o Passado Modos de Usar Enzo Traverso

November 22, 2018 | Author: Lucas Patschiki | Category: Historiography, Nazism, Nazi Germany, Auschwitz Concentration Camp, Jews
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Livro de Traverso...

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o

PASSADO,

MODOS DE USAR HISTÓRIA, MEMÓRIA E POLÍTICA

ENZO TRAVERSO

,

edições unipop

Introdução - A emergência da memória

o passado, modos de usar. História, memória e política. '1'111 1(' \ dil( :1, \1 J.C

passé, modcs J'cmploi:

histoirc, mi'mmrc, po1itiyUl' \1 IIJI~I' 1':m~()'J'ra"cno

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JiC\'crciro dc 2012

9

I - História e memória: uma dupla antinómica? 21 Rememorafão 21 Jeparaf'ÕeJ 29 Empatia 38

11 - O tempo e a força Tempo histórico e tempo da memória ((Memórias fortes) e «memórias fracaJ)

55

111 - O historiador entre juiz e escritor Memóna e eJI.Tita da hútória ~ érdade ejUJtifu

89 100

IV - Usos políticos do passado A memória da Jhoah como ((religião ávih) O edipxe da memória do (,'l)munúmo

109 109 120

V - Os dilemas dos historiadores alemães O deJapareámellto dofasciJ'mo Li Shoah, a RDA e o ant[fascúmo

129

VI - Revisão e revisionismo MetamotjiueJ de um mnceito A palavra e a roisa

149

Nota bibliográfica e agradecimentos

165

Notas

169

55 71 89

129 138 149 155

A memória de &/and Lew (19~~-2005)

,(A história é sempre contemporânea, ou seja, polítiCa)}

Antonio Gramsci

Quaderni dei can:ere

Introdução A emergência da memória São raras as palavras tão banalizadas como «memó-

ria), A. sua difusào é ainda mais impressionante dada a sua entrada tão tardia no domínio das ciências sociais. Durante os anos 1960 e 1970 ela estava praticamente ausente dos debates intelectuais. Não figura na edição

de 1968 da lntertlational Encydopedia

oi lhe Soda! SúenreJ,

publicada em Nova Iorque sob a direcção de David L. Sills, nem na obra colectiva intitulada Faire de I'lIÍ.rtoire,

publicada em 1974 sob a direcção de Jacques le GofE e Pierte Nora, nem mesmo em Krywords, de Raymond

Williams, um dos pioneiros da história culturaP. Alguns anos mais tarde teria já penetrado profundamente no

debate historiográfico. 9

.-\ «memória» é recorrentemente utilizada como si-

recordaçõcs, etc), e promovido junto do público através de estratégias publicitárias dirigidas.

nónimo de história e tcm uma particular tendência para absorvê-la, tornando-se ela própria numa espécie de

,

Os centros de investigação e as sociedades de his-

\categoria meta-histórica. Captura o passado numa rede

tória local são incorporados nos dispositivos deste

de malha mais larga do que a disciplina tradicionalmen-

turismo da memória em que por vezes encontram os

te denominada história, aí depositando uma dose bem

seus meios de subsistência. Por um lado, este proces-

maior de subjectividade, de «vivido», Em suma, a me-

so decorre indubitavehnente de uma rqjicarãfL.dsL-RJJ,f.f11-

mória aparece como um história menos árida e mais «humana»2.

~-\

~~,

ou seja, da sua transformação em objecto de con-

memória invade hoje em dia o espaço

sumo, estetizado, naturalizado e rentabilizado, pronto

público das sociedades ocidentais. a passado acompa-

para ser utilizado pela _indústria do turismo. e do es-

nha o presente e instala-se no seu imaginário colectivo

pectáculo, especialmente pelo :§;~a,

como uma ((memória» extremamente amplificada pelos

frequentemente chamado a participar nesse processo,

meios de comtmicação e frequentemente regida pelos

na qualidade de «profissional» e de «especialista» que,

poderes públicos, ~.\ memória transforl!la..::.s.c em «ob~es­

nos termos de alivier Dumouhn, faz da sua arte um

sã?_.
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