MFS - Análise Dos Prolegômenos de Kant

July 10, 2019 | Author: Manuel Guilherme | Category: Immanuel Kant, A Priori e A Posteriori, Metafísica, Crítica da Razão Pura, Contradição
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MFS - Análise Dos Prolegômenos de Kant...

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7 Análise dos “Prolegômenos a toda metafísica futura que possa apresentar-se como ciência” Mário Ferreira dos Santos

Exig Exigee esta esta obra obra de Ka Kant nt,, que que pass passar arem emos os daqu daquii po porr dian diante te a cham chamáá-la la de Prolegômenos, uma análise especial. Contudo, por amor à síntese, s analisaremos as  passagens principais, que interessam ao exame da Crítica e que possam o!erecer elementos  para uma crítica ao m"todo crítico do !amoso pensador pensado r de Koenisberg. # !inalidade dessa obra consiste em examinar, se " possí$el, a %eta!ísica como ci&ncia. Considera Kant que os ataques de 'ume à %eta!ísica (e !oram ao conceito de meta!ísica que ele concebia), constituíram o marco de uma *ornada decisi$a. +espertaramno de um sonho meta!ísico e lhe deu uma no$a tomada de consci&ncia. # %eta!ísica no se !unda na experi&ncia, e o ob*eto está al"m da experi&ncia. #ssim nem a experi&ncia externa, !onte da !ísica propriamente dita, nem a experi&ncia interna, base constituti$a da psicologia empírica, no lhe !ornecero !undamento. Ela ",  pois, conhecimento a priori do entendimento puro e da rao pura/. (Prolegômenos,  pág.01). Essas so as !ontes !on tes do conhecimento meta!ísico. Prossegue !aendo a distin2o entre os *uíos analíticos e os *uíos sint"ticos. 3s  primeiros !undam-se no princípio de contradi2o. %as os segundo *á exigem outro  princípio. Entre os *uíos sint"ticos, temos os a posteriori, cu*a origem " empírica, e os a  priori, cu*a origem está no entendimento puro e na rao r ao pura. Conclui ele que todos os *uíos empíricos so sint"ticos e que os *uíos matemáticos so sint"ticos tamb"m. 4odos os *uíos meta!ísicos propriamente ditos so sint"ticos. +istingue ele os *uíos que pertencem à %eta!ísica dos *uíos propriamente ditos meta!ísicos. Entre os primeiros há muitos analíticos, que so apenas meios para alcan2ar *uíos meta!ísicos, que constituem o !im exclusi$o da ci&ncia e que so sempre sint"ticos. Pois, se conceitos decorrem da meta!ísica, o de subst5ncia, por exemplo, os *uíos que decorrem de sua análise decorrem necessariamente da %eta!ísica, assim6 a subst5ncia " o que existe como su*eito, etc., por  interm interm"di "dioo de muitos muitos desses desses *uíos *uíos analíti analíticos, cos, buscamo buscamoss aproxim aproximar ar a de!ini2 de!ini2o o dos conceitos. %as como a análise de um puro conceito de entendimento (como a %eta!ísica o

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encerra) no se pode !aer de outro modo que qualquer outro conceito, mesmo empírico, no pertencente à %eta!ísica (por exemplo, o ar " um !luido elástico, cu*a elasticidade no " suprimida pelo !rio em nenhum grau conhecido), o conceito " certamente propriamente meta!ísico, no, por"m, o *uío analítico8 esta ci&ncia conser$a, com e!eito, alguma coisa de  particular e tamb"m o seu caráter prprio, na produ2o pr odu2o dos conhecimentos con hecimentos a priori, que q ue se de$e de$em m dist distin ingu guir ir do que que t&m t&m de comu comum m com com todo todoss os ou outr tros os conh conhec ecim imen ento toss do entendimento8 assim a proposi2o6 tudo o que " subst5ncia, nas coisas, " constante/, " uma  proposi2o sint"tica e propriamente meta!ísica (op. cit., pág. 91). 91) . :e pre$iam pre$iamente ente se reuniu, reuniu, seguindo seguindo certos certos princí princípio pios, s, os conceit conceitos os a priori priori que constituem a mat"ria e os instrumentos da meta!ísica, a análise desses conceitos tem ento um grande $alor8 tamb"m poder-se-ia expor como uma parte especial (uma esp"cie de  philophia de!initi$a), contendo apenas ap enas proposi2;es pr oposi2;es analíticas pro$indas da meta!ísica, com excluso excluso de todas as proposi2;es proposi2;es sint"ticas, sint"ticas, que constituem a prpria %eta!ísica. %eta!ísica. +e !ato, essas essas análi análises ses s o!ere o!erecem cem uma uma util utilid idad adee con consi side derá$ rá$el el na %eta %eta!í !ísi sica ca,, que querr die dier, r, relati relati$am $ament entee às proposi proposi2;es 2;es sint"t sint"tica icass que de$e !ornece !ornecerr a resolu2 resolu2o o pr"$ia pr"$ia desses desses conceitos/(op. cit. pág. 97). Coment Comentando ando suas prpria prpriass pala$ra pala$ras, s, con conclu cluii Kant que a %eta!í %eta!ísic sicaa dedica-s dedica-see  propriamente às proposi2;es sint"ticas a priori e que estas constituem seu !im/ (ltimos, mas sim para os  *uíos sint"ticos a priori, ou se*a aqueles em que há um acrescentamento ao su*eito pelo  predicado, no contido naquele, mas que " achado sem a experi&ncia, !ora da experi&ncia. 3ra, qual a $alide de tais *uíos< Em suma, o que dará a $alide que de$eriam ter tais  *uíos< Estas perguntas constituem a mola principal de toda pesquisa ?antiana nesta obra, completada de modo mais pleno em Crítica da @ao Pura.

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Comentando o trabalho de 'ume (op. cit. pág. 9A) escre$e Kant6 Pois, como "  possí$el, diia esse homem perspica, que, quando me " dado um conceito, possa ultrapassá-lo e ligar-lhe um outro conceito que no está nele contido totalmente, tal como se lhe pertencesse pertencesse necessariamente< necessariamente< : a experi&ncia experi&ncia nos pode !ornecer tais rela2;es (" o que ele concluía dessa di!iculdade que tinha por uma impossibilidade), e toda essa pretendida necessidade ou, o que " o mesmo, todo este conhecimento a priori tomado por ela, nada mais " que o longo hábito que se tem de encontrar alguma coisa $erdadeira e de considerála a seguir como ob*eti$a a necessidade sub*eti$a/.  Ba $erdade, era para 'ume di!ícil conceber tais correlacionamentos de conceitos. 4odo o que combate uma posi2o !ilos!ica sempre so!re alguma in!lu&ncia da posi2o combati combatida. da. 'ume 'ume queria queria combate combaterr a meta!ís meta!ísica ica racional racionalist ista, a, que, realm realmente ente,, !oi um momento de de!luxo da !iloso!ia ocidental. %as, ao combat&-la, colocou-se na posi2o !alsa de que o !iloso!ar s poder-se-ia dar dentro dos quadros do racionalismo, e seguindo as suas normas e dire2;es. @acionalisticamente, de$ido ao abstractismo exagerado, os conceitos so estanques e o la2o que os une no " !acilmente compreendido. :e o racionalismo seguisse a linha  platônica genuína, tomando em considera2o os logoi analogantes poderia ter descoberto que há entre todos os conceitos correlacionamentos prximos ou remotos, e que todas as esquem esquemat ati ia2 a2;es ;es,, que que nossa nossa rao rao possa possa real reali iar ar,, qu quan ando do bem bem !unda !undada das, s, lgi lgica ca e ontologicam ontologicamente, ente, so analogicame analogicamente nte insepará$eis insepará$eis de outras e $irtualment $irtualmentee contidas contidas umas em outras, cu*a considera2o e presen2a no !iloso!ar constitui o que chamamos de !iloso!ar  concr con cret eto. o. +a +amo moss exem exempl plos os desse desse !ilo !iloso! so!ar ar em no nossa ssa ilo iloso! so!ia ia Co Conc ncret reta/ a/,, ond ondee se  patenteiam os nexos de liga2o analgica, o que q ue impede se tome to me um conceito em sua total abstra2o, porque a abstra2o !ormal, como a considera$am os escolásticos, no realia uma separa2o absoluta, mas apenas uma separa2o real-!ormal. undado nas opini;es de 'ume, Kant termina por concluir6 Como conseq=&ncia, todos os meta!ísicos esto, solenemente e con!orme prescre$e a lei, suspensos de suas !un2;es at" que tenham resol$ido de maneira satis!atria esta questo6 Como so possí$eis conhecimentos sint"ticos a priori< 3ra, os conhecimento conhecimentoss sint"ticos sint"ticos a priori so to possí$eis possí$eis como os analíticos, analíticos, como $eremos mais adiante, pois estes so possí$eis quando !undados naqueles.

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D deste modo claramente colocada a sua posi2o em !ace da %eta!ísica. Esta está suspensa, enquanto no resol$er esse problema. Por acaso Kant o resol$e< 4amb"m no o !a, e a!irma que ningu"m pode !a&-lo, porque a armadilha ?antiana, como $eremos, está armada à espera de qualquer um. Contudo, o problema *á !ora solucionado com s"culos de anteced&ncia. Essa pro$a agora nos cabe e " o que !aremos oportunamente, ao criticar a sua !amosa Crítica da @ao Pura. ... Crítica da Crítica da a!"o Pura # Crítica $ posi%"o de &ant

# >nica oposi2o seria que ainda pode restar ao que empreendemos nesta obra, " a que se !unda no criticismo ?antiano. Como, para muitos, Kant desterrou de uma $e para sempre a $ meta!ísica/, como goosamente a!irma alguns dedicados ao estudo da !iloso!ia,  pois mostrou, de modo de!initi$o/ a impossibilidade de *uíos sint"ticos a priori, os >nicos que podem caber à %eta!ísica, *á que os sint"ticos a posteriori so dados pela experi&ncia,  *ulgamos de nosso de$er reproduir aqui algumas páginas do que escre$emos em nosso #s 4r&s Críticas de Kant/, onde examinamos a sua doutrina e *usti!icamos a nossa. Pedimos ao leitor que nos perdoe a longa transcri2o, mas como " imprescindí$el !undamentar a nossa  posi2o, *ulgamos acertado esta pro$id&ncia. ... D nos Prolegômenos que Kant procura responder a pergunta de como a %eta!ísica "  possí$el como ci&ncia. Ba Crítica da @ao Pura, prossegue examinando o tema para concluir que a !iloso!ia s será possí$el quando possa estabelecer-se !undada em *uíos sint"ticos a priori, o que nega ele tenha sido !eito at" o momento pelos meta!ísicos. Kant " inega$elmente um produto !inal do #u!?laerung, do s"culo das lues, do luminismo, da lustra2o, s"culo que mereceu tantos nomes pomposos atra$"s dos tempos. @ealmente, há um progresso no saber experimental e cientí!ico do homem. Fuanto ao saber  !ilos!ico, por"m, !e-se um hiato perigoso e terrí$el entre a !iloso!ia do passado e as no$as experi&ncias !ilos!icas das quais Kant " um per!eito representante. 3 luminismo que !oi uma ascenso no campo cientí!ico, terminou por tornar-se no campo !ilos!ico um período de tre$as do conhecimento. Bo era *usto que esse hiato se 7

 Escrito no manuscrito6 Entram aqui os originais que !oram apensos à 9 a.edi2o da iloso!ia Concreta.



 prolongasse, como se prolongou at" nossos dias, a ponto de ser mani!esta e palmar a ignor5ncia de muitos !ilso!os da obra dos medie$alistas e at" dos gregos. %esmo que no hou$esse elementos a nossa !a$or, estaríamos certos que Kant nunca leu nenhuma das grandes obras dos medie$alistas, como por exemplo 4omás de #quino, +uns :cot, :o Hoa$entura e :uare. Bem tampouco leu, seno por alto, a obra de #ristteles e de Plato, porque, talentoso como era, no poderia, de modo algum, enunciar  sobre a %eta!ísica, as a!irmati$as que encontramos em seus trabalhos, to comuns e !req=entes em seu s"culo, quando essa disciplina caíra no des!a$or dos intelectuais de ento, que *ulga$am que a obra de autores menores e os exageros de alguns meta!ísicos de!icientes constituíssem o ápice da %eta!ísica.  Ba "poca de Kant, proclamar-se meta!ísico era atrair sobre si o riso de todos os $oltairianos de ento. Kant era um homem tímido e tremeria dos p"s à cabe2a se o chamassem de meta!ísico. 4udo en$idou para estar no seu s"culo, procurando tornar  impossí$el a %eta!ísica. E o !e com uma habilidade sat5nica. :ua obra " uma armadilha  bem urdida. Caindo nela, ningu"m se sal$a. Cerca aparentemente por todos os lados as  possí$eis saídas em !a$or de tese contrária. Isando de uma so!ística extraordinária, e de argumentos aparentemente slidos, consegue enlear os despre$enidos em suas malhas. +epois da sua obra s poderia $ir o materialismo $ulgar, o !iccionalismo, o empíriocriticismo, o positi$ismo, o relati$ismo !ilos!ico, o agnosticismo, o materialismo histrico, o cepticismo moderno, o niilismo de toda esp"cie, o desesperismo de nossos dias, etc. Kant !oi menos construti$o na !iloso!ia que destruti$o. Bo " de admirar que todos aqueles que  procuram destruir o trabalho !ilos!ico de s"culos, busquem por todos os meios, di!undir  sua obra sem acompanhá-la da necessária crítica. :abem muitos que o ?antismo " um meio caminho aberto ao desespero e à destrui2o da !iloso!ia. Bo ", pois, de admirar que receba os a!agos de alguns pro!essores de !iloso!ia e sua propaga2o se*a to estimulada, sobretudo  pelos que t&m interesses outros, muitas $ees incon!essá$eis. Je*amos algumas passagens da obra citada6 # %eta!ísica, como disposi2o natural da rao, " real, mas tomadas em si unicamente (como o demonstrou a solu2o analítica da terceira questo capital) dial"tica e enganadora. Fuerer, por conseq=&ncia, extrair dela princípios, e seguir, utiliando-os, " uma apar&ncia natural, e na $erdade, !alsa. Ela nunca poderá produir ci&ncia, mas somente uma

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$ arte dial"tica, onde uma escola poderá ter melhor &xito que outra, sem que nenhuma  possa obter uma apro$a2o legítima e durá$el/. (Prolegômenos, pág.7A) .../Laranto que ningu"m, aps ter meditado e compreendido os princípios da crítica, nem que se*a nestes Prolegômenos no $oltará nunca mais a essa !alsa ci&ncia antiga e so!ística.../ (pág. 7M). %as a meta!ísica que o :r. Kant conhecia era a de :pinoa, Nol!, Oeibnit, Clar?e,  Beton, %endelssohn, etc. Bo conhecia os escolásticos. Conhecia Nol!, e basta$a. Bo era ele consagrado como o mais pro!undo e completo conhecedor da escolásticado). 3s *uíos da !iloso!ia concreta !undam-se em teses dial"ticas, que possuem em si mesmas uma condi2o !ormal e lgica $erdadeira e tamb"m material, real-real, portanto. Kant em sua Crítica da @ao Pura no s empreende a re!uta2o, outra $e do argumento ontolgico, como abandona, ou pelo menos silencia o seu argumento dos  possí$eis, do qual no trata mais nem para de!end&-lo nem para negá-lo, embora o negue implicitamente, em !ace dos no$os postulados que o!erece. Fuando o estudou, colocou-o entre as pro$as a priori, bem como reconheceu que a sua !ormula2o no " puramente analítica, o que " o oposto do argumento ontolgico.

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3 tema !undamental da Crítica da @ao Pura ", como nos mostra %ar"chal, sem d>$ida, o $alor da meta!ísica. %as o exame desse tema exige o de dois pontos principais6 a rela2o exata do !enômeno e do inteligí$el no conhecimento ob*eti$o e as condi2;es de  possibilidade do ob*eto no pensamento. (eses principais de &ant

#s teses principais de Kant na Crítica da @ao Pura so as seguintes6 7)Bosso conhecimento no tem sua origem exclusi$amente nos sentidos. @epele o sensualismo em seus excessos, embora reconhe2a que nossos conhecimentos come2am com as nossas experi&ncias8 no todos, por"m. Bossos conhecimentos sensí$eis so compostos das impress;es percepti$as e das id"ias que nossa !aculdade de conhecer produ. Essas id"ias pro$&m da nossa capacidade de conhecer, e tem elas um caráter absoluto e uni$ersal. Bossas percep2;es so apenas singulares. # uni$ersalidade no poderia pro$ir delas. 0)Bossa experi&ncia s " possí$el pelo conhecimento que temos a priori das $erdades necessárias. 4r&s so as no2;es a priori6 as intui2;es pura, os conceitos puros ou categricos e as id"ias absolutas. #s intui2;es puras so as representa2;es do espa2o e do tempo construídas pelo espírito, sem as quais no há experi&ncia nenhuma possí$el. :o tamb"m chamadas de !ormas da sensibilidade. Enquanto a mat"ria que lhes " submetida pode $ariar  ilimitadamente, essas !ormas so imutá$eis. #s rela2;es entre as percep2;es so os conceitos ou categorias, cu*a !un2o consiste em ordenar di$ersas representa2;es e !aer  delas uma representa2o comum. Como a experi&ncia se aplica a ob*etos singulares, e esses conceitos se aplicam ao ob*eto em geral, no podem 4er sua origem na experi&ncia. Fualquer ob*eto perseguido s pode ser $isualiado sobre quatro aspectos6 qualidade, quantidade, rela2o, modalidade. # $arian2a dos ob*etos, dados pela sensa2o, no modi!ica a imutabilidade dessa !orma. 4em o homem tamb"m id"ias absolutas, como a alma imaterial e a do ser per!eito. 3s conceitos so a condi2o de todo o pensamento, mas as id"ias absolutas so a condi2o de todos os conceitos. 4odo conceito expressa uma rela2o8 toda a rela2o está insepara$elmente unido à id"ia de uma causa primeira. :em a id"ia da unidade absoluta "

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impossí$el o conceito de quantidade8 sem a id"ia de per!ei2o " impossí$el o conceito de qualidade. 3 conceito de modalidade implica a s"rie dos seres possí$eis, e exige a realidade de um ser necessário. #s id"ias absolutas so tamb"m chamadas de id"ias transcendentais8  por isso di Kant que todo e qualquer *uío, e at" toda e qualquer percep2o, sup;e a id"ia de in!inito, a id"ia de +eus. 9) 3s *uíos, que a rao constri, no so necessariamente $erdadeiros, e podem no corresponder à realidade das coisas. Entra aqui o exame do *uío. 3s *uíos analíticos no podem ser negados sem contradi2o. %as s há progresso no conhecimento quando se constri *uíos sint"ticos, e , sobretudo, *uíos sint"ticos a priori. 3 *uío sint"tico a posteriori tem a sua pro$a na experi&ncia. Kant a!irma que os *uíos sint"ticos a priori s so possí$eis por uma intui2o do tempo e do espa2o. Ele redu nossos *uíos sobre a casualidade à expresso de uma rela2o de tempo. # no2o de causa se identi!ica com a sucesso, tese de 'ume, que ele, apesar de combat&-lo, termina por aceitar. 4odo o *uío sint"tico sobre os ob*etos que esto !ora do espa2o e do tempo so, para Kant, a!irma2;es ilegítimas. #ssim os conceitos de subst5ncia, de causa, s so legítimas quando aplicados aos ob*etos da experi&ncia. E ser$em apenas para tornar a experi&ncia possí$el. Joltando à primeira tese, no se conclua que Kant se*a um sensualista, porque a experi&ncia no " apenas a que nos dá os sentidos. G)Bo percebemos os ob*etos tais como so, mas como nos aparecem. Como os ob*etos so em si mesmos a coisa em si, " o n>meno (noumenon)8 como ob*eto de nosso conhecimento, como nos aparece, " o !enômeno. 3 tempo e o espa2o no existem, e ns s  percebemos os seres materiais no espa2o e no tempo, e como estes no existem, so eles meras apar&ncias. +este modo, a sua naturea nos " inacessí$el. Kant conclui que o que conhecemos " nada. E o que ", " o que no conhecemos. )'á uma id"ia da rao indubitá$el6 a id"ia do Hem. 3 Hem no pode ser uma simples !orma do meu pensamento, porque ele me comanda, " superior a mim, imp;e-me uma lei. Portanto, tem uma exist&ncia !ora de mim8 no " uma simples abstra2o. Ela atua,  porque uma abstra2o no poderia atuar, no poderia ser causa de nada. # realidade do bem sup;e a realidade de um bem absoluto. Bo há, contudo, uma acord5ncia per!eita entre a $irtude e a !elicidade neste mundo. Portanto, de$e ha$er num outro mundo. +e$e, portanto, existir um ser in!initamente *usto e in!initamente poderoso para remunerar cada um

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segundo o seu m"rito. Bo posso crer na lei moral sem acreditar em +eus e sem esperar a imortalidade/. Estas teses morais de Kant so desen$ol$idas na Crítica da @ao Prática, que será ob*eto de nosso exame. Crítica da “Crítica da a!"o Pura”

Passamos agora a analisar as id"ias de Kant, expostas nesta obra !undamental, e a assinalar o seu $erdadeiro intuito, o alcance das suas conclus;es e mostrar, a!inal, a improced&ncia de muitas das suas id"ias. Bo podemos saber como as coisas so, mas apenas sabemos como ns as pensamos. Esta " uma tese !undamental de Kant, que redu, deste modo, a !iloso!ia à lgica e tamb"m a nega2o pura e simples da rao, terminando, no em re!ormar a %eta!ísica, mas em suprimi-la. Kant " uma !igura do !im do #u!?laerung. Bota$a ele que a Ogica, desde #ristteles, permanecia !irme em sua serena imobilidade, que as matemáticas puras conseguiram a adeso total dos espíritos, a !ísica terica encontra$a em Beton uma estabilidade, e as ci&ncias experimentais o!ereciam dados seguros. : a %eta!ísica permanecia entregue aos caprichos das id"ias mais díspares. Preocupou-se Kant pela seguran2a que o!ereciam as outras disciplinas e pela instabilidade $eri!icada na %eta!ísica. :e no " possí$el pôr de acordo os que trabalham no mesmo mister..., pode-se estar persuadido que um tal estudo está longe de estar no caminho certo de uma $erdadeira ci&ncia/.  Bo exame dos *uíos, estabelece Kant, em primeiro lugar, os *uíos analíticos, os quais so simples e !acilmente compreensí$eis por todos. @epousam eles sobre os  princípios de identidade ou de contradi2o. Eles apenas desassociam, pormenoriam, expressam uma no2o dada. 3 predicado *á está contido implicitamente no conte>do do conceito do su*eito. Por si s eles no enriquecem o nosso conhecimento. Fuando diemos todo corpo " extenso/, enunciamos um *uío analítico, pois ser extenso *á está contido no conceito de corpo. 4emos, ento, um *uío meramente declarati$o, explicati$o, no, por"m, de modo algum, extensi$o/, no sentido clássico dos escolásticos. 4ais *uíos so !undados de !ato e de direito no princípio de identidade. 'á outros *uíos, por"m, em que o predicado está totalmente !ora do conceito do su*eito, e por mais que analisemos no encontraremos neste o predicado, nem explicita nem implicitamente. Esses *uíos realmente enriquecem o conhecimento. :o os *uíos sint"ticos, porque o predicado " ad*udicado ao su*eito, !ormando com ele uma síntese.

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Como se poderia a!irmar de um su*eito # um predicado H, que no está implicado na  prpria id"ia do su*eito< Bo *uío todos os corpos so pesados/ no podemos extrair o conceito de peso do conceito de corpo. D possí$el que no ha*a nenhum corpo que no tenha mesmo peso. %as o corpo " um ob*eto de tr&s dimens;es, e como poderia, desse conceito, tirar o de peso< Este conceito " a*untado ao de corpo. 4emos, pois, um *uío sint"tico. %as, como há *uíos sint"ticos, cu*o acrescentamento " dado pela experi&ncia, há aqueles em que a síntese no " realiada totalmente a posteriori, como " o caso dos  primeiros, que " de ordem empírica, mas de outra ordem, antecedendo a experi&ncia, a  priori. 4emos, assim, *uíos sint"ticos a posteriori e *uíos sint"ticos a priori. +e$e-se compreender que a prioridade " lgica e no uma anterioridade psicolgica. Bada impede,  portanto, que a experi&ncia se*a, psicologicamente, antecedente ao nosso saber sobre o que conhecemos a priori, como o n>mero e as leis do n>mero. :o esses *uíos possí$eis e necessários à !ísica pura, às matemáticas e à meta!ísica. 3ra, na Est"tica 4ranscendental, di Kant que tais *uíos s so possí$eis pelas intui2;es do tempo e do espa2o, e a seguir a!irma que no " legítimo o *uío sint"tico a  priori que no se !unde numa intui2o, e exempli!ica com o argumento ontolgico da exist&ncia de +eus. Kant a!irma que tais *uíos s so legítimos (possí$eis) quando !undados numa intui2o e sem ela no t&m $alor. D !lagrante a contradi2o de Kant. Je*amos6 como so possí$eis os *uíos sint"ticos a  priori< Ele responde6 pelas intui2;es, o espa2o e o tempo.  Besse caso, no se estendem al"m dos sentidos. Portanto, no tem $alor seno quando relati$os às coisas que pertencem à experi&ncia. Consequentemente6 so sem $alor. 3s *uíos sint"ticos a priori, sem a intui2o, no tem $alor. %as, com a intui2o, assim apenas *uíos sint"ticos a posteriori. %as s pode ser sem $alor um *uío possí$el, um *uío pensado, pois s no pensado  pode ha$er erro.

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# intui2o no " necessária à !orma2o de tais *uíos, porque na $erdade ns os construímos sobre ob*etos transcendentais e independentes do tempo e do espa2o. # a!irma2o de uma causa primeira de todas as coisas escapa à intui2o, e no corresponde a nenhuma intui2o. 3ra, que tal *uío " possí$el, " e$idente porque podemos !ormula-lo. @esta, portanto, saber da sua legitimidade, ou se*a se tem um ob*eto real. Kant o nega,  porque no se !undam numa intui2o do tempo e do espa2o.  Bo so as intui2;es do tempo e do espa2o para Kant puramente sub*eti$as. E como  poderiam elas o!erecer ob*eti$idade a um *uío< E como a sua aus&ncia poderia negar  ob*eti$idade ao mesmo< # contradi2o " indiscutí$el. # intui2o pura, que Kant considera representar um grande papel nos *uíos sint"ticos a priori, termina por no representar nenhum papel importante6 a)no " necessária à possibilidade de tais *uíos8  b)no lhes dá nenhum caráter de legitimidade, pois a intui2o " !ruto apenas da imagina2o. @esta-nos saber como so possí$eis os *uíos sint"ticos a priori, e qual a sua legitimidade. Kant responde pela nega2o. Fue !aemos *uíos sint"ticos a priori " inegá$el, e se so eles ilegítimos, " ilegítimo,  portanto toda a nossa ci&ncia, todo nosso saber. # experi&ncia, como a entende Kant, em sentido to restrito, s nos dá sensa2;es, no a realidade. +á-nos os e!eitos e no as causas. Kant di que tais *uíos so legítimos quando necessários à experi&ncia. %as como sab&-lo se a origem deles " du$idosa< +o mesmo modo que se conclui pela legitimidade !undada na experi&ncia, poder-se-ia concluir que a experi&ncia no " legítima, porque ela se apoia sobre *uíos de $alor contestado. Kant caiu no cepticismo e dele no se liberta por mais es!or2os que !a2a. Como pode assegurar que a experi&ncia " bastante para legitimar o *uío sint"tico a priori< # aplica2o destes à experi&ncia dá-lhes $alor, mas por que< Porque os que se aplicam à experi&ncia $alem mais que os que no se aplicam a ela, como os que ele chama de transcendentais< :e s so $álidas as a!irma2;es da rao (*uíos sint"ticos a priori), quando !undados na experi&ncia, porque no se exige o mesmo para os analíticos< 3 princípio de identidade

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no " to $álido à naturea da rao como o de causalidade e outros axiomas que surgem no so !iloso!ar< +i-nos ele que, no *uío analítico, a contradi2o no " $álida, mas pode ser $álida no  *uío sint"tico. %as quem pode negar que a contradi2o de um *uío sint"tico a priori implica uma absurdidade< :e no se aceita o contraditrio por que se $ai aceitar o absurdo< Je*amos este *uío da !iloso!ia concreta6 todo ser que no tem uma rao de ser em si mesmo " um ser dependente. Contradi2o6 todo ser que no tem uma rao de ser em si mesmo no " um ser dependente. 4al ser, ento, no penderia de outro, mas de si mesmo. :e pende de si mesmo tem sua rao de ser em si mesmo. 3 segundo *uío " absurdo e !also. E que demonstra isso< Im exame simples nos mostra a $alide incontestá$el de nosso m"todo6 num *uío analítico, a!irma-se apenas a identidade de uma concep2o sub*eti$a consigo mesma, e, num sint"tico, uma rela2o entre dois termos. 3 *uío analítico tem um $alor puramente lgico, enquanto o *uío sint"tico pretende possuir um $alor ob*eti$o meta!ísico, " o que a!irma Kant. %as aqui está o erro de Kant. 3s *uíos analíticos no so puras a!irma2;es lgicas. 4odos eles pressup;em uma a!irma2o meta!ísica, um *uío sint"tico a priori. :e esse *uío no " expresso, ", no entanto, subentendido. @ealmente todo *uío analítico pressup;e o princípio de contradi2o, está certo. %as o princípio de contradi2o pressup;e outros, antecedentemente, como o mostramos em iloso!ia Concreta. Fuando digo que um ser " possí$el, acrescento ao ser a conting&ncia. Eis aí um *uío sint"tico a priori. Fuando digo que certamente um ser existe, acrescento-lhe a realidade do pleno exercício de seu ser. Eis outro *uío sint"tico a priori. Fuando digo que um ser " o que ele ", tanto !alo de seres no pleno exercício de si mesmos, como meramente possí$eis. 'á aí duas a!irma2;es que so *uíos sint"ticos a  priori (que há seres no pleno exercício de si mesmos e há seres possí$eis). # possibilidade ou a exist&ncia no esto inclusas no conceito de ser. J&-se que o princípio de contradi2o inclui, assim, dois *uíos sint"ticos a priori6 esses que acima citamos. E tamb"m quando diemos que uma coisa " ela mesma, diemos que ela o " no mesmo tempo e sob o mesmo

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aspecto. Portanto, a a!irma2o do tempo e das rela2;es possí$eis *á esto inclusas no  princípio de contradi2o. E mais ainda6 esse princípio tem de ser considerado eterno (imutá$el), e tamb"m necessário. E a!irmar a eternidade e a necessidade " construir *uíos sint"ticos a priori. Kant a!irmou que so $álidos os *uíos analíticos, e pôs em d>$ida a legitimidade dos sint"ticos. %as esse so insepará$eis daqueles. # pergunta de Kant " a seguinte6 como so  possí$eis, como so legítimos os *uíos sint"ticos a priori< # resposta que se lhes dá " esta6 com a mesma legitimidade dos *uíos analíticos,  porque estes pressup;es *uíos sint"ticos a priori. ... Examinemos o *uío6 todo ser contingente tem uma causa. Fue se entende por ser  contingente< 3 ser que pode ser e pode no ser, aquele que no em si mesmo suas ra;es de ser, aquele cu*a no exist&ncia no implica contradi2;es, e que s pode existir como conseq=&ncia de outro. :e se enunciar o princípio de causalidade da seguinte maneira6 4odo contingente (ou se*a todo ser cu*a exist&ncia " condicionada de !ora) tem uma causa (ou se*a, está submetido a uma condi2o exterior), o *uío " tautolgico, e seria assim meramente analítico. Kant diia6/ Fuando uma coisa " admitida como contingente " uma proposi2o analítica dier que tem uma causa/. @ealmente " assim. %ar"chal responde6 %as que uso !aer de uma proposi2o analítica desse g&nero< Benhum8 pois como poderei saber, de um ob*eto qualquer, se sua exist&ncia está condicionada de !ora/< 6# experi&ncia de um ob*eto me mostrará sua causa empírica, os antecedentes que o determinam no tempo. %as se se trata de uma causa meta!ísica, terei de considerar o ob*eto empírico em si mesmo, e nunca a pura análise !ará sair, do conceito desse ob*eto, a nota metempírica de conting&ncia/ ou de depend&ncia causal/. Contudo, considerando tal ou tal ob*eto, posso ao menos conceber/ que no tenha existido. :ua exist&ncia no " necessária. Ela " contingente. Esse raciocínio parecerá sem d>$ida um pouco rápido. +e poder eu conceber a noexist&ncia de um ob*eto, no se segue, de maneira alguma, obser$a Kant, que essa noexist&ncia se*a possí$el na ordem real. # aparente possibilidade lgica no permite concluir  imediatamente a possibilidade !ísica6 eu concebo/ no se tradu analiticamente por isto

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"/, nem tampouco eu no concebo/ no se tradu analiticamente por isto no "/. %as,  prosseguir-se-á, este ob*eto/ muda8 pode, pois, ser e no ser/, eu o $eri!ico. :em d>$ida, $eri!ica-se neste ob*eto uma sucesso de modalidades6 mas $eri!ica-se imediatamente a desapari2o ou a altera2o de seu princípio substancial$ida, a terceira (a que citamos acima) tomada da possibilidade de *uíos extensi$os a priori sobre as rela2;es de tempo6 tais *uíos, segundo cr& Kant, no podem ser obtidos da experi&ncia, pois esta no os pode dar nem estritamente gerais, nem apoditicamente certosU/ @espondemos6 um *uío, que s consigna !atos experimentais, no  pode obter nunca a estrita uni$ersalidade mesmo comparando conceitos abstraídos da experi&ncia. #qui aparece com toda clarea o suposto !undamental indemonstrado da crítica ?antiana, que "6 a id"ia de que todo o dado, que " puramente sensorial, " Umat"ria bruta/, sem nenhuma !orma8 mas demonstramos que se dá uma compreenso do essencial no dado (um intelligibile in sensibili/), portanto, que se podem abstrair conceitos essenciais que, 9

 3s mesmos argumentos so aplicados por Kant para examinar o espa2o.

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comparados entre si, podem dar a conhecer rela2;es essenciais necessárias de $alor  uni$ersal absoluto/. (op. cit. pág. 7M9) Considera-se o tempo em si, como em ser em si, " !also. Bo lhe corresponde nenhuma realidade, " certo. Bisto esto de acordo Pitágoras, Plato, #ristteles, e os escolásticos. #penas os racionalistas conceberam o tempo como um ser em si, subsistente, real, independentes das coisas que cont"m. %as a sucesso " dada intuiti$amente, como $emos numa melodia, pois se os sons !ossem dados simultaneamente a melodia deixaria de ser. 'á, portanto, um !undamento real do tempo, que *á está na dispositio rei. D o que nos cumpre examinar oportunamente quando estudemos a doutrina sobre o tempo e o espa2o na !iloso!ia concreta. Como o demonstramos em 4ratado de Esquematologia/, e o temos examinado em nossos li$ros, o tempo e o espa2o, que para Kant so !ormas a priori da sensibilidade, so esquematia2;es intelectualiadas da sucesso e da simultaneidade, que so as condi2;es !undamentais de toda sensa2o. Kant considera que o $alor de ob*eti$idade " dado por essas !ormas puras da sensibilidade. 3ra, !undados ainda no prprio pensamento de Kant, poderíamos argumentar  do seguinte modo6 4empo " o esquema intelectualiado da sucesso, das coisas sucessi$as, o campo das coisas sucessi$as8 Espa2o " o esquema intelectualiado, ou o campo das coisas que se do simultaneamente. #s id"ias puras, que constituem o ob*eto da %eta!ísica, no simult5neas, tota simul,  porque a correla2o, a implic5ncia dos conte>dos ontolgicos " simult5nea e no sucessi$a. :e a simultaneidade " o !undamento do espa2o e a sucesso o !undamento do tempo, o que dá ob*eti$idade ao espa2o " a simultaneidade, e o que dá ob*eti$idade ao tempo " a sucesso. Beste caso, as id"ias puras teriam ainda na prpria concep2o de Kant um !undamento ob*eti$o, como o t&m a %atemática e a ísica Pura. :eria uma conseq=&ncia ine$itá$el do pensamento ?antiano le$ado com rigor. Poder-se-ia dier que *á esta$a incluso nas premissas de Kant essa conseq=&ncia, que ele no deduiu, porque se deixou empolgar  exageradamente pelas circunst5ncias histricas do seu tempo, que era contrário à %eta!ísica e o termo meta!ísico ha$ia se tornado pe*orati$o, e at" in*urioso. 3bser$em-se as in>meras

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$ees que Kant procura um humorismo sarcástico para re!erir-se à meta!ísica, e busque-se na histria da sua $ida a mani!esta2o inconteste de seu $erdadeiro terror p5nico que o chamassem meta!ísico, o que aliás uma $e lhe endere2aram, e que o !aia tremer desde a rai dos cabelos às unhas dos p"s. Essa !obia, de !undo puramente psicolgico e histrico,  pode-nos per!eitamente explicar porque no le$ou ele a$ante a sua análise a ponto de reconhecer que ha$ia um $alor de ob*eti$idade, mesmo dentro da sua maneira de !iloso!ar e da sua posi2o, para as id"ias puras. Pelo mesmo argumento que nega a ob*eti$idade do tempo e do espa2o, Kant nega a ob*eti$idade das categorias que so no2;es a priori do entendimento. D a priori que admitimos causas, porque seriam reais se as conhec&ssemos a posteriori. # tese ?antiana "6 nada de ob*eti$o, nada de real pode ser conhecido a no ser pela experi&ncia. %as a tese no " pro$ada. # experi&ncia " singular e s nos re$ela o contingente.  Beste caso s se poderia a!irmar que " real o contingente. 3 necessário " apenas sub*eti$o. : as leis do nosso espírito so necessárias.  Besse caso, no se pode a!irmar nada como necessário. %as se nada há ou hou$e de necessário, como " que algo pode existir< :e o mundo " contingente e no " necessário no te$e sua rao de ser em si mesmo e, portanto, hou$e um momento em que no existia. E como poderia ter $indo a existir a no ser que lhe !osse dado o ser por outro, que no ele, necessariamente necessário. # necessidade " apenas uma categoria para Kant, uma !orma do nosso entendimento. 4odas as categorias ?antianas so da mesma esp"cie. #ssim o so a realidade, a  possibilidade, a modalidade, a rela2o, a comunidade, a indi$idualidade, etc. Contudo, Kant as usa de modo ob*eti$o. E no esque2amos que a experi&ncia ?antiana apenas capta os ob*etos como !enômenos e nunca como n>menos, apenas como nos aparecem, nunca como so em si mesmos. 3s n>menos no so ob*etos da experi&ncia. Portanto, se realidade " uma categoria, como pode Kant a!irmar a realidade dos n>menos< Ele desconhece a naturea deles, mas no nega a sua exist&ncia. Bo a!irma$a ele contra Her?eleZ a realidade do mundo, no do !enomenal, mas do numenal< Bo !aia ele uma aplica2o transcendental da categoria da realidade<

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E como poderia !a&-lo se a!irmou que as categorias eram apenas aplicá$eis ao mundo dos !enômenos< D $erdade que Kant di que as categorias t&m ou no t&m $erdade ob*eti$a, dependendo dos casos. Fuando aplicadas aos ob*etos da experi&ncia so legítimas, do contrário, noY 4udo quanto " !inito tem uma causa. D uma tese concreta, para a qual Kant responderia6 se " um arte!ato, como um relgio sim8 se " o mundo, no o sabe. E por que< Porque o relgio está no tempo e no espa2o8 mas o mundo escapa ao campo da experi&ncia quanto à sua origem. Por isso nada se pode a!irmar.  Beste caso, as categorias so $erdadeiras ou !alsas por accidente. # experi&ncia  precisa considerá-las $erdadeiras, nada mais. # ob*eti$idade dos princípios " dada pela sub*eti$idade.  Bo entanto, podemos pensar em tudo quanto quisermos, imaginar at" absurdos, no  podemos, por"m, derruir a preciso dos axiomas. :e o nosso pensamento " contingente, como se regula por normas necessárias< :e tudo " criado pelo homem, ento, antes do homem as $erdades matemáticas eram !alsas, porque elas se re!erem a uma categoria, a de quantidade. #ntes do homem 0 $ees 0 porque seria G< D a $erdade que depende do espírito humano ou será o espírito que depende da $erdade< # intencionalidade do pensamento " uma $erdade conquistada desde a escolástica,  pois pensar " pensar sobre alguma coisa, pois pensar em nada " nada pensar. :e o $alor de nossos pensamentos " dado pelo ob*eto, pelo conte>do dos mesmos, e tais conte>dos no so reais, no se re!erem a coisas reais, nosso pensamento " irreal, !iccional totalmente, como chegam a a!irmar alguns ?antiano que le$aram at" às >ltimas conseq=&ncias do  pensamento do mestre. Ima id"ia !alsa ", contudo, !ormada de elementos $erdadeiros. D o exemplo clássico da montanha de ouro. %ontanha e ouro so reais, no, por"m, a con*un2o montanha !eita de ouro. # !alsidade está na associa2o das id"ias. 4omada separadamente cada id"ia " $erdadeira. # !alsidade surge da no adequa2o das id"ias (adaequatio intellectu et re). Fue pensa, ento, nossa rao< Pensa a si mesma, suas prprias leis. E como poderia ela, cu*as leis so contingentes, pensar no necessário, no eterno<

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# a!irma2o e a nega2o so categorias. E como poderia pensar o nosso espírito sem a!irmar ou negar< E como ha$er pensar sem tais aptid;es< ... 'á um termo m"dio entre o entendimento e a sensibilidade, por interm"dio do qual uma no2o intelectual pode ser aplicada a um dado sensí$el. D o que Kant chama esquema. 3 esquema " um procedimento geral da imagina2o, por meio do qual !aemos representa2;es no tempo. 3 esquema da subst5ncia " a representa2o da perman&ncia no tempo. 3 esquema da causalidade " a sucesso da di$ersidade segundo uma regra. 3 esquema da necessidade " a representa2o da exist&ncia em todo o tempo. # subst5ncia, a causalidade e a necessidade so assim conhecidas em rela2o ao tempo. Em suma, sem a id"ia de tempo seriam impossí$eis. Ima subst5ncia imutá$el escapa à sucesso.  Ba permanente " a unidade do ser na di$ersidade do !enômeno e uma subst5ncia imutá$el no caberia em sua de!ini2o. # de!ini2o de causa " a de lei. Con!undir causa com lei no " no$idade na !iloso!ia, e 'ume *á caíra nesse erro, como nele caiu, depois, a escola positi$ista. # causa, em ato, " simult5nea com o e!eito, pois algo " causa quando produ o e!eito. E o e!eito no dura enquanto no duram suas causas, ou outras que o sustentam. :em suas causas, o e!eito desapareceria, deixaria de ser. 'ume *amais se debru2ou no estudo que os grandes !ilso!os do passado ha$iam !eito sobre a causa. Pre!eriu considerá-la segundo as caricaturas de certos expositores da !iloso!ia alheia que mais !alsi!icam do que reproduem ou interpretam o $erdadeiro pensamento que pretendem expor.  Benhum e!eito mant"m-se sem suas causas, seno todas, pelo menos aqueles que o sustentam. :e atiro uma pedra, a !or2a do meu bra2o " a causa da pro*e2o no espa2o, mas se ela diminui em sua $elocidade, se ela cai, " a resist&ncia de outros seres que diminuem o ímpeto e " a atra2o, a gra$idade e a in"rcia que a !aem cair. %odelo um pouco de barro e dou-lhe a !orma de uma estátua. # subst5ncia primeira (mat"ria), a !orma que tem, e a minha a2o !or*am causas da estátua. Ela permanece como tal, depois de minha a2o, mas sustentada por aquelas causas, sem as quais ela no permanece. # causa " do que algo depende realmente, sem o qual algo contingente no ". Portanto, a sucesso no "

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necessária para surgir o conceito de causa e e!eito. oi 'ume que *ulgou assim, de modo a concluir que causa " o antecedente, e e!eito o conseq=ente. %as a anteced&ncia " mais ontolgica e lgica do que cronolgica. E o que no se pode nem se de$e esquecer no conceito de causa no " a anteced&ncia, mas a depend&ncia real. 4amb"m a necessidade no se pode conceber apenas como a exist&ncia em todo o tempo. #s $erdade matemáticas so necessárias, mas independem do tempo. E ao :er :upremo, que esquema de tempo se lhe  poderia aplicar<  Bo se quer a!irmar que Kant este*a totalmente errado, no está, por"m, totalmente certo. 3 esquema de !or2a (cu*a experi&ncia externa " contada atra$"s dos e!eitos) " semiintelectual e semi-sensí$el. 4udo quanto atua sobre os sentidos " uma !or2a. # causa " uma !or2a em ato. # teoria dos esquemas de Kant " $álida na matemática, pois o n>mero pode de certo modo ser considerado o esquema da quantidade. Fuanto aos *uíos din5micos, a sua teoria no procede, porque a no2o de !or2a " o esquema de todos os *uíos din5micos. ... Fuatro so os princípios a priori do entendimento para Kant, segundo as quatro categorias. #os *uíos matemáticos correspondem os axiomas da intui2o. #os *uíos din5micos correspondem as antecipa2;es da percep2o, as analogias da experi&ncia e os  postulados do pensamento empírico. Fue todos os !enômenos so quantidades extensi$as " o !undamento dos axiomas da intui2o. %as para os *uíos din5micos o esquema " de !or2a. 3 princípio !undamental das antecipa2;es da percep2o "6 toda sensa2o " uma quantidade intensi$a. # intensidade " o grau de !or2a que atua sobre ns. Com o esquema de !or2a, como o prop;e +esdouite, as analogias da experi&ncia tornam-se inteligí$eis. Je*amos como Kant as !ormula6 7)# subst5ncia " permanente em todas as $icissitudes !enomenais. D a !or2a que permanece id&ntica sob a $aria2o das mani!esta2;es !enomenais. 0)4odas as muta2;es sucedem segundo a liga2o de causa e e!eito. Essa liga2o " a a2o de uma !or2a.

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9)4odas as subst5ncias esto numa a2o recíproca enquanto podem ser percebidas no mesmo tempo.  Bo implica a a2o recíproca um sistema de !or2as< 3s postulados do pensamento empírico so6 7)3 que " adequado às condi2;es !ormais da experi&ncia " possí$el (ou se*a, o que se concebe no tempo e no espa2o). %as alguma coisa pode existir !ora do tempo e do espa2o, sem se adequar, portanto, nem às condi2;es materiais nem às !ormais da experi&ncia. 3 :er :upremo existe !ora de tais condi2;es. 0)3 que " adequado às condi2;es materiais da exist&ncia " real. %as tal postulado re!ere-se apenas aos !enômenos e no aos seres em geral. 9)3 que cu*a conexo com o real " determinado segundo as leis da experi&ncia " necessário. 4al postulado determina a necessidade dos !enômenos. %as no " Kant que a!irma que os !enômenos no so necessários< #!irma Kant que quando percebemos um ob*eto no o percebemos tal qual ", mas tal qual no ". Como algo que há na causa no está no e!eito " impossí$el compreender que o e!eito tenha em si ou que no tenha a causa. Kant a!irma que no percebe o ob*eto tal qual ", mas tal qual o percebo em mim mesmo. Contudo ele apresenta ra;es6 7)alta-nos um crit"rio geral da $erdade. # lgica s nos dá a conexo das leis do espírito e no das coisas. Bo " ela capa de determinar em que condi2;es as leis do espírito esto con!ormes com as das coisas. 0)3s ob*etos nos aparecem no espa2o. 3ra, este no existe. :urgem como subst5ncias, causas, etc. 4ais so apenas categorias aplicá$eis aos !enômenos e no aos n>menos. 9)Bo há uma adequa2o entre os *uíos a priori que podemos construir e as leis da naturea. Bossas id"ias so necessárias e as leis da naturea so contingentes. G)3 n>meno " o desconhecido. D uma id"ia negati$a. #ponta o limite onde termina a nossa sensibilidade.

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# primeira rao " totalmente c"ptica, e destri at" as conclus;es que a Crítica alcan2a. D ademais tamb"m uma a!irma2o dogmática, pois a!irma como ob*eti$amente $erdadeiro que s temos uma $erdade sub*eti$a.  Ba segunda rao, espa2o e tempo se identi!icam. 3ra, os n>menos so as causas das coisas, dos !enômenos, pois so a realidade que nos escapa. Bo se contradi claramente<  Bo está aplicando essas categorias ao que no " !enômeno.  Ba quarta rao, no há d>$ida que as !ormas do nosso pensamento so necessárias, e que os ob*etos conhecidos so contingentes. %as há rela2;es necessárias entre os ob*etos contingentes. Podem nossos conceitos no dier totum et totaliter o que " o ob*eto. 4al *á o a!irma$am os escolásticos, pois no nos cabe um conhecimento exausti$o das coisas. :e no podemos captar tudo das coisas, o que captamos pode ser adequado à coisa. Kant comete o $elho erro de que *á ha$ia sido re!utado com s"culos de anteced&ncia8 porque no  podemos saber tudo das coisas no sabemos nada. Em Kant " reduido todo conhecimento ao su*eito pensante. Oogo de$eria pelo menos ser claro esse su*eito. :e Kant !oi c"ptico quanto ao resto ainda o " mais no re!erente ao su*eito. # consci&ncia " apenas um modo de sensibilidade, e apenas nos dá a conhecer as modi!ica2;es do eu, sem nada nos indicar de sua naturea. Bo se sabe se " simples, se " composto, se " subst5ncia, se " !or2a, se " causa, se " e!eito. D apenas o $eículo de nossas id"ias, de nossos pensamentos. #!irma, como $imos, que " um paralogismo a!irmar que " uma subst5ncia. #!irma que percebemos nossas modi!ica2;es, mas no temos consci&ncia de ns mesmos. E como podemos saber que so nossas< 3 eu, di Kant, " uma !aculdade sint"tica. %as essa !aculdade sentimo-la como nossa, e no como algo impessoal, algo qualquer. :entimos como nosso pensamento.  Bo concluímos que há o eu porque pensamos. 3 eu nos " dado imediatamente, diretamente. ... #a)antinomia

4ese6 Fuanto ao tempo e ao espa2o o mundo te$e um come2ar (um limite). #ntítese6 Fuanto ao tempo e ao espa2o o mundo " in!inito.

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# *usti!ica2o da antítese " a seguinte6 se o mundo te$e um come2o, hou$e um tempo $aio, no qual no existia nada que pudesse determinar alguma coisa a existir. 4al argumento teria $alide se no se admitir a exist&ncia do 6:er :upremo. %as Kant considera a exist&ncia do :er :upremo problemática, embora no se*a contraditria para a rao especulati$a. 3ra, o :er :upremo atua !ora do tempo, que nada mais " que a sucesso dos !enômenos reais ou possí$eis. #dmitir um tempo $aio antes do come2o do mundo consiste apenas em admitir que o mundo !oi possí$el antes de ser real e no aí nenhuma contradi2o. Kant nega tanto a tese como a antítese. Bega o no ter ha$ido um come2o, porque ento teria passado um n>mero in!inito de estados sucessi$os. 3ra, o in!inito num"rico " absurdo. :e te$e um come2o, teria ha$ido um tempo $aio, o que considera um absurdo. # concluso que tira desta antinomia " que ambas t&m a mesma !or2a, e so ambas indemonstrá$eis e meta!isicamente " $álida tanto uma como a outra. Considera, ademais, que so contraditrias, o que le$aria a concluir que os contraditrios poderiam ser ambos !alsos, o que " oposto ao que examina e estabelece a Ogica. @eproduamos esta passagem, que lemos nos Prolegômenos.../ (pág. 70G). Fuando !alo de ob*etos no tempo e no espa2o, no !alo de coisas em si, pois as ignoro totalmente, mas somente coisas !enomenais, quer dier, da experi&ncia, como de um modo particular de conhecimento das coisas adequadas apenas ao homem. 3 que eu concebo no espa2o ou no tempo, no posso dier  que existe em si, !ora do meu pensamento, no espa2o e no tempo8 pois, ento, eu contradiria a mim mesmo porque o espa2o e o tempo e os !enômenos que eles encerram no nada de existente em si e !ora de minhas representa2;es, mas unicamente modos de representa2o, e que " mani!estamente contraditrio dier que um simples modo de representa2o existe tamb"m !ora de nossa representa2o. Portanto, os ob*etos dos sentidos no existem seno na experi&ncia8 mas atribuir-lhes independentemente desta ou anteriormente a ela uma exist&ncia prpria subsistente por si mesma, " como se se imaginasse que a experi&ncia existe sem a experi&ncia, ou antes da experi&ncia/. @eduem-se, assim, os ob*etos sensí$eis, que constituem a experi&ncia, a meras representa2;es. E a!irma categoricamente que s existem na experi&ncia, como conclui no !inal do trecho citado. a2amos um exame da tese e da antítese, nesta antinomia. Comecemos pela tese.

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# primeira interroga2o que logo nos surge " o que entenderá Kant por mundo. 4emse considerado mundo, neste sentido, como a soma de todos os !enômenos e a totalidade de sua síntese. Contudo, Kant o considera de modo especial. 3 mundo " para ele uma id"ia, e no se limita a expressar a soma de tudo quanto cont"m. 3 mundo pode ser concebido como um modo de ser das coisas, enquanto totais. 3 mundo ", assim, de certo modo, transcendente. # tese a!irma que esse mundo te$e um come2o, portanto que hou$e um noser deste mundo antes, ou que antes de come2ar no era, pois o que come2a a ser come2a a ser no precípuo instante que come2a a ser. 'á, assim, um limite no mundo6 o come2o. 3ra, as coisas que constituem o mundo so coisas que come2am, pois constituindo ele um dado da experi&ncia, e como no temos experi&ncia do in!inito, mas apenas do !inito, o mundo da nossa experi&ncia " composto de !enômenos e, portanto, de !initos. # concluso ?antiana de !initude " a de limita2o quantitati$a, no a concep2o por  ns exposta em nossa iloso!ia Concreta que " a de depend&ncia real, que " a >nica maneira de $isualiar concretamente a !initude. :e consideramos o conceito de !initude como o concebe Kant, o mundo será !atal e necessariamente composto apenas de coisas !initas,  porque se em sua composi2o entrasse um ser in!inito este seria limitado, pelo modo de conceber a limita2o por Kant, pelos seres !initos. Consequentemente, decorre da prpria maneira de $isualiar, que o mundo tem de ser necessariamente !inito6 ou se*a, composto de coisas limitadas. D uma totalidade !ísica (no sentido etimolgico do termo phZsis, como naturea, como o con*unto do que nasce, do que come2a a ser). %as Kant quer a!irmar que essa tese no pode ser enunciada como algo sobre o qual tenhamos absoluta certea, ou se*a como algo $erdadeiro em si mesmo. Ento poderíamos perguntar6 ou o mundo te$e um come2o ou no, pois uma terceira  possibilidade no cabe aqui. :e no te$e come2o, seria composto de coisas !initas que sempre existiram, como o a!irma, por exemplo, a concep2o atomística adin5mica, *á por  ns de$idamente re!utada em iloso!ia Concreta. Kant precisa ainda mais6 esse come2o se re!ere quanto ao tempo e ao espa2o. :e tomamos o mundo como uma totalidade, temos de considerá-lo sob dois aspectos6 como parte e como todo8 ou se*a, em sua compon&ncia parcial, e em sua compon&ncia total. Em sua compon&ncia parcial, as coisas, que comp;em o mundo, t&m um come2o ou no8 ou se*am, as coisas (!initas) come2aram a ser no todo. Poder-se-ia conceber ainda em sua

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compon&ncia total o mundo como no tendo tido um come2o no tempo, mas sim suas  partes, que surgem e desaparecem, mantendo-se a totalidade sempre uma totalidade constante de elementos que surgem e desaparecem. +este modo, poder-se-ia colocar resta tese6 o mundo, como totalidade, no te$e um come2o no tempo e no espa2o, embora aos elementos componentes parciais tenham tido come2o. Poder-se-ia a!irmar, ento, a abaternalidade do mundo como totalidade ao lado da temporalidade das partes componentes. Tá examinamos a tese da abternalidade do mundo e as suas possibilidades, como a exp;e com tanta pro!undidade e !irmea 4omás de #quino.  Ba tese ?antiana " negada a abeternalidade do mundo6 este, como totalidade, te$e um come2o. %as 4er um come2o no tempo e no espa2o " algo que merece outro exame, pois seria a!irmar uma preced&ncia ontolgica destes quanto àquele, como se o tempo e o espa2o antecedessem ao mundo. Como poderia dar-se essa anteced&ncia e de que esp"cie seria ela< :e o tempo e o espa2o, es$aiadas das coisas temporais e espaciais, so um mero nada, um $aio absoluto, teríamos para a!irmar a tese que tais $aios ha$iam precedido as coisas componentes do mundo. %as esse $aio " absurdo8 consequentemente, a tese " absurda. D a concluso que se teria de chegar, e " a concluso a que chega Kant. 4empo e espa2o, tomados em si mesmos, no so reais. Contudo, na escolástica, a tese " que tempo e espa2o so parcialmente reais e parcialmente ideais, como $eremos pela solu2o aristot"lica que Kant desconhecia ou silencia$a. Bo há tempo e espa2o independentemente das coisas tempo-espaciais. Bo há um antes deles em rela2o às coisas. Fuando as coisas tempo espaciais come2aram a ser, come2aram a ser o tempo e o espa2o, cu*a realidade !unda-se na realidade de tais coisas. 4empo e espa2o, abstraídos por ns e hipostasiados pelo racionalismo, le$ou à constru2o de dois monstros ontolgicos. Kant *ulgou que essa era a >nica maneira de pensar da !iloso!ia. Bo entanto, #ristteles e os escolásticos *á ha$iam demonstrado que no era assim. # tese de Kant ", portanto, incompleta, e no representa a >nica maneira t"tica de a!irmar o come2o do mundo, sal$o se enunciada do seguinte modo6 3 tempo e o espa2o come2am quando come2a o mundo (das coisas !initas). Beste sentido a tese " rigorosamente $erdadeiro, porque o que comp;e o mundo so coisas que come2am. Fue a!irma a antítese6 quanto ao tempo e ao espa2o o mundo " in!inito. n!inito " o ser que no depende de outro para ser, o ser cu*a exist&ncia no " dependente realmente de outro. Kant no considera assim, mas no sentido racionalista de o

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que no tem limites extensi$os nem intensi$os, ou se*a o quantitati$amente in!inito, que seria uma maneira acidental de ser. # antítese " absolutamente !alsa, e no necessitaria muito es!or2o para que Kant concluísse pela !alsidade numa compara2o com a tese. :ua absurdidade ressalta imediatamente, e sua possibilidade " absolutamente descartada. #!irmar que ambas t&m a mesma $alide " indesculpá$el. # antítese " absurda. Bo ",  por"m, a tese. Essa antinomia perde sua rao de ser, pois o que se exige numa antinomia " igualdade de $alide dos nomoi, que se op;em (anti), o que aqui no se dá. 3 tempo in!inito seria para Kant um sempre ha$er do instante de ser do ser !inito, um in!inito de tempo a parte ante e um in!inito de tempo a parte post. Im in!inito espacial seria uma extenso $aia em todas as dire2;es, um nada absoluto que se estende, o que " absurdo, um $aio que teria um onde sem !im, contido, portanto, em outro, que tamb"m " nada, contendo nada, ou contendo um n>mero quantitati$o in!inito de coisas !initas. 3ra, tais a!irmati$as *á ti$era re!uta2;es de!initi$as, inclusi$e matemáticas. E por que se toma tal conceito de tempo e de espa2o< #pliquemos aqui um pouco de criticismo. +esde o momento que nossa mente concebe o in!inito em sentido quantitati$o, os monstros ontolgicos de um tempo quantitati$amente in!inito e de um espa2o quantitati$amente in!inito so conseq=&ncias ine$itá$eis. %as se se conceber o in!inito da >nica maneira ontolgica so de conceb&-lo como o !iemos em iloso!ia Concreta, a tese de Kant como a antítese re$elam-se como modos incipientes e !rágeis de postular !ilos!ico. Kant nega, " $erdade, a tese e a antítese. %as onde erra " em a!irmar a igual $alide ou in$alide de ambas, e ao *ulgar que so as duas >nicas maneiras de postular sobre o tempo e o espa2o. +este modo, o que pretendia com esta antinomia cai por terra. Elas nada $alem para de!ender a sua posi2o. *a) antinomia

4ese6 4udo, no mundo, " constituído pelo simples. #ntítese6 Bada " simples, mas tudo " composto. +e!esa da tese6 se no !or simples o elemento componente (os elementos componentes), o corpo seria composto de um n>mero in!inito de elementos, o que " absurdo.

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%as seres simples no poderiam constituir uma extenso, a!irma Kant em !a$or da antítese. Esquece Kant que extenso no " apenas o >nico modo de ser das coisas. +amos a seguir uma análise do simples e do composto, segundo a dial"tica concreta, que ser$e para mostrar a maneira !rágil de colocar esta antinomia pelo !amoso !ilso!o de Koenigeberg. ... Examinemos estas duas teses da iloso!ia ConcretaG +a) antinomia

4ese6 'á no mundo causas por liberdade. #ntítese6 Bo há liberdade8 tudo " naturea. Ima s"rie in!inita de causas segundas " absurdo. +e$e ha$er uma causa primeira necessariamente li$re. 'á liberdade no mundo dos !enômenos, que " a liberdade humana. Ima liberdade !ora da naturea, !ora do tempo, " a do :er :upremo, cu*os e!eitos se do no tempo, porque so !initos. Por isso podem ser produidos no tempo e!eitos determinados por uma causa li$re. Kant conclui, contudo, que ambas proposi2;es so de igual $alide e podem ambas ser !alsas. # tese a!irma que há liberdade nas causas do mundo, ou se*a nas causas dos !atos (!enom&nicos), o que nega a antítese. # tese a!irmaria que nem tudo quanto acontece decorre por uma necessidade inelutá$el. # id"ia de liberdade implica a conting&ncia do que acontece, porque o contigente " o que pode suceder ou no, sem que implique qualquer  contradi2o. Ima causa li$re " uma causa capa de escolher um e!eito, o qual " contingente, portanto. #!irmar a liberdade no " negar a necessidade. %as " preciso distinguir6 há uma necessidade hipot"tica, a re$elada pela coisa que acontece que, se acontece, tem uma causa de seu e$ento. %as essa necessidade no implica que o !ato acontecido no possa 4er sido escolhido entre outros possí$eis. Fuando, pela $ontade, o ser  humano escolhe entre !aer isto ou no !aer, se !a ou no !a, em nenhum modo in$erte a ordem csmica, porque tanto !aer ou no !aer so contingentes e possí$eis. 3 conceito G

 Entra a tese #to e Pot&ncia so di!eren2as >ltimas do ser !inito (#nota2o no manuscrito)

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!also de liberdade, que constri o racionalismo, pode le$ar à !ácil nega2o, de$ido a necessidade hipot"tica que deixa !ora do conceito, e que no " concretamente considerada com aquela. # tese ?antiana, portanto, pode parecer de impossí$el demonstra2o por nossos meios se colocada dentro daquela concep2o, no, por"m, se se considerar a liberdade, no no sentido de uma espontaneidade absoluta sem causas. Consequentemente, considerada assim, a tese " $erdadeira e a antítese !alsa. #!irmar que, na naturea, no há nenhuma liberdade, no $erdadeiro sentido que se pode tomar este termo quanto aos seres !initos, " !also, porque a!irmaria uma !"rrea necessidade, e negaria totalmente a conting&ncia. +este modo, a antinomia ?antiana ainda " uma !alsa antinomia, e " resultado de uma má coloca2o do problema. ,a)antinomia

4ese6 Ba s"rie das causas do mundo há um ser necessário. #ntítese6 Bessa s"rie, nada " necessário,, mas tudo " contingente. :e tudo " contingente, de$e ha$er um necessário, !onte dos seres contingentes. 4al !onte no pode ser do mundo porque neste tudo " contingente, nem !ora deste,  porque, ento, no poderia atuar neste. # tese " segura, mas a antítese " !rágil. Porque um ser superior, necessário, !onte de todos os outros no pode atuar !ora do mundo< Por que o in!inito no poderia atuar sobre o !inito< Im poder ao qual nada !alta no pode agir sobre nada< Fual o !undamento da antítese< Esta antinomia tamb"m " !rágil. ... #s quatro antinomias de Kant so e$identes quanto às teses, mas !alsas quanto às antíteses. # antinomia " apenas aparente. Em $e de demonstrarem a impossibilidade da %eta!ísica, elas do pro$as cabais a !a$or desta.  Ba $erdade, a obra de Kant malogra em seus intuitos. Pode ela in!luir em mentes despre$enidas, mas a inten2o que o domina$a de mostrar de uma $e por todas a impossibilidade da %eta!ísica, corrobora com no$os elementos a !a$or desta. [Bo entanto, há muitos que *ulgam que ele alcan2ou as suas metas. ... E de!eito principal e !undamental do !iloso!ar de Kant " o $ício inerente ao racionalismo, $ício que ele herdou, usu!ruiu e empregou em toda sua crítica. Consiste ele

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no seguinte6 o que " apenas distinto, o em que apenas cabe uma distin2o, Kant estabelece uma separa2o, um a!astamento, uma diácrise, caindo, assim, em todos os erros diacríticos da rao, que salientamos em nossa iloso!ia da 6Crise, que " uma análise da crítica, que consiste na ati$idade de abrir a crise por meio de diácrises, e estabelecer a síntese por meio de síncrises. D natural que Kant, depois de ha$er separado, tenha di!iculdade e a!irma at" a impossibilidade da síntese dos elementos que ele separou abstratamente. Je*amos alguns  pontos6 quando ele medita sobre a $erdade do ob*eto pensado, Kant descobre o pensamento e seu ob*eto como duas entidades real-realmente distintos, como se elas no se implicassem mutuamente. Procura o nexo de liga2o nos *uíos sint"ticos a priori, mas o que primeiramente !a " desdobrar o *uío em seus elementos, esquecendo que a separa2o lgica surge da linguagem e no da id"ia. +epois " di!ícil compreender como " possí$el ligá-los. Esquece que o nexo de liga2o se dá na naturea e no na linguagem, pois o conceitoVsu*eito e o conceito- predicado, se gramaticalmente so isolados, e no enunciado $erbal so ligados  pela cpula, na realidade esto unidos, e !ormam uma totalidade coerente e !ormalmente uma. 3utro aspecto " *ulgar que há duas $erdades6 uma que " a nossa, e outra que " absoluta. Esquece que a $erdade lgica, a $erdade material, a $erdade ontolgica, a $erdade concreta so distintas, mas separá-las " excesso de abstratismo. Por outro excesso abstratista, Kant separa o !enômeno do n>mero, a percep2o separada do pensamento, como se !osse possí$el perceber sem pensar. #s modi!ica2;es do eu, ele as separa do eu, como se pudessem existir  independentemente do eu, chegando à concluso que da consci&ncia do meu pensamento no posso concluir a minha exist&ncia. :epara o atributo da subst5ncia, a per!ei2o e o :er Per!eito, etc. Kant realia, assim, o mais per!eito !iccionalismo abstratista que o racionalismo $icioso poderia construir. Procura, depois, uma síntese na intui2o ou na experi&ncia, e alcan2a apenas a uma síncrise, com todos os de!eitos do pensamento sincrítico $iciado, desde início, pela diácrise abstratista. # !iloso!ia de Kant termina trans!ormando-se numa grande armadilha, na qual quem no está de$idamente preparado no consegue achar uma saída, porque lhe !oram !echadas

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todas as saídas. Essa admirá$el constru2o, que no oculta um certo satanismo, terminou  por conseguir uma presa inega$elmente notá$el e !amosa, cu*o $alor " inegá$el, que !oi Kant, prisioneiro da prpria armadilha que criou. ... Kant Ka nt a!ir a!irma ma que s admi admiti tiri riaa !unda !undame ment ntoo da meta meta!í !ísi sica ca se !osse !osse demon demonst stra rado do apoditicamente um *uío sint"tico a priori. Fual a pro$a apodítica que exige< # que " dada pela experi&ncia. Beste caso, a experi&ncia pro$aria a $alide do *uío sint"tico a priori. %as a experi&ncia depende, em sua $alide, das !ormas puras da sensibilidade, cu*a !or2a " sub*eti$a e no ob*eti$a. Portanto, a experi&ncia no pode dar $alide, porque no a tem su!iciente. Concluso6 a >nica pro$a que admite no " pro$a su!iciente, do que decorre, ine$ita$elmente, que um *uío sint"tico a priori no pode ser demonstrado apoditicamente, seguindo a linha de Kant. D notá$el essa posi2o. Ele desa!ia que se pro$e pela $ia que ele a!irma que no pro$a8 desa!ia que se encontre um ob*eto num lugar determinado onde ele no está, porque *á o tirou de lá. +esse modo, o desa!io de Kant " uma misti!ica2o. 4al$e o termo se*a um pouco !orte mas, !rancamente, no conhecemos outro que melhor expresse o que ele re$ela em seu desa!io. ... 4odo o sistema de Kant depende da solu2o que se d& aos *uíos sint"ticos a priori. # a!irmati$a da sua prioridade, implica6 a)que no t&m sua origem apenas na experi&ncia8  b)que sua origem está apenas na mente. Este " o dilema colocado por Kant. %as, se no tem sua origem apenas nos sentidos, no se pode ainda a!irmar que tenha sua origem apenas na mente. Para que tal a!irmati$a !osse $álida, teria Kant de pro$ar que no há um meio termo entre a experi&ncia isolada e a ment mentee toma tomada da tamb tamb"m "m isol isolad adam amen ente te.. Co Cont ntud udo, o, pela pela solu solu2 2oo aris aristo tot" t"li lica ca,, há um conhecimento que parcialmente procede da experi&ncia e parcialmente da mente. :obre essa solu2o silencia Kant.



  Kant silencia a solu2o aristot"lica. 3u a conhecia ou no. :e a conhecia, no de$eria ter perdido a oportunidade de re!utá-la. :e no a conhecia como se depreende de certas a!irma2;es que !a em suas obras, no " perdoá$el essa ignor5ncia num !ilso!o de seu porte.

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#s cate catego gori rias as so so para para ele ele $ai $aias as,, sem sem ob ob*e *eto to.. # intu intui2 i2o o da sens sensib ibil ilid idad adee (#nschauung), por apenas captar os !enômenos e no a coisa em si, " cega, nada conhece da coisa. #s intui2;es sensí$eis so, portanto, nada, porque no representam nada de real em si mesmo. Como, portanto, *usti!icar-se a síntese entre su*eito e predicado<  Bega, na Crítica da @ao Pura, que os princípios sint"ticos a priori... possam ser  aplicados às coisas em si, mas apenas aos !enômenos (op. cit. pág. 0S). Como o princípio de causalidade " um princípio sint"tico a priori, este no pode ser aplicado ao n>meno, mas apenas ao !enômeno.  Bo entanto, em outra passagem da mesma obra )pág.0MA) ) pág.0MA) di6 3 entendimento limita a sensibilidade... e ad$erte-se que no se pretende aplicá-lo às coisas em si, mas somente como ob*eto transcendental, que " a causa do !enômeno, e por si no " !enômeno/. 3ra, esta passagem contradi diretamente a anterior. 3utra contradi2o de Kant está em a!irmar que nada conhecemos do n>meno. Contudo, Contudo, para explicar a heterogeneid heterogeneidade ade qualitati$ qualitati$aa dos !enômenos, a qual resulta da coopera2o dos n>menos e das minhas !aculdades/ (exempli!ica com a heterogeneidade das cores, dos sons, etc.) sup;e que há alguma heterogeneidade qualitati$a nos prprios n>menos, o que " a!irmar que no so totalmente incognoscí$eis. #dmite, por sua $e, sua exist&ncia. 3ra, admitir a exist&ncia " a!irmar que no so totalmente desconhecidos. ... #s coisas reais da nossa experi&ncia esto a nos a!irmar que no t&m em si mesmas sua rao de ser. Bo " possí$el (pois no há !undamento algum para ns, e ", ainda, !undame !undamental ntalmen mente te !also) !also) a!irma a!irmarr que alguma alguma coisa coisa !inita !inita do mundo, mundo, que nos cerca, cerca, independe de qualquer, e exista aqui e agora sem depender do que quer que se*a. #inda mais, no podemos admitir, admitir, por !alta total de !undamento, que qualquer ser !inito se d&em em absoluta solido, totalmente desligados dos outros, com absolutuidade (ab solutum) solto de tudo e mais, a!irmando a si mesmo. :abemos que perpassa por todas as coisas8 ou melhor, que há entre todas as coisas, que constituem o mundo da nossa experi&ncia, uma lei, um logos, que as analoga umas às outras, que " o mesmo em muitas, e um logos que " o mesmo em todas. 'á, assim, um nexo, que conexiona, que coordena todas as coisas, um nexo geral, totaliante, que as une numa ronda de $erdadeiro amor/ na !rase po"tica de Loethe. Ima $iso atomística de entidades completamente soltas umas das outras tamb"m

GS

no poderia deixar de reconhecer que há entre tantas mônadas isoladas algo que as conexiona, algo em comum que as conexiona que dá lugar ao surgimento do que " o cosmos, a ordem. # realidade " nexo que re>ne, coordena as coisas reais. 3ra, tais nexos coordenadores, coordenados por sua $e num nexo uni$ersaliante, so algo. Portanto, t&m um sentido, um ser e, como tais uma ess&ncia, uma !orma. 'á, assim, um logos do logos, uma ratio ratio que os distin distingue gue uns de outros. outros. E essas essas !ormas, !ormas, a que os gregos gregos chama$am chama$am tamb"m de ideai, id"ias, t&m um nexo, que se chama idealidade. #ssim, na realidade ( que " o nexo das coisas reais), há uma idealidade (que " o nexo das coisas ideais, os logoi). 'á,  pois, uma idealidade na realidade. E como esses logoi t&m uma sist&ncia, cu*a pre!ixa2o  pode-se estabelecer como in-sist&ncia, per-sist&ncia, no podemos, por"m, a!irmar que tenham ex-sist&ncia6 ou se*a, que se d&em !ora de suas causas como seres subsistentes em si mesmos. Como todo ser " ser na propor2o que tem uma sist&ncia, e como tal tem uma realidade, há, portanto, um nexo de realidade na idealidade, como há um nexo de idealidade na realidade. Por essas ra;es, $&-se que à propor2o que captamos os logoi, perscrutados perscrutados por ns na experi&ncia que temos das coisas, experi&ncia no s no sentido restrito de Kant, mas tamb"m no sentido amplo como " comumente considerada, podemos a!irmar, sem temor de erro e com plena adeso de nossa mente, que so eles reais desde que correspondam ao nexo da realidade, como deste nexo podemos captar o nexo de idealidade. :e nossos conceitos conceitos no possuem conte>dos conte>dos su!iciente su!icientess para corresponderem exausti$ament exausti$amentee ao que se dá na real realiidade dade,, eles eles por" por"m m, corr corres espo pond ndem em,, int intenci encion onal alm ment ente, ao qu quee " !undamentalmente nas coisas. Kant, pela in!lu&ncia do abstratismo racionalista de sua "poca, pelos exageros do idealismo e da meta!ísica racionalista que conhecia, cu*os de!eitos so imensos e cu*a !raquea " inegá$el, no podia compreender essa conexo, e nega$a ob*eti$idade ao que a nossa mente eideticamente constri com seguran2a, du$idando da $alide de nossos *uíos quanto a uma correspond&ncia à realidade !ora de ns. oi ele, por sua $e, uma $ítima desse abstratismo, mesmo quando o combatia, porque no se libertou da sua in!lu&ncia e o seu criticismo no !oi capa de alcan2ar a posi2o concreta que s ho*e o pensamento humano está apto a obter. ...

GM

@epetimos que se de$e considerar Kant dentro de sua "poca, sob a in!lu&ncia da meta!ísica racionalista e ento e ante a decad&ncia da escolástica, que era e$idente. Bessa !ase do processo !ilos!ico, inega$elmente, poder-se-ia a!irmar sem receio que a !iloso!ia no conhecia progresso e que o pensamento humano ha$ia, em suas especula2;es, caído numa esp"cie de impasse, do qual no podia li$rar-se. # crítica de 'ume tinha !or2osamente de exercer grande in!lu&ncia num espírito de escol como o de Kant, que, embora in!luído por ele, teria mais dia menos dia de se libertar do !amoso pensador ingl&s, sem deixar, contudo, de pagar o tributo de$ido aos que nos libertam de uma posi2o ou nos concedem uma autonomia que antes no des!rutá$amos permitindo-nos in$adir no$os terrenos inesperados. 4entando combater as id"ias de seu libertador, Kant re$ela sempre a  pro!unda in!lu&ncia que o pensamento de 'ume exerceu sobre ele, do qual *amais se libertou totalmente.  Bega$a ele, e com certo !undamento ( desde que nos coloquemos na posi2o que  *ulga que o modo racionalista de !iloso!ar " o >nico que se emprega na iloso!ia) que possa ha$er progresso na Ci&ncia se esta se !undar apenas em *uíos analíticos. Beste o predicado nada acrescenta de no$o, mas apenas aponta o que *á está contido no conte>do esquemático do conceito-su*eito, como exempli!ica com o *uío6 o corpo " extenso, ou # " necessariamente #. Tá demonstramos que há excesso na a!irmati$a ?antiana, porque a análise como temos mostrado, permite clareamentos, e tamb"m alcan2ar apo!5nticamente (por ilumina2o), aspectos que idealmente se conexionam, o que !a$orece a concre2o sob bases seguras,  bem como exigir, para a plenitude de sua compreenso, outros aspectos ideais, que !a$orecem a solide do que " examinado, como se $& em nossas análises, mas quando se notasse compro$a2;es, dadas pelo nexo da realidade, su!icientes para dar ob*eti$idade aos  *uíos construídos, bem como permitir a constru2o de *uíos sint"ticos a priori apodíticos $irtualmente contidos no conceito em exame. 4amb"m, para ele, no poderia ha$er progresso se a ci&ncia se !undasse apenas em  *uíos sint"ticos a posteriori, porque, nestes, o tr5nsito ao predicado do que no está contido no su*eito " dependente sub*eti$amente da experi&ncia contingente, cu*os exemplos so a  pedra esquenta/, o sol ilumina/, # " contingentemente H/. : pode ha$er progresso quando somos capaes de realiar *uíos sint"ticos a priori, nos quais, independentemente

GQ

da experi&ncia, o tr5nsito se realia ao predicado que de nenhum modo está contido no su*eito, como o sol esquenta a pedra/, em suma6 # " necessariamente H/. Fue so legítimos tais *uíos sint"ticos a priori na %atemática e na ísica aceita-o Kant porque ambas se !undam nas !ormas puras da sensibilidade6 o espa2o e o tempo. %as a sua legitimidade na %eta!ísica no tem tais !undamentos, porque os ob*etos meta!ísicos transcendem a toda experi&ncia possí$el, no sentido restrito que Kant dá ao termo experi&ncia.A #s suas conclus;es, neste ponto, !undam-se nos seguintes postulados de sua doutrina6 a)s por meio dos sentidos temos contato com a realidade externa8  b)o que imediatamente conhecemos " um ob*eto interno (!enômeno), em oposi2o à coisa em si (n>meno)8 c)há uma distin2o entre o intelecto (entendimento V Jerstand) com a sensibilidade (#nschauung), porque aquele tem um papel ati$o na constitui2o do ob*eto inteligí$el8 d)a experi&ncia s nos dá o que " contingente e no o que de$e ser (sollen). Concluso6 o que " dado pela nossa mente como um, está$el e necessário, " dado a  priori8 ou se*a, antecedentemente à experi&ncia. (4al no quer dier que Kant no soubesse que, psicologicamente, o conceito ou a id"ia de tempo e de espa2o no ti$essem origem num longo processo da nossa mente. #!irma$a apenas a sua aprioridade em sentido lgico. Este ponto, por"m, no " aceito por todos, e há di$ersas ra;es contrárias a esta tese. Contudo, nas notas que !iemos à tradu2o da Crítica da @ao Pura chamamos a aten2o  para as passagens que $&m em !a$or de uma ou outra posi2o). # sensibilidade " mani!estamente passi$a em rela2o à coisa em si, e as sensa2;es so !ormadas pelas !ormas puras da sensibilidade, o tempo e o espa2o, como $imos. +esse modo, as intui2;es sensí$eis podem !undamentar *uíos sint"ticos a posteriori, mas, por si ss, no so su!icientes para !undar *uíos sint"ticos a priori, porque o ob*eto de tais *uíos " uni$ersal e necessário, o que " apenas inteligí$el e no sensí$el. Essa inteligibilidade " !undada sobre !ormas a priori do intelecto às quais Kant chama de categorias. A

 Fuanto ao problema das ci&ncias, Kant soluciona da seguinte maneira6 # matemática " possí$el e pode construir *uíos sint"ticos a priori , apoditicamente $álidos, porque a intui2o do espa2o e do tempo " a priori, sobre os quais se !undamentam aqueles *uíos, como $imos. # ísica " possí$el porque !undada sobre as categorias da qualidade e da rela2o, que so din5micos, pode impor leis está$eis e necessárias à naturea sensí$el. # %eta!ísica, ao contrário, no " possí$el como ci&ncia ob*eti$as, porque teria de !undar-se em  *uíos sint"ticos a priori, e estes, no se !undando no !enômeno, teriam de !undar-se no n>meno, que " intelectual e sensi$elmente incognoscí$el. Portanto, a %eta!ísica no tem !undamentos ob*eti$os. J&-se que Kant tinha uma $iso muito restrita do que " %eta!ísica.

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Kant a!irma portanto6 a)a dubitalidade dos !atos8  b)a realidade da lei moral8 c)a realidade das ci&ncias (da matemática e da !ísica pura)8 d)a dubitabilidade (incertea) da meta!ísica (tendo para ele, como ob*eto, o noexperimentá$el, o hiper!ísico). ... A duitailidade dos uni.ersais

# maior parte dos problemas propostos por Kant *á esta$am resol$idos com s"culos de anteced&ncia. Para os que desconheciam as solu2;es *á dadas, a sua obra poderia soar  como algo no$o, inesperado e in"dito. Colocou ele sobre a mesa o problema dos uni$ersais, perguntando como poder-se-ia dar conceitos e *uíos uni$ersais $álidos, quando a experi&ncia " concreta e singular. 3ra, tal pergunta era a constantemente usada pelos ad$ersários do realismo na longa pol&mica medie$alista dos uni$ersais. Contudo, cabe dier que Kant colocou o problema sob no$os aspectos. %as a $alide dessa a!irmati$a depende apenas de que se apontem, com e$id&ncia, os aspectos no$os. :e estes so apenas simples re$enants/ do passado, a a!irmati$a perderia a sua proced&ncia. # tese ?antiana de dubitabilidade dos uni$ersais !oi respondida por #ristteles e pelos escolásticos, atra$"s dos s"culos, pela teoria da abstra2o, cu*as demonstra2;es sintetiamos a seguir. # !alsidade no se dá em si mesma, mas no *uío. # !alsidade, contudo, admite, de certo modo, graus. 3 $erdadeiro princípio >ltimo uni$ersal e necessário da certea natural " a e$id&ncia mani!estada do ob*eto na mente8 ou se*a, a e$id&ncia ob*eti$o-sub*eti$a. # e$id&ncia intrínseca " sempre necessária. Estas teses *á !oram de$idamente demonstradas em nossos li$ros. inalmente6 a cogni2o ob*eti$o-meta!ísica " possí$el por abstra2o !ormal, o que torna a %eta!ísica possí$el como ci&ncia. # exist&ncia e o $alor ob*eti$o da abstra2o !ora demonstradas $igorosamente e de modo apodítico pelos escolásticos. Pro$ada essa tese, a %eta!ísica, como ci&ncia, será possí$el e a tese ?antiana ruirá !ragorosamente.

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'á, contudo, certas di!iculdades. Partindo-se da posi2o empirista, todo conhecimento tem sua origem ou o seu início nos sentidos. 3ra, tal tese " acarinhada pela escolástica, sobretudo pelos tomistas e pelos que seguem a linha aristot"lica. E esse  problema se *usti!ica, porque a %eta!ísica dedica-se tamb"m ao estudo de entidades que escapam aos meios cognosciti$os de origem meramente sensí$el, *á que +eus, para exempli!icar, no pode ser um ob*eto sensí$el nem experimentá$el do modo como Kant entende experi&ncia. :e +eus !osse um ob*eto dessa experi&ncia no seria +eus, e demonstrar a sua exist&ncia como um !enômeno, ou se*a, como um ob*eto da intui2o sensí$el no seria demonstrar +eus mas uma entidade meramente sensí$el. Pedir, pois, para +eus tal esp"cie de pro$a " exigir o impossí$el, porque como ser espiritual, apro$a experimental " simplesmente absurda. #bsurda era, por exemplo, o argumento apo!ático (negati$o) daquele cirurgio !ranc&s que, para pro$ar a inexist&ncia da alma, diia no ha$e-la *amais encontrado na ponta do seu bisturi, como se a alma !osse um ser extenso, material, que um bisturi pudesse tocar, cortar. # %eta!ísica, como a de!inia #ristteles, " a ci&ncia que especula sobre o ente enquanto ente, e o que decorre dele. # %eta!ísica, portanto, pode ser geral (a 3ntologia), quando examina o ser precisi$amente imaterial, e " especial quando especula sobre um ser   positi$amente imaterial, como +eus (4eologia). # %eta!ísica ", para a escolástica, a ci&ncia que pertence ao terceiro grau de abstra2o. # abstra2o pode dar-se sobre aspectos da mat"ria que no podem ser concebidos como independentes desta, como a abstra2o que se !a da cor de um p&ssego. D a abstra2o do primeiro grau. +a mat"ria, pode-se, ainda, abstrair a quantidade (n>mero, !igura) abstraída ainda da sua exist&ncia, como a linha, o ponto, etc. D a abstra2o de segundo grau. Pode-se ainda abstrair totalmente da mat"ria o ser, o existir, a lei, a !orma, etc.). 4ais seres podem ser concebidos sem mat"ria, e considerá-los como sendo independentemente de toda mat"ria. Essa abstra2o " a que se chama meta!ísica, ou a de terceiro grau. #ssim, de Too, abstraio homem, de homem posso abstrair a id"ia animal, e desta, $i$ente e, desta, ente. +e homem, posso ainda construir uma abstra2o humanidade. Concretamente, temos6 ente, humanidade, $i$ente, animal, homem, Too.

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3ra, tais abstra2;es transcendem a experi&ncia e so, por isso, chamadas de meta!ísicas, no sentido que sempre se deu ao termo meta!ísica. #nte elas !oram tomadas as seguintes posi2;es6 3s materialistas a!irmaram que !ora da mat"ria nada há. 3ra, tais ob*etos da %eta!ísica, por sem imateriais, nada so ou so apenas nada. Kant nega realidade ao ob*eto da %eta!ísica (entes imateriais). 3 >nico ob*eto real  para ele " o !enômeno sensí$el, o qual, por sua $e, por !undamentar-se apenas sub*eti$amente " sem !undamento real. +este modo, os ob*etos meta!ísicos so puro $ácuo, inanidade, iluso. Para os positi$istas, o ob*eto meta!ísico " incognoscí$el. : podemos conhecer como certos os !enômenos sensí$eis, e o que os transcende so enigmas insol>$eis. :o ad$ersários, portanto, da %eta!ísica os que negam uma realidade ob*eti$a aos ob*etos meta!ísicos. Fuanto aos que *ulgam que " ela apenas a constru2o !alaciosa de !ic2;es para explicar os !atos ou para explicar o que se desconhece, no " a tal que dese*amos de!ender neste nosso trabalho. Para se demonstrar a $alide da %eta!ísica como ci&ncia, cabe pro$ar, portanto, o seguinte6 a)que os ob*etos meta!ísicos so $erdadeiramente ob*eti$os8  b)que os ob*etos meta!ísicos transcendem à experi&ncia possí$el. # pro$a de que os ob*etos meta!ísicos so $erdadeiramente ob*eti$os dependerá da  pro$a de ob*eti$idade dos conceitos uni$ersais. # ob*eti$idade de um uni$ersal consiste em ser independente tanto do su*eito cognoscente como da ati$idade cognosciti$a, ter seu $alor  in re, ser com !undamento in re, um !undamento extra mentis (!ora da mente humana), que " o seu $alor ob*eti$o. :ub*eti$amente ou !ormalmente, o conceito " o ato mental que acidentalmente modi!ica o su*eito e que " termo da opera2o cognosciti$a. Em !ace do $alor ob*eti$o dos conceitos uni$ersais, as posi2;es que negam a sua $alide so as seguintes6  Bominalistas rígidas, que negam se d& em ns a representa2o uni$ersal, quer de ordem sensí$el (imagem), quer de ordem supra-sensí$el (a id"ia). Begam a ob*eti$idade total dos uni$ersais, os conceitos so meros !latus $oces. 4ais !oram os so!istas, os epic>rios e os esticos da antig=idade e @oscellinus, na dade %"dia, etc.

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 Bominalistas mitigados6 a!irmam estes que se do representa2;es de algum modo uni$ersais, mas reduem-se apenas a imagens, e muito pouco a id"ias. 4emos entre estes os empiristas, os positi$istas, os sensualistas, e entre eles, 'ume, Her?eleZ, :tuart %ill, Hergson, Nundt, '\!!ding, 4aine, @ibot, etc. Conceptualistas. +entro da heterogeneidade das posi2;es, podemos salientar os antirealistas meta!ísicos, os idealistas, os agnosticistas meta!ísicos e, especialmente, Kant, que " ob*eto de nosso exame. 3 conceptualismo " uma doutrina sub*eti$ista. #dmite que o conceito " uni$ersalmente $álido, mas nega qualquer elemento sua sist&ncia este*a !ora da mente humana. D o uni$ersal uma constru2o sub*eti$a, por"m $álida, mas cu*a sist&ncia está apenas na mente (como Kant), ou como 3c?am, que a!irma que os conceitos so sinais, mas naturais, so meramente arbitrários. 3s conceitos aparecem para ns como imutá$eis, mas !ora de +eus nada há imutá$el8 conseq=ente, os conceitos no se do ob*eti$amente. Contudo, a imutabilidade dos conceitos, tomados !ormalmente, " inegá$el, porque dois sempre !oi e sempre será dois. Kant " um conceptualista moderno, pois a!irma categoricamente que os conceitos t&m sua sist&ncia total na mente humana, de onde pro$&m. Fuanto a outros conceptualistas modernos, suas id"ias se con!undem com as dos nominalistas. +emonstrada a improced&ncia das posi2;es nominalistas e conceptualistas, automaticamente mostramos a improced&ncia da posi2o !undamental de Kant. 4eremos de demonstrar o seguinte6 a)que os uni$ersais correspondem a representa2;es intencionais (conceitos ou id"ias)8  b)cu*a sist&ncia no " meramente sub*eti$a, mas sim que possuem um $alor com sist&ncia ob*eti$as, algo que está !ora do su*eito cogitante e !ora da ati$idade cogitante. 3 uni$ersal sub*eti$amente tomado " sempre singular. Jamos deixar de lado os exemplos que !ora usados pelos !ilso!os medie$alistas, e $amos considerar apenas um bem moderno, bem da nossa experi&ncia, que nos o!erecerá todos os elementos principais de pro$a à tese que por ora de!endemos, a do realismo moderado, que consiste em a!irmar que há uma sist&ncia ob*eti$a, !ora da mente cogitante,  para os uni$ersais.

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Im engenheiro re>ne um grupo de t"cnicos para realiarem um pro*eto de constru2o de um autom$el de determinado tipo, tipo ]. 3 exemplo " pouco curial na !iloso!ia, mas sua !amiliaridade !a$orecerá de modo pleno a consecu2o do !im que pretendemos alcan2ar. Esbo2a-se o pro*eto. #pro$ado, !aem-se os cálculos de constru2o, escolhe-se o material a ser empregado. Equipes especiais estudam os pormenores da !abrica2o das  pe2as di$ersas, que de$ero obedecer à !orma estatuída no pro*eto. nicia-se, a!inal, a constru2o e o acabamento, e milhares de autos tipo ] acham-se prontos, iguais uns aos outros, para seguirem para o mercado de autom$eis.S Podemos distinguir em tudo isso o seguinte6 7)a id"ia primeira de auto tipo ] elaborada pelo seu criador8 0)o esbo2o !igurati$o do mesmo8 9)o esbo2o que esquematia a proporcionalidade das partes componentes do mesmo8 G)a mat"ria escolhida para as di$ersas partes8 )a modela2o da mesma, segundo os esquemas tra2ados8 ou se*a, de modo a cada  parte corresponder !uncionalmente ao interesse da totalidade8 A)a integra2o total, !inal, que realia o acabamento. Estamos agora em !ace dos milhares de autos tipo ]. Cada um " uma singularidade, uma totalidade singular. # mat"ria, que comp;e cada um, " numericamente outra que a de outro qualquer. Contudo, há entre eles algo que t&m em comum6 a mesma !orma, a mesma !uncionalidade, a mesma proporcionalidade das partes segundo anormal da totalidade. 3s termos $erbais auto tipo ] so apenas um !latus $ocis< Pala$ras $aias sem qualquer re!er&ncia a um conte>do conceitual, como o querem nominalistas rígidos< Bo apontam as pala$ras auto tipo ] alguma coisa outra (aliquid aliud) do que e que " representado na mente< D apenas uma imagem sensiti$a< S

 3 exemplo, que demos, " concreto, e o apro$eitamos da experi&ncia do homem moderno. :erá para muitos, acostumados à linguagem abstrata da !iloso!ia, um tanto rude, grosseiro. Contudo, *usti!icamos a sua escolha  pelas ra;es seguintes6a)o re!erido exemplo " de !ácil !undamento na experimenta2o humana8  b)possui todos os requisitos em !a$or da tese que de!endemos8 c)!acilita a melhor compreenso por parte de um espírito menos a$eado à linguagem abstrata da !iloso!ia8 d)cont"m toda a $alide dese*ada8 e)embora grosseiro, dadas as condi2;es que o!erece e a !inalidade que nos orienta, está *usti!icado8 !)ademais, a pre!er&ncia aos conceitos abstratos decorre do hábito !ilos!ico de usar conceitos de máxima abstra2o, o que pro$oca em muitos, certas di!iculdades, o que *usti!ica o exemplo escolhido, pela intuiti$idade que o!erece.

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D apenas a combina2o de imagens dos di$ersos auto tipo ] singulares que se acham aí<  Bo tem o auto tipo ] uma sist&ncia !ora da nossa mente, em cada um dos autos singulares< 4odas essas perguntas recebem respostas !áceis. E em de!esa das respostas, podemos argumentar da seguinte maneira6 a)no " o auto tipo ] uma imagem singular porque pode representar muitos autos, #., H. C. +... # imagem s pode representar a singularidade, a deste auto tipo ] aqui, o terceiro a contar da direita8  b)no " uma composi2o de imagens singulares (combinatio ou compositium imaginum, porque tal composi2o seria algo !lutuante e indeterminado. 3ra, o que se dá na mente " algo !ixo e determinado. D distinta, pois, a imagem de um atuo tipo ] de a id"ia de um ato tipo ]. Ima combina2o no representaria propriamente o que representamos exatissimamente pela id"ia, que representa algo. #ssim, tanto o nominalismo rígido como o nominalismo mitigado esto re!utados. c)no sendo uma imagem singular, nem uma combina2o de imagens, " um conceito uni$ersal, pois no signi!ica apenas um auto tipo ] singular, mas muitos, todos os auto tipo ], que so tal segundo a mesma rao(secundum eamdem rationis), tanto #, H, C, +, etc. Como seria possí$el a ci&ncia sem tais conceitos< d)3 conceito auto tipo ] " predicado uni$ocamente por identidade de muitos singulares. 3ra, o que se predica uni$ocamente de muitos no " um simples nome, no " apenas um conceito sub*eti$o8 ou se*a, de sist&ncia meramente sub*eti$o, porque auto tipo ] no " algo que " auto tipo ], apenas na mente, porque em cada um, singularmente, há o que nele o torna tal e que se repete em cada um. Bem " apenas uma cole2o de singularidades. 3 que !a que este se*a auto tipo ] e aquele tamb"m, e tamb"m aquele outro, e todos, " algo real em cada, " algo que tem sist&ncia ob*eti$a em cada um. Este autom$el " um auto tipo ], este outro tamb"m ", e aquele, e aqueleoutro...  Bo " um conceito sub*eti$o porque este auto tipo ] no " a minha id"ia sub*eti$a de auto tipo ]. 'á algo que tem naturea real, que tem uma sist&ncia neste, naquele e naquele outro, e o que há em cada um deles " o elemento ontolgico, que corresponde ao conceito

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uni$ersal. 'á, em cada um, e em todos, portanto, uma lei, um logos de proporcionalidade intrínseca, que os !a serem auto tipo ]. 3 conceptualismo de Kant " insu!iciente, portanto, porque a!irma que o conceito uni$ersal tem sua sist&ncia apenas na mente, o que a prpria experi&ncia destri. 3 conceito uni$ersal, que " um em ns, aponta intencionalmente (intentionaliter) ao que há !undamentaliler, !undamentalmente na coisa. isicamente e in re, o que há na coisa " um, mas, !ormalmente (como lei, logos, de  proporcionalidade intrínseca), está em muitos. # di!iculdade, que se poderia propor aqui, " apenas a seguinte6 3 exemplo apontado re!ere-se a um conceito concreto, como o so o de 'omem, %esa, Co, Pedra, aos quais correspondem um sub*ectum que os represente. # argumenta2o pode !a$orecer a posi2o da Ci&ncia, porque esta trabalha com os chamados conceitos concretos. %as, a %eta!ísica trabalha com conceitos, que so produtos de abstra2;es de terceiro grau. E sem que pro$emos a ob*eti$idade destes, a tese ?antiana será,  pelo menos, parcialmente $erdadeira, no tocante a este ponto. a2amos, pois, a resposta à pergunta e o!ere2amos uma solu2o à di!iculdade. Pro$ado, como !icou, que há no conceito aliquid aliud, algo outro que a mera sub*eti$idade, e que esta, intencionalmente, aponta para algo que se dá !undamentalmente na coisa,  pro$amos que há um $alor ob*eti$o, uma sist&ncia extra mentis, que tal sist&ncia independe da prpria concep2o (conceito). Podem, portanto, ser eles aplicados a coisas outras, as quais desconhecemos, como $eremos. /alide! da Metafísica 0eral 12ntologia3

# !orma, que há nas coisas, como $imos no exemplo que citamos, no " uma imagem (sub*eti$a) no " um ob*eto mera e simplesmente da experi&ncia, pois ultrapassa de certo modo a esta. 3ra, tal demonstra, de!initi$amente, que a cogni2o ob*eti$o-meta!ísica "  possí$el. Para que a %eta!ísica se*a possí$el, temos q^de mostrar a $alide ob*eti$a, a sist&ncia extra mentis, o !undamento sistencial dos conceitos uni$ersais e dos *uíos uni$ersais. +os conceitos, a pro$a *á apresentamos. @esta, agora, mostrar a dos *uíos uni$ersais. 3s *uíos meta!ísicos surgem das compara2;es realiadas entre os conceitos abstratos.

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3s conceitos abstratos de primeiro grau, como $imos, so os que se realiam atra$"s de uma abstra2o total. Estes, por"m, no transcendem a experi&ncia possí$el. Por essa abstra2o, alcan2amos os chamados conceitos concretos, como homem triangular, etc. Estes conceitos se re!erem a algo que tem uma mat"ria, um sub*ectum material, e que, portanto, no transcendem à experi&ncia, embora no se*am imagens experimentais, mas re!erem-se a coisas experimentá$eis. Embora tais conceitos, tomados em si, se*a imateriais, porque, do contrário, se singulariariam num singular e no poderiam repetir-se em muitos, no transcendem a experi&ncia. Bo so, pois, transcendentais. Contudo, há conceitos que transcendem a experi&ncia, como os conceitos de humanidade, sapi&ncia, triangularidade, eternidade, causalidade, etc., os quais no t&m um sub*ectum material que os represente. Para alcan2á-los, " necessário no a abstra2o total, mas uma abstra2o !ormal. Bo se re!erem eles a nenhum grau de materialidade. Poder-se-ia ob*etar que so tais abstra2;es puras !ic2;es, mas a ob*e2o seria improcedente, porque no podemos recusar-lhes uma sist&ncia, como $eremos ainda. #o compararmos tais !ormas entre si, podemos predicar alguma !orma, dier que um ou outro predicado lhes con$"m. #ssim, podemos considerar o ser enquanto ser, enquanto !orma pura, excluindo absolutamente o no-ser. 4ais *uíos transcendem a toda experi&ncia. 4ais ob*etos, precisi$amente meta!ísicos, t&m uma sist&ncia, o que demonstra que a cogni2o meta!ísica, atra$"s de abstra2;es !ormais, " possí$el. Cabe-nos pro$ar a ob*eti$idade de tais abstra2;es, a sist&ncia de tais abstra2;es. 4omemos o conceito conting&ncia. Este implica o ter causa/,. 4odo ser que tem causa " contingente e a experi&ncia o compro$a. 4omemos o exemplo de um conceito que aponta a uma per!ei2o pura como o de sapi&ncia. :api&ncia " apenas sapi&ncia, sem mescla de qualquer outra coisa que no se*a sapi&ncia. # sapi&ncia " in!initamente sapi&ncia, per!eitissimamente sapi&ncia. Contudo, nos homens, obser$am-se graus de sapi&ncia (mais ou menos). Como se poderia obser$ar  esse mais ou menos de sapi&ncia de que os homens participam, se sapi&ncia !osse um mero nada< 'á, pois, uma sapi&ncia máxima, sistante, no aqui ou ali, mas da qual participam

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todos os que t&m sapi&ncia e que no so sapi&ncia. 4ais per!ei2;es no so de nenhum ser  !inito, assim como Too, que " homem, no " humanidade, mas tem humanidade, ou se*a,  participa dela. Este tri5ngulo " triangular, no por"m, a triangularidade, apenas a tem. Essas per!ei2;es so do ha$er e no do ser das coisas !initas ou melhor, seu ser participa dessa per!ei2o. /alide! da Metafísica 4special

# sist&ncia ob*eti$a dos uni$ersais, que transcendem à experi&ncia possí$el, está demonstrada. @esta pro$ar a sist&ncia ob*eti$a de certos uni$ersais, que constituem o ob*eto da meta!ísica especial. 3 :er :upremo " um desses conceitos. Bs somos capaes de construir, por abstra2o !ormal, conceitos uni$ersais que t&m sist&ncia ob*eti$a !ora de ns, como *á $imos. E entre esses, o das per!ei2;es simples. #ssim, da mutabilidade e da conting&ncia dos seres !initos, que no t&m em si mesmos sua rao de ser, alcan2amos a conting&ncia do mundo, do cosmos, que " a totalidade coordenada dos seres !initos, dos que no t&m em si sua rao de ser. 4ais entes t&m uma causa. :e todos os entes !ossem causados no ha$eria a origem da  prpria causa. 3u teriam em si mesmos a sua causa (e existiriam antes de existir, o que " absurdo) ou a receberiam de outros, que, causados por outros, teriam !atalmente, necessariamente, de ter uma causa primeira8 caso contrário, cairíamos ou no círculo $icioso ou na nega2o da prpria causa, porque cada um daria o ser a outro sem o 4er, pois recebendo um :er de outro, um há de ser o primeiro. 'á de ha$er, portanto, um per!eito existente, cu*a certea e apoditicidade " o !undamento esquemático de todas as pro$as da exist&ncia de um :er :upremo, primeiro, !onte e origem de todos os outros.  Bosso conhecimento das coisas " dependente de nossa naturea. :abemos que nosso conhecimento " adequado à nossa naturea. Conhecemos, proporcionadamente à nossa capacidade cognosciti$a. 3 principal $alor da concep2o ?antiana está em a!irmar que nosso conhecimento "  proporcionado à nossa esquemática. Bosso conhecimento no " exausti$o, mas, embora total, " apenas relati$o aos esquemas que podemos acomodar para a assimila2o que lhes será proporcionada. Contudo, sabemos quais os nossos limites. #lcan2ar o limite *á " ultrapassá-lo, porque ao sabermos at" onde podemos conhecer, sabemos que algo outro (aliquid aliud) há al"m de nosso conhecimento, que no " um puro nada. :ua ob*eti$idade "

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e$idente. E " e$idente, ainda, que ns podemos construir conceitos que se re!erem às  per!ei2;es puras, das quais participam os seres da nossa experi&ncia. 4ais conceitos re!erem-se ao que escapa à nossa experi&ncia, mas so $álidos porque os limites desta a!irmati$a apontam a sist&ncia ob*eti$a dos mesmos. +o que há de imper!eito nas coisas podemos ascender, por abstra2;es, às per!ei2;es, sem que delas tenhamos uma intui2o sensí$el, mas apenas podemos alcan2á-las atra$"s de opera2;es do nosso entendimento. 4ais conceitos so tamb"m atribuí$eis às coisas da nossa experi&ncia, no, por"m, uní$oca nem equi$ocadamente, mas analogicamente. :e se desse a uni$ocidade, o :er :upremo e as coisas seriam o mesmo, e cairíamos no antropormo!ismo, ou no panteísmo. :e se desse a equi$ocidade, o :er :upremo permaneceria desconhecido totalmente e cairíamos no agnosticismo. Portanto, s resta a cogni2o analgica. ... 7)Im dos pressupostos !alsos da doutrina ?antiana está em considerar que, por no conhecermos exausti$amente os !atos reais, nada conhecemos deles. 3ra, sabemos pela experi&ncia que por desconhecermos o que !ica al"m do nosso conhecimento, o que conhecemos de uma coisa no " !also por ser incompleto. Bs mesmos nos conhecemos à  propor2o que os anos sucedem e sucedem as nossas experi&ncias. 4al no quer dier que tudo quanto conhecemos de ns, porque no conhecemos exausti$amente a ns mesmos, se*a, por isso, !also. 0)3utro pressuposto !also de Kant consiste na distin2o que !a dos *uíos sint"ticos a  priori e dos *uíos analíticos. Bo há apenas as duas condi2;es6 a)ou o predicado *á está contido no su*eito, ou  b)o predicado, de nenhum modo, está contido no su*eito. 'á uma terceira condi2o que Kant esqueceu6 c)o predicado pode estar contido $irtualmente no su*eito. Essa $irtualidade no p" apenas a que pertence à iman&ncia conceitural do su*eito, mas a que está correlacionada no mesmo e tamb"m aos *uíos quando compro$ados, como $emos pela dial"tica concreta. D precisamente esta terceira condi2o que " o !undamento

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dessa dial"tica, e permite compreender a ilumina2o apo!5ntica, que pode surgir pela análise dial"tica, como a entendemos e realiamos. # doutrina ?antiana, por no ter considerado esse ponto, " irremedia$elmente !alsa e re!utada in limine. Consideramos esta condi2o a mais importante. 9)3 terceiro pressuposto !also de Kant consiste em considerar que a experi&ncia se dá apenas com os !atos meramente contingentes, ou nos !atos meramente contingentes, porque aqui tamb"m dá-se uma terceira hiptese no considerada pelo !ilso!o de Koenigsberg6 a da experi&ncia sobre entes no meramente contingentes. ... 25e%6es 7antianas e respostas correspondentes

+amos algumas das !amosas ob*e2;es apresentadas por Kant e pelos ?antianos à %eta!ísica, acompanhadas das respecti$as respostas. 7)D lícito du$idar metodicamente da possibilidade de uma ci&ncia na qual no há nenhum consenso uni$ersal. 3ra, a %eta!ísica re$ela no ha$er nela nenhum consenso uni$ersal, em !ace da $ariedade de opini;es, muitas $ees contrárias que nela se re$elam. Consequentemente, " lícito du$idar da possibilidade da %eta!ísica. @esposta6 # maior seria $álida se o consenso exigido no se desse quanto ao seu ob*eto nem quanto aos seus primeiros princípios. 3ra, tal no se dá quanto à %eta!ísica. Pode no ha$er consenso uni$ersal quanto a todos, no, por"m, quanto a alguns princípios e conclus;es !undamentais. 0)Ba %eta!ísica so demonstradas proposi2;es que so simultaneamente contraditrias e antinômicas. @esposta6 Fue possuam as proposi2;es contraditrias e antinômicas a mesma solide absolutamente no " $erdade. @ealmente algumas aparentam maior soma de e$id&ncia. #s antinomias ?antianas so arti!iciosamente construídas e apenas de $alide aparente. Entre duas contraditrias, uma " necessariamente !alsa, e nunca ambas e$identemente $erdadeiras. 9)#s incoer&ncias assinaladas no sistema ?antiano podem ser corrigidas. Consequentemente, tais incoer&ncias no podem re!utar esse sistema.

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@esposta6 #s incoer&ncias acidentais podem ser corrigidas, mas que as substanciais e !undamentais possa ser corrigidas s o sero contra a sua doutrina, impedindo ineluta$elmente de conser$á-la como $erdadeira. 8ustifica%"o dos princípios

:egundo a posi2o clássica da !iloso!ia aristot"lica-escolástica, quando no se disp;e de uma e$id&ncia imediata do ser, resta-nos a esperan2a de nos ser$irmos de uma e$id&ncia mediata, que " o raciocínio. 3ra, o raciocínio exige, na lgica aristot"lica pelo menos uma  premissa geral, pois no " possí$el de duas particulares concluir $alidamente o $elho a!orismo Bil sequitur geminis ex particularibus umquam/ " uma das regras !undamentais do silogismo. Como os *uíos de consci&ncia so sempre *uíos sobre !atos particulares, no podem eles ser$ir de premissas gerais. mp;em-se, portanto, para uma boa concluso, premissas gerais, e a pergunta que logo surge " a de como " possí$el alcan2á-las, *á que todo *uío de consci&ncia " particular, e a experi&ncia " sempre particular. :em chegar-se a este ponto, e  *usti!icá-lo, compreende-se que " um problema obter e !undamentar princípios uni$ersais. :abemos que a indu2o pressup;e tamb"m um *uío geral como princípio !undamental, sem o qual, !undando-se apenas no particular, no poderá extrair uma regra geral, seno pro$á$el. Para se dar, portanto, um progresso no conhecimento " mister que se d&em proposi2;es gerais imediatamente inteligí$eis, as quais os escolásticos chama$am princípios/. D mister, portanto, saber o que nos poderá dar ou !ornecer *uíos imediatos. Para responder a esta pergunta, argumentam do seguinte modo 3s escolásticos de todos os tempos6 há um princípio, que " chamado o primeiro princípio, o de contradi2o, que se pode !ormular pelo enunciado aristot"lico6 D impossí$el que o mesmo con$enha e no con$enha ao mesmo, ao mesmo tempo, e sob o mesmo aspecto/. Bo se entende por  mesmo/ o mesmo predicado lgico, que no pode ser a!irmado e negado ao mesmo tempo do mesmo su*eito lgico, mas como a mesma propriedade ou determina2o real, que no  pode con$ir e no con$ir ao mesmo tempo ao mesmo ob*eto real. 3 princípio de contradi2o aristot"lico " antes de ser lgico um princípio ontolgico8 ou se*a, no " apenas um princípio de pensar lgico. :abemos que, pela lgica aristot"lica, dois *uíos contraditrios no podem ser ambos $erdadeiros, porque no pode o mesmo ob*eto, ao

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mesmo tempo, ser e no ser. Contudo, " preciso no esquecer que esse princípio compreende duas limita2;es que so6 ao mesmo tempo/ e sob o mesmo aspecto/, porque em distinto tempo, e em distinto aspecto, o mesmo pode ser e pode no ser. #ssim o n>mero 011 " grande e no grande. Lrande quando se compara a 71 e no grande se " comparado a .111. Kant opunha-se ao emprego da expresso ao mesmo tempo/, porque limita$a o  princípio às rela2;es temporais. @espondem os escolásticos modernos que essa anota2o " improcedente, porque o princípio de contradi2o tamb"m se estende ao temporal, pois sem essa expresso seria $álido apenas para o eterno e intemporal, como surge na enuncia2o de Parm&nides. 3utros escolásticos modernos substituem o enunciado aristot"lico pelo seguinte6 o que ", enquanto ", no pode no ser/, pois a expresso enquanto "/ compreende no tempo em que "/. Contudo, o princípio de contradi2o te$e seus ob*etores que apresentaram ra;es !rágeis, quase sempre pro$enientes do desconhecimento claro do seu enunciado, e por no terem de$idamente compreendido o seu alcance. Ba $erdade, nenhuma ob*e2o s"ria !oi apresentada em qualquer tempo, a no ser contra a !rmula de Parm&nides, que di6 o ente ", e " impossí$el que no se*a/, que le$a a postular a absoluta necessidade do ser, e a a!irmar a imutabilidade, a in$ariabilidade e a unicidade do ente o que desemboca !atalmente no panteísmo/. :tuart %ill considera o princípio de contradi2o como uma das generalia2;es mais  primiti$as e b$ias, !undadas na experi&ncia/, reduindo-a a uma necessidade psicolgica que nos obriga a generaliar certos !atos/. P;em em d>$ida alguns autores modernos o $alor ontolgico desse princípio. D $erdade que muitos argumentam com o de$ir, seguindo a linha de 'eráclito, mas esse argumento pode $aler para o enunciado de Parm&nides, no  para o de #ristteles. 3 conceito de ser e o de no-ser so incompatí$eis, pois um exclui, logicamente, o outro. Contudo, de$e-se notar que o conceito de no/ " intuiti$o e claro, e indica a recusa, a proclama2o da aus&ncia. Considerando-se assim, o ser poder-se-ia dar ao lado do noser, porque este indica apenas a !alta de ser. Bo se de!ine o no-ser como incompatí$el ao ser, pois pode-se admitir a !alta de um ente sem nega2o do ser, como a a!irma2o de ser 

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no implica a nega2o do ser, a !alta de um ser. +e$e-se compreender que o princípio de contradi2o re!ere-se mais ao ente, que, propriamente, ao conceito de ser. :e aqueles se excluem, tamb"m se exclui a a!irma2o de ente e, simultaneamente, do no-ente, pois no se pode predicar ambos à mesma coisa e ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, porque o ente, enquanto ente, " ente e no-ente. 3 conceito do ser " originalmente um conceito  positi$o e seu enunciado no di oposi2o ao no-ser, nem este de de!ine pela incompatibilidade ao ser, pois originariamente s di !alta de ser. :er e no-ser so contingentes. Bo se pode dier todo ente no pode no ser, mas sim que, enquanto ", no pode no-ser, segundo o enunciado de #ristteles. +este modo, a oposi2o entre um ente e o no-ser no " necessariamente uma oposi2o contraditria !ormal, mas " cogitá$el e possí$el, e a >nica oposi2o que, na linguagem escolástica, " a contraditria material, a que se dá entre o sub*ectum habens !ormam e a !orma oposta. Contradi2o ha$eria entre os *uíos Im ser há/ e nenhum ser há/, entre os *uíos !undamentais da iloso!ia Concreta #lguma coisa há/ e nenhuma coisa há/, no, por"m, entre alguma coisa há/ e  alguma coisa no há/, pois so particulares e ambas podem ser  $erdadeiras. Cabe aqui uma ressal$a6 o *uío particular alguma coisa no há/ " tomado  particularmente8 se tomado uni$ersalmente, no sentido de dier no há alguma coisa/, como querendo dier coisa nenhuma há/, deixaria de ser particular para ser um uni$ersal negati$o, e neste caso seria contraditrio ao alguma coisa há/. #legam alguns escolásticos que o princípio de contradi2o $ale porque +eus o quer,  pois se quisesse o contrário poderia ele so!rer restri2;es. Beste caso, no teria ele o $alor  ontolgico necessário que se lhe dá, e que, na $erdade, tem. Bs, por"m, consideramos o  princípio de contradi2o, como o !iemos em iloso!ia Concreta pela rela2o opositi$a de  pri$a2o e posse. # a!irma2o indica a posse, e a nega2o a pri$a2o. Fuando se atribui um  predicado ao ser, atribui-se a presen2a do mesmo8 quando se nega, recusa-se a presen2a, a!irma-se a pri$a2o do mesmo no mesmo. 3ra, colocado o princípio de contradi2o deste modo, de a contradi2o !osse ontologicamente possí$el, a!irmar-se-ia o nada absoluto,  porque a!irmar a pri$a2o " a!irmar absolutamente a no presen2a de qualquer predicado, o nada absoluto. Portanto, a >nica restri2o que alguns escolásticos !ieram de que o  princípio de contradi2o limitaria a onipot&ncia di$ina, " improcedente, porque o nada

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absolutamente no limita de modo algum, e no poder +eus criar um nada absolutamente no " de!ici&ncia de qualquer esp"cie. # incompatibilidade há entre a q=ididade de ente e a de no-ser. :e essa q=ididade se realiou alguma $e, no se pode admitir que no se realiou8 se em alguma parte um ente existe realmente, no se pode admitir que no exista ao mesmo tempo. 3ra, a experi&ncia nos mostra que algo existe, e a pro$a de modo imediato. Consequentemente, o princípio de contradi2o tem absoluto $alide ontolgica.M ...

9uadro cominado das formas puras do 5uí!o e das categorias: segundo &ant



Fuantidade dos *uíos

T. Ini$ersais T. particulares T. singulares  Fualidade dos *uíos T. a!irmati$os T. negati$os T. inde!inidos  @ela2o expressa por *uíos T. categricos T. hipot"ticos T. dis*unti$os J %odalidade dos *uíos

T. problemáticos T. assertricos T. apodíticos

M

(categoria6 Inidade) (categoria6 Pluralidade) (categoria6 4otalidade) (categoria6 @ealidade) (categoria6 Bega2o) (categoria6 Oimita2o) (categoria correlati$a6 subst5ncia e acidente (categoria correlati$a6 causa e e!eito) (categoria correlati$a6 @eciprocidade) (categoria positi$a e negati$a6 Possibilidade e mpossibilidade) (categoria positi$a e negati$a6 Exist&ncia e Bo-Exist&ncia) (categoria positi$a e negati$a6  Becessidade, Conting&ncia)

 3 princípio de contradi2o imp;e-se por aclaramento da análise e das implic5ncias que pro$ocam o *uío alguma coisa há/, e a $alide desse princípio " encontrada atra$"s dessa mesma análise. Bo parte dele a iloso!ia Concreta para pro$ar as suas teses !undamentais, mas surge ele por decorr&ncia ine$itá$el do que " apoditicamente demonstrado.

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D importante salientar desde início a distin2o clara que !aiam os escolásticos entre ratio (raciocínio), intellectum (entendimento) e intellectus principiorum. :omos capaes de obter princípios imediatamente inteligí$eis e de $alor geral ao compararmos entre si as ess&ncias, que nos so dadas pelos conceitos abstratos. Bossa intelig&ncia abstrai da experi&ncia as ess&ncias, mas as rela2;es necessárias, que se do entre elas pela experi&ncia, ns no a percebemos pelos sentidos, mas por um ato de entendimento, que " essencialmente distinto da experi&ncia. Bo " o resultado de um discurso, mas uma simples e imediata intelig&ncia da rela2o essencial. Chama$am de escolásticos essa intelig&ncia, que tamb"m re!eria-se a rao enquanto " capa dela, de intellectus principiorum/, que corresponde ao nous de #ristteles. Como pode dar-se um progresso no conhecimento do ser< @espondem os escolásticos que, para ha$er um progresso al"m da experi&ncia imediata, " mister aplicar um princípio geral aos casos particulares, exigindo-se, ainda, que o conte>do total do conceito do su*eito, em suma, do princípio, $eri!ique-se no particular dado pela experi&ncia. Exempli!icam os escolásticos da seguinte maneira6 dada uma !igura geom"trica, dese*ando aplicá-la ao  princípio geral6 a soma dos 5ngulos de um tri5ngulo " igual à soma de dois 5ngulos retos/, " preciso $eri!icar que esta !igura " um tri5ngulo, segundo o que " entendido no princípio. +este modo, se o conceito do su*eito, no princípio geral, cont"m mais do o que cognoscí$el  por percep2o no ente dado, no pode aplicar-se este princípio a tal ente. Em suma, se a  percep2o (que " intelectri$o-sensiti$a) de um ente o!erece-nos menor conhecimento do que o que está contido no conceito do su*eito do princípio geral, este princípio no pode ser  aplicado a tal ente8 assim, a uma !igura apenas de dois lados, !ormando um 5ngulo reto, no se poderia aplicar o princípio do tri5ngulo, chamando-a de tri5ngulo. Je*amos agora outro caso. 4emos um princípio geral, cu*o conceito de su*eito se dá na realidade, mas cu*o predicado no indica nada mais do que um elemento ou $ários elementos contidos no conceito do su*eito. Exempli!ica-se com o seguinte princípio6 todo

AA

 paralelogramo " um quadrilátero/. Este princípio " de suma e$id&ncia, mas in>til para o  progresso do conhecimento. Pela percep2o, $eri!icar-se-ia que a !igura " um paralelogramo8 porque perceb&-la como tal " perceb&-la como quadrilátero, *á que quadrilátero " um elemento do  paralelogramo. Beste caso, a aplica2o do princípio geral à !igura dada no permite nenhum conhecimento que transcenda a percep2o, e, deste modo, no se obt"m nenhum  progresso no conhecimento. Para ha$er progresso " necessário que o predicado do princípio geral acrescente ao su*eito algo que no está contido neste. E o que " acrescentado tem de ser um outro  predicado, que no " mani!estado pela percep2o no particular dado pela experi&ncia8 ou se*a, o que se acrescenta ao conceito do su*eito no se !unda nesta experi&ncia. Como " possí$el tal opera2o< +iem alguns que tal se obt"m por meio de uma análise do conte>do do conceito do su*eito. Entende-se por análise, a opera2o que consiste em reduir-se em suas partes, em seus elementos, o conte>do total do conceito do su*eito.  Beste caso, a análise s pode dar o que *á está incluído nele. # análise no nos pode dar,  portanto, o progresso dese*ado no conhecimento, necessitamos princípios que realmente acrescentem ao su*eito predicados independentemente da experi&ncia, o que implicaria um ultrapassar da experi&ncia. Esta análise *á ha$ia sido !eita pelos escolásticos, Kant a retomou, colocando como  principal interroga2o do seu sistema a seguinte pergunta6 como so possí$eis os *uíos sint"ticos a priori< Tá examinamos a di$iso dos *uíos !eita por Kant. %as o importante está nos *uíos sint"ticos a priori, nos quais a adi2o do predicado se dá independentemente da experi&ncia. Estes *uíos so o tema !undamental da crítica ?antiana, como $imos. #t" aqui nada coloca$a ele em oposi2o ao que os escolásticos *á ha$iam !eito. %as, onde a di$erg&ncia surge, está precisamente em a!irmar ele que a unio necessária do su*eito e do predicado " concebida como independente da experi&ncia, e mais ainda, que os mesmos conceitos no  pro$&m da experi&ncia, nem podem ser compro$ados como reais no su*eito, no ente. +este modo, Kant sub*eti$a todo a priori/. 3s escolásticos chama$am de *uío explicati$o, o  *uío em que o predicado *á está contido no conceito do su*eito, e de *uío extensi$o aquele em que o predicado acrescenta uma no$a propriedade ao conceito do su*eito. #s express;es

AS

a priori e a posteriori !oram de uso comum. Beste caso, poder-se-ia dier que o *uío, no qual

o

predicado acrescenta

ao

su*eito

uma

propriedade

ou

determina2o

independentemente da experi&ncia " um *uío extensi$o a priori. 3s neo-escolásticos repeliram por muito tempo a di$iso dos *uíos proposta por  Kant pelas seguintes ra;es6 todos os *uíos contidos por compara2o de conceitos so analíticos e estes so os a priori/8 todo os *uíos sint"ticos so princípios experimentais, so a posteriori/8 neste caso no há *uíos sint"ticos a priori/. 4omando-se a posi2o racionalista a doutrina de Kant " inaceitá$el porque ela aceita que há princípios *á contidos no conceito do su*eito. Bo entanto a escolástica per!eitamente distinguia os *uíos explicati$os de os *uíos extensi$os a priori embora no usasse as express;es *uíos analíticos e *uíos sint"ticos. #dmitiam os escolástico o que " e$idenciado pela nossa experi&ncia intelectual que a mera compara2o dos termos su*eito e predicado permite captar um inditium per se notum, que re$ela a !orma do intellectus principiorum o que aliás re$elamos de modo prático nas análises e nas concre2;es que realia a iloso!ia Concreta ao comparar *uíos entre sei e conceitos entre si. 3 princípio de contradi2o " um exemplo do *uío extensi$o a priori. Contudo o  princípio de contradi2o no tra, por si s, progresso ao conhecimento, mas, sim, o  princípio de causalidade. Pondo de lado as $árias maneiras de conceb&-lo, ns sabemos que o princípio de causalidade a!irma a depend&ncia real entre todo ser contingente e a ati$idade de uma causa, do qual ele depende. 3ra, este princípio $ai al"m da experi&ncia. E " mister que se !unde ele numa intelig&ncia a priori para que tenha $alide. #qui " onde as di$erg&ncias surgem na !iloso!ia, e tamb"m no campo da problemática deste tema. #ristteles enunciou o princípio de causalidade, !undado no mo$imento(?ínesis), no qual $eri!ica$a que toda muta2o de um ente requer uma causa. Bo concebia #ristteles a $aria2o total de um ente ao ser causado, mas apenas parcial8 por isso, no alcan2ou com clarea o conceito de cria2o. # !iloso!ia crist estende a necessidade da causa a todo ser  contingente, at" o seu >ltimo substractum. :anto #gostinho chama$a6 a !orma in$ariá$el,  pela qual existe todo o $ariá$el/. # expresso escolástica omne quod !it habet causam/, ou se*a, tudo o que " !eito tem causa, " a expresso do princípio de causalidade. Beste enunciado, a a!irma2o de que algo " !eito, " concomitantemente a de ser !eito por outro8

AM

 portanto, a prpria análise permite compreender claramente a causalidade. Contudo a!irmar  que todo ser contingente " !eito, *á merece outro exame. +i-se que " contingente o ser que no " necessário8 isto ", o ser que pode ser e pode no ser, aquele que no tem em si sua  plena rao de ser. 3 conceito de contingente no inclui, racionalisticamente considerado, o de ser causado. D um proprium deste conceito ser causado. Beste caso, estamos num *uío extensi$o a priori. 3s racionalistas relaciona$am o conceito de causa com o !undamento lgico e :pinoa chega$a a igualar causa com rao. Em suas análises chega$a a concluir no s que todo e!eito tem necessariamente uma causa, mas que toda causa " uma causa que opera necessariamente6 ex data causa determinata necessario sequitur e!!ectus/. undado nesta a!irmati$a, a meta!ísica racionalista seria puramente a priori. Oeibnit admitia este princípio de :pinoa, contudo no considera$a como simplesmente equi$alente rao e causa. Para ele ser causado " um caso particular de ter rao. # necessidade de uma causa, deduia ele de um princípio de rao su!iciente mais geral !ormulado por ele pela primeira $e, que pode ser enunciado deste modo6 nenhum !ato  pode ser $erdadeiro e existente, nenhuma a!irma2o legítima, sem que se d& uma rao su!iciente de por que " desta maneira e no de outra. Oeibnit considera$a este princípio um  *uío puramente explicati$o, um *uío analítico no sentido de Kant. Este posteriormente opôs-se a esta concep2o, aps conhecer as críticas que o empirismo !ormulou, especialmente por 'ume. 'ume enuncia$a, deste modo, o princípio de causalidade6 o que come2a a existir tem que 4er uma rao de sua exist&ncia. #!irma$a que esta proposi2o no " analítica, porque na representa2o do e!eito no está contida a de causa. 'ume no admitia a possibilidade de um *uío extensi$o a priori. # proposi2o, portanto, tinha de !undar-se na experi&ncia. %as como ele repele toda experi&ncia, logicamente no se podia admitir que se *usti!icasse a necessidade de uma causa. Para ele " apenas uma explica2o  psicolgica, que nos " con$eniente. Bs estamos inclinados a $er um !enômeno depois de outro8 daí chegamos à id"ia de causa e e!eito. Kant concorda com 'ume, que a proposi2o no " analítica, mas repele a interpreta2o psicolgica. Por outro lado, a!irma que apenas no pode !undar-se na experi&ncia, pois há uma terceira possibilidade que " o *uío sint"tico a priori. Para que tal *uío se d&, " mister que os conceitos que os !ormam se*a independentes da experi&ncia, se*a categorias e " mister, ainda, que se d& uma unio desses

AQ

conceitos a priori com a intui2o a priori do tempo con!orme a lei do su*eito transcendental,  pois os conceitos apenas nos pedem dar *uíos analíticos. 3 princípio de causalidade apenas di o seguinte6 que todo !enômeno sup;e outro do qual ele segue necessariamente. Como Kant distingue !enômeno de n>meno, a causalidade s se aplica aos primeiros, sal$ando assim a liberdade quanto aos outros, ou se*a no " aplicado às coisas em si.  Bo se poderia aplicar tal princípio ao que Kant chama as coisas em si< Examine-se o conceito de conting&ncia. Contingente " o ser cu*a ess&ncia " indi!erente para ser ou no ser, ou o que pode ser e tamb"m pode no ser ( quos potest esse et non esse). 3 que caracteria um ser contingente " o come2ar a ser ou o deixar de ser. Im ser contingente come2a a ser (incipit esse) no precípuo momento que come2a a ser. : se  pode chamar de contingente a um ente dessa esp"cie. 3ra, se um ente come2a a ser, ele no " su!iciente para ser em si mesmo, pois, do contrário, existiria antes de existir. E mesmo que $iesse do nada, ento o nada teria poder de realiá-lo, e do nada dependeria para ser, o que tornaria o nada sua causa, ou ento, $eio de si mesmo, o que le$aria ao absurdo que acima apontamos. Im ser contingente no tem em si su!iciente poder de ser e exige a a2o de uma causa para, uma causa que o !a2a, ex-!acere, e-!iciente. E essa causa e!iciente " algo que, por sua ati$idade, determina algo a existir. 3 enunciado no há e!eito sem causa " tautolgico e a maneira concreta de enunciar a causalidade " a que !iemos acima. #demais a lei de causalidade no se aplica apenas aos seres materiais, ob*eto da nossa intui2o sensí$el, mas a todos os entes contingentes, se*am de que esp"cie !or. # lei de causalidade material que a!irma que na naturea (material) todo processo está uni$ocamente determinado, de maneira que a mesma causa produ sempre necessariamente o mesmo e!eito/ " um enunciado parcial e regional do princípio de causalidade. Kant  parece sempre re!erir-se a esse enunciado quando se re!ere ao princípio de causalidade. 3 contingente no pode existir por si mesmo, pelos moti$os *á expostos. Consequentemente um ser que adquira a exist&ncia (seu pleno exercício de ser), no pode adquiri-la de si mesmo. Bo existe um ser contingente por si mesmo, de modo algum. E se no pode chegar a existir por si mesmo, necessita de in!luxo, de outro para existir, cu*a depend&ncia " real e necessária, sem a qual no pode existir. Portanto, o ser contingente s pode existir   porque " causado.

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%as, qual " a e$id&ncia do princípio de causalidade6 uma rela2o analítica ou uma sint"tica< D um *uío explicati$o ou extensi$o< #!irmar que um ser contingente no pode existir em $irtude de sua ess&ncia " um  *uío explicati$o (analítico, para Kant)8 mas dier-se que a determina2o de sua exist&ncia s " possí$el por uma a2o, " um *uío extensi$o (sint"tico, para Kant). E *usti!ica-se isso  por que no conceito determinar-à-exist&ncia no se contem nada do modo e maneira como tal sucede. 3 *uío6 o que no existe por si tem que existir por outro/ " extensi$o. Examinamos agora o princípio de rao su!iciente, cu*o enunciado " o seguinte6 tudo o que " (ou todo ob*eto) tem uma rao su!iciente. Fue se entende por rao< Entende-se aquilo pelo (por o) qual/ o ob*eto subsiste. E por aqui aponta ao que " por si mesmo ou  por outro. Bo primeiro caso, temos uma rela2o lgica da propriedade (o proprium) ao conceito essencial, como quando diemos que um tri5ngulo tem por si mesmo a soma de seus 5ngulos igual a de dois 5ngulos retos. Bo segundo caso, o por indica a rela2o real de depend&ncia (causa). Portanto, o que no " por si mesmo contingente, " por outro. E como demonstrar o princípio de causalidade, se, como di #ristteles, na #nalítica, um princípio " precisamente o que no cabe demonstra2o por outro, pois, do contrário no seria um princípio< Contudo, pode-se !aer por mostra2o, como o pro$amos em iloso!ia Concreta/. :e no podemos do conceito contingente alcan2ar o ser causado, no se pode demonstrar que o ser contingente e no ser causado/ " o mesmo que ser contingente e nos ser contingente/. Beste caso, o princípio de contradi2o auxiliaria a demonstra2o dese*ada. 4ais demonstra2;es pro$ariam que alcan2amos a *uíos extensi$os a priori imediatamente inteligí$eis. Comentando os argumentos de 4omás de #quino, escre$e +e Jries (op. cit., pág. 77G)6 3 modo como !a a redu2o do princípio de contradi2o demonstra que no a entende como puramente analítica. #nalise-se, por exemplo, a demonstra2o reduti$a/, que ele emprega ao expor sua primeira demonstra2o da exist&ncia de +eus pelo princípio6 o que se mo$e, " mo$ido por outro/. Jer-se-á que, nesta demonstra2o, se sup;e que somente pode ser reduido algo de pot&ncia a ato por uma causa eu se acha no ato(de  potentia non potest aliquid reduci inactum, nisi per aliquid ens in actu ). Esta proposi2o ", sem d>$ida, um *uío extensi$o. 4em-se, portanto, de concordar com :uare que toda

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demonstra2o reduti$a, al"m de depender do mesmo princípio de contradi2o, depende de outro princípio, ou concedido ou inteligí$el por si, e, em concreto, sempre que se quer   pro$ar um *uío extensi$o depende-se de outro *uío extensi$o ou concedido ou imediatamente inteligí$el. 3 raciocínio (a ratio dos escolásticos) no pode substituir a intelig&ncia imediata (o intelectus)/. #legam ainda alguns que a intui2o das ess&ncias/ tem le$ado a muitos erros. @ealmente, tal " procedente. %as esses erros so causa da má aplica2o dos conhecimentos lgicos e dial"ticos, o que no re!uta de modo algum o emprego desse m"todo, pois, quando realiado com seguran2a, e$itam-se os erros e abusos comuns de !ilso!os menores. 3 que se re$elou de todo esse exame " o seguinte6 ser contingente no implica o ser  causado, em seu conceito. Contudo, a a!irma2o da conting&ncia le$a necessariamente, por  análise, a considerar que o ser contingente no dá su!iciente rao à sua exist&ncia, pois no  pode $ir a ser por si mesmo, mas por outro, o que, comparando os *uíos, aclara de!initi$a e necessariamente a necessidade de ser causado por outro, e a u^enunciar o princípio de causalidade com absoluta seguran2a. Bs, por"m, na iloso!ia Concreta seguimos outros caminhos, os quais demonstraram de modo patente que se pode chegar ao princípio de causalidade com a su!iciente apoditicidade dese*ada. 4udo isso demonstra de modo cabal que " possí$el *uíos sint"ticos a priori na %eta!ísica, o que *usti!ica essa disciplina de modo de!initi$o, e responde aos erros de Kant, que so compreensí$eis dada a sua !orma2o !ilos!ica e o desconhecimento que tinha do que de mais ele$ado *á ha$ia sido realiado na !iloso!ia medie$alista. E demonstra tamb"m a $alide dos *uíos $irtuais, que Kant nem de le$e suspeitou. 3 que, entretanto, no se pode negar de positi$o na obra de Kant " o grande papel que desempenhou para o progresso dos estudos gnosiolgicos. nega$elmente, com ele, a  preocupa2o sobre o $alor e a $alide de nossos conhecimentos passou a ser tema dos mais $ariados estudos. Bo que os resultados melhor obtidos e mais seguros $iessem modi!icar  essencialmente o que *á ha$ia conquistado as especula2;es realiadas pelos grande !ilso!os do passado. 4al, na $erdade, no se deu. #o contrário6 as pesquisas, que se seguiram, quando robustecidas pela boa análise e pela melhor especula2o, $ieram em abono do que ha$ia sido realiado. Contudo, há um contingente imenso de no$as

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contribui2;es, que no podem ser menospreadas, e de$em, ao contrário, receber a $aloria2o que realmente merecem. 3s estudos esquematolgicos que preparam essa no$a disciplina que chamamos Esquematologia, e que ser$iram de base para realiarmos nosso 4ratado de Esquematologia/ deram, sem d>$ida, a Kant um grande impulso. 3 exame da estrutura de nossa mente, em suas !un2;es principais, desde a sensibilidade, a a!eti$idade at" à intelectualidade le$a-nos a dedicarmo-nos ao exame dos esquemas, desde os mais elementares e !undamentais do sensrio-motri at" os esquemas eid"tico-no"ticos que a intelectualidade constri. 4odo conhecer, desde o sensí$el at" o mais intelectualiado, processa-se atra$"s de uma adapta2o da esquemática dada pre$iamente, que se acomoda aos !atos ou às id"ias  para realiar as assimila2;es proporcionadas em parte à esquemática *á existente e à capacidade assimiladora do ser cognoscente. +este modo, todo conhecimento, se*a de que esp"cie !or, " sempre estruturado segundo esquemas pr"$ios que modelam os conhecimentos posteriores. Ima sensa2o bruta primiti$a, in!orme, s podemos conceb&-la na crian2a em seus primeiros momentos, quando a esquemática que preside à adapta2o  psicolgica " constituída apenas dos primeiros esquemas do sensrio-motri de origem hereditária. Contudo, mesmo aí, ante as pesquisas *á realiadas pelos mais conspícuos estudiosos, como Piaget, para citar o mais importante de nossos dias, mostram-nos que há,  pelo menos, certas leis, certas ordena2;es que presidem a toda intui2o sensí$el e que a sensa2o bruta no de$e ser considerada como algo totalmente in!orme, porque *á re$ela certa unidade, di!erencia2o, etc., ou se*a, um selecionar de aspectos que obedecem no s a normas de interesse do conhecimento, como tamb"m so modeladas pela estrutura dos  prprios esquemas acomodados, que s permitem uma assimila2o proporcionado a eles, o que nos demonstra que o !ato sensí$el, de qualquer !orma, " sempre proporcionado à gama da esquemática acomodada. +esse modo, no há uma sensa2o bruta, in!orme, amor!a totalmente, mas *á modelada de algum modo pela esquemática acomodada.  Bo chegamos ainda muito longe nos estudos esquematolgicos. #o contrário, estamos dando os primeiros passos e muito temos ainda a percorrer. Bo " de admirar,  portanto, que ainda possam surgir $árias re$ira$oltas, retornos inesperados, a$an2os que no podero ser con!irmados, $acila2;es que inquietaro os obser$adores. 4udo isso se dá e

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ainda se dará. %as, o que há de certo " que *á conseguimos alguma coisa. E se parece  pouco a muitos, podemos contudo estar satis!eitos em $eri!icar que nos prometem muito mais, muito mais do que esperá$amos, o que *á su!iciente para nos encher de grande satis!a2o.Q ... # leitura da obra de Kant nos mostra que desconhecia ele a longa elabora2o da teoria do conceito construídas pelos medie$alistas. Caiu nos mesmos erros *á re!utados, como $imos ao tratar dos uni$ersais. %as, cabe ainda aqui algumas obser$a2;es no tocante a  passagem de sua obra, que merecem ser esclarecidas e de$idamente respondidas. #s doe categorias a!irma Kant que de modo algum podem ser descobertas nas sensa2;es. Considerando-as naturalmente como sub*eti$amente subsistentes, a sua a!irma2o nada di de no$o, porque *amais nenhum grande !ilso!o a!irmou que ti$"ssemos a sensa2o da quantidade ou da qualidade ou da rela2o ou da modalidade, tomadas como seres sub*eti$amente existentes ou dados com sub*eti$idade. Como no so dados pelas sensa2;es, so, para Kant, ento, conceitos puros. 3 dilema " sempre o mesmo6 o que no " apenas dado pela experi&ncia " dado apenas  pela mente. # possibilidade de uma terceira posi2o no a encontra Kant. 4odos sabem que, na Ogica, o dilema quando mal construído " !onte e origem de muitas !alácias. # solu2o aristot"lica, que Kant silencio ou desconhece, *á dera a resposta ao dilema, mostrando que o conhecimento pode 4er sua origem parcialmente nos sentidos, e  parcialmente na mente, sendo o resultado !inal uma síntese dos dois. Concluir Kant que as categorias so conceitos puros do entendimento, no  procedentes da experi&ncia, " decorr&ncia do $ício abstratista do raciocinar racionalístico, que ele tanto combateu, mas que terminou por adquiri usando-o habitualmente. 'á um !amoso exemplo que usam os ?antianos para mostrar a presen2a das categorias6 +uas libras (quantidade) de oxig&nio (subst5ncia) gasoso (qualidade) e uma libra (quantidade) de hidrog&nio (subst5ncia gasoso (qualidade) produem sempre em con*unto (modalidade6 necessidade, reciprocidade) tr&s libras (quantidade) de água (subst5ncia) líquida (qualidade). Q

 Em nosso 4ratado de Esquematologia/ examinamos as conquistas *á obtidas e o!erecemos algumas contribui2;es nossas, bem como análises esquematolgicas que !a$orecem melhor compreenso das id"ias de Kant e promo$em no$as sugest;es.

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%as, por si ss as categorias no so su!icientes para determinar as leis !undamentais da experi&ncia. Embora se lhes acrescente a intui2o " mister ainda acrescentar-se-lhes uma terceira !onte que " a representa2o, que une a intui2o com o entendimento. :o conceitos empíricos os que se re!erem a coisas de nossa experi&ncia, e que t&m representantes sub*eti$amente subsistentes, como a casa, co, ár$ore, etc. :o conceitos  puros as categorias. Consequentemente para o ?antismo há esquemas empíricos e esquemas  puros, con!orme correspondem àqueles. 3s esquemas puros so criados pela representa2o quando $incula a categoria com o tempo, que " !orma da intui2o. #ssim, da substancialidade como conceito puro, constri nossa mente o esquema de substancia, como imagem de algo que de$e subsistir no tempo. +a causalidade, !orma o esquema de causa, como o de algo que no tempo produ outra coisa, segundo determinada regra, etc. : há, pois, experi&ncia humana quando trabalham *untas as tr&s !ontes do  pensamento terico6 a sensibilidade, o entendimento e a representa2o que os une. +o !uncionar con*unto dessas tr&s !ontes, surgem. ento6 a sensibilidade das !ormas  puras da intui2o, as categorias puras (pelo entendimento) e, pela representa2o, seus esquemas. # con!lu&ncia desse operar produ os princípios !undamentais do conhecimento terico. D possí$el a experi&ncia, segundo o princípio básico ?antiano, gra2as à representa2o de que todos os dados esto necessariamente $inculados entre si. +este princípio surgem as tr&s analogias da experi&ncia/, sobre os quais se baseia toda ci&ncia da naturea6 7)por mais que mudem os !enômenos a subst5ncia subsiste e sua quantidade na naturea no aumenta nem diminui8 0)todas as modi!ica2;es se produem segundo a lei de causa e e!eito8 9)todas as subst5ncias, enquanto podem ser percebidas simultaneamente no espa2o, atuam umas sobre as outras. 4odos esses *uíos esto constituídos de conceitos que no re$elam nenhum rastro da intui2o sensí$el, a!irmam os ?antianos. @epetimos que um dos pontos !undamentais dos erros de Kant consiste no desconhecimento da teoria da g&nese do conceito. 3s nossos esquemas, cu*o estudo

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!aemos em 4ratado de Esquematologia/ so din5micos e genuinamente histricos8  portanto, susceptí$eis das in!lu&ncias da prpria historicidade. +esse modo, o conceito $aria segundo os ciclos culturais, as eras e, em suma, atra$"s das constantes muta2;es que so!re o homem. 3 que a !iloso!ia concreta dese*a " alcan2ar os conte>dos mais completos e seguros dos conceitos. 4odo conceito está ei$ado de !acticidade. Ba Esquematologia, na g&nese do conceito, sabemos que a sua !orma2o atra$essa !ases das mais complexas, desde o anteconceito, do esquema !áctico singular que " aplicado de modo geral e tende a uni$ersaliar-se, como se $& na crian2a, at" atingir os conte>dos noemáticos mais gerais, abstratos, mais puros at" à conquista do conte>do eid"tico puro que " o ápice que dese*a realiar a !iloso!ia concreta. Im conceito empírico, como casa, ár$ore, etc., " prenhe de !acticidade e seu esquema está saturado das imagens con!usas dos di$ersos indi$íduos conhecidos. #lcan2ar-se a de!ini2o lgica, o conte>do eid"tico-no"tico8 ou se*a, o eidos, que nosso nous pode construir, " atingir, ento, a uni$ersalidade. Esse conte>do atra$essa graus de puri!ica2o eid"tica e de a!astamento constante de !acticidade, at" alcan2ar o meramente eid"tico, o que " possí$el de um modo muito mais e!eti$o quanto aos conceitos abstratos da que quanto aos conceitos empíricos. nega$elmente, a mente humana trabalha com os dados da intui2o sensí$el e com essa realia a ascese eid"tica, de que temos !alado, que se processa atra$"s de uma ati$idade no"tica que consiste no abstrair crescentemente os conte>dos eid"ticos at" à !orma2o eid"tica pura do conceito, como o demonstrou 4omás de #quino e o compro$a a teoria da abstra2o total, na Lnosiologia. 'á, sem d>$ida, leis da nossa mente que atuam nessa opera2o. Essas leis ns *á as estudamos no 4ratado de Esquematologia/, sem a ordena2o das quais seria impossí$el a !orma2o de conceitos. Como se poderia compreender a ati$idade humana abstratista no  bom e genuíno sentido do termo, sem a di!erencia2o, sem a unidade, sem a simultaneidade, sem a sucessi$idade, sem a correlati$idade, que so !undamentais no existir  e que atuam na mente como modeladoras do conhecimento< @ealmente, há !ormas da sensibilidade e, tamb"m, do entendimento, mas essas !ormas so propriamente leis modeladoras da ati$idade cognosciti$a desde seus primrdios at" suas mais altas !un2;es, como o demonstramos no 4ratado de Esquematologia/. Certamente, há bastante

SA

 positi$idade no pensamento ?antiano, mas esquece-se Kant de considerar a his*toriciQdade dos esquemas e sua atua2o, tamb"m histrica na !orma2o dos conte>dos noemáticos at" alcan2ar aos conte>dos puramente eid"ticos que " o ápice do conhecimento humano, enquanto tal. Podemos exempli!icar at" com a prpria esquemática de Kant, analisando os conceitos que prop;e. 4ome-se para exame o conceito de subst5ncia e $e*a-se como $aria o seu conte>do esquemático6 7)Etimologicamente, signi!ica o que está debaixo, sub, ou o que permanece sob os !enômenos. 0)Propriamente " o que subsiste, ou o que tem subsist&ncia prpria, o que tem o ser  em si mesmo e no em outro, o que o distingue dos acidentes, que no t&m o ser em si mesmos, mas em outros (inesse). 4al subsist&ncia da subst5ncia no nega que seu ser se de$a a uma causa e!iciente. 9)# subst5ncia " a portadora de acidentes. E uma substancia, como tal, " uma subst5ncia !inita8 portanto, sua perman&ncia no quer dier que se*a absoluta e sobretudo imutá$el. G)# distin2o aristot"lica de subst5ncia primeira (mat"ria da coisa, o de que a coisa " !eita) e subst5ncia segunda (a !orma, o pelo qual a coisa " o que ela ") permite que a segunda se*a predicada da primeira e constitui o seu predicado propriamente dito. 3ra, Kant restringe o conceito de subst5ncia ao tempo. Fuanto admitir que a sua quantidade, na naturea, no aumenta nem diminui " um acrescentamento seu no da !iloso!ia clássica, medie$alista, que *amais deu à subst5ncia !inita essa absolutuidade. :e o  princípio de conser$a2o da mat"ria, da energia, etc., !oram to caros à ci&ncia moderna, no o !oram para a !iloso!ia que no encontra$a ra;es su!icientes para a!irmar tais absolutuidades. 3 conceito ?antiano de subst5ncia tem um conte>do noemático histrico,  prprio do racionalismo. :e se procura o conte>do eid"tico, teríamos de dier o seguinte6  Ba obser$a2o dos !enômenos, percebe o homem que as $aria2;es obser$adas so $aria2;es de algo que perdura e que " sustentáculo de tais $aria2;es. Im ser tem uma !orma e suas $aria2;es e modi!ica2;es so toleradas dentro dessa !orma, do contrário o ser  deixa de ser o que ", corrompe-se. 3 espetáculo do de$ir nos mostra que algo de$"m, ou

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se*a, que algo permanece por entre as modi!ica2;es. Estas so acidentais, " algo que acontece a alguma coisa que perdura. :ubst5ncia ", assim, a estrutura !ormalmente constituída que perdura atra$"s de suas modi!ica2;es acidentais. Essa perdurabilidade, contudo, no " absoluta ou, pelo menos, no se pode a!irmar como absoluta. 3 prprio Kant no pode deixar de considerar que caracteria o homem " essa capacidade de construir conceitos nos quais, di ele, no se encontram os rastros da sensa2o. Bem a quantidade, nem a qualidade, nem a rela2o, nem a modalidade so ob*etos de intui2;es sensí$eis. :o ob*etos da intui2o sensí$el os seres corpreos. # quantidade " abstrata, e no " corporeidade. 3s seres corpreos t&m quantidade, no so,  por"m, quantidade. 'á uma distin2o entre o ser e o ha$er (no sentido de 4er). #ssim Too " homem e tem humanidade8 ele no " humanidade, mas dela participa, ou se*a há, nele, tamb"m, o logos da humanidade, sem ser humanidade. #s coisas sensí$eis re$elam o que t&m e o que so, mas re$elam-no à nossa mente.  Bo há quantidade em si, nem a qualidade, nem a rela2o, nem a modalidade. Tamais a!irmaram outra coisa os grandes !ilso!os do passado. 4amb"m no a!irmaram que !ossem apenasmente !ormas puras da nossa mente, mas estruturas noetico-eid"ticas, que t&m !undamento nas coisas sensí$eis, que esta$am con!usas nas coisas sensí$eis, que a intelig&ncia pode captar e distinguir. :e a experi&ncia !osse apenas a sensa2o bruta, seria incompleta, e tal experi&ncia pode t&-la o animal e a crian2a em seus primeiros dias. # mente humana realia por"m um trabalho de ascese, de distin2o, de esquematia2o no"tico-eid"tica das sensa2;es. # quantidade " aquela propriedade que separa o ser  corpreo dos outros. D por meio dela que um corpo pode di$idir-se em partes indi$iduais, independentes da naturea do todo. mplica a extenso, a tenso que se ex-tende, que tende  para !ora de si mesma como a qualidade " a in-tenso, a tenso que tende para si mesma. :e a extenso brota da criatura corprea no se identi!ica com ela, como o queria +escartes8 " apenas uma propriedade da sua ess&ncia.  Bo há intui2o sensí$el da quantidade, tomada isoladamente, mas há intui2o sensí$el dela tomada con!usamente nos seres corpreos. D a mente que a abstrai do componente sensí$el, como abstrai a qualidade, a rela2o e a modalidade. Bo so, pois,  puras !ormas do entendimento sem qualquer !undamento real !ora do entendimento. :e o entendimento constri os conceitos eid"tico-no"ticos dessas categorias no os !a impondo-

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os às coisas corpreas, mas extraindo dessas, mentalmente, o que nela s está concretamente. Este ponto " o mais importante de considerar. 4ais categorias no sero meras !ic2;es, mas entes de rao com !undamento nas coisas (cum !undamento in re). Como esquemas eid"tico-no"ticos no pro$&m das intui2;es sensí$eis, *á estruturados como tais. Bossa mente os estrutura, !undada na prpria experi&ncia8 ou se*a, so  parcialmente empíricos e parcialmente abstratos. E por que " possí$el construir uma lei como a da conser$a2o da subst5ncia< Ela " possí$el desde o momento que a mente humana constri o conceito de regularidade das leis uni$ersais. Essa lei " a priori, a!irmará um ?antiano, pois como  poderíamos garantir que os !atos sucedero sempre obedientes a certas normas in$ariantes,  partindo apenas da experi&ncia< D esta d>$ida que pro$oca a indu2o. Como pela obser$a2o dos !atos particulares poderemos alcan2ar a uma lei geral< # aceita2o da regularidade dos !atos, ou a obedi&ncia à lei " um imperati$o, " imprescindí$el para que a indu2o possa ser $álida e no permanecer apenas no campo da probabilidade. 3ra, a mente humana no " apenas captadora, armaenadora e coordenadora das imagens percebidas. Ela " capa de abstrair o que ultrapassa a singularidade, a  particularidade dos !atos. E tal " possí$el desde o momento que " ela capa de !ormar  conceitos (uni$ersais)8 antes, no. # discusso deste ponto cabe pois, à discusso da $alide da indu2o, o que *á !oi !eito e de modo de!initi$o na iloso!ia. # mente humana " capa de construir esquemas abstratos do que no está totalmente constituído da intui2o sensí$el, do que no " apenas material e corpreo. Essa capacidade imaterialiadora implica uma ati$idade imaterial, porque a mat"ria no " capa de abstra2;es, e so!re sempre determina2;es singulares registrando os !atos singularmente e no uni$ersalmente. Essa capacidade de nossa mente, da mente racional, inteligente, " algo que se op;e !undamentalmente à ati$idade meramente material, singulariadora por excel&ncia. %as note-se que percebemos a repeti2o de !atos, a repeti2o dos mesmos aspectos, das mesmas condi2;es que do como resultado as mesmas decorr&ncias8 ou se*a, da disposi2o das mesmas condi2;es decorrem as mesmas conseq=&ncias. 'á, assim, uma regularidade, a  presen2a de normas que captamos da nossa experi&ncia. 3s milharais do sempre milho, as macieiras sempre ma2s. 'á uma legalidade nos !atos da nossa experi&ncia. Poderíamos

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 *untar aqui exemplos sem !im da presen2a dessa legalidade, da subordina2o dos !atos a normas gerais. 3 *uío6 há uma legalidade nos !atos da naturea, em que dadas as mesmas condi2;es decorrem as mesmas conseq=&ncias, " algo que a experi&ncia a*uda mostrar. 3ra, a !orma2o dos uni$ersais re$elam a presen2a constante dos mesmos elementos estruturais. # id"ia de lei " uma id"ia per!eitamente !undamentada na experi&ncia. #ceitá-la como uni$ersal pode ser considerado como uma postula2o nossa que, posteriormente, pode ser  demonstrada num estágio mais alto do conhecimento humano. %as, de qualquer !orma, está !undada na prpria experi&ncia. :ua prioridade nas no$as obser$a2;es " uma conseq=&ncia do prprio proceder da nossa intelig&ncia em que as conquistas obtidas presidem, depois, às no$as experi&ncias e atuam, posteriormente, como elementos dados aprioristicamente. D $erdade que Kant sabia que as !ormas puras do entendimento eram psicologicamente construídas atra$"s de uma g&nese psíquica do homem, mas que passa$am, posteriormente, a atuar aprioristicamente na coordena2o das no$as intui2;es sensí$eis. Pois o mesmo se dá com a concep2o de legalidade. 3 racionalismo-empirista dos tomistas, que seguem assim a linha aristot"lica, !unda$a-se na racionalia2o da prpria experi&ncia, com o alcan2ar de estágios cada $e mais complexos que presidiam às no$as experi&ncias. 3 papel do nosso intelecto em sua ati$idade no"tica consiste em extrair os uni$ersais dos !atos singulares da experi&ncia, da $i$&ncia sensí$el, imprimindo em si mesmos os esquemas (species), que atuariam, posteriormente, como alimentos a priori acomodados para no$as assimila2;es no"ticas. 3 princípio de causalidade no " uma imposi2o do espírito humano à experi&ncia. D o que pro$amos na parte em que *usti!icamos os princípios !undamentais da !iloso!ia clássica. # intelig&ncia humana no " algo abissalmente separado do restante do existir. 3 homem no " um estrangeiro no mundo csmico, como o ?antismo parece querer !aer  compreender, sem *usti!icar de modo algum essa concep2o. 3 abismo no ser no se  *usti!ica. Bem tampouco se *usti!ica a pretensa re$olu2o que Kant pensa ter operado na !iloso!ia que ele iguala à re$olu2o copernicana. +i-se que at" Cop"rnico era cren2a geral que a terra permanecia im$el no centro do mundo e que os planetas e as estrelas gira$am à sua $olta. Ba $erdade essa era a maneira comum de considerar-se a astronomia. +iemos comum, porque 4omás de #quino, antes de Cop"rnico, como ainda antes os pitagricos, sabiam que a terra era um planeta, uma es!era

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que gira$a em torno do :ol. 4omás de #quino repetidas $ees a!irmou isso em seus extraordinários trabalhos. Contudo, " $erdade, que a opinio comum era essa. Está$amos aí no terreno que 4omás de #quino chama$a de opiná$el. E exempli!ica$a com as estrelas que certamente eram muito maiores que a 4erra, mas que, por !alta de meios de compro$a2o e!icaes, poderia permitir opini;es contrárias, no um saber cientí!ico. Kant atribuí à sua obra uma $erdadeira re$olu2o copernicana na !iloso!ia. #t" ele, diia, considera$a-se a naturea como im$el e que o entendimento gira$a em torno dela e re!letia as suas leis. Por isso a rao no compreendia porque so necessárias as leis. Pensando-se de modo in$erso tudo se modi!ica. Bo " a rao que gira em torno da experi&ncia e re!lete suas leis, mas sim a experi&ncia que gira em redor da rao e suas leis re!letem nossa prpria naturea, que " um produto da nossa rao. Portanto, " para ns necessário o que a nossa mente cria como necessário. #s leis da naturea so cria2;es de nossos processos cognosciti$os e nossas sensa2;es nada mais so que respostas de nossa mente às impress;es exteriores. Beste caso que  podemos conhecer das coisas exteriores seno o que pensamos conhecer< Como so as coisas em si/ nada podemos saber e, consequentemente, todas as respostas da meta!ísica  perdem sua $alide, e a coisa em si permanecerá para sempre sendo uma incgnita para ns. E que podemos dier da coisa em si< :e diemos que existe, no esque2amos que exist&ncia/ " apenas uma categoria, que " uma unidade ou uma multiplicidade, que " regida pela causalidade ou no, que " necessária ou contingente, tudo isso so categorias e nada mais. :abemos apenas que há o outro lado da experi&ncia, algo que nos " desconhecido, no, por"m, totalmente desconhecido para o prprio Kant, que aqui se contradi, porque sabe que o outro lado há e que " incognoscí$el por ns. Esse ser que escapa à nossa experi&ncia, no " ob*eto, portanto, da experi&ncia e pode ser apenas  pensado pelo nosso espírito, nous, por isso " um n>meno. E " do n>meno que se ocupa a %eta!ísica. ... 'á uma apoditicidade lgica, uma apoditicidade ontolgica e uma apoditicidade ôntica. # primeira demonstra-se pelo rigor da necessidade lgica, como o *uío +eus existe/ " apoditicamente lgico porque, na id"ia de +eus, está incluso, necessariamente, a sua

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exist&ncia, pois " necedí$el, logicamente, a exist&ncia de +eus. Entretanto, ontologicamente, essa exist&ncia no tem apoditicidade, porque da meramente lgica no se conclui a ontolgica imediatamente. Consequentemente, para alcan2ar a apoditicidade ontolgica de tal *uío imp;e-se uma demonstra2o apodítica. # a!irma2o da exist&ncia tem de ser realiada atra$"s da apoditicidade ontolgica da exist&ncia8 ou se*a, que a sua exist&ncia " necessária, " necedí$el, que a sua inexist&ncia se*a impossí$el, incedí$el tamb"m ou ento, pela apoditicidade ôntica. +este modo, note-se a apoditicidade da exist&ncia implica uma necessidade dupla6 a)necessidade da exist&ncia8  b)necessidade da recusa da no-exist&ncia. 4emos, aqui, a di!eren2a entre a necessidade absoluta e a necessidade hipot"tica. 3 ser, cu*a exist&ncia " absolutamente necessária, " o ser ao qual no se pode negar  nenhuma das duas necessidades6 a necessidade de ser e a impossibilidade absoluta de noser. 3ra, o conceito lgico de +eus implica, logicamente, um ser que necessariamente existe, cu*a no exist&ncia " absolutamente impossí$el6 ou se*a, recusa-se necessariamente a sua no exist&ncia. +o contrário, +eus no seria +eus, mas um outro ser qualquer ao qual no se poderia predicar a di$indade suprema. Bo entanto, essa apoditicidade lgica no " ainda ontolgica (e muito menos ôntica, pois a pro$a da onticidade, da exist&ncia singular  da +i$indade, no decorre na necessidade lgica do seu conceito). Im ser !inito qualquer  que existe (mesmo que !osse ele !iccional, como poderia a!irmar um criticista le$ado à máxima abstra2o da !iloso!ia de Kant), no teria em si mesmo a sua rao de ser, porque seria uma !ic2o minha, tua, $ossa. 4al ser, necessariamente, exige outro, ou, ento, ele mesmo seria sua rao de ser, e necessariamente existiria. Im ser contingente, por"m, " aquele ao qual a :egunda necessidade pode ser negada, pois a !ic2o que construo, se existe, existe necessariamente, mas poderia no existir. #ssim, o e!eito de uma causa, se existe, existe necessariamente a causa de sua exist&ncia, *á que ser contingente " no ser  necessário e " aquele cu*a no exist&ncia no implica contradi2o, como o cair ou no este ob*eto que tenho nas mos. :abemos que as possibilidades das coisas contingentes podem ser contraditrias, pois o que pode existir e pode no existir " potencialmente contraditrio8 mas, se existe exclui, automaticamente, a no exist&ncia. #ssim este ob*eto pode ser 

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lan2ado ou no ao cho, posso segurá-lo nas mos ou deixá-lo cair, sem que tais  possibilidades que so contraditrias impliquem contradi2o em sentido ontolgico,  porque, como ser contingente, pode-lhe acontecer isto ou no acontecer isto. %as se esse ob*eto " lan2ado ao cho há necessariamente causas que o le$am a cair e no a suster-se. Essa necessidade que se dá ao ato " chamada necessidade hipot"tica. 3 ser absolutamente necessário " aquele cu*a no exist&ncia " impossí$el. # queda deste ob*eto seria absolutamente necessária se ela !osse necessária por uma rao ontolgica, o que ela no tem. 3 :er :upremo (+eus para as religi;es) tem de ser absolutamente necessário, e " impossí$el e absurdo admitir-se a sua no exist&ncia.  Ba iloso!ia Concreta, alguma coisa há/ " um *uío necessário por postula2o, e que tem apoditicidade ôntica porque " absolutamente improcedente a!irmarmos que nenhuma coisa há/, porque a prpria enuncia2o deste *uío nega absolutamente $alide ao mesmo. %as como chegarmos à necessidade ontolgica de que alguma coisa necessariamente há, ou se*a, que necessariamente há alguma coisa<  Bo poderia dar-se o nada absoluto< Em $e de *ulgarmos, de pensarmos, de discutirmos, de in$estigarmos, nos substituiria um imenso $aio, um nada absoluto. Tá mostramos que em ns tudo se rebela a essa possibilidade. D uma a!irmati$a psicolgica, a!eti$a em ns, da impossibilidade do nada absoluto, da substitui2o possí$el do ser pelo nihilum, pelo nada absoluto. D ele impossí$el antes, e " ele impossí$el depois. Contudo  poderia 4er sido possí$el que nada existisse< :urge ento a $elha pergunta que 'eidegger  reno$ou6 Por que antes o ser que o nada< Por que " pre!erido antes o ser que o nada< Por  que no há a substitui2o< :eria possí$el a substitui2o do nada pelo ser e em $e de ha$er  alguma coisa, no ha$er absolutamente coisa alguma< +emostramos em iloso!ia Concreta/ que essa pergunta re$ela um pseudo problema. 4al pergunta no tem $alide ontolgica, mas apenas uma $alide psicolgica em !ace da decep2o moderna to exacerbada pelo niilismo ati$o-negati$o de nossa "poca. @esta-nos examinar agora se o *uío alguma coisa há/ tem ambas necessidades. Ima  *á demonstramos apoditicamente. @esta-nos a outra6 o nada poderia substituir o ser< #lguma coisa há tem a necessidade ôntica, porque " impossí$el que no ha*a coisa alguma. # prpria postula2o desse *uío a!irma que alguma coisa há. 3ra, o que tem a necessidade ontolgica tem, pelo menos, uma necessidade hipot"tica. %as esta ainda no "

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su!iciente. 3 que procuramos " a necessidade ontolgica de alguma coisa há. 'a$endo alguma coisa, ou alguma coisa come2ou a ser, depois de precedida pelo nada absoluto (nihilum), ou sempre hou$e alguma coisa. 3ra, demonstrou-se apoditicamente que o nada absoluto no pode ter antecedido a alguma coisa, bem como !oi demonstrado eu sempre hou$e alguma coisa. Consequentemente, o ha$er de alguma coisa tem uma necessidade ontolgica e no hipot"tica. :eria hipot"tica se !osse apenas um possí$el e, neste caso, seria um possí$el do nada absoluto (nihilum), o que " absurdo, como $imos. Portanto, s resta que sempre hou$e alguma coisa necessariamente. Esse ha$er tem, portanto, a necessidade ontolgica. Porque há alguma coisa, o ha$er do ser " ontologicamente necessário. +este modo, encontramos a apoditicidade da necessidade ontolgica de alguma coisa há. # conseq=&ncia que se obt"m " a seguinte6 'á necessariamente alguma coisa e necessariamente " impossí$el no ha$er alguma coisa. 3ra, tal *uío possui a apoditicidade que dese*a$a Kant e pode ele !undar  ob*eti$amente a %eta!ísica. Benhuma crítica, nenhuma ob*e2o, nem a do cepticismo rígido poderia destrui-lo. E " sobre ele que se !undamenta toda a análise dial"tica concreta de nossa !iloso!ia. ... D o *uío alguma coisa há/ um *uío analítico ou um *uío sint"tico a priori< #nte o ?antismo a pergunta " *usti!icada e exige resposta cuidadosa. Está contido ou no ao conceito de alguma coisa o ha$er< Oogicamente, no8 mas ontologicamente sim. E por que esta distin2o e aparente contradi2o< D !ácil explicar. #lguma coisa (aliquid), como o mostramos, " um conceito que expressa outro que e que se distingue. #o dier-se alguma coisa no se di que há, porque ha$er " dar-se, " positi$ar-se, " a!irmar-se. Fuando se di alguma coisa há/ a!irma-se que posiciona-se, positi$a-se alguma coisa (outro que) e signi!ica dier que se recusa o no ha$er, recusa-se o nenhuma coisa há, seu contraditrio.

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Por sua $e, o conceito de ha$er implica alguma coisa, porque o ha$er de nada no " ha$er. :e o ha$er se dá, alguma coisa se dá. +ier-se alguma coisa há/ " dier-se dá-se o ha$er de alguma coisa. 3 ha$er " atribuído ao alguma coisa. %as alguma coisa, ontologicamente, há, porque como poderia positi$ar-se alguma sem ha$er< 3ntologicamente, o alguma coisa implica o ha$er, como $imos, embora logicamente no. Bo há contradi2o aqui porque a Ogica dedica-se ao exame dos conceitos em sua esquematia2o, e a 3ntologia examina os conceitos em sua possibilidade de ser. Eis porque a simples demonstra2o lgica no implica a demonstra2o ontolgica. # apoditicidade do *uío alguma coisa há/ " ontolgica e ôntica, porque a sua  postula2o " necessária de qualquer modo, pois seria $álido mesmo q eu pus"ssemos em d>$ida seu $alor, porque du$idar " pro$ar que alguma coisa há. # mera discusso de sua $alide " su!iciente para dar-lhe a $alide ôntica apodítica, " demonstrar apoditicamente a sua $alide. @esta-nos saber se tal *uío " um *uío sint"tico a priori. Bossa experi&ncia, mesmo no sentido ?antiano, no nos pro$a que alguma coisa há. :e somos capaes de especular sobre o que " passí$el de uma experimenta2o  possí$el no pro$a que alguma coisa há< 3 *uío alguma coisa há re$ela-se a ns de modo exigente e positi$o. Bo " um *uío analítico, " sint"tico sem d>$ida e compro$a-se pela mais comum experi&ncia, como o exigiu Kant. %as note-se " $álida aposterioristicamente e aprioristicamente. D um *uío sint"tico a posteriori quando a experi&ncia o re$ela, e " a priori porque dispensa at" a  prpria experi&ncia ?antiana, porque dispensa a ns mesmos, a nossa experi&ncia, pois  poderíamos no ser, sem que alguma coisa há deixasse de ser $erdadeiro apoditicamente. Fueremos com isso, apenas, dar mais uma demonstra2o de que " possí$el a %eta!ísica, at" dentro da prpria posi2o de Kant.71 ...

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 # doutrina de Kant " !alsa em seus !undamentos, em si mesma e em sua !inalidade. Em seus !undamentos, quanto à teoria cartesiana da percep2o externa e da maneira como concebe os *uíos sint"ticos a priori8 em si mesma, porque no demonstra de$idamente sua a!irmati$a sobre as !ormas puras da sensibilidade e, sobretudo, a submisso total da intui2o às mesmas e, em seu termo, porque condu, atra$"s do agnosticismo, ao cepticismo mais absoluto, o que " !iloso!icamente um erro rotundo.

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+i-se que um *uío " apodítico quando ele a!irma um nexo de necessidade, quando o  predicado, que " a!irmado ou recusado ao su*eito, a este cabe ou no necessariamente. 3  *uío apodítico redu-se à !ormula6 : " necessariamente P ou necessariamente : no " P, ou necessariamente : " no-P ou : no " necessariamente P. Exemplo6 7)3 corpo " necessariamente extenso. 0)3 corpo necessariamente no " espiritual. 9)Becessariamente corpo " no-espiritual. G)3 corpo no " necessariamente espiritual. 3 primeiro *uío " um *uío analítico propriamente dito, porque dier-se corpo " dier  extenso, pois ser extenso " da ess&ncia do corpo. 3ra, o que " da ess&ncia de alguma coisa " imprescindí$el nessa coisa, pois sem o qual no " o que ". 3ra, o *uío genuinamente analítico " um *uío apodítico, porque a necessidade indica o que " no-cedí$el, o que no  pode deixar de ser, que tem de ser, para ser o que ". # demonstra2o apodítica " aquela cu*a concluso decorre necessariamente das  premissas dadas, e " em si mesma necessária. # simples análise permite construir uma seq=&ncia de *uíos analíticos correlacionados e tamb"m sint"ticos a priori, contidos $irtualmente naquele e todos com a de$ida apoditicidade. Para ilustrar a nossa tese, exempli!iquemos com o termo +ireito e construamos *uíos analíticos e outros, partindo do exame conceitual com as correla2;es que tem, segundo a nossa dial"tica. ... 4omemos, por exemplo, o conceito +ireito. #o analisá-lo, $emos que indica o rectum, o que " reto, segue retamente, o que corresponde normalmente à con$eni&ncia da naturea de uma coisa, pois " reto no s o proceder, o atuar, mas tamb"m o so!rer do que " de$ido a alguma coisa. 3ra, de$er $em de de e habeo, ter de, o que se tem de realiar ou  proceder ou so!rer. 3 conceito de direito em sua purea encerra, portanto, esse conte>do6 " direito o que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa. +i-se que con$"m, o que $em com, de acordo a alguma coisa. @etitude, pois, " a característica do que realia esse de$er para com a coisa. +esde logo ressalta que o conte>do eid"tico de direito exige o

MA

conte>do do de$er pois o direito " o que " de$ido, etc. :o, pois, conceitos correlati$os. 3nde há direito há de$er. Consequentemente, perguntar-se-ia se onde há de$er  corresponde-lhe ou no um direito< :e se tem de realiar alguma " que alguma coisa " de$ida a alto. Portanto o de$er implica o direito, o que compro$a a per!eita reciprocidade entre direito e de$er. 3 que de$e está ligado pois o outro, ante outro (ob), daí o termo obrigado (obligatio) ser correlato ao de direito. 3 direito, portanto, implica obriga2o, e esta aquele. 4oda coisa tem uma naturea, ou se*a o con*unto de seu plethos que nasce, que surge. # naturea de uma coisa " assim o con*unto do ser como essente e como existente, e no apenas a sua !orma, mas tamb"m o de que " !eito, a sua mat"ria. +ar o que " de$ido a alguma coisa, ou se*a, respeitar o seu direito " o que constitui  *usti2a. Tusti2a, pois, s pode ser o reconhecimento e o cumprimento do que " de$ido à naturea de uma coisa. E como a naturea de uma coisa " din5mica e cinemática, pois ela alcan2a di$ersos estados, direito ", em suma, tudo quanto " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa considerada dinamicamente. D *usto, portanto, respeitar o direito e a  *usti2a está numa adequa2o per!eita com o direito. Como a id"ia de dar o que " de$ido implica um atuar contingente, pois no se poderia !alar em direito se o que " de$ido se desse necessariamente, compreende-se que pode ha$er !rustra2;es de direito, ou se*a des$ios, a!astamentos. # máxima que di o que se de$e dar, que expressa em suma o reconhecimento do direito, " uma norma, uma lei. # lei s pode, pois, ser a expresso do direito e da obriga2o. E a conting&ncia do cumprimento dessa norma ou lei exige como conseq=&ncia uma prescri2o que ordene o cumprimento e como este pode ser !rustrado " decorrente do mesmo conceito que ha*a uma pena ao que no cumpre o que " de$ido, que !rustre o direito. Consequentemente, " lícito o que está contido no 5mbito da lei o ilícito o que a ela se op;e ou o!ende. #quele a quem cabe um direito " um portador de direito, " em suma o su*eito do direito e o conte>do do que lhe " de$ido " o ob*eto do direito. Portanto, su*eito do direito " o portador do direito, o titular do direito. %as, se considerarmos dentro da pentadial"tica o su*eito do direito, teremos de considerá-lo como6 Inidade 4otalidade :"rie

MS

:istema Ini$erso :e considerarmos a naturea de uma coisa dinamicamente, sabemos que o indi$íduo,  portador do direito, !a parte de uma totalidade, a qual se estrutura numa s"rie e esta num sistema que, por sua $e, se estrutura num uni$erso. #ssim se consideramos o homem como portador do direito e porque " ele uma pessoa, será uma pessoa do direito. :egundo a sua naturea há o que lhe " de$ido. %as, !a parte ele de uma totalidade (a !amília, por  exemplo). 3ra sabemos que os componentes de uma totalidade esto de certo modo subordinados a esta. #ssim como o indi$íduo tem direitos, tamb"m os tem a totalidade à qual pertence. Portanto o que " de$ido à totalidade com *usti2a no pode ser pre*udicado  pelos direitos do indi$íduo. D mister, pois, que se compreenda com *usti2a o que " de$ido ao indi$íduo como elemento componente de uma totalidade. E *usti2a s pode ha$er  quando os direitos de ambos so respeitados e no so!rem restri2;es seno aquelas que no o!endam !undamentalmente o direito das partes. 'á, assim, direitos correspondentes, como se $& em rela2o à s"rie, ao con*unto social de que !aem parte as totalidades, e estas, ao sistema social a que pertencem. Consequentemente, as restri2;es de direito sero *ustas enquanto respeitarem a *usti2a das partes. Poderia ha$er coliso entre tais direitos< Poderia, e neste caso a *usti2a de$e pre!erir o $alor *usto mais alto, o que compro$a que o direito implica uma axiologia do direito. +i-se que " *urídico o que se re!ere à lei, consequentemente há uma axiologia *urídica, cu*o crit"rio de hierarquia tem de obedecer ao crit"rio que dado pelo que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa dinamicamente considerada. Consequentemente, pode-se ainda concluir que há um ob*eto material do direito que so as regras, costumes, expressas nas leis e um ob*eto !ormal moti$o que " a legalidade, tendendo a alcan2ar o ob*eto !ormal terminati$o que " a *usti2a. 4ais ob*etos compro$am que o +ireito no " como disciplina "tica apenas uma arte, mas uma ci&ncia, porque cont"m o que " !undamental a uma ci&ncia, os tr&s ob*etos indispensá$eis. +aí se pode, da análise que !iemos do termo direito, deduir uma s"rie de teses6 a)+ireito " o que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa tomada dinamicamente.  b)'á retido quando há cumprimento do direito.

MM

c)# todo direito corresponde necessariamente obriga2o. d)D lícito tudo quanto se inclui no 5mbito do direito. e)'á *usti2a quando se cumpre ou se reconhece o direito. !)'á ilicitude toda a $e que se o!ende o direito. g):o *ustas as restri2;es de direito quando correspondem à naturea do criador do direito considerado ante suas obriga2;es às totalidades de que !a parte. h)# lei " a expresso prescriti$a do direito. i)# toda lei de$e corresponder uma san2o. :endo o direito de$ido à naturea da coisa, pode-se, portanto, !alar de um direito natural. +ireito natural " tal direito. Poder-se-ia !alar em aquisi2o de direito< #dquirir $em de ad e quaero, ou quaeso, $erbo antigo, que signi!ica obter, encontrar no caminho, topar no sentido clássico. #dquirir um direito seria obte-lo. E como se obteria um direito< Im ser   portador de direitos alcan2a determinados estágios nos quais há modi!ica2;es din5micas na sua naturea, como, para exempli!icarmos, o homem que " pai, por ser tal, tem no$os direitos e no$as obriga2;es. +i-se que !oram adquiridas. %as note-se que atingido o estágio de sua naturea esta *á tem seus direitos. :endo o direito o que " de$ido, do modo que $imos, no há propriamente aquisi2o, mas apenas reconhecimento do direito. Beste caso, a lei pode reconhecer o direito. Ento, no se pode !alar propriamente em aquisi2o de direitos, mas em reconhecimento de direitos de$idos ao estágio alcan2ado. Fuem, pelo estudo, alcan2a determinado posto adquire direitos< Propriamente no. Fuem atinge a certo grau, alcan2a a um aspecto din5mico da sua naturea que tem seus direitos. 3 pelo qual se luta ento " pelo reconhecimento do direito. Jamos a um exemplo6 quando as mulheres no tinham o direito de $oto luta$am por adquiri-lo ou por reconhecerem o direito que lhes cabia de escolher tamb"m os representantes do po$o< Beste caso no há aquisi2o de direitos e no há pela simples rao de que sendo o direito o que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa dinamicamente considerada, no " algo que se adquire, mas algo que  *á se tem, cu*o reconhecimento " direito do direito. Portanto  *)3 reconhecimento do direito " um direito que cabe ao direito. Consequentemente ?)Bo há aquisi2;es de direito tomados tais termos em sentido puro.

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%as uma comunidade pode estabelecer ordens *urídicas. Essas ordens constituem o direito posto, colocado, estabelecido, o direito positi$o, enquanto o direito de$ido à naturea da coisa " o direito natural. Portanto, l)3 direito positi$o " *usto quando adequado ao direito natural. 3 que " de$ido a algu"m, em seu direito, " um bem. Portanto6 m)o bem *urídico " a obriga2o ou obriga2;es de$idas ao direito de um portador do direito. Porque o direito pode ser !rustrado, exige ele uma coer2o moral ou !ísica para que se*a respeitado, bem como para que as obriga2;es se*am cumpridas. n)3 caráter coati$o do direito decorre da naturea das obriga2;es. Fue pretende a coa2o seno assegurar o cumprimento do direito. # coa2o, portanto, no !a parte da ess&ncia do direito nem " sua subst5ncia, mas apenas algo acidental, aposto ao direito para assegurar seus !ins. Portanto, o)# coa2o no " da ess&ncia do direito, sendo-lhe, portanto, acidental. 3 uso da coa2o tendo a !inalidade de !aer respeitar e assegurar o cumprimento do direito, ", portanto, de certo modo, *usta. %as para que nela ha*a *usti2a " mister que nunca o!enda o direito em suas di$ersas maneiras de mani!estar-se. # quem cabe o uso, portanto, da coa2o, e at" da pena, combinada aos que desrespeitam o direito< :e a sua aplica2o exige *usti2a, de$e caber a quem mais *ustamente poderá ministrá-lo, aplicá-lo. Como os homens $i$em em sociedade a aplica2o da coa2o e da san2o s será *usta dentro daqueles termos. :aber quem está apto a aplicá-lo cabe ao estudioso do direito.  p)# coa2o do direito e a pena de$em caber àqueles que mais *ustamente podem aplicá-lo. :endo o direito o que " de$ido, como $imos, o $erdadeiro legislador no " um criador  arbitrário de leis, mas um descobridor das leis. #s leis no so, portanto, ob*eto de cria2o humana, mas de descobrimento. Portanto q)3 $erdadeiro legislador " o descobridor das leis *ustas. :endo *usto o que " de$ido ao bem de alguma coisa (sua con$eni&ncia natural), dese*ar a *usti2a " amar o bem do portador do direito. Portanto, r)Bo há oposi2o entre a *usti2a e o amor e a $erdadeira *usti2a " amor. E mais6

Q1

s)Tusto " aquele que conhece o seu de$er e o cumpre. %as como a aplica2o da *usti2a permite des$ios e erros, podem ser eles sanados. Portanto, t)D de$er do *usto sanar os erros da aplica2o da *usti2a. %as como a aplica2o da *usti2a pode ser atribuída a um organismo social e pode este des$iar-se do cumprimento do seu de$er e nem sempre, pelos meios normais, " possí$el e$itar o des$io da *usti2a, " do direito dos *ustos lutarem pela restaura2o da *usti2a. Portanto, u)Cabe aos in*usti2ados ou os conscientes da in*usti2a restaurarem por meios *ustos, relati$amente às circunst5ncias, o imp"rio da *usti2a. Por isso, para o bom cumprimento da *usti2a de$e ha$er recursos aos in*usti2ados ou que se *ulgam tal, a organismos que possam restaurar a *usti2a o!endida. $)D de *usti2a ha$er recursos normais para restaurar os erros perpetrados na aplica2o das leis. Contudo, como a *usti2a " !rustrá$el e as leis, como prescri2;es do direito positi$o  podem ser o!ensi$as aos direitos e, portanto, à *usti2a, de$e caber recursos à sua anula2o. x)D de *usti2a ha$er recursos à anula2o das leis positi$as que o!endam o que " de direito e de *usti2a. Contudo, como a ministra2o do poder de legislar pode caber a um organismo que, abusando do seu poder, pode prescre$er leis in*ustas, de$e ha$er recursos tamb"m para tais meios, como $imos. %as, pode o que legisla apossar-se de tal poder que impe2a tais recursos. D de *usti2a, neste caso, usar da $iol&ncia para romper este estado de in*usti2a< :im, se no hou$er outro recurso para restaurá-la. Portanto, Z)D *usto recorrer à $iol&ncia quando a restaura2o da *usti2a torna-se impossí$el  pelos meios normais *urídicos do direito positi$o $igente. Fue compro$a toda esta análise seno que " possí$el ter-se um crit"rio seguro de  *usti2a, desde que se considere o portador do direito segundo os di$ersos aspectos que pode tomar, segundo os graus pentadial"ticos que estudamos. +ecorrem do que examinamos que )Bingu"m pode com *usti2a opor-se à aplica2o da lei *usta. E !inalmente, para a boa ordem social, imp;e-se6 )4odos de$em cumprir a lei *usta e " de$er de todos conhec&-la.

Q7

3 que nos le$a a no admitir a ignor5ncia da lei, que no pode ser alegada. +emos aqui um exemplo de como " possí$el, atra$"s da análise de um termo como direito alcan2ar a 0S *uíos

apoditicamente demonstrá$eis. Bo so apenas *uíos

analíticos, pois muitos so sint"ticos a priori. E como !oi possí$el alcan2á-los< :implesmente porque a análise no se realia apenas pelo que " atual no conte>do conceitual do su*eito, mas tamb"m no que " $irtual e nele está contido, no s em si mesmo, mas, tamb"m, nos seus relacionamentos. 4udo isso $em compro$ar, atra$"s da nossa dial"tica, que o criticismo ?antiano " improcedente quando dese*a a!irmar a aride da análise dial"tica bem conduida e demonstrar, de modo de!initi$o, que há ainda muito campo para as in$estiga2;es !ilos!icas. E que constituem esses *uíos seno o campo da  prpria iloso!ia do +ireito< Esta está, portanto, per!eitamente *usti!icada, apensar dos argumentos do :r. Kant.77 ... Fundamento do 5uí!o

Fuando Kant pergunta, seguindo as pegadas de 'ume, como " possí$el *untar um conceito a outro conceito para !ormar um *uío, repete apenas a mesma pergunta que *á ha$iam !eito so!istas gregos na luta contra :crates e Plato. Como " possí$el, em suma, o  *uío de qualquer esp"cie< 3ra, os que se colocam do 5ngulo do racionalismo consideram o  *uío aquela opera2o do espírito pelo qual se comp;e ou se di$ide, *unta-se ou nega-se a  presen2a de um predicado a um su*eito. @ealmente essa " a maneira lgica de conceber o  *uío e essa disciplina classicamente estuda as tr&s opera2;es do *uío6 o conceito, o *uío e o raciocínio. Contudo, psicologicamente, no " assim, Bo " aps a constru2o do conceito que o ser humano !ormula um *uío. 3 *uío acompanha o homem desde as suas mais elementares apreens;es como se pode $eri!icar na crian2a. #demais as coisas que so de nossa experi&ncia *á esto prenhes de *uíos possí$eis (intelligibiles in sensibile), inteligí$eis no sensí$el que a intelig&ncia, posteriormente, distingue e enuncia logicamente. Em Psicologia/ e em 4ratado de Esquematologia/ estudamos a !orma2o dos *uíos e o seu enunciado lgico, como tamb"m $erbal, que tanto !oi $aloriado pelos racionalistas. Como estes se prendem !undamentalmente às opera2;es lgicas, " natural que, tomando o 77

Bo esgotamos aqui tudo quanto a análise, segundo a nossa dial"tica, pode estabelecer sobre o +ireito. 4al$e um dia possamos desen$ol$&-la e realiar, ento, uma iloso!ia Concreta do +ireito, que penetraria ainda em aspectos especí!icos dessa disciplina, que " das mais importantes do conhecimento humano.

Q0

conceito em seu conte>do noemático, consideram-no em suas estruturas esquemática, da qual se ausenta a estrutura de outros conceitos $ários. #tribuir um predicado a um su*eito " considerar inerente a este outro conceito. Como " possí$el tal coisa em !ace da separa2o abissal que o racionalismo $iciosamente interp;e entre ambos< # !orma2o do *uío trans!ormar-se assim num problema para o racionalista. %as, na $erdade, " um pseudo-problema, ou, ento, um problema apenas dentro do campo do racionalismo. # opera2o *udicatria " posterior no homem. :eno $e*amos6 pomo-nos a olhar este campo, e nossos olhos captam ár$ores, arbustos, pássaros que cortam os ares, um c"u aul com algumas nu$ens brancas esparsas. 3 pássaro-que-$oa, a ár$ore-mais-distanteda-outra, os cambiantes-de-$erde-so $ários so totalidades captadas pelo nosso sistema intuiti$o-intelectual, totalidades que intencionalmente podem ser analisadas8 ou se*a, atra$"s da intencionalidade conceitual podemos descre$e-la analiticamente. # coordena2o dos conceitos que usamos, desde que a!irmem ou neguem alguma coisa (um conceito) a outra coisa (outro conceito), constitui, psicologicamente, o *uío que tem o seu enunciado lgico pelo m"todo que a Ogica examina e estuda. :e ao re!erir-me a esta ár$ore digo6 Esta ár$ore " $erde, expresso, com sinais $erbais, o conte>do no"tico-eid"tico que, intencionalmente, diri*o ao !ato tomado como um todo que meu sentido ptico capta. E a opera2o *udicatria consiste em estabelecer a conexo de conte>dos conceituais !ormando um *uío que " enunciado com sinais $erbais. Bem os sinais $erbais so tudo no *uío, nem tampouco o " o conte>do no"tico-eid"tico dos conceitos, se no considerarmos tamb"m a opera2o *udicatria da mente humana. 'á na !iloso!ia moderna um termo que merece especial exame, " a pala$ra alem :ach$erhalt, que signi!ica a representa2o pura que precede ao *uío, que aponta a síntese característica do su*eito e do predicado compostos ou no na coisa eu o *uío a!irmará ou negará (recusará). Pro$indo de Hrentano, encontramos esse termo usado entre os !ilso!os modernos que so!reram in!lu&ncia do !amoso pensador alemo. :egundo aquele !ilso!o o *uío no constitui uma composi2o de id"ias. # composi2o precede ao *uío (" tomada representati$a antes como um todo), e pertence à classe das representa2;es puras. D o que aliás nos demonstra a Psicologia. 3 *uío " uma opera2o prpria do espírito que di!ere

Q9

totalmente da representa2o. Este, a!inal, a!irma a correspond&ncia que há do conte>do da representa2o com a realidade. :ach$erhalt ", pois, o conte>do dessa representa2o, que tem um nexo, uma rela2o, uma ordem, tanto na coisa como tamb"m na representa2o. Essa maneira de considerar de Hrentano *á encontrá$amos em 4omás de #quino e com maior precisa2o at", no conceito de dispositio rei, que a!irma$a *á se dar nas coisas sensí$eis a composi2o dos conceitos do su*eito e do predicado, precedentemente ao *uío. Este " o resultado de uma opera2o que realia um retorno crítico sobre a representa2o composta. 3 :ach$erhalt " a!irmado ou negado pelo *uío. 3 *uío $erdadeiro " o que enuncia que a dispositio rei se dá in esse e in $eritate na coisa. Kant desconhecia esse modo de conceber o *uío e *ulga$a que a !iloso!ia clássica apenas se !unda$a na maneira racionalista de considerá-lo. Partindo do racionalismo a  posi2o de Kant " conseq=ente e teria, !atalmente, de considerar que as categorias nada mais eram que id"ias puras do entendimento e o conceito apenas constru2;es nossas que, intencionalmente apenas, se re!erem aos conte>dos dos !enômenos, ou se*a, das imagens que !ormamos das coisas. 3 criticismo ?antiano " um !ilho esp>rio do racionalismo. 3 tema do *uío e a doutrina concreta da sua !orma2o so por ns examinadas em 4ratado de Esquematologia/. ... As pro.as da e;istência de
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