O Amor de Pedro Por Ines
April 23, 2019 | Author: Biblioteca Escolar Vila Boim | Category: N/A
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(ilustrações: arquitetura portuguesa – património mundial da Unesco)
Pedro (filho do rei D. Afonso IV) havia chegado à idade de se casar. Como era costume na época, a noiva deveria pertencer ao reino de Castela e fazer parte da família real.
Assim, o pai de Pedro enviou mensageiros ao reino vizinho com o pedido de casamento que, como era esperado, foi aceite.
Por volta de 1340, a comitiva que acompanhava a noiva de D. Pedro chega a Portugal .
No entanto, o coração dele partiu como uma flecha, não em direção à esposa prometida, mas sim para Inês de Castro (uma aia que acompanhava D. Constança).
A paixão de Pedro por Inês não foi bem aceite pelas cortes e, muito menos, pelo seu pai, rei de Portugal, que não só tinha medo da influência dos irmãos de Inês sobre seu filho como também de problemas diplomáticos com D. João, pai de Constança e rei de Castela.
A bela aia de cabelos longos e olhos brilhantes também se apaixonou pelo infante e, por muito amiga que fosse de D. Constança, o seu amor falou mais alto. Um interregno surgiu na paixão entre ambos e, durante esse tempo, D. Pedro viveu com a sua esposa prometida, D. Constança, da qual teve dois filhos.
No entanto, o amor sentido não morrera e os boatos sobre a infidelidade de D. Pedro tornaram-se cada vez mais preocupantes para a coroa portuguesa.
(Convento de Santa Clara, Coimbra)
Então, os pais de D. Pedro decidiram acabar com o romance e, segundo reza a tradição, Inês viveu fechada durante alguns anos no convento de Santa Clara, ao qual seu amado não tinha acesso.
Mas numa mata, onde agora se situa a quinta das lágrimas, havia um pequeno regato que corria até ao convento onde Inês se encontrava enclausurada, servindo de mensageiro ao amor impossível dos dois. Pois, era lá que D. Pedro depositava pequenos barcos de madeira que transportavam as suas cartas de amor.
A correspondência secreta iludiu por algum tempo as cortes que os pretendia afastar. Entretanto, D. Afonso IV, ainda temeroso de um escândalo, mandou exilar Inês para longe do reino, mas ela refugiou-se no castelo de Albuquerque, propriedade de sua família, e próximo da fronteira.
Mas a correspondência entre os dois amantes não cessou. Mensageiros foram enviados por D. Pedro, levando frases de amor e paixão a Inês.
D. Constança, apesar de tudo, tornou Inês madrinha de seu filho, o infante D. Luís, na esperança de que os laços impostos pelo compadrio afastasse os enamorados. Mas D. Luís não chega ao primeiro ano de vida, e pouco afetara os sentimentos de D. Pedro e Inês.
D. Constança, grávida do terceiro filho, morre durante o parto. D. Pedro fica então viúvo e livre para enfrentar o pai e trazer D. Inês de volta do exílio.
O casal foi morar longe das cortes, tendo nascido quatro filhos: os infantes D. Afonso (morrendo em criança), D. João, D. Dinis e D. Beatriz. Estes foram reconhecidos pelo pai, tendo-se mantido afastado da política neste período.
Mas o facto de não serem casados aumentava a desconfiança e a pouca aceitação que sempre existiu por parte das cortes.
Os boatos aumentaram quando D. Pedro trouxe Inês para o pavilhão de caça em Coimbra. O rei D. Afonso IV tentara diversas vezes organizar um novo casamento para o filho com uma princesa de sangue real, mas este recusava-se.
A par disso, o único filho legítimo de D. Pedro, o infante D. Fernando, mostrava-se uma criança frágil. Enquanto que os bastardos prometiam chegar à idade adulta. As cortes começavam a inquietar-se com o problema político que isso poderia causar.
Com o passar dos anos e do retorno a Coimbra, Pedro e Inês terminam por se instalar no paço de Santa Clara.
Mas as cortes continuavam a alarmar o rei D. Afonso IV com insinuações de que a família de Inês poderia conspirar para tornar o infante bastardo de D. Pedro para rei de Portugal, gerando conflitos e guerras com Castela.
Os ânimos ficaram de tal forma que se chegou a uma decisão drástica:
Foi então que a 7 de janeiro de 1355, num dia em que D. Pedro tinha ido à caça, que o rei D. Afonso IV, acompanhado por três fidalgos (Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pero Coelho), dirigiu-se ao pavilhão de caça em
Procuraram por Inês e encontraram-na junto a uma fonte. Inês entendeu logo o motivo da visita e as suas súplicas de piedade surtiram efeito no rei que se retirou, dizendo aos fidalgos para que procedessem como bem entendessem.
Os fidalgos aproveitaram-se da ordem pouco clara e da situação propícia, apunhalado-a.
O corpo de Inês caiu morto junto à fonte.
A LENDA Conta-se que D. Pedro, após declarar ter-se casado secretamente com Inês, teria mandado desenterrá-la, sentando-a no trono com vestes de rainha obrigou os membros
Reza a lenda que o sangue jorrado por Inês na hora da sua morte ainda mancha as rochas da fonte onde caiu morta.
A VINGANÇA D. Pedro, ao saber que Inês havia sido assassinada a mando de seu pai, ficou arrasado e, ao mesmo tempo, revoltado. Chamou então os irmãos de Inês, formou um exército e declarou guerra a seu pai.
Mas D. Pedro não queria que um confronto direto e violento viesse a causar demasiada destruição ao reino, cedendo à sua mãe, que intervém a favor de uma reconciliação.
Assim foi assinada a paz em agosto de 1355, após vários meses de conflito, na qual D. Pedro jurou perdoar a todos os envolvidos na morte de Inês. Mas a promessa era apenas uma estratégia para adiar a sua vingança.
Os três fidalgos, que assassinaram Inês, foram aconselhados a fugir para Castela na esperança que lá estariam a salvo.
No entanto, mal D. Pedro subiu ao trono (em 1357), perseguiu os assassinos, quebrando a promessa feita a seu pai e estabelecendo contactos secretos com o rei de Castela. Somente Diogo Pacheco conseguiu escapar, enquanto os outros dois, Pero Coelho e Álvaro
De acordo com Fernão Lopes, famoso historiador português, D. Pedro exigiu ao carrasco que lhes arrancasse o coração, a um pelo peito e a outro pelas costas, e depois lhes queimasse os corpos.
Em Junho de 1360 faz a famosa declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se havia casado secretamente com Inês, em 1354 "...em dia que não se lembrava...". Os testemunhos do rei e de seu capelão foram a única prova deste casamento.
(MOSTEIRO DE ALCOBAÇA – LATERAL)
D. Pedro mandou construir dois esplêndidos túmulos no mosteiro de Alcobaça, um para si e outro para a sua amada Inês.
TÚMULO DE INÊS
(TÚMULO DO PEDRO)
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