O Livro de Crescimento de Igreja - Thom Rainer

May 4, 2017 | Author: ferrerdel | Category: N/A
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O Livro de Crescimento de Igreja História, Teologia e Princípios

The Book of Church Growth Thom S. Rainer 2009

Tradução: Josiane Kraft Dionisio Fonseca 1

Prefácio Talvez mais que qualquer outro evento até hoje, a publicação de “O Livro do Crescimento de Igrejas” marca o início da era do Movimento de Crescimento de Igrejas. Thom Rainer executou o que muitos veteranos do crescimeto da igreja tem desejado por anos – um bom livro para o ensino sobre o Crescimento de Igrejas. O livro “Entendendo Crescimento de Igrejas” de Donald McGavran (Eerdmans), agora em sua terceira edição, revisada e atualizada, continuará sendo um clássico fundamental do movimento. Ninguém será capaz de se dizer profissional com habilidade na área sem ter lido e assimilado esse livro. Entretanto, “Entendendo Crescimento de Igrejas” possui limitações. Como trabalho pioneiro, reflete o que Thom Rainer chama de “A Era McGravan”, quando as idéias de uma pessoa são estabelecidas como paradigmas básicos para que outros sigam, portanto é limitado e obsoleto. Muito foi acrescentado ao Movimento de Crescimento de Igrejas desde 1970, quando o livro foi publicado pela primeira vez. A segunda geração de líderes do Crescimento de Igrejas, aqueles que estudaram diretamente com McGravan nos anos de 1960 e 70, não possuem inclinação para escrever um livro compreensível. Antes, escolheram dirigir suas pesquisas e escritos para áreas mais específicas do Crescimento de Igrejas sugeridas, tanto explícita como implicitamente, pelos escritos de McGravan. Através das contribuições da segunda geração, o Movimento de Crescimento de Igrejas começou a amadurecer. Thom Rainer é um notável representante da terceira geração. Ele não estudou com McGravan ou Wagner. Não possui certificado do Seminário Fuller. Começou sua observação no Movimento de Crescimento de Igrejas apenas como um praticante neutro na área, que não tinha profundo interesse em ver almas ganhas para Cristo e igrejas se multiplicando. Se, em sua opinião, os princípios do Crescimento de Igrejas ajudassem a acelerar a evangelização em sua comunidade e no mundo, ele os adotaria. Se não, ele rapidamente procuraria por ajuda em outro lugar. Assim como O Livro do Crescimento de Igrejas mostra, Dr Rainer gostou do que viu. Gostou o suficiente para decidir dedicar duas facetas de sua carreira para seguir o Crescimento de Igrejas. Thom Rainer é uma daquelas raras combinações de estudioso e praticante. Então, decidiu, antes de tudo, dedicar a pesquisa e os escrito de seu Ph.D. ao assunto. Segundo, ele pessoalmente aplicou os princípios do Crescimento de Igrejas em seu ministério pastoral e, como resultado, viu igrejas crescerem. Como pastor da Igreja Batista de Green Valley, ele viu o número de membros chegar a 1.700 e a igreja ainda está crescendo. Menciono isso apenas para dizer que não conheço alguém mais qualificado para escrever o primeiro verdadeiro livro do Movimento de Crescimento de Igrejas. Sinto-me privilegiado por conhecer Thom pessoalmente e sentir que seu coração está em Deus e Seu Reino. Estou impressionado com a amplitude de seu trabalho. Rainer abrange a área desde Roland Allen até livros relevantes publicados apenas dois meses antes de eu ler o manuscrito. Esse não é um livro apenas para seminários e escolas bíblicas, mas para pastores e líderes de igreja, independente de onde estejam e qual seja denominação religiosa. Se você quer tirar sua igreja do ponto morto e move-la vigorosamente para frente, para a glória de Deus, não encontrará fonte melhor que O Livro do Crescimento de Igrejas que você está prestes a ler. C. Peter Wagner Seminário Teológico de Fuller Pasadena, Califórnia

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Agradecimentos Meus alunos da Escola Beenson Divinity em Birmingham, Alabama, sempre me ouviram falar sobre a necessidade de um trabalho de introdução geral sobre o Movimento de Crescimento de Igrejas. O encorajamento e força deles desempenharam um papel importante na escrita “dO Livro”, o nome que deram ao projeto. Estou em dívida com todos meus alunos de Beenson, os estudantes mais capazes e talentosos, com quem me associei. Um agradecimento especial à Broadman Press e ao editor desse livro, John Landers. O Livro do Crescimento de Igrejas foi minha primeira experiêcia em publicações com a Broadman e não me desapontei. John Landers e seus bons assistentes acrescentaram clareza e organização ao meu livro, enquanto me davam liberdade para expressar pensamentos e idéias. Sou abençoado por ser pastor da Igreja Batista de Green Valley, uma igreja que tiveram uma visão de muitas das idéias expressas nesse livro. Minha talentosa e alegre secretária, Virginia Barksdale, contribuiu com esse livro de inúmeras maneiras. Ela me mantém organizado, quando meu mundo seria uma desordem. Todo o maravilhoso staff da igreja de Green Valley merece reconhecimento por se unirem a mim e por me permitir testar minhas idéias e sonhos. Expresso minha mais profunda gratidão a todos do staff, especialmente ao grupo da essência ministerial: Chuck Carter, Charles Dorris, Marrion (Bubba) Eubank, Tim Miller e Rhonda Freeman. Sem o apoio de dois de meus mentores, O Livro do Crescimento de Igrejas nunca se tornaria realidade. Lewis A.Drummond, que agora é professor Billy Graham de evangelismo e Crescimento de Igrejas na Escola Beenson Divinity, encorajou minha busca por pesquisar o Crescimento de Igrejas enquanto era um aluno do doutorado no Seminário Teológico Batista do Sul. C. Peter Wagner, que me honrou grandemente ao escrever o prefácio desse livro, tem me dado horas de entrevistas e correspondências, e centenas de páginas de materiais pertinentes. Ele é a razão primária de permancer convencido de que os melhores dias do Movimento de Crescimento de Igrejas estão por vir. O leitor verá a influência do Dr. Wagner do começo ao fim desse livro. O Livro do Crescimento de Igrejas, de várias maneiras, é um projeto familiar. Meu irmão Sam Ranier Jr., deu um generoso suporte técnico e um amável encorajamento ao seu irmãozinho. Sam é realmente o escritor talentoso da família. Peggy Dutton, mais conhecida por Peggy Sue, deve ser incluida na família Rainer. Peggy Sue digitou todo o manuscrito, revisou o trabalho, e redigitou quando necessário. Em incontáveis ocasiões, ela recebeu meus três filhos em sua casa, quando o pai deles precisava de uma tempo a sós para escrever. Que essas poucas palavras possam ser uma prova de minha profunda gratidão a Peggy Sue. Em muitas maneiras, somos produtos de nossos anos de formação. Agradeço a Deus por minha mãe, Nan Rainer, que nunca parou de me apoiar, nunca parou de acreditar em mim, nunca parou de orar por mim e nunca parou de me amar. Ele tem sido uma fonte constante de ânimo para esse livro e para minha vida. A memória de seu esposo e meu pai, Sam Rainer Sr., tem me fortalecido em meus momentos de fraqueza. A maior parte do crédito desse livro, entretanto, vai para a bela dama chamada Nellie Jo Ranier, e três presentes de Deus, chamados Sam Ranier III, Art Rainer e Jess Rainer. Meus três garotos nunca deixaram de orar pelo papai e por tudo o que faço. Nenhum pai poderia ser mais abençoado que eu. O amor de uma esposa foi minha motivação terrestre para continuar escrevendo com as datas de entrega se aproximando e as pressões aumentando. Jo não foi apenas minha primeira revisora, mas também usou sua própria habilidades em Crescimento de Igrejas para melhorar esse livro. Com seu olho aguçado para detalhes e sua habilidade de 3

indentificar-se com o futuro leitor resultou em muitos aperfeiçoando. Agradeço a você, Jo, pelas incontáveis horas que colocou nesse livro. Acima de tudo, obrigado por me amar e por ser me apoiar por mais de quinze anos. Uma palavra final. Há, mais ou menos, vinte e cinco anos atrás, em Union Springs, Alabama, um treinador de futebol americando do colegial, chamado Joe Hendrickson me apresentou o Salvador cuja igreja escrevo nesse livro. Nunca agradeci meu treinador pela eterna diferença que fez em minha vida, e não sei onde ele está hoje. Talvez, de alguma maneira, essas palavras o encontrem, treinador. Obrigado por ter se preocupado tanto com uma criancinha faminta para contar a ela sobre o Pão da Vida. Que Cristo edifique Sua igreja.

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Introdução Foi um começo incomum. Eu era um estudante em uma aula de seminário, lidando com questões contemporâneas da missão Cristã. Um dos requerimentos do curso era um trabalho de pesquisa , e o tópico deveria ser escolhido de uma lista dada pelo professor. Entre os assuntos naquela lista estavam duas palavras: “Crescimento de Igrejas”. Fiquei curioso. O que o Crescimento de Igrejas tinha a ver com missão? Por que aquele tópico era uma questão contemporânea “árdua”? Decidi escrever sobre Crescimento de Igrejas. Esse começo incomum, porém, tomou um outro rumo quando pedi alguma bibliografia sobre o assunto ao professor. Quase todos os livros que ele me recomendou tinha uma forte inclinação contra o Crescimento de Igrejas. Foi minha primeira amostra de algumas das fortes emoções que emerge desde que o Movimento de Crescimento de Igrejas começou em 1955. Muitos pastores, funcionários da igreja, e membros leigos têm sido expostos a algum tipo de Crescimento de Igrejas. Eles já tinham ouvido falar de C. Peter Wagner, Donald McGravan, George Hunter ou Elmer Towns. Eles talvez já tinham ido a alguma conferência lidando com questões críticas como pessoas que nasceram durante o baby boom, adoração contemporânea, Igrejas CAMEO (venha e conheça os outros) ou crescimento da Escolas Dominicais. Ainda que talvez, muitos dos interessados em Crescimento de Igrejas conhecem pouco do “grande quadro”. O que exatamente é Crescimento de Igrejas? Como o grande movimento começou? Onde está apoiado? Quais os principais princípios que o movimento tem defendido por quase quarenta anos? O objetivo desse livro é introduzir os leitores ao “grande quadro” do Crescimento de Igrejas. O livro é dividido em três grandes seções: história, teologia e princípios. Cada seção é independente, e também integralmente ralacionada com as outras. Aqueles com interesse na história contemporânea da igreja podem pesquisar primeiro na história do Movimento de Crescimento de Igrejas. Os teólogos que lerem esse livro, podem começar pela parte dois, que lida com a teologia do Crescimento de Igrejas. Muitas das críticas contra o movimento têm sido teológicas e, certamente, é justo perguntar se o Crescimento de Igrejas tem fundamento teológico. Finalmente, os pragmatistas podem decidir pular as duas primeiras partes para descobrir os princípios do crescrimento da igreja. Afinal, o movimento começou com alguém perguntando: “Por que algumas igrejas crescem e outras não?” Crescimento de Igrejas é um movimento pragmático, e seus princípios foram escritos anos antes de alguém escrever sobre sua história ou teologia. Um livro que tenta ser tão compreensível quanto este, carece em detalhes. Por exemplo, capítulo 19 trata da liderança e do Crescimento de Igrejas, assunto de um livro inteiro de C. Peter Wagner1. Espero que cada capítulo forneça bibliografia suficiente para aqueles desejosos de estudar uma área em maior detalhe. Ainda que escrito por um defensor do Crescimento de Igrejas, este livro busca apresentar uma visão objetiva do movimento. Examinará contribuições assim como críticas. Algumas das críticas refletem um conhecimento superficial do Crescimento de Igrejas (“Eles apenas se interessam por números!”). Outros, talvez, tenham mérito nos primeiros anos do movimento (“Eles parecem não se importar com interesses sociais.”). O que mais tem me impressionado sobre os líderes do Crescimento de Igrejas, entretanto, é a mente aberta e a vontade de mudar. Se alguma crítica foi justificada, aqueles 1

C. Peter Wagner, Liderando sua igreja ao crescimento (Ventura, CA: Reagal, 1984). Esse livro é um clássico da literatura de Crescimento de Igrejas. Pastores, em especial, apreciarão o discernimento que Wagner dá ao papel dela no Crescimento de Igrejas.

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líderes se ajustam adequadamente. Talvez seja o espírito pacificador e a atitude receptiva que ganhou muitos críticos e levou o Crescimento de Igrejas a se tornar a voz de credibilidade no evangelismo ao fim do século vinte. Muitos anos atrás, perguntei a C. Peter Wagner o que ele esperava ser a contribuição do Movimento de Crescimento de Igrejas. Despretensiosamente, ele respondeu que seu alvo máximo é que o movimento glorifique a Deus. Para um passo significativo, acredito que o alvo foi alcançado. Se este livro, em uma pequena medida, alcançar o mesmo alvo, então descansarei com a certeza que o meu trabalho não foi em vão.

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Conteúdo Parte I – A História do Movimento de Crescimento de Igrejas 1. 2. 3. 4. 5. 6.

A História do Movimento de Crescimento de Igrejas........................................... Os Precursores do Crescimento de Igrejas......................................................... Nasce Um Movimento, 1955 – 1970.................................................................. Um Movimento se Luta e Cresce, 1970 – 1981................................................... A Era Wagner, 1981 – 1988............................................................................. Rumo ao Século XXI, 1988 em diante...............................................................

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Parte II – A Teologia do Crescimento de Igrejas 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16.

Uma Abordagem Sistemática da Teologia do Crescimento de Igrejas.................. Bibliologia e Crescimento de Igrejas................................................................. Teologia e Crescimento de Igrejas.................................................................... Cristologia e Crescimento de Igrejas................................................................. Pneumatologia e Crescimento de Igrejas........................................................... Angeologia e Crescimento de Igrejas................................................................. Antropologia, Hamartiologia e Crescimento de Igrejas........................................ Soteriologia e Crescimento de Igrejas............................................................... Eclesiologia e Crescimento de Igrejas............................................................... Escatologia e Crescimento de Igrejas................................................................

36 42 46 50 55 60 64 67 72 79

Parte III – Princípios do Crescimento de Igrejas 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31.

Princípios do Crescimento de Igrejas................................................................. Oração: O Poder Por Trás dos Princípios............................................................ Liderança e Crescimento de Igrejas................................................................... Laicidade, Ministério e Crescimento de Igrejas................................................... Plantação de Igrejas e Crescimento de Igrejas................................................... Evangelismo e Crescimento de Igrejas............................................................... Adoração e Crescimento de Igrejas................................................................... Encontrando as Pessoas................................................................................... Receptividade e Crescimento de Igrejas............................................................ Planejar, Definir Alvos e Crescimento de Igrejas................................................ Instalações Físicas e Crescimento de Igrejas...................................................... Assimilação, Recuperação e Crescimento de Igrejas........................................... Pequenos Grupos e Crescimento de Igrejas....................................................... Sinais e Prodígios e Crescimento de Igrejas....................................................... O Movimento de Crescimento de Igrejas: Um Apêndice......................................

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Parte I A História do Movimento de Crescimento de Igrejas

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1 A História do Crescimento de Igrejas Alunos como Mark se tornam fáceis de reconhecer. Mark veio à sessão de abertura da minha aula de Crescimento de Igrejas no seminário e sentou-se na fileira de trás, chamando a atenção. Ele absorveu tudo o que eu falava. Na terceira aula, ele já fazia muitas perguntas para debater. Mark era o clássico cético sobre o Crescimento de Igrejas. A minha recompensa como professor veio no final do ano. Em avaliação da classe, Mark escreveu essas palavras: “Dr. Rainer, assisti suas aulas para cumprir o requerimento para a formatura. Inicialmente, não tinha desejo de estudar cresimento da igreja. Por muitas razões, minha atitude para com o Crescimento de Igrejas era muito negativo. Percebo agora, que minha atitude era o resultado de muita informação errônea. Mesmo não tendo “comprado” tudo sobre Crescimento de Igrejas, sinto-me muito positivo sobre as contribuições do movimento. Obrigado por „limpar o ar‟. Nas páginas seguintes, espero “limpar o ar” – prover informações sobre um dos mais empolgantes desenvolvimentos no cristianismo do século XX. Nesta seção, veremos como o movimento começou e o que levou ao seu nascimento. Veremos as distintas eras do Crescimento de Igrejas, e os esforços e vitórias de cada era. Veremos um movimento que entrou em uma era de maturidade, ganhando aceitação na grande comunidade evangélica. Antes de começar essa jornada, é necessário introduzir e definir alguns termos e conceitos básicos.

O que é Crescimento de Igrejas? Por serem tão comuns, as palavras “Crescimento de Igrejas” causam uma certa confusão sobre o significado preciso da frase. Quando a Sociedade Norte Americana para Crescimento de Igrejas escreveu sua constituição, incluiu uma comprida definição de Crescimento de Igrejas: Crescimento de Igrejas é a disciplina que investiga a natureza, expansão, nascimento, multiplicação, função e saúde das igrejas Cristãs enquanto se relacionam com a implementação efetiva da incumbência de Deus para “fazer discípulos em todas as nações” (Mat. 28:18-20). Estudantes do Crescimento de Igrejas esforçam-se para integrar os eternos princípios teológicos com os melhores critérios das contemporâneas ciências social e comportamental, empregando como estrutura inicial de referência, o trabalho fundamental de Donald McGravan.2

Essa definição, mesmo prolixa, inclui alguns dos princípios básicos do Crescimento de Igrejas. Crescimento de Igrejas é uma disciplina. Uma disciplina é uma área de estudo ou sistema com características distintas. Crescimento de Igrejas é aceita ao redor do mundo como uma disciplina merecedora de reconhecimento. Aulas na área são ensinadas em incontáveis seminários e faculdades de Bíblia e cadeiras de professor de Crescimento de Igrejas têm crescido em número. Conferências relacionadas à disciplina são realizadas todas as semanas, em vários lugares do mundo. Consultor de Crescimento de Igrejas se tornou uma profissão respeitada. Livros, direta ou indiretamente relacionados com Crescimento de Igrejas, poderiam encher uma pequena biblioteca. Crescimento de Igrejas está interessado em fazer discipulos. Não é meramente uma ênfase em contar números. Enquanto o evangelismo, no sentido de converter pessoas, é 2

C. Peter Wagner. Strategies for Church Growth (Ventura, CA: Regal Books, 1987), 114

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de vital interesse, o coração do Crescimento de Igrejas é fazer desses novos Cristãos discipulos de Jesus Cristo. A maioria dos líderes do Crescimento de Igrejas considera “ser um membro da igreja com responsbilidade” como o barômetro para o discipulado3. Crescimento de Igrejas integra as ciências sociais e comportamentais para ajudar a determinar como as igrejas crescem. Por exemplo, estudos demográficos são uma das muitas ferramentas do Crescimento de Igrejas. Enquanto demografia não é, necessariamente, um conceito bíblico, também não deixa de ser. Qualquer ferramenta ou método que não é contrário a Bíblia pode ser utilizada em Crescimento de Igrejas. Crescimento de Igrejas, como movimento dos dias modernos, começou com o trabalho de Donald Mcgravan na Índia. Seu livro Bridges of God (As Pontes de Deus), publicado em 1955, é a “certidão de nascimento” do Crescimento de Igrejas. Estudaremos sobre ele e sua vasta contribuição por todo o livro. Algumas tentativas têm sido feitas para simplificar a definição de Crescimento de Igrejas. Wagner, por exemplo, disse que “Crescimento de Igrejas significa tudo que está envolvido em trazer homens e mulheres, que não tem um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, à congregação e a se tornarem membros com responsabilidade”4. Mesmo essa definição sendo concisa, falha por não mencionar as ciências social e comportamental e o fundador do movimento, Donald Mc Gravan. Talvez, então, podemos definir Crescimento de Igrejas sem toda a verbosidade da primeira definição, mas com mais detalhes que a definição de Wagner: Crescimento de Igrejas

é a disciplina que procura entender , através de estudos bíblicos, sociológicos, históricos e comportamentais, por quê as igrejas crescem ou declinam. O Crescimento de Igrejas acontece quando a “Grande Comissão” de discípulos são colocados e evidenciados pelos responsáveis e frutíferos membros da igreja. A disciplina começou com o trabalho fundamental de Donald McGravan.

O Que é “O Movimento de Crescimento de Igrejas”? Os próximos capítulos irão prover uma história e um resumo bem detalhado do Movimento de Crescimento de Igrejas. Por agora, uma definição básica irá introduzir o termo: O

Movimento de Crescimento de Igrejas inclui todos os recursos de pessoas, instituição e publicações dedicadas a explicar os conceitos e a prática do crescimentoda igreja, começando com o trabalho fundamental de Donald McGravan em 1955. No próximo capítulo veremos vários dos fatores que levaram ao nascimento do movimento. Também veremos algumas pessoas chave que influenciaram McGravan.

Que Tipo de Crescimento é Crescimento de Igrejas? Uma igreja pode crescer por um fator ou a combinação de três fatores. Crescimento biológico acontece quando os membros da igreja têm filhos. Da perspectiva de Crescimento de Igrejas, o crescimento biológico é a fonte de menos interesse, pois o recém-nascido não é um discípulo de Cristo, como evidenciado pelo resposável, frutífero membro da igreja. Crescimento por transferência acorre quando uma igreja cresce à custa de outra igreja. Se uma pessoa estava inativa em sua antiga igreja, ou se uma pessoa teve pouca oportunidade para um crescimento espritual, o crescimento pela transferência pode ser positiva pelos padrões 3 4

Veja a discussão de Wagner em Strategies for Church Growth, 53-54. C. Peter Wagner, Your Church Can Grow, ed. Rev. (Ventura, CA: Regal Books, 1984), 14.

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do Crescimento de Igrejas. Uma mudança como essa poderia resultar ao novo membro um grande distanciamento do discipulado. Em contraste, muitas das igrejas que têm como fonte primária o crescimento pela transferência são as beneficiárias da “troca de ovelhas”, o que raramente resulta em Cristãos profundamente comprometidos. Crescimento pela conversão acontece quando pessoas se comprometem com Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Esse compromisso, quando evidenciado pelo responsável membro da igreja, é a maior preocupação das pesquisas e esforços do Crescimento de Igrejas. Wagner e outros proponentes do Crescimento de Igrejas usam outras tipologias populares de evangelismo e Crescimento de Igrejas ao descreverem os parâmetros do movimento. Evangelismo envolvido em Crescimento de Igrejas é evidente em algumas de suas definições. Uma tipologia usa quatro classificações diferentes de acordo com as pessoas que estão sendo evangelizadas. “E-0” ou “evangelismo-zero” acontece quando as pessoas que já são membros da igreja são evangelizadas. Quando essas pessoas fazer um compromisso com Cristo, o evangelismo assume seu lugar, mas a igreja não experimenta um crescimento quantitativo. “E-1” ou “evangelismo um” éo evangelismo que acontece fora da igreja, mas dentro do mesmo grupo cultural. Poucas barreiras precisam ser superadas quando o evangelho é compartlhado com alguém do mesmo meio cultural do que evangelismo em culturas diferentes. Tipicamente, a linguagem, a comida, os costumes e as experiências de vida, tanto do evangelista quanto do receptor da mensagem do evangelho, são muito similares. “E-2” ou “evangelismo dois” e “E-3” ou “evangelismo três” são tipos de evangelismo em culturas diferentes. Aquele que evangeliza deve alcançar pessoas em uma cultura diferente da sua. Tipicamente, o evangelismo “E-2” é compartilhar o evangelho com pessoas de uma cultura diferente, mas similar. Por exemplo, americanos evangelizando pessoas da França seria considerado “E-2”, mas, americanos evangelizando chineses, uma cultura mais distante, se encaixaria na categoria “E-3”. O Crescimento de Igrejas também poderia ser classificado em quatro tipos distintos de crescimento. Crescimento interno é a maturidade espiritual dos membros. Como membros individuais de um corpo espiritualmente maduro através da adoração, do estudo da Bíblia, oração, serviço e manifestação dos frutos do Espírito, o corpo unido cresce em força. Nos primeiros anos do Movimento de Crescimento de Igrejas, o crescimento quantitativo era, virtualmente, sinônimo de Crescimento de Igrejas. Agora, escritores, como Wagner, também incluem crescimento interno ou espiritual como uma categoria de Crescimento de Igrejas. Crescimento de expansão é o crescimento numérico de uma congregação local. O tipo de crescimento de expansão mais mencionado pelo Movimento de Crescimento de Igrejas é o crescimento pela conversão. Os membros saem para o mundo, ganham pessoas para Cristo, e trazem eles para a lista de membros da igreja. Crescimento de ampliação é o Crescimento de Igrejas que é sinônimo de criação de igrejas. Novos conversos da mesma cultura como a mãe igreja se reunem em novas congregações. Evangelismo “E-1” pode resultar em crescimento de ampliação. Crescimento de conexão também é uma forma de criar igrejas, mas os novos conversos são de uma cultura diferente daquela do evangelizador. Tanto evangelismo “E-2” como “E-3” podem resultar em crescimento de conexão, dependendo da distância cultural do evangelizado e do evangelizador.

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Qual a Diferença entre Evangelismo e Crescimento de Igrejas? Dependendo do entendimento de evangelismo, a definição de Crescimento de Igrejas pode ter envolvimento significante com evangelismo. Por exemplo, Lewis Drummond define evangelismo como “um esforço planejado para confrontar um descrente com a verdade sobre Jesus Cristo e suas alegações, e para desafia-lo com a visão de leva-lo ao arrependimento a Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo, desta maneira, para a comunidade da igreja”.5 Enquanto o “crescimento por conversão”, para usar a terminologia do Crescimento de Igrejas, é o alvo primordial do evangelismo. A definição de Drummond também inclui “comunhão da igreja” como evidência de que o processo evangelístico está completo. Se tal definição de evangelismo é aceita, Crescimento de Igrejas e evangelismo são bem similares. A maioria das definições de evangelismo se preocupa apenas com a proclamação do evangelho, com o desejo de levar alguém a Cristo. Nessa noção, evangelismo pode ou não levar ao Crescimento de Igrejas. A igreja apenas experimentará o crescimento se a conversão leva-lo à comunidade da igreja. O Crescimento de Igrejas, então, na noção mais estrita da definição, é mais compreensível que o evangelismo. Uma igreja pode experimentar o crescimento vindo do evangelismo, mas também pode crescer pelo crescimento biológico e pela vinda de outros Cristãos. Enquanto você ouve e lê material de defensores do Crescimento de Igrejas, notará uma óbvia inclinação por Crescimento de Igrejas que também é crescimento do reino. Nesse respeito, evangelismo e Crescimento de Igrejas são parentes próximos.6

Onde o Conceito de Crescimento de Igrejas Começou? É surpreendente ver como os conceitos de Crescimento de Igrejas rapidamente se espalharam nos últimos anos. Denominações importantes, que antes eram grandes críticos do movimento, estão publicando materiais e livros difundindo os princípios do Crescimento de Igrejas. Seminários estão criando cadeiras para professores dedicados ao Crescimento de Igrejas. O movimento se tornou ansiosamente aceitável ao nível das igreja locais que conferências e convenções sobre Crescimento de Igrejas são muito freqüentadas. Precisamos reconhecer que os conceitos defendidos pelo Movimento de Crescimento de Igrejas são tão antigos quanto os primeiros anos da igreja de Atos. Citar 1955 como o “nascimento” do movimento, negligencia maiores eventos históricos como o reavivamento dos séculos XVII e XVIII; as contribuições evangelísticas de homens como John Wesley, George Whitefield e Charles Spurgeon; a abordagem metodológica de Charles Finney; ou o movimento das escolas dominicais adotado pela Convenção Batista do Sul. Esses e outros fatores são influências significantes no Crescimento de Igrejas atual. Esse livro, entretanto, foca, especificamente, no movimento que começou com o trabalho missionário de Donald McGravan. Onde o movimento começou? Como cresceu tão rapidamente e onde está a liderança do movimento? Nos próximos capítulos responderemos essas e outras questões. Primeiramente, porém, examinaremos os fatores que influenciaram e levaram ao Movimento de Crescimento de Igrejas moderno.

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Lewis A. Drummond, Leading your church in Evangelism (Nashville: Broadman, 1975), 21. Para uma discussão mais aprofundada, veja C. Peter Wagner, “Evangelism and the Church Growth Movement” in Thom S. Rainer, ed., Evangelism in the Twenty-First Century (Wheaton, IL: Harold Shaw, 1989). Wagner discute os aspectos da organização, educação, teologia, preocupações sociais, eclesiologia e metodologia de duas áreas. 6

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2 Os Precursores do Crescimento de Igrejas Mesmo 1955 sendo a data reconhecida como o nascimento do Movimento de Crescimento de Igrejas, muitos fatores precipitaram e influenciaram o movimento, anos antes de seu início oficial. Quanto tempo antes deveríamos pesquisar para descobrirmos esses fatores? Movimentos históricos no livro de Atos influenciaram diretamente o movimento, como é evidenciado pelas freqüentes referências a Atos na literatura de Crescimento de Igrejas. Esse capítulo, porém, mostrará as influências diretas de Donald McGravan, fundador do movimento. Devemos lembrar que McGravan estava no campo missionário na Índia, quando escreveu o livro fundamental, “The Bridges of God” (As Pontes de Deus), em 1955. Seu entendimento do que “missão” significava, o influenciou grandemente e, eventualmente, influenciaram o Movimento de Crescimento de Igrejas.

O Entendimento de McGravan Sobre Missões Cristãs O que significa ser missionário? Qual é o primeiro propósito da missão Cristã? Missiologia é um campo de estudo que examina essas e outra importantes questões sobre missão Cristã. Alguns missiologistas colocam a muita ênfase nas boas ações: hospitais, ajuda a agricultores e dar assistência em projetos de construção. Outros vêem a educação e a construção de escolas como os principais trabalhos da missão. A maioria dos trabalhos evangelísticos na missiologia dá ao evangelismo um papel proeminente, senão prioritário, nas missões. Evangelismo, ou uma ênfase em converter não-Cristãos a Cristo, é a maior preocupação das missões que influenciou a abordagem de Donald McGravan, em seu chamado na Índia. McGravan seguiu o caminho iluminado por missionários como Henry Martyn e William Carey, que viram a salvação de almas como a prioridade das missões Cristãs. Igualmente, o Movimento dos Estudantes Volutários, cuja influência ainda se sente no início da carreira missionária de McGravan, enfatizado pela conversão de indivíduos como o propósito primário das missões. Sob a liderança de John Mott, Robert Speer e Herman Rutgers, o movimento mobilizou milhares de estudantes americanos e europeus a entregarem sua vida ao trabalho missionário, com o alvo de “evangelizar o mundo nesta geração”. O conceito de conversão como a tarefa primária das missões é essencial para o pensamento do Crescimento de Igrejas. Outra importante fonte de pensamento, entretanto, é o conceito da eclesiocentricidade, definido como uma estratégia missionária centrada na igreja. Essa influência em McGravan é evidente em muitos escritos sobre Crescimento de Igrejas, nos dias de hoje. Esses escritos enfatizam a importância de novos conversos se tornarem ativos na congregação de uma igreja local. Eles salientam que o evangelismo não está completo até que um discipulado em uma igreja local seja evidente. Líderes missionários como Henry Venn, no século XVIII, e Rufus Anderson, no século XIX, consideram as igrejas locais como central dos empenhos missionários. Enquanto o evangelismo continuava sendo a tarefa central, também era crucial estabelecer igrejas nativas para desenvolver novos crentes em discípulos da Grande Comissão. O entendimento de McGravan da missão Cristã é duplo: primeiro, conversão do perdido; segundo, uma estratégia centrada na igreja para o discipulado.

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Influências de McGravan no Campo Missionário Donald McGravan viu as mais importantes tarefas do missionário que são evangelizar o perdido e, simultaneamente, estabelecer igrejas nativas, nas quais os discípulos podem crescer. Enquanto servia na Índia, McGravan sentiu que deveria colocar suas crenças em ação por três influências significativas. As duas primeiras influências eram homens com quem ele teve grande afinidade. A terceira influência era a situação particular da missão em que estava servindo. Roland Allen. Roland Allen foi um missiologista com propósito único. Em seu livro, The Spontaneous Expasion of the Church and the Causes Which Hinder It (O Espontâneo Crescimento de Igrejas e as causas que o impedem), contém o tipo de ousadia e feroz pragmatismo que tipifica muito dos escritos do Crescimento de Igrejas nos dias atuais. Allen corajosamente declara que a igreja em seu tempo esqueceu os métodos missionários mostrados no Novo Testamento. A igreja, ele disse, estava negligenciando os princípios bíblicos necessários para um Crescimento de Igrejas, enquanto seguiam métodos e tradições não bíblicos. Uma das tradições seguidas foi criar intituições para atividades missionárias. Allen acreditava que instituições tiravam recursos humanos e fianceiros, que poderiam ser melhor utilizados para propagação da fé. Allen via com suspeita qualquer princípio que pudesse impedir o Crescimento de Igrejas . Como as palavras de Allen assemelham-se aos futuros escritos de McGravan e o Movimento de Crescimento de Igrejas! J. Wakson Pickett. Enquanto a ousadia de Allen motivou McGravan, a pesquisa do bispo metodista J. Wakson Pickett fez com que o pai do Crescimento de Igrejas entrasse em ação. A pesquisa de Pickett mostrou que 134 estações missionárias no centro da Índia (onde McGravan servia) cresceu apenas 12% em dez anos. Assustado com o lento crescimento e poucas trocas de idéia, McGravan começou a pesquisar sobre Crescimento de Igrejas, em sua área, vendo estatísticas desde 1918. Quando a pesquisa de Pickett foi publicada com o nome de Christian Mass Movements in India (Movimentos Cristãos de Massa na Índia), em 1933, McGravan se tornou um discípulo entusiasmado, aprendendo como as pessoas se tornavam Cristãs através de movimentos de massa. Eventualmente, os dois homens se uniram a dois outros autores em 1936 para publicar uma pesquisa adicional em um livro entitulado Church Growth and Group Converstions (Crescimento de Igrejas e Conversas de Grupo). McGravan escreveu a dedicação. Esse livro precedeu o nascimento do Movimento de Crescimento de Igrejas em quase duas décadas; ainda assim as palavras pareciam tão pragmáticas e zelosas como nos escritos do Crescimento de Igrejas nos dias de hoje: “Dedicado aos homens e mulheres que trabalham para o crescimento das igrejas, descartando teorias sobre o Crescimento de Igrejas que não funcionam, e aprendendo e praticando padrões produtivos que realmente levam pessoas ao discipulado e aumentando a Família de Deus”.7 A influência de Pickett sobre McGravan pode ser sentida ainda hoje no Crescimento de Igrejas em pelo menos três áreas. Abordagem pragmática. A abordagem pragmática para as missões, de Pickett, é proclamada pelos defensores do Crescimento de Igrejas hoje: se é bíblico e se contribui para o crescimeto da igreja, então faça. Movimentos de massa. Pickett apresenta a McGravan os “movimentos de massa”, que, mais tarde, McGravan chamou de “movimentos de pessoas”, porque movimentos de massa implicam “aceitação a Cristo pelas grandes massas de maneira impensada”8. McGravan explicou as espeficidades do movimento: “As pessoas se tornam Cristãs como se uma onda de 7

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J. W. Pickett, A. L. Warnshuis, G. H. Sigh e D. A. McGravan, Church growth and Group conversation, 5 ed. (South Pasadena, CA: William Carey Library, 1973). A primeira edição foi publicada em 1936. 8 D. A. McGravan, The Bridges of God (New York: Friendship Press, 1955), 13

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decisões por Cristo limpasse a mente do grupo, involvendo muitas decisões individuais, mas sendo meramente uma soma. Isso pode ser chamado de reação em cadeia. Cada decisão leva a uma outra e a soma total, poderosamente, afeta todo indivíduo. Quando as condições estão corretas, não apenas cada sub-grupo, mas o grupo inteiro preocupado decide junto”.9 Receptividade. Talvez o princípio de Crescimento de Igrejas mais claro, que veio de Pickett para McGravan para o Crescimento de Igrejas moderna é o pricípio da receptividade. Pessoas receptivas são aquelas que estão mais propensas a ouvir positivamente a mensagem do evangelho como um resultado de uma crise pessoal, dislocamento social e/ou o trabalho interno do Espírito Santo. Ambos, Pickett e McGravan, enfatizaram que recursos de pessoa, dinheiro e energia, em um mundo com recurso limitados, deveriam ser dirigidos a pessoas que estão mais propensas a ouvir e obedecer o evangelho de Jesus Cristo. Não negligencie pessoas não receptivas, eles dizem, mas use a maior parte dos recursos para alcançar o maior número de pessoas que desejam receber a Cristo. A Situação da Missão de McGravan. McGravan foi grandemente influenciado por Allen e Pickett. Ele se voltou a esses homens como mentores, por causa de sua grande preocupação com a situação de sua missão em particular. Não fosse pela perspectiva triste de seu trabalho missionário, o Movimento de Crescimento de Igrejas, como conhecemos, não seria concebido. A discussão de sua situação na Índia, é vital para nosso entendimento dos eventos que levaram a data de nascimento, 1955, do crecimento da igreja. McGravan se preocupou primeiro com a situação de sua missão em particular, nos anos de 1930, quando ele era um secretário executivo e tesoureiro da Sociedade Missionária Cristã Unida na Índia. Suas responsbilidades incluiam a supervisão de oitenta missionários, cinco hospitais, muitas escolas, esforços evangelísticos e uma casa de hanseníase. Apesar dos enormes recursos gastos em sua missão, McGravan estava profundamente perturbado que, após muitas décadas de trabalho, a missão tinha apenas de vinte a trinta igrejas, e todas elas não estavam tendo nenhum crescimento. McGravan deixou sua posição administrativa, e passou seus próximos dezessete anos criando igrejas e pesquisando sobre Crescimento de Igrejas. Seu interesse aumentou ao estudar as 145 estações missionárias na Índia. Das 145 estações, apenas 11 estavam mantendo o ritmo de crescimento da população da Ídia! Ainda assim, nove estações tinham dobrado em apenas três anos, a maioria com conversões de adultos. Ele se perguntava de novo e de novo: “Como calcular crescimento e não crescimento em situações idênticas, em que, presumivelmente, os missionários têm sido igualmente fiéis?” Questões como essas estão por trás das pesquisas de Crescimento de Igrejas nos dias de hoje. A situação missionária de McGravan, e a percepção de que as oportunidades para o evangelismo estavam se perdendo a cada dia, deu-lhe a noção de urgência do dever. Foi essa noção de urgência que o levou para fora da administração e para dentro das igrejas e das pesquisas; seus anos de pesquisa, enfim, o levaram a escrever The Bridges of God, o livro que sinalizou o Movimento de Crescimento de Igrejas. No próximo capítulo testemunharemos o nascimento do Crescimento de Igrejas, e veremos os primeiros anos decisivos sob a liderança de Donald McGravan.

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Ibid., 12, 13

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3 Nasce Um Movimento (1955-1970) Donald Anderson McGravan nasceu em Damoh, Índia, em 15 de dezembro de 1887. Filho de pais missionários, John Grafton McGravan e Helen Anderson McGravan. Seus avós também eram missionários. McGravan foi para a América para fazer faculdade e pós-graduação. Em 1923, ele tinha três diplomas, e voltou aos Estados Unidos para receber o doutorado em Filosofia, pela Universidade de Columbia, em 1936. Após sua ordenação pelos Discípulos de Cristo em 1923, McGravan voltou para a Índia como um missionário indicado pela Sociedade Missionária União Cristã. Sua primeira atribuição foi superintender o sistema de escolas missionárias em Havda. Essa posição foi seguida pela atribuição administrativa, como diretor de Educação Religiosa para a Missão da Índia e, subsequentemente, como o secretário-tesoureiro. Sua experiência na Índia incluiu administração hospitalar, educação, evangelismo rural, criação de igrejas e pesquisa. McGravan també se envolveu com a tradução do Novo Testamento para o Chattisgarhee, uma língua indiana. Ele também produziu um filme retratando a vida dos missionários, entitulado “Amor que constrange”. Depois de doze anos de serviço missionário, McGravan começou a se indagar sobre o Crescimento de Igrejas. Influenciado pelos trabalhos de Pickett, o Conselho da Província da Índia Central pediu para McGravan investigar a falta de crescimento nas igrejas indianas. Resultado de seus estudos foi publicado em 1936 sob o título de Missões Cristãs na Índia Central. Em 1956, o trabalho foi publicado com o novo títulode Crescimento de Igrejas e Conversas em Grupo, a terceira edição do livro. A quinta edição do livro foi publicada em 1973. Agora, o interesse de McGravan em Crescimento de Igrejas se transformou em paixão. Entre 1936 e 1953, ele acumulou uma grande quantidade de idéias e pesquisas sobre Crescimento de Igrejas. Em 1953, a esposa de McGravan tomou para si a responsabilidade pela missão, para que ele pudesse se isolar em uma retirada para a floresta. Foi desejo dele, juntar duas décadas de seu pensamento sobre o Crescimento de Igrejas. Mal sabia McGravan que estava escrevendo um livro que marcaria o início de um novo e grande movimento missiológico.

As Pontes de Deus Depois de terminar sua pesquisa, McGravan completou o manuscrito em apenas um mês. Ele mandou seu trabalho para o Senhor Kenneth Grubb da World Dominion Press, que pediu muitas mudanças. O problema primário expresso por Grubb era a nova terminologia no livro. “Movimento de pessoas”, “aperfeiçoando” e “discipulando” eram termos que Grubb queria que fossem mudados para termos de uma linguagem mais tradicional. McGravan se recusou a fazer essas mudanças, e as primeiras palavras do vocabulário do Crescimento de Igrejas estavam criadas. Em 1955, The Bridges of God (As Pontes de Deus) foi publicado, nascia, então, o Movimento de Crescimento de Igrejas. As reações ao livro foram imediatas. Resenhas negativas e positivas foram publicadas em todos os continentes. Alguns dos mais conhecidos missiologistas receberam a publicação com muito entusiasmo. Kenneth Scott Latourette, historiador missiológico e da igreja, escreveu na introdução do livro: “Ao atento leitor desse livro será como um sopro de ar fresco, estimulando-o a desafiar programas herdados e se aventurar corajosamente por caminhos nunca antes testados. É um dos mais importantes livros sobre métodos missionários que 16

aparece em muitos anos”. George F. Vicedom elogiou: “Esse é, em muitos respeitos, um livro revolucionário e o autor deve ser felicitado por sua coragem em escreve-lo. Ninguém conseguirá lê-lo sem se sentir estimulado a repensar a diretriz missionária em muitas terras”. Discussão e debate continuariam por muitos anos. Wagner resumiu a discussão de The Bridges of God em quatro áreas principais: teológica, ética, missiológica e processual. O debate teológico se centrou no conceito de McGravan sobre evangelismo. Ele via o evangelismo como mais que apenas proclamar o evangelho; insistia que a evangelização seria incompleta até que a pessoa se tornasse um responsável discípulo de Cristo. Depois, defensores do Crescimento de Igrejas, como C. Peter Wagner veriam membros ativos na igreja como evidência de discipulado responsável. Em outras palavras, evangelismo efetivo poderia ser medido por crescimento numérico da igreja. À questão ética concerne o pragmatismo de McGravan. Ele levou a sério, e literalmente, a ordem de Cristo de fazer discípulos. Não era suficiente jogar as sementes, e esperar que Deus produzisse os resultados. Responsabilidade final era o lema de McGravan, e essa responsbilidade acontece ao avaliar os resultados numéricos. Críticos dizem que um pragmatismo com esso poderia resultar em tentativas com muita pressão para persuadir pessoas a tomarem sua decisão ao lado de Cristo. Eles temem que as pessoas se tornem apenas vitórias estatísticas. A questão missiológica pode produzir o maior debate pelas próximas três décadas. A típica abordagem Ocidental para o evangelismo era pregar um evangelho individualista e esperar as decisões por Cristo uma a uma. McGravan observa que um maior número se tornava Cristão tomando decisões indivíduais coletivamente: famílias, familiares, vilas, tribos, etc. Esse processo de conversão é chamado de “Movimento de público”. McGravan percebeu que os evangelistas mais eficazes eram aqueles que procuravam ganhar pessoas de sua própria raça, pessoas de dentro de sua própria cultura, classe, tribo ou família. A controvérsia que surgiu resultou do princípio da unidade homegênea. “Os homens desejam se tornar Cristãos sem ter que cruzar barreiras sociais, lingüísticas ou de classe”. Esse princípio é um resultado para o conceito de movimento de público. A final e maior questão no Pontes de Deus era a questão processual. McGravan disse que o principal dever é o discipulado, levando descrentes a ter um compromisso com Cristo e uma comunhão ativa na igreja. McGravan também disse que o aspecto discipulando da Grande Comissão (Mat. 28:19) era um estágio distinto e separado do passo de “ensinar todas as coisas”, o que ele chamou de aperfeiçoando. Quando o aperfeiçoando acontece, a comunidade como um todo começa a viver um completo estilo de vida Cristão. A prioridade de McGravan do discipulando sobre o aperfeiçoando foi criticado nos fundamentos processual, explanatório e ético. As Pontes de Deus, no entanto causou seu impacto. McGravan logo foi muito solicitado como palestrante. Ele foi convidado como professor visitante das missões em sete escolas diferentes em um período de três anos. A mensagem do Crescimento de Igrejas começou a alcançar um público maior.

O Movimento se Torna uma Instituição A longevidade do Movimento de Crescimento de Igrejas pode ser atribuido, em grande medida, ao início da institucionalização do movimento. Enquanto McGravan viaja e ensinava, ele sonhava em fundar uma instituição que carregasse os princípios do Crescimento de Igrejas. Seu sonho se tornou realidade em 1960, quando a Faculdade Cristã do Noroeste em Eugene, 17

Oregon o convidou para localizar seu Instituto de Crescimento de Igrejas em seu campus. O Instituto começou em operação total em 1961. McGravan explicou os princípios do instituto. Neste momento, a missão mundial encara um fato curioso – o conhecimento de como as igrejas crescem é limitado. Exemplos de Crescimento de Igrejas acontecem, mas são trancados em compartimentos lingüísticos, geográficos e denominacional. Pouco conhecimento sobre o Crescimento de Igrejas está disponível. Poucos livros foram publicados sobre o assunto. O que está disponível é de pequena circulação. O aumento dos membros é uma função central da missão, mesmo que a missão mundial não tenha um lugar de compensação para aprender sobre isso, sem ter um lugar dedicado para pesquisas relativo a isso, nenhum centro em que missionários aprendam as muitas, muitas maneiras que as igrejas se multiplicam, uma maneira distinta para cada população em particular. Esse desastroso vazio em conhecimento e treinamento impedem toda a iniciativa missionária. O Instituto de Crescimento de Igrejas foi lançado pela Faculdade Cristã do Noroeste, em Eugene, Oregon, EUA, com a ajuda da Sociedade Missionária Cristã Unida de Indiana, como esforço pioneiro para preencher o vazio.

No Instituto de Crescimento de Igrejas, pioneiros no movimento começaram a esclarecer a terminologia e os métodos. O Instituto também providenciou o incentivo para que o movimento começasse a publicar os conceitos do Crescimento de Igrejas. Primeiro, McGravan publicou três estudos de casos em Crescimento de Igrejas. Logo, porém, William B. Eerdmans publicou dois livros que iniciaram a Série de Crescimento de Igrejas. O movimento começou a chamar mais atenção ao publicar o Boletim de Crescimento de Igrejas (depois chamado de Crescimento de Igrejas Global). Esse periódico era bimestral, uma publicação de dezesseis páginas editado por McGravan era dedicado aos conceitos do Crescimento de Igrejas. A resposta foi tão forte, que logo tinha mais assinantes que a tão conhecida Revista Internacional das Missões. Essas primeiras publicações deram ao Movimento de Crescimento de Igrejas grande visibilidade e influência e levantou a estatura do Instituto de Crescimento de Igrejas. A Conferência de Iberville de 1963, também solidificou a influência do Crescimento de Igrejas durante os anos do Instituto em Eugene. Essa conferência, patrocinada pelo Conselho Mundial das Igrejas no Canadá, foi uma consulta sobre Crescimento de Igrejas. Pickett, McGravan e Tipett foram convidados para apresentarem o ponto de vista do movimento. Muitos participantes da conferência apoiaram, apaixonadamente, a teoria do Crescimento de Igrejas. A Consulta, como um corpo, editou um relato formal, endossando os doze pontos do Crescimento de Igrejas, e a aprovando os primeiros empenhos do Movimento de Crescimento de Igrejas. Talvez, o único progresso mais importante em manter o Movimento de Crescimento de Igrejas unido se espalhou em 1965. McGravan foi convidado para o Seminário Teológico Fuller, em Pasadena, California. Lá ele reestabeleceu o Instituto de Crescimento de Igrejas e se tornou o reitor fundador da Escola da Missão Mundial de Fuller. Tipett acompanhou McGravan nessa nova aventura, e a escola da Missão Mundial e o Instituto de Crescimento de Igrejas começaram a operar como uma instituição de graduação em Setembro de 1965. Delos Miles afirma, “Nada de tão grande importância aconteceu com a ênfase de McGravan no Crescimento de Igrejas quanto sua mudança para o baluarte de Fuller em Pasadena”. A escola Fuller se tornou o lugar em que muitas das atividades de Crescimento de Igrejas acontecem. Incluindo nas organizações e serviços na área de Pasadena está a biblioteca de William Carey, o maior publicador de literatura do Crescimento de Igrejas no mundo, fundado em 1969 por Ralph D. Winter; uma loja de desconto para livros de Crescimento de Igrejas, o Crescimento de Igrejas Clube do Livro, fundado em 1970; o Instituto de Crescimento de Igrejas Americana, fundado por Win Arn em 1973; o Instituto para Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, em 1976; o Centro de Missões Avançadas de Pesquisa 18

e Comunicação (MARC); um serviço de Visão Mundial da Divisão de Pesquisa e Evangelismo Internacional; e o Centro Americano para a Missão Mundial, fundado em 1982 por Ralph Winter para ajudar a alcançar pessoas do mundo. O último significante desenvolvimento na era McGravan do Movimento Americano de Crescimento de Igrejas foi escrever Understanding the Church Growth (Entendendo Crescimento de Igrejas), que foi publicado em 1970. Wagner chamou de “a carta Magna do Movimento de Crescimento de Igrejas”. Entendendo Crescimento de Igrejas expressa o pensamento maduro de McGravan. O livro discute e promove a teologia, sociologia e metodologia do Crescimento de Igrejas. Considerando que As Pontes de Deus representaram o nascimento do movimento, Entendendo Crescimento de Igrejas trouxe a era McGravan a uma conclusão adequada. Embora a influência de McGravan no Crescimento de Igrejas diminuisse depois de 1970, ele continuou fazendo significantes contribuições. McGravan deu aulas na Fuller até a idade de 83 anos; depois de se aposentar, ele manteve um planejamento ativo para escrever, pesquisar, viajar, e falar até a sua morte em 1991. Dizer que a era McGravan terminou em 1970, com a publicação de Entendendo Crescimento de Igrejas, não significa que a influência de McGravan no Crescimento de Igrejas acabou. Pelo contrário, a influência do pai do Movimento de Crescimento de Igrejas será evidente em missiologia e evangelismo por décadas. Entretanto, desde que McGravan dirigiu sua maior atenção ao Crescimento de Igrejas nas nações de terceiro mundo e outras áreas fora dos Estados Unidos, o Crescimento de Igrejas na América ficaria sem liderança por aproximadamente uma década. McGravan foi o pioneiro do Movimento de Crescimento de Igrejas, mas um evento pioneiro deve, eventualmente, amadurecer ou morrer. Para o Crescimento de Igrejas, a maturidade não veio rapidamente. Na próxima década, debates, crises de identidade e dolorosas lutas aconteceriam antes que a comunidade teológica aceitasse o Movimento de Crescimento de Igrejas e suas muitas contribuições. Examinaremos essa era no próximo capítulo.

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4 Um Movimento Luta e Cresce, 1970 – 1981 Os anos de 1970 foram um tempo tanto de crescimento rápido, como de um recuo defensivo para o Movimento de Crescimento de Igrejas. Essa situação paradoxal fez com que alguns defensores do Crescimento de Igrejas promovessem sua missão sem nenhum constrangimento, enquanto outros usavam seu trabalho para defender os conceitos do Crescimento de Igrejas, que estavam sendo duramente criticados. Com exceção de McGravan, nenhum líder surgiu para ser o principal port-voz do movimento. McGravan não escrevia muito sobre o Crescimento de Igrejas na América. Ao invés disso, seus escritos estavam focados nas missões e Crescimento de Igrejas em outras partes do mundo. A “gang de Pasadena” era o grupo que mais se identificava com o Crescimento de Igrejas. Esse grupo incluia aqueles que eram membros do primeiro corpo docente da Escola de Missão Mundial de Fuller: McGravan, Ralph Winter, Arthur Glasser, Charles Kraft, Allen Tipett e C. Peter Wagner. Podemos colocar também nesse grupo, Win Arn, que fundou o Instituto de Crescimento de Igrejas Americana, em 1972, e John Wimber, que se tornou o diretor fundador do Departamento de Crescimento de Igrejas, na Associação Evangelística de Fuller (agora, conhecido como Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller). Os anos de 1970 produziram alguns defensores do Crescimento de Igrejas fora de área de Pasadena. Kent R. Hunter fundou o Centro de Crescimento de Igrejas, em 1977, em Coruna, Indiana. Elmer Towns, que agora está na Universidade Liberty em Lynchburg, Virgínia, fez algumas contribuições, especialmente na área de crescimento da Escola Dominical. No círculo Batista do Sul, Charles Chaney e Ron Lewis foram co-autores do livro Design for Church Growth (Modelo para Crescimento de Igrejas). Outros desenvolvimentos também moldaram o Crescimento de Igrejas nos anos de 1970. Delos Miles mostra sete fatores que moldaram o Movimento de Crescimento de Igrejas. O primeiro desenvolvimento ecumenismo evangélico. Esse tipo de ecumenismo foi melhor exemplificado no Congresso Internacional em Evangelismo Mundial, em 1974, em Lausanne, Suíça, e seu antecessor, o Congresso Mundial em Evangelismo que aconteceu Berlim em 1966. Esses encontros deram início a numerosos congressos nacionais sobre evangelismo, e colocou muitos líderes juntos pela primeira vez. Lausanne juntou muitos evangelizadores, incluindo líderes de Crescimento de Igrejas, com o compromisso teológico feito na Convenção de Lausanne. De particular importância para o Movimento de Crescimento de Igrejas no novo ecumenismo foi a plataforma acessível que agora os líderes do Crescimento de Igrejas tinham. Os líderes do Crescimento de Igrejas tinham muita visibilidade, tanto em Lusanne como no Comitê para Evangelização Mundial de Lausanne. Os ocasionais trabalhos publicados pelo comitê incluia alguns dos tópicos mais discutidos na teoria de Crescimento de Igrejas. Segundo, o relacionamento entre as superigrejas – igrejas grandes, agressivas e em crescimento – e o Crescimento de Igrejas também infuenciaram o movimento. Essas igrejas bem sucedidas numericamente tinham pastores de muita visibilidade que tinha uma liderança forte. Isso foi concebido como um princípio de Crescimento de Igrejas em muitos livros na década de 1970. As superigrejas, e seu vigoroso evangelismo e expansão, se tornaram modelos de Crescimento de Igrejas. Terceiro, a era de 1970 coincidiu com a era do treinamento de evangelistas. Modelos para compartilhar o evangelho emanaram de organizações como a III Explosão Evangelística, a 20

Associação Evangelítica de Billy Graham, Cruzadas Campais para Cristo. Batistas do Sul desenvolveram o WIN (Witness Involvement Now/ Envolvimento de Testemunhas Agora) e o TELL (Training Evangelistic Lay Leadership/ Treinamento Evangelístico de Liderança Leiga). Igrejas evangelísticas eram receptivas ao treinamento de testemunhas e aos preceitos do Movimento de Crescimento de Igrejas. As duas forças se complementavam. Quarto, Crescimento de Igrejas enfatizava o papel de equipar todos os crentes para que fizessem o trabalho do ministério. O movimento de renovação leiga encontrou um aliado no Movimento de Crescimento de Igrejas, já que grupos independentes como Fé ao Trabalho, Gabinete Laico, os Companheiros e o Instituto de Renovação da Igreja se uniram a vários grupos denominacionais com enfâse em renovação leiga. Quinto, o impacto Neo-Pentecostal no Crescimento de Igrejas pode ser localizado nessa era. Não apenas o Crescimento de Igrejas tocou positivamente o movimento carismático nas principais denominações, o impacto também veio de grupos de paraigrejas10como o Full Gospel Bussiness Man‟s Fellowship International (Companheirismo Internacional dos Homens de Negócios pelo Evangelho Completo), Mulheres Incandescentes, PTL e o Clube 700. Sexto, Miles também faz uma conjetura da influência da Escola Dominical no movimento Crescimento de Igrejas. Os batistas do sul chamam a atenção pelo Crescimento de Igrejas através da Escola Domincal na década de 1970. Há similaradades notáveis entre muitas doutrinas do Crescimento de Igrejas e crescimento da Escola Dominical. E, finalmente, a sétima influência que afetou o Crescimento de Igrejas na década de 1970, de acordo com Miles, foi o Movimento Kenswick. Keswick se originou na Inglaterra na década de 1870. Enquanto Keswick focava no crescimento interno e espiritual, “Tinha grande potencial autorizar Cristãos a se voltarem para fora em crescimento de expansão, extensão e alcance”, isso também é um tipo de Crescimento de Igrejas. A influência de McGravan no Crescimento de Igrejas americana chegou ao máximo em 1970 com a publicação de Entendendo o Crescimento de Igrejas. Ele fez, porém, duas significativas contribuições na décadade 1970 que ajudaram a estabelecer, firmemente, o Crescimento de Igrejas na América. Primeiro, em 1972, McGravan e Wagner ensinaram, em um curso experimental de Crescimento de Igrejas feito especialmente para uma nova geração de líderes na América. No mesmo ano, o livro The Growing Congregation (A Congregação Crescente) de Paul Benjamim foi publicado. Wagner descreveu o livro de Benjamim como “o primeiro esforço direto para aplicar os princípio do Crescimento de Igrejas para o contexto americano por uma casa publicadora denominacional”. A segunda maior contribuição de McGravan para o Crescimento de Igrejas americana na década de 1970 foi o trabalho How To Grow a Church (Como fazer uma igreja crescer), um livro de co-autoria com Win Arn, em 1973. O livro foi escrito com um diálogo fácil de se entender entre McGravan e Arn. A linguagem altamente técnica do começo foi retirada, e muitos dos princípios do Crescimento de Igrejas foram aplicados no cenário americano. Outros eventos ajudaram a moldar o Crescimento de Igrejas nessa época. Em 1972, Paul Benjamim fundou o Centro Nacional de Pesquisa do Crescimento, uma organização dedicada ao Crescimento de Igrejas na América. Também em 1972, a publicação de Por que Igrejas Conservadoras Estão Crescendo gerou muita discussão e debate. O autor era Dean Kelley, um executivo do Conselho Nacional das Igrejas. Sua apresentação, de que as igrejas conservadoras estavam crescendo mais rapidamente que igrejas liberais, complementou os preceitos do Crescimento de Igrejas, mas atraiu a crítica a muitas de suas observações.

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São movimentos de diferentes denomições que se unem para fazerem um trabalho de evangelismo e bem-estar social.

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Apesar da abundância de escritos e influências no Crescimento de Igrejas, o movimento falhou ao estabelecer uma identidade clara. O material do Crescimento de Igrejas começou a ser publicado de tantas perspectivas diferentes que era difícil responder a pergunta: “Quem fala pelo Crescimento de Igrejas?” Outro fator crítico, a ser adicionado à confusão nos círculos de Crescimento de Igrejas, foi a maneira como o movimento respondeu às críticas. McGravan foi o protagonista agressivo do movimento. Seus escritos eram diretos e sem desculpas. O tom sincero e polêmico dos pontos de vista de McGravan marcavam o ritmo em que o Crescimento de Igrejas, corajosamente se afirmava. No início da década de 1970, os críticos do Crescimento de Igrejas começaram a acumular forças. Avanços estavam sendo feitos no Movimento de Crescimento de Igrejas, mas uma quantidade significante de tempo e recursos do movimento estavam sendo dedicados a responder às críticas. Uma amostra das críticas mostra o ambiente geral no qual o Crescimento de Igrejas se encontrava na década de 1970. Alguns críticos mostraram desdenho pelo tipo de evangelismo herdado dos modelos de Crescimento de Igrejas. Comentando os conceitos da unidade homogênea, um crítico concluiu que o Crescimento de Igrejas era “um evangelismo sem o evangelho”. Crescimento de Igrejas, ele disse, tinha uma teologia de evangelismo “que reduzia o compromisso inicial do cristão a um apelo inofensivo, evitando a sugestão de que para se tornar um cristão, a pessoa deve dar as costas à ordem social que perpetua a injustiça”. A definição do Arcebispo William Temple para evangelismo era um modelo para entre os evangelistas durante anos, mas quando McGravan confirmou a definição, foi criticado por ter uma “descrição estreita de ... evangelismo”. Wagner recebeu a parte mais difícil da crítica depois que a fúria sobre Entendendo o Crescimento de Igrejas se acalmou. Sobre abordagem de Wagner ao Crescimento de Igrejas e seu desenvolvimento, um crítico disse, “é precariamente deficiente como uma estratégia para o evangelismo”. Kenneth L. Smith da Colgate Rochester-Bexley-Crozier encontrou erro na estratégia de Wagner para o evangelismo, porque se concentrava no evangelismo “na noção estreita de „salvar almas‟”. Mais tarde, Smith caracterizou a metodologia de Wagner como “uma mistura de absolutismo teológico (i.e. a necessidade de uma experiência de renascimento) e ultilitarismo sociológico”. Os anos setenta também foi a época em que Wagner começou a receber a teologia do rápido crescimento Pentecostal mais calorosamente. Seus pontos de vista não escaparam a percepção dos críticos. Depois que Wagner escreveu Look Out! The Pentecostals Are Coming (Prestem Atenção! Os Pentecostais Estão Vindo), um crítico disse que “esse livro parece com uma propaganda”. A definição de evangelismo, ainda hoje, continua a ser um ponto de debate entre os defensores do Crescimento de Igrejas e os outros como era debatido em 1971, data da publicação Fronteiras na Estratégia Missionária de Wagner. Novamente, Wagner era o grande recipiente das críticas, exemplificado por um crítico que dizia que, teologicamente, Wagner caía “perigosamente próximo do Pelagianismo”. Outra série de críticas de fogo rápido vieram daqueles que viam o Crescimento de Igrejas como uma teologia desencaminhada, e sociologia, e sociologia com uma exagerada ênfase em números. Falando em oposição ao conceito de que missão deveria enfatizar “o verdadeiro número de almas ganhas”, Sabbas J. Killian replicou: “Se alguém continuar a olhar para o Crescimento de Igrejas, exclusivamente, como salvação de almas, e a teologia como alimentar pessoas com uma fórmula permitida, alguém mal poderia falar em um entendimento de Crescimento de Igrejas hoje. Em uma situação de diáspora, números não revelam nada”. 22

Enquanto nem todos os críticos sumariamente rejeitaram a importância de um crescimento numérico na missão, Robert K. Hundnut escreveu um repúdio do tamanho de um livro sobre a ênfase quantitativa da abordagem a missão. Pessoas estão deixando a igreja. Não poderia ser um sinal melhor. De fato, enquanto eles estão deixando o rendimento da igreja está crescendo. Estava em 5.2% em 1973, de acordo com o Conselho National de Igrejas. Isso prova que quanto mais sérios os membros, mas vigorosa a igreja... A maioria das igrejas poderiam ser dois terços menores e não perderiam em poder. Na maioria das igrejas, o primeiro terço estão compromentidos, o segundo terço são periféricos, e o terceiro terço, estão fora.

Alguns antagonistas do Crescimento de Igrejas já não se irritam muito com a ênfase quantitativa do movimento como antes, na percepção de que o Crescimento de Igrejas sozinho reivindica exclusivo direito a essa ênfase. Em uma resenha de Entendendo o Crescimento de Igrejas, James Scherer escreveu “[McGravan] nos faria acreditar que o aumento numérico é rejeitado pela maioria das pessoas preocupadas com o trabalho missionário – uma visão que muitos leitores não estão propensos a aceitar – e que ele, sozinho, se mantém fiel ao missão de discipular as nações, enquanto outros vão atrás dos baalim das relevâncias sociais, relações ecumênicas, testemunhas institucionais, e por aí vai.” Ainda assim, outros rejeitam o crescimento de igrejas como um legítimo movimento missiológico. Pouco depois de aparecer Ententendo o Crescimento de Igrejas, Killian afirmou que ele “descorda[va] de McGravan em quase tudo”. Alfred C. Krass questionou a legitimidade do crescimento de igrejas como um movimento. Eles perderam as madeiras por causa das árvores, que eles nem precisavam subir. Na tentativa de desenvolver uma psicologia de missão, uma sociologia de missão, uma etnologia de missão, eles tinham a necessidade de começar por um ponto de partida com cada nova síntese. Em um certo ponto, eles pegaram a disciplina secular mais relevante e tentaram combina-la com preocupações missiológicas-teológicas reais – e raramente eles voltam àquela disciplina secular novamente, mas trabalham, pacientemente carregando uma imensa carga, tentando desenvolver uma nova ciência.

Outros críticos na década de 1970 tentaram aceitar as contribuições do crescimento de igrejas; ainda que encontrassem uma série de problemas teológicos e hermenêuticos. “Uma área problemática da teoria de crescimento de igrejas,” disse Orlando E. Costas, missiologista do Terceiro Mundo, “é o fato de que os teóricos não são capazes de trazer um som hermenêutico às suas aventuras teológicas.” Costas e outros críticos dizem que o Movimento de Crescimento de Igrejas “falhou... ao interpretar o texto à luz de muitas situações do homem contemporâneo”. A abordagem do crescimento de igrejas nas escrituras, desse modo, parecia, talvez somente, preocupados com as corretas estratégias para os melhores resultados. Como conseqüência, os defensores do crescimento de igrejas foram acusados de ignorar a pobreza, a opressão, e problemas sociais, econômicos e políticos. Como resultado da hermenêutica superficial do crescimento de igrejas que os críticos declararam, o movimento desenvolveu um conceito de missão que era incompleto e não bíblico. Eles acreditavam que defensores do crescimento de igrejas tinham uma missiologia limitada, que focava apenas nos resultados e conversões e o ministério social cristão era tudo, menos desprezado; propagação da fé ofuscando completamente o evangelho de Jesus Cristo. Desse modo, Rodger Bassham argumentou, em 1979, que “a teologia do crescimento de igrejas possui algumas sérias fraquezas... o conceito limitado de missão como evangelismo.” Ele concluiu que o Movimento de Crescimento de Igrejas “parece ter negligenciado uma discussão substancial que aconteceu nos últimos vinte e cinco anos, cujo significado de missão, evangelismo, testemunho, serviço e salvação tem sido explorado e desenvolvido.” 23

Esse era o ambiente no qual o crescimento de igrejas trabalhava na década de 1970. Críticos atiravam contra o movimento com mais freqüência e intensidade. As reações do defensores do crecimento de igrejas estavam misturadas. McGravan e Wagner continuaram a afirmar, corajosamente, as doutrinas básicas do movimento. Outros ainda estavam envolvidos em escrever um mix de defesas e afirmações sobre o crescimento de igrejas. Ainda, quando alguém lê uma literatura de crescimento de igrejas desse período, tem a impressão de que o movimento estava procurando uma clara identidade e um porta-voz proeminente. Enquanto o nome de McGravan continua sendo sinônimo do Movimento de Crescimento de Igrejas, cada vez mais ele foi visto como o pioneiro domovimento. Ao fim da década o movimento tinha a necessidade de encontrar alguém que tornasse as idéias básicas de McGravan aceitáveis na comunidade missiológica e teológica em geral. Sem um novo líder, o movimento estava em perigo de desaparecer com seu fundador, tornando-se apenas uma nota de rodapé nos anais da história da igreja.

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5 A Era Wagner, 1981-1988 Enquanto o Movimento de Crescimento de Igrejas estava lutando por identidade e aceitação na década de 1970, um homem estava se levantando firmemente até o topo como porta-voz chefe do crescimento de igrejas americanas. C. Peter Wagner é agora o professor Donald McGravan de crescimento de igrejas no Seminário Teológico de Fuller. Considerando que o Seminário Fuller deu ao movimento seu poder institucional, Wagner providenciou a liderança pessoal para manter o crescimento de igrejas no primeiro plano da cristianismo evangélico. Sua formação e peregrinação descrevem o candidato mais improvável para guiar o Movimento de Crescimento de Igrejas a um novo século.

Um Esboço Biográfico de C. Peter Wagner

Charles Peter Wagner nasceu em 15 de agosto de 1930, em Nova York, filho de C. Graham Wagner e Mary Lewis Wagner. Seu lar era acolhedor e amável, mas não era um lar cristão. Religião era raramente discutida no lar dos Wagner. Wagner passou seus primeiros anos em St. Johnsville, em Mohawk Valley de Nova York, entre Albany e Utica. Seus ancestrais alemães vieram para a América em 1710 e se estabeleceram em Mohawk Valley em 1735. Wagner, até seus vinte anos, continuou a tradição da família de cultivar a terra. Durante a Depressão, a família Mueller da Alemanha imigrou para os Estados Unidos e comprou terras próximas da fazenda da família Wagner em St. Johnsville. O, aparentemente, inconseqüente desenvolvimento de duas famílias morando próximas umas das outras logo provou ser um encontro divino tanto para Wagner quanto para o Movimento de Crescimento de Igrejas. Mesmo a família Wagner tendo se mudado para o nordeste, Peter acabaria se encontrando com a família Mueller. Ele também conheceu a filha deles, Doris, que acabara de se tornar cristã, um semana antes. Esse primeiro encontro logo se tornou um firme relacionamento, levando Wagner a propor casamento. Doris Mueller respondeu que tinha feito duas promessas a Deus que ela não quebraria. Primeiro, ela prometera a Deus que se casaria apenas com um cristão. Segundo, ele pediu a Deus para que fosse missionária na África. Wagner sabia muito pouco sobre o cristianismo, e muito menos sobre o trabalho missionário, mas logo fez um compromisso com Cristo e com o campo missionário. Ambas decisões foram genuínas, e ambas fora decisivas para a história do Movimento de Crescimento de Igrejas. Wagner casou com Doris Mueller em 15 de outubro de 1950, e terminou seus estudos na Universidade Rutgers, onde se graduou em Ciências e foi eleito para o Phi Beta Kappa. Imediatamente, os Wagner foram para a California, para mais treinamento. Wagner se matriculou na instituição onde hoje trabalha, o Seminário Teológico Fuller, em Pasadena. Doris prosseguiu com seu treinamento missionário na Instituto Bíblico de Los Angeles (agora, Faculdade Biola, próximo de La Miranda). Em 1955, Wagner recebeu seu mestrado em Divindade pelo Seminário Fuller. Ele, então, foi ordenado na igreja Bíblica de New Brunswick. Fiéis às suas promessas, a Deus e um para com outro, os Wagner embarcaram em uma missão pioneira de dezesseis anos. Os Wagner serviram três anos na Bolívia. Eles foram enviados primeiro para a Missão Índio-Boliviana (que depois mudou seu nome para Missão Evangélica dos Andes, e depois se uniu à Missão Interior Sudan). Durante o primeiro ano, os Wagner trabalharam na floresta tropical do leste da Bolívia, onde criaram igrejas, começaram escolas bíblicas, treinaram líderes 25

indígenas, focaram em ministérios evangelísticos gerais e conduziram inúmeros trabalhos. Durante o primeiro ano nos trópicos, Wagner soube de Donald McGravan. Com seu insaciável apetite pela leitura (especialmente durante as longas siestas tropicais), Wagner leu um livro que estava causando um tumulto no pensamento e na prática missionária no final da década de 1950, As Pontes de Deus de Donald McGravan. A reação inicial de Wagner é notável: Eu li a resenha de As Pontes de Deus na revista Antropologia Prática, na qual o livro era recomendado. Então, encomendei-o e li. Quanto mais eu lia o livro, mais eu achava que o autor era louco. Achei que ele fosse um charlatão – realmente maluco. Nada do que ele dizia no livro eu havia aprendido no Seminário Fuller, nas minhas aulas de missão. Tudo era exatamente o oposto. Então, terminei a leitura e coloquei o livro na estante, como comida de barata. Passei para outros livros e acabei esquecendo-me dele.

O segundo ano de Wagner foi no clima mais agradável de Cochamba, nos Andes. Ele teve a vantagem de ter licença para facilitar sua educação. Entre o primeiro e segundo ano, de 1960 a 1962, Wagner voltou aos Estados Unidos, para o Seminário Princeton, onde recebeu seu mestrado em Teologia. Ao retornar à Bolívia, do Seminário Princeton, Wagner começou a ouvir dos ex-alunos do Seminário Fuller que McGravan havia sido convidado para se tornar o reitor fundador da nova Escola de Missão Mundial. A resposta de Wagner não foi nada tranqüila. “Eles convidaram o companheiro McGravan, o louco, para ser o reitor fundador – o companheiro cujo livro virou comida de barata. Pensei, „O que está acontecendo por aqui?‟ Então, decidi que na minha próxima licença, que seria em 1967, me matricularia na Escola de Missão Mundial, e veria o que esse McGravan tinha pra dizer.” Wagner, desse modo, foi atrás de seu terceiro mestrado. Sua opinião sobre McGravan mudou rapidamente. Ele ficou impressionado, com aquele que seria seu mentor, quase desde o seu primeiro dia de aula. McGravan, igualmente, ficou impressionado com Wagner. Depois que Wagner recebeu seu mestrado de Arte em Missiologia em 1968, McGravan o convidou para se juntar ao corpo docente de Fuller ao invés de voltar para a Bolívia. Wagner, porém, sentiu a obrigação de voltar para a Bolívia, onde ele tinha se tornado o diretor da missão. Apesar disso, Wagner visitou Fuller em 1968, 1969 e 1970, como um professor auxiliar na Escola de Missão Mundial. Finalmente, em 1971, Wagner se sentiu livre para responder o chamado de Deus para se tornar um membro em tempo integral do corpo docente no Seminário Fuller, onde permanece até os dias de hoje. Em 1977, enquanto ensinava em Fuller, Wagner completou seu doutorado em Filosofia em Ética Social na Universidade do Sul da California. Ele focou seus estudos no tão debatido princípio da unidade homegênea.

A Ascenção de Wagner no Movimento de Crescimento de Igrejas C. Peter Wagner foi um dos muitos que seguiu os ensinamentos de Donal McGravan nos anos setenta. Em 1981, porém, com a publicação de Church Growth and the Whole Gospel (Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo), Wagner se tornou o porta-voz oficial do Movimento de Crescimento de Igrejas. A publicação desse livro sozinho não o elevou ao posto de proeminência que ele possui hoje no movimento. Wagner e McGravan eram admiradores mútuos desde o primeiro encontro. Quando Wagner fala de seu mentor, ele expressa uma devoção como a de uma filho para com seu pai. Os escritos de McGravan refletem sentimentos similares em relação a Wagner, e ele estava feliz de ser recrutado por Wagner para ensinar no Seminário Fuller. Uma amizade unida existiu entre esses dois homens, mas a admiração profissional de McGravan por Wagner fez muito mais para tornar o aluno em sucessor de seu professor. 26

Wagner se sobressaiu em seus estudos com McGravan, e o entusiasmo de McGravan pelos princípios do crescimento de igrejas, chamou a atenção de seu mentor. Começando em 1971 os dois foram colegas de corpo docente por mais de dez anos. McGravan fundou a Escola de Missão Mundial para treinar estudantes que estavam servindo em nações de terceiro mundo. A área de estudos se ampliou quando Wagner se uniu ao corpo docente em 1971. Sob a liderança de Wagner, o campo de crescimento de igrejas americano começou a ganhar destaque. O primeiro curso em crescimento de igrejas para pastore americanos foi acrescentado no outono de 1972. McGravan e Wagner ensinaram juntos no curso experimental, que virou protótipo para futuros cursos em crescimento de igrejas americana. Quando, em 1984, Wagner foi nomeado professor de crescimento de igrejas Donald McGravan no Seminário Teológico Fuller, poucas pessoas expressaram surpresa. Sua relação com McGravan não foi o único fator de ascendência de Wagner no Movimento de Crescimento de Igrejas. De muitas maneiras Wagner foi um agente promocional de muita influência para o crescimento de igrejas. Ele promoveu a mensagem de crescimento de igrejas através do ministério de ensino amplo, mantendo a grande visibilidade em muitos círculos teológicos, missiológicos e denominacionais, e por um ministério prolífico de produção literária. A cada ano, centenas de alunos estudam crescimento de igrejas no Seminário Teológico Fuller com Wagner. Um professor em tempo integral em Fuller ensina, no mínimo, vinte e quatro unidades anualmente. Wagner, normalmente, ensina sessenta e duas unidades, todas no campo de crescimento de igrejas. Em 1975, a Escola Fuller de Teologia começou um novo programa de doutorado em ministério, e Wagner foi convidado para dar aulas em um curso de crescimento de igrejas. Logo depois, um segundo curso foi adicionado ao currículo. Agora, oitenta por cento dos estudantes do doutorado em ministério, trabalham com crescimento de igrejas. Todos os seminários duram, por pelo menos, duas semanas; o programa exigem dois seminários e uma dissertação. Centenas de pastores, estudantes e líderes denominacionais são assim expostos ao treinamento de crescimento de igrejas no programa de doutorado de ministério do Seminário Fuller. Mesmo sendo auxiliado na carga de ensino, Wagner é a força principal no aspecto do treinamento de crescimento de igrejas. Cerca de dois mil estudantes já estudaram com Wagner nesse programa. Muitos desses estudantes se tornaram proponentes visíveis e ativos do crescimento de igrejas. Além disso, os estudantes do doutorado em ministério devem enviar dois trabalhos para publicação. Assim, a mensagem do Movimento de Crescimento de Igrejas é multiplicada a cada dia. O ministério de ensino de Wagner vai além do campus de Pasadena do Seminário Fuller. Dos quatro seminários de doutorado em ministério, que ele ensina por ano, um é oferecido em uma localidade fora da costa da California. Por causa da crescente popularidade do crescimento de igrejas, estudantes vem de todos lugares para estudar com Wagner. Uma localidade fora do campus para um seminário, todo ano, torna o programa mais atraente para estudantes que moram na costa Oeste. Outra faceta importante do ministério de ensino de Wagner é o seu serviço através do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, em Pasadena. Esse ministério dos seminários começou quando ele se tornou diretor executivo da Associação Evangelística Fuller em acréscimo ao cargo de professor no Seminário Fuller, em 1971. Em 1975, Wagner pediu a John Wimber para que se tornasse o diretor fundador do Instituto Fuller para que tivessem uma instituição de consulta profissional em crescimento de igrejas. Wimber, mais tarde, deixou o Instituto para se tornar o pastor fundador da Comunhão Cristã Vineyard e o Ministério Internacional Vineyard. Carl George sucedeu Wimber e continua a liderar uma 27

grande ordem de ministérios através do Instituto até os dias de hoje. Wagner continua ligado ao Instituto como consultor senior. Ele lidera os seminários de crescimento de igrejas que está prouzindo uma nova geração de discípulos do crescimento de igrejas. Wagner mantém viva a mensagem do crescimento de igrejas dando seminários, fazendo conferências, comissões e encontros ao redor do mundo. Ele, normalmente, planeja pelo menos duas viagens internacionais por ano, em acréscimo às suas viagens pelos Estados Unidos. Peter Wagner serviu em muitas posições como proponente do crescimento de igrejas. Ele foi um dos cinqüenta membros do Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial, quando foi lançado em 1974. Subseqüentemente, ele foi eleito para o Comitê Executivo, ao qual serviu por seis anos. Por causa de seu papel proeminente em Lausanne, ele foi o presidente fundador do Grupo de Estratégias de Trabalho de Lausanne, que procurava discobrir pessoas não alcançadas como parte da estratégia de uma evangelização mundial. Como resultado desse empenho, Wagner iniciou o anuário Pessoas Não Alcançadas e co-editou os primeiros três volumes com Edward Dayton, que o sucedeu como presidente do Grupo de Estratégias de Trabalho. A reunião de Lausanne foi um marco no aumento da influência do moderno evangelicalismo. Primeiro, por causa do trabalho de Wagner, o crescimento de igrejas representou um importante papel em Lausanne. Wagner também foi prestativo na fundação da Sociedade Norte-Americana de Crescimento de Igrejas, servindo como primeiro presidente, em 1984. Ele permanece ativo na organização ainda hoje. Outra organização, o Instituto Americano para Crescimento de Igrejas, em Pasadena, tem a marca da influência de Wagner também. O instituto foi concebido por Win Arn, depois que ele freqüentou o curso experimental com Wagner e McGravan, no outono de 1972. Logo após o curso, Arn fundou o Instituto, e Wagner e McGravan foram membros da comissão diretora. O Instituto Americano para Crescimento de Igreja é um dos comunicadores mais influentes dos princípios do crescimento de igrejas na América do Norte. Embora McGravan tenha sido o pioneiro do Movimento de Crescimento de Igrejas, C. Peter Wagner tem sido o melhor homem de venda, de ensinamentos, palestras, servindo em posições chave e viajando pelo mundo todo. Porém, seu mais importante trabalho tem sido escrever. Ele começou seu ministério da escrita em 1956, e publicou seu primeiro livro em 1966. Wagner publicou mais de setecentos trabalhos desde 1956, incluindo quase quarenta livros completos. Durante a década de 1970, Wagner escreveu muitos livros explicando as aplicações práticas das teorias do crescimento de igrejas. Sua maior contribuição nessa área foram os livros direcionados aos pastores americanos e freqüentadores de igreja. Your Church can Grow (Sua Igreja Pode Crescer) vendeu mais de cem mil cópias. Your Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow (Seus Dons Espirituais Podem Ajudar sua Igreja a Crescer) foi também de grande sucesso. Esses livros trouxeram o crescimento de igrejas, dos campos missionários no exterior, para casa. Talvez, os livros mais significativos de Wagner não tenham sido seus trabalhos mais vendidos. Uma abordagem, do tamanho de um livro, sobre o princípio da unidade homegênea, Our Kind of People: The Ethical Dimensions of Church Growth in America (Nossa gente: As Dimensões Éticas do Crescimento de Igrejas na América), foi publicada em 1979. A despeito das duras críticas de muitos setores, Our Kind Of People, foi fundamental na discussão do princípio mais controverso do crescimento de igrejas. Apesar da crescente notoriedade de Wagner no Movimento de Crescimento de Igrejas, a década de 1970 continuou a ser um tempo de crise e confusão. Enquanto não surgia uma defesa definitiva dos princípios do crescimento de igrejas, a crítica golpeava o movimento com crueldade. Essa situação desagradável terminou em 1981 com a publicação de Church Growth 28

and the Whole Gospel: A Biblical Mandate (Crescimento da Igreja e o Evangelho Completo:

Uma Ordem Divina). Como autor desse livro, C. Peter Wagner elevou-se ao topo do movimento e ficou claramente identificado como herdeiro do lugar de McGravan nas liderança do crescimento de igrejas. A publicação desse livro marca o início da era Wagner no crescimento de igrejas. Em Church Growth and the Whole Gospel, Wagner respondeu aos anos de crítica ao movimento. O tom desse livro era muito menos polêmico que os escritos anteriores do crescimento de igrejas. Franqueza às críticas e novos dados marcaram o livro. Falando de interesse por visão social, Wagner disse: “Sinto-me como um candidato à série “como minha mente mudou”. Não que eu tenha dado uma volta de 180 graus. De fato estou certo de que alguns leitores deste novo livro dirão que os traços de personalidade não mudam. Mas hoje, já não poderia argumentar como fiz que “alguém procura em vão nas escrituras por um mandamento que colocaria os cristãos no mundo com uma missão designada a criar paz e ordem, justiça e liberdade, dignidade e comunidade.”

Wagner também demonstrou franqueza sobre futuras mudanças e desenvolvimentos: “Percebi que ainda não estou livre das contradições teológicas, embora espero mostrar, antes de terminar o primeiro capítulo, que resolvi os mais antigos. Algumas novas inconsistências certamente entraram, mas ainda não estou ciente desses delizes, e espero reconhece-los em dez anos.” O que marca esse livro como um divisor de águas no Movimento de Crescimento de Igrejas é a defesa de problemas críticos no crescimento de igrejas. Wagner respondeu aos críticas que o perseguiam por anos. Ele até reconheceu uma dívida de gratidão com muitos deles. Então, ele anunciou desculpas ao crescimento de igrejas. Enquanto Wagner percebia que Church Growth and the Whole Gospel não agradaria todos os críticos, também ficava feliz ao ver as objeções ao movimento diminuirem. Virtualmente, todas as críticas levantadas desde 1981 foram refeitas de objeções anteriores. A era Wagner do Movimento de Crescimento de Igrejas começou com a publicação de um livro em 1981 dirigido às críticas e preocupações. Seus livros de crescimento de igrejas desde 1981 tem demonstrado sua crescente infuência e crescente contribuições ao crescimento de igrejas. Em 1986, Wagner foi o editor primário de Church Growth: State of Art (Crescimento de Igrejas: Estado de arte), uma enciclopédia e livro de referência sobre o Movimento de Crescimento de Igrejas. Em 1987, ele escreveu uma breve abordagem teológica do movimento em seu livro Church Growth Strategies (Estratégias para Crescimento de Igrejas). Esse livro inclui discussões sobre o debate de definição-de-evangelismo e hermenêutica única do movimento. C. Peter Wagner ainda é reconhecido como o principal porta-voz do Movimento de Crescimento de Igrejas nos dias de hoje. Em grande parte por causa de sua influência em outras áreas, porém, uma nova era está tomando forma. Examinaremos essa era moderna do movimento no próximo capítulo. O que aconteceu no crescimento de igrejas desde que Wagner se tornou líder do movimento? Crescimento de igrejas está em crescente reconhecimento como uma disciplina acadêmica legítima em faculdades e seminários pelo mundo todo. Trabalhos de estudiosos estão sendo produzidos na forma de teses e dissertações. Dúzias de livros de prática em crescimento de igrejas surgem todo ano. Cursos de crescimento de igrejas são fundados por toda a nação. Agora, quase quarenta anos de idade, o Movimento de Crescimento de Igreja entrou em uma era madura e moderna. É nesse período que entraremos. 29

6 Rumo ao Século XXI, 1988 em diante Quando terminei meus estudos do doutorado e minha dissertação em C. Peter Wagner e o crescimento de igrejas, em 1988, estava incerto sobre o futuro do movimento. Wagner era uma voz tão dominante que imaginei se o movimento poderia suster sua força viva depois de sua existência. Muitos eventos recentes, porém, sugerem que o Movimento de Crescimento de Igrejas continuará a crecer na direção do século XXI.

A Peregrinação de Sinais-e-Prodígios de Wagner A era moderna do Movimento de Crescimento de Igrejas começou em 1988 quando Wagner publicou um livro que demonstrou seu foco em uma faceta do crescimento de igrejas: crescimento de igrejas sinais-e-prodígios e evangelismo poderoso. O livro tinha o título humorado de How to Have a Healing Ministry Without Making Your Church Sick (Como ter um ministério de cura sem deixar sua igreja doente). Esse livro explica que Deus mostra seus poderes sobrenaturais para atrair pessoas ao evangelho. O foco central do evangelismo poderoso é a cura divina, posto que a exposição dos poderes sobrenaturais de Deus incluem falar em línguas, discernimento de espíritos, poderes para exorcisar demônios e outros atos extraordinários. A aventura de Wagner nessa área do crescimento de igrejas trouxe críticas de dois grupos importantes. O primeiro grupo crítico dessa faceta do crescimento de igrejas argumentava que “dons de sinais” (línguas, interpretação e curas) cessaram com a era apostólica. Qualquer manifestação desses dons deve ser considerado falso ou até demoníaco. Outro grupo crítico de Wagner não rejeitava a legítima manifestação dos dons de sinais, mas acreditavam que o foco de Wagner era uma aventura ao extremo. “Ele se tornou carismático!” alguns lamentavam. Outros se preocupavam que eles tinham deixado os pensamentos e prática que eram tendência predominante do crescimento de igrejas. Veremos esse problema por completo no capítulo 30. Por agora, vamos ver como Wagner chegou a esse novo paradigma e como essa visão afetou o Movimento de Crescimento de Igrejas moderno. Os primeiros anos cristãos de Wagner não foram tempos de franqueza nos movimentos Pentecostais. Ele refletiu em suas primeiras crenças: “Usei a bíblia Scofield, em inglês e espanhol, na qual as notas-de-rodapé do editor para I Coríntios 13:8 afirmava que o dons de „sinais‟ como línguas, curas e milagres sairam de uso depois da época dos apóstolos. Acreditei que milagres eram úteis ao espalhar a mensagem do evangelho antes de o Novo Testamento ser escrito, mas uma vez que as escrituras canônicas estavam disponíveis, eles tornaram os milagres absolutos.” De fato, Wagner admite prontamente que ele era anti-Pentecostal. Ele sentia que “o Pentecostalismo é no melhor uma desilusão e no pior uma fraude”. Porém, muitos eventos aconteceram e o levaram a um novo entendimento de alguns ensinamentos Pentecostais. Primeiro, Wagner foi curado de um problema perigoso, resultado de uma cirurgia no pescoço para remoção de um cisto. A cura aconteceu da noite para o dia, depois de Wagner ir a um culto de cura na Bolívia, só por curiosidade. Segundo, o crescimento rápido do Pentecostalismo levou o sempre pragmático Wagner a examinar algumas igrejas Pentecostais e carismáticas. Sua atitude mudou drasticamente. Terceiro, Donald McGravan mesmo se tornou mais aberto ao pentecostalismo. Wagner disse “Isso, para mim, era como se fosse um imprimátur papal. Se era certo para Donald McGravan, era certo para mim.” 30

Quarto, a influência de John Wimber foi o principal fator na mudança de paradigma de Wagner. Wimber, o diretor fundador do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, no fim deixou o Instituto para liderar a Comunhão Cristã Vineyard, de crescimento rápido, em Anaheim. Uma das maiores influências da Vineyard era o minstério da cura. Wagner foi mais uma vez influenciado por um amigo próximo que tinha um crescimento de igrejas de sinais-e-prodígios. O último, e mais controverso fator, foi uma aula ministrada no Seminário Teológico Fuller: “MC510 Sinais, Maravilhas e Crescimento de Igrejas”. Wagner era o professor no papel, mas Wimber que ensinou quase tudo. As aulas expositivas eram sem nenhum acontecimento na superfície. Depois de cada aula, porém, os alunos eram convidados para permanecer em um “hora de ministério”, que incluia orações por cura. Apesar de a sessão adicional ser estritamente voluntária, raramente os alunos saiam antes da hora de ministério. A cada semana, muitos participantes da aula pediam por oração de cura, e muitos testemunhavam curas físicas. O curso atraiu a atenção e a controvérsia nacional. Apoiadores do seminário ficaram preocupados se a escola “estava se tornando carismática”. Estudantes e observadores estavam presentes em rebanho. Muitos achavam que o curso estava prejudicando a reputação de Fuller. MC510 foi finalmente retirada do currículo em 1985. Uma força-tarefa trabalhou por oito meses, passando pelos vários problemas da controvérsia. Na primavera de 1987, um novo curso foi oferecido, “MC550 – O Ministério da Cura e Evangelização Mundial.” A controvérsia morreu e a order voltou ao seminário. Wagner escreveria sobre sua mudança teológica e sua atitude favorável a alguns aspectos do pentecostalismo por muito anos. Finalmente, com a publicação de How to Have a Healing Ministry Without Making your Church Sick, Wagner urgiu para que o Movimento de Crescimento de Igrejas considerasse uma mudança de paradigma. Ainda é muito cedo para discernir a direção do movimento como um todo nesse caso. Nesse meio tempo, o foco de Wagner na área abriu as portas para que outros líderes do crescimento de igreja a focarem em tópicos em voga sobre o que já havia sido escrito. Wagner, ironicamente, tem ajudado o movimento a se tornar mais forte e com maior abrangência ao entrar em uma área controversa.

A Era dos Praticantes11 Alguns dos novos líderes do crescimento de igrejas, diferentes de Wagner, são praticantes ou professores testando e provando os princípios do crescimento de igrejas no campo. Líderes pastorais como Bill Hybels, Rick Warren, Doug Murren, John Maxwell e Ed Young têm criado igrejas que se tornaram modelos de crescimento de igrejas. Eles escrevem livros, lideram conferências e ensinam e seminários para deixar a audiência com vontade de ouvir e ver como o crescimento funciona na prática. Sem dúvidas, o Movimento de Crescimento de Igrejas, com uma geração de princípios do crescimento de igrejas em operação, se voltará aos praticantes para aprender como os princípios devem funcionar em outros cenários.

Sociólogos e Demógrafos O Movimento de Crescimento de Igrejas depende da pesquisa para entender seu campo em potencial desde os primeiros anos do movimento. A era moderna do crescimento de igrejas, 11

Praticantes, de acordo com a ciência cristã, são pessoas autorizadas a praticar cura.

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porém, tem testemunhado uma explosão de informação vindo de sociólogos e demógrafos. Algumas das informações emanaram de perspectivas cristãs, de estudos de pesquisadores como George Gallup e George Barna. Barna e seu time de pesquisas se tornaram os favoritos nos congressos de crescimento de igreja por toda a nação, e seus livros estão entre os mais vendidos nas prateleiras de crescimento de igrejas. Os defensores do crescimento de igrejas, entretanto, não estão se limitando em livros escritos estritamente por cristãos, ou por uma perspectiva cristã. Qualquer pesquisa, que auxilie alguém a entender as pessoas que precisam ser alcançadas por Cristo, é considerada válida para o movimento. Livros referentes a geração lidando com “baby boomers” e “baby buster” (pessoas que nasceram depois do baby boom), e outros grupos de pessoas se tornaram material de leitura popular para os proponentes do crescimento de igrejas.

Consultas e Consultores Apesar de consultas em crescimento de igrejas não ser um conceito novo, seu maior crescimento, aparentemente, ainda está por vir. O número de consultores está crescendo rapidamente. Lyle Schaller, reitor de consultores de igreja, focou muito de seu trabalho em crescimento de igrejas, apesar de não se identificar com o Movimento de Crescimento de Igrejas. Carl F. George, o diretor do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, dá consultas em crescimento para igrejas e denominções por todo Estados Unidos. Ron Lewis é provavelmente o consultor mais conhecido entre os batistas do sul. Visões de Crescimento de Igrejas é uma empresa de consulta fundada por Chuck Carter e eu em 1991. Com o contínuo crescimento da mensagem de crescimento de igrejas, a demanda por consultas e consultores sem dúvida se expadirá.

Publicações e Outras Mídias A era moderna do crescimento de igrejas testemunhou uma explosão impressa, por áudio, e materiais de vídeo sobre vários tópicos do crescimento de igrejas. Minha biblioteca pessoal de livros sobre o assunto já é maior que minha biblioteca inteira de anos atrás. Alguns livros recentes lidam com princípios gerais do crescimento de igrejas (por exemplo, Church Growth Principles12 por Kirk Hadaway). Outros focam em aspectos específicos do crescimento de igrejas, como o livro de George Barna que fala da necessidade de visão para crescer, Without a Vision People Perish (Sem visão as pessoas perecem). Ainda há outros que estão bem ligados ao crescimento de igrejas, como aqueles lidando com tendências sociológicas e demográficas. Novamente, Barna nos dá um bom exemplo desse tipo de livro em The Frog in the Kettle (O Sapo na caldeira). Folhetos informativos, revistas e notícias demográficas e tendências são exemplos de mídia impressa oferecida pelo crescimento de igrejas. Um dos meus favoritos é a revista Growing Churches (Igrejas em Crescimento), publicada pela comissão da escola dominical da Convenção Batista do Sul. Materiais em áudio e vídeo também estão disponíveis. O Instituto Fuller dispõe de um excelente áudio cassete chamado The Pastor‟s Update (As Atualizações do Pastor). Apresentações em vídeo sobre crescimento de igrejas podem mostrar um modelo de igreja para indivíduos interessados, por um custo razoável. A Igreja Comunitária de Willow Creek e seu pastor Bill Hybels oferecem vídeos sobre assuntos como adoração e filosofia de ministério. 12

Princípios do Crescimento de Igrejas

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O número de recursos de mídia sobre crescimento de igreja é desse modo uma marca definitiva da era moderna. Com novos conceitos sendo explorados a cada ano, não há indicação de que a corrente de materiais irá diminuir.

Um Novo Ecumenismo Quando o Congresso Internacional de Evangelização Mundial se encontrou em Lausanne, Suíça, em 1974, o movimento ganhou força. O movimento era evangélico e evangelístico. O Movimento de crescimento de igrejas, bem representado em Lausanne, tem mostrado o mesmo espírito duas décadas depois. A era moderna do crescimento de igrejas tem unificado crentes diversos, aos quais as prioridades são evangelizar e fazer igrejas crescer com o “discípulos da grande missão”.

A Mudança no Formato da Igreja Talvez, o impacto mais visível do crescimento de igrejas na era moderna seja o deasafio que trouxe aos costumes e tradições de igrejas locais. Por causa de sua influência e procura por alcançar, de maneira eficiente, os perdidos e os sem igreja, o crescimento de igrejas está desafiando a idéia de “Sempre fizemos isso antes”. A nova ou revitalizada ênfase no ministério leigo está fazendo com que muitas igrejas transfiram as responsabilidade do clero para o laico. O conceito tradicional, apesar de não bíblico, de o clero fazer a maior parte do ministério está lentamente mudando em muitas igrejas, mesmo que seja o crescimento de igrejas que esteja acelerando esse processo. Mudanças na adoração estão acontecendo em diferentes medidas em diferentes igrejas nesse novo período do crescimento de igrejas. Alguns adjetivos como “usuário-amigo”, “contemporâneo” e “experimental” estão associados com essa nova adoração, muito para o deleite de algumas gerações e muito para a mortificação de outras. Essa estrutura de igreja está sendo desafiada por alguns defensores do crescimento de igreja. O sistema de comitê, equipe tradicional, a influência de denominações e seminários e os encontros mensais de negócio, são vistos como impedimentos para o crescimento. Alguns líderes dentro do movimento estão insistido que “negócios comuns” devem mudar se os perdidos têm de ser alcançados. Um dos melhores livros sobre as razões por trás dessa mudança rápida nas igrejas é o The Seven-Day-a-Week Church (A Igreja de Sete dias por semana), de Lyle Schaller. Ele examina os fatores teológicos e sociológicos que tem levado as igrejas à mudança. Explica o aumento das mega igrejas, igrejas especializadas e o futuro não tão brilhante de igrejas tradicionais de domingo de manhã. Talvez, nenhum período desde a Reforma trouxe tantas mudanças e desafios para as igrejas. As próximas duas décadas devem ser as mais críticas na história moderna do cristianismo. Enquanto o Movimento de Crescimento de Igrejas não causa as mudanças (como nota Schaller, uma miríade de fatores sociológicos e teológicos estam no trabalho), o movimento está entre a responder ao mundo em mudança. Quais são os maiores desafios que o crescimento de igrejas enfrentará em um futuro próximo? Alguns exemplos ilustrarão o ritmo surpreendente em que essas mudanças têm acontecido no mundo. 1. O envelhecimento da geração do boom e a demanda sobre uma igreja que enfrenta uma congregação que está envelhecendo. 2. O inacreditável ritmo da idade de informação. Será que as igrejas serão deixadas para trás? 3. Uma nova definição de “família”. Quais são as implicações de uma igreja que quer crescer e ministrar? 4. Aceitação social de estilos de vida que estão explicitamente proibidos pelas escrituras.

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5. O declínio das caridades e das contribuições das igrejas. 6. Uma nação sincrética: Cristãos, Judeus, Mulçumanos, Mormons, Hindus, Budistas, Testemunhas de Jeová, Nova era ou culto-do-mês. 7. Antigas e novas visões: humanismo, naturalismo, misticismo, a fé judeu-cristã, ou de caráter científico. 8. A mudança nos papeis e as visões conflitantes das mulheres no ministério. 9. O campus único, a igreja da vizinhança como um único culto no domingo de manhã: antiguidade de gerações mais velhas. Será que as igrejas podem responder a essas mudanças em ritmo acelerado sem perder suas raízes teológicas, históricas e confessionais? Esse capítulo da história da igreja ainda deve ser escrito.

O Movimento de Crescimento de Igrejas: Crescente Aceitação Por muitos anos, o crescimento de igrejas se manteve como um movimento na extremidade do cristianismo evangélico. Trinta anos depois de seu nascimento, o movimento encontrou extensa aceitação denominacional, prática e teológica. Muitas denominações tem adotado alguns preceitos do crescimento de igrejas. Em minha denominação batista, o princípio do crescimento da escola dominical precedeu e influenciou o Movimento de Cresciemento de Igrejas. Hoje, a comissão das escolas domincais da convenção batista do sul publica Growing Churches (Igrejas em Crescimento), um períodico mencionado anteriormente. A comissão de missão conduz e apoia conferências de crescimento de igrejas. Os quase seis seminários oferecidos pelos cursos de crescimento de igreja e o seminário em Nova Orleans abriram um centro de crescimento de igrejas. Outras denominações também carregam os princípios do crescimento de igrejas. Até algumas denominações importantes, que eram desconfiadas do movimento, aceitaram muitos dos ensinamentos do crescimento de igrejas. Em nível prático, milhares de igrejas americanas tem aplicado os princípios de crescimento de igrejas com diferentes níveis de satisfação e sucesso. O impacto prático do movimento evindenciado nas igrejas em nível local está além das medidas. A aceitação teológica do crescimento de igrejas está aumentando, mas questões sobre o movimento ainda persistem. O desafio mais significantivo do crescimento de igrejas é responder essas questões teológicas, definir claramente os parâmetros teológicos do movimento. Por causa do desejo do crescimento de igrejas de alcançar pessoas para Cristo, “relevância” tem sido o lema. Em seu entusiasmo por ser culturalmente relevante, estaria o movimento em perigo de se tornar biblicamente irrelevante? O crescimento de igrejas comprometeu a doutrina da graça por insistir que “evidência” salvação é ter “filiação responsável à igreja”? Será a mensagem do “evangelho completo” distorcida pela ênfase exagerada no evangelismo? Apesar de o movimento não ter começado com conjunto organizadamente definido de princípios teológicos, o crescimento de igrejas, contrário a opinião de críticos, não é “ateológico”. Precisamos agora examinar a teologia do Movimento de Crescimento de Igrejas. Não responderemos a todas as questões teológicas nessa modesta tentativa de sistematizar a teologia do crescimento de igrejas, mas talvez, as colocaremos em um foco mais claro.

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Parte II A Teologia Do Crescimento de Igrejas

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7 Uma Abordagem Sistemática da Teologia de Crescimento de Igreja Uma abordagem teológica pode vir de várias perspectivas diferentes. Teologia bíblica examina cada livro ou grupo de livros da Bíblia em seu contexto histórico para discernir as doutrinas e as progressivas revelações de Deus do Gênesis ao Apocalipse. Teologia histórica estuda as doutrinas da fé cristã e como elas têm se articulado e sido debatidas por aproximadamente dois mil anos. Teologia contemporânea é o estudo de doutrinas únicas desenvolvidas por cristãos recentemente. Teologia sistemática estuda os mais importantes ensinos da fé cristã, procurando determinar seu significado para a igreja viva. Escolhi olhar a teologia de crescimento de igrejas no contexto do maior tema doutrinal da Bíblia. Apesar de perceber que, sistematizando a teologia do crescimento de igrejas, poderia parecer inadequado algumas vezes, percebo também a necessidade de mostrar os ensinamentos do movimento na luz dos principais pontos teológicos da Bíblia.

Definindo Teologia Sistemática A palavra teologia em português é a combinação de duas palavras gregas, theos que significa “Deus”, e logos, que significa “palavra”. O significado literal de teologia é “palavra de Deus”, mas por que entendemos o sufixo logos como “esudo de”, podemos entender teologia, simplesmente, como “estudo de Deus”. “Sistemático” também tem uma origem grega no sunistano, que significa “colocado junto”, ou “organizar”. Teologia sistemática então é a organização de fatos sobre Deus e Sua palavra. O processo de organização, normalmente, acontece pelas doutrinas bíblicas principais.

A Primeira Teologia de Crescimento de Igrejas Essa modesta tentativa de organizar a teologia de crescimento de igrejas se constrói em muitas afirmações previamente articulada. Por exemplo, C. Peter Wagner citou sete preceitos teológicos fundamentais para crescimento de igrejas: 1. A glória de Deus como o único comandante dos humanos. 2. A soberania de Deus e a responsabilidade humana. 3. A salvação acontece exclusivamente através de Deus. 4. A nobreza de Deus. 5. A autoridade das Escrituras. 6. As realidades presente e escatológica do pecado, da salvação e da morte eterna. 7. A realidade presente e futura do reino de Deus. Nenhuma literatura moldou a teologia do crescimento de igrejas como a literatura que emergiu do Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne em 1974. Pelo fato de o material de Lausanne se tão importante para o entendimento da estrutura da teologia de crescimento de igrejas, o Acordo de Lausanne em 1974 está incluido nesse capítulo. O crescimento de igrejas, primeiramente através do trabalho de Wagner no Grupo de Trabalho Teológico de Lausanne, influenciou a teologia de Lausanne, que acabou afetando profundamente a teologia de crescimento de igrejas. Ao invés de examinar as hipóteses teológicas de Wagner ou o Acordo Teológico de Lausanne nesse capítulo, os dogmas básicos serão considerados nos capítulos seguintes, no 36

contexto de suas respectivas doutrinas cristãs. Outros trabalhos que fazem contribuições teológicas susbstanciais ao crescimento de igrejas incluem I Believe in Church Growth (Acredito em Crescimento de igrejas) de Eddie Gibbs; Contemporary Theologies of Mission (Teologias contemporâneas da Missão) de Donald McGravan e Arthur Glasser; Balanced Church Growth (Crescimento de Igrejas Equilibrado) de Ebbie Smith; e Foundations of Church Growth (Fundamentos do Crescimento de Igrejas) de Kent Hunter. Ao examinarmos a teologia de crescimento de igrejas sistematicamente, a maioria dos dogmas básicos serão sinônimos com o principal pensamento evangélico. O que coloca a teologia de crescimento de igreja à parte, porém, é sua abordagem hermenêutica excepcional. Entretanto, é fundamental que entendamos como a teologia de crescimento de igrejas aborda e interpreta as Escrituras. Essa é a tarefa do próximo capítulo que trata de bibliologia.

Addendum O Acordo de Lausanne Introdução Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação e regozijamos na comunhão que Ele nos deu e a comunhão de um com o outro. Estamos profundamente emocionados pelo que Deus está fazendo em nosso dia, movido pela penitência por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada de evangelização. Acreditamos no evangelho das boas novas de Deus para todo o mundo, e estamos determinados por sua graça a obedecer o comando de Deus de proclamar a toda a humanidade e fazer discípulos em todas as nações. Desejamos, então, confirmar nossa fé e nossa resolução, e tornar público nosso acordo. 1. O Propósito de Deus Confirmamos nossa crença no único eterno Deus, Criador e Senhor do mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas de acordo com a Sua vontade. Ele chamado para Si pessoas de todo o mundo, e enviando as pessoas para serem Seus servos e testemunhas, para extensão de Seu reino, a construção do corpo de Deus e a glória de Seu nome. Confessamos com vergonha que várias vezes temos rejeitado nosso chamado e falhado em nossa missão, nos conformando com o mundo ou deixa-lo. Ainda assim nos regozijamos que até quando nascidos por instrumentos terrenos, o evangelho continua um tesouro precioso. Na tarefa de fazer o tesouro conhecido no poder do Espírito Santo desejamos nos dedicar mais uma vez. (Isa. 40:28; Mat. 28:19; Efe. 1:11; Atos 15:14; João 17:6,18; Efe. 4:12; 1Cor. 5:10; Rom.12:2; 2Cor. 4:7) 2. A Autoridade e Poder da Bíblia Afirmamos a divina inspiração, a total veracidade e autoridade tanto do Velho como do Novo Testamentos das Escrituras, Palavras de Deus escritas, sem erro em tudo que afirma, e a única e infalível regra de fé e prática. Também afirmamos que o poder da palavra de Deus ao cumprir seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia é aderessada a toda a humanidade. A revelação de Deus em Cristo e nas Escrituras é imutável. Através de Seu Espírito Santo Ele ainda fala nos dias atuais. Ele ilumina a mente das pessoas de Deus em toda cultura para

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compreender a verdade com renovado vigor através de seus próprio olhos e desse modo revelar a toda a igreja mais sabedoria de Deus. (2Tim. 3:16; Ped. 1:21; João 10:35; Isa. 55:11; 1Cor. 1:21; Rom. 1:16; Mat. 5:17, 18; Judas 3; Efe. 1:17, 18; 3:10, 18) 3. A Supremacia e Universalidade de Cristo Afirmamos que há apenas um salvador e um evangelho, apesar de haver uma grande diversidade de abordagens evangelísticas. Reconhecemos que todos os homens tem algum conhecimento de Deus, através de Sua revelação geral na natureza. Mas negamos que isso pode salvar, pois os homens suprimem a verdade com sua iniqüidade. Também rejeitamos como depreciador a Cristo e ao evangelho todo tipo de sincretismo e diálogo que dizem que Cristo fala através de toda religião e ideologia. Jesus Cristo, sendo ele o único Deus-homem, que se entregou como expiação pelos pecadores, o único mediador entre Deus e o homem. Não há outro nome pelo qual seremos salvos. Todos os homens estão perecendo em razão do pecado, mas Deus ama a todos e não deseja que nenhum pereça, mas que todos devem se arrepender. Sendo assim, aqueles que rejeitam Cristo repudiam a alegria da salvação e se condenam à separação eterna de Deus. Proclamar Jesus como “Salvador do mundo” não é afirmar que todo homem está automaticamente ou basicamente salvos, menos ainda dizer que todas as religiões oferecem salvação em Cristo. Preferivelmente, é proclamar o amor de Deus por um mundo de pecadores e convidar a todos a responderem a Ele como salvador e Senhor em um compromisso pessoal feito de coração com arrependimento e fé. Jesus Cristo tem sido exaltado acima de qualquer outro nome; esperamos pelo dia em que todo joelho se dobrará perante Ele e toda língua se confessará ao Senhor. (Gal. 1:6-9; Rom. 1:18-32; 1Tim. 2:5,6; Atos 4:12; João 3:16-19; 2Ped. 3:9; Tess. 1:79; João 4:42; Mat. 11:28; Efe. 1:20,21; Fil. 2:9-11) 4. A Natureza do Evangelismo Evangelizar é espalhar as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressucitou dos mortos de acordo com as Escrituras, e sendo o Senhor que reina e agora oferece seu perdão aos pecados e o livre dom do Espírito a todos aqueles que se arrependem e crêem. Nossa presença cristã no mundo é indispensável para o evangelismo, e o tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade para ter entendimento. Mas evangelismo em si é a proclamação do Cristo, histórico e bíblico, como salvador e senhor, com a visão de persuadir as pessoas a virem pessoalmente e se reconciliarem com Deus. Ao divulgar o convite ao evangelho não temos a liberdade de ocultar o custo do discipulado. Jesus ainda chama, aqueles que O seguirão, para negarem a si mesmos com Sua nova comunidade. Os resultados do evangelismo incluem obediência a Cristo, incorporação na Sua igreja e serviço responsável no mundo. (1Cor. 15:3,4; Atos 2:32-39; João 20:21; 1Cor. 1:23; 2Cor. 4:5; 5:11,20; Luc. 14:25-33; Marcos 8:34; Atos 2:40,47; Marcos 10:43-45) 5. Responsabilidade Social Cristã Afirmamos que Deus é Criador e Juíz de todos os homens. Então, devemos compartilhar Sua preocupação por justiça e reconcilação por toda a sociedade e pela liberação de todos os homens de qualquer tipo de opressão. Já que a humanidade foi feita a imagem de Deus, todos, sem levar em consideração raça, religião, cor, cultura, classe, sexo ou idade, temos uma intrínseca dignidade, pois Ele deve ser respeitado, e não ser explorado. Aqui também expressamos penitência por nossa negligência e por algumas vezes ter considerado o 38

evangelismo e os interesses sociais como mutuamente exclusivo. Apesar de reconciliação com o homem não ser reconciliação com Deus, nem é evangelismo de ação socia, nem salvação é política de libertação, apesar disso, afirmamos que evangelismo e envolvimento sociopolítico são partes de um dever cristão. Para ambos é necessário a expressão de nossas doutrinas de Deus e homem, nosso amor pelo vizinho e nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também na mensagem do julgamento sobre toda forma de alienação, opressão e discriminação,e não deveríamos ter medo de denunciar o mal e a injustiça, onde quer que existirem. Quando as pessoas recebem a Cristo, elas nascem de novo em Seu reino e devem procurar não apenas exibir, mas espalhar a retidão no meio de um mundo de iniqüidade. A salvação que afirmamos deve nos transformar em na totalidade de nossas respondabilidades sociais e pessoais. Fé sem trabalho é morta. (Atos 17:26,31; Gen. 18:25; Isa. 1:17; Sal. 45:7; Gen. 1:26,27; Lev. 19:18; Luc. 6:27,35; João 3:3,5; Tiago 3:9; Tiago 2:14-26; Mat. 5:20; 2Cor. 3:18; Tiago 2:20) 6. A Igreja e o Evangelismo Afirmamos que Cristo manda seu povo redimido parao mundo, como Seu Pai o mandou, e para isso é necessária uma similar penetração no mundo, profunda e custosa. Precisamos escapar de nossos guetos eclesiásticos e permear a sociedade não-Cristã. Na missão de sacrifício da igreja o culto de evangelismo é importante. Evangelização mundial requer que toda a igreja leve o evangelho ao mundo todo. A igreja está bem no centro do propósito cósmico de Deus e seu significados marcados na pregação do evangelho. Mas a igreja que prega a cruz deve ser marcada pela cruz. Torna-se um obstáculo para o evangelismo quando de trai o evangelho ou falta a fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, incluindo promoção e finança. A igreja é a comunidade do povo de Deus ao invés de uma instituição, e não deve ser identificada com uma cultura em particular, um sistema político e social ou uma ideologia humana. (João 17:18; 20:21; Mat. 28:19,20; Atos 1:8; 20:27; Efe. 1:9,10; 3:9-11:7; Gal.6:14, 17; 2Cor. 6:3,4; 2Tim. 2:19-21; Fil. 1:27) 7. Cooperação no Evangelismo Afirmamos que a verdade visível da igreja é o propósito de Deus. O evangelismo também nos convoca à unidade, porque nossa união fortalece nosso testemunho, assim como nossa desunião minam nosso evangelho e nossa reconciliação. Reconhecemos, porém, que a união organizacional tomam muitas formas e, necessariament, não levam o evangelismo para frente. Ainda assim nós que dividimos a mesma fé deveríamos ser mais unidos em nossa comunhão, trabalho e testemunho. Confessamos que nosso testemunho tem sido, algumas vezes, desfigurado por nosso individualismo pecaminoso e nossa inútil duplicação. Comprometemo-nos a procurar uma unidade mais profunda em verdade, adoração, santidade e missão. Encorajamos o desenvolvimento da cooperação regional e funcional para o apoio da missão da igreja, do planejamento estratégico, encorajamento mútuo e para compartilhar pesquisas e experiências. (João 17:21,23; Efe.4:3,4; João 13:35; Fil. 1:27; João 17:11-23) 8. Igrejas em Parceria Evangelística Regozijamos que a nova era missionária alvoreceu. O papel dominante das missões ocidentais está rapidamente desaparecendo. Deus está levantando as igrejas novas um novo grande recurso para a evangelização mundial, e assim sendo, demonstrando que a responsabilidade de evangelizar pertence ao corpo de Cristo em sua totalidade. Todas as igrejas 39

deveriam portanto pedir a Deus e a elas mesmas o que deveriam fazer para alcançar sua própria área, e mandar missionários a outras partes do mundo. Um reavaliação de nossas responsabilidades missionárias e nosso papel deve ser continuado. Assim, uma crescente parceria de igrejas de desenvolveriam e o caráter universal das igrejas de Cristo será mais exposta. Também agradecemos a Deus pelas agências que trabalham na tradução da Bíblia, a educação teológica, a mídia de massa, a literatura cristã, o evangelismo, a missão, a renovação da igreja e outros campos específicos. Eles também deveriam se engajar e um constante auto-exame para avaliação de efetividade como parte da missão da igreja. (Rom. 1:8; Fil. 1:5; Atos 13:1-3; 1Tes. 1:6-8) 9. A Urgência da Tarefa Evangelística Mais de 2,7 milhões pessoas, o que seria mais que dois terços da humanidade, devem ser evangelizados. Estamos envergonhados por tantas pessoas terem sido negligenciadas; isso é uma permanente reprovação a nós e a toda a igreja. Há agora, porém, em muitas partes do mundo, uma receptividade sem precedentes ao Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de que essa é a hora para que as agências das igrejas e para-igrejas orarem honestamente pela salvação do mundo das pessoas inalcançadas e para lançar novos esforços para alcançar a evangelização mundial. A redução de missionários estrangeiros e dinheiro em um pais evangelizado pode ser, algumas vezes, necessária para facilitar o crescimento nacional de igrejas em auto-suficiência e para liberar recursos para áreas não evangelizadas. Missionários deveriam andar, ainda mais livremente, por todos os continentes, em um espírito de serviço humilde. O alvo deveria ser, por todos os meios disponíveis e o mais rápido possível, de que cada pessoa terá a oportunidade de ouvir, entender e receber as boas novas. Não podemos esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos chocados com a pobreza de milhões e incomodados com as injustiças que ela causa. Aqueles de nós que vivem em circuntâncias abundantes aceitam nossa tarefa de desenvolver um estilo de vida mais simples para que possa contribuir mais generosamente tanto para ajuda como par evangelismo. (João 9:4; Mat. 9:35-38; Rom. 9:1-3; 1Cor. 9:19-23; Mar.16:15; Isa. 58:6,7; Tiago 1:27; 2:1-9; Mat. 25:31-46; Atos 2:44,45; 4:34,35) 10. Evangelismo e Cultura O desenvolvimento de estratégias, para a evangelização mundial, pedem métodos imaginativos e pioneiros. Com Deus, o resultado será o aumento de igrejas enraizadas em Cristo e intimamente relacionada com sua cultura. A cultura deve ser testada e julgada sempre pelas Escrituras. Por ser o homem uma criatura de Deus, algo de sua cultura é rica em beleza e bondade. Por ser um ser caído, tudo isso é manchado pelo pecado. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura por outra, mas avalia todas as culturas de acordo com seu próprio critério de verdade e retidão, e insiste na moral absoluta em qualquer cultura. Todas as missões, muito freqüentemente, exportavam, com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, algumas vezes, entram em contato com uma cultura ao invés das Escrituras. Os evangelistas de Cristo devem, humildemente, procurar se esvaziar de toda sua autenticidade pessoal a fim de se tornarem servos dos outros, e igrejas devem buscar transformar e enriquecer a cultura, tudo para a glória de Deus. (Marc. 7:8,9,13; Gen. 4:21,22; 1Cor. 9:19-23; Fil. 2:5-7; 2Cor. 4:5) 11. Educação e Liderança Confessamos que algumas vezes procuramos o crescimento de igrejas ao custo da medida da igreja, e divorciamos evangelismo da educação cristã. Também reconhecemos que 40

algumas de nossas missões tem sido lentas em equipar e encorajar líderes nacionais a assumirem suas responsabilidades por direito. Ainda assim estamos compromissados aos princípios nativos, e esperamos que cada igreja terá líderes nacionais que manifestem um estilo cristão de liderança não em termos de denominação, mas em serviço. Reconhecemos que há uma grande necessidade de melhorar a educação teológica, especialmente para líderes de igreja. Em cada nação e cultura deveria existir um programa de treinamento efetivo, para pastores e obreiros leigos, em doutrinas, discipulado, evangelismo, educação e serviço. Tal treinamento não deveria confiar em metodologias esterotipada, mas deveria ser desenvolvida por iniciativas criativas locais, de acordo com padrões bíblicos. (Col. 1:27,28; Atos 14:23; Tito 1:5,9; Mar. 10:42-45; Efe. 4:11-12) 12. Conflito Espiritual Acreditamos que estamos envolvidos em uma constante guerra espiritual com os principados e poderes do mal, que estão buscando derrotar a igreja e frustar suas tarefas de evangelização mundial. Conhecemos nossas necessidades de nos equiparmos com a armadura de Deus e lutar essa batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois detectamos a atividade de nosso inimigo, não apenas com falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro da igreja com falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. Precisamos de vigilância e discernimento para proteção do evangelho bíblico. Sabemos que nós mesmos não estamos imunes do mundanismo de pensamentos e ações, para uma rendição ao secularismo. Por exemplo, apesar dos estudos cuidadosos do crescimento de igrejas, tanto numericamente quanto espiritualmente, são certos e válidos, mas às vezes os negligenciamos. Em outro momento, desejoso por garantir uma resposta ao evangelho, comprometemos nossa mensagem, manipulamos nossos ouvintes através de técnicas de pressão e nos tornamos excessivamente preocupados com estatíscas ou até o uso desonesto delas. Tudo isso é mundial. A igreja deve ser do mundo; mas o mundo não deve estar na igreja. (Efe. 6:12; 2Cor. 4:3,4; Efe. 6:11,13-18; 2Cor. 10:3-5; 1João 2:18-26; 4:1-3; Gal. 1:6-9; 2Cor. 2:17; 4:2; João 17:15) 13. Liberdade e Perseguição É dever designado por Deus de que cada governo deva assegurar condições de paz, justiça e liberdade no qual a igreja deve obedecer a Deus, servir o Senhor Cristo, e pregar o evangelho sem interferência. Portanto, oramos para que os líderes das nações e apelar para que eles garantam liberdade de pensamento e consciência e liberdade de para praticar e propagar a religião de acordo com a vontade de Deus como demonstrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda preocupação por todos que foram injustamente aprisionados, e especialmente por nossos irmãos que estão sofrendo por seu testemunho do Senhor Jesus. Prometemos orar e trabalhar por sua liberdade. Ao mesmo tempo, nos recusamos a ser intimidados pelo destino deles. Deus está nos ajudando, e nós também buscaremos nos colocar contra a injustiça e nos manter fiéis ao evangelho, seja qual for o custo. Não esqueceremos dos avisos de Jesus de que a perseguição é inevitável. (1Tim. 1:1-4; Atos 4:19; 5:29; Col. 3:24; Heb.13:1-3; Luc. 4:18; Gal. 5:11; 6:12; Mat.5:10-12; João 15:18-21) 14. O Poder do Espírito Santo Acreditamos no poder do Espírito Santo. O Pai enviou o Espírito para levar testemunhas para Seu Filho; sem Suas testemunhas as nossas são em vão. Convicção de pecado, fé em 41

Deus, novo nascimento e crescimento cristão estão todos a Seu trabalho. Além disso, o Espírito Santo é um espírito missionário; assim, o evangelismo deveria surgir espontaneamente em uma igreja repleta do Espírito. Uma igreja que não é uma igreja missionária está se contradizendo e extinguindo o Espírito. Evangelização mundial se tornará uma possibilidade realística apenas quando o Espírito renove a igreja em sabedoria e verdade, fé, santidade, amor e poder. Portanto, chamamos todos os cristãos para orarem pela visita do supremo Espírito de Deus e que todo Seu fruto possa surgir em todo Seu povo e que todos Seus dons possam enriquecer o corpo de Cristo. Somente então, toda a igreja se tornará um instrumento adequado em nas mãos de Deus, e que toda a terra possam ouvir Sua voz. (1Cor. 2:4; João 15:26,27; 16:8-11; 1Cor. 12:3; João 3:6-8; 2Cor. 3:18; João 7:37-39; 1Tes. 5:19; Atos 1:8; Salmos 85:4-7; 67:1-3; Gal. 5:22,23; 1Cor. 12:4-31; Rom. 12:3-8) 15. O Retorno de Cristo Acreditamos que Jesus Cristo voltará de maneira pessoal e visível, em poder e glória, para consumar Sua salvação e julgamento. Essa promessa de Sua volta é um incentivo a mais para nosso evangelismo, pois lembramos das palavras dEle de que o evangelho deveria ser pregado em todas as nações. Acreditamos que nesse ínterim, período entre a ascensão de Cristo e Sua volta, é repleto de missões do povo de Deus, que não tem permissão para parar antes do Fim. Também lembramos de Seus avisos do surgimento de falsos profetas e falsos Cristos como precursores do anti-Cristo. Portanto, rejeitamos como um sonho orgulhoso e autoconfiante a noção de que o homem algum dia construirá uma utopia na terra. Nossa confiança cristã é de que Cristo irá aperfeiçoar Seu reino, e esperaremos com ansiedade por esse dia, e pelo novo céu e terra no qual a retidão habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, nos dedicamos novamente ao serviço de Cristo e do homem em feliz submissão à Sua autoridade sobre a toda a nossa vida. (Marc. 14:26; Heb. 9:28; Marc. 13:10; Atos 1:8-11; Mat. 28:20; Marc. 13:21-23; João 2:18; 4:1-3; Luc. 12:32; Apoc. 21:1-5; 2Ped. 3:13; Mat. 28:18) Conclusão Portanto, à luz de nossa fé e de nossa resolução, entramos em um acordo solene com Deus e com cada um aqui, para orar, planejar e trabalharmos juntos para a evangelização do mundo inteiro. Podemos chamar outros para se unirem a nós. Que Deus possa nos abençoar ajudando-nos com Sua graça e para Sua glória seremos fiéis ao nosso acordo! Amém! Aleluia!

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8 Bibliologia e Crescimento de Igrejas Em bibliologia, a doutrina da Bíblia, duas palavras são freqüentemente usadas. A primeira é a palavra “Bíblia”, que tem sua origem no grego biblion, comumente traduzido como “livro” ou “rolo”. A planta papiro que crescia ao longo do Nilo chamava-se byblos, e era daí que os pergaminhos eram feitos. Uma segunda palavra é “escritura”, que é a tradução do grego graphe, que literalmente significa “escritos”. Quando o verbo grapho ou o substantivo graphe é usado, normalmente se refere às Escrituras. Essas Escrituras, especificamente expressado em 2 Tim. 3:16 a serem “folêgo de Deus”, é divino em origem e revelação, completamente oficial, e sem erro em tudo o que ensinam. O crescimento de igrejas, reconhecidamente, utliza-se de outras fontes além da Bíblia. Muitos dos seus princípios vem das ciências sociais e comportamentais. Apesar de o crescimento de igrejas continuar a usar essas fontes, a estrutura e fundação do movimento deve ser a palavra de Deus. Um perigo em potencial do entusiasmo e pragmatismo dos princípios do crescimento de igrejas, o perigo de uma hermenêutica existe. Examinaremos essa cilada em potencial depois de revermos alguns princípios básicos da Bíblia.

A Natureza Divina da Bíblia

O Acordo de Lausanne afirma “a divina inspiração, veracidade e autoridade das ... Escrituras” (ênfase adicionada). A Bíblia alega sua divina origem por aproximadamente quatro mil vezes quando declara que “Deus disse” ou “o Senhor disse”. Paulo e outros escritores do Novo Testamento também afirmam a origem divina das Escrituras (1Cor. 14:37; 2Pedro 1:1621). Por ser vista como de origem divina, a bíblia deve ser vista também como revelação de Deus. Enquanto revelação pode ser geral, por exemplo, na manisfestação de Deus dele mesmo na história e na natureza, a Bíblia é uma revelação especial apenas para aqueles que acreditam e a tomam como oficial. A Bíblia então é Fôlego de Deus, assim eram escritas por pessoas que tiveram suas palavras supervisionadas pelo Espírito Santo. Como uma conseqüência, a palavra escrita revela exatamente e sem erros nosso entendimento de Jesus Cristo, a palavra encarnada. A essência do crescimento de igrejas é comunicar ao mundo perdido a Palavra viva, para que a igreja de Deus possa crescer. Apenas uma Bíblia divinamente dada poderia nos mostrar, sem erro, a história escrita de Jesus Cristo e seus mandamentos, incluindo Seu grande comando para “fazer discípulos de todas as nações”.

A Inspiração da Bíblia

Paul Enns define inspiração como “a supervisão do Espírito Santo sobre os escritores para que, mesmo escrevendo de acordo com seus estilos e personalidades, o resultado fosse a Palavra de Deus escrita – oficial, fidedigna e livre de erros em seus originais”. Tal inspiração se aplica a toda a Escitura e suas partes. Enquanto 2 Timóteo 3:15 ou 2 Pedro 1:21 poderíamos usar para defender a inspiração das escrituras, a visão de Escritura por Cristo, Ele mesmo, é consistente com essa perspectiva. Jesus afirmou a inspiração de todo Antigo Testamento (Mat. 5:17-18); Ele ainda citava, com freqüência, partes do Antigo Testamento com igual autoridade (e.g. Mat. 4:4, 7,10; Mat. 21:42; Mat. 22:44; João 10:34, etc). Essa visão de inspiração é, as vezes, chamada de plenário verbal porque afirma a inspiração de partes, ou das palavras reais (verbal) e a Bíblia inteira (plenário). 43

O Poder da Bíblia Porque a Bíblia é dada por Deus e inspirada por Deus, é possível cumprir o próposito de Deus da salvação (veja o Acordo de Lausanne na conclusão do capítulo anterior, seção 2). O escritor de Hebreus articula, claramente, o poder da Palavra de Deus: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Heb. 4:12). Essa leitura e proclamação de que a poderosa Palavra alcança o perdido; através dela, Deus salva aqueles que crêem (1 Cor. 1:2). O crescimento de igrejas proclama um Salvador que é conhecido através de Sua Palavra escrita. A Palavra escrita, em si, é poderosa, penetrando corações que podem ser acrescentado ao reino de Deus e Sua igreja.

A Autoridade das Escrituras Sobre Todas as Outras Fontes

Nossa definição afirma que crescimento de igrejas é “uma disciplina que busca entender, através de estudos bíblicos, sociológicos, históricos e comportamentais, o por quê igrejas crescem ou decaem.” História, sociologia e outras ciências comportamentais devem ser vistas como ferramentas de autoridade para o crescimento de igrejas. A Bíblia é a fonte de autoridade do movimento. Quando Martinho Lutero pregou suas Noventa e Cinco Teses na porta de Witterberg em 1517, ele delinou sua oposição aos abusos da igreja Católica. Lutero enfatizou sola scriptura – Somente as Escrituras são oficiais. Nem a igreja, nem conselhos podem falar acima da autoridade da Palavra de Deus. Quando as ferramentas das ciências sociais são usadas para distinguir maneiras de alcaçar mais pessoas, essas ferramentas não devem ter autoridade, mas devem ser instrumentos que estão subjugados a autoridade das Escrituras. Líderes da Reforma observaram que nem igrejas nem conselhos, inerentemente, do mal, mas essas organizações se tornaram más quando abandonaram os parâmetros das Escrituras. As ferramentas do crescimento de igrejas não são inerentemente mal; mas essas ferramentas devem sempre estar dentro dos limites das Escrituras e subjugadas à autoridade bíblica. Ao meu entendimento, os teólogos e praticantes do crescimento de igrejas confirmariam o que foi dito sobre a autoridade das Escrituras. Os críticos não debatem a alta consideração do movimento pela Bíblia. Questionamentos surgem, porém, sobre a interpretação das Escrituras.

A Hermenêutica do Crescimento de Igrejas Bernard Ramm define hermenêutica como “a ciência e arte da interpretação bíblica. É uma ciência por ser guiada por regras de um sistema; e é uma arte pois a aplicação dessas regras é por habilidade, não por imitação mecânica.” O processo de interpretação bíblica envolve o intérprete como uma pessoa completa, incluindo sua preconceitos. Uma honesta abordagem hermenêutica deve considerar os potenciais preconceitos. Apesar de examinarmos os potenciais preconceitos hermenêuticos do crescimento de igrejas nos capítulos dessa seção, é apropriado ver uma grade de interpretação que representa um potencial perigo ao movimento. C. Peter Wagner refere-se à hermenêutica do crescimento de igrejas como algo fenomenológico: “O crescimento de igrejas inclina-se a uma abordagem fenomenológica que tem conclusões teológicas que são algo mais como tentativa e está aberta a revisão quando necessário, à luz do que é aprendido com a experiência”. Talvez uma melhor descrição do que é hermenêutica é uma direcionada pelo pragmatismo do crescimento: essas crenças que recebem maior atenção são aquelas diretamente ligadas à melhora do crescimento da igreja. 44

O melhor exemplo dessa hermenêutica pode ser encontrado no interesse perspicaz do crescimento de ingrejas em sociologia, demografia e marketing. O movimento está usando todas as ferramentas possíveis para alcançar sua cultura em uma base de “usabilidade”. A justificativa bíblica para essa abordagem está em 1 Coríntios 9:22b: “Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns”. A “adaptação” de Paulo a cultura se tornou algo como um comício nos círculos do crescimento de igrejas. “Devemos fazer tudo o que for necessário para ganhar a audiência, assim poderemos compartilhar Cristo!” Essa deficiência hermenêutica em potencial não é que a passagem de Coríntios foi mal interpretada. O possível problema é que a maior parte dos princípios do crescimento de igrejas poderiam estar baseados em apenas uma porção das Escrituras. Paulo diria depois aos Coríntios que mesmo vivendo no mundo, vivemos de maneira diferente do mundo (2 Cor. 10:14). Jesus disse aos seus seguidores para serem diferentes do mundo, para que fossem sal e luz (Mat. 5:13-14). O crescimento de igrejas, então, deve afirmar uma hermenêutica que captura a tensão de ser do mundo, mas não do mundo. Uma hermenêutica que tenta isolar o texto da cultura moderna, não falará ao mundo. A Bíblia não será relevante. Entretanto, uma hermenêutica constantemente buscando o benefício da cultura, mesmo se os resultados numéricos do crescimento de igrejas aparecerem, podem ganhar relevância enquanto perde verdadeiros discípulos. Podemos “ganhar” esse mundo mas fazer poucos discípulos que levem o evangelho a outras culturas. O custo do discipulado deve permanecer na tensão com a mensagem culturalmente relevante. É irônico que o maior perigo teológico do crescimento de igrejas, um movimento conservador, evangélico, é o mesmo perigo ao qual o liberalismo sucumbiu no começo do século. As “ferramentas” da cultura não são inerentemente más, mas uma hermenêutica que flerta com as tentações da modernidade deve ter sempre o cuidado de nunca comprometer a essência do evangelho. No início do século o liberalismo reduziu o cristinianismo a um evangelho social. O Movimento de Crescimento de Igrejas deve estar atento para não reduzir as boas novas do século XXI a um mero evangelho sociológico.

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9 Teologia e Crescimento de Igrejas No capítulo 7, definimos teologia como o estudo de Deus, reconhecendo que a palavra é geralmente entendida de uma maneira mais ampla, cobrindo o campo de crenças cristãs por completo. Para distinguir o estudo geral de todas as crenças cristãs do estudo mais específico de Deus, o Pai, o termo teologia própria é usado para designar a doutrina de Deus. Em uma afirmação concisa, o Acordo de Lausanne afirma “a crença em um único Deus, Criador e Senhor do mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas de acordo com o propósito de Sua vontade”, (ver cap. 7). A frase afirma algumas crenças básicas sobre Deus com pouca elaboração.

A Existência de Deus Apesar dos muitos volumes escritos sobre a existência de Deus, o crescimento de igrejas afirma a priori que Deus é. Enquanto teológos argumentam a existência de Deus cosmologicamente, teleologicamente, moralmente, ontologicamente ou antropologicamente, a pressuposição do crescimento de igrejas, de uma Escritura infalível, aceita sem questionamento o Deus que disse “Eu sou” (Ex.3:14). O argumento antropológico para a existência de Deus, como um exemplo, fala diretamente sobre o Deus que criou humanos motivado por total amor. A palavra antropologia vem do grego anthropos que significa “homem”. Chafer expressa o argumento antropológico da seguinte maneira: “Há na composição humana traços filosóficos e morais que podem ser seguidas ao passado para encontrar sua origem em Deus... uma força cega... nunca poderia produzir um homem com intelecto, sensibilidade, vontade, consciência e crença inerente em um Criador”. Homem e mulher, então, foram criados a imagem de Deus (Gen. 1:27) para ter comunhão perfeita com seu Criador. Enquanto o argumento antropológico aponta para a existência de Deus, e também aponta para um Deus que deseja trazer Sua criação da morte e do pecado e a imagem manchada da humanidade (Gen. 9:6) de volta à comunhão completa com Ele. Tal discussão está além do foco dessa seção, mas provê uma fundação sobre a qual a teologia do crescimento de igrejas de baseia. O Deus-que-é é também o Deus que busca aproximar Sua criação dEle e construir Sua igreja.

Revelação de Deus

Revelação vem do grego apokalupsis, que significa literalmente “revelar” ou “desvendar”. Revelação é a revelação de Deus, sobre Ele mesmo, para a humanidade. Tipicamente, revelação é vista em duas categorias amplas, geral e especial. A Revelação geral faz com homens e mulheres estejam cientes da existência de Deus por Sua majestade e criação (Sal. 19:1-6; Rom. 1:18-21). Esse tipo de revelação faz com que a humanidade se justifique a Deus, ficar “sem desculpas” ao reponder a Ele (Rom. 1:20). A revelação especial é a auto-revelação de Deus mais direta e específica. Ainda que esse tipo de revelação possa incluir vozes audíveis, manifestações visíveis (teofonia), sonhos ou visões, revelação especial normalmente se refere a Jesus Cristo e as Escrituras. As Escrituras foram escritas por homens que eram usados pelo Espírito Santo para que o testemunho escrito pudesse ser perfeito e isento de erros. O testemunho de acordo com as Escrituras também revela a Verbo vivo, Jesus Cristo.

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A Trindade de Deus Teologia própria reconhece que Deus se revelou como três pessoas unidas que são um Deus. As três pessoas são o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A relação única do Filho e o do Espírito Santo será discutida nos próximos dois capítulos. Neste capítulo focaremos em Deus, o Pai.

Atributos de Deus

As características distintas de Deus são muitas vezes chamadas de atributos de Deus. Há muitas variedades de classificação e categoria dos atributos de Deus. Paul Enns desenvolveu a seguinte tabela, que mostra algumas das classificações por diferentes teológos.

Os Atributos de Deus: Variedades de Categorização Teológos Henry C. Thiessen Vermon D. Doerksen

Categorias Não-moral Moral

A. H. Strong

Absoluto/Imanente Relativo/Transitivo

Millard J. Erickson

Grandiosidade

Bondade

Gordon R. Lewis

Metafisicamente

Atributos Onipresença Onisciência Onipotência Imutabilidade Santidade Retidão e Justiça Bondade e Misericórdia Verdade Espritualmente: vida, personalidade Infinidade: auto-existência, imutabilidade,unidade Perfeição: Verdade, amor, santidade Relacionado à tempo e espaço: eternidade, imensidão Relacionado à criação: onipresença, onisciêcia, onipotência Relacionado aos conceitos morais: verdade e fidelidade misericórdia e bondade (amor transitivo) justiça e retidão (santidade transitiva) Espiritualidade Personalidade Vida Infinidade Constância Pureza Moral: santidade retidão justiça Integridade: autenticidade veracidade fidelidade Amor: benevolência graça misericórdia persistência Auto-existência Eterno Imutável

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Intelectualmente Eticamente Emocionalmente Existencialmente Relacionalmente William G. T. Shedd Charles Hodge Louis Berkhof Herman Bavinck

Incomunicável

Comunicável

Onisciente Fiel Sábio Santo Íntegro Amável Detesta o mal Longanimidade Compassivo Livre Autêntico Onipotênte Transcendente por natureza Universalmente imanente em atividade providecial Imanente com Seu povo na atividade redentora Shedd/Hodge: auto-existência, simplicidade, infinidade, eternidade, imutabilidade Berkhof: auto-existência, imutabilidade, unidade, infinidade, (perfeição, eternidade, imensidão) Bavinck: independência, auto-suficiência, imutabilidade, Infinidade: eternidade, imensidão (onipresença); unificação (númerica, quantitativo) Shedd/Hodge: sabedoria, benevolência, santidade, justiça, compaixão, verdade Berkhof: Espiritualidade Intelectual Conhecimento Sabedoria Veracidade Moral Bondade (amor, graça, misericórdia, longanimidade) Santidade Retidão Justiça remunerativa Justiça retribuitiva Poder soberano Bavinck: Vida e Espírito Espiritualidade Invibilidade Perfeição em Auto-consciência Conhecimento, onisciência Sabedoria Veracidade Natureza ética Bondade Retidão Santidade Senhor, Rei, Soberano Vontade Liberdade Onipotência Bem-aventurança Absoluta Perfeição Bem-aventurança Glória

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De todos os atributos de Deus, nenhum foi mais discutido em círculos de crescimento de igrejas que a soberania de Deus.

A Soberania de Deus Há muitos anos atrás, um missionário na América do Sul escreveu um artigo sobre métodos de crescimento de igrejas que ele sentia serem comprometidos com sua fé Reformada. O escritor anônimo disse que “viu um espírito de morte chegar a uma missão quando experimentavem a „teoria de crescimento de igrejas‟ de Donald McGravan”. Ele disse que a teologia do crescimento de igrejas “aplica a sociologia para o domínio da criação de igrejas e se esforçam para descobrir, por meio de estatísticas, gráficos, planilhas e até computadores, onde os campos de colheita estão.” Ele estava frustrado porque os métodos de crescimento de igrejas determinavam “onde missionários deviam ser colocados” e deram “ênfase ao estabelecimento de objetivos não saudáveis”. A preocupação fundamental do escritor era que a teologia do crescimento de igrejas “não deixam espaço para a soberania de Deus e a espontaneidade do trabalho do Espírito.” Soberania de Deus significa que Ele está em absoluto controle, que o que Ele ordenar sempre acontece, e que Seu propósito divino sempre é cumprido (Efe. 1:11). Será que a metodologia do crescimento de igrejas ignora ou nega esse atributo? Como o movimento ao utilizar ferramentas como sociologia e demografia “feitas pelo homem” está negando que Deus levará para Si os eleitos? Em Sua soberania, Deus decide como Ele quer o homens e mulheres perdidos devem ser levados ao Seu reino, aqueles escolhidos para a salvação antes da fundação do mundo (Efe. 1:4-5; 2Tim. 1:9). Um onipotente Deus poderia desenvolver qualquer meio para trazer os perdidos para Si. O auxílio humano não é necessário para que Deus leve Seu plano adiante, mas Deus no entanto escolheu os seres humanos como Seus intermediários. O mistério dos meios humanos e divinos para espalhar o evangelho e fazer uma igreja crescer estão em harmonia de acordo com a vontade soberana de Deus. O decreto de soberania de Deus não viola o livre arbítrio do homem e não se faz necessário buscar métodos que melhor comunicam o evangelho para que a igreja de Deus cresça. Uma objeção como essa acontece por causa da antinomia na mente humana. Paulo proclamou a predestinação de seu povo à salvação (Efe. 1:5-11) e ensinou a doutrina da eleição (Rom. 1:1; 8:30; 9:11). Com igual convicção e asserção, Paulo encorajou a necessidade da intervenção humana e pregação para que as pessoas pudessem ser salvas e que a igreja crescesse (Atos 16:13; Rom. 10:14-15; 1 Cor. 9:16). A teologia do crescimento de igrejas não é apenas compatível com o atributo da soberania de Deus, mas os métodos que emanam da teologia obedecem ao Senhor soberano na difusão do evangelho de Jesus Cristo.

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10 Cristologia e Crescimento de Igrejas Cristologia é o estudo de Jesus Cristo. A definição de crescimento de igrejas dada no capítulo 1 dizia que o crescimento de igrejas busca fazer discípulos da “Grande Comissão” (Mat. 28:19). Foi Cristo quem comandou a “Grande Comissão”. Por essa e por outras razões, a doutrina de Cristo é uma doutrina central do Movimento de Crescimento de Igrejas. Muitas afirmações básicas da Cristologia devem ser parte da mensagem de crescimento de igrejas. Examinaremos os componentes necessários da mensagem em cada subtítulo.

Exclusividade da Salvação Através de Cristo Jesus disse que “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”

(Mat. 16:18, ênfase adicionada). O crescimento de igrejas está preocupado apenas com o crescimento da igreja de Cristo. Qualquer sistema de crença que dê outras pretensões à igreja deve ser rejeitado. O Acordo de Lausanne rejeita “como depreciativo a Cristo e ao evangelho todo tipo de sincretismo e diálogo que implica que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e ideologias. Jesus Cristo, sendo ele mesmo o único Deus-homem, que se entregou como resgate dos pecadores, é o único mediador entre Deus e o homem”. “Não há outro nome ... pelo qual seremos salvos” (Atos 4:12). Jesus afirmaria que ninguém poderia ir ao Pai a não ser através dEle (Cristo) (João 14:16). Por causa da clara afirmação bíblica da exclusividade de salvação através de Cristo, o crescimento de igrejas não pode ficar tentado a abrir a porta da salvação mais do que através da Pessoa de Jesus Cristo. Em seu zelo pragmático, o movimento pode encontrar o crescimento numérico mais fácil se uma definição mais ampla de salvação for oferecida. Muitos em nossa sociedade atual estão ofendido por uma religião tão tacanha; mas qualquer crescimento que não venha do estreito caminho de Cristo, não é crescimento de verdade.

Eternidade de Cristo Aceitar a divindade de Cristo é aceitar a eternidade de Cristo. João se referia a Jesus como “o Verbo”, e declarou a contínua existência de Cristo (João 1:1). Em outra passagem de João, Jesus se refere ao Seu eterno estado declarando que “antes de Abraão nascer, Eu sou!” (João 8:58). O escritor de Hebreus declarou que o trono de Cristo “durará para sempre e sempre” (Heb. 1:8). Paulo, da mesma maneira, afirma a eternidade e pré-existência de Cristo quando disse: “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Col. 1:17).

O Cumprimento da Profecia

Como o Movimento de Crescimento de Igrejas busca cumprir a Grande Comissão, é imperativo que a mensagem da pessoa de Cristo seja comunicada claramente. Quando C. H. Dodd escreveu The Apostolic Preaching and Its Development (A Pregação Apostólica e Seu Desenvolvimento), ele focou na palavra do Novo Testamento kerigma. Dodd enfatizou que certas verdades cristológicas devem ser comunicadas sobre a Pessoa de Jesus Cristo. Embora o kerigma, ou conteúdo da mensagem do evangelho, provalvelmente, não era tão rígida como Dodd indicou, seu foco é válido a fim de que os entusiastas não percam o verdadeiro sentido do evangelho. Entre essas verdades específicas a serem transmitidas sobre Cristo, Dodd, consistentemente, identificou o cumprimento da profecia como uma doutrina cristológica central. 50

O Antigo Testamento é repleto com passagens, detalhadas e específicas, apontando para Cristo. No plano soberano de Deus, Ele determinou que o filho encarnado deveria ter um nascimento, uma vida, um ministério e uma morte terrenos, e então ser levado à vitoriosa ressurreição. No contexto da antiga aliança, Deus preparou Seu povo para o Messias. A linhagem de Jesus, por exemplo, foi profetizada para incluir a linha de Abraão (Gen. 12:2), Judá (49:10) e Davi (2 Sam. 7:12-16). O primeiro capítulo descreve o cumprimento dessa linhagem (cf. Mat. 1:1-2), assim como o nascimento de Cristo por uma virgem (Mat. 1:23) profetizado em Isaías 7:14. Até o local específico do nascimento de Jesus, Belém (cf. Mat. 2:6), é profetizado em Miquéias 5:2. O triplo ofício de Cristo, Rei (Mat. 21:5), Profeta (Atos 3:22-23), e Sacerdote (Heb. 5:610) é descrito com no Antigo Testamento com precisão (cf. Num. 24:17; Sal. 2:6; Deut. 18:1518; Sal. 110:4). O precursor de Jesus, João Batista (Mat. 3:3), é o cumprimento das profecias em Isaías 40:3 e Malaquias 3:1. Salmos 22:1 profetiza o pranto de Jesus na cruz, quando Ele levou sobre Si os pecados do mundo (Mat. 27:46; Marc. 15:34). Salmos 22:7-8 descreve o escárnio que Cristo enfrentaria estando na cruz (Mat. 27:39). Salmos 22:8 profetiza até as exatas palavras daqueles que estavam ofendendo Jesus (Mat. 27:43). A violenta morte de Jesus é profetizada em Salmos 22, que descreve perfuração das mãos e dos pés (Sal. 22:16 cumprido em João 20:25) e indica que nenhum dos ossos de Jesus seriam quebrados (Sal. 22:17 cumprido em João 19:33-36). Salmos 22:18 profetiza que os soldados lançariam sorte sobre as roupas de Cristo (João 19:24). Salmos 22:24 profetiza a oração de Jesus ao Pai, quando Sua morte se aproximava (Mat. 26:39; Heb. 5:7). A desfiguração de Cristo está descrita em Isaías 52:14 e cumprida em João 19:1. A dolorosa tortura e morte de Jesus está profetizada em Isaías 53:5 e se cumpre em João 19:1 e 19:18. Pedro aplica a esperança de Davi em Salmos 16:10 na ressurreição de Jesus (Atos 2:2728). E finalmente, Salmos 68:18 profetiza a ascensão e o fim da vida terrena de Jesus (Luc. 24:50-53; Atos 1:9-11).

Encarnação e Humanidade de Cristo Outro componente essencial do kerigma, de acordo com Dodd, era que Jesus “nasceria

da semente de Davi”. Em outras palavras, o eterno Filho de Deus não era apenas divino, mas levou sobre Si a natureza humana. “ O resultado é que Cristo permanece para sempre com sua divindade imaculada, sendo assim, Ele tem eternidade anterior; mas Ele também possui humanidade verdadeira e sem pecado em uma pessoas para sempre (cf. João 1:14; Fil. 2:7-8; 1 Tim. 3:6)”. A doutrina da humanidade de Cristo é uma parte crítica da mensagem do evangelho transmitida pelos proponentes do crescimento de igrejas. Apesar de Cristo não ter uma natureza pecadora e caída, Ele era completamente humano, então Ele poderia morrer por nós na cruz (cf. João 3:5; 4:2). Que o corpo de Cristo era dolorosamente humano ficou evidente quando a tortura aconteceu (João 19:1), quando os pregos penetraram Seu corpo (João 19:18) e quando sentiu sede na cruz (João 19:28). Lucas focou a humanidade de Jesus nos primeiros capítulos de seu evangelho. Jesus nasceu de uma mãe terrena, cresceu como uma criança, e desenvolveu em cada estágio de vida (cf. Lucas 2:52). Mais exemplos da humanidade de Jesus são encontradas em Sua Fome (Mat. 4:2), Seu cansaço (João 4:6), e Sua expressão de emoções humanas (Mat. 9:36; 23:37; Luc. 19:14; João 11:34-35).

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O Nascimento Virginal A doutrina do nascimento virgem faz uma ponte entre as doutrinas cristológicas essenciais da humanidade de Cristo e a divindade de Cristo. Tanto Mateus como Lucas enfatizam o papel do Espírito Santo na concepção de Maria. Jesus o homem nasceria de uma mãe humana e um Pai divino (cf. Mat. 1:20; Luc. 1:35). Ainda que Cristo, como pessoa, exista por toda a eternidade, a natureza humana de Cristo começou no momento da concepção de Maria. A natureza humana de Cristo, ainda que sem pecado, experimentaria as limitações da humanidade e sofrimento sacrificial por nossos pecados.

Divindade de Cristo A grande heresia cristológica da história da igreja se centrou nas negações tanto da humanidade quanto da divindade de Cristo. Ainda que o crescimento de igrejas continua a buscar maneiras inovadoras para alcançar pessoas para Cristo, a mensagem essencial, de que Cristo é totalmente humano e totalmente divino, deve ser transmitida de maneira clara. Os docetistas do princípio da história da igreja negavam a humanidade de Cristo, enquanto afirmavam a Sua divindade. Os ebionitas, ao contrário, negavam tanto o nascimento virgem quanto a divindade de Cristo, mas enfatizava que Jesus era um profeta humano. Um legado deixado para a teologia liberal de hoje é o ensinamento, em alguns círculos que negam a divindade de Cristo. Enns diz, “um ataque à divindade de Cristo é o ataque ao fundamento do cristianismo. No coração das crenças ortodoxas é o reconhecimento de que Cristo morreu uma morte substituinte para dar a salvação a uma humanidade perdida. Se Jesus fosse apenas um homem, ele não poderia morrer para salvar o mundo, mas por causa de sua divindade, sua morte tem valor infinito por meio da qual ele pode morrer pelo mundo inteiro.” Uma amostra das Escrituras demonstram, claramente, o ensinamento bíblico da divindade de Cristo. Jesus é chamado de “Senhor e Deus” (João 20:28); “Salvador e Deus” (Tito 2:13); “Senhor” (Mat. 22:44; Rom. 10:9); e “Filho de Deus” (João 5:25). Além disso, a Bíblia declara atributos e trabalhos de Cristo que só poderiam ser atribuídas a Deus. João 1:1 aponta para a eternidade de Cristo. A promessa da habitação de Cristo em todos os crentes demonstra onipresença (cf. Efe. 3:17; Col. 1:27). Jesus tem completo conhecimento do que estava demonstrado, repetidamente, nas Escrituras. Seus discípulos se maravilharam com Sua onisciência (João 16:30), e Jesus falou de se Seu completo conhecimento ao indicar Sua morte (cf. Mat. 20:18-19; 26:1-2). A divindade de Cristo também é afirmada por Sua onipotência (Mat. 28:15), Sua imutabilidade (Heb. 13:8). Somente Ele, que é Deus, pode perdoar os pecados (Marc. 2:1-12) e fazer milagres (cf. Mat.8:23-27; 9:18-20; 9:27-31; 14:15-21; 14:26; Luc. 5:1-11; João 2:1-11; 4:46-54; 5:1-18; 11:1-44). Jesus Cristo é totalmente Deus, e um dia, todas as pessoas reconhecerão Sua divindade. O Acordode Lausanne afirma que “Jesus Cristo é exaltado acima de qualquer outro nome; esperamos pelo dia quando todos os joelhos se dobrarão a Ele, e toda língua confesse que Ele é o Senhor” (Fil. 2:9-11).

Morte de Cristo O kerigma paulino, disse Dodd, incluia o elemento essencial de que Cristo “morreu de

acordo com as Escrituras, para nos livrar da era do mal”. Têm surgido um grande número de teorias relacionadas à morte ou expiação de Cristo: a teoria do exemplo, a teoria comercial, a teoria dramática, a teoria ética e a teoria do resgate. A ênfase no Novo Testamento, porém, é a de que Cristo morreu como substituto pelos, e em favor, dos pecadores. Sua morte foi vicária, ou em lugar de outro. As palavras de 1 Pedro 2:24 enfatiza a natureza substitutiva da morte de

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Cristo: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” Verdades adicionais emergem como resultado da morte de Cristo. A idéia de que a redenção é comprada com um preço (2 Cor. 6:20) demonstra o custo do trabalho de Cristo para nos livrar da escravidão do pecado. (1 Cor. 7:23; Gal. 3:13; Gal. 4:5). A alegria da reconciliação, a restauração da comunhão de Deus entre a humanidade e Ele mesmo, como resultado da cruz (2 Cor. 5:18-20). A morte de Jesus também satisfez as exigências de um Deus justo; isso normalmente é chamado de propiciação (cf. Rom. 3:25). Finalmente, acontece a justificação na cruz. Deus, em Sua lei, declarou o pecador, que acredita em Cristo, justo (Rom. 5:1).

Ressurreição de Cristo Paulo declarou que a ressurreição era a doutrina central da fé cristã: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Cor. 15:17). Em sua comparação do kerigma Jerusalém (Atos 2:16) com o kerigma Paulino, Dodd enfatiza que ambos contém o elememento essencial da ressurreição. A ressurreição não apenas confirma a verdade da fé cristã, mas também demonstrou que o trabalho da cruz estava completo e que muitas profecias do Antigo Testamento (e.g. Sal. 16:10) foram cumpridas por causa da ressurreição. A morte e ressurreição de Cristo também foram parte do plano de Deus de mandar o Espírito Santo como Seu advogado na vida daqueles que crêem.

A Ascensão de Cristo Mesmo não sendo explícita em todas as mensagens do evangelho no Novo Testamento, ela é um elemento importante na cristologia e a mensagem que o crescimento de igrejas deve propagar. A ascensão de Cristo é encontrada em dois evangelhos: Marcos 16:19 e Lucas 24:51. Mais descrições da ascensão são encontradas em Atos 1:9, Efésios 4:8, Hebreus 4:14 e 1 Pedro 3:22. A ascensão marca o fim do ministério de Cristo aqui na Terra e o início de Seu ministério intercessório em Seu estado de glória. Por causa da ascensão, Cristo pode enviar o Espírito Santo (João 16:17) para habitar entre aquele que crêem.

O Ministério Presente de Cristo

Sendo a Cabeça do corpo de Cristo (Col. 1:18), Cristo está, atualmente, construindo a igreja e guiando-a. Ele é a fonte dos dons Espirituais que o Espírito Santo está administrando (Efe. 4:8; 11:13) para a construção da igreja. Cristo também intercede pelos crentes diante o Pai (Rom. 8:34; Heb. 7:25). Quando os cristãos pecam, a comunhão com o Pai é quebrada. Cristo atua como nosso parakletos ou advogado (1 João 2:1), para que nossa comunhão possa ser restaurada.

O Ministério Futuro de Cristo O Acordo de Lausanne declara: “que Jesus Cristo retornará de forma pessoal e visível, em poder e glória, para consumar sua salvação e julgamento. A promessa de Sua volta é também um estímulo para nosso evangelismo, pois lembramos de Suas palavras de que o evangelho deve ser pregado a todas as nações. Acreditamos que no ínterim, entre a ascensão de Cristo e seu retorno, deve ser preenchido com a missão do povo de Deus, que não devem parar antes do Fim”. A antecipação do retorno de Cristo (1 Cor. 15:51-58; 1 Tess. 4:13-18) é mais um impulso para o crescimento de igrejas buscar a obediência à Grande Comissão, para 53

que as pessoas sejam levadas a Cristo e se tornem discípulos antes que a oportunidade evangélica não esteja mais disponível.

A Importância da Cristologia para o Crescimento de Igrejas Vamos examinar alguns dos componentes da teologia do crescimento de igrejas, para vermos a grande importância da cristologia. A Teologia do Crescimento de Igrejas e as Verdades da Cristologia 1. Deus criou os seres humanas a Sua imagem (Gen. 1:26-27). Verdade cristológica: em Sua eternidade (João 1:1), Jesus Cristo era a segunda Pessoa do Deus Triuno que criou os humanos. 2. Os humanos caíram em pecado (Gen. 3). Verdade cristológica: comoconseqüência do pecado, o julgamento caiu sobre a criação (Rom. 8:19-21) e a humanidade (Rom. 5:12). Um perfeito reconciliador era necessário para pagar o preço do pecado. Esse reconciliador é, com certeza, Jesus Cristo. 3. Deus se tornou um homem para dar a salvação ao mundo (Mat. 1:20; Luc. 1:35). Verdade cristológica: Jesus Cristo tomou sobre Si a natureza humana por causa da humanidade pecaminosa. 4. O único Filho de Deus morreu na cruz para redimir (comprar) os pecados da humanidade (1 Cor. 6:20). Verdade cristlógica: Cristo foi o substituto do mundo na cruz (1 Pedro 2:24). 5. Porque Ele, que era o sacrifício perfeito, ressucitou dos mortos, a vitória sobre a morte pela humanidade foi possível. Verdade cristológica: Jesus Cristo ressucitou dos mortos para tirar os pecados da humanidade e para dar a vitória sobre a morte (1 Cor. 15:56-57). 6. A salvação é acessível apenas através de Cristo e Seu sacrifício. Ninguém vai ao Pai a não ser através de Cristo. Verdade cristológica: Jesus Cristo é o único caminho para a salvação (João 14:6). 7. Compartilhar a mensagem da salvação, exclusivamente, através de Cristo é um comando dado por Jesus. Verdade cristológica: Jesus mandou que Seus seguidores fizessem discípulos em todas as nações (Mat. 28:19). Esse é a máxima do crescimento de igrejas. 8. Cristo voltará para estabelecer Seu reino. Verdade cristológica: a tarefa do crescimento de igrejas e evangelismo é cada vez mais urgente para antecipar o retorno de Cristo (1 Tess. 5:4-10).

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11 Pneumatologia e Crescimento de Igrejas Pneumatologia é o estudo do Espírito Santo. A palavra tem origem na palavra grega

pneuma, que significa espírito. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade. Obviamente,

não é preciso dizer, que pneumatologia é um componente de grande importância para o nosso entendimento da teologia do crescimento de igrejas.

A Pessoa do Espírito Santo

Por razões muito extensas para discutir nessa visão geral, a terceira Pessoa da Trindade é, às vezes, é entendida como um “isso” ao invés de “ele”. Uma das heresias mais antigas da igreja cristã foi a negação da personificação do Espírito Santo. Arius, que foi condenado no Conselho de Nicéia em 325 d.C., descreveu o Espírito Santo como uma força ou influência que emana de Deus, o Pai. Ensinos dos dias modernos das Testemunhas de Jeová e do Unitarismo trazem a influência de Arius para o século XXI. A Bíblia é repleta com ensinamentos que confirmam a personificação do Espírito Santo. Ele toma decisões, exercendo Sua vontade no povo de Deus. Paulo e seus companheiros tentaram entrar em Bitínia, “mas o Espírito não lho permitiu” (Atos 16:7). O Espírito Santo, de acordo com Efésios 4:30, é sofre com as ações orgulhosas dos fiéis. Além disso, o Espírito Santo é uma Pessoa sábia, entendendo a mente de Deus (1 Cor. 2:11). Assim o Espírito Santo demonstra personalidade em Seus atributos de vontade, emoções e sabedoria. As ações do Espírito Santo também mostram as características de uma pessoa. O Espírito ensina (João 14:26), testifica (João 15:26) e guia (João 16:13). Ele realiza algumas ações que demonstram uma personalidade divina. O Espírito Santo condena (Gg. elegcho) ou age como um promotor divino; nos regenera e dá nova vida (Tito 3:5); intercede em favor do fiél (Rom. 8:26); e nos dá comandos (Atos 13:2).

O Ministério do Espírito Santo O Espírito Santo realizou e continua realizando ministérios únicos em Seu lugar na Divindade. Já no segundo versículo da Bíblia (Gn. 1:2), vemos o Espírito de Deus involvido no trabalho da criação. Esse trabalho, junto com muitos outros, demonstram a divindade do Espírito Santo. O Espírito se envolveu em dois eventos históricos únicos que foram fundamentais para a fé cristã. No nascimento de Jesus Cristo, Maria “achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mat. 1:18). O Verbo vivo (João 1:1), Jesus, foi trazido à concepção humana através ofuscação de Maria pelo Espírito Santo. Ele supervisionou os escritores, humanos, das Escrituras para manter a perfeição da Bíblia, sem erros e inspirada por Deus (2 Ped. 1:21). O ministério do Espírito Santo inclui Seu batismo que une os crentes com Cristo e com outros crentes (1 Cor. 12:13). O Movimento de Crescimento de Igrejas foca na união de todos os crentes no corpo de Cristo. O impulso evangelístico da prática de crescimento de igrejas nunca está completo até que uma pessoa demonstre uma participação responsável no corpo de Cristo. Enquanto o crescimento de igrejas reconhece que o Espírito Santo habita em cristãos carnais (1 Cor. 6:19), o movimento, no entanto, admite a perdição de uma pessoa até que um comportamento frutífero seja evidente no corpo. A discussão leva a outro evidente ministério do Espírito Santo, que o habitar em todos os fiéis. Esse habitar é um dom daqueles que têm fé em Cristo (João 7:37-39). Um dom

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irrevogável ou permanente (João 14:16) concedida na salvação (Efe. 1:13). Qualquer um que não possua o Espírito Santo é incrédulo (Rom. 8:9). Algumas passagens do Novo Testamento (cf. 2 Cor. 1:22; Efe. 1:13) se referem ao selamento como Espírito Santo, o que demonstra a propriedade de Deus sobre o crente. Novamente, essa ação ou ministério do Espírito Santo ao invés de algo feito pelo crente. O selo nos é concedido (2 Cor. 1:22) como sinal de propriedade e segurança; não foi algo ganho ou merecido. Outro aspecto do ministério do Espírito Santo, que tem sido objeto de muitas discussões do crescimento de igrejas, é sobre os dons do Espírito Santo. Por causa de sua ênfase na literatura de cresciemento de igrejas, examinaremos esse aspecto na próxima seção.

Dons do Espírito Santo O Movimento de Crescimento de Igrejas tem focado, extensivamente, nos dons do Espírito Santo por causa da relação deles com a separação de toda a laicidade pelo ministério. Se os cristãos descobrissem seus dons espirituais, e os usasse para a edificação do corpo de Cristo (1 Cor. 12:1), então a igreja cresceria naturalmente. C. Peter Wagner coloca dessa maneira: “Não acho que exista qualquer dimensão da vida cristã que una com mais eficácia, os ensinamentos das Escrituras com as atividades do dia-a-dia do povo de Deus, que os dons Espirituais.” Wagner então explica que a relação dos dons com o crescimento de igrejas: “É com seus dons espirituais que o povo de Deus pode ministrar. Então, se um pastor está liderando um crescimento de igreja, um dos alvos essenciais da liderança é ter certeza de que cada membro da igreja descubra, desenvolva e use seus dons espirituais.” Dons esprituais são dons da graça concendidos ao crente pelo Espírito Santo. Eles são “uma doação divina de uma habilidade de serviço especial a um membro do corpo de Cristo”. O debate continua sobre a dádiva e manifestação sobre, o que alguns chamam de, “dons de sinais”. Teólogos Dispensacionalistas, geralmente, consideram os dons de profecia, operação de milagres, cura, línguas, interpretação de línguas, discernimento de espíritos e sabedoria são dons concedidos e manifestados somente durante a era apostólica. Citando as palavras de Paulo de que “quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado” (1 Cor. 13:10) e Paulo profetiza que profecias, línguas e conhecimento passarão (1 Cor. 13:8), dispensacionalistas concluem que “porque a fundação da igreja foi estabelecida e o cânone das Escrituras está completo [i.e. “perfeição” chegou] não há necessidade de dons.” Alguns defensores do crescimento de igrejas se encaixariam melhor em uma categoria melhor descrita como “dispensacionalistas práticos”. Enquanto a teologia deles pode não concordar com a hermenêutica dispensacionalista de 1 Coríntios 13:8-10, seus escritos e prática deixam pouco ou nenhum espaço para os “dons de sinais” mencionados no parágrafo anterior. Um terceiro grupo de seguidores do crescimento de igrejas não declaram a dádiva e a manifestação de todos os dons, mas também defendem que tais dons podem se manifestar em regularmente em suas igrejas. De fato, profecia, línguas, operação de milagres, cura, interpretação de línguas, discernimento de espíritos e sabedoria podem estar no centro da adoração e da vida de suas igrejas. Esse grupo é geralmente chamado de ala “sinais e prodígios” do Movimento de Crescimento de Igrejas. Esse debate e controvérsia serão examinados no capítulo 30. Percebendo que os teólogos podem diferir quanto ao número de dons espirituais, os seguintes dons são os dezenove mencionados em grande parte da literatura sobre dons espirituais. Esses dons são concedidos aos indivíduos (1 Cor. 12:11) para a edificação de toda igreja (Efe. 4:12).

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Apostolado. A palavra apóstolo vem de duas palavras do grego: apo, que significa “de”, e stello, que significa “enviar”. Apóstolo, portanto, é aquele que “é enviado de”. No capítulo 21 examinaremos o tremendo impacto da “plantação” de igrejas no crescimento de igrejas. Deus pode estar enviando cristãos com o dom do apostolado para começar novos trabalhos. O dom do apostolado é mencionado duas vezes, ambas por Paulo, em 1 Coríntios 12:28 e Efésios 4:11. O dom do apostolado é diferente de do ofício de apóstolo. Profecia. O dom da profecia é mencionado em três cartas de Paulo: Romanos 12:6, 1 Coríntios 12:10 e Efésios 4:11. Um profeta nas Escrituras recebeu uma revelação direta de Deus e é dada aos seus amigos. A profecia pode ser sobre o futuro, ou pode ser uma palavra de edificação, instrução, encorajamento, ou conforto para o presente (cf. 1 Cor. 14:3). Já que revelação direta de Deus nas Escrituras, poderia parecer que os que possuem o dom da profecia, nos dias de hoje, aplicariam as verdades bíblicas na sociedade contemporânea. Operação de milagres. O dom de operar milagres (1Cor.12:10,28) parece ser um dom usado para validar a mensagem do evangelho. É um dom mais amplo que o dom de cura. A operação de milagres por pessoas na Bíblia, geralmente, descrita em conjunção com a frase “sinais e prodígios” (cf. Atos 5:12). Freqüentemente, por causa dos milagres, muitas pessoas acreditaram no Senhor (cf. Atos 5:14). Tal é a ênfase atual no movimento sinais-e-prodígios, que vamos examina-lo no último capítulo. Cura. O dom da cura (1 Cor. 12:9,28,30) serviu ao mesmo propósito bíblico do dom de operar milagres, para validar a mensagem do evangelho e mostrar o Salvador. Provavelmente, é dom mais proeminente do movimento sinais-e-prodígios. Línguas. Outro dom validador nas Escrituras é o de línguas (1 Cor. 12:10). Paulo declarou que ele falou em línguas (1 Cor. 14:18), mas considerado como dom inferior (1 Cor. 12:28). Todavia, disse Paulo, línguas são um “sinal” para os incrédulos (1 Cor. 14:22) para que muitos fossem levados para Cristo. Interpretação de línguas. Acompanhando o dom de línguas é necessário o dom da interpretação. A adoração deve ser ordeira, declarou Paulo. Alguém deve interpretar qualquer língua que seja falada (1 Cor. 14:28-29). O dom da interpretação (1 Cor. 12:30), então, só pode ser exercido lado a lado com o dom de línguas. Distinção de espíritos. A pessoa que tem o dom de distinguir espíritos (1 Cor. 12:10) tem a habilidade, dada por Deus, para determinar se algo ou alguém é de Cristo ou não. A exortação de João para “testar os espíritos” (1 João 4:1) obviamente tem relação aqui. Os que possuem esse dom teriam extraordinária habilidade de discernir se um espírito de Deus ou é um espírito do anticristo (1 João 4:3). Conhecimento. O dom da sabedoria (1 Cor. 12:8) é a revelação sobrenatural de algumas verdades. Muitos no movimento sinais-e-prodígios vêem esse dom exercido através de “palavras de sabedoria” vindas direto de Deus. Evangelismo. Já que a todos os crentes é dada a ordem evagelizar (2 Tim. 4:5), esse dom (Efe. 4:11) muito provavelmente dá a alguns fiéis a habilidade única de proclamar as boas novas para que pessoas correspondem em conversão e discipulado. Os que possuem o dom do evangelismo teram a responsabilidade pelos perdidos, a habilidade de apresentar a Deus com clareza e a alegria de ver as pessoas irem a Cristo. Wagner estima que um em cada dez cristãos possuam o dom do evangelista, mas todos deveriam se envolver em obedecer o comando de cumprir a Grande Comissão (Mat. 28:19-20). Pastor-Professor. Aquele que tem o dom de pastor-professor (Efe. 4:11) exercita esse dom tendo consideração e instruindo um grupo de cristãos. A palavra “pastor” vem do grego poimenas que literalmente significa pastor. A palavra não é apenas usada para se referir ao

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dom, mas também é usada para se referir a Cristo como pastor da igreja toda (João 10:11,14,16; Heb. 13:20; 1 Ped. 2:25). Professor. “Esse dom é evidenciado, claramente, na pessoa que tem a habilidade de tomar profundas verdades bíblica e teológica e comunica-las de maneira lúcida, para que pessoas comuns possam, rapidamente, compreende-las. Esse é o dom de ensinar. O dom foi, consideravelmente, enfatizado nas igrejas locais no Novo Testamento pela importância de trazer os fiéis à maturidade (cf. Atos 2:42; 4:2; 5:42; 11:26; 13:1; 15:35; 18:11, etc). O dom de ensinar é encontrado em Romanos 12:7 e 1 Coríntios 12:28. Serviço. Uma das palavras mais comuns no Novo Testamento é “serviço” (diakonia). Enquanto a palavra se refere à preocupação pela necessidade dos outros em geral, também é um dom evidenciado por aqueles que tem um extraordinário encargo de colocar os outros antes de si mesmo (Rom. 12:7). A natureza da palavra indica um papel de subserviência voluntária. Ajudas. Por essa palavra (grego antilempsis) ter um significado muito similar com serviço , alguns vêem esses dois dons como idênticos. Ao mesmo tempo que existem similaridades, o dom de serviço tem seu foco naqueles auxílios que necessitam de uma posição de subserviência. Ajudas (1 Cor. 12:28), então, teriam um âmbito mais amplo. Sei de um homem em minha igreja que, definitivamente, tem o dom de ajuda. Ele, constantemente, está cuidado paraque as necessidades dos outros sejam eliminadas mas, por ser uma pessoa muito ocupada, ele não pode ajudar pessoalmente. Aqueles que ele consegue para ajudar aos outros pessoalmente, possuem o dom do serviço. Fé. Como muitos outros dons, o dom da fé (1 Cor. 12:9) é uma extraordinária medida de algo que todos os cristãos deveriam exercitar. Todos os fiéis têm fé salvadora (Efe. 2:8); todos os fiéis deveriam ter uma caminhada diária de fé; mas apenas aqueles fiéis com o dom da fé tem a capacidade de ver a possibilidade de Deus em uma situação aparentemente impossível. Exortação. A pessoa com o dom da exortação (Rom. 12:8) tem a habilidade incomum de afetar a vontade de uma pessoa com a vontade de Deus. O dom é manifestado quando alguém estimula outros a tomarem uma decisão específica ou consolar alguém que passou por dificuldades. Misericórdia. Como nossa igreja ajudou fiéis a descobrirem seus dons espirituais , temos visto significante crescimento pois nossos membros têm exercitado o dom da misericórdia (Rom. 12:8). Demonstrar misericórdia é um ministério grandemente necessário no corpo, especialmente nos dias de hoje. O número de pessoas feridas, doentes e com problemas parece estar crescendo diariamente. As boas novas para os que possuem o dom da misericórdia é que o ministério deles é o da alegria apesar das circunstâncias tristes em que se encontram. Administração/liderança. Mesmo sendo palavras diferentes no Novo Testamento, administração (grego kubernesis, 1 Cor. 12:28) e liderança (grego prohistimi, Rom. 12:8) são sinônimas. Os que lideram pessoas com eficácia e organização exercem o dom da administração ou liderança. Generosidade. Generosidade aparece como outro dom “subconjunto”, assim como cura é com milagres e serviço é com ajuda. O dom da generosidade (Rom. 12:8) é uma específica função do dom da fé. Os que dão além daquilo que outros pensam ser possível, possuem os olhos da fé ao compartilhar seus bens materiais com outros. Generosidade e fé não são sinônimos. O que tem o dom da generosidade pode não ter o dom da fé além desse âmbito; e o que tem o dom da fé pode manifesta-lo de outras maneiras. Sabedoria. O dom da sabedoria (1 Cor. 12:8) é um dom sobrenatural do entendimento que unifica o corpo de Cristo. Uma pessoa com esse dom pode ver o desígnio de Deus em uma

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situação que está além do entendimento de outros fiéis. Paulo mostrou esse dom ao buscar a união da igreja de Coríntios (1 Cor. 2:6).

Enchendo-se do Espírito O apóstolo Paulo escreveu à igreja de Éfeso: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”(Efe. 5:8). O verbo é, primeiro, um comando a todos os fiéis. Colocado de maneira simples, estamos aqui para sermos preenchidos (grego plerousthe) ou controlados pelo Espírito através de uma submissão diária a Ele com a confissão regular dos pecados (1 João 1:9). Segundo, é uma continuidade, um evento repetido. Não somos preenchidos pelo Espírito em um evento único; ao invés disso, em nossa submissão diária a Cristo e morrendo para o pecado, permitimos que o Espírito Santo nos preencha novamente. As implicações de se encher com o Espírito Santo pelo crescimento de igrejas são muitas. Os que estiverem cheios do Espírito manifestarão os frutos do Espírito: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão e temperança (Gal. 5:22-23). Sendo frutíferos levaremos pessoas a Cristo e, assim como as pessoas da igreja primitiva, fiéis “apreciarão” o favor de todo o povo (Atos 2:47). Quando os cristãos estão cheios do Espírito, o comportamento se torna exemplar, as igrejas se unificam e toda a exaltação contagia a todos. Não é de se admirar que na igreja de Jerusalém, “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:47). Além disso, cristãos que estão cheios do Espírito são cristãos obedientes. Todos os imperativos das Escrituras são um oportundade jubilosa. Fazer discípulos (Mat. 28:19) se torna um estilo de vida, quando muitos são ganhos para Cristo e a igreja cresce diariamente.

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12 Angelologia e Crescimento de Igrejas Tanto no Antigo Testamento quanto Novo Testamento, a palavra “anjo” significa “mensageiro”. A palavra hebraica malak refere-se tanto a mensageiros angelical quanto mensageiros humano. No Novo Testamento, porém, a palavra angelos refere-se, quase exclusivamente, a criaturas celestiais que ocupam terra e céu. Há uma década atrás, angelologia e crescimento de igrejas mal poderiam ser discutidos juntos. Hoje, porém, a literatura de crescimento de igrejas sobre guerra espiritual, anjos nãocaídos, anjos caídos (demônios) e Satanás está crescendo mensalmente. C. Peter Wagner, mais uma vez, está na vanguarda desse movimento. Mesmo com algumas pessoas não estando totalmente de acordo com alguns dogmas da angelologia do crescimento de igrejas, o movimento não pode mais ser entendido como um instrumento de planos e cálculos divinos. Angelologia, com certeza, refere-se ao estudo dos anjos. Primeiramente, examinaremos os anjos não-caídos, seguido dos demônios ou anjos caídos e concluir com um estudo do anjo caído chefe, Satanás.

Anjos e o Crescimento de Igrejas Trinta e quatro dos sessenta e seis livros da Bíblia fazem referência a anjos. Pelo comando de Deus, os anjos foram criados (Sal. 148:2-5) como seres com o propósito primário de servir a Cristo (Col. 1:16). Apesar de, agora, os anjos estarem em uma ordem mais alta que a humanidade (Heb. 2:7), no fim dos tempos, a humanidade será exaltada acima dos anjos (1 Cor. 6:3). Esses milhares de anjos (Heb. 12:22) aparentemente estão classificados em algum tipo de ordem. Efésios 6:12 parece dar uma classificação dos anjos maus, enquanto no versículo do livro de Judas se refere ao anjo não caído Miguel como um arcanjo. Daniel 10:13 também fala de “príncipes chefe”, e Efésios 3:10 menciona “principados e potestades nas regiões celestes”. Além desses, o querubim (Gen. 3:24; Ez. 1) e serafim (Isa. 6:2-3) parecem manter uma posição como atendentes e doadores de louvor a Deus. Enquanto alguns anjos como os querubis e serafins têm um ministério para Deus, outros anjos tiveram e terão um ministério para Cristo. Anjos ministraram para Cristo em Seu nascimento (Luc. 1:26-38), em Sua infância (Mat. 2:13), em Sua tentação (Mat. 4:11), em Suas necessidades emocionais (Lucas 22:43), em Sua ressurreição (Mat. 28:5-7; Marc. 16:6-7; Luc. 24:4-7; João 20:12-13) e em Sua ascensão (Atos 1:10). Anjos também acompharão Jesus em Sua segunda vinda (Mat. 25:31). Os anjos têm uma função no crescimento de igrejas? Há alguma relação entre a atividade dos anjos e a expansão do reino de Deus quando pessoas aceitam a Cristo e se tornam discípulos na igreja? A Epístola aos Hebreus diz que todos os anjos ministram aos fiéis: “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Heb. 1:14). Já que são diretamente responsáveis pelos fiéis enquanto eles buscam cumprir a Grande Comissão de Cristo, devemos concluir que os “espíritos ministradores” têm uma função no crescimento de igrejas. As responsabilidades de ministério e de guarda dos anjos incluem proteção física (e.g. Sal. 34:7; Atos 5:19; 12:7-11) e provisão física (1 Reis 19:5-7). Na ocasião da libertação do Pedro da prisão (Atos 12:7-11), a igreja estava orando pela libertação de Pedro (Atos 12:5). Deus enviou um anjo para respoder à oração e para ser um instrumento para a liberdade do

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apóstolo. Com que freqüência, talvez desconhecida dos fiéis, os anjos se tornam instrumentos de Deus para responder nossas orações, inclusive para o cumprimento da Grande Comissão? Anjos também podem ministrar aos fiéis pelo encorajamento (Atos 10:3-6). Em muitas dessas ações, então, é possível que o ministério dos anjos encorajem fiéis a uma obediência mais dinâmica para fazer discípulos? A literatura de crescimento de igrejas agora incluem a guerra espiritual, que é tão claramente discutida nas Escrituras (e.g. Efe. 6:10-18). O foco da literatura de crescimento de igrejas até agora tem sido nos anjoa caídos (o qual veremos no parágrafo a seguir). A relação entre crescimento de igrejas e anjos não-caídos está pronto para discussão nos ano que se seguem.

Anjos Caídos (Demônios) e Crescimento de Igrejas Anjos caídos, também chamados de demônios, provavelmente seguiram Lúcifer ou Satanás em sua rebelião contra Deus. Satanás às vezes é chamado de dragão; Apocalipse 12:7 fala do “o dragão e os seus anjos”. Jesus mesmo fala de anjos caídos e seu líder como “o diabo e seus anjos” (Mat. 25:41). Por causa da atividade demoníaca é predominante em muito das Escrituras, podemos conjeturar que muitos demônios têm muita liberdade, e que essa liberdade continuará até que todas as criaturas rebeladas sejam jogadas no lago de fogo (Apoc. 20:15). Alguns demônios, porém, estão restritos ou retido das atividades, presumivelmente por causa da enormidade de seus pecados ou seu poder para infligir estragos (Luc. 8:31; 2 Ped. 2:4; Apoc. 9:2). Alguns estudiosos acreditam que Apocalipse 9:3-11 descreve a libertação desses mais horrendos demônios durante a grande tribulação. Demônios são da mesma constituição de sua contraparte, os anjos não-caídos. Eles são criaturas espirituais (Mat. 8:16; Luc. 10:17) que são limitadas em poder e inteligência. Apenas Deus é onipresente, onisciente e onipotente. Apesar de os demônios terem grande poder, eles não podem ser como Deus, nem fazer as obras de Deus (João 10:21). As atividades dos demônios podem ser prejudicial ao crescimento de igrejas. O Movimento de Crescimento de Igrejas, liderado por C. Peter Wagner, recentemente, tem publicado vários trabalhos, que focam essa guerra espiritual como o maior tópico do crescimento de igrejas. Esse foco representa uma mudança significativa para um movimento freqüentemente acusado de ser excessivamente humano e metódico. O que, então, os demônios podem fazer para inibir o crescimento da igreja? Eles podem enganar tanto os crentes como os incrédulos. Os incrédulos podem ser ludibriados e enganados e não receberem o dom da salvação através de Jesus Cristo: “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Cor. 4:4). Um crente também pode ser distraído da obediência à Grande Comissão e à devoção sincera a Deus (2 Cor. 11:3). O apóstolo Paulo, preocupado que a igreja de Tessalônica tivesse perdido o zêlo por espalhar o evangelho, escreveu que as pessoas deveriam estar cientes do desencorajamento demôniaco: “Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil” (1 Tess. 3:5). Às vezes, os demônios irão além de meramente influenciar pessoas, invadindo ou possuindo alguém. Possessão demoníaca é comum nos evangelhos e em Atos (cf. Mat. 4:24; 8:16, 28, 33; 12:22; 15:22; Marc.1:32; 5:15, 16, 18; Luc. 8:36; João 10:21; Atos 19:13-16). O papel do demônios, seja influência ou possessão, é manter os incrédulos longe da salvação de Cristo e fazer com que crentes ineficentes se desviem de sua busca por uma obediência a Cristo. 61

Satanás e o Crescimento de Igrejas O líder dos anjos caídos é Satanás, também conhecido por um grande número de outros nomes (veja tabela). Enns, em Moody Handbook of Theology (Guia Moody de Teologia), diz “A evidência no Novo Testamento da existência de Satanás é extensa. Todos os escritores e dezenove dos livros do Novo Testamento fazem referência a ele (cf. Mat. 4:10; 12:26; Mar. 1:13; 3:23, 26; 4:15; Luc. 11:18; 22:3; João 13:27, etc). Cristo mesmo faz referência a Satanás vinte e sete vezes. O fato da existência de Satanás encontra apoio na veracidade das palavras de Cristo.” As características dos demônios descritas anteriomente se aplicariam a Satanás. Pareceria, porém, que Satanás manifestaria o maior poder, a maior decepção e o maior mal. Qualquer atividade demoníaca de Satanás teria a maior intensidade. Até sua queda, Satanás era o mais notável dos anjos: “Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura ... Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti” (Eze. 28:12, 15). Satanás, então, lidera suas hordes demoníacas para se oporem à igreja e frustrar seu crescimento. Qualquer verdadeira estratégia de crescimento de igrejas deve estar ciente das batalhas espirituais que acontecem.

Nome Satanás Diabo O Mal Grande Dragão Vermelho Antiga Serpente Abadom Apoliom Adversário Belzebu Belial Deus Deste século Príncipe Deste Mundo Princípe Das Potestades Do Ar Inimigo Tentador Assassino Mentiroso Acusador

NOMES DE SATANÁS Significado

Citação

Adversário Caluniador Intrinsecamente Mal Criatura Destrutiva Enganador Do Éden Destruição Destruidor Oponente Principe dos demônios (Baalzebul) Indigno (Beliar) Controla A Filosofia Do Mundo Governa O Sistema Do Mundo

Mateus 4:10 Mateus 4:1 João 17:15 Apocalipse 12:3, 7, 9 Apocalipse 12:9 Apocalipse 9:11 Apocalipse 9:11 1 Pedro 5:8

Controle Dos Incrédulos

Efésios 2:2

Oponente Instiga As Pessoas À Pecar Leva As Pessoas Para A Morte Eterna Perverte A Verdade Acusa Os Crentes Ante Deus

Mateus 13:28 Mateus 4:3

Mateus 12:24 2 Coríntios 6:15 2 Coríntios 4:4 João 12:31

João 8:44 João 8:44 Apocalipse 12:10

O Crescimento de Igrejas e a Batalha Espiritual O Movimento de Crescimento de Igrejas pode já ter sido descrito como uma análise sociológica, um estudo demográfico, uma inovação metodológico, um contextualização teológica, um guia de liderança e uma aplicação estratégica. Porém, C. Peter Wagner reconheceu a deficiência dessas ferramentas se usadas sozinhas: “Agora que essas peças estão no lugar, como nunca estiveram antes, elas parecem para muitos como um foguete na 62

plataforma de lançamento, pronto para nos levar a novas dimensões de eficácia no avanço do reino de Deus”. Ainda assim, Wagner percebe que o crescimento de igrejas deve ser mais que metodologias criadas pelo homem: “Mas ao mesmo tempo tem havido uma crescente consiência de que o foguete, por si só, com toda sua tecnologia, não vai a lugar nenhum sem combustível. O “combustível” é o Espírito Santo e a batalha é espiritual. “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efe. 5:12). Com essa perspectica em mente, diz Wagner, as estratégias de crescimento de igreja são vistas sob uma luz diferente. “Se a real batalha pelo avanço do reino de Deus é espiritual, precisamos aprender o máximo que pudermos sobre a regras da guerra, os planos de batalha, a natureza de nosso inimigo, os recursos à nossa disposição e as melhores táticas para empregarmos tais recursos.” Paulo nos dá um esboço dessas táticas de guerra em Efésios 6. Ele chama essas táticas de “a completa armadura de Deus” (Efe. 6:13). A armadura completa inclui, primeiramente, um estilo de vida obediente e devota (“justiça... preparação... fé”, Efe. 5:14-16). Segundo, significa um conhecimento de, compromisso com, e obediência a Palavra de Deus (“...a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”, Efe. 6:17). Finalmente, a armadura completa inclui a oração (Efe.6:18). Examinaremos mais detalhadamente oração e crescimento de igrejas no capítulo 18. Oração pode ser a chave para abrir a porta para um crescimento de igreja mundial como nunca visto antes.

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13 Antropologia, Harmatiologia e Crescimento de Igrejas Duas linhas bem próximas da teologia são a antroplogia e hamartiologia. Antropologia vem da palavra grega anthropos, que significa “homem”. Hamartiologia tem sua origem na palavra grega hamartia, substantivo para pecado. Discutiremos a queda e o pecado da humanidade ao estudar os dois campos da antropologia e hamartiologia.

Crescimento de Igrejas e Antropologia

O princípio do estudo da humanidade deve fazer a pergunta da origem humana. Nãocristãs, particularmente aqueles que têm um ponto de vista teísta, normalmente vêem a origem dos humanos como evolucionária. A evolução ateísta nega qualquer envolvimento sobrenatural na criação do homem e da mulher. Alguns teístas acreditam em uma evolução da humanidade que permite a supervisão de Deus no processo gradual de criação. Criacionismo progressivo, às vezes chamado de teoria do dia-era, afirma que os dias da criação não são dias literais, de vinte e quatro horas, mas eras. Outra teoria da criação, a teoria do intervalo, permite um longo período de criação ao colocar um período de tempo entre Gênesis 1:1 e 1:2. O problema com essas teorias é que elas são, no máximo, um argumento do silêncio bíblico. Um crescente número de estudiosos bíblicos de fato acredita que as teorias “não se montam na exegese, mas ao invés disso (são) uma tentativa de conciliar a Bíblia com a ciência.” Criação Fiat é a visão de que Deus criou em dias literais de vinte e quatro horas. Essa perspectiva vê a criação como instantanêa. Rejeita qualquer forma de evolução humana, já que a evolução negaria a singularidade do homem e mulher a imagem de Deus (Gen. 1:26). Crescimento de Igrejas e antropologia se cruzam quando as Escrituras falam da queda (Gen.3). Adão e Eva eram pessoas sem pecado, criadas em perfeita comunhão com Deus. Eles tinham completa liberdade no jardim, exceto pela proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gen. 3:17-19). O resultado da desobediência de Adão e Eva foi julgamento não apenas sobre a mulher (Gen. 3:16), o homem (Gen. 3:17-19) e toda a criação (Gen. 3:17-18), mas também julgamento sobre toda a raça humana (Rom. 5:12). Contrário a mentira da serpente de que Adão e Eva não morreriam, desobediência e pecado de fato subjugou toda a humanidade a morta. O crescimento de Igrejas foca na reconciliação entre Deus e o homem. O esforço humano de espalhar as boas novas de Cristo, de que Ele pode vencer o pecado e a morte, é chamado de evangelismo. Os esforços do evangelismo e o processo de fazer discípulos frutíferos de novos conversos que podem espalhar as boas novas é prioridade do crescimento de igrejas.

Crescimento de Igrejas e Hamartiologia Hamartiologia, ou a doutrina do pecado, é uma doutrina crucial da teologia em geral e do crescimento de igrejas em particular. Pecado é a desobediência às leis de Deus que, a menos que sejam perdoados, criam um abismo irreconciliável entre Deus e a humanidade. A natureza de Deus, que é amor, grita por reconciliação de Deus e a humanidade através do perdão de seus pecados. Deus tornou esse perdão possível através de Seu amor ao enviar Seu Filho Jesus Cristo (João 3:16).

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O grego hamartia significa literalmente “perdendo a marca”. Essa palavra familiar é de longe a mais usada para pecado no Novo Testamento, com quase trezentas ocorrências. O conceito de hamartia do Novo Testamento não é de um mero engano, mas uma ação consciente, condenável e deliberada. O pecado é sempre contra Deus já que é o Seu padrão de retidão que falhamos em alcançar. Millard Erickson nota três desejos humanos naturais “que, mesmo sendo bons neles e deles mesmos, são áreas de pontencial tentação e pecado”. O primeiro desses é o desejo de aproveitar as coisas. Deus implantou em nós o desejo de certas coisas, algumas essenciais. Comida, bebida, sexo e atividades prazerosas, são apenas alguns dos desejos que a maioria das pessoas têm. Legitimamente, seguido nos limites das Escrituras, Deus deleita-se em prover os desejos de Seus filhos (Mat. 7:7-11). Porém, além dos limites das Escrituras, o encontro com esses desejos podem se tornar excessivos e, assim, pecados. Glutonaria, embriaguês, adultério, fornicação e preguiça são pecados resultados de uma violação de uma diretriz bíblica claramente estabelecida. Um segundo desejo humano é o de obter coisas. Teremos domínio sobre o mundo (Gen. 1:28), e materiais de possessão são incentivos legítimos voltados para a diligência. “Quando, porém, o desejo de adquirir bens mundanos se torna tão urgente que é satisfeito a qualquer custo, até por explorar ou roubar de outros, então foi degenerado na „concupiscência dos olhos‟ (1 João 2:16). O desejo de alcançar é a terceira área de potencial tentação e pecado. As parábolas de Jesus sobre mordomia (e.g. Mat. 25:14-30) ilustram o mérito de realização aos olhos de Deus. “Quando porém esse anseio transgride os limites apropriados e é perseguido ao custo de outros humanos, se degenerou em „soberba da vida‟ (1 João 2:16). O cristão encontra a luta com o pecado surgindo de três áreas. A primeira dessas áreas é designada “mundo”, ou kosmos em grego. Quando mundo é usado nesse contexto, refere-se a tudo que se opõe a Deus e Sua vontade. Aos cristãos é dito para não amar o mundo nem o que há nele (1 João 2:15). A carne é a segunda área de luta para o cristão. De fato, Paulo disse aos Romanos que os incrédulos, “aqueles que vivem de acordo com a natureza pecaminosa”, são controlados pela carne (Rom. 8:5-6). Os crentes lutam também entre o controle pelo Espírito e o controle pela carne. Paulo experimentou e articulou sua luta muito bem: " Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.” (Rom. 7:21-25). Finalmente, o cristão luta com Satanás e seus seguidores demoníacos. Em nossa luta com o pecado somo chamados para resistir ao diabo (Tiago 4:7) usando a completa armadura de Deus (Efe. 6:10-18). O pecado não deve ser considerado pequeno. A teologia do crescimento de igrejas não deve evitar esse tópico em seus esforços para encorajar as igrejas a ser “amigável ao usuário”. Enquanto os ensino e pregações das igrejas do crescimento de igrejas devem evitar atitudes de julgamento e farisaicas, eles devem incluir um ensino saudável e equilibrado sobre o pecado. Se a doutrina do pecado não for ensinada, nem crentes, nem incrédulos compreederão a conseqüência do pecado. Para o incrédulo, pecado não perdoado resulta em eterna condenação e morte. O pecado de conseqüências além da morte eterna. Erickson classificou essas conseqüências em nosso relacionamento com Deus, conosco, e com outros humanos.

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Em nosso relacionamento com outros humanos, o pecado pode levar a competitividade insalubre (talvez entre igrejas e pastores) e, em larga escala, pode levar a guerra. O pecado também pode afetar nossa habilidade de demonstrar empatia. “Estar preocupado com nossos próprios desejos pessoais, reputação e opiniões, vemos apenas nossa perspectiva. O que queremos é tão importante que não conseguimos nos colocar no lugar dos outros e ver suas necessidades, ou ver como eles poderiam entender uma situação de alguma maneira diferente”. Em outras palavras, não vemos os interesses dos outros porque não temos a mente de Cristo (Filip. 2:3-5). Talvez a última conseqüência do pecado em nosso relacionamento com os outros é uma inabilidade de amar. Uma das maiores liberdades que vem da habitação de Deus em nós é a liberdade de colocar os outros antes de nós ao invés “mirar o número um”. Existe uma abundância de felicidade de livramento em não mais se preocupar com nossas necessidades, mas antes focar nas necessidades dos outros como aprendemos a amar uns aos outros (1João 4:7). O pecado tem efeitos devastadores no pecador também. Um dos efeitos é um poder de escravizar, levando a hábitos e vícios. Paulo encorajou os Romanos a serem escravos da retidão ao invés de escravos do pecad (Rom. 5:17-18). Viver em pecado pode resultar em sair da realidade, negação, auto-decepção (cf. Mat. 7:3), insensibilidade (cf. 1 Tim. 4:2), egocentrismo e inquietude. Certamente os efeitos do pecado na vida dos pecadores tem um efeito oposto de “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Filip. 4:7). O pecado afeta nosso relacionamento com Deus. Seu ódio do pecado é evidente por toda a Escritura (e.g Prov. 6:16-17; Zac. 8:17). Pecados não perdoados e não arrependidos, para o incrédulo, resultam na morte eterna (Mat. 25:41-46). A morte física ou mortalidade humana também é resultado do pecado (Gen. 2:17; Rom. 6:23). O crente não apenas é objeto da morte física como o incrédulo, mas também pode romper sua comnhão com Deus, se ele ou ela continuar com um pecado não arrependido (cf. 1 João 1:5-10). O pecado é uma doutrina crucial da teologia em geral e do crescimento de igrejas em particular. É por causa do pecado que necessitamos de um Salvador, então Deus elegeu Seu Filho como cesse Salvador em um ato de puro amor (João 3:16). Tal é o coração da teologia cristã e do Movimento de Crescimento de Igrejas: um Deus que ama e busca Se reconciliar com a humanidade rebelde ao enviar Seu Filho Jesus Cristo que então deu o comando de que todos os crentes deveriam fazer discípulos (Mat. 28:19). Agora, entraremos na doutrina que foca o ato reconciliatório de Jesus Cristo por nossa salvação, a doutrina da soteriologia.

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14 Soteriologia e Crescimento de Igrejas A palavra “soteriologia” vem da palavra grega soterion, que significa salvação; por isso soteriologia é o estudo da doutrina da salvação. Salvação é o resgate da humanidade, do poder e efeitos do pecado, por Deus. Salvação, então, vem de Deus e é efetuada por Deus. Nada podemos fazer para recuperarmos essa generosidade de Deus. “Na franqueza e amizade de Jesus pelos pecadores, a amorosa recepção de Deus encontrou uma perfeita expressão. Nada era necessário para recuperarmos esse favor de Deus. Esperou, ansiosamente, pelo retorno do homem (Luc. 15:11-24). Uma indispensável preliminar foi a mundaça no homem, da rebeldia pra a confiança inocente e vontade de obedecer.”

A Morte de Cristo e a Soteriologia Nosso pecado causaram um abismo entre Deus e nós. Sem a remoção desse pecado, não há reconciliação e salvação. Já que Cristo, voluntariamente, sujeitou-Se a morte na cruz (Fil. 2:8) para trazer perdão e para a humanidade e reconciliação entre Deus e o homem, a morte de Cristo torna-se o elemento chave em nosso entendimento de soteriologia. Várias teorias têm sido levantadas para explicar a morte de Cristo. Um resumo dessas teorias está na tabela desevolvida por Paul Enns na página seguinte. Cada uma dessas teorias tem uma fraqueza significativa no âmbito de que nenhuma proposta indivdual pode ser caracterizada como a correta visão da expiação. Não devemos dizer, porém, que não há valor ou contribuição em algumas das visões. Por exemplo, o entendimento Sociniano da expiação, normalmente chamado de teoria do exemplo, é herético em sua rejeição a qualquer idéia de satisfação vicária. Ainda, algumas linhas de verdade podem ser encontradas no foco da morte de Jesus como um exemplo de total amor por Deus e como uma inspiração aos seguidores. A teoria governamental é fraca do ponto de vista das Escrituras quando diz que “é possível que Deus relaxe a lei para ele não precisasse definir uma punição específica ou penalidade para cada violação”. A teoria governamental, porém, enfatiza a seriedade do pecado e necessidade de lidar com o pecado. A despeito das forças de algumas visões da expiação, o entendimento mais preciso da morte de Cristo é a idéia da substituição. Jesus morreu no lugar dos pecadores, uma morte que foi chamada de vicária, que significa “um no lugar de outro”. Essa visão pode ser melhor explicada por vários termos relacionados à morte de Cristo. O primeiro desses termos é a palavra substituição em si. “Há muitas passagens que enfatizam a expiação substitutiva de Cristo no lugar da humanidade. Cristo foi um substituto ao Se fazer pecado pelos outros (2 Cor. 5:21); Ele levou sobre Si os pecados dos outros na cruz (1 Ped. 2:24); Ele sofreu para tirar o pecado dos outros (Heb. 9:28); Ele passou um sofrimento horrível, tortura e morte no lugar dos pecadores (Isa. 53:4-6).” Propiciação é outra palavra relacionada à morte substitutiva de Cristo. Significa, literalmente, “uma cobertura para o pecado”. Essa cobertura foi necessária para satisfazer as justas exigências de um Deus irado. A morte substitutiva de Jesus satisfez os requerimentos para conciliação de Deus (cf. Lev. 4:35). Ao receber o dom de salvação de Cristo, o fiél pode ser poupado da ira de Deus. “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Heb. 2:17).

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TEORIAS DA EXPIAÇÃO Representantes Originais

Idéia Principal

Fraqueza

Representantes Recentes

Resgate pago a Satanás

Orígenes (184-254 d.C)

O resgate pago a Satanás, pois ele manteve o povo cativo pelo pecado.

A santidade de Deus foi ofendida pelo pecado; a cruz foi o julgamento de Satanás e não o pagamento de um resgate.

Não existem defensores atualmente

Recapitulação

Irineu (130-200 d.C.)

Contradiz a impecabilidade de Cristo (1 João 3:5).

Ninguém conhecido

Comercial (Satisfação)

Anselmo (1033-1109)

Eleva a honra de Deus acima de qualquer outro atributo; ignora a expiação vicária.

Ninguém conhecido

A base da morte de Cristo está no amor de Deus e não em Sua santidade. Expiação vista como desnecessária.

Friedrich Schleiermacher Albrecht Ritschi Horace Bushnell

Vê Cristo apenas como um homem; expiação vista como desnecessária.

Thomas Altizer Unitarianos

Deus está sujeito a mudanças; Sua lei é colocada de lado; Deus perdoa sem pagamento pelo pecado.

Daniel Whitby Samuel Clarke Richard Watson J. McLeod Campbell H. R. Mackintosh

Teoria

Influência Moral

Abelardo (1079-1142)

Exemplo

Socino (1583-1604)

Governamental

Grotius (1583-1645)

Acidente

A. Schweitzer (1875-1965)

Cristo experimentou tudo o que Adão havia experimentado, inclusive o pecado. O pecado roubou a honra de Deus; a morte de Cristo honrou a Deus, permitindo o perdão dos pecados. A morte de Cristo foi desnecessária para expiar o pecado; Sua morte abranda o coração do pecador, o que o leva ao arrependimento. A morte de Cristo foi desnecessária para a expiação do pecado; Sua morte foi um exemplo de obediência para inspirar a reforma. Cristo sustenta o governo na lei de Deus; Sua morte foi um pagamento simbólico; permite que Deus deixe a lei de lado e perdoe o povo. Cristo se encantou com um complexo de Messias e acabou sendo morto por engano pelo processo.

Vê a morte de Cristo como um acidente; nega a expiação substitutiva.

Ninguém conhecido

Redenção (grego agorazo) significa “comprar”. A palavra foi usada freqüentemente no

contexto de compra de escravos no mercado. Os escritores do Novo Testamento usavam a palavra para se referir ao efeito da morte substitutiva de Cristo ao livrar as pessoas da escravidão do pecado. O preço da redenção foi a morte de Cristo (1 Cor. 6:20; 7:23; Apoc. 5:9). A palavra bíblica mais comum para perdão é aphemi, que significa literalmente “mandar embora”. A morte de Jesus na cruz livrou ou mandou embora nossos pecados. “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Efe. 1:7). O escritor de Hebreus enfocou a morte de Cristo como sacrifício (Heb. 9-10). Cristo é o sumo-sacerdote que entrou no Lugar Santo para fazer o sacrifício final, negando a necessidade de fazer os “mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano” (Heb. 10:1). “Assim

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também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Heb. 9:28). Reconciliação (grego katalasso) significa “efetuar uma mudança, reconciliar”. Por causa de nosso pecado uma separação entre Deus e a humanidade. A morte de Cristo na cruz demonstra a iniciativa de Deus de restaurar o relacionamento. A reconciliação está disponível a todos, mas não é eficaz a não ser que alguém receba por fé a Cristo, que tornou possível a restauração desse relacionamento. Um termo final é o da justificação. Justificação é um ato legal, baseado na morte de Cristo (Rom. 5:9), através da qual Deus declara justo aqueles que têm fé em Jesus Cristo. O dom da justificação (Rom. 3:24) envolve o perdão e a remoção de todos os pecados e salvação da ira de Deus (Rom. 5:9). Nossa justiça não vem de nós mesmos, mas é um dom de Deus a todos que crêem (Rom. 3:22).

As Implicações da Expiação Substitutiva Por causa das ricas implicações da morte substitutiva de Cristo na cruz, esse entendimento será estudado em maior detalhe. Millard Erickson fez um resumo desse assunto: A teoria substitutiva da morte expiatória de Cristo, quando compreendida em toda sua complexidade, é uma verdade rica e significativa. Carrega várias implicações para nosso entendimento da salvação: 1. A teoria da substituição-penal confirma o ensinamento bíblico da total perversão de todos os humanos. Deus não teria ido tão longe, como levar seu Filho à morte, se não fosse totalmente necessário. O homem é totalmente incapaz de alcançar sua necessidade. 2. A natureza de Deus não é unilateral, nem há tensão entre seus diferentes aspectos. Ele não é meramente justo e exigente, nem apenas amoroso e generoso. Ele é justo, tanto que o sacrifício pelo pecado tinha que ser providenciado. Ele é amoroso, tanto que providenciou que Ele fosse o sacrifício. 3. Não há outro caminho para salvação que pela graça, e especificamente, a morte de Cristo. Tem um valor infinito a ainda cobre todos os pecados da humanidade de todos os tempos. Um sacrifício finito, ao contrário, não cobriria nem os pecados de indivíduos que estivesse oferecendo o sacrifício. 4. Há segurança para o crente em seu relacionamento com Deus. Pois a base do relacionamento, a morte sacrificial de Cristo, é completa e permanente. Apesar de nossos sentimentos mudarem, o fundamento de nosso relacionamento com Deus permanece inabalável. 5. Nunca devemos negligenciar a salvação que temos. Mesmo sendo de graça, também é de grande valor, pois custou a Deus o sacrifício máximo. Devemos então ser gratos pelo que Ele fez por nós; devemos ama-lo em retribuição. “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10).

Outras considerações da Soteriologia Antes de examinarmos as implicações da soteriologia para a teologia de crescimento de igrejas, precisamos ver seis outras palavras bíblicas relacionadas a salvação. Eleição e predestinação são dois termos que freqüemente causam um certo disconforto por causa da percepção de que eles tiram nossa responsabilidade de responder. A ênfase das Escrituras, porém, é que qualquer um que estiver perdido perde a salvação por causa de sua própria obediência, não por causa da eleição ou predestinação. Similarmente, a responsabilidade dos crentes de evangelizar continua sendo uma ordem. Devemos admitir que a tensão entre o livre arbítrio humano (João 3:16-18) e a escolha soberana de Deus (Efe. 1:4). Tal tensão existe não apenas pela contradição na Escritura, mas por causa de nossa finita sabedoria. 69

“Eleição é soberana, eterno decreto de Deus”. O decreto envolve a escolha de pessoas de serem recebedores de graça e salvação (Efe. 1:4). “A palavra predestinação vem do grego proorizo, que significa „assinalado com antecedência‟, e ocorre seis vezes no Novo Testamento (Atos 4:28; Rom. 8:29-30; 1 Cor. 2:7; Efe. 1:5, 11)”. Tanto eleição, quanto predestinação são características necessárias de um Deus soberano; mas não absolve a humanidade da ordem de receber a Cristo, e então fazer discípulos. (Mat. 28:19) Adoção vem do termo grego huiothesia, que é usado para descrever uma nova posição e condição Cristã em Cristo – um filho de Deus. Ao se unir a família de Deus, e apreciando a condição de filho (Gal. 4:5), os crentes são demovidos de sua antiga vida e levados a uma nova vida, com todos os benefícios e privilégios a disposição de um legítimo filho do Pai. Santificação, do grego hagiasmos, significa “tornar santo”, ou “ser separado”. Quando nos referimos ao crente estar diante de Deus, estamos falando da santificação posicional. Por causa da morte de Cristo na cruz, o crente é santo, ou separado, ou santo diante de Deus (cf. 1 Cor. 1:2; 2 Cor. 1:1; Efe. 1:1). Até a igreja de Corinto, com sua carnalidade abundante, foi chamada por Paulo de “os santificados em Cristo Jesus” (1 Cor. 1:2). O crente é sempre santo quando está diante de Deus, mas a santificação empírica do crente varia em relação com a dedicação deste a Deus. Assim Paulo poderia ordenar que os crentes fossem santificados ou santos: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Ped. 1:15). Santificação final ou máxima acontecem quando os crentes serão feitos a semelhança de Cristo, “sem mácula, nem ruga” (Efe. 5:27). Graça é outro importante termo no entendimento da salvação. Uma definição geral de graça seria “a provisão do imerecido favor de Deus”. Conotações específicas de graça, porém, devem ser compreendidas para que receber o total impacto do termo. Graça comum refere-se ao favor de Deus garantido a toda a humanidade. Inclui as provisões da criação: luz do sol, chuva, comida, vestes, beleza e a retenção do julgamento. Graça especial é dada apenas aos crentes. Teólogos categorizaram graça especial como preveniente, eficaz, irresitível, suficiente. Graça preveniente significa que a graça vem primeiro, precendendo a iniciativa humana. “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). Graça eficaz é graça que não falha. Graça, dada ao crente, que não será tirada, nem falhará (João 10:27-28). Graça suficiente indica a total adequação do trabalho de Deus através de Jesus Cristo. “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Heb. 7:25). Finalmente, graça irresistível diz que a graça de Deus não pode ser rejeitada. É Deus quem escolhe (Efe. 1:4) e provê graça a aqueles “segundo o beneplácito de sua vontade” (Efe. 1:5). Regeneração, mesmo sendo usada apenas duas vezes no Novo Testamento (paliggensia, Mat. 19:28; Tito 3:5), é um importante aspecto da salvação. É a entrega da vida de Deus a aquele que crê. É um novo nascimento em Deus, ou um nascimento do alto, ou um segundo nascimento: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). A regeneração do crente resulta em uma nova natureza (2 Ped. 1:4; Efe. 4:24; 2 Cor. 5:17) e uma nova vida (1 Cor. 2:16; Rom 5:5).

O Dilema do Crescimento de Igrejas O crescimento de igrejas surgiu de um desejo de ver homens e mulheres aceitarem a Cristo, verem todos os benefícios da salvação, descritos nesse capítulo, concedido a um mundo não regenerado. Na seção histórica desse livro, vimos a responsabilidade de Donald McGravan 70

pelos perdidos em sua missão na Índia. Vimos suas preocupações com o pequeno número de pessoas convertidas e sua perplexidade ao ver que poucas igrejas estavam crescendo em um ritmo rápido ou no máximo tinham estacionado o crescimento. Quando McGravan começou a questionar por que algumas igrejas estavam crescendo enquanto outras estavam em declínio, ele estava integrando duas doutrinas, soteriologia e eclesiologia (a doutrina da igreja será examinada no próximo capítulo). McGravan queria evidenciar que a salvação estava acontecendo, que as pessoas estavam indo a Cristo. Seu dilema poderia ser expressado da seguinte maneira: Como saber se estamos alcançando pessoas para Cristo? Como podemos determinar se uma decisão interna foi tomada? Jesus disse “Por seus frutos os conhecereis” (Mat. 7:16). Paulo disse que os frutos do Espírito são amor, alegria, paz, paciência, bondade, generosidade, fidelidade, benignidade, e auto-controle (Gal. 5:22-23). Ainda assim, McGravan esteve diante da situação de que seria impossível saber quantas pessoas na Índia eram cristãs. Ninguém sabia ao certo se as pessoas estavam sendo alcançadas e se tornando discípulos (membros frutíferos). Era uma tarefa que não podia ser quantificada, que desafiava medidas e contabilidade. McGravan tomou uma abordagem diferente, mas falível. Salvação seria “medida” por “filiação responsável à igreja”. Se alguém estava freqüentando a igreja e participando ativamente na comunhão, então a probabilidade de que esse alguém fosse um cristão era alta. Então o Movimento de Crescimento de Igrejas cresceu quando a salvação se tornou quantificável, e as igrejas se tornaram responsáveis por seus números – em termos de membros, freqüência, batismos e sucessivamente. Deve-se admitir que essa abordagem do crescimento de igrejas está sujeita a erros. Entretanto, cria um nível de responsabilidade, e essa responsabilidade mantém a igreja focada em sua tarefa primária: levar pessoas a Cristo.

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15 Eclesiologia e Crescimento de Igrejas Eclesiologia é o estudo da igreja. A palavra igreja é uma tradução da palavra grega

ekklesia, que significa, literalmente, “os que foram chamados”. Já que a palavra “igreja” aparece no nome do Movimento de Crescimento de Igrejas, é importante que entendamos a eclesiologia do crescimento de igreja. No coração do assunto está a questão: “Qual é o propósito da igreja?” Antes de vermos esse assunto, vamos examinar algumas figuras de linguagem usados nas Escrituras para descrever a igreja.

Imagens da Igreja Corpo de Cristo. A metáfora do corpo foca na autoridade, unidade e universalidade. Porque é compreensível, essa é a imagem da igreja usada com mais freqüência na Bíblia. Autoridade no corpo de Cristo está em Cristo em Si mesmo, que é a Cabeça do corpo (Col. 1:18). Então, os crentes são os membros ou partes do corpo. Imagem do corpo também retrata unidade, em que há muitos membros, mas um único corpo (1 Cor. 12:12). Finalmente, o corpo também é a igreja universal e também as congregações individuais (Efe. 1:22-23). Como corpo de Cristo, a igreja é a extensão do ministério de Cristo; a igreja deve fazer o trabalho de Cristo (João 14:12). Noiva de Cristo. Paulo faz uma analogia entre a relação do marido e da esposa no casamento e Cristo e Sua noiva, a igreja (Efe. 5:23). O tema dominante dessa imagem é o amor de Cristo pela igreja. Povo de Deus. O quadro da igreja como o povo de Deus enfatiza a iniciativa de Deus em escolher a igreja (2 Cor. 6:16). Como na linha abraâmica que produziu Israel, Deus escolheu a igreja para ser seu povo (cf. Exo. 15:13). Sacerdócio. Pedro se refere aos cristãos como sacerdócio real (1 Pedro 2:9), enfatizando essa posição como reis e sacerdotes. Todos os crentes de hoje têm acesso direto a Deus e podem se aproximar dEle com confiança (Heb. 4:14-16). Rebanho. Jesus é o Pastor que ama e tem cuidado por Seu rebanho, a igreja (João 10:16). Essa imagem reconhece o gentil cuidado e o espírito sacrificial de Cristo por Sua igreja. As ovelhas (igreja) pertencem a Cristo e estão sob Seu constante cuidado. Templo do Espírito Santo. Crentes são o lugar de habitação do Espírito Santo. Falando aos fiéis de Éfeso, Paulo escreveu “No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (Efe. 2:22). O Espírito Santo dá à igreja unidade (Efe. 2:21), orientação (João 16:13) e poder (Atos 4:31-33).

Governo da Igreja

A teologia do crescimento de igreja, raramente, menciona as várias formas de governos, já que há pouca correlação entre governo da igreja e crescimento de igrejas. Na análise bíblica de Millard Erickson no crescimento de igrejas, ele concluiu: “É seguro dizer que a evidência do Novo Testamento é inconclusiva; em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos um quadro semelhante ao do sistema desenvolvido atualmente”. Erickson acredita que as primeiras igrejas formavam estruturas governamentais que melhor se encaixavam às suas situações para maior eficácia: “É bem provável que naqueles dias o governo da igreja não era muito desenvolvido, de fato, as congregações locais eram grupos frouxamente ligados. Lá poderia muito bem haver uma grande variedade de programas governamentais. Cada igreja adotava um padrão que melhor se encaixava em cada situação individual.” 72

Minha denominação, a Convenção Batista do Sul, segue à posição de que a igreja é um corpo autônomo e democrático. Tal perspectiva é chamada de forma de governo congregacional. Alguns estudiosos do Novo Testamento, porém, vêem a possibilidade de outros tipos de governo. Examinaremos, brevemente, algumas das posições mais importantes. Em uma análise final, o tipo de governo depende de onde reside a autoridade. Na forma episcopal de governo de igreja , a autoridade geralmente está nas mãos do bispo (episkopos) ou bispos. Com certeza, a forma de governo episcopal mais desenvolvida é encontrada na Igreja Católica Romana. O bispo de Roma, o papa, é o supremo bispo. A forma de governo presbiteriano foca no ofício chave do ancião; mas é normalmente no corpo de anciãos mais propriamente, que no oficío individual, que a autoridade é exercida. Paulo e Barnabé nomeavam anciãos (Atos 14:23), e Paulo convocou os anciãos de Éfeso para estarem com ele em Mileto. “Deve ser notado... que o termo ancião (presbuterus) normalmente ocorre no plural, sugerindo que a autoridade dos anciãos era coletiva e não individual.” A forma congregacional de governo de igreja coloca o lugar de autoridade na congregação local. A igreja é autônoma e democrática, com cada membro votando com igual autoridade. Os que argumentam dizendo que o governo congregacional é normativa, normalmente olham um exemplo do princípio da igreja, quando a igreja escolheu o sucessor de Judas (Atos 1:15-26), e os sete homens que serviam as mesas (Atos 6:1-6). Alguns grupos cristãos, como o Quakers (Amigos) e o Irmãos de Plymouth (Plymouth Brethren), optaram por não terem estrutura governamental. Todas as estruturas governamentais, como comitês, que possuem cargos, contituições, estatutos e encontro de negócios são eliminados ou mantidos ao mínimo. Uma dependência no Espírito Santo fala diretamente à igreja na base das tomadas de decisão.

Os Propósitos da Igreja O coração da discussão de crescimento de igrejas é o propósito da igreja. Normalmente, as funções da igreja são classificadas em quatro áreas: Evangelismo. As últimas palavras de Jesus aos Seus discípulos, em todo o Novo Testamento, foram sobre evangelismo (cf. Mat. 28:19; Atos 1:8). Obviamente, Jesus observou que a necessidade de outros ouvirem do caminho da salvação como sendo de máxima importância. Além disso, Jesus mandou que Seus discípulos fossem além da área de Jerusalém para “a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”(Atos 1:8). A mensagem do evangelho era de urgência para alcançar quantos mais pudesse. Discipulado. Quando Jesus deu Seu comando para evangelizar, Ele falou de “fazer discípulos em todas as nações” (Mat. 28:19). Ele obviamente tinha em mente que a conversão cristã era apenas o começo; o discipulado deveria seguir com o batismo, ensinamentos e obediência (Mat. 28:19-20). Os crentes devem crescer em Cristo pela comunhão ou koinonia, mantendo todas as coisas em comum (Atos 2:44-45). Crescimento posterior viria da instrução (cf. Atos 18:26), pregação (1 Cor. 14:3-4) e exercício dos dons espirituais (1 Cor. 12). Adoração. Um terceiro propósito da igreja é a adoração, o louvor e exaltação de Deus. Adoração no princípio da igreja envolvia a igreja reunida (Heb. 10:25), freqüentemente se encontravam em local e horário definidos, de maneira regular (1 Cor. 16:2). Elementos da adoração incluiam a oração (Atos 12:5), leitura das Escrituras (Atos 4:24-26), cantar (Efe. 5:19), e observavam a Santa Ceia (1 Cor. 11:23-26). Adoração se tornou um assunto importante no crescimento de igrejas, um assunto que examinaremos na seção final do princípios do crescimento de igrejas.

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Ministério Social. Jesus nos deu um exemplo vivo de alguém que se preocupas com as necessidades físicas e emocionais das pessoas. Tal é a essência de Sua parábola do bom samaritano (Luc. 10:25-37). Realmente, as palavras de Jesus em Mateus 25:31 sugerem que essa preocupação pelas necessidades dos outros seria evidência do compromisso verdadeiro de alguém com o Salvador. O livro de Tiago nos faz breve discursos intensos que afirmam, claramente, fé sem trabalho é morta: “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tiago 2:15-17). A parte final do século XX viu evangélicos redescobrirem seu comando por preocupação social depois de reagir exageradamente ao evangelho social do começo do século. O Movimento de Crescimento de Igrejas, da mesma forma, lutou com sua eclesiologia, particularmente em suas tentativas de entender o propósito da igreja.

Crescimento de Igrejas: Qual é o Propósito da Igreja? Para entendermos a evolução da eclesiologia do Movimento de Crescimento de Igrejas, é necessário seguir C. Peter Wagner em seu entendimento de missão (i.e. o propósito da igreja) e evangelismo. É importante entender que, na maior parte, a eclesiologia de Wagner continua de onde McGravan parou. Nos livros de McGravan como The Bridges of God (As Ponter de Deus, 1955), How Churches Grow (Como as Igrejas Crescem, 1959) e Understanding Church Growth (Entendendo Crescimento de Igrejas, 1970), ele basicamente afirmava que as igrejas tinham um trabalho principal – multiplicar-se. Em outras palavras, o propósito da igreja é evangelizar e tudo deve ser subordinado a isso. Hoje, a teologia de Wager, que representa a eclesiologia do crescimento de igrejas, saiu desse conceito reduzido do propósito da igreja, apesar de o evangelismo ainda permanecer como propósito prioritário. O Acordo de Lausanne, o principal enunciado de fé e crença de Wagner, afirma que na “missão da igreja de serviço sacrificial, o evangelismo é básico”, e que “a evangelização mundial requer que toda a igreja leve o evangelho completo ao mundo todo”. A teologia de Wagner se firma na primazia do evangelismo, mas o significado de evangelismo em sua teologia é freqüentemente incompreendida por alguns por ser sinônimo com missão e crescimento de igrejas. Já que sua teologia de crescimento de igrejas pressupõe a prioridade do evangelismo, se torna imperativo entender o significado exato da palavra e o contexto em que é usada. Primeiro, é necessário entender que a teologia de Wagner vê evangelismo como uma tarefa, ainda que a mais urgente tarefa, na definição de missão. Então, para entender evangelismo e sua prioridade na teologia de crescimento de igrejas, seu entendimento de missão deve ser examinado primeiro. O significado de missão, diz Wagner, deve ser entendido no contexto do reino de Deus. João Batista pregou que o reino estava aberto a todos que se arrependessem dos pecados e se entregassem a fé em Cristo. Ao pregar no deserto da Judéia, ele disse, “Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas” (Mat. 3:2); mas os ensinamentos do reino no Novo Testamento discute mais do que apenas a conversão das pessoas. Ao instruir Seus discípulos em sua missão, Jesus disse, “E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;” (Mat. 10:7-8). Wagner afirma que o significado de missão, no contexto do reino de Deus, é um ministério holístico. “Já que é isso que Deus nos manda fazer, é disso que se trata missão”. A missão ainda “visa o bem da pessoa em completo.” Wagner reconhece que sua teologia de crescimento de igrejas seguiu uma trasformação evangélica geral no entendimento de missão. Suas mudanças teológicas também foram 74

resultado de críticas contra a teologia do crescimento de igrejas, uma das mais óbvias é “a concepção limitada de missão como evangelismo.” O Movimento de Crescimento de Igrejas, diz Bassham, “parece ter negligenciado uma discussão substancial que aconteceu nos últimos vinte e cinco anos, na qual o significado de missão, evangelismo, testemunho, serviço e salvação têm sido explorados e desenvolvidos.” Até esse século, missão era, muitas vezes, igualada ao evangelismo. Para fazer missão era propagar a fé. Harvey Hoekstra rotulou essa função como “missão clássica,” que ele define como “um complexo de atividades em que o propósito principal é tornar Jesus Cristo conhecido como Senhor e Salvador, e persuadir homens a se tornarem seus discípulos e membros da igreja responsáveis.” O significado clássico de missão deixou pouco espaço para outras atividades além do evangelismo. Rufus Anderson argumentou que missão é a pregação do evangelho e ganhar conversos, depois disso “a renovação social será seguida”. Ele, explicitamente, rejeitou qualquer propósito de missão que envolvia a “reorganização, por vários meios diretos, da estrutura desse sistema social na qual os conversos fazem parte.” Ao chegar ao fim do século XIX, o entendimento de missão mudou dramaticamente. O movimento do evangelho social estava influenciando as igrejas e “missões foram metamorfoseadas de uma simples tarefa de ganhar conversos ... a uma tarefa complexa de participar ativamente nas benfeitoras e reconstruções sociais.” Evangélicos começaram a montar defesas contra o evangelho social. Ao fazer isso, o evangelicalismo estava certamente afirmando a importância do evangelismo, mas, erroneamente, evitando qualquer reconhecimento de outros ministérios como sendo parte da missão. “Para permitir que a ordem cultural rastejasse para dentro da definição técnica de missão,” ele disse, “teria que ser interpretado como uma capitulação ao inimigo.” A mudança do entendimento de missão de Wagner seguiu a mudança no evangelicalismo em geral. Sinais de mudança foram percebidas no Congresso de Berlim em 1966, mas a mudança foi explícita no Congresso Internacional em Evangelização Mundial, em Lausanne, Suíça, em 1974. Wagner foi significantemente influenciado por John R. W. Sttot, que era pastor da Igreja de Todas as Almas em Londres. Em Berlim, Sttot tinha mantido a clássica definição de missão. Ele apresentou três sessões plenárias sobre estudos bíblicos sobre a Grande Comissão. Seu entendimento de missão estava claro – “A missão da igreja, então, não era reformar a sociedade, mas pregar o evangelho”. Sttot, porém, liderou os evangélicos à redefinição do conceito de missão. Quando o encontro de Lausanne começou, ele havia se tornado o autor chefe do Acordo de Lausanne, que declarou “que evangelismo e envolvimento sociopolítico são parte de nosso trabalho cristão. Para ambos, são necessárias expressões de nossas doutrinas de Deus e o homem, nosso amor pelo vizinho e nossa obediência a Jesus Cristo.” Pouco depois de Lausanne, Sttot publicou um livro no qual ele afirmou que a missão da igreja “inclui evangelismo e responsabilidade social, já que ambos são expressões autênticas do amor que deseja servir ao homem em sua necessidade.” O entendimento de missão de Wagner seguiu um padrão similar. Em 1971, ele publicou Frontiers in Missionary Strategy (Fronteiras em Estratégias Missionárias), no qual ele usou missão e evangelismo alternadamente. Ele também argumentou por uma definição de missão que fosse realmente uma definição de evangelismo de presença, proclamação e persuasão. Depois, Wagner declarou uma mudança nesse aspecto de sua teologia. Isso foi antes de eu ir para Lausanne e ouvir palestrantes como René Padilla, Samuel Escobar e Orlando Costas. Fui influenciado pelo Acordo de Lausanne, os escritos de John

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Sttot e a progressiva dinâmica do comitê de Lausanne, ao qual pertenço desde sua fundação. Agora acredito que a missão da igreja abraça tanto as ordens culturais como as evangelísticas. Acredito naquilo que agora está sendo chamado de “missão holística”.

Missão holística, então, disse Wagner, envolve duas ordens claras. Ele usou a terminologia concebida por Arthur Glasser, a ordem cultural e a ordem evangelística. A ordem cultural, às vezes chamada de responsabilidade social cristã, é a responsabilidade de todos os cristãos. Disse Wagner: “Fazendo o bem aos outros, se nossos esforços são dirigidos aos indivíduos ou à sociedade como um todo, é um dever bíblico, uma ordem cultural dada por Deus.” Wagner seguiu a tendência no círculo evangélico que agora declara que tanto o ministério social cristão quanto o evangelismo são componentes essenciais da missão. Wagner anunciou sua transformação em um ministério mais holístico em Church Growth and the Whole Gospel (Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo). Nesse livro Wagner lamentou a era da “Grande Reversão”, uma época do século em que evangélicos reagiram adversamente a qualquer coisa que parecesse um ministério social. Wagner dedicou um capítulo inteiro em seu livro para o chamado aos cristãos para se envolverem em ministérios sociais. Depois que Church Growth and the Whole Gospel foi publicado em 1981, o Movimento de Crescimento de Igrejas ficou conhecido como um ministério que faz mais que contar numerous. “Não acho que nenhum de nós que vivem em fartura”, ele disse, “possam captar o âmbito total do apuro dos pobres do mundo em nossa mente – só pode ser sentido, parcialmente, em nosso coração.” Apesar de os pobres não terem sido negligenciados nos primeiros escritos do crescimento de igrejas, Wagner faz uma clara descrição do apuro dos pobres e a responsabilidade cristã nesse livro. Citando Howard Snyder, Wagner disse: “O ensinamento é claro, consistente e persistente: De todas as pessoas e classes, Deus tem, em especial, compaixão pelo pobre, seus atos na história confirmam isso.” A ordem cultural apresenta a igreja com diferentes possibilidades de ministério. Wagner classifica as diferentes oportunidades em ação social e serviço social. Ação social é o grupo de ministérios que tentam mudar as estruturas sociais. Envolve mudanças socio-políticas. Wagner acreditava que a igreja, normalmente, não era o melhor instrumento para efeturar a ação social. A igreja, porém, “não tem um opção de ser ou não envolvida no ministério social. O estilo de vida do reino exige isso”. O ministério social é feito em obediência a Deus, que glorifica a Deus. Pode ser ou não um meio de ganhar almas. Wagner encontrou uma abundância de justificativas bíblicas para que faça o ministério social, ainda que pessoas sejam ou não levadas a fé em Cristo como resultado. Quando Wagner escreveu Church Growth and the Whole Gospel, ele já havia estabelecido o que entendia ser o padrão bíblico para definir prioridades para os ministérios sociais. A primeira prioridade é a família do cristão, tanto o núcleo familiar, quanto toda a extensão familiar. Wagner citou 1 Timóteo 5:8: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” A segunda prioridade de Wagner para o serviço social cristão são os irmãos de fé. Gálatas 6:10 é o texto usado para apoiar essa tese: “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.” A terceira prioridade para o serviço social cristão inclui qualquer pessoas que esteja necessitada. Wagner avisou que a terceira prioridade não é um grupo opcional para que os cristão sirvam. “Ser uma terceira prioridade não significa que é opcional. Os pobres e famintos e necessitados e oprimidos de todo o mundo precisam ser ajudadas por pessoas que vivem em um estilo de vida do reino e os que aceitam a ordem cultural. Cristãos que usam essas 76

prioridades bíblicas para negar responsabilidade global, como alguns infelizmente tem feito, estão desobedecendo a Deus e deveriam se arrepender e melhorar seus modos.”

A Prioridade do Evangelho Apesar da forte declaração de Wagner sobre a ordem cultural, ele ainda insistiu na prioridade da ordem evangelística em sua teologia do crescimento de igrejas. Muitos, até dentro do campo evangélico, discordaram com o que eles entendem ser uma perigosa dicotomia. Apesar do Acordo de Lausanne, especificamente, afirmar a distinção entre evangelismo e ministério social (artigo 5), uma minoria vocal manteve a posição chamada de “evangelismo holístico.” Essa posição sustenta que evangelismo e ministérios sociais deveriam ser separados como duas partes distintas da missão. Em Growth and the Whole Gospel, Wagner observa que muitos indivíduos discordam dele e da posição de Lausanne. Alfred Krass sentia que os evangélicos, freqüentemente, evitavam os assuntos sociais porque eles tinham “aprendido a ler as Escrituras de uma maneira dicotomizada entre o pessoal e o social, entre o privado e o histórico”. Krass citou o artigo 5 do Acordo de Lausanne como um exemplo claro de uma “falsa dicotomia”. Rene Padilla, em Response to Lausanne (Resposta a Lausanne) escrito pela minoria dissidente do Congresso de Lausanne, disse: “Devemos repudiar como demoníaca a tentiva de dividir evangelismo e ação social. Wagner não estava muito animado com alegação de Padilla de que seu entendimento de prioridade de evangelismo era “demoníaca”. Orlando Costas, cinco anos depois, chamaria essa posição de “polarização diabólica”, “um debate inútil”, e uma “perda satânico e sem sentido de tempo, energia e recursos.” Nesse ponto Wagner estava começando a questionar se essas críticas pertenciam ao campo de evangelismo teológico. Ele acreditava que uma das características distintas do liberalismo era a recusa em exaltar o espiritual sobre o físico. Falando especificamente de Costas, Wagner disse: “Ressalto isso, não para mostrar que Costas é um liberal, mas para explicar por que a posição dissidente de Lausanne no evangelismo holístico não foi adotada em um grau significante pela comunidade evangélica contemporânea. Ela vai contra a maneira como muitos evangélicos entendem sua fé.” Wagner recusou-se em aceitar a posição do evangelismo holístico, que diz que as ordens cultural e evangelística não podem ser separadas. Sua teologia agora pressupoe que elas não são apenas separáveis, mas que a evangelística era a prioritária das duas. O artigo 6 do Acordo de Lausanne afirmou isso: “Na missão sacrificial da igreja, o evangelismo é primário.” Em 1980, a Consulta em Evangelização Mundial foi realizada em Pattaya, Tailândia. Essa reunião foi ainda mais explícita na prioridade do evangelismo: “Isso não é para negar que evangelismo e ação social estejam integralmente relacionados, mas sim para reconhecer que todas as trágicas necessidades dos seres humanos não é maior que sua alienação de seu Criador e a realidade da morte eterna àqueles que se recusam a se arrepender e crer.” Wagner diz que “isso nem é distinção nem dicotomização nem prioridade concedida é equivalente a polarização.” Suas razões para manter uma prioridade evangelística são pragmáticas e teológicas. Pragmaticamente, ele afirma que todas as instituições possuem recursos de tempo, de dinheiro e de pessoal limitados. Instituições religiosas não estão isentas das limitações de recursos. Tais limitações requerem adoção de prioridades. Wagner acreditava que o testemunho bíblico favorece a ordem evangelística. Uma das muitas passagens que ele cita é Mateus 10:28: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” Wagner resumiu seu argumento pela prioridade do evangelho ao dizer:

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Repito que o cumprimento da ordem cultural não é opcional aos cristãos. É o comando de Deus e uma parte da missão cristã. Mas, é verdade que, quando uma escolha tem que ser feita na base da disponibilidade de recursos ou de valor de julgamentos, a indicação bíblica é que a ordem evangelística seja prioridade. Nada é ou pode ser tão importante quanto salvar almas da maldição eterna.

As Práticas Conseqüências das Prioridades Como porta-voz do Movimento de Crescimento de Igrejas, Wagner firmemente afirmou que a prioridade do evangelismo deve ser fundamental na teologia do crescimento de igrejas. O sempre pragmático líder do movimento, porém, também estava preocupado com as práticas conseqüências de tal prioridade. Wagner observou que o registro histórico daqueles que se apegam à prioridade do evangelismo é muito positivo. Ele aponta para o trabalho reconhecido de Timothy L. Smith Revivalism and Social Reform (Fortalecimento da Fé e a Reforma Social). Smith descobriu que, apesar dos muito conhecidos evangelistas e revivalistas do século XIX se apegarem a prioridade de ganhar pessoas para Cristo, eles também foram instrumentos de massivas reformas sociais. Outro dos muitos exemplos que ele cita é o The Social Conscience of the Evangelical (A Consciência Social do Evangélico) de Sherwood Wirt. Wirt afirmou que o moderno movimento missionário evangélico era um protótipo para manter a prioridade do evangelismo, também mantendo uma forte consciência social. Wagner concluiu que não apenas a afirmação da prioridade evangelística conduz a um significante ministério social, mas a reversão da prioridade poderia muito bem levar a um colapso do movimento cristão. Ele citou o caso do movimento voluntário de estudantes, no início do século. A organização foi fundada sob um slogan: “A evangelização do mundo nessa geração”. Mesmo assim, na década de 1940, a organização deixou de existir. Sua prioridade original de evangelismo mudou para uma nova ênfase como relação de raça, relações internacionais e justiça econômica. Wagner também apontou o rápido declínio de grandes denominações como uma evidência do fracasso em entender a prioridade do evangelismo é o golpe de morte de um movimento cristão. Ele também acreditava que a prioridade da ordem evangelística é no fim das contas a melhor rota para realizar os ministérios sociais. A tese de Wagner, então, é que a reversão das prioridades, como a ordem cultural sobre a ordem evangélica ferirá a causa do evangelismo e de muitos ministérios sociais necessitados, também. Apesar de termos insuficientes pesquisas nessa área, sou razoávelmente certo de que as igrejas evangélicas que dão primeira prioridade à ordem evangélica estão verdadeiramente fazendo mais pelos pobres, os desabrigados, os explorados e os cidadão marginalizados das cidades americanas que os mais liberais. Estude uma área metropolitana importante e veja onde os deficientes físicos e mentais estão freqüentando a igreja em número considerável. Localize as igrejas que possuem programas ativos e crescentes para os surdos. Encontre igrejas dos muito pobres e veja se a teologia deles é de pregação do evangelho, salvação de almas ou se é orientado para a ordem cultural e preocupado em salvar as baleias ou boicotar uvas ou ilegalizando a energia nuclear. É mais provável que tal igreja seja de uma natureza evangélica.

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16 Escatologia e Crescimento de Igrejas A palavra grega eschaton significa “últimas coisas”, então escatologia é o estudo das últimas coisas. Teólogos não estão em concenso sobre a escatologia no no âmbito total da teologia. Alguns a consideram parte de outra doutrina, como a soteriologia ou eclesiologia. Outros teólogos a vêem igual as outras doutrinas; e ainda há outro grupo que vêem a escatologia como a doutrina mais importante da teologia. Certamente, a escatologia é uma doutrina importante, mas não deveria ser o tópico de total e absoluto interesse do cristão. Antes de ser uma fonte de divindade, escatologia deveria trazer conforto e inspirar pureza e esperança. (1 Tess. 4)

Escatologia Individual Escatologia individual refere-se ao futuro e destino de cada indivíduo. Essa perspectiva é contrastada com a escatologia que estuda o futuro de toda a criação, às vezes chamada de escatologia cósmica. Normalmente, quando pensamos no futuro de cada pessoa, pensamos na inevitabilidade da morte: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Heb. 9:27). Para o cristão, escatologia individual significa mais que a morte, significa vitória sobre a morte através de Cristo (1 Cor. 15:56-57). Jesus, porém, enfatiza que a morte física não resulta na morte eterna para o cristão: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mat. 10:28). Apesar de existirem algumas questões sobre a possibilidade dos estados intermediários para crentes e incrédulos, a Bíblia é clara em dizer que, para um cristão, estar fora do corpo siginifica estar na presença de Deus (2 Cor. 5:8). Erickson concluiu que os lugares para onde crentes e incrédulos vão na morte é o mesmo que seu lar eterno, mas a intensidade de seu estado intermdiário é menos que seu estado final. Para o incrédulo, então, geena é o lugar final e eterno de sua punição (Marc. 9:43, 48) depois que hades abrir mão dos mortos para o lago de fogo (Apoc. 20:13-15). Os crentes são imediatamente levados à presença do Senhor em Seu lugar de paz e bem-aventurança, enquanto eles esperam a ressurreição final. Erickson coloca dessa forma: Concluimos que na morte os crentes vão imediatamente a um lugar e condição de bemaventurança, e os incrédulos para uma experiência de miséria, tormento e punição. Apesar de a evidência não ser clara, é provável que sejam esses os lugares que os crentes e incrédulos vão depois do grande julgamento, já que a presença do Senhor (Luc. 23:43; 2 Cor. 5:8; Fili. 1:23) não parece outra coisa senão o céu. Apesar de os lugares dos estados intermediário e final serem os mesmos, as experiências do paraíso e de Hades são, sem dúvida, de menor intensidade do que serão ao final, já que a pessoa está em uma condição incompleta.

Escatologia Cósmica: Pontos de Concordância O debate excessivo sobre detalhes que envolvem a segunda vinda de Cristo, freqüntemente, tira nosso foco das importantes verdades-chave sob as quais muitos teólogos ortodoxos concordam. De fato, a realidade da volta de Cristo é a base da esperança cristã. A consumação do plano de Deus para humanidade está intricadamente ligada a segunda volta de Cristo. As Escrituras não deixam dúvidas sobre a volta de Cristo. Três exemplos diferentes dessa promessa na Bíblia testificam a realidade desse evento. Primeiro, Jesus disse que retornaria: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se 79

lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mat. 24:30). Segundo, depois da ascensão de Jesus, dois anjos (literalmente, dois homens de branco) lembraram os discípulos da volta de Cristo: “Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.” (Atos 1:11). Terceiro, Paulo disse essas palavras de promessa aos tessalonicenses: “Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” (1 Tess. 4:15-16). Apesar de o evento do retorno de Cristo ser um coisa certa, o tempo preciso de Sua volta não é. Jesus enfatizou a necessidade de vigilância ao invés de revelar o momento de Seu retorno: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo” (Mat. 13:32-33). Uma outra área de concordância na escatologia é o evento normalmente chamado de julgamento final. Mateus 25:31-46 provê uma vívida descrição desse evento futuro. Mostra Jesus Cristo (o Filho do homem) como juíz sobre todos os homens (Mat. 25:32). Aqueles que estiverem recebendo o julgamento serão dividos em dois grupos, que irão para os seus respectivos destinos pela eternidade: “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;” (Mat. 25:31).

Escatologia Cósmica: Pontos de Discordância Uma exagerada quantidade de energia tem sido usada para definir os detalhes da segunda volta de Cristo e os eventos relacionados. A discussão centra-se no hora e no milênio ou mil anos de reinado de Cristo. Posmilenismo é uma visão otimista de que o mundo irá melhorar. Ao pregar o evangelho, o mundo se converterá e o mal será erradicado verdadeiramente. Depois de o evangelho fazer seu maior impacto, Cristo irá voltar. Posmilenistas geralmente não falam especificamente de um período de mil anos, mas de um período extenso. Cristo reinará durante esse tempo apesar de não estar fisicamente presente. Poucos defendem essa idéia atualmente. Premilenismo se apegam a um reinado terrestre de Cristo por mil anos; além disso, Cristo voltará para inaugurar o milênio. Esse período será um contraste dramático aos sete anos de tribulação que irão antecede-lo. Ao passo que a tribulação será um tempo de devastação, sofrimento e caos, o milênio será um glorioso tempo de tranqüilidade e justiça. Amilenistas vêem o período de mil anos de Apocalipse 20 como puramente simbólico. Não haverá reinado literal de mil anos. Como muito do livro de Apocalipse, os amilenistas sustentam, o milênio de Apocalipse 20 é simbólico, a o simbolismo representa o céu, onde existe perfeita glória e felicidade. Há concordância significativa, entre os evangélicos, de que o premilenismo é a visão mais precisa; mas ainda há muita discordância sobre a hora que a igreja será tirada do mundo, conhecido normalmente como o “arrebatamento.” Duas visões são normalmente apoiadas, assim como outros pontos de vista mediadores. Em teoria todos os premilenistas acreditam que haverá um período (muitos acreditam que serão sete anos literais) de grandes perturbações antes de Cristo voltar. A questão é se teremos uma vinda separada para retirada da igreja do mundo antes da grande tribulação ou se a igreja passará pela tribulação e só depois se reunirá ao Senhor. A visão de que Cristo levará Sua igreja para Si antes da tribulação é chamado de pretribulacionismo; a visão de que Ele levará a igreja depois da tribulação é chamado postribulacionismo. Há também algumas posições mediadoras.

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Pretribulacionismo ensina que a igreja não estará presente durante os tempos difíceis da tribulação. Pretribulacionismo cita, “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tess 5:9). A igreja, ou crentes, serão levados ou arrebatados para a presença de Deus: “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tess. 4:7). A visão da pretribulação, então, fala de dois retorno de Cristo. No primeiro retorno, os mortos em Cristo serão ressucitados e Cristo e os crentes vivendo na terra serão arrebatados. Esse retorno irá anteceder a tribulação. No segundo retorno de Cristo, os crentes que morreram durante a tribulação serão ressucitados e Cristo estabelecerá seu reinado de mil anos. A característica impressionante do pretribulacionismo é sua ênfase na iminência. Já que nenhum evento profético tem de ser cumprido antes do arrebatamento, Cristo pode voltar a qualquer momento. Muitos sermões evangélicos proclamam essa visão, e inclusive a Bíblia fala de vigilância entre os crentes (Mat. 25:13). No postribulacionismo, a igreja estará presente durante a tribulação. Essa visão diz que a ira (grego orgae) de Deus é a punição e julgamento reservado aos pecadores. Os crentes, então, não irão experimentar a ira de Deus, mas irão experimentar a tribulação. Postribulacionismo simplifica os eventos finais ao ensinar apenas um retorno de Cristo (ao final da tribulação, anterior ao milênio); e há necessidade de apenas uma ressurreição dos crentes. O postribulacionista tem dificuldade de explicar o arrebatamento descrito em 1 Tessalonicenses 4:17. George Ladd sugere que o arrebatamento seja uma “festa de boas vindas” dos crentes que irão saudar a Cristo e então recepciona-lo para seu reinado milenar. Posições mediadoras entre pretribulacionismo e postribulacionismo existem em abundância. Talvez a posição mais comum fala de um arrebatamento no meio da tribulação. De acordo com essa visão, a igreja não passará pelos anos mais severos da tribulação, os últimos três anos e meio. Uma visão relacionada é a do arrebatamento da pré-ira, que permite a iminência na noção de que a igreja será arrebatada em qualquer momento entre o meio e o fim da tribulação. Outra visão fala de uma série de arrebatamentos, com grupos de crentes tirados da terra em horas diferentes.

Escatologia do Crescimento de Igrejas O Movimento de Crescimento de Igrejas não entrou no debate sobre os detalhes da escatologia. Com o evangelicalismo mantendo várias posições sobre os fins dos tempos, é bom que o movimento não tenha tomado nenhuma posição que pudesse tirar seu foco de fazer discípulos, possivelmente cirando divisões. Isso não quer dizer que o movimento não tenha escatologia. O Acordo de Lausanne reflete e destaca pontos de concordância. Acreditamos que Jesus Cristo voltará de maneira pessoal e visível, em poder e glória, para consumar Sua salvação e julgamento. Essa promessa de Sua volta é um incentivo a mais para nosso evangelismo, pois lembramos das palavras dEle de que o evangelho deveria ser pregado em todas as nações. Acreditamos que nesse ínterim, período entre a ascensão de Cristo e Sua volta, é repleto de missões do povo de Deus, que não tem permissão para parar antes do Fim. Também lembramos de Seus avisos do surgimento de falsos profetas e falsos Cristos como precursores do anti-Cristo. Portanto, rejeitamos como um sonho orgulhoso e auto-confiante a noção de que o homem algum dia construirá uma utopia na terra. Nossa confiança cristã é de que Cristo irá aperfeiçoar Seu reino, e esperaremos com ansiedade por esse dia, e pelo novo céu e terra no qual a retidão habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, nos dedicamos novamente ao serviço de Cristo e do homem em feliz submissão à Sua autoridade sobre a toda a nossa vida.

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(Marc. 14:26; Heb. 9:28; Marc. 13:10; Atos 1:8-11; Mat. 28:20; Marc. 13:21-23; João 2:18; 4:1-3; Luc. 12:32; Apoc. 21:1-5; 2Ped. 3:13; Mat. 28:18)

Quais, então, seriam as implicações para a escatologia no crescimento de igrejas? As implicações a seguir são conseqüência da escatologia pessoal e cósmica. 1. A Realidade do Céu e do Inferno. Na morte ou quando Cristo voltar, todo ser humano será levado a um lugar de destino eterno. O destino de cada pessoa será determinado por seu relacionamento com Cristo durante sua vida (Mat. 25:4). A tarefa mais importante em que o crente pode se envolver é compartilhar as boas novas de Jesus Cristo para que as pessoas tenham a oportunidade de escolher Cristo e o destino eterno do céu. 2. A Urgência da Tarefa Evangelística. Nossa vida na terra é curta, seja finalizada pela morte ou pelo retorno de Cristo. Devemos priorizar nosso tempo, dinheiro e esforços para evangelizarmos antes que o tempo, como conhecemos, se acabe. Nenhuma tarefa é mais urgente que o evangelismo. 3. A Ordem de Fazer Discípulos. O crescimento de igrejas, normalmente, mede o discipulado pelos membros de igreja responsáveis. Apesar dessa abordagem quantitativa ter algumas fraquezas, ela foca nossa missão em fazer discípulos (Mat. 28:19). A única grande força do Movimento de Crescimento de Igrejas, é que ele insiste que levemos os cristãos além da conversão, ao ponto onde os crentes se tornem fazedores de discípulos. Somente pelo envolvimento de todo o corpo de Cristo nessa urgente tarefa, podemos esperar alcançar um mundo perdido. 4. Expandindo a Laicidade. O “clero profisional”, que é realmente um termo errôneo, não consegue, sozinho, proclamar e encorajar o mundo da necessidade de receber a Cristo. Todo o povo de Deus deve estar equipado para fazer o trabalhos do ministério. 5. A Necessidade de uma Liderança Centrada. Mesmo que o Movimento de Crescimento de Igrejas não tenha um consenso nos detalhes da escatologia, sem dúvida sabemos que Cristo irá voltar. O tempo é curto, e as igrejas devem se focar na prioridade do evangelismo e em fazer discípulos. As igrejas devem ter líderes hábeis e fortes que possam manter esse foco a todo o tempo.

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Parte III Princípios do Crescimento de Igrejas

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17 Princípios do Crescimento de Igrejas Há algum tempo atrás, tentei consolidar os princípios do crescimento de igrejas que tinha aprendido por anos. Parei quando a lista se aproximou do número cem. Apesar de alguns princípios serem sobrepostas ou relacionadas, o projeto me fez perceber o quão extenso e detalhado o Movimento de Crescimento de Igrejas havia se tornado. Nessa seção, examinaremos alguns dos maiores princípios do crescimento de igrejas que surgiram nas últimas quatro décadas. Em uma tentativa de incluir tantos princípios quanto fosse possível, cada um dos capítulos seguintes incluirão preceitos do crescimento de igrejas agrupados em quatro grandes grupos. Ainda assim, alguns princípios podem ser omitidos. Com o Movimento de Crescimento de Igrejas sempre buscando novas maneiras de fazer discípulos para Cristo, o número de princípios irá crescer enquanto outros desaparecem.

Princípios do Crescimento de Igrejas versus Princípios Bíblicos

A maioria dos princípios do crescimento de igrejas nos capítulos seguintes vêm da Bíblia. Por exemplo, examinaremos o papel da oração no crescimento da igreja. A oração é o coração do início do crescimento de igrejas no livro de Atos. Nesse caso, o princípio de crescimento de igrejas também é um princípio bíblico. Alguns dos princípios, porém, não vem da Bíblia, mas ainda assim eles não são nãobíblicos. O crescimento de igrejas identifica fatores que contribuem para a expansão das igrejas. Se esse fatores não são contrários à Escritura, então são considerados válidos para o trabalho de crescimento de igrejas. Um exemplo de tal princípio é a explosão de experiências de adoração contemporânea em igrejas por toda a nação. A Bíblia não prescreve um tipo de adoração, um estilo de música ou um método de saudar os convidados. O único requisito para adoração é que traz glória a Deus atribuindo importância ao nome de Deus. Se muitos cristãos estão crescendo espiritualmente e pessoas perdidas estão sendo levadas a Cristo através da adoração contemporânea, então é um princípio merecedor de discernimento. Wagner diz, “Como ponto de partida, o crescimento de igrejas freqüentemente olha para o „é‟ antes do “dever”... o que os cristãos experienciam sobre o trabalho de Deus em seu mundo e em sua vida nem sempre é precedido de uma cuidadosa racionalização teológica. Muitas a seqüência é exatamente oposta: a teologia é baseada na experiência cristã.”

Avaliando os Princípios do Crescimento de Igrejas Na conclusão de cada capítulo, uma avaliação do princípio de crescimento de igrejas será dada. O princípio será avaliado à luz de sua integridade teológica, ou sua correlação com o crescimento de igrejas, ou ambos. A seção anterior, lidando com a teologia do crescimento de igrejas dará o fundamento sobre o qual alguns princípios serão avalidos. A questão chave não é apenas se o princípio é encontrado na Bíblia, mas se o princípio é contrário à Escritura. Pode parecer incomum que alguns princípios sejam avaliados à luz da correlação com o crescimento de igrejas. Afinal de contas, esses princípios não apareceram como resultado de sua contribuição ao crescimento de igrejas? Nesse ponto estou em grande dívida com C. Kirk Hadaway por sua análise dos princípios do crescimento de igrejas em Princípios do Crescimento de Igrejas: Separando Fato da Ficção. A tese de Hadaway é de que a observação de igrejas que estão crescendo rapidamente, somente, não pode nos dar verdadeiro princípios do crescimento de igrejas: “Infelizmente, a 84

maioria desses princípios, chaves, sinais vitais e passos para um crescimento de igrejas são apenas intuições. Elas, geralmente, são baseadas em cuidadosa observação, e normalmente plausíveis, mas não foram testadas ou verificadas.” Hadaway seguiu a abordagem do estudo de caso e complementou com procedimentos de pesquisa intensa. “O problema com o estudo de um grupo incomum, como as igrejas de crescimento mais rápido na América, é que o pesquisador não tem como saber se as características que elas compartilham são ou não diferentes das igrejas que não estão crescendo”. Hadaway então enfatiza : “Ademais, tal pesquisa não provê maneira de saber qual fator produtivo do crescimento de igrejas é mais importante que qualquer outro.” Muitos princípios do crescimento de igrejas, observa Hadaway, são derivadas de casos extremos, de igrejas grandes e de crescimento muito rápido. Esses princípios poderiam fazer diferença em igrejas comuns com uma freqüência menor que cem pessoas? “A maioria das igrejas têm a oportunidade para o crescimento, mas poucas têm o potencial para se tornarem outra Crystal Cathedral. Pode ser que as estratégias usadas pelas igrejas de maior crescimento da América não sejam estratégias das mais praticáveis para alcançar crescimento renovado na maioria das pequenas congregações.” Os próximos capítulos usarão a extensa pesquisa de Hadaway e de outros na avaliação dos princípios do crescimento de igrejas tanto teologicamente quanto do modo prático.

Princípios do Crescimento de Igrejas e Princípios de Crescimento Espiritual: Um Conflito? Se os princípios do crescimento de igrejas se tornarem a ênfase, as igrejas negligenciariam outras áreas de importância? Nos séculos passados, igrejas que enfatizaram evangelismo e crescimento de igreja estavam sempre na vanguarda dos ministérios sociais e ensino cristão. O registro histórico daqueles que se apegaram a prioridade do evangelismo é muito positiva. No capítulo sobre eclesiologia e crescimento de igrejas, foi observado que as igrejas evangelísticas do século XIX estavam entre as líderes em grande reforma social. O mesmo pode ser dito das igrejas do crescimento de igrejas, hoje? As igrejas vigorosas e evangelísticas desistiram algum outro aspecto chave da tarefa de crescimento de igreja para perseguir outra estratégia de crescimento? Talvez o aspecto mais recompensador da pesquisa de Hadway é sua conclusão de que as igrejas de crescimento mais rápido dos dias de hoje tendem a serem líderes em outros ministérios também. “Pesquisas recentes nos correlatos do “crescimento em fé madura” e “educação cristã eficaz” mostrou que adultos em igrejas em crecimento tendem a indicar mais crescimento na fé na média que adultos em igrejas que não estão crescendo.” Ademais, Hadaway descobriu que todas as fases do ministério de “crescimento de igrejas” foram aprimoradas. “Igrejas em crescimento também exibem maiores nivéis gerais de força e efetividade em outras áreas da vida da igreja, como na adoração, aquecimento congregacional, qualidade do programa de educação cristã e orientação de serviço social.” As boas novas para os entusiastas do crescimento de igrejas é que as igrejas não sofrem quando enfatizam um positivo crescimento numérico. Ao contrário, uma igreja crescente cria uma atmosfera propícia ao aprimoramento de todas as outras áreas e ministérios da igreja. Com isso em mente, se torna imperativo que descubremos aqueles princípios do crescimento de igrejas que realmente fazem a diferença. Aplicando muitos desses princípios resultará em uma igreja maior que alcançou mais pessoas para Deus e que os membros decobriram um compromisso mais profundo com Deus.

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18 Oração: O Poder por Trás dos Princípios Chegando a conclusão de escrever a dissertação de meu doutorado, muitos anos atrás, fui deixado com a tarefa de avaliar a teologia do Movimento de Crescimento de Igrejas. Naquele momento, a evidente deficiência que eu havia mencionado foi a falha do movimento em desenvolver uma apreciação pela relação entre a oração e o crescimento de igrejas. A oração foi a fonte de poder para o explosivo crescimento da igreja primitiva. Antes do Pentecostes, o pequeno grupo de crentes “perseveravam unanimemente em oração e súplicas” (Atos 1:14). Um fator chave nas contínuas ondas de crescimento no princípio da igreja era a devoção dos crentes nas orações (Atos 2:42). Em muitas ocasiões no princípio da igreja, a armadilha da oposição colocou em risco o crescimento do cristianismo. Quando o Sinédrio ameaçou os seguidores com ações punitivas se eles continuassem a falar sobre o “nome” (Atos 4:18), a igreja se encontrou para se unir em oração e alcançar novos níveis de audácia evangelística (Atos 4:31). Novamente, Herodes tenta destruir o ímpeto evangelístico através da perseguição, a igreja se uniu em oração e o crescimento continuou (Atos 12:5): “Aqui, estavam as duas comunidades, o mundo e a igreja, ordenadas uma contra a outra, cada um segurando uma arma apropriada. De um lado, estava a autoridade de Herodes, o poder da espada e da segurança da prisão. Do outro lado, a igreja em oração, a qual era o único poder que os sem poder possuem.” As orações dos “sem poder” derrotou todas as armas do mundo. Pedro foi resgatado da prisão por um anjo, e o evangelho continou a ser espalhado (Atos 11:11). Herodes foi abatido pelo Senhor e morreu uma morte horrível (Atos 11:23). A ação opressora contra a igreja continuou apenas por pouco tempo. O evangelho, por causa do poder da oração, se espalhou desimpedida. Já que o livro de Atos é freqüentemente usado como uma auto-defesa para os princípios do crescimento de igrejas. Imaginava por que o movimento tinha falado tão pouco sobre o impacto da oração no crescimento da igreja. A literatura que emanou dos primeiros anos do Movimento de Crescimento de Igrejas era orientada por método. O leitor era, algumas vezes, deixado com a impressão de que qualquer igreja pode crescer se os métodos certos fossem aplicados em proporções adequadas. Os críticos perguntavam se Deus estava estava envolvido no movimento. Com certeza, nenhum líder do crescimento de igrejas deduzia o poder da oração, e a dependência de Deus do crescimento de igrejas, mas a literatura não refletia tal ênfase. Quando o movimento começou a amadurecer, a literatura começou a refletir cada vez mais sobre o mais vital princípio do crescimento de igrejas.

Uma Mundaça na Década de 1980 C. Peter Wagner, tendo experimentado a mudança do paradigma na área dos sinais e prodígios, começou a pesquisar as dimensões espirituais das igrejas. Ele passou vários anos estudando a influência do sobrenatural sinais e prodígios no crescimento de igrejas. Ele colocou suas descobertas em How to Have a Healing Ministry Without Making Your Church Sick (Como Ter um Ministério de Cura Sem Deixar Sua Igreja Doente), em 1983. Examinaremos as implicações do movimento de sinais e prodígios no capítulo 30. A pesquisa de Wagner o levou a um entendimento mais profundo do papel da oração no crescimento de igrejas. Em 1992, Wagner havia publicado o primeiro de três livros lidando com a oração no crescimento de

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igrejas. O terceiro livro se dirige especificamente a relação da oração com o crescimento da igreja local. Outra literatura sobre crescimento de igrejas seguiram a liderança de Wagner. George Barna escreveu um dos melhores sumários sobre esse tópico em seu livro User Friendly Churches (Igrejas com Usabilidade). Em seu estudo em algumas igrejas de crescimento rápido, ele viu que o ministério da oração era o ministério fundamental da igreja. A igreja enfatizava a oração em quatro grandes áreas. Primeira, os membros das igrejas foram expostos aos ensinamentos bíblicos sobre a oração na vida cristã. O púlpito e os vários programas e ministérios da igreja encorajavam e ensinavam sobre a oração. Havia pouca dúvida nas mentes dos membros da igreja que tinham a oração como prioridade. Segundo, os lideres de igreja, começando pelo pastor, modelavam dinâmicas vidas de oração. Grande parte do tempo era dedicada à oração apesar da agenda cheia. Alguns pastores passavam mais tempo orando por seus sermões que preparando suas mensagens. Terceiro, as igrejas de crescimento rápiodo aprenderam que o louvor pelas orações respondidas era uma parte integrante da oração. As pessoas aprenderam que a oração é realmente eficazao ouvirem sobre muitas orações respondidas. Quarto, as igrejas em crescimento produziam responsabilidade pela oração. A vida de oração dos membros, os ministérios de oração da igreja e a vida de oração dos líderes eram regularmente colocadas diante da igreja. O crescimento de igrejas está descobrindo mais de dois novos métodos: está descobrindo o poder por trás dos princípios e métodos. No próximo capítulo examinaremos o crescimento do princípio de liderança e visão. Antes de discutirmos o tópico, porém, precisamos perceber que a visão vem de Deus e deve ser resultado da vida de oração do líder.

Oração e Visão Se uma liderança visionária é um dos componentes chave para o crescimento de igrejas, devemos determinar como um líder desenvolve a visão. Apesar de ser o tópico do próximo capítulo, a visão está tão ligada à oração que merece ser mencionada aqui. A oração é indispensável para entender a visão de Deus para as igrejas. Paulo escreveu que deveríamos buscar sabedoria e visão de Deus e não do mundo: “Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia” (1 Cor. 3:18-19). Não apenas devemos olhar além das visões do mundo, mas também devemos olhar além das outras igrejas. Apesar de podermos, certamente, aprender com outras igrejas em crescimento, a visão que Deus dá a uma igreja não é a mesma que Ele dá a outra igreja. A visão de liderança deve vir diretamente, e especificamente, de Deus. Ao orarmos a Deus por uma visão para nossa igreja, Ele, milagrosamente, abrirá nossos olhos para as possiblidades. Depois de muitas semanas suplicando a Deus para que me desse uma visão para a igreja da qual sou pastor, a Igreja Batista de Green Valey em Birminham, um grande desenvolvimento surgiu. Estava no carro com nossos quatro pastores associados, Charles Dorris, Marion Eubank, Chuck Carter e Tim Miller. Estavámos nos dirigindo por uma nova área povoada do condado, que não tinha nenhuma igreja com um trabalho significativo em vista. Discutíamos a possibilidade de começar uma igreja na área, mas estávamos preocupados pois ficava a apenas seis quilômetros de distância, tão perto que seria difícil para uma igreja se estabelecer com uma identidade separada da igreja mãe. Então, percebi que não tínhamos que estabelecer uma igreja com uma identidade totalmente separada. Poderíamos começar um novo campus ao compartilharmos nossa quadra, 87

uma grande sala de comunhão, e outras instalações. Poderíamos usar algumas pessoas de nossa equipe e dos ministérios e conseguir economia de escalas. Poderíamos trabalhar juntos para levar recursos de pessoal, dinheiro e tempo para começarmos mais igrejas. Logo a visão ficou clara: um grupo de igrejas trabalhando juntas sob o mesmo guarda-chuva do ministério dedicando-se a tarefa de começar novas igrejas. Depois, percebi que a visão que Deus me deu era semelhante, mas não idêntica, a de algumas igrejas ao redor do mundo. Esse tipo de “plantação” de igreja é chamado de método satélite, e estou convencido que a visão nunca seria concedida se não houvesse oração. Também estou convencido de que essa visão nunca se tornaria realidade se a oração não fosse fundamento da guerra espiritual que se seguiria.

Oração e Guerra Espiritual Satanás irá se opôr a qualquer princípio de crescimento de igrejas que Deus abençoe. A peça de veste mais importante para nos vestirmos da “completa armadura de Deus” (Efe. 6:18) é “orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Efe.6:18). Qualquer líder de igreja que tenha visto Deus abençoar o crescimento de sua igreja, também viu a oposição dos “principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efe. 6:12). A oração deve ser o meio de pelo qual a visão de Deus para as igrejas, e deve ser também uma das principais armas na guerra contra aqueles poderes que poderia impedir o crescimento da igreja. A pesquisa empírica de Wagner afirmou o seguinte: “Quanto mais profundo eu cavo além da superfície dos princípios, mais interamente convencido fico de que a batalha real é uma batalha espiritual e que nossa principal arma é a oração.” Em certo momento no ministério de qualquer líder de crescimento de igrejas, Satanás irá libertar suas forças para frustrar o crescimento da igreja de Deus. A batalha pode vir de fontes inesperadas, por exemplo, membros da igreja que estão na zona de conforto ou o nicho de poder foi corrompido pelo crescimento da igreja. A batalha pode vir de fora da igreja, com agências governamentais. Lyle Schaler disse que uma das maiores batalhas que as igrejas americanas enfrentarão, no século XXI, é a aquisição de terras. Muitas agências governamentais, locais e estaduais, estão se tornando hostis às igrejas cristãs nas questões de zoneamento e requerimento de aquisições. Não importa a área, a oposição virá ao líder do crescimento da igreja. Ele ou ela podem batalhar contra a oposição com eficácia apenas com a guerra espiritual saturada com o poder da oração. Lembre-se das palavras de Tiago: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações” (Tiago 4:7-8).

A Implementação do Ministério da Oração da Igreja

Sou sempre perguntado: “Qual é o primeiro passo que você daria para iniciar um crescimento de igreja?” Minha resposta é consiste: Comece um ministério de oração. Um ministério de oração será eficaz apenas se o pastor e outros líderes de igreja se tornarem guerreiros da oração. O primeiro passo para um ministério de oração dinâminco, é avaliar sua própria vida de oração. Estudos recentes mostraram que a média de tempo que pastores americanos passa em oração é de quinze a vinte e dois minutos por dia. Um em cada quatro pastores gastam menos de dez minutos em orações diariamente! Os líderes devem colocar um ritmo ao passar um tempo de significativa qualidade e quantidade com Deus.

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O segundo passo, em um ministério de oração eficaz, é ensinar as pessoas sobre a prioridade bíblica da oração. Todo líder de igreja deve decidir os meios mais eficazes de ensinar a oração. O pastor, com certeza, tem um veículo eficaz para ensinar a oração através do púlpito. Com os pequenos grupos explodindo ao redor do mundo, esse ministério está, rapidamente, se tornando fonte de descobrimento do poder da oração. Em algum momento, o líder da igreja irá querer estabelecer um ministério de oração por toda a igreja, envolvendo o máximo de pessoas possível. O ministério não deve ser apenas outro programa da igreja. O ministério de se tornar a fonte de vida da igreja. Muitas fontes boas estão disponíveis para o entendimento dos princípios e métodos de estabelecer um ministério de oração. Os líderes podem consultar agências denominacionais ou outras igrejas com um ministério de oração dinâmico. Lembre-se, porém, que devemos ser sensíveis a Deus para um ministério compreensível que melhor se encaixará nossa situação específica. Usarei como exemplo os componentes ministeriais de minha própria igreja, a Igreja Batista de Green Valey. Em nossa igreja, esse ministério é liderado de maneira maravilhosa por Aulene Maxwell. Vimos nela o que acredito ser ingredientes fundamentais de um pessoa para liderar um ministério de oração: um espírito otimista, amável, meiga, boa habilidade em organização e, claro, uma necessidade de orar. Aulene organizou nossa igreja em várias facetas do ministério de oração. 1. Sala de oração intercessória. Essa sala é totalmente dedicada a oração. Diferentes membros da igreja dedicam uma hora por semana para orar pelas centenas de pedidos listados na sala. Essa sala também é usada durante os cultos como orações intercessórias pelo culto. 2. Cartões de oração e prayergrams (programas de oração). Cada pessoa em nosso culto, incluindo os visitantes, preenchem um cartão de registro, que é colocado na cesta das ofertas. A parte de trás do cartão é um lugar para colocar os pedidos de oração. Centenas de pedidos vem dessa maneira! Também enviamos prayergrams (programas de oração), declarando nosso apoio àqueles em necessidade. (veja encarte.) 3. Correntes de oração. Muitas correntes de oração por telefone foram desenvolvidas em nossa igreja.

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Exemplo de Prayergram (Organograma de Oração) (Igreja Batista de Green Valey, Birminham, Alabama) “...Orai uns pelos outros...” Tiago 5:16

PRAYERGRAM

“Orai sem cessar” 1 Tessalonicenses 5:17 “E, tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis.” Mateus 21:22

Deus Responde as Orações

Ministério de Oração Intercessória 1815 Patton Chapel Road Birminham, AL 35226 (205) 822-2173 Um ministério da Igreja Batista de Green Valey Dr. Thom Rainer, Pastor

“...A minha casa é casa de oração...” Lucas 19:46

Modelo do Cartão de Registro (Frente e verso, com espaçco para pedido de oração no verso) Bem vindo a Igreja Batista de Green Valey

Data__________________

Dr./Sr/Sra____________________________ tel ____________________ Endereço ____________________________ apt. ______ tel. Semana ______________ Cidade ______________________________ Estado_____ cep_________________ Essa é sua... __ Primeira vez? Fui convidado por ___________________________________ __Segunda vez? __ Terceira vez? __Visitante __Membro Igreja em que é membro _______________________________________________ Grau de escolaridade ou grupo de idade Circule, por favor P123456789 18-29 30-35 36-40 41-47 Solteiro(a) 10 11 Universitário 46-49 50-55 56-64 65-66+ Casado(a) Nome dos filhos que moram com você Aniversário _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 90

(Por favor, veja o outro lado) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

filiação

Gostaria de informações sobre: __ Como se tornar Cristão __ Próxima aula de filiação __ Crescimento espiritual __ Treinamento de professores

__ Missões __ Estudo bíblico p/ Adultos Dominical __ Atividades Musicais __ Atividades para solteiro noite __ Atividades p/ universitários _______________________________ __ Atividades p/ jovens _______________________________ __ Atividades para crianças _______________________________ Necessidade de oração_______________ _______________________________ __________________________________ ________________________________ __________________________________ ________________________________ __________________________________ ________________________________ Gostaria de enviar uma prayergram p/ ________________________________ a pessoa por orou? __S __N Se sim, ________________________________ forneça o endereço: ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________

__ __ __ __

Gostaria de: Entregar minha vida a Deus Renovar o compromisso c/ Deus Ser Batizado Ser matriculado na aula de

__ Ajuda onde necessário __ Matricular-me na

Escola

__ Unir-se à igreja __ Reservas p/ o jantar quarta a

________________________________

4. Grupos de oração. Muitos outros grupos têm sido criados dentro dos pequenos grupos da igreja. 5. POIPs – Parceiros de Oração Intercessória pelo Pastor. Cinquenta pessoas dedicadas que foram chamadas para orar por ministério diariamente. 6. Ênfase na oração. Muitas vezes damos ênfase especial à oração, como um período de vinte e quatro horas dedicado à orar e jejuar. Finalmente, a igreja deveria ser chamada para um tempo de oração da igreja unida. Para muitas igrejas, a consagrada hora da quarta à noite tem caído devido aos horários

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frenéticos da família de hoje. Todavia, a igreja deveria encontrar uma hora regular para unir todos os membros da igreja para uma oração unida. Avaliação O ministério da oração na igreja precisa de pouca justicativa teológica. Além disso, o poder da oração no grande crescimento da igreja em Atos deveria motivar os líderes da igreja a tornarem a oração uma prioridade. A oração deveria ser primordial na igreja porque a palavra de Deus ordena. Até se não conseguissemos encontrar nenhuma correlação positiva entre a oração e o crescimento de igrejas, a ordem da oração requer obediência. É fascinante, porém, aprender como Deus está trabalhando através da oração para liderar igrejas a um crescimento sem precedentes. Observamos anteriomente os comentários de Barna sobre a prioridade da oração na igrejas em crescimento (igrejas que antes estavam em declínio, ou em um platô, e agora estão crescendo) e igrejas em platô. Ele percebeu que “71% de igrejas em crescimento relataram uma ênfase no crescimento da oração nos últimos anos, se comparados com os 40% de igrejas que continuam no platô.” A oração é o poder por trás dos princípios. Simplesmente, não existe um princípio mais importante em crescimento de igrejas, que a oração. As orações do início da igreja expandiram o poder de Deus e milhares se juntaram à igreja. Aconteceu naquela época. Está acontecendo em algumas igrejas hoje em dia. E pode acontecer na sua igreja.

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19 Liderança e Crescimento de Igrejas Há quase vinte anos atrás, C. Peter Wagner corajosamente proclamou um princípio de crescimento de igrejas central: “Na América, o fator catalítico primordial para o crescimento de uma igreja local é o pastor. Em cada crescimento, nas igrejas dinâmicas que estudei, encontrei uma pessoa chave que Deus estava usando para fazer esse crescimento acontecer.” Wagner, mais tarde, afirmou que um liderança pastoral forte é o primeiro de muitos sinais de saúde do crescimento de igreja: “Sinal Vital Número Um de uma igreja saudável é um pastor que é pensador de possibilidades e que a liderança dinâmica tem sido usada para catalizar toda a igreja ao assunto da liderança pastoral, Leading Your Church to Grow (Liderando Sua Igreja no Crescimento). Há pouca dúvida de que a liderança em geral e a liderança pastoral em particular é uma fator de grande importância no processo de crescimento de igrejas. Neste capítulo, examinaremos muitos princípios de liderança que estão afetando o crescimento da igreja. Podemos examinar esses princípios não apenas sob a luz de seus sucessos em crescimento de igrejas, mas também na visão dos ensinamentos bíblicos sobre verdadeira liderança. Em alguma consideração, implentando os princípios de crescimento de igrejas mencionados nesse livro ou em qualquer outro lugar, resultarão da liderança focada na obediência a Grande Comissão (Mat. 28:19). Essa dedicação sincera para alcançar pessoas deve ser nutrido no coração do líder e passado aos seguidores. O Pastor como Líder Geralmente, pensamos no pastor como líder-chave para o crescimento da igreja. De fato a responsabilidade pelo crescimento de uma igreja recai sobre o pastor responsável pela congregação. Ainda que fatores de não-liderança como demográficos , a história da igreja e a idade da igreja afetarão o potencial de crescimento, a liderança pastoral pode ser decisiva em mudar uma igreja de não-crescimento para crescimento. Hadaway observa como a nova liderança pode mudar drasticamente a cara de uma igreja: “A maioria das igrejas em crescimento na pesquisa (59%) chamou um novo pastor no mesmo ano ou no ano anterior antes de começarem a sair do platô.” Hadaway descobriu que um dos componentes chave da liderança pastoral para o começo do crescimento era a visão: “Eles herdavam igrejas com problemas e eram incapazes de forçar qualquer assunto porque não tinham ganhado o direito de faze-lo. Ao invés disso, eles faziam o papel de catalista – compartilhando sua visão com a igreja, ligando-a a propósitos latentes que membros ainda compartilhavam, criando a noção de entusiasmo e dando encorajamento àqueles na igreja que poderiam ver a visão e quem estaria disposta a trabalhar por ela. Quando alguém pesquisa a riqueza da literatura de crescimento de igrejas sobre a liderança pastoral, surgem várias características de pastores de crescimento. Talvez, a mais mencionada atualmente seja a que Hadaway acabou de descrever – a visão. Visão. Quando George Barna escreveu Without a Vision, the People Perish (Sem uma Visão, o Povo Perece), ele mostrou o assunto mais importante da liderança pastoral, atualmente. A sociedade e a igreja estão mudando nos dias de hoje mais rápido que em qualquer outro tempo na história. Enquanto as verdades teológicas devem permanecer constantes, a igreja deve se perguntar se está sendo deixada para trás pela revolução social e tecnológica. Se o mundo não entende a igreja, se a igreja não é relevante para o mundo, então a mensagem imutável do evangelho nunca é comunicada ao perdido.

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Um líder de crescimento de igreja, em particular o pastor, deve seguir o plano de Deus para a igreja, para liderar as pessoas em tempos de maior necessidade. Como um pastor entende a visão de Deus para a igreja? O pastor deve se conhecer – seus dons, paixões, talentos, valores, atitudes, experiências e hipóteses. Deus leva um pastor para uma igreja por um tempo determinado e por uma determinada razão. Como Ester na Pérsia, o pastor está na igreja “para tal tempo” (Ester 4:14). Sem dúvida, Deus usará a personalidade e os atributos e os dons do pastor para moldar a visão. Conhecer-se é o primeiro passo de um pastor para entender a visão de Deus. O pastor também deve conhecer a igreja que ele serve. Muitos líderes acreditam que conhecem seu povo e, em alguma extensão, a relação pastor-membro produz conhecimento de um sobre o outro. Fiquei surpreso, porém, ao ver quão pouco eu conhecia sobre as pessoas da minha igreja quando fiz duas pesquisas anonimamente em um período de dezoito meses. As pesquisas eram extensas e foram respondidas por metade dos membros adultos da igreja. Para mim, os resultados foram uma mistura incomum de surpresa, encorajamento, dor, confusão e direção. Descobri que tínhamos três igrejas em uma, com dois grandes grupos mostrando características em comum com as idades. Descobri um grupo que achava que a igreja estava se movendo muito devagar, outro que achavam que a mudança era muito rápida, e ainda outro que sentia que tínhamos alcaçado um bom ritmo e direção. Essas pesquisas me prepararam para diferenciar a as reações cada vez que a igreja enfrentasse um decisão de alguma conseqüência. A pesquisa é uma ferramenta indispensável para a visão. Os pastores podem conhecer mais suas igrejas através de inventários de dons. Esses inventários estão disponíveis em várias fontes diversas. Apesar de não serem ferramentas infalíveis, os inventários dão bons indicadores da mistura de dons espirituais dos cristãos. Examinaremos essa ferramenta no próximo capítulos. Outra peça do quebra-cabeça da visão é aprender sobre o ambiente da comunidade e do ministério. Informações demográficas ajudam a entender a composição estatística da nossa comunidade, mas nossa pesquisa não deve terminar aí. Cada área ministerial tem uma personalidade, ainda mais quando essas personalidades não sejam monolíticas. Algumas comunidades podem ser receptivas a novos ministérios, enquanto outras não. Alguns líderes em meu estado, Alabama, tentaram transplantar os ministérios de igrejas da Costa Oeste no total. Os resultados, freqüentemente eram desastrosos, tanto para os pastores quanto para as igrejas. O elemento mais importante da visão é a oração. Um pastor que tem uma vida de oração consistente, buscando a sabedoria de Deus, decobrirão a maravilhosa direção que Deus planejou para a igreja. Iniciando. Alguns livros de liderança fala que bons líderes são “proativo” ou “futuro ativo”. Um líder de crescimento de igrejas deve iniciar ações de acordo com a visão dada por Deus. O líder não espera algo novo acontecer; ele faz acontecer! Ser um pastor de crescimento de igreja é trabalho duro. Toma tempo, compromisso, visão e habilidade para manter a visão por um longa distância. Compartilhando o ministério. Um dos obstáculos para o crescimento de muitas igrejas é a relutância do pastor em soltar seu ministério. Há alguns anos atrás, fiz consulta para uma igreja que a média de freqüência se mantinha em 140 por quase quinze anos. Fiquei sabendo que esse platô coincidia com a posse do presente pastor. Não demorou muito para que eu descobrisse a rotina desse ministério pastoral. Ele, sozinho, visitava os doentes, ministrava aos presos, aconselhava os que tinham problemas, e até ligava para todos os membros que faziam aniversário! Ao fazer isso, pastor privava as pessoas de seu chamado feito

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por Deus para fazer o trabalho ministerial (Efe. 4:12) e falhava em sua tarefa de equipar o ministério (Efe. 4:11-12). Os pastores devem superar a insegurança que diz: “Ninguém mais pode fazer o ministério, apenas eu!” Essa atitude reflete uma visão condescendente do trabalho leigo or um temor que o pastor pode ter de estar falhando em seu trabalho. Alguns pastores ainda temem perder o reconhecimento e admiração se outros fizerem seu trabalho ministerial. “Fazendeiros”. Lyle Schaller foi o primeiro a mencionar, há quinze anos atrás, que o pastor é como um fazendeiro. Wagner comentou: “Encaixa-se perfeitamente. Observe que em uma igreja liderada por um fazendeiro, as ovelhas continuam sendo pastoreada, mas o fazendeiro não o faz. O fazendeiro observa o que é feito pelos outros.” Como um pastor pode encontrar e equipar outros para pastorearem a congregação? Embora existam muitas respostas possíveis para essa questão, o leitor interessado pode pular para o capítulo 29 e a discussão dos pequenos grupos. Não connheço modelo de pastorei melhor que os pequenos grupos. Bons mordomos. Bons líderes também são bons mordomos. A mordomia normalmente se refere à responsabilidade a Deus com dinheiro e ganhos materiais. Os bons líderes também devem desenvolver uma boa mordomia de seu tempo, sua vida de oração, seu trabalho e hábitos de lazer, seus estudos da Bíblia e sua família. Confiante, decisivo e otimista. O pastor de crescimento de igreja visionário terá que desenvolver uma visão de Deus, por isso ele pode responder às situações com confiança e decisão. Na verdade, a tomada de decisão irá se tornar cada vez mais fácil quando a visão e o plano de Deus forem se aclarando. Um pastor visionário é otimista sobre o futuro porque Deus lhe deu uma clara visão desse futuro. Há um alvo a ser alcançado e um prêmio a ser recebido (Fili. 4:14). Barna descobriu que esses pastores visionários tinham “um espírito empreendedor que os capacita a prever as possibilidades, conceber maneiras de fazer com essas possibilidades se realizem, e organizar e dirigir os recursos para fazer boas coisas acontecerem... Eles tendem a ser mais proativos que reativos.”

Os erros mais comuns de líderes de crescimento de igrejas Tenho a maravilhosa oportunidade de de interagir com centenas de líderes de crescimento de igrejas, especialmente pastores e outros líderes de cargos na igreja. O Movimento de Crescimento de Igrejas tem feito uma impressão indelével em suas vidas. Eles estão animados, visionários e otimistas. Ainda assim, os melhores líderes algumas vezes tropeçam e até fracassam. Apesar de os erros mais comuns discutidos aqui não sejam completos, eles são caraterísticas hereditárias da vida de muitos líderes do crescimento de igrejas atualmente. Lutas na vida espiritual e pessoal. Um líder de crescimento de igrejas tem dificuldade de diminuir a velocidade. Freqüentemente, um momento de oração e na palavra de Deus parecem como uma interrupção em uma agenda cheia. As famílias de pastores e outras famílias de líderes são freqüentemente negligenciadas. As palavras de Paulo a Timóteo são convenientemente esquecidas: “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?” (1 Tim. 3:5). Enquanto há muitos recursos bons para melhorar sua caminhada com Cristo, a chave para a maioria dos pastores de crescimento de igrejas é a responsabilidade final. Tornei-me totalmente reponsável por um pequeno grupo de homens de nossa igreja. Todos esses homens são mais velhos que eu, e compartilham comigo áreas chave como o meu relacionamento com Deus, minha esposa, meus filhos e outros membros da igreja. Em uma igreja, para a qual fiz uma consulta recentemente, todos os ministérios tinham pequenos grupos de responsbilidade; 95

mas esses grupos foram criados depois que um antigo membro cometeu adultério com um membro da igreja. Suas trágicas palavras ao pastor foram: “Se eu tivesse sido responsável...” Agindo muito rapidamente. É extremamente difícil saber quando agir ou esperar. Se os líderes do crescimento de igreja esperou que todos na igreja comprassem sua visão, essa pode nunca se tornar realidade. Todavia, os pastores podem ir muito a frente de seu povo. Carolyn Weese disse bem: “Os visionários podem prever mais ministérios e programas do que pessoas disponíveis para esses ministérios e programas. Os visionários tendem a ir muito a frente de seu povo que as pessoas,muitas vezes, o confundem com o inimigo. Os visionários querem assumir os riscos. Quando eles assumem os riscos, eles se tornam vuneráveis a serem mal entendidos, criticados ou rebaixados por membros de staff, pela liderança ou pela congregação.” Um líder de crescimento de igreja deve encorajar seu povo, constantemente, para ir adiante. Ele encara o perigo de ir para a batalha sem nenhum soldado. Às vezes, paciência pode ser o melhor, mas a virtude de maior dificuldade para um pastor de crescimento de igreja. Falha ao se comunicar. Um líder visionário, freqüentemente estipulam cumprir a tarefa sem se comunicar adequadamente com as pessoas na igreja. Desejando não ser atrasado em detalhes, um pastor pode conseguir cumprir alguma faceta de sua visão, enquanto poucas pessoas entendam seu propósito. Ele deve comunicar repetidamente a visão e como ela será cumprida. Ausência de persistência. Por ser o pastor visionário, normalmente, desinteressado em detalhes, muitas idéias grandiosas nunca vão mais adiante que os sonhos do pastor. Mesmo que o líder de crescimento de igrejas não tenha que estar envolvido em todos os detalhes, ele deve uma grupo equipado ou líderes leigos para que o sonho se torne realidade. “Febre da imitação”. Estudo de casos, visitas a igrejas em crescimento, seminários e conferências liderados por pastores das megaigrejas e livros idealizando ministérios de outras igrejas tentam muitos pastores a copiarem esses modelos em suas igrejas. Quem nunca ouviu falar que “modelo Saddleback” ou o “modelo Willow Creek” se tornaram a base para um ministério para a igreja? Os líderes das igrejas-modelo deveriam ser os primeiros a dizerem aos pastores para aprenderem com suas igrejas, mas terem cuidado ao reproduzir qualquer faceta desses modelos no contexto de sua igreja local. Dificuldade em soltar. Um pastor de crescimento de igreja deve ter vontade de ceder controle e envolvimento de participação ativa em todos os ministérios da igreja. Ele deve equipar e outorgar poder a outros para fazerem o trabalho do ministério, mesmo que ele insista que ninguém mais possa fazer o trabalho tão bem quanto ele. Quanto mais ministérios forem compartilhado, maiores serão as oportunidades de crescimento. Dificuldade em manter a visão viva. A liderança visionária é um trabalho mais difícil que liderança sem visão. A liderança visionária requer comunicação constante e consistente e persistência para medir tudo na igreja pela visão. A liderança visionária tira as pessoas da zona de conforto e freqüentemente, como resultado, cria alguma oposição dentro da igreja. Muitos líderes visionários tem sentido a tentação de voltar ao conforto não bíblico do status quo ao invés de manter a visão viva. Desencorajamento. Uma vez que o pastor entende a visão de Deus para sua igreja, a visão se torna uma paixão que nunca deixa seu pensamento. Quando as críticas atacam a visão, o pastor sente como se o ataque fosse pessoal. Desencorajamento é, muitas vezes, inevitável. Além disso, a energia que deve ser gasta apenas para deixar a visão viva é tremenda. A combustão completa é mais comum do que os pastores admitem. Sem um relacionamento dinâmico com Deus, através de uma renovação diária com oração e tempo na palavra de Deus, o pastor descobrirá que sua energia se acaba rapidamente. O líder deve 96

lembrar que ele pode fazer tudo, apenas, através de Cristo que lhe dá força (Fili. 4:13). A construção do reino é uma guerra espiritual. O inimigo fará tudo o que puder para desencorajar e destruir o pastor. A resposta do líder deve ser a colocação diária da completa armadura de Deus (Efe. 6:10-18).

Avaliação A maioria da literatura de crescimento de igrejas classificou a liderança como um dos fatores de crescimento mais importante na igreja local. Inclusive Wagner e outros líderes de crescimento de igrejas identificam liderança como um fator catalítico primordial. A evidência estatística de Hadaway, citada anteriormente no capítulo, parece indicar uma direta correlação entre liderança pastoral forte e crescimento de igreja. É difícil encontrar uma relação entre crescimento de igrejas e liderança pastoral no Novo Testamento. A dificuldade está na falta de evidência do que em qualquer evidência conflitante. Alguém poderia argumentar com certeza bíblica, porém, que Deus tem usado forte liderança capacitada por Ele para cumprir Seu propósito. Certamente, os exemplos de Moisés, Josué, Davi e Neemias, no Antigo Testamento, apoiam o postulado de que a liderança tem sido uma fator importante no cumprimento do plano de Deus. Outro assunto importante é o tempo de permanência do pastor. Será que um pastorado longo gera um crescimento de igreja? A maioria dos escritores sobre o crescimento de igrejas acredita que sim. Isso não é dizer, porém, que longos pastorados produzem crescimento. Muitas igrejas em platôs ou em declínio também foram representadas por longos pastorados. Dois estudos indicam os anos mais produtivos do pastor. Lyle Schaller descobriu que o maior crescimento de igrejas ocorreram nos cinco anos dos oito de um mandato de pastor. A pesquisa de Hadaway, de pastores batistas, concluiu que os anos mais produtivos foram três de seis. Infelizmente, a média de tempo de permanência de um pastor bastista do sul é menor que três anos. Ao final, concluimos que um pastor visionário é uma grande contribuição para o crescimento de uma igreja. Esse pastor deve estar apto para manter a visão de Deus para muito além de seus primeiros três anos de mandato, freqüentemente os anos mais difíceis, para ver a visão se frutificar.

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20 Ministério leigo e crescimento de igrejas Há alguns anos atrás, comprei um livro de Greg Orden que tinha um título provocativo,

The New Reformation: Returning the Ministry to the People of God (A Nova Reforma:

Devolvendo o Ministério ao Povo de Deus). Esse título descreveu muito bem o que acredito ser um dos mais estimulantes desenvolvimentos na igreja de hoje: um retorno à ordem bíblica para que todos os cristãos façam o trabalho do ministério. O Movimento de Crescimento de Igreja se centrou nesse assunto vital no princípio de sua história. C. Peter Wagner disse há quase vinte anos atrás: “Na que diz respeito ao crescimento de igrejas, a liberação da laicidade tem aberto fantásticas novas possibiliades. Se os leigos se tornarem estimulados com o que podem fazer para Cristo e para sua igreja, o céu é o limite.” Por que o retorno do ministério leigo é chamado de “Nova Reforma”? Há aproximadamente quinhentos anos atrás, Martinho Lutero e outros começaram uma revolução para libertar a igreja da estrutura hierarquica que tentava proibir o cristão comum de ter acesso direto a Jesus Cristo. Com certeza, nenhuma estrutura poderia bloquear esse relacionamento direto, mas a maioria dos cristãos naquele tempo não tinham noção da liberdade verdadeira em Cristo. A Reforma libertou os crentes de irem a Deus através apenas de um mediador humano. Jesus Cristo é o único sumo-sacerdote através do qual podemos ir a presença de Deus. Greg Ogden argumenta que a Reforma nunca se completou totalmente em sua promessa de libertar todo o povo de Deus para fazer o trabalho do ministério. Uma dicotomia clero/laico ainda existe na mentalidade de muitos frequentadores da igreja. Para eles, o clero é o executor do ministério – contrário ao claro ensinamento bíblico de que o povo laos de Deus tem que fazer o ministério e o trabalho de serviço (Efe. 4:12). Para a maioria dos cristãos de hoje, a igreja é um lugar para frequentar e onde o pastor trabalha. A contribuição do Movimento de Crescimento de Igrejas para a libertação dos leigos é seu questionamento pragmático constante do “como?”. Não é suficiente declarar o princípio bíblico do ministério leigo; deve haver meios para que esse ministério aconteça. Ogden identifica as seis maiores mudanças de paradigmas desde 1960 e que ajudaram o povo de Deus a fazer o ministério de Deus. Primeiro. Há um entendimento renovado do papel do Espírito Santo. A terceira pessoa da Trindade é mais que uma verdade proposicional; Ele é o Deus vivo que se encontra com o povo de Deus. “O trabalho do Espírito Santo inclui a mediação da direta presença de Deus para a vida do crente.” Segundo, o cristianismo, agora, é mais que uma fé institucional para muitos crentes. Ser cristão significa ter Cristo em nós, uma ciência de momento-a-momento de que Cristo reside em nossa vida, nos habilita, nos dirige e nos ama. Terceiro, a igreja está se tornando centrada na pessoa ao invés de centrada no pastor. A igreja está sendo entendida como um organismo vivo, na qual todo o povo (pastores e leigo similares) contribuem para o corpo de Cristo. A renovação de pequenos grupos é um sinal visível dessa nova mentalidade. Nesse contexto, os cristãos não são mais a platéia; eles são participantes contribuintes do ministério. Quarto, uma nova atenção de que todo o povo de Deus são ministros tem causado um aumento na ênfase da descoberta e uso dos dons espirituais. Quando a realidade da igreja como um organismo foi redescoberta, estamos descobrindo que, no designio de Deus, todas as pessoas possuem o dom do ministérios. Ministério não pode ser igualado ao que os líderes profissionais fazem; o ministério foi dado a todo o

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povo de Deus. Então o papel do pastor não é manter ciúmes do ministério, mas ao invés disso, colocar o foco nesse corpo de vários dons. Nesse processo, o povo de Deus está descobrindo que de fato eles tem o dom para agir.

Quinto, um novo movimento ecumênico surgiu, um movimento transcendendo as realezas denominacionais. Esse movimnto se foca em alcançar o perdido e libertar os cristãos para responderem seu chamado, dado por Deus, para o ministério. Esse espírito evangélico, ecumênico pode, muito provavelmente, encontrar seu ímpeto inicial sob a liderança de Billy Graham, que deu a direção e os recursos o Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne, Suíça em 1974. Sexto, a direção da adoração foi submetida a uma tal mudança que o evento da adoração é, na mente de alguns, um nova Reforma. A Adoração está mudando de um conjunto de performances, apenas com “atores” participando, para um conjunto de participação, em que todo o povo de Deus dirige seu coração a Deus. Examinaremos a mundaça do paradigma da adoração no capítulo 23. Essa nova Reforma não é uma conclusão prévia em muitas igrejas. A idéia de pagar pelo ministério aos invés de fazer o ministério ainda é um paradigma de muitos membro da igreja. Para que a nova Reforma se torne uma realidade, novos papeis para o pastor e as pessoas devem ser aceitos.

O pastor na nova reforma No capítulo anterior, vimos o papel de um pastor do crescimento de igreja. Agora, vamos ver, brevemente, as implicações desse papel ao libertar os leigos para que respondam seu chamado ao ministério. Ogden está no alvo quando ele assume que a chave para a realização da nova Reforma é uma transformação da postura do pastor. Uma congregação tende a assimilar a personalidade, a abordagem e a postura de seu pastor, e refletir essa identidade como a imagem refletida em um espelho. Há uma dinâmica reativa ou uma interação entre o pastor e a congregação. Por exemplo, se a abordagem básica de um pastor ao povo de Deus é a de um professor-sábio, as pessoas tenderão a se tornar alunos-aprendizes. Se o pastor vê a igreja e seu papel como um ativista social, a igreja se tornará um centro de onde as pessoas irão trombetiar causas de justiça. Se o pastor projeta uma imagem de pai-mãe, as pessoas se verão como crianças dependentes. Mas se a igreja for uma comunidade ministerial, o pastor ser alguém que equipe, que habilite o povo de Deus a plenitude do serviço.

Um pastor deve querer fazer três grandes mudanças para que possa cumprir seu papel de “equipador”. Essas mundaças são, freqüentemente, dolorosas; para a maioria dos pastores e leigos também, eles são fundamentalmente diferentes na “maneira que sempre fizemos”. Proativo. Primeiro, o pastor deve perceber que ele é o princípio da mudança necessária. A igreja não participará da nova Reforma se não tiver a liderança do pastor. Todas as pregações, os ensinamentos e oportunidades de escrever disponíveis ao pastor devem proclamar a nova Reforma. Enfim, o pastor deve fazer mudanças importantes na maneira de fazer seu ministério, para que as pessoas vejam que seu compromisso é mais que apenas palavras. Abandonado os modelos de dependência. Ogden chama o tradicional modelo de ministério pastoral de “modelo de dependência.” Ele vê que esse modelo é acalentado nas mentes e ações do pastor e da congregação. O pastor sente a pressão ser onicompetente. Ele é o estudioso que estuda; o conselheiro que ouve e aconselha; o pastor que visita; o orador que fala; o professor que 99

ensina; o homem de negócios que administra; o que levanta fundos; o encorajador que conforta; e o evangelista que testemunha. Ele sabe que membros diferentes de sua congregação tem diferentes expectativas dele. De alguma maneira, enquanto se encontra com as multifacetadas necessidades dos membros, ele deve cuidar também de sua família. Alguns pastores temem o abandono desse modelo de dependência. Afinal de contas eles são “os profissionais”. Pessoas leigas, sem o estudo e treinamento dos pastores, poderiam fazer o trabalho deles? O pastor está ciente de que muitas congregações acreditam, firmemente, que eles pagam o pastor para fazer o ministério. Então, há a questão (pouco comentada) do ego do pastor. Muitos em nossa profissão vivem pelos “afagos” que recebemos diariamente. Poderemos, possivelmente, tolerar o cenário no qual pessoas leigas recebem a honra ao entrar na linha de frente do ministério? Estamos dispostos a sermos “equipadores” por trás das cenas, que recebe pouco reconhecimento? Ainda, há outros pastores que acalentam o modelo de dependência por culpa. Se o pastor não estiver fazendo alguma coisa que é uma atividade orientada, será que estão fazendo algo que valha a pena? Os pastores poderiam transferir o ministério a outros e focar a atenção para equipar (Efe. 4:12), orar e para a Palavra (Atos 6:3-4)? Essas realidades tornam difícil para a maioria dos pastores abandonarem o modelo de dependência. Um líder que deseja fazer a mudança para o modelo bíblico deve estar preparado para resistir às ondas de críticas e resistência que geralmente se seguem. Adotando o modelo “equipador”. Examinaremos, em poucas palavras, um modelo “equipando” para liberar os leigos para o ministério. Aceitar e implementar esse novo modelo não acontece em poucas semanas. Paciência, força e persistência são três requisitos para o pastor que tenta liderar seu povo a um novo paradigma que ao final resultará em uma igreja onde o povo de Deus está no ministério, e o crescimento da igreja se torna natural como o crescimento da igreja primitiva (Atos 6:7). A nova Reforma realizada: o povo de Deus no ministério A derradeira implementação de equipar e libertar requer um compromisso pastoral longo, especialmente em igrejas bem estabelecidas na tradição. Apesar de uma nova igreja poder se adaptar a nova Reforma em questão de meses, uma igreja centenária do centro da cidade pode levar muitos anos para fazer uma mudança de paradigma. Educação. O começo do processo é a educação. O pastor tem vários meios pelos quais ele pode comunicar a mensagem de equipar e libertar a igreja. Ele deve expor a igreja ao modelo bíblico em uma base consitente e persistente. Desaprender o modelo tradicional de dependência exigirá tempo e paciência. O pastor deve ser cauteloso. Muitas pessoas precisam de tempo para assimilar uma maneira, interamente nova, de pensar. Reestruturando. Grande parte das igrejas não estão estruturadas para os leigos no ministério. Pessoas envolvidas na igreja, freqüentemente, gastam o tempo em comitês e comissões ao invés de estarem na linha de frente do ministério. Wagner comenta que “quando a igreja vai crescendo se torna mais e mais de difícil controle ... e tende a multiplicar os comitês e comissões ad infinitum.” Ao invés de dar oportunidades para o ministérios, essas estruturas sem liderança, diz Wagner, “reduzem a igreja.” A maioria dos pastores podem simpatizar com a minha estória de Brent. Pouco depois que Brent foi batizado em nossa igreja, ele me chamou com uma pergunta bem direta: “O que eu faço agora?” Brent sabia que havia mais em ser cristão, e ele queria fazer parte da ação. Minha situação era que não havia nenhuma posição vaga em nossa igreja. Mesmo que houvesse uma vaga, duvido que eu sugerisse que Brent a preenchesse. A estrutura falhou com nós dois. 100

Agora, estou convencido de que a estrutura do pequeno grupo é bíblica e a melhor maneira de mobilizar os leigos. Como Jetro aconselhou Moisés a estruturar a nação de Israel (Exo. 18:13-27) em grupos, também os pastores deveriam estruturar a igreja. Ministério real acontece em pequenos grupos. Pequenos grupos encorajam o ministério face a face; isso não acontecerá em uma igreja com estrutura tradicional. Tal reorganização irá requerer tempo, paciência e obstinação. E o pouco tempo de dor compensará o muito tempo de ganhos. Veremos essa estrutura de pequenos grupos no capítulo 26. Decoberta dos dons espirituais. Quando eu era pastor da igreja batista de Azalea, em São Petesburgo, Flórida, meu pastor associado Chuck Carter e eu lideramos a igreja na descoberta de seus dons espirituais. O processo era triplo. Primeiro, fiz uma série de pregações sobre dons. Depois, fizemos um seminário, de um dia inteiro, que concluiu com cada participante preenchendo um relatório de dons. O passo final foi uma entrevista do pastor com cada um dos participantes do seminário. Lembro-me muito bem da reação da primeira pessoa que entrevistei. Seu dom mais proeminente era o ajuda. No relatório ela não estava nem na escala de dom de ensinar. Quando ela viu o resultado, uma grande onda de alívio sobreveio. “Então é por isso que odeio ensinar na Escola Dominical!” ela exclamou. Ela logo encontrou um lugar como voluntária no escritório da igreja e se tornou uma radiante trabalhadora de Cristo Em minha Convenção Batista do Sul, temos um plano de ministério de diaconato de família em que cada diácono ativo é designado a responsabilidade de pastorear um certo número de famílias. Ainda assim vi diáconos devotos ficarem frustrados por não fazerem seu trabalho como prescrito no programa. Por que? Muitos dos diáconos não tem a mistura do dons que os levaria para o ministério pastoral. Em outras palavras, eles estão tentando fazer um ministério sem os recurso espirituais necessários. Quando a descoberta dos dons espirituais acontecem em uma igreja, o resultado é libertação e alegria. Um ministério estimulante e alegre, consequentemente, acontecem porque as pessoas estão fazendo seu ministério de acordo com seus dons. Repensando os dons. Os ministérios tradicionais em uma igreja são sinônimos de programas. Se pensarmos que precisamo de mais verdades evangelísticas, instituimos um programa evangelístico. Se buscarmos a necessidade de um maior discipulado, começamos um programa de discipulado. Poucos líderes na igreja, então, organizaram os programas para o ano e esperaram pelas pessoas para preencher os espaços. Não de se surpreender que esses programas, raramente, sobrevivem mais de um ou dois em uma igreja local. Em seu clássico livro Unleashing the Church (Libertando a Igreja), Frank Tillapaugh descreve a situação de muitos bons membros de igrejas que imaginam se a igreja local tem qualquer eficácia. Ele descreve um casal que perdeu o zêlo pela igreja: Ao refletirem sobre suas experiências passadas na igreja havia pouca alegria ou satisfação. Olhando do passado para o presente, três décadas depois, tinha sido um desgaste deseperado. Eles haviam servido em vários comitês que pareciam nunca ter alcançado muita coisa. Ele tinham visto pastores chegarem e irem embora. Eles viram a igreja subir seu nível de frequencia, se manter e depois entrar em declínio. Por algum tempo, eles ficaram desiludidos, desencorajados sobre o potencial da igreja local.

Tillapaugh lembra da fé desse casal que imaginava que seu trabalho na igreja era sem sentido: “Mas o elemento da vida dinâmica que vem do envolvimento em um ministério significativo era, em maior parte, carente. Muito do trabalho relacionado com a igreja parace trivial. Horas tem sido colocadas em decisões relacionadas a construção de prédios e

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estacionamentos. Eles passam muito tempo discutindo os negócios da igreja, mas ainda investem pouco nas pessoas.” Esse casal expressou os sentimentos dos incontáveis membros que se encontram em situação semelhante. O único ministério que podem fazer na igreja é aquele que já existe no programa da igreja. Repensar o ministério significa permitir que as pessoas comecem ou se encaixem em ministérios de acordo com os dons que Deus lhes deu. Se um membro tem um talento por um ministério que não se encaixa no existente programa da igreja, ele ou ela deveriam começar esse ministério. Tal abordagem tem riscos, mas é compatível com o crescimento da igreja primitiva. Enquanto o apóstolo Paulo dava ensinamento doutrinário, diretrizes e líderes, ele, por fim, deixou as igrejas que ele fundou sob os cuidados do Espírito Santo. Buscando a direção de Deus, “com jejum e oração, ele entregou-os ao Senhor em quem eles tinham colocado sua confiança.” Um dos ministérios mais dinâmicos com os quais fui associado, é o Ministério do Banco de Alimentos da igreja batista de Green Valley. É agora um dos maiores ministérios de alimentos de Birminham, mas começou como um desejo em nosso coração de alguns membros leigos. É liderado por um leigo. Essa equipe conta com setenta voluntários leigos. Louvo a Deus que essas pessoas são parte da nova Reforma e que a estrutura de nossa igreja tirou vantagem do chamado de Deus para o ministério.

Avaliação Um dos princípios mais estimulantes do crescimento de igrejas é a libertação da laicidade para fazer o trabalho do ministério. Implementar esse princípio significa voltar às bases do Novo Testamento, em que a dicotomia entre clero e laico não existe. Isso requer a aceitação do sacerdócio dos crentes pelo qual os Reformadores lutaram apaixonadamente. Hadaway descobriu uma direta correlação entre o crescimento numérico da igreja e o ministério significativo para a comunidade. Seus comentários são notáveis: Está claro que as igrejas no início do crescimento (e igrejas em crescimento em geral) tendem a ter uma presença maior em sua comunidade. Eles olham muito menos para dentro de si e vêem o papel da igreja como pessoas que ajudam, sendo elas membros na igreja ou não. Como resultado, as pessoas da comunidades estão cientes de que a igreja existe e está disponível em época de necessidades. Os alvos para se fazer um ministério para a comunidade não foram designados para produzir crescimento, nessas igrejas, mas poderia parecer que o crescimento pode ser uma consequencia não intencional. A igreja que ministra é vista como uma congregação aberta, de aceitação, ao invés de um restrito clube social. Mais tarde, aqueles que receberam ajuda ou apoio e aqueles de fora que trabalharam nos projetos do ministério em conjunto com a igreja podem estabelecer um relacionamento com o pastor ou membros, vir a conhecer a Cristo (se ainda não conhecem) e por consequencia participar da comunhão.

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21 “Plantação” de Igrejas e Crescimento de Igrejas C. Peter Wagner chama “plantação” de igrejas de “o método evangelístico mais eficaz abaixo do céu”. Essas denominações cristãs que mais estão crescendo tem sido aquelas que enfatizam a “plantação” de igrejas. Wagner enaltece a Igreja de Nazaré, Assembléia de Deus e a Convenção Batista do Sul pela ênfase em “plantação” de igrejas. Wagner diz: Não é por acidente que os batistas do sul tem se tornado a maior denominação Protestante da América. Um de seus secredos é que eles constantemente investem recursos substanciais de pessoal e financeiro em “plantação” de igrejas em todos os níveis, da congregação local a associação a convenção estadual a comissão da missão em Atlanta. Apesar disso, eles serão os primeiros a admitir que não fazem o suficiente, a cada ano eles se esforçam para começar igrejas ou missões tipo-igrejas do que no ano anterior. Muito do que aprendi sobre “plantação” de igrejas foi com eles.”

“Plantação” de Igrejas: O impacto no crescimento de igrejas A “plantação” de igrejas afeta positivamente o crescimento da igreja? A resposta é um desqualificado “sim”. O crescimento total de igrejas, que está muito relacionado com o crescimento do reino, é melhorado. Novas igrejas têm um índice de crescimento mais alto e um índice de conversão mais alto. Um estudo foi conduzido em igrejas de todas as denominações em Santa Clara Valley, na California. A surpreendente conclusão estatística era que as igrejas mais antigas estavam batizando quatro pessoas para cada cem membros, enquanto igrejas mais novas estavam batizando dezesseis pessoas para cada cem membros! Por que existe essa disparidade de crescimento de conversões entre igrejas novas e antigas? Uma das razões é que as igrejas novas oferecem outra opção aos sem igreja. Sem considerar a localização, uma igreja nova atrai um segmento de pessoas que as igrejas já existentes não consegue alcançar. Wagner coloca dessa maneira: Alguns planejadores de igreja tem uma aversão por começar uma igreja na mesma região próxima de outra da mesma dominação. Isso pode ser inteligente em áreas rurais e cidades pequenas, mas faz pouco sentido na maioria das areas urbanas atualmente. Na mesma vizinhança, alguém pode encontrar, com frequencia, uma variedade considerável de grupos étnicos, classes sociais e outras redes sociais, cada um desses requer um tipo diferente de igreja. Líderes de igreja que acham que a localização geográfica é mais importante que as redes sociais da média dos que não tem igreja na América, estão vivendo fora da realidade.

Devemos abandonar a mentalidade competitiva que contamina muitas igrejas hoje! Observei uma situação em que uma igreja Batista mudou de um bairro em transição dentro da cidade para o subúrbio da mesma cidade. Pensei que um tumulto fosse acontecer! Os desordeiros foram alguns dos membros e líderes de outras igrejas da área que gritavam que a igreja tinha invadido o gramado deles. Tal mentalidade não é de Cristo e não é de interesse da construção do reino. O pastor daquela igreja tinha levado a igreja em nova localização a um estimulante crescimento, e o antigo prédio estava agora ocupado por uma megaigreja. Devemos abandonar para sempre a mentalidade reduzida de protecionismo religioso. “Plantação” de igrejas não é apenas benéfico para o crescimento do reino, mas também é bom para a igreja local que é visionária o suficiente para criar uma nova igreja. Uma igreja patrocinadora pode enviar membros e dinheiro para uma nova igreja e essa igreja patrocinadora, inevitavelmente, vê Deus honrar esse compromisso. Esse é um entedimento

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básico de mordomia: Deus abençoa o que damos. Estímulo é evidendte quando novas igrejas são criadas, e esse estímulo atrai novos membros para a igreja patrocinadora. Ainda há muitos métodos não precisam que a igreja local desista de membros e dinheiro. Isso é verdade nos modelos satélite e multicampo, os quais examinaremos brevemente. Os dois modelos criam extensões de uma igreja local. Um crescimento adicional em qualquer das localizações da igreja, é um crescimento em todo o sistema. Obstáculos a serem superados Sem dúvida, a igreja visionária e seu líder encontrarão oposição ao tentar plantar novas igrejas. Grande parte dessa oposição vem de problemas de atitute. Desistindo de membros. Existe uma dor ao ver membros de igreja deixando-a por uma nova igreja. Os membros que decidem plantar uma nova igreja são, normalmente, os mais devotos e os melhores mordomos. A igreja patrocinadora está realmente dando o seu melhor. Muita da resistência em começar novas igrejas vem de dor antecipada da separação. Os membros da igreja devem captar uma visão da mentalidade de missão. O foco deve ser o crescimento do reino ao invés de uma pequena perda que a igreja possa experimentar. Perda de fundos. Quando uma igreja visionária tem visão suficiente para enviar um pouco de seu povo para começar uma nova igreja, também está ciente de que está entregando o dízimo. Isso diminui o orçamento e o fluxo de dinheiro da igreja patrocinadora. Deus, porém, honra o compromisso de cuidar da igreja. Wagner observou um estudo em que uma igreja patrocinadora normalmente repoe as pessoas, que foram enviadas para a nova igreja, em no máximo seis meses. O mesmo acontece com as finanças. Ele também descobriu que esse padrão depende muito da atitude da igreja, principalmente do pastor. “Se o pastor tem um atitude negativa para com o processo de “plantação” de igrejas, isso pode afetar de maneira negativa o crescimento subsequente da igreja mãe. Custo inicial. Algumas igrejas gastam o equivalente a $500.000 para começar uma igreja. Se tais gastos fossem uma regra, o argumento, de que altos custos iniciais tornam a “plantação” de igrejas proibitivo, teria validade. Na Igreja Batista de Green Valley, porém, conseguimos começar nossa primeiro campo satélite por, aproximadamente, $9.000. Já que tínhamos recebido um presente de um trabalho de igreja por mais ou menos o mesmo valor, a igreja não teve que tirar nenhum dinheiro de seu orçamento! Wagner descobriu que um distrito da Asembléia de Deus na Carolina do Norte havia plantado 85 igrejas nos anos 70 por um custo de $2.500 cada! Lyle Schaller tem dito, há muito tempo, subsídios financeiros atrasam novas igrejas. O dinheiro necessário para pagar pessoal, terreno, construção e gastos com despesas gerais poderia vir do crescimento da igreja ao invés da localização inicial. Machucando outras igrejas. Muitos temem que igrejas já estabelecidas serão machucadas se uma nova igreja for iniciada em uma área onde já existem igrejas. Já que devemos amar outros irmãos e irmãs em Cristo, talvez a “plantação” de igrejas em uma área de igrejas já existentes não deveria acontecer. Tal abordagem apresenta um problema já que quase todos os lugares em áreas metropolitanas dos Estados Unidos têm muitas igrejas. A maioria dos estudos, porém, tem identificado progressos em toda a comunidade cristã quando novas igrejas são plantadas. Wagner está certo quando diz que, não obstante a aprovação de outras igrejas, a tarefa de “plantação” de igrejas não deve ser atrasada. Estou muito ciente, por minha experiência em plantar novas igrejas, que os caprichos de todas as igrejas na área nunca serão satisfeitos. Como então deveríamos responder? Wagner diz que devemos ama-los e plantar a igreja mesmo assim:

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Acredito que seja importante e benéfico aproveitar a aprovação das igrejas já existentes quando uma nova igreja é plantada. Mas, enquando uma aprovação é um plus, não deveria ser um pré-requisito. Assim como a parábola do pastor indica, as necessidades dos perdidos estão em mais alta consideração do que as necessidades dos que estão seguros na igreja. Ao aprendermos com a moderna teoria de propaganda do shopping, duas igrejas, mesmo em grande proximidade uma da outra, alcançarão mais pessoas que qualquer uma delas poderia esperar alcançar sozinha.

Trabalho duro. Uma preocupação de algumas pessoas das igrejas já existentes não dita, mas muito real, é que o crescimento (ou até a manutenção) de suas igrejas seja mais difícil com um nova igreja na área. Acredito que uma nova igreja pode levantar consciência expandida por uma área. Mais esforço pode ser necessário para a expansão, mas assim é a obediência a Grande Comissão (Mat.28:19). Opções para “plantação” de igrejas A “plantação” de igrejas será com certeza um método para o crescimento de igrejas que irá tirar muitas pessoas de sua zona de conforto; mas o cristianismo nunca deveria ser uma fé de negócios como sempre. A igreja primitiva estava sempre na vanguarda de alcançar pessoas para Cristo. Até mesmo quando a perseguição veio atrás da igreja, os cristãos se espalharam pela Judéia e Samaria. Eles compartilhavam sua fé começavam igrejas enquanto fugiam (Atos 8:1-4). Então, como começamos as igrejas? Como um batista do sul, eu não estava familiarizado com as muitas opções de “plantação” de igrejas que estavam disponíveis. Meu histórico havia me exposto apenas ao tradicional método de “plantação” de igrejas. Agora, em minha denominação, e em outras, muitas novas opções para “plantação” de igrejas sobejam. De fato, Russel Chandler, jornalista ganhador do prêmios e escritor religioso para o Los Angeles Times, escreveu que os batistas do sul e outros agora estão na vanguarda das novas formas de “plantação” de igrejas: “Os Batistas do sul falam de igrejas „satélites‟. Elmer Towns, presidente do Instituto de Crescimento de Igrejas em Lynchburg, Virginia, chama o conceito de „a expansão geográfica da igreja distrital‟. Outros se referem a ele como a igreja do „perímetro‟. Qualquer que seja o nome damos a essa idéia, as igrejas que estão praticando estão ritmando os ministérios na vanguarda do milênio vindouro.” Vamos examinar algumas dessas opções abertas para começarmos novas igrejas ao nos aproximarmos do século XXI. Tradicional. No modelo tradicional de “plantação” de igrejas, uma igreja patrocinadora envia um núcleo de membros para começar uma nova igreja em uma área geográfica. A nova igreja é, normalmente, localizada a uma distância pequena da igreja patrocinadora. O alvo para essa nova igreja é ela se tornar totalmente autônoma o mais rápido possível. O índice de sucesso dessas novas igrejas é muito alto. Membros do núcleo são, normalmente, dedicados doadores e trabalhadores. Por causa da boa base, as chances de sobrevivência são excelentes. A desvantagem, especialmente em igrejas governadas congregacionalmente, é que o sistema não tem nenhum mecanismo de responsabilidade para que a nova igreja se torne uma igreja mãe. Por exemplo,minha igreja, batista de Green Valley, foi iniciada pela igreja Batista Filadélfia em Birminham. Vinte e sete anos se passaram antes que a igreja de Green Valley começasse uma nova igreja. Por que? Uma das razões primordiais é que a igreja não era responável por nenhum grupo. Uma igreja autônoma tem suas vantagens, mas carece de responsabilidades, o que é uma desvantagem definitiva. Colonização. A colonização é idêntica ao modelo tradicional, com uma importante diferença. O núcleo de membros enviados pela igreja mãe vão para uma área geográfica diferente. Esses membros devem vender suas casas, encontrar novos empregos e mandar seus 105

filhos para novas escolas. Um nível radical de comprometimento para com a Grande Comissão é um requisito. Adoção. Uma igreja Batista do sul no Texas ouviu falar que três igrejas na área tinham decidido fechar suas portas. O pastor da igreja que estava prosperando fez o compromisso de providenciar as pessoas, os fundos e a liderança para manter as igrejas abertas. Mesmo não tendo plantado novas igrejas, três igrejas foram mantidas vivas e o impacto foi semelhante. Mesmo sendo mais fácil ter bêbes do que ressucitar os mortos, Deus precisa de líderes com mentes missionárias para retornarem a vida a igrejas que estão morrendo. Divisão de igrejas. Quando uma igreja se divide, o resultado, normalmente, é dor e divergência para os dois lados. Deus, definitivamente, não aprova a divisão no corpo de Cristo. Ainda assim, Deus tornar uma situação ruim em boa. Wagner trata a situação desagradável de forma positiva: O que podemos dizer sobre esse fenômeno? Estou certo de que Deus não aprova a divisão de igrejas ou as causas delas citadas por McGravan e Hunter. Nem eu recordaria de algum defensor da metodologia de divisão de igrejas como “plantação” de igrejas. É muito melhor orar e planejar e ministrar em harmonia. Todavia, quando a poeira baixar, tenho que acreditar que Deus amas as igrejas resultantes e as aceita como noivas de Cristo ... Ele pode ser glorificado através do fruto de parentesco acidental.”

Satélite. Para muitos, o modelo satélite é a criação mais estimulante na “plantação” de igrejas. John Vaughan descreve esse método em The Large Church (A Igreja Grande): “Igrejas grandes com grupos satélites combinam o melhor de duas estratégias de crescimento ... Apesar de muitas dessas igrejas estarem comprometidas em montar uma grande igreja central, a maioria está da mesma maneira comprometida a penetrar e alcançar a cidade através de pequenos grupos totalmente coordenados, na maioria dos casos, pela congregação mãe.” O modelo satélite é semelhante ao modelo secular de branch banking. Cada nova localidade possui um alto grau de independência, mas ainda faz parte da mesma igreja. Em outras palavras, é uma igreja com muitas localizações. Esse método pode ser o caminho do futuro das igrejas americanas. A nova igreja pode alcançar uma nova área, mas ainda tem todos os recursos combinados com a igreja mãe e as outras igrejas satélite. Esse modelo também gera responsabilidade. Cada uma das localidades cuida das outras para que comecem outras igrejas. Essa responsabilidade mútua pela visão da “plantação” de igrejas é, provavelmente, a maior força do modelo satélite. Multicongregacional. O modelo multicongregacional de “plantação” de igreja permite a “plantação” de uma nova igreja nas instalações de uma igreja já existente. Esse modelo funciona melhor em uma área multiétnica. Uma igreja de língua inglesa, por exemplo, compartilha suas instalações com igrejas chinesa e coreana. Cada igreja usa o prédio em horários diferentes. Os diferentes grupos podem escolher ser autônomos ou eles podem decidir ser subgrupos de uma só igreja, maior. Multicampo. Esse modelo é um pouco diferente da abordagem satélite. O multicampo se refere a uma igreja em mais de uma localidade. Diferente do modelo satélite, a igreja multicampo tem rol de membros, um orçamento e um staff. Os dois exemplos mais conhecidos desse modelo são a Igreja de Deus Mt Paran, em Atlanta, pastor Paul Walker; e A Igreja no Caminho, em Van Nuys, California, pastor Jack Hayford. Modelo de associação. Nos modelos de “plantação” de igrejas descritos previamente, a instituição que plantava novas igrejas era a igreja local. No modelo de associação de “plantação” de igrejas alguma outra agência além da igreja local começa uma nova igreja. Essa

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agência pode ser denominacional, uma organização paraigreja ou pode se referir ao início de uma igreja por indivíduos.

Avaliação No início desse capítulo, C. Peter Wager foi citado ao descrever a “plantação”de igrejas como o método evangelístico mais eficaz abaixo do céu. Para pastores e líderes verdadeiramente comprometidos com o crescimento de igrejas da ordem da Grande Comissão, “plantação” de igrejas não é uma opcional. Examine o rápido crescimento da igreja primitiva no livro de Atos; o papel da “plantação” de igrejas para o sucesso evangelístico é fundamental. O trabalho começou com líderes como Paulo e Barnabé, que seguiram a liderança do Espírito Santo para começarem novas igrejas em localidades múltiplas (cf. Atos 13:2-3). A igreja de Cristo de hoje precisa de mais líderes e seguidores que queiram deixar o conforto de suas igrejas locais e fazer algo para Deus. Deus está chamando igrejas bem estabelecidas para serem bons mordomos do que Deus deu a eles. Lembre-se da essência da Grande Comissão não é “venha para minha igreja”. É “então vão”. Devemos ir com obediência.

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22 Evangelismo e Crescimento de Igrejas Há alguns anos atrás, uma palavra da filosofia da ciência entrou no vocabulário do Movimento de Crescimento de Igrejas. Paradigma, a maneira como vemos as coisas, ou nosso modelo para o mundo, se tornou uma palavra no jargão do crescimento de igrejas. O primeiro a usar a palavra foi Wagner quando ele disse que tinha experimentado uma mudança de paradigma, ou uma mudança em sua visão de mundo na maneira que ele via os milagres dos dias modernos. Sua visão do mundo anterior, uma de propensão dispensativa, não permitia “dons de sinais” nessa era pos-apostólica. Sua nova visão de mundo afirma manifestações de todos os dons do Espírito. Outra mundança de paradigma está acontecendo na área do evangelismo. Por causa da relação próxima entre evangelismo e crescimento de igrejas, essa mudança de paradigma tem tocado todas as áreas do Movimento de Crescimento de Igrejas. De uma perspectiva pessoal, essa mudança tem sido dolorosa. Como alguém que praticou e pregou o confrontante evangelismo “visita surpresa”, tenho lutado com a decrescente eficácia desse método. O que então é a mudança de paradigma no evangelismo? Talvez uma ilustração pessoal conte a estória melhor. Mais de dez anos atrás, acompanhei um grupo da Explosão de Evangelismo que ia de porta em porta buscando uma oportunidade de compartilhar o evangelho com um estranho. Depois de várias visitas sem sucesso, Jim permitiu que entrássemos em seu apartamento. Falamos sobre o plano de salvação, e Jim quis colocar Deus em sua vida. Em duas semanas, Jim tornou sua fé pública na igreja, e logo depois foi batizado. Algumas semanas depois, Jim fez alguns amigos na Escola Dominical e se tornou muito ativo em sua fé. Agora, ele é um líder naquela igreja. As boas novas da estimulante mudança de vida de Jim: de sem religião, perdido, sem relacionamento com Cristo para um ativo, frutífero discípulo de Deus em sua igreja local. As notícias não tão boas é que desde essa história, não presenciei mais nada semelhante. Os grupos Explosão do Evangelismo (ou outros programas como Treinamento de Testemunho Contínuo, da Convenção Batista do Sul) estão experimentando dificuldades de encontrar alguém que permitam o compartilhamento de sua fé. Até aqueles que tomam a decisão de aceitar a Cristo, raramente, se tornam membros ativos em sua igreja local. Já que o coração do crescimento da igreja é fazer discípulos, o evangelismo que não produz discípulos, certamente não é o tipo de evangelismo que Cristo tinha em mente quando deu a Grande Comissão. De fato, as histórias de sucesso da Explosão de Evangelismo nas igrejas que servi são encontros que acontecem com pessoas que já possuem um relacionamento com pessoas na igreja. Em seu livro User Friendly Churches, que examinou as igrejas que faziam discípulos, George Barna descobriu que o evangelismo visita-surpresa não era o fator que levava essas igrejas que alcançavam muitas pessoas para Cristo: Caindo nos padrões familiares e rotinas que funcionaram no passado é uma marca registrada das igrejas estagnadas. O evangelismo visita-surpresa é dos padrões que atraem muitas igrejas assim. Durante três terços do século, não era incomum as igrejas criarem grupos evangelísticos que se encontravam uma a duas vezes por semana e batiam em portas das pessoas, tentando compartilhar o evangelho no portão das pessoas, ou nas salas das pessoas. Porém, os tempos mudaram, e igrejas bem sucedidas crescem por terem entendido essa mudança. Eles podem ter grupos evangelísticos, mas os esforços desse grupo é direcionado ou para o “evangelismo de resposta” – visitar pessoas que pediram pela visita, ou “evento de evangelismo” – produzir eventos de interesse público que incluem algum tipo de impulso evangélico. Eles sabem que as chances de encontrar um indivíduo

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responsivo em uma visita surpresa em sua porta é mínima. Eles sabem que sua tentativa, de bom coração, para o serviço pode fechar a mente da pessoa para o evangelho. Dado limite do outro, prova ser meio de uma mudança afetiva no coração da pessoa, eles simplesmente não acreditam que a metodologia garanta o alto índice de falha.

As razões por trás do novo paradigma Apesar da mudança de paradigma no evangelismo não ter acontecido da noite para o dia, aconteceu em um ritmo muito rápido e muitas igrejas e cristãos não estão cientes dessa mudança. Cinco mudanças básicas na sociedade contribuiram para a mudança. As igrejas devem entender e responder a essas mudanças se querem ter esperança de levar um número significativo de pessoas para Cristo no século XXI. Os novos pagãos. Até o final dos anos 60, os cristão podiam falar a “língua de Sião”com um nível de segurança que a maior para da América os entenderia. A maioria dos americanos baseava seus valores em um sistema de valores Judeu-Cristão. Mesmo que com um espaço de tempo de apenas uma geração, nossa cultura mudou radicalmente. Éticas situacionais e liberdade pessoal se tornaram a nova base para a tomada de decisão. Certo e errado não são mais preto e branco. O certo de alguém é o errado de outra. Se os cristãos acreditam que a maioria das nações seguem as crenças bíblicas, eles estão trabalhando com uma suposição falsa. A triste verdade é que os americanos são ignorantes da Bíblia. Mesmo se decidirem que a Bíblia é sua autoridade aceita, eles sabem muito pouco para fazerem uma grande diferença. Uma pesquisa mostrou que, enquanto 93% dos americanos tem a Bíblia em suas casas, apenas 12% de todos os adultos lêem todos os dias. Menos de um terço sabem que a expressão “Deus ajuda aquele que se ajudam” não está na Bíblia. Menos da metade sabia que Jonas é um livro da Bíblia. Não é surpresa que os não cristãos tem dificuldade em nos entender? Esse fenômeno explica uma das razões pelas quais as apresentações do evangelho fazem pouco sentido para os incrédulos. Dizemos a eles que são pecadores e precisam de perdão, mas a nova moralidade deles não entende o pecado e, se entendesse, redefiniria o conceito. O Movimento de Crescimento de Igrejas entendeu essa realidade há vários anos atrás, quando incorporou a escala Engel em sua literatura. Quando James Engel da Universidade Wheaton criou uma escala linear para medir o progresso do processo evangelístico, rapidamente, os escritores sobre o crescimento de igrejas usaram essa ferramenta em seus trabalhos. A escala Engel representa oito passos progressivos que um incrédulo dá antes de se tornar um crente em Jesus Cristo. A escla então mostra três passos posteriores para a salvação.

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-8 Consciência de um ser supremo, mas falta o conhecimento do evangelho -7 Consciência inicial do evangelho -6 Consciência dos fundamentos do evangelho -5 Compreensão das implicações do evangelho -4 Atitute positiva para com o evangelho -3 Reconhecimento de problemas pessoais -2 Decisão de agir -1 Arrependimento e fé em Cristo A pessoa se regenera e e se torna uma nova criatura. +1 Avaliação pós decisão +2 Incorporação ao corpo +3 Uma vida de crescimento conceitual e comportamental em Cristo A maioria das igrejas que tem um impulso evangelístico abordam as pessoas perdidas como se elas fossem “-4” ou “-3” na escala Engel. Essa deveria uma suposição justa há três décadas. Hoje em dia, a maioria dos “novos pagãos” seriam um “-8” ou “-7” na escala. Se não somos evangelistas eficazes, devemos reconhecer que as pessoas estão muito mais longe da cruz do que estavam há algumas décadas atrás. Desaparecimento do tempo. Barna chama o tempo de “novo dinheiro”, pois o tempo é o mais valioso bem de consumo do americano atualmente. Inovadores em marketing entenderam essa necessidade e nos deram microondas, fax, caixas eletrônicos, fast food, entrega de comida em casa e lojas de conveniência. Qualquer coisa que possa economizar nosso tempo se torna um produto de mercado. Parte da explicação por trás da perda de tempo está número de homens e mulheres na força de trabalho. Mais da metade de todas as mulheres trabalham fora de casa. Com maridos e mulheres trabalhando, o tempo se torna cada vez mais escasso. O tempo passa a ser ferozmente guardado, um bem de consumo protegido. Nesse cenário entra um grupo evangelístico sem avisar. Mesmo se o grupo puder entrar na casa, a resistência já foi criada. Muitos consideram isso uma invasão de privacidade ou um roubo do tempo. Necessidades não atendidas. Cada minuto das propagandas que bombardeiam nossa sociedade falam de como um produto ou serviço atendem a uma necessidade. De fato, algumas propagandas de hoje criam necessidades nas mentes dos consumidores, ao mostrar como tais produtos podem satisfazer essas necessidades. Evangelismo que não reconhece a fome por cumprimento não comunicarão o evangelho com eficácia. Com certeza, a necessidade de um Salvador é a maior necessidade da humanidade. Ainda, a maioria do tempo outras necessidades temporais devem ser realizadas para ganhar uma audiência. Relações quebradas. Relacionamento teste, mais conhecido como viver juntos antes de casar, entrou em voga nos anos 60. Muitos argumentaram que isso daria tempo para que os adultos, em comum acordo, vissem se eram, realmente, feitos um para outro. Em outras palavras, relacionamento teste deveria resultar em casamentos mais sólidos. Estatísticas da agência de censo, porém, acabou com esse argumento. Pessoas que viveram juntas antes de casar, dizem as estatísticas, são mais vuneráveis ao divórcio. Falando em divórcio, um pesquisador, recentemente, previu que de dois em cada três casais atualmente casados se divorciaria. Já sabemos que 60% de todos os segundos casamentos terminam em divórcio.

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As crianças são as que mais sofrem com as separações. Atualmente, um em cada cinco lares tem um único pai com uma ou mais crianças. A tendência indica que pelo menos 60% de todas as crianças nascidas em 1990 viverão em uma casa com um pai só. Todas as crianças estão crescendo rapidamente. A média de idade da primeira relação sexual está caindo. Um terço dos adolescentes que chegam a idade de dirigir possuem carro. Além disso, crianças que moram em casa gastam menos de trinta minutos em conversas significativas com suas mães e menos da metade desse tempo com seus pais. Os americano de hoje são muito solitários. Além disso, nosso estilo de vida desencoraja relacionamentos de longa duração. O evangelismo que produz crescimento real da igreja deve entender essa profunda vontade de um relacionamento. A religião que une o abismo do relacionamento entre homens, mulheres e crianças, consegue ganhar as multidões. Falta de relevância. Grande parte das igrejas, hoje, são simplesmente irrelevantes para a maioria da sociedade. A linguagem, metodologia, música, organização, instalações e sermões normalmente não refletem o mundo em que a maioria das pessoas vivem. Uma caminhada na igreja (se conseguíssemos leva-los até a porta da frente) seria uma viagem nostálgica a um passado no máximo, e uma entediante irrelevância no mínimo. As igrejas do século XXI conseguirão falar aos novos pagãos? Há um caminho para o nosso evangelismo alcança-los sem comprometer nossa teologia? Tudo indica que podemos buscar o perdido com mais eficácia; mas há um preço a ser pago. O preço é a dor da mudança. Os cristãos americanos estão prontos para realizar tais mudanças, fazer a igreja diferente do que a maioria ja viu? Vamos olhar as possíveis áreas que podem tornar nosso evangelismo relevante ao mesmo tempo que mantemos nossa teologia. Evangelismo que resulta em real crescimento de igrejas Uma igreja que está querendo seguir os cinco passos deve ser avisado. Mudanças significativas trazem significativa dor. Muitas pessoas simplesmente não entendem por que a igreja não pode ser “da maneira como sempre foi.” Recentemente, falei com um pastor de uma mega igreja que perdeu quinhentos membros desde que o processo de mudança começou. Ele sabia que alguma coisa tinha que ser feita porque, apesar de estarem batizando uma média de cem pessoas por ano, eles não estavam tocando a superfície do número de novos pagãos. Suas perdas agora diminuiram, e eles começaram a atingir um novo grupo da população. Em três anos de mudanças, a dor foi intensa e pessoal. Os líderes de hoje querem fazer tais sacrifícios? As respostas a essas questões são eternas em significância. Pequenos grupos. Não irei discutir pequenos grupos em detalhes já que esse é o assunto do capítulo 29. A ênfase a ser dada nesse ponto, é que não há melhor ferramenta para desenvolver o relacionamento do que os pequenos grupos. Essas igrejas que estão procedendo deliberadamente e entusiamadamente nessa área, sem dúvida, irão ver as grandes colheitas evangelísticas nos anos seguintes. Nossa sociedade faminta por relacionamento está querendo entrar em lares e outros lugares “neutros”, como primeiros passos em direção a associação com os cristãos. A sinceridade está crescendo nos pequenos grupos que não se encontra na maioria das áreas da igreja. Sua agenda ou a minha? Um dos mais inovadores movimentos da igreja americana no passado foi programar os cultos para as 11 da manhã para ir de encontro das necessidades de uma sociedade que naquela época era, predominantemente, rural. Os fazendeiros tinham tempo para ordenhar as vacas, fazer as tarefas e ainda chegar na igreja a tempo. Infelizmente, a maioria das igrejas hoje acredita que o culto às 11h foi uma ordem de Cristo e era praticada pelo apóstolo Paulo. Nem precisamos dizer que não somos mais uma nação rural. Estamos desejando fazer dramáticas mudanças nos horários e nos dias de culto e outras atividades, para 111

que pudéssemos dar aos que estão sem igreja uma escolha que melhor encaixa na agenda deles? Relevante. Uma vez que o sem igreja entre na porta, ele se sentirá intimidado pelo o que vão ver, ouvir e sentir? No próximo capítulo veremos as questões da adoração, a nova porta da frente. Um ministério que seja significativo. Os filhos do baby boom e do baby buster não apoiarão um ministério como o que normalmente acontece nas igrejas. Os que estão fora da igreja devem ver que, se eles tem que ser parte de uma comunidade que crê, eles serão envolvidos em ministério que mudam vidas (revise cap.20). Eles não mais aceitarão os monótonos encontros de comitê, conferência de negócios com um quorum de 5%, e posições que simplesmente preencham um buraco. As pessoas de nossa sociedade querem saber que podem tocar vidas e fazer a diferença se eles estiverem envolvidos em nossa igreja. Um novo olhar ao treinamento de evangelismo. Apesar dos terríveis comentários feitos anteriomente sobre o evangelismo visita-surpresa, programas como o Treinamento Contínuo de Testemunha e o Explosão de Evangelismo terão lugar em nossa igreja. Eles não podem, porém, ser vistos como a soma de nosso ministério evangelístico. Os cristãos precisam de treinamento para compartilhar Cristo confiantemente e de forma convincente. Porém, os treinees devem ser ensinados que seu treinamento só será eficaz entre as pessoas com quem eles desenvolveram um relacionamento. Em outras palavras, treinamento de evangelismo está na moda, mas o evangelismo visita-surpresa está fora. Avaliação Poucas igrejas estão alcançando os novos pagãos de nossa nação. A maioria das igrejas está, no máximo, alcançando crianças e parentes próximos de membros da igreja. Com tristeza, muitas igrejas está levando poucos ou ninguém para Cristo. Repensando nossa metodologia evangelística não significa comprometer nossa teologia. De fato, devemos ter cuidado para não confundirmos metodologia com teologia. Por outro lado, devemos ser cuidadosos para que não diluir o evangelho com nossa impaciência para sermos relevantes para o mundo. O pecado continua pecado. Discipulado continua sendo levar a cruz. Os novos pagãos precisam de um Salvador. Para eles e para nós, Jesus ainda é a única esperança.

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23 Adoração e Crescimento de Igrejas No excelente livro de James Emery White sobre adoração, Opening the Front Door: Worship and Church Growth (Abrindo a Porta da Frente: Adoração e Crescimento de Igrejas), um casamento pouco provável acontece. White reconhece que ligar adoração e crescimento de igrejas parece inapropriado:

Um colega compartilhou comigo que alguém disse a ele que falar de adoração em relação a pessoas fora da igreja era uma “heresia”, pois adoração não tinha nada era assunto de qualquer outra pessoa a não ser dos cristãos. Apesar de estar certo de que essa pessoa estava bem intencionada, tal visão não está de acordo com os materiais bíblicos, e até com a prática atual. Virtualmente, toda igreja Protestante nos Estados Unidos encerra seus cultos de adoração com um convite ou “um chamado do altar” para a salvação. Essa é uma clara indicação de que já estamos unindo funcionalmente adoração e crescimento de igrejas. Enquanto adoração é a resposta dos crentes que dão glória e merecimento a Deus, o testemunho bíblico indica que os não-crentes também estão presentes no culto de adoração. Na primeira carta aos Coríntios, Paulo instruiu os crentes a conduzirem seus cultos de adoração de uma maneira que os não-crentes pudessem ser afetados positivamente. Paulo, obviamente acreditava que o culto de adoração tinha um propósito duplo para os crentes e os não-cristãos (1 Cor. 14:23-25). Ainda, a adoração foi ligada ao crescimento de igrejas, primeiramente, porque os cultos têm, cada vez mais, se tornado o pontode entrada daqueles de fora da igreja, para dentro da igreja. White comenta: “Se uma pesssoa de fora da igreja decidir investigar o envolvimento em uma igreja local, o que é a „porta de entrada‟ pela qual ele ou ela entram? Um exame das estatísticas da Convenção Batista do sul, a maior denominação protestante dos Estados Unidos, sugere que a porta de entrada não é mais uma rede de pequenos grupos como a Escola Dominical, mas mudou para o culto de adoração.” Por que aconteceu essa mudança nas igrejas americanas? Uma primeira razão é que a maioria das pessoas interessadas em uma igreja gostaria de “experimentar” anonimamente. É mais fácil sumir em uma grande multidão do que em um pequeno grupo. Segundo, em uma grande multidão aquele que busca não é colocado na situação de participar. O ambiente do pequeno grupo pode parecer muito ameaçador ao convidado que prevê ter que ler a Bíblia, comentar passagens bíblicas, apresentar-se ou – e o maior dos receios – orar em público. Finalmente, nenhum compromisso é necessário em um grande grupo. O que busca tem receio de que, se estiver em um pequeno grupo, os outros membros do grupo ficariam tentando “registra-lo.” Ao visitar um culto de adoração, primeiro, os convidados podem avaliar a igreja sem se sentir pressionado. Preparo para o conflito Antes de olharmos as mudanças que estão acontecendo no cultos de adoração na América, devemos reconhecer o potencial conflito. Por exemplo, um enorme conflito é inevitável quando mudanças de música são feitas. White diz, “Igrejas em crescimento que fizeram transição para formas não tradicionais de música tem freqüentemente, como resultado, recebido enormes críticas.” Elmer Towns diz que a maior revolução na igreja moderna está acontecendo na adoração; mas, ele adverte, é também a fonte de maior controvérsia. Russel 113

Chandler concorda que o debate vai continuar, mas a tendência está colocada: “Não há lugar de mais dissonância que na discussão sobre o que é „apropriado‟ na música „cristã‟. Esperem o tempo sincopado pegar ao chegarmos em 2001.” A controvérsia e conflito, porém, irá se extender além da música. Dou uma gargalhada ao ler uma história em quadrinhos que mostrava um desapontado membro de igreja levando seu pastor para forca, mais para o prazer da congregação fanática. As legendas diziam, quando um membro fala para o outro, “Eu tentei dizer para ele não mudar a ordem do culto.” Por que as mudanças da adoração são tão controversas? Para muitos a música e os elementos de adoração trazem boas lembranças de receber a Cristo, sentar perto dos pais e tomar a decisão para o grande discipulado. Quando esses elementos tradicionais são mudados, ele pode se sentir perdido ou até tristeza. Ainda há aqueles que confundem método de adoração com teologia correta. Quando o método ou estilo é mudado, eles exclamam que a igreja não tem sido fiel as amarras bíblicas. A igreja, eles dizem, tem comprometido a verdade pela sedução dos carismáticos, liberais ou secularistas. Talvez, a explicação básica por trás do debate na adoração é que a mudança é dolorosa. Para muitos, a igreja deve ser a força estável em um mundo de mudanças rápidas. Se a igreja, especialmente o culto de adoração, não oferecem estabilidade, então eles sentem que nada no mundo pode oferecer a eles uma noção de pertencimento. Adoração no século XXI Quais são algumas das mudanças que podemos esperar ao entrarmos em um novo século? Antes de responder essa pergunta, devemos reconhecer que as mudanças antecipadas acontecerão na maioria das igrejas, mas não em todas. Estilos de adoração nunca foram monolíticos na América; e não existe razão para esperar essa mudança. O que esquecemos, porém, é uma tendência em muitas igrejas em seguir instruções. Por que essa tendência está acontecendo? A influência do Movimento de Crescimento de Igrejas inspirou muitas igrejas a buscar alcançar pessoas para perguntar por que elas não vão à igreja. As respostas são as seguintes: 1. As igrejas sempre estão pedindo dinheiro. 2. Os cultos da igreja são monótonos e sem vida. 3. Os cultos são previsíveis e repetitivos. 4. Os sermões são irrelevantes para a vida diária como ela é vivida no mundo real. 5. O pastor faz com que eu me sinta culpado e ignorante, e deixo a igreja me sentindo pior que quando entrei. Em outras palavras, os que não estão na igreja dizemque os cultos de adoração são a maior barreira para que frequentem a igreja. Como consequencia, muitas igrejas começaram a mudar, para que a “porta de entrada” possa ficar realmente aberta para os descrentes e sem igreja. Qualidade. O americano comum se acostumou com a qualidade: produções pretensiosas de filmes e programas de TV; shoppings brilhantes e limpos; e negócios que buscam melhorar seus serviços e produtos. Enquanto cristão devotos podem tolerar cultos de adoração que não são bons, não podemos esperar que os de fora da igreja sejam tão tolerantes. Instalações desleixadas, sistemas de som abrasivo, uma inundação de música de orgão, bancos desconfortáveis e sermões irrelevantes são apenas algumas das distrações que afastam os que não tem igreja, talvez para sempre. “Uma das primeiras marcas de igrejas em crescimento é perseguir um compromisso com a excelência, uma atitude que se esforça pela qualidade e rejeita a mediocridade.” 114

Atmosfera. White identificou cinco elementos da atmosfera em uma igreja em crescimento: celebrativa, amigável, relaxada, positiva e esperançosa. Igrejas em crescimento tem cultos de adoração entusiasmados e celebrativos. Eles aprenderam que o verdadeiro significado de entusiasmo é en theos, ou “em Deus”. C. Peter Wagner observou há muitos anos atrás que a maioria dos cultos da igreja são “mais parecidos com funeral que com um festiva.” A amizade em uma igreja, freqüentemente, começa com o líder da adoração e o pastor. Eles dão o tom para o resto da congregação. Muitas igrejas pensam que são amigáveis; mas na realidade, os membros da igreja são amigáveis umas com as outras, mas inamistoso com os de fora. Temos duas maneiras em nossa igreja, pela qual medimos nossa amizade. O primeiro é nosso hábito de sentar. Estamos sentando com as mesmas pessoas todos os domingos e quartas? Ou estamos indo até nossos convidados e novos membros nos apresentando e sentando com eles? Segundo, como pastor envio uma carta para todos os convidados de nossos cultos de adoração. Incluia nas cartas um cartão já selado para resposta. Pedimos para que o convidado complete o cartão, anonimamente, e nos envie depois de completar as três linhas: 1. Minha primeira impressão da igreja foi __________________. 2. O culto de adoração estava _________________________. 3. Se pudesse fazer uma sugestão, seria que____________________________. Aproximadamente 25% de nossos convidados respondem dessa maneira. Esses cartões nos ajudam a medir nosso grau de amizade para com os de fora. O que significa “uma atmosfera relaxada”? É importante responder essa questão, pois dois terços das pessoas de fora da igreja querem um estilo informal de adoração. White visitou muitas igrejas em crescimento para determinar o que essas igrejas estavam fazendo para criar uma atmosfera relaxada: Apesar desse trabalho não recomendar um estilo em particular, está certamente claro que a pesquisa mostra que “formalidade e liturgia,freqüentemente, barram” o crescimento da igreja. Não era incomum, ao visitar as igrejas, ser o único usando terno e gravata (particularmente para os cultos de sábado à noite e domingo de manhã). Um bule de café e rosquinhas é comum no saguão de entrada e em outras áreas comuns, antes e depois dos cultos e da Escola Dominical, encorajando os indivíduos a perceber que estão em um ambiente relaxado e caloroso. Há sempre uma música de fundo tocando, acrescentando a atmosfera “relaxada” de conversas e comunhão.

Um espírito positivo de noção de expectativa melhoram a atmosfera das igrejas em crescimento. Essas igrejas são alegres; sorrisos estão sempre nas faces das pessoas da congregação e do coral. O foco é nas possibilidades através de Cristo (Fili. 4:13). O positivo é acentuado porque as pessoas acreditam que Deus pode transformar vidas. Eles entram em cada culto sentindo que Deus está fazendo algo no meio deles. Saudando os convidados. Muitos anos atrás, fui apresentado a uma igreja em vistas de chamar um pastor. Durante o tempo de dar boas vindas, a cada convidado era pedido que levantasse a mão. Os poucos que se dispuseram a obedecer eram presenteados com um “cartão de visita” e era dado um “emblema de visitante” para usarem. Então, no final do culto, os nomes desses visitantes era lido na frente de toda a congregação, e pediam para que as almas envergonhadas se levantassem para que os membros os identificassem. Depois, perguntei ao comitê quantas pessoas voltavam depois da primeira visita. A resposta foi antecipada: “Muito poucos – e não entendemos o por que.” Se frequentamos uma igreja por algum tempo, geralmente esquecemos o disconforto de entrar em um novo lugar. Então, se somos “o foco” como se fossemos diferentes de todos os

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outros, temos pouca vontade de voltar. Ainda assim, muitos membros não conseguem entender por que os visitantes não voltam à sua igreja tão amigável. Alguns princípios estão sendo seguidos em igrejas em crescimento no tratamento de convidados. O primeiro é o princípio da anonimato. Igrejas em crescimento deixa os convidados decidirem se querem ser identificados ou não. Por exemplo, esse capítulo inclui o mesmo cartão de registro usado para pedido de oração do capítulo 18. Todos são convidados, visitantes e membros, a preencher o cartão. Os convidados não são isolados ou tratados de maneira diferente. Apenas o quadrado que eles assinalam (visitante pela primeira vez, segunda vez) no cartão os identifica como sendo membros ou não, e eles nunca são escolhidos entre os outros durante o culto. Já que todos colocam o cartão na cesta de ofertas, os convidados não se sentem visíveis. Falando das ofertas, muitas igrejas em crescimento estão fazendo uma retratação antes das ofertas serem tiradas. Aos convidados é dito que as ofertas são especificamente para membros e pessoas que apoiam os ministérios da igreja. Tal afirmação elimina o maior receio nas mentes das pessoas que não são da igreja: “Tudo que interessa a eles é meu dinheiro!” Cada faceta do culto em muitas igrejas em crescimento é planejada com a mente no convidado. Aqueles que vem são chamados de “convidados” (“você foi convidado”) ao invés de “visitante” (“você caiu por aqui”). As melhores vagas de estacionamento são reservadas para os visitantes. Anúncios da igreja e terminologia são evitados. A linguagem que os membros da igreja ouviram por toda a vida, não fazem o menor sentido para os convidados. Fale a língua deles e seja sensível com a sua situação e eles acabarão voltando. Música. As tendências em música são talvez a fonte de maior controvérsia. “As pessoas guardam seu gosto pela música, especificamente na vida da igreja, com mais cuidado que a doutrina.” White observa quatro tendências mais importantes em música nos cultos de adoração: “É contemporâneo e ritimado, é da melhor qualidade, há muitos dele; e tem sido liderado e apresentado de maneiras inovadoras.” Apesar das excessões, o rock cristão contemporâneo é o estilo que mais cresce nas igrejas em crescimento. Alguém deve lembrar que, para a maioria dos baby boomers, o rock é forma de música tradicional. Enquanto alguns sentem que a invasão do rock cristão nos cultos de adoração é uma heresia, White observa que essa situação não é nova. Os hinos de Martinho Lutero não foram nada tradicionais em sua geração: “O que Lutero fez foi tirar as melodias do „Top 40‟ do circuito de bares de Witterburg e colocou letras cristãs. Muitos dos grandes hinos nascidos na Reforma Protestante, como „Castelo forte‟, eram melodias que Lutero pegou, mudou as letras e colocou na vida da igreja, para que pessoas comuns pudessem se identificar e participar.” Outro conhecido compositor do passado tirou músicas de “fontes questionáveis” e refez as letras para a igreja: Bach e Ira Sankey são dois exemplos. “Historicamente, a igreja sempre usou música contemporânea e adaptou com letras cristãs. Essa era uma das dinâmicas atrás do Segundo Grande Despertamento, especialmente na Nova Ingaterra. Colocado de maneira simples, o uso de música contemporânea na adoração está longe de ser inovador.” Variedade e programação. Igrejas em crescimento estão oferencendo cultos em horários diferentes do dia, assim os de fora podem escolher o que for melhor para eles. Cultos de adoração de domingo de manhã multiplos e cultos de semana e sábado à noite estão cada vez mais comuns. Dentro dos cultos, as igrejas em crescimento estão oferecendo uma variedade de mídia e oradores. Drama, vídeo, hinos e corinhos em telões e um número de inovações na adoração provavelmente se tornarão regras no século XXI.

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Sermões. White idetifica sete características desse estilo de pregação nas igrejas em crescimento. A primeira dessas características é que os pregadores tem um público específico como alvo de seus sermões. Um sermão para uma pessoa perdida será diferente de um para um cristão maduro. Sermões para crianças, jovens e adultos terão características específicas em cada um. A realidade do contexto de adoração é que representantes de grande parte dos grupos alvo esteja presente para ouvir todos os sermões, para que o pregador possa decidir qual alvo chave de cada mensagem. Segundo, todos os sermões devem ser bíblicos. A autoridade e centralidade da Bíblia não podem ser comprometidos. Como terceira e quarta características, esses sermões bíblicos devem ser práticos e relevantes. O conteúdo deve falar às necessidades dos ouvintes de maneira que faça diferença em suas vidas. Quinto, sermões hoje em dia devemser interessantes e até divertido. Enquanto descrições parecem fora de contexto em um culto de adoração, sermões que não prendem a atenção dos ouvintes são inúteis, apesar de seu rico conteúdo. Nossa geração é da televisão, filmes e entretenimento. Sermões sem vida mandam os membros e convidados em direções diferentes. Outra característica de um sermão em igrejas em crescimento reflete a espalhada ignorância bíblica não apenas entre os visitantes, mas também de muitos membros regulares também. Sermões devem ser simples, especialmente os destinados a alcançar um grande número. Pregações e ensinos mais profundos acontecem em lugares que não os cultos de adoração, que é feito para alcançar os que vem de fora. Finalmente, sermões em igrejas em crescimento são positivos e encorajadores. O mundo já tem más notícias demais. Até mesmo se a mensagem é de um sermão duro, sobre as consequencias do pecado, pode ser comunicado sob a luz das boas novas do Perdoador de Pecados. O declínio dos reavivamentos. Os reavivamentos, progressivamente, foram se tornando mais curtos durante do século XX. De acampamentos de um mês de duração, para reavivamentos de duas semanas, para reavivamentos de oito dias, para reavivamentos de quatro dias, agora estamos vendo o aumento dos reavivamentos de um dia. O declínio dos reavivamentos pode ser atribuido, primeiro, a falha da igreja em fazer as pessoas irem. O reavivamento da cidade, em anos passados, era um evento tanto social como religioso. Uma pessoa não redimida em cultos de reavivamento,nos dias de hoje, é uma excessão ao invés de uma idéia. As agendas cheias de nosso povo contribuiu para o fim dos reavivamentos. Poucas pessoas, mesmo os membros regulares, podem ou querem separar de quatro a oito noites para irem a um reavivamento. Os cultos de adoração do século XXI irão usar eventos de um dia como sucessores dos reavivamentos. Seminários de Planejamento financeiro, conferências para casais, e workshops para recuração de divórcios são alguns dos evento de um dia feitos em volta do culto de adoração. Fazendo a transação Um membro de uma igreja me contou da dor das mudanças que ele estava testemunhando em sua igreja. “Sei que devemos ser relevantes e falar aos perdidos hoje,” ele disse. “Mas doi ver a música que eu amo e a adoração que estou acostumado desaparecer do cenário. Será que ninguém se preocupa com o que eu sinto?” Muitos outros compartilham sua dor, especialmente aqueles que nasceram antes de 1946, o começo do baby boom. Nós que somos líderes de igreja com a mente no crescimento de igrejas devem buscar toda oportunidade para alcançar pessoas para Cristo – mesmo se 117

tivermos que mudar nosso culto de adoração. Porém, devemos também nos lembrar que aqueles que resistem ou não gostam das mudanças são filhos de Deus também. Talvez, as seguintes sugestões possam facilitar a dor da transição para aquelas igrejas que decidam fazer a mudança. Procedam ponderadamente. Muita mudança muito rápido pode ser desastrosa para o pastor e para a congregação. As igrejas estão fazendo mundanças na adoração em um ritmo em que as pessoas possam ajudar, irá experimentar o maior benefício. A idade média da igreja também deve ser um fator determinante de mudança de ritmo. Lembre-se que não pode agradar a todos. Por fim, a motivação evangelística da igreja deve ser considerada de alta prioridade. Ame os que discordam. Se as mudanças na adoração causarem grande discensão, qualquer inovação será ineficaz. Para o líder, que muda a igreja gradualmente, as críticas virão. Todo o esforço deve ser feito para manter a ordem de Cristo de amar as pessoas. “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros” (1 João 3:11). Serviços multiplos. Serviços adicionais para encontrarem as preferências de diferentes grupos também pode dar uma solução interina que poderá durar por anos. Conheço uma igreja que especifica tudo em seu material impresso: 9:30 – adoração contemporânea; 11:00 – adoração tradicional. Campos multiplos. Quando multiplos campos, como o conceito satélite discutido no capítulo 21, são estabelecidos para projetar-se, o novo campo pode ter um louvor de estilo alternativo. A Igreja Batista de Green Valley determinou que sua primeira igreja satélite começaria com um louvor contemporâneo. A decisão foi baseada em em estudos demográficos que mostraram que a média de idade da comunidade era menos de trinta anos.

Avaliação Talvez, o maior perigo em potencial em mudar para um culto “busca-amigável” é que o louvor possa acabar com o autêntico louvor cristão. Se, virtualmente, tudo é ajustado para o incrédulo, os crentes não teram a oportunidade de louvar o Deus vivo. Na realidade, poucas igrejas têm feito tal transição radical. Se o desejo é ter um culto de adoração ajustado apenas para os incrédulos, outro culto deve ser oferecido aos cristãos. Outra questão teológica não resolvida é a que diz respeito ao louvor em outros dias além do domingo. Alguns diriam que, apesar de o louvor do primeiro dia não ser um ordenado nas Escrituras, sua prática no testemunho do Novo Testamento é evidência suficiente para sua continuação. Outros consideram a prática do louvor de domingo como uma tradição da igreja apostólica que poderia ser mudada pelos cristãos da futuras gerações. White concluiu de um testemunho bíblico: O sétimo dia (Sábado) não é mais considerado como um dia especialmente observado pelo louvor e descanso do trabalho (ver Rom. 14:5; Gal. 4:8; Atos 15:28). A ressurreição, o coração do evangelho, aconteceu em um domingo. Quando os escritores do Novo Testamento designaram vários dias em que o Cristo ressucitado apareceu e falou com Seus discípulos, era informalmente em um domingo (veja Mat. 28:9; Luc. 24:13; João 20:19). E a vinda do Espírito Santo em Atos 2 aconteceu em um Pentecostes (Domingo). Então, enquanto louvar no dia do Senhor (domingo) é uma descrição da prática da igreja primitiva e assim é importante tomarmos nota de que em nenhum lugar está uma ordem

direta.

Talvez, o alerta mais claro que os estusiastas do crescimento de igrejas deveriam ter cautela é o alerta de potencial compromentimento. Porque os cultos de adoração que são relevantes para a cultura são a melhora do crescimento, o perigo é que tal adaptação cultural 118

ou contextualização possam levar ao compromisso teológico. A mensagem nunca poderá mudar pois se trata do imutável Cristo (Heb. 13:8).

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24 Encontrando as Pessoas No capítulo anterior vimos o, relativamente novo, fenômeno de adoração como uma porta de entrada para alcançar outros. Também examinamos as maneiras pelas quais podemos fazer nossos cultos uma “busca-sensibilidade”, para que aquele convidado que vem pela primeira vez possa voltar feliz. Até uma igreja com um excelente culto, porém, não deve ficar esperando as pessoas chegarem. A ênfase da Grande Comissão é para ir. O que devemos fazer para alcançar pessoas que de outra maneira não viriam à nossa igreja? Nesse capítulo veremos sete boas maneiras de descobrir um pretendente. Esses sete métodos caem em duas grandes categorias: promoção da igreja e construindo relacionamentos. Criando uma presença na comunidade, eventos especiais, marketing, procurando novos moradores e pesquisando as necessidades são todos bons métodos de encontrar prentendentes. Os próximos dois, porém, focam na construção do relacionamento. Treinar membros em evangelismo estilo de vida e desenvolver pequenos grupos são a chave para alcançar aqueles que não tem uma igreja ao entrarmos no século XXI. Uma lista de sete maneiras de encontrar pretendentes, certamente, não é uma abordagem completa. Esses métodos, porém, são importantes em igrejas em crescimento. Essas abordagens, sem dúvida, mudaram nos próximos anos. O Movimento de Crescimento de Igrejas continua a descobrir e avaliar os métodos mais bem sucedidos. Presença na comunidade Uma das igrejas mais notáveis, hoje, na América é a Primeira Igreja Batista de Leesburg, Flórida, liderada pelo pastor Charles Roesel. Essa igreja é uma das líderes consistentes em batismos na Convenção Batista do Sul. Ela tem vários ministérios comunitários como o lar para mulheres que sofrem violência e para mães solteiras. Esses ministérios tocam as necessidades físicas, financeiras e emocionais das pessoas na comunidade. Mais importante, a igreja geralmente alcança as maiores necessidades espituais já que muitos que são beneficiados pelos ministérios também aceitam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Talvez, a igreja mais mencionada como modelo de presença na comunidade é a Igreja Batista Bear Valley em Denver. A igreja tem levado centenas de membros para o ministério. As pessoas na igreja são constantemente lembradas de que eles são ministros e que têm liberdade e permissão para começar ministérios sob diretrizes amplas e razoáveis. Igrejas com uma presença na comunidade encontram pretendentes de duas maneiras. Primeiro, aqueles que são servidos pelos ministérios comunitários são sempre pretendentes para a salvação e para a igreja. A igreja que vê essas pessoas como pretendentes podem descobrir que os pretendentes são “totalmente desprovidos.” A atitude de Jesus é necessária quando a igreja está alcançando outros no estilo do Novo Testamento, ministrando “a um destes meus pequeninos irmãos”(Mat. 25:40). Será que as igrejas estão prontas para deixar sua zona de conforto deixando pessoas de todos os tipos entrarem em seus prédios? Segundo, a igreja descobre pretendentes quando as pessoas da comunidade se envolvem nesses ministérios. Há uma profunda fome no coração de muitas pessoas por tocar a vidas e fazer a diferença. Infelizmente, a maioria das igrejas não oferecem oportunidades para os de fora ou até membros para se envolverem na linha de frente do ministério. Se você lidera uma igreja para um envolvimento com a comunidade que faça a diferença, a igreja será um imã para os pretendentes. 120

Eventos especiais Eventos especiais como dias de alta presença, dias dos amigos, apresentações de Natal e Páscoa, seminários, conferências e peças resultam em crescimento e descoberta de pretendentes? Hadaway diz: “A resposta é sim, se usado apropriadamente.” O que é necessário, de acordo com Hadaway, é uma sequencia, se esperamos que os eventos sejam eficazes. As pessoas deixam de ser pretendentes em muitas igrejas porque “elas não são visitadas rapidamente, e pessoas que foram aos eventos podem não voltar.” A igreja deve entender o propósito do evento especial se querem alcançar as pessoas. “Se a primeira razão é „tradição‟ , „nossos membros gostam deles‟ ou „para reavivar a igreja‟, então é improvável que consigam um crescimento. De fato, eles podem na verdade trabalhar contra o crescimento ao tirando a energia de membros de atividades que realmente produzam crescimento.” As igrejas que estão descobrindo pretendentes através de eventos especiais, normalmente, produzem um evento que é sensível aos de fora. A Igreja Independente de Shades Mountain em Birminham, Alabama, todo ano, cria uma grande produção de Natal para a comunidade. O ministro da música, Kim Cannon, agora divide essa produção igualmente entre música e a encenação; no passado a música era predominante. A razão? A encenação, especialmente uma encenação boa, busca sensibilizar. A televisão e os filmes desenvolveram uma sociedade que é muito afetada pela mídia visual. Marketing Quando o livro de George Barna, Marketing the Church (Fazendo um marketing da Igreja), foi publicado em 1988, alguns líderes cristãos expressaram preocupação de que a igreja estava se “liquidando”a um modelo não bíblico, secular de alcançar as pessoas. O uso da palavra “marketing” parecia inapropriado no contexto da igreja. Barna explicou que devemos primeiro “pensar em marketing como atividades dirigidas às necessidades da audiência alvo, por meio disso, permitir que os negócios satisfaçam seus alvos.” Se entendermos que o “negócio” da igreja é, entre outras coisas, alcançar pessoas para Cristo, então, iremos discernir as melhores maneiras para alcançar essas pessoas. Seja falando, anúncio de jornal, mala direta ou outros métodos para alcançar os outros, a igreja tem que se envolver no marketing. O problema para a maioria é a terminologia. Muito do que Barna defende, sob o nome de marketing, é a mesma atividade que muitas igrejas chama de “alcançar pessoas”. As abordagens tradicionais de marketing das igrejas tem sido visistas a lares, mídia passiva (uma placa na frente na igreja), mídia passiva paga, como anúncio no jornal. A pesquisa de Barna mostrou que essas táticas são de pequeno efeito para levar pessoas para nossas igrejas. Essas abordagens que parecem ter algum sucesso são os convites pessoais, pequenos grupos e programas que vão de encontro às necessidades. Essa é minha convicção, que esses três são tão importantes que a maioria das igrejas deveriam canalizar mais recursos nessa direção. O pequeno grupo é tão importante que sua eficácia será discutida mais além nesse capítulo. Barna também vê eficácia em telemarketing e mala direta, mas o nível de sucesso depende da qualidade do esforço: “A mala direta pode trabalhar muito bem nas igrejas. Porém, com as residências recebendo cerca de 1.500 cartas não solicitadas por ano, precisamos de uma carta profissional e bem arrematada para passar pelo tumulto e causar um boa impressão, que irá alterar um padrão de comportamento estabelecido. Se suas cartas são feitas de maneira amadora, sem dúvida você irá perder tudo. Mas se feito de maneira profissional, você poderá surgir como um vencedor.”

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Novos moradores Um número de igrejas descobre pretendentes através de novos moradores da comunidade. Muitas empresas fornecem listas de recém-chegados a um custo baixo. Os recémchegados são, geralmente, muito receptivos a igrejas ou a fé cristã na hora do dislocamento. Uma mudança para outra área é um “evento de crise”, um tempo em que o recém-chegado está aberto a outras mudanças, como mundança para uma nova igreja ou para receber a Cristo. Uma igreja que procura uma estratégia de alcançar novos residentes deve ser persistente. Entrar em contato com mil famílias anualmente, pode resultar em dez novas famílias para a igreja. Esse método de alcance, se usado com outras abordagens, pode prover um fluxo estável de pretendentes. Pesquisas Pesquisas podem ser eficazes, se seu propósito é ir de encontro com as necessidades dos que não estão na igreja, e se eles não violam a privacidade desses. Na próxima página está uma cópia da pesquisa que minha igreja usa na comunidade. Os passos a seguir são os seguintes: 1. Batemos na porta e pedimos para que a pessoa complete a pesquisa depois que sairmos. 2. Dizemos que o propósito de nossa pesquisa é encontrar as necessidades da comunidade. 3. Depois de completarem a pesquisa, pedimos para que deixem na maçaneta da porta (a pesquisa tem a parte de cima com uma perfuração, o que permite que pendurem dessa maneira). 4. Retornamos para buscar a pesquisa depois de uma hora, sem mais distúrbios ao morador. 5. Se o morador pedir qualquer informação ou atividade, voltamos em uma hora apropriada. Por exemplo, ficamos muito surpresos com o número de mulheres que pedindo aulas de ginástica. Começamos oferecendo duas aulas que foram preenchidas imediatamente. Nós, com certeza, mandamos cartas para aqueles que pediram a aula. Essas aulas estabeleceram um ponto de entrada para a igreja para muitos que de outra maneira não viriam. 6. Mandamos uma carta de agradecimento a todos que responderam. Temos tido muito sucesso com esse método de alcance. A chave é a habilidade de cumpir a promessa de satisfazer as necessidades. Se o pretendente vier à nossa igreja e sentir que não somos tudo o que dissermos ser, o abismo aumenta e a alienação é maior. Evangelismo-estilo de vida Esses dois métodos dependem da construção de relacionamentos. Eles não são soluções rápidas. O pastor ou outro líder devem ver esse processo como de longo prazo. Se esses métodos são implementados com sucesso, os benefícios não uncluem apenas o aumento de pretendentes, mas membros da igreja mais produtivos. Quando falamos de evangelismo-estilo de vida, nos referimos a uma vida que está crescendo e amadurecendo em Cristo, ao deixar os feitos e palavras dessa vida levar outros a Cristo. O que a igreja pode fazer para produzir um evangelismo-estilo de vida, em que os membros, naturalmente, possam atrair e trazer pessoas para a igreja? Essa questão é de grande importância já que três quartos dos membros da igreja começam a ir para a igreja através do convite de um membro ou amigo. Hadaway observa quatro fatores críticos em introduzir uma atmosfera que produza um estilo de vida evangelístico. O primeiro é enfatizar a eterna importância do evangelismo: um 122

espírito aberto e evangelístico. Os membros devem ver que compartilhar sua fé é um trasbordamento natural da vida do cristão. Segundo, o treinamento evangelístico deve ser um ministério contínuo na igreja. Como observado no capítulo 22, o papel do Explosão Evangelística e do Treinamento Contínuo de Testemunho está mudando, mas isso não impede a necessidade de treinar nossos membros em como compartilhar sua fé. O treinamento dever ser usado na vida diária dos membros. Terceiro, nossas igrejas devem ter algo que vale a pena para os convidados que finalmente vão à nossa igreja. Se nossos membros apreenderem o espírito do evangelismoestilo de vida enquanto os cultos continuarem sem vida e melancólicos, os convites para ir à igreja vão logo se acabar, e os membros da igreja ficarão desencorajados. Finalmente, devemos encorajar novos cristãos a compartilharem sua nova fé. Hadaway explica: Novos cristãos são, geralmente, mais entusiasmados sobre o seu relacionamento com Cristo que qualquer outra pessoa, e eles tem mais contato com pessoas que não estão na igreja. Mais adiante, a mudança repentina na vida dos novos cristãos dá, aos amigos nãocristãos, uma dramátca evidência do poder de Deus ... O processo normalmente acontece de forma natural, vindo do exaltação do novo cristão sobre seu relacionamento com Cristo. O que geralmente é necessário é a “permissão” da igreja para que possa testemunhar – mesmo que o novo crente saiba pouco da Bíblia ou sobre “as técnicas apropriada do testemunho.” A expectativa de que todos os cristãos devam ser testemunhas por seu grande agradecimento a Deus pode ser tudo o que é necessário para libertar os novos cristãos para compartilhar sua fé. Pequenos grupos No capítulo 29, quando veremos esse assunto em toda a sua extensão e potencial, veremos os múltiplos benefícios desse ministério. Como uma ferramente para assegurar os pretendentes, os pequenos grupos provam ser o método de alcançar pessoas do futuro. No encontro dos pequenos grupos de nossa igreja, cada grupo deixa uma cadeira vaga na presença de todos os membros do grupo. Essa vaga lembra os participantes que cada um deles tem a responsabilidade de trazer outros ao grupo. Já que entrar no grupo, na maioria das vezes, é resultado de relacionamentos no trabalho, na escola, em clube ou na vizinhança, esse pretendentes terão uma grande probabilidade de uma dia serem totalmente assimilados na igreja. Os Dois Princípios Controversos: Unidade Homogênea E Receptividade O Movimento de Crescimento de Igrejas tem recebido uma enorme quantidade de críticas por tentar encontrar pretendentes através da homogeneidade e receptividade. Por serem esse princípios tão controversos, usaremos o próximo capítulo inteiro para discutir e avaliar seus papéis.

Avaliação

Igrejas que obedecem a Grande Comissão são igrejas “em movimento”, elas buscam encontrar seus pretendentes ao invés de esperar que os pretendentes venham até elas. Apesar de cada método discutido nesse capítulo ter seus pontos fortes, a abordagem mais bem sucedida começa com o desenvolvimento de relacionamentos. Por que nossa sociedade está se tornado uma sociedade de pessoas isoladas, a necessidade de um evangelismo de relacionamento cresce a cada dia.

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A construção de relacionamento vem do mandamento de nosso Senhor para “que nos amemos uns aos outros” (1 João 3:11). Se um mundo sem amor puder sentir o amor verdadeiro vindo de nossa vida, eles virão até nós. Assim como o carcereiro que não compreendia a alegria sacrificial de Paulo e Silas, eles também nos perguntarão: “Que é necessário que eu faça para me salvar?” (Atos 16:30).

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25 Receptividade e Crescimento de Igrejas Os dois capítulos anteriores lidaram com levar pessoas à igreja, o que é normalmente chamado de “abrir a porta de entrada.” Esse capítulo seria algo como um anexo desse tema. Estamos olhando, especificamente, a dois princípios do “abrindo a porta de entrada” que tem trazido mais discussão debate. Deve ficar entendido que esses princípios, especialmente o princípio da unidade homogênea, não são, necessariamente, princípios primordiais do crescimento de igrejas. Tenho ouvido muitas críticas de que o Movimento de Crescimento de Igrejas iguala o princípio da unidade homogênea com a totalidade do crescimento da igreja. Pelo contrário, vejo pouca coisa sobre homogeneidade na literatura de crescimento de igrejas atualmente. Um livro sobre crescimento de igrejas, porém, seria incompleto se não tivesse alguma discussão desses princípios. O leitor pode notar uma abordagem mais técnica nesse capítulo comparado com os capítulos sobre princípios. Essa abordagem é necessária porque os críticos devem ser ouvidos, respondidos e explicados apropriadamente. O princípio da receptividade Focar nas pessoas receptivas tem sido visto como uma grande contribuição para o crescimento de igrejas. George G. Hunter III chamou a consciência e evangelização de pessoas receptivas do crescimento de igrejas de “a maior contribuição do Movimento de Crescimento de Igrejas para evangelização mundial dessa geração.” C. Peter Wagner acredita que “em um dado momento certos grupos de pessoas, famílas, e indivíduos serão mais receptivos à mensagem do evangelho que outros.” Essa perpectiva é chamada de “teoria da resistênciareceptividade.” O pragmatismo de Wagner se torna evidente aqui. A teoria postula que os recurso de tempo, pessoal e dinheiro deveria ser canalizado para onde há uma maior receptividade ao evangelho. “Apesar de Deus poder intervir e indicar de maneira diferente, só faz sentido dirigir o montante de recursos disponíveis para áreas onde há um grande número de pessoas com maior probabilidade de se tornarem discípulos de Cristo.” Wagner não defende negligenciar áreas resitentes, mas essas áreas deveriam receber menos recursos que as áreas receptivas. Wagner encontra justificativas bíblicas para o princípio da receptividade no que ele entitula de “o princípio da colheita” da Bíblia: o princípio fundamental do cultivo é a colheita. É a visão do fruto. O alvo do fazendeiro é fazer uma colheita daquilo que plantou. Jesus admite isso quando falou aos discípulos sobre a colheita: “Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a colheita” (João 4:35). Ele mencionou que em alguns casos uma pessoa semeiam, enquanto outros colhem o fruto, mas eles se alegram juntos porque a combinação de seu trabalho resultou na colheita (João 4:36-37). Wagner cita a parábola de Jesus sobre o semeador que as sementes caíram em quatro lugares (Mat.13:1-23). Apenas um dos quatro lugares era uma lugar fértil para a semente. A semente (a palavra de Deus) que caiu em solo bom produziu fruto em grande quantidade (Lucas 8:11). O “solo,” de acordo com essa interpretação, é “a pessoa que foi tão preparada que eles ouvem a palavra e entendem.” Wagner concluiu que estratégias eficazes de evangelismo tentam identificar as pessoas mais receptivas. “Teste de solo” deveria ser usado também para avaliar a localização dos recursos e das metodologias. Se os resultados forem bons, (por exemplo, se um crescimento numérico for evidente) a localização significativa dos recurso deve continuar. “Se eles não

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forem, ligações emocionais não devem evitar a inutilização de qualquer metodologia que não estiver funcionando.” Wagner cita o próprio ministério de Jesus. Jesus disse: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara” (Mat. 9:37-38). Wagner vê esse pronunciamento como uma clara indicação de que Jesus ordenou a necessidade de grandes números quando a seara estiver madura. Jesus estabeleceu uma estratégia de evangelismo para os discípulos. Em Mateus 10:11-14, Ele instruiu os discípulos a testarem a receptividade de uma cidade. Se os discípulos não fossem bem recebidos pelas pessoas, deveriam deixar a cidade e tirar o pó de seus pés. “Tirar o pó dos pés era um sinal de protesto, culturalmente reconhecido, nesse caso contra o resistência do evangelho.” Wagner não poder ser um teológo sem também ser um ativista. Sua abordagem pragmática ao crescimento de igrejas impede a magnificência de apenas teologizar. Ele precisa agir sobre sua teologia. Como alguém implementa uma estratégia evangelística baseada no princípio da receptividade? Wagner dá crédito a Edward R. Dayton por produzir a mais usada “áxis da resistênciareceptividade.” Essa áxis já é usada pelo Grupo de Estratégia de Trabalho do Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial. Escala Resitência/Receptividade

Uma estratégia de crescimento de igrejas é descobrir onde as pessoas receptivas estão localizadas, especialmente aqueles do extremo lado direito da escala. A pesquisa de Wagner e outros produziram três áreas onde as pessoas mais receptivas ao evangelho estão, provavelmente, localizada.

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Receptividade deveria ser esperada, primeiro, onde as igrejas já estão crescendo. Apesar de tal área poder até ter um certo número de igrejas, é provável que um grande número de pessoas que continuam fora da igreja, mas receptivas ao evangelho. Uma segunda área provável de receptividade está onde as pessoas estão encontrando mudanças significativas: mudança social, mudança política, mudança econômica ou mudança psicológica. Mais que outros grupos, essas pessoas estão sucetíveis a se tornarem discípulos de Cristo durante períodos de mundança e transição. O terceiro maior grupo de pessoas receptivas são as massas, os trabalhadores comuns e os pobres. Wagner disse que “a religião, normalmente, entra na sociedade pelas massas e se desenvolve.” Excessões específicas a essa regra, porém, devem ser reconhecidas. Nos Estados Unidos, a receptividade ao evangelho ultrapassa as linhas de classe, mas na Inglaterra, a classe trabalhadora é mais resistente. A estratégia de crescimento de igrejas, então, tenta canalizar os recursos para as áreas mais receptivas. Wagner é duro ao dizer que até mesmo os campos resitentes devem receber recursos de pessoal, tempo e dinheiro, embora um recurso menor que as áreas receptivas. Nenhum defensor de crescimento de igrejas que conheço sugeriu que evitássemos os resistentes. A Grande Comissão diz que devemos pregar o evangelho a toda a criatura. Donald McGravan, desde o princípio, ensinou que deveríamos “ocupar os campos de pouca receptividade de maneira leve.” Em muitos casos, os trabalhadores cristãos não podem fazer nada além do que estabelecer uma presença amigável e silenciosamente semearmos. Deus continua chamando muitos dos Seus servos para fazer apenas isso, e eu sou um dos que apoia e encoraja isso.

Uma avaliação do princípio da receptividade

O pragmatismo do Movimento de Crescimento de Igrejas é evidente no princípio da receptividade. Ralph H. Elliot é um crítico representante dessa filosofia. Ele essencialmente encontra dois amplos problemas com esse princípio. Primeiro, porque os estrategistas do crescimento de igrejas usam ferramentas sociológicas e antropológicas para determinar receptividade, Elliot encontra pouca ênfase na soberania de Deus e no papel do Espírito Santo. Segundo, ele acredita que a aplicação do princípio levaria a negligência dos mais necessitados, simplesmente porque ele não são receptivos. Ele é particularmente preocupado com a negligência da cidade e com a preferência do crescimento de igrejas pelos subúrbios. Tais críticos estão entendendo de maneira errada o crescimento de igrejas quando falham em ver a dependência do movimento no poder de Deus na estratégia de crescimento de igrejas. sociologia e antropologia não deveriam ser colocadas em oposição ao trabalho e poder do Espírito Santo. Os esforços humanos não excluem o trabalho de Deus. Certamente, há um perigo em determinar as áreas de receptividade se o trabalho é feito em um nível puramente humano. Wagner mesmo reconhece que é “bem possível que os servos de Deus se tornem arrogantes e auto-confiantes e insensíveis à liderança do Espírito Santo.” Embora os perigos existam, diz Wagner, eles “não devem nos fazer reagir além do normal e nos cegar das razões espirituais por que planejamento estratégico inteligente para crescimento de igrejas deveria incluir alguma predição.” A preocupação de Elliot sobre a negligência das áreas mais necessitadas admitiu que as áreas dos “desabrigados e impotentes” serão sempre áreas menos receptivas ao evangelho. O princípio da receptividade não significa abandonar as classes socio-economicamente mais baixas e com menos influência política. Pelo contrário, se as pessoas das áreas mais pobres forem receptivas ao evangelho, o princípio pediria um maior foco de recurso naquela área. Estrategistas de crescimento de igrejas, como Wagner, tentando cumprir a ordem evangelística, 127

“dirigir o montante de resurso disponíveis para áreas onde há um grande número de pessoas com maior probabilidade de se tornarem discípulos de Jesus Cristo.” O princípio da unidade homogênea Nenhuma outra doutrina do crescimento de igrejas tem recebido uma quantidade de críticas maior que o princípio da unidade homogênea. Wagner tem defendido o princípio da unidade homogênea na América. Ele trouxe para si a força das críticas nos primeiros anos, quando o Movimento de Crescimento de Igrejas ganhou força na América. Ele não é, porém, o originador do termo, nem é o primeiro proponente do princípio dentro do Movimento de Crescimento de Igrejas. O crédito para as duas causas vai para Donald McGravan, pai do movimento. A influência de McGravan “Os homens gostam de se tornarem cristãos sem cruzar barreiras raciais, linguísticas ou de classe.” Quando Donald McGravan começou a defender esse princípio como uma doutrina do crescimento de igrejas, uma avalanche de críticas e debates seguiu-se. Gritos de “racismo”, “mente-estreitada”, “exclusivista” e “manipulação psicológica” foram ouvidos como uma reação ao tão debatido princípio. Apesar de McGravan falar da questão em 1955 em Bridges of God (Pontes de Deus), a doutrina foi claramente expressa em Understanding Church Growth (Entendendo Crescimento de Igrejas), em 1970. McGravan discutiu uma observação sociológica: diferenças em seres humanos e sua cultura resultam em barreiras difíceis: “Esse princípio afirma um fato inegável. Seres humanos constroem barreiras ao redor de sua sociedade. Mais exatamente, poderíamos dizer que as maneiras que cada sociedade vive e fala, veste e trabalha, de necessidade diferem de outras sociedades. A humanidade é um mosaico e cada peça tem uma vida própria que parece estranha e geralmente não atraente para homens e mulheres de outras peças.” Enquanto tal observação sociológica pode ser prontamente aceita, a aplicação do princípio para o compartilhamento do evangelho e o crescimento da igreja apresentam novas questões. Transpor barreiras sociais e culturais são um pré-requisito para se tornar um cristão? Uma tentativa pública de expandir os grupos cristãos homogêneos é obedecer a Deus ou uma discriminação? Devemos reconhecer que McGravan sempre ensinou a unidade do povo em Cristo. “O ensinamento bíblico é bem claro ao dizer que duas pessoas em Cristo se tornam uma. Judeus cristãos e gentios se tornaram um novo povo de Deus, parte de Um Corpo de Cristo.” Entretanto, McGravan enfatizou que “o Corpo Único é complexo.” Falando da igreja do primeiro século, ele diz, “Já que ambas as pessoas continuam falando línguas diferentes, a unidade não cobre uma vasta e contínua diversidade?” McGravan, dessa maneira, urgiu que o evangelho cruze todas as barreiras; mas isso não é o mesmo que insitir que as diferenças culturais sejam ignoradas na formação de grupos cristão: “O princípio também está prontamente discernido quando se trata das proclamadas as barreiras de classe e de raça. Não é preciso grande perspicácia para ver que quando diferenças marcadas de cor, altura, salários, limpeza e educação estão presentes, homens entendem melhor o evangelho quando expostos por pessoas iguais a ele. Eles preferem ir à igreja em que os membros se parecem, falam e agem de modo parecido com eles.” Uma chave para entender a devoção de McGravan ao princípio da unidade homogênea é encontrada na porção posterior de sua afirmação: “Eles preferem ir à igreja em que os membros se parecem, falam e agem de modo parecido com eles.” Tanto para McGravan quanto para Wagner, o princípio guia da teologia e da hermenêutica é o crescimento da igreja e a 128

prioridade do evangelismo. Até mesmo McGravan reconhece o potencial abuso de um evangelismo que alcança apenas “nosso tipo de gente”: A criação de igrejas restritas, centradas, de maneira egoísta, na salvação de seu próprio grupo e apenas ele, não é o alvo. Tornar-se cristão nunca deveria intensificar animosidades ou a arrogância que é tão comum a todas as associações humanas. Como homens de um classe,tribo, ou sociedade vêm a Cristo, a igreja buscará moderar seu etnocentrismo de várias maneiras. Ela ensinará a eles que pessoas de outros segmentos da sociedade também são filhos de Deus. Deus amou tanto o mundo, ela dirá, que deu seu único Filho para que todo aquele que nEle tenha a vida eterna.

McGravan ainda urgiu a implementação do princípio da unidade homogênea por razões pragmáticas: as pessoas têm maior probabilidade de se tornarem cristãs se não precisarem deixar seu grupo. Ainda assim ele adverte que tal princípio “não é o coração do crescimento de igrejas”, nem deve ser usado para promover ou manter uma diretriz subjacente de segregação ou superioridade de classe. Wagner e o nosso tipo de povo Apesar de McGravan ser o autor do princípio da unidade homogênea como doutrina do crescimento de igrejas, C. Peter Wagner foi seu mais clamoroso proponente. Wagner ganhou sua reputação com a publicação de Our Kind of People (Nosso Tipo de Povo) em 1979. Até mesmo McGravan reconheceu que seu aluno era o que mais havia se indetificado com princípio da unidade homogênea: Quando o debate na América se enfureceu a respeito da exatidão da Unidade Homogênea, C. Peter Wagner se determinou a escrever sua dissertação de doutorado na Universidade do Sul da California, mantendo que o entendimento apropriado do conceito é completamente cristão e muito útil no discipulando da panta ta ethne comandado no Novo Testamento. Sua dissertação foi publicada em 1979 pela John Knox Press – livro referência chamado Nosso Tipo de Povo. Qualquer um que queira inquirir a profundidade da radical reviravolta em teoria de evangelismo e missão e o que o conceito causou deve ler esse livro.

Assim que Nosso Tipo de Povo: As Dimensões Éticas do Crescimento de Igrejas foi lançado, a teologia e a hermenêutica de Wagner foi atacado implacavelmente. Enquanto o furor do livro sem dúvida deixou muitas pessoas constrangidas ao ler a primeira página: “Nosso Tipo de Povo ataca o complexo de culpa do cristão que vem do movimento dos direitos civis e coloca para descansar com uma mistura hábil de precedentes bíblicos e psicologia humana. Ao fazer isso, Wagner transforma a afirmação de que „11 da manhã de domingo é a hora mais segregada da América‟ de um problema que os cristãos não podem resolver, em uma ferramenta dinâmica de garantia de crescimento cristão.” Wagner é apresentado na sobrecapa como um “seguidor de McGravan, o fundador do movimento [que] ... é bem pesquisado em seu estudo das implicações das congregações segregadas.” Ao leitor esperado que deu uma olhada superficial na sobrecapa, as implicações do livro podem parecer chocantes. Na superfície, o leitor pode ter concluido que Wagner era contra o movimento dos direitos civis, um ardente apoiador da segregação, e provou suas afirmações com “uma mistura hábil de precedentes bíblicos e psicologia humana.” Talvez tal linguagem, no mínimo parcialmente, explicou algumas das emocionadas resenhas sobre o livro de Wagner, como a resenha que proclamou que a teologia de Wagner era “Evangelismo sem evangelho”. Em seu livro, Wagner desafiou o prevalecente consenso de muitos teológos de que a integração de igrejas deveria ser a panacéia para as relações raciais na igreja. Linston Pope 129

articulou o ponto em The Kingdom Beyond the Castle (O reino além do castelo), publicado em 1957. Nele, ele chama a igreja americana de “a instituição mais segregada da sociedade americana.” O culto de domingo de manhã, ele lamentou, “é a hora mais segregada da semana.” Pope argumentou que essa integração congregacional deve acontecer para refletir a verdadeira natureza e propósito da igreja. Seu pessimismo sobre o futuro das igrejas negras implica que nem igrejas de brancos nem de negros deveriam existir. Wagner responde que “Pope não parece preocupado, nem ciente, das possibilidades que ele está defendendo etnocídio da cultura negra americana.” Outro livro influente foi escrito durante a era dos direitos civis da década de 1960. Gibson Winter, em The Suburban Captivity of the Churches (O Cativeiro Suburbano das Igrejas), via igrejas homogêneas, segregadas como “uma aliança profana de segregação racial e religiosa, uma aliança que tinha como real propósito preservar comunidades residenciais isoladas.” Ao final da década de 1960, alguns eticistas começaram a escrever de maneiras que se assemelhava o princípio da unidade homogênea de Wagner. Em seu livro Black Power and White Protestants (Poder Negro e Protestantes Brancos), John Hough defende modelos de pluralismo ao invés de dessegregação e assimilação. Hough argumentava que os modelos de integração eram algo mais que uma integração simbólica de, predominantemente, igrejas de brancos. O “novo pluralismo negro”, porém, mantinha a dignidade e auto-determinação das igrejas de negros. “Deste modo”, concluiu Wagner, “o movimento dos direitos civis começou a afetar os teólogos e eticistas, abrindo possibilidades para um entendimento e aplicação do princípio da unidade homogênea na América. Church Growth and the Whole Gospel (Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo), como dito anteriomente, foi um livro decisivo e uma defesa definitiva no Movimento de Crescimento de Igrejas. A apologia de Wagner falou de muitos pontos, entre eles o princípio da unidade homogênea. Dois anos se passaram entre a publicação desse livro e Nosso Tipo de Povo. Wagner, então, teve tempo suficiente para absorver dirigir as críticas. Depois da publicação de Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo, ele refletiu sobre o tulmuto, defendeu alguns pontos, e articulou o que ele considerava ser as questões mais salientes do princípio da unidade homogênea. Desde então, porém, Wagner tem sido reticente a falar do princípio. A frase “unidade homogênea” é rara nos livros recentes de Wagner. Ele acredita que muito tempo foi disperdiçado em um princípio que certamente não é a principal doutrina do Movimento de Crescimento de Igrejas. Em Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo, Wagner fez vários comentários sobre o princípio da unidade homogênea e seus riscos em potencial. Um deles, era o risco de “estar, implicitamente, colocando uma selo de aprovação na segregação, discriminação, racismo, o sistema de casta e o apartheid.” Ele observa que Ralph D. Winter fez uma apresentação no Congresso de Lausanne, em 1974 sobre o princípio da unidade homogênea. Algumas semanas depois, Winter ouviu que suas afirmações estavam sendo usadas na África do Sul para demonstrar que Lausanne aprovava o apartheid. Wagner lembrava-se muito bem da situação. Winter estava chocado. Aprovar o aparhteid estava tão longe da mente dele que o caso todo parecia ridículo. Mas da mesma maneira que uma faca pode ser usada como instrumento de misericórdia em uma cirurgia, ou como um instrumento de horror em um assassinato, o princípio da unidade homogênea pode ser usado para o bem e para o mal. Aplicado de maneira apropriada, pode ser uma força efetiva para reduzir o racismo; aplicado erroneamente, pode apoiar o racismo. Deve ser admitido que o princípio carrega nele um elemento de risco.

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Wagner também reconhece que “a homogeneidade auxilia a ordem evangelística, a heterogeneidade auxilia a ordem cultural.” Ele acredita que o evangelismo é a primeira prioridade. “Se evangelismo ardoroso significa multiplicar igrejas homogêneas, multipliquem-se ... A ordem evangelística é mais importante que a ordem cultural.” Wagner também salienta que crentes deveriam ser ensinados que “o povo de Deus é um em Cristo.” Essa é a mensagem no reino Deus: No reino de Deus, um reino de shalom, não há guerra, ódio, opressão, exploração, racismo, xenofobia, militarismo, segregação, discriminação, ganância. As pessoas do reino respeitam a integridade da cultura diferente da sua e se relacionar com pessoas em suas culturas em interdependencia, amor e preocupação mútua. Eles sabem como compartilhar sem subserviência ou paternalismo. Eles gostam das diferenças uns dos outros afirmando uma unidade humana básica. Eles promovem os direitos humanos. Eles trabalham diligentemente por uma sociedade aberta em que as pessoas estão livres para tomarem suas decisões sem coerção.

Aqueles que conhecem Wagner, mesmo que discordem de seu conceito do princípio da unidade homogênea, negam firmemente qualquer sinal de racismo ou superioridade cultural em sua teologia ou sua vida. Porém, Wagner não tem se ajudado ou ao princípio da unidade homogênea com frases que parecem implicar que a segregação deveria ser uma norma para os cristãos. Talvez, se ele tivesse feito duas grandes afirmações sobre a homogeneidade, o furor não tivesse sido tão intenso. Primeiro, evangelização rápida acontece melhor quando as pessoas de uma cultura compartilham sua fé em Jesus Cristo com outros dentro de sua própria cultura. Segundo, cristãos não devem insistir para que uma pessoa abandone sua cultura para se tornar um cristão. Essa é a essência do princípio da unidade homogênea.

Uma avaliação do princípio da unidade homogênea Muitos críticos têm reagido emocionalmente ao princípio da unidade homogênea. Nem Wagner nem os proponentes do crescimento de igrejas são racistas ou segregacionistas, e os críticos que fazem tais acusações não entendem nem eles nem a mensagem. O princípio da unidade homogênea é um conceito controverso. É então importante separar a retórica emocional para entender completamente suas implicações. Um dos argumentos mais convincentes contra o princípio da unidade homogênea vem de Rene Padilla em seu estudo da hermenêutica de Wagner. Padilla discorda da afirmação de Wagner de que “a difusão do cristianismo era conseguida entre numerosas unidades homogêneas.” De um lado, Wagner argumenta que o evangelho de fato “transcende barreiras raciais, culturais e linguísticas, mas sua difusão continuava nas linhas de unidades homogêneas.” Seu exemplo mais freqüentemente mencionado é dos gentios, que não tinham que se tornar judeus para se tornarem cristãos. Enquanto Padilla reconhece esse aspecto da difusão do evangelho, todavia, ele enfatiza que a “derrubada das barreiras que separam as pessoas do mundo era reguardado como um aspecto essencial do evangelho, não meramente um resultado dele.” Além disso, ele acredita que a teologia de Wagner da unidade homogênea é uma “missiologia feita para igrejas e instituições em que a função principal na sociedade é reforçar o status quo.” Depois, Wagner parece, de alguma forma, concordar com Padilla, já que fala menos sobre a unidade homogênea hoje em dia, do que quando Nosso Tipo de Povo foi publicado em 1979. Ele se arrepende de que o “princípio da unidade homogênea tenha assumido tais proporções que seja considerado a soma e substância do Movimento de Crescimento de igrejas.” Também é aparente que ele suavizou consideravelmente sua posição no assunto. O tom de Nosso Tipo de Povo era que a homogeneidade era um princípio que deveria ser 131

perseguido agressivamente para assegurar o crescimento da igreja. Wagner agora diz que homogeneidade é “descritiva, não normativa ... fenomenológica e não teológica.” O fato de que Wagner não declara apoio teológico para uma estratégia de crescimento de homogeneidade é significantemente diferente de sua posição em Nosso Tipo de Povo, em que uma apologia bíblica é apresentada. Wagner afirma em Crescimento de Igrejas e o Evangelho Completo que “o princípio da unidade homogênea é a penúltima dinâmica e não um ideal final.” Tal afirmação é visivelmente similar a perspectiva de Padilla do princípio da unidade homogênea: “Devemos admitir que às vezes a testemunha de congregações separadas na mesma área geográfica na base da linguagem e da cultura podem ter aceitado como uma necessária, mas temporária, medida pelo bem do cumprimento da missão de Cristo.” As duas posições do princípio da unidade homogênea, que foram polarizados, tem se movido para o centro. O conceito de Wagner do princípio como a “penúltima dinâmica” é muito próximo da admissão de Padilla de que é “necessário, mas temporário.” A unidade homogênea é um possível ponto de partida para o evangelismo: ninguém deveria ser obrigado a deixar sua cultura para se tornar cristão. Ainda assim a homogeneidade não é um estado ideal. Uma vez evangelizado, disse Wagner, “ensine os crentes de que o povo de Deus é um em Cristo.”

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26 Planejar, Definir Alvos e Crescimento de Igrejas Planejar e definir alvos atrapalham a soberania de Deus e a liderança do Espírito Santo? As igrejas estão se apoiando na força humana ao invés do poder de Deus, quando elas fazem palnejamento? Essas questões são importantes já que evidências estatísticas apoiam a tese do crescimento de igrejas de que planejamento e definição de alvos contribuem para o crescimento da igreja. Hadaway observa que igrejas que fazem planos para o crescimento, normalmente experimentam crescimento. Das igrejas estudadas, 69% das igrejas em crescimento eram igrejas que faziam planejamento, comparado com os 32% apenas de igrejas em platô. Alguns escritores do crescimento de igrejas repetem o clichê: “Falhar ao planejar é planejar falhar.” Vamos ver algumas das razões pelas quais os líderes estão encorajando as igrejas a planejarem para o crescimento. Planejando para o crescimento C. Peter Wagner cita pelo menos seis vantagens do planejamento: 1. Aumenta a eficiência. Os recursos de Deus de tempo, energia e dinheiro são usados de maneira melhor para a boa mordomia. 2. Permite correções no meio do percurso. 3. Une o grupo com plano e visão únicos. Cada membro do grupo entende seu papel na visão. 4. Ajuda a medir a efetividade. O progresso é medido de acordo com os planos. 5. Torna a responsábilidade natural. 6. Pode tornar um modelo para ajudar outros. Ter um plano, somente, naturalmente, produz crescimento? A resposta é um “sim” qualificado. É possível que o planejamento possa ser contraprodutivo porque muito da energia e entusiasmo pode ser usado no processo de planejamento. Esse é o porquê, urge Bill Sullivan, a ação precisa se seguir rapidamente depois que o plano tenha sido estabelecido. O planejamento possui vários elementos. O elemento chave é visão. No capítulo 19 examinamos o fator mais principal da liderança e como a liderança deve articular uma visão. Dessa visão é saem os alvos, subprodutos da visão. Veremos os alvos em detalhes na próxima seção. Depois vem as estratégias, que são os meios específicos pelos quais esses alvos serão alcançados. Uma vez que uma estratégia específica tem sido articuladas, esse plano tem que ser comunicado e pentercer a igreja. Torna-se “nosso plano” ao invés do plano do pastor ou dos grupos. Finalmente, o plano deve ser avaliado e reajustado regularmente, pelo menos uma vez por ano. Tal processo de planejamento realmente contribui para o crescimento? Aparentemente, a resposta é “sim.” A pesquisa de Hadaway novamente afirma o valor pragmático dessa abordagem: “O resultado das pesquisas mostram que 85% das igrejas que tem saído do platô têm reavaliado seus programas e prioridades durante os últimos cinco anos, comparando aos 59% de igrejas que permaneceram no platô. Similarmente, 40% de igrejas em início de crescimento criaram planos de longo alcance, comparado com os apenas 18% de igrejas que continuaram no platô.” Embora haja uma forte e positiva correlação entre planejamento e crescimento, a correlação é ainda maior com a definição de alvos. Definir alvos motiva a igreja a colocar o plano em ação.

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Defindo alvos Relacionado ao método de estratégia de planejamento de crescimento de igrejas tem sua ênfase na definição de alvos. Wagner chama de “o maravilhoso poder de definir alvos.” Ele iguala definir alvos com fé: “o esmagador consenso de indivíduos que Deus tem abençoado com grandes, crescentes igrejas é que nada poderia ser feito sem a fé necessária para definir os alvos. Concordo com Arthur Adams que disse, „Fé é a qualificação mais importante de um líder. Um compromisso com algo tão forte que molda a vida do líder é contagioso.‟” Wagner percebe que esses alvos, para contribuir com o crescimento da igreja, não pode ser arbitrário. Sua idéia de “bons alvos” inclui cinco características. Primeiro, alvos devem ser relevantes. Eles devem estar realcionados com as necessidades da igreja e da comunidade. Uma igreja que define alvos tem consciência de suas forças, fraquezas e ministérios. Segundo, alvos devem ser mensuráveis. Um alvo vago, que não pode ser medido em uma estrutura específica de tempo é inútil. Além disso, Wagner acredita que um sistema de responsabilidade de ser construido em um processo de definição de alvos. Terceiro, o alvo deve ser significante. “Evite alvos magros e aprenda a confiar em Deus para as grandes coisas.” Muitas igrejas carecem da fé necessária para um crescimento significante. Quarto, o alvo deve ser controlável. “Fazer castelos no ar e definir alvos ridículos é contraprodutivo e produz tanta frustração que algumas pessoas desistem de praticar a definição de alvos.” Ainda assim, Wagner acredita que é melhor definir um alvo ambicioso e falhar, do que tentar nada e ser bem sucedido. Finalmente, alvos devem ser relacionados ao pastor e as pessoas da igreja local. As pessoas devem demonstrar compromisso com os alvos, com seu tempo, dinheiro e energia. Por que a definição de alvos é uma ferramenta tão importante para o crescimento de igrejas? Como a definição de alvos levam as igrejas a crescer? Talvez, mais que qualquer outro fator, ela dá direção a visão da igreja. Poucas igrejas tem planos, mas ainda menos igrejas definem alvos para cumprir seus planos. A definição de alvos, se é desafiadora e realística, pode produzir motivação e estímulo. Os líderes precisam perceber que a maioria dos membros de nossas igrejas estão famintos por serem parte de uma igreja que faz a diferença. Se esses membros puderem ver uma real evidência que a igreja e sua liderança estão comprometidos com novos e desafiadores rumos, o entusiasmo será natural e espontâneo. A definição de alvos pode tornar uma igreja direcionada para o futuro, ao invés de ficar atada a tradição. Tradição é saudável. Mantém-nos cientes de nossa herança e passado. Dános uma sensação de gratidão por aqueles que vieram antes de nós, e por seus feitos. Tradicionalismo, porém, não é saudável. Faz do passado o ponto de foco e a fonte de nossa adoração. Tira nossos olhos do que Deus pode fazer, porque escolhemos fazer da maneira que as coisas eram feitas no passado a maneira que Deus irá trabalhar no futuro. Tradicionalismo mata a visão porque não irá se mover do “nunca fizemos desse jeito.” Definição de alvos é a maneira de focar e sonhar novamente.

Avaliação A sólida evidência sugere que existe uma positiva correlação entre crescimento de igreja, planejamento e definição de alvos. Essa avaliação deve perguntar: Tal metodologia é biblicamente confiável? No capítulo 9, concluimos que esforços humanos para crescer uma igreja não vai contra a teologia que afirma a total soberania de Deus. Ainda assim precisamos

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perguntar: Esse é um modelo bíblico ou é um modelo de outra fonte, talvez do mundo dos negócios? Alguns críticos tem argumentado com a defesa bíblica do crescimento de igrejas da intervenção humana sobre a difusão do evangelho. O ponto a ser considerado, porém, é a ênfase no planejamento estratégico. É uma ordem bíblica que “não é ... opcional na vida humana e atividade”? ou a ênfase é o resultado de uma hermenêutica pragmática que leva a estratégia de planejamento, porque tal planejamento resulta em crescimento numérico? Wagner nos dá alguns exemplos bíblicos de planejamento estratégico, mas sua preocupação é mais pragmática que teológica. Ele sustenta que os cristãos devem, primeiramente, ter uma relação adequada com Deus. Se tal relacionamento existe “estamos livres para planejar estratégia usando os métodos e tecnologias que melhor cumprirão o trabalho de Deus nesse mundo.” Em outras palavras, planejamento e estratégia resultarão em crescimento numérico. Os exemplos bíblicos de planejar estratégia, que Wagner oferece, vem, em grande parte, de Provérbios, que traz conselhos práticos para planejamentos. Ele também diz que Paulo era um planejador pragmático em sua estratégia de alcançar os gentios. Antes de aceitar a premissa de Wagner de que existe um “padrão bíblico de consagrado pragmatismo [e] ... planejamento de estratégia,” é provavelmente melhor considerar planejamento de estratégia como mais pragmático que bíblico, ao afirmar seu valor no empenho no crescimento de igrejas. quando Wagner fala das vantagens de ter uma estratégia para o crescimento da igreja, seus pontos são muito parecidos com os que ouvimos nos negócios. Seus pontos não são não bíblicos, e estão preocupados com o alvo de ganhar mais pessoas para Cristo. Suas fontes, porém, são de preocupação mais pragmática do que sólida evidência bíblica. Os defensores do crescimento de igrejas também acreditam que definição de alvos é uma atividade natural para as pessoas. “Pode muito bem ser algo que Deus quis para os seres humanos na criação.” Wagner gosta do pragmatismo da definição de alvos. Seus estudos empíricos concluiram que “projeções de fé” tem um efeito positivo no acelerado crescimento de igrejas. Ele freqüentemente cita a igreja Yoido Full Gospel, em Seul, a maior igreja do mundo. Seu pastor, Paul Yonggi Cho, acredita firmemente em definição de alvos. Wagner lembra de seu primeiro encontro com Cho em 1976, quando a igreja tinha “apenas” 50.000 membros. Em seu primeiro encontro, Cho contou a Wagner que sua igreja tinha um alvo de 500.000 membros até 1984, centenário do protestantismo na Coréia. Instalações inadequadas foram o fator que levou ao fracasso de alcançar o alvo em 1984, mas a igreja excedeu a marca de 500.000 membros em 1985. Planejamento e definição de alvos podem ser saudáveis para a igreja e seu crescimento. Em nossos esforços entusiamados para planejar para o crescimento da igreja, porém, não devemos nunca tentar iniciar qualquer estágio de planejamento sem antes orarmos intensamente ao buscarmos orientação do Espírito Santo. As ferramentas para o planejamento e a definição de alvos podem ser de tremendo benefício. Eles podem ser passos de fé; mas precisam ser guiados cuidadosamente pelas mãos de Deus. Se tal orientação acontecer, planejamento será um “edifício de ouro, prata, pedras preciosas” se não, o trabalho será “madeira, feno, palha ... pelo fogo será descoberta ... se queimará”(1 Cor. 3:12-15).

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27 Instalações Físicas e Crescimento de Igrejas Uma das mais frequentes perguntas sobre o crescimento da igreja é a preocupação as instalações físicas. Qual deveria ser o tamanho de nosso santuário? Quando deveríamos ter cultos múltiplos? Precisamos construir uma espaço extra para a edução? Nossa igreja é atrativa? Ele não é ameaçadora aos nossos convidados? Temos vagas de estacionamento suficiente? O que devemos fazer com nosso enorme santuário? É compreensível que os líderes de igreja façam essas perguntas. As instalações físicas, normalmente, representam o maior investimento financeiro da igreja. Um erro nessa área pode levar ao desastre financeiro. Alguns líderes entendem que os ajustes nas intalações da igreja servem como a panacéia para o crescimento da igreja. Conheço uma igreja na Flórida que sofreu som sete anos de platô de freqüência. Eles decidiram que acrescentariam um novo espaço para educação, e reformariam o antigo espaço na esperança de atrair mais pessoas. Depois de investirem centenas de milhares de dólares, a freqüência estabilizou e até declinou nos meses seguintes. Agora, a nova dívida da igreja deixou as pessoas desencorajadas e frustradas. Apenas as instalações físicas não conseguem definir o caminho futuro de uma igreja. Eles podem, porém, combinados com outros elementos, serem fatores contribuintes ou prejudiciais. Neste capítulo, veremos as instalações físicas em duas perspectivas: quanto é necessário para crescer e como a aparência afeta o crescimento. Espaço para crescer Um princípio, muito ouvido, do crescimento de igrejas é que, quando oitenta por cento de qualquer instalação está em uso, é hora de providenciar mais espaço. Esse princípio básico é aplicado normalmente em cinco áreas: estacionamento, santuário, terreno, pré-escola e espaço para educação. Quando os grandes shoppings são contruídos, seus donos não preenchiam todos os espaços, a não ser em dois ou três feriados. Os donos queriam que os transeuntes soubessem que tinham vagas extras de estacionamento. Tal mentalidade é comum entre os frequentadores da igreja nos dias de hoje. Um santuário ou estacionamento cheios mandam a mensagem de que não há mais espaço. Talvez, o fator de espaço mais crítico é o estacionamento. Uma vez que as vagas estejam esgotadas, os possíveis convidados, literalmente, vão embora! Antes de colocarmos um novo estacionamento em nossa igreja, eu vi convidados irem até nossa igreja e então irem embora. Queria ir atrás de cada um deles! William Easum disse: “A maioria dos relacionamentos acontecem fora da vizinhança, como no trabalho ou na academia; o caso de amor dos americanos com o automóvel facilita para que as pessoas dirijam quinze, vinte quilometros até uma igreja que satisfaça suas necessidades pessoais; muitas famílias vão à igreja em mais de um carro; mais e mais, os americanos estão procurando por igrejas maiores que ofereçam ministérios especializados.” Entretanto, se eles dirigem, devemos ter os estacionamentos. Geralmente, uma igreja pode resolver seus problemas de espaço acrescentando cultos adicionais – por exemplo, aulas múltiplas da Escola Dominical e múltiplos cultos de adoração. Com certeza, com as pessoas acostumadas a opções em todas as fases de sua vida, opções no culto são benéficas até mesmo se ainda exista espaço disponível. Ainda assim, muitas igrejas escolheriam cultos múltiplos sem considerar as necessidades de estacionamento. Por exemplo, uma igreja que tem dois cultos e uma Escola Dominical, ainda terá pessoas usando o estacionamento durante a Escola dominical. Se a igreja optar por duas Escolas Dominicais e 136

dois cultos acontecendo ao mesmo tempo, nenhum problema de estacionamento será resolvido. Algumas igrejas estão tentando inovar os estacionamentos com veículo para transporte entre estacionamento e igrejas ou estacionamento com manobrista. Usávamos os veículos para tranferência enquanto nosso estacionamento não estava pronto. Ajudou, mas era uma solução provisória. Para aquelas igrejas que querem alcançar jovens famílias, espaço adeaquado de préescola é necessário. Os pais de hoje hesitam em deixar seus filhos em salas lotadas. Easum sugere um espaço de nove metros quadrados para cada criança de sete anos ou menos. Seis metros quadrados é o mínimo para uma criança mais velha, um jovem ou um adulto. Criar um novo espaço não é a resposta para fazer uma igreja crescer. Se uma igreja constroe além de suas necessidades presentes, o excesso de espaço cria o que psicólogos sociais chamam de “dinâmica psico-social.” A alegria de uma multidão é trocado por uma noção de que o declínio está acontecendo, mesmo que não esteja. Esse é o caso do espaço educacional e de adoração. James Emery White lembra de uma igreja que estava experimentando um rápido crescimento que excedia a de 300 membros de seu santuário. Tomaram a decisão de construir um auditório de 1.800 lugares. Quando as pessoas se mudaram para a nova instalação, o estado de espírito deles mudou de excitação e expectativa para desencorajamento e derrota. O crescimento parou em alguns meses. De um ponto de vista da necessidade de crescimento, múltiplos cultos são a melhor opção, seguido de um prédio que está um pouco adiante no projeto de crescimento. Aparência A cada seis meses, peço para uma pessoa que nunca foi à nossa igreja, para entrar e ve-la por dentro e por fora. Se possível, essa pessoa não será um membro ativo de uma igreja, pois não nos dariam a perspectiva que uma pessoa de fora da igreja poderia dar. Peço para que a pessoa tome notas; diga suas primeiras impressões; seja crítico onde for necessário; e faça comentários favoráveis onde eles couberem. Minha preocupação é que nossa igreja aparente qualidade. Uma pessoa perdida pode entrar em nossa igreja e ver que os cristãos cuidam de suas instalações. Uma igreja desleixada transmite a idéia de atitude preguiçosa em outros aspectos aos de fora da igreja. A igreja deveria prestar atenção na limpeza em todas as áreas. Um consultor de crescimento de igrejas me disse que ele pode dizer muita coisa sobre uma igreja só de entrar em nos banheiros dela! Olhe para ela, diariamente, através dos olhos de um convidado. Nós que estamos na igreja toda semana, acabamos nos acostumando ao carpetes desgastados e paredes deteriorada – mas pode ser a primeira coisa que os convidados percebem. Iluminação e som podem fazer toda a diferença na igreja, especialmente no culto de adoração. O humor e as emoções de um culto são afetados tanto positiva quanto negativamente pela iluminação e o som. A igreja deveria ver esses gastos com ambos como um investimento para alcançar outros. O conforto das pessoas que vão à igreja deveria ser outra consideração. Temos a mensagem mais importante do universo para comunicar. Ainda assim, nossa mensagem pode não ser ouvida se a temperatura e os assentos causem disconforto. Gosto do que James White disse sobre a maioria dos assentos das igrejas: “Crescendo na igreja, geralmente sentia que Deus não tinha nada a ver com a criação dos bancos da igreja. Certamente tinha sido uma invenção do diabo para me distrais fisicamente, não podendo me concentrar no sermão.”

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Uma igreja que quer alcançar os de fora devem ter instalações que falem de maneira amigável a eles. As melhores vagas de estacionamento, além daquelas destinadas aos deficentes, são resevadas para os convidados. Quando alguém estaciona na vaga dos convidados, nossos recepcionistas colocam um cartão no parabrisa. O cartão tem o programa de atividades de um lado e quatro balas de menta presas do outro lado. No lado da “bala” lêse: “Esperamos que sua visita na Igreja Batista de Green Valley deixe uma doce lembrança” (veja o cartão na página seguinte). Nosso pessoal estaciona nas vagas mais distantes, como exemplo aos nossos membros de que nos preocupamos com os perdido e sem igreja. Sinais evidentes e recepcionistas amigáveis encontram nossos convidados quando eles entram na igreja. Em tudo o que fazemos, tentamos nos colocar no lugar de nossos convidado que vem pela primeira vez, e nos perguntamos se somos, realmente, uma igreja amigável.

Avaliação

Há uma positiva correlação, apesar de pequena, entre instalações amigáveis aos convidados e crescimento de igrejas. Igrejas em platô ou em declínio podem culpar suas instalações, mas é improvável que melhorar essas instalações levará uma igreja em declínio ao crescimento. “Mas deveria ser enfatizado que qualquer tendência de colocar esperança na habilidade de um prédio de atrair pessoas é perigosa ... As instalações de uma igreja podem ser atrativas e bem construídas, mas o espaço deveria ser visto como um espaço que será preechido somente pela ação dos membros da igreja, não por mera existência. Outro fator que deve ser considerado são os pequenos grupos; um tópico que examinaremos no capítulo 29. O momento está construindo entre as igrejas americas que reflete uma tendência em outras nações: crescimento rápido dos pequenos grupos que se encontram fora da igreja. Se tais grupos se tornarem comuns nas igrejas americanas, como isso afetará os planos de construção dessas igrejas? Igrejas Batistas do Sul provavelmente continuariam a enfatizar a Escola Dominical, e isso iria exigir a um espaço educacional no lugar. Qual será o formato dessas igrejas que usam os pequenos grupos fora da igreja no lugar da Escola Dominical? Para as igrejas Batistas do sul quem optar por uma ênfase na relação Escola dominical/pequenos grupos: Qual efeito essa abordagem terá na necessidade de construção de espaço? A igreja está passando pelo crescimento mais rápido desde a Reforma, e essas mudanças criam mais questões que podem responder. A forma das construções das igrejas, dos estacionamentos e outras instalações podem mudar significativamente no século XXI. Essa tendência deve ser observada.

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28 Assimilação, Recuperação e Crescimento de Igrejas Paul e Melissa se uniram à nossa igreja com grande entusiasmo. Eles se tornaram amigos de outro jovem casal na Escola Dominical. Não conseguiam parar de falar coisas boas sobre sua igreja. Ainda assim, nove meses depois, eles pararam de ir à igreja. Os membros da Escola Dominical foram diligentes em manter contato com Paul e Melissa, mas a ausência contiuou. Seis meses depois que eles pararam de ir, ficamos sabendo que eles estavam frequentando outra igreja Batista de nossa área. Devo admitir que machuca cada vez que perco um membro para a inatividade ou para outra igreja. Sinto-me como um pastor que viu sua ovelha se desgarrar, talvez nunca mais serão achadas. No caso de Paul e Melissa, estou grato por estarem ativos em outra igreja. A maioria dos que saem abandonam todas as atividades da igreja por anos, talvez para sempre. Depois, fiquei sabendo que Paul, que tinha metas ambiciosas em sua carreira, não havia sido aceito na pós-graduação. Ele ficou tão envergonhado que não conseguiu encarar seus colegas da Escola Dominical. Os membros da classe, certamente, cumpriram seu papel. O que eles poderiam ter feito diferente? Havia qualquer coisa que pudesse ser feita para mante-los na igreja? Quando as igrejas buscam alcançar pessoas para sua comunhão, estão tentando abrir a “porta da frente.” Manter esses membros na igreja, ativos e realizados, é chamado de “fechando a porta de trás.” Manter a porta fechada é o maior problema na maioria das igrejas hoje. Uma igreja que tem metade dos seus membros frequentes é considerada bem sucedida na maioria dos padrões. Jesus estaria feliz com metade de Seus seguidores faltando em um determinado momento? Mesmo se descontarmos a ausência por doença, muitíssimos membros se afastam a cada semana. O que podemos fazer para reconquistar o espírito da igreja primitiva, onde os cristãos “perseveravam na doutrina ... e na comunhão” e onde “todos os que criam estavam juntos” (Atos 2:42,44)? Como podemos assimilar novos membros, e como recuperar membros inativos? Essas são as duas peruntas da “porta de trás.” Assimilando novos membros Gary McIntosh e Glen Martin, no livro Finding Them, Keeping Them (Encontrando-os, Mantendo-os), identificam cinco estratégias para a assimilação. Amizade com outros membros da igreja é o primeiro passo para a assimilação de um novo membro à igreja. Lyle Schaller diz que “há uma considerável evidência que sugere que pelo menos um terço, talvez metade, de todos os membros de igrejas protestantes não se sentem pertencentes à congregação da qual são membros. Eles foram recebido no rol de membros, mas nunca se sentiram como se tivessem sido aceitos no círculo de comunhão.” Os membros da igreja, obviamente, precisam desenvolver relacionamentos com os novos membros. Isso, raramente, é bem sucedido com programas. Ao invés disso, ênfase regular na amizade e sinceridade motivam os membros a acolherem os recém-chegado em seus círculo de amizade. Uma família em uma igreja que fui pastor, em Louisville, Kentucky, convidava a maior parte dos novos membros para uma refeição em sua casa. Quando os líderes da igreja incentivam e aplaudem tais ações, outros membros seguirão o exemplo. Uma abordagem ainda mais bem sucedida é que a amizade comece antes de o novo membro vir para a igreja. Se nós, como líderes da igreja, formos bem sucedidos em motivar os membros da igreja a convidarem e trazerem seus amigos à igreja, evangelismo e assimilação podem se tornar um passo vitorioso. 139

Tão importante quanto os relacionamentos são para fechar a porta de trás, é importante que os novos membros se tornem envolvidos no ministério da igreja. Uma revisão do capítulo 20 pode ajudar nesse ponto. Nós, líderes da igreja, estamos dando nossa permissão leiga, para começar e se envolver no ministério? Ou o envolvimento da igreja está restrito a comitês redundantes, em que os membros do comitê são escolhidos por um grupo escolhido? Encorajamos ou pedimos avaliação do dom espiritual para envolver pessoas no ministério de acordo com seus dons? Ou estamos escolhendo a June e o John para trabalharem no comitê da cozinha porque não estão fazendo nada mais? Pregamos, ensinamos e mostramos que o ministério é feito pelo povo de Deus, ao invés de por alguma hierarquia eclesiológica artificial? Envolvimento ministerial, envolvimento ministerial real, é a chave para a assimilação. No próximo capítulo examinaremos o impacto dos pequenos grupos em vários fatores, incluindo assimilação. Por agora, é importante notar a beleza dos pequenos grupos para criar sentimento de pertencimento. O que é “pequeno”? A maioria dos estudos diz que dez é o tamanho de um grupo em que todos temos a oportunidade de interagir com o resto do grupo. A Escola Dominical, então, pode operar dentro da dinâmica de um pequeno grupo, mas apenas se a classe é pequena. Membros da igreja em classes de vinte, trinta, quarenta ou mais não estam colhendo todos os benefícios de um pequeno grupo. Apesar de não estar ciente de nenhum estudo nessa área, sinto que essa dinâmica dos pequenos grupos podem operar melhor em um local fora da igreja. A importância da visão foi muito mencionada por todo esse livro, mas não pode ser exagerada. Uma clara visão de Grande Comissão cria uma sensação de “estar no grupo.” Quem nunca se identificou com um time de esporte que tinha a visão de serem os melhores? Você vê os fans usando camisas, colocando adesivos no carro, colocando nomes dos jogadores em seus filhos. Uma dinâmica similar pode acontecer com uma igreja que tem uma visão clara e desafiadora. Novos membros são assimilados porque se identificam com o “time” e sua visão. A chave final para a assimilação, dizem McIntosh e Martin, é o crescimento espiritual. Esse é o ímpeto do discipulado do Movimento de Crescimento de Igrejas. Quanto mais profundo é o nível de discipulado, maior probabilidade da assimilação acontecer. Os líderes da igreja devem buscar maneiras inovadoras e desafiadoras para que todos os membros tenham oportunidades de crescer em Cristo. Recuperação Se as igrejas, efetivamente, integram todos os novos membros, a recuperação não precisaria de atenção. Em um determinado ano, uma igreja perderá dois por cento de seus membros para a morte, três por cento para a transferência e seis por cento para a reversão. Para uma igreja de duzentos membros frequentes, até doze pessoas irão simplesmente embora. Apesar de focarmos essa seção na recuperação daqueles que se desgarram da igreja, devemos reconhecer que a recuperação é o mais difícil tipo de programa de alcance de pessoas. Alguma coisa negativa precedeu a saída. O fator negativo pode ter sido um único evento, como a disputa com outro membro da igreja. A maioria dos que abandonam, porém, o fazem simplesmente porque ficaram entediados com a igreja já que nunca se sentiram como se fizessem parte do corpo. Convencer essas pessoas de que a igreja ainda se preocupa e tem um lugar para eles é, no mínimo, mais difícil. Geralmente, a recuperação começa com um esforço sistemático para visitar cada membro inativo. Já pensei que isso fosse impossível. Então, em antecipação ao programa de construção, reunimos um grande grupo de membros da igreja que visitaram cada casa de nossos membros. É maravilhoso o que podemos fazer quando estamos precisando de dinheiro!

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O que teria acontecido se usássemos esse mesmo grupo para visitarmos os inativos simplesmente para ministrar? Uma palavra de cautela: aqueles que entram nos lares dos inativos devem ser muito bem treinados e preparados. Os novos cristãos são os mais adequados para outras tarefa. Muitas dessas visitas serão dolorosas, e as piores percepções da igreja podem ser conduzidas. Os membros da igreja que fazem essas visitas devem estar preparados para encontrar raiva, dor e indiferença. Eles devem ter o desejo de ouvir mais do que falar. Eles devem manter a perspectiva de que a igreja não é tão ruim como ouviam; e devem ter um atitude como a de Cristo que transmita a esse inativos: “Gostamos muito de você.” A melhor oportunidade para recuperação será recuperar aqueles que expressam indiferença pela igreja. Eles não têm barreira de hostilidade e mágoas para superar. A pessoa inativa simplesmente não acredita que a igreja seja importante. Outras áreas da vida ganharam maior prioridade. A chave da recuperação aqui é encontrar alguma área da igreja pela qual o inativo não seja indiferente. Por exemplo, alguma área do ministério da criança pode atrair o inativo. Eles podem decidir mandar seus filhos para os corais infantis, escola bíblica de férias ou Escola Dominical. Os pais de hoje estão muito preocupados com o bem estar de seus filhos. Se seus filhos se evolverem na igreja, logo os pais os seguirão. Apesar de a evidência estar delineada nesse momento, há muitas indicações que os pequenos grupos serem bons pontos de re-entrada para os inativos, especialmente nos encontros fora do campo da igreja. Em nossa igreja estamos vendo a possibilidade de dar o nome de uma família inativa para cada um de nossos pequenos grupos. Se algumas famílias voltarem para a igreja como resultado desse esforço, será um sucesso ainda maior que qualquer coisa tentada anteriomente. Um ponto final a ser considerado na tentativa de recuperar membros inativos: membros inativos podem não ser cristãos. A filiação a uma igreja não é uma atestação final no livro da vida do Cordeiro. Se os membros da igreja tentarem visitar os inativos, eles deveriam sempre estar cientes nas oportunidades evangélicas.

Avaliação

Se entendi corretamente a parábola de Jesus sobre o filho pródigo, nosso Senhor regozija quando um de Seus filhos volta ao “lar” (Lucas 15:11-32). Quando buscamos assimilar novos membros, estamos tentando evitar que os “filhos” se vão. Quando buscamos recuperar os inativos, estamos tentando fazer os “filhos” voltarem. Apesar de os membros inativos não poderem ser esquecidos, prevenção é mais fácil que recuperação. Um ministério de assimilação multinivelado desde o dia em que uma pessoa expresse seu interesse em nossas igrejas, reduzirá drasticamente o número de inativos. Infelizmente, a maioria das igrejas hoje são sobrecarregadas com burocracias que atrapalham a assimilação e excluem os recém-chegados. Também, os líderes devem aceitar o fato de que eles perderão alguns membros para outras igrejas. Uma vez que a visão esteja clara, e um estilo de ministério estabelecido, as transferências de membros é inevitável. Ao invés de ficarmos oprimidos por causa da perda, devemos aprender a louvar a Deus por Seus filhos estarem em outra igreja, com a qual se identificam e podem dar uma melhor contribuição. Ainda assim, alguns membros sairão porque uma visão claramente emitida mexe em sua zona de conforto e com o status quo. Essas perdas são razões para tristeza, pois essas pessoas consideraram o custo do discipulado e decidiram que a cruz era pesada demais para carregar (Marcos 8:34).

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29 Pequenos Grupos e Crescimento de Igrejas A igreja primitiva a se encontrar nos lares dos crentes, onde eles partiam pão “” (Atos 2:46). Esse era o padrão de igreja no passado. Carl F. George previu que a igreja do futuro poderia voltar a uma estrutura muito semelhante a igreja primitiva em Jerusalém: grande o suficiente para ganhar milhares, mas pequena para ter um toque pessoal. “Esse é o meu argumento,” disse George, “que os nossos modelos atuais para fazer o ministério são ineficazes e inadequado para as oportunidades que estão vindo ao nosso encontro. Se as igrejas cristãs devem receber a colheita das almas, que acreditamos que Deus está chamando para entrar em Seu reino, acontecerá apenas porque as igrejas reorganizaram suas estruturas. Elas devem ser grandes o suficiente para fazer a diferença, e ainda assim, pequenas o suficiente para cuidar.” O conceito dos pequenos grupos é um dos tópicos mais discutidos no crescimento de igrejas americanas atualmente. Por anos, era visto como uma estratégia se adaptava melhor igrejas em outros países, mas o conceito dos pequenos grupos está se espalhando rapidamente nos Estados Unidos. Não é mais visto como a aberração bem sucedida da igreja de Paul Yonggi Cho, na Coréia do Sul. Muitos pastores e líderes de crescimento de igreja consideram pequenos grupos um retorno aos princípios da igreja primitiva. Um modelo dos dias modernos do poderes do pequenos grupos é a igreja na China. Os comunistas tomaram o poder na década de 1950, expulsando todos os missionários e perseguindo os cristão chineses que chegavam a um milhão. A maioria dos observadores temiam que os comunistas teriam eliminado quase todos os cristãos presentes. Para a surprese de muitos, trinta anos depois, os cristãos na China são entre trinta e cem milhões! A igreja se multiplicou em até cem vezes! Os cristãos chineses não tinham igrejas construídas, poucos pastores treinados e poucas bíblias. Os cristãos chineses testemunhavam sobre sua vida de perseguição por trinta anos e atribuiam sua sobrevivência à oração e a difusão do evangelho através de igrejas em casa – pequenos grupos. Uma forma de pequenos grupos tem dominado o cenário da igreja americana durante maior parte do século XX: a Escola Dominical. Apesar de nem sempre ser vista como um pequeno grupo, os dois ministérios têm similaridades suficientes para serem considerados parte da mesma família. Ainda assim, a Escola Dominical é um pequeno grupo no campus da igreja, enquanto o termo “pequenos grupos” normalmente se refere a reuniões fora do campus da igreja.

Escola Dominical Um breve resumo histórico O movimento da Escola Dominical se originou na Inglaterra no final de 1700. Robert Raikes, editor do Jornal Gloucester, contratou professores para crianças pobres. O movimento rapidamente se mudou para os Estados Unidos e foi auxiliado por outros movimentos que promoviam a reforma social. Um pouco antes do início do século XIX, as Escolas Dominicais haviam se espalhado por Massachusetts, Nova York, Pensilvânia, Rodhe Island e Nova Jersey. Seu papel princípal era educar crianças, especialmente aquelas que eram empregadas de fábricas. Depois de 1800, o propósito da Escola Dominical se expandiu tanto para a escola quanto para o evangelismo. O primeiro empenho nacional da Escola Dominical começou em 1824. A

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União Americana das Escola Dominicais afirmou o propósito de organizar, evangelizar e civilizar. A União treinou liderança, publicou literatura e formou milhares de Escola Dominicais até 1880. Apesar do movimento da Escola Dominical ter começado educando crianças, na América, se tornou a arma de ensino, nutrição e evangelismo da igreja para todas as idades ao findar do século XIX. O trabalho de alcance da Escola Dominical era, especialmente, eficaz. Em 1900, cerca de oitenta por cento de todos os novos membros da igreja chegaram até ela através da Escola Dominical. Apesar de muitas denominações e igreja usarem efetivamente a Escola Dominical em suas igrejas, ninguém foi tão consistentemente bem sucedido aplicando os princípios da Escola Dominical como a Convenção Batista do Sul. No início do século XX, Arthur Flake e J. N. Barnett comandaram o foco da Escola Dominical. Ao chegarmos no final do século, Andy Anderson e Harry Piland estão entre os moderno profetas da Escola Dominical. Um líder reconhecido de fora da linha Batista do sul, Elmer Towns continua a ser um líder promovendo a mensagem da Escola Dominical nos dias atuais. Muitos consideram a Escola Dominical a arma de ensino, nutrição e evangelismo da igreja. Por causa de sua versatilidade e força, tem sido a “porta da frente” através da qual as pessoas têm sido apresentadas a igreja. James White observa, porém, que a “porta da frente” mudou da Escola Dominical para o culto. A maioria dos membros não são mais apresentados a igreja através da Escola Dominical; o primeiro encontro deles é com o culto de adoração. Nas igrejas Batistas do sul, a média da freqüência no culto já ultrapassa a média da freqüência da Escola Dominical em vinte e seis por cento. A lacuna é ainda maior em muitas outras denominações. O futuro da Escola Dominical Quais são as implicações para o futuro da Escola Dominical? Alguns predizem o eventual fim da Escola Dominical. Outros afirmam que nenhuma mudança significativa acontecerá, que a Escola Dominical será dominante e saudável como sempre. Nenhum desses cenários é provável. Apesar da forma da Escola Dominical mude no século XXI, continuará em muitas de nossas igrejas que mais crescem e nas mais fortes. A Escola Dominical deveria continuar porque ela ainda é a melhor maneira de ensinar a bíblia de maneira regular e sistemática. Enquanto os estudos bíblicos estão disponíveis em pequenos grupos fora do prédio da igreja, a Escola Dominical oferece o modelo mais consistente para todos os grupos de idade. As crianças são especialmente beneficiadas pela Escola Dominical. O modelo da Escola Dominical ainda é uma ferramenta extraodinária para o crescimento da igreja. O método quíntuplo de Flake para crescimento de igrejas continua a ser eficaz: (1) encontrar as pessoas; (2) fornecer espaço; (3) equipar a liderança; (4) ampliar a organização; (5) dividir e multiplicar. A descobert de Ken Hemphil do valor da Escola Dominical para o crescimento de igrejas veio como uma revelação para ele: “Por que deveríamos criar todo o tipo de novas organizações, quando temos uma estimulante organização que já abraça reconhecidos princípios de crescimento de igrejas: Escola Dominical?” Um dos desafios que a Escola Dominical enfrenta no século XXI é a falta de espaço. Espaço educacional pode limitar o crescimento e construir espaço adicional é custoso. Diferente dos pequenos grupos fora do prédio da igreja, que não tem restrição de espaço, a Escola Dominical não pode crescer mais rápido do que o espaço permite. Múltiplas Escolas Dominicais são uma opção; mas até aí, um ponto de saturação é inevitável no rápido crescimento. Uma alternativa é ter algumas classes da Escola Dominical fora do prédio da igreja e em outros dias

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que não domingo. Nesses casos, a Escola Dominical começa a parecer muito com os pequenos grupos de fora do prédio da igreja. Outro desafio que a Escola Dominical irá enfrentar é a sua habilidade em ser uma arma evangelística da igreja. As pessoas fora da igreja estão desejando experimentar a igreja, inicialmente, no conforto e anonimato de um culto grande, e não em uma Escola Dominical. Os de fora da igreja que preferem entrar em um pequeno grupo, geralmente, preferem o ambiente menos ameaçador de uma casa ou de algum outro lugar que não a igreja. É possível que o papel da Escola Dominical possa mudar para retenção ao invés de alcançar os outro? Ou, para usar o vernáculo do crescimento de igrejas, será que a Escola Dominical se tornará um método de fechar a “porta de trás” ou invés de abrir a “porta da frente”? A força do movimento da Escola Dominical por dois séculos tem sido sua habilidade de ajustar às mudanças do mundo enquanto permanece fiel a Palavra de Deus. De um movimento designado a educar crianças pobres a um sistema de multipropósitos para todas as idade, a Escola Dominical tem sido um fator dinâmico no crescimento de igrejas. Com os pequenos grupos crescendo exponencialmente por todos Estados Unidos, seria interessante ver como os dois movimentos se relacionarão no século XXI.

Pequenos grupos Carl F. George, diretor do Instituto de Evangelismo e Crescimento de Igrejas Charles E. Fuller, é um dos mais sinceros proponentes dos pequenos grupos da América. Em seu livro Prepare your Church (Prepare sua Igreja), ele afirmou seu caso: Acredito que menor o grupo dentro do todo – chamado por dúzias de termos diferentes, incluindo pequenos grupos ou grupo célula – é um importante, mas pouco desenvolvido, recurso na maioria das igrejas. É, afirmo, estrategicamente, a fundação mais significativa para a formação espiritual e assimilação, para o evangelismo e desenvolvimento da liderança para as funções mais essenciais que Deus chamou para a igreja ... É tão importante que todo o restante seja considerado como secundário para sua promoção e preservação.

Vantagens dos pequenos grupos Que forças têm os pequenos grupos que podem não estar presentes em outros grupos da igreja como a Escola Dominical? Uma vantagem confirmada é falta de restrições de espaço. Pequenos grupos se encontram nas casas, escritórios, escolas ou em qualquer lugar que pessoas se juntam. Relacionado a vantagem é a liberdade expressa por muitos participantes de estar fora do campo da igreja. Apenas estar em um edifício da igreja pode desconfortável, especialmente, para os que não são da igreja. Os pequenos grupos também ajudam a desenvolver níveis de confiança mais profundos, o que ajuda os participantes a compartilhar. Muito do que acontece nas Escolas Dominicais tendem a ser abstratos. Podemos estudar a autoridade dos Hebreus e a rebelião dos israelitas sem estar, na verdade, considerar onde estamos com Jesus. Os pequenos grupos nos fazem desenvolver intimidade e compartilhar; isso pode mudar nossa vida. Quantos líderes de igreja têm buscado, em vão, por uma maneira de assimilar novos membros ou pretendentes? Contam-nos que o envolvimento nos ministérios e o desenvolvimento de relacionamentos são importantes para desenvolver o sentimento de pertencimento. Tanto ministério quanto relacionamento acontecem em um pequeno grupo. Freqüentemente, antes de ser declarado membro da igreja, uma pessoa está bem assimilada dentro da igreja através de um pequeno grupo. 144

Outro assunto é o cuidado pastoral. Por quase uma década, Wagner e Schaller ensinaram que pastores devem ser “fazendeiros” cuidando dos “pastores” que cuidam das “ovelhas.” As ovelhas são pastoreadas, mas o fazendeiro não o faz – ele cuida para que o ministério o faça. Muitos pastores têm, entusiasmadamente, apoiam esse ministério de pastorear, mas não têm tido muito sucesso em encontrar pastores. O método dos pequenos grupos pode prover mais cuidado pastoral do que a maioria das igrejas já pensou ser possível. O exemplo “New Hope” Alguns pequenos grupos tem potencial evangelístico explosivo. Um dos ministérios de pequenos grupos mais eficazes para o evangelismo é o da Igreja Comunitária New Hope, em Portland, Oregon. Começado pelo pastor Dale Galloway em 1972, a igreja chegou aos cinco mil membros. O crescimento mais rápido aconteceu depois do décimo aniversário da igreja. De 1982 a 1990, o número de membros cresceu em quatro mil. A chave para o crescimento tem sido, os cerca de, quinhentos pequenos grupos. Os grupos de New Hope são células TLC, que significa grupos “tender loving care” (algo como amor e calidez). O propósito, em três frentes, do grupo TLC é discipular, evangelizar e pastorear. A cada grupo é dado a meta de trazer uma nova família a Cristo a cada seis meses. Galloway os motiva regularmente a darem prioridade ao evangelismo. O sistema de grupo célula começou com um grupo para cada dez membros. Em 1990, 4.800 pessoas estavam em freqüência semanal aos 485 grupos. A relação de um para dez continua constante por 20 anos. Previamente nesse livro, examinamos três tipos de crescimento: transferência, biológico e conversão. É fascinante ver o tipo de crescimento que New Hope tem experimentado. Aproximadamente, oitenta por cento das pessoas em New Hope nunca estiveram na igreja. A maioria deles era perdido. Os pequenos grupos tornaram a Igreja Comunitária de New Hope em uma das igrejas mais evangelísticas da nação! A chave não é o método confrontador de ganhar almas, mas um “evangelismo da porta lateral.” Os pequenos grupos são um “ponto de entrada” em que é feita, primeiro, uma tentativa de “ganhar um ouvinte”. Apenas depois que o grupo ganhe a confiança e, talvez, solucione alguma necessidade do indivíduo, é que uma apresentação verbal do evangelho acontece. A Igreja Comunitária New Hope tem crescido atravéz dos pequenos grupos, mas também manteve a Escola Dominical no lugar. A Escola Dominical acontece no mesmo horário dos cultos da manhã. A ênfase é colocada em uma forte Escola Dominical para as crianças, apesar de existir também classes contínuas para adultos. A estrutura dos pequenos grupos Igrejas com pequenos grupos bem sucedidos tendem a ter uma liderança forte, organização e responsabilidade. Algumas igrejas seguem o modelo Jetro. Em Exôdo 18:13-23, o sogro de Moisés o ajudou a esbelecer uma organização para as necessidades dos israelitas. Jetro organizou os dois milhões de israelitas em grupos de dez com um líder em cada grupo. Um líder de cinquenta, então, seria líder de cinco líderes de grupos. Depois tinham os líderes de cem e, finalmente, os líderes de mil. Igrejas com liderança treinada, uma organização similar ao modelo de Jetro, e um sistema de relatórios para a responsabilidade final são os modelos de pequenos grupos mais eficazes atualmente. A Igreja Comunitária de New Hope usa cinco níveis: pessoas leigas, pastores leigos, líderes de pastores leigos, pastores distritais e pastores sêniors. Todos os líderes preenchem um relatório semanal sobre seu ministério. Isso promove um ministério unificado. Nenhum pastor leigo pode continuar a ser um pastor leigo se não se submeter a esse nível de responsabilidade através dos relatórios semanais. 145

O futuro dos pequenos grupos Os pequenos grupos estão rapidamente se tornando a norma. Carl F. George chama esse modelo de “sistema meta-igreja” (a palavra meta significa mudança, isso acontece para não ser confundido com as megaigrejas). O modelo meta-igreja é aplicável a qualquer congregação, grande ou pequena. Os requisitos, diz George, são a vontade de fazer “tanto uma mudança de pensamento,sobre como o ministério é feito, e uma mudança de forma na infraestrutura da igreja.” Os pequenos grupos continuarão a crescer por todo o mundo no século XXI. O fenômeno do pequenos grupo são resultado, em grande parte, de nossa sociedade impessoal. Na igreja primitiva, as pessoas cuidavam umas das outras, comendo nas casa de outras pessoas e dar amor era a norma. Hoje, os moradores da cidade não sabem nem os nomes das famílias que moram três casas depois da sua. Minha esposa Jo foi criada em uma fazenda no Alabama. Eu ficava maravilhado em como sua família conhecia os vizinhos que moravam a muitos quilômetros de distância. Esses vizinhos caminhavam até a casa dos meus sogros, Arthur Clyde e Nell King, sem cerimônias. Havia uma intimidade entre vizinhos, independente da distância que os separava. O vizinho estava sempre disponível para ajudar outro vizinho. Findley Edge descreve o atual estilo de vida do americano em contraste com sua herança rural: Hoje, porém, em nosso ambiente urbano, com nosso estilo de vida urbano, estamos excessivamente pertos fisicamente, mas a quilômetros de distância emocionalmente e no relacionamento. Em nossas cidades com o tráfego intenso, com prédios de escritório e apartamento grandiosamente altos prestes a tragar tudo que esteja abaixo deles, somos como vermes enlatados, subindo um por cima do outro, mas nunca se tocando. Uma família vivendo em uma cobertura, raramente, conhece a família que mora ao lado e certamente não conhece (e não se importa de conhecer) quem mora nos outros andares. E assim, estamos nos movendo para uma sociedade em que somo apenas um número. Mas, eventualmente, nossa natureza se rebela contra isso. Não fomos criados para sermos apenas um número; fomos feitas para sermos uma comunidade. Além disso, em uma sociedade que está se tornando cada vez mais impessoal, os pequenos grupos nos dão um ambiente em que podemos ser seres humanos em um relacionamento, e não apenas um animal que simplesmente existe. Eu conheço e posso ser conhecido. Posso amar e ser amado.

Avaliação É difícil, se não impossível, discernir um tipo particular de organização de igreja nas Escrituras. O padrão de uma igreja saudável, porém, pode ser colhido de várias passagens das Escrituras. Atos 2:42-47 é geralmente citado como um exemplo de igreja saudável. As características incluem ensinamento, comunhão, oração, milagres, doações, solução de necessidades, louvor, evangelismo e assimilação. Romanos 12:10, Efésios 4:2 e 4:32 acrescentam a essa lista devoção, auto-sacrifício, humildade, generosidade, paciência, amor, bondade, compaixão e perdão. Gálatas 6:2 inclui a caracterísitica de cuidar das dificuldades uns dos outros: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” 1 Tessalonicenses 5:11 acrescenta as funções do encorajamento e edificação: “Por isso exortaivos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.” Há poucas passagens que dirige o corpo de crentes aos seus papéis dados por Deus. Ao examinar as características da igreja acima, é difícil ver como qualquer estrutura diferente da dos pequenos grupos possa preencher melhor as necessidades. Elas permitem que o ministério seja de pouco em pouco, ao invés de um ou alguns membros tentando solucionar as

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necessidades de centenas se não milhares. Cristo mesmo limitou Seu grupo ministérial intermediário a doze. Esse é um padrão para os cristãos de hoje. Quando falamos de pequenos grupos, ainda devemos resolver a questão do tipo de pequeno grupo. As duas grandes áreas que mencionamos no início desse capítulo foram pequenos grupos no campo da igreja (normalmente Escola Dominical) e pequenos grupos fora do campo da igreja. Aparentemente, os pequenos grupos que acontecem fora do campo da igreja são os que melhor solucionam as necessidades de nutrir, cuidado pastoral e discipulado; a Escola Dominical é a melhor arma educacional da igreja, especialmente para as crianças. Apesar de não poder ser afirmado com certeza, a igreja do futuro pode experimentar um crescimento explosivo através de pequenos grupos fora do campo da igreja e prover um estudo bíblico sistemático através dos pequenos grupos de dentro do campo da igreja, o que muitas igrejas continuarão chamando de Escola Dominical. Uma questão ainda não respondida diz respeito ao espaço. Se um crescimento irrestrito acontece fora do campo da igreja, como a igreja do futuro irá lidar com a necessidade de espaço para adoração e educação no campo da igreja? A igreja já ultrapassou outros desafios por dois mil anos. Não há motivo para acreditar que inovações lideradas pelo Espiríto não irão vencer os desafios do século XXI.

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30 Sinais e Prodígios e Crescimento de Igrejas Uma história semelhante tem sido contada muitas vezes pelos entusiastas dos sinais-eprodígios. Essa história em particular aconteceu no início dos anos 80 na Cidade do México. Os pais de um garoto de doze anos pediram ao evangelista e plantador de igrejas Ausencio Gonzalez para ir com eles ao hospital para orar pelo filho deles. O garoto estava paralizado, surdo e mudo. Os funcionários do hospital não permitiram que Gonzalez orasse no hospital porque, mais cedo, outros pentecostais tinham perturbado alguns pacientes. O evangelista decidiu que a criança deveria ser colocada em uma cadeira de rodas e levada para o lado de fora do hospital. Uma multidão se juntou na movimentada estação de metrô, quando Gonzalez proclamou que Deus iria curar o garoto. O evangelista orou. Silenciosamente, ele disse ao garoto, “Levante-se”. O pai lembrou Gonzalez que a criança estava surda e não poderia ouvir sua admoestação para levantar. Para o choque da multidão, o garoto se levantou da cadeira de rodas e começou a andar. Depois, a criança falou: “Mama, Papa”; então, ele começou a cantar, “Cristo viene muy pronto.” Imediatamente, na presença da grande multidão, muitos dos espectadores receberam a Cristo como Senhor e Salvador. Outros correram para o hospital para trazer seus parentes e amigos doentes. Muitos outros foram curados. A cada cura, a multidão comemorava. E muitos outros entregaram sua vida a Cristo. Esse evento e muitos outros testemunhos como esse descrevem o que agora é chamado “evangelismo sinais-e-prodígios” ou “evangelismo de poder.” Curas, exorcimos ou outros milagres são demonstrados com crédito e glórias dados a Jesus Cristo. Consequentemente, muitas pessoas, diretamente afetados pelos milagres ou apenas espectadores, receberam a Cristo nesse momento. Essas cenas são freqüentemente descritas como semelhantes ao Pentecostes, em Atos 2, ou outros eventos da igreja primitiva. Pedro e João oraram por esses milagres: “Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus,” (Atos 4:29-30). Em Atos 5:12, “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos.” O resultado? “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (Atos 5:14). No capítulo 6 desse livro, vimos a peregrinação de Wagner nos sinais-e-maravilhas e a influência que a mudança de seu paradigma teve no Movimento de Crescimento de Igrejas. Agora, olharemos além de Wagner para determinar por que alguns líderes de crescimento de igrejas vêem o evangelismo de poder como o método ungido por Deus para alcançar mais pessoas para Cristo neste século e no próximo. O fenômeno Latino-americano “Nunca antes na história da humanidade um movimento cresceu tão rapidamente como o crsitianismo está crescendo nos dias de hoje. Sem auxílio de forças polícas ou militares, a mensagem do reino de Deus está rompendo fronteiras em vastas áreas da Ásia, África e América Latina com um crescimento de igreja em seguida ... Entre os pentecostais, o crescimento mais rápido tem acontecido na Améria Latina.” Esse fenômeno não escapou do olhar do Movimento de Crescimento de Igrejas. Muito tempo e esforço tem sido colocado em estudos sobre o crescimento de igreja na América Latina.

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As estatísticas de crescimento da igreja na América Latina revelam que esse movimento temv visto mais novo crescimento que em qualquer movimento similar na história da igreja. O crescimento começou lentamente no início do século vinte, mas sua força tem sido fenomenal: Número de protestantes na América Latina 1900...........................................................................................................50.000 1930.......................................................................................................1.000.000 1950.......................................................................................................5.000.000 1960......................................................................................................10.000.000 1970......................................................................................................20.000.000 1980......................................................................................................50.000.000 2000 (estimado)....................................................................................137.000.000 A maior parte do crescimento vem dos pentecostais. Na virada do século, não havia pentecostais na América Latina. Em 1950, cerca de vinte e cinco por cento, dos cinquenta milhões de protestantes, eram pentecostais. Hoje, com a população protestante chegando a cem milhões, setenta e cinco por cento são pentecostais. No Chile, essa proporção está acima dos noventa por cento. O rápido crescimento do pentecostalismo na América Latina é citado por causa da maneira como o movimento está crescendo. Com algumas exceções, o grande número está vindo a Cristo por causa do evangelismo de poder. Testemunhos de curas, exorcismos e milagres são abundantes. Como resultado, muitos aceitaram a Cristo. Donald McGravan acreditava que o mais cético dos cristãos poderia ser convencido da realidade do evangelismo de poder na América Latina e em outras partes do mundo: Alguns cristãos realistas, que normalmente seriam muito céticos sobre a cura divina, tem gradualmente aceitado campanhas de cura ao verem o grande número de pessoas jogarem fora muletas, além dos que são curados da surdez e cegueira e curados de problemas de coração. Eles têm visto um grande número de recentes incrédulos regozijarem no poder de Cristo, cantando Seus louvores, ouvindo Sua palavra e orando a Ele. Esses fatos impressionam os realistas. Finalmente, alguns cristãos acreditam que Deus os chamou para se engajarem ativamente nas curas aos doentes, exorcisar espíritos maus e multiplicar igrejas. Eles, deliberadamente, usaram a vigorosa fé em Deus é abundante na campanha da cura para multiplicar fortes igrejas de cristãos responsáveis. Todos os cristãos deveriam pensar nesse assunto e perceber que esse é um poder que muitos de nós não usado suficientemente.

As palavras de McGravan seriam proféticas. Não apenas o evangelismo de sinais-eprodígios cresceu em outros países, está se tornando cada vez mais ativo e aceito nos Estados Unidos. Um dos marcos que chamou atenção para o evangelismo de poder nos Estados Unidos aconteceu na escola onde McGravan era reitor, Seminário Teológico Fuller em Pasadena, California. O legado da MC510 “Conheço apenas dois cursos de seminários que ficaram famosos,‟ disse Robert Mege, reitor do Seminário Fuller Escola de Teologia, em um encontro do corpo docente. „Um foi o curso sobre dogmáticos, oferecido na Basel por Karl Barth e o outro é o MC510 ensinado John Wimber, aqui na Fuller.‟” No capítulo 6, vimos um curso chamado “Sinais, Prodígios e Crescimento de Igrejas” MC510, que se tornou a aula mais controversa e publicada na história. A revista Vida Cristã 149

dedicou sua edição de outubro inteira para falar da aula; isso logo ficou conhecido como “a edição esgotada.” O livro de Wagner Signs and Wonders Today (Sinais e Prodígios Hoje) foi escrito sobre essa aula. A publicidade que armou causou muita preocupação de que a Fuller tinha “se tornado carismática.” Alguns membros do corpo docente de Fuller discordavam publicamente do conteúdo do curso, acrescentando a montanha de controvérsias. Como consequência, MC510 foi descontinuada depois de quatro anos. Alguns meses depois, um novo curso apareceu no catálogo para substituir o MC510. O novo curso se chamava “O ministério da cura e evangelização mundial.” MC510 era ensinada por Wagner e seu amigo, John Wimber, um professor adjunto no programa de crescimento de igrejas. A aula acontecia por dez noites de segundas-feiras consecutivas por um bimestre. Wimber dava aula por três horas relatando o fenômeno do evangelismo de poder aos seus alunos. Wimber também vívidas ilustrações de sua própria experiência. A fonte primordial de controvérsia acontecia depois das aulas. Wimber chamava de “momento de ministério voluntário”. Os alunos podiam ficar ou sair. Poucos saiam. De fato, o momento de ministério geralmente atraía outros que não estavam matriculados no curso. Durante esse tempo, Wimber diria “palavras de sabedoria.” Algumas vezes, os alunos que precisassem de cura física, emocional ou espiritual, iriam para frente da classe e Wimber orava por eles. Em outras ocasiões, pequenos grupos de oração se formariam espontaneamente, em diferentes partes da classe. A grande publicidade da aula, especialmente do momento de oração, fez com que muitos membros do corpo docente recebessem telefonemas e cartas de preocupação. Patrocinadores do Seminário Fuller começaram a questionar a direção da escola. As pressões aumentaram durante esse preríodo de quatro anos em que o curso aconteceu. Aqueles que tinham conhecimento da MC510 apenas por ouvir falar imaginavam que a aula tinha se degenerado a algo como um programa de televisão de curas pela fé. A tensão aumentou quando a escola de teologia decidiu parar de dar créditos aos alunos pela MC510, apesar do material ser oferecido pela escola de Missão Mundial. Como uma maneira de difundir a tensão, o superintendente da Fuller criou uma força tarefa para estudar a MC510 e dar uma recomendação. O reitor da Escola de Missão Mundial retirou o curso do ano acadêmico de 1985-56, enquanto a força tarefa trabalhava. Os doze professores que se comprometeram na força tarefa eram das três escolas de Fuller: Teologia, Missão Mundial e Psicologia. Depois de oito meses, o grupo apresentou um documento de oitenta e duas páginas que afirmavam os milagres; afirmaram que todos os dons espirituais operam no corpo de Cristo hoje; e claramente afirmaram que o Seminário Fuller não era anti-carismático. O novo curso começou e a controvérsia chegou ao fim. A MC510 foi significativa no fato de que um seminário evangélico estava oferecendo uma aula que defendia a evangelização do mundo através do evangelismo de poder. Não apenas muitos alunos foram influenciados por essa tese, observadores de fora também foram influenciados pela MC510. O evangelismo Sinais-e-prodígios ganhou credibilidade em muitos círculos evangélicos. De fato, a aceitação do evangelismo de poder por muitos evangélicos é outro exemplo de ganhos que o movimento conseguiu. Aqueles evangélicos que aceitam as doutrinas do evangelismo de poder são agora chamados de “a terceira onda.” O cenário Americano: A terceira onda A “primeira onda” de aceitação do evangelismo de poder nos Estados Unidos ficou conhecida como o movimento pentecostal. Por muitos anos, o cristianismo evangélico olhou o pentecostalismo como um movimento na extremidade da fé. Alguns evangélicos declararam 150

que o movimento era uma heresia. No início do século vinte, livros evangélicos geralmente incluiam pentecostalismo em sua lista de seitas, junto com os mormons, as testemunhas de Jeová e os cientistas cristãos. Os excessos emocionais do pentecostalismo eram tão difíceis de aceitar como os batismos pelo Espírito Santo, falar em línguas, cura dos doentes e expulsão de demônios. Os pentecostais eram rotulados como “santos roladores,” e as manifestações pentecostais eram, às vezes, atribuidas ao diabo. A “segunda onda” de sinais e prodígios é chamada de movimento carismático. Já que os pentecostais tinham, na maioria das vezes, suas próprias igrejas e denominações, os carismáticos levaram as crenças para dentro das grandes denominações. O movimento fez avanços significativos dentro da igreja católica, assim como nas denominações episcopal, luterana, presbiteriana e metodista. Os evangélicos ainda têm dificuldade em aceitar a ênfase do movimento do batismo do Espírito Santo e falar em línguas. Infelizmente, uma presença carismática em algumas igrejas evangélicas resultou em purgação e divisão da igreja. Em 1980, a terminologia da “terceira onda” começou a pegar em alguns evangélicos que eram abertos a manifestação de todos os dons do Espírito. O ponto de partida para esses evangélicos das duas primeiras “ondas” era sobre o batismo do Espírito Santo e dons de línguas como sinal de autenticação. Os evangélicos da “terceira onda” acreditam que o batismo do Espírito Santo é um evento único que acontece na salvação, quando o crente é incorporado no corpo de Cristo (1 Cor. 12:13). Evangélicos da terceira onda não rejeitam as manifestações de línguas na conclusão da era apostólica. Eles são diferentes dos pentecostais e dos carismáticos que dizem que o dom de línguas é necessária evidência da salvação ou do batismo do Espírito Santo. Por essas razões, essencialmente, os evangélicos da terceira onda se recusam a ser rotulados como pentecostais ou carismáticos. Wagner representa esse sentimento: “Eu, por exemplo, prefiro que as pessoas não me chamem de carismático. Não me considero carismático. Sou simplesmente um evangélico congregacionalista que está aberto ao trabalho do Espírito Santo através de mim e minha igreja em qualquer lugar que Ele escolher. Igrejas que se consideram parte da terceira onda não são monolíticas na maneira que praticam suas crenças. Em 1987, Wagenr publicou um livro chamado How to Have a Healing Ministry Without Making your Church Sick (Como ter um ministério de cura sem fazer sua igreja adoecer). O tema do livro era a implementação das crenças da terceira onda, sem dividir a igreja. Wagner cobriu uma variedade de assuntos, mas seu impulso principal foi o ministério da cura. Realmente, a maioria das igrejas da terceira onda possui um ministério de cura de algum tipo. Pode estar dentro do culto, acompanhado de uma efusão emocional. Ou o ministério da cura acontece silenciosamente em uma sala dos fundos no final do culto. Algumas igrejas têm equipes de ministério de cura ou anciãos que vão aos aflitos, oram por eles e possivelmente ungi-los com óleo (Tiago 5:14). O crescimento de igrejas por sinais e prodígios é bíblico? O evangelismo de poder é uma abordagem ungida por Deus para alcançar pessoas para Cristo? Na seção final desse capítulo examinaremos o que para muitos se tornou uma questão emocional.

Avaliação Devemos entender, seriamente, o evangelismo de poder e seu acompanhante crescimento de igrejas. Porque milhões de pessoas estão aceitando a Cristo através desse movimento, ele não pode ser ignorado. Alguns afirmam ser uma efusão do poder do Espírito Santo, um dos grandes desenvolvimentos da história. Outros o vêem como herege, seita, um movimento que leva milhares de pessoas vuneráveis a se desgarrarem. 151

Um grupo de evangélicos, geralmente identificado com os dispensionalismo, acredita que os dons de sinais (línguas, interpretação, profecia, etc) cessaram no final da era apostólica, ou no início dos séculos da igreja cristã. Esses evangélicos acreditam que 1 Coríntios 13:8-10 se refere ao fim da manifestação desses dons: “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado” Esses evangélicos ensinam que “perfeição” se refere a conlusão, fechamento do Novo Testamento. O “imperfeito” então, se refere aos dons de sinais que “desapareceram” ou cessaram. Essa hermenêutica, então, não permite nenhum dos elementos do evangelismo de poder. Uma segunda perspecitiva, vê 1 Coríntios 13:8-10 de maneira diferente, mas ainda acredita que evidências teológicas e históricas para o evangelismo de poder são fracas. John McArthur admite que o “perfeito” deve ser algo diferente da conclusão do Novo Testamento: “Mas parece que a coisa perfeita que Paulo tinha em mente deve ser o estado eterno – „face a face‟ no verso 12 pode ser melhor explicado como estar com Deus no novo céu e nova terra. É apenas na glória que saberemos como somos conhecidos (v.12).” McArthur, porém, encontra vários problemas com o evangelismo de poder. Sinais, prodígios e milagres são para uma época diferente, quando a autenticação era necessária. Agora, temos a revelação das Escrituras. “Nada nas Escrituras,” ele diz, “indica que os milagres da era apostólica deveriam continuar nas eras subsequentes.” Os apóstolos eram autenticados por sinais miraculosos, mas os apóstolos eram únicos. Eles foram testemunhas oculares da ressurreição, pessoalmente escolhidos por Cristo. Evangelismo de poder “não é evangelismo nenhum.” Ele acrescenta: “A metodologia da terceira onda entorpece, seriamente, a força do evangelho. Muitos da terceira onda estão até mesmo culpados por omitir ou corromper a mensagem da salvação.” Finalmente, ele fala: “A estratégia evangelística da terceira onda enfraquece a mensagem do evangelho. A ênfase está nos sinais e prodígios, e não na pregação da Palavra de Deus.” John Wimber é o porta-voz e defensor da terceira onda. Ele argumenta que a maior parte do mundo ocidental tem uma visão de mundo que se recusa a ver sinais e prodígios. Uma visão do mundo é como se vê a realidade; leva em conta as crenças, experiências e preconceitos. Cristãos, em terras fora do ocidente, não tem problema algum com o evangelismo de poder, que explica o explosivo crescimento da igreja na América Latina, África, China e Coréia do Sul. Wimber diz: “Temos, parece, excluido Deus e Seu poder da teologia e todavia de nossas igrejas. Temendo o que podemos ou não controlar ou entender, jogamos o bebê junto com a água do banho. Dissemos, „Simplesmente não existe.‟ Quando confrontados com as manifestações do poder de Deus, rejeitamos essas coisas com a desculpa de que elas são divisoras demais!” Wimber acredita que testemunhos bíblicos apoiam os sinais e prodígios hoje. “Sinais” é encontrado setenta e sete vezes na Bíblia; e “prodígios” ocorre dezesseis vezes em conexão com “sinais.” O livro de Atos, ele demonstra, está repleto de referências aos sinais e prodígios como línguas (Atos 2:4,41); ressucitar mortos (Atos 9:40-42; 20:7-12); visões (Atos 10:1, 9, 47); milagres (Atos 28:3-10); cura (Atos 9:32-43); e visitas angélicas (Atos 8:26-40). O testemunho do evangelismo de sinais e prodígios não está limitado ao livro de Atos, diz Wimber. Depois Paulo argumentou de modo persuasivo no Areópago, apenas “poucos homens seguiram Paulo e creram” (Atos 17:34). Em Corinto, a próxima parada, “muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados” (Atos 18:8). Qual foi a diferença entre as duas visitas evangelísticas? A resposta é encontrada na primeira carta de Paulo aos Coríntios: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com 152

sublimidade de palavras ou de sabedoria. ... A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.”(1 Cor. 2:1, 4-5). Todavia, conclui Wimber: “Parece que em Corinto Paulo combinou proclamação com demonstração, como Cristo fez em todo o Seu ministério. A palavra e o trabalho de Deus juntos em uma expressão da vontadade divina de Deus e Sua misericórdia, culminando na conversão tanto de indivíduos como de grupos.” McArthur é injusto em suas críticas de que a estratégia evangelística da terceira onda enfraquece a mensagem do evangelho e falha na ênfase do pregação da palavra de Deus. Wimber enfatiza que: sinais e prodígios não salvam; só Jesus salva. O poder da salvação no evangelismo de poder é através apenas do evangelho. “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,” Paulo escreve em Romanos 1:16, “pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.” A afirmação do evangelho, Paulo escreve em outro lugar, é “que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Cor. 15:3-4).

O papel do evangelismo de poder, afirma Wimber, nunca inclui acrescentar ao evangelho. No evangelismo de poder, não acrescentamos ao evangelho, nem busca acrescentar poder ao evangelho. Mas, nos voltamos a Terceira Pessoa do Deus triuno em nossos empenhos evangelísticos, conscientemente cooperando com sua unção, dons, e liderança. Pregando e demonstrando o evangelho são mutuamente atividades exclusivas; eles trabalham juntos, reforçam um ao outro.

É difícil se não tolo rejeitar os mais explosivos movimentos da história (as três “ondas”) como algo que “enfraquece a palavra de Deus.” Esse espírito sarcástico pode ser palatável se um claro caso espiritual contra o movimento possa ser feito. Um revisor evangélico de Charismatic Chaos (Caos Carismático), depois de encontrar significativas fraquezas teológicas nos argumentos de McArthur, concluiu que enquanto McArthur declara diferente, seu estilo não reflete alguém falando a uma audiência, mas apenas para a ala que diz “amém.” Seu espírito nada pacífico e tom de pregação excluirá muitos ouvintes. Ao invés de estimular a integridade teológica que ele tanto espera, seu livro serve para aprofundar ainda mais as divisões já existentes na família evangélica.

Certamente, excessos podem ser encontrados em todas as “ondas”do evangelismo de poder. O aviso de Jesus de que não devemos pedir sinais (Mat. 12:38-39; 16:1-4; Marc. 8:1112; Luc. 11:16,29; 23:8-9; João 4:48) deve ter atenção. Ainda assim, uma das fraquezas mais prejudiciais do cristianismo ocidental é nosso ceticismo sobre o sobrenatural. Deus está trabalhando no meio de nós, mas falhamos ao não vermos e, portanto, falhamos em ter conhecimento dEle. Os países do terceiro mundo têm, na maior parte, não tem sido afetados por nosso ceticismo com o sobrenatural. Como consequência, o crescimento tem sido fenomenal; milhões de vidas estão sendo eternamente mudadas. Nem emoção descuidada, nem ortodoxia morta é o padrão do cristianismo do Novo Testamento. Nenhum deles deveria ser nosso modelo hoje. De um lado, alguns argumentam por uma fé firmemente fundamentada na Palavra – a Bíblia como autoridade em todos os assuntos. De outro lado, alguns argumentam pela liberdade do Espírito, liberdade de expressão, 153

receptividade ao sobrenatural que acredita nos milagres de Deus para hoje. Por que devemos um ao invés do outro? Por que não ortodoxia e poder? Esse parecia ser o caminho da igreja primitiva. Que Deus possa nos conferir os sucessos evangelísticos: “E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. ... E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:43, 47).

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Parte IV Concluindo os Assuntos

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31 O Movimento de Crescimento de Igrejas: Um Apêndice O Movimento de Crescimento de Igrejas começou um homem fazendo uma pergunta: “Por que algumas igrejas crescem e outras não?” O negócio normal não era aceitável por Donald McGravan. Ele sabia que seu Senhor tinha ordenado que ele fizesse discípulos de todas as nações. Ele sabia que as igrejas na Índia, onde ele servia como missionário, estava fazendo pouco para cumprir a Grande Comissão. Donal McGravan, C. Peter Wagner e outros líderes do crescimento de igrejas deixaram muitos cristãos desconfortáveis. Pioneiros e bandeirantes sempre terão seus críticos; algumas das críticas fortaleceram o movimento. Peter Wagner, especialmente, ouvia cuidadosamente, fazia ajustes onde necessário e mantinha um espírito pacífico. Quando o princípio da unidade homogênea era o pára-raios das críticas, foi para Wagner que a questão foi mais pessoal. Afinal de contas, o princípio tinha sido o assunto de seu doutorado, que se tornou um livro. Com alguns pontos válidos feitos pelos críticos, o princípio foi reconhecido como descritivo ao invés de prescritivo. Pouco é dito atualmente sobre o princípio da unidade homogênea. Outros críticos descordaram do princípio da receptividade, a ênfase quantitativa do movimento e ênfase exagerada no evangelismo sobre os outros ministérios. Hoje o foco das críticas parecem estar no evangelismo de poder, um segmento do movimento e a eficácia dos princípios de crescimento de igrejas e a sempre presente questão do pragmatismo. Parecia qua as críticas mais razoáveis estavam pedindo por equilíbrio nessas áreas de controvérsia. Por exemplo, D. A. Carson oferece uma perspectiva muito mais equilibrada do movimento de sinais e prodígios do que o dogmatismo feroz de John McArthur. Depois de um profundo estudo bíblico em evangelho de poder, examinando especialmente o movimento Vineyard de John Wimber, Carson concluiu: “Mesmo que o problema seja de equilíbrio e proporção, não acidental. Podemos agradecidamente concordar com o movimento Vineyard que sinais e prodígios genuínos (no sentido genérico), às vezes no Novo Testamento, se tornam ocasionais casos de crença, e eles também podem acontecer hoje. Mas nas evidências das Escrituras, é duvidoso que esse tema esteja em qualquer lugar próximo de ser central, como alguns pensam.” Bill Hulk argumenta que o Movimento de Crescimento de Igrejas não está “realmente trabalhando.” Ele apoia sua tese com estatísticas de freqüência de igrejas em declínio e efetividades evangelísticas corroidas. Talvez, o ponto de Hull seria válida se o crescimento tivesse completa responsabilidade pelo cristianismo evangélico na América. Poderíamos imaginar se estas estatísticas seriam mais deploráveis se não fossem os esforços do Movimento de Crescimento de Igrejas. Ainda assim, Hull concorda que o movimento tem dado esperança a muitos líderes de igreja e tem sido um catalisador para a renovação. A real preocupação de Hull é com o equilíbrio. Ele teme o “perigo de ter uma geração inteira de pastores comprometidos com programações inteligentes ao invés das Escrituras. Hull está certo quando pede pelo uso equilibrado das ferramentas do crescimento da igreja. A necessidade de alcançar um mundo machucado, e a necessidade de usar as ferramentas inventadas pelo mundo para fazê-lo, não podem ser negados. O problema vem quando empregamos essas ferramentas de forma não crítica, sem o cuidadoso olhar bíblico. Quanto mais a igreja acomoda a cultura, mais ela se torna secularizada e, então, incapaz de oferecer soluções como um mão fora de uma cultura arruinada, esticando-a

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dentro do buraco para colocar os cativos em liberdade. Uma igreja secularizada não pode fazer discípulos porque ela mesma não é fiel serva de seu rei ressucitado.

Uma preocupação semelhante é em relação ao pragmatismo do movimento. Não devemos ver pragmatismo como uma abordagem herdada pelo mal. Os cristãos tomam decisões diariamente baseados no “funciona melhor” sem violar as verdades da Escrituras. O perigo é substituir a teologia com o pragmatismo. Métodos devem ser sempre subservientes a mensagem. Novamente, o melhor é o equilíbrio bíblico. Como proponente do crescimento de igrejas, aprecio as preocupações dos críticos. Nenhum movimento humano está acima do exame detalhado e da correção. Na verdade, os críticos do crescimento de igrejas fazem um grande serviço mantendo o movimento fiel e equilibrado. No meio da verbosidade e das preocupações, porém, precisamos nos lembrar o que o Movimento de Crescimento de Igrejas tem feito pelo cristianismo evangélico. Fez-nos focar novamente na edificação do reino, fazer discípulos e ganhar os perdidos para Jesus Cristo. Feznos avaliar novamente a questão: Qual é a verdadeira missão da igreja? Essa instropecção tem sido saudável para o cristianismo evangélico. Um exame interior nos tem dado uma preocupação exterior por fazer discípulos de todas as nações. Meu mentor Lewis Drummond uma vez respondeu a um de meu colegas de classe, que achava erro em todos os métodos evangelísticos apresentados na classe. Finalmente, o professor disse, “Irmão, gosto da maneira que eles fazem evangelismo, muito mais do que a maioria das pessoas não faz evangelismo.” Gosto da maneira como o Movimento de Crescimento de Igrejas alcanças as pessoas em nome de nosso Salvador, muito mais que a maneira que a maioria das pessoas não alcançam ninguém. A Deus seja a glória.

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