Manual de Técnicas de Socorrismo V4

November 27, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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UFCD 4478

T É C N I C A S D E SOCORRISMO PRINCÍPIOS PRINCÍP IOS BÁSICOS

 20 16

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ÍNDICE 1.  Objetivos..................................................................................................................2 2. Conteúdos :......................................................... :.............................................................................................................. ..................................................... 2 3. Socorrismo, técnicas de socorrismo.........................................................................3 3.1. Objetivos Do Primeiro Socorro.............................................................................3 3.2. Cadeia de Sobrevivência.......................................................................................8 3.3. Exame geral da vítima.........................................................................................11 3.4 Reanimação /Suporte Básico de Vida (SBV).......................................................16 4. ASFIXIA/SUFOCAÇÃO.......................................................................................22 5. CORPOS ESTRANHOS........................................................................................24 5.1. No olho................................................................................................................24 5.2. No ouvido............................................................................................................25 5.3 Nas vias respiratórias............................. respiratórias........................................................................................... .............................................................. 26 6. DESMAIO/PERDA SÚBITA DE CONSCIÊNCIA..............................................26 7. ELETROCUSSÃO (CHOQUE ELÉTRICO)........................................................28 8. ENTORSE..............................................................................................................28 9. ENVENENAMENTO............................................................................................29 10. EPISTAXIS/Hemorragia Nasal........................................................................... 32 11. FERIDAS.............................................................................................................33 12. FRATURAS.........................................................................................................35 13. Crise de Hipoglicémia (Diabetes)........................................................................36 15. Convulsão.............................................................................................................38 16. Crise Asmática..................................................................................................... Asmática............................................................... ...................................... 40 BIBLIOGRAFIA:...................................................................................................... 42

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ÉCNICAS DE  S M ANUAL DE  T   T ÉCNICAS  SOCORRISMO PRINCÍPIOS BÁSICOS

1. Obj Objeti etivos vos • Aplicar técnicas básicas de socorrismo; • Definir corretamente uma ação de Primeiros Socorros, finalidades do socorrismo e características do socorrista; • Efetuar o exame primário da vítima corretamente de forma a evitar segundo trauma ou evitar agravamento das lesões apresentadas; • Saber estabelecer uma correta colaboração com as equipas de socorro especializado, prestando informações que sejam importantes para um correto pré diagnóstico da situação, sendo ativados os meios apropriados; • Identificar precocemente uma paragem cárdio-respiratória ou obstrução das vias aéreas, saber executar os protocolos, de forma a recuperar ou manter a sobrevivência destas vítimas até à chegada dos meios de socorro adequados.

2. Con Conteú teúdos dos : • Socorrismo, técnicas de socorrismo • Exame geral da vítima (sintomatologia) • Plano de ação do socorrista • Choque • Asfixia, respiração artificial • Intoxicações • Traumatismos • Lesões (articulares, musculares e ósseas) • Queimaduras • Feridas • Hemorragias (pulsação, garrote)

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3.  Socorrismo, técnicas de socorrismo A prestação de primeiros socorros só pode ser feita tendo a formação adequada. Os princíp prin cípios ios dos primei primeiros ros socorr socorros os são são:: preser preservar var a vida, vida, preven prevenir ir danos danos maiore maioress e promover a recuperação.

Se não frequentou nenhum curso de formação em primeiros socorros, não deverá tentar prestá-los, porque a ajuda que tentar dar pode não ser útil e até prejudicar o acidentado. Há uma técnica – a posição lateral de segurança – que é bastante simples de aplicar. Este é o único procedimento a ser levado a cabo por quem não possui formação em primeiros socorros.

3.1. Objetivos Do Primeiro Socorro 1ºPrevenir 1ºPrevenir 2ºAlertar 2ºAlertar 3ºSocorrer 3ºSocorrer

O que é um primeiro socorro? Primeiro socorro é o tratamento inicial e temporário ministrado a acidentados e/ou vítimas de doença súbita, num esforço de preservar a vida, diminuir a incapacidade e minorar o sofrimento.

O primeiro socorro consiste, conforme a situação na: 

  proteção de feridas,



  imobilização de fraturas, fraturas,



  controlo de hemorragias hemorragias externas, externas,



  desobstrução das vias respiratórias respiratórias e



  realização de manobras manobras de Suporte Básico de Vida (SBV).

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Quaalq Qu lque uerr pes pessoa soa po pode de e dev deve te terr fo form rmaaçã ção o em prim primeeiros iros so soco corr rro os. A su suaa implementação não substitui nem deve atrasar a ativação dos serviços de emergência médica, mas sim impedir ações intempestivas, alertar e ajudar, evitando o agravamento do acidente.

Qualidades do socorrista: - Autocontrolo e sentido de responsabilidade; - Capacidade de organização e liderança; - Capacidade de comunicação; - Capacidade para tomar decisões; - Compreensão e respeito pelo outro; - Consciência das suas limitações.

Peran Per ante te uma uma do doen ença ça súbi súbita ta ou um ac acid iden ente te grav grave, e, co como mo ativ ativar ar os se serv rviço içoss de emergência médica?

a) Informar claramente claramente o local onde se encontra a vítima; b) Relatar de forma simples como se deu o acidente; c) Dar indicações precisas precisas sobre o estado estado da vítima; vítima; d) Pedir a quem atend atendeu eu a chamada chamada para repetir repetir a mensagem, mensagem, a fim de verificar verificar se esta foi devidamente entendida; e) Contactar Contactar a família da vítima (de preferência preferência o encarrega encarregado do de educação, se se tratar de um aluno). Promover um ambiente calmo, afastando eventuais curiosos e evitando comentários; f) Acalmar e, se possível, possível, pedir informações à vítima sobre o sucedido; g) Executa Executarr os primei primeiros ros socorros socorros de acordo acordo com o estado estado da vítima vítima e as lesões lesões sofridas, seguindo as instruções contidas neste manual.

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kit de emergência transportável É essencial num kit de emergência ter disponível e acessível material que o auxilie na prestação de primeiros socorros.

Como organizar o kit? Assegure que este contém o material indispensável e necessário. O estojo de primeiros socorros deve, no mínimo, conter: • 2 Pares de luvas esterilizadas, para evitar infeções. Também deve usá-las para sua proteção, mesmo que não estejam esterilizadas; • Pensos e compressas esterilizadas para estancar hemorragias; • Anti-séptico para desinfeção da pele; • Pomada para queimaduras; • Ligaduras e adesivos de vários tamanhos e larguras; • Soro fisiológico, nomeadamente para lavagem ocular; • Termómetro; • Algodão; • Medicamentos de prescrição médica tomados regularmente.

Também será bom ter: ter: • Tesoura e pinça; • Medicamento de venda livre (sem receita médica) para alívio da dor e da febre, para obstipação e diarreia.

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O SIEM Portugal tem, desde 1981, um Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). O SI SIEM EM é de um co conj njun unto to de entid entidad ades es que que co coop oper eram am co com m um obje objetiv tivo: o: pr pres esta tarr assistência às vítimas de acidente ou doença súbita. Essas entidades são a PSP, a GNR, o INEM, os Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa e os Hospitais e Centros de Saúde.

O IN INEM EM é o or orga gani nism smo o do Mini Minist stér ério io da Saúd Saúdee resp respon onsá sáve vell por por co coor orde dena narr o funcionamento, no território de Portugal Continental, do SIEM.

Conjunto de ações coordenadas, de âmbito extrahospitalar, hospitalar e inter-hospitalar, que resultam da intervenção ativa e dinâmica dos vários componentes do sistema de saúde nacional, de modo a possibilitar uma atuação rápida, eficaz e com economia de meio me ioss em situ situaç açõe õess de emer emergê gênc ncia ia médi médica ca.. Comp Compre reen ende de toda toda a ativ ativid idad adee de urgência/emergência, nomeadamente o sistema de socorro pré-hospitalar, o transporte, a receção hospitalar e a adequada referenciação do doente urgente/emergente.

FASES DO SIEM Tend Tendo o como como base base o símb símbol olo o da ‘E ‘Est stre rela la da Vida Vida’, ’, a ca cada da uma uma das das su suas as pont pontas as corresponde uma fase do SIEM.

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Deteção: Corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência de uma ou mais vítimas de doença súbita ou acidente. Alerta: É a fase em que se contactam os serviços de emergência, utilizando o Número Europeu de Emergência - 112. Pré-socorro: Conjunto de gestos simples que podem e devem ser efetuados até à chegada do socorro. Socorr Soc orro: o: Corres Correspon ponde de aos cuidad cuidados os de emergê emergênci nciaa ini inicia ciais is efetua efetuados dos às vít vítima imass de doença súbita ou de acidente, com o objetivo de as estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade. Trans Tra nspo port rte: e: Cons Consis iste te no tr tran ansp spor orte te assi assist stid ido o da ví víti tima ma numa numa ambu ambulâ lânc ncia ia co com m características, tripulação e carga bem definidas, desde o local da ocorrência até à unidade de saúde adequada, garantindo a continuidade dos cuidados de emergência necessários. Tratamento na Unidade de Saúde: Esta fase corresponde ao tratamento no serviço de saúde mais adequado ao estado clínico da vítima. Em alguns casos excecionais, pode ser necessária a intervenção inicial de um estabelecimento de saúde onde são prestados cuidados imprescindíveis para a estabilização da vítima, com o objetivo de garantir um trans tra nspor porte te mais mais seguro seguro para para um hospit hospital al mais mais diferen diferencia ciado do e/ou e/ou mais mais adequa adequado do à situação.

O Sistema começa quando alguém liga 112, o Número Europeu de Emergência. O atendimento das chamadas cabe à PSP e à GNR, nas centrais de emergência. Sempre que o motivo da chamada tenha a ver com a área da saúde, a mesma é encaminhada para os Centros os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do (CODU) do INEM.

Sempre que o CODU aciona um meio de emergência procura que o mesmo seja o que estáá mais est mais perto perto do local, local, indepe independe ndente ntemen mente te da entida entidade de a que perten pertence ce (INEM, (INEM, Bombeiros ou CVP).

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3.2. Cadeia de Sobrevivência À luz do conhecimento médico atual, considera-se que há três atitudes que modificam o resultado no socorro à vítima ví tima de paragem cárdio-respiratória (PCR): 1. Pedir Pedir ajuda ajuda,, aciona acionando ndo de imedia imediato to o Sistem Sistemaa Integr Integrado ado de Emergê Emergênci nciaa Médica Médica (SIEM); 2. Iniciar de imediato manobras de Suporte Básico de Vida (SBV); 3. Aceder Aceder à desfib desfibril rilhaç hação ão tã tão o precoc precoceme emente nte quanto quanto possív possível el mas apenas apenas quando quando indicado.

A   paragem cárdio-respiratória  é a paragem repentina do coração, que pode levar à morte em poucos minutos se o indivíduo não for rápida e corretamente atendido. Quando o coração deixa de bater, consequentemente o indivíduo deixa de respirar e a falta de oxigénio no cérebro leva à morte dos neurónios, que pode gerar uma lesão cerebral irreversível, em alguns casos.

Estes procedimentos sucedem-se de forma encadeada e constituem uma cadeia de atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge assim o conceito de Cadeia de Sobrevivência, composta por quatro elos ou ações, em que o funcionamento adequado de cada elo e a articulação eficaz entre os vários elos é vital para que o resultado final seja uma vida salva.

Os quatro elos da cadeia de sobrevivência são: 1.Alerta: Acesso precoce ao Sistema Integrado de Emergência Médica - 112 2. Suporte Básico de Vida: Início precoce de SBV 3. Desfibrilhação Automática Externa: Desfibrilhação precoce 4. Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce

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Fig. 1 – Elos da cadeia de sobrevivência

ACESSO PRECOCE O rápido acesso ao SIEM assegura o início da Cadeia de Sobrevivência. Cada minuto sem se ch cham amar ar o soco socorr rro o redu reduzz a poss possib ibililid idad adee de so sobr brev eviv ivên ênci ciaa da ví víti tima ma.. Para Para o func funcio iona name ment nto o adeq adequa uado do dest destee elo elo é fu fund ndam amen enta tall que que quem quem pr pres esen enci ciaa uma uma determinada ocorrência seja capaz de reconhecer a gravidade da situação e saiba ativar o sistema, ligando adequadamente   112   (para poder informar o quê, onde, como e quem). A incapacidade de adotar estes procedimentos significa falta de formação. A consciência de que estes procedimentos podem salvar vidas humanas deve ser incorporada o mais cedo possível na vida de cada cidadão.

SBV PRECOCE Paraa que Par que uma vítima vítima em perigo perigo de vida vida tenha tenha maior hipóte hipótese se de sobrev sobrevivê ivênci nciaa é fundamental que sejam iniciadas, de imediato e no local onde ocorreu a situação, manobras de SBV. Isto só se consegue se quem presencia a situação tiver a capacidade de iniciar o SBV. O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma circulação e alguma ventilação na vítima, até à chegada de socorro mais diferenciado para instituir os procedimentos de SAV.

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DESFIBRILHAÇÃO PRECOCE A maioria das PCR no adulto ocorrem devido a uma perturbação do ritmo cardíaco a que se chama Fibrilhação Ventricular (FV). Esta perturbação do ritmo cardíaco caracteriza-se por uma atividade elétrica caótica de todo o coração, em que não há contração do músculo cardíaco e, como tal, não é bombeado sangue para o organismo. O único tratamento eficaz para esta arritmia é a desfibrilhação que consiste na aplicação de um choque elétrico, externamente a nível do tórax da vítima, para que a passagem da co corr rren ente te elétr elétric icaa pe pelo lo co cora ração ção pare pare a ativ ativida idade de ca caót ótic icaa que que es este te apre aprese sent nta. a. A desfibrilhação eficaz é determinante na sobrevivência de uma PCR. Também este elo da cadeia deve ser o mais precoce possível. A probabilidade de conseguir tratar a FV com sucesso depende do fator tempo.

A desfibrilhação logo no 1º minuto em que se instala a FV pode ter uma taxa de sucesso próxima dos 100%, mas ao fim de 8-10 minutos a probabilidade de sucesso é quase nula.

SAV PRECOCE Este elo da cadeia de sobrevivên sobrevivência cia é uma “mais-valia”. “mais-valia”. Nem sempre sempre a desfibrilha desfibrilhação ção é eficaz, por si só, para recuperar a vítima. Outras vezes a desfibrilhação pode não ser sequer seq uer indica indicada. da. O SAV permit permitee conseg conseguir uir uma ventil ventilaçã ação o mais mais efi eficaz caz (atrav (através és da entu entuba baçã ção o endo endotr traq aque ueal al)) e uma uma ci circ rcul ulaç ação ão tamb também ém mais mais efic eficaz az (atr (atrav avés és da administr admini straç ação ão de fármac fármacos) os).. Idealm Idealment ente, e, o SAV deverá deverá ser ini inicia ciado do ainda ainda na fase fase pré-h pré-hos ospi pita tala larr e co cont ntin inua uado do no hosp hospit ital al,, pe perm rmit itin indo do a es esta tabi biliz lizaç ação ão da dass ví víti tima mass recuperadas de PCR. In Inte tegr gram am tamb também ém este este elo os cu cuid idad ados os póspós-re rean anim imaç ação ão,, que que têm têm o ob objet jetiv ivo o de preservar as funções do cérebro e coração.

A   Cadeia de Sobrevivência representa, Sobrevivência  representa, simbolicamente, o conjunto de procedimentos que permitem salvar vítimas de paragem cárdio-respiratória. Para que o resultado final possa ser, efetivamente, uma vida salva, cada um dos elos da cadeia é vital e todos Page 10

 

devem ter a mesma força. Todos os elos da cadeia são igualmente importantes: de nada serve ter o melhor SAV se quem presencia a PCR não souber ligar 112.

3.3. Exame geral da vítima Para iniciar o socorro às vítimas devemos estabelecer prioridades consoante a gravidade das situações.

O diagnóstico da situação é feito através da Observação do Local e das Vítimas como forma de obtermos o máximo de informação possível sobre o tipo de ocorrência e o estado das mesmas.

Uma vez verific verificad adaa a segura segurança nça do local, local, deve ser realizada realizada de forma forma célere célere uma avaliação inicial.

A avaliação da vítima divide-se em duas partes:  avaliação inicial (primária) e (primária)  e  avaliação secundária.. secundária

Avaliação Inicial Antes de qualquer outra atitude no atendimento às vítimas, deve-se obedecer a uma sequência padronizada de procedimentos que permitirá determinar qual o principal problema associado com a lesão ou doença e quais serão as medidas a serem tomadas para corrigi-lo. Essa sequência padronizada de procedimentos é conhecida como exame do paciente. Durante o exame, a vítima deve ser atenta e sumariamente examinada para que, com base nas lesões sofridas e nos seus sinais vitais, as prioridades do atendimento sejam estabelecidas. O exame do paciente leva em conta aspetos subjetivos, tais como:

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  O local da ocorrência. ocorrência. É seguro? Será necessário necessário moviment movimentar ar a vítima? Há mais de uma vítima? Pode-se dar conta de todas as vítimas?



  A vítima. Está consciente? consciente? Tenta falar alguma coisa ou aponta para qual qualquer quer parte do corpo dela.



  As testemunhas. testemunhas. Elas estão tentando tentando dar alguma alguma informação? informação? O socorrista socorrista deve ouvir o que dizem a respeito dos momentos que antecederam o acidente.



  Mecani Mecanismo smoss da lesão. lesão. Há algum algum objet objeto o caído caído próxim próximo o da vítima vítima,, como como escada escada,, moto, bicicleta, andaime e etc. A vítima pode ter sido ferida pelo volante do veículo?



  Deformidades e lesões. A vítima está caída em posição estranha? Ela está queimada? Há sinais de esmagamento de algum membro?



  Sinais. Sinais. Há sangue sangue nas vestes ou ao redor da vítima? vítima? Ela vomitou? vomitou? Ela está tendo convulsões?

As informações obtidas por esse processo, que não se estende por mais do que alguns segundos, são extremamente valiosas na sequência do exame, que é subdividido em duas partes: a análise primária e secundária da vítima. 2.1. Análise Primária A análise primária é uma avaliação realizada sempre que a vítima está inconsciente e é necessária para se detetar as condições que colocam em risco iminente a vida da vítima. Ela se desenvolve obedecendo às seguintes etapas: 

  determinar inconsciência;



  abrir vias aéreas;



  Verificar a respiração;



  Verificar a circulação; e



  Verificar grandes hemorragias.

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Exame Primário As prioridades durante a avaliação de uma vítima são as seguintes: 1) Garantir a segurança da vítima, de terceiros e da equipa durante toda a intervenção; 2) Identificar e corrigir as situações que implicam risco de vida; 3) Não agravar o estado da vítima; 4) Limitar o tempo no local ao mínimo necessário para estabilizar a vítima, iniciar a correção das situações que carecem de intervenção e preparar o seu transporte em segurança; 5) Re Reco colhe lherr infor informa maçõ ções es relev relevan ante tes: s: CHAM CHAMU U (Circ (Circun unst stân ância cias, s, Hi Hist stór ória ia,, Alerg Alergia ias, s, Medicação e Última refeição).

As seguintes 5 etapas constituem a avaliação inicial ou primária da vítima, pela seguinte ordem de prioridade: A. A. Airway:  Airway: Permeabilização da Via Aérea com controlo da coluna Cervical; B. B. Breathing:  Breathing: Ventilação e Oxigenação; C. C. Circulation:  Circulation: Assegurar a Circulação com controlo da Hemorragia; D. D. Disability:  Disability: Disfunção Neurológica; E. Expose/Environment: Exposição com controlo de Temperatura.

Primeiramente vamos avaliar o estado de consciência da vítima. Como vamos fazer? A vítima está consciente ou inconsciente? 

  Responde ou não a estímulos verbais, isto é, responde a perguntas simples como o nom nome, a id idaade, reco record rdaa o que que ac acon onttec eceu eu (ten (tenta tarr ch chaamar mar a pes esso soa, a, perguntar-lhe o nome, pedir para abrir os olhos);



  Responde a estímulos dolorosos (bater levemen levemente te nos ombros).

1ª Situação: A Situação: A Vítima está Consciente Aproveitar o facto de a vítima estar ainda consciente para se conseguir o máximo de Page 13

 

informações possível, pois em qualquer altura o estado de consciência pode alterar-se. O que devemos perguntar? 

  Consegue mobilizar (mexer) os seus membros (braços (braços e pernas)?



  Tem dores? Onde? Onde? Em que zonas zonas do seu corpo?



  Tem sensibilidade no seu seu corpo (sente tocar no corpo)? corpo)?



  Onde estamos a tocar?



  Apresenta outras lesões?

2ª Situação: A Situação: A Vítima está Inconsciente O que devemos fazer? Dado que a vítima não nos consegue transmitir nenhum tipo de informação porque está inconsciente, uma das prioridades será Pesquisar será Pesquisar as Funções Vitais e Identificar a Causa que desencadeou a inconsciência. Para isso, é necessário:    Avaliar 

a Ventilação (VOS) Ventilação (VOS)::

  VER: verificar se existem movimentos movimentos respiratórios da ca caixa ixa torácica (se o tórax sobe e desce);



  OUVIR: tentar ouvir a respiração;



  SENTIR: sentir o ar expirado expirado (a sair).

Durante 10 segundos



  Avaliar a Circulação: Pesquisar Pesquisar o pulso, em ambos os membros superiores (braços) ou na artéria carótida (pescoço). Durante 10 segundos

Exame Secundário Em que consiste o Exame Secundário? O Exam Examee Secu Secund ndár ário io co cons nsis iste te numa numa obse observ rvaç ação ão mais mais de deta talh lhad adaa da ví víti tima ma,, e em interrogar a mesma, uma vez que todas as informações prestadas pela vítima são uma mais-valia para se efetuar o diagnóstico da situação, pelo que devemos registar estas informações não só para nós, mas para as transmitirmos aos profissionais de saúde. Page 14

 

Existem 2 conjuntos de informações relevantes e que são: SINAIS- É tudo aquilo que se Observa na vítima, como o diâmetro pupilar, a palidez, o rubor, a existência ou não de pulso. SINTOMAS- É tudo aquilo que a própria vítima diz Sentir, como a dor, as náuseas e vómitos, as tonturas, a sensação de frio ou de calor.

Observ Obs ervaçã ação o da Face: Face:   Verif Verific icar ar a ex exis istê tênc ncia ia de lesõ lesões es na face face co como mo por por ex exem empl plo o escoriações, queimaduras, edemas ou equimoses. Obse Ob serv rvaç ação ão da Pele Pele::   Color Coloraçã ação o (norma (normal,l, conges congestio tionad nada, a, pálida pálida ou cianos cianosad ada); a); Temperatura (normal, quente ou fria); Grau de humidade da Pele (normal, seca ou suada); Obse Ob serv rvaç ação ão das das Pupi Pupila las: s:   Diâm Diâmetr etro o (n (nor orma mal, l, di dila lata tada da ou co cont ntra raíd ída) a);; Sime Simetr tria ia (comparação dos diâmetros de ambas as pupilas); Reação à luz (Sim ou Não).

Posição Lateral de Segurança A Posição Lateral de Segurança (PLS) deve ser utilizada nas pessoas inconscientes que mantenham a ventilação. Esta posição previne a obstrução das vias aéreas superiores, permitindo uma melhor ventilação. Lateral - porque o indivíduo está deitado de Lado De segurança - porque liberta as vias respiratórias, impedindo a queda da língua para trás e a obstrução das vias aéreas pelo sangue, vómitos e mucosidade. O que deve fazer (Fig. 2): • Com a vítima deitada, rodar a cabeça para o lado (para impedir a queda da língua para trás e a sufocação por sangue, vómitos ou secreções); • Pôr o braço do lado para onde virou a cabeça ao longo do corpo; • Fletir a coxa do lado oposto; • Rodar lentamente o bloco cabeça-pescoço-tronco, mantendo a vítima estável; • Manter a posição da cabeça virada para o lado. Page 15

 

Fig. 2- Posição lateral de segurança

Posição do Socorrista:    Coloca-se do lado para o qual pretende virar a    Coloca    Uma

vítima;

um joelho em terra, terra, os braços estendidos, as costas direitas;

das mãos sobre o joelho fletido e a outra outra sobre o cotovelo.

Colocação da Vítima em Posição Lateral de Segurança:    Girar

lentamente lentamente o bloco cabeça/pescoço cabeça/pescoço/tron /tronco co através através de um movimento de

báscula; puxar com suavidade a cabeça para trás, com a boca aberta;    Ajeitar a

perna que fica por cima, de forma a formar um ângulo reto;

   Manter

a via aérea permeável, puxando a cabeça ligeiramente para trás de

forma a evitar a queda da língua e aspiração de vómito;    Cobrir a

vítima;

   Vigiar a

respiração e o pulso pulso frequentemente;

   Ajeitar

o ombro da vítima.

3.4 Reanimação /Suporte Básico de Vida (SBV) O QUE É O SUPORTE BÁSICO DE VIDA? O SBV consiste num conjunto de procedimentos realizados sem recurso a equipamento específico e que tem como objetivo a manutenção da vida e o ganho de tempo, até à chegada de ajuda especializada. O SBV inclui: • Avaliação inicial (verificar condições de segurança e se a vítima responde); Page 16

 

• Permeabilização das vias respiratórias; • Ventilação com ar expirado (respiração boca a boca); • Compressão do tórax (compressão cardíaca externa).

Causas mais frequentes de paragem respiratória: • Obstrução das vias respiratórias por corpo estranho; • Afogamento; • Eletrocussão (choque elétrico); • Traumatismo craniano.

O que deve fazer: Perante uma vítima inerte, aparentemente inconsciente, deve verificar: 

  Se está inconsciente (verificar se se responde);



  Se respira (ver os movimentos movimentos respiratór respiratórios, ios, ouvir os sons respiratóri respiratórios os junto à boca da vítima e sentir o ar na face, durante dez segundos);



  Se tem sinais de circulação circulação (verificar se existe movim movimento ento e verificar o pulso na artéria carótida, localizada no pescoço).

Estes procedimentos podem salvar a vida, sobretudo quando a causa de paragem cárd cá rdio io-re -resp spir irat atór ória ia es está tá es esse senc ncia ialm lmen ente te re rela laci cion onad adaa co com m a ob obst stru rução ção da vi viaa respiratória.

PERMEABILIZAÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS 1. Deve Deve ce cert rtif ifica icarr-se se que que as vias vias resp respir irat atór ória iass se enco encont ntra ram m deso desobs bstr truí uída dass e proceder como recomendado; 2. Manter a vítima na posição em que foi encontrada (se possível), colocar-lhe uma mão na testa, exercendo uma ligeira pressão para provocar a extensão da cabeça (Fig.3). Page 17

 

Manter o polegar e o indicador livres para tapar o nariz, caso seja necessário iniciar a ventilação boca a boca; 3. Com a ponta de dois dedos da outra mão colocados por debaixo do maxilar inferior, levantar o queixo da vítima (Fig. 3). Esta manobra pode ajudar a reiniciar a respiração; 4. Se tiver dificuldade em executar estas manobras na posição inicial, mobilizar a vítima, virando-a de costas e proceder como recomendado nos pontos 1 e 2.

Fig.3

MUITA ATENÇÃO:   se houver suspeita de traumatismo cervical, fazer a extensão do queixo sem mobilizar nem fletir a cabeça.

Técnica de compressão cardíaca externa - SBV NO JOVEM/ADULTO A decisão de iniciar o Suporte Básico de Vida (SBV) é tomada quando a vítima não responde e não respira normalmente. Os reanimadores devem colocar a mão no centro do tórax; A relação compressões-ventilações no jovem/adulto é de trinta compressões para duas insuflações (30:2); A reanimação começa por 30 compressões torácicas, a iniciar imediatamente a segu seguir ir à co conf nfirm irmaç ação ão de para parage gem m cá cárd rdio io-r -res espi pira rató tóri riaa e não não pela pelass ci cinc nco o ventilações iniciais.

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Compressões Torácicas

Compressões / Ventilação

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30: 

Ventilações

- 

  Soprar, observando observando a expansão do tórax da vítima



  Insuflações lentas (duração 1 segundos) segundos)



  Deixar sair o ar mantendo mantendo posicionamento da cabeça



  Repetir o procedimento procedimento

-

Compressões / Ventilação Page 20

 

30   : 

NÃO PÁRA ATÉ:  Chegada de SAV  Exaustão  Retorno de ventilação normal - Reavaliação

Em suma:

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Fig. 6 – Suporte Básico de Vida

Atenção: Logo que a vítima respire normalmente, colocá-la em Posição Lateral de Segurança (PLS) e mantê-la mantê-la confortave confortavelmente lmente aquecida. aquecida. Em qualquer qualquer situação, mesmo de aparente aparente recuperação total, a vítima deve ser enviada ao Hospital. É uma situação grave que necessita transporte urgente para o Hospital.

ASFIXIA/SUFOCAÇÃO AÇÃO 4. ASFIXIA/SUFOC Dificuldade respiratória que leva à falta de oxigénio no organismo. As causas podem ser variadas, sendo a mais vulgar a obstrução das vias respiratórias por corpos estranhos (objet (ob jetos os de pequen pequenas as dimens dimensões ões,, alimen alimentos tos mal mastig mastigad ados, os, etc.). etc.). Outra Outrass causas causas possíveis de asfixia são: ingestão de bebidas ferventes ou cáusticas, pesos em cima do peito ou costas, intoxicações diversas, paragem dos músculos respiratórios. Quando algo bloqueia a passagem de ar, não há tempo suficiente para esperar pela chegada de um socorro médico. A pessoa mais próxima precisa de agir rapidamente.

Sinais e Sintomas Confor Con forme me a gravid gravidade ade da asfixia asfixia,, podem podem ir desde desde um estado estado de agita agitação ção,, lividez lividez,, dilatação dilata ção das pupilas pupilas (olhos), (olhos), respiração respiração ruidosa ruidosa e tosse, tosse, a um estado de inconsciênci inconsciência, a, com paragem respiratória e cianose (tonalidade azulada) da face e extremidades.

O que deve fazer A.  Numa criança pequena: Abra-lhe a boca e tente extrair o corpo estranho, se este ainda estiver visível, usando o seu dedo indicador em gancho ou uma pinça, mas sempre com muito cuidado para não Page 22

 

o empurrar! Caso Cas o não esteja visível, visível, coloqu coloquee a criança criança de cabeça cabeça para baixo baixo e dê-lhe dê-lhe algumas algumas pancadas a meio das costas, entre as omoplatas, com a mão aberta (figs. 7).

Fig.7

B. B. No  No jovem/adulto: O socorrista deve atuar de imediato, aplicando 5 palmadas entre os ombros. Se não surgir efeito deve aplicar a MANOBRA a MANOBRA DE HEIMLICH! HEIMLICH!

Como efetuar a Manobra de Heimlich? 1. Coloque-se atrás da vítima com um pé ao lado e outro ligeiramente atrás da mesma e com os braços a envolver o abdómen da vítima; 2. Coloque a sua mão fechada, abaixo do esterno e ligeiramente acima do umbigo, com o polegar para dentro, contra o abdómen da vítima; 3. Agarre firmemente o punho com a outra mão; 4. Efetue 5 compressões abdominais, para dentro e para cima, de modo a aumentar a pres pressã são o torá toráci cica ca,, qu quee irá ex expu puls lsar ar o ob obje jeto to.. Note Note que que ca cada da co comp mpre ress ssão ão de deve ve se serr suficientemente forte para deslocar a obstrução, mas não agressiva de forma a causar fratura; 5. Reavalie a vítima, verificando se ainda tosse ou se já respira, verificando se o corpo estranho saiu pela boca; 6. Se não não ob obti tive verr êx êxito ito,, repi repita ta a mano manobr braa de Heim Heimlic lich, h, tant tantas as ve veze zess qu quan anto to as necessárias. Page 23

 

Se a respiração não se restabelecer e a vítima continuar cianosada (tonalidade azulada), inicie o Suporte Básico de Vida. Logo que a respiração estiver restabelecida, ative o Serviço de Emergência Médica para o transporte da vítima para o Hospital.

Fig. 8

Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos, as ativ ativid idad ades es cere cerebra brais is cess cessar arão ão tota totalm lmen ente te,, pode podend ndo o leva levarr à mort morte e da víti vítima ma.. O oxigénio é vital para o cérebro!

5. CORPOS ESTRANHOS Corpos estranhos são corpos que penetram no organismo, através de qualquer orifício, ou após uma lesão de causa variável. Os corpos estranhos podem encontrar-se mais frequentemente nos olhos, nariz, ouvidos ou vias respiratórias.

5.1. No olho Os mais frequentes são: grãos de areia, insetos e limalhas.

SINAIS E SINTOMAS • Dor ou picada local; • Lágrimas; • Dificuldade em manter as pálpebras abertas. Page 24

 

O QUE DEVE FAZER • Abrir as pálpebras do olho atingido com muito cuidado; • Fazer correr água sobre o olho, do canto interno, junto ao nariz, para o externo (fig. 9); • Repetir a operação duas ou três vezes; • Se não obtiver resultado, fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma compressa e adesivo, e enviar ao Hospital.

Fig.9

O QUE NÃO DEVE FAZER • Esfregar o olho; • Tentar remover o corpo estranho com lenço, papel, algodão ou qualquer outro objeto.

5.2. No ouvido Os corpos estranhos mais frequentes são os insetos.

SINAIS E SINTOMAS Pode existir surdez, zumbidos e dor, sobretudo se o inseto estiver vivo.

O QUE DEVE FAZER Se se tratar de um inseto, deitar uma gota de azeite ou óleo e depois enviar ao Hospital. Page 25

 

Outros corpos estranhos, enviar ao Hospital.

O QUE NÃO DEVE FAZER Tentar remover o objeto.

5.3 Nas vias respiratórias Os corpos estranhos podem causar perturbações nas vias respiratórias, de natureza variável de acordo com a sua localização.

SINAIS E SINTOMAS São também variáveis. Pode existir dificuldade respiratória, dor, vómitos e nos casos mais graves asfixia, que pode conduzir à morte.

No nariz Os mais frequentes, na criança, são os feijões ou objetos de pequenas dimensões, como botões e peças de brinquedos.

O QUE DEVE FAZER Pedir à criança para se assoar com força, comprimindo a narina contrária com o dedo, tentando assim que o corpo seja expelido. Se não obtiver resultado, enviar ao Hospital.

6. DESMAIO/PERDA SÚBITA DE CONSCIÊNCIA É provocado por falta de oxigénio no cérebro, à qual o organismo reage de forma automá aut omátic tica, a, com perda perda de consci consciênc ência ia e queda queda brusca brusca e desamp desampara arada da do corpo. corpo. Normalmente, o desmaio dura 2 a 3 minutos. Pode ter diversas causas: excesso de calor, fadiga, jejum prolongado, permanência de pé durante muito tempo, etc.

SINAIS E SINTOMAS • Palidez; Page 26

 

• Suores frios; • Falta de força; • Pulso fraco.

O QUE DEVE FAZER 1º. SE NOS APERCEBERMOS DE QUE UMA PESSOA ESTÁ PRESTES A DESMAIAR: (FIG.10) • Sentá-la; • Colocar-lhe a cabeça entre as pernas; • Molhar-lhe a testa com água fria; • Dar-lhe de beber chá ou café açucarados.

Fig. 10

2.º. SE A PESSOA JÁ ESTIVER DESMAIADA .(FIG.11) • Deitá-la com a cabeça de lado e as pernas elevadas acima do tórax; • Desapertar-lhe as roupas; • Mantê-la confortavelmente aquecida, mas, sempre que possível, em local arejado; • Logo que recupere os sentidos, dar-lhe uma bebida açucarada; • Consultar posteriormente o médico.

Fig. 11 Page 27

 

7. ELETROCUSSÃO (CHOQUE ELÉTRICO) Eletrocussão ou choque elétrico é uma situação provocada pela passagem de corrente elétrica através do corpo.

O QUE DEVE FAZER • Desligar o disjuntor para cortar imediatamente a corrente elétrica; • Ter o máximo cuidado em não tocar na vítima sem previamente ter desligado a corrente; • Prevenir a queda do sinistrado; • Aplicar o primeiro socorro conveniente:  – Reanimação Cárdio-respiratória.  – Aplicação de uma compressa ou de um pano bem limpo sobre a queimadura.

  UMA SITUAÇÃO GRAVE QUE NECESSITA TRANSPORTE URGENTE PARA O  H OSPITAL OSPITAL. É  UMA

O QUE NÃO DEVE FAZER • Tocar na vítima se estiver em contacto com a corrente elétrica; • Tentar afastar o fio de alta tensão com um objeto.

8. ENTORSE A entorse é uma lesão nos tecidos moles (cápsula articular e/ou ligamentos) de uma articulação.

SINAIS E SINTOMAS • A dor na articulação é gradual ou imediata; • Observa-se edema (inchaço) na articulação lesada; • Verifica-se imediata ou gradualmente uma incapacidade para mexer a articulação.

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O QUE DEVE FAZER • Evitar a movimentação da articulação lesionada e proceder à imobilização do membro; • Elevar o membro lesionado; • Aplicar gelo ou deixar correr água fria sobre a articulação; • Consultar posteriormente o médico.

9. ENVENENAMENTO O envenenamento é o efeito produzido no organismo por um veneno, quer este seja introduzido pela via digestiva, pela via respiratória ou pela pele.

A. ENVENENAMENTO POR VIA DIGESTIVA 9.1. PRODUTOS ALIMENTARES SINAIS E SINTOMAS Arrepi Arr epios os e sudaçã sudação o abunda abundante nte,, dores dores abdomi abdominai nais, s, náuse náuseas as e vómito vómitos, s, diarre diarreia, ia, vertigens, prostração, síncope (desmaio), agitação e delírio.

O QUE DEVE FAZER • Recolher informação junto da vítima, no sentido de tentar perceber a origem do envenenamento; • Manter a vítima confortavelmente aquecida.

  UMA SITUAÇÃO GRAVE QUE NECESSITA TRANSPORTE URGENTE PARA O  H OSPITAL OSPITAL. É  UMA

9.2. MEDICAMENTOS SINAIS E SINTOMAS Depe De pend ndem em do medi medica came ment nto o in inge geri rido do:: po pode de-s -see ob obse serv rvar ar vó vómi mito tos, s, dific dificul ulda dade de respiratória, perda de consciência, sonolência, confusão mental, etc.

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O QUE DEVE FAZER • Falar com a vítima no sentido de tentar obter o maior número possível de informações sobre o envenenamento; • Pedir Pedir imedia imediatam tament entee orient orientaçõ ações es para para o Centro Centro de Inform Informaçã ação o Anti-Ve Anti-Venen nenos os (CIAV) do INEM – 808 250 143; • Indicar o produto ingerido, a quantidade provável, a hora a que foi ingerido e a hora da última refeição; • Manter a vítima confortavelmente aquecida.

  UMA SITUAÇÃO GRAVE QUE NECESSITA TRANSPORTE URGENTE PARA O  H OSPITAL OSPITAL. É  UMA

9.3. PRODUTOS TÓXICOS Muitos produtos químicos são altamente tóxicos quando ingeridos: detergentes, outros produtos de limpeza, lixívia, álcool puro ou similares, amoníaco, pesticidas, produtos de uso agrícola ou industrial, ácidos (sulfúrico, clorídrico, nítrico e outros), gasolina, potassa cáustica, soda cáustica, etc.

SINAIS E SINTOMAS É importante recolher informação junto da vítima, ou de alguém perto desta, sobre o contacto com o veneno ou a presença de algum recipiente que possa ter contido ou contenha veneno. Os sintomas variam com a natureza do produto ingerido; podem ser: • Vómitos e diarreia; • Espuma na boca; • Face, lábios e unhas azuladas; • Dificuldade respiratória; • Queimaduras à volta da boca (venenos corrosivos); • Delírio e convulsões; • Inconsciência. Page 30

 

O QUE DEVE FAZER • Se a vítima estiver consciente, questioná-la no sentido de tentar obter o maior número possível de informações sobre o envenenamento; • Pedir imediatamente orientações para o Centro de Informação Anti-Venenos(CIAV) do INEM – 808 250 143; • Ingestão de álcool – Apenas neste caso, dar uma bebida açucarada; • Queimaduras nos lábios – Molhá-los suavemente com água, sem deixar engolir; • Contacto com os olhos – Afastar as pálpebras e lavar com água corrente durante 15 minutos; • Contaminação da pele – Retirar as roupas e lavar abundantemente com água durante 15 minutos.

O QUE NÃO DEVE FAZER • Dar de beber à vítima, pois pode favorecer a absorção de alguns venenos; • Provocar o vómito se a vítima ingeriu um cáustico, um detergente ou um solvente; • Aplicar quaisquer produtos nos olhos. Em caso caso de intoxi intoxicaç cação, ão, conduz conduzir ir a vítima vítima imediat imediatame amente nte ao Hospit Hospital, al, levan levando do amostras do veneno encontrado.

B. ENVENENAMENTO POR VIA RESPIRATÓRIA Os mais frequentes são o envenenamento pelo gás carbónico (fossas sépticas), pelo monóxi mon óxido do de carbon carbono, o, presen presente te nos gases gases de combu combustã stão o (brase (braseira iras, s, automó automóvei veis, s, esquen esq uentad tadore ores, s, aquecim aqueciment entos os a gás, gás, etc.) etc.) e pelo pelo gás propa propano/ no/bu butan tano o (gás (gás de uso doméstico).

SINAIS E SINTOMAS A vítima começa por sentir um ligeiro mal-estar, seguido de dor de cabeça, zumbidos, tonturas, náuseas, vómitos e uma apatia profunda ou confusão que a impede de fugir Page 31

 

do local onde se encontra.

Se a vítima não é rapidamente socorrida, este estado é seguido por perda gradual de consciência e coma.

O QUE DEVE FAZER • Entrar na sala onde ocorreu o acidente, contendo a respiração, e abrir a janela; • Voltar ao exterior para respirar fundo; • Entrar de novo e arrastar a vítima para o exterior, de preferência para o ar livre; • Ligar para o Centro de Informação Anti-Venenos (CIAV ) – 808 250 143; • Desapertar as roupas; • Se necessário, realizar o Suporte Básico de Vida.

 Atenção: Se se tratar de uma fossa séptica, não tente retirar a vítima sem utilizar máscara antigás. É uma situação grave que necessita transporte urgente para o Hospital.

10. EPISTAXIS/Hemorragia Nasal Epistaxis é a hemorragia nasal provocada pela rutura de vasos sanguíneos da mucosa do nariz. SINAIS E SINTOMAS • Saída de sangue pelo nariz, por vezes abundante e persistente. • Se a hemorragia é grande, o sangue pode sair também pela boca.

O QUE DEVE FAZER • Sentar a vítima com a cabeça direita no alinhamento do corpo (nem para trás, nem para a frente); • Comprimir com o dedo a narina que sangra, durante 10 minutos (Fig. 11); Page 32

 

• Aplicar gelo exteriormente, não diretamente sobre a pele; • Se a hemorragia não parar, introduzir um tampão coagulante na narina que sangra (“Spongostan”, por exemplo), fazendo ligeira pressão para que a cavidade nasal fique bem preenchida.

Fig. 12

O QUE NÃO DEVE FAZER: Não ponha a cabeça entre os joelhos nem a coloque para trás. O último é o pior porque existe a possibilidade da pessoa aspirar o próprio sangue para os pulmões ou para o estômago causando acesso de vómitos.

Atenção: Antes Ant es de qua qualqu lquer er pro proced cedime imento nto o soc socorr orrist istaa dev devee cal calçar çar luv luvas as des descar cartáv táveis eis.. Se a hemorragia persistir mais do que 10 minutos, transportar a vítima para o Hospital.

11. FERIDAS Uma ferida é uma solução de continuidade da pele, quase sempre de origem traumática, que além da pele (ferida superficial) pode atingir o tecido celular subcutâneo e muscular (ferida profunda).

O QUE DEVE FAZER • Antes de tudo, o socorrista deve lavar as mãos e calçar luvas descartáveis; • Proteger provisoriamente a ferida com uma compressa esterilizada; • Limpar a pele à volta da ferida com água e sabão; Page 33

 

• La Lava var, r, do ce cent ntro ro para para os bord bordos os da fe ferid rida, a, co com m água água e sa sabã bão, o, so soluç lução ão de clorhexidina, por ex. Hibiscrub, ou similar, utilizando compressas; • Secar a ferida com uma compressa através de pequenos toques, para não destruir qualquer coágulo de sangue; • Desinfetar com anti-séptico, por ex. Betadine em solução dérmica; • Depois de limpa, se a ferida for superficial e de pequenas dimensões, deixá-la preferencialmente ao ar, ou então aplicar uma compressa esterilizada; • Se a ferida for mais extensa ou profunda, com tecidos esmagados ou infetados, ou se contiver corpos estranhos, deverá proteger apenas com uma compressa esterilizada e encaminhar para tratamento por profissionais de saúde.   É uma situação grave que necessita transporte urgente para o Hospital.

O QUE NÃO DEVE FAZER • Tocar nas feridas sangrantes sem luvas; • Utilizar o material (luvas, compressas, etc.) em mais de uma pessoa; • Soprar, tossir ou espirrar para cima da ferida; • Utilizar mercurocromo ou tintura de metiolato (deve utilizar Betadine dérmico); • Fazer compressão direta em locais onde haja suspeita de fraturas ou de corpos estranhos encravados, ou junto das articulações; • Tentar tratar uma ferida mais grave, extensa ou profunda, com tecidos esmagados ou infetados, ou que contenha corpos estranhos. FERIDA NOS OLHOS O QUE DEVE FAZER • Deitar a vítima com a cabeça completamente imóvel e olhando para cima; • Cobrir o olho com compressas esterilizadas; • Evitar que a vítima tussa, prevenindo o aumento da pressão intra-ocular.

Atenção: Deve-se pensar na possibilidade de existir uma ferida no olho sempre que haja uma Page 34

 

ferida grave na face. É uma situação grave que necessita transporte para o Hospital.

12. FRATURAS Uma fratura é uma solução de descontinuidade no tecido ósseo. Em caso de fratura ou suspeita de fratura, o osso deve ser imobilizado. Qualquer movimento que provoque dores intensas deve ser evitado.

SINAIS E SINTOMAS Deve-se pensar na possibilidade de fratura sempre que haja um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: • Dor intensa no local; • Edema (inchaço); • Perda total ou parcial dos movimentos; • Encurtamento ou deformação do membro lesionado.

O QUE DEVE FAZER • Expor a zona da lesão (desapertar ou se necessário cortar a roupa); • Verificar se existem ferimentos; • Tentar imobilizar as articulações que se encontram antes e depois da fratura, utilizando talas apropriadas ou, na sua falta, improvisadas (Fig. 13/14).

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Fig. 13

Fig. 14

ATENÇÃO: • As fraturas têm de ser tratadas no Hospital; • As talas devem ser sempre previamente almofadadas e bastante sólidas. Quando improvisadas, podem ser feitas com barras de metal ou varas de madeira; • Se se utilizarem talas insufláveis, estas devem ser desinsufladas de 15 em 15 minutos para aliviar a pressão que pode dificultar a circulação do sangue.

O QUE NÃO DEVE FAZER • Tentar fazer redução da fratura, isto é, tentar encaixar as extremidades do osso partido; • Provocar apertos ou compressões que dificultem a circulação do sangue; • Procurar, numa fratura exposta, meter para dentro as partes dos ossos que estejam visíveis.

13. Crise de Hipoglicémia (Diabetes) A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sa sang ngue ue.. Esta Esta doen doença ça resu result ltaa de um defi deficie cient ntee func funcion ionam amen ento to do pânc pâncre reas as e da capacidade do nosso organismo usar a glicose (açúcar). A diabetes da criança e do jovem requer tratamento com insulina. A complicação mais grave e frequente do diabético é a crise de HIPOGLICÉMIA (baixa de Page 36

 

açúcar no sangue). Ocorre habitualmente por atraso ou falha de uma refeição, vómitos, insulina em excesso, má técnica na administração de insulina ou atividade física intensa, surgindo então alguns dos seguintes sinais e sintomas.

SINAIS E SINTOMAS • Palidez, suores, tremores das mãos; • Fome intensa; • Conf Confus usão ão ment mental al,, racio raciocín cínio io lento lento,, bo boce cejo joss rep repet etid idos os,, ex expr pres essã são o apát apátic ica, a, “apalermada”; • Voz entaramelada; • Alterações de humor: irritabilidade, agressividade, “rabujice”, teimosia, apatia; • Palpitações, pulso rápido; • Perda da fala e dos movimentos ativos; • Desmaio, convulsão, coma.

O QUE DEVE FAZER HIPOGLICÉMIA MODERADA • Lidar com a pessoa pessoa com calma, calma, meiguice e delicadeza delicadeza (habitualme (habitualmente nte há rejeição rejeição e teimosia em relação ao que lhe é proposto); • Dar açúcar:  – 1 colher de sopa cheia ou 2 pacotes de açúcar (10 a 15 g). Aguardar 2-3 minutos e repetir a operação até melhoria dos sintomas;  – Determinar, se possível, uma glicémia capilar com o kit individual que habitualmente as pessoas diabéticas transportam consigo (fig.15);  – Após melhoria (mais ou menos 10 a 15 minutos), dar hidratos de carbono de absorção lenta (pão de mistura, bolachas de água e sal ou integrais, ou tostas).

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Fig. 15

HIPOGLICÉMIA GRAVE Vítima com alterações de consciência. consciência. • Deitar a vítima em Posição Lateral de Segurança; • Fazer uma papa de açúcar e colocá-la no interior da bochecha; • Se a vítima não recuperar, chamar o 112.

O QUE NÃO DEVE FAZER • Deixar a vítima sozinha; • Dar líquidos açucarados à vítima com alterações de consciência.

 Atenção: Utilize o açúcar à menor suspeita, pois tomado em exagero de vez em quando não prejudica, enquanto a falta ou o atraso ataca o cérebro e pode levar ao coma e à morte. Se a vít vítima ima não conseg consegue ue engoli engolir, r, é uma situação situação grave grave que necessita necessita transp transpor orte te urgente para o Hospital. Não perder tempo!

15. Convulsão Uma convulsão é a resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. É muitas vezes conhecida por “ataque” e caracteriza-se por alguns dos seguintes sinais ou sintomas.

SINAIS E SINTOMAS • Face arroxeada; Page 38

 

• Movimentos bruscos e descontrolados da cabeça e/ou extremidades; • Perda de consciência, com queda desamparada; • Olhar vago, fixo e/ou “revirar dos olhos” (precede os anteriores); • “Espumar pela boca”; • Perda de urina e/ou fezes; • Morder a língua e/ou lábios.

O QUE DEVE FAZER • Afastar todos os objetos onde a vítima se possa magoar e amparar-lhe a cabeça com a mão ou com um objeto macio (camisola, toalha); • Desapertar a roupa à volta do pescoço; • Tornar o ambiente calmo, afastando os curiosos; • Anotar a duração da convulsão; • Acabada a fase de movimentos bruscos, colocar a vítima na Posição Lateral de Segurança (PLS); • Manter a vítima num ambiente tranquilo e confortável; • Avisar os Pais; • Enviar a vítima ao Hospital sempre que:  – for a primeira convulsão;  – durar mais de 8 minutos;  – se repetir.  Atenção: Na criança pequena (idade inferior a 5 anos), a convulsão pode ser provocada (ou acompanhada) por febre.

Quando a crise terminar, deve verificar a temperatura axilar e se tiver mais de 37,5 ºC admini adm inistr strar ar antipi antipirét rético ico sob a forma forma de suposi supositór tório io (Parac (Paraceta etamol mol,, por exempl exemplo: o: Ben-U-Ron, Tylenol ou similar). Page 39

 

O QUE NÃO DEVE FAZER • Tentar imobilizar a vítima durante a fase de movimentos bruscos; • Tentar introduzir-lhe qualquer objeto na boca, nomeadamente dedos, lenços, panos, espátulas, colheres, etc.; • Tentar acordá-la ou forçá-la a levantar-se; • Dar-lhe, seja o que for, a comer, a beber ou a cheirar.

16. Crise Asmática A asma é uma doença respiratória crónica, na qual os brônquios reagem de forma excessiva em algumas circunstâncias, dificultando o fluxo normal de ar. Esta obstrução generalizada é variável e os sintomas podem reverter espontaneamente ou através de tratamento. A criança/jovem com asma é capaz de reagir com uma crise de falta de ar em situações de exercício intenso (nomeadamente corrida), conflito, ansiedade, castigos, etc.

SINAIS E SINTOMAS • Tosse seca e repetitiva; • Dificuldade em respirar; • Respiração sibilante, audível, ruidosa (“pieira” e/ou “farfalheira”); • Sensação de falta de ar; • Comportamento agitado; • Respiração rápida e difícil; • Pulso rápido, palidez e suores; • Prostração, apatia (“ar parado”).

 Atenção: Na fase de agravamento da crise, a respiração é muito difícil, lenta e há cianose das extremidades, isto é, as unhas e os lábios estão arroxeados. É uma situação grave que necessita transporte urgente para o Hospital. Page 40

 

O QUE DEVE FAZER • É importante ser capaz de conter a angústia e a ansiedade da criança/jovem, falando calmamente e assegurando-lhe rápida ajuda médica; • Deve ficar com a criança/jovem num local arejado onde não haja pó, cheiros ou fumos; • Colocá-la numa posição que lhe facilite a respiração; • Contactar e informar a família; • Identificar e ajudar a administrar o tratamento prescrito (broncodilatador) que normalmente acompanha a pessoa (fig.16).

Fig.16 Note bem: Se não houver melhoria, a criança deve ser transportada para o Hospital.

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BIBLIOGRAFIA: Isabel Reis, Manual Reis, Manual de Primeiros Socorros- Situações de Urgência nas Escolas, Jardins de Infância e Campos de Férias, Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I.P., I.P., Manual de Situações de Emergência e Primeiros Socorros

Capa: DO IT BETTER Page 42

 

EDIÇÃO: OUTUBRO DE 2016 Manual elaborado, para uso exclusivo da DIB

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