NEVES_2006_Museus Para Todos

September 23, 2017 | Author: Alice Semedo | Category: Museum, Portugal, Information, Disability, Advertising
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Museus Acessíveis… museus para todos?!1 Josélia Neves Instituto Politécnico de Leiria [email protected] O século XXI nasceu sob o signo da acessibilidade. As leis são mais explícitas na imposição do direito básico à igualdade; surgem directivas que se apresentam com o título de “… para todos”; e tomam-se medidas, aqui e ali, de forma a criar condições de acesso para pessoas com deficiência. Embora os passos sejam lentos e tímidos, o movimento sente-se: fala-se no direito a iguais oportunidades, à não discriminação, à integração no mundo do trabalho; Preconiza-se a inserção social e reivindica-se o direito à educação, informação, cultura e lazer. É neste contexto que se aborda o acesso à informação e à cultura em situação museológica e que, à luz da literatura da especialidade e à análise das práticas vigentes em Portugal, se propõem acções concretas para a criação de museus mais acessíveis, para visitantes com limitações motoras e sensoriais. Neste artigo apresentar-se-ão os parâmetros a ter em conta quando se tem por objectivo criar condições de acesso para todos - incluindo pessoas deficientes - partindo da análise de quatro domínios principais de acesso: divulgação, mobilidade, conforto e experiência.

KEYWORDS: Museus – acessibilidades – deficiência – inclusão

Qualquer abordagem ao assunto da criação de condições de acesso a museus que queira ser consentânea com o espírito que preside a este novo século terá de clarificar, no seu ponto de partida, os conceitos que assume como premissas basilares. Em primeiro lugar, e no contexto deste trabalho, essencialmente direccionado para a discussão de condições de acesso a museus por parte de pessoas com deficiência, assume-se “deficiência” como “diferença”, imposta por uma condição de desvantagem em relação à maioria das pessoas. Essa desvantagem poderá resultar de razões físicas, mentais ou sensoriais, de carácter transitório ou permanente, com grau de incapacidade limitativo da total autonomia do sujeito, levando a que necessite de condições especiais para que se sinta completamente integrado na comunidade em que se insere. Desta feita, na sua singularidade, tais pessoas serão vistas de forma integrada, pois partilharão a sua condição com outras formas de diferenciação, igualmente marcadas pela necessidade de condições especiais, socialmente identificadas por parâmetros com conotações (mais ou menos positivas ou negativas), como sendo a idade (ex. crianças, idosos), o estado (ex. grávidas), a constituição física (ex. obesos, anões), a condição social (ex. carenciados, analfabetos), a língua (ex. estrangeiros), a condição de permanência no território (ex. 1

Comunicação apresentada no Congresso de Turismo Cultural, Territórios e Identidade. Projecto de Investigação Identidade(s) e Diversidade(s). Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria. Leiria, 29-30 Outubro 2006.

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nacional, imigrante ou turista), entre outros. Esta premissa pretende realçar uma noção de total inclusão que assuma a deficiência como apenas mais um factor de diferenciação que não exige medidas excepcionais, mas sim uma atitude que faça mesmo esbater possíveis marcas da discriminação positiva. Tal atinge-se implementando um outro conceito: o de “para todos”. Desenhar para todos significa encontrar soluções que sejam úteis a todos, incluindo os deficientes, assumindo a convicção de que ao integrar estes públicos especiais estaremos a criar melhores condições para todas as outras pessoas que, embora menos marcadas pela diferença, são, na sua essência, também únicas, diferentes e especiais, e que irão igualmente usufruir de tais condições especiais. Apesar de assumir uma perspectiva de integração holística, haverá necessidade de focalizar o grupo específico que esteve na origem desta reflexão: as pessoas com deficiência. De acordo com estudos da Eurostat2 a grande Europa tem uma população deficiente de 50 milhões, i.e. 14,5% da população europeia (chegando a 25% nos novos estados), apresenta condicionalismos impeditivos de uma vida “normal”. No contexto português, e de acordo com os censos 2001, teremos uma população deficiente de cerca de 636 059 (cerca de 10% da população portuguesa), número que se considera pouco objectivo se tivermos em conta que estamos perante uma sociedade envelhecida e que a deficiência ainda é estigmatizada a nível social, levando a que seja “escondida” por preconceito. Se a este factor se acrescer o envelhecimento como potenciador de deficiência e invalidez3, e se tivermos em conta que, reflectindo a tendência europeia4, em Portugal, em 2001, existiam 1 693 493 pessoas com mais de 65 anos (dados dos últimos censos), será de considerar que cerca de um terço da população portuguesa se encontra entre o grupo de pessoas com necessidades especiais. Se transpusermos estes dados para o contexto dos potenciais utilizadores de museus, partilhando com Lima de Faria (2000:3) a convicção que “[n]ão existe socialmente a figura de ‘visitante de museu’ mas sim uma população mais ou menos local, mais ou menos difusa, ou em trânsito, que poderá constituir-se como um recurso para o museu”, e se tivermos em conta que, à data, maior parte dos museus portugueses ainda não 2

Eurobarometer survey 54.2 and Eurostat report: Disability and social participation in Europe. 2001 e Statistics in focus – Population and Social Conditions – “Employment of disabled people in Europe in 2002” realizado pela Eurostat.

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De acordo com o US Census Bureau Report on Americans with Disabilities: 1994-1995 (P70-61) de Agosto de 1997, enquanto que aos 18-24 anos uma pessoa terá uma incapacidade devida à idade de cerca de 9,5%, tal passa para os 21,2% aos 45-54 anos, atingindo os 42,3% aos 65-74 anos e os 64% aos 75+ anos. 4 O Departamento para População das Nações Unidas estima que a população europeia decresça 13% entre 2000 e 2050 e que a média etária aumente dez anos, passando então para os 48 anos (cf. Diário Económico de 21 de Março de 2003).

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atingiram o seu potencial máximo em termos de condições de acesso e atracção de utilizadores, será de questionar se, ao melhorar as condições de acesso, não estaríamos também a potenciar a frequência aos nossos museus. Apesar de actualmente se testemunhar um aumento significativo de visitantes aos museus portugueses, surgindo mesmo a noticia5 que em 2006 se vêem aumentadas as visitas em 33%, prevendo-se que este ano se venha a ultrapassar o recorde máximo de 1.149.378 visitantes em 1998 (registado graças à realização da Expo98 em Lisboa), haverá motivo para acreditar que esse número poderá ser ainda maior se forem tomadas medidas concretas para cativar públicos com necessidades especiais.

Acessibilidades em Museus Portugueses No que toca à inclusão em contexto museológico, a Lei-Quadro dos Museus Portugueses, nº 47/ 2004 de 19 de Agosto, na sua formulação estruturante, assume uma postura consentânea com as premissas aqui assumidas ao afirmar, na alínea 1b do artigo 3.º, que é função do museu “facultar acesso regular ao público e fomentar a democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade.” No seu capítulo IV, dedicado ao acesso público, esta Lei-Quadro especifica, no artigo 58.º que “[o] museu deve prestar aos visitantes informações que contribuam para proporcionar a qualidade da visita e o cumprimento da função educativa”. Numa menção expressa a questões de acessibilidades, o artigo 59.º desta mesma Lei-Quadro especifica que “1 – [o]s visitantes com necessidades especiais, nomeadamente pessoas com deficiência, têm direito a um apoio específico” e que “2 – [o] museu publicita o apoio referido no número anterior e promove condições de igualdade na fruição cultural.” Apesar de a lei portuguesa contemplar, nos seus princípios, o estímulo à participação e à inclusão de todos no acesso aos museus, surge pertinente questionar se os nossos museus, genericamente considerados como sendo “instituições, com diferentes designações, que apresentem as características e cumpram as funções museológicas 5

O Jornal “Público” de 24 de Novembro de 06 notícia que “[a] afluência de portugueses aos museus nacionais aumentou este ano 33 por cento, ultrapassando até Outubro os 640 mil, mais 159 mil do que em igual período de 2005, revelou hoje o director do Instituto Português de Museus (IPM). Relativamente aos visitantes estrangeiros, também se registou um aumento de 16 por cento este ano, com mais 53.274, passando de 339.691 em 2005 para 392.965 em 2006” (in www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1277709 [acedido a 26/11/06]).

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previstas na presente lei para o museu, ainda que o respectivo acervo integre espécies vivas, tanto botânicas como zoológicas, testemunhos resultantes da materialização de ideias, representações de realidades existentes ou virtuais, assim como bens de património cultural imóvel, ambiental e paisagístico” (ibid. art.3.2), cumprem com as condições mínimas necessárias a uma inclusão aceitável. De uma análise do Roteiro de Museus, do Instituto Português de Museu e da Rede de Museus ressalta que, dos 120 museus indexados, apenas 37 (31%) referem ter condições especiais para visitantes com deficiência, ou seja, 83 (69%) desses museus não têm qualquer referência a tal situação. Ao verificar a sua distribuição em termos territoriais ressalta o facto de ser no norte do país que se concentram em maior número os museus que se assumem como tendo condições adequadas a pessoas com necessidades especiais.

Museus listados

Museus com condições de acessibilidade

Grande Lisboa

18

7

Grande Porto

10

7

Norte

30

9

Centro

13

3

Lisboa e Vale de Tejo

23

3

Alentejo

7

1

Algarve

4

0

Açores

8

1

Localização

Madeira 7 1 Figura 1: Distribuição de Museus indexado no Roteiro de Museus 2005 por zona de localização

Interpelados objectivamente6 sobre as condições de acesso existentes, ficou patente que o maior critério para a designação de “museu acessível” se prende com a existência de condições de acesso para pessoas em cadeiras de rodas (rampas, elevadores, condições de mobilidade física), e com a existência de WCs adaptados. Poucos museus revelaram ter condições de acesso para pessoas com deficiências sensoriais e mentais, sendo que,

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Os museus assinalados como sendo acessíveis foram contactos por via electrónica e telefónica para identificação das condições de acesso disponíveis e clarificação de soluções possíveis para a integração de visitantes com necessidades especiais. Está a decorrer um estudo detalhado, com visitas aos museus para o levantamento exaustivo das condições de acesso existentes. Os resultados desse estudo exaustivo deverão estar disponíveis em meados de 2007/2008.

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neste domínio, é notória uma maior sensibilização em relação à cegueira do que à surdez . Apesar das muitas lacunas detectadas, será importante referir que é notória a vontade de “servir melhor” por parte dos técnicos a trabalhar nestes museus. A sua sensibilidade revela-se através da vontade de superar obstáculos e a disponibilidade para acolher a diferença, dentro das limitações existentes, fazendo valer a criatividade e a dedicação pessoal na procura de soluções pontuais. Sendo de facto de suma importância, este é, mais do que uma atitude institucional, um esforço pessoal, que embora meritório, deverá ser sustentado pela criação de condições reais e permanentes, mais estruturadas e menos baseadas na boa-vontade e generosidade dos técnicos. Deste estudo preliminar ressaltam ainda outros indicadores positivos. A um outro nível é também evidente uma consciencialização da necessidade de criar condições direccionadas para públicos com necessidades especiais. Tal manifesta-se na criação do GAM – Grupo para a Acessibilidade nos Museus (vide http://gam.org.pt/) que assume como sua missão “melhorar o acesso aos museus a todo o tipo de público com necessidades especiais, físicas, intelectuais, ou sociais, disponibilizar informações sobre o tema, e divulgar e promover actividades e um fórum de debate.” Esta preocupação vêse concretizada através da troca de experiências, da promoção de acções conjuntas e no desenvolvimento de estratégias para a promoção dos museus associados. Por outro lado, surge também em Portugal um movimento para a criação de museus on-line acessíveis (vide http://www.acesso.umic.pcm.gov.pt/museus.htm). De facto, a criação de museus virtuais revestem-se de grande potencial, merecendo, por isso, um tratamento diferenciado daquele que aqui se trabalha, pois obedece a orientações muito diversas daquelas a serem vistas pelos museus “reais”. A este respeito partilho da opinião de Battro (1999) exposta na seguinte afirmação: The museum on the web is a different kind of museum. It is certainly not a substitution of the real museum, it is a new museum! To attain the highest possible quality, a state-of-the art Virtual Museum, a new approach to Malraux's ideas about the Imaginary Museum should be carefully considered. The problem is not only to "digitise" everything that is worthy of publication on the web but to produce new contents, to propose new activities, to explore new links within the arts. A complexidade desta novo tipo museológico, repleto de oportunidades e desafios deverá ser visto de forma detalhada, pois nele poderá estar a chave para muitos dos problemas hoje sentidos em museus “reais”.

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Parâmetros para a definição de critérios de acessibilidade em museus Para uma reflexão mais profunda sobre o que se possa entender por condições de acesso aos referidos museus “reais”, partiremos da visão apresentada por Dodd e Sandall (1988:14) que, numa proposta interessante e alargada, define como questões importantes à clarificação dos parâmetros necessários à acessibilidade museológica, aqueles que a seguir se apresentam de forma adaptada: Tipo de Acessibilidade

Questões de base

Acesso físico

Será que existem barreiras arquitectónicas?

Acesso sensorial

Será que as exposições contemplam visitantes com deficiência sensorial (cegos e s/Surdos)?

Acesso intelectual

As exposições excluem visitantes com poucos conhecimentos prévios? Serão as exposições acessíveis a pessoas com dificuldades de aprendizagem?

Acesso económico

Os preços são demasiado altos para visitantes com baixos rendimentos?

Acesso emocional

Será o museu acolhedor para quem o visita pela primeira vez? Os funcionários do museu estarão preparados para lidar com a diferença e a deficiência?

Acesso à esfera das decisões

Será que o museu consulta especialistas e potenciais visitantes quando toma decisões?

Acesso à informação

Será que a informação/publicidade chega a novos públicos?

Acesso cultural

Serão as colecções/exposições de interesse para certos públicos?

Figura 2: Critérios de acessibilidade com base em Dodd e Sandell (1998)

Ao questionar aspectos que vão para além do conceito restrito de acessibilidade ligado à deficiência – essencialmente ligados aos acessos físicos e mobilidade – , estes autores colocam a tónica na co-responsabilização social que dinamizadores e visitantes de museus devem partilhar. Preocupações que incluam as do acesso cultural, acesso intelectual, acesso económico e mesmo as de acesso à esfera das decisões, realçam a faceta de “vivo e vivido” que se deseja para qualquer museu, numa perspectiva do novo eco-museu a ser construído e participado por todos. De forma implícita, sai também realçado um outro papel muito importante que todo o museu desempenha, o de “educador”. José Luís Profírio (1977:15) reconhece a importância da democratização dos museus e do seu valor educativo, ao preconizar que 6

o serviço de educação do Museu de Arte Antiga, pelo qual é responsável, seja “uma pedagogia do olhar e da expressão ao serviço de toda a gente.” Por sua vez, Cabral (1971:44) discorre sobre a mesma função educadora afirmando que “[d]e maneira geral, toda a organização interna destinada a interessar o público pelos museus, a activar a sua curiosidade a fornecer-lhe elementos de conhecimento ou estudo sobre as obras expostas, poderá ser englobada na denominação de ‘serviço educativo’ dos museus.” A expressão ‘serviço educativo’, conforme usada por Cabral, aponta muito para além da conotação da tradicional unidade dentro de um museu que se ocupa de preparar visitas especiais para fins tradicionalmente educativos (ex. visitas de estudo/acções para escolas), mas sim uma perspectiva holística mais próxima da visão de edutaintment como proposta por Mintz (1994). Museus com tal visão serão aqueles que melhor compreendem a necessidade de criar condições especiais para cativar e fidelizar visitantes com perfis específicos, criando-lhes condições para que façam da sua visita uma experiência activa e memorável. A verdade, porém, é que para que qualquer museu possa exercer em pleno a sua missão educadora precisará de ser “funcionalmente acessível”, garantindo condições globais que possibilitem essa acção. O prazer de “deixar-se” educar e de “querer ser educado” em contexto museológico, acaba por, a meu ver, ser condicionado por uma outra ordem de factores de acesso, que, não sendo em nada contrária à listagem de Dodd e Sandell, estendem as funções de serviço educativo a todos os domínios de qualquer experiência museológica. Tais condições de acesso, a que chamarei de “operacionais”, poderão ser sintetizadas da seguinte forma: Domínio

Tipo de acesso

Área de acção

Divulgação e Informação

Saber que o museu/exposição existe

divulgação / informação

Chegar ao museu

acessos viários / Transporte

Entrar no museu

acessos físicos / arquitectónicos

Mover-se dentro do museu

disposição e mobilidade

Orientar-se dentro do museu

sinalética

Conforto e Segurança

Sentir-se bem-vindo e confortável

conforto / segurança

Conhecimento e Experiência

“Experienciar” tudo

formato

Acesso e Mobilidade

Compreender tudo conteúdo Figura 3: Domínios de intervenção para a criação de condições operacionais de acesso em contexto museológico

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Partindo desta nova listagem será necessário reforçar a idea que qualquer acção que se possa desenvolver para melhorar as condições de acesso a qualquer visitante, incluindo àqueles mais marcados pela diferença, deverá ser vista como uma soma das várias partes, interdependentes e mutuamente condicionantes. Tal significa que falhas em qualquer uma das componentes referidas poderá deitar por terra todo o mérito daquelas efectivamente conseguidas. Por outro lado, quanto maiores as fragilidades e condicionalismos dos visitantes, mais condições será preciso reunir para que o seu acesso seja pleno, se não mesmo possível. A importância de cada uma das componentes é relativa à especificidade de cada visitante e a sua ordem de abordagem poderia ser inversa àquela aqui escolhida, pois os dois pólos opostos da lista apresentada serão sempre um ponto de partida e um ponto de chegada em todo o processo de criação de condições de acesso a qualquer museu. Os dois aspectos apresentados no topo e final da lista são aqueles que condicionam de forma mais significativa toda a existência de um museu. Por um lado, é preciso que haja conteúdos, algo de válido a preservar e mostrar, para que haja museu; por outro lado é preciso que se saiba que tais conteúdos existem e que se encontram reunidos e trabalhados, para que se crie a necessidade de serem conhecidos/experienciados por visitantes.

1. Divulgação / Informação Divulgar a existência de um museu ou a realização de uma exposição ou evento revestese de primordial importância para a sua existência e dinamização. De nada serve ter um bom programa se os potenciais visitantes não souberem da sua existência. Se tal informação é importante para o cidadão comum, torna-se vital sempre que o museu se prepara para melhor receber visitantes com características especiais. É frequente ouvir a crítica, por parte de quem oferece serviços diferenciados, de que tal não levou a uma maior procura ou mesmo que tais serviços não chegaram a ser efectivamente utilizados. Esta situação leva a que se reflicta sobre o meio, a forma e as técnicas utilizadas para a divulgação desse serviço. Para que passe a “existir”, todo o museu precisa de se dar a conhecer. Frequentemente, essa divulgação é manifestamente insuficiente e limitada a meios e formatos que não chegam aos alvos mais exigentes e a públicos mais alargados. Por outro lado, por razões de ordem financeira ou de gestão, não se considera prioritário trabalhar a imagem do museu nem se disponibilizam meios para a realização de campanhas de marketing 8

adequadas. Na sociedade em que nos inserimos o museu terá de ser visto como um bem de consumo que se quer “vender”, havendo necessidade de aplicar técnicas para a identificação do consumidor, formas efectivas de chegar até ele, formulação adequada da mensagem a passar e avaliação do cumprimento dos objectivos. A divulgação/informação sobre um museu deverá ter várias abordagens às quais chamaremos patamares de informação: a) chamar atenção sobre si próprio b) dar informação sobre si e sobre o seu espólio/suas actividades c) fornecer informação detalhada a quem quer/precisa de saber mais. O primeiro patamar – divulgação de um museu/acção – passará eventualmente pelos meios convencionais de divulgação: o cartaz de parede, a circular por circuitos pré-estabelecidos (câmaras, escolas, etc.), a notícia ou publicidade na imprensa (escrita / rádio / televisão), entre outros. Aqui, o objectivo é captar o interesse de potenciais visitantes, chamando-os à acção. Frequentemente, este primeiro patamar sobrepõe-se ao segundo patamar. Tal acontece quando, para além de exercer uma função apelativa, se procede também ao fornecimento de informação mais detalhada de aspectos práticos (horários, preços, etc.) e conteúdos. Actualmente, a Internet passou a ser usada como instrumento vantajoso neste segundo patamar informativo. Uma página Web bem construída, com informação clara e completa, é hoje um dos meios mais eficazes de divulgação de acções e eventos museológicos. Tem, no entanto, a limitação de só chegar a quem a procura, já por si, um utilizador selectivo e seleccionado, sendo a Internet hoje vista como uma ferramenta de grande utilidade em termos de públicos diferenciados. Se é verdade que, só por si, uma página Web não servirá para atrair mais públicos, servirá para fidelizar ou cativar os públicos já seriados. A criação de sites multilingues, obedecendo às regras de “site acessível”7, oferecendo visitas virtuais como “aperitivo” e/ou realçando os aspectos de maior interesse, levará a visitantes mais informados e certamente mais expectantes e activos nas suas visitas efectivas. O terceiro patamar aqui traçado é aquele em que se insere a informação personalizada, a resposta pessoal a um telefonema ou contacto escrito. Um bom serviço de helpdesk poderá fazer a diferença entre o ganhar ou perder visitantes. Aqui se inscreve igualmente todo o material informativo que se fornece ao visitante in loco, ou a pedido. Aqui também serão incluídos todos os materiais criados especificamente para visitantes 7

Para informações sobre as características de um site acessível a pessoas com necessidades especiais visitar www.acesso.umic.pcm.gov.pt/wai/wai.htm#pontos.

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com necessidades especiais: as brochuras em Braille para cegos; os materiais ampliados ou em alto-contraste para amblíopes; os áudio-guias para cegos e amblíopes, estrangeiros, ou visitantes mais curiosos; e os materiais adaptados para crianças e para pessoas com dificuldades cognitivas ou mentais. A acção de cativar pessoas com necessidades especiais poderá exigir ainda um esforço acrescido e direccionado. Pouco habituados a frequentar estes espaços por, tradicionalmente, lhes serem pouco convidativos, tais grupos terão ainda de ser trabalhados e “educados” para a nova realidade. Embora o objectivo final seja sempre o de dar autonomia ao visitante e de lhe permitir que seja um visitante integrado com os restantes visitantes – seus amigos e familiares – quando assim desejar, uma primeira abordagem à divulgação de serviços diferenciados poderá passar pela mobilização de associações, promovendo visitas especiais e dando a conhecer aos seus associados – deficientes e suas famílias – que estão disponíveis e preparados para acolher a diferença. Uma divulgação nos circuitos nacionais e internacionais direccionados para públicos especiais, será sempre uma aposta a não descurar, pois o turismo cultural, em franco desenvolvimento, oferece-se já a públicos com necessidades especiais8 e vende-se de forma muito produtiva em todo o mundo. 2. Acessos e Mobilidade a) Acessos viários / transportes Embora a maior densidade de museus se encontre nas principais cidades portuguesas, muitos dos mais interessantes museus encontram-se em recantos perdidos onde o acesso apenas é possível através de meio de transporte próprio. Aí como em todos os outros espaços museológicos torna-se imprescindível garantir um espaço de estacionamento próximo, com lugares marcados em baías de estacionamento acessível para veículos que transportem pessoas deficientes ou de mobilidade condicionada. A existência de transportes públicos surge como uma mais-valia para qualquer museu, que deverá informar potenciais visitantes das melhores formas de chegar até si. Embora aparentemente secundária, o fornecimento detalhado de esta informação, numa página

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São já muitas as oportunidades de turismo acessível divulgadas a nível internacional. A título de exemplo, será de visitar sites como: http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/acessivel.asp, www.portalturismoaccesible.org/pt/index.htm, www.accessibleurope.com, www.tourismforall.org.uk. Será igualmente útil conhecer o estudo “Study on: IMPROVING INFORMATION ON ACCESSIBLE TOURISM FOR DISABLED PEOPLE” mandado realizar pela Comissão Europeia sobre o assunto: http://ec.europa.eu/enterprise/services/tourism/policy-areas/study_accessibility.htm,

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Web, por exemplo, ou até mesmo em cartazes ou folhetos de divulgação, simplificará a vida dos visitantes e convidá-los-á à deslocação. Embora os museus já instituídos tenham pouca possibilidade de influir no sistema de transportes que o servem, não deverão deixar de tudo fazer para que se desenvolvam condições de acesso viário fáceis, garantindo, pelo menos, condições de estacionamento reservado para os seus visitantes. Museus em fase de instalação, por sua vez, deverão ter em conta que a sua localização deverá contemplar, entre as principais prioridades, um sistema de acesso viário fácil e operacional de forma a se tornar mais convidativo para quem se desloca propositadamente para o visitar.

b) Acessos Físicos e Arquitectónicos ao Museu Uma vez chegados às imediações do museu, para que a visita se possa efectivar, tornase necessário transpor as barreiras arquitectónicas que possam existir. Muitos museus encontram-se em edifícios que não foram pensados na sua origem para os fins em causa. Transpor degraus ou escadarias, encontrar a entrada ou abrir portas pesadas podem ser factores dissuasores, particularmente para visitantes com mobilidade condicionada. A colocação de rampas de declive suave nem sempre é possível, como também se pode tornar difícil colocar um corrimão de forma a auxiliar quem tenha dificuldade em subir escadas. A procura de alternativas facilitadoras do acesso deverá ser encarado de forma séria pois a falta de acesso exterior é frequentemente apontado como uma importante barreira para muitos visitantes. Da mesma feita, uma porta de fácil abertura franqueará a entrada e sinalética clara e bem visível indicará o caminho a seguir. Todo o acesso a qualquer museu deverá passar por um acolhimento humano e personalizado, fornecendo ao visitante toda a informação considerada útil, orientandoo(a) para os aspectos mais relevantes aos seus interesses e necessidades. Para o visitante, o rosto do museu será o da pessoa que o recebe. A formação desse colaborador deverá contemplar aspectos técnicos da área museológica em que se insere, bem como o domínio de línguas (porque não até a língua gestual portuguesa) e técnicas de comunicação e interacção com o público. Uma educação para a diferença surgirá como valor acrescido quando, com sensibilidade e bom-senso, tiver de gerir situações delicadas ou inesperadas. A simpatia e competência deste técnico fará com que o visitante se sinta bem-vindo e que queira voltar, pois levará como referência as pessoas com quem tenha interagido.

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c) Disposição e Mobilidade Toda a exposição narra uma história e dá-se a conhecer ao visitante ao longo de um percurso pensado para realçar elementos, estabelecer relações e criar sentidos. Por contingências do espaço ou das peças em disposição, criam-se caminhos a serem seguidos de forma mais ou menos estruturada para que o todo se mantenha coerente e ganhe significação. Conduzir um visitante através de um espaço resultará de múltiplas estratégias expressas ou subtis que lhe indicará o rumo a levar, as peças a observar e as mensagens a colher. Para além de cuidados gerais de disposição, iluminação e organização, o museu para todos deverá ter em conta os visitantes com dificuldades de mobilidade, garantindo-lhes espaços de passagem amplos e sem barreiras; colocando um corrimão de apoio ao longo do percurso; placas indicadoras claras e visíveis em materiais adequados (de altocontraste); e, eventualmente criando percursos tácteis ou áudio. À falta de tais recursos, uma visita personalizada através do acompanhamento de um guia, facilitará a experiência e trará vida e voz à tal narrativa física e espacial.

d) Sinalética e informação Aspecto integrado e complementar ao da disposição e mobilidade, a sinalética revestese de particular importância para a orientação do visitante dentro do museu. O fornecimento de um mapa de visita à entrada, com uma composição gráfica clara e esclarecedora, auxiliará qualquer visitante a orientar-se no espaço e a conhecer a totalidade da exposição. Para que seja mesmo útil, este documento deverá estar em perfeito acordo com a exposição efectiva, evitando assim factores de desorientação. Mais não será do que uma versão plana do todo real, que por sua vez, deverá reforçar, na sua concepção, as marcas e códigos contidos no mapa. Qualquer alteração à exposição, não contemplada no mapa levará ao desconforto, sempre a evitar nestas circunstâncias. Tendo em conta a existência de visitantes com necessidades especiais, o museu deverá providenciar materiais alternativos (ex. mapas em alto-relevo, plantas/maquetas tácteis, mapas áudio, folhetos em Braille) para que também os cegos possam gozar de autonomia na sua visita ao museu. 3. Conforto Partindo do princípio que todo o museu é para ser fruído, numa atitude de compromisso entre a experiência, a formação e o lazer, teremos de pensar no conforto pessoal de cada

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visitante. Esse conforto pessoal surge subjacente a todos os cuidados já mencionados, merecendo, no entanto, uma reflexão à parte, particularmente no que diz respeito ao acolhimento de visitantes com necessidades especiais. Uma concepção humanizada de qualquer espaço museológico deverá adequá-lo à habitabilidade, sem que tal implique uma descaracterização do espaço em si. Toda a intervenção para a inclusão deverá estar integrada de forma harmoniosa e discreta, para que não se transforme em um outra forma de discriminação, mesmo que positiva. Assim, desenhar um museu acessível implicará prever momentos e espaços de paragem e retiro. Visitar um museu pode ser muito cansativo e desgastante, mais ainda para pessoas idosas ou com deficiência. A criação de zonas de descanso, a colocação de bancos ao longo do percurso e a contemplação de áreas reservadas ou de convívio, garantirão maior conforto a todos quantos precisem de uma pequena pausa. A criação de um pequeno bar, poderá servir de apoio a todos os visitantes e será particularmente útil para aqueles que, pela força das circunstâncias (doença, cansaço ou outra), precise de comer ou beber algo para poder prosseguir com a sua visita. Estar preparado para receber visitantes especiais implica também prever espaços e condições de apoio em situações de emergência e espaços sanitários adequados. A concepção de casas de banho efectivamente acessíveis obedece a critérios muito específicos, sobejamente conhecidos pelos técnicos da especialidade, no entanto, pequenos detalhes como a criação de um fraldário, a colocação de cabides no interior das cabines sanitárias, a clara indicação de formas de accionar os dispositivos de água ou a colocação de uma cadeira na zona de serviço, agradará a muitos visitantes, até mesmo aos que não se incluem de forma clara nesse grupo de pessoas com necessidades especiais. Neste domínio, como em todos os outros, a presença humana continuará a ser o factor mais importante. E aqui também, a formação e preparação para lidar com a diferença e o inesperado, fará toda a diferença. Porque conforto e segurança deverão sempre interagir de forma concertada, será fundamental não descurar procedimentos de emergência e garantir que todos os dispositivos de segurança – extintores, portas de emergência, equipamentos de primeiros socorros – estão em perfeitas condições de utilização e claramente identificados e sinalizados, também eles, para todos.

4. Experiência / Conhecimento 13

Como tem vindo a ser referido ao longo desta reflexão, a verdadeira razão de ser de qualquer museu é recolher e dar a conhecer um espólio merecedor de atenção e preservação. Cada museu tomará certamente as medidas mais adequadas à natureza do seu objecto e colocará ao dispor dos visitantes o resultado de inúmeros esforços (físicos, financeiros, logísticos e de dinamização). A qualidade do espólio associado à qualidade dos serviços prestados serão o maior garante de sucesso e as formas encontradas para o manter vivo, serão o passaporte para a sua continuidade no futuro. É no domínio específico do dar a conhecer e do possibilitar a experiência que todo o museu exerce o seu maior papel como educador. Para além de garantir todos os patamares anteriores de acessibilidade, faz sentido investir de forma generosa na criação de formas de “diálogo” entre a exposição e os visitantes. A dinamização de um museu poderá ser vista em diferentes ângulos. Cada peça, ao ser digna de integrar um museu, falará por si. Cabe ao museólogo valorizá-la na forma como a expõe (localização / iluminação / climatização), na informação que fornece sobre ela (sinalização / informação complementar escrita, áudio ou outra), e nas estratégias encontradas para lhe dar vida (visitas guiadas / visitas tácteis / workshops e oficinas / animações e dramatizações). A integração de públicos especiais nesta dinâmica que se deseja aberta a todos, poderá passar pela criação de materiais e serviços adaptados e/ou direccionados, ou da criação de infra-estruturas específicas. A título de exemplo, a fim de melhor receber pessoas com surdez, será de equacionar a possibilidade de implementação de sistemas de amplificação de som (sistemas loop), o fornecimento de informação escrita (brochuras, materiais impressos), ou visitas com interpretação gestual. Para melhor integrar cegos e pessoas com baixa visão, será de inestimável valor a existência de materiais impressos em Braille ou em alto-relevo, de áudio-guias, de maquetas tácteis, de objectos manuseáveis ou de visitas orientadas. A disponibilização de simples lupas aumentativas ou postos informatizados com dispositivos com soluções áudio e aumentativas poderá suscitar o interesse destes visitantes e complementar a sua visita. A disponibilização de textos adaptados para crianças, para pessoas com baixas competências cognitivas ou com dificuldades de leitura, poderá levar ao enriquecimento de conhecimentos mas também incentivará o visitante ao esforço da compreensão. Aqui, como nos casos anteriores, será de equacionar a criação de soluções que sejam efectivamente “para todos”. Se por um lado, textos em Braille serão especificamente para cegos, textos adaptados poderão ser igualmente utilizados por pessoas que 14

conscientemente optam por determinado formato por melhor se adaptar às suas necessidades do momento. Um áudio-guia servirá igualmente para um visitante normovisual, podendo ser ainda transformado numa mais valia ao introduzir versões em língua estrangeira ou áudio-descrições detalhadas para os visitantes mais curiosos e interessados.

Observações finais O esforço aqui feito por traçar caminhos para a inclusão de públicos especiais em espaços museológicos mais não é do que uma partilha de preocupações e o desejo de ver incrementado o esforço já existente neste domínio. A mudança da tónica colocada nas acessibilidades, característica dos finais do século XX para uma atitude de inclusão não discriminatória no início do novo século surge como uma oportunidade para a optimização de esforços, pois implica alargar públicos em vez de os restringir na sua essência. Esta nova visão da inclusão alivia o ónus colocado sobre quem quer fazer a diferença e permite rentabilizar os investimentos implicados pois, na base do que é proposto por Vanderheiden (2003:19) sobre os factores básicos da usabilidade (e acessibilidade), será possível olhar o esforço da inclusão como possível e até vantajoso. Assim, será de concluir que no que toca à criação de museus para todos deveremos ter em conta que: Muito é igual – Criar soluções para deficientes será semelhante a criar soluções para os consumidores em massa. Se a concepção for efectivamente boa para as massas, servirá também para os públicos com necessidades especiais. Muito é diferente – Infelizmente, a igualdade pode ser em si descriminadora. É preciso olhar para as diferenças mesmo entre os que são aparentemente iguais. É impossível criar soluções absolutamente acessíveis – Nada pode ser perfeito para todos. Haverá sempre alguém que precise de algo diferente. Acessibilidade transversal é lucrativa – É possível encontrar soluções que sejam úteis para muitos. Esse investimento será melhor rentabilizado. A conformidade é possível mesmo sem critérios claros – Mesmo sem directrizes claras é possível criar soluções muito aceitáveis. O lucro é soberano – Todo o investimento deve garantir ganhos e mesmo lucros, só assim se justificam.

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Não olhar ao número de deficientes – Mais importante do que saber quantos são os deficientes, será importante ver quão mais atractivo a todos será determinado serviço e em termos objectivos, cada deficiente trará sempre consigo um ou mais acompanhantes. A flexibilidade e alternativa são a chave do sucesso – Dar a última palavra ao utente/consumidor. Em última análise, será ele(a) a escolher/decidir o que quer. Na prática, desenhar para todos significará desenhar para cada um em particular garantindo que, na sua diferença, cada um se sinta especial e perfeitamente integrado. Posto isto, será de concluir com uma nota de esperança para o futuro dos museus inclusivos em Portugal. Existem indícios que apontam para uma real preocupação com a implementação de condições e serviços diferenciados para responder às necessidades de públicos cada vez mais exigentes e amplos. A efectivar-se, a criação de melhores condições para todos resultará certamente numa maior rentabilização dos recursos existentes e uma incrementação da procura museológica tanto por visitantes nacionais como por turistas estrangeiros. Se à procura do bem de alguns resultar o bem de todos, talvez de inverta a situação actual e se passe a ter uma realidade mais inclusiva e abrangente. Bibliografia Battro, António. 1999. “André Malraux revisited. From the musée imaginaire to the virtual museum”. X World Congress Friends of Museums. Sydney, Septembro 1999 http://www.byd.com.ar/xwcfm99.htm. [acedido a 8 de Outubro de 2006]. Cabral, Madalena. 1971. A Escola Vai ao Museu. Lisboa: APOM. Camacho, Clara e Cláudia Figueiredo (coord). 2005. Roteiro de Museus. Instituto Português de Museus/Rede Portuguesa de Museus. Dodd, Jocelyn e Richard Sandell. 1988. Building Bridges. London: Museums & Galleries Commission. Lima de Faria, Margarida. 2000. “Projecto: Museus e Educação”. Instituto de Inovação Educacional. In http://www.dgidc.min-edu.pt/inovbasic/proj/arte/museus/museus-educacao.pdf [acedido a 20 de Setembro de 2006]. Mintz, Ann. 1994. “That’s Edutainment!”. Museum News 73 (6), pp32-35. Porfírio, José Luís. 1977. Museu de Arte Antiga. Lisboa:Verbo. Vanderheiden, Henry. 2003. Designing Flexible, Accessible Interfaces that are More Useable by Everyone. CHI 2003 Tutorial. Madison: University of Wisconsin.

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