O Ano Da Morte de Ricardo Reis

September 17, 2017 | Author: DanielaSantos | Category: Love, Religion And Belief
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este trabalho foi realizado para a disciplina de portugues no 12º ano consiste na análise da obra "O ano da morte ...

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Trabalho realizado por: Daniela Santos, 12º I (Escola Secundária Alberto Sampaio) Personagens femininas da obra: Lídia e Marcenda As personagens femininas desempenham um papel peculiar nos romances de José Saramago, já que elas detêm particularidades que se repetem ao longo das obras: as mulheres carregam em si os valores éticos exemplares, como:         

dignidade coragem devotação altruísmo bondade fidelidade sacrifício desprendimento …

Saramago atribui estas qualidades às mulheres para que o leitor vá criando a imagem de uma heroína que surge discretamente para o desfecho do drama. Em O ano da morte de Ricardo Reis, Saramago eleva Lídia à condição de heroína. É ela quem poderá conduzir Ricardo Reis à vida. Apesar de Lídia desempenhar um papel relevante frente a Reis, ele divide-se entre ela e Marcenda, personagens antagónicas, não só no que toca à classe social, mas sobretudo pela atitude que cada uma adota diante de vida e acerca de Ricardo Reis. Se Reis tivesse que escolher uma das duas (o que não faz) escolheria a que menos interferisse com o seu ideal de existência impassível, que seria a Marcenda. O que acontece é que Ricardo Reis é “amador das criadas, cortejador de donzelas” e, assim, abre as portas da sua existência para que as

duas entrem, mas declara-se a quem mais se aparenta a ele no modo de não agir (CARPE DIEM) : Marcenda. No entanto, é nos braços de Lídia que ele contempla o seu mundo.

Lídia  Musa da poesia de R.R., agora personagem de Saramago  empregada de hotel onde Ricardo Reis está hospedado  amante de R.R. Para além dos dotes físicos o que atrai a atenção do poeta para a empregada é o seu nome: LIDIA. É o mesmo nome da rapariga das suas odes clássicas, aquém R.R. dedica vários versos e ele não deixa de relacionar as duas (ele acha invulgar uma criada chamar-se Lídia e não Maria – “o que é incongruente, sendo criada, é chamar-se Lídia, e não Maria”). A Lídia empregada vai alem da contemplação da Lídia musa. Com a sua postura ativa diante a vida, experimenta dores e prazeres de quem não passa a vida a “fitar o curso do rio”, apesar de se contentar somente com o presente, sem cobrar o amor que tem por R.R. “bastame o que tenho agora, estar aqui deitada sem nenhum futuro”. Ela torna-se o elo entre R.R. e a realidade dos factos já que ele do tomava conhecimento do mundo através dos jornais.

Marcenda      

menina rica namorada de R. R. tem a sua mão esquerda paralisada é pálida “nada feia (…) só um bocadito magra, mas sendo tão nova, até lhe fica bem” Tem um pai muito autoritário, o Dr. Sampaio.

Num processo metafórico, Marcenda pode ser relacionada a Portugal e ao povo português que se encontrava sob as asas de um ditador. A imobilidade da mão esquerda também remete à “esquerda política” que estava reprimida pela ditadura de Salazar e entorpecida pela crença em milagres: “O meu braço, basta olhar para ele, já não espero remédio, agora meu pai, (…) meu pai acha que devo ir a Fátima, diz que se tiver fé pode dar-se um milagre (…)” 

Pertence a uma burguesia silenciosa, que consente a ordem das coisas na política salazarista

Marcenda carrega em si a conformidade com o seu estado, de modo que o seu braço defeituoso funciona como um escudo que afasta de qualquer possibilidade de ação do mundo. Prefere a imobilidade a ter que enfrentar as dissabores da existência, pois, para ela, “a vida é este meu braço esquerdo que está morto e morto ficará”. Ao contrário de Lídia, Marcenda é a personagem que mais se aproxima da postura contemplativa de R.R. daí ele começar a cortejala. A relação deles não passa de um troca de beijos o que faz com que R.R. desperte o seu desespero existencial diante da solidão (“Não sei se foi por amor ou por desespero que a beijei”). No último encontro, Marcenda recusa o pedido em casamento de R.R. alegando que juntos não seriam felizes. Marcenda e Lídia são peças neste jogo ficcional. R.R. apesar de também se apresentar como uma peça do jogo, visto que ele se encontra perdido entre as duas mulheres, assim como está entre a vida e a morte, ele joga com elas, da mesma forma como joga com a existência:  



Ao lado de Lídia, experimenta a possibilidade de estar vivo, os prazeres e as implicações que envolvem estar no mundo. Já com Marcenda, vive a expectativa de manter-se à margem do mundo. Reis demonstra um certo conforto com esta possibilidade, uma vez que ela corresponde ao propósito de não agir do poeta. No entanto ambas estão ligadas à vida, e o jogo conduz à morte. Como R.R. não luta pela vida mas contra ela, ele escolherá uma terceira opção: Fernando Pessoa.

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