O enredo

UFMS – Campus de Aquidauana

obra, o sentido. Uma vez que leitores lêem de maneira diferente, possuem

Disciplina = Teoria da Literatura I

diferentes conhecimentos de mundo, além de diferentes contextos sociais, as

Prof. Msc. Nilza Lemos

obras possuem uma diversidade de sentidos. Assim, o significado pode ser mais

MESQUITA, Samira Nahid de. O enredo. São Paulo: Ática, 1986.

ou menos transparente. A organização de um enredo, os sentidos ocultos variam para cada leitor,

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

em cada época, e geram diferentes significações.

Enredo e história = Sentido essencial de arranjo de uma história, com

Enredo e realidade = Cada sociedade produz a ficção de que necessita. Assim, o enredo está ligado à vida social dos grupos, em todas as atividades significantes que acompanham o homem desde o seu nascimento.

apresentação/representação de situações, de personagens nela envolvidos e as sucessivas sucessivas transformações transformações que vão ocorrendo entre elas até o seu desfecho. Contém uma história = é o corpo da narrativa.

Enredo e narração = Histórias, Histórias, fábulas, matérias narradas podem ter sua Enredo e mito = Cada evento narrado possui uma significação e se articula

existência de forma autônoma e anterior à estruturação da obra literária, mas

de forma lógica, de maneira inter-relacionada, remetendo a um significado de

uma vez que faz parte dela, integra sua estrutura interagindo com o discurso que

ordem geral, cósmica e universal. A transmissão oral dos mitos, com a

narra.

presença de um narrador e de um ou mais ouvintes motivam a sua multiplicidade e a sua diversificação.

Conforme a ordenação dos fatos e situações narradas, o enredo pode apresentar uma organização linear (começo, meio e fim) conforme a causalidade (fatos ligados pela relação de causa e efeito) e verossimilhança. Também pode

Enredo e gênero = Enredo desenvolve-se em romances, contos, novelas, em

apresentar uma organização subversiva de suas formas.

prosa, poesia, teatros, filmes, histórias em quadrinhos e até mesmo na música. Não há como separar a relação enredo/narrativa.

Enredo e linguagem = Literatura é um trabalho de linguagem, que vincula

O enredo enquanto categoria estruturante da narrativa de ficção em

realidade e ficção. O ato de escrever é que suscita e agencia os signos, criando

prosa, compreendendo tudo o que compõe o plano de ação, as transformações

significações. Leitura e escrita são operações complementares, necessárias e

das situações que se sucedem, na ordem/desordem em que são apresentadas.

indispensáveis de forma recíproca. Os textos escritos podem ser: a) Transparente Transparentess = textos com linguagem linguagem “natural”, dentro dentro dos padrões padrões

Enredo e sentido = A composição material que constitui a obra é o texto. Com base nas palavras utilizadas pelo autor, o leitor constrói o significado da

usuais. b) Opacos = texto com linguagem elaborada, elaborada, estranha aos padrões.

Enredo Psicológico = Os fatos narrados nem sempre são evidentes, não equivalendo equivalendo a ações ações concretas concretas dos personagen personagens, s, mas sim aos fatos emocionais do autor que compõem o enredo psicológico

O que se narra: o universo representado Trata-se da materialidade do espaço físico (mundo vegetal, mineral, animal, pessoas, objetos), em seu inter-relacionamento, em diferentes significações, nas situações em que o mundo é apresentado pelo discurso do

CAPÍTULO 02 – O ENREDO ENQUANTO ESTRUTURAÇÃO DA

narrador.

NARRATIVA

Partes do Enredo A questão da terminologia As formulações propostas para o estabelecimento de uma terminologia adequada, capaz de categorizar o estudo da narrativa, ocorre desde os gregos. De um modo geral podemos dizer que a narrativa é o ato verbal de apresentar uma situação inicial, que passa por várias transformações até chegar a uma situação final. Essas transformações ocorrem por conta dos acontecimentos, fatos, vivências, episódios e até pelos diferentes estados psicológicos de uma personagem. O que se narra: a história O enredo é a própria estruturação da narrativa, o produto das relações entre a matéria narrada, a ação da narrativa, a sucessão e a transformação das situações e dos fatos narrados.

O que se narra: o núcleo dramático É o gerador das ações das personagens, em torno do qual podem-se gerar outros conflitos. Dependendo da motivação do núcleo dramático pode-se caracterizar o enredo côo de amor, de aventura, de mistério, ...

1) Exposição = Introdução ou apresentação. apresentação. Coincide com o começo começo da história, onde são apresentados os fatos iniciais, as personagens, o tempo e o espaço. 2) Complicação = Desenvolvimento. Desenvolvimento. Onde o conflito se desenvolve. 3) Clímax Clímax = Momento Momento de maior tensão da história. história. Ponto de referênc referência ia para as outras partes do enredo. 4) Desfecho = Conclusão. Solução Solução dos conflitos, sendo boa ou má, feliz ou não. CAPÍTULO 03 – COMO SE NARRA O discurso que narra Importante salientar que a divisão da matéria narrada, da história tem apenas uma finalidade didática para o estudo do enredo. História, ação e discurso são elementos interdependentes, assim como enredo, trama e intriga. A narrativa ordena os fatos narrados, decidindo a perspectiva a partir do qual se focaliza a matéria narrada. A ação desenvolve-se a medida em que as situações vão se modificando, podendo ocorrer sem interrupções ou através de descrições que podem atrasá-la.

•

Ações que atrasam o fluxo da ação:

- Digressão = desvio da sequência da narrativa pelo discurso. O discurso pode se apresentar na forma de reflexões, diálogos, opiniões, considerações filosóficas, ... - Micro-narrativas encaixadas - Analepses = retrospectivas e antecipações •

Ações que aceleram o fluxo da d a ação:

- Diálog Diálogos os = discur discurso so direto direto torna torna a narrat narrativa iva mais mais rápida rápida,, pela pela ausência do intermédio do narrador. Quem narra O narrador é a voz que articula a narração, sujeito da enunciação, tão ficcional quanto qualquer outro personagem. •

Narrador Autodiegético = O narrador em 1ª pessoa (protagonista), apresenta-se e conta suas experiências.

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Narrad Narrador or Homodie Homodiegéti gético co = Narrad Narrador or em 1ª pessoa pessoa partic participa ipa da história, mas não é o personagem principal.

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Narrador Heterodiegético = Narrador em 3ª pessoa pode ou não comentar, avaliar ou dirigir-se ao leitor. Está fora da história.

A quem se narra Qual a relação entre um texto e o seu destinatário? Narrativas são destinadas para um leitor virtual, situado no plano ficcional. Não deve ser  confundido com o leitor real, que lê a narrativa.

Ao ler um texto, um leitor real também é considerado um autor, pois insere ao enredo sua experiência de vida, relacionando-a com o que está lendo.