Moldagem de Precisão Em Protese Fixa

May 1, 2019 | Author: Cristiane Santos | Category: Prosthesis, Dentistry, Dentures, Polymers, Tooth
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Protese Fixa...

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Caso Clínico

Glauco Rangel ZANETTI* Marcelo Massaroni PEÇANHA** Fausto FRIZZERA*** Carlos MONTEIRO JÚNIOR****

* ** *** ****

46

Professor Adjunto Adjunto do Departamento de Prótese Dentária da UFES. UFES. Doutor em Clínica ca Odontológica Odontológica pela FOP/UNICAMP. Mestre em Clínica Odontológica Odontológica pela UFES. Professor do curso de Odontologia ogia da ESFA. Mestrando e especialista em Periodontia Periodontia na UNESP/FOAr UNESP/FOAr.. Cirurgião-dentista graduado na Universidade Federal do Espírito Santo.

Rev Dental Press Estét. 2011 jan-mar;8(1):46-54

Zanetti GR, Peçanha MM, Frizzera F, Monteiro Jr C

Moldagem de precisão em prótese fixa Precision impression in fixed prosthetics

Resumo

 Abstract

Diversos materiais são utilizados pelos cirurgiões-dentistas

Different materials are used by dentists to make impres-

na moldagem de preparos para a confecção de restaurações

sions of crown preparations to produce indirect restora-

indiretas. Várias técnicas de moldagem podem ser empre-

tions. Several impression techniques may be employed in

gadas em associação a esses materiais. Os materiais elas-

combination with these materials. Elastomeric materials

toméricos possuem ótimas propriedades e, atualmante, são

have excellent properties and are widely used nowadays.

amplamente utilizados. Entretanto, dúvidas têm sido levan-

However, questions have been raised regarding the effi-

tadas em relação à eficácia de cada técnica, à precisão dos

ciency of each technique, accuracy of the materials when

materiais quando expostos a fluidos bucais e ao afastamento

exposed to oral fluids and tissue retraction with cords and

do tecido gengival com fios retratores e soluções adstringen-

astringent solution. The aim of this paper is, by means of a

tes. O propósito desse trabalho é, mediante uma revisão da

literature review, to discuss the advantages and disadvan-

literatura, discutir as vantagens e desvantagens pertinentes

tages regarding materials and techniques for precision im-

aos materiais e técnicas de moldagem de precisão em pró-

pression in fixed prosthodontics, describing the technique

tese fixa, descrevendo a técnica defendida pelos autores por

advocated by the authors through a case report.

meio de um relato de caso clínico.

Palavras-chave: Técnica de moldagem odontológica. Materiais para moldagem odontológica. Prótese dentária.

Keywords: Dental impression technique. Dental impression materials. Dental prosthesis.

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Moldagem de precisão em prótese fixa

INTRODUÇÃO

utilizados na realização de moldagens de precisão em

No processo restaurador indireto, é imprescindível

prótese fixa, podemos citar vários grupos de elastôme-

observar que os bons resultados só serão alcançados

ros. Dentre eles se destacam: silicones por condensa-

se tivermos preparo dentário adequado e um tecido

ção, silicones por adição, poliéteres e polissulfetos.

gengival sadio, decorrente do estado periodontal e das

 Além disso, os profissionais têm à sua disposição

restaurações provisórias. Porém, grande parte do su-

várias marcas comerciais dentro de um mesmo grupo

cesso é determinada na fase laboratorial. Sendo o mo-

químico de materiais elastoméricos. Os fabricantes re-

delo de gesso a plataforma de trabalho do técnico em

lacionam vantagens como: estabilidade dimensional, re-

prótese dentária, é fundamental que a sua obtenção for-

produção de detalhes, tixotropismo, hidrofilia etc. Todas

neça todas as características anatômicas e dimensio-

são características desejáveis na obtenção de modelos

nais dos respectivos pilares. A moldagem é uma mano-

mais exatos, porém outros aspectos também devem

bra clínica, do processo de confecção de restaurações

ser considerados na seleção do material 4. A facilidade

indiretas, que tem como objetivo a reprodução negativa

operacional da técnica ou mesmo a relação custo/be-

dos preparos dentários e regiões adjacentes¹.

nefício têm sido ponderadas pelos profissionais.

 A American Dental Association (ADA) estabeleceu

Diante disso, esse trabalho tem como objetivo re-

um padrão para a adaptação marginal das próteses fixas

visar e discutir, com dados encontrados na literatura,

convencionais onde se procurariam linhas de cimenta-

os benefícios decorrentes da aplicação da técnica e do

ção não maiores que 25µm. Tal critério busca a diminui-

material de moldagem indicados, descritos por meio do

ção da superfície de contato do cimento convencional

relato de um caso clínico.

2

ao meio bucal úmido . Margens de coroas protéticas com desadaptações maiores resultariam na exposição

REVISÃO DA LITERATURA 

excessiva do cimento e na sua solubilização e, conse-

Quando nos referimos à moldagem de precisão em

quentemente, na possibilidade de infiltração marginal.

prótese parcial fixa, muitas técnicas podem ser encon-

 Adicionalmente, quando se observa a adaptação de um

tradas na literatura. Cada técnica pode ser uma variação

retentor de uma prótese parcial fixa sobre seu pilar, há

de outra e, geralmente, são denominadas em função

que se considerar a relação desse com os demais. Sen -

dos materiais ou da forma como esses são emprega-

do a prótese parcial fixa (PPF) uma peça que interliga

dos. A escolha por um tipo de técnica em detrimento à

dois ou mais pilares, é evidente que essa deve se adap-

outra é realizada em função de aspectos peculiares de

tar simultaneamente em todos, para que cumpra com

cada material e preferência do profissional, razão pela

seu papel restaurador. Sendo assim, a reprodução fiel

qual são obtidos melhores resultados em uma ou outra

dos detalhes anatômicos e da relação espacial dos pila-

característica do molde2,5.

res protéticos torna-se uma das etapas mais críticas do

Com o desenvolvimento progressivo dos materiais

processo clínico de confecção das PPFs, determinando

de moldagem elastoméricos e a popularização do seu

o sucesso e a longevidade do tratamento.

emprego como materiais de moldagem em prótese de

 As mais variadas técnicas de moldagem são utiliza-

precisão, cada vez menos tem se indicado a utilização

das rotineiramente pelos profissionais para a obtenção

de hidrocoloides reversíveis para esse fim. Embora te-

de modelos de trabalho precisos, entretanto cada técnica

nham representado ao longo da história uma excelente

é melhor aproveitada quando o material de moldagem é

opção como material de moldagem, sua sensibilida-

corretamente indicado3. Dentre os materiais disponíveis

de técnica, baixa resistência ao rasgamento e rápida

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alteração dimensional ofuscaram as qualidades de

a sua adoção pelos profissionais. Para que de fato seja

hidrofilia e de reprodução de detalhes. Já os elastô-

considerada uma técnica econômica, o material de mol-

meros, além de serem facilmente manipulados, são

dagem elastomérico deve ser utilizado apenas no interior

polímeros com cadeias helicoidais que podem sofrer

dos casquetes3, sendo a moldagem total realizada com

grandes flexões e retornar à sua forma original sem

alginato. Mesmo que os moldes dos pilares preparados

sofrer deformações permanentes, portanto, mais está-

sejam bem precisos, a relação espacial entre eles não o

veis e resistentes do que os hidrocoloides5.

será, já que o alginato não é uma material preciso e muito

 A grande maioria das técnicas se baseia em três pre-

menos dimensionalmente estável. Além disso, o afasta-

missas. A primeira é que, se a linha de terminação cervical

mento gengival conseguido pelo reembasamento prévio

estiver posicionada dentro do sulco gengival, algum mé-

dos casquetes em resina é um procedimento demorado

todo de afastamento gengival deverá preceder ou ocorrer

e de difícil execução para muitos profissionais. Há dúvidas

concomitantemente à moldagem, para que se possa re-

quanto à precisão obtida na região cervical, tendo em vis-

gistrar a superfície dentária além da margem do preparo.

ta que o molde dessa área crítica é invariavelmente obtido

 A segunda é que o material deverá ter fluidez suficiente

com a exposição do acrílico dos casquetes 6. A remoção

para reproduzir os detalhes dos pilares preparados e, evi-

do modelo do interior dos moldes eventualmente fratura

dentemente, do sulco gengival. A terceira é que o material

ou danifica o preparo, em virtude da rigidez da resina dos

de baixa viscosidade — ou seja, que apresenta escoa-

casquetes. Embora o modelo de gesso possa ser remo-

mento devido à sua fluidez — não deverá ser aplicado em

vido intacto quando os casquetes são amolecidos pelo

espessuras demasiadamente grandes, pois geralmente

calor, tal operação danifica irreversivelmente o casquete,

apresentam alterações dimensionais diretamente pro-

impedindo que um modelo auxiliar extra seja vazado.

porcionais ao seu volume3. Cada técnica de moldagem

 A técnica de moldagem com casquete é fruto da

de precisão procura aplicar as características do material

necessidade de se promover adequado afastamento

elastomérico atendendo às três premissas anteriores.

gengival em preparos intrassulculares. O afastamento

 Quando se utiliza um material de moldagem de con-

gengival só pode ser alcançado quando, ao final de su-

sistência fluida ou regular, o uso de uma moldeira indivi-

cessivos reembasamentos do casquete, se evidenciar

dual reduz o volume empregado e, consequentemente,

uma bainha nítida ao redor do término, formada pela

sua alteração dimensional, além de economizar material

resina no interior do sulco. Embora seja considerada

3,4

de moldagem . O casquete de moldagem construído

por muitos como uma técnica atraumática de afasta-

em resina acrílica é considerado uma moldeira individual

mento mecânico, é evidente que o uso de monômeros

unitária, que permite o afastamento gengival mecânico

acrílicos no interior do sulco promove irritação quími-

além da redução do volume do material elastomérico

ca do epitélio sulcular. Não se pode acreditar que o

5,6

empregado . Tal técnica requer materiais de viscosida-

afastamento mecânico promovido pelo acrílico polime-

de intermediária e que possam ser aderidos por adesi-

rizado não promova nenhuma agressão ou ruptura do

7

vos ao acrílico . Apesar de alguns silicones por adição 8

serem também apropriados , os polissulfetos e poliéteres de consistência regular continuam sendo os mate4,6

riais mais indicados para a técnica .

epitélio juncional, já que o objetivo do afastamento é exatamente a moldagem além da terminação. Por outro lado, os silicones por adição ou condensação são materiais que dispensam o uso de moldeiras

Embora essa técnica seja capaz de produzir moldes

individuais, já que são fornecidos também na consistên-

com detalhes precisos7, muitos aspectos pesam contra

cia densa9. Esses materiais, com menor escoamento,

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Moldagem de precisão em prótese fixa

apresentam alteração dimensional menor do que em sua

duzam fielmente os detalhes dos preparos e a relação

versão fluida ou regular, já que uma concentração maior

espacial entre os mesmos, e um modelo extra onde essa

de carga foi incorporada à sua massa. O uso prévio ou

relação não foi perdida pela troquelização, torna o empre-

concomitante do material denso reduz o volume final do

go desses materiais bastante vantajoso, já que a união de

material fluido e, consequentemente, torna o molde mais

infraestruturas por solda pode ser evitada clinicamente.

estável. Quando os materiais de consistência densa e flui-

 Tecnicamente, a moldagem com silicone por conden-

da são manipulados simultaneamente e inseridos por so-

sação é semelhante à do silicone por adição. Basicamen-

breposição, a técnica é denominada de um tempo ou de

te se diferem pela forma de apresentação. Os silicones

dupla mistura. Quando os materiais são manipulados um

por adição são fornecidos em dois potes de material

de cada vez, ou seja, moldando-se com o material denso

denso contendo, respectivamente, massa base e massa

seguido pelo material fluido, a técnica é denominada de

catalisadora. Já os materiais de consistência fluida ou re-

técnica de dois tempos ou reembasamento.

gular são fornecidos em doses iguais de base e catalisa-

Os silicones por condensação são materiais que poli-

dor acondicionado em cartuchos duplos de automistura.

merizam-se por condensação, através de uma reação cru-

Esses cartuchos são utilizados em pistolas especiais que

zada entre um polímero de silicone e um silicato alquílico,

injetam os materiais através de uma ponta automisturado-

de onde resultam subprodutos como o álcool, que volati-

ra, levando o material diretamente à região a ser moldada.

lizam-se facilmente. Além dos subprodutos que induzem

Essa forma de apresentação, além de otimizar o tempo

alterações dimensionais, os silicones por condensação

de trabalho, torna mais fácil e preciso o proporcionamento

apresentam também a indesejável natureza hidrófoba (não

e a homogeneização dos materiais de moldagem13. Já os

toleram umidade no sulco gengival), apresentando hidrofilia

silicones por condensação são fornecidos em um pote

inferior quando comparada à de materiais como o poliéter

contendo material de consistência densa, uma bisnaga

e o silicone por adição

10,11

12

. Embora alguns autores  não

de material fluido e uma bisnaga de catalisador também

tenham encontrado alterações dimensionais significativas

fluido, que é utilizado como reagente para ambos os ma-

em modelos obtidos com silicones por adição hidrofílicos

teriais. Embora se dê muita importância às qualidades dos

em ambientes secos, úmidos ou molhados, a capacidade

silicones por adição, é possível obter-se ótimos resultados

de reprodução de detalhes foi significativamente melhor

mesmo com a utilização de silicones por condensação,

quando foram utilizados em ambiente seco.

desde que cuidados com o seu vazamento sejam ado-

 A hidrofilia dos silicones por adição, a sua estabilidade

tados14. Os moldes em silicones por adição devem ser

dimensional, excelente recuperação elástica e resistência

vazados cerca de uma hora após a sua remoção da boca.

ao rasgamento são todas características desejadas em

 Tal cuidado evita que bolhas resultantes do hidrogênio li-

13

um material de moldagem de precisão . Esses materiais

berado do material se formem na superfície do gesso. A

geram moldes bastante precisos, permitindo que o va-

espera também permite a completa recuperação elástica

zamento seja realizado após uma hora, um dia ou até

do material, assim como dá tempo para que procedimen-

mesmo após uma semana, sem que o mesmo apresente

tos de desinfecção química tenham o efeito desejado.

perda significativa de sua exatidão. Quando houver necessidade de um segundo vazamento, o modelo obtido

DISCUSSÃO

será também preciso, desde que o molde não seja dani-

 Atualmente, os materiais elastoméricos têm sido

ficado na remoção do modelo anterior 1. A possibilidade

amplamente utilizados e indicados no meio odontológi-

de se ter um modelo de trabalho onde os troquéis repro-

co e diversas técnicas de moldagem podem ser empre-

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gadas para esses materiais. Embora muitos profissionais tenham predileção pela técnica de moldagem de 2

quanto mais se retarda o seu vazamento10. O afastamento gengival é uma etapa prévia e se faz

um tempo , estudos têm demonstrado que a técnica

absolutamente necessário quando temos margens de

de dois tempos confere maior precisão e estabilidade

preparo subgengivais. Como o material de moldagem não

dimensional, quando comparada à técnica de um único

possui a capacidade de promover o afastamento lateral

8

tempo . Além disso, a falta de sincronia na manipulação

da gengiva marginal, dilatando o sulco gengival, torna-se

simultânea dos dois materiais pode resultar em falhas

necessário o emprego de técnicas que consigam promo-

9

na execução do procedimento .

ver a exposição da região apical ao término do dente pre-

 Ainda que os poliéteres sejam considerados materiais de excelente estabilidade dimensional, a necessi-

parado, permitindo dessa forma que o material de moldagem copie os detalhes dessa área20.

dade de se utilizar grandes volumes em moldeiras totais,

Nessa altura da execução do tratamento, é necessá-

em geral moldeiras individuais confeccionadas em acrí-

rio ter saúde periodontal, importante para permitir uma

lico ou moldeiras plásticas, pode torná-los menos pre-

moldagem precisa da área subgengival. Isso se obtém,

3,5

cisos do que os silicones por adição . Mesmo quando

principalmente, a partir do adequado posicionamento do

silicones por adição são utilizados, principalmente em

término cervical do preparo, respeitando o espaço biológi-

consistências mais densas e/ou na técnica de passo

co da inserção periodontal, e de uma restauração provisó-

único, a utilização de moldeiras de estoque metálicas

ria com contornos anatômicos e corretamente adaptada

rígidas é mais segura que a de moldeiras de estoque

às margens do preparo, bem como dotada de superfícies

plásticas, já que a possibilidade de deformação é maior

polidas e regulares que dificultem a fixação da placa bac-

nessas últimas, afetando especialmente a dimensão de

teriana e/ou que facilitem a sua remoção 21.

moldes para próteses parciais fixas14-17.

O afastamento gengival para moldagem intrassulcu-

Mesmo sendo elastômeros de excelência, os silico-

lar pode ser realizado mecanicamente, quimicamente

nes por adição não são materiais infalíveis. Os sulfetos

ou pela associação de ambos os métodos. O uso cons-

encontrados nas luvas de látex são capazes de inibir a

tante e indiscriminado dos fios retratores no interior do

polimerização desses materiais, em qualquer uma de

sulco provoca um aumento nos níveis de citocinas in-

suas consistências. Para contornar esse problema o

flamatórias, devido à ruptura de fibras do ligamento pe-

cirurgião-dentista deve remover as luvas e lavar bem as

riodontal20. Mesmo quando fios não impregnados são

mãos antes de manipular o material ou fazer uso de lu-

utilizados por longo período, ou com diâmetro inapro-

18

vas compostas por material à base de polietileno . Além

priado, a inflamação pós-operatória é observada. Por

disso, é importante ressaltar que a temperatura tem um

outro lado, quando os fios são utilizados com diâmetros

papel fundamental na reação de polimerização desses

apropriados e impregnados em soluções adstringentes

materiais, sendo que seu aumento diminui consideravel-

menos agressivas, respeitando-se a tolerância dos teci-

mente o tempo de trabalho 9,19.

dos gengivais, a inflamação torna-se mais branda e se

 A alta estabilidade dimensional da silicona por adição permite, se necessário, novo vazamento mesmo dias

extingue ao longo de uma semana, sem que sequelas possam ser detectadas em médio ou longo prazos21.

após a realização da moldagem. Por outro lado, moldes

Outro aspecto que deve ser considerado na seleção

em silicone por condensação devem ser vazados qua-

da técnica de afastamento gengival para moldagem é

se que imediatamente após a sua remoção da boca, já

que, embora a técnica de afastamento com fios retrato-

que a alteração dimensional é progressivamente maior

res possa causar algum dano às estruturas periodontais,

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Moldagem de precisão em prótese fixa

esse é de baixa intensidade e curta duração. Tal técnica,

Diante disso, há que se considerar a técnica de afasta-

não parece ser muito diferente de outros procedimentos

mento gengival com fios retratores duplos em associação

corriqueiros, como a raspagem subgengival, instalação

à dupla moldagem (ou reembasamento) utilizando-se sili-

de bandas ortodônticas ou mesmo invaginação do iso-

cones por adição como uma opção extremamente con-

lamento absoluto por meio de amarrias. Um afastamento

fiável na obtenção de moldes precisos em tratamentos

menos traumático pode produzir uma moldagem defi-

por meio de prótese parcial fixa 8. Deve-se considerar que,

ciente, gerando, assim, uma agressão crônica muito mais

apesar de ser uma técnica com materiais de custo signi-

danosa, já que a prótese com bordos insuficientemente

ficativamente mais alto do que outras, seu custo opera-

adaptados agride mecanicamente o periodonto e poten-

cional e sua eficiência tornam o custo final do tratamento

cializa a agressão microbiana pela adesão de placa 22.

desprezível frente aos resultados obtidos.

DESCRIÇÃO DA TÉCNICA 

Figura 1  - Seleção da moldeira que per-

Figura 2  - Manipulação do material (pro-

Figura 3  - Manutenção das coroas pro-

mita a obtenção de volume adequado do material de moldagem.

porções iguais de base e catalizador), sem luvas à base de látex e com as mãos secas.

visórias em posição, quando não houver pônticos.

Figura 4  - Inserção e assentamento da

Figura 5 - Molde retirado da boca após a

Figura 6  - Preparos mantidos sob isola-

moldeira mantendo a centralização em relação à arcada.

polimerização do material. A presença das coroas provisórias auxilia no alívio do molde.

mento relativo, após a remoção das coroas provisórias e limpeza do cimento.

Figura 7  - Primeiro fio embebido em so-

Figura 8  - Fios completamente inseridos

Figura 9  - Segundo fio, de diâmetro mais

lução de cloreto de alumínio sendo suavemente inserido no interior do sulco gengival.

ao redor dos términos dos preparos e com excessos aparados.

espesso, sendo inserido delicadamente até a linha de terminação cervical do preparo.

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Figura 10 - Remoção da retenção vestibu-

Figura 11 - Desgaste do molde com bro-

Figura 12 - A remoção das interferências

lar do molde em material denso, para facilitar a reinserção da moldeira na boca.

cas, aliviando a região correspondente à gengiva marginal afastada pelo fio retrator.

gengivais e interproximais do molde facilita a inserção e o assentamento da moldeira.

Figura 13 - Lavagem do preparo com água

Figura 14 - Remoção do segundo fio atra-

Figura 15 - Silicone fluido injetado com se-

para remoção do excesso de saliva, assim como de solução adstringente.

vés da extremidade excedente.

ringa de automistura. Da porção cervical do preparo até o envolvimento total do dente.

Figura 16  - Preenchimento do molde

Figura 17 - Avaliação do molde removido,

Figura 18 - Notar a presença dos fios retra-

com silicone fluido, antes da reinserção na boca. A remoção da ponta fina aumenta o volume do material injetado pela seringa.

após polimerização final do silicone fluido.

tores aderidos ao molde. Nesse caso, os fios não devem ser removidos do silicone, evitando-se a ruptura do molde do sulco gengival.

Figura 19  - Modelo a partir do primeiro

Figura 20  - Modelo extra, obtido a partir

Figura 21 - Molde em silicone por adição

vazamento de gesso tipo IV no interior do molde. Os fios não interferem na precisão dos términos do modelo, entretanto devem ser removidos apenas pelo técnico, na exposição das margens dos troquéis.

do segundo vazamento de gesso tipo IV. Nota-se que, mesmo sem os fios, o modelo apresenta excelente detalhamento dos bordos dos preparos.

seccionado transversalmente no longo eixo do preparo, onde se evidencia a qualidade da reprodução dos términos dos preparos, mesmo após a obtenção de dois modelos de gesso.

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Moldagem de precisão em prótese fixa

c

a

b

a

a Figura 22   - Secção transversal do molde, onde pode-se observar: a ) a uniformi dade da espessura do material fluido determi nada pelo alívio alcançado com as coroas provisórias mantidas durante a moldagem com o silicone denso; b ) o d eslocamento da gengiva marginal em direção ao alívio obtido por meio de desgaste com broca; c ) a reprodução nítida do sulco geng ival e da parede radicular cervical obtida pela técnica de afastamento empregada.

CONCLUSÃO  A escolha correta de materiais e técnicas de moldagem para confecção de uma prótese fixa é crucial para obter resultados finais mais precisos. A utilização de materiais de moldagem que apresentem características como tempo de trabalho adequado, estabilidade dimensional, precisão na reprodução de detalhes, assim como a possibilidade de serem utilizados em ambiente úmido, melhora o resultado final do molde, do modelo e, consequentemente, da restauração protética. A utilização de material de moldagem elastomérico, como a silicona de adição, em conjunto com a técnica de afastamento por meio de fio retrator apresenta resultado satisfatório e com boa previsibilidade.

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Endereço para correspondência Glauco Rangel Zanetti  Av. Nossa Senhora da Penha, 699 - Sl. 709A  CEP: 29.055-131 – Vitória / ES E-mail: [email protected]

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