o Passado Modos de Usar Enzo Traverso
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Livro de Traverso...
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o
PASSADO,
MODOS DE USAR HISTÓRIA, MEMÓRIA E POLÍTICA
ENZO TRAVERSO
,
edições unipop
Introdução - A emergência da memória
o passado, modos de usar. História, memória e política. '1'111 1(' \ dil( :1, \1 J.C
passé, modcs J'cmploi:
histoirc, mi'mmrc, po1itiyUl' \1 IIJI~I' 1':m~()'J'ra"cno
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JiC\'crciro dc 2012
9
I - História e memória: uma dupla antinómica? 21 Rememorafão 21 Jeparaf'ÕeJ 29 Empatia 38
11 - O tempo e a força Tempo histórico e tempo da memória ((Memórias fortes) e «memórias fracaJ)
55
111 - O historiador entre juiz e escritor Memóna e eJI.Tita da hútória ~ érdade ejUJtifu
89 100
IV - Usos políticos do passado A memória da Jhoah como ((religião ávih) O edipxe da memória do (,'l)munúmo
109 109 120
V - Os dilemas dos historiadores alemães O deJapareámellto dofasciJ'mo Li Shoah, a RDA e o ant[fascúmo
129
VI - Revisão e revisionismo MetamotjiueJ de um mnceito A palavra e a roisa
149
Nota bibliográfica e agradecimentos
165
Notas
169
55 71 89
129 138 149 155
A memória de &/and Lew (19~~-2005)
,(A história é sempre contemporânea, ou seja, polítiCa)}
Antonio Gramsci
Quaderni dei can:ere
Introdução A emergência da memória São raras as palavras tão banalizadas como «memó-
ria), A. sua difusào é ainda mais impressionante dada a sua entrada tão tardia no domínio das ciências sociais. Durante os anos 1960 e 1970 ela estava praticamente ausente dos debates intelectuais. Não figura na edição
de 1968 da lntertlational Encydopedia
oi lhe Soda! SúenreJ,
publicada em Nova Iorque sob a direcção de David L. Sills, nem na obra colectiva intitulada Faire de I'lIÍ.rtoire,
publicada em 1974 sob a direcção de Jacques le GofE e Pierte Nora, nem mesmo em Krywords, de Raymond
Williams, um dos pioneiros da história culturaP. Alguns anos mais tarde teria já penetrado profundamente no
debate historiográfico. 9
.-\ «memória» é recorrentemente utilizada como si-
recordaçõcs, etc), e promovido junto do público através de estratégias publicitárias dirigidas.
nónimo de história e tcm uma particular tendência para absorvê-la, tornando-se ela própria numa espécie de
,
Os centros de investigação e as sociedades de his-
\categoria meta-histórica. Captura o passado numa rede
tória local são incorporados nos dispositivos deste
de malha mais larga do que a disciplina tradicionalmen-
turismo da memória em que por vezes encontram os
te denominada história, aí depositando uma dose bem
seus meios de subsistência. Por um lado, este proces-
maior de subjectividade, de «vivido», Em suma, a me-
so decorre indubitavehnente de uma rqjicarãfL.dsL-RJJ,f.f11-
mória aparece como um história menos árida e mais «humana»2.
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ou seja, da sua transformação em objecto de con-
memória invade hoje em dia o espaço
sumo, estetizado, naturalizado e rentabilizado, pronto
público das sociedades ocidentais. a passado acompa-
para ser utilizado pela _indústria do turismo. e do es-
nha o presente e instala-se no seu imaginário colectivo
pectáculo, especialmente pelo :§;~a,
como uma ((memória» extremamente amplificada pelos
frequentemente chamado a participar nesse processo,
meios de comtmicação e frequentemente regida pelos
na qualidade de «profissional» e de «especialista» que,
poderes públicos, ~.\ memória transforl!la..::.s.c em «ob~es
nos termos de alivier Dumouhn, faz da sua arte um
sã?_.
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