Manual - Ufcd 3479 - Procura e Oferta Turística

June 15, 2021 | Author: Anonymous | Category: N/A
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CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PORTO DELEGAÇÃO CIRÍACO CARDOSO

CURSO: TÉCNICO DE INFORMAÇÃO E ANIMAÇÃO TURÍSTICA UFCD 3479

PROCURA E OFERTA TURÍSTICA

FORMADORA: Sónia Domingues Alves

FORMANDO:

Âmbito do manual O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 3479 – Procura e oferta turística, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos 

Identificar e caracterizar as diversas componentes da procura e oferta turística.

Conteúdos programáticos 



Procura turística o

Noção e formas da procura turística

o

Característica fundamental da procura turística

o

Fatores determinantes da procura turística

o

Dimensão e características da procura turística

o

Diferentes características e motivações do turista

o

Tendências de evolução e a emergência de novos tipos de turismo

o

Perspetivas da procura internacional

Oferta turística o

Definição das características e componentes

o

Negócios Turísticos

o

Componentes da oferta turística: 



o

- Componentes da oferta turística de base 

- Transporte



- Alojamento



- Restauração e bebidas



- Visitas guiadas

- Componentes da oferta turística “complementar” 

- Atracões turísticas



- Eventos



- Atividades de animação



- Conferências e seminários



- Atividades recreativas e entretenimento

Produtos Turísticos

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1.A Procura Turística

1.1. Noção e Tipos de Procura Turística O aumento do nível de vida e o desenvolvimento dos transportes provocou o desenvolvimento das viagens, levando também a que os analistas tivessem interesse em estudar a procura turística. Turismo não é só sinónimo de procura turística, mas esta reflete a importância alcançada pelos movimentos turísticos – a procura é, do ponto de vista económico, a quantidade

de bens e serviços que as pessoas que se deslocam adquirem num determinado momento. Esta corresponde, então, a todos os bens e serviços que os visitantes adquirem para

realizar as suas viagens, expressas em quantidades. A procura turística pode ser vista em diferentes perspetivas: a) Procura Física Corresponde às deslocações no âmbito das definições do conceito de visitante (critério fronteira). A procura é constituída pelos fluxos turísticos medidos pelas chegadas às fronteiras e pelas dormidas nos meios de alojamento de um país. b) Procura Monetária Na vertente monetária, a procura turística é expressa pelo valor do conjunto dos consumos realizados pelos visitantes - as receitas turísticas; são todos os gastos relacionados com a viagem. Corresponde à soma das receitas de origem externa (divisas trazidas pelos estrangeiros) com os gastos efetuados pelos residentes nas viagens dentro do país. c) Procura Geográfica

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Os movimentos turísticos gerados num determinado espaço geográfico: locais de origem e destinos. Nesta vertente, são analisados os fluxos turísticos, de onde surgem, por onde passam e para onde se dirigem. d) Procura Global Ao nível de um país, a procura global é avaliada pela “taxa de partida”: relação entre a população total e a sua parte desta que passa férias, ou que tem propensão para viajar. Na procura global podemos distinguir dois grupos: Procura Efetiva – percentagem de população que efetivamente faz turismo numa determinada altura; é a procura efetiva que aparece nos dados estatísticos. Procura Suprimida – divide-se em dois grupos: 1) Procura Potencial: parte da população que numa dada altura não viaja por qualquer motivo, mas com condições para viajar no futuro caso os motivos de impedimento à viagem sejam alterados. 2) Procura Diferida: inclui todos aqueles que não viajam por falta de oportunidade/condições.

1.2.Característica fundamental da procura turística O homem atua na esfera económica com o único fim de obter plena satisfação para necessidades que crescem ininterruptamente. De acordo com Maslow, o homem é um animal insatisfeito a ainda mal satisfez uma necessidade já uma outra a substituiu. O processo é contínuo e apresenta se em degraus sucessivos, isto é, segundo uma hierarquia de importância: 

No fundo da escala encontram se as necessidades fisiológicas que correspondem à razão de viver: fome, repouso, exercício, amor, habitação e proteção contra os elementos;

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Depois surgem as necessidades de segurança que constituem um desejo de proteção contra o perigo, a ameaça e a privação;



Em seguida, o homem deseja satisfazer necessidades sociais como a posse, a associação, a integração em grupo a de ser aceite pelos seus semelhantes;



A necessidade de estima respeita à confiança em si próprio, a independência, a competência, o saber. Esta necessidade tem a ver com a reputação, a condição social, a consideração, o respeito dos outros que induz a pessoa a procurar o reconhecimento do seu próprio valor ou das coisas a que atribui valor;



No topo da hierarquia encontram se as necessidades de auto realização, isto é, a realização das aspirações do indivíduo;

Esta hierarquia pode ser apresentada segundo uma pirâmide de necessidades. Pirâmide das Necessidades

A pirâmide das necessidades apresentada por Maslow leva a considerar que, só após satisfeita a necessidade do nível inferior, a pessoa é levada a satisfazer as necessidades do nível superior; isto é, as pessoas tendem a subir na escala das necessidades à medida que vão adquirindo maior experiência de viagem.

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Do mesmo modo, o nível mais elevado de necessidades inclui o nível mais baixo, o que significa que só quando estão satisfeitas as necessidades dos níveis inferiores se passa para a satisfação das do nível superior; há um certo número de consumos que só se realizam quando o rendimento alcança um determinado valor a estes bens assumem o carácter de bens de luxo ou sumptuários. No início do turismo, principalmente durante o século passado, as viagens eram consideradas como um devaneio e privilégio das classes mais abastadas e, portanto, um luxo para a generalidade da população; com a elevação do nível de vida, o desenvolvimento dos transportar a de outros fatores que influenciam a procura turística, o acesso as viagens foi se alargando a todas as classes sociais passando a fazer parte das respetivas pirâmides de necessidades. Só quando estão cobertas as primeiras necessidades se podem fazer viagens mas o mesmo se passa com outros bens que hoje são objeto de consumo corrente. Se, no passado, o turismo era um bem de luxo, hoje converteu se num bem que as pessoas desejam para lá de muitas outras coisas estando dispostas a fazer sacrifícios e mesmo a endividar se para poderem desfrutar da satisfação que as viagens proporcionam. A necessidade temporária de deslocação, que é a essência do turismo, é comum à generalidade dos homens embora só possa ser satisfeita após a obtenção de determinados níveis de rendimento mas uma vez alcançados as pessoas não abdicam de fazer férias.

1.3. Fatores determinantes da Procura Turística A procura turística global é influenciada por um conjunto de fatores que atuam no sentido positivo ou negativo contribuindo para o seu aumento ou para a sua diminuição. A este conjunto de fatores dá-se o nome de determinantes da procura turística e definese pela combinação de um certo número de fatores económicos, socioeconómicos, psicosocioeconómicos, demográficos e geográficos.

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Alguns destes fatores exercem uma influência permanente, outros influenciam a procura no curto prazo e outros atuam sobre o médio e longo prazo. De acordo com o modo temporal da sua influência podemos classificar os determinantes da procura turística em determinantes estruturais e conjunturais. Determinantes Estruturais Definem a tendência a médio e longo prazo e que se encontram ligados ao processo de crescimento económico e ao modo de vida inerente à industrialização. O sentido da sua evolução é comum à maioria dos países industrializados. Ex. Demografia, desenvolvimento económico, duração do tempo de trabalho, a densidade populacional e taxa de urbanização, progresso científico e técnico e os transportes Determinantes Conjunturais Ligados à situação económica de cada pais e definem, de um período curto para outro, o volume e o tipo de procura, a duração da permanência, os preços dos serviços turísticos. Ex. Variações cambiais, Inflação. Existem diversos fatores que influenciam as pessoas a viajar e determinam as suas decisões quanto a incluir ou não as viagens nas suas opções de gasto. As diversas análises feitas a estes fatores agrupam-se em 4 grupos: 1) Fatores Socioeconómicos 

Rendimentos (São um dos fatores principais, pois as viagens dependem do rendimento disponível após as outras obrigações e necessidades básicas)



Preços (A procura turística é influenciada pela variação dos preços nos outros bens, como a alimentação, transportes, etc.).



Demografia (As alterações demográficas e as mudanças na estrutura da população estão ligadas afetem a procura; não são os países mais populosos do mundo que origina maior procura. São os países mais desenvolvidos

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economicamente e de população mais envelhecida que tem mais relevo na procura turística: foi nestes países que se desenvolveu o “turismo sénior” e é também nestes países que existe uma maior taxa de “propensão á viagem”, em virtude dos maiores rendimentos e maior disponibilidade por parte da população que não tem encargos familiares (ex. baixa natalidade). 

Urbanização (A procura é sobretudo originada por turistas provenientes de zonas urbanas; é nestas zonas que as pessoas possuem mais rendimentos e também onde o stress e as tensões obrigam a uma maior necessidade de viajar)



Duração do lazer (o cada vez maior tempo de lazer (redução do horário de trabalho), o direito a férias pagas pela Organização Internacional do Trabalho, iniciado em 6 dias em 1936 e atualmente de 22 dias e a idade de reforma cada vez mais cedo)

2) Fatores Técnicos São os fatores ligados a o desenvolvimento técnico e tecnológico, tais como a evolução dos transportes para meios mais rápidos, confortáveis e seguros, que tem feito aumentar a procura. Iguais efeitos tiveram os meios de comunicações mais rápidos e menos caros, como a internet, e as novas facilidades nos procedimentos de reservas, pagamentos e trocas de informações. 3) Fatores Aleatórios São fatores variáveis, imprevisíveis e ocasionais que afetem os comportamentos dos consumidores. Exemplos são os fenómenos naturais (tempestade, terramotos) que impedem as viagens, enquanto outros podem ser um atrativo (ex. erupções vulcânicas). A instabilidade política pode criar entraves às viagens, bem como os conflitos sociais (greves, manifestações) 4) Fatores Psicossociológicos São fatores ligados a gostos, preferências e catos dos consumidores. Podem ser de ordem pessoal (viajar de acordo às aspirações e desejos individuais, a vontade de viajar), cultural (viajar é sinónimo de maior conhecimento, maior cultura, status social) e social (viajar como forma de evasão, fuga à rotina e aos meios urbanos e aos constrangimentos da vida urbana).

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1.4.Dimensão e Características da Procura Turística Características fundamentais da procura turística: Crescimento constante A evolução num sentido crescente é uma característica que corresponde a uma expansão global. Nos últimos 50 anos, a procura turística mundial, avaliada pela chegada de turistas a todos os países do mundo aumentou de 25 milhões em 1950 para 698 milhões em 2000. Apesar de alguns abrandamentos, o crescimento foi sempre verificado, sendo difícil haver outra atividade no mundo com um comportamento semelhante. Heterogeneidade As motivações que levam as pessoas a viajar são tão diversas que conduzem a situações díspares. As pessoas podem viajar por razões pessoais (psicológicas), sociais (imitação, afirmação social), profissionais (negócios, congressos), familiares (visitas) e outras. As motivações tendem a aumentar, levando ao surgir de novos tipos de turismo e de produtos turísticos: o

Antes, em 1950, os 25 milhões de turistas eram na quase totalidade oriundos da Europa Ocidental e da América do Norte, pertencentes às camadas sociais de elevados rendimentos e os motivos das suas deslocações eram muito semelhantes.

o

Hoje, cerca de 700 milhões de turistas são oriundos de um número cada maior de países de todas as idades e classes sociais. Os motivos são cada vez mais variados, havendo a necessidade de um maior número de produtos para lhes dar satisfação – este processo é inerente à democratização do turismo e que acompanha a alteração nos modos de vida.

Concentração A concentração do turismo, em períodos curtos de grande procura e períodos largos de baixa procura (sazonalidade) pode ser por diversas razões/causas:

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 Climatéricas: busca do bom tempo e evitar de épocas de frio, chuvas e calor com demasiada humidade;  Regimes e épocas de férias: as épocas de férias são determinadas em épocas semelhantes para a maior parte das pessoas;  Hábitos: em relação à escolha do período de férias; hábito de ir sempre na mesma altura;  Condições sociais: moda e espírito de imitação coincidentes com a época alta;  Razões económicas: quando a produção é baixa (Verão) as empresas mandam os empregados de férias. A procura concentra-se no tempo, espaço e em atrativos. a) Tempo: Nos diversos países, a procura concentra-se em poucos meses do ano, com períodos grandes de baixa procura e períodos curtos de grande procura, levando a situação de sazonalidade (época alta e época baixa) b) Espaço: A procura é fortemente dependente no espaço, quer do ponto de vista dos destinos como das origens. Este facto está muito relacionado com o nível de desenvolvimento económico: são os países onde o desenvolvimento económico é maior e onde o nível de vida da população também é maior que originam as maiores correntes ou fluxos turísticos. A Europa é a região do globo com maior concentração turística, quer ao nível de destino como de origem – recebe cerca de 60% dos fluxos mundiais. Ao nível de receitas, cerca de 50% estão concentradas nos EUA, Alemanha, França, Reino Unido e Itália, enquanto ao nível de chegada de turistas, cerca de 35% estão concentradas na França, Espanha EUA e China. c) Atrativos: Apesar da grande diversidade de motivações, a procura turística continua a ser fortemente concentrada em atrativos. O mar, montanhas, grandes cidades e os grandes

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centros culturais concentram as preferências: é para este tipo de destinos que se dirigem as correntes turísticas mais significativas. Nem todos os países têm estes tipos de espaços, pelo que também origina concentração. O turismo de negócios e os parques temáticos são duas tendências com forte crescimento. Consequências da concentração A concentração do turismo origina problemas de difícil solução que têm de ser tomados em consideração no processo de desenvolvimento turístico. Alguns dos problemas são inerentes, logo não elimináveis, mas podem ser atenuados. 

Sazonalidade

A sazonalidade origina problemas para as empresas, para a administração pública, para os trabalhadores e para os turistas. Para as empresas turísticas, a sazonalidade provoca a subutilização em épocas baixas; por vezes onde terão de equipar os empreendimentos de modo a serem atrativos nestes períodos. Surgem daí também problemas de tesouraria, por exemplo, muitos hotéis têm mais dificuldades financeiras nesta altura pelos investimentos feitos para atrair mais turistas. A administração pública tem que fazer investimentos em infraestruturas para que não sejam estrangulados os serviços básicos em épocas altas (ex. fornecimento de energia, água, vias de comunicação em época alta). O mesmo se aplica aos serviços públicos e o seu reforço nas épocas altas (ex. correio, transportes, segurança). Outro problema da sazonalidade na procura, que afeta os turistas, está ligado aos trabalhadores de serviços turísticos: os trabalhadores fixos são sujeitos a um maior desgaste e pressão (pior desempenho), enquanto os trabalhadores temporários podem estar mal preparados para a sua função. 

Concentração no espaço

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Acontece quando a procura é concentrada em origens, o que é comum à maior parte dos destinos, cuja procura está dependente de dois ou três mercados. Exemplo: em 2000, 65% das dormidas hoteleiras no Algarve são de britânicos e alemães, que são também 50% das dormidas totais do país. Assim a economia de um momento para o outro pode ficar abalada se acontecer algum problema nestes países de origem Por outro lado, a demasiada concentração de construção para turismo num determinado local/área/região pode por em causa a mesma, a sua capacidade de carga e o seu sistema ambiental. A concentração também origina desequilíbrios regionais. Em Portugal, são evidentes os desequilíbrios Norte/Sul e Litoral/Interior, que provocam também uma fraca distribuição dos benefícios do turismo. 

Atrativos:

Existem concentração neste aspeto quando um determinado pais ou região tem maior número de atrativos face a outro. Existe cada vez menor dependência de atrativos históricos e monumentais em virtude do aparecimento de equipamentos espetaculares que se transformam em recursos turísticos. Exemplo: os parques temáticos e de diversão (Disney World e Magic Kingdom, Florida, Sun City – África do Sul ) dão origem a verdadeiras “industrias” do turismo: complexos de hotéis, restaurantes, comércio, equipamentos desportivos, agências de viagens, guias, etc. Estes espaços tornam-se autónomos face a recursos históricos ou naturais.

1.5.As Motivações e a sua Influência no desenvolvimento da procura turística O sucesso de um negócio turístico depende, em grande parte, da capacidade de resposta às necessidades e preferências dos consumidores.

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A capacidade de resposta depende do conhecimento dos motivos que levam as pessoas a viajar, o que implica a compreensão do comportamento dos turistas e das razões das suas decisões. Uma forma de conhecer os motivos que levam as pessoas a viajar deriva dos inquéritos realizados, junto dos consumidores em geral e, em particular, dos próprios turistas através dos quais se obtêm informações sobre os seus desejos, necessidades, gostos e preferências. Os resultados desses inquéritos podem indicar motivos do domínio do subconsciente e não podem ser determinados facilmente, mas apesar disso, indicam sempre uma tendência geral e constituem o modo mais adequado para conhecer o modo de agir dos turistas. Os motivos que levam o homem a deslocar-se são variados e complexos e dependem de uma gama diversificada de fatores desde os psicológicos aos económicos e culturais. A internacionalização e as interdependências da vida económica, política e cultural provocam uma forte movimentação de pessoas cujas motivações são facilmente identificáveis sendo comuns a todos os viajantes de todas as nacionalidades. Já o mesmo não se passa relativamente às deslocações realizadas durante os tempos livres que têm na sua origem motivações complexas e diferenciadas. As razões que levam as pessoas a viajar assumem nuns casos carácter de obrigação, noutros um carácter de satisfação pessoal. Podemos distinguir entre: 

Motivações constrangedoras (negócios, reuniões, missões, saúde, estudos)



Motivações libertadoras (férias, desportos, repouso, cultura)



Motivações mistas

Para além destas a OMT (Organização Mundial do Turismo) classifica as motivações em duas categorias que estão na origem das imagens que se fazem de um destino: 

Motivações de tipo racional: a confiança, a segurança, a poupança, a tradição, o conformismo e o modernismo;

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Motivações de tipo afetivo: a curiosidade, a novidade, a simpatia, o maravilhoso, a afetividade, a liberdade e a amizade.

A variedade de motivações que originam as deslocações leva a admitir que o turismo não tenha motivações próprias já que todas as que é possível identificar são comuns a todas as formas de atividade humana podendo, mesmo, identificar-se motivações opostas em função das necessidades de cada momento de partida ou em função das características pessoais de cada viajante. Por vezes, o que leva as pessoas a viajar ou a escolher determinados destinos são fenómenos coletivos de moda ou imitação. São motivações coletivas que têm origem em fatores coletivos e não em fatores individuais. Porém, desde sempre o homem procurou descobrir coisas novas: novos locais, novas paisagens, novas civilizações. A procura da diversidade e da variedade foi sempre uma das características dominantes do comportamento humano a que, hoje, o turismo permite dar uma satisfação em condições inexistentes no passado. Pode, então, dizer-se que o que melhor caracteriza o turismo é a sua faculdade de permitir a satisfação da necessidade de diversidade e o que distingue o turismo das restantes atividades é a necessidade de deslocação temporária do homem. A busca da diversidade, de qualquer coisa de novo, de diferente, constitui o motor da evolução humana, social e cultural surgindo logo após a satisfação das necessidades fundamentais. Esta é a base geral das motivações que levam à deslocação durante o tempo livre. Com base nestas considerações podemos concluir que o turismo se deve orientar pelo princípio básico de manter e valorizar as diferenças culturais, conceptuais e arquitetónicas. A tendência turística para a uniformização descaracteriza e destrói as diferenças, o que acaba por ser prejudicial para o próprio turismo porque deixa de corresponder à motivação essencial da procura.

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Motivações por afinidades 1. Motivos culturais e educativos a. Ver como vivem as pessoas de outros países e locais; b. Ver curiosidades e coisas novas; c. Melhor compreender a atualidade; d. Assistir a manifestações especiais; e. Ver monumentos, museus, centros arqueológicos e outras civilizações; f.

Estudar.

2. Divertimento e descanso a. Escapar à rotina; b. Passar o tempo agradavelmente; c. Repousar; d. Fazer o que quiser, ser livre. 3. Saúde a. Recuperar da fadiga física e mental; b. Fazer tratamentos; c. Cuidar da saúde, prevenir as doenças. 4. Razões étnicas a. Visitar o berço familiar; b. Visitar os locais que a família ou os amigos já visitaram; c. Visitar parentes e amigos. 5. Sociológicas e psicológicas a. Aprender a conhecer o mundo; b. Snobismo; c. Conformismo; d. Aventura. 6. Climatéricas a. Escapar às condições climatéricas adversas;

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b. Tomar banhos de sol; c. Praticar desportos de Inverno. 7. Profissionais e económicas a. Participar em reuniões, congressos, missões, exposições, feiras; b. Realizar estudos; c. Desenvolver ou realizar negócios. 8. Diversas a. Participar em reuniões políticas; b. Praticar atividades desportivas; c. Retomar a forma. Os diversos motivos que levam as pessoas a viajar coincidem, frequentemente, na mesma pessoa embora uns predominem com mais intensidade do que outros. São as motivações a que chamamos enérgicas, isto é, que exercem uma influência determinante na decisão de viajar. Tipologia dos turistas MODELO DE STANLEY PLOG Stanley Plog (Cientista Social) criou uma nova tipologia do carácter dos turistas, identificando dois grupos opostos: psicocêntricos e alocêntricos. 

Psicocêntricos: agrupam os turistas que concentram o seu comportamento nas suas pequenas preocupações pessoais e têm um limitado interesse pelo mundo exterior. Na eleição dos seus destinos turísticos preferem encontrar o que já conhecem, preferem os locais mais frequentados e têm reduzida preocupação em desenvolver atividades que os desviem da normalidade. São mais passivos do que cativos.



Alocêntricos: são os turistas que se interessam por um grande número de atividades, desejam descobrir o mundo e manifestam uma curiosidade geral por tudo quanto os cerca. Distinguem-se pelo desejo de aventura e pela curiosidade.

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Entre estas duas categorias extremas encontra-se a maioria da população turística que se reparte por três categorias intermédias: os quase-psicocêntricos, os cêntricos e os quase-alocêntricos.

Psicocêntricos o

Destinos que não perturbem o seu modo de vida;

o

Atividades recreativas pouco originais;

o

Turismo sedentário;

o

Destinos acessíveis por automóvel;

o

Instalações e equipamentos turísticos tradicionais;

o

Viagens organizadas, estruturadas e bem preparadas.

Quase-psicocêntricos o

Satisfação do ego e procura de “status”;

o

Procura de conforto social;

o

Visitas a locais muito frequentados ou mencionados pelos meios de comunicação social.

Cêntricos o

Descontração e prazer: simples diversão e entretenimento;

o

Clima, sol, termas;

o

Mudança durante algum tempo;

o

Oportunidade de fugir aos problemas diários;

o

Atracão real ou imaginária do destino;

o

Gratificação sensual: gastronomia, descanso, conforto, bebida;

o

O prazer de viajar e a apreciação da beleza: parques naturais, lagos, montanhas;

o

Compras para recordações e ofertas;

o

O prazer sentido antes e depois da viagem: planeamento da viagem, aprendizagem, sonho e, posteriormente, o prazer de mostrar fotografias, recordações e de descrever a viagem.

Quase-alocêntricos o

Participar em certames ou atividades desportivas;

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o

Viagens de tipo desafio: explorações, alpinismo, passeios a pé, peregrinações;

o

Viagens de negócios, congressos, reuniões, convenções;

o

Visitas a teatros, espetáculos especiais;

o

Oportunidades de experimentar um estilo de vida diferente.

Alocêntricos o

Regiões não desenvolvidas turisticamente;

o

Novas experiências e descobertas;

o

Destinos “diferentes”;

o

atividade desdobrante durante a estada;

o

Viagens de organização flexível;

o

Atrativos educacionais e culturais;

o

Procura do exótico;

o

Satisfação e sensação de poder e liberdade;

o

Melhoria de perspetivas.

Os grupos alocêntrico e quase-alocêntrico constituem o primeiro segmento de mercado a ser atraído para um novo destino turístico que pretende crescer e desenvolver-se. O segmento cêntrico, que se calcula abranger à volta de 60% da população turística global, é, pelas suas características e dimensão, o mais significativo para fomentar o desenvolvimento e crescimento dos empreendimentos turísticos de grande escala. Os psicocêntricos despendem a quase totalidade do seu tempo e dos seus recursos nos empreendimentos que utilizam, não contribuindo para o desenvolvimento do centro turístico mas contribuindo para o aumento da sua frequência. A ligação entre os tipos de turistas e os tipos de destinos fornece um método para prever o comportamento das viagens mas duas coisas têm de ser observadas: 

Um turista pode viajar por motivos diferentes de uma viagem para a outra;

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Um determinado destino pode garantir uma variedade de experiências que podem satisfazer um grande número de turistas dependendo da forma como a viagem for organizada.

Realização de um Trabalho de Grupo.

1.6.Tendências de evolução e a emergência de novos tipos de turismo A diversidade de motivações turísticas traduz-se por uma diversidade de tipos de turismo. Como as regiões e os países de destino apresentam também uma grande diversidade de atrativos, a identificação dos vários tipos de turismo permite avaliar a adequação da oferta existente ou a desenvolver às motivações da procura. Embora as razões que levam os homens a viajar sejam extremamente variadas e, muitas vezes, se misturem na mesma pessoa, é possível distinguir certos tipos de turismo e agrupando por afinidades os motivos de viagens, podem destacar-se os tipos a seguir enumerados que, porém, não esgotam todos os que se podem identificar nem estabeleçam uma barreira entre eles.

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TURISMO RELIGIOSO TURISMO ÉTNICO

TURISMO DE SAÚDE

TURISMO DE RECREIO

TIPOS DE TURISMO

TURISMO POLÍTICO

TURISMO CULTURAL

TURISMO DESPORTIVO TURISMO DE NEGÓCIOS

Turismo de recreio Este tipo de turismo é praticado pelas pessoas que viajam para «mudar de ares», por curiosidade, ver coisas novas, desfrutar de belas paisagens, das distrações que oferecem as grandes cidades ou os grandes centros turísticos. Algumas pessoas encontram prazer em viajar pelo simples prazer de mudar de lugar, outras por espírito de imitação e de se imporem socialmente. Este tipo de turismo é particularmente heterogéneo porque a simples noção de prazer muda conforme os gostos, o carácter, o temperamento ou o meio em que cada um vive. Turismo de repouso A deslocação dos viajantes incluídos neste grupo é originada pelo facto de pretenderem obter um relaxamento físico e mental, de obterem um benefício para a saúde ou de recuperarem fisicamente dos desgastes provocados pelo «stress», ou pelos

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desequilíbrios psicofisiológicos provocados pela agitação da vida moderna, ou pela intensidade do trabalho. Para eles, o turismo surge como um fator de recuperação física e mental e procuram, por via de regra, os locais calmos, o contacto com a natureza, as estâncias termais ou os locais onde tenham acesso à prestação de cuidados físicos como as modernas health

farms, ou beauty/arms. Constituem um importante segmento de mercado, principalmente originário dos grandes centros urbanos, que não desdenha a animação, os desportos e a recreação. Turismo cultural As viagens das pessoas incluídas neste grupo são provocadas pelo desejo de ver coisas novas, de aumentar os conhecimentos, de conhecer as particularidades e os hábitos doutras populações, de conhecer civilizações e culturas diferentes, de participar em manifestações artísticas ou, ainda, por motivos religiosos. Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no passado as grandes civilização do mundo, os monumentos, os grandes centros de peregrinação ou os fenómenos naturais ou geográficos constituem a preferência destes turistas. Incluem-se neste grupo as viagens de estudo, bem como as realizadas para aprender línguas. Turismo desportivo Hoje as motivações desportivas respeitam a camadas cada vez mais vastas das populações de todas as idades e de todos os estratos sociais, quer se trate de assumir perante as atividades desportivas uma atitude passiva, quer ativa. No primeiro caso, o objetivo da viagem é o de assistir às manifestações desportivas como os jogos olímpicos, os campeonatos de futebol, os jogos de inverno; no segundo, o objetivo centra-se nas práticas de atividades desportivas como a caça, a pesca, os desportos náuticos, o alpinismo, o ski, o ténis, o golfe, etc.

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As modernas tendências da procura, em que a preferência pelas férias ativas assume uma importância cada vez maior, obrigam a que o desenvolvimento de qualquer centro turístico deva ser equipado com os meios mais apropriados à prática dos desportos tendo em consideração as possibilidades de cada local. Turismo de negócios As profissões e os negócios têm como consequência movimentos turísticos importantes e de grande significado económico, hoje extraordinariamente desenvolvido pelo crescente grau de internacionalização das economias e das empresas, pelo aumento das reuniões científicas e pela proliferação de manifestações de divulgação de produtos, como as feiras e as exposições. Do mesmo modo, constituem frequentemente ocasiões para viajar as visitas aos grandes complexos industriais ou técnicos e às explorações agrícolas ou pecuárias bem como a participação em congressos. Incluem-se neste grupo as deslocações organizadas pelas empresas para os seus colaboradores, quer como prémio, quer para participarem em reuniões de contacto com outros que trabalham em locais ou países diferentes: as chamadas «viagens de incentivo». Este tipo de turismo assume um elevado significado para os locais ou países visitados na medida em que, regra geral, as viagens são organizadas fora das épocas de férias e pagas pela empresa, ou pela instituição a que os viajantes pertencem. Implica, contudo, a existência de equipamentos e serviços adequados, tais como salas de reuniões, centros de congressos, espaços para exposições e facilidades de contactos internacionais. O Turismo de negócios engloba, assim: Viagens de Negócios Individuais / Congressos e Convenções / Feiras, Exposições e Salões Especializados / Seminários e Reuniões de Empresa / Conferências e Colóquios / Incentivos e Workshops. Turismo político

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A participação em acontecimentos ou reuniões políticas provocam uma movimentação significativa de pessoas, quer se trate de ocasiões esporádicas, quer de reuniões ou acontecimentos regulares. São exemplos das primeiras as comemorações do duplo centenário da Revolução Francesa, em Paris, os funerais do Imperador do Japão, ou, mais distante, a coroação da Rainha de Inglaterra; são exemplos das segundas as reuniões originadas pelos trabalhos da União Europeia em Bruxelas, ou pelo Parlamento Europeu em Estrasburgo. São, porém, casos específicos que não traduzem a realidade dos movimentos das pessoas por razões políticas já que, diariamente, eles se verificam com maior ou menor intensidade, quer interna, quer internacionalmente. Tem características e efeitos semelhantes ao turismo de negócios e exige ainda condições idênticas, necessariamente acrescidas de uma organização mais cuidada por razões diplomáticas e de segurança. Turismo de Saúde Termalismo O termalismo é praticado desde, pelo menos, os tempos da ocupação romana. As qualidades terapêuticas das águas foram desde então utilizadas, tendo atingido, a nível europeu o seu maior desenvolvimento, nos séculos XVIII e XIX. A permanência, durante um certo período de tempo, nas termas, oferece a imagem tranquilizadora de cuidados sérios com a saúde, fazendo, atualmente, as termas um esforço para se adaptarem às novas exigências científicas e tecnológicas da nossa época. Paralelamente a este esforço de modernização assiste-se ao aparecimento de novos produtos designados “Fitness” ou “Manter a Forma”, que complementam os tradicionais produtos para clientes que buscam a cura de um determinado tipo de doença.

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Os clientes dos produtos “Fitness” desejam encontrar o equilíbrio mais intensivo, uma vez que engloba aspetos físicos, psicológicos e sociológicos. Trata-se de um bemestar que se liga a sentimentos de reequilíbrio e de vitalidade, ou seja, manter a unidade do corpo e do espírito, para além das adversidades da vida. Turismo Religioso De forma a simplificar podemos afirmar que existem duas grandes correntes religiosas: 

As religiões para as quais a peregrinação faz parte integrante da prática religiosa (católicos, muçulmanos e budistas). Estas religiões, em particular a católica, criaram organizações para encorajar e facilitar a sua prática.



As religiões para as quais a peregrinação não existe mas cujos crentes, praticam pelo menos uma forma de turismo ligada à religião – os Judeus e os Protestantes visitam locais que guardam as marcas dos seus correligionários: lugares de memória que são em geral, lugares de peregrinação.

O Turismo religioso tem normalmente três tipos de abordagem: 

A abordagem espiritual – o turismo é um meio do indivíduo se aproximar de DEUS. O participante encara a peregrinação como parte integrante da sua prática religiosa. Aquele que realiza esta viagem pode, a qualquer instante, tocado pela emoção do lugar ou pelo espírito que o habita, converter-se a esta fé.



A abordagem sociológica – o turismo religioso é um meio para o crente conhecer melhor a história do grupo a que pertence.



A abordagem cultural – a visita a lugares de culto e a santuários é um modo do indivíduo, crente ou não, compreender as religiões, que influenciam as nossas sociedades, no plano histórico, sociológico e simbólico.

Turismo étnico e de carácter social Incluem-se neste grupo as viagens realizadas para visitar amigos, parentes e organizações, para participar na vida em comum com as populações locais, as viagens de núpcias ou por razões de prestígio social.

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Uma parte significativa de pessoas que integra este grupo é formada por jovens que pretendem aumentar os seus conhecimentos ou, temporariamente, se integrarem em organizações ou manifestações juvenis. Incluímos neste grupo as viagens realizadas ao país de origem, pelos nacionais de um país, seus descendentes e afins residentes no estrangeiro e que, em muitos casos, constitui um mercado de grande dimensão. Os portugueses e seus descendentes, residentes em França ou nos Estados Unidos da América, constituem vastos mercados potenciais para Portugal com uma disponibilidade para serem motivados, incomparavelmente superior à dos nacionais desses países. Nas fronteiras portuguesas não se procede à recolha de informações relativas aos movimentos dos portugueses residentes no estrangeiro, não sendo, por isso, possível avaliar a importância que assumem para o turismo português. No entanto, em Espanha contam-se, em cada ano, à volta de 4 milhões de entradas de espanhóis residentes no estrangeiro, ou seja, o quarto maior fornecedor de visitantes ao país; por sua vez, quase 5 milhões de britânicos deslocam-se anualmente ao estrangeiro para visitar amigos e parentes. Novos produtos turísticos O Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), uma iniciativa do Governo, da responsabilidade do Ministério da Economia e da Inovação, define as ações para o crescimento sustentado do Turismo Nacional nos próximos 10 anos, e orienta a atividade do Turismo de Portugal, a entidade pública central do sector. Portugal dispõe das "matérias-primas" – condições climatéricas, recursos naturais e culturais – potenciadoras do desenvolvimento e consolidação de 10 produtos turísticos estratégicos: 

Sol e Mar



Touring Cultural e Paisagístico



City Break



Turismo de Negócios

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Turismo de Natureza,



Turismo Náutico



Saúde e Bem-estar



Golfe



Resorts Integrados e Turismo Residencial



Gastronomia e Vinhos.

Os produtos turísticos estratégicos foram selecionados tendo em conta os recursos e os fatores distintivos de Portugal, mas também o seu potencial de crescimento futuro.

1.7.Perspectivas da procura internacional A análise da evolução da procura turística, avaliada pela chegada de turistas e todos os países do mundo e pelos respetivos gastos (receitas turísticas), permite destacar a conclusão de que se tem registado um crescimento contínuo desde 1950. Em 50 anos, a procura turística internacional multiplicou-se quase 28 vezes, e nos últimos 10 anos foi acrescida de mais de 20 milhões de novos turistas em cada ano. Apesar da evolução da procura turística se ter alargado a todos os continentes e a todos os pontos do globo, nem todas as regiões e nem todos os países beneficiam igualmente do turismo. A procura turística internacional não se reparte igualmente por todas as zonas do mundo. Algumas revelam grande capacidade de atracão dos fluxos turísticos enquanto outras têm uma fraca participação nessas correntes. A Europa é o continente mais beneficiado pelas correntes turísticas e onde se concentram mais de metade dos fluxos turísticos mundiais. A maior parte do turismo internacional que chega à Europa provém de países da própria região, daí poder afirmar-se que existe o mercado “Europa” dentro da região Europa, sendo este o mais importante e, por vezes, pouco valorizado.

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Tradicionalmente, as correntes turísticas estabeleceram-se, principalmente, entre o Norte e as regiões do Sul da Europa em busca do sol e das praias, descanso e diversão. Desta forma, podemos concluir que os países do Norte da Europa são países predominantemente emissores de turistas, ao passo que os países do sul da Europa são predominantemente recetores. Os mercados de origem dos hóspedes que ocuparam o TOP 5 nacional foram os mesmos quer o período de referência seja o 4.º trimestre ou o ano completo de 2013. Em 2013, o Reino Unido liderou o ranking dos mercados estrangeiros, com 1,4 milhões de hóspedes (17% do total de estrangeiros) e assinalou, face a 2012, um aumento de 7,4% (+95,1 mil hóspedes). A Espanha, no 2.º lugar, com uma representação de 15% no total de hóspedes estrangeiros (1,3 milhões), recupera face a 2012 e regista um aumento de 3,6% (+44,2 mil hóspedes). Alemanha (906,5 mil hóspedes) e França (831,9 mil) ocuparam as 3.ª e 4.ª posições, com quotas de 11% e 10%, respetivamente, face ao total de hóspedes estrangeiros. Cada um destes mercados cresceu 12% em relação a 2012, originando um acréscimo conjunto de 189 mil hóspedes. O Brasil, no 5.º lugar, originou 529,7 mil hóspedes com um aumento de 7,0% (+34,8 mil hóspedes), face a 2012. Este mercado atingiu uma quota de 6% no total de estrangeiros.

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Por NUTS II, em 2013, 71% dos hóspedes (10,3 milhões) permaneceram em unidades hoteleiras localizadas nas regiões de Lisboa, Algarve e Norte. A região de Lisboa registou 4,3 milhões de hóspedes, na sua maioria estrangeiros (2,9 milhões, ou seja, 68%). A evolução da região (+5,2%) ficou a dever-se ao crescimento de 8,3% no número de hóspedes estrangeiros, que se traduziu em mais 641,2 mil, já que os nacionais diminuíram ligeiramente (-0,7%, equivalente a -10,3 mil indivíduos). O Algarve recebeu 3,2 milhões de hóspedes, dos quais 2,2 milhões (70%) eram estrangeiros. O número total de hóspedes aumentou na região (+3,6%), motivado pela evolução dos estrangeiros (+6,3%, ou seja, +131,2 mil). Os residentes decresceram 2,1% (-20,2 mil hóspedes). A região Norte, com 2,8 milhões de hóspedes, posicionou-se em 3.º lugar. Tanto hóspedes residentes (1,6 milhões) que representaram na região 57% como estrangeiros assinalaram aumentos homólogos de 0,8% e 14,7%, respetivamente.

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2. A oferta turística

2.1.Definição de características e componentes Definição de oferta turística:

Conjunto dos fatores naturais, equipamentos, bens e serviços que provoquem a deslocação de visitantes, satisfaçam as suas necessidades de deslocação e de permanência e sejam exigidos por estas necessidades.

Componentes da oferta turística 

A primeira componente da oferta turística é constituída pelos recursos naturais. Mas, só pelo facto de existir, um elemento natural não é um recurso turístico, com capacidade para satisfazer necessidades.



A atividade turística baseia-se em recursos naturais ou não, ou seja todos os elementos ou atividades humanas que provoquem a deslocação de pessoas ou satisfaçam necessidades decorrentes dessa deslocação.

A OMT distingue dois conceitos diferenciados entre si: 

Património turístico – conjunto potencial (conhecido ou desconhecido) dos bens materiais ou imateriais que estão à disposição do homem e que podem utilizar-se,

mediante

um

processo

de

transformação,

para

satisfazer

necessidades turísticas. 

Recursos turísticos – todos os bens e serviços que, por intermédio da atividade humana, tornam possível a atividade turística e satisfazem as necessidades da procura.

O património turístico constitui o elemento fundamental que o homem transforma em recursos turísticos utilizando meios técnicos, económicos e financeiros.

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Os recursos turísticos são constituídos pelo património turístico, que, mediante uma intervenção do homem, se transformam em património utilizável. Empresas e atividades turísticas primárias ou imediatas Empresas cuja atividade serve unicamente, ou principalmente, o turismo e somente em razão do qual existem. Empresas e atividades turísticas acessórias ou mediatas Estabelecimentos cuja existência não repousa unicamente no turismo mas que satisfaz também as necessidades da população local. Empresas complementares não turísticas Empresas cuja atividade se desenvolve em função exclusiva das necessidades dos residentes mas cujas produções também são utilizadas pelos turistas.

Bens e serviços que satisfazem necessidades turísticas Bens livremente disponíveis Não sendo bens económicos, por definição, constituem as bases fundamentais da procura turística: o clima, as paisagens, o relevo, praias, lagos, fontes termais. Bens imateriais Resultando da maneira de viver do homem, exercem sobre os outros homens um fenómeno de atracão: tradições, cultura, exotismo, tipicidade. Bens turísticos básicos criados Pelas suas características ou dimensões, provocam o desejo de viagem: monumentos, museus, parques temáticos, centros desportivos, estâncias termais. Bens e serviços turísticos complementares Resultando, em exclusivo, da ação do homem, permitem as deslocações e garantem as necessidades de permanência: meios de transporte, vias de comunicação, meios de alojamento, restauração.

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Tipologia de recursos turísticos Recursos naturais Os recursos naturais são todos os elementos do meio natural que podem ser utilizados para satisfação de necessidades humanas. Designa-se como núcleos recetores naturais todos os destinos que baseiam a sua capacidade de geral movimentos turísticos na existência de atracões naturais, ou seja, não produzidas pela atividade humana. O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia dos principais tipos e subtipos de atracões naturais que se constituem como recursos para o turismo:

TIPOS

SUB-TIPOS

Elementos climáticos

Sol Neve

Montanhas

Serras Picos Morros/ colinas

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Outras

formas

de Vales

relevo

Arribas Planaltos Planícies

Formações geológicas

Grutas Jazidas minerais Vestígios paleontológicos

Hidrografia

Rios Estuários Lagos/ lagoas Praias fluviais Quedas d’água

Zonas

costeiras

litorais

ou Praias Baías/ enseadas Falésias Cabos/ pontas Dunas

Terras insulares

Ilhas Arquipélagos Recifes

Florestas

Pinhais Eucaliptais Soutos

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Diversos

Pântanos Reservas especiais de flora e fauna Fontes

hidrominerais/

termais Áreas de caça e pesca

Recursos culturais Os recursos culturais constituem os elementos ligados à evolução das civilizações decorrentes da intervenção humana. As atracões culturais, desde sempre um dos principais motivadores de deslocações turísticas, podem ser de natureza material ou imaterial, podendo ainda englobar equipamentos produzidos exclusivamente com o fim de usufruir de certos elementos ou testemunhos de índole social, cultural, técnica, científica ou artística. O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia dos principais tipos e subtipos de atracões culturais que se constituem como recursos para o turismo:

Tipos

Subtipos

Monumentos

Arquitetura militar Arquitetura civil Arquitetura religiosa Arquitetura industrial Arquitetura vernacular

Sítios

Sítios históricos Sítios arqueológicos Sítios científicos

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Equipamentos pesquisa e lazer

de Museus Bibliotecas Arquivos Institutos

históricos

e

geográficos Manifestações, usos e Festas/ tradições populares

comemorações/

atividades religiosas Festas/

comemorações

populares e folclóricas Festas/ comemorações cívicas Gastronomia Artesanato Feiras e mercados Realizações técnicas e Exploração agrícola/ pastoril científicas

Exploração industrial Jardins

zoológicos/

aquários/

viveiros Jardins botânicos Planetários Outros Eventos

Congressos e convenções Feiras e exposições Realizações desportivas Realizações artísticas/ culturais Realizações sociais/ assistenciais Realizações

gastronómicas

e

enológicas

Características da oferta turística

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Constituem características da oferta turística: 

Carácter endógeno;



Imobilidade temporal e espacial;



Rigidez relativamente às exigências e alterações da procura turística;



Esgotamento da produção no ato de consumo: os equipamentos e instalações turísticas não podem produzir para armazenamento e venda posterior nem os bens e serviços produzidos podem ser transportados para serem consumidos noutros locais.

1. Localidades cuja vocação deriva de fatores naturais podendo, em função do tipo e da natureza desses fatores, classificar-se em: a. Centros de vilegiatura (estações estivais e de Inverno, parques naturais e ecológicos); b. Estâncias de cura (estâncias termais, climáticas, talassoterápicas e de recuperação); 2. Localidades cuja vocação deriva de fatores culturais: a. Cidades históricas ou que possuam manifestações culturais; b. Centros de estudos, tais como as cidades universitárias e de congressos; c. Localidades com manifestações ou instituições particulares (festivais, manifestações folclóricas); d. Centros religiosos. 3. Localidades cuja vocação deriva de infraestruturas de vias de comunicação: portos, centros de tráfego ferroviário e aeroportuário; 4. Localidades cuja vocação deriva de fatores económicos, tais como os centros onde existem atividades económicas relevantes a nível nacional ou internacional e as localidades que possuem manifestações económicas (feiras, exposições); 5. Localidades cuja vocação deriva de fatores políticos, como as capitais e os grandes centros administrativos e aqueles onde se localizam instituições ou manifestações políticas especiais;

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6. Localidades cuja vocação resulta do património construído, tais como os parques temáticos e centros desportivos. Oferta turística segundo a sua finalidade

Oferta turística de atracão Constituída por todos os elementos ou fatores de origem natural ou criados pelo homem que dão resposta às motivações turísticas, originando uma deslocação. Oferta turística de recepção Conjunto dos equipamentos, bens e serviços que permitem a permanência no local visitado e satisfazem necessidades decorrentes dessa permanência. Oferta turística de fixação ou retenção Constituída por todos os elementos que, contendo ou não motivos de atracão, contribuem para aumentar a permanência dos visitantes ou torná-la mais agradável. Oferta turística de animação Todos os elementos, criados pelo homem, suscetíveis de satisfazer necessidades de recreio ou de ocupação de tempos livres. Oferta turística de deslocação Constituída pelo conjunto de infraestruturas, equipamentos e serviços que permitem a deslocação dos turistas. 

O desenvolvimento turístico de um determinado destino inicia-se com a oferta de atracão a que se segue a instalação de alguma forma de alojamento que inicia o processo de dotação da oferta de recepção.



O desenvolvimento sustentado e a competitividade desse destino só se asseguram com a dotação dos restantes tipos de oferta e da criação de um sistema de relações que garanta o seu funcionamento equilibrado.

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2.2.Negócios Turísticos Embora algumas atividades (negócios) só existam em função do turismo outras há que são indispensáveis ao funcionamento deste, embora não existam em função dele, podendo distinguir-se três níveis de negócios turísticos: Negócios primários Compreendem os meios para a realização das viagens, os sistemas de transporte e as razões para viajar (as atracões), nele se incluindo os transportes, a organização das viagens, o alojamento, o fornecimento de refeições (catering) e as atracões turísticas. Negócios secundários São aqueles que beneficiam diretamente dos gastos dos turistas, normalmente no destino mas nem sempre, tais como os seguros, os bancos, serviços pessoais (cabeleireiros, limpeza) ou lojas comerciais. Negócios terciários São aqueles cujo benefício resulta indiretamente dos consumos (gastos) dos turistas, tais como os serviços públicos, a publicidade ou o fornecimento de combustíveis. Em função da importância de algumas atividades têm para o turismo e sem as quais não é possível estruturar-se como atividade económica, podem eleger-se os seguintes principais grupos de atividades ou negócios para o turismo: 

Atracões: parques temáticos, museus, parques nacionais, centros históricos e arqueológicos, atividades desportivas, balneários terapêuticos e termais, grutas, casinos;



Transportes: companhias aéreas, caminhos-de-ferro, transportes rodoviários, aluguer de automóveis;



Alojamento: hotelaria, apartamentos, aldeamentos, caravanismo, aldeias de férias, campismo;



Alimentação e bebidas; restaurantes, bares, cervejarias, cafetarias;



Recreio e desporto: golfe, discotecas, ténis, parques aquáticos, piscinas, espetáculos, mergulho, pesca;



Mistas: cruzeiros marítimos e fluviais, marinas e portos de recreio, excursões;

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Organização de viagens: operadores turísticos, agências de viagens; organização de conferências, reservas;



Administração e informação: organismos oficiais de turismo, associações, órgãos locais e regionais de turismo.

2.3. Componentes da oferta turística Componentes da oferta turística de base Transporte O transporte faz parte integrante do sistema turístico. É o transporte que permite o acesso ao destino a partir da residência habitual dos visitantes. Considerando que o meio de transporte turístico é aquele que é utilizado por um visitante para se deslocar entre o seu lugar de residência habitual e os lugares visitados podemos classificá-los do seguinte modo: 





Transportes aéreos o

Voos regulares

o

Voos não regulares

o

Voos de baixo custo

o

Outros serviços aéreos

Transportes marítimos o

Barcos de linhas regulares

o

Cruzeiros

o

Diversos

Transportes terrestres o

Caminhos-de-ferro

o

Autocarros e outros transportes públicos por estrada

o



Serviços regulares



Serviços não regulares, a pedido

Veículos privados (até 8 lugares)

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o

Veículos de aluguer

o

Outros transportes terrestres

Alojamento Embora possam existir fluxos turísticos sem alojamento (caso das localidades visitadas por excursionistas), não é possível estruturar destinos turísticos sem alojamento. O alojamento é a base essencial do destino turístico e sem o qual este não existe como tal. O alojamento turístico apenas representa, para o turista, um meio para desfrutar das atracões do destino, não constituindo uma atracão. Por vezes, os meios de alojamento, pelas suas características ou pelas suas tradições e representações históricas constituem uma atracão em si mesmos exercendo uma função idêntica à dos outros recurso naturais e patrimoniais. Os meios e formas de alojamento turístico são muito diversificados e variam de país para país e de época para época, não sendo fácil encontrar um conceito único e válido universalmente. Consideram -se empreendimentos turísticos os estabelecimentos que se destinam a prestar serviços de alojamento, mediante remuneração, dispondo, para o seu funcionamento, de um adequado conjunto de estruturas, equipamentos e serviços complementares. Não se consideram empreendimentos turísticos:

a) As instalações ou os estabelecimentos que, embora destinados a proporcionar alojamento, sejam explorados sem intuito lucrativo ou para fins exclusivamente de solidariedade social e cuja frequência seja restrita a grupos limitados;

b) As instalações ou os estabelecimentos que, embora destinados a proporcionar alojamento temporário com fins lucrativos, revistam natureza de alojamento local nos termos do artigo seguinte. Os empreendimentos turísticos podem ser integrados num dos seguintes tipos:

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a) Estabelecimentos hoteleiros; b) Aldeamentos turísticos; c) Apartamentos turísticos; d) Conjuntos turísticos (resorts); e) Empreendimentos de turismo de habitação; f) Empreendimentos de turismo no espaço rural; g) Parques de campismo e de caravanismo; h) Empreendimentos de turismo da natureza. Restauração e bebidas No ramo dos restaurantes, encontramos várias formas de exploração diversas. Restaurante tradicional Designa aquele que tem serviço apenas de comida, sem proporcionar qualquer outra distração. É o restaurante clássico, com serviço à lista, de mesa redonda, ou com ambos. Mais ou menos luxo, maior ou menor categoria, de acordo com o tipo de estabelecimento. Restaurante típico Restaurantes que pela cozinha, mobiliário, decoração e eventualmente, pela exibição de folclore, apresentam no todo um ambiente característico de um país ou de uma região. Snack-Bar São estabelecimentos mistos, entre o bar e a restauração. Onde se servem refeições ligeiras (quentes ou frias), de preparação rápida e a qualquer hora. Taberna ou tasca Estabelecimento onde a venda de vinhos é o principal negócio, mas onde algumas vezes se vendem também pratos típicos regionais ou sanduíches. A decoração é simples, com a exibição de grandes tonéis e um balcão para atendimento ao cliente, para além de toscas mesas. Bar

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O bar é um estabelecimento confortável, com mesas baixas e cadeiras estofadas ou tamboretes. A sua principal atividade é a venda e preparação de bebidas, o que inclui uma oferta mais sofisticada que pode abarcar os cocktails. O bar pode funcionar como unidade independente ou agregado a uma exploração hoteleira. Café Estabelecimentos destinados à venda de café em chávena e bebidas alcoólicas. Na sala, distribuem-se várias mesas, servidas por empregados que efetuam o transporte das bebidas em bandejas. Não são estabelecimentos muito luxuosos, mas têm por vezes uma decoração agradável. Componentes da oferta turística “complementar” Atracão turística – qualquer elemento ou fator que provoque a deslocação de pessoas para fora da sua residência habitual e, por si, ou em conjunto com outros, garanta a existência de uma atividade turística.

VARIEDADE DE ATRACÇÕES 

Atracões naturais – praias, montanhas, parques naturais, cataratas, rios, etc.



Atracões criadas pelo homem sem a intenção de atrair visitantes: catedrais, centros de peregrinação, palácios, centros urbanos, etc.



Atracões artificiais criadas com o fim de atrair visitantes: parques temáticos, ecomuseus, casinos, centros de exposições, centros comerciais, etc.



Eventos especiais e mega eventos: festivais de arte, jogos desportivos, exposições, aniversários históricos, etc.

PRINCIPAIS NÚCLEOS DE ATRACÇÃO Núcleos recetores naturais Reservas Naturais: Áreas classificadas como de proteção de habitats de flora e fauna tendo por efeito possibilitar a adoção de medidas que permitam assegurar as condições naturais

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necessárias à estabilidade ou à sobrevivência das espécies quando estas requerem a intervenção humana para a sua perpetuação; Parque Natural: Áreas naturais, pouco transformadas pela exploração ou ocupação humana que, em razão da beleza das suas paisagens e da riqueza e representatividade dos seus ecossistemas, possuem valores ecológicos, estéticos, educativos e científicos cuja conservação merece uma atenção particular; Monumento Natural: Ocorrência natural contendo um ou mais aspectos que pela sua singularidade ou representatividade em termos ecológicos, estéticos, científicos ou culturais exige a sua conservação e manutenção da sua integridade; Paisagem Protegida: Área com paisagens naturais, seminaturais ou humanizadas, de interesse regional ou local, resultante da interação harmoniosa do homem e da natureza que evidencie grande valor estético ou natural; Jardins: Áreas constituídas por elementos naturais dispostos por intervenção humana de tal forma que, pela sua singularidade, representatividade em termos ecológicos ou valor estético, geram movimentos turísticos. Núcleos recetores monumentais e culturais Uma das mais importantes motivações do turismo internacional é o desejo de conhecer outros povos e o seu modo de vida bem como conhecer as civilizações do passado. Como o modo de vida de cada povo é influenciado pelas suas tradições, pela cultura e pela história, os valores artísticos e monumentais fazem parte do turismo como fator de primeira grandeza. Arte, Monumentos, Cultura, Cidades, Vilas ou aldeias Históricas.

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Núcleos recetores religiosos Os locais de culto constituem, desde a mais remota Antiguidade, grandes centros de atracão de pessoas podendo dizer-se que, com eles, nasceram as primeiras correntes turísticas. Na atualidade os centros religiosos continuam a exercer uma forte atracão, constituindo destinos turísticos de grande importância. Núcleos climáticos e hidrológicos Praias A procura de “sol e mar” nas décadas de 50 e 60 permitiu o “boom” turístico do Sul da Europa que, rapidamente, se transformou na região de maior atracão turística mundial. Estâncias montanhosas de Inverno Nos últimos 20 anos o esqui transformou-se numa atividade desportiva muito popular que inclui pessoas de todas as faixas etárias provocando um grande desenvolvimento turístico das zonas montanhosas onde a queda de neve é mais abundante. Estâncias hidrológicas e climáticas As estâncias hidrológicas e climáticas utilizam a água do mar (salgada) e a água de nascentes (doce), associada ao clima, com fins idênticos: tratamentos e bem-estar. As primeiras deram origem à talassoterapia e as segundas ao termalismo. As novas tendências e o alargamento do conceito de turismo de saúde a todo o mundo e ao mero bem-estar deram, contudo, lugar ao aparecimento e desenvolvimento de novos conceitos: Estâncias de saúde (health resort) Locais onde os visitantes permanecem participando em atividades para melhorar ou manter a sua saúde. O principal objetivo da estância é o de providenciar uma experiência de manutenção de saúde num ambiente agradável e o respectivo mercado engloba as

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estâncias termais (resort spas), os destinos termais (destination spas) e os centros de tratamento (day spas) que apenas oferecem tratamentos sem alojamento Destinos termais (destination spas) São constituídos, simultaneamente, pelo turismo e pela saúde. Atraem as pessoas interessadas na mudança do seu estilo de vida desfrutando, ao mesmo tempo, de férias. Estâncias termais (resort spas) Oferecem geralmente programas de exercícios, hidroterapia, fisioterapia e outros tratamentos em simultâneo com as atracões que, normalmente, se encontram numa estância: paisagem, ambiente, alimentação, recreio e atividades desportivas. Núcleos recetores temáticos Na aceção comum o turismo temático é um tipo de turismo em que os visitantes são motivados por um ou vários temas. O turismo temático é uma forma de turismo que satisfaz, simultaneamente, os seguintes requisitos: 

Corresponde à busca de novas experiências por parte da procura;



As atracões resultam principalmente da ação do homem e portanto têm uma característica predominantemente artificial;



Resultam da necessidade das regiões menos favorecidas para o turismo criarem formas de atracão ou de aumentarem a sua competitividade;



Possuem

um

carácter

marcadamente

lúdico

de

diversão

ou

de

entretenimento. Parques Temáticos, Casinos, Compras de ócio, Turismo industrial. Núcleos turísticos desportivos O desporto inclui-se, na atualidade, entre as principais razões da deslocação de pessoas seja para assistir a espetáculos desportivos seja para a prática de uma atividade de carácter desportivo. 

Turismo desportivo orientado para a utilização de atracões desportivas: golfe, ténis, esqui, rafting, vela, etc.

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Estadas em centros desportivos essencialmente para treinos e estágios.



Viagens para a prática de uma atividade desportiva: escalada, ciclismo, expedições, trekkings, safaris, automobilismo.

Oferta de vários produtos: 

Linha de produtos ligados ao mar;



Linha de produtos ligados à natureza;



Linha de produtos específicos das montanhas;



Linha de produtos heterogénea.

Eventos especiais e mega eventos Os mega eventos turísticos são acontecimentos de grande dimensão realizados, por uma ou mais vezes mas de duração limitada, com o objetivo de promover um destino turístico a curto e longo prazo. Os efeitos esperados destes acontecimentos, que em regra exigem a mobilização de consideráveis meios financeiros, são: 

Aumento da cobertura publicitária e de informação através dos meios de comunicação internacional e/ou mundial;



Melhoria e expansão das infraestruturas turísticas e dos serviços de turismo;



Aumento das atividades promocionais das indústrias do turismo a fim de capitalizar o ambiente favorável que o acontecimento cria;



Aumento dos fluxos turísticos durante e após o acontecimento.

Atividades de animação Animação turística Todas as atividades que visam contribuir para melhorar ou aumentar as condições de atracão, constituir um meio para a ocupação dos tempos livres dos visitantes ou para satisfação das necessidades e experiências decorrentes da sua permanência no local visitado. A animação no turismo desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento do mesmo, através da realização de atividade de entretenimento e/ou lazer. Existem

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inúmeras atividades de animação turística, as quais se podem inserir ou subdividir em diversos grupos ou tipos.

2.4.Produtos turísticos Produto turístico – conjunto dos elementos que, podendo ser comercializado, direta ou indiretamente, motiva as deslocações, gerando uma procura. Produto turístico: 

Conjunto de elementos tangíveis e intangíveis o

Centrados numa atividade específica

o

Centrados num destino específico



Compreende e combina as atracões catuais e potenciais de um destino



Compreende as facilidades



Compreende as acessibilidades

Componentes do produto turístico A) Recursos turísticos – conjunto dos elementos naturais, culturais, artísticos, históricos ou tecnológicos que geram uma atracão turística. Neste conjunto incluem-se os atributos positivos que atraem as pessoas e fortalecem o produto turístico. B) Infraestruturas – conjunto de construções e equipamentos exigidos pelo desenvolvimento de atividades humanas dos residentes e visitantes. São constituídas por: construções e equipamentos, quer subterrâneos, quer de superfície; sistemas de fornecimento de água; sistemas de fornecimento de energia; saneamento básico; estradas, etc. C) Superestruturas – conjunto de facilidades necessárias para acomo0dar, manter e ocupar os tempos livres dos turistas: terminais de tráfego; alojamentos; restauração; animação; centros de congressos; comércio; transportes locais; outros serviços.

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D) Acolhimento e cultura – o espírito, as atitudes e os comportamentos existentes em relação aos visitantes, bem como as manifestações culturais: música; dança; outras atividades turísticas; desporto; outras formas de animação. Nota: o desenvolvimento de todos os elementos que concorrem para o acolhimento (hospitalidade em sentido amplo) constitui um dos mais importantes aspectos da atividade turística. E) Acessibilidade – formado pelos meios de transporte externos, incluindo os serviços e respetivas tarifas A criação e promoção de produtos turísticos corresponde ao reconhecimento da existência de grupos de pessoas, com motivações próprias, que se deslocam por razões idênticas e possuem idênticas necessidades – Segmentos de mercado diferenciados. O desenvolvimento do marketing proporcionou este reconhecimento e induziu à formatação de produtos turísticos pela combinação das diversas componentes da oferta. 

A cada segmento de mercado corresponde um ou mais produtos definidos em função das condições específicas de cada país ou região;



Não há produtos turísticos universais, igualmente válidos para cada caso;



Cada país ou região possui características diferentes que influenciam diferentemente o produto que lhes respeita;



Os produtos existentes num país não podem ser transpostos para outro na sua totalidade.

CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS A conjugação das alterações das preferências e necessidades dos consumidores com as forças da concorrência conduz a que os produtos se desenvolvam segundo um ciclo de vida que começa com o seu nascimento, passando pelo seu crescimento até ao seu desaparecimento.

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Ciclo De vida do produto turístico

FASE EMBRIONÁRIA A descoberta ou criação de um novo produto desenvolve-se nos planos técnico, conceptual e comercial até que possa ser lançado no mercado sob a forma de produto novo. Características desta fase: 

Despesas elevadas;



Risco elevado;



Lucros negativos.

FASE DE INTRODUÇÃO Corresponde ao período de penetração no mercado sendo a fase mais crucial em que a margem entre o sucesso e o fracasso é mínima. O sucesso dependerá da aceitação do produto e também da política comercial adotada. Características desta fase: 

Elevados custos;



Volume de vendas relativamente baixo;



Lucros negativos ou muito reduzidos.

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FASE DE CRESCIMENTO Caracterizada pela aceitação do produto ou serviço pelos consumidores, traduzindo-se pelo crescimento das vendas e dos lucros. Características desta fase: 

As despesas de promoção mantêm-se elevadas;



Surgem os concorrentes atraídos pelo sucesso do produto lançado;



Começam a manifestar-se erros na gestão das empresas, cujas consequências vão ser sentidas posteriormente.

FASE DE MATURIDADE As vendas ainda aumentam mas as taxas de crescimento são cada vez mais reduzidas entrando num plano de estagnação. Características desta fase: 

Concorrência torna-se maior;



Margens de lucro diminuem;



Preços competitivos da parte da concorrência



Procura de novas vias para manter a quota de mercado.

SATURAÇÃO Surge quando as vendas atingem o máximo e o produto ou o serviço alcançou o maior grau possível de penetração no mercado. Características desta fase: 

Produtos tornam-se obsoletos dando lugar à inovação de outros produtos que substituem os anteriores.

DECLÍNIO A procura reduz-se rapidamente, as despesas de publicidade são baixas e inicia-se a fase de prejuízos e os produtos tendem a desaparecer e, muitas vezes, com eles, as próprias empresas.

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Características desta fase: 

Quando um produto entra na fase da saturação é possível evitar o declínio mediante alterações que o vivifiquem ou o adaptem às novas exigências do mercado.



Dá-se, então, uma inovação parcial ao alterar-se um ou mais elementos do produto e uma inovação total, ou seja, uma renovação, quando se alteram, simultaneamente, todos os elementos que o constituem.

INOVAÇÃO PARCIAL – corresponde ao prolongamento da vida do produto RENOVAÇÃO – corresponde a um novo ciclo na vida do produto que tem efeitos idênticos à sua fase de introdução anterior.

Bibliografia



Baptista, Mário, Turismo, Competitividade Sustentável. Lisboa: Verbo, 1997



Cunha, Licínio, Economia e Política do Turismo. Lisboa: McGraw-Hill, 1997



Cunha, Licínio, Introdução ao Turismo. Lisboa: Verbo, 2003



Cunha, Licínio, Perspetivas e Tendências do Turismo. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, s.d.



Introduccion al Turismo. Madrid: O.M.T., 1998

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