Modelo de Drude
Short Description
Download Modelo de Drude...
Description
IntroduçãoaFísicadoEstadoSólido:PropriedadesElétricas,ÓticaseMagnéticasdeMateriais Prof.AndréAvelinoPasa DepartamentodeFísica–UFSC 2.ModelodeGásdeElétr 2.ModelodeGásdeElétronsClássic onsClássicooudeDrude ooudeDrude 2.1.EstruturaEletrônica 2.1.EstruturaEletrônicadosMetais dosMetais. .
AprimeiratentativaparaexplicarocomportamentoelétricodossólidosfoipropostaporP.Drude em1900.Drudesupôsqueossólidosmetálicosfossemformadosporíonspositivosemposições fixas fixase eelét elétron rons s estaria estariam mlivr livresparase esparase moverpor moverpor todo todoosólido. osólido. Como asinteraçõe asinterações s doselétrons doselétrons comosíonsnestemodeloseriampraticamentenulas,osistemapassouaserdenominadode“gás deelétronslivres”.NaFigura2.1éapresentadoosólidometálicoidealizadoporDrudecom“átomos ionizados”emposiçõesfixas(sítiosdaredecristalina)eelétronslivres.Acargadosíonsédadapor Z néonúmerodecargaspositivasno ! ! ! − ! ,onde eéamagnitudedacargadoelétron, Z Z eéonúmerodeelétronsnoátomodepoisdaionização. átomoe Z =
!
!
Figura2.1–ModelodeDrudeformuladoem1900combasenoátomodeThompson(esferasde fluido fluido carr carrega egado do posit positiva ivamen mente te com com elétr elétrons ons imers imersos os em seu interi interior or). ). As esfera esferas s posit positiv ivas as em posiçõ posições es fixas fixas estar estaria iam m ioniz ionizada adas s com com carg carga a ! ! ! − ! e os elétr elétrons ons liber liberad ados os livre livres s para para circularpelocristal.Zn éo númer númerode ode carga cargasposi spositi tivas vas noátomoe noátomoe Z eéonúmerodeelétronsno átomodepoisdaionização. =
!
!
OmodelodeDrude,emboraex OmodelodeDrude,emboraextremament tremamentesimples,fo esimples,foicapazdeexp icapazdeexplicardiver licardiversaspropri saspropriedadesdos edadesdos sólidos,tantopropriedadeselétricasetérmicas,comotambémmagnéticaseóticas.Fracassouna obtençãodacapacidadecalo obtençãodacapacidadecaloríficaenadiferenci ríficaenadiferenciaçãodemateri açãodemateriaiscondutor aiscondutoresdenãocondutores.O esdenãocondutores.O modelodeDrudeselimitavaamateriaiscondutores.Comopassardosanoseodesenvolvimentoda teoriaquântica,emaisostrabalhosdeP.Dirac,W.E.Pauli,E.Fermi,eoutros,foipossíveltrataro modelodegásdeelétronscomoutraabordagemteórica.Oresponsávelporestanovaabordagem foiA.Sommerfeldqueem1927reformulouomodelo foiA.Sommerfeldqueem1927reformulouomodelodeDrudeutilizando deDrudeutilizandoconceitosepropri conceitosepropriedades edades introduzidos introduzidos pela mecânica quântica. quântica. Sommerfeld Sommerfeld também reinterpretou reinterpretou os resultados resultados anteriores anteriores (domodelode (domodelode Drude)utiliz Drude)utilizando ando conceit conceitosjá osjá bemdefinidossobre bemdefinidossobre amatéria,comoo amatéria,comoo principi principiode ode exclusãoecristalinidadedossólidos.Essenovomodeloapesardeserbemmaisrobustoqueseu antecessor,tambémnãofoicapazdeexplicarasdiferençasentremetais(condutores)eisolantesou semicondutores.Paradescreverosmateriaissemicondutoreseisolantesfoinecessárioconsiderar queoselétronsnocristalsofremainfluênciadeumpotencialperiódico,ouseja,introduziraidéia degásdeelétronsquaselivres. 2.1 2.1
É importante notar que os metais formam estruturas cristalinas com um número elevado de primeirosvizinhos(!!" ).Porexemplo,naestruturaCFCn pv =12,naCCC n pv =8,paraumadistância igualaoparâmetroderede a,commais6vizinhosparaumadistânciaiguala1,15 a.
2.2-ModelodoGásElétronsLivresClássicoouModelodeDrude
O modelo de Drude ou também chamado de gás de elétrons livres ou gás de elétrons clássico consiste em íons carregadospositivamente em posições fixas, cercados porelétrons quesãotão fracamenteligadosaestesíonsquepodemserconsideradoscomolivres.Esseselétronssemovem pelosólidosofrendocolisõescomosíonsfixosetambémcomosoutroselétronslivres.Entãoo sólidopodeserconsideradocomoumgásdepartículascarregadasconformeilustradonaFigura2.2.
Figura2.2-Colisõesdoselétronscomosíons Figura2.3–Velocidadedederiva!! devidoa positivos da rede, onde! é o livre caminho aplicação de um campo elétrico, resultando médiodoselétronsnogáse ! éavelocidade emumacorrenteelétrica. decadaelétron. !
Umaequaçãoquedescrevaomovimentodoselétronsnogáspodeserdeduzidaatravésdasegunda lei de Newton, que diz que a variação temporal domomento dosistemaé dada por uma força externa,ou ! !( ! ) !"
=
2.1
!!"
onde! éomomentomédiodogás,momentodocentrodemassajáqueonúmerodeelétronsé muitogrande, ! aforçaexternae ! otempo. Devemos, no entanto, lembrar que para os elétrons o momento total não é conservado, já que colidemcomosíonsdogás.AaproximaçãoadotadaporBoltzmannemseustrabalhosconsistiaem tomar a variação damédia do momento dos elétrons entrecada colisão, como sendoa taxa de momento transmitido para os íons, isto é, a equação 2.1 pode ser escrita com um termo de amortecimento, !"
! !( ! ) !"
+
! !
! (! )
=
!!" .
2.2
2.2
!
onde ! (! )é o termo de atrito que representa a variação média do momento dos elétrons nas colisõese !éotempomédioentrecolisõesexpressopor !
ℓ !
2.3
=
!!
ondeℓéolivrecaminhomédioe ! avelocidadedoselétrons. Quantoàscolisõesentreoselétrons,nãoénecessárioconsiderá-lasexplicitamente,poisomomento nestecasoéconservado.Adicionalmente,aforçaexternapodesertantodeorigemelétricaquanto magnética. Por outro lado, mesmo na presença de forças externas nulas, haverá elétrons com velocidades ve diferentes de zero, devido a energiatérmica dogás. No entanto, este efeito não levaráaumamudançanadistribuiçãoespacialdecargas.Naequação2.2mostradaacima,otermo ! ! (! )tambémpodeserpensadodeformamacroscópicacomosendoumtermodeatrito,análogo aoatritorealizadopeloaremcorposemquedalivre.Destemodo,oatritorealizadosobreocorpo em questão (elétron no sólido ou corpo em queda) faz com que a velocidade não aumente indefinidamente,massimatéumvalormáximoquechamadosdevelocidadedederiva. !
!
2.3-TransporteEletrônico
ParaentendercomoocorreotransportedecarganosólidometálicodeDrudeaplica-seumcampo elétricoexternouniformeeconstantenadireção ! ,comoilustradomicroscopicamentenaFigura2.3 ! !! ! com !! sendoocampoelétrico emacroscopicamentenaFigura2.4.Aforçaexternaserá ! aplicado. !"
=
Figura2.4–Aaplicaçãodeumcampoelétricoemumsólidometálicogeraumfluxodeelétrons descritopeladensidadedecorrente !,sendo!! avelocidadedederiva. Omovimentodoselétronsteráumadireçãopreferencialdadapeladireçãodocampoelétrico(veja asFiguras2.3e2.4).Oselétronscontinuarãoasofrercolisões,mascommomentomédiodiferente dezero.Odeslocamentomédiodiferentedezeronoeixoxteráumavelocidadequeédenominada develocidadedederivaoudearraste !! .Adensidadedecorrenteseráexpressapor !
=
!"!!
,
2.4
ondenéadensidadedeelétronsnogás.Casoavelocidadedederiva !! sejaigualavelocidadedo elétrons! ,teremosentãoumgáspraticamentelivre decolisões,istoé,umgásem que! >> ! . !
2.3
Este caso idealénormalmente descritocomotransporte balístico. NaFigura 2.5 são ilustradosos transportesdifusivoebalístico.
Figura2.5.Ilustraçãodosmecanismosdetransporteeletrônicodifusivo(oelétronestásujeitoaum campo elétrico e se move sofrendo colisões com os íons do sólido) e balístico (o elétron praticamentenãosofrecolisõesnosólido). NapresençadecampoelétricoaEquação2.2podeserreescritanaforma ! !( ! ) !"
+
! (!)
=
!
! !! !
.
2.5
Assumindo-sequeomomento!possaserdescritocomooprodutodamassadoelétron ! pela velocidadedederiva !! ,teremos !
! !!
!!
!"
+
!! !! =
!
! !! !
,
2.6
queadmiteasolução !
!!
=
!! !
!!
!
+ !! !!
!
+ !! !
!!
!
! + !! !
!!
2.7
!
onde as constante !! e !! são arbitrárias e dadas pelas condições de contorno. Considerando tempos muito maiores que o tempo médio entre colisões, ! ≫ ! , pois representam o estado estacionáriodosistema,encontra-seumavelocidadedederivanadireção ! dadapor !!
=
!! !! ! .
2.8
istoé,osvaloresde !! sãotomadoscomozero.Ovalorde ! éfacilmenteencontradosubstituindo!" se!! naEquação2.7,queresultaem ! ! ,logo !
!
!"
!!
=
!!
=
!
!! ! ,
2.9
eexpressaradensidadedecorrente(Eq.2.4)como, !
!! =
!!!!
!
!
=
!!
!! ! .
2.10
SeconsiderarmosquedensidadedecorrentequeatravessaometalédadapelaleideOhm ! acondutividadeelétricaparaelétronsserádadapor, 2.4
=
!! !
,
!!
!!
!
!
=
!!
.
2.11
A descrição dos da condutividade elétrica em função de parâmetros microscópicos, como carga, massa,densidadeetempoentrecolisõesfoiumavançofundamentalqueresultoudomodelode Drude. Para metais em geral a condutividade elétrica aumenta lentamente com a redução da temperatura.Oaumentoobservadoéexplicadonestemodelounicamentepeloaumentodotempo entreascolisões.Paratemperaturasbaixas,umportadordecargalevamaistempoparasofreruma colisãodoqueseestivesseemaltastemperaturas.Nacurvaabaixoéapresentadaacondutividade deumfilmefinodeAuemfunçãodatemperatura.
1,16x10
1 1,14x10 ) m c
5
5
Ω
(
σ 1,12x10
1,10x10
5
5
120
160
200
240
280
320
T(K )
Figura2.6.Gráficodacondutividadedoouro(Au)emfunçãodatemperatura,mostrandoapequena variaçãodacondutividade,variaçãoessareferenteareduçãodotempodecolisãodoselétronspara temperaturasmaiselevadas(ResultadoobtidoporM.A.Tumelero,LFFS/UFSC). 2.31.Estimativasparav e,! el ,
Umaestimativaparaavelocidadecomqueoselétronssemovemnometalpodeserencontrada supondoquetodaaenergiacinéticadosistemaestánaformadeenergiatérmica,ouseja !! !!
! =
!
3!! !
onde
2
!!! ! !
,ou!
!
=
!!! ! !!
,
2.12
éa energia médiapor partículaem umgásideal(Teorema daEquipartiçãoda Energia).
! Paraummetalemtemperaturaambiente ! 300 ! ,teremos v 1 2×10 ! ! .Umaestimativa para o tempo médio entre colisões! para o metal Cu é de cerca de 2 7×10!!" ! , valor obtido através da Equação 2.11 assumindo-se valores tabelados de densidade eletrônica !!" 8 4× ! !! !! !! . !" 10 !" 1 5×10 Ω de resistividade elétrica em temperatura ambiente ! . ~
!
=
,
,
=
!
=
=
,
,
!!
Conhecendo-se as estimativas para ! e! pode-se encontrar! da ordem de3 2 !! pela Equação 2.3.Ovalorobtidoparaolivrecaminhomédioédaordemde9parâmetrosderede,considerando ! 0 361 !" .EsteresultadopoderiaserconsideradocomoumsucessodateoriadeDrude,pois estariacoerentecomomodelomicroscópicoproposto.Noentanto,comoserávistomaisadiante,o modelodeDrudesubestimaavelocidadedoselétrons. !
~
,
,
2.5
2.5-PropriedadesTérmicas
O modelo de Drude também possibilita calcular a contribuição dos elétrons para a descrição de propriedades térmicas como capacidade térmica, condutividade térmica e alguns efeitos termoelétricos.
2.5.1CapacidadeTérmica Para calcular a capacidade caloríficade um gás de elétrons livres clássico devemostomaralguns conceitosdatermodinâmicaclássica,comoadefiniçãodecapacidadetérmica ! dadapor !
!!
!" =
!"
,
2.23
que corresponde a quantidade de energia necessária para fazer com que o sistema aumente a temperaturaemumaunidadedetemperatura. !éaenergiadosistemacom! átomos,fornecida pelaequação !
!
=
!
2.24
! !! !
eacapacidadetérmicaparaogásdeelétronsseria !!
!" =
!"
! =
!
! !! .
2.25
Esteresultadoéindependentedatemperaturaenãodescreveobservaçõesexperimentaisdequea capacidade calorífica depende de forma não linear da temperatura e que tende a zero para temperaturaspróximasdozeroabsoluto.Aexpressãoqueseobtémexperimentalmenteé !
=
!"
+ !!
!
,
2.26
onde ! e !sãoconstantesdeproporcionalidadecaracterísticasdecadamaterial,otermolinearé devidoacontribuiçãodoselétronseotermonaterceirapotênciadevidoaosfônons(vibraçõesde rede).
2.5.2-CondutividadeTérmica
OutraimportantegrandezatermodinâmicaquepodemosdeduzirapartirdomodelodeDrudeéa condutividadetérmicadogásdeelétrons.RecorrendoaleideFourierquedescreveofluxodecalor !! (energia porsegundo por unidade de área) na presença de um gradiente de temperatura ∇T, temos !!
=
−! ∇T,
2.27
2.9
quadrado na Eq. 2.32) e não descrevendo a dependência com a temperatura da constante de Lorentz(parabaixastemperaturas).
2.5.4-EfeitoSeebeck
Quandoumadeterminadaregiãodosistemaésubmetidaaumgradientedetemperaturasurgeum fluxodecargas.EsteefeitoéconhecidocomoefeitoSeebeck.Ocampoelétricoqueseestabelece, promoveumfluxodecargasnosentidocontrário,quenoregimeestacionárioéigualemmodulo, masdesentidocontrário,aofluxoestabelecidopelogradiente.Ocampoelétricopodesercalculado através da Equação2.9, ! − !! , onde!! é a velocidade que os elétrons adquirem devido ao gradiente,expressapor !
=
!"
!!
=
∆!! !
!
=
! !! !" !" !"
∆!
=
! !! !" !" !"
!! !
.
2.33
Inserindo !! naequaçãodocampoelétrico,
!
! =
-
!"
! !! !"
!" !! !
!"
=
1D
→
3D
=
!! ! !!
! ! !" !
!"
∇T
! =
−
!!
!
!! !"
∇T
=
!!
−
!!"
∇T
=
S∇T,
2.34
onde S é a eficiência termoelétrica ou também chamado de poder termoelétrico. Aplicando a estratégiadeDrudedesubstituir ! por3!!! /2obtém-se −43 !" /!,queéumvalor2ordensde magnitudesuperioraosencontradosexperimentalmenteparametais(mesmoerroqueaparecena determinaçãode !,sóquenestecasonãoécompensadopeloerronavelocidade). O efeito Seebeck é empregado na medida de temperatura. Experimentalmente é utilizado um termopar que consiste de dois fios de materiais condutores dissimilares conectados em uma extremidade.Otermoparésubmetidoaumgradientedetemperatura,conformeilustradonaFigura 2.7, sendo medida a diferença de potencial que surge nas extremidades abertas. A voltagem Seebeckqueseestabeleceemummaterialsobgradientetérmico∆! !! − !! édadapelaintegral ! !" !"# , pois a Eq. 2.34 pode ser re-escrita na forma !" ! ! . Na Figura 2.7, a ! !" !" !
=
=
!
=
!
diferença de potencial medida é divida a soma das voltagens Seebeck em cada material e proporcionaladiferençadetemperaturaentreointerioreoexteriordoforno. No caso de termopares comerciais, o par cobre/constant (liga com 45 % Ni e 55 % Cu) é normalmente empregado para medida de temperaturas no intervalo entre -160°C e 400°C. Os valores tabelados para o poder termoelétrico destes materiais para 20 oC é !!" 1.9 !" /! e !!"#$%% −38 3 !" /!. =
=
,
2.11
Figura 2.8. Ilustração do procedimento experimental para medida de temperatura empregando termopar. Constantes:
Carga do elétron Constante de Boltzmann Massa do elétron
!
=
!! !
Permeabilidade magnética do vácuo
!!
1 6×10
=
=
=
,
!!" !
1 38×10 ,
9 1×10
!!" !"
4! ×10
!!
,
Referências
C.Kittel,IntroductiontoSolidStatePhysics,JohnWiley&Sons N.M.AshcroftandN.D.Mermin,SolidStatePhysics,Brooks/Cole J.Singleton,BandTheoryandElectronicpropertiesofSolids,OxfordUniversityPress
2.12
!!" ! ! / !"
!"
View more...
Comments