Módulo Básico - Aula 1 - Breve História Da Fotografia

July 17, 2019 | Author: carla | Category: Câmera, Reflexão (Física), Luz, Ótica, Radiação Eletromagnética
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Módulo Básico Ministrantes:

Alan Leonardo Reinaldo Toscano

"Fotografar, é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração."  (Henri Cartier-Bresson, 1994)

 Aula 01:

Breve História da Fotografia

Introdução O nome “Fotografia” advém da fusão de dois radicais gregos: fós (luz) e grafo (escrita). Atribui-se um significado padrão: arte de fixar, pela ação da luz, a imagem de objetos sobre uma superfície fotossensível.  A fotografia depende prioritariamente de duas propriedades da natureza e da ciência: Física (Óptica) e Química (Fotossensibilidade).

 A invenção do termo “fotografia” foi criada pelo astrônomo inglês John Herschel em 1851.

Física Óptica – Princípios básicos  Assim como as radiações infravermelhas e ultravioletas, os sinais de rádio e televisão, o raio x, etc., a luz é formada por ondas eletromagnéticas. De todas as ondas que constituem o espectro eletromagnético, a luz é quem determina a sensação visual, quando atinge a nossa visão.

Física Óptica – Princípios básicos Fontes de luz: • Primária (corpos luminosos) – são aqueles que emitem luz: o sol, as lâmpadas, etc.; • Secundária (corpos iluminados) – são todos aqueles que apenas refletem a luz.

Tipos de luz: • Monocromática  (lâmpadas de sódio) – composta por apenas uma cor, bastante utilizada iluminação de exteriores (baixa pressão) e para experimentos científicos; • Policromática (luz solar, fluorescente) – seu comprimento de onda compõe mais de uma ou todas as cores do espectro luminoso, cada cor possui uma velocidade diferente de propagação quando incidida no vidro.

Física Óptica – Princípios básicos Meios de propagação da luz: • Transparente (ar, água, vidro comum) – meio homogêneo, a luz se propaga em linha reta; • Translúcido (papel vegetal, vidro fosco, neblina) – meio heterogêneo, a luz se propaga em múltiplas direções; • Opaco – são meios que não permitem a propagação da luz*. * Descartando os índices de reflexão

Física Óptica – Princípios básicos Princípios físicos da luz: • Reflexão – A luz atinge a superfície volta a se propagar no meio de origem. A reflexão pode ser regular, difusa ou seletiva; • Refração – A luz incide e atravessa a superfície, continuando a se propagar no outro meio. Os raios refratados seguem uma trajetória inclinada em relação aos incididos; • Absorção – A luz incide na superfície, no entanto não é refletida e nem refratada, sendo absorvida pelo corpo, e aquecendo-o. Ocorre em corpos de superfície escura, a absorção também pode ser seletiva.

Princípio da Câmara Obscura Os raios luminosos se propagam de maneira retilínea em um meio transparente (ar), essa afirmação pode ser confirmada através da câmara escura: a partir de uma caixa com paredes opacas com um furo em um dos seus lados, é possível perceber a formação de uma imagem na parede oposta do objeto que está no exterior da caixa, de maneira invertida.

Quanto menor for o furo da caixa, mais nitidez a imagem formada em seu interior terá, entretanto ela será mais escura (devido a menor passarem de luz pelo orifício).

 A fotografia não tem um único inventor, surgiu de várias observações e inventos em momentos diversos.

Câmara Escura • O conhecimento de seu princípio ótico é atribuído ao chinês Mo Tzu no século V a.C., alguns teóricos atribuem esta façanha à Aristóteles (século IV a.C.); • A partir do século XII a câmara escura se torna comum entre os sábios europeus para a observação de eclipses solares, sem prejudicar os olhos; • No século XIV a câmara escura era usada para auxiliar o desenho e a pintura. Leonardo da Vinci fez uma descrição desta câmara em um de seus livros, comparando-a ao olho humano;

Mo Tzu. Ideólogo Chinês.

Câmera Escura • No século XVI, a câmara escura ganhou lentes biconvexas, diafragma e espelho; além de se tornar mais “portátil” passou a ser uma importante ferramenta para os desenhistas.

Câmera obscura como aparelho de mesa com instalação de espelho para traçar

Câmera Lucida (Clara) • Patenteada em 1807 pelo britânico William Hyde Wollaston, era uma evolução da câmera escura. O invento utilizava da sobreposição de imagens para auxiliar no desenho, é um pequeno prisma com quatro ou cinco faces, uma semi-espelhada e outra espelhada, que permite ao pintor ver sobre a tela ou papel onde faz o esboço a imagem do objeto que pinta, à sua frente.

Gravura da câmera clara

Princípio Químico – Fotossensibilidade • Em 1604 o cientista italiano Ângelo Sala observa que um certo composto de prata se escurecia quando exposto ao sol. • Em 1727, o professor de anatomia Johann Heirich Schulze, da universidade alemã de Altdorf, notou que um vidro que continha ácido nítrico, prata e gesso se escurecia quando exposto à luz proveniente de uma janela. Por eliminação, ele demonstrou que os cristais de prata halógena, ao receberem luz, e não o calor como se supunha, se transformavam em prata metálica negra. • Como suas observações foram acidentais e não tinham utilidade prática na época, Schulze cedeu suas descobertas à  Academia Imperial de Nuremberg.

Johann Heirich Schulze

Princípio Químico – Fotossensibilidade • Ainda no final do século XVIII, o químico suíço Carl Wilhelm Scheele estudava reações entre o cloreto de prata e a luz solar, ele afirmou que a luz era a responsável pela reação química com o nitrato prata e não o calor (como outros químicos defendiam na época). • Scheele descobriu que essa substância reagia de forma diferente quando exposta a diferentes matizes do espectro luminoso: as cores mais escuras como o azul e o roxo escureciam o cloreto de prata mais rapidamente do que o vermelho e o amarelo. Carl Wihelm Scheele

As Origens da Fotografia – Silhuetas ETIENNE DE SILHOUETTE (1707-1767) • Ministro de Luís XV (França) que desenvolveu uma técnica para desenhar e cortar do papel a forma projetada do rosto de pessoas. O resultado era recortado e geralmente enquadrado, se tornando uma moda na época. • O termo “silhueta” origina-se dessa prática. • Em 1790, Carl Scheele realizou impressões de silhuetas em folhas impregnadas de cloreto de prata.

Máquina de Silhueta em 1759

As Origens da Fotografia THOMAS WEDGWOOD (1771-1805) • Ceramista britânico que estudava química e física, experimentou como o calor e a luz afetavam a cerâmica. Em particular, ele revestia potes de cerâmica com nitrato de prata e expunha ao sol. O nitrato de prata reagia à luz escurecendo lentamente até se tornar completamente preto. • Posteriormente usou o nitrato de prata em papel, vidro, couro branco e verificou que estes materiais reagiam da mesma maneira. • Wedgwood tentou combinar este processo químico com câmaras escuras da época, mas o nitrato de prata não foi sensível o suficiente para capturar uma imagem visível. Thomas Wedgwood

As Origens da Fotografia – Heliografia JOSEPH NICÉPHORE NIÉPCE (1765-1833) • Oficial da marinha francesa, começou a fazer experiências com gravação de imagens a partir da câmera escura, juntamente com seu irmão Claude Niépce, no fim do século XVIII; • Naquela época, a litografia era moda na Europa e Niépce tentara fixar as imagens da câmera escura com ácido nítrico, entretanto, as imagens se apagavam; • Em 1826, utilizando uma placa de estanho e betume da Judéia (que endurecia quando exposto a luz) e com uma exposição de aproximadamente oito horas, ele conseguiu fixar a considerada “primeira fotografia da história” – a imagem foi produzida a partir do quintal da sua casa.

Joseph Nicéphore Niépce

As Origens da Fotografia – Daguerreotipo LOUIS JAQUES MANDÉ DAGUERRE (1787-1851) • Daguerre era um pintor de paisagens e gravurista francês, foi procurado por Niépce em 1829 que procurava um meio mais fácil e realista de fazer gravuras; • Depois do falecimento de Niépce, Daguerre passou a realizar experiências tentando acelerar o processo do seu ex-sócio; • Em agosto de 1839, Daguerre apresentou um novo e revolucionário processo a L’Acadêmie des Sciènces et Beaux Arts de Paris. O processo fez imediato sucesso e ficou conhecido como Daguerreotipia; • Por solicitação do próprio Daguerre, a técnica foi divulgada livremente ao mundo sem direitos autorais. Em compensação Daguerre recebeu uma pensão vitalícia do governo francês.

Louis Daguerre

As Origens da Fotografia – Daguerreotipo • O processo da Daguerreotipia consistia no uso de uma chapa de cobre sensibilizada por uma fina camada de prata preparada numa câmara especial contendo iodo em estado gasoso; • A imagem latente resultante depois da exposição era posteriormente revelada com vapor de mercúrio aquecido por uma chama embaixo da chapa; • A grande popularidade da qual gozou a Daguerreotipia foi o resultado deste ser o primeiro processo prático de fotografar. As imagens eram de um detalhe e perfeição surpreendentes; • O retrato era particularmente difícil de executar devido ao fato que os tempos de exposição eram muito longos (em excesso de 30 a 45 minutos).

Daguerreótipos

As Origens da Fotografia – No Brasil  ANTOINE HERCULE ROMUALD FLORENCE (1804-1879) • Desenhista francês, Hercules Florence veio para o Brasil em 1824, participando da Expedição Langsdorff (para registrar aspectos da natureza e da sociedade brasileira); • Devido à falta de oficinas impressoras no Brasil, resolveu pesquisar uma forma alternativa de impressão, criando um sistema chamado de poligrafia; • Trabalhou independentemente dos pesquisadores europeus e conseguiu resultados surpreendentemente avançados, em 1830 ele já tinha descoberto o processo fotográfico – fez experimentos com sais de prata e cloreto de ouro como elementos fotossensíveis, como o uso da amônia (urina) para a fixação das imagens;  Autorretrato de Hércules Florence

Técnicas de Registro da Fotografia – Calotipo WILLIAM HENRY FOX-TALBOT (1800-1877) • O cientista inglês trabalhou independentemente das experiências de Niépce e Daguerre. Em 1839 quando Talbot soube do trabalho do francês, ele apresentou apressadamente o resultado das suas pesquisas à  Academia Real da Inglaterra para garantir os direitos ao seu processo. • Talbot foi o primeiro a utilizar um negativo de papel do qual era possível tirar cópias positivas por contato. Foi esta a grande contribuição de Talbot, pois foi o seu processo que possibilitou a fotografia em série. • A maior desvantagem do processo era que o seu negativo de papel não permitia cópias com a mesma qualidade dos Daguerreotipos.

William Fox-Talbot

Outras Técnicas – Colódio Úmido CHAPA ÚMIDA • Em 1851, outro Inglês, Frederick Scott Archer, obteve êxito com um processo revolucionário; • Utilizava finalmente um negativo de vidro (com a qualidade da Daguerreotipo) e possibilitava a tiragem de inúmeras cópias (a vantagem da Calotipo), com um custo baixo e materiais muito menos perigosos. • Empregava o colódio (composto de éter e álcool numa solução de nitrato de celulose) como substância ligante para fazer aderir o nitrato de prata fotossensível à chapa de vidro que constituía a base do negativo. • A exposição devia ser realizada com o negativo ainda úmido e a revelação devia ser efetuada logo após a tomada da fotografia.

Fotografia em colódio úmido

Outras Técnicas – Placa Seca CHAPA SECA • A fotografia externa somente se tornou mais fácil à partir do ano 1871, quando Richard Leach-Maddox, um amador inglês introduziu a emulsão de gelatina. • As placas secas, empregando a gelatina de origem animal como elemento ligante eram de manuseio muito mais fácil, pois eram vendidas em embalagens industriais, pré emulsionadas, que dispensavam qualquer manipulação prévia à tomada da foto por parte do fotógrafo; • Apresentava ainda a vantagem de serem mais sensíveis do que os negativos de colódio úmido, possibilitando exposições mais rápidas. Richard Maddox

 A fotografia em seus primeiros anos foi vista com desconfiança pelos setores mais conservadores da sociedade do século XIX. Uma invenção que desafia o poder divino e comprometia a sobrevivência da arte da pintura. Com o passar do tempo a capacidade de capturar instantes da realidade, tornou a fotografia objeto de desejo e ostentação da elite, sendo comum nas famílias mais ricas o uso do camafeu, do carte-devisite e cabinet portraits.

As Origens da Fotografia - Kodak GEORGE ESTMAN (1854 – 1932) • O até então banqueiro americano, George Eastman reiniciou a fabricação e comércio de chapas secas de gelatina em 1880. • Em 1888 lançou a marca e a câmera “Kodak”, com o slogan "Você aperta o botão, nós fazemos o resto". • No ano seguinte, desenvolveu o primeiro filme comercial transparente em rolo . George Eastman

 Anúncio da Kodak Camera / Embalagem do filme com 100 negativos

 Anúncio da No. 0 Brownie – Continha um rolo capaz de registrar oito fotografias

As Origens da Fotografia – Filme Pancromático • No final do século XIX já haviam experimentos de fotografia colorida, entretanto, não conseguiam representar todo o espectro luminoso. • Em 1907 os irmãos Lumière comercializam o primeiro sistema de fotografia colorida chamado “autochrome”. Charlie Chaplin 1915 - Richard Sullivan

As Origens da Fotografia – Câmera 35mm • No final do século XIX em Leitz, na Alemanha. O fundador da fábrica de microscópios Wetzalar, Oskar Barnack, entusiasmado com o sucesso dos seus equipamentos teve a ideia de desenvolver um novo tipo de câmera fotográfica, mais prático e mais portátil; • Após algumas evoluções, no ano de 1914 ele criou o protótipo “Ur-Leica”, a primeira câmera fotográfica a utilizar o formato cinematográfico 35mm; • Em 1923, foram produzidos 25 protótipos com melhorias em relação a primeira câmera, o lote foi chamado de “NullSerie” (Série Nula) – por conta da pequena quantidade de unidades esta câmera se tornou a câmera mais cara do mundo, sendo arrematada por um anônimo em um leilão em Viena (Áustria) por 2,8 milhões de dólares em 2012.

Ur-Leica

As Origens da Fotografia – Câmera 35mm • Por motivo do período da primeira guerra mundial, apenas a partir de 1925 foram comercializadas as primeiras unidades da Leica 1 – inicialmente foram produzidas 1.000 unidades do modelo; • A câmera de pequeno formato trouxe uma “nova perspectiva” para o fotojornalismo, portátil, ela começou a ser utilizada em eventos; • A reação entre os artistas e fotógrafos por essa "nova forma de visão" foi extremamente entusiasmante, tornando a empresa uma referência no mercado; Leica 1

As Origens da Fotografia – Diapositivo Outras inovações ocorridas no século XX • Em 1935, a Kodak lançou o Kodachrome, filme diapositivo que simplificou o processo de fotografia colorida.

Filme Kodachrome

As Origens da Fotografia – Negativo Colorido Outras inovações ocorridas no século XX • Em 1942, a Kodak lança o Kodacolor - primeiro negativo do mundo a preservar as cores exatas.

Filmes Kodacolor 

As Origens da Fotografia – Polaroid Outras inovações ocorridas no século XX • No ano de 1937, Edwin Land, desenvolve a Polaroide Land câmera, pioneira em fotos instantâneas.

Polaroid Land Câmera e Polaroid Land Câmera 1000.

Surgimento da Fotografia Digital • Em 1975, Steve Sasson nos laboratórios da Kodak, unindo dispositivos analógicos e digitais criou a primeira câmera digital da historia. • As imagens eram obtidas através de um CCD, e gravadas em uma fita k7. • Demorava cerca de 23 segundos para formar uma imagem com 100 linhas em preto e branco. Primeira câmera digital da historia

Popularização da Fotografia Digital • A Sony Mavica FD5, surge como a primeira câmera digital popular do mundo em 1997. • Possuía resolução VGA (640x480 pixels) e armazenava as imagens em um disquete de 3,5” e 1,44mb.

Sony Mavica MVC-FD5

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