Manual ufcd 3241 - Acompanhante de crianças - regras básicas de nutrição, higiene, segurança e repouso.docx

December 10, 2018 | Author: Sandra Conceição | Category: Breastfeeding, Milk, Foods, Vitamin, Fashion & Beauty
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UFCD

3241

COMPANHANTE DE CRIANÇAS – REGRAS  ACOMPANHANTE BÁSICAS DE NUTRIÇÃO , HIGIENE , SEGURANÇA E REPOUSO

 Acompanhante de crianças – regras básicas de nutrição, higiene, segurança e repouso

ÍNDICE

1.Criança dos 0 aos 12 meses……………………………….………………………………..2 1.1− Cuidados de higiene…………………………………………………………………………….….2 1.2− Cuidados de conforto……………………………………………………………………………..7 1.3− Necessidades nutricionais……………………………………………………………………….10 1.4− Prevenção de acidentes………………………………………………………………………….15 1.5− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional………..18 1.6− Vacinação………………………………………………………………………………………………19

2.Criança dos 12 aos 36 meses…………………………………………………………..…22 2.1− Necessidades nutricionais………………………………………………………………………22 2.2− Higiene oral…………………………………………………………………………………………..26 2.3− Prevenção de acidentes……………………………………………………………………….…28 2.4− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional……….…30

3.Criança dos 3 aos 6 anos……………………………………………………………………32 3.1− Consultas materno-infantis …………………………………………………………………….32 3.2− Cuidados de higiene………………………………………………………………………………36 3.3− Cuidados de conforto…………………………………………………………………………….37 3.4− Necessidades nutricionais……………………………………………………………………..39 3.5− Prevenção de acidentes………………………………………………………………………….42 3.6− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional……..…45 3.7− Vacinação………………………………………………………………………………………………47

4. Criança dos 5 aos 10 anos…………………………………………………………………50 4.1− Orientação nutricional ………………………………………………………………………….…50 4.2− Prevenção de acidentes……………………………………………………………………….…52 4.3− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional………..54

Bibliografia ……………………………………………………………………………………….57

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 Acompanhante de crianças – regras básicas de nutrição, higiene, segurança e repouso

ÍNDICE

1.Criança dos 0 aos 12 meses……………………………….………………………………..2 1.1− Cuidados de higiene…………………………………………………………………………….….2 1.2− Cuidados de conforto……………………………………………………………………………..7 1.3− Necessidades nutricionais……………………………………………………………………….10 1.4− Prevenção de acidentes………………………………………………………………………….15 1.5− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional………..18 1.6− Vacinação………………………………………………………………………………………………19

2.Criança dos 12 aos 36 meses…………………………………………………………..…22 2.1− Necessidades nutricionais………………………………………………………………………22 2.2− Higiene oral…………………………………………………………………………………………..26 2.3− Prevenção de acidentes……………………………………………………………………….…28 2.4− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional……….…30

3.Criança dos 3 aos 6 anos……………………………………………………………………32 3.1− Consultas materno-infantis …………………………………………………………………….32 3.2− Cuidados de higiene………………………………………………………………………………36 3.3− Cuidados de conforto…………………………………………………………………………….37 3.4− Necessidades nutricionais……………………………………………………………………..39 3.5− Prevenção de acidentes………………………………………………………………………….42 3.6− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional……..…45 3.7− Vacinação………………………………………………………………………………………………47

4. Criança dos 5 aos 10 anos…………………………………………………………………50 4.1− Orientação nutricional ………………………………………………………………………….…50 4.2− Prevenção de acidentes……………………………………………………………………….…52 4.3− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional………..54

Bibliografia ……………………………………………………………………………………….57

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1.Criança dos 0 aos 12 meses

1.1− Cuidados de higiene

Banho Os bebés e crianças pequenas que ainda usam fraldas e que permanecem durante muitas horas na instituição educativa podem precisar de um banho, tanto para maior conforto como para prevenção de assaduras. Entretanto é aconselhável que o banho sirva também para relaxar, refrescar, proporcionar conforto e prazer e preservar p reservar a integridade da pele.  Algumas famílias preferem dar banho aos seus bebés em casa e esse desejo deve ser acolhido, desde que respeitado o direito das crianças ao conforto, à saúde e ao bem-estar durante o período em que estão na instituição. No momento em que é incluído na rotina, o banho precisa ser planeado, preparado e realizado como um procedimento que tanto promove o bem-estar quanto um momento no qual a criança experimenta sensações, entra em contacto com a água e com objectos, interage com o adulto e com as outras crianças.  A organização do banho na creche precisa prever condições materiais, como banheiras seguras e higiénicas para bebés, água limpa em temperatura confortável, sabonete, toalhas, pentes etc. É aconselhável que se leve em conta a idade das crianças, os hábitos regionais e as recomendações sanitárias de prevenção de doenças por uso de objectos pessoais entre as crianças. Esses objectos de uso pessoal podem ser rotulados com o nome da criança e cuidados por elas conforme vão adquirindo capacidade para isso. É necessário organizar o tempo de espera para o banho, oferecendo materiais, jogos e brincadeiras em um espaço planeado para isso.

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 As crianças que já andam e que permanecem em pé com segurança e conforto, podem tomar banho de chuveiro em companhia de outras, respeitando-se a necessidade de privacidade de algumas delas e de atenção individualizada que cada uma requer. É importante prever tempo para essa actividade, permitindo que as crianças experimentem o prazer do contacto com a água, aprendam a despir-se e a vestir-se, a ensaboar-se e enxaguar-se. Para que a criança possa ir gradualmente aprendendo a cuidar de si, é preciso que as condições ambientais permitam que ela possa alcançar o chuveiro, a saboneteira, a toalha, o espelho etc. Por outro lado, as condições ambientais e materiais precisam garantir a segurança das crianças e prever o conforto dos adultos que as ajudam, para evitar quedas, choques eléctricos e queimaduras com água quente ou dores no corpo ocasionadas pelo mal posicionamento do adulto na hora de exercer as actividades com as crianças. Troca de fraldas  A organização do ambiente e o planeamento dos cuidados e das actividades com o grupo de bebés deve permitir um contacto individual mais prolongado prol ongado com cada criança. Enquanto executa os procedimentos de troca, é aconselhável que o educador observe e corresponda aos sorrisos, conversas, gestos e movimentos da criança. Para evitar que esse cuidado individualizado implique num longo tempo de espera para as demais crianças, ou se torne uma rotina mecanizada, é importante considerar o número de bebés sob a responsabilidade de cada educador, a localização e as condições do local de troca e a organização do trabalho. Os procedimentos com a higiene e protecção da pele, proporcionam bem-estar às crianças e permitem que elas percebam a sensação de estar seca e molhada.

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 A observação, pelo educador, da frequência das eliminações e do estado da pele da criança fornece dados sobre a saúde e o conforto de cada criança e aponta para outros cuidados que forem necessários.  A troca de fraldas requer ainda alguns procedimentos e condições ambientais adequados para evitar a disseminação de micróbios entre as crianças e adultos, o que geralmente é causa de surtos de diarreia e hepatite infecciosa nas creches. Estudos comprovam que o risco aumenta quando se manipulam as fraldas sujas no ambiente do berçário, ou não se adoptam procedimentos correctos de higiene das mãos após esses cuidados. O local de troca e armazenamento de fraldas sujas precisa de ser bem arejado. O lixo onde são descartadas as fraldas contendo dejectos precisa ser tampado e trocado com frequência.  As assaduras estão relacionadas à irritação que a urina pode causar na pele numa área onde há abafamento, calor e dobras. Por isso, é muito importante que as mães tomem determinados cuidados para evitar que as crianças sofram com esse es se problema. Em primeiro lugar deve-se redobrar os cuidados com a higiene, evitando que a criança permaneça molhada por muito tempo. Além disso aconselha-se o uso de fraldas que possam absorver e controlar a quantidade de urina. Essas fraldas, se forem de tecido, devem ser de um algodão suave ou descartáveis, de marcas já conhecidas e aprovadas para uso em crianças. Outro detalhe que deve ser lembrado é que ao trocar a criança deve-se secá-la muito bem. Na hora da troca de fraldas pode-se usar produtos protectores à base de hidratantes ou à base de filmes oleosos e que não sejam irritantes mas, sim, que protejam a pele da criança, tanto do contacto com a urina, quanto de fezes e até mesmo do próprio abafamento.

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 Vale também destacar que a assadura não deve ser vista como um facto normal em crianças pequenas e, sim, como um problema, uma alteração, que pode acontecer com mais frequência na primeira infância. Há crianças que apresentam mais tendência a esse tipo de problema, como por exemplo, as crianças mais gordinhas, as que urinam mais, aquelas que têm a urina mais ácida, ou as que estão com algum problema de diarreia, etc. Cordão umbilical O cordão umbilical fornece ao bebé oxigénio, nutrientes, anticorpos e hormonas, durante a sua vida intra-uterina. O coto umbilical é o que resta do cordão após este ser cortado, e que Vai secar, escurecer e cair. Durante este processo é natural que surja um líquido, no entanto os pais devem ser alertados para: 



O caso de surgir sangue ou pus Existirem sinais inflamatórios (inchaço, vermelhidão e aumento de temperatura) na zona que rodeia o coto.

Cuidados ao umbigo 



Não tape o umbigo com cuecas plásticas, fraldas ou pensos, quanto mais ao ar mais depressa seca Evite as infecções e ajude a que seque passando com um algodão embebido em álcool no umbigo e na zona que o rodeia

 Após a queda do cordão umbilical 



Limpe diariamente o umbigo, com algodão embebido em álcool, até estar cicatrizado Se após algum tempo, dias ou meses, ainda houver restos de sangue no umbigo, aplique creme gordo durante a noite que retirará no dia seguinte com a ajuda de um cotonete. Caso seja necessário pode recorrer à ajuda da água oxigenada. Que ajudará a destacar a sujidade.

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Cuidados ao cabelo  A “crosta” láctea é um conjunto de crostas amareladas que vulgarmente se forma no couro cabeludo por volta das seis semanas. E que dada a localização (fontanela  – moleirinha), faz com que a maioria das pessoas tenha receio de tocar, pelo que se vão acumulando. 





Massage com óleo de amêndoas doces ou óleo de bebé, deixandopermanecer durante a noite Penteie o cabelo em sentido contrário antes de o lavar comchampô suave e hipoalérgico De seguida lave, seque e penteie o cabelo. Não tente tirar tudo deuma só vez.

Sugira aos pais da criança uma ida ao médico se este sintoma continua, para que seja prescrito medicamento adequado. Em crianças mais crescidas esteja atento à presença de piolhos (pediculose), alertando os pais. Cuidados ao nariz O nariz de uma criança é muito delicado pelo que só deverá ser limpo se obstruído, mediante aplicação de soro fisiológico. Se a idade da criança o permitir, peça-lhe que se assoe, exteriorizando as secreções. Se não forem expelidas, se estiverem infectadas, as secreções nasais infectarão a garganta. Cuidados aos ouvidos 



Igualmente delicados, só deverão ser limpas as partes externas,da frente para trás, para não haver perigo de danificar o tímpano. Não lave os ouvidos, mas sim as orelhas.

Cuidados às unhas 





 As unhas de um recém-nascido crescem muito devendo sercortadas para que o bebé não se arranhe Corte as unhas após o banho. Use tesoura ou corta  – unhaspróprio para bebés, ou mesmo os seus dentes, seguindo a linhanatural do dedo, nas mãos Peça ajuda para segurar uma criança que ofereça resistência acortar as unhas, ou corte-as enquanto dorme

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Corte as unhas dos pés a direito.

1.2− Cuidados de conforto

Pegar no bebé Um recém-nascido pode parecer muito frágil e vulnerável mas é muito mais robusto do que se pode pensar. Com esta certeza, pode assim transmitir-se-lhe tanta segurança quanto mais o adulto se sentir confiante, no seu modo de se relacionar com ele, onde o contacto físico tem um papel importante. O bebé dependente como é do adulto, precisa que nele se pegue e segure. Assim, devê-loá fazer de um modo calmo, seguro e tranquilo, sem nunca o abanar, ou nele pegar com brusquidão, falando-lhe com suavidade, segurando-o contra si, com especial atenção para o pescoço e a cabeça, onde no alto da mesma não se deve fazer pressão. Quando manejar o bebé, os movimentos devem ser tão calmos, carinhosos, seguros e confiantes quanto possível, e acompanhados de olhar nos seus olhos e de conversa com ternura. É inegável a importância do contacto físico estreito para o desenvolvimento, crescimento e bem-estar. Dado o pouco controle que o bebé tem na cabeça até aos 4 meses, quando lhe pegar e largar, assegure-se que esta está apoiada. Pegar num bebé deitado de costas Se o bebé está a dormir, eleve-o primeiro calmamente e só lhe pegue depois. Coloque uma mão por baixo da cabeça e pescoço e outra por baixo do rabinho. Levante-se cuidadosamente elevando o corpo do bebé até ao seu peito, encostando-o a si e mantendo a cabeça a um nível acima do resto do corpo.

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Se o bebé ficar na vertical manterá a cabeça como que apoiada no seu ombro devendo com uma mão segurar-se a cabeça e pescoço. Se ficar na horizontal deslize para o corpo a mão que apoiava o rabinho e em simultâneo faça com que o outro braço apoie a cabeça, permanecendo assim numa boa posição para ser embalado. Pegar num bebé que está de barriga para baixo Segure o pescoço e a barriga com as mãos, deslizando uma das mãos entre as pernas até a palma segurar o peito do bebé. Coloque suavemente a outra mão sob a face apoiando a cabeça. Levante-o enquanto o encosta a si e volte-o de barriga para cima.  Vestir e despir  Vestir e/ou despir um bebé ou uma criança nem sempre é fácil, mas que se pode tornar numa brincadeira e nunca uma guerra. A mudança de roupa a um recém-nascido ou bebé de baixo peso pode parecer difícil, dificuldade essa, que vai sendo diminuindo, com o passar do tempo, bem como com a escolha de roupa adequada. Tipo de roupa 











 Ao escolher a roupa, não esqueça que esta deve ser prática e confortável para o bebé, simples de vestir e despir, e de lavagem e secagem rápida; Escolha roupas suficientemente largas, com elásticos lassos, de abertura fácil, preferencialmente de fita de velcro, e sem botões; Deve evitar roupa de pura lã, e preferir o algodão; Preferir roupas não inflamáveis;  A roupa deve permitir liberdade de movimentos, fácil acesso às fraldas e adequada à temperatura ambiente; Botas ou meias antiderrapantes devem ser usadas quando o bebé começa a dar os primeiros passos.

Mudar a roupa a um bebé 



Deite sempre o bebé de costas numa superfície rígida e protegida por um tecido confortável; Coloque em primeiro lugar a fralda;

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Se vestir a roupa pela cabeça, comece por alargar o decote com as duas mãos, enfie a roupa por cima da cabeça, enquanto a levanta um pouco, e puxe-a para o pescoço. Alargue uma manga ou cava e faça-a passar por um braço, repetindo com o outro. Puxe a roupa para baixo, ajustando-a ao corpo.

Se vestir um baby-grow 











Desaperte todos os botões, molas ou fecho, e coloque a peça de roupa na superfície onde irá mudar o bebé; Deite a criança em cima do fato alinhando o pescoço com a gola; Enfie as pernas, uma de cada vez nas pernas do fato e aperte os fechos até à fralda; para que as pernas não saiam Enrole uma manga, mantendo-a aberta com uma das suas mãos, que vai segurar a mão do bebé, do braço que vai ser guiado para a manga, enquanto que a outra mão puxa a manga. Repetir com o outro braço. Se tiver de vestir várias peças de roupa, esta deve estar aberta nos mesmos locais, como por exemplo, todas para trás. Vistatodas aspeças pela frente, voltando o bebé uma só vez para as apertar. Se por acaso forem de apertar, à frente, coloque o bebé deitado de costas, enfie todas peças de roupa num só braço, faça-as passar por detrás do corpo, e recomece a vestir o outro braço pela mesma ordem pelo que o fez anteriormente.  A cabeça deve ficar ligeiramente elevada em relação ao resto do corpo e apoiada no resto do seu braço, sendo também esta uma posição para embalar.

Deitar o bebé  Ao deitar o bebé devê-lo-á fazer com calma para que ele não tenha sensação de abandono. Com suavidade afaste os braços, de modo a que uma mão continue a apoiar a cabeça e pescoço do bebé e a outrao rabinho. Afaste lentamente o corpo dele do seu, colocando-o mais perpendicular ao seu.

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Incline-se na direcção do lugar em que vai deitar o bebé, pousando primeiro o rabinho, e só depois retirando a mão. Mantenha a cabeça bem apoiada até a pousar na superfície, e só depois de o deitar se retira a mão que a segura.

1.3− Necessidades nutricionais

Do Leite aos Primeiros Alimentos Sólidos O bebé amamentado O leite materno é a comida e a bebida perfeitas para o bebé nos primeiros meses de vida.  A partir do nascimento a composição do leite materno muda constantemente, de forma a satisfazer as necessidades do bebé em crescimento. Por volta dos 4 meses, embora a quantidade de leite materno que o bebé ingere possa não se ter alterado de forma significativa, os ingredientes serão perfeitamente equilibrados para satisfazer as necessidades nutritivas. Do ponto de vista nutritivo, o leite materno é o alimento mais completo que o bebé pode ter durante os primeiros meses de vida. Se o bebé for amamentado todo este período ou parte, os benefícios para a sua saúde perdurarão para sempre. O Bebé Alimentado a Biberão  A maioria dos leites em pó para bebés tem por base o leite de vaca e é fabricado de modo a tornar-se o mais semelhante possível ao leite materno. Certifique-se que o bebé recebe todos os nutrientes de que necessita com o leite artificial. Embora possa parecer insatisfeito ou crescer muito depressa, é aconselhável deixar a introdução de alimentos sólidos para depois dos 4 a 6 meses, uma vez que até essa altura o aparelho digestivo ainda não está suficientemente maduro para os suportar.

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Se o bebé parecer particularmente insatisfeito antes desta idade, existem leites em pó fabricados à semelhança do leite materno, mas que contêm mais proteínas do que as primeiras mamadas. Um destes leites poderá satisfazer a fome do bebé. Padrões Alimentares Logo desde o início, os bebés alimentados a biberão tendem a adoptar um padrão alimentar mais regular do que os amamentados. O leite artificial contém mais proteínas do que o leite materno e, por isso, os bebés tendem a sentir-se satisfeitos durante períodos mais longos entre mamadas. Necessidade de Alimentos Sólidos Por volta dos 4 meses a 6 meses, o armazenamento de ferro com que o bebé nasce começa a reduzir. O leite de vaca é uma fonte pobre em ferro e o tipo de ferro contido nos leites em pó tende a ser menos absorvido do que o contido no leite materno. Esta é uma das razões importantes por que os bebés desta idade alimentados a biberão necessitam de começar a comer outros alimentos. À medida que o bebé cresce, são necessárias quantidades maiores de leite para fornecer a energia necessária ao crescimento e desenvolvimento. Contudo, o estômago de um bebé só consegue suportar uma determinada quantidade e haverá uma altura em que, mesmo que beba o mais possível em cada mamada, não ingerirá calorias suficientes para fornecer a energia necessária. Esta é a altura de introduzir alimentos sólidos. Regular a Introdução dos Alimentos Sólidos  A altura de começar a pensar em introduzir alimentos sólidos é por volta dos 4 a 6 meses, se o bebé começar a parecer insatisfeito com a quantidade de leite que bebe através do biberão. Ele pode deixar de mamar na tetina ou começar a mastigá-la, em vez de beber o leite.

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Se o bebé subitamente começar a querer uma mamada extra quando até aí parecia satisfeito com 5 por dia, ainda parecer com fome de pois de beber um biberão cheio ou voltar a acordar a meio do sono depois de um período a dormir directo, é chegada a altura de introduzir alimentos sólidos. Quando Começar O momento exacto em que um bebé deve começar a comer alimentos sólidos varia, mas não é aconselhável começar antes dos 4 meses de idade. Por volta dos 6 meses, o bebé deve comer uma mistura de alimentos diferentes. Nesta idade não são necessárias grandes quantidades de alimentos sólidos, dado que o leite continuará a ser a principal fonte de alimento durante os primeiros 6 a 9 meses de vida. Não se deve ter pressa e devemo-nos orientar pelas exigências do bebé. O bebé estará apto para os alimentos sólidos se: 











Tiver pelo menos 4 meses e haja duplicado o peso com que nasceu. Já não parecer satisfeito com as mamadas. Começar a exigir mamadas com maior frequência. Começar a acordar a meio do sono com fome. Mostrar interesse por aquilo que o adulto come Meter coisas na boca, como uma roca, e morder persistente econtinuadamente. Conseguir manter um puré líquido na boca.

Preparar os Primeiros Alimentos Dado que o bebé está habituado a beber líquidos, é provável que aceite mais facilmente as primeiras refeições de alimentos sólidos se tiverem uma consistência uniforme e semilíquida. No início, experimenta-se alimentos que sejam suaves e possam ser facilmente reduzidos a puré líquido. O puré de vegetais ou fruta e o arroz para bebés, misturado com um pouco de leite ou água fervida e arrefecida, constituem as primeiras refeições ideais.

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Normalmente, o bebé só experimenta uma ou duas colheres de chá; nesta fase, é maior a adaptação ao sabor e à textura dos alimentos sólidos que a necessidade deles pelo respectivo valor nutritivo. Escolher os primeiros alimentos  Alimentos a introduzir: 







 Arroz para bebés ou cereais sem glúten. Puré de cenoura, batata, batata-doce ou couve-flor. Puré de banana, maçã cozida, pêra madura e macia. Puré de pêssego ou alperce em calda e sem açúcar.

 Alimentos a evitar: • Alimentos que contenham sal ou açúcar, • Café, chá, chocolate ou álcool. • Mariscos e nozes inteiras. • Ovos e frutos secos, antes dos 6 meses. • Tudo o que contenha trigo, cevada, centeio ou aveia, antes dos 6 meses de idade.

De 6 Meses a 1 Ano O bebé desenvolve-se rapidamente entre os 6 meses e o ano e isto tem um impacto inevitável nos padrões da alimentação. Aos 6 meses, amaioria dos bebés necessita de apoio para se sentar e é preciso segurá-los enquanto se alimentam. Por volta dos 8 meses, desenvolvem a força e o equilíbrio necessários para se sentarem e podem começar a utilizar a cadeira de bebé. Aos 6 meses, o bebé domina a arte de alcançar e pegar numa colher, embora a sua coordenação deixe muito a desejar, devendo, por isso, estar-se preparado para a sujidade. Por volta dos 7 ou 8 meses, as suas capacidades para agarrar e manusear terão melhorado bastante. Nesta altura, os bebés começam a utilizar o polegar em oposição aos outros

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dedos, o que lhes permite pegar nos alimentos e segurar uma colher, utilizando-a com uma precisão ligeiramente maior. Com um ano de idade, a maioria dos bebés possui uma coordenação mão-olho suficientemente boa para apanhar com precisão uma ervilha ou uma passa. À medida que a coordenação vai melhorando, o bebé começa a ser capaz de beber por uma chávena ou um copo. Pode-se estimular o bebé a desenvolver estas capacidades deixando-o praticar bastante a auto-alimentação.  As necessidades nutritivas do bebé Deve dar-se ao bebé uma variedade de alimentos tão ampla quanto possível, mas lembrarse de que uma dieta para adultos, rica em fibras e pobre em gorduras, não é apropriada para o aparelho digestivo de uma criança pequena nem para as suas necessidades energéticas. Deve certificar-se de que o bebé ingere diariamente alguns dos seguintes alimentos: 





Fruta e vegetais. A fruta e os vegetais são uma fonte importante devitaminas, sais minerais, micronutrientes (nutrientes que sãoimportantes, mas apenas disponíveis em pequenas quantidades) efibras.  As vitaminas essenciais para os bebés e crianças pequenasincluem a vitamina A, que se pode encontrar em frutos e vegetaisvermelhos, verdes e amarelos, e a vitamina C, que se pode encontrarna maioria da fruta e vegetais, principalmente nos vegetais verdes e citrinos.  Alimentos com amido (hidratos de carbono). Os alimentos comamido, tias como pão, batatas, arroz, massa e cereais, sãoimportantes para o fornecimento de energia, algumas proteínas efibras, bem como certas vitaminas, por exemplo, a vitamina B. Proteínas (carne, peixe, ovos, aves, leguminosas, frutos secos). As proteínas são vitais para o crescimento do bebé. À medidaque o desmame avança, deve certificarse de que o bebé ingereproteínas em cada duas de três refeições. Porém, as proteínas nãotêm de ser necessariamente carne ou peixe, pois os lacticínios, feijãoe lentilhas, servidos com cereais, fornecem também boasquantidades.

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Gorduras. As crianças necessitam proporcionalmente de maisgorduras na sua dieta do que os adultos e, por isso, durante osprimeiros 2 anos de vida da criança, dê-lhe leite, queijo e iogurtegordos. Fibras. O aparelho digestivo de uma criança não suporta grandesquantidades de fibras e, de facto, os alimentos ricos em fibras podemalimentar a criança sem lhe fornecer os nutrientes de que necessita.

Quantidades O bebé ingere gradualmente quantidades de alimentos cada vez maiores, embora se deva guiar pelo apetite do bebé para saber as quantidades certas. Nunca o force a ingerir quantidades suplementares. Para além das quantidades de alimentos sólidos aconselháveis, o bebé deve ingerir diariamente 500ml a 600ml de leite, materno ou artificial. Uma dose corresponde a uma fatia de pão, uma tigela de cereais ou uma batata pequena cozida; uma maçã, pêra ou banana; uma cenoura ou dois ramos de brócolos ou couve-flor; 25g de carne ou peixe ou 50g de lentilhas.

1.4− Prevenção de acidentes

Quedas Durante a infância as quedas constituem uma das causas principais de acidentes, e atingem a criança em todas as idades.  As consequências de uma queda podem ir desde um pequeno ferimento até a fracturas múltiplas, traumatismo craniano ou mesmo à morte. Bebés de 0 a 1ano  A criança no 1º ano de vida, apesar de ainda não andar, está da mesma forma sujeita a quedas, sendo as mais frequentes:

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Queda de uma mesa, cama, ou da balança Desde a nascença o bebé é capaz de dar impulsos ao seu corpo. Um momento de distracção de um adulto que vai buscar algo de que se esqueceu, atender um telefonema, ou responder a quem o chama, é o suficiente para que em segundos a criança caia. O mesmo acontece com a criança de 3/4 meses, que já capaz de se virar sozinha. Pouco atentos ao desenvolvimento da criança, é possível assistir à queda da criança da cama dos pais, mesmo que colocada a meio, ou da sua à qual não foram subidas as grades, ou descido o nível do colchão. Queda de porta bebés. Por volta dos 3/4 meses ou mesmo antes, o bebé é capaz de fazer deslocar o porta bebés ou alcofa, que está pousado por exemplo em cima de uma mesa e cair. Queda de carrinho ou cadeira de passeio. Devido aos impulsos e movimentos de que é capaz pode cair do carrinho ou cadeira de passeio, sobretudo se não forem estáveis e se o cinto de segurança não está bem apertado. Importante Ter cuidado com o peso dos sacos das compras que coloca nas pegas do carrinho e que o fazem desequilibrar e cair para trás. Queda de uma cadeira alta  A criança é capaz de cair de uma cadeira alta de bebé, através de movimentos para a frente e para trás, sobretudo se não tem cinto de segurança ou se este não está apertado. Queda de um sofá Poderá cair de um sofá, fazendo movimentos de torção, virando-se sobre si próprio. Queda do colo

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 A criança pode tentar saltar, ou mexer-se muito, e o adulto distrai-se ou não tem força para segurar. Pode acontecer que esteja ao colo de um adulto á janela, dê um impulso para a frente, não sendo este capaz de a segurar. O mesmo, e com mais razão pode acontecer, quando o bebé está ao colo de uma criança. Queda com um andarilho ou “aranha” 

 A criança pode dar quedas várias, pancadas, entalar-se ou queimar-se. Importante São muito perigosos, e não têm vantagens pois não ajudam a andar. Queda de escadas Mesmo que o bebé ainda não ande, e isso varia de criança para criança, gatinha, e pode cair de escadas. O mesmo pode acontecer se estiver no andarilho. Prevenção Os pais ou outros adultos devem conhecer as capacidades do bebé em cada etapa do seu desenvolvimento, de modo a poderem prever os riscos. Uma capacidade que um bebé não tem hoje pode tê-la adquirido amanhã, e acontecer um acidente não previsto.  Assim é preciso que tenha determinados cuidados: 







Não deixe o bebé sozinho em cima de uma balança, cama, mesa, bancada ou sofá. Mantenha sempre uma mão sobre o bebé quando o está a mudar.Antes de começar, traga para junto de si tudo o que vai precisar.Se tiver que fazer qualquer coisa, leve sempre o bebé consigo. Escolha um porta bebés com estrutura rígida, mas de preferênciautilize-o apenas para as saídas do bebé. Utilize uma cama degrades que respeite as normas europeias, e nunca deixe o bebésozinho com as grades descidas. O carrinho e a cadeira de passeio devem ser estáveis e respeitar asnormas europeias. A criança deve ter o cinto de segurançasempre bem fechado. Utilize de preferência um cinto que passesobre os ombros.

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Quando o bebé está sentado numa cadeira alta, certifique-se daestabilidade da cadeira, encoste-a bem á parede e aperte o cintode segurança (de preferência que passe sobre os ombros). Nuncadeixe o bebé sozinho, e tenha atenção a outras crianças, para quenão balancem ou tropecem na cadeira. Não use andarilhos  A partir do momento em que a criança começa a gatinhar, protejaas escadas com cancelas, no topo e na base, solidamentecolocadas, e com sistema de segurança, que só um adulto possaabrir. Verifique periodicamente o seu funcionamento. Estescuidados não dispensam a vigilância da criança. Não deixe uma criança sozinha com um bebé ao colo, ou a tomarconta dele. Sempre que estiver com um bebé ao colo junto de uma janelaaberta, guarde alguma distância da mesma. Saiba que o risco de acidente grave é maior, quanto mais duro échão.

1.5− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional

O primeiro socorro é o tratamento inicial e temporário dado à criança que sofreu um acidente, ou que apresenta doença súbita. Não podemos esquecer que as crianças na actuação da emergência têm implicações diferentes das dos adultos, nomeadamente doenças diferentes e reagem de modo diferente.Na idade pediátrica é fundamental o suporte emocional, acompanhado sempre por alguém conhecido e querido. É importante que o/a Técnico de Acção educativa: 





Se sinta Autoconfiante, mas tenha a noção das suas limitações Tenha uma atitude de compreensão e paciência. Seja capaz de tomar decisões, organizar e controlar a situação.

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Nas situações em que a criança fique doente ou ocorra um acidente durante a sua permanência no estabelecimento, o responsável realiza uma avaliação sumária da gravidade da situação: • Se a criança necessitar de cuidados médicos urgentes, o responsável entra em

contacto com a família e dirige-se ao serviço de saúde. Caso a criança regresse ao estabelecimento, deve permanecer em local destinado para o efeito e se necessário acompanhada até à chegada da família; • Se a criança não necessitar de cuidados médicos urgentes, o estabelecimento

entra em contacto a família, para a entregar aos seus cuidados. Para prevenir situações de contágio a criança deve permanecer acompanhada num espaço destinado para o efeito. No caso em que a criança tenha que permanecer em casa por motivos de saúde, o estabelecimento entra em contacto com a família para tomar conhecimento da situação de saúde da criança. Existe uma caixa de primeiros socorros em todas as salas de actividades para as crianças, acessível aos colaboradores e fora do alcance das crianças. O seu conteúdo é verificado regularmente (p.e. prazos de validade e respectivo conteúdo) e reconhecido pelas autoridades nacionais de saúde.

1.6− Vacinação

 A vacina é a introdução no organismo da criança, de agentes da doença vivos ou mortos, atenuados ou sem toxinas, que se tornaram inofensivos mas que apesar disso, vão desencadear no sangue a formação de anticorpos contra certas doenças infecciosas graves, e assim proteger a criança. Não basta vacinar-se uma vez para ficar devidamente protegido. Em geral, é preciso receber várias doses da mesma vacina para que esta seja eficaz. Outras vezes é também necessário fazer doses de reforço, nalguns casos ao longo de toda a vida.

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 A vacinação, além da protecção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da doença.  As vacinas são administradas por via oral (gotas), caso da vacina da poliomielite oral, ou através de injecção, e registadas no boletim de vacinas, que deverá acompanhar a criança. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) é da responsabilidade do Ministério da Saúde e integra as vacinas consideradas mais importantes para defender a saúde da população portuguesa.

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 Vacinas que fazem parte do Programa Nacional de Vacinação desde 1 de Janeiro de 2012: IDADES

VACINAS E RESPECTIVAS DOENÇAS

0 (Nascimento) BCG (Tuberculose)  VHB – 1.ª dose (Hepatite B)

2 meses

 VHB – 2.ª dose (Hepatite B) Hib – 1.ª dose (doenças causadas por Haemophilusinfluenzae tipo b) DTPa – 1.ª dose (Difteria, Tétano, Tosse Convulsa)  VIP – 1.ª dose (Poliomielite)

4 meses

Hib – 2.ª dose (doenças causadas por Haemophilusinfluenzae tipo b) DTPa – 2.ª dose (Difteria, Tétano, Tosse Convulsa)  VIP – 2.ª dose (Poliomielite)

6 meses

 VHB – 3.ª dose (Hepatite B) Hib – 3.ª dose (doenças causadas por Haemophilusinfluenzae tipo b) DTPa – 3.ª dose (Difteria, Tétano, Tosse Convulsa)  VIP – 3.ª dose (Poliomielite)

12 meses

MenC - 1.ª dose (meningites e septicemias causadas pela bactéria meningococo)  VASPR – 1.ª dose (Sarampo, Parotidite, Rubéola)

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2.Criança dos 12 aos 36 meses

2.1− Necessidades nutricionais

Os bebés têm um ritmo de crescimento bastante rápido, mas, após os 12 meses, verificará que o crescimento e o aumento de peso diminuirão lentamente. Em geral, o crescimento reduz-se por volta do ano de idade, altura em que o bebé começa a andar e se torna mais activo.  A partir dos 2 ou 3 anos, o aumento de peso mantém-se a um ritmo constante, continuando até o bebé atingir a adolescência. Entre o primeiro e o terceiro ano, as capacidades física, intelectual e social das crianças pequenas têm um crescimento irregular. Tornam-se menos dependentes e começam a dominar um número cada vez maior de habilidades. Durante este período a criança tornase cada vez mais competente na arte de se alimentar e pode desenvolver (e expressar) preferências definitivas em relação aos alimentos. Frequentemente, a independência crescente da criança revela-se me ataques de fúria em relação aos alimentos. Acima de tudo, esta é uma área na qual a criança pode expressar preferências por um modo de vida que ainda é dominado, em grande parte, pelas regras dos adultos. Nesta idade, muitas crianças pequenas parecem perder o interesse pela comida e, em geral, isso não é motivo parapreocupações. O apetite das crianças varia de dia para dia e a quantidade total que a criança ingere ao longo de uma semana é mais importante do que o quer come apenas num dia. Para uma criança pequena, geralmente, ter de comer é umaintromissão mal acolhida no que é essencial para a sua vida, que é brincar.

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E, acima de tudo, brincar é o modo como a criança explora o mundo e desenvolve novas habilidades. Se for capaz de fazer as refeições uma oportunidade para brincar, aprender e relacionar-se, provavelmente que a criança quererá sentar-se à mesa com os restantes colegas, saborear o que come e valorizar este tempo tanto quanto outro qualquer em que seja o centro das atenções. Necessidades nutritivas  A dieta da criança deve conter um equilíbrio razoável de todos os nutrientes principais: proteínas, hidratos de carbono (amidos), gorduras, fruta, vegetais, de modo que obtenha todas as vitaminas e sais minerais de que necessita.  As quantidades exactas e necessárias variam  – uma criança pode ser muito mais activa do que outra -, mas, como regra básica, entre 1 e 3 anos, a dieta deve fornecer cerca de 4550 kcal por cada 0,5kg de peso. Proporcionalmente, as crianças necessitam de mais proteínas do que os adultos para compensar o crescimento  – cerca de 14,5g de proteínas por dia entre 1 e 3 anos de idade. Cerca de 6g desta quantidade devem ser proteínas com uma qualidade elevada, do tipo obtido de fontes animais e vegetais concentradas.  As restantes podem ser obtidas de cereais, pão e alimentos menos concentrados. Todos os seguintes alimentos fornecem cerca de 6g de proteínas: 1 ovo; 25g de carne magra; 25g de queijo rijo; 100g de feijão cozido; 100g de lentilhas.  Alimentos diários necessários – 1 a 3 anos de idade O que constitui uma dose? Uma dose é 1 fatia de pão, 1 tigela pequena de cereais ou 1 pequenabatata cozida; 1 maçã, pêra ou banana; 1 cenoura ou 2 ramos de brócolos ou couve-flor; 25g de carne ou peixe ou 50g de lentilhas ou feijão cozido.

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 Variar os alimentos  A melhor maneira de satisfazer as necessidades nutritivas da criança é fornecer-lhe uma dieta variada. Não desanimar se a criança parecer não gostar de certos alimentos; deve esperar simplesmente e tentar dá-los de novo noutra altura.  Agora ele pode ingerir uma variedade cada vez maior de alimentos e, desde que sejam preparados adequadamente ou cortados em pedaços razoáveis, é capas de comer praticamente tudo o que os adultos comem. Esta é a altura ideal para rever cuidadosamente a alimentação e os hábitos alimentares das outras crianças. É insensato esperar que uma criança cada vez mais independente siga um regime alimentar saudável, se as restantes não o fizerem. O leite O leite e os lacticínios continuam a ser uma fonte importante de cálcio, necessário para a obtenção de ossos e dentes saudáveis, bem como de proteínas e gordura. Os peritos recomendam que as crianças com mais de 1 ano devem obter diariamente 350mg de cálcio.  Agora a criança pode beber leite gordo pasteurizado e deve ingerir 350ml por dia. Se ele perder o interesse pelo leite, tente dá-lo de outra maneira  –  batidos feitos com frutos frescos esmagados ou iogurte, derivados de leite, tais como iogurte e queijo, queijo fresco e natas, ou adicione leite a outros alimentos, tais como molhos e sopas.

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Novos alimentos para experimentar  A criança já consegue ingerir uma vasta gama de alimentos e provavelmente parecia uma dieta variada. Introduza um ou dois novos alimentos de cada vez, de modo a poder detectar facilmente aquele que lhe possa causar uma reacção alérgica. Evite alimentos em relação aos quais já exista um historial familiar de intolerância, tais como ovos, trigo e morangos. 







Experimentar frutos macios, tais como framboesas, morangos,amoras e outros frutos do género. Introduzir uma variedade de pães, desde que não suspeite de umaintolerância ou alergia ao trigo. Evite o pão de trigo integral malmoído, dado que o farelo por vezes causa diarreia e os produtosquímicos do farelo de trigo bloqueiam a absorção de ferro dosalimentos.  Aumentar a variedade de carne e peixe que a criança ingere, emboradeva continuar a limitar o consumo de carnes e peixes fumados. Utilizar pedaços de carne magra, retirar agordura e não a fritar. Nesta altura, os vegetais com um sabor mais acentuado, tais comocouve-debruxelas e brócolos, são geralmente bem aceites.

 Vegetais Existem vários vegetais que podem ser servidos crus em saladas ou isolados. As crianças pequenas geralmente não apreciam muito as saladas de folhas verdes, mas existem muitas outras alternativas. A salada de repolho cortado fino, com cenoura ralada e maçã, misturada com maionese e talvez algumas passas, é normalmente bem aceite.  As tiras de vegetais crus, como cenoura, aipo, pimento e ramos de couve-flor, com um molho saboroso, como queijo fundido misturados com puré de tomate, em geral são muito apreciados. Fruta  A fruta é uma excelente forma de vitamina C, betacaroteno e outras vitaminas, sais minerais e micronutrientes vitais que a maioria dos bebés apreciam. Para além da maçã,

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pêra e banana, estimule o bebé a experimentar alguns dos frutos mais exóticos. Os citrinos fáceis de descascar, como as tangerinas e as clementinas, em geral, são muito apreciados, mas deve verificar se têm caroços.  A fruta oferece variadíssimas possibilidades para uma apresentação atraente, o que é útil se o bebé for de apetites caprichosos. Decore um prato com frutos de cores contratantes, cortados em feitios diversos e dispostosde modo a formarem desenhos. Também podem triturar ou ralar frutos e misturá-los com queijo macio, queijo fresco ou iogurte, para aumentar o valor nutritivo. Descascar e cortar a fruta e cubra-la com iogurte, natas frescas ou queijo fresco. Planear a ementa Para poder satisfazer as necessidades nutritivas da criança, deve procurar garantir que ela ingere 1 dose diária de carne ou peixe, ou 2 doses de proteínas vegetais (frutos secos, leguminosas), por dia, 4 porções de pão, cereais, batata ou outros alimentos com amido, 4 doses de fruta e vegetais e pelo menos 350ml de leite ou 2 doses de lacticínios, como iogurte ou queijo. Se a criança tem pouco apetite não há motivo para que a comida lhe seja dada apenas à hora das refeições. Não existe nada de errado nas merendas, desde que não sejam feitas com alimentos ricos em açúcar refinado, sal e gordura; se oferecer merendas saudáveis, não há qualquer problema, mas não deve permitir que a criança esteja sempre a petiscar emtroca de refeições saudáveis.

2.2− Higiene oral

 A limpeza dos dentes deve ser iniciada desde o aparecimento do 1º dente de leite, e deve ser feita após cada refeição, com o bebé sentado ao colo, utilizando um lenço ou um pano macio, compressa, cotonete que limpe sem magoar, ou “escovas” adequadas.

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 A partir dos 12/18 meses o bebé já tem mais dentes e pode começar a utilizar uma escova pequena com pelos de borracha ou nylon macios, que se humedece. Como o bebé gosta de imitar os adultos, dê-lhe uma escova para a mão e “deixe-o lavar os dentes” e em seguida faça uma lavagem eficaz. Deixe-o brincar com a escova dos dentes no banho – desde que supervisionado.  A utilização de pasta de dentes com flúor pode ser iniciada a partir dos 3 anos, idade em que a criança já é capaz de não engolir o dentífrico, havendo, no entanto, à venda nas farmácias pastas cujo engolir é inofensivo.  A higiene oral baseia-se na escovagem dos dentes usando uma pasta com flúor e na utilização de fio dental. Escovar O objectivo da escovagem é: 





Eliminar os restos de alimentos. Remover a placa bacteriana. Fortalecer os dentes através da utilização de pasta de dentes com flúor e de uma boa escova.

Importante 







 A escova de dentes é um objecto de uso pessoal e não deve ser partilhado com outras pessoas. Deve ser adequada ao tamanho da boca e ter pêlos de nylon de dureza média ou macia, que quando estão estragados, necessita ser substituída. Existem no mercado escovas eléctricas.  A pasta deve ser rica em flúor e ter um sabor do agrado da criança. Os dentes devem ser escovados com movimentos circulares de vai e vem, para não magoar as gengivas, e sempre na mesma sequência para que não se esqueçam de escovar todas as superfícies.

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 A escovagem deve ser e diária, após as refeições, e é indispensável. antes de ir para a cama.

Etapas 1. Comece a escovar pelo último dente da extremidade do maxilar e vá escovando até chegar ao último dente da outra extremidade, fazendo o mesmo com o outro maxilar 2. A escova deve ser colocada de modo a atingir todas as superfícies dos dentes, inclinando-a na direcção da gengiva desde a face interna, á face externa dos dentes. 3. Os movimentos pequenos e circulares de vai e vem da escova, devem abranger apenas alguns dentes de cada vez, e durar o tempo suficiente para uma limpeza completa. 4. Devem ser escovadas todas as superfícies dos dentes, as gengivas e a língua. Sempre que a criança ingere açúcares deve em seguida escovar os dentes. Se não for possível, deve pelo menos fazer um bochecho com água.

2.3− Prevenção de acidentes

Situações Crianças de 1 a 4 anos Pequenas quedas contra móveis da casa, geralmente com menor gravidade. Queda de janela ou de varanda 



É um acidente muitíssimo grave, e que na maioria das vezes causa a morte da criança. Esta com o seu rápido desenvolvimento fazendo aquisições novas todos os dias, e que são o regozijo dos adultos, um dia, encosta um banco a uma janela ou varanda, e ...cai. Estas quedas acontecem geralmente na ausência de um adulto.

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 As quedas de escada, cama, ou cadeira são semelhantes ao que se passa com a criança menor de 1 ano. Prevenção 



























Proteja com dispositivos apropriados os aquecimentos e arestas pontiagudas de mesas, armários e outros móveis, contra os quais a criança pode cair. Não tenha mesas de vidro em casa. Não deixe espalhados no chão ou escadas brinquedos e outros objectos em que a criança possa tropeçar. Ensine a criança a descer e subir escadas, bem como cadeiras e bancos. Proteja as janelas com limitadores de abertura, permitindo o arejamento, mas evitando que a criança caia. A abertura deve atingir um máximo de 10 cm. Revista os vidros das portas, janelas e espelhos com uma película protectora. Não deixe cadeiras ou outros objectos que possam servir de apoio, ao pé de uma  janela ou varanda. Nas varandas, coloque guarda de protecção, de preferência com barras verticais, para que a criança não consiga trepar, que tenham altura de pelo menos 110 cm. Não deve ser possível a criança passar nem por baixo, nem entre as barras. Ensine à criança o perigo de se debruçar da janela ou varanda Não deixe a criança sozinha em casa Sempre que guardar qualquer objecto fora do alcance da criança, lembre-se que esta se pode lembrar de trepar para ir o buscar, sobretudo se é algo da sua preferência. Calce á criança meias antiderrapantes. Fixe os tapetes ao chão. Coloque tapete antiderrapante na banheira, e outro de outro tipo fora desta.

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2.4−Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional

Organização da mala de primeiros socorros Normas gerais: 



















 A mala deve ser constituída e adaptada às necessidades do local ou instituição onde será utilizada. Deve ficar acondicionada de preferência num local onde não hajam grandes alterações de temperatura para evitar a deterioração dos seus componentes; Deve ser colocada em local conhecido pelos profissionais mas fora do alcance de crianças e idosos. Deve conter um índice em suporte de papel do seu conteúdo assim como um Manuel de Primeiros Socorros. Deve haver formação a pelo menos um elemento da Equipa de como utilizar a mala/ conteúdo correctamente.  A mala dever ser verificada periodicamente e sempre que é usada, para que se mantenha sempre em condições de ser utilizada novamente. Devem ser verificados os prazos de validade do seu conteúdo. Deve estar atento às características dos produtos e da medicação, verificando se existe alguma alteração da cor ou da textura dos produtos; Em caso de verificação da alteração do aspecto dos produtos, deve rejeitá-los para o lixo de imediato, mesmo que ainda estejam dentro do prazo de validade; Não deve misturar medicamentos e material de tratamento de feridas contaminado (compressas com sangue por exemplo) no lixo comum, deve colocá-los em saco separado;  As compressas para tratamento de feridas devem ser esterilizadas, as que não o são, nunca devem ser utilizadas em feridas abertas pelo risco de infecção aumentado;

Deve evitar utilizar abusivamente o material de primeiros socorros, utilize-o mesmo em caso de necessidade, especialmente no que diz respeito aos medicamentos.

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Procedimentos de limpeza e higienização Quem proceder a estas operações deve manter sempre as mãos protegidas com luvas de borracha (luvas por exemplo). Para a eliminação e/ou desinfecção do material utilizado no tratamento de feridas sangrantes devem ser seguidas as seguintes orientações: • O material descartável utilizado no tratamento das feridas (luvas, avental,

compressas, ligaduras, adesivos, etc.) deve ser removido para o saco de plástico de parede dupla que se atará firmemente. • O restante material (pinças, tesouras, etc.), logo depois de utilizado deve ser

lavado com água e sabão e depois mergulhado em lixívia comercial durante 30 minutos.  À semelhança do material, todas as superfícies e locais conspurcados com sangue devem ser cuidadosamente limpos e desinfectados: • Utilizar sempre luvas de borracha descartáveis. • Favorecer a absorção do sangue com material irrecuperável (toalhetes de papel

absorvente, por exemplo). • Deitar por cima dos locais contaminados lixívia pura (se possível a 10%) e deixar

actuar durante 10 minutos. • Remover tudo para saco de plástico adequado e fechá-lo com segurança. • Por último, lavar toda a superfície contaminada com água.

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3.Criança dos 3 aos 6 anos

3.1− Consultas materno-infantis

O principal objectivo das consultas de desenvolvimento que devem ser realizadas regularmente ao longo de toda a infância é, no mais amplo sentido do termo, a prevenção.  As consultasmaterno-infantis são fundamentais para cadaidade-chave, correspondente a acontecimentos importantes na vida da criança, abrangendo etapas do desenvolvimento psicomotor, socialização, alimentação e escolaridade. Objectivos: 1.Avaliar o crescimento e desenvolvimento  e registar, nos suportes próprios, nomeadamente no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil, os dados antropométricos e outros do desenvolvimento físico, bem como parâmetros do desenvolvimento psicomotor, escolaridade e desenvolvimento psicossocial. 2. Estimular a opção por comportamentos saudáveis, entre os quais os relacionados com: 





 A nutrição, adequada às diferentes idades e às necessidades individuais, prevenindo práticas alimentares desequilibradas;  A prática regular de exercício físico, a vida ao ar livre e em ambientes despoluídos e a gestão do stress;  A prevenção de consumos nocivos e a adopção de medidas de segurança, reduzindo assim o risco de acidentes.

3. Promover: 



O cumprimento do Programa Nacional de Vacinação  A suplementação vitamínica e mineral, nas idades e situações indicadas

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 A saúde oral  A prevenção de acidentes e intoxicações  A prevenção dos riscos decorrentes da exposição solar  A prevenção das perturbações da esfera psicoafectiva

4. Detectar precocemente e encaminhar situações  que possam afectar negativamente a vida ou a qualidade de vida da criança e do adolescente, como: malformações congénitas (doença luxante da anca, cardiopatias congénitas, testículo não descido), perturbações da visão, audição e linguagem, perturbações do desenvolvimento estaturoponderal e psicomotor, alterações neurológicas, alterações de comportamento e do foro psicoafectivo. 5. Prevenir, identificar e saber como abordar as doenças comuns nas várias idades, nomeadamente reforçando o papel dos pais e alertando para os sinais e sintomas que  justificam o recurso aos diversos serviços de saúde. 6. Sinalizar e proporcionar apoio continuado às crianças com doença crónica/deficiência e às suas famílias, bem como promover a eficaz articulação com os vários intervenientes nos cuidados a estas crianças. 7. Assegurar a realização do aconselhamento genético, sempre que tal esteja indicado. 8. Identificar, apoiar e orientar as crianças e famílias vítimas de violência ou negligência, qualquer que seja o seu tipo. 9. Promover a auto-estima do adolescente  e a sua progressiva responsabilização pelas escolhas relativas à saúde. Prevenir situações disruptivas ou de risco acrescido. 10. Apoiar e estimular a função parental e promover o bem-estar familiar. Em todas as consultas deve-se avaliar:

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 As preocupações dos pais ou do próprio, no que diz respeito à saúde Intercorrências desde a consulta anterior, frequência de outras consultas, medicação em curso  A frequência e adaptação ao infantário, ATL, escola  A prática de actividades desportivas ou culturais e ocupação de tempos livres  A dinâmica do crescimento e desenvolvimento, comentando as curvas de crescimento e os aspectos do desenvolvimento psicossocial O cumprimento do calendário vacinal, de acordo com o Programa Nacional de  Vacinação.

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3.2− Cuidados de higiene

O adulto deve respeitar o que quer que a criança esteja a realizar na altura em que os cuidados corporais forem necessários. É preciso antes de mais tentar entrar na experiência em que a criança está envolvida naquele momento. O adulto deve reduzir o impacto de uma eventual perturbação fornecendo à criança uma indicação prévia de que ela precisa de fazer uma pausa para um determinado cuidado corporal (mudar a fralda, fazer chichi), dando-lhe algum tempo para chegar a um momento em que possa parar a sua brincadeira. O adulto deve falar e agir de modo adequado com as crianças, para que elas compreendam mais acerca da próxima rotina de cuidados.  As crianças devem ter oportunidade com o apoio dos adultos, de fazerem escolhas durante cada rotina de cuidados corporais, como por exemplo: escolher o tipo de alfinetes (para quem usa fraldas), optar pelo tipo de cuecas que quer vestir, decidir qual é a fralda descartável que a criança irá dar ao adulto, escolher qual a toalha ou esponja a utilizar, se quer um pano ou um toalhete descartável para limpar a cara ou as mãos, decidir se sentam no bacio ou na sanita, etc…

Outro modo de proporcionar às crianças algum poder de escolha é através do ambiente físico. Atenção ao modo como se dispõe a área de vestir, de mudança de fraldas e a casa de banho, pois este envolvimento determina as escolhas que as crianças fazem sobre aquilo para que olham ou observam durante os cuidados corporais.  As crianças aprendem em termos sensório motores, mesmo durante as rotinas de cuidados corporais. Apreciam a ter alguma coisa para poderem ver de perto, sentir, levar à boca, cheirar ou ouvir.

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O importante é ajudar as crianças a encontrar algo que não seja excessivamente grande ou que se suje com facilidade. Há que recordar, também, que os objectos que as crianças vêem e seguram durante os cuidados corporais podem originar algumas conversas. Os adultos devem apoiar as primeiras tentativas das crianças de cuidarem do seu próprio corpo. Devem ajudá-las nessas tentativas, do mesmo modo que dão um apoio paciente quando estas aprendem a comer sozinhas, a empilhar blocos ou a andar sem ajuda.  Alguns exemplos de actuação das crianças são: • Segurar em fraldas limpas, panos ou toalhas e pequenas peças de roupa. • Limpar a cara ou as mãos. • Subir as escadas até à mesa de mudar as fraldas. • Lavar os dentes. • Puxar as cuecas para baixo e depois para cima quando utilizam o bacio. • Enfiar os braços nas mangas e as pernas nas calças. • Tirar as meias e tentar enfiá-las nos pés. • Tirar a muda de roupa lavada do seu armário ou caixa. • Pôr o chapéu. • Abrir e fechar fechos, etc…

Este procedimento fará com que os adultos fiquem mais disponíveis para as observarem em acção e apreciarem, comentando, as competências que vão emergindo.

3.3− Cuidados de conforto

 A necessidade de descanso de cada criança varia com a idade e com as circunstâncias pessoais de cada uma. Quando as crianças estão envolvidas durante a manhã numa actividade exploratória interessante e activa, faz sentido programar o descanso a seguir ao almoço como uma rotina diária.

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É imprescindível conversar com os pais quando eles chegam com os seus filhos. Eles deixam transparecer quando se deve antecipar uma mudança nos padrões de sono da criança.  As crianças apresentam sempre rituais próprios para adormecer: • Alguns adormecem assim que chegam ao berço ou cama que lhe é familiar. • Outros rabujam e para adormecerem descansadamente podem necessitar que o

adulto os embale, abane ou faça festinhas ou talvez lhes cante uma cantilena ou canção. • Outros chucham no dedo ou na chupeta agarram-se firmemente a um cobertor ou boneco de peluche ou mexem-se até encontrarem uma posição de sono confortável. • Algumas crianças podem precisar de ajuda ou simplesmente desejar um sinal de atenção antes de escolherem um livro para ver na cama, localizarem um cobertor ou um brinquedo especial ou beber uns golos de água. • Outras podem exigir que o adulto lhes afague as costa s ou lhes cante uma cantiga. Perante estes rituais de adormecer, constata-se que as crianças precisam de atenção personalizada para adormecerem. É através do tempo e da observação, da tentativa e do erro e das dicas dadas pelos pais, que o adulto conseguirá descobrir como melhor ajudar cada criança a sossegar, antes de adormecer. Na hora da sesta regularmente programada, algumas crianças podem eventual ou sistematicamente querer manter-se acordadas durante todo o tempo de descanso. Nesses casos convém ao adulto proporcionar-lhes actividades ou brincadeiras calmas e que não perturbem o descanso das outras crianças. Entre elas: 

Optar por um livro ou um brinquedo que gostem de utilizar enquanto descansam.

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Brincar na área dos livros ou jogos calmos, localizadas longe da área de repouso. Ir para o recreio com uma das educadoras, etc.

Todas as crianças têm um acordar diferente. Algumas acordam alegres e prontas para continuarem com a brincadeira pelo dia fora. Outras ficam rabugentas, sem terem a certeza de onde estão e a precisarem de contacto e de conforto físico  – serem embaladas numa cadeira de baloiço, andarem a passear ao colo do adulto ou olhar pela janela… outras acordam devagar e contentam -se em ficar deitadas no berço ou no catre durante alguns momentos, simplesmente a olhar para o ambiente numa tentativa de se adaptarem.  As crianças ficam livres para se juntarem às diversas actividades seguintes, à medida que vão acordando e sentindo-se prontas.

3.4− Necessidades nutricionais

Existem alimentos que devem ser consumidos diariamente, a fim de fornecerem os nutrientes essenciais ao bom funcionamento do organismo e que este não é capaz de fabricar por si próprio, a partir de outros nutrientes. Todos os grupos de alimentos contribuem com nutrientes essenciais. Estes incluem determinado tipo de proteínas, presentes principalmente no grupo da carne, peixe, ovos e mariscos, chamados aminoácidos essenciais, determinado tipo de gorduras, em especial o ácido oleico e outros ácidos gordos essenciais, presentes no azeite e outras gorduras vegetais e os denominados micronutrientes  – as vitaminas e os sais minerais. Como em outras fases da vida, um padrão alimentar equilibrado e adequado à necessidades da criança em idade pré-escolar compreenderá uma distribuição, em termos calóricos, de acordo com as regras da alimentação saudável.

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Neste sentido a alimentação da criança deverá ser variada e integrar alimentos que proporcionem os nutrientes necessários em proporção e quantidade adequadas. Necessidades energéticas  As necessidades energéticas da criança dependem das necessidades impostas pelas funções do organismo (manter a temperatura, respirar, movimentar-se), pelo crescimento e também pelo dispêndio de energia inerente à actividade física que, no período préescolar, pode ser muito intensa.  As necessidades médias de energia variam entre 1300 cal, para as crianças de 3 anos de idade, e 1700 cal, para as crianças de 6 anos. Necessidades de macro nutrientes No quadro abaixo é apresentada a distribuição das necessidades por tipo de nutriente, tendo em consideração as necessidades calóricas diárias nesta faixa etária. Tratam-se de valores indicativos de referência, que deverão ser ajustados a cada criança, ao seu desenvolvimento para a idade, em especial ao seu peso/altura e aos seus níveis de actividade física. Considerou-se que 60% do total calórico diário será fornecido por hidratos de carbono, 27% por gorduras e 13% por proteínas.

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Necessidades de vitaminas e sais minerais No que se refere às necessidades de micronutrientes, ou seja de vitaminas e sais minerais, estas podem ser supridas através da ingestão de alimentos dos cinco grupos nas quantidades e proporções adequadas. Avariedade na alimentação é a melhor regra para garantir que as necessidades de micronutrientes são satisfeitas. Necessidades de fibras alimentares Embora as fibras alimentares, presentes nos frutos e vegetais, não sejam absorvidas, são absolutamente necessárias para assegurar um bom funcionamento intestinal. Neste sentido, a criança deve ser habituada a ingerir alimentos do grupo V (frutos e vegetais) em proporção adequada. Para tal, as duas principais refeições devem começar com uma sopa de legumes e terminar com uma peça de fruta. O prato principal deve também ser acompanhado com um pouco de legumes, leguminosas ou saladas. Mais uma vez se chama a atenção para a importância da variedade na escolha de legumes, leguminosas, hortaliças e frutos.

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3.5− Prevenção de acidentes

Os acidentes constituem uma das causas mais importantes de mortalidade na infância e, geralmente, não ocorrem por acaso. O estágio de desenvolvimento da criança, a identificação dos riscos e o direccionamento das orientações são de extrema importância para a sua prevenção. Podem ser desenvolvidas algumas actividades no jardim-de-infância de forma a consciencializar as crianças mais velhas para os riscos e prevenção das causas mais frequentes de acidente e dessa forma promover a sua participação activa na cultura geral de prevenção da instituição. Quedas Exploração do tema: Contar a história de um acidente. Descoberta dos perigos: Encontrar na escola diferentes possibilidades de quedas. 







Encontrar soluções para evitar as quedas. Elaborar avisos para alertar contra o perigo.

 Actividades psico-motoras: 









Treinar a marcha sobre um banco invertido ou um murete baixo. Ultrapassar obstáculos.  Andar sobre uma linha.  Andar de olhos fechados. Subir e descer escadas segurando-se ao corrimão.

Sufocações Exploração do tema:

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Contar uma história. Discussão colectiva sobre respiração, constipações, mastigação, deglutição Descoberta dos perigos: 







Procurar descobrir todos os alimentos que podem provocar sufocações Procurar descobrir pequenos objectos susceptíveis de provocar sufocação

Descobrir o perigo de sacos plásticos, armários, galerias na areia, etc.  Actividades psicomotoras: 

 Aprender a respirar: Pelo nariz Pela boca Com o ventre Com a caixa torácica Utilizar o sopro de diferentes maneiras: 

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Encher um balão Soprar na água com uma palhinha Soprar com uma palha para fazer mexer um papel ou uma pequena bola

Queimaduras Exploração do tema: Dramatização de uma história Discussão colectiva e em família Descobrir os perigos: 



















Descobrir na sala de aula possíveis locais de queimaduras Colocar avisos feitos pelos alunos  Visitar a cozinha da escola e descobrir sítios de risco de queimaduras Identificar no fogão da cozinha, as zonas que queimam Fazer uma lista dos objectos domiciliários com possibilidade de provocar queimaduras  Aprender a colocar no fogão as panelas e os tachos  Aprender que há produtos que queimam embora não façam chama Saber identificar sinais de substâncias corrosivas

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Ferimentos Exploração do tema: Contar ou dramatizar a história de um acidente Descoberta dos perigos: 





Classificar os objectos da sala em cortantes e não cortantes. Inventariar os objectos cortantes que cada um conhece e localizá-los em casa e na escola.

 Aprender a utilizar uma tesoura e uma faca  Actividades psico-motoras: 







Enfiar contas, fazer rolar berlindes, lançar o pião, dar nós, fazer dobras em papel, saltar à corda, etc. Colocar uma fonte sonora ou musical na sala de aula e as crianças devem interromper a marcha quando o sinal sonoro pára. Imitar um robot (fazer movimentos como se fossem bonecos articulados).

Intoxicações Exploração do tema: Dramatização de uma história Discussão colectiva e familiar sobre medicamentos e produtos tóxicos Descoberta dos perigos: Distinguir entre produtos nocivos e não, na escola e em casa 













Conversar sobre medicamentos Conhecer os sinais de produto tóxico Sensibilizar os alunos para não ingerirem produtos ou plantas que não conheçam Reconhecer produtos de limpeza e descobrir para que servem.

 Afogamento Exploração do tema: 

Contar a história de um acidente

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Descoberta dos perigos: 







Descobrir todos os sítios onde é possível afogar-se. Lembrar que não podemos respirar dentro de água  Aprender condições em que o banho pode representar perigo Descobrir o perigo dos colchões e barcos pneumáticos

 Aprender os perigos de banhos no mar ou nos rios e lagos  Actividades psico-motoras: 









 Arranjar um espaço onde se possam fazer experiências com água  Aprender a distinguir objectos que flutuam dos que não o fazem Fazer barcos de papel  Aprender a nadar, a boiar.

Electrocuções Exploração do tema: Dramatização de uma história Discussão colectiva e familiar sobre os efeitos da electricidade sobre o homem Descoberta dos perigos: 











Identificar todas as tomadas de corrente, interruptores, lâmpadas e aparelhos eléctricos em casa e na escola  Aprender o sinal de corrente eléctrica Descobrir como substituir objectos eléctricos por outros em caso de falta de corrente.  Aprender normas para uso de artigos eléctricos

3.6− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional

 As actividades de primeiros socorros devem ser organizadas com a participação dos serviços de saúde, nomeadamente na formação e informação dos trabalhadores designados para esse efeito.

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Na elaboração dos planos acima referidos devem ser tidos em conta: 1. Manual de procedimentos em primeiros socorros e actividades de emergência segundo as boas práticas; 2. Conteúdo mínimo da caixa de primeiros socorros nos locais de trabalho; 3. Equipamento mínimo de suporte vital de vida e de emergência. Equipamento mínimo de suporte vital de vida e de emergência 











 Aparelho de oxigénio (máscara, fluxómetro e regulador de pressão); Ressuscitador Ambu; Cânulas orofaringícas; Medidor de glicemia por glicofita (opcional);  Aspirador de vácuo (opcional); Descartáveis: Seringas 5 e 10 cc;  Agulhas n.os 19 e 21; Garrotes; Bisturi; Tesoura; Compressas esterilizadas; Luvas cirúrgicas; Gaze parafinada;  Adesivo. Fármacos:  Analgésico;  Anti-inflamatório; o

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 Anti-alérgicos;  Anti-eméticos; Soro fisiológico; Diazepan; Furosemida; Nitroglicerina;

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Sistemas de soros; Salbultamol inalador (opcional);  Adrenalina (opcional).

3.7− Vacinação

 A/O Auxiliar de acção educativa tem um papel muito importante junto das famílias nomeadamente no campo da vacinação, uma vez que existem crianças que não têm o esquema de vacinação actualizado, ou mesmo que não possuem qualquer vacina. Informação insuficiente, medo ou outras razões, constituem obstáculo a uma vacinação correcta, situação esta que poderá ser minimizada pelo contributo do/a auxiliar a cada família em particular, que poderá passar por: 







 Aperceber-se se as crianças têm as vacinas actualizadas e se necessário motivar os pais, devendo para isso ouvir os pais, saber o que estes pensam acerca das vacinas, compreender as suas dificuldades e os seus receios. Informar sobre a importância da vacinação, acompanhando a mãe, o pai ou outro familiar ao centro de saúde.  Acompanhar a criança ao centro de saúde para vacinação, solicitando apoio ao enfermeiro/a ou ao médico/a  Apoiar e cuidar da criança, estando atenta e agindo perante as reacções da vacina.

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 Vacinas que fazem parte do Programa Nacional de Vacinação desde 1 de Janeiro de 2012: IDADES

VACINAS E RESPECTIVAS DOENÇAS

5-6 anos

DTPa – 5.ª dose (Difteria, Tétano, Tosse Convulsa)  VIP – 4.ª dose (Poliomielite)  VASPR – 2.ª dose (Sarampo, Parotidite, Rubéola)

Precauções e contra-indicações das vacinas  A maioria das crianças pode fazer as vacinas de rotina sem qualquer problema, sendo as contra-indicações das vacinas raras, e devendo ser sempre ponderadas pelo médico e pelo enfermeiro. O enfermeiro antes de administrar uma vacina, questiona sobre a situação de saúde da criança. É importante que a família ou quem a substitua, não se esqueça de referir qualquer problema de saúde, caso este exista ou tenha existido (ex. transfusões, medicamentos como cortisona, doenças, reacção a vacinas anteriores). É muito importante, dizer à enfermeira ou ao médico, caso tenha havido anteriormente, reacções graves a uma vacina, como choro muito forte e durante muito tempo, gemido, temperatura ou reacção local muito exagerada. Existem vacinas que podem provocar certas reacções, que são absolutamente normais e passageiras e após a vacinação, o familiar ou a pessoa que acompanha a criança, é informado sobre essas possíveis reacções, e como actuar relativamente às mesmas.  As mais frequentes são a febre e o inchaço, da zona onde foi administrada a vacina, que geralmente fica quente e avermelhada. Pode-se verificar ainda agitação, mau estar geral e dor.

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Se a temperatura axilar, for superior a 38º-38,5 ºC, pode dar um medicamento para a febre que tenha sido receitado pelo médico, e desagasalhar a criança. Se não baixar, dêlhe um banho tépido. Se o local da vacina se apresentar avermelhado, quente, inchado e doloroso, devem ser feitos pequenos toques com gelo (envolvido num pano) várias vezes ao dia, e pode ser necessário dar medicamento para a dor.

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4. Criança dos 5 aos 10 anos

4.1− Orientação nutricional

Muitas crianças, entre os 6 e os 12 anos, têm um bom apetite ecomem bastante mais do que as crianças mais novas. Precisam das caloriasextra que estão a consumir: neste período, o peso corporal médio duplica eo jogo físico exige grande dispêndio de energia. Infelizmente, os problemasalimentares tornam-se mais predominantes durante estes anos. Para suportar o crescimento e esforço constantes do período escolar, as crianças precisam, em média, de 2400 calorias diárias  – um pouco mais, para os mais velhos e menos para os mais novos. O pequeno-almoço deve fornecer cerca de ¼ das calorias totais. A ingestão diária de alimento deveria incluir níveis elevados de carbono complexos, que encontram em alimentos como as batatas, massas, pão e cereais. Os hidratos de carbono simples, que se encontram nos doces, deveriam ser a nível mínimo.  Apesar de as proteínas serem necessárias para a constituição e reparação dos ossos, muitas pessoas ingerem mais proteínas do que necessitam. A dose diária recomendada para as crianças dos 7 aos 10 anos é de 28 gramas, mas a ingestão média, tanto para rapazes como para raparigas, é de 71 gramas. Era comum pensar-se que o açúcar tornava as crianças hiperactivas, interferia com a aprendizagem ou tinha efeitos negativos no comportamento ou no humor. Contudo, e apesar de os doces serem menos desejáveis que os alimentos nutritivos, em qualquer dieta, uma vez que providenciam geralmente calorias não nutriti vas ou “vazias”, a investigação recente sugere que, nem o açúcar nem o adoçante artificial, afectam

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significativamente o comportamento, funcionamento cognitivo ou humor da maioria das crianças.  A “má imagem” do açúcar do açúcar pode terresultado do consumo em grandes

quantidades, em ocasiões como festas deaniversário, nas quais o comportamento disruptivo (excessivo/conflituoso)provavelmente resulta, não dos doces, mas da excitação com a própriasituação. Crescimento Se passarmos por uma típica escola do 1º ciclo, imediatamente depois do toque de saída, veremos uma explosão virtual de crianças de todos os tamanhos e formas. Uns altos, outros baixos, uns corpulentos, outros magrinhos, irrompem das portas da escola para o ar livre.  Veremos que as crianças no período escolar parecem muito diferentes daquelas uns anos mais novas. São mais altas e bastante mais fortes; mas muitas poderão apresentar excesso de peso, relativamente ás últimas décadas, e algumas poderão estar mal nutridas.  Altura e Peso O crescimento em altura e peso, durante o período escolar, abranda consideravelmente, se comparado com a sua velocidade rápida durante a infância. Mesmo assim, apesar das mudanças do dia-a-dia não serem óbvias, conduzem a uma diferença surpreendente entre os 6 anos, em que são ainda crianças pequenas, e os 11 anos, em que muitos se começam a assemelhar a adultos.  As crianças nestas idades crescem entre 2,5 e 7,5 centímetros por ano e adquirem entre 2,5 e 4 Kg ou mais, duplicando o seu peso médio. Os rapazes e raparigas de raça negra tendem a ser um pouco mais altos e mais pesados que as crianças brancas, da mesma idade e sexo. Mais tarde neste estádio, as raparigas iniciam um surto de crescimento, aumentando cerca de 5 Kg por ano. De repente, estão mais altas e mais pesadas que os rapazes da sua classe

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e assim permanecem até cerca dos 12 ou 13 anos, quando os rapazes iniciam o seu próprio surto de crescimento, ultrapassando asraparigas. As raparigas retêm mais tecido gordo que os rapazes, uma característica que irá persistir na idade adulta. Nutrição e Dentição Os pais de crianças no período escolar têm muitas vezes dificuldades em manter os alimentos no frigorífico. Muitas crianças, entre os 6 e os 12 anos, têm bom apetite e comem bastante mais do que as crianças mais novas. Infelizmente, os problemas alimentares tornam-se também mais predominantes nestes anos. E, com o aparecimento da dentição definitiva, os cuidados dentários adequados tornam-se mais críticos.  A maior parte da dentição adulta inicia-se neste período. A primeira dentição (20 dentes) começa a cair por volta dos 6 anos e é substituída pela dentição definitiva (32 dentes), a um ritmo de cerca de 4 dentes por ano, durante os cinco anos seguintes. Os primeiros molares irrompem pelos 6 anos; os segundos molares por volta dos 13 anos; e os terceiros molares – os dentes do siso – no início dos 20 anos. Dada a importância de dentes sãos para a alimentação, saúde geral e aparência, a alta taxa de problemas dentários tem vindo a ser um problema sério. Contudo tem vindo a melhorar, graças à melhor nutrição, melhores cuidados dentários e uso alargado de flúor nas pastas dentífricas, na lavagem da boca e na água para beber e preparar os alimentos. 4.2− Prevenção de acidentes

 A cultura de segurança implica a percepção dos riscos e adoptar comportamentos e estilos de vida que promovam a protecção relativamente a esses riscos.

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 A segurança na escola é essencial para o desenvolvimento da sua missão educativa, particularmente para o sucesso educativo daqueles que vivem em meio mais desfavorecidos ou em situações de risco de exclusão. É fundamental a promoção da segurança e a prevenção dos acidentes - em parceria efectiva com os órgãos de gestão dos estabelecimentos de educação e ensino, assim como a avaliação das condições de segurança, higiene e saúde destes estabelecimentos, realizada pelas equipas de saúde escolar em estreita articulação com os serviços de saúde pública/autoridades de saúde dos Centros de Saúde. Em caso de acidente, os funcionários devem aproximar-se do aluno em questão e fazer a avaliação da situação, de modo a que o auxílio a prestar seja o mais correcto, célere e adequado possível. Caso se verifique que o aluno necessita de cuidados médicos deverá ser contactado o número nacional de emergência, e posteriormente deve ser avisada a Directoria da Es cola.  As quedas são o tipo de acidente mais frequente em meio escolar. O segundo tipo mais frequente são as agressões involuntárias ou choques. Prevenir quedas e choques:  Aumentar os recursos humanos;  Aumentar a vigilância nos recreios; Realizar actividades físicas ou jogos que desenvolvam os reflexos e o sentido de equilíbrio; 









Ter sempre em conta os espaços onde se desenvolvem algumas actividades físicas e estabelecer regras de segurança obrigatórias (piscinas, ginásios, campos de jogos, etc.; Promover hábitos e comportamentos correctos de como circular no espaço interior e exterior da escola;

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Proibir brinquedos ou objectos que se desloquem pelo solo e possam provocar quedas (piões, bolas) em determinados locais, principalmente de passagem obrigatória;  Vedar os solos que apresentem grandes desníveis; Limitar o espaço de recreio de acordo com os vários jogos; Evitar solos escorregadios e esburacados; Proibir corridas nos corredores interiores e escadas; Evitar obstáculos e criar caminhos obrigatórios de passagem; Transmitir um espírito de correcção das práticas cívicas do dia-a-dia; Promover actividades sobre estes temas onde os próprios alunos sugiram novas atitudes e regras.

4.3− Materiais de primeiros socorros obrigatórios em meio institucional

É importante que a escola disponha de um local próprio, adequado à prestação de primeiros socorros. Esse local deverá estar sempre limpo e desinfectado. Recomenda-se como equipamento: um armário com materiais para primeiros socorros; produtos de desinfecção e limpeza; kit de emergência transportável.  Armário de primeiros socorros Devem estar disponíveis os seguintes materiais: • Luvas de látex descartáveis. • Tesoura. • Pinça. • Compressas esterilizadas. • Rolos de adesivos de 1 cm e 5 cm. • Sabão (líquido de preferência). • Anti-sépticos para desinfecção de pele e mucosas (Betadine ou similar e

Clorhexidina).

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• Embalagem grande de esponjas de “Spongostan”. • Gase vaselinada. • Película aderente. • Termómetro digital. • Solução de glicose e pacotes de açúcar. • Ligaduras. • Pensos rápidos.

Produtos de desinfecção e limpeza • Clorhexidina 4%. • Lixívia comercial – hipoclorito de sódio a 5-10% (atenção à validade). • Toalhetes descartáveis para as mãos. • Balde com tampa e pedal. • Aventais descartáveis. • Sacos de plástico apropriados para produtos eventualmente contaminados, se

possível de parede dupla. Kit de emergência transportável É essencial num kit de emergência ter disponível e acessível material que o auxilie na prestação de primeiros socorros. Como organizar o kit?  Assegure que este contém o material indispensável e necessário. Proposta de material básico • Luvas de látex descartáveis (2 pares). • Compressas esterilizadas (5 pacotes). • Ligaduras (3 unidades). • Adesivos (1 rolo). • Pensos rápidos (1 caixa). • Solução de iodopovidona dérmica (Betadine) (unidades individuais). • Soro fisiológico (1 frasco pequeno ou unidades individuais).

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• Termómetro digital (1). • Paracetamol 500 mg (1 caixa). • 4 pacotes de açúcar ou solução de glicose. • Esfigmomanometro (aparelho para avaliação de tensão arterial) (1). • Gase vaselinada (5 pacotes). • Tesoura (1). • Pinça pequena (1). • “Spongostan” (esponjas de coagulação). • Película aderente.

É importante rever frequentemente o kit, bem como todo o material existente no armário, verificando os prazos de validade e material em falta.

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