December 15, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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ANTROPOLOGIA, ÉTICA E CULTURA
CURSOS DE GRADUAÇÃO - EAD Antropologia, Éca e Cultura – Prof. Ms. Eugenio Daniel e Prof. Dr. Sávio Carlos Desan Scopinho
Meu nome é Eugenio Daniel. Daniel. Sou formado em Filosoa e Teologia com especialização em Educação, com ênfase no Ensino e Aprendi zagem, e em Filosoa Clínica e Filosoa para criança e Psicopedagogia: processo ensino-aprendizagem. Atuo como orientador vocacional há mais de 30 anos e leciono Filosoa e Antropologia Teológica em vários cursos. Mestre em Ciências e Prácas Educavas pela Unifran (SP), sou coordenador geral de Ação Comunitária do Centro Universitário Clareano. E-mail :
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Meu nome é Sávio Carlos Desan Scopinho. Sou diretor acadêmico das Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro-SP, onde atuo, também, como professor, ministrando a disciplina Antropologia Teológica. Tenho o título de Doutor em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1995-1997), com a seguinte tese: "Igreja e ‘Laicato Adulto’: A ‘Teologia do Laicato’ nas Conferências Gerais do Episcopado e no debate teológico da América Latina" (1955-1995). Também sou mestre em Filosofia pelo Programa de Mestrado em Filosofia Social, PontifícianaUniversidade Católica de Campinas (SP). O da minha dissertação, quedaculminou publicação de um livro, foi: "Filosofia e tema Sociedade PósModerna: a reflexão de Gianni Vattimo para uma compreensão da crise dos paradigmas da Modernidade". Fiz, ainda, um u m MBA em Administração Acadêmica & Universitária, nas Faculdades Integradas Pedro Leopoldo, em Belo Horizonte (MG). O título do Trabalho de Conclusão de Curso foi "Avaliação Institucional Externa e a Formação do Corpo Docente: entre a legislação e a realidade". Tenho bacharelado em Teologia Teologia pela PUC de Campinas (1986-1989) e mestrado em Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo (1991-1995), e licenciatura em Filosofia pela PUC de Campinas (1982-1985). A dissertação de mestrado em Teologia versou sobre o seguinte tema: "A questão epistemológica nas obras de Juan Luis Segundo e sua contribuição para um estudo crítico da Teologia Teologia que deve ser da libertação". E-mail :
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Prof. Dr. Sávio Carlos Desan Scopinho Prof. Ms. Eugênio Daniel
ANTROPOLOGIA, ÉTICA E CULTURA
Caderno de Referência de Conteúdo
© Ação Educacional Clareana, 2010 – Batatais (SP) Trabalho realizado pelo Centro Universitário Clareano de Batatais (SP) Cursos: Graduação Cursos: Disciplina: Antropologi Antropologia, a, Éca e Cultura Cultura Versão:: jul/2013 Versão Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Reitor: Vice-Reitor Reitor:: Prof. Ms. Pe. José Paulo Ga Pró-Reitor Administravo: Administravo: Pe. Luiz Claudemir Boeon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária Comunitária:: Prof. Ms. Pe. José Paulo Ga Pró-Reitor Acadêmico: Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EAD: EAD: Prof. Ms. Areres Estevão Romeiro Coordenador de Material Didáco Mediacional: J. Alves
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cáa Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Marns Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão Felipe Aleixo Rodrigo Ferreira Daverni Talita Ta lita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
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SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. ..................................................................................................... ....... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIP DISCIPLINA LINA ................................................. 10
UNIDADE 1 SER HUMANO E SOCIEDADE: CONTEXTO HISTÓRICO 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... ....................................................................................................... ... 33 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... ................................................................................................. ...... 33 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 34 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 36 5 SER HUMANO..................................................................................................... 39 6 CONTEXTO HISTÓRICO ....................................................................................... 41 7 SER HUMANO E SOCIEDADE .............................................................................. 51 8 CAMINHOS A PERCORRER .................................................................................. 58 9 QUESTÕES AUTOAV AUTOAVALIATIVAS ALIATIVAS ............................................................................ 63 10 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 64 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 64 12 EREFERÊNCIA ............................................................................................. .................................................................................................... ....... 65
UNIDADE 2 SER PESSOA UMA PROPOSTA PROPOSTA HUMANISTA HUMANISTA 1 2 3 4 5 6
OBJETIVOS .......................................................................................................... ....................................................................................................... ... 67 CONTEÚDOS ....................................................................................................... ................................................................................................. ...... 67 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA PARA O ESTUDO DA DA UNIDADE ....................................... 68 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 69 DIMENSÕES DA PESSOA ..................................................................................... 72 QUESTÕES AUTOAV AUTOAVALIATIVAS ALIATIVAS ............................................................................ 84
................................................................................................ 84 7 8 CONSIDERAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 85
UNIDADE 3 SER PESSOA, ÉTICA E CIDADANIA CIDADANIA 1 2 3 4 5 6 7
OBJETIVOS .......................................................................................................... ....................................................................................................... ... 87 CONTEÚDOS ....................................................................................................... ................................................................................................. ...... 87 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 88 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 89 O SER HUMANO COMO PESSOA ........................................................................ 90 QUESTÃO DA CIDADANIA ................................................................................... 105 QUESTÕES AUTOAV AUTOAVALIATIVAS ALIATIVAS ............................................................................ 114
8 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 115 9 EREFERÊNCIAS .................................................................................................. 117 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... .......................................................... ................ 118
UNIDADE 4 ESTRUTURA ESTRUTURA DO SER HUMANO: SER BIOPSÍQUICO BIOPSÍQUICO ESPIRITUAL TRANSCENDENTE 1 2 3 4
OBJETIVOS ......................................................................................................... 119 CONTEÚDOS ...................................................................................................... 120 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 120 INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 121
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
HOMEM: UM ÚNICO ÚNICO SER SER E UM ÚNICO SUJEITO ................................................ 122 REGIÕES ESSENCIAIS DO HOMEM...................................................................... 127 HOMINIZAÇÃO ........................................................................................... ................................................................................................... ........ 135 PARALELISMO "PSICOFÍSICO" ............................................................................. 138 SUJEITO .............................................................................................................. 141 DIMENSÃO MUNDANA DO SERBIOPSÍQUICO ESPIRITUAL .............................. 143 OS ATOS HUMANO HUMANOSS ........................................................................................... ......................................................... .................................. 145 SER SOCIAL ........................................................................................................ 145 PESSOALIDADE PESSOALI DADE E PERSONAL PERSONALIDADE: IDADE: PARTICIP PARTICIPAÇÃO AÇÃO DO TU ............................... 146 O SUJEITO ABERTO AO MUNDO ........................................................................ 149 QUESTÕES AUTOAV AUTOAVALIATIVAS ALIATIVAS ........................................................................... 152 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 154
.................................................................................................. ................................. 155 17 EREFERÊNCIAS ................................................................. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 155
UNIDADE 5 CARACTERÍST CARACTERÍSTICAS ICAS DA DA PESSOA HUMANA, CONSTITUTIVOS ESSENCIAIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
OBJETIVOS .......................................................................................................... ....................................................................................................... ... 157 CONTEÚDOS ...................................................................................................... 157 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 158 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 159 CATEGORIA CA TEGORIASS PARA COMPREEND COMPREENDER ER O HOMEM ................................................. 159 LIBERDADE ......................................................................................................... 163 HISTORICIDADE .................................................................................................. 172 COMUNICAÇÃO .................................................................................................. 172 HOMEM: SER HISTÓRICO E VALORES ................................................................. 179 QUESTÕES AUTOAV AUTOAVALIATIVAS ALIATIVAS ........................................................................... 186 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 188 EREFERÊNCIAS ................................................................. .................................................................................................. ................................. 188 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... .......................................................... ................ 188
UNIDADE 6 A BIOÉTICA BIOÉTICA E A INTERDISCIPLINAR INTERDISCIPLINARIDADE IDADE ....................................................................................................... ... 191 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... ................................................................................................. ...... 191 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 192
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INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 193 PONTO DE PARTIDA DA BIOÉTICA MODERNA .................................................... 194 BIOÉTICA E INTERDISCIPLINARIDADE ................................................................. 195 BIOÉTICA E SUAS FRONTEIRAS EPISTEMOLÓGICAS ........................................... 197 QUESTTÃO AUTOAVALIATIVA ............................................................................... 207 QUES CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 207 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... ............................................................ .............. 208
UNIDADE 7 A FINALIDADE DA ÉTICA E A ESSÊNCIA DA MORAL 1 2 3 4 5 6 7 8
OBJETIVOS .......................................................................................................... ......................................................................................................... . 209 CONTEÚDOS ....................................................................................................... ................................................................................................... .... 210 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 210 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 211 MORAL ................................................................................................ ............................................................................................................... ............... 214 ÉTICA NORMATIVA E O FENÔMENO MORAL ..................................................... 222 QUESTÕES AUTOAV AUTOAVALIATIVAS ALIATIVAS ............................................................................ 224 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 225
9 EREFERÊNCIAS .................................................................................................. 226 10 REFERÊNCIAS BLIBLIOGRÁFICAS ........................................................ ........................................................................ ................ 227
UNIDADE 8 O HOMEM SER CUL CULTURAL TURAL 1 2 3 4 5 6
INTRODUÇÃO ................................................................................................ ..................................................................................................... ..... 230 O HOMEM SER CUL CULTURAL TURAL.................................................................................. .................................................................................. 232 CULTURA CUL TURA E EDUCAÇÃO ...................................................................................... 233 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 234 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 235 EREFERÊNCIAS .................................................................................................. 235
APÊNDICE 1 PROJETO EDUCATIVO CLARETI CLARETIANO ANO .................................................................... 236 ANEXO 1 2 UM SENTIDO P PARA ARA A VIDA ..................................................................................... 260
ANEXO 2 1 EU ETIQUETA ...................................................................................................... .................................................................................................. .... 274
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CRC Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Aspectos históricos que envolveram o ser humano e inuenciaram a concepção social, ao mesmo tempo em que a sociedade inuenciava a concepção de pessoa. As implicações nas diferentes áreas da atuação do ser humano. A maneira como a sociedade atual concebe e trata o ser humano, bem como as implicações decorrentes disso. Noção de pessoa a partir do Projeto Educacional Claretiano e as correlações nas diferentes áreas de atuação do ser humano. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––
1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo, vamos iniciar o estudo da disciplina Antrodisciplina Antro pologia, Ética e Cultura Cultura!! Teremos muito prazer em desenvolvê-la com você. Vamos, juntos, descobrir e aprofundar reflexões que se referem ref erem à pessoa humana. Não queremos discutir com você qualquer "tipo" de pessoa, nem qualquer estudo sobre a pessoa. Nossa intenção é analisar como o Centro Universitário Claretiano entende e deseja que seus alunos conheçam, qual é e como é a pessoa com quem convivemos e ainda vamos conviver e em nosso ambiente de trabalho
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Antropologia, Ética e Cultura
Nesta disciplina, você terá oportunidade de conhecer como a pessoa foi pensada e trat tratada ada nos vários períodos da história. Depois, terá oportunidade de analisar como a sociedade atual pensa e trata a pessoa, qual o seu interesse e a sua proposta para ela. Por fim, você estudará a proposta de pessoa que o Claretiano acha mais conveniente conveniente para os dias de hoje. Isso envolv envolvee o campo educacional ou qualquer outro, pois, seja qual for o curso que você faça ou seu ramo de atuação, o ponto de referência ou o destina tário daquilo que você está fazendo, ou pretende fazer, é a pessoa. Como futuro profissional, em qualquer campo, é importante compreender que você tem uma grande responsabilidade na ma neira de entender e tratar as pessoas, pois disso depende o futuro da sociedade e do mundo, em geral. Conseguiremos construir um mundo melhor se tivermos um cuidado muito grande com relação à vida; e o ser humano não pode ficar à mercê de interesses eco nômicos, políticos ou sociais. Cabe a cada um de nós contribuir para a melhoria da vida.
2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA Abordagem Geral da Disciplina Prof. Dr. Sávio Carlos Desan Scopinho Prof. Ms. Eugênio Daniel
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os as suntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhedade. cimento básico básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, profissão,social. você a exerça exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Vamos começar nossa aventura pelo conhecimento da disciplina Antropologia, Ética Ética e Cultura? Inicialmente, é importante recordar recordar que esta é uma disciplina institucional, ou seja, todos os cursos do Centro Universitário Claretiano a têm em sua grade curricular. O nome pode até e, às vezes,oucria receio em algumas pessoas por parecer remeterrestranho remete ao tema catequese à aula de religião. Mas você perceberá que não é essa a intenção. Embora nossa Instituição seja confessional, não temos a intenção de fazer uma aula de cateque catequese. se. Uma nova imagem de ser humano Nossa proposta é mostrar uma nova imagem de ser huma no. A sociedade tem uma concepção toda própria do ser humano, como no decorrer dos nossos estudos.um Essa maneira de tratar trat ar overemos ser humano acabou criando nas pessoas jeito negativo de ver a vida, a sociedade, a si mesmo e aos outros seres huma nos. Poderemos perceber que há alternativ Poderemos alternativas as e outros modos de entender a pessoa, utilizando uma visão positiva. E é isso que propomos para o estudo de nossa disciplina. Vamos conhecer conhece r novas alternativas e buscar juntos novos no vos caminhos e possibilidades de outras ser e de viver. Umensinam viver. dia umaaaluna com toda simplicidade: "As disciplinas gentedisse a fazer,, esta disciplina zer discipli na ensina a gente como ser". ser ". E ela expressou muito mu ito bem o que pretende pretendemos. mos. Com as atividades e interatividades, discutiremos abundantemente a maneira de vida das pessoas e como elas estão sendo tratadas pela sociedade contemporânea. Vamos perceber que o sistema capitalista em que vivemos nos coloca diante de uma re alidade cruel. Com uma ideologia própria, esse sistema criou um padrão de vida e de entendimento entendimento da sociedade conforme os interesses das classes dominantes.
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No fundo, o que interessa para as classes dominantes é o lucro cada vez maior. maior. A riqueza que acompanha acompanh a esse modo de conceber a sociedade vai fazendo fazendo com que as pessoas vivam, cada vez mais, de modo egoísta, egocêntrico e imediatista. A pessoa, na visão neoliberal, acaba valendo pelo que produz e pelo que consome. Ou seja, só quem produz e quem consome tem seu espaço, pequeno e sem muitas alternativas, na sociedade. Mas a pessoa não é só isso. Veremos Veremos que ela é muito mais do que uma máquina de produzir e de consumir. consumir. Nosso objetivo, você poderá perceber, é analisar como o ser humano está sendo tratado pela sociedade atual e, a partir daí, apresentar a maneira como o Centro Universitário Claretiano pensa a pessoa e qual a postura que podemos adotar, adiante da socieda de neoliberal (ou capitalista) e a postura adotada pela sociedade. Ainda na disciplina Antropologia, disciplina Antropologia, Ética e Cultura Cultura,, vocês poderão analisar, analisar, compreender e discutir as influências da sociedade atual sobre a vida das pessoas e a maneira de construir uma nova forma de comportar-se no relacionamento consigo mesmo, com os outros e com o mundo em que vivemos. Nossa disciplina está dividida em três unidades, além de três anexos, que apresentam textos para complementar seu estudo, dentre eles o Projeto Educativo do Centro Universitário Claretiano. Seu tutor apresentará um roteiro para que todos sigam com mais segurança as propostas que temos para desenvolver nosso trabalho. Por que estudar esta disciplina? Talvez, você possa estar se perguntando: "o que esta disci plina tem a ver com o que quero estudar?". É preciso entender que em qualquer área do saber saber,, ou como profissional em qualquer campo, deve-se compreender a grande responsabilidade na maneira de entender e tratar as pessoas, pois disso depende o futuro da sociedade e do mundo em geral.
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Cabe a qualquer um de nós, educadores ou profissionais de qualquer área, dar uma parcela de contribuição para a melhoria da vida. Em todas as fases da história, o homem quer saber sobre o fundamento e o sentido do mundo e da vida. Ao querer entender a si mesmo no seu mundo, na sua história e no conjunto da realidade, ele faz um ex exercício ercício filosófico. Na verdade, essa é uma preocupação presente na vida dos povos em geral. Vamos dispensar um breve olhar pela história para conhe cermos alguns pensamentos significativos do Ocidente, porque é o que vai interf interferir erir diretamente diretamente na formação de nossa sociedade e em nossa maneira de ser e de viver. A imagem do homem na história No pensamento grego, grego, o homem é entendido como o eixo unificador da ordem universal, porém, o que o caracteriza é a própria essência e a alma. Aristóteles trata da alma, mas não do homem integral, utili zando uma visão psicológica, não antropológica. O que se percebe no pensamento grego primitivo é uma dualidade fundamental da alma espiritual e do corpo material. Para Platão tudo o que diz respeito à essência e à dignidade do homem se situa no espiritual. Por isso, em Platão percebemos o dualismo: espírito e matéria, alma espiritual e corpo material. No pensamento cristão podemos encontrar a visão de homem como pessoa. Esta é resultado resultado,, sobretudo, da experiência do diálogo entre Deus e o homem. Mas essa decisão implica na decisão e na responsabilidade do ser humano. O diferencial que vamos perceber aqui é a revelaç revelação. ão. Na Idade Média, Média, uma sociedade teocrática (ou seja: a segurança estava na fé em Deus), o cristianismo utiliza o pensamento filosófi-
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co grego para explicar racionalmente a fé. Para Santo Agostinho, por exemplo,, a alma não tem o mesmo sentido que em Platão, de preexisexemplo tência, mas se apresenta como livremente criada por Deus. Santo Tomás de Aquino adota a doutrina de Aristóteles. Para ele, alma e corpo não são duas substâncias separadas, mas dois princípios eternos que formam o único e mesmo homem concreto. No Renascimento Renascimento,, o humanismo predomina. O homem é olhado como situado neste mundo, cuja referência é Deus e a segurança está na fé nesse Deus. O homem questiona-se sobre seu ser e o sentido de sua vida. Mas na Idade Moderna a sociedade torna-se antropocrática (ou seja: o homem torna-se o centro da sociedade). A submissão do homem a uma religião é substituída pela autonomia no pensamento humano por meio da razão e da experiência. Na modernidade surge, portanto, portanto, o Racionalismo. O homem é reduzido a um sujeito pensante, ele é um ser racional e não se leva em conta o homem total, concreto. Nesse período, o pensador mais influente é o francês René Descartes, que continua com o dualismo corpo e alma. Na Pós-Modernidade Pós-Modernidade,, o reflexo de tudo o que está sendo discutido e pensado: o homem passa por uma autoexperiência concreta. concret a. Agora, o homem se vê diante da vida, da sociedade e de si mesmo e não encontra mais nenhuma segurança que dê sentido para sua existência. Essa fase se caracteriza pela forma materialista de olhar o mundo, a sociedade e a humanidade. E para o materialismo o homem é uma realidade material como outra qualquer. Alguns pensadores dessa forma de pensar são: Augusto Comte (considerado o pai do positivismo), vê o homem como um simples objeto do estudo científico natural empírico.
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Darwin, com o evolucionismo, afirma que a evolução é fruto da seleção natural e o ser humano está incluído nessa seleção. Para Nietzsche, o homem é produto da evolução que levará ao "super-homem", tudo acontece na livre competição. Karl Marx e Engels são os pais do materialismo dialético. As coisas estáticas, dinâmicas. O princípio material. homemnão nãosão passa de um mas conjunto de relações sociais,é que, na verOdade destroem o sentido da pessoa individual e a torna "função" dentro do processo da sociedade. Contudo, nessa época, surgem o Existencialismo e o Persona lismo. Entre os pensadores dessas correntes de pensamento estão: Pascal, que acrescenta à razão o coração. A existência do ho mem explica-se por meio do imediatismo da experiência pessoal. Porém, o homem é jogado contra si mesmo e pode compreender sua própria exist existência. ência. Sartre vai ao extremo. Para ele, a existência humana é con duzida à plena nulidade, ou seja, não tem validade alguma. Você pôde ver, rapidamente, algumas concepções feitas so bre o homem no decorrer da história. Na Unidade 2, vamos estudar como a sociedade atual está tratando trat ando o ser humano. Já vimos em que implica a situação humana dependendo da maneira como se olha o ser humano. Durante muitos anos, a sociedade ocidental tratou tratou a pessoa de uma maneira não muito boa. Apesar das mudanças que ocorreram durante cada momento histórico, nota-se que o ser humano, em geral, sempre foi dei xado em um plano inferior pela sociedade. Estamos vivendo numa sociedade neoliberal. O neoliberalismo é um estilo de governar em que o governo central não exerce influência direta na sociedade, deixando para a iniciativa privada e a livre concorrência todas as decisões com relação ao mercado
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e aos preços. As coisas que estão relacionadas ao social também saem da responsabilidade do governo. O neoliberalismo coloca toda a sociedade envolvida em uma lógica tecnicista, excluindo excluindo quem não se adapta a ela. É um estilo de sociedade que reduz a pessoa numa máquina de fazer e de consumir, por isso precisamos estar atentos a tudo o que nos envolve para percebermos se nossa atitude está sendo tecnicista ou se há espaço para uma forma humanitária de ser e de agir. No sistema capitalista no qual vivemos, os atrativos para uma vida de consumo levam as pessoas a buscarem, desenfreadamente, a satisfação ilusória de inúmeras necessidades. É mais fácil desencadear a perspectiva de uma vida sem objetivo e sem valores, do que uma vida de esperança e realizações. É sabido notório que o sistema capitalista sufoca cada vez mais os anseiosede grande parte da população mundial. Com a descoberta das ciências modernas, o mundo passou por profundas transformações. Quando as primeiras sociedades capitalistas começam a surgir, no final do século XVIII, as pessoas foram se juntando em torno das fábricas. Na sociedade pós-moderna, o capitalismo se estabelece como sistema econômico, influenciando o social e interferindo no político. Aos poucos no o neoliberalismo se implantando e de-monstrando regressão campo social evai político. O individualis mo é a tônica constante de todo o seu agir. O raciocínio neoliberal é tecnicista, pois reduz problemas sociais a questões administrati administrativas, e os problemas da educação em problemas de mercado e de técnicas de gerenciamento. Olhando dessa forma, podemos perceber que o ser humano vale pelo que produz e pelo que consome. Enquanto produz, o homem tem, ainda, possibilidade de ser considerado pela sociedade, essa é a ótica tecnicista. Porém, se não produzir só terá lugar se tiver posses para consumir. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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O sistema capitalista considera aquilo que fará que as pessoas tenham atitudes nitidamente competitivas visando o lucro. Numa visão estreita da sociedade e do ser humano, dentro dessa ótica tecnicista, a pessoa se reduz e seu valor e não é levado em conta. O ponto fundamental sobre que precisamos refletir é que estamos num sistema que prioriza a competição. O individualismo carrega consigo todo o envolvimento de uma sociedade competitiva em que o sucesso individual está acima de qualquer outro valor. O mercado, de forma contraditória, impulsiona as pessoas para uma maneira competitiva e individualista de ser e viver. O ser humano, de maneira geral, não costuma perceber-se, conhecer-se e valorizar-se. Esse é um ponto que fica obscuro quando lemos e falamos de relacionamento. Finalizando esta etapa, podemos perceber perceber que o homem esteve e está diante de uma situação não muito confortável para sua vida e para o entendime entendimento nto da sua existência. O homem como pessoa humana Vimos que o homem, durante a história, não foi valorizado como deveria. Queremos, agora, estudar um pouco o sentido da pessoa e, principalmente, a maneira como o Centro Universitário Claretiano entende esse sentido, e, ao mesmo tempo, qual a sua proposta com relação ao tema. Pretendemos analisar a pessoa na sua totalidade, inserida num contexto e numa realidade mais amplos. Convidamos, como Sócrates, Sócrat es, o famoso filósofo grego, todos para realizar o desafio que ele fazia aos cidadãos de sua época: "conhece-te a ti mesmo". É urgente resgatar o verdadeiro sentido do ser humano. hu mano. Toda Toda pessoa que compartilha parte de sua vida com o Claretiano está convidada a perceber a importância de si mesmo e do outro com quem compartilha seu saber, saber, sua profissão e sua vida.
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No entanto, o Centro Universitário Claretiano tem como parte de sua missão o compromisso com a vida e com a formação integral do ser humano. O objeto de seu Projeto Educativo tem pelo homem um apreço inigualável, dedicando-lhe um estudo especial e um jeito próprio de tratar o que está ligado e relacionado ao humano. A base da Unidade 3 é o modo Claretiano de ver a pessoa. A preocupação principal e fundamental é entender como esses conceitos poderão incorporar nosso fazer e nossa maneira de atuar em nossa profissão, seja ela qual for, e em nossa sociedade. Não serve a maneira da ideologia capitalista, muito menos o conceito tecnicista que daí decorre, reduzindo o homem a um objeto que faz e consome. O Projeto Educativo Claretiano, preocupado com a pessoa no sentido em que acabamos de abordar, deixa claro sua posição frente à situação humana da realidade em que vivemos. Esse pro jeto ressalta a educação para a justiça e para o amor amor.. O centro de toda a preocupação é o homem, pois ele "é um ser único e irrepetível, constituído das dimensões biológica, psicológica, social, unificadas pela dimensão espiritual, que é o núcleo da pessoa humana" (Apêndice, p. 136). Queremos analisar o homem como um ser multidimensional. Precisamos olhar a pessoa na sua totalidade se quisermos compreendê-la. Olhar uma parte nãoolhar significa olhar o todo. Por isso, nos so olhar antropológico quer a totalidade para compreender quem é o homem e qual sua responsabilidade neste mundo. Vamos analisar cada uma dessas dimensões para podermos ter ideia do compromisso que devemos assumir como membros integrantes integr antes de uma sociedade que busca aperfeiçoar aperfeiçoar-se -se e dar sentido à sua existência. Enquanto seres humanos que somos, estamos comprometidos com o bem comum e com cada pessoa em particular. Nosso compromisso começa em nosso próprio ser, mas ultrapassa nossa realidade e nos lança diante do outro, da sociedade, do mundo e de Deus. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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As dimensões da pessoa pessoa humana São quatro as dimensões da pessoa: biológica, psicológica, social e espiritual. Quando nos referimos à parte biológica, falamos, natural mente, de tudo o que se relaciona ao corpo da pessoa. Sem dú vida, por meio corpo que o ser humano faz contato com os outrosé seres, comdo o mundo e com Deus, seu Criador. Como sempre, não podemos deixar de perceber que estamos inseridos em um contexto social capitalista, neoliberal. Nesse am biente, o homem acaba sendo reduzido a um ser que produz e que consome. Diante desse enfoque, o que acaba tendo valor para esse sistema de sociedade é a parte do ser humano que está em contato com o mundo e que possui a força produtiva e consumidora. Não queremos dizer que o corpo não tenha valor. Pelo con trário, achamos e afirmamos que seu valor é inenarrável. É por meio dele que o homem constrói o mundo, adquire conhecimento, transforma transforma a realidade e consegue dar sentido à sua exist existência. ência. Portanto, Portant o, é necessário cuidar bem do corpo que temos. No entanto, não é isso que podemos perceber, mas, sim, uma realidade que explora e expõe o corpo das pessoas a uma si tuação ridícula, como em diversos níveis da mídia em que há uma exploração exploraç ão total da realidade corpórea. A mídia criou padrões de beleza e de biotipo na moda, nas novelas, nos programas de televisão, nas revistas etc. Quem, por uma razão ou por outra, não se sente enquadrado nesses padrões gasta muito dinheiro para se adequar a eles ou se sente excluído da convivência geral da sociedade. É só notar as roupas produzidas pelas grandes grifes. Elas não são feitas para qualquer pessoa ou qualquer corpo. Quem desejar "ficar na moda" precisa adaptar o próprio corpo para vesti-las, pois as grandes grifes não querem qualquer tipo de corpo utilizando suas roupas.
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Do mesmo modo, assistimos, atualmente, a uma corrida impressionante atrás dos bisturis, dos "Botox" e de toda ou qualquer espécie de cirurgia para mudar a estética facial e corporal. Há uma supervalorização da dimensão corporal em detrimento das demais. A dimensão "psicológica" remete-nos ao que os filósofos gregos chamam de anima anima,, que, no português, chamamos alma, aquilo que dá vida. E o que faz a vida da pessoa acontecer é a sua interiori dade. Remetendo novamente ao pensamento filosófico, nos deparamos com o conceito de essência. Mas o que vem a ser essência? Por essência, entendemos aquilo que faz que o ser seja ele mesmo. Ou seja, o ser é o que ele é por causa da sua essência, que o torna um ser único. Só eu sou eu. Só você é você. E o que me faz ser eu e você ser você é a essência. Não existe outro igual. Eu sou único. Você é único. Como afirma Sócrates, o indivíduo é um centro de autoconsciência e vontade, por isso é dotado de um poder dinâmico, capaz de observar, observar, dominar e dirigir todos seus processos psicológicos. Se tomarmos como exemplo o perfume, sabemos que em todos eles há elementos químicos, há o álcool, há um fixador etc. Porém, o que diferencia um perfume do outro é sua essência. E a quantidade da essência é pouca, mas é ela que faz a diferença e torna perfume único. Você já deveoster ouvidoperfumes". a expressão popular queo diz: "nos pequenos frascos, grandes A essência no ser humano é uma pequena parte do seu ser. O resto é hereditário e influência social. Aqui fica a interrog interrogação: ação: como a pessoa conhece e entra em contato com essa essência? E a resposta vem de forma simples: quem tem a chave de nosso interior somos nós mesmos. Para co nhecê-lo é preciso entrar em contato consigo mesmo através da reflexão e da meditação. Parade isso é preciso mesmo, no seu modo de ser, pensar e de prestar agir. atenção em si Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Quanto tempo você gasta consigo mesmo? Cinco minutos por dia? Cinco por semana? Cinco por mês? É por meio desse tempo que você consegue perceber e entender quem é você de fato. Mas há um segundo passo. Além de se conhecer, é preciso se aceitar na essência. "Tenho "Tenho erros?"; "Como e o que posso fazer para corrigi-los?"; "Tenho defeitos?", claro que sim, mas quando percebemos nossa essência na profundidade, vemos a beleza do que somos. Aceitar-nos como somos é um passo adiante, mas não é tudo. Há mais pela frente, é hora de gostar gostar de nós como somos. Quando consigo dar esses passos, percebo que nossos se melhantes são tão importantes quanto eu e que merecem meu carinho, minha min ha atenção, meu apreço, meu amor. amor. Aí entendemos as palavras do Cristo referindo-se a um dos dez mandamentos: "Amarás teu próximo como a ti mesmo" (MATEUS, 19, 19). Quem consegue amar-se na essência, ama o outro, ama o mundo, ama a natureza, ama o Criador, porque se vê parte do todo. O eu do indivíduo é a sua individualidade, é o seu Ser Pes soa. É essa a marca do Eu Sou. E a consciência disso é que faz o indivíduo perceber que ninguém jamais vai ocupar o seu lugar no mundo. Sua missão no mundo é única. Entrar em contato com seu núcleo, com seu Ser Interior, Interior, é abrir as portas para descobrir a sua individualidade, a sua importância, o caminho para a autorrealização, para a felicidade. Quanto mais profundo for esse contato com o seu próprio eu, mais profundo será seu conceito de pertença do todo e a percepção de seu papel na melhora do meio em que vive e do mundo onde habita. Não é possível ser feliz sozinho. Quanto mais o indivíduo busca sua realização pessoal mais ele percebe que ela só acontece na medida que se abre para o outro,como para quer o todo, para que todos tenham em vida, e vida em abundância, Jesus Cristo.
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Fechar-se em si mesmo é causar morte, não vida. Contribuir Fechar-se para que haja vida significa estar centralizado, mas aberto, sem deixar que o meio social tire a possibilidade de autorrealização, a qual abrirá as portas para que os outros também se realizem realizem e se jam felizes. felizes. Contribuir para para que haja vida vida é lutar contra tudo aquilo aquilo que impede que a vida esteja ao alcance de todos. O que caracteriza o indivíduo frente à comunidade é saber que homem algum é uma ilha e que um necessita do outro para ser o que é. No conta contato to com as outras pessoas, o indivíduo percebe-se e vê que é na relação com o outro que ele próprio se identifica. Na dimensão social, segundo os especialistas, somos o pro duto do meio onde nascemos e vivemos, pois recebemos uma carga genética e influência desse meio. Não devemos esquecer, ainda, que a ideologia do sistema capitalista influencia nosso pensar, nosso sentir e nosso agir. Portanto, essa carga de influência que recebemos através da família, da mídia, da escola, do grupo dos amigos etc., confere a nós uma maneira toda própria de ser. Além da carga genética, carregamos a influência do meio. Mas isso não é tudo. Temos algo em nós que nos identifica e nos torna diferentes. O que vai nos mostrar essa diferença é a forma e a maneira como olhamos a nós mesmos e nos identificamos com nosso para podermos o que é próprio de cada um e ointerior que é influência do meiodistinguir em que vivemos. Sabe-se que cada ser humano é um ser único. No entanto, está inserido num contexto mais complexo, bem mais amplo do que seu próprio ser, que é a sociedade. Não podemos olhá-lo de forma distinta, pois estaríamos tirando dele as características que dão sentido à sua existência. A pessoa vive em sociedade. Ela não pode e não deve ficar isolada em suarestringir existência, pois éeum ser em constante Não podemos a análise a concepção da pessoarelação. huma Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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na como costumamos ouvir pela vida afora: o homem é um ser que nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre. Muitas vezes, ouvimos crianças e adolescentes fazerem esse tipo de brincadeira. Mas, na atitude, percebemos que muitas pessoas adultas também agem como se esse fosse o sentido da vida, faz fazendo endo simplesmente uma leitura biológica, tecnicista e neoliberal da existência. Assim, valorizam uma parte do ser em detrimento do restante. restante. E, por fim, há a dimensão espiritual. Mas, antes de tudo, vamos entender melhor o significado etimológico da palavra espiritual. Em outras língua, não existe problema em entender o significado dessa palavra. Mas existe um problema na língua portuguesa por causa do uso equivocado da palavra "espírito" com "e" minúsculo. As palavras "Espírito" e "Espiritual" só são usadas para o Espírito divino e seus efe efeitos itos no homem, e são escritos com "E" maiúsculo.. Queremos entender, úsculo entender, como muitos autores, o sentido dessa palavra designando uma dimensão particular da vida humana. Nesse sentido, falamos do espírito como poder de vida, que tem o poder de animar e não é uma parte acrescentada ao siste ma orgânico. Alguns pensamentos filosóficos, aliados a tendências místicas e ascéticas, separaram espírito e corpo. Como veremos, e que já foi brevemente abordado em Descartes, a palavra recebeu a conotação de "mente" e a própria "mente" recebeu recebeu a conotação de "intelecto". O elemento de poder no sentido original de espírito desapareceu e, finalmente, a própria palavra foi descartada. A vida em si possui um significado próprio e dá ao ser humano uma expressão de totalidade. A questão fundamental é como ajudar a pessoa a descobrirse e perceber-se dessa forma. Sua existência não está isolada, pois o ser humano é um ser de relação, relação esta que abrange abrange o seu eu, o outro, o mundo e a transcendência.
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Por isso, constantemente muitos autores chamam atenção para o cuidado, o respeito, a veneração e a ternura que devemos ter para com a vida de maneira geral e a pessoa, em particular. É a vida que garante a todos os seres a razão de seu existir, do seu ser-no-mundo. Mas é preciso entrar em contato com algo que está implícito no homem, o espírito. Alguns indícios mostram a espiritualidade: a autoconsciência, a refle reflexão, xão, a contemplação, o colóquio, a autotranscendência etc. etc. Mas o indício mais certo, porém, é a liberdade. l iberdade. Esta é a condição própria do espírito. É esse elemento espiritual que envolve o ser humano no todo. A autoconsciência e a liberdade representam para a pessoa a capacidade de entender seu papel no mundo. Com essa dimensão espiritual o homem goza de uma aber tura sem limites, infinita. Ele está em busca da plena realização porque participa dessa esfera espiritual que o coloca em contato com o infinito. O Projeto Educativo Claretiano (ver Anexos) afirma que cada pessoa é o princípio de suas ações, de sua capacidade de governargovernarse tendo em vista sua liberdade. Fundamentalmente, Fundamentalmente, o ser humano é livre para se realizar como pessoa e, por isso, responsável pelo seu projeto pessoal e social de vida. Quem consegue olhar para si mesmo percebe-se como pessoa humana, única e irrepetíve i rrepetível,l, capaz de criar e dar respostas positivas a seus anseios; essa pessoa tem todas as chances de fazer uma opção livre e consciente consciente.. A evolução técnica experimentada nos últimos séculos desumanizou o ser humano. No entanto, ele entenderá entenderá essa responsabilidade quando adquirir a liberdade de pensamento, quando aguçar a capacidade de discernimento e puder compreender seus sentimentos sentiment os e imaginação.
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Unidade e totalidad totalidadee Quando tratamos do entendimento entendimento sobre a pessoa é importante notarmos que ela é unidade unidade e e totalidade totalidade,, ao mesmo tempo. Não podemos tratar o ser humano como se fosse possível dividi-lo e olhá-lo com um único enfoque. Já que cada pessoa é um ser único e absolutamente novo, com capacidade de se decidir, de escolher, pois é um ser livre por existência, ao mesmo tempo é um ser dinâmico, aberto ao outro e à transcendência. A pessoa consciente da unidade e da totalidade abre espaço para a realização pessoal. Ela compreende seu estar-no-mundo estar-no-mundo enquanto compreende compreende o sentido de ser-no-mundo. Só o ser humano goza do privilégio de ter consciência de si mesmo, do seu eu, do seu ser e do seu existir. A pessoa precisa perceber que ela constrói seu próprio ser, o que lhe permite adquirir consciência de si mesmo para conquistar sua identidade. Ela busca uma finalidade e um sentido para sua existência. O que está no cerne de toda a questão é a realização da pessoa, é o seu ser. Veja, a seguir, os principais conceitos que irão nortear seu estudo nesta disciplina. Sempre que estes termos surgirem, tenha presentee o seu significado. Isso facilitará o seu estudo. present Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co nhecimento dos temas tratados na disciplina Antropologia, Ética e Cultura. Cultura. Por opção pedagógica do autor, os termos do Glossário não seguem a ordem alfabética, mas a ordem cronológica da im portância que cada um dos conceitos adquire ao longo deste ma terial. Veja, a seguir, seguir, a definição dos principais conceitos:
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1) Antropocêntrico: onde o homem é o centro das atenções. 2) Antropologia Antropologia:: do grego άνθρωπος (anthropos) (anthropos),, "homem", e λόγος (logos) (logos),, "razão" / "pensamento", é a ciência que tem como objeto o estudo sobre o homem e a humanidade de maneira que abranja todas as suas dimensões. 3) Cosmos: do grego grego κόσμος (cósmos) (cósmos):: cosmos, mundo. Segundo Burnet em sue Aurora sue Aurora da filosofia grega grega,, primeiramente essa palavra designivava a organização de um exército, mas com o desenvolvimento das sociedades na Grécia Antiga ela passou a ocupar o lugar do conceito de καώς (caos) para designar a organização do universo. Isso ocorreu mais ou menos ao mesmo tempo em que se dava a famosa passagem "do Mito ao Lógos". 4) Idealismo: corrente de pensamento que reduz toda a existência existê ncia a ideias ou considera que toda a exist existência ência se determina pela consciência. 5) Holístico: significa totalidade. Considerar o todo levando em consideração as partes e suas inter inter-relações. -relações. 6) Logos: do grego λόγος (logos) (logos):: razão, pensamento. Tudo o que se refere ao conhecimento, estudo. 7) Mecanicista: a Escola Mecanicista procura explicar os fenômenos sociais por analogia com os fenômenos físicos. Vê o universo como se fosse uma máquina. Peças discretas interagem no espaço e no tempo e quando alguma força atua sobre elas o resultado é uma sequência de ações e reações em cadeia. Nessacomo corrente deum pensamento homem vistoexclusivamente sendo elemento oque reageéquan do se lhe aplicam forças; em outras palavras, as atividades só ocorrem em resposta a forças que lhe foram aplicadas. 8) Modernidade: refere-se à época moderna, ou seja, período entre o século 15 e 18. Essa época é marcada pela descoberta científica científica e pelo novo rumo que a sociedade ocidental tomou. 9) Neoliberalismo: é uma corrente de pensamento que qu e defende a absoluta liberdade de mercado a não intervenção estatal sobre a economia.
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10) Pragmatismo: Corrente de pensamento filosófico que adota como critério da verdade a utilidade prática, identificando o verdadeiro como útil; senso prático. 11) Racionalismo: Trata-se da doutrina que atribui exclusiva confiança na razão humana como instrument instrumento o capaz de conhecer a verdade. O pensamento é a única fonte de conhecimento (verdade absoluta). Para os racionalistas o tipo de conhecimento que é verdadeiro é o que pro vêm da razão, do pensamento. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha tenha uma visão geral dos conceitos mais mais importantes deste estudo, apresentamos, apresentamos, a seguir (Figura (F igura 1), um Esquema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema ou mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de construir o seu conhecimento, ressignifi cando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito do Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliá-lo na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entendese que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe dagógicos significativos no processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabe-
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lece que a aprendizag aprendizagem em ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci so, sobretudo, estabelecer estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de conheciment conhecimento o e organiz organizar ar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados. perspectiva, de que évocê oNessa principal agente dapartindo-se construçãodo dopressuposto próprio conhecimen to, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site site
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Ao analisar o contexto histórico, é possível compreender como a sociedade, em alguns momentos, tratou o ser humano. Do mesmo modo, é possível ver como alguns pensadores enten deram e se pronunciaram a respeito do ser humano. Contudo, não se pode deixar de olhar tudo isso dentro do contexto em que ele vivia, levando em consideração tudo o que acontecia naquela realidade. Muitos se dispuseram a falar e a tecer alguns comentários a respeito do ser humano. É importante analisar algumas concepções, de algumas épocas para entender alguns epensamentos quenorteavam as atitudes e as ações da sociedade quais as influên cias que esses pensamentos exerciam na vida das pessoas e da sociedade em geral. Interessa notar que a concepção a respeito do conceito que Interessa se criava ou que se criou sobre a pessoa influenciou a maneira de ser e de agir da sociedade em cada época determinada. Ou o contrário. Aquilo que se pretendia da sociedade e para a sociedade acabavaa criando uma concepção a respeito do ser humano. A maacabav neira como o ser humano era tratado dependia, muitas vezes, do modo como a sociedade era concebida. Isso parece simples, mas é preciso notar as diferenças na concepção de homem que tivemos em cada momento da história, para que se possam compreender os fatos de forma clara. Ao conseguir enxergar todos esses mecanismos, pode-se entender a relação existente entre o modo de vida da época e os pensamentos que regiam as sociedades em cada período da história. Aliás, é difícil dizer o que vem primeiro. Tudo acontece quase ao mesmo tempo: enquanto a situação da sociedade se apresenta de uma forma ou de outra, as análises vão Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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surgindo e as propostas vão sendo feitas. Naturalmente, essas aná lises podem provocar mudanças na maneira de pensar e de agir do homem. E as consequências nem sempre são facilmente percebidas. Aqui interessa entender o que está relacionado com o homem em todo esse processo. Serão estudadas algumas teorias que influenciaram a sociedade em cada período histórico e a maneira de entender a pessoa. Em contrapartida, é preciso ver as relações existentes entre essa maneira de entender o homem e as propos tas que interferem interferem na sociedade. Esse é um grande desafio. Antes de prosseguirmos, é importante que você perceba que tudo está relacionado à Antropologia. Aliás, é o estudo antropológico que vai trat tratar ar desses assuntos. Não se deve, porém, confundir Antropologia com Humanismo. Estudaremos a antropologia como forma de compreender o ser humano e a sociedade dentro do contexto histórico. É importante que você perceba como o homem contexto busca compreender a si mesmo, pois, ao fazer isso, ele representa sua experiência original. Enquanto o homem se compreende, ele representa represen ta o todo ou a sua totalidade concreta sem se desligar da experiência e da compreensão de si mesmo. O ser humano sempre procurou entender o significado de sua existência. Desde tempos remotos, ele quis saber sobre sua existência e sobre a existência existênci a do mundo e das coisas coi sas ao seu redor. redor. Preocupou-se em entender os meandros da sociedade e o significado de tudo. Percebeu que era uma parte do todo. O todo é complexo, plex o, mas é preciso compreender bem o que isso significa. Sem separar as coisas, sem separar a parte do todo, pois a parte só tem sentido no todo, assim também é o ser humano. Não se pode separar o homem em partes. É certo que, em alguns momentos da história, história , essa separação vai aparecer apa recer,, e isso se torna um enorme problema para as pessoas e para a sociedade. As ideias mecanicistas, muito presentes na contemporaneidade, atuam des sa forma e fragmentam tudo em partes, como se nada (cada coisa ou cada parte) tivesse sentido isoladamente.
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Também é importante perceber que essas coisas não são percebidas facilmente nem são percebidas por todos. Muitos es tudiosos, porém, conseguem analisar essas situações e apontam o que está por trás dos acontecimentos. O ser humano é capaz de se inquietar; ele está aberto ao mundo, e essa abertura se converte em abertura ao ser. Essa ati tude explica a liberdade que o ser humano possui e que é própria dele. O homem é um ser aberto ao mundo e ao ser ser,, podendo perceber a verdade e o valor que há nessa atitude humana. Nisso, o homem percebe sua essência, isto é, a essência dele se concretiz concretizaa na abertura ao mundo e ao ser. Por isso, ele se pergunta sobre sua própria essência, sobre o que faz no mundo, por que está neste mundo e qual a razão de sua existência. existência. Só o homem possui essa capacidade, possibilidade e neces sidade; por isso, ele faz a si esse tipo de pergunta. Em outras pa lavras, podemos perceber que o homem se tornou um problema para si mesmo. Sua experiência de vida questionou suas concep ções; por isso, começou interrogar-se e procurou respostas. Como o homem possui a capacidade de questionar questionar-se -se sobre sua essência, ele tem a possibilidade de ter consciência de si mesmo e, ao mesmo tempo, a capacidade de se compreender. Mas, como vive em um mundo em que a realidade não favorece favorece a compreensão de si mesmo, por causa dos acontecimentos materiais, ele não consegue ter uma completa autocompreensão. autocompreensão. Todos sabemos quanto é difícil a autocompreensão. Há di versos fatores que impedem o auto-olhar: as preocupações diá rias, o trabalho, os estudos, a família, os compromissos. Enfim, são muitas as coisas que impedem a pessoa de olhar para si mesma para se compreender e compreender os acontecimentos ao seu redor. Os questionamentos que o ser humano se faz e sempre se fez, como "Quem sou?", "Por que estou neste mundo?", "Por que sou assim?", "Por que as coisas são dessa forma?", ficam, muitas Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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vezes, sem respostas e inquietam – às vezes, até incomodam. Isso é comum a todos os seres humanos. É próprio do homem querer entender-se. Esta primeira parte de nosso estudo pretende apresentar al gumas concepções a respeito do ser humano. Todavia, é preciso analisar a sociedade atual para perceber como e por que as coisas acontecem e que relação tem isso na vida das pessoas. Essa influência da sociedade é relevante e de fundamental importância para entender a vida atual. Não é possível separar o ser humano da realidade em que está inserido. Por isso, é de extrema importância analisar como o sistema da sociedade de hoje atua no ser humano e provoca nele reações que não são perceptíveis. Analisar a questão da ideologia vigente é perceber como o ser humano pode tomar consciência ou não da situação social e como a ideologia consegue camuflar a realidade e nos mostrar um modo de pensar, pensar, de sentir e de agir em que o ser humano é apresentado de maneira equivocada. A concepção de homem apresentada pelo sistema dominante nem sempre é compatível com o que ele pretende para si mesmo. Por isso, estudar a questão social ajuda a entender a realidade e faz perceber que é importante ter consciência da situação para poder traçar o perfil da própria existência.
5. SER HUMANO HU MANO Enquanto a sociedade atual olha o ser humano de modo fragmentado, fragment ado, alguns pensadores acreditam que: [...] ser homem significa uma pluralidade de dimensões nas quais não só experiment experimentamos amos o mundo, senão que nos experiment experimentamos amos a nós mesmos [...] o homem é uma totalidade concreta que fundamenta a totalidade em uma unidade estrutural que contribui para sua compreensão (CORETH, 1985, p. 39).
No entanto, o todo precisa entender-se a si mesmo.
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O homem é uma totalidade e não pode ser visto separadamente, fragmentado, fragmentado, como acontece na sociedade atual. É importante compreender o homem concreto, não um homem fictício, mas o homem que se pergunta e quer saber quem é. O homem está dentro dentro do mundo onde vive. Ele não está confinado à sua sub jetividade, dentro dentro de si mesmo. Heidegger (1989) parte do significado de presença e, a partir daí, propõe compreender e interpretar o ser dentro da realidade do tempo. A pessoa é vista como parte das transformações e modificações. Isso implica situá-la em determinado contexto. É pre ciso olhar a pessoa dentro do contexto histórico para entender o processo da constituição do ser. Dentro desse contexto, a pessoa não pode ser vista de forma fragmentada, como se fosse simplesmente um número, um mero consumid or.. Do mesmo modo, o ser humano consumidor human o é um ser em construção. Sendo assim, tem grande potencial para a mudança. O autor propõe compreender e interpretar o ser dentro da realidadee do tempo. Tudo realidad Tudo acontece dentro de determinado contexto. O ser está inserido em algum conte contexto xto histórico. O ser humano não é só o seu passado nem só o seu presente, presente, mas podemos perceber que é um projeto de vida, com um potencial em construção, com um potencial imenso pela frente, ainda não acabado. Olhar o como "ser-no-mundo", como Heidegger, criaainda a possibilidade de olhar o ser um potencial a partir do que ele pode ser: [...] o homem não se realiza no horizonte do ser, é pelo que se experimenta sob aspiração do absoluto. Ele só consegue entender-se a si mesmo se não estiver em relação transcendental transcendental com o ser absoluto e infinito, dito de modo mais concreto, em sua relação com o fundamento absoluto, absoluto, pessoal e divino do ser (CORETH, 1985, p. 42).
É necessário que essa relação ultrapasse os limites do pró prio ser para alcançar uma dimensão metafísica do homem, a sua transcendência, a fim de que haja uma relação com o ser, numa abertura ao ser em geral ao mesmo tempo em que se abre ao absoluto do ser. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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É preciso se compreender o homem desde o fundamento de seu ser ao mesmo tempo em que se compreende a totalidade do ser.
6. CONTEXTO HISTÓRICO Como vimos, o homem quer saber sobre o fundamento e o sentido do mundo em que vive. Por meio do pensamento filosófico é possível interrogar-se interrogar-se sobre o princípio pr incípio de todas as coisas para entender o fundamento de tudo. Ao querer entender a si mesmo no seu mundo, na sua história e no conjunto da realidade, ele faz um exercício filosófico. Na verdade, essa é uma preocupação presente na vida dos povos em geral. Em todas as épocas da história pode-se perceber a preocupação que oAfinal, ser humano tem quanto à sua origemque e sobre origem do mundo. quais foram as preocupações envolaveram as sociedades nos diversos momentos históricos? Percorrendo alguns desses momentos é possível verificar certos pontos de vista interessantes e que poderão elucidar nosso estudo. O homem no pensamento grego Para Coreth (1985, 45):começa a olhar o mundo, o cosmos, o uniA filosofia grega p. antiga verso. Pretende estudar o ser, as formas e as leis essenciais das coisas. Estabelece um escalonamento ordenado dos seres que parte das coisas inanimadas até chegar às formas de vida e culminar nos modos de ser e de operar do espírito.
No pensamento grego o homem é entendido como o eixo unificador da ordem universal. No entanto, o que caracteriza e constitui o homem é sua própria essência e sua alma. Aristóteles trata da alma, mas não do homem como um todo. Na verdade, trataa de uma psicologia, não de uma antropologia. trat
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O que se percebe no pensamento primitivo grego é que ele apresenta uma dualidade fundamental da alma espiritual e o corpo material: Para Platão o homem está ordenado por seu espírito para o mun do inteligível frente ao mundo aparente e mutável das coisas que se percebem pelos sentidos. Para ele a alma do homem imortal pertence ao mundo imutável das ideias e está fundamentalmente acima do mundo mutável (CORETH, 1985, p. 48).
Tudo o que diz respeito à essência e à dignidade do homem se situa no espiritual. Platão apresenta apresenta o dualismo espírito e matéria, alma espiritual e corpo material do homem. Aristóteles, mesmo sem superar a visão platônica do ho mem, demonstra que a alma espiritual é o princípio interno que conforma o corpo. Desde a Antiguidade, o homem é apresentado tentando descobrir sua origem. Essa apresentação de que o homem se reconhece ligado à sua história demonstra demonstra como é importante para ele conhecer sua origem. No pensamento grego, tudo está ligado ao destino, ou seja, o homem é predeterminado. No entanto, entanto, é aí que ele sente a si mesmo e percebe os acontecimentos do mundo. Essa afirmação nos remete à doutrina de Heráclito do logos, à doutrina do ser de Parmênides e ao mundo das ideias de Platão. Fica demonstrado que o homem se reconhece sob o destino do absoluto. Boff (2003, p. 61) explica que: A tradição clássica dos gregos não descobrira a dimensão típica na qual poderia madurar uma reflexão profunda sobre ser-pessoa. Dificultavam-no as coordenadas de seu horizonte de pensar. Um eixo destas coordenadas era constituído pelo espírito concebido como universal, transcendente transcendente e divino.
E continua dizendo que: [...] outro eixo era composto pelo corpo informado pelo espírito, corpo material, imanente e sujeito de todas as limitações. O ho mem é composto de duas grandezas desproporcionais. Pela morte dar-se-ia a cisão de ambos. Espírito e corpo; o espírito, enfim, se libertaria dos laços limitadores da matéria e se recolheria em sua universalidadee e primitiva transcendência. universalidad Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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A tradição grega utiliza-se da dualidade quando trata o ser humano. Nesse contexto, o espírito tem superioridade sobre o corpo. O homem no pensamento cristão O diferencial no pensamento cristão é a revelação. Tanto no Antigo Testam estamento ento como como no Novo Testamento a Testamento a mensagem é de salvação e está direcionada para o homem concreto na história. Essa história é uma história de salvação em um acontecimento que se desenvolve entre Deus e o homem. O Cristianismo ensina que o mundo procede da livre palavra criadora de Deus, que diz "faça-se" (Gênesis 1,3). Mesmo o mal depende de decisão livre e pessoal do homem. E, embora desde o iní cio esteja marcado pelo pecado, o homem sabe da ação salvífica de Deus. Na "encarnação", Ele se revela livre e pessoalmente por meio de seu filho. O filho de Deus faz-se homem para salvar os homens do pecado. É essa a obra redentora que revela a vontade do Pai. Para Agostinho, o livre-arbítrio não é a verdadeira liberdade. Esta, libertas,, é a confirmação da vontade no bem pela graça. De fato, libertas o homem entregue a si mesmo é impotente para triunfar da con cupiscência. O socorro de Deus é necessário para apoiá-lo em sua ação no sentido do bem. [...] a liberdade é, para Agostinho, es sencialmente libertação pela graça e comporta uma gradação: o homem é tanto mais livre quanto mais se submete ao chamado da graça e mais participa da sua salvação (BARAQUIM; LAFFITTE, 2007, p. 5-6).
Quando o Cristianismo, na patrística, utiliza o pensamento grego para explicar racionalmente a fé, não contém o mesmo sig nificado, pois "acentua o valor e a dignidade do particular [...] a vocação divina e sua livre decisão frente ao destino eterno" (CORETH, 1985, p. 53). Por isso, a alma não tem o mesmo sentido pla tônico de preexis preexistência, tência, mas apresent apresenta-se a-se como livrement livrementee criada por Deus. Essa é a linha que segue Agostinho. Tomás de Aquino, adotando a doutrina aristotélica, não segue o mesmo raciocínio quando trata da alma e do corpo. Para ele, alma
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e corpo não são duas substâncias substâncias separadas, mas são dois princípios eternos que formam o único e mesmo homem completo. No pensamento cristão, o homem está inserido na ordem objetiva e universal que tem seu fundamento em Deus. Cristo revela o homem ao homem. Os cristãos têm uma ideia muito elevada do que é o homem, de sua dignidade, de sua realização, de seu chamado a ser filho de Deus e viver fraternalmente na dignidade do mistério mistério da vida. Cristo mostra o verdadeiro amor, que é entrega, doação, uma perda voluntária de liberdade. Mas nele a pessoa é pessoa e tira o melhor de si. Os cristãos são considerados grandes humanistas, mas, obviamente, não são os únicos, pois outras pessoas com concepções diferentes, com sentido comum e com sentido da beleza ou de justiça compartilham essas convicções. convicções. É possível perceber uma espécie de otimismo ingênuo na sociedade moderna, enquanto enquanto ela acredita que é possível vencer vencer o mal tanto dentro quanto fora de si, apenas com a razão e a educa ção; para os cristãos, é necessária a graça de Deus e o amor. amor. O homem no pensamento da idade moderna No século 14, com o Renascimento, e, no século 15, na Idade Moderna, depois de um longo período em que o Teocentrismo era referência de tudo, a preocupação voltou-se para a pessoa. O Antropocentrismo olha o homem situado neste mundo. Até essa época, a segurança estava na fé em Deus. Desde o século 4 até o 14, o homem achava-se no centro de um mundo perfeito, ordenado e claro, cla ro, fruto de uma fé que lhe dava a segurança de um Deus que olhava por ele, consequência do pensamento teocrático que predominava na época. Frei Betto ( Anexo Anexo I, p. 147) aponta que: [...] a última mudança de época foi justamente na medieval "descoberta" América, quando o Ocidente passou do período parada o moderno. A pintura de Michelangelo expressa, com genialidade, Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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essa chegada de um tempo em que o conhecimento, a epistemologia, se desloca de uma perspectiva teocêntrica para uma perspec tiva antropocêntrica. A rainha das ciências, durante mil anos, no período medieval, foi a teologia. A rainha das ciências, da modernidade é a física. O período medieval se baseava na fé; o moderno, na razão. O período medieval se baseava na contemplação das verda des reveladas; o moderno, na busca da compreensão da mecânica deste mundo e no pragmatismo, na transformação deste mundo (o texto se encontra na íntegra ao final deste CRC no tópico Ane tópico Anexos xos). ).
A modernidade mostra o homem sem um lugar assegurado no mundo, fazendo que ele se retraia retraia cada vez mais sobre si mesmo. Isso o faz questionar-se sobre o ser do homem e o sentido de sua vida. O homem passa a ocupar o centro: é o que se chama Antropocentrismo. O problema é que esse homem é um simples sujeito, não é o centro de uma ordem objetiva do ser, mas o centro de um mundo de conheciment conhecimentos os subjetivos. Frei Betto ( Anexo Anexo I, p. 149) aponta que a característica da modernidade: [...] são duas pernas: a filosofia de René Descartes e a física de Isaac Newton. Descartes, com o "Penso, logo existo", mostrou que a razão é capaz de decifrar os enigmas do conhecimento. Já contemporaneamente a ele, ou um pouco antes, um acontecimento marcou decisivamente a introdução da visão moderna: a astronomia de Nicolau Copérnico, depois complementada por Galileu Galilei. Copérnico fez algo de revolucionário, a ponto de hoje se falar de revolução copernicana, porque até então as pessoas olhavam o mundo com os pés na Terra. Copérnico fez o inverso: como será a Terra se euuma me imaginar com os pés no Sol? A diferente partir dessa ele teve compreensão completamente do mudança, universo, mas só ousou partilhá-la em seu leito de morte, com medo da Inquisi ção. Depois veio Galileu e acabou com a ideia de que a ciência é baseada no senso comum.
A pretensão é que o ser humano se tornará autônomo. E isso será possível por meio da racionalidade trazida pelas descobertas científicas. O desenvolvimento técnico-científico tendeu para esse novo aporte. Durante o Feudalismo, o homem ficou submisso aos senhores feudais. Tudo dependia do feudo. Pouco precisava precisava se preocupar com o desenvolvimento da sua vida e da sociedade em geral.
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Na modernidade, porém, o homem pode apostar em sua autonomia, pois a maneira como a sociedade está sendo estruturada lhe permite buscar novas formas de vida (MARTINS, 2009). E Martins aponta um problema sério sobre a modernidade, a respeito do homem: O mundo moderno tem uma concepção de ser humano muito fragmentada e mecanicista. Ele apostou piamente na capacidade racional do homem e rompeu com a realidade transcendente. transcendente. Contudo, essa "autonomia" não foi capaz de realizar a existência humana e solucionar os problemas da humanidade, mas desencadeou uma crise ética e de sentido (2009, p. 13).
O mesmo autor aponta outras preocupações decorrentes dessa postura nova que o mundo começa a experimentar: o mundo moderno trouxe muito desenvolvimento desenvolvimento ao homem, sobretudo no campo material. Novas descobertas e inventos trouxeram con forto às pessoas, que passaram a se apegar cada vez mais aos bens materiais e às descobertas das ciências. Com isso, o "ter" passou a ser extremamente valorizado e desejado. Contudo, a existência humana não se realiza somente com o "ter". "ter". Some-se a isso o fato de que, diante da grande desi gualdade social, adquirir os bens da tecnologia não é possível para maioria da população mundial. À existência, na modernidade, agrega o "ter" como funda mento para o sentido do "viver". Cria-se a ilusão da realização existencial unida ao material, proveniente da produção técnico-científica que se aperfeiçoa a cada dia. Com esse aperfeiçoamento, o "ter" vai-se modificando, e essa falsa necessidade nunca é suprida. Estabelece-se uma crise no mundo moderno, pois a satisf satisfação ação com o material não é capaz, por si, de dar sentido à vida: A modernidade jogou o homem dentro de uma crise de sentido: o ser foi foi engolido pelo ter , que é superficial, pois nunca toca no cerne da existência (MARTINS, 2009, p. 15).
A modernidade construiu-se com a supervalorização da razão, com a capacidade de transformar o todo em suas partes. O mesmo autor vai além, afirmando que: Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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[...] a crise de sentido do ser é enorme. O ser humano na modernidade encontra-se em pedaços, sem saber integrar-se novamente dentro de uma unidade ontológica capaz de realizá-lo. O homem definitivamente foi fragmentado com as ciências, a partir de Descartes (2009, p. 17).
Descartes (1596-1650) (1596-1650) aponta uma mudança de rumo quando apresenta o dualismo entre corpo e alma; dualismo que, de duas realidades distintas como se nada tivessem entre si, elimina qualquer possibilidade de uma ação mútua entre corpo e alma. Para Descartes, Descartes, o valor supremo do homem, aquilo por meio de que ele realizará da melhor maneira possível sua humanidade, é a plena disposição de um livre-arbítrio cujo bom uso consiste em privilegiar a clareza do entendimento entendimento e em tomar o partido da razão. Porque é em Descartes que o Racionalismo Racionalismo se estabelece. O homem é reduzido a um sujeito pensante. Em contrapartida, o Empirismo inglês impõe-se sob a impressão das ciências da natu reza como única realidade objetiva cientificamente demonstrável, como aparece em John Lock (1632-1704), considerado pai do Empirismo, e David Hume (1711-1766), considerado o maior filóso fo empirista inglês, que se apoiam exclusivamente na experiência sensível. O Racionalismo entende o homem essencialmente como um ser racional sem levar em conta o homem total e concreto; em contrapartida, o Idealismo eleva e absorve a razão finita no acontecimento espiritual infinito com o qual não adquire seu ple no valor à singularidade pessoal do homem na sua liberdade e responsabilidade. A Revolução Francesa, com o lema "liberdade, igualdade, fraternidade", expressa ideais que devem ser considerados pelas pessoas e pela sociedade. É um novo momento que se inicia. Uma nova concepção de pessoa, de mundo e de sociedade tem início. Contudo, a história mostra que o Materialismo científico não acredita, por exemplo, exemplo, na liberdade. E a Biologia não acredita na igual dade ou na frate fraternidade. rnidade.
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Da mesma forma, a evolução das espécies funciona porque não há igualdade e porque o mais forte se impõe. É uma sociedade de competição. Percebe-se, em contrapartida, que uma grande parte da cultura moderna já não é capaz de sustentar seus fundamentos, porque não acredita neles. Menos ainda acredita no valor ou dignidade da vida humana. Materialismo e Evolucionismo Enquanto na Idade Média o direcionamento da sociedade era teocêntrico, da modernidade em diante, o direcionamento passa a ser antropocêntrico. O homem passa a ser o centro das preocupações, até que, no século 19, essa preocupação se direciona para a sua autoexperiência concreta. concreta. Historicamente, a tradição considerou o espírito no homem como aquilo que constituía propriamente sua essência e a caracterizavaa acima de qualquer outra qualidade. No século 19, o Mateterizav rialismo opôs-se terminantemente a isso, afirmando que o homem é uma realidade material como outro ser qualquer. Com Augusto Comte (1798-1857), essa concepção de pessoa se tornou forte. Considerado o pai do Positivismo, Comte defende que o valor está no conhecimento objetivo da realidade, tornando o homem um simples objeto do estudo científico natural empírico, psicológico, sociológico. Baraquim e Laffitte (2007, p. 69) apontam o Positivismo como o movimento que: [...] lança as bases de uma reorganização mental geral que acabaria com as conquistas do "espírito positivo" próprio da era industrial. Esse sistema é também chamado por Comte de "filosofia positiva", que busca a certeza apenas nas aquisições das ciências e do método destas – bu busc scaa de co cons nstâ tânc ncia ia ob obse serv rváv ávei eis, s, de re rela laçõ ções es en entr tree fe fenô nôme meno noss e nã não o de causas absolutas – e se recusa, contra o cientificismo, a separar as ciências da sua utilidade humana e da sua ancoragem na história.
O Positivismo abre as portas para o Materialismo. Enquanto, para o Positivismo, só tem valor aquilo que se pode experimentar, para o Materialismo, tudo é matéria e só existe a realidade material. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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No Evolucionismo de Darwin (1809-0882), dá-se uma nova revolução na imagem do homem. A evolução é fruto da seleção natural. Na mesma linha de pensamento, Friedrich Nietzsche (1844-1900) vê no homem um produto da evolução que o levará ao "super-home "super-homem". m". Contrário a Darwin, sua afirmação segue o raciocínio de que a evolução não ocorre de forma mecânica, mas realiza-se na livre competição entre os homens h omens na vontade de poder poder.. O super-homem não é um produto do processo mecânico, mas da livre vontade hu mana. No Dicionário Universitário dos Filósofos Filósofos,, pode-se ler que: [...] o super-humano não deve ser compreendido no sentido de uma etapa próxima na evolução: "A questão não está em saber que espécie sucederá na história dos seres a espécie dos homens. O homem é um fim. A questão está em saber que tipo de homem devemos formar, que tipo de homem querer". Zaratustra ensina aos homens "o sentido do seu ser": criar, a partir da sua vontade de poder, umverdade. homem que, simultaneamente, o homem e con sume sua O super-homem é essesupere homem superior, cujoquerer emancipado de todo ressentimento, ressentimento, de toda culpa, de toda negação, assume plenamente o sentido da vida sob todas as suas formas e a justificativa inclusive no que ela tem de mais ambíguo e de mais assustador. Duro em relação aos outros e em relação a si mesmo, livre de espírito e de coração, ele enfrenta então a verdade com lucidez. Sua felicidade está em vencer a si mesmo. Somente uma cultura nobre, ligada a uma moral aristotélica, aristotélica, é capaz de educar o homem à super-humanidade e ensinar-lhe a arte de se superar a si mesmo (BARAQUIM; LAFFITTE, 2007).
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engles (1820-1895) vão para o lado do Materialismo dialético. No Materialismo dialético, não afirmam que as coisas são estáticas, mas dinâmicas; não são mecânicas, mas dialéticas. No entanto, só existe a realidade mate rial, embora não seja matéria estática, unívoca e uniforme; contudo, trata-se trata-se de um princípio material. Para Marx, o homem não passa de um conjunto de relações sociais que destroem a pessoa individual e a tornam uma função dentro do progresso da sociedade. O indivíduo dilui-se no processo social e histórico.
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Em Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), encontramos a afirmação de que a matéria contém em germe todas as formas da evolução. Nesse processo, forma-se o campo da vida em todas as suas manifestações e o campo do pensamento e da consciência espiritual do homem. Existencialismo e Personalismo Blaise Pascal (1623-1662) opõe-se à estreita visão racionalista de Descartes. Pascal soube tomar consciência do trágico da condição humana, marcada pela finitude e pela morte, da solidão do homem num universo em que a presença de Deus está excluída excluída pelo Racionalismo científico. Somente a fé pode salvar o homem do absurdo e do desespero (BARAQUIM; LAFFITTE, 2007). No século 20, Sören Kierkegaard (1813-1855) vai mostrar que o que intere interessa ssa é a existê existência, ncia, o homem individual e concreto na totalidade de sua existência pessoal, de sua singularidade singular idade e autonomia, de sua liberdade l iberdade e responsabilidade. Friedrich Nietzsche (1844-1900) é contrário a tudo isso. Ele exalta a vida dando a ela um valor supremo, apesar de considerar a vida humana de uma maneira naturalista, ou seja, de um modo puramentee biológico natural. Para ele, a vida resume-se à vida corpurament poral. Porém, o maior representante dessa corrente de pensamen to é Henri Bérgson (1859-1941): Numa época em que o cientificismo exercia sua tirania sobre os espíritos, Bérgson propõe restaurar a metafísica em sua vocação de alcançar o absoluto e de nos transportar por meio da intuição ao próprio cerne do real. Eclipsado pelas três correntes correntes de pensamento, que são o existencialismo, o marxismo e o estruturalismo, ele suscita um novo interesse no contexto contemporâneo, que procura escapar do domínio da filosofia dos conceitos (BARAQUIM e LAFFITTE, 2007, p. 44).
Na filosofia existencialista, o conceito de existência desempenha um papel pa pel capital. Trata-se do homem; no entanto, e ntanto, a existência não é entendida nem analisada racionalmente, mas explica-se por meio do imediatismo da experiência pessoal, a partir da com Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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preensão que o homem tem de si mesmo. Podemos perceber propostas abertamente negativas, como: a finitude e a contingência do homem, a angústia e a preocupação (Kierkegaard (Kierkegaard e Heidegger), o fracasso (Jaspers, 1883-1968), o ser-par ser-para-a-morte a-a-morte (Heidegger). [...] o existente é mergulhado em condições exteriores (naturais, culturais, históricas) históricas) que lhe ocultam o trágico próprio do seu destino. Somente as "situações-limites" – o sofrimento, o erro, o fracasso, as lutas, a morte – quebram as evidências tranquilizadoras da vida cotidiana e levam o existente a aclarar mais profundamente sua existência (BARAQUIM; LAFFITTE, 2007, p. 158).
No fundo, o que se pretende é mostrar que o homem é jo gado contra si mesmo e que ele pode compreender sua própria existência existê ncia originária e total. Sartre (1905-1980) radicaliza o Existencialismo Existencialismo e conduz a existência humana à plena nulidade, dando-lhe uma conotação que não confere sentido algum. Em Gabriel Marcel (1889-1973), o Existencialismo cristão acrescenta algum elemento positivo de esperança e confiança. Apesar de tudo, o homem é apresentado como um puro su jeito no sentido do Racionalismo proposto por Descartes ou do Idealismo de Kant a Hegel. Aparece aqui como homem em seu mundo. O mundo converte-se em uma categoria antropológica. O homem, entendendo-se a si mesmo e ao mundo em que vive, percebe que ambos não se opõem, mas constituem-se numa unidade dialética. O mundo do homem é um mundo pessoal. Por um lado, como pessoa individual, o homem possui singularidade e irrepetibilidade; constitui-se a si mesmo na liberdade, na autodecisão e na autorresponsabilidade. Por outro lado, o homem não vive sozinho; ele vive numa relação constante com o outro e com o mundo. Ele é um ser social.
7. SER HUMANO HUMAN O E SOCIEDADE SO CIEDADE O homem está inserido em uma realidade concreta. Por isso, a pessoa deve ser analisada dentro da realidade em que vive. O
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contexto social influencia a maneira como se olha o ser humano. Durantee muitos anos, a chamada sociedade ocidental tratou Durant tratou a pessoa de uma forma que não beneficiou muito a pessoa como tal. No decorrer da história, em cada época, com características diferentes, os grupos dominantes determinam o andamento e a situação da sociedade – seja o poder de um grupo específico, seja o poder de um grupo bem mais amplo, que nem sempre é identificado, como é o caso do poder do sistema capitalista. O que se percebe é que o poder sempre trabalhou para satisfazer o desejo dos que estão no comando da sociedade. Veja a parábola das rãs: Num lugar não muito longe daqui havia um poço fundo e escuro onde, desde tempos imemoriais, uma sociedade de rãs se estabelecera. Tão fundo era o poço que nenhuma delas jamais havia visitado o mundo de fora. Estavam convencidas de que o Universo era do tamanho do seu buraco. Havia sobejas evidências científicas para corroborar esta teoria e somente um louco, privado dos sentidos e da razão,que afirmaria contrário. que um pintassilgo voavaopor ali viu oAconteceu, poço, ficouentretanto, curioso e resolveu investigar suas profundezas. Qual não foi sua surpresa ao descobrir as rãs! Mais perplexas ficaram estas, pois aquela estranha criatura de penas colocava em questão todas as verdades já secularmente sedimentadas e comprovadas em sua sociedade. O pintassilgo morreu de dó. Como é que as rãs podiam viver presas em tal poça, sem ao menos a esperança de poder sair? Claro que a idéia de sair era absurda para os batráquios, pois, se o seu buraco era o Universo, não poderia haver um "lá fora". E o pintassilgo se pôs a cantar furiosamente. Trinou a brisa suave, os campos verdes, pôs as árvores copadas, os riachos cristalinos, borboletas, flores, nu vens, estrelas... o que acreditaram pôs em polvorosa a sociedade das rãs,como que se dividiram. Algumas e começaram a imaginar seria lá fora. Ficaram mais alegres e até mesmo mais bonitas. Coaxaram canções novas. As outras fecharam a cara. Afirmações não confirmadas pela experiência não deveriam ser merecedoras de crédito, elas alegavam. O pintassilgo tinha de estar dizendo coisas sem sentido e mentiras. E se puseram a fazer a crítica filosófica, sociológica e psicológica do seu discurso. A serviço de quem estaria ele? Das classes dominantes? Das classes dominadas? Seu canto seria uma espécie de narcótico? O passarinho seria um louco? Um enganador? Quem sabe ele não passaria de uma alucinação coletiva? Dúvidas não havia de que o tal canto havia criado muitos problemas. Tanto as rãs-dominantes quantonão as rãs-dominadas (que secretamente preparavam uma revolução) gostaram das idéias que o canto do pintassilgo estava colocando na cabeça do povão. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Por ocasião de sua próxima visita o pintassilgo foi preso, acusado de enganador do povo, morto, empalhado e as demais rãs proibidas, para sempre, de coaxar as canções que ele lhes ensinara (ALVES, 1981, p. 119-120).
Apesar das mudanças que ocorreram durante cada momento histórico, pode-se notar que o ser humano, em geral, sempre foi deixado em um plano inferior pela sociedade. A análise histórica vista de outro ângulo pode parecer pessimista, demonstrando que o ser humano sempre foi o ponto central das preocupações de pensadores, filósofos, religiosos e pessoas sensíveis às necessidades que afligiam uma grande parcela da sociedade. Há exemplos de muitas pessoas que atuaram corajosamente na sociedade em que viveram e que souberam analisar os fatos e tudo o que envolvia a vida humana, independentemente da raça, da cor, da religião e do lugar social em que se encontravam, e tive ram coragem de analisar, questiona questionarr e lutar dignamente pela cons con strução de uma sociedade mais digna e humana. A história está repleta de pessoas que se dedicaram exclusivamente em favor do bem da pessoa. A situação hoje não é diferente. fere nte. Ainda há muita gente lutando e trabalhando para dar um sentido diferente diferente para a sociedade e para a vida. É urgente resgatar o verdadeiro sentido do ser humano. hu mano. Toda Toda pessoa que compartilha parte de sua vida com o Claretiano está convidada a perceber a importância de si mesma e do outro com quem compartilha seu saber, saber, sua profissão e sua vida. Para Boff (2003, p. 61), "a dignidade do homem reside em ser ele pessoa". Por meio de uma vivência enraizada em conceitos éticos, a pessoa é convidada a trabalhar em prol de uma socie dade mais justa e igualitária, a fim de resgatar a dignidade do ser humano. Sem esquecer que, na época atual, o Neoliberalismo colo ca toda a sociedade envolvida em uma lógica tecnicista, excluin-
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do quem não se adapta a ela. Esse sistema reduz a pessoa a uma máquina de fazer e consumir. Por isso, exige atenção a tudo o que envolve o ser humano, a fim de perceber se a atitude está sendo tecnicista ou se há espaço para uma forma humanitária de ser e de agir. Por isso, é importante que haja sempre uma reflexão e uma inquietação a respeito da postura assumida por quem quer que seja. Não existem respostas prontas, receitas acabadas. Cada realidade é diferente da outra. Contudo, ninguém nega que o ser humano precisa ser resgatado em sua dignidade e em seus direitos e precisa conhecer seus deveres para consigo mesmo, para com o outro e para com a humanidade em geral. Independentemente de sua origem racial, de sua cor, de sua fé e de sua profissão, ele é, antes de tudo, uma pessoa que tem direitos e deveres. É preciso partilhar reflex reflexão, ão, discutir e descobrir caminhos, juntos. A atual sociedade é capitalista A sociedade capitalista, que camufla a realidade, condiciona o mercado de trabalho e cria certos tipos de necessidades e, ao exigir capacidade profissional cada vez mais seleta, deixa a grande maioria à margem do que almeja (MÜLLER, 1997). Sem uma perspectiva de futuro, toda uma geraçã geração o pode desorientar desorientar-se. -se. No sistema capitalista, os atrativos para uma vida de consumo levam as pessoas a buscar, desenfreadamente, a satisfação ilusória de inúmeras necessidades; é mais fácil desencadear a pers pectiva de uma vida sem objetivo e sem valores do que uma vida de esperança e realizações. A descoberta das ciências modernas fez o mundo passar por profundas transformações e se redefinir. Quando as primeiras sociedades capitalistas começam a surgir, no final do século 18, as pessoas foram se juntando em torno das fábricas.
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Nessa época, o capital passa de comercial e mercantil para industrial. A busca cada vez maior do lucro cria a necessidade de construir máquinas cada vez mais sofisticadas. A mão de obra o bra tende a se tornar mais especializada. "A modernidade jogou o homem dentro de uma crise de sentido: o ser foi foi engolido pelo ter , que é superficial, pois nunca toca no cerne da existência" (BOFF, 2003, p. 15). Na sociedade pós-moderna, o Capitalismo estabelece-se como sistema econômico, influenciando o social e interf interferindo erindo no político. Aos poucos, o Neoliberalismo vai-se implantando e de monstrando regressão no campo social e político. O Individualis mo é a tônica constante de todo o seu agir. O raciocínio neoliberal é tecnicista, pois reduz problemas sociais a questões administrati administrativas e os problemas da educação em problemas de mercado e de técnicas de gerenciamento. Siqueira afirma que, dentre os vários pontos negativos da sociedade pós-moderna, o que mais atinge os aspectos da vida é a busca por um desempenho, exigindo que as pessoas sejam operacionais ou poderão até desaparecer: Aqueles que por algum motivo (idade, renda, saúde...) não estiverem atendendo às exigências de performance impostas, são desprezados pelo sistema, e neles nada se investe. Exemplo claro disso são os aposentados; seu desempenho já não impulsiona mais a performance do sistema, e por isso podem até ser considerados vagabundos (SIQUEIRA, 2000).
Olhando dessa forma, podemos perceber que o ser humano vale pelo que produz e pelo que consome. Enquanto produz, tem ainda alguma possibilidade de ser considerado pela sociedade; essa é a ótica tecnicista. Porém, Porém, se não produz nada, só terá lugar se tiver posses suficientes para consumir. A ótica utilizada é a da negatividade, pois está calcada na quantidade sem levar em consideração o equilíbrio da qualidade. A performanc performancee não pode apoiar-se só na competência, mas deve
considerar o desenvolvimento integral do homem, valorizando-o
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no seu todo: fazer, ser, refletir, participar e agir autonomamente (SIQUEIRA, 2010). Depois do século 15, quando se iniciam as primeiras descobertas científicas, o mundo começa a sofrer uma mudança sem precedentes no relacionamento entre as pessoas. Nos séculos seguintes, o desenvolvimento industrial e tecnológico trouxe na bagagem o individualismo provocado por essa maneira de ser e de agir. As primeiras sociedades capitalistas, fruto do desenvolvimento econômico industrial, provocaram provocaram uma corrida intensa em busca de satisfações pessoais. O consumo desenfreado provocado pela incessante busca das satisfações e desejos individuais deixou transparecer uma realidade em que o outro é peça descartável. descartável. A busca das satisfações pessoais criou distâncias entre as pessoas. O sistema econômico e social capitalista, com sua ideologia predominantemente consumista e que instiga a acumulação de bens e de poder nas mãos de poucos, provoca uma luta inconsciente e sem precedentes no seio da sociedade. É urgente reverter esse processo. Relação consigo e com o outro O ponto fundamental a ser considerado é que o sistema prioriza a competição. O individualismo carrega consigo todo o envolvimento de uma sociedade competitiva em que o sucesso individual está acima de qualquer outro. O grupo perde a importância, o trabalho em equipe gera desconfiança, pois a ideia de competição não considera o outro como elemento imprescindível, mas, sim, como alguém contra quem eu devo lutar. Essa competitividade vista na ótica capitalista é a responsá vel pela guerra econômica travada em todos os âmbitos da socie dade. Por essa razão, é importante analisar alguns passos para que essa corrente seja quebrada e novos paradigmas sejam inseridos nesse estilo de ser e de viver imposto pelo sistema capitalista. capitalista. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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O mercado, de forma contraditória, impulsiona as pessoas para um modo competitivo e individualista de ser e viver. O ser humano, de maneira geral, não costuma se perceber, conhecer e valorizar. Esse é um ponto que fica um pouco obscuro quando se trata de relacionamento. Se aconsigo descoberta do éoutro é necessária nasque relações sociais, a relação mesmo imprescindível para haja um relacionamento sadio com o outro e com o mundo. É necessário que haja uma compreensão profunda nessa relação mais ampla, pois há uma interligação essencial que não pode ser esquecida. O sistema capitalista leva em consideração aquilo que fará com que as pessoas tenham atitudes nitidamente competitivas competitivas visando à competição e ao lucro. Numa visão estreita da sociedade e do ser humano, dentro dessa ótica tecnicista, tecnicista, o ser humano fica reduzido, e seu valor é considerado zero: A visão mecanicista do homem e do mundo separa tudo para poder entender e, do mesmo modo, tentar resolver os problemas. O ho mem não é um ser constituído de fragmentos simplesmente, mas uma unidade com uma estrutura ontológica. Uma unidade pensan te, que sofre influências do meio social e da natureza; uma estrutura estrutura aberta ao transcendente, isto é, ao espiritual. A modernidade encobre essa busca com uma cura paliativa, cura incapaz de tocar o ser . Incapaz de mostrar o sentido da existência (BOFF, 2003, p. 22-23).
O alto índice de desemprego atinge as pessoas e proporcio na um ambiente de incerteza quanto ao futuro, com relação à vida e com relação à realização pessoal: Na sociedade justa, ninguém pode ser deixado à mingua ou sem teto. A primeira exigência é ampla oportunidade de emprego e de renda, e não a inatividade forçada forçada (GALBRAITH, 1996).
E Martins (2009, p. 17) afirma que: [...] a crise de sentido do ser é enorme. O ser humano na modernidade encontra-se em pedaços, sem saber integrar-se novamente dentro de uma unidade ontológica capaz de realizá-lo. O homem definitivamente foi fragmentado com as ciências, a partir de Descartes.
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8. CAMINHOS A PERCORRER Boff (2000) mostra uma característica que é própria do ser humano e que precisa ser utilizada quando se trata de construir o novo. Por isso afirma que: [...] possuímos a dimensão de romper barreiras, de superar interditos, de ir para além de todos os limites. É isso que chamamos de transcendência. Essa é uma estrutura de base do ser humano (BOFF, 2000, p. 28).
E mais adiante acrescenta: acrescenta: O que é o ser humano então? É um ser de abertura. É um ser con creto, situado, mas aberto. É um nó de relações, voltado em todas as direções. [...] Ele é um ser em potencialidade permanente. Então Então o ser humano é um ser de abertura, um ser potencial, um ser utó pico (BOFF, 2000, p. 36).
A situação em que o ser humano atual se encontra não é própria do humano. Isso faz parte de uma contingência da sociedade atual. Por isso, ele pode buscar alternativas. O humano é capaz de fazer acontecer o novo. O estudo desenvolvido pela UNESCO, apresentado por De lors (1999), apresenta quatro pilares para a construção da sociedade necessários para que a pessoa possa se adaptar aos novos tempos: aprender a conhecer (adquirir (adquirir os instrumentos da compreensão); aprender a fazer (para (para poder agir sobre o meio envol vente); aprender a conviver com os outros outros (a fim de participar de todas as atividades humanas) e aprender a ser (que (que é o ponto de ligação com os outros três). Sem dúvida, atentos a toda a lógica do mercado, aprender a conhecer significa estar atento a tudo o que acontece à nossa volta. Perceber os detalhes daquilo que envolve o ser humano e as circunstâncias ao seu redor dá à pessoa a capacidade de poder decidir sobre o que fazer com sua vida e, desse modo, buscar o caminho mais adequado para alcançar a realização pessoal. Max Scheler (2003) mostra como isso é possível ao afirmar que Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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[...] o homem nunca se aquieta com a realidade que o cerca, sempre ávido de romper as barreiras de seu aqui-e-agora de tal modo, sempre aspirando a transcender a a realidade efetiva que o envolve – nesta nesta também também a sua pró própria pria autoauto-real realidade idade (p. 53). 53).
Nas relações humanas, sempre há riscos. Muitas vezes, po de-se fazer uma prévia concepção de uma visão fixa que impede que seja vista a totalidade das coisas. Essa forma de agir, tendo uma concepção prévia, sem discussão, impede a compreensão verdadeira do ser. É preciso tomar cuidado com as concepções prévias, pois elas podem colocar em risco as relações humanas. Para superar isso, é necessária uma constan constante te superação de si mesmo. A sociedade e as pessoas estão em construção. Não estão acabadas e não se realizaram plenamente plenamente ainda. Desse modo, podem ser mais do que já são. O Materialismo moderno tira das pessoas a necessidade de se sentirem responsáveis. Embora o ser humano viva uma situação adversa, não há como negar que há muitas possibilidades; há muitas situações que estão aí esperando uma oportunidade para acontecer. É preciso ficar atento aos acontecimentos que envolvem a sociedade. As coisas boas e importantes que estão presentes no mundo não são muito ressaltadas. Os meios de comunicação social não mostram os acontecimentos positivos que estão sendo engendrados no seio da sociedade e, por isso, é preciso que eles estejam atentos ao que acontece ao seu redor. Adaptabilidade O ser humano é um ser capaz de adaptar-se às situações mais diversas e adversas. A educabilidade permite a ele situar-se de tal forma que, mesmo nas situações mais difíceis, é possível encontrar encontr ar uma forma, uma possibilidade, um atalho para reencontrar o caminho ou adaptar adaptar-se -se em outro modo de viver ou em outro ambiente distinto.
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O importante é que a pessoa adquira os instrumentos ne cessários para compreender essas situações complexas do mundo em que vive. Quando a pessoa começa a olhar para si mesma e a conhecer-se, conhecer -se, ela passa a perceber que há espaço para desenvolver todo o seu potencial criativo. No entanto, duas coisas são essen ciais: • Conhecimento da realidade que a cerca. • Percepção das potencialidades potencial idades naturais e existentes em cada um. Esse tesouro presente dentro de cada pessoa precisa ser descoberto e colocado para fora a serviço de seu desenvolvimento pessoal, das pessoas e da sociedade em geral. O exercício do pensamento ajuda a pessoa a situar-se nesta vida, neste mundo, nesta sociedade, ajuda a entender o "porquê" do estar aqui e qual o papel de cada um nesta realidade. Ao mesmo tempo em que ocupa o pensamento e presta atenção às coisas, é necessário dirigir essa atenção às pessoas. É no grupo social que a pessoa encontra a ressonância do seu ser. ser. É no grupo social que percebe a importância do conhecimento e o que fazer com isso (DELORS, 1999). Não basta compreender o que está se passando ao redor. A pessoa precisa de uma preparação específica para determinada tarefa profissão. Mesmo sabendo que aprender, isso não ,garante um lu gar no ou mercado de trabalho, é necessário aprender ter habilidade e competência. O mercado requer qualificação, conhecimento técnico aprofundado e, em alguns casos, especializado, sendo necessária formação profissional comprovada. Ao mesmo tempo, há necessidade de uma relação interpessoal mais profunda. Essa relação interpessoal ocupa um lugar de importância nas relações Contudo, quandointerpessoal as indústriasesfriou. começaram produzir de emtrabalho. série, o relacionamento Com oa Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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grande crescimento tecnológico, a automação e novas formas de produção, o trabalho em equipe é de fundamental importância. Sennett (2000) chama a atenção para esse "perigo". Toda a sistemática do trabalho em equipe que envolve o sistema ca pitalista torna as pessoas vulneráveis, ou seja, dispensáveis, pois essa forma de exercer as atividades dentro da empresa empres a mostra que qualquer pessoa, a qualquer tempo, pode ser substituída por ou tra sem que haja prejuízo ao funcionamento da engrenagem. No entanto, é importante ressaltar que a relação interpes soal traz a necessidade de uma relação que eu costumo chamar de intrapessoal, ou seja, antes mesmo de haver uma relação boa e agradável com o outro, há necessidade de haver uma relação muito íntima consigo mesmo. Isso será parte de estudo posterior. De qualquer forma, o modo de ser e de viver o relacionamento interpessoal não nasce com a pessoa; ele é adquirido no dia a dia e é importante para o crescimento particular e comunitário, pois não é só no ambiente de trabalho que a pessoa necessita desenvolver desenvolver um relacionamento bom com com os demais. Autoconhecimento O primeiro passo compreende um conhecimento de si mesmo; e quanto mais profundo esse conhecimento, melhor. Conhe cer-se implica conhecer as potencialidades, as aptidões, as dificuldades; enfim, a história da existê existência ncia pessoal. Esse é um elemento importante, mas não é o único. É preciso aceitar-se e, mais que isso, é extremamente necessário gostar de si mesmo assim como se é. Isso compreende um entendimento amplo de tudo o que envolve a pessoa. Ao olhar para si mesmo de maneira positiva, a pessoa descobre o outro. o utro. Durant Durante e a guerra fria entre Capitalismo e Comunismo, o ou tro era apresentado como inimigo. Devido a esse medo, as rela-
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ções interpessoais ficaram comprometidas. comprometidas. Hoje, por causa da violência generalizada, ainda há certa desconfiança quando se trata do outro, sem nos esquecermos de que há um agravante muito profundo: a sociedade competitiva. A ideia de que o outro vai tirar o meu lugar me faz estar atento aos seus gestos e me coloca numa situação de desconfiança com relação a ele. Há uma profunda interdependência interdependência entre os seres humanos. Da mesma forma, essa interdependência se estende à natureza, à casa de todos os seres. Essa interdependência entre os seres do mundo interior não pode ficar esquecida. Há uma necessidade cada vez maior de perceber que a vida das pessoas e a vida do mundo não podem acontecer separadamente. Essa visão que provoca a descoberta de si mesmo e a descoberta do outro oferece uma visão adequada do mundo ao redor do ser humano. E essa é uma tarefa educacional que não se restringe só à escola, mas também à comunidade e à família. Um dos pontos importantes desse novo paradigma é a superação do individualismo para valorização do que é comum. O que une é mais importante do que o que separa. A cooperação é mais importante do que atividades que dividem, que competem e que distanciam as pessoas. Dessa forma, as atividades com conotações sociais, que implicam cooperação entre os membros do grupo, precisam ser implantadas nos bairros, na ajuda aos menos favorecidos, nos serviços solidários ou nas ações que olhem os outros como semelhantes, embora sejamos completamente diferentes. Consciência do eu O relatório da ONU chama a atenção para a importância de aprender a ser. (1999)deaponta que é necessário em consideração queDelors o processo caracterização caracte rização da pessoalevar consiste Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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na consciência que ela tem de si mesma. Isso faz que a pessoa en tre em contato com o seu interior. Nesse contato com o interior, cada um pode perceber mais completamente como a diferenciação é importante e necessária no processo do próprio desenvolvimento e no desenvolvimento do mundo. Essa consciência do eu, que leva o indivíduo a perceber-se distinto dos outros seres criados e dos indivíduos da sua mesma espécie, cria nele a consciência da responsabilidade de ser mais e melhor. Mas é aí que ele encontra o caminho da autorrealização. A autoconsciência abre caminho para a autorrealizaç autorrealização. ão. O conceito que cada um faz de si mesmo determina o seu comportamento. O que faz ou tenta fazer, o que realiza ou tenta realizar e o relacionament relacionamento o interpessoal podem estar intimamente relacionados com o conceito de "eu-mesmo" e com os vários fatores fator es que lhe são afins.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a se guir, que tratam da temática desenvolvida nesta unidade: 1) Quais as principais correntes de pensamento pensamento apresentadas apresentadas nesta nesta unidade? 2) Descreva as fases históricas históricas e os principais fatos fatos relacionados ao estudo da nossa disciplina. 3) Você compreendeu compreendeu o sistema sistema capitalista capitalista neoliberal? Aponte Aponte quais os princípios que regem esse sistema e como o ser humano é tratado nesse contexto. 4) Apresente Apresente sua crítica sobre sobre a unidade apontando: apontando: a) Quais os pontos pontos fundamentais apresent apresentados? ados? b) Que pontos podem ser melhorados? c) Ela corresponde aos objetivos propost propostos? os? d) É importante importante para sua formação formação profissional? profissional? e) É importante importante para sua formação formação pessoal?
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10. CONSIDERAÇÕES O objetivo desta unidade não foi aprofundar historicamen historicamente te as questões abordadas. Contudo, foi possível mostrar a realidade e as situações que envolveram a sociedade e o ser humano nos diferentes difere ntes períodos da história. Foi possível perceber, ainda, toda a realidade envolvendo a sociedade atual, a sociedade em que vivemos, a realidade que envolve todo o contexto social, a pessoa inserida nesse contexto e algumas coisas ref referente erentess ao ser humano. Na próxima unidade, será estudada uma proposta ligada à maneira como o Centro Universitário Universitário Claretiano compreende a si tuação que envolve o ser humano. É uma proposta humanista.
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R. O que é Religião? São São Paulo: Brasiliense, 1981. BARAQUIM, N.; LAFFITTE, J. Dicionário universitário dos filósofos. filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2007. BOFF, L. Tempo de transcendência - - o ser humano como um projeto infinito. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. ______. O destino do homem e do mundo. Vozes, mundo. Vozes, 2003.
CORETH, E. ¿Que és el hombre? – – esquema de uma antropologia filosófica. Barcelona: Herder, 1985. DELORS, J. J. Educação: Educação: um tesouro a descobrir. descobrir. São Paulo: Cortez, 1999. HEIDEGGER, M. Ser e tempo. tempo. São Paulo: Vozes, 1989 GALBRAITH, J. K. A K. A sociedade justa – justa – uma perspectiva humana. Rio de Janeiro: Campus, 1996. MARTINS, A. A. É importante a espiritualidade no mundo da saúde? São São Paulo: Paulus, 2009. MÜLLER, M. Orientar para un mundo en transformación: jóvenes jóvenes entre la educación y el trabajo. Buenos Aires: Bonum, 1997. SCHELER, M. A posição do homem no cosmos cosmos.. Rio de Janeiro: Florense Universitária, 2003. SENNETT, R. A corrosão do caráter : consequências pessoais do trabalho no novo Capitalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
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12. EREFERÊNCIA Site pesquisado SIQUEIRA, H. S. G. Performance sob uma lógica tecnicista. tecnicista. Disponível Disponível em: . Acesso em 25 set. 2010.
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2 1. OBJETIVOS • Entender o conceito conceito que o Centro Centro Universit Universitário ário Claretia Claretiano possui sobre a pessoa. • Perce Perceber ber como a pessoa faz parte parte de um context contexto o social, porém pode olhar a realidade de forma mais humana.
2. CONTEÚDO CONTEÚDOSS • Proposta humanista do Centro Centro Universit Universitário ário Claretiano. Claretiano. • O ser humano visto como humano. • As dimensões da pessoa. • Unidade e totalidade, uma visão humanista.
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3. ORIE ORIENT NTAÇÕES AÇÕES GERAIS GERA IS PARA PARA O ESTUDO ESTUD O DA UNIDADE 1) Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante importante que você leia as orientações a seguir:Para estudar esta unidade, é importante perceber como é desumana a forma como a sociedade capitalista considera e trata o ser humano Por isso, é importante entender que há outras maneiras de se ver a pessoa. 2) Observe como a proposta humanista procura apresentar a realidade existencial de modo humano. 3) Aprofunde-se no conheciment conhecimento o da proposta humanista apresentada pelo Centro Universitário Claretiano. Você perceberá que é possível ser pessoa e viver a realidade pessoal de forma verdadeira e intensa, numa profunda união consigo, com o outro e com o Ser Absoluto, que é Deus. 4) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser interessante conhecer um pouco da biografia dos pensado res cujos pensamentos norteiam o estudo desta disciplina. Para saber mais, acesse os sites sites indicados. indicados. Max Scheler (1874-1928) Filósofo alemão nascido em Munique, de importância fundamental para a losoa sociológica. Estudou na Universität Jena, onde continuou como professor e o tam-
bém lósofo germânico Rudolf Eucken (1846-1926), que veio inuenciá-lo inicialmente, quando este lhe expôs sua concepção de um mundo ideal. Passou a lecionar em Munique (1907) e a partir do contato (1910) com dis cípulos de Edmund Husserl (1849-1938), impressionou-se com o estudo da fenomenologia daquele lósofo e procurou descobrir a essência das atitudes mentais e a
relação destas mantêm com seus objetos, fundando assim a sua chamada ética material dos valores. Morou em Berlim (1910-1917), onde começou a escrever. Trabalhou para o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha (1917-1919) e retomou a atividade acadêmica em Colônia. Rompeu com a igreja católica por motivos pessoais (1923), chegando a declarar, nunca haver se sentido uma pessoa católica. Morreu em Frankfurt, aos 53 anos de idade, em plena produção losóca. É considerado um lósofo da fenomenologia e seus principais trabal hos foram Der Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik (1913-1916), Vom Ewigen im Menschen (1921), Wesen und Formen der Sympathie (1923), Die Wissensformen und die Gesellschaft (1926) e Die des Menschen im Kosmos (1928), onde revelou a sua inclinação paraStellung o panteísmo. Opôs-se à ética de Immanuel Kant (1724-1804), por achá-la arbitrária, pois segundo sua Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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compreensão, ela não permitia a plenitude e a alegria de vida, uma vez que Kant considerava o dever como algo fundamental à ética (imagem disponível em: . . Acesso em: 15 out. 2010. Texto disponível em: . Acesso em: 15 out. 2010).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta unidade, será desenvolvida uma análise da pessoa na sua totalidade, inserida num contexto mais amplo, englobando-a numa realidade mais abrangen abrangente. te. Como Sócrates, o famoso filósofo grego, você está convidado a realizar o desafio que ele fazia aos cidadãos de sua época, "conhece-te a ti mesmo". Como afirma Mondin (1998, p. 8): O homem não entra neste mundo como uma obra inteiramente completa, totalmente definida, mas, principalmente, como um projeto aberto, aberto, a ser definido, a ser realizado e que, na definição e realização de si mesmo, deve ter em conta três coisas: o próximo, o mundo e Deus.
Por sua vez, Martins (2009, p. 14) acrescenta: [...] o ser humano é um todo, um ser integral cuja existência existência é constituída por todas as suas dimensões, na relação contínua consigo mesmo, com o outro, com o mundo e com a transcendê transcendência... ncia...
É importante ao ser humano ter esse olhar holístico. Come çando por si mesmo, mas aberto para tudo o que está fora, que transcende seu para próprio em contato eu, a pessoa lança-se foraeu. de Ao si e entrar se reconhece comocom parteseu do todo. Não olha para si, para o outro e para o mundo de forma tecnicista, mas como um ser humano repleto de transcendência, procuran do entender sua situação e seu lugar no todo. Ao entender a si mesmo, quer entender a sociedade em que vive para poder atuar de forma consciente e positiva, assumindo, corajosamente, corajosamente, o compromisso com a vida. O Projeto Educativo Educativo Claretiano preocupa-se com a pessoa no sentido que foi descrito, deixando clara sua posição diante da situação humana no contexto da realidade atual e ressaltando a edu -
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cação para a justiça e para o amor amo r. O centro de toda a preocupação preocupa ção é o homem, pois ele "é um ser único e irrepetível, constituído das dimensões biológica, psicológica, social, unificada pela dimensão espiritual, que é o núcleo da pessoa humana" (CLARETIANO, 2005, p. 20) (você poderá ler todo o Projeto Educacional Claretiano que está em anexo). Há muito tempo, o conceito de pessoa vem sendo estudado e construído. É o caso do Centro Universitário Claretiano, Claretiano, que tem como parte de sua Missão Missão o compromisso com a vida e com a formação integral integral do ser humano. Seu Projeto Educativo tem Educativo tem pelo homem um apreço inigualável, dedicando-lhe um estudo especial e um jeito próprio de tratar com o que está ligado e relacionado ao humano. A base desta segunda unidade é sobre o modo Claretiano de ver a pessoa. A preocupação principal é entender como es ses conceitos poderão incorporar o fazer fazer e e a maneira de atuar na profissão escolhida (seja ela qual for) e em nossa sociedade. Não serve ao modo da ideologia capitalista, muito menos ao conceito tecnicista que daí decorre, reduzindo o homem a um objeto que faz e que consome. O Claretiano analisa o homem como um ser multidimensional (que possui dimensões). Na afirmação de Arduini (1989, p. 9) é possível perceber que "dimensão não é sinônimo de partes. As partes somadas formam o todo. Mas o todo não resulta da soma das dimensões. As dimensões é que derivam do todo, que as pre cede e funda". Nós não somos somente seres físico-biológicos: temos sentimentos, vivemos num meio social e numa natureza, temos uma cons tituição ontológica e uma abertura à realidade transcendente (o espiritual) (MARTINS, 2009, p. 37).
Por meio da transcendência, é possível procurar o funda mento do mundo e a busca de sentido para a própria existência. "A capacidade de autotranscender-se (sair de si) é o específico da pessoa"(BOFF, 2003, p. 64). Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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É importante notar que o homem não pode ser visto apenas sob um ou outro ângulo; pois, dessa forma, não se olha o todo. Para compreender a pessoa, é preciso enxergá-la na sua totalidade. É necessário compreender o ser todo do homem. Olhar uma parte não significa olhar o todo. Por isso, o olhar antropológico quer olhar a totalidade para compreender compreender quem é o homem e qual sua responsabilidade neste mundo. Da mesma forma, quando se olha a totalidade é possível perceber que o ser humano é único e irrepetível. Boff (2003, p. 63) afirma que: [...] a tradição clássica via no ser-pessoa o momento de independência, de ausência de relação necessária para fora, o poder estar em si e para si sem necessitar para subsistir de outrem. Tal visão certamentee atinou com dimensões verdadeiras certament verdadeiras e profundas do ser pessoal. Mas é também incompleta.
Arduini (1989, p. 184) acrescenta: O homem produz-se, isto é, conduz-se para frente. Atira-se às metas. Lança-se à cata de novas maneiras de ser, de viver, de trabalhar e de conviver. Em resumo, destina-se. [...] Quando falta finalidade, desaparece o sentido.
Nesse sentido, a concepção da educação do Claretiano pro cura compreender compreender cada ser humano como um ser único. O processo de humanização aceita cada educando como ser único e irrepetível, enfeixando num todo suas dimensões biofísicas, psicossociais, espirituais e inserindo-o no contexto histórico (CLARETIANO, 2005, p. 21).
No contexto das dimensões, na descrição da Missão do Cla retiano, afirma-se que o homem é um ser único, irrepetível, construído das dimensões biológica, psicológica, social, unificadas pela dimensão espiritual, que é o núcleo do ser-pessoa. Como pessoa, o homem expressa seu ser-espírito na liberdade, entendida como capacidade de afirmação, apesar dos condicionamentos e limitações que reforçam sua responsabilidade na construção da própria existência, cuja plenitude é alcançada pela superação de si e pela transcendência.
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Ao analisar cada uma dessas dimensões, será possível ter uma ideia do compromisso que se deve assumir como membros de uma sociedade que busca aperfeiçoar-se e dar sentido à sua existência. Como humano, o homem está comprometido com o bem comum e com seu semelhante. O compromisso começa no próprio ser, ser, mas ultrapassa essa realidade e se lança diante do outro, da sociedade, do mundo e de Deus. A análise multidimensional da pessoa faz perceber o com promisso existente na condição de ser humano inserido em uma realidade histórica, que convoca esse ser para ser agente de mu dança, em busca de finalidade e sentido para sua vida.
5. DIMENSÕES DA PESSOA Dimensão biológica Ao referir-se à dimensão biológica, refere-se, naturalmente, a tudo que se relaciona ao corpo da pessoa. Sem dúvida, é por meio do corpo que o ser humano faz contato com os outros seres, com o mundo e com Deus, seu Criador. Como sempre, não se pode deixar de perceber que a socie dade está inserida em um contexto social capitalista, neoliberal. Nesse ambiente, envolvidos pela lógica tecnicista, como analisado anteriormente, o homem acaba sendo reduzido a um ser que produz e que consome. Diante desse enfoque, o que acaba tendo valor específico é essa parte do ser humano que está em contato com o mundo e que possui a força produtiva produtiva e consumidora. Um dos problemas fundamentais que aparece com relação ao corpo é apontado por Scheler (2003, p. 73), quando ele analisa a questão do Dualismo: "O fosso erigido por Descartes entre o corpo e a alma através através de seu dualismo de extensão e consciência como substâncias fechou-se hoje quase até a palpabilidade a unidade da vida". Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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No entanto, apesar da distorção imposta pela atual socie dade, não se pode negar que o corpo tem seu valor e que este deve ser considerado. É por meio dele que o homem constrói o mundo, adquire conhecimento, transforma a realidade e consegue dar sentido à sua existência. Portanto, é importante frisar que é necessário cuidar bem do corpo. Leloup faz um relato interessante interessante sobre a atenção e o cuidado que é preciso dispensar a ele e o respeito que se deve ter com o ser humano quando comenta que: O corpo, o imaginal, o desejo, o outro – estamos na presença de um quatérnio para o qual os Terapeutas no tempo de Filon de Alexandria dirigiam sua atenção e os seus cuidados. Esse quatérnio depende de uma antropologia em que as diferentes dimensões do ser humano – corpo, alma, espírito – parecem respeitadas. Os cuidados do corpo não excluem os cuidados da alma, os cuidados da alma não dispensam que se leve em consideração a dimensão ontológica e espiritual do homem (1998, p. 32).
E acrescenta: Para o terapeuta, o corpo não deve ser visto somente como um objeto, uma coisa ou uma máquina funcionando com defeito, que seria mister "consertar". Não; o corpo é corpo "animado". Não há corpo sem alma, não sendo mais "animado", não merece o nome de corpo, mas de cadáver (1988, p. 70).
Falar do corpo é falar da necessidade de cuidado, cuidado esse que requer um olhar diferenciado para si, mas que leva na direção do outro que, (2004, p.Representa 33-34),asignifica: Mais que umpara ato; éBoff uma atitude... Represent uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo com o outro", pois "sem o cuidado ele deixa de ser humano".
Esse é o ideal, mas é notório que as coisas não acontecem dessa forma no ambiente social capitalista da atual sociedade. É possível perceber uma realidade que explora e expõe o corpo e as pessoas de modo ultrajante. Não é difícil perceber que a mídia im põe uma exploração total da realidade corpórea em diversos níveis. Aliás, a mídia criou padrões de beleza e de biotipo. Quem não se adapta aos padrões fica relegado ao segundo plano. Os pa-
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drões de beleza e do corpo estão expostos na moda, nas novelas, nos programas de televisão, nas revistas etc. São padrões criados e valorizados, forçando as pessoas a se adequarem a eles. Quem, por uma razão ou por outra, não se sente enquadrado nesse pa drão gasta muito dinheiro para se adequar a ele ou se sente exclu ído da conviv convivência ência geral da sociedade. É só notar que os tipos de roupas produzidos pelas grifes (pelo menos, pelas grandes grifes) não são feitas para qualquer pessoa ou qualquer corpo. Quem desejar precisa adaptar o próprio corpo para vestir aquele tipo de roupa. Aliás, as grandes grifes não querem qualquer tipo de corpo vestindo as suas roupas. Elas são feitas para físicos "esculturais", pois é uma forma de faze fazerr propaganda da marca. As pessoas tornam-se "etiquetas ambulantes", como diz o poeta Carlos Drummond de Andrade (1984). Do mesmo modo, é impressionante a corrida atrás dos bisturis, dos "botox" e de toda espécie de cirurgia para mudanças na estética facial e corporal. Há uma supervalorização da dimensão corporal em detrimento das demais. Para uma sociedade assim, a pessoa vale pelo que aparenta fisicamente. E só em função disso. Tudo visando à possibilidade de aumentar o lucro daqueles que possuem os meios de produção em suas mãos. Dimensão psíquica A dimensão psíquica remete àquilo que os filósofos gregos chamam de anima anima – – no Português, "alma", "o que dá vida". O que faz a vida da pessoa acontecer é sua interioridade; remetendo ao pensamento filosófico, é deparar-se deparar-se com o conceito de essência. A alma da pessoa é sua essência. Mas o que vem a ser essência? Por essência, entende-se aquilo que faz o ser ser ser ele ele mesmo. Ou seja, o ser é aquilo que ele é por causa da sua essência. É a essência que o torna um ser único. Só eu sou eu. Só você é você. E o que me faz ser eu e você ser você é a essência. Não existe outro igual. Eu sou único. Você é único(a). Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Cada um possui um corpo, mas não é o seu corpo. Do mes mo modo, o indivíduo possui emoções, mas não é nenhuma dessas emoções. O indivíduo tem desejos, mas não são esses desejos. O indivíduo pensa, estuda e sabe muita coisa, mas não são as coi sas que sabe. Como costuma costumava va afirmar Sócrates, o indivíduo é um centro de autoconsciência e vontade; por isso, é dotado de um poder dinâmico, capaz de observar, observar, dominar e dirigir todos os seus processos psicológicos. Entendendo melhor, tomemos como exemplo os perfumes. Sabemos que, em todos eles, há elementos químicos, tais como o álcool e a substância que fixa o perfume. Porém, o que diferencia um do outro é a essência, usada em pouca quantidade, mas que o diferencia e o torna único. Aliás, quem não ouviu a expressão po pular que diz: "nos pequenos frascos, os grandes perfumes"? Hoje em dia, há alguns cientist cientistas as que querem dimensionar o homem de maneira fracionada, afirmando que ele possui 2% a 5% de essência. O resto é hereditário e influência social. Alguns até afirmam que próprio da pessoa não existe nada, ela é 100% influ ência do meio social e da herança genética. Mas, ao olhar a pessoa como um todo, não se pode entendê-la assim. Ela não pode ser reduzida a frações percentuais, pois é única e irrepetível. E aqui fica a interrogação: como é que a pessoa conhece e entra em contato com essa essência? A resposta vem de forma simples: quem tem a chave de seu interior é a própria pessoa. Para conhecer seu interior, é preciso que entre em contato consigo mesma através da reflexão e da meditação. meditação . É um constante prestar atenção em si mesmo, no seu modo de ser, de pensar e de agir. Pensando nisso, cabe perguntar: quanto tempo você gasta consigo mesmo? Cinco minutos por dia? Cinco por semana? Cinco por mês? É por meio desse tempo que se ocupa consigo mesmo que se consegue perceber e entender quem se é de fato. Mas há um segundo passo; além de se conhecer, é preciso aceitar-se como você é na sua essência. Tem erros? Como e o que
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fazer para corrigi-los? Tem defeitos? Claro que sim. Mas quando percebe sua essência na profundidade, percebe a beleza daquilo que é. Aceitar-se como é define o passo adiante. Mas não é tudo, há mais pela frente, é hora de gostar de si como você é. Se não conseguir dar esses passos, não poderá perceber que os semelhantes são tão importantes como você e merecem seu carinho, sua atenção, seu apreço, seu amor. Assim é possível enten der as palavras de Cristo: "amarás teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22,39). Quem consegue amar-se na essência, ama o outro, o mundo, a natureza e o Criador, porque se percebe parte desse todo. O eu do indivíduo é a sua individualidade, é o seu ser pessoa. É essa a marca indelével do eu sou. sou. E a consciência disso é que faz o indivíduo perceber que ninguém vai ocupar seu lugar no mundo; sua missão no mundo é única. Entrar em contato com o seu nú cleo, isto é, com o seu ser interior, interior, é abrir as portas para descobrir sua individualidade, sua importância, para encontrar o caminho para a autorrealização, a felicidade. Quanto mais profundo for esse contato com o seu próprio eu, mais profundo será seu conceito de pertença do todo; mais profunda será a percepção de seu papel na melhora do meio em que vive, do mundo onde habita. é possível ser feliz Quanto maisrealização o indivíduo buscaNão a realização pessoal, maissozinho. ele percebe que essa só acontece à medida que se abre para o outro, para o todo, para que todos tenham vida em abundância, como ensina o Cristianismo. Essa busca do próprio eu não significa fechar-se em si mesmo, mas, sim, perceber e sentir um intenso amor e respeito por si e por seu corpo e, ao mesmo tempo, uma abertura e um profundo amor pelo outro, pela natureza, pelo meio ambiente, pelo universo, pelo todo todo.. É isso que nos une aos outros, é isso que une ao Criador. Entrar em sintonia consigo, com seu próprio núcleo, é entrar em sintonia com o outro, é entrar em sintonia com Deus. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Essa unidade é quebrada quando o indivíduo se fecha em si mes mo, em uma atitude egoísta, egocêntrica, como ensina e propõe a lógica tecnicist tecnicista. a. Fechar-se em si mesmo é causar morte, não vida. Contribuir Fechar-se para que haja vida significa estar centralizado, mas aberto, sem deixar que o meio tire a possibilidade de autorrealização, a qual abrirá as portas para que os outros também se realizem e sejam felizes. feliz es. Contribuir para que haja vida é lutar contra tudo o que impede a vida de estar ao alcance de todos. O que caracteriza o indivíduo diante da comunidade é saber que homem algum é uma ilha, e que um necessita do outro para ser o que é. No contato com as outras pessoas, o indivíduo percebe-se. Ao perceber-se, compreende compreende que é na relação com o outro que ele próprio se identifica. Contudo, nem sempre isso acontece de forma consciente e clara. Scheler (2003, p. 75) afirma que "a vida psicofísica é una – e esta unidade é um fato que vale para todos os seres vivos; portanto, também para os homens". Fazendo uma crítica a Descartes, o autor ainda afirma, categoricamente, categoricamente, que este: [...] introduziu na consciência ocidental todo um exército de equí vocos da pior espécie acerca da natureza humana. (ele dividiu todas as substâncias em "pensantes" e "extensas")... Para Descartes o mundo não consiste senão em pontos "pensantes" e em um mecanismo violento a ser investigado matematicamente matematicamente (2003, p. 69).
E acrescenta: [...] os filósofos, os médicos, os pesquisadores da natureza que se ocupam hoje com o prob o problema lema do corpo corpo e da alma alma convergem convergem cada vez mais para a intuição fundamental: é uma e a mesma vida que possui uma configuração formal psíqu formal psíquica ica em seu íntimo, corpórea em seu ser para os outros (2003, p. 71).
Dimensão social Conforme alguns pensadores, o ser humano é produto do meio em que nasce e vive. Ele recebe uma carga genética mui -
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to grande. Alguns dizem que essa carga e essa influência do meio chegam a 95%, outros falam em 98%. Há até alguns que dizem que a influência do meio é de 100%. Se fosse assim, não haveria individualidade. O meio influencia os que vivem nesse ambiente, levando-os a adquirir os modos da família, do bairro onde vivem, da cidade etc. Existe grande influência dos amigos que, ao mesmo tempo, é transmitida ao ambiente. Não se pode esquecer esquecer,, ainda, que a ideologia do sistema capitalista influencia a pessoa no seu pensar, seu sentir e seu agir. Portanto, Portant o, essa carga de influência que diariamente é recebida por meio da família, da mídia, da escola, do grupo de amigos etc. confere à pessoa uma maneira própria de ser. Apesar da carga genética e da influência do meio, o ser humano possui algo que o identifica consigo mesmo e o torna diferente. Portanto, o que vai mostrar essa diferença é a forma como ele olha para si e como ele se identifica com seu interior. Assim, pode-se distinguir o que é identidade própria e o que é influência do meio em que vive. É nesse âmbito que a pessoa humana se encontra. Cada ser humano é um ser único. No entanto, está inserido num contexto mais complexo, bem mais amplo do que seu próprio ser. Cada pessoa humana necessidade dos outros: para vir ao mundo, para crescer, paratem nutrir-se, para educar-se, para programar-se a si mesma e para realizar seu próprio projeto projeto de humanidade. [...] Cada ser humano nasce, vive e cresce no interior de um grupo so cial... (MONDIN, 1998, p. 27).
A pessoa vive em sociedade. Ela não pode e não deve ficar isolada em sua existência, pois é um ser em relação. Não é apropriado restringir a análise e a concepção da pessoa humana, como popularmente se fala e se ouve pela vida afora: o homem é um ser que nasce, cresce, reproduz, envelhece envelhece e morre. Muitas vez vezes, es, crianças e adolescentes fazem esse tipo de brincadeira, e, na ati tude, muitas pessoas adultas também agem como se esse fosse Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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o sentido da vida, fazendo, simplesmente, uma leitura biológica. Assim, valorizam uma parte do ser em detrimento do restante. É comum valorizar uma dimensão em detrimento das demais. Dimensão espiritual O significado etimológico da palavra "espiritual" apresenta um problema de terminologia específico da língua portuguesa. O termo estóico para espírito é pneu pneuma ma,, e o latino, spirtus spirtus,, com suas derivações nas línguas modernas – no alemão é Geist , em hebraico ru’ach. ru’ach. Não Não existe problema semântico nessas línguas, mas existe um problema no português, por causa do uso da palavra "espírito" equivocadamente, com um "e" minúsculo. As palavras "Espírito" e "Espiritual" só são usadas para o Espírito divino e seus efeitos no homem, e são escritos com "E" maiúsculo. A questão agora é então: pode ser restaurada a palavra "espírito", designando uma dimensão particular da vida humana? (TILLICH, 1984, p. 401).
Essa preocupação remete a uma questão fundamental para o entendimento dessa dimensão da pessoa. O mesmo autor afirma mais adiante, quando aponta o espírito como poder de vida: [...] espírito é o próprio poder de animar e não uma parte acrescen tada ao sistema orgânico. Contudo, alguns desenvolvimentos filosóficos, aliados a tendências místicas e ascéticas no mundo antigo tardio, separaram espírito e corpo. Nos tempos modernos essa tendência chegou ao seu auge em Descartes e no empirismo inglês. A palavra recebeu a conotação de "mente" e a própria "mente" recebeu a conotação de "intelecto". O elemento de poder no sentido original de espírito desapareceu, e finalmente a própria palavra foi descartada.
Martins (2009, p. 37) dimensiona o entendimento sobre a espiritualidade afirmando que: [...] quando falamos de espiritualidade, falamos de uma relação com algo superior à própria materialidade. Não necessariamente necessariamente estamos falando da relação com Deus, tampouco com o Deus cristão...
Se não estamos no terreno religioso, então, onde se situa o entendimento entendimen to da questão em pauta? O mesmo autor afirma que: [...] entramos no terreno da filosofia, fi losofia, precisamos considerar a espiritualidade com base na questão da transcendência, uma questão genuinamente filosófica... No ser humano há uma abertura para as coisas existentes e uma abertura para seu semelhante, portanto,
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um ser-para-as-coisas e um ser-para-o-outro ser-para-o-outro.. A relação estabelecida com as coisas se dá no plano da objetividade e a relação com o outro se dá no plano da intersubjetividade. Contudo, Contudo, há um terceiro nível de abertura, que ocorre no plano da transcendência. Uma abertura para o Absoluto... (MARTINS, (MARTINS, 2009, p. 37).
A vida em si possui um significado próprio e dá ao ser humano uma expressão de totalidade. O ser humano tem um significa do especial e deve ser visto na sua totalidade. A questão fundamental que devemos analisar é como ajudar a pessoa a descobrir-se e a perceber-se dessa forma. Quando se trata de totalidade do ser humano, trata-se das dimensões biológica, psicológica,, social e espiritual. Sua exist psicológica existência ência não está isolada, pois o ser humano é um ser de relação. Relação essa que abrange o seu eu, o outro, o mundo e a transcendência, ocorrendo uma inter-relação Leonardo Boff (2003), teólogo e escritor, quando fala a res peito da vida que envolve o ser humano, especifica as caracte característi rísticas próprias da pessoa que começa com a auto-organiz auto-organização, ação, passa pela autonomia, pela adaptabilidade ao meio e pela reproduçã reprodução oe culmina na autotranscendê autotranscendência. ncia. Por isso, constantemente, ele chama a atenção para o cuida do, o respeito, a veneração e a ternura que devemos ter para com a vida de maneira geral e a pessoa em particular. É a vida que garante a todos os seres a razão de seu existir, existir, do seu ser-no-mundo. ser-no-mund o. Respeitar a vida, cuidar dela, tratá-la com veneração e ternura são requisi tos inerentes a todos nós que estamos em busca de um sentido.
Entretanto, é preciso entrar em contato com algo que está implícito no homem: o espírito. Isso não elimina a importância dos outros aspectos da pessoa, que estão subentendidos subentendidos no ser como um todo. Mas o que evidencia essa espiritualidade? Quem nos dá essa resposta é Mondin (1998, p. 21), quando fala que há: [...] muitos indícios: a autoconsciência, a reflexão, a contemplação, o colóquio, a autotranscendência, etc. Mas o indício mais certo, porém, é ao liberdade. Esta é a condiçãolivre. própria espírito.possui O espírito, somente espírito é essencialmente [...] do o homem umaedimensão interior de natureza espiritual: a alma, a mente e o espírito. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Completando essa afirmação, Betto e Boff acrescentam que "Espírito é o ser humano na sua totalidade enquanto enquanto ser que pensa, que decide, que tem identidade, que tem subjetividade, é sujeito. [...] espírito é o modo de ser" (2005, p. 76), pois "espiritualidade é a transformação que a mística produz nas pessoas, na forma de olhar a vida, no jeito de encarar os problemas e de encontrar encontrar soluções" (2005, p. 28). Para aprofundar um pouco mais o que significa essa dimensão espiritual, é importante verificar o que Mandrioni (1964, p. 53) escreve quando se refere a ela: [...] capacidade de reflexão; a plena consciência de si mesmo; a capacidade de separar a essência universal da existência concreta e particular; o poder universalizador; o fator da liberdade e o âmbito indefinido de possibilidades aberto aos atos humanos; o poder de controlar seus impulsos mais poderosos a fim de ajustar sua conduta à norma de um ideal percebido e valorizado; o poder de conceitualizar lizar, , julgar e raciocinar; a capacidade captar a eordem [...]um o poder de transcender a relatividade dos atosdehumanos alcançar con teúdo permanente, necessário e estável [...] o fato de poder perguntar-se sobre o sentido do "Todo"; a capacidade de construir a ciência; o sucesso da cultura com a imensidade de valores que concentra...
Max Scheler (2003, p. 35) aponta o espírito como princípio ao mostrar a diferença entre o homem e o animal: O espírito é um princípio novo e ele abarca a razão razão,, utilizada pelos gregos, abarca um determinado tipo de intuição intuição,, que ele chama de intuição dos fenômenos originários ou dos conteúdos essenciais e abarca os atos volutivos e emocionais (a bondade, o amor, o remorso, a veneração, a ferida espiritual, a bem-aventurança, o desespero e a decisão livre), além disso, designa pes designa pessoa soa como sendo o centro ativo no qual o espírito aparece no interior das esferas finitas do ser.
No entanto, Scheler ainda acrescenta que o ser "espiritual" está aberto para o mundo. "Espírito é com isso objetividade... Somente um ser capaz de levar a termo tal pertinência às coisas "tem" espírito" (2003, p. 36). E acrescenta: O ato espiritual, como o homem pode realizá-lo... leva ao "recolhimento em si", "consciência de si mesmo por parte do centro espiritual do ato" ou autoconsciência autoconsciência.. Isso dá ao homem a possibilidade de "modelar livremente sua vida" (2003, p. 39).
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Por força do espírito o homem é dado a si na autoconsciência e na objetividade de seus processos psíquicos e de seu aparato senoriomotor (2003, p. 41).
O espírito envolve o ser humano no seu todo. A autocons ciência e a liberdade representam para a pessoa a capacidade de entender seu papel no mundo. O homem, e só ele, é capaz de conhecer seufuturo. passado e entendê-lo; de perceber-se no fazer presente projetar seu Mas nessa dinâmica da vida pode escoelhas tornando-se pessoa na plenitude. Como espírito, o homem goza de uma abertura sem limites, in finita. Ele está em busca da plena realização porque participa dessa esfera espiritual que o coloca em contato com o infinito. Como pessoa, é ser finito se relacionando finitamente com os outros seres, pois são seus semelhantes. Por isso, sua existência e sua autorrealização ocorrem enquanto se relaciona com os outros, seus semelhantes. Cada pessoa é o princípio de suas ações, de sua capacidade de go vernar-se tendo em vista sua liberdade. Fundamentalmente, o ser humano é livre para se realizar como pessoa e, por isso, responsável pelo seu projeto pessoal e social de vida (CLARETIANO, 2005, p. 23).
A pessoa que consegue olhar para si mesma se percebe como pessoa humana, una e única, capaz de criar e dar respostas positivas a seus anseios e de conquistar todas as chances de fazer uma opção livre e consciente consciente.. A evolução técnica experimentada nosele últimos séculos sumanizou o ser humano. É importante que perceba que é de co-autor na construção do mundo; por isso, deve agir com liberdade, responsabilidade e justiça. No entant entanto, o, ele entenderá essa responsabilidade quando adquirir a liberdade de pensamento, quando aguçar a capacidade de discernimento e puder compreender seus sentimentos sentiment os e sua imaginação. Unidade e totalidade Quando tratamos do entendimento sobre a pessoa, é importante notarmos que ela é uma unidade e uma totalidade ao Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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mesmo tempo. Frankl (1989), psiquiatra, obteve uma experiência profunda sobre o ser humano enquanto esteve esteve preso em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Ele percebeu e analisou, profundamente, a unicidade e a totalidade da pessoa. Não é admissível tratar o ser humano como se fosse possível dividi-lo e olhá-lo com um único enfoque. Já que cada pessoa é um ser único e absolutamente novo, ao mesmo tempo está imbuído de capacidade de se decidir, de escolher, pois é um ser livre l ivre por existência e, ao mesmo tempo, um ser dinâmico, aberto ao outro e à transcendência. Cada pessoa é uma complexidade, e é indispensável levar em consideração esses aspectos se quisermos dar à pessoa o seu devido lugar nesta totalidade do universo. E o que mostra essa realidade é o ser em si mesmo. Cada ser é um ser em relação, mas cada ser possui o seu valor em si mesmo. Contudo, por estar em relação, ele tem sentido em si, no outro e na sua transcendência. A pessoa consciente da unidade e da totalidade abre espaço para a realização pessoal. Ela compreende seu estar-no-mundo estar-no-mundo en enquanto compreende o sentido de ser-no-mundo ser-no-mundo.. Piva (1995), sacerdote, doutor e reitor do Centro Universitário Claretiano, estudioso e entusiasmado com a dimensão humana do ser, afirma que só o ser humano goza do privilégio de ter consciência de si mesmo, do seu eu, do seu ser e do seu existir, o que constitui uma exclusividade sua, pela qual ele se diferencia de todos todos os demais animais; animais ; não somente tem consciência de si, mas também se percebe como um ser único. O ser-no-mundo confere à existência humana uma conotação mais profunda do ser em si, é o modo como a pessoa humana se estrutura e se realiza no mundo com os outros. Leonardo Boff (2000) expressa essa realidade realid ade de forma abrangente, pois inclui não só a existência, mas também a coexistência que acontece em um relacionamento estreito. É nessa realidade que o ser humano vai construindo seu próprio próp rio ser, ser, o que lhe permite adquirir consciência de si mesmo para conquistar sua identidade.
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Ter consciência de si dá à pessoa oportunidade de entrar em contato contat o com o seu eu, com a sua essência própria, particular, particular, como também com a essência do ser humano; em geral, do mundo como um todo e com a transcendência. A pessoa humana busca em todas as coisas uma finalidade, um sentido para sua existência. O que está no cerne de toda a questão é a realização da pessoa, é o seu ser.
6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Você compreendeu como o Centro Centro Universitário Universitário Claretiano entende entende a pessoa? Quais são as características próprias do ser humano visto sob a ótica humanista dessa proposta? 2) Você consegue definir quais são as dimensões dimensões da pessoa? 3) Em breves palavras, você pode descrever descrever como cada dimensão da pessoa está relacionada com a sua unicidade? 4) O que essa essa maneira de de ver o ser ser humano muda em sua existência? existência? Em que muda a vida da sociedade? Em que muda na sua forma de viver a sua profissão?
7. CONSIDERAÇÕES Se fizermos uma comparação com a primeira unidade, po deremos perceber que a proposta humanista apresentada nesta unidade difere, completamente, da proposta do Capitalismo Neoliberal apresent apresentada ada anteriorment anteriormente. e. A proposta humanista apresenta uma realidade em que o ser humano é olhado de maneira caracteristicamente caracteristica mente apropriada à realidade humana. O ser humano, considerado um ser único e irrepetível, visto na sua totalidade, apresenta em suas dimensões a maneira apropriada para que seja respeitado na sociedade. Entretanto, é importante considerar que há dois caminhos que devem ser percorridos. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Isso não significa trilhar um caminho em detrimento do outro, mas, sim, fazer acontecer as duas coisas ao mesmo tempo, ou seja, a transformação deve ocorrer conjuntamente, causando mudança no meio em que vivo e ocasionando uma modificação na minha maneira de ser, de pensar e de sentir. Por isso, o projeto humanista humanista adotado pelo Centro Universi Universitário Claretiano oferece uma proposta de transformação, saindo do sistema capitalista neoliberal neoliberal para uma vivência mais humana.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARDUINI, J. Destinação antropológica. antropológica. São Paulo: Paulinas. 1989. BETTO, F.; F.; BOFF, BOFF, L. Mística e espiritualidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. 20 05. BOFF, L. O destino do homem e do mundo mundo.. São Paulo: Vozes, 2003. ______. Saber cuidar, ética do humano – humano – compaixão pela terra. São Paulo: Vozes, 2004. ______. Tempo de transcendência: transcendência: o ser humano como um projeto infinito. Rio de
Janeiro: Sextante, 2000. CLARETIANO – Centro Universitário Claretiano. Missão e projeto educativo. educativo. Batatais: [s.n], 2005. DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. O Corpo. Corpo. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1984, pp. 85-87. FRANKL, V. E. Sede de sentido. São Paulo: Quadrante, 1989. LELOUP, J-Y. Cuidar do ser . São Paulo: Vozes, 1998. MANDRIONI, H. D. Introdución a la filosofia. filosofia. Buenos Aires: Kapelusz, 1964. MARTINS, A. A. É importante a espiritualidade no mundo da saúde? . São Paulo: Paulus, 2009. MONDIN, B. Definição filosófica da pessoa humana. Bauru: humana. Bauru: EDUSC, 1998. PIVA, S. I. A I. A pessoa, uma análise. análise. Batatais: União das Faculdades Claretianas, 1995. SCHELER, M. A posição do homem no cosmos cosmos.. Rio de Janeiro: Florense Universitária, 2003. TILLICH, TILLIC H, P. P. Teologia sistemática. sistemática. São Paulo: Paulinas, 1984.
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3 1. OBJETIVOS • Refletir sobre a Pessoa Humana, retomando retomando e aprofundando aspectos já abordados nas unidades anteriores. • Compreender o significado de ética ética e moral, suas distin distinções, campos de atuação e implicações para a sociedade contemporânea. • Analisar a importância de se resga resgatar tar o papel papel da cidadania como ação individual e coletiva na perspectiva de uma sociedade eticamente sustentável.
2. CONTEÚDO CONTEÚDOSS • As dimensões dimensões humanas humanas da consciência, do amor e da liberdade como caracte características rísticas antropológicas. • A definição definição de ética e moral moral e suas respectivas respectivas distinções e semelhanças.
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• As tarefas tarefas e o campo de atuação da ética a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos. • O resgate da cidadani cidadaniaa enquanto valorização do ser humano diante de uma sociedade em crise de valores humanos. • Humanização ou coisificação: coisificação: os desafios desafios da sociedade contemporânea.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Leia atentamente cada item proposto para compreender os diversos temas que serão abordados, percebendo a inter-relação entre eles. 2) Conheça a bibliografia indicada, inclusive com a sugestão de outros e filmes que ajudam na compreen são dos temas livros da unidade. 3) Estabeleça permanentes contatos com os demais participantes da disciplina e levante exemplos reais que ajudem a entender os diversos tópicos abordados. 4) Acompanhe os acontecime acontecimentos ntos do dia a dia por meio da leitura de jornais e da imprensa falada para perceber a importância dos assuntos veiculados na mídia com a temática desenvolv desenvolvida. ida. 5) Antes de iniciar os estudos desta unidade, é interessan interessante te conhecer um pouco da biografia dos pensadores, cujo pensamento norteia o estudo desta disciplina. Para saber mais, acesse os sites sites indicados. indicados. Antonio Gramsci (1891-1937) Um dos fundadores do Partido Comunista Italiano. Estudou literatura na Universidade de Turim, cidade aonde frequentou círculos socialistas. Filiou-se ao Partido Socialista Ita liano, tornando-se jornalista e escrevendo para o jornal do Partido (L’Avanti) (L’Avanti) e tendo sido editor de vários jornais jornai s socialistas italianos, tendo fundado em 1919, junto com Palmiro Togliatti, o L’Ordine Nuovo. O grupo que se reuniu em torno e a ampla de L’Ordine Nuovo Abstencionista aliou-se com Amadeo facção Comunista dentro Bordiga do Partido Socialista. Isto levou à organização do Partido Comunista Italiano Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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(PCI) em 21 de janeiro de 1921. Gramsci viria a ser um dos líderes do partido desde sua fundação, porém sobordinado a Bordiga até que este perdeu a liderança em 1924. As teses de Gramsci foram adotadas pelo PCI no congresso que o partido realizou em 1926. Em 1924, Gramsci foi eleito deputado pelo Veneto. Ele começou a organizar o lançamento do jornal ocial do partido, denominado [[L’Unità]]. [[L ’Unità]]. Em 8 de novembro de 1926, a polícia fascista prendeu Gramsci (apesar de sua imunidade parlamentar, permaneceu preso até próximo da sua morte, quando foi solto em liberdade condicional dado ao seu precário estado de saúde
(imagem e texto disponíveis em: . Acesso em: 15 out. 2010).
Max Weber (1864-1920) Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das
ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e desde cedo orientou-o no sentido das huma-
nidades. Weber recebeu excelente educação secundária em línguas, história e literatura clássica. Em 1882, começou os estudos superiores em Heidelberg; continuando-os em Göttingen e Berlim, em cujas universidades dedicou-se simultaneamente à economia, à história, à losoa e ao direito. Concluído o curso, trabalhou na Univer sidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao mesmo tempo em que servia como assessor do governo. Em 1893, casou-se e;, no ano seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu para a de Heidelberg, em 1896. Dois anos depois, sofreu sérias perturbações ner vosas que o levaram a deixar os trabalhos docentes, só voltando à atividade em 1903, na qualidade de co-editor do Arquivo de Ciências Sociais (Archiv tür Sozialwissenschatt), publicação extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociológicas na Alemanha. A partir dessa época, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasiões, em que proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique, nos anos que precederam sua morte, em 1920 (imagem disponível em: . Acesso em: 10 set. 2008. Pirenópolis. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2008.
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Apêndice PROJETO EDUCATIVO EDUCATIVO CLARETIANO CLARET IANO APRESENTAÇÃO A vocação de serviço que caracteriza a Igreja e a torna solidária com os problemas humanos inspirou os Missionários Clare tianos a preocuparem-se também com a realidade cultural que foi tão marcante na vida de Santo Antônio Maria Claret, fundador da Congregação Congregaç ão dos Missionários Claretianos. As instituições de Ensino Infantil, Fundamental e Médio da Ação Educacional Claretiana: Colégio São José de Batatais, Colégio Anglo Claretiano de Rio Claro e Colégio Claretiano de São Paulo, juntamente com o Studium Theologicum de Curitiba, Centro Uni juntamente versitário Claretiano de Batatais e União das Faculdades Claretia nas de Rio Claro e São Paulo, foram criadas com um carisma peculiar: anunciar a Palavr Palavraa de Deus. O serviço dessa Palavra abrange uma vasta área de atividades, que, embora bem distintas, se unem em sua finalidade. Uma dessas áreas é a Educação, promotora promotora da dignidade da pessoa humana e do seu desenvolvimento integral, integral, segundo o desígnio do Criador, e considerada verdadeira evangelização e objeto de acurada ação pastor pastoral. al. A atividade educativa dos Missionários Claretianos, no Brasil, sempre permaneceu atenta ao processo histórico da educação em nossa pátria. Essa orientação educativa vem atualizando-se para responder às situações e às realidades novas que surgiram. Como consequência natural desse processo, a partir do carisma claretiano, foi definida a “MISSÃO" das instituições educativas claretianas e elaborado o “PROJETO EDUCATIVO", que apre sentamos neste neste livreto a fim de transmitir aos alunos, aos pais, aos
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professores, aos funcionários e aos amigos a Proposta de Educa ção dos Missionários Claretianos. A MISSÃO sintetiza o ideal carismático das instituições educativas claretianas, centrado no amor e no serviço ao ser humano partir da educação, tendo como base a mensagem de Jesus Cristo, ao estilo de Santo Antônio Maria Claret e da Congregaç Congregação ão dos Mis sionários Claretianos. Coerentemente com esses princípios, intensificar Coerentemente intensificaram-se, am-se, nos últimos anos, as reflexões sobre as questões básicas da educação com todos os segmentos da Instituição, visando ao crescimento harmônico de toda a comunidade educativa. educativa. O Projeto Educativo sistematiza a ação educacional dos claretianos que assumem a Educação Básica e o Ensino Superior para formar cidadãos com sólida base profissional e mentalidade saudável, acolhedora acolhedora e aberta a Deus, à realidade da natureza e à realidade humana. O Projeto Educativo visa, ainda, construir uma sociedade mais justa e humana. CAPÍTULO I SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET Vida e Obra O fundador da Congregação dos Missionários Claretianos e patrono de nossas instituições de ensino nasceu em 23/12/1807, em Sallent, Catalunha, Espanha, numa época de muitas mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas que afligiam o mundo ocidental. Claret, filho de uma família católica, formou-se nos ensina mentos cristãos e, desde criança, desejava ser missionário para anunciar o Evangelho e a salvação a toda a humanidade. Insistindo nessa ideia, sua mãe permitiu que estudasse latim com um velho sarcedote. Quando este morreu, seu pai decidiu
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empregá-lo na fábrica de tecidos dele, iniciando-o na carreira industrial, na qual fez muito sucesso. Aos 17 anos, ficou encarregado de supervisionar os teares. Seu pai, percebendo sua grande capacidade, enviou-o a Barcelona a fim de estudar. Lá, passou a trabalhar também com muito êxito. Entretanto, nada o satisfez. Para tristeza paterna, decidiu ser padre. Foi ordenado sacerdote em 1835 e trabalhou como pároco em Sallent, sua terra natal. Apesar de pároco, queria ser missionário; por isso, ofereceu-se para trabalhar nas missões estrang estrangeiras. eiras. Assim, decidiu ir para Roma a fim de trabalhar na Congregação da Evangelização Evangelização dos Povos, entrando na Ordem Jesuíta para chegar rapidamente às missões. Por motivo de saúde, em 1840, retornou à Espanha a serviço do bispo de Vic, sendo encarregado de pregar missões em todas as paróquias da diocese. Exerceu várias atividades como sacerdote consagrado totalExerceu mente ao serviço de Deus: missionário apostólico e pregador itinerante em várias regiões, pároco, diretor de escola e promotor da educação, escritor da boa imprensa (falada e escrita), diretor es piritual, fundador de congreg congregação ação e de movimentos, arcebispo de Santiago de Cuba de 1850 a 1857, confessor confessor da rainha da Espanha, participante do Concílio Ecumênico do Vaticano I, em 1870 etc. Homem de oração e ação e de grande mística, levou uma vida sóbria e austera, totalmente voltada ao serviço da Igreja, e, por onde passava, arrastava arrastava multidões. Claret foi um homem que trabalhou em várias frente frentes, s, sempre sensível ao mais urgente. Pensava em como preparar as pes soas para a missão e em como articular iniciativas de formação. Escreveu 15 livros e 81 opúsculos, bem como traduziu outras 27 obras.
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Criou escolas técnicas e agrárias em Cuba; foi diretor do El Escorial, escola real espanhola, de 1859 a 1868; e incentivou a Congregação de Missionários a trabalhar com a educação e a assumi-la como importante e eficaz meio de evangeliz evangelização. ação. Ele foi um grande e verdadeiro apostólo, sendo perseguido, apesar de ter evitado envolvimento com questões políticas. Em função disso, sofreu um atentado sangrento na cidade de Holguín, em Cuba, e, no final de sua vida, foi exilado na França, onde veio a falecer a 24 de outubro de 1870, data em que celebramos sua festa em todas as frentes apostólicas claretianas espalhadas pelo mundo. Sua santidade foi reconhecida pela Igreja católica, sendo beatificado no ano de 1937 e canonizado no dia 7 de maio de 1950. CAPÍTULO II A CONGREGAÇÃO DOS MISSIONÁRIOS FILHOS DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA Missionários Claretianos Uma das maiores obras da vida de Santo Antônio Maria Claret foi a fundação da Congregação dos Missionários Claretianos. Claret, no seu ideal evangelizador e nas suas andanças missionárias pela Espanha, pelas Ilhas Canárias e por outras regiões, percebeu que poderia tornar o seu apostolado mais produtivo se conseguisse articular homens desejosos de proclamar a mensagem de Jesus Cristo, unidos em torno de uma congregação de missionários. Assim, no dia 16 de julho de 1849, na cidade espanhola de Vic, na Catalunha, fundou, com mais cinco amigos sacerdotes, José Xifré, Jaime Clotet, Manuel Vilaró, Domingos Fábregas e Estevão Sala, a Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria, conhecidos, posteriormente, posteriormente, como Missionários Claretianos.
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A Família Claretiana é constituída de missionários sacerdo tes, missionários irmãos e diáconos, além de irmãs, leigos e leigas, dedicados ao serviço da Palavra. O objetivo da Congregação é anunciar, por todos os meios possíveis, no Serviço Missionário da Palavra, o Evangelho Evangelho de Jesus Cristo a todo o mundo. Inicialmente, a Congregação Claretiana dedicou-se exclusivamente ao serviço missionário e, mais tarde, foi assumindo outras atividades apostólicas: atuações em paróquias, na educação (colégios, faculdades, escolas eclesiásticas, formação de leigos, agentes de pastoral e voluntários), em missões, nos Meios de Comunicação Social (editoras, revistas e periódicos, rádio, televisão e internet) e em obras sociais e promocionais. Atualmente, a Congregação Claretiana conta com mais de 3100 missionários em todos os continentes, em 63 países. Nos cinco continentes, trabalha com 90 centros educacionais e com mais de 77 mil alunos. Ela ainda tem a colaboração de mais de 3650 docentes, além de grande número de funcionários técnico-administrativos que auxiliam na “missão partilhada". No Brasil, a Congregação Claretiana chegou em 1905, na ci dade de São Paulo, e difundiu-se por vários estados (São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Grosso, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal e Rondônia). Hoje, desenvolve várias atividades missionárias, com desta que para as paróquias e missões, os colégios e faculdades e a gráfica Ave Maria, com a Bíblia. CAPÍTULO III IDENTIDADE DE UMA IES COMUNITÁRIA O Claretiano, Centro Universitário Claretiano, identifica-se como uma Instituição de Ensino Superior com espírito e postura comunitários. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Uma IES Comunitária não é universidade pública, porque não pertence ao governo, mas também não é privada, pois não é pro priedade particular. Segundo Aldo Vannucchi (2004), presidente da Abruc (Associação Brasileira das Universidades Comunitárias), "a universidade comunitária representa um modelo alternativo, ou seja, ela não é nem pública, no sentido estatal, nem privada, no sentido estrito, empresarial. É pública não estatal". Vannucchi (2004, p. 25-26) ainda traça o perfil das Universidades Comunitárias, caracte caracterizando-as: rizando-as: 1. pela democratização das relações de poder dentro da instituição; 2. pela lógica do seu funcionamento, pautado pelo interesse da população, a serviço da sociedade, sem visar a lucro, ou seja, livre do produtivismo economicista, próprio do setor empresarial, e controlado tanto tanto pela comunidade interna como pela comunidade externa, porque a universidade é um bem da sociedade, antes e acima de tudo; 3. pela sua inegável legitimidade social, enquanto existe por delegação estatal e opera, legalmente credenciada, regulamentada e supervisionada pelo governo, para atender ao direito constitucional de todos os cidadãos à educação, suprindo, por um custo menor que as instituições governamentais, governamentais, a demanda de muitos pelo ensino superior, superior, como única oportunidade de ascensão social e de profissionalização; 4. pela maneira coletiva e pública com a qual toda a reflex reflexão ão crítica e todo o conhecimento científico e cultural que nela se produzem constituem um valor realmente democrático; democrático; 5. pelo serviço público e plural que presta à sociedade, em amplas áreas geográficas, onde muitas vezes o Estado está ausente, como parceira privilegiada na construção do planejamento estratégico e do desenvolvimento da cidade e da região de sua abrangência, formando profissionais, fomentando a cidadania, impulsionando lideranças no setor produtivo, disseminando conhecimento e tecnologia, alfabetizando jovens e adultos.
Quando menciona a MISSÃO das Universidades Comunitá rias, Vannucchi (2004, p. 34-35) afirma que: a missão atinge um nível ainda mais alto, chegando a consubstan ciar mais que uma ideologia ou filosofia de trabalho, um autêntico apostolado, uma verdadeira mística de traços quase evangélicos, embora sob traços seculares. Está longe, pois, de ser simples fór -
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mula de propaganda institucional, mero fraseado de uma técnica de manipulação ou mero slogan. Sua importância e seu constan te enfoque criam, corroboram e revelam, a todo o momento, um conjunto de convicções e de motivações fundamentais para o trabalho do dia-a-dia, concretizando o que os psicólogos chamam de sentimento de comunidade, força contraposta à ambição egoísta e desagregadora de poder e prestígio pessoal. Numa universidade comunitária, os melhores membros de seu quadro docente e téc nico-administrativo nico-administ rativo vivenciam-na devotamente, devotamen te, numa permanente de auto-entrega apaixonada ao serviço daexperiência instituição, por causa da comunidade interna e externa. Não são meros agentes acadêmicos trabalhando para a comunidade, porque aprenderam a trabalhar com a comunidade e, mais ainda, como comunidade.
Nessa mesma linha de pensamento, Helfer (2003) expõe os seguintes princípios básicos do Projeto Político-Institucional das Universidades Comunitárias: compromisso com a qualidade universitária, versit ária, com a democracia, com a comunidade, com a realidade regional e com a manutenção de suas características de Universidade Comunitária – instituição pública não estatal. É dentro e a partir dessas linhas de pensamento que o Cen tro Universitário Claretiano trabalha e deseja cumprir sua Missão Institucional. E nós, Missionários Claretianos, queremos que os colabora dores invistam nessa ideia para que, juntos, possamos construir uma comunidade na qual o nosso múnus de educar seja concreti zado em relações respeitosas, valorizando-se o outro, na partilha dos seguintes valores: verdade, honestidade, confiança, liberdade, responsabilidade e respeito à dignidade humana e à natureza. CAPÍTULO IV A MISSÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO A Missão do Centro Universitário Claretiano, inspirada nos valores éticos e cristãos e no carisma claretiano, consiste em capacitar a pessoa humana para o exercício profissional e para o compromisso com a vida mediante uma formação integral; Missão essa que se caracteriza pela investigação da verdade, pelo pel o ensino e Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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pela difusão da cultura, que dão pleno significado à vida humana. A seguir, seguir, faremos uma análise anál ise da Missão, Miss ão, tendo em vista que o sentido de um texto é percebido pela correlação entre as partes. A MISSÃO MISSÃOnorteado o princípio que está na origem denossosEntendemos trabalhos e por atividades, pelo compromisso de as sumir a PASTORAL EDUCATIVA como um trabalho de evangeliza ção, já que "educar é um modo de ser, ser, um modo de significar e um modo de atuar em fav favor or do cresciment crescimento o do Reino" (BOCOS, 1999). Por isso, nossa Missão, como instituição católica, é: •
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garantir, de forma permanente e institucional, a presença da mensagem de Cristo – luz dos povos, centro e fim da criação e da História – no mundo científico e cultural, fomentando o diálogo entre razão e fé, entre Evangelho e cultura; favorecer o encontro da Igreja com as ciências, as culturas e os graves problemas de nosso tempo, ajudando-a a responder adequadamentee a esses desafios; adequadament consagrar-se sem reservas – pelo esforço da inteligência e à luz da Revelação – à investigação livre, responsável, corajosa e alegre da verdade sobre o universo, em todos os seus aspectos e em seu nexo essencial com a Verdade suprema, Deus; contribuir para aprofundar o conhecimento do significado e o valor da pessoa humana; dedicar-se dedicarse ao ensino e a proclamação da verdade, valor fundamental, sem o qual se extinguem a liberdade, a justiça e a dignidade humana;
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fomentar o diálogo ecumênico e inter-religioso. (CNBB, 2000, p. 13-14).
O Centro Universitário Claretiano O Centro Universitário Claretiano foi instalado no dia 14 de maio de 2002. Segundo as normas contemporâneas, Centro Universitário versit ário é uma instituição de ensino que segue estes princípios: •
Excelência de organização e atividades de ensino, pesquisa e extensão.
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Preferência pela qualidade humana e funcional, acadêmiPreferência ca e religiosa da direção, dos professores professores e dos funcionários. Formação de uma verdadeira comunidade educativa, abrangendo direção, professores, alunos e funcionários, na qual se vive um clima de verdadeiro amor fraterno e solidariedade, de respeito recíproco e diálogo construtivo, com ideais compartilhados e tarefas planejadas. Comunidade educativa que se destaque pela competência científica e pedagógica e, também, pela integridade doutrinal e probidade de seus membros.
Nossa instituição insti tuição de ensino é uma INSTITUIÇÃO INSTI TUIÇÃO CATÓLICA, CATÓLICA, e, como tal, ela deve ser: •
uma comunidade acadêmica que, inspirada na mensagem e pessoa de Jesus Cristo e fiel à Igreja, se dedica, de modo refletido, sistemático e crítico, ao ensino, à pesquisa e à extensão, nos variados ramos do conhecimento, e se consagra à evangeliza ção e formação integral de seus membros – alunos, professores e funcionários – bem como ao serviço qualificado do povo, contribuindo para o aumento da cultura, a afirmação ética da soli dariedade, a promoção da dignidade transcendente da pessoa humana e ajudando a Igreja em seu anúncio salvífico e serviço ao Reino de Deus (CNBB, 2000, p. 13).
Como INSTITUIÇÃO CLARETIANA, esta comunidade educativa é dirigida pelos Missionários Claretianos, que têm como compromisso carismático o Serviço Missionário da Palavra, exercido por todos os meios possíveis. Assim, assumimos o ministério educativo como um modo de colaborar com a construção de uma so ciedade mais justa, fraterna e solidária.
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Inspiração nos valores éticos e cristãos c ristãos Os princípios seguidos por esta Instituição têm sua origem na pessoa, nos ensinamentos e nas obras de Jesus Cristo, o Deus que se fez homem-história homem-história e anunciou à humanidade que é possí vel conviver conviver em paz e amor e que o ser humano é chamado a viver em plenitude a relação com o outro, gerando gerando valores de solidariedade, justiça e frate fraternidade. rnidade. Nossos valores têm em Jesus Cristo seu fundamento, porque Ele é o modelo perfeito de homem, que viveu no abandono incondicional ao Pai e no amor misericordioso e compreensivo para com as pessoas. Nele, o homem encontra tudo o que deseja e procura. A Igreja é o prolongamen prolongamento to de Cristo na História. Essa missão universal continua através dos tempos e, dela, somos participan tes e responsáveis. Somos uma instituição confessional e vemos o processo educativo como um modo de ajudar na construção do Reino de Deus, instaurado instaur ado por Jesus Cristo e articulado pela Igreja. Nesse sentido, uma instituição católica de ensino: deve distinguir-se pela fidelidade à doutrina e determinações da Igreja, pela excelência de sua organização e atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como primar pela qualificação humana e funcional, acadêmica e religiosa de sua direção, professores e funcionários (CNBB, 2002, p. 21).
Por isso, no tocante à formação humana e doutrinal, ética e social, a nossa instituição deve dar: a todos a oportunidade de seguir cursos de doutrina católica. Tais cursos consistirão de disciplinas teológicas ou de outras afins; na programação de todos os departamentos constará uma formação moral apropriada; a doutrina social da Igreja, confrontada com a realidade e os desafios do país, a sensibilidade para com os problemas do povo e o espírito de serviço comunitário estarão estarão presentes na formação teórica e prática dos estudantes; dada a importância da Teologia na busca de uma síntese superior do saber e no diálogo entre razão e fé, ofereceremos uma disciplina teológica em que se possa adquirir uma formação doutrinal mais sólida, garan garantindo tindo-se o lugar legítimo da Teologia no mundo da ciência e da cultura (CNBB, 2002, (CNBB, 2002, p. 28-29).
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Inspiração no carisma claretiano A Congregação dos Missionários Claretianos tem por objetivo "buscar em tudo a glória de Deus, a santificação de seus membros e a salvação dos homens de todo o mundo" (CONSTITUIÇÕES CLARETIANAS, p. 15, n. 2). A partir da evolução histórica de nosso instituto, definimos seu carisma como um serviço ser viço missionário profético da Palavra Palavra que tem as seguintes características: anúncio do Reino de Deus e da vida em plenitude e denúncia de tudo o que lhe é contrário, optando pelos meios possíveis para que a salvação seja levada à hu manidade. Capacitação da pessoa humana O Centro Universitário Claretiano quer oferecer ao corpo discente instrumentais instrumentais científicos, técnicos, humanos, religiosos e vivenciais que o tornem capaz de compreender a si mesmo e à sua função no plano criador de Deus, que, antes de tudo, é o de tornar cada ser humano coparticipante e corresponsável pelo aperfeiçoamento dos segmentos e interesses da vida humana. Por outro lado, queremos ser sensíveis ao perfil de nossos alunos, entender suas virtudes e fragilidades, potencialidades e limitações, dando atenção ao lugar, ao espaço e à estrutura de en sino de onde muitos deles procedem. Sabemos que muitos de nossos alunos procedem de setores carentes e menos privilegiados da sociedade, que é discrimina dora e excludente. Dessa maneira, propomo-nos, como entidade filantrópica, a recuperar as possíveis defasagens e limitações básicas que eles possam apresentar. Assim: na perspectiva cristã, a educação deverá ajudar na formação de uma pessoa: colaboradora de Deus, tendo como tarefa comple mentar, humanizar e partilhar a obra da criação; com sentido de
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liberdade que lhe permita agir consciente e responsavelmente, tomando decisões pessoais e coerentes com seu projeto de vida e capaz de participar na sociedade, fazendo opções religiosas, políticas e culturais livres; com senso ético e consciência crítica que lhe permitam avaliar com clareza os acontecimentos e o que está implícito neles, oferecendo soluções apropriadas e compromet comprometen endo-se a atuar de forma adequada e eficaz; com equilíbrio que lhe permita enfrentar, com serenidade e sentido cristão, o êxito e o fracasso; com sensibilidade e capacidade deresponsabili compromis -so e de solidariedade que a histórica impulsione a assumir as dade sociais e políticas na construção de um mundo democrático, com relações de comunhão e participação; sujeito construtor da história, livre e solidário, capaz de amar, mas também de resistir e recusar; que vive em comunidade a partilha e a convivênc convivência ia fraterna, até à doação de si mesmo; que por sua dignidade, é superior a qualquer lei ou organização social, mesmo a mais democrática e cuja cidadania transcende a terrestre, completando-se no Reino definitivo de Deus; que assume atitude de amor à coisa pública, de vontade permanente de participação, de abertura ao outro, do poder-serviço e da encarnação na realidade do povo; que sabe li gar a auto-realização construção do bem comum e da comunhão social (CNBB, 1990, p.à37).
Essa mesma formação precisa estar aberta para a vida social, e, nessa perspectiva, a Educação objetiva preparar para uma sociedade: fundamentada na dignidade da pessoa humana e que tem como meta a comunhão social; marcada pela igualdade de todos, pela solidariedade e pela participação como critérios de organização; pluralista, aberta aos valores que são patrimônio da humanidade, sem preconceitos e discriminações; que preconiza relações dialo gais, participativas democráticas na sociedade supera a contradição entree as estruturas sociais injustascivil; e asque exigências do Evangelho, tornando efetiva a justa distribuição dos bens eco nômicos, culturais e espirituais, de serviços e oportunidades; que garante a seus segmentos plena liberdade de se associarem e de se organizarem e a efetiva oportunidade de serem ouvidos e respeitados, bem como a todas as pessoas o direito de manifestarem manifestarem pública e privadamente a sua fé. Para conseguir tais objetivos, o educador cristão deverá primar por desenvolver em sua vida valores tais como: dignidade pessoal, firmeza de caráter, solidariedade e união de propostas, fraternidade, honestidade, paciência, força força e vontade vontade.. (CNBB, 1990, p. 38).
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O exercício profissional Queremos preparar pessoas íntegras que, optando por um determinado segmento profissional, aceitem se submeter ao aprendizado científico-técnico-humano para poder desempenhar com eficiência, consistência e integridade as tarefas e obrigações condizentes com o seu dom profissional e com a área que se propõem a trabalhar. Nesse sentido, a proposta pedagógica de nosso Centro Universitário: buscará integrar o progresso acadêmico e profissional dos alunos com o amadurecimento nas dimensões humana, religiosa, moral e social, de modo que respeitada a convicção religiosa de cada um – eles não só se torn tornem em comp compete etente ntess no seu set setor or espe específico cífico,, a serviço da sociedade, mas também líderes qualificados, decididos a viver e testemunhar sua fé, na Igreja e no mundo. (CNBB, 2000, p. 27).
O compromisso com a vida Desejamos formar profissionais que, antes de tudo, sejam gente, homem e mulher, movida pelos sentimentos de sensibili dade e respeito pela vida do outro. Profissionais que valorizem a VIDA como dom de Deus a ser construído no amor, na fraternida de, no diálogo, na responsabilidade e na solidariedade. Assim: dado que o saber está a serviço da pessoa humana, garantindo-lhe o primado sobre as coisas e a orientação para Deus, uma prioridade específica da Universidade Católica é explicitar as implicações éticas presentes em todos os campos de ensino e investigação, examinar e avaliar sob o ponto de vista cristão os valores e normas dominantes na sociedade e cultura modernas, bem como comunicar-lhes os princípios e valores éticos e religiosos que dão pleno significado à vida humana... Dar-se-á atenção particular às questões levantadas pelas disciplinas específicas da área de estudo e ao crescimento da consciência moral e do sentido de responsabilidade, pessoal e so cial (CNBB, 2000, p. 28).
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A formação integr i ntegral al O homem é um ser único, irrepetível, irrepetível, construído das dimensões biológica, psicológica e social, unificadas pela dimensão espiritual, que é o núcleo do ser-pessoa. Como pessoa, expressa seu ser-espírito na liberdade, entendida como capacidade de afirmação, apesar dos condicionamentos e das limitações que reforçam sua responsabilidade na construção da própria existência, cuja plenitude é alcançada pela superação de si e pela transcendência. Assim, a pessoa é entendida e assumida como “ser em relação" e “ser de abertura" ao mundo, aos outros, a si mesmo e ao Tu absoluto, Deus, que ilumina e dá sentido pleno à sua realidade humana, e como ser criado por Deus, sentido último de sua exis tência, feito à sua imagem e semelhança. Em Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado na história humana, o homem é chamado a encontrar tudo o que deseja e procura. encontrar A pessoa humana é um ser educável. Entendemos a educa ção como um processo de aperfeiçoamento aperfeiçoamento intencional das dimensões especificamente humanas e cristãs, portanto, um processo de humanização e personalizaç personalização. ão. Missão: investigação da verdade Como instituição de ensino católica, nosso Centro Universitário compartilha, com todas as outras Universidades, aquele gaudium de veritate, tão a gosto de Santo Agostinho, isto é: a alegria de procurar a verdade, de descobri-la e de comunicá-la, em todos os campos do conhecimento. Sua tarefa privilegiada é unificar existencialmente, no trabalho intelectual, duas ordens de realidade que, não raro, tende-se a opor, como se fossem antitéti cas: a investigação da verdade e a certeza de conhecer, já, a fonte da verdade (JOÃO PAULO II, 1990).
A verdade representa a aceitação do plano de Deus, que quer todos os homens vivendo em plenitude, realizando-se, res peitando-se e crescendo de um modo integral: política, econômica, cultural e religiosament religiosamente. e.
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Essa verdade deve ser investigada, investigada, desejada, assimilada, absorvida, amada e praticada na articulação de mecanismos e instrumentais que levem o ser humano ao pleno desenvolvimento e à evolução integral. Portanto, é inerente à nossa instituição de ensino a tarefa de: proclamar o sentido da verdade, valor fundamental sem o qual se extinguem a liberdade, a justiça e a dignidade do homem. Em prol duma espécie de humanismo universal, a universidade católica dedica-se, totalmente, à investigação de todos os aspectos da verdade, no seu nexo essencial com a Verdade suprema, que é Deus (JOÃO PAULO II, 1990).
O ensino e a difusão da cultura com atribuição de significado Cabe à universidade católica o ensino, a transmissão e a partilha de todo conhecimento adquirido do patrimônio experimentado e vivido na expressão das mais variadas civilizações. Por sua mesma natureza, a universidade católica: promove a cultura, mediante a atividade de investigação, ajuda a transmitir a cultura local às gerações sucessivas, mediante o ensi no, favorece as iniciativas culturais, com os próprios serviços edu cativos. Ela está aberta a toda a experiência humana, disposta ao diálogo e à aprendizag aprendizagem em de qualquer cultura... A universidade católica deve tornar-se, cada vez mais, atenta às culturas existentes na Igreja, na maneira de promover um contínuo e proveitoso diálogo entre o Evangelho e a sociedade de hoje. Entre os critérios que distinguem o valor duma cultura, está em primeiro lugar, o sentido de pessoa humana, humana, sua liberdade, sua dignidade, seu seu sentido de responsabilidade abertura ao transcendente. Ao primária respeito da pessoa está unidoe osua valor eminente da família, célula de toda a cultura humana (JOÃO PAULO II, 1990).
O verdadeiro sentido para a vida humana está na relação filial com Deus, que nos criou não só como seres materiais, mas como seres espirituais, voltados para o transcendente. Por isso, a vida há que ser def defendida endida e desejada em plenitude e, como comunidade educativa (alunos, professores, pais, comunidade religiosa, funcionários), propomo-nos a articular os mecanismos e as estru turas que propiciem a todos o respeito aos seus direitos e à sua integridade. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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CAPÍTULO V PROJETO EDUCA ED UCATIVO TIVO Educação para a Justiça e o Amor 1. O HOMEM 1.1 O homem é um ser único, irrepetível, constituído constituído das di mensões biológica, psicológica e social, unificadas pela dimensão espiritual, que é o núcleo do ser-pessoa. 1.2 Como pessoa, expressa seu ser-espírito na liberdade, entendida como capacidade de afirmação, apesar dos condicionamentos e das limitações que reforçam reforçam sua responsabilidade na construção da própria existência, cuja plenitude é alcançada pela superação de si mesmo e pela transcen dência. 2. SER EM RELAÇÃO 2.1 O ser humano apresenta-se numa relação múltipla de abertura ao mundo, aos outros, a si mesmo e ao Tu absoluto, absoluto, Deus, que ilumina e dá sentido pleno à sua realidade humana. Nesse relacionamento múltiplo, ele encontra o caminho da liberdade e do crescimento, realizando-se realizando-se ao assumir sua missão cristã e política. 2.2 Empenhando-se com os outros na libertação de todos, participando ativamente da vida do seu povo e tendo cons ciência de que é agente da história do seu povo e da sua própria história particular, particular, o homem constrói a própria liberdade. 2.3 Essa consciência histórica obriga-o a posicionar-se perante a realidade social concreta, intervindo para a mudança das estruturas injustas e desumanas. Tendo consciência de suas limitações, necessita do apoio e da comunhão de vida com os seus semelhantes para sua própria realização.
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3. CRIATURA 3.1 A esse ser humano, criado por Deus, feito à sua imagem e semelhança, foi confiada a obra da criação. 3.2 Pela fé, o homem encontra em Deus o sentido último de sua existência, a fonte da vida, da liberdade e do amor. 3.3 O homem, aceitando Deus como Pai, reconhece-se como seu filho, irmão de Jesus Cristo, solidário com a humanidade na busca da construção do Reino que é Justiça, Verdade, Comunhão. 3.4 Modelo perfeito de homem é Jesus Cristo, que viveu no abandono incondicional ao Pai e no amor misericordioso e compreensivo para com as pessoas. Nele, o homem encontra tudo o que deseja e procura. 3.5 A Igreja é o prolongamento de Cristo na História. Essa missão universal continua através através dos tempos e, dela, somos participantes e responsáv responsáveis. eis. 4. UM SER EDUCÁ EDUCÁVEL VEL 4.1 Partindo desses pressupostos, a educação é entendida como processo de aperfeiçoamento intencional das dimen sões especificamente humanas e cristãs, portanto, um pro cesso de humanização e personalização. 4.1.1 Processo de humanização enquanto aceita cada educando como ser único e irrepetível, enfeixando num todo suas dimensões biofísicas, psicossociais e espirituais, bem como inserindo-o no contexto histórico. 4.1.2 Processo de personalização enquanto suas dimensões se integram e convergem para o centro da pessoa como ser transcendental e ser-em-relação. 4.2 Educação é, pois, um processo de libertação e de con versão, mediante o qual o indivíduo se torna agente de seu Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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próprio destino pessoal e social, para construir um mundo humano e cristão. Visa, portanto portanto,, formar uma personalidade aberta, capaz de discernir e optar pelos verdadeiros valores, segundo o Evang Evangelho. elho. 5. IDENTIDADE CLARETIANA 5.1 Como Claretianos, inspiramo-nos na figura de Santo An tônio Maria Claret, da qual destacamos: Ação evangelizadora e missionária, atenta em promover os meios mais eficaze eficazess para atingir seus objetivos. Amor e docilidade à Palavra de Deus, como iluminadora de sua vida. Amor a Maria, ao seu Coração Imaculado, como centro de intimidade com Deus e de afe afeto to maternal aos homens. •
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Fidelidade e amor à Igreja. Preocupação em preparar evange evangelizadores lizadores leigos.
5.2 Para nós, Claretianos, cujo carisma é a evangelização e o anúncio da Palavra, que é vida e sentido para o homem, a educação é reconhecida: como valor humano e, por isso, evangelizadora; como processo de libertação por humanizar, personalizar e socializar. 5.3 Os Claretianos evangelizam evangelizam a partir de uma comunidade, à semelhança dos apóstolos. Por isso, educar significa criar uma comunidade educativa em que se incluam os alunos, os professores, os pais, a comunidade religiosa, bem como o pessoal de administração e de serviço. ser viço. 5.4 Essa comunidade deve estar em constante processo de revisão e deve ser: •
QUALIFICADA – intelectualmente bem atualizada, pesquisadora e corresponsá corresponsável. vel.
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LIBERTADORA – enquanto participa da ação libertadora de Cristo, inscrevendo-se no projeto histórico de construção de um homem e de uma sociedade novos, com novas relações de justiça, fraternidade e solidariedade. EVANGELIZADORA – enquanto, partindo da contemplação de Cristo, inspirador da comunidade evangelizadora, dá testemunho de justiça, de fraternidade no trabalho, de humanização e de tomada de consciência da dimensão transcendental transcenden tal das atividades comunitárias.
6. PRINCÍPIOS EDUCATIVOS A educação da comunidade claretiana baseia-se em três princípios fundamentais, que devem orientar sua prática educa tiva: 6.1 Cada pessoa é um ser único e singular. singular. A educação procura tornar esse ser um sujeito consciente de suas possibilidades e limitações. A manifestação dinâmica dessa singularidade é a originalidade e a criatividade. 6.2 Cada pessoa é o princípio de suas ações, de sua capa cidade de governar-se tendo em vista sua liberdade liberdade.. Fundamentalmente, damentalmen te, o ser humano é livre para realizar-se como pessoa e, por isso, é responsável pelo seu projeto pessoal evigente. social. Tal assertiva opõe-se totalmente à arbitrariedade 6.3 O homem é, simultaneamente, uma totalidade e uma exigência de abertura e contato com contato com os outros. Esse princí pio orienta a educação para as relações de colaboração de trabalho e para a amizade na vida econômica, política e so cial.
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7. PRINCÍPIOS DIDÁTICOS 7.1 A educação humanista proposta pela Ação Educacional Claretiana tenta vivenciar uma pedagogia e uma didática que sejam coerentes com ela. 7.2 A metodologia, amparada pelo Projeto Educativo Clare tiano, incidenaprofundamente desenvolvimento da eper sonalidade, autorrealizaçãono e na autonomia de ser deaprender do aluno, bem como na formação do espírito de cooperação e de solidariedade. Para isso, essa metodologia e didática apoiam-se nos seguintes princípios: PRINCÍPIO DA UNIDADE •
Visa-se com vergência dos valores para o desenvolvimento da inteligência, da vontade, do sentimento e da ação do aluno. •
PRINCÍPIO DA PERSONALIZAÇÃ PERSONALIZAÇÃO O
Visa salvaguardar e potenciar a unidade e a originalidade do aluno. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA •
Trata-se de criar, no aluno, uma atitude cultural de abertu ra ao saber e de dotá-lo de uma técnica de aprendizagem intelectual capaz de atualização constante. Além disso, visa despertar nele de o desejo e aaresponsabilidade de aprender, mesmo depois concluída ajuda do educador. PRINCÍPIO DA ATIVIDADE •
Requer a atividade pessoal do aluno, sem a qual é inútil qualquer ensinamento. PRINCÍPIO DA LIBERDADE •
Procura-se respeitar respeitar o caminho pessoal do aluno para a consecução da verdade, do desenvolvimento próprio, adotando, para isso, princípios de aprendizagem.
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PRINCÍPIO DA INTERIORIZAÇÃO
Caracteriza-se pela formação intelectual como processo do exterior para o interior, isto é, da atividade e do interesse pessoal para a posse interior profunda da cultura. •
PRINCÍPIO DA INTEGRIDADE
Considera-se o aluno vocacional e profissionalmente integrado somente quando ele como um todo se projeta numa perspectiva de vida que lhe seja peculiar e inalienável. Visa à cultura prática e funcional e não ao intelectualismo puro e abstrato. Por esse caminho, o jovem é conduzido a buscar seu próprio aperfeiçoamento, autonomia nos estudos, desenvolvimento da capacidade pessoal de investigação, análise e reflexão. 8. NOSSA NO SSA PRÁ PR ÁTICA EDUCATIV EDUCATIVA A Nosso educador: 8.1 Tem consciência consciên cia de seu valor e exerce papel fundamental fu ndamental na educação. 8.2 Alicerça seu trabalho numa concepção da pessoa, da vida, do mundo e da sociedade. É essa concepção que de termina atitudes e valores coerentes coerentes com a visão da escola. 8.3 Sente-se um mediador entre a verdade, que deve ser conhecida, e o educando, agente fundamental da educação, aquele que constrói o próprio conheciment conhecimento. o. 8.4 Promove uma educação DIALÓGICA, que implica reconhecer o educando como pessoa com identidade e missão pessoal, estimulando-o a assumir sua responsabilidade individual e comunitária.
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8.5 Promove uma educação que torna o educando consciente de que ele é o AGENTE principal de seu processo de aperfeiçoamento. Isso implica formação da capacidade criativa, na capacidade de ver os outros como pessoas, de julgar e ponderar as circunstâncias históricas, de descobrir o sentido único e válido ao qual deve responder. 8.6 Vivencia uma educação ABERTA ABERTA ao amor e ao serviço dos semelhantes, num mundo animado pela justiça e pela verdade, às aspirações profundas do ser humano, aos direitos das pessoas e das comunidades, à paz, à solidariedade e às conquistas do espírito humano no campo da ciência, da filosofia, da arte etc. Nosso objetivo é formar cidadãos capazes e dispostos a participar da vida política, social, econômica e cultural da humanida de. 9. COMUNIDADE EDUCATIVA A Direção, o corpo docente, os alunos, os pais e os funcionários compõem a Comunidade Educativa, Educativa, na qual todos se integram e, dela, participam, de acordo com sua função, para a educação integral integr al do aluno. O principal objetivo é que essa comunidade educativa constitua uma verdadeir verdadeiraa comunidade cristã. O sentido e o alcance da participação de cada um dos membros da Comunidade Educativa nas decisões que afetam a condu ção da Instituição Claretiana estão condicionados às responsabilidades assumidas por cada um. À Ação Educacional Claretiana, como entidade mantenedo ra, cabe estabelecer as linhas pedagógicas e as caract características erísticas próprias da educação.
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A Instituição Claretiana responsabiliza-se, perante a sociedade, por este PROJETO EDUCATIVO EDUCATIVO e pela aplicação aplica ção prática dos seus princípios na atividade educativa. educativa. Integrantes Integran tes da comunidade: Professores Profes sores participam da Comunidade Educativa pela re•
gência de aulas, pelas reuniões de colegiado, pela orientação de trabalhos científicos etc. Os alunos, que são o centro da atenção educativa, par ticipam da Comunidade como representantes de classe, nas reuniões pedagógicas e junto à Direção, quando necessário. Os funcionários participam do processo educativo por meio de suas atividades técnico-profissionais, em uma estrutura essencial para a realização do PROJET PROJETO O EDUCATIVO. Os pais devem estar presentes no processo educativo, fazendo de seus lares a primeira escola de virtudes, que prepara seus filhos para o relacionamento com os ho mens e com Deus. • Eles devem, devem, também, acompanhar seus seus filhos nos estu estudos e nas atividades escolares ao longo do ano letivo, comparecendo às reuniões sempre que convocados pela •
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Direção. Além desses canais oficiais de participação, existe existe a possibili dade de conta contato to espontâneo com os responsáv responsáveis eis pela Instituição. Bibliografia Bibliografia Claretiana CABRÉ, Agustín. Evangeliz Evangelizador ador de dos Mundos Mundos.. Barcelona: Editorial Claret, 1983. CLARET, A. M. Santo AUTOBIOGRAFIA. Santo Antônio Maria Claret por ele mesmo. Tradução de Elias Leite. São Paulo: Ave-Maria, 2004. CODINACHS, CODINACH S, P. P. Pobre e a pie. pie. Barcelona: Claret, 1999.
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Anexo 1 UM SENTIDO PARA A VIDA Palestra realizada em 20 de novembro de 1997 na Federa ção do Comércio do Estado de São Paulo, onde Frei Betto, um dos maiores teólogos e intelectuais brasileiros, fala do papel da ciên cia, da educação e da religiosidade no mundo moderno. Minha intenção é falar sobre o momento que estamos vivendo, momento confuso em termos de perspectiva do futuro. A pri meira evocação que faço é da pintura de Michelangelo na Capela Sistina, “A criação de Adão” Adão ”, em que a figura figu ra de Deus, recoberto recober to de mantos e com a barba longa, estende o dedo para Adão. Ao mesmo tempo em que Adão, como símbolo da humanidade, é atraído em direção à Terra, ele estende o dedo na direção do Criador, espécie de premonição nostálgica de que é preciso não perder o contato com a fonte, com a raiz, que é Deus. Michelangelo foi genial, porque é muito difícil compreender o momento em que se vive. É fácil analisar os momentos depois que eles passaram. O artista, com sua intuição, intuiçã o, com seu talento, tem o dom de captar o momento, que depois a epistemologia e a filosofia tentam explicar. O que acontecia naquele momento da “d “descoberta” escoberta” da América, da “descoberta” “descoberta” do Brasil? A passagem. Diria que não estamos vivendo uma época de mudanças. Estamos vivendo, hoje, uma mudança de época. A última mudança de época foi justamente justamente na “descoberta” da América, quando o Ocidente passou do período medieval para o moderno. A pintura de Michelangelo expressa, com genialidade, essa chegada de um tempo em que o conhecimento, a epistemologia, se desloca de uma perspectiva teocên trica para uma perspectiva antropocêntrica. A rainha das ciências, durante mil anos, no período medieval, foi a teologia. A rainha das ciências, da modernidade é a física. O período medieval se baseava na fé; o moderno, na razão. O período medieval se baseava Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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na contemplação das verdades reveladas; o moderno, na busca da compreensão da mecânica deste mundo e no pragmatismo, na transformação deste mundo. Quando os camponeses medievais preparavam o campo, aspergiam água benta e ainda pagavam aos padres pela água com prada. Até que apareceu um sujeito, que não era cristão, com um pozinho preto, dizendo: “Ponham isso na terra, e irão produzir mais do que com a água benta dos padres”. De fato, o adubo re sultou numa produtividade muito maior do que a água benta. Isso criou uma crise de fé no fim da Idade Média. Por quê? Porque a fé medieval, como muitas vezes a nossa fé hoje, é uma fé sociológica, que tem como anteparo nossa compreensão do mundo. Uma vez que essa compreensão é mudada, a fé desaba. Aliás, muitas vezes passamos por crises espirituais que, na verdade, não deveriam ser entendidas assim, mas como crises de cosmovisões ou de mundividências que sustentam nossa maneira de compreender a experiência da fé. Descartes e Newton A modernidade aparece, primeiro, com o grande movimento da globalização que foram as navegações ibéricas. Falamos hoje em globalização como se fosse novidade. Mas, na Escola de Sagres, já se falava em globalização, com outras palavras. E tanto globalizaram que conseguiram abarcar outras regiões do planeta, embora Colombo tenha morrido sem saber que havia chegado à América. Morreu convencido de que tinha alcançado Cipango, nome que se dava ao Japão. As descobertas marítimas, a criação das univer sidades, principalmente da Sorbonne, que é do século 12, e da Universidade de Bolonha, e as corporações marítimas, que são as matrizes dos sindicatos, foram três fatores que, de certa forma, prepararam o advento da modernidade. Todos nós somos filhos da modernidade. Nossa estrutura de pensamento pensamento é moderna, mas nem sempre foi assim, e nem em toda parte do mundo é assim.
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Qual é a característica da modernidade? São duas pernas: a filosofia de René Descartes e a física de Isaac Newton. Descartes, com o “Penso, logo existo”, mostrou que a razão é capaz de decifrar os enigmas do conhecimento. Já contemporaneamente contemporaneamente a ele, ou um pouco antes, um acontecimento marcou decisivamente a introdução da visão moderna: a astronomia de Nicolau Copérnico, depois complementada por Galileu Galilei. Copérnico fez algo de revolucionário, a ponto de hoje se falar de revolução copernicana, porque até então as pessoas olhavam o mundo com os pés na Terra. Copérnico fez o inverso: como será a Terra se eu me imaginar com os pés no Sol? A partir dessa mudança, ele teve uma com preensão completamente diferente do universo, mas só ousou partilhá-la em seu leito de morte, com medo da Inquisição. Depois veio Galileu e acabou com a idéia de que a ciência é baseada no senso comum. Detalhe: o que Galileu constatou cientificamente no século 17, Eratóstenes já havia comprovado na Grécia, três séculos antes de Cristo. Eratóstenes, astrônomo grego, afirmava que a Terra é redonda e gira. Ele teve o cuidado de colocar estacas entre duas cidades e medir a incidência do Sol sobre essas estacas, constatando que a sombra que o Sol projetava comprovava que a Terra era redonda e gira. Mas Eratóstenes E ratóstenes não tinha lobby lo bby suficien sufici ente para fazer prevalecer sua opinião. opin ião. O mais fantástico é que ousou medir a cintura da Terra, e chegou à conclusão de que ela tinha 39 mil quilômetros. No século 20, a ciência constatou constatou que são 40.008 quilômetros. A idéia de que vivemos num planeta, que não é o centro do universo, foi extremamente desconfortável para a Igreja, primeiro porque, na Bíblia, consta que Josué parou o Sol. Se a palavra de Deus afirma que Josué parou o Sol, como um cientista ousa afirmar que não é o Sol que gira, mas é a Terra que gira em torno do seu próprio eixo e em torno do Sol? E depois, diziam a Galileu, o Sol nasce no leste, passa sobre nossas cabeças, desce no oeste, durante a noite caminha por baixo da Terra e, de repente, renasce novamente no leste. É ele que gira. A grande revolução que intro Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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duz a modernidade foi provar que a ciência não é o que parece, mas o que se comprova pela experiência e pela pesquisa. Descartes levou levou isso ao plano filosófico. Ele tanto influenciou a modernidade que ainda hoje nossa ciência e nossa chave de conhecimento são profundamente cartesianas. O exemplo mais óbvio é a medicina. Você vai ao médico, tem um problema cardíaco e ele receita um remédio muito bom para o coração. O resultado é o aparecimento de um pequeno problema colateral no intesti no, mas para o coração o medicamento é ótimo. Se o problema é intestino, você toma um outro remédio, que vai provocar uma pequena insônia, mas não se preocupe. Ou vai ao médico do es pírito, o terapeuta, o psicanalista, e alguns nem sequer lhe estendem a mão porque não pode haver contato físico. Mas o médico do corpo, que manda faze fazerr uma série de exames, nem sempre tem o cuidado de perguntar sobre sua história familiar, seus hábitos, como é o seu cotidiano, o que você come. Ou seja, a cultura moderna é tão cartesiana, tão fragmentada, fragmentada, sem percepção do todo, que não temos, como na China e no Tibete de antigamente, antigamente, o médico da pessoa, nós temos o médico do detalhe. Na China antiga você pagava o médico enquanto tinha saúde. Ficando doente, ele tinha que tratá-lo de graça, porque a responsabilidade do médico é assegurar sua saúde. Nós pagamos o médico quando ficamos doentes. Então ele não se sente propriamente responsável pela preservação de minha saúde. A segunda perna da modernidade é a física de Newton, que imaginou o universo como um grande relógio, sendo Deus o relo joeiro. Como os nossos relógios, o universo possui uma mecânica interna. No meu relógio os ponteiros coincidem com o movimento do tempo pela razão dessa mecânica interna. Não preciso dar corda a cada minuto no meu relógio, nem preciso mover com o dedo os ponteiros para que haja essa coincidência. Então Newton con cluiu que o universo também possui leis endógenas: quanto mais conseguimos decompor as coisas em seus mecanismos internos, melhor vamos conhecer essas coisas. Resultado: toda a ciência da
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modernidade é uma ciência da decantação, da decomposição, da fragmentação. Ninguém escapa disso. A física se tornou a rainha das ciências porque conseguiu provar que os fenômenos não acontecem por acaso, mas possuem leis. Podemos não entender essas leis. Os índios pueblos, no México, acreditavam, acreditavam, antes da chegada de Colombo, que o Sol nascia graças aos ritos que eles promoviam todas as madrugadas. Acredito que os índios pueblos nunca tenham se arriscado a dormir até mais tarde, tarde, com medo de o universo ficar escuro. Newton acharia graça nessa história, porque ele dizia: “Independentemente “Independentemente da minha vontade vontade,, o Sol vai nascer todos os dias, pelo fenômeno da rotação da Terra”. No fim do século 17, um astrônomo inglês chamado Edmund Halley viu um cometa cruzar os céus de Londres e passou a noite debruçado sobre sua escrivaninha fazendo cálculos. No dia seguinte, reuniu a comunidade científica e previu: “Dentro de 77 anos, aquele cometa, que ontem à noite atravessou os céus de Londres, voltará a passar”. Muitos acharam que Halley tinha ficado louco: como alguém, sem nenhum instrumento capaz de captar o movimento dos astros, fechado em sua casa, pode afirmar, com tamanha segurança, que aquele astro brilhante vai voltar exatamente dentro de 77 anos? Mas a comunidade científica o levou a sério e, efetivamente, em 1759, 77 anos depois (Halley já tinha morrido), o cometa que leva leva hoje seu nome atravessou de novo os céus de Londres. Foi a gló ria da razão. Ou seja, se a razão é capaz de prever com tamanha exatidão o movimento dos astros, é capaz de reequacionar todos os problemas humanos. Aí vem o Iluminismo para dizer: o que não é racional não é real. A religião, então, passou a escanteio total, como pura superstição. A natureza somos nós A modernidade se construiu com a supervalorização da ra zão, com a capacidade de transformar o todo nas suas partes. par tes. Mas, muitas vezes, vendo as árvores sem perceber a floresta. E, no fim de cinco séculos de modernidade, qual é o saldo que temos? La Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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mentavelmente, não é dos mais positivos. É por isso que se fala em crise da modernidade. Primeiro, graças ao avanço da ciência e da tecnologia, temos hoje capacidade bélica para destruir o pla neta pelo menos 30 vezes e não chegamos à capacidade humana de salvá-lo uma vez. Lamentavelment Lamentavelmente, e, temos hoje 5,8 bilhões de pessoas no planeta, das quais cerca de 2 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza. Esse é um primeiro fenômeno. Segundo a FAO (Food and Agricultural Organization), temos produção de alimentos suficiente para 10 bilhões de pessoas e, conforme a própria FAO, o Brasil é um país privilegiado porque é o único que tem potencial para colher três safras por ano. Com dimensões continentais, não é afetado por nenhuma catástrofe na tural. Não tem vulcão, não tem deserto, não tem terremoto, não tem furacão, não tem geleiras, não tem zonas inabitáveis, como a China, que é apenas 1 milhão de quilômetros quadrados maior do que o Brasil, mas é habitável só em 16% do território. Outro fenômeno: não superamos os conflitos regionais in ternacionais. Ainda somos uma humanidade guerreira. E há tam bém o fenômeno da destruição do meio ambiente. A razão instrumental, característica característica da modernidade, fez com que, ao usarmos a natureza, nós a destruíssemos. Só que a natureza se vinga. Não é que a natureza se vinga porque está raivosa, mas porque não há, ao contrário do que supunha a modernidade, diferença entre nós e a natureza. Nós somos seres da e na natureza, fazemos a nature za, fazemos fazemos a nós e ao nosso próprio corpo. E agora começamos a sentir os reflexos disso. Mais: a modernidade está em crise porque as quatro gran des instituições, nas quais ela se apoiou, estão em crise: família, Igreja, escola e Estado. Sabemos que os modelos antigos não estão vigorando mais. Alguns, numa atitude saudosista, querem ainda manter ou trazer trazer à atualidade aquilo que foi bom no passado. Não éosfácil, porque há novosde paradigmas sendo forjados nisso que hoje filósofos já chamam pós-modernidade.
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A crise da família é a crise das relações de gênero – ou seja, uma vez que o patriarcalismo começa a fracassar, a emancipação feminina se afirma e novos papéis sexuais, como o dos homosse xuais, se desclandestinizam. Isso nos obriga a encarar a questão da família e das relações de gênero por uma outra ótica. Segundo, a Igreja. As igrejas históricas contavam com o anteparo do consenso social. Isso não acontece mais. Vivemos numa sociedade pluralista, pluralista, uma sociedade onde as crenças são tão variadas quanto possível e não têm mais força para se impor como uma espécie de teologia com anteparo estatal, como aconteceu no período medieval ou mesmo na ascensão dos Estados modernos na Europa, que sus tentaram o protestantismo. Martinho Lutero só não foi parar na fogueira da Inquisição graças aos príncipes europeus, que estavam interessados em romper com a tutela do Vaticano. E os Estados europeus só adquiriram autonomia porque buscaram legitimação religiosa no protestantismo nascente. Tivesse o papa assegurado sua hegemonia, Lutero teria ido para a Inquisição, como os albigenses e tantos outros. A hegemonia católica sobre a Europa teria se mantido, e possivelmente o protestantismo, pelo menos naque le momento, não teria se expandido com a força que teve. Hoje, essa crise é provocad provocadaa pelo fenômeno da globalização, que faz com que o mundo se transforme transforme numa pequena aldeia, de tal maneira que as várias modalidades de crenças religiosas pos sam conhecidas porou entre os quais elas não têm ser raiz,intimamente como é o caso do budismo opovos u do islamismo. Massa disforme A escola está em crise, porque nada é mais cartesiano e newtoniano do que a escola. Se os paradigmas da modernidade entram em crise, a escola também entra em crise. E por que a es cola entra em crise? São Tomás de Aquino tem uma frase de que gosto muito: “A razão é a imperfeição da inteligência”. Ou seja, a inteligência vem de intus leggere (ser leggere (ser capaz de ler dentro). Há pes Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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soas analfabetas que são sumamente inteligentes. Inteligir uma situação não depende propriamente de cultura, depende de sen sibilidade, de intuição, daquilo que a Bíblia chama de sabedoria. E hoje constatamos que a escola nos torna cultos, mas não nos torna necessariamente inteligentes. Passei 22 anos nos bancos escolares, e a escola nunca tratou dos temas limites da vida, nun ca falou de experiências pelas quais passamos, se não por todas, pelo menos pela maioria, nunca falou de doença, nunca falou de fracasso, nunca falou de ruptura de laços afetivos, nunca falou de dor, nunca falou de morte, nunca falou de sexualidade e, se fa lou de religião, não falou de espiritualidade. Ou seja, temos uma escola tipicamente cartesiana, barroca. É como aqueles anjos das igrejas de Minas Gerais e da Bahia, que só têm cabeça, o resto é uma massa disforme. Nossa escola cartesiana acha que devemos saber como são os conceitos da física, mas saímos da escola sem saber consertar automóvel, televisão, geladeira, pregar um botão na camisa, cozinhar um ovo, fazer café. Não somos preparados para prestar primeiros socorros, para fazer coisas absolutamente triviais do nosso cotidiano, porque a escola separa a cabeça das mãos, não nos abarca na totalidade, na formação do ser como tal para a vida. Ela dá instrumentos de compreensão e modificação da natureza, que constituem a cultura, mas não propriamente de uma interação com a natureza. o Estado. O Estado hoje, devido à globalização e ao papel Por quefim, os grandes conglomerados empresariais desempenham no mundo, é parceiro de um projeto de desenvolvimento, mas não é mais o fator determinante desse projeto. A transnacionalização da economia rompe com as fronteir fronteiras as nacionais, questiona o conceito de soberania e traz um momento de crise. Isso porque a globalização é inevitável, os meios de comunicação transformaram o mundo numa pequena aldeia. Minha avó, em São João Del Rei, via pela janela de sua casa o mundo se transformar a cada dez ou 15 anos. Hoje, a janela pela qual vemos as mudanças do mundo é a telinha da televisão. Se para a minha avó as mudanças levavam dez
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anos, para nós elas acontecem em dez segundos. Essa aceleração das mutações mexe profundamente com nossos valores tradicionais e tem reflexos sérios do ponto de vista dos paradigmas da modernidade. Quais são os setores mais atingidos por essa crise? Na mo dernidade, falava-se em desenvolvimento. Encíclicas papais e políticos falavam disso. O conceito de desenvolvimento desenvolvimento tem uma dimensão ética. Hoje a palavra é modernização, cujo conceito tem uma dimensão mais tecnológica, no qual nem sempre se inclui o bem-estar de todos, como no conceito de desenvolvimento. desenvolvimento. Aliás, já não existem existem projetos projetos de países ricos ricos para o desenvolvim desenvolvimento ento de áreas pobres do mundo. Falávamos em produção. Hoje falamos em especulação. O mundo virou um cassino global (está aí a crise das Bolsas), em que dinheiro rende dinheiro. Há mais dinheiro virtual do que real. Falávamos em trabalho; o trabalho era, na modernidade, o fator de identificação do ser humano. Hoje, fala-se de mercado, quem está está e quem não está no mercado. A Bíblia, lida por certa ótica, diz que o trabalho é um castigo: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. rosto”. Viviane Vivia ne Forrester, Forrester, em Horror econômico, e conômico, lembra que, hoje, o trabalho é uma bênção: “Feliz de quem tem um trabalho” trabalho”.. Minha geração deve ter sido a última que teve o luxo de ter vocação. A gente chegava aos 15 anos perguntando: “Qual será a minha vocação?” É muito difícil achar um jovem, hoje, que este ja terminando o curso colegial e fale em vocação vocação,, tenha idéia de qual é a sua vocação. Trabalho na Pastoral Operária. Há dez anos, via muitos operários dizerem: “Eu tenho profissão”. No meio ope rário há uma diferença entre aquele que tem profissão e o que não tem. Hoje, profissão também está ficando um luxo. A questão é a seguinte: como faço para ter um emprego? Antônio Ermírio de Moraes, certo dia, disse na televisão: a empresa dele tinha, há dez anos, 62 mil funcionários, hoje tem 40 mil. Quando cheguei a São Bernardo do Campo (SP), em 1980, a Volkswagen tinha 45 mil funcionários e fabricav fabricavaa 750 veículos por dia. Hoje produz 1,25 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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mil diariamente, com 25 mil funcionários. A Benetton inaugurou em Milão, na Itália, uma máquina de confecção automatizada e, no dia seguinte, despediu 3 mil funcionários. Estamos vivendo um processo angustiante de avanço tecnológico sem uma reflexão, não digo nem política, porque a questão é muito mais ampla, uma reflexão sobre a questão do trabalho, do emprego, das condições sociais geradas pela globalização. Eu faria até um paralelo: é como querer ganhar a guerra. Você pode ganhar a guerra com a bomba atômica, como afinal se ganhou a Segunda Guerra em Hiroshima e Nagasaki. O custo humano, porém, é muito grande. Será que ele não pode ser evitado? Será que não podemos ganhar a guerra do desenvolvimento tecnológico e científico com menos custo para as pessoas? Educação televisiva Falávamos em bem comum. Essa expressão está sumindo até dos documentos da Igreja. Hoje, falamos em tecnologia de ponta. Falávamos em nação, hoje falamos falamos em globalização. glob alização. Falávamos em cultura. Hoje, de tal maneira os veículos de cultura estão atrelados à publicidade que estamos tendo menos cultura e mais entretenimento. A sensação que tenho, depois de passar uma semana vendo a televisão brasileira, é de ter ficado mais pobre espiritualmente, sobretudo sobretudo no domingo, que é o dia nacional da imbecilização geral. Na segunda-feira, a gentedetem moral, precisa de um tempo para se refazer, depois verressaca o ser humano sendo tão degradado, ridicularizado e ainda com um toque de humor. Vivemos uma esquizofrenia social. De um lado, queremos defender defe nder os nossos valores religiosos, morais etc., e, de outro, temos, dentro de casa, uma pessoa da família, eletrônica – a telinha –, que não foi convidada, não pede licença, não dialoga e nos impõe valores que nem sempre conferem conferem com os nossos. É a história da minha cunhada, que me disse: “Betto, fui aluna de colégio de freira, por isso paguei muitos anos de análise para me livrar da idéia de que tudo é pecado. Espero que meus filhos, quando adul-
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tos, escolham se querem ou não ter uma religião, mas não pretendo ensinar-lhes nenhuma religião”. religião”. Eu lhe disse: “Você “ Você,, como mãe, tem todo o direito de fazer essa opção. Mas, como pessoa, não tem o direito de ser ingênua. Ou você educa ou a Xuxa educa. Não pense que existe neutralidade. Se você não educar, a televisão vai ensinar a seus filhos o que é bem, o que é mal, o que é certo, o que é errado, o que é justo, o que é injusto”. É uma questão de opção. Falávamos Falá vamos em valores, hoje falamos de sucesso. E introduzimos cada vez mais na linguagem e na prática a idéia da competitividade. Às vezes, faço treinamento de recursos humanos em em presas, e os treinamentos são interessantes interessa ntes porque não se trata de fazer palestras, trata-se de captar o pano de fundo da cultura da empresa. Um dos detalhes mais interes interessantes santes é o seguinte: os fun cionários de uma mesma empresa praticam entre entre si a competitividade. A idéia da competição com outras empresas é internalizada de tal maneira, que a coisa emperra porque a competitividade está lá dentro, onde deveria haver cooperação. A competitividade vai entrando de tal forma que as pessoas já não sabem estabelecer um nível mínimo de cooperação. Falávamos de realidade, hoje falamos de virtualidade. A realidade virtual é positiva, do ponto de vista da interação no pla neta, que se transforma numa pequena aldeia, mas perigosa do ponto de vista da abstração dos valores. Em outras palavras, do meu quarto no convento no bairro das Perdizes, em São Paulo, posso ter um amigo íntimo em Tóquio, mas não quero nem saber o nome do vizinho de porta. Então sou um amigo virtual. Há até o sexo virtual, por computador, que está trazendo um problema para a teologia moral: o adultério virtual. Sofremos o risco de entrar numa concepção de virtualidade que nos leva a falar em cidadania e continuar jogando lata de refrigerante e cerveja pela janela do carro, invadindo a faixa de pedestre etc. Vamos Vamos criando toda uma linguagem que é virtual e não tem incidência no real. Na vida real, ficamos cada vez mais agressivos, mais violentos, mais competitivos. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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Falávamos em história. Esse é outro fator da crise da moderFalávamos nidade: estamos perdendo a idéia do tempo como história. Daí a dificuldade das novas gerações de construir um projeto. Nossa geração foi educada pela literatura e não pela televisão. Somos a última geração literária da humanidade. O que isso muda? Quem foi educado pela literatura percebe o tempo como passado, pre sente e futuro, como projeto. A televisão rompe a historicidade do tempo e introduz a circularidade. Ao mesmo tempo que vejo na metade da tela Ayrton Senna vivo, na outra metade vejo-o morto. Então, na cabeça das novas gerações não há história. Daí a dificuldade de seu filho ou de seu neto fazerem projeto. A geração deles é tudo “aqui e agora” ago ra”.. Por que hoje não se fala em QI, mas em inte i nteligência emocional? Porque muitas empresas constatam constatam que seus executivos, ex ecutivos, do ponto de vista do QI, são geniais, mas são garotõe garotões, s, emocionalmente infantilizados, e isso afeta profundamente sua relação com as pessoas, na medida em que hoje há um processo de perenização da juventude, o que é saudável de um lado e perigoso de outro. As pessoas malham muito o corpo, mas esquecem de malhar o espírito. Não tenho nada contra o fato de malhar o corpo. Mi nha preocupação é a seguinte: como é que se malha o espírito? A cidade de Ribeirão Preto (SP), em 1960, tinha seis livrarias e duas academias de ginástica; hoje tem 60 academias de ginástica e seis livrarias. Como se resolve isso? Por fim, estamos perdendo, perdendo, na crise da modernidade, a idéia da contextualidade das coisas, ou seja, que tudo está relacionado com tudo – que é o novo paradigma holístico. Não há eu de um lado e a natureza de outro. Todos somos frutos da evolução do universo. Cada um de nós tem 15 bilhões de anos. Foram precisos 15 bilhões de anos de evolução para que o universo um dia se singularizasse na sua pessoa. Enquanto não existíamos, enquanto não existia o ser humano (a menos que haja vida inteligente em outro planeta. Até acredito que sim, mas tendo captado nossas transmissões transmiss ões de TV eles chegaram à conclusão conc lusão de que na Terra não
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há vida inteligente, e, então, não convém se aproximar, não vale a pena o esforço), o universo era cego, não sabia sabi a que era belo. Então o universo criou a nós, que somos seus olhos e sua mente. Atra vés de nós o universo sabe que é belo e, por isso, o chamamos de cosmo, que tem a mesma raiz grega da palavra “cosmético”, “cosmético”, aquilo que traz beleza. Um sentido para a vida Esse paradigma holístico que a pós-modernidade procura reatar – os gregos de certa maneira tinham isso – vai nos dando a dimensão de que, na naturez natureza, a, há mais cooperação do que segregação,, do que seleção, como o neodarwinismo tanto defende. gação defende. E na sociedade também esse processo de cooperação deve prevalecer sobre a competição. A holística, hoje, nasce da emergência do fenômeno ecológico, mas se estende para o campo social e filosófico. Dentro disso, há uma percepção das pessoas a respeito dos limites da razão e há um certo cansaço do racionalismo. Isso leva a um fenômen fenômeno o novo, que é a emergência da espiritualidade. Hoje, em qualquer livraria de qualquer país, a literatura religiosa, esotérica e espiritualista tem uma grande aceitação. Isso significa que as pessoas estão ficando mais religiosas? Não necessariamente. É que as pessoas estão ficando saturadas de tanto racionalismo. Elas estão buscando algo que o consumismo não oferece, um sentido para a vida. Ou seja, não posso encontrar o sentido para minha vida no automóvel novo que comprei ou na lata de cerveja que bebo. E a modernidade, com o ex excessivo cessivo racionalismo e o processo de secularização secularização,, foi clandestinizando a questão do sentido: por que vivo, qual a razão desta minha única experiência de ser no mundo, neste breve breve espaço dos meus anos de vida? A sede de sentido é que explica a busca desenfreada de religiosidade. Somos o único ser aberto à transcendência, o único ser que tem fome de Deus. Um cavalo está na sua plenitude eqüina; uma samambaia, no canto da sala, deve nos olhar com muita pena, dizendo: “Coitados, ainda têm que traba Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
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lhar, viver emoções atribuladas. Eu estou aqui na minha plenitude lhar, vegetal, preciso apenas de um pouco de água e sol”. É aí que entra o desafio que se apresenta para nós hoje: como resgatar a espiritualidade? Quando falo em espiritualida de, falo em algo que vai além das religiões institucionais. Estou falando em como resgatar a subjetividade humana, como resga tar os valores da subjetividade, como voltar a uma cultura onde o trabalho, o pragmatismo ceda lugar à contemplação, à reflexão, à sabedoria, ao aprofundamento dos valores. Como restabelecer vínculos humanos que estão se perdendo com a aceleração da tecnologia? Às vezes brinco dizendo que sonho escrev escrever er uma peça de teatro sobre uma família que vive numa casa no campo, onde o acesso à cidade mais próxima não é fácil. De repente, a luz acaba nessa casa e, por uma semana, ninguém pode ver televisão. O que aconteceria nessa família obrigada pela circunstância a dialogar entre si? É capaz de o pai falar para a filha: “Mas, moça, como é que você se chama mesmo?” Enfim, isso para mostrar que há uma sede de recuperação desses valores. Se não abrirmos esses espa ços, corremos o risco de tê-los como núcleos fundamentalis fundamentalistas tas de retrocesso. retrocess o. Quando as coisas não encontram espaço na cidade, na polis,, elas surgem, como contestação, polis contestação, de uma maneira fundamentalista, sectária, perigosa (disponível em: . Acesso em: 12 ago. 2010).
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ANEXO 2 EU ETIQUETA Carlos Drummond de Andrade Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho estranho.. Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido De alguma coisa não provada Por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, Minha toalha de banho e sabonete, Meu isso, meu aquilo. Desde a cabeça ao bico dos sapatos, São mensagens, Letras falantes, Gritos visuais, Ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, permência, Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, Escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade,
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Trocá-la por mil, açambarcando Todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabia Tão diverso de outros, tão mim mesmo, Ser pensante sentinte e solitário Com outros seres diversos e conscientes De sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio Ora vulgar ora bizarro. Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer principalmente.) E nisto me comparo, tiro glória De minha anulação. Não sou – vê lá – anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender Em bares festas praias pérgulas piscinas, E bem à vista exibo esta etiqueta Global no corpo que desiste De ser veste e sandália de uma essência Tão viva, independente, Que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora Meu gosto e capacidade de escolher, Minhas idiossincrasias tão pessoais, Tão minhas que no rosto se espelhavam E cada gesto, cada olhar Cada vinco da roupa Sou gravado de forma universal, Saio da estamparia, não de casa, Da vitrine me tiram, recolocam, Objeto pulsante mas objeto Que se oferece como signo dos outros Objetos estáticos,assim, tarifados. Por me ostentar tão orgulhoso
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De ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente. Fonte:: disponível em: . Acesso em: 9 ago. 2010. Fonte
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