Meditação dos 5 lungs
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Apostila do CEBB sobre meditação dos 5 lungs....
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Introdução à Meditação Silenciosa
Curso: Introdução à Meditação Silenciosa
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Introdução à Meditação Silenciosa
Introdução à Meditação Silenciosa “A busca da estabilidade na natureza básica da mente é o caminho direto da meditação, aquele no qual se busca praticar a mente liberta, a condição de libertação”. Lama Padma Samten
1) Contexto, teoria e prática da meditação: O que é meditação? Muitas respostas são possíveis, pois a palavra “meditação” é usada amplamente em diversas tradições religiosas, filosóficas e, mais modernamente, científicas. Cada tradição irá determinar o seu significado e contexto de uso. A meditação não é encontrada apenas no budismo, as práticas meditativas/contemplativas são utilizadas nas tradições hinduístas, nos diversos ramos da yoga, no cristianismo, no islamismo, no judaísmo, no sikismo, nas correntes New Age, no taoísmo, etc. No ocidente houve uma grande popularização da meditação nas décadas de 1960 e 1970, especialmente com o Zen budismo, a Meditação Transcendental e a yoga. Atualmente a meditação é objeto de diversos estudos científicos, sendo seus efeitos pesquisados em diversas aplicações, como alterações no sistema imunológico, recuperação de doenças, capacidade de concentração, etc. Etimologia: a palavra meditação vem do latim, meditare, significando ponderar, refletir; também significa voltar-se para o centro, no sentido de desligar-se do mundo exterior e voltar a atenção para dentro de si. Iremos abordar a meditação no contexto budista. Mesmo no budismo existem inúmeras formas de meditação, com objetivos e técnicas diferentes. Em nosso caso, a meditação é o método que permitirá as transformações mentais, emocionais e físicas sugeridas no caminho ensinado pelo Buda. As diferentes instruções irão trabalhar diferentes qualidades necessárias ao longo do caminho espiritual. Alguns mestres apontam a meditação como um processo de “familiarização” com alguns aspectos de corpo, energia, mente e também aspectos mais sutis, cuja atuação nem sempre reconhecemos.
No início, é necessário entender qual a motivação que nos leva a meditar. Este é um ponto crucial para obter os melhores resultados das práticas. No budismo Mahayana (que é o que praticamos no CEBB) a motivação será a busca da iluminação (liberação do sofrimento e realização da sabedoria primordial) e o desenvolvimento da capacidade de ajudar todos os seres. Ainda que esse encontro aconteça a partir de práticas budistas, a meditação silenciosa pode ser uma prática contemplativa despida de qualquer caráter religioso ou filosófico. 2 / 25
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Ela pode ser uma experiência direta de melhoria da qualidade de vida. A meditação silenciosa trará um maior equilíbrio do corpo, da energia e da mente, levando a uma sensação de bem-estar e paz. As técnicas meditativas serão descritas mais adiante, havendo instruções para o corpo, para a energia (fala) e para a mente. Seguindo as instruções e repetindo as técnicas muitas vezes, obteremos uma série de resultados que estão entre os objetivos do caminho espiritual. O objetivo da meditação silenciosa é manter a mente estável frente às situações do cotidiano, ou seja, buscamos não seguir os impulsos que surgem. A prática da meditação desenvolve a capacidade de parar diante das coisas e situações e nos tira a obrigação de reagir a tudo. Através dela desenvolvemos também a lucidez, independente das circunstâncias externas, permitindo que encontremos novos rumos para nossas ações na vida, no trabalho, nos relacionamentos, em todos os níveis. Aprendemos que diante das coisas a primeira coisa sensata a fazer é parar. Se reagimos às coisas de imediato já estamos presos. Quando temos esta capacidade de parar e não reagir testamos uma possível liberdade. Quando dispomos desta liberdade da não-ação podemos direcionar nossa energia para ações mais lúcidas. Através da prática regular da meditação silenciosa, as aflições que surgem como emoções perturbadoras (orgulho, inveja, ciúme, competitividade, desejo/apego, preguiça, carência, raiva/medo) diminuirão naturalmente, melhorando as relações consigo mesmo, com os outros, com a sociedade e com a biosfera. As respostas automáticas diante dos acontecimentos serão refreadas, e teremos maior capacidade de reagir de uma forma mais construtiva e positiva. Os diversos níveis de sabedoria poderão ser alcançados, ampliando a capacidade de enxergar a realidade como ela é e de ajudar os outros seres. Amor, compaixão, alegria, equanimidade, generosidade, moralidade, paciência, perseverança, concentração e sabedoria se manifestarão de forma mais natural e com menos obstáculos em nossas vidas. Através do treinamento da mente na prática da meditação a dispersão mental diminuirá, tornando possível a mente repousar sobre um objeto por um tempo maior. Essa dispersão muitas vezes surgirá como sonolência ou agitação. Os resultados da meditação não surgem, de modo geral, em um curto prazo. Os hábitos mentais e emocionais que cultivamos há muito tempo não são transformados da noite para o dia. A prática regular, sem grandes expectativas, dedicada e paciente trará os melhores resultados. O bom é que podemos começar exatamente do ponto onde estamos. Se silenciamos nosso corpo e nossa fala por alguns minutos a cada dia, certamente nossa qualidade de vida irá se transformar, nossa mente irá se pacificar, de um modo natural. 3 / 25
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Podemos escolher um canto especial em nossa casa, ou algum lugar ao livre. Sentar e respirar. De modo simples e profundo. Buscar em nós mesmos uma dimensão de silêncio que não se altera diante das adversidades ou alegrias fugazes. Não precisamos buscar nada muito místico, Podemos apenas relembrar que estamos vivos, respirando, e nos convidar a viver o mundo de modo mais livre e desimpedido. É simples. Basta começar. Sem pressa, sem pressão, apenas com interesse e ternura pelo processo. Lançando mão de métodos artificiais, iremos reconhecer nossa condição natural de paz, contentamento e lucidez. A meditação silenciosa pode ser compreendida e vivida como um processo que visa gerar autonomia, e não como mais um processo de condicionamento. Iremos treinar nossa liberdade frente aos impulsos e automatismos, recuperando uma autonomia de corpo, energia e mente. Segundo Lama Samten, as etapas descritas a seguir são um método de realização simples e eficiente, dirigido à prática de equilíbrio e pacificação no contexto de nossas relações cotidianas. 2) Aspectos preliminares que possibilitam a prática 2.1 - Ensinamentos sobre o Bom Coração: nossa motivação (Retiro conduzido por Lama Padma Samten, no CEBB Curitiba, Junho de 2003)
Essa primeira abordagem, usada freqüentemente por Sua Santidade o Dalai Lama, na verdade, nunca vai ser abandonada, ainda que existam as outras cinco formas. O fato de haver outras abordagens significa apenas que a prática do Bom Coração se tornará cada vez mais profunda e sofisticada. É possível dizer que todo o Budismo irá tratar dessa questão, da questão de um “Bom Coração”. Inicialmente, esse Bom Coração será apresentado como um aspecto natural, sempre presente na vida cotidiana. De um modo geral, para falar de um bom coração, os mestres falam das mães, apontando para uma forma de ajuda sem expectativas de retorno. Eles falam dessa mãe ideal, daquela que acolhe, que oferece o corpo e toda sua energia para potencializar os outros seres. Dessa forma, eles nos fazem reconhecer que se nós estamos vivos é porque essa mãe, na forma de uma pessoa ou de um conjunto de pessoas, de iniciativas e energias positivas ou mesmo de uma pessoa que não é propriamente a mãe biológica, nos sustentou até aonde chegamos, ou seja, fomos efetivamente acolhidos, cuidados e, da mesma forma, continuamos a ser. Esse mistério, essa energia positiva, essa forma sustentadora que se reflete diretamente em nossas vidas, também se manifesta de outras formas. Ela está presente nas casas construídas, nas ruas, nas escolas, em tudo o que há ao nosso redor. Todas essas formas existem porque existe uma inteligência que as providencia. Isso significa que nós nos unimos para promover coisas positivas. Existe uma energia sustentadora que produz benefícios não apenas para uma ou outra pessoa, mas para proteger e sustentar todos os indivíduos, toda a coletividade. Essencialmente, existe uma energia positiva que faz tudo funcionar. Sua Santidade o Dalai Lama diz: “Apenas porque isso se torna corriqueiro, não é notícia; a notícia surge somente quando isso falha”. Ou seja, quando isso se torna natural 4 / 25
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e alguém faz alguma coisa completamente diferente, seja de forma agressiva ou de alguma forma amoral, então isso é noticiado, ao contrário do que acontece quando essa energia positiva está naturalmente operando. Nos meios de comunicação é muito comum encontrarmos essa imagem, a ênfase às ações desequilibradas, à desarmonia, à agressividade. Mas o fato é que isso se trata da exceção, porque a disposição de promover os seres humanos, o planeta e a sustentação da vida está sempre presente, de forma natural. E não só essa energia existe, como ela também se manifesta de forma benigna. A linguagem por meio da qual as coisas são construídas não é uma linguagem de agressão, é uma linguagem de cooperação. De acordo com esse espírito de promoção do bem comum, torna-se natural ouvir e entender o outro, dialogar, encontrar pontos em comum, encontrar uma forma de operar em conjunto. E isso pode existir não só no nível da mente, mas também no nível de coração, de energia. Assim, quando nós nos encontramos e trabalhamos juntos, entramos em acordo ou nos unimos com alguém, isso resulta efetivamente em uma grande alegria. E por que essa alegria? É muito semelhante ao que acontece quando duas pessoas se amam – a rigidez estrutural de cada um, curiosamente, é rompida – e a alegria surge. Mesmo que possamos surgir como seres isolados, não há como nos sustentarmos dessa forma, porque nós somos seres de relação. Apesar de nos pensarmos isolados, a nossa realização se dá na relação. Nem mesmo um Lama faria sentido se não fosse dessa forma. Nós não conseguimos viver isoladamente porque nós somos pontos em uma grande rede, pontos que surgem justo para estabelecer conexões. Se nós separarmos o ponto de suas conexões, ele deixa de existir. Por outro lado, cada ser imagina possuir uma missão, alguma coisa a fazer e esse é o próprio processo de conexão. Cada um de nós diz: “Eu sou artesão, médico, advogado”. Cada um faz alguma coisa. Na falta de um papel em algum processo de relação, surge a crise. Nós aspiramos urgentemente a que alguém diga: “Você é isso”. E assim ressurge um eixo, um propósito. Mas na verdade, o que aconteceu? O fato de sermos reconectados à rede faz com que tudo passe a fluir e se tivermos méritos isto se dará através de relações positivas. No amor ou no encontro entre as pessoas existe como que uma vertigem, o que é muito interessante, porque nada mais parecido com a vida e a morte que o próprio amor. Quando encontramos alguém, nós nos ampliamos e ao nos ampliarmos, também morremos. Isso acontece ao mesmo tempo e os dois lados são bons porque nós estamos aprisionados em nós mesmos ao mesmo tempo em que gostaríamos de nos ampliar. Essa ampliação acontece no encontro com o outro e nisso há um pouco de morte. Existe uma pequena história que ilustra esse aspecto, ou seja, a aflição entre o desejo de ampliação e o temor pela própria morte. Na história, uma garrafa cheia de água flutua no mar e, flutuando no mar, a água presente dentro dela se debate com uma dúvida terrível: “Se o vidro se quebrar, eu me dissolvo nesse mar, desapareço!”. Mas ao mesmo tempo sabe que ao se quebrar a garrafa, ela se tornará o mar, irá se ampliar. Esse ponto é literalmente apaixonante porque existe uma aspiração ao encontro, seja com uma pessoa, seja com uma coletividade na qual a identidade se dissolva e ao mesmo tempo se amplie. Todos nós buscamos isso. Essa é a linguagem de um Bom Coração. Enquanto seres isolados, agindo a partir de uma visão particular, nós tentamos 5 / 25
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intuitivamente preservar algo, aquilo que consideramos ser a nossa missão. Em outras palavras, tentamos preservar o que viemos oferecer ao mundo, aquilo que adoraríamos ver o mundo recebendo. É como se isso nos permitisse morrer e ao mesmo tempo nos ver na perpetuidade de uma forma mais ampla. Essa aspiração faz surgir uma linguagem pela qual nos entendemos mutuamente. Quando nos olhamos, estamos oferecendo algo um ao outro, estamos oferecendo acolhimento, ampliação e também a dissolução. Essa é a linguagem entre os seres humanos, a linguagem do amor, do acolhimento, do carinho. Tudo segue nessa direção. As identidades sofrem pela sua condição de isolamento ainda que, paradoxalmente, tenham o ideal de ampliação e dissolução. Todos nós temos esse ideal. Se nós não tivéssemos um ideal de encontro, de amor, de bom coração, a nossa vida realmente pareceria sem sentido. Não haveria uma vida emocional, não haveria essa eletricidade operando dentro de cada um de nós. Todos os seres desejam a felicidade e desejam se afastar do sofrimento. Esse é o objetivo básico que surge como uma decisão mesmo em circunstâncias muito difíceis. Na proximidade da morte surge o sentimento de que alguma coisa deu errada, a sensação de que a vida poderia ter sido diferente e, assim, pode surgir a aspiração: “Agora não tem mais jeito, mas da próxima vez eu vou tratar de fazer tudo melhor, não vou cometer erros, vou encontrar uma forma de proteção ainda mais perfeita”. Mas por outro lado, também houve resultados positivos, houve bons momentos que não foram bem aproveitados. Logo, vem uma decisão: “Da próxima vez, eu vou preservar a felicidade de uma forma mais clara e decidida.” Nesse sentido, permanece dentro de nós essa marca inconsciente, “eu busco a felicidade e busco me afastar do sofrimento”. No momento da morte, frente à dissolução e à falta de qualquer poder sobre a situação que vivemos, sentimos essa eletricidade intensa associada ao medo e às várias experiências mistas e confusas. Dessa experiência vai surgir uma objetividade, vão surgir decisões. Essencialmente, esses são os votos que determinarão nossas tendências futuras, quer isto esteja claro ou não. Isso significa que da próxima vez em que estivermos diante da felicidade, nós a tomaremos firmemente sem vacilar. E da mesma forma acontecerá com o sofrimento, ou seja, nós vamos acionar formas de proteção e vamos tentar mantê-las e aprimorá-las da melhor forma possível. Essa é a compreensão do voto básico dos seres no mundo, o voto de buscar algo positivo por meio de coisas positivas, pela afetividade do encontro, por uma eletricidade positiva. Além de atraídos pelas imagens positivas, nós somos ainda empurrados a fugir das situações negativas buscando situações positivas. Essa complexidade, seja de modo consciente ou inconsciente, opera dentro de todos os seres e reinos, incluindo os animais. Os seres operam dessa forma porque todos têm essa estrutura básica que aflora externamente como as múltiplas identidades e corpos de manifestação. As identidades se alegram e sofrem pelo exato fato de serem aquilo que são. Sofrem por se manifestarem de um modo particular e, por tanto, aspiram por ampliação. Nem sempre isso parecerá claro, mas um bom exemplo desse aspecto seria o nosso próprio surgimento como profissionais. Toda definição pode se tornar uma prisão, um obstáculo. Talvez por muitas vezes nós aspiremos a ser outra coisa. Seja qual for a definição, ela se torna uma restrição. O próprio casamento pode, eventualmente, ser percebido como um empobrecimento porque ao nos casarmos, abandonamos a coletividade de seres e optamos por apenas uma pessoa. Isso 6 / 25
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significa que cada definição, cada escolha tem riquezas e obstáculos em si mesma. Qualquer definição, mesmo que positiva, pode ser percebida a partir de uma dimensão de aprisionamento e é dessa experiência de limitação que surge a aspiração a nos ampliarmos, nos dissolvermos, ultrapassarmos a prisão. Toda a identidade sente essa aflição. Por outro lado, a identidade busca se autopreservar, se proteger, encontrar a felicidade através de si mesma, o que é paradoxal, insolúvel, experiência cíclica insuperável dentro da visão comum. Essa é a forma pela qual todos os seres operam, é a paisagem mental comum a todos. Quando nós entendemos que o outro está buscando algo positivo, nós estamos operando segundo uma linguagem compreendida por todos, mesmo que não seja uma linguagem verbal. Assim, qualquer resposta em harmonia com essa paisagem será chamada de um “Bom Coração”. Mas ao falarmos em linguagem, é importante compreender que ela só se torna efetiva quando as paisagens em que os seres operam são idênticas. Na biosfera e suas redes ecológicas é a mesma coisa, nós somos uma unidade e a linguagem dessa unidade é uma linguagem amorosa, não é uma linguagem de destruição. Todos os seres operam em coletividade, em sistemas onde prevalece essa linguagem. Os pássaros, por exemplo, não vêm para destruir as árvores, mas para preservá-las. Por tanto, não tem sentido falarmos dos diferentes órgãos ou seres isolados, é necessária a compreensão da unidade. A linguagem de rede e inter-relação é muito mais sutil e poderosa pois permite ver além. Mais poderosa ainda é a linguagem que brota da visão da inseparatividade de toda a vida, da visão da paisagem ilimitada que nos dissolve enquanto separatividades. A coletividade tem um magnetismo de atração e a partir dele nós estabelecemos vínculos positivos, surgimos segundo uma linguagem positiva e reconhecemos a sua operação. Esse ponto é bastante enfatizado por Sua Santidade o Dalai Lama, pois essa é a paisagem mental na qual os relacionamentos se tornam possíveis. Se não entendermos isso, podemos aspirar a coisas que nos beneficiam, mas que são prejudiciais aos outros, à coletividade. Essa é uma linguagem que vai na contramão e é perfeitamente natural que todo o sistema reaja a esse tipo de abordagem isolando-nos. Isso ocorre naturalmente, uma vez que ao abandonarmos a linguagem da coletividade, seja de rede ou de inseparativiade, nós nos isolamos, passamos a agir de forma autocentrada. Quando estabelecemos relações negativas, não só surgimos como um problema aos olhos dos outros seres mas tampouco encontramos a felicidade – não há como vivermos felizes de forma autocentrada e isolada. Ao buscar o isolamento, fatalmente estabeleceremos relações negativas com o ambiente. Por conseqüência, terminaremos por adoecer ao perdermos a linguagem abrangente comum a todos os seres e entrarmos num processo de autocentramento. A linguagem autocentrada já é, em si, a própria doença. Apenas a compreensão de uma linguagem, pela qual nós surgimos como pontos de uma rede permite o reequilíbrio e a recuperação da saúde, uma vez que nós usamos uma linguagem adequada a toda coletividade. Essa linguagem é a linguagem do amor e da compaixão, da boa vontade, de um Bom Coração. Portanto, se nós nos abandonarmos, morreremos enquanto uma imagem isolada para vivermos de uma forma mais ampla, isso irá garantir nossa operação harmônica e sustentada em meio à coletividade.
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Só então o bom coração estará sendo verdadeiramente possível e natural. Não apenas Sua Santidade o Dalai Lama, mas todos os mestres, de alguma forma, lembram a necessidade de entendermos esse ensinamento e operarmos segundo um Bom Coração. A este nível o Bom Coração é a própria manifestação da natureza ilimitada em sua forma mais livre em meio ao mundo. Ainda que pareça uma abordagem inicial, temos aqui a culminância do processo de liberação. No momento da morte, frente à dissolução e à falta de qualquer poder sobre a situação que vivemos, sentimos essa eletricidade intensa associada ao medo e às várias experiências mistas e confusas. Dessa experiência vai surgir uma objetividade, vão surgir decisões. Essencialmente, esses serão os votos que determinarão nossas tendências futuras, quer isto esteja claro ou não. Isso significa que da próxima vez em que estivermos diante da felicidade, nós a tomaremos firmemente sem vacilar. E da mesma forma acontecerá com o sofrimento, ou seja, nós vamos acionar formas de proteção e vamos tentar mantê-las e aprimorá-las da melhor forma possível. Essa é a compreensão do voto básico dos seres no mundo, o voto de buscar algo positivo por meio de coisas positivas, pela afetividade do encontro, por uma eletricidade positiva. 2.2 – A Flor de lótus - inteligência que brota quando tomamos contato com a negatividade O Lodo Negatividade e confusões, emoções perturbadoras (apego, orgulho, inveja, raiva, carência, preguiça) A Água – lágrimas Sofrimento – na forma de tristeza, desânimo, violência, revolta. O Talo do Lótus - O talo é a motivação (compaixão) Quando reconhecemos as condições não auspiciosas e as lágrimas, brota em nós a aspiração de intervir de forma positiva Geralmente somos arrastados, não temos essa aspiração de ultrapassar. Qual seria o sinal do surgimento do talo? Nossos olhos se abrem e brilham, surge uma energia em nós. A Flor de Lótus - Meios hábeis Surge a flor flutuando sobre a água. Amadurecimento do lótus. Corresponde à base cognitiva, os recursos que temos para produzir benefícios, a base que permite tal surgimento. Trata-se de um outro movimento de energia – avaliamos se aquilo que o outro está fazendo vai ser favorável ou não para ele mesmo, mais a visão de que ele não é a inteligência que ele manifesta. Ele é livre para se manifestar através de outros tipos de inteligência. Assim não congelamos o outro em sua forma aparente – não o fixamos na negatividade que ele expressa. Ele pode ultrapassar os condicionamentos que o conduzem a isso. SUA NATUREZA É LIVRE! Às vezes, pode surgir o talo, mas não o Lótus. 8 / 25
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Radiância - Energia auto-surgida/alegria Com essa motivação, vamos praticar, vamos sustentar esse nascimento na flor de lótus e gerar benefícios. Surge uma alegria, uma energia que nem sabemos de onde brota. O Céu Ainda que tudo seja extraordinário, tudo está dentro do espaço básico. Os Budas e Bodistavas não têm realidade em si. Eles surgem, são manifestações mágicas, livres, lúcidas, dentro das bolhas. 2.3 - Caminho gradual no Budismo Vale ressaltar que no caminho budista a meditação silenciosa não é considerada uma prática inicial. Para conseguirmos sentar imóveis e em silêncio precisamos ter cumprido algumas etapas anteriores. Essa é a beleza do caminho gradual. Temos etapas às quais podemos retornar. Se sentamos em silêncio e nos sentimos muito perturbados, vamos localizar algumas possíveis causas para essa perturbação. Talvez nossas ações de corpo, fala e mente tenham gerado sofrimento para nós mesmos e para os outros, trazendo algum nível de perturbação ao silêncio que nos propomos. No caminho gradual apontado pelo budismo, vamos localizar algumas fontes de sofrimento. Vamos observar no nível do corpo, ações como matar, roubar e gerar sofrimento através do sexo. No nível da fala, ações como mentir, falar agressivamente, falar inutilmente e difamar outras pessoas. No nível da mente, a avareza, a má vontade e as visões errôneas. Tais ações são fontes de sofrimento para nós e para os outros. Vamos observar também que ao cultivar amor, compaixão, alegria, equanimidade, generosidade, moralidade, paciência, perseverança, concentração e sabedoria, geramos felicidade para nós e para os outros. Estas recomendações do Buda não partem de uma moralidade dogmática, mas sim do puro bom senso que surge da análise dos efeitos das ações, que podem ser constatados através da experiência direta. Estas etapas pertencem ao Nobre Caminho de Oito Passos (vide Anexo 2, pág 23) descrito pelo Buda, sendo que a meditação silenciosa é ensinada no sexto passo. É claro que não precisamos levar à perfeição cada uma destas etapas anteriores para iniciarmos a meditação, o método é circular, avançaremos em todas as etapas ao mesmo tempo. Outras compreensões preliminares que potencializam a prática da meditação são: a vida humana preciosa, a impermanência, o sofrimento e o carma, conhecidos como os Quatro Pensamentos que Transformam a Mente. A elas adicionamos a compreensão da dimensão protetora e o refúgio na lucidez absoluta como fonte de felicidade genuína. (vide Anexo 3, pág. 24)
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3) Instruções para os níveis de corpo, energia e mente: posição de corpo, respiração, pensamentos Todas as instruções devem ser seguidas de acordo com a sua possibilidade, ninguém começa com perfeição em todos os pontos. A meditação pode funcionar muito bem mesmo que algumas destas instruções não sejam seguidas à risca. Posição de corpo: Para que o corpo fique bem na posição de meditação é sempre muito benéfico trabalhar o alongamento da musculatura envolvida e soltar as diversas articulações: tornozelos, joelhos, coxo-femural, coluna vertebral, pescoço, ombros, cotovelos, pulsos, dedos. O alongamento será conquistado lentamente, não deve ser forçado. Técnicas como yoga, pilates, etc, podem oferecer grande auxílio, mas a persistência e a regularidade na prática é que trarão a pacificação do corpo. 1) Coluna ereta, sem excesso de tensão. Podemos encontrar a melhor posição balançando o corpo para frente e para trás, para a direita e para a esquerda 2) Braços ao lado do corpo, com os cotovelos levemente afastados 3) Queixo ‘encaixado’ 4) Rosto relaxado, especialmente ao redor dos olhos 5) Olhos: iremos meditar com os olhos abertos, direcionando a visão num ângulo de 45º em relação ao chão, ou olhando diretamente à frente. Quando a concentração aumenta, a necessidade de piscar os olhos diminui. Também é possível meditar com os olhos fechados, mas como no budismo estamos buscando estabilidade para agirmos melhor em meio ao mundo, é mais recomendável treinar diante dos próprios objetos 6) Boca: fechada ou levemente entreaberta, com a língua tocando o céu da boca, o que diminui um pouco a salivação. 7) Mãos sobre os joelhos, ou no mudra (gesto) da meditação: mão direita sobre a mão esquerda aberta, com os polegares levemente se tocando, as mãos repousam sobre o colo. 8) A posição deve ser sustentada, mas não deve gerar muita tensão, é preciso buscar o relaxamento na posição. Como sentar? Existem várias opções de acordo com as possibilidades de cada um. 1) Postura do lótus completa: É vista como a postura ideal para longos períodos de meditação, desde que seja facilmente realizada. Ou seja, é preciso desenvolver o alongamento e a familiarização necessários ao longo do tempo. Não deve ser forçada, pois é muito fácil se lesionar. 2) Postura do semi lótus: Similar ao lótus completo, apenas com um pé sobre a coxa da outra perna. 10 / 25
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3) Pernas cruzadas: Uma perna diante da outra, tocando o chão igualmente. 4) Outras possibilidades: Ajoelhado com banco de meditação, sentado numa cadeira, em pé, deitado, caminhando (kinhin).
Outras observações e instruções: Um item importante para a meditação é a almofada adequada. Existem vários modelos: com enchimento de espuma, palha de arroz, alpiste, mais altas, mais baixas, redondas (zafu), retangulares, etc. Pode-se usar também o banquinho de meditação, alternando ou não com a almofada. Para saber qual a melhor opção para você é preciso testar. As roupas devem ser leves e facilitar os movimentos. A alimentação também influencia a meditação. Alimentos mais leves e em menor quantidade facilitam a posição e nos ajudam a permanecer atentos. O ambiente deve ser agradável e permitir o isolamento. Se houver muitas fontes de distração por perto, ou se não nos sentirmos bem naquele local será difícil praticar no início. Podemos arrumar o local com objetos que nos inspirem, imagens, flores, queimar incenso (algumas pessoas podem ter alergia ou sentir vontade de tossir), etc. Os retiros procuram facilitar o isolamento, com o tempo sentiremos vontade de aplicar mais tempo para aprofundar as práticas. Mais adiante seremos capazes de manter a concentração mesmo em lugares agitados, ou que sejam perturbadores, como praças, ônibus, cemitérios, praias, etc. Quanto tempo meditar? A duração da sessão deve ser aumentada lentamente. Começamos com curtos períodos de 5, 10 ou 15 minutos. Mais importante do que a duração da sessão é o nível de concentração na prática. A regularidade no dia a dia também é muito importante, abrir espaço no cotidiano para que a prática de meditação seja um item importante da rotina. Com o tempo vamos sentindo vontade de fazer sessões mais longas ou retiros. No início, a prática em grupo facilita o treinamento. Percebemos que no grupo nos sentimos mais fortes e menos distraídos. Para isso existem os templos e salas de meditação. A prática em casa, isolados, também é necessária, mas é mais fácil adquirir regularidade se começarmos com um grupo.
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Durante a sessão de meditação procuramos manter a imobilidade do corpo. Procuramos não responder aos impulsos de coçar, ‘ajeitar-se’, de mudar de posição, etc. Se sentirmos dor, avaliaremos se é uma pequena dor e podemos continuar, ou se estamos nos machucando; nesse caso, é melhor parar. Com o tempo percebemos que a simplificação do estilo de vida facilita a prática meditativa.
Posição de fala (energia): A posição de fala deve ser o silêncio. A energia será pacificada por meio da respiração. Permitimos que a respiração siga o seu ritmo natural, sem controle e sem interferência. Posição de mente: A mente deve seguir as instruções da prática específica que estiver sendo realizada. Por exemplo, se é uma prática de concentração unifocada, procuraremos manter nossa atenção 100% no objeto de meditação, sem dar sequência aos pensamentos. O movimento dos pensamentos não deve ser visto como um inimigo. Lutar contra a própria mente não gera resultados. A mente deve estar concentrada, mas relaxada. Pensamentos sobre o passado ou o futuro, aceitação ou rejeição, passam pela mente como nuvens no céu. Não os reprimimos, mas também não os seguiremos. Em resumo, durante a meditação vamos procurar ficar relaxados, imóveis, atentos e abertos.
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4) Principais obstáculos encontrados nos diversos níveis: Existem muitos obstáculos que surgem durante as práticas meditativas, mas no início eles estão divididos principalmente em dois grupos: a excitação ou agitação mental e o torpor ou sonolência. A mente deve possuir uma qualidade de vivacidade durante a meditação, mas sem agitação. A posição do olhar ajuda a lidar com estes dois fatores, quando estivermos mais agitados devemos olhar para baixo. Quando estivermos com sono devemos olhar para cima. Inspirar e segurar o ar por alguns instantes também irá ajudar a diminuir o sono. É comum as pessoas acharem que “pioram” quando começam a meditar, pois a sua consciência de si mesmas aumenta, e assim elas percebem melhor a agitação em que suas mentes se encontram. A dor física irá diminuir com o tempo de prática, com o alongamento e com o relaxamento muscular. Devemos encontrar uma posição em que nos sintamos à vontade. Isto pode levar algum tempo, portanto é recomendável trocar de posição a cada período. Podemos ter diversas “experiências” durante a meditação: ver luzes coloridas, imagens que se movem na parede, fortes sensações de calor ou frio, histórias que surgem na mente, seres estranhos próximos a nós, etc. Todos estes efeitos não devem ser reprimidos, mas também não devemos lhes dar grande importância, pois eles nada mais são do que manifestações da própria mente. Seguimos em frente focando a técnica que estivermos praticando. Paciência e perseverança são duas qualidades essenciais para sustentar a prática. Sem elas, logo que os obstáculos surgirem poderemos pensar que não levamos jeito para a coisa, que é muito difícil, que os resultados vão demorar muito, que nesta vida não dará mais tempo, etc. 5) Meditação conduzida: Nesta meditação iremos focar nossas mentes nas instruções que serão passadas. Sentaremos numa posição confortável, a respiração tranquila e a mente flexível e receptiva. É uma meditação preliminar, a qual podemos fazer com alguém nos conduzindo, ou com um CD, DVD, ou nós mesmos podemos nos lembrar da sequência de instruções. O conteúdo poderá ser variado: um relaxamento conduzido, alguém nos lembrando para mantermos um foco específico, o direcionamento da energia através da respiração, alguma visualização específica, seguir um texto acompanhando os ensinamentos, etc. Alguns dos obstáculos que podem surgir: distração mental, perdendo a sequência das instruções; tensão, ao ficarmos preocupados em não perder as instruções; modificação das instruções (por exemplo, somos orientados a simplesmente focar o pé direito e a relaxá-lo, mas imediatamente começamos a visualizar uma luz azul envolvendo o pé, etc.), devido a
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hábitos e outros ensinamentos que recebemos; sonolência, por estarmos num processo mais passivo, diminuindo a atenção mental. Outra forma tradicional desta prática é acompanhar o som de um sino. O condutor bate o sino e ficamos atentos ao som até ele desaparecer. O condutor segue batendo o sino, e permanecemos atentos. 6) Meditação Shamata com foco na energia dos cinco elementos Os cinco elementos dão sentido de realidade às coisas. Por um aspecto do samsara, precisamos que nossos elementos de energia estejam a mais ou menos 70%, nosso corpo precisa disso. Então bebemos da energia que surge das situações do samsara. Precisamos ter brilho nos olhos, senão ficamos deprimidos. A vida é o apego aos cinco elementos, temos apego aos cinco elementos, temos apego a tudo que produz brilho em nós. Precisamos de uma boa bolha para os elementos aparecerem e nos movermos. Isso é o samsara. Precisamos fazer como na meditação, fazer a energia surgir de dentro. A pessoa quando está em meditação não está fazendo nada e a energia precisa surgir. Esse é o início da emancipação do samsara. Observar a mandala dos cinco elementos, ou seja, eles já estão presentes, precisamos apenas reconhecê-los. A dificuldade que temos em reconhecer a mandala dos cinco elementos vem da nossa fixação em manobrar a mente conceitual, esperando reconhecer os elementos através de um comando da mente, ou seja, através dos pensamentos discursivos. A habilidade que precisamos desenvolver é a de gerar uma liberdade frente a aparente “obrigação” em manobrar os pensamentos. Os elementos não são cognitivos, precisamos soltar a mente conceitual. Natureza Primordial é a estabilidade que podemos obter, em verdade, é a única estabilidade possível. Iniciamos pelo reconhecimento e estabilização de nossa energia através dos cinco elementos. A estabilização dos cinco elementos será a base na qual iremos partir para as práticas de shamata impura e pura. 1) ÉTER - Sentamos e mantemos luminosidade do olhar. Quando cansamos, o brilho no olho enfraquece. A mente possui capacidade de fazer surgir o brilho no olho por si só, sem a necessidade de algo externo. Começamos pelo reconhecimento do elemento éter: brilho nos olhos, clareza da mente, um brilho que se funde com a espacialidade da mente. É a origem secreta da vitalidade. Na visão da Mandala Primordial, elemento éter corresponde a vastidão da mente, experiência de espacialidade. Lugar secreto de onde podem brotar ideias novas, visões novas, energias novas, alternativas diante das crises e das mortes inevitáveis. Quando tudo se dissolve e as 14 / 25
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tragédias parecem concretas, é desse lugar que a luz ressurge e a vida se mostra possível novamente. Exemplo: som do sino 2) AR - Esse brilho da mente produz o elemento ar, nós respiramos. Elemento ar traz expansão, movimento, uma espacialidade que surge por dentro do brilho da mente. Na experiência da Mandala Primordial, o elemento ar corresponde a expansão infinita do espaço básico, como respirar ao contemplar a amplidão da realidade do alto de uma montanha. Expansão possível da mente. Podemos também levar a respiração, o movimento do elemento ar, para cada parte do nosso corpo. 3) FOGO - Da união desse brilho sutil do elemento éter com a respiração, o movimento do elemento ar faz surgir um calor interno e o nosso corpo se aquece: surge o elemento fogo. O elemento fogo produz uma sensação de vida, produz intensidade, permite ver as coisas, criar, dar significados, dar cor às experiências. Sentimos um calor sutil preenchendo nosso corpo. Podemos levar calor e aquecer cada parte do nosso corpo, sentindo o elemento fogo o preenchendo de modo não causal. 4) ÁGUA - Do elemento fogo vem a fluidez do elemento água, uma ausência de rigidez e um conforto. Sentimos nosso corpo leve, fluido, sem tensão, pronto para agir. Qualidade dos rios de permear, avançar por meandros, não ir reto. Natureza Primordial é fluida, nãoobstruída. Podemos visualizar todo nosso corpo sendo inundado pela flexibilidade do elemento água. Ausência de tensão, de obstrução, de rigidez, sentimos nosso corpo solto, nada crispado, possibilidade de fazer qualquer movimento a qualquer momento. Fluidez do elemento água é também a não obrigatoriedade de responder aos impulsos dos pensamentos. 5) TERRA - Na sequência surge a estabilidade do elemento terra, uma serenidade, uma confiança e não oscilação do nosso movimento. Capacidade de não nos abalarmos pelas circunstâncias comuns. Segredo dos grandes mestres: não se abalar diante das circunstâncias comuns, a segurança e o conforto não está na dependência das circunstâncias causais. No samsara, todos nós aspiramos estabilizar tudo, ter experiências sólidas como uma casa, um carro, um relacionamento, um emprego. Mas tudo se mostra impermanente. Enquanto não reconhecermos estabilidade da Natureza Primordial, não vamos conseguir estabilizar nada.
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Sentamos como uma montanha, sentimos nosso corpo imóvel, estável, firme e contemplamos os Cinco Elementos! Uma vez reconhecidos os elementos, nossa prática será a de relaxar no reconhecimento dessa energia estável que surgiu da contemplação dos cinco elementos, primeiramente num foco fechado e depois num foco aberto. 6.1) Shamata impura O foco de nossa meditação passa a ser a sustentação relaxada dessa energia estável que surgiu da contemplação dos elementos. Temos um foco claro e restrito, e nosso objetivo é não oscilar da estabilidade surgida da contemplação dos elementos. Em shamata impura há uma experiência de fechamento para com as experiências que ocorram ao nosso redor, pois nosso foco é única e exclusivamente a sustentação do equilíbrio interno da energia. É a meditação que busca desenvolver a capacidade de dirigir a própria mente. Deixaremos a dispersão mental habitual de lado e procuraremos nos concentrar num foco único de meditação, gerando a capacidade de nos isolarmos das condições externas (Niroda). É uma meditação muito importante, é a primeira forma pela qual vamos conter a ação do Samsara. Interrompemos a operacionalidade comum do mundo, funcionando dentro de nós, e sentamos. Vamos praticar a liberdade de não precisarmos responder a um fluxo. O corpo deve estar imóvel, com os olhos abertos, a respiração tranquila, a mente deve seguir a técnica escolhida. Existem diversas técnicas para o foco mental nesta meditação: a) Colocar uma imagem à frente (no chão com ângulo de 45º em relação ao seu olhar, ou diretamente à frente), mantendo os olhos fixos na imagem. Não construímos nenhuma “história” sobre a imagem. Simplesmente a observamos durante a sessão de meditação. Manter uma distância adequada da imagem para não forçar demais os olhos. b) Focar um ponto à sua frente (na parede, no chão, etc). c) Acompanhar a energia que flui pelo corpo com a respiração. Sentimos a energia a cada respiração e relaxamos. Meditação com foco na energia dos cinco elementos. d) Contar as respirações. A cada inspiração contamos em uma sequência de 7, 21, 108 respirações, por exemplo. e) Visualizar uma esfera de luz no centro do coração. Etc. A prática de shamata (permanência serena) trará como resultados uma sensação de bemestar, clareza mental e diminuição do fluxo de pensamentos. A partir da estabilização de corpo, energia e mente a saúde também tende a melhorar. A responsividade diante dos acontecimentos diários diminui, teremos maior liberdade para lidar melhor com as situações. Esta prática não leva à liberação completa da ignorância e do sofrimento, mas gera uma capacidade necessária para desenvolver outras meditações mais avançadas.
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7) Meditação silenciosa em meio ao mundo – shamata pura: Shamata pura passamos de um foco fechado para um foco aberto. Entretanto, não damos seguimento aos impulsos que surjam de olhos, ouvidos, nariz, língua, tato e mente (pensamentos discursivos), mas mantemos o foco em permanecermos estáveis na energia dos elementos. Ainda que distrações possam surgir de nossa conexão com os seis sentidos, recuamos para o refúgio no equilíbrio de energia. O equilíbrio da energia se torna o pano de fundo para onde sempre retornamos ao nos distrairmos. A essência da prática de shamata é não responder. Esta meditação trabalha a capacidade de não responder automaticamente aos estímulos, mesmo em meio ao mundo. As duas formas de shamata, impura e pura, geram uma proteção que impede que as seis emoções perturbadoras invadam nossas mentes e nos levem a realizar ações negativas. Assim, por exemplo, quando alguém falar agressivamente conosco, teremos um momento de serenidade adicional para direcionarmos nossa reação.
8) Meditação do amor universal – Metabhavana (Meta: amor universal Bhavana: meditação em Páli)
Se quisermos realmente aproveitar os conteúdos que surgem em nossa prática do silêncio, podemos observar o que ocupa nossa mente enquanto praticamos meditação. Vamos nos dar conta que o que nos invade e prende nossa atenção durante as sessões de meditação são aspectos de nossas vidas que não estão bem resolvidos, relações que localizamos em algum nível de conflito e tensão. Porque conseguimos parar por alguns instantes em silêncio e localizamos essas regiões conflituosas, elas serão a partir de agora o eixo da meditação de Metabhavana. Esta prática é extremamente poderosa e capaz de alterar nossos padrões de relação, não apenas conosco mesmo, mas também com os outros seres, com a sociedade organizada e com a biosfera. Metabhavana permite reconhecermos a vacuidade e plasticidade das relações, pois vemos que é perfeitamente possível construir as relações a partir da compaixão. O que vemos nos seres não é o que está ali, propriamente, mas sim as marcas da nossa mente. Você pode fazer uma lista de pessoas, tanto vivas como mortas, que tenham um nível de impacto em sua vida, positiva ou negativamente. É importante fazer a prática para si mesmo também, pois estaremos mudando não só nossa visão sobre os outros como sobre nós mesmos.
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Metabhavana altera nossa capacidade de olhar para o mundo ao redor, ela nos coloca positivos mesmo quando o outro está negativo. Não se trata de analisar se o que o outro está fazendo é negativo ou não, simplesmente aspiramos à liberação dele. Não basta apenas meditarmos, ainda que tenhamos a habilidade de shamata, quando saímos e andamos pelo mundo, as coisas vêm até nós, e nós então aspiramos à felicidade e à liberação de todos os seres. Trazemos à mente uma pessoa próxima ou não, com a qual a relação seja boa ou não, que esteja em dificuldades ou não. Montamos nossa “lista” de pessoas e então visualizamos, uma a uma, e seguimos as oito recomendações abaixo: Foque uma pessoa (...), que pode ser você mesmo, então repita: 1. Que o “ser” seja feliz 2. Que ele ultrapasse o sofrimento 3. Que ele encontre as causas da felicidade 4. Que ele ultrapasse as causas do sofrimento 5. Que ele atinja a liberação de todo o carma, negatividade e ignorância 6. Que ele veja tudo com lucidez instantânea 7. Que ele verdadeiramente desenvolva a capacidade de trazer benefícios aos seres 8. E que encontre nisso as causas da sua energia e felicidade Reconhecemos em cada afirmação feita que isso é mesmo possível de ocorrer! Meditar nestas oito frases tem o poder de reconstruir as relações, pelo simples fato de que as coisas não são tão sólidas quanto parecem, e muito menos as relações. Podemos começar com nós mesmos, depois com as pessoas mais fáceis, depois as mais difíceis. 9) Dedicação de Méritos No fim de uma sessão de meditação e antes de retomar o curso de nossas atividades, é importante fazer uma ponte entre nossa prática e a vida cotidiana para que os frutos dessa prática se perpetuem e continuem a alimentar a nossa transformação interior. Se interrompermos bruscamente a meditação para retomar nossas atividades como se nada tivesse acontecido, a prática da meditação terá um efeito reduzido sobre nossa existência, e seus benefícios serão tão efêmeros quanto flocos de neve caindo numa pedra quente. Uma maneira de assegurar a continuidade dos benefícios da meditação consiste em dedicálos por meio de uma profunda aspiração, cuja energia positiva se perpetuará até que seu objetivo se realize, como um floco de neve que cai e se dissolve no oceano, e durará tanto quanto o próprio oceano.
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Para tal, formulemos este desejo: “ Que a energia positiva nascida não somente dessa meditação mas de todos os meus atos, palavras e bons pensamentos, passados, presentes e futuros, possa contribuir para aliviar os sofrimentos dos seres, a curto e longo prazo”. Pensemos que essa dedicação dos benefícios de nossos atos não é como uma divisão de um bolo entre mil pessoas das quais algumas recolheriam apenas migalhas, mas que cada um dos seres receberia o total. Que essa dedicação seja um selo indispensável a toda prática espiritual e permita que a energia construtiva proveniente de nossa meditação e de todos os nossos atos positivos se perpetue. 10) Conclusão: Neste curso aprendemos algumas técnicas de meditação e agora pode surgir a pergunta: “O que fazer com isto tudo?” Todos aqueles que procuram praticar a meditação deparam com o obstáculo básico de encontrar tempo em suas rotinas agitadas e ocupadas para introduzir a meditação silenciosa. A abordagem apenas através da disciplina dificilmente funcionará, ela se sustenta por algum tempo, mas diante da menor desatenção ou problema mais grave não conseguimos seguir com regularidade. Assim, melhor é encontrar bem-estar e alegria na meditação e ver seus efeitos em nossas vidas, aí nos sentiremos motivados a praticar mais. Melhor ainda é avaliar nossa motivação ao sentarmos para meditar, se nossa motivação for autocentrada encontraremos maiores problemas, se conseguirmos abrir nossas mentes para a necessidade de nos capacitarmos para ajudar os outros seres, então o combustível para a meditação durará um tempo maior. Para estabelecer uma rotina será necessário se esforçar um pouco, abrir mão de certas vontades e saber dizer não, às vezes, aos convites que recebemos. Porém, sem exageros, sem dureza excessiva, que não trazem resultados mais rápidos. Se conseguirmos meditar 15, 20, 30 minutos ou mais todos os dias, logo sentiremos os efeitos benéficos. A meditação é um método que vem sendo testado há milênios, provavelmente é o único método que pode nos ajudar a alcançar a paz mental e emocional que buscamos. Problemas, dificuldades, doenças continuarão surgindo em nossas vidas, mas seremos capazes de lidar com eles de uma forma mais lúcida e leve. Vale a pena experimentar! Boa prática para todos! Que muitos possam ser beneficiados!!
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Leituras Sugeridas: - Lama Padma Samten – Meditando a Vida, Jóia dos Desejos, Nascendo no Lótus, Mandala do Lótus, A Roda da Vida como caminho para a lucidez e diversas transcrições de retiros e palestras www.cebb.org.br - S.S. Dalai Lama – Como Praticar, Simple Path, O Sentido da Vida e outros. - Chagdud Tulku Rinpoche – Portões da Prática Budista - Shunryu Suzuki - Mente ZEN, mente de principiante - A arte de Meditar – Matthieu Ricard - Meditação com foco nos 5 lungs – Lama Padma Samten – Youtube http://www.youtube.com/watch?v=xlo_BdzQBqA (a partir de 58 minutos)
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Anexo 1: Meditação conduzida Começamos pela lembrança da posição do corpo: pernas cruzadas ou como for possível sentar; cada um vai encontrar sua própria posição, de preferência, que seja firme. Tentamos deixar o corpo relaxado, expirar lentamente, longamente, relaxando o corpo. Fazemos isso por 3 vezes. Alinhamos a coluna, posição ereta, ajeitamos a almofada de forma a equilibrar a coluna de forma mais fácil; mãos repousadas sobre os joelhos, olhos abertos, olhando em frente, ou a 45, ou algo entre 45 e horizontal. O pescoço não deve ficar inclinado para frente, o queixo um pouco recolhido, a coluna fica mais reta se o queixo fica um pouco baixo. Vamos observando a tensão do corpo e vamos relaxando. Observamos se estamos inclinados para os lados ou para frente. Geralmente percebemos que se inclinamos um pouco para trás, ficamos mais confortáveis. Ao encontrar a posição, temos vontade de respirar mais fundo. Relaxamos na posição e ficamos felizes em respirar fundo. Começamos com uma descrição, podemos falar internamente ou alguém na sala de meditação pode conduzir. Vamos sentir aquilo acontecendo, vamos produzir isso, cada um a seu ritmo, aos poucos podemos fazer mais e mais lentamente. (cada uma das frases seguintes será repetidas 3 vezes) Inspirando e expirando, eu acalmo o corpo... Inspirando e expirando, eu amplio a serenidade do corpo... Inspirando e expirando, eu observo os fatores que produzem a serenidade do corpo... Inspirando e expirando, eu observo os fatores que produzem a agitação no corpo... Inspirando e expirando, levo a serenidade do corpo a um ponto máximo... Inspirando e expirando, a serenidade assim obtida não se perde mais...
Inspirando e expirando, eu estabilizo a energia... Inspirando e expirando, eu amplio a estabilização da energia... Inspirando e expirando, eu observo os fatores que estabilizam a energia... Inspirando e expirando, eu observo os fatores que produzem agitação na energia... Inspirando e expirando, eu levo a estabilidade da energia à culminância... E assim eu repouso com o corpo e a energia estabilizados... Observando novamente a posição de corpo, observando a condição do corpo sereno, energia serena, 21 / 25
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inspirando e expirando, eu acalmo a mente... Inspirando e expirando, eu amplio a serenidade da mente... Inspirando e expirando, eu observo os fatores que conduzem à serenidade da mente... Inspirando e expirando, eu observo os fatores que conduzem à agitação da mente...
Com o corpo, a energia e a mente estabilizados, eu agora avanço em direção à estabilização mais elevada da mente... Com o corpo, a energia e a mente estabilizados, eu agora avanço em direção à culminância da estabilidade da mente... Inspirando e expirando, eu atinjo a culminância da estabilidade de corpo, energia e mente... Inspirando e expirando, a estabilidade de corpo, energia e mente não são mais perdidas... Inspirando e expirando, eu sustento a estabilidade de corpo, energia e mente... Inspirando e expirando, eu pratico na mandala da serenidade dos Budas...
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Anexo 2: O Nobre Caminho de Oito Passos 1º Passo - Compreensão correta – conhecer as 4 nobres verdades e gerar a motivação de se livrar do sofrimento 2º Passo - Pensamento correto - Não Praticar Ações Danosas com a Mente: má vontade, avareza, heresia (no sentido de aceitar ou defender teorias de mundo e doutrinas que produzem sofrimento). 3º Passo - Fala correta - Não praticar ações danosas com a Fala: mentir, falar inutilmente, agredir com palavras, difamar. 4º Passo - Ação correta – Não praticar ações danosas com o Corpo: matar, roubar, sexo impróprio. 5º Passo - Meio de vida correto - Esse passo é muito importante porque ele é o primeiro ponto em que somos convidados, de modo prático, a esquecer a prioridade de nós mesmos e olharmos a todos com amor, compaixão, alegria e equanimidade, que são as quatro qualidades incomensuráveis, e na prática do dia-a-dia, praticar os seis paramitas da generosidade, ética, paz, esforço, concentração e sabedoria. Sexto, Sétimo e Oitavo Passos: As Várias Etapas de Meditação 6º Passo - Esforço correto. – Diana (meditação) Praticar autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente 7º Passo - Atenção correta - onde nós aprendemos a reconhecer a vacuidade e luminosidade presente em todas as experiências - Prajnaparamita 8º Passo - Concentração correta - Sabedoria - E o terceiro aspecto da meditação é justamente quando nós, através da meditação, localizamos aquilo que verdadeiramente está presente e não envelhece (oitavo passo). Presenciamos aquilo que está vivo, além de espaço e tempo, nome e forma, vida e morte. No oitavo passo, nós aprendemos a contemplar isso em todas as direções. O próprio Buda os praticou na noite da sua iluminação - a mente impertubável que é capaz de penetrar a verdadeira natureza da realidade.
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Anexo 3: Os Quatro Pensamentos que transformam a mente Primeiro Pensamento: Vida Humana Preciosa Nós temos um corpo humano, temos saúde, e não estamos em condições não auspiciosas; estamos em lugares aonde os ensinamentos do Buda existem, e estão preservados. Segundo Pensamento: A Impermanência A impermanência significa que aquilo que hoje está presente e é favorável pode desaparecer. Do mesmo modo, nossa saúde, nossa condição de aproveitar os ensinamentos também é algo transitório, é triste pensarmos nisso, mas naturalmente essa é a realidade. Nós precisaríamos entender que a impermanência pode se exercer sobre esses fatores, hoje positivos e que deveríamos usá-los do melhor modo. Terceiro Pensamento: O Carma São estruturas de respostas automáticas que geram as ações não virtuosas correspondentes a estas marcas, nós temos essa fragilidade. Isso nos ajuda a compreender a importância de usar os ensinamentos o quanto antes. Quarto Pensamento: O Sofrimento Se entendemos que as ações não virtuosas, junto com o carma, propiciam sofrimento para nós, então sabemos que se nós estamos bem agora, pode ser que daqui a pouco não estejamos mais; pode ser que estejamos imersos em sofrimentos devido às nossas próprias ações, devido às nossas próprias estruturas cármicas que constroem essas conexões. A eles adicionamos mais 2 pensamentos: Homenagem a linhagem A compreensão da dimensão protetora. Homenagem ao lama absoluto, homenagem ao Buda e também à linhagem toda. Nos alegramos pelo fato de que há muitos seres que, hoje mesmo, em diferentes linhagens, em diferentes formas e diferentes tradições religiosas, dedicam-se inteiramente, integralmente, ao beneficio dos outros seres. Nós estamos dentro de uma conspiração positiva, há muitos seres articulados aspirando nosso beneficio. A linhagem dos seres que estão aqui e dos seres que já passaram. E o refúgio Nós tomamos o Buda como nosso referencial, nós tomamos os ensinamentos do Buda e dos mestres das linhagens, os ensinamentos mais elevados, o Darma, e tomamos a energia do nosso encontro, a energia da Sanga como a própria essência. Tomamos assim refúgio na lucidez absoluta como fonte de felicidade genuína.
Trecho transcrito Retiro Inverno 2008 – Lama Padma Samten Viamão/RS
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Anexo 4: Um pouco de história do budismo... Em 563 a.C, nasce Sidarta Gautama, na região de Lumbini – norte da Índia, hoje Nepal. Sinais que provocaram a busca da iluminação: velhice, doença, morte e monge Primeiros passos: ascetismo Caminho do Meio Meditação e iluminação sob a árvore “bodhi” As Quatro Nobre Verdades O sofrimento existe O sofrimento é construído Pode ser desconstruído Existe um caminho para isso – Nobre Caminho de oito passos O Primeiro Concílio Budista teria tido lugar em Rajagrha (hoje Rajgir, no estado do Bihar, na Índia), no próprio ano da morte de Buda. O concílio foi presidido por Mahakasyapa, um dos mais importantes discípulos do Buda. Durante o evento Upali e Ananda, também discípulos do Buda, recitaram, respectivamente, as leis monásticas e os ensinamentos religiosos do Buda. Por volta de 383 a.C – houve o Segundo Concílio – cisma: Hinayana ou Theravada Mahayana O budismo Theravada consolidou-se no sul e sudeste da Ásia (Sri Lanka, Birmânia, Tailândia, Laos, Camboja). O budismo Mahayana difundiu-se no Tibete, Mongólia, Vietnã, Coréia, China e Japão) Entre os séculos V e VII d.C o budismo mahayana segue para a China, Coréia e Japão, mesclando-se às religiões e tradições locais. Nos séculos VI ou VII d.C o budismo chegou ao Tibete, onde se tornou religião oficial. O budismo tibetano tem origem no tantrismo e é conhecido como Vajrayana ou “veículo de diamante” e possuiu quatro principais escolas — Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug A partir de 1959 intensifica-se a expansão do budismo tibetano, especialmente para a Índia e EUA – Tenzin Gyatso, atual líder espiritual tibetano: o 14º Dalai Lama Zen Budismo (Japão) e Ch´na (China): Escolas Rinzai (1191 – mestre Eisei) e Soto (1227 – mestre Dogen) Fonte: Colegiado Buddhista Brasileiro www.cbb.bodhimandala.com
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