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Testes de avaliação e sugestões de resposta
TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1 Argumentação e lógica formal Distinção validade – verdade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção
correta.
1.1. A verdade é um valor lógico: A. das proposições; B. dos termos; C. dos argumentos; D. das frases imperativas. 1.2. A definição de «proposição» é a seguinte: A. frase imperativa; B. conjunto de frases declarativas cuja relação entre si serve para sustentar uma delas; C. representação mental relativa a um ser ou a um conjunto de seres; D. pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso por uma frase declarativa. 1.3. Os argumentos podem ser verdadeiros ou falsos. Esta afirmação é: A. verdadeira, porque a verdade é o valor lógico dos argumentos; B. falsa, porque uma das propriedades dos argumentos é a validade e não a verdade; C. verdadeira, porque nenhum argumento pode ser simultaneamente verdadeiro e falso; D. falsa, porque se houver argumentos falsos, de nada vale o estudo da lógica. 1.4. A seguinte opção expressa um indicador de premissa? A. conclui-se que; B. logo; C. por conseguinte; D. dado que.
GRUPO II 1. Refira qual a estrutura
de um argumento.
2. Explique em que medida se pode afirmar que nem todas as frases expressam proposições. 3. Com base nos termos «João», «corredor»
ção: a) Categórica. b) Condicional. c) Disjuntiva. 4. Relacione «termo» e «conceito».
e «futebolista», apresente um exemplo de uma proposi-
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 1 GRUPO I 1. 1.1. A. 1.2. D 1.3. B 1.4. D GRUPO II 1. Um argumento é constituído por proposições devidamente articuladas, ou seja, existe nexo lógico entre elas. Tais Tais proposições são a(s) premissa(s) e a conclusão, sendo que a(s) premissa(s) procura(m) defender, sustentar ou justificar a conclusão. A esta também se chama tese, pois é aquilo que está a ser defendido defendido..
2. As frases declarativas são as únicas que expressam proposições. Trata-se Trata-se de frases que afirmam, negam, atribuem, declaram ou constatam alguma coisa, podendo portanto ser consideradas verdadeiras ou falsas. Frases associadas a atos de interrogar, ordenar, exclamar, exclamar, pedir, chamar, chamar, prometer são exemplos que não se enquadram na categoria das frases que expressam proposições, justamente porque não podem ser classificadas como verdadeiras ou falsas.
3. a) João é corredor. b) Se João é futebolista, então é corredor. c) João é futebolista ou corredor. 4. O termo é geralmente entendido como a expressão verbal do conceito. O conceito, por sua vez, constitui o
elemento básico do pensamento. Trata-se Trata-se da representação intelectual de determinada realidade, podendo dizer respeito a uma classe de objetos ou a uma realidade singular, embora alguns autores defendem que só as noções ou ideias gerais é que podem ser consideradas conceitos. O mesmo conceito pode ser expresso por termos diferentes sob o ponto de vista linguístico e o mesmo vocábulo pode exprimir diferentes conceitos. Além disso, um termo pode ser constituído por mais do que uma palavra, exprimindo um único conceito.
5. O juízo é a operação mental que permite estabelecer uma relação entre conceitos e que está subjacente à formação de proposições.
6. O governo deve promover os espaços verdes. 7. 7.1. O primeiro é um argumento dedutivo, uma vez que a sua validade depende apenas da forma lógica. O segundo é um argumento não dedutivo, mais propriamente um argumento indutivo, porque a sua validade depende de aspetos que vão para lá da forma lógica, isto é, a verdade da premissa apenas sugere a plausibilidade da conclusão. Como se vê pelo exemplo, a conclusão não deriva necessariamente da premissa.
7.2. O argumento dedutivo apresentado é inválido, porque as suas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa. O argumento indutivo, por sua vez, é válido porque é improvável que a premissa seja verdadeira e a conclusão seja falsa, ou seja, a verdade da premissa fornece uma forte razão para pensar que a conclusão é verdadeira.
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GRUPO II 1. Coloque na forma canónica as
seguintes proposições:
a) Nem todos os arquitetos são criadores. b) Quem se deita cedo e cedo se levanta é saudável. c) Há indivíduos cuja única ocupação é simplesmente roubar. d) Ser voluntário é dedicar-se aos outros. 2. Refira quais os termos
que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos nas seguintes proposições: a) Alguns doces não são açucarados. b) Alguma energia é renovável. c) Todos os bombeiros são benfeitores. d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial.
3. Em cada um dos
seguintes silogismos, identifique os termos, a figura e o modo.
a) Os maus criadores não são imaginadores consequentes.
Os arquitetos são imaginadores consequentes. Logo, os arquitetos não são maus criadores. b) Todos os felinos são vertebrados.
Todos os gatos são felinos. Logo, alguns vertebrados são gatos. 4. Considerando as regras do silogismo, tire a conclusão de cada um dos seguintes pares de premissas:
a) Os simples argumentadores não são grandes oradores.
Os homens dedicados à causa pública são grandes oradores. b) Alguns cafés são descafeinados.
Todos os cafés são bebidas. 5. O seguinte silogismo é inválido. Justifique a
sua invalidade.
A bateria é um instrumento musical de percussão. Alguns instrumentos musicais são baterias. Logo, os instrumentos musicais são de percussão. 6. Avalie os silogismos que se seguem. Se
algum deles for inválido, justifique a sua invalidade.
a) Os catalães são espanhóis.
Alguns espanhóis são independentistas. Logo, os catalães são independentistas. b) As ruas não são quarteirões.
As estradas não são ruas. Logo, as estradas não são quarteirões. 7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que
seja cometida a falácia da ilícita maior: Termo maior: terráqueo. Termo menor: inglês. Termo médio: alemão.
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2 GRUPO I 1. 1.1. C 1.2. D 1.3. B 1.4. A GRUPO II 1. a) Alguns arquitetos não são criadores. b) Todos os que se deitam cedo e cedo se levantam são saudáveis. c) Alguns indivíduos são ladrões a tempo inteiro. d) Todos os voluntários são dedicados aos outros. 2. a) Encontra-se distribuído o termo «açucarados»; o termo «doces» não se encontra distribuído. b) Nenhum dos termos – «energia» e «renovável» – se encontra distribuído. c) Encontra-se distribuído o termo «bombeiros»; o termo «benfeitores» não se encontra distribuído. d) Ambos os termos – «eletrodoméstico» e «máquina industrial» – se encontram distribuídos. 3. a) Termo maior: «maus criadores»; termo menor: «arquitetos»; termo médio: «imaginadores consequentes». Modo: EAE. Figura: 2.ª. b) Termo maior: «gatos»; termo menor: «vertebrados»; termo médio: «felinos». Modo: AAI. Figura: 4.ª. 4. a) Os homens dedicados à causa pública não são simples argumentadores.
b) Algumas bebidas são descafeinadas. 5. O termo menor, «instrumentos musicais», está distribuído na conclusão mas não o está na respetiva premissa, violando-se assim a regra que determina que qualquer termo distribuído na conclusão tem de o estar também na premissa de que é parte integrante. Por esse motivo, a conclusão acaba também por não seguir a parte mais fraca (a premissa menor). 6. a) Inválido. O termo médio não está distribuído pelo menos uma vez. Além disso, a conclusão teria de ser particular, seguindo a parte mais fraca. b) Inválido. Com duas premissas negativas, nada se poderá concluir. 7. Todos os alemães são terráqueos. Nenhum inglês é alemão. Logo, nenhum inglês é terráqueo. 8. a) Válido. Modus ponens. b) Inválido. Falácia da negação do antecedente. 9. Modus ponendo tollens: Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. Ignoras os sintomas. Logo, não vais ao médico. Modus tollendo ponens: Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. Não ignoras os sintomas. Logo, vais ao médico. 10. 10.1. O silogismo é inválido porque, uma vez que estamos perante uma disjunção que não é completa (disjunção inclusiva), a afirmação de uma das alternativas não implica a negação da outra. 10.2. És arquiteto ou poeta. Não és arquiteto. Logo, és poeta.
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2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a
respetiva
interpretação: a) Tanto as árvores como as grutas são protetoras. b) Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante. c) Não ter talento artístico é condição suficiente para eu não ser pintor, se, e só se, os dicionários
fornecem definições corretas. 3. Verifique, usando as tabelas de verdade, se as
seguintes fórmulas proposicionais são tautologias,
contradições ou contingências. a) (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q) b) (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P 4. Refira, usando uma tabela
de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente equiva-
lentes. Justifique. – Se gosto de futebol, então tenho um clube. – Não gosto de futebol ou tenho um clube. 5. Considere os seguintes argumentos:
a) Se vou à feira, então compro sapatos.
Vou à feira. Logo, compro sapatos. b) Acredito em ti ou sou inteligente.
Não acredito em ti. Logo, sou inteligente. c) Se a noite é tempestuosa, então fico confuso.
A noite não é tempestuosa. Logo, não fico confuso. 5.1. Determine a sua validade recorrendo a inspetores de circunstâncias. Comece por apresentar a
interpretação (dicionário) e a formalização respetivas. 5.2. Identifique cada um dos argumentos anteriores. 6. Identifique o seguinte argumento e traduza-o com recurso às
letras proposicionais e às variáveis de
fórmula: Se eu viajo e tu lês, então sabemos o essencial. Se sabemos o essencial, então a nossa vida tem sentido. Logo, se eu viajo e tu lês, então a nossa vida tem sentido.
COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 1.2. .......................................................... 1.3. .......................................................... 1.4. .......................................................... GRUPO II 1. ............................................................. 2. a) ............................................................. b) .............................................................
5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 30 pontos 10 pontos 10 pontos
c) ............................................................. 3. a) ............................................................. b) ............................................................. 4. ............................................................. 5. 5.1. .......................................................... 5.2. .......................................................... 6. ............................................................. TOTAL .....................................................
10 pontos 15 pontos 15 pontos 20 pontos 30 pontos 15 pontos 25 pontos 200 pontos
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4 Argumentação e retórica GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção
correta.
1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que: A. a opinião do orador é sempre indubitável; B. o auditório pode ser individual ou coletivo; C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar; D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador. 1.2. O pathos: A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s); B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese; C. refere-se ao orador, à sua credibilidade, honestidade e integridade; D. está relacionado com a linguagem utilizada, com o seu conteúdo e os aspetos formais que
a caracterizam. 1.3. A credibilidade do orador, o seu carácter e a sua integridade moral dizem respeito: A. ao ethos; B. ao logos; C. à validade dos argumentos que apresenta para defender as suas ideias; D. ao pathos. 1.4. A validade de um argumento por analogia depende: A. da autoridade em que este se sustenta; B. da indução que nele se efetua; C. do facto de as semelhanças que existem entre as realidades comparadas serem mais rele-
vantes do que as diferenças que as separam; D. da credibilidade do sujeito que o formula. 1.5. Todos os alunos do ensino profissional que até hoje tive são indisciplinados. Logo, todos os alunos
do ensino profissional são indisciplinados . Trata-se: A. de um argumento de autoridade; B. de um argumento por analogia; C. de um argumento indutivo, por generalização; D. de uma previsão indutiva.
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GRUPO III 1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais:
a) Argumento indutivo, por generalização. b) Argumento indutivo, por previsão. c) Argumento por analogia. d) Argumento de autoridade. 2. Identifique as falácias que seguidamente se expõem. Justifique a sua resposta.
a) Se hoje ajudas este, amanhã terás que ajudar aquele. Se amanhã ajudares ambos, entretanto
ajudarás outros tantos. Aos indivíduos seguir-se-ão as associações, de tal modo que, quando deres por ti, já para ti nada resta. Por conseguinte, o melhor é não ajudar ninguém. b) O passado político do indivíduo X não lhe dá credibilidade alguma para propor qualquer solu-
ção para este país, por muito bem sustentada que ela possa estar. Logo, ignore-se, para a nação, qualquer sugestão sua. c) Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente. Como ele não surgiu por
acaso, então resultou de um Criador inteligente. d) Os animais merecem ser respeitados. Logo, todos os a nimais são merecedores de respeito.
COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 1.2. .......................................................... 1.3. .......................................................... 1.4. .......................................................... 1.5. .......................................................... 1.6. .......................................................... 1.7. .......................................................... 1.8. ..........................................................
5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos
GRUPO II 1. ............................................................. 2. ............................................................. 3. ............................................................. 4. ............................................................. GRUPO III 1. ............................................................. 2. ............................................................. TOTAL .....................................................
25 pontos 25 pontos 25 pontos 25 pontos 20 pontos 40 pontos 200 pontos
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5 Argumentação e Filosofia GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção
correta.
1.1. A retórica, ensinada pelos sofistas, visa: A. dotar as mulheres de habilidades linguísticas; B. formar os jovens cidadãos no sentido de estes participarem nas assembleias democráticas; C. desenvolver competências argumentativas nos escravos; D. treinar jovens atores para exibições de teatro. 1.2. Os sofistas mais destacados são: A. Górgias, Platão e Sócrates; B. Hípias, Górgias e Sócrates; C. Platão, Górgias e Protágoras; D. Protágoras, Górgias e Hípias. 1.3. Os sofistas eram professores itinerantes que: A. ensinavam a arte de bem falar aos jovens cidadãos em troca de uma remuneração; B. ensinavam aos jovens a arte elocutória a troco de posições políticas de destaque; C. ofereciam uma vasta formação integral de modo desinteressado; D. ofereciam uma formação integral sólida aos escravos por puro amor à sabedoria. 1.4. As críticas aos sofistas são dirigidas por: A. Platão e Hípias; B. Sócrates e Górgias; C. Hípias e Górgias; D. Sócrates e Platão. 1.5. Um dos aspetos que distingue o sofista do filósofo: A. é a ênfase que o sofista coloca na forma do discurso, ao contrário do filósofo, que se centra
no conteúdo; B. reside no facto de o sofista entender a verdade em si mesma, ao contrário do filósofo, que entende a verdade à medida das diferentes circunstâncias; C. baseia-se no facto de o sofista privilegiar a verdade e o filósofo a técnica; D. é a retribuição: enquanto o sofista busca desinteressadamente a verdade, o filósofo faz-se pagar pelos seus serviços. 1.6. A manipulação caracteriza-se pela: A. prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o ora-
dor pretende que seja acolhida por aquele; B. prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma dada mensagem (que um dado emissor deseja impor); C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta; D. prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não possa defender a tese em que realmente acredita.
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5 GRUPO I 1. 1.1. B. 1.2. D. 1.3. A. 1.4. D. 1.5. A. 1.6. B. 1.7. C. 1.8. A. GRUPO II 1. Os sofistas eram professores itinerantes que se dedicavam ao ensino dos jovens cidadãos mediante uma remuneração. Dominavam a arte de persuadir pela palavra e eram dotados de habilidade linguística e de estilo eloquente, surpreendendo pela sua vasta erudição e pelos seus discursos expressivos. Enquanto professores, os sofistas centravam o seu ensino mais na forma do que no conteúdo, ensinando, por isso, a técnica do discurso, a arte de fazer triunfar um discurso em função da conveniência de cada um. Sócrates, Platão e seus discípulos não podiam aceitar este relativismo da verdade, esta valorização da retórica como arte do discurso persuasivo em detrimento da sabedoria. Este aspeto, aliado ao facto de os sofistas se fazerem pagar pelos seus serviços, originou uma visão depreciativa dos sofistas. 2. Enquanto Górgias considera a retórica uma arte, Sócrates caracteriza-a como uma atividade empírica, destinada a produzir uma certa espécie de agrado no auditório. Com efeito, no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, para além de tecer críticas aos sofistas, define a retórica como uma atividade empírica, que visa apenas o agradável, o prazer, uma prática que serve de simulacro à política, confrontando o discurso como instrumento de poder, próprio dos sofistas, com o discurso como instrumento de verdade, próprio dos filósofos. É neste diálogo que Sócrates alerta Polo para o contraste metodológico entre ele e os sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na eloquência de longos discursos, Sócrates prefere o diálogo, a metodologia de pergunta-resposta. 3. Enquanto os sofistas são professores itinerantes que se fazem pagar pelos seus serviços, os filósofos, de acordo com Sócrates e Platão, são amantes, desinteressados, do saber. Por oposição a um discurso centrado na forma, na técnica e na eficácia, próprio dos sofistas, os filósofos preferem centrar o discurso no conteúdo, na sabedoria e na procura da verdade absoluta. Por último, ao contrário dos sofistas, que entendem a verdade à medida das circunstâncias individuais e baseiam o discurso em opiniões e aparências, os filósofos entendem a verdade como existente em si, baseando o discurso na Verdade e no Bem. GRUPO III 1. Nas democracias atuais, a liberdade de expressão é considerada um direito fundamental que não pode ser posto em causa. Contudo, para além da liberdade de expressão de um dado orador, é igualmente necessário que o auditório a que ele se dirige seja também livre, ou seja, é também
necessário garantir a liberdade de um dado recetor. Tal exigência pode parecer, à primeira vista, despropositada porque partimos sempre do princípio de que o recetor tem liberdade de aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se colocaria se o orador, no decurso do processo argumentativo, apenas visasse a persuasão do auditório, ou seja, levar o auditório a mudar de ideias, mas pressupondo a sua livre adesão à tese que o orador pretende que seja acolhida por aquele. Todavia, nem sempre o orador permite essa liberdade do auditório, sobretudo quando impõe, com recurso à manipulação, a sua tese. O discurso é manipulador quando abusivamente obriga o recetor a aderir a uma dada mensagem (que um dado emissor deseja impor). Essa manipulação pode assumir a forma de manipulação dos afetos, centrada no apelo à emoção e aos sentimentos do recetor, e de manipulação cognitiva, que opera por falsificação do conteúdo do discurso. 2. A argumentação é fundamental para a atividade filosófica, que procura uma visão integrada do real, uma compreensão da realidade no seu todo, do ser, dedicando-se à busca da verdade. As teorias filosóficas estão, frequentemente, dependentes das suas perguntas e respostas. A filosofia socrático-platónica, por exemplo, exigia encontrar a Verdade – única, absoluta e universal, capaz de dizer uma realidade absoluta, perfeita e imutável – e, por isso, criticava fortemente a retórica sofística, por esta dar espaço ao subjetivismo e ao relativismo. Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos discursos, quer estejamos a falar de sistemas filosóficos, quer nos este jamos a referir ao conhecimento científico, à religião ou à política, reflete a riqueza de perspetivas e leituras que podemos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão não é mais entendida como a faculdade humana detentora de conhecimentos definitivos e unívocos, mas como faculdade humana plural, portadora de conhecimentos plurívocos e o mais próximos possível da verdade. Portanto, emerge uma nova conceção da racionalidade – uma racionalidade argumentativa. Muito embora a argumentação pressuponha a existência de diferentes teses e, também, a possibilidade da contradição, não quer isto dizer, no entanto, que com o novo modelo de racionalidade se caia num relativismo puro ou que se negue o esforço de universalidade dos nossos conhecimentos acerca do real. Pelo contrário, isso significa o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, isto é, o reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. Impõe-se, por isso, para o filósofo de hoje, a afirmação de uma (ou várias) verdade(s) possível(eis), aliada(s) a uma atitude crítica, de abertura e questionamento face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca da verdade não é mais incompatível com a retórica; pelo contrário, há quem afirme poder encontrar nesta o método da filosofia. Daí que a filosofia, «mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade», se associe «à crença na verdade e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas». Tal admissão, como se refere no texto, «só pode ser realizada através de meios argumentativos», isto é, os meios argumentativos são o método da filosofia para fazer com que o auditório admita as suas teses.
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C. contingentes e a priori ; D. universais e contingentes. 1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico: A. A Joana é bela. B. Os cães ladram. C. Estou triste. D. Os solteiros não são casados. 1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo: A. a priori ; B. a posteriori ; C. sintético a priori ; D. analítico a posteriori .
GRUPO II 1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento por
contacto». 2. Mostre em que medida o
conceito de «realidade» possui diversos significados.
3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém
dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de explicação se encontra à margem do saber.» Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência , 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.
Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verdadeira acompanhada de explicação». 4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos, salientando
em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas.
COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 1.2. .......................................................... 1.3. .......................................................... 1.4. .......................................................... 1.5. .......................................................... 1.6. ..........................................................
7,5 pontos 7,5 pontos 7,5 pontos 7,5 pontos 7,5 pontos 7,5 pontos
1.7. .......................................................... 1.8. .......................................................... GRUPO II 1. ............................................................. 2. ............................................................. 3. ............................................................. 4. ............................................................. TOTAL .....................................................
7,5 pontos 7,5 pontos 35 pontos 35 pontos 35 pontos 35 pontos 200 pontos
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção
correta.
1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a: A. experiência; B. matemática; C. indução; D. dedução a posteriori . 1.2. O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a
verdade opõe-se ao conceito de: A. realismo; B. ceticismo; C. criticismo; D. otimismo racionalista. 1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece: A. que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distin-
ção; B. a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais
simples para as mais complexas; C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir; D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver. 1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas: A. permitem guiar a razão na procura da verdade; B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos; C. variam em função dos vários domínios do saber; D. resultam da necessidade de confirmar os conhecimentos veiculados pela tradição. 1.5. A ideia de «carro» é, de acordo com a classificação de Descartes, uma ideia: A. factícia; B. inata; C. imaginária; D. adventícia. 1.6. O cogito de Descartes apresenta as seguintes características: A. é uma certeza inabalável; obtém-se por dedução; B. é um princípio evidente; obtém-se por intuição;
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dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum princípio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal princípio original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e convincentes.» David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano , Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.
Partindo do texto, compare as conclusões de Descartes e de Hume no que se refere à fundamentação do conhecimento.
COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 1.2. .......................................................... 1.3. .......................................................... 1.4. .......................................................... 1.5. .......................................................... 1.6. .......................................................... 1.7. .......................................................... 1.8. ..........................................................
5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos
GRUPO II 1. ............................................................. 2. ............................................................. 3. ............................................................. GRUPO III 1. ............................................................. 2. ............................................................. 3. ............................................................. TOTAL .....................................................
25 pontos 25 pontos 25 pontos 25 pontos 30 pontos 30 pontos 200 pontos
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 O estatuto do conhecimento científico Conhecimento vulgar e conhecimento científico Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção
correta.
1.1. Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da
ciência)? A. O que é a ciência? B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural? C. Como progride a ciência? D. Que significa o conceito de «objetividade científica»? 1.2. A atitude do cientista é essencialmente: A. problematizadora, racional e dogmática; B. problematizadora, racional e crítica; C. problematizadora, racional e acrítica; D. problematizadora, racional e superficial. 1.3. O conhecimento científico é: A. subjetivo; B. imetódico e assistemático; C. explicativo; D. superficial. 1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque: A. se encontra sujeito a correções e a alterações; B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade; C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas; D. visa ordenar a diversidade empírica. 1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão: A. O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação nou-
tras disciplinas, como a história e a sociologia? B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo? C. A clonagem humana é eticamente legítima? D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. B 1.3. C 1.4. C 1.5. D 1.6. B 1.7. A 1.8. A GRUPO II 1. Seria Karl Popper, uma vez que este defende a tese continuísta na passagem do conhecimento vulgar ao conhecimento científico – e no texto os termos são “aperfeiçoamento” e “crescimento”. Na sua perspetiva, a ciência é “senso comum esclarecido” ou, por outras palavras, criticado, corrigido, contestado. Para Popper, a criação da ciência e o seu desenvolvimento representam, fundamentalmente, um processo de constante eliminação de erros. Gaston Bachelard, pelo contrário, não poderia subscrever esta afirmação porque, no seu entendimento, o senso comum é um obstáculo epistemológico com o qual importa romper para que se possa criar conhecimento científico. A sua tese – de rutura entre os tipos de conhecimento em causa – não admite a existência de um “conhecimento vulgar provisório”, porque o conhecimento vulgar não se limita a ser provisório: o senso comum, através daqueles que nele sustentam os seus pontos de vista, opõe-se ativamente à construção do conhecimento científico. 2. Do facto de o senso comum não ser explicativo não se infere que esteja, por definição, errado. Só neste último caso é que se poderia afirmar que ele seria desnecessário. A experiência quotidiana também dá a conhecer a relação com o mundo, e é com base nela que se fazem múltiplas opções no dia a dia que não exigem, à partida, um conhecimento muito elaborado – ou científico. Tal não significa, de modo algum, que se possa dispensar este último, porque só ele dá a conhecer, com prova, essas e muitas outras opções, bem mais exigentes. Do facto de o conhecimento científico ser explicativo infere-se a sua necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se
depreende a falta de necessidade do conhecimento vulgar. 3. Duas das críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método são: a) a observação não é necessariamente o primeiro momento do método científico e, mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é inteiramente neutra e isenta; b) o raciocínio indutivo não oferece a consistência lógica que as teorias científicas reclamam. Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a observação pura não existe. No mínimo, os conhecimentos anteriores do cientista, as teorias com que contactou, determinam a observação que efetuará, pelo que, partindo daí, já não é da observação que parte. A sua observação é, portanto, mediada, isto é, não neutra nem isenta. A segunda crítica é de índole lógica. De facto, o raciocínio indutivo amplificante – não o enumerativo, de Aristóteles – constitui um salto lógico, que leva do particular ao geral. A sua validade está, portanto, comprometida. David Hume afirmou, a este propósito, que a generalização indutiva é uma mera crença ou expectativa, fundamentada pelo hábito e suportada pela convicção, e não pela impressão, de que as mudanças na natureza são regulares. A veracidade das leis científicas, por definição universais, está, enfim, comprometida pelo problema da indução. 4. A primeira etapa do método hipotético-dedutivo (ou conjetural) consiste na formulação de uma hipótese ou conjetura a partir de um facto-problema. Constatando-se que existe um problema que não encontra explicação satisfatória no contexto de uma dada teoria, formula-se uma hipótese ou explicação provisória para o mesmo, a qual carece ainda de comprovação empírica. Trata-se de um momento criativo da atividade científica, baseado fundamentalmente na intuição e na imaginação. A segunda fase do método em análise é a da dedução das consequências. Formulada a hipótese, são deduzidas as suas principais consequências, isto é, depreende-se o que poderá acontecer se a hipótese ou conjetura for verdadeira. O terceiro momento corresponde à experimentação. Testa-se a hipótese, confronta-se a conjetura com a experiência para aferir a sua veracidade. Sendo validada pela experiência, a teoria é corroborada; não o sendo, a teoria é refutada, isto é, terá de ser reformulada ou, no limite, abandonada.
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Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s): A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto; B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos; C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto; D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos. 1.5. Para Popper as teorias científicas são: A. refutáveis e conjeturais; B. refutáveis e confirmáveis; C. confirmáveis e corroboráveis; D. refutáveis e verificáveis. 1.6. Kuhn entende por ciência normal : A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica; B. a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de
debate sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma; C. a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos
os factos ou anomalias; D. a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela
comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente. 1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando: A. surge uma anomalia; B. ocorre uma revolução; C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas; D. não se consegue resolver as anomalias persistentes. 1.8. Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o desen-
volvimento da ciência: A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; C. depende exclusivamente de fatores subjetivos; D. depende exclusivamente de fatores
objetivos.
GRUPO II 1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos
mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está
errado, se acaso interpretarmos “saber” em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.» Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto , Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105.
Explique em que medida a epistemologia de Popper contribuiu para uma redefinição da rac ionalidade científica.
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9 GRUPO I 1. 1.1. A 1.2. C 1.3. C 1.4. C 1.5. A 1.6. D 1.7. D 1.8. A GRUPO II 1. Tradicionalmente, a racionalidade científica encontrava-se associada às noções de «objetividade», «neutralidade», «verdade certa, necessária e universal» e «demonstração». As correntes positivista e neopositivista contribuíram para essa visão da ciência como o modelo único do conhecimento verdadeiro e objetivo. Atualmente, assistimos a uma redefinição da racionalidade científica. Graças ao contributo de novas perspetivas epistemológicas, como o falsificacionismo de Popper, as teorias científicas não são tidas como definitivas, mas como modelos explicativos e provisórios da realidade (conjeturas). A crítica é o pilar central do trabalho científico e a garantia do escape à posição dogmática. Ao procurar detetar o erro (ou ao tentar falsificar as suas teorias), o cientista garante o aperfeiçoamento do conhecimento científico, no sentido de uma tentativa de aproximação à verdade. A nova racionalidade científica não se baseia na ideia de uma verdade absolutamente certa, universal e necessária; apenas admite a possibilidade de haver teorias mais ou menos verosímeis e mais ou menos plausíveis que procuram explicar corretamente os factos. 2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência está dependente de um paradigma ou modelo científico, isto é, de um conjunto de teorias, factos, crenças e conhecimentos, regras, técnicas e valores, compartilhados e aceites pela maioria dos cientistas. Dizer-se que os paradigmas são incomensuráveis equivale a afirmar que são incomparáveis e incompatíveis. Não se pode comparar objetivamente aquilo que cada paradigma defende, dado que eles correspondem a formas totalmente diferentes de explicar e prever os fenómenos. Como o texto mostra, há termos que, quando integrados em diferentes paradigmas, remetem para significados distintos. Dado que cada paradigma corresponde a um modo qualitativamente diferente de olhar o real, a verdade q ue cada um contém está circunscrita ao que nele se determina. Cada paradigma é uma representação do real. 3. Uma vez que os paradigmas são incomensuráveis, cada paradigma representa um modo totalmente diferente de encarar os problemas e propor as soluções. Dois paradigmas rivais são mundos diferentes em que as mesmas coisas são entendidas de modos distintos. Neste sentido,
não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão contém mais verdade, porque esta é, em parte, inerente aos paradigmas em discussão. Kuhn foi criticado por ter instaurado uma visão relativista da ciência e uma perceção que acaba por ser subjetivista da verdade. 4. Para Popper, o critério utilizado na escolha de teorias (ou, para usarmos a terminologia de Kuhn, de paradigmas) científicas é o critério da falsificabilidade. São os contraexemplos que, depois de sujeitos à experimentação e de atestada a sua verdade, determinam a escolha de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em parte, interior aos paradigmas. Além de critérios objetivos como a exatidão, a consistência, o alcance, a simplicidade e a fecundidade, há aspetos de ordem psicológica que interferem na referida escolha. Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias substitutas têm maior grau de correspondência à realidade, enquanto as teorias substituídas se encontram mais distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência não pode ser entendido da mesma maneira. Sendo os paradigmas incomensuráveis, não se pode afirmar que a ciência progride no sentido de uma maior aproximação à verdade. A mudança de paradigma não significa necessariamente progresso cumulativo e contínuo em direção a um fim (a verdade). No entanto, também não podemos dizer que a ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois momentos fundamentais para explicar como ela evolui: na fase da produção científica normal (ciência normal) e na das revoluções científicas (que permitem a mudança de paradigmas). Por último, no que se refere à objetividade do conhecimento científico, Popper é dela um absoluto partidário. A ideia de “conhecimento sem conhecedor” advogada por Popper é exemplificativa de que, na sua perspetiva, o conhecimento científico não se confunde com o su jeito que o produz; é independente do sujeito e do contexto – e daí a relevância, como o texto sugere, da «análise lógica do conhecimento científico». A validação das teorias obedece ao critério da falsificabilidade, e este garante a sua cientificidade. Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar ao rigor e à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um sujeito integrado numa comunidade científica. Além de fatores objetivos, há também aspetos subjetivos que interferem na avaliação e na decorrente escolha de teorias rivais, o que compromete a objetividade da ciência. Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio». Dependente de critérios subjetivos, a ciência vê hipotecada a sua objetividade. Apesar do exposto, para nenhum dos autores a ciência é um conhecimento certo e indubitável. Para Popper, sendo a tentativa de falsificação o procedimento-base, nenhuma teoria pode ser tomada como definitiva e absolutamente certa. Para Kuhn, sendo a mudança na ciência pautada por critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou indubitabilidade, não a pode caracterizar.
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4. «Fala-se hoje muito da importância de uma “visão de conjunto” e de um “esforço de síntese”. Atitu-
des consideradas necessárias para superar os grandes problemas do mundo moderno. Infelizmente, não nos parece que a educação que recebemos nos tivesse preparado para tanto. Basta passar os olhos pela lista das disciplinas universitárias: fragmentam a natureza em outros tantos compartimentos estanques.» Joël de Rosnay (s/d), Macroscópio – para uma visão global , V. N. de Gaia, Estratégias Criativas, p. 13.
Justifique, a partir do texto, a necessidade de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar. GRUPO III 1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns
decénios – muito especialmente no domínio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.» R. Cabral (1997), “Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686.
Desenvolva, com base na afirmação, e de forma argumentada, o seguinte tema: A bioética e a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar . No desenvolvimento do tema, deve apresentar o seu ponto de vista pessoal sobre a possibilidade de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar servir o propósito prático de resolução das grandes questões do nosso tempo, nomeadamente das questões da bioética.
COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 1.2. .......................................................... 1.3. .......................................................... 1.4. .......................................................... 1.5. .......................................................... GRUPO II
7 pontos 7 pontos 7 pontos 7 pontos 7 pontos
1. ............................................................. 2. ............................................................. 3. ............................................................. 4. ............................................................. GRUPO III 1. ............................................................. TOTAL .....................................................
30 pontos 30 pontos 30 pontos 30 pontos 45 pontos 200 pontos
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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11 A Filosofia na cidade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção
correta.
1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram: A. os homens livres e os
escravos;
B. todos os homens e mulheres, livres ou não; C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia; D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade; 1.2. Para os gregos: A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado; B. o espaço público não se distingue do espaço privado; C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza; D. o espaço privado é mais
importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento
individual. 1.3. A tarefa da
reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as
exigências: A. coletivas; B. familiares; C. da classe social a que se pertence; D. do partido político a que se pertence. 1.4. A obra A República foi escrita por: A. Aristóteles; B. Hannah Arendt; C. Platão; D. John
Locke.
1.5. Equivale à condição daquele que tem
liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que, por outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de: A. tolerância; B. cidadania; C. igualdade; D. obediência.
1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que: A. é necessariamente
intolerante;
B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz; C. é necessariamente tolerante; D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz.
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11 GRUPO I 1. 1.1. D 1.2. A 1.3. A 1.4. C 1.5. B 1.6. B GRUPO II 1. Para os antigos gregos, o cidadão é aquele que participa nas questões de interesse comum, nas decisões públicas da polis. Para além de cumprir as suas obrigações naturais, ligadas à sua subsistência e à da sua família (espaço privado), o cidadão é o homem livre, capaz de se autogovernar e de se realizar politicamente. É no espaço público que o ser humano realiza plenamente a sua natureza, enquanto ser livre, social e político. 2. É o problema da natureza humana. Trata-se de saber se o ser humano é naturalmente bom e justo ou, pelo contrário, se a sua natureza tende para o mal. O aparecimento de diferentes regimes – ditatoriais ou democráticos – ao longo da história esteve associado à resposta a tal questão. 3. Tais princípios são os seguintes: a democracia como o regime preferível; a liberdade e a igualdade como direitos fundamentais; o diálogo como a via razoável de resolução dos problemas comuns dos cidadãos. 4. Enquanto a tolerância se traduz numa atitude que manifesta posições abertas e razoáveis, no quadro da aceitação das diferenças e da promoção do diálogo, a
intolerância exprime-se numa atitude que manifesta posições ou convicções dogmáticas e fechadas, que tendem a não aceitar as diferenças e a recusar o diálogo e o consenso. À negociação e à necessidade de estabelecer consensos (próprias da tolerância), de modo a garantir a igualdade de direitos civis e humanos, opõe-se, assim, a imposição (própria da intolerância) de uma estratégia unilateral de negociação, de forma a garantir a autoridade de uma posição. GRUPO III 1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno: – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devidamente argumentado, acerca do papel do diálogo na construção da cidadania, integrando a afirmação citada; – reconhecer que na «ética do discurso», de Apel e Habermas, se parte da ideia de uma situação ideal de comunicação cujos intervenientes partilham de iguais condições de diálogo; – relacionar a importância do diálogo com a possibilidade de estabelecer a validade de normas morais (comuns); – salientar a defesa, por parte de Apel e Habermas, da participação dos indivíduos no espaço público, sem descurar o papel do Estado; – reconhecer a importância da democracia como regime preferível, para Rawls; – compreender que, de acordo com Rawls, na base da estabilidade de uma sociedade justa se encontram doutrinas razoáveis, orientadas para um consenso duradouro.
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1.6. O facto de as pessoas que procuram a felicidade pela felicidade quase nunca a conseguirem
encontrar, enquanto outras a encontram numa busca de objetivos totalmente diferentes designa-se por: A. paradoxo do individualismo; B. falácia da felicidade; C. paradoxo do hedonismo; D. falácia do indivíduo
insatisfeito.
GRUPO II 1. «O existencialismo pode considerar-se [uma] reação às construções filosóficas sistemáticas que dis-
solviam o homem numa série de abstrações.» Alexandre Fradique Morujão (1999), “Existencialismo”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, vol. 2, Lisboa, Editorial Verbo, p. 396.
Explique o sentido desta afirmação. 2. Refira as dificuldades com que nos deparamos quando procuramos descrever intelectualmente o
tempo. 3. Exponha
as principais características da morte.
4. «A memória é tempo e, portanto, observa o passado, mas também o presente e o futuro.»
Joan-Carles Mèlich (2002), Filosofía de la Finitud , Barcelona, Herder, p. 99.
Refira, com base na afirmação, a importância da memória no que se refere à nossa responsabilidade perante o presente e o futuro. GRUPO III 1. Desenvolva, de forma argumentada, o
seguinte tema: O sentido da vida. Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam relativamente à existência ou não de sentido na vida, e confrontar também as perspetivas de Albert Camus e de Susan Wolf acerca desta temática.
COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 1.2. .......................................................... 1.3. .......................................................... 1.4. .......................................................... 1.5. .......................................................... 1.6. ..........................................................
5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos
GRUPO II 1. ............................................................. 2. ............................................................. 3. ............................................................. 4. ............................................................. GRUPO III 1. ............................................................. TOTAL .....................................................
30 pontos 30 pontos 30 pontos 30 pontos 50 pontos 200 pontos
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