Negra: história e civilizações. Salvador:: dM’BOKOLO, Elikia. África UFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2009

July 12, 2019 | Author: Marlison Pimenta | Category: Escravidão, África, História da Escravidão, Portugal, Europa
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dM’BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. civilizações . Salvador: UFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2009.

O período que compreende os séculos VII ao XIX representaram no continente Africano um violento impacto nas suas estruturas que compunham suas sociedades, pois o continente foi palco de um intenso processo de submissão ao sistema escravagista, que antecede a percepção moderna de escravidão negra a partir dos Europeus, já que esse processo iniciou se muito antes do mundo islâmico se expandir dentro da África. Entretanto, em virtude das lacunas históricas presente nesse processo não é fácil encontrar reais datas do início desse processo, mas sabe se (provavelmente) que começou muito antes. Apesar do desenvolvimento crescente da escravidão no mundo árabe além do Saara, foi com a expansão do islã que a escravidão de negros passou a ser justificada, já que a ido latria era um pecado mortal e inadmissível a religião islâmica, sendo assim, diversas sociedades africanas que partilhavam uma fé politeísta com o crescimento do islã foram destituídas e os indivíduos capturados e submetidos a escravidão. Já no século IX, o rapto de indivíduos para serem escravizados, passou a ser um “comércio regular” no qual Muçulmanos eram os principais

compradores e vendedores. Dentre as diversas funções que os escravos ocupavam, como serviços domésticos, objetos sexuais de seus “donos”, trabalho agrícola e outros, o mais notável era trabalho militar

exercido como exército muçulmano, muito poderoso e impressionavam os califas, que por meio dessa passavam a integrar um número considerável de escravos africanos em seus exércitos, intensificando cada vez a captura e o comércio africanos. Na Índia, a presença africana também foi uma realidade factual, data se a partir do século IX e os escravos africanos exerciam serviços aos príncipes, no quadro doméstico, além de servirem ao estado. Mulheres vindas de Habashi possuíam beleza notável e passavam a ser concubinas. Os cronistas indianos, quase sempre mulçumanos, dão mais atenção as suas qualidades religiosas do que as origens. Algo que não se discuti muito é que em alguns momentos a autora coloca que podiam ocupar funções de certa forma importantes i mportantes dentro das sociedades Indus como governadores, soldados e marinheiros. A posição do racismo não se mostra moderna quando lido o texto, já que a escravidão parte da ideia de raças superiores diante da cor da pele, dos formatos de corpo, da cultura e diversos aspectos lidos em poemas do período que destroem a identidade africana. No período de cerca de 300 anos do século X ao XIII, a intensificação da escravidão trouxeram ecos na Europa que tornou presente no processo em virtude da comunicação com o mundo muçulmano-árabe e na idade média já existia um número expressivo de escravo na Espanha, tornando cada vez mais popular e “ regular” esse fenômeno, já que a própria literatura

histórica no século XV já havia dizimado a dignidade africana em seus mais diversos pensamentos das populações negras e tornado essa civilização em animais. No século XV, começa a se propagar as ideologias destinadas a justificar o tráfico negreiro e escravização de africanos. Usava-se até mesmo as sagradas escrituras como forma de justificar tais atos. Portugal foi pioneiro no tráfico escravo, apoiando-se por muito tempo no

rapto e na captura, mas a passagem do rapto a um comércio relativamente regular exigiu algumas décadas, dos anos 1440 a 1500. A difusão das concepções que legitimavam a escravização dos povos africanos, passavam de discursos vagos até a fé cristã como forma justificar o ato e o pioneiro a utilizar de fato a escravidão e comércio regular foi Portugal, passou de 1440 até 1500 em transcurso de captura para um comercio legal. No entanto, esse intenso processo não era algo simples como parece, já que havia (e muiiiita) resistência a essa forma de captação de africanos, como por exemplo em 1446 os guinéus atacaram a expedição liderada por Nuno Tristão, onde dos 27 homens, restaram apenas 7. Ainda é interessante salientar que durante o século XV África era um dos lugares mais bem visto pela economia mundial, e foi na mesma época que o Infante D. Henrique ordenou aos portugueses para renunciar à captura de escravos e procurar estabelecer com eles relações comerciais. Entretanto, as resistências dos negros não acabaram. Elas aconteceram até o fim das operações de tráfico, no século XIX. A dominação dos mares pelos europeus e suas expedições traçaram expedições onde o escambo era uma atividade rotineira, e um dos principais produtos de troca nessas viagens eram os escravos, que frequentemente eram objeto de troca por cavalos e quando chegados a Portugal viravam criados domésticos, o que influenciou muito no modelo posto no Brasil algum tempo depois, herança da influência dos Mouros. A Ilha de São Tomé servia de rota para o comércio de escravos, a partir de 1514. As atividades econômicas de vários Estados estavam ligadas ao tráfico de escravos, pois os c ativos realizavam a maior parte dos trabalhos, logo, o preço de escravos foi aumentando juntamente com o aumento da procura. Em Lisboa (Portugal) foi um ponto que mais recebeu negros escravos trazidos da África, e de lá distribuídos para outras localidades. Com a descoberta da América, o tráfico negreiro teve seu maior impacto na história. E em 1501, a Espanha levou a primeira lei relativa à introdução de escravos, e os primeiros escravos foram levados para a região que hoje compreende Cuba. Em 1511 os primeiros negros escravos foram introduzidos no Panamá, logo a força de trabalho na América passou a ser em sua esmagadora maioria, de negros da África. Os europeus também utilizavam mão de obra de indígenas, entretanto o comércio do açúcar e café impulsionavam o tráfico para as Américas, e aumentava cada vez mais a presença de cativos na América pelo motivo da “mão de obra” mais

eficiente, rápida e barata. No começo, o tráfico foi o monopólio dos Estados ibéricos, pois foram eles que organizaram “descobrimentos” e conquistas de novas terras. Todavia, os comerciantes de

outras nações não queriam ficar de fora do comércio de negros, mas vários relatos dão conta de que esses tráficos eram constantemente interrompidos por navios po rtugueses, que até então,  junto com Espanha detinham o domínio sobre regiões africanas. Aos poucos, Portugal e Espanha foram obrigados a incluir outros Estados no tráfico negreiro. Basicamente, Américas Central e do Sul estavam nas mãos de Portugal e Espanha, e outros Estados europeus como Inglaterra e França, atuavam no tráfico para as Antilhas e na Guiana. O tráfico português era destinado principalmente para o Brasil, onde a procura se mantinha elevada nas plantações açucareiras e continuava a aumentar no setor mineiro. Os Estados envolvidos se esforçavam para controlar esse comércio, tanto na partida da África quanto na chegada às Américas. Apesar de Portugal, França e Inglaterra formarem o principal grupo no de comércio negreiro, a França só alcançou sua expansão a partir do século XVII, com a instalação dos franceses nas Antilhas e a Inglaterra, outra potência negreira, dominou o comércio com a posse

de terras nas Américas do Norte e Sul. Em 1652, um tratado assinado com Portugal reconhecia à Inglaterra a liberdade de traficar com as possessões lusitanas na África e na América. Em consequência no século XVIII houve o apogeu do tráfico britânico e também o da concorrência com a França, que durou até a Revolução Francesa. Entretanto, a Inglaterra em virtude de sua potência marítima torna-se a maior potência negreira e os portos de Bristol, Londres e Liverpool foram os mais importantes para o comércio de escravos, sendo, Liverpool o mais importante no tráfico inglês de 1740 a 1807. O tráfico de escravos africanos tornara-se de tal modo tão interessante que todas as nações começaram a fazê-lo, muito ou pouco. Sendo assim, os anos de 1680 a 1772 foram marcados pelas iniciativas da Prússia que procurava ocupar um lugar no comércio negreiro. A Dinamarca também se lançou no tráfico depois da Guerra de Trinta Anos, da mesma forma que Suécia. De 1680 até 1772, países como Suécia, Prússia, Alemanha e Dinamarca entre outros marcaram presença na movimentação do comércio do trafica negreiro, sobretudo, pela visão da grande movimentação econômica que essas práticas levaram a Espanha. Após a Guerra de trinta anos, além da Dinamarca a Suécia também se fez presente na história do tráfico negreiro, principalmente nas ilhas açucareiras de Santa Cruz, Saint Thomas e Saint Jean. Nas terras que hoje compreendem a América do norte, na época conhecida com as Treze Colônias da América do Norte não pertenceu aos destinos negreiros 1720, pois várias colônias mostraram-se hostis a escravatura ao menos nos primeiros anos de 1660, porém esse comportamento muda, principalmente no Sul onde foi uma região escravocrata com uma imensa presença de africanos escravizados, o que mais a frente trouxe com a guerra de independência uma forte resistência e um sentimento de repudio a escravidão pelo resto das regiões das colônias. O comércio triangular foi a principal forma de lucro da escravidão, onde os navios negreiros saiam diretamente da África para seus destinos nas Américas, nesses navios além do principal produto ser o escravo africano, bastante procurado pelos Europeus, o ouro e outros frutos de minério eram produtos que frequentemente eram comercializados com o Europeu idem. Vale ressaltar, que o valor do produto “humano”, que na época não era visto como tal,

variava com o tempo, devido principalmente a dificuldade de capturar os negros na África, já que não eram tarefas fáceis capturar seres humanos e coloca los em convés de navios e envia los para destinos muito distantes, portanto esse processo se fazia muito complicado na hora de fixar um preço pelos cativos, sendo assim negociado o preço, porém sabe se “que a carne negra é carne mais barata do mercado”.

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