Nivelamento de Lingua Portuguesa

March 19, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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NIVELAMENTO LÍNGUA PORTUGUESA

Professora Dra. Angela Enz Teixeira Professora Me. Cristina Herold Constantino Professora Me. Débora Azevedo Malentachi

GRADUAÇÃO

Unicesumar

 

Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff  Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolviment D esenvolvimento o Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a TEIXEIRA,, Angela Enz; CONSTANTINO CONSTANTINO,, Cristina Herold; Distância; TEIXEIRA MALENTACHI,, Débora Azevedo. MALENTACHI   Nivelamento Língua Portuguesa. Portuguesa. Angela Enz Teixeira ; Cristina Herold Constantino; Débora Azevedo A zevedo Malentachi.   Maringá-Pr.: Maringá- Pr.: UniCesumar, UniCesum ar, 2017. 196 p. “Graduação - EaD”. EaD”.   1. Português. 2. Nivelamento. 3. Língua Portuguesa. 4. EaD. I. Título Título..   CDD - 22 ed. ???.??? CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Design Educacional Isabela Agulhon Iconografia Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Ellen Jeane da Silva Revisão Textual Yara Dias Kaio Vinicius Cardoso Gomes Carolina de Mello Magi Ana Portela Ilustração Daphine Marcon

 

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.

 

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente,

transformamos transforma mos também a sociedade s ociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de d e desenvolvimento compatível com

os desafios que surgem no mundo contemporâneo. contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na tr transformação ansformação do mundo”. mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando

sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o

conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos

que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse ace sse regularmente regularm ente o AVA AVA – Ambiente Virtual de

Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista Aprendizagem, às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas

dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e

segurança sua trajetória acadêmica.

 

      󰀩       S       E       󰀨       R       O       T       U       A

Professora Dra. Angela Enz Teixeira Teixeira Angela Enz Teixeira é doutora e mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Tem experiência na área de Linguística, Literatura e Formação doliterária, Leitor, atuando, nos seguintes temas: alunoleitor, leitura literatura principalmente, infantojuvenil, ensino de literatura, produção textual e análise linguística. Leciona, em cursos de graduação e de pósgraduação, nas modalidades presencial e a distância, as disciplinas de Metodologia do Trabalho Científico, Estágio, Produção Textual e Metodologia do Ensino Superior.

Professora Me. Cristina Herold Constantino Cristina Herold Constantino possui mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. É graduada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Atualmente, é professora T40 da Unicesumar, coordenadora da disciplina de Metotologia de Pesquisa e Formação e Ética no ensino a distância, atuando, principalmente, nos seguintes temas: educação, linguagem, comunicação e ensino a distância.

Professora Me. Débora Azevedo Azevedo Malentachi Possui mestrado e graduação em Letras pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, além de especialização especialização em Língua Portugues Portuguesaa e Literatura pela Sociedade Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia. É Revisora de Língua lecionaformadora Leitura e eProdução Textual na UniCesumar, onde trabalhaPortuguesa, como professora conteudista na disciplina de Formação Sociocultural Sociocultu ral e Ética. Faz parte da Banca de Avaliação de Redação do Vestibular da Universidade Estadual de Maringá. Tem Tem experiência na área de Linguística, com ênfase no Ensino e Aprendizagem de Leitura e Produção de Textos, atuando, principalmente, nos seguintes temas: competências, habilidades e estratégias de leitura e de escrita, ações colaborativas, interação, mediação e autoria no processo de construção da escrita, autonomia na aprendizagem, vestibular, argumentatividade e originalidade, elaboração de questões objetivas, conhecimentos gerais.

 

APRESENTAÇÃO

NIVELAMENTO LÍNGUA PORTGUESA SEJA BEM󰀭VINDO󰀨A󰀩! Olá, querido(a) aluno(a), é com imensa satisfação que trazemos até você o nosso material sobre Língua Portuguesa, Leitura e Produção Textual. Temos trabalhado ao longo dos últimos 15 anos com o ensino da Língua Portuguesa no ensino superior e, podem ter certeza, tem sido muito gratificante gratificante na medida em que testemunhamos o quanto os alunos que se empenham na compreensão de sua língua materna, extensivamente, têm apresentado êxito na vida acadêmica. Assim, podemos afirmar que o estudo da Língua Portuguesa contribui para a utilização mais adequada da linguagem, tanto na leitura quanto na produção de textos escritos. Caso você já tenha como prática o hábito da leitura e escreva textos coerentes, coesos, linguisticamente adequados, esta é mais uma oportunidade de aprofundar, solidificar e atualizar seus conhecimentos. Caso esteja dentre aqueles que têm encontrado dificuldades na leitura e produção textual, desafiamos você a ingressar neste curso rumo a ampliar os seus conhecimentos linguísticos, com o firme propósito de que essa experiência periênc ia contribua para fazer de você alguém que “maneja bem a palavra”. palavra”. Consequentemente, esperamos propiciar momentos de aprendizagem significativos para a sua formação enquanto sujeito consciente do poder que há no universo da linguagem, usando-a enquanto exercício da cidadania, de modo ativo, proficiente, ético e competente, não apenas em benefício de seus objetivos acadêmicos acadêmicos,, pessoais e profissionais, mas, sobretudo, sobretudo, em busca de realizações que alcancem a coletividade. Portanto, nossos principais objetivos com este livro é que você aperfeiçoe suas habilidades de escrita e de leitura e amplie seu conhecimento sobr sobree a língua que está ao seu dispor, na verdade, o quanto ela já faz parte de sua vida e, por isso, deve ser compreendida e utilizada da melhor forma nos diferentes contexto ou situações, sejam eles orais ou escritos. Nesse sentido, nossa ênfase inicial consiste no estudo de algumas especificidades da Língua Portuguesa, fundamentais para o bom desempenho da leitura e da escrita. Em seguida, complementaremos nossa caminhada com as principais técnicas e ferramenta ferramentas pertinenteseaoproduções universo da e necessárias para a plena realização de leituras sproficientes delinguagem texto coerentes e de qualidade, com vistas a cumprir com o seu objetivo maior que é compreender e comunicar a mensagem a que se propõem. Para enfatizar o cuidado que tivemos em selecionar conteúdos pertinentes para sua formação, formação, selecionamos questões de concursos variados envolvendo esses temas, para serem resolvidas nas atividades de autoestudo, no final de cada capítulo. Essas questões estão devidamente identificadas, distinguindo-se das questões inéditas. Dessa forma, propomos que caminhe conosco nesta jornada – breve, porém significativa –, na qual você terá a oportunidade de somar, aos seus conhecimentos já adquiridos, outros novos que, certamente, serão não apenas úteis e necessários para sua vida acadêmica, mas, por extensão, fundamental fundamental para o desfrute de uma vida profissional e pessoal de excelência. Ótimos estudos!

 

SUMÁRIO

UNIDADE I

LEITORES E LEITURAS: LEITUR AS: DA AUTOA AUTOAVALIAÇÃO VALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO 15

Introdução  Introdução 

16

Leitores: Algumas Características Características  

23

Leitura: Etapas, Níveis e Concepções Concepções  

32

Estratégias de Leitura Leitura  

37

Considerações Finais Finais  

49

Referências  Referências 

50

Gabarito  Gabarito 

UNIDADE II

A FERRAMENTA DA LÍNGUA A SERVIÇO DA PRÓPRIA LÍNGUA 53

Introdução  Introdução 

54

Língua é Sinônimo de Gramática? Gramática?  

60

Como observar a Gramática nas Práticas de Texto exto  

66

Considerações Finais Finais  

75

Referências

76

Gabarito

󰀰󰀹

 

SUMÁRIO

UNIDADE III

PRODUÇÃO DE TEXTOS: DA REFLEXÃO PARA A PRÁTICA 79

Introdução  Introdução 

80

Escrita, Estilo e Autoria Autoria  

86

Concepções de Escrita

91

Elementos da Textualidade

94

Gêneros Textuais extuais  

102

Considerações Finais Finais  

113

Referências

115

Gabarito

UNIDADE IV

DIRECIONAMENTOS PARA A ESCRITA DE DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA 119

Introdução  Introdução 

120

A Dissertação Argumentativa Argumentativa  

125

Por onde começar a tarefa de Escrita? Escrita?  

129

O Desenvolvimento: As diferentes formas de Organização Organização  

136

A Introdução Introdução  

139

A Conclusão Conclusão  

141

Imprescindível: Revisão Final

󰀱󰀰

 

SUMÁRIO

143

Considerações Finais Finais  

154

Referências

155

Gabarito

UNIDADE V

PONTUAÇÃO EXPRESSIVA E USO DA VÍRGULA 159

Introdução  Introdução 

160

Pontuação: Definição e Funções Funções  

162

Sinais de Pontuação e Expressividade Expressividade  

171

Sobre a Vírgula

178

Dúvidas Frequentes – Vale a pena Saber Saber  

188

Considerações Finais Finais  

194

Referências

195

Gabarito

196

CONCLUSÃO

󰀱󰀱

 

Professora Me. Débora Azevedo Malentachi

LEITORES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

      E       D       A       D       I       N       U

Objetivos de Aprendizagem Compreender a importância da leitura na formação humana e ■  Compreender acadêmica, de modo a praticá-la com criticidade.

I

■  Autoavaliar Autoavaliar suas características enquanto leitor, leitor, com vistas ao aprimoramento aprimoram ento das habilidades típicas de leitores competentes, experientes e proficientes.

■  Entender a leitura enquanto produção de sentidos, colocando-se como sujeito ativo diante dos textos.

Plano de Estudo A seguir, apresentam-se apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■  Leitores: algumas características ■  Leitura:  Leitura: etapas, níveis e concepções ■  Estratégias de leitura

 

󰀱󰀵

INTRODUÇÃO

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Caro(a) aluno(a), bem-vindo a primeira unidade do nosso livro. Se alguém lhe perguntasse sobre como você se considera enquanto leitor, qual avaliação aria de si mesmo? Qual o significado da leitura para você e qual a sua concepção a esse respeito? Quais os motivos e objetivos que o conduzem nas suas leituras? O que busca a partir delas, como as realiza e qual seu nível de compreensão ao final de cada texto? Para que esta unidade lhe seja produtiva, é undamental que você comece por uma autoavaliação acerca de suas características enquanto leitor. Esse será o seu primeiro passo, e as perguntas anteriores podem ajudá-lo(a) a iniciar esse processo de autoconhecimento. Aliás, para que você seja, de ato, um leitor de sucesso, é importante que esse passo seja parte de sua rotina acadêmica e, sobretudo, de sua vida pessoal. Todos nós somos leitores em processo e é sempre importante cuidar da QUALIDADE das nossas leituras, lançando-lhes um olhar crítico, avaliando nossas habilidades leitoras, de modo a lidar conscientemente com algumas dificuldades que podem interferir no desenvolvimento desse processo fascinante que é a leitura – de mundo, de imagens, de palavras, de pessoas, de tudo o que está disponível para atribuição de sentidos. udo o que você já sabe sobre textos e leituras certamente tem algum valor.

Porém, é tempodedemodo aprofundar seus conhecimentos e aperfeiçoar suas habili-e dades leitoras, a acrescentar em sua ormação humana, acadêmica profissional todas as características de um leitor proficiente, experiente. Nesse sentido, visitaremos alguns estudiosos da linguagem que nos explicam as principais concepções de leitura. Vamos entender o porquê de sua importância, compreendê-la enquanto processo, analisar o encontro do leitor com o texto e averiguar as estratégias que constituem esse diálogo. Estudaremos suas etapas e níveis, concomitantemente passearemos por alguns textos e, na tarea de interpretá-los, você perceberá que eles dizem muito mais do que está explícito em suas palavras.

Introdução

 

󰀱󰀶

UNIDADE

I

LEITORES: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS Já ouvimos muitos acadêmicos reclamando de suas dificuldades na leitura, e nossa maior satisação enquanto proessores é dizer-lhes que a leitura é um processo que pode ser aprendido. Ser alabetizado, e muito bem alabetizado, não basta para a ormação de leitores críticos, experientes e proficientes. É necessário maisbasta do que simplesmente decodificar signos ou códigos linguístic se não saber ler em sua língua materna, o que é precisolinguísticos. para seros. umEntão, bom leitor? Para pensar nisso juntos, começamos com um texto de oopinião pinião que nos mostra outra ace da moeda.

LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

󰀱󰀷

O mau leitor É característico do mau leitor não apresentar curiosidade relativa ao que lhe é exterior. Ele não direciona sua vontade para além de seus interesses mais imediatos, tais como conhecer novas culturas, informar-se sobre política, buscar novos saberes etc. Ele é omisso ao contexto social.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

O mau leitor não consegue interagir interagi r com os textos, não faz perguntas, como: o que sei sobre tal assunto? O que não sei? Em condição de aprendiz, não consegue progredir, pois não tem iniciativa, nem criticidade sobre seu saber. Logo, não consegue concentrar-se na leitura, nem sintetizar um texto, muito menos comparar a perspectiva do autor com a sua sobre o tema. Assim, é incapaz de avaliar um texto, sua discussão, sua confiabilidade e relevância. Ademais, o mau leitor não admite seus limites cognitivos. Em um pensamento narcisista, o que pensa não condiz com o que faz em relação ao saber. Fonte: adaptado adaptado de Hagel (2004, on-line)󰀱.

Ótimo texto para refletir, não é mesmo? Você poderia resumi-lo em algumas poucas rases, usando suas próprias palavras? Ou poderia apenas sintetizar de imediato qual seu assunto geral e o ponto de vista deendido d eendido pela autora? Ou seria necessário outrasem leitura? Se sua resposta para esta or sim, muito realizar bem! Faça-o nenhum constrangimento, poisúltima algunspergunta textos, mais que outros, exigem mais leituras, e releituras fazem parte natural do processo. Agora, não vamos simplesmente pararasear ou dizer com outras palavras o que a autora tão claramente explicou e argumentou. Faremos a leitura daquilo que está dito por trás das linhas, as ideias implícitas. Se um mau leitor é tudo o que afirma a autora, então, podemos inerir que: ■  Um bom leit leitor or é curioso, curioso, int interes eressado sado,, ávid ávidoo por conhe conhecime ciment nto. o. ■  Um bom leitor não espera que as motivações para a aprendizagem venham de ora, pois nele mesmo há volição, ou seja, von vontade tade de aprender.

Leitores: Algumas Características

 

󰀱󰀸

UNIDADE

I

■  Um bom leitor estuda não por mera obrigação ou simplesmente para concluir o que que começou. Estuda Estuda porque reconhece reconhece suas limitações limitações e objetiva superá-las.  superá-las.  ■ Um bom bom leitor leitor se com comporta porta como como um apren aprendiz diz em poten potencial. cial.   ■ Um bbom om leitor leitor não não viv vivee imer imerso so em uma ililha, ha, esc escravi ravizado zado e limit limitado ado em seus desejos interiores. Ele dialoga com o mundo da leitura, com a leitura do mundo, com os desejos de outras pessoas, pesso as, impressos em uma olha de papel ou expressos em um simples olhar. ■  Um bom leitor leitor nunca nunca se sente vazio vazio,, porq porque ue busca concentrar concentrar sua atenção e seus interesses de fora (outros textos) para dentro (seus próprios textos) e de dentro para ora, interagindo com conteúdos que enriquecem e enchem sua alma de conhecimento. O que fizemos aqui oi um diálogo com a autora do texto. Ainda com base em suas ideias, propomos que dê continuidade a esse diálogo, às inferências: se a autora diz que um mau leitor não se pergunta “o que sei sobre isso?”, um bom leitor aria o quê? Vamos lá! INFERIR é uma das ações ou estratégias de leitura l eitura sobre as quais abordaremos mais adiante. Para dar continuidade à temática, vamos apreciar um poema de Carlos de Carlos Drummond de Andrade (2006, p. 854), retirado da obra Poesia Completa.

A PALAVRA MÁGICA Certa palavra dorme na sombra de um livro raro. Como desencantá-la? É a senha da vida a senha do mundo. Vou proc procurá-la. urá-la.

LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

󰀱󰀹

Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. Se tarda o encontro, se não a encontro, procuro sempre. Procuro sempre, e minha procura ficará sendo minha palavra.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Esse poema permite algumas interpretações… É possível que o eu lírico, isto é, a voz que ala no poema, simbolize um leitor convicto não apenas do valor e poder contido nas palavras, mas, sobretudo, de seu próprio valor diante delas. O mundo da linguagem está à disposição dos escritores que, por sua vez, escre vem para serem lidos, compreen compreendidos didos e, aaté té mesmo mesmo,, con contestados. testados. O leitor do mundo real tem a seu favor todo o universo da linguagem e, assim como acontece com o eu lírico, vive à procura da palavra que melhor traduza seus pensamentos, que da melhor orma possível expresse seus sentimentos. De modo consciente ou não, cada um dos leitores é a razão de ser de cada pala vra. É quem deixa para para sempre as palavras palavras esquecidas e apagadas apagadas nos livros livros da estante, empoeirados; ou quem, espontânea ou obrigatoriamente, retira as relíquias do armário eleva às palavras um sopro de vida.  vida.   É undamental, aluno(a), que você compreenda que existepor emmeio cada leitura uma relação caro(a) dialógica entre autor e leitor. Ambos interagem da palavra escrita. De um lado da ponte, está o autor, que escreve para ser lido (não para que suas palavras fiquem eternamente à mercê da poeira). Do outro, o leitor que não é (ao menos não deveria ser) ser ) mera vítima do poder que há nas palavras do autor. Cabe ao leitor encontrar o autor ausente (porém presente em suas palavras) e, nesse diálogo, manter-se crítico e atento, de modo a propor a sua contrapalavra (sua opinião, seus argumentos). Um Um leitor crítico não cai na armadilha da alienação e da manipulação.

Leitores: Algumas Características

 

󰀲󰀰

UNIDADE

I

A ideia “palavra mágica”, no poema, também nos sugere a constatação de que, por ser tão mágica, uma mesma palavra pal avra ou texto pode gerar mil e uma interpretações. Isso porque nenhum leitor é igual ao outro e, por isso, cada qual az de um mesmo texto leituras dierentes. Isso não significa que todas as interpretações estarão corretas, adequadas ou coerentes. Cada texto traz as pistas para que o leitor aça interpretações coerentes, e não aleatórias. Até aqui, prezado(a) aluno(a), é importante que você compreenda, principalmente, a importância de seu posicionamento crítico rente às leituras, de modo que você entre em cada texto de um jeito e saia dele uma nova pessoa: cada vez mais crítica, prudente, perspicaz e experiente; com uma roupagem nova em sua  visão de mundo, com pontos de vista e conhecimentos enriquecidos. Para o bem ou para o mal (e, como nos contos de ada, torcemos para que o bem sempre prevaleça), os textos tex tos produzem eeitos em leitores atentos. Caso contrário, o que ocorre é uma leitura desatenta, aleatória, sem objetivos. Uma pseudoleitu pseudoleitura. ra. Na pseudoleitura, o sujeito lê o texto e, ao final dele, resta-lhe apenas um grande ponto de interrogação sinalizando sua completa falta de compreensão do que oi lido. Isso ocorre, basicamente, porque algo inadequado, involuntário e não consciente ocorreu no processo dessa leitura. Seja o cansaço que limita a concentração e, consequentemente, a compreensão do texto; ou a preguiça de processar com o cérebro o que está sendo lido com os olhos; ou, ainda, a pressa de concluir a leitura simplesmente para dizer a quem quer que seja que leu o texto “in-tei-ri-nho”. existem de leitores mais preocupados com a quantidadeLamentavelmente, do que com a qualidade suas muito leituras. Para valer de ato a pena, a quantidade de leituras deve estar de mãos dadas com a qualidade!

Todo homem que lê demais demai s e pensa de menos adquire ad quire a preguiça de pensar. pen sar. (Albert Einstein)

LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Existem outros fatores, de ordem pessoal, física, emocional ou cognitiva, que podem intererir nas leituras, e você mesmo poderia elencar ao menos um deles, tomando como ponto de partida circunstâncias em que, ao final de um texto, a temerosa pergunta lhe surgiu espontaneamente: “o que eu li mesmo?”. Já passou por situação semelhante? Se já, certamente não é o único e, ainda nesta unidade, trataremos sobre algumas estratégias undamentais para evitar esse grande ponto de interrogação. Agora, vamos retomar o poema de Drummond e acrescentar outro rumo ao tema. O sentido que lhe atribuímos pode se estender aos signos não verbais, como, as imagens. Por alguns segundos, olhe a imagem a seguir:

Figura 1 - Conjunto de impressões, impressões, leitura de imagem

Essa imagem está na internet. É importante que açamos a observação de todos os detalhes que a compõem: o que pode nos sugerir, por exemplo, o olhar dessa mulher, seu rosto sem maquiagem e o undo pálido da oto? Certamente, cada um dos aspectos, em separado ou em conjunto, pode suscitar várias impressões de leitura e interpretações interpretações muito muito pessoais. Depende das experiência experiênciass de cada leitor e de seu contexto sócio-histórico-cultural. Leitores: Algumas Características

 

󰀲󰀲

UNIDADE

I

Vamos refletir: reflet ir:   ■ Que tipo ddee leit leitura ura a aria ria des dessa sa ima imagem gem um umaa mulher mulher que so soreu reu violên violên-cia doméstica? ■  Qual seria o sentido dessa imagem para uma senhora que viveu no período da ditadura? eria o mesmo sentido para uma jovem socialite contemporânea que vive conectada com o consumismo e interessada apenas em dinheiro? ■  Qual interpre interpretaçã taçãoo aria um hom homem em que con conside sidera ra admir admiráv ável el a natu natureza reza comunicativa da mulher? ■  O que diria dessa imagem um homem que se considera senhor da verdade e que não tolera ser contrariado,  contrariado, principalmente por mulheres? ■  O que diria diria uma uma cidadã cidadã comum comum e bem bem esclare esclarecida cida acerc acercaa de seus seus direidireitos rente a uma imagem dessas? ■  Enfim, qual o sentido dessa imagem para você, e o que lhe az pensar pe nsar assim? d e relação entre o poema de Drummond ■  É possível estabelecer algum tipo de e a imagem?

■  Enquan Enquanto to o poema nos nos sugere sugere a leitura leitura da da palavra palavra “que “que dorme dorme na somsombra de um livro raro”, a mulher da imagem suscita que tipo de re󿬂exão acerca da palavra? ■ Em suma, suma, você você percebeu percebeu como como não não existe existe mesmo mesmo um senti sentido do único único para para cada palavra, texto ou imagem?

LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

LEITURA: ETAPAS, NÍVEIS E CONCEPÇÕES  De modo geral, a leitura consiste em quatro etapas: ■  Decodificaç Decodificação ão – é o reconhecim reconheciment entoo das letra letras, s, suas liligaçõ gações es com ooutra utrass e com os seus significados significados.. Decodificar é apenas o início do processo de leitura. ■  Compreensão – é assimilar as inormações de um texto e captar suas ideias principais. Nessa etapa, é importante que o leitor tenha conhecimentos prévios o assunto tratadodecodificadas. no texto, para que tenha condições de atribuir sobre significação às palavras ■  Interpr Interpretaç etação ão – é a cap capacid acidade ade de aná análise lise crí crítica tica do leitor leitor re rente nte ao texto texto e só ocorre depois dep ois da compreensão. Se não há compreensão, não é possí vel ao leitor leitor interpretar interpretar o que leu. N Nessa essa etapa, o leito leitorr recupera toda todass as inormações inormaç ões e conhecimentos prévios sobre o assunto, estabelece a intertextualidade entre os textos, questiona, julga e tira conclusões a respeito do que leu, concorda com as palavras do autor ou as contesta. ■  Retenção – nessa etapa, ocorre a memorização das informações mais importantes, as quais ficam arquivadas na memória de longo prazo do leitor, seu repertório de conhecimentos. Desse repertório, o leitor resgata leitor, seus conhecimentos internalizados para dialogar com as novas leituras que realizará. Leitura: Etapas, Níveis e Concepções

 

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UNIDADE

I

É importante considerar cada uma das etapas de leitura no processo de autoavaliação que combinamos no início desta unidade. Seu desempenho nessas etapas depende do nível de suas leituras. São, basicamente, três níveis:

■  Leitura superficial – nesse nível, o leitor consegue decodificar as palavras, mas não se preocupa em buscar os significados das que não compreende. Também não consegue entender o sentido global do texto, sendo incapaz de apontar o tema, seu assunto principal, sua relevância. Não consegue dialogar com o texto, nem se propor perguntas sobre ele. ■ Leitura adequada – esse é o nível da compreensão. O leitor consegue apreender a perspectiva do autor e é capaz de apontar a discussão textual. Extrapolando a decodificação textual, ele estende sua atenção para as entrelinhas, por meio de suas inerências, construídas construídas a partir de seu conhecimento prévio. ■ Leit Leitura ura com complexa plexa – é o nív nível el da leitura leitura crít crítica, ica, em qque ue o leito leitorr extra extrapola pola a compreensão e dialoga com o texto, questionando-o e se questionando. Ele é capaz de perceber o dialogismo do processo argumentativo e apontar intertextualidades quando houver.

Tão importante quanto conhecer e refletir sobre as etapas e níveis de leitura, importa retomar, retomar, aqui, a tese – ler é um processo que pode ser aprendido aprendido.. Por isso, o avanço de uma etapa para outra e de um nível para outro é pereitamente pere itamente possí vel para qqualquer ualquer pessoa, de qualquer idade, desde que haja vontade e eempenho. mpenho. também, considerar o atoSomente de que teorias linguísticas não bastama paraImporta, aperfeiçoar habilidades leitoras. as desenvolvemos mediante convicção do quanto a leitura é importante e do quanto precisamos dela para a nossa ormação, não apenas profissional, mas humana. Nesse sentido, quem já não ouviu de pais, proessores e até mesmo da mídia os amosos clichês: “a leitura é importante”, “leia mais”, “ler é viajar” etc.? Pois bem! Que a leitura é importante todo mundo já sabe. Que muitas leituras nos possibilitam conhecer e viajar por tantos outros mundos, contextos e situações, também sabemos. Entretanto, poucos sabem qual é, de fato, a verdadeira leitura, aquela capaz de ormar, completar e transormar meros sujeitos passivos inseridos em uma sociedade em sujeitos ativos nela, isto é, cidadãos – no sentido pleno da palavra.  palavra.  LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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Em que consiste, afinal, a verdadeira leitura? O texto da leitura complementar, que está no final desta unidade,  unidade,  sugere reflexões muito pertinentes a esse respeito. Foi escrito pela historiadora, filósoa, dramaturga e escritora mineira Guiomar de Grammont (1999). Vale a pena conhecer, na íntegra, as sábias palavras da autora.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A leitura caracteriza-se como um dos processos que possibilita a participação do homem na vida em sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidade de transformação sociocultural futura. (Ezequiel T. da Silva)

Impressionante o poder trans(ormador) da leitura, não é mesmo? Sociedades inteiras podem ser modificadas se orem compostas por multidões de leitores críticos. Leitores críticos são “perigosamente” mais humanos. Percebeu que ser perigoso, no sentido sugerido pelo texto de Guiomar de Grammont (1999), da leitura complementar, não consiste em algo destrutivo? Muito pelo contrário, consiste na mais construção de uma sociedade mais justabem e solidária, eita porexigir pessoas muito conscientes de seus deveres, muito preparadas para seus direitos. A “pensar undo na questão” questão”,, o que mais você diria sobre s obre a LEIURA? Qual a sua opinião sobre as ideias da autora Guiomar de Grammont? Você percebeu o quanto seus exemplos e argumentos estão carregados de ironia? Você conseguiu fazer a leitura nas entrelinhas? Está satisfeito com a leitura que realizou desse texto de Guiomar de Grammont? Se não, sugerimos que leia-o de novo. Experimente-o Exper imente-o mais uma vez. FAÇA FAÇA SU SUAS AS ANOA ANOAÇÕES ÇÕES ÀS MARGENS. M ARGENS. Pelo computador compu tador,, você pode po de utilizar o ícone inserir inse rir comentários. É ótimo! Se, S e, no decorrer das suas leituras, você tiver por hábito registrar seus argumentos, suas ideias,

Leitura: Etapas, Níveis e Concepções

 

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UNIDADE

I

questionamentos e conclusões, então, você já não será mais um sujeito passivo diante dos textos e, por isso, a cada leitura será uma nova pessoa. Para Leffa (1996, p. 10), “ler é [...] reconhecer o mundo através de espelhos [...] é, na sua essência, olhar uma coisa e ver outra”. Como, por exemplo, fixar os olhos em um montante de dinheiro e ver uma casa luxuosa. rata-se de um processo de “triangulação”. Segundo o autor, “sem triangulação não há leitura” (LEFFA, 1996, p. 10), há somente uma tentativa de leitura. O leitor lê, mas não entende; olha, mas não vê. Em termos mais específicos, existem três linhas teóricas a respeito da leitura: alguns teóricos acreditam que ler é extrair significado do texto; para outros, atribuir-lhe significados; para o terceiro grupo, ler é interagir. Na primeira concepção, concepção ascendente, o texto tem maior importância, tem um fim em si mesmo, é a voz absoluta e precisa do leitor apenas para ser decodificado. O significado, exato e completo, está contido nas palavras do autor, cabendo ao leitor, simplesmente, a árdua tarea de compreendê-las integralmente e, assim, descobrir esse significado. Na segunda concepção, concepção descendente, o leitor ganha importância. Nessa acepção, a origem do significado de um texto está no leitor. “O mesmo texto pode provocar em cada leitor e mesmo em cada leitura uma visão diferente da realidade” (LEFFA, 1996, p. 14).  14).   Por fim, na terceira concepção, concepção interativa, o sentido da leitura consiste, relação entredependem leitor e texto. não ée mais importante queexclusivamente, aquele, ou vice eda versa. Ambos um Este do outro da interação entre eles para que a atribuição de sentidos ocorra de modo eficaz. A leitura é, portanto, um processo de interlocução entre leitor e autor, mediado pelo texto. Não se trata apenas de extrair inormações da escrita, decodificando-a palavra por palavra. É um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção de significados do texto. Ainda com o intuito de pensar a leitura em seu sentido pleno, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 69-70), encontramos a seguinte definição:

LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO LEITOR

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc.[...].

Observe que, de ato, tal como nos ensinou Paulo Freire (2001, p. 9), “a leitura do mundo precede a leitura da  da palavra” palavra”,, isto é, toda a leitura de mundo e outros elementos prévios que o leitor traz consigo contribuem, e muito, para que ele compreenda os conteúdos lidos. A partir da definição supracitada, vamos esmiuçar alguns desses elementos e acrescentar outros.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

CONHECIMENTO SOBRE O ASSUNTO Sem conhecimento conhecime nto prévio sobre o assunto a ser lido, as dificuldades de compreensão são gigantescas, mas não intransponíveis. Se em um curso de oratória somos convocados para alar ao público e altamente surpreendidos com o assunto sorteado, algo que desconhecemos totalmente ou sobre o qual temos pouco domínio, a situação seria embaraços embaraçosa, a, não é mesmo? Não teríamos nenhuma chance, nem mesmo tempo para buscarmos inormações a respeito, a fim de conseguirmos, ao menos, meia dúzia de palavras para dizer. Por outro lado, se nos or proposta a leitura de conteúdos sobre os quais não temos prévio conhecimento, a situação não será tão embaraçosa quanto a mesma circunstância curso dedeoratória, porque teremos tempo e condições para suprir essa lacunanopor meio uma série de leituras.

Não há leitura qualitativa no leitor de um livro. A qualidade (profundidade?) do mergulho de um leitor em um texto depende – e muito – de seus mergulhos anteriores. anteriores. (João W. Geraldi)

Leitura: Etapas, Níveis e Concepções

 

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UNIDADE

I

O conhecimento prévio sobre o assunto possibilita ao leitor colocar em prática uma estratégia de leitura undamental: inerir ou levantar hipóteses sobre o que será dito no texto antes mesmo de iniciar sua leitura. No percurso da leitura, caberá ao leitor confirmá-las ou reutá-las.  Quanto mais leituras qualitativamente realizadas sobre conteúdos diversos – não apenas os exigidos pela academia –, maior o repertório de conhecimentos do leitor, leitor, tanto o de mundo quanto o linguístico. Consequentemente, maiores as possibilidades de compreensão e interpretação de textos. É mais do que natural e até mesmo necessário ao nosso crescimento, em alguns momentos da vida, sermos desafiados a compreender algum texto que nos apresente assuntos completamente novos, ou velhos assuntos tratados sob um viés completamente inusitado. Isso significa que, provavelmente, aquele texto exigirá mais que uma leitura para que possamos compreendê-lo em sua totalidade. Como já dissemos, releituras azem parte do processo. Depende do grau de complexidade não apenas decorrente da novidade do assunto, mas, também, do estilo de quem o produziu. Alguns escritores utilizam uma linguagem bastante rebuscada, períodos muito extensos, inversão de classes gramaticais e outros atores que podem, sim, exigir muito mais o empenho de seus leitores.

CONHECIMENTO CONHECIMENTO LINGUÍSTICO Nas aulas de gramática, em que o estudo da língua ocorre de modo completo, sistemático sistemá tico e minucioso minucioso,, adquirimos um repertório linguístico importantíssi importantíssimo mo e essencial para o nosso desempenho enquanto leitores e, também, produtores de texto. Entretanto, para que seja ampliado, esse repertório requer a prática de muitas leituras realizadas de modo crítico e consciente. lan  Portanto, na leitura dos tantos materiais sobre os quais você se debruça, lance-lhes um olhar de detetive. Seja um detetive de palavras. Observe o estilo do autor,, o emprego de regências e concordâncias. Atente para o modo autor mo do como ele usa os pronomes. Olhe atentamente para a escrita de palavras que você não considera áceis. Memorize-as e comece a usá-las com certa requência, nas situações

LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO LEITOR

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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que julgar convenientes, seja na ala ou na escrita. Identifique as figuras de linguagem utilizadas pelo p elo autor, autor, como, as ironias e metáoras. Se não se lembra das figuras de linguagem, busque revisá-las e aplicá-las na produção de seus próprios textos. Além de um dicionário da língua portuguesa em mãos, tenha também uma gramática e a estude de vez em quando.  quando. 

CONHECIMENTO SOBRE O AUTOR  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

  O conhecimento prévio prévio sobre o autor autor – seu estilo de escrita, as ideias ideias que deende ou que contesta, suas crenças ou descrenças, seu posicionamento político e outros atores – também garante ao leitor bagagem para inerir, por exemplo, o ponto de vista deendido por ele, suas prováveis ideias e seus possíveis argumentos ou conclusões.  Caso o leitor conheça, por exemplo, exemplo, boa parte das obras de Cecília C ecília Meireles, Meireles, uma das grandes representantes da literatura brasileira, e, certo dia, depara-se com um poema de sua autoria que antes não conhecia, já a partir de seu título poderá inerir algumas hipóteses - temáticas: talvez o poema aborde a transitoriedade das coisas e da vida, ou então a antasia; talvez, a solidão; quem sabe, seja um poema marcado por apelos sensoriais. Enfim, as hipóteses antecipam possibilidades e, como consequência, auxiliam na compreensão leitora.

CONHECIMENTO CONHECIMENT O SOBRE O GÊNERO Uma bula de remédios exige uma leitura específica. Um gibi requer outra postura completamente diferente por parte do leitor. Não é possível ler um texto científico da mesma orma como se lê uma receita caseira. É undamental considerar as características específicas de cada gênero, pois esse tipo de conhecimento auxilia na compreensão. Ao ler um projeto acadêmico, por exemplo, é importante que o leitor conheça não apenas as especificidades do gênero e as partes que o compõem, mas, também,

Leitura: Etapas, Níveis e Concepções

 

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I

a unção de cada uma dessas partes. Se não souber, por exemplo, em que consiste a introdução, a justificativa e os objetivos do projeto, encontrará grandes obstáculos para dialogar com o autor do projeto – via texto – e, por fim, terá sérias dificuldades para prosseguir a leitura, tornando-se impossível compreender o conteúdo em sua totalidade.

MOTIVAÇÃO E INTENÇÃO É muito importante que o leitor esteja motivado para realizar a leitura com a intenção de azê-la da melhor orma possível, mesmo quando tratar-se de uma leitura obrigatória, imposta por um sistema que requer a devolução de resultados para que lhe seja atribuído algum tipo de conceito ou nota. Se lhe altar moti vação,, será mais  vação mais diícil (não (não impossível) impossível) coloca colocarr os neurônios neurônios para trabalhar trabalhar,, já que, em se tratando de leitura, esta consiste em um “trabalho ativo de compreensão e interpretação inter pretação do texto te xto””. Porém, mesmo sem motivação, a intenção de ller er pode azer a dierença e ajudá-lo a cumprir suas tareas. Ainda assim, a motivação não perde p erde a sua relevância. Como encontrar moti vação,, por exemplo  vação exemplo,, para azer a leitura de texto textoss exigidos pela aculdade e que, embora abordem assuntos importantes para a sua ormação acadêmica e profissional, não correspondem às suas preerências literárias? Se a motivação não  vem de dentro, dentro, terá que bbuscá-la uscá-la do lado de ora: nos obj objetivos! etivos!

OBJETIVOS Antes de iniciar qualquer leitura, é undamental que tenhamos muito bem definido ao menos um objetivo para realizá-la. E, mais uma vez, a ideia da intenção  vem à to tona. na. A intenção de le lerr par paraa cum cumprir prir determinado objetivo objetivo.. N Nossa ossa postura rente aos textos, e também nossa motivação, dependerá disso. Sem motivação não saímos do lugar e sem objetivos não chegamos a lugar algum.

LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO LEITOR

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r 

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Seu sucesso enquanto leitor(a) requer, pois, a soma de vários atores, mas, sobretudo, de objetivos específicos pré-determinados antes da leitura, com vis-

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

tas ao cumprimento de algum objetivo geral. Citamos, as do leituras realizadas com fins para uma pesquisa acadêmica. Se, por por exemplo, solicitação professor, o objetivo geral de uma pesquisa for investigar o nível de leitura dos brasileiros, o acadêmico terá como objetivo específico coletar inormações nos textos que, previamente selecionados para a realização da pesquisa, apresentamos dados necessários. Nem sempre é o proessor quem determina o objetivo geral. Na graduação, em especial, muitas vezes é o aluno quem terá que tomar todas as decisões: qual será a temát temática ica da sua pesquisa dentro de determinado eixo do conhecimento, qual será o objetivo geral, quais os objetivos específicos, quais livros deverá selecionar e assim por diante.

Geraldi (2008) aponta alguns objetivos possíveis para a leitura: busca de informações, estudo do texto, fruição do texto e texto como pretexto. Muitos exemplos exemp los serviriam ser viriam de ilustração para cada um desses objetivos, porém vamos elencar apenas alguns.  alguns.  ■ Busca de informações – esse objetivo ocorre na realização de pesquisas acadêmicas ou muitas outras situações, como, por exemplo, quando o leitor, por curiosidade, quer ampliar seu conhecimento a respeito de qualquer tema de seu interesse. Quando precisa resolver alguma situação-problema e busca, nas ontes específicas, as inormações certas para solucioná-la. Quando um candidato entra no site de uma empresa de grande porte e, de posse das informações ali apresentadas, elabora seu currículo de modo a convencer a empresa de que suas qualificações correspondem às suas exigências. ■   Estudo do texto – esse objetivo pode ser a prioridade do leitor frente aos textos que apresentam conteúdos que serão cobrados em avaliações acadêmicas ou em concursos etc. al objetivo ocorre também quando o leitor quer apenas ganhar conhecimento sobre o conteúdo apresentado no texto e sua orma, analisando o estilo do autor, bem como os detalhes linguísticos, sintáticos e estilísticos que o compõem.

Leitura: Etapas, Níveis e Concepções

 

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■  Fruição do tex texto to – esse ob objetivo jetivo advém das lei leituras-pra turas-prazer zer,, das leituras que visam, exclusivamente, o entretenimento. A leitura sem compromisc ompromissos predeterminados. predeterminados. ■  Texto como pretexto – se o leitor vai ao texto com a intenção de pararaseá-lo ou produzir outro a fim de contestar seu conteúdo, então, seu objetivo será usá-lo usá -lo como pretexto; se o leitor tem que produzir um texto de opinião na academia e carece de conteúdo para azê-lo, pode usar bons textos como pretexto para citá-los em sua produção, de modo a atribuir mais credibilidade aos seus argumentos

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

Observe, prezado(a) aluno(a), que DEFINIR OBJETIVOS IMPLICA NA ESCOLHA DE ESRAÉGIAS. ESRAÉGIAS. E isso, é claro, não vale apenas para a le leitura. itura. Se  você pre pretende tende alcança alcançarr o objetiv objetivoo X X,, ppreci recisará sará das estrat estratégias égias W, Y e Z. Escolhid Escolhidas as as estratégias, aça delas seu norte. Se perceber que alguma delas não oi uma escolha adequada, aça mudanças. Empenhe-se nas estratégias que uncionam, de modo a atingir seu objetivo da melhor orma possível. LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

 

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Vamos conhecer algumas das principais estratégias de leitura à sua disposição? Façamos Façamos isso a partir da citação a seguir: rata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inerência e veri󿬁cação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido,permitindo tomar decisões diante de di󿬁culdades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições eitas (BRASIL, 1998, p. 69-70).

Em suma, um leitor competente coloca em prática as estratégias supracitadas:  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

■  Seleciona Selecionarr – é uma das estra estratégi tégias as prim primord ordiais iais n naa vida de qqualq ualquer uer leitor. Afinal, em determinadas situações mais que outras, é impossível ler tudo o que queremos ou todos os títulos que nos mandam ler em tão pouco tempo para cumprir certa tarea. Para nos manter inormados, inormados, não precisamos todos os jornais ou assistir todosobjetivo os telejornais, basta selecionar os delerboa qualidade. Para atingir acerto em determinada leitura, basta selecionar os trechos mais importantes. Qualquer indivíduo  já é seletivo por na natureza tureza (você não lê, por ex exemplo emplo,, todos todos os e-mails que caem em sua caixa de entrada, não é mesmo? Você não tem tempo nem paciência para isso, sem contar as ameaças de spam) e um leitor competente apereiçoa ainda mais suas habilidades leitoras, de modo consciente.

■  An Anteci tecipar par e inerir inerir – a prime primeira ira con consist sistee em azer pprevisõ revisões es ou levanta levantarr hipóteses do que será lido, a partir do título do texto, de seu conhecimento sobre o autor, autor, sobre o assunto etc.; na ssegunda, egunda, o leitor lê o que está est á nas entrelinhas por tráse das advindas linhas dode texto texto, , a partir lógico, das pistasoutextuais outras leiturde leituras, as,seu bemraciocínio como da relação que estabelece entre os textos (intertextualidade). Inerir também consiste em deduzir, por exemplo, o significado de uma palavra desconhecida a partir do contexto em que está inserida. Ambas as estratégias são importantes, pois permitem ao leitor atribuir vários sentidos ao texto ativamente e ler o que não está explícito, de modo a identificar as inormações ou ideias implícitas no texto. ■  Verificar – é a estratégia estratégia que permi permite te ao lei leitor tor aavaliar valiar,, confirma confirmarr ou reutar as previsões feitas e, também, ter a certeza de que suas inferências estão coerentes e de acordo com o texto, considerando suas pistas textuais e outros atores extratextuais necessários à sua interpretação, como, por exemplo, o momento e o contexto histórico em que oi produzido. Estratégias de Leitura

 

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UNIDADE

I

  São estratégias básicas e todas de igual importância. Ao praticá-las, de modo consciente e requente, o leitor desenvolve características que demonstram sua competência leitora.  Ler nas entrelinhas do texto é uma arte. Vamos juntos praticar um pouco mais dessa arte, lendo a charge abaixo.

Figura 2 - Charge para exemplificação Fonte: Font e: Questão 13. Prova Enade/2014 Letras.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

Que informações implícitas podem ser inferidas na leitura da charge anterior? Com base em que pistas ou elementos textuais, você fez as inferências? E que tipos de conhecimentos você utilizou para chegar a essa conclusão?

LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

 

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Com base nessa charge, exemplificamos um nível de leitura realizado por leitores atentos que leem nas entrelinhas do texto. Leem nas entrelinhas, porque os sentidos dessapelos charge não se constroem só pelaelinguagem e não mas também conhecimentos linguísticos de mundo verbal trazidos peloverbal, leitor. Assim, a partir dessa charge, podemos inerir estas inorma inormações: ções:

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

■  Três homens bons morreram – essa inferência dupla (homens bons + morreram) é feita por uma pista não verbal e outra verbal. A não verbal é a imagem dos anjos conversando. A pista verbal está no segundo balão, pelo qual o anjo diz “ganhamos três grandes penas”, significando que os três oram para o céu, ou seja, não vivem na terra mais (morreram) e oram merecedores do céu, não do inerno iner no (oram homens bons). ■  Os três homen homenss oram oram gran grandes des escri escritor tores es – essa in inerên erência cia pode ser eita eita

pela pista não verbal presente no segundo balão, em que o sintagma “grandes penas” é uma metáora para grandes escritores. Contudo, se o leitor já conhecia a profissão dos três homens, o conhecimen conhecimento to de mundo também participou dessa inerência, acilitando a construção dos significados da charge. ■  Os anjos anjos estão estão pesaro pesarosos sos pelo al alecime ecimento nto dos dos au autor tores es – essa in inerên erência cia pode ser eita pela pista não verbal, mais especificamente, especificamente, pela expressão dos anjos, que retrata pesar e não alegria. Com ênfase no conhecimento prévio dos leitores sobre os autores, os leitores podem inerir que a grande perda (uma pena) oi para o Brasil, considerando-se que Ariano Suassuna era paraibano; Rubem Alves, mineiro; João Ubaldo Ribeiro, baiano. Uma das características da charge é sua significação estar ligada a um contexto. Essa charge oi criada em julho de 2014, mês que marca a perda desses desse s três grandes nomes. Nesse período, a charge teve maior orça significativa, devido à recente repercussão das mortes pela mídia. Em nenhum momento, porém, o texto foi desrespeitoso à memória de João, Ariano e Rubem, considerando-se que anjos são figuras positivas pos itivas no imaginário popul popular ar e que, se os autores oram para o céu, eles receberam um elogio póstumo. Quanto à imagem dos autores abaixo dos anjos, essa nos permite inferir que João, Ariano e Rubem estão escrevendo e divertindo-se juntos no céu. Essa inerência não pode ser comprovada indubitavelmente pela imagem, porque a Estratégias de Leitura

 

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UNIDADE

I

imagem pode retratar o aazer desses homens em vida e não sua estada no céu. Logo, as duas inerências são possíveis, embora não possam ser comprovadas na charge. A esse tipo deque, inerência de osubentendido. O subentendido é uma interpretação emborachamamos não contrarie texto da leitura, não é a única opção. Logo, o subentendido é de responsabilidade do leitor e sua validade está na condição de não ser uma inerência contraditória ao texto. A inerência que pode ser se r confirmada pelo texto é chamada de pressuposto. Nessa charge, pressupomos que os autores eram homens bons (oram para o céu) e eram ótimos escritores (grandes penas). Essas inormações são comprovadas no texto e, por isso, devemos tê-las como verdadeiras, caso contrário, a charge ficaria sem sentido. Assim, chamamos de pressuposto a inerência que é comprovada por pistas textuais, é tida como verdadeira e a essa condição atrela-se os sentidos construídos. A seguir, apresentamos uma rase que oi pronunciada há alguns anos por uma personalidade política,  política,  e com este exemplo demonstramos a importância de cuidar das palavras que usamos para expressar nossas ideias. “Ela é inteligente, apesar de ser mulher”. (Frase de Mário Amato, em 1989, reerindo-se à ministra Dorothea Werneck)

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

Quais as informações explícitas nessa frase? Qual a informação implícita?

Na época em que pronunciou essa rase, Mário Amato, autor de tantos outros dizeres polêmicos, conquistou a antipatia das mulheres. Ele disse, explicitamente, que Dorothea é mulher e que é inteligente. Temos, Temos, então, duas inormações inor mações escriescr itas na linha do texto. Por outro lado, pode-se inferir outra informação, outra  informação, a que está implícita: as mulheres mulhere s não são inteligentes. O que é um pressuposto, na ala de Mário Amato. LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

 

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Esse tipo de informação não pode ser negada.Trata-se de uma informação pressuposta, implícita no conectivo “apesar de”. Em entrevista posterior ao evento essaeira” rase oi registrada pordajornalistas, Mário Amato2.explicou-se: “aquiloem oi que brincad brincadeira ”, conorme o site  (on-line) Entretanto, Revista Veja mesmo que tenha sido uma brincadeira (aliás, extremamente inadequada e ineliz), em seu dizer existe uma marca linguística que denuncia a sua indelicadeza.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1     d    e     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), a partir de d e vários aspectos relacionados à leitura, sobre os quais discutimos nesta unidade, você teve a oportunidade de se autoavaliar enquanto leitor(a). Por fim, gostaríamos de sintetizar algumas das principais características do leitor competente. Segundo o que oi discutido, o leitor competente: constrói vários sentidos possíveis e coerentes com o conteúdo do texto; compreende a mensagem que o autor pretendia e propõe outras leituras não previstas pelo autor; é leitor ativo (agente) que busca atribuir significados ativamente; a cada nova leitura, altera

o significado de tudo o que já leu; delimita objetivos e analisa sua própria leitura; emprega as estratégias de leitura; controla controla o que lê e toma decisões diante de dificuldades de compreensão; tem iniciativa própria para selecionar o texto ou trechos deste texto que atendam ao objetivo daquela leitura; compreende o que lê e, também, o que não está escrito; estabelece relações entre o texto que lê e outros já lidos (construção de intertextualidade). Vale a pena retomar a pri primeira meira pergu pergunta nta que abriu nossa introdução: como  você se con considera sidera eenquanto nquanto leitor(a)? E acr acrescentamos escentamos esta: onde você qquer uer cchehegar enquanto leitor(a)?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

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UNIDADE

I

Esperamos que nossas discussões a respeito de leitores e leituras tenham contribuído para a sua aprendizag aprendizagem em e sseu eu crescimento crescimento,, e que sua autoavaliação não pare por aqui. Não desista nunca diante de dascada dificuldades de compreensão em razão das peculiaridades e complexidades texto. E lembre-se: somos todos leitores em processo. Não se esqueça de colocar em prática as estratégias que ensinamos, não deixe de considerar a impor importância tância de interagir com o autor, autor, mediante a palavra escrita, questionar o que é lido e reler os textos quantas vezes se fizer necessário. Aprimore suas habilidades leitoras mediante a prática diária de leituras, as que azem parte da academia e as que você realiza por iniciativa própria. Sua dedicação, autonomia e iniciativa nesse processo serão sempre undamentais para seu sucesso. Seja um(a) leitor(a) experiente, proficiente, ativo(a), atuante, competente!

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

LEITOR LEITORES ES E LEITURAS: DA AUTOAVALIAÇÃO AUTOAVALIAÇÃO PARA A FORMAÇÃO

 

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1. (FUNDEP/2014 - IF-SP - Professor - Língua Portuguesa) - A leitura e a produção de textos são atividades completamente diferentes, diferentes, pois exigem, cada qual, de de-terminadas técnicas e habilidades específicas, apropriadas à sua natureza e aos seus objetivos. Por outro lado, tanto uma quanto a outra, constituem ações intrínsecas, que coexistem, dialogam entre si e se completam. Em síntese, a leitura é a matéria-prima e a constituição de modelos para a escrita. Nesse sentido, identifique a seguir as assertivas que fundamentam essa relação intrínseca entre leitura e produção de textos: I. “Quem lê demais e pensa de menos adquire a preguiça de pensar.” (Albert Einstein). II. “Aprendi que o ato de escrever é uma sequela do ato de ler.” (Moacyr Scliar). III. “Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. [...] Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem.” (Mattoso Câmara Jr.). IV.que “Tudo a necessidade deexplicado.” aprendermos a escrever lo nósaponta lemos.para É este o truque a ser (Frank Smith) a partir daquiEstão corretas: a. Apenas II e IV. b. Apenas II e III. c. Apenas III e IV. d. Apenas I e IV. e. Apenas I e II. 2. (ENADE LETRAS 2014 – Questão Questão 13)

Fonte: Chargeonline (2014).

 

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Verifica-se que a palavra “pena”, na primeira fala, foi empregada com o mesmo sentido que no seguinte trecho: a. “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido” (Fernando Pessoa). b. “Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cí cínica nica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário. Viver pra sempre tão bobo e perdido teria sido fatal” (Tati Bernardi). c. “E pra deixar acontecer/A pena tem que valer/Tem que ser com você” (Jorge e Mateus). d. “A primeira imagem que surge quando o assunto é pena são os pássaros” (Arte no Corpo). e. “De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de habilidoso escritor” (Bíb (Bíblia lia Sagrada - Salmo). 3. (Adaptado: ENADE LETRAS 2014 – Questão 17) – Assinale a opção que melhor expressa as ideias desenvolvidas no texto de H. K. Olinto. A própria produção literária atual encaminha-se na direção de uma fusão com vários segmentos culturais, de que a chamada cultura de massa, tradicionalmente discutida em sua diferença negativa, constitui tão somente um dos aspectos de negociação em bases renovadas. A defesa exclusiva da literatura clássica e da herança nacional, um casamento expresso e legitimado pela construção e manutenção de repertórios recheados de um saber cultural canônico, no entanto parece tão problemática quanto a sua rejeição global. Hoje, circulam e prevalecem formas culturais mistas, e até os textos canônicos são relidos como pontos de cruzamento de discursos amplos, que transcendem as fronteiras tradicionais da esfera do literário e do horizonte de pertença a espaços nacionais linguística e geograficamente geograficamente circunscritos. Fonte: adaptado de Olinto e Scholhammer (2008, p. 75).

 

󰀴󰀱

a.

b.

c.

 

󰀴󰀲

d.

e.

 

󰀴󰀳

4. Considerando as 4 etapas da leitura (quais sejam, decodificação, compreensão, interpretação e retenção), marque, seguindo a legenda, a etapa necessária à situação ou ao objetivo de leitura exposto abaixo abaixo (ou a que melhor os descreva). 1. Decodificação. 2. Compreensão. 3. Interpretação. 4. Retenção. (

) Consegue comparar textos sobre o mesmo tema.

(

) Leitura de vários textos para apresentaç apresentação ão em uma comunicação comunicaçã o oral.

(

) Leitura adequada e prazerosa de poesia.

( ) Consegue apreender as ideias do autor, autor, mas ainda precisa de outras leituras para tecer sua própria argumentação a respeito do tema. ( ) Consegue ler em voz alta, sabe o significado das palavras, palavras, mas não consegue responder questões simples sobre as ideias do texto. A sequência correta é: a. 4, 2, 3, 1, 1. b. 4, 4, 3, 1, 2. c. 4, 3, 4, 2, 1. d. 3, 4, 3, 2, 1. e. 4, 4, 3, 2, 1. 5. (Adaptado: (Adaptado: ENADE 2014 – Gestão Ambiental) – Ao falar de sustentabilidade, são necessários parâmetros de medição relativos às exigências humanas em relação ao planeta e o que o planeta pode oferecer/produzir aos seus habitantes. Assim, falamos sobre pegada ecológica e biocapacidade biocapacidade do planeta. Pegada ecológica é um indicador que estima a demanda ou a exigência humana sobre o meio ambiente, considerando-se considerando-se o nível de atividade para atender ao padrão de consumo atual (com a tecnologia atual). É, de certa forma, uma maneira de medir o fluxo de ativos ambientais de que necessitamos para sustentar nosso padrão de consumo. Esse indicador é medido em hectare global, medida de área equivalente a 10.000 m². Na medida hectare global, são consideradas apenas as áreas produtivas do planeta. A biocapacidade do planeta, indicador que reflete a regeneração (natural) do meio ambiente é medida também em hectare global. Uma

 

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razão entre pegada ecológica e biocapacidade do planeta igual a 1 indica que a exigência humana sobre os recursos do meio ambiente é reposta na sua totalidade pelo planeta, devido à capacidade natural de regeneração regeneração.. Se for maior que 1, a razão indica que a demanda humana é maior que a capacidade do planeta de se recuperar e, se for menor que 1, indica que o planeta se recupera mais rapidamente. Analise o gráfico e as afirmações que o seguem.

Fonte: Lopes (2012, on-line)󰀳.

O gráfico evidencia: I. Que, dade.em 1970, o planeta estava equilibrado em se tratando de sustentabiliII. Tendência a desequilíbrio gradual e contínuo da sustentabilidade do planeta. III. Um desequilíbrio relativo à sustentabilidade do planeta, para o qual há uma solução: o comércio internacional, em que os países mais populosos exportam insumos de países menos populosos, contendo, com essa transação, o desequilíbrio global. IV IV.. Um aumento populacional mundial muito intenso de 1970 a 1975, quando o problema de sustentabilidade do planeta começou, indicando que esse aumento causou o desequilíbrio global, confirmado pelos dados até 2008 que mostraram que a pegada ecológica, medida em termos  per capita, era de 2,7 hectares globais (gha). V. Que, de 1961 a 1970, não havia o que o enunciado explica como pegada ecológica.

 

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Marque a opção correta: a. Todas as explicações estão corretas. b. Somente S omente as explicações I, II e III estão corretas. c. Somente as explicações IV e V estão corretas. corretas. d. Somente as explicações I e II estão corretas. e. Somente as explicações II e V estão corretas. corretas.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEME COMPLEMENT NTAR AR

Estratégias de Leitura Isabel Sole  Sole  Editora: Artmed Ano: 1998 Sinopse: o livro escrito por Isabel Solé aborda diferentes formas de trabalhar com o ensino da leitura. Seu propósito principal é promover nos alunos a utilização de estratégias que permitam interpretar e compreender de forma autônoma os textos lidos. Enfatizando sempre que o ato de ler é um processo complexo, complexo, a autora, utilizando um texto simples e agradável de ser lido, explicita-o dentro de uma perspectiva construtivista da aprendizagem

 

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A PENSAR FUNDO NA QUESTÃO, EU DIRIA QUE LER DEVIA SER PROIBIDO. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary.no O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos. Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. excessivamen te. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação. Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas, para que conhecer, se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais? Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido. Além disso, os livros estimulam estimula m o sonho, a imaginação, a fantasia. Transport Transportam-nos am-nos a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Fazem-nos acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas de jamais percebidas. É precisocruas. desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede aceitar nossas realidades Não, não deem mais livros às escolas. Pais, Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro. Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

 

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O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas leem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. É esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura? É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil. Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público,o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida. Ler pode tornar o homem perigosamente mais humano. Fonte: Grammont (apud PRADO; CONDINI, CONDINI, 1999, p. 71-73).

 

REFERÊNCIAS

Completa. Editora Nova Aguiar: Rio de Janeiro, 2006. ANDRADE, C. D. de. Poesia Completa. Editora BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998. FREIRE, P. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. completam. São Paulo: Cortez, 2001. GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2008. GRAMMONT, G. de. Ler devia ser proibido. In: PRADO, J.; CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus,1999, p.71-3. p.71-3. LEFFA, V. J. Aspectos da leitura. Porto leitura. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1996. OLINTO, H. K. Literatura/cultura/ficções reais. In: OLINTO, H. K.; SCHOLHAMMER, K.E. Literatura e cultura. Rio cultura. Rio de Janeiro: EPUC, 2008, p. 75. PROVA ENADE, 2014. Letras, Português: Licenciatura. Nov. 2014. INEP. Disponível em:   . >. Acesso em: 9 dez. 2016. SILVA, E. T. da. Criticidade e leitura: ensaios. Campinas: Mercado das letras, 1998. WERNECK, D. Apesar de ser mulher. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

REFERÊNCIAS ON󰀭LINE 1

Em: .   Acesso em: 21

nov. 2016. 2 Em: . Acesso em: 21 nov. 2016. Em:
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