Manual Neo Pi-R

October 27, 2017 | Author: Fernando Júnior | Category: Emotions, Self-Improvement, Carl Jung, Psychology & Cognitive Science, Stress (Biology)
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Descripción: Descrição domínios e facetas....

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Paul T. Costa Jr. e Robert R. McCrae

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Paul T. Costa, Jr. • Robert R. McCrae

avaliação dos pares. As correlações intraclasses de avaliadores (2,3 ou 4 avaliadores dos mesmos sujeitos) variaram de .30 (N) a .65 (O) para os fatores extraídos da lista de adjetivos e de .28 (C) a .53 (N) para os fatores do NEO Inventory. As correlações entre o autorrelato e avaliação dos pares variaram de .25 (C) a .62 (E) para a lista de adjetivos e de .20 (A) a .67 (O) para os fatores do NEO Inventory. Portanto, os estudos de McCrae e Costa (1985b, 1987) mostraram haver uma estrutura clara­ mente pentafatorial da personalidade indepen­ dentemente da fonte (autorrelato, cônjuges ou pares) ou do tipo de instrumento (autorrelato ou listas de adjetivos).

Desenvolvimento

do

NEO PI-R

Segundo Costa e McCrae (1991a, 1991b), as pesquisas sobre personalidade com a primeira versão do NEO PI mostraram que a avaliação dos traços da personalidade podia compreender e predizer uma grande variedade de critérios, como interesses vocacionais, comportamentos relacionados à saúde e à doença, bem-estar psi­ cológico e estilos de enfrentamento. O princípio geral que guiou as pesquisas subse­ quentes de Costa e McCrae foi que a avaliação da personalidade devia começar do topo e descer até os mais específicos, isto é, devia identificar domínios de características amplas e depois buscar traços importantes e úteis (esses também chamados de facetas), e mensurá-los. Após a identificação de Neuroticismo (Neuroticism), Extroversão (Extraversion) e Abertura a Experiências (Openness) (Costa & McCrae, 1976, 1978), desenvolveram-se as escalas para medir as facetas desses domínios (Costa & McCrae, 1980a). Posteriormente, reconheceram-se o quar­ to e quinto domínios chamados de Amabilidade (Agreeableness) e Conscienciosidade (Conscien­ tiousness) (McCrae & Costa, 1985b). No início da década de 1990 também se desenvolveram as escalas para medir as facetas desses domínios (Costa, McCrae & Dye, 1991). O instrumento passou a se denominar NEO PI-R.

Apesar de haver ampla concordância com os domínios, existe um reconhecimento de que a avaliação baseada unicamente no modelo dos CGF é insuficiente para uma compreensão com­ pleta e detalhada da personalidade do indivíduo (Briggs, 1989; Mershon & Gorsuch, 1988). Por concordar com essa observação, Costa e McCrae (1992a) desenvolveram trinta facetas do NEO PI-R que representam construtos frequente­ mente identificados na literatura psicológica e que correspondem a distinções importantes dentro de cada um dos cinco domínios. Dessa forma, o NEO PI-R facilita o entendimento da personalidade de indivíduos e grupos, pois oferece pontuações tanto dos domínios como das facetas. Assim sendo, o exame das pontua­ ções dos domínios fornece uma rápida idéia dos aspectos principais, enquanto a avaliação das pontuações das facetas permite análises mais detalhadas das formas particulares em que os domínios principais se expressam. A seguir uma breve descrição dos domínios e das facetas.

Conceito

dos

Cinco Domínios

O primeiro passo para interpretar os perfis de personalidade de acordo com o NEO PI-R é examinar os cinco domínios1 em seu nível mais amplo. A seguir, a definição básica de cada um deles oferecida no manual americano (Costa e McCrae, 1992a), respeitando-se a nomenclatura original em inglês colocada entre parênteses.

Trata-se do domínio mais penetrante < personalidade que contrasta ajustamento < estabilidade emocional ao neuroticismo ou mj ajustamento. Embora os clínicos distinga muitas formas diferentes de estresse emocior na fobia social, depressão agitada e hostilida borderline, inúmeros estudos têm mostrado q alguns vivenciar outros deles (Costa & McCrae, 1992a). A t experimentar afetos tais como medo, tristeza, vergonha, raiva, cu *

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▼ A V

1 Na literatura, utilizam-se os termos “domínio”, “dimensão”, “fator” como sinônimos. Eles dizem respeito à representação estatística dos traços psicológicos.

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NEO Pl-R — Inventário de Personalidade NEO REVISADO e Inventário de Cinco Fatores NEO REVISADO

e nojo é o núcleo do domínio N. Entretanto, N inclui mais do que suscetibilidade a estresse psi­ cológico. Homens e mulheres com altos escores em# N são propensos a apresentar ideias irracionais, a serem pouco hábeis em controlar seus impulsos e a lidar pobremente com o estresse. Indivíduos que apresentam resultados baixos em N são emocionalmente estáveis, normalmente calmos, moderados, tranquilos e capazes de en­ carar situações estressantes sem aborrecerem-se ou perturbarem-se. Extroversão (E - Extraversion) Extrovertidos são sociáveis, mas sociabilida­ de é só um dos traços que compõem o domínio E. O domínio inclui os traços de assertividade e de busca de excitação e estimulação. Pessoas com alto escore em E tendem a ser alegres e bem dispostas. O domínio de Extroversão tam­ bém é fortemente relacionado ao interesse por ocupações empreendedoras (Costa, McCrae & Holland, 1984). A introversão é mais difícil de retratar. Em alguns aspectos, ela deve ser vista mais como falta de extroversão do que o seu oposto. Usuários familiarizados com a psicologia junguiana notarão que o conceito de extroversão incorporado ao NEO PI-R difere em muitos as­ pectos da teoria de Jung (1923). Em particular, a introspecção, ou reflexão, não está relacionada a qualquer polo da extroversão, sendo essa uma característica de indivíduos que possuam altos escores em Abertura a Experiências. Outras dis­ cussões sobre esse ponto podem ser encontradas em McCrae e Costa (1989a). Abertura a experiências (O - Openness) Trata-se de uma importante dimensão da personalidade, e, no entanto, ela é muito menos conhecida que N e E. Os elementos de O - ima­ ginação ativa, sensibilidade estética, atenção aos próprios sentimentos, preferência pela varieda­ de, curiosidade intelectual e independência de julgamento - têm frequentemente desempenha­ do um papel nas teorias e medidas da personali­ dade, mas sua coerência em um domínio único tem sido pouco reconhecida. A escala O do NEO PI-R talvez seja a medida mais amplamente pes­ quisada dentre os domínios (McCrae & Costa,

NEO-FFI-R

1985c). Propostas alternativas ao modelo dos cinco fatores frequentemente rotulam esse fator de Intelecto. Os escores de O são modestamente associados com educação e medidas de inteligên­ cia. Especialmente, correlaciona com aspectos da inteligência como o pensamento divergente, que contribui para a criatividade (McCrae, 1987). Mas esse fator não é equivalente à Inteligência. Algumas pessoas muito inteligentes são “fe­ chadas” à experiência e algumas pessoas muito abertas possuem capacidade intelectual limi­ tada. No sentido analítico fatorial, as medidas de habilidade cognitiva formam um sexto fator independente, considerado externo aos domínios da personalidade. Amabilidade (A - Agreeableness) E primeiramente uma dimensão de tendên­ cias interpessoais, assim como Extroversão. Trata-se da predisposição a sensibilizar-se pela situação dos outros e a colocar-se no lugar deles, acarretando muitas vezes um comportamento de complacência. E tentador ver o lado cordial des­ se domínio como preferível socialmente e como psicologicamente saudável, mas esse traço não seria uma vantagem na sala de audiências ou no trabalho científico em que o pensamento crítico e céptico contribui para análises acuradas. /

Conscienciosidade (C - Conscientiousness) Nas teorias da personalidade, particularmen­ te na teoria psicodinâmica, existe especial aten­ ção ao controle dos impulsos. Durante o curso do desenvolvimento, a maioria dos indivíduos aprende a administrar seus desejos e, quando isso não ocorre, presume-se um sinal de alto N entre adultos. Mas autocontrole também pode se referir a processos mais ativos de planejamento, organização e condução de tarefas. Diferenças individuais nessa tendência são a base da C. Anteriormente, essa dimensão foi chamada de caráter , pois se observa que um alto C se associa

à escrupulosidade.

As FACETAS Cada um dos cinco fatores do NEO PI-R é re­ presentado por seis escalas mais específicas que 17

Paul T. Costa, Jr. • Robert R. McCrae

medem as facetas. Uma informação detalhada a partir da consideração dos escores das facetas pode ser útil na interpretação de constructos e formulação de teorias.

Facetas de Abertura (O - Openness) 01: Fantasia - Relacionada a uma imaginação vívida e uma vida fantasiosa ativa. 02: Estética - Apreciação profunda harmo­ nia e gosto pelas diversas formas da arte e da

Facetas de Neuroticismo (N - Neuroticism) Nl: Ansiedade - Relacionada, como o próprio nome sugere, à sensação de apreensão, medo, tensão, extrema preocupação. N2: Raiva/Hostilidade - Representa a tendên­ cia a vivenciar raiva e estados relacionados, como a frustração e a amargura. N3: Depressão - Representa diferenças indi­ viduais normais na tendência a experienciar afeto negativo. N4: EmbaraçoIConstrangimento - As emoções relacionadas a vergonha e embaraço formam o núcleo desta faceta de N. Embaraço/Constrangi­ mento é semelhante a timidez e ansiedade social. N5: Impulsividade - Refere-se à inabilidade de controle de anseios e ímpetos. O termo “im­ pulsivo” do NEO PI-R não deve ser confundido com espontaneidade, ousadia ou rapidez na to­ mada de decisão. N6: Vulnerabilidade - Refere-se à suscetibili­ dade ao estresse, às agressões psicológicas.

beleza. 03: Sentimentos - Receptividade dos próprios sentimentos e emoções. Avalia a emoção como parte importante da vida. 04: Ações variadas - Disposição para ativida­ des diferentes, conhecimento de novos lugares ou situações. Evita, sempre que pode, a rotina. 05: Ideias - A curiosidade intelectual é um as­ pecto de O longamente reconhecido. Esse traço é visto não somente como uma busca ativa dos pró­ prios interesses intelectuais, mas também uma abertura mental e uma disposição a considerar ideias novas e, talvez, até não convencionais. 06: Valores - Prontidão para reexaminar valo­ res sociais, familiares, políticos e/ou religiosos.

Facetas de Extroversão (E - Extraversion) El: Acolhimento (Acolhimento Caloroso) - Rela­ cionada a afeto e amizade. No campo interpessoal esta é a faceta de E que está mais próxima de A. E2: Gregarismo - Caracteriza a preferência pela companhia das outras pessoas, estimulação social. E3: Assertividade - Relacionada à dominân­ cia, liderança e independência. Não se deve con­ fundir essa faceta com agressividade verbal. E4: Atividade - Representa agilidade, ener­ gia, vigor e necessidade de movimento. E5: Busca de sensações - Caracteriza busca de excitação e estimulação. Essa faceta é semelhan­ te ao construto Busca de Sensações (Sensation Seeking), de Zuckerman (1979). E6: Emoções positivas - Tendência a expe­ rienciar emoções positivas tais como alegria, amor e animação. Diversos estudos têm mostra­ do que é a faceta mais relevante para a predição de felicidade. 18

Facetas de Amabilidade (A - Agreeableness) Al: Confiança - Disposição a acreditar que os outros são honestos e bem-intencionados. A2: Franqueza - Relacionada à própria since­ ridade, à lealdade para com a verdade. A3: Altruísmo - Representa uma preocupação ativa com o bem-estar dos outros, demonstrando generosidade e disposição para assistir aqueles que precisam de ajuda. A4: Complacência - Considera as reações aos conflitos interpessoais. Tendência a deferir em favor dos outros, a fim de evitar situações disruptivas. A5: Modéstia - Relacionada à humildade, simplicidade e menor vaidade. Não se deve con­ fundir com falta de auto-estima. A6: Sensibilidade - Caracteriza atitudes de simpatia, compaixão e preocupação pelo lado humano das políticas sociais. Facetas de Conscienciosidade (C - Conscien­ tiousness) Cl. Competência — Refere-se a percepção da pessoa de que é capaz, sensível, prudente e efeti­ va. Das facetas de C, esta é a mais altamente as­ sociada com a auto-estima e controle interno 02: Ordem - Caracteriza atitudes de organi­ zação, planejamento, preparação, metodismo.

NEO Pl-R - Inventário de Personalidade NEO REVISADO e Inventário de Cinco Fatores NEO REVISADO - NEO-FFI-R

C3: Senso do dever - Relacionada ao cumpri­ mento das obrigações sociais, morais ou éticas. C4: Esforço por realizações - Caracteriza a tendência a aspirar altos níveis e atitudes para alcançá-los C5: Autodisciplina - Representa a habilida­ de em começar tarefas e conduzi-las até o fim independentemente de tédio, fastio ou outras distrações. Essa faceta não deve ser confundida com a Impulsividade. C6: Ponderação - Caracteriza a tendência a pen­ sar, a deliberar cuidadosamente antes de agir. Amostras

do estudo de

NORMATIZAÇÃO DO

NEO PI-R

Segundo a versão americana do NEO PI-R (Costa & McCrae, 1992a), a construção das esca­ las e/ou o estabelecimento de normas americanas foram feitas com base, principalmente, em duas amostras longitudinais, embora outras amostras pequenas participaram também. Essas amostras serão descritas a seguir. O Estudo Normativo de Envelhecimento (ENE). Participaram 2.000 voluntários do Vete­ rans Administration’s Normative Aging Study da cidade de Boston. A maioria representava idosos de raça branca e do sexo masculino, os quais completaram uma variedade de testes psicológicos. O recrutamento foi feito seguindo critérios de bom estado de saúde física e mental assim como estabilidade geográfica, fatores estes necessários para garantir o retorno de avalia­ ções periódicas. Em geral, a amostra podia ser considerada representante de adultos normais do sexo masculino. O Estudo Longitudinal Ampliado sobre o Envelhecimento de Baltimore (ELEB). O NEO PI fazia parte de uma bateria de avaliações lon­ gitudinais do Estudo Longitudinal de Envelhe­ cimento de Baltimore, um programa de pesquisa conduzido em 1980 pelo Instituto Nacional de Envelhecimento (National Institute on Aging). O recrutamento foi feito mediante uma técnica, chamada por Costa e McCrae (1992a) de “bola

de neve”, na qual voluntários já participantes do programa convidavam seus amigos e familiares para entrarem no projeto. A maioria dos volun­ tários exercia, ou já tinha exercido, ocupações profissionais, gerenciais ou científicas. Assim, possuíam um nível de educação consideravel­ mente maior que a população geral. Contudo, os autores alegam haver evidências que os volun­ tários não destoavam, de forma acentuada, das amostras nacionais no que se refere à distribui­ ção dos traços de personalidade. Os dois estudos (ENE e ELEB) originalmente se propunham a avaliar somente homens, mas em 1978 a investigação estendeu-se às mulhe­ res. Na ampliação (ELEB), participaram um grupo de aproximadamente 400 homens e 300 mulheres. Em 1986, como parte de um estudo longitudinal de seis anos, um grupo de parti­ cipantes foi adicionado a esse grupo (Costa & McCrae, 1988b). Amostras de pares. Em 1983, os autores soli­ citaram aos membros do ELEB que convidassem amigos e vizinhos para que os avaliem. Essas avaliações serviram de base para a confirmação da estrutura pentafatorial da personalidade (McCrae & Costa, 1985b, 1987). Na década de 1990 solicitou-se aos participantes mais recentes do ELEB a indicação de novos avaliadores. Costa e McCrae (1992a) informam que esses dois gru­ pos de avaliadores tinham semelhanças entre si e entre as pessoas avaliadas, ou seja, eles eram, em sua maioria, de raça branca e bem educados assim como tendiam a ter a mesma idade e sexo como os que eles avaliavam. Foram recrutados aproxima­ damente 300 avaliadores e incluídos no banco de dados normativo para Forma R do NEO PI-R. Amostra de trabalhadores. A versão final do NEO PI-R (compreendendo as cinco dimensões e 30 facetas) foi administrada a aproximadamente 1.800 homens e mulheres funcionários de uma grande organização americana (Costa, McCrae & Dye, 1991). Costa e McCrae (1992a) informam que, diferentemente das amostras do ELEB, a amostra de empregados era consideravelmente mais nova em idade, pois a maioria estava na 19

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