O Método da Cruz Celta - Clube do Tarô - Tarot.pdf

November 17, 2017 | Author: Alan Fonseca | Category: Tarot, Life, Love, Philosophical Science, Science
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Estudo sobre o método | A Cruz Celta

O Método da Cruz Celta Rogério Novo

Vamos, antes de tudo, tentar deixar claro o que seja uma Cruz Celta: ela não é qualquer cruz com adornos de nós. As cruzes Celtas são, de fato, muito anteriores ao Cristianismo. Elas são cruzes encaixadas ou ladeadas por um círculo. A cruz pode simbolizar os quatro quadrantes da natureza ou os quatro elementos (terra, ar, fogo e água). O círculo é o símbolo da eternidade e a trilha do sol no céu. Após a introdução do Cristianismo, se tornou freqüente ver a cruz colocada sobre uma base, o que alongou sua haste vertical. In http://

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Cruz celta originária

Após o cristianismo

www.radioescola.multiply.com

www.libreopinion.com

Em http://castelodeasgard.blogspot.com/2009/04/cruz-celta.html, temos a seguinte explicação: “Apesar de muitas vezes ser confundido com um símbolo da Cristandade, a Cruz Celta é muito anterior, com algumas representações datadas de 5000 a.C. As suas origens são desconhecidas mas é de consenso geral que se trata de um símbolo solar, cujas semelhanças com a Suástica e com o Ankh egípcio não podem deixar de ser notadas. Tal como estes, apresenta o eixo horizontal, Feminino, receptivo, Yin e o eixo vertical, Masculino, criativo, Yang, representando tanto o Eixo do Mundo, como os Quatro Elementos e a Chave da Vida.” Da mesma forma, temos em Sinais e símbolos – origem, história e significado, editado pela H. F. Ullmann, pág. 39: “Apesar de actualmente ser essencialmente associada ao cristianismo, a cruz céltica data dos tempos pagãos quando era um símbolo da fertilidade e da vida – a cruz significa a potência masculina e o círculo o poder feminino”. Fica nítida a inexistência da linha vertical lateral que consta do diagrama do método utilizado no Tarô. Uma autora, para “justificar” sua existência, alegou que o lado esquerdo do diagrama corresponderia a um pavilhão (bandeira), e a linha à direita seria o mastro que o sustenta. Assim em Pollack, Rachel; 78 graus de sabedoria, parte II; Nova Fronteira; pág.143: “Através dos anos este padrão provou ser o mais popular. O nome Cruz tem origem na sua forma, uma cruz de braços iguais (uma carta em cada lado do centro), com quatro cartas alinhadas como um ‘Mastro’ ao lado dela.”. Notemos, por necessidade simbólica, que em qualquer figuração da Cruz Celta, o círculo nunca está circunscrevendo a cruz, pelo contrário ele une os quatro braços da cruz. E isso é de suma importância para podermos determinar a forma de leitura das Casas 3, 4, 5 e 6, se em forma de cruz ou de círculo. Simbologicamente sabemos que o círculo representa a totalidade, excluindo a possibilidade da existência de qualquer coisa fora dele. Neste sentido, repetimos Chevalier e Gheerbrant, op.cit., verbete “círculo”: “... desde a mais remota Antiguidade, o círculo tem servido para indicar a totalidade, a perfeição...”, “... o círculo, portanto, simboliza um limite mágico infranqueável...” (g.a.), “... concentrado em si mesmo, sem princípio nem fim, realizado, perfeito, o círculo é o signo absoluto...” (g.a.), “Jung mostrou que o símbolo do círculo é uma imagem arquetípica da totalidade da psique, o símbolo do self...” (g.a.). Como pudemos observar no símbolo sagrado Cruz Celta, os braços da cruz extrapolam o círculo que os une. Por conclusão simbólica, não podemos admitir que a leitura das Casas 3, 4, 5 e 6 seja feita circularmente, pois o significado totalizante do símbolo “círculo”, por si só, excluiria a possibilidade de se ler as demais casas, que estariam fora do contexto simbólico. Ao se fechar o círculo com a Casa 6, não faria o menor sentido “dar prosseguimento à leitura”!

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O método de jogo Cruz Celta Como foi por esse método que comecei, ele será o “bode expiatório” desse estudo. Eu o aprendi pelo livro Tarô mitológico, no qual é apresentado da seguinte forma (que é, fundamentalmente, a forma básica com a qual é apresentado em vários livros e booklets):

O esquema de tiragem pela Cruz Celta

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A significação das casas é apresentada da seguinte forma: “Casa 1: denominada de Significadora, é a carta que irá refletir a situação, interna ou externa, na qual o consulente se encontra naquele momento; Casa 2 (cruzando a Casa 1): chamada de Carta Cruzada, descreve a situação, interna ou externa, que gera o conflito e a obstrução do presente imediato, “cruzando” o caminho do consulente, indicando a natureza aparente de seu problema. Não é necessariamente negativa em si, mas simplesmente representa a situação que está gerando o conflito e atrapalhando o andamento do assunto levantado pelo consulente. De certo modo, esta carta impede a Significadora de se expressar completamente, provocando o bloqueio da vida; Casa 3: é a Carta da Cabeça. Sua aparência visual é bastante simples - uma vez que está sobre a Significadora - e descreve o clima e a situação que pairam sobre o presente imediato. Ela reflete o que está na superfície e imediatamente aparente na vida do consulente; Casa 4: é a Base da Questão e descreve a situação interna ou externa, o impulso, o instinto ou o desejo, enfim, o motivo real por trás da superfície aparente da situação refletida na Carta da Cabeça. O que está na base é, na verdade, o que está na raiz da psique, e muitas vezes esta carta surpreende o consulente, que pode não ter se dado conta da motivação inconsciente que precisa ser trazida à luz da razão. Esta carta freqüentemente servirá para contradizer a razão aparente de nosso dilema; Casa 5: são as Influências do Passado, e descreve uma situação interna ou externa que já ocorreu na vida do consulente. Foi uma situação muito importante, mas que neste momento perdeu sua validade, e, justamente por isso a pessoa precisa abrir mão daquilo que a carta representa antes da integração efetiva dos novos aspectos de sua vida futura; Casa 6: Influências do Futuro, descreve uma situação interna ou externa prestes a se manifestar na vida do consulente, descreve as forças em ação no futuro imediato da pessoa; Casa 7: chamada de Posição Atual, representa, de certo modo, a extensão da Significadora, descrevendo a atitude do consulente dentro das circunstâncias que o cercam. Esta carta, assim como a Significadora, reflete um conjunto de posturas internas e quase sempre representa os potenciais a serem desenvolvidos ou mesmo revelados; Casa 8: denominada por Fatores Ambientais, descreve a imagem que os outros - amigos e família - fazem do consulente. Esta carta quase sempre implica o tipo de reação que a pessoa deve esperar dos outros com relação à sua situação. Freqüentemente o consulente está atravessando uma fase na qual não conta com a compreensão dos amigos e nem com a receptividade desejada dos familiares, e esta carta conta o porquê, uma vez que esta é a imagem que o mundo tem dele, podendo contradizer o que ele sente, da mesma forma que reflete com honestidade sua própria situação; Casa 9: chamada de Esperanças e Temores, pois tanto os desejos como as ansiedades se apresentam numa única carta, já que todas elas têm significado duplo; Casa 10: Resultado Final. Esta carta não serve para descrever uma situação permanente ou definitiva, mas a conseqüência natural da situação que o consulente atravessa no momento, abrangendo, no máximo, um período de seis meses.” É importante ressaltar que o método é ensinado utilizando-se o sistema fast-food americano, utilizando todas as 78 cartas “misturadas”, o que não impediu, é claro, sua propagação com o uso apenas dos arcanos maiores, já que “decorar o significado dos 56 arcanos menores é muito difícil”. Esse mesmo método aparece em vários livros, apresentando variações, apesar de ser apresentado como o método das dez cartas, desde a quantidade de cartas - chegando até 13 cartas -, como a disposição das mesmas - alterando a “distribuição” das casas -, e até o significado atribuído a cada casa. Embora na essência todas as variações tenham a mesma forma geométrica, o sistema de leitura (nominação das casas e direção da leitura) varia de tal forma que o ritmo de interpretação acaba sendo prejudicado. Nei Naiff classifica o ritmo desse método como de cruz. E caso queiramos fazer uma análise mais profunda de cada método, especulando sobre as combinações das casas dentro do método, poderemos fazer desdobramentos dos ritmos, que poderão nos deixar confusos se não atentarmos ao conjunto da obra. Como vimos, a inversão das casas 5 e 6, alterando o eixo horizontal, causa, sim, confusão, pois coloca a carta do passado à direita e a casa do futuro à esquerda, quando o natural seria lê-las inversamente. Não obstante, é importante ressaltar que, apesar dessa inversão na distribuição das cartas no leito do método, elas continuam a ser lidas, segundo as instruções do livro, no sentido apropriado, isto é, primeiro o passado e depois o futuro. O que poderia chamar a atenção é a disposição das casas 3 e 4. Simbologicamente temos que o eixo vertical é ascencional. Ao se dispor a carta da Casa 3 no topo desse eixo e a carta da Casa 4 em sua base, e lendo-as nessa seqüência, estar-se-á interrompendo o Ritmo de Leitura. E, mais grave, esse eixo, da forma como vem sendo exposto, fica em total afronta ao eixo lateral, das Casas 7 a 10, criando um conflito visual geométrico! Sobre a questão ascendente, acho muito importante verificarmos uma idéia “equivocada” que temos do sentido de “mergulho na alma”. Quando pensamos nesse mergulho, realmente a impressão que temos é de irmos para “baixo”, ou para dentro como se diz. Ocorre que, pelas lições trazidas a nós por Jung, o “consciente” é um ponto que está “dentro” (ou no “limiar”) do “inconsciente”, formando o que ele denominou de si-mesmo (Selbst) (in O eu e o inconsciente – 274), que por sua vez é outro ponto que está “dentro” do “inconsciente coletivo”. Visto dessa forma, como a vejo, o trajeto da busca, do mergulho n'alma, é, ao contrário do que parece, um pulo para o “exterior”, ou seja ele é ascendente! Quer dizer que, ao buscarmos “no fundo de nós mesmos”, na verdade não há uma viagem “para dentro” como acreditamos, mas um salto “para fora” do nosso consciente a fim de alcançarmos o nosso inconsciente, e posteriormente, o inconsciente coletivo! E isso torna a “viagem” ascendente! Em seu Dicionário de símbolos, Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, confirmam essa teoria. No verbete “Cruz”, temos que: “... A cruz tem, ainda, o valor de símbolo ascencional. (g.a.) ... O eixo vertical dessa cruz une a terra (morada dos homens, e na sua expressão ctoniana, das almas mortas) ao Céu Superior, morada do Deus supremo.” Já no verbete “Pilar”, temos: “... Não se pode viver sem um eixo vertical que assegure a abertura para o transcendente ...” (g.a.) Outro ponto que, a meu ver, merece análise, é o de qual eixo deveria ser lido primeiro, qual deles é mais importante: se o eixo horizontal, que trata do passado e do futuro imediatos, ou o eixo vertical, que trata de como a questão se apresenta, interna e externamente, ao consulente. Acredito agora, após rever meus conceitos, que a leitura do eixo vertical deva preceder ao eixo horizontal. O que me leva a essa tese é o fato de que a Casa 1, representando a situação presente, com a Casa 2 (obstaculizando/favorecendo) essa situação, teríamos o eixo vertical (consciente/inconsciente – conhecido/desconhecido) lido a seguir, posicionando como o consulente está lidando com a situação. Já o eixo horizontal (passado/futuro) focaria o motivo de a situação se apresentar assim e as perspectivas imediatas para essa situação, tornando mais claro, a situação da Casa 1. Isso nos daria um desenho central da Cruz Celta da seguinte forma:

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Redistribuição do desenho central da Cruz Celta Ilustração de Leca Novo

Já a linha vertical à direita, não necessitaria sofrer modificações. Acredito que o Ritmo de Leitura poderia fluir melhor nessa configuração, principalmente porque, dessa forma, a casa 6 estaria se conectando ao eixo vertical lateral, tal como “o pavilhão se prenderia ao mastro”! Eis algumas considerações: 1ª) Com relação à leitura do eixo horizontal, uma observação que não pode ser relegada é a de que, de acordo com a Geometria Sagrada, o Gêometra, ao iniciar uma construção, primeiramente cravava, ao nascer do sol, seu cajado no solo (verticalmente), para descobrir o eixo horizontal leste-oeste, que definiria o sentido da construção. Acredita-se, também, que o primeiro eixo a existir tenha sido o vertical, quando o homem descobriu que poderia se orientar, e seguir viagem, realizando o mesmo processo acima. 2ª) Sobre a nominação das casas. Como estou analisando, e pesquisando, sobre a forma pela qual conheci a Cruz Celta, resolvi alterar o significado das casas, da seguinte forma: Acredito que a Casa 1 possa ser vista como a própria essência da consulta, a questão em si. Já a Casa 2, não consigo vê-la exclusivamente como negativa, pois seria até incoerente pretender determinar que qualquer carta que caia ali tenha que ser entendida pelo seu aspecto negativo, principalmente porque já vimos que nenhuma carta do Tarô tem atributo exclusivamente positivo ou negativo. Acredito que esta Casa deva ser interpretada como uma "advertência", pretendendo indicar qual a atitude que o consulente deveria tomar para dar força à Casa 1. 3ª) Vamos ver o eixo vertical. Acredito que a nominação deveria ser invertida à sua proposição, com a Casa 3 (sul) como o que está consciente/conhecido, e a Casa 4 (norte) como o que está inconsciente/desconhecido. Em todas as fontes que procurei, o eixo vertical é ascensional, liga o “material” (o que é sabido; o consciente) ao “divino” (o que não é sabido; o inconsciente). Tomemos como exemplo uma questão sobre relacionamento. O que o consulente conhece é o que está na Casa 3, uma Estrela, por exemplo. Ele tem a consciência de esperar um novo amor, está aberto a essa possibilidade, anseia por ele! E se tivermos na Casa 4 uma Força, teremos que o consulente desconhece que tem capacidade para superar a amargura que vem carregando. Disso resultaria que nesse eixo teríamos: Casa 3, abaixo das centrais, representando a base da questão, o que já se conhece (ou tem consciência) sobre o assunto. Casa 4, acima das centrais, representando o que não se conhece (ou não se tem consciência) sobre o assunto. 4ª) com relação à temporalidade a ser atribuída ao passado e ao futuro recentes (casas 5 e 6 na nova concepção) eu tenho um certo receio em predeterminá-los. Acredito que esse recente deva ser visto em relação à questão analisada, e, portanto, ele poderá ter uma alteração significativa. Para dar continuidade à questão já posta acima, sobre como fluirá o relacionamento amoroso: poderíamos ter na Casa 5 (passado recente) uma Torre. Como se trata de uma relação amorosa, estaria a indicar uma ruptura num relacionamento amoroso que o consulente vivenciava, causada por “terceiros”, com muita dor, um verdadeiro “desastre”! Ora, isso poderia ser o resultado de um divórcio, que machucou profundamente o consulente, e que, embora tenha ocorrido há cerca de 6 meses, bloqueou o consulente para novos relacionamentos amorosos. Então, o recente, no caso, refere-se à situação em questão. Só que, para o consulente, isso é o mais recente possível! Para complicar mais um pouquinho, poderemos ter na Casa 6 (futuro recente), um Carro, que, pelos seus atributos de realização rápida, estaria a indicar que esse novo relacionamento fluirá mais rápido do que o consulente possa imaginar, talvez em vias de se consolidar imediatamente! E isso poderia ser em bem menos de um mês! De qualquer forma, ficaria assim: - a Casa 5, colocada à esquerda das centrais, representaria o passado recente. - e a Casa 6, colocada á direita das centrais, representaria o futuro recente. 5ª) já a observação mais interessante, e que acabaria por adequar todo o sistema às necessidades do consulente, me foi dada pela taróloga Marcia de Freitas, em uma de nossas intermináveis discussões, prática corroborada pela taróloga Vera Chrystina Santos. Ambas alegaram que, ao abrir o jogo à mesa, o faziam com as cartas voltadas para o consulente, pois o jogo “seria” dele. Devo confessar que essa forma de dispor as cartas me pareceu extremamente pertinente, não só pela lógica dela em si, como, ao assim fazer, as Casas 4 (inconsciente/desconhecido) e 10 (resultado final), ficariam “longe” – como deveriam ficar – do consulente, como demonstra a figura abaixo.

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Redistribuição do desenho central da Cruz Celta Ilustração de Leca Novo

Como já havia dito, referindo-me à “evolução” dos eixos no sentido embaixo-em cima, acho que as casas 7 a 10, por já estarem conformadas ao eixo, não necessitam alterações. É claro que posso estar enganado e mudar de opinião depois, mas acho pouco provável, pois isso confrontaria as idéias já postas. E seria essa a minha proposta de configuração para a Cruz Celta, que estaria conformando a sua construção de acordo com os preceitos da Geometria Sagrada, e com o ritmo de leitura condizente com as premissas explicitadas. Belo Horizonte, 30 de maio de 2.009

Contato com o autor:

Rogério Novo - [email protected] Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores Para ler a Introdução de Rogério Novo clique o link abaixo Estudo sobre o método

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