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April 24, 2019 | Author: Ismael Cavada | Category: Karate, Japan, Arts (General), Unrest, Philosophical Science
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CURSO

DE

EXTENSAO

EM

Tiago Oviedo Frosi Mestre em Ciências do Movimento Humano - UFRGS U FRGS Especialista em Psicologia Transpessoal - Unipaz-Sul Bacharel em Educação Física - UFRGS - CREF 016973-G/RS Presidente Shinjigenkan Institute Brazil World Karate Federation - Karate Trainer - BRAV0039  Japan Karate Shotorenmei Shotorenmei member - 038589

www.shinjigenkan.com.br www.facebook.com/Shinjigenkan

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CURSO

DE

EXTENSAO

Frosi, Tiago Oviedo Curso de Extensão em Karate-Do UFRGS / Tiago Oviedo Frosi; Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.

1. Karate-Do 2. Artes Marciais  –  Técnicas  –   Karate-Do 3. Artes Marciais  – Técnicas  –  Okinawa Kobu-Do 4. Artes Marciais  –  História  –  Karate-Do 5. Esportes de Combate I. Título.

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CURSO DE EXTENSAO EM

KARATE-DO

APRESENTAÇÃO Este polígrafo foi desenvolvido com o objetivo de potencializar as ações de extensão relativas à modalidade Karate-Dō ocorridas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tratando-se de uma disciplina de luta formulada sob matrizes culturais orientais e tratada pelos seus idealizadores como um caminho de vida, o Karate-Dō se mostrou uma forma interessante de desenvolver um programa que integrasse práticas para a saúde integral, para o desenvolvimento das diferentes dimensões do viver. O objetivo do projeto de extensão em Karate-Dō  é difundir junto à comunidade acadêmica da UFRGS as práticas esportivas e culturais que envolvem a modalidade, oportunizando vivências nas técnicas de combate, competição esportiva, defesa pessoal, exercícios respiratórios e de meditação, além de conhecimentos sobre a história, filosofia e espiritualidade dos povos orientais que contribuíram para a formulação das bases do Caminho das Mãos do Vazio. A realização do projeto justifica-se por proporcionar a integração dos estudantes através do esporte, reunindo alunos de diversos cursos da Universidade, ampliando também a possibilidade de experienciar o Karate-Dō  que é temática de disciplinas dos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física na UFRGS. O programa de atividades foi elaborado levando em consideração aspectos importantes do processo de individuação a que os participantes são estimulados (GOSWAMI, 2008a, 2008b; POZATTI, 2007; 2003; BLÓISE, 2000; JUNG, 1954) e aspectos do processo educacional e de alcance da autonomia (MORIN, 2005; FREIRE, 1996). Para isso somamos ao conteúdo tradicional do Karate-Dō (kihon , kata e kumite) algumas práticas do Karate de Okinawa (tanren , tui-te ), da Yoga Japonesa (shinshin-toitsu- dō), dos exercícios bioenergéticos chineses (qi-gong) e algumas estratégias modernas de condicionamento e preparo físico.

APRESENTAÇÃO O Shōtōkan¹ Karate-Dō foi disseminado pelos esforços do mestre Gichin Funakoshi, o fundador do estilo. Este levou a arte para o Japão e posteriormente seus alunos o difundiram pelo mundo. Outros nomes importantes são Masatoshi Nakayama (presidente da Japan Karata Association - JKA - até sua morte), Tetsuhiko Asai (braço direito de Nakayama sensei  que depois fundou a Japan Karate Shotorenmei - JKS) e Sadamu Uriu (que trouxe o Shōtōkan para o Brasil). O Karate-Dō  –  Caminho das Mãos do Vazio  –  é uma disciplina de desenvolvimento pessoal através de práticas de luta, originada em Okinawa, antigamente a principal ilha do arquipélago de Ryūkyū,  localizado entre a China e o Japão. Okinawa, atualmente uma prefeitura do Japão, era um reino independente e vassalo da China no século XIV, o período em que surgia o Karate-Dō. Osu!!! Tiago Oviedo Frosi Porto Alegre, 10 de abril de 2012

Turma de Karate da ESEF UFRGS 2013

¹ [松濤館 ] – ‘Academia de Shōtō’  (Funakoshi), ou ‘Academia das Ondas de Pinheiros’.

CONTEÚDO INTRODUÇÃO KARATE-DŌ KARATE-GI SHŌTŌKAN NO OBI DŌJŌ

REISHIKI SHŌTŌKAN NO NIJU KUN SHŌTŌKAN NO DOJO KUN

OSU NO SEISHIN HŌKŌ

KIAI KIME KIHON TACHI KŌGEKI KASHO

TE-WAZA KERI-WAZA KATA DE KARATE-DŌ TAIKYOKU SHODAN TAIKYOKU NIDAN TAIKYOKU SANDAN JO NO KATA HEIAN SHODAN HEIAN NIDAN HEIAN SANDAN HEIAN YONDAN HEIAN GODAN TEKKI SHODAN KUMITE DE KARATE-DŌ PREPARAÇÃO FÍSICA E MEDTAÇÃO COMPETIÇÃO NOTAS DE TREINAMENTO MÃOS DO VAZIO

INTRODUÇÃO O Karate- Dō (空手道)  –  Caminho das Mãos do Vazio  –  é uma disciplina de desenvolvimento pessoal através de práticas de luta, originada em Okinawa, antigamente a principal ilha do arquipélago de Ryūkyū, localizado entre a China e o Japão. Okinawa, atualmente uma prefeitura japonesa, era um reino

independente e vassalo da China no século XIV, o período em que surgia o Karate- Dō (NAKAZATO et al, 2005). Nos primórdios, essa disciplina chamava-se Te/Ti  (手) (mão, ou mão de Okinawa), e veio a denominar-se Tōde /Toudi   ( 唐手) (em Uchināguchi , o idioma de Okinawa) ou Karate  (  唐手) (em japonês) após os contatos com as artes marciais chinesas, em especial o Quan Fa. Karate, até o final do século XIX, significava “Mãos  dos Tang/Chinesa”  e veio a ser chamado Karate-Dō (空手道) no início da década de 1920, quando o mestre Gichin Funakoshi introduziu a

disciplina no Japão continental, alterando seu nome, seus objetivos e sua metodologia de ensino através do contato com trabalhos de outros mestres como Jigoro Kano e Morihei Ueshiba e, também, considerando aspectos históricos e culturais da sociedade japonesa no período. Passados de geração em geração, de professor para aluno, os Kata (形/ 型) (exercícios formais) foram a principal forma de manutenção das tradições e técnicas do Karate- Dō. Essa relação hierárquica do professor (sensei ) e aluno (deshi ) era a base do ensino das artes marciais de Okinawa e do Japão no período feudal. Os Kata constituem-se de sequências pré-determinadas de técnicas que simulam um combate contra vários adversários. Posteriormente surgiram as outras formas de treinamento chamadas de Fundamentos (Kihon) e Kumite (Luta) para complementar a metodologia tradicional de Okinawa que era feita através dos Kata com armas (o que hoje chamamos de Kobudo), dos Kata das técnicas desarmadas e do Tanren-ho (exercícios complementares de enrijecimento corporal). E muitas escolas praticam-se também muitas e variadas formas de preparação física e meditação, oriundos das tradições ancestrais ou das pesquisas modernas da ciência.

Tiago Frosi com outros atletas da Seleção Brasileira de Karate Shotokan e Shihan Sadamu Uriu, no 3º Campeonato Mundial JKS. (Tokyo/Japão, 2013)

Abertura do 3º Campeonato Mundial JKS. (Tokyo/Japão, 2013)

KARATE-DŌ Karate- Dō é uma arte marcial criada e desenvolvida pelos aldeões e guerreiros de Okinawa, uma

ilha ao sul do Japão. Na época era um reino independente que tinha muitas relações comerciais e culturais com a China. Okinawa passou a fazer parte do Império Japonês depois de 1600, quando os samurais conseguiram controlar a ilha depois de inúmeras tentativas mal sucedidas nos confrontos com os guerreiros locais.

A palavra Karate- Dō  significa “Caminho das Mãos do Vazio”, e é formada pelos ideogramas 空 (Kara = vazio), 手 (Te = Mão), 道 (Dō = Caminho). O significado do nome está relacionado ao conceito dos 5 elementos da cosmologia budista, onde o Vazio, o quinto elemento, representa a unidade e o equilíbrio, a essência fundamental da existência. Karate- Dō  é, portanto a via espiritual de integração da mente, corpo e espírito, através das técnicas desenvolvidas pelos guerreiros oquinauenses.

O Karate surgiu provavelmente no século XIII, através de uma prática de defesa pessoal de Okinawa chamada unicamente de Te/Ti (手 = Mão).

KARATE-DŌ Com o passar dos séculos e a intensificação das relações com a China, as técnicas das artes marciais chinesas foram incorporadas ao Karate , e a arte primitiva passou a ser chamada de Tō-de ( 唐手 = Mãos Chinesas). Após um longo período, quando os mestres oquinauenses passam a ensinar no Japão, há uma nova transformação nos objetivos, características, métodos de treinamento e etiquetas, quando o nome Karate- Dō (空手道 ) é adotado, principalmente para ser aceito pela sociedade japonesa.

O mestre que levou o Karate de Okinawa para o Japão foi o sensei Gichin Funakoshi (imagem acima). Funakoshi defendia um Karate-Dō único, unificado, onde não existiam estilos nem competições, onde o desenvolvimento integral do ser humano fosse o objetivo, por isso nunca chegou a criar um nome para seu estilo. Muitos anos depois que estava no Japão seus alunos começaram a chamar o estilo de Shōtōkan (松濤館 = Escola de Shōtō). Shōtō era o apelido de sensei Funakoshi.

Masatoshi Nakayama (detalhe), Uriu (vermelho) e Nakayama (amarelo) em curso para o exército.

O Shōtōkan rapidamente se tornou o estilo mais praticado no país e estava presente em clubes em quase todas as universidades. Anos mais tarde, na década de 1960, após a morte de sensei Funakoshi, o sensei Masatoshi Nakayama (foto acima), um dos seus principais alunos, promove as primeiras competições e envia alunos para a Europa e outros países a fim de disseminar o Karate- Dō pelo mundo. O Karate- Dō  chegou ao Brasil junto com os imigrantes japoneses que fugiam da 2ª Guerra Mundial e se instalaram principalmente em São Paulo e Santos. Entre eles estavam Mitsusuke Harada, Seiichi Akamine, Juichi Sagara, Sadamu Uriu, Yasutaka Tanaka, Tetsuma Higashino, Hiroyasu Inoki, Yoshihide Shinzato entre outros.

KARATE-DŌ No Rio Grande do Sul, os introdutores dos principais estilos foram Luis Tazuke Watanabe yū) e Akira Taniguchi ( Gōjū-ryū). É dito que Watanabe sensei aprendeu (Shōtōkan), Takeo Suzuki (Wadō-r yū com os professores Taketo Okuda (SP), Yasutaka Tanaka e Sadamu Uriu (RJ), e veio para Porto Alegre em 1970, dois anos antes de sagrar-se o primeiro brasileiro campeão mundial de Karate (no Mundial de 1972 em Paris). A Federação Gaúcha de Karate foi fundada em 1988 por um grupo de professores, entre os quais estavam: Eudes de Araújo, Ademar Pires Brandolff, Cilon Trindade Goulart, Nelson D'Avila Guimarães, Fernando Antonio Antonio Freitas Malheiros Filho, José Eduardo Fauque Fauque De Mattei e Arthur Xavier de Oliveira Filho. Esse grande grupo depois se s e dissolveu em três organizações principais: a Federação Gaúcha de Karate, vinculada à WKF, a Federação Rio-grandense de Karate-Do Tradicional, vinculada à ITKF e JKA, e a Federação de Karate Shotokan do Rio Grande do Sul, vinculada á JKS. Tetsuhiko Asai, fundador fundador da JKS, esteve no Brasil várias vezes, assim como Masatoshi Nakayama, sempre sob responsabilidade do mestre Sadamu Uriu, presidente de honra da CBKS. Recentemente esteve no Brasil também o mestre Masao Kagawa, técnico da Seleção Japonesa de Karate e líder mundial da JKS, também a convite da JKS Brasil.

Esquerda: Tanaka Shihan (azul), Watanabe sensei (vermelho) e Uriu Shihan (amarelo). Direita: Tetsuhiko Asai (Esq) e Sadamu Uriu (Dir).

Da Esquerda para Direita: Keigo Abe, Tetsuhiko Asai, Masao Kagawa, Kosho Kanayama, Pemag Pemba e Mikio Yahara. Foto da Direita: Masao Kagawa com Takato, Sugino e Arimoto, campeões mundiais de kata 2012.

OS PIONEIROS DO TODE/KARA TODE/KARATE TE (MÃO (MÃ O CHINESA) Entre os séculos XIII e XIV, no arquipélago de Ryukyu  – cuja ilha principal era Okinawa, os pioneiros do Tode foram os Heimin (camponeses). Neste período, utilizavam-se de técnicas rudimentares (a qual chamavam apenas de Te) para se defenderem da classe guerreira de Okinawa, os Peichin. A partir do século XVII, os Peichin se apropriam da técnica do Te dando a ela o nome de To-de. A partir do século XV, a classe guerreira de Okinawa, os  peichin, resolvem aprimorar suas técnicas de luta para conter as revoltas camponesas daquele período. É possível dizer, pois, que foram os membros da casta de guerreiros de Okinawa que realizaram o desenvolvimento do que viria a se chamar de d e Karate-do. Um nome importante na história do Tode foi Ryosho Tobe que escreveu as Notas de Oshima. Nestas notas, Tobe transcreveu o Kushanku e o Kumiaijutsu, técnicas as quais deram origem aos Katas modernos (Kushanku, Kosokun ou Kanku). Com isso, deixou um dos poucos registros das práticas dos pioneiros da arte da “Mão Chinesa”: Kanga Sakugawa, Kung Sian Chun, Chatan Yara e Kishin Teruya. Foi no século XIX o início do treino de grandes mestres que levariam o Tode moderno ao Japão Continental. Até então, o Tode era passado secretamente para um primogênito (Ishi-soden). Sanga Sakugawa, Sokon Matsumura e outros aprimoraram o Te a partir do conhecimento de Wu-shu (técnicas de guerra) que trouxeram da China, formulando assim o Tode. Em especial, o Tode foi praticado em três cidades de Okinawa: Shuri, Naha e Tomari aonde, então , desenvolveram-se desenvolveram-se as linhas lin has Shuri-te, Naha-te e Tomari-te. Com a proibição do Isshi-soden, Anko Itosu formulou os “Dez  Artigos sobre o Tode”  introduzindo o “Karate primitivo”  no sistema educacional da época, possibilitando o ensino dessa arte nas escolas de Okinawa. Tempos depois, após a visita do Imperador Hirohito à Okinawa, surge a oportunidade o portunidade de apresentar o Tode Tode no Japão continental (na I Exibição Atlética Atlética Nacional de 1921). Gichin Funakoshi, o qual recebera educação nos clássicos chineses ( Daikyo, Chukyo e Shokyo ) e uma educação formal que incluía a etiqueta japonesa, foi o escolhido para levar o Tode ao Japão. Esse acontecimento deu início à transição das “Mãos Chinesas”  para o “Caminho das Mãos do Vazio”.

BREVE HISTÓRICO DO SHIHAN TETSUHIKO ASAI Mestre Asai iniciou seus estudos de Karate quando ingressou na universidade Takushoku, tendo como professor o Mestre Masatoshi Nakayama. Em 1958 ele consegue a graduar-se e ingressa no curso de instrutores (Kenshusei) e em 1961, Asai sensei torna-se campeão de kata e kumite (grande campeão, coisa que só 5 pessoas conseguiram na história da competição) no Japão. Determinado a difundir o Karate pelo mundo, Mestre Asai decide ir para Taiwan, país aonde o Karate não era bem-vindo. Teve que enfrentar diversos desafios para estabelecer sua técnica, porém sem nunca ferir gravemente seus oponentes. Um dia, foi convidado para jantar na casa do Sr. Lin, grande mestre do estilo da Garça Branca em Taiwan. Após derrotar este mestre, Mestre Asai pode ensinar sua arte para os estudantes de Kung-fu. Com o tempo, seu reconhecimento aumentou na ilha, aonde fora agraciado por toda a comunidade de Artes Marciais de Taiwan. Quando retorna ao Japão, torna-se diretor técnico da JKA. No ano de 2000, após a morte de sensei Nakayama e cisão da JKA, cria a organização Japan Karate Shoto-Renmei no Japão. Talvez o grande legado do Mestre Asai seja o seu método de treinamento, aonde buscou suavizar articulações, ligamentos e músculos para se chegar ao que ele chamava de “Chicote  das Sete Articulações”, os pontos vitais (Kyusho) e o Tenketsu Jutsu, técnica a qual o praticante visa atacar atacar os pontos vitais de seu adversário. Mestre Asai acreditava que o Karate deveria ser realizado por todos os seres humanos, inclusive por aqueles desprovidos de mobilidade física. Pensando nisso, criou dez kata exclusivos para cadeirantes ou mesmo para pessoas idosas, elevando o nível do Karate a uma prática ainda mais integrativa e inclusiva.

BREVE HISTÓRICO DO SHIHAN SADAMU URIU Nasce, em 20 de setembro de 1929, no Japão, na cidade de Fukuoka-Ken, o Shihan Sadamu Uriu. Em 1945, Sadamu Uriu ingressa na Escola de Formação de Pilotos da Marinha Japonesa, porém o fim da guerra o impediu de se ser enviado à frente de batalha. Em 1951, Sadamu Uriu ingressa na Universidade Takushoku, em Tóquio aonde se forma em Economia e inicia seu treinamento em Karate. Naquela época, seu professor foi o famoso Mestre Masatoshi Nakayama, o qual fora o principal discípulo do Mestre Gichin Funakoshi, fundador do estilo Shotokan de Karate. Sensei Uriu gradua-se em Karate pela NKK/JKA (Nihon Karate Kyokai, que depois passou a ser conhecida como Japan Karate Association). No mesmo dojo do sensei Uriu, treinavam outros três importantes mestres que por sua vez acabaram vindo para o Brasil: Higashino, Tanaka e Sagara. Em 1962, Sadamu Uriu decide se mudar para o Rio de Janeiro para lecionar Karate no bairro de Botafogo e abre a academia Kobukan. No ano de 1963, dois tenentes assistem a um treino de Sadamu Uriu e impressionam-se com sua técnica e o convidam para fazer demonstrações no Batalhão de Infantaria-Paraquedista (BIP), aonde divulga o seu trabalho e acaba, por convite do próprio BIP, a dar aulas de Karate por 15 anos. Em 1964, monta a academia Shidokan, na Usina-RJ e entre os anos de 1973 e 1985 leciona Karate na Universidade Gama Filho. Nas décadas de 60, 70 e 80 o Karate no Rio de Janeiro ganha muita repercussão tendo como ponto-chave o primeiro Campeonato Carioca de Karate. Em 1978, Mestre Uriu trás para o Brasil o Mestre Tetsuhiko Asai. Na década de 80-90 ganha diversos títulos conseguindo o terceiro lugar no Mundial da África do Sul. Em 1994, preocupado com a dispersão de adeptos do Karate, cria a Confederação Brasileira de Karate Shotokan (CBKS), buscando alinhar-se com a escola do mestre Tetsuhiko Asai. Infelizmente, no ano de 1998, Mestre Uriu sofre um gravíssimo acidente de carro no estado de Rondônia, chegando a correr risco de vida e de ficar paraplégico. Após nove cirurgias, Mestre Uriu encara longos meses de fisioterapia e, em 1999, volta a praticar e ensinar Karate. Hoje em dia, a CBKS realiza Campeonatos Brasileiros ao longo de todo o território nacional, tendo sempre a presença do Mestre Sadamu Uriu, contribuindo significativamente para a formação dos alunos. Atualmente, ele leciona Karate na academia NKK (na Rua Félix da Cunha 65, bairro da Tijuca, estado do Rio de Janeiro).

KARATE-GI O uniforme de Karate O Karate-gi   (uniforme de Karate- Dō) foi instituído depois da introdução da arte no Japão, que se deu em 1921. Foi adaptado a partir do uniforme de  Judō, uniforme este que todas as formas de Budō (artes marciais japonesas) tiveram de adotar como padrão de uniforme após a instauração da Dai Nippon Butokukai   no final do século XIX. Como outros Dō-gi (uniformes dos Caminhos), o Karate-gi   ajuda a padronizar todos os membros de um Dōjō  e mesmo de toda a arte, nos lembrando como é tênue a fronteira entre a essência de cada um, mesmo que tenhamos aparências físicas, estágios de consciência e origens culturais diferentes. Em outros períodos históricos tanto em Okinawa quanto no Japão foram usados outros tipos de uniformes para se praticar artes marciais.

O uniforme de Karate- Dō é formado de 4 peças. Estas são: Uwagi   (casaco), Shitabaki/Zubon (calça), Obi  (faixa) e o Zori  (chinelos).

SHŌTŌKAN NO OBI As faixas usadas no Shōtōkan Para marcar os diferentes estágios atingidos pelo praticante de Karate- Dō são realizados exames de faixa, onde o candidato apresenta as técnicas e conhecimentos específicos de cada graduação. O Exame consiste da execução do Kihon (fundamentos), do Kumite (luta, que evolui das formas combinadas até a livre) e o Kata (exercício formal). A superação de cada etapa é representada por uma faixa correspondente que com sua cor representa os diferentes estágios. Todo praticante inicia com a faixa branca, que representa o “vazio de conhecimento”, a inocência e inexperiência. Logo, com o treinamento, o praticante passa por um estágio extremamente vibrante, de energia e vigor, onde as cores das faixas são “quentes” (amarelo, vermelho e laranja), caracterizando esta etapa psicológica. Depois deste estágio inicial, o praticante vai sedimentar o conhecimento e buscar a interiorização, vai iniciar o processo de abandono da forma artificial ( ji ), para atingir a forma na sua essência ( ri ). Nesta etapa há um amadurecimento do indivíduo, tanto técnico quanto comportamental, caracterizado pelas faixas de cores “frias” (verde, roxo e marrom). Por fim, o praticante vai demonstrar que consegue integrar as diferentes possibilidades de ser, dominando as características do guerreiro (através do seu foco, da concentração e da habilidade de lutar), do mestre (mostrando-se sábio, auxiliando os praticantes menos experientes e cultivando a não violência), do curador (sabendo cuidar de si, do seu corpo e da sua integridade, e sabendo reconhecer a existência do outro, respeitando a integridade do outro, através do auto controle, criando a consciência de proteger a todas as coisas), e do visionário (aprendendo a confiar na sua intuição, a ser sensível, a respeitar as diferentes visões de mundo e pontos de vista). Quando atinge este estágio de amadurecimento, o praticante está apto a candidatar-se ao exame de graduação para faixas-pretas (Dan).



As faixas, portanto, não representam apenas o crescimento técnico, mas também o crescimento psicológico e moral de todo praticante de Karate- Dō. O Karate-Dō  é uma prática que visa o desenvolvimento integral do ser humano.

TORA NO MAKI O símbolo do tigre branco no Shōtōkan Para falar deste tema é necessário introduzir o tema dos arquétipos universais, os padrões psíquicos presentes no Inconsciente Coletivo, que influenciam nossos padrões de pensamento e comportamento. Os arquétipos são ligados a símbolos, pois seus padrões estão presentes em todas as épocas históricas nas infinitas culturas. Como vamos explorar o arquétipo do Guerreiro, vale pensar sobre: todas as culturas, desde os primórdios apresentam a figura do guerreiro, do mestre, do mago, do curador, do visionário, etc, cada uma adicionando seus próprios traços. Na psicologia, os arquétipos são explorados para equilibrar e ajudar no desenvolvimento da consciência humana, atingindo a saúde mental e a criatividade. Percebemos aí a grande força e poder presente em cada arquétipo. Algumas informações são extremamente difundidas na internet, muitas delas sem o tratamento adequado dos dados. Pensando no que o símbolo do Shotokan representa, muitos autores atribuem a pintura do tigre à Hoan Kosugi, um artista japonês que seria membro de um dos grupos que solicitou à Funakoshi que permanecesse no país ensinando após a demonstração na I Semana Atlética nacional. O famoso Tora-no-Maki (tigre no círculo) é usado ostensivamente como referência ao estilo de Gichin Funakoshi, tendo sido a capa de seu primeiro livro (provavelmente Rentan Goshin Karate Jutsu ). A informação difundida é que Kosugi teria pintado o símbolo para representar força e coragem, dois aspectos fundamentais do Karate- Dō. Ora, força e coragem que Platão chamou de arquétipos, são padrões mentais/emocionais. Mas o que há de evidência histórica nisto? Provavelmente a coisa não é tão simples. Sabemos que o símbolo do Judô, representa o espelho, uma das três joias do Xintoísmo, e que os símbolos do Aikidô: o círculo, o triângulo e o quadrado, representam as três joias do Xintoísmo (o espelho  –círculo-, a espada -triângulo- e a gema -quadrado-). O pensamento místico, do desenvolvimento

espiritual através das vias ascéticas e meditativas, permeava o pensamento dos mestres orientais no período. Sabemos também que Funakoshi teve relações de amizade com Kano e Ueshiba. Há uma diferença, porém: Funakoshi não era japonês e, portanto, pouca influência do Xintô, o culto indígena  japonês, deve ter tido. Suas concepções budistas iam em outra direção simbólica. Como é clara a ligação entre o Karate- Dō e os estilos marciais chineses internos, especialmente o do grou, ou garça branca, é importante pensarmos sobre possíveis conexões entre o pensamento dos guerreiros que tinham como caminho o Karate-Dō e os sistemas filosófico-religiosos chineses.

TORA NO MAKI O símbolo do tigre branco no Shōtōkan

Quanto a isso, em finais de 2009, tivemos a felicidade de obter um denso material sobre o budismo e vários sistemas religiosos do professor Mark Schumacher. Entre estes, havia muitas referências aos cinco animais sagrados guardiães das direções cardeais e das constelações do firmamento: Genbu (a tartaruga negra – elemento terra/água), Seiryu (o dragão azul – elemento água/madeira), Byakko (o tigre branco  –  elemento vento/metal), Suzaku  (o pavão vermelho  –  elemento fogo) e Ryou-ou(o dragão amarelo, ou rei dragão – elemento éter/terra). Ora, o elemento vento ou metal, das coisas lineares e que tem direcionamento, que remetem à nossa capacidade do pensamento, estão conectados aos arquétipos psicológicos do mensageiro, guerreiro e do líder. Por acaso ou não, portanto, Funakoshi teria utilizado o arquétipo taoista do caminho do Guerreiro para dar identidade ao seu estilo, ao Karate-Dō. O relevo taoista acima, do século VI a.C. parece não deixar dúvida quanto à conexão da imagem do Tora-noMaki com o Byakko taoista, ambos representando o caminho do guerreiro, o norte, o vento ou metal, os pensamentos, o uso correto do poder, o posicionamento, a capacidade de estar presente e os diferentes significados ligados a este símbolo.

DŌJŌ O Lugar do Caminho

É exatamente a ideia de aperfeiçoamento (miyabi ), ou clareza mental, que é o primeiro critério de organização das pessoas num Dōjō para o ritual de saudações, ou seja a “ordem por graduação”. Em primeira instância lembramos essa organização tradicional dos praticantes num Dōjō: enquanto que em artes voltadas a um aspecto militarizado, como a maioria das artes chinesas, os praticantes se organizam em fileiras atrás do professor (da mesma forma que os soldados se organizam nos pelotões) em um ambiente que reflete a matriz cultural japonesa a organização se dá em uma espécie de círculo, ou espiral. O sensei fica numa extremidade (no leste, na direção principal, ou shomen), onde fica o kamiza (local elevado); os alunos adiantados ficam ao lado, ou no  jōseki , o assento superior, localizado no sul; os praticantes novatos, por ordem de graduação vão se colocando na direção oeste, de frente para o shomen, no shimoza, até ocupar o espaço da direção norte, denominado shimozeki . Como pode uma prática que difere tanto do modelo militar e da educação liberal tradicional ter sido distorcida produzindo o Karate que vemos hoje? A principal razão é o esquecimento da etiqueta básica do Budō e da valorização da cultura japonesa durante a prática do Karate-Dō . Essa espiral, portanto, que começa no norte e vai crescendo até o leste, reflete a ideia de que quanto mais se percorre o Do, o Caminho, mais se eleva psico-espiritualmente e é essa experiência de vida que conta em primeiro lugar. Depois, entre as pessoas de mesma graduação, se conta o segundo critério para a organização, que é o critério do “nascimento no Karate-Dō ”, ou seja, entre os faixas roxas presentes, por exemplo, sentará mais perto dos faias marrons aquele que entrou antes no Dōjō , e portanto é mais antigo na arte.

ELEMENTOS DO DŌJŌ EQUIPAMENTOS Equipamentos de Hojo-Undo: Niri-gami : jarro pesado de barro. Serve como exercício para fortalecer agarrões, membros inferiores e tronco. Makiwara: poste de madeira flexível e resistente aonde se realizam as técnicas de Karate (ataques). Fortalece mãos e cotovelos. Chi-shi : peso de cimento ou pedra fixado a um cabo. Nele, trabalham-se os membros superiores do corpo. Suna-bako : caixa ou jarro com areia aonde se executam golpes de mão aberta. Tetsu-guetta : sandália de ferro usada para treinar os membros inferiores, especialmente keriwaza. Makiage-kigu: a ferramenta consiste em uma corda, uma bastão curto e um pedaço de pedra ou

madeira na ponta da corda. Ajuda a fortalecer antebraços, punhos e dedos. Tetsu-arei : halteres simples de ferro. Servem para trabalhar membros superiores, peitoral e costas. Kongoken: grande pedaço de ferro em forma de um “ ‘U’ fechado”. Com ele, exercitam-se os músculos superiores do corpo. Ishi-sachi : pedaços de concreto quadriculares. Importante para o treino de membros superiores e ombros. Tan: barra sólida de ferro pesada. Com o decorrer do treino, o praticante de Karate utiliza-se de Tan maiores e mais pesados. É utilizado para massagear a coluna e na realização de lançamentos. Take-maki : feixe cilíndrico de bambus. Usado para o treinamento de golpes com mão de lança (nukite ). Sunatawara: típico saco de areia. Utilizado para técnicas de chute. Adornos: Kamidana ou Butsuden  – oratórios de origem xintó ou budista que passam a ideia de que o Dojo é um local sagrado, assim como aquilo que ali é feito. Quadros – remetem aos Dai Shihan (grandes mestres) da linhagem da escola ou estilo ao qual se presta reverência antes e depois das práticas. Bandeiras – remetem ao país/estado ou organização e reforçam a identidade do grupo.

ELEMENTOS DO DŌJŌ EQUIPAMENTOS Armas: Dojos que oferecem a prática do Okinawa Kobudo costumam ter em algum local armas usadas nessa prática. Entre elas estão: Bo/Kon, Nunchaku, Tonfa, Kama, Sai, Eku, Kuwa, entre outras. Alguns Dojos costumam ter também algumas armas do Kobudo japonês, entre elas: Bokken, Bo, Jo, Tanto, Shinai

REISHIKI TO SŪJI

Etiqueta e Numeração

Em Karate há uma forma correta de sentar e levantar (Saza-uki), bem como de fazer todo o ritual de saudações. Para as saudações na posição sentado (seiza), ou seja, o Za-rei, devemos inclinar a cabeça até próximo ao tatami. Nesta parte da aula os homens sentam com os joelhos afastados a três punhos de distância e com as mãos sobre as coxas. As mulheres, por sua vez, sentam com joelhos unidos e mãos sobre estes. Todos os membros de um Dōjō  são devem ajudar-se a crescer mutuamente, e conviver como uma família. Essas pessoas são designadas pelos seguintes termos/títulos: 1) Kōhai : é o aluno mais novo, recém iniciado no Karate. Deve respeitar profundamente os mais antigos e observá-los no treinamento; 2) Deshi : é o aluno comum. Sua fase de ‘novidade’  passou e seu grande objetivo é atingir altos níveis de concentração no treino, observando as instruções do sensei , permanecendo sempre atento às atitudes dos senpai  e auxiliando os kohai  no tempo livre; 3) Senpai : é o aluno mais antigo. Deve sempre que possível auxiliar os mais novos (kōhai ) durante os treinamentos (mas nunca de forma impertinente), mantendo espírito de respeito e disciplina exemplares, pois são observados pelos novatos; 4) Yūdansha: São os alunos faixas-pretas. Na ausência do sensei   devem guiar os treinamentos, e sendo senpai   devem auxiliar os mais novos sempre que possível; 5) Sensei : O professor. É o responsável pela transmissão dos conhecimentos dentro do Dōjō e soberano do local. Não existe autoridade superior ao sensei  dentro do Dōjō, na antiguidade, mesmo o Imperador devia respeitar esta premissa; 6) Shihan: É um notável professor de alta graduação e responsável por grandes contribuições ao Karate em sua carreira. Geralmente possuem muitos alunos com o status de sensei ; 7) Ō-Sensei , Soke, Sosai , Kancho, Dōshu: (Grão-Mestre, Fundador, Presidente Fundador, Diretor, Líder do Caminho) Nomenclaturas usadas para designar os fundadores que tem seus retratos dispostos no kamiza. No Karate estes mestres exemplares costumam ser Gichin Funakoshi ( Shōtōkan), Chojun Miyagi (Gōjūryū), Kenwa Mabuni ( Shitō-ryū), Hironori Otsuka (Wadō-ryū) ou Masutatsu Oyama (Kyokushinkaikan). Durante os treinamentos toda a nomenclatura utilizada é oriunda do idioma japonês, senod as principais as expressões de resposta e os numerais: Kanji: 有り難う御座います

Kanji: 押忍

Rōmaji: Arigatō Gozaimasu

Rōmaji: Osu

Tradução: muito obrigado

Tradução: Esforçar-me-ei/ Sim senhor!

Kanji:  御免なさい

Hiragana: はい

Rōmaji: Gomen Nasai

Rōmaji: Hai

Tradução: desculpe-me

Tradução: sim

Kanji: お願いします

Hiragana:いいえ

Rōmaji: Onegai Shimasu

Rōmaji: Iie

Tradução: por favor (ensine-me)

Tradução: não

Nº Kanji: 1 一  2 二 3 三  4 四 5 五 6 六  7 七 8 八  9   九  10 十

Rōmaji:

Ichi Ni San Shi (Yon) Go Roku Shichi (Nana) Hachi Kyu Jū

FUNAKOSHI GICHIN KAISO GA KAITA SHŌTŌKAN NO NIJŪKUN Os vinte preceitos do Shōtōkan escritos pelo fundador Funakoshi Gichin 一、空手道は礼にはじまりり、礼に終ることを忘れるな。 HITOTSU - KARATEDŌ WA REI NI HAJIMARI, REI NI OWARU KOTO O WASURERU NA.

(1) Importante, não se esqueça que o Karate-dō deve iniciar com saudação e terminar com saudação.

一、空手に先手なし。 HITOTSU - KARATE NI SENTE NASHI.

(2) Importante, no Karate não existe ataque preemptivo (atacar primeiro).

一、空手は義の輔け。 HITOTSU - KARATE WA GI NO TASUKE.

(3) Importante, o Karate é um assistente da justiça.

一、先ず自己を知れ、而して他を知れ 。 HITOTSU - MAZU JIKO O SHIRE, SHIKOSHITE TA O SHIRE

(4) Importante, conheça a si próprio antes de conhecer os outros.

一、技術より心術 。 HITOTSU - GIJUTSU YORI SHINJUTSU.

(5) Importante, o espírito é mais importante do que a técnica.

一、心は放たん事を要す 。 HITOTSU - KOKORO WA HANATAN KOTO WO YOSU.

(6) Importante, o espírito deve ser livre.

一、禍は懈怠に生ず 。 HITOTSU - WAZAWAI WA GETAI NI SHŌZU.

(7) Importante, os infortúnios nascem com a negligência.

一、道場のみの空手と思うな 。 HITOTSU - DŌJŌ NO MI NO KARATE TO OMOUNA.

(8) Importante, o Karate não se limita apenas ao dojo.

一、空手の修業は一生である 。 HITOTSU - KARATE NO SHŪGYŌ WA ISSHŌ DE ARU

(9) Importante, o aprendizado do Karate deve ser perseguido durante toda a vida.

一、凡ゆるものを空手化せよ其処に妙味あり 。 HITOTSU - ARAIYURU MONO WO KARATEKA SEYO SOKO NI MYOMI ARI

(10) Importante, o Karate dará frutos quando associado à vida cotidiana.

FUNAKOSHI GICHIN KAISO GA KAITA SHŌTŌKAN NO NIJŪKUN Os vinte preceitos do Shōtōkan escritos pelo fundador Funakoshi Gichin 一、空手は湯の如し絶えず熱度を与えざれば元の水に還る 。 HITOTSU - KARATE WA YU NO GOTOSHI TAEZU NETSUDO WO ATAEZAREBA MOTO NO MIZU NI KA ERU

(11) Importante, o Karate é como a água quente, se não receber calor constantemente torna-se água fria.

一、勝つ考は持つな負けぬ考は必要 。 HITOTSU - KATSU KANGAE WA MOTSU NA MAKENU KANGAE WA HITSUYŌ.

(12) Importante, não pense em vencer, é necessário pensar em não ser vencido.

一、敵に因って轉化せよ 。 HITOTSU - TEKI NI YOTTE TENKA SEYO.

(13) Importante, mude de atitude conforme o adversário.

一、戦は虚実の操縦如何に在り 。 HITOTSU - TATAKAI WA KYOJITSU NO SŌJU IKAN NI A RI.

(14) Importante, a luta depende do manejo dos pontos fracos ( 虚 KYO) e fortes ( 実 JITSU).

一、人の手足を剣と思う。 HITOTSU - HITO NO TEASHI WO KEN TO OMOU.

(15) Importante, imagine as mãos e os pés das pessoas como espadas.

一、男子門を出づれば百万の敵あり 。 HITOTSU - DANSHIMON WO IZUREBA HYAKUMAN NO TEKI ARI.

(16) Importante, para cada homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.

一、構は初心者に後は自然体 。 HITOTSU - KAMAE WA SHOSHINSHA NI ATO WA SHIZENTAI.

(17) Importante, as posturas (praticadas) são para principiantes, mas depois (com a evolução) tornam-se naturais.

一、形は正しく、実戦は別物 。 HITOTSU - KATA WA TADASHIKU, JISSEN WA BETSUMONO.

(18) Importante, pratique os Kata corretamente, o combate real é um caso especial.

一、力の強弱体の伸縮技の緩急を忘るな 。 HITOTSU - CHIKARA NO KYŌJAKUTAI NO SHINSHUKUGI NO KANKYŪ WO WASURUNA.

(19) Importante, não se esqueça de aplicar corretamente: alta e baixa intensidade de força; expansão e contração corporal; técnicas lentas e rápidas.

一、常に思念工夫せよ 。 HITOTSU - TSUNE NI SHINEN KUFU SEYO.

(20) Importante, aperfeiçoar-se sempre.

SHŌTŌKAN NO DŌJŌKUN O Dōjōkun  [ 道場訓 ] - Instruções do local do Caminho - do estilo Shōtōkan é uma sequência de axiomas desenvolvida por Takagi Masatomo sensei, na época (década de 1950 ou 60) era o Secretário Geral da Nihon Karate Kyokai (Japan Karate Association - JKA). O assunto é muito vasto e controverso, e praticamente todas as versões do Dōjōkun  postadas na internet são traduções que invalidam a compreensão desses axiomas. O Dōjōkun são as instruções, as diretivas padrão de determinados estilos de artes marciais deixadas pelos seus respectivos mestres como um guia de comportamento dos seus praticantes. No ocidente, o Dōjōkun mais conhecido, que é o do estilo Shōtōkan, foi “simplificado” para cinco palavras: CARÁTER, SINCERIDADE, ESFORÇO, ETIQUETA e CONTROLE... Isto é um erro, porque em japonês também existem estas palavras: JINKAKU [人格], SEI-I   誠意 [ ], DORYOKU [努力], REIGI   礼儀 [ ] e JISHUKU [    自粛]... porém, o Dōjōkun correto apresenta frases com significado sólido, por isso esta simplificação não é "muito bem-vinda" nos círculos tradicionais.

一、人格完成に努める事。 一、誠の道を守る事。 一、努力の精神を養う事。 一、礼儀を重んずる事。 一、血気の勇を戒むる事。 Shōtōkan  no Dōjōkun Hitotsu, jinkaku kansei ni tsutomeru koto. Hitotsu, makoto no michi o mamoru koto. Hitotsu, doryoku no seishin o yashinau koto. Hitotsu, reigi o omonzuru koto. Hitotsu, kekki no yū o imashimuru koto.

As instruções do Dōjō Shōtōkan. Importante, esforçar-se para desenvolver o caráter. Importante, defender o caminho da verdade. Importante, nutrir o espírito de esforço. Importante, considerar importante a etiqueta (respeito acima de tudo). Importante, proibir o ímpeto violento (conter o espírito de agressão).

OSU NO SEISHIN  押忍の精神 O comportamento opressor não deve ser confundido com a rispidez moderada usada por inúmeros professores de Caminhos “Dō”. Há certos comportamentos rígidos que tem a ver com a ideia de “Compaixão Raivosa” oriunda do budismo. A compaixão raivosa é uma das cinco formas de compaixão (acolhimento com ternura, propiciar meios, despertar a coragem, impedir a negatividade e amor) segundo essa tradição, e sua forma é exemplificada pela metáfora da mãe que ralha com o filho pequeno que estava a ponto de puxar o cabo de uma panela sobre o fogão com cozido quente. A mãe, nessa situação, fala agressivamente com a criança, mas sua intenção é protegê-la das queimaduras, impedindo um acontecimento negativo. Por essa razão, muitos Dōjō expõe um quadro com os ideogramas  押忍の精神  – espírito do Osu. Osu  remete à ideia de que nos esforçaremos a cada instante mesmo sob o pesado treinamento e o “clima” de luta que paira no Dōjō. Também os militares japoneses (especialmente da Marinha) usavam o Osu como saudação, para honrar seu compromisso com o “espírito guerreiro” e se manterem focados no objetivo delineado. Além disso é uma saudação que se tornou corrente entre grupos de jovens japoneses (especialmente do sexo masculino) com o intuito de reforçar a “masculinidade”. Obviamente nossa realidade não é a mesma do Japão, mas devemos estar atentos e ter amor próprio. A atitude descortês de muitos professores não é apropriada a um professor de Karate-Dō, e é preciso haver um equilíbrio entre autoridade e cortesia constantes. Muitas vezes confundimos a atitude de homens que acham que o Dōjō é uma extensão de suas experiências no exército ou ainda assistindo a filmes de guerreiros espartanos ou da idade média como sendo o comportamento adequado ao “Guerreiro Samurai”, e isso está muito longe da realidade. Karate- Dō deve ser alicerçado em respeito, e ele começa, sem sombra de dúvida, no exemplo dado pelo Sensei o tempo todo, respeito é algo que precisa transparecer, emanar das atitudes do professor. O desenvolvimento do caráter no Karate-Dō, que está gravado no Dōjō kun (os axiomas que definem as “regras do Dōjō”), é um elemento básico que não deve estar só num quadro da parede, deve estar nas pessoas. Como nos lembra a antropóloga americana Angeles Arrien (em O Caminho Quádruplo), o Guerreiro é aquele arquétipo (tema, símbolo, do grego "modelo antigo") cujas atitudes e a disciplina estão alinhadas com suas palavras, ações e valores. A cortesia e o respeito precisam estar presentes em todos no espaço de prática, e outras formas de comportamento são distorções do que se espera da etiqueta japonesa. O comportamento dos alunos também se distorce bastante por aqui. Afinal, já que pagamos o professor que faça nossas vontades! É o que muitos jovens tem pensado. Na verdade temos de ficar alertas a coisas simples como as decisões do professor sobre nosso avanço, e o exame de graduação é um bom exemplo. Nos esforçamos no treino para que o professor, reconhecendo que somos competentes, nos autorize a fazer o exame de graduação, sem nunca pedir pra fazer isso! Muitas dessas atitudes básicas não são seguidas pelos alunos da geração atual, devemos estar atentos ao espírito do Dōjō .

HŌKŌ Direções  Jōdan –  Jōdan – nível alto ( pronúncia:  pronúncia: diô dan) Vai do topo da cabeça até a base do pescoço no ser humano. Chudan – nível médio ( pronúncia:  pronúncia: tiú dan) Vai da base do pescoço até a cintura abdominal no ser humano. Gedan – nível baixo ( pronúncia:  pronúncia: gue dan) Vai da base da cintura abdominal até a sola dos pés no ser humano.

Mae - frente ( pronúncia:  pronúncia: máê) Migi –  direita / Yoko –  lateral ( pronúncia:  pronúncia: miguí / iôco) Hidari  –  – esquerda / Yoko –  lateral ( pronúncia:  pronúncia: hidárí / iôco)

Ushirō – Ushirō – atrás ( pronúncia  pronúncia : uxirô)

Naname  – diagonal ( pronúncia  pronúncia : nanamê)

Ushirō -  後ろ Migi -  右 Naname Mae -  前

Hidari - 左 Naname

KIAI O conceito de Kiai   -  氣合 Kiai  não  não deve ser traduzido como “união dos espíritos” e nem “grito do espírito” ou “espírito em

forma de grito”. Kiai  [    氣合 [ ] pode ser feito sem som, e assemelha-se à ideia chinesa de “Fajin”. A tradução mais próxima desta expressão seria "focalizar a energia vital"   氣 [ =ki  /  合=ai ], ], a ideia é conduzir o efeito do movimento da energia emocional/vital para o adversário ou o alvo, através da concentração desse efeito num único ponto, no instante exato do kime [uso correto da potência muscular, que será explicado adiante]. Além disso, ki  não  não pode ser materializado, pois não é energia da mesma natureza que a energia descrita na física. Energia é matéria. Portanto quando falamos em Ki , que é algo que pertence ao domínio de  potentia (o nível de possibilidades descrito por Werner Heisenberg), ao sutil, e não ao domínio físico, imanente, falamos de algo que está além da experiência objetiva e externa.  [ 合う ], não é sinônimo exato para Ai . União, na Vale lembrar também que Awazu é outra palavra   合う cultura japonesa, como a ideia de unir mente e corpo por exemplo, como na yoga, é expresso pelo conceito "toitsu" [統一], literalmente "tornar uno". União no sentido de "centrado" ou "inteiro" é  結び]. O espírito, na cultura japonesa, tem pelo menos três expresso pelo conceito de "musubi " [ 結び representações: tamashii    魂 [   - alma], konpaku   魂魄 [   - mônada] e kokoro [心  - consciência/coração]. Existe ainda a ideia de espírito, não como algo "espiritual", mas no sentido de "estado de ânimo", e pra essa expressão o conceito japonês é o de seishin [ 精神 ], como quando dizemos "hoje vou usar o espírito guerreiro" [bushi no seishin].

O conceito de energia vital, Ki -  氣 Ki   é explicado como o movimento do denso (matéria) para o sutil ( potentia) e sua grafia

tradicional mais conhecida é uma imagem do vapor   气 ( ) subindo do arroz ( 米) enquanto cozinha, ou seja, o movimento entre o denso (arroz, material) e o sutil (vapor, transcendente), então ki  é   é algo que está entre a matéria e o espírito, não é o espírito em si, mas o movimento entre eles. Por tudo isso Kiai   não pode ser "união dos espíritos". Simplesmente é comum entre os professores de artes marciais pegar um conceito popularizado como esses aqui comentados e ao darem uma olhadinha nos kanji , distorcerem os conceitos para algo que apoia a ideia errada compartilhada pelo senso comum.

KIME O conceito de Kime - 決め Kime  é muitas vezes tratado como “potência”,  a capacidade de nosso corpo gerar contração

muscular, e com isso força, num pequeno espaço de tempo. Kime, em Karate-Dō, porém, é algo mais complexo, e apresentarei aqui a fala do grande atleta e professor Luca Valdesi, da Itália, com quem treinei no início de 2011. Explica Valdesi sensei que o Kime é uma forma particular de usarmos a força. É a capacidade de focalizarmos nossa ação, e realizarmos a máxima contração muscular possível, com todo nosso corpo, no menor instante possível, e coincidindo com o momento em que a técnica está em sua “posição final”, ou de arremate, de conclusão. Seria como compararmos nosso soco com uma arrancada de um carro. Para socar, nosso corpo precisa estar relaxado, senão já está gastando energia que poderia ser usada na contração máxima do final, então arremetemos contra um alvo com toda velocidade possível, mas sem tensões desnecessárias. Então quando a mão que soca chega à posição final, de impacto contra um alvo, aí sim ocorre o Kime, ou seja, a contração máxima de todos os grupos musculares no menor instante possível, transferindo o máximo dano ao adversário. A comparação com a arrancada de um carro seria de que é como quando vemos um carro arrancar com toda velocidade ao abrir o sinal (início do soco) mas frear bruscamente com tudo que pode para não bater em um muro logo depois ( Kime). Valdesi sensei também chamou atenção de que podemos pensar um pouco também na ideia de “ki ”, ”, onde meu corpo permanece equilibrado e imóvel, quando o soco é bem executado com Kime, e paramos após nosso punho entrar um pouco na superfície do corpo do adversário, mas a força empregada e a energia intrínseca (Ki ) seguem sendo transferidos para o corpo do adversário, causando o maior dano possível. No link abaixo, Valdesi sensei executa um bom kata com a demonstração perfeita do ótimo uso do kime: http://www.youtube.com/watch?v=AKTHC1DFqkg

KIHON Os Fundamentos Os exercícios fundamentais, ou Kihon, têm como objetivo ajudar o karate-ka  a aprender as técnicas básicas e a controlar o próprio corpo. É dito que somente com o trabalho de Gichin Funakoshi, após sua ida ao Japão, que houve a separação do treinamento do Karate-Do nos seus três pilares fundamentais: Kihon, Kata e Kumite. Antes de 1920, portanto, praticava-se apenas os Kata. Atualmente pratica-se na JKS vários exercícios de Kihon  que ajudam a desenvolver as habilidades necessárias aos Koten-gata  (kata antigos) além do Kihon básico que já se praticava no padrão JKA.

Sendo assim, a execução dos Kihon trabalha as habilidades de técnicas de mãos (Te-waza), que compreendem socos (tsuki ), defesas (uke), e golpes indiretos (uchi ), além das técnicas de chute ( Keriwaza) que compreendem os ataques com os pés ( soku), pernas (ashi ) e joelhos (hiza). Há também as

técnicas combinadas ou consecutivas ( Renzoku-waza ), que compreendem sequências que misturam socos e chutes, rasteiras e chutes, socos e golpes, etc. Outras técnicas menos comuns são as rasteiras, ou técnicas de desequilíbrio (Kuzushi-waza/Nage-waza ), chutes saltando (Tobi-geri ) e torções.

TACHI Posturas/Bases Postura natural (Shizen Tai  -  自然体 ) Base: Hachinoji-dachi (base em forma de 8 [hachi] - 八字立 ) *é a postura usada para iniciar todas as práticas em Karate-Do, desde o Kihon, ao Kata e ao Kumite. Deixamos a ponta dos pés abrirem até que não sintamos tensões nos membros inferiores.

Postura para saudações Base: Musubi-dachi (base unida [calcanhares unidos] -  結立 ) *é a postura usada para todas as saudações em pé, onde junta-se os calcanhares e mantém-se a abertura da ponta dos pés no mesmo ângulo que fazemos o Hachinoji-dachi.

Postura para exercício dos socos montado (Sono-ba-tsuki) Base: Kiba-dachi (base de cavaleiro  -  騎馬立 ) *é uma postura intermediária, com os pés voltados para frente (a faca dos pés [sokuto] deve estar alinhada para frente) e o peso no centro da base, distribuindo a carga igualmente para os dois membros inferiores.

Postura ofensiva Base: Zenkutsu-dachi (base avançada -  前屈立 ) *é uma base com o peso concentrado no membro inferior dianteiro, usada principalmente para atacar e contra-atacar. Os pés devem estar voltados para a frente, sendo que a faca do pé dianteiro deve ficar alinhada à frente. O membro inferior dianteiro deve receber 60% do peso e, consequentemente, 40% do peso ficará no membro inferior traseiro. Em todas essas posturas deve-se manter o peso corporal distribuído pelos nove pontos da sola do pé: a sola dos cinco dedos (1 a 5), a bola grande do pé (6) e a bola menor do pé (7) que formam a ponteira do pé (chusoku/koshi), a faca do pé (8 - sokuto) e o calcanhar (9 - kakato).

TACHI Posturas/Bases Base: Nekoashi-dachi (base do gato - 貓足立 ) *é a postura usada para concentrar a pressão da base na perna traseira para depois expandir e usar essa pressão nos ataques. O peso é concentrado na perna traseira, que recebe 90% dessa carga. O pé dianteiro recebe apenas 10% do peso e fica apoiado apenas nos pontos 1 a 7 (sola dos dedos e ponteira do pé). É importante manter os joelhos voltados para frente, usando a força interna das coxas. Postura defensiva Base: Kokutsu-dachi (base recuada -  後屈立 ) *é uma base com o peso concentrado no membro inferior traseiro, usada principalmente para defender e esquivar recuando. Os pés devem estar perpendiculares, sendo que a faca dos pés devem ficar alinhadas em 90°. O membro inferior traseiro deve receber 70% do peso e, consequentemente, 30% do peso ficará no membro inferior dianteiro. Base: Heisoku-dachi (base de pés paralelos unidos  -  閉足立 ) *é uma base com o peso distribuído igualmente entre os pés, usada em alguns kata para golpes à curta distância. Os pés devem estar voltados para frente.

Base: Heiko-dachi (base de pés paralelos - 平行立 ) *é uma base com o peso distribuído igualmente entre os pés, usado em alguns kata para posições de guarda (kamae). Os pés devem estar voltados para frente. *ao avançar, cuidado para não oscilar a altura das bases.

TACHI Posturas/Bases Base: Hangetsu-dachi (base da grande meia lua - 半月立 ) *é uma postura intermediária, usada para ataques e defesas, cuja característica é concentrar a força na parte medial (interna) das coxas e pernas. A distribuição de peso é a mesma do Zenkutsudachi e o pé dianteiro fica voltado para dentro, no ângulo inverso do Hachinoji-dachi.

Base: Sanchin-dachi (base da pequena meia lua/três lutas - 三戦立 ) *é uma postura com características idênticas ao Hangetsu-dachi, porém com uma curta distância entre o pé dianteiro e traseiro. É uma postura usada à curtas distâncias e a distribuição do peso é a mesma entre os dois pés.

Postura de Sumô Base: Shiko-dachi (base quadrada - 四股立 ) *é uma base com características semelhantes ao Kiba-dachi, porém os joelhos ficam voltados para os lados e não para frente, como no caso da base de cavaleiro. O peso é distribuído entre os dois membros inferiores igualmente e os pés seguem apontando na mesma direção que os joelhos.

Postura Imóvel Base: Fudo-dachi (base imóvel -  不動立 ) *é uma base com o peso também distribuído igualmente entre os membros inferiores, usada em Kata avançados. Os pés devem estar voltados na mesma direção e os dois joelhos ficam flexionados.

Base: Kosa-dachi (base de pernas cruzadas - 交差立 ) *é uma base com o peso concentrado no membro inferior dianteiro, usada para atacar a curtas distâncias. Os pés devem estar voltados para a frente, porém levemente nas diagonais. O joelho do membro inferior traseiro deve tocar a face medial (interna) do membro inferior traseiro. O pé traseiro fica a quase um pé de distância do pé dianteiro.

KŌGEKI KASHO Partes do corpo usadas como armas

Como fazer o Seiken:

TE-WAZA Técnicas de Mão Jodan Age-uke (defesa ascendente ao nível alto - 上け受 ) *Os bloqueios são as técnicas de desvio ou aparo aplicadas contra técnicas ofensivas. Uke  são, portanto, elementos defensivos fundamentais da estratégia no Karate-Do. Com raras exceções, porém, os Uke  são, ao mesmo tempo, batidas. O objetivo dos bloqueios é, também, atacar um ponto chave do braço ou perna que o adversário usa para atacar, diminuindo sua capacidade de combate. Uchi-uke (defesa de dentro para fora -  内受 ) *A mão sai dum ponto abaixo do ombro do outro lado, com a palma da mão voltada para baixo, para que o movimento de supinação da articulação radio-ulnar seja o mais amplo possível e aumente a potência do bloqueio. Uke é um termo genérico para defesas ou bloqueios e pode ser executado usando-se várias posições de mão e perna como arma, sempre pensando no efeito de “desviar  pela tangente”  criado pelo movimento da articulação radio-ulnar.

Soto-uke (defesa de fora para dentro -  外受 ) *A mão sai dum ponto mais alto do que a linha que coincide com a cabeça, para que o bíceps braquial mais relaxado ajude na supinação da articulação radio-ulnar e aumente a potência do bloqueio.

Shuto-uke (defesa com a mão em espada - 刀手受 ) *A mão sai dum ponto mais alto do que a linha que coincide com a cabeça, para que o bíceps braquial mais relaxado ajude na supinação da articulação radio-ulnar e aumente a potência do bloqueio.

TE-WAZA Técnicas de Mão Gedan Barai (defesa varrendo para baixo - 下段払い ) *A mão sai do lado da orelha, com a palma virada para esta. Essa posição ajuda na pronação da articulação radio-ulnar e aumente a potência do bloqueio.

Tsuki (soco - 突) *ataques diretos com seiken, nukite, ippon nukite, nihon nukite, ippon ken e outros que usam a pronação associada à extensão de cotovelo e elevação do ombro, gerando o efeito de “parafuso”.

Uchi (golpes indiretos - 打) *Os golpes indiretos são ataques feitos com várias partes do corpo como mãos, cotovelos e ombros e que não são desferidos em trajetórias retilíneas como os socos.

KERI-WAZA Técnicas de Chute

Mae Geri (chute frontal -  前蹴上  /  前蹴込 ) *é o chute executado com a ponteira do pé, através do movimento ascendente (keage) ou penetrante (kekomi). Assemelha-se ao soco direto, por ser uma técnica direta e devendo ser executada em trajetória retilínea até o alvo.

Mawashi Geri (chute circular -  廻蹴 ) *é o chute executado com a ponteira do pé em trajetória indireta, assemelhando-se aos golpes. Como no Mae Geri, a direção do Mawashi Geri tem sua direção definida pela posição do joelho.

Ushiro Kekomi (chute para trás - 不動立 ) *é um chute executado também numa trajetória retilínea, porém executado para trás. Yoko Geri (chute lateral -  横蹴上 /  後蹴込 ) *é um chute usado para surpreender o adversário que se aproxima pelo lado do corpo do karateka. A área usada para o conta to é a faca do pé (sokuto), e que deve ser preparado sempre erguendo-se o  joelho à frente do abdome. Yoko Tobi Geri (chute lateral saltando - 横飛蹴 ) *é o chute lateral associado ao salto, o movimento inicial é muito semelhante à técnica de salto treinada no kata Heian Godan.

Tiago Frosi com outros membros da FKSRS e o Shihan Sadamu Uriu ao centro após exame de graduação Dan. (Pelotas/RS, 2012)

Tiago Frosi e membros do Shinjigenkan praticam o Kobudo sob o comando do sensei Denis Andretta na ESEF UFRGS. (Porto Alegre/RS, 2013)

KATA DE KARATE-DŌ Os Kata  são lutas simuladas contra vários adversários. A origem destes exercícios remete às origens da arte, quando os guerreiros de Okinawa usavam o Karate  nas guerras. Como as armas eram proibidas em Okinawa (devido a um decreto do rei Shō ninguém podia portar espadas, lanças, etc), o Karate  foi usado para os diferentes combates que aconteceram ao longo da história, inclusive no Sanzan (a guerra onde os três reinos de Okinawa foram unificados sob o comando da dinastia Shō). Sendo assim, a execução de um Kata representa a situação do campo de batalha, onde vários adversários atacavam o guerreiro de várias direções. Cada trecho do Kata representa uma luta mortal que era decidida com uma pequena sequência de defesas e contra-ataques. Atualmente se estudam 101 Kata no sistema JKS:

KATA DE KARATE-DŌ A cada aprovação em exame de faixa dentro do treinamento do Karate- Dō, o estudante vai sendo guiado dentro do aprendizado de técnicas cada vez mais complexas, centradas nos exercícios correspondentes ao grau atingido. Quatro grupos de Kata são exigidos do karate-ka em sua jornada inicial da faixa branca até a preta: Jo no Kata (básico) Heian e Tekki (Tokuigata - obrigatórios), Bassai, Kanku, Jion e Empi (Senteigata  –  selecionados) e os Junro (Kotengata - ancestrais [básicos]). Com o domínio destas formas principais, é possível ao praticante compreender os fundamentos do estilo Shōtōkan. A cada exame de graduação, determinados exercícios formas são exigidos. O programa que utilizamos hoje no Shinjigenkan Institute procura apresenta uma metodologia adaptada para crianças e adultos, conforme segue abaixo:

METODOLOGIA INFANTIL

Taikyoku Shodan Taikyoku Nidan Taikyoku Sandan Jo no Kata Heian Shodan

METODOLOGIA ADULTOS Jo no Kata e Heian Shodan Heian Shodan e Heian Nidan Heian Nidan e Heian Sandan Heian Sandan, Yondan e Junro Shodan Heian Yondan, Godan, Junro Shodan a Sandan Heian Godan, Tekki Shodan, Junro Shodan a Godan Tekki Shodan, Bassai Dai, Junro Shodan a Godan Sentei-gata, Junro-gata e 1 Tokui-gata

OS KATA BÁSICOS DO ESTILO SHŌTŌKAN Mesmo possuindo elementos de Shorei-Kan  (nos Kata Hangetsu, Hyakuhachiho e outros presentes na linhagem Shōtōkai   de Shigeru Egami sensei), o estilo Shōtōkan  é baseado predominantemente na linha Shuri-Te, oriunda dos princípios externos da arte, ou seja, em Shorin-Kan, termo japonês para Shaolin C’huan (FUNAKOSHI, 1999). Esse aspecto é facilmente percebido pelas técnicas que, em quase sua totalidade, que são compostas de ataques diretos, muito lineares, em contraponto às técnicas de Shorei-Kan. Ambas as facetas (Shorin e Shorei ) são apontadas como importantes por mestre Funakoshi, portanto cabe a nós conhecermos e praticarmos os Kata do estilo com a devida dedicação e apreço. Os Kata básicos do estilo Shōtōkan apresentados neste livro são o resultado da pesquisa de dois grandes mestres do Karate- Dō: Gigo (Yoshitaka) Funakoshi e Tetsuhiko Asai. Conta-se que foi Anko (Yasutsune) Itosu quem criou os primeiros Kata simplificados de Karate- Dō, desmembrando os Heian Kata a partir do Kushanku Kata (KANAZAWA, 2009). O trabalho de mestre Itosu na época era e possibilitar que as crianças que estudavam nas escolas de Okinawa pudessem praticar o Karate- Dō sem recorrer diretamente aos longos e complexos Kata avançados. Dificuldade semelhante encontrou o mestre Funakoshi Gichin ao iniciar suas instruções no Japão continental. Provavelmente, mesmo a série de Heian Kata era complexa para aqueles que estavam mais habituados com a lógica marcial japonesa do que com a lógica chinesa (os exercícios formais de KarateDō como sabemos são muito mais próximos dos praticados na China do que os praticados no Japão).

Sendo assim, o filho de Funakoshi sensei, Gigo, criou uma série básica de Kata que nomeou “Taikyoku”. Esses Kata básicos representam os primeiros passos dentro do estilo Shōtōkan e até hoje são ótimas ferramentas para o iniciante aperfeiçoar a movimentação básica e compreender o que é o Kata, bem como são muito úteis no ensino das crianças. Ainda assim, havia uma desconexão entre a série Taikyoku e a série Heian. Esse fato foi sanado com a criação do “Jo no Kata”,  pelo mestre Tetsuhiko Asai. Asai sensei conseguiu compilar no seu exercício formal as técnicas básicas que ainda não estavam presentes nos Taikyoku Kata. Com isso, passamos de uma complexidade fluida de Taikyoku Shodan a Sandan, depois ao Jo no Kata e finalmente entramos na série Heian, onde os fundamentos para os Kata “superiores”  são enfim trabalhados.

OS KATA BÁSICOS DO ESTILO SHŌTŌKAN Existem também Kata simples desenvolvidos por mestre Funakoshi Gichin chamados Ten no Kata (forma do céu), Chi no Kata (forma da terra) e Hito no Kata (forma do homem), conforme explicado em seu livro Karate- Dō Nyūmon (FUNAKOSHI, 1999), desses apenas o Tem no Kata parece continuar sendo praticado e os demais se perderam na história. Optamos por não apresentá-los aqui por que é necessário uma pesquisa mais profunda a seu respeito, por não fazerem parte do atual programa de Kata da Japan Karate ShotoFederation e por serem uma espécie de “Kumite-Kata”,  diferentes dos demais exercícios formais do estilo, mas próximos dos Kata existentes em artes como Jūdō e Aikidō. Após o treinamento destes Kata Básicos (Taikyoku e Jo no) enveredamos pelo estudo dos Tokuigata (formas obrigatórias, a série Heian e Tekki), dos Senteigata (formas selecionadas, que são Jion, Bassaidai, Kankudai e Enpi) e dos Kotengata (formas ancestrais) fundamentais, que são os exercícios da série Junro Kata.

Bom treinamento!

Sadamu Uriu com Denilson Caribé na década de 1970, na Bahia.

Sadamu Uriu com Y. Tanaka outros membros da Shobukan na década de 1970, no Rio de Janeiro

Sadamu Uriu com Yamaguchi e Tetsuhiko Asai na década de 1980

RESUMO - KATA BÁSICOS DO KARATE SHŌTŌKAN Taikyoku (grandiosidade suprema): a série Taikyoku kata  são formas simples de se praticar os movimentos básicos do Karate, porém de vital importância tanto para o iniciante quanto para o Karate-ka mais avançado pelo simples fato de ensinar o embuzen básico e a dinâmica básica de defesa e contra-ataque com caminhadas frontais ( ayumi-ashi ), bloqueando no nível baixo (gedan-barai ) e contra-atacando no nível médio (chudan oi-zuki ) e no nível alto (no taikyoku nidan ). No kata taikyoku sandan , realiza-se o kokutsu-dachi   com a defesa uchi-uke . Foi o filho mais velho do Mestre Funakoshi que desenvolveu esses katas para poder simplificar o aprendizado do Karate. Jo No Kata  (forma que precede as demais): desenvolvido pelo Mestre Tetsuhiko Asai, esse kata busca conectar os taikyoku kata aos heian kata, introduzindo técnicas básicas como Kiba-dachi, Mae keage, Jodan Age- uke e Soto-uke. Heian (paz e tranquilidade): nesta série de katas, existem cinco formas de Heian (shodan. nidan, sandan, yondan, godan) aonde podem ser observadas diversas sequências de defesa e contra-ataque sempre relacionadas as posturas básicas realizadas no kihon. Importante frisar que estes kata são derivações de um kata avançado, o Kanku Da, além de apresentar algumas técnicas de outros kata como Bassai Dai, Gankaku e Jion. A série de kata Heian foi criada por Yasutsune Itosu, mestre de Gichin Funakoshi, para introduzir o Tode nas escolas de Okinawa como disciplina de Educação Física. Tekki (cavaleiro de ferro): neste kata, a posição de kiba-dachi é exigida constantemente, dando ênfase ao trabalho de flexibilidade das costas, mostrando a força do cavaleiro em cima de seu cavalo. Junro  (Rota Correta): são kata básicos para desenvolvimento do Karate de Asai sensei (que une o Karate Shotokan JKA ao estilo da garça branca  –  Hakutsuru/Hakka Ken e Okinawa Karate), onde são trabalhados neko ashi dachi, giros e mushiken (braço chicote), entre outros fundamentos.

TAIKYOKU SHODAN GRANDIOSIDADE SUPREMA - NÍVEL INICIAL

Conta-se que a série Taikyoku foi criada pelo mestre Gigo Funakoshi, filho do grande mestre Gichin Funakoshi, fundador do estilo Shōtōkan e que também é tido como pai do Karate Moderno. O primeiro Kata desta série tem por objetivo ensinar a Embuzen básica, explicada como um “I” maiúsculo ou um “H”, e a dinâmica básica de defesa e contra-ataque com caminhadas frontais (ayumi-ashi ), bloqueando no nível baixo (gedan-barai ) e contra-atacando no nível médio (chūdan ōi -zuki ). Taikyoku é a mesma palavra que explica o princípio

cosmológico taoista chinês Taiji   (Grandiosidade Suprema), que nos lembra que apesar dos iniciantes aprenderem rapidamente

seus

movimentos,

seus

fundamentos

avançados continuam ensinando até o lutador mais

Embuzen – linha de atuação

experimentado. No Shintaidō, o Sogō Budō (arte marcial holística) desenvolvida por Aōki Hiroyuki sensei inicia-se (na faixa branca) e termina-se (no 5º Dan) por Taikyoku, com a forma simples até uma revisão completa de seus waza.

Ayumi-ashi – passo avançando

TAIKYOKU SHODAN

太極初段



[下段払い] Shizen Tai – Postura Natural

Taikyoku Shodan Grandiosidade Suprema Nível Inicial

Tachi

20 movimentos Hachinoji-dachi Postura em forma de 8 (

Tachi: Hachinoji-dachi e Zenkutsu-dachi

).

Zenkutsu-dachi Postura avançada.

Waza: Gedan-barai e Chūdan Ōi-zuki

1 [左下段払い] Hidari Gedan Barai – varrida para o nível baixo Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1

1

Gaiwan 1) Keikyo

Porção lateral do antebraço. 2

Zenkutsu-dachi

3

Em gedan-barai utilizamos a parte mais distal de gaiwan, próxima ao punho (tekubi) para realizar o impacto.

2) Chikuhin 3) Sanri

2 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki – soco direto em perseguição Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1 3

2 3 4

1) Tentotsu 2) Danchu 3) Reikyo

5

4) Kyosen 5) Suigetsu

Seiken Nó dos dedos indicador e médio.

Zenkutsu-dachi 1

TAIKYOKU SHODAN 3 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

5 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

7 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi



太極初段

4 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

6 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

8 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Kiai

Tachi

Zenkutsu-dachi

1

TAIKYOKU SHODAN 9 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

11 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

13 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

1

Tachi

Zenkutsu-dachi



太極初段

10 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

12 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

14 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

TAIKYOKU SHODAN 15 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

19 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

太極初段

16 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Zenkutsu-dachi

17 [左下段払い] Hidari Gedan Barai



Kiai

Tachi

Zenkutsu-dachi

18 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

20 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

YAME!

YASUME!

Parar e reverenciar

Relaxar

Tachi

Zenkutsu-dachi

1

TAIKYOKU NIDAN GRANDIOSIDADE SUPREMA - NÍVEL DOIS

Taikyoku Nidan é o segundo Kata da série de cursos

básicos de Gigo Funakoshi, sucessor de Gichin Funakoshi, mas que não chegou a liderar por muito tempo o estilo Shōtōkan  pois faleceu durante a segunda guerra mundial

recusando-se a comer a ração doada pelo exército americano, deixando o pai sozinho no empreendimento de disseminar o Karate- Dō no Japão. O segundo Kata desta série tem por objetivo fortalecer os princípios aprendidos no primeiro exercício formal (Taikyoku Shodan) e introduzir os ataques ao nível alto, ou  jōdan, além da possibilidade de explorar o uso do  jōdan oi-zuki como uma defesa, um tsuki-uke.

Embuzen – linha de atuação

TAIKYOKU NIDAN



太極二段

[下段払い] Shizen Tai – Postura Natural

Taikyoku Nidan Grandiosidade Suprema Nível Dois

Tachi

20 movimentos Hachinoji-dachi Postura em forma de 8 (

Tachi: Hachinoji-dachi e Zenkutsu-dachi

).

Zenkutsu-dachi Postura avançada.

Waza: Gedan-barai, Chudan Ōi-zuki e Jōdan Ōi-zuki

1 [左下段払い] Hidari Gedan Barai – varrida para o nível baixo Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1

1

Gaiwan 1) Keikyo

Porção lateral do antebraço. 2

Zenkutsu-dachi

3

Em gedan-barai utilizamos a parte mais distal de gaiwan, próxima ao punho (tekubi) para realizar o impacto.

2) Chikuhin 3) Sanri

2 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki – soco direto em perseguição Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1 3

2 3 4

1) Tentotsu 2) Danchu 3) Reikyo

5

4) Kyosen 5) Suigetsu

Seiken Nó dos dedos indicador e médio.

Zenkutsu-dachi 1

TAIKYOKU NIDAN 3 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

4 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki

Tachi

Waza

Zenkutsu-dachi

Hanmi koshi

Tachi

Shōmen koshi

5 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

太極二段



Zenkutsu-dachi

6 [右上追突] Migi Jōdan Ōi-zuki

Tachi

Waza

Zenkutsu-dachi

Tachi

Shōmen koshi

Zenkutsu-dachi

7 [左上追突] Hidari Jōdan Ōi-zuki – Soco alto direto em perseguição Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1) Nichigetsu 2) Ryogan

1 4

2

3

4

5 6

Seiken Nó dos dedos indicador e médio.

3) Sankaku 4) Kenryo

7

5) Jinchu 6) Shosho 7) Bukkotsu

Zenkutsu-dachi 1

TAIKYOKU NIDAN 8 [右上追突] Migi Jōdan Ōi-zuki Waza

Kiai

Tachi

Zenkutsu-dachi

10 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

12 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

1

Tachi

Zenkutsu-dachi



太極二段

9 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

11 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

13 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

TAIKYOKU NIDAN 14 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

16 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Kiai

Tachi

Zenkutsu-dachi

18 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi



太極二段

15 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

17 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

19 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

1

TAIKYOKU NIDAN



太極二段

20 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

1

Tachi

Zenkutsu-dachi

YAME!

YASUME!

Parar e reverenciar

Relaxar

Tiago Frosi treina o Kata Unsu à noite. (Mariluz/RS, 2011)

Tiago com Denise Pivatto Marzec e o multicampeão Luca Valdesi após seminário no América Futebol Clube. (Rio de Janeiro/RJ, 2011)

TAIKYOKU SANDAN GRANDIOSIDADE SUPREMA - NÍVEL TRÊS

Taikyoku

Sandan,   o

último

Kata  da

série

incorporada ao estilo Shōtōkan  pelo mestre Funakoshi a partir das pesquisas de seu filho para facilitar o aprendizado dos iniciantes, introduz a noção de defesa ao nível médio, ou chūdan, e o uso da base recuada, ou Kōkutsu-dachi . Funakoshi sensei introduziu outros Kata  que se perderam no tempo, como Ten no Kata (forma do Céu), Hito no Kata (forma do Homem) e Chi no Kata (forma da

Terra), que remetiam a outros princípios cosmológicos místicos (no caso, o Shu-Ha-Ri ) e que eram diferenciados por serem “kumite-kata” semelhantes às formas do  Jūdō ou

Gichin Funakoshi executa Kōkutsu-dachi

 Aikidō. Mais tarde, Tetsuhiko Asai sensei desenvolveria um

quarto Kata básico para complementar a jornada do Kihon (fundamentos) até os Heian Kata desenvolvidos por Yasatsune Itosu sensei, um dos mestres de Gichin Funakoshi sensei. Mas isso é história para o próximo capítulo.

Embuzen – linha de atuação

TAIKYOKU SANDAN

太極三段



[下段払い] Shizen Tai – Postura Natural

Taikyoku Sandan Grandiosidade Suprema Nível Três

Tachi

20 movimentos Tachi: Hachinoji-dachi, Kōkutsu-dachi e Zenkutsudachi

Hachinoji-dachi Postura em forma de 8 (

).

Zenkutsu-dachi Waza: Uchi Uke, Gedanbarai, Chudan Ōi-zuki e Jōdan Ōi-zuki

Postura avançada.

Kōkutsu-dachi Postura recuada.

1 [左中段内受] Hidari Uchi Uke – bloqueio de dentro para fora Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1) Keikyo

1

Naiwan Porção lateral do antebraço.

Kōkutsu-dachi

1

Em uchi uke utilizamos a parte mais distal de naiwan, próxima ao punho (tekubi) para realizar o impacto.

2 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki – soco direto em perseguição Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1 3

2 3 4

1) Tentotsu 2) Danchu 3) Reikyo

5

4) Kyosen 5) Suigetsu

Seiken Nó dos dedos indicador e médio.

Zenkutsu-dachi 1

TAIKYOKU SANDAN 3 [右中段内受] Migi Uchi Uke Waza

4 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki

Tachi

Waza

Kōkutsu-dachi

Hanmi koshi

Tachi

Shōmen koshi

5 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

太極三段



Zenkutsu-dachi

6 [右上追突] Migi Jōdan Ōi-zuki

Tachi

Waza

Zenkutsu-dachi

Tachi

Shōmen koshi

Zenkutsu-dachi

7 [左上追突] Hidari Jōdan Ōi-zuki – Soco alto direto em perseguição Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1) Nichigetsu 2) Ryogan

1 4

2

3

4

5 6

Seiken Nó dos dedos indicador e médio.

3) Sankaku 4) Kenryo

7

5) Jinchu 6) Shosho 7) Bukkotsu

Zenkutsu-dachi 1

TAIKYOKU SANDAN 8 [右上追突] Migi Jōdan Ōi-zuki Waza

Kiai

Tachi

Shōmen koshi

Tachi

Waza

Shōmen koshi

1

Waza

Tachi

Zenkutsu-dachi

Tachi

Kōkutsu-dachi

11 [右中段内受] Migi Uchi Uke Waza

Zenkutsu-dachi

12 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki

太極三段

9 [左中段内受] Hidari Uchi Uke

Zenkutsu-dachi

10 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza



Tachi

Kōkutsu-dachi

13 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

TAIKYOKU SANDAN 14 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

16 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Kiai

Tachi

Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

太極三段

15 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

17 [左中段内受] Hidari Uchi Uke Waza

Zenkutsu-dachi

18 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki



Tachi

Kōkutsu-dachi

19 [右中段内受] Migi Uchi Uke Waza

Tachi

Kōkutsu-dachi

1

TAIKYOKU SANDAN



太極三段

20 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

1

Tachi

Zenkutsu-dachi

YAME!

YASUME!

Parar e reverenciar

Relaxar

JO NO KATA FORMA PRELIMINAR

Gichin Funakoshi levou o  Karate-dō para o Japão em 1921, inicialmente para um demonstração na “I Exibição Atlética Nacional”,  na presença do Imperador Hirohito. Depois deste evento não conseguiu retornar mais para Okinawa, pois era solicitado a todo momento para ensinar, introduzindo a arte em várias universidades japonesas. Um grupo formado por alguns de seus principais alunos e liderado por Masatoshi Nakayama criou, quase 30 anos depois, em 1949, a Nihon Karate Kyōkai  (Japan Karate Association - JKA). Alguns dos principais alunos de Nakayama sensei eram Tetsuhiko Asai, Hirokazu Kanazawa, Mikio Yahara, Keigo Abe, Masao Kagawa, entre outros. Após a morte de Nakayama sensei houve uma grande dissidência dentro da JKA, e foram criadas várias instituições lideradas por alguns dos membros da JKA original. Tetsuhiko Asai criou a Nihon Karate Shotorenmei (Japan Karate ShotoFederation - JKS) e desenvolveu uma grande pesquisa, recuperando antigas formas dos estilos ortodoxos de Okinawa e da China (que chamou de Kotengata, ou formas antigas), Kurumaisu-gata   (formas para

cadeirantes) e desenvolveu o tenketsu-jutsu (sua técnica de ataque aos pontos vitais). O mais básico de seus Kata  é o  Jo no Kata, a “forma que precede as demais”, ou “forma preliminar”,  que conecta os Taikyoku Kata aos Heian Kata, introduzindo técnicas básicas como Kiba-dachi , Mae Keage,  Jōdan  Ageuke e Soto-uke.

Embuzen – linha de atuação

JO NO KATA 序の型 ●

Jo no Kata

[下段払い] Shizen Tai – Postura Natural

Forma Preliminar

21 movimentos

Tachi

Tachi: Hachinoji-dachi, Kōkutsu-dachi, Kiba-dachi e Zenkutsu-dachi

Hachinoji-dachi Postura em forma de 8 (

).

Zenkutsu-dachi Postura avançada.

Waza: Jōdan Age Uke, Gedan-barai, Chudan Ōi-zuki, Soto Uke, Gedan-gamae, Mae Keage, Shutō Uke, Tate Shutō Uke e Choku-zuki

1 [左下段払い] Hidari Gedan Barai – varrida para o nível baixo Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1

1

Gaiwan 1) Keikyo

Porção lateral do antebraço. 2

Zenkutsu-dachi

3

Em gedan-barai utilizamos a parte mais distal de gaiwan, próxima ao punho (tekubi) para realizar o impacto.

2) Chikuhin 3) Sanri

2 [右上け受] Migi Jōdan Age Uke – Bloqueio alto ascendente Waza

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1) Sankaku 2) Jinchu

Gaiwan

2

Porção lateral do antebraço.

Zenkutsu-dachi 1

Em age uke utilizamos a parte mais proximal de gaiwan, próxima ao cotovelo para realizar o impacto. O cotovelo pode ser usado em conjunto.

3) Keimyaku

1

3

4) Bukkotsu 4 3

JO NO KATA 序の型 ●

3 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

5 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

7 [左中追突] Hidari Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

4 [左上け受] Hidari Jōdan Age Uke Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

6 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

8 [右中追突] Migi Chūdan Ōi-zuki Waza

Kiai

Tachi

Zenkutsu-dachi

1

JO NO KATA 序の型 ●

9 [左下段払い] Hidari Gedan Barai Waza

Hanmi koshi

Tachi

10 [右中外受] Migi Soto Uke Waza

Zenkutsu-dachi

Tachi

Hanmi koshi

Zenkutsu-dachi

*usado como “kime de bloqueio”, como o age-uke anterior Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1) Yongo 1

5 7

Hanmi koshi

1

3) Furin 6 8

4) Dokko

Tettsui

5) Mikazuki

Mão-martelo

6) Keikotsu

Nesta aplicação usamos o martelo da mão para atacar pontos laterais da cabeça do adversário.

7) Keimyaku

11 [右下段払い] Migi Gedan Barai Waza

2) Sango 2 3 4

Tachi

Zenkutsu-dachi

8) Matsukaze

12 [左中追突] Hidari Soto Uke Waza

Hanmi koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

JO NO KATA 序の型 ●

13 [下構え] Gedan-gamae Waza

Shōmen koshi

14 [右中前蹴上] Migi Mae Keage

Tachi

Waza

Zenkutsu-dachi

Tachi

Shōmen koshi

Zenkutsu-dachi

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 1) Kyosen 2) Suigetsu

1

3) Myojo 3

2

4 4) Denko

5

5) Kikai

Koshi 6

Bola do pé

6) Kinteki

É importante erguer firmemente os artelhos para que apenas a região da bola do pé faça contato.

15 [左中前蹴上] Hidari Mae Keage Waza

Shōmen koshi

Tachi

Zenkutsu-dachi

16 [右中前蹴上] Migi Mae Keage Waza

Kiai

Tachi

Zenkutsu-dachi

1

JO NO KATA 序の型 ●

17 [左中手刀受] Hidari Shutō Uke Waza

18 [右中手刀受] Migi Shutō Uke

Tachi

Waza

Tachi

Kōkutsu-dachi

Kōkutsu-dachi

Tenketsu-jutsu

Parte do corpo

Pontos vitais 2

1) Keikyo

1

2) Sanri

1

Shutō Mão-espada / Espada da mão Em shutō  uke utilizamos a espada da mão, para realizar o impacto.

19 [左縦 手刀受] Hidari Tate Shutō Uke Waza

Tachi

Kiba-dachi

1

20 [右中直突] Migi Choku-zuki Waza

Tachi

Kiba-dachi

JO NO KATA 序の型 ●

20 [左中直突] Hidari Choku-zuki Waza

Tachi

Kiba-dachi

YAME!

YASUME!

Parar e reverenciar

Relaxar

1

Tiago Frosi executa o Kata Kanku-Dai no Campeonato Brasileiro de Karate (CBK) de 2009. (Natal/RN, 2009)

Tiago com Felipe Frosi e Guy Mehdi Sahri sensei antes de seminário na Escola de Educação Física da UFRGS. (Porto Alegre/RS, 2011)

OUTROS KATA BÁSICOS DE KARATE-DŌ

KATA DE KARATE-DŌ

KATA DE KARATE-DŌ

KATA DE KARATE-DŌ

KATA DE KARATE-DŌ

KATA DE KARATE-DŌ

KATA DE KARATE-DŌ

CLASSIFICAÇÃO DOS KATA DO KARATE SHŌTŌKAN Shiteigata: kata obrigatórios (Heian 1 a 5 e Tekki Shodan). Senteigata: kata selecionados (Bassai Dai, Kanku Dai, Enpi e Jion). Tokuigata: kata preferidos. Fazem parte desta lista: Tekki Nidan e Sandan, Jitte, Hangetsu, Gankaku, Bassai Sho, Kanku Sho, Chinte, Unsu. Sochin, Nijushiho, Gojushiho Dai, Gojushiho Sho Meikyo, Jiin e Wankan. Kotengata: kata ancestrais, resgatados pelo Mestre Tetsuhiko Asai. Compõe a lista: Jo no Kata, Junro 1 a 5, Jokko 1 a 5, Kakuyoku 1 a 3, Kyakusen, Suishu, Kashu, Roshu, Hushu, Hakkaishu, Meikyo Nidan, Meikyo Sandan, Jurokuppo, Nijuhappo, Sanjuhappo, Raiko, Rakuyo, Rantai, Ryubi, Hachimon, Hyakuhachiho, Kihoken 1 a 5, Mawari no Kata, Gyaku Zuki no Kata, Kaminri Arashi, Yokotawaru Tatsu, Shinobiyoru Hayabusa, Kibaken 1 a 3, Sensho, Senka, Seiryu, Shinken, Shoto, Shotei Daí, Shotei Sho, Fudoken, Tekken e Tsungo. Mestre Asai também desenvolveu katas para cadeirantes (Kurumaisu Karate): Shorin Dai/Sho, Nirin Dai/Sho, Sanrin Dai/Sho, Yonrin Dai/Sho e Gorin Dai/Sho.

KUMITE DE KARATE-DŌ Há diversas formas de luta combinada no Karate- Dō, onde o praticante vai adquirindo as habilidades básicas de movimentação, esquiva, defesa, ataque e contra-ataque. Após o estágio da luta combinada se realiza uma luta semi-livre e por fim, a luta livre. A luta combinada mais básica é o Gohon Kumite, onde um praticante ataca o outro cinco vezes, que realiza cinco defesas e contra ataca ao final dos deslocamentos da dupla. Outro exercício semelhante, porém mais dinâmico e complexo é o Sanbon Kumite, uma luta combinada de três movimentos.

Após o estágio mais básico, é realizado o treinamento de Ippon Kumite, uma luta combinada de um movimento. Neste exercício um praticante ataca e o outro defende e contra ataca imediatamente, da forma mais natural possível. Após as lutas combinadas mais básicas (Gohon Kumite, Sanbon Kumite e Ippon Kumite) é realizado o  Jiy ū Ippon Kumite (Luta semi-livre de um movimento). Neste exercício o praticante avisa o nível onde irá atacar e realiza o movimento que desejar. O outro praticante por sua vez, deve estar atento para executar a defesa correta e contra atacar com naturalidade. Após o domínio das formas combinadas e semi-livre os praticantes passam a praticar o combate livre, Jiy ū Kumite, onde todas as técnicas são permitidas, desde que executadas com controle, sem afetar a integridade física do colega. A luta de competição ( Shiai Kumite ou Ippon Shobu) são adaptações do Jiy ū Kumite, onde muitas técnicas presentes nos Kata são proibidas para evitar as lesões. Na antiguidade, na época das guerras em Okinawa, havia o conceito de Ikken Issatsu no Karate , que significava “matar  com um único golpe”. Era um conceito de eficiência da técnica. Hoje, mesmo que continuemos praticando o Ikken Issatsu, este é um conceito combinado com a ideia de Sun Dome (deter o golpe a um Sun, que é uma medida equivalente a 3 centímetros). Isso significa que devemos executar nossas técnicas com máxima velocidade e força, exigindo reflexos e presença do nosso oponente, porém executamos esta técnica com controle total, parando o golpe a três centímetros do corpo ( Sun), preservando o outro. É o que torna belíssima a disputa entre dois lutadores habilidosos.

PREPARAÇÃO FÍSICA Os guerreiros de Okinawa, e posteriormente os Karate-ka  propriamente ditos, desenvolveram métodos de exercitação e enrijecimento corporal para potencializar a performance e as capacidades do praticante. Esse método é chamado Tanren- hō, e inclui exercícios calistênicos, de força e de resistência à dor.

A prática do Tanren- hō é essencial para que nosso corpo esteja preparado para realizar todas as técnicas no menor espaço de tempo possível. A mobilidade, flexibilidade, velocidade, força e resistência são tão importantes para a realização de boas técnicas, bons Kata  e boas lutas do que a habilidade de executar bons gestos motores.

MEDITAÇÃO O grande mestre Oyama Masutatsu, um dos alunos de Yamaguchi Gogen, realizou um teste com seus alunos: treinou dois de seus melhores discípulos através de métodos diferentes. O primeiro discípulo praticou as técnicas, participou de combates e realizou práticas meditativas. O segundo treinou apenas através de combates com seus inúmeros colegas. Como resultado, o discípulo que preparou sua mente e seu corpo, ou seja, que também se dedicou à meditação, venceu o combate contra o outro discípulo. No Karate- Dō atual há exercícios meditativos breves no início e final dos treinamentos chamados Mokusō (meditar em silêncio). Alguns professores conservam a prática de meditações mais complexas, como o  Zazen (uma prática budista para o “esvaziamento”  da mente) ou meditações que envolvem inclusive elementos dinâmicos como a Camisa de Ferro (uma prática taoista que une a mente e a energia vital, fortalecendo o corpo).

Shihan Sadamu Uriu explica Kiba dachi auxiliado por Tiago Frosi. (Jaguarão/RS, 2013)

Tiago Frosi e membros do Shinjigenkan com o Shihan Sadamu Uriu. (Pelotas/RS, 2012)

COMPETIÇÃO Nas competições são realizados eventos de Kata (exercícios formais) e Kumite, individualmente ou por equipes. Na disputa de Kata os atletas realizam, nas etapas classificatórias, os Kata escolhidos pela arbitragem simultaneamente, e nas finais um de cada vez, podendo executar qualquer um dos exercícios que forem de sua preferência, e vão se classificando pelos votos dos juízes e nas finais disputam a vitória pelo sistema de notas. Os atletas utilizam sua faixa, aém de um dos atletas utilizar a faixa vermelha (este será o aka -vermelho- e o outro, sem faixa será shirō -branco-) e os árbitros votam erguendo bandeiras da cor correspondente nessas etapas .

No Kumite, a luta, os dois atletas disputam através de um combate com contato corporal mínimo, onde a disputa valoriza a velocidade e precisão das técnicas controladas e não uma disputa irracional de extrema violência entre dois homens. Cada golpe bem executado no Karate- Dō é apontado pelo árbitro e o atleta vai somando pontos, que ao final do tempo de combate são computados e o vencedor é aquele que obtiver o Ippon (ponto inteiro, concedido a uma técnica executada com perfeição) ou pelo  AwaseIppon (a soma de dois Waza-ari , ou seja “meios pontos”, atribuídos a uma técnica de eficácia mediana) ou ainda para o atleta que obteve a maior pontuação ao término do tempo de luta.

COMPETIÇÃO Na disputa de Kata   em equipe, três atletas realizam o Kata  em sincronia e em algumas competições, nas finais, apresentam o bunkai . O bunkai   é uma luta simulada, coreografada, onde o significado do Kata é posto em prática e apresentado.

Na disputa de Kumite em equipe os membros das equipes participam de combates individuais e seus resultados somam pontos para a equipe correspondente. No Kumite  é obrigatório o uso de protetores para evitar ao máximo o número de lesões. Os protetores obrigatórios no sistema JKS são: protetor bucal e luvas (brancas), protetor de seios (para mulheres) e protetor genital (coquilha). Protetores como caneleiras e protetor de pé não são permitidos.

AVALIAÇÃO DE PONTOS EM LUTAS (KUMITE) DE KARATE Julgamento do “waza”  - os alvos de ataque são limitados da seguinte forma: 1 – “  jodan” (região superior) – refere-se à região do pescoço e toda a cabeça. 2 – “ chudan” (região central) – refere-se a toda região do peito até a parte inferior do abdômen incluindo-se todo o dorso e a região das costas. Padrão de julgamento do waza - é estabelecido como se segue: 1 – Postura correta e atitude admirável. 2 – Presença de espírito e compaixão. 3 – Espaçamento e sincronismo adequados. 4 – Compreensão correta dos alvos. 5 – Processo e ângulo de ataque eficaz do waza. O “ ippon”  (ponto inteiro) - refere-se à situação quando o waza, como o “ tsuki ”  (soco), “ keri ”  (chute) e o “ uchi ” (batida), satisfazem plenamente todos os itens anteriores. Os seguintes casos poderão ser considerados “ ippon” : 1 – Quando visado o “ deai ”.  2 – Quando desmantelar a postura do adversário. 3 – Quando ocorrer movimento simultâneo com o “ nage” . 4 – Quando um ataque contínuo chegar ao extremo num alvo. 5 – Quando o adversário estiver indefeso. O “waza ari ”  (técnica incompleta)  - refere-se à situação onde um “waza”  eficaz, quase equivalente a um “ ippon” , tenha sido aplicado. Dois “waza ari ” equivalem a um “ ippon”  (Awasete-Ippon).

AVALIAÇÃO DE PONTOS EM LUTAS (KUMITE) DE KARATE O “ai   uchi ”  (troca simultânea de golpes) representa a situação onde os dois atletas aplicam simultaneamente o “waza”  do mesmo nível, sendo nestes casos, desconsiderados o “waza”  de ambos. Quando ambos os atletas aplicarem simultaneamente o “waza” , mas um deles for reconhecido como sendo mais eficaz, ou quando for anunciada alguma infração, advertência ou aviso para um dos atletas, o “waza” aplicado ao adversário não será reconhecido.

NOTAS DE TREINAMENTO NOTA 1 (2014): Para fazer corretamente o kime (definição) usamos o relaxamento máximo durante todo o tempo, exceto na hora do "encaixe" da forma final de cada técnica. Nesse momento específico todos os músculos do corpo vibram, a partir do Tanden, assim a força vem da pressão das solas dos pés e é transferida para o soco, defesa, golpe ou chute que atinge o alvo. Quanto mais rápido e no menor tempo pudermos fazer a máxima contração de todos os músculos do corpo, torcendo os tendões e encaixando os ossos, mais poder e definição vamos gerar. Logo após a definição, ou kime, relaxamos totalmente mas nunca deixamos o corpo largado e nem deixamos a postura da técnica recém completada, pelo contrário, relaxamos os músculos mas nossa estrutura óssea se mantém firme, fazendo com que a postura pareça exatamente igual à do instante em que usamos o kime. É proibido parecer um bonecão do posto após completar uma técnica! NOTA 2 (2014): Nenhuma arte marcial em que os estudantes sejam iludidos de que treinando algumas semanas ou meses e com esse breve treinamento estarão aptos a se defender de qualquer perigo é uma arte séria. O nome disso é picaretagem. Na arte marcial verdadeira (onde os professores não dizem aos estudantes que após uns 2 meses vão lutar como Anderson Silva), sabemos que se leva anos para dominar os movimentos corporais, as estratégias de combate, a etiqueta tradicional, levamos anos para desenvolver o controle sobre nossas emoções e sobre nossa mente. Tudo isso é necessário para a ciência da autodefesa. Nesse processo de aperfeiçoamento que leva anos, alguns demoram um pouco menos, outros um pouco mais, porque é natural. Somos diferentes, temos uma individualidade biológica, emocional e mental. Cada um aprende em um ritmo e isso está certo, não há problemas nem erros de ninguém. Apenas não ficamos nos comparando com o colega do lado, pois é uma preocupação narcisista do ego. Treinamos para nós mesmos. Eu tento ser melhor que meu eu de ontem. A cada dia cada um procura se aprimorar e assim o grupo todo cresce, cada um dá o seu melhor, todos os membros do Dojo crescem. Arte marcial, Budo, é um caminho prolongado, não há atalhos e nem fórmulas mágicas! OSU! NOTA 3 (2014): Soco direto (choku-zuki), soco direto em perseguição (oi-zuki), etc. são feitos com seiken (nó superior dos dedos indicador e médio). Quando a técnica de soco é completa e usamos o kime, apenas o seiken acerta o adversário, os outros nós superiores dos dedos anelar e mínimo, bem como o polegar não tocam o alvo. Tomamos esse cuidado pois esses outros dedos são muito mais frágeis e poderiam sofrer lesões com os impactos. OSU! NOTA 4 (2014): Funakoshi Gichin sensei, fundador do nosso estilo de Karate, o estilo Shotokan, deixou 20 ensinamentos (ou regras) chamadas Niju Kun. Entre estas, a 15a. nos alerta de que devemos considerar mentalmente que os braços e pernas do adversário são como espadas. O significado disto é que o adversário pode ser altamente treinado e caso nos toque com um de seus golpes pode nos matar instantaneamente, assim como na luta de espadas (Kenjutsu). Ora, reside aí o principal conceito da autodefesa que deve ser treinado desde o primeiro dia, no primeiro Gohon Kumite (luta de cinco passos): NUNCA DEIXE QUE O GOLPE DO ADVERSÁRIO TOQUE SEU CORPO! NUNCA!! OSU!

NOTAS DE TREINAMENTO NOTA 5 (2014): A maioria das pessoas quando inicia o treinamento do Karate-Do, do Judo, do Aikido ou de qualquer outra arte marcial japonesa (Budo) se pergunta o que essas palavras do idioma nipônico significam. Quando pesquisamos na internet e mesmo em muitos livros (incluindo aí obras importantes como os volumes de Nakayama sensei), encontramos a tradução Karate = Mãos Vazias. De fato o primeiro ideograma (kanji) para Karate é Kara ( 空), que significa vazio, e tem muitos usos. Um dos usos é a designação de um espaço vazio comum, uma vaga de estacionamento livre por exemplo. Porém é também usado na filosofia oriental, especialmente no Budismo, como designação para o mais profundo estágio e nível da Consciência ou da Totalidade, o Anel do Vazio ou Kuurin ( 空輪). Quando escreveu os livros Karate-Do Kyohan e Karate-Do Nyumon, na primeira metade do século XX, Funakoshi Gichin sensei deixou bem claro que era a esse "Vazio Espiritual" que se referia, afirmando entre outras coisas que para alcançar o verdadeiro domínio da arte, o karate-ka precisava livrar-se dos desejos, dos apegos e das suas limitações internas. Estava diretamente influenciado pela filosofia budista. Este é, portanto, a primeira razão pela qual não devemos pensar em Karate como mãos vazias ou livre de armas, como muitos propõem. O próprio Funakoshi sensei nesses livros refuta esse significado. Ao entrar no tópico de que Karate é a "arte das mãos vazias", onde não se usam armas, caímos na segunda questão: não se usa mesmo nenhuma arma no treinamento de Karate-Do? Usa-se! São as armas tradicionais do Okinawa Kobudo, também usadas na China e, conforme os mitos, inspiradas nas ferramentas rurais. Quando começou a lecionar no Japão, Funakoshi sensei ensinava o uso do Bo (bastão longo) e Sai (gancho de três pontas), além de usar outros equipamentos relacionados às práticas com armas que são as ferramentas de enrijecimento corporal (tanren), como na foto abaixo. Por razões políticas (o Japão já tinha seu Kobudo, que empregava a Katana, a Naginata, o Kyu, o Yari e outras armas), a Nihon Karate Kyokai (depois JKA) exclui o treinamento com armas dos currículos do Karate e passa a defender a tradução do nome "Mãos Vazias" associado ao não uso de armas. Mesmo com essa jogada que dominou a mente de muitos praticantes por anos, outros estilos como Goju-ryu, Shito-ryu, Ryuei-ryu e muitos outros, além de dissidências dentro do próprio Shotokan mantiveram o treinamento de Kobudo (Caminho das Armas Ancestrais) associado ao Karate-Do. Sendo assim, para defender tanto a memória do trabalho de Funakoshi sensei, quanto os fundamentos vitais do Karate original, há muitos anos venho defendendo que se abandone a tradução "mãos vazias" e passemos para a tradução mais adequada "Caminho das Mãos do Vazio". Essa tradução nos lembra que trilhamos uma senda (Do) onde através do aperfeiçoamento de nosso corpo, de nossas mãos e técnicas (Te) chegaremos à evolução de nosso caráter e também avançaremos espiritualmente, pois temos uma meta que é nos aproximar desse Vazio (Kara). A mensagem por trás da mudança do nome Karate  ( 唐手  = mãos dos Tang - China) para Karate-Do (空手道  = Caminho das Mãos do Vazio) pretende sugerir-nos que trilhemos um caminho integral, desenvolvendo corpo, mente e espírito! OSU!

NOTAS DE TREINAMENTO Nota 6 (2014): Transição em Kiba-dachi (postura do cavaleiro) deve ser feita com o tanden comandando o deslizamento do pé e de toda a perna traseira em direção à perna dianteira, sempre ocupando o espaço médio entre os pés para obter o máximo equilíbrio, como se caminhássemos sobre um muro estreito (ukimi-waza). Exemplos de uso desse passo são os deslocamentos no kihon para chutar lateralmente (yoko-geri) e em kata como Tekki e Gojushiho. Osu! Nota 7 (2014): Shotokan ( 松涛館) foi o nome do estilo que acabou se propagando pelo mundo com a disseminação do Karate ensinado por Funakoshi sensei. No início, o mestre escrevia suas caligrafias (como a memorável "Hatsu Un Jin Do" = afastando as nuvens, buscando o Caminho) e ao invés de assinar como Gichin Funakoshi as assinava como "Shoto". Com o tempo os antigos alunos (como Egami, Kase, Hironishi e outros) começaram a chamar o estilo de Shotokan (escola ou academia de Shoto, sendo que referiam-se, portanto, à escola de Funakoshi que usava esse pseudônimo). E de fato, juntaram um bom dinheiro e construíram um Dojo em Tokyo, onde finalmente o mestre passou a ter um lugar próprio para ensinar, e que batizaram de Shotokan. Esse Dojo foi destruído no final da Segunda Guerra Mundial com os bombardeios dos norte-americanos e, sendo assim , o prédio não existe mais. Atualmente no Japão não se fala em estilos e sim nas escolas (as pessoas dizem; "eu faço o karate da Kyokai", eu faço karate da Renmei", eu faço karate da Shito-kai", etc), portanto no Japão o nome Shotokan está em certo desuso, apesar de internacionalmente ser a forma como todos que praticam aquele Karate que de alguma forma tem suas origens na técnica ensinada por Funakoshi o chamam. Nota 8 (2014): o mae geri (chute frontal) deverá sempre ser feito com o pé de base voltado para a frente, sem que esse pé gire para fora ou que o joelho desestabilizado torça para qualquer direção. A posição correta, onde pé, joelho e quadril estão alinhados e voltados para a frente envia mais força ao chute e ajuda a impedir que o efeito da força normal desequilibre quem está chutando, fazendo-o cair para trás. De fato a força normal é transferida para o solo quando o calcanhar está bem plantado e não há giros desnecessários, mantendo o enraizamento. Outro ponto importante é que ao mantermos a base correta, quando recebemos um bloqueio efetivo ao nosso mae geri não seremos jogados para o lado desequilibrando e até girando (às vezes quem está com o pé de base frouxe e aberto gira tanto que acaba caindo de costas para o adversário que defendeu, totalmente vulnerável). Para não ser desequilibrado é fundamental estar com quadril joelhos e tornozelos firmes, e a sola dos pés totalmente apoiada no chão sem que essa gire, deve estar sempre pra frente. Com uma boa postura continuamos seguindo para frente e o adversário mesmo atacando pode ser golpeado com um soco direto. Um último ponto é que essa posição correta (as articulações do membro inferior alinhadas e gerando força para frente) também protege as articulações de entorses que poderiam gerar lesões sérias. Bom para a eficácia, bom como proteção e bom para a saúde, esse é o mae geri correto. Osu! Nota 9 (2014): A importância em utilizar quadris associados aos joelhos e pés - trata-se da única forma de gerar tensão correta nos membros inferiores, pelve e coluna vertebral, criando a pressão contra o solo e a postura corretas para cada técnica. Quando usamos a base (tachi) correta nos conectamos ao solo e geramos uma força muito maior do que a força dos músculos quando trabalham isolados. Sempre rote seus quadris com os 9 pontos da sola os pés no chão! (relembrando os nove pontos: bola grande e bola pequena do pé, que formam o koshi; sola dos 5 artelhos; faca do pé, o sokuto; e o calcanhar, ou kakato).

NOTAS DE TREINAMENTO Nota 10 (2014): O Ti (Mão) de Okinawa parece ter surgido entre os Heimin (plebeus/agricultores) do arquipélago de Ryukyu no século XIII ou XIV, e depois foi apropriado pelos Peichin (guerreiros), que passaram a aperfeiçoar a arte através do contato com militares chineses (sapposhi), principalmente no século XVII. Entre os Peichin havia o costume de se passar os conhecimentos marciais, inclusive o Karate/Ti apenas para os primogênitos de cada família. Esse costume chamava-se Isshi-soden. Nesse contato com os chineses, incorporaram parcialmente a ideia de que existiam artes marciais internas (Nei jia) e artes marciais externas (Wai-jia), criando os conceitos para classificação dos kata em Shorin e Shorei. Mais tarde, com a visita de Jigoro Kano à Okinawa (1927), os mestres locais criam a denominação das principais linhas do Karate/Ti de acordo com a cidade onde teriam se originado: Naha-Te, Shuri-Te e Tomari-Te. Nota 11 (2014): O rito de início e final das sessões de treinamento nos lembra sempre do nosso Espírito Guerreiro. Primeiro, ao honrarmos a direção principal (Shomen), estamos nos conectando com os símbolos maiores do que nós, maiores do que nossa individualidade. Entre esse símbolo às vezes está um pequeno oratório (em honra aos deuses), bandeiras do país (em honra à terra natal), foto do mestre fundador (em honra à linhagem que criou ou estruturou a arte), entre outros, mas sempre nos lembrando do "compromisso transpessoal" do Guerreiro, o compromisso com coisas maiores do que nossa individualidade, que transcendem nosso senso egoísta. Na segunda saudação reverenciamos o Sensei, o professor. A tradução literal do japonês para Sensei é "aquele que nasceu antes", ou "ancião", pois nasceu antes para aquela prática/arte e lidera, guia os demais no Caminho exemplificando através da sua experiência. Quando honramos o ancião aceitamos a liderança, horamos o valor da hierarquia enquanto ferramenta organizadora da atividade (caso contrário teríamos um caos aonde seria impossível aprender algo) e agradecemos pelo que vamos aprender (no caso do início da sessão de treinamento) ou pelo que aprendemos (no caso do encerramento). Na terceira saudação fazemos um cumprimento mútuo (Otagai), que nos lembra que somos todos iguais. Nesse momento todos os estudantes, os mais novos (kouhai) e os mais antigos (senpai) e também o Sensei levam a cabeça próximo ao chão. Todos são parte do Todo e o Todo é cada um de nós (Ichi wa Zen, Zen wa Ichi = 一は全、全は一!). Todos somos manifestações individuais da mesma essência, do mesmo Do, que é o Caminho, é caminhar e também é quem caminha. Ao saudarmos lembramos o compromisso de liderarmos a nós mesmos desenvolvendo a disciplina (do inglês disciple of me = discípulo de mim mesmo). Nos comprometemos a estar presentes, procurando compreender os ensinamentos dessa tradição que chega até nós e aceitamos seguir as regras que aqueles que tem mais experiência nos propõe, assim poderemos trilhar a senda de forma mais eficaz. Esses são, portanto, alguns dos "porquês" de fazermos a ritualística de início e final dos treinamentos, lembrando e relembrando o nosso propósito a cada vez que pisamos no tatami: desenvolver o Espírito Guerreiro e trilhar o Caminho (Do) todo dia, vestindo o Karate-gi para despojarmo-nos de nossos papéis e explorar todos os nossos potenciais físicos e mentais. Osu! Nota 12 (2014): Mesmo sendo, atualmente, considerado um "desporto japonês" as raízes do Karate enquanto prática cultural remontam a períodos anteriores à sua introdução no Japão (que só ocorreu de fato em 1921). Antes disso, por cerca de oito séculos foi praticado e desenvolvido no arquipélago de Ryukyu, primeiro como técnica local de auto-defesa e depois (a partir do século XVI ou XVII) como uma arte que se desenvolve através das trocas culturais com os Chineses que passam a ser muito influentes na região.

NOTAS DE TREINAMENTO Os kata que hoje fazem parte da pedagogia de treinamento do Karate-Do tem origem nessa sistematização que ocorre em Okinawa, com muita influência dos militares chineses e são classificados em Shorin ou Shorei, como se essas duas vertentes fossem equivalentes à Wai-jia (arte externa) e Nei-jia (arte interna). Essa classificação falha ás vezes nos afasta da compreensão da origem de alguns kata nos Quan-fa (método do punho, as artes marciais desarmadas da China). Um bom exemplo disso é o kata Hangetsu, que faz parte do currículo de praticamente todos os estilos de Karate (com os nomes de Seishan, Seisan e semelhantes), cuja metade inicial é baseada nas técnicas do Hung Gar Kuen e a segunda metade no Mizhong Quan. Há uma dificuldade imensa em recuperar a origem de todas as técnicas do Karate, pois desenvolveu-se o discurso dos japoneses para não confundir-se a técnica oquinauense com a técnica chinesa - um total desconhecimento e negação dos fatos históricos! Osu! Nota 13 (2014): Zanshin - espírito de alerta. Em nossa última aula presenciamos um fato curioso: enquanto um grupo de colegas praticava os Kata e os outros deveriam assistir para que fossem aprendendo um pouco mais, começaram alguns movimentos impacientes que tiraram várias pessoas do momento presente. Vários levantaram-se e foram tentar encomendar material, beber água, conferir se algo diferente apareceu no seu celular, etc. Seja qual tenha sido a desculpa que apareceu para as várias saídas o fato é que a mesma coisa ocorreu com todos esses vários participantes que ali estavam: saíram da presença e do estado de alerta, chamado Zanshin. Zanshin é uma das coisas mais importantes em Karate-Do, pois é a única garantia que temos de ter alguma chance de reação quando um perigo se aproxima. Sempre que nos distraímos ou ficamos "sonhando com a morte da bezerra" estamos expostos. Mentalmente estamos vulneráveis. Mentalmente vulneráveis nossa energia fica torpe e nosso corpo não responde ao meio. Estamos mortos. A única coisa que garante nossa possibilidade de reagir é o Zanshin, que deve ser treinado a todo instante na sessão de treinamento - devemos estar alertas a tudo que ocorre no treino, a todos os comandos do sensei e a todas as ações dos colegas pois isso tudo também é uma forma de exercitar o estado de alerta. Vamos nos puxar para que aproveitemos cada pequeno detalhe do treinamento, não apenas aquelas coisas mais mirabolantes que chama mais a nossa atenção! Osu! Nota 14 (2014): Keage são os chutes ascendentes: ke (keri = chute) e age (ascendente, como em  jodan age uke = defesa ascendente para o nível alto). Sendo assim devemos dedicar o máximo cuidado para não executar os chutes keage na forma de kekomi (chutes de estocada, penetrantes) em alta velocidade. Isso é algo que está se tornando muito comum nas competições, mas além de ser um erro fatal de demonstração do desconhecimento das aplicações dos kata é também uma demonstração do total desconhecimento dos fundamentos do Karate. Devemos ter cuidado para não modificar o uso dos fundamentos, Há kata que treinam keage e outros que treinam kekomi (como Nijushiho, Junro Godan, Kankuyoku Shodan, etc). Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa e não se mistura coisas diferentes. Cada macaco no seu galho! Osu! Nota 15 (2014): A primeira aparição do Karate no Japão continental é creditada à famosa luta entre Motobu Choki e um pugilista russo que estava a vencer vários japoneses em Tóquio. Motobu Choki era considerado o Tijikun da sua época (o grande mestre do Ti, o escolhido de Buzaganashi, o deus da guerra em Okinawa). Essa vitória de Motobu sobre o russo rendeu entre outas coisas a curiosidade de Hirohito, herdeiro do trono japonês, em conhecer o Karate em sua visita à Okinawa em 1921.

NOTAS DE TREINAMENTO Essa visita e a demonstração feita a ele renderam o convite para que a arte de Okinawa fosse demonstrada no Japão em 1921, na I Exibição Atlética Nacional. O mestre oquinauense escolhido para levar o Karate para esse evento foi Funakoshi Gichin que posteriormente seria considerado o pai do Karate Moderno e o fundador do estilo Shotokan. Um caso curioso é que em 1925 foi publicado na King Magazine, uma revista japonesa, uma matéria que contava o episódio em que um mestre de Okinawa Karate teria vencido um russo e recuperado a honra dos japoneses. Nessa reportagem, os editores usaram as fotos do 1º livro de Funakoshi, Rentan Goshin Karate-Jutsu, publicado no mesmo ano, para ilustrar a luta com o russo. Isso passou ao público a ideia de que Funakoshi e não Motobu teria vencido o estrangeiro e se instalou uma séria confusão entre o Tijikun e o pai do Karate Moderno, na ocasião! Mais detalhes em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/63142 Nota 16 (2014): Chakugan - a visão focada. Um dos elementos de avaliação do Kata e da proficiência de um Karate-ka em geral é sua capacidade de utilizar corretamente o foco do olhar em cada situação. Capacidade de formar um triângulo cujos vértices são os ombros relaxados e o ponto entre as sobrancelhas. Capacidade de dirigir sua atenção numa direção que é a mesma de onde está vindo o adversário mais próximo sobre o qual descarregaremos nossa ação seguinte. Nos antigos clássicos das artes marciais é explicado: a mente (shin) conduz a energia (ki), e a energia conduz o corpo (tai). O olhar acompanha a direção da execução das técnicas para aumentar seu poder assim como o tigre observa atentamente sua presa enquanto caça. Um detalhe importante sobre isso está na técnica de rotação dos quadris (koshi kaiten): devemos rotar fortemente essas articulações associadas aos joelhos e aos pés para que joguem a força da terra até a coluna vertebral e dali para explodir nos braços e/ou mãos, mas a cabeça não deve acompanhar esse movimento. A cabeça se mantém voltada para frente, na direção do adversário, para onde a energia do ataque é destinada. Osu! Nota 17 (2014): Meu sensei diz: está cansado, treina mais. Está com medo, treina mais. Está com a técnica ruim e com vergonha de mostrar, treina mais. Está brabo comigo, treina mais porque só falando não convence de nada. Nota 18 (2014): Tanden - tanden é o centro de gravidade e de poder. Quando o corpo se move há duas formas de fazê-lo: com força muscular, dissociando os membros do tanden, ou com a dinâmica corporal a partir do tanden. O centro a qual estamos nos referindo até aqui é o centro inferior (saika tanden), cujo ponto central está localizado três dedos para baixo e para dentro do ponto do umbigo. Está relacionado ao nosso baixo ventre, ao diafragma urogenital, ao complexo muscular psoas, aos quadris e energeticamente à energia que vem da Terra (que os chineses chamam de Jing). O segundo centro é o centro médio (chu tanden) que deve estar sempre (a não ser em raras exceções) alinhado com saika tanden. Esse alinhamento nos dá mais potência evita a perda da inércia e permite mais aceleração. Evita também que os chutes fiquem fracos pois o alinhamento garante que a força normal do impacto contra o adversário será desviada para a terra. O centro médio está relacionado com o timo, o coração, o diafragma, os pulmões, à cintura escapular, à consciência (Shin) e energeticamente à energia do plano humano (Ki). O centro superior (kami tanden) deve estar sempre alinhado com os outros dois centros, devendo-se ter cuidado especial com o desalinhamento em que a cabeça fica projetada para frente como nas pessoas que trabalham demais em frente ao computador ou que são muito controladoras e tem o pescoço enrijecido para frente.

NOTAS DE TREINAMENTO O centro superior está relacionado aos órgãos sensoriais (nariz, língua, ouvidos, olhos, lábios), às glândulas hipófise, pineal e ao cérebro, além de energeticamente conter á essência espiritual (tamashi), para a cultura oriental. Quando dominamos o uso correto do alinhamento dos três centros sentimos 3 benefícios básicos: 1) a força das técnicas é melhorada pela conexão da coluna com os quadris e destes com os membros inferiores e a terra, aumentando impacto dos golpes, aceleração dos passos e força de rotação das várias articulações para aumento do kime (definição); 2) A medula espinhal tem um caminho mais regular para fluir o que melhora o funcionamento do sistema nervoso e consequentemente da maioria dos outros sistemas, dando a nítida sensação de maior leveza e "aumento da energia"; 3) Com a coluna vertebral mais ereta e funcional amplificamos o poder das rotações (tenshin), tão importante no Karate da escola Asai. Osu!!!

MÃOS DO VAZIO Embora Andre Bertel, da Nova Zelândia, ex-aluno de Asai Tetsuhiko tenha afirmado que os kata Taikyoku são treinamentos inúteis, é importante salientar que o treinamento do Karate é, na verdade, o treinamento de si mesmo, que se inicia com os Kata Taikyōku (太極  = Tai Ji). Muitas pessoas explicam que o treinamento de Kata é um treinamento contra adversários imaginários, representando uma contenda em campo aberto, contra muitas pessoas, e que a partir desse tipo de treinamento já podemos aprender a essência desta arte (na verdade essa era uma das ideias centrais de mestre Gichin Funakoshi). Mas qual o real significado disso? Pode-se aprender o real significado do Karate-Dō  apenas com um simples Kata como Taikyōku. Quando executamos o Taikyōku Shodan, quantos inimigos visualizamos? Um à esquerda, outro à direita, dois à frente, mais um para cada lado, dois atrás, e mais dois para a direita e a esquerda … Dez adversários. O treinamento do bunkai (aplicações) dos Taikyōku  Kata nos ensina o ataque aos pontos vitais (atemi): sankaku, jinchu, shosho e bukkotsu (cabeça), danchu, kysen e suigetsu (centro do tronco), keikyo e gokoku (antebraço) e de kinteki (virilha). Além disso, ensina técnicas muito importantes como tsuki-uke, introduzindo toda compreensão básica da movimentação na Embuzen (linha de atuação) e do uso do Kime (explosão muscular máxima no menor tempo possível, junto do final de cada técnica, a definição do golpe). Mas há um ponto mais profundo, que pode e deve ser treinado desde os Taikyōku Kata. Qual a altura dos nossos golpes, ou melhor, dos nossos oponentes? A mesma que a nossa. Qual a razão? No Karate, nosso verdadeiro inimigo somos nós mesmos. Você precisa enxergar o mal dentro de si, e um a um atacar e vencê-los (a esses adversários internos que são nossas próprias sombras). Ao treinar o Kata você não enxerga a si mesmo e os outros com seus olhos, enxerga-os com seu Coração. Você não golpeia com suas mãos, golpeia com seu Coração. Seu Coração ataca! O Céu e a Terra estão em seu Coração. O estado de êxtase atingido pelo treinamento verdadeiro do Kata é indescritível em palavras. É impossível expressar através da fala esta experiência. Este lugar de êxtase é o seu esvaziamento. O Vazio é o mundo que deu origem à sua vida. Nesse mundo não há amigos nem inimigos. É por isso que o conceito de inimigos ou de não ter inimigos reside unicamente em nosso Coração. As Mãos do Vazio ( 空手) são as mãos daquele que nesta Terra não tem inimigos. Esse é o verdadeiro Karate. Eu levei muitos anos de treinamento solitário para compreender isso, mas você pode fazê-lo agora mesmo, neste momento. Tome todo mal do mundo e o transforme em seu Coração. Esse é o Caminho daquele que entende o esvaziamento, o verdadeiro objetivo do Karate- Dō (空手道 ).

Tiago Oviedo Frosi  Professor de Shōtōkan Karate-Dō Mestre em Ciências do Movimento Humano –  UFRGS

Tiago Frosi com outros atletas da Seleção Brasileira de Karate Shotokan na abertura do 3º Campeonato Mundial JKS. (Tokyo/Japão, 2013)

Equipe do Shinjigenkan que fez parte da Seleção Gaúcha de Karate Shotokan em 2013 e conquistou o título de Campeão Nacional Geral. (Porto Alegre/RS, 2013)

VÍDEOS INDICADOS Geral Masao Kagawa – Best Karate: http://www.youtube.com/watch?v=P43S8u6Z068 Masao Kagawa – Introduction to Karate: http://www.youtube.com/watch?v=EK1Aw68_HRs JKS Honbu Dojo Instructors DVD: http://www.youtube.com/watch?v=wGDdQnU7vLk

Kata Nakayama Legacy 1:http://www.youtube.com/watch?v=E13XeJGJKsc Nakayama Legacy 2:http://www.youtube.com/watch?v=8BVWMI4Xz44 Nakayama Legacy 3:http://www.youtube.com/watch?v=LHxn7HGI1i4 Nakayama Legacy 4:http://www.youtube.com/watch?v=WvatDdGK-6g Nakayama Legacy 5:http://www.youtube.com/watch?v=75Ht82BlTbE JKA Original Kata: http://www.youtube.com/watch?v=MpszFnFS_98 Canal do Shinjigenkan no Youtube com todos os kata Shotokan JKS e koten kata disponíveis na internet: http://www.youtube.com/user/shinjigenkan

Kumite Gohon Kumite:  http://www.youtube.com/watch?v=mH0prgCZU6s Sanbon Kumite: http://www.youtube.com/watch?v=FQ3L20gYKmE Kihon Ippon Kumite: http://www.youtube.com/watch?v=Unh3_fNaEPw Ippon Kumite: http://www.youtube.com/watch?v=COH5q4UMf7A Jiyu Ippon: http://www.youtube.com/watch?v=r8n4EYCf4nE Kyusho, Idori e Isudori: http://www.youtube.com/watch?v=PMqC0W74kVc Seiji Nishimura – Best Punch Technique: http://www.youtube.com/watch?v=EplIPM1scyg Seiji Nishimura – Best Kick Technique: http://www.youtube.com/watch?v=BUf6vcEIkiw

LINKS DE INTERESSE

Site do Instituto Shinjigenkan: http://www.shinjigenkan.com.br/

Fanpage do Instituto Shinjigenkan: https://www.facebook.com/Shinjigenkan

Site da Japan Karate Shotorenmei: http://www.jks.jp/

Site da Confederação Brasileira de Karate Shotokan: http://www.cbks.com.br

Academia NKK (JKS Brazil Hombu Dojo): http://www.nkk.esp.br/

Shinjigenkan Institute Brazil - Entidade educacional que visa propagar os valores e a cultura das artes marciais do Oriente integrando desenvolvimento da saúde física, equilíbrio emocional, clareza mental e despertar espiritual. Locais de prática em Porto Alegre: Unipaz-Sul - Rua Miguel Couto, 237, Menino Deus; Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rua Felizardo, 750, Jardim Botânico; Centro de Treinamento Alcance - Rua Vicente da Fontoura, 2109, Partenon; Associação Israelita Hebraica - Rua Gen. João Telles, 508, Bom Fim; RenovAção - Av. Wenceslau Escobar, 2923/404, Tristeza. Fone: (51) 9677-2801 – Tiago Frosi E-mail: [email protected] Site: www.shinjigenkan.com.br

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