Manual da formaçao ST

February 16, 2018 | Author: Sandra Rocha | Category: Muscle, Science, Physics, Nature
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Manual da Formação Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho

Manual da Formação

Técnico Superior de Segurança e Higiene no Trabalho

Manual da Formação Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho

Objectivos Pretende-se que, no final da acção de formação, os formandos sejam capazes de: 

Processos de identificação e avaliação dos riscos de operação existentes nas áreas de trabalho;



Medidas técnicas de controlo dos riscos de operação;



Processos de avaliação e controlo de determinado tipo de riscos específicos.

Condições de utilização Este manual foi concebido no âmbito da acção de formação em TÉCNICO SUPERIOR DE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO Acção 1/2009para Bacharéis e Licenciados com idades compreendidas entre os 29 e 61 anos. Modalidades de desenvolvimento Aprendizagem/Aperfeiçoamento

Este manual é da responsabilidade de António Oliveira

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Manual da Formação Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho

SEGURANÇA NO TRABALHO

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Manual da Formação Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho

Conteúdo 1.

Avaliação e Controlo de Riscos Associados .................................................................... 8 1.1.

Circulação, Riscos Horizontais e Verticais ..................................................................................................... 8 1.1.1.

Introdução ......................................................................................................................................... 8

1.1.2.

Riscos de circulação ......................................................................................................................... 8

1.1.3.

Riscos horizontais ............................................................................................................................. 9

1.1.3.1. 1.1.4.

1.2.

Escadas de mão ......................................................................................................................... 10

1.1.4.2.

Equipamentos de elevação de cargas ....................................................................................... 10

1.1.5.

Legislação aplicável ........................................................................................................................ 11

1.1.6.

Normalização aplicável ................................................................................................................... 11

Movimentação manual de cargas ................................................................................................................ 12 1.2.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 12

1.2.2.

Medidas de prevenção .................................................................................................................... 13

1.2.3.

Avaliação de referencia do risco ..................................................................................................... 14

1.2.3.1.

Cargas máximas permitidas ....................................................................................................... 14

1.2.3.2.

Características da carga ............................................................................................................ 15

1.2.3.3.

Esforço excessivo ...................................................................................................................... 16

1.2.3.4.

Medidas adequadas ................................................................................................................... 16

1.2.4.1.

Mecânica corporal ........................................................................................................................... 17 Princípios básicos ...................................................................................................................... 17

Equipamentos dotados de visor ................................................................................................................... 20 1.3.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 20

1.3.2.

Efeitos no organismo ...................................................................................................................... 20

1.3.3.

Medidas de prevenção .................................................................................................................... 20

1.3.3.1.

Medidas gerais de prevenção .................................................................................................... 20

1.3.3.2.

Vigilância de saúde .................................................................................................................... 22

1.3.3.3.

Formação e informação dos trabalhadores ................................................................................ 22

1.3.4. 1.4.

Riscos verticais ............................................................................................................................... 10

1.1.4.1.

1.2.4. 1.3.

Andaimes ..................................................................................................................................... 9

Legislação aplicável ........................................................................................................................ 22

Movimentação mecânica de cargas ............................................................................................................. 23 1.4.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 23

1.4.2.

Componentes em interacção .......................................................................................................... 23

1.4.2.1.

Material....................................................................................................................................... 23

1.4.2.2.

Deslocamento ............................................................................................................................ 23

1.4.2.3.

Método ....................................................................................................................................... 24

1.4.3.

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Equipamentos de manobra ............................................................................................................. 24

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Manual da Formação Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho

1.5.

1.4.3.1.

Equipamentos ............................................................................................................................ 25

1.4.3.2.

Acessórios .................................................................................................................................. 27

1.4.4.

Manutenção ................................................................................................................................ 28

1.4.5.

Medidas básicas de segurança ....................................................................................................... 28

1.4.6.

Legislaçâo aplicável ........................................................................................................................ 29

1.4.7.

Normalização aplicável ................................................................................................................... 29

Máquinas ...................................................................................................................................................... 31 1.5.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 31

1.5.2.

Definições ....................................................................................................................................... 31

1.5.2.1. 1.5.3.

1.6.

Equipamento de trabalho ................................................................................................................ 33

1.5.3.1.

Princípios de concepção ............................................................................................................ 33

1.5.3.2.

Comandos .................................................................................................................................. 35

1.5.3.3.

Avisos ......................................................................................................................................... 35

Segurança para máquinas ........................................................................................................................... 36 1.6.1.

1.7.

Aquisição de máquinas .............................................................................................................. 33

Riscos ............................................................................................................................................. 36

1.6.1.1.

Riscos mecânicos ...................................................................................................................... 36

1.6.1.2.

Outros tipos de riscos ................................................................................................................. 36

1.6.2.

Características dos protectores e dispositivos de protecção .......................................................... 37

1.6.3.

Manutenção .................................................................................................................................... 39

1.6.4.

Manual de instruçôes ...................................................................................................................... 39

1.6.5.

Legislação aplicável ........................................................................................................................ 40

1.6.6.

Normalização aplicável ................................................................................................................... 41

Manutenção.................................................................................................................................................. 42 1.7.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 42

1.7.2.

Ferramentas manuais ..................................................................................................................... 43

1.7.3.

Manutenção eléctrica ...................................................................................................................... 43

1.7.3.1.

Introdução .................................................................................................................................. 43

1.7.3.2.

Consignação .............................................................................................................................. 44

1.7.3.3.

Fusíveis ...................................................................................................................................... 45

1.7.3.4.

Condutores ................................................................................................................................. 45

1.7.3.5.

Gambiarras ................................................................................................................................. 46

1.7.3.6.

Formação ................................................................................................................................... 46

1.7.4.

Manutenção mecânica, hidráulica e pneumática ............................................................................ 47

1.7.5.

Soldadura ........................................................................................................................................ 47

1.7.6.

Trabalhos de manutenção em espaços confinados ........................................................................ 49

1.7.7.

Lubrificação ..................................................................................................................................... 49

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Manual da Formação Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho

1.7.8. 1.8.

1.9.

2.

Normalização aplicável ................................................................................................................... 50

Manutenção mecânica ................................................................................................................................. 51 1.8.1.

Tipos de Máquinas Transportadoras .............................................................................................. 51

1.8.2.

Aparelhos de Funcionamento Contínuo .......................................................................................... 51

1.8.3.

Aparelhos de Funcionamento Descontínuo .................................................................................... 53

1.8.4.

Portas e vias de circulação ............................................................................................................. 54

Armazenagem .............................................................................................................................................. 55 1.9.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 55

1.9.2.

Armazenagem de produtos quimicos perigosos ............................................................................. 57

1.9.3.

Armazenagem de materiais secos a granel .................................................................................... 57

1.9.4.

Armazenagem de liquidos ............................................................................................................... 59

1.9.5.

Armazenagem de gases ................................................................................................................. 59

1.9.6.

Locais técnicos ................................................................................................................................ 59

1.9.6.1.

Compressores ............................................................................................................................ 59

1.9.6.2.

Recipientes sob pressão ............................................................................................................ 59

1.9.6.3.

Fornos e estufas......................................................................................................................... 59

1.9.6.4.

Instalações frigorificas ................................................................................................................ 60

1.9.6.5.

Locais de carga de baterias e acumuladores ............................................................................. 60

Avaliação e Controlo de Riscos específicos .................................................................. 61 2.1.

Riscos eléctricos .......................................................................................................................................... 61 2.1.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 61

2.1.2.

Riscos eléctricos ............................................................................................................................. 62

2.1.3.

Risco de incêndio devido à corrente eléctrica ................................................................................. 62

2.1.4.

Causas de sobreaquecimento ........................................................................................................ 62

2.1.5.

Arco eléctrico .................................................................................................................................. 63

2.1.6.

Atmosferas explosivas .................................................................................................................... 63

2.1.7.

Concepção da instalação ................................................................................................................ 63

2.1.8.

Quadro eléctrico .............................................................................................................................. 64

2.1.9.

Protecção da instalação e canalizações ......................................................................................... 64

2.1.10.

Efeitos principais de uma corrente eléctrica ................................................................................... 64

2.1.11.

Riscos de electrização .................................................................................................................... 69

2.1.11.1.

Choque Eléctrico ................................................................................................................... 69

2.1.11.2.

Efeitos do Choque Eléctrico .................................................................................................. 69

2.1.12.

Protecção contra choques eléctricos .............................................................................................. 72

2.1.12.1.

Contactos directos ................................................................................................................. 72

2.1.12.2.

Contactos indirectos .............................................................................................................. 73

2.1.13.

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Origem da electricidade estática ..................................................................................................... 76

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2.1.13.1.

2.2.

2.1.14.

Utilização e manutenção da instalação ........................................................................................... 77

2.1.15.

Protecção contra descargas atmosféricas ...................................................................................... 77

2.1.16.

Periodicidade aconselhável das verificações .................................................................................. 77

2.1.17.

Cuidados úteis com a electricidade ................................................................................................ 79

2.1.18.

Actuação em caso de acidentes eléctricos ..................................................................................... 80

2.1.19.

Proteger-se e proteger a vitima de novo acidente .......................................................................... 80

2.1.20.

Aplicação dos primeiros socorros ................................................................................................... 81

Substâncias Perigosas ................................................................................................................................. 83 2.2.1.

Introdução ....................................................................................................................................... 83

2.2.2.

Classificação de substancias químicas de grande risco ................................................................. 85

2.2.3.

Sólidos inflamáveis ......................................................................................................................... 85

2.2.3.1.

Plásticos e filmes ........................................................................................................................ 86

2.2.3.2.

Metais ......................................................................................................................................... 88

2.2.3.3.

Poeiras ....................................................................................................................................... 88

2.2.4.

3.

Equipamentos de protecção individual para emergências químicas .............................................. 89

2.2.4.1.

Introdução .................................................................................................................................. 89

2.2.4.2.

Vantagens e desvantagens dos vários níveis de protecção ...................................................... 91

Instrumentos de Medição e Detecção ............................................................................. 92 3.1.

3.2.

4.

Medidas preventivas contra electricidade estática ................................................................ 76

Explosivímetro .............................................................................................................................................. 92 3.1.1.

Características ................................................................................................................................ 92

3.1.2.

Acessórios ....................................................................................................................................... 93

Detectores de gás ........................................................................................................................................ 95 3.2.1.

Detectores de um só gás ................................................................................................................ 95

3.2.2.

Detector Portátil de Múltiplos Gases ............................................................................................... 95

3.2.3.

Detectores de Vida Limitada de um só sensor ............................................................................... 95

3.2.4.

Detectores Fixos ............................................................................................................................. 96

Bibliografia ........................................................................................................................ 97

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1. Avaliação e Controlo de Riscos Associados 1.1.

Circulação, Riscos Horizontais e Verticais

1.1.1.

Introdução

Uma grande percentagem dos acidentes que ocorrem é provocada por quedas ou escorregamentos. As quedas não precisam de ser grandes para ser fatais, são imprevisíveis e, habitualmente, as zonas do corpo humano mais atingidas são:

 Cabeça, que pode sofrer fracturas a velocidades de impacto de 15 a 24 km/h, ou seja, a uma queda equivalente de im de altura;

 Pés e tornozelos, que podem fracturar-se à velocidade de impacto de 13 a 15 km/h ou uma queda equivalente de 0,6 a 0,75 m altura;

 Pernas e braços;  Coluna vertebral, que se pode fracturar à velocidade de impacto de 10 km/h ou à queda equivalente de 0,3 m de altura. As quedas são um dos tipos de acidentes mais frequentes e a sua prevenção depende fundamentalmente da organização da empresa. Os riscos de queda podem ser devidos a três situações:

1.1.2.



Riscos de circulação;



Riscos horizontais;



Riscos verticais.

Riscos de circulação

A circulação diz respeito às actividades realizadas no solo como, por exemplo, circulação de veículos ou peões, circulação em corredores no interior das instalações, etc.. O transporte de materiais e de produtos é responsável pela ocorrência de muitos acidentes, pelo que os corredores e vias de circulação devem ser planeados de um modo simples e de fácil compreensão para os utilizadores. Em relação às vias de circulação devem, para se evitar riscos, ser tomados em consideração os seguintes pontos:

 Estar perfeitamente identificadas e sinalizadas;  Não haver resíduos, líquidos derramados ou zonas obstruídas com materiais empilhados;

 Os pavimentas não devem ter buracos, lajes danificadas ou solo irregular;  Haver uma nítida separação entre as zonas destinadas a operar com máquinas e as destinadas à circulação de pessoas;

 Haver zonas de circulação próprias e diferenciadas para peões e para veículos;

 Proporcionar formação adequada aos condutores dos veículos de transporte interno da empresa;  Informar as pessoas exteriores à empresa das regras internas de circulação;  Delimitar áreas destinadas ao armazenamento e estacionamento;

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 Desimpedir completamente as saídas de emergência;  Dimensionar correctamente as vias de circulação para se proceder a trabalhos de manutenção e de revisão dos equipamentos de forma segura e eficiente; devem ser suficientemente largas para comportar o movimento a que se destinam e a evitar colisão de veículos;

 Iluminar as vias de circulação de forma adequada, principalmente em escadas e rampas;  Colocar grades de protecção nos locais que ofereçam risco de queda;  Sinalizar os locais a que dão acesso;  Adaptar as vias de circulação à utilização de deficientes físicos. 1.1.3.

Riscos horizontais

Os riscos horizontais são devidos a actividades efectuadas à mesma altura acima do solo como, por exemplo, trabalhos em pontes rolantes, armazenagem suspensa, circulação em andaimes, etc. Perante estes riscos, devem ser tomadas em consideração as seguintes recomendações:

 Para proteger os trabalhadores contra o risco de queda livre, as passagens situa das acima do solo deverão ter dispositivos de protecção;

 Todos os trabalhadores que executem tarefas acima do solo deverão possuir equipamentos individuais de protecção (cintos e cabos de segurança);

 O risco de colisão ou emaranhamento de dois equipamentos que operam à mesma altura deverá ser analisado antes dos mesmos entrarem em funcionamento;

 Os operadores que trabalhem com equipamentos que funcionem em altura deve rão ter formação específica para os trabalhos a executar. 1.1.3.1. Andaimes Trata-se de um equipamento susceptível de provocar acidentes graves se não for convenientemente montado e instalado com as protecções adequadas. Os pontos a seguir indicados devem ser tomados em consideração:

 Devem ser montados e instalados por trabalhadores com formação adequada;  Devem ser sólidos, resistentes e apresentar todas as garantias necessárias de forma a impedir quedas de pessoas, materiais e ferramentas;

 Antes de serem montados, deve verificar-se o terreno onde vão ser instalados, escolhendo ou construindo pontos sólidos de fixação;

 Quando da sua montagem, deve ser utilizado equipamento de protecção adequado contra quedas e deve impedir-se a circulação de pessoas por baixo deles;

 Devem instalar-se guarda-corpos para impedir a queda de pessoas, materiais ou ferramentas;  Os andaimes não devem ser utilizados antes de completamente montados;  As tábuas-de-pé dos andaimes devem ser robustas, não devendo ser carregadas exageradamente mas sim com as cargas repartidas ao longo do seu comprimento;

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 Os andaimes rolantes só devem ser deslocados lentamente, de preferência no sentido do seu comprimento, em pavimentos desimpedidos e sem ninguém ou qual quer carga sobre eles;

 Os andaimes rolantes deverão ter as rodas bloqueadas antes de serem utilizados. 1.1.4.

Riscos verticais

Os riscos verticais são resultantes de actividades que necessitam de um acesso em altura ou envolvam um risco de queda de material, por exemplo, utilização de escadas, elevação de cargas, etc.. Os meios de circulação qa vertical deverão ser adaptados ao número de pessoas que os utilizam e as suas dimensões adequadas aos objectos que por eles circulam. 1.1.4.1. Escadas de mão As escadas de mão são causadoras de um elevado número de acidentes, devido principalmente á sua má utilização e ao seu deficiente estado de conservação. Os pontos a seguir indicados devem ser tomados em consideração:

 As escadas devem ser montadas num pavimento estável, horizontal, contra uma superfície sólida e lisa de modo a não escorregarem ou tombarem; devem ultrapassar, pelo menos em um metro o pavimento de trabalho a que dão acesso;

 Como qualquer equipamento só devem ser utilizadas escadas em bom estado de conservação. Montantes e degraus danificados devem ser substituídos;

 A base da escada deve estar suficientemente afastada da superfície de apoio;  Para que as escadas duplas não escorreguem, devem os dois montantes ser ligados por correntes ou cordas;  Quando houver necessidade de se emendarem escadas, deve haver uma sobre posição de, pelo menos, cinco degraus. 1.1.4.2. Equipamentos de elevação de cargas Os equipamentos de elevação de cargas são, devido à sua função, susceptíveis de provocar acidentes Assim, para os evitar, há que ter em consideração os pontos a seguir indicados:

 Qualquer equipamento de elevação de carga não deverá ser utilizado para movimentar valores superiores aos indicados;

 Os equipamentos deverão ser inspeccionados regularmente por pessoal qualificado devendo para isso existir procedimentos bastante rigorosos pois desgastes e falhas de material não são por vezes detectáveis com facilidade;

 Devem ser só utilizados ganchos que não permitam o escape do anel ou da alça de segurança (ganchos abertos não devem ser usados);

 Os equipamentos de elevação de cargas só devem ser manuseados por pessoal habilitado e devidamente treinado. Pessoal não qualificado não sabe amarrar e empilhar correctamente cargas, o que pode dar origem a acidentes graves;

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 As operações de elevação e movimentação de cargas volumosas e pesadas, por meio de guindastes fixos ou móveis ou pontes rolantes, deverão ser acompanhadas por um segundo trabalhador que, por meio de sinalização adequada, orientará o trabalhador que comanda o equipamento de elevação 1.1.5.

Legislação aplicável

 Decreto-Lei nº 286/91 de 9 de Agosto Estabelece as prescrições técnicas de construção, verificação e funcionamento a que devem obedecer os aparelhos de elevação e movimentação

 Portaria nº 1209/91, de 19 de Dezembro Regulamenta o conteúdo de declaração do fabricante e a marcação dos cabos metálicos, correntes de varão redondo de aço e ganchos, destinados a operações de elevação e movimentação

 Decreto-Lei nº 378/93 de 5 de Novembro, alterado pelos Decretos-Lei nº 139/95 de 14 de Junho e nº 374/98, de 24 de Novembro Transpõe para o direito interno a Directiva 89/392/CEE, do Conselho, de 14 de Junho, alterada pelas Directivas 91/368/CEE, do Conselho, de 20 de Junho, 93/44/CEE, do Conselho, de 14 de Junho e 93/68/CEE, do Conselho, de 22 de Junho, relativas à concepção e fabrico de máquinas e componentes de segurança quando sejam colocados no mercado isoladamente, com vista a eliminar ou diminuir riscos para a saúde e segurança quando utilizadas nas condições previstas pelo fabricante e de acordo com o fim a que se destinam Revoga: Decreto-Lei nº 386/88 de 25 de Outubro, Decreto Lei nº 273/91 de 7 de Agosto, Portaria nº 736/88 de 10 de Novembro, Decreto Lei nº 47575 de 3 de Março de 1967, Portarias n 933/91 e 934/91 de 13 de Setembro e Portaria nº 1214/91 de 20 de Dezembro 1.1.6.

Normalização aplicável

 Norma Portuguesa NP EN115:1996  Regras de segurança para o fabrico e instalação de escadas mecânicas e tapetes rolantes  Norma Portuguesa NP 1939:1988  Aparelhos de elevação e movimentação. Aparelhos pesados. Regras de segurança

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1.2.

Movimentação manual de cargas

1.2.1.

Introdução

O transporte manual de cargas envolve partes ou todo o corpo, e mesmo que a carga a movimentar não seja muito pesada ou volumosa, a baixa eficiência do sistema muscular humano torna este trabalho pesado, provocando rapidamente fadiga com consequências gravosas, nomeadamente aumentando o risco de ocorrência de acidentes de trabalho ou de incidência de doenças profissionais. Os estudos biomecânicos assumem particular importância nas tarefas de transporte e levantamento de cargas, comuns a um grande número de actividades, nas quais se inclui a Industria Metalomecânica, responsáveis por varias lesões, por vezes irreversíveis ou de difícil tratamento, sobretudo ao nível da coluna. A coluna vertebral, devido à sua estrutura em discos, é pouco resistente a forças contrárias ao seu eixo, como se pode observar:

Quando se levanta a carga na posição o mais erecta possível, o esforço de compressão distribui-se uniformemente sobre a superfície total de vértebras e discos. Nesta posição consegue-se reduzir em cerca de 20% a compressão nos discos, em relação ao levantamento na posição curvada.

Nos movimentos de flexão, o núcleo não está alinhado com o centro do disco intervertebral, pelo que se desloca pelo efeito de cunha que exercem as vértebras sobre ele.

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Este efeito reveste-se de uma especial importância na região lombar cujas vértebras têm pouco limitado o movimento de flexão. Nestas condições, as fibras concêntricas do anel fibroso comprimem-se na parte dianteira e dilatam-se na parte posterior. O núcleo deslocado para trás acrescenta tensão a estas fibras provocando sobre elas una pressão anormal. Ao endireitar a coluna até à posição vertical, num disco em bom estado, o núcleo regressa ao centro do disco por efeito do impulso que se exerce sobre as fibras elásticas do anel fibroso. Os movimentos de rotação da coluna resultam perigosos porque provocam um efeito de cizalha sobre os discos intervertebrais da região lombar. Podemos intuir que os esforços realizados com o tronco flexionado podem ser extremamente perigosos. A repetição de movimentos que impõem aos discos esforços anormais (flexão de grande amplitude, rotações, etc.) conduz a deterioramento progressivo dos discos intervertebrais. As fibras elásticas do anel fibroso, em particular, tendem a romper-se. Ao endireitar o corpo depois de uma flexão, uma parte do núcleo pode ser trilhada nessas fibras deterioradas. Os nervos sensitivos da periferia do disco, irritados, provocam uma dor violenta que desencadeia, por reflexo, o bloqueio dos músculos em posição de semiflexão. Este é o mecanismo do lumbago, tão frequente hoje em dia. O transporte manual de cargas é quase sempre um trabalho pesado, ainda que a carga a movimentar não seja pesada ou volumosa, sobretudo quando há necessidade de elevação e transporte para plataformas ou de subir escadas. Durante o esforço muscular estático os vasos sanguíneos do tecido muscular são comprimidos e o fluxo de sangue, e com ele o fornecimento de oxigénio e açúcar, é diminuído. Surge então a fadiga, que tem consequências gravosas, não só porque reduz a eficiência do trabalho, como pode conduzir a acidentes. A frequência destes acidentes é, geralmente, elevada e aumenta para o fim do dia de trabalho. Existem dois tipos de levantamento de cargas no trabalho:  LEVANTAMENTO ESPORÁDICO: relacionado com a capacidade muscular;  LEVANTAMENTO REPETITIVO: onde acresce a capacidade energética do trabalhador e a fadiga física. Outros riscos associados à elevação e transporte manual de cargas são: ― Queda de objectos nos pés; ― Ferimentos causados por marcha sobre, choque contra, ou pancada por objectos penetrantes; ― Contusões provocadas por objectos penetrantes ou contundentes. MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS: Qualquer operação de transporte e sustentação de uma carga, por um ou mais trabalhadores, incluindo levantar, colocar, empurrar, puxar, transportar e deslocar, que devido às suas características, ou às condições ergonómicas desfavoráveis comporte riscos para os mesmos, nomeadamente na região dorso-lombar. 1.2.2.

Medidas de prevenção

O decreto-lei n.º 330/93, de 25 de Setembro, transpõe para o direito interno a Directiva n.º 90/269/CEE, do Conselho, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde na movimentação manual de cargas:

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―… Organização do trabalho adequada ou utilizar os meios apropriados, nomeadamente mecânicos‖. Este preceito em obediência aos princípios gerais da prevenção e ao critério geral de eficiência que enquadra tais princípios estabelece que deverão ser prioridades as medidas de ELIMINAÇÃO DO RISCO. A solução passa pela adopção de metodologias que permitam a mecanização e automatização da elevação e transporte de cargas. Parte dos riscos podem ser controlados pela utilização de dispositivos de protecção individual, tais como:

1.2.3.



Capacete;



Luvas;



Calçado de protecção;



Aparelhos auxiliares.

Avaliação de referencia do risco

1.2.3.1. Cargas máximas permitidas Se utilizamos um método correcto para elevação manual, a carga máxima admissível é bastante elevada, sendo limitada apenas pela resistência dos músculos. A capacidade de elevação das mulheres é cerca de 60% da capacidade de elevação dos homens, o que limita o seu emprego em operações que envolvem movimentação manual. A Portaria n.º 186/73 (alterado o n.1 e revogado o n.4 pela Portaria n.º 229/96, de 26 de Dezembro), de 13 de Março, que regulamenta o trabalho feminino, limita a 27 kg a carga máxima que uma mulher pode despender acidentalmente e a 15 kg quando em esforço médio regular. A mesma portaria limita ainda à mulher, durante a gravidez e três meses após o parto, a 10 kg o transporte manual regular de cargas. Os valores limite para elevação e transporte manual de cargas dependem dos seguintes parâmetros: 

Idade;



Sexo;



Duração da tarefa;



Frequência do movimento de elevação e transporte;



Capacidade física do trabalhador.

Através do seguinte quadro podemos obter aqueles valores com base numa combinação dos parâmetros indicados. Valores limite em kg para a elevação e transporte manual de cargas para indivíduos entre 25 e 45 anos. Frequência de elevação e/ou

HOMENS

MULHERES

CAPACIDADE FÍSICA

CAPACIDADE FÍSICA

transporte manual Em % de 1 dia de trabalho de 8 horas (ou turno)

ELEVADA

MÉDIA

BAIXA

ELEVADA

MÉDIA

BAIXA

0 a 17

50

40

30

30

20

15

18 a 54

32

25

18

16

12

9

55 a 82

20

14

9

9

6

4

83 a 100

10

6

3

5

3

1

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Estes valores devem reduzir-se de cerca de 40% para jovens com idade inferior a 15 anos e homens com idade superior a 60 anos. Para o transporte em percursos com comprimento superior a 2 metros devem reduzir-se os valores em questão, de: ― 20 % Para percursos de 2 a 10 m; ― 40 % Para percursos de 10 a 25 m; ― 60 % Para percursos de 25 e superiores. 1.2.3.2. Características da carga Características da carga:  Carga pesada: o

> 30 kg em operações ocasionais;

o

> 20 kg em operações frequentes.

 Carga volumosa ou difícil de agarrar;  Carga em equilíbrio instável ou com conteúdo sujeito a deslocação;  Carga colocada de tal modo que deve ser mantida ou manipulada à distancia do tronco, ou com flexão do tronco;  Carga susceptível, devido ao seu aspecto exterior e à sua consistência, de provocar lesões ao trabalhador, nomeadamente no caso de choque.

A inclinação da coluna para a frente ou para trás origina uma tensão elevada nos músculos e ligamentos do lado convexo e uma grande compressão nas extremidades das vértebras e dos discos no lado concavo. Em tais posturas extremas os elementos elásticos da coluna vertebral não podem cumprir as suas funções.

Os trabalhadores devem movimentar-se suave cautelosamente quando elevam ou transportam cargas, puxam ou empurram veículos de modo a evitarem a adopção de posturas perigosas. Quando estiver em causa o desenvolvimento de grandes esforços físicos, a coluna não deve ser inclinada, nem rodada sobre o seu eixo. Deve ser utilizada como um suporte e nunca como uma articulação.

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A elevação e o transporte manual de cargas requerem um grau elevado de coordenação muscular. A desatenção, a fadiga e a rigidez dos músculos e tendões sob influência do frio, humidade e correntes de ar, quando o vestuário de trabalho não fornece protecção suficiente, podem impedir essa coordenação e conduzir a acidentes. Por outro lado, o exercício e os movimentos executados correcta e moderadamente melhoram a agilidade física e fortalecem os músculos locomotores e dorsais. 1.2.3.3. Esforço excessivo ― Quando seja excessivo para o trabalhador; ― Quando apenas possa ser realizado mediante um movimento de torção do tronco; ― Quando possa implicar um movimento brusco da carga; ― Quando seja realizada com o corpo em posição instável. 1.2.3.4. Medidas adequadas ― Condições de risco: o

Espaço livre, nomeadamente vertical, insuficiente;

o

Pavimento plano com desníveis;

o

Local que não permite um m.m.c. a uma altura segura ou postura correcta;

o

Pavimento ou pontos de apoio instáveis.

o

Frequência do trabalho;

o

Períodos insuficientes de descanso fisiológico e recuperação;

o

Grandes distancias de elevação, abaixamento ou transporte;

o

Cadencia que não possa ser controlada pelo trabalhador.

― Procedimentos a adoptar: o

Identificar as causas do risco e factores individuais de risco, nomeadamente aptidão física;

o

Proceder a nova avaliação após aplicação das medidas adoptadas.

― Informação / Formação: o

Sobre os riscos potenciais para a saúde devido à incorrecta movimentação manual de cargas;

o

Peso máximo e características da carga;

o

Centro de gravidade da carga e trabalhador;

o

Outros riscos associados;

o

Queda de objectos sobre os pés;

o

Ferimentos por marcha, choque ou pancada.

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1.2.4.

Mecânica corporal

1.2.4.1. Princípios básicos 

A utilização dos músculos mais fortes e mais longos ao erguer ou movimentar objectos é uma medida de segurança e torna o movimento mais eficiente;



A contracção dos músculos abdominais ao erguer ou puxar um peso, ajuda a estabilizar a pelve e proteger as vísceras;



A estabilidade de um corpo é maior quando tem uma base de sustentação larga e um centro de gravidade baixo;



A força requerida para manter o equilíbrio de um corpo aumenta conforme a linha de gravidade se afasta do centro da base de apoio;



Puxar ou deslizar um corpo requer menos esforço que levantá-lo, porque implica um movimento oposto à força da gravidade;



O atrito entre a força e a superfície sobre o qual se move, afecta o trabalho necessário para movê-lo;



Servir-se do próprio peso para deslocar um objecto requer menos energia no movimento;



As mudanças de actividade e posição contribuem para conservar o tonus muscular e evitar a fadiga.

POSTURA ―Um inter-relacionamento relativo das partes do corpo, portanto, o equilíbrio entre os ossos, músculos, tendões e ligamentos, estruturas que sustentam e protegem o corpo contra agentes externos ou internos, que actuam na tentativa de quebrar a harmonia estática ou dinâmica deste equilíbrio‖. É a posição do corpo que envolve o mínimo de sobrecarga das estruturas com o menor gasto de energia para o máximo de eficiência na utilização do corpo. É a posição do corpo humano no espaço, quer em movimento quer em repouso, sem que esta provoque dor, esforço ou fadiga. Os principais sistemas envolvidos na movimentação do corpo são: ― Sistema muscular; ― Sistema esquelético; ― Sistema nervoso. NÃO SENDO POSSÍVEL MECANIZAR O LEVANTAMENTO DE CARGAS, para o levantamento manual podemos apontar algumas recomendações: 

Posto de trabalho (bancadas, prateleiras, equipamentos, etc.) deve ser projectado tendo em conta a ocorrência de tarefas que obrigam a levantamento de cargas;



Limitar o levantamento de pesos a 20 kg, no máximo – (este valor, para levantamentos frequentes, resulta de estudos efectuados pelo NIOSH – National Institute for Occupational and Health, USA), para levantamentos repetitivos em determinadas circunstâncias;



A carga deve possuir formas que facilitem pegar-lhes (furos laterais, pegas);



Manter a carga na vertical;



Manter os pesos próximos do corpo;



Evitar torções do tronco;



Manter os pés e as costas numa postura correcta;



Evitar movimentos bruscos que provoquem picos de tensão;



Alternar posturas e movimentos;



Trabalhar em equipa.

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NÃO SENDO POSSÍVEL MECANIZAR O TRANSPORTE DE CARGAS Devem adoptar-se alguns princípios, entre outros: 

Limitar a carga;



Evitar carregar pesos só com uma mão;



Utilizar equipamentos de transporte, de preferência com rodas;



Utilizar o movimento do corpo a favor do movimento;



Utilizar um piso duro e nivelado.

Há aparelhos de vários tipos que podem ser utilizados na indústria como auxiliares da movimentação manual. Os mais vulgares são os seguintes:  CARROS DE MÃO Podem ter 1, 2 ou 4 rodas e são usados para transportar materiais e objectos mais ou menos volumosos ou pesados através de distâncias curtas. As pegas devem ter resguardos salientes para evitar o contacto com portas, colunas, esquinas ou outros obstáculos. A carga deve ser distribuída uniformemente, mantendo-se o seu centro de gravidade o mais baixo possível. A visibilidade do percurso a efectuar é uma condição de segurança importante.

 Rolos, tubos de pequeno diâmetro São utilizados para o transporte de materiais e de peças mais ou menos volumosas.  Ventosas São apropriadas para o transporte de peças de vidro. São constituídas por um punho de dupla ventosa com alavancas, sendo estas utilizadas para aderência do punho à carga e para a sua deslocação. Funciona por vácuo.

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 Pinças ou Garras São utilizadas para o transporte de chapas, carris ou toros de madeira.  Íman Exercem uma tracção magnética sobre os materiais em ferro, servindo para o transporte de chapas de grande superfície.  Sifões Servem para vazar líquidos corrosivos ou tóxicos de uns recipientes para os outros.

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1.3.

Equipamentos dotados de visor

1.3.1.

Introdução

Hoje em dia, grande parte do trabalho é feita com a ajuda de suportes informáticos, sendo a apresentação da informação feita através de visores. Nestes termos, tornou-se necessário regular a utilização de equipamentos dotados de visor, tendo surgido o Decreto-lei nº 349/93 de 1 de Outubro e a Portaria o 989/93 de 6 de Outubro. Não existem contra-indicações formais para trabalhar com equipamentos dotados de visor, desde que o utilizador disponha de visão normal (ou que a mesma se encontre bem corrigida) e não possua doenças específicas (por exemplo, epilepsia sensível a estímulos luminosos, doença grave do aparelho osteoarticular, etc.). No entanto, há que ter em atenção o facto de que a observação de um visor por um longo período de tempo contínuo impõe um esforço importante aos músculos oculares, podendo levar o utilizador a ficar com a visão ―desfocada‖, voltando ao normal após um período de paragem para descanso, podendo ainda surgir outros sinais e sintomas, entre os quais se destaca a fadiga. Outro problema a ter em atenção neste tipo de trabalho é o movimento repetitivo dos dedos e das mãos e a restrição imposta à postura. 1.3.2.

Efeitos no organismo

Uma actividade que implique a utilização prolongada de equipamentos dotados de visor pode conduzir ao aparecimento de alguns sintomas, entre os quais se salientam:

 Lacrimejo, conjuntivite e fadiga visual;  Cefaleias (dores de cabeça);  Artralgias e mialgias (dores nas articulações e músculos) dos segmentos do corpo mais solicitados (mãos, antebraços, ombros e coluna). 1.3.3.

Medidas de prevenção

1.3.3.1. Medidas gerais de prevenção Para minimizar os riscos deste tipo de actividade há que respeitar os seguintes princípios:

 Os comandos de regulação de brilho e de contraste do visor deverão ser passíveis de adaptação ao padrão individual de conforto de cada utilizador;

 Os caracteres deverão ser nítidos e sem oscilações. Recomenda-se trabalhar com caracteres negros em fundo claro, de forma a provocar menor fadiga visual;

 O uso simultâneo de muitas cores só deverá ser utilizado quando se pretenda referenciar diferentes classes de informação em textos extensos, chamando a atenção do utilizador;

 Deverá ser dada especial atenção à organização do posto de trabalho, adaptando-o ao padrão individual de conforto de cada utilizador e às necessidades de cada tarefa:

 Distância visual recomendável: 30 a 70cm (fig. 1);  Ângulo visual correcto: entre l5º a 30º abaixo da horizontal (fig. 1);

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 Cadeira dotada de máxima flexibilidade quanto às várias possibilidades de regulação (altura e inclinação do assento e do apoio lombar), possuindo, pele menos, cinco rodas, de forma a assegurar estabilidade (fig. 1);

 Teclado móvel e separado do visor, permitindo uma adequada horizontalização dos antebraços, pulsos e mãos;

 Possibilidade de utilizar acessórios para maior conforto, se a tarefa o justificar (por exemplo, suporte de documentos, filtros, apoia-pés);

 Possibilidade de fazer pausas, permitindo a diferente solicitação da visão e a movimentação articular e muscular;

 Não deverão ser esquecidos os postos de trabalho de pé, os quais deverão ter o seu tratamento específico, tendo em conta a correcta colocação dos visores nas máquinas ou painéis de comando, de modo a serem asseguradas as condições essenciais de trabalho de cada operador, nomeadamente:



Distância visual;



Ângulo visual;



Orientação de forma a evitar reflexos.

Também o ambiente de trabalho deverá ser o mais adequado possível, no que diz respeito, fundamentalmente: 

Espaço de acordo com o tipo de trabalho — deverá permitir fácil mobilidade ao utilizador;



Deverá ser usado tom claro e mate, tanto nos equipamentos como nos revestimentos das paredes e pavimentos, de forma a reduzir a possibilidade de encandeamento



Iluminação correcta de modo a reduzir a fadiga visual; deverão ser usados estores para regular a intensidade da luz natural, o visor deverá estar posicionado perpendicularmente às janelas, afastado delas o mais possível e colocado paralelamente em relação à iluminação do tecto (fig. 2);

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Níveis de ruído que não originem incómodo (nunca acima de 70 dB (A));



Condições de conforto térmico em termos de humidade relativa e de temperatura ambiente, em função do tipo de actividade desenvolvida



Os efeitos de todos estes factores sobre a visão estão intimamente ligados à duração do trabalho com equipamento dotado de visor; assim, quando surgirem ―picadas‖ nos olhos, dores de cabeça, dores nas articulações e músculos ou outras sensações de desconforto, o utilizador deverá dar conhecimento ao médico do trabalho para que este possa analisar cada caso em concreto.

1.3.3.2. Vigilância de saúde Nos exames médicos do trabalho, nomeadamente nos exames de admissão e periódicos, os trabalhadores deverão ser submetidos a:

 História clínica e exame objectivo direccionados para os sistemas nervoso, oftalmológico, psíquico e osteoarticular;

 Rastreio adequado de visão e, quando tal se justifique, exame oftalmológico de especialidade. Sempre que os resultados exames médicos o exigirem e os dispositivos normais de correcção não puderem ser utilizados, deverão ser facultados aos trabalhadores dispositivos especiais de correcção concebidos para o tipo de trabalho desenvolvido. 1.3.3.3. Formação e informação dos trabalhadores Todos os trabalhadores devem receber formação adequada antes da utilização dos equipamentos dotados de visor e ser informados dos riscos para a saúde inerentes a esta actividade e quais os meios de os minimizar. 1.3.4.

Legislação aplicável

Decreto-lei nº 349/93 de 1 de Outubro Transpõe para o direito interno a Directiva 9012701CEE, do Conselho, de 29 de Maio, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para utilização pelos trabalhadores de equipamentos dotados de visor Portaria nº 989/93 de 6 de Outubro Regulamenta o Decreto-lei nº 349/93 de 1 de Outubro

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1.4.

Movimentação mecânica de cargas

1.4.1.

Introdução

A movimentação e o manuseamento de cargas são responsáveis por cerca de 30% dos acidentes de trabalho nas diferentes fases do processo produtivo, provocados por queda levantamento de objectos, entaladela entre objectos, etc. A preocupação com estes números é ainda maior se se considerar que esta actividade na vida de uma empresa ocupa cerca de 60 a 80% do ciclo de fabricação e que o peso de materiais normalmente movimentados numa indústria corresponde a cerca de cinquenta toneladas por cada tonelada de produto acabado. 1.4.2.

Componentes em interacção

Podemos dividir as variáveis envolvidas neste processo em três, cujas causas podem condicionar a movimentação mecânica de cargas: o material, o deslocamento e o método, cada uma com riscos inerentes e consequências diferentes. 1.4.2.1. Material O modo como se apresenta o material pode influenciar as técnicas e recursos disponíveis: a.

O seu estado físico, se este é um sólido ou um líquido;

b.

A natureza do material, por exemplo, se é explosivo, implica técnicas especiais de armazenagem e movimentação;

c.

As características do próprio material que podem causar dificuldades de manuseamento devido às suas dimensões, peso, grau de perigosidade;

d.

A quantidade de material a movimentar é outra das condicionantes a respeitar, especialmente quando existem limites impostos pelos equipamentos. Por exemplo, cada aparelho de elevação accionado mecanicamente (carros automotores e reboques) deve apresentar, de forma bem visível, a indicação da capacidade máxima admissível de carga.

1.4.2.2. Deslocamento A movimentação dos materiais é uma prática constante no dia-a-dia, implicando cuida dos especiais que devem ser atempadamente previstos. a.

É importante estar definido e ser conhecido o local de origem e destino da mercadoria, para se seleccionarem convenientemente os recursos. Como existem vários tipos de equipamentos, deverão escolher-se aqueles que melhor respondem às necessidades considerando a distância a percorrer, a inclinação e as características do local de origem e destino;

b.

Deverá ser considerada a frequência com que se efectua cada movimentação, para se adoptar a melhor via de circulação e o tipo de equipamento a utilizar. For exemplo, um deslocamento frequente requer maiores cuidados do que um deslocamento ocasional, necessitando quaisquer deles regras de segurança adequadas;

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c.

A velocidade dos meios mecânicos de transporte deverá ser condicionada às características do percurso, natureza da carga, possibilidade de travagem, tipo de locomoção e distância;

d.

Deverá estabelecer-se o itinerário, antes de se iniciar qualquer actividade. Se o percurso é habitual deverá estar bem projectado e concebido de forma a:

 Reduzir os riscos resultantes do tráfego;  Considerar os diferentes tipos de veículos;  Ter em conta o espaço disponível;  Considerar a localização de outras vias de trânsito. As vias de circulação de veículos deverão estar concebidas de forma a evitar:

 Ângulos e curvas bruscas;  Rampas muito inclinadas;  Passagens estreitas e tectos baixos. Estas vias deverão ser marcadas de cada lado e a todo o seu comprimento por um traço contínuo e nítido e mantidas livres de qualquer obstáculo. As superfícies dos pavimentos em que esteja prevista a circulação de carros de transporte deverão ser suficientemente lisas e isentas de cavidades, saliências e outros obstáculos, para que a circulação se efectue com toda a segurança. As vias-férreas fabris, se for o caso, deverão ser construídas tendo em conta a resistência do terreno, a qualidade e colocação das travessas e dos carris, a curvatura e o declive, a carga útil e a velocidade do material rolante. Para o caso de existirem placas giratórias, estas deverão ser equipadas com dispositivos de imobilização. 1.4.2.3. Método O método a adoptar, como já houve oportunidade de referir, deverá ser escolhido atendendo à especificidade do material e ao deslocamento a efectuar. Deverá sobretudo considerar-se: a.

A carga a transportar, pode constituir um risco. Por exemplo, um dos cuida dos a ter é baixar, tanto quanto possível, o centro de gravidade da carga;

b.

O tipo de embalagem, se são caixas de cartão, sacos ou a granel;

c.

Antes de efectuar um deslocamento, deverá verificar-se se o equipamento é adequado à carga, ou seja, se o peso da carga não excede a capacidade do equipamento;

d.

O tipo de equipamento deverá ser escolhido em função da movimentação a efectuar. Dada a importância desta componente, desenvolve-se em seguida este assunto.

1.4.3.

Equipamentos de manobra

Existem vários tipos de equipamentos com características muito diferentes. A sua versatilidade permite uma eficaz adequação à actividade desenvolvida. A melhor estratégia na redução do risco é escolher antecipadamente o meio mais eficaz e adaptado, capaz de responder às solicitações. Para efectuar algumas manobras existem equipamentos que exigem do homem só a condução, outros exigem a condução e a propulsão, e ainda outros exigem a condução, a propulsão e a elevação parcial.

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Os equipamentos dividem-se em três grupos fundamentais e respectivos acessórios: 1.4.3.1. Equipamentos Carros de transporte manual e mecânico De entre os vários equipamentos deste género disponíveis no mercado, os mais conhecidos e utilizados são:

 Carros de transporte manual  Os carros de transporte manual mais utilizados são os ‗porta-paletes‖, que deverão ser utilizados tendo em conta a segurança e o tipo de transporte a efectuar.

 As rodas devem ser adequadas aos ambientes e pavimentos.  Devem ser dotados de um sistema de travagem e não deverão ser utilizados em rampas ou superfícies inclinadas.

 As pegas ou varões de empurrar devem dispor de guarda-mãos.  Carros de transporte mecânico O empilhador é provavelmente o transporte mecânico mais versátil e mais utilizado. Todos os empilhadores são fabricados de acordo com normas (ASME B56.1:1995, NFPA 505:1996, NFPA 70:1996;etc.) onde se estabelecem as suas protecções, os ambientes de trabalho, os usos, as operações e a sua manutenção. São fabricados com especificações técnicas para se adaptarem a vários tipos de cargas. Estas normas permitem escolher o tipo de empilhador a utilizar em função das necessidades e riscos existentes. Os empilhadores podem ser classificados pela sua fonte de energia, posição do operador e formas de transportar a carga. Quanto às fontes de energia, podem ser:

 Energia eléctrica armazenada em bateria que fazem accionar motores eléctricos;  Motores a gasolina ou a diesel;  Motores que queima GPL (gás) e combinações mistas. Os empilhadores eléctricos são os menos poluentes e ruidosos, próprios para o interior de edifícios apresentando, no entanto, alguns riscos em particular se não se respeitarem regras fundamentais como: a carga das baterias que deve ser efectuada num local limpo e ventilado (retirando os tampões dos elementos da bateria). Os empilhadores a diesel são os mais poluentes pois emitem altas percentagens de monóxido de carbono. Os de gás, quando bem afinados, são pouco poluentes. Em relação à posição do condutor, esta pode ser no interior da cabina do empilhador ou no exterior da máquina. Também podem existir sistemas automáticos que dispensam condutor e que usam soluções electrónicas e rotas preestabelecidas.

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As formas de transportar as cargas são as mais diversas, desde o reboque em cima de plataformas móveis de um ponto para o outro nas instalações, até ao uso de ―garfos‖ para pegar, levantar do solo, transportar, elevar e depositar cargas. Existe por vezes o perigo dos empilhadores capotarem, dado o peso da carga, velo cidade e o modo de execução da manobra. Para estas circunstâncias devem estar disponíveis protecções para salvaguardar o operador como, por exemplo, guardas laterais e, em especial, uma protecção resistente sobre a cabeça do operador, protegendo-o também da queda de objectos. A utilização dos ―garfos‖ deve provocar o afastamento da vertical do centro de gravidade da carga. Esta situação pode ser crítica, principalmente em terrenos inclinados. As cargas não deverão ser levantadas ou descidas durante o trajecto e os ―garfos‖ devem ser sempre colocados o mais baixo possível mas sem bater nas irregularidades do pavimento. Quando a carga for muito volumosa, o empilhador deverá ser conduzido de marcha-atrás, para permitir ao operador a visibilidade do trajecto. Durante as operações de carga e descarga de camiões, utilizando empilhador, os camiões deverão estar bem travados (de preferência com calces) e as rampas de acesso ao seu interior deverão ser anti-derrapantes, evitando ressaltos e encravamentos das rodas dos empilhadores. A segurança do operador deve estar salvaguardada, a sua posição deve permitir visibilidade em todas as direcções e possibilidade de se escapar rapidamente em caso de acidente. O empilhador deve possuir volante especial, buzina, ‗pirilampos‖ de sinalização e sinal sonoro de marcha-atrás, devendo a indicação da sua capacidade estar bem visível. Durante as manobras, o operador deve ter em atenção as estruturas superiores ou objectos próximos, tais como cabos eléctricos, tubagens, ―sprinklers‖, colunas, contentores, quadros eléctricos, extintores de incêndio, portas corta-fogo, etc. De qual quer forma, estas estruturas deverão estar equipadas com barreiras de protecção e convenientemente sinalizadas. Para facilitar a visibilidade deverão instalar-se espelhos de canto nas esquinas das estruturas (semelhantes aos utilizados na circulação rodoviária). E aconselhável a utilização das buzinas sempre que o empilhador se aproximar de locais com pouca visibilidade. Os operadores e/ou condutores de empilhadores devem ser seleccionados, treina dos e só os qualificados deverão exercer a actividade. Não é permitido o transporte de pessoas nos empilhadores, para além do condutor. B. Equipamentos de elevação Para a elevação de materiais existem equipamentos tão diversos como gruas, guinchos, guindastes, etc., que são comandados pelo homem. As gruas são equipamentos com estruturas pesadas, com capacidade dê carga para várias toneladas. Para além da elevação, têm translação motorizada em uma ou em duas direcções. Em vez de duas direcções, algumas têm rotação e translação radial. Mais sofisticadas são as gruas automóveis, que operam praticamente em todo o terreno e cujas lanças são extensíveis. As pontes rolantes são também exemplos de gruas. As gruas, como máquinas complexas que são, devem ser utilizadas de forma adequada para se evitarem acidentes. As cargas devem ser colocadas na vertical das lanças, de modo a evitar solicitações laterais. Os comandos das gruas devem ser bimanuais ou incluir o ―pedal do morto‖ para evitar manobras erradas.

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Os guinchos são equipamentos de elevação de cargas cuja translação, a existir, é efectuada manualmente. A elevação pode ser feita por motor eléctrico, por motor pneumático ou manualmente, por cor rentes ou alavanca. A capacidade de carga do aparelho não deve ser excedida. As manobras das gruas e guinchos devem ser suaves, evitando arranques, paragens bruscas e velocidades elevadas, de modo a não baloiçar demasiadamente a carga. No caso dos guinchos, é fundamental a existência de travões ou ―patilhas‖ de segurança que impeçam a queda intempestiva das cargas. Todos os componentes como tambores, cabos, correntes, polis e ganchos são elementos fundamentais para a boa operação de gruas, guinchos e outros equipamentos de elevação. Todas estas partes móveis e elementos de tracção contribuem para um bom funcionamento do equipamento. Inspecções rigorosas e periódicas a estes elementos deverão ser feitas para detectar eventuais fissuras, desgastes, deformações e danos nos materiais que reduzem as suas capacidades e condições de utilização. Tanto os cabos como os ganchos deverão ser objecto de especial atenção, uma vez que são os componentes de maior desgaste (destacando-se nos ganchos a possibilidade de deformação). C. Sistemas Transportadores Um sistema transportador é, segundo a ASME (American Society of Mechanical Engineers) um dispositivo horizontal, inclinado ou vertical para movimentar ou transportar material a granel, embalagens ou objectos numa cadência pré-determinada pelo dispositivo que tem pontos de carga e descarga previamente seleccionados, fixos ou ajustáveis. Podem ser sistemas de correias, correntes, parafusos sem fim, por gravidade, por rolos, etc. As engrenagens, correntes, rodas e outras partes móveis deste sistema deverão estar protegidas de modo a evitar acidentes pessoais. Deverão existir sinais de AVISO nos pontos de carga e descarga, protecções e dispositivos de paragem de emergência ao longo de todo o comprimento do sistema, Os operadores nunca deverão colocar os braços e a cabeça debaixo das correias ou dos sistemas de propulsão, ou ainda transpor o sistema de um lado para outro, sem ser por meio de passagens adequa das com guardas e corrimões, para evitar quedas sobre os transportadores. 1.4.3.2. Acessórios Alguns dos equipamentos atrás referenciados necessitam de acessórios corno cordas, esteiras, cintas e paletes para auxílio da manobra. Estes acessórios são os meios de ligação entre as cargas e os equipamentos de elevação que devem ser adaptados e manuseados correctamente pelos operadores. A sua correcta utilização exige um treino específico. As paletes, em especial, estão disponíveis no mercado em muitos formatos e materiais devendo optar-se pela mais adequada em função da tarefa, Deverá, ainda, retirar-se de circulação toda e qualquer palete que apresente perigo devido ao seu estado de degradação.

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1.4.4.

Manutenção

Todos elementos da estrutura, mecanismos, fixadores e acessórios dos equipamentos de manobra devem ser de boa construção, de materiais apropriados e resistentes e ser mantidos em bom estado de conservação e funcionamento. Após a fase de implementação, deverá continuar-se a dar importância ao equipamento, estabelecendo de imediato e cumprindo o plano de manutenção (controlo, limpeza, conservação). 1.4.5.

Medidas básicas de segurança

A segurança oferecida pelo equipamento só é potencializada e efectiva se se cumprirem os procedimentos de utilização da máquina e se o estado de saúde do operador for adequado. Existem fundamentalmente três processos através dos quais se assegura a integridade física das pessoas. a.

Mantendo o homem afastado da máquina através de:

 Barreiras;  Vedações;  Elementos sensíveis de detecção de movimento. No entanto, este processo apresenta um risco residual porque requer sempre intervenção activa ou passiva de pessoas. b.

Mantendo a máquina afastada do homem através de:

 Interruptores manuais e/ou automáticos;  Freios manuais, auxiliados mecanicamente ou aplicados à potencia. Por exemplo, os carro por motores de combustão não devem ser utilizados na proximidade de locais com poeiras explosivas ou vapores inflamáveis e/ou no interior de edifícios onde a ventilação não seja suficiente para eliminar os riscos ocasionados pelos gases de escapes. c.

Os dispositivos da precaução, utilizando sinalização activa e passiva. Algumas situações à frente apresentadas demonstram a aplicação desta medida.

Por exemplo:

 Os condutores dos aparelhos de elevação não os devem deixar sem vigilância quando estiver suspensa uma carga. Neste caso, o próprio condutor fará o aviso necessário;

 Quando é necessário deslocar cargas perigosas por cima de locais de trabalho, tais como metal em fusão ou objectos presos a electroímanes, deve lançar-se um sinal de advertência eficaz a fim de alertar os trabalhadores para abandonar a zona perigosa;

 Os sinais que indiquem condições de perigo em zonas de trânsito devem ser convenientemente iluminados durante o serviço nocturno; a elevação e transporte de cargas por aparelhos de elevação devem ser regulados por um código de sinalização que comporte, para cada manobra, um sinal distinto feito, de preferência, por movimentos dos braços ou das mãos, devendo os sinaleiros ser facilmente identificáveis à vista.

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1.4.6.

Legislaçâo aplicável

Portaria ri 53/71 de 3 de Fevereiro, na redacção dada pela Portaria n 702/80 de 22 de Setembro Aprova o Regulamento Geral de Segurança e Higiene do Trabalho nos Estabelecimentos Industriais Decreto-lei nº 110/91, de 18 de Março Aprova os Regulamentos de segurança de elevadores escadas mecânicas e tapetes rolantes Decreto-lei nº 286/91, de 9 de Agosto Estabelece as prescrições técnicas de construção, verificação e funcionamento a que devem obedecer os aparelhos de elevação e movimentação Portaria nº de 2 de Março Aprova como Regulamento de Segurança de Ascensores Eléctricos (RSAE) a norma NP-3163-1:1988 Decreto-lei nº 378/93 de 5 de Novembro, alterado pelos Decretos-lei nº 139/95 de 14 de Junho e nº 374/98, de 24 de Novembro Transpõe para o direito interno a Directiva 89/392/CEE, do Conselho, de 14 de Junho, alterada pelas Directivas 91/368/CEE, do Conselho, de 20 de Junho, 93/44/CEE, do Conselho, de 14 de Junho e 93/68/CEE, do Conselho, de 22 de Junho, relativas à concepção e fabrico de máquinas e componentes de segurança q sejam colocados no mercado isoladamente, com vista a eliminar ou diminuir riscos para a saúde e segurança quando utilizadas nas condições previstas pelo fabricante e de acordo com o fim a que se destinam. Revoga: Decreto-lei nº 386/88 de 25 de Outubro, Decreto-lei nº 273/91 de 7 de Agosto, Portaria nº 736/88 de 10 de Novembro, Decreto-lei nº 47575 de 3 de Março de 1967, Portarias nº 933/91 e 934/91 de 13 de Setembro e Portaria n 1214/91 de 20 de Dezembro Decreto-lei nº 295/98, de 22 de Setembro Estabelece os princípios gerais de segurança relativos aos ascensores e respectivos componentes, transpondo para o direito interno a Directiva n 95/16/CE de 29 de Junho Decreto-lei nº 82/99, de 16 de Março Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº 89/655/CEE, do Conselho, de 30 de Novembro de 1989, alterada pela Directiva n 95/63/CE, do Conselho, de 5 de Dezembro de 1995, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos de trabalho 1.4.7.



Normalização aplicável

Norma Portuguesa NP 1748:1985 - Aparelhos de elevação e movimentação. Aparelhos de elevação de série. Terminologia ilustrada: Lista de termos equivalentes



Norma Portuguesa NP 3163-1:1988 - Regras de Segurança para a construção e instalação de ascensores e monta-cargas. Parte 1: Ascensores Eléctricos

 

National Fire Protection Association NFPA 70:1996 - National Electrical Code National Fire Protection Association NFPA 505:1996 - Powered Industrial Trucks, including type designations, areas of use, maintenance, and operation



American Society for Mechanical Engineers ASME B56.11.4:1994 - Hook-types and Fork Carriers for Powered Industrial Forklifts Trucks

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American Society for Mechanical Engineers ASME B56.1:1995 Safety Standards for Low Lift and High Lift Trucks

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1.5.

Máquinas

1.5.1.

Introdução

Associados à utilização de máquinas estão vários riscos para a saúde e segurança das pessoas podendo, em certos casos, provocar acidentes de trabalho e doenças relacionadas com o trabalho Com o desenvolvimento tecnológico, as máquinas atingiram melhores níveis de eficiência mas, por outro lado, agravaram-se ou surgiram novos riscos inerentes à sua utilização. Por vezes, os dispositivos de segurança não são suficientes para evitar o contacto com zonas perigosas, assim a necessidade de as identificar e controlar é importante para a prevenção de acidentes. Com a abertura do mercado e a consequente possibilidade de livre circulação de produtos, houve necessidade de (in) formar os fabricantes e consumidores para conhecer e respeitar os requisitos de segurança, criando-se legislação específica e normalização. 1.5.2.

Definições

Para facilitar a comunicação nesta matéria, são definidos seguidamente alguns conceitos fundamentais, imprescindíveis para gerir toda a informação disponível nesta área. a) «Máquina»: i) Conjunto, equipado ou destinado a ser equipado com um sistema de accionamento diferente da força humana ou animal directamente aplicada, composto por peças ou componentes ligados entre si, dos quais pelo menos um é móvel, reunidos de forma solidária com vista a uma aplicação definida; ii) Conjunto referido na subalínea anterior a que faltam apenas elementos de ligação ao local de utilização ou de conexão com as fontes de energia e de movimento; iii) Conjunto referido nas subalíneas i) e ii) pronto para ser instalado, que só pode funcionar no estado em que se encontra após montagem num veículo ou instalação num edifício ou numa construção; iv) Conjunto de máquinas referido nas subalíneas i), ii) e iii) e ou quase -máquinas referidas na alínea g) que, para a obtenção de um mesmo resultado, estão dispostas e são comandadas de modo a serem solidárias no seu funcionamento; v) Conjunto de peças ou de componentes ligados entre si, dos quais pelo menos um é móvel, reunidos de forma solidária com vista a elevarem cargas, cuja única fonte de energia é a força humana aplicada directamente; b) «Equipamento intermutável» Dispositivo que, após a entrada em serviço de uma máquina ou de um tractor, é montado nesta ou neste pelo próprio operador para modificar a sua função ou introduzir uma nova função, desde que o referido equipamento não constitua uma ferramenta; c) «Componente de segurança» Qualquer componente: i) Que serve para garantir uma função de segurança; e ii) Que é colocado isoladamente no mercado; e

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iii) Cuja avaria e ou mau funcionamento ponham em perigo a segurança das pessoas; e iv) Que não é indispensável para o funcionamento da máquina ou que pode ser substituído por outros componentes que garantam o funcionamento da máquina; d) «Acessório de elevação» Componente ou equipamento não ligado à máquina de elevação que permite a preensão da carga e é colocado entre a máquina e a carga ou sobre a própria carga ou destinado a fazer parte integrante da carga e que é colocado isoladamente no mercado; são igualmente considerados como acessórios de elevação as lingas e seus componentes; e) «Correntes, cabos e correias» As correntes, os cabos e as correias concebidas e construídas para efeitos de elevação como componentes das máquinas ou dos acessórios de elevação; f) «Dispositivo amovível de transmissão mecânica» O componente amovível destinado à transmissão de potência entre uma máquina automotora ou um tractor e uma máquina receptora, ligando -os ao primeiro apoio fixo, sendo que sempre que seja colocado no mercado com o protector deve considerar -se como um só produto; g) «Quase -máquina» O conjunto que quase constitui uma máquina mas que não pode assegurar por si só uma aplicação específica, como é o caso de um sistema de accionamento e que se destina a ser exclusivamente incorporada ou montada noutras máquinas ou noutras quase–máquinas ou equipamentos com vista à constituição de uma máquina à qual é aplicável o presente decreto -lei; h) «Colocação no mercado» A primeira colocação à disposição na Comunidade, a título oneroso ou gratuito, de uma máquina ou quase-máquina com vista a distribuição ou utilização; i) «Fabricante»: i) Qualquer pessoa singular ou colectiva responsável pela concepção e ou pelo fabrico de uma máquina ou quase–máquina abrangida pelo presente decreto -lei, bem como pela conformidade da máquina ou quase -máquina com o presente decreto-lei tendo em vista a sua colocação no mercado, com o seu próprio nome ou a sua própria marca ou para seu uso próprio; ii) Na falta de fabricante na acepção da subalínea anterior, considera -se fabricante qualquer pessoa singular ou colectiva que proceda à colocação no mercado ou à entrada em serviço de uma máquina ou quase-máquina abrangida pelo presente decreto-lei; j) «Mandatário» Qualquer pessoa singular ou colectiva, estabelecida na Comunidade, que tenha recebido um mandato escrito do fabricante para cumprir, em seu nome, a totalidade ou parte das obrigações e formalidades ligadas ao presente decreto -lei; l) «Entrada em serviço» a primeira utilização, na Comunidade, de uma máquina abrangida pelo presente decreto--lei de acordo com o fim a que se destina;

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m) «Norma harmonizada» a especificação técnica, não obrigatória, adoptada por um organismo de normalização, a saber, o Comité Europeu de Normalização (CEN), o Comité Europeu de Normalização Electrotécnica (CENELEC) ou o Instituto Europeu de Normas de Telecomunicações (ETSI), com base num mandato conferido pela Comissão de acordo com os procedimentos estabelecidos na Directiva n.º 98/34/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Junho, relativa a um procedimento de informação no domínio das normas e regulamentações técnicas e das regras relativas aos serviços da sociedade da informação, transposta para a ordem jurídica interna pelo Decreto -Lei n.º 58/2000, de 18 de Abril, com as alterações de que foi objecto. 1.5.2.1. Aquisição de máquinas A aquisição de qualquer equipamento deve ser precedida da elaboração de um caderno de encargos onde deverão estar bem explícitas todas as regras de segurança. Cada equipamento adquirido deverá possuir um manual de instruções com informação precisa sobre a sua manipulação e componente de segurança, devendo ser redigido em Português e de fácil compreensão. 1.5.3.

Equipamento de trabalho

Os equipamentos de trabalho devem respeitar as regras técnicas relativas às exigências essenciais de segurança e protecção da saúde, não só pela exigência inerente à Directiva Máquinas (declaração de conformidade, procedimentos de comprovação complementares e marcação ―CE‖), mas também pelo facto dos custos de execução serem mais baixos e a instalação mais fácil durante a fase de concepção. Quando não for possível cumprir todos os requisitos legalmente estabelecidos, deverão ser adoptadas de uma forma inequívoca, por parte do fabricante, medidas que garantam as condições de segurança. 1.5.3.1. Princípios de concepção As soluções mais fiáveis devem ser concebidas de origem, pela sua eficiência e baixo custo. Por isso, existem alguns princípios fundamentais que devem ser amplamente estudados, antes de se conceber um equipamento:

 Respeitar prioridades na concepção: para que o risco de um equipamento seja o mais baixo possível e a eficácia maior na prevenção de acidentes, deve respeitar se a seguinte hierarquia:

 Eliminar ou reduzir os riscos;  Adoptar medidas de protecção especiais para riscos que não possam ser eliminados;  Por último, informar os utentes dos seus perigos, dar formação específica e disponibilizar equipamento de protecção individual.

 Segurança de produto— conceber um equipamento prevendo utilizações em condições normais e/ou anormais para evitar a sua utilização indevida;

 Ergonomia — respeitar os princípios ergonómicos, ou seja, a fadiga, constrangimentos psíquicos (―stress‖) devem ser reduzidos ao mínimo possível

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 Equipamentos de protecção individual — Se for caso disso, o fabricante deve impor as limitações necessárias ou previsíveis à utilização de equipamentos de protecção individual;

 Acessórios — As máquinas devem ser fornecidas com todos os equipamentos e acessórios especiais e essenciais para poderem ser utilizadas sem risco;

 Instalação — A máquina deve poder ser colocada num lugar sem riscos; caso não possa ser transportada à mão, deve estar equipada com acessórios que permitam a preensão por um meio de elevação, caso contrário, deve ter disponível pegas ou outros sistemas.

amb.085.00

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1.5.3.2. Comandos Os comandos devem ser seguros e fiáveis de forma a não originar situações perigosas em caso de erro de lógica nas manobras. O botão de arranque de uma máquina só deve ser accionado por uma acção voluntária sobre um órgão de comando previsto para o efeito. Cada máquina deve estar equipada com um ou vários dispositivos de paragem de emergência, por meio dos quais possam ser evitadas situações de perigo latente ou existente. O modo de comando seleccionado deve ter prioridade sobre todos os outros sistemas de comando, com excepção da paragem de emergência. Os suportes lógicos do diálogo entre o operador e o sistema de comando ou de controlo de uma máquina devem ser orientados para o utilizador. 1.5.3.3. Avisos As informações disponíveis para se operar com uma máquina devem ser precisas e de fácil compreensão. Se for caso disso, a máquina deve possuir dispositivos de alerta que não sejam ambíguos e respeitem as cores e sinais de segurança. Mesmo assim, se continuarem a existir riscos pela especificidade do equipamento (por exemplo: armário eléctrico, fonte radioactiva), o aviso deve estar ilustrado com pictogramas e legendado em português. Em função da sua natureza, a máquina deve possuir todas as indicações indispensáveis à segurança de utilização (por exemplo, frequência máxima de rotação de deter minados elementos rotativos, diâmetro máximo de ferramentas que podem ser monta dos, massa, etc.).

amb.085.00

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1.6.

Segurança para máquinas

1.6.1.

Riscos

1.6.1.1. Riscos mecânicos Alguns dos riscos que podem provocar lesões físicas ou funcionais são descritos como:

 Falta de estabilidade do equipamento;  Resistência dos materiais (fadiga, envelhecimento, corrosão, abrasão);

 Risco de quedas ou projecções de objectos (peças maquinadas, ferramentas, aparas, fragmentos, resíduos, etc.);

 Arestas vivas, ângulos vivos ou superfícies rugosas susceptíveis de causarem ferimentos. 1.6.1.2. Outros tipos de riscos

 Fontes de alimentação: eléctrica, hidráulica, pneumática, térmica;  Cargas electrostáticas;  Erros de montagem ou remontagem;  Temperaturas extremas, muito elevadas ou muito baixas;  Incêndio e de explosão;  Ruído e vibrações;  Radiações;  Equipamento laser;  Emissões de poeiras e gases.  Regra geral, os protectores devem ser robustos e permitir intervenções de manutenção.

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1.6.2.

Características dos protectores e dispositivos de protecção

Os dispositivos de protecção devem ser inseridos nos sistemas de comando e garantir a impossibilidade de alcançar os elementos móveis. Em caso de avaria, devem provocar a paragem dos elementos móveis. Um protector é um elemento de uma máquina utilizado especificamente para garantir uma protecção por meio de uma barreira material. Consoante a sua construção, um protector pode ter designações diferentes, tais como: ―cárter‖, tampa, resguardo, porta, cercadura fechada e podem classificar-se em: Tipo de protector Protector fixo

Protector mantido no seu lugar (i.e. fechado), quer de maneira permanente (por soldadura), quer por meio de elementos de fixação (parafusos, porcas, etc.) que só permitem que o protector seja remo vido ou aberto com auxílio de uma ferramenta.

Protector móvel

Protector que se pode abrir sem utilizar nenhuma ferramenta e que geralmente é ligado por elementos mecânicos (por meio de dobradiças, por exemplo) à estrutura da máquina ou a um elemento fixo vizinho.

Protector regulável

Protector fixo ou móvel que é regulável no seu conjunto ou que contém parte ou partes reguláveis. A regulação mantém-se inalterada durante uma determinada operação.

Protectores com dispositivos de: Encravamento

Protector associado a um dispositivo de encravamento de modo que:

 As funções perigosas da máquina ―cobertas‖ pelo protector não possam operar enquanto o protector não estiver fechado;

 Se o protector for aberto durante a operação das funções perigosas da máquina, é dada uma ordem de paragem;

 Desde que o protector esteja fechado, as funções perigosas da máquina ―cobertas‖ pelo protector podem operar, mas o fecho do protector não inicia por si próprio a operação de tais funções (exemplo: a máquina pára quando alguém ou algo avança sobre a área de perigo), Bloqueio

Protector associado a um dispositivo de encravamento e um dispositivo de bloqueio mecânico, de modo que:

 As funções perigosas da máquina ―cobertas‖ pelo protector não possam operar enquanto o protector não estiver fechado e bloqueado;

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 O protector permanece bloqueado na posição de fechado até que tenha desaparecido o risco de ferimento devido às funções perigosas da máquina;

 Quando o protector estiver bloqueado na posição de fechado, as funções perigosas da máquina podem operar, mas o fecho e o bloqueio do protector não iniciam por si próprios a operação de tais funções (exemplo: uma grade que só permite o funcionamento da máquina quando está correctamente posicionada). Protectores com

Protector associado a um dispositivo de encravamento (ou de bloqueio), de modo que:

comando de

 As funções perigosas da máquina ―cobertas‖ pelo protector não possam operar até que

arranque

o protector esteja fechado;

 O fecho do protector inicie a operação da(s) função(ões) perigosa(s) da máquina;  (exemplo: painéis automáticos móveis para protecção das máquinas como prensas, máquinas de moldar plástico e borracha, por injecção ou compressão, com carga ou descarga manual).

Dispositivos de comando: De acção continuada

Manter o comando, botão, etc. premido.

Bimanuais

Blocos lógicos destinados a assegurar funções de segurança por meio de comandos bimanuais.

Por movimento limitado Dispositivos sensores:

(passo a passo). Por exemplo: dispositivos electrossensíveis especialmente concebidos para a detecção da presença de pessoas, nomeadamente, barreiras invisíveis, tapetes sensíveis detectores electromagnéticos.

Estrutura de protecção contra o risco de viragem Estruturas de protecção contra riscos de queda de objectos

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1.6.3.

Manutenção

As operações de manutenção, na grande maioria das vezes, são as principais causadoras de acidentes, devido ao factor surpresa e por serem, maioritariamente, tarefas não ―standardizadas‖. Por isso, estas operações devem ser feitas com a máquina parada e com zonas de acesso próprias. As fontes de energia devem estar identificadas e permitir o seu bloqueamento ou interrupção com facilidade. De preferência, devem colocar-se dispositivos de segurança para evitar o arranque acidental pois muitos acidentes ocorrem quando uma máquina é accionada por acaso durante o trabalho de manutenção. 1.6.4.

Manual de instruçôes

Cada máquina deve ser acompanhada de um manual de instruções com informações precisas sobre a sua manipulação e componente de segurança. Este deve acompanhar a máquina, ser redigido em português (se se destinar ao mercado nacional) e de fácil compreensão. O manual deve estar tão completo quanto possível e contemplar informações como a movimentação (transporte), instalação, colocação em serviço, regulação, operação, manutenção, reparação, montagem, desmontagem, montagem de ferramentas e acessórios, etc., bem como as respectivas instruções de segurança.

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1.6.5.

Legislação aplicável

 Decreto-lei nº 383/89 de 6 de Novembro Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva 85/374/CEE, do Conselho, de 25 de Julho, relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados membros em matéria de responsabilidade decorrente de produtos defeituosos.

 Directiva 92/31/CEE do conselho, de 28 de Abril de 1992 — Altera a Directiva 89/336/CEE de 3 de Maio  Decreto-lei nº 74/92 de 29 de Abril, alterado pelo Decreto-lei nº 98/95 de 17 de Maio. Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva 89/336/CEE do Conselho, de 3 de Maio, respeitante à compatibilidade electromagnética, com as alterações que lhe foram introduzidas pela Directiva 93/68/CEE, do Conselho, de 22 de Julho, respeitante à marcação ―CE‖.

 Decreto-lei nº 378/93 de 5 de Novembro, alterado pelos Decretos-lei nº 139/95 de 14 de Junho e nº 374/98 de 24 de Novembro. Transpõe para o direito interno a Directiva 89/392/CEE, do Conselho, de 14 de Junho, alterada pelas Directivas 91/368/CEE, do Conselho, de 20 de Junho, 93/44/CEE, do Conselho, de 14 de Junho e 93/68/CEE, do Conselho, de 22 de Junho, relativas à concepção e fabrico de máquinas e componentes de segurança quando sejam colocados no mercado isoladamente, com vista a eliminar ou diminuir riscos para a saúde e segurança quando utilizadas nas condições previstas pelo fabricante e de acordo com o fim a que se destinam. Revoga: Decreto-lei nº 386/88 de 25 de Outubro, Decreto-lei nº 273/91 de 7 de Agosto, Portaria nº 736188 de 10 de Novembro, Decreto-lei nº 47575 de 3 de Março de 1967, Portarias nº 933/91 e 934/91 de 13 de Setembro e Portaria nº 1214/91 de 20 de Dezembro.

 Portaria nº 145/94 de 12 de Março, alterada pela Portaria nº 280/96 de 22Julho Regulamenta o Decreto-lei nº 378/93 de 5 de Novembro, alterado pelo Decreto-lei nº 139/95 de 14 de Junho.

 Decreto-lei nº 214/95 de 18 de Agosto Estabelece as condições de utilização e de comercialização de máquinas usadas, com vista a eliminar os riscos para a saúde e segurança das pessoas, quando utilizadas de acordo com os fins a que se destinam

 Decreto-Lei n.º 50/2005 de 25 de Fevereiro O Decreto-Lei n.º 82/99, de 16 de Março, regula as prescrições mínimas de segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de trabalho, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 89/655/CEE, do Conselho, de 30 de Novembro, alterada pela Directiva n.º 95/63/CE, do Conselho, de 5 de Dezembro

 Decreto-Lei n.º 103/2008 de 24 de Junho A Directiva n.º 98/37/CE será revogada, a partir de 29 de Dezembro de 2009, pela Directiva n.º 2006/42/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio, relativa às máquinas e que altera a Directiva n.º 95/16/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Junho, relativa à aproximação das legislações dos Estados membros respeitantes aos ascensores, transposta para a ordem jurídica interna pelo Decreto -Lei n.º 295/98, de 22 de Setembro.

amb.085.00

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1.6.6.

Normalização aplicável

 Norma Portuguesa NP EN 292-1:1993  Segurança de Máquinas. Conceitos fundamentais, princípios gerais de concepção. Parte 1: Terminologia básica, metodologia

 Norma Portuguesa NP EN 292-2:1993  Segurança de Máquinas. Conceitos fundamentais, princípios gerais de concepção. Parte 2: princípios técnicos e especificações

 Norma Portuguesa NP EN 294:1996  Segurança de Máquinas. Distâncias de segurança para impedir que os membros superiores alcancem zonas perigosas

 Norma Portuguesa NP EN 349:1996  Segurança de Máquinas. Distâncias mínimas para evitar o esmagamento de partes do corpo humano  Norma Portuguesa NP EN 418:1996 Segurança de Máquinas. Equipamento de paragem de emergência, aspectos funcionais — Princípios de concepção

 Norma Portuguesa NP ENV 1070:1996 Segurança de Máquinas. Terminologia

 B55304:1988 Code of practice for safety of machinery

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1.7.

Manutenção

1.7.1.

Introdução

Conjuntamente com as verificações programadas, fazem parte do programa de manutenção de uma empresa os controlos periódicos e os trabalhos de reparação. No decurso da manutenção, as condições de trabalho podem ser muito diferentes, apresentando novos riscos, uma vez que estas operações não fazem parte das tarefas quotidianas na utilização dos equipamentos e podem abranger desde um simples controlo diário de funcionamento até ao restauro do próprio edifício onde se situam as instalações fabris. Por este motivo e de uma maneira geral, é utilizada uma grande variedade de ferramentas, máquinas, equipamentos de movimentação, de elevação, de controlo, etc., o que obriga à aplicação de uma vasta gama de conhecimentos. Ao fazer-se a manutenção de uma máquina ferramenta são necessários não só conhecimentos mecânicos, eléctricos, electrónicos e pneumáticos mas também de lubrificação e até de pintura É muito vasto e complexo o campo da manutenção, o que obriga a adopção de procedimentos de segurança muito rigorosos, quer seja para uma simples manutenção de rotina, quer seja para uma operação de manutenção bastante profunda de uma máquina automática, na qual seja necessário substituir peças, ou mesmo partes completas da máquina. Por vezes, uma operação de rotina feita de modo descuidado pode ser responsável por um acidente bastante grave. Antes de executar qualquer trabalho de manutenção, deverá proceder-se a uma rápida planificação de segurança, com inclusão dos seguintes pontos: 1.

Identificar os riscos;

2.

Avaliar soluções alternativas;

3.

Seleccionar a acção apropriada;

4.

Programar os recursos a afectar;

5.

Implementar a actuação;

6.

Avaliar os resultados;

7.

Ponderar o grau de eficácia obtido

Não é possível enumerar, no âmbito de um trabalho deste tipo, todos os procedimentos de segurança a ter quando da realização de uma operação de manutenção, pelo que iremos falar de algumas situações mais comuns e susceptíveis de provocar acidentes.

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1.7.2.

Ferramentas manuais

Devido ao amplo uso de ferramentas manuais e à elevada frequência e gravidade dos acidentes por elas provocados deverá, quando da sua utilização, ter-se em consideração os seguintes pontos:

 Seleccionar a ferra menta correcta para o trabalho a executar, nunca ultrapassando a sua capacidade;

 Utilizar sempre ferramentas em bom estado de conservação. Verificar os cabos e pegas das ferra mentas, não caindo na tentação de os fixar de maneira artesanal com emendas, pregos ou parafusos, braçadeiras ou de qualquer outra maneira menos correcta, pois são sempre pontos fracos que, cedendo, podem ser a causa de acidentes;

 Usar as ferramentas correctamente;  Guardar as ferramentas em locais apropriados. Não deverão estar amontoadas em caixas ou prateleiras, mas ter o seu Focal de guarda próprio, perfeitamente identificado;

 Transportar as ferramentas em cintos próprios ou em bolsas agarradas à cintura dos trabalhadores, o que lhes permitirá ter as mãos livres para subir escadas ou andai mes;

 Utilizar sempre óculos de protecção, luvas, capacetes e outros equipamentos de protecção individual adequados ao trabalho a executar;

 Proceder a inspecções periódicas por pessoal especializado, verificando o funcionamento das ferramentas e detectando possíveis pontos de desgaste e de rotura. Criar para cada ferramenta uma ficha onde esteja indicado quando foi feita a última inspecção ou reparação, do que constou, peças substituídas e a data prevista para nova inspecção;

 Nas ferramentas manuais de corte verificar sempre o estado da lâmina e os seus ângulos de corte, pois um ângulo errado pode ser responsável por um grave acidente;

 As ferramentas de percussão (martelos, escopros, marretas, etc.) deverão ser fabricadas em material adequado, não devendo apresentar rebarbas que se poderão soltar, causando lesões. 1.7.3.

Manutenção eléctrica

1.7.3.1. Introdução Motores, interruptores, comutadores, disjuntores e equipamentos similares sofrem desgastes, quebras e necessitam de ajustamentos. Para serem seguros e prestarem um bom serviço, estes equipamentos eléctricos deverão ter sempre uma correcta manutenção. Reparações em circuitos e aparelhos eléctricos deverão ser sempre feitos por pessoal técnico experiente. Só deverá utilizar-se equipamento eléctrico normalizado e certificado. Equipamento

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de qualidade inferior e não certificado poderá ser perigoso devido a defeitos de projecto, material ou montagem. Antes de se começar qualquer trabalho de manutenção eléctrica, o pessoal que o irá executar deverá certificar-se que a alimentação eléctrica foi cortada, testando por meio de instrumento de medida adequado. O pessoal de manutenção deverá ser instruído no uso de equipamento eléctrico de teste e de medida como, por exemplo, identificar pontos de teste, diagramas de circuitos, sondas, pinças, etc. Alicates, chaves de parafusos, luzes de teste e outras ferramentas usadas em trabalhos de reparação eléctrica deverão ser isolados. Quando tenham que ser realizados trabalhos de manutenção ou de reparação em condutores com corrente eléctrica, é aconselhável haver sempre dois ou mais operadores a trabalhar juntos. O supervisor deverá fornecer procedimentos de trabalho detalhados a ser seguidos e verificar se as equipas de manutenção possuem e usam equipamentos de protecção adequados. O grau de precisão do equipamento necessário deverá ser determinado pelo tipo de circuito, pela natureza do trabalho e pelas condições em que este deverá ser executado. Uma boa prática de segurança é, não só utilizar o equipamento de protecção mas verificar se este está em condições, inspeccionando-o antes do uso e periodicamente. 1.7.3.2. Consignação O arranque intempestivo de equipamentos ou a ligação de circuitos (que poderão ser desencadeados por controlos automáticos ou manuais) são susceptíveis de causar danos graves, devido a choque eléctrico ou a acidentes provocados por peças em movimento. Por exemplo, um arranque inesperado de um motor poderá causar lesões em trabalhadores que o estejam a reparar; do mesmo modo, a inesperada ligação de um equipamento poderá produzir electrização (choque eléctrico). Por esta razão, quando um equipamento eléctrico vai ser reparado ou modificado, o circuito deverá ser desligado (―OFF‖) e o interruptor de comando bloqueado com um ―cadeado‖. Deverão colocar-se etiquetas contendo a descrição do trabalho, indicando o nome da pessoa que o está a realizar e o departamento envolvido. No entanto, sinais ou etiquetas isoladas não garantem uma protecção tão eficaz como a colocação dos cadeados. Por causa do grave risco para a saúde, o procedimento de implementação de um sistema de cadeados deverá ser instituído e treinado com todo o pessoal da manutenção. Cada trabalhador da manutenção terá o seu cadeado que deverá aplicar sempre que executar manutenções de equipamento eléctrico. Deverão ser sempre usados cadeados de boa qualidade, não devendo haver chaves iguais, assegurando-se que cada chave serve unicamente num cadeado. Não é recomendável o uso de chaves mestras e, no caso de haver duplicados, estes deverão ser sempre guardados sob um rígido controlo. Cada cadeado deverá ter o número ou o nome do trabalhador que o utiliza.

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Para que o sistema de cadeado esteja operacional, é necessário que os diversos equipamentos possuam um portacadeados. Nas oficinas onde são utilizados equipamentos antigos, ou onde estão instalados equipamentos antideflagrantes ou anti-poeiras, é necessário que sejam construídas ligações onde se possam aplicar os cadeados. Quando há mais do que uma pessoa a trabalhar no mesmo equipamento, deverá usar-se um adaptador para aplicação simultânea de diversos cadeados para que cada trabalhador aplique o seu próprio cadeado antes de começar a trabalhar. Seja qual for o método utilizado para manter os interruptores desligados (―0FF‖), deverá manter-se um controlo efectivo por meio de uma constante supervisão e treino na rotina de segurança. Apresenta-se, seguidamente, um exemplo de método eficaz para assegurar um correcto uso de cadeados: 1.

Alertar o operador e outros utilizadores de que o sistema vai ser desligado;

2.

Actuar no corte geral de corrente para que o equipamento fique desligado;

3.

Colocar o seu cadeado no interruptor de comando, alavanca, válvula, mesmo que alguém tenha colocado outro cadeado antes de si; só se estará protegido quando o seu cadeado estiver colocado.

4.

Sinais e barreiras são necessários para identificação mas não substituem os cadeados;

5.

Verificar o cadeado para assegurar que o equipamento está efectivamente desligado;

6.

Trabalhar com calma e serenidade;

7.

Quando se terminar o trabalho retirar o cadeado, o sinal e as barreiras. Não permitir que os retirem por si e verificar que nunca se irá expor outra pessoa ao perigo. Assegurar-se que o equipamento está livre e limpo;

8.

Ligar o sistema.

1.7.3.3. Fusíveis Quando for necessário retirar um fusível, o sistema eléctrico deverá ser previamente desligado por meio do seu interruptor. O fusível deverá ser retirado com um arranca fusíveis, devidamente isolado. É importante que o fusível seja substituído por um outro do mesmo tipo, tamanho e capacidade. Uma prática adicional de segurança é a de retirar os fusíveis do quadro eléctrico de um circuito ou de uma máquina quando se está a procederá sua reparação ou alteração. No entanto, esta prática não substitui o uso de cadeados, pois alguém pode, inadvertidamente, colocar outros fusíveis e ligar o circuito. Em situação de emergência e quando a área em redor da caixa de fusíveis estiver molhada, deverão ser utilizadas pelos trabalhadores luvas dieléctricas, plataformas isoladas ou botas de borracha. 1.7.3.4. Condutores As instalações eléctricas deverão ser efectuadas de acordo com normalização e legislação vigente. Antes de ser colocada em funcionamento, qualquer instalação eléctrica deverá ser inspeccionada por pessoal qualificado. Legalmente, todas as instalações eléctricas necessitam de ter um técnico responsável. O uso de condutores provisórios deverá ser sempre de evitar, mesmo que a sua montagem cumpra as regras de segurança.

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Instalações eléctricas provisórias e temporárias realizadas em locais em construção ou alteração deverão ser protegidas capazmente contra riscos mecânicos e verificadas frequentemente, pois podem ser alteradas sem se ter em consideração a capacidade dos condutores. Técnicos e pessoal de manutenção deverão ter sempre como norma inspeccionar frequentemente condutores, fichas e ligações eléctricas das ferramentas portáteis, verificando se o condutor de ligação à terra está ligado correctamente e se o perno de ligação à terra da ficha não foi retirado. Quando surgir qualquer dúvida sobre a segurança de uma ferramenta ou da sua ligação eléctrica, esta deverá ser retirada de serviço e enviada para inspecção e reparação por pessoal qualificado. Quando houver necessidade de se instalar equipamento adicional em condições temporárias em .circuitos já existentes, este só deverá ser feito com a instalação conjunta de um interruptor individual no ramal a ser instalado e de um adaptador para colocação de cadeado e etiquetas. Esta precaução evitará interrupções no circuito principal quando houver necessidade de desligar o ramal. 1.7.3.5. Gambiarras Nos trabalhos de manutenção, principalmente em reparação de máquinas e em locais com fraca iluminação, usam-se com frequência gambiarras para melhorar a visibilidade da tarefa que está a ser executada. Trata-se de um equipamento muito simples mas que pode provocar acidentes, por vezes graves, devido ao desgaste de material ou à aplicação de componentes inadequados ou de qualidade inferior. A gambiarra deve ter uma estrutura e um punho feitos de material isolante, devendo a lâmpada estar envolta por uma grade de protecção. Modernamente, existem gambiarras com lâmpadas fluorescentes em armaduras inquebráveis que são preferíveis às de lâmpada incandescente. Por ser um equipamento que se deteriora rapidamente, por exemplo, por cortes no cabo eléctrico, deve ser inspeccionado com frequência para detecção de possíveis avarias. 1.7.3.6. Formação Desvios no uso seguro de práticas correctas na instalação de equipamentos eléctricos e electrónicos resultam muitas vezes em acidentes que podem lesionar ou matar pessoas. Consequentemente, um programa de segurança deverá incluir a formação de todos aqueles que trabalham com equipamentos eléctricos e electrónicos, As acções de formação deverão incluir treino em reanimação cardio-respiratória, sinalização de segurança, equipamentos de protecção (individual e colectiva) e procedimentos operacionais de segurança. É essencial que cada um seja treinado para actuar em situações de emergência e seja instruído para nunca trabalhar sozinho em situações de risco. Os supervisores deverão dar instruções aos seus colaboradores para que estes os informem imediatamente de qualquer situação de acidente eléctrico e da necessidade de manterem uma apertada supervisão sobre todas as operações que envolvam o uso de equipamento eléctrico ou electrónico.

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De igual modo, deverão dar instruções aos seus colaboradores para que estes os informem imediatamente de qualquer defeito eléctrico observado e das reparações ou substituições que possam efectuar. 1.7.4.

Manutenção mecânica, hidráulica e pneumática

O que anteriormente foi dito para a manutenção eléctrica aplica-se na generalidade às tarefas de manutenção mecânica, hidráulica ou pneumática. A formação adequada, a execução dos trabalhos por pessoal técnico experiente, ouso de cadeados e todas as outras considerações anteriormente descritas são perfeita mente adaptáveis a estes tipos de manutenção pelo que não se julga necessária a sua repetição. Como em todos os trabalhos de manutenção, é fundamental avaliar previamente os riscos da tarefa que se pretende executar, efectuando-a em condições seguras através da utilização de equipamentos adequados e técnicas apropriadas. A ocorrência de acidentes durante as operações de manutenção é frequentemente motivada pela urgente necessidade de ter os equipamentos em funcionamento, não permitindo que as diversas etapas da manutenção ou reparação sejam executadas adequadamente, utilizando-se assim ferramentas e métodos expeditos, por vezes menos apropriados mas disponíveis, que levam a descurar a segurança das tarefas em causa. 1.7.5.

Soldadura

Nos trabalhos de manutenção é vulgar recorrer-se a operações de soldadura, quer eléctrica quer oxiacetilénica. Em ambos os casos devem ser tomadas medidas de segurança, pois são operações que envolvem riscos não só para os trabalhadores que as efectuam, como para todos aqueles que se encontram perto do local onde elas estão a ser efectuadas. Os trabalhadores devem usar equipamentos de protecção individual como luvas, óculos ou máscara para proteger os olhos contra o arco de soldadura. De notar que o arco luminoso produzido pela soldadura é composto por raios infravermelhos e ultravioletas, pelo que os óculos ou máscaras devem possuir filtros. Para proteger os outros trabalhadores dos efeitos do arco eléctrico, o local onde a soldadura está a ser feita deverá ser isolado por meio de divisórias. Qualquer tipo de soldadura produz fumos bastante intensos, que poderão ser tóxicos em função do tipo de solda utilizada, pelo que é necessária uma boa exaustão, principalmente quando se trabalha em locais fechados. Antes de se proceder a qualquer soldadura, deverá verificar-se se no local ou na sua proximidade não se encontram guardados produtos inflamáveis, pois a soldadura produz um elevado número de faíscas que poderão cair a distância apreciável, principal mente quando a soldadura está a ser realizada em pontos elevados. Sempre que se proceda a soldaduras em tanques, contentores ou quaisquer outros recipientes usados para guardar produtos inflamáveis ou gases, deverá proceder-se à extracção prévia destes e à sua cuidadosa limpeza. O aparelho de soldadura eléctrica deve estar ligado à terra.

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Na soldadura oxiacetilénica, devido à existência de gases em garrafas e de mangueiras ou condutas, é necessário ter outras precauções suplementares. As mangueiras devem ser diferenciáveis, estar protegidas contra o calor, objectos cortantes e sujidade, principalmente óleos ou outras gorduras, pois estas substâncias, mesmo em peque nas quantidades, podem provocar explosões em contacto com o oxigénio. Devem também estar providas de válvulas anti-retorno de chama. Antes de se proceder à soldadura oxiacetilénica, deverá verificar-se a possibilidade de, em caso de incêndio, se retirarem rapidamente as garrafas do local, colocando-as em local seguro e protegidas do calor

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1.7.6.

Trabalhos de manutenção em espaços confinados

Por vezes, é necessária proceder a trabalhos de manutenção em espaços fechados, tais como depósitos, cisternas, contentores, túneis, galerias, etc., onde, devido à possível existência de vapores ou gases nocivos, é necessário tomar-se precauções adicionais: Deverá tentar fazer-se uma ventilação cuidadosa do local; os trabalhadores deverão utilizar equipamentos individuais de protecção apropriados (máscara de circuito fechado) e estar equipados com um arnês de segurança. Todos os arneses de segurança devem estar providos de um cabo individual manobrado por outro trabalhador fora do espaço confinado, pronto a intervir e, em caso de necessidade, dar o alarme. 1.7.7.

Lubrificação

Uma das operações realizadas frequentemente pela manutenção é a lubrificação de máquinas, substituindo óleos e massas Normalmente são trabalhos que não evidenciam um risco elevado mas, como qualquer trabalho de manutenção, deverão ser executados segundo determinadas regras, principalmente de higiene. Assim, devem ser tomados em consideração os seguintes pontos:

 Utilizar vestuário adequado de protecção, tal como fatos de trabalho, luvas, óculos, botas, aventais, protecções para as pernas, etc.;

 Limpar a superfície da máquina antes de efectuar a operação, evitando-se assim que se suje desnecessariamente o fato de trabalho;

 Utilizar sempre panos ou desperdícios limpos; não colocar dentro dos bolsos panos sujos de óleo;  Utilizar um creme adequado para substituir a gordura natural da pele, em especial os trabalhadores tenham tendência para a pele seca;

 No fim de cada turno, os trabalhadores que executam operações de lubrificação deverão trocar de roupa, lavando-se com água quente e com um sabão líquido não abrasivo; nunca utilizar pó de limpeza abrasivo, areia, serradura, etc., para tirar a sujidade das mãos;

 Limpar e desinfectar prontamente todas as feridas, mesmo que pequenas, ocorridas durante trabalho de lubrificação, empregando água e sabão e aplicando em seguida um penso esterilizado ou algum tratamento indicado pelo Serviço de Saúde; consultar este Serviço logo que se manifeste qualquer inflamação de pele, independentemente da sua localização. Pode tratar-se de uma inflamação sem importância e que apenas necessite de um pequeno tratamento ou que nem sequer esteja relacionada com o trabalho executado mas, de qualquer modo, a demora no seu tratamento poderá ter efeitos nocivos para a saúde;

 Não deitar no esgoto os óleos usados, pois tal não é legalmente permitido contactar uma firma especializada e credenciada para a recolha de produtos deste tipo.

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1.7.8.

Normalização aplicável

 Norma Portuguesa NP 2036:1986 Higiene e Segurança no Trabalho. Ferramentas portáteis. Requisitos de Gerais de Concepção e Utilização

 Norma Portuguesa NP 2198:1986 Higiene e Segurança no Trabalho. Ferramentas portáteis manuais. Requisitos de Segurança

 Norma Portuguesa EN 165:1997 Protecção Individual dos Olhos. Vocabulário

 Norma Portuguesa NP 2310:1989 Higiene e Segurança no Trabalho. Equipamento de Protecção Individual. Luva de protecção. Definições, classificação e dimensões

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1.8.

Manutenção mecânica

1.8.1.

Tipos de Máquinas Transportadoras

Os aparelhos ou máquinas transportadoras podem agrupar-se em dois grandes tipos: a) Aparelhos de funcionamento continuo, que asseguram uma circulação permanente ou quase permanente dos materiais transportados; b) Aparelhos de funcionamento descontinuo ou alternado, que têm dois ciclos de funcionamento — ida com a carga e volta em vazio. 1.8.2.

Aparelhos de Funcionamento Contínuo

Telas ou correias transportadoras Consistem numa tela geralmente em borracha artificial (neoprene), cujo movimento, produzido através de um motor eléctrico, é conduzido por tambores cilíndricos. Apresentam uma série de riscos que podem ser controlados através de medidas preventivas:

 Devem ser previstos sistemas de paragem de emergência em intervalos que não excedam 8 metros;  As polias nas extremidades da correia devem ser protegidas para impedir um eventual esmagamento de dedos;

 A passagem de pessoas de um lado para o outro por cima das telas transportadoras deve ser feita através de passadiços fixos ou amovíveis, com guardas;

 As operações de conservação, tais como lubrificações e reparações, devem ser feitas com o motor desligado. Transportadores por gravidade (ou de plano inclinado) Este tipo de transportadores depende, exclusivamente, da força gravitacional e o risco de acidente é caracterizado pelo eventual esmagamento do operário pela carga. Como medidas de prevenção de acidentes citamos:

 O transportador deve estar equipado com dispositivos mecânicos ou eléctricos que impeçam a introdução das mãos nas áreas de perigo;

 Qualquer bloqueio no transportador nunca deve ser superado fazendo uso das mãos, mas sim mediante a utilização de varas especiais. Transportadores ou elevadores de copos ou cestas São, fundamentalmente, constituídos por uma roda circular, a qual tem, no seu perímetro exterior e a toda a volta, copos ou cestas suspensas num eixo, podendo nele serem fixos ou móveis. Nestes transportadores devem observar-se os mesmos cuidados que nos transportadores de tela. Sempre que possível, todo o mecanismo devera ser blindado e, se o não for, ao nível e nas passagens de pavimentos deverá existir uma grade ou vedação que impeça a aproximação de pessoas. Transportadores aéreos em cadeia ou por trolleys São utilizados, por exemplo, nas fábricas de automóveis. Os materiais ou objectos transportados em cadeia aérea ao longo de um cabo são suspensos por uma série de ganchos suspensos na cadeia em intervalos regulares.

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Os objectos devem circular a uma altura suficientemente elevada, de modo a não atingirem pessoas no seu deslocamento.

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Transportadores de parafuso sem fim (parafuso de Arquimedes) São constituídos por parafusos que produzem a movimentação da carga, girando em torno do seu eixo. Devem ser cuidadosamente cobertos com blindagens robustas e bem fixadas, sobretudo quando estes transportadores ficam ao nível do solo. 1.8.3.

Aparelhos de Funcionamento Descontínuo

Gruas, guindastes e pontes rolantes São muito utilizados em portos, na construção civil e na indústria metalomecânica. Os factores gerais de segurança baseiam-se, essencialmente na sua capacidade de carga e estado dos seus componentes, tais como cabos, estropos, roldana, ganchos, etc. Assim:

 Todos os aparelhos deverão ter bem visível a indicação da carga máxima admissível;  O ângulo de suspensão das cargas deve ser o menor possível. Quanto menor for esse ângulo, maior será a carga admissível a elevar;

 Os estropos (cabos de suspensão) têm grande importância na segurança das cargas, devendo o seu diâmetro, a sua constituição e o seu grau de uso merecerem a maior atenção;

 Os ganchos de suspensão devem estar protegidos por fechos de segurança a fim de impedir o desprendimento dos cabos e consequente embate com obstáculos;

 O responsável pela manobra de um guindaste, de uma grua ou de uma ponte rolante deve ser compreendido por todo o pessoal interveniente. Existe um código de sinais para esse efeito;

 Nunca se deve passar ou estacionar debaixo de cargas suspensas;  Dispositivos de protecção individual, tais como luvas, capacete e botas de biqueira de aço, devem, em princípio, ser utilizados. Macacos hidráulicos e mecânicos São dispositivos que servem para erguer cargas sobre eles colocadas, por exemplo, nas oficinas de reparação de automóveis, sendo dotados de comando hidráulico (por óleo) ou para simples mudança de pneus (macacos mecânicos). Empilhadores São dos dispositivos mecânicos de manutenção mais utilizados na indústria. Quanto à energia utilizada, podem ser de dois tipos: a) Com motor de explosão ou combustão; b) Com motor eléctrico, alimentado por baterias. A utilização correcta de um empilhador deve obedecer aos seguintes procedimentos de segurança:

 No início de um dia ou de um turno de trabalho, verificar o funcionamento da buzina, travões, comandos hidráulicos, o estado e pressão dos pneus, o abastecimento de gasolina (gás ou gasóleo) ou o estado das baterias, conforme o caso, a água e o óleo;

 Nunca ultrapassar a carga máxima prevista;

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 Assegurar-se que a carga está perfeitamente equilibrada, amarrada e calçada sobre os suportes, de forma a evitar todo o risco de escorregamento e queda;

 Não conduzir o empilhador com a carga em posição elevada;  Circular com velocidade moderada, reduzindo-a à aproximação de cruzamentos ou de portas;  Proibir o transporte de passageiros;  A descida de uma rampa com carga deve ser feita em marcha-atrás;  Nunca abandonar o empilhador sem colocar os comandos na posição de paragem, accionar o travão de mão e retirar a chave de ignição. Ascensores e monta-cargas São utilizados na movimentação vertical, nomeadamente em estaleiros de construção civil, em prédios de certa altura (instalações provisórias) ou ainda em Industrias ou edificações (instalações definitivas). Existem disposições regulamentares especiais para estes tipos de transportadores que devem respeitadas (Regulamento de segurança de ascensores eléctricos, contido na norma portuguesa NP-316311 (1988), aprovada pela Portada n° 376191, de 2 de Mato). Os acidentes em ascensores e monta-cargas dão-se, fundamentalmente, quando:

 Há partes de carga salientes da cabina;  O espaço da cabina é exíguo;  Há deterioração dos cabos;  Não existe porta do lado de acesso (caso de alguns monta-cargas provisórios). 1.8.4.

Portas e vias de circulação

As portas são sempre um obstáculo à livre circulação entre secções, obrigando a pausas prejudiciais nos ciclos de manutenção. Haverá que tomar precauções especiais a fim de evitar essas paragens, que no caso de veículos motorizados têm imensos inconvenientes, como sejam o abandono dos veículos pelos condutores com os motores a trabalhar. Para obstar a este inconveniente devem utilizar-se portas leves e de preferência em plástico transparente ou ainda em plástico opaco com janela à altura adequada de forma a ver-se a zona soais próxima da sala contígua. Há portas que abrem automaticamente pela passagem da carga sobre o interruptor colocado no pavimento e outras que abrem pelo encosto da carga. A sinalização e a demarcação de faixas de passagem nos pavimentos contribuem para aumentar a segurança da circulação nas zonas industriais. Por ultimo, deverá salientar-se o Decreto-Lei nº 82/99, de 16 de Março, que transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n° 89/655/CEE, do Conselho, de 30 de Novembro, alterada pela Directiva n° 95/63/CE, do Conselho, de 5 de Dezembro, relativa às prescrições mínimas de Segurança e Saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos de trabalho. Regulamentam-se naquele diploma os requisitos mínimos de segurança de alguns equipamentos de trabalho, designadamente equipamentos móveis e para elevação de cargas, tendo sido ainda definidas regras sobre a utilização dos mesmos.

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1.9.

Armazenagem

1.9.1.

Introdução

A armazenagem culmina a sequência de operações elevação/transporte/descarga. São numerosos os acidentes ocorridos por armazenagem inadequada e insegura. As regras básicas de segurança de uma armazenagem são:

 O peso do material a ser depositado não deve ser superior à resistência do piso;  As pilhas devem ficar afastadas pelo menos 50 cm das paredes a fim de não forçar a estrutura do edifício, permitir uma ventilação adequada e facilitar um eventual combate a incêndio;

 A armazenagem dos materiais não deve prejudicar a ventilação, a iluminação e o trânsito de pessoas e viaturas;

 A disposição das pilhas não deve dificultar o acesso aos meios de combate a incêndio e às saídas de emergência;

 Devem ser removidos pregos, arames e cintas partidas que se projectam para fora, constituindo perigo;

 Ao depositar materiais não deixar saliências fora do alinhamento;  Quando a armazenagem for manual, empilhar apenas até 2 metros de altura. Sendo mecânica, não armazenar a uma altura que possa causar a instabilidade das pilhas.

Armazenagem de tubos cilíndricos com interposição de cavaletes de madeira.

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Armazenagem de sacos em paletes de madeira.

Armazenamento de bidões com dispositivos anti-rolamento.

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Armazenagem de chapas em posição vertical. 1.9.2.

Armazenagem de produtos quimicos perigosos

As instalações de armazenagem devem ser concebidas de acordo com a natureza dos produtos a armazenar, dos equipamentos de trabalho necessários para a movimentação de cargas e dos riscos inerentes (incêndio, explosão, intoxicação, quedas e choques). Tendo em conta que os produtos a armazenar podem ser matérias-primas, produtos intermédios, produtos finais, ou resíduos, torna-se necessário a demarcação e/ou separação destas zonas relativamente às zonas sociais e de produção. A armazenagem dos produtos ou substâncias inflamáveis, perigosos, tóxicos ou infectantes deve ser efectuada em compartimento próprio, não comunicando directamente com os locais de trabalho e respeitando sempre a incompatibilidade entre produtos. Estas zonas deverão: ― Ter sistema de ventilação eficiente, de modo a impedir acumulação perigosa de gases ou vapores; ― Fechar hermeticamente, de modo a evitar que os locais de trabalho sejam inundados pelos cheiros, gases ou vapores; ― Dispor de instalação eléctrica blindada e antideflagrante e sistemas de detecção e/ou extinção automática, quando os produtos armazenados forem inflamáveis ou explosivos, simples ou misturados. 1.9.3.

Armazenagem de materiais secos a granel

Devem ser previstas superfícies resistentes, estáveis e com área suficiente de modo a evitar-se armazenagem em altura. Prever vias de circulação para todos os veículos e zonas para carga e descarga dos produtos. Quando possível, estes materiais devem ser armazenados em silos que permitam a sua descarga pelo fundo.

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Os silos devem ser construídos com materiais resistentes ao fogo, cobertos, e munidos de sistema de ventilação eficaz.

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1.9.4.

Armazenagem de liquidos

Prever reservatórios situados acima do solo ou fossas, dotados dos dispositivos necessários para garantir a sua manutenção segura, incluindo tinas de retenção para recolha de eventuais derrames. 1.9.5.

Armazenagem de gases

Devem ser concebidos locais de armazenagem no exterior dos edifícios para a colocação de botijas de gás com cobertura ligeira e boa ventilação, e dotados de dispositivos para evitar a sua queda. Nota: Deverá ter-se em atenção nos casos de armazenagem de produtos perigosos o disposto em legislação específica relativa à prevenção de riscos industriais graves. 1.9.6.

Locais técnicos

Os locais técnicos são muitas vezes esquecidos aquando da concepção dos locais de trabalho. A sua localização e as suas características construtivas devem ser estudadas simultaneamente com os outros edifícios, tendo em conta os riscos específicos que geram, assim como as dificuldades de intervenção, manutenção e substituição de materiais. 1.9.6.1. Compressores Tendo em conta que estes equipamentos produzem ruído e vibrações, os locais para a sua instalação devem ser isolados dos locais de trabalho. Na sua construção devem ser utilizados materiais absorventes das ondas sonoras, dispositivos anti-vibratórios e grelhas de ventilação. 1.9.6.2. Recipientes sob pressão Os locais destinados a estes equipamentos devem estar isolados das restantes áreas de trabalho, ter em conta as necessidades de manutenção quotidiana e espaço suficiente para possíveis reparações. Estes locais deverão ter uma boa ventilação, e iluminação que permita uma leitura fácil dos instrumentos de controlo. 1.9.6.3. Fornos e estufas Os pavimentos adjacentes aos fornos e estufas, as plataformas, os passadiços e escadas de acesso devem ser construídos de materiais incombustíveis e resistentes ao fogo. As paredes e partes exteriores dos fornos e estufas devem ser isolados termicamente ou protegidos de contacto acidental. Devem ser concebidas protecções contra radiações térmicas e luminosas. Instalar cúpulas ou bocas de aspiração ligadas a condutas para evacuação de gases, vapores ou fumos libertados.

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1.9.6.4. Instalações frigorificas As instalações frigoríficas devem ser convenientemente iluminadas e dispor de espaço suficiente para a inspecção e a manutenção dos condensadores. As portas das câmaras frigoríficas devem possuir fechos que permitam a sua abertura tanto do exterior como do interior, e, no caso de disporem de fechadura, devem existir dispositivos de alarme, accionáveis no interior das câmaras, que comuniquem com a sala das máquinas e com o guarda da instalação. Deverão ser previstas câmaras de transição. 1.9.6.5. Locais de carga de baterias e acumuladores Tendo em conta os riscos de explosão inerentes a estes equipamentos, esses locais devem ser:  Implantados em locais afastados de toda a produção de chama ou faísca;  Bem ventilados;  Construído com materiais incombustíveis.

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2. Avaliação e Controlo de Riscos específicos 2.1.

Riscos eléctricos

2.1.1.

Introdução

A crescente utilização da energia eléctrica em todos os domínios da vida actual torna, cada vez mais, necessária uma orientação dirigida aos utilizadores da electricidade no sentido de se familiarizarem com os meios técnicos de protecção contra os riscos inerentes a essa energia. A informação do público – principalmente dos consumidores domésticos – acerca dos riscos inerentes à utilização da energia eléctrica e à maneira correcta de os prevenir tem tido, na ultima década, um considerável incremento, quer a nível nacional, quer a nível internacional. O cumprimento do estipulado no Estatuto do Técnico Responsável por Instalações Eléctricas de Serviço Particular (Decreto regulamentar n.º 31/83, de 18 de Abril) e a consequente participação em impresso próprio à entidade fiscalizadora dos acidentes de origem eléctrica é essencial para que as estatísticas das instalações eléctricas possam fornecer informações detalhadas sobre a acidentabilidade eléctrica e assim melhorar os programas de prevenção. A electricidade é um fenómeno natural. Resulta da existência de cargas eléctricas nos átomos que constituem a matéria. No núcleo dos átomos há cargas eléctricas positivas fixas (protões) e em torno do núcleo há cargas eléctricas negativas móveis (electrões). O átomo está em equilíbrio eléctrico, ou seja, o balanço da sua carga eléctrica total é zero, pois há igual número de cargas positivas e negativas. Se forem extraídos electrões a um átomo, este equilíbrio é quebrado e o átomo fica ionizado. Quer isto dizer que fica com excesso de carga positiva. Existem substâncias, como o vidro, a ebonite, o âmbar e outras que apresentam esta propriedade de se ionizar quando são friccionadas. Verifica-se que dois corpos electrizados, próximos um do outro, exercem forças entre si, de atracção se as electrizações dos dois forem de sinal contrário (uma positiva outra negativa)

F F

F

F

+

+ + - -

F F

e de repulsão se forem do mesmo sinal. O físico francês Coulomb estudou este fenómeno e estabeleceu experimentalmente uma fórmula para calcular esta força (Lei de Coulomb). Se for estabelecida uma ligação entre dois corpos electrizados em que haja diferença entre si na concentração de cargas, verifica-se o aparecimento de uma corrente eléctrica de cargas de um para o outro, até ser estabelecido o equilíbrio de potencial entre os dois corpos. Todos os fenómenos eléctricos resultam deste comportamento.

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O homem aprendeu a criar diferenças de potencial artificialmente, primeiro por fricção de dois corpos e depois por outros processos, de forma a poder produzir correntes eléctricas e utilizar os seus efeitos. Os aparelhos que originam esta diferença de potencial (ddp) são os geradores eléctricos. Alem das forças eléctricas já referidas, verifica-se que uma corrente eléctrica dá origem a um fenómeno chamado electromagnetismo. Trata-se da criação de uma zona em torno de um condutor na qual se manifesta a atracção de certos materiais chamados ferromagnéticos, como o ferro. O cobre, por exemplo, não apresenta esta propriedade. 2.1.2.

Riscos eléctricos

Tal como acontece com outras formas de energia, a electricidade apresenta discos e pode causar acidentes cujas consequências podem resultar em danos pessoais, materiais ou ambos. ― Riscos Materiais Normalmente resultantes de incêndios e/ou explosões provocados por deficiências nas instalações. ― Riscos Pessoais Resultantes da passagem de corrente eléctrica pelo corpo humano. 2.1.3.

Risco de incêndio devido à corrente eléctrica

Nas instalações onde existe grande número de substancias inflamáveis, a corrente eléctrica, pode estar na origem dos incêndios, normalmente devidos: 

A sobreaquecimentos devido à deterioração do material isolante dos condutores eléctricos, por efeito de Joule, cuja expressão traduz a quantidade de calor produzida por uma corrente eléctrica: Onde:

Q = R . I2 . T

Q  representa a quantidade de calor; R  representa a resistência; I  é a intensidade da corrente eléctrica; T  é o tempo de duração de passagem dessa corrente. 

Ao arco eléctrico produzido por equipamentos ou por electricidade estática;



Defeito dos equipamentos que podem provocar faíscas susceptíveis de provocarem explosões quando a trabalhar em atmosferas explosivas.

2.1.4.

Causas de sobreaquecimento

As principais causas de sobreaquecimento, são as SOBRE-INTENSIDADES, ou seja, correntes eléctricas de intensidade excessiva, em relação ao valor calculado par o respectivo condutor. Estas sobre-intensidades, por sua vez têm origens diversas:

 SOBRECARGAS Quando a corrente que percorre o condutor é superior à intensidade para a qual ele foi projectado (intensidade nominal). Esta situação ocorre habitualmente quando se ligam cargas em excesso.

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 CURTO-CIRCUITO Quando se tocam dois condutores entre os quais existe uma determinada diferença de potencial e entre os quais a resistência é muito pequena ou nula. Esta situação que provoca a passagem instantânea de correntes de valor elevado, provoca quase sempre a fusão dos condutores acompanhada de pequenas explosões.

 DEFEITOS DE ISOLAMENTO Devidos à má execução da instalação ou de equipamentos eléctricos, ao envelhecimento do material, ou ao tratamento negligente dos cabos de ligação, permitindo que os veículos passem por cima provocando trilhamentos.

 RESISTÊNCIA DE CONTACTO Resultante de ligações eléctricas através de contactos imperfeitos, como ligações mal apertadas ou terminais algo soltos, provocando uma resistência elevada à passagem da corrente. 2.1.5.

Arco eléctrico

O arco eléctrico que pode estar na origem de muitos incêndios numa oficina, resulta normalmente de:

 Trabalhos de soldadura;  Faíscas produzidas pelo funcionamento anormal de equipamento eléctrico;  Faíscas produzidas pela electricidade estática e por descargas atmosféricas. 2.1.6.

Atmosferas explosivas

O trabalho com equipamentos eléctricos em atmosferas explosivas está na origem de muitos incêndios e explosões. Nestes locais, os vários componentes da instalação, nomeadamente lâmpadas e tomadas, devem obedecer a características especiais antideflagrantes. 2.1.7.

Concepção da instalação

Uma instalação eléctrica é o conjunto de:

 Componentes que permitem ou podem permitirem a passagem da corrente (fios condutores, protecções);

 Componentes que não permitindo a passagem de corrente são essenciais ao seu funcionamento, tais como tubos, caixas, suportes, isoladores, etc. DE UM MODO GERAL, AS INSTALAÇÕES DEVEM:

a. Estar convenientemente subdivididas, considerando:  Pelo menos, 2 circuitos de iluminação:  Circuitos distintos para tomadas e iluminação;  Circuitos distintos para aparelhos de grande potencia ou de características especiais de funcionamento.

b. Estar convenientemente protegidas:

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 Os órgãos de protecção e de comando devem interromper os condutores de fase (nunca devem cortar somente o neutro);

 As protecções das instalações eléctricas devem ser selectivas, de modo a que os defeitos em determinado local do circuito não se repercutam noutro circuito. 2.1.8.

Quadro eléctrico

O Quadro, é um conjunto de aparelhos, convenientemente agrupados, incluindo as suas ligações, estruturas de suporte ou invólucro, destinado a proteger, comandar ou controlar instalações eléctricas. Numa instalação os quadros eléctricos são o primeiro elemento receptor e distribuidor de energia. Devem possuir:

 Um condutor de protecção para ligação à terra;  Um disjuntor magnetotérmico para protecção da instalação contra sobreaquecimentos, sobreintensidades e curto-circuitos;

 Um interruptor diferencial de alta sensibilidade para protecção das pessoas contra a electrocussão. 2.1.9.

Protecção da instalação e canalizações

Para eliminar ou reduzir os riscos eléctricos na sua origem, é fundamental a adopção de uma série de medidas no sentido de proteger as instalações e canalizações eléctricas, nomeadamente contra sobre-intensidades provocadas por:

 Sobrecargas;  Curto circuitos: Os dispositivos mais importantes, são:

 Contactores-disjuntores providos de relés térmicos para protecção contra sobrecargas;  Relés electromagnéticos e corta-circuitos fusíveis para protecção contra curto-circuitos. 2.1.10.

Efeitos principais de uma corrente eléctrica

Os efeitos principais de uma corrente eléctrica que atravesse o corpo humano, são:

 Percepção;  Tetanizaçao;  Paragem Respiratória;  Queimaduras;  Fibrilação Ventricular.  LIMIAR DE PERCEPÇÃO O limiar de percepção representa o valor mínimo da corrente sentida por uma pessoa e que apenas representa uma sensação de formigueiro. A publicação IEC 479 (Comissão electrónica Internacional) aceita como valor médio do limiar de percepção 0,005 Ampere.

 TETANIZAÇAO

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É um fenómeno decorrente da contracção muscular produzida por um impulso eléctrico. Se ao primeiro impulso se seguirem outros, periodicamente intervalados, a força de contracção do musculo aumenta de maneira progressiva, originando uma contracção que se designa por tetânica ou tetanização. Se a frequência do estímulo ultrapassa um certo limite, o músculo é levado à contracção completa. Se o fenómeno descrito acontece em corrente alternada, o contacto da vítima com o eléctrodo em tensão perdura no tempo e pode produzir asfixia, conduzindo, eventualmente, a um estado de inconsciência. A corrente continua pode também produzir tetanização se for suficiente a sua intensidade e o tempo durante o qual actua. O valor mais elevado da corrente para a qual uma pessoa é ainda capaz de largar o objecto em tensão com que está em contacto é o limiar de não largar. LIMITE DO NÃO LARGAR Define-se como o valor máximo da corrente para a qual um indivíduo pode suportar e largar um condutor activo (condutor afecto à passagem da corrente eléctrica). Experiências indicam para este limite os seguintes valores médios: o

Em corrente alternada 50/60 Hz  10 mA para mulheres  18 mA para homens;

o

Em corrente contínua  51 mA para mulheres  76 mA para homens.

A CEI 479 indica como limiar de largar 10 mA. Correntes inferiores a este limite, mesmo não ocasionando graves lesões directas no organismo, podem estar na origem de quedas, acidentes com partes móveis de maquinas, etc.

 PARAGEM RESPIRATÓRIA Correntes superiores ao limite de largar podem provocar nas vitimas uma paragem respiratória, pois a passagem da corrente, devido à contracção dos músculos ligados à respiração e/ou aos centros que os comandam, produzem asfixia que, permanecendo a passagem da corrente, levam à perda de consciência e morte por sufocamento. Se a corrente perdurar, aumenta, rapidamente, o risco de morte por asfixia. Por isso, é fundamental realizar no mais curto lapso de tempo (3 e 4 minutos no máximo) a respiração artificial, a fim de evitar a asfixia da vítima ou, eventualmente, lesões irreversíveis no tecido cerebral.

 QUEIMADURAS Sendo a passagem da corrente eléctrica acompanhada por desenvolvimento de calor, por efeito de Joule, uma das consequências mais frequentes dos acidentes eléctricos são as queimaduras. A gravidade das queimaduras eléctricas está associada aos seguintes parâmetros físicos. ― Tensão; ― Intensidade de corrente; ― Tempo de passagem de corrente. Deve-se notar que as queimaduras eléctricas devido a correntes de alta tensão são particularmente graves, pois para alem de queimaduras nos pontos de contacto, podem surgir queimaduras profundas ao longo do trajecto da corrente eléctrica, ao nível das massas musculares, dos tendões, etc. Estas queimaduras revelam-se mais intensas nas zonas de entrada e saída da corrente porque:

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A pele, quando comparada com os tecidos internos, apresenta uma elevada resistência eléctrica;



À resistência da pele soma-se a resistência de contacto entre a pele e as partes sob tensão;



Nos pontos de entrada e saída da corrente, sobretudo se as áreas de contacto forem pequenas, a densidade de corrente é maior.

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QUEIMADURAS ELECTROTÉRMICAS As queimaduras devido à passagem da corrente – queimaduras electrotérmicas – estão ligadas à libertação de calor (W) ao longo do trajecto da corrente e a sua importância depende da lei de Joule:

W = R. I2. t W  representa a libertação de calor; I  é a intensidade da corrente eléctrica; R  resistência do corpo humano t  é o tempo de duração de passagem dessa corrente. Estas queimaduras que assumem graves proporções nos acidentes eléctricos com alta tensão, são as de mais difícil tratamento, podendo provocar a morte por insuficiência renal. QUEIMADURAS POR ARCO São as queimaduras provocadas pela libertação de calor por arco eléctrico, como acontece na soldadura. São muito mais vulgares do que as electrotérmicas e em tudo idênticas às queimaduras térmicas de qualquer outra origem. Nos acidentes com correntes de alta tensão podem atingir uma parte importante da superfície cutânea e serem agravadas pela combustão do vestuário. Uma das particularidades da queimadura por arco, quando esta surge ao nível dos olhos, é a possibilidade de conjuntivites e de outras sequelas do aparelho visual. QUEIMADURAS MISTAS Em certos casos, o arco eléctrico e a passagem de corrente associam-se para realizar quer queimaduras superficiais, devido ao arco, quer queimaduras profundas, devido à passagem da corrente. Este tipo de queimaduras observa-se sobretudo na indústria e nos acidentes eléctricos com alta tensão. MARCA ELÉCTRICA A marca eléctrica, pequena lesão (queimadura) arredondada ou ovalada, que parece incrustada na pele sã, revestese de uma grande importância sob o ponto de vista médico-legal.

 FIBRILAÇÃO VENTRICULAR Este fenómeno fisiológico é o mais grave que pode ocorrer devido à passagem da corrente eléctrica. Deve-se ao facto de aos impulsos eléctricos naturais que provocam a contracção muscular do músculo cardíaco, se vir sobrepor uma corrente externa que faz com que as fibras ventriculares passem a contrairse de modo descontrolado. À actividade eléctrica normal corresponde o pulsar ritmado do músculo cardíaco; sob acção da actividade eléctrica perturbadora as fibras passam a contrair-se de maneira desordenada, surgindo, então o fenómeno da fibrilação ventricular. Este fenómeno constitui a principal causa da morte por acção da corrente eléctrica. A fibrilação ventricular foi, durante muito tempo, considerada um fenómeno irreversível, isto é, mesmo que cessasse a causa que a produziu, ela persistia até ocasionar a morte. Actualmente, com o recurso ao desfibrilador, pode parar-se a fibrilação e assim conseguir-se a recuperação da vítima. No entanto, como

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já se referiu, é imprescindível não perder tempo na prestação dos primeiros socorros – massagem cardíaca e respiração boca a boca, até que o desfibrilador possa ser utilizado.  Factor de Corrente do Coração É difícil definir um limiar para a fibrilação ventricular pois é impossível a experimentação directa sobre o Homem e é difícil extrapolar para este os resultados obtidos nos animais. Alem disso, a corrente que atinge o coração – causa directa da fibrilação – é só uma parte da corrente que flúi através do corpo humano. Para quantificar a influencia do trajecto da corrente alternada no inicio da fibrilação ventricular introduziu-se um coeficiente de correcção – o factor corrente do coração – designado por F. Toma-se como referencia o trajecto mão esquerda – pés. O factor corrente do coração permite calcular as correntes I para vários trajectos, representando o mesmo perigo de fibrilação ventricular que o correspondente à corrente de referencia Iref entre a mão esquerda e os dois pés.

I = Iref / F Para diferentes trajectos de corrente, o factor de corrente do coração apresenta os seguintes valores: Factor de Corrente do

Trajecto da Corrente

Coração

Mão esquerda – pé esquerdo, pé direito ou os dois pés

1,0

Duas mãos – dois pés

1,0

Mão esquerda – mão direita

0,4

Mão direita – pé esquerdo, pé direito ou os dois pés

0,8

Costas – mão direita

0,3

Costas – mão esquerda

0,7

Peito – mão direita

1,3

Peito – mão esquerda

1,5

Nádega – mão esquerda, mão direita ou as duas mãos

0,7

 Período Vulnerável Existe um breve intervalo de tempo no ciclo cardíaco, no qual o ventrículo é electricamente instável. Se os estímulos são aplicados nesta fase do ciclo cardíaco, a probabilidade de fibrilação ventricular aumenta consideravelmente. Este intervalo de tempo designa-se por período vulnerável e corresponde à primeira parte da onda T no electrocardiograma. Representa, aproximadamente, 10% a 20% do ciclo cardíaco.  Limiar de Fibrilação As mais recentes pesquisas sobre electropatolagia permitem concluir que a intensidade de corrente de fibrilação é variável, existindo dois limiares:

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― Um, elevado, quando o tempo de passagem da corrente é curto, isto é, inferior a cerca de um terço do ciclo cardíaco;

― Outro, muito mais baixo, quando o tempo de passagem é longo, isto é, superior a vários ciclos cardíacos. Neste caso, uma intensidade, em princípio insuficiente para iniciar a fibrilação, vai gerar uma contracção dos ventrículos fora de tempo (extra-sistole), provocando uma diminuição considerável do limiar de fibrilação. Valores elevados de intensidade de corrente não provocam fibrilação. Podem, contudo, determinar a paragem do coração ou induzir alterações orgânicas permanentes no sistema cardiovascular. Para a corrente continua e para tempos de contacto superiores à duração do ciclo cardíaco, o limiar de fibrilação é várias vezes superior ao verificado em corrente alternada. Para tempos de contacto inferiores a 200 milissegundos, o limiar de fibrilação é, aproximadamente, o mesmo que em corrente alternada expresso em valor eficaz. Correntes elevadas não provocam, de um modo geral, fibrilação; podem, no entanto provocar uma paragem cardíaca ou produzir alterações orgânicas irreversíveis no sistema cardíaco. 2.1.11.

Riscos de electrização

2.1.11.1. Choque Eléctrico O choque eléctrico é o efeito patofisiológico que resulta da passagem de uma corrente eléctrica através do corpo humano. Quando o resultado deste efeito é a morte é habitual designar-se por ELECTROCUSSÃO. A possibilidade da passagem da corrente eléctrica pelo corpo humano depende muito das características da instalação eléctrica e respectivos circuitos, de algumas características (normais e/ou anormais) de funcionamento dos mesmos, dos dispositivos de protecção neles existentes ou não, e do tipo de aparelhos a eles ligados. 2.1.11.2. Efeitos do Choque Eléctrico Estes efeitos dependem fundamentalmente dos seguintes factores: 

Tipo de corrente;



Intensidade da corrente;



Efeitos patológicos da corrente;



Tempo do contacto;



Percurso da corrente;



Resistência do corpo (humidade da pele).

TIPO DE CORRENTE Existem dois tipos de corrente:

 Alternada;  Continua. Para intensidades iguais o risco representado pela corrente alternada é maior. Para a corrente alternada o risco diminui com o aumento da frequência (em Portugal, a frequência de distribuição é de 50 Hz).

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INTENSIDADE DA CORRENTE A intensidade é o factor mais importante do fenómeno do choque eléctrico. A CEI 479 – 1, define 5 zonas de efeitos para as correntes alternadas de 15 a 100 Hz, considerando pessoas de 50 kg e um trajecto de corrente entre mão – mão ou mão – pé.

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EFEITOS PATOLÓGICOS DA CORRENTE

 De 0,1 a 0,5 mA – leve percepção superficial, normalmente sem nenhum efeito patológico (zona 1);  De 0,5 a 10 mA – pode provocar uma paralisia ligeira nos músculos dos braços com principio de tetanização (zona 2);

 De 10 a 30 mA – não se verifica nenhum efeito fisiológico perigoso se a corrente for interrompida no prazo de 5 segundos (zona 2 e 3);

 De 30 a 500 mA – provoca a paralisia dos músculos do tórax com sensação de sufocamento; existe ainda a possibilidade de fibrilação cardíaca (zona 4);

 Superior a 500 mA – provoca lesões cardíacas irreversíveis ou mortais; atente-se que, em determinadas circunstancias, correntes entre 25 – 30 mA já são perigosas. TEMPO DE CONTACTO Como já se observou, existe uma relação directa entre a gravidade da lesão e o tempo de contacto durante o qual a pessoa está submetida ao contacto eléctrico. Decorre deste facto a importância da protecção individual. PERCURSO DA CORRENTE Já se viu como este percurso é importante para o fenómeno da fibrilação. RESISTÊNCIA OU IMPEDÂNCIA DO CORPO O corpo humano é constituído por um conjunto de líquidos e tecidos orgânicos de resistividade variável. Na perspectiva da electricidade, pode-se considerar o corpo constituído por um conjunto de resistências e condensadores. O valor da resistência da pele depende de factores tais como:

 Tipo de Contacto A resistência do corpo humano depende do trajecto da corrente. Na prática, quando se fala da resistência do corpo humano, podem considerar-se os seguintes valores médios, em função do trajecto da corrente:

o Mão – pé 1000 a 1500 Ω; o Mão – mão 1000 a 1500 Ω; o Mão – tórax 450 a 700 Ω;  A Humidade da Pele A humidade diminui a resistência da pele; a pele seca e calosa oferece maior resistência.

 Superfície de Contacto O aumento da área de contacto diminui a resistência do corpo.

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 Tempo de Contacto A resistência diminui com o tempo de contacto.

 Pressão de Contacto A maior pressão de contacto corresponde uma menor resistência.

 Tensão de Contacto A resistência do corpo diminui com o aumento da tensão aplicada. Na realidade, as medidas de protecção são tomadas tendo em conta a diferença de potencial a que estão submetidos dois pontos diferentes do corpo humano. Tensão de segurança É o valor da tensão de contacto que pode ser indefinidamente suportada pelo organismo sem acarretar efeitos fisiopatológicos perigosos. O RSIUEE, refere os seguintes valores:

 50 V, quando não há massas susceptíveis de serem empunhadas;  25 V, se houver massas susceptíveis de serem empunhadas ou aparelhos portáteis com massas acessíveis. 2.1.12.

Protecção contra choques eléctricos

A protecção contra choques eléctricos está dependente de uma série de variáveis, entre as quais se destacam o tipo de contactos. O Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica – RSIUEE (Decreto-Lei n.º 740/74, de 26 de Dezembro) define a protecção das pessoas. As situações susceptíveis de ocasionar o choque eléctrico devem-se fundamentalmente a dois tipos de contactos:

 Contactos Directos;  Contactos Indirectos. 2.1.12.1. Contactos directos Quando se toca directamente num condutor activo ou neutro de uma instalação (partes sob tensão). MEIOS DE PROTECÇÃO CONTRA CONTACTOS DIRECTOS

 Afastamento das partes activas;  Por isolamento das partes da instalação normalmente sob tensão;  Por interposição de obstáculos que impeçam qualquer contacto acidental com as partes activas;

 Utilizando tensões baixas, não excedendo os 50 V.

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2.1.12.2. Contactos indirectos Quando se toca numa parte da instalação que em qualquer massa ou elemento condutor estranho à instalação eléctrica, não exista tensão superior à de segurança. MEIOS DE PROTECÇÃO CONTRA CONTACTOS INDIRECTOS Estas medidas ou meios devem assegurar que em qualquer massa ou elemento condutor estranho à instalação eléctrica, não exista uma tensão superior à de segurança. Podem incluir-se em dois grupos:



GRUPO I – medidas ou disposições destinados a suprimir o próprio risco, fazendo com que os contactos não sejam perigosos ou impedindo contactos simultâneos de massas com elementos condutores, entre os quais possa surgir uma diferença de potencial perigosa;



Grupo II – medidas ou disposições com o objectivo de ligar massas à terra, directamente ou por intermédio do neutro da instalação, associando-se a um dispositivo de corte automático que desligue a instalação ou parte da instalação defeituosa.

MEDIDAS DE PROTECÇÃO DO GRUPO I a.

Separação de circuitos de utilização das fontes de energia, por via de transformadores (CA) ou de conversores (CC);

b.

Utilização de tensões reduzidas de segurança;

c.

Separação entre as partes activas e as massas acessíveis, através de isolamento de protecção (classe II);

d.

Inacessibilidade simultânea de massas e elementos condutores;

e.

Isolamento de protecção;

f.

Estabelecimento de ligações equipotenciais.

UTILIZAÇÃO DE TENSÃO REDUZIDA DE SEGURANÇA Esta medida consiste no emprego de tensões abaixo dos 50 V. a utilização destas tensões deve ter em conta as condições do meio: 

24 V, de valor eficaz para os locais húmidos;



50 V, para os locais secos.

Nestes circuitos deve ainda tomar-se em consideração: 

Os circuitos de muito baixa tensão, não podem ter qualquer contacto por terra com outros circuitos de tensão superior;



Material isolante empregue nestes circuitos deve ser igual ao utilizado para 250 V;



Os cabos flexíveis de alimentação devem ser resistentes ao óleo e a dobragens.

ISOLAMENTO DE PROTECÇÃO

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Esta medida consiste em isolar as partes metálicas de um aparelho ou equipamento eléctrico, de modo a evitar que se possam tocar partes metálicas que, não devendo estar normalmente em tensão, o podem estar por defeito. Este tipo de isolamento deve ser obrigatório em todas as pequenas ferramentas eléctricas manuais: berbequins, rectificadoras, etc. Os equipamentos ou ferramentas assim isolados não necessitam de ligação à terra. São designados de Classe II, e devem obrigatoriamente apresentar o símbolo. MEDIDAS DE PROTECÇÃO DO GRUPO II A protecção por ligação à terra consiste na união, por meio de condutores, de todas as partes metálicas de uma instalação com uma derivação final à terra, através de um eléctrodo. Esta medida, obriga: 

Ligação das massas à terra;



Um dispositivo de corte automático que garanta o corte da corrente em tempo oportuno.

LIGAÇÃO DAS MASSAS À TERRA Numa instalação sem ligação à terra a corrente ocasionada por um defeito passa totalmente através do corpo humano e, se a tensão de massa for superior a 50 V, a corrente pode ser perigosa. Se a massa estiver ligada à terra através de uma resistência de pequeno valor, a maior parte da corrente passará através da resistência e não pelo corpo humano. Existem vários tipos de ligação à terra, designados normalmente por associação de duas ou três letras, designando a primeira situação do neutro em relação à terra, e a segunda, a situação das massas em relação à terra; a terceira letra fornece uma informação complementar sobre as funções do condutor de protecção.

A ligação das massas à Terra constitui uma medida de protecção contra choques eléctricos.

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Destacam-se: Sistema TT 

Neutro está ligado à terra e as massas são ligadas à terra através de eléctrodos próprios, distintos do neutro. ― Este sistema é maioritariamente utilizado em instalações industriais e domésticas.

Sistema TN 

Neutro ligado à terra e as massas ligadas ao ponto neutro por condutores de protecção. ― Se o neutro e o de protecção se confundem, o sistema é designado por TNC. ― Se o condutor neutro e o de protecção são separados, o sistema é designado por TNS.

Sistema IT 

Neutro não ligado à terra (neutro isolado) ou está ligado por intermédio de uma impedância (neutro impedante).

Resistência de Terra 

A resistência de terra deve ter o menor valor possível e não deve ser superior a 10 Ω. A tensão de segurança de funcionamento do aparelho de protecção é de 25 ou 50 volt, conforme as massas são empunháveis ou não.

Protecção Diferencial 

Os aparelhos de protecção sensíveis à corrente diferencial-residual deverão assegurar, directa ou indirectamente, o corte omnipolar do circuito em que estão inseridos e ser dotados de dispositivo que permita sem meios especiais, verificar o seu estado de funcionamento. Estes aparelhos actuam num tempo determinado, atingindo a corrente de fuga, ou residual, um valor mínimo. Em função deste valor mínimo, consideram-se as seguintes classes de sensibilidade: SENSIBILIDADE

VALOR

BAIXA

IΔn > 1000 Ma

MÉDIA

30 < IΔn ≤ 1000 mA

ALTA

12 < IΔn ≤ 30 mA

MUITO ALTA

IΔn ≤ 12 mA

Características da Terra 

Todos os sistemas de protecção estão directa ou indirectamente relacionados com a terra, pois a corrente que percorre o corpo humano escoa-se, regra geral, para a terra; isto só acontece quando se está isolado da mesma e em contacto simultâneo com dois pontos a potencial diferente. Esta ligação é assegurada por um eléctrodo de terra que pode ter varias formas e tem que ser montado de acordo com algumas regras. A resistência de terra deve ser medida, podendo ser utilizado mais do que um método.

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2.1.13.

Origem da electricidade estática

A electricidade estática é um fenómeno a que todas as pessoas estão sujeitas e já experimentaram em algum momento da sua vida como por exemplo ao sair e bater a porta de um automóvel ou ao despir roupas de tecido acrílico. A electricidade estática pode obter-se por contacto entre dois corpos, podendo esse contacto ser provocado por compressão ou expansão, por aquecimento ou arrefecimento, por fragmentação, atrito ou indução, aproximando um corpo condutor no estado neutro de um corpo carregado. O corpo, inicialmente neutro, vai electrizar-se por indução ou influência. As pessoas são carregadas electricamente quer pelo seu deslocamento sobre o solo, principalmente se calçam sapatos com solas isolantes, quer pelo atrito de roupas entre si ou com o corpo (uma pessoa pode, facilmente deslocar-se com 5000 V sob a sua roupa). As quantidades de electricidade que devido a essa electrização se acumulam, podem ser suficientes para dar lugar a uma descarga disjuntiva ao contacto da pessoa com uma massa metálica. As consequências serão, normalmente, inofensivas excepto se, por um acto reflexo, as pessoas se colocam em contacto com uma máquina em movimento, se desequilibram, caindo de locais elevados, ou se a atmosfera a ambiente está carregada de vapores ou gases inflamáveis. A electricidade estática pode ocorrer na transferência de produtos sólidos entre recipientes, na preparação de superfícies aquando da colocação de telas devido às forças de atrito exercidas. A electrização dos líquidos nas canalizações pode ocorrer por atrito ao longo das paredes, por choques com obstáculos, por mudança brusca de direcção, por redução da secção das canalizações ou por interposição de filtros. No caso da carga e descarga de líquidos inflamáveis essa electrização é particularmente perigosa. No meio industrial as correias de transmissão em movimento à volta de tambores e todos os sistemas similares em que uma fita se move sobre rolos desenvolvem, por contacto, cargas electrostáticas cuja importância depende da natureza e dimensão dos materiais utilizados. 2.1.13.1. Medidas preventivas contra electricidade estática As principais medidas preventivas, para evitar a formação ou acumulação de cargas eléctricas, exigem: 

A humidificação da atmosfera;



O aumento, até um valor suficiente, da condutibilidade dos isolantes;



A ligação à terra;



A neutralização das cargas;



A redução dos atritos.

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Ligação à terra para descarga de electricidade estática. 2.1.14.

Utilização e manutenção da instalação

Mesmo no pressuposto de se estar perante uma instalação bem concebida, devem ter-se em conta alguns procedimentos com vista à utilização e manutenção correcta da mesma. Destacam-se os seguintes: 

Não tocar em elementos nus de uma instalação eléctrica;



Verificar se os isolamentos estão em bom estado;



Não danificar o isolamento dos fios condutores puxando pelos cabos de alimentação dos equipamentos e ferramentas para os desligar das tomadas;



Manter os fios e outras peças condutoras bem ligadas e apertadas nos bornes, evitando faíscas e sobreaquecimentos;



Verificar se os circuitos possuem um condutor de protecção (Fio de Terra) e se as tomadas possuem pólo de terra e alvéolos protegidos;



Em ambientes com riscos especiais deve-se trabalhar sempre com:  Tensões reduzidas (menores que 25 volt);  Transformadores de isolamento de segurança;  Equipamentos de trabalho de dupla protecção eléctrica.

2.1.15.



Nunca reparar um aparelho eléctrico sem antes o desligar da energia;



Utilizar sempre um aparelho eléctrico em condições de segurança.

Protecção contra descargas atmosféricas

Este tipo de protecção (pára-raios) e o sistema a adoptar depende do índice de risco que, para alem da incidência das descargas atmosféricas em determinada região, é função de:

2.1.16. 1.



Utilização do edifício;



Tipo e altura da construção;



Equipamentos instalados no interior;



Tipo de isolamentos da estrutura.

Periodicidade aconselhável das verificações As instalações e os materiais eléctricos em geral, antes da primeira colocação em serviço, devem ser sujeitos ao controlo completo do seu bom estado, feito por pessoa competente, desde que não exista um certificado do construtor;

2.

As instalações e os materiais eléctricos em geral, após modificação ou reparação, devem ser sujeitos ao controlo completo do seu bom estado, feito por pessoa competente, desde que não exista um certificado passado pela empresa que efectuou a operação;

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3.

As instalações e os materiais eléctricos fixos devem ser sujeitos, de 4 em 4 anos, a um controlo completo do seu bom estado, feito por pessoa competente. Deve ser constatado o bom estado da instalação e dos materiais a ela ligados, por inspecção visual, verificando a conformidade dos circuitos e dos aparelhos com os projectos. Deve ser feito o exame do estado de conservação das instalações e materiais, muito em especial das protecções contra riscos de contacto directo e indirecto, e das protecções contra sobreintensidades; 

A resistência das tomadas de terra deve ser a mais baixa possível, mas sempre inferior a 100 Ω, para as terras que participam na protecção contra contactos indirectos por dispositivos diferenciais residuais.



A resistência total dos circuitos de protecção (ligações equipotenciais, condutores de ligação às tomadas de terra, etc.) deve ser inferior a 1 Ω.



A resistência de isolamento entre condutores activos (fases e neutro em corrente alternada, condutores positivo, negativo e compensador em corrente continua) de um circuito de potência ou de comando, deve ser superior a 1000 Ω por volt de tensão nominal, sendo no mínimo de 250000 Ω para os comprimentos totais ou secções de circuito inferiores a 100 metros.



A resistência de isolamento entre partes activas e massas dos aparelhos eléctricos deve ser superior a 1000 Ω por volt de tensão nominal, sendo no mínimo de 250000 Ω.

4.

Os materiais eléctricos não fixos, linhas de ligação munidas de fichas, extensões e cabos flexíveis com fichas e tomadas, devem ser sujeitos, no mínimo de 6 em 6 meses, ao controlo do seu bom estado, feito por pessoa competente;

5.

os dispositivos de protecção de corrente diferencial residual em instalações ou materiais não fixos devem ser sujeitos uma vez por mês ao controlo do seu bom estado, feito pelo utilizador;

6.

os disjuntores de protecção de corrente diferencial residual e os de tensão de defeito em instalações moveis, devem ser diariamente sujeitos ao controlo do seu bom funcionamento, feito pelo utilizador, por accionamento dos seus dispositivos de comando;

7.

Os equipamentos isoladores de protecção pessoal devem ser sujeitos, no mínimo de 6 em 6 meses (em função da utilização), ao controlo do bom estado do ponto de vista da segurança, feito por pessoa competente. Os equipamentos isoladores de protecção pessoal devem ser sujeitos, pelo utilizador, ao controlo dos seus defeitos visíveis antes de cada utilização.

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2.1.17.

Cuidados úteis com a electricidade

Só um electricista qualificado e designado para o efeito pode instalar, modificar, reparar, fazer a manutenção das instalações eléctricas. Todo o improviso é fonte de acidentes graves como por exemplo as electrocussões.

È necessário ter cuidado com a proximidade de cabos aéreos ou subterrâneos sob tensão. Devem respeitar-se as distâncias de segurança.



devem

ser

utilizadas

lâmpadas portáteis regulamentares e nunca lâmpadas instaladas provisoriamente.

As junções, as fichas, etc., devem ser manipuladas com prudência. Devem utilizar-se fichas e tomadas de corrente normalizadas.

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Nunca se devem fazer ligações ou arranjos provisórios, nem modificar instalações eléctricas. Deve assinalar-se imediatamente qualquer anomalia ou qualquer defeito ao chefe directo, ou ao electricista responsável.

Para se retirar uma ficha

de uma tomada de

corrente deve puxar-se pela ficha, e

não pelo cabo de alimentação.

Se uma ferramenta eléctrica tiver sofrido uma pancada ou queda, não deve ser utilizada sem passar por um exame efectuado por uma pessoa competente. As ferramentas eléctricas não devem ser utilizadas na presença de humidade. 2.1.18.

Actuação em caso de acidentes eléctricos

A morte por electrocussão só surge, em geral, muito depois do acidente, por terem faltado os socorros necessários. A sobrevivência da vítima de um acidente eléctrico depende muitas vezes da actuação imediata dos seus companheiros. Uma electrização ou uma hemorragia grave podem matar em alguns minutos, antes da chegada de socorros qualificados, se não forem logo prestados ao acidentado alguns cuidados básicos. Nem só as pessoas com formação de Primeiros Socorros podem salvar vidas nestas circunstâncias. Qualquer pessoa, ao testemunhar um acidente, se agir depressa, mas sem precipitações, poderá ajudar a manter viva a vitima até à chegada dos socorros qualificados. 2.1.19. 

Proteger-se e proteger a vitima de novo acidente

Antes de efectuar qualquer gesto para a reanimação do acidentado, verificar que este não está em contacto com uma peça em tensão, ou susceptível de ficar em tensão, por exemplo no caso de uma religação;



Para afastar a vitima da peça em tensão: 

Cortar imediatamente a corrente eléctrica se existir um dispositivo de corte no local do acidente;

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Caso não exista dispositivo de corte no local do acidente e se a instalação for de Baixa Tensão, provocar um curto-circuito a fim de obter os mesmos resultados, tendo o cuidado de se colocar fora do alcance dos efeitos do curto-circuito.



Se não for possível cortar a corrente, a pessoa que vai afastar o acidentado deverá: 

Proteger-se utilizando materiais isolantes adequados ao nível da tensão – luvas, varas, tapetes, estrados, etc. – recordando que a presença de humidade pode torná-los condutores;



Tomar cuidado para não se colocar em contacto directo, ou por intermédio de objectos condutores, com uma peça em tensão.



Se o acidente ocorreu em cima de um apoio, e a vitima se manteve em contacto com peças em tensão, afastála:





Ou mantendo a distancia de segurança, utilizando uma vara isolante para a afastar;



Ou ao contacto, depois de ter procedido ao corte da corrente e à ligação à terra.

Se os condutores estiverem em contacto com o solo, directamente ou através do apoio, ninguém deve aproximar-se a menos de 18 metros dos pontos de contacto antes de ter sido desligada a corrente (para evitar acidentes pela tensão que passa no solo); qualquer pessoa que se movimente dentro desta distância deve fazê-lo com passos muito curtos, sempre no sentido do afastamento do ponto de contacto.

2.1.20.

Aplicação dos primeiros socorros

Logo que a protecção esteja assegurada é essencial examinar a vítima, antes mesmo de alertar os socorros qualificados.  Verificar se:

 O tórax e o abdómen se movimentam com a respiração;  O ar sai normalmente pela boca e nariz;  Tem uma lesão evidente. Depois de fazer o exame rápido da situação da vitima, a testemunha deve mandar alguém alertar os Primeiros Socorros ou fazê-lo ela própria, mas só depois de assegurar a respiração da vitima.  Para assegurar a respiração da vitima, em caso de estar parada (tórax e abdómen imóveis, não havendo saída de ar pela boca e nariz), é necessário desobstruir as vias respiratórias (boca e traqueia):

 Desapertar ou aliviar qualquer vestuário que possa dificultar a respiração;  Inclinar a cabeça para trás, não deixando que a língua a entrada de ar;  Passar um dedo pelo interior da boca para a limpar, no caso de ter havido vómito.  Se a respiração não for retomada:

 Aplicar imediatamente um método de respiração artificial, boca-a-boca ou boca-nariz, que deverá manter-se até que cheguem os socorros qualificados ou que a vitima comece a respirar. CHAMAR OS PRIMEIROS SOCORROS E AFASTAR OS CURIOSOS O alerta deve ser feito para os serviços de socorro locais ou, na sua falta, para os socorros nacionais (112).

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 A comunicação deve:

 Fornecer a localização precisa do acidente bem como o número do telefone onde está a fazer a chamada;

 Dar indicações da natureza do acidente, do estado aparente da vítima e dos cuidados de urgência efectuados.  É, pois, fundamental que todo o pessoal conheça:

 O nome dos socorristas internos;  A lista e números de telefone dos socorros de urgência, que deve estar afixada junto dos telefones do local de trabalho e nas viaturas;

 A localização da caixa de Primeiros Socorros. OUTROS CUIDADOS A PRESTAR ANTES DA CHEGADA DOS SOCORROS QUALIFICADOS DEITAR A VÍTIMA



Se a vitima está consciente e se respira, deitá-la de costas num local plano, salvo se tem:

 Ferimentos na face – deitar em posição lateral de segurança;  Ferimentos no tórax – colocar em posição semi-sentada;  Ferimentos no ventre – deitar de costas mas com as pernas semi-fletidas. 

Se a vitima está inconsciente mas respira, deitá-la em posição lateral de segurança (PLS).

PARAR AS HEMORRAGIAS



No caso de grande hemorragia, comprimir directamente a ferida com a mão, com os dedos ou com o punho;



No caso de hemorragia menos importante, uma compressa pode substituir a compressão manual.

FRACTURAS 

Tentar que a vítima permaneça imobilizada, aguardando os Primeiros Socorros qualificados.

FERIDAS E QUEIMADURAS 

Lavar as feridas com água limpa. Não utilizar qualquer outro produto além da água;



Nunca lavar as queimaduras de origem eléctrica.

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2.2.

Substâncias Perigosas

2.2.1.

Introdução

Nos nossos dias os produtos químicos têm aplicações muito diversificadas, pelo que a sua utilização se estende a múltiplas actividades. Por este facto, a produção e utilização de produtos químicos constitui um importante factor de desenvolvimento. São numerosos os produtos químicos usados na actualidade. Na base de dados do Chemical Abstract Service (CAS) encontram-se registados cerca de 5 milhões de produtos e, conforme dados divulgados pela Environmental Protection Agency (EPA-EUA) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), são descobertos por ano, 500 a 1000 novos produtos. A utilização de alguns produtos químicos, designados por ―produtos químicos perigosos‖, podem comportar riscos graves para o homem e/ou para o ambiente. Estes riscos podem tomar diversas formas que resultam das características físicas, químicas, toxicológicas e ecotoxicológicas das substâncias em causa. Os acidentes ou incidentes que têm origem no manuseamento de produtos químicos são frequentes, ocorrendo não só nas actividades ligadas ao sector químico, mas também em variados locais de trabalho, como oficinas, lavandarias, indústria têxtil, manufactura de sapatas e nas unidades de metalomecânica. Também nas actividades domésticas, nomeadamente nos actos de limpeza, e em actividades de lazer, como a pintura e trabalhos de colagem, podem acontecer situações acidentais de exposição a químicos. Considerando a importância que a utilização de produtos químicos assume na sociedade moderna, e também os efeitos dessa utilização na saúde humana e no ambiente, vários organismos têm vindo a constituir bases de dados sobre produtos químicos. Na União Europeia (EU), tendo em vista o conhecimento da utilização de produtos químicos, existem duas listagens de substâncias químicas: a European Inventory of Existing Commercial Substances) EINECS), referente às substâncias químicas existentes no mercado comunitário em 18 de Setembro de 1981, e a European List Notificated Commercial Substances (ELINCS), listagem de substâncias notificadas no mercado comunitário após 18 de Setembro de 1981, esta ultima é actualizada anualmente pela Comissão da União Europeia. No controlo dos problemas inerentes à utilização de produtos químicos é muito importante o processo de notificação das substâncias e preparações. Define-se notificação como o acto pelo qual os documentos contendo as informações exigidas por lei, são apresentados pelo fabricante das substâncias ou por interposta pessoa, à autoridade competente para esse acto, de um Estado membro. Em Portugal, as entidades competentes para a notificação são, para as substancias, a Direcção Geral do Ambiente e, para as preparações, a Direcção Geral da Industria. O conhecimento das características toxicológicas das substâncias é um elemento muito importante para as actividades que têm por objectivo a protecção da saúde dos utilizadores de produtos químicos. Existem variadas fontes de informação sobre as características físico-químicas, toxicológicas e ecotoxicológicas das substâncias químicas. Uma dessas fontes é da autoria do National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH – EUA) e toma a forma de uma base de dados toxicológicos e de informação adicional, designada por Registry of Toxic Effects of Chemical Substances (RTECS). Esta base contem elementos de interesse para a indústria e para os técnicos de segurança, higiene e saúde.

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Também pode ser obtida informação sobre produtos químicos através do International Programme on Chemical Safety (IPCS). Este programa foi estabelecido por três organismos em parceria: a Organização Internacional do Trabalho (OIT ou ILO), o United Nations Environment Programme (UNEP) e a Organização Mundial de Saúde (OMS ou WHO), em 1980. Entre as áreas de intervenção do IPCS destaca-se: a avaliação dos riscos químicos para a saúde humana e o ambiente, e a gestão e prevenção das exposições a tóxicos. Também a Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR, US Departament of Health & Human Services – EUA) dispõe de um conjunto de informação sobre produtos químicos, na forma de fichas toxicológicas de substâncias diversas, que se designam por TOXFAQs. Para a prevenção dos riscos associados ao manuseamento dos produtos químicos é fundamental, por um lado, identificar os perigos específicos de cada substância ou preparação e, por outro lado, fazer chegar essa informação a todos os utilizadores. O acesso à informação pertinente sobre o produto químico e, consequentemente, sobre os riscos associados à sua utilização constitui, portanto, a base fundamental de qualquer intervenção com o objectivo de eliminar ou reduzir os riscos inerentes a essa utilização. Existem várias Directivas comunitárias que versam a utilização de produtos químicos e que tem por objectivo a protecção dos consumidores e do ambiente. Estas Directivas visam aprovar os princípios genéricos do regime de notificação de substâncias químicas, a gestão da informação sobre riscos potenciais para a saúde humana e o ambiente, e respectiva avaliação, assim como a classificação, embalagem e rotulagem dessas substâncias. As portarias referidas aprovam, respectivamente: 

O «Regulamento para a Notificação de Substancias Químicas e para a Classificação, Embalagem e Rotulagem de Substancias Perigosas»;



O «Regulamento para a Classificação, Embalagem e Rotulagem das Preparações Perigosas».

De toda a informação existente nestes regulamentos, destaca-se, por se considerar como mais relevante para a protecção dos utilizadores de produtos químicos e, portanto, para os técnicos de segurança, higiene e saúde, a que se relaciona com os aspectos ligados à identificação da substância ou preparação e ao reconhecimento da sua perigosidade. A classificação de perigosidade de uma substância é feita de acordo com determinados ensaios (referidos no Regulamento para a Notificação de Substancias Químicas e para a Classificação, Embalagem e Rotulagem de Substancias Perigosas). As substâncias classificadas como perigosas agrupam-se nas seguintes categorias: 

Explosivas;



Comburentes;



Extremamente inflamáveis;



Facilmente inflamáveis;



Inflamáveis;



Muito tóxicas,



Tóxicas;

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Nocivas;



Corrosivas;



Irritantes;



Sensibilizantes;



Cancerígenas;



Mutagénicas;



Tóxicas para a reprodução;



Perigosas para o ambiente.

Cabe aos fabricantes, importadores ou distribuidores proceder à avaliação prévia dos perigos que os produtos químicos que colocam no mercado podem apresentar. Também é da sua responsabilidade a classificação do produto químico, numa das categorias referidas. A cada uma destas categorias corresponde um símbolo e um conjunto de indicações. 2.2.2.

Classificação de substancias químicas de grande risco

São substâncias que podem, através de reacções químicas, provocar incêndios ou contribuir para o agravamento dos mesmos. Com excepção dos explosivos, reconhecidamente perigosos, merecem cuidados especiais quanto ao seu manuseamento e armazenamento as substancias químicas classificadas de grande risco:

 Sólidos inflamáveis;  Plásticos e filmes;  Agentes oxidantes,  Ácidos e outros corrosivos. 2.2.3.

Sólidos inflamáveis

São consideradas sólidas inflamáveis as substâncias que se incendeiam facilmente, ou provocam incêndios, quer seja por fricção, quer seja pela exposição ao ar, quer seja absorção de humidade, quer seja por absorção de uma pequena quantidade de calor. a.

b.

Quanto à fricção: 

Enxofre;



Fósforo (vermelho, branco ou amarelo);



Persulfato de fósforo;



Peróxido de benzol seco.

Quanto à exposição ao ar: 

Boro;



Carvão vegetal;



Perro pirofórico;



Fósforo (vermelho, branco ou amarelo);



Hidratos;



Lítios;

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c.

d.



Nitrato de cálcio;



Pó de zinco.

Quanto à absorção da humidade: 

Cálcio;



Carbonato de alumínio;



Carbureto de cálcio;



Hidratos;



Hidrosulfito de sódio;



Magnésio (se finamente dividido);



Oxido de cálcio;



Peróxido de bário;



Pó de alumínio;



Pó de bronze;



Pó de zinco;



Potássio;



Selénio;



Sódio;



Sulfito de ferro;

Quanto à absorção de uma pequena quantidade de calor: 

Carvão vegetal;



Dinitrocanilina;



Dinitrobenzol;



Nitrato de celulose (nitrocelulose);



Pentasulfato de antimónio;



Pentasulfato de sódio;



Piroxilina;



Pó de zircónio;



Sesquisulfato de fósforo.

2.2.3.1. Plásticos e filmes Os plásticos à base de nitrocelulose (por exemplo, o celulóide) inflamam-se um pouco acima dos 100 ºC. Decompõe-se a temperaturas da ordem dos 150 ºC, sendo que a sua decomposição é acompanhada por uma elevação de temperatura podendo originar a sua combustão espontânea. Queimam muito rapidamente. Os plásticos à base de goma-laca queimam muito vagarosamente. Devem ser manuseados cautelosamente, sempre em pequenas quantidades e evitando a ocorrência de chama e luz. Deve ser proibido foguear ou ter cigarros acesos na presença destes materiais.

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São substancias sólidas que contem apreciável quantidade de oxigénio e são capazes de facilitar ou mesmo provocar incêndios quando em contacto com materiais combustíveis. Libertam o seu oxigénio à temperatura ambiente ou sob efeito do calor. Indicam-se alguns destes oxidantes:  Acido crómico;  Acido perclórico;  Bromato de potássio;  Cloreto de bário;  Cloreto de cálcio;  Cloreto de potássio;  Cloreto de zinco;  Hipoclorito de cálcio;  Hipoclorito de sódio;  Nitrato de amónio;  Nitrato de bário;  Nitrato de cobalto;  Nitrato de cobre;  Nitrato de chumbo;  Nitrato de ferro;  Nitrato de magnésio;  Nitrato de níquel;  Nitrato de potássio;  Nitrato de prata;  Nitrato de sódio;  Nitrato de tório;  Nitrato de urânio;  Perclorato de amónio;  Perclorato de sódio;  Permanganato de amónio;  Permanganato de potássio;  Peróxido de bário;  Peróxido de estrôncio;  Peróxido de potássio;  Peróxido de sódio. São substâncias que, em contacto com matérias combustíveis, podem desenvolver calor suficiente para provocar um incêndio ou forte corrosão. Os principais ácidos e corrosivos são:  Acido muriático;  Acido clorídrico;

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 Acido crómico (solução);  Acido fluorídrico;  Acido nítrico;  Acido perclórico;  Acido sulfúrico;  Bromo;  Cloreto de acetil;  Cloreto de benzil;  Cloreto de cloracetil;  Cloreto de enxofre;  Oxicloreto de fósforo;  Pentacloreto de antimónio;  Peróxido de hidrogénio;  Agua oxigenada (8 a 45 %);  Trióxido de enxofre. 2.2.3.2. Metais Os metais existem na natureza, não no estado puro, mas geralmente sob a forma de óxidos. Este é o seu estado mais estável, o que significa que, em certas condições favoráveis, os metais tenderão sempre a reagir com o oxigénio. São considerados uma classe à parte, diferente da dos restantes combustíveis sólidos, porque em fogos envolvendo metais é interdito o uso de água como agente extintor. Esta proibição justifica-se porque os metais, dadas as suas afinidades com o oxigénio, decompõem a molécula de água utilizando o oxigénio para continuar a arder e deixando livre o hidrogénio, que constitui naturalmente um factor agravante em relação ao fogo inicial. 2.2.3.3. Poeiras O estado de divisão da matéria é um factor de grande importância para o desenvolvimento de uma combustão. Deste modo temos que, quanto maior for a relação superfície/volume do material, tanto mais rapidamente o corpo aumentará de temperatura e entrará em combustão. As poeiras em suspensão no ar constituem, dentro de certos limites de concentração, misturas explosivas. Mesmo que a poeira não esteja em suspensão, mas formando uma camada sobre uma superfície sólida, o risco não está afastado, pois essas camadas podem sofrer combustão lenta, podem ocorrer reacções químicas exotéricas que levem à auto-inflamaçao ou podem, quando perturbadas (vibrações ou explosões noutro local) levantar-se e formar nuvens explosivas. Em principio, qualquer material susceptível de sofrer oxidação é capaz de explodir quando pulverizado e em suspensão no ar. O risco existe em qualquer indústria onde se verifique o transporte, armazenagem ou processamento de materiais pulverizados, de cereais a carvão, de metais a produtos farmacêuticos.

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2.2.4.

Equipamentos de protecção individual para emergências químicas

2.2.4.1. Introdução Devido aos riscos associados ao manuseamento das substâncias químicas perigosas, o homem precisa de salvaguardar o seu estado de saúde de forma a evitar a absorção do organismo humano via cutânea. Devido às propriedades químicas das substâncias, existe a necessidade de conhecer previamente as substancias de forma a posteriormente escolher os EPI‘s.

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NÍVEL A DE PROTECÇÃO Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de protecção respiratória, à pele e aos olhos. É composto de:  Aparelho autónomo de respiração com pressão positiva ou linha de ar mandado;  Roupa de encapsulamento completo;  Luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;  Capacete interno à roupa;  Rádio.

Escolha o Nível A de protecção sempre que:  A substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de protecção para o sistema respiratório, pele e olhos;  Houver suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o contacto for possível, depende da actividade a ser realizada;  Forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;  Leituras directas em equipamentos de monitorização indicarem concentrações perigosas de gases / vapores na atmosfera; por exemplo, valores acima do IDLH (concentração imediatamente perigosa à vida e à saúde). NÍVEL B DE PROTECÇÃO Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de protecção respiratória, porem a protecção para a pele encontra-se num grau inferior. É composto de:  Aparelho autónomo de respiração com pressão positiva;  Roupa de protecção contra respingos químicos confeccionada em 1 ou 2 peças;  Luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;  Capacete;  Rádio. Escolha o Nível B de protecção sempre que:  O produto e sua concentração forem identificados e requererem um alto grau de protecção respiratória sem, no entanto, exigir esse nível de protecção para a pele; por exemplo, atmosferas contendo concentração de produto IDLH sem oferecer riscos à pele ou ainda quando não for possível utilizar mascaras com filtro químico para aquela concentração e pelo tempo necessário para a actividade exercida;  Concentração de oxigénio no ambiente inferior a 19,5 % em volume;  For poço provável a formação de gases ou vapores em altas concentrações de forma que possam ser danosas à pele.

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NÍVEL C DE PROTECÇÃO Deve ser utilizado quando se deseja um grau de protecção respiratória inferior ao Nível B, porem com protecção para a pele nas mesmas condições. É composto de:  Aparelho autónomo de respiração sem pressão positiva ou mascara facial com filtro químico;  Roupa de protecção contra respingos químicos confeccionada em 1 ou 2 peças;  Luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;  Capacete;  Rádio. Escolha o Nível C de protecção sempre que:  A concentração de oxigénio no ambiente não for inferior a 19,5 % em volume;  O produto for identificado e a sua concentração puder ser reduzida a um valor inferior ao seu limite de tolerância com o uso de mascaras filtrantes;  Concentração do produto não for superior ao IDLH;  O trabalho a ser realizado não exigir o uso de mascara autónoma de respiração. NÍVEL D DE PROTECÇÃO Deve ser utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e em locais não sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou a pele. Este nível não prevê qualquer protecção contra riscos químicos. É composto de:  Macacões, uniformes ou roupas de trabalho;  Botas ou sapatos de couro ou borracha resistentes a produtos químicos;  Óculos ou viseiras de segurança;  Capacete. Escolha o Nível D de protecção sempre que:  Não houver contaminante presente na atmosfera;  Não houver qualquer possibilidade de respingos, imersão ou risco potencial de inalação de qualquer produto químico. 2.2.4.2. Vantagens e desvantagens dos vários níveis de protecção NÍVEL DE PROTECÇÃO A

B

C

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VANTAGENS

DESVANTAGENS  Volumoso e desconfortável;  Acesso limitado à mascara autónoma;  Duração de uso limitado, especialmente com a mascara autónoma;  Custo inicial da roupa

 Maior nível de protecção;  Requer pouco treino.  Baixo custo e peso;  Longa vida útil;  Fácil acesso à mascara autónoma;  Boa para atmosferas acima do IDLH, desde que a substancia não seja tóxica à pele.  Relativamente barata;  Fácil de usar;  Baixo peso;  Longa vida útil.

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 Protecção incompleta à pele;  Não pode ser utilizada para substâncias tóxicas à pele;  Necessita de significativo treino antes do uso.  Somente para atmosferas com concentração de O2 maior que 19,5 % em vol.  O ambiente deve, obrigatoriamente, estar caracterizado e as substâncias devem ser conhecidas.

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3. Instrumentos de Medição e Detecção 3.1.

Explosivímetro

Indicador de Gás Combustível 3.1.1.

Características

• Detecta rapidamente e mede concentrações de gases e vapores combustíveis no ar. • Apropriado para utilização com amostragem remota. • Caixa em alumínio muito resistente, possibilita uso em condições rudes e agressivas. • Quatro modelos desenvolvidos para aplicações particulares. Descrição O Explosímetro Indicador de Gás Combustível detecta e mede concentrações de gases ou vapores combustíveis no ar. A unidade possui caixa injectada em alumínio com bulbo aspirador conectado do lado oposto da entrada de amostra. O instrumento pode ser usado directamente no ambiente em que se está monitorizando ou através de linha de amostragem, extraindo amostras de áreas remotas. Para evitar que poeira ou humidade venham penetrar no sistema, um filtro substituível de algodão é colocado na entrada de amostra. Um filtro de carvão pode substituir o filtro normal para ajudar na diferenciação entre gás natural (metano) e vapores combustíveis, tais como gasolina. Todos os quatro modelos de Explosímetros atendem ao uso em serviços públicos e telefónicos, refinarias, indústrias em geral, minas, transporte de combustíveis rodoviários ou navais, entre outros. O Explosímetro Indicador de Gás Combustível é excelente para testar espaços confinados tais como interiores de tanques, poços e embarcações. A unidade também é efectiva para testar áreas confinadas encontradas em tratamento de esgoto, refinarias e indústrias de tintas. O painel do instrumento é muito simples, um único ponto de ajuste que estabelece a tensão do filamento detector e um indicador com escala iluminada calibrado de 0 à 100% L.I.E. (limite inferior de explosividade). Operação O instrumento funciona pela acção catalítica de um filamento de platina em contacto com a amostra de gás ou vapor combustível. O filamento é aquecido à temperatura de operação através de corrente eléctrica. Quando o gás de amostra entra em contacto com o filamento aquecido, a combustão aumenta a temperatura na proporção de

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quantidade de combustível na amostra. Um circuito ponte de Wheatstone, incorporando o filamento em um de seus braços, mede a variação da resistência eléctrica, ocorrida devido ao aumento de temperatura, que é proporcional a concentração de gás presente na amostra. A amostra é aspirada pelo bulbo aspirador, passando através do filtro, do retentor de chama, entrando em contacto com o filamento na câmara de combustão, saindo por outro retentor de chama e deixando o instrumento pelo bulbo. Quando não mais que 1,5 metros de linha de amostragem são usados, as leituras são obtidas na segunda actuação do bulbo. Concentrações de até 100% do L.I.E. são medidas directamente no medidor. Concentrações na faixa explosiva são indicadas pela deflexão total do ponteiro do medidor. Utilizando um tubo de diluição, concentrações acima do L.I.E. são diluídas com ar em proporções seleccionadas de maneira que a medida fique dentro da escala do instrumento; podendo facilmente calcular a concentração real. Nota: O operador do instrumento deverá estar familiarizado com todas as informações contidas no manual de instruções. Limitações Silanos, silicones, silicatos e outros compostos de silício na amostra testada podem debilitar seriamente a resposta dos Explosímetros Indicadores de Gás Combustível. Ainda que por poucos minutos e quantidades pequenas esses materiais envenenam rapidamente o filamento, portanto este não responderá correctamente. Quando houver suspeita da presença destes compostos, verifique constantemente a resposta do instrumento, pelo menos uma vez a cada cinco testes. Para alguns explosímetros, os vapores de gasolina contendo compostos de chumbo, também envenenam os filamentos detectores rapidamente. Quando tais vapores estiverem presentes, utilize um filtro inibidor para evitar seus efeitos. Os Explosímetros Indicadores de Gás Combustível não são adequados para uso em atmosferas com oxigénio deficiente. Pelo menos 10% de oxigénio deve estar presente para que o sensor funcione apropriadamente. 3.1.2.

Acessórios

Linha de Amostragem Para testes remotos ou em lugares de difícil acesso, linha de amostragens são disponíveis em vários comprimentos. As linhas são de borracha sintética com conexões para acoplar ao instrumento, pontas de prova ou linha adicional. Ponta de Prova Um tubo rígido que facilita os testes em janelas de inspecção, poços e outros espaços confinados. Use pontas de prova dieléctricas próximo de possíveis fontes de alta tensão para minimizar o risco de choque eléctrico. Ponta de Prova Sólida

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Para testes em tanques que possam conter líquidos, a ponta de prova sólida evita que o sistema de amostragem absorva líquido. Filtros de Carvão Filtros de carvão podem ser usados em um porta cartucho externo para absorver vapores orgânicos, e ajudar a distinguir entre gás natural e vapores combustíveis em amostra.

Cartucho Externo Para adaptar os cartuchos de carvão, algodão ou filtro inibidor como pré-filtro. Conecta-se à conexão de entrada de amostra do instrumento. Filtro Inibidor Para ser usado em outros que não o Modelo 5 quando se testa atmosferas que contenham vapores de gasolina com compostos de chumbo.

Conjunto Decantador Para evitar que líquidos entrem no instrumento, um decantador adaptável à conexão de entrada do instrumento pode ser usado.

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3.2.

Detectores de gás

3.2.1.

Detectores de um só gás

3.2.2.

Detector Portátil de Múltiplos Gases

*Caixa polietileno ABS coberto por metal *Resistente a RFI *Operação mediante um botão *Ecrã de fácil leitura *Várias linguagens para operação *Bomba para amostragem automática, *Alarme de baixo fluxo de ar *Armazenamento até 40 horas de operação *Disponibilidade de transmissão de dados *Sensores: LEL, O2, CO, NH3, SO2, CI2, Dúo-Tox (CO/H2S), NO2, PH3. *Indicador de vida útil de sensores *Sensor substituível no terreno *Disponibilidade de transmissão de dados *Auto calibração através de um botão *Aviso de calibração 3.2.3.

Detectores de Vida Limitada de um só sensor

*Vida limitada, compacto e robusto *Caixa de polietileno ABS coberta RFI *Sensores: CO, SH2, O2 *Botão para prova integrado *Alarme de duplo tom e luz vermelha *Alarme fixo a dois níveis *Sensor electroquímico

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3.2.4.

Detectores Fixos

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4. Bibliografia Miguel, Alberto Sérgio S.R. (Janeiro 2004): Manual de Higiene e Segurança no Trabalho. 7.ª Edição. Porto Editora. Porto. Roberts-Phelps, Graham (Outubro 2001): Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho – Jogos para Formadores. 1.ª Edição. Colecção do Formador Prático. Editora Monitor. Lisboa. Roxo, Manuel M. (Junho 2004): Segurança e Saúde do Trabalho: Avaliação e Controlo de Riscos. 1.ª Edição. Livraria Almedina. Coimbra. Dias, L. M. Alves; Pissarra, Pedro M. M. (Março 2002): Segurança no Trabalho na Construção. Documentos de apoio às aulas da Disciplina de Segurança no Trabalho da Construção do Curso de Engenharia Civil. Universidade Lusófona. Lisboa. Dias, L. M. Alves e Fonseca, M. Santos, ―Plano de Segurança e de Saúde na Construção‖, IST— Departamento de Engenharia Civil e IDICT – ISHST, Novembro 1996 Direcção Geral de Higiene e Segurança no Trabalho, Ministério do Emprego e Segurança Social, ―Boletim de Prevenção no Trabalho nº 127 (vol. 11), Março 1989 Cabral, Fernando e Veiga, Rui (2000) Manual de Higiene, Segurança, Saúde e Prevenção de Acidentes de Trabalho, Verlag Dashofer; Edições Profissionais Lda, Lisboa. Melo, João (2002) Manual de Higiene do Trabalho, Escola Superior de Ciências Empresariais, Setúbal. EFACEC, ―Manual de Higiene e Segurança e Saúde no Trabalho‖, 1996 EFACEC, ―Regras de Segurança para Montadores Electricistas de Alta e Média Tensão‖, 1984 Lauwerys, R. ―Tóxico Industrie et Intoxications Professionel Masson, 3 édition, 1990 Apontamentos coligidos de várias publicações do IDICT – ISHST IDICT – ISHST ―Serviços de Prevenção das Empresas - Livro Verde‖, IDICT – ISHST , 2 edição, 1997 IDICT – ISHST ―Código Internacional de Ética para os Profissionais de Saúde Ocupacional‖ IDICT – ISHST ―Concepção dos Locais de Trabalho‖, Guia de Apoio Segurança e Saúde no Trabalho, Informação Técnica 2 IDICT – ISHST Manual de Formação ―Segurança, Saúde e Condições de Trabalho‖ (versão Portuguesa do ―Safety— Health and Working Conditions), Janeiro 1996 Apontamentos coligidos de várias publicações do Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo. Legislação diversa portuguesa e da União Europeia sobre Segurança, Saúde, Higiene e Medicina no Trabalho. Indelma, ―Manual de Primeiros Socorros‖, 1996

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