Metodologia Da Investigação Científica Para Ciências Sociais Aplicadas MARTINS

March 1, 2019 | Author: JoséLuiz | Category: Definition, Theory, Ciência, Abstraction, Reality
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Metodologia Da Investigação Científica Para Ciências Sociais Aplicadas MARTINS...

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G il ber t o d e An d r a d e Ma r t i n s C a r l o s R e n a t o T h e ó p h i l o

Me t o d o l o g i a

DA

In v e s t i g a ç ã o í f i c a para C i e n t íf C i ê n c i a s So c i a i s a pl i c a d a s

A tla s

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câm ara B rasileira do Livro, SP, Brasil) Martins, Gilberto de Andrade Metodologia da investigação científica p ara ciências sociais aplicadas / Gilberto de An drade M artins, Carlos Renato Theóphilo. - São Paulo: Atlas, 2007. Bibliografia ISBN 978-85-224-4796-1 1. Ciências sociais - Pesquisa Ren ato. II. Título.

2. Pesquisa - Metodologia

I. Theó philo , Carlos

CDD-001.42

07-3988 índices p ara catálogo sistemático: 1. Inves tigação científica : Metodo logia 2. Metodologia de investigação científica

001 .42 001.42

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a re pro duç ão tota l ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei n“ 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme D ecreto n° 1.82S, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Brasil/Printed in  Braz il

Editora Atlas S.A. Rua Co nselheiro N ébias, 138 4 (Campos Elísios) 01203-904 São Paulo (SP) Tel.: C0 __ 11) 3357-9144 (PABX) www.EditoraAtlas.com.br 

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Pólo Teórico

3.1 O que é Teoria? O termo teoria  tem sido em pregado de diferentes man eiras para indicar distintas questões. Ao revisar a literatura, para construção de um trabalho científico, encontram-se expressões contraditórias e ambíguas: conceitos como teoria; orientação teórica; m arco teó rico; esquema teórico; referencial teórico; plataforma teórica; utilizados como sinônimos. Em outras situa ções o termo teoria   serve para indicar uma série de idéias que uma pessoa tem a respeito de algo (eu te nho minha própria teoria para o relacionamento com sujeitos rebeldes). Outra concepção é considerar as teorias como conjuntos de idéias incompreensíveis e não comprováveis, geralmente verbalizadas por pro fessores e cientistas: ele é muito teórico! Freqüentemen te as teorias são vistas como algo totalm ente des  vinculado do cotidiano. São entendidas como idéias que não podem ser verificadas, nem tampouco m edi das, evidenciando uma concepção que se aproxima da mística. Outro uso do termo é o de se entender teoria como o pensamento de um autor: Teoria de Marx, Teoria de Freud etc. As modalidades e o grau de prova, ou confirma ção, que uma teoria deva possuir para ser declarada ou acre ditada teoria científica não são definíveis com um critério unitário. Manifestamente, a verdade de uma teo ria econômica, teoria contábil, teoria psicoló gica, enfim, das Ciências Sociais Aplicadas, pede apa ratos de prova com pletamente diferentes do que se n e cessita para uma Teoria da Física, porque as técnicas

de verificação são extremamente diferentes. Também os graus de confirmação requeridos são diferentes e, muitas vezes, fora do campo da Física são chamadas teorias simples suposições que não envolvem o míni mo aparato de prova. A validade de uma teoria de  pen de da sua capacid ade de cumprir as funções às quais é chamada: uma teoria deve constituir um es quema dc unificação sistemático por conteúdos dife rentes. O grau de compreensão de uma teoria é um dos elementos fundamentais de juízo da sua validade; uma teoria deve oferecer um conjunto d e meios de re presentaç ão con ceitua i e representação sim bólica dos dado s de observação; e ainda um a teoria deve consti tuir um conjunto de regras de inferência que perm ita  prev isões de dados e de fatos - principal função da teoria. Pode-se também com preend er teoria como um conjunto de princípios e de noções ordenadas relaiivamen te a um objeto científico determinado .' A busca da compreensão e de explicações mais abrangentes a respeito da realidade, conduzida por um processo de investigação científica, pode condu zir à formu lação d e leis e teorias. As teorias possuem como característica a possibilidade de estruturar as uniformidades e as regularidades explicadas e corro  bo ra da s pelas leis cm um sistem a cada vez mais a m   plo e c oe rent e, com a v an tage m de corrigi-las e ap er feiçoá-las. O objetivo da teoria é o da reconstrução conceituai das estruturas objetivas dos fenômenos, a fim de compreendê-los e explicá-los. Dentro do con texto da pesquisa, as teorias orientam a busca dos fatos, estabelecem critérios para a observação, sele-

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Metodologia d* inveiilj(jç4o científico por» cltn rloi toclol» opllcodot • Martlm   Thrdphllo * 

cionando o que deve ser observado como pertinente  para testar hipóteses e buscar respostas As questões de uma dada pesquisa. As teorias não apenas servem de instrumentos que orientam a observação empíri ca, como também contribuem para a “modelização de um quadro heurístico para a pesquisa”,1habilitan do o pesquisador a perceber os problemas e suas pos síveis explicações. As teorias aprcseniam-se como um quadro de referência, metodicamente sistematizado, que sustenta e orienta a pesquisa. Segundo uma definição científica de teoria: Uma teoria é um conjunto de constructos (conceitos), definições e proposições relacio nadas entre si, que apresentam uma visão sis temática de fenômenos especificando relações entre variáveis, com a finalidade de explicar e  prever fenômenos da realidade.3 Ainda sobre conceitos de teoria destaca-se o en tendimento de que teoria equivale à coleção de enun ciados de certos tipos, interligados por umas tantas relações. Teorias comparam-se a redes lançadas com o objetivo de recolher o que se denomina mundo:  para dominá-lo, racionalizá-lo, enfim, comprecndêlo. A sistematização e busca de seguras explicações dos acontecimentos constituem objetivos das teorias. Algumas teorias nos ajudam a orientar futuras in vestigações, outras permitem o traçado de mapas da realidade. Não é sem razão que o trabalho científico não prescinde de referenciais teóricos. O avanço da ciência pressupõe aumento da sistematização e ex  plicação dos fenômenos, daí a necessidade de teo rias abrangentes que dêem sentido a proposições fac tuais, permitindo que se considere e analise o apoio que a tais proposições factuais um campo de aplica ção mais amplo possa vir a conferir.'' A medida que a investigação avança, as hipóte ses podem ganhar status de pretensa teoria, a ser reconhecida após confirmações advindas de novas evidencias e investigações conduzidas por outros cien tistas. Não é exagero afirmar-se que um sistema de hipóteses pode ser um embrião de uma teoria. Asser ções feitas pelas teorias destinam-se a sistematizar o que se sabe acerca do mundo que nos cerca. As teorias têm um objetivo pragmático de efetuar o ajuste inte lectual do homem com o contorno, permitindo que ele compreenda o que acontece à sua volta. Quando em um dado setor já foram conduzidas investigações que possibilitaram a construção de um sólido corpo de conhecimento em que se acham incluídas genera lizações empíricas, as teorias surgem como a chave

 para a nosso compreensão dos fenômenos, explican do as reguiaridades previamente constatadas. Diferentes teorias produzem diferentes instru mentos. diferentes observações c Interpretações c,  por consequência, diferentes resultados. Constituem diferentes redes para se tentar capturar a realidade. A ruptura com explicações pré-cicntíficas, ou explica ções orientadas pelo senso comum, é dada pela teo ria. A pesquisa e a teoria têm seus desenvolvimen tos paralelos e indissociáveis. Se sc deseja chegar a conclusões pertinentes que transcendam o senso co mum, não sc pode desconsiderar o pólo teórico ine rente a toda pesquisa empírica válida. A teoria tenta explicitar o que sabemos, e também nos diz o que queremos saber, isto é, nos oferece as perguntas cuja respostas pro curamos. As teorias nos dão um quadro coe rente dos fatos conhecidos, indicam como são organizados e estruturados, explicitam-nos,  prevêem-nos, fornecendo pontos de referên cia para a observação de novos fatos.5

3.2 Funções da Teoria A função mais importante de uma teoria é expli car: dizer-nos por quê? como? quando? os fenôme nos ocorrem. Outra função da teoria 6   sistematizar e dar ordem ao conhecimento sobre um fenômeno da realidade. Também, associada com a função de explicar, é a da predição. Isto é, fazer inferências sobre o futuro, orientar como se vai manifestar ou ocorrer um fenômeno, dadas certas condições. Todas as teorias oferecem conhecimentos - explicações e  predições sobre a realidade - a partir de diferentes  perspectivas, portanro, algumas se encontram mais desenvolvidas que outras, e assim cumprem melhor suas funções. Para decidir sobre o valor de uma teo ria, podem-se levar em consideração os seguintes cri térios: (1) capacidade de descrição, explicação e pre dição; (2) consistência lógica; (3) perspectivas; (4) fertilidade lógica; c (5) parcimônia.

3.3 O que é Modelo? Uma das características marcante do discurso científico contemporâneo é o rigor da linguagem e o uso e (abuso) de modelos. A frequência do emprego dc modelos, longe de esclarecer o significado preci so do conceito, tem contribuído para obscurecê-lo, confundi-lo, e o que é mais preocupante , banalizá-lo.

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Pólo tíórko

A natureza polissêmica da palavra modelo,  devido h sua introdução em diferentes contextos científicos e, sobretudo, à multiplicidade de seu uso, acaba sendo agravante a esse confuso estágio. Como já afirmado, a teoria constitui o núcleo essencial da ciência, sem a qual não se consegue avançar. Além dos elementos  básicos da visão clássica de teoria - cálculo e regras de corresp ondênc ia - , os estudiosos introduziram um terceiro elemento nas teorias: o modelo. Os modelos, segundo esse entendimento, caracterizam as idéias fundamentais da teoria com auxílio de conceitos fa miliarizados, antes da elaboração da teoria. Kspccificamente, também não pode ser considerado ntodelo científico tudo o que pode ou deve ser imitado, ou um exemplo, por mais complexo que se apresente. Modelo e exemplo são sinônimos apenas na lingua gem comum. Não é único o conceito de modelo, cuja significação dependerá da finalidade com que será utilizado. A falta de clareza entre os conceitos de mo delo e teoria prové m da consideração de que a teoria  p de fato um m odelo da realidade, isto é, que seus conceitos ou sinais correspo ndem-se biunivocamente com os objetos do mundo empírico. Sob outro ponto dc vi«a alguns au.orcs eme ndem que mode o e m ero e « ã o são sinônimos, ou seja, os modelos sao rompreendidos como in.erpretações de uma. teona. comprei. rnodeio são duas maneiras de traA interp retaç ão e o model da du2ir uma recria: „,Ce. M lingua gem ; a segun . QU cn ,cs . ou tro enCO, isto é, com relaçao J de modei0 COmo tendimento se da pela C01 ‘ Ç j é que o mouma explicação de uma teon a. A ® expHc, delo como ^ T ^ ^ c e n d o análises mais preção podem coexisti, ano: Modelo6 e uma cisas e claras. Conforme A 8conccjtoS científicos e das espécies fundB jnenM M d^^ ^ espedfjcação de precisamente aquele qi ^ a deSCrição de uma ^ uma teoria cientifica qu coberto pela prozona restrita e especifi d ^ iamente de napria teoria. Modelos n a s ^ necessariamente ter o q  de unl sistema ou tureza mecânica e nem d

caráter da visibilidade.

variáveis-fatore

,)roccsso ó cuns.™«o;om manejáveis, de a í ^ cantes possam ser identifica

mais sigmíe est„dndas.

li mi tes do Uso de Modelos 3.3.1

Valore

P .rtic ula rm en te n n ^



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 programático da noção dc modelo. Experimentam se aviões em túneis aerodinâmicos, reduzidos pro  porcionalmcntc ao tamanho dos modelos utiliza os. É natural que não basta experimentar o modelo para obter, mediante um raciocínio por analogia, todas as informações que se deseja conhecer sobre o funcio namento do avião original, mas 0  ensaio constitui uma base importante c econômica. É preciso refor çar que a noção de modelo é mais a fatoraçao ou abstração do que a redução em escala. Gcralmente, os modelos formais - tanto na Lógica como na Mate mática - são abstrações isomorfas de teorias, e nao redução de objetos. A utilização de modelos na pesquisa apresenta característica um pouco diferente, em acordo.com, o

 blema sob investigação, e. panm ilanr: . riãvcis, atributos e d . corndeseja conheccrrtxpl.ar/prc P^ „ a|0riração trução de um moda ^ fe rin d o , por  da matematizaçao e a iecm“ c“* ’ stígio ao vozes, indevidamente, modelo. Assim como um men ^ que brinca considera um « val° a e a considera como ?

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 Viva,

com os fatos. A ven na0 «0  nem ^erda verdadeiro, ou falso. mais ou menos adequadeiros nem falsos, sa o. pe significâncta de um dos para certos - o s . C ) ^ de. modelo não sao dados Po r^ ^ icados. istoé, não se rão do campo no qm ^ $im úteis ou muteis. rão verdadeiros nem * ■ s cndógenas e Podem-se disc,ng^ pr°do se compara um m_o-

 propriedadesexogenas qua

dcj endógcnas sao

delo e uma teona ^ P quanto tais, são invana jnerentes à estrutura c, ão aiheias a ela e, por  veis; as propriedades e g esnW teoria pode ser  •^variáveiscontingentes^ sendoque

interpretada ntedtant* d

dades endógenas,

  prestígi0 dos

instrumen.al e

modelos éevidenc,ado pol

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Metodologia da Investigação cientifica para clínclm iodai» apllcadai • Martini c Thtóphllo

3.3.2  Funções de um Modelo • Função seletiva, permitindo que fenômenos complexos sejam visualizados e compreen didos. • Função organizacional, que corresponde à classificação dos elementos da realida de segundo um esquema que: (a) especi fique adequadamente as propriedades ou características do fenômeno; (b) tenha cate gorias muruamente exclusivas e coletiva mente exaustivas. • Função de fertilidade, evidenciando outras aplicações em distintas situações. • Função lógica, permitindo explicar como acontece determinado fenômeno. • Função normativa, permitindo prescrições. • Função sistêmica.

 3.3.3 Etapas para a Construção de um Modelo

. CONCEITUALIZAÇÃO: busca de teorias que  possam ajudar a explicar o fenômeno que está sendo representado. • MODELAGEM: processo de lapidação e en riquecimento através de elaboração de re  presentações mais simples e eficazes. Pro cesso de estabelecimento de associações ou analogias com estruturas teóricas previa mente desenvolvidas. • SOLUÇÃO DOMODELO OPERACIONAL: in terdependência entre o modelo operacional do sistema e a solução obtida ou desejada. • IMPLEMENTAÇÃO: adoção dos resultados obtidos pela solução do modelo operacio nal. Evidencia um processo de transição, mudança organizacional, exigindo adapta ção. Deve ser um processo contínuo ao lon go de todas as fases do fluxo de trabalho. • VALIDAÇÃO: capacidade de explicação e de  previsão do modelo. Indicadores de eficá cia das etap as de conceitualização, modela gem, solução e implementação. A CONCEITUALIZAÇÃO dependerá: • Da visão de mundo do pesquisador (cosmovisão): entendimento sobre o homem, a so ciedade, a organização etc.

• Do nível de abstração. . Da capacidade de pensamento em termos globais e intuitivos - “pensamentos diver gentes”. . Da capacidade de formular conceitos, defi. nições, constructs, postulados, problemas relevantes ao conhecimento da realidade sob investigação.

Considerações sobre a MODELAGEM: . Não há um padrão a ser seguido para a construção de modelos. • Processo de enriquecim ento ou de elabora ção, começando-se com modelos bastante simples, procurando-se mover em sentido evolutivo para modelos mais elaborados. • A atividade de modelagem não pode ser entendida como um processo intuitivo, ain da que contenha um forte componente de arte. O processo dc modelagem deve ser en tendido dinamicamente em termos de uma compatibilidade tempo-espaço e de um pro cesso contínuo de enriquecim ento - apren dizagem. . Habilidades analíticas, minuciosas, e por isso mesmo formais. • Capacidade de “pensamento convergente". • Trabalho engenhoso com categorias que au xiliam explicações, particularmente, análise-síntese e indução-dedução. Considerações sobre Solução do Modelo Opera cional e Implementação

3.4 Hipótese e Tese  3.4, 1 O que é uma  Hipótese  de Pesquisa? O termo hipótese deriva do grego hipo (debaixo)

e thésis  (tese), e originalmente era empregado para designar “o que serve de base”; por exemplo, os pnncípios para as leis, o papel da hipótese - o que serve de base - para demonstração da tese dc um teorema. Com o tempo, o vocábulo assumiu outras acepções, sendo hoje empregado com o significado de uma pro  posição, com sentido de conjectura, de suposiça V * antecipação de resposta para um problema, que pode ser aceita ou rejeitada pelos resultados da pesquisa.

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Pólo ifórico 3 1

Há consenso entre os autores no sentido de que as hipóteses sao bem-vindas e importantes para os es tudos empínco-tcón cos. O valor de um trabalho ciem tífico não é somente identifjcado pelos testes das hi  póteses formuladas para se aceitar ou rejeitar cada uma das conjecturas propostas, mas também pelo enunciado de um problem a c objetivos da pesquisa. A formulação e teste de hipótese, no contexto do desen volvimento de uma pesquisa científica, contribuem  para o fortalecimento da consistência dos achados da investigação, junto com os resultados do estudo. Após a formulação de um problema, delineamento da plataforma teórica e enunciado dos objeti vos de uma pesquisa com abordagem empírico-analítica, convém construir e expor para teste uma ou algumas hipóteses. A abordagem metodológica hipotético-dedutiva - comum nos estudos da área dc hu manidades - pede o enun ciado de hipóteses que no desenvolvimento do trabalho serão testadas e com  provadas atrav és do su po rte do referencial teórico e análises dos resultados de avaliações quantitativas e qualitativas das informações, dados e evidências con seguidas. As questões /prob lema s de pesquisa, os ob  jetivos da investigação e as hipóteses contextualizam a essência de um estudo científico. São várias as conceituações sobre hipótese de  pesquisa: • Proposição afirmativa, que expressa uma suposta resposta ao problema da pesquisa; • Conjectura, ou suposição, que enuncia um  possível relacionamento entre duas, ou mais variáveis. . Proposição que pode ser colocada à prova ser testada - para determ inar sua validade. • Proposição de suposta explicação do fenô meno que está sendo investigado. Uma resposta à questão de pesquisa e o alcance dos objetivos do estudo poderão ser sign.ficauvame^ te complementados através dos resu ta ^ das hipóteses: a aceitação ou a rejeição m(j^0 tese auxiliará fortemente a exp ícaça são ne. que está sendo pesquisado. A sh .p m es e^ ^ ^ cessariamente verdade.ras: P ^ e m ^ ^ s 0 in. dadeiras, ou podem, ou nao, „„iPtadas e testes vestigador, dia nte das evidencias ^ uma hipótese, realizados, poderá a c e i t a r ,   'do:  a formula jamais afirmá-la ou nega*“ J d e construção de ção e teste de hipóteses no p m[)etência e habiuma pesquisa científica mostram compe

lidade do investigador, contribuindo para a validação dos achados da pesquisa. As hipóteses constituem ver dadeiros guias dc uma investigação. Proporcionam or dem c lógica ao estudo. Possuem funções descritivas e explicativas - quando se aceita ou se rejeita uma hipó tese, descobrc-se algo acerca do fenômeno que não era antes conhecido. Hipóteses ajudam a comprovar teo rias: se várias hipóteses dc uma teoria são aceitas em circunstâncias diversas, a teoria se fará mais robusta, forte, expressiva. Hipóteses que não estão totalmente ligadas a uma teoria, quando aceitas em circunstân cias diversas, constituem embriões de teorias. Como se pode ponderar: as hipóteses constituem instrumen tos poderosos para o avanço do conhecimento - são formuladas por pesquisadores, submetidas a provas (testes) e aceitas ou rejeitadas sem interferências dc quaisquer indivíduos, somente em função das mani festações da realidade, portanto, sem a interferência do pesquisador. É fundamental salientar que a aceita ção ou rejeição de uma hipótese de pesquisa não se dá necessariamente em função dc uni teste de hipótese estatístico. Gcralmcnte, a decisão de aceitar-se ou de rejeitar-sc uma hipótese de pesquisa é tomada a partir de um conjunto de resultados a partir de informações, dados e evidências, como, por exemplo: medidas esta tísticas descritivas; inferências e induções; associações entre variáveis; identificação dc tendências e outros movimentos característicos; deduções; relações entre eventos, variáveis, fenômenos; interpretações; análi ses; sínteses; compreensões etc. Ou seja, a prova de uma hipótese de pesquisa - mais corretamente o teste de uma hipótese de pesquisa - não oferece condiçoes  para se concluir que a hipótese seja verdadeira ou fal sa, senão se mostrar e argumentar que, de acordo com as evidências empíricas obtidas no estudo, a hipótese  poderá ser ou não apoiada.  Nem sempre as informações, os dados e as evticias possibilitam a aceitação de uma hipótese de quisa, frustrando o pesquisador que. afinal cons ul a conjectura que gostaria ver corroborada. O >de se rejeitar - não sc aceitar - uma hipótese de quisa não toma a investigação menos importante inútil- Rarticularmente nas pesquisas das arcas dc nanidades, onde a busca de conhecimento e funnental, a rejeição também proporcona conhec.nto sobre o fenômeno que está sendo investigado, analisar as evidências que não apoiaram a hipótccom certeza, se aprenderá algo que não se conhea respeito do fenômeno. Para se garantir maior clareza e precisão ao londo desenvolvimento da investigação, bem como

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Metodologia da invcitlga^ao científica pirn citn cl íí jotl ali apllc adu • M arllm e Thfôphllo

na condução dos testes das hipóteses de uma pesqui sa, serão necessárias claras explicitações das defini ções conceituais e operacionais das principais variá veis, e termos envolvidos no estudo, e, se pertinente, enunciado dos construtos que estão sendo considera dos no estudo. Neste capítulo o leitor encontrará ex  plicações sobre definições conceituais, operacionais e construtos de variáveis. As fontes para formulação de hipóteses estão di retamente relacionadas ao estágio de conhecimento sobre o campo de estudo assunto c tema que estão sendo pesquisados. Fundamcntalmcnte há três fontes  para a construção de uma hipótese: intuição, pres sentimento, palpite; analogia com hipótese de outros estudos assemelhados e teoria. Independentemente da origem, uma hipótese bem formulada, assim como um instigante recorte de um tema gerando uma ques tão de pesquisa, constituem expressões significativas da competência e criatividade do pesquisador. Exemplos de hipóteses de pesquisa: • Elevadas taxas de analfabetismo estão re lacionadas com regiões mais distantes dos centros urbanos. • Estudantes com avaliações do aprendiza do elevadas em Matemática tendem a obter avaliações elevadas em Estatística. • Quanto maior é o sentimento de eqüidade, maior a confiança. • Baixos graus de evidenciação dos resulta dos empresariais estão associados com bai xos níveis de captação de recursos. ■ Baixos níveis de planejamento e conheci mento do negócio relacionam-se com ele vadas taxas de falências de pequenas em  presas.

nante dc quem aspirava ao tírulo de doctor, que era equivalente ao de ‘douto ’ ou ‘sábio” . Essa prática re.  presentava a institucionalização do método fiiosófj. co vigente à época, a disputatio: o candidato defen. dia uma tese ante as idéias contrárias e objeções d% examinadores (antítese). Desde que vitoriosa a tese, surgia uma nova teoria ou doutrina c se consagrava um filósofo ou teólogo. Surgida com a universidade, n icsc sc manteve durante os tempos, mesmo na fase científica, e perdura até hoje.10 Enquanto um trabalho científico necessário à obtenção do grau dc "doutor”, equivalente ao “Phd" (philosophy doctor ), a tese deve atender aos seguin tes requisitos fundamentais: (a) demonstração, por  parte do autor do trabalho, dc ser um estudioso ca  paz de avançar a disciplina à qual se dedica; (b) ori ginalidade, no sentido de conhecer profundamente um assunto de forma a “descobrir” algo que não foi dito pelos demais estudiosos.  Nesse caso, a originalidade ou o “descobrir” não se referem, logicamente, a descobertas e invenções, como as próprias das ciências naturais: Quando se fala em “descoberta”, em especial no campo humanista, não cogitamos de inven ções revolucionárias (...] podem ser descober tas mais modestas. O estudioso deve produzir um trabalho que, teoricamente, os outros estu diosos do ramo não deveríam ignorar, porquan to diz algo de novo sobre o assunto [...]. " A originalidade - potencial de que a prova da tese possa surpreender, apontar novo caminho, di ferente perspectiva etc. - pode representar interes se para os outros estudiosos da área, por apresentar algo novo sobre o assunto-tema.

3.5 Sobre Conceito, Definição e Construto  3.4.2 O que é uma Tese?

O vocábulo tese  advém do grego thésis  (ato  pôr, proposição) e é empregado com diferentes sen tidos. O termo é utilizado para identificar uma pro  posição formulada com o intuito de ser defendida em  público; a denominação é   também empregada para designar a publicação que contém uma tese.9 A origem da tese remonta à Idade Média, com o advento das primeiras universidades. É a monogra fia mais antiga e solene: “[...] a 'defesa de tese’ ou simplesmente a ‘tese1representava o momento culmi

Ao buscar solução para um problema, ou encon detrar evidências para testar uma hipótese de pesquisa, o investigador deve explicar, com clareza e precisão, o que significam os principais termos, conceitos, de finições e construtos que estão sendo utilizados no estudo que realiza. A ausência desse procedimento  pode com prometer a validade e a confiabilidade dos achados da pesquisa, ou dos resultados do trabalho concluído, causando sobreposição e contradição de explicações sobre o fenômeno estudado, bem como de possíveis aplicações. É indispensável a conceitua-

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P ólo f f ó r k o

ção c definição dos principais termos e variáveis, a fim de que o investigador c interessados nos resulta dos compartilhem os mesmos entendimentos sobre os conceitos, definições, possíveis consmuos e variá veis incluídas no estudo, compreendendo d e maneira semelhante os resultados, conclusões e limitações dâ investigação. Esta seção apresenta, discuto, explica c exemplifica os significados de conceito, definição conceituai, definição operacional e construto visando ao correto entendimento dessas essenciais categorias do discurso cientifico, de acordo com o quadro refe rencial teórico em que se inserem.

3. 5 .1 Conceituando Conceito

Os  conceitos são palavras que expressam uma abstração intelectualizada da idéia de um fenômeno ou de um objeto observado. Pode-se compreender a conccituação dc um conceito como um processo que  parte do meio em que se vive; estímulos dos sujeitos, objetos e acontecimentos geram impressões que são mentalmentc elaboradas ao nível da intuição, resul tando em percepções, e por fim são enunciados os conceitos, constituídos de traços essenciais do perce  bido. O processo envolve abstr açã o e generalização: isolar aspectos, caraterísticas ou propriedades dc de terminados objetos, sujeitos ou acontecimentos - abs trair -, compor o conceito de fo rma qu e a explicaçãoconceito possa ser extrapolada a outros elementos do universo de onde foi observada a amostra. Um con ceito12 é, em principio, o pro duto d a abstração e da generalização a partir das imagens de objetos parti culares. O sentido etimológico de conceito é "o que é tomado com”, tudo o que se pode saber, pensar, re  presentar a respeito de algo con creto ou abstrato. Os termos conceito e noção  são praticamente sinônimos na linguagem corrente, fato que pode causar dificul dades para o entendimento comum nas diversas ciên cias. Um exemplo ilustra um conceito entendido como noção: “método de contagem física pode ser entendi do, ou conceituado, com o processo de determinação quantitativa dos estoques”. Como se pode compreen der, este impreciso conceito (noção) de “método de contagem física” restringe-se à contabilização dos es toques, desconsiderando contagens físicas em outras situações, como, por exemplo, compras, vendas etc.

De um modo geral, conceito é todo processo que torne possível a descrição, a classificação e a previsão de objetos cognoscíveis. Assim entendido, o termo tem significado generalissimo, podendo incluir toda

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espécie dc sinal ou procedimento semântico, qual quer que seja o objeto a que se refere, abstrato ou concreto, próximo ou longínquo, universal ou indivi dual etc. Pode-se ter um conceito da mesa como do número 3, do homem como dc Deus, do gênero e da espécie, bem como dc uma realidade individual ou coletiva. Embora o conceito seja norm alme ntc indica  do por um m une, ele não é o nome, já que diferentes nomes podem exprimir o mesmo conceito ou diferen tes conceitos podem ser indicados, por equívoco, pelo mesmo nome. O conceito não é um elemento simples ou indivisível, mas pode ser constituído dc um con  ju nto de técnicas simbólicas extre mam ente co mple xas; como é o caso das teorias científicas que tam  bém podem ser chamadas conceitos (o conceito da relatividade; o conceito da evolução etc.). O alegado caráter dc universalidade subjetiva ou validade intersubjetiva do conceito é, na realidade, simp lesment e a sua comunicabilidade de signo lingüístico: a função  prim eira e fundam ental do conceito é a mesma da linguagem, isto é, a comunicação. A noção de concei to dá origem a dois problemas fundamentais; um so  bre a nat ureza do conceito e o utro sobre a função do mesmo conceito. O problema da natureza do concei to recebeu duas soluções fundamentais; pela primei ra o conceito é a essência das coisas e, pre cisamen te, a sua essência necessária, pela qual elas não podem existir de modo diferente daquilo que são; pela se gunda solução, o conceito é um signo. Assim é que: A concepção do conceito como essência é a do período clássico da filosofia grega, no qu al o conceito é assumido como o que se subtrai à diversidade e à mudança dos pontos de vis ta ou das opiniões, porque se refere àqueles traços que, sendo constitutivos do p róprio o b  jeto, não são alte rados por um a mud ança de  pe rspe ctiva.11 Para a maioria dos filósofos contemporâneos a noção de conceito se confunde com a noção de sig nificado, identificando o com o objeto - conceito é tudo aquilo sobre o qual podem formular-se propo sições. O ponto crítico da transformação da noção de conceito: “o significado é o  que a essência se tor na quando se divorciou do objeto de referência e se casou com a palavra". Deve-se notar, todavia, que o termo conceito, ou significado, apare ce m ais fre que n temente referido para indicar a conotação do que a denotação, reforçando o entendimento de conceito como “explicação da essência”. Conforme ficou cla ro, um conceito é uma abstração a partir de conhe-

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Mtiodologii di invtiti(a(lo rirmlfici p in clfnd ii «odili ipllcid li • Minim r  Thfóphilo

cimentos percebidos. Constitui uma representação resumida de uma diversidade de fatos. Seu objetivo é simplificar o pensamento, ao colocar alguns acon tecimentos sob um mesmo título geral. Devem dar o sentido geral ao que se deseja transmitir para que se  possa ligar o esrudo ao conjunto dc conhecimentos que empregam conceitos semelhantes.14  No processo de construção do conhecim ento  pelo método científico, particularm entc nas Ciências Sociais Aplicadas, conceitos confundcm-se com defi nições conceituais, ou definições constitutivas, abor dadas na seção seguinte deste texto.

 3.S.2 Definindo Definição Para conduzir os conceitos do nível teórico e abs trato para o empírico e observacional, proporcionan do, com isso, o teste empírico das proposições, a ciên cia no geral c o dentista no particular necessitam das definições. Uma definição é adequada quando propida sufidemes características essenciais por meio das hkiquais seja possível reladonar o termo em causa com a [yre/eré nc ía correspondente. Deve esclarecer o fenômeW   no sob investigação e permitir uma comunicação não ambígua. Definir consiste em determinar a extensão e a compreensão de um objeto ou abstração. Enundar, dentro de um limite demarcado, os atributos essendais e espedficos do definido, tom ando-o inconfundí vel. Em geral, uma definição é a rcleitura, à luz de uma teoria, de um certo número de elementos do mundo real; é, portanto, uma interpretação, explicação.15 Em lógica formal, distingue-se entre “definições nominais", que se assentam em uma convenção pré via, e que se limitam a fornecer uma equivalência (é o caso dos dicionários, onde uma proposição é o equi valente de uma palavra), e “definições reais”, as quais se consideram como fornecendo as características in variavelmente observadas a pa rtir dos d ados de experiên da. No entanto, existem definições reais redutíveis a uma exposição de tipo nominal, como, por exem  plo, a definição descritiva dos grupos importantes de contas em uma demonstração de resultados, e inver samente as definições matemáticas, que são de cará ter convencional, são reais na medida em que os seres “imaginários" a que se referem podem efetivamente ser objeto de experiências invariáveis (as propriedades de um triângulo mantêm-se sempre as me smas).16 Há dois tipos de definição: constitutiva e opera cional. Uma “definição constitutiva", ou conceituai,

define palavras com outras palavras. São definições dc dicionário, utilizadas por todos, inclusive poloj cientistas. Entretanto, são insuficientes para propó sitos científicos, pois trazem imprecisões que podem comprometer o entendimento dos achados da pej. quisa. Por exemplo, dcfinc-sc lucro como “beneficio que se obtém dc alguma coisa, ou com uma ativi dade qualquer". Dependendo dos propósitos e contextualização da pesquisa, essa definição poderá comprometer a dareza e predsão dos resultados da investigação. Ou seja, não expressar, corretamentc, o fenômeno que se está pesquisando. Objetivan do superar tais deficiências, os cientistas sugerem o estabelecimento de definições operacionais. Assim é que uma “definição operacional” pode scr entendida como uma ponte entre os conceitos ou os construtos c as observações, comportamentos c atividades reais. A definição operacional atribui um significado con creto ou empírico a um conceito ou variável, espedficando as atividades ou operações necessárias para medi-lo ou manipulá-lo. Uma definição operacional, altemativam ente, especifica as atividades do pesqui sador para medir ou manipular uma variável. Exem  plificando: uma definição operacional de lucro uni tário de um produto podería ser dada pela diferença entre o preço unitário de ven da e o preço unitário de compra. Como se nota, esta singela definição diz o que fazer para medir, avaliar e calcular o lucro unitá rio (bruto) dc um pro duto.17 Uma definição o peracional1* deve especificar a seqüência de passos para se obter uma medida. A mensuração científica é obtida com definições opera cionais que podem ser usadas e replicadas por qual quer número de pessoas. Isto é o que faz uma defini ção operacional objetiva. Reafirmando: uma definição operacional é um procedim ento que atri bui um signi ficado mensurável a um conceito através da especi ficação de como o conceito é aplicado dentro de um conjunto específico de circunstâncias. Nestes termos, definição é uma operação pela qual se determina e se enuncia a compreensão dc um conceito - é a de claração do significado de um conceito, isto é, do uso que do conceito pode ser feito em um dad o campo de investigação. A utilização de definições operacionais remove ambigüidades, de tal forma que todas as pes soas envolvidas com o tema terão o mesmo entendi mento e, da mesma forma, irão mensurar a caracte rística em questão. Uma definição conceituai, ou um conceito, tem pouco significado comunicável até que se saiba como ele será utilizado em uma aplicação ou operação específica. Como a definição operacio

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Pólo itórico

nal é   construída em um particular contexto, podemse ter várias definições operacionais para um mesmo conceito, ou seja, a definição operacional de utn con ceito poderá mudar de acordo com a aplicação. Itor exemplo, o termo “limpo” terá significado distinto em uma residência e em uma sala de cirurgia de hospital. R melhor pensar em definições operacionais úteis ou inúteis ao invés de definições operacionais corretas ou incorretas. Definições operacionais são muito uti lizadas nas Ciências Sociais Aplicadas: Psicologia, So ciologia, Economia, Educação, Administração, Con tabilidade etc., todavia, suas limitações devem ser objeto de atenção por parte dos pesquisadores dessas áreas. As definições operacionais podem obscurecer aspectos sistemáticos e teóricos dos conceitos cientí ficos; podem conduzir a ciência a preocupar-sc com aspectos triviais, diminuindo o valor das definições constitutivas. Definições operacionais são limitadas no auxílio ao pesquisador quan do de suas explicações sobre a realidade. Há sempre o perigo de se fracionar de tal modo um conceito que o tome com pouca rele vância em relação ao seu verdadeiro significado.

3.5.3 Construindo um

Construto

Para explorar empiricamente um conceito teóri co, o pesquisador precisa tradu zir a assertiva genérica do conceito em uma relação com o mund o real, basea da em variáveis e fenômenos observáveis e mensurá veis, ou seja, elaborar (construir) um constructo ou construto e operacionalizá-lo. Para tanto, necessita identificar as variáveis observáveis/mensuráveis que  podem representar as contrapartidas das variáveis teóricas. Construto possui um significado construído intencionalmente a partir de um determinado marco teórico, devendo ser definido de tal forma que per mita ser delimitado, traduzido em proposições parti culares observáveis e mensuráveis. Os construtos, ou construções, são dotados da chamada existência sis têmica, isto é, do modo de existência próprio de uma entidade cujas descrições são analíticas no âmbito de um sistema de proposições; ao passo que as entida des inferidas teriam existência real, isto é, o modo dc existência atribuído a u ma entidade a que se pode re ferir uma proposição sintética verdadeira. Os constructos não são diretamente observá veis ou diretamente inferidos a partir de fa tos observáveis. Os constructos devem cobrir todas as funções das entidades inferidas: (1) resumir os fatos observados; (2) constituir um

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objeto ideal para a pesquisa, isto é, promo ver o progresso da observação; (3) constituir a base para previsão e a explicação dos fatos. Uma verificação empírica indireta dos cons tructos é, todavia, possível. A definição de uma construção empírica fornece sempre as instruções para pôr à prova, isto é, para de terminar a verdade ou falsidade das asserções nas quais recorre a construção.1'’ Construtos podem ser entendidos como operacionalizações de abstrações que os cientistas sociais consideram nas suas teorias, tais como: produtivida de; valor de uma empresa; status social; custo social; inteligência; risco etc. Um construto c uma variável conjunto de termos, dc conceitos c de variáveis -, isto é, uma definição operacional robusta que busca re  presentar empiricamente um conceito dentro dc um específico quadro teórico. Como se pode depreender, um construto poderá ser um embrião de um modelo. Exemplos de construtos: (a) Excelência empresarial: indicador

criado por Melhores e Maiores da revista  Exa me. É obtido pela soma dc pontos ponderados conseguidos pelas empresas em cada um des  tes seis indicadores de desempenho: liderança de mercado (peso 10), crescimento (25), ren tabilidade (30), liquidez (15), endividamen to (10). Nota-se que, para rentabilidade, são atribuídos pontos apenas para as empresas cujo índice seja positivo e que tenham divul gado os efeitos da inflação em seus resultados e patrimônio líquido. Em cada indicador, a es cala de pontos iniciais vai de 10 para o pri meiro colocado até um para o décimo. Assim, o primeiro colocado em rentabilidade obtém 300 pontos, 10 pontos iniciais vezes o peso 30. Em caso de empate no total de pontos,  prevalece a mais rentável. As empresas são selecionadas sempre entre as 20 maiores do setor. Indicadores calculados com dados esti mados não recebem pontuação.10 (b) Classificação social (Critério ABA -

Associação Brasileira de Anunciantes e ABIPEMK - Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado): a aplicação de um questionário indagando se o chefe da família é, ou não, o próprio entre vistado; o grau de instrução mais alto do che fe da família; a posse de aparelho de video-

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Metodotagli da Invcsilgaçlo cientifica par» elénrtai

k k  I i  I i

iplicad*» • Mirtln»

cassete, máquina de lavar roupa, geladeira e aspirador de pó; bem como as quantidades dc carros, TV em cores, banheiros, empregada mensalista e rádios. As questões são fechadas e são atribuídos pontos a cada uma das alter nativas para cada pergunta. 0 total de pontos classifica o respondente como pertencente a uma das classes: A, B, C, D ou E. (c) Previsão dc falência (Construção dc Kanitz) a partir dos índices dc balanço:

xl = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido; x2 = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo)/Exigívcl Total x3 = (Ativo Circulante - Estoques)/Passivo Circulante x4 = Ativo Circulante/Passivo Circulante x5 = Exigível Total/Patrimônio Líquido  f 

O referido autor, através da condução de pes quisa empírica, encontrou a seguinte relação: F = 0 ,05 x 1 + 1 , 65 x 2 + 3 , 5 5 x 3 - 1 , 0 6 x 4 0,33 x 5 A empresa estará em situação de insolvência (previsão de falência) se: F < - 3 Há indefinição se: - 3 «= F 0 A empresa estará em situação de solvência se: F> 0

 N ota s 1ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de  filosofia.  São Paulo: Mestre Jou, 1970. 2BRUYNE, P et al. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais:  os pólos da prática metodológica. 5. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. p. 102. 3 KERL1NGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciên cias sociais:  um tratamento conceituaL São Paulo: EPU/EDUSR 1991. p. 73. '

f

Thfóphílo

4 HEGENBERG, L  Explicações científicas:  introdução à filosofia da ciência. 2. cd. São Paulo: EPU/ED(JSI> 1973. * BRUYNE, R ct al. Op. cit. p. 102. 6 ABBAGNANO, N. Op. cit 7AST1 VERA, Armando. Mclodoíogia da pesquisa cien tifica. Ttad. Maria Helena Guedes e Beatriz Marques Magalhães. Porto Alegre: Globo, 1976. • MAZZON, José Afonso. Formulação dc um modelo dc avaliação e comparação dc modelos em marketing.

São Paulo, 1978. Dissertação (Mestrado cm Adminis tração) - Departamento de Administração da Facul dade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. 9 HOLANDA, A. B.  Novo dicionário Aurélio da língua  portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 10SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 9. cd. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 266. 11ECO, U. Como se faz uma tese.  15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. p. 2. 12 LEGRAND, G. Dicionário de filosofia. Rio de Janei ro: Edições 70, 1991. 13 ABBAGNANO, N. Op. cit. 14ABBAGNANO, N. Op. cit. ,s KÒCHE, J. C. Fundamentos de metodologia cientí  fica:  teoria da ciência c prática da pesquisa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 16 LEGRAND, G. Op. cit. 17KERUNGER, F. N. Op. cit. Ia SELLTIZ, C.  Métodos de pesquisa nas relações so ciais. São Paulo: E.RU. Editora Pedagógica e Univer sitária Ltda., 1987. 19ABBAGNANO, N. Op. cit. 201UDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Dicionário de temos de contabilidade. São Paulo: Atlas, 2001.

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