NUSDEO Curso de Economia Introducao Ao Direito Economico
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CURSO DE ECONOMIA – Introdução ao Direito Econômico, Fábio Nusdeo. NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 5ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. Prefácio à 1ª edição (por Tércio Sampaio Ferraz Junior): Numa cena extraordinária do Fausto, Goethe nos representa um diálogo do imperador com Mefistófeles. O imperador exaspera-se com o palavreado inútil de seu chanceler-arcebispo e da arenga cínica de Mefisto que o ridicularizava, desafiando o diabo: “Tudo isso não atende vossas necessidades; o que tu queres agora com tua prédiga de jejum? Eu estou cheio do eterno Como e Quando; falta dinheiro: pois bem, arrange-o então!” Mefisto não se dá por achado: “Eu arranjo o que vós quereis e arranjo ainda mais; isto é fácil, embora o fácil seja difícil”. E então ele, o grande ilusionista, sugere matreiro ao imperador, se falta dinheiro, que lance mão dos tesouros enterrados sob suas terras. O imperador, diante da ameaça de falência, parece descrer, entre atordoado e perturbado: “Que tesouros?...”. E ao fim de uma noite de festa e volúpia carnavalesca, entram o marechal e o tesoureiro, para anunciar-lhe uma agradável notícia: “o império, há pouco à beira da bancarrota, fora salvo”. E apresentaram-lhe uma folha de papel, a primeira jamais vista por olhos humanos, em que se lê: “Para o conhecimento de quem deseje: esta nota vale mil coroas. Como seguro penhor, garante-a um sem-número de bens enterrados nas terras do imperador. Já se tomaram as cautelas a fim de que o rico tesouro, logo que desenterrado, se ponha em seu lugar”. O imperador, porém, desconfia e exclama: “Eu pressinto um atentado, uma enorme ilusão; quem falsificou aqui o nome do imperador?” Mas sua ira logo se aplaca quando lhe mostram não só a autenticidade de sua assinatura, como a alegria e o bemestar em todo o país. Na mesma noite, artesãos habilidosos imprimem milhares de notas semelhantes, de dez, de cinqüenta, de mil coroas, para agitação e felicidade do povo. Goethe mostra que, pasmos, aqueles homens mal entendem o que se passa nem pressentem a grande revolução que está mudando a história econômica. O ouro, o símbolo universal da riqueza, o emblema dos ricos e dos avaros, o dom prestigioso do poder, o metro das necessidades humanas, é substituído por uma folha de papel, mísera e simples, que contém a assinatura de um imperador, de um rei, de um ministro de Estado ou de um banqueiro e cujo valor não pode ser visto nem medido realmente, pois não tem peso nem forma comparável, não passa de “fantasma de papel” (Papiergenspenst), um espectro de riqueza, falso como os tesouros que Mefisto faz imaginar sob o solo do império. Sob o signo do papel-moeda, nasce assim a economia moderna, que se torna o lugar das aparências, um jogo diabólico nas mãos dos financistas, dos aplicadores em bolsa, dos investidores, destes fantásticos herdeiros de Mefistófeles, o senhor das ilusões. 1ª parte: BASES INSTITUCIONAIS Aproximadamente 90% do Código Civil tem conteúdo econômico: contratos, regimes de bens, propriedade, sucessões etc. Se essa importância econômica vale para o Direito Civil, o que dizer do Direito empresarial, Tributário, Econômico, Financeiro? As sanções, reparações e indenizações, mesmo quando originadas de ofensas não econômicas, são convertidas e liquidadas em valores. CARNELUTTI: quanto mais economia, mais direito (quanto piú economia, piú diritto). Quanto mais escassos ficam os bens, maior a quantidade de normas jurídicas necessárias para regular aqueles interesses. CONCEITOS BÁSICOS (Cap. 1)
Não é possível estabelecer ou antever um limite para as necessidades humanas. Ou seja, elas podem ser vistas como tendentes a se multiplicarem ao infinito. A tendência ao desdobramento das necessidades parece incoercível e vem se exacerbando, como decorrência da expansão e penetração dos meios de comunicação de massa, gerando o chamado consumismo ou a sociedade de consumo. [No entanto, o consumismo sempre existiu. A diferença reside no ritmo. Os costumes das tribos pré-históricas cristalizavam-se e as inovações eram muito lentas, ocorrendo apenas diante das relações com outros grupos sociais, diante de uma guerra, ou do raro e dificultoso comércio.] A lei da escassez. Ao oposto do que ocorre com as necessidades humanas, os recursos com que conta a humanidade para satisfazê-las apresentam-se finitos e severamente limitados. Thomas Malthus: Essay on the principle of population (“Teoria da População”), 1798. O crescimento demográfico seguiria uma progressão geométrica, enquanto os recursos para seu sustento aumentariam apenas ao longo de uma progressão aritmética. Daí ser previsível um momento no futuro em que a humanidade entraria em colapso pela simples impossibilidade de se abastecer. Propunha, pois, um rígido controle da natalidade baseado na contenção voluntária (afinal, ele era um pastor protestante). Clube de Roma. 1970, MIT. The limits of growth. Boa parte dos recursos naturais componentes da biosfera, a se manter o ritmo de sua utilização, em um lapso de tempo variável entre 70 e 150 anos acabará por se esgotar (petróleo, minérios...). → A escassez decorre de maior ou menor procura. → A atividade econômica é aquela aplicada na escolha de recursos para o atendimento das necessidades humanas. É a administração da escassez. → A economia é o estudo científico dessa atividade. oikos + nomos (casa + norma). Organizar! → Vida privada (origem): unidades domésticas privadas de bens exteriores, sujeitas à privações. → Direito: quanto mais escassos os bens e aguçados os interesses sobre eles, maior quantidade e diversidade de normas se fazem necessárias para o equilíbrio de tais interesses. Direito e Economia devem ser vistos, pois, não tanto como apenas duas disciplinas relacionadas, mas como um todo indiviso, uma espécie de verso e reverso da mesma moeda. Bens econômicos. Utilidade. Capacidade de qualquer bem de suprir ou atender a uma necessidade, satisfazendo-a, no todo ou em parte. Necessidade. Desejo socialmente manifestado o qual leva a uma ação por parte de quem o experimenta.
Conteúdo da necessidade. Não é objeto de julgamento pela Economia. Desde que manifestada no meio econômico, provocando alguma movimentação de recursos para o seu atendimento, elas serão vistas como tais (ex.: drogas). Necessidade e escassez – utilidade. Somente pode ser escasso aquilo que é útil. O bem inútil, não procurado por ninguém, é abundante (e não escasso). Utilidade marginal. Utilidade trazida por uma dose adicional de qualquer produto. O que leva as pessoas a tomarem decisões quanto à utilização dos bens escassos é o acréscimo marginal por eles proporcionado em termos de utilidade, no caso do consumo. As decisões econômicas não são tomadas de acordo com o critério da média, mas sim na margem. Para o glutão não importa que na média ele tenha se alimentado bem; ele tenderá a procurar uma nova porção de alimento se nela enxergar uma utilidade marginal ainda positiva. O valor econômico de um bem assimila-se à sua utilidade marginal. Bens livres. Não entram no circuito econômico. Abundância e generalidade (ex.: o ar, a água). Bens supérfluos. Variam de acordo com o padrão cultural e as exigências de cada local ou clima (biblioteca para um intelectual, roupas de frio ou aparelhos de calefação para os siberianos...). Classificação dos bens econômicos: Quanto à materialidade: bens e serviços. Bens possuem materialidade. Serviços decorrem de pura prestação humana. Quanto à finalidade: bens de consumo e bens de produção. Bens de consumo atendem de forma direta e imediata a uma dada necessidade. Bens de produção são empregados em cadeia para gerar bens de consumo. Podem se mesclar: um saco de feijão pode servir como alimento (bem de consumo) ou como semente para uma safra (bem de produção). Quanto às relações entre si: complementares e sucedâneos. Complementar é o cujo emprego se dá simultaneamente (ex.: carro e combustível). Sucedâneo é passível de se substituir na mesma necessidade (ex.: gasolina e álcool). Quanto ao âmbito da necessidade: exclusivos e coletivos. Exclusivos são os aptos a atenderem, a cada momento, à necessidade de um único indivíduo (ex.: uma gravata). O uso de um bem por parte de alguém exclui deste mesmo uso qualquer outra pessoa. Coletivos podem atender concomitantemente à necessidade de um grupo de pessoas (ex.: um concerto, uma aula, um ônibus). Pode variar: um clube – para os sócios é um bem coletivo; para os não-sócios é um bem exclusivo (dos sócios). [A rigor, parece que o único exemplo de um bem inteiramente coletivo vem a ser a defesa nacional. Ou ela cobre e protege todos os cidadãos de um país ou, se ineficiente, nenhum deles estará coberto e protegido. O automóvel que serve o presidente da República é público, mas tem natureza econômica de bem exclusivo, pois utilizado apenas pelo presidente.] VALOR, MOEDA E PREÇO (Cap. 2) Se a maioria dos bens são úteis e escassos, à eles se associa um valor, decorrente da sensação de perda provocada por sua eventual desaparição. Valor de uso e valor de troca, duas dimensões, uma delas acoplando-se ou sobrepondo-se à outra. → Valor de uso: perspectiva do indivíduo, da família.
→ Valor de troca: perspectiva da sociedade (mercado). Valor de troca = valor utilidade ou valor escassez, pois assimila-se à noção de utilidade marginal. É o valor de troca que constitui o valor econômico. Moeda e preço. Divisão social do trabalho. O ato uno e compacto da troca foi quebrado em dois: continua a troca de uma mercadoria por outra, mas esta outra, ao invés do uso imediato, passa a ser instrumento para outra troca. O sal. Estava criada a moeda, pois o sal não foi aceito como mercadoria em si, mas como instrumento de troca e, portanto, instrumento monetário. A troca deixou de ser direta – bem por bem – para se tornar indireta – bem por moeda, e esta por bem. [Sal, gado, metal... numa das faces da moeda ostentava-se a figura de um boi.] A moeda, por sua vez, traduz ou mensura o valor de troca. Surge assim o preço. Ele nada mais vem a ser do que o valor econômico expresso em unidades monetárias e quantificado por elas. Fraudes e falsificações. O sal era misturado com areia. O gado lambia sal e bebia muita água (+ pesado = + moeda). Cunhar moeda passa a ser prerrogativa do soberano. A efígie do soberano aparece como legitimidade. Bancos: em viagens ou quando estacionados em suas cidades, os comerciantes passaram a entregar a outros comerciantes, maiores e com melhores instalações, moedas para serem guardadas e posteriormente reclamadas mediante a apresentação de um recibo. Os recibos passaram a ser operados. Eis o papel-moeda. Situação econômica ≠ situação financeira: finanças implicam em liquidez (disponibilidade de moeda ou dinheiro). O valor econômico de um bem condiciona-se ao tratamento a ele dado pelas instituições vigentes em cada país e em cada época, vale dizer, pelo Direito a ele aplicável, e, pois, pelos valores éticos a informarem esse direito, pois não há norma jurídica que não decorra da incidência de um feixe valorativo sobre a realidade. A teoria do valor trabalho: 1. Quesnay. 3 classes: a classe produtiva (agricultores e proprietários agrícolas que trabalham a terra); a classe dos latifundiários (Estado, Igreja e proprietários); e a classe dos manufatureiros (“industriais” que transformam os produtos da terra). Excedente: produto gerado a mais pelo aparelho produtivo, além daquilo que vai para o consumo dos que nele operam e para adquirir os insumos para serem reabsorvidos pelo mesmo aparelho em novo ciclo de geração de riquezas. Du Pont de Nemours (após a Revolução Francesa, foi para os EUA): Laissez faire, laissez passer! (Deixe-se fazer – produzir – e deixe-se passar – circular, comercializar os bens). 2. Smith. A riqueza das nações, 1776. Quando houvesse uma troca, no fundo, ambos os bens estavam incorporando quantidades iguais de trabalho e por isso eram vistos como de valor equivalente. Mesmo com os serviços: uma hora de um engenheiro equivale a cinco horas de um técnico ou dez horas de um serviçal. Problema: o proletário, trabalhador assalariado, o qual não tem nenhum bem final a trocar no mercado, pois apenas aluga a sua força de trabalho. 3. Marx. Teoria da mais-valia ou da exploração da classe trabalhadora pelos detentores do capital. As horas trabalhadas pelos assalariados seriam apenas parcialmente remuneradas pelos empregadores, pois os valores dos salários em termos das utilidades necessárias
à subsistência daqueles situava-se muito abaixo do valor pelo qual o produto final era vendido pelos empregadores. O antigo excedente (agricultura) transmudou-se na mais-valia apropriada pelos detentores de capital, os quais não remunerariam o produto do trabalho dos seus empregados, mas pura e simplesmente lhes pagariam um aluguel pela sua força de trabalho (sua capacidade laborativa, destreza, conhecimentos técnicos). E tal aluguel era permanentemente deprimido pelo “exército de reserva” – trabalhadores desempregados, dispostos a trabalhar em troca de comida. ECONOMIA POLÍTICA (Cap. 4) Termo cunhado por Antoine de Montchrétien, em 1615, quando da publicação de seu Traité d’économie politique. A origem do termo prende-se à idéia de estarem os fenômenos econômicos inextricavelmente imbricados aos de cunho político, institucional e social, e, portanto, ele se destinaria a retratar todas essas vinculações com a justaposição de economia e política. Por outro lado, ao tempo de Montchrétien, estava-se em pleno fastígio do mercantilismo, o qual constituía muito mais um conjunto de recomendações e de práticas econômicas conduzidas pelos governantes do que propriamente uma teoria com todos os seus requisitos. Daí a idéia de vinculá-la à política. POLÍTICA ECONÔMICA (Cap. 8) Política econômica é o estudo das relações entre certas variáveis sob a ótica de que umas serão meios ou instrumentos para que as outras assumam um determinado valor ou posição. Ganha em exatidão e profundidade. Perde em generalidade. É mais pragmática. Não discute as bases filosóficas do sistema. O fim vago de progresso pode ser traduzido no conceito mais técnico de desenvolvimento econômico, quando então diz-se que ele, fim, converteu-se em um objetivo. A este pode ser imposto um valor quantitativo, e ele se transforma em uma meta. FIM → OBJETIVO → META (targets) À medida que a análise econômica foi se aprimorando e ganhando contornos de maior rigor, começou o Estado a se interessar por objetivos nitidamente situados dentro do campo da economia. Surgiu assim, para os técnicos, uma nova tarefa: a de traduzir as aspirações mais ou menos vagas da comunidade, captadas pelo processo político, em conceitos operacionalmente aproveitáveis em termos de elaboração de um plano ou de uma programação econômica. Fins mais amplos: - Progresso: conceito vago. Para uma sociedade conservadora, progredir é não mudar, manter-se fiel e apegada aos seus costumes. Para uma comunidade inovadora, progredir é mudar, renovar, destruir o velho e implantar o novo. Desenvolvimento econômico. Eficiência dinâmica da economia. Ampliar a capacidade produtiva. - Estabilidade: eliminar as flutuações do nível de renda e de emprego. Atenuar a amplitude dos sucessivos ciclos de prosperidade e depressão. - Justiça: alicerce da ordem jurídica dos povos. Redistribuição de renda, a partir do pressuposto de o mercado funcionar, em geral, como um mecanismo concentrador desta.
- Liberdade: liberdade de iniciativa: capacidade para tomar decisões quanto ao uso de recursos, com um mínimo de restrições por parte do poder. Autodeterminação da vontade no campo da economia. O próprio objetivo da distribuição de renda conecta-se ao de liberdade, pois quando ela é excessivamente concentrada não existe liberdade efetiva para boa parte da população, que não pode exercer qualquer opção de consumo, ou, mais genericamente, por ver-se impedida pela restrição de renda de perseguir os seus objetivos livremente escolhidos. Conexão liberdade-justiça: Kant, Rawls/Dworkin – permite a escolha autonomia dos seus objetivos. A primeira exigência da justiça é dar a cada homem razoáveis condições para exercer concretamente a liberdade. TINBERGEN (Nobel de Economia) – fins da política econômica: 1. Paz mundial; 2. Máxima produção com pleno emprego, estabilidade monetária e equilíbrio do balanço de pagamentos; 3. Promoção de grupos sociais subprivilegiados; 4. Redução de disparidades regionais de renda; 5. Tanta liberdade individual quanto compatível com os objetivos acima. [Na prática: contenção inflacionária, aumento do PIB, manutenção do pleno emprego, industrialização de regiões desiguais, melhora do nível de renda, proteção ambiental etc.] POLÍTICA ECONÔMICA E ORDENAMENTO JURÍDICO (Cap. 9) Dados ▪ Modificáveis - Quantitativos (instrumentos) → política quantitativa - Qualitativos (meios): - estruturais → política qualitativa - fundamentais → política de reformas ▪ Não modificáveis _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Fenômenos econômicos ou variáveis → objetivos Desde a década de 1980, um movimento mundial de privatização vem desinchando o setor público empresarial em vários países. Tal movimento se insere no quadro de uma liberalização global da economia, completado pelo processo paralelo de desregulamentação, representado pela eliminação ou redução de diversas normas regulamentares que antes balizavam um grande número de atividades. - Política quantitativa (conjuntural e de curto prazo). Instrumentos: taxa cambial, alíquotas tributárias, taxas de juros etc. - Política qualitativa (estrutural). Reformas.
Meios e instrumentos do Estado para conduzir sua política econômica: - Ação indireta: Instrumentos de finanças públicas Instrumentos monetários e creditícios Instrumentos cambiais - Ação direta: Meios de controle direto (ex.: fixação de preços e salários) - Adaptação institucional: legislação adequada e criação de órgãos e instituições ö ö ö ö ö 2ª parte – AS BASES ANALÍTICAS Microeconomia (a árvore): preocupada com o comportamento das unidades econômicas como o consumidor, a empresa e os mercados de produtos individuais, com suas características estruturais e funcionais. Macroeconomia (a floresta): volta-se aos fenômenos próprios aos grandes aglomerados, os quais não se confundem e nem sempre decorrem do que sucede com a árvore – o investimento, o consumo, a participação do setor público, a poupança, a inflação, o desenvolvimento e o comércio internacional. A PROCURA (Microeconomia, Cap. 11) Procura vem a ser a quantidade de um determinado bem ou serviço absorvida ou adquirida a um dado preço num dado período de tempo. A quantidade procurada é uma função do preço. D (demand) é função de p (preço). D = f(p) Quanto mais alto o preço mais baixa a quantidade procurada, e vice-versa. A decisão de adquirir representa sempre uma opção entre o desejo de ter a coisa oferecida e o de guardar os recursos correspondentes para uso em outra alternativa. Curva de procura: Exceções: 1) ostentação (luxo); 2) “bens de Gössen” (baixa renda – a baixa do preço faz cair o consumo do produto – consome outro). Elasticidade (η): relação entre o acréscimo percentual de quantidade e o decréscimo percentual de preços. η = var%Q var%P Classificação: [a importância desta classificação reside no fato de apontar como reagirá a receita trazida pelo bem em questão a um aumento ou baixa do seu preço] 1. Procuras extra-elásticas:
2. Procuras perfeitamente elásticas: 3. Procuras inelásticas ou infra-elásticas: 4. Procuras rígidas: Elasticidades baixas estão associadas à essencialidade do produto, como parece óbvio, pois para hábitos muito arraigados, os consumidores estarão propensos a cortar outras despesas antes de reduzir o consumo do bem preferido, caso este tenha seus preços elevados. Deve ser enfatizado não serem as curvas, na sua totalidade, elásticas ou inelásticas, mas sim os seus segmentos, ou mais rigorosamente, os seus pontos. Assim, uma curva de procura pode ser inelástica em um certo trecho, perfeitamente elástica noutro e extraelástica num terceiro: Ex.: “liquidações” ou “promoções” do comércio. Durante um certo período os preços sofrem, efetiva ou aparentemente, fortes reduções até a curva de procura chegar a pontos de alta elasticidade, quando então o ingresso de novos consumidores mais do que compensa os baixos preços, fazendo crescer a receita da empresa. Outros fatores: nível de renda, preço dos bens complementares e sucedâneos, hábitos de consumo... Ex.: renda – havendo um nível de renda mais elevado (Y2), a tendência será a de uma procura maior do bem (Q2) ao mesmo preço (PM): Elasticidade cruzada: relação da quantidade procurada de um bem em função da variação do preço de outro bem. A OFERTA (Microeconomia, Cap. 12) Oferta é a quantidade de um bem que um conjunto de produtores está disposto a entregar ao mercado a um dado preço em um determinado período. Quanto maior o preço de mercado, maior será a quantidade que os produtores estarão dispostos a oferecer. O = f(p) Elasticidade da oferta: o grau de elasticidade dependerá fundamentalmente dos custos adicionais (marginais) a serem incorridos com o aumento da produção. η = var%Q var%P
Uma curva será extra-elástica quando a produção reagir mais do que proporcionalmente a uma dada elevação de preços; perfeitamente elástica quando esta relação for rigorosamente proporcional; e inelástica quando a quantidade produzida variar em proporção menor à da elevação dos preços. Tecnologia: o mais estratégico fator de desenvolvimento, quer de nações, quer de empresas, pois, em última análise, condiciona o uso e a forma de combinação dos demais, sendo a grande responsável por sua maior produtividade. É a aplicação do conhecimento científico (know-why) a uma atividade humana (know-how). Custos de produção: [empresa visa o lucro, que é a maximização da diferença residual entre preço e custo] 1. Custo direto ou variável: varia em função da quantidade produzida (ex.: energia elétrica, gás, matéria-prima etc.); 2. Custo indireto ou fixo: não depende do volume produzido (ex.: máquina, aluguel, taxa de condomínio etc.); 3. Custo médio: somatória dos custos ou custo total dividido pelo número de unidades produzidas. [O custo fixo se diluirá por um número muito grande de unidades produzidas]
4. Custo marginal: custo de produzir uma unidade a mais do bem em questão. * Ponto de equilíbrio: volume da produção no qual todos os custos (total) são cobertos, inclusive a remuneração normal do empresário, não deixando porém qualquer margem de lucro. REGIMES DE MERCADO (Cap. 13) (A esse ponto M corresponde o preço P, ao qual tanto os vendedores estarão dispostos a ceder a quantidade Q, quanto os compradores estarão dispostos a obtê-la: compra e venda! ) 1. Concorrência perfeita: - requisitos: a. grande número de compradores e de vendedores em interação recíproca; b. nenhum deles suficientemente importante a ponto de exercer qualquer influência nas condições de compra ou de venda do produto em questão; c. homogeneidade do produto; d. plena mobilidade dos agentes operadores e de seus fatores (facilidade de acesso ao mercado); e. pleno acesso às informações; f. ausências de economia de escala; g. ausência de economias externas.
2. Concorrência imperfeita: apenas existe um número grande de compradores e vendedores (caem os demais requisitos). 3. Oligopólio: oferta concentrada nas mãos de poucos (oligos = poucos; polein = vender). Teoria dos Jogos. 4. Oligopsônio: oligopólio de compra. Poucos compradores se defrontam com vendedores atomizados. 5. Monopólio: uma pessoa ou uma empresa se apresenta como vendedora de um dado produto. Monopolista atua nas duas variáveis do mercado: preço e quantidade. Plenitude do poder econômico. A rigor, deixa de existir o Preço de Mercado (PM), pois ele será uma decisão do monopolista. 6. Monopólio bilateral: um único vendedor defronta-se com o único comprador. Bens ou serviços muito específicos e especializados. 7. Concentração: a) Cartel: acordo entre empresas que passam a adotar decisões ou políticas comuns quanto a todos ou um determinado aspecto de suas atividades. b) Truste: acionistas de uma dada sociedade confiam a uma terceira pessoa os direitos relativos às ações de sua propriedade, que passam então a ser exercidos por essa pessoa (o trustee) como se fosse o seu titular. Aos primitivos acionistas quedase apenas o direito de receber dividendos, mas nenhum poder de interferir na gestão da empresa. c) Holding: sociedade cuja totalidade ou parte de seu capital é aplicada em ações ou quotas de outras sociedades, o que pode significar razoável grau de controle sobre a administração das mesmas. d) Pool: várias empresas decidem manter uma atividade ou um serviço comum que atenda a todas elas, como por exemplo, um escritório de compras de matériaprima ou de assistência técnica. MACROECONOMIA (Cap. 14) Numa economia com grande população, a decisão em suas várias unidades familiares de todos os seus membros procurarem trabalho assalariado levará indubitavelmente a um acréscimo da renda familiar, mas macroeconomicamente, isto é, no conjunto, deprimirá o salário de toda a população pelo excesso de oferta da mão-de-obra global. Fluxo circular de renda: empresas e famílias. Supõe-se que os membros da família que trabalhem (população ativa) prestem exclusivamente serviços produtivos às empresas, inclusive o de as possuírem e manterem (empresários). Tais serviços são utilizados pelas empresas na geração de bens e serviços destinados também exclusivamente às famílias. Há, assim, um fluxo real, isto é, de bens, que sai das famílias e se dirige às empresas sob a forma de serviços exigidos por estas e um contrafluxo saindo das empresas em direção às famílias representado por bens materiais: alimentos, roupas, móveis, automóveis etc., e também por serviços como construção e reparo de casas, de automóveis, diversões etc. A esse fluxo real, isto é, de bens, corresponde, em sentido inverso, um fluxo monetário representado pela remuneração paga pelas empresas às famílias sob a forma de salários,
juros, aluguéis e, inclusive, lucro dos empresários, também integrante do setor famílias. Supostamente, toda a remuneração paga às famílias, aqui chamada renda, será gasta por elas na compra dos bens e serviços fornecidos pelas empresas. Produto bruto é o valor total dos bens e serviços disponibilizados em uma dada economia num certo período (um ano). Se chamarmos o total da produção gerada pelas empresas de Produto Bruto e o total das rendas por elas pagas às famílias de Renda Nacional, teremos a igualdade fundamental da macroeconomia: PRODUTO BRUTO = RENDA NACIONAL Consumo, poupança e investimento: ■ Toda e qualquer despesa é dirigida ou ao consumo ou ao investimento. D = C + I ■ Quando recebido, o salário terá duas destinações possíveis: ou o consumo ou a poupança. Y = C + S ■ Assim: D = Y e I = S. Essa afirmação poderá parecer paradoxal, mas acaba por encontrar a sua explicação na própria mecânica do fluxo circular de renda de que antes se falava. Quando as famílias, numa previsão pessimista, resolveram entesourar uma parte de suas rendas como provisão para eventuais maus tempos, aquela poupança provocou num primeiro momento um equivalente investimento por parte das empresas em estoques: aquelas mercadorias que deixaram de ser vendidas às famílias entesouradas. Num segundo momento, as empresas diminuíram a sua produção, adaptando-a à reduzida procura. E então o produto e a renda também caíram, restabelecendo a igualdade S = I, mesmo após terem sido absorvidos os estoques e, portanto, baixando o investimento neles feito, involuntariamente pelas empresas. Como se vê, o sistema todo tende a se acomodar às decisões entre consumir e poupar da sociedade, transformando mesmo aquela poupança mais primária sob a forma de entesouramento em investimento. Tanto o consumo como o investimento não necessariamente constituem uma função linear de renda, mas evoluem diferentemente com ela (outros fatores influem: caráter cultural, visão do povo, marketing...). Introduzindo a figura do Governo: Y = C + I + G (G = gastos governamentais; tributos. T = taxes) ■ Assim: S = Y – C – T S + T = I + G S = I + (G – T) o que nos mostra poder a poupança da comunidade ser aumentada, quando G > T, ou seja, quando os gastos do Governo superem o montante da sua arrecadação havendo, pois, um déficit público. Na situação oposta, isto é, de um superávit público, a poupança decrescerá. Vê-se, pois, como é forte a presença do Governo na determinação dos grandes fluxos macroeconômicos. Produto Nacional e Produto Interno. Uma parte da renda correspondente ao produto não é paga aos nacionais (lucros, juros, royalties), mas sim enviada ou creditada aos
titulares de fatores no exterior. Por outro lado, residentes no país podem ter investimentos fora dele e, conseqüentemente, receberem rendas provindas de fora. Logo, PIB ≠ PNB. A diferença entre PIB e PNB é dada exatamente pelo saldo da renda enviada ao resto do mundo a título de remuneração de fatores lá residentes e aquela dele recebida pela mesma razão. Em países como o Brasil o PIB é sempre maior que o PNB, pois uma parte daquele corresponde ou foi gerada com fatores externos. Logo, dele deve ser deduzido o montante de renda remetida ao exterior para remunerá-los. PIB é tudo quanto foi produzido em bens finais em um país no período de um ano. PNB é o PIB menos a remuneração de fatores de produção, cujos titulares são residentes no exterior. Tributos: diretos e indiretos. Os primeiros incidem diretamente sobre as rendas recebidas pelos titulares de fatores de produção ou suas propriedades. Os indiretos recaem sobre operações que, de uma forma ou de outra, envolvem aqueles fatores ou os produtos finais por eles gerados. Setores da economia: primário (produção agropecuária); secundário (indústria extrativa e de transformação); terciário (serviços). ECONOMIA MONETÁRIA (cap. 15) Meio circulante: moeda oficialmente emitida pelas autoridades monetárias de cada país. Moeda escritural: conjunto da moeda multiplicada escrituralmente pelo sistema bancário. Inflação de procura: descompasso da oferta monetária, pela elevação do volume de meios de pagamento à disposição do público. Tal elevação desaguaria numa exacerbação de procura por bens e serviços impossível de ser atendida. Na raiz das teorias da inflação está a idéia de um conflito redistributivo entre setores da renda nacional, o qual, com a conivência governamental, levaria ao aumento da massa monetária e à inflação. Daí a criação dos Bancos Centrais, dotados de razoável autonomia, cuja principal função é a de controlar os fluxos monetários para a defesa do valor da moeda. Deflação: fenômeno inverso da queda geral de preços. Está associada a ciclos de depressão, quando o desemprego e a extrema cautela dos empresários levam a uma drástica contenção de gastos. Importa a imagem de Keynes quanto à contratação de duas turmas de operários, uma para abrir e outra para fechar buracos com o fito de elevar o emprego e o gasto. Banco Central: principal autoridade monetária criada para controlar e direcionar os fluxos financeiros de cada país. Em essência, é o guardião da saúde monetária, comprometido com a manutenção de uma razoável estabilidade. Na maioria dos países são autônomos (não no Brasil) ante os respectivos governos, pois muitas vezes uma medida contencionista poderá afrontar seriamente os objetivos políticos destes últimos. Os Bancos Centrais têm uma ampla capacidade de condicionar os juros correntes no sistema financeiro, seja pela política de colocação e retirada de títulos, seja pelos juros cobrados no redesconto. No Brasil isso é feito pela fixação da chamada taxa básica de juros – SELIC: Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
Inflação: é um fenômeno antes de mais nada cultural e político. Decorre basicamente de um excesso de procura. Desordem monetária. ECONOMIA INTERNACIONAL (Cap. 16) Algum comércio internacional sempre será preferível a nenhum comércio internacional, pois, descartando a autarquia como um estado possível ou mesmo desejável, sempre haverá países em condições de produzir mais economicamente determinados bens, sendo, portanto, racional vendê-los ao mercado internacional e deste adquirir mercadorias em situação inversa. Globalização. Assiste-se, desde a década de 1980 no Primeiro Mundo, e a partir dos primeiros anos de 1990 na América Latina, a um processo de queda de barreiras e de liberalização geral do comércio exterior, não apenas no campo estritamente mercantil, mas igualmente no movimento de recursos financeiros, transferências de tecnologia, investimentos e outros. À medida que esta tendência se generaliza e passa a abarcar um grande número de nações, ela ganha o nome de globalização, para significar que os critérios de eficiência na produção, na comercialização, nos investimentos, em toda a economia, enfim, são fixados em nível mundial e não mais nacional ou local. As empresas se transnacionalizam, perdendo as amarras ou vínculos com o país de onde se originaram. Legislações tributárias ou ambientais muito rígidas em alguns países poderão levar à transferência para outros de unidades fabris ou até de complexos industriais, exportando-se a poluição e a tributação. Passa a se instaurar uma nova forma de divisão internacional do trabalho, não mais baseada nos produtos finais, mas nos fatores ou processos de produção, os quais tendem a se distribuir pelo mundo, em função de estímulos os mais diversos, inclusive suprimento de mão-de-obra e legislações locais. A busca deliberada pelo gigantismo, como forma de garantir padrões de custos e níveis de preços competitivos, faz multiplicar os casos de fusões empresariais, de incorporações e aquisições de outras organizações e incentiva a formação de alianças estratégicas e operacionais. A empresa multinacional. Empresa transnacional, que transcende as fronteiras nacionais para operar nos mais diversos países de forma conjugada e afinada com uma estratégia central, pouco importando aí onde esteja localizado aquele centro. A empresa multinacional (ou transnacional) não se caracteriza por uma forma jurídica própria. Ela é muito mais uma realidade econômica a se utilizar do aparato legal de vários países. Em síntese, ela corresponde a uma sociedade sediada em determinado país que envia recursos seus, em dinheiro ou em bens, para formar outras sociedades locais em países diversos. Estas sociedades locais, em termos jurídicos, em nada se distinguem de qualquer outra em operação nos respectivos países. A única diferença consiste na origem dos capitais, cujos titulares – pessoas físicas ou jurídicas, mas no comum apenas estas últimas – são não-residentes do país em questão. Como assinalado, esta diferença não é de ordem legal, mas puramente fática, muito embora possa existir – e normalmente existe – legislação nacional sobre investimentos estrangeiros, relativa ao seu registro, normas para remessa de lucros, repatriamento do capital investido e outros que tais. No entanto, essa legislação, em geral, aplica-se indistintamente a qualquer investimento provindo do exterior, ainda quando uma mera participação minoritária em uma sociedade nacional, não havendo na maioria dos países normas próprias e específicas referentes às multinacionais como tais. Blocos econômicos. Três etapas:
■ União aduaneira – quando os vários países decidem adotar uma tarifa única para a importação de produtos provenientes de terceiros países.
■ Área de livre comércio – quando se abolem as tarifas aduaneiras intrabloco, ou seja, os bens passam a circular livremente entre os países-membros.
■ Mercado comum – quando se integram os mercados dos fatores de produção, inclusive o fator trabalho, com legislação própria para a atuação em âmbito do mercado comum. Balança comercial. O conjunto de todas as exportações e de todas as importações de um país (apenas produtos materiais, corpóreos). Balança de serviços. Além dos produtos materiais, inúmeras outras operações são realizadas internacionalmente (serviços), implicando, pois, remessas de divisas para o seu pagamento (divisa = moeda estrangeira usada para pagamentos internacionais). Balança de capitais. Corresponde à conta de entrada e saída de capitais (remessas financeiras ou, mais raramente, entrada de bens corpóreos – ex.: máquina como integralização de capital). A esse capital ingressado (dinheiro ou bens) para ser investido numa atividade produtiva dá-se o nome de capital de risco, pois, uma vez no país, ele poderá multiplicar, diminuir ou até desaparecer (na hipótese do insucesso do empreendimento). Uma outra modalidade é a do capital de empréstimo, recursos ingressados ao abrigo de contratos de mútuo, onde o mutuante é uma pessoa estrangeira (normalmente p.j. – uma empresa comercial ou um banco), e o mutuário, um residente (p.f. ou p.j.). Libor – London Interbank Offered Rate. Taxa pela qual os bancos cedem uns aos outros recursos que têm depositados no centro financeiro de Londres. Assim, normalmente, num empréstimo internacional os juros correspondem a Libor mais spread, sendo este último uma margem percentual fixa a refletir o julgamento de risco do banqueiro quanto ao país receptor. Libor é o custo de oportunidade da entidade emprestadora. Taxa cambial. “Cesta teórica” (mercadorias, cereais, frutas, remédios, máquinas, serviços, consultas, brinquedos...). A taxa de câmbio tenderá a ser um quociente entre os montantes de cada moeda nacional necessários para adquirir a mesma cesta teórica em diversos países. Teoria da paridade do poder de compra. Esses diversos poderes de compra (e conseqüentemente as divergências de todas as moedas do mundo: US$ 1,00 = R$ 2,00 = € 0,65...) decorrem de circunstâncias históricas. A taxa cambial é, enfim, a relação de troca entre duas moedas. Explica-se pelos diferentes poderes aquisitivos de cada uma das moedas em presença e também pela maior ou menor disponibilidade de uma em relação à outra. Os Bancos Centrais de todos os países atuam nos mercados de câmbio a fim de manter as oscilações da taxa cambial dentro de determinadas faixas-limite, a fim de não provarem oscilações indesejáveis na economia de cada país. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (Cap. 17) Características do subdesenvolvimento:
a) baixa renda per capita (1/10 ou menos da média dos desenvolvidos); b) desigualdade na distribuição dessa renda, com extremos de riqueza e pobreza; c) altas taxas de natalidade e mortalidade; d) alta participação do setor primário da economia na formação da renda. Setor secundário atrofiado e terciário inflado (serviços de produtividade nula = desemprego disfarçado).; e) baixa produtividade da mão-de-obra; f) baixos padrões médios de consumo e de qualidade de vida; g) mau funcionamento de instituições políticas (influência de oligarquias). O PIB brasileiro situa-se ao redor de US$ 500 bilhões, ocupando o 10º ou 12º lugar no mundo. Mas em termos per capita fica além do 70º posto e quanto à distribuição de renda, além do 110º. Os 20% mais ricos abarcam 65% da renda nacional e os 20% mais pobres, apenas 3%. Mostra-se assim, um país, em essência, subdesenvolvido. Distribuição da renda. Curva de Lorenz. A reta (45º) indica uma distribuição absolutamente eqüitativa da renda. Na prática, todas as curvas apresentam uma convexidade e quanto mais acentuada, mais desigual será a distribuição. Crescimento e desenvolvimento. O desenvolvimento econômico tem sido definido como um processo auto-sustentado, que leva a renda per capita a se elevar continuamente ao longo de um dado período, baseado numa mudança da estrutura econômica do país em questão. Em outras palavras, é um processo contínuo pelo qual a disponibilidade de bens s serviços cresce em proporção superior ao do incremento demográfico de uma dada sociedade. Distinção entre desenvolvimento e crescimento induzido: aquele é um processo com alterações estruturais, afirmando-se com forças próprias; este é induzido por um fator de fora, não provoca propriamente progresso mas infla a economia, a qual porém se esvazia uma vez cessada a causa. Afora o crescimento induzido, o crescimento simples é o processo de expansão da renda sem mudanças estruturais apreciáveis. Assim, uma vez transformada a estrutura de um país ou de uma região, com a sua ascensão a estágio de pleno desenvolvimento, aquilo que antes era um processo de evolução passa a ser uma situação, ou seja, ele agora integra o rol dos desenvolvidos. Isto não significa não possa ele continuar crescendo ou, eventualmente, experimentar algum retrocesso nesse crescimento. Mas o grande salto já foi dado. A sua estrutura já passou por aquelas modificações substanciais que o levaram ao novo status. Volta-se, então, a falar em crescimento e não mais em desenvolvimento, pois este já aconteceu. Desenvolvimento sustentável. Processo desenvolvimentista ou mesmo de mero crescimento que se dá levando em conta a preservação ecológica, já que, caso essa preservação não ocorra, o próprio processo estará logo mais comprometido. Causas e etapas do desenvolvimento: ■ Quebrar o círculo vicioso da pobreza. Os países pobres têm como marca fundamental um PIB mínimo ao qual corresponde uma baixa renda de sua população. Esta renda, por ser baixa, mal permite o atendimento das necessidades básicas, pouco ou nada sobrando para ser acumulado como capital. Mesmo a pequena parcela de alta renda não terá porque acumular capital produtivo, pois a pobreza da maioria da população não lhe permitiria absorver os bens que tal capital permitisse
produzir. E, assim, o excedente, além de pequeno, não tem como ser canalizado para um emprego compatível com qualquer veleidade desenvolvimentista. Será provavelmente gasto no consumo de alto luxo, até mesmo fora do país ou da região.
■ Criação do mercado. Processo de distribuição de renda apto a levar uma parte maior da população a ter condições de consumir acima do estrito nível de sobrevivência. Instalação de fábricas, solicitação de mão-de-obra e sua qualificação etc.
■ Transferência da tecnologia. É esse o momento do primeiro salto qualitativo. E para um saudável início é importante que ele se dê na agricultura, pois, então, ela liberará braços para a indústria ou os serviços. Política de desenvolvimento. Para a continuidade do processo exige-se a presença do Estado. Esta dá-se sobretudo por via da indução, ou seja, medidas com vistas a estimular determinados setores ou atividades, bem como pela geração de economias externas, como estradas, usinas de energia, obras de infra-estrutura. Política tributária. Política creditícia. Política monetária.
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