Não Sei Quantas Almas Tenho-Interpr

October 14, 2017 | Author: Pucca Capoeira | Category: Purgatory, Poetry, Soul
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Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: “Fui eu?” Deus sabe, porque o escreveu.

Questões 1. Qual é o sentido-da alma",

expressão "De tanto ser, só tenho

parece querer dizer que não sente ter vida, mas só alma - ou seja, a sua vida foi toda pensada, toda racionalizada. 2. Qual é o sentido do verso “Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é” ? Aqui ele se assume como fruto do tempo, ou seja aquele que muda conforme a ocasião, aquele que ja teve muitas almas, ja teve muitos ideais, muitos principios que se metamorfosiaram com o tempo

3. o poeta que é constituído apenas por alma, vive na ânsia de se encontrar. Quais versos denunciam este sentimento do poeta?

4. Qual sentimento do poeta declara o seguinte verso “Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu”

Aqui essa aceitação torna-se frustação, ele diz "Torno-me eles", numa clara demonstração de que muitas idéias e pensamentos que julgamos nossos são na realidade de outros e nos acabamos por aceitar e assim seguimos como massa moldavel. o desconhecimento de si mesmo; a perda de identidade, a ideia de mobilidade; a solidão e a angústia., despersonalização 5. O que o poeta quer dizer com a palavra “alheio” ? Estranho 6. Qual é a utilidade do último verso? O último verso encerra a resposta à interrogação retórica do verso anterior: alguém superior ao próprio sujeito comanda a sua vida. Aqui ele finaliza mais uma vez aceitando a triste condição humana de ser o que outros são, vamos vivendo e nos lendo, sem percebemos que o que escrevemos nem sempre é nossa historia. "O que passou a Esquecer" pois esquecemos o que um dia almejamos ser, O que passamos, pelo que lutamos 7. O poema refere-se no passado, presente, ou futuro ? Explique citando os versos rescpectivamente. O poema é escrito predominantemente no presente, o tempo em que o sujeito poético se observa. Do passado, apenas existe o esquecimento (“O que passou a esquecer”), do futuro, a interrogação (“o que segue não prevendo”). 8.Qual é a sua interpetação deste poema? Quais ideias ele quer transmitir ?

Vejo nesse poema a clara revolta e aceitação sobre o que a sociedade nos torna, pra mim ele diz claramente que o que somos naõ é o que queremos mais sim o que os outros nos impõem Embora do passado consegue ser ainda tão atual, é atemporal conseguiu transcender aos limites temporais, históricos, políticos, religiosos O desconhecimento de si mesmo; a perda de identidade, a ideia de mobilidade; a solidão e a angústia. 9. Qual é o caráter do Fernando Pessoa ? Na primeira estrofe, as expressões que conferem um carácter múltiplo e contínuo à fragmentação do sujeito poético são: "Não sei quantas almas tenho/Cada momento mudei./Continuamente me estranho./Nunca me vi nem achei./De tanto ser”. Na segunda estrofe, os adjectivos “diverso” e “móbil” acentuam a pluralidade.

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