Manual Ufcd 4322 - Tipos e Técnicas de Animação

February 3, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Centro de Emprego e Formação Profissional Do Porto

Formador: Patrícia Dias

UFCD 4322

TIPOS E TÉCNICAS DE ANIMAÇÃO

Tipos e técnicas de animação

Índice

Introdução........................................................................................................... 3 Âmbito do manual............................................................................................ 3 Conteúdos programáticos................................................................................ 3 Carga horária................................................................................................... 4 1.Papel do animador........................................................................................... 5 1.1.Modelo de referência................................................................................. 5 1.2.Adequação/Rentabilização de talentos......................................................7 1.3.Transmissão de autonomia........................................................................7 1.4.Facilitação da tomada de decisões............................................................8 1.5.Responsabilização de cada elemento do grupo.........................................9 2.Expressão corporal......................................................................................... 10 2.1.Jogos de concentração............................................................................. 10 2.2.Consciencialização do corpo....................................................................11 2.3.Dança...................................................................................................... 12 2.4.Teatro: Dramatização de históricas, sketches..........................................13 2.5.Jogos e outras atividades lúdicas: Jogos tradicionais, concursos.............14 3.Expressão oral............................................................................................... 21 3.1.Voz e dicção: Exercícios de voz, leitura de textos....................................21 3.2.Música: Canções tradicionais, entre outras..............................................35 4.Expressão plástica......................................................................................... 54 4.1.Expressão plástica livre: Pintura, escultura..............................................54 5.Animação de grupos especiais.......................................................................61 Bibliografia........................................................................................................ 68

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Tipos e técnicas de animação

Introdução Âmbito do manual O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 4322 – Tipo e técnicas de animação, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos 

Reconhecer

a

importância

das

Técnicas

de

Animação

para

o

expectativas

e

desempenho da atividade de animador. 

Associar

técnicas

de

animação

às

necessidades,

problemas de grupos sociais específicos. 

Evidenciar a expressão corporal, enquanto técnica de educação integral nas várias dimensões da pessoa humana.

Conteúdos programáticos





Papel do animador o

Modelo de referência

o

Adequação/rentabilização de talentos

o

Transmissão de autonomia

o

Facilitação da tomada de decisões

o

Responsabilização de cada elemento do grupo

Expressão corporal o

Jogos de concentração

o

Consciencialização do corpo

o

Dança

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Tipos e técnicas de animação





o

Teatro: dramatização de históricas, sketches

o

Jogos e outras atividades lúdicas: jogos tradicionais, concursos

Expressão oral o

Voz e dicção: exercícios de voz, leitura de textos

o

Música: canções tradicionais, entre outras

Expressão plástica o



Expressão plástica livre: pintura, escultura

Animação de grupos especiais

Carga horária 

50 horas

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1.Papel do animador

1.1.Modelo de referência A associação Portuguesa de Animação Sociocultural (APDASC) define o animador da seguinte forma: Animador é todo aquele que, sendo possuidor de uma formação adequada, é capaz de elaborar e/ou executar um plano de intervenção, numa comunidade, instituição ou organismo, utilizando técnicas culturais, sociais, educativas, desportivas, recreativas e lúdicas. Um bom animador alicerça a sua intervenção numa formação sólida. Não é suficiente uma habilidade natural para dinamizar pessoas ou grupos: anima eficientemente

quem

adquiriu

um

conjunto

de

conhecimentos,

quem

desenvolveu alguns comportamentos e faz algumas opções metodológicas.

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Tipos e técnicas de animação

Faltando esta formação, o animador pode cair facilmente no desânimo. Tendo em atenção os objetivos a atingir e os conteúdos a apresentar, o animador escolhe, entre os diferentes tipos de métodos, aqueles que mais e melhor se adequam a uma ação em concreto. O animador centra-se, acima de tudo, em quem tem de animar: a pessoa concreta, de uma determinada idade, numa situação existencial específica, com as suas experiências e interesses. Só depois se deve concentrar no que fazer e como fazer. O método da animação valoriza a pessoa pelo que ela é realmente, aceitando-a incondicionalmente. O animador está aberto ao humano e ao serviço da maturidade. Mas ao mesmo tempo que o animador é sensível em relação aos outros, ele é humano a partir de si mesmo, assimilando atitudes fundamentais, tais

como

saber

escutar,

esperar.

Os animadores devem escolher o estilo de liderança que maximize as hipóteses de funcionalidade da ação. Os animadores mais eficazes são suficientemente flexíveis para selecionar o estilo de liderança que melhor se adeque às necessidades do grupo. Para que desempenhe eficazmente as suas funções, existem três áreas fundamentais que o animador deve ter em conta: o ser, o saber e o saber-fazer.  O ser, é constituído pela sua identidade pessoal;  O saber, refere-se aos conhecimentos que deve possuir para desempenhar convenientemente a sua tarefa formativa. Além disso,

um

animador,

conforme

a

área

específica

do

seu

desempenho, terá uma formação consoante o seu sector, o 

contexto e o conteúdo respetivos; O saber-fazer, reporta-se à metodologia que usa para dar vida ao grupo que anima, a qual é sempre o reflexo do seu ser e do seu saber.

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1.2.Adequação/Rentabilização de talentos Seguidamente encontramos o ponto que diz respeito à motivação dos talentos individuais, tendo cada indivíduo qualidades particulares que devem ser exercitadas pelo grupo, pois é uma forma de o completar. Cada elemento possui qualidades e talentos intrínsecos que melhor se adequam a determinadas problemáticas e devem ser rentabilizadas no sentido da sua resolução. Mas para que isto seja possível, é necessário que as responsabilidades

sejam

repartidas

no

interior

do

grupo.

1.3.Transmissão de autonomia O animador é um ator da sua própria formação, facilitador de processos de comunicação, agente de socialização, veiculador de cultura e comportamentos de humanização. Na área social é um elemento valorizador e crítico, arquiteto de situações e motor de otimização das condições de vida. É um sensibilizador para No

a ativo,

fruição o

animador

dos deve,

bens como

públicos profissional,

e

patrimoniais.

comparticipar

para

o

desenvolvimento harmonioso e completo da personalidade dos indivíduos, facilitar a sua integração grupal e social, catalisar situações que proporcionem uma interação dinâmica entre os vários atores sociais da comunidade. A consecução destes objetivos formativos pressupõe que se preste especial atenção ao amadurecimento dos formandos, tentando-se assim promover ao longo do curso o seu desenvolvimento pessoal e social, nomeadamente nos seguintes aspectos:  A aprendizagem do domínio de si próprio, privilegiando uma atuação 

refletida e ponderada e uma atitude autocrítica permanente; A abertura e adaptabilidade às diferenças inter-individuais, situacionais e socioculturais

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A criatividade ao serviço da resolução de problemas e da tomada de

 

posição; As competências de comunicação e de relacionamento interpessoal; A transmissão de autonomia assente uma posição crítica e reflexiva da realidade envolvente.

1.4.Facilitação da tomada de decisões Para além destes princípios, temos o facto do animador ter que facilitar a tomada de decisões ao grupo, e isto em dois níveis: em quantidade, tendo que tomar todas as conclusões que envolvem o grupo, em conjunto; em qualidade, isto é, as decisões devem ser função dos objetivos do grupo, tendo que ser aceites pelo mesmo. Desta forma, o animador dever ter constantemente na sua memória, o facto de ter a responsabilidade de relembrar ao grupo, quais são os seus objetivos, e para isso ele irá propor um programa que deverá ser compreendido e aceite por todos. Outro fator extremamente importante para que os fins sejam atingidos, é a homogeneidade do grupo, possibilitando a todos os membros, participar ativamente nas decisões, e até mesmo se for necessário fazer uma revisão do que lhe parece estar errado, na forma de pensar de cada membro do grupo.

1.5.Responsabilização de cada elemento do grupo Por fim, o animador deverá velar para que cada elemento do grupo tenha uma verdadeira responsabilidade e tarefa. Esta é uma das finalidades últimas do papel do cidadão no processo de animação sociocultural e comunitária. “Mediante a participação podem alcançar-se objetivos imediatos, a médio e a longo prazo. No imediato é uma forma de estimulação vital que desenvolve em cada indivíduo, grupo ou coletivo que participa (…) um aumento da autoestima

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na medida em que assumem responsabilidades em atividades que incidem no meio mais próximo. A curto prazo. Estimula a iniciativa e a responsabilidades pessoal (…) A longo prazo, um processo participativo permite que cada pessoa, grupo ou comunidade seja obreiro do seu presente e se faça responsável por seu futuro, ao tomar parte nas decisões que afetam de maneira direta ou indireta ao entorno imediato onde desenvolve a sua vida”.

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2.Expressão corporal

2.1.Jogos de concentração Os jogos de concentração são muito próximos dos jogos de escuta, porquanto o facto de saber escutar é extremamente importante. Para que o jogo tenha sucesso, uma atenção extrema e uma forte disciplina são imprescindíveis. Os jogos deste tipo são muitas vezes sentidos como sendo difíceis ou fatigantes, atendendo a que implicam forçosamente o esforço mental contínuo por parte dos participantes. Por essa razão, é preferível que esses jogos não durem muito tempo. É imprescindível assegurar que o grupo possa jogar sem ser incomodado.

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A fim de que o jogo decorra em boas condições, é preciso que a atenção dos participantes se concentre o mais possível na ação em curso, quer executada pelo animador, quer por um outro membro do grupo. Em simultâneo, sons perturbadores ou, pelo menos suscetíveis de distrair, poderão ser introduzidos voluntariamente ao longo do jogo, para serem em seguida rejeitados pelos jogadores. Em geral, a atenção baseia-se na faculdade de escuta, mais pode também assentar na vista ou nas sensações. Apela-se muitas vezes para uma reação da parte de um dos participantes, o que não pode acontecer senão quando este tiver realmente acompanhado de perto o jogo.

2.2.Consciencialização do corpo Os Jogos de Corpo e Voz surgem da perceção das vantagens que advêm da conjugação de dois domínios - a Psicologia e a Expressão Dramática. As técnicas da Expressão Dramática, em particular o jogo, permitem abordar as temáticas estudadas pela Psicologia de uma forma leve e com um sentido prático e (des) dramatizado. Esta metodologia pretende facilitar o desenvolvimento de competências pessoais e sociais, optando pela conjugação do corpo de conhecimentos da Psicologia e as técnicas de facilitação da expressividade inerentes à expressão dramática. Apesar de serem definidos à partida alguns objetivos mais específicos, as atividades a desenvolver dependerão do grupo em si e das necessidades que cada elemento apresente. Por esta razão, na fase inicial do grupo haverá uma avaliação prévia das áreas a trabalhar e interesses de cada participante, sendo o processo de trabalho baseado nos aspectos referidos e nos que entretanto possam ser detetados.

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No final, proceder-se-á a uma nova avaliação, de forma a avaliar a progressão sentida por cada um dos participantes.

2.3.Dança Em todas as práticas de expressão dramática um papel de responsabilidade é revestido pelo leader (diretor, animador) que elabora as estratégias e dirige todo o processo. Ele orienta e dialoga com o grupo ficando numa posição de observação externa e/ou participa diretamente quando for necessário. A esta pessoa, ou pessoas, compete desenvolver a estrutura do trabalho para estabelecer os critérios de atuação. A formação e a experiência são determinantes para alcançar os objetivos. A sua disponibilidade em começar ou não um trabalho pressupõe que as energias se coliguem para colherem os melhores frutos. Estes trabalhos requerem uma certa disponibilidade de escuta e pronta decisão na condução do grupo onde nem sempre todos os participantes estão com o mesmo desejo de aceitar naquele momento o jogo. A escolha do material, das músicas, do ponto de partida como por exemplo um tema, uma história conhecida ou reinventada, uma mensagem, uma ideia etc. advém dos interesses mais ou menos comuns ao grupo. Também no trabalho de dança criativa, o responsável pelo grupo deve estabelecer os critérios que orientam os exercícios.

2.4.Teatro: Dramatização de históricas, sketches A expressão dramática e corporal favorece o conhecimento do corpo, a prática de exercícios de relacionamento interpessoal bem como a representação espontânea, estética e simbólica de um objeto, de uma personagem ou de um lugar que são fundamentais neste percurso de formação.

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As improvisações a realizar levam à descoberta de múltiplas possibilidades de intervenção, permitindo-lhes passar com flexibilidade de um campo de perceção para o outro. Desta forma, a estimulação do imaginário, desviando o objeto da sua função primária, ajuda a criar produtos e ideias originais. Aprendem, assim, neste contexto de expressões a construir ações, a dramatizar e a encenar, permitindo desenvolver e construir projetos. Na prática dramática, imaginação, ideias e sentimentos são representados através do movimento, do som, da imagem e da ação. Conhecer as convenções e as regras da linguagem dramática e teatral habilita os alunos a criar formas que tornam mais concretas as suas ideias e sentimentos, consolidando assim o conhecimento de si, dos outros e do mundo. Nas atividades dramáticas e performativas, é clara a intenção de comunicação, de construção e interpretação de sentidos como forma de comunicar com o nosso mundo interior e com o mundo em que vivemos. No processo dramático os participantes permutam de lugar; ora são intérpretes (atores), ora são espectadores; interpretam conteúdos sociais e íntimos, negociando e refletindo sobre os sentidos que produzem. Este processo fornece, ainda, um contexto favorável para falar e ouvir (dialogar) que é central no trabalho teatral. Por outro lado, ao criar desafios que promovem a criatividade na resolução de problemas contribui, através da superação dos constrangimentos presentes neste processo criativo, para um sentimento de realização que promove a autoestima e a autoconfiança.

2.5.Jogos e outras atividades lúdicas: Jogos tradicionais, concursos No âmbito da animação, podemos considerar que as atividades lúdicas são aquelas que remetem diretamente para a diversão ou jogo e que não

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apresentem

outro

objetivo

externo.

Apesar

das

atividades

lúdicas

manifestarem objetivos internos controlados pelo animador (por exemplo “quebrar o gelo”, fomentar a integração ou cooperação grupal), o turista geralmente só consegue percecionar o objetivo externo – a diversão. Jogos tradicionais Sinal da sua grandeza e importância, os Jogos Tradicionais podem, segundo Graça Guedes (1989), proporcionar estudos diversificados no âmbito da História, da Historiografia, da Psicologia, da Sociologia, da Pedagogia, da Etnografia e da Linguística, entre outros. Este tipo de jogos varia de região para região e possui um significado de natureza

mágico-religiosa.

É

normalmente

praticado

em

épocas

bem

determinadas do ano ou em intervalos do trabalho agrícola, contribuindo de modo saudável para a ocupação das horas livres. Os jogos tradicionais são muito antigos, praticados desde há séculos e são transmitidos oralmente de geração para geração. No entanto, conforme os condicionalismos de cada região, as diferentes gerações adaptam-nos à sua maneira de ser e de viver. Desta forma se explicam as variantes de um mesmo jogo (como exemplo, em Portugal existem registadas mais de cinquenta variantes do conhecido Jogo da Malha). Em conclusão, pode-se dizer, como Graça Guedes (1989), que os jogos tradicionais são criados pelos seus praticantes a partir do reportório dos mais velhos e adaptados às características do local. A denominação de cada um deles evoca as suas características e regras principais. Exemplos de jogos tradicionais: Jogo da malha

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Material: 4 malhas de madeira, ferro ou pedra (duas para cada equipa); 2 pinos (paus

redondos

que

se

equilibrem

na

vertical). Jogadores: 2 equipas de 2 elementos cada. Jogo: Num terreno liso e plano, são colocados os pinos, na mesma direcção, com cerca de 15/18 metros de distância entre eles. Cada equipa encontra-se atrás de um pino. Joga primeiro um elemento de uma equipa e depois o da outra, tendo como objetivo derrubar ou colocar a malha o mais perto do pino onde está a outra equipa, lançando-a com uma mão. Pontuação: 6 pontos por cada derrube, 3 pontos para a malha que fique mais perto do pino. Quando uma equipa atinge 30 pontos, ganha. Uma partida pode ser composta por três jogos, uma equipa para vencer terá de ganhar dois.

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Jogo dos bilros Material: 1 bola de trapos ou madeira; 9 bilros (pinos); 1 bilro maior (o vinte). Jogadores: Equipas com o mesmo número de jogadores cada uma. Jogo: Num terreno liso e plano formam-se três colunas, de três bilros cada, com os bilros mais pequenos, estando todos separados cerca de 15 centímetros. O bilro grande coloca-se no prolongamento da coluna central, distando dos outros cerca de 30 centímetros e estando separado por um risco feito no chão. As equipas devem encontrar-se a uma distância dos bilros que irá de 6 a 8 metros. Um jogador de cada vez lança a bola de forma a que esta role pelo chão, tentando derrubar os bilros. Pontuação: 20 pontos pelo derrube do bilro diferente; 2 pontos pelo derrube de um bilro pequeno se este não ultrapassar o risco, se o fizer o derrube vale 10 pontos. Ganha a equipa que fizer primeiro 100 pontos. Cada partida pode ser composta por três jogos, uma equipa para vencer terá de ganhar dois.

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Jogo da vara Material: Varas. O número de varas é de menos uma em relação ao número de participantes. Jogadores: Número variável. Jogo: Espetam-se as varas no chão, os participantes alinham, atrás de uma marca, de costas voltadas para as varas. Após um sinal, dado por alguém que não esteja a jogar, cada jogador corre para tentar apoderar-se de uma vara. O jogador que não o conseguir é eliminado, os outros dirigem-se novamente para a marca de partida e o jogo prossegue com cada vez menos varas até que reste só um jogador, que será o vencedor.

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Jogo da tração com corda em linha Material: 1 corda e 1 lenço (deverá estar atado a meio da corda). Jogadores: 2 equipas com o mesmo número de jogadores cada uma. Jogo: Num terreno plano e livre de obstáculos, duas equipas com forças equivalentes, seguram, uma de cada lado e à mesma distância do lenço, uma corda. Entre as equipas, antes de começar o jogo, traça-se ao meio uma linha no chão. O jogo consiste em cada equipa puxar a corda para o seu lado, ganhando aquela que conseguir arrastar a outra até o primeiro jogador ultrapassar a marca no chão. É também atribuída a derrota a uma equipa se os seus elementos caírem ou largarem a corda. Não é permitido enrolar a corda no corpo ou fazer buracos no solo para fincar os pés.

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Jogo da corrida de sacos Material:

Sacos

de

serapilheira

ou

plástico grosso, em número igual ao dos participantes. Jogadores: número variável. Jogo: É marcado um percurso no chão com uma linha de partida e uma meta. Todos os concorrentes se colocam atrás da linha de partida. Ao sinal de partida, cada um entra para dentro do seu saco, segura as abas com as mãos e desloca-se em direcção à meta. Ganha aquele que chegar primeiro. Variantes: Equipas de três jogadores, colocando-se dois lado a lado, o terceiro enfia as pernas nos sacos onde os outros já se encontram metidos (um em cada saco), abraçando-os. As restantes regras são iguais às da corrida individual.

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3.Expressão oral

3.1.Voz e dicção: Exercícios de voz, leitura de textos A Expressão Oral é uma das formas pelas quais se opera a transmissão de ideias, aliás, sendo a mais comum, é também a forma em que as pessoas mais erram em termos de eficiência da comunicação. Trata-se da mensagem falada. Podemos dividir a palavra falada, ou expressão oral, em alguns tópicos principais, os quais estudaremos com mais detalhes em seguida:  Dicção.  Respiração.  Ressonância.  Velocidade.  Pausa.  Volume.  Tom.  A alternância. Teoria do Gráfico.  Vocabulário.

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A dicção A dicção, que consiste na “maneira de dizer ou falar com a articulação e modulação corretas” é algo que deve receber especial dedicação por parte daqueles que desejam se expressar melhor, pois a dicção, quando alcançada pelo Orador, torna a sua expressão oral mais compreensível e: a) Aumenta a eficiência da argumentação do orador (pelo simples fato de que ele será bem mais compreendido). b) Cansa menos a plateia. c) Melhora a imagem do orador perante seus ouvintes. Como aprimorar o vocabulário e a gramática Existem diversos métodos que se poderia declinar, dentre eles a leitura, acompanhada de um bom dicionário, é claro. Mas, a melhor forma de se aumentar o vocabulário ativo consiste na exteriorização das ideias, quer através da escrita, quer da fala. Eis alguns métodos: 1) Adaptação de textos: a) adquira um texto rebuscado, cheio de arcaísmos (Ruy Barbosa é um bom exemplo) e “traduza-o” para a linguagem corrente, b) em sentido inverso, valha-se de um texto pobre e substitua os termos vulgares por outros mais eruditos. 2) Descrição: faça uma descrição o mais completa possível do ambiente em que esteja quanto: a) aos objetos que o compõem, b) as formas, c) as cores, d) as sensações proporcionadas. Faça o mesmo com apenas um objeto usando o maior número de adjetivos possível. 3) Palavras cruzadas: dispensa maiores comentários, sendo uma das maneiras mais interessantes de se exercitar o vocabulário. Trava-línguas Trava-línguas é um conjunto de palavras formando uma sentença que seja de difícil articulação em virtude da existência de sons que exijam movimentos seguidos da língua que não são usualmente utilizados. Os trava-línguas fazem parte das manifestações orais da cultura popular, são elementos do nosso folclore, como as lendas, as adivinhas e os contos.

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Os trava-línguas são um bom recurso para trabalhar a leitura oral. É nessa leitura que melhor se observa o efeito do trava-línguas e, dependendo da atividade, passa a ser uma brincadeira que agrada sempre. Um dos trava-línguas mais divulgado é o seguinte: "O tempo perguntou para o tempo qual é o tempo que o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo que não tem tempo de dizer pro tempo que o tempo do tempo é o tempo que o tempo tem".

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Contos tradicionais portugueses O SAL E A ÁGUA Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas por sua vez, qual era a mais sua amiga. A mais velha respondeu: – Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol. Respondeu a do meio: – Gosto mais de meu pai do que de mim mesma. A mais moça respondeu: – Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal. O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e pôla fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza. Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa, porque é que o rei não comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha: – É porque a comida não tem sal. O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai. SEMPRE NÃO

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Um cavaleiro, casado com uma dama nobre e formosa, teve de ir fazer uma longa jornada: receando acontecesse algum caso desagradável enquanto estivesse ausente, fez com que a mulher lhe prometesse que enquanto ele estivesse fora de casa diria a tudo: – Não. Assim pensava o cavaleiro que resguardaria o seu castelo do atrevimento dos pajens ou de qualquer aventureiro que por ali passasse. O cavaleiro já havia muito que se demorava na corte, e a mulher aborrecida na solidão do castelo não tinha outra distração senão passar as tardes a olhar para longe, da torre do miradouro. Um dia passou um cavaleiro, todo galante, e cumprimentou a dama: ela fez-lhe a sua mesura. O cavaleiro viu-a tão formosa, que sentiu logo ali uma grande paixão, e disse: – Senhora de toda a formosura! Consentis que descanse esta noite no vosso solar? Ela respondeu: – Não! O cavaleiro ficou um pouco admirado da secura daquele não, e continuou: – Pois quereis que seja comido dos lobos ao atravessar a serra? Ela respondeu: – Não. Mais pasmado ficou o cavaleiro com aquela mudança, e insistiu: – E quereis que vá cair nas mãos dos salteadores ao passar pela floresta? Ela respondeu: – Não. Começou o cavaleiro a compreender que aquele Não seria talvez sermão encomendado, e virou as suas perguntas: – Então fechais-me o vosso castelo? Ela respondeu: – Não. – Recusais que pernoite aqui? – Não. Diante destas respostas o cavaleiro entrou no castelo e foi conversar com a dama e a tudo o que lhe dizia ela foi sempre respondendo – Não. Quando no fim do serão se despediam para se recolherem a suas câmaras, disse o cavaleiro: – Consentis que eu fique longe de vós? Ela respondeu: – Não. – E que me retire do vosso quarto? – Não. O cavaleiro partiu, e chegou à corte, onde estavam muitos fidalgos conversando ao braseiro, e contando as suas aventuras. Coube a vez ao que tinha chegado, e contou a história do Não; mas quando ia já a contar a modo como se metera na cama da castelã, o marido já sem ter mão em si, perguntou agoniado: – Mas onde foi isso cavaleiro? O outro percebeu a aflição do marido e continuou sereno:

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– Ora quando ia eu a entrar para o quarto da dama, tropeço no tapete, sinto um grande solavanco, e acordo! Fiquei desesperado em interromper-se um sonho tão lindo. O marido respirou aliviado, mas de todas as histórias foi aquela a mais estimada.

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OS DEZ ANÕEZINHOS DA TIA VERDE-ÁGUA Era uma mulher casada, mas que se dava muito mal com o marido, porque não trabalhava nem tinha ordem no governo da casa; começava uma coisa e logo passava para outra, tudo ficava em meio, de sorte que quando o marido vinha para casa nem tinha o jantar feito, e à noite nem água para os pés nem a cama arranjada. As coisas foram assim, até que o homem lhe pôs as mãos e ia-a tosando, e ela a passar muito má vida. A mulher andava triste por o homem lhe bater, e tinha uma vizinha a quem se foi queixar, a qual era velha e se dizia que as fados a ajudavam. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água: – Ai, Tia! vocemecê é que me podia valer nesta aflição. – Pois sim, filha; eu tenho dez anõezinhos muito arranjadores, e mando-tos para tua casa para te ajudarem. E a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a ajudassem; que quando pela manha se levantasse fizesse logo a cama, em seguida acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, aponteasse a roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o marido chegar. Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim o fez, e se bem o fez melhor lhe saiu. Logo à boca da noite foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o terlhe mandado os dez anõezinhos, que ela não viu nem sentiu, mas porque o trabalho correu-lhe como por encanto. Foram-se assim passando as coisas, e o marido estava pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjadeira e limposa; ao fim de oito dias ele não se teve que não lhe dissesse como ela estava outra mulher, e que assim viveriam como Deus com os anjos. A mulher contente por se ver agora feliz, e mesmo porque a féria chegava para mais, vai a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez: – Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar. A velha respondeu-lhe: – Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos? – Ainda não; o que eu queria era vê-los. – Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que soo os dez anõezinhos.

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A mulher compreendeu a causa, e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que se faz luzir o trabalho.

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O APRENDIZ DE MAGO Um homem de grandes artes tinha na sua companhia um sobrinho, que lhe guardava a casa quando precisava sair. De uma vez deu-lhe duas chaves, e disse: – Estas chaves são daquelas duas portas; não mas abras por cousa nenhuma do mundo, senão morres. O rapaz, assim que se viu só, não se lembrou mais da ameaça e abriu uma das portas. Apenas viu um campo escuro e um lobo que vinha correndo para arremeter contra ele. Fechou a porta a toda a pressa passado de medo. Daí a pouco chegou o Mago: – Desgraçado! para que me abriste aquela porta, tendo-te avisado que perderias a vida? O rapaz tais choros fez que o Mago lhe perdoou. De outra vez saiu o tio e fez-lhe a mesma recomendação. Não ia muito longe, quando o sobrinho deu volta à chave da outra porta, e apenas viu uma campina com um cavalo branco a pastar. Nisto lembrouse da ameaça do tio e já o sentindo subir pela escada, começou a gritar: – Ai que agora é que estou perdido! O cavalo branco falou-lhe: – Apanha desse chão um ramo, uma pedra e um punhado de areia, e monta já quanto antes em mim. Palavras não eram ditas, o Mago abriu a porta da casa: o rapaz salta para cima do cavalo branco e grita: – Foge! que aí chega o meu tio para me matar. O cavalo branco correu pelos ares fora; mas indo lá muito longe, o rapaz torna a gritar: – Corre! que meu tio já me apanha para me matar. O cavalo branco correu mais, e quando o Mago estava quase a apanhá-los, disse para o rapaz: – Deita fora o ramo. Fez-se logo ali uma floresta muito fechada, e, enquanto o Mago abria caminho por ela, puseram-se muito longe. Ainda o rapaz tornou outra vez a gritar: – Corre! que já aí está meu tio, que me vai matar. Disse o cavalo branco: – Bota fora a pedra. Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir, enquanto eles avançavam caminho. Mais adiante, grita o rapaz: – Corre, que meu tio agarra-nos. – Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavalo branco. Apareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma terra onde se estavam fazendo muitos prantos. O cavalo branco ali largou o rapaz e disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos por ele chamasse mas que nunca

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dissesse como viera ter ali. O rapaz foi andando e perguntou por quem eram aqueles grandes prantos. – É porque a filha do rei foi roubada por um gigante que vive em uma ilha aonde ninguém pode chegar. – Pois eu sou capaz de ir lá. Foram dizê-lo ao rei; o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera. O rapaz valeu-se do cavalo branco, e conseguiu ir à ilha trazendo de lá a princesa, porque apanhara o gigante dormindo. A princesa assim que chegou ao palácio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei: – Porque choras tanto, minha filha? – Choro porque perdi o meu anel que me tinha dado a fada minha madrinha e, enquanto o não tornar a achar, estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre encantada. O rei mandou lançar o pregão em como dava a mão da princesa a quem achasse o anel que ela tinha perdido. O rapaz chamou o cavalo branco, que lhe trouxe do fundo do mar o anel, mas o rei não lhe queria já dar a mão da princesa; porém ela é que declarou que casaria com o jovem para que dissessem sempre: Palavra de rei não torna atrás.

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O CALDO DE PEDRA Um frade andava ao peditório; chegou à porta de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair com fome, e disse: – Vou ver se faço um caldinho de pedra. E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela para ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade: – Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa. Responderam-lhe: – Sempre queremos ver isso. Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, disse: – Se me emprestassem aí um pucarinho. Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro. – Agora se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas. Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele: – Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava de primor. Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada para o que via. Diz o frade, provando o caldo: – Está um bocadinho insosso; bem precisa de uma pedrinha de sal. Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse: -Agora é que com uns olhinhos de couve ficava que os anjos o comeriam. A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as, e ripouas com os dedos deitando as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados disse o frade: – Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça... Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço; ele botou-o à panela, e enquanto se cozia, tirou do alforge pão, e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu o beiço; depois de despejada a panela ficou a pedra no fundo; a gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe: – Ó senhor frade, então a pedra? Respondeu o frade: – A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez. E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.

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OS TRÊS CONSELHOS Um pobre rapaz tinha casado, e para arranjar a sua vida, logo ao fim do primeiro ano teve de ir servir uns patrões muito longe. Ele era assim bom homem, e pediu ao amo que lhe fosse guardando na mão o dinheiro das soldadas. Ao fim de uns quatro anos já tinha um par de moedas, que lhe chegava para comprar um eidico, e quis voltar para casa. O patrão disse-lhe: – Qual queres, três bons conselhos que te hão-de servir para toda a vida, ou o teu dinheiro? – Ele, o dinheiro é sangue, como diz o outro. – Mas podem roubar-to pelo caminho e matarem-te. – Pois então venham de lá os conselhos. Disse-lhe o patrão: – O primeiro conselho que te dou é que nunca te metas por atalho, podendo andar pela estrada real. – Cá me fica para meu governo. – O segundo, é que nunca pernoites em casa de homem velho casado com mulher nova. Agora o terceiro vem a ser: nunca te decidas pelas primeiras aparências. O rapaz guardou na memória os três conselhos, que representavam todas as suas soldadas; e quando se ia embora, a dona da casa deu-lhe um bolo para o caminho, se tivesse fome; mas que era melhor comê-lo em casa com a mulher, quando lá chegasse. Partiu o homenzinho do Senhor, e encontrou-se na estrada com uns almocreves que levavam uns machos com fazendas; foram-se acompanhando e contando a sua vida, e chegando lá a um ponto da estrada, disse um almocreve que cortava ali por uns atalhos, porque poupava meia hora de caminho. O rapaz foi batendo pela estrada real, e quando ia chegando a um povoado, viu vir o almocreve todo esbaforido sem os machos; tinham-no roubado e espancado na quelha. Disse o moço: – Já me valeu o primeiro conselho. Seguiu o seu caminho, e chegou já de noite a uma venda, onde foi beber uma pinga, e onde tencionava pernoitar; mas quando viu o taverneiro já homem entrado, e a mulher ainda frescalhuda, pagou e foi andando sempre, Quando chegou à vila, ia lá um reboliço; era que a Justiça andava em busca de um assassino que tinha fugido com a mulher do taverneiro que fora morto naquela noite. Disse o rapaz lá consigo: – Bem empregado dinheiro o que me levou o patrão por este conselho. E picou o passo, para ainda naquele dia chegar a casa. E lá chegou; quando se ia aproximando da porta, viu dentro de casa um homem, sentado ao lume com a sua

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mulher! A sua primeira ideia foi ir matar logo ali a ambos. Lembrou-se do conselho, e curtiu consigo a sua dor, e entrou muito fresco pela poria dentro. A mulher veio abraçálo, e disse: – Aqui está meu irmão, que chegou hoje mesmo do Brasil. Que dia! E tu também ao fim de quatro anos! Abraçaram-se todos muito contentes, e quando foi a ceia para a mesa, o marido vai a partir o bolo, e aparece-lhe dentro todo o dinheiro das suas soldadas. E por isso diz o outro, ainda há quem faça bem.

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3.2.Música: Canções tradicionais, entre outras O que é a música?  É um som musical que tem uma frequência regular e constante. Tem    

ritmo, harmonia e pode ter ou não melodia. Em geral, provoca prazer e bem-estar ao ouvinte. É a arte de exprimir sentimentos ou impressões por meio de sons. Faz parte da nossa vida, da vida humana. É uma forma de arte que constitui-se basicamente em combinar uma sucessão de sons e silêncios de forma agradável, ritmada e organizada

 

ao longo do tempo. Pode ser também considerada uma prática cultural e humana. Atualmente não se conhece nenhuma civilização que não possua



manifestações musicais próprias. Utilizamos a música para nos expressarmos, para exprimir sentimentos



e emoções. Utilizámos a

música

como

forma

de

intervenção,

para

nos

manifestarmos, para dar a conhecer as nossas ideias e ideais, formas e 

maneiras de pensar e ver o mundo. Utilizámos a música como forma lúdica, de prazer, de descontração, de



animação, etc. Na nossa vida, todos os dias, somos capazes de identificar pequenos



sons com os quais podemos fazer e reconhecer música. Com objetos do dia-a-dia, podemos emitir sons, ritmos e até melodias



que nos fazem relacionar com a música. Quase todos os dias, cantamos canções para as nossas crianças e idosos, cantamos quando ouvimos música no carro, no trabalho, em casa, etc.

É possível fazer uma leitura e interpretação da música, dando-lhe forma e cor, assim, como é também possível, a partir de uma forma, de uma imagem, atribuir-lhe um som, uma música ou até mesmo um movimento. Estas interpretações variam de pessoa para pessoa, pois cada ser humano perceciona os sons e imagens de diferentes maneiras, de acordo com o seu

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estado de espírito, com os seus conhecimentos, com a sua criatividade e imaginação. Atividade 1 1º Momento: Organização do espaço:  Os formandos sentam-se em círculo de costas voltadas para o centro.  Materiais: - Folha branca e marcadores; - Músicas de diferentes estilos. Aplicação: - Quando inicia a música, as formandas começam a desenhar livremente na sua folha; - Sempre que a formadora fizer um sinal (previamente estabelecido), as formandas passam a folha à colega da direita e recebem a folha da colega da esquerda, continuando o desenho iniciado; - Esta fase termina quando cada formanda recebe a folha que iniciou. Objetivos da atividade:  Desenvolver a fantasia sonora e o comportamento criativo;  Empregar e ordenar os meios ao seu dispor na realização de uma 

tarefa; Usar livremente a voz, os instrumentos e o corpo para além das



formas tradicionais; Desenvolver um comportamento cooperativo em ações musicais.

Esta atividade chama a atenção para a possibilidade de transformar a música, o som e o movimento em cores e formas e vice-versa, ou seja, transformar cores e formas em som e movimento, motivando os alunos a partir de uma imagem. A aprendizagem musical  A aprendizagem musical centrada na voz e no canto, interliga-se com o corpo e com o movimento. A audição, análise e discussão de um repertório, as práticas instrumentais diversificadas, a pesquisa, a experimentação e a criação são atividades inerentes à aprendizagem musical.

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De um modo geral, a aprendizagem da música, em todas as idades, é feita pela experimentação, é o aprender fazendo.

Como planificar uma atividade musical  Na planificação de atividades musicais, devemos ter em conta: - O que os alunos vão aprender; - Como vão aprender; - O repertório que vão estudar; - As competências adquiridas e outros resultados

da

aprendizagem Atividade 2– uma historia com sons  1.º Momento: - Apresentado o título da história, as formandas irão decidir se podem colocar uma música para acompanhar a história. Se sim, que tipo de música vamos colocar.  2.º Momento: - As formandas fazem a leitura da história utilizando sons, de forma a tornar a história mais atrativa, interativa e expressiva, explorando os diferentes sons que a história pode suscitar Objetivos da atividade  Estimular a imaginação e a criatividade;  Interdisciplinaridade;  Entender a voz humana e sua utilização como fonte sonora, quer como meio de expressão livre, quer através da leitura de uma  

simbologia gráfica dos sons; Leitura expressiva, perceber o ritmo das palavras; Desenvolvimento das capacidades de improvisação e composição.

As qualidades do Som e da Música 1. Altura 2. Ritmo 3. Timbre 4. Dinâmica 5. Forma 6. Harmonia 1 - A altura dos sons

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Em música, altura é a propriedade que o som tem de ser mais grave (um som grosso) ou mais agudo (um som fino). Podemos distinguir



facilmente sons de alturas diferentes. A altura, refere-se à forma como o ouvido humano percebe a



frequência dos sons. Para diferenciar a altura dos sons, utilizamos normalmente as notas da escala musical:

DO



MI



SOL

Grave



SI Agudo

A Altura refere-se aos sons graves, médios e agudos. São os chamados sons normais, ou seja, tudo o que se pode ouvir. Atividade 3  Temos três garrafas de vidro numeradas, com diferentes quantidades de água. Uma cheia de água, outra vazia e outra com apenas metade 

da garrafa com água. Vamos tocar com uma colher em cada uma delas e ouvir o som que

 

estas emitem; 1.º Momento As formandas estão de costas voltadas para as garrafas e é emitido um som. De seguida terão que identificar qual a garrafa que tocou,



indicando o seu número. Num momento seguinte, serão tocadas sequências de dois ou três

 

sons, que as formandas terão que identificar e memorizar. 2.º Momento: Utilizando a percussão corporal, cada formanda irá Efectuar uma



sequência de sons: - Mãos: som agudo - Joelhos: som médio - Pés: som grave A restante turma terá que: - dar um passo em frente: som agudo - dar uma passo atrás: som grave - permanecer no lugar: som médio

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Objetivos da atividade  Após esta atividade as formandas já associam um som grave a um 

som “grosso” e um som agudo a um som “fino”. Desenvolverão o sentido da audição e a memória, através da reprodução e identificação de sequências de sons.

O ritmo É o movimento que ocorre em intervalos regulares. É também conhecido por cadência. O ritmo está presente em todas as coisas, como por exemplo: a batida do coração, os ponteiros do relógio, etc. É o tempo que demora a repetir-se um qualquer fenómeno repetitivo. Nas artes, como na vida, o ritmo está sempre presente. O ritmo musical é um acontecimento sonoro, que acontece com uma certa regularidade temporal. Ritmo vs pulsação  O ritmo são os batimentos ou as palmas que batemos, por exemplo, 

por cada sílaba das palavras da letra da música. A pulsação são os batimentos certos e regulares que existem na música.

Atividade 4 - o jogo das ilhas Aplicação:  Distribuído pelo chão da sala estão folhas de jornal, as ilhas.  O formador vai percutindo vários ritmos e quando pára, as formandas terão que ir para cima do jornal. Contudo, não há ilhas para todas, por 

isso, alguém não vai ter ilha e ficará fora do jogo. À medida que vão saindo do jogo, é-lhes dada a vez de percutir um ritmo



para as colegas e é retirada uma folha de jornal. O jogo termina quando estiver em jogo apenas duas formandas e uma



folha de jornal. Apenas uma será a vencedora.

Objetivos da atividade  As formandas terão oportunidade de ouvir e percutir ritmos livremente;  Forma lúdica de trabalhar com os ritmos e aplicável em situações do quotidiano, como no infantário, na escola, etc.

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Atividade 5 - O Ritmo das Lengalengas Aprender ritmos com prazer Aplicação:  A formadora bate com palmas o ritmo da lengalenga: Rei, Capitão Soldado, Ladrão Menina bonita Do meu coração  Todas as formandas dizem a lengalenga em conjunto, em voz alta;  De seguida, dizem a lengalenga, batendo o seu ritmo em simultâneo;  O próximo passo é bater o ritmo da lengalenga sem dizer nada;  Após este exercício, formadora e formandas irão bater o ritmo e dizer a lengalenga de forma alternada. Assim: Formadora Rei, Capitão Formandas Soldado, Ladrão Formadora Menina bonita Formandas Do meu coração Objetivos da atividade  Realização e compreensão de exercícios rítmicos;  Os batimentos rítmicos de lengalengas; Timbre  É a característica própria de cada som. É através do timbre que se sabe se uma música está a ser tocada, por exemplo, por um piano, 

por um violino, por uma flauta, etc. Permite-nos identificar sons com a mesma altura mas que foram

 

produzidos por fontes sonoras diferentes. O timbre é como a “impressão digital” sonora de um instrumento. Todos nós temos um timbre de voz diferente. Também através da voz conseguimos distinguir e reconhecer as pessoas ao telefone, por exemplo. A nossa voz é única porque tem um timbre diferente do de



todas as outras pessoas. Existe por isso, o timbre verbal e o timbre instrumental.

Proposta 1.º Momento: Emitir sons vocais com diferentes timbres. Audição dos diferentes timbres de voz das formandas.

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2.º Momento: Audição de alguns trechos musicais para distinguir a existência do timbre vocal, instrumental ou ambos. Para cada trecho musical, diga se existe: 1. Timbre vocal 2. Timbre instrumental 3. Timbre vocal e instrumental Dinâmica  A dinâmica musical refere-se à indicação que um compositor faz na partitura, da intensidade sonora com que ele quer que uma nota ou parte da música seja executada. Por exemplo, quando se toca em piano (p), toca-se mais baixo, ao passo que quando se toca em forte (f), toca-se mais alto. É a variação da intensidade das notas ao longo 

da música. Desta forma o compositor pode também indicar se a música é tocada em crescendo (quando a intensidade das notas, o som, vai aumentando de intensidade e de volume e representa-se ).

A pauta musical

A forma  Refere-se à estrutura de uma peça musical. Por exemplo, uma peça musical pode ser escrita na forma binária (duas pulsações por

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compasso), ternária (três pulsações por compasso), quaternária (quatro pulsações por compasso), etc.

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Exemplos de canções A caminho de Viseu Indo eu, indo eu, A caminho de Viseu, {Bis} Encontrei o meu amor, Ai Jesus, que lá vou eu! {Bis} Ora Ora Ora Ora

zus, truz, truz, zás, trás, trás, chega, chega, chega, arreda lá pr'a trás!

Indo eu, indo eu, A caminho de Viseu, Escorreguei, torci um pé, Ai que tanto me doeu! {Refrão} Vindo eu, vindo eu, Da cidade de Viseu, Deixei lá o meu amor, O que bem me aborreceu! {Refrão}

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A rama Óh rama, ó que linda rama, Óh rama da oliveira! O meu par é o mais lindo Que anda aqui na roda inteira! Que anda aqui na roda inteira, Aqui e em qualquer lugar, Óh rama, que linda rama, Óh rama do olival! Eu gosto muito de ouvir Cantar a quem aprendeu. Se houvera quem me ensinara, Quem aprendia era eu! Não m' invejo de quem tem Parelhas, éguas e montes; Só m' invejo de quem bebe A água em todas as fontes. Fui à fonte beber água, Encontrei um ramo verde; Quem o perdeu tinha amores, Quem o achou tinha sede. Debaixo da oliveira Não se pode namorar; A folha é miudinha, Deixa passar o luar.

Alecrim Alecrim alecrim aos molhos por causa de ti choram os meus olhos ai meu amor quem te disse a ti que a flor do monte era o alecrim Alecrim alecrim doirado que nasce no monte sem ser semeado ai meu amor quem te disse a ti que a flor do monte

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era o alecrim

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Bailinho da Madeira Deixem passar Esta linda brincadeira, Que a gente vamos bailar Pr' a gentinha da Madeira! {Bis}

Eu venho de lá tão longe, ai eu venho de lá tão longe, Venho sempre à beira-mar, venho sempre à beira-mar. Trago aqui estas "coibinhas", trago aqui estas "coibinhas", Pr' amanhã, pró seu jantar, pr' amanhã, pró seu jantar. Refrão (Bis) A Madeira é um jardim, a Madeira é um jardim, No mundo não há igual, no mundo não há igual. Seus encantos não têm fim, seus encantos não têm fim, É vila de Portugal, é vila de Portugal. Refrão (Bis) CANTIGA DA RUA A cantiga popular, ao passar, Todos a julgam banal, e afinal Vai sorrindo à própria dor, dizendo, em trovas de amor, O seu destino fatal. Cantiga da rua, das outras diferente, Nem minha, nem tua, é de toda a gente. Cantiga da rua, que sobe, flutua, mas não se detém, Inconstante e louca, vai de boca em boca, não é de ninguém. A pobreza é mais feliz, porque diz Em voz alta o seu pensar, a cantar; E é à rua que ela vai, como fôra à própria mãe, As suas mágoas contar.

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Cantiga da rua, veloz andorinha, Não pode ser tua e não será minha. Cantiga da rua, jamais se habitua aos lábios de alguém, Vive independente, é de toda a gente, não é de ninguém

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Cheira a Lisboa Lisboa já tem sol mas cheira a lua, Quando nasce a madrugada sorrateira E o primeiro eléctrico da rua Faz coro c'oa chinela da Ribeira. Se chove, cheira a terra prometida, Procissões têm cheiro a rosmaninho. Na tasca da viela mais escondida, Cheira a iscas (com elas) e a vinho.

Um craveiro numa água furtada, Cheira bem, cheira a Lisboa! Uma rosa a florir na tapada, Cheira bem, cheira a Lisboa! A fragata que se ergue na proa, A varina que teima em passar, Cheiram bem porque são de Lisboa, Lisboa tem cheiro de flores e de mar! Lisboa cheira aos cafés do Rossio, E o fado cheira sempre a solidão, Cheira a castanha assada, se está frio, Cheira a fruta madura, quando é Verão. Nos lábios tem o cheiro dum sorriso, Manjerico tem o cheiro de cantigas, E os rapazes perdem o juízo Quando lhes dá o cheiro a raparigas.

Machadinha Ah, ah, ah, minha machadinha, Ah, ah, ah, minha machadinha, Quem te pôs a mão, sabendo que és minha? Quem te pôs a mão, sabendo que és minha? Sabendo que és minha, também eu sou tua, Sabendo que és minha, também eu sou tua, Salta machadinha, p'ro meio da rua, Salta machadinha, p'ro meio da rua. No meio da rua não hei-de ficar,

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No meio da rua não hei-de ficar, Eu hei-de ir à roda, escolher o meu par, Eu hei-de ir à roda, escolher o meu par

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Malhão (A) Ó malhão, malhão (E) Que vida é a tua Ó malhão, malhão Que vida é a tua Comer e beber Ó trim tim tim passear na rua Ó malhão, malhão Ó malhão vem ver As ondas do mar Ó trim tim tim Aonde vão ter Ó malhão, malhão Ó malhão do norte Quando o mar está bravo Quando o mar está bravo Faz a onda azul Ó malhão, malhão Ó malhão do Porto Quem morreu morreu Ó trim tim tim Quem morreu está morto

Rosa arredonda a saia Ó Rosa, arredonda a saia, A Ó Rosa, arredonda-a bem! E7 Ó Rosa, arredonda a saia, Olha a roda que ela tem! A

Olha a roda que ela tem, Olha a roda que ela tinha! Ó Rosa, arredonda a saia, Que fique bem redondinha! {Refrão} A saia que traz vestida, É bonita e bem feita, Não é curta, nem comprida,

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Não é larga, nem estreita. {Refrão}

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Tia Anica A Tia Anica, tia Anica, Tia Anica de Loulé A quem deixaria ela A caixinha do Arapé? {Bis} A Olé, olá Esta vida não está má Olá, olé Tia Anica de Loulé Tia Anica, tia Anica, Tia Anica da Fuseta, A quem deixaria ela A barra da saia preta? {Refrão} Tia Anica, tia Anica, Tia Anica de Alportel, A quem deixaria ela A barra do seu mantel? {Refrão}

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4.Expressão plástica

4.1.Expressão plástica livre: Pintura, escultura A área de Expressão Plástica procura ativar conhecimentos ao nível da compreensão das dimensões expressivas dos diversos materiais, valorizando a manipulação experimental de diversas técnicas e materiais. Nesta área pretende-se

analisar

terminologias

básicas

que

lhes

permitam

o

reconhecimento e manipulações experimentais de materiais plásticos. Idealizam-se e concretizam-se objetos para que os formandos possam enfrentar situações em que tenham de construir elementos e enquadrá-los em possíveis animações e na dinamização de grupos de diferentes faixas etárias. Transformar, reconstruir, modificar, recriar, incentivando a passagem das ideias à planificação e concretização das ações são aprendizagens fundamentais.

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Os pontos focados durante este percurso passam pela:  Animação criativa dos grupos de diferentes faixas etárias;  Dinamização de animações;  Trabalho em grupo;  Descoberta de múltiplas estratégias para a concretização de projetos;  Adequação das estratégias às atividades planificadas;  Integração de conhecimentos das diferentes áreas de expressões para    

enriquecimento de projetos a executar; Adequação dos contextos às ações; Utilização de múltiplas estratégias para o desenvolvimento de projetos; Desenvolvimento da autoconfiança, auto estima e auto controle; Interação com outros articulando ações.

As modalidades praticadas possibilitam o acesso ao ser, ao saber, ao saber fazer, utilizando métodos ativos suportados na originalidade dos processos que facilitem a obtenção de produtos gratificantes para quem os desenvolve. Técnicas de pintura Pintura acrílica A pintura acrílica é um médio muito popular entre artistas iniciantes, por varias razões, entre elas, por se tratar de um material económico, que se caracteriza pela rapidez do secado, porque pode ser diluída com água, e pode ser aplicado em diversos tipos de superfície. Apesar de ser um médio a base de água, o que facilita o secado rápido, uma vez seca é resistente á agua. Dependendo da quantidade de água que for utilizada para dilui-la, o acabamento deste tipo de pintura, poderá parecer uma aguarela se for muito diluído ou uma pintura a óleo, se for utilizado diretamente do tubo. Os acrílicos são muitas vezes utilizados em substituição das aguarelas porque as cores uma vez secas, aproximam-se muito as cores desejadas, talvez ligeiramente mais escuras, enquanto as aguarelas uma vez secas, tornam-se mais claras que as cores pretendidas, produzindo as vezes, grandes surpresas, principalmente para os principiantes.

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Os acrílicos podem também substituir a pintura a óleo, pelo facto de secarem muito mais rápido e produzir um efeito muitas vezes parecido as pinturas a óleo.

Tinta e caneta A Tinta é o principal material utilizado para uma técnica de desenho na qual, tintas a cor, incluindo a tinta preta são aplicadas na superfície de papel utilizando

uma

caneta.

Pode ser ocasionalmente utilizado como um método de estudo ou esboço, mas constitui também um método artístico em si próprio. Diferentes tipos de canetas produzem diferentes tipos de linhas, desde a mais finas até outras grossas e de perfil arredondado ou quadrado. Hoje em dia os tipos de canetas utilizados são variadíssimos e até se recorre a instrumentos modernos, como as canetas tipo “Fonte”, “ballpoint” ou “Rapidograph”

principalmente.

No entanto, embora na arte, esta técnica tivesse utilizado frequentemente para esboços, com alto grau de abstração, também é verdade que muitos artistas desenvolveram desenhos com alto grau de pormenorização para ilustração de livros e revistas.

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Pintura a óleo As possibilidades de criar obras de arte com este médio são infinitas:  As tintas a óleo podem ser aplicadas na tela em camadas grossas e consistentes mediante uma espátula ou em combinação de espátula e 

pincéis. Podem ser aplicadas diretamente do tubo ou serem preparadas as



tonalidades na paleta de trabalho. Podem ser aplicadas em finas e diluídas camadas de veladura a traves de vários dias de trabalho ou direta e rapidamente para finalizar uma



obra num dia. Podem ser aplicadas individualmente ou misturadas com outros médios para criar efeitos fabulosos

No entanto a pintura a óleo é uma técnica difícil de aperfeiçoar, e por vezes complexa e intimidante para os iniciantes ao ponto de desencorajar e fazê-los desistir logo do início. A dificuldade deriva principalmente da falta de conhecimento do médio e das suas

vastas

possibilidades.

Guache Guache é um tipo de pintura semelhante a aguarela, mas com uma consistência mais densa e opaca devido a adição de pigmento branco á mistura, além de goma-arábica como aglutinante. O resultado, são cores mais fortes e menos transparentes que as obtidas com as aguarelas. Os pigmentos do guache quando secam, aparecem ligeiramente mais claros do que quando molhados, pelo que pode se tornar uma tarefa difícil a combinação

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das

cores.

Lápis de Cor O lápis de cor como o nome refere, é um lápis feito a base de pigmentos geralmente artificiais, com um forte aglutinante a base de cera. Normalmente é comercializado em embalagens contendo 12, 24,36 ou até mais unidades de cores e tons diferentes ou individualizados. As marcas mais conhecidas são a Faber-Castell, Labra e Prismacolor. Muitas pessoas associam o lápis de cor com as crianças e com os desenhos feitos nas escolas. No entanto, trabalhar com lápis de cor requer de uma grande técnica, semelhante a aquela que se requer para trabalhar com lápis de grafite, carvão ou pastéis.

Aguarelas A aguarela é fabricada a partir de pigmentos moídos em pó, misturados com goma arábica. Em tempos também se misturaram outros aditivos a estes, como glicerina, mel e outras substâncias para aumentar a transparência e retardar a secagem. A aguarela caracteriza-se pela transparência das suas cores. As tintas existem à venda em estado sólido (pastilhas), pastoso (tubos) e líquido (frascos). Em

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qualquer dos casos usa-se a água como solvente até se obter o tom pretendido. Na aguarela colocam-se primeiro as cores claras e depois as escuras. Usam-se basicamente duas técnicas que consistem no seguinte: -sobreposição de camadas de tinta sobre papel seco, deixando secar cada camada que se aplica antes de pôr a seguinte, obtendo sucessivamente

tons

mais

escuros.

- aplicação da aguarela sobre papel previamente humedecido (com uma esponja, por exemplo), permitindo a livre expansão desta na superfície do papel e mistura das cores no momento em que se deposita a tinta .

Escultura A expressão plástica livre pode ser tridimensional, e neste âmbito podem ser desenvolvidas várias técnicas de escultura, como por exemplo:  Modelagem (de barro, plasticina, pasta de papel…) , Aproveitamento de materiais de desperdício (caixas de papel, frascos, 

tampas), Construção de objetos específicos (instrumentos musicais, fantoches, etc.)

A realização de workshops de artesanato, no qual se recriam técnicas tradicionais, surge como uma forma especial de animação a aplicar nos centros rurais, por forma a valorizar as competências dos mais velhos e estimular a aprendizagem dos mais jovens de técnicas que se encontram em risco de desaparecimento. Exemplos de atividades a desenvolver/ recriar:  Tecelagem

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Tipos e técnicas de animação

     

Bordados Cestaria Olaria Latoaria Tamanacaria Ourivesaria

5.Animação de grupos especiais

A animação infantil

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Tipos e técnicas de animação

A programação de atividades de animação infantil procura a integração e o desenvolvimento das crianças em diferentes áreas:  Desenvolvimento físico e movimento – Expressão corporal - O objetivo é experimentar os sentidos e distribuir e canalizar a energia para atividades que exercitam e mexem com o corpo...ginástica, dança, jogos 

rítmicos, mímica. Desenvolvimento sensorial e exploração do mundo – Expressão plástica - As crianças irão estabelecer contacto com diferentes materiais e texturas (gesso, papel, cartão, cartolina, algodão, tecido, etc), cujas aplicações tão distintas serão convertidas em objetos divertidos e úteis, tais como molduras, ímans, máscaras, fantoches,



álbuns, quadros, e muito mais. Desenvolvimento emocional e representação mental – Expressão dramática - As crianças são chamadas a participar em todas as fases de uma peça de teatro: a criação de um argumento, a construção do cenário, a exploração das personagens, a elaboração do guarda roupa, a distribuição dos papeis, a contracena, o gesto, a fala, a mímica, etc.

Possibilidades de Ateliers e de atividades grupais:  Jogos de Mesa Diversos  Mesa de Desenhos  Bolas de Sabão Gigantes  Histórias Enfeitadas (PowerPoint, teatro de fantoches, contos através 

de objetos e através de imagens) Atelier de Artes Plásticas (decoração de objetos com colagens e



pinturas em relevo) Atelier de Esponjas Mágicas (Construções com colagem de esponjas

 

mágicas e coloridas) Jogos Tradicionais Jogo Humano ( jogo de equipas onde as crianças são os próprios

   

peões, tendo de realizar diferentes tarefas para alcançar a meta) Jogos Duplos: “Bowling” e “Peixe Voador” Karaoke Danças com coreografias diversas Pinturas Faciais

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Caça ao tesouro as crianças adoram revirar o parque ou o jardim à



procura de pequenos tesouros em forma de guloseimas. Princesas e Piratas (as crianças são caracterizadas de princesas e



piratas através de pinturas, adereços e vestuário) Hip-Hop uma aula de hip-hop, que as crianças a partir dos 6 anos



adoram Escultura de Balões (cães, flores e espadas são um sucesso garantido



junto de todas as crianças) Festa Fashion (caracterização dos participantes através de pinturas



faciais, modelação de cabelos e adereços) Aprendizes de culinária: as crianças vão ter oportunidade de aprender como utilizar alguns utensílios de cozinha, a reconhecer os alimentos e as suas propriedades, e a realizarem e criarem algumas receitas (bolachas artesanais, super-sandwiches, bebidas coloridas,



saladas, sobremesas deliciosas, decoração de bolos) Educação ambiental: conhecer os recursos da terra, a sua importância e aproveitamento. Técnicas de reciclagem e bons hábitos de defesa do



ambiente. Os animais nossos amigos: aprender sobre as características e hábitos dos animais domésticos e selvagens, o seu tratamento, higiene e



cuidados de saúde. Riscos e rabiscos: um momento criativo, no qual se estimula a elaboração de desenho e pintura livre ou orientada para determinado



tema. Conto um conto: o gosto pela leitura surge muitas vezes através da arte de saber contar uma história seja ela fantasia ou realidade. Aqui contam-se histórias do imaginário e do quotidiano. Cada criança terá oportunidade de ouvir e contar, de reinventar as histórias, de refletir sobre os significados, o enredo e as



personagens. Os meus filmes:

altura

para

características das o

visionamento

de

um

filme

cuidadosamente escolhido em função do seu conteúdo lúdico-didático e das preferências das crianças.

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Jardinagem: as diferentes espécies, o calendário, a plantação, as ferramentas e muito mais curiosidades sobre este tema. A cada criança



será dada a tarefa de manter e cuidar da sua planta. Corpo Humano: como se constitui, a pele, o esqueleto, os órgãos e como funcionam os diferentes sistemas que o compõem. Os cuidados de



higiene e alimentação. Momentos musicais:

aprender

os

sons.

Os

diferentes

géneros

musicais. Os nossos instrumentos (sons que fazem as mãos, a boca, os 

pés). Construção de instrumentos com diferentes materiais. Hora do faz-de-conta: aqui as crianças podem ser o que quiserem. Entre monstros e fadas, reis e rainhas, criam-se trajes e adereços, faz-se maquilhagem e pinturas, penteados radicais, trancinhas e tótós e



enfeitam-se as unhas das meninas. Foto-mania: contar uma história por meio de imagens. Recolher



fotografias sobre um tema é o desafio que se lança às crianças. Construção de Bijouteria: para usar ou oferecer. Massa de moldar, missangas e outros materiais irão ser convertidos em pulseiras, colares,



anéis, porta chaves, cintos, alfinetes, etc. Poesia: iremos aprender a fazer poesia de pequenas coisas. Rimas,



lengas-lengas, Jornalinho: em grupo, iremos criar um jornalinho interno com histórias, notícias locais, técnicas de ilustração, curiosidades, receitas, anedotas e



adivinhas e muito mais. Atividades ao ar livre: Ao longo do ano poderão ser organizadas algumas visitas, passeios ou atividades ao ar livre, como por exemplo visitas a monumentos. A sua realização será sempre programada e comunicada com antecedência. A participação da criança estará dependente da autorização antecipada do encarregado de educação.

A animação de Idosos A animação de idosos define-se, de uma forma geral, na maneira de atuar em todos os campos do desenvolvimento da qualidade de vida dos mais velhos, um estímulo da vida mental, física e ativa da pessoa idosa.

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Tipos e técnicas de animação

A animação representa um conjunto de passos com vista a facilitar o acesso a uma vida mais ativa e mais criadora, à melhoria das relações de comunicação com os outros, para uma melhor participação na vida da comunidade de que se faz parte, desenvolvendo a personalidade do indivíduo e a sua autonomia. Uma   

boa animação deve dar resposta a diversos objetivos, nomeadamente: Promover a inovação e novas descobertas; Valorizar a formação ao longo da vida; Proporcionar uma vida mais harmoniosa, atrativa e dinâmica com a



participação e o envolvimento do idoso; Incrementar a ocupação adequada do tempo livre para evitar que o



tempo de ócio seja alienante, passivo e despersonalizador; Rentabilizar os serviços e recursos para melhorar a qualidade de vida do



idoso; Valorizar as suas capacidades, competências, saberes e cultura do idoso, aumentando a sua autoestima e autoconfiança.

Antes de pensar num plano de atividades para idosos em prática, há que realizar uma avaliação psicológica, social e física de cada um dos indivíduos, no sentido de perceber quais as capacidades e motivações reais de cada idoso em relação a cada uma das atividades propostas. Ao estabelecer uma relação com um idoso, deveremos ter em conta a nossa comunicação não-verbal e também a dele. Pois só mantendo uma boa atitude corporal é que podemos obter bons resultados na sua adesão às atividades propostas. Assim teremos que ter em conta algumas regras:  Manter uma certa distância  Falar pausadamente  Referir o que estamos a fazer  Repetir quantas vezes forem necessárias  Ajudar e apoiar  Valorizar qualquer tipo de esforço motor  Manter uma atitude de calma e passividade  Ser paciente e compreensivo

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As regras principais da animação de idosos são:  Perguntar-lhes o que gostam de fazer e querem fazer  Não desistir de trabalhar com eles mas ao mesmo tempo não insistir 

demasiado; Tentar realizar as atividades no mesmo horário, não alterando muito as

  

rotinas Muitos dos jogos para crianças e jovens podem ser adaptados aos idosos Ser paciente e alegre Que seja do interesse dos participantes para poder contar com a



máxima atenção Que desenvolva a sociabilidade e seja adequada à idade com a qual

  

estamos a trabalhar Que trace metas exequíveis em recursos e tempo Que desenvolva a iniciativa pessoal e grupal Que envolva a todos no projeto, no qual desde o início se delegarão



responsabilidades, autoridade e direção da atividade Que se desenvolva em local adequado, significando isto, livre de distrações, com iluminação, assentos suficientes e espaço adequado para a aplicação das técnicas, com boa acústica e ventilação.

Diferentes facetas da animação a) Animação física ou motora b) Animação cognitiva c) Animação através da expressão plástica d) Animação através da comunicação e) Animação associada ao desenvolvimento pessoal e social f) Animação lúdica g) Animação comunitária A animação de pessoas com necessidades especiais No que concerne à animação, nem todos os programas estão adaptados a este tipo de clientes, fazendo-os sentir excluídos. Por outro lado, nem sempre é fácil encontrar um animador com o dom da paciência, da tolerância e da compreensão. Atividades recomendadas:  Jogos de mesa e de tabuleiro  Desportos adaptados  Passeios

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Tipos e técnicas de animação

  

Visitas turísticas Observação de fauna e flora Ateliers e workshops

Em contacto com estes clientes, os animadores devem:  Eliminar sentimentos negativos: medos, preconceitos,

mitos

e



estereótipos associados aos mesmos; Conhecer as deficiências que existem e definir um conjunto de

 

atividades adequadas a cada uma; Perguntar ao cliente se necessita de ajuda antes de agir; Permitir que o cliente demonstre interesse e que explique quais as suas



capacidades e a falta das mesmas; Estar preparado para aceitar um não como uma resposta sem se



ofender; Falar diretamente



acompanhantes; Explicar aos acompanhantes que é possível ensinar os clientes a realizar

com

a

pessoa

em

causa

e

não

com

os

determinadas atividades desde que devidamente adaptadas.

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Tipos e técnicas de animação

Bibliografia  

AA VV. (2007) Recursos para a animação de grupos, Anigrupos Braga, Teófilo (1883) Contos Tradicionais do Povo Português (reedicção



pela Ed. D. Quixote – colecção Portugal de Perto). Jacob, Luís (2007) Manual de animação de idosos, Cadernos Socialgest



nº 4 Oliveira, António (2006) Jogos Populares e Tradicionais Portugueses,



Associação Recreativa, Cultural e Social de Silveirinhos Torres, Rosa (1998) “As canções tradicionais portuguesas no ensino da



música”, Lisboa. Ed. Caminho Torres, Zilah (2004) Animação Turística, 3ª edição, São Paulo, Editora



Roca. Trilla, Jaume (2004) Animação sociocultural: teorias, programas e âmbitos, Lisboa, Instituto Piaget

Sites consultados http://www.apdasc.com http//folclore-online.com http://www.jogostradicionais.org

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