Morfologia-Racionalistas-Caniggia
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Morfologia Urbana, Racionalistas, Caniggia...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PR\u00d3-REITORIA DE PESQUISA E P\u00d3S-GRADUA\u00c7\u00c3 COORDENADORIA DE P\u00d3S-GRADUA\u00c7\u00c3O MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO MORFOLOGIA URBANA Professora: Thereza Carvalho dos Santos
RACIONALISTAS GIANFRANCO CANIGGIA
Lianna Calixto Nogueira Michele Abuche Coyunji
Leitura das estruturas da edifica\u00e7 A edifica\u00e7\u00e3o como determina\u00e7\u00 (espa\u00e7o-temporal) do processo tipol\u0 matrizes elementares a deriva\u00e7\u00f5
Caniggia considera a edifica\u00e7\u00e3o co determina\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica (espa\u00e processo tipol\u00f3gico, onde os objetos s\u00e3 elementos \u00fanicos que ocupam um lugar f\u00e
Prop\u00f5e a leitura espacial considerando o espa\u00e7o como um sistema global de aglomera\u00e7\u00e3o, atrav\u00e9s da reconstru processo de forma\u00e7\u00e3o do tipo e sua matriz elemental, assim como as mudan\u00e7as oco no tipo ao longo do tempo.
Os objetos edificados s\u00e3o copresentes pois se encontram em um mesmo contexto temporal.
Os objetos s\u00e3o produto da experi\u00eancia e da cultura, e passagem d diferentes momentos hist\u00f3ricos. A leitu \u00e9 uma rela\u00e7\u00e3o de s\u00edn leitor e objeto-lido.
Os objetos s\u00e3o compostos pela uni\ de v\u00e1rios elementos, formando um organismo, onde cada elemento constitui em si um organismo em menor escala.
Traços formativos crítico-operativos da evolução da edificação em quatro escalas concorrentes de dimensões graduais, coincidentes com quatro momentos-fase de conhecimento progressivo do ambiente antrópico Existem tipos de edificação de base, resultantes de uma troca no conceito de casa. A correlação entre diferentes tipos de diversas épocas resulta em outros tipos, conformando a lei de duplicação sucessiva. Tem-se as casa em fileira e casas com pátio.
A: casa em linha Romana do final do século XIX, B: casa em linha A:reconstrução gráfic fi a da casa em genovesa de meados do século XIX.
fileira florentina, e B: reconstrução gráfic fi a da casa em linha com uma casa por piso decorrente da união
Em muitos casos as transformações dos tipos antigos resultam em adições, permitindo a identificação do tipo vigente em determinada época e as modificações decorrentes ao longo do tempo. O processo tipológico que levou a transformação da casa em fileira para casa em linha pode ser reconstruído a partir das mudanças do conceito de casa, nas alterações decorrentes dos avanços técnicos, que junto a lei de duplicação leva a repetição de um tipo anterior ou partes deste, duplicando o tipo base, e, mesmo, a casa como células superpostas, config fi urando unidades multifamiliares. O tipo base da unidade unifamiliar atua como matriz elemental da unidade multifam iliar e, também é constituído pela duplicação de tipos anteriores.
A: Tipos de base e B, C e D, duplicações sucessivas rilevati levantadas na Itália entre os anos 1940 a 194
Sugere a leitura da modularidade da s fachadas, identificando as células elementares. A edificação de base é condicionada por tipos de base, em menor incidência da personalização do produto da edificação, enquanto que as edificações especializadas são
personalizadas e condicionadas por um tipo decorrente de um processo tipológico específico. Florença, Roma e Gênova: reconstrução esquemática das principais trocas do tempo nas três zonas comparadas
A: Roma, exemplos de casas em fileira unifamiliares e de casa de fusão em linha, com uma habitação por piso. B: Eleusis, desenvolvimento progressivo do Telesterio
Variantes sincrônicas decorrentes da orientação solar característica d
Aglomerações como determinação de tecidos típicos Os edifícios se encontram agregados constituindo uma aglomeração. Nesse contexto, o tecido urbano é formado pela reunião de leis de formação e categorias tipológicas, formando tecidos base e tecidos especializados. As tipologias edificatórias apresentam elementos para constituição dos tecidos, onde a disposição das edificações e sua correlação com as demais constituem um trajeto, decorrentes de um processo histórico onde tipos de edificações semelhantes, modulares, conformam aglomerações. Cada tipo edificatório corresponde à formação de um trajeto.
Quando os trajetos são anteriores às edificações esses são denominados de trajeto matriz, que origina edificações em trajeto matriz. As características do trajeto matriz sã independentes do uso das edificações em suas margens. Os trajetos que decorrem da previsão da edificação de suas margens são denominados trajeto de implantação de edificação, sendo ortogonais ao trajeto matriz que os originam. Há, ainda, os trajetos de união entre trajetos de implantação. O desenvolvimento de aglomerações forma os bairros, e o tecido base é formado por edificações de base, assim como trajetos de implantação de edificações.
O trajeto de reestruturação é desenvolvido após o estabelecimento da aglomeração. A dialética entre os tempos de formação dos tecidos se encontra na lei de duplicações sucessivas expressa nos tipos de edificações. As edificações de um trajeto são duplicadas em faixas simetricamente em relação ao seu eixo.
Modelos de processos de formação de tecido urbano. A: Edificação em trajet matriz, B: edificação em trajetos de implantação de edificação, C1: edificação em trajeto de união entre trajetos de implantação com posterior formação de prolongamento dos trajetos de implantação, C2: formação dos trajetos de união entre trajetos de implantação posteriores ao prolongamento dos trajetos de implantação. D: formação de trajeto de reestruturação, E1 e E2: edificação em trajeto matriz e os respectivos trajetos de implantação, de intercessão dos trajetos simples já existentes.F1 e F2: edificação em trajetos matriz e os respectivos trajetos de implantação, em caso de bifurcação de j io simpl . G1, G2 e G3: edific ã j riz e
A1: Quarteirões formados pela progressiva edificação desde o trajeto matriz, trajeto de implantação e de união. A2: formação de tecidos de densificação para reutilização das faixas das margens. B e C: comportamento das faixas de um trajeto matriz e de um
A: esquemas de quarteirões, o primeiro obtido por contraposição entre trajetos edificados progressivos e o segundo por adoção do tipo de edificação geminada com quatro fachadas homogêneas. B: Lübeck, parcelamento por edificações geminadas com contraposição entre trajeto matriz, trajeto de implantação e
Exemplos de tecidos. A: Florença, Via Pietrapiana. Trajeto matriz e os respectivos trajetos de implantação de edificação ortogonais, por interferência das direções anteriores. B: Florença, Borgo Pinti. Exemplo de trajeto matriz: a posição tangente a aglomeração anterior a confluência da Via Pietraiana impediram a formação de trajeto de implantação de edificação. C: Florença, Via S. Zanobi. D: Exemplo de trajeto de implantação de edificação derivado da matriz Via Guelfa. E: Florença: Via dell’ Anguillara e Borgo de’ Greci. Trajetos de reestruturação abertos em tecido implantado sobre as estruturas do anfiteatro romano. F: Roma, Via Giulia. Trajeto de reestruturação aberto durante o Renascimento, no centro as edificações geminadas das margens do Tíber. G e H: Gênova, Via Santo Agostino e Via XXV Aprile, exemplos de trajetos de reestruturação.
Aglomeração x Organismo Ambos os termos são definidos como um conjunto de edifícios, porém para distinguílos, nos atemos a diferentes enfoques, no sentido de julgar a aglomeração e o seu tecido como um conjunto de construções, com especial atenção as suas leis de formação em série, relacionando a modularidade e repetitividade. Já o termo organismo, é a hierarquia de partes complementares e interfuncionais, com atribuições específicas indispensáveis e determinantes de cada parte do todo.
Poligno a Maré (Bari). A: Alçado dos muros da aglomeração antiga. Em preto, os tecidos do muro objeto de reconstrução. B e C: Onde se destaca o tipo de “sustrato domus” elemental em três variantes sincrônicas decorrentes da isoorientação solar, e as conseqüentes diferenças nas variações típicas do tecido urbano medieval.
Assentamento x Urbano Assentamento se caracteriza por um conjunto de casas (viviendas) que não têm a função comercial, apenas de abrigo, moradia. Já o termo urbano, se define por um conjunto de vivendas a qual tenha se desenvolvido um conjunto de atividades manufatureiras e comerciais, caracterizando um sistema de serviços.
A: esquema reconstrutivo da expansão urbana em burgos, representativa de um núcleo de assentamento elemental. B e C: Paris, transformações do tecido urbano um uma situação polar especial. A influência da Catedral de Notre Dame modifica em fases sucessivas a ocupação dos arredores.
Exemplos de assentamento em montanha no valle de Carargna. A e B: casas sazonais subcelulares nas margens dos pastos comuns, sem área de permanência individual; C e D: progressiva consolidação dos assentamentos e respectiva implantação de áreas de permanência com tios celulares e bicelulares.
Núcleo Protourbano x Núcleo Urbano O núcleo Protourbano se caracteriza por um complexo de edifícios habitados e destinados a atividades produtivas secundárias e terciárias, ligadas a um raio de ação que compreende além do território, os assentamento circundantes. Já Núcleo Urbano é definido como um complexo de maior raio de ação, que compreende as áreas de influê fl ncia de vários núcleos protourbanos. Cabe chamarmos de pequena cidade até a metrópole.
Nodalidade x Antinodalidade Se referem ao lugar onde surge a atividade, com referências a periferia e centro respectivamente. É centro, ou cabeça, aquele que surge primeiro. Se um castelo surge após um burgo, este é cabeça. Se o oposto ocorre, ou seja, se o burgo nasce e depois o castelo, o castelo vem a ser cauda, ou ainda periferia.
A: Fachadas de quarteirões florentinos: os edifícios em de esquina podem, aumentar, depois de um certo tempo ou diminuir segundo nodalidades ou antinodalidades da interseção. A edificação espacializada antinodal pode se transformar em nodal (B: Igreja de S. Lorenzo) absorvida pelo crescimento urbano permanecendo antinodal (C: Frediano, Convento dos Camaldurenses se mantém em posição periférica.)
Esquema de hierarquias alternadas produzidas por trajetos paralelos, em uma (A) ou em duas direções (B).Modelo de comportamento de um supra-módulo urbano: no ângulo inferior esquerdo apresenta máxima nodalidade, e no superior direito máxima antinodalidade e no centro, a interseção com a nodalidade intermediária.
MÓDULOS Cada organismo pode ser lido como um módulo, porém, não deixa de ter sua dialética interna entre centro e periferia. A associação de vários organismos pode se desenvolver de diferentes maneiras, entre elas: 1- por crescimento em ortogonais, 2- por interferência de várias direções oblíquas ou; 3- das duas formas acima juntamente. Porém, de qualquer forma, sempre haverá um centro e uma periferia.
Modelo de duplicações modulares do organismo urbano. Desde as dimensões iniciais (1) podem ser formadas as duplicações baricentricas (2) por adições de médio módulo por cada lado (3) ou por adições de módulos inteiros. Em (3) se produz a formação de subcentros relativamente autônomos (Florença). Em (4,5,6 e 7) se representam ampliações basicamente mono-direcionais, em (8) biodirecionais não simétricas. Os casos (9 e 10) representam cidades condicionadas por uma ou duas nodalidades lineares: costas, lagos.
Eixo centralizador x Eixo divisório Na cidade, se a rua é importante para alguma atribuição específica, como por exemplo, ter locais destinados ao comércio, ela será preferencialmente mais larga. As ruas paralelas adjacentes, terão uma redução brusca na sua largura, embora ainda tenham alguma função complementar à primeira. Então, o eixo centralizador, é a parte comercial do organismo urbano, enquanto essas ruas complementares, fazem parte do eixo divisório, formado pelas margens responsáveis pelo tráfic fi o. Entre esses dois eixos, ainda podemos citar ruas com papéis intermediários.
Lei de duplicações sucessivas Se aplica quando um módulo não é único e sim componente se um organismo mais amplo e portanto não constitui um núcleo de assentamento urbano.A célula elemental vem a ser o primeiro tipo base e logo elemento componente do bairro que será um tecido de quarteirões. Isso pode ser exemplificado ao compararmos cada módulo a uma família. O homem se reconhece dentro da família mas se comparado à nação italiana, alemão ou portuguesa, vamos nos fazer ausentes. Isso porque sobre nós existe uma série de supermódulos que multiplicados chegarão a população mundial, porém ainda muito distantes do módulo família. Assim o são, o bairro, a cidade, o quarteirão, a província....
As paróquias Cada paróquia teria um raio de ação, correspondente a uma subdivisão religiosaadministrativa da cidade. A essência desse serviço religioso é fundamental, não só para fins espirituais , mas também para fins assistenciais, administrativos e escolareducativos. Porém esse serviço tem perdido o seu papel, passando para outros tipos especializados como escolas, centros administrativos, centros assistenciais etc; sofrendo uma deterioração quantitativa e qualitativa, aumentando com esses centros o seu raio de ação.
Em Como, havia a distribuição da cidade em nove paróquias, distribuídas segundo um módulo de 200 metros. A situação atual mostra a permanência de quatro paróquias separadas por uns 400 metros , onde as outras igrejas têm sido demolidas e destinadas a outros usos.
A: Como, situação das parroquias da primeira metade do século XVIII e situação atual. B: Gênova, trecho da Via XX Settembre entre plaza Verdi e Porta Monumentale.
Organismo territorial como determinação de comunicações típicas entre organismos públicos, de assentamento, d e p ro d u ç ã o e u r b a n o s A morfologia é composta por trajetos e áreas de produção, onde assentamentos e núcleos urbanos derivam de uma estrutura de produção anterior. Há 4 fases de formação territorial: uma primeira fase de trajetos, uma segunda de assentamento, uma terceira de áreas de produção e uma quarta de núcleos protourbanos e urbanos.
Após a terceira fase tem-se um ciclo de consolidação, que é o ciclo de recuperação da implantação que engloba um sistema de fenômenos que tendem a buscar uma recuperação da estrutura anterior, decorrente das próprias condições naturais do vale. A quarta etapa é o ciclo de reestruturação, também denominado de consolidação ou recuperação, que se trata da reestruturação das estruturas de fundos de vales.
Exemplos de reconstrução das quatro fases do ciclo de implantação:
O tipo territorial é um conceito de território onde cada indivíduo pertence a uma época e um lugar conformando um modo de compreensão de determinado lugar identificando-o como lugar de moradia e produção, reconhecendo outros locais como de outras pessoas e, logo, como locais de trocas e encontro com outras pessoas e entidades territoriais. A formação gradual de um processo tipológico de território deve-se a noção de território matriz e tipo territorial de base. Tipo territorial de base considera a parte
de um território ocupada por uma atividade familiar, apresentando um trajeto de acesso.
Uma área cultural é composta por áreas cujo relevo natural promova uma autonomia em relação a áreas circundantes, estabelecendo relações entre esses habitantes e seus vizinhos de modo que seus traços culturais sejam característicos e distintos. O processo tipológico territorial é produto de uma troca progressiva entre os tipos territoriais, como sistema de leis de transformação progressiva de um tipo anterior em um posterior. Um território se estrutura em um ciclo de implantação e se diversifica através da correlação e hierarquia dos componentes, dando seqüência a um ciclo de consolidação.
Modularidade da distribuição dos organismos urbanos. A: relações entre Milão e as cidades venezianas. B: relações entre Roma e as cidades venezianas. C: localização das principais cidades da Itália central e setentrional.
A: Transformação das axialidades territoriais: A: eixos centralizadores do Império Romano polarizados sobre Roma no século I D. C. B: eixos divisórios entre as áreas otomana, franca e bizantina no século VIII.
Considerações finais Caniggia propõe a leitura morfológica a partir do objeto, seu tipo, seu uso e as mudanças ocorridas ao longo da história, sendo, portanto, expressão cultural. Considera a relação do objeto com o tecido urbano, compondo um sistema, onde os objetos são subsistemas compostos por módulos repetidos, o que também se dá na malha urbana. Junto à análise tipológica das edificações estabelece uma análise dos trajetos que compõem a forma urbana e a relação entre estes e as edificações.
Dentre os elementos responsáveis pela conformação da paisagem urbana cita a disposição de casas em fileiras e as transformações tipológicas, que ocorrem através da duplicação, o que expressa as mudanças das demandas e traços culturais através do tempo. Caniggia propõe uma leitura das edificações através da identificação de suas células elementares, visto que, como as edificações, os trajetos também apresentam tipologias, constituindo aglomerações, e logo, bairros. Constata-se que os trajetos partem de um trajeto matriz, que origina os demais, e também são classificados de acordo com a disposição edificatória, logo correlação entre os tipos de tecidos e a temporalidade da formação destes config fi ura a forma urbana.
Referência
CANIGGIA, Gianfranco. Tipologia de La Edificacion: Estructura del Espacio Antropico. Trad. Margarita García Galán. Madri: Celeste Ediciones, 1995. 192 p. Tradução de: Lectura dell’ Edilizia di Base.
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