Manual UFCD 7224 - Prevenção de Acidentes Em Contexto Domiciliário e Institucional
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL...
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UFCD
7224
PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM CONTEXTO DOMICILIÁRIO E INSTITUCIONAL
ufcd 7224 - Prevenção de acidentes em contexto domiciliário e institucional
Índice
Introdução ........................................................................................................... 2 Âmbito do manual.............................................................................................. 2 Objetivos .......................................................................................................... 2 Conteúdos programáticos ................................................................................... 2 Carga horária .................................................................................................... 3 1.Fatores de risco de acidente em contexto domiciliário e institucional ....................... 4 1.1.Fatores intrínsecos: perda de funcionalidade, patologias, outras ....................... 8 1.2.Fatores extrínsecos: má iluminação, organização deficiente dos espaços, falhas no funcionamento de equipamentos e sistemas domésticos, outras ........................... 10 2.Técnicas de diagnóstico e avaliação de risco ........................................................ 11 3.Técnicas de prevenção de acidentes ................................................................... 29 3.1.Modificação do meio ambiente ..................................................................... 33 3.2.Ensino do indivíduo, seus familiares e cuidadores ........................................... 36 3.3.Técnicas de prevenção de outros acidentes em contexto institucional e domiciliário ....................................................................................................................... 43 4.Ocorrências e anomalias no apoio à prestação de cuidados ................................... 52 4.1.Aspetos fundamentais a transmitir ................................................................ 57 4.2.Procedimentos de registo ............................................................................. 68 Bibliografia .......................................................................................................... 71 Documentos eletrónicos ........................................................................................ 71 Sites Consultados ................................................................................................. 72
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Introdução
Âmbito do manual O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 7224 Prevenção de acidentes em contexto domiciliário e institucional, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações. –
Objetivos
Identificar a existência de riscos nos espaços habitacionais e circundantes. Propor medidas preventivas e adaptações no espaço domiciliário para melhorar a acessibilidade e a segurança. Efetuar o registo e transmitir ocorrências
Conteúdos programáticos
Fatores de risco de acidente em contexto domiciliário e institucional Fatores intrínsecos: perda de funcionalidade, patologias, outra Fatores extrínsecos: má iluminação, organização deficiente dos espaços, falhas no funcionamento de equipamentos e sistemas domésticos, outra o
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Técnicas de diagnóstico e avaliação de risco Quarto Sala de refeições Sala de esta o
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Cozinha Casa de banho Outros espaços de circulação
Técnicas de prevenção de acidentes
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Modificação do meio ambiente Ensino do indivíduo, seus familiares e cuidadores Técnicas de prevenção de outros acidentes em contexto institucional e domiciliário
Ocorrências e anomalias no apoio à prestação de cuidados Aspetos fundamentais a transmitir Procedimentos de registo o
o
Carga horária
25 horas
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1.Fatores de risco de acidente em contexto domiciliário e institucional
1.1.Fatores intrínsecos: perda de funcionalidade, patologias, outras 1.2.Fatores extrínsecos: má iluminação, organização deficiente dos espaços, falhas no funcionamento de equipamentos e sistemas domésticos, outras
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Os acidentes são a quarta causa de morte mais comum na Europa. No entanto existem, hoje, estratégias preventivas que já provaram ser eficazes na redução de um problema de saúde pública, em grande parte, evitável. As mudanças relacionadas com o ambiente urbano e rodoviário, a segurança dos produtos, a educação cívica e o desenvolvimento de competências, assim como a qualidade dos cuidados médicos são intervenções comprovadamente eficazes. A prevenção dos acidentes, baseada numa intervenção de saúde pública é mais útil quando combina: estratégias de mudança dos ambientes, respostas dirigidas para os grupos mais vulneráveis e quando canaliza os resultados da investigação para a intervenção comunitária. As estratégias de saúde pública têm um enorme potencial de prevenção de acidentes e de ganhos em saúde. Permitem reduzir o número de mortos, a severidade das lesões e o impacto das suas consequências. No âmbito da designação Acidentes Domésticos e de Lazer cabem todos os acidentes registados durante os tempos livres da população (ocorridos em casa, em práticas desportivas, em períodos de lazer ou diversão), acidentes na rua, etc. Os acidentes domésticos são muito comuns. Mesmo com todo o cuidado, há objetos e situações que representam risco e podem provocar acidentes. Para as crianças e para as pessoas idosas, todas as divisões da casa podem representar um enorme risco. Os ADL têm um impacto fortemente negativo na sociedade, em termos de mortalidade e morbilidade, de custos psicológicos e emocionais das vítimas e familiares, para além de implicarem uma enorme alocação de recursos humanos e materiais na área da saúde. Nas pessoas idosas, isto é, com mais de 65 anos, e nas pessoas com deficiência os acidentes não intencionais são uma importante causa de mortalidade, morbilidade e incapacidade com elevado impacto na sua qualidade de vida.
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O envelhecimento individual é um processo dinâmico e progressivo, em que existem alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, com redução na capacidade de adaptação homeostática às situações de sobrecarga funcional, alterando progressivamente o organismo tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas. Entre as alterações apresentadas pelo idoso encontra-se a instabilidade postural, que ocorre devido às alterações do sistema sensorial e motor, levando a uma maior tendência a quedas. Na Europa morrem, todos os anos, aproximadamente, 105.000 pessoas com mais de 65 anos devido a acidente. Anualmente, uma em cada dez pessoas idosas recebe tratamento médico devido a acidente. Neste grupo etário, a grande maioria dos acidentes ocorreu em casa e, numa percentagem significativamente inferior, na área dos transportes. O principal mecanismo da lesão das pessoas idosas foi a queda, aumentando a sua frequência com a idade. As consequências mais frequentes das lesões foram «concussões, contusões e hematomas», isto é, traumatismos, choque violento, ferimento. O tempo médio de internamento aumenta, exponencialmente, com a idade, sendo, em média, de 11 dias nas pessoas com mais de 75 anos. As quedas são um problema importante para as pessoas idosas e suas famílias, não apenas pela sua frequência, mas sobretudo, pelas suas consequências físicas, psicológicas e sociais. Qualquer pessoa pode cair, mas o risco de queda aumenta com a idade, pois o envelhecimento é acompanhado por várias alterações a nível do organismo e são estas alterações que tornam as pessoas idosas mais frágeis. Segundo dados da Direção Geral de Saúde (DGS), a principal causa de lesões em idosos é a queda, sendo que, para o grupo entre os 65-74 anos ocorre em 76% dos casos e para o grupo etário com mais de 75 anos ocorre em 90% dos casos. As quedas são um grave problema de Saúde Pública pois representam atualmente uma ameaça à capacidade de viver de modo autónomo, cujo peso socioeconómico tem acompanhado o aumento da população idosa.
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É de vital a importância a identificação dos fatores de risco para a redução da taxa de quedas na população idosa. Os fatores determinantes de quedas na população idosa podem ser de natureza intrínseca (relacionados com a própria pessoa), ou de natureza extrínseca, relacionados com o ambiente e com práticas de risco. Podemos ainda referir os fatores situacionais que são definidos como conjugações (interações) particulares de fatores intrínsecos e extrínsecos reunidos numa dada ação ou atividade realizadas pelos idosos. Na realidade, as quedas resultam da interação de múltiplos e diversos fatores de riscos e situações, muitos dos quais podem ser corrigidos; quanto maior é o número de fatores reunidos num indivíduo maior é o seu risco de queda e, portanto, devem ser estes os alvos prioritários de medidas de vigilância e prevenção de quedas.
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1.1.Fatores intrínsecos: perda de funcionalidade, patologias, outras Fatores intrínsecos: São alterações próprias do processo de envelhecimento (diminuição de força dos músculos, equilíbrio e flexibilidade) e doenças que podem estar presentes. História prévia de quedas
Pelo menos uma queda no ano anterior aumenta o risco de queda no ano seguinte.
Idade avançada
Na maior parte dos estudos conclui-se a associação entre o risco de quedas e o aumento da idade.
Sexo feminino
Maior predisposição para as quedas na mulher que no homem.
Condição clínica
Presença de doença como hipertensão; diabetes; doenças neurológicas ou articulares, que alterem a força muscular, a marcha ou o equilíbrio; doenças agudas ou situações crónicas bem como hipotensão ortostática podem precipitar a queda.
Distúrbios da marcha e equilíbrio
Podendo ser resultantes do envelhecimento, se houver diminuição da força e da resistência prejudicando a manutenção das atividades de vida diárias, pode levar à ocorrência de queda.
Sedentarismo Pelo predispor a fortes alterações músculo-esqueléticas.
Estado psicológico
O medo de cair novamente, após uma queda, está associado a uma diminuição no desempenho da marcha podendo traduzir-se em novas quedas e levar a uma
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diminuição das atividades físicas e sociais. Estados depressivos também podem estar na srcem das quedas Deficiência nutricional
Pode levar a diminuição da força muscular, distúrbios da marcha e osteoporose.
Declínio cognitivo
Mesmo pouco acentuado também pode conduzir a ocorrência de quedas.
Deficiência visual
Diminuição da acuidade visual.
Deficiência auditiva Diminuição da acuidade auditiva.
Doenças do foro ortopédico
Doenças a nível cervical que provoquem e desequilíbrios, doenças dos pés, calos, ulcera ou dor ao caminhar tambémtonturas aumentam o risco de queda. Estado funcional O risco de queda está diretamente relacionado com o aumento da dependência funcional.
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1.2.Fatores extrínsecos: má iluminação, organização deficiente dos espaços, falhas no funcionamento de equipamentos e sistemas domésticos, outras Fatores extrínsecos: Riscos ambientais, ou seja, aquelas causas de quedas, que podemos evitar com cuidados simples no ambiente dentro e fora de casa. Até de 50% das quedas entre idosos na comunidade podem ser ocasionadas por riscos ambientais, como sendo:
Iluminação inadequada. Tapetes soltos ou com dobras Móveis instáveis, Cadeiras de balanço, Camas e sofás muito baixos Superfícies escorregadias Degraus estreitos ou altos Ausência de corrimãos em corredores e quartos de banho Prateleiras demasiado altas ou demasiado baixas Expor-se a situações de risco, tais como subir em escadas para pegar alguma coisa em armários, molhar plantas e abaixar-se, com dificuldade de equilíbrio Vestuário e sapatos inadequados Obstáculos no caminho, como móveis baixos, fios, pequenos objetos. Ortóteses inadequadas. Tomar medicamentos que não foram receitados pelo médico e não dar prioridade à vigilância regular da saúde.
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2.Técnicas de diagnóstico e avaliação de risco
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A avaliação de segurança da casa permite identificar fatores que podem colocar em risco de queda um indivíduo idoso. Muitas pessoas idosas, mas especialmente aqueles com um histórico de quedas, com dificuldades de locomoção ou de equilíbrio têm maior necessidade e podem beneficiar com uma avaliação de segurança da habitação. A avaliação da segurança da habitação, que pode ser uma autoavaliação ou verificada por um profissional ou pelo cuidador, deve ser integrada num projeto de intervenção, combinada com outras medidas. As modificações e as correções dos riscos detetados numa habitação são cruciais para a redução do número e da gravidade das quedas. Um Banco de Ajudas Técnica, assim como a utilização das novas tecnologias, podem ser boas soluções para a manutenção da autonomia do idoso no seu domicílio.
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2.1.Quarto
Prevenir os acidentes no quarto é uma questão de prudência. Em casas com mais do que um piso, o quarto do idoso deve estar localizado, sempre que possível, no piso térreo. O chão não deve ser encerado para que o piso não fique escorregadio. Deve ser utilizada borracha adesiva no chão sob os tapetes, ou removê-los. O chão do quarto não deve ter desníveis para evitar quedas. A altura da cama deve adequar-se às necessidades pessoais. Procure utilizar uma cama larga, com altura suficiente para que, sentado, consiga apoiar os pés no chão, evitando tonturas. Recomenda-se que esteja a uma altura entre 45 e 50 cm do chão. Ao deitar-se, o idoso deve utilizar sempre um travesseiro para apoiar a cabeça. O colchão não deve afundar e a roupa da cama deve ser leve. Pode ser necessário colocar um colchão ou almofadas no chão, ao lado da cama, para proteger a pessoa caso caia da cama.
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Ter em atenção que os cobertores elétricos podem ser perigosos se a pessoa for incontinente. As camas de altura ajustável podem ser muito úteis para facilitar a entrada e saída da cama. Se for necessário, utilizar equipamento de elevação e transferência. As barras de segurança para a cama podem ajudar a pessoa a ficar na cama durante a noite. No entanto, para algumas pessoas, as barras podem causar frustração e a pessoa pode cair ao tentar passar por cima delas. Os interruptores devem estar ao alcance da mão quando o idoso estiver deitado na cama, para evitar levantar-se no escuro. A distribuição dos móveis deve permitir a movimentação com um andador, bengala ou muleta. As arestas dos móveis devem ser protegidas. No armário, a roupa deve estar acessível. Devem ser evitadas prateleiras muito altas ou muito baixas, para diminuir o esforço físico ao procurar algum objeto e evitar quedas. A mesa-de-cabeceira deve ser estável e ter uma altura que permita fácil acesso. De preferência, deve ter bordas arredondadas e ser fixa ao chão ou à parede, para evitar que se desloque caso o idoso necessite apoiar-se nela. Deve existir uma cadeira ou poltrona no quarto, para que o idoso se possa sentar para calçar meias e sapatos.
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2.2.Sala de refeições
A iluminação é essencial para a segurança. A escolha das lâmpadas e das fontes de luz deve ser adequada a cada divisão, para a zona de passagem ou para o espaço exterior, a atividade da vida diária ou a altura do dia/noite. O melhor é não colocar tapetes e passadeiras, mas se eles existirem, deverão estar presos ao chão, pois podem provocar tropeços ou escorregões. Por baixo da mesa da sala de jantar não deve existir tapete. Deve ser deixado um espaço à volta da mesa para a movimentação das pessoas. As cadeiras e as poltronas devem ter apoio de braços e costas. O assento deve ser firme, não afundar, e a altura recomendada em relação ao chão é de 45 centímetros.
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Os cantos e arestas dos móveis, em que a pessoa se possa magoar, devem ser removidos ou suavizados. Devem ser evitadas esquinas de vidro, metal ou materiais cortantes em mesas de apoio. Os armários devem ser rotulados para ajudar a pessoa a encontrar ou a guardar as coisas. Devem ser revistos, de forma a reduzir o número de itens de cada artigo e manter apenas algumas das coisas mais utilizadas. Devem ser retirados os objetos afiados, como por exemplo utensílios para a lareira, abre cartas e tesouras, que possam causar ferimentos à pessoa. Os utensílios coisas mais utilizados devem ser colocados de modo a ser de alcance fácil, para dissuadir a pessoa de subir para chegar aos armários mais altos.
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2.3.Sala de estar
Prevenir os acidentes na sala é uma questão de conforto. Deve verificar-se se existem elementos na sala que possam constituir uma barreira à independência ou à segurança da pessoa, como por exemplo:
Arestas dos móveis; Tapetes e Revestimento do chão solto; Disposição da sala; Armários e a forma como estão organizados; Iluminação e brilho; Tomadas e fios elétricos.
Se for necessário modificar a sala, tentar mantê-la o mais familiar possível. Procure utilizar cores claras nas paredes e aumentar a iluminação, tornando-a três vezes mais forte que o normal, para compensar dificuldades visuais.
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A iluminação adequada na sala pode ajudar à identificação dos objetos e promover uma circulação segura. Uma boa regra é completar a iluminação com candeeiros de fácil manutenção. Opte por sofás e poltronas confortáveis, com assentos que não sejam demasiado macios, e que facilitem os atos de sentar e levantar. Evitar cadeiras de balanço, pois facilitam as quedas. É importante manter a sala organizada e retirar quaisquer obstáculos do caminho, especialmente nos sítios de passagem. Mesas ou outros móveis que sejam muito utilizados como apoio devem ser fixados às paredes. Os pisos antiderrapantes devem ser usados e deve evitar-se encerar o chão. Deve sinalizar-se com equipamento próprio pavimentos molhados e escorregadios, realizando a limpeza destes em horário de menor probabilidade de passagem da pessoa idosa. O revestimento do chão não deve estar solto e as bordas dos tapetes não devem estar levantadas, de forma a evitar que a pessoa tropece. Os Tapetes e passadeiras devem dispor de tiras antiderrapantes e devem existir o mínimo possível
Devem ser colocados protetores nas tomadas e verificar se as mesmas não estão sobrecarregadas com adaptadores duplos. Os fios elétricos devem ser fixados ao rodapé, de modo a evitar que a pessoa tropece.
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2.4.Cozinha
Prevenir os acidentes na cozinha é uma questão de precaução. A cozinha deve ser bem iluminada, especialmente nas áreas do fogão, lava-loiça e bancada. Não devem ser colocadas cortinas ou outros materiais que possam incendiar-se perto do fogão. O exaustor deve ser limpo regularmente, exaustor, assim como os filtros deste. O sistema de ventilação da cozinha deve ser ligado ao exterior e nunca a outros espaços como o sótão, garagem ou cave. Na cozinha, muitos dos riscos estão relacionados com a confeção dos alimentos e no manuseamento de utensílios como facas, fogões a gás, armários de difícil acesso ou louças, por exemplo. O chão deve estar seco e limpo; sendo sempre mais seguro utilizar um piso antiderrapante.
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A distribuição dos móveis em forma de L permite ao idoso ter sempre um ponto de apoio enquanto se movimenta. Os armários não devem ficar em locais muito altos. Os objetos que são pouco utilizados devem ser guardados nos armários superiores e os de uso frequente, em locais de fácil acesso. Os artigos devem ser arrumados de forma a que não seja necessário esticar-se nem encurvar-se se para os alcançar. Os utensílios devem, sempre que possível, ser adaptados às limitações do idoso. A mesa de cozinha deve ser firme e imóvel. As cadeiras devem ter aplicação de antiderrapantes nos pés de apoio. Prevenir os acidentes com a eletricidade implica ter em atenção as condições dos fios, fichas, tomadas, interruptores mas também as condições de funcionamento dos eletrodomésticos. Os principais acidentes relacionados com a energia elétrica são o choque elétrico e/ou eletrocussão, a queimadura, o incêndio e o curto ‐circuito. Para os evitar devem ser tidas em conta as normas de instalação, funcionamento e manutenção dos equipamentos, a imprescindibilidade de ligação à terra de fogões, fritadeiras, ferro de engomar, termoacumuladores, etc. As torradeiras, jarros ou ferros de engomar que se desligam automaticamente são os aparelhos mais seguros. Os fornos elétricos e os micro-ondas devem ser instalados em local de fácil acesso. Os botões do fogão devem estar colocados da parte frontal deste.
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Ao cozinhar, as pegas das frigideiras e dos tachos devem estar viradas para a parte de trás do fogão. Alguns modelos mais recentes de fogões a gás possuem um dispositivo de segurança que corta automaticamente o gás, caso não exista chama. A botija de gás deve ser instalada, sempre, fora da cozinha. O forno micro-ondas poderá ser útil para aquecer a comida fornecida por um serviço de apoio domiciliário. Assinalar que não podem ser utilizados, no micro-ondas, recipientes de metal. No frigorífico, manter os produtos em lugares fixos de forma a serem facilmente localizados. Se a pessoa tem dificuldade em lembrar-se de fechar o frigorífico, pode-se elevá-lo ligeiramente à frente. Isto irá fazer com que a porta se feche, caso tenha sido deixada aberta. Deve evitar-se colocar peso nas portas do frigorífico, utilizando as prateleiras que não exijam que se baixe ou levante muito os braços. Os interruptores devem estar colocados perto das portas. Os medicamentos devem ser verificados para averiguar se têm tampas de segurança, devendo ser retirados os medicamentos fora da validade. Os números de emergência devem ser mantidos junto ao telefone.
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2.5.Casa de banho
A casa de banho é a divisão mais pequena da casa mas uma das mais perigosas. Deve colocar-se na porta um símbolo, palavra ou desenho, para sinalizar a casa de banho. Durante a noite, deixar uma luz de presença na casa de banho e colocar luzes ao longo do percurso entre o quarto e a casa de banho. O espaço útil da casa de banho deve ser suficiente para duas pessoas. Modificar a abertura da porta para o exterior ou substituir a porta por uma porta de fole, se existir a probabilidade de ter que de assistir a pessoa dentro da casa de banho. Deve ser retirada a chave da casa de banho para que a pessoa não se tranque no seu interior. Devem ser removidos os tapetes e verificar se o chão não tem irregularidades de forma a evitar quedas.
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O piso da casa de banho deve ser antiderrapante. Os produtos de limpeza a serem usados devem ser de secagem rápida e o mais antiderrapantes possível. Os produtos de limpeza devem ser retirados da casa de banho. Devem ser removidas as prateleiras de vidro e superfícies cortantes. É recomendável substituir a banheira pelo chuveiro. A inexistência de barras de apoio junto da sanita ou banheira ou auxiliares de mobilização, devem levar o cuidador do idoso a providenciá-las logo que possível, tais como:
Colocação de barras de suporte na banheira, chuveiro e sanita. As barras de segurança que são fixadas à parede são mais seguras do que as fixadas na parte lateral da banheira. As barras de segurança devem ter um acabamento antiderrapante. Aplicação de tapetes de borracha antiderrapante na banheira ou chuveiro. Montar uma cadeira de chuveiro com mangueira de duche manual.
Utilizar um dispensador de sabão líquido fixado à parede é mais seguro. Os outros podem causar ferimentos em caso de queda. Pode ser necessário retirar a base do duche de modo a facilitar a entrada da pessoa. Pode, ainda, ser necessário retirar as portas do polibã e substitui-las por uma cortina de forma a facilitar o acesso e a assistência. Deve existir uma iluminação adequada para ajudar à visibilidade da borda da banheira ou da base do duche. Os toalheiros, torneiras e lavatório não devem ser utilizados como apoio, porque não suportam o peso de uma pessoa.
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Deve ser adquirido um assento elevatório para a sanita ou um assento de sanita com braços. Se a altura da sanita for mais elevada, menores serão os esforços para sentar e levantar. Água e eletricidade não ligam, por isso, na casa de banho os riscos aumentam. Deve ter-se especial cuidado com a instalação elétrica, o circuito elétrico e a sua proximidade com o sistema de abastecimento de água. Os interruptores e as tomadas elétricas devem localizar-se em áreas secas da casa de banho. Devem ser instalados protetores nas tomadas. Aquecer a casa de banho é importante, uma vez que facilita à pessoa despir-se e lavar-se. No entanto, alguns aquecedores apresentam problemas de segurança. Utilizar lâmpadas de aquecimento é mais seguro. Os radiadores de parede podem ser uma boa opção, desde que sejam colocados a uma altura elevada. Se utilizar outro tipo de aquecedores, estes devem proteções e desligar-se automaticamente. O interruptor deve estar perto da porta. É absolutamente proibido usar esquentador a gás dentro da casa de banho.
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2.6.Outros espaços de circulação
Em contexto domiciliário Portas
Deverão ter uma largura mínima de 80 cm. Se forem de correr, pelo menos uma delas deverá ter essa essa dimensão e as guias deverão ser embutidas no chão para evitar o degrau. Se as portas da casa de banho tiverem travas de segurança, é importante que possam ser abertas por fora. As maçanetas devem ser de madeira, de alavanca ou puxador.
Janelas
É melhor que sejam de correr para evitar acidentes quando se abrirem para dentro. Nas janelas com dobradiça, as maçanetas deverão ser de alavanca através de manivela acessível, situados no máximo a 120 cm de altura a partir do chão.
Chão e Soalhos
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A presença de desníveis como degraus ou escadas, bem como pisos escorregadios ou encerados é uma das principais causas de quedas e fraturas, pelo que deverão ser acautelados através de algumas medidas simples e pouco onerosas:
Colocação de antiderrapantes para criar aderência em tapetes, orlas de carpetes presas ao chão. Carpetes com pelo raso. Cera antiderrapante nos soalhos. Fios elétricos longe dos sítios de passagem (fios telefónicos, extensões elétricas)
Escadas As escadas são fonte de inúmeros acidentes, de modo que é essencial dotá-las de equipamentos que possam prevenir quedas: Boa iluminação com interruptores ao cimo e ao fundo da escada.
Corrimão bilateral bem fixo e afastado da parede. Degraus largos e livres de obstáculos, sem tapetes ou passadeiras
Adaptação de cadeira de transporte ao Corrimão
As escadas devem estar em boas condição e desobstruídas de qualquer objeto que possa causar quedas.
As escadas devem ter tiras antiderrapantes.
Exterior da casa Os espaços envolventes, como pátios, jardins ou quintais são contêm igualmente armadilhas promotoras de acidentes e devem ser objeto de reformulação logo que o idoso comece a apresentar algum grau de limitação:
Reparação de fendas no pavimento e/ou buracos no relvado. Remoção de objetos suscetíveis de fazer tropeçar.
Caminhos bem iluminados
Substituição de degraus por rampas de acesso Os acessos devem estar sempre arranjados e desobstruídos. Caso tenha corrimão no acesso a casa, este deve estar seguro. As portas, os degraus e os passeios devem ser nivelados e bem iluminados. O portão da garagem deve ser fácil de abrir. A garagem deve ter um sistema de ventilação adequado.
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Preferencialmente, a porta de entrada não deve ter degraus. Se tal se verificar, estes devem ser nivelados.
Em contexto institucional O edifício e as instalações devem ser mantidos em bom estado, reparando-se todos os eventuais estragos, avarias ou situações anómalas, logo que detetados. A higiene e a limpeza de todo o edifício, mobiliário e demais equipamento, devem ser permanentemente asseguradas. A organização do espaço físico tem de ter em conta o acesso e a mobilidade. As divisões e os corredores devem ter dimensões que permitam a circulação de cadeiras de rodas, andarilhos e macas e, sempre que as condições do edifício o tornem necessário, assegurar a existência de elevadores e a sua funcionalidade. As escadas e rampas devem ter corrimãos, respeitar o nível de inclinação adequado e o piso deve ser antiderrapante. As opções referentes à iluminação devem ser cuidadas, tendo nomeadamente em conta as características e funções de cada espaço, as exigências de boa visão, amenidade, recolhimento e ambiente agradável para todos e cada um dos residentes. Devem evitar-se, nomeadamente, tons e intensidades de luz agressivos e despersonalizantes. A temperatura ambiente deve ser mantida dentro de valores adequados. Alguns residentes têm, por vezes, falhas de memória. O espaço físico pode ajudá-los a contextualizar a sua situação. Elementos como espelhos, relógios e calendários, bem como quadros com motivos relativos às estações do ano e outros aspetos do quotidiano, constituem meios de orientação temporo-espacial muito úteis.
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Devem ser de tamanho suficiente e estar colocados em locais bem visíveis, para chamarem a atenção e serem facilmente consultados. Também a sinalética utilizada em toda a estrutura residencial deve ser clara e facilmente percetível. O estado de conservação e funcionamento do equipamento fixo ou móvel da estrutura residencial tem consequências diretas na segurança e no bem-estar dos residentes. Todos os equipamentos e materiais devem ser periodicamente inspecionados e, sempre que necessário, reparados. Para evitar acidentes, o espaço deve ser organizado de forma a permitir a circulação fácil de cadeiras de rodas e/ou andarilhos e o pavimento deve ser antiderrapante.
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3.Técnicas de prevenção de acidentes
3.1.Modificação do meio ambiente 3.2.Ensino do indivíduo, seus familiares e cuidadores 3.3.Técnicas de prevenção de outros acidentes em contexto institucional e domiciliário
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A prevenção das quedas reveste-se de uma importância extrema, pela sua capacidade de diminuir a morbilidade e a mortalidade bem como os custos em cuidados de saúde diferenciados e internamento em lares. Vários estudos têm demonstrado que a prevenção dos fatores de risco podem reduzir consideravelmente o número de quedas. Programas de prevenção de quedas eficazes e de menor custo envolvem avaliação de risco sistemático e intervenções dirigidas aos riscos. Sendo um problema real que acarreta graves consequências e sérias limitações à população idosa torna-se urgente a sua prevenção, com base numa promoção de saúde adequada, com vista à autonomia, independência e consequente qualidade de vida. Boas práticas baseadas na evidência provam a possibilidade de reduzir em 38% as lesões nos idosos através de métodos com custos eficazes. A diminuição da incidência de lesões pode melhorar a qualidade de vida e reduzir os custos dos serviços de saúde. A OMS identifica, no seu relatório global sobre prevenção de quedas na velhice, fatores de proteção de quedas nos idosos como estando às mudanças comportamentais e modificações ambientais, uma vez que defende serem estes os fatores passíveis de modificação. Identifica a mudança comportamental para estilos de vida saudáveis como ponto basilar para evitar quedas e promover um envelhecimento saudável e manutenção da independência, como sendo o consumo de álcool moderado, ausência de hábitos tabágicos, manutenção de peso adequado e manutenção de níveis adequados de atividade física. Segundo a mesma fonte, é necessário tomar medidas de prevenção com o intuito de se manter a segurança e facilitar a autonomia e a manutenção das atividades de vida diária. A magnitude dos acidentes e o seu impacto na saúde das pessoas idosas torna-as num grupo particularmente vulnerável, exigindo, por isso, ações intersectoriais continuadas e sustentadas.
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É neste sentido que surge O Programa Nacional de Prevenção de Acidentes, ao estabelecer uma plataforma conceptual e operacional de intervenção. Para que possa responder a todos os desafios, o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes desenvolve-se em dez eixos estratégicos: 1. Reforçar a ação comunitária na promoção da segurança e na prevenção dos acidentes, através da aplicação de uma abordagem de saúde pública à problemática das lesões não intencionais. 2. Capacitar os profissionais para a promoção da segurança, a prevenção dos acidentes e o desenvolvimento de aptidões para gerir o risco. 3. Defender a criação de condições ambientais favoráveis à segurança. 4. Reorientar os serviços de saúde para a prestação de cuidados de qualidade à vítima e o apoio às necessidades dos indivíduos e das comunidades. 5. Ação intersectorial para a promoção da segurança e da saúde, abrindo o diálogo com os sectores sociais, económicos, políticos e outros. 6. Legislar, regulamentar e normalizar. 7. Investigação epidemiológica sobre os acidentes 8. Avaliar o impacto das ações no nível de saúde das populações. 9. Monitorizar os progressos e a implementação do Programa Nacional de Prevenção de Acidentes. 10. Cooperar com organizações internacionais, nomeadamente a OMS e a Comissão Europeia, na implementação das Resoluções aplicáveis. No que concerne especificamente à prevenção de acidentes na população idosa Articulação intersectorial com atividades específicas dos planos de prevenção de acidentes e de promoção da saúde, nomeadamente:
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Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas na prevenção dos acidentes domésticos e de lazer e na utilização segura dos transportes; Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade para a aplicação da legislação sobre acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada a Hospitais e Centros de Saúde e outros edifícios públicos;
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Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária para a inclusão de ações específicas sobre prevenção dos acidentes de viação com pessoas idosas, especialmente, enquanto peões;
Colaborar na sensibilização da população em geral sobre a prevenção dos acidentes com pessoas idosas ou em situação de dependência, através de: Ações sobre promoção da segurança e prevenção das quedas, das intoxicações acidentais, dos afogamentos, das queimaduras e dos acidentes de viação com pessoas idosas. o
Colaborar na capacitação da comunidade (Autarquias, Lares, Centros de Dia, Associações de Idosos, etc.) sobre a prevenção dos acidentes, através de: Divulgação de boas práticas sobre promoção da segurança, acessibilidade a serviços, equipamentos e produtos seguros; Workshops a nível local. Colaborar na sensibilização dos profissionais de saúde, segurança social e outros sobre prevenção dos acidentes com pessoas idosas ou em situação de dependência, quer vivam na sua casa ou em lares residenciais, através de: Produção de Recomendações sobre estratégias de intervenção eficazes; Elaboração de Protocolos de avaliação funcional do equilíbrio e do risco de queda das pessoas idosas e com deficiência; Produção de recomendações sobre avaliação do risco de queda, formas de prevenção efetivas e sinalização de pessoas idosas e pessoas com deficiência com qualquer grau de risco; Produção de Recomendações sobre prevenção dos acidentes domésticos e promoção da atividade física, melhoria do equilíbrio e da flexibilidade, alimentação e nutrição dirigidas às pessoas idosas e adaptadas às suas necessidades específicas. o
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3.1.Modificação do meio ambiente A adaptação ambiental está relacionada com mudanças no meio ambiente ou no espaço físico que facilitem a acessibilidade e mobilidade de pessoas que tenham algum tipo de dificuldade física, comportamental ou sensorial (visão, audição): É fundamental conhecer a capacidade de mobilidade da pessoa idosa, para que
possam ser realizadas adaptações que resolvam os seus problemas específicos. Um dos primeiros passos a dar, quando temos a missão de reorganizar o dia-a-dia para facilitar o convívio, diz respeito à organização da casa. As casas normalmente são construídas e mobiliadas de uma maneira que as tornam verdadeiras armadilhas que favorecem os riscos de acidentes, especialmente para crianças e idosos. Não se costuma pensar na prevenção de acidentes quando se constrói ou se decora uma residência. É importante lembrar que o ambiente domiciliar é construído ao longo de toda a vida levando-se em conta as expectativas pessoais. Portanto, é necessário paciência e compreensão ao modificar um ambiente, mesmo que para maior segurança do próprio idoso Utilizar tabela com controlo dos medicamentos para evitar repetir a medicação ou ficar sem tomar.
A adaptação do espaço domiciliário é um serviço que visa promover a melhoria das acessibilidades, bem-estar e qualidade de vida do cliente. Os colaboradores do SAD devem, sempre que necessário, orientar e apoiar o cliente e/ou pessoa próxima para algumas modificações no espaço habitacional, mobiliário, ajudas técnicas, entre outras, com vista a permitir maior segurança, conforto ao cliente e funcionalidade das ações e tarefas a desempenhar. A título exemplificativo, enunciam-se alguns tipos de orientações e informações passíveis de serem prestadas:
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• Ajudas técnicas – compra/aluguer de cama articulada e/ou cadeira de rodas;
andarilho; cadeira de banho giratória; caixas de comprimido partidor; caixa de comprimidos semanal; alteador de sanita com braços; bengala extensível; spray antiderrapante para banheira e duche; camisa de dormir aberta nas costas; detetor de fumos fotoelétrico; talheres com cabo ergonómico e flexível; entre outras; resguardos descartáveis; • Afastar obstáculos, p.e. mobiliário, ou outros que dificulte ou coloque em perigo a mobilidade e integridade física. Por exemplo, retirar tapetes por serem uma das maiores causas de queda; não deixar fios de telefone, eletricidade e outros no caminho; • Ter espaços bem iluminados; • Existência de aparelhos de comunicação que facilitam a vida do cliente dando-lhe
maior autonomia, p.e telefone SOS, serviço telealarme, computadores e internet específicos para pessoas com doença neuro-motora; Usar uma lâmpada especial, luz de presença no quarto do cliente (em caso de doença). Todas as ações e tarefas executadas devem ser registadas no impresso IMP01.PC08 Apoio nas atividades Instrumentais da Vida Quotidiana, com indicação da data, hora e responsável pelas ações (v. exemplo a seguir).
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3.2.Ensino do indivíduo, seus familiares e cuidadores A educação sobre fatores de risco e de proteção é uma estratégia essencial, para capacitar os idosos sobre os riscos de acidente, os prestadores de serviços de saúde ou de assistência social a pessoas de risco, mas que, só por si não é efetiva. A educação individual funciona melhor para idosos que tem problemas de audição, visão ou necessidades especiais. As sessões em grupo permitem uma maior interação social, discussão informal, troca de experiências, facilitando a motivação para a adoção de comportamentos mais seguros e reduzindo a ansiedade. Esta educação deve ser feita por profissionais treinados e incluir propostas concretas para a resolução dos problemas apresentados pelos idosos. As apresentações deverão ser adaptados às dificuldades visuais do grupo, tendo em atenção o tamanho da letra e o fundo de contraste e, os materiais utilizados serem adequados à cultura e ao nível de literacia das pessoas. A educação e a sensibilização para os fatores de risco de acidente doméstico e de lazer deverá incluir os responsáveis pelo design e pela construção de habitações e de espaços públicos frequentados pelos idosos. As medidas preventivas a tomar relativamente às quedas nos idosos envolvem orientações aos idosos e seus familiares sobre:
Os riscos das quedas bem como das suas consequências; A segurança do ambiente em que vive e circula;
O estilo de vida no que se refere a dieta e exercício físico;
A avaliação da situação global e periódica incluindo a função cognitiva, distúrbios de humor capacidade de realização de atividades de vida diária e condições sociais; A racionalização de prescrição e correção da medicação; A avaliação oftalmológica anual; A avaliação nutricional;
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A indicação de fisioterapia e exercícios físicos; A correção de fatores de risco ambiental As medidas de promoção da saúde com orientação para a prevenção e tratamento de osteoporose.
Estudos recentes mostram que a prática do exercício físico na adolescência e na idade adulta leva à diminuição da ocorrência de quedas, da osteoporose e outras doenças crónicas. Existe uma série de cuidados que podemos adotar na vida cotidiana para reduzir as possibilidades de sofrer uma queda em casa. Procedimentos seguros Subir e descer escadas Sempre que existirem corrimãos e suportes, apoie-se neles. O risco de queda é menor se subir ou descer em diagonal. Ao subir o degrau, incline o tronco para a frente; ao descer o degrau, evite inclinar a cabeça e o tronco para trás pois essa posição facilita a queda. O peso do corpo recai sempre sobre a perna que se encontra mais à frente; o mais seguro é adiantar primeiro a perna mais ágil para subir e a menos ágil ao descer. Sentar-se e levantar-se Para sentar numa cadeira ou poltrona, deverá colocar-se de costas para o assento sentindoo nas pernas e ajudando com os braços para realizar o movimento.
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Para levantar, coloque-se na beira do assento empurrando com os ombros e os braços para facilitar o movimento para a frente.
Utilização da casa de banho Se houver barras de apoio, sempre as utilize. As mesmas devem estar fixas ao tijolo e não ao azulejo. É importante não caminhar descalço e utilizar sempre calçado antiderrapante Deitar e levantar da cama Para deitar na cama, coloque-se de costas para a mesma, perto do travesseiro, e sente-se. Incline lateralmente o tronco até apoiar a cabeça no travesseiro, levantando primeiro a perna mais próxima da cama.
Se existir o risco de queda durante o sono, recomenda-se a colocação de barras laterais em ambos os lados ou encostar a cama a uma parede e instalar uma barra do outro lado.
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Para levantar da cama, deverá colocar-se primeiro de barriga para cima. Dê início ao movimento incorporando o pescoço e a cabeça, aproximando o queixo do peito e logo a seguir os ombros, enquanto apoia os cotovelos e as palmas das mãos sobre a cama.
Em seguida, deverá tirar a perna mais próxima da beirada da cama enquanto faz um movimento de rotação sobre as nádegas e acaba de elevar o tronco até ficar sentado. Vestir-se e despir-se Se estiver de pé, é conveniente ter um ponto de apoio em frente e uma cadeira ou poltrona atrás. Se perder o equilíbrio com facilidade, o melhor é vestir-se sentado. É conveniente ter a roupa previamente preparada, para evitar inclinações e movimentações desnecessárias. As peças de vestuário devem ser largas, confortáveis e fáceis de vestir, devendo estar arrumadas nos armários a uma altura adequada, para evitar esforços como, por exemplo, ter de ficar nas pontas dos pés. Para se calçar também se deve sentar. Além disso, deve escolher um tipo de calçado adequado. Os sapatos com ponta de bico fino, com saltos muito altos, que são muito largos, que não se adaptam ao pé, ou que têm cordões, são especialmente perigosos. Limpar a casa
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Para realizar as tarefas da casa, deve utilizar escovas, esfregões e aspiradores de cabos longos para evitar ter que se inclinar. Todas as atividades que podem ser feitas sentado, como passar a ferro, descascar batatas, entre outras, evitam a perda de equilíbrio e tenha tonturas. A tábua de passar deve ser leve e aconselha-se que a máquina de lavar seja de carregamento por cima, mesmo que não seja possível introduzir a roupa sentados e com o cesto perto de si. É totalmente desaconselhável subir escadas para limpar ou colocar cortinas. Deve esperar que alguém o ajude. Fazer as compras Se utilizar bengala, muletas ou andador, deve levar estes apoios sempre consigo e fazer pequenas pausas. Escolha lojas perto de sua casa e compre pessoalmente apenas os artigos fáceis de transportar. Peça para entregar em casa os itens mais pesados. Os carrinhos são muito úteis para transportar as compras, porque asseguram também o equilíbrio durante a caminhada. Cuidados que devem ser tomados pelas pessoas idosas, nas ruas e locais públicos não adaptados:
Usar sapatos bem adaptados aos pés e com antiderrapantes; Evitar usar sandálias ou chinelos, que são mais difíceis de se adaptar aos pés;
Ter sempre no bolso ou carteira, uma relação de contatos em caso de emergência:
nome, telefone, endereço; Também ter sempre em mãos: o seu tipo sanguíneo e comunicado se, é alérgico a alguma coisa, se é diabético e outras informações importantes;
Evitar calçadas irregulares; Evitar andar no meio das ruas;
Só atravessar na passadeira com o sinal fechado para os carros;
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Ao fazer sinal para o autocarro ou táxi, segurar um suporte, se tiver (ex. bengala) para evitar o desequilíbrio; Ao subir e descer do autocarro pedir ajuda, sempre que necessário, e esperar que o veículo esteja totalmente parado para se levantar e sair; No calor usar roupas leves e tentar ter sempre em mãos uma garrafinha de água para hidratar.
Alguns cuidados específicos com pessoas idosas com demência:
Todas as soluções, medicação e produtos tóxicos devem ser removidos e guardados em local seguro e trancado; Tesouras, lâminas de barbear, lixas metálicas e outros objetos potencialmente perigosos devem ser removidos sem concessões; Pílulas e objetos pequenos brilhantes e coloridos são uma verdadeira tentação para que sejam colocados na boca; Todos os aparelhos elétricos, secadores, rádios, aquecedores etc. devem ser removidos assim como fios e extensões;
Os objetos de uso pessoal e de higiene devem somente atender às necessidades básicas e elementares: uma toalha, sabão líquido, escova e pasta dental e papel higiênico. Todos os outros objetos devem estar em local seguro. Cuidados adicionais
Quando as pessoas idosas se levantam subitamente da cama para a posição em pé, podem ter uma queda brusca da pressão arterial e sofrer risco de acidentes. Todas as pessoas idosas devem passar de uma posição para a outra Gradualmente. Deve primeiro sentar-se, respirar calmamente de 5 a 10 vezes e aí sim, ficar em pé. Toda pessoa idosa que cai deve ser examinada por um médico, uma vez que a causa do acidente pode dever-se a uma série de condições, como arritmias (irregularidade nos batimentos do coração), acidente vascular cerebral (derrame), etc.
O uso de acessórios para marcha, como bengalas, deve ser prescrito e orientado por fisioterapeutas para a maneira correta no uso desses recursos. Juntamente com a adoção de um programa de atividade física, com vistas a fortalecer a musculatura e a correção da postura, são medidas positivas na qualidade de vida de todos.
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O principal objetivo para prevenir quedas acidentais é manter as pessoas independentes e ativas pelo maior tempo possível.
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3.3.Técnicas de prevenção de outros acidentes em contexto institucional e domiciliário
Intoxicações
As intoxicações acidentais são a terceira causa de lesão não intencional nas pessoas com m ais de 65 anos. Os medicamentos, os alimentos retardados e o monóxido de carbono são a s principais causas de intoxicação. Intoxicações medicamentosas
Fatores de risco:
Sobredosagem. Hipersensibilidade do organismo, srcinando reações alérgicas aos medicamentos. Reação derivada das peculiaridades genéticas do paciente. Interações entre medicamentos. Efeitos secundários dos medicamentos. Efeitos teratogénicos dos medicamentos (provocam alterações na estrutura e funções do organismo).
Ação:
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Embora todos os medicamentos possuam uma ação benéfica mais ou menos específica, a maioria deles, mesmo administrados nas doses corretas, podem igualmente srcinar vários efeitos secundários adversos, de maior ou menor envergadura. No entanto, o principal perigo da maioria dos medicamentos é a sua administração incorreta, em doses demasiado elevadas, pois podem srcinar uma verdadeira intoxicação. De facto, a intoxicação por medicamentos constitui, atualmente, um fenómeno bastante frequente, sobretudo nas pessoas idosas e nas crianças mais pequenas. Embora praticamente qualquer medicamento, administrado em doses elevadas, possa provocar uma intoxicação, os que mais frequentemente provocam este perigo são os analgésicos, por serem os mais utilizados, e os sedativos e hipnóticos, de utilização mais comum nos idosos. Caso se esteja perante uma pessoa que evidencie sinais e sintomas graves de uma intoxicação aguda, deve-se chamar o corpo médico o mais rápido possível. De qualquer forma, enquanto a assistência médica não chega, deve-se tentar obter o máximo de informação sobre as possíveis causas de intoxicação: de que substância se trata, quando e qual a quantidade ingerida ou inalada e quais os sinais e sintomas que o intoxicado apresenta, informações fundamentais para que os médicos possam identificar com exatidão o tóxico e proceder rapidamente ao tratamento correspondente. Para além disso, enquanto se aguarda pelo corpo médico, deve-se igualmente efetuar algumas medidas de primeiros socorros, de modo a reduzir ou travar a entrada ou disseminação do tóxico ao longo do organismo.
Em caso de intoxicação por via digestiva, deve-se provocar o vómito da vítima, por exemplo, desencadeando o seu estímulo através da introdução de um par de dedos na garganta e mediante a ingestão de goles de água morna com sal ou com produtos específicos, como o xarope de ipecacuanha.
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Todavia, deve-se referir que a provocação do vómito encontra-se contraindicada quando o problema é provocado pela ingestão de substâncias corrosivas, porque a nova passagem das mesmas pelas vias digestivas em direção ao exterior pode agravar as lesões internas e, quando a vítima se encontra inconsciente, pode correr o risco de o conteúdo do estômago ser desviado para o pulmão e srcinar o desenvolvimento de uma pneumonia de aspiração. Por outro lado, não se deve igualmente administrar qualquer medicamento ou o presumível antídoto ao intoxicado sem o prévio consentimento de um médico. Para além disso, caso o paciente esteja inconsciente, enquanto se aguarda pela assistência médica, deve-se mantê-lo deitado de lado, na posição lateral de segurança, para se evitar que, caso o paciente vomite, o material seja desviado para os pulmões. Por último, se a vítima não respirar ou o fizer com muita dificuldade, deve-se proceder à respiração boca a boca. Intoxicações por gás
Fatores de risco:
Utilização de aparelhos de aquecimento antigos.
Inexistência de revisão/ manutenção às instalações de gás.
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Adoção de comportamentos inadequados (ex.: esquecer a torneira/ bico do gás aberta).
Ação:
Compre apenas aparelhos que obedeçam às normas de segurança; A instalação, reparação e manutenção dos aparelhos, incluindo a substituição dos tubos de alimentação, deve ser feita por técnicos de gás devidamente acreditados; Guarde as garrafas de gás em locais apropriados, de preferência com materiais incombustíveis e bem ventilados e, sempre que possível, no exterior da habitação ou junto de uma janela; Mantenha as garrafas de gás a uma distância superior a meio metro de radiadores, tomadas e interruptores elétricos e a 1,50 metros de chamas; Nunca instale esquentadores na casa de banho; Nunca instale garrafas de gás propano no interior da sua habitação; Nunca guarde garrafas de gás na cave; Nunca movimente as garrafas de gás, mesmo quando parcialmente vazias, sem fechar a válvula de corte do redutor; Nunca deite garrafas com gás (coloque-as sempre com o redutor para cima); Nunca ligue interruptores durante a substituição de garrafas vazias por cheias. Em caso de suspeita de fuga de gás Feche as válvulas de segurança do contador e de corte do redutor; Abra as janelas e portas da habitação, para ventilar; Não faça lume, não fume e apague quaisquer chamas; Não ligue ou desligue das tomadas os aparelhos elétricos e eletrodomésticos; Remova para o exterior a garrafa suspeita de ter a fuga de gás; Nunca use a chama para localizar ou detetar fugas de gás; Chame os bombeiros ou os técnicos da empresa que instalou e faz a manutenção do equipamento.
Atropelamentos
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Os Idosos são muitas vezes alvo fácil de atropelamentos enquanto peões e de acidentes como condutores. A maior parte dos idosos desloca-se mais devagar do que os jovens, o que deve ser salvaguardado quando se trata de dimensionar, por exemplo, uma passagem de peões, e deva ser respeitado pelos condutores. Dado o processo de envelhecimento a que estão sujeitos, vêem reduzidas progressivamente as suas capacidades físicas e cognitivas, embora eles próprios nem sempre se apercebam das suas limitações. Estas limitações associadas à pressão do ambiente rodoviário, que não é complacente com tais situações, torna-os utentes da via especialmente vulneráveis no trânsito. Este grupo etário apresenta uma elevada taxa de mortalidade, relacionada com a sua maior debilidade física e por apresentarem maior dificuldade na recuperação pós-acidente. As suas dificuldades de locomoção, as dificuldades sensoriais ao nível da visão e da audição, tornam-nos vítimas fáceis
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Os Profissionais de Saúde podem ser intervenientes ativos neste âmbito promovendo ações na Comunidade (Lares, Centros de Dia, etc.), onde se discuta e chame a atenção para esta problemática. Comportamentos seguros:
Circular sempre nos passeios e nestes do lado direito. Caso não haja passeio, circule do lado esquerdo, de frente para os veículos e o mais longe possível da faixa de rodagem. Quando circular em grupo, em passeios estreitos, bermas ou em estradas sem berma ou passeio, caminhar em fila indiana. Atravessar sempre num local seguro: passadeira, junto a uma passagem para peões ou junto a sinais luminosos. Evitar atravessar em locais junto a veículos estacionados, caixotes do lixo. Arbustos ou outro tipo de obstáculos que o possam esconder, assim como junto a curvas, cruzamentos e entroncamentos sem passagens protegidas. Se estiver para atravessar numa passadeira, coloque-se do lado direito para não se encontrar comà os peões que no outro sentido.doOlhe à esquerda, e novamente esquerda paraatravessam verificar quais os sentidos trânsito e saber àdedireita onde podem surgir os veículos.
Deixe passar todos os veículos e prepare-se para atravessar quando todos os veículos tiverem passado ou parado. Durante a noite, use material retrorrefletor, que é mais visível sob as luzes dos veículos. Quando sair do autocarro, nunca atravesse por trás ou pela frente. Espere até que o autocarro se afaste e atravesse só quando vir a estrada e for visto pelos condutores. A entrada ou saída de viaturas deve ser sempre efetuada pelo lado direito.
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Incêndios
Em caso de incêndios em edifícios, os idosos, cuja idade é superior a 65 anos, correm um risco maior devido à sua mobilidade mais reduzida. Tendo isto em conta, é importante estar sempre preparado para conseguir abandonar a sua habitação o mais depressa possível. Segurança em Casa
Sempre que possível tenha o seu quarto no rés-do-chão para facilitar uma eventual saída em caso de emergência. Como medida de segurança, poderá instalar detetores de incêndio em todas as instalações da sua casa, incluindo os quartos e a garagem. Deve instalar em sua casa um sinal de alarme. Quando está a dormir, ao invés de despertar, o fumo de um incêndio poderá levar a um estado de sono profundo. Se tiver problemas de audição procure no mercado alarmes que contornem esta situação, como por exemplo, que emitem um alarme por vibrações e com luz. Pratique regularmente simulações de incêndio e os caminhos que tem de percorrer para abandonar a sua residência em caso de emergência. Se tiver dificuldades em deslocar-se e necessitar de ajuda certifique-se que há alguém que em caso de emergência possa vir em seu auxílio. No caso dessa pessoa não estar sempre disponível, deve ter a certeza que mesmo assim haverá alguém que virá em seu socorro. Tenha portas e janelas que sejam fáceis de abrir através do interior da casa para as poder utilizar como saídas de emergência.
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Mantenha sempre um telemóvel perto de si. Se ficar encurralado poderá ligar para os bombeiros e pedir ajuda.
Segurança em Residências e Centros de Dia
Ao contrário de uma habitação privada, estes espaços têm uma grande concentração de pessoas. Nestes casos, as regras de prevenção e segurança que se aplicam são naturalmente mais rígidas e exigentes. As residências e centros de dia devem estar sempre equipados com alarmes e detetores de incêndio. O edifício deverá ter equipamentos para combate de incêndio, como extintores ou carretéis. A instalação de sprinklers é aconselhada como uma mais-valia para a segurança. As zonas onde se encontram e circulam pessoas com mobilidade reduzida devem ser situadas ao nível do rés-do-chão. Os elevadores devem ter proteção para que não funcionem como uma chaminé em caso de incêndio.
Se pessoas com mobilidade limitada circularem nos andares superiores, os lares devem possuir zonas de refúgio onde estas possam, em caso de emergência, aguardar por auxílio.
O número de funcionários presentes no edifício, mesmo durante a noite, deve ser suficiente para evacuar todos os idosos que precisem de auxílio. Nestes espaços é proibida a utilização de grades ou outros equipamentos que dificultem o acesso de equipas de segurança. As diferentes divisões do edifício devem estar separadas com portas corta-fogo para evitar/retardar a propagação em caso de incêndio. Os edifícios com mais de 50 pessoas (clientes e funcionários) têm de ter duas saídas de emergência, sendo que uma delas deve ser utilizada somente para esse efeito. As portas das saídas de emergência devem estar sempre equipadas com barras antipânico. As saídas de emergência nunca devem estar a uma distância superior a 30 metros de qualquer ponto do edifício. As saídas de emergência devem estar sempre desobstruídas.
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A sinalização que indica as saídas de emergência deve ser visível em qualquer zona do edifício. A utilização ou arrumação de materiais inflamáveis ou que possam facilmente explodir (materiais de limpeza ou garrafas de oxigénio) deve ser efetuada com todas as precauções.
Todos os profissionais das instituições deverão estar familiarizados com os locais onde se encontram os alarmes de fogo, o equipamento para o combater e o dispositivo de corte da corrente elétrica, bem como dos caminhos a utilizar em caso de evacuação (junto aos elevadores e em locais estratégicos). Procedimentos em caso de evacuação de emergência: 1 – Todo o equipamento deve ser desligado, tendo em conta que esta operação não deve aumentar os riscos já existentes. 2 – Fechar entradas de ar para, para isolar o fogo e reduzir a quantidade de oxigénio disponível para a combustão (janelas, portas, etc.), exceto em caso de fuga de gás. 3 – Deixar o local o mais rapidamente possível, dirigindo-se para a saída mais próxima, sem sair do seu percurso de evacuação, nem demorar-se para recuperar bens pessoais. Não deve utilizar os elevadores dos edifícios (cuja alimentação estará cortada por ação do alarme de incêndio), deve sempre que necessário utilizar as escadas. 4 – Após abandonar o edifício deve dirigir-se para o ponto de encontro designado. Não deve colocar-se na rua nem em locais que possam prejudicar as operações de socorro. 5 – No ponto de encontro as pessoas devem agrupar-se segundo os locais onde se encontravam aquando do alarme, de modo a detetar pessoas que possam ainda estar no interior do edifício. Esta falta deve ser imediatamente comunicada a um elemento responsável ou Bombeiros. 6 – A pessoa ou pessoas que provocaram ou detetaram o incidente devem colocarse à disposição dos Bombeiros e dos responsáveis de segurança, para colaborar no ataque ao problema. 7 - Não devem voltar a entrar no edifício até instruções.
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4.Ocorrências e anomalias no apoio à prestação de cuidados
4.1.Aspetos fundamentais a transmitir 4.2.Procedimentos de registo
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Emergência é sempre uma situação grave que acontece de repente e que requer uma ação imediata com a finalidade de resguardar a vida da pessoa. A pessoa cuidada por estar mais frágil e debilitada pode, de uma hora para outra, ter uma piora súbita em seu estado geral ou sofrer um acidente. Esteja atento para perceber uma emergência e procure ajuda para lidar com essa situação de maneira firme e segura. Portanto, a emergência requer cuidados imediatos, com a finalidade de evitar complicações graves ou a morte da pessoa cuidada. Deve haver um plano de primeiros socorros, elaborado com a colaboração das entidades de saúde competentes, nomeadamente, bombeiros, INEM, centros de saúde, cruz vermelha, ou pelo menos ser sujeito ao seu aval. O plano deve identificar claramente os procedimentos a tomar e quem fica responsável pela execução dos mesmos. Este plano deve ser revisto periodicamente. A formação em primeiros socorros é vital no funcionamento de uma estrutura residencial. Pode nomeadamente ser solicitada aos bombeiros, à Cruz Vermelha ou outras entidades competentes. Todos os colaboradores devem receber informação e treino sobre como atuar em situações de emergência. Eis alguns princípios a ter em conta:
Avaliar rapidamente a situação e verificar se ela não constitui um perigo também para o socorrista; Não demorar a pedir ajuda; Informar o melhor possível o serviço de emergência sobre o ocorrido e a situação em que o mesmo ocorreu.
O SAD tem identificadas as situações globais de emergência e a forma de atuação (ver impresso IMP02.IT02.PC05 SOS v. exemplo a seguir). Todos os intervenientes (colaboradores, cliente e/ou pessoa(s) próxima(s) têm conhecimento dos procedimentos a efetuar em caso de emergência. –
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Os contactos para a resolução das situações de emergência (familiar, médicos, seguros de
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saúde, bombeiros, hospital, entre outros), estão em local acessível aos colaboradores e restantes intervenientes. O cliente e a(s) pessoa(s) próxima(s) têm conhecimento das regras de atuação do SAD em situações de doença, emergência médica (SOS) e morte súbita. Deste modo, o SAD deverá ter definidas as regras e as condições gerais de atuação dos colaboradores nestas situações. Os colaboradores do SAD devem possuir formação em primeiros socorros. Em caso de acidente, os colaboradores respeitam as normas estabelecidas no âmbito dos cuidados dos primeiros socorros. No domicílio do cliente deve existir uma caixa de primeiros socorros, sendo a sua localização acessível e conhecida por todos os intervenientes. O seu conteúdo é verificado regularmente por um responsável previamente designado.
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4.1.Aspetos fundamentais a transmitir Modo de atuação genérico em situações de emergência O 112 é o Número Europeu de Emergência, sendo comum, para além da saúde, a outras situações, tais como incêndios, assaltos, etc. A chamada é gratuita e está acessível de qualquer ponto do país a qualquer hora do dia. A chamada será atendida por um operador da Central de Emergência, que enviará os meios de socorro apropriados.
O número 112 DEVE ser SÓ utilizado em situações de Emergência. Em qualquer caso de emergência, de Norte a Sul do País, o número 112 pode ser ligado através dos telefones das redes fixa e móvel. A chamada é gratuita e é atendida de imediato pelos centros de emergência que acionam os sistemas médico, policial e de incêndio, consoante a situação verificada. As Centrais de Emergência ativam os meios de socorro adequados de acordo com a sua informação.
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Antes de ligar 112, informe-se sobre os pormenores que a Central tem necessidade de conhecer:
ONDE (local exato da ocorrência): rua, n.º da porta, estrada (sentido ascendente ou descendente), pontos de referência. O QUÊ (tipo de ocorrência: acidente, incêndio florestal ou outro, parto, doença súbita, intoxicação, etc.). QUEM (Vítima/doente, número de vítimas, queixas).
A eficácia do socorro depende da sua colaboração. Em caso de acidente, tente saber e comunique:
Tipo de acidente (atropelamento, acidente de viação – moto, ligeiro, pesado – queda, etc.). Quem? (número de vítimas, estado das vítimas – consciente, inconsciente, hemorragias, etc.). Complicações (queda num rio, encarcerado num carro, etc.).
Riscos associados (incêndio, derramamento de substâncias perigosas, etc.). Em caso de doença súbita, tente saber e comunique:
Queixa principal. Há quanto tempo se iniciou. Quais são os sintomas associados? Doenças conhecidas.
A sua colaboração é fundamental sempre que se encontre em risco a vida humana. Preste atenção às perguntas efetuadas, responda com calma e siga as instruções indicadas.
É necessário saber atuar com eficácia e prontidão, tendo sempre em mente a idade da vítima, pois o socorro em algumas situações é diferente. É importante que o/a Técnico de apoio familiar e à comunidade:
Se sinta autoconfiante, mas tenha a noção das suas limitações. Tenha uma atitude de compreensão e paciência.
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Seja capaz de tomar decisões, organizar e controlar a situação.
Basicamente devem existir dois tipos de procedimento/atitude:
O que se sabe, se pode e se deve fazer. O que não se sabe, não pode e não deve fazer.
Enquanto espera pelos socorros deve-se: • Observar a evolução do estado da pessoa. • Cobrir a vítima, pois o estado de choque e a imobilidade podem srcinar
arrefecimento. • Deve-se desapertar o vestuário (este pode incomodar ou comprimir), mas não despir a vítima. • Não dar nada a beber e/ou a comer, pois a vítima pode ter náuseas, vómitos e
aspirar o vómito. • Nunca abandonar uma pessoa em estado de choque ou ferida.
Modo de atuação em situações de emergência específicas Asfixia
SE DOENTE DEITADO OU INCONSCIENTE O que devemos Fazer?
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1. Efetuar a manobra de extensão da cabeça; 2. Desapertar roupas, colarinhos, gravatas, cintos e lenços; 3. Abrir a boca e verificar se existe algum corpo estranho. Se sim, retira-lo. SE DOENTE CONSCIENTE Pancadas Interescapulares 1. Junto da vítima, ao lado e ligeiramente por trás, em posição de equilíbrio; 2. Com uma mão suster o tórax da vítima, inclinando-a ligeiramente à frente; 3. Com a outra mão aplicar 5 pancadas entre as omoplatas; 4. Assim que se observar a reversão da obstrução interromper a manobra. Ou a Manobra de Heimlich 1. Junto da vítima, por detrás deve-se colocar os braços em redor desta, na região superior do abdómen, entre o apêndice Xifóide e o umbigo; 2. Cerrar o punho sobre esta região, agarrá-lo com a outra mão e aplicar 5 movimentos bruscos e secos, no sentido para dentro e para cima. Hemorragia
Hemorragia externa
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Para tentar travar uma hemorragia externa, a compressão direta sobre a lesão é a forma mais simples, eficiente e a que sempre deve ser tentada em primeira instância. Tal como o nome indica, consiste na compressão do ferimento, devendo o socorrista seguir os seguintes passos para a executar da melhor forma:
Tapar todo o ferimento com um pano limpo ou com uma compressa esterilizada grossa. Podem também ser utilizados outros tipos de tecido, como, por exemplo, toalhas limpas ou pedaços de lençol. Colocar gelo ou uma compressa fria na ligadura para ajudar a parar a hemorragia e diminuir o inchaço. Caso não haja nenhum pano limpo, utilize as suas mãos (deverá, nessas circunstâncias, utilizar sempre luvas). Comprimir com firmeza todo a zona ferida por 10 minutos, de forma ininterrupta. Enquanto faz essa compressão, eleve a zona lesionada acima do coração do acidentado. Se for caso disso, e se for possível, mude-o de posição; Assim que terminar a hemorragia, deverá segurar a compressa firmemente, com uma ligadura.
Se curativo for num membro, verifique periodicamente o pulso arterial. Caso não hajao pulso arterial, afrouxe um pouco a ligadura;
Se o sangramento não parar, vá ao Serviço de Urgência do Hospital mais próximo.
Hemorragia nasal As hemorragias nasais geralmente não são graves e podem ser facilmente tratadas por uma pessoa treinada em prestar os Primeiros Socorros. Este tipo de hemorragias é causado, normalmente, por infeções, lesões na cabeça ou situações de tensão arterial muito elevadas.
As ações a tomar para tratar uma hemorragia nasal são as seguintes: Sentar o paciente, inclinando-o para a frente (nunca inclinar cabeça para atrás); Pedir ao paciente para respirar pela boca;
Pinçar o nariz, ou pedir ao paciente para o fazer, por 10 minutos, utilizando os dedos polegar e indicador. Durante esse período, aplicar uma compressa fria no nariz e zona em redor;
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Em ocasiões em que a compressão não pare a hemorragia, deverá tamponar a narina que está a sangrar, ou as duas, se for o caso. Não utilizar algodão, pois este poderá ficar agarrado no nariz. De seguida, pinçar o nariz por mais cinco minutos. Caso, mesmo assim, a hemorragia persista, vá ao Serviço de Urgência do Hospital mais próximo.
Traumatismo craniano
Os traumatismos da cabeça incluem fraturas do crânio, dos ossos, da face e dos tecidos moles. O crânio é composto por vários ossos ligados entre si formando uma caixa que tem como objetivo proteger o Sistema Nervoso Central. Quando ocorre o traumatismo do crânio, na maior parte dos casos existe uma lesão do cérebro, podendo ser por lesão direta, resultante do ferimento, ou por este ter sido projetado contra o próprio crânio por aceleração e desaceleração. Sinais e sintomas • Vão surgir alterações do estado de consciência tais como: – Sonolência; – Irritabilidade; – Confusão mental (desorientação no tempo e no espaço); – Agitação. • Tonturas;
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• Náuseas (sensação de vómito) ou mesmo vómitos; • Perturbação da visão (turva ou desfocada); • Alteração dos movimentos e da sensibilidade; • Saída de sangue o u líquido céfalo-raquidiano pelos ouvidos e nariz.
Atuação • Manter o doente em repouso; • Caso o doente tenha capacete, este apenas deve ser retirado se existir compromisso
da via aérea e da respiração ou se o socorrista possuir formação e condições para a sua extração controlada; • Não mover o doente; • Controlar possíveis hemorragias exceto se o sangue sair dos ouvidos.
Nesse caso, deixá-lo sair e colocar apenas uma compressa para embeber; • Manter a via aérea livre. Ter em atenção um possível vómito; • Administrar oxigénio, se possível; • Avaliar e registar os parâmetros vitais; • Imobilizar o doente e manter a sua cabeça elevada a 30º.
Traumatismos da coluna
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A coluna vertebral é uma estrutura óssea que contém no seu interior a espinal medula. Esta, por sua vez, é responsável pela transmissão e receção da informação entre o cérebro e o resto do organismo. As lesões de coluna podem ser provocadas por: • Traumatismo direto (ex.: pancada direta na coluna); • Traumatismo indireto (ex.: queda da vítima, na vertical, com os pés no solo).
Sinais e sintomas
Alteração da mobilidade e da sensibilidade – o doente pode deixar de sentir dor ou referir formigueiros nas extremidades, no corpo ou deixar de mexer os membros. Isto pode ser somente ao nível dos membros inferiores ou na totalidade dos membros, dependendo do nível em que se deu a lesão; Deformação – a zona onde se deu o traumatismo encontra-se deformada, não deixando desta forma dúvidas em relação à existência da lesão; Dificuldade respiratória – os nervos que fazem os músculos auxiliares da ventilação podem ter sido atingidos, deixando de funcionar. Assim, o doente é obrigado a ventilar com dificuldade, uma vez que a respiração só vai poder contar com o diafragma; Perda de urina ou fezes – os nervos que controlam a urina e as fezes foram atingidos, permitindo que o doente urine ou defeque sem vontade; Alteração dos sinais vitais – a alteração dos sinais vitais vai depender do nível a que se deu a lesão, podendo surgir diferenças de temperatura acima e abaixo da lesão.
No caso de acidente, queda, traumatismo craniano ou vítima inconsciente de causa desconhecida, suspeite sempre de lesão de coluna.
Atuação
• Verificar a via aérea (A), a ventilação (B) e a c irculação (C); • Movimentar o doente o menos possível e sempre como um todo; • Efetuar o alinhamento seguindo como referência uma linha imaginária entre o nariz
e o umbigo do doente (se possível após esta manobra aplicar um colar cervical); • Avaliar e registar os sinais vitais;
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• Procure saber: – Como ocorreu o incidente; – Antecedentes pessoais; – Medicação; – Alergias; – Última refeição. • Ativar os meios de socorro (ligar 112); • Caso seja necessário remover o doente do local (decisão que somente deve ser
tomada em último recurso), efetuar a sua imobilização com recurso a uma superfície plana e dura. Fraturas
Sinais e sintomas de fraturas • Dor localizada na zona do foco de fratura, normalmente intensa e aliviando após a
imobilização; • Perda da mobilidade. Pode, em alguns casos, existir alteração da sensibilidade; • Existe normalmente deformação, podendo, em alguns tipos de fraturas, não estar
todavia presente; • Edema (inchaço) normalmente presente, aumentando de volume conforme o tempo
vai passando.
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• Exposição dos topos ósseos, no caso da fratura exposta, não deixa dúvidas em
relação à existência da mesma; • Alteração da coloração do membro. Surge no caso de existir compromisso da
circulação sanguínea. Cuidados a ter no manuseamento de fraturas • Não efetuar qualquer pressão sobre o foco de fratura; • Imobilizar a fratura, mantendo o alinhamento do membro, não forçando no caso da
fratura ser ao nível do ombro, cotovelo, mão, joelho e pés; • No caso de fraturas abertas, lavar a zona com recurso a soro fisiológico antes de
imobilizar; • Não efetuar movimentos desnecessários. Imobilizações Para imobilizar a fratura proceder da seguinte forma: • Expor o membro. Retirar o calçado e roupa; • Se existirem feridas, limpá-las e desinfetá-las antes de imobilizar; • Se a fratura for num osso longo, alinhar o membro; • Imobilizar a fratura, utilizando preferencialmente talas de madeira, devendo estas
estar obrigatoriamente almofadadas; • No caso da fratura ocorrer numa zona articular, não forçar o alinhamento. Se
necessário, imobilizá-lo na posição em que este se encontra. Queimaduras
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Primeiros socorros nas queimaduras de primeiro e de segundo grau
Neste tipo de feridas, é fundamental uma intervenção rápida e eficaz. Passo a passo, eis os procedimentos indicados:
Arrefecer a zona queimada com água. Este processo pode ser feito por uma das seguintes três formas: Colocar a zona magoada sob água corrente fria (o jato d'água não pode ser forte demais para não arrebentar as bolhas nem causar dor); o
o
o
Imergir a zona queimada num recipiente cheio de água fria (não se deve usar gelo); Quando não é possível uma das duas primeiras hipóteses, aplicar compressas frias e húmidas, utilizando para tal efeito toalhas, guardanapos ou roupas limpas.
Manter o processo ao longo de 5 minutos, até a dor desaparecer. Secar com muito cuidado o local queimado, através de pancadinhas e com um pano limpo ou uma compressa; Também com uma compressa, ou com um pano limpo seco, fazer um curativo frouxo; Nas situações em que as queimaduras têm bolhas, o acidentado deverá deslocarse ao Serviço de Urgências mais próximo.
Primeiros socorros nas queimaduras de terceiro grau Remover roupas apertadas e jóias (podem ficar ainda mais apertadas no caso, muito provável, de ocorrência de edema);
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Arrefecer rapidamente a zona queimada com água, aplicando compressas húmidas e frias (com um pano limpo). Verificar também, e com muita atenção, se o lesionado apresenta complicações respiratórias; Em caso de ser uma queimadura de terceiro grau pequena (com menos de 5 cm de diâmetro), é possível colocar a zona magoada sob água fria corrente ou numa pia com água fria, ou, em alternativa, usar compressas húmidas frias, durante 5 minutos. Nunca se deverá utilizar gelo. Secar com muito cuidado o local queimado, através de pancadinhas e com um pano limpo ou uma compressa; Deslocar a pessoa ferida ao Serviço de Urgência mais próximo.
4.2.Procedimentos de registo Todos os acontecimentos relevantes devem ser registados num livro de ocorrências, nomeadamente os que possam exigir uma atuação/intervenção atempada. Os registos devem descrever a ocorrência de forma clara, sucinta e objetiva, com menção do dia e da hora em que teve lugar. A direção técnica deve consultar diariamente o livro de ocorrências, para conhecer, estudar e analisar os factos registados. Este livro deve estar devidamente paginado e rubricado pelo responsável. Deve ser aberto um processo individual para cada colaborador remunerado ou voluntário, contendo a informação referente aos dados pessoais, formação inicial e ações de formação contínua e outros dados considerados relevantes, precedendo a autorização dos colaboradores e garantindo a sua confidencialidade. É essencial que a informação escrita seja legível e compreensível. É porém importante que, nas mudanças de turno, haja momentos de comunicação verbal sobre as ocorrências entre os colaboradores que prestaram serviço e aqueles que o vão continuar.
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Toda a informação escrita deve ser clara, objetiva e concisa , dizendo apenas o que é relevante para a mensagem que se quer transmitir. Outro cuidado a ter na produção de informação escrita é o de registar apenas factos que possam ser verificados. O que escrevemos influencia o serviço prestado por quem nos lê, pelo que devemos ser, tanto quanto possível, exatos e objetivos. Em suma, a informação escrita que circula na instituição deve ser:
Legível Concisa; Relevante; Factual; Verificável.
Todas ocorrências deverão ser registadas no IMP01.PC05 Cuidados Pessoais e de Saúde (v. exemplo a seguir), datadas, assinadas e integradas no Processo Individual do –
Cliente.
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Bibliografia
AA VV. Guia de Prevenção: riscos domésticos para idosos, Projeto Com maior cuidado – prevenção de riscos domésticos entre os idosos, Fundação MAPFRE, s/d AA VV., Manual de boas práticas – um guia para o acolhimento residencial de pessoas mais velhas, Instituto da Segurança Social, 2005 AA VV:, Manual de processos-chave: Serviço de Apoio Domiciliário, Programa de cooperação para o desenvolvimento da qualidade e segurança das respostas sociais, Instituto da Segurança Social, 2005 AA VV., Programa Nacional de Prevenção de Acidentes 2009-2016, Ed. Direção-Geral da Saúde, 2009 AA VV., Manual de primeiros socorros: idosos. Situações de emergência – regras gerais de atuação, Ed. Fundação Luiz Bernardo de Almeida, 2012 Yuaso, Denise e Rocha, Fernanda, “Prevenção de quedas e outros tipos de acidente”, in Cuidar melhor e evitar a violência: Manual do cuidador da pessoa idosa , Ed. Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República – Brasil, Brasília, 2008
Documentos eletrónicos
“Manual de Segurança”, Ministério da Economia da Inovação e do Desenvolvimento.
Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo, in
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http://www.consumidor.pt/CSSBC/index.html
Sites Consultados Alzheimer Portugal http://alzheimerportugal.org/pt/ INEM Instituto Nacional de Emergência Média http://www.inem.pt –
Portal da Saúde http://www.portaldasaude.pt/portal Segurança online http://segurancaonline.com/
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Termos e condições de utilização
AVISO LEGAL O presente manual de formação destina-se a utilização em contexto educativo. É autorizada a respetiva edição e reprodução para o fim a que se destina. É proibida a divulgação, promoção e revenda total ou parcial dos respetivos conteúdos. A marca informanuais encontra-se registada, nos termos legais, no INPI. Qualquer ilícito detetado é passível de procedimento judicial contra o infrator.
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