morte de Lámúrúdù, pai de  Odùdúwà   , ele se desvia de sua rota e funda a antiga Oyó. Muitos membros de sua fam família ília o  seguiam seg uiam,, entre eles eles  Akínjole   , um dos filhos de Ògiriniyán, o mais jovem dos filhos de  Odùdúwà . Este Akínjole  Este  Akínjole   funda Èjigbò e passa a ser intitulado intitulado Eléèjìgbò Eléèjìgbò e denominado  denominado  Òsàgiyán  ou  ou Ògiyán   , por gostar muito de inhame pilado - iyán.

 

Numa tentativa de concluir o mencionado pelos dois autores/pesquisadores, através da minhaa int minh interp erpret retação ação ext extrem remame amente nte simplif simplifica icada, da, o "Pilã lãoo d’Òsàálá " tem o objetivo de relembrar os passos de Òsàlúfón Òsàlúfón  - que duraram sete anos, tendo como ápice a festa que se seuu filho - Òsàgyán Òsàgyán,, realizou para celebrar a sua volta. Indo mais além e, tentando simplificar ainda mais, eu ousaria dizer que o "Pilão"  "Pilão"  está   está para os abórìsà (tod (todoo aquele que crê no Òrìsà Òrìsà)) assim como o Natal está para os cristãos, lembrando que a diferença reside no fatoo de que o ocorri fat ocorrido do com Òsàlúfón Òsàlúfón pertence  pertence a "tempos "tempos imemoriais" . Vale ainda lembrar que, em Salvador, Salvador, este ritual dura três semanas semanas,, mas em cidades como São Paulo ou Rio de Jane Janeir iroo (ima (imagi gino no), ), to torn rna-s a-see difíc difícilil faz fazêê-la la ao aoss mold moldes es so sote tero ropo polit litano anoss em vi virt rtud udee das das difi dificu culd ldad ades es que que os abórìsà   têm que enfrentar, principalmente porque os terreiros estão situados em municípios periféricos, a bons quilômetros de distância da casa/trabalho dos seguidores. Mais uma vez, depois destes poucos minutos de "recesso"  "recesso"   - que me permitiram divagar tanto, vamos voltar ao barracão. O ìgbìn  está  está sendo tocado e da porta, a qual imagino ser do quarto de Òsàgyán Òsàgyán,, começa a sair uma procissão de fiéis carregando os "apetrechos"  "apetrechos"  que   que serão utilizados. Entre outros detalhes inerentes à procissão, além de Bàbá Alabíyí, Mãe Alabíyí, Mãe Cinha e Mãe Terezinha, chamam atenção as abòrìsà  que   que carregam um banquinho e o pil ão envo envolto ltoss em tecido branco. Os assistentes estão de pé e os membros da procissão, um a um, saúdam os principais pontos da casa: a porta, o mastro central e os atabaques. Sob a orientação de Mãe Cinha, o apèrè   (banquinho) e o odó   (pil ã   ão) - principais objetos desta cerimônia, são colocados no chão do barracão e um pedaço de tecido branco é aberto sobre os mesmos, - sustentado por algumas pessoas, como se fosse uma barraca: o Alá  o Alá .... .. Embora a palavra seja de origem árabe, nada tem a ver com o Ser Superior dos mulçumanos, mas sim com o tecido que cobre/acompanha Òsàálá Òsàálá.. Bàbá Alabíyí  se   se posiciona em frente ao Pil ã   ão, Mãe Cinha entoa uma cantiga cantiga e, através do corpo de Bàbá Alabíyí,  Alabíyí,  Òsàgiyán Òsàgiyán   vem nos prestigiar, dançando em frente ao Pilão e, conseqüentemente, sob o Alá  o Alá . É o auge da festa. Outros Òrìsà Òrìsà vêm  vêm prestigiar a festa que Òsàgiyán Òsàgiyán está  está dando para comemorar a volta de se seuu pa paii - Òsàlúfón Òsàlúfón,, às su suas as te terr rras. as. Eles Eles da dança nçam m para para cele celebr brar ar a volt voltaa do Pai Pai da raça humana, o reconhecimento do erro cometido pelos súditos do Öba Koso - sàngó sàngó.. Os atori são distribuídos entre alguns membros de importância dentro da religião. Estes, por sua vez, saem tocando os ombro ombross dos presentes, presentes, relembrando relembrando a guerr guerraa simbólica registrada registrada por Verger (1981, pg. 270/271) em Ejigbò .  A comida de Òsàgiyán   é dist distri ribu buíd ídaa entr entree os pr pres esen ente tess ac acom ompa panh nhad adaa do aluá;   deliciosamente soteropolitano, vale lembrar.  Após todos terem sido servidos, Òsàgiyán Òsàgiyán e  e os instrumentos retornam ao quarto, com a diferença de que Sàngó Sàngó  - manifestado em uma de suas filhas é quem carrega o pilão. Os

 

demais Òrìsà Òrìsà,, após o dahun (dança característica de cada um), entram - um a um, pela porta.  Algum tempo passa pass a até que todas divindades divindades retornam  retornam ao barracão, desta vez vestida em suas roupas de gala, predominantemente branca. Òsàgiyán Òsàgiyán põe-se  põe-se em frente aos atabaques e entoa uma reza. Logo após, canta a cantiga que fala sobre a importância de Ölörun Ölörun   na religião - Oní Sàá wúre, Sáà wúr'àñë... Não wúr'àñë... Não lembro bem, mas acho que logo em seguida veio o "arakétu wúre " - cantiga que exalta a união em Kêtu, quando todos cumprimentam os Òrìsà  manifestados  manifestados e também os demais presentes. Só lembro que a cantiga foi repetida por um bom tempo, permitindo assim que todos cumprimentassem todos. Uma beleza sem igual.

 As quecantigas se manifestou ao velho através pai dosdehumanos uma ömösão Òrìsà  entoadas  da casa.  da e osUma, Òrìsà  duas,  dançam  dançam três voltas, seguindo emopassos mesmodelentidão sem igual, são dadas em torno do mastro central antes que, finalmente, todos Òrìsà sejam retirados do barracão, caracterizando o encerramento da festa. Não fosse o frio característico das madrugadas de Cotia, mesmo durante o verão, aqueles que já assistiram alguma das muitas festas da Casa Branca do Engenho Velho, por poucas horas pensariam estar em Salvador, lá nos altos da Avenida Vasco da Gama.

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF