Manual Neo Pi-R
Short Description
Descripción: Descrição domínios e facetas....
Description
Paul T. Costa Jr. e Robert R. McCrae
v * *«
*
•<
'
WW1
Paul T. Costa, Jr. • Robert R. McCrae
avaliação dos pares. As correlações intraclasses de avaliadores (2,3 ou 4 avaliadores dos mesmos sujeitos) variaram de .30 (N) a .65 (O) para os fatores extraídos da lista de adjetivos e de .28 (C) a .53 (N) para os fatores do NEO Inventory. As correlações entre o autorrelato e avaliação dos pares variaram de .25 (C) a .62 (E) para a lista de adjetivos e de .20 (A) a .67 (O) para os fatores do NEO Inventory. Portanto, os estudos de McCrae e Costa (1985b, 1987) mostraram haver uma estrutura clara mente pentafatorial da personalidade indepen dentemente da fonte (autorrelato, cônjuges ou pares) ou do tipo de instrumento (autorrelato ou listas de adjetivos).
Desenvolvimento
do
NEO PI-R
Segundo Costa e McCrae (1991a, 1991b), as pesquisas sobre personalidade com a primeira versão do NEO PI mostraram que a avaliação dos traços da personalidade podia compreender e predizer uma grande variedade de critérios, como interesses vocacionais, comportamentos relacionados à saúde e à doença, bem-estar psi cológico e estilos de enfrentamento. O princípio geral que guiou as pesquisas subse quentes de Costa e McCrae foi que a avaliação da personalidade devia começar do topo e descer até os mais específicos, isto é, devia identificar domínios de características amplas e depois buscar traços importantes e úteis (esses também chamados de facetas), e mensurá-los. Após a identificação de Neuroticismo (Neuroticism), Extroversão (Extraversion) e Abertura a Experiências (Openness) (Costa & McCrae, 1976, 1978), desenvolveram-se as escalas para medir as facetas desses domínios (Costa & McCrae, 1980a). Posteriormente, reconheceram-se o quar to e quinto domínios chamados de Amabilidade (Agreeableness) e Conscienciosidade (Conscien tiousness) (McCrae & Costa, 1985b). No início da década de 1990 também se desenvolveram as escalas para medir as facetas desses domínios (Costa, McCrae & Dye, 1991). O instrumento passou a se denominar NEO PI-R.
Apesar de haver ampla concordância com os domínios, existe um reconhecimento de que a avaliação baseada unicamente no modelo dos CGF é insuficiente para uma compreensão com pleta e detalhada da personalidade do indivíduo (Briggs, 1989; Mershon & Gorsuch, 1988). Por concordar com essa observação, Costa e McCrae (1992a) desenvolveram trinta facetas do NEO PI-R que representam construtos frequente mente identificados na literatura psicológica e que correspondem a distinções importantes dentro de cada um dos cinco domínios. Dessa forma, o NEO PI-R facilita o entendimento da personalidade de indivíduos e grupos, pois oferece pontuações tanto dos domínios como das facetas. Assim sendo, o exame das pontua ções dos domínios fornece uma rápida idéia dos aspectos principais, enquanto a avaliação das pontuações das facetas permite análises mais detalhadas das formas particulares em que os domínios principais se expressam. A seguir uma breve descrição dos domínios e das facetas.
Conceito
dos
Cinco Domínios
O primeiro passo para interpretar os perfis de personalidade de acordo com o NEO PI-R é examinar os cinco domínios1 em seu nível mais amplo. A seguir, a definição básica de cada um deles oferecida no manual americano (Costa e McCrae, 1992a), respeitando-se a nomenclatura original em inglês colocada entre parênteses.
Trata-se do domínio mais penetrante < personalidade que contrasta ajustamento < estabilidade emocional ao neuroticismo ou mj ajustamento. Embora os clínicos distinga muitas formas diferentes de estresse emocior na fobia social, depressão agitada e hostilida borderline, inúmeros estudos têm mostrado q alguns vivenciar outros deles (Costa & McCrae, 1992a). A t experimentar afetos tais como medo, tristeza, vergonha, raiva, cu *
*
------- ---------
▼ A V
1 Na literatura, utilizam-se os termos “domínio”, “dimensão”, “fator” como sinônimos. Eles dizem respeito à representação estatística dos traços psicológicos.
16
NEO Pl-R — Inventário de Personalidade NEO REVISADO e Inventário de Cinco Fatores NEO REVISADO
e nojo é o núcleo do domínio N. Entretanto, N inclui mais do que suscetibilidade a estresse psi cológico. Homens e mulheres com altos escores em# N são propensos a apresentar ideias irracionais, a serem pouco hábeis em controlar seus impulsos e a lidar pobremente com o estresse. Indivíduos que apresentam resultados baixos em N são emocionalmente estáveis, normalmente calmos, moderados, tranquilos e capazes de en carar situações estressantes sem aborrecerem-se ou perturbarem-se. Extroversão (E - Extraversion) Extrovertidos são sociáveis, mas sociabilida de é só um dos traços que compõem o domínio E. O domínio inclui os traços de assertividade e de busca de excitação e estimulação. Pessoas com alto escore em E tendem a ser alegres e bem dispostas. O domínio de Extroversão tam bém é fortemente relacionado ao interesse por ocupações empreendedoras (Costa, McCrae & Holland, 1984). A introversão é mais difícil de retratar. Em alguns aspectos, ela deve ser vista mais como falta de extroversão do que o seu oposto. Usuários familiarizados com a psicologia junguiana notarão que o conceito de extroversão incorporado ao NEO PI-R difere em muitos as pectos da teoria de Jung (1923). Em particular, a introspecção, ou reflexão, não está relacionada a qualquer polo da extroversão, sendo essa uma característica de indivíduos que possuam altos escores em Abertura a Experiências. Outras dis cussões sobre esse ponto podem ser encontradas em McCrae e Costa (1989a). Abertura a experiências (O - Openness) Trata-se de uma importante dimensão da personalidade, e, no entanto, ela é muito menos conhecida que N e E. Os elementos de O - ima ginação ativa, sensibilidade estética, atenção aos próprios sentimentos, preferência pela varieda de, curiosidade intelectual e independência de julgamento - têm frequentemente desempenha do um papel nas teorias e medidas da personali dade, mas sua coerência em um domínio único tem sido pouco reconhecida. A escala O do NEO PI-R talvez seja a medida mais amplamente pes quisada dentre os domínios (McCrae & Costa,
NEO-FFI-R
1985c). Propostas alternativas ao modelo dos cinco fatores frequentemente rotulam esse fator de Intelecto. Os escores de O são modestamente associados com educação e medidas de inteligên cia. Especialmente, correlaciona com aspectos da inteligência como o pensamento divergente, que contribui para a criatividade (McCrae, 1987). Mas esse fator não é equivalente à Inteligência. Algumas pessoas muito inteligentes são “fe chadas” à experiência e algumas pessoas muito abertas possuem capacidade intelectual limi tada. No sentido analítico fatorial, as medidas de habilidade cognitiva formam um sexto fator independente, considerado externo aos domínios da personalidade. Amabilidade (A - Agreeableness) E primeiramente uma dimensão de tendên cias interpessoais, assim como Extroversão. Trata-se da predisposição a sensibilizar-se pela situação dos outros e a colocar-se no lugar deles, acarretando muitas vezes um comportamento de complacência. E tentador ver o lado cordial des se domínio como preferível socialmente e como psicologicamente saudável, mas esse traço não seria uma vantagem na sala de audiências ou no trabalho científico em que o pensamento crítico e céptico contribui para análises acuradas. /
Conscienciosidade (C - Conscientiousness) Nas teorias da personalidade, particularmen te na teoria psicodinâmica, existe especial aten ção ao controle dos impulsos. Durante o curso do desenvolvimento, a maioria dos indivíduos aprende a administrar seus desejos e, quando isso não ocorre, presume-se um sinal de alto N entre adultos. Mas autocontrole também pode se referir a processos mais ativos de planejamento, organização e condução de tarefas. Diferenças individuais nessa tendência são a base da C. Anteriormente, essa dimensão foi chamada de caráter , pois se observa que um alto C se associa
à escrupulosidade.
As FACETAS Cada um dos cinco fatores do NEO PI-R é re presentado por seis escalas mais específicas que 17
Paul T. Costa, Jr. • Robert R. McCrae
medem as facetas. Uma informação detalhada a partir da consideração dos escores das facetas pode ser útil na interpretação de constructos e formulação de teorias.
Facetas de Abertura (O - Openness) 01: Fantasia - Relacionada a uma imaginação vívida e uma vida fantasiosa ativa. 02: Estética - Apreciação profunda harmo nia e gosto pelas diversas formas da arte e da
Facetas de Neuroticismo (N - Neuroticism) Nl: Ansiedade - Relacionada, como o próprio nome sugere, à sensação de apreensão, medo, tensão, extrema preocupação. N2: Raiva/Hostilidade - Representa a tendên cia a vivenciar raiva e estados relacionados, como a frustração e a amargura. N3: Depressão - Representa diferenças indi viduais normais na tendência a experienciar afeto negativo. N4: EmbaraçoIConstrangimento - As emoções relacionadas a vergonha e embaraço formam o núcleo desta faceta de N. Embaraço/Constrangi mento é semelhante a timidez e ansiedade social. N5: Impulsividade - Refere-se à inabilidade de controle de anseios e ímpetos. O termo “im pulsivo” do NEO PI-R não deve ser confundido com espontaneidade, ousadia ou rapidez na to mada de decisão. N6: Vulnerabilidade - Refere-se à suscetibili dade ao estresse, às agressões psicológicas.
beleza. 03: Sentimentos - Receptividade dos próprios sentimentos e emoções. Avalia a emoção como parte importante da vida. 04: Ações variadas - Disposição para ativida des diferentes, conhecimento de novos lugares ou situações. Evita, sempre que pode, a rotina. 05: Ideias - A curiosidade intelectual é um as pecto de O longamente reconhecido. Esse traço é visto não somente como uma busca ativa dos pró prios interesses intelectuais, mas também uma abertura mental e uma disposição a considerar ideias novas e, talvez, até não convencionais. 06: Valores - Prontidão para reexaminar valo res sociais, familiares, políticos e/ou religiosos.
Facetas de Extroversão (E - Extraversion) El: Acolhimento (Acolhimento Caloroso) - Rela cionada a afeto e amizade. No campo interpessoal esta é a faceta de E que está mais próxima de A. E2: Gregarismo - Caracteriza a preferência pela companhia das outras pessoas, estimulação social. E3: Assertividade - Relacionada à dominân cia, liderança e independência. Não se deve con fundir essa faceta com agressividade verbal. E4: Atividade - Representa agilidade, ener gia, vigor e necessidade de movimento. E5: Busca de sensações - Caracteriza busca de excitação e estimulação. Essa faceta é semelhan te ao construto Busca de Sensações (Sensation Seeking), de Zuckerman (1979). E6: Emoções positivas - Tendência a expe rienciar emoções positivas tais como alegria, amor e animação. Diversos estudos têm mostra do que é a faceta mais relevante para a predição de felicidade. 18
Facetas de Amabilidade (A - Agreeableness) Al: Confiança - Disposição a acreditar que os outros são honestos e bem-intencionados. A2: Franqueza - Relacionada à própria since ridade, à lealdade para com a verdade. A3: Altruísmo - Representa uma preocupação ativa com o bem-estar dos outros, demonstrando generosidade e disposição para assistir aqueles que precisam de ajuda. A4: Complacência - Considera as reações aos conflitos interpessoais. Tendência a deferir em favor dos outros, a fim de evitar situações disruptivas. A5: Modéstia - Relacionada à humildade, simplicidade e menor vaidade. Não se deve con fundir com falta de auto-estima. A6: Sensibilidade - Caracteriza atitudes de simpatia, compaixão e preocupação pelo lado humano das políticas sociais. Facetas de Conscienciosidade (C - Conscien tiousness) Cl. Competência — Refere-se a percepção da pessoa de que é capaz, sensível, prudente e efeti va. Das facetas de C, esta é a mais altamente as sociada com a auto-estima e controle interno 02: Ordem - Caracteriza atitudes de organi zação, planejamento, preparação, metodismo.
NEO Pl-R - Inventário de Personalidade NEO REVISADO e Inventário de Cinco Fatores NEO REVISADO - NEO-FFI-R
C3: Senso do dever - Relacionada ao cumpri mento das obrigações sociais, morais ou éticas. C4: Esforço por realizações - Caracteriza a tendência a aspirar altos níveis e atitudes para alcançá-los C5: Autodisciplina - Representa a habilida de em começar tarefas e conduzi-las até o fim independentemente de tédio, fastio ou outras distrações. Essa faceta não deve ser confundida com a Impulsividade. C6: Ponderação - Caracteriza a tendência a pen sar, a deliberar cuidadosamente antes de agir. Amostras
do estudo de
NORMATIZAÇÃO DO
NEO PI-R
Segundo a versão americana do NEO PI-R (Costa & McCrae, 1992a), a construção das esca las e/ou o estabelecimento de normas americanas foram feitas com base, principalmente, em duas amostras longitudinais, embora outras amostras pequenas participaram também. Essas amostras serão descritas a seguir. O Estudo Normativo de Envelhecimento (ENE). Participaram 2.000 voluntários do Vete rans Administration’s Normative Aging Study da cidade de Boston. A maioria representava idosos de raça branca e do sexo masculino, os quais completaram uma variedade de testes psicológicos. O recrutamento foi feito seguindo critérios de bom estado de saúde física e mental assim como estabilidade geográfica, fatores estes necessários para garantir o retorno de avalia ções periódicas. Em geral, a amostra podia ser considerada representante de adultos normais do sexo masculino. O Estudo Longitudinal Ampliado sobre o Envelhecimento de Baltimore (ELEB). O NEO PI fazia parte de uma bateria de avaliações lon gitudinais do Estudo Longitudinal de Envelhe cimento de Baltimore, um programa de pesquisa conduzido em 1980 pelo Instituto Nacional de Envelhecimento (National Institute on Aging). O recrutamento foi feito mediante uma técnica, chamada por Costa e McCrae (1992a) de “bola
de neve”, na qual voluntários já participantes do programa convidavam seus amigos e familiares para entrarem no projeto. A maioria dos volun tários exercia, ou já tinha exercido, ocupações profissionais, gerenciais ou científicas. Assim, possuíam um nível de educação consideravel mente maior que a população geral. Contudo, os autores alegam haver evidências que os volun tários não destoavam, de forma acentuada, das amostras nacionais no que se refere à distribui ção dos traços de personalidade. Os dois estudos (ENE e ELEB) originalmente se propunham a avaliar somente homens, mas em 1978 a investigação estendeu-se às mulhe res. Na ampliação (ELEB), participaram um grupo de aproximadamente 400 homens e 300 mulheres. Em 1986, como parte de um estudo longitudinal de seis anos, um grupo de parti cipantes foi adicionado a esse grupo (Costa & McCrae, 1988b). Amostras de pares. Em 1983, os autores soli citaram aos membros do ELEB que convidassem amigos e vizinhos para que os avaliem. Essas avaliações serviram de base para a confirmação da estrutura pentafatorial da personalidade (McCrae & Costa, 1985b, 1987). Na década de 1990 solicitou-se aos participantes mais recentes do ELEB a indicação de novos avaliadores. Costa e McCrae (1992a) informam que esses dois gru pos de avaliadores tinham semelhanças entre si e entre as pessoas avaliadas, ou seja, eles eram, em sua maioria, de raça branca e bem educados assim como tendiam a ter a mesma idade e sexo como os que eles avaliavam. Foram recrutados aproxima damente 300 avaliadores e incluídos no banco de dados normativo para Forma R do NEO PI-R. Amostra de trabalhadores. A versão final do NEO PI-R (compreendendo as cinco dimensões e 30 facetas) foi administrada a aproximadamente 1.800 homens e mulheres funcionários de uma grande organização americana (Costa, McCrae & Dye, 1991). Costa e McCrae (1992a) informam que, diferentemente das amostras do ELEB, a amostra de empregados era consideravelmente mais nova em idade, pois a maioria estava na 19
View more...
Comments