Manual Bíblico Unger - Merril F. Unger-PORTUGUESE

March 22, 2017 | Author: ApologeticaBiblica | Category: N/A
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) bíblico de A Vida Nova coloca em suas mãos um m renome internacional, best-selier consagrado em diversos países. O Manual bíblico Unger reúne um verdadeiro tesouro de informações sobre a Bíblia. Certamente será uma fonte de inspiração para os que estudam a Palavra de Deus em busca de conhecimento mais aprofundado. Organizado de forma bem prática, objetivando facilitar a compreensão do leitor, está repleto de ferramentas indispensáveis a um estudo sério das Escrituras como: Centenas de fotos, ilustrações, mapas, diagramas e tabelas que auxiliam no entendimento do texto. jɧjS Comentário completo de cada livro da Bíblia,

acompanhado do respectivo esboço e de informações históricas e arqueológicas importantes e esclarecedoras. Sistema de pesos e medidas da Bíblia. Artigos que fornecem ao leitor informações relevantes sobre a história, a geografia, a arqueologia bíblicas, fatores essenciais para a compreensão de certos aspectos específicos de cada livro bíblico. Dados atualizados sobre as recentes descobertas da arqueologia e da pesquisa teologica. A introdução traz um panorama geral sobre temas como o que é a Bíblia, sua inspiração, autoridade, propósito, tipologia, a Bíblia e a arqueologia, entre outros. As seções finais esclarecem importantes temas: Como a Bíblia chegou até nós, Panorama da história da igreja e Principais religiões do mundo.

O Manual bíblico Unger é, portanto, uma obra de referência simplesmente essencial para quem pretende estudar e compreender a Palavra de Deus. ISBN

>vw\vAM Josué............................................... 127 Marcos.... ............ ................... ........ 394 Juizes ............................................... 136 Lucas............................................... 412 Rute................................... r........... . 145 ioão................................................ 437 1Samuel.............. ............. ...................... ..... 148 2Samuel.............. ......... ................... 159 Atos .............................. ......... .........457 1Reis .... ..................... .......... ,.......... 168 2Reis ................... ............. ............. ............. ............. As epístolas ...179 de Paulo...................... 495 Romanos.......................................... 496 1Crónicas........................... ............... 191 ICoríntios........................................ 510 2Crônicas............ ............................... 195 2Coríntios......................................... 525 Esdras.............. .................................205 Gálatas ............................................ 535 Neemias ............................................. 209 Ester................................................. 212 Efésios.... .........................................545 Jó ......................................................216 Filipenses.......................................... 555 Salmos........................ ................... . 221 Colossenses...................................... 561 Provérbios...... .................... ........... ... 234 ITessalonicenses..................... .......... 568 Eclesiastes...... ................................... 238 2Tessaionicenses................................. 574 Cântico dos Cânticos............................ 241 1Timóteo........... .............. .......;........ 578 2Timóteo ..................... .................... 587 Os profetas................. ......................243 Tito................................................. 596 Isaías................................................. 245 Filemom...........................................601 Jeremias................................. ....... 272 Lamentações de Jeremias.................... 286 As epístolas judaico-cristãs.............. 605 Ezequiel.............................................288 Hebreus...........................................606 Daniel........................ .................................. 302 Tiago............. ....... ............ ..............632 Profetas menores...............................311 Oséias .............................................. 313 Joel......................... ,.... ......... ..... . 317 Amós................. — .............. ......... 320 Obadias............................. .... ...........325 Jonas.......... .......................... ..... . 327 Miquéias............ ...............................330

1Pedro............................. .......... ..... 641 2Pedro..................................... .......651 Uoão................................ ..............657 2João...... .... ................................... 667 3João...... ........................................669 Judas.......... ................. ................... 671 Apocalipse........................................674

[ 6 1 Sumário

COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NÓS.... 705

ESBOÇO DA HISTÓRIA DA IGREJA..... 720 O período da igreja primitiva............... 721 0 período da igreja medieval................. 727 O período da igreja contemporânea........731 AS PRINCIPAIS RELIGIÕES DO MUNDO....................................... 741 MAPAS Quadro das nações de acordo com Génesis 10...................... 50 Mesopotâmia....................................... 56 A estrada real...................................... 58 Canaã nos tempos de Abraão................. 62 Antigo Egito..........................................71 Egito ...................................................76 Rota do Êxodo...................................... 85 Rota dos espias.................................. 108 A invasão de Canaã ........................... 129 A batalha de Ai ................................. 132 O resgate de Gibeão.......................... 132 Canaã no tempo de Juizes................... 137 Gideão e os midianitas........................ 140 Jerusalém no tempo de Davi................ 163 Israel e as rotas comerciais antigas....... 192 O reino unido sob Salomão.................. 199 Os reinos de Israel e Judá ....................200 O retorno dos exilados........................ 206

Jerusalém no governo de Neemias....... 210 Império Persa em sua máxima extensão . 215 O Império Babilónico...........................278 As províncias da Assíria....................... 324 O Império de Alexandre...................... 358 O Império Romano............................. 374 Jerusalém na época de Cristo.............. 390 A Galiléia na época de Jesus................ 396 A Palestina na época de Cristo............ 413 Qumran: planta do assentamento........ 439 A expansão inicial do cristianismo..........462 A conversão de Paulo......................... 463 Primeira viagem missionária de Paulo.... 469 Icônio, Listra e Derbe.......................... 470 Segunda viagem missionária de Paulo... 474 A via Egnácia.....................................478 Terceira viagem missionária de Paulo.... 485 A viagem de Paulo a Roma.................. 489 Frigia............................................... 537 As sete igrejas do Apocalipse............... 680 A extensão da cristandade em 100 d.C....................................... 723 A extensão da cristandade em 300 d.C....................................... 725 A primeira cruzada............................ 728 A diáspora judaica............................. 739 Filiações religiosas predominantes da população mundial........................ 742

Apresentação Amante das Escrituras Sagradas desde criança, sempre tive consciência do tesouro extraordinário que é a Palavra de Deus e das bênçãos incríveis que recaem sobre todos os que estudam e acolhem, no coração e na vida, suas grandes verdades, capazes de transformar almas. Assim, cresceu um desejo intenso de incentivar outros a ler a Palavra de Deus e a participar dos vastos benefícios do estudo da Bíblia. Para cumprir esse propósito, tinha em mente, havia anos, a organização de um manual bíblico simples e conciso que pudesse interessar a todas as classes de pessoas — leigos e ministros, recém convertidos e cristãos maduros, não-cristãos e cristãos. O projeto exigiu uma pesquisa completa dos últimos dados científicos sobre a Bfblia, tais como geografia, cronologia, história, arqueologia e crítica bíblica. Embora esses dados sejam extremamente essenciais numa época de

grapdes avanços nos estudos técnicos e representem um aspecto importante do assunto, eles não significam a característica principal deste livro. O ponto centrai desta obra é a própria mensagem da Bíblia. Para responder a essa expectativa, é apresentado aqui um comentário completo dos 66 livros. Cada versículo é relacionado com o seu capitulo; cada capítulo, com o livro; cada livro com a Bíblia toda. Do hebraico e grego originais, uma interpretação cuidadosa é extraída e relacionada com a mensagem e o propósito gera! da revelação divina. Procura-se solucionar as dificuldades. O objetivo é colocar nas mãos de quem estuda a Bíbiia um instrumento de referência rápida pelo qual possa relacionar de pronto o capítulo e o versículo com seu contexto imediato, bem como com o contexto geral em que ocorrem, e abrir caminho para uma interpretação correta de qualquer passagem bíblica. Sou grato pelas inúmeras fontes a que pude recorrer

— comentários; jornais especializados; livros de história e geografia, dicionários e manuais bíblicos; guias turísticos de locais bíblicos, e estudos pessoais. Mas, acima de tudo, lutei para ser guiado pelo Espírito Santo na exposição da Palavra escrita e na exaltação de Cristo, a Palavra viva. Minha oração é que o

Manual bíblico Unger encha muitos corações de amor pelos preciosos oráculos de Deus, revelando que "São mais desejáveis que o ouro,sim, do que muito ouro puro, e mais doces do que o mel que goteja dos favos" (SL 19.10).

Merrill F. Unger

Prefácio do revisor Seca-se a relva, e cai a sua flor; mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre. Is 40.8 A verdade da Palavra imutável de Deus evidenciase cada vez mais, quando se tenta revisar a obra de estudiosos cristãos devotados que pertenceram a gerações anteriores. Apesar das mudanças nas opiniões teológicas, das novas luzes lançadas pela arqueologia e por outras ciências sobre o significado e a veracidade das Escrituras e sobre as percepções racionais humanas em questões interpretativas complexas, a verdade incomparável da Palavra de Deus ainda permanece de pé. Esta revisão tem por alvo destacar a verdade eterna da revelação de Deus, ao mesmo tempo que tenta atualizar e deixar mais acessíveis os dados culturais, históricos e teológicos que iluminam o texto. O trabalho de revisão é sempre difícil. E torna-se particularmente árduo quando se tenta revisar ou editar o trabalho de alguém tão bem conhecido e tão erudito como o falecido dr. Unger. Esta revisão é uma humilde tentativa de

alcançar quatro objetivos. Primeiro, o de anotar descobertas arqueológicas recentes e progressos na pesquisa histórica que melhorem nossa compreensão do texto bíblico, especialmente no Antigo Testamento, em que houve maior avanço. Segundo, o de incluir e criticar um leque mais amplo de posições interpretativas acerca de textos difíceis. Foi feito um esforço sincero de manter as peculiaridades teológicas do livro, apresentando, ao mesmo tempo, a vasta variedade de posições evangélicas conservadoras. Na maioria dos casos, as posições apresentadas são as do dr. Unger, sem que se permita a interferência das inclinações do revisor. Em terceiro lugar, a revisão adota como base a versão da Bíblia Sagrada traduzida em português por João Ferreira de Almeida, Revista

e Atualizada no Brasil (ARA), 2a edição para as citações e alusões do AT; para as do NT foi adotada a

Almeida Século 21, publicada por Edições Vida Nova, a menos que haja indicações em contrário. As

referências que recebem as anotações "(gr.)" ou "(hebr.)'' são traduções do próprio dr. Unger, embora tenham sido conferidas quanto à exatidão. Por fim, o estilo de linguagem da primeira edição foi atualizado, tornando-se mais acessível ao leitor. Embora possamos ter plena confiança na Palavra de Deus, devemos ser cautelosos ao avaliar o trabalho dos homens. Não se arroga nenhuma infalibilidade para este manual. Deus deve ser louvado por sua Palavra infalível, que serve de inspiração para esta obra. Sendo pecadores, precisamos assumir a responsabilidade por falhas nela cometidas. Acima de tudo, todos precisam depender do Espírito Santo, para receber a iluminação diante do texto da Palavra de Deus "para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16).

Sola Fidei, Sola Scriptura, Gary N. Larson

Abreviaturas a.C — antes de Cristo

4

ARA — Bíblia Sagrada, Edição Revista e Atualizada (a r a ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1993.

gr. — grego hebr. — hebraico

i.e. — id esf (isto é) KJV — versão do ret Tiago {Kíng James

ARC — Bíblia Sagrada, Edição Revista e Corrigida 1995 (a rc 9 5 ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1995.

Version) Lat. — latim LXX — Septuaginta

AT — Antigo Testamento NT — Novo Testamento c. — cerca de, aproximadamente cap. — capítulo(s)

NTLH — Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri, SP, 2000.

cf. — conforme d.C. — depois de Cristo

NVI — Bíblia Sagrada - Nova Versão Internacional (NVI), International Bible Society, 1993, 2000.

DO — Bíblia Sagrada, Edição Revista e Corrigida ( d o ), trad. João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), São Paulo, SP, 1969.

TB — Bíblia Sagrada - Tradução Brasileira (TB), Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Barueri, SP, 2001.

e.g.

v. — versiculo(s)



exempli gratia (por exemplo)

Introdução *

O

que

é

a Bíblia

A palavra "Bíblia" designa as Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos reconhe­ cidas e empregadas pelas igrejas cristãs. O judaísmo reconhece apenas as Escrituras do AT. Outras religiões, tais como o budismo, o hinduísmo, o zoroastrismo e o islamismo têm seus escritos sagrados. Mas só existe uma Bíblia — incomparável, singular em relação a todas as outras literaturas "sagradas", porque: (1) é a revelação de Deus; (2) é "inspirada por Deus" (2Tm 3.16), e inspirada num sentido diferente de todas as outras

literaturas; (3) revela os planos e os propósitos de Deus para as eras passadas e para a eternidade; (4) centrase no Deus encarnado em Jesus Cristo, o Salvador da humanidade (Hb 1.1-2). Significado do nome "Bíblia" A palavra "Bíblia" vem do termo grego bíblia ("li­ vros"), forma diminutiva de biblos ("livro"), denotando a parte interna da casca da cana do papiro (papel da antiguidade) da qual eram feitos os livros antigos (rolos). Daniel 9.2 refere-se aos escritos proféticos do AT como "os livros" (gr.

ta biblia).

Moita de papiro pintada sobre um papiro egípcio antigo.

0 prólogo de Eclesiástico (livro apócrifo de c.130 a.C.) chama os escritos do AT à parte da Lei e dos Profetas de "os outros livros". O autor de IMacabeus (outro livro apócrifo) os designa como "os livros santos" (12.9). Essa designação foi transmitida para a terminologia cristã (2Clemente 14.2) e por volta do séc.V passou a ser aplicada às Escrituras como um todo. Jerônimo (c.400 d.C.) chamou a Bíblia de

Bibliotheca Divina. Por volta do séc. XIII, "por um feliz solecismo, o plural neutro passou a ser entendi­ do como feminino singular, e 'os Livros' passou, de comum acordo, a "O Livro" (biblia, sing.), em cuja forma a palavra entrou nas línguas da Europa moderna" (Westcott, Bible in the Church, p.5). Essa evolução do termo "a

Introdução [ 11 1

Bíblia" da concepção plural para a singular tem se mostrado providencial, reforçando a unidade dos 39 livros do AT e dos 27 do NT. Nomes que a Bíblia atribui a si mesma 0 Senhor costumava referirse aos livros do AT como "as Escrituras" (Mt 21.42; Mc 14.49; Jo 5.39). Seus seguidores fizeram o mesmo (Lc 24.32; At 18.24; Rm 15.4). Paulo referiu-se a elas como "as Sagradas Letras" (2Tm 3.15), "nas santas Escrituras " (Rm 1.2), "as palavras de Deus" (Rm 3.2, ARC). Certa vez, Jesus se referiu a elas como "a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos" (Lc 24.44), fazendo eco à organização formal em hebraico. O AT é referido de forma mais breve como "a Lei e os Profetas" (cf. Mt 5.17; 11.13; At 13.15). Ainda mais sucinto, o termo "lei" compreende as outras divisões (Jo 10.34; 12.34; 15.25; 1Co 14.21). A Bíblia não apresenta um nome para o conjunto completo das Escrituras. As únicas Escrituras conhecidas na época eram as do AT e os livros mais antigos do NT. Nesta última categoria, Pedro refere-se às epístolas de Paulo como "Escrituras" (2Pe 3.16). Os termos "Antigo Testamento" e "Novo Testamento" Desde o fim do séc. 2S, os termos "Antigo Testamen­ to" e "Novo Testamento" têm sido empregados para diferenciar as Escrituras hebraicas das cristãs.

Uma página ricamente ornamentada dos Evangelhos de Lindisfarne, copiada em latim c.700.

A coleção formal de escritos cristãos feita na segunda metade do séc. 2o. foi chamada Novo Testamento. Essa coleção foi colocada junto aos livros canónicos hebreus, em condições de igualdade quanto à inspiração e autoridade. As Escrituras hebraicas foram então denominadas Antigo Testamento. Tertuliano, antigo pai latino (c.200), foi o primeiro a empregar o nome Novum Testamentum. A partir de então, o termo passou a ter uso corrente, cristalizandose o conceito de uma Bíblia cristã.

Aplicados às Escrituras, os termos Antigo Testamento e Novo Testamento têm o significado estrito de Antiga Aliança e Nova Aliança. A Aliança (hebr. berith; gr. diatheké) é uma continuação da designação do AT para a lei mosaica, o livro da aliança (2Rs 23.2). Nesse sentido, Paulo fala em ler a "antiga aliança" (2.Co 3.14). Assim também, o NT emprega diatheke não no sentido de testamento ou legado (exceto em Hb 9.1617), como no grego clássico, mas de aliança. A conotação mais antiga,

t 12 ] Introdução

porém, ficou muito fixada para ser mudada. É impor­ tante notar que, mesmo dentro do NT, muitos dos eventos registrados (e.g., a maior parte dos quatro Evangelhos) ocorreram sob a Antiga Aliança. É só depois da morte de Cristo, seguida do rasgamento do véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo (Mt 27.51), que termina a era da lei e, de fato, começa o novo testamento (aliança). As línguas da Bíblia O AT foi escrito quase totalmente em hebraico, um dialeto semítico da família do fenício e do ugarítico. Nele, os únicos trechos

escritos em aramaico, outra língua semítica da família do hebraico, foram Ed 4.8— 6.18; 7.12-16; Dn 2.4— 7.28 e Jr 10.11. O NT foi todo escrito em grego. A arqueologia demonstra que essa era a língua cotidiana (.koine) do mundo grecoromano da época. A ordem dos livros no Antigo Testamento hebraico Os livros canónicos numa Bíblia hebraica de hoje são 24, sendo divididos em três partes — a Lei (Torah), os Profetas (Nebhiim) e os Escritos (Ketubim), também denominadas "os Salmos" (Lc 24.44). Essa divisão é

Dois rabinos estudam a Lei mosaica escrita em típicos rolos de papiro.

antiga, sendo claramente implícita no prólogo do livro apócrifo de Eclesiástico (c.180 a.C.), conhecida por Fílon e mencionada pelo Senhor (Lc 24.22). A classificação, porém, sofreu algumas mudanças visíveis, com livros passando da segunda para a terceira divisão nos primeiros séculos cristãos. A forma que nos chegou do período massorético (c.600-900 d.C.) é a seguinte: 1. A Lei (Torah), 5 livros: Génesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio 2. Os Profetas (Nebhiim), 8 livros: Profetas Anteriores, 4 livros: Josué, Juizes, Samuel, Reis; Profetas Posteriores, 4 livros: Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze 3. Os Escritos, 11 livros: Livros Poéticos, 3 livros: Salmos, Provérbios, Jó; os Rolos (Megilloth), 5 livros: Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester; Livros ProféticoHistóricos, 3 livros: Daniel, Esdras— Neemias, Crónicas Josefo, expressando a opinião judaica corrente no séc. 1a d.C., reconhece 22 livros (5 da Lei, 13 dos Profetas, 4 dos Escritos), em vez dos 24 posteriores. Nos livros da Lei, é claro, ele incluía Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deute­ ronômio. Josefo incluía entre os 13 livros dos Profetas todas as Escrituras históricas e proféticas, contando como um livro cada um dos seguintes conjuntos: Juizes— Rute,

Introdução I 13 ]

Históricos 17 livros

Pentateuco Génesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juizes Rute 1Samuel 2Samuel 1Reis 2Reis

1Crónicas 2Crônicas Esdras Neemias Ester

Os 66 Livros da Bíblia Proféticos 17 livros

Poéticos 5 livros

Lamentações de Jeremias Ezequiel Daniel

Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cântico dos Cânticos

Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias

Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias

Históricos

Pentateuco

Poéticos

Proféticos

Observação sobre os 39 livros do Antigo Testamento. O conteúdo do AT é idêntico ao do hebraico. A única diferença está no arranjo do material. Nossos tradutores seguiram a ordem dos livros da tradução Septuaginta (grego), feita em c. 280-150 a.C. Os católicos romanos seguiram ainda mais a tradição Septuaginta, incluindo 11 livros apócrifos.

Biográficos

Biográficos 4 livros

Pedagógicos 21 livros

Mateus Marcos Lucas João

Histórico Atos

Romanos ICorlntios 2Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses ITessalonicenses 2Tessalonicenses 1Timóteo 2Timóteo

Tito Filemom Hebreus Tiago 1Pedro 2Pedro 1João 2João 3João Judas

Profético Apocalipse

Observação sobre os 27 livros do Novo Testamento. Por questões cronológicas, os evangelhos, embora compostos depois de muitas epístolas, foram colocados antes de Atos e das epístolas em coleções completas. Catalogando a vida terrena e o ministério do Senhor, eles precedem naturalmente Atos, que descreve a formação e a história da igreja primitiva. As 21 epístolas consistem em 13 de Paulo, uma anónima endereçada a judeus cristãos (Hebreus), outra também endereçada às doze tribos da diáspora (Tiago), duas de Pedro, três de João e uma de Judas. Tiago, 1— 2Pedro, 1, 2— 3João e Judas são chamadas epístolas católicas. Apocalipse, o ápice da profecia bíblica, completa os livros do NT.

[ 14 ] Introdução

1— 2Samuel, 1—2Reis, 1— 2Crônicas, Esdras— Neemias, Jeremias— Lamentações e os Doze Profetas Menores (total de 7 livros). Josefo também incluía Josué, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Jó e Ester entre os Profetas. Nos Escritos ele colocava Salmos, Provérbios, Cantares e Eclesiastes. Os 22 livros de Josefo eram, portanto, só os do cânon hebraico (sem incluir nenhum apócrifo). A divisão em 22 livros (número de letras do alfabeto hebraico) representa, ao que parece, uma divisão mais antiga que a rabínica, em 24 livros, que nos foi transmitida pelas Bíblias hebraicas modernas. Melito de Sardes (c.170 d.C.), Orígenes (c.250) e Jerônimo (c.400), seguindo autoridades judaicas, confirmam a divisão em 22 livros, registrada por Josefo, com alguma diferença de enumeração. Jerônimo também estava familiarizado com a divisão rabínica de 24 livros, obtida pela separação de Rute e Juizes e de Lamentações e Jeremias. A inspiração da Bíblia Por inspiração entende-se a influência de Deus sobre os autores humanos das Escrituras, de modo que as palavras e pensamentos por eles registrados nos autógrafos originais fossem

isentos de erros (cf. 2Tm 3.16; Jo 10.35; 2Pe 1.1921). Essa inspiração cobre apenas os escritos originais, embora um alto grau de precisão no texto transmiti­ do não seja apenas algo que se espera, caso Deus esteja dirigindo o processo, mas também um fato demonstrado pela crítica textual. A exclusão de quaisquer erros de cópia que possam ter se infiltrado no texto transmitido é uma atividade que pertence ao domínio da baixa crítica, sendo um esforço legítimo de estudiosos consagrados. A inspiração divina faz com que a Bíblia seja a Palavra de Deus, de forma sem igual, e não apenas um livro que contenha a Palavra de Deus, sendo essa a diferença que a distingue de outros livros sagrados ou seculares. É uma revelação inspirada do plano e dos propósitos redentores de Deus em Cristo por amor dos homens, e não uma revelação da ciência natural ou um livro de história secular. As supostas discrepâncias científicas devem-se ou a teorias científicas equivocadas ou a interpretações inadequadas das formas de pensamento da Bíblia.

Os supostos erros históricos podem ser causados por fatores como tradição textual falha, ou interpreta­ ção inexata de provas históricas ou arqueológicas, ou do próprio texto bíblico. A autoridade da Bíblia A autoridade reside na Palavra inspirada de Deus (a Bíblia), interpretada pelo Espírito de Deus, operada por meio de agentes humanos orientados pelo Espírito. O protestantismo ortodoxo difere do catolicismo por não defender nenhuma outra autoridade, exceto as Escrituras canónicas, como a voz do Espírito Santo. Durante a Idade Média, a Igreja de Roma concentrou em si mesma toda a autoridade por meio do episcopado, pressupondo que o magisterium detinha a chave da interpretação das Escrituras e das leis

Basílica de São Pedro, em Roma

Introdução I 15 ]

divinas. Esse movimento culminou no decreto da infalibilidade papal de 1870, que sustenta que "o romano pontífice, quando fala ex cathedra, é dotado daquela infalibilida­ de com que o divino Redentor quis que sua Igreja estivesse equipada, definindo uma doutrina concernente à fé e aos costumes". Correntes neo-ortodoxas e liberais do protestantismo negam a inerrância e a infalibilidade das Escrituras e, assim, sua autoridade final, substituindo-a por alguma autoridade interna, tal como sentimento, consciência, experiência, "Cristo falando por meio do Espírito Santo" etc. Cristo, o tema unificador da Bíblia Embora a Bíblia seja formada de 66 livros (39 no AT e 27 no NT), ainda é um livro. O tema unificador das Escrituras é Cristo. O AT faz a preparação para ele e o prediz, por tipos e por profecias. Os evangelhos o apresentam de modo redentor, em manifestação divina e humana. Atos retrata Cristo sendo procla­ mado e seu evangelho sendo propagado no mundo. As epístolas expõem sua obra redentora. Apoca­ lipse o revela como a consumação de todos os planos e propósitos de Deus. Da descendência da mulher (Gn 3.15), prometido no paraíso perdido, ao "Alfa e ômega" (Ap 22.13) concretizado na reconquista do paraíso, ele é "o primeiro e o último", "o princípio e o

fim" nos planos revelados de Deus para o homem.

Deus na trama e na urdidu­ ra das Escrituras.

O propósito da Bíblia A Bíblia foi dada para testemunhar de um Deus Criador e Sustentador do universo, por meio de Cristo, Redentor dos pecadores. Ela apresenta uma história contínua — a da redenção humana. Essa história é um desvendar progressivo da verdade central da Bíblia de que Deus, em seu conselho eterno, se encarnaria em Jesus Cristo para a redenção do homem perdido. O desvendamento dessa verdade central da redenção é feito por meio da história, profecias, tipos e símbolos. Essa revelação da redenção humana mediante Cristo orienta o homem no contexto maior dos planos de Deus para ele ao longo dos séculos, bem como o propósito divino para ele na eternidade.

Extensão. As Escrituras não são, em sua totalidade, igualmente tipológicas. Elas oferecem suas próprias indicações das passagens que permitem interpretação tipológica. Hebreus, no NT, testemunha da qualidade tipológica concentrada do Pentateuco e de Josué. Em ICoríntios 10.11, Paulo oferece uma base neotestamentária para a rica tipologia do Pentateuco: "Tudo isso lhes aconteceu como exemplo e foi escrito como advertência para nós, sobre quem os fins dos tempos já chegaram". [gr. tupikos, tipicamente ou como tipos] Os intérpretes modernos devem ter cautela para não ultrapassar o programa tipológico das próprias Escrituras.

Tipologia da Bíblia Definição. Tipo (gr. typos, "golpe ou marca deixada por um golpe; padrão ou impressão") é uma repre­ sentação dupla em ação, em que o literal representa, de modo intencional e planejado, o espiritual. O tipo é, portanto, a impressão divina da verdade espiritual sobre um elemento, pessoa ou objeto literal. Corretamente compreendida e avaliada, a tipologia oferece uma prova valiosa da inspiração divina. Na realidade, trata-se do programa redentor dos séculos, habilmente entretecido pelo próprio

Propósito. A tipologia, como inserção dos propósitos de Deus nas Escrituras, é um meio de fazer com que a Palavra de Deus seja relevan­ te para todos os séculos e situações. Uma vez que Jesus Cristo é o centro constante de todas as Escrituras, sua pessoa e obra são divina­ mente calcadas sobre ela em tipos, símbolos e profecias. Variedade de tipos. (1) Pessoas típicas, tais como Caim, um tipo do homem natural, destituído de qualquer senso adequado de pecado ou de expiação (Gn 4.3; 2Pe 2.1-22; Jd 11). Abel, em contraste, é um tipo do homem espiritual cujo sacrifício de sangue

[ 16 1 Introdução

(Gn 4.4; Hb 9.22) evidencia sua culpa pelo pecado e sua confiança num substi­ tuto. Assim também, muitos outros santos do AT são tipos de algum aspecto do Messias ou de alguma fase de redenção. (2) Eventos típicos incluem o dilUvio, o êxodo, a peregri­ nação no deserto, a providência do maná, a serpente de bronze, a conquista de Canaã. (3) Instituições típicas incluem o ritual levítico, em que existe uma concentração de tipologias. Por exemplo, todo o ritual levítico em que cordeiros ou outros animais eram sacrificados para expiar pecados (Lv 17.11) prefigurava o Cordeiro de Deus (Jo 1.29; Hb 9.28; 1Pe 1.19). A páscoa (Lv 23) retratava Cristo, nosso Redentor (1Co 5.6-8). (4) Ofícios típicos incluem profetas, sacerdotes e reis. Por exemplo, Moisés, como profeta, era um tipo de Cristo (Dt 18.15-18; Jo 6.14; 7.40). (5) Fatos

típicos incluem a experiên­ cia de Jonas com o grande peixe, um tipo profético do sepultamento e ressurreição do Senhor (Mt 12.39). Tipo como profecia. A tipologia tem sido considerada uma espécie de profecia. Isso é verdade, mas o conteúdo típico talvez não seja conhecido na época em que o tipo surge. Boa parte dos tipos do AT refere-se a fatos e verdades relacionados com um período que não foram revelados às testemunhas do AT (Mt 13.11-17). Podese afirmar que esse período, conhecido entre nós como a Era da Igreja, ainda que encoberta para os profetas do AT, foi projetada nas instituições, pessoas e objetos do AT mediante a autoria onisciente do Espírito Santo. Por esse motivo, os rituais, as instituições e as experiên­ cias do AT interessam aos santos do NT, tendo um valor instrutivo para eles. Esse fato, devidamente

compreendido e avaliado, é uma prova maravilhosa da autoria divina das Escritu­ ras, tornando-a prática e atemporal em suas instru­ ções e relações cotidianas.

Escrita antiga Escrita nos dias de Abraão. Nos dias de Abraão (c.2050 a.C.), a escrita já possuía uma história longa e ilustre. Selos cilíndricos foram inventados em c.3400 a.C. na cultura de Warka, em Uruk, Ereque, na Bíblia (Gn 10.10), atual Warka, no baixo Eufrates, na Babiló­ nia. A escrita logo se seguiu. No Templo Verme­ lho de Uruk, foram encon­ trados alguns tabletes de argila com inscrições da mais antiga escrita pictográfica rudimentar já encontra­ da (c.3300 a.C.), o ancestral direto da cuneiforme (escrita em forma de cunha) da antiga Suméria (planície aluvial meridional do vale do Tigre-Eufrates). Nos dias de Abraão, a escrita

A escrita na Antiguidade. Da esquerda para a direita; escrita cuneiforme em pedra; escrita em placas feitas de cera; escrita cuneiforme em argila; pictografia em papiro; escrita com tinta em papel.

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Introdução [ 17 I

cuneiforme suméria e, depois, a babilónica, tornaram-se bem conheci­ das e difundidas. Esse fato é atestado por descobertas em Kish, Larsa, Fará, Ur (a própria cidade de Abraão), Nipur, Eridu, Acade, Lagash. Escrita nos dias de Moisés. Nos dias de Moisés, 1526406 a.C. (cronologia antiga), a escrita alfabética havia se difundido, confor­ me atesta a literatura religiosa encontrada em Ras Shamra (antiga Ugarite). O dialeto ugarítico (c.1400 a.C.) é muito próximo do hebraico, de modo que Moisés pode ter escrito o Pentateuco em hebraico antigo. Outros paralelos com o hebraico antigo encontram-se nos docu­ mentos eblaítas encontra­ dos em Tell Mardikh, no norte da Síria. Esses datam de 900 a 2300 a.C.! Uma vez que Moisés foi educado no Egito, ele também podia ter escrito em hieróglifos egípcios. A Pedra de Roseta, descoberta em 1799 em Rashid (Roseta), na desembocadura mais ocidental do Nilo, foi a chave para a decifração da escrita sagrada antiga do Egito chamada hieroglífica. Uma vez que Moisés ganhou proeminência no Egito, ele também podia ter escrito o Pentateuco em cuneiforme acadiano. Esse fato é comprovado pela descoberta dos tabletes de Tell-el-Amarna, em 1886, em Amarna, Egito, a meio caminho entre Cairo e Luxor. Escritos em cuneifor­ me acadiano, a linguagem diplomática internacional

da época, os tabletes de Amarna pertencem a c.1380-1360 a.C., logo depois da morte de Moisés, quando Israel estava entrando na Palestina. A descoberta de uma grande biblioteca cuneifor­ me em Bogazkale (1906), no centro hitita, mostra que a escrita e a literatura babilónica estavam ampla­ mente difundidas em todo o mundo em c.1400 a.C. O Código de Hamurábi é datado de três séculos antes, c.1700 a.C.

Argumentos que confirmam autoria mosaica do Pentateuco 1. Moisés era bem qualifica­ do intelectualmente para fazê-lo (At 7.22), e não há motivos arqueológicos, históricos ou culturais que 0 possam ter impedido. Teria sido tão imprudente para não fazê-lo? Teria sido tão pouco sábio, para confiar o trabalho e o ensino de toda uma vida à tradição oral, especialmente quando era o fundador e pai da nação hebraica?

Autoria do Pentateuco A arqueologia demonstra plenamente que Moisés poderia ter escrito o Pentateuco tanto em hebraico antigo, como em cuneiforme acadiano ou hieróglifos egípcios, conforme desejasse. A opinião tradicional é de que Moisés o escreveu essenci­ almente como o temos hoje. Ele é, portanto, autêntico, histórico e fidedigno, digno do nome Santas Escrituras Inspiradas. A opinião da alta crítica é que Moisés não o escreveu. Trata-se de uma coletânea de tradições orais discordan­ tes e conflitantes, escritas séculos depois de Moisés. A tradição J (usando o nome YHWH) foi escrita em c.850 a.C.; a tradição E (usando o nome Elohim), em c.750 a.C.; a D (Deuteronômio), em c.621 a.C.; e a S, uma invenção sacerdotal, em c.500 a.C. Por essas pressuposições, não é autêntico, nem histórico nem fidedigno, é fabricado por homens, e não obra inspirada por Deus.

2. O Pentateuco afirma que Moisés o escreveu, pelo menos em parte (cf. Êx 17.14; 24.4; 34.27; Nm 33.2; Dt 31.19, 24-26). 3. O restante da Bíblia afirma que Moisés o fez (Js 1.7; 1Rs 2.3; Lc 24.44; 1Co 9.9). 4. O Senhor mesmo afirmou que Moisés escreveu acerca dele (Jo 5.46-47; cf. Gn 3.15; 49.10; Nm 24.17; Dt 18.15-18 etc.). 5. O fundamento de toda a verdade revelada e do plano redentor de Deus está no Pentateuco. Se esse fundamento não é fidedigno, toda a Bíblia não é fidedigna. 6. Teorias da alta crítica que dividem o Pentateuco são metodologicamente infundadas. Quer a divisão seja feita com base em nomes divinos, palavras raras, aramaísmos ou a "evolução" da religião, os estudos modernos têm provado que essas divisões não suportam um escrutínio minucioso.

[ 18 ] Introdução

Contexto Histórico do Antigo Testamento Evento Bíblico Data

Cena Contemporânea

Passado sem data Criação do universo.

Várias eras genealógicas. Idade da Pedra pré-histórica.

Provavelmente 10.0008000 a.C., ou antes da Criação do homem.

Primeiras lavouras e criações de gado. Infcio da vida urbana. Artes rudimentares.

Provavelmente antes de 5000 Dilúvio de Noé.

Evento Bíblico Data

Cena Contemporânea

2166 Nasce Abrão (Abraão) (cronologia da Bíblia hebraica).

Governo dos Gútis na Babilónia (2250-2120). Terceira dinastia de Ur sobe ao poder na terra natal de Abraão (21132006).-

2116 Abrão migra para Harã ("cidade de caravanas", proeminente em Tabletes Capadócios do séc. 19 a.C. e em textos maris do séc. 18).

Ur-Nammu, Dungi, BurSin, Gimi-Sin e Ibi-Sin governam em Ur. Pros­ pera o comércio por meio de caravanas de jumentos entre Ur, a maior capital comercial do mundo na época, é Harã, Damasco, Egito.

2091 Abrão entra em Canaã

Cume da região montanhosa central da Palestina, com densas; florestas e escassamente povoado.

>.-■% i 5000 Descendentes de Noé (Sem, Cão, Jafé) desenvolvem as primeiras nações.

Primeiras culturas na Mesopotâmia, Jarmo (6500-5000), Catai Huyuk (6000). Início da Era Calcolftica (pedracobre), primeiras cerâmicas. Cultura badariana e amratiana (Egito).

4800 Torre de Babel. Línguas mais antigas.

Primeiras grandes construções na Babilónia. Primeiros níveis de ocupação em Tepe Gaura, Níriive, Tell edJudeídeh etc.

4500-3000 Cidades-estado na Babilónia. Desenvolvimento de civilizações urbanas.

Cultura halafiana (4500), cultura ubaidíana (3600) em Tell El-Ubaid, perto de Ur. Warka (Ereque, Uruk, 3200) prospera, primeiros escritos, primeiros selos cilíndricos; cultura de iemdet Nasr (3000).

3000-2200 Descendentes de Noé desenvolvem artes civilizadas, mas caem no politeísmo. Perde-se o conhecimento do único Deus verdadeiro (Gn 11),

Surgimento de uma tradição degenerada da Criação e do dilúvio, preservada em literaturas sumerianas e babilónicas. União do Alto e do Baixo Egito (3100). Dinastias I e II (3100-2686). Antigo Império (26862181). Pirâmides. Dinastias primitivas (período sumeriano) na Babilónia. Prímeífa dinastia semítica na Babilónia fundada por Sargão (2371-2316),

2225 Nasce Terá.

Primeiro Periodo Intermediário (Era de Trevas) no Egito (2181-2040).

2080 Invasão da Transjordânia por uma coalizão de reis mesopotâmicos (Gn 14).

Os 'Apiru (caravaneiros montados em jumentas) desenvolvem próspero comércio no Crescente Fértil entre Ur, na Mesopotâmia, e o Egito, via Siria-Canaâ, Abraão, "o hebreu" (Gn 14.13), um deles.

2056 Destruição de Sodoma e Gomorra

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2066 2006-1859 Nascimento» Jacó de Isaqúe

Israel entra no Egito

Ur destruída pelos elamitas. Príncipes elamitas em Isin e Larsa na Baixa Babilónia e cidades-estado em outras partes da Babilónia.

Médio Império forte no Egito (XII Dinastia).

José vice-rei do Egito

Amenemês l-IV, Senusret l-lll (1991-1790).

Introdução [ 19 ]

Evento Bíblico Data

Cena Contemporânea

Evento Bíblico Data

Cena Contemporânea

1750 Escravidão no Egito (se os hicsos eram faraós que não conheciam José).

Primeira dinastia da Babilónia (1894-1595). Hamurábi (c.;792-1750). Mari, cidade-estado poderosa no Médio Eufrates. Hicsos (estrangeiros asiáticos) invadem e dominam o Egito (c. 1684-1567).

1229 Jabim de Hazor domina Israel.

Faraós egípcios (Amenmósis, Siptah etc.) fracos.

1209 Juizado de Débora. — 40 anos de paz.

Ramsés III (1198-1167) repele a invasão dos filisteus e de outros "povos do mar".

1575 Escravidão (se os faraós do Novo Império iniciaram a opressão).

XV-XVII Dinastias

XVIII Dinastia (15671314); Amósis, Tutmés I, II, rainha Hatshepsut (1570-1482). 1526 Nascimento de Moisés 1446 Êxodo do Egito (data mais remota; alguns defendem o êxodo em 1290) Israel no deserto. 1406 Queda de Jericó

Tutmés III (1504-1450).

Amenotep 11(1450-1425). Tutmés IV (1425-1412).

Amenotep 111(1412-1375) e Amenotep IV ou Aquenaton (1375-1359), Período das Cartas de Amarna. Declínio do controle egípcio sobre a Palestina.

m 1406-1382 Conquista de Canaã Governo de Josué e dos anciãos

Invasão de Habiru (hebreus?). Avanço dos hititas. Mundo grego. Queda de Creta (1400).

1375 Invasão de CusãRisataim.

Tutáncâfnon no Egito (1359-1350).

1367* Otniel resgata Israel — 40 anos de paz.

Haremhab (1350-1319).

1327 Eglom de Moabe oprime as tribos israelitas.

XIXDinastia no Egito. Seti I (1319-1299).

1309 Livramento de Eúde. — 80 anos de paz.

1169 Midianitas invadem Canaã. 1162 Juizado de Gideão. — 40 anos de paz.

Sucessores fracos de Ramsés III (Ramsés IV e V).

Abimeleque é rei em Siquém.

Aumento do poder dos filisteus no sudoeste da Palestina.

1096 Filisteus começam a assediar Israel. 1078 Juizado de Jefté. 1075 Façanha de Sansão. Eli como sacerdote, Hofni e Finéias em Siló.

Declínio dos poderes imperiais dos hititas, assírios e egipcios, possibilitando as conquistas do império de Davi (c. 1010-970) e Salomão (c.970-931).

1035 Filisteus derrotam Israel em Ebenézer. Arca capturada. 1050 Samuel como juiz e profeta. 1043 Saul e inldo da monarquia.

1010

Davi, rei de Judá,

Ramsés II (1299-1232) guerreia contra os hititas em Cadesh (1286) e conclui um tratado hitita. A esteia de Meneptá alude a Israel na Palestina (1224).

1003 Davi reina sobre Israel em Jerusalém. Salomão sucede Dam

970 Salomão

Divisão do reino 931

[ 20 1 Introdução

Evento Bíblico

Jud á Reis kA jl

Profetas

iRòboão• 931-13, m

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Introdução I 21 ]

Israel Reis m

jeroboáo 931-10

Evento Bíblico Profetas

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Cena Contemporânea Rezon toma o poder em Damasco. Ascensão do estado damasceno como adversário de Israel, Invasão de Faraó Sisaque (c.925).

Ascensão da Assfria. Assurbanipal II (833-859).

Conquista de Salmaneser (859-824).

Batalha de Carcar (853). Coalizão palestina-slria contra avanço assírio.

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[ 22 1 Introdução

Evento Bíblico

Ezéquiàs í7 1 6 -6 8 §

[yianassèí 697-4.3:

Amom 643-1;

JOsias 641-09.

Jeoaquim 609-59#

Zedequias | 597-86

Queda de Jerusalém 586

Profetas

Introdução [ 23 ]

Israel

Evento Bíblico

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W Pecafas 742-40

Cena Contemporânea

Salum 752 e «* _ * _ 752-42

Guerra siro-efraimita (734). Tiglate-Pileser III invade Israel (733-732). Assírios sitiam Samaria (724-722). Sargâo III toma Samaria (722). Senaqueribe invade Judá (701).

Nos eventos bíblicos, segue-se a cronologia da Biblia hebraica; nas cenas contemporâneas, seguese em geral The Cambridge Ancient History. Discrepâncias entre os anos atribuídos a um rei e os anos contados na Biblia são causadas por alguns fatores, como co-regências simultâneas contadas como reinado, pré-datação ou sistema de contagem não vinculado à ascensão, ou pósdatação ou sistema de contagem vinculado à ascensão no cômputo do reinado, corrupção nos números na transmissão etc. Ainda não existe uma cronologia absoluta. Muitas datas aqui empregadas são de Edwin R. Thiele, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings (Chicago: University of Chicago Press. 1951), p.283.

Josias morto pelo Faraó Neco (608). Morte de Nabopolassar (605). Primeiro sitio de Jerusalém (605). Segunda invasão de Nabucodonosor (598-587). Sua terceira invasão (588586).

[ 24 1 Introdução

Judá

Evento Bíblico

Reis

Profetas

Cartas de Laquis (589). Nabucodonosor conquista o Egito. Evil-Merodaque (Amel-Marduk) (562-560). Libertação de Joaquim (561). Neriglissar (560556). Nabunaid (Nabonidus) (556-539). Belsazar (co-regente com Nabunaid). Ciro governou o Império Persa até a morte (530). Cambises, Cambises II.

Carreira de Daniel no exílio

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538 Edito de Ciro.



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Queda da Babilónia 539 537/6-520 Construção do templo adiada. Dario (522-486). 515 Templo completado por Zorobabel. Josué como sumo sacerdote. ■

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Cena Contemporânea

irfl : •< cerra de 50.000 voltam do exílio. construção da fundação do templo. Ministério de Ageu e Zacarias. Templo retomado.

Pedra de Behistun, chave para a escrita cuneiforme asslrio-babilônica.

| Gregos derrotam persas em Maratona (490). Xerxes I (Assuero) (486-465). Gregos derrotam persas em Salamina (480).

p N a | 481 .: Ester é rainha.

Artaxerxes (465-424). 458 Retorno de Esdras, Lei reavivada.

liR ri 445 Neemias reconstrói os muros.

432 Profecia de Malaquias.

Era de Péricles (Era de Ouro) na Grécia (460-429); Heródoto, "Pai da História" (485-425); Sócrates (470-399); Platão (428-348); Arístóteles (384-322). Nota: O contexto histórico do período intertestamentário encontra-se na seção intitulada "Período Intertestamentário".

A Bíblia e a arqueologia Referências bíblicas e ilustrações arqueológicas Criação Gn 1.1—2.15 Os Tabletes da Criação (Enuma elish) registram uma versão politeísta deturpada da criação em escrita cuneiforme sobre sete tabletes de argila. Foram encontrados na antiga Nínive, 1848-1876 d.C., na biblioteca de Assurbampal (669-626 a.C.), rei assírio, mas foram compostos antes, no reinado de Hamurábi (1728-1686 a.C.). Veja Gn. 1. O Jardim do Éden Gn 2.8-14 A arqueologia estabelece o vale do baixo EufratesTigre (o lugar do Éden) como o berço da civilização. O Hidequel (Idigla, Diglat, em babilónio) é o rio Tigre. F.Delitzsch localizou o Éden logo ao norte da Babilónia, perto de Eridu, antigamente no Golfo Pérsico. A Queda Gn 3.1-24 O mito de Adapa foi descoberto em quatro fragmentos cuneiformes, três na famosa biblioteca de Assurbanipal, em Nínive (séc.7° a.C.), e o quarto nos arquivos de Amenotep III e IV, em Amarna, Egito,

c.1375 a.C. O mito não é um paralelo com a história bíblica da queda, mas oferece uma ilustração sugestiva do fruto da árvore da vida (Gn 3.3, 22) e outros detalhes. Primeira Civilização Gn 4.1-26 A arqueologia mostra que a lavoura e a criação de gado (ocupações de Caim e de Abel) são o início da civilização humana. Artes, artesanato e música (Gn 4,16-24) e o surgimento da vida urbana são ilustrados em Tell Hassuna, Nínive, Tepe Gaura, Tell El-Ubaid, Tell Chagar Bazar e outros tells da Mesopotâmia (níveis mais baixos). Metalurgia Gn 4.22 0 cobre foi atestado bem cedo, 4500 a.C. Até c.3000 a.C., ele acabou de substituir as pedras em instrumentos e armas. Henri Frankfort prova uma adaga de ferro em Tell Asmar c.2700 a.C. De Ur saiu um machado de ferro. Longevidade antediluviana Gn 5.1-32 O Weld-Blundell Prism guarda uma lista de reis sumérios muito antiga. Ela contém oito governantes

antediluvianos que teriam reinado por um total de 241.200 anos sobre as cidades de Eridu, Badtibira, Larak, Sippar e Shuruppak, na baixa Mesopotâmia. O reinado mais curto seria de 18.600 anos, o mais longo, de 43.200. Ao que parece, esses números exagerados dão outro aspecto aos números bíblicos comparativamente modestos. O Dilúvio Gn 6.1— 9.29

Sua historicidade O extrato diluviano de 2,5m. encontrado por C. L. Woodlley, em Ur, e o encontrado por S. Langdon, em Kish, foram consequências de inundações locais do Tigre-Eufrates, não provas do dilúvio universal de Noé. As provas deste devem ser procuradas na geologia anterior a 4000 a.C. O Dilúvio

Sua realidade O Épico de Gilgamés (tanto o sumério como o babilónico) dão provas de que o evento de fato ocorreu. O relato mais antigo é o sumério, de Nipur, de data anterior a 2000 a.C. O babilónico é registrado no 11a livro do

[ 26 1 Introdução

Épico de Gilgamés. Os Tabletes do Dilúvio foram escavados em Nínive, por H. Passan (1835), da biblioteca de Assurbanipal (669-626 a.C.) e oferecem o paralelo extrabíblico mais contundente de qualquer evento bíblico, incluindo até as aves enviadas do navio pelo Noé babilónico (Ut-hapistim). O quadro das nações Gn 10.1-32 Os nomes e localizações desse maravilhoso quadro etnográfico têm sido muito iluminados e esclarecidos pela arqueologia científica moderna. Veja notas sobre Gn 10. A Torre de Babel Gn 11.1-9 Conhece-se agora a localização de mais de duas dúzias de torrestemplos antigos da Mesopotâmia, chamados zigurates e possíveis ilustrações da Torre de Babel. Essas torres eram montanhas artificiais gigantescas de tijolos secados ao sol. O mais antigo dos descobertos fica em Uruk (Ereque, na Bíblia, Gn 10.10), datando de 4000 a.C. Outras ruínas famosas de zigurates restam em Ur, Borsippa e Babilónia. Terra natal de Abraão Gn 11.27-31 As escavações de C. L. Woolley em 1922-34 tornaram Ur um dos lugares antigos mais conhecidos do sul da Babilónia. Sob a famosa Terceira Dinastia (c.2070-1960 a.C.), quando

Abraão deixou a cidade, ela estava no auge de seu esplendor como centro comercial e religioso dedicado ao deus-lua Nana. Foram descobertos os famosos zigurates, templo e recintos sagrados do deus-lua. A religião de Terá Gn 11.31-32 Terá, ao que parece, cultuava Nana, o Deus de Ur. A estada de Terá em Harã é singular, já que ali também Nana era cultuado (cf. Js 24.2). Abraão em Harã Gn 11.31; 12.5 Fontes cuneiformes confirmam a existência de Harã nos séc. 19 e 18 a.C. A cidade é mencionada em documentos assírios como Harranu ("caminho"), porque ficava na grande rota comercial L-O, entre Nínive, Damasco e Carquemis. Permanência dos patriarcas na Mesopotâmia Padã-Arã Gn 25.20; 26.6 Naor, terra de Rebeca (Gn 24.10), ocorre com frequência nos Tabletes Maris, descobertos em 1935 e datados do séc. 18 a.C. Também são atestadas como cidades da região: Tera, Pelegue (Paligu) e Reú (cf. Gn 11.10-30). Era patriarcal Gn 12.1— 50.26 Um tesouro relativamente recente de dados arqueológicos foi escavado

em 1975 por Pettinato e Matthiae, estudiosos italianos, em Ebla (Tell Mardikh) no norte da Síria. Documentos cuneiformes do lugar atestam uma língua protocananéia bem próxima do hebraico, datada de 2300 a.C. Foram encontrados paralelos próximos a nomes como Éber (Ebrum), Ismael (Ishmail) e Israel (Ishrail). Além disso, as descobertas atestam a situação cultural refletida nas narrativas patriarcais, contendo inclusive nomes de cidades como Hazor, Megido, Jerusalém, Laquis, Dar, Gaza e, talvez, até Sodoma e Gomorra. Permanência dos patriarcas em Canaã Gn 12.1— 50.26 A arqueologia tem comprovado a vida seminômade dos patriarcas, conforme descrita em Génesis, na Idade Média do Bronze (2100-1550 a.C.). Sabe-se, por escavações, da existência de Siquém, Betei, Dotã, Gerar e Jerusalém (Salém) nos dias de Abraão. Canaã, nome mais antigo da Palestina, parece derivado do hurrita, significando "pertencente à terra da púrpura vermelha", aplicado aos mercadores do corante púrpura obtido das conchas de múrex da costa fenícia. Abraão no Egito Gn 12.10-20 Essa visita ocorreu durante o Reino Médio sob a XII Dinastia (c.1898-1776 a.C.). A arqueologia vem ressuscitando o antigo Egito para os estudantes da Bíblia.

Introdução I 27 ]

Abraão e os reis mesopotâmicos Gn 14.1-24 A antiguidade e a historicidade desse capítulo são confirmadas por lugares antigos como Asterote e Carnaim, em Basã, bem como Hã (Gn 14.5). É bem possível que alguns dos lugares e, talvez, até os reis sejam mencionados nos documentos de Ebla. A rota através do que mais tarde seria designado por Estrada do Rei é perfeita de acordo com o conhecimento dessa região do leste de Gileade e Moabe, em que a cidade de Ader, do início da Idade Média do Bronze, foi descoberta em 1924. Sodoma e Gomorra Gn 19.1-32 Vale de Sidim (Gn 14.3). É conhecido como a área hoje coberta pelo extremo sul do mar Morto. Essa região era populosa em c.2065 a.C. A cidade de Bad ed-Dra, que pertence a essa época, desapareceu abruptamente naquele tempo, como demonstraram Kyle e Albright. Um terremoto e uma explosão de sal e enxofre natural transformaram a área numa região queimada de petróleo e asfalto. Costumes patriarcais Gn 15.1— 50.26 Os tabletes de Nuzi (192541), perto de Kirkuk, ilustram costumes patriarcais como adoção, casamento, direitos do primogénito, os terafins (ídolos do lar) e muitos outros detalhes de cor local.

As Cartas de Mari do Tell el Hariri, no Médio Eufrates, descobertas em 1933, também ilustram esse período, bem como o Código de Hamurábi, de 17(30 a.C., descoberto em 1901. Entrada de Israel no Egito Êx 1.1-6 Um excelente paralelo arqueológico é a escultura sobre uma tumba de c.1900 a.C., em Beni Hasan, mostrando a entrada de um grupo de semitas no Egito sob o "Xeque das montanhas, Ibshe". Indícios da estada de Israel no Egito Êx 1.7— 12.41 (1) Nomes pessoais egípcios em levitas (Moisés, Assir, Pasur, Merari, Hofni, Finéias e Putiel). (Cf. 1Sm 2.27). (2) Cor egípcia autêntica de acordo com dados de monumentos egípcios, tais como os títulos

"copeiro-chefe" e "padeirochefe" (Gn 40.2). O êxodo Êx 12.1— 14.31 Pela teoria da datação mais antiga, Tutmés III (1490-1445) era o opressor; Amenotep II (1445-1425 a.C.), o faraó do êxodo. A teoria da datação mais recente coloca os fatos sob Ramsés II, após 1280, ou sob Meneptá, cuja famosa esteia contém a primeira menção extrabíblica de Israel (c. 1224 a.C.). Queda de Jericó Js 6.1-27 A antiga cidade é ilustrada pelas escavações de Ernst Sellin, em 1907-09, de John Garstang, em 1930-36, e de Kathleen Kanyon, em 1950. Leis de Moisés Êx, Lv, Dt Ilustradas pelo Código de Hamurábi (c.1750 a.C.)

[ 28 1 Introdução

descoberto em Susã em 1901; pelas leis de LipitIshtar de Isin (c. 1875 a.C.) e as leis ainda mais antigas de Eshnunna. A conquista Js 1.1— 11.23 Iluminada por: (1) escavação em Jericó, Laquis, Debir e Hazor. (2) Ao que parece, as Cartas de Amarna, descobertas em 1886 no Egito, descrevem a invasão da Palestina pelos habiru (hebreus?). (3) A literatura religiosa de Ras Shamra (Ugarite), 1929-37, que ilumina a cultura,

religião e padrões morais dos cananeus. Período dos juizes Jz 1.1— 21.25 A ressurreição arqueológica das histórias egípcia, hitita, aramaíca, assíria, fenícia e hurrita oferecem agora o pano de fundo desse período. Assim também as escavações em Megido e Bete-Seã. Período de Samuel 1Sm 1.1— 8.22 Siló, como centro religioso é ilustrado pelos grandes santuários centrais pagãos

em Nipur, na Babilónia, em Nínive, na Assíria, em Harã (templo de Sin), em Qatna (templo de Belitekalli) e em Biblos (templo de Baaltis). Escavações em Siló mostram que a cidade caiu diante dos filisteus em c.1050, sendo destruída (cf. Jr 7.10-15). Reinado de Saul 1Sm 9.1— 31.13 O palácio-fortaleza de Saul em Gibeá (Tell el-FuI), a cerca de 7km. ao norte de Jerusalém, foi identificado por Edward Robinson, o pioneiro da exploração palestina (séc. 19) e escavado por W. F. Albright em 1922 e 1933, lançando muita luz sobre o esse reinado. O apelo de Saul ao ocultismo é abundantemente ilustrado por textos hititas, assírios e hurritas e pelas Cartas de Mari. Conquistas de Davi 2Sm 1.1— 24.25 A arqueologia mostrou que a cidade dos jebuseus tomada por Davi (2Sm 5.68) era a parte sudeste de Jerusalém, acima da fonte de Giom. Foram explorados as antigas muralhas dos jebuseus, o túnel de água e 0 poço, datando de 2000 a.C., como outras obras hídricas encontradas em Gezer e Megido. Reinado de Salomão 1Rs 3.1— 11.43 A arqueologia tem iluminado de modo brilhante o reinado de Salomão. (1) Escavações em Hazor, Megido e Gezer

Introdução [ 29 ] confirmam seu exército e carros (1 Rs 9.15-19; 10.26). (2) Escavações de Nelson Glueck em Asiongaber (cf. 1 Rs 7.46) descobriram as fundições de cobre de Salomão. (3) As alianças matrimoniais de Salomão (1 Rs 11.1-5, 33) são ilustradas pelos registros reais do Egito, Mitani etc. (4) Sua "esquadra de Társis" (esquadra de fundição ou de refino) é ilustrada por inscrições fenícias. (5) Seus cavalos e carros no transporte e no comércio com Hirão I de Tiro (c.969-936 a.C.) são ilustrados pela arqueologia. Os bezerros de Jeroboão 1 Rs 12.25-33 Essa era uma inovação religiosa prejudicial que, aparentemente, representava a Divindade invisível (Yahweh) entronada ou personificada em touros, não Yahweh como um deus-touro (cf. Êx 32.4-6). Deidades pagãs, como Baal, são retratadas em selos etc., em forma de um raio de luz no dorso de um touro. Invasão de Sisaque 1 Rs 14.25-28 O corpo de Sisaque (Sheshonk I, XXII Dinastia, c.945-925 a.C.), recoberto com uma máscara de ouro, foi encontrado em Tânis, em 1938-39. Sua inscrição em Karnak alista suas conquistas em Judá, na planície costeira de Megido, onde foi descoberta uma parte de sua esteia, e seu avanço rumo a Gileade.

E scavações em Hazor.

Ben-Hadade de Damasco 1Rs 15.18 Sua esteia descoberta no norte da Síria (1940) confirma a ordem dinástica de "Ben-Hadade, filho de Tabrimom, filho de Hezion, rei da Síria, e que habitava em Damasco".

(The buildings at Samaria, 1942) descobriram a cidade de Onri, Acabe, Jeroboão II e períodos posteriores. Onri e a Assíria 1Rs 16.23-27 A partir da época de Onri, Israel é mencionada em registros assírios como BitHumri ("casa de Onri"), e reis israelitas como marHumri ("filho", i.e., sucessor real de Onri).

Onri e Mesa 1Rs 16.21-27 2Rs 3.4-27 A famosa .esteia de Mesa de Moabe, levantada em Dibom em c.840 a.C., descoberta em 1868, menciona Onri, Acabe, Mesa, Quemoch (deus de Moabe) e muitos topónimos.

Acabe e a Assíria 1Rs 17.1— 22.39 "Acabe, rei de Israel" é mencionado pelo nome na inscrição monolítica de Salmaneser III (859-824).

Onri em Samaria Escavações de R. A. Reisner, C. S. Fisher, D. G. Lyon (1908-10) e J. W. Crowfoot, K. Kenyon e E. L. Sukenik

Jeú e a Assíria 2Rs 9.1— 10.36 Hazael de Damasco (2Rs 8.7-15) é mencionado num texto de Assur, e Jeú

[ 30 1 Introdução

(ou um emissário) é até retratado no Obelisco Negro de Salmaneser III (encontrado em 1846), curvando-se em tributo ao imperador assírio — "tributo de laua (Jeú), filho de Onri". Ben-Hadade II de Arã 2Rs 13.25 Mencionado na esteia de Zakir, rei de Hamate, encontrada em 1903 no norte da Síria, publicado em 1907 por H. Pognon. Jeroboão II 2Rs 14.23-29 Um selo de jaspe de "Shema, servo de Jeroboão" foi encontrado em Megido por Schumacher. Samaria, a capital de Jeroboão II é iluminada por escavações (veja "Onri", acima). Menaém 2Rs 15.19 O tributo de Menaém é mencionado nos anais de Pul (Tiglate-Pileser III, 745-727 a.C.). Queda de Damasco 2Rs 16.9 Descrita nos anais de Tiglate-Pileser, mas perdida. São também mencionados em registros assírios Azarias de Judá (2Rs 15.1-7), Rezim (Rasunna) de Arã, Acaz de Judá (2Rs 16.7-8), Peca e Oséias (2Rs 15.30). Queda de Samaria 2Rs 17.3-23 O sítio começou com Salmaneser V (726-722 a.C.) e foi completado por

Sargão II (722-205 a.C.) cf. Is 20.1. Em seus Anais de Corsabad, Sargão relata como deportou 27.290 samerinai (povo de Samaria). Ele faz o mesmo na "Inscrição de Apresentação" em Corsabad, sua capital.

Profecia de Isaías Is 1.1— 66.24 O Rolo de Isaías, descoberto com outros Rolos do mar Morto em Qumran (1947), é a profecia inteira, sendo 1.000 anos mais antigo que os outros textos conhecidos.

Ezequias e Senaqueribe 2Rs 18.13— 19.37; Is 36.1— 37.38 Nos anais de Senaqueribe (750-681) preservados no Taylor Prism no Museu Britânico, o monarca assírio relata seu cerco de Jerusalém (701 a.C.), em que afirma ter trancado Ezequias "como um pássaro engaiolado". A grande capital de Senaqueribe, Nínive, escavada por Austen Layard, guarda um palácio real (1849-51), além de muitos outros tesouros arqueológicos.

Época de Jeremias Jr 1.1— 52.34 As Cartas de Laquis, descobertas em 1935 e 1938 em Laquis (Tell ElHesy), ilustram a época de Jeremias e a invasão de Judá por Nabucodonosor (588-586 a.C.).

Túnel de Ezequias 2Rs 20.20 A Inscrição de Siloé, descoberta em 1880, foi cavada no canal, a cerca de 6m do final do aqueduto de Ezequias, para marcar a conclusão do túnel de 500m (c.700 a.C.). Idolatria de Manassés 2Rs 21.1-15 A literatura épica de Ras Shamra, em Ugarite, tem deitado muita luz sobre * Baal, Aserá e os cultos de fertilidade cananeus. A visita compulsória de Manassés a Nínive (cf. 2Cr 33.10-13) é mencionada em monumentos assírios.

Exílio de Joaquim 2Rs 25.27-30 Isso é confirmado por registros babilónicos que alistam Yaukin da terra de Yahud (Joaquim de Judá) como um dos receptores da ração real na Babilónia. Esse texto foi publicado em 1940. Profecia de Ezequiel Ez 1.1—48.35 A genuinidade dessa profecia é sustentada pela arqueologia em detalhes tais como a data do rei Joaquim. Asas de jarras de Tell Beit Mirsim e BeteSemes contêm a inscrição: "Eliaquim, mordomo de Yaukin". Nabucodonosor II Cf. Jr, Eze Dn 2.1— 4.37 Os esplendores de sua capital, Babilónia, são conhecidos pelas escavações de R. Koldewey, a partir de 1899 (cf. Dn 4.30). Foram descobertos

Introdução [ 31 ]

a Porta de Istar, o palácio, o zigurate, o templo de Marduk e os jardins suspensos. Tijolos estampados com o nome de Nabucodonosor atestam suas atividades no campo da construção. Exílio de Judá 2Rs 25.1-30; Ez, Dn, Ed Trezentos tabletes cuneiformes encontrados perto da Porta de Istar na Babilónia, datados de 595 a 570 a.C., incluem o nome de Joiada/Joaquim de Judá entre os príncipes cativos, além de muitos nomes judeus semelhantes aos do AT. Belsazar Dn 5.1-31 Belsazar é confirmado como o filho mais velho de Nabonidus e seu co-regente por registros babilónios contemporâneos. Belsazar reinou na Babilónia (Dn 5.1-31; 7.1; 8.1) de 553 a.C. até a queda da Babilónia (539 a.C.), conforme indica a Crónica de Nabunaid. Queda da Babilónia A Crónica de Nabunaid relata como Ciro e seu general, Gobryas, tomaram Babilónia (539 a.C.). Edito de Ciro Ez 1.2-3; 2Cr 36.22-23 O Cilindro de Ciro, descoberto por H. Rassan no séc. 19, diz que Ciro restaurou os povos e seus deuses, em harmonia com o espírito do decreto registrado na Bíblia.

O Obelisco Negro, monumento erigido por ordem de Salmaneser III. Jeú, filho de Onri, curva-se diante do imperador assírio.

O retorno Ez 1.1— 10.44 Líderes proeminentes, tais como Sesbazar (Ed 1.11) e Zorobabel (Ed 2.2) levam bons nomes babilónicos, ilustrados por descobertas naquela área. O "darico" (Ed 2.69) é a dracma grega, mostrando-se autêntico para a data. Esdras— Neemias Os Papiros de Elefantina (descobertos em 1903) datando de 500-400 a.C., escritos em aramaico por judeus na ilha de Elefantina, junto à Primeira Catarata do Nilo, são a principal fonte arqueológica para ilustrar detalhes e provar a genuinidade dos livros de Esdras e de Neemias. Ageu, Zacarias Ilustrados pela inscrição trilingue de Behistun (babilónio, elamita e persa) de Dario I, o Grande (522486 a.C.). (Zc 1.1,7.)

Xerxes e Ester O livro de Ester é ilustrado por inscrições de Persépolis, a capital persa. Xerxes (486465 a.C.) foi derrotado pelos gregos em Salamina e Platéia. Susã (Et 1.2) é onde os franceses encontraram o palácio de Xerxes (188090). O lançamento de sortes ("Pur", 3.7) é ilustrado pela arqueologia, bem como pela cultura local. Período Intertestamentário Ilustrado pelos Rolos do mar Morto: dois rolos de Isaías, Comentário de Habacuque, Manual de Disciplina da seita pré-cristã dos essênios, Guerra dos Filhos da Luz contra os Filhos das Trevas e fragmentos de quase todos os livros do AT, auxiliando a crítica textual. As escavações da Comunidade Essênia de Qumran (1953-56) preencheram lacunas históricas do período entre 150 a.C. e 70 d.C.

[ 32 1 Introdução

O Censo de Lucas Lc 2.1-5 Papiros dão a entender que Quirino governou a Síria por duas vezes, provavelmente um período curto antes de 4 a.C. e depois em 6-7 d.C. Os papiros também mostram que se fazia um censo romano a cada 14 anos, exigindo-se para isso que as pessoas voltassem à terra de seus ancestrais. Os dados disponíveis da arqueologia confirmam Lucas, invalidando a acusação liberal de que Lucas 2.1-5 seria uma miscelânea de erros. Pôncio Pilatos Mt 27.11-25 Moedas atestam a existência do procurador Pôncio Pilatos (6-36 d.C.), bem como de outros procuradores de Copônio a António Félix.

Sinagogas Mc 1.21; Lc 7.1,5 A mais famosa e bem preservada delas é a sinagoga de Cafarnaum (final do séc. 3a), provavelmente construída no lugar em que Jesus ministrou. Outras sinagogas foram descobertas em Corazim, Betsaida Julias e Bete-Alfa. Crucificação Mt 27.32-60 Há duas posições quanto ao local: (1) dentro da Igreja do Santo Sepulcro, que antes estaria fora dos muros (Hb 13.12-13); (2) no Calvário de Gordon, perto da Porta de Damasco, fora dos muros atuais, no lado norte. Sepultamento de Jesus Jo 19.41-42 Uma posição favorece o lugar da Igreja do Santo Sepulcro; a outra, o Túmulo do Jardim,

escavado pelo Gen. Christian' Gordon (1881), perto do Calvário de Gordon. Ressurreição A Inscrição de Nazaré é uma ordem imperial levada de Nazaré a Paris (1878) e está agora na Biblioteca Nacional. Trata da pena de morte para o crime de violação de túmulos. Quem a atribui a Tibério ou a Cláudio interpreta-a como prova da ressurreição de Cristo. Mas alguns a associam a imperadores posteriores, de modo que a prova não é decisiva. Jericó do NT Lc 10.30-37 Jericó do NT, escavada em 1950, era a elegante capital de inverno de Herodes, o Grande, e Arquelau. As ruínas incluem teatro, palácio, forte e hipódromo, como os de Jerash. Templo de Herodes Mt 24.2; Mc 13.2 Dois avisos do templo de Herodes, proibindo a entrada de não-judeus no pátio dos judeus, foram encontrados em 1871 e 1935, perto da Porta de S. Estêvão (veja At 21.28-31). As pedras trazem: "Nenhum estranho pode atravessar a barricada que cerca o templo e seu recinto. Qualquer um que for pego fazendo isso estará se condenando à pena de morte, que será inevitável".

Descobertas feitas por meio de escavações em Qumran trouxeram dados históricos inéditos sobre o período de 150 a.C.—70 d.C.

Belém Mt 2.1; Mc 2.4 Perto de Belém, a SE, estão as ruínas do Herodium, palácio

Introdução [ 33 ] e fortaleza de Herodes, o Grande; mais distante, em Massada, ficava a "Fortaleza da Montanha". Nazaré Mt 2.23; Lc 1.26 Local do Poço de Maria. A importante cidade de Séforis, a apenas 2 km ao N de Nazaré, foi murada e embelezada por Herodes Antipas. Jafa fica a apenas 1 km, ao SO. Outras cidades Tiberíades (Jo 6.23), Magdala, Cafarnaum, Corazim e Betsaida ficavam, todas, não longe do mar da Galiléia, tendo sido iluminadas pela arqueologia. Cesaréia de Filipe (Mc 8.27), perto do Hermon, e Decápolis (Mt 4.25; Mc 5.20),esta, uma confederação de dez cidades, são agora muito mais bem conhecidas. Samaria (Sebaste) Cf. At 8.5 Escavações têm feito reaparecer a cidade helenista de Roma, especialmente as fortificações de Herodes, o Grande, seu grandioso Templo de Augustus e o estádio. Cesaréia da Palestina At 10.1, 24 Em 1960, a expedição de Link fez uma exploração submarina do quebra-mar de Herodes, nessa brilhante cidade helenista construída por Herodes, o Grande. Escavações na cidade trouxeram à tona fórum, teatro, estádio, anfiteatro etc.

Antioquia no Orontes At 13.1; 14.26-28 Extensas escavações desde 1932 mostraram a beleza e o tamanho dessa terceira cidade do império e berço das*missões cristãs. Belos mosaicos, o Cálice de Antioquia, numerosas igrejas cristãs etc., junto com lugares importantes em Selêucia Pieria, porto de Antioquia (At 13.4), são o resultado dessas buscas.

Procônsul vs. Propretor At 13.7 Lucas provou estar correto ao chamar Sérgio Paulo de "procônsul", não "propretor". Foi encontrada uma inscrição: "sob Paulo, o procônsul", datada de 52-53 d.C. Antioquia da Pisídia At 13.14-52 A localização dessa cidade foi descoberta em 1833. William Ramsay escavou o

Antiga sinagoga do terceiro século, em Cafarnaum

[ 34 1 Introdução

santuário do deus Men (1910-13). Surgiram muitas inscrições. Escavações posteriores pela Universidade de Michigan descobriram a cidade romana. Outras cidades da Ásia Icônio, Listra e Derbe também foram identificadas, fornecendo inscrições e outros dados importantes. Filipos Atos 16.12-40 Escavado entre 1914 e 1938, o lugar revelou fórum, pórticos, templos públicos etc. da colónia romana. Tessalônica At 17.6, 8 A precisão do termo "politarcas" (no original, por "autoridades") empregada por Lucas é confirmada por cerca de 17 inscrições. A mais famosa, a da Porta de Vardar, está hoje no Museu Britânico

Atenas At 17.15-34 Desde 1930, escavações da Escola Americana de Estudos Clássicos, descobriram a antiga ágora. Corinto At 18.1-17 Amplas escavações desde 1896 ressuscitaram as ruínas da antiga cidade. Confirmou-se o proconsulado de Gálio. Éfeso At 19.1-41 A descoberta do Artemísio, em 31.12.1869, foi seguida pela escavação desse mais famoso templo da antiguidade, após o de Salomão. Escavações posteriores revelaram teatro, estádio, Odeon, colunata, fórum (ágora) etc. Cidades do vale do Lico Colossos foi identificada e explorada em 1835 e é um desafio para outras escavações. Laodicéia, hoje Eski-Hissar (cf. Cl 2.1; Ap 3.14), apresenta extensas

ruínas a serem escavadas. Hierápolis (Cl 4.13) também apresenta extensas ruínas greco-romanas. Pérgamo Ap 1.11; 2.12 Desde 1878, essa brilhante cidade romana helenista vem mostrando suas finas obras de arte. Escavações recentes foram feitas entre 1955 e 1958. Sardes Ap 3.1-2 Escavações revelam como finalmente o cristianismo suplantou a adoração de Ártemis. Últimas campanhas começaram em 1958. Roma At 28.16-31 A "Cidade Eterna" é um paraíso arqueológico. Escavações e pesquisas têm iluminado grandemente e esclarecido templos, fóruns, teatros, circos, palácios, inscrições, arcos etc. O NT como literatura Os papiros, óstracos e inscrições do período greco-romano mostram que o grego do NT era a língua comum do período (koiné) com alguns elementos literários, não uma língua "santa", especial. Texto do NT O NT é atestado por 240 mss. unciais, 2.533 minúsculos, 1.678 lecionários, 63 papiros e 25 óstracos. Particularmente significativos são os papiros de Chester Beatty, do séc. 3e d.C., editados por F. Kenyon (1933-37).

Antigo Testamento

Génesis 0 livro da criação Natureza do livro. Génesis, "o Livro dos Princípios", é a introdu­ ção indispensável para toda a Bíblia, o funda­ mento de toda a verdade revelada. O livro toma o nome do título que consta da

Septuaginta (gr.), deriva­ do do cabeçalho de suas dez partes he biblos geneseos (2.4; 5.1; 6.9; 10.1; 11.10; 11.27; 25.12; 25.19; 36.1; 37.2). O título do livro na Bíblia hebraica é beeresit ("No princípio").

Esboço 1—11 História Primeva da Humanidade 1—2 Criação 3 A queda 4—5 Da queda ao dilúvio 6—9 O dilúvio

V

10—11 Do dilúvio a Abraão

Génesis registra nove princípios: 1.

1.1-2.3

0 princípio da terra como habitação humana.

2.

2.4-25

0 princípio da raça humana.

3.

3.1-7

0 princípio do pecado humano.

4.

3.8-24

0 principio da revelação redentora.

5.

4.1-15

0 princípio da família humana.

6.

4.16-9.29

0 principio da civilização sem Deus.

7.

10.1-32

0 princípio das nações.

8.

11.1-9

0 princípio das línguas humanas.

9. 11.10—50.26 0 principioda raça hebraica (povoda aliança).

Génesis registra dez histórias familiares: 1.1-4.26

As gerações da posteridade celestial e da semente terrena.

2.

5.1—6.8

As gerações de Adão.

3.

6.9-9.29

As gerações de Noé.

4.

10.1— 11.9

As gerações dos filhos de Noé. As gerações de Sem.

1.

5.

11.10-26

6.

11.27—25.11 • As gerações de Terá.

7.

25.12-18

As gerações de Ismael.

8.

25.19-35.29

As gerações de Isaque.

9.

36.1-37.1

As gerações de Esaú.

10. 37.2-50.26

As gerações de Jacó.

12—50 História Patriarcal Çjg ..'

1

[ 38 J Génesis

1. 0 princípio da terra como habitação humana D eus. Na p rim eira frase da revelação ocorre a declaração da existência de Deus, cu ja n atu reza e tern a é assu m id a e a s s e ­ verada, sem nenhu m tipo de a rg u m en ta­ ção ou d efinição. A qui ele é apresen tad o como a Causa Prim eira infinita, o O rigina­ dor e C riador de todas as coisas. "N o princípio". Estudiosos evangélicos têm assum ido várias posições com respei­ to ao significado do relato da C riação em Gn 1 .1 —2.3. A s p alav ras de ab ertu ra de G é n e sis são em g e ra l e n te n d id a s co m o referência à criação original do universo. A lgun s estu d io so s p referem , porém , ver um princípio relativo, perm itindo que even­ tos como a queda de Satanás (cf. Ez 28.1314; Is 14.12) e as eras geológicas da terra precedam 1.1 ou 1.2 (a Teoria do Lapso). A questão de um princípio relativo (re­ criação) gira p rincip alm en te em torno de três considerações: 1. A expressão "n o prin­ cípio" é absoluta ou relativa? 2. A palavra "c r ia r" (hebr. barn') pode sig nificar "m o l­ d a r" ou "re c ria r"? 3. Q ual a relação g ra­ matical e cronológica entre Gn 1.1 e 1.2 (i.e., é possível incluir um lapso)? A m aioria dos estu d iosos do hebraico consideram a frase, "n o princípio", absolu­ ta. Deve-se, porém, notar que, de qualquer form a, a frase, "n o p rin cíp io ", de Jo 1.1 é anterior ao "no princípio" de G n 1.1. O termo hebraico barn' possui o signifi­ cado básico de "cria r", distinto da palavra yasar (moldar, form ar). Na m aioria das ve­ zes em que é em pregado no AT, b ara ’ sig­ nifica "cria r algo n o v o " ou "d a r e x istên ­ cia" (cf. Is 41.20; 43.1; Ez 21.30; 28.13, 15). Por con seg u in te, a m aio ria d os ex e g eta s alega que bara' serve com o testem unho da Criação ex nihilo (a partir do nada) de Deus. A frase, " a terra era sem form a e fa ­ zia" tem sido interpretad a, "e a terra tornou-se...", para retratar a visitação caótica do julgam ento divino sobre a terra orig i­ nal. O texto hebraico não sustenta um lap­ so em 1.2, que m o stra que as três frases são circunstanciais ou à oração principal de 1.1 ou à de 1.3. Se há um lapso, deve ser

anterior a 1.1, não posterior. Gn 1.1-2 pare­ ce form ar um a un id ad e e serve com o su­ m ário in trod u tório da ativid ad e criad ora que se seg u e. E m b o ra a teo ria do lapso p areça ca recer de fu n d am en to , tem seus m éritos com o explicação p otencial para a q u ed a de S a ta n á s e p a ra as d esco b e rta s da ciência m oderna que insinu am longas eras g eológ icas na p ré-h istó ria da terra. A criação e os seis dias de Génesis 1. Os seis d ias da C riação em Gn 1 podem re­ p resen tar (1) dias litera is de 24 h oras de criação, (2) dias literais de 24 horas de re­ velação da C riação, (3) eras geológicas ex­ tensas ou épocas p rep aratórias para ocu ­ p a ç ã o p o s te r io r d o h o m e m , ou (4) um esb oço revelad o r para resu m ir a ativ id a­ de criadora de Deus, afirm ando que "p o r­ que nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra..." (Cl 1.16). 3-5. Prim eiro dia — luz. O relato dos pri­ m eiros atos criad ores de D eus contém a l­ gu m as a firm a çõ es im p o rta n tes. (1) D eus criou com sua palavra ("disse D eus"). O res­ tante das Escrituras ecoam o poder da pa­ lavra criadora de Deus, culm inando na Pa­ la v ra e n c a rn a d a (Jo .1 .1 ), que cu m p re a palavra de redenção de Deus . (2) A criação da luz antes do sol, da lua e das estrelas (os agentes de luz) lem bra-nos que a luz pro­ cede de D eu s e ap en as secu n d ariam en te de suas "lâm padas" criadas. (3) A luz tam­ bém prefigura a "luz de D eus" que veio ao mundo na pessoa de Cristo (Mt 4.16; Jo 1.39). (4) O estado de G n 1.3 será renovado na N ova Jeru salém : "A cid ad e não n ecessita n em do sol, n em da lu a , p ara que n ela brilhem ,pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâm pada " (Ap 21.23). 6-8. Segundo dia — firm am ento. O se­ gundo dia resu ltou na sep aração en tre a m istura de águas atm osféricas e as águas te r r e s tr e s . A s e p a ra ç ã o d as ág u a s bem p ode ter re su lta d o em vasta q u a n tid a d e d e á g u a s s u b te r r â n e a s e a tm o s fé ric a s (vapor), que perdurou até o cataclism o do dilúvio. 9-13. Terceiro dia — terra, mar, plantas. A pós a sep aração das águas atm osféricas no segundo dia, as águas terrestres foram separadas da terra para constituir a terra e

Génesis [ 39 I

form ar os m ares, po ssibilitan d o profusão de plantas e crescim ento de árvores. 14-19. Quarto dia — sol, lua e estrelas. Agora, Deus com pleta o universo form ado no primeiro dia. Esses corpos celestes (jun­ to com as grandes galáxias do espaço) re­ cebem agora a responsabilidade de forne­ cer luz e calor à terra. Q uanto à ordem da Criação que coloca a luz antes do sol e das estrelas, veja "P rim eiro d ia". 20-23. Quinto dia — criação de animais aquáticos e aves. Assim com o D eus criou o u n iv erso no p rim e iro dia e o p reen ch eu com corpos celestes no quarto, ele encheu as águas e a atm osfera (criadas no segun­ do dia) no quinto, form ando peixes e aves. 24.31. Sexto dia — criação de animais ter­ restres e do hom em . O hom em foi criado (não evoluído) e surge com o coroa e alvo de toda a a tiv id ad e criad o ra no que diz resp eito à terra com o h a b ita çã o esp ecia l do hom em . A expressão "F a ça m o s" (1.26) insinua o conselho e a atividade do D eus trino (cf. Jo 1.3; Cl 1.16), bem com o o plano e o propósito redentor divino preconcebi­ do para o hom em sobre a terra (Ef 1.4-6). O hom em recebeu d om ínio sobre a terra.

soa de Jeová, D eus é apresentado em um re la cio n a m en to rev ela d o r e red en tor e s­ pecial para o hom em . 8-14. O Jardim do Éden. Ele foi dado ao hom em antes da queda, 8-9. Sua localiza­ ção, 10-14, é na região do Tigre-Eu frates, e v id e n te m e n te no e x tre m o o rie n ta l do C rescente Fértil (os lim ites da civilização antig a, em form a de m eia lua, com uma ponta na Palestina-Síria e a outra no vale do baixo Tigre-Eufrates). Hidequel é o an­ tigo nom e do rio Tigre (Idigla, D iglat, em babilón io). Pisom e G iom eram provavel­ m ente canais m enores que ligavam o T i­ gre e o E u frates com o an tig os afluen tes. O acú m u lo de vastos d ep ósito s de sed i­ m entos tem m udado a costa do Golfo Pér­ sico, em purrando-a para dentro do mar. A. H. Sayce e outros localizaram o Éden perto de Eridu, antigamente no golfo Pérsi­ co (Higher Criticism and the Verdict o f the Monum ents). Friedrich D elitzsch (Wo Lag das Paradies?) o localizou logo ao N da Babiló­ nia, ond e o Tigre e o E ufrates se ap ro xi­ mam . M as a topografia m utante transfor­ ma qualquer identificação precisa em mera conjectura. E significativo, porém, que tan­ to a arqueologia como a Bíblia afirmem que a bacia oriental do Mediterrâneo e a região 2. 0 homem no Éden logo a seu L (Crescente Fértil de Breasted) 1-3. Descanso de Deus. No sétim o dia, é de fato o berço da civilização. 15-17. O h om em é provad o no Éden. D eus d escansou de sua obra criad ora de Criado inocente, posto num am biente per­ Gn 1. Esse descanso sabático divino tornoufeito, o hom em foi colocado diante de um se base do sábado mosaico (Ex 20.11) e um teste sim p les de obediên cia: abster-se de tipo do descanso do fiel na redenção divina com er do fruto da "árvore do conhecim en­ concretizada em Cristo. Aparece Elohim, o nom e genérico de D eus (1.1—2.3). to do bem e do m al". A pena pela desobe­ d iê n cia era a m o rte — m o rte e sp iritu a l 4-6. C lim a do Éden. Resum e-se a obra imediata (M t 8.22; Ef 2.1-5), m orte física fin al c ria d o ra de D eu s e d e s c re v e -se o clim a (Rm 5.12; IC o 15.21-22). "Todos os dias que antediluviano: "m ananciais subiam da ter­ ra ". Essa passagem pode indicar que an­ A d ão v iv e u fo ram n o v e c e n to s e trin ta tes do dilúvio a terra era regada por um anos; e morreu " (Gn 5.5), e desde então a m orte tem "re in a d o " sobre a fam ília hu­ vap or que su b ia das ág u as su b terrâ n ea s (cf. Gn 7.11-12). mana (Rm 5.14). 18-22. O homem ganha uma com panhei­ 7. Criação do hom em . A obra criadora de 1.27 é aqui detalhada. YHW H (Yahweh, ra. O Senhor declarou que um a raça asse­ x u a d a ou u n isse x u a d a não seria b oa, e tra d ic io n a lm e n te v o c a liz a d o Je o v á , im ­ anunciou seu propósito de criar "u m auxí­ presso S e n h o r), o nom e red en tor da d ei­ lio idóneo para o hom em , para estar em dade, é ap resen tad o em v.4, 7, q uand o o hom em preenche a cena e assum e o con ­ sua presen ça" (lit.), "farei um a ajudadora que lhe seja a d eq u ad a". A dão deu nom e tro le da terra recriad a para ele. N a p e s­

[ 40 1 Gânesis

aos a n im a is e av e s, m as e s te s , e m b o ra com panheiros em certo sentido, não eram p arceiros, não estav am n o m esm o plano físico, mental, moral e espiritual que ele. 21-23. Criação da mulher, (cf. 1.27). O Se­ nhor Deus fez a m ulher a partir do hom em , e a ap re sen to u a e le . Só d essa fo rm a o homem poderia ter um a "au xiliad ora idó­ n ea". O hom em é hom em por cau sa d a ­ quele espírito que o difere dos anim ais. Gn 2.21-23 e 2 .7 ap resen tam os d eta lh e s da criação do hom em , em distinção a 1.26-27, que ap resen ta a v erd ad e g eral de que o hom em foi criado, não evoluíd o, e que a mulher foi criada no hom em (is s â , porque foi tirada do is, hom em ). 24-25. Instituição do casam ento. A união de m arido e m ulher prefigura a união de C risto e sua igreja, a m u lher tornand o-se uma figura da igreja com o a noiva de C ris­ to (Ef 5.28-32; cf. Mt 19.5; IC o 6.16; Ef 5.31).

a soberba da vida — "e desejável para dar entendim ento " (cf. l j o 2.16). 6-7. A queda. A m u lh er foi enganada, m as A d ão p ecou c o n s c ie n te m e n te (lT m 2 .1 4 -1 5 ). A m b o s p e rd e ra m a in o c ê n c ia , conheceram o pecado e a vergonha, e ten­ taram en cob rir a cu lpa e a n u dez por a l­ gum tipo de esforço hu m ano (obras). 8-13. O Senhor Deus procura o hom em d ecaíd o. O d escanso sab ático da C riação de D eus foi quebrado pelo pecado, 8, e ele dá os prim eiros passos em sua n ov a obra de re d en çã o para re s g a ta r o h om em te­ m eroso, envergonh ado, alienad o e confu ­ so. A d ão esco n d eu -se de D eus por causa de um a m u d a n ça o co rrid a n ele, não em D eus. A roupa que p ro v id en cio u p ara si parecia boa, até que D eus apareceu, pro­ vando que ela não tinha valor. De m odo sem elh a n te, os p eca d o res ten tam co b rirse com sua própria ju stiça. 14-15. A m aldição do pecado na serpen­ te. Instrum ento de Satanás, a serpente foi 3. A queda do homem am a ld iço a d a e tra n sfo rm a d a de um a n i­ 1. O tentador. Esse versículo apresenta mal que, provavelm ente, era ereto, belo e Satanás, identificado pelas Escrituras sub­ in te lig en te, para um a cob ra re p u g n a n te, sequentes (2Co 11.3, 14; Ap 12.9; 20.2), com rastejan te, 14. M as ju n to com a serpente, seu instrum ento, a serpente edênica. Em ­ não apenas se insinu ava o profundo m is­ bora a serpente esteja presente aqui, m u i­ tério da redenção-expiação (tipificado pela tos intérpretes crêem que Satanás é ap re­ serpente de bronze de M oisés, Nm 21.5-9; sentado em Ez 28.12-19 e Is 14.12-14, onde Jo 3 .1 4 -1 5 ; 2C o 5 .2 1 ), fa z ia -se tam b ém a o rei de Tiro e a nação da Babilónia refle­ prim eira prom essa de um Redentor, 15. Foi tem a ascensão e queda de um ser angeli­ p red ito que ele sairia da raça hu m ana e cal, Lúcifer (Satanás). A serpente edênica viria de A bel, Sete, N oé (Gn 6.8-10), Sem (agente de Satanás) não era um a serp en ­ (9.26-27), A braão (12.1-3). Isaque (17.19-21), te rastejante, que foi conseqiiência da m al­ Jacó (28.10-14), Judá (49.10), Davi (2Sm 7.5dição divina (Gn 3.14), mas, sem dúvida, a 17), culm inando em C risto (Mt 1.1). m ais bela e sagaz de to d a s as cria tu ra s 16. A m aldição e a m ulher. A condição anim ais de Deus. da m ulher no estado decaído é d elineada 2-5. Tentação da mulher. Satanás com e­ e caracterizada pela m ultiplicação dos so­ çou questionando a palavra de Deus: "Foi frim e n to s e d as d o re s na g ra v id e z e no assim que D eus d isse ..." q u and o co n tra ­ parto, e pela lid erança do hom em , to rn a­ disse seu ensino: "C om certeza, não m or­ da necessária por causa da desordem pro­ rereis ". Por fim, ele substituiu por seu pró­ vocada pelo pecado (IC o 11.7-9; Ef 5.22-25; p rio e v a n g e lh o a im a n ê n c ia de D e u s: lT m 2.11-14). "co m o Elohim [...] sereis", 5. A queda da 17-19. A m aldição e o hom em . A terra m ulher envolve os ingredientes básicos da fo i a m a ld iço a d a p o r cau sa da q ueda do tentação: (1) a concupiscência da carne — hom em , pois ele não seria capaz de lidar "E ntão , vendo a m ulher que a árvore era com m u ito lazer em sua con d ição d eca í­ boa para dela co m er,"; (2) a concupiscên­ da, 17. A vida foi condicionada por um so­ cia dos olhos — "agradável aos olh os"; (3) frim ento inevitável, 17. O v.18 pode indi-

Génesis [ 41 ]

Tabletes da Criação Tabletes da criação descobertos. Entre 1848 e 1876, foram encontrados os primeiros tabletes e fragmentos de tabletes do épico babilónico da criação, chamado Enuma elish. Escritos em caracteres cuneiformes, os sete cantos do épico foram inscritos em sete tabletes e recuperados da biblioteca do imperador assírio Assurbanipal (669626 a.C.) em sua capital, Nínive. Essa versão, embora tardia, retorna, quanto aos aspectos políticos, aos dias de Hamurábi, o Grande, (1792-1750 a.C.) e além dele aos dias dos sumérios, os primeiros habitantes da baixa Babilónia. Tablete 1. O tablete 1 apresenta a cena primitiva quando só existiam as matérias vivas do mundo incriado, personificadas em dois seres míticos. Esses dois seres — Apsu (masculi­ no), representando o oceano primevo de águas doces, e Tiamat (feminino), o oceano primevo de águas salgadas — , deram origem a uma prole de deuses tão indisciplinados, que Apsu, o pai, resolveu matá-los. Mas em vez disso, Ea, o pai de Marduk, o deus da cidade de Babilónia, mata Apsu, transformando assim Tiamat numa vingadora furiosa de seu marido assassinado.

Tabletes 2-7. Os tabletes 2 e 3aifiásp€f

Óleo de oliva Vinho

Cereais

Madeira Púrpura

Frutas

Amêndoas

^

Resinas aramaticas Mirra'x

Perfumes

■•'"Tecidos

Ouro tz o r/ G e tje r

Pedras 'Especiarias;

'Ouro • Marfim Sândalo ^ ,

\

Madeira delçi Fronteira do império de Salomão Rota por terra Rota marítima

1 Crónicas [ 1 9 3 ] 9.1-44. H abitantes de Jerusalém depois da v olta. O s reg istros g e n ea ló g ico s eram cuid ad osam ente g u ard ad os em Israel. Os d os caps. 1 — 9 estão cond en sad os.

10. Derrota e morte de Saul. 1-12. M orte e sepultam ento de Saul (cf. IS m 31). O cro n ista u sa a d erro ca d a de Sau l e seu s filh o s com o tra m p o lim para introduzir o verdadeiro rei do Senhor, Davi. 13-14. A razão do fracasso de Saul. Sua d e so b e d iê n cia e in fid e lid a d e ao S e n h o r são ressaltad as pelo fato de ter ele recor­ rido ao ocultism o (ISm 28).

11. Ascensão de Davi ao trono 1-9. O rei e sua capital. D avi foi ungido rei em H ebrom , 1-3 (cf. 2Sm 5.1-3). C o n ­ quistou Jebus (Jz 1.21; 19.10-11) e fez dela sua capital, 4-9 (cf. 2Sm 5.6-12). 10-47. Lista dos valentes de Davi (cf. 2Sm 23.8-39). O bserve os nom es ad icionais.

te rep resen ta d o s com o leões alad o s com cabeças hum anas (Ez 41.18-19; Gn 3.24). Na Fenícia, o rei m uitas vezes aparecia senta­ do num trono sustentado por querubins. 9-14. O castig o . Só os lev itas podiam tocar a arca (cf. 2Sm 6.1-10). O erro de Uzá, em bora b em -in ten cion ad o, foi grave, pu­ nível com a m orte.

14. Progresso e êxito de Davi 1-7. Sua fam ília. M encionam -se a rela­ ção de D avi com H irão de Tiro, 1-2, e sua fam ília, 3-7 (cf. 2Sm 5.11-25). 8-17. Suas vitórias sobre os filisteus. O resum o do cronista é dado em 17.

15—16. Davi leva a arca para Jerusalém 15.1-29. O m odo correto de fazê-lo (cf. lC r 13 com Nm 4.5,15 e 2Sm 6.1-10).

12. Os guerreiros de Davi 1-22. Os guerreiros benjam itas em Zicla­ gue e outros. A rejeição e aceitação de Davi prefiguram o Senhor, de quem D avi é um protótipo. 23-40. A queles que foram coroá-lo rei. C om o não será m aio r a aleg ria e a festa quando o Senhor se fizer Rei de todas as n ações!

13. Davi leva a arca de Quiriate-Jearim 1-8. Um ato louvável feito de modo erra­ do. A arca, m en cion ad a 46 vezes em 1 e 2 C rô n ica s, d ev eria ser tra n sp o rta d a aos om bros dos levitas (Nm 4.5,15), e n ão no m odo filisteu, sobre um carro. Q uiriate-Jea­ rim é hoje cham ada Tell el-Azhar, cerca de onze quilóm etros a noroeste de Jerusalém . Sior do Egito, 5, era o braço oriental do delta do Nilo. A entrada de H am ate ficava bem no n orte da Síria. O s q u eru b in s, 6, eram g u a rd iãe s dos lu g a re s sa g ra d o s, com o a esfinge do Egito, e talvez fossem igualm en­

Monumento assírio em alto-relevo, de Nimrud, retrata músicos daquela época tocando harpa, lira e instrumentos de sopro.

[1941 1Crónicas

16.1-43.0 culto de dedicação. Descrevemse os sacrifícios de Davi, 1-3; seu coro, 4-6; seu grande salm o de ação de graças, 7-36; e a definição do ritual e da música do taber­ náculo, 37-43. O fato de parte do ritual do tabernáculo ser executado em Gibeão indi­ ca a confusão dos tempos anteriores à cen­ tralização do culto em Jerusalém , 39.

17. A aliança davídica 1 -6 .0 desejo de Davi de construir o tem ­ plo (cf. 2Sm 7.1-3). 7-15. A A lian ça D avíd ica. Som ente em Cristo, filho e Senhor de D avi (SI 110.1), é que essa g ran d e a lia n ça será cu m p rid a, quando o Sen h or v o ltar no seu seg u n d o advento. Então "D eu s, o Senhor, lhe dará o trono de D av i, seu p a i" (L c 1 .3 2 ; v er 2Sm 7.4-17). 16-27. Louvor e oração de Davi (cf. 2Sm 7.18-29).

18—20. As guerras de Davi 18.1-17. Pleno estabelecim ento do seu reino (cf. 2Sm 8.1-18). 19.1-19. Derrota dos am onitas e dos alia­ dos siros (cf. 2Sm 10.1-19). 20.1-8. O utros êxitos m ilitares. D avi e Joabe tom am Rabá, 1-3 (cf. 2Sm 12.26-31) e derrotam os filisteus, 4-8 (cf. 2Sm 21.15-22).

21. Pecado de Davi no censo 1-7. O protesto de Joab e (cf. 2Sm 24.19). O orgulho de D avi foi ap arentem ente a cau sa. 2 1 .8 —22.1. A peste e a com pra de um local para o santuário. O cronista destaca

D avi n a s su as a tiv id a d e s e c le s iá s tic a s e ritu alísticas, conform e o prop ósito de 1 e 2 C rô n ica s.

22—27. Davi define o ritual do templo 22.1-19. Preparação e ordens a Salom ão. Davi escolheu o local do templo, 1; reuniu o m aterial para a construção, 2-5; m andou Salom ão erguê-lo, 6-16; e ordenou que to­ dos os p rín cip es de Isra el aju d assem S a ­ lom ão na tarefa, 17-19. 2 3 .1 -2 4 .3 1 . Preparação dos levitas e sa­ cerd otes. O s sacerdotes são d iv id id os em 24 turnos, 24.1-19; ver a d ivisão de A bias (Lc 1.5). 25.1-31. Preparação dos cantores e m úsi­ cos. R elacionam -se os filhos de A safe, Jedutum e H em ã, 1-7. São d iv id id os em 24 gru p os, com o os sacerd otes. 2 6 .1 -2 7 .3 4 . Preparação dos outros ofi­ ciais do tem plo. O rganizam -se os p o rte i­ ros, guardas dos tesouros e outros fu n cio­ n á rio s , 2 6 .1 -3 2 , in c lu in d o -s e o f ic ia is en ca rre g a d o s de q u estõ es m ilita re s e c i­ vis, 27.1-34.

28—29. Últimos atos e morte de Davi 28.1-21. Discurso de Davi à assembléia e a Salom ão. D ep ois do d iscu rso, 1-10, D avi entregou as plantas do tem plo a Salom ão, 11-19, com um conselho de incentivo, 20-21. 29.1-30. Ú ltim as p alav ras e m o rte de Davi. Ele repassou seus planos e prepara­ tivos para a construção do tem plo, 1-19, e in v e s tiu S a lo m ã o re i, 2 0 -2 5 . N a rra -se a m orte de Davi, 26-30.

Objetivo de 2 Crónicas.

Salomão é apresentado como o personagem mais importante depois de Davi com relação ao templò e seu culto, caps. 1—9. A maior parte do livro, caps. 10—36, trata do período da monarquia dual, mas se concentra no favor dispensado por Deus à casa davídica. O reino do

norte é abordado o mais sucintamente possível. Considerava-se que esse reino não representava o verdadeiro Israel, e por isso não tinha importância. A apostasia de Judá em relação à lei deuteronômica é apresentada como razão do desastre que assolou o país.

Esboço 1.1— 9.31 0 reinado

aeSalorrião 10.1-19 A divisão

do reino 11.1— 36.14 A história

de Judá até o exílio 36.15-23 Cativeiro e epílogo

[ 196 1 2Crônicas

1. Início do reinado de Salomão 1-13. Sua visão em G ibeão (cf. lR s 3.515). Gibeonel el-Jib, cerca de dez quilóm e­ tros a n oro este de Jeru salé m , foi o lugar em que se erg u eu o ta b e rn á cu lo d ep o is que Saul d estru iu N obe. Lá p erm an eceu até Salom ão concluir a construção do tem ­ plo (lR s 3.4; lC r 16.39). G ibeão foi escava­ da em 1956; d e s e n te rra ra m -s e m u ro s e p a rtes do siste m a de a b a s te c im e n to de água da cidade. 14-17. R esum o do esp len d or e da riqu e­ za de Salom ão (v. lR s 10.26-29; 2C r 9.2528). Salom ão im portou cavalos "d o Egito e da C ilicia; e com ercian tes do rei os re­ cebiam da C ilicia por certo p re ço ", 16. A Cilicia, na Á sia M enor, era fam osa pelos seu s co rcé is.

2—4. Salomão constrói o templo 2.1-18. Preparativos para a construção (cf. lR s 5.1-6,11). O rei de Tiro é aqui cham ado Hurão em vez de Hirão. O "L íb a n o ", 8, 16, era fam oso na an tig u id ad e p elos cedros. "H irã o -A b i", 13, era o a rte sã o H irã o de Tiro, que não deve ser confund ido com o

rei de m esm o nome. A m adeira do Líbano seria tran sp ortad a em jan g ad as pelo m ar até Jope, 16, antigo porto m arítim o da Pa­ lestina, cerca de 48 quilóm etros a n oroes­ te de Jeru salém . E strangeiros eram recru ­ tad os p ara o trab alh o fo rçad o, 17-18 (cf. lR s 5.13-18; 9.22). 3.1-17. D etalhes da con stru ção. O mt. M o riá, 1, só ap arece aqui e em G n 22.2. O rnã (A raúna) é tam bém m encionado em 2Sm 24.16. Cúbitos do "p rim itivo pad rão", 3, eram m aio re s, de cerca de 53,1 c e n tí­ m etros. "O u ro de P a rv a im ", 6, é obscuro (cf. lR s 9.28). A localização de O fir (8.18) tam bém é in certa , p ro v av elm en te no sul da A rábia. O s q u erubins, 10-13, eram le ­ ões alados com cabeça hum ana. Jaq u im e Boaz, 15-17, talvez fossem en orm es fo g a ­ réus com vasos de óleo, para ilu m in a r a fachada *do tem plo (v. lR s 7.15-22). 4.1-22. A m obília do tem plo (cf. lR s 7.2351). O altar de bronze, 1, aparece em lR s 8.64 e 2R s 16.14. O m ar era u m a enorm e bacia construída sobre doze bois, com ca­ pacidade de dois m il batos (um bato equ i­ vale a 22,71 litros), e servia para lavagens rituais, 2-6 (cf. lR s 7.23-26).

2Crônicas [ 197 ]

5—7. Salomão dedica o templo 5.1-14. Introdução da arca (cf. lR s 8.111). O cronista acrescenta o relato dos sa­ cerd otes e cantores, 11-13. 6.1-42. A oração dedicatória de Salomão é tomada de lR s 8.12-52. D epois dp discur­ so, 4-11, vem a oração, 12-42. 7.1-22. A presença do Senhor consagra o tem plo.

8. A prosperidade de Salomão 1-11. Suas atividades com o construtor. Sua cam p an ha, 3, só é m en cio n a d a aqui. Tadm or, 4, é Palm ira, a m etrópole do de­ serto sírio (cf. lR s 9.18). 12-18. Suas atividades religiosas. Emprega-se a exp ressão "d ia n te do p ó rtic o ", 12 (cf. lR s 9.25), porque som ente os sacerdotes podiam entrar. Sobre 17-18, ver com entári­ os a respeito de lR s 9.26-28. A fundição de

cobre de Salom ão foi escavada em EziomGeber (Tell el Khalifa).

9. A rainha de Sabá e a morte de Salomão 1-12. A visita da rainha é repetição de lR s 10.1-13 (v. com entários ali). O cronista re la c io n a as c a ra c te rís tic a s p o sitiv a s de Salom ão, com o fez com Davi. 13-18. R iqueza e esplendor de Salomão. Extraído de lR s 10.14-29. 29-31. A morte de Salomão. Cf. 1 Rs 11.41 43, om itind o d etalhes desfavoráveis.

10. Secessão das dez tribos 1-15. A insensatez de Roboão. Esse ca­ pítulo segue de perto lR s 12.1-19. 16-19. A triste consequência. A liderança d e R o b o ã o fo i re je ita d a p e la s trib o s do

Diagrama do sistema municipal de água de Gibeom

1 Manancial 2 Aqueduto 3 Cisterna 4 Porta 5 Túnel de 93 degraus

[ 198 ] 2Crônicas

norte de Israel. O reino foi divid ido. Ele reinou sobre Judá (c. 931-913 a.C.).

11—12. 0 reinado de Roboão 11.1-23. Início do reinado de R oboão. R oboão foi proibido de lu tar contra Je ro ­ boão I, 1-4. Ele fortificou bastante seu rei­ no, 5-12, e protegeu os sacerd o tes e lev i­ tas, 13-17. Cita-se sua família, 18-23. Ele foi obediente ao Senhor durante três anos. 12.1-16. Pecado e castigo de Roboão. A degeneração e a ap o stasia p ro vocaram a invasão de Sisaque (v. lR s 14.21-31). Sisa­ que era Sesonque I (c. 945-924 a.C .), cuja invasão da P alestin a-Síria naquela época é bem conhecida dos arq u eó lo g o s. O a r­ rependimento evitou a destruição com ple­ ta, 5-12. D escrev em -se os atos e a m orte de Roboão, 13-16.

13—16. Abias e Asa 13.1-22. R einado de A b ias (c. 913-911 a.C.).O cronista m ostra que o verd ad eiro culto ao Senhor se fazia no tem plo de Je­ rusalém , 1-12. N arra-se a g ran d e v itó ria de A bias sobre Jeroboão, 13-22. 1 4 .1 -1 6 .1 4 . O reinado de Asa (cf. 911-870 a.C.). Relatam-se suas reformas, 14.2-8, bem como sua grande vitória sobre Zerá, o etío­ pe. A oração de Asa, 11, respirava o frescor da fé e resultou em triunfo, 12-15. O vitorio­ so Asa foi alertado pelo profeta A zarias, 15.1-7, e com o consequência op erou um a reforma religiosa, 8-19. Aserá era uma im a­ gem da deusa cananéia da fertilidade, 16. A guerra de Asa contra Baasa, sua apostasia e morte são narradas em 16.1-14. O v. 9 é famoso e frequentem ente citado. A d oen­ ça dos pés de Asa, 12, era grave. Seu enter­ ro foi elaborado, 14.

1 8 .1 - 1 9 .1 1 . Seu erro. A aliança de Jo ­ sa fá com A cab e (lR s 2 2 .1 -4 0 ) c o n stitu iu g ra v e co n c e ssã o e in se n sa te z , m e re c e n ­ do a sev era rep rim en d a do p ro fe ta Je ú , filho de H anani, 19.1-3. A repreensão sur­ tiu efeito e Josafá restaurou a justiça legal e a ordem sacerdotal em Ju d á, 19.4-11. 20.1-37. Josafá escapa de uma invasão. A invasão dos m oabitas e am onitas, 1-2, foi repelida, 14-25, em resposta à oração de Jo­ safá, 3-13. Juntou-se grande recom pensa e Josafá retornou triunfante, 26-34. Sua com ­ prom etedora aventura com ercial com A ca­ zias (lR s 22.47-49) term inou em desastre. E ziom -G eber é a m oderna Tell el Khalifa, onde se descobriu um a fundição de cobre pertencente a Salom ão.

21—22. Jeorão, Acazias, Atalia 21.1-20. O ím pio reinado de Jeorão. O filho m ais velho de Josafá assassinou seus irm ãos e praticou o mal, 1-7. Edom e Libna (Tell el Safi, cerca de 35 quilóm etros a su­ d oeste de Je ru sa lé m ) reb elaram -se, 8-10. Je o rã o e sta b e le ce u alto s, 11. Sua c o n d e ­ nação foi p ro nu nciad a por um a carta es­ crita por Elias, 12-15, sem dúvida entregue por Eliseu. Seu fim foi desastroso, 16-20. 2 2 .1 -9 . O ím p io re in a d o de A ca z ia s (cf.2Rs 8.24-29). Ele foi assassinado por Jeú. 22.10-12. A usurpação de Atalia (cf. 2Rs 11.1-3). Je o sa b ea te o cu lto u Jo ás, filh o de A ca z ia s.

23—24. Reforma e apostasia de Joás

23.1-11. Joás se torna rei, c. 835-796 a.C. (cf. 2Rs 11.4-12). 23.12-15. Atalia é executada, c. 841-835 a.C. (cf. 2Rs 11.13-16). 23.16-21. O avim ento de Joiada (cf. 2Rs 11.17-20). 17—20. A reforma de Josafá 24.1-Í7. Reinado de Joás. Dá-se um resu­ 17.1-19. A piedade e prosperidade do iní­ mo do seu rein ad o, 1-2. M en cion am -se a reforma do templo, 4-14; a morte de Joiada, cio do seu re in a d o . O "liv r o da L ei do 15-16; e a apostasia do rei e dos príncipes, 17S e n h o r " , 9, que Josafá pregou em Jud á era 19, que acaba com o apedrejamento do filho a lei de M oisés, que os críticos alegam ter de Joiada, Zacarias, 20-22, e a invasão dos sisido um a com posição tardia, dos tem pos ros de Damasco, 23-24. Diante do assassinato de Josias (v. com entário sobre 2Rs 22.8-13; de Joás, seu filho Amazias lhe sucedeu, 25-27. Dt 17.18-20).

2Crônicas 1199 1

[ 200 1 2Crônicas

2Crônicas I 201 ]

25—26. Amazias e Uzias 25.1-28. Reinado de Am azias, c. 796-767 a.C. (cf. 2Rs 14.1-2). Sua cam panha contra Edom, 5-13, e sua idolatria, 14, incitou contra ele a ira divina, 15-16. Seu erro ao contratar soldad os de Israel, 7, levou a um a guerra desastrosa contra Joás, do reino setentrio­ nal, 17-25, rendendo-lhe uma m orte violen­ ta, 26-28 (2Rs 14.8-20). 26.1-23. R einado de U zias. O reinado de U zias (tam bém cham ado A zarias) foi lon­ go e próspero (c. 791-740 a.C.). Ele se intro­ m eteu no ofício do sacerd o te ao oferecer in cen so e foi a co m e tid o de lep ra (v. co ­ m entário sobre 2R s 15.1-7).

27—28. Jotão e Acaz 27.1-9. R einado de Jotão. Rei bom e prós­ pero, 1-2, ele construiu "so b re o M uro de O fe l", 3, u m a fo rta lez a na parte orien tal da cidade. Tam bém su b ju g ou A m om . Jo ­ tão reinou de c. 750 a c. 732. 28.1-27. A grande im piedade de Acaz. Ele reinou de c. 735 a c. 716 a.C. Sua idolatria, 1-4, trouxe o castigo pelas m ãos de Rezim, rei da Síria, e Peca, rei de Israel, 5-8 (2Rs 16.5-6). O profeta O d ed e reprovou os in ­ vasores israelitas, 9-15. R elatam -se as tratativas de Acaz com Tiglate-Pileser, 16-21, e seus ou tros atos de im pied ad e, 22-27.

29—32. A reforma de Ezequias 2 9 .1 -3 0 .2 7 . R einado de Ezequias, c. 716687 a.C. (cf. 2Rs 1 8 .1 - 2 0 .1 ; Is 3 6 - 3 9 ) . Ele realizo u um a grand e re v iv escên cia , 29 .1 19, restaurando o culto do tem plo, 20-36, e celebran d o a P áscoa, 30.1-27. 31.1-21. O utras reform as. Extirpou a ido­ latria e restabeleceu o ritual do tem plo. 32.1-23. A invasão de Senaqueribe. (Vco m en tá rio s sob re 2R s 18.13 — 1 9 .3 7 e Is 36.1-22.) 32.24-33. D oença e recuperação de Eze­ quias; em baixada de Babilónia. (V. com en­ tário sobre Is 3 8 —39.)

33. A idolatria de Manassés e Amom 1-10. A ím pia orgia de M anassés. (V. co­ m entários sobre 2R s 21.2*9.)

11-13. Seu cativeiro e restauração. O ca­ tiv e iro b a b iló n io de M an assés é h is to ri­ ca m en te p o ssív el, p o is seu nom e ap are­ ce em a n a is a s s ír io s c o m o v a s s a lo de Esar-H adom , 681-668 a.C., e A ssurbanipal, 669-626 a.C. 14-20. Suas reform as e m orte. M anas­ sés reinou de c. 697 a c. 643 a.C. 21-25. G overno de A m om (c. 643-641 a.C.). Ele foi ímpio com o o pai.

34—35. A grande reforma de Josias 34.1-7. P rim eiras reform as. Jo sias rei­ nou de 640 a 609 a.C. com o um dos m elho­ res reis de Ju d á. C om bateu os cu lto s ca ­ naneus a Baal. 3 4 .8 —35.19. Grande avivam ento. Foi a consequência da d escoberta da lei m osai­ ca perdida no reinado de terror de M anas­ sés. (V. com entários sobre 2Rs 2 2 .1 —23.30.) 35.20-27. A morte de Josias. (V. com en­ tários sobre 2Rs 23.28-30.)

36.1-14. De Jeoacaz a Zedequias: o fim I-3. Jeoacaz é deposto (cf. 2Rs 23.31-33; 609 a.C.) 4-8. Reinado de Jeoaquim (cf. 2Rs 23.34— 24.6; 609-598 a.C.). 9-10. Reinado de Joaquim (cf. 2Rs 24.816; 598-597 a.C.). II -1 4 . Zedequias (cf. 2Rs 2 4 .1 7 —25.7). Ele reinou de 597 a 586 a.C., até a queda de Je ru s a lé m .

36.15-23. 0 Cativeiro e o decreto de Ciro 15-21. Q ueda de Jeru salém e o exílio (587-539 a.C .). O cro n ista relem b ra a g ra­ ça e a p aciên cia do S en h or e m enciona a ra z ã o do E x ílio . Essa é a ú n ica re fe rê n ­ cia ao p ro fe ta Je re m ia s em R e is e C ró ­ n ic a s (v. 2 1 ). C f. s u a s p r o fe c ia s em Jr 25 .1 1 -1 2 ; 29.10. 22-23. O decreto de Ciro (538 a.C.) Ver Ed 1.1-4, cum prim ento de Jr 29.10 sob ori­ entação divina (Is 4 4 .2 8 —45.3).

[ 202 1 2Crônicas

O Império Caldeu Período babilónio antigo (1830-1550 a.C.). Babilónia data dos tempos préhistóricos, mas só se tornou capital de um grande império nesse período. Hamurábi (1728-1686 a.C.), da primeira dinastia babilónia, elevou-a ao auge do poder. Babilónia e Assíria lutaram até a supremacia assíria (885-626 a.C.). O império caldeu (605539 a.C.). Esse império neobabilónio foi contemporâneo do cativeiro de Judá. Nabopolassar (625-605 a.C.;, governador de Babilónia, lançou fora o jugo assírio e destruiu Nínive, 612 a.C. Foi o pai de Nabucodonosor II. Nabucodonosor II (605562 a.C.). Deportou Judá uma primeira vez (Dn 1.2) em 605 a.C., novamente em 597 a.C. e uma terceira vez em 586 a.C., quando destruiu Jerusalém. Cercou Tiro (585-573 a.C.) e também invadiu e arrasou Moabe, Amom, Edom e o Líbano. Invadiu o Egito em 572 e 568 a.C., e morreu em 562 a.C.; foi um dos governantes mais autocráticos e esplêndidos do mundo antigo; sua capital, Babilónia (v. comentários sobre Jr 50), imortalizou-se pela sua grandiosidade (cf. Dn 4.30).

Evil-Merodaque, AmelMarduque ("homem de Marduque") (562-560 a.C.), filho de Nabucodonosor, foi morto pelo seu cunhado, Nergal-Sarezer. Neriglissar, Nergal-Sarezer (560-556 a.C.) reinou somente quatro anos. Seu filho, Labachi-Marduque, foi assassinado depois de reinar alguns meses apenas. Nabonido (556-539 a.C.) foi um dos nobres que usurpou o trono. Era também chamado Nabunaide ("o deus Nabu [Nebu] é louvado"). Seu filho mais velho, Belsazar, Bel-shar-usur ("Bei proteja o rei"), era co-regente quando Babilónia caiu diante dos persas (Dn 5) em outubro de 539 a.C.

A cidade de Babilónia Escavações. Os esplendores da Babilónia de Nabucodonosor (Dn 4.30) sào hoje bem conhecidos. De 1899 a 1914, os alemães desenterraram ruínas de grandes edifícios, descritos pelas próprias inscrições do rei. O portaf de Istar inseria-se numa maciça muralha dupla de fortificação, decorada com dragões taurinos incrustados em tijolos coloridos esmaltados. Do portal de Istar partia a

grande avenida Processional. Um edifício de destaque era o zigurate real ou torre-templo, que tinha oito patamares. O templo de Marduque ficava próximo. Os famosos jardins suspensos ficavam em terraços e eram uma das sete maravilhas do mundo. Nabucodonosor era um ávido construtor, e Babilónia, uma capital deslumbrante (Is 14.4). Inscrições. A maior parte dos tijolos encontrados traz o selo de Nabucodonosor. "Nabucodonosor, rei de Babilónia...". Uma das inscrições lembra sua vanglória em Dn 4.30: "Reforcei as fortificações de Esagila [templo de Marduque] e Babilónia, e estabeleci para sempre o nome do meu reinado". Queda da cidade. Isaías (13.17-22) e Jeremias (51.37-43) profetizaram a queda de Babilónia. Inscrições do persa Ciro e os registros reais de Babilónia descrevem a queda da cidade em 539 a.C Extensão. Diz Heródoto que o muro de Babilónia tinha 96 quilómetros de comprimento, 24 quilómetros de cada lado, 91 metros de altura e 24 metros de espessura. Era protegido por fossos ou canais, e suas 250 torres

V / ' O . " ; . ;

2Crônicas I 203 1

Castelo do Norte Portal de Istar Jardins suspensos?

Torre do templo

CIDADE NOVA

eram defendidas por soldados. A cidade tinha cem portões de bronze, e era cortada pelo Eufrates. Ruínas. Embora Heródoto tenha talvez exagerado um pouco, as escavações confirmaram em grande parte os quase fabulosos relatos antigos acerca da

Templo de Marduque

cidade. Os montes atuais encontram-se na sua maioria a leste do rio, e consistem em Kasr, a ruína central, e Amran, o monte meridional que contém as ruínas de Esagila, o grande templo de Marduque, divindade protetora da cidade. O monte Amran contém as ruínas da grande

torre de Babilónia. Babil era a fortaleza que guardava a entrada setentrional da cidade, e fica a quase dezenove quilómetros de Kasr. Essas ruínas tão espalhadas confirmam a enormidade da antiga metrópole do mundo (v. Jr 50— 51).

Esdras A volta de Babilónia Cronologia da volta

Esboço

605-536 a.C.

Período total de cativeiro

605, 597

Deportação dos principais cidadãos de Judá

586 a.C.

incluindo Daniel e Ezequiel

538 a.C.

Edito de Ciro permitindo o retorno

536 a.C.

Retorno de 49.897 judeus de Babilónia a Jerusalém

536 a.C.

Altar é reconstruído; oferece-se sacrifício no sétimo mês

535 a.C.

Começa a reconstrução do templo; obras interrompidas

535-520 a.C.

Conflito económico e político

520 a.C.

Ministério de Ageu

520-515 a.C.

Ministério de Zacarias

515 a.C.

Conclusão do templo

458 a.C.

Volta de Esdras

445 a.C.

Neemias reconstrói os muros

O templo é reconstruído

Buda (na índia)

551-478 a.C.

Confúcio (na China)

549 a.C.

Ciro unifica a Pérsia e a Média

546 a.C.

Ciro conquista a Lídia

539 a.C.

Ciro conquista Babilónia

530 a.C

Morte de Ciro

539-331 a.C.

4 Império persa

530-522 a.C.

Reinado de Cambises

522-486 a.C.

Darioí

490 a.C.

Derrota de Dario em Maratona

486-465 a.C.

Xerxes l(Assuero)

485-425 a.C.

Heródoto

480 a.C.

Derrota dos persas em Termópilas e Salamina

470-399 a.C.

Sócrates

460-429 a.C.

Idade de ouro de Pérides

428-322 a.C.

Platão e Aristóteles



1

7— 10 Volta com Esdras Sua reforma

‘fciâ

Acontecimentos mundiais no período da volta 557-447 a.C.

1— 6 Volta com Zorobabel



Obra retratando a reconstrução das muralhas de Jerusalém, na época de Esdras e Neemias.

I 206 1 Esdras

O Cilindro de Ciro narra como ele conquistou a Babilónia sem guerrear e libertou os cativos, devolvendo-os às suas terras de origem.

1. 0 edito de Ciro 1-4. A proclam ação. O prim eiro ano de Ciro em Babilónia, 1, foi 539 a.C. As profe­ cias de Isaías (Is 4 4 .2 8 —45.3 ) e Je re m ia s (Jr 29.10) foram d iv in am en te cu m p rid as em Ciro, por m eio do decreto do m onarca persa, 2-4. A arq u eologia m o strou que a concessão de Ciro aos exilados judeus não foi um ato isolado de bondade, m as políti­ ca rotineira de um soberano hum anitário. Seu cilindro encontrado por H. Rassam no século 19 m ostra que ele aboliu as depor­ tações d esu m an as p ra tica d a s p elo s co n ­ quistadores assírios e babilónios, restabe­ lecendo povos exilados e suas divindades na sua terra natal. 5-11. Presentes. Entre eles estavam os vasos sagrados apossados por N abu cod o­ nosor (2Rs 25.13-16). M itredate, 8, era o te­ soureiro do templo e Sesbazar, o nom e ba­ bilónio de um oficial judeu da corte persa.

2. A volta dos exilados 1-65. Registro dos que voltaram . Relacionam -se as pessoas em geral, 1-35; os sa­ cerd otes, 36-39; os lev itas, 40-54; os d es­ cen d en tes dos servos de Salom ão, 55-60; ou tros sacerd otes, 61-63. O n ú m ero total foi 49.897 (v. 64-65). Aparentem ente houve

Esdras [ 207 ] o u tro s, e to d a s as trib o s de Is ra e l e s ta ­ vam rep resen tad as (cf. Lc 22.30; A t 26.7; Tg 1.1; Ed 2.70; 6.17; 8.35). N oções das "d ez trib o s p e rd id a s" e n co n tra m -se d isp ersa s aqui, com o tam bém em outros trechos da história pós-exílica dos ju d eu s. 66-70. A propriedade e as doações da­ queles que voltaram . A dracm a (darico) era um a m oed a p ersa e q u iv a le n te a a p ro x i­ m ad am en te 8,50 d ólares.

construção do templo, 7. Sesbazar (Ed 5.1416) era governador. 8-13. Os alicerces do templo foram lança­ dos no segundo mês (maio) de 535 a.C. Zorobabel, 2, neto do rei Jeoaquim (lC r 3.17-19), mais tarde nomeado governador por Ciro, e Jesua (Josué), os sum os sacerdotes (Ag 1.1; Zc 3.1), lideraram o empreendimento. Esfuziante alegria, e lágrim as também, 12-13 (cf. Ag 2.3), acompanharam a cerimónia.

3. Início da construção do templo

4. Interrupção das obras do templo

1-7. Edifica-se o altar. N o sétim o m ês, tisri (set.-o u t.), e rig iu -se o altar do h o lo ­ causto, o p rim eiro passo da recon stru ção do tem p lo e do re sta b e lecim e n to da n a ­ ção. C e leb ro u -se a F esta dos T a b ern á cu ­ lo s, 4 -6 , e re u n ira m -s e m a te ria is p ara a

1-5. Inim igos tentam obstruir a edifica­ ção do templo. Eram samaritanos, povo re­ sultan te do assentam en to de estrangeiros da Assíria (676 a.C.) no território do antigo reino do norte, determ inado por Esar-Ha-

0 retorno dos exilados ■Assur Zorobabel lidera .etorno da maioria dos exila [s (c. 538 a.C .)

Esdras e Neemias obtêm permissão de Artaxerxes I para voltar a Jerusalém (445 a.C.)

amei profetiza o fim do lério babilónico durante o bahqyete de Belsazar (539 a.C.) Babilôní

Ester, rainha judia de Xerxes I (Assuero), salva a comunidade judaica

_ o S u sa

p ^ o N ip u r __-— '—

V_

Ezequiel vive entre os exilados judeus em Tel-Abibe junto ao rio Quebar

3 0 0 km

[ 208 1 Esdras

dom (681-668 a.C.), 2, e pelo "grande e afa­ mado O snapar", i.e., Assurbanipal (669-626 a.C.), 10. A oferta de auxílio era cilada, pois implicava uma comprometedora união com semi-idólatras, 3 (cf. 2Rs 17.32). 6-24.'ReIato da contínua oposição (pa­ rentético). Apesar das tentativas de conci­ lia ç ã o d essa se çã o com os re in a d o s de Cam bises (530-522) e Dario (522-486), e dos críticos que sugerem que a seção está des­ locada, esse relato da oposição tardia nos reinados de A ssuero (X erxes I, 486-465) e A rtaxerxes (465-424) ex e rce um a fu n çã o importante. Enfatiza as constantes d ificu l­ dades que aflig iram a co m u n id a d e pósexílica. Assim com o Reum e Sinsai conse­ g u iriam in te rro m p e r a e d ific a ç ã o d o s muros durante o reinado de A rtaxerxes (c. 486 a.C .), Tatenai e Setar-B o zen ai c o n se ­ guiram atrasar a construção do tem plo até o segundo ano de Dario (520 a.C.).

Revelações arqueológicas Os anais de Esar-H adom num cilindro de cuneiform es, hoje no M useu Britânico, relatam a deportação dos israelitas e o as­ sentam ento dos colonos no seu lugar.

5—6. Retomada e conclusão das obras do templo 5.1-17. O m inistério de Ageu e Zacarias. Dario (522-486 a.C.) subiu ao trono da Pér­ sia, e diante da sua benevolência e do m i­ nistério profético de A geu e Z acarias (Ag 1.1-4; 2.1-4; Zc 4.9; 6.15) a obra foi retom a­ da. Tabuinhas de cuneiform es m encionam Tatenai, 3, g o v e rn a d o r da p ro v ín c ia do T ran seu frates. 6.1-22. A con clu são do tem plo. D ario encontrou o decreto de Ciro na sua capital

de v e rã o em A cm etá (E c b á ta n a ), 1-5, e ord enou a co n clu sã o do tem p lo, 6-13. A casa foi term inada, 14-15; dedicada, 16-18; e em segu id a celebraram -se a P áscoa e a Festa dos Pães A sm os, 19-22. R epare "re i da A ssíria", 22. O sobera­ no era d e sig n a d o a ssim p ro v a v e lm e n te p o rq u e, na ép o ca, a P érsia co n tro la v a a antiga A ssíria.

7—8. A chegada de Esdras 7.1-28. Esdras foi a Jerusalém no reina­ do de A rtaxerxes I (465-424 a.C.) para en­ sinar a lei de Deus, 6, 10. O decreto real foi baix ad o p o r cau sa de E sdras, 11-26, que deu graças a D eus, 27-28. 8.1-36. A m issão de Esdras. Os com pa­ n h eiros de Esdras são nom ead os, 1-14. O rio Aava não foi identificado, 21, m as pro­ v av elm en te é um trib u tá rio do E ufrates. C asifia tam bém é local d esconh ecid o, 17. O tesouro foi confiad o a doze sacerdotes, 24-30, e lev ad o aos d ep ó sito s do tem p lo ("c â m a ra s "), 29.

9—10. A reforma de Esdras 9 .1 -1 5 . P e rd a da se p a ra çã o . O s ca sa ­ m en to s com e stra n g e ira s se m i-id ó la tra s provocaram a grande aflição de Esdras, 14. R eg istra m -se su a in te rcessã o e c o n fis­ são, 5-15. 10.1-44. A separação é retom ada. O povo se a rre p e n d e u e d esp e d iu su as e sp o sa s estran g eiras, 1-17. São reg istrad o s os n o ­ m es daqueles que haviam casado com es­ trangeiras, 18-44. Q uisleu (casleu) é o nono m ês (n o v .-d e z .), 9, q u a n d o sã o co m u n s c h u v a s fo r te s . T é b e te é o d é c im o m ês (d e z .-ja n .), q u an d o com eço u o tra b a lh o , que foi concluído em nisã (o prim eiro mês, m ar.-abr.).

Neemias A reconstrução dos muros de Jerusalém N om e e p rop ó sito do livro. Neemias deve seu nome ao principal personagem e autor

da Assíria e da Caldéia. Durante os dois séculos do benévolo controle persa,

tradicional (1.1). Narram-se a reconstrução de Jerusalém com o cidade fortificada, o estabelecim ento da autoridade civil sob o comando de Neemias, e seu governo. Mais governam ental e secular do que o livro de

Judá foi uma minúscula província da quinta satrapia. Sua fortaleza fronteiriça setentrional, Laquis, bem conhecida em virtude das investigações arqueológicas, era controlada do palácio do adm inistrador persa.

Esdras, o de Neemias é também escrito do ponto de vista sacerdotal. Esdras— Neemias, até 1448 um só livro denom inado Esdras, demonstra a fidelidade de Deus na restauração do seu povo exilado. A obra divina se manifesta por meio de grandes monarcas pagãos — Ciro, Dario e Artaxerxes — e pelos próprios líderes judeus ungidos — Ageu, Zacarias, Zorobabel, Jesua, Esdras e

Beístum, na estrada de Babilónia a Ecbátana, que forneceu a chave dos cuneiformes babilônioacadianos, assim como a Pedra de Roseta, do Egito, revelou-se a chave dos hieróglifos egípcios. O templo de Jerusalém foi concluído em 520-515 a.C. (Ed 6.15).

X e rx e s I (486-465 a.C.) era C iro (539-530 a.C .) unificou

Assuero, o marido de Ester. Mordecai era um dos seus

a M édia e a Pérsia (549 a.C.), conquistou a Lídia (546 a.C.) e Babilónia (539 a.C.), que era, então, governada por Nabonido e o príncipe

primeiros-ministros. Assuero guerreou contra a Grécia.

A rta x e rx e s I Lo n g ím a n o (465-424 a.C .) favoreceu

herdeiro Belsazar. Seu decreto (Ed 1.1-4; 2Cr 36.2223) permitiu a volta dos judeus à Palestina.

Jerusalém. Esdras voltou em 458 a.C.; Neemias tornou-se governador (Ed 7:1, 8; Ne 2.1) em abril/maio de 445 a.C. Os famosos Papiros de Elefantina, da colónia militar

C a m b ise s (530-522 a.C .) conquistou o Egito.

ira catarata do

12® ,

os em 1:903,

m

« O 'Qs':i§s persas formate f : . uma■linhagem humanitária

dé soberanos globais, que pçrmttirarp gúç os judeus ; voltassem e reconstruíssem |§ seu tempíó e s a í cidade. Repatriando os exilados,' a Pérsia aboliu a política cruel

provocou a .guerra civil.

2,19) e Joanã (Ne 3.1;

12 231.

?

Dario 1, o Grande (522-486 í-a.C.) sufocou a insurreição .niciada no reinado Sfrrêrdis e salvou p império,

-.

Depois de X erxe s

II (424 a.C.)

Dario II {423-404 a.C:), Artaxerxes a.C.), Artaxerxes IIII (404-358 (404-358 a.C.), Artaxerxes a.C.), Artaxerxes III III (358-338 (358-338 a.C.), Arses (338-336 a.C;) e Dario III vieram

(336-332 a.C.).

Esboco 1— 7 Neemias restaura os muros 8— 13 As reformas de Esdras e Neemias

[ 210 l Neemias

1—2. O chamado de Neemias

4—5. Oposição à obra

1.1-11. A preocupação de N eem ias com Jerusalém . Em quisleu (nov.-dez.), no vigé­ sim o ano de A rtaxerxes (445-444 a.C .; cf. 2.1), N eem ias ("o Senhor co n so la ") soube do triste estado de Jeru salém , 1-3. Os ho­ m ens de Ju d á, 2, v isita v a m a ca p ita l de inverno persa, Susã, em Elão (Et 1.2. 5; Dn 8.2). O grande pesar e a oração de N eem i­ as aparecem em 4-11 (cf. Dt 30.1-5). "E ste hom em ", 11, era A rtaxerxes. O copeiro era um m ordom o da corte que provava o v i­ nho etc. do rei para ver se não estava en ­ venenado. Era um ofício de elevad a p osi­ ção (Heródoto 3.34). 2.1-20. A m issão de Neem ias. O rei en­ viou N eem ias para recon stru ir Jeru salém , 1-8. Sam b alate, m en cio n ad o n o s P ap iros de Elefantina, o governador de Sam aria, e T obias, um o ficia l a m o n ita a serv iço da Pérsia, planejaram a resistência, 9-10. N e­ emias inspecionou os m uros de Jerusalém à noite, 11-16, e ordenou im ediata recons­ trução, 17-18. G esém , um árabe, 19, uniuse à oposição. Não judeus não tinham par­ te, nem p ro p rie d a d e , n em d ire ito , n em autoridade, nem m em orial, i.e., lem b ran ­ ça, na com unidade ju d aica, 20.

4.1-9. O posição por escárnio e ira. O es­ cárnio, 1-3, foi respond ido com oração, 46. A ira, 7-8, fo i ig u a lm en te contid a com sucesso, por nova intercessão ju n to a Deus e m ais vigílias, 9. 4.10-23. Oposição por desencorajamento. O espírito derrotista, 10-13, foi compensado pela fé, 14, 20, e pelo trabalho árduo, 15-23. 5.1-19. O posição p o r egoísm o. A ganân­ cia (D t 23.20) e a cobiça dentro da própria com unidade, 1-5, foi sanad a pela restitu i­ ção, 6-13, reforçada pelo exem plo pessoal de d e s p r e n d im e n to d a d o p o r N e e m ia s d u ra n te su a g e stã o de d o ze an o s com o governador , 14-19.

3. Os portões e muros de Jerusalém são reerguidos 1-2. Construtores da porta das ovelhas. E lia sib e (1 2 .2 2 ; 1 3 .4 ) era n e to de Je s u a (12.10), que trab alh o u com Z o ro b a b el, e avô do sumo sacerdote Jônatas (12.11). Era pela Porta das O velhas que os anim ais do sacrifício eram levados ao altar. 3-32. Os con stru tores das o u tras p o r­ tas são m encionad os ju n ta m e n te com os c o n stru to re s dos m u ro s in te rm é d io s . A ]esan a, 6-12, era talvez a P orta da E squ i­ na (Jr 31.38). A Porta do M on tu ro, 14, era aquela pela qual se retirava o lixo da ci­ dade. A Porta O riental, 29-32, (cf. Ez 43.12), era aquela pela qual saíra a g lória da S hekinah, e pela qual ela h a v eria de v o l­ tar. A P orta da G uarda (heb. m ipqàd, "lu g a r d e sig n a d o "), 31, talv e z se re fira à p orta do ju lg am en to .

6. A conclusão dos muros 1-14. Oposição por astúcia. Sobre Samba­ late, Tobias e Gesém , ver com entário sobre N e 2.1-20. Esses ardilosos adversários satâ­ nicos tentaram atrair Neem ias até Ono, per­ to de Lida, cerca de dez quilóm etros a su-

Neemias [ 211 1

deste de Jope, 2. Frustrados, novamente ten­ taram intimidá-lo ameaçando denunciá-lo ao rei, m e n cio n a n d o " p r o fe ta s " , p o is e sses eram m uitas vezes instigadores de rebelião (Jr 28.1-4). O mercenário Semaías, 10-14, ex­ perimentou seu ardil (cf. Zc 13.2-6). 15-19. O muro é concluído. Isso* se con­ sum ou no vigésim o q u into dia de elu l, o sexto m ês (a g o .-set.), a p e sa r de to d a e s­ pécie concebível de ím pia oposição.

7. Registro da volta de Zorobabel 1-4. Providências p ara a proteção da ci­ d a d e . A fin a l Je ru s a lé m era n o v a m e n te uma cidade fortificada. N eem ias fixou leis para sua seg u ran ça. 5-73. O censo da prim eira volta (v. Ed 2.1-70). Registra-se a genealogia, 5-65; dãose os núm eros totais, 66-69; e d escrevem se as d oações para a obra, 70-73.

10. A renovação da aliança 9 .3 8 —10.28. O com prom isso de susten­ tar a casa de Deus. Aqueles que assinaram a aliança são citados, 9.38 — 10.28. A tradi­ ção ta lm ú d ica faz d e sse s sig n a tá rio s "a G ran d e S in a g o g a ". 29-39. As obrigações da aliança. Entre elas estava o d ever de não se casar com gentios, 28-30; de guardar o sábado, 31; de sustentar o ritual do tem plo, 32-36; de pa­ gar o d ízim o e o salário dos sacerd o tes, 37-39 (v. Lv 27.30; Nm 18.25-32). As "câm a­ ra s ", 39, faziam parte do tem p lo (cf. Ne 13.12; Ed 8.29; 10.6).

11—12. A dedicação dos muros

1-8. A lei é lida diante da Porta das Águas. O prim eiro dia do sétim o m ês, tisri (set.out.), era dia de convocação. A Porta das Á guas tornou-se local de purificação pelo re v ig o ra n te p o d e r da P a la v ra de D eu s. A qui a lei de M oisés escrita em hebraico foi traduzida para o aram aico com um , 7-8. 9-12. Consequência da palavra. Revivescên­ cia e celebração da Festa dos Tabernáculos, 13-18 (cf. Lv 23.33-44), foram os resultados.

11.1-36. Os operários fiéis. M encionam se a q u e le s q ue m o ra v a m em Je ru sa lé m , então lugar de perigo e morte, 1, 2. Regis­ tram -se os ju d a íta s, b en jam itas, sa cerd o ­ tes, fu ncionários do tem plo, levitas, servi­ dores do tem plo etc., 11.3-24. Registram -se ta m b é m a q u e le s q u e m o ra v a m fo ra de Jeru salém , 11,25-36. 12.1-26. Outros fiéis. N om eiam -se sacer­ dotes e levitas da prim eira volta, 1-9; des­ cendentes de Jesua, o sum o sacerdote, 10, 11; cabeças de fam ílias sacerdotais, 12-21; e de fam ílias de levitas, 22-26. 12.27-43. Dedicação dos muros. 12.44-47. P rovisões p ara o pessoal do tem plo.

9. Avivamento espiritual

13. Males corrigidos

1-5. A confissão pública. Ler e ouvir a P alavra, nela crend o e a ela obedecendo, sem pre traz avivam ento espiritual com hu­ m ilhação, autojulgam ento, confissão e ver­ d a d e ira ad o ração . 6-38. G rande confissão e oração. A ora­ ção de E sdras é um a das m ais longas re­ g istrad as na B íblia, 6-37. Sob re a aliança que se fez, 38, v. cap. 10.

1-9. Im pôs-se a separação dos elem en­ tos m istos, 1-3, e das alianças ím pias, 4-9. E liasib e era o sum o sacerd o te de 3.1, 20; 12.22; Ed 10.6, que estava ligado a Sambalate por casam en to, 28. 10-29. Neem ias corrige outros males. 30-31. Seu testem u n h o acerca da sua obra caracterizou -se pela m odéstia e pela p ie d a d e .

8. Leitura pública da lei

Ester A divina providência em ação na história Natureza e autoria do livro. Ester é o último dos cinco rolos (Megillôt) da terceira seção da Bíblia hebraica, chamada Ketúbím ou "Escritos” . O livro descreve a origem da festa de Purim ("sortes"). Essa solenidade era celebrada no décimo quarto ou décimo quinto dia de adar (fev.-mar.). Assim, Ester é o rolo (pergaminho) de Purim. Seu autor é desconhecido. Possíveis autores são Esdras, Mordecai, Joiaquim ou homens da Grande Sinagoga.

Historicidade. Apesar da habitual alegação dos críticos de que a narrativa é ficção lendária, a historicidade desse livro é sustentada (1) por estar arraigado na história e situado especificamente (1.1, 15; 2.1, 10, 20) no reinado de Assuero, i.e., Xerxes I (486-465 a.C.); (2) pela familiaridade do autor com a vida persa — o projeto arquitetônico do palácio e do pátio (1.5, 2.11, 21; 7.8), a etiqueta da corte (4.11; 8.11-17), as intrigas do palácio (2.2123; 7.9), os costumes dos

banquetes (1.6-8. 5.5); (3) pelos indícios exteriores de escavações em Susã etc., e textos cuneiformes que se referem a certo Marduka (cf. Mordecai), oficial de Susã no reinado de Xerxes.

Esboço Vasti é deposta

1

2 Ester torna-se rainha 3 A trama de Hamã

4— 7 A coragem de Ester 8 Execução da vingança 9 Celebração de Purim 10 Epílogo

Relévo do rosto de Dario, rei da Pérsia, que governava a partir de Persépolis, capital do império.

Ester I 213 I

1. Vasti é deposta 1-9. O b an q u ete de A ssu ero . A ssu ero e r a p r o v a v e lm e n te X e r x e s I (4 8 6 -4 6 5 a.C .), em bora a S ep tu ag in ta o id entifiqu e co m o A r ta x e rx e s II. O te r c e ir o a n o do seu rein ad o foi 486 a.C ., 3. Ele com bateu os g regos em Salam ina e Term óp ilas, em 4 8 0 a.C . Seu im p é rio , 1, se e ste n d ia da ín d ia (vale do Ind o) à E tió p ia (m od ern a N úbia) e abrangia vin te satrap ias (cf. H is­ tórias III, 89, de H eród oto), que eram d i­ v id id as em n u m ero sas p ro v ín cia s. E scri­ to r e s g r e g o s d e s c r e v e m fa b u lo s o s b a n q u e t e s p e r s a s , e e s c a v a ç õ e s em S u sã , 5, c a p ita l de E lã o , d e s e n te rra ra m um pátio desse tipo. D iz H eród oto que a rain h a de X erxes era A m estris (H istórias V II, 6 1 ). V asti a p a r e n te m e n te era um a d as c o n c u b in a s re a is. 1-22. A deposição de Vasti. Seu nom e era e lam ita.

Revelações arqueológicas Shu sh an (Susã), 2, era a capital de in­ verno da Pérsia; Ecbátana, a residência de v e rã o . S u sã re v e la ru ín a s d a ta d a s de c. 4000 a.C a 1200 d.C. R uínas escavadas re­ velam vestígios de um palácio iniciado por D ario, o G rande, e am pliado por reis pos­ te rio res. O p alácio tin h a três p átio s com inúm eros recintos decorados com guerrei­ ros, touros e grifos alados. O fam oso C ó­ digo de H am urabi foi en con trad o nas es­ c a v a ç õ e s d e s s e s ítio (1 9 0 1 ). E n tre os achados de Susã estão inscrições de A rta­ xerxes II (404-358 a.C.).

o fício era ap are n te m e n te o de um g u ar­ da eunuco, pois estava intim am ente liga­ do ao harém , 11, 19, 21 (cf. 6.10). Ester foi esco lh id a rainha no m ês de tébete (dez.ja n .) do sétim o ano (478 a.C .) de X erxes, 16. A conspiração dos eunucos, 21-23, que guardavam a porta dos aposentos do rei, 2 1 , fo i d o tip o q u e a c a b o u v itim a n d o X erxes em 465 a.C.

3. A trama de Hamã 1-6. Prom oção de Ham ã. Ele foi elevado a grão-vizir. Todos os funcionários subor­ d in a d o s d ev eria m o b e d e ce r-lh e. A re fe ­ rência a "H am ã, filho de H am edata, agag ita", 1, pode ser alusão à região de Agazi, vizinha à M édia, ou sugere que Hamã era descend ente de A gague, o rei am alequita que Saul poupou (cf. ISm 15.7-9). Seja como for, a fé de M ordecai o im pedia de pros­ trar-se d iante de q u alqu er um que não o D eus verdadeiro. Hamã ficou furioso. 7-15. A trama de Hamã para exterm inar os judeus. O ato de lançar as sortes (pur, palavra acadiana), 7, tinha o intuito de de­ term inar um a época favorável para o pogrom . H am ã ofereceu dez m il talentos ao re i p a ra s u b o r n á -lo , c o n v e n c e n d o -o a m assacrar os judeus. O sinete do anel real, 10, 12, conferia autoridade à ordem de ex­ term ínio (cf. 8.2, 8; Gn 41.42), em bora o rei tenha recusado o suborno. O edito de ex­ term ínio, 12, foi divulgado pelos correios, 13, i.e., o renom ado serviço postal de velo­ z e s c a v a lo s q u e C iro e s ta b e le c e r a em todo o im p ério persa. As ad ições a p ó cri­ fas de Ester dão o texto do edito.

2. Ester torna-se rainha

4—5. A intercessão de Ester junto ao rei

1-4. A procura da sucessora de Vasti. En­ tre o rebaixam ento de Vasti e o casam ento de X erxes com Ester (478 a.C.), o m onarca esteve ausente, ocupado com sua d errota­ da cam panha contra os estad o s gregos. 5-23. M ord ecai e Ester. M o rd ecai era pai adotivo de Ester (adotou-a quando ela era aind a crian ça), e tam bém seu prim o, 7. Ele, com o Sau l, era b e n ja m ita , 5. Seu

4.1-17. Ester decide apelar ao rei. O luto de M o rd eca i em pano de saco o d eixou ritu alm en te im puro, pois entre os persas era sin al de luto pelos m ortos, 1-3. Ester foi inform ada do edito, e ofereceu-se para apelar ao rei, 4-17. 5.1-14. O rei recebeu Ester e sinalizou q ue iria a te n d er seu p ed id o , 1-8. H am ã d eterm inou-se a liquid ar M ordecai, 9-14.

[ 214 1 Ester

6—7. Mordecai é honrado; Hamã, enforcado

çao para b aixar um d ecreto que perm itia aos ju d eu s se defender.

6.1-14. M ordecai é honrado pelo rei. O rei, insone, mandou ler o "liv ro dos feitos m e m o r á v e is ", 1, em q u e se r e la ta q u e M ordecai revelou um a tram a contra a vida do rei, 1-3. Hamã foi forçado a honrar M or­ decai, 4-11. 7.1-10. Hamã é enforcado. Ele foi acusado de impiedade por Ester, diante do rei, e incri­ minado por uma circunstância imprevista.

9. Origem da Festa de Purim

8. 0 edito de libertação 1-2. A exaltação de M ordecai. Era hábito confiscar os ben s d o s crim in o so s co n d e ­ nados (H eródoto III, 29). O anel conced i­ do a M ordecai significou sua elevação ao cargo de p rim eiro-m in istro, an tes ocu p a­ do por Hamã. 3-17. A revogação do edito. A habilida­ de que tinha Ester de conduzir o monarca era invejáv el. M o rd ecai ob tev e au to riz a -

f-U -a

__I Palácio de Shaur

Rio Karun

1-16. V ingança contra os inim igos dos judeus, inclusive os filh os de Hamã. 17-32. Instituição de Purim. A festa foi ce­ lebrada no décimo quarto ou décimo quinto dia de adar, o d écim o segund o m ês (fev.mar.). Em épocas posteriores lia-se Ester nos dias do festiv al, en q u an to a cong reg ação interrom pia com gritos de maldição contra Hamã e louvor a Ester e Mordecai.

10. Epílogo: a grandeza de Mordecai D escrevem -se a con tínua grand eza de X erxes e o poder de M ordecai. O s nom es tan to de M o rd ecai (M ard u k a) q u an to de E ster (Istar; heb. H ad assah , "m u rta ") são b a b iló n io s. Era co stu m e dar nom es n a ti­ vos a estrangeiros (cf. Dn 1.7).

Ester [ 215 I

Jó Por que sofrem os justos? Jó e sua o rdem no cânon.

Esse grandioso poema dramático encabeça os chamados livros poéticos do AT, precedendo Salmos, Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. Na Bíblia hebraica, está inserido na terceira seção do cânon, o ketúbím ou Escritos, em terceiro lugar — Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos (Cantares de Salomão) e Eclesiastes. Faz parte também dos livros de Sabedoria do AT, que apresentam as filosofias simples e pias da mente hebréia sobre o viver prático e devoto. Jó e a po e sia hebraica.

A poesia hebraica, diferentemente do verso ocidental, não possui métrica nem rima. Sua estrutura básica é o paralelismo, ou arranjo de idéias e não de palavras. Os tipos comuns de paralelismo são: (1) paralelismo sinónimo, em que o segundo verso ou estíquio reitera o primeiro, gerando um dístico ou parelha (cf. Jó 3.11, 12; 4.17; SI 2.4); (2) paralelismo antitético, no qual o segundo verso apresenta uma idéia contrastante para enfatizar o primeiro (Jó 42.5; SI 34.10); (3) paralelismo sintético, em que o segundo verso e seguintes acrescentam um fluxo progressivo de idéias para desenvolver o primeiro (Jó 4.19-21; SI 1.3). Ocorrem outras variantes dessas

formas básicas de ritmo de idéias. Além do paralelismo, a poesia hebraica possui ritmo, ou compassos pulsantes. (1) 3+3 é épico ou didático, como em Jó e Provérbios; (2) lírico é 2+2, como em Cantares; (3) nênia ou qinah é 3+2, como em Lamentações de Jeremias. A poesia hebraica é também altamente simbólica, rica em linguagem figurada, símiles, metáforas, metonímias, sinédoques, hipérboles, personificações e aliterações. Jó com o literatura. Esse

poema é amplamente reconhecido, mesmo em círculos seculares, como um dos mais magníficos poemas dramáticos da literatura. A sublimidade do tema, a majestade das idéias, a grandeza do alcance literário não encontram páreo em nenhuma peça da literatura mundial.

Desesperado, Jó é conduzido a um beco sem saída. Deus o estaria tratando injustamente. Porém, ele luta com a confiança de que no final será vingado. Nesse ponto surge Elíú e declara a verdade de que as aflições são muitas vezes um meio de purificar o justo — provações ou castigos de um pai amoroso, mas jamais ira vingativa de um Deus implacável, caps. 32—-37. Depois de Deus lhe falar do meio de um redemoinho, caps, 38—41, Jó é humildemente levado a detestar-se diante da sublime majestade de Deus, 42.1-6. Sua auto-renúncia e aperfeiçoamento espiritual valeram-lhe a restauração e a bênção, 42.7-17.

Esboço 1 .1 — 2 .1 3 Prólogo:

o teste de Jó O tem a d o livro. Trata de

um assunto profundo e intrigante: Por que sofrem os justos? Como seu sofrimento pode estar em consonância com um Deus santo e amoroso? Os três amigos de Jó dão essencialmente a mesma resposta, caps, 3— 31. O sofrimento, acusam eles, é resultado do pecado.

3.1— 31.40 Falso consolo dos seus três amigos 32.1— 37.24 Discursos de Eliú 38.1— 42.6 Sermões de Deus 42.7-17 Epílogo: restauração de Jó.

JÓ [ 217 ]

1—2. Prólogo: o teste de Jó 1.1-5. Provação e integridade de Jó. A ter­ ra de Uz era provavelm ente Edom (cf. Gn 36.28; Lm 4.21). Jó era in ocen te, m as não sem pecado, nem perfeito, 1. Foi um a per­ sonagem histórica (Ez 14.14, 20; Tg 5.11). A data é desconhecida. O nom e "Jó " Çiyyôb) o c o rre e x tr a b ib lic a m e n te n o s T e x to s de Execração de Berlim com o o nom e de um príncipe da terra de D am asco do século 19 a.C., e m ais tarde, por volta de 1400 a.C., como um príncipe de Pela (moderna Fahil). 1.6-12. A acusação de Satanás. Os benê ha' llo h im (heb.) eram an jos. S a ta n á s ("o A d v ersário ") era L ú cifer, "filh o da a lv a " (Is 14.12-14; Ez 28.11-19), o tentador, de Gn 3. A q u i e le a p a re ce , com o m u ita s v ezes nas E scrituras, na cond ição de "acu sad o r de nossos irm ãos" (Ap 12.10). 1.13 — 2.13. A aflição de Jó . Sobreveio s e v e ra p ro v a çã o . A s p o ss e s e a fa m ília foram varridas, 1.13-22. A saúde lhe foi ti­ rad a, 2.7, 8. Sua esp osa se vo lto u contra ele, 9, 10. Seus três am igos vieram conso­ lá-lo, 11-13. O s sabeus (1.15) eram n óm a­ d es á ra b es. O s ca ld e u s (1 .1 7 ) eram a ra ­ m eus sem íticos que finalm en te invadiram a M esop o tâm ia.

3—14. 0 primeira ciclo de discursos Cap. 3. Prim eiro discurso de Jó. Ele am al­ diçoou o dia do seu nascim ento, 1-9, e pas­ sou a desejar a morte, 10-26. Na controvér­ sia subsequente, Jó falou nove vezes, Elifaz, três, Bildade, três, Eliú, um a, Deus, uma. Caps. 4 —5. Prim eiro discurso de Elifaz. Ele repreendeu Jó, 4.1-6, insistindo em que os justos não são destruídos, 7-11. Sua ter­ rível visão, 12-21, o qualificava para a exor­ ta ç ã o , p e n s a v a e le , 5 .1 -1 6 . O h o m em a quem Deus corrige é feliz, 17-27. Caps. 6 —7. A reposta de Jó. Ele justificou seu desespero pela intensidade da sua afli­ ção, 6.1-7, pedindo a aniquilação, 8-13, e ao m esm o tempo censurando seus amigos, 1430. A m iséria da vida, 7.1-7, implicava duas p e rg u n tas: por que D eu s me trata d essa m aneira? Por que ele não perdoa?, 8-21.

Cap. 8. O prim eiro discurso de Bildade. Ele seguiu basicam ente a mesma lógica dos ou tro s con so lad ores de Jó: D eus o punia pelos seu s pecad os, 1-7. B ild ade apela às tradições do passado, 8-10, ou seja, os ím ­ pios não podem prosperar de fato e a von­ tade de Deus não rejeita os justos, 11-22. Caps. 9 —10. Jó responde a Bildade. Já que D eus é tão suprem am en te poderoso, 9 .1 -1 0 , com o p o d eria Jó co n h ecê-lo ?, 1124. Jó confessou a sua fraqueza e ansiava por um á rb itro "q u e ponha a m ão sobre n ó s a m b o s " , 2 5 -3 5 . R e cla m o u a m a rg a ­ m ente, 10.1-17, desejando a m orte, 18-22. Cap. 11. Prim eiro discurso de Zofar. A verborragia de Jó foi censurada, 1-6, e elogi­ adas a grandeza e a onipotência de Deus, 712, com exortação a que Jó se arrependesse para ser restaurado e abençoado, 13-20. Caps. 1 2 —14. A resposta de Jó a Zofar. Irritado, ele exibiu am argo sarcasm o, 12.16, d iscorrend o sobre o poder de D eus, 725. D en u n cian d o seus "a m ig o s", 13.1-13, apelou a Deus, 14-28, discorrendo sobre a brevidade e as tribulações da vida, 14.1-6, aliviad as apenas por um a tênue esp eran ­ ça de im ortalidade, 7-22.

15—21. Segundo ciclo de discursos Cap. 15. Segundo discurso de Elifaz. A con­ trovérsia se tom a m ais acalorada. Elifaz su­ pôs a culpa de Jó, acusando Jó de se autocondenar, 1-6, por sua presunção e orgulho, 7-16, e descreveu os ímpios e seu fim, 17-35. Caps. 1 6 —17. A resposta de Jó a Elifaz. Jó rotulou seu s "a m ig o s" de "co n so la d o ­ res m o le s to s ", 2. "P o rv e n tu ra , n ã o terão fim essas palavras de v e n to ?", 3. "... se a v o s sa a lm a e s tiv e s s e em lu g a r d a m i­ n h a...", 4-5. D eus o afligiu, 6-22. Tribulação a p ó s tr ib u la ç ã o o e sm a g a ra m , 1 7 .1 -1 2 . O nd e esta ria sua esp eran ça?, 13-16. Cap. 1 8 .0 segundo discurso de Bildade. Ele cen su ro u Jó asp eram en te, 1-4, e ten ­ tou assu stá-lo d escrevend o o d estino dos iníquos, 5-21. Cap. 19. A resposta de Jó a Bildade. Impe­ nitente e gravem ente perturbado pelas pa­ lavras de Bildade, 1-6, Jó se deixou confun­

[ 218 l JÓ

dir, culpando a Deus, 7-12, caindo num dolo­ roso lam ento da sua deplorável condição, 13-24. Mas havia uma réstia de fé e luz! O Espírito de Deus o iluminou e o içou dos abis­ mos do desespero, 25-27, para que proferis­ se um a das afirm ações m ais sup erlativas de fé de todo o AT: "E u sei que o meu Reden­ tor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, [...] e não outros". O Goel, Resgatador (Rt 3.12, 13; 4.4-6; Is 59.20) é o Senhor Jesu s C risto, ressu scitad o , na sua segunda vinda, vitorioso sobre a m orte e a sepultura. Que belo testemunho da abenço­ ada esperança na vinda do Senhor, na res­ surreição do corpo e na glorificação dos san­ tos! (lTs 4.13-18; IC o 15.52; SI 17.15). Cap. 20. O segundo discurso de Zofar. Sua precipitada réplica, 1-3, baseou-se em p rovérbios e na trad ição, e ele equ iv ocadamente equiparou Jó aos ím pios, preven­ do-lhe o m esm o fim destes, 4-29.

Os servos de Jó lhe trouxeram notícias terríveis: suas ju m en tas fo ram ro ub adas, su as o velh a s co n sum id as pe lo fo g õ , e seus cam elo s levad o s p e lo s caldeus.

Cap. 21. A resposta de Jó. Ele exibiu fé no auxílio de D eus e m ostrou que os ím pi­ os m uitas vezes prosperam nessa vida, 126, rotulando as conclusões dos seus am i­ gos de puras falsidades, 27-34.

22—31. Terceiro ciclo de discursos Cap. 22. O terceiro discurso de Elifaz. E lifaz de Tem ã (aparentem ente a sud oes­ te de Sela, em Edom, na altura de Tawilan) concluiu que Jó era um grande pecador, 15, acusando-o de ganância e crueldade, 611, e de falsam ente discorrer sobre a onisciência de Deus e a iniquidade do homem, 12-20, insistindo em que Jó se reconcilias­ se com D eus, 21-30. Caps. 2 3 —24. A resposta de Jó. Ele tate­ ava à procura de Deus, provando que não era d esa fia d o ra m e n te ím p io, 2 3 .1 -9 , e n ­ quanto o scilav a en tre a fé e a d escrença, 10-17. H avia D eus falhado?, 24.1-12. Jó deu

JÓ [ 219 ]

novo testem u n h o da freq u en te p ro sp eri­ dade dos iníquos, 13-25. Cap. 25. O terceiro discurso de Bildade. Embora seus argum entos já fossem exaus­ tivos, e le ap resen to u u m a v ig o ro sa d es­ crição do que é D eu s, 1-3, e do que é o hom em , 4-6. * Cap. 26. A resp osta de Jó. Sarcastica­ m ente, ele refutou os arg u m en tos de B il­ d ad e, 1-4, e s a g a z m e n te e com g ra n d e s e n tim e n to d e s c re v e u a g ra n d e z a de Deus, 5-14. Caps. 2 7 —31. As palavras finais de Jó de auto justificação. Ele confirm ou a sua retidão, 27.1-6, contrastand o-se com os ím pi­ os, 7-23. D escrev eu os teso u ro s da terra, 28.1-6, e a riqueza su p erior da sabedoria, 7-22, que é conh ecid a de D eu s, 23-38. Jó re p a s s o u su a s b ê n çã o s e h o n ra s p a s s a ­ das, 29.1-10, e os bons atos que praticou , 11-25, contrastando sua vergonhosa hum i­ lhação do presente, 30.1-19, com o silêncio de D eus, 20-31. Term inou confiantem ente su sten tan d o sua d ecência e retidão, 31.112; sua filantropia, 13-23; e sua integridade e hospitalidade, 24-34. D esafiou D eus e os h o m e n s a re fu ta r su a a firm a ç ã o , 3 5 -4 0 . Concluiu dizendo, em resum o: "Sou inocen­ te!" Q u and o v o lto u a falar, d ecla ro u em essência: "Por isso, me abom ino..." (42.6). A razão da m udança está registrada no res­ tante do livro.

32—37. Os discursos de Eliú Caps. 32—3 3 .0 primeiro discurso de Eliú. D eu s in stru i o h o m em p ela aflição . E liú ("m eu D eus é e le ") é apresentad o, 32.1-6. Ele era buzita, e vivia perto de Edom, pois Buz (Gn 22.21) era irm ão de Uz (Jó 1.1) e arameu (Gn 11.26-32). Buz em Jr 25.23 era o nom e de uma localidade de Edom. Eliú era um verdadeiro m oderador, em certo senti­ do a re sp o sta ao d esejo de Jó de ter um árbitro. Os discursos de Eliú, assim, servi­ ram para preparar o cam inho para a inter­ posição do próprio Deus, caps. 3 8 —41. Cap. 34. O segundo discurso de Eliú. A ju s tiç a de D eu s era e x ig ên cia d ian te das insinuações de Jó, 1-30. Jó ainda não apren­ dera o propósito do sofrim ento, 31-37.

Cap. 35. O terceiro discurso de Eliú. As v a n ta g e n s da p ied a d e fo ra m e x p o s ta s com o refu ta çã o ao erró n eo ra cio cín io de Jó, 1-8, m ostrando que Deus realm ente ob­ serva se um homem é justo ou iníquo, 9-16. Caps. 36 —3 7 .0 quarto discurso de Eliú. Deus tem um propósito ao afligir os piedo­ sos, 36.1-7. Ele age assim para livrar o ho­ m em do o rg u lh o e m o stra r sua g raça e am or disciplinadores, 8-18. Jó deveria ob­ se rv a r isso , 19 -2 1 , e re co n h e ce r o p o d er de D eu s e sua p resen ça n a n atu reza, 2233; na trovoada, 37.1-5; e na neve e n a chu­ va, 6-16. As observações finais de Eliú en­ fa tiz a m a p e c a m in o s a fr a g ilid a d e do hom em diante de Deus, 17-24, aplainando o cam inho para a fala do Todo-poderoso.

38.1—42.6. Os discursos de Deus a Jó 3 8 .1 —40.5. P rim eiro d iscu rso de Deus a Jó . A C ria çã o p ro cla m a a o n ip o tên cia

[ 220 1 JÓ de D eus. O Senhor falou "d o m eio de um red em o in h o", 38.1, cenário freq u en te das teo fan ias (N a 1.3; Z c 9.14; SI 18.7-15; Ez 1.4; H c 3). D eus é C riad o r do m ar, 8-11; do tem po, 12-15; ele é Sen hor do abism o, da luz, das trevas, da neve, do g ra n iz o , do raio, das co n ste la çõ e s, das n u v e n s e da névoa, 16-38; D eus é o C riad or e Prote to r d os a n im a is, 3 8 .3 9 — 3 9 .3 0 . Jó fez uma con fissão, 40.1-5. 40.6—42.6. O segundo discurso de D eus a Jó . C ontrastam -se o poder de D eus e a fragilid ad e do h om em . Jó foi s ile n cia d o como hom em que havia disputado e acha­ do falta em Deus, m as não com o pecador. Assim a controvérsia divina foi renovada. "Acaso [...] m e condenarás, para te ju stifi­ cares?", 40.6-8, pergunta o Senhor no seu apelo a Jó, 9-14. "B e h e m o th ", 15-24, a p a ­ rentem ente é um p lu ral in ten siv o do h e ­ braico behem á ("b e s ta ") e se refere p rova­ velmente ao hipopótamo (egípcio p-ehe-mou) ou ao búfalo. Im agens desse enorm e anfíbio foram en con trad as em am u letos de tem -

pios palestinos. "L ev iatã", 41.1-11, é o cro­ codilo, m as é geralm ente interpretad o em o u tro s trechos com o referên cia ao m ítico m onstro do caos (SI 74.14; 104.26; Is 27.1). D escrev e-se o lev ia tã , 12-24, e sua n o tá ­ vel força, 25-34. A resposta de Jó a D eus resolve o proble­ ma do sofrim ento, 42.1-6. D eus perm ite a aflição para que o h om em se ap erfeiçoe, e assim possa ver a Deus, 5, em toda a sua grand eza e esp len d o r, e ver-se a si m es­ mo na sua vileza e pecado, possibilitando que o hom em se arrep end a do seu o rg u ­ lho "n o pó e na cinza''.

42.7-17. Deus repreende os amigos de Jó e o restaura 7-9. D eus ju stifica Jó d iante dos seus am igos. A graça de D eus perdoou o peca­ do de Jó, e Jó orou pelos am igos d esenca­ m inhad os. 10-17. Jó recupera sua prosperidade. Seu fim foi a paz.

Salmos Hinário e livro de orações do povo de Deus N atureza e núm ero. O título hebraico do Saltério é "Livro dos Louvores" (seper Tehilfím). Caracterizam os Salmos o louvor, a adoração, a confissão e uma profusão de orações. O Saltério era o hinário do povo judeu e é o manual de oração e louvor da igreja cristã. Martinho Lutero chamou o Saltério de "a Bíblia em miniatura". A palavra "Salm os", de Psalmoi( da Septuaginta), significa "cânticos" acompanhados de instrumentos de cordas. Na

Bíblia hebraica, Salmos encabeça a terceira divisão, chamada ketúbím ou Escritos (cf. Lc 24.44). A Bíblia hebraica contém 150 salmos.

Salm os e a poesia hebraica. Sobre a natureza da poesia hebraica, ver introdução a Jó.

Tem as dos salm os. 1. Os conflitos e triunfos espirituais dos santos sob a lei antiga constituem o tema básico, mas eles refletem os

conflitos do povo de Deus em todas as épocas. 2. Grandes temas proféticos percorrem o livro, como provam as citações do NT. São eles: (a) as importantes previsões a respeito do Messias (cf. Lc 24.44), incluindo sua primeira vinda e humilhação; sua morte, ressurreição e exaltação; e sua segunda vinda em glória e triunfo, SI 2, 8, 16, 22, 45, 69, 72, 89, 110, 118, 132. (b) Pesares, provações e sofrimentos de uma parcela piedosa de Israel no futuro tempo de tribulação nacional, terminando em libertação, restauração e glória, SI 52, 58, 59, 69, 109, 140. (c) Futuras glórias da redenção de Israel, da ten-a e de toda a Criação, SI. 72, 110. Observação: Nos comentários necessariamente breves que se seguem, enfatizam-se os temas proféticos mais difíceis, pois os significados devocionais são mais óbvios ao leitor e assim exigem menos comentários.

Classificação

pessoa e a obra do futuro Messias.

Cinco livros: Livro 1, SI 1— 41; Livro 2, SI 42— 72; Livro 3, SI 73— 89; Livro 4, SI 90— 106; Livro 5, SI 107— 150.

Salm os reais: 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 101, 110, 144. Prevêem Cristo como Rei. Salm os alfabéticos: 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145. Lançam mão de algum arranjo baseado no alfabeto hebraico.

Salm os penitenciais: 6, 25, 32, 38, 39, 40, 51, 102, 130. Estes salmos respiram profunda contrição pelo pecado cometido. Salm os m essiânicos: 2, 8, 16, 22, 45, 69, 72, 89, 110, 118, 132. Profetizam a

Salm os im precatórios: 52, 58, 59, 109, 140. Todos esses imploram a vingança de Deus contra perseguidores iníquos.

Salm os de A lelu ia: 111—

A uto ria indicada pelos títulos Davi: 73 (Livro 1, 37; Livro 2, 18; Livro 3, 1; Livro 4, 2; Livro 5, 15). Asafe: 12 (SI 50, 73— 83). Filhos de Coré: 12 (SI 42— 49, 84, 85, 87, 88). Salomão: 2 (SI 72, 127). Moisés: 1 (SI 90). Etã: 1 (SI 89).

113, 115— 117, 146— 150. Esses salmos empregam o termo Aleluia, que significa "Louvado seja Jã (Jeová)".

Salm os eloístas: 42— 83. Empregam o nome Eloim para Deus. Outros usam o nome Jeová. Salm os de Rom agem : 120— 134. Eram recitados ou cantados quando os peregrinos subiam a Jerusalém para celebrar as festividades.

Uma antiga lira, ou "kinnor", da região de Megido.

[ 222 1 Salmos

1. Homem piedoso vs. homem ímpio O homem piedoso é feliz, 1-3, porque é s ep a ra d o do p ecad o, 1; c o n c e n tra d o na Bíblia, 2; e próspero, 3. O ím pio, 4-6, ao con­ trário, é distinto do piedoso, 4, e fadado à condenação, 5-6. Um salm o sapiencial que introduz todo o Saltério.

2. Reinado e reino do Messias E sse salm o p rev ê a atu al re je iç ã o de Cristo, 1-3 (cf. At 4.25-28), que continua por toda esta era e cu lm ina na abism al apos­ tasia da Grande Tribulação. Profetizam -se a atitude do M essias de desprezo dos seus inim igos e seu trono futuro, 4-6. O futuro Senhor e n carn ad o e re ssu scita d o (cf. At 13.33-34) confirma sua filiação na segunda vinda e assum e o reino, 7-9. Ele exorta os reis e alerta os rebeldes em vista do esta ­ belecim ento do seu reino, 10-12.

3—7. Provações dos piedosos Salmo 3. Tranquila confiança em Deus. Em tempos de profunda angústia, quando A bsalão se reb elo u co n tra ele, 1-2, D avi teve em D eus sua glória, seu escudo (protetor) e encorajador, 2-3; D eus foi A quele que atendeu suas orações, 4; e que lhe deu paz e libertação, 5-8. Salmo 4. Orar à noite sustenta a fé e re­ sulta no a la rg a m e n to do c o ra çã o , 1; na garantia do auxílio divino, 2-3; na fé, 4-5; na aprovação divina, 6; na alegria, 7; na paz e na segurança, 8. Salmo 5. Orar de m anhã dá coragem , 13. e o senso da b o n d ad e e da ju s tiç a de Deus, 4-6; garante a orientação divina, 7-8; sua proteção e o castigo dos inim igos, 910; e sua bênção sobre os ju stos, 11-12. Salmo 6. C lam or profundo do an gusti­ ado. S e v e ra m e n te c a stig a d o , 1-3; a m e a ­ çado de morte, 4-5; e ferido de aflição, 67, o salm ista expressa fé na libertação de Deus, 8-10. Salmo 7. C lam or por p roteção contra inimigos cruéis, 1-2. P rotesta-se inocência, 3-5, e pede-se a pu nição dos m alfeito res, 6-16. Eleva-se louvor ao Senhor, 17.

8. A soberania do Filho do homem (messiânico) Com o Filho do hom em , Cristo aparece h u m ilh a d o , p o u co a b a ix o dos a n jo s (M t 21.16; IC o 15.27; ITb 2.6-9), para provar a m orte por todos os hom ens, e é agora co­ roado com glória e honra, 1-5. Ao hom em (sendo o prim eiro A d ão um a im agem do segu n d o hom em ou do ú ltim o A dão) foi d ado o d om ín io so b re a C riação , que se perdeu pelo pecado, e que será restau ra­ do som en te pelo seg u n d o A d ão (C risto), 6-9. Essa realização do R ed en to r-C riad or redundará para a glória de Deus, 1,9.

9—15. 0 piedoso e o perverso Salmo 9. O piedoso louva o altíssim o, 12, por seu rein o, b ên ção s e g ló rias, 3-12, com um a oração pela in terv en çã o do S e­ nhor nos ju ízo s que preced erão o esta b e­ lecim ento do reino, 13-20. Salmo 10. Continua a súplica do piedoso pela intervenção divina, 1-2, dirigida con­ tra o perverso, 3-18. Salmo 11. Os recursos da fé são para o dia da tribulação ("angústia para Jacó ", cf. Jr 30.5-7), quando serão "d estruíd os os fun­ d a m e n to s " n a q u e la h o r a te n e b ro s a da apostasia universal, 1-3. M as o Senhor ju l­ gará os pecad ores e recom p ensará os ju s ­ tos, 4-7. Salmo 12. A arrogância dos pecadores, 1-3, é d escrita . M as D eu s está p re ste s a julgá-los, 4-6, pois sua iniquidade se apro­ xima do auge, 8. Salmo 13. A fé do piedoso, 1-4, resulta em vitória, 5-6. Salm o 14. D escrev em -se a ap ostasia e a corru p ção hum anas, 1-3, esp ecialm ente o p erío d o que p reced erá a segu nd a v in ­ da de C risto , q u an d o Isra e l so frerá v io ­ len ta p e rs e g u iç ã o , 4 -6 . O ra -se p e lo a d ­ v e n to d o M e s s ia s , q u e tr a r á s a lv a ç ã o para Israel e ju b ila n te resta u ra çã o , 7 (cf. Rm 11.26-27; SI 53). Salmo 15. O caráter do piedoso. Tal san­ to tem com unhão com D eus em adoração, 1, e sua vid a é c o e re n te com o q u e ele p ro fessa, 2-5.

Salmos ( 223 1

16—24. Perspectivas proféticas de Cristo E sse s n o v e sa lm o s re tr a ta m o c a r á ­ ter do p ied o so m as en co n tra m seu cu m ­ prim ento definitivo em C risto, com eçando em Salm os 16 com o Sen h o r na sua ob e­ d iên cia na te rra, cu lm in a n d o n a sua se ­ g u n d a v in d a , q u a n d o se m a n ife s ta r á com o "o Rei da G lória" (SI 24). Salm o 16. C risto, ob ediente, é ressu sci­ tado. Ele é o O bediente, 1-3, cujo cam inho foi de co m p le ta d e v o çã o a D eu s, 4 -8 , o que o lev ou à m orte e ressu rreiçã o , 9-11 (cf. A t 13.35). Salmo 17. Cristo, o Intercessor (cf. Jo 17). Ele se identifica ju stam ente com o reto In­ tercessor, 1-5. Sua oração por si próprio, 612, e pela libertação, 13-15, encontrará cum ­ primento só no Davi Maior, o Senhor de Davi. Salmo 18. O poder de Deus preservou Cristo. Davi, com o profeta (A t 2.30), prediz aqui a m orte de C risto, 1-6, e o poder e a glória m anifesta de D eus em nom e de Cris­ to, 7-18. Ele fala não só de ressu scitá-lo , m as de glorificá-lo, 19-27, subjugando seus in im ig o s, 2 8 -4 2 , e fa z e n d o d ele "c a b e ç a das n a çõ e s", 45-50. Salmo 19. Cristo na criação e revelação. Ele aparece p rim eiro na C riação, 1-6; d e­ pois na revelação (sua P alav ra escrita), 711. Segue-se a resposta d o hom em , 12-14. Salm o 20. C risto e sua Salvação. A ora­ ção p ela v itó ria do rei te rre n o , 1-2, p re­ fig u r a a v itó r ia m a io r d a s a lv a ç ã o de C risto , sen d o que to d o o h o lo ca u sto , 3, tip ific a a m o rte de C risto . A ce le b ra çã o da g lo rio s a s a lv a ç ã o , 4 -8 , a tin g e o c l í ­ m a x nu m cla m o r d o p ie d o s o no tem p o da trib u la çã o , 9. Salmo 21. Prevê-se a glória m ajestosa de C risto, 1-7, e celebra-se sua vitória sobre seus inim igos, 8-12. Então o Israel redim i­ do cantará o hino de 13. Salm o 22. Os sofrim entos e a glória vin ­ doura de Cristo. O s sofrim entos, 1-21, são um retrato vív id o da cru cificação (cf. M t 27.27-50), e são seguidos pela glória, 22-31. Salmo 23. Cristo, o Grande Pastor. O Bom Pastor de SI 22, que dá sua vida pelas ove­ lh as (Jo 10.11), ap arece em SI 23 com o o

Grande Pastor ressurgido dos m ortos "pelo sangue da eterna aliança" (Hb 13.20), cui­ d ando das ovelhas, d and o-lhes tran qu ili­ dade, 1-3, e consolo, 4-6. Salmo 24. Cristo, o Pastor-Chefe. O Bom Pastor de SI 22 e G rande Pastor de SI 23 é agora revelado com o o Pastor-Oie/e, o "Rei da G lória", surgindo para honrar e recom ­ pensar suas ovelhas (IP e 5.4). Q uem habi­ tará com ele no advento do seu reino, 1-6? Q ue recep ção aprop riad a terá ele na sua vinda, 7-10?

Um pastor do Oriente.

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25—39. Exercício espiritual do piedoso Salmo 25. Pedido de libertação. Eis aqui um acróstico (cf. SI 9 — 10) no qual usa-se um a disposição das letras do alfabeto he­ braico para alcançar unidade poética. Salmo 26. Apresenta-se uma oração pela justificação diante de um a acusação injus­ ta, 1-3, com p ro te sto s de in o cê n cia , 4-7, dram atizados por um a cerim ónia litú rgica, 6 (cf. Dt 21.6-8; SI 51.7). Profere-se um a oração por auxílio, 8-12. Salmo 27. Oração por orientação espiri­ tual em relação a D eus, 1-3; em relação à vida, 4-6; em relação a si m esm o, 7-14. Salmo 28. O ração por libertação. A ora­ ção, 1-5, é s e g u id a p e la ação de g ra ça s por ter sido atendida, 6-9. Salmo 29. A tem pestade do juízo. Lou­ va-se ao Senhor, 1-2, pois o Dia do Senhor virá com o uma grande tem pestade, 3-9, a fim de lim par o ar para a Era M essiânica quando o Senhor será Rei, 10-11. Salmo 30. Louvor pela cura. Relata-se a recuperação, 1-3, e oferece-se louvor, 4-12. Salmo 31. Vitória sobre os inim igos. A oração do santo é pela libertação, 1-18, e a resposta aponta a vitória, 19-24. Jesu s c i­ tou o v. 5 quando expirou na cruz (Lc 23.46). Salmo 32. A bênção de ser justificado. E sse é o p rim e iro d o s tre z e sa lm o s de "m a sk il", i.e., salm os de instru ção esp iri­ tual. O ju stificad or, 1-5, é tam bém escon­ d erijo, 6-7; G uia e P reserv ad o r, 8-10, em quem o santo deve alegrar-se, 11. Salmo 33. Louva-se o Senhor com o Cri­ ador, 1-9; com o Governador, 10-17; e como P rotetor e L ibertad or dos ju stos, 18-22. Salmo 3 4 .0 redimido de Deus canta ple­ no lou vor pela lib ertação, 1-10; pela in s­ trução, 11-14; pela redenção, 15-22. O v. 20 foi cumprido em Jo 19:36. Salmo 35. Clam or por auxílio na aflição. Esse é um salm o im p re ca tó rio com o 52, 58, 59, 69, 109 e 137. Eles devem ser com ­ p re e n d id o s com o o ra çõ e s d os p ied o so s num dia de terrível apostasia e violência. O Espírito de D eus ora por eles pela d es­ truição dos iníquos, cujo cálice está cheio e cuja condenação é executada no D ia do

Sen h or. Ver aqui co n flito com o e n s in a ­ m ento de am or e perdão de Jesu s é inter­ p r e ta r e r r o n e a m e n te a s a n tid a d e de D e u s, q u e e x ig e c o n d e n a ç ã o q u a n d o a g ra ça é re je ita d a . E tam b ém im p o rta n te lem b ra r que e sse s sa lm o s re fletem a c u ­ rad am ente atitu d es hu m an as que podem n ão ser p len a m en te c o m p re e n d id a s (cf. Jó , E c le sia ste s). Salm o 36. C ontraste entre o ím pio e o Senhor. O que o ím pio é e faz, 1-4, é con­ trastado com aquilo que o Senhor é e faz, 5-9. O Senhor deve ser alvo de petições e confiança, 10-12. Salmo 37. O contraste entre o justo e o ím pio (cf. SI 1). O ím p io será certam ente castigado. O ju sto que foi m altratado não deve desanim ar. Salm o 38. O santo sofredor e o pecado. Q uando o santo sofredor, 1-8, busca o Se­ nhor, 9-15, resultam a confissão do pecado e a oração, 16-22. Salmo 39. A fragilidade hum ana. O va­ zio da vida, 1-6, deve conduzir ao autojul­ gam ento e à oração, 7-13.

40—41. As experiências de Davi prenunciam as de Cristo Salmo 40. A obediência de Cristo (cf. Hb 10.5-7). Sua vida de obediência, 1-12, é pre­ fa cia d a p elo câ n tic o d e re s su rre iç ã o do R e d e n to r, 1-3. A e x p r e s s ã o " a b r is te os m eus o u v id o s", 6, su g ere total o b e d iên ­ cia, referindo-se ou ao ato de furar a ore­ lha de um servo (Ex 21.6) ou à receptivida­ de e o b e d iê n c ia à P a la v ra de D eu s (Is 50.4-5). O fruto da obra do Redentor é es­ boçado, 13-17, quando Ele ora com o aque­ le que carrega o pecad o do seu povo. Salmo 41. A traição do M essias. A expe­ riên cia de D avi, 9, p ren u n cia a de C risto (Jo 13.18-19). O v. 13 será o clam or do Isra­ el redifriido com o resu ltad o da red en ção do M essias.

42—49. Da tribulação às bênçãos do reino Esses salm os abrem o Livro 2 do Salté­ rio, que com eça com a op ressão dos p ie­

Salmos t 225 1

Monumento assírio retrata músicos que viviam no cativeiro.

dosos rem anescentes hebreu s dos últim os dias, e term ina com SI 72, o grande Salmo do Reino do Saltério. O prim eiro grupo (4249) apresenta aspectos d esse cenário con ­ turbado e a libertação final. Salm o 42. Esperar em D eus na aflição, 1-6, é d escrita com a tónica da fé e o con­ so lo da e sp era n ça , 7-11. E um salm o de "m a sk il" (instru ção) p ara os rem an escen ­ tes pied osos do terrível tem po da tribu la­ ção (Dn 12.1). Salm o 43. C lam or a D eus con tra os in i­ m igos, ou seja, os fra u d u len to s, 2, e sua n a ção in íq u a . SI 43 é co n tin u a ç ã o de SI 4 2 (cf. a S e p tu a g in ta , q u e faz d eles um só s a lm o ). Salmo 44. Clam or mais intenso por auxí­ lio. O salm ista suplica a D eus que ordene a lib erta çã o , 1-8. U m p e río d o de g ran d e perigo para a nação afeta o lam ento, 9-21, possivelm ente prefigurando a G rande Tri­ bulação (cf. Ap 4.1 — 19.16). Essa angústia dem anda auxílio, 22-26.

Salmo 45. A resposta: o advento glorio­ so do Rei M essias. Sua m ajestade e poder, 1-5. Predizem -se seu dom ínio e glória, 6-8, e aqueles que partilharão do seu reino, 1719 (cf. Hb 1.8-9 e Is 11.1-2). Salmo 46. A libertação da tribulação e suas con sequ ên cias. Esse grande período de perturbações, 1-3, é seguido pela vinda do M essias em poder e glória, 4-7, e pelo e sta b e le cim en to do rein o, 8-11. " S e lá " é algum tipo de instrução litúrgica, cujo sig­ nificado é hoje incerto. Salmo 47. O Rei Messias no seu reino é visto em meio aos seus redimidos, 1-5, o alvo de louvor do povo que ele resgatou, 6-9. Salm o 48. As nações são julgadas. O rei­ no se estabelece. Jerusalém é tida com o a capital da terra na Era do Reino, 1-3 (cf. Is 2.1-5). A s nações são julgadas, 4-7, e o rei­ no se firma, 8-14 (cf. M q 4.1-10; Zc 14.9-21). Salmo 49. Transitoriedade do ímpio e sua riqu eza. Faz-se um contraste com a sorte do ju sto que confia no Senhor.

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50—51. 0 Deus justo e seu povo penitente Salmo 50. Deus exige santidade. Deus vem a Israel na sua ju stiça revelada e exi­ ge justiça do seu povo, 1-6; não m ero ritualism o, 7-15, mas realidade espiritual, 1622, que por sua vez resultará na revelação da salvação de Deus, 23. Salmo 51. O pecador em profunda peni­ tência. Esse é um dos maiores salmos peni­ tenciais. O grande pecado de D avi (adulté­ rio e assassinato) é con fessad o d iante de Deus e perdoado. O pecador, 1-2, torna-se penitente, 3-11, e recebe o perdão, 12-17, tor­ nando-se então intercessor de Sião, 18-19.

52—55. 0 tempo de tribulação de Israel E sse s q u a tro s a lm o s sã o o d e s de "m ask il" (instru ção), que esp elh am a ex ­ periência de a fliçã o do p ró p rio sa lm ista (Davi). Também podem ser proféticos, pre­ vendo as tribulações de Israel nos últim os dias, sob o jugo do falso m essias (Zc 11.1517; 2Ts 2.7-12). Salmo 52. O tirano ím pio e sua destrui­ ção. O caráter do ím pio (Doegue, o edom ita), 1-7, co n trastad o v iv id a m e n te com o caráter do piedoso salm ista, 8-9, fornece a base histórica para a d escrição de um ti­ rano arro gan te que so frerá a retrib u içã o de Deus (ISm 21.7; 22.9, 18, 22). Salmo 53. Um a era de apostasia. Predizem-se o último dia de negação de Deus, 1; impiedade, depravação, 2-3, e perseguição do povo de Deus, 4. Vem então a condena­ ção sobre os apóstatas, 5. O piedoso rem a­ nescente ora pelo advento do Messias e pela restauração de Israel, 6. SI 53 é quase idên­ tico a SI 14, mas usa Eloim em vez de Jeová. Salmo 54. Petições dos piedosos. A trai­ ção de Davi pelos zifeus (IS m 23.19-27) é o pano de fundo histórico desse salm o e ofe­ rece um p aralelo p ro fético às orações, 13, dos santos judeus anteriores ao ad ven ­ to do M essias, 4-7. Salm o 55. No tu rb ilhão da grande a fli­ ção. A vil d eserção de A ito fel, até então co n fiáv el co n s e lh e iro de D av i, que p a s­

sa p ara o lad o do tra id o r A b sa lã o (2Sm 15.12 — 17.23), é o fato h istó rico que p ro ­ v o co u a p ro fu n d a a n g ú stia do sa lm ista , 3, e su a a n s ie d a d e p o r e s c a p a r d a tr a ­ m a, 4-8. Je ru sa lé m se to rn ara um a cid a ­ de de v iolên cia e d ispu ta, 9-11, por causa da traição de A ito fel, 12-15. A con fiança de D avi no au xílio divino, 16-19, foi p ro fe­ rid a en q u an to ele ain d a sofria esse clá s­ sico caso de traição , 20 -21 . In d icam -se o consolo para o ju sto e a cond enação para o ím pio, 22-23 (cf. 2Sm 17.23).

56—60. Provações dos santos antes da bênção Salmo 56. Louvor pela antevisão da li­ bertação. Davi viu-se cercado por dois ini­ migos, seu próprio povo e os filisteus, quan­ d o v iv ia e n tre e s t e s em G a te (IS m 2 7 .1 —28.22). Sua confiança e consolo, 1-9, g eraram g arantia de lib ertação, 10 — 13. Salmo 57. Libertação na angústia. Davi cla­ ma a Deus, 1-5, em meio a inimigos e perigos quando se livra de Saul num a caverna em Adulão (ISm 22.1; 24.3). Quando sua atenção se afastou das circunstâncias presentes, seu coração se concentrou no D eus de m iseri­ córdia e verdade, e veio o triunfo, 6-11. Salmo 58. C ondenação para os ímpios. Eles p recisam sofrer castig o, 1-5. D escreve-se a execução do castigo, 6-11. Salmo 59. O ódio dos ím pios pelos jus­ tos. Essa cruel an im osid ad e se reflete no lam en to de D avi q u and o Sau l tentou arm ar-lhe cilada na sua casa (IS m 19.10.17). F oi então que o salm ista exp erim en tou o ó d io d os p e ca d o re s que to d o s os sa n to s de D eu s p erio d ica m en te conh ecem . Salmo 60. Um lamento nacional. Um re­ vés temporário de Davi na guerra contra os siros e edom itas (2Sm 8.3-14) ocasionou o lam ento, 1-5, a ser ecoad o pelos rem anes­ centes israelitas no final dos tempos, 6-12.

61—68. Dos sofrimentos ã bênção do reino E ssa série, p e la s e x p e riê n c ia s do s a l­ m ista, reflete não só o clam or sentido dos santos sofred ores em geral, m as dos p ie­

Salmos 1227 1

Salmo 65. A restauração da terra no mi­ lénio. Tornam -se realid ade as bênçãos es­ pirituais, 1-5, bem com o as tem porais e os b en efício s m ateriais, 6-13. Salm os 6 5 —68 descrevem os "tem p o s da restau ração de to d a s as co isa s, de q u e D eu s fa lo u por b o c a d o s seu s s a n to s p r o fe ta s d e s d e a antiguidade" (At 3.21). Salm o 66. Adoração e louvor no reino. R e la ta m -s e as p o d e ro sa s lib e rta ç õ e s de Deus, 1-7, resultando na adoração por parte de Israel, 8-20. Salmo 67. Reino pleno de alegria e bên­ ç ã o s . A s n a ç õ e s c o n h ece m e lo u v a m a D eu s, 1-4, g eran d o um a era de p ro sp eri­ dade mundial, 5-6. Salm o 68. C onsum ação da redenção. A a le g ria de Isra e l n o re in o é o re su lta d o das p o d e ro sa s lib e rta ç õ e s do Sen h o r, 120. O v. 18 é citado em Ef 4.7-16 a respeito do m in isté rio de C risto na ascen são . Is­ rael é n o v a m en te reu n id o, e seu s in im i­ gos dos ú ltim o s d ias são d estru íd os, 2123. C elebra-se a bênção plena e un iversal do reino, 24-35.

d osos de Israel no p erío d o de tribu lação que preced erá a Era do Reino. Salm o 61. O ração p elo rei. O lam ento pessoal de Davi, 1-5, talvez com posto du­ rante d istante exp ed ição ou n o tem po da re b e liã o de A b salão , e x p re ssa o sen tid o clam or dos p ied oso s da n ação qde ansei­ am pelo advento do M essias, que virá es­ tab elecer o rein o. A p etição p elo rei, 6-8, vai além do rei D avi e alcança o R ei-M essias, com o in terp reta corretam en te o Targum , antigo com entário judaico. Salmo 62. Os santos aguardam confian­ tes a libertação. A espera de D avi na fé, 1-4, tem su a expectativa som en te em D eus, 58, e não na vaidade do hom em , 9-12. Salmo 63. A sede dos santos por Deus. O a rd e n te d e se jo de D a v i p e la co m u n h ã o com D eus, ap esar das suas p ro vações no d e s e rto , 1-8, p re fig u ra o se n tim e n to de todo verdadeiro santo em tribulação, 9-11. Salmo 6 4 .0 destino dos ím pios. Sua ou­ sada im piedade, 1-6, será julgada, 7-9, e os re m a n e scen tes p ied o so s se a leg ra rã o no Senhor, 10.

G ru p ó de jo v e n s iu d e y s p e re g rin o s cam in h a para a M uralha Ç cid e ítta l, a últim a parte rem anescen te do tem plo, em Jeru salém . Eles ento am salm os ou cân tico s de ro m agem , assim'1ciQ£n.o fa zia m seu s a n te p a ssa d o s m u ito s sécu To Satrás.

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I 228 ] Salmos

69—72. Cristo rejeitado e exaltado Salm o 69. Os sofrim en tos do M essias rejeitad o. Ele é od iad o sem m otiv o, 1-6; sofre censura, 7-12; e ora , 13-21. D escre­ ve-se o castigo dos seu s inim ig os, 22-28. D ep o is vêm sua e x a lta ç ã o e g ló ria , 2 9 36. S o b re 14-20, cf. as e x p e r iê n c ia s de C risto no G etsêm an i (M l 2 6 .3 6 -4 5 ). O v. 21 está ligado à cruz (M t 27.48; M c 15.36; Lc 23.36; Jo 19.28-29). A t 1.20 lem bra o v. 25. Esse salm o n o tá v e l ilu stra o p ro fu n ­ do e stilo p ro fé tic o que c a ra c te riz a S a l­ mos (cf. Lc 24.44). Salmo 70. A oração de Israel por liberta­ ção lembra e rep ete Sl 40.13-17, a oração de Davi em m om ento de grande aflição. Salmo 71. Cântico de esperança de Israel. O salmista declara sua fé, 1-18, provocando revivescência e vitória espirituais, 19-24. Salmo 72. O grande salm o do reino. O rei é em possado, 1-4. D escrevem -se a ex­ tensão do reino, 5-11, e suas bênçãos, 1220. Tod as as o ra çõ e s de D avi, 20, te rã o cumprimento no reino (cf. 2Sm 23.1-4).

73—83. Salmos de Asafe a respeito do santuário O Livro 3 do Saltério, Salm os 73 — 89, aborda a santidade do santuário do Senhor. Essa seção já foi co m p a ra d a a L ev ítico . Onze salmos são de Asafe, líder do coro de Davi (lC r 6.39) e com positor (2Cr 29.30). Salmo 73. O problem a da prosperidade dos ímpios. A desconcertante pergunta é a m esm a Jó: Por que os ím pios prosperam , 1-9, e os justos sofrem , 10-14? A justiça de Deus e a santidade do santuário fornecem uma resposta ao salm ista, 15-28. Salmo 74. Profanação do santuário pelo inimigo. A visão do inim igo no santuário, 1-9, vai além do pano de fundo histórico do salm o, a destruição babilónia de 586 a.C., ou a profanação de A ntíoco Epífanes. Será cum prida no A nticristo do final dos tem ­ pos (M t 24.15). O ra-se por intervenção d i­ vina, 10-23. Salmo 75. Intervenção divina em favor do santuário. O Messias, o reto Juiz, 1-7, execu­ ta seu juízo na sua segunda vinda, 8-10.

Salmo 76. Estabelece-se o governo divino. O Senhor reina em Sião, 1-3, como consequ­ ência da condenação dos ímpios, 4-12. Salmo 77. O santo atribulado, 1-10, en­ co n tra co n so lo na lem b ra n ça de lib e rta ­ ções p assad as, 11-20. Salm o 78. Deus se faz presente na histó­ ria de Israel, 1-55, apesar da contínua pro­ v o ca çã o do seu p o v o, 56-64. A g raça se revela a Davi, 65-72. Salmo 79. Oração pela condenação dos inim igos de Jerusalém . Esse lamento indica algum a grande calam idade nacional, como a invasão de Sisaq u e, a queda da cidad e diante dos babilónios ou de A ntíoco Epífa­ nes. Mas o significado profético encontra­ rá cu m p rim en to d e fin itiv o na Jeru sa lém d om in ad a pelo falso m essias, q u and o as cru eld ad es de A n tíoco E pífanes serão re­ petidas (cf. Ap 11.3-12). Salmo 80. Clamor pela restauração da na­ ção de Israel. O Senhor, o Pastor de Israel (Gn 49.24), é invocado, 1-2, para restaurar, 3, 7, a nação castigada e dispersa, 4-6. Usando o sím ile da videira (cf. Is 5.1-7), o salm ista d escreve a red enção da n ação na partida do Egito, 8-13, que se torna a base do apelo pela restauração final antes do reino, 14-16, pelo Messias, “o filho do homem que forta­ leceste para ti", 17, que sairá em busca das suas ovelhas dispersas, 18-19, para restau­ rá-las, 19. (Cf. 3, 7, 19 com Ez 34.11-31). Salmo 81. A reunião de Israel. O troar das trom betas prefigura a reunião de Israel no final dos tempos, 1-5, a resposta à oração de Sl 80.3, 7, 19. A restauração se expõe contra o pano de fundo da libertação do ju g o do Egito, 6-10, e a subsequente desobediência e consequente castigo da nação, 11-16. Salmo 8 2 .0 juízo que precederá o reino. D eus assum e seu lu g ar com o Ju iz su p re­ m o e reto, la , para ju lg ar as nações e m i­ n istra r a ju stiça, em con traste com ju iz es iníquos, *1b-7. Seu direito de ju lgar está no fato de que todas as nações lhe pertence­ rão quando ele tom ar posse do reino, 8. Salmo 83. A derrota dos inim igos de Is­ rael. Os inim igos da nação nos dias do au­ tor, 1-8, prefiguram a coalizão final e sua com p leta d errota, 9-1 8 (cf. Is 10.28-34; J1 2.1-11; D n 11.36-42; Z c 12.2).

Salmos [ 229 1

84—89. A oração resulta na glória do reino Salmo 84. A vitalidade espiritual do reino. A adoração revigorada, 1-4; a fé, 5-8; e o ser­ viço, 9-12, são realizados pela manifestação do Senhor na pessoa do Ungido de Deus, 9, sol (cf. Sl 80.3, 7, 9) e escudo de Israel, 11. Salmo 85. A prom essa de bênção no rei­ no. E n tre os b e n e fíc io s , 1-3, a lca n ça d o s pela o ra çã o , 4-9, e stã o a ju s tiç a e a paz m ilenária, 10-13. Salmo 86. A oração, 1-9, e o louvor, 1017, encontram plena realização na Era do Reino, com o dem onstra 9 (cf. Is 2.1-5). Salmo 87. Sião alcança glória no reino. Sião (Jeru salém ) é honrada, 1-6, acim a de todas as cid ad es e celeb rad a com o fonte de bênçãos, 7. Salmo 88. O profundo clam or do aflito, 1-7, aparentem ente sem resposta, 8-18, re­ trata as ten eb ro sas ex p e riên cia s dos p ie­ d osos em Israel. Salmo 89. A fidelidade de Deus, 1-18, se manifesta no cumprimento da aliança daví­ dica, 19-37 (cf. 2Sm 7.9-14, 27), que pode se referir somente a Emanuel (Is 7.13-15; 9.6-7; Mq 5.2). A súplica do remanescentes piedo­ sos (cf. Is 1.9; Rm 11.5) pede a cessação do castigo infligido à casa de Davi, 38-52.

90—93. Das perambulações do pecado ao descanso da redenção O Livro 4 do Saltério, Salm os 90-106, é com parado por alguns a N úm eros, o livro da p eram b u lação pelo d eserto (cf. Sl 90). C o n tém n u m e ro s o s sa lm o s que d e s c re ­ vem o p e río d o em que as p e rip é cia s do povo de D eus no deserto chegam ao final, com glória para Israel e as nações. Salmo 90. A penosa condição do homem caíd o. M o isés m ed ita sobre a frag ilid ad e hum ana e a m orte provocad as pelo peca­ do, 1-10. Ele ora pela intervenção de Deus em nom e do hom em pecador, 11-17. Salmo 9 1 .0 homem redim ido em com u­ nhão com Deus. Sua confiança em Deus, 12, enquanto cam inha por entre os hom ens "sob a som bra do A ltíssim o", "à sombra do

O nipotente", gera segurança, 3-8, triunfo e exaltação, 9-16. Satanás percebeu que esse salm o se aplicava a Jesus, 11-12 (cf. Mt 4.6). Salmo 92. Cântico de louvor pelo descan­ so definitivo (Cântico do Sábado), como con­ sequência da "o b ra" redentora de Deus, 4; sua conquista dos inim igos de seu povo, 59; e o favor que dispensa a este povo seu, 10-15. A aplicação do salm o é eterna. Seu cum prim ento, porém , é milenar. Salmo 9 3 .0 reino milenar do Senhor (cf. Ap 11.15-18). O Senhor inicia o seu reinado sob re a terra em santidade, 5.

94—100. 0 juízo e as glórias da era vindoura Salm o 94. O juízo dos ím pios. Ora-se pedindo a vingança divina contra os ím pi­ os, 1-13. O s ju stos são consolad os, 14-23, en qu an to seus in im igos e os inim igos de D eus sofrem a d estruição. Salmo 95. Adoração e júbilo diante da perspectiva do advento do Rei-Salvador de Israel. Seu direito de reinar deriva de a ter­ ra, 1-5, e o hom em ser p ro p ried a d e sua com o resultado da Criação e da redenção, 6-7a. A q u eles que e stã o p restes a en trar no rep o u so no rein o d evem se p recav er contra a desobediência dos que perderam o resto de Canaã, 7b-\ 1 (cf. Hb 3.7-11). Salm o 96. A segunda vinda. O Senhor é suprem o, 1-6. A C riação celebra, 7-13. O "cântico novo" é baseado na conclusão da red en çã o e seu s efetiv o s b en e fício s para o hom em e a terra (cf. Sl 98.1-3). Salm o 97. O Rei reina, 1-5. Indicam -se os resultados do seu reinado, 6-12. Salm o 98. O novo cântico de triunfo. T od a a C ria ç ã o é ch a m a d a a c e le b ra r o estabelecim en to do reinado do Sen hor na terra com um novo cântico, 1-9. Salm o 99. O reinado terreno do Senhor. E le é o so b era n o da te rra , 1-3. "... ele é san to" é o refrão, 5, 9. Seu reino será justo, 4-5; seus atos, fiéis, 6-9. Salmo 100. Louvor do reino de Israel. O cham ado para ad orar é feito com base na d ivind ad e do Rei e na red enção operada p o r ele para os seus, 2, e no fato da sua bon d ade e m isericordiosa aliança, 5.

[ 230 I Salmos

101—106. 0 rei justo é humilhado e glorificado

107—108. As libertações de Israel e seu louvor a Deus

Salmo 101.0 Rei justo e seu reinado. Davi fala com o um profeta sobre o verd ad eiro caráter do Rei, 1-3, e seu justo reinado, 4-8. Salmo 102. Cristo Rei na sua rejeição. A referência aos v. 25-27 em Hb 1.10-12 de­ m onstra que essa ode prediz a aflição e a angústia do H om em -D eus. Salmo 103. O louvor do reino de Israel é elevado pelas b ênçãos da plena salvação, 1-7; pelo caráter m isericord ioso de D eus, 8-18; e por Ele estabelecer o reino, 19-22 Salmo 104. Louvor da criação ao Cria­ dor, o Cristo-M essias, 1-9 (cf. 4 com H b 1.7), po is sua C ria çã o ag e m a n ife s ta n d o su a bondade e grandeza, 10-35. Salmo 105. R etrospecto histórico. Cele­ bram-se os prodígios do êxodo do Egito. Salmo 106. R etrospecto histórico. Lembram -se a bondade e a paciência de D eus nas p eram b u lações pelo d eserto.

O Livro 5 do Saltério, Salmos 107-150, é com p a ra d o por alg u n s a D eu tero n ô m io . Expõe as relaçõ es d iv in as com Israel que resultam na libertação tanto do povo Isra­ el quanto de toda a criação. O livro termina com um Coro de Aleluia pela redenção. Salmo 107. As misericórdias de Deus para com Israel. R ep assam -se a reunião e res­ tauração final do povo de Deus, 1-9 (cf. Dt 30.1-10); sua libertação do jugo, 10-16, ape­ sar da insensatez, 17-22, e inquietude, 2332. R e g is tra -se seu lo u v o r a D eu s p e la s lib ertações, 33-43. Salmo 108. Israel louva a Deus, 1-4, pela sua herança, 5-9, por meio do Senhor, 10-13.

Pôr• do sol nó . Y & Z sm i: : ( „ mar da Galiléia. Do nascer ao pôr do sol, lou vado seja o nome do Senhor!

109—113. Cristo é rejeitado, exaltado e surge na glória vindoura Salmo 109. Prediz-se a rejeição de Cris­ to. Davi, com o profeta, vê o Cristo despre­ zado e rejeitado, 1-5, Seus acusadores e a condenação desses, 6-20 (cf. 8 e A t 1.20). A voz do R ejeitad o ecoa em 21-25, e fundese à voz dos ú ltim o s rem a n e scen tes, 2 631, identificados com ele. Salm o 110. C risto com o S acerdote-R ei. C risto, filho e Sen h or (su a d ivind ad e) de D a v i é e x a lta d o em r e s s u r r e iç ã o e a s ­ censão, 1 (cf. Jo 20.17; A t 7.56), e aguarda até que seu s in im ig o s sejam d om inad os. D escre v e -se su a seg u n d a v in d a , 2-3, na qual rea liz a rá esse feito, rein an d o com o S a c e r d o te -R e i c o n fo rm e seu e te r n o s a ­ cerd ócio, 4 (Hb 5.6; 6.20; 7.21). P rofetizam se seus ju íz o s e vitórias an teriores à g ló­ ria do seu rein o, 5 -7 (cf. J1 3.9-17; Z c 14.1-4; Ap 19.11-21). Salmo* 111. Aleluia! O Sacerdote-Rei é entronizado (cf. Sl 110). Prim eiro dos sal­ m os de aleluia ("lo u vad o seja o Sen h or"). Sua obra redentora é louvada (Lc 1.68). Salmo 112. Aleluia! Os justos são recom ­ pensados pelo Sacerdote-Rei entronizado. Salmo 113. Aleluia! Louvado seja o Senhor pelo que ele é, 1-6, e pelo que ele faz, 7-9.

Salmos ( 231 I

114—117. Libertações passadas e louvor futuro Salmo 114. R em em ora-se a libertação do jugo egípcio. A libertação futura está im plí­ cita na expectativa (cf. Jr 16.14-15). Salm o 115. O Deus de Israel. Contrastase quem ele é, 1-3, com o que são os íd o­ los, 4-8. Im plícito está que se pode confiar no Exaltado, 9-18. Salmo 116. Israel louva a Deus pela li­ bertação da m orte, 19. Esse salm o trata das te n e b ro sa s e x p e riê n cia s de so frim e n to e m artírio sem par, 15. O s piedosos que es­ capam agrad ecem a D eus, 10-19. Salmo 117. Louvor universal no reino. D epois do louvor, 1, vem o m otivo dele, 2.

118—119. 0 Messias e a Palavra de Deus são exaltados Salmo 118.0 Messias é exaltado como Pe­ dra Angular. Esse grandioso salmo de aleluia foi cantado ju ntam ente com Salm os 1 1 4 — 117; 136, pelo Senhor e seus discípulos, na celebração da Páscoa, na noite em que ele foi traído (Mt 26.30; Mc 14.26). Ele aplicou os v. 22-23 a si m esm o (Mt 21.42). O salm o olha além da rejeição da P ed ra (C risto), enxer­ gando a sua exaltação definitiva no reino. Salmo 119. A palavra de Deus é exaltada. E m b o ra a p lic á v e l a to d a s as g e ra ç õ e s , esse m ag n ífico a cró stico alfa b é tico (cada u m a d as 22 le tra s d o a lfa b e to h e b ra ic o o co rre oito vezes n a s 22 seçõ es) será fi­ n alm ente cu m p rid o q u an d o Israel, sob a n ov a aliança, tiver a lei escrita "n o co ra­ ção " (Jr 31.31-33).

120—134. Os salmos de romagem A p a re n te m e n te , e s s e s sa lm o s era m cantados quando os peregrinos subiam até Jeru salém para as festiv id ad es sagrad as. Salmo 120. O sofrim ento dos piedosos. A oração de D avi p ela libertação d os in i­ m ig o s e p e rse g u id o re s re sp ira o m esm o espírito do clam or dos piedosos aflitos de to d as as ép ocas. Salmo 121. O zelad or e preservador de Israel. Ele jam ais decepciona os seus, 1-8.

Salmo 122. Oração pela paz de Jerusa­ lém . Esse é um cântico que louva Sião como m eta dos peregrin os. U m grupo de pere­ g rin o s ch eg a para um a festiv id ad e e ad ­ m ira a cidade, 1-5, orand o por sua paz e prosperid ad e, 6-9. Salmo 123. C lam or por m isericórdia em m eio à aflição. A hum ilde dependência de Deus, 1-2, e um a súplica por misericórdia, 3-4, em face do desprezo dos orgulhosos e dos profanos. Salmo 124. Resposta à oração por m ise­ ricó rd ia . E ste salm o é a re sp o sta ao cla­ m or de Sl 123. Salmo 125. A recom pensa dos justos e o castigo dos ím pios. A expressão de fé sóli­ da, 1-3, e a oração por auxílio, 4-5, serão cu m pridas nas fu tu ras b ên ção s de Israel. Salmo 126. Cântico dos cativos que volta­ ram . A a leg ria das g raças p assad as, 1-3, inspira a oração pela restauração final, 4-6. Salmo 127. Louvado seja Deus, de quem derivam todas as bênçãos. A fé em Deus é essencial para toda prosperidade verdadei­ ra, 1-2. A dádiva de muitos filhos hom ens é um a bênção para um pai oriental, 3-5.

I 232 1 Salmos

Salmo 128. As bênçãos oriundas de Sião s erã o p le n a m e n te re a liz a d a s q u a n d o o Senhor reinar. Salm o 129. O Senhor, p reservad or de Israel, protegeu seu povo no passado, 1-4. O ra-se para que os inim igos de Israel não triunfem sobre ele, 5-8. Salmo 130. O Senhor, fiel redentor de Israel. A experiência pessoal de um cren­ te, 1-6, é modelo para a nação, 7-8. Salmo 131. O Senhor, esperança de Isra­ el. A experiência do salmista de serena sub­ missão, 1-2, é um exemplo para a nação, 3. Salmo 132. O M essias, filho de D avi, é e n tro n iz a d o . O in te re s s e de D avi p e la casa de Deus, 1-10, é recom p ensad o com a alian ça d av íd ica, 11-12. Ela será cu m ­ prid a p elo M e ssia s-R e i na sua seg u n d a vinda, 13-18. Salmo 133. As bênçãos da harm onia fra­ terna. Tal fraternid ad e é boa e agradável, 1, como a unção de Arão, 2, e com o o orva­ lho refrescante sobre o mt. H erm om , 3. É a atm osfera em que D eus dispensa a bên­ ção espiritual.

Salmo 134. Adoração abençoada. Os sa­ cerdotes são cham ados a render louvor ao Senhor, 1, e a abençoar a congregação, 2-3.

135—136. Israel restaurado em glorificadora adoração Salmo 135. A nação purificada adora (cf. Êx 19.4-5; Zc 3.7). O cham ado é para ado­ rar, 1-4, e v en erar aq u ele que co n tro la a natureza, 5-7; que redim iu a nação e a es­ tabeleceu na Palestina, 8-18; que está aci­ ma de todos os deuses e é, portanto, dig­ no de toda adoração, 19-21. Salm o 136. A nação redim ida louva a m isericórd ia de D eus. Sua m isericórdia é revelad a na C riação, 1-9; na red en ção de Israel, 10-15; nas p eram b u lações pelo de­ serto, 16; e na conqu ista de C anaã, 17-22. A seguir vem um resum o da m isericórdia de D eu s, 23-26. E ste salm o é ch am ad o o "G rande H allel" (cf. Sl 114-118) na liturgia da Páscoa judaica, e pode ter sido cantado por Cristo e seus discípulos depois da U lti­ ma Ceia (Mt 26.30; M c 14.26).

Salmos I 233 1

137—139. As experiências do povo de Deus à luz do seu Deus Salmo 137. A experiência do exílio olha além do C ativ eiro B abiló n io , enxerg an d o a restauração definitiva do final dos tem ­ pos, q u an d o os ad v e rsário s de Israel se­ rão castigados, 8-9 (cf. Is 13.16; 47.6). Salmo 138. O louvor ao Senhor, 1-3, cul­ m ina na plena bên ção do rein o, 4-6, m as traz bênçãos im ed iatas ao devoto, 78. Salmo 1 3 9 .0 Redentor-Criador de Israel é onisciente, 1-6; on ip resen te, 7-12; digno de todo o louvor, 13-18; justo e santo para castigar o pecado e os pecadores, 19-24.

140—143. Provações e tribulações do povo de Deus Salm os 140—143. O ração por libertação dos in im ig o s. E sses sa lm o s re fletem os vários sofrim entos de D avi. Ele clam a por ju stificação na sua angústia, e ora pela li­ b erta çã o e pela re sta u ra çã o da p ro sp eri­ dade espiritual.

144—145. As experiências de Davi espelham o futuro de Israel Salmo 144. Oração pela m anifestação do p od er do Senhor. D eus é louvado, 1-2, e seu auxílio é invocado diante da fraqueza do hom em , 3-4. Que o Senhor venha liber­

tar dos inim igos, 5-8. O "novo cântico" de red en ção de Israel, 9-11, será entoado na bênção do reino, 12-15 (cf. Sl 96.1; Ap 5.9; 14.3; 15.3). Salmo 145. A glória do M essias-Rei e seu re in o . Esse é um a cró stico a lfa b é tico de lou v or pessoal, 1-3; das obras m aravilh o­ sas do Senhor, 4-7; do seu amor, 8-9; e do seu zelo providencial para com suas cria­ turas, 14-21.

146—150. 0 grande aleluia final Cada um d esses cinco salm os com eça e term in a com A lelu ia, "L o u v a d o seja o S e n h o r" . Salmo 146. Aleluia! O Deus de Jacó, 1-2. Essa é a designação daquele que ama o pe­ cador desam parado com com paixão reden­ tora, 3-4; e que é, no entanto, o poderoso Criador, fiel, justo, providente, 5-7; o glorio­ so Salvador e Protetor, 8-9, e Rei eterno, 10. Salmo 147. Aleluia! Pelo seu poder e zelo providencial, 1-11, especialm ente para com Israel, 12-20. Salmo 148. Aleluia! Que todas as criatu­ ras louvem ao Senhor no céu, 1-6, e na ter­ ra, 7-14. Salmo 149. Aleluia! Cantem o novo cân­ tico de redenção. O Israel redim ido lidera o Coro de Aleluia, 1-3, pois o Senhor lhe deu a vitória, ju stificand o os seus, 4-9. Salmo 150. Aleluia! Crescendo apoteóti­ co de louvor universal. O propósito último da Criação é o louvor do Criador. Só Deus é digno. Aleluia!

Provérbios Compêndio de instrução moral e espiritual N atureza do livro . Dentre

A u d iên cia. O filho do autor

muito antiga, remontando na

os livros do AT, Provérbios é o mais típico da antiga literatura sapiencial do Oriente Próximo. É uma biblioteca de instrução moral e espiritual para os jovens, com o intuito de garantir uma vida piedosa e feliz e a recompensa na vida futura.

(1.8; 2.1) é presumivelmente Roboão, mas os preceitos são para todos os jovens (4.1), e num sentido mais amplo para todos os homens (8.1-5).

forma escrita a cerca de 2700 a.C. no Egito.

0 provérbio (heb. masal, possivelmente relacionado à raiz idêntica mst, que significa "reinar, go vernar".

especial semelhança com os provérbios de um autor egípcio cham ado Am enem ope (datados entre 1000 e 600 a.C.), mostrando a predominância desse tipo de literatura sapiencial fora da Bíblia. A literatura proverbial é

Tem o significado básico de "ser parecido, representar") é um curto preceito que

regula

ou rege a conduta e a vida, muitas vezes assumindo a forma de símile ou parábola. Muitos provérbios são parábolas condensadas. A uto ria. Muitos dos provérbios provêm de Salomão (1.1; 10.1; 25.1; cf. 1 Rs 4.32; 2Cr 1.10; Ec 12.9); alguns de Agur (30.1) e Lemuel (31.1), que são pessoas desconhecidas.

Os provérb ios e a literatura do O riente Próxim o. A seção 22.17— 24.34 guarda

Esboço 1.1—9.18 Livro 1. Provérbios de Salomão 10.1— 22.16 Livro 2. Várias máximas de Salomão 22.17— 24.34. Livro 3. As palavras dos sábios 25.1— 29.27. Livro 4. Provérbios copiados pelos escribas de Ezequias 30.1— 33. As palavras de Agur 31.1— 9. O conselho da rainha-mãe ao seu filho 31.10-31. A esposa virtuosa

Provérbios t 235 1

1. Propósito de Provérbios

4. A primazia da sabedoria

1-7. Prom over o saber e o viver piedoso. O v. 7 dá o tem a de todo o livro. A reveren­ d a diante de D eus é o prelúdio essencial a toda sabed oria e ao viver bem -sucedid o. 8-19. A disciplina doméstica é uina salva­ guarda moral contra um a vida de crimes. 20-33. A sabedoria é personificada como profetiza e professora. Ela m ostra a insen­ sa te z d a q u ele s que re je ita m a in stru çã o m oral e a disciplina.

1-19. Tanto no m estre com o no aluno. O m estre aprendeu a sabedoria com os pais, 1-9, e o aluno é adm oestado igualm ente a receber o saber e tirar p ro v eito dele, 1019, com o prind pal aquisição da vida. 20-27. A prática da sabedoria gera vida, saúde e integrid ad e.

2—3. Frutos da busca da sabedoria.

5.1-14. Enfatizam -se os lim ites contra os pecados sexuais, desaconselhando-se a in­ fidelidade conjugal, 15-23. 6.1-35. L im ites contra vários pecados. M e n c io n a m -se a d ív id a , fa v o re c e n d o a segurança (ser fiador de em préstim os), 15; a preguiça, 6-11; o m exerico irresponsá­ vel, 12-15; a im piedade em geral, 16-19; e o adultério, 20-35. 7.1-27. Lim ites contra a m u lh er prom ís­ cu a. A sa b e d o ria é p e rso n ific a d a , 4 (cf. 1.20-33).

2.1-22. A promessa de sabedoria. A busca do saber traz o conhecimento de Deus, 5; gera salvaguardas morais, 6-15; liberta da mulher promíscua, 16-19; e dá prosperidade, 20-22. 3.1-35. Os preceitos sapiendais resultam em bem -estar físico e espiritual, 1.10. Até a ad­ versidade se to m a a disciplina de um pai amoroso, 11-12, e inculca um verdadeiro sen­ so de valores, 13-18, com preensão da Cria­ ção de Deus, 19-20, e justiça prática, 21-35.

5—7. A sabedoria gera limites morais

Mulheres trabalham no campo, nas redondezas da antiga cidade de Samaria. O livro de Provérbios incentiva o trabalho.

[ 236 i Provérbios

8. Notável revelação da identidade da sabedoria 1.21. A sabedoria personificada. Seu cha­ m ado, 1-5, é seguido pelo anúncio do seu valor, 6-11; sua autoridade, 12-16; suas re­ com pen sas, 17-21. 22-31. A revelação da id en tid ad e da sa­ b edoria personificada. A sabedoria com o p esso a se rev ela com o o C ris to p ré -e n carnado (em bora alguns estu d io sos o te­ n h am n eg ad o ). A qui a s a b e d o ria se r e ­ v ela co e tân e a e c o e x is te n te com D eu s. "O S e n h o r me possuía [e não criou] no in í­ cio de sua obra, antes de suas obras m ais a n tig a s", 22. E sse in ício , com o Jo ã o 1.1: "N o princípio era o V erb o ...", é um in ício a b so lu ta m e n te in te m p o ra l. E ssa p a s s a ­ gem m agnífica antecip a IC o 1.30; Jo 1.13; Hb 1.1-3. 32-36. Apelo renovado. Notavelmente ver­ dadeiro é dizer que é "feliz" aquele que en­ contra a Deus, 32, 34, pois ele encontra vida em Cristo, a verdadeira sabedoria de Deus.

9. Contraste entre sabedoria e insensatez 1.12. O convite da sabedoria. A sabedo­ ria personificada (que se revela Cristo) faz um convite (Mt 11.28-29; cf. Lc 14.15-24). 13-18. A sedução da insensatez. A insen­ satez é tam bém person ificad a com o um a m u lher lou ca, e aq u eles que a p referem ao Senhor cortejam a m orte e o inferno.

10.1—22.16. Contraste entre o piedoso e o ímpio, e outras máximas

14.1-35. O contraste entre o sábio e o in­ sensato, o rico e o pobre. 15.1-33. O cam inho m elhor da sabedoria e do servir a Deus. 16.1-33. O cam inho m elhor de viver ser­ vindo ao Senhor. 1 7 .1 -1 8 .2 4 . Várias m áxim as que regem a boa conduta. 1 9 .1 - 2 2 .1 6 . V ários provérbios que re­ gem a conduta pessoal.

22.17—24.34. As palavras do sábio E sta seçã o , L iv ro 3, re v e la a fin id a d e com a Sab ed oria de A m enem o p e (v. a ci­ ma). Trata-se das in stru ções do professor ao seu aluno ("filh o "), que está sendo edu­ cado para um posto de responsabilid ad e. 22 -1 7 .2 1 . In tro d u çã o . A S a b ed o ria de A m en em o p e, texto eg íp cio , tem tam bém trin ta s e ç õ e s , d as q u a is d ez e n c o n tra m p aralelos aqui. 23.1-35. V árias exo rtaçõ es. Tratam de com o se p o rta r com o con v id ad o, 1-8; do falar, 9; da rem oção de um m arco, 10-11; da disciplina dos pais, 12-14, etc. 24.1-34. Acrescentam-se várias exortações. Elas tratam da inveja, 1-2; da sabedoria etc.

25—29. Provérbios copiados pelos escribas de Ezequias C onstitu em o L iv ro 4 e consistem em provérbios isolad os que regem a conduta m oral. Foram coligidos no tem po de E ze­ quias (716-687 a.C.). 25.1-28. Im põe-se a sábia conduta diante de um rei, 1-7; n a corte, 8-10; no falar, 1118; no lidar com inim igos, 19-22 etc. 26.1-28. Outros pecados. Destacados são o insensato, 1-12; o preguiçoso, 13-16; o intro­ metido, o intrigante, 17-20, 22-23; o contencio­ so, 21; o que odeia, 24-26; e o mentiroso, 28. 2 7 .1 - 2 9 .2 7 . D iversas outras m áxim as. Abrangem diferentes aspectos da conduta.

1 0 .1 -1 1 .3 1 .0 contraste na vida e na con­ duta se faz em matéria de trabalho, diligên­ cia, ambição, discurso, verdade, estabilida­ de, h on estid ad e, in teg rid ad e, fid elid a d e, orientação, afabilidade, bondade etc. 12.1-28. Faz-se o contraste em relação a 30. As palavras de Agur v árias co n d içõ es, em p en sam en to, p a la ­ 1-10. O poder, a verdade e a centralidade vras, nas relaçõ es d om ésticas etc. de Deus tanto espantavam Agur (persona­ 13.1-25. O contraste em relação à vanta­ gem desconhecido) de M assá (cf. Gn 25.14) gem e à desvantagem .

Provérbios [ 237 ]

que ele se hu m ilha e adm ite sua ignorân­ cia, 1-3. (Cf. Jó 42.1-6 com o consequência do poder de D eus revelado a Jó, caps. 4041). Esse Deus deve ocupar lugar de desta­ que na vida de A gur diante dos perigos da riqueza e seu orgulho, ou da pobreza, 7-9, e seu d esesp ero, 10. 11-17. D enunciam -se velhacos e extorsion ários pelas suas co n trap artes na n a tu ­ reza, de coisas "q u e nunca se fartam " — a sanguessuga, 15; a sepultura, o ventre es­ téril, a terra ressequida, e o fogo, 16. 18-20. Denúnda da adultera sem-vergonha, por meio de quatro prodígios da natureza: o vôo da águia, o serpentear da cobra, o sin­ grar do navio e o caminho do hom em com uma donzela (cf. 2.16-20; 5.1-23; 23.27 etc.). 21-23. Denúnda do arrogante, do insensato. 24-33. Denúncia do indolente, do bagun­ ceiro, do covarde, pela d iligente form iga, pelas hu m ild es arganazes, pelos ord eiros g a fa n h o to s e p e lo s frá g e is la g a rto s (g ecos); p elo d estem id o leão, p elo e m p e rti­ gado galo, pelo bode e pelo rei. Faz-se um alerta contra as d isputas, 32-33. Provérbios num éricos. A literatura poé­ tica hebraica m u itas vezes traz a fórm ula x, x+1 (e.g. para três [...] para quatro). Essa estru tu ra paralela sig n ifica to talid ad e ou com pletitude (cf. Jó 33.14; Am 1.3—2.16).

31.1-9. 0 conselho da rainha-mãe ao seu filho

p erm an ece in id en tificáv el, e M assá pode ser um topónim o (cf. G n 25.14), ou simples­ m ente "rei Lemuel — um oráculo". 2-9. O alerta m aternal, em forma nega­ tiva, pretende afastar a luxúria, 3, e a bebi­ da forte, 4-7; e, em form a positiva, aconse­ lha o reger ju sto e im parcial, 8-9.

31.10-31. As virtudes da esposa ideal E ste ex ce le n te p o em a -a cró stico (cada v erso com eça com um a letra do alfabeto h ebraico) é u m a fina pérola da literatu ra sapiencial. Pode ser parte do conselho da rainha-m ãe ao seu filho, 31.1-9, ou um poe­ m a sep a ra d o . 10-28. O caráter da esposa ideal. Ela é inestim ável, 10; confiável, 11; diligente, 1219; caridosa e desprendia, 20-22; uma bên­ ção para o marido, 23; possui tino para os n eg ó cio s, 24; é forte, h on rad a, 25; sábia, p ro v id e n te , 26 -2 7 ; e re sp eita d a e am ada pelos seus filhos, 28. 29-31. A apreciação do autor sobre ela. Ela é superior, 29. Deduzem -se dois provérbios apensos sobre a mulher virtuosa, 30-31. O valor da mulher. Contrariando os crí­ tico s que aleg am ter a B íb lia um a visão pejorativa das m ulheres, essa d escrição é altam ente exaltad ora, pois concebe a m u­ lh er d esem p en h an d o m u ito s p ap éis eco­ nóm icos na fam ília.

1. As palavras de Lemuel são um a lição dupla ensinada a ele por sua mãe. Seu nome

Segundo Provérbios 31, a mulher virtuosa é aquela de valor inestimável, digna de confiança, trabalhadeira, caridosa, altruísta, forte, digna, sábia, previdente, respeitada e amada por seus filhos.

Eclesiastes 0 pensar e o viver fútil do homem natural Lu g a r no cânon. Na Bíblia hebraica, o livro consta da terceira divisão, ao lado dos

Megillôt (Cântico dos Cânticos, Rute, Lam entações de Jeremias, Ester), usados em festividades especiais. Eclesiastes era lido na Festa dos Tabernáculos, no outono. Na ordem inglesa, consta da literatura sapiencial, depois de Provérbios. Como seu significado é freq u en tem en te mal compreendido, seu lugar legítimo no cânon é, às vezes, alvo de controvérsia.

D ificuldade do livro. Eclesiastes é talvez o livro mais desconcertante e desnorteante da Bíblia para o leitor mediano. Razões: (1) seu ar de impotente desespero, retratando o vazio e a decepção da vida. (2) A falta de um tom de louvor ou paz, em contraste com outros livros

sapienciais das Escrituras. (3) A aparente sanção de condutas reprovadas no restante das

sete vezes). (2) Deve-se entender que o propósito do livro é demonstrar ao homem

Escrituras.

natural o completo vazio daquilo que há "debaixo do sol", separado daquilo que está acima do sol, i.e., a revelação e a salvação de Deus.

N atureza e propósito do livro. As dificuldades podem ser resolvidas somente por uma visão correta da natureza e do propósito do livro. (1) Deve primeiramente ser entendido como o livro do homem natural — seus raciocínios e ações afastados do Espírito de Deus e da revelação divina (cf. 1Co 2.14). Esse é o significado da característica expressão "debaixo do sol", que ocorre 29 vezes. É por isso que não se usa o nome da aliança — "Senhor" (Jeová) — , mas apenas Eloim, como Criador. Portanto, na maior parte dâs suas meditações, o autor se limita à revelação natural (a luz que a natureza concede) e à razão humana (cf. a expressão "disse comigo", que ocorre

Esboço 1.1-3. O tema. O supremo vazio da vida sem Deus 1.4— 3.22 Demonstração do tema 4.1— 12.8. Desenvolvimento do tema 12.9-14. Tira-se uma conclusão

Cemitério no Monte das Oliveiras, em Jerusalém. O propósito de Eclesiastes é demonstrar ao homem natural o completo vazio

1.1-3. 0 tema do livro Veja "N a tu re z a e p ro p ósito do liv ro ", acim a. "V aid ad e de vaid ad es" é um a ex ­ p re ssão h e b ra ica que sig n ifica a "v a id a ­ d e" ou "v azio " ("so p ro ") suprem o ou con­ s u m a d o . " P r e g a d o r " (h e b . q o h e le t ; gr. E clesiastes) sugere aquele que d iscu rsa ou ensina um a assem bléia (heb. qahal). O fe ­ m inino significa um posto ou título. P rega­ dor (pseudónim o?) sugere Salom ão, 1, 12.

1.4—3.22. 0 tema do vazio da vida é demonstrado 1.4-11. Pela transitoriedade das coisas. P assam as g erações, a n atu reza con tin u a no m esm o passo, m as nada surge de novo. 1.12-18. Pela futilidade do em preendi­ m ento hum ano. 2.1-26. Pelo vazio do prazer, da riqueza e do trabalho. O único bem do hom em é o proveito presente, argumenta o hom em na­ tural, com o concluiriam mais tarde, pela ra­ zão natural, os filósofos gregos. 3.1-22. Pela certeza da morte. A m ortali­ dade tira do hom em os frutos do seu tra­ b alh o (cf. 2.12-26). O hom em é im potente

p a ra c o m p re e n d e r ou a lte r a r o m o d elo p red eterm in ad o da sua vida, 1-15. A caso seu fim não é com o o dos anim ais, 16-22?

Nota teológica No estudo deste livro é preciso d istin­ guir cuidadosam ente entre o que é verda­ de revelada e o que é m eram ente o regis­ tro inspirado dos raciocínios independentes do hom em . Ensinam entos erróneos, com o a an iq u ilação, 3.16-22, e o sono da alm a, 9.5,10, não podem ser tidos com o preceitos da P alav ra de D eus, pois são registrados pela inspiração com o m eros pensam entos do hom em natural.

4.1—12.8. Desenvolvimento do tema do vazio da vida 4.1-16. Em vista das desigualdades da v id a. O bserva-se o d esatino de d esperd i­ çar a v id a em in v e ja e m esq u in h ez, 1-6, sen d o a riq u e z a d o a v a ren to um pobre su b s titu to d a co m p a n h ia h u m an a, 7-12. M esm o a fam a e o p o d er rég io s são efé­ m eros, 13-16.

[ 240 1 Eclesiastes

acim a da sua natural cegueira. Ele precisa 5.1-7; 8-20. Em vista da insinceridade re­ de Deus com o Salvador. Expõem -se sím bo­ ligiosa e da riqueza. los da velhice, 2-6: "m o ed o res" (dentes?), 6.1-12. Em vista do fim do hom em . Tan­ to a v id a com o a m orte são in ce rta s. O 3; "olhos nas janelas" (olhos?), 3; em "com o hom em natu ral sem a ilu m in ação d iv in a flo re s c e a a m e n d o e ir a ", 5, as flo re s são b ra n ca s, su g erin d o as cãs p ratea d a s dos se vê perplexo diante de am bos. 7.1-29. Em vista do pecado do hom em . idosos; "o gafanhoto te for um peso", 5, lem ­ O hom em "d eb aixo do so l", a m ente n a­ bra o passo rígido dos velhos. tural não ilum inada pelo Espírito de Deus, não vê vantagem em ser ju sto, 13-21, e é 12.9-14. Conclusão — piedade indiferente em relação às coisas esp iritu ­ prática em vista do juízo ais e ao significad o da existên cia terren a "T em e [resp eita] a D eu s e g u ard a os e seu fim. 8.1 — 9.18. Em v ista das in certezas da seus m an d am en to s." Esse é todo o dever vida. A mente natural se atola na obscuri­ do hom em redim ido. M as o P reg ad or não dade. V ag am en te se d o b ra à sa b e d o ria , diz com o o hom em se redim e. 8.1; e ao rei porque ele é absoluto, 2-4. Mas a vida m esma é um m istério e nada abso­ luto se pode saber sobre o futuro, 5-9, nem sobre nada da vid a em geral. A m orte é um enigm a, 9.1-16, para o hom em esp iri­ tualm ente não renovado. 10.1-20. Em vista das desordens da vida. Só a revelação divina pode dar sim etria e significado à vida. O hom em "d ebaixo do sol" dá aqui m ais p ro vas da sua falta de ilum inação espiritual. 11.1-10. Em vista da juventude. R egis­ tram -se vários provérbios, 1-7. O hom em natural precisa de um nascim en to so b re­ natural que lhe permita discernir significa­ do espiritual na vida e na m orte. Eclesias­ tes d e m o n stra isso . O liv ro e sp e lh a o coração do hom em im p en iten te e aponta sua necessidade de salvação em Cristo. O significado da m ocidade, 9-10, é vago para o Pregador nos seus raciocínios naturais. 12.1-8. Em vista da velhice. O Pregador se prontifica a testem unhar Deus com o cri­ ad or, e aco n se lh a a le m b ra n ça do D eu s "Nada há melhor para o homem do que Criador na juventude. Mas o hom em natu­ comer, beber e fazer que a sua alma goze o ral precisa mais do que o conhecim ento de bem do seu trabalho" (Eclesiastes 2.24). D eus com o Criador se pretend e se erguer »

Cântico dos Cânticos A santidade do amor conjugal O livro e seu autor. O autor

Os personagens. Interpretações

provavelmente é Salomão, como afirma 1.1 e sustentam os matizes locais e as evidências internas. Porém, esse versículo pode ser trazido assim: "Cântico dos cânticos, sobre ou acerca de Salom ão" (cf. 1.4; 3.7-11; 8.11). "Cântico dos cânticos" é uma expressão idiomática hebraica para o cântico "suprem o" ou "mais sublime" dos 1005 cânticos do monarca (cf. 1Rs 4.32). A data é c.965 a.C. É o primeiro dos cinco rolos da terceira parte do cânon hebraico, e era entoado na Páscoa, na primavera. É uma magnífica pérola literária, considerada eminentemente inocente entre os orientais. É pena que tamanha obra-dearte seja às vezes pervertida.

distintas do Cântico dos Cânticos têm lhe atribuído dois ou três atores principais. Tradicionalmente, o poema é encenado com dois personagens: a virgem sulamita e o amado (Salomão). Outros preferem ver três personagens: a virgem, o amado (um pastor amado, a quem a virgem é prometida) e Salomão, que tenta sem sucesso conquistar a virgem, roubando-a do seu amado. Aqueles que defendem a segunda hipótese costumam negar a autoria de Salomão; assim este estudo segue a visão tradicional.

O propósito. Os críticos discutem se o livro é um poema homogéneo ou simplesmente uma coleção de versos de amor para celebrar um casamento oriental. Acreditamos que é um poema homogéneo, e que são estes seus propósitos:

1. Num sentido mais geral, louvar o casamento e as alegrias do amor conjugai A pabviochove é "am ado " (32 vezes), e o tema é o amor do noivo peia noiva. 2 AI6 i ^>rmite ser interpretado como alegoria,

ro(t

-■J . O n C ~

tT n ii

por Israel (Os 2 19-20) e o amor de Cristo pela igreja (2Co 11.2; Ef 5.25-33 Ap S9 7-9)

O pano de fu n d o da narrativa. A exposição do cenário apresentada por H. A. Ironside é significativa. O rei Salomão tinha um vinhedo na região montanhosa de Efraim, cerca de oitenta quilómetros ao norte de Jerusalém, 8.11. Ele a entregou a uns guardas, 8.11: uma mãe, dois filhos, 1.6, e duas filhas — a sulamita, 6.13, e uma irmã menor, 8.8. A sulamita era a "Cinderela" da família, 1.5, naturalmente bela mas que não chamava a atençro Seus irmãos eram provavelmente meio irmãos, 1.6. Eles lhe impunham duro trabalho na vinha, de modo , ; c U h l » r . i. oportunidades de cuidar da sua .aparência; 1.6. Èía podava as i r a ilhas para as raposinhas, 2 15. Também apascentava os rebanhos, 1.8. Passando tanto

tempo ao ar livre, ficou queimada de sol, 1.5. Certo dia, um formoso estranho apareceu no vinhedo. Era Salomão disfarçado. Ele demonstrou interesse por ela, que ficou constrangida por causa da sua aparência, 1 6. Ela pensou que o homem era pastor e perguntou sobre seus rebanhos, 1.7. Ele deu uma resposta evasiva, 1.8, mas também lhe disse palavras de amor, 1.8-10, e prometeu ricos presentes no futuro, 1.11. Ele conquistou seu coração e foi embora com a promessa de que um dia voltaria. Ela sonhava com ele à noite, e às vezes pensava que o amado estava próximo, 3.1. Finalmente ele voltou em todo o seu esplendor real para fazer dela sua noiva, 3.6-7. Isso prefigura Cristo, que veio primeiro como Pastor e conquistou sua Noiva. Mais tarde voltará como Rei, e então será consumado o casamento do Cordeiro.

Esboço 1.1—3.5

A noiva medita

no palácio do noivo

3.6—5.1

A noiva aceita o convite do noivo

5.2—6,3

A noiva sonha que se separou do noivo

6.4—8.14 Noiva e noivo expressam ardente amor um pelo outro

[ 242 1 Cântico dos Cânticos

1—3.5 Meditações da noiva no palácio do noivo 1.1-17. Ela medita no seu prim eiro am or por Salomão. Sobre o título, 1.1, ver intro­ d u çã o . O C â n tico co m eça com a n o iv a lem brando os seus prim eiros anseios mais intensos pelo amado, 2-3, e com o, pela pri­ m eira vez, lhe declarou o am or, 4. Ela ex­ plica sua beleza m oren a às m u lh eres do palácio: era pele queim ada de sol devido ao trabalho duro na vinha dos irm ãos an­ tes da visita de Salom ão, 5-6, qu and o os dois se apaixonaram (v. pano de fundo da narrativa, na introd u ção). Ela se entreg a às lem b ranças do seu am ad o (S alom ão ), quando ele apareceu pela prim eira vez na vinha disfarçado de pastor, 7. O v. 8 é apa­ rentem ente a resposta das com p an h eiras da noiva. Ela vividam ente lem bra os arre­ batados louvores do rei à sua beleza, 9-11; os elogios que ela fez ao seu am ado, 1214; a garantia que ele lhe deu da ad m ira­ ção da sua b eleza, 15; e sua p ró p ria re s­ posta ao am or dele, 16-17. 2.1—3.5. As meditações da noiva no desa­ brochar do rom ance. Ela lembra o fato de Salom ão ter com parado eles dois a adorá­ veis flores, 2.1-2, e sua in ten sa satisfação junto ao amado, 3-6. O refrão, 7 (cf. 3.5; 8.4), que a noiva dirige às "filhas de Jerusalém ", i.e., m ulheres do harém do rei em Jeru sa­ lém, diz que Salom ão e a donzela não de­ vem ser perturbados "até que este o quei­ ra ", i.e., até a p len a sa tisfa çã o do am or. Continuando a folhear as páginas do livro das lem b ran ças, ela record a em êxtase a visita que Salomão lhe fez e o convite para ser ela sua noiva, indo com ele para Jeru ­ salém, 8-17. O primeiro sonho da noiva, 3.14 (cf. 5.2-8), é lembrado: ela se vê separada do amado em Jerusalém . Depois de encon­ trá-lo, ela sonha que o levou para sua hu­ m ilde morada no norte.

3.6—5.1. A noiva aceita o convite do noivo 3.6-11. Salom ão leva sua noiva a Jeru sa­ lém. O sonho da virgem , 1-4, está intim a­ m ente lig ad o ao cap. 2, bem com o a 3.5

(cf. 2.7). S alom ão sai p ara e n co n tra r sua noiva e a leva da sua casa rural para Je ­ ru salém , 6-11. 4.1-15. O noivo elogia a noiva. Aqui se e n fa tiz a a b e le z a do am o r co n ju g a l. Do m esm o m o d o , o S e n h o r p ro cla m a rá seu deleite com sua noiva no dia da sua vinda. 4 .1 6 —5.1. A ntecipação das alegrias do am or conjugal, significando as bênçãos dos red im id os do Senhor em m anifesta união e glória com ele ( l jo 3.3; Ap 19.5-7; 20.6).

5.2—6.3. A noiva sonha que se separou do noivo, mas o encontra 5.2-8. O segundo sonho da noiva (cf. 3.14). O noivo bate na porta, mas ele já não está lá fora qu an d o ela abre. E la p e ra m ­ bula pela cidade à procura dele. A experi­ ência é evidentem ente um sonho (v. 6.2). 5 .9 —6.3. Ao elogiá-lo para os outros, ela o declara seu. Seu sonho m ostra o quanto ela o am a e qu an ta saud ad e sente.

6.4—8.14. A noiva e o noivo expressam seu ardente amor um pelo outro 6.4-10. Ele louva sua graciosidade. A ad­ m iração que e le e x p ressa p ela b elez a da noiva lem bra seu ard ente lou v or em 4.115. T irza, 4, era um a cid ad e do norte de Israel, que foi a capital do reino setentrio­ nal até O n ri fundar Sam aria. 6.11-13. A experiência da noiva no jardim das n o g u eiras. Essa e xp eriên cia foi um a e x a lta çã o em o tiv a , e está lig a d a à razão de a cham arem "s u la m ita ", 13, i.e., " v ir ­ gem de S u n ém ", uma pequena cidade do norte da Palestina (o n m uitas vezes é tro­ cado pelo l nas línguas sem íticas). O utros su g erem * q u e " s u la m ita " se d e v e ria ler S h elo m ith , fo rm a fe m in in a d e S a lo m ã o (heb. Selomo), daí "S alom isa" (i.e., "rainha ou princesa de Salom ão"). 7.1 — 8.14. L o u v o r e d ev o ção m ú tu os. A m bos exp ressam seu lo u v o r e d ev oção um pelo outro, 7 .1 —8.4, assev erand o seu am or insaciável, 8.5-14.

Os Profetas A s m e n sa ge n s do s profetas. Tiveram propósitos primordialmente morais e espirituais. Os profetas de Israel foram austeros reformadores, divinamente inspirados para afastar a nação do pecado e da idolatria nos seus períodos de decadência. Estrondaram

alertas sobre juízos iminentes nos séculos que precederam a queda de Israel em 722 a.C. e a queda de Judá em 586 a.C.

ministraram esperança e consolo aos exilados. Ageu e Zacarias encorajaram os débeis

Suas densas mensagens de

remanescentes que voltaram. M alaquias emitiu uma nota

aflição, porém, eram frequentem ente veículo de profecias messiânicas de longo alcance. Daniel e Ezequiel

sombria de alerta e arrependim ento, iluminada por brilhantes lampejos messiânicos.

Os profetas e sua mensagem De Isaías a Malaquias Período: c.800-400 a.C. Em Israel antes da queda do reino setentrional

Em Ju d á durante seus anos de d ecadên cia.

Em Jud á nos seus últimos anos, 634-606 a.C.

Entre os exilados em Babilónia, 606-538 a.C.

Na com unidade restaurada, 538400 a.C.

em 722 a.C.

Am ós

Joel*

Je re m ia s

D a n ie l

Ageu

Se o povo persiste no pecado, sobrevêm o castigo divino.

0 Dia do Senhor e o juízo das nações.

Ju lg am en to e glória vindoura de Jeru salém .

Os tempos dos gentios e o reino de Israel.

N aum

E z e q u ie l

Prevista a restauração do templo e do reino.

Condenação de Nínive e da Assíria.

Futura restauração de Israel e da terra.

O s é ia s 0 amor de Deus por Israel.

Jo n a s Arrepende-te, Nínive! A preocupação de Deus com os gentios.

O b a d ia s * C o nd enação de Edom .

Isa ía s A vinda do Salvador e Rei de Israel.

M iq u é ia s

H abacuq ue 0 reino e o povo do Senhor triunfarão.

0 Rei e o reino

S o fo n ia s

de Belém.

Os remanescentes serão resgatados à bênção.

*Com o esses profetas não situam com precisão seus ministérios no tempo, variam as opiniões a respeito das datas.

Z a c a ria s Messias como Renovo e Sacerdote-Rei.

M a la q u ia s Juízo final e alerta à nação

[ 244 1 Os Profetas

F

iÉ f f

leis contemporâneos de Israel, Síria e Assíria

SKH k BenHadade .111 c.806-770?

JeíoboSò II 793-53.

E um sucessor (?)

t i A p r S S Ni

Assíria fraca.

11SBIHS! Zacarias 753-52

tw a

MM

Salum 752'

tóehãárn

P.2-42

m

Rasunnu nos monumentos, aliou-se a Peca

S

Peca 752-32

JL Assíria fraca.

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Rezim c.740-32

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Queda de Samaria IC C

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13

Síria

Israel

Assíria

Oséias 732-22

m H fl Srgão.ii

Salmaneser V íp.7-22

m -Q É Tomou Samaria em 722, quando 27.290 cidadãos principais foram levados ao cativeiro. Foi o fim do reino setentrional de Israel.

Grande estadista, conquistador e construtor de aquedutos, invadiu Judá em 701 a.C. Menciona Ezequias em seus anais inscritos em cuneiformes sobre um prisma de argila, hoje no Museu Britânico (há também uma cópia no Instituto Oriental da Universidade de Chicago). (Cf. Is 36-37; 2Rs 18-19.)

(2Rs 17.3; 18.9) Conquistou a costa fenícia, recebeu tributo de Oséias e sitiou Samaria quando Oséias aliou-se a Sô (2Rs 17.4), soberano egípcio desconhecido. »

« M i Pílesér;Jj

im m

Peca ias 742-40

contra Acaz (Is 7.1-12) na guerra siro-efraimita (735-2).

ÉÉI

Pul, de 2Rs 15.19, a quem Acaz apelou por auxílio contra Rezim e Peca, e que invadiu e deportou Israel (733). Em 732 tomou Damasco e matou Rezim, impondo tributo a todo o norte da Palestina e à Síria.

Isaías A profecia do futuro Salvador e Rei de Israel A utor. Isaías ("Je o vá é salvação") é o grande profeta messiânico e príncipe dos profetas do AT. Não tem rival em esplendor de dicção, brilhantismo de símiles, versatilidade e beleza de estilo, profundidade e ; amplidão de visão profética. Era filho de Arrioz (1,1), e tido tradicionalm ente com o de ascendência real — irmão do rei Amazias, neto do rei Joás. As datas tradicionais do seu ministério são c.750-680 a.C.

U n id a d e do livro . Desde os tem pos de J. C. Doeueriein (1775), é habitualm ente negada a Isaías a autoria dos caps. 40— 66. Os críticos: atribuíram essa seção a um

desconhecido "DeuteroIsaías" do período 550-539 a.C., e outros imaginaram ainda um terceiro autor (Trito-lsaías) para os caps. 55— 66, situando-o por volta de 450 a.C. São três os principais argum entos apresentados contra a unidade do livro: (a) o estilo literário, (b) as idéias teológicas e (c) o tema e d assunto são supostam ente diferentes nas duas (ou três) seções do livro. Afirma-se que tais diferenças só podem ser explicadas pela distinção dos autores. Contudo, um estudo cuidadoso revela que as semelhanças de estilo entro as seções são mais signifiçatiyas do que as

supostas diferenças, e até essas diferenças são explicadas pela mudança da situação de Isaías nos anos posteriores. A semelhança mais notável é o uso do título "S an to de Israel", que ocorre doze vezes em 1— 39, quatorze vezes em 40— 66 e somente seis outras vezes no restante da Bíblia. Quanto às supostas diferenças teológicas, as doutrinas seminais dos caps. 40— 66 podem ser remontadas à

Impossível encontrar contradições teológicas entre as seções. seção anterior.

As

modificadas condições políticas no reinado do ímpio Manassés, nos anos ; posteriores, expiicam as

Esboço 1— 35 Profecias do ponto de vista do tempo de Isaías 1.1—6.13 Vol. I. Livro de censura e promessa 7,1— 12.6 Vol. II. Livro de Emanuel 13.1— 23.18 Vol. III. Oráculo de Deus: julgamento das nações 24.1— 27.13 Vol. IV. Livro de juízo e promessa 28.1—35.10 Vol. V .liv ro das aflições que precederSo as,glórias da restauração

'-Á 36— 39 Interlúdio histórico

intd de vista do exílio ro de consolo lentorá

do Senhor ■staoração naçion; derrocada da idolatr prof,ecia,xÍQ Messias-Retjentor la perspectiva da futura glória

Cavernas em Qunram, onde foram encontrados os manuscritos do mar Morto, em 1947.

1 246 1 Isaías

Parale lo s en tre Isaías 1— 39 e Isaías 40— 66

Reis de Judá co n te m p o râ n e o s d e Isaías —-------------------------------- ----- —

____________________ U zia s 792-740 a.C .* 1 2 ____ _________66.24_____

Bom 2Rs 15.1-5; ______________________________________________ 2Cr 26.1-23

1 l516___________ 53.4-5_____

Jo tã o 750-732 a.C .*

5.27________

_____________________________________________________ 2Cr 27.1-9

40.30

Bom

2Rs 15.32-38

6.1_____________ 52.13

A c a z 735-716 a.C .*

6.11-12

62.4

____________________________________________________ 2Cr 28.1-27

11.11

53.2

E ze q u ia s 716-687 a.C.

11.6-9

65.25

________________________________ _______________2Cr 29.1— 32.33

11-12 __________ 49.22 12.6

M an assés 697-643 a.C *

fm p io

2Rs 16.1-20

Bom

2Rs 18.1— 20.21

ím p io

2Rs 21.1-18

54.1

2Cr 33.1-20

‘ Reinados sobrepostos indicam co-regências,

novas ênfases que aparecem. O argumento de que o tema e o assunto dos capítulos posteriores exigem outro autor é mais grave. Os caps. 1— 39 são contem porâneos, enquanto os caps. 40— 66 são posteriores ao tem po de Isaías. Os críticos alegam que é racionalmente impossível sustentar que, algum dia, os profetas tenham se projetado (via revelação divina) até um ponto de vista futuro ideal. Como nesses capítulos posteriores Isaías vê acontecim entos visivelm ente relacionados ao Cativeiro Babilónio e à volta, que mais tarde foram historicam ente cumpridos, esse material deve ter sido acrescentado depois por um "Segundo Isaías", contem porâneo da volta do Cativeiro. Todavia, a profecia

futurista desempenha um papel importante tanto na primeira seção como na segunda. Além disso, a época decadente de Manassés dem andava uma série de profecias que revelariam a futura glória de Israel enquanto minguava.a luz do seu testem unho. Não há nada de estranho nos temas dos caps. 40— 66 quando comparados com os caps 1— 39.

O caráte r m e ssiân ico do livro. De todos os livros proféticos do AT, Isaías é o mais messiânico; ainda mais do que Zacarias. Só Salmos contém núm ero maior de previsões messiânicas. Cada glória do Senhor e cada aspecto da sua vida na terra estâo expostos nessa grande profecia evangélica: Sua condição de Criador, sua divindade, eternidade, preexistência, onipotência, onipresença, onisciência e incom parabilidade (40.12-18; 51.13); sua encarnação (9.6; 7.14; cf. M t 1.23); sua humildade e mocidade em Nazaré (7.15; 9.1-2; 11.1; 53.2); seu surgimento como Servo do Senhor, ungido como tal (11.2) e escolhido e louvado com o tal (42.1); sua maneira suave (42:2); seu ministério terno e benévolo (42.3; M t 12.18-20); sua obediência

e ministério atual com o sumo sacerdote (53.12); sua futura glória (53.12; 52.13; cf. Fp 2.9-11). Depois do cap. 53, o Messias não é mais mencionado como Servo do Senhor, e o texto passa a se concentrar mais na sua futura glória (59.20; 63.1-6; 66.15-19).

O s rolos de Isaías entre os M an uscrito s d o M ar M orto. Os dois rolos de Isaías da caverna 1 de Qumran, na descoberta original de 1947, são os achados mais famosos dentre os Manuscritos do M ar M orto. O primeiro rolo (Rolo do Mosteiro de São Marcos, 1 Qlsa) contém o texto hebraico com pleto de Isaías. O segundo (Rolo da Universidade Hebraica, 1Qlsb) contém cerca de um terço do texto. O primeiro rólo de Isaías data do século 2a a.C. Consiste em dezessete folhas, de 7,3

(50.5); sua mensagem (61.12); seus milagres (35.5-6); seus

metros de com prim ento e 25,9 centímetros de altura. É

sofrimentos (50.6); seus

incrivelmente similar ao texto padrão (massorético) hebraico,

sofrimentos como via para sua exaltação (52.13-15); sua * rejeição pela nação judia (53.1-3), sua h u m ilh a ç ã o ..espancado, ferido, m achucado (53.4-6); sua morte vicária (53.8) e sepultamento (53.9); sua ressurreição (53.10); sua ascensão (52,13); sua descendência espiritual '33 10)

do qual os manuscritos existentes mais antigos datam cie quase um milénio mais tarde. Esse rolo constitui uma das grandes descobertas de manuscritos de todos os tempos, e autentica a elevada precisão da tradição textual hebraica.



Isaías I 247 ]

Vol. I. Livro de censura e promessa, 1.1—6.13

2. Jerusalém e o Dia do Senhor (segundo discurso)

1-5. Jerusalém , com o centro da terra, na era do reino. O assunto da profecia é Judá e Jerusalém , 1; o tem po indicado é a futurid ad e dos d ias de Israel, referin d o -se à 1. P refácio de Isaías. O profeta dá seu sua bên ção d efin itiv a na segu nd a vinda do M essias. Essa visão se refere ao tem ­ n o m e; a n a tu re z a da p ro fe c ia (" v is ã o " , po em que Israel se converte e volta a se im p lic a n d o r e v e la ç ã o s o b r e n a tu r a l); o e sta b e le c e r na P a le stin a . Vê a e x a lta çã o tem po, c .750-680 a.C ., e o assunto, relati­ de Jeru salém com o cen tro relig ioso, 2-3, vo a Ju d á e Je r u s a lé m , p o is Is a ía s era com o esta b e le cim en to do local do tem ­ p ro feta do rein o m erid ion al. plo m ilenário. Isso resulta na afluência es­ 2-6. A acusação do Senhor. A acusação p ontânea das nações, 2, para a adoração assum e a form a de um a cena de tribunal, e a instrução, 3, pois nesse dia Jerusalém na qual todo o universo, 2, é convocado a será o local de onde manam a lei e a Pala­ testemunhar a dupla acusação de vil ingra­ vra de Deus, 3. A exaltação de Jerusalém tidão, 2-3, e rebelde apostasia, 4, ilustrada com o cen tro g o v ern a m en ta l se realizará pela figura de um corpo doente, 5-6. p elo M essias com o R ei-Ju iz sob eran o. O 7-9. O castigo do Senhor. Por cau sa da resultado será a paz universal, na qual os p u n ição d iv ina, o rein o en fren to u a ru í­ a rm a m e n to s b é lic o s s e rã o c o n v e rtid o s na, 7. A s ce rca n ia s de Je ru sa lé m fo ram em in s tru m e n to s de paz e a ciên cia da to m ad as e a b a n d o n a d a s, 8. S o b re v iv e n ­ g uerra, abandonada, 4. C onvertid o e res­ tes fié is eram a ú n ica e sp era n ça con tra ta u ra d o , Isra el e n c o ra ja seu p o vo a a n ­ a a n iq u ilação com p leta, 9. dar na luz do Senhor, 5. 10-15. O S en h or rejeita su p erficid id a6-22. O Dia do Senhor. Esse é o tempo de re lig io s a . E le s re je ita ra m o S e n h o r, em que o Senhor ju lgará visivelm en te os 10. E le r e je ito u seu c u lto v a z io , 1 1 -1 5 , pecadores na terra (Ap 4.1 — 19.16), prepa­ co m o alg o sem p ro p ó s ito e n a u se a n te , ratório para o rein o segund o o esboçado in íq u o , o d io s o e d e s p r o v id o de p o d e r em 1-5. É aqui descrito com o o período em esp iritu a l, 15. que o Senhor irá "se levantar para espan­ 1 6 -2 0 .0 chamado do Senhor ao arrepen­ tar a terra", 19, 21, revelando sua gloriosa dim ento e à reform a é anunciado num a in­ m ajestad e no ju ízo dos pecadores. tim ação a que todos se purifiquem , 16-17, e d epois debatam com Deus, 18-20, a fim de d escobrir a equidade da sua form a de 3. 0 pecado de Judá e o Dia do perdoar, 18-19, e castigar, 20. Senhor (segundo discurso) 21-23. O S en h or os d esafia a co n tra s­ 2 .1 —4.6. O segundo discurso de Isaías, tar o p assad o com o p resen te de Je ru s a ­ do qual esse capítulo é uma parte, mostra lém . O que fo ra a cid ad e, 21: fiel, plena com o o castigo pelo pecad o da nação no d e ju s tiç a , m o rad a da re tid ã o . O que a futuro Dia do Senhor pode por si só purifi­ cid ad e se to rn ara, 21-23: m eretriz in fiel, car e ap arelh ar a n ação para sua m issão re p le ta de a s s a ss in o s sem c a s tig o e ju ­ no reino (2.1-4; 4.1-6). Todas as classes da iz e s d e s o n e s to s (e x e m p lific a d o s p e lo s socied ad e de Jud á serão castigadas pelos sím iles do d in h eiro v ilip en d iad o e do v i­ seu s p e ca d o s — os g o v ern a n te s, os h o ­ nho d ilu íd o). m ens trab alh ad o res e outros, 1-15, assim 24-31. O Senhor prom ete a restauração com o as m ulheres m undanas, vãs e ím pi­ de Jerusalém . Em bora se veja um a prévia as, 3 .1 6 —4.1. Os pecados do dia do profeta do cum prim ento na volta do exílio, a força exigem os ju ízos do Dia do Senhor antes da profecia indica que o cum prim ento com ­ da vinda da bênção sobre a nação. pleto é ainda futuro.

1. Os argumentos do Senhor contra Judá (primeiro disourso)

[ 248 1 Isaías

Grandes temas proféticos de Isaías que ainda não se cumpriram O Dia do Senhor Isaías usa cerca de 45 vezes o termo "naquele dia" para descrever esse período de juízo apocalíptico: 2.10-22; 4.1; 13.9-13; 24.1-23; 32.1-20; 63.1-6 Bênção sobre Israel restaurado 2.1-5; 4.2-6; 9.7; 11.4-16; 12.1-6; 14.13; 25.1-12; 32.15-20; 35.1-10; 52.1-12; 59.20-21; 60.1-12; 61.3-62.12; 65.17— 66.24 Restauração de Israel à Palestina 11.10-12; 14.1-2; 27.12-13; 35.10; 43.5-6; 49.10-12; 66.20 Restauração da própria Palestina 30.23-26; 35.1-10; 49.19; 60.13; 61.4; 62.4-5; 65.21-25

Jerusalém como capital da terra 1.26; 2.3; 4.2-6; 12.6; 24.23; 26.1; 40.2; 52.1-12; 60.1-22; 62.1-7 Bênção sobre os remanescentes 12.1-6; 25.1-12; 26.1-19; 33.24; 35.10; 43.25; 44.22; 46.13; 54.6-10; 61.6; 62.12; 66.8 Bênção sobre as nações 2.1-4; 11.3-4, 9-10; 25.6-9; 60.1-12 Bênção sobre toda a Criação Isaías teve um efémero lampejo além da Era do Reino, vislumbrando o novo céu e a nova terra do estado eterno (65.17; 66.22). Mas, como João em Apocalipse (Ap 21-22), teve uma visão mista das condições milenárias e eternas (cf. 11.6-8 com 65.25; 66.22)

4. A glória que aguarda os remanescentes remidos (segundo discurso)

5. Ao povo de Deus é revelado seu pecado e a consequência (terceiro discurso)

1. Os rem anescentes sobrevivem ao juí­ zo do Dia do Senhor. Só um hom em dentre sete so b rev iv erá, de m od o que sete m u ­ lheres (cf. 3.16-26) cortejarão cada hom em . 2. Os restantes aceitam o M essias, reno­ vo do Senhor. Com pare com Jr 23.5; 33.15; Zc 3.8; 6.12. A idéia m essiânica é desenvol­ vida ainda m ais em Is 11.1-3, onde "d o tron­ co de Jessé sairá um reben to , e das suas raízes, um ren ov o". 3-4. Os rem anescentes são purificados e convertidos, e por isso cham ados "san tos". Isso se cu m pre p elo s d izim ad ores ju íz o s do Dia do Senhor, 4, quando o Senhor puri­ fica nacionalm ente Israel (cf. Rm 11.16-27). 5-6. Os restantes são abrigados e protegi­ dos, por uma coluna de nuvem de dia e um a coluna de fogo à noite, lem brando a experi­ ência de Israel no deserto (Ex 13.21.22), e por um dossel sobre "tod a a glória". Essa será a glória manifesta do M essias em meio ao seu povo. Esse capítulo conclui o segun­ do sermão de Isaías, iniciado em 2.1.

1-7. Por um a parábola. A nação de Isra­ el é representada pelo sím ile da vinha do Senhor, 7. O terno zelo do Senhor por Is­ rael é revelad o pela localização favorável da vinha "n um ou teiro fe rtilíssim o " (P a­ lestina), 1; pelo intenso cultivo, pela esco­ lha das m elhores vides e pela construção de um a torre, 2. Ele esperava, log icam en­ te, um a bela colheita, 2; mas a colheita de uvas bravas e a reclam ação do p rop rietá­ rio, 3-4, e a am eaça de condenação da sua vinha, 5-6, exigiam a rem oção da proteção (cerca) e do m uro (derrubado pelos inim i­ gos) e o tem porário abandono da vinha. 8-23. Pela enumeração dos seus pecados. C obiça e g anância seriam pu nid as com a fom e, 8-10; turbas e bebedeiras, 11-12, 22, com as penúrias do cativeiro, 13-17. Deus ain­ da revela a presunção deles no pecado, 1819; sua mórbida complacência e injustiça, 23. 24-30. Pela am eaça do cativ eiro , com d eso la çã o g eral, 24-25, e in v asão e stra n ­ geira, 26-30.

Isaías l 249 1

6. Chamado e comissão de Isaías (quarto discurso) I-4. O profeta vê a Deus, i.e., "a glória de Je su s" (Jo 12.41), por volta de 70 a.C., no ano da m orte de Uzias, 1. Pode ter sido um a v isão in ic ia l que o lan ça ria ha sua ca rreira p ro fé tica , ou que o co n firm a ria num a carreira já em and am ento. Foi, em todo caso, da glória de Cristo — o Senhor sobre seu trono, com o coro de querubins. 5. O p rofeta vê a si m esm o. Ele assim abom ina a si m esm o e reconhece seu p e­ cado. É sem pre essa a ordem divina num cham ado ao serviço — um a visão de Deus, segu id a da visão de si mesm o. 6 -7 .0 profeta é purificado, sendo o fogo o sím bolo da purificação. 8-10. O profeta recebe a incum bência. O D eus Trinitário (repare o plural "n ó s ") o consu lta sobre a incum bência e o profeta a aceita, 8, depois de D eus expor a com is­ são, 9-10. Isso envolve um juízo endurece­ dor e cegante sobre a nação (Mt 13.14-15; Jo 12.39-41; A t 28.25-27). II-1 3 . Ao profeta é revelado o resultado da com issão. Por quanto tempo continuará essa d eterio ra çã o e sp iritu a l? A té o co m ­ pleto apagam ento do testem unho de Isra­ el ao D eus verd ad eiro e único? N ão, é a re sp o sta d iv in a. A p en as até a co m p le ta d e v a s ta ç ã o da te rra e a d e p o rta ç ã o de to d o s os seu s h ab itan tes para B ab iló n ia. D epois os rem anescentes voltariam à Pales­ tina. M esm o essa d écim a parte seria a in ­ da red u zid a, m as um a santa p osterid ad e s o b re v iv e ria , so b re a q u al re p o u sa ria a definitiva esperança de Israel e na qual as alian ças e p rom essas se cu m pririam .

Vol. II. Livro do Emanuel, 7.11— 12.6 7. 0 grande sinal messiânico a respeito do Emanuel (primeiro discurso) 1-2. Circunstâncias históricas que invo­ cam o sinal. Por volta de 735 a.C., Acaz en ­ frentou a coalizão de Rezim , rei da Síria (c. 740-732 a.C.), e Peca (c. 740-732 a.C.), rei de

Isra e l. E les av a n çara m con tra Jeru salém para castigar Acaz por esse não ter se ali­ ad o a ele s a fim de im p ed ir o crescen te poder da Assíria que, no reinado de Tiglate -P ile se r III (7 4 5 -7 2 7 a.C .), p ressio n ava in c a n s a v e lm e n te as fro n te ir a s ru m o ao M editerrâneo, 1. Acaz e seu povo estavam tem erosos e m uito pressionados, 2. O d i­ lem a? O nde en contrar auxílio: na própria A ssíria ou em Deus? 3-9. Uma m ensagem de encorajam ento. O p ro feta foi en v ia d o ao m o n arca in fiel com seu filh o S h ear-Jash u b ("U m -R esto V o lv e rá ") para te n ta r co n v e n cer A caz a confiar em D eus e não na A ssíria, pois o S e n h o r já h a v ia d e cre ta d o a d estru içã o d e sse s ím p io s a lia d o s e a fru stra çã o do seu plano de colocar um fantoche em Je ­ ru sa lém . Por algum tem po o sta tu s quo p revaleceria tanto em D am asco (Síria), 8, quanto em Israel, 9, e Judá não seria con­ q u ista d o . O cu m p rim e n to veio daí a 65 an os, d u ran te o rein ad o de E sar-H ad om (6 8 1 -6 6 8 ), q u an d o os e stra n g e iro s foram assen tad o s e tom aram posse tanto da S í­ ria quanto de Israel, a fim de que se dis­ sesse para sem p re que E fraim fora d es­ truído para jam ais voltar a ser um povo, 8. 10-13. O sinal de Deus para confirmar a mensagem do profeta. O sinal ou milagre era ilimitado e irrestrito, 11, mas Acaz com zom­ beteira piedade aludiu a Dt 6.16 para enco­ brir sua descrença, já revelada pela retira­ da dos tesouros do templo para subornar o rei da A ssíria. A ssim o profeta reprovou Acaz como membro da casa de Davi, 13. 14-16. O grande sinal m essiânico. Essa passagem apresenta um dos m aiores pro­ b lem as de interp retação de todo o AT. O NT claram ente testifica que o cum prim en­ to d efin itivo do sinal está no nascim en to virg inal de C risto (M t 1.22-33). Com essa co n c lu sã o q u ase to d o s os co m en tad o res concord am . A d iv ergência surge, porém , acerca da possibilid ade de que o sinal te­ nha um significad o adicional, respeitante à época m esm a de Isaías. Duas principais esco la s de p en sam en to dom inam o p en­ sam en to e v a n g élico atual. Uma sugere que o contexto de Is 7 exi­ ge um m ilagre bem m ais significativo do

[ 250 1 Isaías

que o nascim ento oportuno de um a crian­ ça (7.11), e observa aind a que o sin al se esten d ia além de A caz, a toda a casa de D avi (" v o s " , plural) O nom e da criança, "E m a n u e l" ("D e u s c o n o s c o "), re fe re -s e em inentem ente a Cristo. O utros sugerem que o sinal talvez se refira a um a criança nascida no tempo de Isaías, e tam bém ao cum prim ento definitivo em Cristo. O te r­ m o usado p ara virgem ('alma) aparece em Gn 24.43; Ex 2.8; SI 68.25; Pv 30.19; Ct 1.3; 6 .8, re fe rin d o -s e g e n e r ic a m e n te a um a mulher solteira e casta. Isaías pode m uito bem ter se referido à profetiza de 8.3, com quem casou depois da profecia (Is 8.1-12, cf. Herbert Wolf, JBL, 1972). O filho de Isa­ ías, M a h e r-S h a la l-H a s h -B a z , fu n c io n o u como cronóm etro m iraculoso da prim eira invasão assíria de Arâ e Israel, que o co r­ reu em 732 a.C., três anos som ente depois da profecia (7.15-16; 8.4). É notável que tan­ to Peca quanto Rezim tenham sido m ortos três anos depois da profecia. 17-25. Am eaça de castigo contra Acaz. E xp õe-se a sev erid ad e do ca stig o , 17. O instrum ento do castigo seria o rei da Assí­ ria, em quem se d ep o sita v a a co n fia n ça em vez de no Senhor, e ele portanto asso­ laria a terra, 17-25.

8.1—9.7. A libertação presente como precursora da libertação futura (segundo discurso) 8.1-4. A p refigu ração da q ueda de D a­ m asco e Sam aria. Três crianças são m en­ cion ad as em co n ex ã o com a in v a sã o sírio-israelita de Ju d á (1) S h ear-Jashu b, 7.3 ("U m -R esto -V o lv erá"), (2) M a h er-S h a la lH ash-Baz, 8.1-4 ("R áp id o -D e sp o jo -P re sa S e g u r a " ), a m b o s filh o s de Is a ía s ; e (3) E m an u el ("D e u s c o n o s c o "), filh o e S e ­ nhor de D avi (7.13-14). E ssas três c ria n ­ ças re tra ta m a ê n fa se na p re g a çã o d iá ­ ria de Isaías: (1) "U m -R esto-V olv erá" (cf. Is 10.21,22), in icia lm en te de B a b iló n ia e finalm ente da D iáspora m u nd ial do final dos tem pos (1.9; 4.1-4; 6.13 etc.). (2) "R á p id o -D e sp o jo -P re s a -S e g u ra " se re fe re à libertação presente de R ezim e Peca. D a­

m a s c o foi c o n q u is ta d a em 7 3 2 a .C ., e R ezim foi m o rto. O re in o do n o rte teve de ced er su as p ro v ín cia s seten trio n a is à A s s íria (2 R s 1 5 .2 9 ), e n ã o m u ito s an o s d ep ois a p ró p ria cap ital caiu (722 a.C .). (3) A C riança nascida da virgem é a g ló ­ ria fu tura da nação. 8.5-8. A escolha da descrença e suas con­ seq u ên cias. O povo segu iu Acaz e e sc o ­ lheu a A ssíria em vez da orientação e do au x ílio de D eu s, que eram sim b olizad o s p e la s á g u a s ca lm a s do ta n q u e de S ilo é (Siloé, de Jo 9.7, 11; Lc 13.4). D escrente e d ep en d e n te da sa b ed o ria secu la r na re­ je iç ã o d e s s a s á g u a s p lá c id a s , a n a ç ã o d eso bed ien te d everia ser inund ad a pelas e n c h e n te s do E u fra te s, s im b o liz a n d o os exércitos invasores assírios. Porém o fato de a P a lestin a ser cham ad a "tu a terra, ó E m a n u el", 8, deu a g aran tia de que por ca u sa do E m a n u el, n a sc id o da v irg e m , Israel não seria aniquilado por essa terrí­ vel e n c h e n te . 8.9-15. O desafio da graça de D eus. O Senhor desafiou os inim igos de Judá a fa­ zer o m áxim o possível para destruir a na­ ção, 9-10. Eles seriam esm agados contra a rocha do juízo divino. A razão — sua graça se m a n ife sta ria em E m an u el, 10, ao seu verdadeiro povo eleito em Judá. O Senhor encorajou e instruiu Isaías e seus fiéis se­ g u id o res a n ão se am ed ro n ta rem d ian te da a cu sa çã o p o p u la r de co n sp ira çã o ou traição, 12, suscitada contra eles por con­ ta da sua oposição à aliança com a Assíria contra a coalizão do norte. Ele prom eteu tom ar-se um santuário para eles, mas um a pedra de tropeço (IP e 2.7-8) e um laço para rem over de Israel todos os infiéis e rebel­ d es, co m o A ca z , que re je ita m E m a n u el (Cristo), 14-15. 8.16-20. O desafio a confiar som ente na graça de D eus. O testem unho da grand e a rd ó sia que traz e scrito o nom e M ah erShalal-H ash-Baz, 1, seria selado, para que seu c u m p rim e n to p u d esse ser o b je tiv a m ente verificado pelo Senhor da história, 16. O s r e s ta n te s cre n te s se firm a rã o na segura Palavra de Deus, aguardando con­ fia n te s seu cu m p rim en to . O p ro feta fiel d ecla ro u seu p ró p rio firm e testem u n h o ,

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18-19, e alerto u que aq u eles que alegam inspiração ou autoridade contrária à Pala­ vra de D eus na religião d em oníaca serão desprovidos de luz espiritual, 19-20. O es­ piritism o e ou tras seitas são condenados. 8.21-22. A opção de não confiar em Deus traria a indescritível angústia e aflição da in v asão e d ep o rtação assíria. 9.1-2. A profecia de Emanuel como a gran­ de luz. Previu-se que ele providencialm ente surgiria na G aliléia escu ra e d esp reza­ da, 1. Era o m esm o território de Zebulom e N aftali, que foi o prim eiro a ser assolado p e lo s cru é is e x é rc ito s de T ig la te -P ile se r (732 a.C.). Aqui brilhou a radiante luz do M e ssias, que arm o u seu q u a rte l-g e n era l na Galiléia (Mt 4.13-17). 9.3-5. A p rofecia de Em anuel com o o grande libertador. Ele iria m ultiplicar a na­ ção e a m p lia r seu jú b ilo , 3. L ib erta ria a n ação de to d o s os seu s o p resso res e ad ­ v e rsá rio s, de m o d o so b re n a tu ra l (cf. Z c 12.1-8; 14.1-15), m as num terrível conflito final, 5. Essa profecia se aplica ao d esen­ volvim ento da nação depois do C ativeiro B abiló n io e suas v itó rias n os tem pos dos m acabeu s; m as terá cu m p rim ento d efin i­ tivo no A rm agedom e na restau ração do reino sobre Israel (A t 1 —6). 9.6-7. Profecia de Emanuel com o o gran­ de S e n h o r. P re v ê e m -s e a h u m a n id a d e ("u m m enino nos n a sceu ") e a divindade ("D e u s F o rte") de Em anuel. Seu govern o se d escrev e p ró sp ero, pacífico, d avíd ico , ju s to , e te rn o e seg u ro , 6-7. D ão-se seu s títu los m essiânicos: (1) M aravilhoso Conse­ lheiro, dando conselhos que podem por si só sa lv a r o h om em do p eca d o ; (2) D eus F orte, D iv in d a d e no ca rá te r e sp e c ia l de um vencedor na batalha; (3) Pai da E terni­ dade, tanto com o p o ssu id o r da e te rn id a ­ d e q u a n to co m o a u to r da v id a e te r n a (heb. "p ai de e tern id ad e"); (4) P ríncipe da P az, o s o b e r a n o q u e c ria rá um m u n d o sem guerra no reino vindouro. A aliança d a v íd ica (2Sm 7 .8-17) será cu m p rid a na Era do Reino, que por sua vez se fundirá ao estad o eterno pela autorid ade do zelo do Senhor; pois ele cum prirá essas prodi­ g io s a s p ro m e ss a s d e d e fin itiv a b ê n çã o para Israel e o m undo.

9.8—10.4. A orgulhosa Samaria é condenada (terceiro discurso) 9.8-10. O orgulho e a presu nção de Is­ rael seriam pu nid os pela invasão dos sí­ rios e filisteu s, 11-12; sua in corrig ibilid ad e m e sm o d ia n te d o c a s tig o , 13, se ria p u nid a p ela ira d estru id o ra e im pied osa do Senhor, 14-19, pela guerra civil e pela fom e, 20-21. A m ão do Senhor "co n tin u a ain d a esten d id a " em irad o castigo, e não s e r á re c o lh id a p o r c a u sa da re c u s a da re fo rm a (cf. o s o m b rio re frã o em 9 .1 2 , 17, 21; 10.4; cf. 5.25). O cativeiro era im i­ nente p ara a im p ied osa classe gov ern an ­ te de S a m a ria , que cru elm e n te e x p lo ra ­ v a seu s sú d ito s, 10.1-4.

Ruínas em Samaria. Isaías profetizou que o cativeiro era iminente para a impiedosa classe governante de Samaria, que cruelmente explorava seus súditos.

10.5-34. Os assírios invadem a terra de Emanuel (quarto discurso) 5-19. A Assíria, instrumento de Deus para julgar seu povo, será depois julgada também. A Assíria era o instrum ento divino para cas­ tigar o povo de D eus, 5-6. A p esar do seu presunçoso orgulho, 7-14, ela seria irrecu­ p eravelm ente d estruíd a pelo Senhor, que a usou com o seu açoite, 15-19. 20-23. A volta dos remanescentes fiéis. O tempo: "naquele dia", o Dia do Senhor (2.1022), depois que os últimos inimigos de Israel tiverem sido destruídos. Em bora isso tenha tido cumprimento histórico, a destruição dos assírios antevê um a invasão sem elhante da Palestina pelo "rei do N orte" (Dn 11.40) no final dos tem pos (Is 14.24-25; 30.31-33; Mq 5.4-7; D n 8.23-26; 11.40-45). O s restantes, com o Isaías e seu s seg u id o res, rejeitarão esse falso soberano e "se estribarão n o Se­ n h o r , o Santo de Israel", 20. 24-34. Portanto a A ssíria não deve ser tem ida por aqueles que confiam no Senhor, 24-27, m esm o diante do seu terrível avan­ ço sobre a terra de Em anuel, 28-32, pois o Senhor dará fim súbito à A ssíria, 33-34.

11. 0 Rei Emanuel e seu reino (quarto discurso) 1. Emanuel, descendente do rei Davi. Ele é aqui prefigurado como "reben to" do poda­ do "tronco de Jessé", revelando sua obscu­ ridade e hum ildade, sendo a casa de Davi pobre e desconhecida no tem po da nativi­ dade de Cristo. Ele é tam bém sim bolizado como "renovo" (neser; cf. M t 2.23: "E foi habi­ tar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado N azareno"). 2. Investidura do Rei Em anuel. O Espíri­ to Santo na sua sétupla plenitude im ensu­ rável (Jo 3.34) repousará sobre ele (Jo 1.3234; cf. "o s sete E spíritos", o Espírito único em toda a sua plenitude, Ap 1.4; 4-5). A in­ vestidura geral é "o Espírito do S e n h o r ", que é a necessária qualificação para o ju s­ to g o v ern o . O re su lta d o é que E m an u el encontra deleite no tem or do S e n h o r , 3. 3-5. O justo governo do Rei Emanuel. Ele não arbitrará pela m era aparência ex­ terior, 3 (cf. IS m 16.7), mas julgará equita­ tiv am en te e g ov ernará v ig oro sam en te, 4, rein ando com "v a ra de fe rro " (SI 2.9; Ap 2.27; 12.5; 19.15). Ele ju stificará a lei santa

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de D eus com o o últim o Adão contra o or­ gulho e a rebeldia da hum anidad e d om i­ nada por Satanás, que contam in ará a ter­ ra até que ele destrua a estrutura satânica do m undo na sua vinda e reino. Ele será cingido de justiça e fidelidade, 5. 6 -9 .0 reino pacífico do Rei Emandel. Não se achará agressão no reino santo de Ema­ nuel. Tão com pleta será a m udança, que m esm o os an im ais serão a fetad os, p a rti­ lhando da gloriosa libertação da vaidade e do mal trazidos pela Queda (Rm 8.19-22). Fi­ nalm ente serão restabelecidas, pelo menos parcialm ente, as condições do Éden — os an im ais p red ad o res e as serp en tes v e n e ­ nosas não mais atacarão uns aos outros ou o homem. A razão é que todos os homens, de todo lugar, conhecerão a D eus e serão totalm ente devotados à sua vontade, 9. 10. O Rei Em anuel trará os gentios para o reino. Com o estand arte e insígnia m ili­ ta r, o M e s s ia s su rg irá e " r e c o r r e r ã o as nações" a ele (Ap 5.5; 22.16). 11-16. O Rei Emanuel reunirá os judeus q u a n d o o re in o se e sta b e le c e r, 11. Essa será a segunda (final) reunião dos restan­ tes depois de um a dispersão m undial, 1112, consum ada pelo poder divino. A antiga an im osid ad e entre Ju d á e E fraim (reinos m erid ional e seten trio n al) será abolid a, e serão garantidos a segurança e o dom ínio sobre quaisquer adversários, 13-14. Todos os obstáculos à reunião final de Israel se­ rão rem ovidos — aqui sim bolizados pelas grand es barreiras geográficas. O braço de m ar egípcio é a barreira que eles transpu­ sera m m ira cu lo s a m e n te q u a n d o sa íra m do Egito. O rio é o Eufrates (8.7).

12. 0 canto de redenção dos rema­ nescentes (quarto discurso) 1 -3 .0 canto de redenção do crente. É um coro triunfal de louvor ao Emanuel Reden­ tor, porque a ira divina foi afastada e so­ beja o consolo, 1; porque D eus é a salv a­ ção do cantor, 2; e porque ele é sua força e cântico, 3. O cântico será entoado "n aqu e­ le d ia", i.e., o dia da reunião dentre as na­ ções e da libertação final de Israel do Egi­ to do m undo, repetindo o cântico de M oisés

e Israel depois da libertação do m ar Ver­ m elho (Êx 15.1-21). 4-6. O canto unificado de redenção dos re sta n te s. E ssa se çã o p assa do sin g u la r para o plural (" v ó s " ), pois cada um dos rem idos se une ao coro de todo os rem i­ d os de Isra e l p re ste s a e n tra r n o rein o. C om o canto contínuo e am plificado de lou­ vor a Deus, contém uma exortação à ora­ ção e ao testem unho, 4; ao alegre cantar, 5; e à san ta e x u lta ç ã o e a le g ria , 6. Q ue b ela ode e x p ressa n d o o ilim ita d o jú b ilo d o s re d im id o s de E m anu el q u a n d o e le v o lta r para reger S ião e re in a r suprem o sob re toda a terra!

l/o/. III. Oráculos de Deus sobre o juízo das nações, 13.1—23.18 13. Sentença contra a Babilónia 1-16. A confusão das nações que antece­ derá a destruição. Babel ("co n fu são ") apa­ rece aqui sim bolicam en te para retratar a d eso rd em p o lítica e g o v ern a m e n ta l que caracteriza a terra durante os tem pos dos g e n tio s (L c 2 1 .2 4 ). Isso co n tra sta com a o rd em d iv in a (Is 11), com Israel na sua própria terra, o cen tro da bênção e sp iri­ tual e do divino governo do m undo (Is 2.15). Q u a lq u e r c o isa d ife re n te da b ên çã o sobre as n ações asso ciad as com Israel é, p o liticam en te, B abel ("co n fu s ã o "). O ju í­ zo de B a b iló n ia aq u i se re fe re tan to ao d om ínio persa (539 a.C.) quanto, em ter­ m o s d e fin itiv o s , ao ju íz o fin al de D eus sobre a estru tu ra m undial, da qual B abi­ ló n ia é m o d elo (Ap 17.5). O s v. 12-16 se co n c en tra m n o s ju íz o s a p o ca líp tico s do D ia do Sen h or (A p 6 -16), que resu ltarão na destruição das B abilónias religiosa (Ap 17) e política (Ap 18). 17-22. Profecia da destruição de Babiló­ nia no tem po de Isaías. Aqui entra em foco a B abilónia de N abucodonosor II (605-562 a.C.), que se tornou senhora do m undo e que caiu d ian te do persa C iro (539 a.C.). Essa Babilónia dos judeus cativos é o m o­ delo da Babilónia política que prevalecerá até que ela seja destruída na segunda vin­ da de Cristo.

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14. A queda de Babilónia e a restauração de Israel 1-3. A profecia da restauração de Israel prevê a queda de Babilónia. A exaltação de Is ra e l ao lu g a r que D eu s lh e re s e r v o u com o testem u n h o para as n a çõ e s, e seu d escan so das afliçõ es m u n d iais, n ã o p o ­ dem se realizar enquanto a Babilónia polí­ tica não for destruída. 4-11. O cântico de triunfo de Israel so­ bre o últim o rei de Babilónia. N ão se trata sim p lesm ente do rein ad o de N a b u co d o n o so r II n em de B e ls a z a r, m as d o líd e r político do restaurado im pério rom ano do final dos tem pos (A p 13.1-18), " o hom em da iniq u id ad e, o filh o da p e rd içã o " (2Ts 2.3-4), o "ch ifre p eq u en o " (Dn 7.8, 24-27; 11.36-45). Ele é visto no Sheol (cf. Ap 19.20, onde é lan çad o à G een a). 12-17. Satanás é tratado como inspirador do último rei de Babilónia. Satanás, organi­ zador e cab eça d os sistem a s de gov ern o do m undo, está tão intim am ente ligado a esse soberano d errad eiro e e x trem a m en ­ te diabólico (2Ts 2.9), que a ocasião da que­

da do rei de Babilónia fornece a im agem da queda original de Satanás e da entrada do pecad o no un iverso. A revelação tam bém serve para m ostrar o papel de Satanás no g o v ern o h u m a n o , e sp ecia lm en te p o rq u e Israel fica afastado do centro da ordem di­ vina a partir do seu cativeiro. 18-27. A futura destruição do satânico sistem a m undial. Essa passagem extrapo­ la a destruição da Babilónia literal, 18-24, e da A ssíria daquele tem po, 25, englobando "to d a a te rra ", 26, com o p rep aração para a ordem d iv ina no reino que é garantid a pelo im utável propósito de Deus, 27. 28-32. O ráculo sobre a Filístia. A Filístia seria esm ag ad a pelo ju g o a ssírio de Sarg ão e S e n a q u erib e, m as o S en h o r p ro te ­ geria seu povo.

15—16. Sentença contra Moabe M o abe seria im p ied o sa m en te d eso la ­ do (15.1 — 16.9). Sua arrogância e orgulho seriam h u m ilh ad os pela terrív el d ev asta­ ção da Assíria, 16.10-14. Prenunciam -se os acontecim entos do Dia do Senhor (cf. 16.5).

Animal mitológico pintado sobre azulejos do portal de Istar, da antiga Babilónia. Isaías profetizou a queda da Babilónia.

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17. Sentença contra Damasco e Samaria D am asco e E fraim (o rein o s e te n trio ­ nal) seriam d eso lad o s, 1-3, m as no final S a m a ria g e ra ria um re s to de v e rd a d e i­ ro s c re n te s q u e r e je ita ria m a icfo la tria , 3-8. O ca s tig o , p o rém , d ev e p re c e d e r a b ên ção , 9-11, com as h o rrív e is a tro c id a ­ d es da im in e n te in v a s ã o a s s íria que se pred iz, 12-14. O v. 14 pode tratar da o ca­ sião em que o anjo do Senhor m atou 185 mil assírio s (37.16).

18. Sentença contra Etiópia O s p ro feta diz aos em b a ix a d o res e tí­ op es que as aves de rap ina se a lim e n ta ­ riam d o s s e u s c a d á v e re s p u tre fa to s no cam p o de b a ta lh a , 1-6. P orém , "s e rá le ­ vad o um p resen te ao S e n h o r dos E xérci­ tos [...] ao lugar do nom e do S e n h o r dos E x é rcito s, ao m o n te S iã o " p elo s e tío p e s no dia do m ilénio, 7.

19—20. Sentença contra o Egito G u erra civil, seca e peste a sso larão o Egito com o consequência da invasão assí­ ria, 19.1-10. A sabedoria e o orgulho do Egi­ to se tom arão insensatez, 11-15. O Egito fi­ cará aterrorizad o diante da terra de Judá, por causa do propósito de D eus por inter­ m édio dele contra o Egito, 16-18, e o Egito será convertido e libertado para participar ao lado de Israel da graça de Deus, 19-25. Porém eram im inentes sobre o Egito a co n q u ista e o cativ e iro assírio (E sar-H adom ), 20.1-6. Isaías andou nu e d escalço, 1-2, com o sinal de que o rei da A ssíria de­ p o rta ria ca tiv o s e g íp c io s e e tío p e s , 3-6, dem onstrando a um forte partido de Jeru ­ salém, que buscava auxílio do Egito, com o era in s e n s a ta essa e sp era n ça .

21. Sentença contra Babilónia, Edom e Arábia 1-10. O juízo do deserto do mar. O "d e ­ serto do m a r" era B abilónia (cf. 9). A M é­ d ia é m en cio n ad a com o in stru m en to do

ju íz o , 2. Esse a con tecim en to estava cerca de dois sécu los no futuro, m as o profeta e n x e rg o u o a v a n ç o d os c o n q u ista d o re s persas. Essa é a p recisão da palavra pro­ fética, a história pré-escrita. 11-12. O juízo de Edom . O heb. em pre­ ga D um á ("s ilê n c io "), que e v id en tem en ­ te é um a n a g ra m a (tr a n s p o s iç ã o de le ­ tras) de Edom . E ssa terra ao sul do m ar M o rto, rica em m inérios, é tam bém ch a­ m ad a Seir (Gn 32.3; Nm 2 4 .1 8 ; Jz 5.4), a te rra d os a n c e s tra is de E saú, riv a is das tribos de Jacó. A riqueza de Edom foi re­ velad a p elo p esa d o tribu to que pagou a E sar-H ad om . O cob re e o fe rro e n riq u e ­ ceram Edom , além das taxas cobradas ao lo n g o da a n tig a estra d a real que segu ia rum o a E ziom -G eber. O clam or do gu ar­ da e sua re s p o s ta o c u lta d e v e ria m ser ouvidos, 11-12. 13-17. O juízo da A rábia. As tribos do n oroeste, na costa do m ar V erm elho (Gn 2 5 .3 ; Ez 2 7.2 0 ; 3 8 .1 3 ), os d ed a n ita s, que d e s p a c h a v a m b e n s à T iro fe n íc ia (E z 27.15), e os quedaritas, a leste da P alesti­ n a e da S íria , fa m o so s p e lo s seu s re b a ­ nh o s (Is 60.7) e suas tend as negras, seri­ am e x p u ls o s p e lo s c o n q u is ta d o r e s a ssírio s e cald eu s.

22. Sentença contra Jerusalém A cidade jubilante, m undialm ente afa­ mada, 1-4, invadida por exércitos, 5-7, de­ veria sofrer o sítio e a calam idade, 8-14. E cham ada "v a le da V isão", 1, 5, pois Deus se revelou sobre o m onte de Sião, que era cercado por vales com colinas m ais eleva­ das além . O bserva-se o d escuidado hedo­ n ism o d o seu s h a b ita n tes, 13, d ian te da in v a sã o a ssíria . Seb n a , o a d m in istra d o r, 15-19, o rg u lh oso u su rp ad or m aterialista, seria expu lso do cargo e substituíd o pelo fiel Eliaquim , 20-25. Eliaquim, funcionando como modelo de Cristo, receberia "a chave da casa de D avi", 22 (Ap 3.7). Mas no final é de Cristo o direito de reinar, 20, com o o Santo e Verdadeiro. "Fincá-lo-ei com o estaca em lugar firme, e ele será com o um tron o de honra para a casa de seu pai", 23-24 (cf. Zc 10.4).

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23. Sentença contra Tiro Tiro é m odelo da pompa e do orgulho da e stru tu ra sa tâ n ica do m u n d o (cf. Ez 2 8 .1 2 -1 5 ) n os seu s a sp e cto s c o m e rc ia is. Tiro era um opulento centro com ercial na costa fen ícia, que tod os os co n q u ista d o ­ res v alo riz a v a m . O e sto n te a n te e s p le n ­ dor, a orgulhosa independ ên cia e a sabe­ doria secular tinham por detrás inspiração satânica. N abu cod on osor, d ep o is de um sítio de doze anos, foi em b o ra sem co n ­ segu ir tom ar a cid a d e -ilh a , m as que foi con q u istad a p o r A le x an d re em 332 a.C . (cf. Zc 9.2-4). Isaías previu a queda desse centro com ercial do m undo, 1-7. D eus de­ cretara tal cala m id ad e p o r ca u sa do o r­ gulho, 8-12. O s seten ta an os d u ra n te os

O Tesouro, templo mais importante de Petra, cidade do antigo reino de Edom, atual Jordânia. Essa terra ao sul do mar Morto, rica em minérios, é também chamada Seir. Isaías profetizou sua queda.

q u ais T iro seria esq u ecid a , 17, ta lv ez se re fira m ao te m p o e n tre a c o n q u is ta de N abucodon osor em 571 a.C. e a queda de B abilón ia, tem po em que Tiro recon q u is­ tou certo grau de destaque.

Vol. IV. Livro de juízo e promessa, 24.1—27.13 Esses capítulos formam uma profecia contínua sobre o tema do juízo no Dia do Senhor, seguido de bênçãos. Às vezes, são chamados Apocalipse de Isaías.

24. 0 Dia do Senhor e a bênção do milénio 1-13. Os juízos do Dia do Senhor. O Se­ nhor julgará a terra e os habitantes da terra, 1. Todas as classes da sociedade que rejeita­ ram a Cristo serão atingidas no final dos tem­ pos, 2. D escrevem -se as desolações apoca­ lípticas, 3-13, e a razão delas, 5. Esse é o período descrito em 2Ts 1.7-10; Mt 24-25; Ap 4 .1 -1 9 .1 6 ; Is 2.6-22; Sf 1.1-18; Zc 1 2 .1 -1 4 .1 5 . 14-16. Interlúdio: a preservação e o cân­ tico dos restantes. O canto com eça "naquele d ia" e é ouvido por causa da m aravilhosa lib ertação d iv ina pela G ran d e T ribu lação (Ap 7.1-8; 14.1-5). 17-22. O juízo do Dia do Senhor conti­ nua. Ele se concentrará na terra e nos ím ­ pios h a b ita n tes da terra, e sobre Satanás e seus dem ónios, 21. Este inspira e m ove os ím pios (Ef 6.10-12; Ap 9.1-12, 20-21; 12.710), e e sp ecia lm en te os "r e is do m u nd o in teiro " (Ap 16.13-16) para a fase final da iniquid ade erguida contra Deus, que aca­ ba esm agada em A rm agedom . O cu m pri­ m e n to : S a ta n á s e seu s d e m ó n io s serã o con fin ad o s ao abism o sem fu nd o, 22 (cf. Ap 20.1-3), e a Besta e o Falso Profeta se­ rão la n ça d o s v iv o s na G een a (A p 19.20; 2 0 .1 0 ).*Os ím p ios h ab itan tes da terra se­ rão varridos pelos juízos do selo, da trom ­ beta e da taça (Ap 6.1 — 19.16), ou destruí­ dos no advento do M essias (Ap 19.11-19). 23. O reino m ilenar de Cristo. Tão glori­ oso será que o sol e a lua se confundirão quando o M essias "reinar no m onte Sião" em Je ru sa lé m .

Isaías I 257 ]

25. 0 louvor de Israel pela bênção do reino 1-5. A nação libertada louva ao Senhor. Israel louva ao seu Sen h or p elas lib erta ­ ções m iracu losas, 1; p elo castig o que ele inflige aos seus inim igos, 2-3; e peld auxílio que ele dá aos pobres e n ecessitad os, 4-5 (cf. Is 12.1-6). 6-8. Bênçãos para todas as nações descri­ ta s . P ro m e te -s e u m b a n q u e te de c o isa s gordurosas "n este m o n te", i.e., Sião (cf. Is 2.1-5); a cegu eira esp iritu al será elim in a ­ da, 7. A m orte será engolid a pela vitória (Os 13.14; IC o 15.54; Ap 20.14; 21.4). O Se­ n h o r re tira rá a ce n su ra d o seu p o v o de toda a terra, 8. O etern o estad o fu nd e-se com o cenário do milénio. 9. A recom pensa de Israel pela espera. P rom etem -se a salv ação e a p articip ação no júbilo do Senhor. 10-12. Os inim igos de Israel são julga­ dos, inclusive M oabe.

26. 0 cântico milenar de Judá

1-6. Louvor pela fidelidade e pelas miseri­ córdias do Senhor. Jeru salém é celebrada como cidade salva, abrindo seus portões aos justos, 1-2. Enfatizam-se a bênção do Senhor àqueles que nele confiam , 34, e a hum ilha­ ção que ele inflige aos orgulhosos, 5-6. 7-11. A espera durante a noite. 12-18. G arantias de paz e libertação. Is­ ra e l, restau rad o e con v ertid o , d esfru tan ­ d o d as b ê n ç ã o s da te rra , e x p r e s s a sua a d o ra çã o ao S e n h o r em a leg re lo u v o r e te stem u n h o . 19. Garantia da ressurreição do corpo aos justos santos do AT. "O s vossos mortos [...] viverão e ressuscitarão." Embora a restau­ ração de Isra e l com o n ação seja sim b oli­ zad a pelo sím ile da ressu rreição (Ez 37.111), com o em D n 12 .1 -2 , e sta p assag em ev id e n te m e n te tem em m ira a re ssu rre i­ ção física, pois a prim eira ressurreição en­ volve a participação no reino (Ap 20.4-6).

Parreiras prontas para a colheita. Os profetas do Antigo Testamento sempre usavam a metáfora da vinha como referência ao povo de Deus.

[ 258 I Isaías

20-21. Vislumbre da indignação divina no Dia do Senhor. Os restan tes são ch a m a ­ dos a se ocultar. O v. 21 resu m e v ivid amente os juízos de Ap 6 .1 —19.21.

27. Castigo dos inimigos de Israel e triunfo do reino. 1. Destruição dos inim igos de Israel. Es­ ses são sim bolizados pelo leviatã (SI 74.14), o monstro do mar e o dragão, sem dúvida com im p licação de fo rças sa tâ n ica s por trás deles com o no caso do rei de Babiló­ nia (14.1-14) e Tiro (Ez 28.12-14). (Cf. o Lotã da literatura ugarítica, Ap 11.7; 12.3; 13.1). 2-9. O zelo do Senhor pelos seus, mesmo em face do castigo, é indicado pelo símile da vinha (cf. Is 5.1-7); Israel passa, então, a pros­ perar, 6, depois do fim dos castigos, 8-9. 10-11. Os inim igos de Israel são destruí­ dos — total e finalmente. 12-13. A volta dos rem anescentes. Essa últim a palavra d esse V olum e de Ju íz o e P rom essa fala da reu n ião fin al de Israel ao troar da trom beta (cf. M t 24.31) e a fu­ tura adoração em Jeru salém (cf. 2.1-5). O ribeiro do Egito (Gn 15.18; Ez 47.19) é o Wadi el-A rish, que separa o sudoeste da P ales­ tina do Egito.

Vol. V. Livro das aflições que precederão as glórias da restauração, 28.1 —35.10 28. Condenação de Efraim 1-13. O juízo das dez tribos. Anotam-se seu orgulho e bebedeiras, 1, 3, 7-8. Prevêse o temível castigo da invasão assíria, 2-4. O testem unho da Palavra de D eus é apre­ sentado a esses pecad ores, 9-12, m as eles rejeitam seu alerta, selan d o seu d estin o, 13. No entanto, um resto será preservado para confessar o Sen h or com o "co ro a de glória" e "form oso diadem a" no reino, 5. 14-29. Destino de Efraim, alerta para Judá. Os debochados governantes de Jeru salém fizeram "a lia n ça com a m o rte " e com o "além " (provavelmente um a aliança com o Egito) para escapar à invasão assíria, 14-15,

m as a re fe rê n c ia m e ssiâ n ica à "p e d ra já provada" (Dn 2.34; IP e 2.8) projeta a profe­ cia ao final dos tempos e a aliança prenun­ cia o tempo em que a nação apóstata entra­ rá em acordo com o Anticristo (Dn 9.27). Mas todos os que confiarem na falsa aliança e não na libertação de Deus pela Pedra (Mes­ sias) serão varridos pelo juízo, 17-29.

29. Condenação de Ariel (Jerusalém) I-4. O último cerco de Jerusalém. Apesar do seu caráter sagrado como Ariel ("o leão de D eu s"), associado a Davi, 1, m odelo do grande Libertador de Jerusalém ("o Leão da tribo de Judá", Ap 5.5), o próprio Senhor por interm édio dos seus instrum entos de açoite (os inim igos de Israel no fim dos tem pos) acam pará contra ela. Ele a cercará, 2-3, até que a cidade seja reduzida a cinzas, 4-5 (cf. Zc 12.1-14; 15; M q 4.11; 5.4-15; Dn 11.40-45). 5-10. O Senhor, então, cuidará dos in i­ m igos de Israel. Q uando os instrum entos da sua ira castig ad o ra tiverem conclu íd o o seu d esíg nio a resp eito do seu povo, o S en h or se v o ltará contra eles e d estru irá " a m u ltid ã o de to d a s as n a çõ es [...] que p eleja rem co n tra o m on te S iã o ", 7-8, ceg a n d o -o s e in e b ria n d o -o s p a ra su a d e s ­ truição, 9-10 (cf. Zc 14.3, 12-15). II-1 2 . Essa profecia é para o final dos tem pos. D eve fica r selada porqu e nem o ce rco de S e n a q u e rib e , n em o c e rc o dos rom anos, a cum pre totalm ente. Seu cu m ­ prim ento ainda repousa no futuro. 13-16. A condição do povo é de ceguei­ ra religiosa e vazio form alism o (cf. M t 15.89; M c 7 .6-7). P ro n u n cia -se a co n d en ação daqueles que pensam que seus atos sujos estão ocu ltos ao Senhor, 15-16. 17-24. Bênção para um resto rem ido. Os "m an so s terão reg ozijo " e "o s pobres en ­ tre os h o m en s se a leg ra rã o no S a n to de Israel", 17-19. Os ím pios serão expurgados, 20, e a casa de Jacó, abençoada, 22-24.

30—31. Alerta contra a aliança com o Egito 30.1-14. A im piedade do partido pró-Egito. E les acalentavam um a causa in sen sa ­

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ta, 1-7, resistindo à palavra de D eus, 8-11, e a consequência de seguir o conselho dos estran g eiro s seria a calam id ad e, 12-14. 30.15-33. C onselho para confiar no Se­ n h or. P ro m e te m -se b ê n çã o s que p re s s a ­ giam a libertação e a alegria do reino àque­ les que crêem em D eus; m as aqifeles que se reb elam te rão a co n d en a çã o , p re n ú n ­ cio dos ju ízos do D ia do Senhor. 31.1-9. N ovam ente se enfatiza a desgra­ ça de confiar no Egito. Repete-se a conde­ n ação da alian ça com o Egito, 1-3. O S e­ n h o r p ro m ete re sg a ta r Jeru sa lé m , 4-9. O povo de Israel é exortado a voltar-se a ele com fé, àq u ele de quem tan to se a fa s ta ­ ram, 6-7, pois os assírios do final dos tem-

Detalhe do terrível massacre gravado na menorá, o candelabro de sete braços que se encontra na frente do Knesset (Parlamento israelense), em Jerusalém. Isaías profetizou a batalha do Armagedom, uma terrível carnificina resultante da vingança do Senhor contra os exércitos do satânico sistema mundial.

pos, 8, serão arrasad os sobrenaturalm en­ te, 9, pelo Rei m essiânico de Israel.

32. 0 Rei-Messias e seu reino 1-8. A libertação definitiva de Israel pelo Rei-Messias. Esse capítulo faz parte do dis­ curso iniciado em 31.1. A libertação pela gra­ ciosa intervenção de Deus, 31.1—32.20, virá no final por m eio do Rei-M essias de Israel, 32.1-8 (não por confiar no Egito, 31.1-9). O Rei (Jesu s C risto ) é v isto com o "e sc o n d e rijo contra o vento [...] refúgio contra a tempes­ tade", 1-2, e seu reino terreno é descrito, 3-8. 9-14. No intervalo, enumeram-se os pe­ cados e sofrim entos de Israel. Os pecados das m ulheres despreocupadas (cf. Is 3 .1 6 — 4.1, 4) são m encionad os com destaque. O estado espiritual das m ulheres é um baró­ m etro sen sív el do estad o m oral de q u al­ quer nação. 15-20. Esperança no futuro — o derra­ m am ento do espírito e suas consequências. A aflição e a condenação de Israel não são p erm an en tes — "a té que se d erram e so­ bre nós o Espírito lá do alto", 15, cum prin­ do J1 2.28-32. A s consequências do derra­ m am ento do E spírito são bênçãos sobre a terra, 15; p re d o m in â n cia d a ju s tiç a e da retidão, 16; paz e segurança, 17-20.

33. Castigo dos assírios, triunfo de Cristo 1-12. Declara-se a destruição dos assírios. E ng anad ores traiçoeiros com o Sen aqu eri­ be d evem ser d iv inam en te d estru íd os, 1, com o fruto do favor que D eus dispensa ao seu povo, aten d en d o -lh e as orações, 2-6. D escrevem -se os horrores da crueldade e da perfídia dos assírios na invasão da ter­ ra, 7-9. O Senhor anuncia a destruição da Assíria, 10-12. 13-16. A aflição dos não religiosos em face da am eaça assíria. Seu apavorado tre­ m or é resu ltad o do seu pecad o e da sua d e s c re n ç a . 17-24. A salvação pela visão do Rei-M es­ sias na sua form osura. Essa visão do futuro L ib e rta d o r d issip a rá o terro r d a am eaça assíria e de um invasor estrangeiro, 17-19.

[ 260 1 Isaías

A ssim , Jeru salém será vista com o cidad e seg u ra, p len a da m ajestad e e da lib e rta ­ ção do Senhor, 20-22, e os restantes dividi­ rão os despojos, 23-24.

34. Armagedom e a destruição do poder mundial dos gentios 1-7. A batalha de A rm agedom . Todas as n a ç õ e s se re u n irã o p ara a b a ta lh a , 1-3. Terrível carnificina resulta da vingança do Senhor contra os exércitos do satânico sis­ tema mundial, centralizado em Edom, 4-6 (cf. Ap 19.11-21; Is 63.1-6). 8-15. Desolação após o desastre. A indig­ nação do Senhor é então revelada a todas as nações e seus exércitos inspirados pelo dem ónio, que pretendem d estruir Israel e tomar posse da terra (cf. Ap 16.13-16). 16-17. A garantia divina de que Israel possuirá e habitará a terra. A prom essa de D eus a Israel será cu m prida, garantind olhe a terra e fazendo-o nela habitar perpe­ tuam ente, 16-17.

35. A glória do reino 1-2. A restauração da terra e a m anifes­ tação do Senhor. Isaías 34 é um dos capítu­ los mais som brios da Bíblia. O capítulo 35 é um d os m ais ra d ia n te s e a le g re s. E o grande clímax do Volume das A flições que P re c e d e rã o as G ló ria s da R e s ta u ra ç ã o , iniciado em 28.1. A Palestina, física e clim aticam ente m odificada para receber seu Redentor e os rem idos da segunda vinda, é p oeticam ente p erson ificad a. C om esfuziante alegria, o deserto, A rabá, o Líbano, o Carm elo e Sarom vêem "a glória do S e ­ n h o r , o esplendor do nosso D eus". 3-7. R etrospectiva das tribulações que precederão as bênçãos. D á-se a ordem de encorajar os fracos e tem erosos, 3-4, para conduzi-los através das trevas que p rece­ dem a alvorada. Eles devem ser encoraja­ dos porque o R ei-M essias está a cam inho para castig ar os in im ig os de Israel; para re co m p en sar e lib e rta r os seu s, 4; para op erar m ilag res n o s co rp o s e n as alm as dos homens, 5-6; e para fazer prodígios na natureza, 6-7.

8-10. Volta dos rem anescentes rem idos a Sião. A volta será por um cam inho desig­ nado, estrada principal, bom cam inho, ca­ m in h o s a n to , ca m in h o c la r a m e n te d e ­ m arcado, 8, e seguro, 9. O s re s g a ta d o s v o lta rã o a le g re m e n te a S ião, com etern a exu ltação e co n ten ta ­ mento, finalm ente alcançando alegria, com tristeza e su sp iros (atorm en tan d o-os lon ­ g a m e n te ),10.

Vol. VI. Parêntese histórico, 36.1—39.8 36—37. Derrota do exército assírio O s capítu los 36-39 form am um p arên­ tese histórico ligando a prim eira parte do livro (caps. 1 —35), que consiste em profe­ cia s de ju íz o s e b ê n ç ã o s o r ig in á ria s do período assírio, à segunda parte, com pos­ ta de p ro fe cia s de con so lo que em anam do período babilónio. O nom e de Ezequias é m e n c io n a d o c e rc a de 35 v e z e s n e s sa seção, que é, às vezes, in titu lad a Volum e de E zequias. Essa seção é q uase id ên tica ao texto de lR s 18.13 —20.19. É p ro váv el que Isa ía s te n h a e sc rito o m a te ria l, que foi m ais tard e in co rp o rad o à h istó ria da corte de Judá e, por último, a Reis. 36.1-22. Os assírios desafiam abertam en­ te ao S enh or. O a rro g a n te co n q u ista d o r assírio, Sen aqu erib e, em 701 a.C ., enviou seu co m a n d a n te -e m -c h e fe de L a q u is (a fortaleza de Judá que vigiava a estrada do Egito) para exigir a rendição incondicional de Judá. O com andante se encontrou com a delegação de Ezequias, 1-3, e na presen­ ça dela insultou Ju d á por ter confiad o no Egito, 4-6, e no D eus de Ezequias, 7-10. Ele p rosseguiu com seus escárn ios blasfem os diante de todo o povo de Jerusalém , 11-22. 37.1-38. A resposta do Senhor ao desa­ fio. E zequias consu ltou o Senhor sobre a questão no tem plo, 1, e enviou um a dele­ g a çã o a Is a ía s p e d in d o co n se lh o e o r a ­ ções, 2-5. Ele recebeu do profeta a prim ei­ ra garantia de libertação, 6-7. Entrem entes, o com andante foi se encontrar com Sena­ q u eribe, que sitiav a L ibna (ou tra cid ad e fo rtifica d a de Ju d á, ao n o rte de L aqu is). Ao ou vir que o p rín cip e T iraca (Taharka

Isaías I 261 1

nas listas de reis do Egito, que m ais tarde se tom ou o terceiro rei da vigésim a quinta d in astia e g íp cia ) se p rep arav a para a ta ­ car, 8, Senaqueribe despachou outra am e­ aça intim idadora a Ezequias, 9-13. O rei a e sten d e u d ian te do S en h o r no tem p lo e orou, 14-20. O Sen h or deu n o v a 'g a ra n tia por interm éd io de Isaías. O m onarca que d esafiava a D eus seria esm agado, 21-35.

38—39. Doença e pecado de Ezequias 38.1-22. E zequias é curado de grave do­ e n ça . Is a ía s a n u n cio u que a d o e n ça de E zeq u ias seria fatal, 1. A oração do m o ­ narca, 2-3, foi atend id a e D eu s a cre scen ­ tou quinze anos à sua vida, confirm and o sua p ro m essa pelo " s in a l" , 4-8 (e x p licá ­ vel som ente por um m ilagre). Está reg is­ trado o salm o de ação de graças e louvor de E zeq u ias, 9-20. M e n cio n a -se o re m é ­ dio usado na cura, 21. 39.1-8. O insensato orgulho de Ezequias. M erod aq u e-B alad ã (M ard u q u e-A p il-Id d ina), fingindo congratular Ezequias pela sua recuperação, tentou por meio de um a em ­ baixada e pródigos presentes atrair os ju ­ d eus a um a aliança contra a A ssíria, 1. A e g o ísta in sen satez de E zeq u ias ao exib ir toda a sua riqueza e poder, 2, valeu-lhe uma sev era re p re e n sã o de Isa ía s e um a lerta sobre o Cativeiro Babilónio, 37. O rei, peni­ tente, aceitou a sentença de Deus, 8.

Nota histórica M ero d aq u e-B alad ã foi duas vezes so­ berano de Babilónia (722-710 e 703-701 a.C.). Ele iniciou a política de fortalecim ento da C ald éia e preparou o cam inho para a a s ­ censão de N abopolassar e N abucodonosor II, e para o subsequente cativeiro de Judá.

Vol. VII. Livro de consolo, 40.1—66.24 40. Consolo do Israel libertado 1-11. O cham ado e as circunstâncias do consolo prom etido. Faz-se um cham ado ao

c o n so lo de Isra e l, 1, p o rq u e se p revê o fim do seu sofrim ento, agora que sua de­ so b ed iên cia está p len am en te castigada e seu pecado, perdoado, 2. V ê-se o precur­ sor do p rom etid o con so lo (João Batista e sua m ensagem ), 3-8, preparan do o cam i­ nho para o M essias, único C onsolador ver­ dadeiro de Israel (M t 3.3; Lc 3.4-6; Jo 1.23). A o c a s iã o d o c o n s o lo é a re v e la ç ã o de D eus em Cristo, 9-11, com o Deus pessoal, L ibertad or e Rei, 10, R ecom pensad or, 10, e P astor, 11. 12-26. O caráter do Consolador. Seu po­ d er con so lad or é ilim itado, 12. Sua sabe­ doria é insondável, 13-14. Seu ser é incom ­ p a rá v e l, 1 5 -1 7 . Seu c u lto p re c is a ser espiritual, 18-26. Por isso a idolatria é com ­ pleta in sensatez e iniquid ad e censurável, 18-20, à luz da infinita grandeza da Divin­ dade, 21-26, que é con firm ad a pela C ria­ ção de Deus, 21-22, 25-26, e declarada pe­ las suas obras entre os hom ens, 23-24. 27-31. A receita do consolo no presente. O profeta reprova a inquietação deles, 27, e lhes dá a receita do consolo, 28-31, repas­ sando o caráter de Deus, 28-29, e lem bran­ do a fidelidade do Senhor, 29-31, especial­ m ente no auxílio aos desam parados, 29, e na fiel atenção às suas orações, 30-31.

41. Os argumentos do Senhor contra a idolatria 1-7. A cusação dos idólatras. O tribunal divino é reunido e seu desafio, apresenta­ do, 1. Sua acu sação contra os id ólatras é provada pelo fato de ter ele levantado Ciro, fundador do im pério persa e libertador dos judeus do jugo de Babilónia, 2-4. Expõe-se a insensatez dos idólatras, 5-7. (Sobre Ciro, cf. 41.25-26; 44.24-28; 45 .1 -6 ,1 3 ; 46.11; 48.14.) 8-20. O povo de Deus é encorajado. A base desse encorajam ento, 8-9, é o fato de serem eles servos de D eus, seu povo elei­ to, descendência de Abraão, 8, e objeto de libertações anteriores, 9. Por isso, são alvo de especial encorajamento, 10-20. Deus pro­ m ete a sua presença e proteção, 10; a liber­ tação do jugo dos inimigos, 11-14; a vitória sobre os ad versários, 15-16; e as bênçãos m ateriais sobre a terra, 17-20.

[ 262 1 Isaías

21-24. Os próprios ídolos são tam bém desafiados a apresentar provas do seu co­ nhecim ento do passado e do futuro, 21-23, e do seu poder para fazer qualqu er coisa — boa ou m á, 23. Sem p o d er fa z e r nem u m a c o is a nem o u tra , são c o n d e n a d o s com o nulidades, e seus adoradores, com o abom inação, 24. 25-29.0 próprio Senhor apresenta a pro­ va da sua divindade exclusiva. Só ele tem o irresistível poder de precipitar a ascensão de Ciro, um a infalível capacidade de p re­ ver o fato com um século e m eio de ante­ cedência. Ele portanto p ro n u n cia o v e re ­ d icto sob re íd o lo s e id ó la tra s. E le s são vaid ade; suas o b ras, n u lid a d e s; su as re ­ presentações, ven to e con fu são, 29.

No detalhe do alto-relevo, Senaqueribe, rei assírio famoso por suas campanhas militares contra Judá, assiste a uma parada militar. Em 701 a.C., esse arrogante monarca enviou um comandante a Laquis, para exigir a rendição incondicional de Judá.

42. 0 Servo-Messias do Senhor 1-4. Deus (o Pai) apresenta o Servo em relação a si m esm o com o seu Servo, seu eleito e seu deleite, 1. Ele cita as qualifica­ ções da sua obra, e sp ecifica a sua Tarefa e d escreve o caráter do Servo, 2-4. Esse é o prim eiro "C ân tico do Servo", 1-6 (v. 49.16; 50.4-11; 5 2 .1 3 -5 3 .1 2 ). 5-9. A profecia do ministério do Servo. A d e sc riçã o d a q u ele que in cu m b e o Serv o do m inistério o revela com o D eus (o Pai), C riad or do u n iv erso, Su sten tad o r do h o ­ m em sob re a terra, 5. Suas g a ra n tia s ao Servo assegu ram o sucesso, 6. A p ró p ria descrição do m inistério do Servo o revela co m o M e d ia d o r da a lia n ça da g ra ça , 6. Com o Luz para os gentios, 6-7; e com o L i­ b ertad o r dos p risio n eiro s, 7. A ssegu ra-se a ratificação da com issão, 8-9, pela d ivin­ dade e autoridade do O utorgador, 8, e pela integridade da sua palavra, 9. 10-12. Louvor e adoração a D eus pelo futuro Servo. Essa bênção exige um "c â n ­ tico n o v o " de todos os povos, até os con­ fins da terra. 13-17. Previsão da vingança do Servo. Ele triu n fa rá com o g u e rreiro sob re seu s inim igos, 13. Porá fim ao seu silêncio dian­ te dos insultos dos inim igos, 14-15. Tratará seu s a m ig o s com m is e ric ó rd ia , 16; m as derrotará com pletam ente os idólatras, 17. 18-25. D enúncia e reprovação de Israel, o servo infiel. O Senhor cham a seu povo, 18, e fielm en te avalia sua triste condição, 19-20. P rotegend o seu caráter e sua pala­ vra, 20, n e cessa ria m e n te d eve ca stig a r o pecado e a infidelidade do seu povo como a um servo, 22. Porém , m isericordiosam en­ te, ele lhes proporciona alívio, aconselhan­ d o-os a reco n h ecer sua p resen ça na afli­ ção, 23-24, e confessando a provocação no castigo que recebem de D eus, 25. »

43.1—44.5 Garantia para a nação restaurada 43.1-7. P rom essa de con solo para o re­ m an e sce n te s. A b ase da p ro m essa é d u ­ pla: (1) o Sen hor é o C riad or e (2) Ele é o R ed en to r da n ação ainda a ser re sta u ra ­

Isaías t 263 1

da. A p rom essa de estar ao lad o de Isra ­ el na água e no fogo lem bra a e x p e riên ­ c ia do d e s e rto , q u an d o o S e n h o r os le ­ vou pelo m ar e os guiou com um a coluna de fogo (cf. IC o 10.1-2). A fu tu ra eficácia da p ro m essa é a sseg u ra d a p e lo fa to de q u e e le e s t a r á p e s s o a lm e n t e 'a o la d o d eles, 5, e os resg atará do seu cativ eiro, 5-6. Assim ele cu m prirá seu prop ósito de ch am ar a n ação à e x istên cia , m o d elá -la , a p e rfe iç o á -la p ara que p o ssa g lo rific a rse n e la , e ser g lo rific a d o p o r e la , 7 (cf. Rm 11.29). 43.8-13. O propósito de Deus na nação. Era ser testem u n h a às n ações p ag ãs ce ­ gas pela idolatria, 8-9, do D eus único e ver­ dadeiro e de seu Servo, 10-13. 43.14-21. O poder soberano de Deus será dem onstrado pela destruição dos caldeus e pela restauração dos seus prisioneiros. Isso trará glória a Deus. 43.22-28. Os castigos da nação são re­ su ltad o da sua in gratid ão . Isso se m an i­ festa na falta de oração, 22; na in d iferen ­ ça re lig io s a , 2 3; e no p e c a d o , 2 4 , tu d o d ian te da p ro n ta d isp o sição de D eu s de perdoar, 25, e de p leitear e arrazo ar com eles, 26-28. 44.1-5. A graça salvadora de Deus se m a­ nifestará na conversão da nação-serva. Como servo e nação eleita de Deus, 1, Israel (sim­ b olicam en te cham ad o Jesu ru m , "r e to " , 2 — ver Dt 32.15; 33.5-6) tem do Senhor a pro­ m essa de, d ep ois de con v ertid a, receb er seu Espírito Santo (Is 32.15; J1 2.28-32).

44.6-28. Israel como testemunha do Deus único e verdadeiro 6-8. Deus declara sua exclusiva divinda­ de. Com o Senhor, Rei de Israel, R edentor de Israel, S e n h o r dos Exércitos, 6, ele d e­ clara ser a única D ivindade, o Incom pará­ vel, o O nisciente, a Rocha, 7-8. 9-20. Sátira da com pleta insensatez da idolatria. Ela obscurece a mente e cega os olhos à verdade espiritual. 21-23. Israel, a nação de Deus, deve ser testem u nh a contra a idolatria. Esse é seu papel de servo, 21, sendo remido, para que D eus possa ser glorificado na nação, 23.

24-28. O Senhor decreta a restauração do seu povo por interm édio de Ciro. Ele cha­ ma Ciro de "m eu p asto r", aquele que "cu m ­ prirá tudo o que me ap raz", 28 (cf. 41.2-4; 44.24-28; 46.11; 48.14).

45. Ciro como modelo do Messias Ver 44.24-28 acima. 1-6. O Senhor promete a Ciro domínio ir­ resistível, como modelo do Messias. O Senhor o chama "seu ungido", único caso em que esse título descritivo se aplica a um gentio. Isso, ju n tam en te com a d esignação "m eu pastor" (Is 44.28), igualmente um título mes­ siânico, destaca Ciro com o exceção extra­ ordinária, um m odelo gentio do M essias. A m bos são restauradores de Jerusalém (Is 44.28; Zc 14.1-11). Ambos são conquistado­ res irresistív eis dos ad versários de Israel (Is 45.1; Ap 19.19-21; Sl 2.9). Ambos são usa­ dos para glorificar o nome do Deus único e verdadeiro (Is 45.6; IC o 15-28). 7-25. A soberania do Senhor é confirmada diante das críticas dos homens. Seu domínio é confirmado por aquilo que ele faz, 7-12; pelo fato de levantar C iro com o seu servo, 13; pela profecia de que os gentios devem ser convertidos assim como Israel, 14-19; e pelo seu convite aberto para que os "lim ites da terra" creiam e sejam salvos, 20-25.

46—47. A libertação do jugo babilónio e suas lições 46.1-13. A im potência dos ídolos em con­ traste com a onipotência do Senhor. Bei (Mar­ duque, Jr 50.2, o deus padroeiro de Babiló­ n ia ) e N eb o (u m a in flu e n te d iv in d a d e babilónia, padroeira da cultura e do saber) serã o um fard o para os a n im a is que os levarão ao hum ilhante cativeiro, 1-2. Deus, ao contrário, sustenta e carrega seu povo, do n ascim en to à velhice, criand o-os e red im in d o-os, 3-4. Ele é, além do m ais, in­ com parável, 5, absolu tam ente distinto de um ídolo fabricado e sem vida, que preci­ sa ser carregado pelo fiel, ao invés de ele, o fiel, ser carregado pelo seu Deus, 6-7. E mudo, ao contrário do Deus onisciente que con h ece o fu tu ro, 8-10, e d em onstra seu

[ 264 I Isaías

desígnio ao levantar Ciro, 11, e cham ar os hom ens a aceitar a sua libertação, 12-13. 47.1-7. O castigo extrapola aquilo que Deus decreta punível na escravidão em Ba­ b iló n ia. A orgu lhosa cidad e d os cald eu s será assolada pela vergonha e escravidão, pois usou de excessiva crueldade para com o povo de Deus. 8-15. Condenam-se a cultura im piedosa, a filosofia e a religião deste m undo. O pra­ zer carnal e a excessiva con fian ça de Ba­ bilónia, 8-9; seu orgulho, sabed oria e co­ nhecim ento, 10-11; e sua religião ocultista e demoníaca, 12-13, serão sua ruína, 14-15. Sua condenação sim boliza a destruição do sistema m undial satânico na vinda do Rei e do reino de Israel.

48. 0 Senhor cuida do desobediente Israel 1-8.0 Senhor apresenta a prova da profe­ cia cumprida. Judeus idólatras e hipócritas, 1-2, são confrontados com a verdade da pro­ fecia cumprida como m anifestação do onis-

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Tell Laquis, lu ga r de um a das cidad es m ais .fortificadas de Judá, qu e fo i co n q u istad a por Senaqueribe, g o ve rn a n te assírio.

ciente poder de Deus contra qualquer defe­ sa que possam fazer do seu ídolo. 9-11. Deus confirm a sua glória pelo cas­ tigo de Israel. Pelo seu nom e, de um lado, ele contem sua ira evitando que seu povo Is ra e l s e ja co m p le ta m e n te d e s tru íd o , 9; porém , de outro lado, ele precisa purificálo s na fo rn a lh a da a fliç ã o p ara q u e seu nom e p erm aneça im aculad o e sua glória, p reserv ad a, 10-11. 12-16. Ele inspirará um libertador gentio para resgatar seu povo de Babilónia. Com o o Eterno, o C riad or, 12-13, ele reúne seu povo errante para antecipar-lhe que levan­ tará um am ado (Ciro) que fará sua vonta­ de contra Babilónia, 14-16. 17-19. Ele lam enta a tragédia da desobe­ diência do seu povo. O propósito do casti­ go é ensinar-lhes "o que é ú til" e dirigi-los "p e lo cam in h o em que [eles d evem ] a n ­ d a r", 17. Tivessem eles obedecido, nu m e­ ro sa s b ên çã o s lh es teriam sid o d erra m a ­ das, 18-19. 20-22. Eles devem anunciar a divina liber­ tação do jugo babilónio. Sua bondade deve

Isaías I 265 I

ser testem u n h ad a tanto na lib ertação do jugo babilónio, 20, quanto na sua graciosa intervenção quando da libertação do jugo egípcio. Eles devem lem b rar sem pre que "P ara os perversos [...] não há p az", 22. f

49. 0 Servo-Messias e sua missão 1-4. A com ovente exclam ação do Servo. D ra m a tica m e n te , o S e n h o r co n v o co u os gentios, an u n cian d o -lh es que seu ch am a­ do é d iv in o , 1. D e p o is d e s c re v e u su a s qualificações para o m inistério (dotado de u m a p o d e ro s a m e n s a g e m e p ro te g id o pela m ajestad e d iv in a), 2, e in d ico u sua confirm ação divina, 3. No entanto, do pon­ to de v ista p u ram en te hu m ano (p o is ele se to rn o u h o m em !) o S e rv o -M e s sia s la ­ m enta o ap aren te fraca sso in icial da sua ta re fa , m a s ra p id a m e n te v en ce a te n ta ­ ção ao d esânim o com a convicção de que e le fez a v o n tad e de D eu s, e sp era n d o a recom p ensa d ivina, 4. 5-13. A garantia do Senhor para o suces­ so irrestrito do seu Servo. O caráter e o propósito do Senhor, 5, assim com o o m i­ n istério do Servo in icialm en te só para os ju d eu s, 5-6, e d ep ois aos gentios, garante a e x te n sã o m u n d ial da sua b ên çã o . Isso d epois dos seus sofrim entos e rejeição, 7. N ão só é d ele um ab en ço ad o m in istério de red enção, 8-9, m as seu s rem id o s d es­ frutam de plenas bênçãos, 10-13. 14-26. O Senhor encoraja o desanimado Israel. Ele não esqueceu seu povo, que está gravado nas palmas das suas mãos 14-18. O Senhor o restaurará e abençoará na sua ter­ ra, 19-23, castigando seus inimigos, 24-26.

50. 0 Israel desobediente i/s. o Servo obediente 1-3. O povo desobediente é apresenta­ do. E les sã o d ra m a tica m e n te d esa fia d o s pelo próprio Senhor a prová-lo infiel com o m arid o e com o pai, 1. Sob re ele s p esa a responsabilidade do seu cativeiro e do d i­ v ó rcio d o S e n h o r, e são d e c id id a m e n te condenados por conta da sua incredulida­ de, d eso b ed iên cia e d esresp eito pelo p o ­ der do Senhor, 2-3.

4-9. O obediente Servo-Salvador é pro­ fetizad o . P rev ê-se a vinda do Servo. Ele virá com o e ru d ito e d ócil, ob ed ien te no sofrim ento, na rejeição e na morte, 4-6 (cf. Fp 2.6-8). O Servo vencerá com o corajoso cam peão, confiando em Deus, fazendo sua vontad e, ou sadam ente segu ro do êxito, e d esafiand o toda oposição, 7-9. 10-11. Sua prom essa de salvação e amea­ ça de juízo. O cam inho da salvação passa pela fé e pela obed iên cia, 10. O cam inho da d estru ição passa pela incred u lid ad e e pela d esobed iên cia, 11.

51. Encorajamento para os fiéis 1-3. Os fiéis recebem a promessa do fu­ turo de Sião. Deus os descreve na sua con­ d u ta p resen te, 1; lem b ra -lh es sua queda p assad a, 2; e os consola com a prom essa da futura libertação de Sião, 3. 4-8. Os fiéis recebem a garantia do cum­ primento da promessa a Sião. A promessa será cumprida pela gestão pessoal do Mes­ sias, 4-5, e pela salvação perpétu a, 6, es­ tando explícita na prom essa a profecia da destruição dos seus perseguidores, 7-8. 9-16. O fiel pedido da dem onstração da prom essa pela libertação. A oração é apre­ sentad a, 9, e reforçada pela narração dos p ro d íg io s da lib erta çã o p assad a do ju g o do E gito, 9-11. É resp ond id a, 12-16, com re s p e ito aos te m e ro so s, 12; aos cativ o s, 14-15; e aos fiéis, 16. 17-20. É retratada a triste condição de Jerusalém . Ela está num em briagado estu­ por, 17; destituída de auxiliadores, 18; dizi­ m ada pela desolação, 19-20. 21-23. Predição da futura redenção de Jerusalém . O Senhor lhe garante que é seu Deus e rapidam ente encerrará sua aflição, 2 2 . F a rá s e u s p e r s e g u id o r e s b e b e r do m esm o cálice que ela teve de beber, 23.

52. Jerusalém exaltada à glória O so m b rio pano de fu n d o d essa b ri­ lhante cena está em 51.17-23. 1-2. Apelo a Jerusalém que se prepare para a glória. Ela deve se erguer da hum i­ lh a çã o dos seu s ca tiv e iro s, co lo ca r suas

[ 266 1 Isaías

v estes de su m o sacerd o te (cf. Zc 3 .1 -8 ), a p a rta r-s e d a co rru p çã o e a s s u m ir sua posição régia, 2. 3-6. O Senhor apresenta os argum entos em favor da libertação do seu povo. Seus o p resso res nad a p ag aram p ela p ro p rie ­ d a d e de D eu s, nem re c o n h e c e ra m seu poder, e por isso não têm d ireito ao seu povo, nem devem receber paga nenhum a, 3. Seu povo já foi libertado do m esm o m odo antes, 4. Além do m ais, seus captores de­ preciaram a glória de D eus pela ex ce ssi­ va crueldade aplicada ao seu povo, 5, de m odo que a glória de D eus será exaltada pela em ancipação d esse povo, 6. 7-10. Louvor do profeta e do povo di­ ante da libertação de Sião. O m ensageiro d essa e m a n cip a çã o é b a sta n te h o n ra d o , 7. S u a m e n sa g e m é te o c r á t ic a : "O teu D eus rein a!" (cf. Zc 6.8-14, com C risto, o S a ce rd o te -R e i, e n tro n iz a d o ). O s re c e b e ­ dores da m ensagem estão ansiosos, exu l­ tantes e e sp ecia lm en te ilu m in a d o s, 8. A cid ad e d eso lad a d ev e a g o ra se a le g ra r, 9. O Senhor é glorificado, e anunciada sua salvação m undial, 10. 11-12. A im portância da repatriação de­ m anda rap id ez e com p leta sep aração de Babilónia, 11, com um a volta ordeira na fé do Senhor, 12. 13-15. Síntese da preem inência do Ser­ vo. Ele é exaltad o porque o Senhor D eus consid era o Servo d iv in am en te in cu m b i­ do e q u alificad o, 13. R e la ta -se o alcan ce da sua exaltação , dos ab ism o s da h u m i­ lhação à posição de "m u i sublim e" (Ef 1.2023; Fp 2.6-9). O s precursores da exaltação foram sua abism al degradação e sofrim en­ tos, 14. Ele deixa pasm as m uitas nações e im põe silêncio aos reis com o con seq u ên ­ cia da sua exaltação, 15.

53. Profecia do Servo-Messias como aquele que carrega os pecados. 52.13-15. Introdução: síntese da preem i­ nência do Servo. (V. acima.) 1 -3 .0 Servo é desprezado. Primeiro apresen ta-se a in crív el d escren ça d os ju d eu s com respeito à sua pessoa, 1 (cf. Jo 1.11).

Eles o desprezaram por conta do seu surgi­ m ento silencioso e d esp ercebid o entre os hom ens, sua pobreza e obscuridade, e sua falta de pom pa e apelo secular, 2; mas prin­ cipalm ente por causa da própria cegueira e pecado deles, 3. 4-6. Resume-se a paixão do Servo. Embo­ ra ele tenha m orrido para a toda a hum ani­ dade, essa é um a confissão penitenciai da fu tu ra n ação con trita, que p erceberá que ele carregou vicariam ente os pecados dela (e do mundo), e verá sua vergonha e erró­ nea im agem , seu s vergões e feridas. 7-10. A especificação da perseverança do Servo. Ele sofreu calado, 7, inju stam ente, pelo nosso bem e em nosso lugar, vicaria­ m en te, 8, ig n o m in io sa m e n te , 9, e d ian te do desagrado do céu, 10. 10-12. Realiza-se a recom pensa do Ser­ vo. Ele ganha um a gloriosa d escend ência espiritual ("v erá a sua p osterid ad e"), des­ fru ta de u m a re s su rre iç ã o e sp lê n d id a e v ito rio sa ("p ro lo n g a r á os seu s d ia s "), e cu m pre plenam en te a vontad e d ivina ("a v o n ta d e do S e n h o r p ro sp era rá n a s su as m ão s"), 10. E recom pensado com abundan­ te g ra tifica çã o , 11; ju s tific a a m u itos, 11; obtém incontestável vitória e dom ínio uni­ v ersal, 12; e recebe um eficaz m in istério de sum o sacerd ote, 12.

54. A radiante alegria do Israel restaurado 1-10. A s bênçãos da nação convertida. D ep ois da cruz de C risto, vem o cân tico d os re m id o s. Q u a n d o Isra e l o lh a r p ara aquele que transpassou (53.1-8), que enor­ m e alegria, fertilid ad e esp iritu al e exp an ­ são não serão as suas! — 1-3. A nação que enquanto vivia no pecado e na infidelida­ de foi afastada com o esposa do Senhor é a g o ra r e s ta u r a d a , 4 -6 . S u a r e s ta u r a ç ã o será permanente, e a aliança divina de paz não se apartará dela, 7-10. 11-17. A radiante beleza da nação restau­ rada. Ela é com parada a um a bela cidade, 1 1 -1 2 . S eu s c id a d ã o s re c e b e rã o e n s in a ­ m ento espiritual; ela se tornará esp iritu al­ m ente prósp era, 13-14; e será vito rio sa e segura, 15-17.

Isaías ( 267 1

O profeta Isaías disse: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do endireitai no ermo vereda a nosso Deus" (Is 40.3).

55. Convite à evangelização mundial

Senhor;

com p leta d isp arid ad e en tre o pen sam en ­ to divino e hum ano, 8-9, m as pelo próprio 1. F az-se o con vite. É u n iv ersal, para D eus, 9-10, e isso em razão do seguro cum­ todos; restrin gid o som ente pelo sen so de prim ento da sua palavra, 10-11. O convite n e ce s s id a d e : "to d o s v ó s, os q u e te n d e s é aceito, 12-13, resultando na regeneração se d e ". E les acharão vinho que reanim a e de Isra e l, 12, e na re v iv e scê n c ia da sua leite que n u tre (IP e 2.2) suas alm as. To­ terra, 13, sendo a Criação libertada do jugo dos são convidados: "vind e, com prai e co­ da corrupção (Rm 8.19-23). m ei". Eles recebem a garantia de um a co­ m u n ic a ç ã o g r a tu it a e lib e r a l, p o is a 56.1-8. Os gentios são incluídos salv ação o ferecid a é in estim áv el, e já foi na bênção do reino com prad a pelo p róp rio sangue de C risto 1-2. O Israel dos últim os tem pos é exor­ (Is 53.1-8; IP e 1.19). tado a perm anecer com o pia testem unha. 2-4. O convite é reforçado. O apelo é re­ E le d ev e p re s e rv a r a ju s tiç a , cu m p rir a forçado pela ponderação do mal que a pes­ retidão, ob servar o sábad o e abster-se do soa faz a si m esma ao rejeitar o convite, 2, mal. Razão: a salvação do Senhor está pres­ e pelo benefício advindo da aceitação, 2-4. tes a ser revelad a, 1-2. 5-7. O convite é am pliado e definido. E 3-8. Prom ete-se a bênção aos não israeli­ am pliado pelo cham ado dos gentios, 5 (At tas. O estran g eiro e o eun u co que ob ser­ 15.14-15; Rm 1.16), e das nações desconhe­ var o sábado do Senhor e unir-se ao povo cidas, 5. É d efin id o com o um cham ad o a da aliança de Deus, 3-5, partilhará dos be­ "b u scar o S e n h o r", 6; ao arrepend im ento nefícios do cu lto m ilen ário n o tem plo de e à fé, 7; e à obtenção do perdão, 7. Jeru salém , 2.1-5, cham ad o "C asa de O ra­ 8 -1 3 .0 convite é autorizado e aceito. Não ção para todos os p o v o s", 6-8. é a u to riza d o p elo hom em , p o r cau sa da

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56.9—57.21. Condenação dos ímpios de Israel 56.9-12. Os pecados do ímpios governan­ tes de Israel são denunciados. Denunciam se os p ecad o s d os p ro fe ta s de Is ra e l — sua cegueira espiritual, sua cobiça, glutonia e falso otimismo. 57.1-13. Os pecados do populacho ímpio de Israel são d enu n ciad os. Eles não dão atenção à m orte do ju sto , 1-2. E ntregam se à id o latria, 3-10, m as n ão en co n tra m favor, 11-13. 57.14-21. M isericórdia para os peniten­ tes, mas juízo para os ím pios. Os contritos e humildes são castigados e reanim ados, 1420, mas os ím pios não têm paz, 21.

58. Falso culto vs. culto verdadeiro 1-5. Culto hipócrita e os pecados de Is­ rael. Depois da incum bência do profeta, 1,

vem um a d escrição dos pecados d en unci­ ad o s. A ssim com o a p rim e ira v in d a do Senhor foi anunciada por um a m ensagem de arrependim ento de João Batista (M t 3.111), a segu nd a vind a será precedid a d es­ se cham ado (M l 4.56). 6-7. D efin ição do culto v erd ad eiro. A p en itên cia resu ltará no verd ad eiro jejum e hum ilh ação. 8-14. As prom essas para o rem anescente penitentes. Aqui se expõem todas as gran­ des bênçãos futuras dos restantes conver­ tidos de Israel. É o ponto central de toda a seção final do livro.

59. A vinda do Redentor a Sião 1-8. Incredulidade e pecado de Israel nos últim os dias. A terrível relação das depra­ vações da nação (cf. Rm 3.10-18) m ostra o que a apartou de Deus. 9-15. A confissão de Israel no fim dos te m p o s . E le s c o n fe s s a m su a e s c u rid ã o

Pintura mostra cena da paixão de Cristo em que ele sofre escárnio e maus tratos. Em sua profecia, Isaías apresentou a imagem do servo sofredor, que sofreria calado, injustamente, em nosso lugar.

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espiritual, 9; sua desolação e morte, 10; sua necessid ad e de salvação, 11; seu pecado, 12; e sua im piedade, 13-15. 16-19. A misericordiosa intervenção do Se­ nhor. Ele pessoalm ente intervém em nom e do seu povo, 16, julgando e castigando os ímpios, 17-18. Seu Espírito ergue ufri estan­ d arte contra a enchente de iniquid ade da Tribulação quando esta alcançar o auge, 19. 20-21. A segunda vinda do Redentor. C risto su rge em p esso a para a salv a çã o daqueles que se afastarem do pecado (Rm 11.26-27).

60. A glória de Jerusalém na era do reino 1-2. Israel é iluminado na era do reino. O Messias, a Luz, brilha sobre Jerusalém; Jeru­ salém brilha sobre a terra, 1. Observe a ínti­ ma relação com os caps. 58 e 59. Primeiro o cham ado ao arrependim ento; depois a re­ velação do pecado de Jacó; a confissão de Israel; e a resposta do Senhor pela sua vinda para castigar seus inim igos e surgir com o Redentor em Sião. Depois vem a gloriosa luz do cap. 60. E o dia glorioso precedido pela noite de corrupção e apostasia universais, 2. 3-14. Israel é ampliado na era do reino. O s g en tios são atraíd os à Luz, 4. Trazem sua riqueza, e acontece a conversão m un­ dial, 5-9. R icas nações pastoris e com erci­ ais c o m p e tirã o u m as com as o u tra s na construção de Jerusalém , 10, e no enrique­ cim ento de Sião, 11. Os rebeldes serão ex­ tirpados, 12; o templo será reconstruído (cf. 56.7) e embelezado, 13; e os inim igos e injuriadores hum ildem ente se subm eterão, 14. 15-22. Israel é exaltado na era do reino. Sua h u m ilh ação dá lugar à exaltação, 15; sua fraq u eza, à força, 16; sua p o breza, à riq u eza, 17; sua trib u lação , à salv a çã o e segu rança, 18; sua escu rid ão, à luz p ere­ ne, 19-20; seu pecado, à ju stiça, 21; e sua insignificância, à im portância, 22.

61. 0 ministério do Messias para Israel e o mundo 1-2. D etalha-se o m inistério do M essias na sua prim eira vinda. Q uanto ao caráter

esp iritu al, seu m inistério foi ungido pelo Espírito Santo de Deus, 1 (cf. 42.1). Quanto ao caráter específico, a prim eira vinda foi um m inistério de pregação do evangelho, 1, de cura espiritual, e de distribuição de graça aos crentes (cf. Lc 4.18-20, onde Je ­ sus pára nesse ponto). 2 -3 .0 ministério do Messias na segunda vinda. Ele anuncia o "d ia da vingança do no sso D e u s ", 2, e con so lo para todos os que choram , esp ecialm en te em Sião, 3. 4-9. R esultados do m inistério do M essi­ as na sua segunda vinda. Lugares arrasa­ d os serão recon stru íd os, 4. Israel, recen ­ te m e n te e s c r a v iz a d o , será s e r v id o , 5; re c e n te m e n te h u m ilh a d o , será e x a lta d o com o nação sacerdotal, rica e honrada, 6. R ecen te m e n te a flig id o , será en riq u ecid o e c o n s o la d o , 7; re c e n te m e n te d isp e rso , será divinam ente reunido e guiado, 8; re­ c e n te m e n te ce n su ra d o , será plen am en te ju stificad o diante das nações, 9. 10-11. Descreve-se o júbilo do ministério do M essias. Ele exulta por Deus tê-lo reco­ berto de "vestes de salvação", 10, por aqui­ lo que D eus fará diante das nações.

62. Jerusalém é exaltada na terra 1. O interesse divino por Sião. O próprio Sen h or é quem fala, e decide que não se calará nem d escansará até que Jerusalém seja exaltada na terra, até que sua ju stifi­ c a ç ã o s u rja co m o c la rã o , su a sa lv a ç ã o com o tocha ardente. O próprio Senhor está ávido por ver abençoada a cidade m ilená­ ria, por vê-la fonte de bênçãos, 1. 2-5. Os resultados do interesse divino por Sião. Sião será honrada e adm irada pelas n a ç õ e s , 2. S e rá c h a m a d a por um novo nom e — um nom e real dado por Deus. Não m ais será D esa m p a ra d a nem D eso lad a, m as H ephzibah ("M in h a -D e lícia ") e Beulah ("D esp osad a"), 3-4. O nom e será dado porque o d eleite do Senhor estará nela, e com ela estará casad o, com o exem plifica o sím ile de 5. 6-12. A expressão concreta do interesse divino por Sião. Isso se revela nas ações do Sen hor ("so b re os teus m uros, ó Jeru ­ salém , pus g u a rd a s"), 6; na exortação do

[ 270 I Isaías

profeta à intercessão pela cidad e, 6-7; no juram ento do Senhor de que protegerá Je ­ ru salém , im p ed in d o-a de ser nov am en te tom ada pelos inim igos, 8-9; no cham ado à volta de Babilónia, 10; na libertação e na b ên ção do fin al dos tem p o s, 11. Isso se expressa num nom e quádruplo do povo e da cidade do Senhor: "P ov o S a n to ", "R e m idos-D o-Senhor", "P rocu rad a", "C id ad eN ão-D eserta", 12.

63.1 >6. 0 Messias-Vingador e o dia da vingança 1-2. O M essias-Vingador é interrogado, 1-2. "O ano da g raça do S e n h o r" te rm i­ n ou , e te r r ív e l ju íz o v a rre a te r r a (A p 19.11-21). Fazem -se duas p erg u n tas re tó ­ ricas: "Q u em é este que vem de E d o m ?" e "P o r q u e e stá v e rm e lh o o tra je , e as tu as v e s te s ? ". 1-6. A resp osta do M essias-V ingador. V enced or, re sp o n d e a fig u ra (C risto na sua segunda vinda gloriosa): "S o u eu que fa lo em ju s tiç a , p o d e ro so p a ra s a lv a r " . Ele sobe por E dom até o vale de Jo sa fá (JI 3), para a gran d e m ata n ça de A rm a ­ gedom . O vívido verm elho das suas ro u ­ pas (Ap 14.18-19) é explicado com o resu l­ tado do esp ezinhar do lagar da ira contra seus inim igos, os quais supera u n icam en ­ te pelo seu poder e zelo, cu m prind o p le­ n am en te a p ro fe cia, 3-4. A p esa r do fra ­ c a s s o d o se u p o v o , 5, e le a r r a s a co m p letam en te os seu s in im ig o s, 6.

63.7—64.12. A grande oração de intercessão do remanescente 63.7-19. O rem anescente lem bra as li­ b e rtaçõ es p assad as. Isa ía s, com o re p re ­ sen tan te dos restan te s p ied o so s, p ro fere uma das m ais sublim es orações da Bíblia, a ser fe ita p e lo s r e s ta n te s p ie d o s o s na Tribulação que precederá o reino. Expõese o am or leal do Senhor, 7-9. M encionase a libertação do ju go do Egito, 10-14. A oração pede o au xílio do S en h or na a fli­ ção, 15-19. 64.1-4. Os restantes suplicam ao Senhor que confirm e seu poder sobre as nações. Na

so m b ria n o ite da T rib u lação , q u an d o os in im ig o s de Is ra e l fe ch a m o ce rc o , 1-2, ro g a-se a in terv en ção divina. 64.5-7. A contrita confissão dos crentes restan tes. Eles confiam em que o Senh or sairá ao seu encontro, 5, diante da confis­ são dos seu s pecad os, 6-7. 64.8-12. O apelo por perdão e restaura­ ção. A com ovente súplica é de um povo cas­ tigado e subm etido, 8-9, revendo seus cas­ tigos, 10-11, e intercedendo por auxílio, 12.

65. A resposta do Senhor — a misericórdia que ele reserva aos remanescentes I-7 . Os pecados do Israel apóstata dos últim os dias. A severa repreensão do Se­ n h o r vem em fu n ção da reb eld ia d ian te d a g ra tu ita o p o rtu n id a d e , 1, e da a b u n ­ d ante revelação d ivina, 2, que eles tro ca­ ram pela id o la tria , 3-4, e pela h ip o crisia, 5. O alerta do castigo diz respeito ao dia da vingança, 6-7. 8-10. Escolha e bênção do rem anescente fie l. D eu s n ão d estru irá o resta n te, p o is nele há bênção, 8. Ele o restaurará, e tam ­ bém a terra, para que nela habite, 9-10. II-1 2 . O juízo do Israel apóstata dos últi­ mos dias. Idolatria, cobiça, rebeldia e deso­ bed iência rendem a m orte aos apóstatas. 13-16. Bênçãos dos restantes vs. m aldi­ ções do Israel apóstata. O estado dos ser­ vos de D eus está em agudo contraste com o d aqu eles que o rejeitam . 17-25. A s glórias e bênçãos reservadas para os escolhidos de Deus. O profeta vis­ lum bra o eterno estado im aculado, 17. No rein o ele vê Jeru sa lém aben çoad a, 18-19; a lo n g ev id a d e restau rad a, 20; o p re v a le ­ cer da segu rança e da felicidad e, 21-33; a o ração aten d id a, 24; e a m ald ição re tira ­ da, 25 (cf* 11.6-9).

66. Síntese; retrospectiva de toda a profecia. 1 -4 .0 culto ím pio do Israel apóstata dos últim os tem pos. Esse capítulo final reafir­ m a os principais tem as proféticos do livro.

Isaías I 271 ]

Vista noturna da Porta de Damasco, a porta principal da Jerusalém antiga. A m a s s a a p ó s ta ta da r e s ta u r a d a n a ç ã o ju d aica (Israel) ergue um tem plo em Jeru ­ salém e, descrente, retom a seu culto anti­ go. É c u lto de d e scre n ça e a b o m in a ç ã o para o Senhor, 1-4 (cf. 2Ts 2.4; Dn 9.27; Mt 24.15; Ap 11.1-2). O verd ad eiro d ev oto é contrastad o com o apóstata, 2-4. 5. Os restantes são perseguidos e enco­ ra ja d o s. O s re s ta n te s trem em d ia n te da Palavra de D eus e são odiados e escarne­ cid o s p e lo s irm ão s a p ó sta ta s, q ue serã o h u m ilh a d o s, 5. Z o m b e te iro s, p ro v o ca m : "M ostre o S e n h o r a sua glória". 6. A vinda do Senhor. Subitam ente, ele desce ao tem plo (M l 3.1). Surge castigan­ do os inim igos. 7-9. O renascim ento nacional de Israel. N um só dia nascem um povo e um a terra! U m a nação se regenera num instante (Rm 11.26-27). 10-14. Glória e exaltação de Jerusalém no m ilénio. A cidade é com parada a um a mãe que am am enta seus filhos, 10-11. Seu rei­

no, p ro sp erid ad e e riq u eza são an u n cia­ dos aos seus filhos, 12-14 (cf. 60.1-7). 15-17.0 Messias-Vingador e o dia da vin­ g an ça. O S en h or d escerá com fogo para, furioso, espalhar sua ira (cf. 61.2; 63.34) con­ tra seus inim igos dentre as nações, 15-16, e contra a m assa apóstata de Israel, 17. 18-21. Os gentios entram no reino. To­ das as n ações e línguas são trazidas para ver a glória de D eus, 18. Os reunidos de­ v em e v a n g e liz a r e tra z e r o u tro s, 19. O s ju d eu s tam bém serão trazidos, 20-21. 22. A perenidade de Israel e o estado eter­ no. A verd ad e do estad o eterno é usada com o sím ile do fato da existên cia p erp é­ tua de Israel. 23. Bênçãos para os justos. Toda a hu­ m an id ad e ad orará ao Senhor. 2 4 .0 destino dos ímpios. A perdição eter­ na é o seu salário — "o seu verm e nunca m orrerá, nem o seu fogo se ap ag ará" (cf. o a lerta do S e n h o r a resp eito da G eena, M c 9.44-48; Ap 20.14-15).

Jeremias A agonia de uma nação decadente O mundo de Jeremias. Isaías viveu e profetizou durante o período assírio. Jeremias ministrou quando a Assíria cambaleava à beira da ruína, e Babilónia e o Egito lutavam para dominar o mundo conhecido. Ele alertou sobre a vitória de Babilónia, mas Judá não se arrependeu dos seus pecados nem aceitou seus avisos. Como consequência, Judá foi destruído, mas o profeta anunciou que um dia seria restaurado, e pelo Messias, mundialmente abençoado. Babilónia, porém, seria destruída para jamais se reerguer. Disposição do livro. As mensagens datadas mostram que o livro não foi disposto em ordem cronológica. Por exemplo, as mensagens do reinado de Josias se encontram em 1.2 e 3.6, enquanto as do reinado de Jeoaquim estão em 22.18; 25.1; 26.1; 35.1; 36.1; 45.1. As do reinado de Zedequias, em 21.1, 8; 27.2-3, 12; 28.1; 29.3; 32.1; 34.2; 37.1-2; 38.5; 39.1; 49.34; 51.59. Duas foram escritas mais tarde no Egito, 43.7-8; 44.1. A maioria das mensagens foi obviamente

transmitida durante os reinados de Jeoaquim e Zedequias. A ausência de ordem cronológica é evidentemente deliberada. Provavelmente a ordem deve ser encontrada na disposição do assunto por contraste, e não por data de composição. Mensagem de Jeremias. Sua mensagem era basicamente de severo alerta contra o inevitável juízo do Cativeiro Babilónio (25.1-14), se o povo não se arrependesse da idolatria e do pecado. A melancolia ameaçadora de uma mensagem iconoclasta (1.10) foi ressaltada, porém, por brilhantes lampejos messiânicos (23.5-8; 30.411; 31.31-34; 33.15-18). A restauração definitiva de Israel se realizaria depois de um período de incomparável sofrimento (30.3-10), pela manifestação do justo Renovo de Davi, o Senhor (23.6; 33.15).

Alto-relevo mostra um arqueiro assírio.

Esboço 1—45 Profecias contra Judá e Jerusalém 1— 20 Nos reinados de Josias e Jeoaquim 21— 39 Durante vários períodos até a queda de Jerusalém 40— 45 Depois da queda de Jerusalém 46— 51 Profecias contra as nações 52 Apêndice histórico

Jeremias [ 273 ]

am en d oeira (heb. saqed) é o prim eiro in­ d ício da prim avera, e foi um sinal de que D e u s e sta v a v ela n d o , m a d ru g a n d o (heb. saq ed ) p ara fo rta le c e r sua p alavra, 12. A panela ao fo g o atiçad o p elo vento do nor­ te re p re sen ta o ju íz o de D eu s q u eim an ­ do do n o rte sobre Ju d á, pelo seu pecado e id o la tr ia . A P a la v ra de D eu s é eficaz (IP e 4.17; Hb 4.12).

2.1—3.5. Primeiro sermão — o pecado da nação

Detalhe do alto-relevo retrata um ataque do exército assírio. O povo de Israel foi subjuga­ do por duas grandes potências do mundo antigo: a Assíria e o Egito.

1. Introdução; o chamado de Jeremias 1-3. C a b e ça lh o . Je re m ia s (" o S e n h o r e x a lt a " ) e ra d e s c e n d e n te d o s a c e r d o te A biatar, que foi banido por Salom ão para Anatote (Ras Karrubeh), cerca de três qui­ ló m e tr o s a n o r d e s te de Je r u s a lé m , em B e n ja m im . O m in isté rio de Je re m ia s, 2, e s te n d e u -s e do d é cim o te rc e iro an o de Jo sias (627 a.C .) ao d écim o p rim eiro ano de Z ed equ ias (586 a.C.). 4-19. O ch am ad o de Jerem ias. A graça con sag rad o ra de D eu s, 5, e a hu m ild ad e do p ro fe ta, 6, re su lta ra m na p re cisa in ­ c u m b ê n c ia d e p r e g a r u m a m e n s a g e m im p o p u la r: "p a r a a rra n c a re s e d e r r ib a ­ res, para d estru íres e a rru in a res"; e tam ­ bém um m in istério p o sitivo: "p a ra e d ifi­ cares e p ara p la n ta re s", 7-10. O en contro de Je r e m ia s co m D eu s e su a c o m is s ã o foram su ste n tad o s por três v isões, 11. A

2.1-19. Um Senhor fiel vs. um povo infi­ el. D ep ois da lem b ra n ça da bon d ad e de D eu s, 1-3, vem a d en ú n cia da ap o stasia da nação, 4-13. O povo havia com etido dois m ales: abandonou o Senhor, o "m an an ci­ al de águas v iv as" (cf. Jo 4.10-15; 7.38), e pela id o latria bebia as águas polu ídas do fundo de um a cistern a rota e contam in a­ da, feita pelas m ãos do hom em , 13. Com o con seq u ên cia, Israel p erd eu sua lib erd a ­ de e tom ou-se escravo da Assíria ("leõ es") e do E gito ("M ê n fis", capital do norte do Egito), 14-19. 2.20-37. A cusação e protesto do Senhor. Israel se to m ara um boi teim oso, 20; uma vide brava, 2 1 ; um a m eretriz depravada, 22-25; um ladrão difam ado, 26; um idólatra insensato, 27-28; um povo irrefletido e in­ grato, 29-32; um transgressor despud ora­ do, 33; um a nação cega, 34-37. 3.1-5. As consequências da infidelidade de Israel. Seu endurecim ento tom ou inevi­ tável o castigo.

3.6—6.30. Segundo sermão — a devastação vem do norte 3.6-25. A apostasia de Judá é m aior do que a de Israel. O castigo do reino do norte no cativeiro, e sua derrad eira destruição, não chegaram a im pressionar de fato Judá, 6-11. A n ação era um a m eretriz, im pura por participar da idólatra religião cananéia, d iv o rcia d a do Sen h o r. C astig o p arecid o com o q u e a sso la ra Isra e l (2R s 17.1-18) a m e a ç a v a Ju d á ; m a s o a rre p e n d im e n to sincero, 10-14, seria recom pensado com a b ên ção , 15-25.

[ 274 1 Jeremias

4.1-31. O adversário do norte. Jerem ias e stá falan d o ap aren tem en te da im in en te invasão babilónia. Em bora B abilónia ficas­ se a leste de Jeru salé m , o d ese rto in te r­ m édio forçava o exército invasor a acom ­ p a n h a r o rio E u fra te s a té C a r q u e m is , atacan d o a P alestin a p elo n o rte. A lg u n s acred itam que Je re m ia s aq u i se re fe re à invasão cita da Assíria (653-630 a.C.) ou da Capadócia (c.595 a.C.). Isso, porém , é im ­ provável, pois não há m enção de envolvi­ m ento palestino.

5.1-31. Juízo e iminente catástrofe. O pro­ feta chorão de A n atote lam en tava os p e­ c a d o s de Je ru sa lé m , que a to rm e n ta v a m sua sen sibilid ad e m oral. 6.1-30. O contínuo alerta. Grande des­ truição viria sobre Jerusalém , 1-26. O pro­ feta incentivava os habitantes a fugir para o d eserto de Tecoa (terra de A m ós), cerca de d ezenov e q u iló m etros ao sul de Je ru ­ salém , 1-2. Jerem ias surgia com o o exam i­ nador ou avaliador do Senhor, para pôr à prova seu povo, 27-30 (cf. Jó 23.10).

Reis de Judá no tempo de Jeremias IVlanassés 697-43 Jeremias nasce no reinado desse ímpio tirano.

m Amom 643-41 Judá é ameaçado

de condenação.

| josias : | 641-09 | Este rei piedoso começou suas reformas em 627. O chamado de Jeremias foi em 626. A descoberta do livro da lei, acompanhada da grande reforma de Josias, em 621 (2Rs 22—23). A invasão cita em 620 (Jr 4); crescente poder de Neobabilônia (Nabopolassar), 625-05; queda de Nínive, 612; Harã, 609. Josias é morto em Megido, em 609, por Faraó-Neco.

Jeoacaz ; 609 Reinou três meses — deportado para o Egito,

Jeoaquim 609-598 ! ímpio idólatra. Ascensão de Nabucodonosor If, 605-562.

Joaquim 598-97 Reinou três meses deportado para Babilónia.

Zedequias 597-86 j Zedequias visitou Babilónia em 593. Cartas : de Laquis, 589. ; Jerusalém é saqueada em 586. Fim temporário da dinastia davídica.

Jeremias [ 275 1

7—10. Terceiro sermão — ameaça de exílio Essa mensagem no templo, como os dois serm ões precedentes, foi um a severa cen­ sura, alertan d o e exo rtan d o, m as se con ­ centrava nas condições religiosas de Judá. 7.1-34. R eprovação da religião ap ósta­ ta. Será que os vazios ritu alistas de Je ru ­ salém fariam da casa de D eu s um "co v il de saltead ores", 1-11? A destruição de Siló (29 q u iló m e tro s ao n o rte de Je ru sa lé m , arrasad a por vo lta de 1050 a.C .) d ev eria ter sido um a lição, 12-14 (cf. Jr 26.6; ISm 4.10; Sl 78.60). A ira do Senhor queim ava d iante da idolatria, 15-19, e da apostasia, 20-34, de Jeru salém . A "R ainha dos C éu s", 18, era u m a antig a d ivind ad e sem ítica, a b a b iló n ia Istar (V ên us) (cf. 4 4 .1 7 -1 9 , 25). "T o fe te ", 32, era um alto no vale de H inom , a su d o e ste de Je ru sa lé m , on d e, na era de Is a ía s e Je re m ia s, as p e s so a s s a ­ crificav am crian ças a M o lo qu e, d iv in d a ­ de de Am om . 8.1-22. Novos alertas sobre o juízo. To­ das as classes do povo de D eu s estavam co rro m p id as, in clu in d o p ro feta s e sa c e r­ d otes, 10; os p ecad o res eram d esca ra d a ­ m ente im pud entes, 12. 9.1-26. Jerem ias se lamenta por causa dos pecadores. O profeta se dilacerava entre a piedade dos pecadores e a repulsa do pe­ cado, 1, que não tinha perdão, 2-26. 10.1-25. O Senhor e a idolatria. R essal­ tam -se a insensatez do culto aos ídolos, 116, e o juízo que virá por conta disso, 17-22. Faz-se um a oração, 23-25.

11—13. Quarto sermão — a aliança violada; sinal do cinto de linho 1 1 .1 -1 2 .1 7 . A aliança é violada. As re­ p r e e n s õ e s , a le r ta s e e x o r ta ç õ e s d e s s e serm ão se b a se a v a m na v io la çã o da a li­ an ça p a le s tin a (D t 2 8 .1 —3 0 .9 ). Je re m ia s defen d eu a alian ça, 11.1-8. A reform a de Jo sia s fora esq u ecid a, 9-17, e os p ró p rios conterrâneos do profeta, em A natote, pla­ nejavam m atá-lo, 11.18-23. Essa tram a des­ leal aliada à prosperidade dos ím pios per­

turbava o profeta, 12.1-6, e o Senhor pro­ nunciou por m eio dele um lamento sobre Judá, 12.7-17. 13.1-27. A parábola do cinto de linho. Esse sinal parabólico foi operado pelo profeta, 1-11. A veste de puro linho branco usada sobre a pele sim bolizava a pureza original da n a çã o em co m u n h ã o com o Sen h or. Retirada e exposta à um idade e ao solo do E u frates, 4, 6, 7, d em on stro u a ru ína da n ação afastad a de D eu s e o p red ito cati­ veiro além do E ufrates, em Babilónia. Os ja rro s de vin ho, 12-14, cheios até a boca, sim bolizavam a em briaguez do povo e sua ruína d ebaixo do ju ízo divino. D epois do alerta contra o orgulho, 15-17, veio a nênia para o rei (Joaquim ) e a rainha-m ãe, am ­ bos deportados cativos para Babilónia (597 a .C .), 1 8 -1 9 . P ro n u n c ia ra m -s e a m e a ça s contra Jeru salém , 20-27.

14—17. Quinto sermão — a seca; sinal do profeta solteiro 14.1-22. A seca e a con den ação da na­ ção . D escrev em -se essa te rrív e l c a la m i­ d ad e, 1-6; as v a z ia s o rações ritu a lística s da nação, 7-9; e sua rejeição pelo Senhor, 10-12. O s falso s p ro fetas, 13, que não ti­ n h a m c re d e n c ia is d iv in a s , eram c u lp a ­ d o s, 1 4 -1 6 . Je r e m ia s la m e n ta v a a so rte da nação, 17-22. 15.1-21. A resposta do Senhor a Jerem i­ as. A in tercessão foi rejeitada e o destino da nação, selado, 1-9. Ao pesar do profeta seg u iu -se a resposta do Senhor, 10-21. 16.1-21. A im inente catástrofe, o salário do pecado. O inexorável cum prim ento da palavra de D eus é revelado pelo fato de o S en h o r n eg ar casam en to ao p ro feta, 1-4, e até a celebração de funerais e festivid a­ des, 5-9, tudo com o sinal de im inentes pro­ vações por causa das apostasias de Judá, 10-13. Depois do ju ízo viriam bênçãos defi­ nitivas, 14-21. 17.1-27. O terrível pecado de Judá. Sua descrição, 1-4, com a maldição e a bênção, foi declarada ao povo, 5-11. Jerem ias ado­ rou e o ro u , 12 -1 8 . F e z -se a lerta sob re a p rofanação do sábado, sinal da deslealda­ de do povo para com o Senhor, 19-27.

Santuário pagão cananeu, em Megido. Lugares desse tipo foram denunciados por Jeremias em suas profecias.

18—20. Sexto sermão — sinal da casa do oleiro 18.1-23. A visita do p rofeta ao oleiro. Esse e p is ó d io p ro p o rc io n o u u m a liç ã o sobre com o D eu s m o d ela so b era n a m e n ­ te seu povo (Rm 9.20-24). D eus agiu com so b eran ia em re la çã o a e le s; o m au d e ­ sígnio p o d eria ser su b stitu íd o p elo bom desígnio se seu povo se arrep en d esse, 111. M as o S e n h o r co n s ta to u su a p é tre a im penitência, 12-17, que foi dem onstrada pelas ím pias tram as do povo contra Je re ­ mias, 18; e lam entada pela oração im precatória do profeta, 19-23. 19.1-15. A botija de barro quebrada foi outro sinal de que o Senhor esm ag aria o povo idólatra. Tofete (v. 7.31) era o centro do cruel culto a M oloque. A Porta do O lei­ ro (mais tarde, Porta do M onturo, Ne 2.13) levava a H inom , o local do culto a M olo­ que, onde se sacrificav am crianças. 20.1-18. C astigo p úblico de Jerem ias. Pasur, principal guarda do tem plo, aprisi­ onou Je re m ias p e la m en sag em da b o tija quebrada, 1-6. A nunciou-se o ju ízo de Pa­

sur, 6, e seu n om e m u d o u -se p ara "T e r­ ro r", 3, cf. (6.25; 25.8-11; SI 31.13). A dura p rovação de Jerem ias gerou m om entânea perplexidade e queixa, m as a fé do profe­ ta triunfou sobre sua incredulidade, 7-18.

21—24. Oráculos a respeito dos reis 21.1-14. M ensagem de Jerem ias a Zede­ quias. O in terrog atório de Z ed equ ias, 1-2 (597-586 a.C .), tratava de N abu cod onosor (acadiano Nabu-kuddurriusnr, "N abu prote­ ja m eu m a rco ", 605-562 a.C .). E sse Pasur n ã o era o m e sm o de 2 0 .1 . O s a c e rd o te Sofon ias foi m ais tarde execu tad o em Rib la (5 2 .2 4 -2 7 ). A re sp o sta de Je re m ia s a Zedequias, 3-7; ao povo, 8-10; e à corte, 1214, foi realista e deve ter tocado na ferida dos seu s ou v in tes p ecad ores. 22.1-30. M ensagem de Jerem ias sobre outros reis de Judá. Foi um oráculo introdu­ tório para alertar a corte d avíd ica, 1-9, e con so lar Salum (Jeo acaz), que rein ou so ­ m ente três m eses e foi d ep ortad o para o Egito (608 a.C.), 11-12. Apresenta-se um orá­ culo a respeito de Jeoaquim (608-597 a.C.),

Jeremias [ 277 1

13-19, ím pio idólatra e adversário de Jere­ m ias (cf. 2R s 2 3 .2 4 —24.27). Pronuncia-se a condenação de Joaquim , 20-30, que foi de­ portado para Babilónia. (No hebraico ele é cham ado Conias, aqui e em 37.1; Jeconias, em 24.1; 27.20; cf. 2Rs 24.8-16; 25.27-30.) 23.1-40. Grande profecia m essiânica. Os falsos p asto res (governantes indignos) de Ju d á , 1-2, co m p õ em o so m b rio p a n o de fundo para a radiante profecia da reunião e restau ração do reino, 3-4, sob o com an ­ do do M essias, o "R enovo ju sto ", 5, e "Se­ n h o r , Ju stiça N o ssa ", 6. Isso se cu m prirá n o fin al d os tem p o s e ab arca rá o êxo d o final e a elim inação do jugo m undial, rumo ao rein o , 7-8, sob o g ov ern o do M essias (Rm 11.25-27). D epois do lam pejo m essiâ­ nico, vieram o lam en to de Jerem ias, 9-14, e a condenação dos falsos profetas, 15-32. S ob re os p ecad o res recalcitra n tes d a q u e­ le tem po lançou-se a vergonha, 33-40. 24.1-10. V isão dos dois cestos de figos d irig id a contra Z ed equ ias. O s fig os b ons sim bolizavam o m elhor do povo d ep orta­ do para Babilónia ju nto com Joaqu im (597 a .C .). O s fig o s ru in s re p re s e n ta v a m os a p ó statas que p erm an eceram em Je ru sa ­ lém para ap o iar o iníqu o Z ed equ ias, que pretendia resistir a Babilónia com o auxílio do Egito (2Rs 24.10-20).

25. Previsão dos setenta anos de cativeiro 1-11. Declaração do exílio. No quarto ano de Jeoaquim (604 a.C.), com a suprem acia de B a b iló n ia a sseg u ra d a p e la v itó ria de N abucodonosor sobre o Egito, em Carquem is, Jerem ias repassou seu m in istério de 23 anos até então, 1-7. D epois anunciou os setenta anos de cativeiro, 8-11 (cf. Lv 26.3335; 2C r 36.21; D n 9.2). 12-38. Ju ízo das nações e o Dia do Se­ nhor. B ab iló n ia e seu rei seriam ca stig a ­ dos, 12-14, assim com o "to d a s as n a çõ es", 15-29 (cf. Is 51.17; Ap 14.10). Isso introd u ­ z irá o D ia do Senhor e a ira do Senhor, 3038. T ra ta -se do fu tu ro p e río d o de ju íz o so b re o Isra e l ap ó sta ta e as n a çõ e s, c u l­ m in a n d o na g lo rio sa seg u n d a v in d a de Cristo (M t 24.30; Ap 4-19).

26. Jeremias enfrenta ameaça de morte 1-11. Ele prevê a destruição do templo. Seria destruído com o Siló (cf. 7.12,14 com IS m 4.1 0 -1 1 ). Todas as classes rejeitaram a verd ad e e persegu iram o profeta. 12-14. A libertação de Jeremias. Descre­ ve m -se su a c o ra jo sa d efesa e lib erta çã o , 12-19, com referência ao m inistério sim ilar de M iquéias, 18-19 (cf. Mq 1.1) e ao martírio de U rias no reinado de Jeoaquim , 20-24.

27—28. 0 sinal dos canzis 27.1-22. O jugo divinamente imposto de Babilónia. Jerem ias pôs sobre si um canzil (canga) de bois para simbolizar que Babiló­ nia colocaria jugo ao pescoço de Jerusalém e Judá. Essa verdade era odiosa para o povo. 28.1-17. O posição dos falsos profetas. H anan ias, um d os falsos profetas, d esca­ rad am ente quebrou a canga de Jerem ias, 10. Foi castigado com a m orte.

Oleiro trabalhando na roda.

[ 278 1 Jeremias

29. Jeremias consola os exilados 1-23. Sua carta é enviada a Babilónia. Ele incentivava o povo a respeitar a lei, a cultivar a paz e a multiplicar-se, 1-9, esperando o dia da restauração depois dos setenta anos, 10 (cf. 25.11; 27.7). O Senhor tinha bons planos para eles, 10-14. Eles tinham futuro e espe­ rança, 11, mas precisavam expulsar os falsos profetas do meio deles, a saber, Acabe e Ze­ dequias, 21, cujo destino estava selado, 22-23. 24-32. Ataque de Semaías e segunda carta de Jeremias. Outro profeta declarando men­ tiras e semeando a rebelião contra o Senhor enviou uma cáustica carta ao novo supervi­ sor do templo, Sofonias, atacando Jeremias. Sofonias m ostrou a carta a Jerem ias, que então enviou outra carta aos exilados, con­ denando Sem aías e profetizando que nem esse falso profeta nem seu s d escend entes veriam o dia da volta do exílio (cf. 20.6).

30—31. Restauração e promessas messiânicas 30.1-17. Tempo de angústia para Jacó. Os som­ brios alertas de Jeremias sobre o juízo foram aliviados pela profecia de um futuro glorioso

para a nação, caps. 3 0 —31. M as essa grande reunião e restauração do final dos tempos, 30.13, será precedida pela Grande Tribulação, 4-11, o auge dos duradouros sofrimentos da nação, aqui chamada "tempo de angústia para Jacó", pois se concentrará no Israel do final dos tem­ pos, 7 (cf. Mt 24; Mc 13; Ap 7). A volta de Cristo, 9 (cf. Ap 19.11-16), estabelecerá o reino depois que os pecadores forem expurgados, 12-17. 30.18-24. A restauração de Israel à glória do reino. Será restaurado com o o povo do Senhor, 22. 31.1-26. A nação volta para casa e é salva. A nação restaurada, 1-6, entoará cânticos de redenção, 7-14, e a tribulação preceden­ te (com o em 30.1-17, 23-24) gerará g en u í­ no arrep en d im en to , p rep aran d o a n ação para a bênção, 15-20, e o consolo, 21-26. 31.27-40. A nova aliança e a nação eterna. E ssa re sta u ra çã o à b ên çã o do S e n h o r se baseia na nova aliança, 31-34. A antiga alian­ ça era a aliança da lei, fundamentada na ob­ servância legal. A nova aliança (Hb 8.8-12) será in te ira m en te b asead a na g raça e no sangue do Cristo sacrificado, que represen­ tará a fundação da futura regeneração inte­ rior de Israel e sua restauração ao favor de D eus. A restau ração de Israel às bênçãos

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da nova aliança lhe garantirá a condição de nação eterna, 35-36 (cf. Rm 11.1-26).

32. A fé de Jeremias na restauração 1-25. O sinal da fé do profeta. Ele com­ prou terras em Anatote, no início de 586 a.C., antes da queda de Jerusalém. Hananel, pri­ mo de Jerem ias, estava ansioso por vender sua terra ao profeta para evitar a perda da herança da fam ília (Lv 25.25-28). G uardar docum entos, escritos em papiro, em vasos de barro é prática conhecida de Elefantina, no Egito, 14. A fé de Jeremias na hora da sua prisão, 3, foi expressa em oração, 16-25. Baruque, 12, era o fiel secretário de Jerem ias. 26-44. A resposta do Senhor. Anunciouse o destino da cidade condenada, 28-35, e declarou-se a futura reunião final, da qual a re sta u ra çã o ap ó s o ju g o b a b iló n io era um prenúncio, 36-44.

33. A grande profecia do reino davídico 1-5. A im inente derrota de Jerusalém . Fez-se um cham ad o à oração, 1-3, depois do início do cerco a Jeru salém . Essa im a­

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gem de im in e n te c a tá s tro fe fo rn e ce u o so m b rio p an o de fu n d o sob re o qual se projetou a futura glória da nação. 6-14. Bênção e glória futuras. A purifica­ ção deverá se realizar após a volta, 6-8 (cf. Ez 36.25; Zc 13.1; Hb 9.13-14; Rm 11.25-27). Ecoa o júbilo da salvação, 9-11, e descrevemse a paz e a prosperidade do reino, 12-14. 15-26.0 rei davídico e seu reino. "Naque­ les d ias" é o tem po da segunda vinda de Cristo, quando ele, o "R enovo ju sto ", virá para assentar-se no trono de seu pai Davi (Lc 1.31-33; cf. 2Sm 7.8-16). Então o Senhor, com poder redentor, se m anifestará diante de Israel com o " S e n h o r , Justiça N ossa (de Israel)", 16 (cf. 33.6-8). O culto no templo (v. Ez 40-44) será restaurado, 18. D edarou-se a inviolabilidade da aliança davídica, 20-22, assim como a fidelidade de Deus para cum­ prir todas as alianças e prom essas feitas a Israel, 23-26 (cf. Rm 9.4-5; 11-29).

34. Alerta de Jeremias a Zedequias 1-7. O alerta. Im inente já o cerco da ci­ d ade (jan. 588 a.C .), Jerem ias alertou Ze-

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dequias da derrota. Laquis, a cidade forti­ ficada 37 quilóm etros a sudoeste de Je ru ­ salém , e A zeca, 18 q u iló m etro s ao n orte de Laquis, são bem conhecidas pelas C ar­ tas de Laquis.

Revelações arqueológicas Os cacos de ce râm ica com in scriçõ es descobertos em Laquis (Tel ed-Duweir), em 1935, pertencem a esse m esm o período. A carta n.° IV diz: "A guardam os os sinais de fogo de L aqu is [...] pois já não vem os os sinais de A zeca". O s nom es, lugares e cir­ cu n stân cias d essas 21 ta b u in h a s e scrita s em heb. lem bram b astan te os tem p o s de Jeremias, pouco antes da queda de Laquis, Azeca e Jerusalém , 589-586 a.C. 8-22. A traição de Zedequias. Zedequias anunciou a lib ertação de to d o s os e scra ­ vos h eb re u s em cu m p rim e n to à le g is la ­ ção sabática de Êx 21.2. Sua intenção, p o­ rém , era " c o m p r a r " o fa v o r de D eu s e conseguir m ais guerreiros. Q uand o o cer­ co foi finalm ente levantado, a guinada de

Zedequias revelou suas verdadeiras inten­ ções. Je re m ia s co n d e n o u v e e m e n te m e n ­ te essa vil conduta, 12-22, e declarou casti­ go s e m e lh a n te ao d e stin o da v ítim a na cerim ónia de aliança, 18 (cf. Gn 15.9-17).

35. A lealdade dos recabitas 1-11. A ordem a respeito deles. Ordem re lig io sa q ue p reg av a a sim p licid a d e e a pureza da vida dos beduínos, os recabitas tiveram com o fundador Jonadabe, filho de Recabe, durante o reinado de Jeú (841-814 a.C .) E les aju d aram a e rra d ica r o b a a lismo de Israel. E vitavam a vida da cidad e com suas in flu ên cias corru p toras, e v iv i­ am de m o d o s im p le s em te n d a s , co m o p asto res, sem b eb er vinh o (cf. os sim ila ­ res nazireus, N m 6.1-21). 12-19. A lição para os judeus. Os recabi­ ta s se re cu sa v a m a b e b e r v in h o e era m obedientes ao seu ancestral Recabe, 6, en­ quanto os jud eus eram totalm ente desobe­ d ien tes ao m an d am en to do Senhor. E sse exem plo vívido proporcionou o contraste e a oportunidade do anúncio da condenação dos ju d eu s e das b ênçãos aos recabitas.

Alto-relevo retrata a luta dos assírios para conquistar uma cidade. Como Jeremias havia profetizado, Jerusalém foi conquistada e destruída.

Jeremias I 281 l

36. Oposição de Jeoaquim à Palavra de Deus 1-20. A leitu ra do rolo. A escritu ra do rolo foi ordenad a no quarto ano de Je o a ­ quim (604 a.C .), 1-4. O propósito era m os­ trar ao p o vo o m al que viria sob re eles, para que se afastassem do pecad o. A le i­ tura do rolo, 5-10, foi im posta a B aruque por Je re m ia s. A o ca siã o foi o je ju m d e ­ term in ad o pelo rei em fu n ção do avanço de N a b u c o d o n o s o r c o n tr a A s q u e lo m (nov. 604 a.C.). 21-26. Jeoaquim corta e queim a o rolo. O m esm o esp írito satânico m ove os críti­ cos incrédu los e os op ositores da Palavra de D eus em todas as épocas. 27-32. Indestrutibilidade da Palavra de D eus. A P alav ra segue, m as p ronu ncia a co n d en ação aos que a rejeitam e tentam d estru í-la.

37—38. As experiências de Jeremias durante o cerco 3 7.1-10. A resp osta de Jerem ias ao p e­ dido de Z ed eq u ias. Na prim av era de 587 a.C ., um e x é rcito de F araó -H o fra (A p rié s) s u r g iu p a ra liv r a r Je r u s a lé m , e os cald eu s se retiraram , 5. Jerem ia s resp o n ­ deu à d e le g a çã o de Z ed e q u ia s, a le rta n ­ do q u e os ca ld e u s lo g o v o lta ria m p ara in cen d iar a cidad e, 6-10. 3 7.11—38.13. Prisão de Jerem ias. Ele foi acusado de deserção quando tentou ir até A natote "p ara receber o quinhão de uma herança que tinha no meio do povo" (cf. Jr 32.8), e foi preso no calabouço, 37.1-13, acu­ sado de traição e de afrouxar ["en fra q u e­ c e r", KJV] "a s m ãos dos hom ens de guer­ ra que restam n esta cidade e as m ãos de todo o p o v o", 4. Essa expressão idiom áti­ ca ocorre na Carta VI de Laquis: "E is que as p a la v ra s dos p rín cip e s n ão são boas, m as e n fra q u e ce m n o ssa s m ã o s" (v. R e ­ velações arq u eológ icas, cap. 34). 38.14-28. Apelo final de Jerem ias a Zede­ quias. O sábio conselho do profeta de render-se a N abucodonosor, dado havia tan­ to tem po, foi re je ita d o m ais u m a v ez, e agora d efin itiv am en te.

39. A queda de Jerusalém I-1 0 . Incêndio da cidade e destino de Zedequias. (V. tb. 2Rs 25; Jr 52; 2Cr 36.) Foi con firm ad a a Palavra de D eus por inter­ m édio de Jerem ias. A cidade foi destruída, os filhos de Zedequias foram mortos, seus olhos vazados, e ele deportado cativo para Babilónia. R abe-Saris e Rabe-M ague eram títulos de oficiais babilónios (cf. 3, 13). I I -1 8 .0 tratamento dispensado pelo rei a Jerem ias. Ele pôde escolh er entre ir para B abilónia ou ficar na Palestina. Preferiu a segunda alternativa, 11-14, e associou-se a Gedalias, o governador. Seu oráculo a Ebede-M eleque, 15-18, e sua libertação (conti­ n u ação de 38 .1 3 ), são ap resen tad os aqui para m ostrar a verdade de que os fiéis são recom pensados quando sobrevêm o juízo.

40—41. Assassinato de Gedalias 40.1-8. Jeremias prefere associar-se a Ge­ dalias. O governador nom eado pelos babi­ lónios tinha quartel-general em M ispa (Tell en-Nasbeh ou Nebi Samwil), onze quilóme­ tros ao norte de Jeru salém . Em 1935, um selo com a inscrição "P ertencen te a G eda­ lias, que gov ern a a c a sa " foi en contrad o em m eio às cinzas deixadas pelos incêndi­ os de N abucodonosor em Laquis. 40.9-16. Trama contra Gedalias. Seu sábio governo prosperava, 9-12, mas Ismael, mem­ bro da família real, foi enviado por Baalis de Amom para assassinar Gedalias, 13-16. 41.1-18. O crim e é perpetrado. Ismael, acompanhado de dez homens, matou Geda­ lias, 1-3, e um grupo penitente a caminho de Jerusalém foi tam bém chacinado em mas­ sa, 4-10. Ismael fugiu para Amom, 11-18.

42—43. A fuga dos remanescentes para o Egito 42.1-22. Jeremias, o intercessor. Os rema­ nescentes, em absoluta perplexidade, roga­ ram a Jeremias que orasse por eles, 1-6, mas quando dez dias depois respondeu o Senhor que eles perm an ecessem na terra, acab a­ ram rejeitando a palavra de Deus e decidi­ ram descer ao Egito assim mesmo, 7-22.

[ 282 1 Jeremias

43.1-7. Rebeldia contra Jerem ias e via­ gem ao E gito. O povo arrasto u Jerem ia s ao Egito e se assentou em Tafnes, 7, a for­ taleza fronteiriça egípcia, tam bém cham a­ da Baal-Zefom (gr. D aphne, m oderna Tell D efneh). 43.8-13. Jerem ias prediz que N abucodo­ nosor conquistaria o Egito. Isso se realizou em 568 a.C., quando N abucodonosor, "m eu servo" (25.9; 27.6; cf. 43.10), invadiu o Egito combatendo Am asis (Ahm osis II) (cf. 46.1320). O v. 13 menciona H eliópolis (cham ada Om em Gn 41.45), "cid ad e do sol", o centro do culto do deus-sol, Rá. O s fam osos obe­ liscos en contrad os ali eram m onu m entos egípcios característicos, colunas de g rani­ to lig e ira m en te a fila d a s, e n cim a d a s por uma p equ ena p irâm id e que sim b o lizav a uma seta ou um raio de luz solar.

44. Súplica final de Jeremias no Egito 1-19. Sua argum entação com os judeus no Egito. A mensagem de Jerem ias era para

"todos os jud eus", 1, de Mênfis (a capital do n orte do Egito, 22 q u iló m etros ao sul do C airo), de M igdol (Tell el-H er, a leste de Tafnes, ver 43.7), e do "Egito Superior", i.e., o sul do Egito, onde sem dúvida já havia um a colónia de judeus em Elefantina (hoje bem conhecida em função de papiros em aram aico do século 5o a.C.). D epois da sú­ p lica do profeta, 1-10, veio a p ro fecia do castigo, 11-14. A diáspora de Patros repre­ sentou insolente desafio a Jerem ias, 15-16, e o povo declarou resolutam ente que con­ tinuaria adorando a "R ainha dos C éu s", 1719 (a Istar assíria, A starte cananéia, A fro­ dite gr., V ênus rom .), um culto corrupto. E n tre as o feren d as h a v ia b o lo s que ap a­ rentem ente tinham a form a da deusa. 20-30. R esposta e sinal do Senhor. Pro­ n u n cio u -se a con d en ação d esses in so le n ­ tes idólatras, 20-28. O sinal dado para con­ firm a r a p a la v ra de D eu s p o r m e io de Jerem ias foi Faraó-H ofra (A priés, 588-569 a .C .; cf. 3 7 .5 ), q u e se ria e n tre g u e "n a s m ãos de seu s in im ig o s" e m orto. E le foi assassinad o por A hm osis II (A m asis, 569-

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526 a.C.), ex-alto funcionário da corte, fun­ dador da vigésim a sétim a dinastia (Líbia).

45. É lembrada a mensagem de Jeremias a Baruque 1-3. Reclam ação inicial de Baraqtie. Isso foi em 604 a.C., quando Jerem ias transm i­ tiu sua m ensagem , no quarto ano de Jeoa­ quim, 1. Baruque, secretário e com panhei­ ro de Jerem ias, foi avisado no início do seu m inistério das d ificuldades que teria pela frente (cf. 1.10; 36.1-4). 4-5. A prom essa consoladora do Senhor. Agora que Baruque concluía seu m in isté­ rio ao lado de Jerem ias e suas m em órias, lem brou-se da prom essa que D eus lhe fi­ zera de p reservação física em m eio a to ­ das as suas provações (cf. 39.15-18).

46. Profecia contra o Egito Essa seção de profecias contra nações estrangeiras, caps. 46-51, se com para a Is 13-23 e Ez 25-32. 1-12. Previsão com respeito a Faraó-Neco. Neco II do Egito, em junho de 604 a.C., foi derrotado em Carquem is na grande curva do Eufrates, 96 quilómetros a oeste de Harã (cf. Gn 11.31). O vitorioso N abucodonosor, príncipe herdeiro caldeu, perseguiu seus ini­ m igos derrotados até o Egito, 2-6. O Egito, representado pelo rio Nilo, 7-8, estava pron­ to para arrasar com o enchente o país do norte. Foi hum ilhado. Pute é a Som ália, e Lídia fica na Ásia Menor. 13-26. N abucodonosor invade o Egito. Em 607 a.C., N abucodonosor disputou uma b atalh a d ecisiv a na fro n teira eg íp cia, se ­ gundo a Crónica Babilónia, mas em 568 a.C. essa p ro fecia se cu m p riu (v. co m en tá rio s o b re 4 3 .8 -1 3 ). T e b as, 25, e ra a g ra n d e m etróp ole do E gito Superior, e A m om , a grande divindade solar adorada ali. 27-28. Promessa de futura bênção a Isra­ el. O povo de Deus teria consolo no futuro.

47. Profecia contra os filisteus 1-4. O avanço de Nabucodonosor. Essa previsão está provavelm ente ligada à des­

tru ição de A sq u elom , 5,7. A paren tem en­ te, T iro e Sidom , 4, se haviam aliado aos filisteus (cf. 27.3). 5-7. Consequências da invasão de Nabu­ codonosor. Os filisteus (pelistis) eram indoeuropeus de Caftor (Creta) (cf. Amós 9.7), sen d o que a principal horda se assentou no sudoeste da Palestina, "a terra dos pelestes", no século 12 a.C.

48. Profecia contra Moabe 1-19. A derrota de Moabe. Descreve-se o avanço do inimigo, provavelmente Nabuco­ donosor. Q uem os era a divindade nacional, 7. Embora protegida por causa da sua dis­ tância das principais rotas de com ércio e invasões, M oabe não escaparia, 11-17. 20-47. Razão da derrota. Moabe colhe­ ria aquilo que plantou, 20-28, e seria casti­ gado pelo seu orgulho, 29-42. D ep ois da te rrív el d ev a staçã o , M oabe seria re sta u ­ rado, 43-47.

49. Profecia contra várias nações 1-6. Contra Am om. Amom era a nação "irm ã " de M oabe, ao norte (Gn 19.30-38). Milcom (M oloque), 1, era o deus nacional (lR s 11.5, 33). Rabá, atual Amã no reino da Jord ânia, era a capital, 2-3. 7-22. Contra Edom. Cf. Ob 1-9 sobre ou­ tra profecia de castigo a Edom pelas cruel­ dades infligidas e pela invasão da fronteira de Ju d á d ev id o à exp a n sã o tribal árabe. Temã, 7, é a moderna Tawilan, cerca de cin­ co quilóm etros a leste de Sela (Petra), a ci­ dade escavada na rocha. Bozra, 13, é uma cidade fortificada do norte de Edom. 23-27. Contra Dam asco. Arpade, no nor­ te da Síria, cerca de 37 quilóm etros ao nor­ te de Alepo, é com um ente mencionada nas Escrituras ao lado de H am ate, fam osa cid ad e -e sta d o às m arg en s do rio O rontes, ao n orte de D am asco. O p o d erio d essas cidades-estado foi derrubado pela Assíria, e reduzido ainda m ais por Babilónia. 28-33. C ontra Q uedar e Hazor. Hazor (hoje Tell el Q edah, oito quilóm etros a su­ doeste do lago H ula, dom inando a antiga ro ta c o m e rc ia l via M a ris) é a in d a local

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50. Profecia contra Babilónia

Fragmento de tábua encontrada na Babilónia. As inscrições relatam a conquista de Níneve pela Babilónia.

d e s c o n h e c id o no d e s e r to d a A rá b ia , a leste da P a le s tin a , q u e N a b u c o d o n o s o r saqueou em 598 a.C . Q u e d a r (G n 25.13) era um a tribo árabe de b ed u ín o s do d e ­ serto, d esce n d en tes de Ism a e l. N a b u c o ­ donosor lid erou um a cam p an ha b em -su ­ cedida contra esse povo do d eserto (9.26; 25.23-24). 34-39. C o n tra E lão . E lã o , a le s te do país m esopotâm ico de B ab iló n ia, com sua ca p ital em Su sã, foi d e v a s ta d o p o r N a ­ bucod onosor no inverno de 596 a.C. Z e­ dequias subiu ao trono em m arço de 597 a .C ., com a d e p o s iç ã o d e Jo a q u im . O "arco de E lão " se refere à h ab ilid ad e dos arq u eiros e la m ita s, 35.

1-3. D errota para a Pérsia. D ois tem as se entrelaçam : a queda da Babilónia h istó­ rica d aq u ele tem p o e a queda da fu tu ra Babilónia (Ap 17-18). Os deuses de B abiló­ nia ficaram p erp lex o s d ian te da p ro fecia da queda de Babilónia — Bei (Baal) e M erodaque, as duas divindades principais. O d esastre veio do "N o rte ", um a referên cia ao p ersa C iro , que con q u istou B a b iló n ia em outubro de 539 a.C. (cf. Dn 7.4-5). 4-7. A volta dos exilados. Essa previsão incluía, m as extrapolava, a volta de B abi­ lónia em 536 a.C., abarcan d o a d efin itiva reu n ião que p reced erá o reino. 8-16. R etom ad a do tem a da q ueda de Babilónia. A vasta e antiga cidade de B abi­ lónia, às m argens de um braço do E u fra­ tes, perto da m oderna cidad e de H illa, a sud oeste de B agdá, foi escav ad a por ale­ m ã e s lid e r a d o s p o r R o b e r t K o ld e w e y (1899-1914) e m ais tarde por H einrich Lenzen. S eu s esp lê n d id o s p a lá cio s e ja rd in s suspensos, a torre-tem plo, o portal de Is­ tar, os m uros e fortificações — tudo é hoje b em co n h ecid o . A a rq u e o lo g ia co n firm a plenam ente o esplendor da cidade. (V. co­ m en tários sobre 2R s 25.) 17-20. A restauração de Israel. Babilónia, com o a A ssíria em ép o ca a n te rio r, seria d estruída. Israel será regen erad o e reu n i­ do no últim o dia. 2 1 -3 2 . Ju íz o d iv in o so b re B ab iló n ia . M e ra th a im ("d u p la m e n te r e b e ld e "), 21, é u m jo g o de p a la v ra s com m at m a rra ti ("te rra de la g o a s"), ep íteto do sul de B a­ b iló n ia . " P e c o d e " (" c a s t ig o " ), 21, é tro ­ cad ilho com P uqudu, tribo do leste de B a­ b ilón ia (Ez 23.23). 33-34. Repete-se a libertação de Israel. Seu "R e d e n to r" seria forte para salvá-lo. 35-46. R epete-se a derrocada de B abiló­ nia. Nerfhuma nação pode desafiar a D eus im p u n em en te.

51. Continuação da profecia contra Babilónia 1-5. Juízo divino sobre Babilónia. B abi­ lón ia seria m o íd a e d isp ersa com o trig o,

um símile comum de debulha que indica juízo (Is 21.10). Era culpada de pecado con­ tra o "Santo de Israel", 5. 6-10. Discurso ao remanescente. O povo de Deus recebeu ordens de fugir de Babi­ lónia. (Cf. a queda da Babilónia eclesiásti­ ca, Ap 17, e a destruição da Babilónia co­ mercial, Ap 18.) Babilónia era um "copo de ouro", 7 (Ap 17.4). Todo o capítulo é um prenúncio da destruição do sistema mun­ dial satânico no final dos tempos, que pre­ cederá o advento do reino do Messias. 11-19. Ataque dos medos. A Média fica­ va a n o rd e ste de B a b iló n ia . "M u ita s águas", 13, se refere ao Eufrates e à rede de can ais no sul de B ab iló n ia (cf. Ap 17.1,15). A idolatria é satirizada, 16-19, di­ ante do Deus verdadeiro de Israel, 15-16. 20-33. A completa ruína de Babilónia. Como "martelo", 20-23, Babilónia foi o ins­ trumento de Deus na punição do seu povo desobediente. Mas Babilónia cairia como a Assíria, 24-26. Assim como Babilónia con­ quistara as nações, 27-33, as nações iriam atacá-la. Ararate, 27, é a Arménia, antiga Urartu, ao norte do lago Van. Mini abarca­ va os mannaeans, ao sul do lago Urmia. Asquenaz incluía os citas.

Jeremias [ 285 ]

34-40. A libertação de Israel é novamen­ te repassada. 41-64. Continuação da queda de Babiló­ nia. Sheshach, 41-43, era Babilónia, que seria inundada pelos invasores.

52. Queda e cativeiro de Judá; libertação de Joaquim 1-30. A queda da cidade. Esse capítulo fi­ nal é um apêndice histórico, em grande par­ te repetição de 2Rs 24.18—25.30 (cf. também Jr 39.1-10; 40.7—43.7). Descrevem-se o rei­ nado de Zedequias, 1-3, e sua rebeldia, 4-11. O cerco durou mais de dezoito meses. Ribla, 9, ficava no vale central a nordeste de Biblos. Jerusalém foi incendiada, 12-16, em agosto de 586 a.C. Nebuzaradã era general de Nabucodonosor. O saque tomado ao tem­ plo é descrito, 17-23, e também a morte de alguns sacerdotes do templo em Ribla, 2427. Enumeram-se três deportações, 28-30, aparentemente ligadas ao exílio de Joaquim em 597 a.C. (2Rs 24.12-16); à supressão da revolta de Zedequias em 586 a.C.; e ao cas­ tigo do assassinato de Gedalias (40.7—41.18). 31-34. A libertação de Joaquim. Ver 2Rs 25.27-30.

Lamentações *

Lamento pela desolação de Jerusalém Lugar no cânon. Na Bíblia seguindo a tradição da Septuaginta, Lam entações de Jeremias vem depois de Jeremias. Na Bíblia hebraica, encontra-se na terceira divisão, Ketubim ou Hagiógrafos, entre os rolos (.Megillôt) — Cântico dos Cânticos, Rute, Lam entações de Jeremias, Eclesiastes e Ester. Com o os outros, era

com as seguintes palavras: " E aconteceu que, depois que Israel foi levado cativo e

Mensagem. "O Senhor se aflige quando seu povo

Jerusalém , arrasada, Jerem ias ficou chorando e se lastimando com esta lam entação, e disse...". A Vulgata segue essa tradição bem antiga.

quando seu povo sofre" — esse é o tema do livro. É por causa da sua amorosa bondade que os seus não são "consum idos" (3.22). "... suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada m anhã. Grande é a tua fidelidade"

Forma literária. Dos cinco poemas, os quatro primeiros

lido em ocasiões especiais, nesse caso durante o jejum de 9 de ab (ago.), para lembrar a destruição de Jerusalém e o incêndio do templo em 586 a.C.

são acrósticos alfabéticos. Os poemas (caps.) 1, 2 e 4 têm 22 versículos cada um, todos com eçando com uma das 22 letras do alfabeto heb. O poema (cap.) 3 tem três versículos para cada

Autor. É praticam ente certo

letra, totalizando 66. O poema (cap.) 5 tem 22 versículos, mas não segue a ordem alfabética. Prevalece a métrica da nênia ( qinah), 3+2, com um vívjdo ritmo

que o autor tenha sido Jerem ias. A Septuaginta com eça declarando esse fato

trino desv.inecanrio' ru iu ritmCj bíriário.. ■'\ l ' .

B

morre (Êx 3.7), ele sofre

(3.22-23). A tradição retrata o padecente profeta se lam entando numa gruta além do muro setentrional de Jerusalém, à sombra do outeiro cham ado Gólgota, onde o padecente Salvador morreu. Seja com o for, o Espírito de Cristo no profeta fez dele, num sentido real, um prenúncio do Senhor (Jr 13.17), pois o Mestre tam bém se lamentou sobre a cidade desencaminh&da .(Mt 23.36 38) , I

. U fV

Esboco 1 A Jerusalém desolada clama por piedade 2 O castigo do Senhor,e suas .consequências 3 O lamento sentido;de um povo castigado 4 Os horrores do cerco e queda da cidade

Lamentações I 287 1

1. A Jerusalém desolada clama por piedade 1-11. D escreve-se a desolação da cidade. A voz da cidade, personificada com o uma viúva, fala só duas vezes nessa seção, 9b, 116. Todos os outros versículos descrevem a tristeza da cidade arruinada. Q uando ela fala, en toa um a oração. 12-22. A cidade personificada lastima sua destruição. Toda essa passagem , exceto 17, é um lam ento em prim eira pessoa. Jeru sa­ lém d eclara sua d esgraça, 11-13; professa sua p en itên cia e o ju sto castig o p ela sua iniquidade, 14-16; confirma a justiça de Deus ao castigá-la, 18-20; e, num a oração, clama por vingança contra seus inim igos, 21-22.

2. 0 castigo do Senhor e suas consequências 1-8. O Senhor castiga a cidade. O in for­ túnio de Jeru salém não foi m á sorte nem m ero acid ente. "O S e n h o r" ap arece m ais de sete vezes n essa seção com o au tor da d e stru içã o . 9-17. As consequências do castigo do Se­ nhor. A cid ad e está d esolad a e as trevas esp iritu a is en cob rem seu s p ro fetas e seu povo, 9-10. O profeta Jerem ias chora e la­ m enta essas calam idades, 11-14. O s inim i­ gos de Jeru salém escarnecem dela, 15-16. M as a p alav ra e o alerta de D eus foram cum pridos, 17. 18-19. A exortação do profeta ao verda­ deiro arrependim ento. 20-22. A oração do profeta, identificando-se ele com o povo castigado.

3. 0 lamento sentido de um povo castigado 1-24. Salmo de fé pessoal em Deus. Esse c a p ítu lo é um a c ró stic o em trê s p a rte s , com três versículos para cada uma das 22 letras do alfabeto h ebraico. O profeta Je ­ rem ias se identifica com o povo castigado

e, angustiado e aflito, abre seu coração ao S e n h o r na fé. S eu s lam en to s lem bram o episód io em que Jó verte seu esp írito di­ ante do Senhor: v. 1 (Jó 9.34); 2 (Jó 19.8); 3 (Jó 7.18); 4 (Jó 7.5); 5 (Jó 19.6, 12); 6 (Jó 23.16-17); 7, 9 (Jó 19.8); 8 (Jó 30.20); 10-11 (Jó 16.9); 12-13 (Jó 16.12-13); 14 (Jó 30.9); 15 (Jó 9.18); 16-18 (Jó 19.10; 30.19). 25-51. Jerem ias demanda arrependimen­ to e subm issão a Deus. O profeta sabiam en­ te a c o n s e lh a a s u b m issã o e a c o n fissã o penitenciai diante do justo ju ízo de Deus. 52-66. O ração por vingança contra o ini­ m ig o . Je re m ia s lem b ra a b ên çã o fiel do Senhor em tem pos passados, e roga o cas­ tigo dos d estru id o res de Jerusalém .

4. Os horrores do cerco e a queda da cidade. 1-20. D escreve-se a catástrofe de Jerusa­ lém . O ouro e as pedras do tem po foram profanados, 1. Os filhos de Sião (sionitas), que valem mais do que o ouro, eram ago­ ra avaliados com o barro com um , 2. Terrí­ vel fom e assolou a cid ad e, 3-9, a co m p a­ nhada de tenebroso canibalism o, 10. A ira d ivina se d erram ou, 11-12, em sangrenta carn ificin a e profanação, 13-15; cativeiro, 16; m orte, 17-19; e violên cia contra o rei (Z edequias; 2Rs 25.4-6). 2 1 -2 2 . P re v is ã o de c a tá s tro fe so b re Edom . Edom tam bém seria castigado (cf. Ob 8 - 1 4 ) .

5. Lamento e pedido de restauração 1-18. Lam ento pela penúria de Judá sob o dom ínio de Babilónia. O povo sofria na angú stia e na necessidad e, 1-14. A d inas­ tia davídica já não reinava, o tem plo esta­ va destruído, 15-18. 19-22. Intercessão por misericórdia divi­ na. Esses versículos lembram SI 74.12; 79.58; 80.1-7, e captam a súplica dos rem anes­ centes fiéis pelo estabelecim ento do reino.

Ezequiel 0 papel da disciplina de Deus O profeta. Ezequiel ( Yehezqe'1, "D eus

mostrar a natureza preventiva e corretiva dos

fortalece") era filho de um sacerdote zadoqueu. Foi

castigos de Deus, para que seu povo soubesse que "eu

deportado para Babilónia em 597 a.C. com o rei Joaquim. A esposa do profeta morreu no primeiro dia do cerco a Jerusalém, em 588 a.C. (24.1, 15-18). O profeta morava em Tel-Abibe, cidade

sou o S e n h o r " (expressão que ocorre mais de trinta vezes no livro, de 6.7 a 39.28). Para isso, Ezequiel dem onstrava que o povo do Senhor é que era culpado, e não o Senhor (18.25). Deus castigaria as nações que se alegravam

às margens do Quebar, canal conhecido de fontes babilónias que fluía da ramificação do Eufrates acima de Babilónia rumo a Nipur, voltando ao Eufrates perto de Ereque.

diante da queda de Israel (caps. 25— 32), e no final restauraria Israel à bênção do reino.

Ezeq u ie l e a revelação. As visões de Ezequiel

Data. Ezequiel iniciou seu ministério profético no quinto ano do exilio de Joaquim (1.1-2), i.e., 593 a.C., continuando até pelo menos abril de 571 a.C. (29.17), data do seu último discurso registrado.

P ro p ó sito . Enquanto Jerem ias profetizava a destruição de Jerusalém na Palestina, Ezequiel, seu contem porâneo mais jovem, anunciava em Babilónia o mesmò destino da cidade apóstata (caps. 1— 24). D iferentem ente de Jerem ias, porém, Ezequiel, que ministrava primordialmente aos exilados, tinha um forte tom de consolo nas suas mensagens. Ele mostrava aos seus companheiros sofredores que o Senhor teve motivos para mandar seu povo para o cativeiro (cf. 18.25, 29; 33.17, 20). Seu ministério concentrou-se em

guardam notável sem elhança com o livro do Apocalipse (cf. Ez 1 com A p 4— 5; Ez 3.3 com Ap 10.9-10; Ez 9 com Ap 7; Ez 10 com Ap 8.1-5). O profeta Daniel já era famoso em Babilónia quando Ezequiel profetizou (Ez 14.14, 20; 28.3).

Esboço 1— 3 O chamado do profeta 4— 24 Profecias contra Jerusalém 25— 32 Profecias contras as nações 33—48 Profecias sobre a restauração final de Israel

Escultura reproduz as letras da palavra "am or" em hebraico. O profeta Ezequiel mostrou que o Senhor no final restauraria Israel à bênção do reino.

Ezequiel I 289 1

1. Ezequiel e sua visão da glória de Deus

2—3. A missão quíntupla de Ezequiel

1-3. Introdução. O "trigésim o a n o", 1, p ro v av elm en te se re fe re aos trin ta anos do próprio Ezequiel. Sobre Tel-Abibe (ba­ bilónio til abubi, "m onte da encherfte", as­ sen tam ento ju d eu perto de N ipur no ca­ n a l Q u e b a r ), v e r 3 .1 5 e in tro d u ç ã o . O quinto ano do exílio de Joaquim seria 593 a.C., quinto dia, quarto mês, 31 de julho. "E steve sobre ele a m ão do S e n h o r " indi­ ca o c o n ta to de D e u s com E z e q u ie l, 3 (3.14,22; 8.1; 33.22; 37.1; 40.1). 4-28. A visão da glória de D eus. Essa re v e la ç ã o da g ló ria de D eu s, S h ek in a h , p re p a ro u E z e q u ie l p a ra seu g ra n d io s o m in istério , com o n o caso de M o isés (Êx 3.1-10), Isaías (Is 6.1-10), D aniel (Dn 10.514) e Jo ã o (A p 1 .1 2 -1 9 ). M a n ife s ta ç õ e s te o fâ n ica s no ven to (lR s 19.11), em n u ­ vens (Êx 19.16) e no fogo (lR s 19.11-12) e ra m c o m u n s . A v is ã o é m e n c io n a d a rep etid am ente no livro (10.1-22; 11.22-25; 4 3 .1 -7). V eio "d o N o rte ", 4, não p o rq u e E z eq u ie l tom ou de em p ré stim o u m a fi­ gura literária da m itologia can anéia (ugarítica), segu nd o a qual os d eu ses viviam no n o rte , m as p o rq u e e sta v a p re s te s a d e s a b a r s o b re Ju d á u m a te m p e s tu o s a nuvem de ira d ivina vinda do norte (B a­ b iló n ia ). E m b ora B a b iló n ia fic a sse bem a le s te de Je r u s a lé m , o d e s e rto in t e r ­ m é d io fo rç a v a os v ia ja n te s a a c o m p a ­ n h ar os rios do C rescen te F értil. A ssim , o s e x é r c ito s in v a s o r e s d o le s te a ta c a ­ vam do n o rte . O S a n to de Is ra e l re v e ­ lo u -se em sua g ló ria p ro n to p a ra fa z e r d escer o ju íz o sob re seu povo ap ó stata. O s "s e re s v iv e n te s ", 5, eram q u e ru b in s (Ap 4.7), g u ard iões da santidad e do tro­ no de D eus (Êx 25.10-22; lR s 6.23-28; cf. G n 3 .2 2 -2 4 ). E ram criatu ra s alad as, d is­ tin ta s d os s e ra fin s (Is 6 .2 ). A m b o s são seres reais do rein o celestial, e n ão m e­ ras cria çõ e s a rtís tic a s . A s q u a tro ro d as sim b o liz a m a m o b ilid a d e em to d a s as d ir e ç õ e s . O S e n h o r e n tro n iz a d o a cim a das su as c ria tu ra s, 2 6 -2 8 , lem b ra o S e ­ n h o r e n tro n iz a d o acim a dos q u e ru b in s na arca (Êx 37.9; IS m 4.4).

2.1-20. Sua com issão como profeta. Fos­ se qual fosse a recep tiv id ad e ao m inisté­ rio de Ezequiel, a "casa rebelde", designa­ ção do Judá apóstata no exílio (Jr 2.29; 3.13), "h ã o de saber q ue estev e no m eio deles um profeta", 2.5. A expressão não m essiâ­ nica "Filh o do hom em " (2.1) aparece mais de 90 vezes em Ezequiel. Isso indica não só a finita lim itação e necessidade do h o­ m em diante da visão da infinita glória de D eu s, m as tam bém sinaliza que, em bora cativo, Israel era um a prova de que a na­ ção eleita esq u ecera seu distinto m in isté­ rio às nações (Ez 5.5-8; Rm 9.4-5), m as o Sen h or não a esqu ecera. Isso lhe lem bra­ ria que ela não passa de um a pequena fração de toda a h u m a n id a d e , fra ç ã o pela qual ele é solícito. 3.1-9. C om o d en u n ciad o r d estem ido. Ezequiel d everia se alim entar da Palavra de D eus e d igeri-la, ato sim bolizado pela in g estão de um rolo de papiro contend o os juízos divinos, 1-3 (cf. Zc 5.1-4; Ap 10.811). O fato de o rolo trazer texto nos dois lados, prática incom um , talvez indique a p re o c u p a ç ã o de D eu s de que E z e q u ie l nada acrescente a ele. A Palavra de Deus era su fic ie n te . A P a la v ra era "d o c e " (SI 19.10) quando acatada, mas am arga quan­ do, m adura para o juízo, era transm itida a p ecad ores im p en iten tes, 4-9. 3.10-15. C om o p orta-voz de Deus aos exilados. Sobre Tel-Abibe e Quebar, ver 1.1. 3.16-21. C om o atalaia. O atalaia (heb. sopheh) é "a q u e le que fica em guarda ou v ig ia n d o ", 17 (Is 21.6; M q 7.4), não só aten ­ to ao in im ig o , m as na e x p e c ta tiv a e e s­ p e ra n ç o so do c u m p rim e n to da p ro m e s­ sa de D eu s. A d o u trin a de E zeq u iel da re s p o n s a b ilid a d e p e sso a l (cf. 18.1 -3 2 ) é aqui ap licad a a esse m in istério p rofético (33.7-16). 3.22-27. Um arauto fiel. O "v a le " era a p lana região de alu viões da bacia do Tigre-E ufrates (Gn 11.2; Ez 37.1). O silêncio re tra íd o do p ro feta era um sin al de que ele precisava calar-se quando Deus o que­ ria calado.

C e n a do m o v im e n ta d o co m é rcio na Porta de Dam asco, em Jeru salém . E ze q u ie l p ro fe tizo u contra Israel e as nações vizin has.

Ezequiel [ 291 ]

4—5. Profecias simbólicas do cerco de Jerusalém 4.1-3. O s in a l do tijo lo . Jeru salém foi d elin ead a nu m tijo lo de b arro m acio, se­ cado ao sol, tão com um no sul de B abiló­ nia. A "a ssa d eira de fe rro " era evid en te­ m en te um a frig id e ira , m o stra n d o que o Sen h or com b ateria a cidad e, e n ão a d e ­ fe n d eria (cf. Jr 2 1 .5 ). O s ca tiv o s e sp e ra ­ vam um a volta rápid a a Jerusalém , m as o p ro fe ta p re v ê o te rrív e l cerco e a queda de Je ru sa lé m . 4.4-8. O sinal da posição do profeta. Seu desconforto durante 390 dias sobre o lado esquerdo e m ais 40 dias sobre o lado direi­ to (total de 430 dias, sim bolizando um ano p a ra cad a d ia) le m b ra v a a s e rv id ã o no Egito (Êx 12.40—41). Cativeiro sem elhante en goliria tanto Israel quanto Judá. O cati­ veiro do reino do norte seria m ais longo. 4.9-17. O sinal da fome. Fome e caniba­ lism o assolariam a Jerusalém sitiada. M is­ tura de grãos, 9, su gere escassez. Esterco seco de vaca ainda hoje é com bustível co­ mum no Oriente, mas o excrem ento hum a­ no era im puro (Dt 23.12-14). A falta de água, 16, aum entaria o terror. En-Rogel, no sul, e G iom , no vale de C edrom , não fo rn eceri­ am água e as cistern as ficariam secas. 5.1-17. O sinal da cabeça e da barba ras­ padas. O corte dos cabelos e da barba com um a esp ada, 1, representava a vergon ho­ sa d erro ta m ilita r de Jeru sa lém . A razão d essa d e s g ra ç a fo ra o a b ism a l fra c a ss o de Israel na sua p rivilegiad a posição "n o m eio das n ações", com o luz e testem unha do D eus único e verdadeiro, 5-6. A s cala­ m id a d e s d e s c rita s aq u i lhe s o b re v iria m pela sua falta de fé, 7-17.

6. 0 juízo sobre os montes de Israel 1-7. Condenação da idolatria dos altos. F ig u rad am ente, "o s m ontes de Is ra e l", 2, representavam os altos, usados com o san­ tuários pagãos ao ar livre, enquanto a es­ pada, 3, representava sua destruição, ju n-ta m en te com os oficiantes do culto e seus devotos. Os ídolos, 5, eram parte do equi-

Idolo alado, cultuado pelos assírios, que criam em seu poder de proteção. É provável que os seres viventes alados da visão de Ezequiel fossem criaturas semelhantes a essa.

pam ento do culto, sendo im agens de Baal e deusas da fertilid ade com o A nat e Ase­ rá, divindades corruptas hoje tão bem co­ n h ecid as pela m itolog ia ugarítica. Cf. Lv 26.27-33, que é aqui repetido por Ezequiel. 8-14. O rem anescente sobrevivente. O re sto (Rm 11.5) so b re v iv e ria e sab eria o p rop ósito d esses terríveis castigos, 10, 14 (cf. Is 6.10-13).

7. 0 fim iminente 1-9. A condenação da cidade. O dia do ju ízo de Jerusalém prenunciava o vindou­ ro e grand ioso D ia do Senhor, quando se d erram ará a ira a n tes da restau ração de Israel (Sl 2.5; Ap 6-19; cf. J 1 1.15; Ml 4.1; ver Am 5.18-20; Is 2.11-17). 10-27. O horror na cidade. Retratam-se a confusão e a brutalidade na cidade caída.

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8—9. A visão do pecado de Jerusalém 8.1-18. Visão da idolatria. A data, 1, era 17 de setem bro de 592 a.C. Sobre a "m ão do S e n h o r D eu s", ver 1.1-3. A nova visão de Deus, 2-4, form ava um pano de fundo apropriado para o ju ízo dos falsos deuses. A "entrad a da porta do pátio de d en tro, que olha para o n o r te ", 3, era o terceiro portão que, do com plexo do palácio, saía rum o ao norte para a área do tem plo. A "im agem dos ciúm es, que provoca o ciú­ me de D eus" era talvez a de Astarte. Apa­ rentem ente, há referên cia à a d oração do egípcio Osíris, que era tido com o propicia­ dor de vida feliz após a m orte, 7-13. Tam uz, 14-15, era o d eus su m ério-acad iano da vegetação, cuja descida ao m undo sub­ terrâneo assin alav a o d esfa le cim en to s a ­ zonal da vida. Sugere-se o culto de Tamuz (Adónis) ou Rá, o deus-sol egípcio, 16-18. 9.1-11. Visão do castigo da idolatria. Um clamor divino anunciava a destruição, 1-2. Sobre o "n o rte", ver com entário de 1.4; era a d ireção de on d e vinham os in v a so res. Sobre a m arca ou selo, 4-5, ver Ap 7.3; 9.4; 13.16-17; 20.4; sobre o resto piedoso, cf. Is 1.9; Rm 11.5. O escriba do Senhor vestido de linho, rep re sen tan d o a p u reza ritu al, indubitavelm ente sim bolizava a D iv in d a­ de. Cf. Nabu, o deus da sabedoria entre os d eu ses b abiló n io s.

10—11. 0 Senhor abandona o templo 10.1-22. A nova visão da glória de Deus, (cf. Ez 1, 11, 43). A glória m anifesta do Deus de Israel foi o pano de fundo para o ju lga­ m ento da idolatria de Israel e da horrível profanação do templo. O personagem ves­ tido de linho, 9.2-4; 10.2-4, que tom ava as b rasas acesas d en tre os q u e ru b in s (1.13) e as esp alhava sobre a cid ad e id ólatra, à luz de Ap 5.1; 8.3-5, era ap arentem ente o C rislo p ré-en carn ad o, o A n jo da P rese n ­ ça, que apareceu a A b raão , Isaqu e, Jacó , M oisés, Josu é, G ideão e D aniel (D n 10.56). O ju ízo está nas m ãos dele (Jo 5.22), a "glória do S e n h o r " (cf. Êx 16.10; Nm 10.34)

é a santidade e o poder revelados de Deus (Lv 9.23; N m 20.6). 11.1-25. Icabode, a glória parte. Dá-se um vislu m bre dos ím pios líderes políticos, 113. S eg u e um a m en sag em de m is e ric ó r­ dia, 14.21, p red içõ es ainda a serem cum ­ p rid as para Israel. E n tre essas, um resto poupado, 14-16, e a prom essa de repatria­ ção e conversão espiritual, 17-21. D epois a glória, Shekinah, abandona a cidade ím pia, 22-25. A partida foi gradual (cf. 9.3; 10.4), para fora do tem plo e, da cidade, rumo ao m onte das O liveiras, 23. (Cf. lR s 8.5-11; Ed 3.12; e sua volta ao tem plo m ilenário, Ez 4 3 .2 -5 .) F oi do m o n te das O liv e ira s que Cristo ascendeu (A t 1.10-12) e ao qual ele v oltará glorioso (Zc 14.4).

12. 0 exílio retratado simbolicamente 1-20. Sinais dados por intermédio de Eze­ q u iel. So b re a "c a s a re b e ld e ", 2, ver co ­ m entário sobre 2.5 e sobre Is 6.10-13. Eze­ q u ie l d e v e r ia d e c r e ta r o d e s tin o d os exilados, 1-7. Zedequias era o príncipe, 10, m encionado em 17.20, que foi levado para Ribla e cujos olhos foram vazados (Jr 39.110; 52.10-11; 2R s 25.1-7). 21-28. M ensagem do juízo im inente. A d e s c re n ç a n o s v e r d a d e ir o s p ro fe ta s de D eu s foi a cau sa do ju íz o . A p alavra de D eus por in term éd io d o seu p ro feta não poderia ser ignorada (O s 12.10).

13—14. Condenação dos falsos profetas 13.1-23. D enúncia divina dos falsos pro­ fetas. E les falavam de fa lsid a d es e e sta ­ vam c o n ta m in a d o s p e la a d iv in h a ç ã o pagã, 1-9. A qu eles que p ro clam am "P a z , quando não há paz" são tão inúteis quanto caiar uma parede de tijolos de barro para protegê-la da tem pestade, 10-16. Tam bém se d e n u n cia ra m p ro fe tiz a s (fe itic e ira s e m édiuns espíritas, IS m 28.7-25), 17-23. 14.1-23. Perversão dos anciãos idólatras. Eles revelaram a extensão da sua p erver­ são ao ousar interrogar o Senhor, 1-11, tor­ nando o ju ízo im prescindível, 12-23.

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15. A alegoria do vinho 1-5. A alegoria. O ram o da videira não é bom para com er. Serve som ente para pro­ d u zir fru to . M esm o com o co m b u stív el é praticam ente inútil. 6-8. O significado. A videira representa­ va Israel (Jerusalém ; cf. SI 80.8-12; ls 5.1-7; Os 10.1). Jerusalém , videira improdutiva, já não servia para nada a não ser para o fogo. E a prim eira de três parábolas (outras, nos caps. 16 e 17) que mostram a vã esperança de libertação para a cidade pecam inosa.

16. A alegoria da esposa infiel 1-52. A idolatria de Israel é descrita figu­ radamente por uma órfã, 1-7; uma moça, 814; uma depravada, 15-34; e um a prostitu­ ta, 35-52. Criança abandonada, dissociada da aliança de Deus, Israel teve origem pagã, 3. Os cananeus eram os habitantes de idio­ ma sem ítico da Palestina antes da chegada de Isra e l. O s h e te u s eram um povo não sem ítico bem conhecido (Js 3.10; 2Sm 11.3), q ue e sta b e le ce u um im p o rta n te im p ério engloband o o norte da Palestina e a Ásia Menor. Frágil criança, Israel seria abando­ nado à m orte, com o acontecia m u itas ve­ zes às m en in in h as no p aganism o antigo. Moça, prom etida por aliança e casada com o Senhor, 8-14, alcançou status régio, m as caiu na p ro stitu ição (p rostitu ição cultual, além de in fid elid ad e e p erversão g e n éri­ cas), 15.34. Tornou-se m eretriz im pudente, 35-52, e deveria ser apedrejada (Dt 22.21,24). Era pior que "S o d o m a ", sua "irm ã , a m e­ n o r", e Sam aria (Jr 3.6-11). 53-63. Prom essa de m isericordiosa res­ ta u ra ç ã o . M esm o d ia n te d esse h o rrív e l cen ário, o S en h or prom eteu fu tu ras b ên ­ çãos na aliança palestina (Dt 30.1-10) e na nova aliança (Jr 31.31-34; Hb 8.8-12).

17. A alegoria das águias e do cedro 1-21. A alegoria das águias. A "grande águia", 3-6, era Nabucodonosor (Jr 48.22). A "p onta dum ced ro", 3, era a casa de Davi (Jr 22.5, 6, 23). A "p onta mais a lta", 4, era

Joaquim ; a "cidade de mercadores" era Ba­ bilónia; a "m uda da terra", 5, Zedequias. A "o u tra grande á g u ia ", 7, era Psam ético II (594-588 a.C.), que arrebanhou Zedequias e outras potências ocidentais numa coalizão contra Babilónia (Jr 27). O "vento oriental", 10, era N abucodonosor, diante do qual Ze­ dequias, 13-21, estava fadado a cair (Jr 52). 22-24. A alegoria do cedro. Novamente entra em foco a esperança de Israel para o futuro. O Senhor tomará a "ponta" (Messias) de "u m cedro" (casa davídica) e o "renovo mais tenro", para plantá-lo "sobre um monte alto e sublim e" (mt. Sião, Mq 4.1, cf. Is 11.1; 53.2; Jr 23.5-6; Zc 3.8). A "árvore alta" abati­ da e a "árvore verde" seca, 24, simbolizam o poder m undial pagão. A árvore "b aix a" exaltad a e a "s e c a " reverd ecid a retratam a restau ração do reino de Israel (A t 1.6), quando o Filho de Davi voltará. O poder m undial pagão será arrasado e Israel, res­ taurado à glória governam ental e espiritu­ al sob a liderança do Messias.

18. Julgamento divino e responsabilidade individual 1-13. Falsa acusação contra Deus e a res­ posta divina. Os pecadores, em meio às suas provações, tendem a culpar a D eus e seus a n te p a ssa d o s p elas su a s trib u la çõ e s. Os exilados de Babilónia e os pecadores de Je­ rusalém faziam isso, 1-2. O Senhor censu­ rou essa transferência de culpa, 3-4, e por interm édio de Ezequiel enfatizou a justiça de Deus e a responsabilidade individual pe­ los atos ímpios. O modo de vida, 5-9, foi en­ fatizado (não as condições da vida eterna, m as a prova da confirmação da justiça para escap ar à m orte física no im inente juízo). Expuseram-se as condições da morte, 10-13. 14-32. A doutrina de responsabilidade individual de Ezequiel. Com er nos altos, 6, 15, se refere a p articip ar de refeições sa­ gradas em altos pagãos (6.1-14). O bem ou o m al de um a geração é transferível à se­ g u in te, 19-20. N egar essa verd ad e é não com preend er a ju stiça de Deus, 25-29. Is­ rael precisa se arrepender diante da ju sti­ ça de Deus. Era a única forma de escapar ao terrível juízo, 30-32.

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19. Lamento pelos príncipes de Israel 1-9. Lamentação pelos príncipes. Os prín­ cipes eram Jeoacaz, o prim eiro filh ote, 34, que foi levado ao Egito (Jr 22.10-12; 2Rs 23.30-34). O segundo filhote, 5-9, era Jo a ­ quim, que foi deportado para Babilónia (Jr 22.24-30; 2Rs 24.8-16). A "le o a ", 2, era Judá. Esse sím bolo é encontrado nos selos isra­ elitas (cf. Gn 49.9; lR s 10.18-20). 10-14. Lamento pela terra. A videira re­ trata Judá (Is 5.1-7; Jr 2.21). Os "galhos for­ te s ", 11, rep resen tam Z ed e q u ia s (1 7.13), que foi arrasado pelo "ven to oriental", 12, N abucodonosor, e transplantado, 13, para Babilónia (Jr 52.1-11).

20. Lembrança da misericórdia divina para com Israel 1-8. Os pecados de Israel no Egito. D ata­ da de 14 de agosto de 591 a.C., essa m en­ sagem foi p ro vocad a p elo in terro g a tó rio dos anciãos do Exílio, 1-4 (14.1-11). A idola­ tria da nação no Egito, 5-8, é descrita (cf. Sl 106). D ão -se, p o rém , as m ise ric o rd io sa s rev elaçõ es de D eu s. 9-26. Os pecados de Israel no deserto. E revista a m arav ilh o sa re d en çã o o p erad a por causa do nom e de Deus, 9, 10, 14, com a introdução do sábado, 11-13, e a revela­ ção da graça, 14-26. 27-49. Os pecados de Israel na terra. Esbo­ çam-se o juízo e um a futura restauração.

21. Juízo pela espada 1-17. O Senhor desem bainha sua espa­ da. A espada era um sím bolo com um de juízo divino (14.21; Is 34.5; Jr 14.12; Ap 6.8). E vista afiada, in d ican d o que o ju ízo era iminente, 8-17 (cf. Jr 50.35-37). Bater no pei­ to, 12, era indicação de luto (Jr 31.19). 18-32. A espada de N abucodonosor. Sua espada seria de fato o instrum ento do ju í­ zo de Deus, 18-19. Seu ocultism o, 21, o le­ varia a Jeru salém e à m atan ça. A a d iv i­ nhação era a contraparte pagã da profecia. A b e lo m a n cia , o la n ça m e n to de fle c h a s com nom es de inim igos, e a hepatoscopia,

exam e do fígado de anim ais para proferir augúrios, eram técn icas altam en te d esen­ volvidas em Babilónia. O s ídolos do lar (te­ rafins) eram pequ enas d iv in d ad es oraculares. A esp ad a tran sp assaria Z ed equ ias, 25-27, e cairia sobre Am om , 28-32 (cf. 20).

22. Acusação de Jerusalém 1-16. V iolência e abom inação de Jerusa­ lém . A ntes da descida da espada do juízo, a horrível corrupção de Jeru salém foi ex­ posta. E n tre suas in iq u id a d e s estavam a idolatria, a violência, a fraude, a injustiça, a injúria e a prom iscuidade sexual (cf. 6.214; 14.3-5; 18.6).

Ilustração de um soldado da infantaria do exército babilónico.

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17-31. A purificadora fornalha da ira de Deus refinou todas as classes da corrupta socied ad e ju d aica. Ind icam -se o p ro p ósi­ to da fundição, 17-22, e da escória, 23-31.

23. Oolá e Oolibá 1-4. A alegoria. Oolá é Samaria (o reino seten trio n al) e sua irm ã O olibá é Je ru sa ­ lém (rep resentand o por m etoním ia o rei­ no do sul). P rotesta-se contra as relações ím p ias, p o lítica e re lig io sa m en te, d essas duas irm ãs com as nações vizinhas. Há um jogo de palavra nos nom es: "O o lá ", "aq u e­ la que possui um a tend a" (santuário), i.e., Sam aria, e "O o lib á", "m inha tenda (taber­ náculo) está n e la" (Jeru salém ). O jo g o de p alav ras su gere que, em bora Sam aria ti­ vesse um local de culto, o verdadeiro santu­ ário ficava em Jeru salém . Esse fato era a ponderação crucial na acentuação da enor­ m idade do pecad o de Jeru salém . 5-49. O significado. Oolá, 5-10, política e esp iritu alm ente contam in ou-se com a A s­ síria via alian ças e sin cretism o relig ioso. O olibá, 11-21, pecou do m esm o m odo. Seu pecado político e religioso tinha de ser cas­ tigado, 22-35. P rev iu -se o ju íz o das duas irm ãs lascivas, 36-49.

24. A parábola e o fim 1-14. A alegoria da panela sim bolizava a im in en te d e stru içã o de Je ru sa lé m . Na p anela (Jeru sa lé m ), tu d o seria cozid o, e os in v a s o r e s e m p ilh a v a m c o m b u s tív e l (e q u ip a m e n to s do cerco ) em to rn o d ela (cf. Jr 1.13-19). D epois do com p leto co z i­ m en to , a p a n e la seria e sv a z ia d a ap ó s o cerco , e os o sso s, in cin e ra d o s (a cid ad e s a q u e a d a ). O s d e p ó s ito s in c r u s ta d o s e im p u re z a s, 6, 11, se referem ao p eca d o da cid ad e e à sua d eg en eração, 12-13. A data, 1, do início do cerco é d ada: jan eiro de 588 a.C. (cf. 2R s 25.1). 15-27. M orte da esposa de Ezequiel. Ele não deveria lam en tar a perda da m ulher, que m orreu no prim eiro dia do sítio de Je­ rusalém . Assim com o a m orte dissolveu a u n ião en tre o profeta e sua am ada e sp o ­ sa, tam bém o relacion am en to entre o Se­

nhor e Jerusalém seria dissolvido para que viesse a destruição. Isso foi uma lição prá­ tica para os exilados, 19-24. No dia em que chegasse a notícia da d estruição de Jeru­ salém , a língua de Ezequiel se soltaria para um a nova m ensagem , 25-27.

25. Profecias contras diversas nações Ezequiel 25-32 corresponde a Isaías 1323 e a Je re m ia s 46-51. Essas nações seri­ am ju lg a d a s a n te s da re sta u ra çã o de Is­ rael (36.5-7). 1-14. Profecias contra Am om , M oabe e Edom . As nações desse capítu lo eram vi­ z in h a s im ed ia ta s de Ju d á. O s am o n itas, 17, e os m o a b ita s, 8-11, estav am ra c ia l­ m e n te lig a d o s a Is ra e l (G n 1 9 .3 7 -3 8 ) e era m in im ig o s c o n s ta n te s (cf. Is 15.1 — 16.14; Jr 4 8 .1 —49.6). Edom, 12-14, também co n h ece ria a vingança de D eu s (Jr 49.722; cf. Dt 23.7; Am 1.11). 15-17. Profecias contra a Filístia (cf. Jr 47). O s q u eretitas, 16 (cretenses), viviam na Filístia.

26. Profecia da destruição de Tiro 1-6. O an ún cio do ju ízo. N abu cod ono­ sor cercou Tiro durante 13 anos (585-572 a.c), 1. Sua co n d en ação veio em virtu d e da re cu sa em a ju d a r seu a lia d o Je ru s a ­ lém (Jr 27.3) e do seu orgulho com o prin­ cip al centro com ercial m arítim o da F en í­ cia (cf. 28.2-10). 7-21. A execução do juízo. Tiro era for­ m ada por uma cidade costeira e uma cida­ de insular, bem próxim a à costa. N abuco­ d on o so r con qu istou a cidad e continental em 572 a.C ., m as não conseguiu tom ar a cidade insular. Alexandre M agno com ple­ tou o cu m prim ento da profecia (26.4), to­ m and o a ilha em 332 a.C. d ep ois de um cerco de seis m eses, durante o qual cons­ tru iu um a ponte a p artir dos escom bros da destruída cidade continental. O lam en­ to viria dos vizin h os com erciais de Tiro, "o s p rín c ip e s do m a r " , 15-18. A cid ad e afu nd aria no abism o (Sheol), o reino dos m ortos, 19-21 (cf. Is 14.15; Zc 9.3-4).

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27. Lamento por Tiro 1-24. Tiro sim bolizado por um navio. O im p ério com ercial de T iro é a p ro p ria d a ­ m ente descrito com o uma grand e em bar­ cação m ercante, 3, "p erfeita em form osu ­ ra ". O navio foi construíd o com ciprestes de Senir, i.e., mt. Hermom (Dt 3.9). Líbano ("a branca [como n eve]") é o maciço m on­ tanhoso com posto de d uas cad eias p a ra ­ lelas, Líbano e Antilíbano, fam oso na anti­ guidade pelos seus cedros, 5. Os carvalhos de B asâ, 6, eram as fam o sa s flo re s ta s a leste do m ar da G aliléia. Elisá (C hip re) e Gebal (Biblos), ao lado de Arvade (um cen­ tro comercial insular costeiro com o Tiro) e Sidom , 32 q u iló m etro s ao n o rte de T iro, eram o foco do centro com ercial de Tiro. A seção em p ro sa, 10 -2 5 , d escre v e m u ito s nomes elucidados pela Tábua das N ações (v. com entários sobre G n 10). 25-36. D estru ição do navio. O "v en to oriental", 26, é N abu cod on osor (cf. 19.12; Jr 18.17).

28. Lamento pelo rei de Tiro I-10. O rei de T iro. O "p rín cip e" ou so­ berano da cid ad e n aq u ela ép oca, Itob aal II, p e rso n ificav a a arro g â n cia e o o rg u ­ lho da cidad e, clam an d o ser divino, 2, e "m ais sábio que D a n iel", 3. N ão se trata aqui do D aniel das tab u inhas u g aríticas, o juiz do órfão e da viúva desam parados, como sustentam os críticos, m as o D aniel h istórico co n tem p o rân e o , en tã o g ra n d e ­ m ente afam ad o na c o r te de N a b u c o d o ­ nosor (cf. 14.12-23). II-19. O poder espiritual por detrás do rei de Tiro. Essa vasta revelação panorâ­ mica, como Is 14.12, foi além do soberano humano, alcançando o poder espiritual que o animava no reino do governo tem poral. Satanás e os d em ónios têm um papel no­ tável nessa esfera, com o m ostram Dn 10.13 e Ef 6.12, "o s d om in ad ores deste m undo tenebroso". Com o inspirad or, anim ador e in v isív el d in âm ica p o r d etrá s d o p o d er ímpio e orgulhoso dos regim es g o v ern a ­ mentais do mundo, Satanás é retratado no seu estado caído, e essa passagem aliada

a Is 14.12-14 rev ela a e n trad a do pecad o num universo im aculado e a queda de Sa­ tanás. A v isão, p o rém , n ão é de S atan ás na sua própria pessoa, m as das suas lig a­ çõ e s com a a d m in is tra ç ã o g o v e rn a m e n ­ tal do presente sistem a m undial m aligno. O orgulho, a pom pa e a arrogância da di­ vindade, pertencentes som ente a Deus, re­ tratam o rei de Tiro e o rei de Babilónia (Is 14.12-14) com o exem plos do A nticristo vin­ douro, o últim o soberano do satânico regi­ m e m u n d ial a d esa fia r a D eus, an tes da d estru ição e da segu n d a vinda de C risto (A p 18.1 — 19.16). Para com entário sobre a glória original de Satanás antes da queda, ver nota sobre Jd 8-10. 20-26. Juízo de Sidom . Cerca de 32 qui­ lóm etro s ao n orte de T iro, Sidom (a m o­ derna Saida, na R ep ú b lica do L íbano, 32 quilóm etros ao sul de Beirute), era talvez a m ais antig a d as cid ad es costeiras sid ônias (fen ícias). D ep ois de 1200 a.C ., T iro a lc a n ç o u s o b e r a n ia . Je r e m ia s ta m b é m previu a subju gação de Sidom por N abu­ codonosor (Jr 27.3, 6), que ocorreu quando Tiro foi derrotada. O culto sidônio a Baal serviu com o "espinho [...] abrolho que cau­ se d o r" para Israel, p o is levou a n ação a m uitas apostasias (cf. lR s 16.31-33; 18.1740). Isra el re ce b e a p ro m e ssa de re s ta u ­ ração, 25-26 (cf. 11.17; 20.41; 34.13; 37.21; Is 11.12), a ser cum prida depois que seus ini­ m igos tiverem sido ju lgad os.

29—32. 0 juízo do Egito O Egito seria red u zid o a um reino de seg u n d a cla sse . E sse ju íz o foi cu m p rid o d epois da invasão de N abu cod onosor em 572 a.C. e 568 a.C. 29.1-16. C ontra Faraó-H ofra. Essa pro­ fecia data de 586 a.C., m eio ano antes da queda de Jeru sa lé m . O av an ço de H ofra co n tra N a*bucodonosor em 5 8 8 a.C . não s a lv a ra Je ru s a lé m . O E g ito é re tra ta d o com o um grande m onstro (o crocodilo), 3 (Is 27.1). "D esde M igdol até Sevene", 10, é um a exp ressão que in d ica a exten são se­ tentrional (M igdol, a sudoeste de Pelusium , 30.15) e os lim ites m eridionais (Sevene, na prim eira catarata do N ilo).

Ezequiel [ 297 1

29.17-21. C onquista do Egito. Esse é o últim o oráculo datado de Ezequiel, de abril de 571 a.C. Com o o cerco que N abucodo­ nosor im pôs a Tiro provou -se um fracas­ so econ ó m ico , a con q u ista d o E g ito p ro ­ p o r c io n o u a c o m p e n s a ç ã o , p a ra q u e N ab u co d o n o so r p u d esse pagar %eu ex é r­ cito. O "p o d e r", 21, é d avídico e, sem d ú­ vid a, m essiân ico . 30.1-26. Condenação do Egito. Isso pre­ figura o Dia do Senhor num sentido escatológico (Is 2.12; Jr 30.5-7), o tem po do juízo d as n a çõ e s, a n te rio r à b ên çã o do rein o . O s su cessos de N abu cod on osor no Egito fornecem o pano de fundo. 31.1-18. O lam ento por Faraó com o ce­ dro data de 586 a.C., pouco antes da queda de Je ru sa lé m . 32.1-32. O lam ento por Faraó como leão d ata de m arço de 585 a.C . O o rg u lh o so soberano egíp cio se consid erav a um leão re a l, m as n ã o p a s s a v a de u m m o n s tro m arinho pego num a rede. O lam ento pelo Egito, datado de abril de 586 a.C., retrata a n ação no S h eol com ou tro s g o v ern o s do m aligno sistem a m undial, 17-32.

33. A responsabilidade de Ezequiel como atalaia O s c a p ítu lo s 33 — 39 n arram eventos que p re ce d e rã o a re stitu iç ã o do reino a Israel (cf. At 1.6), e os caps. 4 0 —48 descre­ vem a re sta u ra çã o . 1-20. O atalaia e sua responsabilidade. A in c u m b ê n c ia d o p ro fe ta a b ra n g ia a g ir com o "a ta la ia " (v. com en tário sobre 3.1621). Aqui Ezequiel aplica seu ensinam en­ to sobre a ju stiça divina e a responsabili­ dade individual, desenvolvido no cap. 18, ao seu próprio m inistério (v. com entários sob re o cap. 18). N essa d iscu ssão da res­ ponsabilidad e individual, 10-20, o profeta en fatiza aquilo que já havia ensinad o em 14.12-23; 18.1-32. 21-33. Notícias da queda de Jerusalém . O forçado silêncio de Ezequiel (3.24-27) foi suspenso pela notícia da queda de Jeru sa­ lém. A m ensagem que recebeu é dada, 2329, e declara-se a garantia do cum prim en­ to d a p a la v ra d o S e n h o r p e lo p ro fe ta , independ en tem ente de qual seja a reação do povo, 30-33.

Um p a sto r co n d u z o reban ho pelo deserto. O p rofeta E zeq u ie l acuso u os pasto re s de Israel de haverem ab u sad o de sua posição.

* ... •" - . l

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34. 0 pastor falso e o verdadeiro 1-19. Acusação dos pastores (soberanos) infiéis. A lei da responsabilidade individual (3.16-21; caps. 18 e 33) é aplicada aos líde­ res das nações, m etafo ricam en te ch a m a ­ d os "p a s to r e s ", q ue eram re s p o n s á v e is por abusar do rebanho de D eus (Jr 23.1317) e d ispersá-lo (Jr 10.21; 23.1-4). O S e­ nhor é o Bom Pastor (Is 40.11; Jr 31.10), que reunirá o rebanho, 11-16, e ju lg a rá entre as ovelhas (o resto salvo dos israelitas) e os carneiros e b od es (n açõ es que a b u sa ­ ram de Israel, 17-19; cf. M t 25.31-46; J1 3.1116). Esse é o ju ízo das nações que p rece­ derá a restituição do reino a Israel. 20-31. Restauração de Israel pelo Messias, o verdadeiro pastor. Essa profecia ex tra ­ pola Zorobabel, o líder civil de Judá na volta de B abilónia em 536 a.C ., e se re fe re ao M essias, filho e Senhor de Davi, sendo ti­ picamente usado o nom e de D avi (Jr 23.56; Os 3.5; Is 9.6-7; 55.3-4). A "aliança de paz", 25 (cf. Jr 31.31-34; Hb 13.20), é a nova alian­ ça. As " b e s ta s -fe r a s " sã o as n a ç õ e s, e s ­ pecialm ente B abiló n ia, que m altrato u Is­ rael. As "chuvas de bênçãos", 26, são para Israel na sua restauração (At 3.19-20), sen­ do dada um a descrição do reino nos v. 2627 (cf. Is 11.6-9; Rm 8.19-22).

1-7. Futuro juízo dos inim igos de Israel. O s "M o n te s de Is ra e l" fo rm a m a cad eia m o n ta n h o sa ce n tra l e rep resen ta m todo o Israel (D t 3.25; cf. 1, 4). O ju ízo das n a ­ ções in im ig a s (M t 2 5 .3 1 -4 6 ) p recisa p re ­ ced er a re sta u ra çã o de Israel (J1 3 .1 1 -1 6 ; Ap 16.12-16). 8-38. Promessa de volta à terra. Por de­ zoito vezes nessa seção, o Sen h or afirm a soberan am ente a esp eran ça e a g lória fu­ tu ras de Israel. A terra será restau rad a à sua fertilidade anterior, 11. Profanada pela idolatria e pelos santuários pagãos nos al­ tos, com cu ltos de fertilid ad e e sacrifício hu m an o, 14, "tu [a terra] n ão d ev o ra rá s m ais os hom ens" (cf. Dt 12.1-3, 29-31). Os pecad os e castigos passados de Israel são relem brad os, 16-21, segu id os pela grande prom essa de fu tura restau ração e g ra cio ­ sas bênçãos, 22-38. A reunião, 22-24, extra­ pola a pequena volta do cativeiro de Babi­ lónia. Depois vem a regeneração espiritual, 25-29. A asp ersão com água p u ra, 25, se refere à água m isturada com as cinzas de uma novilha vermelha (Nm 19; Hb 9.13-14; 10.22; cf. Zc 12.10; 13.1). A nova aliança é aqui esb oçad a, im p on d o as coisas novas ("p urificarei [...] espírito novo [...] coração de ca rn e ") com o p ré-req u isito para a en ­ trada no reino (cf. Jo 3.1-12).

35. 0 juízo de Edom

37. Visão dos ossos secos

I-10. O mau desígnio de Edom . O mt. Seir, 3, 3, 15, fica no planalto orien tal de Arabá, no qual estava Sela (Petra), a capi­ tal edom ita (cf. 25.12-14; Is 34; Jr 49.7-22). R efletem -se aqui a invasão por Edom do sul de Judá e o ódio gerado. Com Israel e Judá no exílio, Edom pretendia tomar pos­ se dos seus territórios, 10 (cf. O badias). II-15. A ruína de Edom . O capítulo 35 está inserido aqui com o pano de fundo dos caps. 36-37, ab o rd an d o a re sta u ra çã o de Israel à sua terra.

1-14. A lcance da visão. A interpretação m ais sa tisfa tó ria d essa p assag em a trata com o exp o sição do restabelecim en to n acio­ nal e espiritual do povo eleito de Deus, Israel, na bên ção do reino. O m étod o da restau ração será pelo poder divino, 3; pela Palavra di­ vina, 4 -6 (cf. M t 24.32-35; M c 13.27-31; Jr 16.14-15); e pela vida divina, 7-10. O propó­ sito d essa v isã o é cu m p rir a p alav ra de D eu s, 14; re a n im a r a e sp era n ça p erd id a de Israel, í l,2 2 ; assentar Israel na sua pró­ pria terra, 12-13; e dem onstrar o status de n a çã o e le ita de Isra el, 12-13. O s "o s so s " são os exilad os; o vale, sua d isp ersão; as sepulturas, a m orte da vida nacional. 15-28. A extensão da restauração de Is­ rael. A barca toda a casa de Israel (as doze tribo s), com p reen d en d o a u n ião de Ju d á

36. Restauração à terra Ezequiel 36-48 ainda não foi cum prido e prevê a futura restauração da terra e do povo de Israel.

Ezequiel i 299 J

e Israel num a nação única, 15-17. A s con­ s e q u ê n c ia s d e s s a r e s ta u r a ç ã o s e r ã o : po sse e tern a da terra, 25; rei etern o , 2425; aliança de paz eterna, 26; e santuário etern o, 26-27.

38—39. Destruição dos últimos inimigos de Israel 38.1-6. A grande confederação setentri­ onal do últim o dia. Gogue é o líder da coa­ liz ã o , 2; M a g o g u e , sua te rra . E le é tido co m o o "p r ín c ip e " de M e seq u e (a ssírio "M u sh k u "), ao sul de G ôm er (assírio "G im irrai"), ou dos cimérios do centro da Ásia M enor (Gn 10.2-3). Alguns fazem de Gogue o "príncipe de R ôs", e identificam esta com a Rússia; m as essa identificação é excessi­ vam ente tênue, em bora a região genérica fosse aquela hoje ocupada pela Rússia ("as partes rem otas do norte", r s v ) e pela Tur­ quia. Tubal, 3 (assírio "Tabali"), fica a oeste de Togarma (Tilgarimmu), perto do rio Halis, a sudeste de Gômer. Aliados a essa gran­ de potência setentrional estão a Pérsia (Irã), Cuxe (provavelm ente ligado à antiga Quis, na M esopotâm ia) e Pute (L íbia?). (Cf. co­ m entários sobre Gn 10.6.) 38.7-23. Ataque contra Israel. O tempo é "n o fim dos a n o s", 8, q uand o Israel será restaurado e o Senhor retom ará seu rela­ cio n am en to com a nação. O Sen h or p e s­ soalm ente assum e e dá a vitória, 14-23. 39.1-24. D errota de Gogue. Sua derrota com pleta, 1-10, é seguida pelo enterro coletivo do seu exército, 11-20, m a n ifesta n ­ do a glória de Deus, 21-24. 39.25-29. V isão do Israel restaurado e convertido.

40. A descrição do templo O s cap ítu lo s 4 0 —48 com põem a n o tá ­ vel visão que teve Ezequiel do Israel res­ tau rad o na terra durante a Era do Reino. Ele vê o tem plo do m ilénio, caps. 4 0 —42; o culto do m ilénio, caps. 4 3 —46; e a terra do m ilénio, caps. 4 7 —49. 1-4. Introdução. A data, 1, era 28 de abril de 573 a.C., no vigésim o quinto ano de exí­ lio do profeta. Ezequiel foi so b ren a tu ra l­

m ente transportad o na visão até Israel, 2, e profetizou de um ponto de vista ideal no futuro, "so bre um m onte m uito alto" (Mq 4.1; Is 2.2-3). 5-49. A visão do tem plo. O que era esse tem plo? Há várias interpretações: (1) uma réplica um tanto idealizada do tem plo de Salom ão, destruído em 586 a.C., que seria construíd o na volta de Babilónia; (2) uma d escrição do reino de Deus na sua forma final; (3) a igreja cristã na sua glória e bên­ ção terrenas; (4) m as a interpretação que parece se encaixar no contexto de Ezequi­ el e no testem u n h o de o u tras p assag en s das Escrituras é esta: o templo de Ezequiel é um fu tu ro san tu ário real a ser construído na Palestina durante a vindoura Era do Reino. A cana de m edir, 5, tinha cerca de 3,15 m etros (tendo o pequeno côvado cerca de 44,45 centím etros e o grande côvado, cer­ ca de 51,82 centím etros). A porta do orien­ te, ou processional, 6, pode ser com para­ da às p o rtas salo m ôn icas (escavad as em G e z er, H azo r e M eg id o ). D e screv e-se o átrio exterior, 17-27; depois o átrio interior, 28-37; e as m esas das oferen d as e as câ ­ m aras do átrio in tern o, 38-47. Tam bém é descrito o pórtico, 48-49 (cf. lR s 7.15-22).

41. Os detalhes do templo 1-14. O edifício em si será a morada da p re sen ça v isív el do S en h o r no rein o. O Lugar Santo, 1-2, e o Santíssim o, 3-4, são d escrito s. N ão há m enção à arca, ao a s ­ sento da m isericórdia, ao sum o sacerdote ou às tábuas da lei. Todos esses são supe­ rados pela glória divina m anifesta. As câ­ m aras em tom o do edifício, 5-11, são pro­ vav elm ente para o pessoal do tem plo. 15-26. D etalhes do interior. Revestido de m adeira, o tem plo era decorado com que­ rubins de dois rostos (cf. 1.6-12) e palm ei­ ras, sím bolos da vitória. A face de um leão (régia m ajestad e) e de um hom em olhan­ do para um a p alm eira d escrev e o papel rég io do g lo rific a d o F ilh o do hom em , o Leão da tribo de Judá, regendo em m ajes­ toso esplendor no trono de Davi. As por­ ta s do s a n tu á rio tam b ém são d eco rad as com m otivos de palm eiras e querubins.

[ 300 1 Ezequiel

J 42—43. O propósito do templo de Ezequiel 42.1-20. Demonstrar a santidade de Deus. Esse é o tem a que p e rm e ia to d o o liv ro (v. introdução), especialm ente no propósi­ to e nos d etalhes do tem plo do reino (cf. 43.10). A santidade do Senhor é ainda mais enfatizada pelo princípio da separação. D es­ de o princípio se introduz o m uro que se­ para os átrios e o tem plo de tudo o que é corruptor (40.5). As celas, 42.1-14, são cha­ m adas sa n ta s e têm s e m e lh a n te fu n çã o sep arad ora. D e screv e-se a firm e se p a ra ­ ção de todo o com plexo m urado, 15-20. 43.1-17. Proporcionar morada para a gló­ ria divina. Ezequiel vê o retorno da glória, que fixa residência no santo dos santos do templo durante a Era do Reino, com o vira a sua partid a an tes da q u ed a da cid ad e em 586 a.C. (cf. 9.3; 10.4; 11.23-24). O S e­ nhor promete habitar “no m eio dos filhos de Israel para sem p re", 7.

43.7. Proporcionar um centro para o go­ verno divino. "E ste é o lugar do m eu tro­ n o " (cf. Is 2.2-3; M q 4.2). D urante toda a v isã o en fa tiz a -se a g e stã o teo crá tica . 43.18-27. Perpetuar a lem brança do sa­ crifício. Esse sacrifício, logicam ente, não é feito com o o b jetiv o de a lcan çar a sa lv a ­ ção, m as ce le b ra um a re d en çã o já re a li­ zad a e su sten ta d a n a p re sen ça da g lória rev elad a de D eu s.

44—46. 0 culto na Era do Reino 44.1-31. Com relação aos sacerdotes e ao prín cip e. D escreve-se a p o rta oriental ex­ terior, para o p rín cip e, 1-3, e e xp õ e-se a im p o siçã o re la tiv a aos e stra n g e iro s e às tribo s reb eld es, 4-14. D ão-se d etalh es re­ lativos ao sacerdócio (filhos de Zadoque), 15-27, com um a afirm ação da herança dos sa cerd o tes, 28-31. 45.1-25. Porções dos outros grupos. Espe­ cificam -se as porções dos sacerdotes, dos

levitas, de toda a casa de Israel e do Príncipe, 1-8. Discute-se o Príncipe, 9-17, assim como as festas (Páscoa e Tabernáculos), 18-25. 46.1-18. O culto do príncipe. Definem -se seu culto pessoal, 1-8, e outras instituições cu ltu ais, 9-15. M en cio n am -se os filh o s e servos do Príncipe, 16-18. • 46.19-24. D escrição final de partes do tem plo.

47—48. A terra do milénio 47.1-12. O rio do santuário (cf. Zc 14.8-9; Ap 22.1). Esse rio é tão real quanto a visão do tem plo, da terra e do povo de Israel. D eve ser necessariam ente um rio de v e r­ d ade, assim com o a abençoada cura que traz. C o n stitu i parte das m u danças to p o­ gráficas da Palestina quando as alianças e p ro m e ssas fe ita s a Isra e l forem cu m p ri­ das, com o apagam ento da m aldição. 47.13-23. As fronteiras da terra. A fron­ te ir a s e te n tr io n a l é tra ç a d a p e lo "m a r G ra n d e " (M e d ite rrâ n e o ), o c a m in h o de H etlom (H eitala), a leste de Trípoli (L íba­ no), 15, e H am ate (atual N ahr el-'A si), às

Ezequiel I 301 ]

m argens do O rontes, ao norte de D am as­ co . A s fr o n te ir a s g e n é r ic a s d ev em ser c o m p a ra d a s à p ro m e ssa feita a A braão em G n 15.18-21 e às in stru çõ es dadas a Jo su é em Js 13.1 — 19.51. 48.1-29. A repartição da terra. O nome Lebo-H am ate (Ham ate) (cf. Nm 34.8) é usa­ do em relação aos lim ites ideais da Terra P rom etid a. O rein o de Salom ão se esten ­ dia "d esde a entrada de Hamate até ao rio do Egito [Wadi el-'A rish]" (lR s 8.65; cf. 2Rs 14.25; Am 6.14). "L eb o -H am ate" é prova­ velm ente o nom e de um a cidade (m oder­ na Lebw eh) às m argens do O rontes, abai­ xo de Ribla. Depois da repartição genérica p or tribos, 1-9, vem a parte dos sacerd o­ tes e levitas, 10-20, e a do Príncipe, 21-29. 4 8 .3 0 -3 5 . Jeru salém na Era do R eino (cf. Ap 21.10-27). Ezequiel vê a cidade com o ela e xistirá na era vind ou ra, en qu an to o ap ó stolo Jo ão, em A pocalipse, vê o e sta ­ do eterno, que virá depois da era final do tem po. Com o o reino será eterno, o reino tem poral se funde ao eterno. O nom e do re in o de Je ru sa lé m é Y H W H -sàm m â, "O S e n h o r Está A li", 35.

Daniel Profecias dos tempos dos gentios O profeta Daniel. Daniel é cham ado profeta pelo Senhor (M t 24.15), e suas

guerras selêucidoptolem aicas e da carreira de Antíoco Epífanes (cap. 11),

previsões são de imensa

descartados com o profecias

importância, constituindo introdução indispensável à profecia do NT. Daniel tinha ascendência real (1.3), circunstância notavelm ente prevista por Isaías (Is 39.7; cf.

genuínas pelos críticos racionalistas; e (2) as supostas imprecisões históricas do livro. A primeira objeção se baseia na negação da revelação divina, e a segunda, em

2Rs 20.18). Ele foi contem porâneo de Jerem ias,

argum entos baseados no silêncio, em pressuposições plausíveis, mas erradas, em dados insuficientes ou interpretações insustentáveis. Muitas das supostas dificuldades foram esclarecidas por avanços nos setores arqueológico e histórico, mas o livro parece destinado a ser cam po de

companheiro de exílio de Ezequiel (Ez 14.20), e de Jesua e Zorobabel, da restauração. Sua longa carreira se estendeu de Nabucodonosor (605 a.C.) a Ciro (530 a.C.).

A u te n ticid a d e do livro. Desde os dias de Porfírio, filósofo neoplatônico do século 3a d.C., até hoje, temse negado a autenticidade de Daniel. Muitos o

A m e n sa ge m d o livro.

consideraram falsificação piedosa da era dos macabeus (167 a.C.). Há duas razões principais para a negação da autoria de Daniel: (1) os retratos minuciosamente precisos das

com preensão das grandes revelações escatológicas desse livro, todo o plano profético da Palavra de Deus perm anece selado. O grande Discurso das Oliveiras (M t 24— 25;

batalha entre a fé e a descrença. O livro é a chave de toda a profecia bíblica. Sem a

M c 13; Lc 21), bem como 2Tessalonicenses 2 e Apocalipse, só podem ser entendidos pela com preensão das profecias de Daniel. Os grandes temas da profecia do NT, a manifestação do Anticristo (o hom em do pecado), a Grande Tribulação, a segunda vinda do Messias, os tempos dos gentios e as ressurreições e juízos — tudo isso é abordado em Daniel.

Esboço 1— 6 A carreira profética de Daniel em Babilónia, do reinado de Nabucodonosor até Ciro 7— 12 As grandes visões no tempo de Belsazar, Dario e Ciro

Daniel I 303 I

1. Daniel: o homem e seu caráter 1 -2 .0 início do exílio de Judá. O terceiro ano de Jeoaquim foi 605 a.C., mas Jerem i­ as faz do quarto ano de Jeoaquim o prim ei­ ro ano de N abucodonosor (Jr 25.1). Eviden­ te m e n te , e le e s ta v a u s a n d o o S istem a p alestino, sem consid erar o ano da ascen­ sã o com o o p rim e iro , com o no siste m a babilónio, que D aniel aparentem ente usa­ va. E ssa p reco ce co n q u ista de Jeru salém p elo " r e i" N abu cod on osor (D an iel usa o term o "r e i" p ro lep ticam en te, pois N abu ­ codonosor só ascendeu ao trono m ais tar­ d e), em b o ra n ão a u ten tica d a por p ro vas ex tra b íb lica s cab ais, aind a assim p erm a ­ n ece a b so lu tam en te in atacá v el por q u a l­ quer p rova negativa. Essa data, 605 a.C., assinala o início dos tem p o s dos g en tios (Lc 21.24), o períod o profético em que Jerusalém fica sob dom í­ nio gentio. Diante de 2Rs 24.1-4 e 2Cr 36.6, fica claro que Judá foi desse m om ento em d ia n te s u b s e rv ie n te ao d o m ín io g e n tio . D esde então, m esm o no apogeu do poder dos m acab eu s, os ju d eu s têm vivid o a s ­ sim , e assim p erm an ecerão até a seg u n ­ da vinda. O deus de N abucodonosor, 2, era M arduque (Bei, o líder do panteão babiló­ nio). Sinar é Babilónia (Gn 10.10; Zc 5.11). 3-21. A grande decisão m oral de Daniel. N e ssa d e p o r ta ç ã o , N a b u c o d o n o s o r (às vezes g rafad o N abu ch ad rezzar; acad iano Nabukudurri-usur, "N abu proteja minha fron­ te ir a " ) lev o u so m e n te os m a is n o b re s e prom issores. D aniel era de linhagem real, a lta m e n te ta le n to s o e m u ito p ro m isso r. Sua fé m oral e coragem esp iritu a l foram com p rov ad as na sua d ecisão de ap artarse piam ente da corrupção de Babilónia. O nom e D aniel ("D eu s ju lga") ocorre ao lado de Noé e Jó (Ez 14.14, 20; 28.3). A alta crítica liga as referências de Ezequiel a D aniel ao lendário ju iz da viúva e do órfão dos tex­ tos re lig io s o s de R as S h am ra (U g a rite ), ch a m ad o D an ei. M as D an iel tev e m u ito tem po para firm ar a sua fam a v e rd a d ei­ ram ente grande em Babilónia até o tempo de Ezequiel, que só com eçou seu m inisté­ rio treze ou q u atorze anos d ep ois da d e­ portação de D aniel. Sobre os com p an h ei­

ros de D aniel, ver tam bém com entário de 2.46-49. Sobre o nom e babilónio de Daniel, "B e lte s s a z a r", ver 10.1.

A língua de Daniel Daniel é singular porque contém seções escritas em hebraico, e outras, em aramaico. O a ra m a ic o , id io m a se m ític o sem e ­ lhante ao hebraico, era a língua franca dos im p ério s a ssírio , n eob ab ilô n io e persa, e d u ran te esse p eríod o to rn ou -se a língua com um dos judeus. Nada mais natural que D n 2 .4 — 7.24, seção rela tiv a aos gentios, apareça em aram aico, em bora não se sai­ ba se D aniel escreveu a seção em aram ai­ co ou se o texto foi m ais tarde traduzido.

2. A visão da estátua de Nabucodonosor 1-28. O sonho esquecido. O sonho veio ao rei no seu "seg u n d o a n o ", trecho em que comumente se vê conflito com 1. 5, 6, 17, 20. A solução é provavelmente que os três anos de treinamento não foram anos inteiros, mas partes de três anos, e que o primeiro ano de treinamento foi o ano da ascensão do rei, o segundo ano, seu primeiro ano, e o terceiro ano de treinam ento, o "segund o ano", no qual surgiu o sonho. Os caldeus eram uma casta de sábios, associados a outros numa categoria de ad ivinhos e ocultistas, 2-5. O problema é que o rei alegava ter esquecido o sonho. Se pudesse ser lem brado, então seria possível consultar listas de sonhos e presságios, com o atestam as tabuinhas divinatórias de cuneiformes que chegaram até nós, 6-9. Mas lembrar um sonho esquecido era tarefa além da capacidade hum ana ou demoníaca, 10-16. Daniel e seus amigos ora­ ram e receberam auxílio do "D eus do céu", 17-23, e Daniel apareceu diante do rei, 24-28. 29-45. Revelação e interpretação do so­ nho. Com o auxílio divino que veio em res­ p o sta às o ra çõ e s, o son h o esq u ecid o de N a b u co d o n o so r foi revelad o por D aniel, 31-35, e in terp retad o para o rei, 36-45. A g ran d e está tu a , seg u n d o a in terp retação de Daniel, sim boliza todo o período conhe-

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Escultura em calcário do rei Dario sentado em seu trono, no palácio de Persépolis, c. do século 5o. a.C. eido na profecia com o os tem pos dos gen­ tios (Lc 21.24; ver com entário sobre 1.1). E a longa era em que Jeru salém perm anece p o litic a m e n te s u b s e r v ie n te às n a ç õ e s , entre as quais o povo eleito não será con­ tado (Nm 23.9). Com eçou com o cativeiro inicial de Judá em Babilónia, em 605 a.C., e se estenderá até a segunda vinda do M es­ sias, a Pedra Fustigadora, 34-35, que des­ truirá catastroficam ente o sistem a m undi­ al gentio. Então, e só então, a Pedra (C risto) se to rn ará m o n ta n h a (o re in o do m ilé n io , Is 2.2, pois a m ontanha sim boliza o reino, Ap 13.1; 17.9-11) e tom ará "tod a a terra", 35. E o "rein o que não será jam ais d estru­ ído; [...] m as e le m esm o s u b sistirá p ara sem pre", 44; pois após seu fim tem poral (Ap 20.4-5), ele se fundirá ao reino eterno do estado eterno (IC o 15.24-28). O s q u atro m etais sim b o liz a m q u a tro impérios — Babilónia, M éd ia-Pérsia, G ré­ cia M acedônica e R om a, 37-40. O quarto reino (Roma), 40-44 (cf. 7.7), é visto panoram icam ente, na sua antig a glória im p e­

rial, d ividido nos im périos oriental e oci­ dental de 364 d.C. (as duas pernas). M ui­ to s crêem que essas d u as d iv isõ e s v iv e ­ rã o u m a re n o v a çã o p o lítica n o s ú ltim o s tem p o s, n u m a co n fed e ra çã o de dez re i­ nos ditatoriais (ferro) e dem ocráticos (bar­ ro), 43. Então a Pedra sobrenatural atingi­ rá e d estru irá o p od er do m undo gentio, restituindo o reino a Israel (A t 1.6). 46-49. A promoção de Daniel (cf. Ez 14.14, 20; 28.3). Sadraque é talvez Shudur-Aku ("o r­ dem de A k u ", deus da lua dos sum érios) ou sim plesm ente um a corrupção de M ard u q u e . M e s a q u e é ta lv e z o a c a d ia n o M ishaaku ("Q u em é o que é A ku "). AbedeN ego vem de A bednebo, Abdi-N abu ("servo de N a b u ", deus da sabedoria). Era costu­ m eiro d a í nom es babilónios a indivíd u os de povos subjugados que trabalhavam na ad m in istração civil.

3. A fornalha de fogo 1-7. A im agem de ouro. O orgulho de N abu cod on osor m anifestado nesse ato de

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idolatria e deificaçâo do hom em define o espírito que prevalece nos tempos dos gen­ tios (v. com entários sobre 1.1-2; 2.36-45). A im agem tinha sessenta côvados (27,5 m e­ tros) de altura e seis côvados (2,75 metros) de largura, quem sabe com forma humana ou na form a mais habitual de obelisco. O "ca m p o de D u ra" (a ca d ia n o dúru, "m u ro ", "circu ito ") é talvez Tulul Dura, pou­ cos q u iló m e tro s ao su l de B a b iló n ia . A m úsica, 5-6, era para inspirar as em oções religiosas e incentivar o culto idólatra. 8-25. Os três fiéis e sua libertação. Sadraque, M esaque e Abede-N ego foram salvos pela fornalha da tribulação. A quarta pes­ soa que andava ilesa na fornalha ardente "sem elhante a um filho dos deuses", 25, era ev id en tem en te o C risto pré-en carn ad o, e não m eram en te um anjo com o pen sou o rei, 28. Diante da tribulação, os fiéis do Se­ nhor são tranquilizados com a garantia da sua presença e libertação. 26-30. Confissão e decreto do rei. Embora o rei talvez jam ais tenha adorado pessoal­ m ente Jeová, gradualm ente percebe o p o­ der soberano de Deus (cf. 2.47; 3.28; 4.34-35).

4. A insanidade de Nabucodonosor 1-3. A saudação do rei. Ele com preen­ deu plen am en te a u n iv ersalid ad e do seu governo, 1 (cf. 3.29). 4-27. A visão da árvore e sua interpreta­ ção. N abucodonosor vê um a grande árvo­ re, 4-18, sím b olo do seu org u lh o e autoexaltação im perial (cf. 3.1-25; Ez 17.22-24; 31.3-9; Mt 13.31-32). Daniel, cujo nom e ba­ b iló n io era B eltessazar (aca d ia n o balu su usur, "q u e ele [Bei] proteja sua vid a"), in­ terp reta a verd ad eira visão, 19-27.

Revelações arqueológicas N abu cod on osor foi grande construtor. Para o com entário sobre sua vanglória re­ g istra d a em 30, v er n otas so b re 2R s 25, n a s q u a is se m e n cio n a m as e sc a v a ç õ e s da sua capital, Babilónia; ver tam bém no­ tas sob re Jr 50 — 51. A s in scriçõ es do rei lem bram bastante Dn 4.30.

28-37. O cum prim ento da visão. Em cas­ tigo pelo seu orgulho, o rei foi acometido de um a perturbação mental temporária (lica n tro p ia ), na qual a vítim a se im agina transform ad a em anim al selvagem . Beroso, sacerdote babilónio do século 3a a.C. , o b serv a que N a b u co d o n o so r, d ep ois de rein ar 43 anos, "foi subitam ente invadido pela doença" (Contra Apionem 1.20), obvi­ am ente se referindo a algum a enferm ida­ de incom um . Eusébio, em seu Praeparatio Evangélica (9.41) cita Abideno que, com res­ peito aos últim os dias de Nabucodonosor, diz que "estava possuído por algum deus [d em ó n io ]" que, d ep ois de p ro ferir uma profecia a respeito da vinda do conquista­ d or persa, "im ed iatam en te d esapareceu". O s crítico s d esco n sid eram essas alu sões e sustentam que a loucura de N abucod o­ nosor é elem ento fictício de Daniel. Mas o silêncio da história não é por si só prova suficiente para rejeitar a historicidade des­ se capítulo. Os "sete tem pos", 16, são pro­ vavelm ente "sete anos". Um texto dos Ma­ n u sc rito s d o M a r M o rto id e n tific a essa m esm a en ferm id ad e m en tal em N abonido. Por que então seria impossível no caso de N abu cod on osor? O rei foi restaurado, 34, e hum ilhou-se e louvou o "A ltíssim o", 34, confessando-o por Rei do céu, 37.

5. 0 banquete de Belsazar 1-9. A celebração licenciosa e blasfema de Belsazar. O d eclínio moral da nação é evid ente. O s u ten sílio s santos do tem plo de Jeru sa lém foram p ro fan ad os pela be­ bedeira, pelo deboche e idolatria. A iniqui­ dade de B abilónia, com o a dos am orreus (Gn 15.16), era com pleta, atraind o a con­ den ação. Belsazar (acadiano bel-shar-usur, "B ei proteja o rei"), com o o revelou a mo­ derna arqueologia, era filho do rei Nabonid o, sen d o co -reg e n te ao lado d este. O sin g u la r na lite ra tu ra cu n eifo rm e é que B elsazar é reco n h ecid o com o co-regente. D ois docum entos legais datados dos anos 12 e 13 de N abonido registram juramentos feitos pela vida do rei e de Bel-shar-usur, o príncipe herdeiro. N abonido (N abunaide, acadiano Nabu-na'id, "N abu é inspirador")

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foi o últim o rei de Babilónia, 556-539 a.C. No R elato em V erso persa afirm a-se que no seu terceiro ano, N abonido con fio u o re in o ao seu filh o B elsaza r, p a ssa n d o a residir em Tema (na Arábia). A m isteriosa e sc ritu ra na p ared e, 5-9, tra n sfo rm o u o banqu ete num pesadelo de terror. 10-28. O esquecido Daniel e sua mensa­ gem condenatória. N esse ponto a rainhamãe (provavelmente a idosa viúva de N a­ bucodonosor) se lem brou de D an iel, que d esem p en h ara p ap el tão im p o rta n te no reinado do seu marido, 10-16. Daniel, o san­ to idoso, foi cham ado. Belsazar confessou que em Daniel habitava "o espírito dos deu­ ses" ou a "sa n ta d iv in d ad e". Sabed or da iminente condenação, Daniel recusa a hon­ ra vazia de ser "o terceiro" no reino, 16, 29. Por que terceiro? Porque B elsazar era coregente, sendo ele m esm o o segundo. D aniel foi m ais do que in té rp re te da escritu ra. Foi o m e n sa g eiro do ju íz o de Deus, da catástrofe que atingiria Belsazar e o im pério caldeu. A escritu ra, "M E N E , MENE, TEQ U EL e PA R SIM ", 25, significa literalm ente: m ene — "co n tad o, co n ta d o ", i.e., "to talm en te co n ta d o ", onde a rep eti­ ção e n fatiza a id éia; tequ el — "p e s a d o "; Parsim — "e dividido". Peres, particípio pas­ sado de "d ivid id o", é um jogo de palavras com Parus ("P érsia") ou perasin ("p ersas"). A importância do enigm a é que o im pério ca ld e u e sta v a co m p le ta m e n te c o n ta d o , pesado e divid ido en tre os m ed os e p e r­ sas. Sobre o sím ile de p esar na b alan ça, ver Jó 31.6; SI 62.9; Pv 16.2. 29-31. Recom pensa de Daniel e morte de Belsazar. Os críticos atacam a h istoricid a­ de da n arrativ a com b ase na ind iferença de Belsazar, que recom pensou Daniel im e­ diatam ente. M as o rei estava m eram ente cumprindo a sua palavra e dem onstrando que acreditava na profecia de Daniel. Além d isso, n ão h av ia ra z ã o , n a q u e la a ltu ra , para que D aniel recusasse as honras, pois já havia provado o seu desapego. Os críti­ cos tam bém contrapõem que a queda de B abilónia e a m orte de B elsa z a r não são autênticas. M as nad a há n a s fo n te s g re ­ gas — H e ró d o to , X e n o fo n te , B e ro so — nem nos registros cu neiform es — a C ró ­

nica de N abonido ou o Cilindro de Ciro — que su g ira que isso n ã o e stá de aco rd o com a afirm ação do assassinato de B elsa­ zar. Sobre o problem a do m edo Dario, ver 6.1, 9, 25; 9.1.

6. Daniel na cova dos leões 1-28. Dario, o m edo e Daniel. Daniel era já idoso, certam ente com bem m ais de 80 an os. O p ró p rio D ario já e sta v a na casa d o s 60. S u s te n ta -s e q u e D a rio d ev e ser id e n tific a d o com G u b aru , que d om in ou Babilónia im ed iatam ente após a m orte de Belsazar, e que nom eou sátrapas e p resi­ dentes, incluindo Daniel, para assisti-lo no g ov ern o do e xten so te rritó rio . P ro v a v e l­ m ente, ele rein ou cerca de d ois anos, até Ciro se ver livre para conquistar (6.28; 9.1; 11.1). N ão é de adm irar que a Bíblia regis­ tre outro nom e para o g ov ern an te in teri­ no Gubaru (ou Ciaxares, o sogro m edo de C iro, se o arg u m en to de Jo se fo está co r­ reto). Era costum e ter um nom e babilónio além do nom e n a tu ral (cf. D aniel e seus três com panheiros ju d eu s, 1.6-7). A longa carreira diplom ática de D aniel e sua profecia da vitória m ed o-persa sem dúvida foram m otivos que levaram D ario a dar-lhe posto im portante no governo. A fé e a coragem de D aniel, 10-15, foram o prelúdio para um prodigioso milagre, acen­ tuado pela luta apoteótica contra a id o la­ tria pagã. Esse sinal de que o Senhor dos cativos hebreu s era realm ente D eus ex e r­ ceu forte in flu ên cia sobre D ario, com o se vê n o seu d ecreto , 2 5 -2 8 , e sem d ú v id a tam bém ajuda a exp licar o favor de Ciro, que a lg u n s an os d ep o is d ecreto u a p e r­ m issão da volta dos ju d eu s a Jeru salém .

7. Daniel tem a visão dos quatro animais 1-8. A visão dos quatro anim ais. A data era ev id en tem en te 553 a.C ., qu and o B el­ sazar iniciou sua co -reg ên cia ao lad o do pai, 1. Os q u atro ven to s que ag itavam o "m ar G rande" (as nações, Ap 17.15) repre­ sen ta m os p o d e re s c e le s tia is (d e m o n ía ­ cos) m alignos (Dn 10.13; Ef 6.12), que de­

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sem p en h aram um papel de d estaq u e no governo do hom em caído. O s quatro an i­ m ais delineiam os m esm os quatro im péri­ os m undiais do sím ile de 2.37-45, com uma d ifere n ça : o co lo sso re p re sen ta o b rilh o exterior ofuscante dos governos do m u n ­ do nos seu s asp ectos p olítico, económ ico e social, enqu anto o cap. 7 revela seu in­ trín se co ca rá te r eg o ísta e an im alesco. Esses quatro im périos, com o no cap. 2, são B ab iló n ia , a M ed o -P érsia (e não um isolad o rein o m edo, com o propõem m ili­ tan tes da alta crítica), G récia e R om a. O leão prefigura B abilónia; o urso, a M edoP érsia ; o leo p a rd o , a G récia ; e o irre c o ­ n h e c ív e l a n im a l de fe rro r e tra ta R om a ad m iravelm ente. O s dez chifres da férrea R om a são dez reis, 7-8 (cf. 24), e c o rre s­ p o n d e m ao s d ez a rte lh o s de 2 .4 0 -4 4 . O pequeno chifre, 8, prefigurado por A n tío­ co Epífanes (8.23-25), é o A nticristo dos úl­ tim os tem pos, o "h om em da in iq u id a d e" de 2Ts 2.3-8, o "re i" de Dn 11.36-45, a "b e s­ ta" de Ap 13.4-10, o últim o e terrível sobe­ ra n o d o s te m p o s d o s g e n tio s , q u e será d e stru íd o p elo M e ssias na su a seg u n d a vinda (Ap 1 9 —20). 9-14. A visão da segunda vinda do M es­ sias. Essa é a contraparte do AT para Ap 19.11-16. O "Ancião de d ias", 9, 13, é Deus. "U m com o o Filho do H om em ", 13, é o Cris­ to in v e stid o do rein o e v o lta n d o à terra com o Rei dos reis e Senhor dos sen hores (A p 19.16). Ele porá fim aos tem p o s dos g e n tio s e ao d o m ín io g en tio do m u nd o, e sta b elecen d o seu reto g ov erno sobre Is­ rael e as n a çõ es. A p rese n ta -se a in v e sti­ dura do M essias no reino, no céu, 13-14. Isso acon tecerá antes da sua v ind a re tra ­ tada em 9-12, e é idêntico a A p 5.6-10. D a­ niel d escreve o ju ízo das nações e o esta ­ b e le c im e n to do re in o , 10, 2 6 -2 7 (cf. M t 25.31-46; Ap 20.16). A visão da destruição do pequeno chifre, 11 (cf. 8) é cum prida na segunda vinda (Ap 19.20; 20.10). 15-28. A interpretação da visão. "O s san­ tos do A ltíssim o" que "receberão o reino", 18, 22, 25, 27 são os judeus rem anescentes salvos que passarão pela G rande Tribu la­ ção e herdarão o reino e as alianças e pro­ m e ssas fe ita s a Is ra e l em re la ç ã o a ele.

O bserve que o reino será eterno, 18. Os as­ pectos mediatário e temporal dele, i.e., o rei­ nado de mil anos de Cristo (Ap 20.4, 7), se fu nd irão ao estado eterno quando Cristo, depois do seu reinado na terra, "entregar o reino ao Deus e Pai [...] para que Deus seja tudo em todos" (IC o 15.24-28). É importan­ te que a designação de Deus como o Altís­ simo, possuidor do céu e da terra (Gn 14.1822), seja usada quando o M essias vier para confirm ar esse título no seu reinado, 27. E essencial p erceber que o "q u arto anim al", 23, e a confederação de dez reinos que dele cre sce, 24, não são a G récia m aced ôn ica nem A ntíoco Epífanes, 25-26, com o com um en te afirm am os crítico s, m as a Rom a rediviva do último dia, pois todo o contexto envolve a segunda vinda do M essias e seu su b seq u en te rein ado.

8. 0 carneiro, o bode e o pequeno chifre 1-14. A visão. Situad a dois anos m ais tarde em relação à visão dos anim ais (7.1), o p e río d o d ev e ser 551 a.C ., e o lu g ar, Sushan (Susã), que se tornou a capital de inverno dos reis persas. O rio Ulai é o Eulaeus dos autores clássicos, 2, 16, um ca­ nal a rtificia l (acad iano U-la-a) que corria perto de Susã, de norte a nordeste, ligan­ do os rios Kerkha e Abdizful. O imperador assírio A ssu rbanipal alega ter averm elha­ do suas águas com o sangue dos inim igos quando invadiu a província de Elão, a les­ te de Babilónia. O carneiro, 3-4, com dois chifres (Média e Pérsia) é o im pério m edo-persa, 539-331 a.C. O bode é a Grécia macedônica nas suas co n q u istas-relâm p ag o sob o com ando de A lexan d re M agno, o "c h ifre n o tá v e l" do bode, 5. A conquista do im pério persa por A lexand re está profeticam ente sim boliza­ da, 6-7, nas batalhas decisivas de Granico (334 a.C.), Isso (333 a.C.) e Gaugamela (331 a.C .). Sua m orte prem atura em Babilónia (323 a.C.) e a divisão do im pério mundial entre seus quatro generais são prenuncia­ das, 8. Isso gerou os três grandes impérios helenísticos por volta de 275 a.C.: Macedônia, Egito (Ptolom eus) e Síria (selêucidas).

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A carreira de A n tíoco E p ífan es (175163 a.C .) é p ro fe ticam en te d elin ea d a , 914. Em 167 a.C., ele conqu istou a P alesti­ n a, p ro fa n o u o s a n tu á rio e o d ed ico u a Zeus O lím pico. Em 164 a.C. o tem plo foi purificado. Esse é o período das "d u a s m il e tre z e n ta s ta rd e s e m a n h ã s " , 14. E sse "ch ifre pequeno", 9, não deve ser confun­ d ido com o outro p equ en o ch ifre de Dn 7.8, 24-26, que é o A nticristo do final dos tempos, em bora A ntíoco Epífanes o tenha prenunciado, 24-25. A m bos são sem elhan­ tes na sua idolatria e p rofanação do tem ­ plo (cf. 2Ts 2.3-4; Ap 13.1-18), m as são d is­ tin to s co m o p ro v a o c o n te x to e co m o atesta tam bém A p o calip se . 15-27. A interpretação da visão. A inter­ pretação do anjo Gabriel m ostra claram en­ te que a visão de A n tíoco E pífanes é um prenúncio da futura tribu lação, cham ada de "tem po do fim ", 17, "tem p o da ira ", 19, "quando os prevaricad ores acabarem , [le­ vantando-se] um rei de feroz catad u ra e especialista em in trig a s", 23.

9. A profecia das setenta semanas 1-19. A oração de D aniel. A data da pro­ fecia, resultado da profunda oração peni­ ten ciai de D an iel, é "o p rim e iro ano de D ario" (538 a.C.), "filh o de A ssu ero ". D a­ niel foi in sp ira d o a in te rc e d e r p ela re s­ tauração do seu povo ao ler as p ro fecias de Je r e m ia s s o b re o s s e te n ta a n o s (Jr 25.11-12; 29.10). 20-27. A resposta — a profecia das seten­ ta semanas. A profecia de Jerem ias do cati­ veiro babilónio de setenta anos é tom ada com o base de um a n ov a revelação p an o­ râmica de toda a história do povo de D ani­ el, os ju d eu s, da recon stru ção dos m uros de Jeru salém até o d efin itiv o e sta b e le ci­ m ento do reino terreno do M essias. Em prega-se o sím ile das setenta sem a­ nas. As sem anas (heb. sabu a, gr. H eptads, "setes") são anos em grupos de sete. O total são setenta grupos de sete, ou 490 anos. É uma resposta historicam ente com pleta à ora­ ção de Daniel (1-19), quando o castigo na­ cional de Israel estará term inad o; a visão p ro fé tica , selad a (fe c h a d a ) p o r e s ta r já

Dario, o rei persa. cu m prida (cf. A t 3.21); e a ju stiça etern a, trazid a a Israel q uand o a n ação aceitar o M essias na sua segunda vinda, 24. O total de setenta sem anas ("s e te s ") é p rim eiro d iv id id o em sete sem an as ou 49 anos, 25. N o início desse tem po sai a "o r­ d em para re sta u ra r e p ara e d ifica r Je r u ­ salém " no decreto de A rtaxerxes I para o r e e r g u im e n to d o s m u ro s de Je r u s a lé m (N isã, m ar.-abr., 445 a.C ., N e 2). D urante esse período (445-396 a.C), "a s praças e as c irc u n v a la ç õ e s se re e d ific a rã o , m a s em tem p o s a n g u stio so s". A d iv isão seg u in te são 62 sem an as ou 434 anos, 26. A pós esse períod o (m ais as p rim e ira s sete sem a n a s, cf. v. 25) "s e r á m orto o U ngido" (396 a.C. a mar.-abr. de 30 d.C.). O períod o de 62 sem anas term inou e Cristo foi m orto e nada tinha, i.e., nada que fos9e seu de d ireito, rein o nenhum . Depois das 62 sem anas profetiza-se um período não medido, tempo de rejeição da na­ ção de Israel, durante o qual "o povo de um príncipe que há de v ir [a Besta, soberano mundial do final dos tempos dos gentios, cf. 7.8; Ap 19.20] destruirá a cidade e o santuá­ rio", 26b. Os romanos, comandados por Tito,

Daniel I 309 I

destruíram Jerusalém em 70 d.C.; a cidade foi arrasada pelos gentios (Lc 21.24), os ju ­ deus foram dispersos e a era se caracteriza por guerras e desolações. A última semana dos sete anos constitui o clímax da história judaica anterior ao esta­ belecim ento do reino messiânico, 77. O pe­ ríodo é dividido em duas metades (cada qual com três anos e m eio). D urante a prim eira metade, o "príncipe" (soberano mundial, "p e­ queno chifre" de 7.8, 24-25) fará aliança com os judeus, que serão restaurados na Pales­ tina com a retomada do culto no templo. No meio da semana, a aliança é rompida, e cessa o culto para os judeus (2Ts 2.3-4), com eçan­ do o tempo da Grande Tribulação. A vinda do Cristo, o M essias, consuma esse período de desolação, trazendo eterna justiça a Israel, 24, e juízo para "o assolador", o soberano e seus exércitos (Ap 19.20).

10. 0 papel dos poderes demoníacos nos governos 1-14. A visão. Esse capítulo é o prólogo da visão do cap. 11, enquanto o cap. 12 é o epílogo. O "terce iro ano de C iro " foi 535 a .C . " B e lt e s s a z a r " , n o m e b a b iló n io de D aniel, era ap aren tem en te form a a b rev i­ ada do acad iano B el-balasu-usur ("q u e Bei [i.e., Baal] proteja sua vid a"). O v. 1 deveria ser traduzido assim: "... e a coisa [rev elad a] era v erd ad eira [v erd a­ de], e era um conflito [que envolvia batalha ou guerra espiritual]". A batalha implicava um a contend a esp iritu al com os pod eres dem oníacos que agiam no governo do sis­ tem a m u n d ial, 13. A s três sem a n a s que D aniel passou orando e jeju and o, 2-3, de­ safiaram essas "fo rça s esp iritu ais do mal, nas regiões celestes" (cf. Ef 6.12), i.e., espí­ ritos m alignos ligados à adm inistração go­ vernam ental que agiam por m eio de Ciro, 13. O "p rín cip e do reino da P érsia" era o esp írito m aligno do governo agindo em e por m eio de Ciro (não o próprio Ciro), para atrapalhá-lo no seu bom intento de repatri­ ar os judeus. Miguel, 12-13, arcanjo e patro­ no do povo de Daniel, os judeus, 12.1, veio para auxiliar Daniel no conflito precipitado pela ferv orosa oração.

15-21. O significado da visão. Os gover­ n o s m u n d ia is d o s te m p o s dos g en tios (Lc 21.24) são op erad os por espíritos ma­ lig n o s ou d em ónios invisíveis do sistema m undial satânico. Esses tentaram obstruir a oração de D aniel pelo povo de Deus, cuja d efin itiv a restau ração no reino será pre­ cedida pelo final dos tem pos dos gentios e a p r is ã o de S a ta n á s e s e u s d em ó n io s (Ap 20.13), possibilitando assim o governo perfeito do M essias na Era do Reino.

11. Os reis do norte e do sul 1-35. A s guerras dos Ptolom eus e dos selêucidas. Essa prodigiosa pré-escritura da história pelo Espírito de profecia por inter­ m édio de Daniel, do século 6“ a.C., parece im possível aos críticos racionalistas e é a principal razão para a rejeição da legitim i­ dade de Daniel. A história confirm ou m i­ n u cio sam en te a v eracid ad e dessas profe­ c ia s c u m p rid a s p e lo s re is p e rs a s , 2; A lexa n d re M agno, 3-4; os P tolom eu s do Egito, 5; o "rei do S u l" e os selêucidas da Síria, o "rei do N orte", 6-35. Mesmo os ro­ m anos, 30, em "n a v io s de Q u itim " (C hi­ pre), m encionad os na descrição de A ntío­ co IV (E p ífan es), 21-45, e a "ab om inação d esolad ora", 31, que ele perpetrou ao pro­ fan ar o tem plo de Jeru salém , cum priram exa ta m en te essas p ro fecias (cf. com entá­ rios sobre 8.1-14). 36-45. O final dos tem pos e o homem da iniquidade. Entre 35 e 36 decorre um perío­ do não m edido de tempo, do cum prim en­ to h istó rico d essas p ro fecias em A ntíoco E p ífan es e os v ito rio so s m acab eu s até o ainda futuro cum prim ento de 36-45, cum ­ prindo 10.14. O obstinado rei desses versí­ culos é o Anticristo dos últimos dias, o ho­ m em da iniquidade de 2Ts 2.3-4, o iníquo de Ap 13.1-10, prenunciado por Antíoco Epí­ fa n e s. " [E le ] se rá p ró s p e r o , até que se cum pra a in d ig n a çã o ", 36 (12.1), i.e., até que a ira de D eus se d erram e (M t 24.21; Ap 6 — 19). R e v e la -se seu caráter iníquo, de d e sa fio a D eu s, 36 -3 9 . E sboça-se sua atividade no fim dos tem pos, precedendo o seu juízo, 40-45 (cf. Ap 19.20; 20.10), que é descrita em 2Ts 2.3-10. O ataque do último

[ 310 l Daniel

dia lançado pelos reis do N orte e do Sul não o destruirá. Só o juízo direto de Deus contra ele, operado pela volta vitoriosa de Cristo, é que selará seu destino. Enquanto reinar, será invencível.

12. A grande tribulação e a libertação de Israel 1. O grande período de tribulações do final dos tem pos. "N e sse te m p o " (d u as vezes no v. 1) é o tem po do final, a última m etade da sep tu agésim a sem ana de D a ­ niel (v. com entários sobre 9.27), o terrível período de "angústia para Jacó " (Jr 30.5-7) que precederá a volta de Cristo. Esse p e­ ríodo é delineado em Ap 12.7-17, culm inan­ do nos terríveis juízos das taças de Ap 15 — 16, e na d e stru içã o do sa tâ n ico sistem a mundial religioso e político (Ap 1 7 —18). O apogeu vem com o surgim ento do M essi­ as (Ap 19.11-16). Esse tem p o do "fim " é mencionado em Dn 8.17-19; 9.26; 11.35, 40; 12.4, 6, 9. "Teu povo", 1, é o povo de Daniel, os judeus. "Aquele que for achado inscrito no liv ro" representa os libertos da m orte física (Is 4 .2-3) e re g en era d o s p ara d e s ­ frutar da bênção do reino. Sobre o m inis­ tério de M iguel em nom e de Israel no final dos tem pos, cf. Ap 12.7-12 e Dn 10.21 (li­ bertando o resto de Israel da ira de Sata­ nás, que foi lançado à terra). 2-3. A ressurreição de Israel. A atribuição dessa ressurreição a Israel e a exclusão da idéia de um a ressu rreição geral dos m or­

tos são dem onstrad as pelo seguinte: (1) o contexto, que trata do povo de D aniel, os judeus, 1. (2) O term o "m u ito s", e não to­ dos. (3) A expressão p artitiv a "d o s q u e", "dentre os quais", ligada aos que "dorm em " (o sono da m orte física) "n o pó da terra", te rm o fig u r a tiv o p ara a se p u ltu ra (cf. Jó 20.11; Gn 3.19). (4) O verbo "ressuscitar", d en otand o a ressu rreição física (Is 26.19) do sono da m orte (2Rs 4.31; Jr 51.39, 57; Jó 14.12). (5) A expressão "p ara a vida e ter­ n a ", m o stran d o que é ressu rreiçã o física para a vida eterna. (6) O fato de que o pró­ prio D an iel (com tod os os salvos do AT) participará dela, 12.13. (7) O cum prim ento de d eclaraçõ es do Senhor, com o M t 8.11; 19.28. (9) A Expressão "u ns para a vida eter­ na, e ou tros para vergonha e h orror eter­ no" não significa que os justos e ím pios res­ s u s c ita rã o (cf. id é ia s e m e lh a n te em Jo 5.28-29). A prim eira categoria engloba to­ dos os israelitas salvos ressu scitad o s n a ­ quele tem po, enqu anto a segunda abarca aq u eles que ficarem p ara a segu nd a re s­ surreição (Ap 20.11-15). (9) O v. 3 se refere a recom pensas dos santos ressurretos do AT. 4-13. A consum ação final. O caráter do p e río d o in te rm é d io , e s p e c ia lm e n te sua parte final, 4, 9, foi revelado a Daniel pelo Senhor, 5-8. M as a profecia ficaria selada (não com p reen d id a) até o fin al dos tem ­ pos, 4. Os v. 11-12 dão o tem po da dedica­ ção da im agem do A nticristo (9.27) no tem ­ plo de Jeru salém (2Ts 2.3-4), e a d uração do grande período de ira.

Os profetas menores I 311 ]

Os Profetas Menores Os ditos Profetas Menores, em número de doze, distinguem-se dos Profetas Maiores — Isatas, Jeremias, Ezequiel e Daniel. No cânon hebraico, estão agrupados como um só livro intitulado Os Doze, e, com os três primeiros profetas maiores, somam quatro livros.

conhecidos como Profetas Posteriores. Os Profetas Anteriores são também quatro — Josué, Juizes, Samuel e Reis. A Bíblia hebraica então tem oito profetas na sua segunda seção, chamada Profetas (1NebVlrr). Daniel foi colocado na terceira seção,

entre os Escritos (Ketúbím). Desde o tempo de Agosti­ nho (final do século 42), a igreja latina emprega o termo Profetas Menores por causa da sua brevidade (e não por falta de impor­ tância), em comparação com os Profetas Maiores.

Os Profetas Menores e sua mensagem Oséias

Miquéias

Zacarias

O Senhor ama Israel apesar do seu pecado.

O Messias nascido em Belém será o Libertador da humanidade.

O Senhor se lembrará do seu povo Israel.

755-15

740-690

520-15; caps. 9— 14 após 500

Joel

O juízo precede a futura renovação espiritual de Israel

Naum

Malaquias

Virá o juízo sobre a iníqua Nínive.

835-796*

630-12

Que os ímpios sejam alertados sobre a certeza do juízo.

Amós

Habacuque

Deus é justo e precisa julgar o pecado.

A justificação pela fé é o expediente que Deus utiliza para a salvação.

433-400

765-50

625 ou antes Obadias

Seguro castigo deve se abater sobre o orgulho impiedoso. 848*

Sofonias

O Dia do Senhor deve preceder a bênção do reino. 625-10

Jonas

A graça divina tem alcance universal. 780-50

Ageu

O templo e os interesses do Senhor merecem total prioridade. 520

*0 texto não data precisamente esses profetas. Por isso há diferenças de opinião a respeito do período dos seus ministérios.

[ 312 I Os profetas menores

Reis contemporâneos Israel

Judá

Profeta

lllí Azarias* 792-40

Jeroboão II* 793-53

Illilli

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Zacarias

753-52

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Salum

Menaém 752-42

Anarquia e guerra civil Oséias 1.4

Oséiás 732-22

M

Peca 752-32

i

A '

A

i. Jotão*

Pecaías 742-40

750-32

Acaz* 735-16

Ezequias 716-687

722 ‘ Incluindo as coregências.

Samaria

Começa Oséias

Oséias 0 amor de Deus por seu povo pecador O profeta e seu tempo. Oséias começou seu ministério perto do final da era próspera e moralmente decadente de Jeroboão II, de Israel (782753 a.C.), e, após a queda de Samaria (722 a.C.), continuou pelos reinados atribulados de Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). Seu ministério foi muito próximo do de Amós. Este vociferou suas profecias amargas como um sulista ao Israel próspero e dissoluto, enquanto Oséias falou com a comoyida paixão de um ,

filho da terra. Jonas foi missionário estrangeiro do reino setentrional, enquanto Oséias era missionário em sua própria terra. Dotado da contrição e paixão de Jeremias, Oséias tinha uma sensibilidade que fez dele o apóstolo do amor do AT. Embora o tema do juízo da apostasia permeie o livro, está entrelaçado com o fio dourado da misericórdia e do amor. E a denúncia que faz Oséias do pecado, anunciando o iminente juízo, não lembra as ferozes acusações de

Uma eira, local próprio para debulhar, trilhar, secar e limpar cereais, em Israel. 0 profeta,Oséias ensmava que Israel colheria aquilo que plantou.

Amós, mas é uma elegia pesarosa e solene, que respira o profundo amor do Senhor por seu povo pecador.

Esboço 1— 3 A rejeição de Israel como esposa infiel; sua futura aceitação e restauração 4— 14 Mensagens de juízo mescladas a súplicas de amor e misericórdia

[ 314 l Oséias

1. O casamento do profeta ilustra o pecado de Israel

será que ela virou m eretriz d epois do ca­ sam ento, ou (3) será o incid ente som ente u m a a le g o ria ? C o m o Is ra e l, a a d ú lte ra 1. Introdução. O séias significa "sa lv a ­esp osa do Senhor, nem sem pre foi casta, ção" ou "lib e rtação ". A convicção fu nd a­ é p o ssív e l a seg u n d a a ltern a tiv a . M as o m ental da profecia h ebraica está e x p res­ texto a p a ren tem en te su sten ta a p rim eira sa aqui na inspiração divina de um agente opção, que n ão denigre, com o alegam al­ hu m ano, com a co n se q u e n te au to rid a d e guns, a santidad e de um D eus soberano. da m ensagem . 2-9. Oséias recebe ordens divinas de ca­ 2. 0 sofrimento de Israel por sua sar com uma m eretriz. O séias tom ou a pros­ prostituição tituta Gômer e ela lhe deu filhos. Ele lhes deu nom es, 2-9, histórica e p rofeticam en­ 1-13. Apelo e alerta. O discurso é dirigi­ te significativos. Jezreel, o filho, significa do aos restantes, 1, que são incentiv ad os "O Senhor sem eia", 3-5, e lembrava o san­ a questionar o Israel descrente (sua mãe), gue de Je z re e l d erra m a d o p o r Je ú (lR s 2, repudiado pelo Senhor com o esposa por 19.15-17; 2Rs 10.1-14) e o im inente castigo conta da sua in fid elid ad e. O p róp rio S e­ da dinastia de Jeú, que desde então reina­ n h o r d ra m a tica m e n te am eaça su a e sp o ­ va e da qual era m em bro Jeroboão II. Je ­ sa infiel com graves castigos, 3-13. zreel tam bém ap o n tava a fu tu ra re s ta u ­ 14-23. Israel será restaurado. O vale de ra çã o de Is ra e l, 2 .2 1 -2 3 . A n u n c ia -s e o A cor ("trib u la çã o "; Js 7.26; Is 65.10) fica a n a scim en to de um a filh a , L o -R u h a m a h sud oeste de Jericó (m oderna el-B u qe'ah). ("D esfav orecid a"). A m enininha seria um Israel, rep u d iad o, será restau rad o . A n a­ lem b rete v iv o de q u e, p o r cau sa da sua ção que im oralm ente tom ou Baal por m a­ p rostitu ição, Israel já não seria fa v o re ci­ rido e afu nd ou nos p ecam inosos ritos de do. O nom e do terceiro filho (outro m eni­ fertilidade dos cananeus, 6-7, retornará ao no), Lo-Am m i ("N ão-M eu-Povo"), fez dele Senhor (Ishi, "M eu m arid o") e já não cha­ um a lem brança viva do porqu ê de o S e ­ m ará Baal pela d etestáv el d esignação Banhor já não favorecer seu povo. Com o Is­ ali ("M e u B a a l", Senhor), 16. Esses versí­ rael aband onara a lei de D eus, a relação culos apresentam um futuro glorioso para de aliança estava rompida. "M eu -P ovo" se Israel. (Sobre o v. 23, cf. Rm 9.25-26.) refere a Israel, com o nação eleita de Deus no AT, enquanto "N ão-M eu -P ovo" faz re­ 3. A futura restauração de Israel fe rê n cia ao a fa s ta m e n to te m p o rá rio do povo eleito (cf. Rm 11.1-5). O período "L o1-3. O passado de Israel é simbolizado. Am m i" de Israel term inaria com a conver­ O séias comprou sua esposa infiel de volta, são da nação e sua reunião a Judá. disciplinou-a, com o o Senhor fazia com Is­ 10-11. Futura restauração de Israel. Cf. Rm rael, e afirm ou seu am or im orredouro por 9.23-26 sobre o com entário divino a respei­ ela. O trecho "C om o o S e n h o r ama os filhos to da soberania de D eus e do restabeleci­ de Israel, em bora eles olhem para ou tros mento de Israel. O v. 11 ainda não foi cum ­ deuses", 1, expressa o tema central da pro­ prido. "Grande será o dia de Jezreel" alude fecia de O séias — o am or im orredouro de à matança de A rm agedom , um prelúdio à D eus pelo povo da sua aliança. "B olos de destruição dos inim igos de Israel n o final p a ssa s’' eram u sa d o s em c u lto s p a g ã o s dos tempos, e à restauração, 11. fe stiv o s (Is 16.7; Jr 7.18). E m bora O séias tenha com prad o sua esposa de volta (su ­ gerindo o resgate pago por C risto no C al­ vário), ela não viveria com ele com o espo­ Problema morai sa, m as deveria ficar com o viúva chorosa, (1) S e rá q u e o S e n h o r o rd e n o u q ue d isciplinando-se, até que ele um dia a to­ Oséias casasse com um a m eretriz, ou (2) m asse para si, depois da sua purificação.

Oséias I 315 I 4. D escreve-se o presente de Israel. D u­ rante esse período de disciplinam ento num virtual estado de viuvez, Israel ficaria pri­ v ad o das su as in stitu içõ es c e rim o n ia is e civis, com o d esd e então acontece. 5. Indica-se o futuro de Israel. Isso ♦ ainda não se cum priu e acontecerá nos últim os dias de Israel, antes da restauração do rei­ no (A t 1.6), quando a esposa ad últera for purificada (Zc 12.10; 13.1) e restaurada.

4. 0 apego de Efraim à idolatria 1-11. O s frutos da id olatria. O elenco geral de pecados, 1-5, é am pliado pela obs­ tinada ignorância do povo do Senhor, 6-11. 12-19. D escrição da idolatria de Efraim. Q ue d u ra a firm a çã o da in s e n s a te z e da im piedade dos cultos cananeus! Bete-Á ven ("c a sa da im p ied ad e ou v a id a d e "), 15, é ap aren tem en te nom e p ejo rativ o de B etei (5.8; cf. 10.8), centro da corrupção idólatra c a n a n é ia (c f. 1 0 .5 , " b e z e r r o d e B e te A v en "). "E fr a im ", 17, tornou -se d esig n a­ ção de Israel d epois da guerra siro-efraimita (734-732 a.C.), quando o reino do norte p erd eu seus territórios p eriférico s p ara a A ssíria, fican d o red uzido ao n ú cleo cen ­ tral. A patética atenção de Efraim aos ído­ los, 17, gerou inevitável condenação, 19, o v e n to e n v o lv e u o p o v o com se u p o d e r para dispersá-lo no exílio.

5—6. Mensagem de censura e futura misericórdia 5.1-14. Retira-se o favor do Senhor. Os líd eres israelitas (sacerd otes e g o v ern an ­ tes), 1, vinham sendo laço para o povo, atra­ indo o juízo. O Tabor parece ter abrigado um santu ário pagão nos seus altos, assim com o M ispa, ao norte de Jeru salém (IS m 7.5). Efraim (v. com entário sobre 4.12-19) era tão apegado à idolatria (4.17), que foi inca­ paz de voltar ao Senhor. "Filhos bastardos", 7, eram descendência infiel ao Senhor. 5 .15—6.3. Volta e bênção futuras. O Se­ n h o r se a fa sto u de Israel. C o m e ço u sua tem porária aflição, que continuará até que e le v o lte no seu seg u n d o a d v en to , 5.15. E xp ressa-se o clam or sentid o dos crentes

restantes dos últim os dias, 6.1-3 (cf. Is 1.9; Rm 11.5), anu nciand o-se em 5.15 seu cla­ m o r im e d ia ta m e n te a n te rio r à v o lta de Cristo. O s "d ois d ias", 2, prefiguram o lon­ go períod o de aflições de Israel (5.15). O "terceiro d ia ", 2, é seu dia de ressurreição (re g e n e ra çã o ) e sp iritu a l e co n se q u e n te s bênçãos esp iritu ais (J1 2.28-29). 6.4-11. A resposta do Senhor. Ele lam en­ tou o destino de Efraim e Judá, 4-6, denun­ ciando seu pecado, 7-11, que provocou suas ca la m id a d e s.

7—13. A acusação do Senhor contra Israel 7.1-16. Sua depravação moral. A horrí­ vel colheita da sua idolatria, 1-7, por mistu ra r-se ao co rru p to p ag an ism o das n a­ ções vizinhas, 8-16, é denunciada. 8 .1 —9.9. C ondenação da sua apostasia. D epois do anúncio do juízo, 8.1-7, pela sua

[ 316 1 Oséias

a p o sta sia , 8-14, vêm os a lerta s co n tra o espírito de excessiva autoconfiança, 9.1-9. 9.10 — 11.11. R etro sp e ctiv a d os p e ca ­ dos e afliçõ es da n ação . N a rra -se com o Israel retribu iu o am or de D eu s, 9.10-17, a train d o te rrív el cu lpa sob re si, 10.1-11. M in is t r a m -s e e x o r t a ç õ e s e c e n s u r a s , 1 0.12-15. E x p lic ita -se a m is e ric ó rd ia de D eu s, 11.1-11. 11.12 —13.13. A cusação contra Efraim . Ele é acareado com sua contam inação cor­ rupta e idólatra, 11.12— 12.2. L em bram -se m isericórdias do p assad o, 12.3-6, com p a­ radas com a atual penúria de Israel, 7-14. Sua an tig a g ran d eza é co n tra sta d a com sua vergonha e m orte espiritual, contam i­ nada pelo culto im puro de Baal, 13.1-6. O Senhor se viu obrigado a se voltar contra ele com o um leopardo, 7, com o um leão, 7, e como um a ursa privada dos filhotes, 8. A ruína de Israel está no fato de levantar-se contra o Sen h or, que é seu auxílio, 9-11. Será que seu s reis p o d eriam sa lv á -lo da d estru ição que h av ia atra íd o sobre si ao voltar-se con tra o Sen h or? O s reis de Is­ rael não pod eriam salv á-lo da d estruição

do Senhor. D eus institu ía os reis e os de­ punha diante do juízo. 13.14-16. A futura ressurreição de Israel. Trata-se de um a gloriosa prom essa de res­ surreição física (IC o 15.55) para os israeli­ tas salvos, antes da era do reino (Dn 12.2). A re ssu rre içã o física d os fié is é um fato im utável de certeza divina.

14. A restauração de Israel no reino 1-3. Chaniado à volta. O Espírito de Deus, por intermédio do profeta, clama ao apósta­ ta Efraim que volte ao Senhor, com fé e ar­ rependimento. "N ovilhos" é usado no senti­ do de sacrifício oferecido em ação de graças. 4-8. A resposta misericordiosa do Senhor. O am o r s o b e ra n o se e x p re s s a em d u as prom essas, 4-5. Na glória do reino, Israel, o "lírio " e a "o liv eira" (cf. Rm 11.16-24), flo­ rescerá. A oliveira é um sím bolo de Israel na sua bênção espiritual. 9. D eclaração final. Os espiritualm ente sá b io s co m p re en d e rã o essas co isa s, m as n ão os p ecad o res.

Joel 0 grande Dia c|o Senhor Autor e data. Joel significa "o Senhor (Yahweh) é Deus". Cita-se o nome do seu pai, mas meramente para distingui-lo de outros de mesmo nome. Ele relega até o tempo em que profetizou à adivinhação. Embora os críticos modernos o situem em data tardia (após o Exílio), os estudiosos conservadores o têm como talvez o mais antigo dos profetas menores, tendo vivido durante o reinado de Joás (c.800 a.C.).

Esboço A praga dos gafanhotos — o Dia do Senhor

1 .1 -2 0

Eventos do Dia do Senhor

2 .1 -3 2

O juízo das nações

3 .1 -1 6

A bênção do reino

3 .1 7 -2 1

Rabino judeu segura um

shofar (instrumento de sopro feito de chifre de carneiro). Segundo Joel, o soar da trombeta sinalizaria o perigo de forças invasoras.

[ 318 l Joel

1. A praga dos gafanhotos — o Dia do Senhor

é futuro, com o o do cap. 3. O exército inva­ sor será p re p a ra çã o para o A rm ag ed o m (Ap 16.13-16). O troar da trombeta (sopar, um 1.7. A desolação da terra. O profeta é apre­ chifre entalhado) sinalizava o perigo de for­ sentado, 1. Descreve-se uma inaudita praga ças invasoras (Os 8.1; Jr 4.5; 6.1). "M eu santo de g afanh otos, que seria in esq u ecível no m onte" (Sl 2.6) é Moriá, o monte do templo. futuro, 3. A praga foi absolutamente destru­ D escrevem -se o Dia do Senhor e a terrível tiva. Dão-se quatro nom es aos gafanhotos, d estru ição provocad a p elo exército, 2-10, retratando sua destruição dizim adora. "O funcionando a praga dos gafanhotos (exér­ que deixou o gafanhoto cortador, com eu-o o cito) com o pano de fundo dessas im agens. gafanhoto migrador; o que deixou o m igra11. Surge o exército do Senhor. Implícita dor, com eu-o o gafanhoto devorador; o que está a segunda vinda de Cristo; é o perío­ deixou o devorador, com eu-o o gafanhoto do da luta titânica do Arm agedom (3.9-13; destruidor", 4. O s ébrios da nação são cha­ A p 16.14). Os santos e anjos constituirão o mados a lamentar a calamidade, 5. Os gafa­ "e x é rc ito " do Senhor. nhotos sugerem algo ainda m ais terrível e 12-17. O rem anescente penitente. O Se­ compõem a im agem profética de uma ca­ nhor conv id a os restantes da terra ao g e­ tástrofe maior. Prefiguram um exército in­ nuíno arrependim ento, 12-13, e a receber a vasor, 6-7 (cf. 2.25) e a consequente desola­ bênção do Senhor, 14. Todas as classes, 15ção da terra. A vide (Sl 80.8, 14; O s 10.1; 17, estão incluídas. Ninguém é dispensado, Is 5.1-7) e a figueira sim bolizam Israel no nem m esm o o recém -casado (cf. Dt 24.5). seu privilégio espiritual de nação eleita (Os 18-27. A resposta do Senhor aos judeus 9.10; M t 24.32-33; Lc 13.67; Rm 11.17-24). penitentes da terra. Ao invés de a abrasa­ 8-13. Cham ado a lam entar a praga. To­ dora ira do Senhor se abater sobre eles, o das as p essoas, 8-10, esp ecialm en te o la­ ard en te ciú m e do Sen h or é que se in fla ­ vrador e os vinhateiros, 11-12, os sacerdo­ m ará por eles, e sua m isericórd ia se lhes tes e todos os líderes espirituais da nação, re v e la rá , 18. E le p ro m e te p ro s p e rid a d e 13, são cham ad os a prantear. tem poral, 19; libertação m ilitar, 20; alegria 14. Chamado à auto-humilhação e ao arre­e contentam ento, 21-23; a volta da chuva e pendim ento. O jejum e a oração precisam ab u nd antes colh eitas, 24-26; e a restau ra­ dar sinais de genuíno arrependim ento. ção da com u n h ão , 27. O s estu d io so s d e ­ 15-20. A praga como símbolo profético ram tra d u çõ e s d istin ta s para o v. 23: "a do Dia do Senhor. Assim com o o Espírito de ch u v a p re c o c e p a ra a su a ju s tif ic a ç ã o " profecia freq u en tem en te usa algum a c ir­ [n a s b ] ou "o m estre da ju stiça " [ n iv ], em ­ cu nstância local com o o casião para um a p re sta n d o -lh e co n o ta çã o m essiân ica. profecia de grande alcance (cf. Is 7.1-14, no 28-32. A promessa do derram amento do caso da predição do nascim ento virginal), Espírito. Keil interpreta o derramamento do também a praga dos gafanhotos se tran s­ Espírito com o um a consequência secund á­ forma em símbolo do futuro Dia do Senhor ria e tardia do dom de "um mestre da justi­ (Is 2.12-22; 4.1-6; Ez 30.3; Ap 19.11-21). Nesse ça" (cf. 23). "D epois", 28 (At 2.16), refere-se período apocalíptico (Ap 6 — 19) o Senhor aos dias de exaltação e bên ção de Israel, m anifestará o seu p od er derrotan d o seus no início da era do reino (Is 2.2-4; M q 4.17). inimigos ativa e publicamente, a fim de fun­ O termo^ "d erram ar" significa um a copiosa dar seu reinado m ilenário sobre Israel. E o a b u n d â n cia de co m u n ica ç ã o d iv in a (cf. período vividamente descrito em Sl 2. Is 32.15; Ez 39.29). A forma como Pedro apli­ cou essa profecia em P entecostes (At 2.152. Eventos do Dia do Senhor 21) ilu stra aquilo que o E sp írito de D eus 1-10. O exército invasor do norte. Joel 2 pode fazer. Seu cu m p rim en to d errad eiro nos conduz imediatamente ao final dos tem ­ aguarda o início da Era do Reino. O derra­ pos dos gentios, e ao desenrolar histórico mam ento no reino deverá ser universal, 28do Dia do Senhor, 1. O cumprimento ainda 29, e estará ligado ao estágio apoteótico do

Joel [ 319 ] "D ia do Senhor", 30-31, com sinais prévios anunciando a deposição dos ím pios diante da fundação do reino de Cristo na terra, 32.

que o cenário do juízo era o vale de Cedrom e a larga depressão m ontanhosa no sul da cidade além de Hinom . Cedrom é hoje co­ nhecido como vale de Josafá, assim chama­ do desde Eusébio, m as evidentemente com 3. 0 juízo das nações base nas passagens de Jo el e Zacarias. 1. A restauração de Israel no fim'dos tem­ O ju ízo virá "p o r causa do meu povo e pos. "Naqueles dias e naquele tempo" deno­ da m inha herança, Israel", 2. O pecado das ta aquela fase do Dia do Senhor que testemu­ n ações tem sido os m au s-tratos dispensa­ nhará a restauração de Israel (Is 11.10-12; dos aos judeus (cf. SI 79.1-13; 83.1-18; Is 29.1Jr 23.5-8; Ez 37.21-28; At 15.15-17). Essa passa­ 8; 3 4 .1 -3 ; Jr 2 5 .1 3 -1 7 ; Z c 1.1 4 -1 5 ; 12.2-3; gem introduz o tema fundam ental do juízo M t 25.31-46). J1 3.2-3 indica o crime das na­ das nações, 2-8, pois esse evento é pré-requições, com especial condenação para os fe­ sito necessário ao restabelecim ento de Isra­ nícios e filisteus, 4-8. Os sabeus, 8, eram mer­ el. As nações que perseguiram Israel preci­ cadores do sudoeste da Arábia. Esse juízo sam ser ju lg a d a s an tes que a Isra el se in icial das nações prefigura A rm agedom , garantam a segurança e a bênção (cf. M t 25.319-14 (Ap 16.13-16; 19.11-21), e 15-16 é análogo 46; Rm 11.25-27; Zc 6.1-8; Ap 16.14). a 2.30-32. Os v. 9-16 resumem 2.9-32. 2-16. As nações são julgadas. O próprio Se­ 17-21. As plenas bênçãos do reino. Final­ nhor é quem fala, 2-8. Ele anuncia o que fará m ente o d escren te Israel recebe o M essi­ aos inimigos de Israel quando restaurar seu as, o verdadeiro fundam ento da sua santi­ povo (repare "m eu povo", 3. M endona-se o dade, 17 (cf. Zc 14.20-21). local do juízo: o "vale de Josafá", 2, 12. Esse "M eu santo m o n te" é M oriá, o m onte geralm ente é tido como nom e sim bólico, e do tem plo (cf. SI 2.6; D n 11.45; Ob 16; Zc não geográfico, com o se infere da etim olo­ 8.3). A prosperidade da Palestina no reino, gia: "Yahweh julgará" e do v. 14, onde o mes­ 18, é um tema profético com um que todos mo lugar é cham ado "vale da D ecisão", no os profetas visitaram (cf. Is 35.1-3). Os te­ sentido de um a sentença ou veredicto judi­ m as correlatos da destruição dos inim igos cial (baixado contra as nações ímpias ali jul­ d e Israel, do E gito e de Edom , 19 (cf. Zc gadas). Porém , tanto Joel quando Zacarias 14.18-19), e a restau ração de Ju d á, 20.21, (cf. Z c 14.4) evid entem ente consideravam são tam bém d om in an tes.

Menciona-se o local do juízo: o "vale de Josafá". Esse geralmente é tido como um nome simbólico, e não geográfico. Porém, tanto Joel quando Zacarias consideravam que o cenário do juízo era o vale de Cedrom e a larga depressão montanhosa ao sul da cidade, além de Hinom. Cedrom é hoje também conhecido como vale de Josafá, assim chamado desde o tempo de Eusébio.

Amós 0 juízo iminente Os tempos de Amós. O ministério de Amós se desenrolou na parte final do reinado do próspero e idólatra Jeroboão II (c.793753 a.C.), quando em Judá reinava Azarias (Uzias) (c.792-740 a.C.). Portanto, o tempo de Amós seria aproximadamente 765750 a.C. Foi uma época de prosperidade económica e padrão de vida luxuoso, de corrupção moral e irrefreada idolatria. Amós dirigiu sua ardente oratória contra esses pecados.

O profeta. Amós ("fardo") era um simples pastor e colhedor de sicômoros (7.14) de Tecoa, cidade da região montanhosa cerca de dezesseis quilómetros ao sul de Jerusalém. Foi chamado a ser profeta para toda a casa de Jacó (3.1,13), mas especialmente para o reino do norte (7.14-15). Enfrentou a oposição do sumo sacerdote Amazias, que denunciou o destemido pregador a Jeroboão II. Amós sem dúvida restringiu suas profecias à escrita logo após voltar a Tecoa.

Esboço 1.1— 2.16 Juízo de Israel, Judá e nações vizinhas 3.1— 9.10 O Senhor acusa toda a casa de Jacó 3.1— 6.14 Quatro sermões condenatórios 7.1— 9.10 Cinco predições simbólicas de castigo 9.11-15 Bênção do reino para o Israel restaurado

Amós [ 391 l

1.1—2.3. Juízo das nações vizinhas 1.1-2. Cabeçalho. O terremoto é mencio­ nado novamente em Zc 14.5. O Senhor "ru ­ girá" como um leão em ira crescente contra o pecado cada vez maior. O Carm elo ("jar­ dim ou pom ar"), proeminente elevâção que avança sobre o M editerrâneo, era fam oso por suas férteis culturas na antiguidade. 1.3 —2.3. Juízo das seis nações, juízo de Damasco, 3-5. Damasco era a capital de uma poderosa cidade-estado síria que m olesta­ va Israel (c.900-780 a.C.), especialm ente no reinado de Ben-H adade I (c.880-842) e Hazael (c .8 4 2 -8 0 6 ). "P o r trê s tra n sg ressõ e s [...]..e por quatro", 3, 9, 11, 13; 2.1; 2.4, 6, sig­ nifica a m ultiplicação do pecado, ou peca­ do excessivo. A sequência num érica x, x+1 é um artifício com um na poesia hebraica (cf. Pv 3.18, 21, 29; Jó 33.14), e aqui designa plen itu de ou com pletitud e. Foi H azael, o usu rpad or, 3-4, quem trilhou G ilead e, na Transjordânia, "co m trilhos de ferro " (2Rs 10.32-33; 13.7). O "ferrolho de D am asco", 5, era a tranca dos seus portões (Jr 51.30). Os "ca ste lo s de B en -H ad ad e", 4, eram os de Ben-H adade II, filho de H azael (2Rs 13.3). Biqueate-Á ven, 5, é ou o vale de Om (Ez 30.17) ou B aalbequ e, não m uito longe de D am asco. B ete-E d en (B it-id in i nas tab u inhas assírias) ficava às m argens do rio Eu­ frates, cham ado Éden (Ez 27.23).

Revelações arqueológicas Sobre H azael, ver com entários de 2Rs 8. Q uir fica na M esopotâm ia e é o lugar de onde m igraram os siros (9.7), e para o qual foram d eportados (2Rs 16.9). Juízo da Filístia, 6.8. Gaza, Asdode, A sq u elo m e E crom foram ju lg a d a s p o rq u e v e n d ia m e scra v o s isr a e lita s p a ra Edom (2Cr 21.16-17; J1 3.4-8). juízo de Tiro, 9-10. Cf. J1 3.4-8 sobre sua desum ana crueldade contra Israel. "A lian­ ça de irm ãos" se refere à aliança que D avi e Salom ão firm aram com Tiro (cf. lR s 9.13). juízo de Edom, 11-12. Embora intim am en­ te ligado a Israel ("seu irm ão"), 11, era im ­

piedoso no ódio e na crueldade (cf. Ml 1.2; Ob 1-21). Temã é sem dúvida Taw ilan, a su d e ste de Sela (P e tra ), e Bozra fica no centro-norte de Edom. Ju ízo de Amom, 13-15 (cf. Sf 2.8-11). Os am onitas, ao norte de M oabe, com capital em R abá (m od ern a A m ã), d evastaram a vizinha Gileade. Juízo de M oabe, 2.1-3. Tão mortal era seu ódio, que profanaram os restos do rei edomita com a crem ação (cf. 2Rs 3.26-27).

Disposição dos oráculos A disposição do texto dramatiza o anún­ cio do iminente juízo de Israel. Geografica­ m ente, os ju íz o s cercam Israel num laço cada vez m ais apertad o, que concentra a ira de Deus sobre seu povo pecador. A or­ dem tam bém em p resta ên fase por av an ­ çar de relações étnicas d istantes (Arã, cf. Gn 25.20; Dt 26.5) até o irmão de Israel, Judá.

2.4-16. Juízo de Judá e Israel 4-5. Ju ízo de Judá. Judá e Israel eram tão culpados quanto as nações que os cer­ cavam , e seriam punidos. 6.16. Juízo de Israel. O juízo de Israel foi ex p resso na m esm a form a literária e era m ais detalhado porque a nação gozava de luz m ais plena e era m ais privilegiada.

3. Privilégio e culpa maiores de Israel 1-11. Por causa do seu privilégio maior. Is­ rael era uma nação eleita: fora salva do jugo do Egito e sobre ela pesava a responsabili­ dade da aliança (Êx 19.4-6; Dt 6.7; Lc 12.48). Seu fracasso, portanto, seria ju lgad o com severidade, 1-2. Israel deveria firmar o pro­ pósito de cam inhar com o Senhor, 3, ouvir seus alertas de juízo por meio dos seus pro­ fetas e da im in ente calam id ad e, 4-8, pois com o nação eleita do Senhor fora péssimo exemplo para seus vizinhos pagãos, 9-11. 12-15. A totalidade do juízo divino. Isso é vividam ente expresso, 12. A calam idade se co n c en tra ria so b re os a ltares p ag an i-

[ 322 1 Amós

zad os de B etei, 14, e a corru p ta riq u eza dos p ró sp ero s p e cad o re s do re in a d o de Jeroboão II, As "casas de m arfim ", 15 (cf. lR s 22.39), eram assim cham adas em v ir­ tude de ser prodigam ente decoradas com in c ru s ta çõ e s de m arfim . A s e sc a v a çõ e s arq u eológ icas d ese n te rrara m n u m erosos fragm en tos d essas in cru sta çõ e s n a a n ti­ ga Sam aria — os "m arfin s sam aritan o s".

4. Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus 1-3. Denúncia das ricas mulheres de Sama­ ria. Essas mulheres gananciosas e vãs (cf. Is 3.16-26) eram chamadas "vacas de B asã", 1 (cf. SI 22.12). Era censura por fazerem elas exigências desnecessárias aos m aridos, re­ clamando os luxos da vida. Basã era um a região fértil a leste do mar da Galiléia, famo­ sa pelo seu gado lustroso e gordo. 4-5. O abom inável ritualism o de Israel. Eles amavam o vazio cerim onialism o idó­ latra em nome da religião. Betei era o san­ tuário real idólatra e Gilgal, outro santuá­ rio corrupto. 6-13. Israel precisa enfrentar o juízo de Deus. Por não responder ao amor punitivo de Deus, 6-11, Israel precisa agora preparar-se para en fre n tar a ju s tiç a e a ira de Deus, 12, e perceber quão grande é ele no seu poder, sabedoria e ju stiça, 13.

5. Buscai ao Senhor e uivei 1-3. Lamento pela nação caída e abando­ nada. Ela, que um dia fora virgem, reserva­ da para o Senhor, agora caíra nas prostitui­ ções e abom inações, incapaz de ajudar-se, e fadada ao em pobrecim ento devido à in­ vasão inimiga e à morte. 4-17. Buscai ao Senhor. A única forma de Israel ser poupado da m orte nacional era buscar ao Senhor, e não os ídolos de Betei, Gilgal e Berseba. A idolatria era uma abomi­ nação crim inosa em vista de quem era o Senhor, 8-9, e sua prática gerava todo tipo de imoralidade, 10-13. Portanto, eles deveri­ am abandoná-la e buscar ao Senhor, 14-17. 18-20. Atentai para o Dia do Senhor. Eram iníquos a ponto de pensar com piedade so­

bre o dia da vindicação contra seus inim i­ gos. Isso os faria m ergulhar em melancolia. 21-27. A ira do Senhor pela religiosidade vazia do povo. Para evitar a catástrofe, é pre­ ciso que o juízo corra "com o as águas; e a justiça, como ribeiro perene", 24 — a essên­ cia da mensagem de Amós. Sicute e Quium, 26, eram deuses assírios (At 7.42-43), desig­ nações de Saturno, aqui cham ados "vossa im agem [...] vosso deus-estrela".

6. Calamidade sobre os arrogantes 1-7. Alerta aos pecadores autocomplacentes. Alerta aos arrogantes de Sião (o m on­ te do templo de Jerusalém , i.e., Judá) e do m o n te de S a m a ria (o m o n te de S e m e r, sobre o qual construiu-se Sam aria, i.e., por m eto n ím ia , o rein o do n o rte ), d ian te do destino de Calné, no norte da Síria, e Ham ate, às m argens do O rontes, na Síria (a seg u n d a é h oje b em co n h ecid a p elas es­ c a v a ç õ e s d in a m a rq u e s a s ali r e a liz a d a s por H. Ingholt). A corrupta dissolução, 4-5, e a despreocupação espiritual, 6, dos ricos p ro fan os de Sam aria log o resu ltariam no ca tiv eiro a ssírio , com o a co n tecera a C a l­ né e H am ate. "C am as de m arfim " (cf. co­ m entário sobre 3.12-15) expressam a pros­ p erid ad e de Israel. 8-14. O castigo é in evitável. A solene certeza era enfatizada pelo voto do Senhor jurado por si m esm o, 8 (cf. G n 22.16-17). O orgulho e a injustiça não poderiam passar im punes. A entrada de Hamate, 14 (cf. lR s 8.65; 2R s 14.28) assinalava a fro n teira se­ tentrional ideal de Israel, enqu anto o "r i­ b eiro de A ra b á", provavelm ente o ribeiro Z erede (Wadi el-H esa, que desem boca na extrem idade sudeste do m ar M orto), m ar­ cava seu lim ite m ais m eridional.

7. A praga dos gafanhotos, a seca e o prumo A m ós apresentou cinco predições sim ­ bólicas de castigo, 7 .1 —9.10. 1-3. A praga dos gafanhotos. Profetizouse o ju íz o im in en te : o S e n h o r "fo rm a v a g a fa n h o to s ao su rg ir o re b e n to da erv a se rô d ia ; e era a e rv a s e rô d ia d ep o is de

Amós [ 323 ]

findas as ceifas do rei", 1. Tão terrível foi que o Senhor se apiedou (cf. J1 1-2). 4-6. A seca. Esse é evidentem ente o sig­ nificado do ju ízo pelo "fo g o " (cf. J 1 1.19). A súplica de Am ós por m isericórdia também in terro m p eu essa praga. 7-9. O fio de prum o. O Senhoí, porém declarou sua irrevogável sentença de des­ truição, depois de ter medido seu povo com um fio de prum o (2Rs 21.13-15), encontrand o-o tão irrem ed iavelm en te tom ad o pelo pecado que já não era passível de correção. 10-17. Amós e Amazias. A corajosa profe­ cia de Am ós contra a casa de Jeroboão, da dinastia de Jeú, 9, levou o sacerdote oficial do santuário real de Betei a denunciar Amós ao rei. Esse fraco conformista religioso acon­ selhou então Am ós a fugir para Judá. A res­ posta de Am ós mostrou sua magnífica esta­ tu ra e s p iritu a l n a q u e la d e c a d e n te era sin cretista, 16-17. H avia pelo m en os um a alma valente para resistir à vaga de iniqui­ dade e côm odo conform ismo.

9.1-10. 0 Senhor junto ao altar I - 6 .0 Senhor junto ao altar. Em pé "junto a" (e não "sobre") o altar, o Senhor pronun­ ciou o juízo. Apropriadamente, simbolizan­ do a misericórdia por causa do juízo execu­ tado sobre um sacrifício interposto, o altar, profanado pela idolatria e desprezado, tor­ nou-se lugar de execução do juízo (Jo 12.31). Essa foi a razão da incansável perseguição desses pecadores pela justiça de Deus, 2-4. Sendo o Senhor o Deus poderoso que é, 5-6, deve necessariam ente castigar aqueles que rejeitam sua m isericórdia. 7-10. O Senhor e o Israel pecador. O Se­ nhor destruiria todo reino pecador, e Isra­ el não seria exceção. Sua nação escolhida n ã o tin h a p riv ilé g io e sp e c ia l na e sfe ra m o ral. O p ro feta m o d ero u sua pregação sobre a eleição de Israel (3.2) com a dou­ trina do u n iv ersalism o (caps. 1 —2). Caftor, 7, era Creta. Q uir ficava em algum lu­ gar da M esopotâm ia (Is 22.6).

8. 0 cesto de frutos

9.11-15. Futura bênção no reino

1-3. O cesto de frutos m aduros. O cesto de fru tos p erecív eis da terra sim bolizava a im inência do fim de Israel. 4-14. O motivo do fim. O terrível pecado de Israel atraiu grave acusação. As festivi­ dades e o sábado irritavam os em presários in íqu os, pois esses dias provocavam um a calmaria nos seus negócios desonestos, 4-5, e abrandavam a opressão dos pobres, 6 (cf. Is 1.13-17; Lv 19.35-36; Dt 25.13-16). O juízo detalhado pela "glória de Jacó", 7, abarcava luto, 8-10, e fome da palavra do Senhor, 1114. A idolatria e o orgulho extinguiram a luz que D eus dispensou pela sua palavra. D ã e B erseb a eram san tu á rio s pagãos nos lim ites m ais setentrional e m eridional da terra, 14. As divindades padroeiras des­ ses ce n tro s id ó la tr a s seria m im p o te n te s para a ju d a r na im in e n te ca la m id a d e . O "íd olo [ashinmh] de Sam aria", 14, é traduzi­ do com o "A shim ah de S a m a ria " na RSV, rep resen tan d o u m a d elib erad a d isto rçã o hebraica do nom e de A será, a d eusa-m ãe c a n a n é ia , p a ra c o n fo rm a r-s e à p a la v ra hebraica para "c u lp a " ('asham ).

II-1 5 . Volta e reino do M essias. O taber­ náculo de D avi é a dinastia davídica que o Senhor fará ressu rgir na Pessoa do C risto

Ruínas de um templo pagão em Dá.

[ 324 I Amós

plano divino para o futuro; ou seja, n a era atual D eus está cham ando u m povo pelo seu nom e. D epois disso, o Senhor voltará p ara re sta b e lece r a d in astia d av íd ica em Cristo, 11-12; e a prosperidade do milénio, 13, resultará num Israel restaurado, 14-15.

que voltará revestido de glória na sua se­ gunda vinda, para estabelecer o rein o so­ bre Israel (A t 1.6). Tiago cita essa grande p ro fe c ia no p rim e iro c o n c ílio da ig re ja (At 15.15-17). O Espírito Santo, naquela im ­ p o rta n te o ca sião , u so u -a p a ra re v e la r o

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Obadias A justiça retributiva de Deus Natureza do livro. Tratase da menor profecia e do livro mais curto do at . Seu autor é Obadias, cujo nome significa "servo do Senhor". A profecia ocupa-se totalmente da condenação de Edom por sua traição contra Judá, com a profecia da sua completa destruição e da salvação de Judá no Dia do Senhor. Data. Embora muitos críticos neguem a unidade da profecia, situando-a no período caldeu após a queda de Jerusalém em 586 a.C., ou mais tarde, o melhor é aderir à autenticidade do livro, situando-o no reinado de Jorão (c.853-841 a.C.). Naquela época, filisteus e árabes invadiram Judá e saquearam Jerusalém (2Cr 21.16-17; Jl 3.3-6; Am 1.6). Os edomitas também eram inimigos viscerais de Judá naquele período (2Rs 8.20-22; 2Cr 21.8-10). Assim, contemplam-se no contexto histórico as condições para que Obadias tenha escrito essa profecia.

Obadias e Amós. Amós (c.760 a.C) exibe familiaridade com Obadias (cf. 4 com Am 9.2; v. 9, 10, 18 com Am 1.11-12; v. 4 com Am 1.6, 9; v. 19 com Am 9.12; v. 20 com Am 9.14). Jeremias aparentemente também usou essa profecia (cf. Jr 49.7-22 com Ob 1-6). Isso dá mais sustentação para situar a profecia em data recuada.

Esboço 1-9 Prediz-se a destruição de Edom 10-14 A causa da queda de Edom 15-21 O Dia do Senhor

Ilustração de um sacerdote filisteu.

[ 326 1 Obadias



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Sela, capital de Edom (m ais tarde. a fo rtale za rosada de Petra). O b a d ia s p ro fe tizo u a de stru ição de Edom .

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figSSSáf!? 1-9. Prediz-se a destruição de Edom 1-4. Edom é desalojado da sua fortaleza na m o n ta n h a . O b a d ia s ( " s e r v o d o S e ­ n h o r") é d esco n h ecid o, n ão id en tificáv el com nenhu m d os cerca de doze h om ens do A T q u e c a r r e g a m o m e sm o n o m e. Edom (" r e g iã o v e r m e lh a ") era a n a çã o v iz in h a a s u d e s te de Is r a e l, ao su l de M oabe e do m ar M orto. Seu território rico em cobre e ferro se estendia, ao sul, até o golfo de A caba. Toda a sua fro n teira era pontilhada por um a série de fortalezas. A região norte de Edom se erguia de 1.500 a 1.600 m etros acim a do n ív el do m ar, sen­ do Temã (Taw ilan) sua p rin cip al fo rta le ­ za. O orgulho de Edom , 3, seria esm ag a­ do. A s e x p re s s õ e s "fe n d a s d as ro c h a s " (Sela, gr. Petra), 3, e "n in h o entre as estre­ la s", 4, aju sta -se a d m irav elm en te b em à região e seu povo. 5-9. E saqueado e desolado completamen­ te. Esaú, 6 (Gn 25.30; 36.1), foi o progenitor dos edom itas. Com o ele era irm ão gêm eo de Jacó , h av ia e stre ito p a re n te sco e n tre os e d o m ita s e os is r a e lita s (cf. "ir m ã o Ja có ", 10). O tesouro de Esaú era a en or­ me riqueza das minas de ferro e cobre, e o com ércio das caravanas, 6. Edom era fa ­ moso pelos seus sábios (Jr 49.7).

10-14. A causa da queda de Edom "P or causa da violência feita a teu irmão Jacó", 10, descreve o fato de Edom ter deixa­ do de ajudar seu irmão aflito. Edom tomouse tão culpado quanto aqueles que atacaram Jerusalém , 12; de fato, tom ou parte no ata­ que, 13-14 (cf. Nm 20.14-21; Sl 137.7; Ez 35.5).

15-21. 0 Dia do Senhor No v. 15, o profeta vincula o futuro ao p assad o nu m a p ro fecia que ainda não se cumpriu, "o Dia do Senhor está prestes a vir sob re to d as as n a ç õ e s ". Todas as n ações serão julgadas quanto ao tratamento dispen­ sado a Israel, como o foi Edom (cf. Mt 25.3146; Ap 16.13-16; com Jl. 3.1-14). Descrevemse a libertação e salvação de Jacó, 17-20 (cf. Jl 2.32). O N eguebe, 19, é a região sem idesértica ao sul de Ju d á. Os h ab itan tes dos contrafortes de Judá (heb. "[região] baixa" de "Shephelah") herdarão a planície filistéia, 19. Gileade ficava na Transjordânia. "H aia", 20 (RSV), referindo-se aos "cativos do exér­ cito", ficava na M esopotâm ia (cf. 2Rs 17.6). S efa ra d e, 20, é d esco n h ecid a; talvez seja Sardes, na Ásia Menor. Sarepta era um a ci­ dade fenícia entre Sidom e Tiro. Os "salva­ dores" israelitas na Era do Reino adm inis­ trarão Edom. O próprio Senhor no poder do Reino dominará sobre todos (Sl 22.28; 103.19).

Jonas A missão de Israel junto às nações A pessoa de Jonas. Jonas ("pombo") era filho de Amitai, que veio de GateHefer (Khirbet ez-Zurra'), cerca de cinco quilómetros a nordeste de Nazaré. Pouco ao norte desse lugar está o túmulo tradicional de Jonas, numa vila chamada Meshhed. O ministério de Jonas transcorreu pouco antes do de Amós, no reinado de Jeroboão II (782-753 a.C.) è previu vitória sobre os siros e a maior extensão do território israelita (2Rs 14.25).

O livro. O livro é mais que história biográfica. É típica história profética, escrita por um profeta e dotada de motivo profético. Como tal, prefigura Cristo como o Enviado, morrendo, sendo sepultado e, após a ressurreição, ministrando salvação aos gentios (Mt 12.39-41, Lc 11.29-32).

Esboço 1— 2 Comissão e desobediência de Jonas 3—4 Renovação da comissão de Jonas e seu resultado

Ilustração contemporânea de uma embarcação fenfcia.

! 328 1 Jonas

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As águas turbulentas do mar Mediterrâneo, que banham a cidade de Aco. O povo de Israel temia o mar, pois acreditava que era habitado por monstros marinhos.

Revelações arqueológicas A crítica académica há muito nega a his­ toricidade de Jonas, preferindo interpretar o livro com o m itologia, alegoria ou m idraxe. R ecentes d esco b ertas acrescen ta ra m cre ­ dibilidade à historicidade do livro. As esca­ vações revelaram que a "grande" Níràve era um distrito de 48 a 96 quilómetros de exten­ são, concordando bem com o texto de Jonas. Os detalhes do relato também estão de acor­ do com a situação histórica de Nínive naque­ la época (v. comentário sobre 3.5-10).

1. Chamado e desobediência de Jonas 1-3. Chamado divino e tentativa de fuga. N ín iv e é a p ro p ria d a m e n te ch a m a d a de "g rand e cid ad e". N aquela época era a ca­ pital do im pério assírio no seu apogeu, e até sua queda em 612 a.C. foi a m aior cida­ de do seu tem po. Suas ru ín as escav ad as

sã o m a rc a d a s p rin c ip a lm e n te p o r d o is gran d es m ontes, Q u y u n jiq e N ebi Yunus (Profeta Jonas), circundados por m uros de q u ase tre z e q u iló m etro s de c irc u n fe rê n ­ cia, estendendo-se da m argem oriental do Tigre até o outro lado do rio, na m oderna Mossul. A iniquidade de N ínive é am plifi­ cada por Naum (Na 3). A planejada fuga de Jonas para Társis, 3, em aberta rebeldia contra o Senhor, 3-4, re p re se n ta o p o n to m a is d ista n te q ue o d e s o b e d ie n te p ro fe ta p o d e ria a lca n ça r. Era p ro v a v elm e n te T a rte ssu s, no su l da Espanha, perto de G ibraltar, um posto co­ m ercial freq u en ta d o por fro tas de T ársis ou de refin o que op erav am no refin o de cobre. Jo p e (m od ern a Ja ffa ) era o an tig o porto m arítim o da Palestina, 54 q u iló m e­ tros a noroeste de Jerusalém , então o ú n i­ co porto entre o mt. Carm elo e o Egito. 4-7. A tempestade no mar. O Senhor vio­ lentam en te "la n ço u sobre o m ar um forte vento", 4, para corrigir o profeta recalcitran­ te. Os marinheiros gentios (heb. "m arujos"), 5, eram experientes e repreenderam Jonas, que roncava no porão, insensível ao perigo, 6. A desobediência à palavra de Deus sem­ pre traz torpor espiritual e frequentem ente resulta em censura dos pagãos. 8-17. Testem unho e sina de Jonas. Iden­ tific a n d o -s e , e le c o n fe s s o u seu p e ca d o , m as m esm o isso já valeu com o te stem u ­ nho aos m a rin h eiro s p ag ão s. Eles p e rce ­ beram o abism o entre a fé e a conduta de Jo n a s . A b o n a n ç a e v id e n te m e n te fo i o m eio de conversão deles. Cinco "g ran d es" ocorrem no livro: a grande recusa, 3; o grande peixe, 17; a grande cidade, 2; o grande des­ g o sto , 4 .1 ; e o g ra n d e D eu s, 4 .2 b . Jo n a s, porém , não foi um "g ran d e p rofeta".

2. Oração e libertação de Jonas 1.9. âua oração de ação de graças. Nota­ v elm en te essa o ração n ão é u m a sú p lica desesperada, m as grato louvor por ter ele escapado à m orte física. O severo castigo, que o lev o u à b eira da m o rte fís ic a (cf. IC o 5.5; 11.31-32; l jo 5.16-17; Hb 12.4-11), re­ sultou em renovada vida espiritual. O lou­ v or de Jo n as lem bra Salm os. (Cf. 2.2 com

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SI 120.1; 2.3 com SI 42.7; 2.4 com SI 31.22; 2.7 com SI 143.4; 2.8 com SI 31.6; 2.9 com SI 3.8). 10. Sua libertação. Depois de aprender a lição, ele foi libertado para fazer a von­ tad e de D eu s. O rum o de d eso b ed iên cia q ue Jo n a s to m o u p ro v o u -s e o c a m in h o m ais d ifícil entre os dois p o n tos en v o lv i­ dos na vontade de Deus.

3. A renovação da comissão de Jonas 1-4. A obediência de Jonas. O v. 3 seria traduzido assim: "O ra, Nínive era uma cida­ de extrem am ente grande, de uma extensão que exigia três d ias de v ia g em ". Ou seja, eram necessários três dias para percorrer todo o com plexo de subúrbios que com pu­ nham a grande m etrópole (cf. com entários sobre 1.2 e Gn 10.11-12). A cidade há muito soterrada e esquecida tem surpreendido os arqueólogos na sua ressurreição do pó, ini­ ciada em 1843. Era um complexo de cidades como a moderna Nova York, incluindo Calá, ao sul, Resém, entre Calá e N ínive propria­ m en te d ita, e R eobo te-Ir (R ebit-N inu a), a oeste da capital. Entre os outros subúrbios,

Jope (atual Jaffa), antigo porto da Palestina, fica a 75 km a noroeste de Jerusalém. Naquela época, era o único porto que havia entre Monte Carmelo e o Egito.

relacionam -se Tarbisu e Dur-sharrukin. Es­ ses últim os lhe aum entam o tamanho, mas ainda não estavam de pé quando Jonas pre­ gou aos habitantes de Nínive. 5-10. Nínive se arrepende. No reinado de Adade-N írari III (810-782 a.C.), verificou-se tendência ao m onoteísm o no culto do deus Nabu (Nebo). Foi nos anos finais desse rei­ nado ou no início do de Assur-Dan III (772755 a.C.) que Jonas chegou a Nínive. Impos­ sível saber se o eclipse total de 763 a.C., tido como augúrio divino, ou as pragas de 765 a 759 a.C., registradas na história assíria, pre­ pararam os habitantes de N ínive para seu arrependim ento. Panos de saco, 5, pêlo cru de bode vestido sobre o corpo nu, eram tra­ je de luto. Nínive foi poupada, 10 (cf. Am 1-2).

4. A reação de Jonas ao avivamento 1-5. Jonas se zanga. O im perador pagão da A ssíria (3.7-9) dá m elhor exem plo do que o profeta egoísta e tacanho. 6-11. O profeta é repreendido. É preciso m o strar-lh e que D eu s am a todas as suas criaturas, não só os pecad ores de N ínive, m as até os anim ais.

Miquéias Justiça pessoal e social Miquéias, o poeta, e Isaías. A profecia de Miquéias é um exemplo belo e comovente da clássica poesia hebraica. Como seu contemporâneo Isaías, Miquéias era dotado de grande verve literária. Se Isaías era um poeta da corte, Miquéias era um homem rústico, procedente de uma vila obscura. Isaías era estadista; Miquéias, evangelizador e reformador social. Isaías era uma voz dirigida aos reis; Miquéias, arauto de Deus junto às pessoas comuns. Isaías abordava questões políticas; Miquéias tratou quase exclusivamente da religião pessoal e da moralidade social.

Esboço 1—3 Profecia genérica de juízo 4— 5 O futuro Reino messiânico 6— 7 Controvérsia do Senhor com seu povo e misericórdia final

Cena do movimentado mercado de Belém. O livro de Miquéias leva o leitor de volta à Belém, a Davi e ao Messias.

Grandes ênfases de Miquéias. (1) Volta a Belém (5.2), volta a Davi, volta ao Messias, filho e Senhor de Davi. (2) Volta à justiça ética (6.8), à prática da justiça, da bondade, da

compaixão, da misericórdia e da humildade. (3) Volta ao futuro Príncipe da Paz (4.3), o homem que será sua "paz" (5.5), a única esperança de paz permanente do mundo.

Miquéias [ 331 ]

I . Juízo de Samaria e Judá

2—3. Juízo das várias classes

In trod u ção. 1. O nom e M iquéias ap a­ r e n te m e n te é fo rm a a b re v ia d a de M ikayahu, “Q uem é com o o S en h or?" (cf. 7.18; Jr 26.18). Ele era natural de M oresete, um a pequena vila identificada a Tell ej-Judeideh, cerca de 26 quilóm etros a sudoes­ te de Jeru salém , perto de G ate, no norte da Filístia (cf. 14, onde é cham ada M oresete-G ate). M iq u éias foi con tem p orâneo de Isaías (v. Is 1.1) e profetizou n os d ias de Jotão (750-732 a.C.), Acaz (735-716 a.C.) e Ezequias (716-687 a.C.). 2-7. Ju ízo de Sam aria. A cidade de Sa­ m aria foi fu n d ad a por O nri (lR s 16-24), por volta de 857 a.C. Tão próspera se tor­ n ou essa n o v a cid ad e que log o e m p re s­ tou seu nom e a todo o reino do norte, do qual era a cap ital. E ssa esp lên d id a cid a ­ de, cujo fu lgor tem sido revelad o pela ar­ q u e o lo g ia , to rn o u -s e um m o n te d e e s ­ com b ro s, e suas p ed ras ro la ra m en co sta ab aixo do m onte de Sem er, sob re o qual fora erguid a. Isso aconteceu em 722 a.C., quando Sargão, da A ssíria, tom ou a cid a­ de. Nos seus anais de K horsabad, Sargão (722-705 a.C.) diz: "N o início do meu g o­ verno, no prim eiro ano do reinado [...] sam erin ai [o p ovo de Sam aria] [...] 27.290 [...] que viviam ali, d ep ortei...". 8-16. Lam entação por Sam aria e Judá. C om o sin al da im in en te in v a sã o a ssíria, M iquéias andou nu, prevend o o ju ízo da invasão inim iga até as próprias portas de Jeru salém , 89. Em 701 a.C., o exército de S en aqu eribe tom ou todas as cidad es m u­ radas da Palestina e sitiou a própria Jeru ­ salém . O profeta M iquéias previu vividam ente os terro res da futura invasão com u m a s é r ie de v ig o ro s o s jo g o s de p a la ­ v ra s, 1 0 -1 4 . M o ffa t tra d u z liv re m e n te : "D erram ai lágrim as por Lflgnmópolis [Bo­ quim ], rastejai no pó por Posópolis [BeteL e a fra ]", 10. S eg u e nua e stra d a afo ra , ó F orm osóp o lis" ( S a fir , " f o r m o s o " ) . M ov im en tóp olis [Z aanã], não ou ses se m over", I I . "A rreia teu corcel e parte, ó Eqiiinópo­ lis [L aq u is]...", 13. "O s reis de Israel sem ­ p re se vêem em b a ra ça d o s d ia n te de Em baraçápo\is [A czib e]."

2.1-11. Os ímpios líderes de Samaria e Je­ rusalém. Eles tramavam a iniquidade à noite e a realizavam de dia, 1-5. Videntes e profe­ tas pregavam m entiras, 6-11. Os pecados sociais e morais da nação clamavam juízo. 2.12-13. M isericórdia para o rem anescen­ te. O Senhor reuniria os seus. 3.1-12. Denúncia contra várias classes. M en cion am -se os op ressores dos pobres, 1-4. Sua terrível ganância é vigorosam en­ te retratada pelas figuras dos anim ais sel­ vagen s retalhand o suas vítim as, e de um a ço u g u e iro co rta n d o a carne para cozêla. O s p ro fe ta s e v id e n te s m e rce n á rio s, que m ascateav am seu ofício solen e para ag rad ar aos p ecad ores, seriam afastad os de D eu s, v erd a d eira fo nte da revelação, 5 -7. M iq u éias, ao in vés, estava ch eio do E sp írito e era fiel na transm issão da sua m en sa g em , 8. O s sa c e rd o te s m e rc e n á ri­ os foram tam bém repreendidos, e o ju ízo se co n cen tro u em Jeru sa lé m , 9-12, cu m ­ prido na queda da cidade em 586 a.C.

4. 0 estabelecimento do reino do Messias 1-5. O caráter do reino. Os caps. 4 —5 apresentam o glorioso futuro de Israel e a re sta u ra çã o do rein o d avíd ico . O s v. 1-3 são re p e tid o s p o r Isa ía s (2.2-4). Os dois p ro fe ta s re ce b e ra m essa m en sag em via inspiração divina, pois eram contem porâ­ neos. O m onte é Sião, 1, e a casa é o tem ­ plo do m ilénio (Ez 40-42). Prevê-se que Je­ ru s a lé m será e x a lta d a no re in o , com o cen tro relig ioso e p o lítico da terra, 2. Os p ovos são as nações, que "a flu irã o " para Je ru sa lé m com o um rio, 1. A p resen tam se o caráter do reino davídico restaurado, 3-4, sua justiça e paz, 3, e sua segurança, 4. O v. 5 deve ser lido assim: "Pois os povos andam [i.e. estão hoje andando] cada qual no nom e do seu deus, mas nós andaremos no nom e do Senhor nosso Deus [i.e., livres da idolatria] p erpetu am ente". O versículo proclam a que Israel será livre da idolatria no reino, mas não diz, nem sequer sugere, que as n ações n ão serão livres tam bém .

I 332 1 Miquéias

Ruínas em Samaria. Numa inscrição encontrada no palácio de Sargão (7 2 2 -7 0 5 a.C.), rei da Assíria e Babilónia, ele diz: "No primeiro ano do meu reinado (...) mandei para o exílio 2 7 .2 9 0 habitantes de Samaria". 6-13. E stab elecim ento do reino. Israel será reunido no reino, 6-8 (Is 11.11-16), in­ terp o n d o -se o C a tiv eiro B a b iló n io , 9-10, para exem p lificar a reunião final. R elatase com o o rein o será estabelecid o d epois do ataq u e, no fin a l d os tem pos, d as n a ­ ções contra Jerusalém , 11-13, desem bocan­ do na b atalh a de A rm aged om . Esboça-se a vitória de Jerusalém , 11-13, que é retra­ tada debulhando os feixes (as nações h os­ tis) reunidos contra ela. O "Senhor de toda a terra" é um ep íteto de Cristo na era do reino, quando ele voltará com o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16) para to­ mar posse da terra, que é sua por direito de criação e re d en çã o (cf. G n 14.19, 22; Js 3.11, 13; Zc 4.14; 6.5; Ap 11.4).

n o fin a l d os tem p o s está em p ersp ectiv a em l a (cf. J1 1), vinculado ao contexto pre­ cedente. O ju iz espancad o é abordado em re tro sp ectiv a em 1 b (cf. M t 26.67; 27.30), a p re sen ta n d o no M e ssia s re je ita d o a ra ­ zão da long a h istória de afliçõ es de Isra ­ el, cu lm inand o no evento profetizad o em la . B ater no rosto era sím b olo de insu lto (lR s 22.24; Jó 16.10). 2. Prim eira vinda e rejeição do M essias. O v. 2 diz quem é o "ju iz espancado" de 1. Ele é o M essias n ascid o em Belém , p ree­ x iste n te e e tern o (cf. Is 9 .6 -7 ). A fa m ília d avíd ica é sig n ificativ am en te dada com o efratita (R t 1.2; IS m 17.12), ou seja, h a b i­ tan te d a E fra ta , su b ú rb io de B elém , que m ais tarde incorporou-se à cidade. N ão só a d u p la d esig n a çã o vin cu la o M e ssia s à linhagem davídica, m as tanto Belém ("casa 5. Primeira e segunda vindas de p ã o ") com o E fra ta ("p ro d u tiv id a d e ") do Messias lem bram a fertilid ade da região. 1. Perspectiva e retrospectiva. O futuro 3. Intervalo entre os adventos. O v. 2 é cerco de Jeru salém pelo invasor do norte parentético, estando o "portanto" de 3 liga-

do à re je içã o do so b era n o de Isra e l, 1 b. "P ortanto, o S e n h o r os entregará [Israel]" se refere às aflições de Israel por conta de ter rejeitado o Messias. "A que está em do­ re s" não faz referência ao n ascim en to do M essias de Israel, m as à d ificu ld ad e que terá a nação no fim dos tem pos para dar à luz um resto fiel, aqui chamado "o restante de seus irm ãos", com o em M t 25.31-46. 4-6. A segunda vinda. O Rejeitado ago­ ra to rn ou -se P astor de Israel, m antend ose firm e e ap ascentand o na "fo rça do Se­ n h o r " , 4, p o is Ele é o S en h o r. P o rta n to "e le s " (os rem an escen tes salv os) h a b ita ­ rão segu ros en qu an to ele am plia seu rei­ no sobre a terra rem ida. "E ste será a nos­ sa paz", 5 (cf. Is 9.6-7; Zc 9.10), ele, que fez a paz pelo sangue derram ado na cruz, e é nossa paz (E f 2.14-15) tan to q u an to a de Israel (Is 9.7). A re fe rê n cia aq u i é à paz que ele com prou e agora dá ao seu povo re sta u ra d o , Isra e l, a paz a lca n ça d a pela v itó ria sobre o in vasor do norte no final dos tem pos, 6, a A ssíria dos últim os dias da "terra de N inrode" (Assíria, Gn 10.9-11). 7-15. O restante abençoado e o reino. A função dupla do restante é assim explicada:

Miquéias [ 333 1 (1) testem unho e bênção espiritual, 7, e (2) vingador dos males e destruidor dos inimi­ gos, 8-9. As armas de guerra serão elimina­ das, 10-11; e todos os cultos dem oníacos e idólatras, como os postes-ídolos (objetos de culto pagão que representam Aserá, deusa da fertilidade), serão destruídos, 12-15.

6—7. Controvérsia final e misericórdia 6 .1 —7.6. Ingratidão e pecado do povo. A controvérsia do Senhor foi com seu povo, 6 .1 -8 , p o is e le s h av iam e sq u e c id o su as m ise ricó rd ia s do passad o e a p rática da piedade para com todos. O Senhor p reci­ sava julgá-los, 6.9-16. M iquéias denuncia o pecado de Israel, 7.1-6. 7.7-20. Confissão, pedido e ação de gra­ ças. Isso lembra a voz do restante no final dos tem pos por interm édio do profeta que se id e n tifico u com Israel (cf. Dn 9.3-19). A qu eles de Israel que, com o ele, guarda­ vam a fé, tinham confiança inextinguível na fid elid ad e do Senhor para restaurar a n ação no final, cu m p rind o todas as suas p ro m e ss a s .

IMaum A santidade de Deus vingada no juízo O tema de Naum. 0 profeta tem um tema único: o juízo contra Nínive, a capital do poderoso império Assírio (v. comentários sobre Jn 3.14), e, portanto, contra a Assíria, o "gigante dentre os semitas". Sua tirânica crueldade açoitou o mundo antigo intermitentemente de 850 a.C. até sua queda em 612

a.C. Naum exerceu seu ministério entre a conquista de Nô-Amom (Tebas), no Egito (3.8), em 661 a.C. e a queda de Nínive, em 612 a.C. O livro é um clássico da poesia hebraica, absolutamente refinado e vívido nas suas descrições. As tentativas dos críticos de negar parte do poema a Naum não foram muito bem-sucedidas.

Esboço 1 Salmo da majestade de Deus

2— 3 Profecia da queda de Nínive

Carro de guerra usado pelos assírios.

Naum [ 335 ]

1. A majestosa santidade de Deus 1. C abeçalho. Naum ("co n so la d o r" ou "co n fo rtad o r") era natural de Elcos (lugar d esconhecid o). Sua profecia de ju ízo con­ tra a ím pia N ínive e a alusão à m isericór­ dia de D eus para com os seus fazem dele um "co n s o la d o r" para aqueles que p rati­ cam o bem . "Sen ten ça" é aqui um a profe­ cia plena de pesado juízo. 2-11. O caráter de D eus no ju ízo. Por um lado D eus é cium ento, estando a fon­ te da sua p aixão n o am or p elo seu povo, 2. Por outro lado, contudo, ele é tam bém in fin ita m en te san to e p re cisa m a n ife sta r sua v in g an ça co n tra aq u eles que m a ltra ­ tam seu povo. Precisa punir os ím pios, 3. R e v e la -se a m a n ife sta çã o do seu ca rá ter n o ju íz o , 4 -6 . O S e n h o r é ta m b é m bom p a ra a q u e le s q u e n e le co n fia m , 7, m a s duro no trato com os inim igos, 8. Q ue n e­ nhum dos seus im agine levianam ente que e le d e ix a rá de c a s tig a r c o m p le ta m e n te seu s in im ig o s, 9. A sseg u ra -se o ju íz o da A ssíria, 10, donde veio um conselheiro vil (cf. 2R s 18.13-37), 11. 12-15. A nuncia-se a queda da A ssíria. O S e n h o r (p elo p ro fe ta) an u n cio u a fu tu ra derrocada da Assíria, 12, 14, e a libertação de Israel, 12b, 13. A ju bilosa p roclam ação por parte de Israel da boa nova da queda de N ín iv e é um a p re fig u ra çã o da queda dos inim igos de Israel nos últim os dias, e do aleg re an ú n cio da lib erta çã o final de

Cena posterior à batalha retratada no relevo assírio. Em 612 a.C., a cidade de Níneve é tomada pelos inimigos, acabando assim com a hegemonia dos assírios.

Israel para a bênção e o culto no reino, 15 (cf. Is 52.7; Rm 10.15).

2. Cerco e destruição de IMínive 1-12. A tom ada de N ínive é profetizada e descrita. Em versos soberbos, Naum re­ trata vivid am ente o cerco da cidade. A s­ sur, a antiga capital do im p ério, caiu em 6 1 4 a.C . d ia n te dos a ta q u e s co n ju g a d o s dos m edos do norte e dos caldeus do sul de Babilónia. Em 612 a.C. ruiu N ínive, en­ cerrando o dom ínio assírio. Alguns estudi­ osos acreditam que o v. 7 se refere à deu­ sa p ad roeira de N ínive, Istar. 13. A razão da destruição de Nínive. O Sen h or era contra ela.

3. Nínive, exemplo do juízo de Deus 1-17. Seus pecados precipitaram a queda. N arram -se sua violência, 1-3, suas fraudes e trapaças contra as outras nações, 4-7. O exem p lo de N ô-A m om (Tebas), a grande cidade egípcia, foi um alerta quando caiu em 661 a.C., 8-10. As fortificações e os ar­ m am entos de N ínive seriam inúteis, 11-13, seus esforços por evitar a catástrofe d ari­ am em nada, 14-17. Estava condenada. 18-19. Lamento pelo rei da Assíria. O dis­ cu rso é d ir ig id o a e le d ra m a tica m e n te . D eclara-se sua d estru ição, 18, e expõe-se a alegria que isso trará, 19. (V. com entário sobre Jn 3.1-3).

Habacuque 0 justo viverá pela sua fé O profeta e sua mensagem. Praticamente nada se sabe sobre o profeta Habacuque. Podese inferir, contudo, que ele viveu no período da ascensão do império neobabilônio (c.625 a.C.), pois já surgia no horizonte a invasão caldéia de Judá (1.5-6), e era crescente a iniquidade dos judeus. O tema de Habacuque se concentra na questão teológica de como a paciência de Deus diante do mal pode coexistir com sua santidade. A resposta que o profeta recebeu vale para todas as épocas. Um Deus soberano tem a incontestável prerrogativa

de cuidar dos iníquos a seu modo, e na hora que ele julgar acertada. "Mas o justo viverá pela sua fé" (2.4). Beleza literária. Habacuque, como Naum e Isaías, se expressa em versos sublimes, ilustrando a era clássica da profecia hebraica. A magnífica ode lírica do cap. 3 contém uma das descrições mais soberbas da teofania relativa à vinda do Senhor jamais revelada pelo Espírito Santo, que aguarda cumprimento no Dia do Senhor (cf. 2Ts 1.7-10).

Esboço 1 Anuncia-se o juízo de Judá pelos caldeus 2 Prediz-se o juízo definitivo dos caldeus 3 A visão do profeta do rei vindouro

Habacuque diz que se colocará sobre a torre de vigia e esperará, para ver como Deus responderá às suas perplexidades.

Habacuque [ 337 1

1. 0 juízo de Judá pelos caldeus 1-4. Problem a: por que o Senhor não jul­ gara o pecado de Judá? Habacuque ("abra­ ç o ") encontra o Senhor e lev anta a q u es­ tão do ju s to g o v ern o d iv in o do m undo. Com o pode um Deus santo tolerar, o peca­ do do seu próprio povo, Judá, 1-4? 5-11. A solução divina. Os caldeus julgari­ am Judá. Segundo At 13.37-41, o v. 5 antecipa a obra redentora de Cristo. Os caldeus, ou neobabilônios, governaram o antigo Oriente Próximo de 612 a 539 a.C., ministrando tiranicamente a justiça ao seu próprio modo, e ado­ rando o seu próprio poder (cf. 11, "cujo poder é o seu deus"). Os caldeus eram agressivos nómades semítico-arameus que gradualmen­ te se assentaram no sul de Babilónia (Caldéia, do acadiano Kaldu). Nabopolassar (625605 a.C.) foi o fundador do império caldeu, herd ado pelo seu filho N abucodon osor II (605-562 a.C.). O v. 10 retrata com precisão a prática militar dos caldeus de amontoar ter­ ra para tom ar fortalezas. 12-17. Problem a: por que os ím pios cal­ deus foram usados para castigar Judá? Como poderia o Senhor em pregar um povo m ais ím pio do que o seu próprio povo pecador com o vara de açoite? A questão do cará­ ter santo de D eus é discutida à luz do seu silên cio sob re esse assunto, 12-13. R e tra ­ ta-se a cruel selvageria dos caldeus. Com o um pescad or com caniço e rede, os b a b i­ lón ios sentaram ao lado de um lago que D eus havia provido de abundante estoque de peixes hum anos, 14-15. Pescando peixe ap ó s p eix e, e co m en d o à sa c ie d a d e , ele la n ço u o e x ce s s o n o b a rra n c o para que m o rresse, 17. Por q u anto tem po esse u l­ tra ja n te d e s p e rd íc io de v id a s h u m a n a s co n tin u aria, p erm an ecen d o im p u n e essa brutalidade diante da justiça divina, 17?

2. A solução do Senhor — o juízo dos caldeus 1-5. Um remanescente fiel será preservado. O profeta toma posição para observar e se acomoda sobre a "fortaleza", esperando para ver como Deus responderá às suas perplexidades, 1. A resposta do Senhor "Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a pos­

sa ler até quem passa correndo", i.e., como m ensageiro da visão (cf. Zc 2.4-5). Aqueles que não têm a alma reta, 4, cairão, "m as o justo viverá pela sua fé" (o remanescente fiel). 6-19. Os próprios caldeus serão castigados. Os cinco ais dessa acusação caem sobre a nação que saqueia as "nações", 6-8; que lu­ cra com a violência, 9-11; que "edifica a cida­ de com san g u e", 12-14; que desonra seus vizinhos, 15-17; e confia em ídolos, 18-19. Dig­ no de nota é o fato de que em meio a esses ais, o profeta vislumbra a futura Era do Rei­ no, 14, quando todos esses males serão er­ radicados (cf. Is 11.9, que situa o cumprimen­ to dessa profecia na época em que o justo Renovo de Davi [Cristo] estabelecer o rei­ no). A transfiguração em Lc 9.26-29 foi uma prévia desse feliz acontecimento. A "glória do S e n h o r " , 14, será o Cristo revelado no seu régio esplendor (Mt 24.30; 25.31). 20. Reina o soberano Senhor. Esse trecho faz parte da resposta do Senhor ao profeta. O Senhor não abandonou seu templo santo (cf. Sf 1.7; Zc 2.13), nem sua habitação deixou de ser santa. A presença de Deus exige que todo o globo se cale diante dele, pois seu poder e justiça soberanos agem em toda a terra.

3. Visão da uinda e do reino do Senhor 1-2. A oração do profeta. O profeta m os­ tra -se g ra to p ela re v e la ç ã o da obra de D eus e exibe tem or diante dela. Na expec­ tativa da consum ação definitiva do Dia do Senhor, ele suplica m isericórdia em meio à ira. "S h ig ion oth ", 1, é desconhecido. 3-15. A vinda do Senhor como juiz e guer­ reiro (cf. Dt 33.2; Sl 18.8-19; 68.8; 77.17-20; Is 63.1-6; Ap 6.1 — 19.16). Parã ficava a sudeste de Edom, e o mt. Parã é um pico proeminen­ te em meio às elevações do deserto do Si­ nai, 3. Temã fica no centro-sul de Edom, per­ to de Sela (Petra), 3. Cusã, 7, fica em Midiã, ao sul de Edom e a leste do Golfo de Acaba. "Selá" é uma pausa para interlúdio musical. 16-19. O efeito da teofania sobre o profe­ ta. Sua reação e tranquila confiança refle­ tem a atitude dos futuros restantes piedo­ sos d uran te a G rand e Tribulação, 16. Ele professa profunda fé em Deus, apesar dos sofrim entos exteriores a suportar, 17-19.

Sofonias Um alerta do juízo Data. Sofonias, contemporâneo de Jeremias, exerceu seu ministério durante o reinado de Josias (641-609 a.C.). Sem dúvida, foi fundamental para a renovação de Josias (2Rs 22-23; 2Cr 34-35), mas o movimento espiritual revelou-se superficial diante do iminente cativeiro (cf. Jr 2.11-13). Sofonias tinha acesso à corte real e exercia certa influência sobre as políticas do rei Josias.

Esboço 1.1-18 Vindoura condenação de Judá 2.1— 3.8 Juízo contras as nações vizinhas 3.9-20 Israel na bênção do reino

A Porta de Jaffa, em Jerusalém. Sofonias anuncia o juízo de Deus sobre Jerusalém, por sua desobediência e rebeldia.

Sofonias I 339 1

1. A condenação de Judá e o Dia do Senhor 1-3. Juízo de toda a terra. Sofonias ("o Senhor esconde ou protege") foi talvez b is­ n eto de Ezequias. Esses versícu lo s sin a li­ zam o ju ízo m undial do Dia do Senhor (cf. 1.17; 2.11, 14, 15). 4-13. Juízo de Judá e Jerusalém . O Se­ nhor destruirá o iníquo sincretism o religi­ oso de Judá. M ilcom , 5, era a principal di­ vindade am onita. Os assírios adoravam o "e x ército do céu ". 14-18. O Dia do Senhor. A im inente in­ vasão dos caldeus sob o com ando de N a­ bucod on osor é tratada com o prefiguração do apocalíptico Dia do Senhor, no qual cul­ minam os juízos de toda a terra (cf. Is 2.1022; Jl 1 - 2 ; Ap 19.11-21).

2.1—3.8. 0 juízo das nações 2.1-3. O chamado ao arrependimento. A "nação [sem] p u d or", i.e., o Israel apóstata, 1, é chamado ao arrependimento (cf. Jr 3.13). Essa seção é um chamado aos judeus rema­ nescentes do final dos tempos, precedendo o julgam ento das nações. "E scond er-vos" é jogo de palavras com o nome Sofonias (v. 1.1) e constitui prom essa ao rem anescente fiel. 4-7. Juízo dos filisteus. N om eiam -se as principais cidad es da Filístia, sud oeste da Palestina (cf. Jl 3.4-8). Os quereítas, 5, eram e v id e n te m e n te c re te n se s que v iv ia m na Filístia (ISm 30.14; 2Sm 8.18; Ez 25.16). "C a ­

naã" (significando o com ércio da tinta verm e lh o -p ú rp u ra e x tra íd a das conchas do m olusco "p ú rp u ra " do litoral palestino) é o nom e antigo da Palestina. O term o pos­ terior Palestina é um a corruptela grega do nom e da terra dos filisteus (gr. Palaistine). 8-10. Ju ízo de M oabe e A m om . Serão destruídos porque zom bavam do povo do S en h or e g ab avam -se d iante de D eu s (Is 15-16; 25.10-12; Jr 48.1 - 4 9 . 6 ; Ez 25.8-11; Am 1 .1 3 - 2 .3 ) . 11-15. Juízo das outras nações. Os cuxi­ tas (etío p es) serão m ortos, e os o rg u lh o ­ so s a s s ír io s , e sp e z in h a d o s . P re d iz -s e a queda de N ínive (cf. Na 3; ver com entário sobre Nínive em Jn 3.1-3). 3.1-8. Juízo de Jerusalém . Fazem -se qua­ tro a cu saçõ es contra a cidade: d eso b ed i­ ência, resistência à correção, incred u lid a­ de e im piedade. O Senhor indica o castigo anunciado, 6-8.

3.9-20. Israel na bênção do reino 9-13. Salvação e libertação no reino. A dádiva de um a fala pura remove a m aldi­ ção de Babel (Gn 11.1-9) e prenuncia o gran­ de d erram am ento do Espírito (Jl 2.28-32), do qual P en teco stes (A t 2.1-11) foram as p rim ícias. O resto rem id o é vivid am ente descrito, 12-13 (cf. Ez 34.13-16; Zc 8.3, 16). 14-20. Louvor no reino. A fama de Isra­ el e o lo u v o r que a n ação elev a a D eus cu m p rem a p ro m e ssa da a lia n ça a b ra â ­ m ica (Gn 12.1-3).

Ageu Chamado para a conclusão da construção do templo Pano de fundo histórico. 0 decreto de Ciro (538 a.C.) permitiu que os judeus voltassem para casa e reconstruíssem seu templo em Jerusalém (Ed 1.1-4). Os monumentos são provas inequívocas desse nobre espírito de Ciro. Os restantes lançaram as fundações (Ed 3.1-3, 8-10), mas de c.535

a 520 a.C. não conseguiram completar o edifício. Pelos ministérios conjuntos de Ageu e Zacarias (520 a.C.), o templo foi concluído (520515 a.C.). As circunstâncias da construção do templo suscitaram predições messiânicas dos dois profetas, especialmente Zacarias.

Esboço 1.1-15 Chamado à reconstrução do templo 2.1-19 Profecia do templo do milénio 2.20-23 Profecia da destruição do poder mundial dos gentios

Ageu I 341 ]

1. Chamado à reconstrução do templo 1-6. C ham ado a fazer face à pecam inosa negligência. A data era agosto-setem bro de 520 a.C., segundo ano de Dario I, o Grande (522-486 a.C .), m onarca que é cón h ecid o p ela fam osa In scrição de B eístu m . A geu sig n ifica "fe s tiv o ". Z oro bab el su ced era a S e sb a z a r co m o g o v e rn a d o r sob s u se ra nia persa (Ed 1.8-11). Jesu a ("o S enh or é sa lv a çã o ") era o sum o sacerd o te (Ed 2.2; 3.1-13). O s governantes e o povo em geral foram acaread os com seu fracasso, 1-6. 7-11. Declaração do juízo do Senhor. Pres­ sã o e c o n ó m ic a , se ca e d e s e m p re g o (cf. Zc 8.9-13) estavam diretam ente ligad os à negligência na construção do templo, 9. 12-15. A resp o sta do p ovo. Os g ov er­ n a n te s se a d ia n ta ra m , e d ep o is re s p o n ­ deu o povo alegrem ente, 12. Ageu lhes deu p a la v ra de e n co ra ja m e n to v in d a do S e ­ nhor, 13, e o povo retom ou a constru ção no vigésim o quarto dia do m esm o m ês em que Ageu iniciou seu m inistério, 15 (cf. 1).

2.1-19. Profecia do templo do milénio 1-9. A profecia do templo. Esse segundo oráculo profético foi anunciado em selem bro-outubro de 520 a.C. O desprezo hum a­ no pelo m odesto projeto do segundo tem ­ p lo g e ro u p e ssim ism o e d e sâ n im o , 1-3. A geu g arantiu -lh es a presença d ivina e o sucesso da em presa, 4-5 (cf. Ex 29.45-46; Is 43.1-7). O tem plo da restauração, em cons­ trução na época, serviu com o pano de fun­ do para a profecia do templo do reino, 7-9. O abalo de todas as nações alude à Tribula­ ção do fim dos tempos, 7 (cf. Hb 12.26; Dn 12.1; Ap 16.18-20). A tradução da expressão "c o is a s p recio sas de tod as as n a ç õ e s", 7, geralm ente segue a Septuaginta: "V irão as

coisas desejáveis (hãm údôt) de todas as na­ ç õ e s ", i.e., seu s p re cio so s tesouros trazi­ dos para em belezar o tem plo do milénio. M as o texto heb. m assorético dá "d esejo" (hem dat) no fem inino singular, com verbo no plural. Assim o texto pode ser traduzido com o "virá o Desejado de todas as nações", dando tom m essiânico à passagem . 10-19. Promessa de bênção no presente. Esse é o terceiro discurso de Ageu, datado de n o v e m b ro -d ez e m b ro de 520 a.C . Por meio de uma comparação com o ritual, 1014, o profeta demonstrou que o templo arru­ inado e esquecido era um insulto a Deus, e havia tornado impuros o culto e as ofertas. Em bora um a coisa santa não santifique as outras, aquilo que é impuro corrompe con­ tagiosamente tudo o que toca. Assim acon­ tecia com o povo. Purificar-se atrairia a gra­ ça do Senlior e seria solução para os graves problem as económ icos da nação, 15-19.

2.20-23. Destruição do poder mundial dos gentios. 20-22. O abalo das nações. Esse é o quar­ to e ú ltim o trech o de serm ão, d atado de novem bro-dezem bro de 520 a.C., e perm a­ n ece p ro fé tico , ain d a sem cu m prim ento. O abalo do céu e da terra, 21, e a destrui­ ção dos reinos das nações, aludem à futu­ ra Tribulação, com o o faz 2.7-9. Esse abalo d estru irá o tro n o dos reinos, para que o reino do M essias possa se estabelecer. Ele é a "p ed ra" (Dn 2.44-45) que golpeia e destrói a im agem . 23. O governante prometido. Zorobabel, filh o de D avi (Salatiel era da posteridade de Davi, M t 1.12; Lc 3.27), tipifica Cristo, o filho de Davi. Naquele dia, Cristo receberá o trono d avídico e será com o um anel de selar — um a m arca de honra, sím bolo da régia autorid ade que os soberanos con fe­ rem aos seus agentes ad m inistrativos.

Zacarias Israel, a nação de que Deus se lembra Natureza da profecia. Esse livro é único entre os profetas menores pela ênfase messiânica e pela revelação de eventos ligados ao primeiro e segundo adventos de Cristo. É tido como o escrito mais messiânico e verdadeiramente apocalíptico e escatológico de todo o AT.

Previsões messiânicas importantes. Entre elas estão o Servo do Senhor, o Renovo (3.8); o Homem, o Renovo (6.12); o ReiSacerdote (6.13); o Verdadeiro Pastor (11.4-11); o Verdadeiro Pastor vs. o falso pastor — o Anticristo (11.15-17; 13.7); a traição do Bom Pastor (11.12-13); sua crucificação (12.10); seus padecimentos (13.7); sua gloriosa segunda vinda (14.4).

Esboço Primeira parte 1.1-6 Introdução 1.7— 6.8 Oito visões noturnas 6.9-15 Coroação do sumo sacerdote 7.1— 8.23 Questão dos jejuns Segunda parte Oráculo 1: 9.1— 11.17 Primeira vinda e rejeição do Messias

Um pastor conduz seu rebanho pelo vale do Jordão. Zacarias profetizou que

Oráculo 2: 12.1— 14.21 Segunda vinda e aceitação

Zacarias [ 343 1

1.1-17. Visão do homem entre as murteiras

1.18-21. Visão dos quatro chifres e quatro ferreiros

1. P refácio . O tem po era ou tu bro-n o1.18-21. Israel triunfa sobre seus adver­ vem bro de 520 a.C., segundo ano de Dario sários. O profeta prim eiro vê quatro chi­ I, o Grande (522-486 a.C.). Zacarias signifi­ fres, 18-19. E sses rep resen tam as nações ca "aq u ele de quem se lem bra o S en h o r" h o stis, i.e., as q u a tro g ran d es p o tên cias e, apropriadam ente, o livro é um testem u­ m u n d ia is d o s te m p o s d o s g e n tio s (cf. nh o d esse fato ao p ro feta e seu povo (o Dn 2.37-45; 7.2-8, 17-28), a saber, B abiló­ povo de D eus). Ele era filho do sacerdote nia, M edo-Pérsia, Grécia e Roma (esta re­ Ido (Ed 5.1; 6.14; Ne 12.16). viverá no final dos tem pos, Dn 2.42-44; 7.72 -6 .0 chamado ao arrependimento. Essa 8, 20; Ap 13.1). é a nota e sp iritu a l fu n d a m e n ta l, to cad a O S e n h o r e n tã o m o stra ao p ro fe ta para que o resto de m enos de 50 m il pu ­ q u a tro fe r r e ir o s , 2 0 -2 1 . E sse s a rte s ã o s desse se preparar espiritualm ente para as sim bolizam os rein os que o Senhor usou grand es visões dadas a eles pelo profeta. p a ra d e r ro ta r os p e rs e g u id o re s do seu Zacarias anuncia a ira divina, 2, e também povo Israel. Três deles (M edo-Pérsia, G ré­ a graça divina, 3, citando um alerta da his­ cia e R om a) eram chifres, que se transfor­ tória dos hebreus, 4-6. Os "p rim eiros pro­ maram em ferreiros. O quarto ferreiro é o fe ta s " haviam con tin u am en te en fa tiz a d o rein o esta b e le cid o pela volta do Rei dos o arrependim ento (Is 1.16-20; 30.15; 55.6-9; reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16), que Jr 3.12; J1 2.12-13; O s 7.10). Z acarias estava d estrói a co n fed era çã o de dez rein os do im buído do conhecim ento desses profetas final dos tem pos (Dn 2.44). Tanto B abiló­ e de su as m en sag en s. nia (Jr 25.9; 27.6; 43.10) quanto a Pérsia 7.17. O hom em entre as m u rteiras. Essa(Is 4 4 .2 8 —45.1), além da potência grecov isã o s ig n ific a e sp e ra n ç a p ara o Is ra e l m aced ô n ica (Z c 9.3 4 ), eram co n tro la d a s d isp e rso e e sp ez in h a d o . A d ata d essa e pelo A ltíssim o regen do no reino dos h o ­ d as o u tra s sete v isõ e s, to d a s re c e b id a s m ens. Ele as usou p rim eiro com o chifre na m esm a n o ite , é 24 de c h é b a te (fev.) para castigar seu povo, e mais tarde como de 519 a.C . O hom em do cav alo v erm e­ ferreiro para destruir o chifre, quando seu lho é o Senhor em form a teofân ica, 8 (cf. propósito divino já fora realizado. 13 ), s e n d o q u e a c o r v e rm e lh a lem b ra aquele que trou xe a red en ção na sua p ri­ 2. Visão do cordel m eira v in d a e que vo ltará para ju lg a r e fa z e r a g u e r r a n a su a s e g u n d a v in d a 1-3. O cordel de medir. Essa visão apre­ (A p 19.11). A patrulha de vig ias são ag en ­ sen ta Jeru salém na g lória do m ilén io. O tes a n g é lico s que co n stata m a co n d içã o cord el é p ro vav elm en te a m esm a Pessoa da terra, 11-12 (cf. Ag 2.2 1 -2 2 ). As m u r­ divina do hom em do cavalo verm elho da te ira s sim b o liz a m Isra e l com o p o v o da prim eira visão. Suas atividad es de m ed i­ a lia n ça e o b je to d as a lia n ç a s e p ro m e s­ d or sugerem o crescim en to e a prosp eri­ sas de restau ração de D eu s. O s ig n ific a ­ d ade de Jeru sa lém , não só naquela é p o ­ do da visão, 9-12, é que não está em foco ca, m as, de m od o d efin itiv o , na Era do a tr ib u la ç ã o m u n d ia l q u e p re c e d e r á a Reino, com o dem onstra 4-13. r e s ta u r a ç ã o de Is ra e l (cf. A g 2 .2 1 -2 2 ); 4-13. Prom essas decorrentes da visão. m as " p a la v r a s b o a s, p a la v ra s c o n s o la Jeru salém recebe a prom essa de próspe­ d o ra s ", 13, são an u n ciad as por in te rm é ­ ra expansão, 4; glória e proteção divinas, d io do p ro fe ta , a sse v e ra n d o ao p o v o o 5; restau ração , 6-7; e vingança contra os g ra n d e am o r que D eus tem por e le, 14; inim igos, 8-9, num a terra preparada para sua grand e indignação d iante das nações plenas bênçãos, 10-13, quando a Palestina p e rs e g u id o ra s , 15; e a fu tu ra r e s ta u r a ­ será cham ada "Terra San ta". O v. 13 é um ção d efin itiv a no reino, 16-17. grande resum o de Ap 6-19.

[ 344 1 Zacarias

0 período pós-exílico Ageu, Zacarias e Malaquias

Palestina

Império Persa

538 Edito de Ciro 536 Volta dos judeus

549 Ciro/o Grande, unifica a Pérsia e a Média

536-34 Ergue-se o altar Pobreza económica e espiritual

539 Ptífícipe herdeiro Belsfèar governa Babilónia

520 Ageu Zacarias 535-15 Templo é reconstruído 480 Ministério posterior de Zacarias (Zc 9-14) 458 Volta de Esdras

Grécia

546 Cortquista da Lídia

5^0-22 Cambises

/525 Conquista do Egito 522-486 Dario I 490 Derrotado pelos gregos em Maratona 486-65 Xerxes I (Assuero), marido de Ester

490 Dominação grega Derrota persas comandados por Dario I 485-25 Heródoto, o Pai da História

445 Neemias reconstrói muros

480 Derrotado pelos gregos em Termópilas e Salamina

480 Derrota persas comandados por Xerxes I

435 Malaquias

465-24 Artaxerxes I

470-399 Sócrates

424-23 Xerxes II 423-04 Dario II

460-29 Idade de Ouro de Péricles

404-358 Artaxerxes II

428-348 Platão

358-38 Artaxerxes III

384-22 Aristóteles

338-36 Arses

336-23 Ascensão de Alexandre

336-31 Dario llí

Data (a.C.)

336-23 Reino conquistado por Alexandre

Zacarias I 345 ]

3. Visão da purificação de Josué Essa visão revela a restau ração de Is­ rael com o n ação do sum o sacerdócio. 1-3. Israel corrupto e condenado é re­ tratado sob a representativa figura de Jo ­ sué, o sum o sacerdote. C om o tal* a nação é acu sad a com o um crim in oso, 1-2, pois tentou m inistrar diante do anjo do Senhor (o p ró p rio Se n h o r), e p o rq u e su a co n d i­ ção p ecad o ra ab riu esp aço p ara o D iabo (cf. E f 4 .2 7 ) que lhe re sistia . A s "v e s te s s u ja s " (c o b e rta s de e x c re m e n to ) r e p r e ­ se n ta m su a h ip o c r is ia , r e c u s a n d o -s e a subm eter-se à ju stiça de D eus (cf. Rm 10.14 ). S a ta n á s , p o rém , é re p re e n d id o p e lo a n jo (o S e n h o r) com b a se n a s o b e r a n a graça d iv in a que esco lh eu Israel, 2, a p e­ sar do seu pecado, 3. 4-5. Israel é p erdoado e restau rad o . Retr a ta -s e a q u i a c o n v e rs ã o da n a ç ã o n a segu nd a vinda do M essias. P rim eiro vem o asp ecto n eg ativ o da salv ação, 4, o p er­ d ão do pecad o (cf. Rm 3.2 5 ; Ef 1.7). D e­ p o is a p o sitiva concessão da ju stiça d iv i­ n a e o re s ta b e le c im e n to à p le n a fu n çã o d e s u m o s a c e r d o te , 4 -5 (c f. Ex 1 9 .5 -7 ; Rm 1.16-17; 3.22, 26; Zc 1 2 .1 0 - 1 3 .1 ) . Êx 28 m o stra co m o o su m o s a c e rd o te se v e s ­ tia q u an d o m in istrav a. 6-7. R enova-se a aliança do sacerdócio com Josué. 8-10. Previsão do Israel restaurado sob a figura do M essias, o Renovo. Josué e seus colegas eram "h om en s de p ressá g io ", i.e., h o m en s que p esso alm en te p ressag iav am eventos futuros de Israel, 8. "M eu servo, o R enovo" retrata Cristo nos aspectos reden­ tores da sua prim eira vinda, 8 (cf. Is 53.1-10; Fp 2.6-8), a base da purificação e restaura­ ção de Israel na sua segunda vinda. A "p e­ d ra " o n iscien te, ped ra p reciosa lapid ad a, retrata o M essias na sua gloriosa segunda vinda, quando Israel será convertido, 12.10. A visão term ina na plena bênção do reino, 10 (cf. M q 4.4 com lR s 4.24-25).

4. Visão do candelabro de ouro E ssa visão re tra ta Isra e l com o luz do m undo no tempo do Rei-Sacerdote Messias.

O profeta recebe a visão de um candelabro todo de ouro que simboliza Cristo, nossa Luz.

1 -5 .0 simbolismo da visão. O profeta pre­ parado, 1, recebe a visão, 2-3. O candelabro todo de ouro (Êx 25.31-40) simboliza Cristo nossa Luz (Jo 8.12; M t 5.14). Ele se manifes­ ta na sua divindade (ouro puro), na plenitu­ de do p od er do E sp írito sétuplo (Hb 1.9; Ap 1.4), prefig u rad o pelas sete lâm padas (plenitude de testem unho). Israel era a úni­ ca nação escolhida por Deus para testem u­ nhar o Deus verdadeiro e único. O candela­ bro de sete braços no meio dele, portanto, sim boliza a realização da vocação divina de Israel, como testem unha e prova da sal­ v ação de D eu s em C risto para as nações pagãs d escrentes que a cercam . Assim Is­ rael é prefigurado em plena comunhão com Deus, com o era o plano divino, e com o de fato será na restauração do milénio. 6-10. O propósito da visão. A indaga­ ção d o p ro fe ta , 4 -5 , g e ra a re sp o sta do anjo a respeito do propósito, 6-10. O tem ­ plo seria concluído pelo poder divino, 6, e to d o o b stá cu lo se ria rem o v id o . Z o ro b a ­ bel é quem realizaria isso, 7, 9. A palavra de D eu s seria cu m p rid a, 9; os críticos se calariam , 10; os h u m ild es se aleg rariam ; e D eu s seria exaltad o, 10.

[ 346 1 Zacarias

11-14. O p rofeta é agraciado com uma exp licação com p leta. A s d uas p erg u n tas do p rofeta, 11-12, geram a resp osta d efi­ n itiv a do an jo, 13-14. As d u as o liv e ira s re tra ta m os postos civ il (rég io ) e sa c e r­ d otal. O s d ois ram o s de o liv e ira re p re ­ sentam os hom ens que en tã o ocu p avam esses postos: Z orobabel e Jo su é. O s d ois tubos de ouro sim bolizam esses dois p o s­ tos unificados em C risto com o R ei-Sacerdote. O ou ro (óleo) é a p erfeita ação do Espírito Santo por m eio do R ei-S a cerd o te, com o p o rta d o r da lu z p a ra a n a çã o restau rad a. O "S e n h o r de toda a te rra " (Js 3.11,13; Mq 4.13; Z c 6.5; Ap 11.3-4) é a d esignação do rein o do M essia s quand o ele voltar com o Rei dos reis e Sen h or dos sen h ores (A p 19 .1 6 ). Ele d e stru irá seu s inim igos e assum irá a posse e o controle a b so lu to s da te rra , h oje já d ele em p o ­ tência por d ireito de criação e red en ção (E f 1.13-14). À re g e n e ra ç ã o , ca p . 3, s e ­ gue-se o testem u n h o , cap. 4.

5. Visões do rolo voante e do barril medidor 1-4. O rolo voante. A sexta visão, 1-2, retrata um rolo ou pergam inho voante de nove m etros de com prim ento e 4,5 de lar­ gura, ilustrando o governo férreo do reino. O significado da visão, 3-4, é que o rolo sim­ boliza a maldição de D eus contra os peca­ dores. O rolo abrange as duas tábuas da lei e só pode am aldiçoar (Dt 2 7 —28; G1 3.1014). O vôo denota a extensão m undial da maldição, 3, e os súditos m encionados re­ presentam todos os pecadores, 3. A im po­ sição da maldição retrata o férreo governo do Messias na sua segunda vinda e subse­ quente reinado (SI 2.9; Ap 2.27; 12.5; 19.15). 5.11. O barril medidor. Essa sétim a vi­ são retrata a elim inação da iniquidade co­ m e rcial e e c le s iá s tic a d a te rra . O e fa (heb.), 6, é uma medida hebraica de capa­ cidade para secos (23,6 litros) e sim boliza o comércio, os negócios iníquos e o ganho excessivo. Exprim e a B abilónia com ercial (Ap 18). O efa (co m ércio ; cf. Tg 5 .1-3) é associado a um talento (o u tro sím ile co­ m ercial) de chum bo (m etal pesado), 7. A

m u lh er que ap arece tra n q u ila m en te sen ­ tada no barril, 7, é a personificação da in i­ q uidade (cf. M t 13.33; Ap 2.20; 17.3-7). A m u lher sim boliza a Babilónia eclesiástica (os aspectos religiosos do sistem a m und i­ al satânico), i.e., a relig ião estabelecid a e n u trid a p elo in íq u o co m ercia lism o (cf. a m eretriz de Ap 17, que a retrata num es­ tado m ais desenvolvido de iniquidade). A razão de a m ulher de repente desejar sair d o e fa é sua v o n ta d e de e sca p a r ao seu destino, 10-11, mas sua cum plicidade com o ím pio com ercialism o (o peso de chum ­ bo) a aprisiona e seu pecado se torna sua ru ína (cf. Pv 5.22). Sinar, 11, é B abilónia (Gn 10.10; 11.1-9; D n 1.2).

6.1-8. Visão dos quatro carros E ssa v isã o a p re sen ta o ju íz o das n a ­ ções, preparatório ao reinado do M essias. E x e c u ta m -s e a g o ra as d e s c o b e r ta s d o s vigias na prim eira visão. 1-3. A p resen tação da visão. O s "d o is m o n te s" (das O liv eiras e S ião) são m o n­ tes "d e b ro n z e " (i.e ., m o n te s dos q u ais parte o ju ízo d ivino), pois o bron ze é ca­ racterístico do ju ízo divino m anifesto. (Cf. o altar de bronze, Êx 27.2; Jo 12.31-33; Jo 3.14 com N m 21.9.) Os quairo carros são re tra ta d o s com seu s cav alo s, 2-3. O s ca ­ valos vertnelhos retratam a guerra e o der­ ram am en to de sangue (Ap 6.4); os ca v a ­ los pretos, a fom e e a escassez (Ap 6.5-6); os brancos, vitória e conquista (Ap 6.2); os baios (cav alos "m a lh a d o s" e "fo r te s ") re­ tratam a m orte (Ap 6.8). 4-8. Explicação da visão. A atenção se concentra nos carros puxados por cavalos, e não nos cavalos. A chave in terpretativa é d ad a em 5. E sses ca rro s re p re sen ta m os "q u atro esp íritos" (m inistros angélicos, e n ã o " v e n to s " ; cf. D n 7 .1 0 ; lR s 2 2 .1 9 ; SI 103.20-21; 104.4; Hb 1.7; Lc 1.19), que são os agentes celestes executores do juízo con­ tra as n ações. Os cavalos retratam os ju í­ zos; os carros, os executores angélicos des­ ses juízos (como em Ap 8.2, 7-8, 10, 12; 9.1, 13; 11.15; 15.1; 16.1-3) que vão desalojar os ím pios p osseiros da terra, para que tom e posse "o Senhor de toda a terra", 5 (v. co­

Zacarias [ 347 ]

m entários sobre Z c 4.14). A m ensagem se encerra com um a nota de esp erança para o próprio tem po do profeta, 8. A palavra "esp írito " (KJV) tem o significado especial de ira (NAS, cf. Jz 8.3; Is 33.11; Ec 10.4).

6.9-15. A coroação do sumo sacerdote Term inaram as oito visões. Agora vem um evento realm ente histórico — a coroa­ ção de Josué —, para o qual as oito visões são preparatórias. Esse acontecim ento sim ­ bólico foi o resumo e o dím ax dessas visões. 9-11. O evento histórico e o sim bolism o p ro fético . A ch eg ad a dos rep resen tan tes de B abilónia com doações para o tem plo constituiu um evento de im portância sim ­ b ó lic a e p ro fé tic a . Z a c a ria s, p re p a ra d o pelas visões, foi instruído a receber com o doação para o templo o ouro e a prata tra­ zidos pelos exilados — H eldai ("o m undo [do Senhor]"), Tobias ("o Senhor é b om "), Jed aías ("o Sen h or co n h ece") — que v o l­ taram à casa de Josias ("o Senhor apóia"). Em 14, Jo sias é apelid ado "H e m " ("b e n e ­

vo lência"), talvez por causa da sua hospi­ talid ad e. Z acarias foi encarreg ad o de fa­ zer um a "co ro a " (no singular, leitura pre­ ferida a "coroas", no plural). A importância sin g u la r de todo esse ep isó d io foi que a co ro a seria colocad a n a cabeça do sum o sacerdote, Josué, e não de Zorobabel, ape­ sa r da ríg id a sep a ra çã o en tre os postos sacerdotal e régio em Israel (cf. 2Cr 26.1621). A razão era que todas as oito visões n otu m as sugeriam que o reino seria resti­ tuído a Israel no reinado de um Rei-Sacerdote M essias (Hb 7.1-3; Sl 110.4). 12-13, 15. Im portân cia m essiânica do sim bolism o profético. O M essias, Renovo (v. co m en tá rio s sobre 3.8), su rgirá com o a n títip o de Jo su é , 12a (cf. Jo 19.5; cf. Is 53.2; Jr 33.15; Sl 2.6). Esse é o M essias na su a h u m a n id a d e . O M e s s ia s -R e n o v o construirá o tem plo do m ilénio, 12-13 (Ez 40-42; cf. Is 2.2-4; M q 4.1-2). Ele m esm o (e n e n h u m o u tro ) se r e v e s tir á da g ló ria (hod), term o u sad o q uase exclu siv a m e n ­ te para o esplendor divino (Sl 8.1; Is 45.3; Sl 148.13; H c 3.3; Ap 19.16). Ele será um R ei-Sacerdote, o Filho do H om em , o "ú lti­

O m onte das O liveiras visto das m uralhas de Jerusalém . Este m onte e o M onte Sião "eram de b ron ze" - m ontes dos qu ais p rovin ha o ju ízo de Deus.

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mo A d ã o ", o segu n d o H om em (IC o 1545-47), com reconquistad o d om ínio sobre a te rra, d o m ín io p e rd id o p elo p rim e iro Adão. O M essias com binará num a só Pes­ soa os d ois carg o s, em p e rfe ita h a rm o ­ nia, 13, unindo judeus e gentios, 15, ju stifi­ ca n d o a p a la v ra de D eu s e e x ig in d o a m ais p erfeita ob ed iên cia, 15. 14. Provisão para um m em orial perm a­ nente. A coroa, como sim bolism o profético, deve ser guardada com o um m em orial.

7. A questão dos jejuns 1-3. Levanta-se a questão. A data é quisleu (dez.) de 518 a.C.. (cf. 1.1). A cidade de Betei, d ezenove q u iló m etro s ao n orte de Jerusalém , enviou um a d elegação a Je ru ­ salém para "suplicarem o favor do S e n h o r " , 2, e pergun tar sobre a observação de d e­ term inados jejuns (cf. Lv 23.27; J1 1.13-14). A pergunta traía um a atitud e de ritu alismo em vez de realid ad e esp iritu al. O je ­ jum do quinto m ês lam en tava a d e stru i­ ção de Jeru salém (2Rs 25.8-9; Jr 25.13; cf. Zc 8-19); o do sétim o mês assinalava o as­ sassinato de Gedalias (Jr 41.1-2); o do quar­ to m ês (tam uz) lem brava o arro m b am en­ to dos m u ros de Je ru sa lé m (2R s 2 5 .3 ; Jr 39.2-4); o do décim o m ês (tébete) m arcava o início do cerco (2Rs 25.1). 4-7. Expõe-se o m otivo egoísta. O profe­ ta repreendeu o ritu alism o inú til, 4-6 (cf. Is 1.10-15), e dem andou obediência à pala­ vra do Senhor, 7, dita pelos "p rofetas que nos p re c e d e ra m ", Is a ía s e Je re m ia s em especial, mas tam bém Joel, A m ós, O séias e M iquéias. 8-14. Proclam a-se o cham ado ao arrepen­ dimento. A ordem divina era pôr em práti­ ca a palavra do Senhor, 8-10, e atentar no exem p lo da re cu sa da n açã o p ré -e x ílic a de o b e d e ce r a e ssa p a la v ra , 1 1 -1 2 , com trágicas con seq u ên cias, 13-14.

8, Quando os jejuns se tornam jubilosas festas 1-8. Restauração parcial do presente como precursora de uma restauração final e plena de Israel. Essa plena restauração é garanti­

da pela palavra de Deus e pelo divino amor que e sco lh eu Isra el, 1-2; d ec la ra -se v e e ­ m entem ente a verdade desse segundo fator. O s resu lta d o s d essa fu tu ra re sta u ra ­ ção serão: (1) a volta do Senhor, 3 (cf. 1.16; Os 5.15; 6.3; M t 23.39); (2) a permanente presença divina, 3 (cf. Ez 11.22-25; 43.2-5); (3) a exalta­ ção de Jerusalém, 3 (cf. Is 1.26; 60.14; 62.12); (4) o desenvolvim ento de Jerusalém em tamanho e segurança, 4-5; (5) a m anifestação do poder de D eus, 6. Em 7-8, repete-se a p rom essa da reunião e da restauração futuras, 1-6. 9-17. Encorajam ento em m eio às dificul­ dades da restauração parcial do presente. Além dos pontos de encorajam ento, 9, lis­ tam -se as razões do desânim o, 10, dão-se d etalh es que propiciam esp eran ça, 11-15, e esp ecifica-se o uso prático que se deve fazer dela, 16-17. 18-23. Previsão da plena restauração do m ilénio. O s jeju n s um dia d arão lugar às festas, 18-19. As nações do reino buscarão a v id a m e n te o S e n h o r, 2 0 -2 2 . O s ju d e u s d esfru ta rã o de esp ecia l fa v o r d iv ino , 23. A sserção tão en fática do resta b e lecim e n ­ to da nação da aliança do Senhor resum e e cu lm ina eficazm en te o in ten to das oito v isões n o tu rn a s (1.7 —6.8) e da coroação sim bólica do sum o sacerdote (6.9-15), dan­ do tam b ém re sp o sta sa tisfa tó ria à q u e s­ tão dos jejuns, dos caps. 7 —8.

9.1—10.1. Governante mundial humano i/s. príncipe da paz divino 9.1-8. A súbita ascensão de A lexandre M agno. O oráculo é aqui lançado com o ad­ m oestação ou am eaça. A terra de H adraque, 1, é a região de H atarika m encionada nos anais assírios. E um país aram e u con ­ tra o qual a A ssíria guerreou no século 8Q a.C. A cidade e região hoje bem atestadas ficavam no in te rio r da F en ícia , além das m o n tan h as do A n tilíb an o , na vizin h an ça de H am ate, à m arg em do O ron tes, e D a­ m asco, cerca de 160 q u iló m etro s ao sul. Tiro (a líder) e Sidom , 32 q u ilóm etros ao norte, no lito ral, m ais ou m enos na m es­ m a la titu d e de D am asco, eram as d esta­ cad as cidad es fenícias tom ad as no to rv e­

Zacarias [ 349 ]

Um pastor vigia seu rebanho, perto de Belém. 0 capitulo 11 de Zacarias fala de dois pastores. linho de conquistas de Alexandre (333 a.C.), 2-3. O cerco e a conq u ista de T iro foram v iv id am en te p rev isto s, 3-4, e d ra m a tica ­ m ente cum pridos na conquista de A lexan­ dre da cidade insular (situada num a ilha), depois de um cerco de oito m eses. A pro­ fecia contra as fortalezas filistéias, 5-7, do sud oeste da P alestina indica a cam panha vitoriosa do conquistador no Egito. Da Pentá p o le , só G ate é o m itid a. O d estin o de G a z a e s tá p le n a m e n te r e g is tr a d o n o s an ais de A lexan d re, d ep ois de um cerco de cinco m eses. Com o Tiro, ela ousou re­ sistir por cau sa da sua fo rça, m as sofreu violenta destruição. O versículo é uma pro­ fe c ia , m a ra v ilh o s a m e n te c u m p rid a , de que Je ru sa lé m escap aria à d estru içã o de Alexandre, 8a (cf. Josefo Antig. X I.8.3). Ao m esm o tem po aponta para a com pleta li­ b ertação fu tu ra p elo M essias, n a sua se­ gunda vinda, 8b. 9.9. A prim eira vinda do hum ilde rei e salvad or de Israel. A o alegre anú ncio da sua vinda, 9a, segue-se um b elo relato do seu caráter e cond ição, 9b. Ele será ju sto, revelando-se com o salvador; e "h u m ild e", característica revelad a pelo fato de m o n ­

tar um anim al h u m ild e, que rei nenhum d aqu ela época ja m a is m ontaria. 9 .1 0 —10.1. A segunda vinda do glorioso rei de Israel. Ele estabelece a paz, 9.10. O sofred or Israel é encorajado diante da fu­ tura esperança da nação, 11-12. O conflito m acab eu con tra o p ag an ism o im pied oso (175-130 a.C.) foi um a ilustração do confli­ to final de Israel, 13-15; prevêem -se a li­ bertação e a bênção da nação no final dos tem pos, 9 .1 6 —10.1.

10.2-12. 0 divino libertador e príncipe da paz 2-4. Segunda vinda e cura do engano da nação. Registram -se os tipos de engano de Israel, 2, 5. O trágico resultado desse enga­ no é o fato de o povo ter se desencaminha­ do com o ovelhas, ficando gravemente afli­ to, 2. Os opressores da nação serão, porém, castigados, e garante-se a restauração e a vitória finais de Israel sobre seus inimigos, 3. A cura do engano da nação, 4, está na vinda do M essias com o (1) Pedra Angular (Is 28.15-16); (2) Estaca da Tenda (Is 22.1525); e (3) Arco de Guerra (cf. Sl 45.5; Ap 19.11).

[ 350 1 Zacarias

5-12. A segunda vinda e o triunfo da na­ ção sobre seus adversários. O Senhor pro­ mete sua presença ao lado do seu povo, o re sto , 5, e g aran te seu fo rta le c im e n to e repatriação, 6-7. Ele reunirá Israel na sua própria terra, 10, pondo fim à sua presen­ te dispersão m undial, 8-9; rem overá todo obstáculo, 11, e realizará a com pleta reno­ vação de Israel, 12.

11. A rejeição do bom pastor por parte de Israel 1-3. Iminente devastação da terra. Essa destruição, devida à profetizada rejeição do Messias na sua prim eira vinda, com eça na região do Líbano, ao norte, 1-2, e se alastra para Basã, na Transjordânia, fam osa pelos seus e sp lê n d id o s b o sq u e s de c a rv a lh o (Is 2.13). A devastação prossegue do planal­ to de Basã à planície, penetrando no baixo vale do Jordão, 3, cujo orgulho é uma exube­ rante v egetação de tam argas, salg u eiro s, pastos e juncos; abrigo pred ileto de leões na antiguidade (2Rs 17.25; Jr 49.19; 50.44). 4-14. Profecia da rejeição do bom pastor. Isso se faz pela incum bência do profeta de operar um verdadeiro ato profético sim bó­ lico d iante d os seu s co n tem p o râ n e o s, 4. Retrataria a ruína das "ovelh as destinadas para a m atança" — o im piedoso tratam en­ to que lhe dedicaram representa o futuro tratamento que o próprio M essias recebe­ ria, 4-6. As duas varas — "G raça" e "U nião" — sim bolizam os derrad eiros esforços do Senhor para reconquistar o Israel ap ó sta­ ta que rejeitou a Cristo, 7-8. A quebra des­ sas varas sim b o liza a cessa çã o do tra ta ­ mento benevolente e paciente que o Senhor dedicava à nação, e a perda da fraternida­ de e da unidade internas após a traição e rejeição do Senhor, 9-10. Essa predição re­ velou m aravilhosam ente o dep lorável es­ tado de dissensão e ódio internos que ca­ racterizaram os judeus da crucificação até a queda de Jerusalém , em 70 d.C. "T rinta moedas de prata", 12, era o preço de um escravo com um (cf. Êx 21.32; M t 27.3-10). Cum prindo essa profecia e outra correla­ ta, de Jerem ias (Jr 18.1-4; 19.1-3), o chefe dos sacerdotes com prou o cam po do O lei­

ro com o dinheiro que Judas receberia pela traição de Cristo. 15-17. Previsão da aceitação do mau pas­ tor. A in cu m b ên cia que Z acarias recebeu de realizar um segundo ato sim bólico, 15, p ren u ncia a aceitação p o r parte de Israel do A nticristo, cujo caráter é descrito, 16, e cujo destino é indicado, 17. A rejeição do bom pastor está ligada à prim eira vinda, assim com o a aceitação do mau pastor com a segunda vinda (Jo 5.43; Ap 19.20; 20.10).

12. Libertação e conversão nacional de Israel 1-9. Futuro cerco de Jerusalém . Autentica -se o seg u n d o o rá cu lo p ro fé tico (caps. 12 — 14), 1. A s n a çõ es atacam Jeru sa lé m , 2 -3 , e são co n fu n d id a s, 4. Isso a co n tece "naqu ele d ia", i.e., o D ia do Senhor, deno­ tando aquele futuro período em que o Se­ nhor m an ifestará, aberta e p u blicam en te, o seu p o d e r na lib e rta çã o de Isra e l dos seu s in im ig o s, e sta b e le ce n d o -o na paz e na p ro sp erid ad e. A fé que Ju d á d ep osita no Senhor, 5, e sua resposta a essa fé, 6-7, resulta em triunfo, 8, e na condenação dos seus inim igos, 9. 10-14. A visão do M essias crucificado e suas consequências. O surgim ento do Transpassad o (cf. A p 19.13) gerará um grande derram am ento do Espírito, 10 (cf. Jl 2.2832; Ez 39.29), e um a m aciça conversão na­ cional, 11-14, que varrerá com pletam en te a idolatria e o pecado, 13.1-5. A citação de Pedro em A t 2.16-21 foi um a ilustração da efusão do Espírito que aqui é cum prida.

13. Purificação nacional de Israel 1-6. P rofecia da purificação nacional de Israel. A profecia foi cum prida na fonte de p u rificação , 1, ab erta no C alvário para o pecado e a im pureza (cf. Rm 10.3). A pro­ fecia da p u rifica çã o n a cio n a l de Isra el é ilu stra d a na ex te rm in a çã o d a id o la tria e da c o n c o m ita n te fa lsa p ro fe c ia , 2 -5 (cf. D t 18.20-22; Jr 14.14-15). Em 6, rev ela-se aq u ele que p u rifica da id o latria (C risto), retom and o o tran sp assad o de 12.10 após o p arên tese de 12.11 — 13.5.

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' C ', , r :

Zacarias ( 351 ] 0 monte das Oliveiras, visto de Jerusalém. A tradição cristã afirma que, quando Cristo voltar, seus pés tocarão primeiramente o monte das Oliveiras, no ponto exato onde ele ascendeu aos céus.

[ 352 1 Zacarias 7. Provisão para a conversão nacional de Israel. Esse é o M essias, que foi apresenta­ do com dramática subitaneidade, em 6. Ele é agora descrito pelo Senhor (o Pai) na sua morte, 7a, e divindade, 7b, "o homem que é o meu com p anheiro", i.e., "o hom em que é Meu igual, ser hum ano intim am ente ligado ou unido a M im ". Surge aqui a pessoa humana-divina do Senhor no AT — a divinda­ de unida à humanidade numa pessoa única. 7-9. Prelúdio à conversão nacional de Is­ rael. As ov elh as serão d isp ersas, e os fi­ éis, alertados da persegu ição e da m orte, 7, com a p ro fe tizad a G ran d e T rib u lação resultando na libertação de um resto, 8-9. 9. A apropriação das provisões para a pu­ rificação. O remanescente invoca o Senhor, é libertado e dá testem unho da salvação, 9.

14. A gloriosa segunda vinda do Messias 1-3. O último cerco inim igo contra Jeru ­ sa lé m . O te m p o é o D ia d o S e n h o r, 1 (v. co m en tá rio so b re 1 2 .1 -9 ). O in im ig o

aparentem ente sai triunfante, 2, e há am e­ aça de im in en te d e s tru içã o da cid a d e e d os rem an e scen tes. M as o S en h o r in te r­ vém e liberta, 3. 4-7. Vinda pessoal do M essias. O lugar é o m onte das O liveiras; o resultado, um gi­ gantesco terrem oto, que opera m u danças to p og ráficas, 4. O propósito é lib ertar seu povo e destruir os inim igos de Israel, 5. O meio são seus santos, 5 (At 3.21; lT s 3.13; Jd 14; l jo 3.2), até anjos e h om en s g lo rifica­ dos. O tempo é a segunda vinda, 6-7. 8-21. Estabelece-se o reino messiânico so­ bre Israel. A bênção tem poral e espiritual do reino, 8, e a soberania absoluta do Rei, 9, c o n c e n tra m -s e em Je ru sa lé m co m o a capital da terra no m ilénio, 10-11. D escrev e -s e re tro a tiv a m e n te a d e s tru iç ã o d os in im ig o s de Israel, 12-15 (cf. Ez 38 — 39). P rev êem -se o culto e o governo do m ilé ­ nio, com Jeru salém com o capital religiosa e política da terra, 16-19. A profecia se en­ cerra com a d escrição da santidade de Is­ rael com o nação im buída do sum o sacer­ dócio (cf. caps. 3 —4), 20-21.

Malaquias 0 amor de Deus pelo seu povo pecador Nome do profeta e data. O nome do livro é muitas vezes considerado um título, "meu mensageiro" (cf. 3.1), e não um nome de pessoa. É mais provável, porém, que Malaquias seja o nome do profeta, levando em conta que todos os outros livros do AT são intitulados assim. Malaquias é posterior a Ageu e Zacarias. O templo já fora concluído havia muito tempo, e o sacerdócio e o culto vinham funcionando por Ovários anos. A questão é: por quanto tempo? Evidentemente algum tempo depois da correção dos abusos da época

operada por Esdras e Neemias, pois o declínio novamente se instalara. Uma data entre 433 e 425 a.C. talvez não esteja muito distante. A mensagem de Malaquias. A última voz profética do AT soa através dos anos que a separam da vinda do precursor, João Batista, e do Rei na sua primeira vinda. Mas a ênfase profética de Malaquias é o Dia do Senhor, com o juízo dos ímpios e a libertação de um resto justo. Esses temas vastos ligam Malaquias à grande corrente da profecia hebraica. Sua mensagem

imediata trata dos pecados dos sacerdotes e do povo do seu tempo. Esses pecados formam o pano de fundo das suas profecias de juízo que certamente virão no futuro.

Esboço 1.1-5 Preâmbulo: o amor do Senhor por Israel 1.6— 2.9 Oráculo contra os sacerdotes 2.10— 4.3 Oráculos contra os judeus leigos 4.4-6 Alerta final

[ 354 ] Malaquias

1.1-5. 0 amor do Senhor por Israel 1-2. D eclaração desse amor. A m ensa­ gem a Israel, antiga nação eleita de Deus, é "E u vos tenho am ad o", 2 (cf. D t 10.15; 33.3; Os 2.18-20; Am 3.2). O registro desse am or está inscrito em cada página do AT. O im pudente questionam ento desse amor, 2, m ostra sua apostasia e ingratidão dian­ te da libertação do Egito, da restau ração após Babilónia e dos m uitos outros sinais de zelo divino. 3-5. Contraste em relação a Esaú (edom itas). Os d escen d en tes de E saú, irm ão gêm eo de Jacó , hav iam p len am en te m e­ recido o ódio divino, enqu anto a p osteri­ dade de Jacó, por outro lado, não havia ple­ nam ente m erecido o am or divino. Era um amor gratuito num caso, mas não um ódio im erecid o no ou tro , p ois n ão se d iz em G é n e sis, em que se d e s cre v e a c a rre ira de Esaú: "A Esaú eu od iei". Só em M alaqui­ as é que se faz tal declaração, e só depois de revelad o p len am en te o ca rá te r ím p io de Edom (cf. Rm 9.13). M aquete do altar do tem plo,

1.6—2.16. Oráculo contra os sacerdotes e o povo 1.6-14. A im penitência dos sacerdotes. O S en h or, com o pai e m e stre , e sp e ra v a , e com razão, honra e obediência, 6. N o en ­ tanto os sacerd o tes o d esp rezav am e n e­ gavam seu p e c a d o , 6, d e s c a ra d a m e n te o fere ce n d o a lim e n to im u n d o e a n im a is cegos ou coxos, 7-8, que eram inaceitáveis para o sacrifício (Lv 22.17-25; Dt 15.21); se insulto ao hom em , que dirá a Deus, 9! Eram preguiçosos e m ercenários, 10-13. O v. 11 ainda será plenam ente cum prido, com o já o teria sido se Israel fora fiel ao seu D eus nos tempos do AT. A conduta dos sacerdo­ tes era to ta lm en te re p re e n sív e l à lu z de quem é o Senhor e de sua reputação entre as nações, 14. 2.1-9. A im penitência será castigada. Se eles não se arrep en d essem , 1, su as b ê n ­ çãos seriam a m a ld iço a d a s , 2 (D t 2 7 .2 6 ; 28.15). A maldição é pronunciada, 3. O cha­ m ado ao a rre p e n d im e n to , 1, p re te n d ia

p r o te g e r a a lia n ç a com L e v i, 4 -5 (cf. N m 25.12-13) e restaurar o histórico cará­ ter levítico do sacerdócio, com fid elid ad e de discurso, retidão de conduta e utilidade de serviço, 6-7. O arrepend im ento preser­ varia o verdadeiro ideal levítico de conhe­ cim en to e au to rid ad e, e d en u n ciaria sua vergonhosa cond u ta de então, 8-9. 2.10-16. Prim eiro oráculo contra o povo envolvido na traição contra os hom ens, 10, e co n tra D eu s, 11. E les serão castig ad o s, 12. A s co n seq u ên cias d essa traição eram vistas np divórcio, na infidelidade e na vio­ lência, 13-16.

2.17—4.6. Profecia do advento do Messias 2.17. C ircunstância da profecia. É o se­ gundo oráculo contra o povo, 2 .1 7 —3.6. A circunstância da profecia foi a censura do

profeta à insincera confissão religiosa e à d e s c re n ç a d o p o v o , e s p e c ia lm e n te su a descrença no ju ízo divino, 2.17. 3.1-6. A profecia em si. "M eu m ensagei­ ro" é um a previsão do precursor do M es­ sias, João Batista (cf. Mt 11.10). "O Senhor, a quem vós buscais", "o Anjo da A liança", é o M essias visto p articu larm en te na sua segunda vind a, trazend o o ju ízo , 2-5, em resposta à pergunta de 2.17. (Cf. M t 3.1012; Is 4.4; Ml 4.1; Ap 6.17.) 3.7-12. O pecado de roubar a D eus. Esse é o terceiro oráculo contra o povo, censuran d o-o sev eram en te por re te r o d ízim o do S en h or (cf. Ne 13.10, 12; Lv 27.30-32; Nm 18.21, 24). 3.13—4 .3 .0 pecado de criticar o Senhor. Esse é o quarto oráculo contra o povo. A acusação: eles haviam dito que não com ­ pensa servir a Deus; a impiedade é o cami­ nho da prosperidade, 3.14-15. A resposta a

essa calúnia é a predição do profeta do res­ to pied oso e sua recom pensa, 16-18, e do ju ízo que virá no Dia do Senhor, 4.1. Isso culminará na segunda vinda de Cristo, 4.23, quando os ím pios serão castigados. 4.4-6. A lerta final. O s sacerdotes e lei­ g os ím p io s d ev em se lem b ra r da lei de M oisés, 4, e esperar os vindouros juízos do grand ioso e terrível Dia do Sen hor com o castigo dos p ecad ores, 5. P rom ete-se que Elias (cf. Mt 17.11; Ap 11.3-6) surgirá antes d aq u ele dia para ch am ar um resto ju sto den tre a m assa apóstata. A ssim M alaqui­ as, ao reprovar os sacerdotes e o povo do seu tempo por conta dos seus pecados, tem uma m ensagem tam bém para nós, no nos­ so tem po, em que igualm ente prevalece o pecad o. S eu s lam p ejos m essiânicos (3.16; 4.2) nos preparam para a revelação do NT e con centram n ossa atenção naquele que é a única esperança do mundo.

[ 356 1 Pesos e Medidas Bíblicos

Pesos e medidas bíblicos

Dedo

(quatro dedos)

3 larguras da mão =

palmo

côvado

côvado de Ezequiel

estádio

Medidas de comprimento a t Dedo L a rg u ra d a m ão = quatro dedos P a lm o = 3 larquras da mão C ô v a d o = 2 palmos C ô v a d o de = 7 larguras da mão E ze qu ie l

Medidas de capacidade a t Cabo Ô m e r = 1 4/5 cabo Seá = 3 1/3 ômeres E fa = 3 seás Lete q u e = 5 efas C o ro /ô m e r = 2 leteques

Medidas de capacidade a t S e x tá rio xesfes (lat. sextarius) Lo gue H im = 3 cabos = Bato = 6 hins = C o ro = 10 batos =

Medidas de comprimento iut 1,83 7,39 22,20 44,43 51,74

cm cm cm cm cm

cerca de 45,72 cm

cerca de 183,90 cm cerca de 185 m

Medidas de capacidade NT

(Para secos) 1,275 I 2,296 I 7,655 I 22,966 I 114,95 I 229,91 1

M e d id a choinex A lq u e ir e m odios lat. m odius M e d id a saton heb. seah C o ro koros heb. kor

0,64 1 0,38 i 3,83 1 22,97 1 1

cerca de 1487 m cerca de 960 m

(Para secos) 1,08 I 8,45 I 13,40 1 229,76

1

»

Medidas de capacidade NT

(Para líquidos)

229,86

C ô v a d o pechus B ra ç a orguia E s tá d io stadion M ilh a milion Jo rn a d a de um sáb a d o

B a to (heb. bath) M e tre ta (Jo 2.6)

(Para líquidos) 22,97 1* 38,99 1

* No NT só aparece em Lc 16.6, onde bato é traduzido como

medida (a r c ), cado (a r a ) e barris (n t i h ).

Pesos e Medidas Bíblicos [ 357 ]

2 becas

talento

Pesos

AT

G era B e ca = 10 geras S ic lo = 2 becas M in a = 50 sidos T a le n to = 60 minas

Pesos

q q q q

0,57 5,71 11,42 626,61 34,27 kg

NT

S ic lo (prata) = 4 denârios romanos (4 dracmas gregas)_______________________________________ S ic lo (ouro) = 15 sidos de prata______________________ M ina (prata) = 50 sidos de prata______________________ M in a (ouro) = 50 sid as de ouro T a le n to (ouro) = 3000 sidos

lib r a (Jo 12,3; 19.39) = libra romana (37 3,20 q)

Ò e n á rio (prata) = remuneração por um dia de trabalho_______________________________________________ D ra c m a (prata) = denário_________________________ _

talento de ouro

i = 3000 sidos de ouro

Período Intertestamentário Os quatrocentos anos de silêncio De Malaquias (c.400 a.C.), a última voz profética do a t , ao advento de Jesus, houve suspensão da revelação divina que se desenvolveu na produção das Escrituras canónicas. 0 resultado foi a conclusão e delimitação do cânon hebraico. Segundo Josefo, historiador judeu da segunda metade do século i d.C., isso aconteceu no reinado de Artaxerxes i Longímano, 465-424 a.C. Importância do período intertestamentário. Dentre

muitos outros acontecimentos importantes desse período de

quatrocentos anos, houve a tradução do a t para a língua grega. A versão foi produzida entre c.280 e c.150 a.C., e chamou-se Septuaginta ( l x x ). Libertou as grandes verdades das Escrituras do a t da influência restrita da língua e do povo hebreu, oferecendo-as ao mundo greco-romano no idioma comum da época.

apêndice deste manual), são chamados apócrifos. Esses livros apócrifosjamais foram incluídos no cânon hebraico do a t . Foram incluídos na Septuaginta e na Vulgata latina, sendo inseridos entre o a t e o n t . A Igreja Católica Romana aceita onze dos quatorze livros, ditos deuterocanônicos, declarados componentes legítimos das Escrituras pelo Concílio de Trento, em 1546 d.C. Os protestantes negam o status canónico desses livros com base em evidências internas e externas. Jamais foram reconhecidos como parte das

Os Apócrifos

Quatorze livros que se originaram no período entre o a t e o n t , depois da conclusão do cânon do a t (ver "Como a Bíblia chegou até nós" no

0 império de Alexandre MACEDÒNIA

Maracands Q

HINDU KUSH

—f - v

PÁRTIA

GAUGAMELA Babilónia

5r Alexandre

,

G Ra9aíe

_

morre em 32$_a.C v J^ u s a

iTaxila

^Ecbétana

PÉRSIA

Kandahar/-

GPersè polis*

GEDRÓSIA

k Local de batalha

/

í :S

-W f

.

ÍNDIA



Período Intertestamentário [ 359 ) Escrituras pelos judeus, nem por Jesus, nem pela comunidade apostólica, nem por nenhum dos pais da igreja, que examinaram as evidências com objetividade. Os livros apócrifos são listados e descritos abaixo. 1Esdras. Esse livro abrange essencialmente o mesmo material histórico encontrado nos canónicos Esdras, Neemias e 2Crônicas. Todavia, contém uma adição (3.1 —5.6) que não tem paralelo na Bíblia hebraica. Essa porção consiste principalmente em um relato lendário de uma competição entre três pajens judeus da corte de Dario, a fim de apurar o significado da verdadeira sabedoria. Zorobabel venceu e reclamou como prémio a permissão da volta dos judeus e da reconstrução de Jerusalém. O livro é situado em c. 100 a.C. 2Esdras. Trata-se de uma obra

apocalíptica de autoria compósita que foi concluída em c.100 d.C. Os capítulos 1— 2 são um acréscimo antijudaico ao judaico Apocalipse de Esdras, capítulos 3— 14. Esses são compostos pelo (1) Apocalipse de Salatiel, capítulos 3— 10, que trata do problema do mal e de sua solução na vida futura; (2) a visão da águia, capítulos 11— 12, que trata do Império Romano e da vinda do Messias; (3) a visão do homem (Messias) que surge do mar, capítulo 13; e uma lenda que narra como Esdras reescreveu os livros sagrados, capítulo 14. Os últimos dois capítulos, 15— 16, contêm ecos textuais do n t e foram escritos posteriormente, provavelmente já em 270 d.C.

Tobias. Essa história, datada

de c.150 a.C., é uma ficção religiosa. Trata-se de um romance didático sobre um judeu piedoso da época da dispersão assíria, chamado Tobit, que fica cego acidentalmente ao dar sepultamento decente ao conterrâneo morto no tempo do domínio dos reis assírios. Angustiado, Tobit ora por auxílio divino e envia seu filho Tobias para recuperar uma grande soma de dinheiro que ele deixara com um parente chamado Gabael. O anjo Rafael, disfarçado como parente de confiança, acompanha Tobias, não só em resposta à oração do cego Tobit, mas também para ajudar Sara, filha de Raguel e Edna, em Ecbátana. Seus sete maridos foram sucessivamente mortos na noite de núpcias pelo ciumento demónio Asmodeu. Acampado às margens do Tigre, Tobias pesca um peixe. Seguindo orientação de Rafael, ele queima o coração e o fígado do peixe, exorciza o demónio e casa-se com Sara. Rafael, entrementes, vai ter com Raguel, pega o dinheiro e volta para levar Tobias e sua mulher de volta a Tobit e sua esposa Ana, em Nínive. A grande aflição dos pais diante da longa ausência de Tobias dá lugar à alegria quando saúdam o filho amado e sua esposa. Sua pobreza é aliviada pelo dinheiro, e a cegueira de Tobit é curada quando Tobias, instruído por Rafael, coloca o fel do peixe nos olhos do pai idoso. O anjo Rafael revela sua identidade e some. Judite. Eis outra narrativa

ficcional, com valor didático,

datada do século na.C. Judite é uma bela e devota viúva judia de Betúlia (pseudónimo de Siquém), que pela sua coragem salva a cidade do exército invasor de Nabucodonosor comandado por Holofernes (ignorado pela literatura babilónia da época). Quando os anciãos da cidade decidem render-se, caso não recebam auxílio dentro de cinco dias, a nobre Judite deixa a cidade e vai até o acampamento de Holofernes, iludindo-o pela sua beleza e promessas, até voltar para Betúlia com a cabeça do general em uma bolsa. Diante disso, os defensores da cidade atacam de surpresa, e o vasto exército de Holofernes é arrasado e destruído na confusão que se instala. O sumo sacerdote, Joaquim, e os anciãos de Jerusalém vão a Betúlia homenagear a heroína, Judite. Acréscim os de Ester.

Algumas passagens compostas em grego foram enxertadas no livro canónico de Ester na versão da Septuaginta, a fim de mostrar a mão de Deus na narrativa pela inserção da palavra "Deus" no texto. Os acréscimos são: (1) o sonho de Mordecai e o relato do episódio em que ele frustra uma conspiração contra o rei — um capítulo de dezessete versículos que precede o capítulo 1 do livro canónico hebraico. (2) Uma carta real ordenando a destruição de todos os judeus do reino, depois de 3.13 do texto hebraico. (3) As orações de Mordecai e de Ester, depois do capítulo 4 do hebraico. (4) A dramática audiência de Ester com Assuero, com acréscimo

[ 360 1 Período Intertestamentário

neto traduziu o original hebraico para o grego em 132 a.C., como afirma o Prólogo. O nome tradicional latino, Ecdesiasticus, o designa como o "livro da igreja" por excelência entre os apócrifos, atestando o alto caráter moral e espiritual de seus aforismos ou "sábios dizeres" e sua disseminada popularidade junto aos primeiros cristãos.

Um escriba judeu.

1 Macabeus. Obra histórica e literária de alta qualidade, 1 Macabeus é um relato das lutas dos macabeus desde a revolta de Modin (167 a.C.) até o assassinato de Simão Macabeu (134 a.C.). Cataloga o empolgante levante patriótico dos filhos de Matatias de Modin — Judas, Jônatas, João, Eleazar e Simão — contra Antíoco Epífanes e seus sucessores imediatos.

de quatorze versículos ao capítulo 5. (5) Uma carta real que narra a morte de Hamã, louva os judeus e concede permissão para que se defendam, depois de 8.12 do texto hebraico. (6) A interpretação do sonho de Mordecai e uma palavra final sobre o significado da festa de Purim. Isso vem depois do último capítulo do texto hebraico de Ester. Sabedoria de Salomão. Esse é um dos livros apócrifos mais atraentes e interessantes, datado de cerca de 50 a.C. A primeira seção, 1.1— 6 . 8 , já foi chamada de "livro de escatología" e expõe a verdade da imortalidade, contrastando os destinos do justo e do ímpio. A segunda

seção, 6.9— 11.1, é um panegírico da sabedoria, eloquente e belo, colocado nos lábios de Salomão. A terceira seção, 11.2— 19.22, é inferior às duas primeiras. Apresenta um retrospecto histórico de Israel no Egito e no deserto, interrompido por uma discussão da origem e dos males da idolatria, capítulos 13— 15. O livro é considerado compósito e anónimo. Eclesiástico. Esse livro de » cinquenta e um capítulos pertence à Hokmah, ou literatura sapiencial, dos hebreus. É o único livro da literatura apócrifa cujo autor é conhecido: Jesus, filho de Sirac de Jerusalém (50.27). A data é cerca de 175 a.C. Seu

2Macabeus. Essa obra abrange em parte o mesmo período de 1Macabeus (175160 a.C.), mas lhe é inferior em termos de valor histórico, sendo até certo ponto um mítico panegírico da revolta dos judeus contra o paganismo grego. Afirma ser um relato condensado de uma obra de um tal Jasão de Cirene, de quem nada se conhece. Baruque. O texto alega ter sido escrito na Babilónia por Baruque, secretário de Jeremias. A primeira metade (1.1—3.8) é escrita em prosa, e a segunda (3.9— 5.9), em poesia, lembrando Isaías, Jeremias, Daniel e outros profetas. Contém orações e confissões dos judeus no exílio, com promessas de restauração.

Período Intertestamentário I 361 ]

Cântico dos trés jovens. Essa adição apócrifa ao Daniel canónico foi inserida depois da história da fornalha de fogo (Dn 3.23). Contém uma eloquente oração de Azarias, um relato de libertação miraculosa e um salmo de louvor no qual os três tomam parte. História de Susana. Outra adição apócrifa ao Daniel canónico, narra como Susana, casta matrona babilónia, foi absolvida das alardeadas acusações de adultério pela sabedoria do jovem Daniel. Surge antes do capítulo 1 da versão grega e como o capítulo 13 da Vulgata latina. Bei e o Dragão. Essas lendas tinham como meta

ridicularizara idolatria. Constituem a terceira adição apócrifa de Daniel. Afirmavase que a estátua do ídolo Bei era uma divindade viva, pois supostamente, todas as noites, devorava grandes quantidades de alimento colocadas ao lado dele. Espalhando cinzas no chão do templo, Daniel prova ao rei que os sacerdotes do deus eram os verdadeiros consumidores das oferendas. Assim o rei destrói Bei e seus sacerdotes. A outra lenda trata de um dragão adorado na Babilónia. Daniel, convocado a prestar-lhe homenagem, alimenta-o com uma mistura de pez, pêlos e gordura, fazendo-o explodir. O populacho ensandecido exige que o rei lance Daniel na cova dos leões, onde é alimentado

Tanque da época de Salomão, próximo a Jerusalém

no sexto dia pelo profeta Habacuque, angelicamente transportado pelos cabelos até Babilónia quando levava alimento e bebida para os ceifeiros da Judéia. No sétimo dia o rei resgata Daniel e atira seus delatores aos leões famintos. A oração de Manassés. Trata-se de uma suposta oração penitenciai de Manassés, o ímpio rei de Judá, quando esse é levado cativo para Babilónia pelos assírios. Foi inserida após 2Crônicas 33.19 e data provavelmente do século i a.C.

As pseudepígrafes Além dos apócrifos, há escritos chamados pseudepígrafes

[ 362 1 Período Intertestamentário

("falsos escritos"). São composições religiosas escritas sob falsa alegação de autoria durante o período de 200 a.C. a 200 d.C., atribuídas a personagens notáveis do a t , como Adão, Enoque, Noé, Moisés, Sofonias, Baruque, etc. Diferentemente dos Apócrifos (onze dos quatorze são aceitos como canónicos pela igreja Católica), a literatura pseudepigráfica jamais foi considerada canónica. São livros em sua maioria apocalípticos, didáticos e lendários. Abaixo segue a descrição dos livros mais importantes. Assunção de Moisés. Tratase de supostas profecias que o grande legislador, Moisés, contou e confiou a Josué pouco antes de sua morte. O livro foi escrito por um fariseu por volta de 15 d.C., como protesto contra a crescente secularização do partido farisaico de seu tempo. Ascensão de Isaías. Essa obra consiste em três partes — o martírio de Isaías, a visão de Isaías e o testamento de Ezequias. O testamento de Ezequias (2.13—4.18), que por muito tempo esteve perdido, lança luzes interessantes sobre a condição espiritual da igreja cristã no final do período apostólico. A visão de Isaías (6.1 —9.40) traz valiosas informações a respeito das crenças do século i na Trindade, na encarnação, na ressurreição e no céu. O Martírio de Isaías é fragmentário (1.1,2, 6-13; 2.18,10; 3.12; 5.1-14). Relata a morte de Isaías (serrado em pedaços) nas mãos do iníquo Manassés.

Livro de Enoque. Obra fragmentária, escrita nos dois primeiros séculos a.C., que consiste em revelações supostamente dadas a Noé e a Enoque a respeito do advento de Cristo e do juízo vindouro. Seus autores são ignorados. Livro dos Jubileus. Escrito por um fariseu entre 153 e 105 a.C., o livro divide a história do mundo em ciclos de cinquenta anos (jubileus) (Lv 25.8-12). O autor fariseu dessa obra (153-105 a. C.) tem por meta salvar o judaísmo dos efeitos desmoralizantes do helenismo. Para isso, exalta a lei e apresenta os patriarcas hebreus como homens impecáveis. Oráculos sibilinos. Esses oráculos surgiram na era dos macabeus. Tratam da queda de impérios e do advento da era messiânica e inspiram-se nos dizeres proféticos das sibilas gregas. A sibila de Cumas, a original, é mencionada pela primeira vez por Heráclito de Efeso (500 a.C.).

inclua material composto ainda no século na.C.

Os Targuns Os Targuns são versões livres das Escrituras hebraicas para o aramaico depois que esta, no período pós-exílico, tornou-se a língua franca da Palestina. Eram primeiro orais — depois da leitura das Escrituras hebraicas, dava-se a tradução aramaica (cf. Ed 8.4-8). Os Targuns escritos mais antigos, como o de Onkelos sobre o Pentateuco, e o de Jônatas sobre os Profetas, datam dos tempos cristãos.

O Talmude Trata-se de um conjunto de leis hebraicas civis e canónicas baseadas na Torá de Moisés. É a condensação do pensamento dos rabinos do período de c.300 a.C. a 500 d.C. O Talmude ("ensinamento") consiste na Michna, ou lei oral tradicional deduzida da própria lei escrita de Moisés, e na Guemara, comentário sobre essas tradições legais. O idioma aramaico é usado na Guemara. Intimamente ligado ao Talmude está o Midrash, os primeiros sermões em hebraico e aramaico proferidos nas sinagogas, expondo as Escrituras hebraicas do a t . O Midrash floresceu entre 100 a.C. e 300 d.C.

Salmos de Salomão. Consistem em dezoito salmos compostos em meados do século i a.C. Aparentemente redigidos por um fariseu anónimo, falam sobre a vinda do Messias.

Interpretação judaica do Midrash

Testamentos dos doze patriarcas. Esses doze testamentos supostamente registram os últimos discursos dos doze filhos de Jacó, inspirados por Génesis 49. Em sua forma final, o livro data talvez já de 250 d.C., embora

O Midrash muitas vezes envolvia um procedimento interpretativo um tanto quanto livre, que dava mais importância à corrente aplicação prática do texto que à sua relevância contextuai. Os críticos, com frequência, censuram os autores do nt

Período Intertestamentário [ 363 ]

Ruínas de uma comunidade de essênios, em Qumran. Ao fundo, vista dos rochedos, onde os manuscritos do mar Morto foram encontrados em cavernas. (especialmente Mateus e o autor de Hebreus) por lançarem mão de técnicas de midrash no uso das Escrituras do a t . Os métodos interpretativos dos autores do nt são bastante coerentes, porém, por terem sido inspirados particularmente pelo Espírito Santo.

A sinagoga É evidente que a origem da sinagoga (do gr. synagoge, "reunião" ou "assembléia") remonta às casas de Babilónia (cf. Ez8.1; 20.1-3). A "sinagoga doméstica", como as igrejas dos primeiros cristãos que se reuniam nas casas, foi gradualmente evoluindo depois do exílio até transformar-se em assembléias formais para a instrução, o culto público e a oração. Substituíram o culto do

templo, que já não era possível para os judeus que viviam dispersos, bem longe da Palestina. Toda cidade que abrigasse um número considerável de judeus no mundo greco-romano de 300 a.C. a 300 d.C. tinha sua sinagoga para o culto e a transmissão da lei e dos profetas (cf. Lc 4.16-30). Eram os repositórios das Escrituras hebraicas e estavam entre os primeiros lugares em que se proclamou o evangelho cristão (At 13.5,14; 14.1). Como a dispersão foi ampla, a sinagoga era uma instituição comum no mundo romano.

O Sinédrio O Sinédrio era um órgão aristocrático detentor de poderes judiciais, sem dúvida remontando em princípio ao tempo do rei Josafá (cf. 2Cr

19.5-11). Evoluiu até firmar-se como a suprema corte dos judeus no tempo de Jesus e funcionou nas esferas civil e religiosa até a queda de Jerusalém (70 d.C.). Na tradição popular, menciona-se certo conselho da época de Esdras-Neemias (450-400 a.C.), conhecido como Grande Sinagoga, e crê-se que ele, por volta de 250 a.C., deu lugar ao Sinédrio (forma aramaica do gr. synedrion, "reunião sentada" ou "assembléia") de setenta membros, presidido pelos sumos sacerdotes.

Os fariseus Durante o período dos macabeus, no reinado de João Hircano (134-104 a.C.), surgiram partidos conflitantes no judaísmo— fariseus, saduceus e essênios. Os

[ 364 ] Período Intertestamentário

fariseus foram aparentemente os sucessores dos hassidim ("pios"), que permaneceram fiéis à lei depois da proscrição do judaísmo perpetrada por Antíoco Epífanes em 168 a.C. Eram separatistas rigidamente legalistas, com princípios de oração, arrependimento e doações caridosas. De um início admirável na fornalha do sofrimento da era dos Macabeus, eles gradualmente degeneraram no ritualismo vazio e sem princípios dos dias de Jesus.

Os saduceus Provavelmente, zadoqueus, partidários de Zadoque, sacerdote de Salomão (1 Rs 2.35), os saduceus eram em sua maioria sacerdotes aristocráticos e de tendência secular que obedeciam à letra da lei, mas negavam a ressurreição e o castigo futuro. Receberam de braços abertos a cultura helenística e buscavam benefícios temporais por meio de estratégia ou hábil diplomacia. Sua profunda cisão em relação aos fariseus

H IS T Ó R IC O S O s q u a tro e v a n g e lh o s

Retratos da pessoa e da obra de Cristo M ate u s

Lu c a s

Cristo como rei

Cristo como homem

M arco s

Jo ã o

Cristo como servo

Cristo como Deus

Os escribas e essênios Os escribas eram copistas das Sagradas Escrituras, grandes conhecedores da lei mosaica — daí serem também chamados doutores da lei. Durante o período interbíblico, tornaram-se influentes e, no tempo de Jesus, aparecem em destaque.

Uma rápida visão do Novo Testamento 27 livros

Epístolas gerais

A to s d o s A p ó s to lo s

História do nascimento e dos primórdios da igreja

E p ísto la s de Paulo D O U T R IN Á R IO S P R O F É T IC O A p o c a lip s e

Revelação de Jesus Cristo Antevisão de: Igreja, 2.1—3.22

continuou até o tempo de Jesus e, alguns anos antes, suas diferenças fizeram ruir o reino hasmoneano.

Tribulação, 4.1—19.10 Segunda vinda, 19.11-21 Milénio, 20.1-10 Estado eterno, 20.11—22.21

Período Intertestamentário [ 365 ]

Os essênios formavam mais uma seita monástica que um partido religioso-político como os fariseus e os saduceus. Até a descoberta, em 1947, dos manuscritos do mar Morto, Filo, Josefo e Plínio eram as únicas fontes de informação sobre essa ordem monástica comunal. Hoje, graças às escavações de seu quartel-general em Qumran, na costa noroeste do mar Morto, conhecemos um grupo semelhante, se não idêntico. A recuperação de seu livro de regras e organização tem corroborado fontes antigas e ampliado nosso conhecimento acerca do judaísmo sectário do período entre c.200 a.C. e 70 d.C.

Preparação para o Novo Testamento grego O período interbíblico testemunhou a transformação dos vários dialetos gregos em uma língua franca do mundo helenístico, via as conquistas de Alexandre Magno. Esse

idioma universal afetou profundamente os judeus da diáspora e resultou na tradução do a t para o grego (a Septuaginta). Essa tradução tornou-se um importante fatôr na formação do n t , e, com este, formou a Bíblia do cristianismo primitivo. Além disso, a cultura e o conhecimento gregos, a lei e as estradas romanas, o monoteísmo judaico e as sinagogas (tendo essas se espalhado como consequência da diáspora judaica), e as esperanças apocalípticas e messiânicas dos judeus prepararam o mundo para a vinda de Cristo e do cristianismo. A providência divina pode ser identificada em qualquer ponto desse longo intervalo entre os Testamentos. O objetivo era a encarnação e o nascimento do tão esperado Messias e Salvador do mundo, profetizado com tanta frequência no a t . Era para esse acontecimento que apontavam todos os séculos precedentes da história do mundo, especialmente da história dos judeus (Gl 4.4).

Introdução ao Novo Testamento constitui a preparação para Cristo e contém profecias da sua divina pessoa e obra redentora. O nt é o relato da realização dessas profecias no surgimento do Redentor e nas disposições do seu glorioso evangelho. Nos evangelhos, Cristo é manifestado ao mundo, e seu evangelho, ministrado na morte, ressurreição e ascensão do Redentor. Em Atos, C risto é proclamado, e seu evangelho, propagado pelo mundo. Nas epístolas, o evangelho é explicado em seu significado doutrinário e prático. No Apocalipse, todos os desígnios redentores de Deus, no Redentor e por intermédio dele, são consumados para o tempo e a eternidade. O nt é, assim, o pináculo e o cumprimento das verdades proféticas e redentoras contidas no a t , sendo o a t a fundação do edifício completo da verdade revelada que se encontra no n t . O at

[ 366 ] Período Intertestamentário

Eventos do período intertestamentário História judaica

Cenário contemporâneo

424-331 Malaquias, último profeta do at . Palestina, minúscula província (satrapia) regida por governador persa (sátrapa). A Palestina se reduz aos limites da quinta satrapia persa, com capital em Damasco ou Samaria.

Xerxes n (424-23) Dario n (423-404) Artaxerxes ii (404-358) Artaxerxes m (358-38) Arses (338-36) Dario m (336-31)

359-32 Judeus desfrutam de relativa paz e prosperidade no tempo dos dominadores persas. 338-23 Judeus se dividem entre a fidelidade aos dominadores persas e a ameaça das conquistas de Alexandre. Alexandre invade a Síria e toma a Palestina, Tiro (332) e Gaza. Os judeus se submetem a Alexandre e são bem-tratados. Alexandre conquista o Egito (332).

Império persa

Império macedônico Filipe (359-36) controla os estados gregos. Vitória em Queronéia (338). Esfacela-se o poder das cidades-estados gregas.

Alexandre Magno (336-23) conquista o império persa em três batalhas decisivas: Granico (334), Isso (333) e Gaugamela (331); alcança a índia (327); morre em Babilónia (323).

Fundação de Alexandria. 323-277 Disseminação da língua, da cultura e da filosofia gregas pelas conquistas de Alexandre.

Generais de Alexancjre lutam pelo poder.

Alexandre, o Grande, conquistou o império persa

Todas as datas a.C.

Período Intertestamentário I 367 1

História judaica

Cenário contemporâneo

P ale stin a no te m p o do s P to lo m eu s (3 2 3 -1 9 8 )

Impérios ptolemaico e selêucida

Pto lo m eu i favorece os judeus e assenta muitos em Alexandria, tidad^ que ele elevou económica e culturalmente.

Ptolomeu i (3 2 3 -2 8 2 ) P to lo m e u ii

(2 8 4 -4 6 )

P to lo m eu ii favorece os judeus.,

Começa a tradução do At para o grego (Septuaginta). Carta de Aristéias. Continua a helenização dos judeus alexandrinos. Judeus palestinos seguem rigidamente tradicionais. Túmulos pintados de Maressa. P alestin a no te m p o do s se lê u cid a s (1 9 8 -6 5 ) 198 A n tío co m, o Grande, expulsa os egípcios da Palestina e a anexa ao império selêucida.

S e le u c o i (312-280) A n tio c o i (2 8 0 -6 2 )

P to lo m e u iv (2 2 2 -2 0 5 )

A n tío c o i i (2 6 1 -4 6 ) Se le u c o ii (2 4 6 -2 6 ) Se le u c o m (2 2 6 -2 3 )

P to lo m e u v (2 0 4 -1 8 0 )

A n tío c o mi (2 2 3 -1 8 7 )

Linhagem ptolemaica continua durante a dominação romana até

S e le u c o ív (1 8 7 -7 5 )

P to lo m e u ui

(2 4 6 -2 2 )

A n tío c o iv E p ífa n e s (1 7 5 -6 3 )

Redação do livro de Eclesiástico (c.180). Conclusão da Septuaginta (c.150). 167-65

Helenização forçada dos judeus. A n tío c o iv saqueia Jerusalém, profana

0 templo, oferece sacrifícios a Zeus Olímpico no altar do holocausto. Revolta dos macabeus liderada pelo idoso sacerdote Matatias e seus cinco filhos. 1 66 -3 4 P alestin a no te m p o do s h a sm o n e a n o s (166-63) Ju d a s (166-60) derrota os exércitos

sírios, purifica e rededica o templo (166-65). Jô n a ta s (160-43) dá grandes passos,

diplomática e militarmente, rumo à independência judaica. Sim ão (143-35) inaugura o período da

independência judaica (143-63). Expulsa a guarnição síria de Jerusalém, conquista Gezer e Jope. Livros de 1Macabeus, Tobias; e Judite.

Quandoo Egito é incorporado ao Império Romano como província (30). A n tío c o v (1 6 3 -6 2 ) D e m é trio i (1 6 2 -5 0 )

Luta entre Demétrio n e Alexandre Balas; pelo trono. A le x a n d re Balas (1 5 0 -4 5 ) D e m é trio n (1 4 5 -3 9 )

reconhece Simão como sumo sacerdote e garante aos judeus independência praticamente total (143)

[ 368 1 Período Intertestamentário

História judaica

Cenário contemporâneo

134 -1 0 4 Jo ão H ircano (135-104), filho de

A n tío c o *- (139 2 9) ■ d< 3 iudé toma JoM w lfpr (• ir >D>X' Pt ,ado ín c jt o r-ias .u i M urli’ 12 • assir il 3 p tica ie te o rim d dc > i- o ss lê icida Paie ti i s

Simão, inicia uma carreira de conquistas na Transjordânia, em Samaria (destrói o templo rival de Gerizim) e em Edom, governando um pequeno império, da Baixa Galiléia ao Neguebe e do Mediterrâneo à Nabatéia. Surgimento de dois grandes partidos do judaísmo — fariseus e saduceus — , além dos essênios, conhecidos via Filo, Josefo, Plínio e manuscritos do mar M orto,

104-69 A ristó b u lo i (104-3), filho de João Flircano, toma o poder, mas morre logo depois.

A le x a n d re Ja n e u (103-76), conquistador impiedoso, sela o destino da dinastia hasmoneana ao se indispor com os fariseus.

A le x a n d ra (76-67), esposa de Alexandre Janeu. Idade de ouro do farisaísmo. Data provável do livro da Sabedoria de Salom ão, Oráculos Sibilinos, livro de Enoque, livro dos Jubileus e 2Macabeus.

A ristó b u lo ii (67-3). Aristóbulo n é deposto e levado a Roma para honrar o triunfo de Pompeu.

63-41 Pom peu coloca a Palestina sob jugo romano e organiza a liga da Decápolis, na Transjordânia, para com pensar o poder da Judéia, reduzida à sua antiga pequenez.

O fraco e ininfluente reino da Síria perdura até o mom ento em que Pompeu conquista a região e faz dela província romana (64).

Q u irb e te Q u m ran , quartel-general dos essênios, na costa noroeste do mar Morto, é fundada em c.110 e prospera até cerca de 37. Muitos dos manuscritos do mar M orto datam desse período e depois (c.100 a.C. a 70 d.C.).

Hircano, filh o mais velho de Alexandra, é sumo sacerdote. Depois da morte dela, Antípatro, governador da Iduméia, convence Hircano a fugir para Petra e arrebanha o apoio do soberano nabateu Aretas para conquistar o trono da Judéia para si, suplantando seu irmão Aristóbulo. Na luta subsequente, Roma é chamada e domina a região, pondo fim è monarquia hasmoneana. Conspiração de Catilina, carreira de Cícero, morte de Catilina (62).

P om p eu, C é sar e C ra sso formam o Primeiro Triunvirato (60). Guerras Gálicas de César (58-1). Guerra civil (César versus Pompeu) termina com o assassinato de César (44).

40-4 Palestina no te m p o do s ro m an o s (63 a.C .-135 d.C.). Antípatro, o idumeu, governa a Palestina sob concessão romana (5543). Flerodes e Fasael, filhos de

(43). Batalhas de Filipos (42) e Áctio (31) fazem de O taviano (Augusto) soberano único.

Antípatro, são tetrarcas (41).

", - i

A n tígo n o , filho de Aristóbulo, é sumo sacerdote e rei com auxílio dos partos (40-37).

A u g u s to im p e rad o r.

Herodes o Grande é rei da Judéia por outorga do Senado romano (37-4). Nascimento de João Batista e Jesus (e.6 ou 5).

Segundo Triunvirato: A n tó n io , O ta v ia n o e Lé p id o

»

"

-

(27 a.C .-14 d.C.) Ressurgimento de Quirbete Qumran, quartel-general essênio perto do mar Morto, que floresceu durante os ministérios de João Batista, Jesus e ’Paulo.

Novo Testamento

Os quatro evangelhos O que são os evangelhos Os quatro evangelhos não são nem histórias da vida de Cristo nem biografias. Antes, são retratos da pessoa e da obra do Messias prometido, rei de Israel e Salvador do Mundo. Como retratos, apresentam quatro poses diferentes de uma única personalidade. Mateus, por meio do Espírito Santo, apresenta Cristo como rei; Marcos, como servo; Lucas, como homem; e João, como Deus. Embora cada um dos autores dos evangelhos se concentre em um papel específico em seu retrato do Messias, todos eles reconhecem cada uma das outras facetas da personalidade e do ministério do Messias, e a elas aludem. Assim, os quatro autores apresentam uma só Pessoa, o homemDeus, servo do Senhor, rei de Israel e redentor da humanidade.

(Dt 18.15-19), ele foi o profeta por excelência, em virtude da singularidade da sua pessoa — não falou meramente para Deus como os outros profetas que o precederam, mas Deus falou por meio dele, seu Filho (Hb 1.1,2). Em contraste com o profeta do at , uma voz para Deus, o Filho, sendo Deus, era a voz mesma Deus. Como sacerdote, Cristo, quando morreu na cruz para salvar os pecadores, tornou-se tanto o sacrifício quanto o sacrificador (Hb 9.14) e, por meio de sua ressurreição, vive eternamente para interceder por eles (Hb 7.25). Como rei de Israel, foi rejeitado em sua primeira vinda, mas reinará sobre Israel na segunda vinda, cumprindo a aliança davídica (2Sm 7.8-16; Lc 1.30-33; At 2.29-36; 15.14-17).

O propósito dos evangelhos Os evangelhos, em seu retrato quádruplo da pessoa de Cristo como rei, servo, homem e Deus, concentram-se no ministério tríplice do Messias, como profeta, sacerdote e rei. Como profeta, cumprindo a grande predição de Moisés

O significado da palavra "evangelho" Aplicado aos quatro retratos de Cristo, utiliza-se o termo "evangelho" (cf. Mc 1.1) no sentido da boa nova da salvação anunciada pela morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (cf. 1Co 15.1-3). Os evangelhos, estritamente falando, não são uma

exposição do Evangelho, embora ocorram comentários expositivos ocasionais, como em João. Eles são relatos da provisão do evangelho para os pecadores necessitados na pessoa e na obra de Cristo. Se quisermos a consequência histórica do evangelho divinamente prescrito, precisamos buscála em Atos. Se quisermos uma exposição doutrinária do evangelho, precisamos buscá-la nas epístolas, especialmente nas treze cartas de Paulo. O que trazem os evangelhos Os quatro evangelhos, ao descrever a preexistência eterna, o nascimento humano, a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus, o Cristo, além de sua vida e ensinamentos, apresentam uma personalidade viva, dinâmica e única — Deus feito homem para realizar a redenção humana do pecado. Esses quatro retratos o apresentam como Senhor e Salvador, sem relatar tudo o que fez na ordem exata em que o fez. Apresentam-nos ele, e não sua vida como um todo. Os evangelhos, como relatos, são

[ 372 1 Os quatro evangelhos

Comparação entre os quatro evangelhos Mateus

Marcos

Lucas

João

0 profetizado

0 obediente

0 perfeito

0 divino

Rei

Servo

Homem

Filho

Semelhante ao leão

Semelhante ao boi

Semelhante ao homem

Semelhante à águia

Profético

Prático

Histórico

Espiritual

Aos judeus

Aos romanos

Aos gregos

À igreja

0 rei davídico

0 servo do Senhor

0 Filho do homem

A Palavra de Deus

0 Renovo justo de Davi

Meu Servo, o Renovo

0 homem chamado Renovo

0 Renovo do S e n h o r

Jr 23,5,6

Zc3.8

Zc 6.12

Is 4.2

Servo

Filho do homem

Filho de Deus

PESSOAL

OFICIAL Rei Sinóticos

Complementar

Visível, público, galileu, terreno

Oculto, privado, judeu, celeste

deliberadamente incompletos, mas maravilhosamente completos e extremamente fundamentais como

revelação divina do Filho de Deus nosso Salvador! Também são pedra de tropeço da descrença. A chave d a co rreta in te rp re ta çã o dos ev a n g e lh os

É necessário perceber que o período descrito coroa a era do a i , além de preparar e predizer a nova era, mas não é a nova era. A nova era da igreja só começa depois da ascensão de Cristo e do consequente advento do Espírito em Pentecostes (At 2). O p a n o d e fu n d o ju d a ico do s e v a n g e lh o s

O tecido dos evangelhos é composto de símbolos, alusões e citações do at (cf. Mt

1.1; Lc 24.27,44,45). Nosso Senhor, "nascido debaixo da lei" (Gl 4.4), ministrou primeiramente aos judeus da era da Lei (Mt 10.5,6; 15.2325) e era "servo da circuncisão, por causa da fidelidade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas" (Rm 15.8). Como rei e Messias, ele foi anunciado por João Batista, ofereceu o reino a Israel e foi rejeitado por eles (Mt 1— 12). Como profeta, previu a nova era (Mt 13) e sua segunda vinda (Mt 24— 25). Como sacerdote, morreu e ressuscitou, cumprindo a Lei e introduzindo a graça (Jo 1.17). Até o evento da cruz, os * evangelhos são uma extensão da dispensação do a t , vista em sua forte cor judaica, que só terminou quando o véu do templo foi rasgado sobrenaturalmente na morte de Cristo (Mt 27.51).

O s e v a n g e lh o s e a h u m a n id a d e

Os quatro evangelhos são dirigidos às várias classes da sociedade do século i d.C. — Mateus aos judeus, Marcos aos romanos, Lucas aos gregos e João aos que não eram nem judeus nem gentios (cf. 1Co 10.32), mas crentes no Senhor Jesus Cristo.

Os quatro evangelhos e o Antigo Testamento Citações do a t

Alusões ao at

M ate u s 53

76

M arcos 36

27

Lu ca s 25

42 .

João 20

105

Os quatro evangelhos I 373 1

Pano de fundo político dos tempos do Novo Testamento Imperadores ro m a n o s

P ro cu ra d o re s da Ju d é ia e da P alestina

Governantes h e ro d ia n o s Herodes o Grande

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37-4 a.C.

Rei dos judeus, grande construtor, helenizante.

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Judéia 6-41 d.C.

N ascim ento de Jesus, infância em Nazaré. M inistério público, m orte e ressurreição de Jesus

Q ueda e destruição de Jerusalém e do Estado judaico. D ispersão dos ju d e u s.

GERMANIA

OCEANO ATLÂNTICO BÉLGIC

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1 O império romano (14 d.C.)

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O império em sua maior extensão (116 d.C.)

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Mateus 0 evangelho do filho de Davi Autor. Embora esse evangelho seja anónimo, Mateus ou Levi, o publicano, judeu da Galiléia que se tornou um dos discípulos de Jesus, já desde época bem remota, foi identificado como o autor. A crítica moderna desaprova a autoria de Mateus e a data tradicional, geralmente propondo um cristão desconhecido como autor, em data posterior a 66 d.C. Sustenta-se que o autor anónimo usou uma coleção de dizeres compilada por Mateus, à qual se refere Pápias

Esboço 1— 12 O rei se manifesta e seu reino é rejeitado O rei rejeitado, seu ensinamento e ministério

1 3 — 25

26— 27 Paixão e morte

do rei 28 Ressurreição e

comissão do rei

Imagem de Mateus, autor de um dos evangelhos, esculpida nas paredes da Igreja da Anunciação em Nazaré.

(c.140 d.C.), e assim o nome de Mateus veio a identificar esse evangelho. Essa posição, porém, carece de provas. Parece melhor sustentar a autoria tradicional de Mateus, datando o livro por volta de meados do século i. Tema e objetivo. Mateus é um evangelho judaico, arraigado na profecia do at relativa à vinda do rei Messias e seu reino. Descreve a linhagem davídica, o nascimento e a infância real. Apresentado pelo seu arauto, o rei se revela em seu ministério

público. Sua rejeição como rei é acompanhada pela morte como filho de Abraão e pela ressurreição como o Filho de Deus. Esse é um evangelho judaico, e a chave da interpretação de Mateus está na compreensão do plano de Deus para Israel e seu Messias. Isso abarca a grande profecia axial do futuro reino terreno de Israel comandado pelo Messias. Foi rejeitado na primeira vinda, mas será estabelecido (At 1.6) na segunda, O tema de Mateus é o do rei-Salvador e seu reino.

Mateus 1 377 1

1. Genealogia e nascimento do rei 1-17. A ascendência real. Afirm a-se pri­ m eiram ente que o rei é "filh o de D avi", da linhagem régia, legítim o herd eiro do tro­ no de Davi, 1; depois "filh o de A braão", a sem ente por quem toda a terra seVá aben­ çoada. A ordem é im portante porque, para os judeus (e esse evangelho é dirigido aos ju d eu s), o S e n h o r d ev eria se a p re sen ta r p rim e ira m en te com o rei, e d ep o is com o Salvad or (cf. Jo 1.11-12). A genealogia, 217, é seletiva, tendo três divisões de qua­ to rze g e ra çõ e s cad a, em que se d esig n a exp licitam en te som ente D avi com o rei, 6 (cf. 2Sm 7.8-16). A g en ealog ia de M ateus revela o direito legal de Jesus ao trono da­ víd ico pela linhag em de S alom ão e José, sendo este o suposto pai de Jesus (Lc 3.23; 4.22). Se Jesu s fosse filho de M aria, e ela não fo sse leg a lm e n te esp osa de Jo sé , fi­ lho de Salom ão, a afirm ação da sua reale­ za teria sid o re je itad a im ed ia ta m en te. A g e n e a lo g ia de L u c a s a p re s e n ta Je s u s com o F ilh o do hom em , d esc e n d e n te de Davi por M aria, mas pela casa de Natã (e não Salom ão). Com o filho virginal de M a­ ria, ele, porém , não tinha d ireito legal ao trono. Era m ister d escend er de José. 18-25. O nascimento virginal. A genealo­ gia, 1-17, prova que Jesus nasceu com d i­ reito legal a ser rei dos judeus, pois era fi­ lho de Davi, filho de A braão. O relato de sua concepção pelo Espírito Santo no ven­ tre de um a virgem, 18-25, o revela também com o Filho de Deus, o Verbo Eterno, que estava com Deus e era Deus (Jo 1.1,2), tor­ nando-se homem (Lc 1.26-35; 2.1-7; Jo 1.14), cumprindo Isaías 1.14 (cf. M t 1.22,23). O hom em -D eus só podia ser "Jesu s" (form a gr. do heb. "Jehoshua", o Senhor-Salvador). Os versículos 18-25 indicam que Jesus foi con­ cebido pelo Espírito Santo, e por isso tinha um a n atu reza hu m ana p ecad ora un id a à d iv in d ad e. A ssim , Je su s pôde salv ar seu povo dos pecados deles, 21.

2. A infância do rei 1-12. A visita dos m agos. Essa visita de gentios d evotos para ad orar o rei recém -

n a sc id o se en qu ad ra p erfeitam en te n es­ se evangelho do rei e, portanto, só é regis­ trad a aqui. O correu talvez m eses após o nascim ento, quando a sagrada família ain­ da resid ia em Belém . O s m agos com pu­ nham um a classe erudita da Pérsia, ou li­ g a d a à r e lig iã o z o r o a s tr ia n a , com o s a c e r d o te s , ou à p rá tic a da a s tro lo g ia . Herodes, o Grande, idum eu capaz e cruel, governou a Judéia na condição de rei por outorga do senado rom ano de 37 a 4 a.C. Naquela época, era um tirano idoso e com ­ balido, n otoriam ente cium ento e inescrupuloso, flagrante contraste perante o ver­ d ad eiro "rei dos ju d eu s", 2. O vislum bre que se dá aqui do ímpio vilão, insanam ente insegu ro, concorda perfeitam en te com o que se sabe dele via história e arqueolo­ gia. Ele, que chegou a assassin ar alguns dos próprios fam iliares, surge como assas­ sino das crian cin h as inocentes de Belém , e com o pretenso hom icida do M essias. Os gentios (cf. Lc 2.32) levaram ouro, sugerin­ do a divindade do Rei; e mirra, usada para em balsam ar os mortos, indicando sua m is­ são de morrer.

 estrela de Belém Várias explicações já foram dadas para o su rg im e n to da e strela , cada qual com suas dificuldades. Sugestões até plausíveis de que a estrela era um a supern ova, ou um com eta que surgiu oportunam ente, ou ainda um a tripla conjunção de Saturno e Jú p ite r o co rrid a em 6 a .C ., não d ev em eclipsar o fato de que a estrela funcionou com o sinal sobrenatural do nascim ento do Rei dos reis e Salvador da hum anidade. 13-23. A fuga para o Egito. Os poderes dem oníacos que agiam por interm édio de H erodes, e m ais tarde por interm édio dos líderes de sua própria nação, resistiam ao rei. Satanás concentrou seu ataque contra os planos de Deus no Cristo enviado à ter­ ra. O E g ito, local da g ran d e escravatu ra de Israel, to rn ara-se agora refú gio do li­ b ertad o r de Israel e red en tor do m undo, na form a de um indefeso bebê.

[ 378 ] Mateus

3. 0 arauto do rei e seu batismo 1-12. O arauto do rei. João Batista, pro­ fetizado no at , 3 (cf. Is 40.3-5; M l 3.1), surge agora com o precursor do rei. O nascim ento e a m issão de Jo ão são d escrito s p o r L u ­ cas (Lc 1.5-80). Sua m ensagem , "A rrependei-vos, porque o reino do céu chegou ", 2, era um anú ncio do rein o m essiân ico que os profetas do a t previram que se estabe­ leceria na terra, em que o rei seria o filho e Senhor de D avi. Estava p róxim o d esd e o início do anúncio de João, aqui, até a rejei­ ção do rei (M t 12.1-45; cf. com entários so­ bre M t 4.17) e o anúncio de um a nova fra­ ternidade (Mt 12.46-50). É o "reino do céu" porque é a gestão dos céus sobre a terra (Mt 6.10), sendo um term o derivado de D a­ niel (cf. Dn 2.34.35, 44; 7.23-27). O batism o de João não foi um batism o cristão (cf. A t 19.1-7), mas um ato exterior que significava o arrepend im ento do can­ didato e a identificação com a m ensagem

de João, 11. Em 11 e 12, os dois adventos se fundem . C om o resultado do prim eiro ad ­ vento e da conclusão da redenção de C ris­ to, ele b a tiz a v a com o E sp írito Santo, no sen tid o de que P en teco stes (a o co rrên cia inicial do batism o, A t 2.1-4) foi consequên­ cia da obra expiatória de Cristo. O batism o com fogo (juízo) aguarda a segunda vinda. 13-17. O batismo do rei. Por que o imacu­ lado deveria insistir em um a cerimónia que significava a confissão dos pecados e o ar­ rep en d im en to , 13,14? A re sp o sta é: para "cum prir toda a justiça", 15, isto é, as justas exigências da lei m osaica. Com o Jesu s es­ tava ali para ser consagrado a seu m inisté­ rio público de rei, profeta e sacerdote, cuja essência deveria se concentrar em sua obra sa cerd o ta l de re d en çã o , o que se e n fo ca aqui é sua sep aração para sua obra com o Sacerdote. A lei levítica exigia que todos os sacerdotes fossem consagrados quando ti­ vessem "cerca de trinta anos" (Lc 3.23; cf. N m 4 .3 ) p e la ág u a e d ep o is p ela u n ção

O palácio de Herodes, na Cidadela de Jerusalém. Acredita-se que foi nesse palácio que os magos do Oriente estiveram em busca do recém-nascido rei dos judeus.

Mateus I 379 ]

(Êx 29.47; Lv 8.6-36). Arão foi banhado na água, por ser p ecad or e p recisar d isso, e assim estabeleceu o m odelo do batism o de Cristo, que, embora não fosse pecador nem precisasse disso, assim m esm o identificouse com os pecad ores e cum priu o m odelo de Arão. D epois do batism o de Jesus (ba­ nho), 14,15, veio sua unção, quando os céus se abriram, e o Espírito Santo desceu sobre ele, 16, e a voz do Pai selou seu ministério tríplice, 17. Foi a unção sacerdotal (cf. Êx 29.57, em que a unção vinha após o banho) da­ quele que foi assim divinam ente consagra­ do para a obra de redenção (At 4.27; 10.38) e tam bém para a obra de rei e profeta.

reino, cuja única condição era o arrependi­ m ento. O fato de a nação não ter se arre­ pendido, m esm o diante da presença do rei verd ad eiro, e a conseq u ente rejeição tan­ to do rei com o do reino, fazia parte do pla­ no divino para provar a inveterada pecam in osid ad e da n ação e a necessid ad e da m orte expiatória do rei com o pré-requisito d o fu tu ro e s ta b e le c im e n to do rein o . R egistra-se o cham ado dos discípulos Pe­ dro e André, 18-20 (cf. M c 1.16-20; Lc 5.211), e de Tiago e João, 2 1 —22. Sobre Decápolis, 25, ver com entário sobre M arcos 7.

4. A tentação do rei

5.1-16.0 caráter dos cidadãos do reino. Os capítulos 5 —7 trazem o sermão do monte, proferido pelo rei na ocasião em que anun­ cia o "reino do céu". As bem-aventuranças, 1-12, revelam o caráter daqueles que h er­ darão o rein o. A qu eles que realm ente se arrependerem tornar-se-ão tam bém "o sal da terra", 13, e "a luz do mundo", 14-16. 5.17-48. O rei e a lei m osaica. O rei cum ­ priu a lei, confirm ando e enfatizando seu sig n ificad o esp iritu al m ais profundo. Ao fa z ê -lo , co n d e n o u to d o hom em natu ral, esp iritu alm en te não renovado, e mostrou que o rein o do céu será e sta b elecid o so­ m en te p o r um rei q u e n e c e ssa ria m e n te ta m b é m será o S a lv a d o r d a q u e le s que serão seu s cid ad ãos. Só naquele m om en ­ to d e sfru ta rã o da ju stiç a , do am or e da perfeição aqui descritas pelo rei. Esse dia se realizará p len am en te em sua segunda vinda, quando virá o reino e sua vontade será feita na terra com o no céu (M t 6.10). 6.1-18. Os herdeiros do reino e a oração. O s herdeiros do reino devem ser m ovidos pela verd ad eira retidão interior, e devem tê-la e praticá-la. Essa retidão os leva à co­ m u n hão com D eu s, seu Pai (u sado doze vezes nesse capítulo). Tal com unhão e con­ seq u en te retid ão antecipam a cruz, onde se to rn ou p o ssív e l tê-la. O Pai N osso — m uitas vezes, m ais acertadam ente, cham a­ do de "O ração do discípulo" — é uma obraprim a intem poral que serve como m odelo de toda oração, contendo todos os elem en­ tos essenciais de um a oração eficaz.

1-11. A tentação pelo diabo. Essa tenta­ ção do "últim o Adão" (IC o 15.45) no deser­ to formou um flagrante contraste diante da do prim eiro A dão no paraíso. O prim eiro A dão, sen hor da prim eira criação, agindo em d eso b ed iên cia a D eus, caiu e perd eu tudo. Mas o últim o Adão, com o servo sub­ m isso ao Pai, agiu con fian d o p len am ente no Pai, resistiu à tripla tentação do diabo e, assim, reconquistou tudo. Desse modo, ele p ro v o u seu v a lo r e ca p a cid a d e , com o o im aculad o, para red im ir os pecad ores na cond ição de Sacerd ote; com o o V erd ad ei­ ro, rejeitando as m entiras de Satanás, para declarar a verdade na condição de Profeta; e, ao re je ita r a falsa realeza de S a ta n á s, para ser o verdadeiro Rei dos reis e sobe­ rano da terra rem ida. O hom em de obedi­ ência venceu Satanás pela Palavra de Deus em Deuteronômio, o livro da obediência (cf. Dt 8.3; 6.16; 10.20). 12-25.0 rei inicia seu ministério público. Je su s m orava em C afarn au m , 12,13 (Tell Hum), populoso e m ovim entado porto pes­ queiro na costa n oroeste do m ar da G aliléia. O início de seu m inistério cum priu Isa­ ías 9.1,2. A m ensagem do rei (com o a do seu precu rsor) era: "A rrepend ei-vos, p o r­ que o reino do céu chegou ", 17 (cf. com en­ tários sobre M t 3.2). Essa expressão "c h e ­ g ou ", ou "p ró x im o ", significava que o rei estava, naquele m om ento, presen te e que se fazia a Israel um a au tên tica oferta do

5—7. 0 rei proclama o reino

[ 380 1 Mateus

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Trecho tran q u ilo do rio Jo rd ão , 'j - i v ao sul do m ar da G aliléia. ' A tradição afirm a que esse pode ter sido o local do batism o de Jesus. V

6.19-34. Os herdeiros do reino e o m un­ do. Explica-se aqui com o é que aqueles que possuem o v erd ad eiro m o tiv o da ju stiça, que vivem na esfera da presen ça do Pai, devem agir com resp eito à riqu eza e aos cuidados do mundo. 7.1-14. Os herdeiros do reino e o juízo crítico. O juízo dos m otivos é aqui proibido (cf. IC o 4.5; 5.12.13). Sobre o versículo 6, cf. 2Pedro 2.22, em que "c ã o " e "p o rca " sim ­ bolizam os externalistas irregenerad os. A oração é a cura da tendência ao julgam en­ to, 7-11, e a 'regra de ouro', 12, resum e os motivos hum anos corretos. As duas estra­ das, 13,14, lem bram Salm os 1. 7.15-29. Os herdeiros do reino são aler­ tados contra os falsos profetas. São os fru­ tos dos fa lso s p ro fe ta s que os re v e la m , 15-20, e não sua co n fissã o v a z ia , 2 1 -2 3 , exem p lificad a por aq u e le s que ed ificam sobre a rocha e sobre a areia, 24-29.

8—9. A manifestação do rei 8.1-17. O poder do rei sobre a doença. Os sinais m iracu loso s provaram a Isra el

que o reino estava próxim o. Curou-se um lep roso, 1-4; e tam bém o servo do centurião, 5-13; a sogra de Pedro, 14,15; e muitos o u tro s, 16,17. M ateu s d isp õ e e sses m ila ­ gres em um a ordem tem ática, e não cro ­ nológica (cf. M c e Lc), para enfatizar o ca­ ráter ju d aico de seu evangelho. 8.18-34. O poder do rei sobre a natureza e sobre os dem ónios revelou-o Senhor da criação e dom inador do m undo dem onía­ co. (Cf. com en tário sobre o m ar da G ali­ léia em M c 6.) 9.1-38. O poder do rei para perdoar o pe­ cado e outros sinais. A cura desse paralítico dem onstrou o poder do rei para perdoar o pecado, 1-8. O cham ado de M ateus, 9, e o fato de o rei com er ao lado de publicanos, 10-13, d em » on straram sua m issão de cham ar os p ecad o res ao arrep en d im en to . O "pano novo" e "recipiente de couro novo", 16,17, prefiguram a aperfeiçoada justiça da graça em contraste com a veste e os odres velhos das ordenações legais (cf. M c 2.21,22; Lc 5.36-39). Infelizmente, a proclam ação do reino era rejeitada, 27-34, apesar de os m i­ lagres que a acom panhavam , 35-38.

Mateus [ 381 ]

10. Os embaixadores do rei 1-15. Os D oze e sua com issão. O rei en­ viou seus doze discípulos, dotados de po­ d eres m iracu loso s, para p ro clam ar o re i­ n o so m e n te a o s is r a e lit a s , 1 -6 . S u a m en sagem era id ên tica à de Jo ão, o p re­ cursor do rei, 7 (cf. M t 3.2 e com entário), e à do próprio rei (M t 4.17 e com entário). Sua c o m issã o era co n firm a r o e v a n g e lh o do reino por m eio de poderes m iraculosos. 16-42. Retom ada da com issão. O objetivo de 16-23 extrapola o m inistério do reino dos d oze e p ro fetiza a pregação dos res­ tantes ju d eu s nos tenebrosos dias de per­ segu ição da grand e tribu lação que p rece­ derá a segunda vinda, quando o evangelho do reino será n ov am en te p ro clam ad o . O versículo 23 será, naquele m om ento, cu m ­ prid o. O s v ersícu lo s 24-42 dão e n co ra ja ­ m ento aos verd ad eiros d iscípu los do rei.

11. A rejeição da mensagem do reino 1-19. João Batista é rejeitado. O ministé­ rio do reino de Jesus suscitou perguntas ao precu rsor, 1-6- A prisão de João pode ter p ro vocad o essas d ú v id as, m as as provas prodigiosas dos m ilagres de Jesus tinham por m eta m itig ar seus tem ores. O louvor que o rei fez de João foi gracioso e eloquen­ te, 7-19. Aquele que é o menor no reino do céu, 11, quando este se estabelecer na ter­ ra, terá posição m ais elevada (e não gran­ deza m oral) que João, que não entrou no reino, mas m eram ente anunciou aquilo que foi, naquela época, rejeitado. O versículo 12 e n fa tiz a a v io lê n cia que os o p o sito re s e pecadores im pingiram ao reino. 20-24. O rei é rejeitado. O reino do céu, anu nciad o por João, pregad o e au ten tica­ do pelo Rei e sus em baixadores por m eio de sinais m iracu losos, foi m oralm ente re­ jeitado, de m odo que o rei anunciou o ju í­ zo. C orazim (K erazeh) ficava apenas três q u iló m etros ao norte de C afarnau m (Tell H um ), na região da costa noroeste do mar da Galiléia, onde há m uitas ruínas, inclusi­ ve um a sinagoga conhecida há dois sécu ­ lo s. B e tsa id a era a re g iã o p e s q u e ira de

C afarnaum — o nom e significa "casas de p e s c a ". E v id en tem en te, esp raiav a-se pe­ las duas m argens do Jord ão no ponto em que o rio desem boca no lago. Cafarnaum era a p ró sp era e populosa m etrópole da região do litoral noroeste da Galiléia. 25-30. A nova mensagem do rei. Isso re­ p resentou uma crise no m inistério do rei. Ele afastou-se da nação im penitente que o r e je ita v a e o fe re c e u d e sc a n so e serv iço àqueles da nação que se arrependessem e que tivessem consciência da necessidade.

12. A consumação da rejeição do rei 1-21. O rei rejeitado. Os acontecim en­ tos d esse cap ítu lo con cen tram -se na ple­ na rejeição do reino e assinalam o grande divisor de águas no evangelho de Mateus. O rein o já não seria pregad o a Israel. A re je iç ã o d os m e n sa g eiro s do rein o re v e ­ lou-se na acu sação dos fariseu s com re s­ peito à violação do sábado, 1-8. Nosso Se­ n h o r, com o rei re je ita d o , h a b ilm e n te se referiu àq u ilo que D avi fez quando tam ­ bém ele se viu rejeitado (ISm 21.6). Decla­ rou-se Senhor do sábado e curou o homem da m ão a tro fiad a n esse dia, 9-14. Tom a­ dos de ódio dem oníaco, os líderes plane­ javam m atá-lo, 14. O rei rejeitado de Isra­ el indicou a futura guinada em direção aos gentios, 15-21 (cf. M t 10.5,6; Is 42.1-4). Tal guinada aguardaria a rejeição oficial m a­ nifestada em sua crucifixão (M t 2 6 —27) e na rejeição final do Cristo ressurrecto (Lc 24.46,47; A t 9.15; 13.46; 28.25-28). 22-45. O rei e o pecado im perdoável. A cura do endem oninhado, 22,23, precipitou a blasfém ia dos fariseus, 24, que com ete­ ram o pecad o im perd oável de atribu ir as p oderosas obras do rei encarnad o ao po­ der satânico (dem oníaco), e não ao Espíri­ to Santo, 25-32. A nunciando uma vez mais o juízo, 33-42 (cf. 11.20-24), o rei proferiu a p ro fe cia p a n o râ m ica da n a çã o de Israel sob a figura de um endem oninhado, 43-45. A quela g eração, em seu externalism o fa ­ risaico, era com o um endem oninhado em seu estado não dem oníaco — vazio, varri­ do e em ordem. A entrada dos sete demô-

[ 382 1 Mateus

nios piores previa o con trole d em oníaco da nação nos últim os dias, quand o cairá sob o fa s c ín io do a n tic r is to (D n 9 .2 7 ; Ap 9.1-12; cf. 2Ts 2.8-10; Jo 5.43). 46-50. A nova relação do rei. Rejeitados o rei e sua m ensagem , o rei recusa-se até mesmo a ver os seus, sim bolizando o fato de que sua relação com a n a çã o , à qual viera com o rei p ro m etid o , e sta v a ag ora rom pid a. E sboçam -se n o v a m en sag em e relação (cap. 13).

13. 0 rei rejeitado fala do reino interino 1-2. O rei ensina à beira-mar. O rei com e­ çou a en sin ar em p aráb olas. E ssas p a rá ­ b o las, re g istra d a s in te g ra lm en te ap en as em M ateus, retratam os m istérios do reino do céu. Este já não era o reino tão clara­ m ente p ro m etid o a Israel p elo s p ro feta s do a t , que conform e anunciado pelo p re­ cursor estava próximo, bem com o pelo pró­ prio rei e seus arautos (caps. 3 —12), o qual fora por fim rejeitado (caps. 11 — 12). Era o reino do céu em sua forma de mistério, re­ velando as condições esp iritu ais que p re­ valecerão na terra da rejeição do rei e seu reino por Israel até a futura aceitação. Es­ ses m istério s n ão foram rev elad o s no a t (cf. Mt 13.11,34,35), ao contrário d aquele rein o que acab ara de ser re je ita d o pela nação, e que era bem conh ecido da plena revelação do a t (e.g. Is 9, 11, 35; M q 4, etc.). 3-52. As sete parábolas (mistérios) do rei­ no. C h am am -se "m is té rio s " po rqu e co n ­ têm a verdade não revelada anteriorm en­ te. As sete parábolas tratam da era atual, em q u e se a b a n d o n a Is r a e l, a v in h a (Is 5.1-7). A primeira parábola revela que nos­ so Senhor planta a sem ente da Palavra no campo (o mundo), 3-23. A segunda parábola, a boa sem ente e o joio, 24-30, interpretada em 36-43, m ostra a atividade e os ardis de Satanás durante esta era, em que ele de­ g en era o trigo, os v e rd a d eiro s filh o s do reino, por m eio de falsos profetas (M t 7.2123). A terceira parábola, a sem ente de m os­ tarda, 31,32, sim boliza o rápido crescim en­ to do reino em sua form a de m istério. A quarta parábola, o ferm ento esco n d id o em

Herodes Antipas mandou matar João Batista, após ter sido denunciado por manter um relacionamento ilícito com a cunhada. Seu pai, Herodes, o Grande, mandou construir esse palácio de inverno, em Jericó. três m ed id as de farin h a, 35, alerta sobre a c o n ta m in a çã o da v e rd a d e da P a la v ra pelo erro do ferm en to dos falso s e n sin a ­ m entos desta era (cf. M t 16.11.12; M c 8.15; IC o 5.6; G1 5.9). A qu inta parábola retrata nosso Sen h or, que deu tudo o que tinha para possu ir o tesouro (Israel) escond id o n o c a m p o , 4 4 (c f. Is 5 3 .4 -1 0 ; SI 2 2 .1 ; 2C o 8.9). Ele restau rará esse tesou ro por m eio da sua m orte expiatória. A sexta p a­ rábola m ostra nosso Sen h or com o com er­ c ia n te , q u e e n c o n tr o u "u m a p é ro la de grande v a lo r" (a igreja, Ef 5.25-27) e ven­ d eu tu d o n o C a lv á r io p a ra c o m p rá -la , 45,46. A sétim a p arábola exibe a rede que apanha peixes bons e ruins, 47-52, que per­ m a n e c e rã o ju n to s d u ra n te e sta era até que sejam sep a ra d o s na con su m ação . 53-58. Novas provas da rejeição do rei, quando ele volta a N azaré.

14. 0 martírio do arauto do rei 1-14. O m artírio de Jo ão . H erodes A n­ tip a s, te tra rc a da G a lilé ia (L c 3 .1 ) e da Peréia (4 a.C .-39 d .C .), filho de H erod es, o G ra n d e , com su a e sp o s a s a m a rita n a , M altace, não era, p o rtan to , ju d eu . Ele se afa sto u de seu s s ú d ito s ju d eu s p elo c a ­ s a m e n to in c e s tu o s o co m su a s o b rin h a H ero d ias, e x -m u lh e r de seu m eio irm ão H e ro d e s F ilip e . E ssa im p ied a d e foi d e ­ n u n cia d a p o r Jo ã o B a tista e re su lto u na d e c a p ita ç ã o d e ste .

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15-36. O m inistério de m isericórdia de Jesu s. Ele alim en to u os cin co m il, 15-24 (M c 6.30-44; Lc 9.10-17; Jo 6.1-14) e acalmou o m ar bravio, 22-36 (M c 6.45-56).

15. Continuação do ministério do rei rejeitado 1-20. O rei denuncia os escribas e fari­ seus. Eles acusavam Jesu s de violar tradi­ ções criad as p elo hom em , 1,2. Je su s re s­ p o n d e u co n d e n a n d o o p e ca d o d ele s de preferir as tradições à Palavra de Deus, 36. E xp ô s ain d a a h ip o crisia e co rru p çã o deles citando Isaías 29.13 e denunciou seu ím pio externalism o, 7-20. 21-28. Ele ministra a uma mulher gentia. Depois de ter sido rejeitado pelos seus, Cris­ to indicara um ministério ampliado aos gen­ tios (Mt 12.18; cf. Is 42.1-4). Agora começava um cum prim ento prévio. Com o o filho de Davi rejeitado, ministrou a uma não-israelita na Fenícia, aqui chamada de "a região de Tiro e de Sidom " em virtude de seus dois portos principais. O s "cach orrin h os" eram os gentios, fora da esfera do privilégio espi­ ritual denotado pelo "pão dos filhos". Quan­

Em Cesaréia de Filipe, norte da Palestina, aos pés do monte Hermom, Pedro confessou que Jesus era o Messias.

do a m u lh er can an éia o cham ou de "S e ­ nhor", assumindo, por assim dizer, uma po­ sição de humilde fé entre os cachorrinhos, viu atendido seu pedido. Esse episódio prefigu­ rava a salvação dos gentios nesta era. 29-39. Ele m inistra às m ultidões. A cura das m u ltid ões, 29-31, representou as bên­ çãos do D eu s de Israel a todos os que o buscavam com fé. A alim entação dos qua­ tro m il m ostrou nov am ente a com paixão do rei pelas m ultidões, 32-39 (cf. Mc 8.19).

16. 0 rei rejeitado profetiza sua morte 1-12. O ferm ento dos fariseus e dos sa­ duceus. N ovam ente se expõe a im piedade dos líd eres ju d eu s, 1-4, quando eles ten ­ tam Jesus, pedindo um sinal depois de te­ rem já d e s a c re d ita d o e re je ita d o to d a s suas obras m iraculosas. O sinal do profe­ ta Jo n a s re fe re n te a sua re ssu rre içã o , 4, foi o único que ele lhes deu (cf. M t 12.39-41; Lc 1 1 .2 9 -3 2 ). Isso serv iu p ara a g ra v a r a culpa deles. Jesus, a seguir, interpretou o sím bolo do ferm ento com o a m á doutrina, 6-12 (cf. M t 13.33; IC o 5.6). O ferm ento dos

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fariseus era o externalism o h ip ócrita, e o dos sa d u ce u s, a d escre n ça ra c io n a lis ta . A m bos rejeitavam o rei e seu reino. 13-19. A confissão de Pedro. Sobre Cesaréia de Filipe, 13, ver com entário sobre M arcos 8.27. A co n fissão de P ed ro a b a r­ cou a plena divindade de Jesus, "C risto, o Filho do D eus viv o ", 16. Essa revelação a Pedro, como a qualquer um, não vem por sabed oria nem cap acid ad e h u m an a, m as por interm édio de Deus Pai, 17. Além dis­ so, e ssa v e rd a d e so b re a d iv in d a d e de Cristo ("o Filho do D eus v iv o ", e não "o filho de D avi") seria o fundam ento da igre­ ja, 18, e n ão Pedro. "Tu és Pedro (p etros, pedra), e sobre esta pedra (p etra, grand e laje rochosa) edificarei a m inha igreja" (cf. IP e 2.4-6, em que o apóstolo d eixa claro que ele jam ais deveria ser considerado "a ped ra"). As "ch aves do reino do céu ", 19, devem ser entend id as no sentid o de M a­ teus 13 (ver com entário sobre M t 13.1,2). Pedro usou essas chaves para abrir a opor­ tunidade do Evangelho a Israel em Pente­ costes (At 2.38-42), aos sam aritanos, ra ci­ a lm e n te m e s tiç o s (A t 8 .1 4 -1 7 ), e aos gentios de Cesaréia (At 10.34-44). Foi esse o limite do uso que Pedro fez delas. 20-28. Cristo prevê sua morte, ressurrei­ ção e volta. O rei proibiu seus discípulos de esp alh ar que "e le era o C risto ", 20, pois vinham pregando Cristo com o o rei do rei­ no da aliança, o prom etido a Israel. A igre­ ja, por outro lado, precisava ser edificada so b re a p ro c la m a ç ã o de C ris to com o o Senhor cru cificad o, ressu scitad o e a scen ­ dido (E f 1.20-23). Em bora o testem u n h o a n te rio r e stiv e s s e já e n c e rra d o , a n o v a m ensagem ainda não estava pronta, pois o sangue da nova aliança não fora d erra­ mado. Portanto, nosso Senhor, nesse divi­ sor de águas de im ensa im portância, p re­ d isse su a m o rte , r e s s u r r e iç ã o , 2 1 , e segunda vinda, 28. Não é de adm irar que Pedro e os outros discípulos, que vinham pregando e esp eran do o rei que viria em seu rein o , n ão ten h am c o m p re e n d id o a súbita previsão dos sofrim entos e da m or­ te de Cristo, 22,23. Assim, eles tinham de ser in stru íd os sobre os rig ores do v erd a ­ deiro discipulado, 24-26, e sobre as recom ­

pensas da segunda vinda, quando o rei e seu reino seriam aceitos por Israel, 27,28. A lg u n s d e le s p re s e n c ia ra m e sse fu tu ro reino, exibid o em um a d em onstração au­ diovisual no capítulo 17. «

17. 0 rei rejeitado e sua glória vindoura 1-21. A transfiguração. Ver também co­ m en tários sob re L u cas 9.18-62. Em 16.28, que pertence a esse capítulo, Cristo anun­ ciara sua gloriosa segunda vinda (cf. 16.27) para e sta b elecer o rein o rejeitad o tão re­ centem ente (M t 3 — 12). Ele previu que al­ gu n s que estav am com e le n a q u ele m o­ m e n to (P e d ro , T ia g o e Jo ã o , 1) n ão m orreriam sem ver "verem o Filho do h o­ m em vin d o em seu rein o " (16.28). Essa previsão foi cum prida um a semana depois, na transfiguração de Cristo, um retrato em m in ia tu ra d esse g lo rio so a co n tecim e n to futuro (2Pe 1.16-21). Todos os detalhes es­ s e n c ia is do q u a d ro e stã o p re s e n te s : (1) Cristo com o Filho do hom em , não na h u ­ m ilh ação da sua hu m anidad e im aculada, mas revestido de glória; (2) M oisés glorifi­ cad o, re p re sen ta n d o os rem id o s que e n ­ traram no reino pela morte; (3) Elias, igual­ m ente g lorificad o , m as rep resen tan d o os rem idos que entraram no reino pelo arre­ batam ento (lT s 4.14-17; IC o 15.50-53); (4) Pedro, T iago e João, não g lorificad o s, re­ p re sen ta m , n essa v isã o , o re m a n e scen te dos ju d eu s no final dos tem pos, aq u eles que entrarão no reino em corpos não glo­ rific a d o s; (5) a m u ltid ã o n e cessita d a no sop é da m o n ta n h a , 14-21, retrata as n a ­ çõ e s que serã o co n d u z id a s à b ê n ç ã o do reino d epois da restitu ição deste a Israel (A t 1.6; Is 11.10-12), m anifestando a liber­ ta çã o do ju g o de Sa ta n á s e dos p o d eres dem oníacos (Ap 20.1-3). 22,23. Jesus reafirm a a aproxim ação de sua morte (cf. M t 16.21; M c 9.30-32; Lc 9.4345). Ela era necessária por ser pré-requisito de sua segu nd a v ind a e do rein o. Ver tam bém com entários sobre M arcos 9.1-13. 24-27. O dinheiro do tributo. Esse m ila­ gre do dinheiro do tributo, retirado da boca do p eixe na m o v im en tad a costa do lago

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em C afarnaum , dem onstra a hum ildade e a su jeição do Sen h or onip oten te e o n isci­ en te do u n iv e rso , q ue tão re ce n tem en te revelara sua glória e seu rein o vindouro. O tributo em questão era eclesiástico, para o sustento do tem plo (Êx 30.13; 2Cr 24.6,9). N osso Senhor estava, na verd ad e, d iz en ­ do: "E s s e im p o sto é p ara o su ste n to da casa do m eu P ai. C om o F ilh o dele, esse im posto, p o rtan to , não pode ser cobrad o de mim . Estou d esobrigad o".

18. Instruções do rei rejeitado sobre o perdão 1-14. O caráter dos cidadãos do reino. O s d is c íp u lo s e sta v a m in te re s s a d o s em o cu p ar carg o s no rein o, 1. Je su s, porém , enfatizou a im portância de to m ar-se cida­ d ão do rein o pela conv ersão, 2,3, e pela h u m ild ad e, com o a das crian ças, 4,5. Je ­ sus, a seg u ir, d iscu tiu as o fen sa s (ato s e atitu d es que preju d icam os outros, ou os faze m p e ca r), 6 -1 0 . E ssa s o fe n sa s p re c i­ sam ser tratad as com serie d a d e , co n fo r­ m e denota o uso hiperbólico do sím ile da autom u tilação, que logicam ente não deve ser interpretad o com ousada literalid ad e. O s cid ad ãos do rein o têm an jos da g u ar­ da, 10, e são objeto do m inistério pastoral e redentor do Filho do hom em , 11-14. 15-20. D isciplina e oração no reino. N es­ sa p assagem , é o asp ecto de m istério do re in o q ue e stá em fo co (v er co m en tá rio sobre M t 13.1,2). Com o essa form a do rei­ no é em larga m ed id a, em bo ra n ão com ­ pletam ente, coincidente com a igreja, esta é aqui antecipada com o em M ateu s 16.18. O conceito com pleto da igreja só vem por interm édio de Paulo (cf. Ef 3.1-10). A disciplina na igreja deve seguir cer­ to p ad rão, de m odo que o m em bro o fen ­ dido saiba com o reagir. Esse é o p roced i­ m ento do am or e da p aciên cia, b an had o n a o ra çã o . 21-35. O perdão no reino. Setenta vezes sete é q u atro cen tos e n ov enta, sugerind o q u e o v e rd a d e iro p e rd ã o vai a lém d as co n tag en s ou das lim itaçõ es. A parábola d o re in o (cf. as sete de M t 13) e n sin a a im portância do perdão (cf. Ef 4.32).

Mosaico retrata antigo barco de pesca, no mar da Galiléia. Essa peça foi encontrada em um sítio arqueológico em Cafarnaum, local em que Pedro, seguindo instruções dadas por Jesus, miraculosamente encontrou um estáter (moeda de prata) na boca de um peixe (Mt 17.27).

19. Instruções do rei rejeitado sobre o divórcio. 1-15. Sobre o divórcio. Jesus deixou a G a liléia para dar in ício a seu m in istério na Peréia, 1,2 (caps. 1 9 —20). Um a pergun­ ta dos fariseus deu oportunidade para que ele e n sin a sse so b re o d iv ó rc io , 3 -1 2 (cf. Mt 5.31,32; M c 10.2-12; Lc 16.18; e a discus­ são de Paulo em IC o 7). A m onogam ia é o parâm etro de Deus, 4-6, m as a lei m osai­ ca fa z ia d e te rm in a d a s co n cessõ e s à fra ­ gilidade hum ana, 7,8 (Dt 24.1-4). Cristo p a­ rece adm itir o divórcio som ente diante da fo rn icação , 9, m as tam bém leva em con ­ sid era çã o a fraq u eza dos hom ens, 10-12. Ele p en sava nas cria n cin h a s, os m aiores preju d icad os em um divórcio, 13-15.

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16-26. O jovem rico. R eligioso e ético, m as apartado da salvação, carente de re­ alid ad e e sp iritu a l, esse jo v em re p re se n ­ ta a situ ação de m u ito s cristã o s. A cham que é n e cessá rio fa z e r alg o (o b ra s) para ser salvos, em vez de crer na boa nova de q u e C risto já fez e sse a lg o p o r e le s. O Sen h or não p ro m eteu vid a e tern a ao jo ­ vem p e las o b ra s, m as m a n d o u -o fa z e r algo que provaria sua falta de fé red ento­ ra e a falsid ad e da a leg açã o de que o b ­ servava a lei (M c 10.17-30; Lc 18.18-30). 27-30. As recom pensas da regeneração. Essa re g en eração (re cria çã o ) re fe re -se à regeneração da terra no reino m ed iatário davídico que fora oferecido e rejeitado (Mt 3 — 12), m as que seria re sta u ra d o na se ­ gunda vinda (Mt 25.31).

20. Instruções do rei rejeitado: os trabalhadores 1-16. A parábola dos trabalhadores. Essa parábola ilu stra a verd ad e que Jesu s de­ clarou em 19.30 e repetiu em 20.16, corri­ gindo o egocentrism o e o esp írito barganhista de Pedro (19.27). Deus não avalia o trabalho do hom em da m esm a form a que hom em o faz. Alguns que se sobressaem e, a p a re n te m e n te , a lcan çam su c e s s o no trabalh o cristão que con sid eram os g ra n ­ dem ente valorizado por Deus, surgirão no pé da lista dos servos fiéis do Senhor, en­ quanto servos hum ildes e m odestos, pou­ co reco n h ecid o s p elos h om ens, a p a re c e ­ rão no alto. A lém do m ais, d evem os nos interessar pelo serviço em si do Senhor, e não pela recom pensa; na qualidade, e não na extensão de nosso serviço. 17-28. Jesus novamente prevê sua m or­ te e ressurreição. Essa é a quarta predição desses acontecim entos (Mt 12.38-42; 16.2128; 17.22,23). D iante da profecia do so fri­ m ento e da m orte de Jesus, 17-19, sobres­ sai o egoísm o do pedido da mãe de Tiago e João. Ela queria d estaque para seu s fi­ lhos no reino p ro m etid o, in terp reta n d o e rrad am en te sua n atu reza. 29-34. A cura de dois cegos. Esses cha­ maram Jesus de "F ilh o de D av i", 30,31, e foram curados perto de Jericó (Tulul Abú

el-‘Alâyicj, às m argens do uádi Qelt, a vinte e sete quilóm etros de Jeru salém ). Eles re­ co n h eceram a au to rid a d e m essiâ n ica de Jesu s e, talvez, prenu nciem a futura con­ versão do rem an escen te dos ju d eu s, que aceitarão o M essias em sua segunda v in ­ da. (Cf. M c 10.46-52; ver ali com entário so­ b re Je ricó .)

21. 0 rei rejeitado entra em Jerusalém 1-11. A entrada real em Jerusalém. Ele foi a Jerusalém com o rei para cum prir a pro­ fecia proferida por Zacarias (Zc 9.9). Embo­ ra aclam ado superficialm ente pelas turbas em polgadas, ainda era o rei rejeitado, pois os representantes oficiais da nação não o receberam na oferta final e oficial que Je ­ sus lhes fez de si mesmo. Além disso, m es­ mo as multidões que o saudavam gritando: "H osana" (SI 118.26) e agitando ramos res­ ponderam em termos de rejeição à pergun­ ta sobre quem ele era de fato, 11. Em vez d o p ro m e tid o re i-M e s s ia s , Je s u s -Je o v á , D e u s-S a lv a d o r, re sp o n d e ra m : "E s te é o profeta Jesus, de N azaré da G aliléia". Mas como o rei e o reino (Mt 3 —12) haviam sido rejeitados na região da Galiléia, era neces­ sário que Jerusalém , a cidade real, tivesse a oportunidade de aceitá-lo. 12-32. Segunda purificação do tem plo e a figueira am aldiçoada. A primeira purifica­ ção do tem plo foi no início de seu m inisté­ rio (Jo 2.13-17); essa foi no final, 12,13. Lá, e le d e m o n s tro u seu z e lo p e la ca sa de D eu s; a q u i, e le a g ia com p re rro g a tiv a s régias e m inistrava m iracu losam en te aos n e c e s s ita d o s em so lo p u rifica d o , 14 (cf. Is 56.7; Jr 7.11; Lc 14.21). A figueira am aldi­ çoada, 18-22, representa Israel (J1 1.7), sim ­ b o liz a d o a q u i a r e je iç ã o n a c io n a l. L u ­ cas 13.6-9 con trasta com M ateu s 24.32,33, pois a profecia sim bólica indica que Israel n ov am en te florescerá (reto m and o a co n ­ dição de nação eleita, Rm 11.1-26). O question am en to da au torid ad e de Jesus pelos líd e re s da n a çã o , 2 3 -2 7 (cf. M c 1 1.27-33; Lc 20.1-8), bem com o a parábola dos dois filhos, 28-32, reforça ainda m ais seu ódio e rejeição do rei.

Mateus [ 387 !

Cid ade velh a de Jerusalém vista das encostas do m o nte das O liveiras.

33-46. A parábola do proprietário de ter­ ras. O proprietário de terras (Deus) plantou um a vinha (Israel, Is 5.1-7). Os servos eram os profetas, que foram maltratados. Por fim Deus enviou seu Filho (o M essias) e eles o a s sa ssin a ra m , 37 -3 9 . P ro fe tiz a ra m -se os acontecim entos da guerra judaico-rom ana, de 67 a 70 d.C., 40,41. Jesus habilm ente ci­ tou as profecias que a ele se referiam como a Pedra rejeitada (Sl 118.22,23) e m ostrou que o reino de Deus, no sentido m ais am ­ plo de luz e de salv ação e sp iritu a l, seria retirado da nação de Israel e dado aos gen­ tios (Rm 9.30-33; 11.1-24). No versículo 44, nosso Senhor referiu-se a si m esm o, no ju ­ ízo, com o a Pedra esm agadora da destrui­ ção (Dn 2.34).

22—23. 0 rei rejeitado confronta os líderes 22.1-14. A parábola das bodas. Essa pa­ ráb ola e x p lica q ue o rei e o rein o foram oferecidos à nação, 1,2, m as recusados, 3. Os versículos 4-6 representam a nova ofer­ ta e a n o v a re je içã o , e a a firm a çã o tu do está p rep arad o" sugere a m orte de Cristo e os b e n e fício s red en to re s que ela trará.

Depois da morte expiatória de Cristo, a na­ ção teve a chance de se arrepender (At 1— 8), m as re cu so u -se a fa z ê -lo . P rev ê-se a ampla oferta mundial aos gentios, 8-10, de­ pois da descrição dos acontecimentos de 6770 d.C., 6,7. A veste nupcial, 11-14, é a justiça de Cristo. Muitos são convidados para a sal­ vação, mas relativam en te poucos aceitam o convite, 14 (cf. Rm 8.30). 22.15-46. A nação novam ente m ostra sua rejeição . O s h erod ianos eram ju d eu s nos rito s r e lig io s o s e x te r io r e s , m as o fe n sa am arg a a to d a a n ação em sua d ev oção ao h e le n ism o , re sig n a d o e co n fo rm a d o aos cam inhos do m undo, tão avidam ente abraçado pelos H erodes, 15-22. N o ódio a Je s u s , u n ia m -se aos sa d u ce u s, 2 2 -3 3 , os racion alistas religiosos e aos fariseus, 3440, os vazios e xtern alistas. Jesu s con fu n ­ diu os cegos fariseus fazendo-lhes pergun­ tas sobre Salm os 110.1, que faz referência a sua pessoa hum ana-divina, 41-46. Os três p artid os, rep resen tan d o todo Israel, fica­ ram c a la d o s e im p e n ite n te s . N enhu m a o u tra m en sa g em lh es foi reserv a d a , se ­ não a do juízo iminente. 23.1-39. Juízo e lamento sobre Jerusalém. Os estrondosos "a is " da justa ira do rejei­

( 3 8 8 ) Mateus

tado Filho de Davi m isturaram -se às lágri­ m as e n q u a n to e le a n u n cia v a b ê n ç ã o s e e sp era n ça p ara os re m a n e s c e n te s p e n i­ tentes que o saud arão na seg u nd a vinda com as m e ssiân icas b o a s-v in d a s de S a l ­ mos 118.26: "B end ito o que vem em nom e do S e n h o r " .

24—25. 0 sermão do rei rejeitado no monte das Oliveiras 24.1-3. A profecia da destruição do tem ­ plo. O rei rejeitado, na condição de profe­ ta, previu, nesse serm ão, os acon tecim en ­ tos d aqu ele tem p o ainda fu tu ro em que ele reatará relações com Israel (cf. 23.39), pouco antes de sua volta gloriosa à terra. O m agnífico edifício, 1,2, que precipitou seu grande serm ão p rofético foi o tem plo de H erod es. Era tão e sp le n d id a m e n te b elo que até os ro m an o s, p o r re s p e ito à sua magnificência, pretendiam poupá-lo quan­ do a cidad e caiu em 70 d .C . Foi da bela vista das altu ras do m onte das O liv eiras que o profeta por excelência previu o fim do templo e do Estado judeu que ocorreria em 70 d.C. Os discípulos fizeram três per­ guntas, 3. "D ize-n o s quando essas coisas acontecerão (a d estruição da cidade e do tem plo)." A resposta se encon tra em L u­ cas 21.20-24. "E que sinal hav erá da tua vinda e do fim do m undo". A resposta está em M ateus 24.4-34. 24.4-26. Eventos da tribulação. Essas pro­ fecias dizem respeito ao Israel do período da tribulação, pouco antes da volta do reiM essias para fu n d a r seu re in o te rre n o , em bora o fim da presente era se caracteri­ zará pelas cond ições gerais m encion ad as em 24.4-8. A com paração de 4-8 com A po­ ca lip se 6 e v id e n cia que e sse s v e rsíc u lo s fazem re fe rê n c ia e s p e c ífic a à p rim e ira m etade do período da tribulação, quando Israel habitará em relativa segu rança por causa da aliança firm ada com o "p ríncip e que há de v ir", o anticristo (Dn 9.26). Os versículos 9-26 descrevem os acon­ tecimentos da última metade da tribulação, depois que o líder mundial (o anticristo) ti­ ver rompido sua aliança com Israel, im pon­ do o culto idólatra de si m esm o (Dn 9.27b;

2Ts 2.4; Ap 13.15-18). Esse período será ca­ racterizad o por grand e persegu ição, 9,10, 17ss. (Ap 12.12-17) e pela "abom inação as­ soladora" no lugar santo, 15 (Dn 9.27) — o Israel descrente será iludido por falsos pro­ fetas, 11,12 (Ap 13.11-18), mas o Israel cren­ te dará testem unho da boa nova cJo reino do M essias, 14. A vinda do M essias encer­ rará esses acon tecim en tos, 27. 24.27-30. A segunda vinda do M essias. A cro n olog ia dos ev en to s é esclarecid a por um a descrição da segunda vinda. Vem im e­ diatam ente depois da tribulação, 29, prece­ dida por um sinal especial, 30. A vinda será súbita, 27, e evidente para todos, 30. 24-31. A reunião de Israel. O aconteci­ m en to p o ste rio r à seg u n d a vind a será a reunião nacional do Israel eleito por inter­ m édio de m inistérios angélicos esp eciais. 24.32-36. A certeza da vinda do M essias. A parábola da figueira ilustra a certeza da segu nd a vin d a, p ois o cu m p rim en to dos sinais que serão dados na Tribulação anun­ ciará a vind a do M essias tão seg u ram en ­ te q u a n to a re n o v a çã o d os ram o s da fi­ g ueira anu ncia a aproxim ação do verão. 24.37-51. Exortações à vigília. O s três sí­ miles enfatizam a im previsibilidade da vin­ da do Senhor, m ostrand o que as pessoas envolvidas estavam ocupadas com os cui­ dados triviais da vida, sem pensar na vol­ ta do M essias. Portanto, exorta-se o Israel d evoto a se prep arar para esse dia. 25.1-30. O juízo de Israel. "E ntão" ( a r c ) , 1, prepara para o acontecim ento seguinte à reunião de Israel — seu juízo, im ed iata­ mente antes da fundação do reino do M es­ sias. Ilustra-se esse juízo nas parábolas das dez virgens, 1-13, e dos talentos, 14-30. As dez virgens representam Israel no final da tribulação. As cinco prudentes sim bolizam o re m a n e s c e n te fie l; as cin co n é s c ia s , o seg m en to d escren te que só da boca para fora aguarda a vinda do Messias, 1-5. Elas ficarão sem azeite (símbolo do Espírito San­ to) e serão apartadas do reino m essiânico que está prestes a se estabelecer, 6-10. Na parábola dos talentos, 14-30, o ho­ m em que viaja para um p aís d istante re­ p resen ta C risto d u ran te sua ausência da terra. Ele confiou bens aos servos. Os que

Mateus [ 389 1

receberam cinco e dois talen tos são cren­ tes que participam "d a alegria do teu se­ n h o r" (bênção do reino), 21,23. O servo que receb eu um ta len to é e x clu íd o do rein o ("n a s tre v a s") e, no ju ízo , exp u lso ju n ta ­ m ente com os im piedosos, 24-30. 25.31-46. O juízo das nações. 0 *re i rejei­ ta d o , p ara c o n c lu ir seu g ra n d e serm ã o profético, apresenta um retrato daquele a quem Israel a g u ard ara em sua p rim eira vinda, o M essias sentado no trono davídi­ co de glória, 31. O tem po é d eterm inad o pelo contexto, a saber, sua vinda gloriosa. A circunstância é o juízo das nações, 32,33, com postas por ovelhas e cabritos. As ove­ lh as são aq u eles que recebem o e v a n g e ­ lho do reino (Mt 24.14) e tratam com bene­ v o lê n c ia "m e u s irm ã o s , a in d a q u e d os m ais pequeninos," o rem anescente fiel dos ju d eu s, 34-40. O s cab rito s são os ím p ios que rejeitam o Evangelho e persegu em o rem anescente dos ju d eu s, 41-46, m ostran­ do assim seu elo com Satanás, 41, a besta e o falso profeta (Ap 13.1-18). Aqueles que assim se alinharem contra os cento e qua­ renta e quatro mil pregadores do reino vin­ douro (Ap 7.1-8; 14.1-5) partilharão do des­ tino de Satanás, 41 (Ap 20.10).

26. Traição e prisão do rei rejeitado 1-16. A unção preparatória para a morte. O rei profetiza sua m orte pela últim a vez, 1,2 (cf. M t 1 2 .3 8 -4 2 ; 1 6 .2 1 -2 8 ; 1 7 .2 2 ,2 3 ; 20.18,19). Essa profecia constitui um prelú­ dio à iníqua deliberação dos principais sa­ cerdotes e escribas de matá-lo, 3-5, e a sua unção por Maria de Betânia, 6-13 (cf. Mc 14.39; Jo 12.1-8). Só ela parece ter com preendi­ do o significado da morte de Jesus. Mateus, ao registrar o evangelho do Rei, narra que M aria ungiu a cabeça de Jesus, com o S a ­ muel ungira a cabeça de D avi (ISm 16.13), en q u an to Jo ão , que registra o evan g elh o do Filho de Deus, menciona somente a un­ ção dos pés de Jesus, a única abordagem viável do Infinito pelo finito. Essa cena, ple­ na de devoção, revela o caráter vil de Ju ­ das (Jo 12.4,5) e é uma introdução à venda do Senhor, 14-19 (cf. Mc 14.10,11; Lc 22.3-6).

O valor que ele recebeu foram trinta moe­ das de prata, preço de um escravo comum (cf. Zc 11.12,13; Êx 21.32). 17-35. A Páscoa e a ceia do Senhor. A Pás­ coa, que celebrav a a lib ertação de Israel do ju go do Egito pelo sangue do cordeiro sacrificado (Êx 12), seria cumprida na mor­ te de Cristo, o verdadeiro Cordeiro Pascal. Na última Páscoa, 17-25, o rei, portanto, in­ trodu ziu a nova celebração, a ceia do Se­ nhor, com novo significado, 26-30: "Fazei isto em m em ória de mim " (IC o 11.24,25; grifo do autor). A linha divisória entre o a t e o n t não é a página em branco entre Mala­ q u ias e M ateu s, m as o sangu e de Jesu s, "san g u e da [nova] aliança derram ado em fa v o r de m u ito s[a q u e le s que o aceitam ] p ara perd ão dos pecad os", 28. O rei pro­ meteu que não beberia o vinho da ceia no­ vam ente com seus d iscípu los enquanto o reino não estivesse estabelecido na segun­ da vind a. D epois Jesu s previu a negação de Pedro e sua ressurreição, 31-35. 36-56. A agonia de Cristo no Getsêmani. A qu i, não hou ve m edo da m orte, m as o contato de sua alm a im aculada com o pe­ cado de todo o mundo, com o seu portador e agente exp iatório vicário pela m orte na cruz (Is 53.10; 2C o 5.21). Esse era o cálice que Jesus, em oração, pediu que fosse afas­ tado dele, 39, m as som ente se essa fosse a vontade do Pai. Sua angústia era infinita, pois sua alma, infinitam ente santa, enfren­ tava a p ro v ação de fazer-se pecado e de saber que o Pai lhe ocultaria a face (Sl 22.1; M t 27.46). A traição e a prisão de Jesus seguiram -se à grande luta espiritual no ja r­ dim , m as a vitória foi alcan çad a ali, e o C alvário foi o resultado espontâneo. 57-68. O rei diante de Caifás e do Siné­ drio. No julgam ento, o rei rejeitado afirmouse Filho de Deus, 64 (cf. Dn 7.13,14). Por isso foi acu sad o de blasfém ia (Jo 10.31-36). A conduta dos líd eres na suprem a corte da nação dem onstrou sua insensatez de vio­ lar várias das suas próprias leis para con­ denar Cristo (cf. mishnah, Sinédrio 4.1; 5.24). 69-75. A n egação de Pedro revelou a d e b ilid a d e até d a q u ele que co n h ecia o Senhor, m as não consegu iu ver sua pró­ pria fraqueza.

[ 390 I Mateus

Jerusalém na época de Cristo

jericó

Jardim do Getsêmani

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Túnel de Ezequias Tanque \ / de Salomão

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I ' 1i Área da cidade na época de Jesus = Muro da cidade atual 250

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500 m

Mateus [ 391 l

27. Julgamento e morte do rei rejeitado 1-32. Jesus perante Pilatos. O Sinédrio entregou Jesu s a P ôncio P ilatos, p ro cu ra­ d or ro m an o da Ju d éia (2 6-36 d.C.)/ pois Rom a era a autoridade últim a. O q u a rte lgeneral de P ilatos ficava na litorânea C e­ saréia, m as ele viera a Jeru salém para as festivid ad es ju d aicas em virtu d e do risco de revoltas. Seu pretório, ou palácio, apa­ ren tem en te fazia parte da torre A ntônia, perto da atual via D olorosa. Entrem entes, Judas arrepend era-se de seu ato vil, e, to­ m and o as trin ta m oed as de prata (cf. Zc 1 1 .12,13; Jr 18.1-14; 19.1-3 ), a tiro u -a s no tem plo, sain d o para co m eter su icíd io , 310. A fraqueza de Pilatos e sua fútil tenta­ tiva de exim ir-se da resp on sab ilid ad e da cru cifica çã o de Je su s foram p a té tica s. A e sco lh a de B a ir a b á s , n o tó rio crim in o so , 15-23, acentuou ainda m ais a covard ia de P ila to s , a lé m d o a to de la v a r as m ã o s com o sinal de inocência, 24. O açoitam ento, 26, e ra m c ru é is c h ib a ta d a s co m um ch ico te de tira s de co u ro com p eça s de m etal e n g a sta d a s n ele. G e ra lm en te p re ­ cedia a pena capital. E videntem ente, P ila­ tos esp erav a que e sse sev ero ca stig o s a ­ tis fiz e s s e a m u ltid ã o , q u e, d e p o is, n ã o insistiria na crucificação. A ridicularização do rei, 27-31, rev ela as a ltu ra s de ím pia in iq u id a d e e in s e n s ib ilid a d e m o ra l que aquela época brutal alcançara. Sim ão, for­ çad o a ca rre g a r a cru z de Je su s, 32, era provavelm ente judeu, pois m u itos ju d eu s viviam em C iren e, cap ita l do d istrito de C irenaica, no norte da Á frica. 33-44. A crucificação do rei. "G ólg ota", em a ra m a ico , é " c a v e ir a " (la t. C alv aria, "C a lv á r io "; gr. kran ion , L c 2 3 .3 3 ). D esd e 1842, qu and o O tto T h en iu s, de D resd en, localizou o Calvário em uma colina rocho­ sa d u zen to s e vin te e o ito m etro s a n o r­ d este da p o rta de D am a sco , e, p o p u la r­ m ente, identifica-se esse sítio com o o local da cru cificação. Fel era um a erva am arga e venenosa, oferecid a a Je su s com o a n a l­ g ésico, m as recu sad a. A cru cifica çã o era p ra tica d a p elos fe n ício s e p e rsa s e, d e s­ ses lu g ares, foi lev ad a a R om a, ond e só

podia ser im posta a escravos e não-rom an os. N a P a le s tin a , e ssa fo rm a de m orte v erg o n h o sa e len ta m en te tortu ran te ser­ via com o lem brete público da servidão dos ju d eu s a Rom a, e in flig ia-se em casos de roubo, tumulto e sedição. Os soldados que tiraram a sorte cu m priram Salm os 22.18. A acu sação com p leta, com b ase nas n ar­ r a tiv a s e v a n g é lic a s c o m b in a d a s , era: "E ste é (M t e Lc) Jesus (Mt e Jo) N azareno (Jo), o rei dos Ju d eu s (to d os)". A cim a da cabeça de cada vítima de crucificação, inscre v ia -se seu crim e. N o caso de Jesu s, a u tiliz a ç ã o de rei, era um e scá rn io . Seus cegos algozes não se deram conta de que ele era de fa to Jesus, o rei dos Judeus. Até seu s in su ltos eram m ais verd ad eiros que p e n sa v a m e le s. "E le sa lv o u os o u tro s e não consegue salvar a si m esm o", 42 (grifo do autor). Se ele pretendia ser o Salvador do mundo, não poderia ter salvo a si m es­ mo. (Ver com entários sobre "A sem ana da Paixão" e "As provações de Jesu s", Lc 23.) 45-50. A m orte do rei. As três horas de trevas foram um fenóm eno sobrenatural, quando o Pai ocultou sua face ao Filho por este ter se to rn ad o pecad o por nós, b ra­ dando, 46, as lastim osas palavras de Sal­ m os 22.1. A lenta agonia da tortura física e ra o m e n o r d o s s o fr im e n to s de n o sso S en h o r em sua con d ição de p o rtad or do pecado, pois o Pai ocultou-lhe a face quan­ do sua alm a im aculada sentiu o fardo es­ m agad or do pecad o do m undo. O rei, de bom g rad o, "e n treg o u o e sp írito ", 50 (cf. Jo 10.18). Sua morte, com o ato de sua von­ tade, foi diferente da m orte física de qual­ quer ou tro hom em . 51-56. O fim do período da lei. O rasgam ento sobrenatu ral do véu (Josefo relata que o véu tinha espessura de dez centím e­ tros) que separava o lugar santo, no qual os sacerd o tes podiam entrar, do san tíssi­ m o, no q u a l so m e n te o su m o sacerd o te podia en trar um a vez por ano, no dia da expiação (Ex 26.31; Lv 16.1-34), cujo signifi­ cado era que um "novo e vivo acesso" fora aberto para todos os crentes até a presen­ ça de Deus pela morte de Cristo (cf. Hb 9.18; 10.19-22). Uma nova era alvorecia, na qual sacrifícios cruentos, o tem plo e o sacerdó­

! 392 1 Mateus cio esp ecial arâm ico já não se faziam n e­ cessários. A ressu rreição m en cion ad a em 52,53 aconteceu após a ressurreição de Cris­ to (cf. Lv 23.10-12), pois ele é as prim ícias (IC o 15.20). O centurião rom ano reconhe­ ceu o rei crucificado como "Filho de D eus", 54 (cf. Mc 15.39-41; Lc 23.47-49). 57-66. O sepultam ento do rei. Ele foi se­ pultado com ternura e amor em um túmulo novo, oferecido por um hom em rico (Is 53.9). José era de A rim atéia, cerca de d ezesseis quilóm etros a sudeste de A ntip átrid e. As p recau çõ es que seu s in im ig o s tom aram para proteger o túmulo, selando-o e desta­ cando sold ad os para a g u ard a, 62-66, só resultaram na divina destruição dos planos dos ím pios, fornecendo um a prova irrefu ­ tável da ressurreição do rei.

28. A ressurreição do rei rejeitado 1-10. A ressurreição. O sábado term ina­ va às 18 horas, e as m u lheres, p o u co an ­ tes do raiar do dia de domingo, a prim eira Páscoa (cf. Jo 20.1), foram ao túm ulo para ungir o corp o de Jesu s. A ssim , d em o n s­

traram m uito am or, m as pouca fé em sua ressurreição (Mc 16.1,11), sendo as últim as à cruz, e as prim eiras a chegar ao túmulo. O poder e a m ajestad e de D eus se m an i­ festaram no terrem oto, no anjo que rem o­ veu a pedra e no pavor dos guardas, 2-4. A p ed ra, im p o rtan te é n otar, foi reftiovid a depois que o rei fora ressuscitado, para que os discípulos pudessem olhar para dentro, e não p ara que o Senhor da glória pudesse sair. Ele já havia ressuscitado em um corpo glorioso (cf. Fp 3.20,21), que não m ais esta­ va sujeito a leis natu rais. O s esp avorid os guardas rom anos não estavam tendo uma a lu c in a ç ã o q u a n d o " t r e m e r a m " d ia n te d essa m a n ife sta çã o do p o d er de D eu s e "ficaram com o m ortos diante d ele". O anjo anunciou a m ensagem jubilosa da Páscoa: "E le não está aqui, m as ressuscitou, com o havia falad o", e depois nova prova da re­ alidade do ocorrido — "V in d e, vede o lu­ gar onde ele estava", 6. M orto por afirm ar ser o re i d os ju d e u s, a g o ra re s su s c ita ra porqu e era Rei dos reis e Sen h or dos se­ nhores (A t 2.20-36). Rejeitado por Israel em sua p rim eira vin d a, será aceito com o rei

A tumba do jardim, onde Jesus teria sido enterrado, fica na parte externa da cidade velha de Jerusalém. O local nos dá uma clara idéia de como eram as sepulturas lavradas nas rochas.

Mateus I 393 ]

Comparação entre Mateus e Marcos Mateus

Marcos

Jesus como rei

Jesus como servo

Para os judeus

Para os gentios

Jesus como o profetizado rei operador de milagres

Jesus, o servo operador de milagres

Arraigado na profecia do

M uito menos referências às profecias do a t

at

A chave são os desígnios de Deus para Israel

A chave são os desígnios de Deus para o mundo

Divindade do rei pelo nascimento, profecia cumprida, obras

Divindade do servo pelas obras prodigiosas

Registro de eventos relativos ao rei — genealogia, nascimento em Belém, visita dos magos, infância em Nazaré

Tudo isso é omitido, por não ser apropriado ao retrato de servo

Sermão do monte, proferido como rei, dá os princípios do reino

Omitido

Inclusão de muitas parábolas que pertencem ao evangelho do rei, mas que não são apropriadas ao evangelho do servo

Omite muitas parábolas — cinco das de M t 13; numerosas outras, especialmente as de M t 25

Apresenta a rejeição do rei dos judeus, a forma de mistério do reino, desde sua rejeição até a segunda vinda para restituir o reino a Israel

Apresenta o servo do Senhor na vida, morte e ressurreição, trazendo salvação à humanidade

no segundo advento (Zc 12.10—13.1; Is 9.17; 11.1-16; 52.13—53.12). D epois da m ensa­ gem a n g é lica , o rei re s su s c ita d o a p a re ­ ceu aos d iscíp u lo s, 8-10. S ob re a ordem dos a co n te cim e n to s, v er M arco s 16. Ver co m en tário sob re Jo ão 20 em "A au ten ti­ cação da re s su rre içã o ". 11-15. O falso relato dos judeus. O der­ rad eiro ato que coroou a re je içã o e tra i­ ção de C risto pelos líderes de Israel reve­ lou sua terrível im piedade. Tinham provas cab ais da ressu rreição , 11, m as a re je ita ­ ram, 12, subornando os soldados para que m e n tisse m s o b re to d o o o c o rrid o . M as D eus, soberano, usou a tram a com o m ais um a prova da ressu rreição . Se os so ld a ­ d o s ro m a n o s de fa to a d o rm e c e ra m , 13,

eram passíveis da pena de morte. E, ador­ m e c id o s, seu te ste m u n h o a re s p e ito do suposto roubo não teria valor nenhum . 16-20. A grande com issão. O rei ressurre cto d eu aos on ze d isc íp u lo s a g ran d e com issão, exp ressa em term o s ap licáv eis à form a atual do reino (cf. com entário so­ bre M t 13.1,2). Sua autoridade, que se es­ ten d e a to d o re in o , su ste n ta v a a co m is­ são, que exig ia o recru ta m en to de todos os h om ens sob sua lid eran ça ("fa z e i d is­ cíp u lo s"), id en tifican d o-o s consigo e com seus seg u id o res no rito do batism o e en­ sin an d o -lh es as verd ad es da Palavra, 1820. O evangelho term ina com a prom essa da co n tín u a p resen ça do S enhor ao lado dos seus, 2 0 b.

Marcos 0 evangelho do Servo do Senhor O autor. A igreja primitiva atribuiu o segundo evangelho a Jo ão Marcos, o filho de certa Maria de Jerusalém (A t 12.12). Ele

que esse forte Filho de Deus é servo do homem, Salvador e resgatador (M c 10.45).

acom panhou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária (A t 13.5), mas,

igreja primitiva declaram que M arcos escreveu seu evangelho em Roma, quando

por alguma razão, separouse deles em Perge (At 13.13). Mais tarde, com o Paulo se recusou a aceitar M arcos na segunda viagem, Paulo e Barnabé se separaram .

era discípulo de Pedro. Portanto, deve ser datado entre 64 e 68 d.C. A crítica o considera o mais antigo dos

Marcos, assim, seguiu com Barnabé. Mais tarde, Paulo e

material que os três evangelhos sinóticos (M t, M c e Lc) têm em comum. M as não se deve concluir

M arcos se reconciliaram (Cl 4.10,11). Marcos, o autor desse evangelho, é mencionado por Papias por volta de 135 d.C., por Justino Mártir, por volta de 150 d.C. e, ainda, por Clem ente de

Lo cal e data. Autores da

evangelhos. Calcula-se que contenha cerca de 9 3 % do

necessariamente que os outros evangelhos sinóticos dependam de Marcos. O Espírito de Deus inspirou cada

Alexandria e Ireneu, um pouco mais tarde. Marcos, da mesma form a que Lucas, não foi apóstolo como M ateus e João.

Im agem de M arcos, au tor de um do s e va n g e lh o s, e scu lp id a nas p ared es da Igre ja da A n u n ciação em

N atu reza e p ro p ó sito do e va n g e lh o de M arcos. Esse

Nazaré.

é o mais curto dos quatro evangelhos. Tem uma narrativa de m ovim ento e ação dinâmicos. Expressões com o "im ed ia ta m en te", "lo g o " são usadas mais de quarenta vezes, por exemplo, na kin g ja m e s v e r s io n . Apresenta Jesus agindo, mais que falando. Dirige-se não aos judeus, com o Mateus, mas ao mundo romano, ; dando:um retrato de Jesus : corno o poderoso Filho de ; Deus, cuja Palavra é Lei nos reinos natural e sobrenatural. O paradoxo é

auto r ind ep end entem en te, de form a que o evangelho de M ateus pode, de fato, ser anterior (c.50 d.C.) a Marcos, bem com o o de Lucas (c.58 a.C.). Ver "O s evangelhos sinóticos", na introdução a Lucas.

Esboço 1.1-13 A vinda do servo 1.14— 13.37 A obra do servo 14.1— 15.47 A morte do servo 16.1-20 A ressurreição do servo

Marcos I 395 ]

1.1-13. A vinda do servo 1. A identidade do servo. Ele é "Jesu s (ver com en tário sob re M t 1.18-25) C risto [M essias, o Ungido], o Filho de D eu s", i.e., a d iv in d a d e e n ca rn a d a . P rim e ira m e n te , enfatiza-se a divindade do servo. E sse é o "e v a n g elh o ", as boas novas. N ão fora ele Filho de Deus, não poderia ter sido o ser­ vo p erfeitam ente obediente, nem o triu n ­ fante operador de prodígios e Salvador do m u nd o; a filia çã o e a co n d içã o de servo estão in tim am en te ligad as. 2-8. A vinda prom etida e anunciada do s e rv o . M a la q u ia s p r e v iu su a v in d a , 2 (M l 3.1), bem com o Isa ía s, 3 (Is 4 0 .3 ); e tam bém Jo ã o B atista, seu p re cu rso r (ver co m e n tá rio s so b re M t 3 .1 -1 2 ), an u n cio u sua vin d a. O m in isté rio de Jo ã o , é bom lem b rar, fo i d irig id o a Isra e l. Seu b a tismo, com o p ro fe ta de Isra e l, n ã o era um b a tism o cristã o (cf. A t 19 .1 -6 ). E ra para p re p a ra r Isra e l para o rein o o fere cid o e p a ra a re c e p ç ã o d o d iv in o re i. M a rco s m en cio n a co n c isa m e n te o m in isté rio de João, m eram ente para introd u zir o servo. M arcos, d iferen tem en te de M ateu s 3.11 e Lucas 3.16,17, m enciona som en te o b a tis­ mo do Espírito Santo, 8, realizado na pri­ m eira vind a (cf. A t 1.5 com 2.4 e 11.16), m as om ite o b atism o "co m fo g o ", ligad o ao juízo da segunda vinda. A razão é que C risto , com o serv o h u m ild e, n ão e x e c u ­ tou o julgam ento, com o o fará quando vier com o rei (M t) e Filho do hom em (Lc). (Ver com entários sobre M t 3.11; cf. L c 3.16,17.) 9-11. O batism o do servo. (Ver com entá­ rios sobre M t 3.13-17 e Lc 3.21,22.) O im acu­ lado, na condição de servo-Salvador, sub­ m eteu -se ao b atism o dos p ecad ores para id en tificar-se com eles e com suas n eces­ sidades. A essên cia de seu m in istério era buscar e salvar os perd id os (M c 10.45). O b a tism o fo i sua in icia çã o n essa ob ra sa ­ cerd otal red en tora. 12,13. A tentação do servo. Essa era uma necessidad e divina, pois sua hum anidad e tinha de ser testad a em sua con d ição de servo, 12 (cf. M t 4.1-11; Lc 4.1-13). Aqui, dian­ te de Satanás (do heb. sâtân, "ad versário"), ele saiu-se vitorioso do conflito, provando-

se digno de "d ar a sua vida em resgate por m u ito s". O "d e serto ", 12, e as "fera s", 13, testemunhas de uma criação maculada pelo pecad o, revelaram a au to-hu m ilhação do Criador que veio para vencer a criatura caida, Satanás, e triunfar em m eio às condi­ ções provocad as pela Q ueda.

1.14-15. 0 ministério na Galiléia 14,15. A mensagem do servo. Mateus re­ lata que João (ver comentário sobre Mt 3.2) e Jesus (ver com entário sobre M t 4.17) pre­ g a ra m a m esm a m e n sa g em , q u e fa la v a de arrep en d im en to e da proxim idad e do rein o do céu. M arcos, in clin a n d o -se aos gentios, usa um term o m ais amplo e abran­ gente: "reino de D eu s", 15, que seria mais apropriado. A d istinção m ais sim ples tal­ vez seja que o reino de D eus é universal, incluindo o povo de Deus de todas as eras (Lc 13.28,29; Hb 12.22,23), em contraste com o reino do céu, davídico, m ediatário e m es­ siânico, tendo com o meta o estabelecim en­ to do reino de D eus na terra. 16-20. O servo recruta auxiliares. Jesus, ele m esm o serv o h u m ild e, cham ou m o ­ d esto s p e sca d o re s, 16-20, para fa z er d e ­ le s " p e s c a d o r e s de h o m e n s " , 17. D o s doze, pelos m enos q u atro — Sim ão, A n­ dré, Tiago e João — eram pescadores (cf. M t 4.18-22; Lc 5.1-11). Esses, antes, h av i­ am crido (Jo 1.35-42) e, agora, eram ch a­ m ad os ao co m p ro m etim e n to da vida ao serviço, (cf. com en tário sobre "O m ar da G aliléia" em M c 6.) 21-28. O servo expulsa d em ón ios em Cafarnaum . O m inistério do servo era di­ n âm ico, e não ritu alista, 21,22. Ele, incom ensuravelm ente pleno do Espírito Santo (cf. Jo 3.34), d esafiava os esp íritos im u n ­ dos, 23, i.e., dem ónios (cf. Lc 4.33; Mc 5.1-20 e com en tário sobre d em onism o). 29-45. O utros m inistérios do servo. En­ tre esses m in istério s in clu íra m -se a cura da sogra de P ed ro, 29-31 (cf. Mt 8.14,15; Lc 4.38,39); a cura de m u itos, a expulsão de d em ó n io s, 3 2 -3 4 (cf. c o m e n tá rio s o ­ bre M c 5 .1 -2 0 ); a vida de oração do ser­ vo, 35; sua viagem pela G aliléia, 36-39; e a cura de um leproso, 40-45.

I 396 1 Marcos

? A transfiguração (Mt 17.1-13)

A gameia na epoca de Jesus

Monte Hermom T I R O Encontro com a mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30)

Pedro conl Jesus é o P (Mt 16.13-

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? A transfigurado (Mt 17J-13)

Jesus é rejeitado em sua própria cidade (Lc 4.28-30) ^ 7% //

Nazaré X

Geba

ra ie Deus M t 12.22-29 Age n? po sessão demoníaca Zc 3.1 L Satanás, o adversá >a Lc 4.13 É o Diabo, o caluniador

5. Milagres e pregação na Galiléia 1-11. O cham ado de Pedro, Tiago e João (cf. M c 1.16-20). Sobre o lago de Genesaré, 1, ver com entário em Lucas 8.1-3. A pesca m ilagrosa dem onstra sua soberania como o últim o A dão sobre a criação animal, so­ beran ia perd id a pelo prim eiro Adão. Re-

Jo 13.2,27 Fez Judas trair a Gristo At 5 3 e Ananias mentir 2Co 4.4 Cega espiritualmente as pessoas 1Pe 5.8 Busca prejudicar os crentes

Ap 20.1-3 Será agrilhoado durante o milénio M t 13.39 É o "inimigo" M t 13.38 o "Maligno" Ef 6.10-20 É expulso pela oração inspirada pelo Espírito

Ef 6.11-12 Encabeça uma hierarquia celeste maligna

1Pe 5.8-9

Ef 2.2 Atua nos impenitentes

Obstrui a vontade de Deus nos crentes

Jo 8.44

Ap 12.9

É derrotado pela fé 1Ts 2.18

que são seus "filhos"

É o sedutor

2Ts 2.9

Ap 12.9; 20.2

Opera milagres diabólicos

É o dragão, a antiga serpente

Jo 8.44 Foi rotulado de "mentiroso" e "pai da mentira" por Jesus Jo 8.44 É homicida Jo 12.31; 14.30 é

o príncipe deste mundo

Lc 13.16 Cega as pessoas física e espiritualmente M t 25.41 É um anjo caído M t 13.38-39

Semeia o joio M t 13.19 •e arrebata a Palavra

Lc 10.18 Caiu de um elevado estado imaculado Lc 22.31 Enxerga Simão Fedro como alvo Ap 2.9 Tem uma sinagoga de legalistas que negam a graça de Deus em Cristo Jo 3.8-10 Seus filhos são os impenitentes M t 25.41; Ap 20.10 Seu destino último é o lago de fogo .

[ 422 1 Lucas

vela-se a con d ição de p ecad or de Pedro. C f. o u tra p e sca m ila g r o s a em Jo ã o 2 1 , oco rrid a após a ressu rreição. 12-26. A cura do leproso e do paralítico. V er M a rco s 1 .4 0 -4 5 ; M a te u s 9 .2 -8 ; M a r­ co s 2 .1 -1 2 . V er co m en tá rio so b re " M ila ­ g res", em M arcos 5.21-43. 27-29. O chamado de Levi (M ateus). Ver c o m e n tá rio s s o b re M a te u s 9 .9 ; M a r­ cos 2.13,14. 30-39. Resposta aos escribas e fariseus. V er co m e n tá rio s s o b re M a te u s 9 .1 0 -1 7 ; M arcos 2.16-22. So b re as p aráb o las sobre o remendo de pano novo e sobre o recipi­ ente de couro , 36-39, ver com entários em M ateus 9.16,17; M arcos 2.21,22.

6. A escolha dos Doze; as bem-aventuranças 1-11. A questão do sábado. Ver comentá­ rios sobre M arcos 12.1-8; M arcos 2.23-28. A cura da mão atrofiada (cf. M t 12.9-14; Mc 3.16) mostrou nosso Senhor transcendendo o mero externalism o religioso. O ritualism o encontra m alicioso d eleite na letra da lei,

mas ignora o espírito, 6-11. Sobre a sinago­ ga, 6, ver com entário sobre Lucas 4.44. 12-19. A escolha dos D oze. O H om em perfeito passou toda a noite orando a Deus, 12, a n tes d essa tarefa ex trem a m en te im ­ p o r ta n te . V er c o m e n tá r io s s o b re M a ­ teus 10.2-4, e e sp ecia lm en te M arco s 3.1319. S o b re seu m ira c u lo s o m in isté rio de cu ra e e xp u lsã o de d em ó n io s, 17-19, ver com entários sobre "D em on ism o " em M ar­ cos 5.1-20 e "M ilag res" em M arcos 5.21-43. 20-49. As bem -aventuranças. M uitas das m á x im a s e c o a d a s a q u i e stã o no serm ão do m onte (M t 5 —7) e são apresentadas por M ateu s com o a proclam ação do rei a res­ p eito d os p rin cíp io s m o ra is e e sp iritu a is que p rev aleceriam em seu rein o (ver co­ m e n tá rio s de M t 5 — 7). V er c o m e n tá rio sobre o reino de D eus em M arcos 4.1-29.

7.1-35. Milagres de misericórdia 1-10. A cura do servo do centurião. Ver c o m e n tá rio s so b re M a teu s 8 .5 -1 3 . S o b re "C a fa r n a u m " , v e r c o m e n tá rio em M a r­ cos 1.21-28.

Barcos de pesca atracavam em Genesaré, onde os pescadores Pedro, Tiago e João foram chamados por Jesus.

Lucas [ 423 1

0 centurião romano O c e n tu r iã o ro m a n o , c o r re s p o n d e n ­ te a p ro x im a d a m e n te a u m c a p itã o , c o ­ m an d av a cerca de cem h om en s (" c e n tú ­ r i a " ) , q u e re p r e s e n ta v a m um» s e s s e n ta a v o s da le g iã o ro m a n a , c o m p o s ta p o r seis m il hom ens. E m bora o centurião fre ­ q u e n te m e n te tre in a s s e e in s p e c io n a s s e os h o m e n s so b seu co m a n d o , seu s d e ­ v e re s co r re s p o n d ia m m u ita s v e z e s aos de um oficial subaltern o. O cen turião era a e sp in h a d o rsal do e x é rc ito ro m a n o , e d ele se ex ig ia um líd e r co m p eten te, c o ­ ra jo s o e se n sa to .

11-18. A ressu rreição do filho da viúva de N aim . Esse episódio é exclusivo de L u­ cas. N aim , ainda ch am ad a assim , é um a p equ ena cidad e galiléia situad a oito q ui­ lóm etro s a su -su este de N azaré, na a res­ ta do Je b e l ed D ah i (P equ en o H erm om ), trê s q u iló m e tro s a o é s -s u d o e s te de E nD or. Su a ele v a çã o (q u in h e n to s e q u in ze m e tro s) dá ao v ila r e jo u m a e sp lê n d id a vista da planície de Esdrelom ao sul e su­ d o e ste e do m o n te T ab o r a n o r o e ste . É um am ontoado de ruínas que contém an­ tig o s sep u lcro s. 19-35. Jesus dá testem unho de João. O padecim ento de João no cárcere pôs à pro­ va sua fé, 19,20, m as o hom em p e rfe ito a fo r ta le c e u com u m a m a ra v ilh o s a d e ­ m o nstração de m ilagres de cura e de ex ­ pu lsão de d em ónios (ver com entários so­ bre Mc 5), seguida por um caloroso louvor a João, 24-29, e pela denúncia da irra cio ­ nalid ad e da descrença, 30-35.

quete orien tal foi na casa de um fariseu. O s con v id ad os ficavam reclinados, facili­ tando que a m u lher lavasse os pés de Je ­ sus com suas lágrim as e os ungisse. A pa­ r á b o la , 4 1 -5 0 , e ra u m a c e n s u ra em resposta à crítica da dem onstração de pe­ nitên cia da m ulher.

8. Libertações e instruções 1-3. M ulheres que assistiam Cristo. Essa p a s s a g e m é e x c lu s iv a do e v a n g e lh o de L u cas. A s m u lh e re s eram esp ecialm en te a fetu o sa s e d ev o tas àq u ele que as havia lib e rta d o . M a ria M a d a len a era de M agd ala (K h irb et M ejd el), cinco quilóm etros a n o ro e ste de T ib e ría d es e situad a entre esta e C afarn au m , na extrem id ad e m eri­ dional da planície de G enesaré. O m ar da G a lilé ia era, às v e z e s, ch am ad o lago de G en esaré (Lc 5.1). 4-15. A parábola do semeador. Ver co­ m e n tá rio s s o b re M a te u s 1 3 .1 -2 3 ; M a r­ cos 4.1-20. 16-18. A parábola da candeia (cf. Mt 5.15,16; Mc 4.21-23; Lc 11.33). 19-21.0 novo relacionamento (cf. Mt 12.4650; M c 3.31-35). 22-25. Jesu s acalm a a tem pestade (cf. M t 8.23-27; M c 4.36-41). 2 6 -3 9 .0 endem oninhado de Gadara. Ver co m en tá rio s sob re M ateu s 8.28-34, e n o ­ tas sobre "D em on ism o " em M arcos 5.1-20 e "M ila g re s" em M arcos 5.21-43. 40-56. Cura de uma m ulher e ressurrei­ ção da filha de Jairo. Ver com entários so­ bre M ateus 9.18-26; M arcos 5.21-43.

9.1-17. 0 envio dos doze 7.36-50. Unção de Jesus 36-50. Jesus é ungido por uma p ecado­ ra. E ssa m u lh e r n ão era nem M a ria de B etânia (Jo 12.1-8) nem M aria M ad alena. Era um a m u lher im pudente, 37, um a pros­ titu ta que, p ro v av elm en te, co n v ertera -se pelo m inistério de João ou de Jesus, e que deu provas públicas de sua conversão por m eio da g ra tid ã o p e la sa lv a çã o . O b a n ­

1-9. O m inistério dos doze. (cf. M t 10.142; M c 6 .7 -1 3 ). E les receb eram "p o d er e a u to rid a d e s o b re to d o s os d em ó n io s e pod er p ara cu rar d o e n ça s", 1. H á um só D iabo, m as m uitos dem ónios (ver com en­ tário sobre "D em o n ism o " em Mc 5.1-20 e "M ila g re s" em M c 5.21-43). Sobre o tetrarca H erod es, 7-9, assassin o de João B a tis­ ta, v er co m e n tá rio em M ateu s 14.1-11 e M arcos 6.14-29 (cf. tam bém Lc 3.1,2).

A s sinagogas da Galiléia Escavações em Cafarnaum revelaram as ruínas de uma das sinagogas mais notáveis da Palestina, construída em calcário. A estrutura foi restaurada por padres franciscanos. Segundo o costume, o prédio da sinagoga era voltado em direção a Jerusalém. Tinha formato retangular e área interna de 315 metros quadrados aproximadamente. Havia também uma galeria específica para as mulheres e colunas em três lados. Outras sinagogas também foram encontradas em Corazim, Betsaida e outros locais. Todas datam do segundo século d.C.

Reprodução da sinagoga Galiléia, construída provavelmente no terceiro século d.C., sobre as fundações da sinagoga em que Jesus ensinou. Observe a speçífica para as mulheres, e a madeira onde eram guardadas duas placas de pedra am que estavam escritos os dez mandamentos.

Púlpito

[ 426 1 Lucas

Ruínas de uma antiga sinagoga em Tiberíades. A cidade, banhada pelo mar da Galiléia, embora tenha sido um importante centro da economia pesqueira, na época do Novo Testamento, não é citada nos Evangelhos, provavelmente por ser um reduto helenista e, portanto, considerada impura pelo povo de Israel.

10-17. Alim entação dos cinco mil. Esse m ilagre é relatado por todos os evangelis­ tas (ver M t 14.13-21; Mc 6.30-44; Jo 6.1-14). Betsaida, 10 ("casa ou lugar de pesca"), era a terra natal de Filipe, de Pedro e de André (Mc 6.45; Jo 1.44; 12.21). O n t apresenta o mar da G aliléia rodead o de prósp eras ci­ dades no tem po de Jesus, entre elas Cafar­ naum, Corazim, M agdala, Betsaida e Tibe­ ríades. Sobre Betsaida, ver Mateus 11.20-24.

9.18-62. Previsão da morte e da glória vindoura 18-26. A confissão de Pedro. Ver com en­ tários de M ateus 16.13-20; M arcos 8.27-30. A confissão de Pedro da divindade do ho­ mem p erfeito , 20, não resolveu seu p ro ­ blem a esp iritu al. Jesus, portan to, ensinou sobre o discipulado, 23, e a lei do sacrifício e da doação de si mesm o, 24,25, diante de sua rejeição e m orte im inentes, 22, 31, 44.

27-36. A transfiguração. Na transfigura­ ção, os três discípulos espiritualmente mais perspicazes — Pedro, João e Tiago, 28, — receberam uma lição audiovisual sobre a lei de p erd er para ganhar a si m esm o, 24. A glória da resplandecente divindade de Cris­ to, 29, e a aparição de Moisés e de Elias re­ vestidos de glória, 30, além da conversa so­ bre sua "p a rtid a " ou m orte em Jerusalém , 31, pretendiam mostrar aos discípulos que o ú n ico cam in h o, tanto para n o sso S en h or quanto para os outros discípulos, rumo à gló­ ria era a entrega de si mesmo à vontade de Deus e aos outros. Pedro e os outros discí­ pulos qileriam a glória sem o sofrim ento e viviam pensando em salvar-se, não em perder-se. D aí a sugestão egoísta das três ten­ das, 33, e a nuvem e o m edo, 34, aliviado somente por: "Este é o meu filho, o meu elei­ to; a ele ouvi", 35. 37-50. D em onstração da futilidade de querer salvar-se. O s d iscípu los eg ocêntri­

Lucas [ 427 ]

cos e im p otentes, 37-43, são con trastad os com o Cristo poderoso e desprendido, que n o v am en te a n u n cia su a m o rte, 4 4 ,4 5 . A con seq u ên cia do eg o ísm o dos d iscíp u lo s foi o con flito en tre s cren tes, 46-48, entre grupos, 49,50, e entre raças, 51-56. A única solução era abandonar o ego, 24/ abando­ no que se m anifesta na d ed icação sincera ao reino de Deus, 57-62. 51-62. Viagem a Jerusalém. Depois de Je­ sus ter deixado finalm ente a Galiléia, 51, a parte final de seu m inistério desenvolveuse na Peréia, território governado pelo tetrarca H erodes, a leste do Jordão, e na Judéia, regida pelo procurador romano Pôncio Pilatos, 9.51 — 19.27. Lucas detalha minucio­ sam ente esse m inistério, a respeito do qual M ateu s relata som en te alg u n s in cid en tes (Mt 19—20), M arcos escreve apenas um ca­ pítulo (Mc 10), e João, cinco (Jo 7-11).

10. 0 envio dos setenta e dois; o bom samaritano 1 -2 4 .0 envio dos setenta e dois. O envio dos seten ta e d ois veio d ep ois de C risto ter enviado os doze, cerca de nove m eses antes. Sua m eta era co m p letar as p ro cla ­ m ações do rei e do reino, para que os que d escressem , 13-24, n ão p u d essem a leg ar que não sabiam , (cf. M t 10.1-42; 11.20-24.) A afirm ação de nosso Senhor — "E u vi Sata­ nás cair do céu com o um ra io ", 18 — era um a p ro fe cia (cf. A p 12 .8 ,9 ). S a ta n á s só será atirado dos céus na segunda vinda e na fundação do reino (Ap 20.1-3), o grande aco n tecim e n to do qual os seten ta e d ois eram arau to s e p re cu rso res. 25-29. A pergunta do intérprete da Lei. A in d ag ação : "E quem é o m eu p ró x im o ?", serv iu com o in tro d u çã o para a paráb ola seguinte (cf. M t 22.34-40; M c 12.28-34). 30-37. O bom sam aritano. Essa sublime parábola, exclusiva do evangelho de Lucas, reflete sobre a nossa resp onsab ilid ad e de cuidar dos outros, sejam am igos ou estra­ n h o s. Em um sen tid o e sp iritu a l, esp elh a tam bém o m inistério redentor de Cristo, o retrato perfeito do bom sam aritano. O po­ bre viajan te, presa de ladrões, representa a hu m anidad e m anch ad a p elo pecado. O

fato de o sacerdote e o levita terem se re­ cusado a ajudá-lo ilustra que a lei e as or­ denações não conseguem salvar o homem de sua triste condição. Com extrem o amor e soberba graça e bondade, o hom em per­ feito desceu até a m orada do hom em infe­ liz e "encheu-se de com paixão", pondo-lhe curativos nas feridas e nelas vertendo óleo (tipificando o Espírito Santo) e vinho (o san­ gue purificador). A hospedaria, 34, simboli­ za a igreja, e os d ois denários, as recom ­ pensas para aqueles que m inistrarem pela salvação dos hom ens. A vinda novam ente p ro m e tid a , com m a io r re co m p en sa , 35, aponta para a segunda vinda. 38-42. M aria v ersu s Marta. Esse é outro episódio exclusivo de Lucas, que mostra a p rim azia do cu lto esp iritu al sobre a ação caridosa. A ação — para que não degenere em m ero negócio carnal corrom pido pelas fru stra çõ es e ten sões, exem p lificad as em Marta — precisa estar arraigada no verda­ deiro culto espiritual de Cristo, exem plifi­ cado por Maria, 39. Betânia fica na encosta oriental do m onte das Oliveiras, a cerca de dois quilóm etros e m eio de Jerusalém .

11.1-13. Jesus expõe a doutrina da oração

1. Jesu s orando. Esse evangelho, m ui­ tas v e z e s, re tra ta o hom em p e rfe ito d e­ p e n d e n te de D eu s p e la o ra çã o . V er co ­ m entário sobre Lucas 3.21,22, "As orações de Je su s em L u ca s". 2-4. Jesus ensina sobre a oração. Essa é mais propriamente a oração dos discípulos que a oração do Senhor, pois ele era im aculado e jam ais poderia dizer: "Perdoa-nos os nossos p e c a d o s ". Ver co m e n tá rio s sob re M a ­ teus 6.9-13. A oração fundamenta-se na rela­ ção Pai-filho, e serve com o parâm etro para todos os que fazem parte da família de Deus. 5-13. A parábola do amigo importuno, outra exclusividade de Lucas, ensina a per­ sistência no pedido. A oração arraigada na paternidade de D eus, 11-13, revela fé nes­ sa relação. O v ersícu lo 13 cum priu-se em P entecostes. P edir o E spírito Santo, agora que essa dádiva já foi concedida, é com o pedir a um amigo algo que ele já lhe deu.

[ 428 1 Lucas

11.14-54. Expulsão do demónio e alertas 14-28. Jesus ensina sobre o demonismo. O fato de ter ele expulsado um dem ónio, 14, provoca a blasfem a acu sação de que "e le expulsa os demónios por meio de Belzebu, o chefe dos d em ónios", 15. Belzebu é outro n om e de Satan ás. Ver co m e n tá rio sob re "Demonismo" em Marcos 5.1-20, "M ilagres" em Marcos 5.21-43 e "Satanás" em Lucas 4.113. Satanás é rei, 17,18, e governa o reino dos malignos espíritos caídos, 17-19. O reino de Deus, i.e., o governo de D eus sobre a hum anidade, vem à pessoa quando S a ta ­ nás e os demónios são expulsos por aquele (Jesus, o Cristo) que é mais forte que ele, 20. Isso veio em resposta à oração confiante, 11.1-13. O exemplo do endemoninhado, 2426, é aplicado à nação de Israel por Mateus (ver comentários sobre Mt 12.43-45). Lucas, porém, aplicou o ensinamento à hum anida­ de em geral, demonstrando a inutilidade da reform a de si m esm o para a salv ação. A purificação exterior sem a verdadeira rege­ neração convida Satanás a voltar com sete espíritos ainda mais malignos. 29-32. O sinal de Jonas (cf. M t 12.39-42; Mc 8.11). A "rainha do Su l", 31, era a rainha de Sabá (lR s 10.1-13). 33-38. A luz do corpo (cf. M t 5.15,16; M c 4.21,22; Lc 8.16). 3 9 -4 4 . A d e n ú n cia d os fa ris e u s (cf. M t 2 3 .1 3 -3 5 ). 45-54. A denúncia dos advogados. "In ­ térprete da lei" (nom ikos, "d a lei") denota aquele que era especialista na lei de M oi­ sés e na lei trad icional ju d aica (M t 22.35; Lc 7.30; 10.25; 11.45,46, 52; 14.3). "D esd e o sangue de A bel" (cf Gn 4.8) "até ao de Z a­ carias" (2Cr 24.20,21), 51, segu e a ordem hebraica dos livros, na qual G énesis abre as Escrituras, e 2Crônicas é o último livro.

12. Parábolas e alertas 1-12. Alerta contra a falsa doutrina. Fer­ mento (Êx 12.8, 15-20; M t 13.33; IC o 5.7,8) re p re sen ta o e n s in a m e n to co rru p to . Os e n sin a m en to s dos ritu a lis ta s v a z io s, os fariseus, não passavam de im postura e de

hipocrisia, 1-3 (ver M t 16.1-12). O Senhor en coraja os seus, 4-14. A quele que tem o poder de lançar no inferno (geena) é Sata­ n ás, que lev a ao p eca d o e à re je iç ã o de C risto, 5. C in co p assarin h os por d ois a s­ ses, sem q ue nen hu m d eles seja "e s q u e ­ cido" por Deus, 6, mostra o zelo do Senhor até pela m enor de suas criaturas. Sobre a blasfém ia contra o Espírito Santo, 10, ver com en tário em M ateus 12.31,32. 13-34. Alerta contra a ganância. Um pe­ dido de certo hom em d en tre a m ultid ão, 13-15, precipitou a parábola do rico insen­ sato, 16-21, um alerta geral contra o peca­ do cardeal da ganância, 22-34 (cf. M t 6.2533; Cl 3.5). Sobre a frase "B uscai [...] o seu r e in o " , 3 1 ,3 2 , v e r c o m e n tá rio em M a ­ teus 3.2; 4.17; 13.1,2. 35-48. A vigília pela segunda vinda. Ver com entários sobre o serm ão do m onte das O liveiras, M ateu s 2 4 .3 7 —25.30. 49-59. Cristo com o divisor dos hom ens. O "b a tism o " de C risto, 50, era sua m orte v ic á r ia p e lo s p e c a d o re s (M t 2 0 .1 8 ,2 2 ; M c 10.38,39). Ele faz as pessoas esco lh er e n tre o b em e o m al, a lu z e as tre v a s. Portanto é um divisor.

13.1-21. Ensinamentos e libertações 1-5. Ensinamento sobre o arrependimen­ to e o julgamento. Outra passagem exclusi­ va de Lucas. Pôncio Pilatos (26-36 d.C.) mui­ tas v ez es p erd ia sua friez a ro m an a e tratava duramente os difíceis judeus. Eis aqui um exemplo que Jesus usou para reforçar a necessidade do arrependimento (Mt 3.2). Ele tam bém se referiu à queda da torre de Si­ loé, na qual m orreram dezoito pessoas. 6-9. A figueira estéril. Cf. Isaías 5.1-7 e comentários sobre Mateus 21.18-20. A nação de Israel era a figueira. Com o a nação não dem onstfou arrependim ento, a árvore se­ ria cortada (cf. Mt 24.32-34 e comentários). 10-17. A cura de uma mulher. Sobre as sinagogas, 10, 14, ver "As sinagogas da Gali­ léia" em Lucas 4.44. Esse episódio é exclusi­ vo do evangelho de Lucas. A passagem diz que Satanás se apossara dessa judia, cha­ m ada "filh a de A b raão " (ver com en tário

Lucas [ 429 ]

sobre "Satanás" em Lc 4.1-13). O epíteto in­ dica que essa mulher tinha a fé de Abraão. 18-21. Parábolas do grão de m ostarda e do ferm en to. Ver co m en tário s sobre M a ­ teus 13.31-33; M arcos 4.30-32.

13.22-35. Ensinamentos a ' caminho de Jerusalém 22-30. Quantos serão salvos? Isso também é exclusivo de Lucas. O Salvador deu um a resposta prática à indagação, 24, para evi­ tar a presunção, 25-30. Ele ensina-nos a "fir­ m ar vosso cham ado e eleição" (2Pe 1.10). 31-33. Jesus avisa sobre H erodes Antipas. Ele estava na P eréia, rein o de A n tipas. Jesu s cham ou o ardiloso e iníquo as­ s a s s in o de Jo ã o B a tis ta d e a q u e la " r a p o s a ". A e x p re ssã o "h o je e a m a n h ã " descreve o m inistério de cura e libertação de Cristo. O "terceiro d ia" refere-se à res­ surreição, quando ele seria glorificado (Jo 17.4,5; 19.30; Hb 2.10; 5.8,9). Sobre H erodes A ntipas, ver com entários em M ateus 14.114; M arcos 6.14-29; Lucas 9.7-9. 34,35. O lam ento de Jesu s sobre Je ru ­ salém . O terno am or do hom em perfeito, o ú ltim o A dão, ilu m in a a passagem . (Cf. M t 23.37-39; Lc 19.41-44.)

14. 0 preço do discipulado 1-6. A cura no sábado. O Senhor Jesus respondeu ao ritu alism o hipócrita dos fa­ rise u s e à v a z ia o b s e rv â n c ia do sá b a d o com um a cura m ilagrosa (ver com en tário sobre m ilagres em M c 5.21-43). 7-15. A parábola do convidado am bicio­ so. Ela ensina a sabed oria da h u m ildade, 11, e é exclusiva do evangelho de Lucas. A frase "a tua retribu ição será na ressu rrei­ ção d os ju s to s " , 12-14, su g e re d u as re s ­ surreições, um a à vida (Ap 20.6) e outra à m orte (Ap 20.11-15). 16-24. A p aráb ola da gran d e ceia (cf. M t 22.1-14). Os hipócritas (crentes judeus), e s p e c ia lm e n te o s fa r is e u s , in v e n ta v a m d esculpas para d eixar de ir à grand e ceia de salv ação p ro p orcion ad a por D eu s, 1820. Tudo e stav a "p re p a ra d o ", 17, a g u a r­ dando apenas a conclusão da obra na cruz. As p essoas das "ru a s e b eco s da cid ad e"

Essa inscrição, encontrada em Cesaréia, confirma que Pilatos foi de fato governador do império romano, no tempo de Jesus.

e dos "cam in h o s e a ta lh o s", 21-23, repre­ sen tam os gentios que serão convidados, deixando de fora o Israel hipócrita, 24. 25-35. As condições do discipulado. Tão primordial era o amor do discípulo para Cris­ to que seu afeto pelas pessoas m ais próxi­ mas, e até por si m esm o, deveria ser, com ­ parativamente, com o o ódio, 26. Esse amor devotado desarraigaria a multidão superfi­ cial, 25, e prepararia os fiéis para a inevitá­ vel perseguição, as dificuldades e a cruz, 27. Q ue se calcule a despesa! Isso é exem plifi­ cado pela parábola do homem que quer cons­ truir uma torre, 28,29, do rei que se prepara para a guerra, 31-33, e do sal insípido, 34,35.

15. Parábolas: a ovelha perdida, a dracma perdida, o filho pródigo 1,2. M otivo das parábolas. O Senhor res­ p o n d eu à h ip ó crita recla m a çã o dos fa ri­ seus, 2, ecoando o texto lapid ar do evan­ gelho de Lucas: "P orqu e o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdi­ d o " (19.10). A d isp o sição dos cobradores d e im p osto s (ou p u b lican o s) e dos p eca­ d ores de ouvi-lo, 1, confirm ou sua missão e p ro voco u as m u rm u rações. 3-7. A o v elh a p e rd id a . A s noventa e n o v e o v elh a s re p re se n ta v a m os crítico s fariseu s; a ov elha perd id a, os publicanos e os pecadores que o Filho do homem veio salvar. A parábola rep reend e severam en­

I 430 I Lucas te a vazia religiosid ad e e a orgulh osa h i­ pocrisia dos fariseus. 8-10. A dracm a perdida. N ovam ente, a peça de prata perdida representava os publicanos e os pecadores. O júbilo da mulher é semelhante ao júbilo dos anjos de Deus no céu pelo pecador que se arrepende, 10, mais um a vez essa rep resen ta um a sev era re­ preensão contra os críticos fariseus. 11-32. O filho pródigo. O pródigo repre­ sen ta os p u b lica n o s, 11 -2 2 ; o filh o m ais velho, 25-32, os fariseus. A hipocrisia e a arrogância dele eram evidentes. Ele jam ais fizera nada de errado e considerava-se su­ perior ao pobre p ecad or erran te que v o l­ tara para casa. Era óbvia a censura à críti­ ca d os fa r is e u s c o n tra Je s u s co m o Salvad or e am igo d os p ecad ores.

16. 0 administrador infiel; o homem rico e Lázaro 1-18. A parábola do administrador infiel. Nessa metáfora, Jesus elogia a prudente an­ tevisão do adm inistrador, e não sua deso­ nestidade. A parábola não só abre espaço

Moedas romanas. A de cima retrata o governador Antoninus Felix (59 d.C.); e a de baixo, o governador Pôncio Pilatos (30 d.C.).

para a pregação do uso correto do dinheiro, m as p rop orciona um m eio de repreender seu uso errado e egoísta por parte dos cobi­ çosos fariseus, que ainda sustentavam crer na vid a fu tu ra . Se assim fo sse, que e les dem onstrassem sua fé na vida vindoura e que usassem o d in h eiro para co n q u ista r am ig o s q ue e sta ria m às p o rtas dos céus para recebê-los, 9. O uso correto do dinhei­ ro n essa vida d em onstra a auten ticid ad e de n ossa salv ação, e isso será reco m p en ­ sado na vida futura. A zom baria dos fari­ seus em relação ao ensinam ento de Jesus sobre o dinheiro, 14-17, provou que sua fé era vazia e sua crença no céu, um a im pos­ tura vã. Sua cobiça confirmava isso. A alar­ d eada ven eração da lei era tam bém um a farsa, pois deixavam de lado o claro ensi­ nam ento da lei sobre o divórcio, 18, permitindo-o com base em trivialidades. 19-31. O homem rico e Lázaro. Essa pa­ rá b o la (ou, co m o su g erem a lg u n s, e sse exemplo histórico) também tinha como alvo os fariseus hipócritas, descrentes e zom ba­ dores. Eles se vangloriavam de sua suposta observância da lei (cf. 15-17) e consid era­ vam sua riqueza, que acum ulavam ganan­ ciosam ente, com o provas disso. Jesus pro­ vou a falácia do raciocínio deles. A grande fortuna do rico era, ao contrário, não prova da graça divina, pois ele foi para o inferno (Hades, Sheol, morada intermediária dos es­ píritos hum anos entre a m orte e a ressur­ reição). Lázaro, o m endigo m iserável, foi, no entanto, para "junto de Abraão", 22, i.e., o paraíso, para onde foram as almas de to­ dos os justos do a t . Ele não teve chance de fazer am igos para si usando as "riq u ezas da inju stiça" para que esses o recebessem n os "tabern ácu los etern os" (cf. 9). No en ­ tanto lá estava ele! E entre ele e o rico havia um ab ism o in tran sp o n ív el, sep aran d o os perdidos dos salvos. Que isso sirva de lição aos gan anciosos fariseus!

Céu e inferno Jesus ergueu o véu da vida futura, reve­ lando a morada das almas dos mortos, salvos e perdidos, entre a morte e a ressurreição.

Lucas I 431 l

Hades (gr., heb. " Sheol” ) é o lugar para o qual iam todos os m ortos nos tem pos do a t , tem pos de "M o isés e os P rofetas", 29. O s ju s to s , p o ré m , iam p a ra " ju n t o de A b ra ã o ", 22, m as ficavam sep arad os dos ím pios do a t por um "grande abism o", 26. O ladrão fiel (Lc 23.43) estaria’ naquele m esm o dia com C risto no paraíso, e as cir­ cu n stân cias, d iante de E fésios 4.8-10, p a ­ recem in d ic a r que d esd e a a scen sã o de Cristo, o paraíso, ou estar "junto de Abraão", transferiu-se para o "terceiro céu" (2Co 12.14), a imediata presença de Deus (IC o 15.53; lT s 4.13-18; 2Co 5.2,8; Fp 1.23). M as os p e rd id o s , do p e río d o do a t com o do n t , ainda vão para o H ades, ou in fe rn o in te rm e d iá rio , so fren d o , de fo r ­ ma consciente, torm ento (Lc 16.24). No ju ízo dos pecad ores (Ap 20.11-15), os m o rto s ím p io s serão re s su s c ita d o s e lan çad o s no in fe rn o etern o, ju n to com a m orte e o H ades (Ap 20.14). Essa é a "s e ­ g u n d a m o r te " ou e te r n a s e p a ra ç ã o de Deus (Ap 20.14), o estado final dos iníquos.

17. 0 perdão; profecia da segunda vinda I-10. Instrução sobre o perdão e o serviço. A queles que fazem os outros tropeçar, es­ pecialm ente os jovens, sofrerão severo cas­ tigo, 1,2. Se somos regidos pela fé, é preciso praticar o perdão e a bondade (cf. Ef 4.32). O serviço deve ser espontâneo e natural àque­ le que confessa a soberania de Cristo, 7-10. II-1 9 . A cura de dez leprosos. Esse epi­ sódio se encontra som ente em Lucas. To­ dos os dez lep rosos foram cu rad os m ila­ grosam ente. Em bora todos os dez tenham exibido fé e obediência, só um voltou em um a atitude de gratidão. O sam aritano foi o único que adorou aquele que o curou, e não a cura. Essa postura espiritual correta resultou em cura física e espiritual, 19. 20-37. Quando virá o reino de Deus. A pergunta dos fariseus, 20, provocou a se­ guinte resposta de nosso Senhor: o reino de Deus não viria acom panhado de uma exibi­ ção exterior, m as já estava no m eio deles, 21 — i.e., na pessoa do rei que os fariseus rejeitaram . C risto, a seguir, dirigiu-se aos

discípulos e deu novas instruções a respeito da manifestação externa da vinda do reino, no tem po em que o rei será aceito, 22-37. Naquele momento, sua vinda será evidente para todos, 24. Contudo, sua missão, primei­ ro, incluía o sofrim ento e a rejeição, 25. O juízo precederia imediatamente a volta visí­ vel do rei, 26-37. Os versículos 34 e 35 se referem à reunião instantân ea dos ímpios para o juízo do final dos tempos. O versícu­ lo 37 descreve a terrível carnificina do Armagedom (Ap 16.14; 19.17).

18. Parábolas e instruções 1-8. A parábola da viúva persistente. Essa paráb ola ocorre n o con tex to da segunda vinda de C risto (17.20-37). O versícu lo 8 questiona: "C ontu d o, quando vier o Filho do hom em , achará fé na terra?". Nos som ­ brios dias apóstatas da tribulação, a fé só será en con trad a no rem an escen te fiel do p ovo de D eus. E sses, os eleitos, sofrerão grande persegu ição e clam arão continu a­ m ente a ele, pedindo libertação. Ele, por­ tanto, vin gará o rem a n escen te, ca stig a n ­ do seus p erseg u id ores na segunda vinda. 9-14. A parábola do fariseu e do publicano. Essa p arábola, com o a anterior, é ex­ clusiva do ev a n g elh o de Lucas. Seu alvo era o orgulho e a vazia hipocrisia ritualista dos fariseus, 9. O fariseu era extrem am en­ te egoísta. Na curta oração, quatro verbos na prim eira pessoa se referem a ele m es­ m o, e não a Deus, 11,12. O publicano era hum ild em ente contrito. A frase "O Deus, tem m isericórd ia de m im , um p ecad or!", 13, tinha em mente o propiciatório (Ex 25.1722; Hb 9.5), e significa "age com igo da mes­ ma form a que o Senhor o faz quando olha o p rop iciatório salp icad o de san g u e". Em Cristo, D eus é propício e m isericordioso. 15-17. Jesus abençoa as criancinhas (ver M t 19.13-15; M c 10.13-16). 18-30. O jo v em rico (cf. M t 19.16-30; M c 10.17-30). 31-34. Jesu s pred iz m ais uma vez sua m orte (cf. M t 20.17-19; M c 10.32-34). 35-43. A cura do cego perto de Jericó (cf. M t 20 .2 9 -3 4 ; ver co m en tário sobre Jericó em M c 10.46-52).

[ 432 1 Lucas

19.1*27. Zaqueu; a parábola das minas I-10. A conversão de Zaqueu. C om o rico cobrador de im postos, Zaqueu era despre­ zad o pelos com p atriotas ju d eu s, 1,2. Ele procurava ver Jesu s, 3,4, m as Je su s e sta ­ va ainda m ais ansioso para vê-lo, 5,6. As ruas de Jericó nos tem pos do n t eram la­ d ead as de sicô m o ro s, e os a rq u e ó lo g o s, de fato, identificaram no sítio pedaços de madeira de sicôm oro. A restituição de Z a­ queu, 8,9, provou a realidade de sua expe­ riência esp iritu al e ilu stra ad m iravelm en ­ te o fato de que "o Filho do hom em veio buscar e salv ar o que se havia p e rd id o ", 10, a frase lapidar do evangelho de Lucas. II-2 7 . A parábola das minas. Essa pará­ bola foi proferida para corrigir a falsa no­ ção de que o re in o de D eu s a p a re c e ria im ed iatam ente, 11. Sob re o term o "re in o de D eus" em M arcos e Lucas, v er com en­ tá rio em M a rco s 4 .1 -2 9 . N e sse c o n te x to e sp ecífico , L u cas u sa o term o "r e in o de D eu s"; porém , sob re o sen so re strito em

que M ateu s em prega a d esignação "rein o do c é u ", ver com en tário s em M ateu s 3.2; 4.17; 13.1,2. O reino, aqui rejeitado, é adia­ do (Lc 17.21; At 1.6-8), m as virá no tem po dev id o com m an ifestação visível (ver co­ m entários sobre Lc 17.20-37). Portanto, na parábola o Sen h or Jesu s é o "h om em no­ b re ", 12, que vai a um a terra d istan te (o céu) p ara receber um reino para si, a ser e sta b e le c id o em sua seg u n d a v in d a . O s dez serv o s rep resen tam os m esm os g ru ­ pos que as dez virgens de M ateus 25.1-13. O versículo 27 descreve a ira do C ordeiro e a chacina dos seus inim igos no "g rand e dia do Deus Todo-Poderoso" (Ap 16.14). A seg u n d a vind a re su lta rá na reco m p en sa dos ju stos e no castigo dos ím pios.

19.28-48. Entrada triunfal; segunda purificação do templo 28-40. A entrada triunfal. Ver comentári­ os so b re M ateu s 21 .1 -1 8 ; M arcos 11.1-10; João 12.12-19. Lucas dá um detalhe interes­ sante: "tod a a m ultidão de discípulos, ale­

Maquete do templo de Herodes mostra os mercadores e cambistas ao lado da escadaria principal. Jesus os expulsou, dizendo-lhes: "Está escrito: A minha casa será casa de oração. Mas vós a transformastes em covil de salteadpfes" (Lc 19.46).

Lucas [ 433 )

grando-se muito, com eçou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que havia visto", 37. Lucas tam bém relata seu brado: "Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!", 38. Paz no céu virá quando Satanás de lá for expulso (Ap 12.7-12) e encarcerado no abiãmo sem fundo (Ap 20.1-3). Paz na terra, o angélico anúncio do nascimento de Cristo (Lc 2.14), se realizará som ente na segunda vinda. 41-44. O Homem perfeito chora por Jeru­ salém. Ver com entários sobre M ateus 23.3739. Q u an ta tern u ra e b en ev o lên cia nosso Senhor dem onstrou! Seu coração transbor­ dava de compaixão (Lc 13.34,35) ao profeti­ zar a destruição da cidade, 43,44 (cf. Lc 21.2024). Isso se cumpriu em 70 d.C. 45-48. A segunda purificação do templo. Ver co m en tário s sob re M ateu s 2 1.12-16; M a r­ cos 11.15-18. Contraste com a primeira purifi­ cação no início do ministério de Cristo (Jo 2.1317). A "c a s a de o r a ç ã o ", 46 (cf. Is 56 .7 ), tornou-se "covil de salteadores" (Jr 7.11).

20. Conflito com os líderes dos judeus 1-8. A autoridade de Jesus é questionada. V er co m e n tá rio s so b re M a teu s 2 1 .2 3 -2 7 ; M arcos 11.27-33. Jesus denunciou a vã hipo­ crisia e a descrença dos líderes judeus com a p erg u n ta referen te ao b atism o de João, 14. A incapacidade de respondê-la revelou o d ilem a em que o p ecad o d eles os hav ia metido — ou admitir que eles haviam se re­ cusado a obedecer ao m ensageiro de Deus ou expor-se ao repúdio público. 9-18. A p arábola dos agricultores maus. Ver e x p o siçã o d ela em M a teu s 2 1 .3 3 -4 6 . C risto era a p ed ra que fora rejeita d a , 17 (SI 118.22,23). N a segu nd a vinda, ele será "p e d ra de re m a te " (Zc 4.7 ). A q u ele que "c a ir sob re esta p e d ra " com fé será feito em ped aços, em co n triçã o e perd ão, m as "aq u e le sobre quem ela cair [com o ju ízo] ficará reduzido a p ó ", 18, clara referência à ped ra esm agad ora que d estruirá as p o­ tên cias m u n d iais p ag ãs an tes do e sta b e ­ lecim ento do reino (Dn 2.34,35). 19-26. A questão do tributo. Ver M ateus 22.15-22; M arcos 12.13-17.

27-38. Os saduceus são silenciados.Ver M ateus 22.23-33; M arcos 12.18-27. 39-47. Os escribas são interrogados. Ver M ateus 22.41-46; M arcos 12.35-37.

21. 0 sermão do monte das Oliveiras. 1-4. A oferta da viúva (cf. Mc 12.41-44). 5-38. O serm ão do m onte das Oliveiras, o serm ão p rofético. C ontraste o relato de L u ca s com o de M a teu s (cap s. 24 e 25). Enquanto M ateus dá inform ações detalha­ d as so b re o fin a l da e ra im ed ia ta m e n te anterior à segunda vinda de Cristo, Lucas dá um a visão geral d esse período, 5-19 e 25-36, m as in tercala a p ro fecia da queda de Jeru salém (70 d .C .), 20-23, e a d isper­ são m undial dos judeus durante o período in term éd io , cham ad o 'tem p o s dos g en ti­ o s ', 24. D u ran te e sse p eríod o, Jeru salém ficará sob dom ínio gentio e só será plena­ m ente libertada na volta do Senhor, 25-28, quando esta era, iniciad a com o cativeiro de Judá no tem po de N abucodonosor (606 a.C.), term inará. A "fig u eira ", 29, é Israel. "T o d as as á rv o re s" são as o u tras nações que tam bém v iv erão um a renov ação an ­ tes da vinda do Senh or — nações sujeitas ao redivivo im pério rom ano. "V erão", 30, é a form a m ediatária (m ilenarista) do rei­ no de D eus liderado pelo M essias, 30, em sua san ta vind a. "E sta g e ra ç ã o ", 32, são os in d e stru tív e is e in a ssim ilá v eis ju d eu s q u e s e r ã o p re s e r v a d o s p a ra c u m p rir a palavra profética de D eus, 33. Ver com en­ tários sobre M ateu s 2 4 —25; Lucas 13.

22.1—23.26 Acontecimentos anteriores à crucificação 22.1,2. A tram a p ara m atar Jesu s (cf. M c 14.1-21). 3-6. A traição de Judas (cf. Mt 26.2,14,15; M c 14.10,11). 7-13. A p rep aração para a Páscoa (cf. M t 26.17-19; M c 14.12-16). 14-18. A ú ltim a P á sco a (cf. M t 26.20; M c 14.17; Jo 13). 19-20. A ceia do Senhor (cf. M t 26.26-29; M c 14.22-25).

[ 434 1 Lucas

21-23. O anúncio da traição (cf. M t 26.2125; Mc 14.18-21; Jo 13.18-30). 24-30. O lugar dos apóstolos no reino vindouro (cf. M t 19.28; Ap 3.21). Cf. com en­ tários sobre M ateus 3.2; 4.17; 13.1,2. 31-34. Jesus prediz a negação de Pedro (cf. Mt 26.33-35; Mc 14.29-31). 35-38. Alerta sobre os conflitos vindouros. 39-46. Jesus no monte das O liveiras. Ver com entários sobre M ateu s 2 6.36-46; M ar­ cos 14.32-42. 47-53. A traição (cf. M t 26.47-56; M c 14.4350; Jo 18.3-11). 54-65. A prisão (cf. Mt 26.69-75; Mc 14.53-72). 66-71. Perante o Sinédrio (cf. Mt 26.59-68). 23.1-26. Perante Pilatos e H erodes (cf. Mt 27.1-15; Mc 15.1-5; Jo 18.28-40).

23.27-56. Crucificação e sepultamento 27-38. A crucificação. Ver com entários sob re M ateu s 2 7 .3 3 -3 8 ; M a rco s 1 5 .2 2 -2 8 ; João 19.17-19. A cruz de Cristo não só ju l­ gou o m u nd o (Jo 12 .3 1 ), m as rev elo u o que é o m undo. O povo em geral apenas olhava indiferente, 35, en qu an to os an ci­ ãos zo m b av am , 35; os cru éis e s c a r n e c i­ am , 36; o p ecad o r co n d en ad o orav a, 42; os d e s c r e n te s m a te r ia lis ta s tir a v a m a sorte (M c 15.24); o centurião crente glori­ ficava a Deus, 47; e os d iscíp u los p erm a­ neciam a fastad o s, 49. 39-45. O ladrão penitente. Eis aqui o caso de um arrependim ento genuíno no leito de m o rte. S o b re " p a r a ís o " , 4 3 , v e r L u ­ cas 16.29-31 e com entários. A h istó ria do ladrão penitente é exclusiva de Lucas (cf. M t 27.44; M c 15.32). 46-49. Jesus entrega seu espírito, reali­ zando voluntariam ente um ato de v o n ta­ de soberana, d iferenciand o assim a m o r­ te do h o m em -D eu s de to d o s os o u tro s ca so s de m o rte fís ic a , 46 (M c 1 5 .3 7 ; Jo 19.30). "N inguém a tira de mim, m as eu a dou esp on tan eam en te" (Jo 10.18). 50-56. O sepultamento de Jesus. Ver co­ m en tário s sob re M ateu s 2 7 .5 7 -6 1 ; M a r­ cos 15.42-47; João 19.38-42. José era membro do conselho, 50, i.e., o Sinédrio, corte oficial ju d aica com p osta de seten ta sa cerd o te s,

escribas e anciãos, presidida pelo sum o sa­ cerdote. "Esperava o reino de Deus", 51, in­ dica sua expectativa m essiânica, segundo as grandes promessas do at (ver comentári­ os sobre Mt 3.2; 4.17; 13.1,2). O sábado, 54, começava ao pôr-do-sol. Lucas, dirigindo-se a leitores não-judeus, explica a urgência do sepultam ento segundo o costume judaico.

24. Ressurreição e ascensão 1-12. A ressurreição (cf. M t 28.1-6). So­ b re a "O rd e m d os e v en to s da re ssu rre i­ ç ã o " v e r n o ta em M a rc o s 1 6 .1 -8 ; cf. Jo ã o 2 0 .1 -1 7 . Ver co m en tá rio em Jo ão 20 sob re "A au ten ticação da re ssu rre içã o ". 13-35. M inistério pós-ressurreição aos discípulos de Em aús. Em aús ficava a ses­ senta estádios (um estádio equivale a cen­ to e seten ta e sete m e tro s), ou cerca de doze quilóm etros de Jerusalém . A vila, pro­ v a v e lm e n te , p o d e s e r id e n tific a d a a Am was, que fica m ais ou m enos a mesma d istân cia esp ecifica d a por L u cas a oeste de Jeru sa lé m . Seu v ín cu lo com a Em aús do n t é bem antigo, anterior às Cruzadas. Só L u cas relata in teg ra lm en te e sse terno e solidário m inistério do C risto ressuscita­ do. "M o isé s", 27, refere-se ao Pentateuco, tão pleno de profecia e sim bologia m essi­ ân icas; e "to d o s os p ro fe ta s", 27, c o rres­ ponde à segunda parte das Escrituras h e­ braicas: a lei, os profetas, as Escrituras. A te rc e ira d iv is ã o era ta m b é m c h a m a d a "Salm o s", 44, pois a seção era iniciada pelo com pêndio d evocional de Israel. 36-43. Aparição aos onze depois da ressur­ reição. O Cristo ressurrecto provou que não era um mero espírito, m as que possuía um corpo glorificado de carne e osso, 39. A prova está no fato de que eles o tocaram e conver­ saram com ele; além disso, ele comeu dian­ te dos discípulos, 43. Tudo isso se enquadra bem no evangelho da humanidade de Cris­ to. O n t ensina claram en te a ressu rreição física de Cristo. Ver comentário em João 20, "A autenticação da ressu rreição". Sobre as "Aparições pós-ressurreição" de Cristo, ver com entário em M arcos 16.9-20. 44-49. A com issão m undial. O Filho do h om em g lo rifica d o exp lico u que as pro-

Lucas [ 435 ]

A semana da Paixão em abril de 30 d.C. Sábado:

• Ceia em Betânia D om ingo:

• Discípulos arrumam um jumentinho • Entrada triunfal em Jerusalém • Jesus na cidade e no templo • Descanso em Betânia S eg u n d a -fe ira :

• Figueira é amaldiçoada • Segunda purificação do templo T e rç a -fe ira

• Último dia no templo • A autoridade de Cristo é desafiada • Parábola dos dois filhos • Parábola dos agricultores maus • Parábola da pedra rejeitada • Parábola das bodas • A questão do tributo a César • A questão da ressurreição • O maior dos mandamentos • Filho e Senhor de Davi • Denúncia dos escribas e fariseus • Lamento por Jerusalém • A oferta da viúva pobre • Os gregos querem ver Jesus • O sermão do monte das Oliveiras (o sermão profético) P a ráb o las:

• A figueira • Sobre o dever de vigiar • O pai de família

• Dos dez servos e das dez minas • A í dez virgens • Os talentos • As ovelhas e os cabritos • Judas negocia a traição de Jesus Quarta-feira • Dia tranquilo em Betânia Quinta-feira • Preparação para a Páscoa • A refeição pascal e a ceia do Senhor • Jesus lava os pés dos discípulos • Judas é apontado como traidor • Os apóstolos são alertados sobre a deserção • O grande discurso do cenáculo (Jo 13— 17) • A grande oração intercessora (Jo 17) • A agonia no Getsêmani (ver comentário sobre Mt 26.36-56) • Traição e prisão • Pedro e a cura da orelha de Malco Sexta-feira: • Primeiro julgamento judeu: perante Anãs • Segundo julgamento judeu: perante Caifás • Terceiro julgamento judeu: perante o Sinédrio • Jesus declara-se o Messias • Jesus é escarnecido; negação e remorso de Pedro • Primeiro julgamento romano: perante Pilatos

• Segundo julgamento romano: perante Herodes • Terceiro julgamento romano: perante Pilatos novamente • Pilatos entrega Jesus aos judeus • Pilatos novamente tenta resgatar Jesus • Suicídio de Judas • O caminho da cruz Na cruz Prim e ira s trê s horas: 9 -1 2h

Três dizeres: • "Pai, perdoa-lhes..." • "Hoje estarás comigo no paraíso." • "Mulher, aí está o teu filho." S e g u n d a s trê s horas: 1 2 - 1 5h

Quatro dizeres: • "Deus meu, Deus meu..." • "Estou com sede." • "Está consumado!" • "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito." Fe n ó m en os so b re n a tu ra is q u e a co m p a n h a ra m a m o rte d e Jesus:

• Trevas, terremoto, rasgamento do véu do templo • Sepultamento do corpo no túmulo de José Sábado

• Corpo no túmulo; espírito no Sheol D o m in g o

• Ressurreição (ver "Ordem dos eventos" em Mc 16)

[ 436 ] Lucas

Os julgamentos de Jesus Julgamento Julgamentos religiosos

Julgamentos civis

Bíblia

Juiz

Decisão

Primeiro

Jo 18.12-14

Anás

Segundo

Mt 26.57-68

Caifás

Terceiro

Mt 27.1-2

Sinédrio

Sinal verde para liquidar Jesus Sentença de morte, acusação de blasfémia Sentença de morte é legalizada

Jo 18.28-38 Lc 23.6-12 Jo 18.39—19.6

Pilatos Herodes Pilatos

JUDEUS

ROMANOS

Quarto Quinto Sexto

m essas e p ro fe cia s das E sc ritu ra s a re s­ peito dele tinham de ser cum pridas, 44. Ele ilu m in ou as m en tes d os d iscíp u lo s para que pu dessem com p reen d er isso , 45, e o sig n ificad o de sua m orte e re ssu rre içã o , 46. A meta em vista era que "se pregaria o arrependim ento para perdão dos pecados a todas as nações", 47 (grifo do autor). A s­ sim a narrativa de Lucas term ina com sua nota de proclam ação universal — a salva­ ção oferecida a todo o mundo.

Inocente Inocente Inocente, mas Jesus é entregue aos judeus

50-53. A ascensão. "A promessa de meu P a i", 49 (o Espírito Santo) seria cum prida (At 2.1-4). Enquanto não fossem revestidos de poder do alto, eles não deveriam sair da cidade (Jerusalém), nem tentar cumprir sua tarefa sobre-hum ana com m eios m eram en­ te hu m anos. A ascen são foi o d errad eiro ápice, 50-52 (ver Mc 16.19,20; At 1.9-11). Betânia, 50, era um a pequena vila cerca de dois quilómetros e meio a leste de Jerusalém, na encosta oriental do m onte das O liveiras.

Essa enorme pedra, lavrada em formato circular, foi usada para lacrar a "Tumba dos Herodes", descoberta em uma área que fica fora dos muros de Jerusalém. A tumba em que Jesus foi sepultado também foi lacrada com uma pedra semelhante.

João 0 evangelho do Filho de Deus 4

O autor. Desde o tempo dos

pais da igreja, atribui-se o quarto evangelho a João, o discípulo amado. Teófilo de Antioquia (c.180), ireneu (c.200), Clemente de Alexandria (c.220), Tertuliano (c.220) e Origenes (c.250) concordavam quanto à autoria joanina. Até Porfírio e Juliano, o Apóstata, dois inimigos declarados do cristianismo em seu primórdio, aparentemente não questionavam a autoria joanina. Eles, certamente, fariam isso, caso tivessem fundamento para negar a autenticidade do evangelho que tão notavelmente enfatiza a absoluta divindade de Cristo. João, o amado. João e seu

irmão Tiago eram pescadores galileus e membros de uma família próspera, pois seu pai Zebedeu tinha servos (Mc 1.20). João e seu irmão eram veementes e impetuosos. Ganharam o epíteto "filhos do trovão" (Mc 3.17). João participava do círculo mais íntimo de Jesus (Mc 5.37; Lc 8.51; Mt 17.1). O autor no evangelho.

(1) Na última ceia, João conchegou-se a Jesus (Jo 13.23). (2) Na cruz permaneceu fiel, e Jesus lhe confiou a tarefa de cuidar de sua mãe (Jo 19.26,27). (3) Diante do túmulo, foi o primeiro a crer na ressurreição de Jesus (Jo 20.1-10). (4) Na praia da Galiléia, foi o primeiro a reconhecer o Senhor (Jo 21.1-7).

Data do evangelho. A data do evangelho de João é posterior à dos evangelhos sinóticos, mas não posterior a 85 ou 90 d.C., conforme demonstram as seguintes razões: (1) complementa os sinóticos e omite muito do que eles registram, bem como registra muito do que eles omitem; é completo quando eles são breves e vive-versa; (2) mostra uma maturidade da consciência cristã, improvável no período primitivo da igreja; (3) não faz referência à queda de Jerusalém em 70 d.C., nem como fato futuro nem como passado; por isso foi certamente escrito vários anos depois do evento; (4) a arqueologia sustenta essa

sensata datação, como mostram as descobertas relatadas na página seguinte.

Esboço 1.1-51 Introdução 2.1— 12.50 Ministério público do Filho de Deus 13.1— 17.26 Ministério aos discípulos do Filho de Deus 18.1— 20.31 Morte e ressurreição do Filho de Deus 21.1-25 Epílogo

1 Im agem de Jo ão , autor

“djftíifraos” ej/angelhos, eicu lp id a__

[ 438 ] João

Os manuscritos do mar Morto Descobertos a partir de 1947, esses documentos revelaram que o n t tem pano de fundo judaico, com menos influência grega que hebraica. Também forneceram pistas para a datação dos evangelhos sinóticos, situando Marcos entre 60-65 d.C., e João, em data não posterior a 90 d.C. A recuperação da literatura essênia de Qumran, o sítio da costa noroeste do mar Morto onde os primeiros e mais fenomenais manuscritos foram descobertos em 1947, demonstra que o evangelho de João reflete o genuíno pano de fundo judaico de João Batista e de Jesus, e não o pano de fundo gnóstico do final do século n d.C. Isso é atestado pelos notáveis paralelos dos símiles conceituais do quarto evangelho encontrados na literatura essênia de Qumran. Esses achados arqueológicos desacreditaram a crítica racíonalista, que havia retirado o evangelho de João da data tradicional da era apostólica (entre 90 e 130 d.C.), tratando-o assim como texto essencialmente apócrifo. A literatura gnóstica de Nag Hammadi. Em 1945, treze códices contendo quarenta e nove documentos gnósticos

foram encontrados no Alto Egito, na antiga ShenesetChenoboskion, nas vizinhanças de Nag Hammadi, cinquenta e um quilómetros ao norte de Luxor. Datado do século m d.C. e escrito em copta, esse material, que rivaliza com os manuscritos do mar Morto em importância, prova que o gnosticismo foi muito posterior ao evangelho de João, e que os gnósticos extraíram boa parte de seus conceitos desse evangelho — bem o contrário do que se supunha, ou seja, de que o quarto evangelho era um tratado gnóstico posterior. Propósito do quarto evangelho. O propósito é revelado em João 20.30,31: expor o caráter messiânico e a divindade de Jesus, apresentando como provas irrefutáveis seus sinais miraculosos, a fim de incutir fé nos corações dos homens para que eles pudessem

receber a vida eterna. Para alcançar essa meta, o autor fez cuidadosa seleção e meticulosa omissão. Isso para que os judeus se convencessem de que o Jesus histórico é o "Cristo", e para que os gentios pudessem aceitar esse mesmo Jesus como "Filho de Deus", Salvador da humanidade. Esse é o "Evangelho da Crença". Material peculiar a João Certa de 92% do conteúdo do quarto evangelho é exclusivo de João, e não se encontra nos três evangelhos sinóticos. Em comparação, Mateus tem 42% de conteúdo exclusivo, Lucas, 59%; e Marcos, somente 7%. Os milagres no evangelho de João. Só oito dos trinta e cinco milagres de Cristo registrados nos evangelhos são mencionados por João. Seis desses são exclusivos do quarto evangelho.

João [ 439 ]

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-17. C risto Criador. Com o Criador, (1) C risto é anterior a toda a criação, sen­ do o próprio C riador — "p rim ogénito so­ b re", antecedente a toda criatura ou toda a c ria ç ã o , 15b. Ele é "a n te s de to d a s as coisas", 17a (cf. Jo 17.5), tendo existido eter­ n am ente antes de todas as criatu ras e de toda a criação. (2) Ele é agente da criação — "p o rq u e nele foram criadas todas as co i­ sas", 16a. Essa afirm ação é repetida, 166.(3) Ele é a M eta da criação. "Tudo foi criado [...] para e le ", 16c. Toda a criação gira em tor­ no d ele e tem nele sua co n su m a çã o . (4) E le é o C o n s e rv a d o r da c ria ç ã o . "N e le , tudo su b siste."

1.18,19. A liderança de Cristo sobre a igreja 18a. Ele é o cabeça da igreja. A igreja é seu corpo. A ssim com o a cabeça do corpo hum ano é uma com o corpo, tam bém Cris­ to é, coletivam ente, um em vida e destino com seu s re m id o s d esta era. O E sp írito Santo batiza o crente no corpo (IC o 12.13) e, ao m esm o tem po, em C risto , o cabeça (Rm 6.3,4). A ssim com o a cabeça dirige e controla todas as atividades do corpo hu­ m ano, tam bém C risto dirige e controla to­ das as atividad es da igreja, seu corpo es­ piritual (IC o 12.12; Ef 1.22). 18b,19. Ele é o princípio da nova criação. C om o R ed en to r cru cifica d o e re ssu scita ­ do, ele é o "p rim o g é n ito d en tre os m o r­ tos", e com o tal o "p rin cíp io" da nova cria­ ção (2Co 5.17; Ap 1.5). Com o "prim ogénito de toda a criação", 15, ele é o Criador e dá a vida natural. Como "prim ogénito dentre os m ortos", ele é o Redentor e dá a nova vida ressurrecta. Por m eio dessa obra red ento­ ra nasce a nova criação, em virtude da qual ele é sua cabeça. Ele deve ter o prim eiro lugar em tudo, pois "foi da vontade de Deus que nele habitasse toda a plenitude", 19. Ele era o próprio Deus feito homem, para criar um novo povo pela redenção.

Colossenses [ 563 1

1.20-23. A obra reconciliatória de Cristo

1.24-29. A glória de Cristo procla­ mada no ministério de Paulo

20 .2 1 .0 significado da reconciliação. R e­ co n c ilia çã o C risto tra z e n d o a paz en tre D eu s e o hom em , que estava alhead o de Deus e em inim izade com ele com o conse­ quência da Queda. Isso se fez pelo sangue (m orte de Cristo) na cruz, 20a. Alheam ento e inim izade concentravam -se na m ente do h om em (se u s p e n sa m e n to s) e e x p re s s a ­ vam -se em obras iníquas, 21. O pecador é r e c o n c ilia d o (to ta lm e n te tra n sfo rm a d o ) pelo poder divino, passando de um estado de hostilidade e de aversão a D eus a outro de am orosa confiança (cf. Rm 5.10; 11.15; 2Co 5.18-20). 22.23.0 propósito da reconciliação. O fim em vista na obra reconciliatória de Cristo, realiza d a na co n su m a çã o do seu sa c rifí­ cio, é apresentar o crente com o santo, im a­ cu lad o e irrep rim ív el diante de D eu s, 22 (cf. Ef 5.27).

24,25. Os sofrim entos de Paulo. O após­ to lo se a leg ra n e sse s so frim e n to s reali­ zad os pelo povo de D eus, 24a. Ao fazê-lo ele p reenche ou com p leta aquilo que fal­ ta em suas aflições por C risto sofridas no corpo físico por am or ao corpo místico de C risto , a ig reja , 2 4 b. D essa igreia, Paulo se to rn o u "m in is tro " (d iakon o s), segundo a cond ição de ad m in istrad or ou a comis­ são apostólica divinam ente confiada a ele para b en e fício dos colossen ses, para que assim e le p u d e sse p re g a r plenam en te a P alavra de D eus, 25c. 25d-29. Pelo cumprimento da palavra de Deus. O pleno cum prim ento à palavra de Deus, 25d, envolve a revelação e a exposi­ ção do "m istério", 26. Esse mistério, ou ver­ dade divina revelada, ficara oculto nas eras a n te rio re s ao p e río d o da igreja, 26a (cf. Ef 3.2-6). É agora revelado pelo apóstolo,

Vista parcial da acrópole de Colossos (pequeno monte no centro). Após a destruição da antiga cidade, os colossenses mudaram-se para a cidade de Honaz (mais ao fundo).

t 564 ] Colossenses 26 b, e contém as "riq u ezas da g ló ria " de Deus entre os gentios, im plicando sua sal­ vação, 2 7a (cf. At 15.14). O epítom e desse m istério é "C risto em vós", a verdade que o Cristo crucificado, ressurreçto e ascendi­ do habita o crente, 27b. Com preende o fato de que Cristo se forma no hom em regene­ rado ou "perfeito" (cf. Gl 2.20; 4.19; IJo 4.12; cf. Ef 4.24). O Cristo que nele habita é a "es­ perança da glória" do crente, 27c (Cl 3.3,4), pois o crente com ele se identifica e nele é um em vida e em glorioso destino. A glorifi­ cada humanidade de Cristo no céu é a ga­ rantia de que o crente será g lorificad o na eternidade (IJo 3.2). A meta da proclam a­ ção desse mistério é a maturidade em Cris­ to, 28. Implica esforço e conflito, m as é ope­ rada pelo poder de Deus, 29.

2.8-13. 0 perigo da falsa filosofia

8. O ale rta . "F ilo s o fia s ", lite ra lm e n te 'am or ao conhecim ento', o termo aqui refe­ re-se a qualquer sistema de pensamento re­ ligioso que não tenha como centro a pessoa e a obra de Cristo. A m enos que o crente seja extrem am ente cuidadoso, virá a se en­ redar, i.e., será vitim ado pelo logro, levado como "p resa" da ilusão vazia. Tais vãos sis­ tem as de pensam ento são construíd os so ­ bre aquilo que legaram h om ens erud itos, m as incrédulos, e são em oldurados segun­ do os p rin cíp io s ele m e n ta re s do sistem a m undial satânico, "e não segundo C risto". Só nele se encontram ocultos todos os te­ souros da sabedoria e do conhecim ento, 3. 9-13. O rem édio. O rem édio para a fal­ sa religião se concentra em Cristo e im pli­ ca: adesão à verdade de sua plena divinda­ 2.1-7. Cristo, a resposta d e na h u m a n id a d e , 9 (Jo 1.14; Cl 1.1 9 ); recon h ecim en to da com pleta vida e sp iri­ ao erro doutrinário tual do crente em un ião com ele, 10a; re­ 1,2. A luta con tra o erro. O erro gera c o n h e c im e n to da a u to rid a d e de C ris to intensa luta (gr. agonia), la , por cau sa da com o cabeça do corpo, a igreja, e tam bém oposição d em oníaca con tra a verd ad e de de todo governo e autoridade terrena, 10£>; Deus (cf. lT m 4.1-5; IJo 4.1-4), especialm en­ reconhecim ento de que a união com C ris­ te contra verd ad e tão su b lim em en te g lo ­ to dá ao cre n te um a n ov a p o siçã o . E ssa riosa com o o "m istério de D eu s", 2. Esse n ov a p o siçã o é a v erd a d eira circu n cisã o conflito espiritual ocorria para que o povo esp iritu al, i.e., o d esp ojam en to "d a carne de Deus em C olossos e Laodicéia (ver in­ p ecam in osa", 11. O crente agora pode le­ trodução) se confortasse ou consolasse na v a r um a v id a de v itó ria sob re o pecad o verdade, 2a; para que p u d essem se un ir porque foi trazido à vida pela vida ressur­ no amor, 2b; para que tivessem plena cer­ recta que C risto lhe concedeu, 11-13. tez a de s a lv a ç ã o p e la c o m p re e n s ã o do m in istério de D eu s que se co n c e n tra na 2.14-17. 0 perigo do legalismo graça de D eus em Cristo, 2c. 2c-7. A resposta ao erro. Esse é o "m is­ 14,15. A s observâncias legais são elimina­ tério de D eu s", que é C risto, em quem a das em Cristo. Q uando o véu do templo se plenitude da d ivindade se encarnou para rasgou de alto a baixo na m orte de Cristo a red enção e a re co n ciliaçã o do hom em . (Mt 27.51; Jo 1.17; Hb 9.3-8; 10.19,20), indi­ No encarnado "e stão ocultos todos os te­ cou-se o fim da era legal. Cristo cumpriu a souros da sabed oria e da c iê n c ia ", 3 (cf. lei (Mt 5.17), e pela sua morte nos libertou Ef 1.9; 3.9). Deus encarnado é, assim , a res­ de sua condenação, 14. Ele apagou ou eli­ posta a todo erro (cf. IJo 4.2,3), inclu sive minou os regulam entos legais que nos con­ q u a lq u er serm ã o p e rs u a s iv o q u e re tire d en avam , pregand o à cruz, por assim d i­ Cristo do centro do pensam ento e da ativizer, o docum ento da dívida que havia contra d ade esp iritu ais, 4. O d ese jo de P au lo é nós pecadores (cf. Ef 2.15,16). Além disso, q u e os c o lo s s e n s e s n ão c o m e ta m e ss e ele derrotou os poderes satânicos e dem o­ erro, 5, mas continuem a viver con centra­ n ía c o s q u e n o s a p ris io n a v a m (E f 6 .1 2 ; dos em C risto em sua dou trina e em sua Hb 2.14), expondo-os ao desprezo em seu conduta, com o já o haviam recebido, 6,7. triunfo, 15. N ele temos plena em ancipação.

Colossenses I 565 1

16,17. A conclusão. Portan to, nenhum crente deve ju lg ar outro crente em q u es­ tões de com ida, observância de dias festi­ vos, lua nova ou sábado, 16 (cf. Rm 14.3). O cren te é co m p leto em C risto e foi aceito por ele, 10. Irm ão nenhum , portanto, deve rejeitar outro crente por causa dâ não ob­ serv ân cia de m in ú cias leg ais. Essas ce ri­ mónias legais eram som ente tipos ou som ­ bras das coisas verdadeiras que viriam em Cristo. A ssim , elas nada podem acrescen­ tar ou subtrair à com pletude de que o cren­ te d esfruta nele, 17.

2.18,19. 0 perigo do falso misticismo 18. A form a do erro. Esse pseudom isticism o assum iu a form a de gnosticism o, co­ nhecim ento (gr. gn osis) esp úrio que in cu l­ cava um a falsa h u m ild a d e e a a d oração ou veneração de anjos, 18». A gindo assim, viam C risto m eram ente com o o m ais e le­ vado dentre os espíritos, corroendo a ple­ n a d ig n id ad e de sua p esso a e ob ra pela adoração de anjos. O alerta de Paulo con­ tra o g n osticism o g erara m ag n íficas a fir­ mações da sublim e pessoa (1.15-19) e obra consum ada (1.20-23; 2.9,10) de Cristo. A go­ ra ele rotu la e sses falso s m estres de a u ­ d azes in tru so s que se im iscu íam em te r­ reno do qual eram ignorantes e que viviam inchados de orgulho, 18b. 19. A razão do erro. Esse falso m isticis­ mo resultava da perd a do víncu lo com a suprem a liderança de C risto, 19a. Só pela adesão à absoluta suprem acia de C risto é que o corpo, a igreja, funciona norm alm en­ te e cresce. C om o aco n tece com o corp o hum ano, o cabeça precisa controlar todas as outras funções do corpo, 19b.

2.20-23. 0 perigo do ascetismo 20 a. A emancipação do crente das orde­ nanças legais. O m eio da em ancipação é a m orte, a sep aração fin al. E sse é o statu s que o crente goza em Cristo em virtude de sua identificação com ele (Rm 6.3,4). Esse status de m orte para o legalism o de qual­ quer espécie deve ser considerado (Rm 6.11)

e con v ertid o em experiên cia de libertação das d eterm in açõ es leg alistas. O apóstolo cham a essa s d eterm in a çõ es de "elem en ­ tos do m u nd o" (gr. kosm os, "sistem a mun­ d ial"). Instila uma aceitação divina basea­ da no mérito das obras, em oposição a uma aceitação por graça e fé fundada na plena suficiência da pessoa e da obra de Cristo. A tend ência é que esses p rin cíp ios elem en­ ta re s p ro d u zam um a scetism o leg a lista , desonrando a liberdade que Cristo conquis­ tou nele para os crentes. 20ÍJ-23. O resultado dessa emancipação. Estando liberto, por que, portanto, viver "no m undo", i.e., im por-se leis ou sujeitar-se a ordenanças, 20b? Pelo contrário, que haja com pleta separação de regulamentos, "tais com o não toques, não proves, não m anu­ seies", 21. Deus, na verdade, pretendia que essa s o rd e n a n ça s le g a lista s (com o as cia lei m o sa ica ), p e re cesse m , no sen tid o de cessação , ap ó s a vind a de C risto , sendo d escartad as ou consu m id as quando h ou ­ vessem já cu m p rid o sua função original, 22a. A im posição d essas ordenanças ago­ ra, debaixo da graça, é resultado de m an­ d am entos e en sin am en to s hu m anos, não divinos, 22b. O legalismo tem apelo secular (logon), m era exibição loquaz, m as não é, de fato , m a n ife sta çã o de sab ed o ria, i.e., sabedoria verdadeira, que faz C risto tudo em todos, 23a (cf. IC o 1.30). É mera "falsa devoção", e não com unhão com Deus diri­ gida pelo Espírito; "falsa humildade", e não a verd ad eira su b m issão à graça de Deus em Cristo, 23 b. A graça humilha o homem e exalta a Deus. Tal ascetism o nem honra a Deus nem gratifica a carne, 23c. E fútil em qualqu er direção,

3.1-4. A união com Cristo e a vida santa 1. A base de uma vida santa. A base é a verdade da união com Cristo na ressurreição, la , e seu atual status celestial, l b (Rm 6.5; Ef 2.6; Cl 2.12; SI 110.1). Nossa união é celesti­ al (status). Portanto, nosso modo de vida (ex­ periência) tam bém deve ser celestial. 2. Exortações a uma vida santa. (1) Uma busca ou um esforço contínuo por feitos es-

I 566 ] Colossenses

em um bebê. Em Colossenses 3, Paulo defende o bom relacionamento entre os membros da família.

5 b-7 . C onsequências da não proclam a­ ção da sen ten ça de m orte. O s órg ãos ou m em bros do corpo red im id o recairão nos p e ca d o s e n u m e ra d o s em 5b. " P r o s titu i­ ção" é qualquer relação sexual ilícita; "im ­ p u r e z a ", q u a lq u e r p e rv e rs ã o se x u a l ou corporal. "D esejo m au " (afeto im oderado) é qualquer paixão pervertida ou antinatural (Rm 1.26). "D esejo m aligno" é o anseio insaciável ou o desejo ardente gerado por tal fra q u ez a . "A v a re z a ", o d ese jo de ter sem pre mais, é idolatria, pois relega D eus a um p o sto secu n d á rio , ou, e n tã o , o d e ­ g red a co m p le ta m e n te (E f 5.5). E sses p e­ cados provocam a "ira de D eu s" contra os im penitentes, 6. A corrupção desses peca­ d o s re s u lta em s e v e r o c a s tig o p a ra os crentes, 7 (cf. IC o 3.12-17; 5.1-5).

3.8-17. Vestindo o novo homem pirituais; "p en sai (enfático) nas coisas de cim a", la ; (2) continuamente "fixai o pensa­ mento nas elevadas coisas, nas elevadas 'coisas [duplamente enfático pela posição das pa­ lavras e pela repetição] fixai o p ensam en­ to" (gr.), 2a; (3) um rom pim ento definitivo com as coisas terrenas ou m ateriais: "n ã o nas [coisas] que são da terra". 3,4. M otivos dessas exortações. São eles: (1) a posição, em C risto, de m orte para o pecado, por isso o pecado não tem direito ao crente, 3a; (2) a vida do crente é agora de C risto , e assim "e s tá e sco n d id a com Cristo em D eus", 3b; (3) Cristo é a vida do crente, 4a; (4) a m an ifestação g lo rio sa de Cristo significará nossa m anifestação com ele, 4b. U m a vid a santa é p o ssív e l agora d esde que con heçam os n ossa p o siçã o em Cristo, agindo segu nd o tal posição. E as­ segurada no fu tu ro pela nossa glorificação.

3.5-7. A proclamação da morte para a vida de pecado 5a. A sentença de morte. "Portanto, eli­ m inai vossas in clinações ca rn a is", ou, de uma vez por todas, proclame a sentença de morte de todo órgão ou parte do corpo que possa ser levado ao pecado antes da glorifi­ cação do corpo redimido (cf. Rm 8.13; Gl 5.24).

8,9. Despindo o velho homem. O "velho hom em " é o hom em irregenerado, com sua corrupta natureza humana (Rm 6.6; Ef 4.22). Quanto a sua posição, com o Deus vê o cren­ te em Cristo, o velho hom em foi crucifica­ do e está morto. O crente é aqui exortado a validar isso em sua experiência, considerando-o m orto com o ato definitivo de fé, 8a. U sa-se o sím ile de um a veste velha e rota jogada de lado para descrever a antiga vida de raiva, ira, m alícia, maledicência, lingua­ gem ob scen a e m en tira, vid a essa que já foi abandonada, 8,9. 10-17. Vestindo o novo homem. Sobre o n o v o h om em , v er co m en tá rio em E fé si­ os 4.23-30. Ele é vestido com veste nova e limpa, 10. O novo homem implica (1) nova natureza divina (regeneração), 10b; (2) nova unidade que transcende raça, posição soci­ al, etc., 11 a; (3) nova esfera em que Cristo é absolutamente central, 11b (Ef 1.23). O com­ p o rta m en to do cren te d ev e b a se a r-se no fato de que D eus o escolheu, o am ou e o santificou, 12a; portanto, toda virtude e gra­ ça cristãs devem ser m anifestadas, 12b-17.

3.18—4.6 Vida celestial e relacio­ namentos familiares 3.18-21. Esposas, m aridos, filhos. As es­ posas devem agir segundo dois princípios:

(1) submissão a seus m aridos (cf. Gn 3.16) e (2) aquilo que é apropriado ou correto "n o Senhor", 18 (cf. Ef 5.22; IP e 3.1). Nenhuma esposa cristã deve ser cegam ente subm is­ sa a um marido impenitente caso tal obedi­ ência viole sua consciência perante Deus. O d ev er su p rem o do m arid o é 'am ar sua esposa, 19 (Ef 5.25), e tudo o m ais virá na o rd em ap ro p ria d a . O s filh o s d ev em ser o b e d ien tes em tod as as co isa s, pois isso muito agrada a Deus, 20 (cf. Ef 6.1). Os pais devem ser sen sato s com seu s filh o s, e v i­ tando exasperá-los e d esanim á-los, 21. 3.22—4.1. Servos, senhores. Essa extensa instrução deve ter sido em parte ditada pela experiência de Filem om , cristão de C olos­ sos, com seu escravo fugido, O nésim o (cf. 4.9; também livro de Filemom). Os escravos (servos) devem agir segund o um esp írito cristão de serviço, obediência, fidelidade e sinceridade, 3.22-25. Os senhores devem agir conform e o exem plo dado pelo seu supre­ mo Senhor celeste, 4.1 (cf. Ef 6.5-9). 4.2-6. P rin cíp ios gerais. D eve-se p rati­ car a oração, 2-4. D evem -se cu ltivar o sá­ b io p ro ced e r p ara com os im p e n iten te s, 5a; e o em p reg o p ru d en te do tem p o, 5b, aliad o a p alavras sãs e b enévo las, 6.

Colossenses t 567 ]

O cristianismo e a escravidão E m b o ra P au lo ja m a is d escu lp e a es­ c r a v id ã o , e a r g u m e n te c o n tr a ela em G á la ta s 3.28, d ize n d o que o escravo e o hom em livre são um em C risto, de fato a re c o n h e c e com o p a rte da lei da terra e in eren te à cu ltu ra rom ana. A ssim , ele dá in stru çõ e s ig u alm en te a serv os e sen h o­ re s a c e rc a d a su a c o n d u ta em C ris to . Isso n ã o d ev e ser in te rp re ta d o , porém , co m o a ce ita çã o da p rá tica (cf. Filem om e O n é sim o ).

4.7-18. A vida santa e a fraternidade cristã 7-15. O elogio dos com p an heiros. Uma v id a sa n ta g e ra c a lo r o s a fr a te r n id a d e c ris tã . 16-18. Instruções e saudação. Paulo de­ term ina a leitura pública da carta aos co­ lossenses de L aodicéia, cidade vizinha. O apóstolo tam bém pede que a epístola dos de L ao d icéia (co n teú d o que d esco n h ece­ mos) seja lida em Colossos. Arquipo é ad­ m oestado, 17 (cf. Fm 2). Por fim, Paulo faz um a saudação final, 18.

1Tessalonicenses Retrato de uma igreja exemplar Autor e data. A primeira

Propósito da epístola.

carta aos tessalonicenses é, provavelmente, a mais antiga das epístolas paulinas. Foi escrita em Corinto, não muito depois de Paulo ter deixado Tessalônica em sua segunda viagem missionária (At 16— 17, talvez em 52 d.C.).

Essa carta foi escrita para encorajar e firmar uma jovem igreja nas verdades básicas do evangelho, para incentivá-la a progredir no poder da vida santa e para instruí-la a respeito da vinda do Senhor para os seus e a respeito da relação desse evento com os acontecimentos do dia do Senhor.

Ruína do teatro romano próxima a uma rua da cidade de Salônica, antiga Tessalônica, que foi a capital da província da Macedônia.

Esboço 1.1-10 Uma igreja

exemplar 2.1-20 Um ministro

exemplar 3.1—4.12 Uma vida

santa 4.13— 5.28 A vinda de Cristo e o Dia do Senhor

1Tessalonicenses [569]

1.1-4. Uma igreja eleita 1-3. U m a con g reg ação exem plar. Tes­ salô n ica era um a cid ad e b em im p o rta n ­ te do g olfo T erm aico, a su d oeste de F ili­ p os. O a p ó sto lo , p o rém , o rg u lh a -se dos cristã o s d ali, e n ão da g ran d e cidad e. A ig r e ja m o d e la r r e c é m -fu n d a d a , 2, era m o tiv o de ação de g ra ça s p o r cau sa da " d a v o s s a fé a t u a n t e " , da " d o v o s s o a m o r p r e s t a t i v o " (a m o r c o m p r o v a d o p e la la b u ta ) e da " d a v o s s a e sp e ra n ç a b e m f ir m a d a em n o s s o S e n h o r J e s u s C risto " (por ag u ard ar do céu o F ilh o de D eu s, 1.10), 3. 4. Um a congregação eleita. A eleição é tanto individual quanto coletiva. Essa últi­ ma é a que está em questão aqui. A ordem divina é presciência (IP e 1.2), eleição (es­ co lh a) e p re d estin a çã o . O s que são alvo da presciência divina são eleitos, e os elei­ tos são p red estinad os. Essa eleição é cer­ ta p ara to d o cre n te . Vem in te g ra lm en te pela graça (Rm 9.11; 11.56), alheia a m érito h u m a n o , e p ro c e d e da v o n ta d e d iv in a (Jo 15.16; cf. Ef 1.5).

1.5-8. Uma igreja missionária 5. O b jetos de um a ev an g elização efi­ caz. O e v an g elh o q ue P aulo e seu s co la ­ b o ra d o re s p re g a v a m , c h a m a d o " n o s s o e v a n g e lh o " , n ã o ch e g o u a o s te s s a lo n i­ c e n s e s s o m e n te em p a la v ra , i.e ., m e ra ­ m en te em te o ria , m as em re a liz a ç ã o — "co m p o d e r " , "co m o E sp írito S a n to " e "co m ab so lu ta co n v icçã o ", 5a. P au lo era ele m esm o um e x e m p lo d essa m a n ife s ­ tação do poder de D eu s, 5b. 6-8. Sujeitos de um a obra m issio n ária eficaz. Sua e ficaz con v ersão levou a: (1) q u e s e g u is s e m P a u lo e s e u s c o la b o r a ­ d o res, e ao S e n h o r, 6a; (2) que re c e b e s ­ sem a P alav ra de D eus em m eio à trib u ­ la ç ã o co m a a le g r ia q u e dá o E s p ír ito Santo, 6b (cf. At 13.52); (3) que se to rn a s­ sem e x e m p lo d a q u ilo q u e o s c r is tã o s d e v e ria m ser p ara os c re n te s da M aced ônia e da A caia (G récia), 7; (4) que re­ v e la sse m z e lo m is sio n á rio na p ro p a g a ­ ção do ev an g elh o a o u tras reg iões, 8 (cf. Rm 10.18).

1.9,10. Uma igreja de serviço e espera 9. Eles serviam a D eus. P ara fazê-lo, m an ifestav am "fé atu a n te " na fé, 3, pois d e ix a n d o os " íd o lo s " se co n v e rte ra m a D eus, e um a obra de am or, pois serviam "o D eus vivo e verdadeiro", e não os ídolos falsos e m ortos. 10. Esperavam por Cristo. Manifestavam sua paciência na esperança, pois aguarda­ vam "d o céu seu Filho". Ele nos livrará da ira que virá sobre os im penitentes.

2.1-4. Conduta ministerial exemplar sob perseguição 1,2. A coragem gerada pelo sofrimento. O s te s s a lo n ic e n s e s bem sab iam q ue o anúncio do evangelho a eles não era infru­ tífero nem ineficaz, 1. Tal anúncio se carac­ terizou pela corag em . O so frim en to que Paulo e seus colaboradores suportaram em Filipos (At 16.12-40), incluindo cruel espan­ cam ento e prisão, os encorajara a anunci­ ar o evangelho de Deus com grande confi­ ança. O resultado foi duplo: abundante fruto espiritual, 1 b; e "so frim en tos" (gr. agonia), em bate e guerra espiritual, 2. A persegui­ ção deu a Paulo m aior liberdade e força na pregação, em vez de acuá-lo e silenciá-lo. 3,4. A fidelidade evocada pela responsa­ bilidade. A instrução hortativa de Paulo, i.e., su a sin cera sú p lica, n ão teve origem no d ese jo de ilu d ir ou de frau d ar, nem em motivo im puro; nem foi tentativa de atrair ou enredar seus ouvintes por artifício insi­ dioso, 3. Longe de tal exibição de infideli­ dade, foi m odelo de fidelidade. Encarava o e v a n g e lh o com o d e v e r sa g ra d o , e os arau tos a quem o evangelh o fora solen e­ m ente confiado, com o coisa extrem am en­ te valiosa e facilm en te corru p tível, 4. Os a ra u to s do e v a n g e lh o se tin h a m com o "a p ro v a d o s por D e u s", p ois só lhes fora confiado o evangelho depois de rígida pro­ vação e aprovação. P ortanto eles falavam com c o ra g e m , n ã o a g ra d a n d o aos h o ­ mens, m as a Deus, ele que sonda os cora­ ções dos hom ens (Jr 11.20) e que os apro­ vara para a propagação do evangelho.

[570 1 1 Tessalonicenses

2.5-8. Um ministério altruísta no amor 5-7. A prova do amor desapegado. Em ter­ mos negativos, Paulo e seus colaboradores jam ais lançavam mão de bajulação, i.e., lou­ vor insincero com fins indignos com o m ás­ cara ou pretexto (aquilo que aparece à fren­ te, ou que é posto adiante, a fim de ocultar o verdadeiro estado das coisas) para a ganân­ cia. Jamais bajulavam o povo com vistas ao lucro material, com o m uitos m inistros são tentados a fazer. Podiam in v o ca r a D eus como testemunha desse fato, 5. Jam ais bus­ cavam a glória dos homens, 6a; jam ais eram onerosos nem fardo para os ou tros, coisa que podiam ter sido em tais circunstâncias, 6b. Em term os positivos, eram carinhosos, i.e., m ansos ou b enévolos com o um a lac­ tante que am am enta seus filhinhos e assim revela verdadeiro am or por eles, 7. 8. A expressão do amor altruísta. Tendo intenso am or pelos tessalon icenses, Silvano (Silas, cf. At 15.22,40) e Timóteo (1.1) esta­ vam "p rep a ra d o s" (sin ceram en te d ispos-

Detalhe dos relevos do Arco de Galério, cons­ truído por este general romano em comemora­ ção à sua triunfal vitória sobre os persas.

tos) a tran sm itir-lhes não só o evangelho, m as suas próprias vidas. Por quê? Porque os tessalonicenses haviam se tom ado "am a­ dos" para eles. O amor dá um toque mágico ao ministério para Deus e para os outros.

2.9-20. Um devotado ministério pelos outros 9-12. A descrição do ministério devotado. C aracteriza-se (1) pelo sacrifício, o esforço e a abnegação pelo bem dos outros e pelo su cesso do testem u n h o do ev a n g elh o , 9; (2) pela imaculabilidade na vida pessoal, 10; (3) pelo amor paternal e a paciência na ins­ tru ção e no consolo, 11; (4) pelo elevad o objetivo de firm ar os crentes em um m odo de vida "d igno de D eus" e de seu sublime cham ado ao seu "reino e glória", 12. 13-20. A enum eração dos resultados do m inistério devotado. Tal serviço é sem pre abençoado por Deus e fértil, como o foi jun­ to aos tessalon icenses. (1) Eles receberam a Palavra pregada com o Palavra de Deus, não palavra de homens, 13a, e ela agiu com eficácia neles em resposta à fé, 136 (IP e 1.23). (2) Eles se tom aram seguidores (imitadores) das igrejas de D eus na Ju d éia, que ig u al­ mente sofriam perseguição de judeus após­ tatas, cuja descrença e pecados são m enci­ onados, 14-16 (cf. At 7.52; 17.5,13; 18.12). (3) Eles se fizeram am ad os do ap óstolo, que com tanta vontad e d esejav a vê-los n ov a­ mente, 17, mas acabou im pedido por Sata­ nás, 18. (4) Eram "e sp e ra n ça ", "a le g ria " e "co ro a " de Paulo, sua recom pensa no san­ tuário do juízo de Cristo, quando o Senhor recom p ensará seu santos na segunda vin­ da, 19,20 (IC o 3.12-15; 4.5; 2Co 5.10).

3.1-8. Permanecendo firme no Senhor 1 -5 .0 interesse do apóstolo. Tendo Paulo chegado a Atenas (cf. At 17.15; 18.5), tanto d esejava o bem -estar esp iritu al dos tessa­ lonicenses que preferiu perm anecer só, 1, a fim de que T im óteo pudesse partir para cuidar dos interesses espirituais deles, 2, e fo rtalecê-los d iante das aflições que eram chamados a suportar, 3 (2Tm 3.12). Na visi­

1Tessalonicenses I 571 1 ta de Paulo a Tessalônica, ele os havia aler­ tado para a tribulação, 4. Agora está ansio­ so por descobrir com o tinham se saído. Ele co n h ecia a su tileza d a te n ta çã o satân ica (2Co 11.2,3) e sabia que o esforço espiritual poderia resultar em nada, 5b (cf. Gl 4.11). 6-8. A recompensa do apóstolo. Seu piedo­ so interesse por eles foi recom pensado por um relato positivo de Tim óteo. Ele trouxe "boas notícias" de sua fé e amor, indicando que os tessalon icen ses g uardavam felizes lem branças do apóstolo e que seu sincero desejo de vê-lo era tão grande quanto o de Paulo, 6. Isso muito consolou o apóstolo, 7. Ele d eclarou: "p orq u e, se estais firm es no Senhor, nós agora vivem os", 8 (Ef 6.13,14; Fp 4.1). Essa firmeza é a chave da saúde espi­ ritual. E o antídoto contra todo erro.

3.9-13. Oração do apóstolo pela santidade

4 -8 . O ch a m a d o . Som os cham ad os a um a vida agradável a Deus, 1. Isso im pli­ ca um a vida separada para D eus (a expe­ riên cia da san tificação ), 3a, que se carac­ te r iz a p e la a b s te n ç ã o da im o ra lid a d e sexual, 3b; pelo com edim ento sexual, 5; e pelo rígido afastam ento do adultério, 4,5. E sse ch am ad o à san tid ad e enfatiza a pu­ reza sexual porque: (1) o Senhor é o vinga­ dor (castigador) de todos os que praticam a prom iscuidade sexual, 6; (2) ele nos cha­ m ou à san tid ad e, 7, en faticam en te não à im pureza; (3) sua autoridade está por trás da proibição, 8a; (4) D eus enviou o Espírito Santo para dar a cada crente vitória e san­ tidad e nesse aspecto da vida, 8b.

4.9-12. Os elementos de uma vida santa

9,10. O fundamental elemento do amor. "Am or fraternal" é tão indispensável e ób­ 9,10. A pergunta. O pedido, 11-13, é pre­ vio a uma vida santa que o apóstolo declara que os tessalonicenses não precisam de ins­ faciado p o r um a pergunta, 9,10. C om o se trução por escrito. Eles foram ensinados por pode agradecer a D eus por toda a alegria Deus a amar-se uns aos outros, 9 (cf. Jo 15.12, que os tessalonicenses haviam dado a Pau­ 17; Tg 2.8; IJo 3.11-18), e são elogiados pela lo pela sua perseverança espiritual, 9? Essa d em onstração desse am or, m as incentiva­ ação de graças acom panha seu pedido de dos a aum entá-lo cada vez mais, 10. vê-los novam ente para que ele possa cor­ 11,12. Outros elem entos recomendados. rigir algo que seja deficiente em sua fé, 10. (1) Tranquilidade, "[exortam os a vós a] viver 11-13. O pedido. Ele ora para que D eus em p a z ", i.e., viver em paz e ter esp írito in d iq u e ou d e s o b s tru a o ca m in h o p ara calmo. (2) Diligência. "Tratando dos vossos eles, 11. D epois, pede que o Senhor os faça assuntos" (IP e 4.15), em vez de agir como " c r e s c e r " (ter a b u n d â n c ia ) e "tr a n s b o r ­ intruso ou introm etido nos negócios alhei­ d a r " n o am or, 12, p ara que D eu s p o ssa os. (3) R esponsabilidade. "Trabalhando com firm ar o coração deles em im aculada san­ as p róprias m ão s", i.e., não ser p regu iço­ tidade (separação para D eus). O tem po de so, inábil nem parasita de outros, 11,12b (cf. juízo perante D eus virá na segunda vinda, 2Ts 3.10-12). (4) Honestidade na própria vida quand o aqueles que m orreram em C risto e testem unho para os incrédulos, 12. (com o em 4.14) serão trazid os na descida do S e n h o r, que e le v a rá até e le n o s ares seus santos vivos (4.13-17).

4.13-18. A esperança do crente

4.1-8. Divino chamado à santidade 1-3. A autoridade por detrás do cham a­ do. A autoridade é de Deus. "N ó s vos pe­ dim os e acon selh am os no Senhor Je s u s ", 1. Cf. D eus nos cham ou "p ara a santifica­ çã o ", 7. P ortan to, aq u ele que rejeita esse cham ado, rejeita a D eus, 8.

13-15. A abençoada esperança. A espe­ rança é a confiança e a expectativa do futu­ ro que a fé produ z. O m aior obstáculo à esperança para o descrente é a morte. Esse obstáculo é rem ovido em Cristo. Os cren­ tes, de fato, não têm de morrer, mas mera­ m ente dorm em , 13. Isso é verdade porque Jesus m orreu e ressuscitou (IC o 15.20, 52).

[ 572 1 1Tessalonicenses

Portanto, com o os crentes estão unidos no Senhor ressuscitado (Rm 6.4; Cl 3.1-4), quan­ do m orrem fisicam ente adorm ecem "ju n ­ ta m en te" com Jesus. Q uand o C risto v o l­ tar, trará consigo a alma e o espírito desses crentes, que serão reunidos a seus corpos ressuscitados, 14. Mas os santos ainda v i­ vos fisicam ente, quand o o S en h o r v o ltar para os seus, não precederão aqueles que faleceram em Cristo, 15. 16-18. A vinda do Senhor. A resposta à esperança cristã é a volta do Cristo ressur­ recto e ascendido, que ressuscitará os cor­ pos daqueles que m orreram no S en h or e glorificará os santos vivos. O "p róp rio S e­ nhor", pessoalm ente, corpoream ente, "o u ­ vida a voz do arcanjo e ressoada a trom be­ ta de Deus, [...] descerá do céu com grande brado". A "palavra de ordem " ( a r a ) é o gri­ to de triunfo sobre a morte (IC o 15.54-57), m a n ifestad o na re ssu rre iç ã o d o s sa n to s m ortos e na in stan tân ea g lo rifica çã o dos santos vivos, que jam ais experim entarão a morte física. A "v oz do arcanjo" é eviden­ temente a de Miguel (cf. Dn 12.1,2). Os m or­ tos em Cristo ressuscitam primeiro; depois, im ed iatam en te, os san to s que estiv erem vivos quando o Senhor vier, perm anecen­ do até essa hora, serão "arreb a ta d o s", su­ b itam ente tran sp o rtad o s en tre "n u v e n s " para encontrar o "Senhor nos ares". Dessa m aneira, os san to s e sta rã o para sem p re com o Senhor. Esse é o consolo e a esp e­ rança do cristão, 18.

5.1-11. 0 dia do Senhor 1-3. O dia do Senhor — o que é. O após­ tolo acaba de d e scre v e r a v in d a do S e ­ nhor para os seus. O acontecim ento inicia o "d ia de C risto ", com g lo rifica çã o e re­ com pensa para os traslad ad o s san to s da igreja (IC o 1.8; 5.5; 2Co 1.14; Fp 1 .6 ,1 0 ; 2.16). Agora, Paulo trata da questão do "d ia do S e n h o r". D iz re sp e ito à re s ta u ra ç ã o do reino a Israel (At 1.6,7; 3.19-21) e aos juízos terrenos que ocorrerão antes da fundação desse reino (cf. Is 2.6-22; Jr 30.5-9). N ão era uma nova revelação, e, por isso, Paulo não precisava escrever sobre ela, 1. V irá ines­ peradamente, com o um ladrão, sobre o im ­

piedosos, i.e., aqueles que vivem nas tre ­ vas (cf. M t 24.36-51; 25.5), quando a hum a­ nidade estiver vivendo a esperança de al­ cançar a paz mundial, 3. 4-11. O dia do Senhor e o crente. Esses juízos terrenos e o derramamento da ira di­ vina não virão para os crentes, 4, porque eles são filhos da luz, 5-8 (cf. Ef 5.8) e porque Deus não os destinou à ira mas à "salvação por nosso Senhor Jesus Cristo", 9. A ira de Deus não virá sobre os que vivem em Cris­ to, 10, pois esses serão glorificados e arre­ batados (lT s 4.13-17) antes dessas m anifes­ tações da ira d ivina no fin al dos tem pos (Ap 3.10). Esse é seu consolo e edificação, 11.

5.12-15. Exortações pela harmonia entre os crentes 12,13. H onrar os que detêm postos de re sp o n sa b ilid a d e no Senhor. O s cren tes devem co n sid era r ou tratar esses irm ãos com o favor e o respeito que lhes é d evi­ d o: (1) em fu n çã o de seu s c o n sa g ra d o s esforços pela causa de Cristo, 12a; (2) por­ q u e D e u s os e sta b e le c e u ou o rd e n o u com o d eten to res de au to rid ad e sob re os crentes, 126; (3) por causa de sua sabedo­ ria e c o n s e lh o (e le s " a c o n s e lh a m " , i.e ., lembram ou alertam , o povo de Deus), 12c; (4) por causa do seu bom "tra b a lh o ", 13a. 136-15. Admoestações gerais à harmonia. (1) O princípio básico de viver em paz deve reger todos os relacionam entos, 136. (2) Os crentes devem adm oestar ou alertar os in­ disciplinados, ou seja, aqueles que negligen­ ciam seus deveres, que descuidam de suas responsabilidades, 14. A palavra "indiscipli­ n ad os" (ataktos) é usada para os soldados que desertam de suas fileiras. O utras res­ ponsabilidades: (3) consolar os desanimados ou desencorajados (oligopsuchoi, literalm en­ te "de pouca alm a"); (4) amparar ou cuidar zelosam ente dos fracos, dos enferm os, dos deficientes de força mental, moral ou espiri­ tual; (5) ser paciente (longânime) para com todos (cf. Ef 4.2); (6) evitar que alguém retri­ bua o mal com o mal (tom ar providências para que isso não ocorra), 15a (cf. Pv 20.22; 24.29; M t 5.39, 44) — "m as, segui sempre o bem uns para com os outros", 156.

1Tessalonicenses [573 1

Esta importante inscrição gravada na Porta de Vardar, em Tessalônica, cita o nome de seis governantes que administraram a cidade.

5.16-22. Exortações diversas

e em oções (M t 11.29; 26.38; Jo 12.27); espíri­ to, a p arte m ais elev ad a do hom em , que 16-18. Alegrem -se, orem , sejam gratos. co n h ece a D eu s (IC o 2.1 1 ) e com ele se Traduções literais: "Sem pre (a ênfase) p er­ com unica (Jó 32.8; SI 18.28; Pv 20.27). m aneçam a leg re s", 16 (cf. Fp 3.1; 4.4); in­ A santificação em si ocorre em três tem­ c e s s a n te m e n te (e n fá tic o ) p e rs e v e re m n a pos verbais: passado — o crente fo i santificado o ração ", 17; "Sed e gratos por todas as coi­ (posição) em Cristo na regeneração (IC o 1.2), sas". A razão é que a gratidão é a vontade de m odo que todo crente é chamado santo; de D eus para seu povo, 18. presente — o crente, em sua experiência, deve 19. Não apaguem o Espírito. Afligim os o con tin u am en te m anter-se sep arad o para Espírito com o pecado inconfesso (Ef 4.30). Deus (2Ts 2.13); futuro — plena conformidade A pagam os (sufocam os, abafam os) o E spíri­ a Cristo na glorificação (IJo 3.1-3). to pela desobediência à vontade de Deus. 24. A certeza da com pleta santificação 20-22. O utras ordens. "N ão desprezeis D eus realiza a santificação. Ele garante que as p ro fecias [a v erd ad e de D eu s d ecla ra ­ n o ssa c o n d içã o p a ssa d a e im u tá v e l seja da p o r um p ro fe ta ]", 20. E xam in em tudo con su m ad a em C risto, e, portanto, torna com cuidado. Retenham o que é bom , 21. certa nossa futura glorificação. O Espírito "E vitai tudo o que é (ênfase) m al", 22. Santo possibilita que o crente realize o pre­ sente sen tid o exp erim en tal ou prático da san tificação em seu d ia-a-d ia (IC o 10.13; 5.23-24. Santificação para o 2Ts 3.3; Gl 5.16).

homem como um todo

23. O hom em separado para Deus. Estar sep arad o para D eus é a idéia do ad jetivo grego hagios ("sa n to "), que, em sua form a v e rb al, sig n ifica sa n tifica r. E ssa ob ra de san tificação é a ação do "p ró p rio D e u s". N ão é realização hum ana. A santificação resulta na "p az de D eu s" (Fp 4.7); portanto, o santificad or divino é ch am ad o "D e u s de p a z ". A b arca to d a a natu reza do hom em : corpo, o tabernácu lo m aterial (2Co 5.1-8) no qual o hom em pe­ regrina neste m undo e com seus cinco sen­ tidos se com unica com o m undo natu ral; alm a, a sed e dos afetos, d esejo s, vo n tad e

5.25-28. Incumbência final 25-26. Pedido de orações. "Irm ãos, orai por n ó s", 25 (gr.; "continuem orando"). Os serv o s do S en h o r p recisam das co n stan ­ tes o raçõ e s do p o v o de D eu s. "C u m p ri­ m entai todos os irm ãos com b eijo san to", 26. Isso era costum eiro entre os prim eiros c ris tã o s , e s p e c ia lm e n te na e n ch e n te de am or esp iritu al que antes prevalecia. 27-28. Incumbência relativa à leitura. "Eu vos suplico pelo Senhor que esta carta seja lida a todos os irm ãos", 27. A saudação final, 28, é característica das epístolas paulinas.

2Tessalonicenses Consolo na perseguição Autor e motivo. Paulo é o autor (1.1). O motivo foi um equivoco entre os tessalonicenses acerca da vinda de Cristo para os seus (1Ts 4.13-17) e do dia do Senhor (1Ts 5.1-10). Como esses crentes vinham sendo impiedosamente perseguidos, concluíram erroneamente que o dia do Senhor havia chegado (2.2). Paulo escreve para corrigir esse equívoco. Data. A epístola foi escrita depois de 1Tessalonicenses, no início da década de 50.

Esboço A vinda do Senhor e o consolo na perseguição atual

1.

2.

A vinda do Senhor e o dia do Senhor

3.

A vinda do Senhor e o prático viver cristão

Busto do imperador romano Nero (B4--68 d.C.), notório por perseguir cristãos. Quando Paulo escreveu a segunda epístola aos tessalonicenses, a igreja de Tessalônica enfrentava forte perseguição.

2Tessalonicenses [ 575 I

1.1-4. 0 elogio à igreja

2.1-5. 0 arrebatamento da igreja e o dia do Senhor

I,2. A saudação. Com o na prim eira epís­ tola, o apóstolo associa a si Silvano (Silas, 1,2. A exposição do equívoco. Os tessalo­ cf. A t 15.22,40) e T im óteo na sau d ação à n icen ses p ensavam que seu s sofrim entos "ig re ja dos tessalo n icen ses" (ver lT s 1.1). (1.5-12) significavam que o dia do Senhor 3,4. O elogio. Paulo fazia queStão de dar havia chegado, 2, que o período de juízo graças a D eus pelos te ssa lo n icen ses p o r­ m u n d ial do final dos tem pos (Ap 6 —19) que a fé d e le s c re s c ia e a m o r un s p ara havia principiado, abrindo caminho para o com os ou tros aum entava, 3. O resultado estabelecimento do reino de Cristo (Ap 19.16 foi que o apóstolo pôde se 'o rg u lhar' deles —20.10). O apóstolo argumenta contra esse (cf. 2C o 9.2) e, assim , dar um testem unho erro citando novam ente a verdade de que la u d a tó rio a re sp e ito d eles na ig reja de a vinda de Cristo ocorrerá antes do dia do D eus (co n greg ações locais) pela sua con ­ Senhor, 1, ensinam ento que ele já esboça­ duta pacien te e fiel m esm o sob p erseg u i­ ra na primeira epístola (4.13-18). Ele faz um ção, 4 (cf. Tg 5.11). claro alerta contra a ilusão do erro, 2,3a, e descreve a primeira fase da vinda de Cristo 1.5-10. 0 consolo da igreja para os seu s santos com o a presença pes­ soal (parousia) de nosso Senhor Jesus Cris­ 5,6. A razão dos sofrim entos. Suas tri­ to, segu id a pela nossa reunião junto dele bulações não eram acidentais nem em con­ (episu n agoge), com o o d escrito em lTessasequ ência da m á sorte, m as claram ente a lo n icen ses 4.13-17. vo n tad e de D eu s, "p ro v a c la ra " da ju sta 3-5. A refutação do erro. Antes que o dia decisão divina, 5íí, de confirm á-los ou com ­ do Senhor ecloda sobre um mundo que re­ prová-los dignos do reino de Deus, 5b. Era, jeitou Cristo, deve vir a apostasia ou o afas­ de fato, pelo reino de D eus que eles sofri­ tam ento. N ão se trata sim plesm ente da re­ am, 5c (lT s 2.14; Hb 10.32,33). je iç ã o da fé q u e, freq u e n te m e n te , 7-10. O fundam ento do consolo. A se­ caracteriza a era da igreja (lT m 4.1-5; 2Tm gunda vinda de Cristo na glória, 7,8, teste­ 3.1-8; Ap 3.14-22), mas da escancarada rebe­ m unhará a vingança de D eus contra aque­ lião e da com pleta queda no erro e no deles que não o conhecem nem obedeceram monismo do período imediatamente anteri­ ao evangelho da salvação pela fé, 8. Aque­ or ao advento glorioso de Cristo (Lc 18.8; les que p ersegu iam os tessalo n icen ses se Ap 9.20,21). E preciso também que venha a enqu ad ravam nessa categoria. Isso im pli­ revelação do anticristo, aqui chamado "h o ­ cará eterno afastam ento (não aniquilação) m em do p ecad o", o últim o grande gover­ da presença de Deus em um a prisão isola­ nante demoníaco (Dn 11.36; Ap 13.1-10; 19.20; da e etern a reserv ad a aos p e ca d o res (cf. 20.10). Ele se arrogará honras divinas e iludi­ Ap 20.10-15), cham ada geena, ou inferno rá os judeus dos últim os tem pos reunidos etern o, a etern a sep aração de D eus, 9,10. em Israel, 4. O apóstolo havia ensinado cla­ ram ente essas verdades quando fundou a 1.11,12. Intercessão pela igreja igreja tessalonicense, 5. I I . A oração. Paulo constantem ente in­ te rce d ia p e lo s te s sa lo n ic e n s e s , p e d in d o 2.6-9. 0 arrebatamento da igreja que Deus considerasse sua conduta e vida e o homem da iniquidade cristã d ignas da sua sublim e vo cação (cf. Ef 4.1-3; Cl 3.14), cada crente cum prindo a 6,7. O arrebatamento da igreja e o Espíri­ v o n ta d e de D eu s em seu p o d e r p e la fé to Santo. Aquele que detém o pleno desen­ m a n ifestad a em boas obras. v o lv im en to e a m a n ife sta çã o das forças 12. O p ro p ó sito . Q ue o S en h o r fo sse dem oníacas do mal nesta era (cf. 8-10) é o glorificado neles e eles no Senhor, segu n­ Espírito Santo. Ele tem formado e inspirado do a graça dada a eles. a igreja desde Pentecostes (Jo 14.16; At 2.1-

[ 576 1 2Tessalonicenses

4; IC o 6.19), e assim fará até que seja "tira­ IJo 4.15), eclo d irá com poder irresistível. d o", literalm ente "sa ia do m e io ", quando A queles que "p erecem ", 10a, são as m ulti­ partirá do mesmo modo evidente com o veio dões impenitentes que ainda vivem na terra em Pentecostes. Isso acontecerá quando a depois da trasladação da igreja. A rejeição igreja, habitada pelo Espírito, for arrebata­ da verdade, quando ela era ainda disponível, da para junto de Cristo nos ares (lT s 4.13resulta agora na ilusão demoníaca, "pois re­ 17). Só quando o divino lim itador for arre­ jeitaram am ar a verdade para ser salv os", batado junto com a igreja glorificada é que 10, i.e., antes de a igreja ser glorificada. o anticristo poderá se m an ifestar e assim 11 ,1 2 . O m o tiv o da sua co n d e n a çã o . fará, 6, e que o "m isté rio da im p ied a d e" C om o n ão am aram nem aceitaram a v e r­ surgirá na plenitude. d ad e q u an d o ela e stav a d isp o n ív e l, 10b, 8,9. O arrebatam ento da igreja e o h o ­ D eu s lh es m an d o u a "a tu a ç ã o d o e rro ", m em da iniquidade. "E en tã o ", depois que um a ação interna ou energia ilusória, para o Espírito Santo for afastad o, o in íqu o se que cressem na "m en tira ", i.e., a suprem a revelará. Esse p erson agem sin istro re s u ­ ilusão da aceitação do anticristo, 11 (Jo 5.43; me o "m istério da im p ied ad e", ou o pleno A p 13.8,16-18). A ilusão é enviada para que d e s e n v o lv im e n to d o d e m o n ism o m ila ­ to d o s eles possam ser ju lg a d o s e co n d e ­ greiro dos últim os dias (Ap 9.1-21; 12.7-17; n ad os por não ter crid o na verdade, m as 16.13-16). Ele será d estru íd o p ela v ind a encontrado prazer na inju stiça, 12. gloriosa de C risto (Ap 19.20; 20.10), e Sa­ tanás será p reso no abism o (Ap 20.1-3).

2.10-12. 0 arrebatamento da igreja e aqueles que rejeitarão a verdade nos últimos dias

2.13-17. 0 arrebatamento da igreja e os tessalonicenses

13,14. Os tessalonicenses eram m otivo de ação de graças porque eram am ados e e le ito s de D eu s (v er c o m e n tá rio s so b re 10.0 destino daqueles que rejeitarem a ver­ "E s c o lh a d iv in a " e " P r e d e s tin a ç ã o " em dade. A ilusão dem oníaca, em ação restrita E f 1.1-6). Foram esco lh id o s para a sa lv a ­ durante a era da igreja por causa da força ção e a santificação. Ao contrário dos ilu­ limitadora do Espírito Santo, 6-9 (cf. lT m 4.1-4; d id os d os ú ltim o s d ia s, e le s a m av am e,

Salô n ica, a n tig a Tessalônica, vista de um a fo rta le za nas en co stas d a cidade.

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2Tessalonicenses I 577 1

p o rtan to , acred itav am n a "v e rd a d e ". F o ­ ram salvos pela pregação do "ev an g elh o" de Paulo, 14a, para partilhar da glória de Cristo, 14b (Rm 8.17; 2Tm 2.12). 15-17. Foram alvo de exortação e oração. A exortação é à firm eza e à fidelidade aos en sin am en to s ou "tra d iç õ e s " qúe receb e­ ram, 15. A oração é por consolo e perseve­ rança ou p e rsistên cia "e m toda b oa ação [prática] e palavra [d ou trin a]".

3.1-5. 0 apóstolo pede orações 1,2. O pedido. O pedido é duplo: (1) a Palavra de D eus flua sem im pedim entos e v ito rio sa, com o a tleta em um a corrid a (IC o 9.24,26), que p o ssa p ro g re d ir liv re ­ m ente e avançar velozm ente e ser g lorifi­ cada. A Palavra é sem pre glorificada quan­ do tem livre fluxo, pois o Deus da Palavra é assim exaltado. (2) Que o apóstolo fosse liv rad o (resgatad o) d os h om en s "p e rv e r­ sos e m au s", hom ens fora de lugar ou or­ dem, i.e., que não estavam onde D eus gos­ ta ria de tê -lo s . N ão sen d o o rie n ta d o s a D eus, são im p ortu no s e in íqu os. D esp rovidos de fé (cf. Hb 11.6), faltava-lhes o pon­ to de partida da libertação do pecado e da orien tação ru m o a D eus. 3-5. O fundam ento do pedido. A fid eli­ dade do Senhor e a confiança de Paulo nos te ssalo n icen ses co n stitu íam o fu n d am en ­ to da oração do apóstolo, 3,4. Ele pede que o S en h o r os cond u za p elo cam in h o reto, "n o am o r de D eu s e na p ersev era n ça de C risto", 5 (cf. lT s 4.13-17; 2Ts 2.1-3).

3.6-15. Instrução sobre a separação disciplinar 6. O princípio geral da separação. A or­ dem é afastar-se de todo crente que p er­ siste em um a vid a d esreg rad a, n e g lig e n ­ ciando os d everes com uns da vida, com o um soldado que deserta de seu regim ento e d esre sp e ita as "tr a d iç õ e s ", i.e., o e n s i­ nam ento trad icio n al (cf. 2Ts 2.15) que ele recebeu do apóstolo, 6. 7-9. O exem plo do apóstolo. Paulo não som ente deu a d outrina com o orientação, m as tam bém sua vida com o exem plo, 7,8.

Ele labutava com suas próprias mãos como tecelão de tendas para que não desse des­ pesa nem fosse fardo pesado para aqueles a quem m in istrava, 8. Ele agia assim não porqu e n ão tivesse d ireito a esperar sus­ ten to, m as para d ar um exem p lo que os tessalon icen ses pudessem seguir, 9. 10,11. A especificação do desregramento Certam ente, havia uma atitude perturbado­ ra e n tre os cre n te s te ssa lo n ice n ses. Era, a p aren tem en te, um a piedade presunçosa que tentava conservar-se ligada ao céu, mas negligenciava os deveres com uns da exis­ que tência terrena, como o trabalho e o sustento de si e dos dependentes. Paulo dá uma solu­ ção objetiva. Quem não trabalhar, que não tenha comida, 10. Ele joga com a palavra tra­ balho, 11 — não apenas trabalhadores (ergazomenoi), mas aqueles que trabalham por aí (periergazamoi), i.e., trabalhadores ocupados no caminho errado, ou que se "intrometem na vida alheia", 11b (cf. lT m 5.13; IPe 4.15). 12-15. A indicação da solução. A solução era óbvia. (1) Prim eiro, eles deveriam tra­ balhar "em paz", comendo "o próprio pão", sem reclam ar, tagarelar nem se introm eter na vida dos outros. (2) Segundo, deveriam com er seu próprio alim ento, e não parasitar os outros, 12. (3) Os crentes ordeiros deve­ riam ser incansáveis no fazer o bem, dan­ do um exem p lo aos d esreg rad o s, 13. (4) A q u eles que se obstinavam na d eso bed i­ ência deveriam ser assinalados ou repara­ dos, 14a. (5) Os fiéis não deveriam se m is­ tu ra r n em se a s s o c ia r in tim a m e n te aos desregrados, para envergonhá-los, 14b. (6) Esse irm ão desregrado, porém , não deve­ ria ser tido com o inim igo, m as ad vertido com o irmão, 15 (cf. 2Co 6.14-17; Lv 19.17).

3.16-18. Bênção final

1 6 ,1 8 . A bênção. "O próprio Senhor da paz" (Jo 14.27; Hb 13.20) lhes concederia a paz pela sua presença pessoal, 16. "A gra­ ça de nosso Senhor Jesu s C risto " é esten­ dida a "to d o s" (o povo de Deus), 18. 17. A saudação era a própria assinatu ra de P aulo, fu n cio n a n d o com o sím bolo ou fia n ça e g a ra n tia da leg itim id ad e de su a s ca rta s.

1Timóteo Orientações para ordem na igreja Autor e data. Paulo é o autor (1.1). A epístola é uma das cartas pastorais e data do final da vida do apóstolo; a data exata depende de o apóstolo ter sofrido um ou dois períodos de encarceramento. Se houve dois, foi aparentemente escrita no intervalo entre os dois, não posteriormente a 66 d.C. Se houve apenas um, a carta foi escrita não muito antes da última viagem do apóstolo a Jerusalém, provavelmente em 64 d.C.

0 tema. A idéia central de 1 Timóteo é a ordem da igreja, a sanidade da fé e a disciplina eclesiástica (caps. 1— 3). Era algo natural após a fundação de numerosas igrejas e o consequente surgimento da questão da liderança das congregações locais. Era também inevitável que a instrução aos pastores estabelecidos fosse dada depois da fundação das igrejas (caps. 4—6).

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Esboço 1 A disciplina da doutrina sã 2 A disciplina da oração e do culto público 3 A disciplina da liderança da igreja 4— 6 A disciplina do pastor local

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Vista do palco do teatro de Éfeso. Tim ó teo fo i um d o s líderes fu n d a d o re s da igreja '- q u e su rg iu nesse im p o rta n te -, cen tro da Á sia Menor.

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1.1-7. 0 pastor e a sã doutrina 1 -4 .0 pastor e os mestres corruptos. Paulo saúda Tim óteo com o pastor e com o "v e r­ dadeiro filho na fé", 1,2. Em tal com petên­ cia, ele encoraja o jovem a assum ir a res­ ponsabilidade diante de m estres corruptos, 3,4. O pastor precisa prim eiro ser ele m es­ m o antes de assum ir tal responsabilidade. Tim óteo foi aconselhado a perm anecer em Éfeso (cf. A t 20.1-3) para que pudesse ins­ truir os líderes a não ensinarem "outra dou­ trin a", i.e., "o u tra" no sentido de diferente e d iscordan te da sã verd ad e cristã, 3; e a n ão se ocu p arem "co m fá b u la s ", i.e., ficções religiosas, com o os m itos que assola­ vam o paganism o, e "genealogias interm i­ náveis [sem -fim ]", nas quais o judaísm o se orgulhava. P or quê? Esses exercícios in ú ­ teis só suscitam q u estio n am en tos in fru tí­ feros, e não a aceitação do serviço de Deus, i.e., o desenrolar de seu p lano e d esígnio segundo o revelado no evangelho. Seu ser­ viço é conhecido pela fé, 4. 5-7. O pastor e os legalistas. C ontrastan­ do com os corruptos m estres do vazio le­ galism o, a m eta do m and am ento de C ris­ to (cf. Jo 13 .3 4 ; 15 .1 2 ; G l 6 .2 ) é o am o r, originário de um coração puro (lim po), de u m a b o a c o n s ciê n cia e d a fé sin c e ra , 5.

A queles que a perderam de vista pelo le­ galism o acabaram se enredando em "d is­ cussões sem propósito algum " — a discus­ são de palavras sem sentido, 6. D esejosos de ser escribas, caracterizam -se pela igno­ rân cia do v erd ad eiro con h ecim en to e da verd ad eira experiên cia, 7.

1.8-11. A lei e o evangelho de Cristo

8 -1 0 .0 propósito da lei. A lei em si é boa, 8a (cf. Rm 7.12), m as precisa ser aplicada (usada) de m odo lícito, i.e., de modo corre­ to ou legítimo, em harm onia com o glorioso evangelho confiado a Paulo, 11. Seu propó­ sito é condenar o pecador (o ímpio) e leválo ao Salvador, para que possa depois ser declarado justo pela fé (Rm 3.21-28; Ef 2.810). A lei, de modo algum, deve ser usada para o hom em justo (justificado), seja para justificá-lo seja para santificá-lo. Ela existe para revelar ao pecador seu pecado e sua pena longe de Cristo, 9,10. 11. O propósito do evangelho. E o "evan gelho da glória do Deus bendito", 11a. E a boa nova que anuncia a excelência de Deus na m anifestação de seu gracioso amor pe­ los pecadores pela salvação (Jo 3.16). O que a lei jam a is p o d eria fazer, a graça o faz (Jo 1.17; Tt 3.4,5).

I 580 1 1Timóteo

1.12-17. O evangelho de Cristo e o pecador 12-15. Salvação e com issão do pecador Paulo. O ministério de salvação do apóstolo foi resultado da graça salvadora de Deus, 12, manifestada a um grande pecador, blasfem ador, perseguidor do povo de D eus e "arrogante", 13a (At 8.3; IC o 15.9). Ele rece­ beu a misericórdia de Deus porque cometia seu pecado em ignorância e descrença, 13b, sendo a abundância da graça de D eus reve­ lada a ele, 14. Paulo foi um exemplo da gran­ de verdade de que a encarnação de D eus em Cristo teve o propósito de salvar os pe­ cad ores, categ o ria em que ele m esm o se enquadrava, 15. Essa grande verdade é "p a­ lavra [...] fiel", i.e., verdadeira e, indubitavel­ mente, certa, digna de calorosa aceitação e gracioso assentim ento universal. 16,17. A salvação de Paulo como exemplo para todos os pecadores crentes. O apóstolo deveria ser um parâm etro da graciosa pa­ ciên cia e do am or de D eu s p ara com os pecadores em Cristo, 16. D eus é o rei eter­ no, im ortal, in v isív el, "D e u s ú n ig ê n ito "

(Jo 1.18) a quem toda honra e toda glória devem ser dadas para sem pre, 17, por cau­ sa da salvação que ele ofereceu em Cristo.

1.18-20. A incumbência do pastor Timóteo 18,19a. A incum bência. A solene exorta­ ção e injunção ao "filh o " de Paulo, T im ó­ teo (p o is ele, ev id en tem en te, era co n v er­ so de Paulo), declara que ele deve brandir um bem -sucedid o com bate esp iritu al, 18b (cf. 2T m 4.2; Hb 9.14). Já se haviam feito p red içõ es desse m in istério quando T im ó­ teo era m ais m oço, predições que não dei­ xariam de se cu m prir nele. 19b,20. O alerta. O caso de H im eneu e A le x a n d re (2T m 2 .1 7 ,1 8 ) é um e x e m p lo o p o sto . E n sin a n d o fa ls id a d e s a ce rca da ressu rreição, H im eneu havia d estru íd o a fé de alguns. Em sua autoridade apostóli­ ca, P a u lo h a v ia e n tre g a d o e s s e s fa ls o s m estres a Satanás, 20 (cf. IC o 5.5; 11.30-32; l j o 5 .1 6 ). Isso im p lic a v a g ra v e c a s tig o (Hb 12.6), que, em alguns casos, chegava m esm o à m orte física.

1Timóteo [ 581 l

2.1-8. A igreja e a oração pública. 1,2 a. A injunção geral. A oração, tanto a pública com o a privada, tem prim azia. Pau­ lo exortou, portanto, que se fizessem "s ú ­ p lic a s , o r a ç õ e s , in te r c e s s õ e s , a ç õ e s de graças por todos os h om en s", 1, esp ecial­ m en te p e lo s g o v e rn a n te s e a u to rid a d e s civis, 2fl (Rm 13.1). 2b-8. Razões para a oração. (1) Para que os cristão s p o ssam lev ar um a vid a tra n ­ quila e pacífica, em santidade e dignidade, 2b, em harm onia com a vontade de Deus, 3. (2) Porque o desejo de Deus é a salvação dos hom ens, e nisso a oração ocupa lugar de destaque, 4. (3) Porque a encarnação e a o b ra re d en to ra de C risto d eram novo poder e alcance à oração, 5,6 (cf. Jo 16.2328). P aulo foi d iv in am en te com issio n ad o com o m estre (arau to ou p ro cla m a d o r) e a p ó s to lo (d e le g a d o ) d e s s a s v e r d a d e s acerca da o ração, 7. Ele d ev eria in stru ir os crentes na atitude e no exercício corre­ to da oração, 7,8.

2.9-15. A posição da mulher na sociedade cristã 9,10. Conduta e trajes da m ulher cristã. Assim com o a vida do hom em cristão deve ser ad ornad a pela oração, tam bém a m u ­ lher cristã deve se em belezar com o 'c o s­ m ético' correto. Em term os positivos, tra­ ta-se do traje m o d esto (i.e., ap ro p riad o ). P or fora, d eve h av er a ro u p a ad eq u ad a; p o r d en tro , a d o rn o co rre to do co ra çã o , m anifestado pela m odéstia e por um a ati­ tu d e re sp eito sa em re la çã o ao seu lu g ar na sociedade cristã, 9a. Em term os negati­ vos, p ara e scla re ce r a in ju n çã o p o sitiv a , as m u lh eres cristã s não d ev em se e n fe i­ tar com "tra n ç a s " (da raiz pleko, e n tre te ­ cer ou frisar) nem jóias caras, 9b. Isso não sugere trajes d esm azelados, m as adornos m o d estos, assu m in d o p o sição de m u lher cristã. A q u ilo que é secu la r ou que está em d e s a co rd o com e sse s c rité rio s d ev e ser evitado, seja a m ulher rainha seja plebéia. Em term os p o sitivos, n ov am en te, o verd ad eiro enfeite, ou cosm ético, da m u ­ lher pied osa deve ser suas "b o a s o b ra s".

11-15. A conduta da m ulher cristã diante dos hom ens. A m ulher cristã deve se ca­ racterizar por um esp írito de hum ilde re­ ce p tiv id a d e ao e n sin a m en to e de calada subm issão ao marido, 11 (IC o 14.34,35; cf. Gn 3.16). A atitude oposta é extrem am en­ te indecorosa para um a mulher que se diz piedosa. O próprio Paulo não permitia que m u lh eres en sin assem hom ens nem u su r­ passem sua autoridade, no sentido de agir com poder independente ou de m odo do­ m inad or sobre eles, 12. A razão da sujeição se explica em 13-15. (1) Adão foi criado como cabeça da aliança da raça, antes da criação de Eva, 13. (2) Eva foi form ada a partir de Adão, e não Adão, de Eva. (3) A mulher foi iludida, não o ho­ m em , 14, e ainda é especialm ente suscetível à ilusão doutrinária. (4) Pelo cultivo da sua sublim e vocação de mãe, ela será pre­ servada, i.e., resgatada e libertada dos pe­ rigos da insubordinação, da ilusão e do en­ sino da falsidade doutrinária que o apóstolo sugere. Sua verd ad eira honra está na ge­ ração e na educação de filhos piedosos, 15.

3.1-7. As qualificações dos supervisores (bispos) 1. A honra do posto. E fato que se al­ guém sin ceram en te deseja, no sentido de colocar nisso seu coração, o posto de su­ pervisor (ep iskopes), ele deseja "alg o exce­ len te" (posto, posição de supervisionar o reban h o de D eus). 2-7. As qualificações do posto. O supervi­ sor ideal deve: (1) ser irrepreensível, sem que se e n co n tre algum a m anch a em seu caráter; incensurável; (2) ser homem de uma só esposa, não ser adúltero, divorciado nem polígamo, embora possa ser solteiro; (3) ser vigilante, atento, circunspecto; (4) ser sóbrio, sério; (5) ter boa conduta, ser correto e de vida centrada em Cristo; (6) ser dado à hos­ pitalidade, literalmente dotado de amor aos estranhos; (7) ser talentoso e qualificado para ensinar, 2; (8) não ser viciado em vinho e, portanto, com edido e não violento; (9) não ser briguento, ou seja, pessoa que não seja violenta nem im petuosa, pronta a desferir um soco em um acesso de raiva; (10) não

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3.8-13. As qualificações dos diáconos 8-12. As qualificações. Os diáconos fica­ vam en carreg ad os das ad m in istraçõ es fi­ n a n c e ira s e se c u la re s d as ig re ja s , assim com o os bispos tinham com o incum bência os asp ectos m ais d iretam en te esp iritu ais. A s qualificações dos diáconos são, em lar­ ga m ed id a, as m esm as que as dos bispos ou supervisores, 8 -1 0 ,1 2 (cf. 2-7). As qualifi­ ca çõ es de su as e sp o sa s, 11, sem d úv id a, tam bém se aplicam às esposas dos bispos. 13. A recom pensa. A queles que desem ­ p en h a m b em su a fu n çã o a d q u irem (g a ­ nham ou conquistam ) para si "ju sta pree­ m in ê n c ia " , lite r a lm e n te um d e g ra u ou escad a, n o sen tid o de d ignid ade de p o si­ ção. T am b ém a lca n ça m a in tre p id e z e a liberdade de palavra que o Espírito conce­ de àqueles que ganham confiança e segu­ rança em virtude da fidelidade à fé cristã.

3.14-16. A igreja e a verdade revelada Representação artística de Lucas, médico e evangelista. Foi através de seus relatos acerca das viagens missionárias de Paulo, no livro de Atos, que ficamos conhecendo um pouco sobre Timóteo, companheiro de Paulo em sua segunda viagem. ser avarento nem ganancioso; (11) ser paci­ ente, manso ou amável; (12) não ser briguento, ou seja, literalmente um não-lutador; (13) conseguir conduzir bem sua fam ília, tendo filhos bem disciplinados, 4. Se o hom em não consegue controlar sua própria família, como pode ser qualificado para cuidar da casa de Deus (sua igreja), 5? (14) O ancião não pode ser neófito, alguém recém -inserido na igre­ ja cristã, novo converso. U m crente assim inexperiente e ainda não posto à prova fica especialm ente suscetível ao pecad o do or­ gulho que provocou a queda original de Sa­ tanás e ainda o caracteriza, 6 (Is 14.12-14; Ez 28.12-19; lT m 6.9; 2Tm 2.26). (15) Precisa ser também alguém de boa reputação (tes­ temunho) entre os descrentes, 7.

14,15. A igreja e sua relação com a verda­ de revelada. P aulo pretende que T im óteo seja instruído na adm inistração e na disci­ p lin a da ig reja. Se o ap ó sto lo não pu d er fazê-lo o ralm en te, então o fará por escri­ to, 14,15 íi. E im portante saber com o a pes­ soa, e sp ecia lm en te um p asto r, d eve porta r -s e n a c a s a de D e u s (su a ig r e ja ). A "ig reja do Deus vivo" (o corpo de Cristo) é a coluna ou baluarte no sentido do arrimo que sustenta o telhado da verdade. É tam ­ bém a base ou o fundam ento da verdade, pois o Espírito Santo ensina a verdade re­ velada de D eus (a B íblia) só aos crentes, m em b ros da v erd a d eira ig reja. 16. A essência da verdade revelada. Esse v ersícu lo refere-se ao corpo b ásico da re­ velação divina e pode m uito bem ter cons­ tituído um prim itivo hino cristão. É reconhe­ cidam ente "g ran d e", pois abarca os planos e desígnios divinos eternos em Cristo, concentran d o-se no hom em rem ido. Envolve um "m istério" — i.e., um a verdade revela­ da que antes se achava oculta, m as agora é exposta — que ainda transcende a plena

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com preensão do homem. Esse mistério tem com o m eta a piedade, ou seja, restaurar a h u m anid ad e perd id a ao estado de sem e­ lhança a Deus, em que o homem se encon­ tra unid o a C risto e pode com ungar com seu Criador, adorando-o. C oncentra-se em Cristo: (1) sua encarnação — Deus foi m ani­ festado na "carne" (Jo 1.1,18); (2) sua ressur­ reição pelo poder do Espírito Santo, ju stifi­ can d o e p ro v a n d o v e rd a d e ira s to d a s as suas afirm ações (Rm 1.4); (3) suas aparições posteriores à ressurreição, testem unhando sua pessoa ao m undo dos espíritos (Mt 28.2-7); (4) seu evangelho —pregado "entre os gen­ tios" (Gl 1.16); (5) sua igreja e corpo — form a­ do por aq u eles que, "n o m u n d o ", crêem nele; (6) sua ascensão — "recebido acima na glória" (At 1.9-11).

sos en sin a m en to s p ara saber com o lid ar com eles. P o rtan to , o E sp írito Santo fala c la ra m e n te a e sse re sp e ito . Ele d eclara, in eq u iv o ca m en te, que o erro é instigado n ão p rim o rd ia lm e n te p e lo fa lso m estre, m as pelos esp íritos m alignos ou dem óni­ os que inspiram o falso m estre. Essa ver­ dade é proclam ada pelo fato de que, quan­ do alg u é m se a fa sta da fé (Jd 3), d iz-se que dá o u v id os a (se d eixa en red ar por) e s p írito s se d u to re s, e n ão a fa lso s m e s­ tres. O resu ltad o são d ou trinas d em onía­ cas — não en sin am en to s sobre dem ónios (d em on o lo g ia), m as erros orig inad os por d em ó n io s. E sses m estres, en sin an d o fa l­ sidades de m odo hipócrita, são m eros atores in sin cero s ou fin g id o res, cuja con sci­ ê n c ia se a c h a c a u te r iz a d a , in c a p a z de discernir o bem do mal, o erro da verdade. 3-6. Um exem plo. O apóstolo seleciona 4.1-6. 0 pastor e o erro um e rro da ép o ca, e sp écie de ascetism o doutrinário legalista, para ilustrar o fato de que a falsa 1,2. O dem onism o com o fonte do erro doutrina tem origem dem oníaca. Proíbe o doutrinário. O pastor bem instruído preci­ casam ento (com o se um a instituição orde­ sa conh ecer a v erd ad eira origem dos fal­ nada por D eus fosse má, incrim inando as­

Ruínas do templo do imperador Adriano, em Éfeso. O culto ao imperador, prática comum nos dias do Império Romano, sempre representou um desafio a ser enfrentado pelos primeiros cristãos.

I 584 1 1Timóteo

sim o próprio Deus) e o consumo de certos alimentos, que o apóstolo prova terem sido criados por D eus para ser recebid o s com ação de graças e orações, 3-5. A estam pa dem oníaca dessa doutrina é evidente, exi­ bindo orgulho satânico (Is 14.12-14), calú­ nia da bond ade de D eus (Gn 3.5) e clara falsidade (Gn 3.4). Como bom pastor, Tim ó­ teo deve revelar a fonte do erro e ensinar a verdade, 6.

4.7-16. 0 pastor e a autodisciplina 7-11. A autodisciplina no m inistério pú­ blico. Isso im plica ensinar a verdade fiel­ mente (cf. 6); recusar ou rejeitar "a s fábu­ las profanas e as contadas p elas v e lh a s", que são ímpias, não exibindo vínculo com a santidad e nem com a p ied ad e; e esm e­ rar-se rum o à m eta da piedade, e não ao m ero cond icionam ento físico, cu jos b en e­ fícios são temporários, ao contrário dos be­ n e fício s da p ied ad e, tan to os te m p o ra is q u an to os e te rn o s, 8. E um a o rie n ta ç ã o co m p le ta m e n te co n fiá v e l, 9, p ela ra z ã o dada em 10. N ossa esp era n ça re sid e no "D eus vivo", que pelo sacrifício de C risto tornou a hu m anidad e apta a ser salva, e que de fato salv a aq u eles que crêem . A autodisciplina im plica tam bém o diligente ensino d essas coisas, 11. 12-16. A autodisciplina no ministério pri­ vado. Tim óteo, ainda jovem , não deve dar motivo para que ninguém o despreze pela pouca idade. Deve, antes, ser exem plo ou modelo para o povo de Deus, 12. Em seu m inistério, deve enfatizar a leitu ra (estu ­ do e ru d ito d as E s c ritu ra s ), a e x o rta ç ã o (p reg ação ) e a d o u trin a (e n s in a m e n to ). N ão deve n e g lig e n cia r o dom e sp iritu a l que possui. E videntem ente, há aqui refe­ rência à in cu m b ên cia co n fia d a a ele em sua ordenação, 14. D eve m editar ou conti­ nuam ente ponderar de fo rm a cu id ad osa essas qu estões, para que seu p ro g re sso , ou avanço, rumo à m atu ridad e esp iritu al seja visível a todos. Isso significa que deve d ed icar esp ecial aten ção a su a co n d u ta , tanto quanto ao seu ensin am ento. P erse­ verando nisso, ele se salvará, no sen tid o de libertar-se das ciladas p astorais, e res­

g ata rá as p e sso a s a quem m in istra r das arm adilhas com uns da vida cristã.

5.1-16. 0 cuidado das viúvas 1,2. Responsabilidade diante de cristãos d iv erso s. O s an ciãos não devem ser alvo de v io lên cia verbal. O s m oços devem ser tra ta d o s co m o " ir m ã o s " , as id o sa s com respeito e am or filial. A p u reza fratern al d eve m arcar as relações de T im óteo com as m oças. 3-16. O tratamento das viúvas cristãs. As v iú v as rea lm en te p o b res d evem ser re s­ peitadas e sustentadas, 3. Aquelas que têm filhos ou ou tros p arentes devem ser su s­ tentadas por esses, 4. As verdadeiras viú ­ vas confiam em Deus, 5, o que não aconte­ ce com aquelas que vivem em luxo e prazer voluptuoso, 6,7. Essas não devem ser sus­ tentadas pela igreja. Os parentes têm obri­ gação de sustentar as viúvas da fam ília, 8. N enhum a viúva, com m enos de sessenta anos, deveria ser sustentada pela igreja. As de sessenta anos ou mais precisam satisfa­ zer d eterm in a d a s co n d içõ e s, 10. V iú v as mais jovens não devem ser sustentadas por várias razões, 11-13, m as são en corajadas a casar e ter filhos, 14,15. Na medida do pos­ sível, a igreja deve ser responsável som en­ te pelas viúvas de verdade, 16.

5.17-22. Dos anciãos 17-20. A honra que lhes é devida (cf. 5.1). Os anciãos que ensinam (pastores) devem ser c o n s id e ra d o s d ig n o s de "h o n r a em d o b ro " — hon ra da posição e suporte fi­ n a n ceiro , 17,18 (cf. D t 2 5 .4 ; IC o 9.7, 11; Lc 10.7). N ão devem ser acu sad o s irre s­ ponsavelm ente, 19 (cf. D t 19.15). Todavia, os que pecam devem ser publicam ente re­ preendidos por causa dos outros, que po­ dem se* ver tentados, 20. 21,22. A responsabilidade de Tim óteo. C om o tod os os pastores, T im óteo é sole­ n em en te ad vertid o contra a p arcialid ad e e o preconceito no trato do povo de Deus, 21 (cf. Tg 2.1-12). É, também, alertado para n ã o o r d e n a r, p re c ip ita d a m e n te , jo v e n s para o m inistério, 22 (At 13.3).

1Timóteo [ 585 l

6.1-5. Instruções para servos e senhores I,2. O princípio geral (cf. Ef 6.5-9 com com entários). O apóstolo tom a o costume social pred om inan te e aplica a ele a ética cristã, por m ais errada que possa ter sido tal institu ição, 1,2. (Cf. tam bém Cl 3.22 — 4.1 com com entários.) 3-5. Denúncia dos falsos mestres. Aque­ les que rejeitam p alavras e d ou trinas sãs (v erd ad eiras), que geram pied ad e, 3, são descritos com o de fato o são. Eles supõem que o lucro é piedade, 4,5.

6.6-10. Alerta aos ricos

Estátua que faz parte do acervo da Biblioteca de Celso, em Éfeso.

5.23-25. Conselho pessoal de Paulo a Timóteo 23. Com respeito à saúde de Tim óteo. P aulo sugere que T im óteo deixe de beber som ente água, m as passe a usar um pou­ co de vinho com o rem édio, 23. 24-25. Com respeito à questão dos pe­ cados e das boas obras dos hom ens. O s pe­ ca d o s de a lg u n s h o m en s são tão o b v ia ­ m e n te m a n ife s to s e e v id e n te s q u e p reced em o p ecad or no ju íz o . Em ou tros c a s o s , o s p e c a d o s v ê m d e p o is d e le s e a p a re ce m co m o c o n s e q u ê n c ia d o s seu s m a u s a to s , 24. D a m e sm a m a n e ira , as boas obras de alguns crentes são ev id en ­ tes e m an ife stas. T od av ia, as b o a s o b ras e os atos de am or que não tran sp arecem a to d o s n ã o p o d em fic a r o c u lto s, c e rta ­ m e n te n ã o de D eu s, n em m e sm o to ta l­ m ente dos h om en s, 25.

6-8. A bênção do contentamento piedoso. Lucro não é piedade, 5, mas piedade com contentam ento é grande fo n te de lucro (enfá­ tico), 6. C ontentam ento é a satisfação com o seu quinhão segundo a vontade de Deus (Hb 13.5). Com o nada trazem os de m ateri­ al para este m undo nem d ele n ad a lev a ­ m os, 7, d evem os nos satisfazer só por ter alim ento e vestes, 8 (cf. Gn 28.20,21). 9,10. A maldição da riqueza ímpia. A mal­ dição não é da riqueza em si, mas da atitu­ de errad a em relação a ela. A qu eles que tom am a d eliberad a d ecisão de ser ricos escolhem um a vida m otivada pelo desejo de riqueza secular. Com o resultado, incor­ rem na pena de cair em tentações que ou­ tros jam ais têm de enfrentar. Essa riqueza ím pia tam bém se revela uma cilada. Como arm adilha que priva o animal da liberdade e da vida, ela aprisiona o hom em "em m ui­ to s d esejo s lou co s e n o c iv o s", tão fo rtes que se tornam irresistíveis e resultam em ru ína p esso al e m oral. Em vez de trazer co n ten tam en to, é "raiz" (ên fase) de toda sorte de m ales, com o a cobiça, a apostasia da fé e as dores excruciantes.

6.11-16. Alerta ao homem de Deus I I ,1 2 . A am b ição . O hom em de D eus deve fugir das cilad as da riqueza tem po­ ral, afastar-se delas com rígida separação (2Co 6.14-17; 2Tm 2.19-21). Deve buscar di-

I 586 I 1Timóteo

lig e n te m e n te a v irtu d e cris tã , 11. D ev e tam bém lutar, 12o, e isso significa conflito espiritual (Ef 6.10-20; 2Tm 2.3,4). A batalha recru desce em torno do bom com bate da fé. Por fim, deve tomar posse da vida eter­ na, 12b. Isso sugere o sím ile esp ortivo de correr em busca de um p rém io (Fp 3.1214), sendo a recom pensa a plena rea liz a ­ ção do significado da vida eterna na corri­ da prévia do crente, 12c. 13-16. A incumbência do apóstolo a ele. Paulo incum be o hom em de D eu s, i.e., a pessoa que permite que Deus controle sua vida, de guardar esse m andam ento, 14, re­ lativo à secu larid ad e e à riq u eza terrena (6-13), sem mancha nem m otivo de censu­ ra até o surgimento de Cristo (lT s 4.13-17). A ambição de sua vida é ser irrepreensível.

6.17-19. Instruções aos crentes ricos

17,18. A incum bência. Eles são solene mente aconselhados a não exibir con v en­ cim ento, nem firm ar sua esp eran ça na ri­ queza m aterial, sem pre caracterizad a por certo grau de in certeza e in seg u ran ça. A fé deve repousar, antes, na g en erosid ad e do Deus vivo, 17. Eles devem ser ricos nas boas obras, prontos a usar sua riqueza em prol da obra de D eus e a p artilh á-la com os crentes pobres, 18.

19. O p ropósito. A m eta em vista é: (1) A fu t u r a reco m p en sa p e la fid e lid a d e (cf. IC o 3.9-15; 9.23-27; 2C o 5.10,11). Eles d e­ vem a rm a z e n a r o te s o u ro d o bom fu n ­ d a m e n to (a im p e re cív e l riq u e z a e tern a ) para " o fu tu r o ". (2) Q u an to ao presen te, d esfru te da vida espiritu al. P ara "q u e p o s­ s a m a lc a n ç a r a v e r d a d e ir a v id a " (c f. F p 3 .1 4 ), ou se ja , v id a m a is a b u n d a n te a q u i e agora (Jo 10.10).

6.20-21. Apelo a Timóteo 20 a. A injunção positiva. "G uarda o te­ souro que te foi confiad o." Ao jovem pas­ tor confiaram -se uma vida e um ministério que ele deveria guardar com m uito zelo. 20b,21. O alerta n egativo. Ele deveria a b ster-se ou d esv ia r-se da d iscu ssã o se­ cular e vã, e da argu m entação sem m o ti­ vo. D everia, igualm ente, evitar pontos de co n tro v érsia com a p seu d o ciên cia , o re i­ no do falso saber. A teorização não com ­ provad a do hom em tem m u itos supostos c o n flito s com as v e rd a d e s re v e la d a s. O m in istro sáb io ev ita rá e sse s p o n to s e se dedicará integralm ente a proclam ar a ver­ dade revelada de Deus, 20. Alguns, porém , no tem po de Paulo com o no nosso, se en­ red aram na teo riz a çã o h u m an a e d ep ois "se d esv iaram " da fé, 21a (Jd 3). A seguir vem a bênção final, 21 b.

2Timóteo Um bom soldado de Jesus Cristo Autor e data. Segunda Timóteo foi escrita pelo apóstolo Paulo, como 1Timóteo, ao seu "filho amado" Timóteo (1.1,2). Se Paulo sofreu somente um período de encarceramento, essa comovente epístola, que contém as últimas palavras registradas do apóstolo, foi escrita por volta de 64 d.C. Se houve outro encarceramento, posterior, então íoi escrita por voita de 67 dC

A ilustração retrata ura centurião e um soldado da infantaria do exército romano. Em sua segunda epístola a Timóteo, Paulo o.encoraja a participar ; ' dos sofrimentos como bòeri sòldàdo.de Cristo Jesus, Segundo P4ulo;' . « ? ; nenhum soldado >m serviço se envolve, ern negócios dèsta vida., porque o seu objetivo é satisfazer àquelè que o : ‘ -arregimentou (2Trn 2.4);

O propósito. A carta foi escrita para esboçar a conduta de um verdadeiro servo de Jesus Cristo em um tempo de declínio doutrinário. As igrejas da Ásia (1.15) haviam abandonado o evangelho da graça que o apóstolo proclamara, recaindo no legalismo. Paulo encoraja Timóteo a usar os recursos divinos disponíveis ao pastor fiel em um período de apostasia.

Esboço 1 A apostasia e a fidelidade pastoral 2 A apostasia e o conflito espiritual 3 A apostasia e a Palavra de Deus 4 A apostasia e um Senhor fiel

[ 588 ] 2Timóteo

1.1 >5. A integridade do pastor fiel O am or de Paulo e as orações por Timó­ teo. Na sua saudação, 1,2, Paulo chama Ti­ móteo de "filho amado", demonstrando pro­ fundo afeto por esse verdadeiro filho na fé. Seu interesse por Timóteo se revela na cons­ tante oração por ele, 3, e seu amor se revela no sincero desejo de vê-lo, 4 (cf. 4.9, 21), o que lhe daria muita alegria. Essa é uma das grandes am izades das Escrituras. 5. A confiança de Paulo em Tim óteo. Ele lem bra a "fé s in c e ra " de T im ó te o e sua genuinidade, sem vestígio de hipocrisia ou fingida im postura. O apóstolo estava con­ vencido, com p len a co n fia n ça , d e que a mesma fé genuína que habitav a sua m ãe e sua avó tam bém aflorava em T im óteo.

1.6-8. As aflições do pastor fiel 6,7. As aflições exigem espírito corajoso. Diante do passado e da fé de Tim óteo, ele deveria reavivar "o dom de D eus que há" nele. Esse dom concedido por D eus (caris­ ma, IC o 12.4, 9, 28) lhe foi incutido pela im ­ posição das m ãos do apóstolo (lT m 4.14) em sua ordenação com o pastor. É n e ces­ sário um espírito de ardente coragem para com bater o declínio em um tempo de apos­ tasia. O dom que Tim óteo recebeu de Deus não foi um espírito (atitude) de m edo (Rm 8.15; IJo 4.18), m as de poder (a dinâm ica ação interior de um D eus onipoten te), de am or e de m od eração. Essa ú ltim a p a la ­ vra se refere à tranqu ila sanidade m ental que exibe intrépid a coragem para d efen ­ der a verdade e a justiça, 7. 8. As aflições fazem parte do fiel teste­ munho do evangelho. Tim óteo deveria as­ sim esp erar aflições, sem tentar evitá-las, sem e n v e rg o n h ar-se do "te s te m u n h o de nosso S e n h o r", que im p lica a p len a p ro ­ clam ação da pessoa e da ob ra red en to ra de C risto . N em d ev eria se e n v e rg o n h a r de P au lo, "p ris io n e iro d ele [de C r is to ]" (pois Paulo estava no cárcere por sua fi­ d elid ad e a C ris to ). O s "s o fr im e n to s do e v a n g e lh o " fazem p a rte in s e p a rá v e l da própria proclam ação da boa nova. Q u an ­ do suportados por am or à verdade, pode-

se e s p e ra r a m a n ife s ta ç ã o do p o d e r de D eus no m inistério do pastor aflito.

1.9-11. A designação do pastor fiel 9,10. A descrição do evangelho. Várias ex p ressõ e s d escrev em o e v a n g e lh o ou a b oa n ov a que o p a sto r fiel d eve p ro cla ­ mar, e para o qual ele é designado. Essen­ cialm ente, é um a m ensagem que declara a o b ra p a ra le la de D eu s na s a lv a ç ã o e vo cação do pecad or. A v o cação é e n fa ti­ zada aqui com o: (1) divin a — D eu s "n o s ch am o u "; (2) san tificadora — "sa n ta voca­ çã o ", sep arand o os cham ad os para posse e uso do próprio Deus; (3) graciosa — "n ão por cau sa das n o ssas o b ras, m as d evid o [...] à g raça"; (4) deliberada — "m as devido ao seu p ro p ósito"; (5) planejada de antem ão — "co n ced id a [...] antes dos tem pos e ter­ n o s"; (6) revelada, ou anu nciad a, pela e n ­ carn ação de C risto . O cham ad o de D eus foi realizad o pela obra do Filho hum anod iv in o , que to rn ou im p o ten te a m o rte e concedeu vida eterna e incorruptibilidade. Esses g rand es dons são claram en te rev e­ lados pelo evangelho. 11. Um exem plo de designação. O pró­ prio Paulo é um exem plo de alguém que foi d iv in am en te d esig n ad o com o arau to, a p ó s to lo — d e le g a d o — e in s tr u to r do ev a n g e lh o .

1.12-14. A santa confiança do pastor fiel 12. O testem unho da convicção. "Sofro tam bém essas coisas, m as não me en v er­ gonho", 12a. Por quê? A resposta é a confi­ ança do apóstolo. "Sei em quem tenho crido e estou certo ..." A convicção é essencial a um testemunho eficaz. A convicção inabalá­ vel do crente de que ele não só possui salva­ ção, na q u al será e tern a m en te g u ard ad o pelos m éritos som ente da obra de C risto, mas de que a dedicação de sua vida ao Sal­ vad or será seg u ram en te g u ard ad a, e seu investim ento, abençoado e aum entado. 13,14. Os resultados da convicção. A l­ guém que esteja firm e na fé é capaz (1) de in c u tir d o u trin a e te rm in o lo g ia sãs n os

2Timóteo [ 589 ]

ou tros. "P re serv a o m od elo [tipo, ca rim ­ bo] das sãs p alav ras", 13 a; (2) colocar em p rática a d ou trin a sã (sau d áv el), 13b; (3) C onservar ou m anter intacto seu m inisté­ rio para C risto, 14a. Isso se faz por m eio do Espírito Santo (não pelo esforço pesso­ al) "q u e habita em n ós", 14b (cf. lG o 6.19).

e sp era r op osição . P aulo pede que Tim ó­ teo suporte a oposição ao seu lado, como bom sold ad o de C risto Jesus.

2.4-7. Separação e sucesso na obra de Deus

4. A necessidade da separação. Prosse­ gue o sím ile m ilitar do soldado, 3. Ninguém 1.15-18. Provações e alegrias que sirva com o soldad o n o cum prim ento do pastor fiel do dever m ilitar se deixa enredar ou enle­ 15. As p ro v açõ es. A s ig re ja s da Á sia ar nos n e g ó cio s e p aixõ es d esta vid a. O proconsular haviam d eclinado doutrinarip ro p ó sito é ag rad ar àq u ele que alista os am ente. H aviam ab and o nad o o apóstolo, soldados. N o conflito gerado pela m ensa­ 1.e., a fa s ta r a m -s e de su a m e n sa g e m de gem da graça, o soldado cristão deve exi­ g raça, vo ltan d o a algum grau de le g a lis­ bir d esapego dos prazeres e apelos secu­ m o. N e sse g rau a a p o sta sia já se h av ia lares, pois seu único objetivo deve ser agra­ instalado, 15a. Citam -se especialm ente dois dar ao seu Senhor (2Co 5.9). dos que d esertaram , 15b. 5-7. A necessidade de obediência e es­ forço. A recom pensa pela vitória na corri­ 16-18. As alegrias. A fam ília de Onesíforo é m encionada no outro lado do esp ec­ da cristã exig e: (1) sep aração do pecado tro pastoral. Esse irm ão havia anim ado o (Hb 12.1); (2) disciplina e obediência à Pa­ a p ó sto lo por n ão se e n v e rg o n h a r d ian te lavra de D eus (o sím ile de um atleta cor­ da prisão de Paulo em Rom a, e pelo auxí­ rend o segund o as regras da com petição), lio anterior em Éfeso, 17,18. 5 (cf. IC o 9.25-27); e (3) labuta e esforço (o sím ile de um lavrad or dedicado que deve prim eiro trabalhar para depois tom ar par­ 2.1-3. A mensagem de graça te nos frutos da sua labuta), 6. (Ver distin­ e a batalha espiritual ç ã o e n tr e s a lv a ç ã o e r e c o m p e n s a s em 1,2. Força é imprescindível para a procla­ IC o 3 .1 0 -1 5 .) O ap ó sto lo su p lica a co m ­ mação do evangelho da graça. “Tu (enfático), p re e n s ã o d e s s e s e x e m p lo s co m o r e s u l­ tado da instrução do Senhor, 7. porém , meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus", pois as igrejas da Ásia a haviam abandonado, 1 (ver 1.15). Essa in2.8-10. 0 sofrimento ju n ção era esp ecialm en te n ecessária p o r­ e a conquista da alma que a verdade de que a salvação é exclusi­ vam ente resultado da obra consum ada de 8,9a. A causa do sofrimento. O evange­ C risto , sem nenhum acréscim o de obras, lho da graça de Paulo, no âm ago do qual m érito hum ano nem observância legal, vêe stav am as d ou trinas da ressu rreiçã o do se sob ataque satânico (cf. lT m 4.1-5). C risto encarnado e de sua condição m essi­ A v e rd a d e da g raça foi d iv in a m en te ânica (da posteridade de Davi, 8; Rm 1.3,4), revelada ao apóstolo (Ef 3.1-10) e confiada lev a ra m -n o a so frer p ro v a çõ es ao ponto m esm o do encarceram ento (Ef 6.20). a T im ó te o n a p re sen ça de m u ita s te s te ­ m u n h as. T im ó te o , p o r su a v e z , d ev eria 9b, 10. Os resultados do sofrim ento. Ele tran sm itir essa verd ad e a ou tros h om en s estava aprisionado, mas não a Palavra de fiéis que in stru iriam , ig u alm en te, outros, D eus, 9b. P or isso, a Palavra livre que ele 2. Esse é o m odelo bíblico de educação cris­ p re g a ra o p e ra ria sa lv a ç ã o nas v id a s de tã, o m étodo da propagação do evangelho m uitos. O s "eleito s" são os crentes, ou fu­ aos confins da terra. tu ro s cren tes (E f 1.4-6). Ele su p o rtav a o 3. A pregação da graça suscita conflito. sofrim en to para que esses eleitos p u d es­ A q u ele que ab raça essa m en sag em pode sem ser salvos e no fim glorificados.

[ 590 I 2Timóteo

2.11-14. A união com Cristo e a glória vindoura

O o b re iro n ã o se e n v e rg o n h a rá n em se acanhará por falha no trabalho, pois "m a ­ n eja b e m " (litera lm e n te "c o rta com re ti­ A posição de união do crente. Eis aqui d ã o ") a P a la v ra re v e la d a de D eu s, aqui 11. um a afirm ação confiável, fato indiscutível, cham ad a "p a la v ra da v e rd a d e". Essa ex ­ de que o crente foi alçado pelo batism o do p o siçã o da re v e la çã o d iv in a sem d is to r­ Espírito Santo a um a p osição de u n ião e çõ e s, p e rv e rsõ e s nem c o n tra d iç õ e s só é identificação com Cristo na morte, sepulta­ possível quando o obreiro de D eus se es­ mento e ressurreição (Rm 6.3,4; IC o 12.13; força com diligência para com preender os Cl 2.8-10; Gl 3.27). Aqui, o apóstolo discorre d iversos assuntos das E scrituras, aplicansobre os aspectos da m orte e da vida des­ d o-o s co n fo rm em en te. Só assim se pode sa posição. "S e [Com o] já m orrem os com responder ao erro e às seitas espúrias, 16ele, também com ele viverem os." O aspec­ 18, ilustrados aqui pelo falso ensinam ento to da m orte é in sep aráv el do asp ecto da so b re a re ssu rre içã o . vida. Assim como o crente morreu em Cris­ 19. Estudo bíblico — a chave do viver pie­ to para o pecado, também possui vida nele doso. A verdade revelada expôs que "o fir­ e com ele. me fundamento de Deus", a essência do seu 12a. A experiência de união do crente. Se caráter, "p erm an ece", petream ente imóvel. sofrerm os em nossa exp eriên cia de viver Esse fundamento divino tem um selo (m ar­ em C risto , tam b ém rein arem o s com ele, ca ou estampa) duplo que o confirma: (1) o tanto no p re sen te, com o e x p e riê n c ia de Senhor conhece os seus (Nm 16.5; Jo 10.14); poder e autoridade (Fp 3.10-15), quanto no e (2) o povo do Senhor deve se abster da futuro, como recompensa (Ap 2.26,27; 20.6). impiedade. O santo viver deve ser a prova 12b-14. O problem a da infidelidade do exterior do relacionamento pessoal do cren­ crente. "S e o n eg arm o s, ele tam b ém nos te com Deus. Esses dois princípios percor­ n e g a rá " — n os re je ita rá , c o n s id e ra n d o rem todo o tecido das Escrituras. nos d esq u alificad os para o prém io, d esa­ provando-nos para a recom p ensa da co r­ 2.20-23. Separação e utilidade rida cristã (IC o 9.27, ver com entários). Se espiritual p ersev eram o s na in fid e lid a d e , de m odo que nossa e xp eriên cia en tre em d esco m ­ 20,21. A exem plificação do princípio. O passo com nossa posição, ainda assim "ele e x e m p lo é o de um a g ra n d e ca sa com perm anece fiel, pois não pode n eg ar a si m u itos u ten sílio s, alguns valiosos, outros m esm o", 13 (cf. N m 23.19) Ele n ão pode nem tanto. Alguns existem para usos h on ­ voltar atrás em a sua palavra, sua prom es­ rosos, outros para propósitos desonrosos. sa de nossa segurança e proteção em Cris­ O "s e rv o d o S e n h o r" é um v aso . Se ele to (Jo 10.28,29; Rm 8.1). T im ó teo d everia pretende que D eus o use, precisa apartarlem b rar essas v erd ad es da g ra ça ao seu se do m al — pu rgar-se dos utensílios de­ re b a n h o s, a d v e r tin d o -o s , e n tr e m e n te s , son ro sos. A ssim , ele se tornará um vaso contra debates rasteiros que resu ltem na honroso, santificado tanto em sua posição subversão e na ru ína dos o u v in tes, a fa s­ q u a n to em sua e x p e riê n c ia , "p re p a ra d o tando-os "d a graça que há em C risto Je ­ para toda boa o b ra ". sus", 14 (2.1). 22,23. A enunciação do princípio. "Foge tam bém .das paixões da juventude" (os de­ sejo s in te n so s e a rd e n te s, ou o b sessõ e s, 2.15-19. Estudo bíblico e viver da juventude), mas busca as virtudes cris­ piedoso tãs praticadas por aqueles que "invocam o 15-18.0 uso inteligente das Escrituras — S e n h o r". Só assim é possível m anter um antídoto contra o erro. Estudem , sejam dili­ coração puro (lim po). P erg u n tas in sen sa ­ gentes e zelosos, para que se apresen tem tas e pouco p ro veitosas devem ser e v ita ­ "ap rovad o[s]" (habilitados) perante Deus. das, pois só geram disputa e dissensão, 23.

2Timóteo [ 591 1

0

Odeão

de

Éfeso. Timóteo trabalhou em Éfeso como servo do

Sen hor.

2.24-26. Vitória espiritual

3.1-5. A apostasia

24,25a. O servo de Jesus Cristo. Aqui o p a s to r é ch a m a d o " s e r v o d o S e n h o r " . E m b o ra co n v o ca d o à b a ta lh a e sp iritu a l, n ã o d ev e se e sfo rç a r — c o n te n d e r nem d isp u ta r em um sen tid o n a tu ra l. A n tes, d ev e e x ib ir as c a ra c te rís tic a s da v itó ria sob re si m esm o, sen d o m an so , talen to so e treinado para ensinar, resistente e p aci­ ente d iante de m ales e de ferim en tos, 24. Com m ansidão, ele deve instruir e corrigir aqueles que têm opinião oposta a sua, 25a. 25b,26. As vitórias do servo sobre Sata­ nás. A vitória pessoal do servo, 24,25a, tem uma dupla estratégia: (1) que o Senhor con­ ced a a rre p e n d im e n to a seu s o p o n e n te s, lev an d o -o s à p len a com p reen são da v e r­ dade, 25b; (2) que eles possam voltar a si. A qu eles enredad os na cilad a d iabólica da falsa doutrina tornam -se arrogantes e ine­ b riad o s. Q u and o em tal estad o , ele s tornam -se presa fácil do Diabo, 26.

1. O tempo da apostasia. A importância dessa revelação se vê na frase: "S a b e , po­ rém, que...". Era algo a que Timóteo deveria prestar especial atenção. N as Escrituras, o tempo descrito como "últimos dias", muitas vezes, refere-se ao período m essiânico. Os autores do n t consideravam que os cristãos viviam nos últimos dias, que seriam os dias do afastam ento da verdade. N esses "d ias" deveriam vir "tem p os d ifíceis" que seriam e sp e cia lm e n te p en o so s, ta n to e sp iritu a l com o m oralm ente. As cond ições piorarão cada vez m ais à medida que a era da igreja for se aproximando do final (v. 5). 2-5. A natureza dos apóstatas. Os tem ­ pos difíceis, 1, tornam -se assim pelo caráte r das p esso as en v o lv id as. Serão: (1) os eg oístas; (2) os que am am o dinheiro; (3) os p re s u n ç o s o s e o s te n s iv a m e n te a r r o ­ gantes; (4) os orgulh osos e altivos; (5) os b la sfe m a d o re s, im p ia m en te irre v e ren tes

[ 592 ] 2Timóteo

diante de D eus e das coisas santas; (6) os d eso b ed ien tes aos pais, o b stin a d o s e in ­ d iscip lin a d o s; (7) os in g ratos d ia n te das bênçãos recebidas de D eus e dos hom ens; (8) os im penitentes, que repu diam a d is­ tinção entre o bem e o mal; (9) os que não têm afeto natural, destituídos de am or até mesmo pelos seus; (10) os irreconciliáveis, que não se deixam pacificar; (11) os falsos acusadores, calu n iad o res que são lite ra l­ m ente diabos; (12) os in con tin en tes, im o­ d erad o s e d e s c o n tro la d o s , p riv a d o s do controle do ego; (13) os v iolen tos, selv a ­ gens ou ferozes em atitudes e atos; (14) os que desprezam aqueles que são b on s (li­ teralm ente, o bem ); (15) os traidores, p ér­ fidos; (16) os p recip itad o s, teim o so s que avan çam im p e tu o sa m e n te em b u sca do que querem ; (17) os p reten sio sos, im b u í­ dos dos fulgores do convencim ento, en fa­ tuados; (18) os am antes dos prazeres, mas não am igos de Deus; (19) aqueles que têm "ap arência de religiosid ad e, m as rejeitan do-lhe o p o d er", seguidores de m era reli­ gião fo rm al que p arece v e rd a d eira , m as que continuam a rejeitar a dinâm ica genu­ ína que inspira a vida cristã. 5b. A atitude em relação aos apóstatas. Privilegia-se a separação rígida (cf. 2.4,5,20-23): "Afasta-se tam bém d esses". Essa injunção deve ser considerada em nossos dias.

3.6-9. Resultados da apostasia 6,7. Im oralidade e falso intelectualism o. Os apóstatas sem pre recaem na im o ra li­ dade (2Pe 2.10-14; Jd 4, 8, 10). Aqui eles são rep resentad os com o aq u eles que en tram nas casas e sed u zem as m u lh e re s fra ca s e tolas. L iteralm ente, são "m u lh e rin h a s", carentes da verd ad eira fem in ilid a d e, so ­ brecarregad as de pecad os e afa sta d a s da virtude por várias luxurias, 6 (cf. T t 1.11). Os apóstatas tam bém são vitim ad os pelo falso intelectualism o. V ivem ap rend end o (d iscip lin as filo sóficas e co rrela ta s), m as ja m ais são cap azes de nenhu m c o n h e c i­ m ento preciso ou real da verdade. 8,9. A oposição à verdade. Os apósta­ tas não só são in ca p a z e s de a lc a n ç a r o c o n h e c im e n to p re ciso da v e rd a d e , m as

re so lu ta m e n te "r e s is tir a m " ou se le v a n ­ ta ra m c o n tra a v e rd a d e , co m o Ja n e s e Ja m b res (cf. Êx 7.11,12). E sses nom es fo ­ ram p re se rv a d o s na tra d iç ã o e x tra b íb lica hebraica com o ad v ersários de M oisés. (C f. a q u e le s q u e s u p rim e m a v e rd a d e , Rm 1.18.) São h o m en s em um e sta d o de co rru p ç ã o , p e rv e rtid o s n o p e n sa m e n to , depravados na fé, 8 (Jd 3). Indicam -se seu ju ízo e cond enação, 9. A apostasia é irre­ m ediável e aguarda o ju ízo divino.

3.10-13. Perseguição e apostasia 10,11. A ap ostasia leva à p erseg u ição . A vida e o m in istério do ap ó stolo são um e x e m p lo , 10. P e rse g u içõ e s e trib u la çõ e s o a tin g iram em A n tio q u ia da P isíd ia, 11 (A t 1 3 .4 5 -5 0 ), Icô n io (A t 14 .5 ,6 ) e L istra (A t 14 .1 9 ). Em sua p a c ie n te re sistê n c ia , ele viu a m ão lib erta d o ra do Senhor. 1 2 ,1 3 . P ie d a d e e p e rs e g u içã o . Tod os a q u e le s q u e se d e te rm in a m a v iv e r de m od o p ied o so , em u n ião com C risto Je ­ sus, i.e., determ inados a realizar sua posi­ ção em Cristo por um a experiência de Cris­ to, sofrerão p erseg u ição, 12. Isso será es­ p ecialm en te v erd ad e nos tem p o s d ifíceis que precederão a volta de C risto, pois os p erversos e im p osto res (literalm en te ad i­ vinhos) piorarão cada vez m ais, enganan­ do e sendo enganad os, 13.

3.14-17. As Escrituras e a apostasia 14,15. O papel das Escrituras na vida de Tim óteo. Ele havia estudado as Escrituras e fora con v en cid o de suas verd ad es pela sua avó, pela sua m ãe (1.5,6) e pelo p ró ­ prio apóstolo (lT m 1.1,2; 2Tm 1.12). Desde a in fân cia, estu d a ra os e scrito s sag rad o s (o a t ) . Esses escrito s têm o p od er de dar sabed oria ao hom em , lev a n d o -o à sa lv a ­ ção pela fé em Jesus C risto (Rm 10.17). 16,17. A inspiração e o uso das Escritu­ ras. D eclara-se: (1) a plena in sp iração de todo o a t e, por consequência, de todas as E scritu ra s can ón icas. (2) Q ue as E scritu ­ ras são integralm ente produto de D eus — ditadas por D eus. Foi de fato D eus quem

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Objetos de escrita da época do império romano: tinteiro, canetas e estojo.

com um apelo m u itíssim o grave e in ten ­ so às te s te m u n h a s d iv in a s, D eu s P ai e C risto Jesus, o ju iz de todos, 1 (cf. Jo 5.22). Tão axial é a q u estão de anu nciar as Es­ crituras, 2, que o apóstolo enfatiza a pres­ tação de contas que os m inistros de C ris­ to fa rã o q u a n to ao uso q ue fiz era m da P alavra de D eus. O pregador deve ter uma só am bição — anunciar e proclam ar a Pa­ lavra. Isso im p lica a exp osição sistem áti­ ca e ordenad a dos planos e desígnios de D eu s p ara a h u m a n id a d e p e rd id a , co n ­ c e n tra n d o -se em C risto . Tal tarefa deve ser e xecu ta d a q u er "a te m p o " (co n v e n i­ en te), q u er "fo ra de tem p o " (in co n v en i­ en te); em o u tras palavras, sem pre. 3,4. A razão da incum bência. A Palavra de D eus é o único antídoto contra a apos­ tasia. N esses versículos a apostasia é des­ crita em relação às Escrituras. (1) Os após­ tatas não su p ortarão o en sin am en to sau­ dável ("sã d ou trin a"). (2) Eles "ajuntarão para si m estres" que satisfarão suas luxú4.1-4. A pregação da palavra ria s. (3) D e s e ja rã o "m u ito o u v ir co isa s a g ra d á v e is", que d eseja rã o ard en tem en ­ e a apostasia te ser estim uladas por algum novo erro, 3. 1,2. A solene in cu m b ên cia. Paulo refor­(4) N ão darão ouvidos à verdade (a Pala­ ça a o rd e m — "P re g a a p a la v ra " , 2a — vra), m as às fábulas ou aos mitos.

as produziu — "divinam ente inspirad a". E assim p erm an ecem , q u er o h om em creia q u e r n ão . T êm e ssa im u tá v e l q u a lid a d e objetivam ente inerente em si. (3) Que, com o in sp irad as por D eus, são in falív eis e p le­ n a m e n te a u to riz a d a s , p o is o S e n h o r as gerou, e o erro é incom patível com ele. (4) A s E scritu ras são in tegralm en te úteis: (a) para a dou trina (ensin am en to); (b) para a reprovação ou a censura do erro e do pe­ cad o; (c) para corrigir, re tifica r ou refo r­ m ar; (d) para in stru ir (ed ucação d iscip li­ nar) na justiça, tanto na inerente justiça de D eus quanto na conduta ju sta que ele exi­ ge dos seu s; (e) p a ra que " o h om em de D eus tenha capacid ade e plen o p rep aro ", n o sen tid o de co m p leto sem ca rên cia de nada, com pletam ente habilitado e equipa­ do para "tod a boa ob ra". Esse conceito da p len a in sp iração da B íb lia é u m b a lu a rte contra o erro e a apostasia.

[ 594 1 2Timóteo

4.5-8. A recompensa do pregador fiel

reira" (drom os) se refere a uma corrida nos jo g o s p ú b lico s e é u sad a fig u ra d a m en te para sim bolizar a carreira ou m inistério. O apóstolo havia guardado a fé (Jd 3), prote5. C onselho a um pregador fiel. O con­ gendo-a do erro e da apostasia. selho é: (1) "sê equilibrado", fica alerta; (2) 8. A recom pensa do pregador fiel. A qui "S o fre as afliçõ es" (2.3); (3) "fa z e a obra a fé se v erb aliza em rad ian te esp eran ça. de um e v a n g e lista " (a n u n c ia d o r da boa A "c o ro a da ju s tiç a " é um a recom p en sa nova de que Jesus m orreu para salv ar os pela fid elid ad e e é reservada àqueles que pecadores); (4) "cu m p re", ou executa, seu am am sobrem aneira a vinda de C risto. A ministério. Servir a Deus plenam ente, cum ­ "co ro a " é stephanos, ou coroa da vitória, a prindo integralm ente seu serviço com m á­ g u irla n d a de o liv e ira b ra v a ou p in h e iro xima eficiência. 6,7. Testem unho de um p reg ad o r fiel. d ada ao venced or dos jo g o s gregos. Esse é o triunfo daquele que pregou a Pala­ vra. Paulo afirm a que está "se n d o d erra ­ mado com o oferta de libação", i.e., pronto para d erram ar sua vida com o lib ação ou oferenda líquida, tendo já gasto a vida em sacrifício para prop agar o ev a n g elh o (cf. Fp 2.17). O tempo de sua partida pela m or­ te estava p ró xim o. Ele com batera o bom combate (agonia, luta espiritual, cf. Ef 6.1020), e agora concluíra seu caminho. A "car­

4.9-15. Alertas pessoais de um pregador fiel 9-13. Conselho acerca dos colaboradores. Tim óteo é aconselhado a envidar todos os esforços para ir ter com o apóstolo im edi­ atam ente, 9. A razão era a quase com ple­ ta solidão de Paulo. D em as o havia aban­ donado pelo am or à presente era (ou sis-

Pergaminhos eram utilizados para a escrita da época. Em 2 Timóteo 4.13, Paulo pede a Timóteo que lhe traga seus livros, especialmente os pergaminhos.

tem a m undial). C rescente fora para a Galácia, na Á sia M enor; Tito, para a D alm ácia, vizinha à Itália, do outro lado do m ar Adriático, 10. Só Lucas restara. Paulo pede que M arcos lhe seja levado, 11 (cf. A t 15.3739). O ped id o de M arcos é especialm ente significativo, pois Paulo havia se recusado a lev á-lo na segu nd a viagem m issionária p o r cau sa de sua p o u ca c o n fia b ilid a d e . A p a ren tem en te, M a rco s a m a d u rece ra , e P aulo o p erd oara. P aulo enviara T íq u ico (T t 3.12) a É feso, 12. Ele p ed e a "c a p a ", agasalho com capuz usad o em viagens, e "o s liv r o s ", m as e sp e cia lm e n te os " p e r ­ g a m in h o s", v elin o s, feito s de cou ro fino polido, 13. 14,15. A lertas acerca dos m aus o b re ros. T im óteo é aco n selh ad o a tom ar cu i­ dado com A lexand re, o latoeiro, p ois ele h a v ia re s is tid o re s o lu ta m e n te à m e n s a ­ gem de P aulo, 15.

4.16-18. Testemunho da fidelidade do Senhor 16. A infidelidade do homem. Em sua prim eira defesa (interrogatório prelim inar) p e ra n te C ésar, to d o s h av iam ab an d o n a-

2Timóteo 1 595 1

do Paulo, e ninguém o afiançou nem con­ firm o u su as d ecla ra çõ es. M esm o d ecep­ cionado, ele não queria vingança, e orava para que a negligência deles não lhes fos­ se lançada no rosto. 17,18. A fidelidade de Deus. Por outro lado, o Senhor perm aneceu com Paulo e o fortaleceu, aparentem ente garantind o sua absolv ição e a continu ação de seu m inis­ tério. "L ivrad o da boca do leão" refere-se, e v id en tem en te, ao p o d er rom ano. A qu e­ les que datam 2Tim óteo após a soltura de Paulo de seu prim eiro períod o na prisão usam essa p assag em com o p rova da li­ b e r ta ç ã o . A s s e v e r a -s e a c o n fia n ç a de Paulo na contínua fidelidade do Senhor, 18.

4.19-22. Cumprimentos e saudação final 19-21. Cumprimentos. Entre outros, men­ cionam-se Prisca e Áqiiila, colaboradores de Paulo no evangelho e no negócio de confec­ ção de tendas em Corinto e Éfeso (At 18.2,3), além da "casa de O nesíforo" (1.16-18), Erasto (At 19.22) e Trófimo (At 21.29). 22. Saudação final.

Tito A organização da casa de Deus Autor e data. O autor é Paulo (1.1). Sua carta a Tito foi escrita por volta da mesma época de 1Timóteo (ver discussão ali), aproximadamente em 64 ou 66 d.C., dependendo de Paulo ter sofrido um ou mais períodos de encarceramento.

Tema. Tito ficara na ilha de Creta para organizar as igrejas (1.5). A carta, portanto, tem muito em comum com 1Timóteo, mas apresenta maior ênfase na organização e na administração da igreja.

Esboço 1 Organização eclesiástica bíblica 2 Ministério pastoral junto a vários grupos

Ministério pastoral e ensinamento genérico

3

MAR MEDITERRÂNEO

TitO I 597 1

1.1-4. Saudação a Tito 1-3. D efinição do m inistério de Paulo. O ap óstolo d efine suas fu n ções com o as de um serv o de D eu s e a p ó sto lo de C risto. Seu d esem p en h o n essa s fu n çõ es d ev eria ser avaliado segund o a fé dos "e leito s de D eu s" (a fé pessoal que os crentes possu­ íam ) e o "p le n o con h ecim en to da v erd a­ d e" que gerara pied ad e e certeza de vida e tern a n o s cre n te s cre te n ses. P au lo c o n ­ sidera que sua com issão é a proclam ação da prom essa divina de vida eterna encar­ nada na redenção e na vid a que Cristo, o Verbo divino, oferece, 2,3. 4. Saudação de Paulo a Tito. Ele é cha­ m ad o "v e rd a d e iro filh o na fé que nos é co m u m ", consid erad a com um porque to ­ dos os cren tes d ev eriam ab raçá-la e d es­ frutá-la (cf. lT m 1.1,2).

1.5-9. Qualificações dos presbíteros e bispos 5. Esboço da tarefa de T ito. Paulo dei­ xou T ito em C reta para que o rg a n iz a sse ali as cong regações segu nd o a ordem d i­ vina, nom eando m inistros da igreja (pres­ b íte ro s ). E sse s m in is tro s são c h a m a d o s bispos (episcopoi, "su p erv iso re s") e d iáco­ n o s (d ia k o n o i, " s e r v id o r e s " ) em lT im ó teo 3.1-13. B isp o s e p resb ítero s (presbu tero i) são te rm o s a p a r e n te m e n te u s a d o s p a ra d e s ig n a r o m e sm o c a rg o d a q u e le que p re g a v a e e n s in a v a , além de a tu a r co m o a d m in is tra d o r. O s d iá c o n o s , p o r o u tro lad o , o cu p av am -se das fin a n ça s e filantropias (A t 6.1-7). Contudo, evid en te­ m en te, nem to d o s os p re sb íte ro s e n sin a ­ vam , ou, m ais esp ecifica m e n te , atu avam co m o p a s to re s , e n c a rre g a d o s da s u p e r­ visão de um a igreja. 6-9. A qualificação dos presbíteros (ver lT m 3.1-13). O 's u p e rv iso r', litera lm en te 'ad m in istrad o r de D eu s', é aquele que foi incum bido por D eus de servir ao evan g e­ lho, curador da verdade esp iritu al, 7. En­ tre o u tra s q u a lific a ç õ e s e s s e n c ia is , e le d ev e re te r firm e m e n te a fiel P a la v ra de Deus, 9. Isso só é possível se o presbíterop ro fe sso r se re v e la cu id a d o so estu d a n te

da Bíblia. A ssim , será capaz, por meio de um ensino saudável, de exortar e de con­ vencer os op ositores, 9.

1.10-16. Alerta contra os falsos mestres 10-13». Os legalistas são especialmente citad o s. As ig rejas de C reta enfrentavam o perigo de m uitos que se revelavam "in ­ su b ord inad os, m eros fa la d o re s", dados a discussões e disputas triviais; "engan ad o­ r e s " , d e s e n c a m in h a n d o as p e s so a s em su a s id é ia s. E s p e c ia lm e n te ce n su rá v e is eram os da circu ncisão, i.e, os ju d eu s le­ g alistas. Paulo afirm a que é indispensável atar freio ou m ordaça à boca deles a fim de silenciá-los. Eles corrom pem ou trans­ tornam fam ílias inteiras, ensinando "o que n ão co n v é m " com vistas ao lu cro fin a n ­ ceiro vil ou desonroso, 11. Paulo cita um dos p róp rios p rofetas deles (Epim ênides, “de oraculis"): "C retenses são sem pre m en­ tiro s o s [d e lin q u e n te s ], a n im a is fe ro z e s [brutos cruéis], glutões preguiçosos". Pau­ lo concorda, 13. 13b-16. O rem édio. A situação exige se­ vera rep rim en d a . "re p re e n d e -o s s e v e ra ­ m ente, para que tenham um a fé sad ia" e enjeitem o legalism o, 13b,14 (cf. ITm 1.4). D esse m odo, soa aqui um a nota positiva: que se in cu lq u e a pureza. "T u d o é puro para os puros, mas, para os corrom pidos e in c ré d u lo s, nad a é p u ro ." A razão da im p u rez a é o fa to de e les não terem se regenerado, 15,16a. "E les afirm am que co­ nhecem a D eus ", 16a, significa credulida­ de fá c il, n ão co m p ro v a d a p o r o b ra s, e, p o r ta n to , n ã o os c r e d e n c ia à s a lv a ç ã o (2Tm 3.5,7; cf. Tg 2.14-20).

2.1-4a.0s idosos embelezando o evangelho

1,2. Hom ens idosos. A responsabilidade g en érica do v e rd a d eiro p asto r é ensin ar aquilo que convém à sã doutrina, 1. Homens m ais velhos devem ser "equilibrados, res­ peitáveis, sóbrios, sadios na fé, no amor e na constância" (a qualidade de permanecer graciosam ente fiel em meio à provação).

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3,4a. M ulheres idosas. As m ulheres mais velhas devem ser reverentes em sua con­ d u ta; n ão "c a lu n ia d o r a s " (lite ra lm e n te , não d iab as, co n tro lad as pelo D iab o a cu ­ sador [de diaballo, "a cu sa r"]); não escravi­ za d a s ao e x ce sso de v in h o ; m e s tra s do bem às jovens.

m issos aos seus senhores, agrad and o-lhes em tudo sem ser insolentes nem insu b or­ dinados, 9. Furtar ou roubar era proibido, m as e n fa tiz a v a -s e a n e ce ssid a d e de e x i­ bir m áxim a fidelidade, 10a. 10b. A exposição do propósito. "Para que [os servos] em tudo m ostrem a beleza da doutrina de D eus, nosso S alvad or." E ex­ tre m a m e n te s ig n ific a tiv o q u e e s c r a v o s 2.4-6. Os jovens embelezando com uns tenham sido escolh idos para esse o evangelho elev ad o p ro p ó sito de e m b elez a r o e v a n ­ 4,5. M oças. As m u lh eres cristã s m ais gelho, i.e., honrá-lo ou dignificá-lo, enfeivelhas devem ensinar as m oças, para que tan d o-o ou ad ornan d o-o para que os h o ­ essas sejam "e q u ilib ra d a s" (séria s); am o­ m en s p o ssam v er sua g ló ria exib id a em rosam ente d ed icad as aos seus m arid os e hu m ild es vid as hu m anas. A p alavra que filhos; santas ou castas; trab alh ad o ras no ex p rim e " b e le z a [um a d o rn o ]" (k osm eo) lar; "b o n d o s a s "; su b m issas a seu s m a ri­ gerou a palavra 'co sm ético '. dos. O propósito ou m otivo de tal p ro ce­ der é para que a Palavra de Deus não seja 2.11-15. 0 evangelho e a vida blasfem ad a por cau sa de e sp o sa s te im o ­ embelezada sas e insubord inad as. 6. Os m oços são tam bém exo rta d o s e 11-14. A base da vida embelezada. A "gra­ aconselhados a ser sérios e sensatos. Tal qua­ ça de D eu s" — o im erecido favor e m iseri­ lidade é exigida em todas as idades (cf. 1.8; córd ia d iv ino s con ced id o s aos p ecad ores 2.2,5) e é a marca da maturidade espiritual. d esesp erad am en te p erd id os que confiam na expiação vicária de C risto (Rm 3.24) — constitui o fundam ento da conduta piedo­ 2.7,8. 0 pastor Tito embelezando sa. E ssa graça, que trou xe salv ação e foi o evangelho rev elad a na p esso a e na obra de C risto , 7,8a. O exem plo do pastor. Tito deveria ensina a disciplina e a instrução, bem como servir de exem plo aos moços, 6 (IC o 11.1). se educa uma criança, 11,12a. A lição é que "Em tu do" ele deveria ser m odelo de boas estam os salvos do pecado pela sua graça, obras, 7; exibin d o a q u alid ad e de não se h abilitados, portanto, a um a vida santa e d eix ar co rro m p er p elo e rro d o u trin á rio justa, devendo por isso negar ou rejeitar a nem viciar por ele. Em sua atitude ou pos­ im p ied ad e e as p a ix õ es m u n d an as. Esta tura, d ev eria rev elar 'in te g rid a d e ' e 'r e ­ vida deve ser p o sitiv a, caracterizad a por v erên cia' (g en u in id ad e). 'L in g u a g e m sa ­ um a m en ta lid a d e só b ria (" e q u ilib ra d a ") dia' abarcava toda a sua fala e im plicava p or um a co n d u ta que m ereça a a p ro v a ­ que n ela nad a se d ev eria e n co n tra r que ção de D eu s (" ju s t a " ) e pela re v e rê n c ia fo sse p assív el de co n d e n a çã o , m o stra n ­ perante D eus ("p ie d o sa "). A esfera dessa d o-se irre p re en sív el. atividade é "n este m u nd o", ou era, o cam ­ Sb. O propósito do exemplo pastoral. Tito po de provas da nossa fé, 12. deveria ser m odelar a ponto de cob rir de A m o tiv a ç ã o da co n d u ta p ie d o sa se vergonha o ad v ersário, que nad a teria a deve encontrar na esperança do crente na dizer de mal a respeito do jovem pastor. volta de C risto para os san tos ("b e n d ita e sp eran ça" — "a p a recim en to da g ló ria "), 13. Essa esp eran ça é ainda m ais abençoa­ 2.9,10. Os servos embelezando o da quando se com preende a obra daquele evangelho que virá. Seu sacrifício foi vicário. Pela sua m orte expiatória, ele pagou o resgate para 9,10a. A im posição da boa conduta. Os serv os d evem ser v o lu n ta ria m e n te s u b ­ salvar os pecad ores da escravidão do p e­

TitO [ 599 ]

Porto de Sitia, na ilha de Creta. Tito ficou nessa ilha para organizar as igrejas locais. em belezado perante o m undo porque nós cado ("p ara nos rem ir"), a fim de que eles tam bém (e n fá tic o ) está v a m o s o u tro ra no p u d essem ser p o sse ssã o e x clu siv a m e n te m esm o estad o de perd ição, 3. A ssim d e­ sua, zelo so s das boas obras, 14. Tam anha v e m o s s e r v ir de e x e m p lo s d a g ra ça de graça, em troca, exige um belo viver. 15. A ordem de im por essas verdades. D eus, não de ju izes do m undo. N ós tam ­ b ém éram o s ou tro ra "in s e n sa to s " (tolos, Paulo enfatiza a necessidade de contin u a­ privad os de com preensão espiritual); "d e ­ m en te lem b rar essas in stru çõ es aos c ris­ s o b e d ie n te s " (n ã o q u e ría m o s c re r nem tãos, usando a autoridade que se fizer ne­ nos subm eter à vontade de Deus); "d esen­ c e s s á r ia . E la s são o b r ig a tó r ia s a to d o c a m in h a d o s " (d e s g a r ra d o s , fo rç a d o s a cren te ("n in g u é m te m en o sp rez e"). vagar na escuridão espiritual); "servíam os a v á ria s p aixõ es e p ra z e re s"; viven d o na 3.1-7. Embelezando o evangelho "m a ld a d e e na in v e ja " (m á ín d ole e ciú ­ perante o mundo m e ); "r a n c o r o s o s e o d iá v a m o s u n s aos o u tro s" na d escon fian ça. P essoas que es­ 1,2. A natureza da conduta exemplar. (1) tã o n e s s e e s ta d o p re c isa m p e r c e b e r o O s cren tes d evem lem b rar q ue e stã o su­ anú ncio do evangelho pela vida, para que je ito s ao gov ern o con stitu íd o (Rm 13.1) e possam ver a glória da graça de Deus. d evem ob ed ecer às au torid ad es civis, es­ A seg u n d a ra z ã o d a con d u ta correta tand o p ro n tos a aju d ar em p ro jeto s civis se e n co n tra n a p e rce p ç ã o de que n ossa ou educacionais dignos, 1. (2) N ão devem atual condição se deve inteiram ente à gra­ falar m al de n in g u ém . (3) Em vez de se ça de Deus, 4-7. Isso implica: (1) a com pre­ m o strarem b rigu en tos, os cristãos devem ensão do am or de D eus pelos hom ens ("a ser "e q u ilib ra d o s", exib in d o toda m a n si­ bond ade de D eus [...] e o seu a m o r", phidão a todos os hom ens (crentes ou não), 2. lan th rop ia, i.e., o am or esp ecial de D eu s 3-7. A razão da conduta exemplar. Antes p e la h u m a n id a d e), 4; (2) a com p reensão de tu d o , o e v a n g e lh o da g ra ça d ev e ser

[ 600 1 TltO

de que a salvação é um dom gratuito con ­ cedido com base na m isericórdia e na gra­ ça de Deus, de modo totalm ente indepen­ d e n te do m é rito h u m a n o , 5 a ; (3) a percepção de que Cristo é o canal exclusi­ vo da salvação, que nos assegura o "lavar da regen eração " (a p u rificação do crente da culpa do pecado) e a renovação "p elo Espírito Santo" (a concessão da nova vida na pessoa do E sp írito S a n to que h a b ita dentro de nós), 5b,6; (4) a percep ção das posses que são nossas em Cristo, 7. Entre essas posses estão os fatos de term os sido "ju s tific a d o s " (d e cla ra d o s in o c e n te s do pecado), tornados "h erd eiro s" (habilitados à plena h eran ça da s a lv a ç ã o ), te n d o "a esp eran ça da vid a e te r n a " (a e sp era n ça que a vida eterna nos dá).

3.8-11.Embelezando o evangelho com as boas obras 8. A contínua confirmação das coisas pro­ veitosas. Paulo expõe um princípio essen ­ cial baseado no resum o da verdade apre­ sentado em 4-7: as boas obras devem vir como consequência da fé de cada um. "O s que crêem em D eus" devem ter o cuidado de dar o exem plo da prática diligente das boas obras. Tal fato deve ser reafirm ad o co n sta n tem en te. 9-11. A necessidade de evitar as coisas inúteis. C iladas legalistas, com o as "q u es­ tões to la s" que assolav am o ju d a ísm o , e as "g e n e alo g ias", às quais os ju d eu s atri­ buíam grande im portância (lT m 1.4; 2Tm 2.23), devem ser evitadas porque não têm valor nenhum e são inúteis. "D iscórd ias e d eb ates" (q u erelas e d isp u tas) acerca da lei também se devem evitar, pois são igual­

m ente d esprovidos de valor e não trazem proveito nenhum , 9. O herege, aquele que cria facções e fo­ m enta divisões com o consequência de fal­ sas d outrinas, deve ser evitado depois de ele rechaçar, pela segunda vez, a censura ou o alerta (cf. M t 18.17). Tal pessoa comete pecad o grave, p ois d estrói a u n id ad e do povo de Deus (cf. Ef 4.3-6). Esse é o tipo de pessoa que fo m en ta a d iv isão , o tip o de pessoa que se "p e rv e rte u " (está afastad a ou distante da verdade), e que persiste no pecado, condenando-se a si m esm a, 11.

3.12-15. Saudações finais 12,13. Instruções relativas aos colabora­ dores. Paulo deseja que Tito vá a N icópolis, ond e o a p ó sto lo p lan eja p assar o in ­ verno. Isso talvez tenha oco rrid o entre o p rim eiro encarceram ento e o possível se­ gundo (ver introdução a IT im óteo). Zenas e A poios devem acom panhar Tito, 13. 14,15. Instrução relativa à diligência do cristão . "O s n ossos tam bém aprend am a a p lica r-s e às b o a s o b ra s, p ara su p rir as coisas necessárias, a fim de que não d ei­ xem de dar fru to ." N ão deve haver abuso da graça; nada de pensar que, só porque a pessoa está salva pela graça, independ en­ tem en te de o b ras e m érito h u m an o, não deve h av er g eração de boas obras. A sal­ vação não vem pelas obras (Ef 2.8,9), mas "p a ra as b oas o b ra s " (E f 2.1 0). Tam bém su rg e um re s u lta d o p rá tic o . O s c re n te s p recisam ter recu rso s para as n e ce ssid a ­ des essenciais. Suas vidas não devem ser in fru tífe ra s e e sté re is em re la çã o às re ­ c o m p e n sa s d o tra b a lh o co m u m . D á -s e uma bênção final, 15.

Filemom A fraternidade cristã em ação Autor e data. O apóstolo Paulo é o autor dessa epístola pessoal, 1, escrita provavelmente em 61 ou 62 d.C. A carta é uma das chamadas epístolas do cárcere (ver introdução a Efésios e Colossenses). Foi despachada por Paulo, da sua prisão em Roma, via Tíquico, como o foram também Efésio e Colossenses. Tema. Filemom era um cristão de Colossos, pequena cidade da Ásia Menor, a sudeste de Laodicéia e ao sul de Hierápolis. Seu escravo, Onésimo, o havia aparentemente roubado, fugindo consequentemente para Roma. Ali o escravo desertor conheceu Paulo e foi salvo. O apóstolo o mandou de volta ao seu senhor com essa carta inestimável, preservada para nós.

Esboço 1-7 Paulo saúda e elogia Filemom 8-21 Paulo intercede por Onésimo 22-25 Palavras finais e saudação

A ilustração retrata Filemom e Onésimo, seu escravo.

[ 602 1 Filemom

1-3. Paulo saúda Filemom A saudação. Paulo define-se com o "p ri­ sioneiro de Cristo Jesu s", 1a, não do im pe­ rador rom ano (cf. Ef 3.1; 4.1), pois via o cár­ cere como vontade direta de Deus. Chama Filemom de "am ado" e "nosso com panhei­ ro de trabalho'', identificando-o consigo na com unhão do ev an g elh o . M e n cio n a -se a igreja que se reunia em sua casa. As ca ­ sas dos cre n te s eram g e ra lm e n te os lo ­ cais de e n co n tro de to d a s as p rim e ira s co n g reg a çõ es. 3. A bênção é característica das cartas paulinas (cf. Ef 1.2).

v id a, e a ssev era : "... m as ag ora é m u ito útil para ti e para m im ". Paulo preferiria ter co n serv ad o O n ésim o ju n to dele, pois era útil para assisti-lo e encorajá-lo na pri­ são, com o tam bém por causa do profundo afeto que Paulo lhe tinha; m as resolve de­ volvê-lo a seu senhor, 13. É um a veem en­ te súplica para que Filem om perdoe e re­ ceba de volta esse escravo que fu gira.

14-16. Não como servo, mas como irmão

14. O polido tato de Paulo. "M as eu não quis fazer nada sem o teu consentim ento, para que a tua b on d ad e n ão fosse fo rça ­ da, m as, sim , esp on tân ea." O serviço fo r­ 4-7. Paulo elogia Filemom çad o a C risto não é g en u ín o . A m eta de 4 ,5 .0 amor e a fé de Filemom. Paulo agra­ Paulo era inspirar o m elhor no hom em . dece a Deus e elogia o amor e a fé que File­ 15,16. A hábil análise de Paulo. O após­ mom dem onstra diante do Senhor e de to­ to lo sugere um p ro p ósito m ais p rofu n d o dos os crentes. na questão (cf. Rm 8.28). Talvez O nésim o 6,7. A oração de Paulo por Filemom. Otenha sido afastado de Filem om tem pora­ apóstolo ora para que "o com partilhar" da ria m e n te , p a ra q u e seu m e stre tiv e s s e , fé de Filemom seja "eficaz", no sentido de assim , su a co m p le ta le a ld a d e e se rv iç o se adaptar eficazm ente para trabalh ar pe­ p e rm a n e n te , 15. Isso era ag o ra p o ssív e l los outros na bênção (cf. Tg 2.14,17). Assim, porqu e O n ésim o já não era som ente ser­ os outros podem reconhecer toda qualida­ vo (escravo com um ou cativo ), m as, aci­ de dele em Cristo Jesus (cf. Fp 4.8; 2Pe 1.5,8). ma disso, "irm ão am ado" em Cristo e uni­ Paulo elogia ainda Filemom pelo seu amor, do a Filem om por um víncu lo m ais forte pois o coração (gr. "intestin os") dos santos que qualquer outro, o corpo de Cristo — a têm sido revigorados pelo seu testem unho. igreja. O nésim o era esp ecialm en te caro a Paulo porque o apóstolo era seu pai esp i­ ritual. E a Filem om , seu senhor, era ainda 8-13. Paulo intercede por Onésimo m ais caro, pois, "h u m a n a m en te" (no pla­ 8-10. A intercessão. O escravo fugido de n o n a tu ra l), e le era a g o ra um co n fiá v el Filem om é alvo da in tercessão de Paulo. servo cristão, e "n o Sen h or" (no plano es­ Em bora Paulo, em virtu d e de sua au tori­ piritual), um crente, 16. dade apostólica, p u desse "o rd e n a r " a F i­ lem om o p ro ced e r co rreto em re la çã o a 17-19. Lance na minha conta O nésim o, 8, ele, pelo am or cristão, p refe­ re rogar a ele com o am igo idoso e "p risio­ 17. R eceba-o com o a mim. Paulo renova neiro de C risto Je su s". Paulo cham a O né­ o apelo: "A ssim , se me con sid eras um ir­ sim o de "m eu filh o ", lite ra lm e n te "m eu m ão na f é [partícip e da salvação, p artici­ filho O nésim o, que g e rei q u a n d o estava p a n te da v id a e te rn a co n tig o ], re c e b e -o na prisão", 10 (IC o 4.15). com o se recebesses a m im m esm o", 17. O 11-13. Paulo defende O nésim o. O após­ " s e " não exprim e duvidosa conting ência. tolo re co n h ece liv rem en te que O n é sim o "P o rta n to , assim com o tu m e co n sid era s fora inútil, no sentido de ter dado prejuízo com pan heiro na salvação, con sid era tam ­ bém teu escravo arrependido crente com o ao seu sen h o r. M as ta m b é m e n fa tiz a a m udança que a conversão opera em um a tu, pois agora ele o é."

Filemom [ 603 ]

18,19. Lance o d em érito n a m inh a co n ­ P a u lo , c a s o em q u e tin h a p a ra com o ta. E is aq u i um b elo exem p lo do p rin c í­ a p ó sto lo d ív id a aind a m aior. p io da im p u ta çã o p e lo q u a l os p e ca d o s do p e ca d o r são la n ça d o s ou im p u ta d o s 20-21. A confiança de Paulo à co n ta de C risto , e sua ju s tiç a é c re d i­ em Filemom ta d a ou im p u ta d a à co n ta d o p e c a d o r, tu d o p e la fé. O a p ó sto lo a firm a : "R e c e 20. O p e d id o . Se F ile m o m receb esse b e -o c o m o se r e c e b e s s e s a m im m e s ­ O nésim o de volta, isso traria contentam en­ m o " — cred ite a ele m eu m érito. " E se ele to a Paulo, pois seria um gesto que o ale­ te cau so u algu m p re ju íz o ou te d eve al­ graria e anim aria o seu espírito. g u m a c o is a " — p o n h a is s o n a m in h a 21. A confiança. Paulo confia que Filemom co n ta , la n ce ou im p u te a m im o d em érito fará ainda m ais do que se sugere a este. d ele (cf. T g 2.23). P au lo p a g a rá tu d o o que o e s c r a v o lh e d e v e , 1 9 a ; m a s s u g e r e , 22-25. Pedido e saudações finais p o lid a m e n te , q u e F ile m o m d e v e ta m ­ b ém a e le n ão só o b e n e fício da d ev o lu ­ 22. O pedido. O apóstolo cativo pede a ç ã o de u m e s c r a v o fu g id o , m a s a g o r a F ile m o m q u e lh e a rru m e h o sp e d a g e m , ta m b ém irm ão no Sen h or. P od e ser que p o is ele, na fé, aguarda a libertação. F ile m o m ta m b é m f o s s e c o n v e r s o de 23-25. As saudações.

Medalha de um escravo romano. A inscrição latina nela gravada pode ser traduzida assim: "Se eu fugir, prendam-me e devolvam-me ao meu senhor".

As epístolas judaico-cristãs Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2Pedro, Judas Essas epístolas inspiradas sâo dirigidas principalmente aos crentes judeus. No caso de Hebreus, o propósito é expor a finalidade da salvação de Cristo e alertar contra o perigo de os crentes judeus voltarem aos tipos já cumpridos e ao superado ritualismo do judaísmo. Tiago os instrui nas virtudes práticas encontráveis nos santos do a t. Primeira Pedro é também dirigida aos cristãos judeus da dispersão (1.1,2). Segunda Pedro e Judas são mais gerais, como as epístolas católicas (universais) de 1, 2 e 3João. Todos esses escritos judeu-cristãos diferem das epístolas paulinas pela omissão dos elementos peculiares que foram revelados especialmente ao apóstolo dos gentios, como a natureza, a posição e o destino da igreja, o corpo de Cristo. Por exemplo, a epístola aos Hebreus pressupõe essas verdades,

Relevo de uma menorá, candelabro de sete braços, normalmente usado com um símbolo da fé judaica.

mas não as expõe. Em vez disso, aborda nossa "tão grande salvação" pelo ponto de vista de sua superioridade em relação ao judaísmo, pois a carta é dirigida, primordialmente, aos judeus, e não aos crentes gentios, como o eram as cartas de Paulo. Pode-se dizer que essas epístolas judaico-cristãs tratam mais do inculcar da expressão prática da salvação em um viver coerente fundado nas doutrinas básicas do cristianismo bíblico.

As cartas paulinas, por sua vez, baseiam a mesma conduta nas revelações mais complexas da posição e das posses do cristão em sua união com Cristo (Ef 4.1-3), pela morte, ressurreição, ascensão e volta gloriosa de Jesus (Rm 6.1-11; Ef 1.1-14; Cl 3.1-4). Essa diferença, portanto, não implica, de modo algum, desacordo ou conflito. Ambas apresentam o mesmo Cristo, a mesma salvação e a mesma esperança. Mas a distinção é de desenvolvimento e de alcance.

Hebreus Cristo é superior a todos Autoria. Essa grande epístola é anónima. Alguns atribuem a autoria a Paulo (cf. 2Pe 3.15; Hb 13.23), e há evidências internas que indicam essa possibilidade. Mas na ausência de afirmação direta ou prova indubitável, a questão deve permanecer sem solução. Isso, porém, não afeta a legitimidade da epistola. Livro nenhum contém verdade maior nem se comprova mais divinamente inspirado.

Tema e data. Hebreus atende uma necessidade fundamental ao mostrar o relacionamento do cristianismo com o judaísmo, questão ardorosa na igreja

cristã desde o período apostólico. 0 livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém e do templo pelos romanos em 70 d.C. (cf. 10.11).

Hebreus 1 607 ]

Esboço 1.1— 2.18 A superioridade do Filho sobre os profetas e anjos 3.1— 4.16 A superioridade do Filho sobre Moisés e Josué 5.1— 8.5 A superioridade do sacerdócio de Cristo 8.6— 10.39 A superioridade da nova«aliaríça sobre a antiga aliança 11.1— 13.25 A superioridade da fé

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A macluete do templo de Herodes, posteriormente destruído pelos

[ 608 1 Hebreus

1.1-3. O Filho é superior aos profetas 1. O ministério dos profetas. A palavra dos profetas do at veio por vários m eios e m o d o s (so n h o s, v isõ es, v o z es a u d ív e is, te o fa n ia s, an jo s, h o m en s, e tc .). E m b o ra fosse a Palavra inspirada e infalível ("N o passado, [...] Deus falou "), foi m inistrada por hom ens fracos e falív eis ("p ro fe ta s ") àq u eles que se p ro v aram d eso b e d ie n te s ("aos pais"). 2,3. O superior m inistério do Filho. O ministério do Filho é superior ao dos pro­ fetas do at por causa da sua gloriosa pes­ soa e da sua o b ra cria d o ra e re d en to ra . Essa su p eriorid ad e se revela nas seg u in ­ tes declarações. A eterna divindade de Cristo se revela na referên cia ao "F ilh o ", 2a, O Verbo que era D eu s e se fez ca rn e (h o ­ mem), o u n ig én ito do Pai (Jo 1.1,14). Ele era a revelação plena e fin a l de Deus ao ho­ mem, pois "[D eu s] nos falou pelo F ilh o ", 2a; não por um sim ples hom em , m as por ele m esm o feito hom em . "A quem d esign ou h e rd eiro de todas as coisas", 2b, alude à eterna condição de her­ deiro do Filho. O herdeiro de D eus é Cristo (Rm 8.17). Sua h e ra n ça é sob re to d as as co isas e é e tern a e u n iv e rsa l. O F ilh o é também superior por causa pela sua condi­ ção de C riador, 2c, pois ele n ão só criou o universo m aterial, m as m oldou as eras do tem po. A lu d e-se à sua plen a g ló ria divina quando se diz que ele é o "resp len d o r da sua [de D eus] g ló ria ", 3a. C risto é a e x ­ pressão ab so lu ta dos a trib u to s co le tiv o s da divindade (Jo 1.18; Rm 9.5). Tudo o que Deus é e faz se revela em pleno esplendor no Filho divino. "A representação exata do seu S e r", 3b, refere-se ao fato de o Filho ser a en carn a­ ção do próprio Deus. Deus é visto, ou se tor­ na visível, na pessoa de Jesus Cristo. O Fi­ lho é tam bém o su sten tador (Cl 1.17b) e o mantenedor do universo, "sustentando todas as coisas pela palavra do seu p o d e r", 3c. Em seu gesto redentor, ele fez o que sacerdote nenhum jam ais fizera. Rem oveu com pleta­ mente o pecado do pecador, não apenas o encobrindo temporariamente (Jo 1.29; 18.30;

Hb 5-7). Ele proporcionou a "purificação dos pecados", 3d. Sua redenção foi definitiva. Fi­ nalm ente, diz-se que ele "assentou-se à di­ reita da M ajestade nas alturas", 3e, tom and o -se , em seu a tu a l sta tu s, sa c e rd o te in te rc e s s o r com b a se em um a re d en çã o consumada (Hb 8.1,2; 10.12; 12.2).

1.4-14. 0 Filho é superior aos anjos em sua pessoa e obra 4-9. Superior em sua pessoa. Ele é a d i­ vindade incriada; os anjos são m eras cria­ tu ras, em bo ra su b lim es e sp írito s c e le s ti­ ais. Ele herdou um nom e que é "su p erio r" aos anjos, 4 (cf. 1-3). R eceb eu esse nom e com o con seq u ên cia de sua obra re d en to ­ ra (Rm 1.4; Fp 2.5-8). E um a herança do Pai, que o ex a lto u su p rem am en te, d an d o-lh e esse "nome que está acim a de qualquer outro nome" (Fp 2.9). Deus o chama "m eu Filho" (divindade), 5, em um relacionam ento entre Pai e Filho (2Sm 7.14), contrastando com os anjos (m e­ ras cria tu ra s), que ja m a is são ch am ad os assim. Além disso, afirma-se que Cristo é o "P rim ogénito", 6, título da divindade incria­ da (Cl 1.15), e "to d o s os anjos de D eu s", com o cria tu ra s, são o b rig a d o s a ad orá-lo com o seu Criador. Os anjos são denom ina­ dos seus "m inistros" (criados), 7 (SI 104.4). O Filho é cham ado "D e u s" nos versículos 8,9; a ele atribu em -se qualid ad es d ivinas; anu ncia-se seu ju sto reino e indica-se sua im en su rá v el u n ção com o E sp írito Santo (SI 45.6,7). 10-14. S u p erio r em sua obra. C risto é su p e rio r aos a n jo s em sua ob ra de C ria­ dor, 10-12, e R edentor, 13,14. C om o Senh or c ru c ific a d o e re ssu rre c to , e le se a ssen ta à d ire ita do P ai, até q u e seu s in im ig o s lhe e ste ja m d e b a ix o d os p és (SI 1 1 0 .1 ). A n jo nenhu m ja m a is foi cham ad o assim , 13. O s aVijos têm u m a p o siçã o a b e n ç o a ­ da, m as m u ito in ferio r, 14. C om o cria tu ­ ras, estão todos e n g a ja d o s em um s e rv i­ ço su b lim e, m as su b o rd in ad o , "e s p írito s m in is tr a d o r e s [s e r v id o r e s ]" , d e le g a d o s e e n v ia d o s p ara a s s is tir os "q u e h e rd a ­ rão [no sen tid o de um fu tu ro certo e e s­ ta b e le c id o ] a s a lv a ç ã o " .

Hebreus [ 609 ]

Perspectiva mostra como era o culto em uma sinagoga do primeiro século

2.1-4. Alerta contra os descaminhos

será o estado daquele que rejeitar a palavra do Filho de Deus! Depois vem uma pergun­ ta irre sp o n d ív e l: "C o m o esca p a rem o s se 1. O alerta. C om o foi o in fin itam en te d esco n sid erarm os tão grand e salv ação ?", superior Filho de D eus quem falou, d eve­ 3. Aqueles que pereceram debaixo do juízo m o s n e c e s s a ria m e n te p re s ta r a a te n ç ã o do re g im e m o sa ico serv em co m o a lerta m ais sincera às coisas que ouvim os dele e para nós. Essa palavra de "g ra n d e salva­ a respeito dele (os evangelhos e A tos). Se çã o " foi p ro clam ad a p rim eiram en te pelo os cre n te s h eb re u s ach av am que os p ro ­ próprio Cristo; depois pelos discípulos que fetas do a t d everiam ser ou vid os, quanto ele com issionou, atestados por sinais m ira­ m ais o próprio Senhor da glória! O perigo culosos e dons do Espírito Santo (IC o 12). era que eles p o d iam im p ercep tiv elm en te a fa star-se d essas v erd ad es, lev a d o s p elas 2.5-9. 0 Filho é superior aos anjos fo rtes corren tes do ritu alism o leg alista. em sua autoridade 2-4. A razão do alerta. O autor agora ar­ gumenta do menor ao maior. Se o juízo veio 5. A autoridade do Filho no reino. "O àqueles que violaram a lei dada por inter­ m undo vind ou ro" refere-se à terra habita­ m éd io dos anjos, q u an to m ais g rav e não da da era que há de vir, quando Cristo, o

[ 610 I Hebreus

Filho, voltará em sua gloriosa humanidade para governar com o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16). Esse m undo futu­ ro estará inteiram ente sujeito a Cristo, não a anjos. Essa autoridade é som ente dele. 6-9. A base da autoridade do Filho. Essa citação de Salmos 8.4-6, aludindo ao estado original do primeiro Adão (homem), aplicase a Cristo, o "segundo hom em " (IC o 15.47). Adão, o homem representativo, perdeu seu domínio sobre a terra pelo pecado, m as o último Adão (Cristo, o hom em perfeito) o reconquistou em virtude de sua hum ilha­ ção e morte por todos os hom ens. Ele "foi feito um pouco menor que os anjos", 9, Deus fazendo-se hom em , su b m eten d o -se às li­ m itações hum anas a que os anjos não es­ tão sujeitos, e p reced end o as g lórias que eram suas como Príncipe dos céus. Passan­ do pelo sofrimento da morte, ele, o Im acu­ lado, provou a morte para cada homem. Sua morte foi vicária, substituindo a m orte dos pecadores. Dessa hum ilhação, ele subiu às alturas da exaltação e está coroado de gló­ ria e honra, bem acima das dos anjos.

A referên cia a Salm os 22.22, no v e rsí­ cu lo 12, e x p õ e p ro fe tic a m e n te a e te rn a obra sacerdotal de Cristo, na qual ele con­ tinuam ente revela o nom e de Deus a nós e e n to a os lo u v o re s de D eu s e n tre nós, seus "irm ã o s" (cf. Jo 20.19). "P orei n ele a minha confiança", 13a (cf. Is 8.17), expres­ sa a fé p esso al do F ilh o no Pai. "E is-m e aqui, e os filhos que o SEN H O R me d eu " (Is 8 .1 8 , a r a ) re fe re -s e , na v e rd a d e, aos dois filhos de Isaías, mas é aqui, 13b, apli­ cado ao E spírito Santo para representar a unidade do Filho com seus irmãos. Os an­ jo s não m antêm tal un idade com os red i­ m id o s; ela p e rte n ce so m e n te ao hom em perfeito, o Redentor.

2.14-18. 0 Filho é superior aos anjos por sua conquista sobre o pecado e a morte

14-16. O propósito da encarnação. Esse propósito é triplo: (1) que o encarnado tor­ n asse nu lo, vazio e to talm en te in cap az o poder do D iabo sobre a m orte (Gn 3); (2) que isso se rea liza sse pela m orte do e n ­ 2.1013. 0 Filho é superior aos carn ad o , 14; (3) que a q u e le s que e stiv e ­ anjos em sua perfeita humanidade ram sob o ju go do medo da m orte durante 10. Trazer os filhos à glória. Era desígnio toda a vida fossem libertados, 15. O auxí­ de Deus Pai, "trazer muitos filhos à glória", lio n ão foi d ado aos an jos, m as aos d es­ ce n d e n te s de A b ra ã o e, p a ra tal ta re fa , i.e., consum and o sua salv ação na ressu r­ fe z -se n e c e s s á rio o h o m em -D eu s e n c a r­ reição e na glorificação, tornar com pleta a nado, 16. Só ele poderia cum prir os g ran­ obra do Pioneiro (Líder) de sua salvação pelo sofrimento. Ele, portanto, foi levado à des desígnios divinos da aliança abraâm iplenitude em seu papel de Redentor sofre­ ca (Gn 12.1-3). dor. Por ter sofrido, ele está qualificado para 17,18. O propósito do seu sacerdócio. A encarnação do Filho foi um prelúdio neces­ servir com o Líder d aqu eles que são h er­ sário a seu sacerdócio. Para ser um qualifi­ deiros da salvação, aqueles que são con ­ cado sum o sacerdote em nome dos homens duzidos à glorificação. p e ra n te D eu s, ele d ev eria to rn a r-se " s e ­ 11-13. A união entre o redentor e os redi­ midos. Tanto "o que santifica" (o Filho por m elh an te a seu s irm ã o s", a quem estava conduzindo à glória. Isso im plicava fazerquem o Pai conduz muitos filhos à glória) com o "o s santificados" (os filhos que são se hum ano, d eixando de lado seu esp len­ conduzidos à glória) "vêm de um só", 11. dor e glória celestes e participando dos so­ frim entos e das tentações do hom em , 17a, Têm origem com um em D eu s; p o rtan to , por cau sa dessa u nid ad e, o F ilh o não se 18. Só assim ele poderia ser um "su m o sa­ en v ergon h a de cham á-los irm ãos. C om o cerd ote m isericord ioso e fie l". C om o tal, filhos da glória, 10, eles são d estinad os à C risto fez "p ro p ic ia ç ã o [ex p iação ] p elo s pecados do povo" na cruz (Jo 19.30), dando g lorificação, assim com o C risto, seu P io ­ neiro, já está glorificado. ao hom em acesso a Deus, 17.

Hebreus [6 1 1 ]

3.1-6. 0 Filho é superior a Moisés

ração que torna o hom em teim osam ente in sen sív el e rebelde a Deus, 8a. Ilustrado 1. Santos irm ãos. Pela prim eira vez, os pelo povo de Deus no deserto, 8b, o alerta leitores são cham ad os de "san to s irm ãos, diz respeito ao ato de tentar a Deus pela p articip an te s da vo cação c e le s tia l", 1. Já recusa a crer nele m esm o em face dos si­ n ão sã o s im p le sm e n te ju d e u s com um a n a is g ra c io so s e das p ro v isõ es m ilag ro­ herança terren a, m as m em b ros da igreja, sas, ao m esm o tem po re v e la n d o a d es­ o corpo de Cristo, com "ch am ad o celesti­ cre n ça pela e x ig ên cia de n o v o s sin ais e a l". Isso se enfatiza em todo o livro. m ila g res, 9. Tal pecad o lev ou ao erro, à 1,2. Considerem o Filho. A exortação aqui p e ra m b u la ç ã o e à ig n o râ n cia dos cam i­ é a que se con sid ere C risto, con tem p lan ­ nhos de Deus, 10. do nosso fiel sum o sacerdote a fim de per­ 11. O castigo — a perda do descanso de c e b ê -lo e c o m p r e e n d ê -lo p le n a m e n te D eus. A d escrença, 7-10, instiga a ira de com o o delegado enviado pelo Pai. Ele é o Deus, 11, e provoca seu juram ento, i.e., a su m o s a c e r d o te de n o ssa c o n fis s ã o , a resposta adequada de sua natureza graci­ quem confessam os cren tes, 1. osa e in fin ita m en te santa. O "d e sc a n so " Na com paração entre C risto e M oisés, de D eu s é a tran qu ila certeza íntim a e o d á-se ênfase, no versícu lo 2, à fid elid ad e triun fante senso de paz que ele dá àque­ que cad a qual e x e rce u em sua v o ca çã o . les que nele confiam . E a recom pensa da C risto é "fie l àquele que o constitu iu , as­ fé em D eus e está sim bolizada pela entra­ sim com o tam bém foi M o isés em to d a a da de Israel em Canaã. casa de D eus" (Nm 12.7; M t 26.42). 12-16. A ilusão do pecado. Tão pérfido 3-6.0 Filho contrastado com Moisés. Cristo é o p eca d o ao to rn ar o co ração in se n sí­ é avaliado como m erecedor de mais honras vel e inabalável diante de D eus e de sua que M o isés, p o is em bora am bos tenham Palavra que se fazem n ecessárias a con s­ sido fiéis na administração da econom ia di­ tante ex o rta çã o e a in sistên cia enqu anto vina (a fam ília esp iritu al) confiada a eles, ainda há op ortu n id ad e, 13. O fato de os Cristo construiu a casa (a economia divina), d e s tin a tá r io s se re m c r e n te s g e n u ín o s enquanto M oisés apenas serviu nela, 3-5a. está in d icad o pela afirm ação de que eles Moisés foi fiel como servo livre e dignifica­ eram "p a rtic ip a n te s de C ris to ", 14. Eles do; Cristo foi fiel como Filho. O ministério de precisam continu ar apegados à plena e fi­ Moisés simbolizou e profetizou Cristo, além cácia e fin alid ad e do sacerd ócio de C ris­ das v e rd a d es e d as b ên çã o s que n ele se to, sem recair no ritualism o judaico. Fazêrealizariam, 5 (Dt 18.15,18,19). Ele foi o cum­ lo s e ria e n d u re c e r seu s co ra ç õ e s com o primento de tudo o que M oisés e a lei ansia­ na "p ro v o c a ç ã o " — a rebeld ia de Israel vam na redenção. Os salvos agora constitu­ no d eserto d u ran te quarenta anos, 15,16 em a "casa de D eu s" (IC o 3.9; Ef 2.19-22). (SI 95.8; Êx 17.1-7; Nm 14.1-45). Su a fé se exp ressa em sua co n fia n ça em 17-19. A tragédia da descrença. Os isra­ Cristo, que constitui sua esperança até o dia e lita s " s e r e b e la ra m ", 16, e irrita ra m a da redenção com pleta, 6. D eus, 17. Seus corpos caíram no deserto. Eles perderam o descanso de Deus, 18, por causa da descrença, 19. A red enção, sim ­ 3.7-19 Alerta contra o bolizada pela aspersão do sangue da Pás­ afastamento do Deus vivo coa (Ex 12.12,13) e pela passagem do m ar Verm elho (Êx 14.13-31), teria sua consum a­ 7-10. O pecado do endurecim ento do co­ ração. Esse alerta é dirigido aos irm ãos do ção no "d escanso", ilustrado pela conquis­ ta e co lo n iz a çã o de C an aã. Esse aspecto versículo 1. E urgente ("H o je") e autorizado ("com o diz o Espírito Santo"). Dem andam da salvação foi perdido por causa da des­ se fé e obediência à Palavra de D eus ("se crença. O castigo que resultou foi a morte ouvirdes a sua vo z", SI 95.7-11), 7. O perigo física — seus cad áveres caíram no d eser­ é onitem p oral — o end urecim ento do co­ to (cf. IC o 11.30-31; IJo 5.16).

[ 612 1 Hebreus

4.1-8. 0 Filho é superior a Josué no descanso que concede 1-3 b. O evangelho, fonte do descanso. O crente deve 'tem er' (ter piedosa preocupa­ ção), com o Israel, a m orte pela descrença no "d eserto", sem jam ais poder entrar em Canaã, o lugar de descanso (cf. Nm 14). O descanso de Canaã (M t 11.28-30) é aquela plena confiança na obra consumada de Cristo, tanto para a salvação da alma quanto para a santificação da vida, que traz não só "paz com Deus" (Rm 5.1), mas a "paz de D eus" (Fp 4.7). O evangelho é a fonte dessa paz, pois gira em tom o da obra expiatória do Fi­ lho. Ela (a boa nova) foi pregada a "n ós", como também a "e le s", referindo-se ao Israel do a t . A dificuldade foi "a palavra da pregação de nada lhes aproveitou, porque não foi acom­ panhada pela fé nos que a ouviram". O evan­ gelho, portanto, apontava a futura expiação de Cristo, como agora aponta o mesmo fato passado (IC o 15.1-4). A fé no evangelho é a chave desse descanso, 3a (SI 95.11). 3 c -8 .0 descanso de Deus na criação é mo­ delo. No sétim o dia da criação, D eus d es­ cansou e se revigorou (Ex 31.17; cf. Gn 1.31 — 2.3). Isso serve com o m odelo do descanso que o crente pode agora adentrar espiritu­ alm ente, em m eio à perseguição e ao con­ flito, ao confiar plenam ente na obra consu­ mada de Cristo. A geração que saiu do Egito (exceto C alebe e Jo su é) não entrou nesse descanso por causa da descrença, 6. Tam ­ pouco Josué (aqui cham ado Jesus, a forma gr. de Jo su é ) deu a Israel o d esca n so do m olestam ento dos seus inim igos. Só C ris­ to, o Josué maior, pode proporcionar des­ canso verdadeiro, 8.

Esse d escan so de red en ção rep ou sa in te­ g ralm en te na obra da cruz e elim ina todo esforço individual, m érito hum ano ou rei­ vind icação leg alista com o m eio de salv a­ ção ou santificação, 10 (cf. Ef 2.8-10). Projeta a vitória da fé na conquista dos inim igos espirituais (o m undo, a carne e o Diabo). 1 1 -1 3 .0 descanso deve ser diligentemen­ te buscado. Exorta-se o crente a buscar avi­ dam ente en trar nesse d escan so pela tran ­ quila confiança, lem brando-lhe que alguns de Israel deixaram de entrar no d escanso da Terra Prom etida por causa de sua des­ crença, 11. E preciso fé para possuir o des­ canso que D eus p rop orciona, en qu an to a descrença nos tira tal bênção. O instrum ento que Deus usa para levar os h o m en s ao d esca n so da fé é a viva e dinâm ica Palavra de Deus, 12,13. Essa Pa­ lavra, m ais p en etran te que um a aguçad a esp ada de d ois gum es, corta até o ponto em que as atitudes e os m otivos ficam des­ nudos, onde os pensam entos m ais íntimos de cada um são julgados, 12. Desbasta toda pretensão e logro, revelando-nos com o re­ alm ente som os, 13. A fé que leva ao d es­ can so em C risto se d istin g u e , a ssim , da m era aquiescência e form alism o.

4.14—5.10. 0 sacerdócio de Cristo é superior ao de Arão

4.14-16. Nosso grande sumo sacerdote. C risto, nosso "g ran d e sum o sa cerd o te", é grande por causa de sua consum ada obra re­ dentora, confirm ada porque ele "entrou no céu ", 14. Isso significa que a adoração e a in te rcessã o são ag ora re a liz a d a s so m e n ­ te no santuário celeste, sendo o crente con­ d u zid o d ireta m en te à p re sen ça de D eus (Fp 3.3; Hb 10.19). 4.9-13. 0 Filho é superior a Josué Cristo é também grande porque ele é Je­ na redenção que proporciona sus, o Filho de Deus, qualificado para repre­ 9,10. O descanso redentor está disponí­ sentar o hom em perante o trono de D eus vel ao povo de Deus. Esses v ersícu los se Pai. Ele é cap az de "c o m p a d e c e r-se das re fe re m ao d e sca n so c h a m a d o re p o u so nossas fraq u ezas", pois foi posto à prova sa b á tico (sabbatism os, 'e s ta d o de d e sc a n ­ em todos os aspectos em que nós tam bém so do trabalho'), 9. Implica o descanso com ­ som os, exceto o p ecad o; ou seja, ele não pleto do crente em um a obra p erfeita de teve contato com o pecado (cf. 7.26). Foi o redenção (3-4), assim com o D eus d escan ­ hom em p erfeito, tentado de todas as fo r­ sou de uma ob ra perfeita de criação, 10. mas com o o absolutam ente im aculado.

Hebreus l 613 J

A lém d isso , C risto é g ra n d e p o rq u e transforma o trono divino de santo juízo dos p e cad o res em um trono de g raça para os cren tes, sen d o seu san gu e asp erg id o so ­ bre ele. Ali, o crente encontra contínuo su­ prim ento de m isericórdia e graça para au­ xílio em todas as horas de necessidade, 16. A grandeza de nosso sum o sacerdote cla­ ma a adesão (apego) à confissão dele, 14. E a ele que se confessa, e dele podem os nos a p ro xim ar com co n fian te certeza de que podem os esp erar graça de seu trono, 16. 5.1-4. Q ualificações dos sacerdotes arâm icos. O sum o sacerdote de Israel (1) foi escolhido dentre hom ens, la ; (2) foi ord en a­ do ou designado para m inistrar em prol dos hom ens perante Deus, 1 b; (3) oferecia dons e s a c r ifíc io s p e lo s p e ca d o s, re p re se n ta n d o o pecador, lc ; (4) tinha com paixão pelos p e­ cadores p o rq u e ele m esm o "e s tá ro d ead o de fraq u eza", 2; (5) tam bém oferecia sacri­ fício s pelos seus próprios pecados, não só pe­ los p ecad o s do povo (Lv 16.11), p ois ele tam bém p recisav a de expiação, 3; (6) era ch am ad o jto r D eu s, n ão se e le g e n d o a si m esm o (Ex 28.1; N m 16.40). 5.5-10. Superioridade das qualificações de C risto. C risto estava plen am en te q u a lifi­ ca d o p ara s e r su m o s a c e rd o te , p o rq u e: fora divinam ente escolhido por D eus Pai, 5; (2) fora divinam ente designado para ser um eterno sum o sacerdote da ordem de M elquised eq u e, 6; (3) era um hom em v erd ad eiro, dotado de natureza genuinam ente h u m a­ na enqu anto perm aneceu na terra, e, por­ ta n to , cap az de re p re se n ta r os h o m en s, 7a; (4) foi o verdadeiro sacrifício ou oferenda p elo p ecad o, e n fre n ta n d o a m o rte p elo s pecadores, 7b; (5) foi o vencedor definitivo do p ecad o e da m o rte em sua ressu rre içã o , 7c; (6) foi o substituto perfeito do hom em e seu pecado, pois os sofrim entos de Cristo lhe en sin a ra m a plena o b e d iên cia in d is­ p en sáv el a sua obra re d en to ra , 8. C om o resu ltad o de suas q u alificações perfeitas, ele se tornou fonte de salv ação eterna, e não m era coberta do pecad o (com o o sa ­ crifício do sum o sacerd o te arâm ico). Sua salv ação é etern a porqu e sua p o sição de s a c e rd o te é e te rn a — seg u n d o a ord em de M elquisedeque (ver Hb 7), 9,10.

5.11-14. Apelo à maturidade 11-13. As características do imaturo. An­ tes de desenvolver a verdade do sacerdó­ cio da ordem de M elquisedeque de Cristo, o autor faz outro alerta ou censura na epís­ tola, dessa vez com respeito à im aturida­ de esp iritu al. M u itos dos crentes hebreus a quem se dirigia a epístola eram tardios em ou vir no tocante à aceitação e à com ­ preensão das verdades da fé, 11. Ainda se re v e la v a m ig n o ra n te s em um m o m en to em q u e d e v e ria m já e sta r q u a lific a d o s com o m estres das verd ad es m ais profun­ das, com o o aspecto do sacerdócio da or­ d em de M e lq u is e d e q u e de C risto , 12fl. C om o criancinhas, só podiam receber lei­ te, ou verd ad es elem entares, e não eram qualificad os por causa da falta do conhe­ cim ento da verdade da Palavra, 12b, 13. 14. O contraste dos maduros. Aqueles q ue são m a d u ro s têm u m a alim e n ta çã o adulta, pois são capazes de ingerir a sólida nutrição da Palavra aplicada à vida e à dou­ trina. São atletas treinados na vida espiri­ tual por causa da disciplina por que passa­ ram . A lém d isso , são d o u trin a ria m en te sensatos, capazes de d istinguir entre ver­ dade e erro, pois sua experiência m adura os tornou esp iritu alm ente discernentes.

6.1-3. Avançando ao pleno desenvolvimento la . E xortação ao progresso espiritual. "Assim [por causa do perigo da im aturida­ de, 5.11-14], deixando os aspectos elem en­ ta re s do e n sin o de C risto , p ro ssig a m o s para o aperfeiçoam ento." "D eixand o" nes­ sa passagem sig n ifica avan ço — avançar além das verd ad es elem en tares relativ as a Cristo, rumo à plenitude ou pleno desen­ volvim ento (teleiotes). Talvez o autor tives­ se em m en te a v a n ç a r ao c o n h e cim e n to exp erim en tal da vid a, m orte e re ssu rrei­ ção, etc., de Cristo, além dos sim ples fatos h istó rico s, à re a liz a çã o da posição e das p o sse s do cren te em C risto , seg u n d o as rev elaçõ es das ep ísto las do n t . lb,2. O perigo da lim itação espiritual. O p erig o que põe em risco a m atu ridad e é

[ 614 ) Hebreus

lançar n ov am ente a base em vez de p as­ sar à construção da estrutura superior. As v erd ad es b ásicas que con stitu em a base, a b so lu tam en te n ecessária s, m as n ão fins em si m esm as, são: (1) "a rrep en d im e n to de ob ras m o rta s", 1 c, i.e., a q u ela s ob ras que estavam en vo lvid as na ob ed iên cia à lei mosaica, "m ortas" porque eram inúteis para a o b te n çã o da s a lv a ç ã o e te rn a (A t 15.10; cf. Dt 6.24,25 com G1 3.11,12); (2) "fé em D eu s", 1 d, não fé em seus p rivilégios de judeus (IP e 1.18-21); (3) "en sin o sobre b atism o s", 2a, que para os d estin a tá rio s da epístola incluíam os banhos e ritos de purificação do at além do batism o cristão com água; (4) "im p o siçã o de m ã o s", 2b, um a cerim ónia que sim bolizava id e n tifi­ cação e transferência no at (Lv 16.21), com sig n ificad o s sem elh an tes no n t (A t 5.12; 8.17-19; 9.41; 13.3; 19.6; lT m 4.14; 2Tm 1.6); (5) "r e s s u r r e iç ã o d os m o r to s " , 2c, um a doutrina crida no at (Jó 19.25; SI 16.10; Dn 12.2) e elem en to fu n d am en ta l da p re g a ­ ção do n t , que p ro cla m a v a a e sp era n ça do crente (Lc 24.39, 43; IC o 15.20-22); (6) "ju ízo etern o ", 2d, o ensino de que a hu­ m anidade perdida e os anjos rebeldes so­ frerão castigo eterno (M t 25.41; Ap 20.10). 3. A dinâmica do progresso espiritual. Es­ ses cre n te s ju d eu s, com a p e rm issã o de Deus, precisam buscar a m aturidade, indo além das d o u trin as elem en ta res m en cio ­ nadas há p ou co. D eus só pode con ced er tal bênção quando os crentes confiam nele com fé e lhe perm item op erar neles. "F a ­ rem os" significa que o cristão revela exte­ riorm ente a salvação interior operada por Deus (Fp 3.14).

C risto. Esse pecado residia no afastam en ­ to da graça (salvação em Cristo pela fé so­ m ente) e na reap ro xim ação das o rd en an ­ ças do ju d a ísm o n a m a n u te n çã o de seu relacionam ento com D eus. Era um a n ega­ ção do arrependim ento inicial do crente he­ breu das obras m ortas da lei, que, na reali­ dade, sig n ifica v a a n eg a çã o da com p leta eficácia da m orte de C risto por todo o pe­ cado (Jo 19.30). Evidentem ente, os cristãos a quem se dirigia o autor eram aqueles que haviam recaído no ritual e nos sacrifícios judaicos para a expiação dos pecados. Isso equivalia a crucificar novam ente o Filho de D eus, con sid eran d o -o im p ostor e subm etendo-o a grande indignidade e vergonha pública, pois m enosprezava tanto sua pes­ soa quanto sua obra. Para isso, não havia arrepend im ento nem volta, m as apenas o juizo divino. 7,8. C onsequência do pecado — a rejei­ ção divina. A deserção exige a ação discip lin ad o ra de D eus, p o is a vid a se revela in fru tífera, 7, e há m esm o a p resen ça da d escren ça e do pecad o (send o "esp in h o s e ervas d an in h as" sím bolos da descrença e da m aldição do pecado), 8. O resultado é a r e je iç ã o (a d o k im o s ), d e s a p r o v a ç ã o ou desqualificação (IC o 9.27) para um prémio, sen d o a obra do cre n te q u eim a d a com o m adeira, feno ou restolho no santuário do juízo de Cristo (IC o 3.13-15).

6.9-12. 0 contraste da maturidade em Cristo

9,10. A s coisas m elhores da salvação. Em bora bem atento aos perigos que am e­ a ça v a m e s s e s c r is tã o s h e b re u s em seu 6.4-8. 0 pecado de recair d e se n v o lv im e n to ru m o à m a tu rid a d e , o no judaísmo a u to r e x p re s s a su a c o n fia n ç a n e le s . O s 4,5. Sujeitos — os crentes hebreus. Esses p a s s a d o s d e le s lhe d avam fu n d a m e n to versículos evidenciam que a discussão tra­ para esfea confiança, 10. N ão só ele, mas o ta de crentes que haviam se d esv iad o do p ró p rio D eu s, n ão e sq u ece ria os m u ito s conhecim ento experim ental relativo à pes­ atos de bond ade que eles haviam realiza­ soa e à obra de Cristo, deixando assim de do em prol dos seus irm ãos cristãos, m es­ reclam ar o descanso de D eus e p erm an e­ m o d iante de tribu lação e tentação, "c o i­ cendo im aturos. sa s m e lh o re s e r e la tiv a s à s a lv a ç ã o " 6. Natureza do pecado — o abandono da ev id e n te m e n te é alu são às ob ras fru tífe ­ ras que resultaram da fé incutid a neles. natureza plenamente suficiente da morte de

S in a g o g a em Cafarn au m , d a tad a do terceiro século, co n stru íd a sob re o locâl o nd e ficava um a s in a g o g a do prim eiro sécu lq . - ~

11,12. O desejo do autor. O autor ansia­g ra n d e m e n te [m u ltip lica re i s u p e ra b u n va que seu bom com eço (9,10) con tin u as­ d a n te m e n te ]". F eito para en co rajar a p a­ se ru m o à p len a m atu rid a d e, 11. Isso se ciên cia de A b ra ã o , tal ju ra m e n to a lca n ­ r e a liz a r ia se ca d a u m m a n ife s ta s s e na çou seu o b je tiv o , e o p a tria rca ob tev e a conduta exterior a m esm a sinceridade que p ro m e ss a , 15, ou seja , re c e b e u a p len a fora exibida até aquele ponto. Tal diligên­ g a ra n tia de seu p len o cu m p rim en to. cia resu ltaria na plen a certeza de que no Usando o costume humano do juram en­ final possuiriam ou herdariam as prom es­ to p a ra re s o lv e r um a c o n tro v é rs ia , 16, sas, na con su m ação da era. H averia ten­ D eu s, esta n d o ab so lu tam en te d isp o sto a ta ção e in d o lê n cia ou p reg u iça , m as eles d em onstrar a im utabilidade de seu propó­ d ev eriam ser im itad o res d aqu eles san tos sito, confirm ou a prom essa com um ju ra ­ que h erd arão as p ro m essas, 12. mento. Tento jurado por seu próprio nome, era im p o s s ív e l que D eus m e n tisse . Sua autoridade e integridade estavam em jogo. 6.13-20. Encorajamento O juram ento, portanto, deu a Abraão a ga­ à maturidade em Cristo ra n tia a b so lu ta do cu m p rim e n to , 17,18. 13-18a. A fidelid ade de D eus a A braão. C om o D eu s é im u tá v el, tem os e n c o ra ja ­ A q u e le s q u e e s p e ra v a m h e rd a r a p r o ­ m ento tão forte quanto A braão. m essa, 12, tinham a aliança de D eu s com 18b-20. A fidelidade de Deus em Cristo. A b ra ã o co m o g a ra n tia . E sse p a tr ia rc a é Cristo, o cum prim ento da aliança abraâm i­ a p re s e n ta d o a q u i p a ra s e r v ir de e x e m ­ ca, é nossa garantia, objeto de nossa espe­ p lo d e p e rs e v e ra n ç a n a e sp e ra da p ro ­ rança, 186. Tem os continu am ente essa es­ m essa de D eu s. A b raão p ersev e ro u p o r­ perança com o âncora (enfático) da alma, o que D eu s garan tiu com seu próp rio nom e que nos impede de ficar à deriva. Ela (Cris­ a aliança firm ad a com ele, 13. O ju ra m e n ­ to) está por trás do véu no santuário celes­ to d iv in o , 14, e n v o lv ia u m h e b ra ís m o : te, 19, e ele, nosso precursor e sumo sacer­ "P o r ce rto te a b en ço arei [a b en ço a rei sudote, perm ite-nos seguir após ele e por ele p e ra b u n d a n te m e n te ] e te m u ltip lic a r e i para penetrar no véu — o próprio céu, 20.

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7.1-3. Melquisedeque, o modelo de Cristo como sumo sacerdote 1-3 a. A identidade de M elquisedeque (cf. Gn 14.17-24). Esse hom em era "rei de S a­ le m ", a n tig o nom e de Je ru sa lé m na era patriarcal. Todavia, mais im portante ainda, era "sacerdote do Deus Altíssim o" (El Elyon, 'o que possui [ou 'criou'] os céus e a terra', Gn 14.19,22), la. Sua eminência ou superio­ ridade em relação a A braão se revela em sua bênção, 1b, e no fato de receber o dízi­ mo de Abraão, 2a. Talvez um a dica de seu ca ráte r se e n co n tre na tra d u ç ã o de seu nome, que significa "R ei de ju stiça ", e no significado do seu título de "R ei de Salém ", ou seja, "R e i de p az", 2b. N ão se acham registradas nem a ascendência nem a ge­ nealogia de M elquisedeque; nem se deter­ minam seu nascim ento e m orte, não por­ que era eterno, mas porque esses detalhes são e stran h o s à sua p o sição de m od elo, "sem elhante ao Filho de D eus", 3. 3b. M elquisedeque, m odelo de Cristo. M elquisedeque foi feito sem elhante a Cris­ to em term os de d escrição e sig n ificação simbólica. Enfoca-se, assim, a real autorida­ de de Cristo e a infindável duração de seu sacerdócio, que, por sua vez, baseia-se em sua pessoa (o eterno filho de Deus) e sua obra red entora (com o Rei de ju stiça, Rm 3.25,26; depois, com o Rei de paz, Rm 5.1). Nosso rei-sacerdote agora está sentado "à direita do trono da Majestade no céu" (8.1); ele vive sem pre "para interceder" (7.25b).

7.4-22. A superioridade do sacerdócio de Melquisedeque sobre o de Arão 4-7,9,10. Arão paga dízim o a M elquise­ dequ e. O leito r é e xo rtad o a o b serv a r a grand eza de M elq u ised eq u e, tão g ran d e que até A b raão lhe pagou o d ízim o dos m elhores frutos da terra, 4. E nfatiza-se o fato de o sacerdócio de M elquisedeque ter sido superior ao de Arão, pois os sacerdo­ tes arâm icos (que recebiam o d ízim o do povo), com o descendentes de Abraão, ofe­ receram o dízim o por m eio de A braão a M elqu isedeque, o superior. D essa form a,

M elquisedeque, o "su p erio r", abençoou os levitas, o "in fe rio r", 7. 8. O sacerdócio de Arão foi tem porário; o de M elquisedeque é perm anente. O m i­ nistério levítico, ou arâm ico, foi tem porá­ rio, pois era atendido por hom ens mortais, que aqui estavam de passagem . O m inis­ tério sacerdotal de M elquisedeque, ao con­ trário, era duradouro e não tinha vestígio de m orte. C risto, o antítipo, é enfatizad o na ú ltim a fra se. Seu m in istério é etern o porque é atendido pelo rei-sacerdote im or­ tal, o que conquistou a morte. 11-14. O sacerd ócio arâm ico era lim ita­ do. O sacerd ócio lev ítico carecia de "p e r ­ feiçã o " no sen so de fin alid ad e de função e com p letitu d e de op eração e efeito. N ão p o d ia n em rem o v er o p eca d o n em c o n ­ ceder ju stiça ou, tam pouco, favor e p osi­ ção d ia n te de D e u s, 11a. E ssa c a rê n c ia de p e rfe içã o se reco n h e ce : (1) na n e c e s­ sid ad e que existia de "o u tro s a c e rd o te ", i.e., sacerd o te de um a ordem d iferen te, a ordem de M elqu isedeque, 11b; (2) na n e ­ cessid ade de um a m udança na lei à qual o s a c e r d ó c io a râ m ic o e sta v a in s e p a r a ­ velm en te preso, 12; e (3) na n ecessid ad e de u m a m u d a n ça n os re g u la m e n to s e x ­ clusiv os da lei, que lim itav am o sacerd ó­ cio à tribo de Levi, e, p ortanto, excluíam C risto, no plano hum ano, do serviço, pois ele era da trib o de Ju d á , 13,14a. M o isés não deu n e n h u m a a u to rid a d e s a c e r d o ­ tal a Ju d á, 14b. 15-22. O sacerdócio de M elquisedeque é definitivo. O sacerdócio de Cristo, segun­ do a ordem de M elquisedeque, é d efin iti­ vo e com pleto, em virtude de: (1) sua natu­ reza su p e rio r, 15 (cf. 4 -1 1 ); (2) ter sid o qualificado pelo poder de uma vida indis­ solúvel e não por regulam entos físicos, 16; (3) ter sido in stitu íd o pela au torid ad e da Palavra de Deus, 17; (4) ter introduzido um a m elhor* e sp e ra n ça , com ace sso im ed ia to a D eu s, 19; (5) ter sid o d ecreta d o com o d efinitivo por ju ram ento divino, estabele­ cen d o e o rd e n a n d o o sa ce rd ó c io e tern o de C risto, 20,21; (6) C risto, a garan tia de um a nova e m elhor aliança em virtude da m elhor validade do juram ento, 22 (Jr 31.3133; M t 26.28; IC o 11.25).

Hebreus [ 617 1

7.23-28. Superior eficácia e perpetuidade do sacerdócio de Cristo

ju ra m en to d iv in o, 28. A o con trário da lei m o sa ic a , q u e c o n s titu ía s a ce rd o te s h o ­ m en s que eram e les m esm os pecad ores, o ju r a m e n to d e D eu s em S a lm o s 110.4 23,24. A p erp etu id ad e. O s sacerd o tes (q u e fo i fe ito d ep o is da ou torg a da lei) to rn a o im a c u la d o F ilh o -s a c e rd o te p er­ a râm ico s eram n u m ero so s, p o is a m orte fe ito p a ra sem p re . im p u n h a q u e fo sse m fr e q u e n te m e n te s u b s titu íd o s p e lo s s e u s d e s c e n d e n te s . C o n trastav am com o sa cerd ó cio ú n ico e 8.1-5. Cristo, sumo sacerdote perm anente de Cristo (aparabaton, 'que não no santuário celeste será su p erad o', no sen tid o de não passar 1,2. A realidade do m inistério. O "p o n ­ de um p a ra o u tro ), p o is e le p e rm a n e ce to p rin cip al" do que foi dito é que Cristo para sem pre, 24. "se assentou à direita do trono da M ajes­ 25-28. A su perior eficácia. A natureza tade no céu ", superando totalm ente o sa­ superior da eficácia do sacerdócio de Cris­ cerdócio levítico, 1. Ele está infinitam ente to, b asead a em sua p erp etu id ad e, consis­ acim a de todos os outros sacerdotes, exer­ te, p rim eiro, em sua absoluta capacidade de citand o seu sacerdócio no céu, não na ter­ salvar "perfeitam ente", ou para sem pre (eis ra (1 0 .1 2 ) . O su m o s a c e r d o te , m esm o to panteles, 'por todo o tem po'), 25b. Isso é q u a n d o e n tra v a no sa n tíssim o um a vez p o ssível p o rq u e aq u eles que vão a D eus por ano, apenas se punha por um m om en­ por m eio d ele d esfru tam de sua in in te r­ to perante o sím bolo do trono de Deus. Por rupta in tercessão, que g arante sua salv a­ outro lado, nosso Senhor está sentado per­ ção e tern a. E le vive "se m p re para in te r­ m anentem ente no sublim e trono da M ajes­ c e d e r", n ão sen d o ja m a is tal in tercessã o ta d e , até que seu s in im ig o s fiqu em d e ­ interrom pid a pela m orte. b aixo de seus pés (SI 110.1). Além disso, Segund o, é su p erior porqu e seu sacer­ C risto age com o m inistro no santuário — dote é perfeitam ente adaptado a nossa necessi­ a d m in is tr a d o r d a s c o is a s s a g ra d a s do dade, 26. Ele é: (1) "s a n to ", p erfeitam en te v erd a d eiro tab ern ácu lo celeste. O antigo obediente à vontade de D eus em reveren­ ta b e rn á c u lo era um m ero p re n ú n cio do te p ied ad e (SI 16.10); (2) " in o c e n te " ; (3) celeste, sen d o erg u id o não p elo hom em , "im acu lad o", no sentido de não estar m an­ m as pelo Senhor, 2. ch ad o p e la s m á cu la s d os h o m en s p e c a ­ 3-5. O típico prenúncio do seu m inisté­ dores; (4) "sep arad o dos p eca d o res", ten­ rio. "P o is todo sum o sacerdote é constitu­ do v iv id o em um a c la ss e a p a rta d a d os ído para ap resen tar ofertas e sa crifício s" p ecad ores quando esteve na terra e sep a­ era um tipo desse "su m o sacerd o te" que rado d eles hoje com o sum o sacerd o te no tam bém precisa ter algo a oferecer, 3: ele alto d os céus (cf. Lv 21.12); (5) "ten d o -se se ofereceu a si m esm o, de um a vez por tom ad o mais sublim e que o céu ", pois ele todas, com o sacrifício com pleto e definiti­ literalm ente "e n tro u " os céus (4.14). vo p a ra a re m o ç ã o do p e c a d o . A ssim Terceiro, o sacrifício de seu sacerdócio é com o o su m o sa cerd o te n ã o e n tra v a no definitivo, 27. Em contraste com os sacrifíci­ lu g a r s a n tís s im o sem s a n g u e , tam b ém os cotidianos dos sacerdotes arâm icos (9.6; Cristo não entrou no santíssim o (céu) sem 10.11; cf. Êx 29.38-42), o sacrifício de Cristo seu p ró p rio sa n g u e (IP e 1 .2 ). Ele assim foi um a oferend a defin itiv a de si m esm o. m inistra no céu. Se estivesse aqui na ter­ Ele não p recisav a sacrifica r d iariam en te, ra não seria nem m esm o sacerd o te, pois nem fazer oferen d as pelos seu s pecad os. não era da tribo de Levi, 4. M as m inistra Ele se ofereceu com o sacrifício d efin itivo em realid ad e, en q u an to os sacerdotes lecom pletam ente eficaz, o im aculado sacrifi­ víticos m inistravam som ente "naquilo que cando pelos pecadores (cf. Lv 16.11). é figura e som bra das coisas celestiais", 5 Q u a rto , a e fic á c ia d o s a c e r d ó c io de (Êx 25.40). C risto é su p e rio r p o rq u e está selad o pelo

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8.6-13. A natureza satisfatória da nova aliança 6-9. As limitações da prim eira aliança. A " p rim e ira a lia n ç a " é a a lia n ç a le g a l ou m o saica. Foi ou torgada seg u n d o p rom essas in feriores àq u elas sob re as q u a is se e sta ­ beleceu a nova aliança, 6. E ssas p ro m es­ sas im plicavam condições ("s e ...", Ex 19.57), com p ro m e s s a s d e b ê n ç ã o s p a ra a obediência, m as não forneciam força m o­ tora para tal ob ed iên cia. A nova aliança, ao contrário, é in cond icion al, d efin itiva e irreversível, p ois é D eus quem faz tudo, 8 -10. B a s e ia -s e na o b ra c o n s u m a d a de C risto e g arante b ên ção etern a, seg u nd o a aliança abraâm ica, a to d o s os que c rê ­ em (G1 3.13-29). A prim eira aliança não era definitiva. Não era d esp ro v id a de d e feito s. A lei, com o m étodo de ação divina, não tornava nada perfeito nem definitivo (Rm 8.3; Hb 7.18,19) por causa da pecam inosidade do hom em . Fosse a prim eira satisfatória, não teria sido n ecessária um a seg u nd a. A p rim eira alian ça tam b ém não tinha eficácia, 8,9. N ão dava ao p ecad o r fo rças para o b s e r v a r s u a s c o n d iç õ e s . E m b o ra fornecesse um parâm etro de conduta, fal­ tava a cap acitação para o b serv á -lo , e Is ­ rael desobedeceu e caiu d ebaixo do ju ízo de Deus, 8a, 9b. 10-13. A n atu reza satisfató ria da nova aliança. A o contrário da prim eira, a nova aliança é g ratu ita e in condicion al, 10a. Isso é co n se q u ê n cia do q ue D eu s fa rá s o b e ­ rana e in co n d icio n a lm e n te p o r Isra e l na segunda vinda, e n ão do que eles, im potentem ente, tentarem fazer por D eus (cf. os v erb os na p rim eira p esso a do sin g u ­ lar do futuro do p resen te, 10-12). A nova a lia n ça é tam b ém e s p ir itu a lm e n te e fic a z , 10b, 11, resu ltan d o em re g e n e ra çã o e s p i­ ritu al, 10i>, e con h ecim en to u n iv ersa l do S e n h o r, 11. A lém d isso , e ssa a lia n ç a é tam bém im acu lada e d efin itiv a, 12, b a se a ­ da com o é na com pleta red enção de C ris­ to, reso lv en d o , de um a vez p o r tod as, a q u e stão d o p ecad o de Isra e l e s u p e ra n ­ do a p rim eira aliança, 13 (ver com en tári­ os sob re 10.15-17).

Réplica do peitoral usado pelo sumo sacerdote.

9.1-10. A natureza típica da primeira aliança 1-5. As ordenanças do santuário segun­ do a prim eira aliança. O m inistério dos sa­ cerdotes segundo a aliança m osaica é des­ c r ito co m r e la ç ã o a o s o b je to s do tabernáculo. Ele é escolhido para um a des­ c riçã o e sp e cia l aq u i p o rq u e as o rd e n a n ­ ças sacerd o tais eram o b serv ad as ali d en ­ tro. O re cin to e x te rio r (o L u g ar San to ) é descrito em 2, e o recinto interior (o Santo dos San tos), em 3-5. Cada objeto é típico de C risto, sua p essoa e obra (ver com en­ tários sobre Êx 2 5 —30). 6-10. Os sacrifícios da prim eira aliança. A s a tiv id a d e s lig a d a s ao s a c rifíc io e ao cu lto , d ia ria m en te re p etid a s p elo s sa cer­ dotes no lugar santo, 6, e os sacrifícios do D ia d a E x p ia ç ã o , o fe re c id o s p e lo su m o sacerdote um a vez por ano no Santo dos S a n to s, 7, su g e ria q u e o ace sso d ireto a D eus não era aberto a todo crente, 8. H a­ via regulam entos para o corpo, 10, observân cias antigas e exteriores ligad as a um ta b ern á cu lo im p e rfe ito . Tais o rd e n a n ça s serviam», na era anterior à cruz, com o sím ­ bolos ou exem plos típicos do futuro m inis­ tério g lo rio so de C risto e das realid ad es espirituais que ele realizaria, 9. Eram sím ­ bolos exteriores e tem porais im postos pela prim eira aliança (lei m osaica) até o tem po da re fo rm a (re tific a ç ã o d as co isa s) p e la nova aliança na m orte de Cristo, 10.

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9.11-14. A realidade segundo a nova aliança

p o d eria ter se tornad o M ediador, atuando até o final entre um D eus santo e pe­ c a d o re s c a rre g a d o s de cu lp a , para que 11,12. A essên cia da realid ad e. O su rgi­ eles pudessem se reconciliar, 15a (cf. 8.6; lT m 2 .5 ). C o m o c o n s e q u ê n c ia de sua m e n to de C r is to co m o su m o s a c e rd o te m o rte re d en to ra , a q u e le s cu jo s p ecad os cum priu os tipos tanto de M elquisedeque e sta v a m s im p le s m e n te c o b e rto s d e b a i­ quanto dos sacerd ócios arâm icos por tra­ xo da prim eira aliança (Rm 3.24,25) rece­ zer os "b e n s já p re sen tes", 11a. Ele cu m ­ b e r a m a s s im a " p r o m e s s a d a h e ra n ç a priu o tipo da entrad a anual do sum o sa­ e te r n a ", 156. ce rd o te n o sa n tíssim o (Lv 16) ao e n tra r No AT, a única forma de selar uma ali­ de uma vez por todas no v erd ad eiro L ugar ança era pelo sangue do sacrifício, 16. Da Santo do tab ern ácu lo celeste, 116. Ali ele m esm a form a, a m orte de C risto selou a o fe r e c e u seu p r ó p r io s a n g u e , i n f in it a ­ nova aliança e a pôs em vigor (validou-a), m ente eficaz, no san tu ário de m isericó r­ 17. M esm o entre os hom ens, a aliança (didia celeste, m ostrand o que seu próp rio e a th e k e, te s ta m e n to ) p e rm a n e ce in v á lid a ú n ico s a c rifíc io era in co m p a ra v e lm e n te até a m orte do testador, e só depois entra su p erio r aos m u itos e con tin u ad os sa c rifí­ em vigor. cios d o san g u e de b o d es e b ez e rro s, 12a 18-22. A necessidade da m orte de Cristo (cf. 9.13,14). E sse sacrifício d efin itiv o a s­ foi prenunciada pela lei. A aliança primeira s e g u ro u a r e d e n ç ã o e te r n a , n ã o m e ra ­ ou leg al foi inau g u rad a p elo sangue, 18, m ente um p aliativo tem porário ou um en ­ p rin cip ian d o som ente q uand o M oisés as­ co b rim e n to tra n sitó rio do p ecad o, com o pergiu com sangue o livro da lei e o povo, na p rim eira alian ça, 126. "E te rn a re d en ­ 19, e pronunciou as palavras: "E ste é o san­ çã o " alud e à seg u ran ça e p ro teção que o gue da aliança que Deus vos ordenou", 20 c re n te p o ssu i em C risto , e à su a fu tu ra (Ex 24.1-8). O tabernáculo e todos os uten­ g lo rific a ç ã o e tern a . sílios de cu lto foram igualm en te asp ergi­ 13,14. O sig n ificad o da realid ad e. Essa dos com sangue, 21 (Ex 29.12,36), com o o e te rn a re d e n çã o , c o n q u is ta d a p e lo s a n ­ eram p raticam ente todas as coisas d ebai­ gue de C risto , p u rifica não ap en as e x te ­ xo da antiga dispensação, 22», m ostrando rio r e cerim o n ia lm en te (co m o faziam os assim tip icam en te a necessidad e da m or­ sa crifício s lev ítico s no D ia da E xp iação), te de Cristo. (Ver exceções em Ex 19.10; Lv m as in te rio r e v ita lm e n te p a ra q u e s ir ­ 15.5, etc.) Isso enfatizou essa grande ver­ vam os ao "D e u s v iv o ". Se a asp ersão de d a d e : "S e m d e r ra m a m e n to de sa n g u e p e sso a s c e rim o n ia lm e n te c o n ta m in a d a s [m orte], não há p erd ão" (gr. aphesis, 'la n ­ com san g u e an im al e cin zas de um a n o ­ ça r fo ra ou para lo n g e ', i.e ., s e p a ra çã o vilha verm elha (Nm 19.16-18) podia p u ri­ entre pecado e pecador, cf. Mt 26.28), 226. fic a r e x te r io r m e n te em q u a lq u e r g ra u , não seria m u ito su p erior o grau de p u ri­ fic a ç ã o in te r io r p e lo s a n g u e de C ris to , 9.23-24. 0 santuário superior co m a o b te n ç ã o de u m a s a lv a ç ã o e te r ­ da nova aliança n a m e n te p len a, 14?

9.15-22. A nova aliança selada pelo sangue de Cristo 15-17. A m orte de Cristo como necessi­ dade. A oferta sacrifical de C risto na m or­ te constituiu o início de um a nova aliança b ase ad a nela. Sem sua m o rte, n ã o h a v e ­ ria "te s ta m e n to " ou a lia n ça , 16, nem ele

23a. O tabernáculo m osaico era purgado com sacrifícios de anim ais. Essa tenda e seu pessoal e ritual eram apenas "fig u ras" (no sen tid o de sím b o lo s su g estiv o s) das co i­ sas ce le s te s d o ta b e rn á c u lo ce le ste . S a ­ crifícios anim ais podiam tipicam ente puri­ ficar esse sa n tu á rio terreno inferior, mas n ã o seu a n titíp ic o e su p e rio r s a n tu á rio celeste, 23.

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As alianças das Escrituras *

Aliança e importância Aliança eterna Hb 13.20 A aliança redentora antes do princípio do tempo, entre o Pai e o Filho. Segundo essa aliança, temos redenção eterna, paz eterna do "Deus de paz", por meio da morte e ressurreição do Filho. Aliança edênica Gn 1.26-28 A aliança criadora entre o Deus Trino, como primeira parte (Gn 1.26), e o homem recémcriado, como segunda parte, regendo a criação do homem e a vida na inocência edênica. Regulava o domínio do homem e a subjugação da terra, e apresentava um simples teste de obediência. A penalidade era a morte. Aliança adâmica Gn 3.14-19 A aliança que regia a vida do homem caído na terra. O instrumento de Satanás (a serpente) foi amaldiçoado (Gn 3.14); fez-se a primeira promessa do Redentor (3.15); a condição das mulheres se alterou (3.16); a terra foi amaldiçoada (3.17-19); veio como consequência a morte física e espiritual (3.19). Aliança de Noé Gn 8.20— 9.6 A aliança do governo humano. O homem deve governar seus irmãos para Deus, indicado pela instituição da pena capital como supremo poder judicial do Estado (Gn 9.5,6). Entre outros elementos, há a promessa de redenção pela descendência de Sem (9.26). Aliança abraâmica Gn 12.1-3; confirmada em 13.14-17; 15.1-7; 17.1-8 A aliança da promessa. A posteridade de Abraão se transformaria em uma grande nação. Nele (por Cristo) todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gl 3.16; Jo 8.56-58).

Aliança mosaica Êx 20.1— 31.18 A aliança legal, dada unicamente a Israel. Consistia nos mandamentos (Êx 20.1-26); juízos (sociais) — (Êx 21.1; 24.11) e ordenanças (religiosas); (Êx 24.12— 31.18); também chamada a lei. Era uma aliança condicional de obras, um ministério de "condenação" e "morte" (2Co 3.7-9), que tinha por meta levar o transgressor (condenado assim como o pecador) a Cristo. Aliança palestina Dt 30.1-10 A aliança regia a posse da terra de Canaã por parte de Israel. Entre seus elementos proféticos estão a dispersão pela desobediência (Dt 30.1), o futuro arrependimento na dispersão (30.2), a volta do Senhor (30.3), a restauração (30.4,5), a conversão nacional (3.6), o juízo dos adversários de Israel (30.7), a prosperidade nacional (30.9). Suas bênçãos são condicionadas pela obediência (30.8,10), mas o cumprimento é garantido pela nova aliança. Aliança davídica 2Sm 7.4-17; 1Cr 17.4-15 A aliança do reino, que regia o reinado temporal e eterno da posteridade de Davi. Assegura perpetuamente uma "casa" ou linhagem, um trono e um reino davídicos. Foi confirmada pelo juramento divino em SI 89.30-37 e renovada a Maria em Lc 1.31-33. É cumprida em Cristo como Salvador do mundo e Rei de Israel vindouro (At 1.6; Ap 19.16; 20.4-6). Nova aliança Jr 31.31-33; Mt 26.28; Mc 14.24; Lc 22.20; Hb 8.8-12 A aliança*de bênção incondicional baseada na redenção consumada de Cristo. Assegura a bênção da igreja, derivada da aliança abraâmica (Gl 3.13-20), e garante todas as bênçãos da aliança ao Israel convertido, incluindo as das alianças abraâmica, palestina e davídica. Essa aliança é incondicional, definitiva e irreversível.

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23b,24. O tabernáculo celeste é purgado com sacrifícios superiores. O s "sacrifícios m e lh o re s" (p lu ral) com p reen d em e re s u ­ m em o sacrifício único e definitivo de Cris­ to. Esse sacrifício único supera todos os nu­ m e ro s o s s a c r ifíc io s le v ític o s . N o sso Sen h or, com o ao m esm o tem p o sacerd o ­ te e sacrifício, entrou "n o próprio céu" para a p r e s e n ta r -s e n a im e d ia ta p re s e n ç a de D eus em n o sso nom e, 24, g aran tin d o as­ sim red en ção etern a.

9.25—10.4. 0 sacrifício superior da nova aliança 9 .2 5 -2 8 .0 sacrifício de C risto é definiti­ v o . E ssa n a tu re z a d e fin itiv a é in d ica d a pela oferta com pleta, e a qual não é repetível, que C risto fez de si m esm o, contras­ tand o com o antigo sum o sacerd o te, que a d e n tra v a o s a n tís s im o to d o an o "co m sangue de o u tro ", 25 (Lv 16). Se o sacrifí­ cio de C risto n ão tiv esse sido d efin itiv o, e n tã o "s e ria n e ce ssá rio que e le so fresse m uitas v e ze s", pois os contínuos pecados dos h o m en s e x ig iria m so frim e n to c o n tí­ nuo na terra "d esd e a fundação do m u n­ d o ", 26a. M as seu sacrifício d efin itivo na con su m ação dos tem pos elim in ou e ab o­ liu o pecado — e, por isso, não há necessi­ dade de m ais sacrifícios, 2 6 b. O sacrifício de C risto é definitivo, por­ que: (1) envolveu o sangue de sua glorio­ sa pessoa, 26c, satisfazen d o tod as as e x i­ g ên cias de u m D eu s in fin ita m en te santo d iante dos h om ens p ecad ores; (2) atende p e rfe ita m e n te as n e c e s s id a d e s do p e c a ­ dor que enfrenta a m orte e o juízo, 27; (3) aten d e p erfeitam en te as n ecessid a d es do crente. Cristo ofereceu-se de um a vez por tod as p ara carreg ar os p eca d o s do c re n ­ te, 28a (IC o 15.3; IP e 2.24), e o crente ja ­ m ais terá de enfrentar novam ente a ques­ tão do pecado (Jo 5.24). A vinda de Cristo para os seu s não en vo lverá a questão do pecado, m as sim a "sa lv a çã o ", resultan d o em glorificação (IC o 15.51-57; l jo 3.1,2), 28b. 10.1-4. Os sacrifícios levíticos são im per­ feitos e rep etitivos. Esses sacrifícios esta­ vam diretam ente ligados à lei de M oisés e eram som ente "so m bra" (skia, 'tén u e som ­

b re a r ') dos "b e n s fu tu ro s" (cf. 9.11), i.e., das bênçãos da salvação de Cristo, la . Ca­ reciam do caráter perfeito e definitivo do sacrifício perpétuo de Cristo, 10b, pois es­ ses sacrifício s típicos eram continu am en­ te oferecidos e jam ais conseguiam , de fato, purgar a consciência da culpa e do pecado nos fiéis, 2. Ao contrário, só traziam nova re c o rd a ç ã o dos p eca d o s a serem e x p ia ­ dos, 3, por causa da com pleta incapacida­ de de o sangue anim al rem over o pecado e a culpa, 4.

10.5-10. A nova aliança se baseia no perfeito sacrifício de Cristo 5-7. A profecia do perfeito sacrifício de C risto . Seu sa crifício foi p ro fetiz a d o em Sa lm o s 4 0 .6 -8 p o r D avi, que exp rim iu a v e rd a d e de q u e s a c r ifíc io s d e a n im a is eram im p o ten te s p ara rem o v er os p eca ­ d os (v er v. 4). E ssa p ro fecia retratav a a vinda daquele que entraria no m undo (pela en ca rn a çã o ) para realizar a rem oção dos pecados do hom em , 5a, e enunciava o des­ con ten tam en to de D eus com os sa crifíci­ os e ofertas do sistem a levítico, 5b,6. Pre­ d izia a en ca rn a çã o , "m a s m e p rep araste um corpo", 5c. O hebraico do at dá: "abriste os m eus ou vid os" (SI 40.6), aludindo tam ­ bém à e n ca rn a çã o e à g ra cio sa servid ão de Cristo (Êx 21.5,6). O v e rsícu lo 7 resu m e p ro fetica m en te a obra red en to ra de nosso Senhor: D eus F ilh o entrand o no m undo para encarnarse — "E stou aqui" (cf. Lc 1.35); e sua abso­ lu ta o b e d iê n cia à v o n tad e do P ai, até a m orte — "p ara fazer, ó Deus, a tua vonta­ d e" (cf. Lc 22.42; Fp 2.8). 8 -1 0 .0 perfeito sacrifício de Cristo anula a an tig a ordem . O d esco n ten tam en to do Pai com o ritual levítíco, 8, é contrastado com sua vontade para o Filho, 9. Essa von­ tad e im plicava o sacrifício do Filho a fim de firm a r a n o v a a lia n ça de p e rfe ita re­ d e n ç ã o . R e su lto u tam b ém na fo rm a çã o de um nov o g ru p o de rem id o s, aq u eles que estão sa n tifica d o s em term os de p o ­ s iç ã o (s e p a ra d o s p a ra D eu s com o s a n ­ tos) pela definitiva oferta do próprio cor­ po de Cristo, 10.

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10.11-14. A nova aliança é superior em função da atual posição de Cristo

eficácia su p erior do sacrifício de C risto é notável porque "com um a só oferta [Cris­ to] ap e rfe iço o u p a ra sem p re os q ue estão sen d o s a n tific a d o s ", 14. V er co m en tá rio 11. Status e ministério inferior dos sacer­ sobre o versículo 10. dotes levíticos. A incom pletude e a ineficá­ cia do m inistério do sacerdote lev ítico se 10.15-18. A nova aliança é superior revelavam na repetição do ritual e em sua em função da natureza definitiva posição diante do altar. A repetida oferen­ do sacrifício de Cristo da dos m esm os sacrifícios jam ais poderia 15-17. O testemunho do Espírito. O tes­ elim inar os pecados (jam ais poderia rem o­ temunho do Espírito Santo à natureza defi­ v er os p e ca d o s n o s e n s o de d e s p i-lo s , nitiva do sacrifício de Cristo é citado de Je­ como se despe um a roupa velh a e esg a r­ remias 31.33,34. Essa profecia de um a nova çada que está colada ao corpo). a lia n ça en xerg a a con v ersão de Israel na 12-14. Posição e obra superior de Cristo. segunda vinda, m as com o a n ov a aliança Em notável contraste com a in ad eq u ação se baseia na natureza definitiva do sacrifí­ do sacerdócio levítico, Cristo ofereceu "u m cio de C risto, su as b ên ção s são d esfru ta ­ único sacrifício", sacrifício eficaz pelos pe­ das tanto pela igreja (M t 26.28; IC o 11.25) cados, que serviu para to d o s os tem p os, q u a n to p o r Isra el. C risto , em sua m orte 12a. A com pletude de sua obra foi indicada expiatória sacrifical, realizou a remissão dos pelo fato de que ele "a s s e n to u -s e ", assu ­ pecados e a transform ação da vid a de to­ mindo assim um a posição exaltada de au­ d os a q u e le s q u e n e le d ep o sita m su a fé, toridade e serviço sacerdotal "à direita de 16,17. Foi isso que o Espírito testem unhou. D eus", 126. Ele agora aguarda os resu lta­ 18. Afirm ação resum ida. O sacrifício de dos m ais am p los de sua obra red en tora, C risto é definitivo e com pleto porque as­ quando seus inim igos serão vencidos e seu seg u rou aphesis, com p leta exo n eração do reino, estabelecido em toda a terra, 13. A

V ista do D om o da R o cha, tam b ém co n h e c id o com o M esquita de Omar, em Jeru salém . Essa m esq uita fo i co n stru íd a so b re o local do a n tig o te m p lo do s ju d e u s.

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p ecad or no sentido de perdão incon d icio­ nal. A culpa e a pena dos pecadores ("p e ­ cados e [...] m ald ades"), 17 foram cancela­ das. Q uando esses pecados são totalm ente p e rd o ad o s, n ão há m ais n e ce ssid a d e de "o fe rta pelo p ecad o ". «

10.19-25. Apelo a uma vida de fé 19-22. A b ase do ap elo . S u b ja cen te a essa exortação, 22, está a descrição de tudo o que C risto é e fez, que se en con tra no argum ento precedente dessa epístola. Exi­ ge-se confiança (certeza, coragem ) desses cre n te s h eb reu s para ad en tra rem a p ró ­ pria presença de D eus, porque: (1) o san­ gue de Cristo — eternam ente aceitável por D eus e p len am en te s u fic ie n te — tornou esse acesso possível, 19; (2) Jesu s inaugu­ rou um cam inho novo e vivo que, através do véu, lev a-n os à p resen ça im ed iata de Deus, 20; e (3) tem os u m sum o sacerdote, superior a todos os outros sacerdotes, que está "so bre a casa de D eu s", o verdadeiro santu ário celeste, 21 (ver com entários so­ bre 9.11,12, 23,24). Tais privilégios p erm i­ tem q u e o cre n te se a p ro x im e (v is ite a D eu s íntim a e freq u en tem en te) "co m co­ ração sincero, com a plena certeza da fé", livre das dúvidas de um a má consciência e purificado da corrupção, 22. 23-25. N ovo ap elo. A o exo rtar a um a vida de fé, o autor não só enfatiza a neces­ sidade de possu ir a certeza de poder ir à im ed iata p re sen ça de D eu s (19-22), m as preconiza: (1) fidelidade na esperança que Cristo nos deu, 23, i.e., com pleta confiança na fid elid ad e de D eu s para dar a fu tura h eran ça que ele prom eteu (IP e 1.3-5); (2) consideração uns pelos outros, 24, que re­ sulta no estim ular uns aos outros ao am or e às boas obras; e (3) con stân cia no culto público, 25, que encorajará uns aos outros em vista da vinda ("o D ia") do Senhor e do ju ízo das obras dos crentes.

10.26-31. Alerta contra o retrocesso ao judaísmo 26-29. O problem a do pecado da presun­ ção. Esse pecad o, que am eaçava os cren ­

tes hebreus aos quais a epístola é endere­ çada, consistia em um a atitude obstinada e deliberada contra o pleno conhecim ento (iepignosis) de que eles haviam recebido da v e rd a d e — Je s u s C risto e sua salv a çã o com o cam inho para Deus (cf. 2.1-4; 3.7-19; 5 .1 1 - 6 .2 0 ; 12.3-17, 25-29), 26a. Evidente­ m e n te , e n v o lv ia u m a v o lta às fo rm a s e cerim ó n ias g astas de e x p ia ção dos peca­ dos, coisas que foram cum pridas no sacri­ fício de Cristo. Rejeitando seu único sacrifí­ cio, "já não resta sacrifício pelos pecados" — não há nenhum outro sacrifício em que con fiar, 2 6 b. Tal pecad o atrai o ju íz o de Deus, coisa tem ível e terrível que todos os a d v e r s á r io s (a q u e le s q u e se o p õ em ao m étod o de salv ação pela graça por m eio da fé na m orte e x p ia tó ria de C risto) p o­ d em e sp e ra r, 27. A a cu sa çã o lev a n ta d a con tra e sse s que rejeitam tra z ia : (1) c a l­ car aos pés (espezinhar e tratar vergonho­ sam ente) o Filho de Deus, que conquistou tão grande salvação; (2) rejeitar com o co ­ m u m e p ro fa n o o san g u e da alian ça de Cristo, pelo qual o crente é consagrado; e (3) insultar o Espírito Santo que dispensa a graciosa bênção de D eus, 29. 30,31. O castigo. Se aquele que despre­ z ava a a n tig a a lian ça e n fre n ta v a sev ero juízo, 28 (Dt 17.2-6), quanto pior não será o castigo daqueles que desprezarem a nova aliança, 29? Cita-se D euteronôm io 32.35,36 para dar provas adicionais do juízo que os que rejeitam podem esperar, 30. Esse cas­ tigo está reservado ao "seu povo", e pode ser execu tad o por presente ação d iscip li­ nar ou no futuro santuário do juízo de Cris­ to (ver com entários sobre IC o 3.11-17). Em qualquer dos casos, implica cair nas mãos "d o D eus v iv o ", ju iz de toda a terra, 31, coisa digna de terror e temor.

10.32-39. Chamado à fé paciente 32-34. O cham ado à lem brança da antiga fé. Esses hesitantes crentes hebreus, am e­ açados pela volta às ordenanças e ao ritu­ al m o sa ico s, são ch am ad os a lem b rar-se dos dias passados nos quais, depois de es­ p iritu alm en te ilu m in ad o s com respeito à eterna redenção de Cristo, provaram sua fé

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suportand o "g ran d e desafio de sofrim en ­ tos", 32. Entre outras coisas, foram pu bli­ cam en te e xp o sto s aos v io le n to s in su lto s de judeus incrédulos, ou sinceram ente par­ tilharam solidários dos sofrim entos de ou ­ tros crentes que receberam tal tra ta m en ­ to, 33. Além disso, eles haviam dem onstrado a legitim idade de sua fé em C risto e x p res­ sando solid ária com p aix ã o p elo s cativo s (incluindo o autor da epístola) e aceitando com alegria o espólio de seus bens — en­ xergando com os olhos da fé p o sses m e­ lhores e duradouras, 34. 35-39. O chamado a perseverar na fé paci­ ente. Esses crentes, diante de sua anterior expressão de fé, são incentivados agora a não jogar "fora" sua intrépida confiança em Cristo, que traz consigo excelen te recom ­ pensa, 35. A necessidade atual é a perseve­ rança (hupomone, a qualidade de suportar a provação e a dificuldade com perseverante resistên cia), para que, tend o re a liz a d o a vontade de Deus, possam alcançar "a pro­ m essa", a recom pensa prom etida ligada à iminente volta do Senhor, 36,37. A fé deve ser o tema da vida do crente, e não as formas e as obras legalistas (Hc 2.3,4; Rm 1.17; Gl 3.11). Mas se algum deles, para fugir à perseguição ou ao ostracismo, rene­ gar a fé professada em favor do legalismo, Deus dará voz a seu descontentamento, e o juízo será certo (cf. 26-31), 38. O autor perce­ be que seus leitores têm fé genuína, que não lhes permitirá retroceder rumo à ruína eter­ na; antes, estão entre os "que crêem para a preservação da vid a", 39.

esperança a fé em ação com respeito à fu­ tura realidade das presentes prom essas; e (2) uma firm e convicção ou íntim a persua­ são de coisas ainda não reais, mas que cer­ tamente o serão (cf. 2Co 5.7). 2,3. As realizações da fé perseverante. A fé permite aos hom ens receber a aprovação divi­ na, 2, e compreender a verdade espiritual, 3. Cre­ mos, portanto sabemos (o credo ut intelligam, de Anselmo), por meio de um intelecto ilu­ minado pelo Espírito. Tal conhecimento gera entendim ento dos atos criadores de Deus e a divina ordenação das eras para seu pró­ prio fim e glória.

11.4-40. A fé que antevia a promessa — Cristo

Abel e Enoque 4. O sacrifício de fé de Abel. Seu sacrifí­ cio foi "su p erior" no sentido de ser m aior e de valor m ais exelente. E nvolvia o d erra­ m am ento de sangue expiatório, sim bólico da fé e obediência de Abel à revelação di­ vina de que o hom em caído era pecador e precisava da interposição de um substituto (Gn 3.15,21; Hb 9.22). A oferenda de Caim era a apresentação de suas próprias obras e não asseg u rava aceitação ju n to a D eus (ver com en tários sobre Gn 4). A o co n trá­ rio, o sacrifício de Abel garantiu a declara­ ção divina de que ele era justo e testificou a todos os h o m en s de todas as era s que a salv ação vem pela fé na m orte expiatória de um substituto aceitável (Jo 1.29). 5,6. A vida de fé de Enoque. (Cf. Gn 5.23,24.) Sua v id a de in a b a lá v e l co m u n h ã o com D eus resu ltou na traslad ação ao céu sem 11.1-3. A superioridade da fé que ele seq u er tiv e sse q u a lq u er v islu m ­ perseverante bre de m orte. A natu reza de sua vid a foi 1. Definição de fé perseverante. A fé aqui tal que D eus p ô d e testifica r que Enoque definida não é a fé no seu sentido mais am ­ lhe havia agradado, 5. Assim, sua vida foi um exem p lo da verd ad e de que o ca m i­ plo ou na sua plena natureza, mas especifi­ nho da fé é o único meio de agradar a Deus cam ente a fé perseverante. E preconizada aos cre n te s sob p ro vação e so frim e n to s, e dele se aproxim ar, 6. para que consigam continuar rumo à perfei­ Noé ção (6.1-20), evitando a deserção (10.19-39). Tal fé é qualificada como: (1) a certeza (hu7. O ato de fé de Noé. Noé construiu a postasis, aquilo que se encontra sob uma fun­ arca por causa de sua fé na palavra profé­ d ação ou base, d and o certeza de re a liz a ­ tica de D eu s a resp eito de a co n te cim e n ­ ção) das coisas que se esperam — sendo a tos dos quais não havia ainda nenhum si­

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nal visível. Com o consequência desse ato: (1) sua fam ília foi salva do ju íz o ; (2) seu testem u nho de cento e vinte anos cond e­ nou o m u n d o por cau sa d a d escren ça; e (3) ele se tornou h erd eiro (possu id or) da ju s tiç a p o r ca u sa de su a fé (m a is ta rd e exibida na sua oferenda, G n 6.13-52). Abraão e Sara 8-10. A obediência da fé de A braão. Ao deixar sua casa em Ur, e m ais tarde H arã (G n 11.31 — 12.4), por C an aã, A braão exi­ b iu um a fé ob ed ien te e in ab alável, pois a terra para a qual partiu ainda não lhe es­ tava p ro m etid a, e q u and o o foi, os canan e u s ain d a a p o ssu íam . S u a fé era ta m ­ bém inesitante, resoluta, pois ele não sabia para onde estava indo, 8b, e peregrinou, pois v iv eu em te rra e stra n g e ira sem m o rad a perm anente, 9. E speran çosam en te na fé, "a cidade que tem fundam entos, da qual Deus é o arquiteto e constru tor", 10 (Ap 21.19,20; cf. Jo 8.56; Hb 11.16; 12.22; 13.14). 11,12. A força da fé de Sara. Pela fé Sara recebeu força física para conceber Isaque, o filho da prom essa na linhagem de Cristo, quando já iam longe seus anos férteis, pois ela considerava Deus, que lhe havia feito a prom essa, fiel e confiável na m anu tenção de sua palavra, 11 (cf. G n 17.19; 18.11-14; 21.1,2). Por causa de sua confiança em Deus, Abraão e Sara, m esm o fisicamente já am or­ tecidos, tornaram -se pais de m ultidões nu­ m erosas com o as estrelas do céu e as arei­ as da praia, 12. Todos os judeus remontam a ele s su a ascen d ê n cia física , e to d o s os crentes rem ontam sua ascendência esp iri­ tu al a esse casal abençoado. A realidade e a esperança da fé 13-15. A realidade. A genuinidade da fé dos santos do a t se revela: (1) em sua morte — todos morreram na fé, pois foram m ovi­ dos e inspirados até o fim pela sua confiança em Deus, 13a; (2) em sua inabalável confiança, apesar de não terem visto o cum prim ento das promessas, 13b (Gn 3.15; 12.1-4,7); (3) em sua vida separada e peregrina, com o consequ­ ência de terem recebido as prom essas, 13c (cf. Gn 23.4; SI 39.12); e (4) em suas palavras e atos, provando que buscavam uma pátria ce­

lestial, (14,15), pois tinham toda a condição de voltar para a M esopotâm ia e para Ur, caso assim desejassem . 16. A esperança. A genuína fé dos santos do a t expressava-se na esperança de uma pátria melhor (o céu). Deus respondeu iden­ tificand o-se com o o D eus de A braão, Isa­ que e Jacó (Êx 3.6, 15; 4.5). Cumprindo sua e sp era n ça , ele "lh e s prep arou um a cid a­ d e ", a N ova Jeru salém (Is 2.2; Ez 4 0 —48; Hb 12.22; 13.14; Ap 2 1 - 2 2 ) . Abraão e Isaque 17,18. A fé de Abraão é severamente tes­ tada. O suprem o teste da fé de Abraão foi a oferta de Isaque com o sacrifício (Gn 22.110). Em intenção, ele de fato sacrificou seu "ú n ico filh o ", tipificand o o Pai, "q u e não poupou nem o próprio Filho, mas, ao con­ trário, o entregou por todos nós" (Rm 8.32). O teste foi intensificado porque Deus dis­ sera a Abraão, face a face, "p or Isaque será cham ada a tua descendência" (Gn 21.12). 19. A fé sin gu larm ente triu nfante de A braão. Sua fé superou o teste suprem o, porque: (1) venceu o medo da morte — ele "considerou que Deus era poderoso até para o ressuscitar dos m ortos" (gr.); e (2) resga­ tou Isaque da morte por aquilo que foi uma parábola da ressurreição, no sentido de que Isaque estava figuradam ente morto, por ter sido virtualm ente sacrificado. Isaque, Jacó e José 20-21. A bênção de fé de Isaque e Jacó. Isaqu e, pela fé, ao abençoar Jacó e Esaú, dispensou coisas ainda futuras como se fos­ sem presentes (Gn 27.27-29, 39,40). Jacó teve a preced ência porque suas bênçãos eram esp iritu ais. "P e la fé, Jacó, quand o estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de Jo sé" (cf. Gn 47.29; 48.8-20). Incapaz de distingui-los visualmente, pôde discerni-los pela fé e, intencionalmente, pousou sua mão direita sobre Efraim, o mais jovem, lhe mos­ trando, pela fé, que Efraim seria maior que M anassés. O Jacó idoso e m oribundo, de­ pois de fazê-lo, "ad orou , apoiado sobre a extrem idade do seu bord ão", em blem a de sua peregrin ação divinam ente sustentada até a cidade celestial.

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A ilustração retrata M oisés diante do tro no do fa raó egíp cio. "Pela fé, M oisés, qu an do já hom em feito, recusou ser cham ado filh o da filh a de Faraó, p referin do ser m altratado ju n to com o po vo de D eus a u su fru ir praze re s tran sitó rio s do pecado..." (H b 11.24-25).

22. As instruções de fé de José. "Pela fé, vez grande beleza) quando bebê era, pro­ José, próximo do seu fim, [lembrando-se da vavelm ente, o sinal d ivinam ente d esign a­ promessa de Deus] fez menção da saída dos do pelo qual D eus elevou a fé dos pais de filhos de Israel do Egito e deu ordem relati­ M oisés à convicção de que seu m enininho vas aos seus ossos" (gr., Gn 50.24,25). Sua estava destinado a ser o libertador — pois elevada posição não o cegou ao fato de que "v ira m [pela fé] que o m en in o era b elo " o Egito não era sua terra (cf. Js 24.32). Ele (cf. A t 7.20). acreditava que Deus cumpriria sua palavra, 24-26’. A decisão de fé de M oisés. Já adul­ realizando o êxodo e a restauração de Isra­ to, M o isés d e lib e ra d a m e n te re cu so u ser el a Canaã (Gn 15.13-21), e no final ressusci­ identificado com o "filh o da filha do Faraó", taria seu corpo físico para a Canaã celeste. recu san d o tam bém a em in ência e a p o si­ ção real que seriam suas (Êx 2.10), 24. Ele Moisés no Egito preferiu p articip ar das d ificu ld ad es e su ­ 2 3 .0 ato de fé de seus pais (cf. Êx 1.22— portar o duro tratam ento ao lado do povo 2.2). A aparência incomum de M oisés (tal­ de D eus a d esfru tar dos passageiros pra-

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não com hom ens, mas somente com Deus, que estava sem pre diante dos olhos da fé. 28-29. A Páscoa de fé de Moisés. A sim­ ples fé em Deus fez que Moisés instituísse a Páscoa e a aspersão do sangue nas ombrei­ ras das portas, para que o destruidor dos prim ogénitos não tocasse nos israelitas (Êx 12.21-30). Pela m esm a confiança em Deus, Israel cruzou o m ar Vermelho com paredes de água de cada lado. O que era fé para o povo de Deus, era presunção para seus ini­ migos, que foram engolidos pelas areias e pelas ondas do mar (Êx 14.21-31; 15.12). Josué e Raabe 30. A m archa de fé de Josué. Pela fé os m uros de Jericó ruíram d epois que os is­ raelitas m archaram em tom o deles duran­ te sete d ias, co n tra sta n d o com os cercos que m uitas vezes duravam anos. A fé, não a m archa nem o soar de trom betas, libe­ rou o poder de D eus para lançar abaixo os m uros (Js 6.12-21). 31. A hospitalidade de fé de Raabe. Raa­ b e, a p ro s titu ta de Je r ic ó , n ã o p ereceu com seus concidadãos descrentes, pois re­ ce b e u os e sp iõ e s isr a e lita s em sua casa e, assim , exibiu fé pessoal em sua confis­ são (Js 2.9-11).

zeres de uma vida de pecado, 25. Essa de­ cisão foi feita porque a fé lhe deu um vis­ lu m b re do M e s s ia s v in d o u ro , e M o isé s co n sid ero u que s o fre r p o r e le lhe tra ria "u m a riq u e z a m a io r do que os teso u ro s do E gito", 26. Moisés deixa o Egito 27. A fuga de fé de Moisés (cf. Êx 2.14,15). A fuga de M oisés representou a irrevogá­ vel decisão de fé que para sem pre o sepa­ rou do Egito e o uniu ao povo de D eus com o seu libertador. Ele fugiu sem tem er Faraó, tudo suportando porque via "aquele que é in visív el". Agiu com o se estivesse lidando

De Gideão a Samuel e os profetas 32. O utros heróis da fé. Resumindo, o autor m enciona G ideão (Jz 6 —8), Baraque (Jz 4 —5), Sansão (Jz 13—16), Jefté (Jz 11—12), D avi (IS m 1 6 - 3 0 ; 2Sm 1 - 2 4 , lR s 1 - 2 ) e Sam uel (ISm 1 — 16). 33-34. Os atos de bravura. Eles que eram fortes na fé: (1) conquistaram reinos — e.g., Davi (2Sm 8); (2) executaram atos de justi­ ça — e.g ., Sam u el (IS m 12.3-23; 15.33) e D avi (2Sm 8.15); (3) alcan çaram prom es­ sas — e.g., os profetas (Js 21.45; lR s 8.56); (4) fecharam a boca de leõ es — e.g., San ­ são (Jz 14 .5 ,6 ), D avi (IS m 17.3 4 -3 7 ), Benaia (2Sm 23.20), D aniel (Dn 6.22); (5) ex ­ tinguiram o poder do fogo — e.g., os três isra e lita s (D n 3 .2 5 ); (6) e sca p a ra m à lâ ­ m in a da e sp a d a — e .g ., Je fté (Jz 12.3), D avi (IS m 18.11; 19.10), Elias (lR s 19.1,2), Eliseu (2Rs 6.14-17); (7) na fraqueza foram fo rtalecid o s — e.g ., S an são (Jz 16.28-30);

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(8) foram poderosos na guerra, arrasando exércitos — e.g ., B araq u e (Jz 4.1 4 ,1 5 ), os m acabeu s (lM c 15); (9) m u lheres receb e­ ram de volta seus m ortos pela ressu rre i­ ção — e.g., a viúva de Sarepta (lR s 17.1724), a sunam ita (2Rs 4.17-35). 35-37. Os sofrim entos. M uitos dos fiéis sofreram e das m as v ariad as fo rm as: (1) torturados — e.g., Eleazar (2Mc 6.18; 19.20,30), que foi esticado na roda e espancado até a morte — e não aceitaram a libertação, para que pudessem alcançar uma melhor ressur­ reição, i .e , a prim eira ressurreição à vida, sendo seu martírio a suprema prova de sua fé Salvadora; (2) açoitad os e aprisionados — e.g., Hanani (2Cr 16.10); (3) apedrejados — e.g., Zacarias, filho de Joaida (2Cr 24.2022; M t 23.35); (4) serrados ao m eio — e.g., Isaías por M anassés, segu nd o a trad ição; (5) várias ou tras aflições, com o ser ten ta­ dos ao pecado, mortos pela lâmina da espa­ da, m altratados, espoliados. 38. A avaliação. O m undo não era digno deles. Tratando-os assim , o m undo conde­ nou a si m esm o. 39-40. A fé dos santos do a t e a nossa. Os santos do a t ganharam a aprovação com o resultado de sua fé; mas não viram a com ­ pleta salvação de Cristo nem o cumprimento da nova aliança com suas bênçãos indivi­ duais e nacionais. Essa perfeição virá para os santos do a t com o do n t , quando Cristo voltar para com pletar a salv ação e rein ar como Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Detalhe gravado na menorá, o candelabro de sete braços que se encontra na frente do Knesset (Parlamento israelense), em Jerusalém, mostra o terrível lamento dos judeus exilados na Babilónia.

d or se liv ra ria das ro u p as " e do p ecad o q u e ten a zm en te n o s a sse d ia ". 2-4. A m eta da fé. A m eta é "Je s u s", o S a lv a d o r p len a m en te s u ficie n te ; p o rta n ­ to, o olh ar d eve p erm an ecer fir m e nele d u ­ ra n te to d o o cu rso da co rrid a . O cren te deve fixar "o s olhos em Jesu s, o A u to r e C o n su m ad o r da n ossa fé ", alheio a q u a l­ quer ou tro su p o sto S alvad or, pois: (1) ele é o ú n ico S alvad or, 2a; (2) é ele quem ori­ gina e ap erfeiçoa nossa fé, 2b; (3) ele é o e x e m p lo s u p re m o de fé s ó lid a — " p o r cau sa da a leg ria que lhe e sta v a p ro p o s­ ta, suportou a c ru z ", 2c; (4) ele ven ceu a 12.1-4. A corrida e a meta da fé corrid a e com o resu lta d o d isso "e s tá a s­ 1. A corrida da fé. O sím ile de um anfi­ sen tad o à d ireita do tro n o de D e u s", 2 d; (5) seu exem p lo é o an tíd oto con tra o d e­ teatro repleto de santos do a t (11.4-38) que testem unham os crentes do n t disputando sân im o , 3; (6) su as lu ta s foram in fin ita ­ a corrida da fé constitu i um in centiv o ao m e n te m a io re s q u e a s n o s s a s , e a ssim m esm o e le saiu v ito rio so , 4. c ris tã o e n q u a n to e le co rre . " P o r ta n to " , com o tem os em torno de n ós tão grand e com panhia de testem unhas do a t , que se 12.5-11. 0 castigo como saíram tão bem em suas vidas, "corram os incentivo à fé [continuem os correndo], com p ersev eran­ 5-9. A d isciplina da fé. O castigo divino ça, a corrida [agona, um a d ispu ta que de­ é um e n c o ra ja m e n to a a v a n ç a r ru m o à manda dispêndio m áxim o de energia] que n o s e s tá p r o p o s ta " . C o rre r com p le n a m eta, pois é um sinal do am or do Senhor p elo s seu s, 5,6 (cf. Pv 3 .1 1 ,1 2 ). P o rtan to , en erg ia exig e que p rim eiro d eix em o s de não d ev e ser m en osp rezad o ou, errón ealado todo em baraço, assim com o o corre-

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rito Santo nos santifica podemos ver o Se­ nhor, no sentido definitivo, e estar para sem pre com ele. A relação correta com Deus precisa ser combinada a uma rela­ ção correta com os outros crentes. 15-17. O alerta. O versículo 15 é um aler­ ta contra o perigo de desviar-se da graça de Deus, resultando em um espírito amargo que envenena muitos da comunidade cris­ tã. Um exemplo é o caso de Esaú, 16,17, cujo 10,11. Os resultados da fé disciplinada. Ointeresse ímpio ou secular, pela perda de sua primogenitura, levou a uma condição primeiro resultado é nosso bem permanen­ desesperada (Gn 27.30-40). Ele trocou o bemte e eterno, não meramente bem-estar tem­ poral, que pode ter parecido adequado ao estar espiritual por uma momentânea grati­ ficação carnal. Desviar-se da graça de Deus, nosso pai humano, 10a. O segundo resulta­ voltando ao ritualismo mosaico, leva a de­ do é a participação na santidade de Deus, sespero semelhante. Os crentes podem, pelo 10b. O castigo é infligido para que possamos participar experimentalmente da santidade pecado carnal e a descrença, perder tanto os privilégios de seu acesso ao santíssimo de Deus (2Pe 1.4), aqui e agora, na prepara­ por meio de seu grande sumo sacerdote ção para a futura glorificação na presença quanto as promessas de bênçãos nele. divina, 10b, 14 (cf. ljo 3.2,3). Àqueles que as­ sim são treinados, a disciplina parece dolo­ rosa e não agradável; mais tarde, gera o 12.18-24. 0 resultado da fé que fruto pacífico da justiça, 11. mente, interpretado como fundamento de desânimo. O castigo do Senhor é uma dis­ ciplina necessária no tratam ento que dá o Pai aos seus filhos, 7, e sua ausência provaria que somos filhos ilegítimos, e não genuínos, 8. Se a disciplina que o pai humano impõe ao filho é benéfica* quan­ to melhor não será para nós exibir sub­ missão à disciplina de nosso pai celeste, recebendo assim a plenitude da vida, 9?

proporcionou a promessa

12.12-17. Um alerta de Esaú 12-14. A exortação. Em face dos gran­ des incentivos a disputar a corrida cristã com paciência, 1-11, os crentes hebreus são exortados a erguer suas mãos caídas e fortalecer seus joelhos fracos, 12 (cf. Is 35.3). Eles devem tornar retos os cami­ nhos dos seus pés, para que o "manco" [o crente fraco tentado a esquecer a graça] "não se desvie [cedendo a tal tentação]", " mas, pelo contrário, seja curado", sendo encorajado a persistir na graciosa corrida da fé, 13 (Rm 14.19; Gl 6.1). O chamado é à busca da paz no sentido de segui-la constante e diligentemente, 14a (cf. SI 34.14), para viver harmoniosamente diante de todos. Aconselhada também é a busca diligente da santidade, 14b. Os cren­ tes devem diariamente se apartar como santos para Deus (santificação presente), buscando sinceramente um caminho de separação do pecado, reclamando pela fé sua posição em Cristo e convertendo-o na experiência de Cristo (Rm 6.11,12) pela sub­ missão ao Espírito Santo. Só quando o Espí­

18-21. Liberta de um a lei de terror. As realidades da antiga aliança são contras­ tadas com as glórias da nova, salientan­ do-se uma vez mais as vantagens de per­ severar em Cristo em relação à volta ao judaísmo por causa da perseguição. A pre­ sença de Deus, debaixo da lei, trouxe medo e tremor, mesmo a Moisés, 21. 22-24. Traz as bênçãos e relações da gra­ ça. A graça, segundo a nova aliança, leva

os crentes hebreus ao monte Sião, a cidade do Deus vivo, a Nova Jerusalém, que con­ trasta com a Jerusalém terrena e o temí­ vel monte Sinai, 22a (cf. 11.10; Ap 21.2ss.). Eles também são levados à companhia de "ao incontável número de anjos em reu­ nião festiva; à igreja dos primogénitos re­ gistrados nos céus", 22b,23a. Primogénitos é referência a Cristo (Rm 8.29; Cl 1.15,16; Hb 1.6), e a igreja é seu corpo, sua posses­ são, cujos membros são cidadãos celes­ tes (Ef 2.19; Fp 3.20). Essas relações tam­ bém abarcam o acesso a Deus, o juiz de todos os homens, 23b; o relacionamento com os justos aperfeiçoados, 23c, referência aos santos do a t hoje aperfeiçoados pela

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cruz de Cristo (11.39,40); e a identidade com Jesus, o mediador da nova aliança, 24a, e seu sangue da aspersão, que proporcionou o eter­ no perdão dos pecados, 246.

12.25-29. Alerta contra a recusa de dar ouvidos à voz de Deus 25-27. O perigo do pecado. Faz-se um alerta para que alguns não se recusem a ouvir a voz de Cristo pelo evangelho da graça, afastando-se, portanto, dele, 25rt. Para esses não há escapatória, 256-27, e certo lhes será o juízo. Se os israelitas que se recusaram a dar ouvidos e obede­ cer ao alerta de Moisés na terra sofre­ ram o juízo de Deus, quanto maior não será o perigo que enfrentam aqueles que se recusam a dar ouvidos à voz do pró­ prio Filho de Deus do céu, 256? Então se faz referência ao dia do juízo, quando o impermanente será abalado e subsistirá apenas o permanente e o eterno, 26,27, incluindo o reino que será a herança dos crentes, 28a. 28-29. O que previne do pecado. Perce­ bendo que são herdeiros do reino inabalá­ vel, os crentes devem m ostrar sua grati­ dão pela graça que receberam por meio do evangelho servindo a Deus com reverên­ cia e temor. "Deus é fogo que consome", 29, mas Cristo é nosso abrigo do juízo. O reconhecimento das bênçãos que se tem em Cristo previne o pecado da recusa (25).

13.1-6. A expressão da fé no cotidiano 1-4. Nos relacionam entos sociais. A fé deve se manifestar exteriormente nas re­ lações do crente com os outros. O amor fraterno deve ser a atitude normal, 1, que pode se expressar, por exemplo, no ofe­ recimento de hospitalidade a estranhos — que, de fato, podem ser anjos (Gn 18.1-8; 19.1-3), 2 —, e nos cuidados dispensados àqueles que estão na prisão e a outros que são perseguidos ou maltratados, 3. A idéia é de uma solidariedade genuína, de uma verdadeira identidade com esses irmãos, sofrendo como se você estivesse no lugar

deles. O matrimónio, e a vida sexual nele, deve ser mantidos em elevada honra, 4. Aqueles que violam tal preceito enfren­ tam o juízo de Deus. 5,6. Nas questões financeiras. A vida de fé não faz concessões à cobiça. A vida do crente deve se caracterizar pela ausência de amor ao dinheiro e pelo contentamen­ to com os bens atuais. Ele deve se conso­ lar na presença e na provisão do Senhor, que são constantes.

13.7-9. Expressão de fé em um testemunho estável 7,8. O exem plo. Tanto os líderes espiri­ tuais que haviam pregado a Palavra de Deus a esses crentes hebreus quanto o próprio Senhor Jesus constituem exemplos de estabilidade. O fruto das vidas de líde­ res como Estêvão, Tiago irmão do Senhor, Tiago irmão de João (At 12.2) e outros que enfrentaram sofrimento e martírio testifi­ cam sua fidelidade até o fim. A fé deles deve ser imitada, 7. O Cristo imutável, o sempre invariável, serve como exemplo perfeito para todos os crentes. 9. A exortação. "Não vos deixeis levar por doutrinas diversas e estranhas" é refe­ rência óbvia ao judaísmo. Observâncias legais, como leis alimentares, não traziam nenhum benefício espiritual duradouro; porém, o coração de fato se fortalece pela graça de Deus. O legalismo era estéril de realidade espiritual, mas a graça é plena dela. Alimentar-se da graça leva à estabili­ dade de vida e testemunho.

13.10-14. A fé expressa na separação do judaísmo 10-12. O fundam ento da separação. A vida de fé já não estava ligada às práticas do judaísmo. Em vez disso, a diferença entre cristianismo e judaísmo, revelada em um altar novo e distinto, 10, e em um sacri­ fício maior e antitípico (de Cristo), 12, tor­ na a fé e o legalismo mutuamente exclusi­ vos na nova aliança. 13,14. A exortação à sep aração. "Saia­ mos, pois, até ele, fora do acam pam en-

to" significava, para esses crentes h e­ breus, separar-se do judaísmo, voltandose a Cristo. Implicaria perseguição e re­ jeição pelos judeus, e esse era o vitupério que teriam de suportar, 13 (At 5.41; Hb 11.25,26). A separação exigiria também fé peregrina, firmando sua esperánça não no temporal, mas no eterno — a "cidade [...] que virá", 14.

13.15-17. Fé expressa em culto e obediência espirituais

15,16. C ulto sacrifical. O crente-sacerdote (10.19) deve oferecer continuamen­ te sacrifícios esp iritu ais a D eus, entre eles: o sacrifício de louvor em alegre atri­ buição de glória a Deus, chamado "fruto dos lábios", pois os lábios são o sensível barómetro espiritual da condição do co­ ração, 15; e os sacrifícios da substância e das boas obras, 16, cada crente partilhando a si m esm o com os n ecessitad o s. Deus se agrada de tais sacrifícios, pois são prova de realidade espiritual no culto (Fp 4.18). 17. H um ilde obediência. Os crentes sã aconselhados a mostrar-se submissos aos seus líderes, pois "estão cuidando de vós, como quem há de prestar contas". A obe­ diência a eles resulta em maturidade es-

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pirítual, trazendo alegria no dia da presta­ ção de contas diante das autoridades.

13.18-25. Bênção final 18,19. Pedido pessoal. O autor pede uma oração específica aos destinatários da epís­ tola, particularmente por uma conduta digna e pela restauração dele a sua companhia. 20,21. Bênção. Essa oração do autor con­ tem elementos essenciais para o bem-es­ tar espiritual dos crentes hebreus a quem ele escreve: (1) "o Deus de paz", que fir­ mou ou fez a paz entre si e o homem pelo sacrifício de Cristo, e que dá paz, na mente e na alma, àqueles que nele confiam; (2) a esperança de ressurreição fundada no fato de Deus ter ressuscitado Cristo; (3) o cui­ dado pastoral de Cristo pelos seus; (4) a garantia de uma relação de aliança basea­ da no sangue derramado de Cristo; (5) o pedido de que cada crente esteja à altura da sua tarefa segundo a vontade de Deus — "vos aperfeiçoe"; (6) o pedido de que permitam que o Cristo que neles habita neles opere o que é agradável a Deus. Tais pontos seriam de especial relevância para os crentes hebreus, que os contrastariam com as bênçãos inferiores do judaísmo. 22-25. Saudação final.

Tiago A necessidade de uma fé viva O autor. Há fortes indícios a favor da visão tradicional de que Tiago, o meio irmão de nosso Senhor (Mc 6.3), tenha sido o autor dessa epístola. Ele se manteve incrédulo durante o início do ministério de nosso Senhor (Jo 7.3-10) e, depois da crucificação, aparentemente, permaneceu em Jerusalém com sua mãe. Depois da ressurreição, Cristo também lhe apareceu (1Co 15.7), aparição sem dúvida ligada a sua conversão, pois ele estava entre os do cenáculo (At 1.14). Paulo, depois de sua estada na Arábia, visitouo em Jerusalém, por volta de 35 ou 36 d.C. (Gl 1.18,19). Por volta de 44 d.C., Tiago era líder em Jerusalém (At 12.17), encabeçando o primeiro concílio da igreja (At 15.13, 19; Gl 2.1, 9,10) e supervisionando ali a igreja judia (cf. Gl 2.12). Paulo

conversou com ele em sua última e angustiosa visita a Jerusalém (At 21.18-25). Segundo Josefo e Eusébio, Tiago foi martirizado em Jerusalém em 62 ou 63 d.C. Data e caráter da epístola. Várias considerações situam esse livro entre as mais antigas epístolas, se não a mais antiga, endereçada aos cristãos (judeus), datada possivelmente lã atrás em 45 d.C. Evidências internas. A ordem e a disciplina que a igreja exibe são bem simples. Os líderes são chamados "mestres" e "presbíteros", sem menção a “bispos" nem "diáconos". Os crentes ainda se encontram na sinagoga, com pouca organização, pois vários membros se intitulam mestres. O caráter doutrinário da carta. A epístola nada fala sobre a relação da igreja com o mundo não judeu, e

A Porta de Damasco, em Jerusalém. O autor da epístola foi provavelmente Tiago, irmão de Jesus, que parece haver permanecido em Jerusalém com sua mãe, após a crucificação.

doutrinariamente tem caráter elementar. Não revela evidências da igreja como corpo de Cristo. De fato, no tom judaico soado em toda a epístola, a questão da admissão de crentes gentios nem parece surgir, sugerindo uma data anterior ao concílio de Jerusalém, 48 ou 49 d.C. Não há livro mais judaico no n t . Se as várias passagens referentes a Cristo fossem eliminadas, toda a epístola seria tão conforme ao cânon do at quanto o é ao n t . De fato, a epístola poderia ser definida como uma interpretação da lei do a t e do sermão do monte à luz do evangelho de Cristo.

Evidências externas para a aceitação do livro. É coerente com o que aparece sobre Tiago em Josefo {Ant. xx, ix), em Atos (15.13-21; 21.17-25) e em Gálatas (1.19; 2.9,10), e com as conhecidas circunstâncias dos cristãos judeus da dispersão. No Oriente a epístola apareceu primeiramente em listas de livros aceitos da Ásia Menor e do Egito. Pelo fato de não ter sido escrita por um apóstolo, nem ter sido dirigida a igrejas gentias e por, aparentemente, contradizer Paulo, pode-se compreender melhor a recepção que a epístola recebeu em Roma e Cartago até o século iv.

Esboço 1 A fé viva testada pela provação 2 A fé viva provada pelas obras 3—4 A fé viva evidenciada pela conduta 5 A fé viva exercida em meio à perseguição

Tiago I 633 1

1.1-4. O propósito das provações 1. O autor. Embora fosse irmão do Se­ nhor (ver introdução) e um dos líderes mais eminentes e influentes da igreja primitiva de Jerusalém e da Judéia, Tiago humilde­ mente se apresenta como apenas "servo (doulos, "escravo") de Deus e do Senhor Jesus Cristo". Ele se dirigia aos crentes ju­ deus, como Pedro (IPe 1.1) e o autor de Hebreus. Como líder da igreja de Jerusa­ lém, Tiago era supervisor dos crentes ju­ deus de todos os lugares, pois eles iam anualmente às grandes festividades cele­ bradas na capital (cf. At 2.5-11), oriundos de todos os cantos do império romano. 2-4. A m ensagem . O principal ministé­ rio de Tiago era consolar os judeus que se haviam convertido a Cristo. Esses eram alvo de perseguição e ostracismo inten­ Um homem cego é guiado pelas ruas estreitas sos, im postos pelos seus com patriotas da antiga Jerusalém.Tiago ensina que a descrentes. Dirigindo-se a esses sofredo­ prática do genuíno culto religioso não é mero res por Cristo como "irm ãos", Tiago os ritual exterior, mas se exprime por meio do exorta a considerar "motivo de grande ale­ amor compassivo e da separação do pecado. gria (enfático)", sem vestígio de arrepen­ dimento, o fato de se verem envolvidos em muitas tentações por amor à Cristo. revezes da vida. Se alguém tem deficiên­ Tais tentações são experiências que tes­ cia dessa faculdade dada por Deus, deve: tam, via provações, calamidades ou afli­ (1) pedi-la ou solicitá-la a Deus, fonte e libe­ ções, a realidade de sua fé em Cristo, ten­ ral doador dela, 5a (Pv 2.3-5), que não 'cen­ do por m eta fortalecê-la, 2. Assim eles sura' (gr.) a ignorância do pedinte como um devem se alegrar, porque: (1) a provação professor talvez censure, de forma represtraz conhecimento e experiência; (2) dá a sora, um aluno obtuso, 5b; (2) pedir liberal­ convicção de que a provação da fé gera mente, pois Deus a concede abundante­ continuamente paciente resistência, que mente, 5c; (3) pedir sem duvidar, pois Deus permanece em meio ao teste até que pro­ dá segundo a fé, 5d,6. Aquele que duvida e duza a bênção divinamente planejada; e hesita por conta de reservas intelectuais é (3) a provação leva à plena maturidade instável, como uma onda do mar à mercê do caráter cristão, 4. A "p erseveran ça do vento, e totalmente mutável. Tal pessoa deve ter ação perfeita, para que sejais não deve imaginar que "receberá do Se­ aperfeiçoados e completos (com todos os nhor alguma coisa", 7, pois "vacila e é in­ asp ectos plenam ente d esenvolvidos), constante" e volúvel, pois um ânimo conti­ sem lhes faltar coisa alguma", 4. nuamente contrabalança o outro. Assim ele se caracteriza por um estado instável de desordem em todos os seus caminhos, i.e., 1.5*12. Sabedoria para todas as estradas da vida por que passa.

as provações

5-8. A necessidade e o suprimento de sa­ bedoria para as provações. Em nenhuma ou­

tra situação a sabedoria é tão essencial, e a insensatez tão desastrosa, quanto nos

9-12. As recom pensas do exercício da sa­ bedoria nas provações. (1) A sabedoria per­

mite que o irmão de "condição humilde" (aquele que se encontra em condição de pobreza e depressão na vida) enxergue sua

[ 634 1 Tiago

elevada e exaltada posição de cristão, e nisso se alegre, tendo lugar eminente e dig­ no diante do Salvador, 9. (2) A sabedoria permite que o irmão rico, por outro lado, perceba e comemore sua insignificância enquanto apartado da salvação, o humilde estado de toda a sua riqueza separada de Deus (Is 57.15), diante da transiloriedade da vida mortal e dos bens materiais, 10,11. (3) A sabedoria revela a bênção do crente que suporta a provação, pois ela lhe mostra que quando é aprovado, como consequên­ cia de sua sábia reação a provação, é tam­ bém recompensado, 12a. A "coroa da vida" é a recompensa daqueles que amam ao Senhor e provam esse amor no sofrimento e mesmo na morte, 12b. Sobre recompen­ sas, ver comentários em ICoríntios 3.12-17; 9.25-27; 2Coríntios 5.10.

1.13-18. Deus e as provações 13-15. Deus não tenta ninguém ao peca­ do. Só a sabedoria (cf. 5-12) pode nos mos­

trar a relação de Deus com a tentação, em­ pregada nesse contexto em dois sentidos: (1) tentação na provação, 2-12 (cf. Gn 22.1; Lc 22.28; IPe 1.6); (2) incitação ao mal, 13-15 (cf. Gn 3.1-6; Mt 4.1; ICo 10.13; 2Co 11.3,4). A sabedoria nos mostra que a incitação ao mal não vem de Deus como fonte e agente incitador. Ele "não pode ser tentado pelo mal", sendo infinitamente santo; tampouco, ele tenta (incita alguém ao mal), 13. A causa do pecado está em nós mesmos, 14. Cada qual é tentado pela sua própria cobiça, esse dese­ jo intenso e impuro procedente do pecado que age na antiga natureza caída e que se expressa na carne. Isso acontece "atraído e seduzido por seu próprio desejo [a cobi­ ça]" (enredando-o como em uma armadi­ lha, ou prendendo-o como o peixe se pren­ de pela isca). O avanço do pecado é inexorável, 15. "Então o desejo [personificada como prostituta], tendo concebido, dá à luz o pe­ cado [expresso em palavras e atos]; e o pecado, após se consumar, gera a morte." 16-18. Deus é bom para o hom em . Sob provação e tentação é fácil ser desencami­ nhado ou enganado a esse respeito, 1b. Mas não se deixe iludir quanto à fonte da tenta­

ção; ela está em nós mesmos, não em Deus. A bondade do Senhor se revela em seus dons, 17. Bem ao contrário de introduzir ten­ tação e pecado em nossas vidas, ele é o doador de todo benefício de que desfruta­ mos. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes" (Criador das luzes do céu, bem como das luzes espirituais do reino da graça). Como Deus "é luz, e nele não há treva nenhuma" (IJo 1.5), ele não pode ser o autor do peca­ do, 13, nem se caracterizar por variação, nem mesmo pela sombra de uma mudan­ ça, como quando o sol é eclipsado pelo dis­ co da lua, e a lua, pela sombra da terra. A bondade de Deus é demonstrada ain­ da pelo seu dom maior, a vida eterna em Cris­ to (Jo 1.12,13; 3.16) que, quando ele nos faz nascer pela palavra da verdade (o evange­ lho), se torna nossa, 18n (IPe 1.23). Assim, nascidos de novo, tornamo-nos "como os primeiros frutos de suas criaturas", 18Z>, pe­ nhor e fiança de uma raça remida (Rm 8.19, 23). O símile remonta à consagração, no a t , das primícias do homem, do gado e da la­ voura a Deus (Êx 23.16-19; Dt 26.1-19).

1.19-25. A palavra de Deus e as provações 19-21. A bondade de Deus e a responsabi­ lidade do crente. Como Deus concede graci­

osamente a sabedoria para enfrentar as provações da vida, 5-12; não nos tenta ao pecado, mas nos põe à prova para nos for­ talecer contra o pecado, 13-16; e nos fez seus filhos pelo novo nascimento, 17,18; portan­ to, tratemos de dar ouvidos às injunções dos versículos 19-21. São elas: (1) estar pronto para ouvir; (2) ser tardio para falar; (3) tardio para se irritar, pois a ira do homem não pro­ move a justiça que Deus exige; (4) livrar-se de tudo o que é vil e dos vestígios do mal, como se clescarla uma roupa imunda; (5) receber a Palavra de Deus que purifica (Jo 15.3) e que, enxertada e viva no coração, é capaz de salvar a alma pela separação do pecado, para que o crente possa desfrutar da plenitude da vida em Cristo (Jo 10.10). 22-25. A Palavra de Deus e a obediência do crente. Tão importante é a Palavra de

Tiago [ 635 1

Deus no viver e no enfrentar as provações da vida que devemos ser 'praticantes' e experim entados expoentes dela, e não meros 'ouvintes', que conhecem a Palavra apenas teoricamente (cf. Hb 4.2) e são ilu­ didos pela lógica falácia de que o mero ou­ vir basta. Esse leitor iludido é comó um ho­ mem que olha seu rosto em um espelho (a Palavra, que nos revela a nós mesmos), mas depois sai e, imediatamente, esquece sua aparência, 23,24. Ao contrário, todo aquele que olha com cuidado a imaculada lei da liberdade, i.e,, a lei de Cristo que se aplica àqueles que estão livres da lei do pecado (cf. Gl 6.2; ljo 2.7,8,15; 2Jo 5), e que o faz habitualmente, toma-se um ativo prati­ cante que obedece e encontra felicidade (bênção) nessa obediência, 25.

26. A falsa religião. O culto religioso ex­ terior (religião) pode ser genuíno e assim exp ressar a fé verd adeira, ou pode ser falso e expressar obras mortas. Como o homem é criado religioso, permanece as­ sim mesmo em seu estado caído. Portan­ to, o mundo é cheio de religiões vãs. Tiago dá um exemplo. Se alguém parece ser re­ ligioso, meticulosam ente observando as exterioridades de sua fé, mas não contém nem refreia sua língua, como o freio con­ trola o cavalo, então a religião dessa pes­ soa é vã (enganadoramente inútil, infrutí­ fera, estéril e ineficaz). A religião (exterior) deve vir acompanhada da piedade (interi­ or) para ser genuína. 27. A verdadeira religião. A prática do genuíno culto religioso, em vez do mero ritual exterior, 26, se exprim e no amor com passivo (cuidar dos órfãos e viúvas em suas tribulações) e no afastamento do pecado (conservando-se pessoalmente li­ vre da sujeira do mundo).

to indevido ou desrespeito por determina­ das pessoas. Anula a fé genuína por violar a igualdade dentro da fraternidade cristã ("meus irmãos", la), e por difamar a gló­ ria de Deus revelada em Cristo, 1b. "Como tendes fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, não façais discriminação de pessoas." Cristo é o "resplendor" da glória de Deus (Hb 1.3), assumindo o lugar da Shechiná do at , e em sua presença de­ saparecem as distinções terrenas. Consi­ derando as meras aparências exteriores, como posição social e riqueza, a pessoa ignora considerações interiores e mais fundamentais, 2-4 (cf. At 10.34; Rm 2.11). 6,7. Por que o pecado é grave. A parcia­ lidade deturpa a escolha de Deus, 5a. "Por acaso, Deus não escolheu os pobres para o mundo, a fim de fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?" Essa escolha é espezinhada por aqueles que exibem parcialidade. Também ignora o valor espiritual interior, 5b, pois os que são pobres por fora são ricos em fé por dentro; embora enjeitados na terra, são herdeiros no céu; embora não am a­ dos pelos crentes, estão entre aqueles que amam a Cristo. Além do mais, desonra os pobres, 6, e honra os ricos, que, tão fre­ quentemente, são opressores e ímpios, 7. 8. A parcialidade viola a lei régia. Essa é a lei do amor, "régia" ou "real" porque é soberana dentre todas as leis, a quintessência dos Dez Mandamentos. E a lei de Deus, o grande Rei, que é amor e cuja lei régia do amor reina soberana como ele mesmo. O sinal da parcialidade infringe essa lei régia, "amarás o teu próximo como [tu amas] a ti mesmo" (Lv 19.18). 9. A lei régia condena a culpa. "Mas se você dem onstra respeito pelas pessoas prestando atenção a meras aparências ex­ teriores, está cometendo pecado, conde­ nado, assim, pela lei como transgressor" (segundo tradução literal do grego), 9.

2.1-9. A fé morta manifestada na parcialidade

2.10-13. A fé morta resulta em juízo

1.26,27. A verdadeira religião e as provações

1-5. Com o o pecado anula a fé genuína.

A parcialidade é o pecado de exibir respei­

10,11. A razão do juízo. No sistema mo­ saico, a infração de qualquer trecho da lei

[ 636 1 Tiago

torna o homem transgressor e pecador vadora jamais pode se divorciar das obras, culpado diante de Deus. A lei é como uma que provam a existência da fé. Oferecer a cadeia. A cadeia se rompe quando um dos Deus uma fé apartada de obras é pouco elos é rompido, 11. O homem torna-se pe­ melhor que a fé de demónios que crêem e cador culpado perante um Deus infinita­ tremem, mas que não gera boas obras de mente santo, segundo o princípio legal, arrependimento nem virtude, 19,20. quer viole a lei régia do amor, 8,9, quer cometa alguma ofensa menor. A menos 2.21-26. A fé viva prova que o homem tenha fé Salvadora em Cris­ o homem justo to, ele permanece condenado pela lei, 12. A fé morta não pode salvá-lo. 21-24. O caso de A braão. Tiago apresen­ 12,13. A razão da misericórdia. O homem ta dois exemplos de fé viva (salvadora) — que tem fé Salvadora não vive debaixo da fé com obras: Abraão, um dos m aiores lei mosaica da condenação, mas debaixo homens de fé na Palavra de Deus, 21-24; e da "lei da liberdade", 12, i.e., do princípio Raabe, a prostituta, 25. Ele assevera que da graça e da misericórdia gratuitas em Abraão foi justificado pelas obras quando Cristo. Portanto, ele deve falar e agir como ofereceu Isaque, 21 (Gn 22.9-12). O fato de aqueles que serão julgados segundo o prin­ Tiago não contradizer Paulo, que declara cípio da graça, 12. Isso significa, embora que Abraão foi justificado pela fé, indepen­ ele jamais venha a ser julgado (condena­ dentemente das obras (Rm 4.2-4), fica cla­ do) como pecador (Jo 5.24; Rm 8.1), que ro nas considerações seguintes: (1) Tiago será julgado pelas suas obras como cren­ usa o termo "justificado" no sentido de te (cf. comentário sobre ICo 3.11-15; 9.27; realm ente p ro var-se ou dem onstrar-se 2Co 5.10). Como Deus o tratou com mise­ justo perante os homens; Paulo usa o termo ricórdia, ele deve também ser misericor­ no sentido de ser judicialmente declarado dioso ao tratar os outros, 13. justo perante Deus. O raciocínio de Tiago é voltado para o homem; o raciocínio de Paulo, para Deus. (2) Tiago proporciona o 2.14-20. A fé morta é inútil corretivo de uma verdade corrom pida; 14-16. Enunciação e exem plificação do Paulo expõe a própria verdade. (3) A epís­ princípio. Qual é a vantagem, pergunta Ti­ tola de Tiago é dirigida aos crentes judeus, ago, de alguém que alega possuir fé sem que se vêem tentados pela tendência de exibir obras? Será que semelhante fé pode substituir a experiência íntima que se ma­ salvá-lo, 14? Ele combate a tendência ju­ nifesta em santidade de vida pelo conhe­ daica (transferida ao cristianismo) de subs­ cimento intelectual da lei. As epístolas de tituir a prática de santidade de vida pelo Paulo são dirigidas aos gentios perdidos conhecimento sem vida da lei, como se no pecado, sem justiça legal que possam fosse possível, dessa maneira, alcançar oferecer a Deus. (4) A justificação pelas justificação perante Deus (Rm 2.3, 13-23). obras de Tiago não contradiz a justifica­ A inutilidade da fé morta é ilustrada pelo ção pela fé, pois Abraão exibiu fé (Gn 15.6) caso de um crente na penúria, 15,16. Os bem antes de demonstrar justificação pe­ outros crentes são especialmente obriga­ las obras como resultado da oferta de Isa­ dos a assistir esse irmão, mas não só não que (cf. Gn 22.1-12). o ajudam, como também lhe aconselham, 25-26.» O caso de Raabe. Sua fé salvado­ inutilmente, a alimentar-se e vestir-se. ra foi provada perante os homens quando 17-20. A inseparabilidade entre fé e obras. ocultou os espiões, mandando-os de volta Declara-se morta a fé quando apartada das por outro caminho, e pendurou o cordão obras, 17. Tiago trata aqui de provar que fé vermelho (Js 2.1-21; Hb 11.31). A analogia e obras são inseparáveis. Ele não questio­ é dada no versículo 26. Assim como o cor­ na que a fé é o caminho da salvação, e o po fica sem vida quando o espírito parte único caminho. Mas afirma que essa fé sal­ na morte, também a fé separada das obras

Tiago I 637 1

é morta (cf. 17-20), revelando-se algo sem vida e inútil, que não pode garantir nossa justiça perante Deus nem dem onstrá-la perante os homens.

prejudicialmente tanto sobre quem fala quanto sobre quem ouve; e sua origem ma­ ligna — é incitado pela geena, o inferno eter­ no (Mt 5.22). Diferentemente de qualquer animal, 7, a língua humana é indomável, 8a, um "mal que não se pode conter; está cheia 3.1-5. A fé viva e a de veneno mortal, [causando a morte]", 8b. 9-12. As imprevisíveis incoerências. A lín­ influência da língua gua é usada tanto para bendizer a Deus, 1,2. Nossa grande responsabilidade por nosso Senhor e Pai, quando para amaldi­ aquilo que dizem os. A língua exerce gran­ çoar os homens, que são feitos à sem e­ de influência para o bem ou para o mal. lhança de Deus, 9 (cf. Gn 1.26; IJo 4.20). Da Por essa razão, Tiago alerta contra a pres­ mesma boca, procedem bênção e m aldi­ sa em tornar-se mestre, la, pois o mestre ção. Eis aqui uma flagrante incoerência instrui e influencia profundamente as vi­ que não deveria existir, 10. Tiago mostra das naquilo que diz. Ele, portanto, deve ser o quanto isso é incoerente com exemplos consciente dessa tremenda responsabili­ extraídos da natureza. A fonte de água dade, sabendo que "[nós m estres] sere­ doce não mana a água salobra da fonte mos julgados de forma mais severa" se mineral, nem a figueira dá azeitonas ou a d esem penharm os erron eam en te nossa videira, figos. Nem pode a fonte de água grande obrigação, ou se jogarmos as pes­ salgada jorrar água doce. Contudo, a lín­ soas contra Deus e sua Palavra. gua é culpada daquilo que é absolutamen­ Os pecados da língua são os mais co­ te contrário à natureza, 12. muns e difíceis de controlar, 2. "Todos tro­ peçamos" (ptaiomen), no sentido de come­ ter um deslize verbal, e assim pecamos, 3.13-18. A fé viva e a sabedoria 2a. "Se alguém [o crente] não tropeça no 13-16. Sabedoria terrena. O homem sá­ falar, esse homem é perfeito" (teleios), es­ bio (sophia), termo técnico para mestre (cf. piritualmente desenvolvido, 2b, e capaz de v. 1), como também todo crente, precisam controlar seu corpo, assim como um cava­ decidir que sabedoria controlará sua vida lo é controlado pelo freio. — a terrena, 13-16, ou a celeste, 17,18. A 3-5. A exemplificação do poder da língua. sabedoria terren a não pode g erar um Empregam-se três analogias para ilustrar mestre verdadeiram ente sábio, imbuído que, no mundo natural, pode-se produzir um do conhecimento prudente (epistemon), que grande efeito com uma causa relativamen­ exibe, pela boa conduta, suas obras com te insignificante: o freio do cavalo, 3; o leme genuína hum ildade, 13. Produz, antes, do navio, 4; e a fagulha que ateia fogo, 5. amarga inveja e egoísta ambição, vanglo­ riando-se, além de deslealdade à verda­ de, i.e., à Palavra de Deus, que tem como 3.6-12. A fé viva e a perfídia centro Jesus Cristo, 14 (Jo 14.6; Ef 4.21). da língua Além disso, tal sabedoria não vem de cima, nem é ensinada pelo Espírito Santo 6-8. A natureza indisciplinada. A língua (Jo 16.13). E, sim, terrena, pertencente pu­ não só é poderosa e influente, mas tam ­ ramente a essa esfera natural terrestre. E bém traiçoeira. Sua perfídia se revela em: sensual ou animalesca (psuchiche), saber seu caráter distintivo de fogo, labareda des­ do homem natural, irregenerado, pura­ controlada e devastadora; seu caráter poluimente material (Jd 19), e é demoníaca, ten­ dor, poluindo ou manchando todo o corpo, do sua origem na atividade satânica, 15 assim como a fumaça deslustra e suja; seu (cf. lTm 4.1-5; IJo 4.1-4). Como consequên­ caráter corruptor, sendo um "mundo de ini­ cia, tal sabedoria gera confusão e toda má quidade" no sentido de que ateia fogo a obra, 16 (cf. Gl 5.17-21). todo o mecanismo da existência, reagindo

I 638 1 Tiago

Região do monte Sinai. Podemos nos aproximar de Deus, não como Moisés o fez no monte Sinai, mas através de Cristo.

17,18. Sabedoria celeste. O mestre, bem como todo crente, devem ser regidos pela sabedoria celeste (IC o 2.6,7), de origem divina, literalmente "sabedoria que vem do alto [enfático]". É pura no sentido de ser castamente modesta, livre do pecado do orgulho intelectual, tão característico dos mestres; pacífica, favorecendo a tran­ quilidade e a concórdia, e não a divisão e a heresia; circu nsp ecta, pacientem ente mansa, tanto que sempre é modestamen­ te justa e sensata; submissa, sendo flexí­ vel, tanto que sem pre é maleável a no­ vas verdades e a luzes mais claras; plena de misericórdia e dos bons frutos do Espírito (Gl 5.22,23); imparcial, manifestando con­ vicção em questões de verdade; sincera, despida do papel do ator e totalmente li­ vre de hipocrisia, 7. A sabedoria verdadeira ou celeste, que tem justiça como fruto, semeia em paz porque são os possuido­ res dessa sabedoria que fazem a paz, 18.

4.1-5. A fé viva e a mundanidade 1-4. A m an ifestação da m un dan id ad e.

Esse pecado, fundado na d escren ça, é

evidenciado por: (1) tensões, que são ge­ radas pelos prazeres lascivos que se en­ contram em guerra, qual exército de sol­ dados, nos membros ou órgãos do corpo físico, 1; (2) descontentamento, 2a, o resul­ tado de ceder às paixões da carne com seus desejos insaciáveis, a ponto m es­ mo de com eter homicídio pelo ódio (cf. ljo 3.15); ausência de oração, 2b; (4) oração com motivo errado, 3, pedir somente com vistas à gratificação egoísta e concupis­ cente; (5) adultério espiritual, 4a, desleal­ dade ao Senhor; (6) hostilidade contra Deus — amor (philia) pelo sistema mundial sa­ tânico é hostilidade contra Deus. Aquele que escolhe ser amigo do mundo constitui-se inimigo do Senhor. 5. A cura da m undanidade. A cura é a submissão ao Espírito Santo que reside no corpó remido de cada crente (ICo 6.19), perm itindo que ele controle toda a sua vida. "Ou pensais ser sem motivo que a Escritura diz: "O Espírito que ele fez habi­ tar [por nosso bem -estar espiritual] em nós tem muito ciúm e?" A dinâmica do Espírito na vida é a cura certa da munda­ nidade do crente.

Tiago l 639 1

4.6-10. A fé viva e a humildade 6. A fonte da hum ildade. Deus é a fonte dessa graça que é m aior que qualquer coisa que o mundo pode dar. 7-10. O cam inho da hum ildade é sub­ meter-se a Deus, 7a; resistir ao Dfabo, 7b; aproximar-se de Deus, 8a; apartar-se do mal, 8b; arrepender-se em submissa con­ trição, 9; humilhar-se, 10 — assim Deus concederá a graça da humildade, e de­ pois o exaltará.

4.11,12. A fé viva e a maledicência l ia . A injunção é parar de falar negli­ gentemente contra outros crentes, em um espirito de crítica (cf. cap. 3). Tal prática não é resultado da fé viva. Ub,12. A razão da injunção. Essa male­ dicência é pecaminosa porque não só vai contra os irmãos cristãos, 11a, mas contra a lei. Faz daquele que a profere juiz autonomeado da lei. Somente Deus é legisla­ dor e juiz, com prerrogativa de julgar os outros. Ele tem autoridade para salvar e para destruir, 12, O homem que julga seu próximo não tem tal autoridade e, por isso, viola a lei quando usurpa essa autoridade.

5.1-6. A fé viva exercida em meio à perseguição 1-3. Prevê-se o destino dos opressores.

Essas pessoas ricas e opressoras represen­ tam os impenitentes. Eles perseguem os verdadeiros crentes ("irmãos", 7), vitiman­ do-os pelo pecado da secularidade, que foi denunciado em 4.13-17. Eles e os crentes serão acareados pela vinda do Senhor, 7-9, que corrigirá todos os erros e julgará toda injustiça (cf. Ap 19.11-16). Os opressores enfrentarão o juízo nos últimos dias, 3, i.e., no final desta era atual (IJo 2.18). 4-6. A denúncia dos crimes dos opresso­ res. A opressão dos pobres piedosos che­

gou aos ouvidos do "Senhor dos exércitos" ("Senhor de Saboath"), ou Senhor TodoPoderoso. Essa expressão, comum nos pro­ fetas, é um título profético de Cristo em seu papel de futuro conquistador e restaura­ dor da justiça sobre a terra. O mesmo espí­ rito que levou esses homens ímpios a cru­ cificar o justo os leva também a perseguir os justos, que a ele pertencem, 6. Portanto, juízo deles é certo (cf. v. 3).

5.7-11. A fé viva exercida pela paciência sob perseguição

7-9. O fundam ento da paciência. Repare a exortação dupla, e, portanto, enfática, 1 3 .0 espírito da secularidade. Denuncia-da exortação: "sede pacientes"; "Sede [...] pacientes", 7,8. Por quê? Porque essa tole­ se a atenção suprema e quase exclusiva às rância paciente e longânime certamente coisas desta vida, com pouco ou nenhum receberá sua recom pensa na parúsia, a pensamento em Deus. Tal secularidade é presença pessoal ou vinda do Senhor. A resultado da falta de fé viva. certeza dessa recompensa é ilustrada pelo 14-17. A insen satez da secularidade. A lavrador que aguarda o precioso fruto da secularidade é insensata, porque: (1) é terra, esperando pacientem ente que o presunçosa e fundada na ignorância do solo receba as chuvas primeiras (outubrofuturo — "não sabeis o que acontecerá janeiro) e últimas (fevereiro-março). Tia­ no dia de amanhã", 14a; (2) é uma viola­ go refere-se à vinda do Senhor como "pró­ ção do significado da vida, ou seja, servir xim a", em que o grego expressa tempo a Deus, não ao ego, 14i>; (3) esquece a presente e um estad o estabelecido, de brevidade e a incerteza da vida, 14c; (4) modo que o evento é sempre iminente, 8, esquece Deus e sua vontade, 15; (5) é cul­ estando o juiz (o Cristo que volta) às por­ pada de arrogância e orgulho, 16; (6) é tas (cf. Mt 24.33). Ele julgará todos os er­ pecaminosa. "Portanto, aquele que sabe ros, corrigirá todas as desigualdades; as­ que deve fazer o bem [colocar Deus em sim os crentes não devem tentar fazer o primeiro lugar na vida] e não o faz, come­ que é prerrogativa exclusiva do Senhor, 9. te pecado", 17.

4.13-17. A fé viva e a secularidade

[ 640 1 Tiago

10,11. Exem plos encorajadores de paci­ ência. Tiago cita o caso dos profetas do a t ,

que foram intensamente perseguidos e, portanto, excepcionalmente abençoados, 10,1 lfl. O caso de Jó é o exemplo clássico do propósito de Deus nas provações e afli­ ções de seu povo e da firme resistência do homem, 11 b.

5.12. A fé viva exercitada ao se evitar o juramento 12a. O alerta. "Sobretudo" não jurem (Mt 5.34, 37), pois jurar ou amaldiçoar ma­ nifesta impaciência ou orgulho, estranhos à mansa resistência demandada há pouco. Que seu "sim " seja "sim ", e seu "n ão", "não", evitando os juramentos. Na conver­ sa cotidiana, a simples afirmação ou nega­ ção deve ser considerada suficiente para estabelecer a palavra do crente, e isso re­ sulta em uma reputação de honestidade.

Cura divina 1. Será que Deus ainda cura hoje? Cla­ ro que ainda hoje ele pode curar e, de fato, cura, mas nem sempre. 2. Deus é completamente livre para curar ou não, segundo sua vontade (cf. IJo 5.13-15). 3. A vontade e o plano de Deus podem exigir a enfermidade física para pôr à pro­ va, fortalecer ou castigar os seus (ICo 11.3032; 2Co 12.7-10). Um crente pleno do Espíri­ to pode ser testado assim. 4. O método divino é o princípio do má­ ximo benefício para o crente. 16.

Exortação à perseverança na oração.

"Portanto, confessai vossos pecados uns aos outros [caso tenhais ofendido alguém] e orai uns pelos outros para serdes cura­ dos" (de enfermidades do corpo). O poder da oração é, evidentemente, condicionado pela comunhão do crente com o Senhor e com os outros crentes. Cumprida essa con­ 12b. A razão do alerta. dição, a oração perseverante feita por um "justo", pessoa aceita por Deus com base 5.13-18. A fé viva exercitada em sua fé em Cristo, é poderosa e eficaz. em oração 17,18. O exem plo. Elias orou assim, sen­ 13. Exortação aos sofredores. A aflição do homem de natureza semelhante à nos­ sa, 17a. Ele orou "com insistência" ('orou ou calamidade de qualquer espécie deve com uma oração', hebraísmo que signifi­ levar o santo sofredor à oração, enquanto ca 'orou intensamente'; cf. lRs 17.1); ele aqueles que se mostram alegres ou exul­ orou eficazmente, com a glória de Deus tantes devem entoar salmos de louvor, em mente, pedindo a seca como castigo como Paulo e Silas fizeram na prisão filipara o pecado da nação (lR s 19.10). Sua pense (At 16.25). 14,15. Instruções aos fisicam ente doen­ oração também foi atendida quando pe­ diu o fim da seca, 18 (lRs 18.42-45). tes. Essa passagem trata daquilo que comumente se chama de cura divina. O cren­ te doente deveria chamar os presbíteros da congregação, nunca apenas um só pres­ bítero. O uso do óleo para ungir o doente era uma prática judia comum, conforme mostra o Talmude, costume judeu que os discípulos do Senhor adotaram (Mc 6.13). Todavia, a ênfase não está no óleo, mas na "oração da fé", que salva o enfermo. Tal oração é divinamente concedida e age quando é da vontade de Deus curar. O castigo, a provação e outros fatores condicionam a cura divina da enfermidade de um cris­ tão (cf. ICo 11.30-32; 2Co 12.7-9; lTm 5.23; 2Tm 4.20).

5.19,20. A fé viva exercida por um testemunho diligente 19. A necessidade de testemunhar. Reve­ la-se a bênção que é chamar de volta um irmão perdido, que se desviou da verdade do evangelho e de seus preceitos. Aquele que traz de volta à verdade esse irmão exe­ cuta um serviço útil, a Deus e à igreja. 20. Os frutos do testemunho são duplos: (1) a salvação do irmão pecador da morte física (ICo 11.30) e (2) o encobrimento de seus numerosos pecados, sendo tais peca­ dos cobertos diante de Deus (ou perdoa­ dos) pela obra consumada de Cristo na cruz.

1 Pedro Vivendo sob a luz da glória futura A u to ria. 0 fato de a epístola ter sido escrita pelo apóstolo Pedro é indicado pela íntima familiaridade que o autor exibe com a vida de Cristo e seus ensinamentos (cf. 5.5 com Jo 13.3-5; 5.2 com Jo 21.15-17). Ele amplia os sofrimentos de Cristo como testemunha

ocular (5.1; cf. 3.18; 4.1) e retrata a pessoa de Cristo em relação a esses sofrimentos (2.19-24; cf. 4.13). Há também uma notável semelhança entre os discursos de Pedro, em Atos, e suas palavras na epístola (At 2.32-36; 10.34, 41 com 1Pe 1.21; At 4.10,11 com 1Pe 2.7,8;

At 10.34 com 1Pe 1.17). A autoria de Pedro foi universalmente reconhecida pela igreja primitiva. Policarpo cita 1.8; 2.11; 3.9 em sua Epístola aos Filipenses. Ireneu a cita nominalmente em Contra as heresias (iv.9; iv. 16, 5; V.7,2).

Ruína^ria entrada de úmá Ç W sinag&íja em Sardes, na Hf j - Ásia Menor. -Essa"'6pístola ^ ^ S L j d e Pedro foi escrita para os . . , íi c , judeus-convertidos que estavarrudispersos por ^jg já i« -;,».todo imp^rlõ romano.

[ 642 1 1Pedro

M otivo e data. A epístola é predominantemente, se não inteiramente, dirigida aos crentes judeus (mas cf. 4.3-5). Foi escrita, quem sabe, já em 65 d.C., pois a carta revela o conhecimento não só de epístolas bem antigas, como Tiago, ITessalonicenses e Romanos, mas também parece estar familiarizada com as posteriores epístolas da prisão, de Paulo (Colossenses, Efésios e Filipenses). A data, logicamente, depende da época do martírio de Pedro, que Eusébio situa no décimo terceiro ano de Nero, 67-68 d.C. Tema. O assunto da epístola é o "sofrimento", sendo usadas sete palavras diferentes para exprimir essa idéia na carta. A esperança em meio ao sofrimento é engendrada pela perspectiva de uma futura herança (1.4,5) e da vinda do Supremo Pastor (5.4). O sofrimento tem um propósito (1.6,7; 2.19,20; 3.14; 4.14). Deve ser esperado (4.12), não temido (3.14); suportado pacientemente (2.23; 3.9); e recebido com alegria (4.13). Os sofrimentos de Cristo são apresentados (1.11; 2.21; 5.1) como exemplo para o crente (2.21; 4.12). O sofrimento, com frequência, é vontade de Deus (4.19). Últim os anos e ministério de Pedro. Em Pentecostes a pregação de Pedro abriu a oportunidade do evangelho aos judeus (At 2.14-41).

Mais tarde, no templo, ele e João curaram o coxo (At 3.110), e ele, logo depois, pregou sobre o tema do futuro cumprimento das alianças de Israel (3.11-26). Espalhou-se a notícia do seu destacado ministério e mensagem, e ele, ao lado de João, foi preso e julgado perante o Sinédrio (At 4.122). Como líder da igreja de Jerusalém, a responsabilidade de tratar do caso de Ananias e Safira recaiu sobre seus ombros (At 5.1-11). Pedro, juntamente com outros apóstolos, foi novamente perseguido e encarcerado pelos líderes judeus, seguindo-se um período de poder espetacular na igreja primitiva (5.12-41). Pedro foi o instrumento escolhido (Mt 16.16-18) para estender o evangelho aos samaritanos (At 8.14-25) e, mais tarde, aos gentios (At 10— 11). O desejo de aplacar os judeus levou Herodes Agripa i a matar Tiago, irmão de João, e a encarcerar Pedro, entre 41 e 44 d.C., durante seu reinado sobre a Judéia (At 12.1-17). Depois de sua miraculosa soltura, e depois da primeira viagem missionária de Paulo, Pedro assumiu uma função de liderança no primeiro concilio da igreja, em Jerusalém (At 15.7-11; Gl 2.6-10). Em Antioquia ele foi repreendido por Paulo* por, hipocritamente, ter se afastado dos crentes gentios (Gl 2.11-14). Ele viajou bastante, muitas vezes com sua mulher (1Co 9.5), aparentemente visitando a Ásia Menor, em especial o

Ponto, a Capadócia e a Bitínia, regiões que Paulo não visitou. O martírio de Pedro é sugerido em João 21.18,19. A tradição de que Pedro foi o fundador da igreja em Roma e seu primeiro bispo carece de prova histórica. A Bíblia não sugere nada disso. De fato, não há prova histórica de que Pedro sequer tenha estado em Roma, embora os historiado­ res admitam a possibilidade de que ele tenha ido para lá já bem perto do fim de sua vida. Nesse caso, foi, prova­ velmente, martirizado ali. A trad ição do Quo Vadis apresenta Pedro fugindo de Roma para evitar o martírio. Na via Ápia, ele encontra Jesus e pergunta: "Quo vadis?" ("Para onde está indo?''). Jesus responde que está voltando à cidade para ser crucificado. Absolutamente envergonhado pela própria covardia, Pedro volta para ser crucificado de cabeça para baixo, considerando-se indigno de ser crucificado como o fora seu Senhor.

Esboço 1 . 1 - 2 5 Sofrimento presente e herança futura

O sofrimento cristão em face da paixão de Cristo

2 .1 — 4 .6

O sofrimento cristão em face do advento de Cristo

4 . 7 — 5 .1 4

1Pedro [ 643 l

1.1-5 Encorajados para o sofrimento 1-4. Um fundamento para a coragem. Os forasteiros (tem porariam ente estrangei­ ros) da dispersão eram os judeus crentes (peregrinos espirituais) espalhados por to­ das as províncias romanas da Asiá Menor. Esses crentes eram muitas vezes sujeitos a severa perseguição por parte dos judeus incrédulos. A riqueza espiritual deles lhes proporcionava um fundamento para a co­ ragem em meio às provações. Tal funda­ mento abarcava: (1) a eleição, 2, pois Deus os havia soberanamente escolhido para sua própria possessão; (2) a santificação pelo Espírito Santo, 2, dando ao crente a santa posição de estar separado para Deus, re­ sultado da aspersão do sangue de Jesus Cristo, que deve gerar “obediência"; (3) o novo nascimento, 3, resultado da abundante misericórdia de Deus; e (4) a futura glorifi­ cação e herança, 3,4. Essa viva esperança é imperecível; não está sujeita à decadência; está inviolavelmente intacta; guardada no céu, ou, conforme a melhor tradução, a "he­ rança que não perece, não se contamina nem se altera, reservada nos céus [arma­ zenada como penhor] para vós". 5. Posição atual dos sofredores. Mais en­ corajamento se dá pela lembrança de que esses crentes estavam "protegidos pelo poder de Deus", no sentido de que eram continuamente guardados como se guar­ necidos com um contingente militar e as­ sim mantidos em um estado de seguran­ ça. A resposta deles deveria ser "mediante a fé" na provisão que Deus lhes fizera. A plena revelação dessa salvação aguarda o "último tempo", i.e., a vinda do Senhor.

1.6-9. Testados para o sofrimento 6. A atitude correta diante do sofrimento.

O sofrimento deve ser suportado com alegria, 6a. A palavra "exultais" é forte, i.e., 'nisso sejais exuberantemente alegres'. A salva­ ção é algo tão vitalmente presente que pro­ voca exultante alegria, apesar das prova­ ções atuais. Além disso, o sofrimento deve ser encarado como passageiro, 6b, "por pouco de tempo", visto na perspectiva mais am­

pla da glória vindoura. A dor auto-infligida, alheia à vontade de Deus, jamais é virtuo­ sa (cf. 2Tm 3.12). Pode-se esperar que o sofrimento advindo da vontade de Deus seja, ocasionalmente, severo e variado, 6c. 7-9. O propósito do sofrim ento. A meta de Deus no sofrimento é que a fé do cren­ te seja provada genuína, 7b; que essa fé ge­ nuína resulte em "louvor, glória e honra" a Cris­ to na sua revelação (segunda vinda), 7c; que o crente veja o grande valor exterior de sua fé — "mais preciosa do que o ouro", 7a; que o crente cresça no amor ao Senhor, assim conhecendo a Deus como fonte de pleno re­ gozijo, 8. Como resultado de sua genuína fé em Cristo, o crente recebe a salvação de sua alma, uma presente realidade, 9.

1.10-12. Salvação e sofrimento 10,11. A busca dos profetas. Os profetas do a t ficaram intrigados com o plano de salvação que foi sugerido em seus dizeres proféticos a respeito da graça de Deus, 10. Essa graça seria exibida nos sofrimentos vicários do rei-Messias, 11, algo que era um mistério para os judeus. Os leitores dessa epístola, com seu passado judaico, foram levados de volta à questão do sofrimento por essa referência aos sofrim entos de Cristo. A graça de Deus implicava os sofri­ mentos de Cristo para garantir a salvação. Do mesmo modo, a graça do Senhor pode implicar sofrimento para aqueles que pos­ suem sua salvação. 12. Os benfeitores da m ensagem profé­ tica. Revelou-se aos profetas que sua men­

sagem e ministério eram dirigidos a uma era futura (a nossa). O maravilhoso evan­ gelho da graça de Deus aos pecadores foi predito pelos profetas do a t , que não con­ seguiram compreender suas verdades; ele foi pregado pelos apóstolos do n t , plenos do Espírito, e, para os anjos, ele é grande­ mente prodigioso.

1.13-21. 0 santo viver e o sofrimento 13-17. Exortação ao santo viver. Essa tão grande salvação, 10-12, demanda uma ati­

[ 644 1 1Pedro

tude definitiva de separação do pecado. Tal santidade de vida implica atenção mental ("com o entendimento pronto para entrar em ação"), 13a; sobriedade ou seriedade, 13b; madura paciência em face da bênção futura, 13c; obediência, 14a; inconformida­ de às antigas paixões, 14b; semelhança em conduta à santidade do próprio Deus, 15,16 (cf. Lv 11.44,45); reconhecimento da justiça de Deus em meio à perseguição, 17a; e con­ duta determinada por piedoso temor, 17b. 18-21. A razão do v iv er san to. Nossa grande redenção é o fundamento essen­ cial da vida santa. O apóstolo, novamen­ te, lembra a seus leitores sua grandeza, referindo-se a: (1) ao infinito custo e valor, 18,19; (2) a eficiência no resgate do crente da religião legalista vazia e da mera pie­ dade humana, 18b; (3) o Redentor, Cristo, cujo sangue é "precioso" (infinitamente valio­ so e inestimavelmente caro) por ser ele "sem mancha" no caráter e "sem defeito" pela ausência de contato com os homens;

assim ele pôde redimir, 19, e sua obra re­ dentora figurava no plano e propósito eter­ nos de Deus, 20, sendo sua eficácia selada pela ressurreição e subsequente glória de Cristo, 21b; (4) a concessão ao homem por meio da fé em Cristo, 21a, de modo totalmente independente de mérito humano.

1.22-25. Regeneração e conduta 22. A responsabilidade da regeneração.

O novo nascimento, 23a, deve se manifes­ tar na transformação do caráter. Os desti­ natários dessa epístola haviam já realiza­ do a purificação da alma, executada pela resposta obediente à verdade do evange­ lho. Isso havia resultado em amor — ge­ nuinamente sincero e totalmente livre de hipocrisia — pelos outros crentes. Agora eles eram exortados a continuar a prática desse mesmo princípio, como prova de seu novo nascimento. Tal amor deve ser "de todo coração", em uma atitude genu­ ína e permanente — e "não fingido" (ektenos, 'com íntima sinceridade'). 23-25. O m eio da regeneração. O "nas­ cer de novo" (Jo 3.1-5), ou seja, receber de Deus vida e nascimento espiritual, reside na autoridade e no testemunho da Pala­ vra de Deus. Essa Palavra é imperecível, viva e eterna, permanecendo além de todo fenómeno natural (Is 40.6-8). Perceber seu caráter dá certeza ao crente, 25b.

2.1-3. 0 crescimento e o sofrimento do crente 1. Separação do mal. Suportar com êxi­ to as provações da vida, descritas com tanto destaque nessa epístola, é possível somente no caso dos crentes espiritual­ mente maduros. Assim, o crescimento cris­ tão exige uma resposta negativa e outra positiva do crente. N egativam ente, ele deve exibir uma distinta separação do mal, 1, elim inando perm anentem ente "tod a maldade" (má índole), "todo engano", "fin­ gim ento" (atos insinceros com vistas a efeito exterior), "inveja" e "toda difama­ ção". Essas máculas violam o princípio do amor que deve caracterizar o com porta­ mento dos regenerados (1.22).

1Pedro [ 645 ]

2,3. D esejo pela Palavra de Deus. Positi­ sa bondade de Deus ao chamar os homens vamente, o crente deve exibir um intenso perdidos nas trevas espirituais à sua "ma­ apetite pela Palavra de Deus, 2. Ela é o ravilhosa" luz, % . A luz da redenção deve alimento que torna possíveis o crescimento brilhar naqueles que são assim iluminados. e o desenvolvimento. O crescimento é a resposta antecipada àqueles quç prova­ 2.11-20. Peregrinação e ram a graça de Deus, 3.

sofrimento do crente

2.4-10. Identidade espiritual — incentivo no sofrimento 4-8. Identidade com Cristo. O apóstolo agora dá a seus leitores judeus a garantia de que, embora talvez venham a ser rele­ gados ao ostracismo pelo mundo e pelos judeus descrentes, estão, de um modo pes­ soal e íntimo, gloriosamente identificados com seu Senhor e sua igreja. O símile de um edifício é usado para descrever esse relaci­ onamento. Cristo é a eleita e preciosa pedra viva, 4. Os crentes, possuindo a vida de Cris­ to, são pedras vivas que constituem uma casa espiritual (que contrasta com o templo terreno) de sacerdotes que oferecem sacri­ fícios espirituais a Deus, 5. Sua superiorida­ de à ordem da antiga aliança é óbvia. Jesus Cristo é a pedra angular, a pedra fundamen­ tal, desse edifício feito de pedras vivas (a igreja), 6,7. Ele é superlativamente precioso para os crentes, 7a, mas "pedra de tropeço e rocha que causa a queda" para os judeus que o rejeitaram, 7b,8. (Cf. Is 28.16; At 4.11). Isso, sem dúvida, explica por que muitos crentes judeus sofreram por amor dele. 9,10. Identidade com o povo de Deus. A

identificação com Cristo também leva a pes­ soa a um relacionamento vivo com toda a comunidade dos crentes. Pedro se refere a essa comunidade como "geração eleita [es­ colhida]", "sacerdócio real" (sacerdotes da re­ aleza diretamente ligados ao rei, com aces­ so imediato a Deus por meio dele), "nação santa" (nação santificada, separada em Cris­ to para Deus, como Israel deveria ter sido mas jamais o foi), "povo de propriedade exclusi­ va de Deus". "Não éreis povo [...] [pois] não tínheis alcançado misericórdia" se refere a sua antiga condição de afastamento de Deus na morta religiosidade do judaísmo. A responsabilidade daqueles que possu­ em tal relacionamento é declarar a gracio­

11 a. Descrição do caráter do peregrino. Em uma definição tríplice, Pedro descreve os crentes judeus como: (1) "amados", demons­ trando seu amor por eles; (2) "peregrinos" (paroikous, 'residentes temporários') na terra, que têm o céu como verdadeiro lar; e "es­ trangeiros" ( n v i , "peregrinos", parapidemous, 'residentes em um país que não é o seu'). llb-18. A determ inação da conduta do peregrino. Impõe-se a abstenção de "dese­ jos carnais", 11 b (cf. Gl 5.19-21), pois estes lutam contra a alma regenerada, opondose aos seus elevados esforços (Rm 8.13). Os estrangeiros, ou peregrinos, devem manter "correto [...] procedimento entre os genti­ os", entre os quais esses crentes judeus es­ tavam dispersos, para que os impenitentes glorificassem a Deus pelas obras do povo de Deus no "dia da visitação", o dia da vinda de Cristo para o juízo, 12. Espera-se tam­ bém dos estrangeiros, ou peregrinos: sub­ missão ao governo civil constituído, 13,14 (cf. Rm 13.1, 7); boa defesa contra aqueles que erroneamente os acusam, 15; o exercício da liberdade que tem o povo de Deus na sub­ missão à soberania divina, sem usar tal li­ berdade como pretexto para o mal, 16; hon­ rar todos os homens, 17; amar os outros crentes; reverenciar a Deus; honrar o rei; obedecer aos mestres, 18 (Ef 6.5). 19,20. Conduta e sofrim ento do peregri­ no. Manter uma boa consciência diante de

Deus como peregrino muitas vezes exige suportar a dor que resulta do injusto so­ frer, 19. Esse tipo de sofrimento é "digno de louvor diante de Deus", 20.

2.21-25. 0 sofrimento do crente e o exemplo de Cristo 21a. O chamado do crente ao sofrimen­ to. Sofrer justamente é parte inerente da

vocação cristã.

[ 646 ] 1Pedro

21b-25. 0 exemplo do sofrimento de Cris­ to. Os crentes são chamados a sofrer no mesmo espírito de plácida fé e de pacien­ te resistência que Cristo exibiu. Ele nos deixou um exemplo a imitar, um parâme­ tro a nos guiar, desejando que seus remi­ dos seguissem "[de perto] os seus pas­ sos", 21b. Cristo era absolutamente livre de pecado e engano, 22 (Is 53.9), e, no en­ tanto, sofreu, e isso com calma confiança e paciente tolerância, 23 (Is 53.7; Mt 26.5968; Jo 18.19-23). Longe de sofrer por ter praticado o mal, seu sofrimento até a mor­ te vicariamente redimiu a nós, pecadores, fazendo dele muito mais que um simples exemplo. Ele, único capaz e disposto a fazê-lo, carregou em sacrifício e ofereceu nossos pecados em seu corpo sobre a cruz, 24a, proporcionando-nos não só redenção do castigo do pecado, mas também liber­ tação do poder do pecado, para que pu­ déssemos viver em justiça, 24b (Rm 6.1-11; 8.3-5). Assim, seus sofrimentos até a mor­ te nos trouxeram cura espiritual, 24c, e res­ tauração espiritual, 25.

3.1-7. 0 parâmetro de Deus para esposas e maridos 1-6. P arâm etro para as esposas. As es­ posas devem se subm eter a seus m ari­ dos, para que um marido descrente seja conquistado para Cristo pela conduta pie­ dosa de sua esposa, 1,2. Ela deve ser exte­ riormente pura na vida, reverente em sua atitude em relação ao marido, modesta no vestir, 2,3, e, no íntimo, espiritualmente adornada "com o incorruptível e imorredouro encanto de um espírito m anso e tranquilo, que é inestim ável diante de Deus" (segundo tradução literal do gre­ go), 4. De acordo com os exemplos do a t , especialmente Sara (Gn 18.12), ela deve ser uma mulher de fé e adorno íntimo e ter submissão, obediência e coragem, 5,6. 7. Parâm etro para os m aridos. Os mari­ dos devem viver com suas esposas com a compreensão do que significa o casamen­ to. Devem, deliberadamente, honrar a mu­ lher como o sexo fisicamente mais fraco, reconhecendo que ambos são igualmente

0 Coliseu, em Roma. Quando Pedro fala da "Babilónia" provavelmente está se referindo a Roma.

1Pedro I 647 I

herdeiros da graciosa dádiva divina de vida, física e espiritual. Deve prevalecer a tranquilidade no lar, para que as orações não sejam perturbadas; assim eles pode­ rão desfrutar das bênçãos da fé em união.

3.8-12. 0 sofrimento do crente e o viver harmonioso 8-11. Exigências para um viver harm oni­ oso. Para que os crentes vivam em har­

monia, especialmente debaixo de prova­ ções, precisam ter pensam entos semelhantes em relação à fé, sendo soli­ dários uns aos outros, fraternais, compas­ sivamente ternos (Ef 4.32), de espírito hu­ m ilde, 8; não vin g ativo s para com os outros, mas benéficos, para que assim pos­ sam receber as bênçãos, 9 (SI 34.12-15). 12. Razão do viver harm onioso. Usando as palavras do salmista em Salmos 34.15,16, o apóstolo assegura os crentes de que eles são objeto do gracioso zelo do Senhor, e não reféns inimigos. Viver harm oniosa­ mente no sofrimento pode atrair a cruelda­ de dos inimigos, mas também atrai aten­ ção especial do Senhor.

3.13-17. Conservando uma boa consciência no sofrimento 13-15. O cam inho da boa consciência. A consciência de uma pessoa pode ser con­ siderada boa quando livre de ofensa con­ tra Deus e contra o homem (At 24.16; lTm 1.5), ou má quando está poluída (lTm 4.2; Tt 1.15; Hb 10.22). Conservar uma boa cons­ ciência implica: (1) integridade, 13; (2) ati­ tude correta diante do sofrer pela justiça, 14a; (3) enfrentar a perseguição destemi­ damente, 14b; (4) dar a Deus o lugar corre­ to em sua vida, 15a, pois Cristo deve ser adorado como Senhor antes que a consci­ ência possa se esvaziar de ofensa contra Deus; (5) manter um testemunho apropri­ ado perante os homens, 15b.

3.18-22. 0 exemplo que Cristo deixou de triunfo e de encorajamento 1 8 .0 triunfo de Cristo sobre o sofrimen­ to. O exemplo de Cristo favorece a paciên­

cia no sofrimento, pois ele mesmo preferiu não se eximir do sofrimento. Se ele não se eximiu do sofrimento, tampouco da própria morte, por que os crentes deveriam espe­ rar evitá-lo? Ele não tinha pecado; nós so­ mos pecadores. Ele veio para expiar o pe­ cado e nos reconciliar com D eus; nós simplesmente devemos ser testados e cor­ rigidos. Ele entraria na glória; nós logo o seguiremos. 19,20. O encorajam ento de Cristo no so­ frim ento. Os crentes judeus a quem Pedro

escreveu estavam praticam ente m ergu­ lhados no mundo pagão que os cercava. Ele os encoraja, pela lembrança do minis­ tério de Cristo à geração anterior ao dilú­ vio até chegar a Noé. Esse ministério foi operado pelo mesmo Espírito, 18 (Rm 8.11), que realizou a ressurreição de Jesus, 19a. Era um ministério pregador, que Cristo re­ alizou por ação especial (Gn 11.5; Mq 1.3), pregando aos "espíritos em prisão" (gr.), aqueles que eram pecadores na carne nos tempos de Noé. Cristo, pelo seu Espírito (Gn 6.3), pregou a eles por meio de Noé. O pe­ cado deles era a desobediência (eram re­ beldes e irredutivelmente descrentes), sen­ do o crime deles agravado pela longânime paciência divina durante os cento e vinte anos em que a arca foi construída, 20. Essa rebeldia resultou no afogamento do corpo deles e no lançamento do espírito deles na prisão (chamada Tartarus, 2Pe 2.4,5; Jó 1.6; ver comentários sobre Gn 6.1-6), 19. 21,22. O triunfo de C risto ao op erar a salvação. Os sofrimentos de Cristo resul­

taram em nossa salvação. Isso torna nos­ so sofrimento não só tolerável, mas glori­ oso. O símile exterior dessa salvação é o batismo pela água. A arca nas águas do 1 6 ,1 7 .0 resultado da boa consciência. A dilúvio é o tipo; nossa salvação em Cristo (a verdadeira Arca), o antítipo. A água sim­ boa consciência envergonha todos os per­ plesmente isolou os justos do pecado e seguidores, 16a; propicia a boa conduta, dos pecadores daquela época. Só a arca 16b; e dá ao crente perseguido a convic­ salvou. Assim é o batismo para os salvos, ção do valor de sofrer pela justiça, 17.

[ 648 ] 1Pedro

mas ele mesmo não pode salvar, exceto como símile dos candidatos salvos sendo isolados dos pecadores e da condenação destes. Só Cristo salva, e isso em virtude de sua ressurreição (Rm 4.25), 21c. Nenhum rito exterior pode salvar — ele "não é a remoção da impureza da carne", 21b, "mas a promessa de uma boa consciência para com Deus" — a remoção da consciência do pecado pelo sangue de Cristo (cf. Hb 9.14).

4.1-6. 0 sofrimento e o exemplo de Cristo de um viver vitorioso 1,2. O fundam ento do viver vitorioso.

Assim como Pedro havia anteriormente usado o exemplo de Cristo para fortalecer a paciência no sofrimento, também agora o emprega para exortar a morte do peca­ do. O crente deve armar-se, como um sol­ dado colocando sua arm ad u ra, com o "mesm o pensam ento" (e propósito) de Cristo — dispondo-se a morrer para não pecar (cf. Fp 2.5-8), 1. Assim como a morte

física livra o homem do pecado, também aquele que se identifica com o sofrimento redentor de Cristo deve contar com esse evento, não mais respondendo às fortes paixões pecaminosas dos homens enquan­ to vive na terra, mas respondendo à von­ tade de Deus para sua vida, 2. 3-6. O argum ento contra a vida de peca­ do. O apóstolo contrasta a vida lasciva dos

gentios com a vida vivida segundo a von­ tade de Deus (cf. v. 2). Esse viver pecami­ noso grassou antes da conversão e não deve receber nova oportunidade, 3a. Seis pecados são relacionados, 3b, caracterís­ ticos dos irregenerados. Os crentes, em função de sua vida transformada, trazem condenação aos ímpios, fazendo com que os cristãos sejam difamados pela sua pu­ reza de vida, 4. Contudo, os descrentes certamente sofrerão o juízo de Deus, tan­ to nesta vida (os "vivos") quanto no vin­ douro juízo final do grande trono branco (os "mortos", Ap 20.11-15), 5. Como os ho­ mens irregenerados terão de enfrentar o

O Asclépio, em Pérgamo, local onde se praticava o culto a Asclépio.

1Pedra [ 649 ]

juízo de Deus, a boa nova (o evangelho) é pregada, mesmo àqueles que hoje estão m ortos. Se o homem crê no evangelho, mesmo que seja julgado nesta vida segun­ do o juízo dos homens, vive espiritualmen­ te segundo a vontade de Deus, 6. ♦

4.7-11. 0 juízo e o serviço em meio ao sofrimento 7. Vivendo em face do juízo vindouro. A afirmação de Pedro — "Mas já está próxi­ mo o fim [consumação] de todas as coisas" (cf. Tg 5.8,9) — ainda tem em mente a ques­ tão do juízo (cf. 5,6). Em face dessa proximi­ dade, os crentes são exortados a ter "bom senso" e estar "alertas em oração". 8-11. Servindo no espírito do amor. So­ bressai a injunção de ter "profundo amor de uns para com os outros", pois o amor cobre a multidão dos pecados, 8. A falta de amor propaga e descobre esses pecados, em de­ trimento da obra de Deus. Pedro fala sim­ plesmente de um amoroso espírito de per­ dão versus um desamoroso espírito de crítica, e não da expiação dos pecados. Ele também aconselha a prática da hospitalidade sem murmuração, 9, e o uso dos dons espirituais (cf. ICo 12.8-12) para o bem-estar uns dos outros, 10 (cf. Rm 12.6,8; lTm 6.17,18). Esse serviço deve carregar as marcas da autori­ dade de Deus e da humildade, 11. A meta de todo serviço é glorificar a Deus, 11c.

4.12-19. A volta do Senhor e as provações 12-14. A fonte de coragem nas p rova­ ções. A atitude correta diante das prova­

ções, e a compreensão de seu propósito e benefícios para o cristão, incute coragem. E preciso contar com as provações, e não encará-las como algo incomum na vida do crente, pois são permitidas para testar a genuinidade da sua fé, 12. Pedro aconse­ lha o contínuo alegrar-se em meio à pro­ vação, pois o crente, assim, entra em co­ munhão com Cristo em seu sofrimento, 13a, e, em sua revelação (vinda), terá mo­ tivo para alegria ainda maior, 13b. As pro­ vações atuais trazem especial felicidade

ou bênção, pois o Espírito de Deus, desse modo, realiza a unção espiritual e dá tes­ temunho da glória de Deus, 14. 15-19. A coragem para as provações e o dever cristão. A responsabilidade do cren­

te é evitar o sofrimento que vem como con­ sequência do pecado, 15. Além disso, ele não deve se envergonhar de sofrer como "cristão", alcunha desdenhosa criada pe­ los gentios de Antioquia (At 11.26: 26.28). Ao sofrer pela justiça, ele honra o nome "cristão" (crente e seguidor de Jesus Cris­ to, o Messias), e assim glorifica a Deus, 16. O cristão deve perceber que o julga­ mento de suas obras na volta do Senhor é iminente, 17 (cf. ICo 3.11-15; 4.1-6; 2Co 5.10), e se ele, membro da família de Deus, está sujeito a julgamento, os ímpios podem es­ perar juízo ainda mais severo. Só lhes res­ ta a perdição como herança, pois não co­ nhecem Cristo e são irremediavelmente pecadores, 18. O apóstolo resume essa seção afirmando que o sofrimento deve ser bem-vindo quando for "segundo a von­ tade de D eus", e os sofredores devem devotar a alma ao Criador fiel, que os fez e que pode certam ente cuidar deles no sofrimento, levando-os através das pro­ vações até sua glória, 19.

5.1-5. A volta do Senhor e o dever cotidiano 1-4. O dever dos presbíteros. Os presbí­ teros (ou bispos, evidentemente o mesmo posto) são exortados a apascentar o reba­ nho de Deus, assumindo a responsabilida­ de de supervisionar o "rebanho de Deus" (a comunidade dos crentes) voluntaria­ mente, e não por obrigação, e de bom gra­ do, sem ser motivados por pensamentos de (vil) ganho pessoal, 1,2. Eles devem dar o exemplo para o rebanho, sem exercer domínio autocrático sobre aqueles que estão sob sua jurisdição, 3. A recompensa para o pastoreio fiel será a "imperecível coroa da glória" quando Cristo, o Supre­ mo Pastor, voltar para os seus (cf. ICo 3.11 15; 2Co 5.10), 4. 5. O d ever dos joven s. Os jovens de­ vem se submeter aos presbíteros (1-4), e

I 650 1 1Pedro

todos os membros do rebanho devem se revestir de humildade uns para com os outros (Pv 3.34; 18.12; Tg 4.6).

5.6-11. A volta do Senhor e a maturidade cristã

chamou o crente para sua eterna glória em Cristo, 10b, assegurando-lhe perfeição definitiva; porque seu propósito ao permi­ tir o sofrimento é aperfeiçoar o cristão, para "firmar, fortalecer e alicerçar" o cren­ te, 10c. A reação do crente em tudo isso deve ser o perpétuo reconhecimento da glória e do domínio de Deus, 11.

6-9. Cultivando a m aturidade. Isso im­ plica um espírito de contínua submissão a Deus, 6,7, e uma atitude de contínua resis­ 5.12-14. Saudação final tência a Satanás, 8,9. Com respeito a Deus, os crentes devem: humilhar-se em plena 12. T estem u n h o p e sso a l. O apóstolo submissão "sob a poderosa mão de pontilhou toda a epístola de exortações e Deus", 6a, independentemente do que de sinceras explanações; agora Pedro acres­ bom ou de ruim isso signifique no sofri­ centa um testemunho pessoal: "escrevo mento presente (cf. Is 57.15); confiar que Deus de forma abreviada, exortando e testemu­ o exaltará no momento certo, 6b; entregar a nhando que esta é a verdadeira graça de Deus", ele todas as suas preocupações, 7a, certos de 12. Pedro escreveu com inequívoca auto­ que ele cuida dos seus, 7b (SI 55.22). ridade, pois ele mesmo era brilhante tro­ Com respeito a Satanás, os crentes de­ féu da graça de Deus. Silvano (gr. Silvavem ser sóbrios (sérios) e alertas, pois seu nus) era um dos companheiros de Paulo adversário, o Diabo, ronda "rugindo como (At 15.22, 40). leão" em busca de alguém para devorar, 8. 13,14. Saudações finais. "Aquela que [...] Os crentes precisam ser firmes na fé para está na Babilónia" provavelmente não é resistir-lhe, que a eles resiste (cf. Zc 3.1; uma ilusão simbólica, à cidade de Roma, Ap 12.10). Pois o crente deve perceber que mas à igreja (2Jo 1) dos conversos judeus seu encorajamento é um sinal do favor de em Babilónia, às margens do Eufrates (At Deus, e não desfavor, já que Satanás tem 2.9), centro do qual se propagou a disper­ permissão para assombrá-lo como o fez são asiática dos judeus. Lá havia uma gran­ com Jó. Todos os crentes têm o mesmo con­ de comunidade judaica na era apostólica, flito no mundo (onde Satanás age), 9. segundo Filo e Josefo. Marcos é João Mar­ 10,11. Vivendo a m aturidade. Isso é pos­ cos (cf. Cl 4.10; 2Tm 4.11). O "beijo santo", sível: porque "o Deus de toda a graça" nos 14, foi estranham ente abandonado pela trata com benevolência, 10fl; porque ele maioria dos cristãos (Rm 16.16; cf. At 20.37).

2Pedro Crescendo na graça Autoria.

Por causa de certa diferença de estilo entre 1 e

aparen tem ente, é improvável. É bem pouco provável que um falsificador

2Pedro, alguns dos primeiros pais, além de certo número de

que escrevesse a bem da verdade, para alertar contra falsos méstres,: fosse ele mesmo um enganador. Por outro lado, não há motivo evidente para uma autoria pseudonímica. A epístola é ortodoxa, sem expor nenhum

reformadores e críticos modernos, questionaram a autoria petrina de 2Pedro. A epístola só foi reconhecida largamente com o escrito autêntico do apóstolo Pedro no tempo de Orígenes (c. 250 d.C.). Todavia, os indícios parecem sustentar que foi de fato escrita pelo apóstolo (1.1). A falta de reconhecimento da igreja primitiva e o consequente desdém do público cristão são explicados pela brevidade da carta, pela sua natureza genérica (não é endereçada a nenhum a pessoa nem igreja específica), e pelo fato de conter pouco material novo. Alguns : , . chegaram a dehtínrár qim-.D . -nome

Simão

Pedro ( X J X é

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favor da genuinidade de 2Pedro. Judas, aparentem ente, alude a 2 Pedro (cf. 2.6— 3.3; Jd 4-16).

Motivo e data.

Segunda

,

Pedro foi evidentem ente escrita para as mesmas pessoas que 1Pedro, a saber, os cristãos judeus (ver com entário sobre 1Pe 1.1). Foi ap aren tem ente escrita depois de 1Pedro e antes de Judas, pois o desvio doutrinário que descreve não está tão plenam ente desenvolvido como em Judas. A data é provavelm ente 66 ou 67 d.C.

novo ensinamento. Nada traz de novo sobre Pedro, ao contrário dos espúrios Evangelho de Pedro e Apocalipse de Pedro. As alusões autobiográficas são fiéis aos fatos (cf. as referências à transfiguração, 1.16-18, e ao martírio de Pedro, 1.12-14, essa última escrita antes de Jo 21.18,19,

Esboço 1 O segredo do crescimento cristão

2 O antídoto do erro 3 A chave da certeza do futuro

que a prevê). A sinceridade cristãro zelo apostólico e o i/aior gertel da epistola, ao . çqntráçio; dçs~ p i e d ^ s ,sern-r|j| valor ,cfeque1es, q y e ; 3 - *■ 1 de urfiij; =;.! isioft;, 6'V,í.T-.., ■ ,p; áH :=.

S

1 Pedro e 2Pedro em contraste 1 Pedro Ênfase no sofrimento

2Pedro Falso ensinamento e falsos mestres

Os sofrimentos de Cristo

A glória futura

Título redentor — Cristo

Título de soberania — Senhor

C onsolação Esperança para enfrentar o. juízo Sete palavras diferentes expressam "so frim e n to ", e o tem a é recorrente

Alerta Pleno conhecim ento para en frentar o erro A palavra "co n h e ce r" e suas cognatas ocorrem treze vezes: 1.2, 3, 5, 6, 8, 12, 14, 20; 2.9, 20, 21 (duas vezes); 17, 18

Reza a tradiçao que Pedro foi sepultado na área sobre a qua! foi construída a basílica de Sáo Pedro, jja Cidade do

[ 652 1 2Pedro

1.1-4. A base do crescimento cristão

"empregando todo o vosso esforço" deve­ mos cooperar com ele. Isso implica asso­ ciar "a virtude à vossa fé [ponto de partida 1,2. A fé comum dos crentes. Simão é a de todo conhecimento e crescimento espi­ forma grega do hebraico Sim'on ("au d i­ ritual], e o conhecimento à virtude [da ver­ ção") (At 15.14; cf. Mt 16.16-18), e identifica dade e vontade de Deus], e o domínio pró­ Pedro como cristão judeu, 1. O uso desse prio ao conhecimento, e a perseverança nome antigo concorda com o propósito ao domínio próprio, e a piedade [devoção dessa segunda carta, que pretende aler­ a Deus em comunhão e serviço, de modo tar contra o surgimento de falsos mestres que a perseverança não seja mero estoi­ pelo testemunho de testemunhas ocula­ cismo, mas o jorro da vida de Deus que res originais e apostólicas, combatendo o habita em nós] à perseverança, e a frater­ erro dos falsos mestres com o pleno co­ nidade à piedade, e o amor à fraternida­ nhecimento de Cristo, 2. de". O amor coroa a corrente de graças, O apóstolo dirige-se àqueles que rece­ como em Colossenses 3.14, e abrange to­ beram "fé igualmente preciosa", ou seja, das elas, sendo o símbolo da maturidade uma fé igualmente preciosa a todos os espiritual (cf. ICo 13). crentes. Essa fé, base do desenvolvimen­ 8,9. A resultante m anifestação de m atu­ to e do crescimento cristão, é obtida ou ridade espiritual. Essa maturidade se reve­ recebida de Deus, e não é realização hu­ la nos frutos, 8, e protege o crente da mio­ mana. Fundamenta-se na justiça de Deus pia (ou cegueira) espiritual (myopadzon, pela obra redentora de Cristo (cf. ICo 3.11). visão embaçada, que só enxerga de bem Os crentes podem multiplicar (aumentar) perto), 9. A pessoa míope esqueceu que a "graça" e a "paz" pelo "conhecimento foi purgada dos seus pecados (purificada de Deus e de Jesus nosso Senhor", 2. para sempre, no momento da regenera­ 3,4. A capacitação espiritual dos crentes. ção, Jo 13.10; Hb 10.2). Facilitando o crescimento cristão, essa ca­ pacitação consiste em: (1) "seu divino po­ 1.10-15. A consumação der" (a dinâmica do Espírito Santo), infun­ do crescimento cristão dindo em nós tudo o que é necessário para a realização da vida e da piedade, 3a; (2) 10. Assegurando nossa vocação e eleição. "conhecimento daquele que nos chamou", "Portanto [por causa do perigo de recair na 3b — conhecimento (epignosis) pleno, pes­ miopia espiritual, 9], esforçai-vos cada vez soal e preciso de Cristo, possibilitado pelo mais por firmar vosso chamado e eleição; ministério de ensino do Espírito (Jo 16.13porque, fazendo isso, não tropeçareis ja­ 15); (3) a Palavra de Deus, 4a — pois rece­ mais." Embora a eleição deles fosse segu­ bemos promessas infinitamente valiosas e ra do ponto de vista divino, sendo resultado sublimemente excelentes; (4) uma nova da escolha soberana de Deus e baseada na natureza, 4b, o privilégio de participar [koieficácia da consumada redenção de Cristo, nonoi, "companheiros"] "da natureza divi­ os crentes devem empregar seus recursos na" (Jo 3.1-5); (5) capacidade e meios para espirituais, 5-7, para manifestar maturida­ viver de um modo santo, 4 b, a fim de esca­ de, 8,9, a fim de tomar sua vocação e elei­ par [por meio dos recursos precedentes] à ção certas diante dos homens. O resultado "corrupção que há no mundo". será que* "não tropeçareis jamais", portan­ to, jamais falhando na vida cristã, 10i>. (Ver comentários sobre Ef 1.1-6.) 1.5-9. 0 caminho do 11-15. Entrando no reino eterno. Os cren­ crescimento cristão tes entram espiritualm ente no reino de 5-7. Aplicação da capacitação espiritual. Deus, onde nascem de novo (Jo 3.5). A en­ "Por isso mesmo", por causa da capacita­ trada mencionada aqui é, de fato, a entra­ ção espiritual que Deus nos confiou, 3,4, da no reino eterno de nosso Senhor e Sal­

2Pedro [ 653 ]

vador Jesus Cristo, quando da ressurrei­ ção do corpo e sua consequente glorifica­ ção (lTs 4.13-17; ljo 3.1-3; Fp 3.20,21). A obra da graça nesta vida deve ser coroada com a recompensa da graça na vida futura. Esse glorioso futuro exige constante lembrança, a fim de estimular o povo de Deus, 12,13. A "verdade" a que Pedro se refere é a verdade do evangelho então presente, anteriorm ente prom etida aos santos do a t , e agora, nos tempos do n t , de fato presente junto aos crentes como rea­ lidade efetiva. Além disso, o apóstolo con­ sidera urgente seu ministério de lembrar o povo, em vista de sua morte iminente, 14. Como consequência dessa responsa­ bilidade, ele assegura seus leitores de que depois de sua morte seus escritos servi­ rão para lembrar as verdades do evange­ lho que ele lhes ensinou, 15.

se provou inspirada pelo cumprimento, 19a ("Assim, temos ainda mais firme a pala­ vra profética [as Escrituras do a t ] " , sendo essa atestada e comprovada pelo cumpri­ mento de profecias no n t . A s Escrituras proféticas devem ser diligentemente ou­ vidas no nosso íntimo, 19b. A estrela da alva é Cristo em sua vinda para os seus (Jo 14.1-3; ICo 15.51; lTs 4.13-18). As Escri­ turas têm também origem divina, pois são divinamente inspiradas, 20,21. Uma tradu­ ção ampliada do texto grego daria: "Pois não foi pela vontade do homem (enfático) que qualquer profecia nos foi revelada, mas, ao contrário, hom ens sustentados pela ação do Espírito Santo falaram da parte de Deus [enfático]", 21.

1.16-21. Crescimento cristão e autoridade bíblica

1. A a tiv id a d e . Em contraste com os v erd ad eiros profetas que falavam por Deus, Pedro se refere à oposição dos fal­ sos profetas (Mt 24.5; lTm 4.1; Jd 4). Eles, furtiva e deliberadamente, expõem here­ sias destrutivas, negando, até mesmo, o próprio Senhor que os resgatou, i.e., pos­ sibilitou sua salvação. 2,3. A in flu ên cia. A influência desses falsos profetas é revelada pela sua popu­ laridade ("muitos seguirão sua vida de li­ bertinagem"), 2a; pela oposição aparentemen­ te bem-sucedida à v erd ade, 2b; e pela exploração financeira das suas vítimas ("Mo­ vidos pela ganância, também vos explo­ rarão com suas artim anhas" — plastois, "form adas" ou "inventadas" para enga­ nar, "fabricadas" como falsificação), 3a.

16-18. A autoridade do testemunho apos­ tólico. O próprio Pedro remete os crentes à

efetiva autoridade da Palavra de Deus, de­ clarando que o testemunho inspirado dos apóstolos descarta o engano e o logro ("não seguimos fábulas engenhosas ", i.e., mitos criados pela sabedoria humana, e não pela inspiração do Espírito Santo, cf. ICo 3.13), 16a. Além disso, o testemunho apostólico abarca a revelação do poder e da vinda de Cristo, compreendendo a prova das tes­ temunhas oculares, 166 (Mt 17.1,5). Ter visto o Cristo ressuscitado era pré-requisito do apostolado (At 1.21,22). No monte da transfi­ guração, Pedro foi testemunha ocular "da sua majestade" (no gr., há ênfase). A trans­ figuração foi uma miniatura da segunda vin­ da (ver comentários sobre Mt 17.1-8; Mc 9.210; Lc 9.27-36). Pedro também ouviu a voz da "glória majestosa" (Deus) quando ele, ao lado de Tiago e João, estava no "monte santo", 17,18. 19-21. A autoridade da palavra escrita.

Essa é hoje a autoridade única e plenamente suficiente da fé e da prática. A Palavra es­ crita não só contém e preserva a autorida­ de do testemunho apostólico (16-18), mas

2.1-3a. Falsos mestres — seu surgimento

2.36-9. Falsos mestres —■ sua condenação 3b. Declara-se seu certo juízo. A segura ruína desses falsos mestres é enfatizada pela seguinte vívida personificação: "Sua condenação desde há muito tempo [nos desígnios e planos de Deus, Jd 4] não tar­ da, e a sua destruição não está inerte". 4-8. E xem p lifica-se sua segura ruína. A primeira ilustraçãom é a dos anjos caídos,

[ 654 1 2Pedro

4. Esses, ev id en tem en te, eram os do tempo do Dilúvio, que tomaram para si mulheres m ortais, corrom pendo a raça e violando a ordem divina da existência (Gn 6.1-6; Jd 6). Seu destino foi o encarce­ ramento em "abismos de trevas". O se­ gundo exemplo é o do mundo antigo, 5. Só Noé e sua família foram salvos (Gn 6.1 — 8.22). O terceiro exemplo é o de Sodoma e Gomorra, 6-8, em que o justo Ló foi poupa­ do (Gn 19.1-29; Jd 7). 9. Enuncia-se o princípio divino. Ao Se­ nhor não faltam meios de resgatar os pie­ dosos da tentação (p rov ação ), nem de manter os injustos sob castigo.

2.10-16. Falsos mestres — sua presunção e avareza 10-12. A especificação do pecado da pre­ sunção. Esses mestres ímpios, reservados

sob castigo, 9, são especialmente dados à sensualidade, entregando a carne (a corrupta natureza pecaminosa) às paixões da degra­ dação moral, 10rt. São dados à iniquidade, desprezando a autoridade — especialmen­ te a de Deus e sua Palavra, 10b. Esses dois pecados, porém, aparentemente provêm do mesmo pecado básico da presunção, 10c-12. Como são presunçosos (gr. "ousados") e obstinados, buscando gratificar-se a si mes­ mos em teimosa pertinácia, não temem fa­ lar mal de majestades angélicas (a ordem dos anjos). Por outro lado, os "anjos, embo­ ra maiores em força e poder [do que esses iníquos seres humanos], não pronunciam contra eles [os falsos mestres] acusações difamatórias diante do Senhor", 11. Tal pre­ sunção leva esses falsos mestres a difamar aquilo que eles desconhecem, 12a. 12b,13a. O castigo do pecado. Eles serão "destruídos", sendo que o termo grego expressa 'corrupção' e 'arruinação', 12b. A recompensa deles será a retribuição dos injustos, 13a. 13b, 14. A deform idade m oral. O amor dos falsos mestres ao prazer da luxúria leva a vidas viciadas em orgia, 13b,14a. Eles são manchas e máculas morais, vergonha para a sociedade, vivendo em baderna e orgia, e banqueteando enganosam ente

com os crentes nos seus banquetes car­ nais. Seu caráter mercenário se revela por terem "coração exercitado na ganância". 15,16. A exem plificação de seu caráter m ercenário. Tendo abandonado o reto ca­

minho da obediência ao Senhor, eles se transviaram, seguindo o caminho de Balaão — o curso da fácil conformidade ao mundo, tomado por esse profeta m erce­ nário que só vivia ávido por mercadejar seu dom espiritual. Eles são como Balaão, "que amou o prémio da injustiça" e se dis­ pôs, a soldo de Balaque, a amaldiçoar Is­ rael, povo que Deus abençoara. Falhando sua estratégia, dispôs-se a atrair Israel à idolatria e à luxúria carnal a fim de alcan­ çar lucro material. Uma jumenta, muda, falou com voz de homem para repreen­ der a insensatez do profeta (Nm 22.21-31). Que contraste — um animal mudo censu­ rando um profeta inspirado!

2.17,18. Falsos mestres — e o intelectualismo vazio 17. Eles são destituídos do Espírito de D eus. Várias metáforas demonstram essa

vacuidade: (1) poços (fontes ou nascentes) sem água, em que a água é o símbolo da vida eterna dada pelo Espírito (Jo 4.14; 7.3739); (2) névoas impelidas por temporal, inalteravelmente instáveis em questões espi­ rituais; (3) "para os quais está reservada a escuridão das trevas", ou seja, estão fa­ dados à ignorância espiritual. 18. Estão enredados no intelectualism o v a z io . Esses mestres do erro empregam

linguagem arrogante com o intuito de ilu­ dir. Recorrem aos vis desejos da carne, por meio dos quais enganam jovens con­ versos, aqueles que mal escaparam dos que vivem no mundo ímpio.

2.19-22. Falsos mestres — e a servidão ao pecado 19,20a. A promessa vazia de liberdade.

Essa promessa nada vale, pois eles mes­ mos se acham escravizados pelo pecado, 19a. São escravos comuns (douloi) da de­ pravação moral e, assim, impotentes para

2Pedro I 655 ]

Monte Hermom, ao norte de Israel. Pedro menciona sua presença no episódio da transfiguração, que provavelmente ocorreu no alto desse monte.

ajudar os outros. Tendo rejeitado a verda­ de do evangelho, espezinharam a única fonte de liberdade verdadeira (Jo 8.32; Gl 5.1, 13; Rm 6.12-22). A liberdade que ofere­ cem é espúria. Não é libertação do pecado, mas promessa de liberdade de todo jugo, como se o serviço de Deus não fosse liber­ dade perfeita. Tal promessa atrai os que m eram ente professam a fé, 20, aqueles que, em sua conduta exterior, escaparam à corrupção do mundo por causa do medo, mas, irregenerados, ainda anseiam as an­ tigas paixões. 20b-22. A m iséria de suas vítim as. Mo­ ralistas iluminados, mas impenitentes, os seguidores desses falsos mestres evitam, pelo menos, os pecados mais óbvios, mas, ao rejeitar a luz de Cristo, ficam expostos a trevas m aiores e a pecados mais pro­ fundos (Fp 3.18,19). Havendo enjeitado o "santo mandamento que lhes havia sido dado" (negando-se a se arrepender peran­ te Deus e a praticar a fé em Cristo), são como o cão que voltou ao seu próprio vó­ mito (Pv 26.11), e como a porca que, de­ pois de banhar-se, volta a chafurdar no lamaçal, 22. O banho do suíno sugere a mera reforma exterior.

3.1*7. Os escarnecedores dos últimos dias e a segunda vinda 1-3. O alerta sobre os escarnecedores.

Pedro se refere a sua "segunda epístola", que chamamos 2Pedro, na qual novamen­ te busca estimular espiritualmente seus leitores, lembrando-lhes as "palavras ditas anteriormente pelos santos profetas [do a t ], e do mandamento do Senhor e Salvador, dado por meio de vossos apóstolos". (Cf. Mt 24.11; 2Tm 3.1-9; ljo 4.1-6.) Seu propósi­ to, ao escrever a carta, era alertá-los do perigo dos escarnecedores dos últim os dias, zombadores e debochados que riem ou fazem piada de qualquer coisa (Jd 18). 4-7. A natureza de seu escárnio. Esses zombadores escarnecerão da verdade da se­ gunda vinda, 4a. Depois de todos esses sé­ culos, a vinda de Cristo ainda não ocorreu e eles debocham dizendo: "Onde está a pro­ messa da sua vinda?". Questionam, de for­ ma ousada, a confiabilidade da Palavra de Deus, que traz essa verdade inscrita nas páginas das profecias do at como também do n t . Além do mais, abraçam a ordem na­ tural dos eventos, e não o catastrofismo so­ brenatural, 4b, supondo que o mundo natu­

[ 656 1 2Pedno

ral permanece "como desde o princípio da criação". A dedução é esta: todas as coisas sempre continuarão assim. Tal suposição é refutada pela história bíblica, 5,6, e pela profecia bíblica, 7. A restauração da terra (Gn 1.1-31), o dilúvio de Noé, 6, e a vindoura catástrofe pelo fogo, que renovará a terra, 7, exibem a verdade da Palavra de Deus diante da ale­ gação do escarnecedor, 4.

nam amplos motivos para o viver piedo­ so. Tal piedade será exibida pela constan­ te expectativa e desejo da chegada do "dia de Deus", 12a. Esse "dia" é o evento final do tempo, quando a morte, o pecado e o inferno serão completamente vencidos, e Cristo entregará o reino mediatário ao Pai (ICo 15.24-28; Ap 20 .7 -2 2 .2 1 ). 12b, 13. A gloriosa expectativa. Esse even­ to esperado colocará ponto final na zomba­ ria de todos os escarnecedores (v. 4). Pro­ 3.8-10. A paciência de Deus metido pela própria Palavra de Deus, 13a, e e o dia do Senhor esperado na fé, 13b, ele implica um universo 8,9. O tempo de Deus. O apóstolo passa limpo do pecado, 13c (Is 65.17; 66.22; Rm 8.21; a responder aos escarnecedores, salientan­ Ap 21.1,27). Assim como o dilúvio de Noé do que Deus, para dar cumprimento a seus gerou uma terra renovada, purgada de pe­ desígnios, não age constrangido pelos nos­ cadores, também o batismo de fogo purifi­ sos limitados conceitos de tempo. Ele cita cará a terra para a habitação do homem Salmos 90.4 para mostrar que Deus age na plenamente libertado da maldição; e, desse eternidade, e não está confinado a limita­ modo, a justiça novamente habitará o mun­ ções de tempo, como o homem, 8. Deus, do, 13d. Os céus serão purgados de Satanás porém, jamais se atrasa, 9. Ele não "retar­ e suas forças demoníacas (Ef 6.10-12; Ap 20.1da", i.e., nâo atrasa no sentido de ser inde­ 3,10), e a terra, dos homens ímpios (Ap 20.11ciso ou lento para cumprir suas promessas, 15). O lago de fogo será o lugar do eterno como alguns homens, guiados pelo raciocí­ confinamento de todo o mal, para que so­ nio natural, encaram a questão. Ao contrá­ mente os justos preencham o universo na rio, "ele é paciente convosco e não quer eternidade (Ap 20.10; 21.1-4,8). que ninguém pereça, mas que todos ve­ nham a se arrepender" (Mt 20.28; lTm 2.4; 3.14-18. A esperança do crente cf. Gn 6.3; IPe 3.20). 10. A certeza do dia do Senhor. Pedro e seu crescimento na graça faz uma nova revelação a respeito do dia 1 4 -1 7 .0 incentivo ao crescimento. A per­ do Senhor, que se associa ao cataclismo cepção dessa esperança (de novos céus e pelo fogo (cf. v. 7). A profecia do at clara­ nova terra na qual habitarão os justos) é mente associa esse dia ao juízo, à segun­ mais um estímulo à vida santa, 14. Entre­ da vinda, e ao subsequente reinado do mentes, o crente deve compreender que Messias (Is 2.6-22; 4.1-6; cf. Ap 4.19, etc.). a longanimidade de nosso Senhor tem por Essa nova revelação gira em torno da con­ meta a salvação dos pecadores, 15a. Pe­ sumação desse dia, sua apoteótica catás­ dro refere-se à enunciação dessas verda­ trofe final na destruição da terra em um des nas epístolas de Paulo, 15b-16, afirma­ banho de fogo, como foi antes destruída ção que autentica as cartas paulinas como por um banho diluviano no tempo de Noé. inspiradas por Deus. Pedro conclui aler­ O tremendo calor gerado realizará a mu­ tando que o erro precisa ser evitado, 17. dança sugerida por Pedro, um evento que 18. A exortação ao crescim ento. Os cren­ pode ser visualizado mais ou menos de tes são exortados a continuar crescendo forma clara nessa era atómica. "na graça" (gr.) — o método divino não só de salvar os hom ens, mas de fazê-los 3.11-13. Conduta atual amadurecer — e "na graça e no conheci­ e estado eterno mento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo", a dupla esfera do verdadeiro cres­ 11,12a. O estímulo ao santo viver. Os vin­ cimento espiritual. douros juízos do dia do Senhor proporcio­

1João Comunhão de pais e filhos A u to r. O autor é o

apóstolo João, que também escreveu o quarto evangelho. Esse fato é demonstrado por evidências internas como o vocabulário semelhante no evangelho e na epístola. Tanto um como outro contém expressões como luz, novo

mandamento, obras do Diabo, tirar o pecado, vida eterna, amor, permanecer, dar a própria vida, Espírito Santo, Salvador do mundo, nascido de Deus. Ambos também têm o mesmo estilo hebraico, simples e direto, empregando tipos semelhantes de paralelismo e construção de frases. A autoria joanina é também atestada por evidências externas, ao mesmo tempo antigas e sólidas. Policarpo, Papias, Ireneu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Cipriano, o fragmento de Muratori, o Peshito siríaco, Origenes, Dionísio de Alexandria e Eusébio — todos emprestam seu testemunho à autenticidade da epístola e da autoria joanina.

§11

M o tiv o e data. A epístola foi escrita por volta de 85-90 d.C., aparentemente em Éfeso, onde Ireneu relata que João morou durante a parte posterior de sua vida, e de onde parece ter supervisionado igrejas vizinhas (cf. Ap 2— 3). Deduzimos, de Ireneu, que foi motivada pela invasão de erros diversos. Um deles estava ligado à frouxidão moral e aos nicolaítas, que Ireneu associa tenuemente a Nicolau (At 6.5; cf.

Ap 2.14,15). O outro era um erro relativo à pessoa e à obra de Cristo, atribuído a Cerinto, que ensinou uma forma de gnosticismo.

Esboço 1— 3 A comunhão familiar e o Pai 4— 5 A comunhão familiar e o mundo

Comparação entre ênfases de João e Paulo Jo ão

Paulo

R e g e n e ra ç ã o

Justificação

F ilia çã o na fa m ília

Associação ao corpo

Pecad o co m o o fe n sa de um filh o

Pecado como indigno da posição em Cristo

N ossa rela çã o ín tim a d e filh o s d o Pai

Nossa posição pública de filhos

[ 658 ] 1João

Revelações arqueológicas

1.5-10. As condições da comunhão

5-8. A ndar na luz. Essa caminhada de comunhão "na luz" (metáfora da vida) de­ pende de o crente ter um conceito correto de Deus, i.e., de que "Deus é luz" (Jo 3.20,21; lTm 6.16), 5. Ele é absoluta santidade, sem vestígio de mal — "nem mesmo um til de treva" (segundo tradução literal do grego). O que a luz representa para o mundo natu­ ral, Deus representa para o mundo espiri­ tual. Outras exigências para andar em co­ munhão são: levar uma vida separada do pecado, 6; reclamar o poder purificador do sacrifício de Cristo para purgar os pecados diários da corrupção, 7; e reconhecer a presença da antiga natureza, 8, para que os crentes não se de­ sencaminhem, obscurecendo a luz por cau­ sa da auto-ilusão. O apóstolo afirma: "Se dissermos que temos comunhão com ele e 1.1-4. 0 fundamento da comunhão andarmos nas trevas, mentimos e não pra­ 1,2. A en carn ação e a vid a etern a. O ticamos a verdade". apóstolo João apresenta sua autoridade Toda condição citada acima é revelada como testemunha ocular do fato central pela mensagem apostólica, 5a. Essa Pala­ do evangelho, a saber, a encarnação do vra precisa ser crida para que o crente aja Eterno Verbo Vivo (Jo 1.1, 14; Pv 8.23). segundo ela, e assim ande "na luz". Ele particularmente se refere às evidên­ 9,10. C onfessar os pecados. A confissão cias que os sentidos fornecem para com­ dos pecados a Deus traz perdão e purifi­ provar a verdadeira humanidade de Cris­ cação. Isso implica uma admissão franca to, o Verbo Vivo, refu tan d o assim a e aberta de nossos pecados conhecidos, afirmação gnóstica de que Cristo não era 10, percebendo que eles têm origem na verdadeiramente humano. O "Verbo da antiga natureza pecam inosa que ainda vida", 1, é referência a Cristo como aque­ está em nós (v. 8), e percebendo também le que veio para dar vida eterna aos pe­ que eles impedem nossa comunhão com cadores mortos no pecado (Jo 3.16). Ele um Deus infinitamente santo. Na verda­ era eternam ente coexistente com o Pai, deira confissão, o reconhecimento deve 2, e m anifestou-se aos hom ens na en ­ vir acompanhado do arrependimento — carnação (Jo 1.1,2). afastar-se do pecado e voltar-se ao sacri­ 3,4. A encarnação e a comunhão. O propó­ fício de Cristo como meio de purificação sito da encarnação foi dar "vida", que cons­ da corrupção. Deus promete, em respos­ titui a base, ou pré-requisito necessário, da ta a essa confissão e por meio do sangue comunhão entre os pecadores regenerados de Cristo (v. 7), apagar esses pecados que e Deus Pai e Deus Filho. A meta de João ao impedem nossa comunhão, pois ele car­ escrever, como também dos outros apósto­ regou nofesos pecados em sua obra reden­ los, era que seus leitores cristãos pudessem tora — pecados passados, presentes e fu­ ter comunhão (koinonia, sociedade na parti­ turos (Rm 3.4, 25,26; 2Co 5.21; IJo 5.10), 9. cipação comum de uma experiência) com A confissão pessoal envolve o reconhe­ eles no partilhar de um contato íntimo e da cimento de que pecamos em pensamentos, comunhão com Deus, 3, que por sua vez tra­ palavras e atos. Não admitir isso faz de Deus ria alegria "completa", 4. A comunhão com um mentiroso, pois sua Palavra afirma cla­ o Pai e o Filho traz essa alegria! ramente que o homem pecou. A vida de vitó­

João e a Comunidade de Qumran. Du­ rante muito tempo foi popular a idéia de que os escritos de João traíam influência da filosofia grega (o "logos", etc.) e que isso indicava uma data tardia para es­ ses escritos. As descobertas de Qumran, porém , m udaram rad icalm en te essa análise. As sem elhanças entre os escri­ tos de João e aqueles en con trad os em Qumran demonstram que o pensam en­ to joanino é totalmente judaico. Dualismos como "luz" e "trevas" são proem i­ nentes em am bos, em bora João difira bastante em sua aplicação, já que repe­ le o dualismo.

1João [ 659 I

ria e comunhão só é possível quando o peca­ do é admitido, confessado e abandonado.

2.1,2. Cristo, o advogado e a comunhão 1. Cristo, atuando com o advogado, m an­ tem a com unhão voltada para Deus. O após­

tolo explica a seus leitores que aquilo que foi dito no capítulo precedente sobre o pe­ cado e seu perdão, o foi "para que não pequeis" de modo nenhum! Ele agora pas­ sa a explicar a natureza do remédio do pecado quando o crente, pela fraqueza, comete um ato pecaminoso, pois a antiga natureza pode perm anecer ativa, a m e­ nos que seja continuamente tida por mor­ ta (Rm 6.6). Esse remédio se baseia na obra de um advogado continuamente presente, que não é outro senão Jesus Cristo, o justo. O advogado é aquele que é chamado a servir de auxiliador. A advocacia, portanto, é o tra­ balho de nosso Senhor no céu, desempe­ nhado perante o trono do Pai, pelo qual ele representa os santos pecadores na terra e os restaura à comunhão com o Pai com base em seu sacrifício eternamente eficaz (SI 23.3; Jo 13.10). Ele defende a causa do crente con­ tra Satanás, o "acusador de nossos irmãos" (Ap 12.10). E porque nosso Senhor é justo que ele pode advogar junto ao Pai justo. 2. A eficácia de C risto como advogado.

Cristo é de fato o advogado plenamente suficiente porque ele mesmo (intensivo gr.) é a "propiciação pelos nossos pecados". Propiciação significa expiação, e Cristo é a expiação de nossos pecados. Seu sacri­ fício redentor constituiu a expiação que Deus exigia pelo pecado e ele foi suficien­ te para os pecados de todo o mundo, de toda a raça humana (possibilitando a sal­ vação de todos). Deus Pai não interrompe a comunhão com o crente pecador, pois Cristo, o advogado, defende a expiação de seu sacrifício como suficiente para o pecado de todos os crentes.

2.3-6. Obediência e comunhão 3-5. A certeza de estar em com unhão. O

crente pode saber que está em comunhão,

ou ter certeza dela, pela prova da obedi­ ência, 3-5. O conhecimento de Cristo está inseparavelm ente ligado à obediência e ao amor a ele, 5b. 6. O dever do crente que afirma estar em comunhão. O cristão está obrigado a ("deve")

imitar Cristo em sua caminhada (humildade e sacrifício de si mesmo) se afirma que "está nele". E possível definir permanecer usando a explicação de João em 3.24: comunhão habi­ tual mantida pela contínua obediência a seus mandamentos. "Como" ou "da mesma ma­ neira que" (segundo tradução literal do gre­ go) indica que a imitação de Cristo deve ser exata e fiel ao modelo.

2.7-11. Amor fraternal e comunhão 7,8. Am or, a expressão da com unhão.

Esse ingrediente indispensável à com u­ nhão, em certo sentido, não implica novo mandamento, 7. É aquele que temos des­ de o início (Lv 19.18; Dt 6.5; Mt 22.37-40; Mc 12.28-31; 2Jo 5). No entanto, em outro sentido, realmente implica um novo man­ d am en to, 8. Jesus tam bém o cham ou "novo" e lhe deu novo motivo: "que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (Jo 13.34,35; 15.12). Era uma dinâmi­ ca nova e vívida, pois se realizava em Cris­ to, e se realiza também no crente quando ele anda como Cristo andou, 8b. 9-11. Ó dio, a negação da comunhão. O

ódio destrói a comunhão, pois pertence ao reino espiritual das trevas, onde a comu­ nhão com o Deus da luz é impossível, 9. O amor, por outro lado, pertence ao reino da luz, onde prospera a comunhão com Deus e com os irmãos, 10. O cristão amoroso não dá motivo para que seu irmão trope­ ce por causa dele. O ódio não só mata a comunhão, mas gera ignorância e ceguei­ ra espiritual, 11.

2.12-14. Maturidade espiritual e comunhão 12. A fam ília do Pai. Os destinatários dessa carta de João eram todos filhos de Deus. Ele os descreve como "filhinhos" (teknia, "nascidos de novo"), cujos peca­

[ 660 I 1João

(paidia, "crian ças"), são espiritualm ente não desenvolvidos. Embora alguns sejam imaturos, todos os crentes fazem parte da família de Deus e o conhecem como Pai e 13,14. Comunhão e crescim ento cristão. Cristo, Aquele que perdoa os pecados, 12. Aqueles que se desenvolvem espiritual­ O necessário é que todos cresçam para mente e desfrutam do pleno privilégio da possuir os plenos privilégios da comunhão. comunhão são descritos nesses versícu­ los como os mais maduros dos bebês. Os 2.15-17. 0 perigo da secularidade maduros, "pais", caracterizam-se por um e a comunhão conhecim ento exp eriente de C risto — "aquele que é desde o princípio" (Jo 1.1, 15 a. A lerta sobre o perigo. Esse alerta 14). Esse conhecimento é empírico e resul­ está expresso em uma ordem dupla: (1) tado de íntima comunhão com o Pai e o "Não ameis o mundo" (kosmos), o sistema Filho. Os "jovens", aqueles que crescem mundial no qual Satanás organizou a hu­ em m aturidade, são elogiados porque, manidade caída segundo seus princípios veementemente, superam o maligno (Sa­ de oposição a Deus, com orgulho, egoís­ tanás), resultado de estar forte espiritual­ mo e ambição (Mt 4.8,9; Ef 2.2; 6.12); (2) mente e de ter em si permanentemente a "nem o que nele há", como riqueza, prapalavra de Deus. Os imaturos, "filhinhos" zeres e honras. E inútil dizer que não ama­ mos o mundo se, no entanto, amamos o que ele oferece. A impressionante restauração da Biblioteca 15b-17. A razão do alerta. (1) O amor de Celso, em Éfeso. A primeira epístola de pelo mundo exclui o amor a Deus, 15b,16. João provavelmente foi escrita nessa cidade. "Se alguém persevera no amor do mun­ do, o amor do Pai não está nele!" (segun­ do tradução literal do grego). Tão contrá­ rio é o mundo iníquo a tudo o que Deus é que é impossível amar os dois ao mesmo tempo. O "m undo" abarca o "desejo da carne", o agudo desejo do homem irregenerado concentrado em si mesmo, e opos­ to a Deus (cf. Rm 7.18); o "desejo dos olhos", os ardentes apetites que se apoderam de nosso corpo, alma e espírito por meio dos sentidos (2Sm 11.2; Js 7.21; SI 119.37); o "or­ gulho dos bens", i.e., a vangloriosa exibi­ ção do ímpio viver. Assim, o mundo iníquo está em completa oposição ao nosso Deus infinitamente santo, 16b. (2) O mundo é passageiro e im permanente, 17a. Agora mesmo está fluindo, em um estado de tran­ sição como em um desfile, e logo terá de­ saparecido, juntamente com "seu desejo". Mas aquele que faz a vontade de Deus está destinado à permanência, 17b. "Mas aquele que faz a vontade de Deus perma­ nece para sempre", assim como Deus per­ manece para sempre (SI 90.2), pois está ligado, em comunhão presente e ininter­ rupta, eternamente a Deus em Cristo. dos foram cancelados, Assim, todos eles têm o privilégio da comunhão na família, independentemente de crescimento ou da maturidade.

1João l BB1 ]

2.18-23. A lealdade à fé e a comunhão 18-21. D esvio d o u trin ário , o ad v ersá­ rio da com unhão. João novamente se di­

rige aos "filhinhos", talvez enfatizando sua imaturidade em contraste côm a au­ toridade e experiência espiritual do au­ tor. Ele lhes lembra que já é a última hora, sugerindo a idéia da passagem do pre­ sente mundo (v. 17). Toda esta era atual pode ser caracterizad a com o "a última hora", com o crescimento das deserções diante da aproxim ação da segunda vin­ da (lTm 4.1-5; 2Tm 3.1-5; Jd 17,18). O após­ tolo, portanto, identifica a fonte de tanta oposição à verdade, afirm ando tanto a p resen ça de m uitos anticristos em seu tem po quanto a vinda do anticristo no futuro (2Ts 2.3-10; Ap 13.1-10). "Anticris­ to" é aquele que se opõe a Cristo, mas que surge, enganosam ente, d isfarçado de Cristo, 18. Esses opositores de Cristo pertenciam exteriormente à igreja, mas "não eram dos nossos" — não estavam organicam ente identificados com o conjunto dos crentes, 19. Para eles, desvio ou apostasia era na­ tural, tanto que "eles saíram". O desvio com­ provou a falsn confissão deles. A comunhão com Cristo e sua igreja jamais é possível para aqueles que o negam. Todavia, os filhos de Cristo são prote­ gidos do perigo do desvio e da influência dos falsos mestres pela unção do Espírito Santo dada pelo "Santo" — o próprio Cris­ to. Essa unção permite aos crentes distin­ guir a verdade do erro, e descobrir os que são anticristos, 20, com o auxílio do Espíri­ to. Essa epístola foi escrita por causa da existência de anticristos que se erguiam contra a verdade, e porque os leitores de João conheciam a verdade, 21. 22-23. A essência do desvio doutrinário.

Escrevendo contra o pano de fundo da he­ resia gnóstica, João identifica os deserto­ res como aqueles que negam a divindade de Jesus, 22. Os gnósticos ("m entiroso") negavam que Jesus era o homem-Deus, afirmando que o espírito de Cristo desceu sobre Jesus em seu batismo e dele partiu

depois da morte. Ao negar o Filho, tam­ bém negavam o Pai, pois o Filho é a reve­ lação do Pai, e o único caminho para o Pai (Jo 14.6,9), 22b. Essa última idéia é enfati­ zada em 23. A comunhão com Deus Pai e com o Filho jamais é possível àqueles que negam o Filho. Negá-lo pela recusa em aceitar sua divindade é perder o privilé­ gio de um relacionamento vivo com ele. O desvio doutrinário evidencia a rejeição.

2.24-29. A permanência em Cristo e a comunhão 24-26. O apego à verdade. Ao contrário daqueles que promovem o erro (w. 18-23), os crentes devem permitir que as verda­ des fundamentais do evangelho ("o que ouvistes desde o princípio") permaneçam neles. Tal apego resulta em comunhão (per­ manência) com o Filho e o Pai, 24. A pro­ messa e a presente posse daqueles que permanecem é a vida eterna, 25. Além dis­ so, o apego à verdade liberta os crentes dos que "vos querem enganar" — aqueles que ativamente tentar desencaminhar, 26. 27-29. A confiança no Espírito Santo. O

Espírito Santo é a unção (v. 20) que os cren­ tes recebem no momento da conversão. Ele permanece no crente e lhe ensina "to­ das as coisas", conduzindo-os a "toda a verdade" (Jo 16.13), 27. Permanecendo, o crente adquire confiança e não se enver­ gonha diante da vinda de Cristo, 28. O fru­ to da permanência é a prática da justiça, que comprova o relacionamento e a co­ munhão do crente com o Justo, Cristo, 29.

3.1-10. 0 justo viver e a comunhão 1. O am or dado por Deus com o incenti­ vo à vida santa. O pensamento relevante

de 2.29 a respeito do justo viver é amplia­ do em 3.1-10. João afirma que há duas ra­ zões segundo as quais a vida do cristão deve ser santa. A primeira está ligada à obra passada de Deus por nós (v. 1), e a segunda, à obra futura do Senhor (vv. 2,3). O apóstolo chama a atenção ao prodígio do amor dado por Deus — "que grande amor". Ele deve provocar contínua admira­

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ção e louvor. A divina concessão de seu amor supremamente excelente, fazendo-nos fi­ lhos (teknia), deve gerar uma conduta ade­ quada à semelhança familiar. Tal relaciona­ mento é desconhecido pelo mundo, pois ele não conhece o Salvador, e tal conhecimento só vem pela experiência pessoal.

zendo que não possa ter o pecado como parâm etro de vida, 9. A nova natureza (dada no m om ento da reg en eração ou novo nascimento), pela sua própria pre­ sença no crente, jamais permitirá um cons­ tante pecar. O apóstolo então dá o ápice dessa seção fornecendo o critério da dis­ 2,3. A vinda de Cristo com o incentivo à tinção entre remidos e inconversos — en­ vida santa. A futura obra de Deus, trans­ tre a família de Deus e a família do Diabo, formando o crente pela glorificação na vin­ 10. Esse parâmetro é a prática da justiça, da de Cristo, também deve estimulá-lo a que se expressa em amor fraternal. um justo viver. Como somos "filhos de Deus" (v. 1), seremos glorificados quando 3.11-18. Amor fraternal Cristo se manifestar visivelm ente. Essa e comunhão glorificação inclui uma nova ressurreição do corpo, ausência do pecado, justiça per­ 11-15. A com unhão do amor. Uma exor­ feita e pureza absoluta, 2. Aquele que tem tação constante da Palavra de Deus é: essa esperança se purifica continuamen­ "que nos amemos uns aos outros", 11. A te em sua caminhada diária, 3. comunhão da família de Deus deve ser 4,5. A vida santa como propósito da sal­ permeada pelo clima do amor. Caim é ci­ vação. O pecado é iniquidade e, portanto, tado como alerta e exemplo daquele que todo aquele que pratica continuamente o era irregenerado, do Maligno (o Diabo, cf. pecado viola a lei (lei em sua acepção mais 8, 10), e assim destituído do amor de Deus, ampla), 4. Cristo surgiu como resposta ao 12. Seu ódio encontrou expressão lógica problema do pecado — para cancelar os no assassinato, com provando seus atos pecados, possibilitando uma vida santa maus e a justiça de seu irmão (cf. Gn 4.1àqueles que possuem a salvação, 5. Ele, o 16; Hb 11.4). A atitude do mundo contra o Salvador sem pecado, é nosso exemplo, 5b. povo de Deus é o ódio, pois o amor lhe é 6-10. A vida santa e a comunhão. A pessoa estranho — sendo o príncipe deste mundo que permanece em Cristo não peca habitu­ (Satanás) o pai do ódio (v. 10), 13. O amor almente (tempo presente: "não vive pecan­ com prova a regeneração e a nova vida, do"), 6a. Por outro lado, aquele que peca 14, enquanto o ódio fornece prova de mor­ continuamente (também tempo presente) te espiritual, 15. jamais viu a Cristo com o olho da fé, nem o 16-18. A manifestação do amor. A supre­ conhece por experiência como seu Salva­ ma manifestação do amor foi a encarnação dor pessoal, 6b. Atos justos são fruto de um e a morte de Cristo (Jo 3.16; Rm 5.8), exem­ caráter justo e a prova da regeneração, 7. plos de amor ativo, 16. Tal prova de amor Essa santidade é a semelhança familiar, 7b. deve ser prática, em vez de ser meramente Assim como a justiça é o retrato da fa­ teórica, 17,18. "Dar nossa vida" pode assu­ mília de Deus, também a contínua prática mir a forma prática de sacrifício pelos ne­ do pecado é o retrato da família do Diabo, 8a. O cessitados, 17. Amar "de palavra [...] [ou] de pecado é a marca constante do caráter de língua", com intenção, mas sem ação, é hi­ Satanás, 8b, "desde o princípio" (Is 14.12pocrisia, e não amor genuíno, 18 (Tg 1.22). * 14; Ez 28.11-15). Como a obra redentora de Cristo teve o propósito de destruir as obras 3.19-24. A certeza cristã de Satanás, os cristãos não podem prati­ e a comunhão car aquilo que seu Senhor e Salvador veio destruir, 8c. Além do mais, nenhum mem­ 19-21. A natureza da certeza. A certeza, bro da família de Deus pratica habitual­ ou garantia de salvação e aceitação por mente o pecado, pois a nova natureza (a Deus, depende da prática de amor genuí­ "semente" de Deus) permanece nele, fa­ no, 19. Por nosso am or "em ações e em

1João [ 663 1

verdade" (v. 18), sabemos que somos real­ mente discípulos de Jesus, e que pertence­ mos à verdade de Jesus, e assim alcança­ mos a certeza íntim a de que todas as dúvidas quanto à nossa aceitação por Deus foram dirimidas. Contudo, se nosso "cora­ ção" (a sede das emoções e da Vontade, nosso juiz interior) acusa-nos por causa da impropriedade de nosso amor fraternal, "Deus é maior que nosso coração", pois é onisciente, 20. Portanto, apelamos a ele, pedindo juízo correto sobre nós. Se, no en­ tanto, nosso coração não nos condena, en­ tão temos dupla certeza de proximidade e de liberdade de palavra ("confiança") pe­ rante Deus, 21. 22-24. A realização da com unhão. A ex­ periência da comunhão com o Pai aconte­ ce por uma vida de oração dinâmica e pela obe­ diência constante, 22,23. Essa última implica crer na consumada obra redentora de Cris­ to, bem como a subsequente prática do amor fraternal. A obediência faz que per­ m aneçamos nele, 24. O cristão sabe que perm anece quando obedece. O Espírito Santo testemunha a permanência de Cris­ to no crente (cf. Jo 14.16-21; 15.1-10).

quente obra de Cristo. O perigo imediato do erro é novamente enfatizado pela lem­ brança de que o espírito do anticristo já está no mundo, 3b. Os crentes, porém, têm vivo em si poder maior (o Espírito Santo) do que aquele que age no mundo (o poder de Satanás), e o Espírito lhes possibilita superar os falsos mestres, 4, cuja fonte da palavra é o "mundo", 5. Os seguidores do m estre são outro teste de sua fonte de poder — só aqueles que crescem no co­ nhecimento de Deus continuam a dar ou­ vidos aos apóstolos ("nós"), 6.

4.7-18. 0 amor e a manifestação da comunhão

7,8. Amor, característica da fam ília. Essa é a terceira vez que o apóstolo trata do tema do amor (2.7-11; 3.10-18). Introduz-se aqui talvez porque o amor seja o maior elo da comunhão que une os crentes uns aos outros, e ao seu Senhor, diante das ameaças de Satanás. O amor verdadeiro (agapè) tem sua fonte em Deus e é carac­ terístico de todos aqueles que vêm de Deus, aqueles que pessoalmente o conhe­ cem, 7. A conduta deve revelar o caráter por meio do amor uns pelos outros, 7a. Por 4.1-8. 0 discernimento do erro outro lado, aqueles que não exibem habi­ e a comunhão tualm ente o am or com o parâm etro de 1. A presença do erro. O erro ameaça a vida revelam seu afastamento de Deus, comunhão do povo de Deus. Os crentes não tendo conhecimento prático dele, 8a. são aqui exortados a provar "os espíritos" Deus, por sua própria natureza, é amor, — aqueles poderes espirituais que inspi­ 8b. Seus filhos ostentam sua semelhança. ram todos os mestres —, "porque muitos 9,10. A suprem a m anifestação de amor. falsos profetas têm saído pelo m undo", A maior manifestação do amor de Deus gerando, por conseguinte, grave ameaça pelos homens foi o fato de ter entregado à comunhão. A origem de todos os mes­ seu Filho unigénito (Jo 3.16), 9a. Cristo era tres precisa ser testada, para ver se "vêm seu único Filho, em um sentido absoluta­ de Deus". Os mestres que não provêm de mente singular, enviado para que aqueles Deus são falsos profetas, inspirados por que estavam mortos no pecado pudessem espíritos demoníacos. viver por meio dele, 9b. A natureza do 2-6. O claro teste do erro. A essência amor de Deus se revela no fato de ele nos desse teste é a confissão da divindade e en­ amar sem nenhum amor recíproco de nos­ carnação de Cristo, e é essa confissão que sa parte — para os homens caídos, é im­ distingue aqueles que são inspirados pelo possível amar a Deus, 10o. Como ele é esse Espírito de Deus dos falsos mestres inspi­ amor, Deus enviou Cristo como "propicia­ rados pelo espírito do erro (anticristo), 2,3a. ção" (expiação) de nossos pecados, 10í>. Toda heresia cristã pode ser remontada a 11,12. A obrigação de amar. Os crentes um a visão errónea da pessoa e con se­ têm a obrigação moral ("devem os") de

[ 664 1 1João

amar uns aos outros, pois Deus nos amou a ponto de entregar seu Filho unigénito, 11. Como ninguém jamais viu a Deus, pois aque­ le que é amor só pode ser visto no amor dos seus filhos uns pelos outros, revelando as­ sim semelhança familiar, 12a. Quando agi­ mos assim, o amor de Deus (amor que é a natureza do Senhor) realiza plenamente seu propósito ("é [...] aperfeiçoado"), 12b. 1 3 -1 6 .0 amor e a presença de Deus den­ tro de nós. O Espírito Santo, que habita todo crente, concede o conhecimento da pre­ sença de Deus e de nossa união com ele (cf. Jo 15.1-10), 13. Como resultado, o Espí­ rito nos possibilita testificar a salvação de Cristo, 14. A confissão da divindade de Cristo (implicando também submissão a ele) estabelece a união com Deus, 15. Aque­ les que respondem ao amor de Deus des­ cobrem que o am or se torna uma força ativa em sua vida, trazendo conseqúentemente as bênçãos da comunhão com ele e sua permanente presença neles, 16. 17,18. A perfeição do amor em nós. O Es­ pírito Santo eleva o amor que Deus gera em nós à maturidade e ao pleno desenvolvi­ mento, para que possamos ter confiança, ou coragem, no dia do santuário do juízo de Cristo, 17. Amor maduro resulta em certeza de que não ficaremos envergonhados nesse dia por causa de nossa semelhança com Cristo — especialmente com relação ao amor ("as­ sim como ele é, nós também somos"), 17b. Além disso, o amor maduro dá intrepidez, pois medo e amor não se misturam, 18. Amor implica doação pessoal para o bem máximo do outro; medo implica afastamento do ou­ tro em virtude da culpa. O amor de Deus removeu nossa culpa, e por isso o medo do castigo também se foi.

20-21. A comunhão do amor. Nosso amor pelos irmãos prova nosso amor por Deus. É humanamente mais fácil amar aquele que podemos ver que Deus, que não podemos ver. Portanto, é absolutamente incoerente dizer que amamos a Deus, mas odiamos nosso irmão. Não podemos amar a Deus se odiamos nosso irmão. O círculo da comu­ nhão se completa quando demonstramos nosso amor por Deus amando nosso irmão. Esse é o expresso mandamento de Deus, 21. (Cf. Lv 19.18; Mt 22.39; Jo 13.34; 15.12.)

5.1-5. Fé e comunhão 1-3. A fé nos insere na com unhão. A fé em Cristo, gerando a experiência do novo nascim ento, é o fundam ento da com u­ nhão, 1. E uma comunhão de amor, \b,2a. "Todo aquele que ama o que o gerou [Deus], ama também o que dele é nascido [o crente]." É também uma comunhão de obediência, 2b,3. A prova de que amamos a Deus e seus filhos é que também guarda­ mos seus mandamentos (2.3; 3.22-24; 2Jo 6). Os mandamentos de Deus não são "um peso" (gr. bareiai, 'severamente opressor'), pois am am os a Deus e exibimos nosso amor a ele pela obediência. 4,5. A fé traz a vitória. A fe age nos cren­ tes para vencer o mundo, o adversário da família de Deus, 4a. "Vence" está no pre­ sente e dá a idéia de uma vitória habitual, operada pela fé. Essa fé vitoriosa se con­ centra na pessoa de Cristo, 5. Ele mesmo venceu o mundo (Jo 16.33); portanto, ven­ cemos o mundo por meio dele.

5.6-12. Testemunho e comunhão 6 -1 0 .0 testemunho a respeito do filho. O

primeiro testemunho é exterior e diz respeito à justiça e redenção de Cristo, 6. "Este é aquele que veio pela água e pelo sangue" incentivo ao amor. O amor de Deus (gr.). "Pela água" alude ao início do minis­ 1 9 .0 por nós, demonstrado pelo fato de nos ter tério público de nosso Senhor com seu baentregado seu Filho, é o maior incentivo tismo no Jordão (Mt 3.13-17), por meio do ao nosso contínuo amor (tempo presen­ qual ele se identificou com um ministério te). Se seu amor foi tão grande "prim ei­ de justiça. "Pelo sangue" alude à sua morte ro", então é de esperar que seus filhos tam­ vicária na cruz (Hb 9.12), por meio da qual se realizou a redenção do pecado. bém amem como consequência disso.

4.19*21. 0 incentivo ao amor e a comunhão

1João [ 665 I O segundo testemunho é interior e diz respeito ao Espírito Santo, 6b. Ele continua a testemunhar a justiça e a redenção de Jesus, e como ele é a verdade, seu teste­ m unho é absolutam ente verdadeiro. O testemunho da pessoa e da obra de Cristo é triplo e coerente, 8. Assim, há três teste­ munhas: "o Espírito, a água e o sangue; e os três concordam entre si" (gr. "atestam a mesma verd ade"). Esse testemunho é integralmente confiável, 9, pois se aceita­ mos o testemunho dos hom ens sobre a veracidade de duas ou três testemunhas (Dt 19.15; Mt 18.16; Jo 8.16-18), quanto mais não devemos aceitar o testemunho mais excelente e melhor do próprio Deus acer­ ca do seu Filho? Além do mais, quando aceito pela fé, esse testemunho se torna o próprio testemunho pessoal do crente, 10a. Mas quando recusado, significa que o des­ crente, por rejeitar o plano redentor de Deus, faz com o Senhor seja um mentiro­ so, 10b. Na prática, aquele que rejeita está dizendo: "Eu não creio nisso!".

11,12. A crença no testemunho de Deus.

O testemunho é "Deus nos deu a vida eter­ na, e essa vida está em seu Filho", 11. A dedução é que aquele que tem o Filho pos­ sui a vida eterna. O inverso também é verdadeiro — aquele que rejeita o teste­ munho não tem o Filho de Deus e, portan­ to, não possui a vida eterna, 12. Todo o projeto de salvação de Deus está concen­ trado em seu Filho. O homem precisa to­ mar uma decisão a respeito dele!

5.13-15. Oração e comunhão 13. A im portância da certeza. O propósi­ to do apóstolo, ao escrever aos crentes, foi incutir-lhes a certeza da vida eterna. Tal confiança assenta o fundamento da alegre oração e comunhão. 14,15. Poder na oração. A certeza de sal­ vação dá: (1) confiança de acesso à presen­ ça de Deus (pros, 'face a face com Ele'), 14a; (2) largueza de petição, 14b, "se pedirmos alguma coisa"; (3) consciência da vontade

Basílica de São João, em Éfeso. A tradição conta que a basílica foi construída no local onde o apóstolo está enterrado.

( 666 1 1João

de Deus, 14c, "segundo sua vontade"; (4) fé para crer, 14d, "ele nos ouve"; (5) confiança de que os pedidos serão atendidos, 15.

5.16-21. A comunhão na oração e o cristão pecador

16,17. A oração e o problem a do pecad grave. E possível que o verdadeiro crente

peque, 16a. Se e quando isso acontecer, outro crente deve orar por ele, 16b. Em consequência disso, Deus dará ao cristão pecador a preservação de sua vida física (não a vida eterna, pois esta vida é eterna e impossível de ser perdida). Essa inter­ cessão, porém, só é eficaz no caso de pe­ cado que não implique morte física, 16c. "Há pecado para m orte", 16d. Tratase de um pecar persistente e obstinado, por conta do qual o corpo do crente é des­ truído para que o espírito possa ser salvo (ICo 5.1-5; At 5.1-11; IC o 11.30). Saul e Sansão são tipos desse castigo severíssi­ mo no a t . "Toda injustiça é pecado; e há

pecado não é para m orte [física]" (que implica castigos menores, cf. ICo 11.30). 18-20.0 pecado e seu remédio. O prindpal remédio para o pecado habitual é o novo nas­ cimento, 18. "Sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não persiste na prática do pecado como hábito. Tendo nascido de Deus, essa vida divina o impede de praticar conti­ nuamente o pecado, e Satanás não o toca" (tradução literal do grego). A nova posição do crente é também remédio para o pecado, 19. Ele nasceu de Deus e entrou em sua família. No entanto, o mundo (os impenitentes) está sob o jugo de Satanás, 19b. Finalmente, nossa compreensão da verdade é impedimento ao pe­ cado habitual, 20. A verdade e a vida assina­ lam o reino do filho de Deus. 21. Incumbência final. O idoso apóstolo acrescenta uma observação final a seus filhinhos: "guardai-vos dos ídolos". ídolo é qualquer coisa que usurpa o lugar de Deus na vida do crente. Éfeso estava mergulha­ da na idolatria e em suas práticas, o que torna essas palavras bem apropriadas.

2João Vivendo em verdade e amor f

A u to r e destinatários. Segunda João é um bilhete pessoal, o qual foi enviado pelo apóstolo João "à senhora eleita e seus filhos". A identidade dessa mulher (ou igreja?) não é conhecida, embora alguns estudiosos defendam que seu nome é “Senhora Electa" (forma gr. de "eleita", ou kyria, palavra gr. para "senhora"). A matrona cristã vivia em algum ponto do círculo de

igrejas pelas quais o idoso apóstolo João era responsável. A autoria joanina salta aos olhos diante do estilo e do conteúdo do bilhete, que, notavelmente, lembra 1 e 3João e o próprio evangelho de João. Data e p ropó sito . Não há indício de grande intervalo entre a redação de Uoão e 2João. O propósito de João, ao escrever a carta,

jfista parcial das ruínas de um' _

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.a p t ig o t e a t r o r o m a n o , e m

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Laodicéia. O propósito de João, § ao escrever esta carta, foi alertar a "senhora eleita" contra os falsos mestres. Aparentemente, ela patrocinava reuniões com pregadores visitantes em sua casa, como Ninfa em Laodicéia.

foi alertar essa senhora influente e querida (1,2) contra os falsos mestres. Ela, aparentemente, patrocinava reuniões com pregadores visitantes em sua casa (10), como Ninfa em Laodicéia (Cl 4.15). O apóstolo a encoraja e a alerta contra doutrinas deturpadas, sugerindo que não patrocine ninguém que pregue nada menos que a plena divindade e humanidade de Cristo.

[ 668 1 2J0ã0

1*6. Vivendo em verdade e amor 1-3. Saudação. João, nessa epístola mais íntima, intitula-se simplesmente "presbí­ tero" (At 11.30; Tt 1.5-9), usando designa­ ção de menor autoridade que "apóstolo". Ele professa amor à senhora eleita e seus filhos "por causa da verdade", la. O ver­ dadeiro amor cristão reside na "verdade", i.e., a Palavra revelada de Deus concen­ trada na pessoa e obra de Cristo (Jo 14.6), e contrasta com o falso ensinamento, que se desvia nesse ponto (ver 7-11). A comu­ nhão na verdade produz largueza de amor tão ampla quanto a comunhão de fé, 1 b. Tal verdade é o único fundamento seguro do amor genuíno, tanto no presente quan­ to no futuro, 2. Graça, misericórdia e paz têm sua origem em Deus Pai e Jesus Cris­ to, o Filho, 3. Assim, são fundadas na ver­ dade e no amor. 4-6. A exortação. O apóstolo se alegra imensamente por ter encontrado alguns dos filhos da senhora vivendo inteiramen­ te na verdade — a verdade do evangelho. Sua conduta está de acordo com a verda­ de que se m anifestou em C risto. João aconselha a prática do amor cristão como consequência natural da verdade, como o fez em sua primeira epístola (ver comen­ tários sobre IJo 2.7,8).

7-13. Recusando a falsa comunhão do erro 7-9. A indicação da presença do erro. Há

grande contraste entre os versículos pre­ cedentes e aqueles que o seguem, m os­

trando que o erro viola a verdade revela­ da de Deus e o mandamento do amor. Esse falso ensinamento é promulgado por "mui­ tos en gan ad o res", que "já saíram pelo mundo", 7. Essencialmente, seu erro é a recusa em reconhecer que Jesus Cristo desceu à carne, negando, portanto, a pos­ sibilidade da encarnação e, conseqúentemente, negando também os dois adven­ tos de Cristo. A presença do erro também exige o exam e de consciência dos crentes, para que os falsos mestres não desfaçam em sua comunhão o que os apóstolos havi­ am alcançado, resultando assim na per­ da da recompensa do cristão, 8. Aquele que vai longe demais ("vai além") na pro­ fissão de identidade com a comunhão cris­ tã também precisa ser examinado, espe­ cialmente quando nela [na doutrina] "não p erm an ece". Esse tipo de falha indica ausência de relacionamento com Deus e falência espiritual, 9. 10,11. A necessidade de repelir os falsos m estres. Evidentemente os mestres do erro

acima estavam sendo recebidos nas ca­ sas cristãs sob o pretexto da hospitalida­ de. O apóstolo proíbe severamente a con­ tinuação dessa prática e ordena aos cren­ tes que não concedam tal com unhão e hospitalidade cristãs, 10. Mesmo a sauda­ ção costumeira é proibida, pois isso mos­ traria identificação e participação com as más obras da pessoa, 11. É imprescindível o afastamento do erro (2Co 6.14-17). 12,13. C onclusão. O apóstolo anuncia uma visita, 12, e manda saudações dos "fi­ lhos da vossa irmã eleita", 13.

3João Auxílio e hospitalidade para os ministros itinerantes A u to r. A semelhança de

tom, idéias e estilo, além dos testemunhos de Ireneu, Clemente de Alexandria, Dionfsio de Alexandria, Cipriano e outros, indica que essa epístola foi escrita pelo mesmo autor de Uoão, ou seja, o amado discípulo João.

D ata e lu g a r de c o m p o siçã o . Segundo

Eusébio (História eclesiástica 3.25), João voltou do exílio de Patmos para Éfeso depois da morte de Domiciano (96 d.C.), passando seus últimos anos visitando as igrejas asiáticas (cf. 2Jo 12; 3Jo 10, 14), ordenando

presbíteros e ministrando. Portanto, se Eusébio está correto, 2João e 3João foram escritas depois do Apocalipse.

[ 670 I 3João

1-8. 0 exemplo de Gaio, a vida em verdade e amor 1-4. A saudação do apóstolo a Gaio. A epístola foi escrita pelo "presbítero" (ver 2Jo 1) ao "amado Gaio", possivelmente Gaio de Derbe (At 20.4), Gaio de Corinto (Rm 16.23; ICo 1.14), Gaio da Macedônia (At 19.29) ou Gaio bispo de Pérgamo (mencionado nas Constituições apostólicas 7.40). Seja quem for, o apóstolo professa genuíno amor por ele, 1; deseja-lhe saúde física, 2a; e expressa confiança em sua vitalidade espiritual, 2b. A saudação de João inclui uma oração pelo bem-estar espiritual e físico de Gaio e expressa alegria pela sua vida na verdade, 3,4 (cf. lTs 2.19,20). 5-8. A vida de Gaio na verdade. Esse modo de vida é demonstrado pelas boas obras que tal fé produz, 5, para os irmãos, especialmente os obreiros cristãos itinerantes ("os que te são estranhos"), que dependiam da igreja para seu sustento, e não dos pagãos; pela hospitalidade e amor que tal vida exibe, 6; pela consideração que tal vida revela, 7.

9-11. Exemplo de uma vida oposta 9,10.

O exemplo. Diótrefes, ao contrário

As altas colunas de mármore branco do templo dedicado a Asclépio, em Pérgamo, pouco ao norte de Esmirna.

de Gaio e Demétrio, 1-8,12, não andava em amor e verdade porque era carnalmente ambicioso, 9. João escrevera à igreja da qual Diótrefes era membro. Este rejeitara 12-14. 0 bom exemplo de Demétrio algumas sugestões do apóstolo por gostar 12. O bom testem unho de D em étrio. O "de ser o líder entre eles". Ele também exibia bom testem unho da vida de D em étrio obras da natureza do pecado, 10n, além de (desconhecido) era universal, incluindo o não ser caridoso e ser dominador, 10b. 11. O alerta. A vida de Diótrefes era má testem unho da própria verdade e o de João. Isso estava em flagrante contraste e não deveria ser imitada. Ele não era "de com o relato sobre Diótrefes. Deus" nem jam ais vira a Deus, pois o 13,14. O bservações finais (cf. 2Jo 12). provava sua vida ímpia.

Judas Combatendo pela fé A u to r e atestação. O

autor é evidentemente o irmão de Tiago, bispo de Jerusalém, autor da epístola de Tiago (Tg 1.1; cf. Mt 13.55; Mc 6.3) e (meio) irmão de nosso Senhor, 1. Inicialmente descrente (Jo 7.3-5), convenceu-se da divindade de Jesus (At 1.14). Alguns estudiosos, porém, o identificam ao apóstolo Judas (Jd; Mt 10.2,3), chamado Lebeu ou Tadeu

Costa do mar Morto, próximo ao local onde provavelmente ficava a cidade de Sodoma. Judas lembrou a seus leitores da punição que sofreram os pecadores de Sodoma e G om orra

(Lc6.16; At 1.13). Ecos e alusões à epístola ocorrem nos escritos de Hermas, Policarpo, Atenágoras, Teófilo de Antioquia e Tertuliano, de forma que Judas tem mais confirma­ ção externa que 2Pedro. M o tiv o e data. Pouco se conhece sobre as circuns­ tâncias ou data de compo­ sição, exceto que o declínio contra o qual protesta está mais desenvolvido que em

2Pedro e, portanto, parece ter sido escrita mais tarde, depois de 66 ou 67 d.C. A profunda apostasia que descreve serve de pano de fundo para o Apocalipse, antes do qual está inserido nas Bíblias inglesas. O Espírito de Deus deu a Judas e a Pedro um tom semelhante de alerta, tão dolorosamente necessário à igreja.

[ 672 1 Judas

estado que provocou o Dilúvio (Gn 6.1-6; 2Pe 2.4,5). O castigo pela desobediência foi 1,2. Saudação. Judas se dirige aos cren­ o encarceramento "nas trevas em algemas tes em geral, mencionando sua escolha, eternas" (ver 2Pe 2,4). Seu juízo será no sua preservação e sua condição de "am a­ "grande dia", provavelmente ligado ao juí­ dos em Deus Pai". zo de Satanás (Ap 20.10). 3,4. O motivo da epístola. O propósito 7. Os pecadores de Sodom a e Gom orra original do autor era escrever uma epís­ (cf. Gn 19; 2Pe 2.6-8). O pecado deles, "à tola doutrinária, 3a, "acerca da salvação semelhança desses anjos" do versículo 6, que nos é com um ". Essa salvação "c o ­ foi praticarem "im oralid ad e e relações mum" (koines, 'pertencente igualmente a sexuais contra a natureza", i.e., à perver­ mais de um') era para todos os crentes. são antinatural. O juízo deles serviu como Falsos mestres ameaçavam o ensinamen­ exemplo para alertar outros do castigo ju­ to dessa verd ade geral, envolvendo a dicial do fogo eterno. O fogo real pelo qual pessoa e a obra consum ada de Cristo. foram consumidos é um símbolo do fogo Judas, portanto, achou necessário mudar, eterno ao qual os ímpios estão condena­ fazendo uma exortação à defesa militante da dos (Ap 19.20; 20.10, 14; cf. Mt 25.41). fé, 3b. A "fé" é aquela que foi entregue para sempre aos santos. Nenhuma outra reve­ 8-16. Falsos mestres lação ou fé se faz necessária, pois é com­ pleta e definitiva. É a resposta àqueles que 8. A presunção. Esse pecado dos falsos alegam revelações e verdades adicionais mestres (v. 4) se revela: no fato de não pres­ às Escrituras canónicas. A intromissão de tarem atenção aos alertas históricos do juízo di­ falsos mestres produziu erro acerca da vino ilustrado em 5-7 (gr. "apesar, do mes­ doutrina da pessoa e obra de Cristo, es­ mo modo", dos alertas dados), 8a; em seu estado pecialmente com respeito a sua sobera­ de sonhadores — sonham como homens natu­ nia e domínio, 4. Esse é o erro primário de rais que estão espiritualmente adormecidos; todo falso ensinamento (cf. 2Pe 2.1). em sua imoralidade sexual — "contaminam o corpo" (cf. v. 7); em sua insubordinação — "re­ jeitam a autoridade", especialmente a da 5-7. Alertas históricos Palavra de Deus; em sua prática de difamação do juízo de Deus — "difamam os anjos". 9 ,1 0 .0 exemplo de sua presunção. Quan­ 5. Os israelitas no deserto. Como os des­ do o arcanjo Miguel pelejava com o Diabo tinatários dessa epístola já conheciam to­ sobre o corpo físico de Moisés, pois fora res­ dos os fatos definitivamente, Judas preci­ suscitado para a transfiguração (Mt 17.3,4) sava apenas lem brar-lhes essas coisas, antes do tempo devido, ele não se atreveu a 5a. Os fatos são: "depois de libertar um fazer juízo infamatório de Satanás, por res­ povo da terra do Egito, o Senhor destruiu peito a sua antiga dignidade (v. 8c), mas sim­ os que não creram ", i.e., em Cades-Barplesmente disse: "O S e n h o r te repreende" néia (Nm 14.1-45; ICo 10.1-5; Hb 3.17-19). (Zc 3.2). Esses homens, porém, "difamam" Esse juízo divino pela desobediência re­ tudo o que não conseguem compreender, caiu sobre o próprio povo de Deus e en­ sem revelar respeito por nenhuma autori­ volveu o pecado para morte (cf. ICo 5.1-5; dade. Mesmo nas coisas que conhecem, por 11.30-32; IJo 5.16). instinto animal, acabam se corrompendo e 6. Os anjos caídos. Evidentemente, o são destruídos. pecado desses anjos especialmente desig­ 11. R azões p ara a co n d en ação . Esses nados foi que "não mantiveram seus do­ mestres do erro são obstinados naturalistas mínios", sua ordem original e distinta de religiosos, que tom aram o "cam inho de seres puramente espirituais, mas "deixa­ Caim" (Gn 4.3-8). Caim foi o tipo do ho­ ram sua própria habitação ", coabitando mem natural religioso que rejeita o plano com mulheres mortais e assim gerando o

1-4. Combatendo pela fé

Judas ( 673 1

redentor de Deus e molda sua própria re­ vina. Judas declara que Enoque profetizou ligião de obras e mérito humano segundo esses falsos m estres já em remota anti­ suas vontades, 11 a. São moralistas religio­ guidade, e que esse juízo virá na segunda sos mercenários, que, "por causa de lucro se vinda de Cristo, quando os apóstatas dos lançaram ao erro de Balaão", 11 b (Nm 22 — últimos dias serão julgados, 15. 24). Esse erro foi o de supor que um Deus 16. A revisão de seu caráter. Os falsos justo teria de amaldiçoar o Israel* pecador, mestres são declarados homens que "vi­ exibindo ignorância da superior moralida­ vem a reclamar e a se queixar"; descon­ de da cruz, por meio da qual Deus pode tentes (insatisfeitos); libertinos; arrogan­ ser justo e, ao m esm o tem po, justificar tes nas palavras; e seguidores daqueles eternamente o pecador crente (cf. 2Pe 2.15; que adulam as pessoas, "por interesse". Ap 2.14). São também iníquos ritualistas, ten­ do sido destruídos "na rebelião de Coré" 17-25. Exortações e bênção final (Nm 16.1-50; 26.9-11). Os pecados de Coré foram a negação da autoridade de Deus 17-23. Exortações ao povo de Deus. Os expressa por Moisés e seu porta-voz elei­ filhos de Deus devem se lembrar dos aler­ to, bem como a consequente intromissão tas proféticos dos apóstolos, 17,18 (como de Coré no ofício dos sacerdotes. A rejei­ lTm 4.1-6; 2Tm 3.1-10; 2Ts 2.1-12; 2Pe 2.1-22). ção da autoridade da Palavra de Deus é Devem considerar corretamente os falsos característica dos falsos mestres. mestres, como aqueles que "causam divi­ 12,13. A esterilidade espiritual. A vacui­ sões", que "vivem conforme suas tendên­ dade espiritual desses mestres é indicada cias naturais", desprovidos da nova natu­ pelo perigo que representam , 12a. "São reza e destituídos do Espírito (Rm 8.8,9), daí como as ondas bravias do m ar" nas quais impenitentes. os banquetes de amor fraternal dos cris­ Os crentes devem cultivar o cresci­ tãos bem podiam naufragar, afogados pela mento espiritual, 20a, e uma vida de ora­ bebedeira egoísta e carnal (cf. ICo 11.30ção inspirada pelo Espírito, 20b; conservar32). A esterilidade deles se revela também se dentro da esfera do amor de Deus, 21a; na infecundidade, 12b. ("São como nuvens ter ávida expectativa da misericórdia de sem água, levadas pelos ventos. São como Deus na consumação da vida eterna, 21 b; árvores sem folhas nem fruto, duplamen­ dem onstrar com paixão por aqueles que te mortas, cujas raízes foram arrancadas", têm dúvidas sinceras com relação à fé, sendo espiritualmente destituídos de vida, provavelmente influenciados pelos falsos e, quando arrancados pela raiz, provamm estres, 22; ser evangelizadores, 23a; e se visivelmente mortos.) A vergonha, 13a apartar-se dos pecados carnais, 23b. (Is 57.20), e logro deles, 13b, revelam ainda 24-25. B ênção final. Louva-se a Deus mais sua falta de realidade espiritual. por sua capacidade de evitar que tropece­ 14,15. A predição de seu juízo. Essa pro­ mos no pecado e de nos apresentar em fecia, preservada como tradição no livro um estado glorificado diante de sua glori­ não canónico de Enoque (1.9), é aqui reve­ osa presença. N ossa segurança e protelada pelo Espírito Santo como verdade di­ ção nele são de fato motivos de louvor!

Apocalipse Revelação e reino de Cristo O título. Esse grande desvelamento profético é chamado "Revelação (gr.

Apocalipse) de Jesus Cristo". É sua revelação, dada a ele pelo Pai, para que fosse anunciada a seus servos, 1.1. O título "Apocalipse de Jo ã o " é a designação tradicional usada nos primeiros tempos para diferenciá-lo de outros apocalipses, sendo o epíteto São João, "o Divino", acrescentado no século iv.

Atestação e autoria.

Há clara atestação de Justino Mártir, de Ireneu, Tertuliano e Hipólito, tanto quanto à

genuinidade com o quanto à autoria de João, apóstolo e discípulo do Senhor. Há tam bém com provação de parte de C lem ente de Alexandria, Orígenes, Vitorino (que escreveu um com entário sobre o Apocalipse), o Fragmento de Muratori, Efrém, etc. A rejeição do livro como não apostólico pelos reform adores Lutero, Zwínglio e Erasmo parece arbitrária e insignificante diante das evidências antigas. A autoria joanina é estabelecida pelo autor, que se autodenom ina João (1.1,4,9; 22.8). Clemente de Alexandria, Ireneu e Eusébio, antigos pais da igreja, declararam que foi o apóstolo João quem foi exilado em Patmos (1.9).

Pano de fundo e data. Evidências internas e externas (e.g., Ireneu) situam

Grandes temas proféticos consumados aqui Gn 3.15; Ap 1.1

O Senhor Jesus Cristo, tema central de todas as Escrituras M t 16.18; Ap 2— 3

A igreja A p 20.4-6

Ressurreição e glorificação dos santos

Dn 2.37-44; Lc 21.24; Ap 6.1— 19.16

O tempo dos gentios Gn 3

O paraíso perdido Ap 21— 22

A reconquista do paraíso Alianças de Israel Abraâmica

Dt 4.29,30; Jr 30.5-7;

Gn 12.1-3;

Ap 4— 19

Palestina

A grande tribulação Is 14.12-14; Ez 28.11-18; Ap 12.3-17; 20.1-3, 10

Satanás e o sistema mundial Jl 3.1-10; M t 25.31-46; Ap 16.13-16

Dt 30.1-10;

Davídica 2Sm 7.4-17;

Nova Aliança Jr 31.31-33 Zc 14.1-14; Ap 19.11-16

O juízo das nações

A segunda vinda de Cristo

Ez 28.1-10; 2Ts 2.7-10; Ap 13.1-10; 19.20

SI 9.17; Ap 20.11-15

O anticristo Is 11.1-16; At 1.6; Ap 20.4-7

O reino do Messias sobre Israel

o livro perto do final do reinado do imperador Domiciano (81-96 d.C.). Foi Domiciano quem mandou exilar o apóstolo na rochosa ilha de Patmos, no mar Egeu

(1.9). Natureza do livro. O Apocalipse é o terminal

O juízo dos ímpios Is 65.17; 66.22; Ap 21— 22

O eterno estado no novo céu e na nova terra

central para o qual convergem todos os grandes ramais da Palavra profética e, assim, é a consumação de toda a verdade revelada. Foi escrito para ser com preendido pelas seguintes razões: (1) é revelação (apocalipse), um

Apocalipse t 675 1

'anúncio' ou 'desvelam ento'. (2) Prom ete bênçãos àqueles que o lerem, ouvirem e guardarem suas palavras proféticas (1.3). (3) O livro não está selado (1.36; 22.10; cf. Dn 12.9). (4) Fornece-se uma chave simples para a compreensão do livro (1.19). (5) Os símbolos apocalípticos de profecia, os veículos de sua interpretação , encontram -se explicados em outras passagens das Escrituras, que por sua vez fornecem o com entário desse supremo livro da consumação.

Métodos de interpretação O método espiritualizado. Essa interpretação usa uma abordagem mística ou alegórica do livro. Clem ente de Alexandria, Orígenes e, mais tarde, Agostinho e Jerônim o seguiram esse m étodo. Intérpretes recentes que aceitam esse método consideram que o livro trata, primordialmente, da luta genérica entre a igreja e o mal durante toda a era, dando assim encorajam ento aos santos que enfrentam provação. Tal interpretação, porém, não alcança uma exposição significativa do livro e, na prática, ignora as asseverações de sua natureza profética (1.3; 10.11; 22.7, 10, 18,19). Não reconhece a chave interpretativa do livro (1.19) e a centralização do Apocalipse na segunda vinda, inclusive os acontecim entos apoteóticos que se seguem (1.7; 3.11; 16.15; 22.7, 12).

O método preterista.

Essa

escola interpretativa d efen d e que o livro já foi cum prido na prática. A visão preterista mais antiga sustentava que o Apocalipse fora cum prido na derrota dos inimigos judeus da igreja primitiva e no reinado de Nero (caps. 6— 11), sendo

os capítulos restantes vagam ente futuros. Desde o século xviii os preteristas têm defendido que o livro retrata o conflito da igreja com o judaísmo (caps. 4— 11) e com o paganismo (caps. 12—19), e que os capítulos 20— 22 descrevem seu triunfo atual. Essa posição ignora a chave interpretativa de 1.19, dá significados arbitrários aos símbolos encontrados no livro e não explica as sugestões de que um curto intervalo de tem po abarca os acontecim entos dos capítulos 4— 19, precedendo a segunda vinda.

O método históricocontínuo. Aqueles que defendem esse m étodo sustentam que o Apocalipse abarca todo o período da história da igreja, do tempo de João até o fim do mundo. A visão é bastante popular desde o tem po de Berengaud (século ix) e Joaquim (século xii). W ycliffe, Lutero, Joseph M ede, Isaac Newton, Bengel, Barnes e outros a defenderam . As impropriedades dos dois m étodos precedentes se aplicam tam bém a essa interpretação. Não correlaciona o livro à profecia bíblica em geral e deixa os detalhes do Apocalipse sem explicação adequada.

O método futurista de interpretação. Essa escola usa a chave de 1.19 com o guia para situar a maior parte do livro (caps. 4— 22) ainda no futuro, fun d am entand o a interp retação nas profecias do a t , com o as ligadas ao dia do Senhor (Is 2.10-22; 4.1-6; 34.1-17), ao reino (ís 35.1-10) e à segunda vinda de Cristo (Zc 14). As profecias do nt que se referem à volta de Cristo são associadas aos

eventos registrados em Apocalipse (e.g., M t 24— 25; M c 13; Lc 21).

A visão da igreja primitiva. A igreja primitiva dos pais evid entem en te favorecia a visão futurista, por causa de sua crença na volta iminente do Senhor, seu subsequente reino terreno (cf. At 1.6) e um período de grande convulsão precedendo e inaugurando esse reino. O Justino Mártir, Ireneu, Hipólito, Tertuliano e Vitorino sustentam visões literais do reino futuro.

Esboço 1 A visão de Patmos (as coisas que tens visto, 1.19a). 2—3 Cartas às sete igrejas (as coisas presentes, 1.19b). 4— 22 Acontecimentos apoteóticos da história (as coisas que acontecerão depois destas, 1.19c). 4— 5 O trono divino no céu 6— 18 A grande tribulação na terra 6.1— 8.1

Os juízos dos selos

8.2— 11.19

Os juízos das trom b etas

12.1— 13.18

Os sete

personagens

14.1-20

Antevisão do final da grande tribulação

15.1— 16.21

Os juízos

das taças

17.1— 18.24

O juízo

de Babilónia

19

A segunda vinda e o A rm agedom

20— 22

O milénio, o juízo final, o estado eterno

t 676 1 Apocalipse

1.1-3. Introdução

os "sete Espíritos que estão diante do seu trono" (cf. Is 11.2; ICo 12.4, 13; (3) Deus 1,2. A natureza do livro. E o Apocalipse, Filho — Jesus Cristo, 5-8. Jesus, como cen­ a grande revelação por excelência do fu­ tro do livro, é descrito com riqueza de de­ turo, que é "de Jesus Cristo" (genitivo subtalhes, incluindo: (a) sua obediente vida na jetivo), "que Deus lhe deu". O Apocalipse terra, 5a, "fiel testemunha" (Is 55.4); (b) sua não é, em nenhum sentido, um livro sela­ gloriosa ressurreição, 5b, "o primogénito dos do, nem um livro que não deve ser estu­ mortos" (Cl 1.18); (c) seu futuro título e reino dado e compreendido. Trata de coisas que de glória, 5c, "Princípe dos reis da terra" "devem" acontecer "em breve" ou logo, e (SI 2.2, 9); (d) sua obra redentora, 5d, "Àquele que, portanto, são de vital importância para que nos ama e nos libertou [...] pelo seu o povo de Deus agora. E uma revelação de sangue, [bj, "lavou", baseado em manus­ Cristo, dada, via um anjo a João, por meio critos p osteriores] de nossos p ecad os" de sinais e símbolos. (Rm 3.25,26; IPe 1.18-20); (e) sua realização 3. O propósito do livro. O propósito é redentora, 6a, "e [ele] nos constituiu reino e dar bênçãos ou felicidade àquele que lê sacerdotes para Deus, seu Pai (f) seu suas palavras, e também àqueles "que merecimento de todo louvor, 6b; (g) seu segun­ ouvem as palavras desta profecia e guar­ do advento, 7; (h) seu testemunho pessoal, 8, dam as coisas que nela estão escritas". A "Eu sou o Alfa e o Omega" (a primeira e a razão apresentada para tal é que o tem ­ última letras do alfabeto grego, como o po do cumprimento da predição está pró­ nosso "de A a Z"). Portanto, ele é o início e ximo. Ouvir e guardar as palavras gera o fim de todas as coisas que são consu­ fé e firme esperança para enfrentar as madas nesse livro (Is 44.6). Ele é o verda­ p rovações e p erseguições desta era de deiro autor do Apocalipse (1.1). pecado, em face do triunfo de Cristo e do triunfo final dos seus.

1.4-8. Saudação do autor

Parte 1. As coisas que tens visto — A visão de Patmos, 1.9-20

4a. O autor e os destinatários do livro. O

apóstolo João é, evidentem ente, o autor humano. Os destinatários são as sete igre­ jas representativas da província romana da Ásia, no oeste da Ásia Menor. São re­ presentativas das condições da igreja uni­ versal em todo lugar e durante toda a era da igreja. Alguns comentadores tentaram identificar as sete igrejas a sete períodos sucessivos da história da igreja, sugerin­ do geralmente que estam os hoje na era de Laodicéia. Essa interpretação, porém, tem pouco fundamento textual. 4b-8. A bênção do Deus Trino. "Graça [...] e paz" são os dois grandes bens da igreja em Cristo (2Ts 1.2). Provêm: (1) de Deus Pai, 4b, "daquele que é, que era e que há de v ir", perífrase do impronunciável nome Jeová (Yahweh), o ser imutável e eternamente existente (Ex 3.13,14); (2) do Espírito de Deus, 4c, simbolizado na plenitu­ de e totalidade de suas atividades como

Na visão do primeiro capítulo de Apocalipse, Cristo glorificado aparece no meio da igreja, simbolizada pelos sete candelabros.

Apocalipse [ 677 ]

1.9-20. As circunstâncias da visâo 9-11. As circunstâncias. O apóstolo estava no exílio em Patmos, ilha do Egeu de dezesseis quilómetros por dez, cerca de cinquen­ ta e nove quilómetros a sudoeste de Mileto, perto da costa da Ásia Menor. Foi exilado ali pelo imperador Domiciano em 95 d.C., se­ gundo Eusébio, por causa de sua fidelidade à Palavra de Deus, 9. A voz como de trombe­ ta é de Cristo, 10, o Alfa e o Omega. As sete igrejas são mencionadas pelo nome, 11 (ver comentários sobre os caps. 2 —3). 12-16. A visão. Cristo, o Glorificado, apa­ rece intimamente associado a sua igreja na terra, 13. Ele está no meio da igreja, denotada pelos sete candelabros ou lam­ piões, e o próprio Cristo é a luz (Jo 8.12). Ele surge como o "Filho do homem", aqui primordialmente como juiz, avaliando o serviço de sua igreja na terra. Os cabelos brancos como a lã, 14a, retra­ tam sua eternidade, sua infinita sabedoria, experiência e caráter venerável. Os olhos flamejantes, 14b (cf. 19.12), indicam sua introvisão ònisciente de juiz, enquanto seus pés semelhantes ao bronze polido, 15a, retratam aquele que não só caminha no meio da igre­ ja para avaliar seu serviço, mas que pisará "o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso" (19.15) em sua vinda para julgar os pecadores e para brandir a guer­ ra contra Satanás e o anticristo (19.11). A voz como de muitas águas, 15b, simboliza o terrível pronunciamento do veredicto do juiz, quer para elogio dos seus (Mt 25.34), quer para condenação dos ímpios (Mt 25.41). A mão direita, 16a, outrora perfurada pelo cravo e ainda ostentando as cicatrizes como credenciais da sua pessoa humana-divina e obra consumada (Jo 20.27), o qualifica para o juízo. Sua boca, 16b, da qual provém a afiada espada de dois gumes, represen­ tando o juízo e a justiça (19.11-15), revela a verdade de que ele pronunciará o juízo e executará a justiça com base na Palavra de Deus (Ef 6.17; Hb 4.12). O rosto semelhante ao sol, 16c (cf. Mt 17.2), o revela na glória de sua segunda vinda como juiz (Ml 4.2) e no esplendor que exibirá quando surgir em sua glória eterna (Ap 21.23).

A ilha de Patmos, vista do mosteiro de Sao João, foi o local do exílio de João. 17,18. A reação de João à visão. Prostra­ do diante da visão do glorificado Filho do homem surgindo como juiz, 17 (cf. Is 6.110), João é tranquilizado pelo Cristo ressurrecto e glorificado, que, portanto, tem "as chaves da morte e do inferno" (o reino invi­ sível para onde vão os mortos após a mor­ te), 18. As "chaves" (Mt 16.19) são emble­ mas de autoridade e acesso, mostrando que só ele pode abrir e fechar o mundo invisí­ vel, tendo ele mesmo vencido a morte. 19. A chave de todas as visões do livro.

Esse versículo, indispensável à correta in­ terpretação do Apocalipse, sugere uma di­ visão tríplice do livro: (1) "as coisas que tens visto", i.e., a visão do Filho do homem como juiz (1.10-20); (2) "as [coisas] do presente", i.e., as sete igrejas que existiam então na província romana da Ásia, representativas da igreja durante toda a era eclesiástica (caps. 2 —3); (3) "as [coisas] que acontece­ rão depois destas", i.e., depois do final do período da igreja (caps. 4 —22). 20. O significado da prim eira visão. O

"mistério", a verdade anteriormente ocul­ ta, mas agora revelada, que, no entanto, ainda tem em si um elemento inescrutá­ vel (cf. Mt 13.11), é duplo. (1) As sete estrelas são os mensageiros, provavelmente não anjos de verdade, mas, mais provavelmen­ te, homens, enviados pelas sete igrejas até Patmos para verificar a saúde do apósto­ lo, e que depois se tornaram portadores de sua mensagem. (2) Os sete candelabros

[ 678 1 Apocalipse

são as igrejas (ver 1.4, 11). "E strelas" e "candelabros" são os luminares desta era de trevas, símbolos do povo de Deus que deve refletir aquele que é a luz do mundo (Mt 5.14; Jo 8.12; Ef 5.8; Fp 2.15).

Os sete setes do Apocalipse 1 A s sete igrejas

2.1— 3.22 2 O s sete selo s

6.1— 8.1 3 A s sete tro m b e ta s

8.2— 11.19 4 O s sete pe rso n a g e n s

12.1— 13.18 A mulher, 12.1,2 O dragão, 12.3,4 O filho, 12.5 O arcanjo Miguel, 12.7 Os restantes, 12.17 A besta do mar, 13.1-8 A besta da terra, 13.11-18 5 A s sete taças

15.1— 16.21 6 A s sete c o n d e n açõ e s

17.1— 20.15 Babilónia eclesiástica, 17.1-18 Babilónia política, 18.1-24 O anticristo e o falso profeta, 19.20 As nações anticristãs, 19.21 Gogue e Magogue, 20.8,9 Satanás, 20.10 Os ímpios mortos, 20.11-15 7 A s sete coisas n o vas

21. 1— 22.21 Novo céu, 21.1 Nova terra, 21.1 Nova cidade, 21.9-23 Novas nações, 21.24-27 Novo rio, 22.1 Nova árvore, 22.2 Novo trono, 22.3-5

Parte 2. As coisas presentes — A era da igreja, capítulos 2—3 2.1-7. Éfeso — a igreja sem amor 1-3. Saudação e elogio. A carta é dirigida ao "anjo" (mensageiro, ver comentário so­ bre 1.20) da igreja de Éfeso, a grande me­ trópole da Ásia proconsular e 'feira das vaidades' do mundo antigo (ver comentá­ rio sobre At 19.8-41 e "Éfeso e as descober­ tas arqueológicas"). A mensagem vem do juiz glorificado (Cristo), "que tem as sete estrelas na mão direita e anda no meio dos sete candelabros de ouro" (sua igreja na terra). A igreja é elogiada pelas boas obras, pela paciente perseverança e pela intole­ rância do mal, especialmente de homens maus e impostores, 2,3 (cf. At 20.29,30). 4,5. Denúncia e alerta. O pecado da igre­ ja efésia era o desvio de sua original afei­ ção sincera pelo Senhor. "Tenho contra ti, porém [apesar das virtudes do v. 2], o fato de que deixaste o teu primeiro am or" (a espontânea afeição que tinhas por mim no início), 4. O alerta vem no versículo 5. Eles deveriam lembrnr-se de onde haviam caí­ do, 5a. O amor espontâneo ao Senhor é o cimo da verdadeira espiritualidade. Abandoná-lo é o primeiro passo rumo a uma queda bastante grave. O Senhor os exorta ainda a arrepender-se, 5b (mudança de atitu­ de), e a voltar "volta às obras que pratica­ vas no princípio", 5c, como prova da genu­ inidade de seu amor. A alternativa é a perda do testemunho, 5d. 6,7. Louvor e prom essa. A igreja é no­ vamente elogiada por detestar "as obras dos nicolaítas", nome simbólico, aparen­ temente de um partido que tentava intro­ duzir uma falsa liberdade na igreja. Eles abusavam da graça, o que os levava à li­ cenciosidade, 6 (cf. v. 2; 2Pe 2.15,16, 19; Jd 4, 11). Alguns consideram esse simbolis­ mo, porém, como sugestivo do início do clericalismo (nikao, "con q u istar", e laos, "povo"), fazendo deles o grupo que pri­ meiro favoreceu um sistema clerical, que mais tarde gerou a hierarquia papal. Ao vencedor, promete-se recompensa no es­ tado eterno (cf. Gn 2.9; Ap 22.2,24).

Apocalipse [ 679 1

2.8*11. Esmirna — a igreja perseguida

está o trono de Satanás" e "onde Satanás habita" (cf. ICo 10.19,20; Ap 9.20,21; 16.1316 sobre o vínculo entre idolatria e demo8,9. A perseguição. Quem fala é o Cristo nismo). Antipas foi um dos mártires fiéis. ressuscitado, o vencedor da morte, 1. Es­ 14. A doutrina de B alaão. Trata-se do mirna (a moderna Izmir) fica sessenta e ensinamento de Balaão a Balaque, a fim de quatro quilómetros ao norte de Éfeso, A ci­ corromper o povo de Deus, que não podia dade era chamada de "glória da Ásia", por ser amaldiçoado (Nm 31.15,16; 22.5; 23.8). A causa de seu desenvolvimento planejado, estratégia era instigá-los a casar-se com seus belos templos e seu porto ideal. Era as moabitas, violar sua separação do mun­ centro do culto a César e abrigava grande do e abandonar sua caminhada peregrina. comunidade judaica. Os judeus da "sina­ 15. A doutrina dos nicolaítas. As odia­ goga de Satanás", 9 (3.9), eram judeus ape­ das "obras" dos nicolaítas em Efeso (2.6) nas por ascendência, mas não espiritual­ eram doutrina fortemente enraizada em mente. Lançavam ácidas blasfémias contra Pérgamo (ver comentário sobre 2.6). Cristo, chamando-o de 'o pendurado' e opu16,17. A lerta e prom essa. O alerta é: "ar­ nham-se ao cristianismo, de modo que, ao repende-te!", 16 (cf. 2.5). A alternativa ao rejeitar a verdade, sua sinagoga tornou-se arrepend im ento p ara os nicolaítas era a de Satanás (cf. lTm 4.1-4; ljo 4.1-4). Cf. a enfrentar o com bate do Senhor, com a "congregação do S e n h o r " (Nm 16.3; 20.4). espada de sua boca (cf. 1.16). Essa espada 10,11. O encorajam ento. A exortação é alude à espada desembainhada com que para que não temam, 10a (tradução literal o anjo enfrentou Balaão (Nm 22.23), que do grego: "N ão temam essas coisas que estava para amaldiçoar Israel, e simboli­ estão prestes a sofrer"). Por quê? (1) Deus za a espada pela qual ele e os iludidos is­ prevalecerá sobre as tentações do Diabo. "O raelitas acabaram caindo. A promessa é Diabo está para colocar alguns de vós na Cristo como o "maná escondido", 17 (Jo prisão, para que sejais provados", 10b. Ao 6.31-35), sua glorificada humanidade pre­ lado de Deus, porém, vocês serão "prova­ servada no tabernáculo celeste até que dos" para ser aprovados e recom pensa­ se manifeste na segunda vinda. A promes­ dos. (2) O tempo da perseguição será curto, sa também engloba a "pedra branca". Tal­ 10c. Os "dez dias" (cf. Dn 1.12) simbolizam vez se refira ao precioso diamante no pei­ um período curto (cf. Gn 24.55). (3) A fideli­ toral do sumo sacerdote, e o "novo nome" dade até a morte física será recompensada pela nele gravado é o de Cristo (3.12), conten­ "coroa da vida", a recompensa do mártir, do algum a nova revelação que naquele 10d (cf. Tg 1.12). (4) O Vencedor não sofrerá a momento se dará a conhecer. segunda morte, 11. Trata-se do lago de fogo, a geena, local de eterna separação de Deus 2.18-29. Tiatira — a igreja (Ap 20.6-15; 21.8).

paganizada

2.12-17. Pérgamo — a igreja profana

18-23. Elogio e denúncia. Tiatira era um

centro comercial eivado de religião pagã. Suas muitas ligas de comércio periodica­ 12,13. Onde está o trono de Satanás. Pér­ mente patrocinavam festivais idólatras. Cristo, retratado novam ente como juiz gamo era um notável centro de idolatria e (1.14,15; Dn 10.6), 18, acusa a igreja de to­ religião demoníaca, com templos esplên­ lerar a falsa profetiza Jezabel, 20, ainda didos para Zeus, Atena, Apoio e Asclépio que fosse igreja de boas obras, 19. Essa (o deus da cura). Ficava às margens do mulher é assim chamada por parecer-se mar Egeu, cerca de noventa e seis quiló­ com a ímpia consorte de Acabe, que intro­ metros ao norte de Esmirna. Como bri­ duziu cultos fenícios depravados em Isra­ lhante centro de religião pagã, inclusive o el (lRs 16.31,32; 2Rs 9.22, 30-33). culto de César, foi chamada de local "onde

[ 680 ] Apocalipse

can1inh° para Roma

s sete igrejas de Apocalipse^

ViaE9®^

P é rg am o J ia t ir a rJSardes

Esmirna

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C^iladélfii

-PATMOS t

É feso (Ap 2.1-7) Laodicéia (Ap 3.14-22) Esm irna (Ap 2.8-11)

MAR MEDITERRÂNEO

CHIPRE

Filadélfia (Ap 3.7-13) Sardes (Ap 3,1-6) Tia tira (A p 2.18-29) P érg am o (Ap 2.12-17)

24-29. Prom essa ao vencedor. "As [su­ postas] coisas profundas de Satanás", 24, é uma veem ente referência à chocante profundeza de demonismo (lTm 4.1-6; IJo 4.1-6; Ap 9.20,21; 16.13-16) e falsos ensina­ mentos (2Tm 3.1-8; Tg 3.15; 2Pe 2.1-3) na qual essa doutrina afundou. Os vencedo­ res participarão do domínio messiânico de Cristo, 27 (SI 2.8,9).

3.1-6. Sardes — a igreja sem vida 1-3. Ortodoxia morta. Localizada oiten­ ta quilómetros a nordeste de Esmirna, Sar­ des era famosa pela sua riqueza, advinda de suas indústrias de tecidos e jóias. A igre­ ja da cidade tinha "fama" pela vida espiri­ tual, assim como a cidade tinha renome his­ tórico e político; mas Cristo, o juiz, que tem "os sete Espíritos" (i.e., o Espírito Santo em séptupla plenitude) e detém "as [sete] es­ trelas" (os mensageiros das sete igrejas), a julgou espiritualmente morta, 1. Ela é cha­ mada a ficar "alerta" e a consolidar o que "resta e estava para morrer", 2, a lembrarse do que havia "recebido e ouvido" (o res­

tabelecimento da Palavra de Deus), a guar­ dá-lo e a arrepender-se (mudar seu cami­ nho, que a levava à completa morte espiri­ tual), 3. Não fazê-lo seria atrair o juízo em vez da bênção na vinda do Senhor, 3b. 4-6. Apagando nomes do livro da vida. A igreja se caracteriza pelo cristianismo de fachada (v. 1), sendo talvez muitos admiti­ dos à fraternidade mecanicam ente, sem regeneração, daí o forte símile de apagar nomes do "livro da vida", 5. Esse simbolis­ mo alude à antiga prática de uma cidade alistar os cidadãos, apagando os nomes dos mortos. Assim, por analogia, aquele que tem 'nome' (pertencendo à igreja visí­ vel), mas está 'm o rto ' (irregenerado) é apagado da lista divina dos cidadãos ce­ lestes. Eles estão no livro no sentido de ser chantados à salvação, sendo seus no­ mes apagados no sentido de não ser esco­ lhidos para a salvação. O "livro da vida", em 20.15 e 21.27, aparece, porém, estrita­ mente como livro dos eleitos, aqueles cu­ jos nom es perm anecem após o apagamento dos nomes dos crentes de fachada (Mt 22.14). Os poucos verdadeiros crentes

Apocalipse I b b i ]

3.7-13. Filadélfia — a igreja missionária

ninguém pode fechá-la, 8a. Embora tivesse "pouca força" (dunamin, 'poder espiritual') para aproveitar a oportunidade de teste­ munho, havia guardado a Palavra de Cristo e não negara seu nome, 8b. A vigorosa atividade missionária da igreja de Filadélfia conquistou muitos judeus da cidade, resul­ tando em violenta oposição da população judaica local, cujos membros, mesmo afir­ mando ser o povo de Deus, provavam com seus atos constituir a sinagoga de Satanás (ver comentário sobre 2.9).

7-9. Uma porta aberta de testemunho. Essa carta, juntamente com aquela endereçada à igreja de Esmirna, não contém censura. O nome dessa cidade, localizada quarenta quilómetros a sudeste de Sardes, significa "am or fraterno". Embora am eaçada por fortes terremotos, quase ao ponto da com­ pleta destruição, a cidade ainda perdura e ali se reúne regularmente um grupo cris­ tão. Cristo, o "santo" (Lc 1.35; Jo 10.36), o "verdadeiro" (Jo 14.6; Ap 19.11), Aquele que tem "a chave de Davi" (Is 22.22), colocou diante dessa igreja uma porta aberta, 7, e

Essa promessa, 10b, parece indicar que a igreja, da qual a igreja de Filadélfia era representativa, será glorificada e elevada ao céu antes do início da grande tribula­ ção, 10. A promessa se aplica a todos os de Cristo, porque "deste atenção à minha exortação à perseverança". A expressão: "eu também te guardarei" significa 'prote­ ger alguém de algo' (Pv 7.5; Jo 17.15). Como essa "h o ra" da qual serão guardados é mundial e inescapável para todos os ha­ bitantes da terra, 10c, 'guardar' sugere re­

de Sardes, os vencedores, são aqueles que não contaminaram suas "vestes brancas" pelas obras mortas, mas são dignos, pois eles confiam em Cristo e estão com ele, 4, trajando as vestes brancas de sua justiça, 5. A importância da indústria do vestuário de Sardes sem dúvida provoca essa dupla referência às roupas.

10-13. G uardada da hora da provação.

Igreja da Virgem Maria, em Éfeso. O pecado da igreja em Éfeso foi ter abandonado o seu primeiro amor.

I 682 1 Apocalipse

tirar do local em que a "hora" transcorre­ rá. A "provação", 10d, refere-se ao dia do Senhor, a septuagésima semana de Dani­ el, os últimos sete anos de terrível tribula­ ção que engolfarão a terra, o período des­ crito em Apocalipse 6 — 19. A promessa está ligada à vinda de Cristo para os seus, 11a (Jo 14.1-3; lTs 4.13-17; ICo 15.51,52), e às recompensas do cristão, aqui chamado de "vencedor", llb -13. Os crentes serão claramente identificados como posse de Deus e habitantes da Nova Jerusalém, 12 (cf. 21.2,3, 10). O "novo nome" de Cristo será, nesse momento, revelado.

3.14-22. Laodicéia — a igreja morna 14-19. Intolerável tepidez. Cristo, como juiz, é aqui chamado de "Amém", 14 (cf. 2Co 1.20), "a testemunha fiel e verdadeira" (que contrasta com a comprometedora infideli­ dade dessa igreja). O "princípio da criação de Deus" denota a absoluta soberania de Cristo sobre toda a criação (cf. Cl 1.15-18). Ele não faz elogio a essa igreja permissiva da orgulhosa e rica cidade de Laodicéia, situada próximo a Colossos (Cl 4.13-16) e a cerca de sessenta e quatro quilómetros de Éfeso. A riqueza da cidade era tão grande que em 60 d.C., quando foi destruída quase completamente por um terremoto, seus ci­ dadãos recusaram o auxílio romano e re­ construíram a cidade a sua própria custa. Como centro industrial, era conhecida pela produção de fina lã negra e talco frígio, usa­ do para tratar doenças dos olhos; além dis­ so, fontes minerais térmicas faziam dela um centro terapêutico. Essas característi­ cas são usadas na carta para ilustrar a ver­ dadeira condição espiritual da igreja de Laodicéia; pois Cristo qualifica sua morna confissão de nauseante, 15,16, e absoluta­ mente enganosa, maquiando sua verdadei­ ra condição espiritual, 17. Ele aconselha à igreja que compre "de mim [de Deus] ouro refinado pelo fogo", 18, a verdadeira rique­ za de um Salvador humano-divino que pu­ rifica o coração e, assim, dá as "roupas brancas" de uma vida verdadeiramente re­ generada e santificada, e o colírio da fé que

concede verdadeira introvisão e conheci­ mento espiritual. Promete-se repreensão àqueles de Laodicéia que são de Cristo, 19. Eles devem se arrepender da comprome­ tedora deslealdade de sua descrença. 20-22. C risto trancado lá fora. A igreja havia expulsado seu Salvador e Senhor. Sua falta nem sequer era sentida por esse grupo de orientação secular. Ele, portan­ to, aparece do lado de fora, batendo à por­ ta do coração deles, esperando ser rece­ bido por eles para que possam entrar em comunhão com ele, 20. Ao vencedor pro­ mete-se o direito de sentar-se com Cristo em seu trono no reino vindouro, 21.

Parte 3. As coisas que acontecerão depois destas, capítulos 4—22 4 —5. O trono divino no céu. Os capítulos 4 e 5 apresentam a ori­

gem das visões e dos juízos que virão. A ação se passa no céu, e o personagem principal é Cristo. A cronologia real do li­ vro começa no capítulo 6.

4.1-5. A apresentação do trono 1. A porta celeste. "Depois dessas coi­ sas", la, refere-se à era da igreja repre­ sentada pelas sete igrejas dos capítulos 2 e 3. O cenário passa da terra ao céu, 1 b, quando a voz como de trombeta de Cristo chama João ao céu (cf. 1.10-13). 2-5. O trono celeste. Cristo agora ocupa o trono de Deus Pai, 2, até a segunda vinda (3.21). A glória de Deus é simbolizada por pedras preciosas, 3 (Ez 1.26-28; cf. IJo 1.5). O arco-íris, 3b (Ez 1.28), é um símbolo da misericórdia de Deus baseada no sacrifí­ cio aceito de seu Filho, assim como o arcoíris de Noé foi o sinal da aliança baseada no sacrifício oferecido por Noé (Gn 8.2022), que prenunciava Cristo. O arco-íris de João era de cor esmeralda (verde), garan­ tindo a fidelidade de Deus à aliança firma­ da com Noé, de não destruir a terra nova­ mente, como no Dilúvio, apesar do terrível juízo que está por vir (caps. 5 —19) e ape­ sar do fato de o trono ser um trono não de graça, mas de juízo, 5.

Apocalipse [ 683 1

A ágora, em Esmirna (atual Izmir), na Turquia. Em sua visão, João diz que a igreja em Esmirna será perseguida por aqueles que pertencem à "sinagoga de Satanás".

4.4,10-11. Os vinte e quatro anciãos Esses "anciãos" evidentemente repre­ sentam os santos remidos do a t e do n t , pois o termo "anciãos" jamais é aplicado a anjos ou outra categoria de seres celestiais não caídos, e, tampouco, os anjos têm co­ roas ou tronos; só os homens remidos têm tal promessa (Mt 19.28; 2Tm 4.8; IPe 5.2-4; Ap 2.10; 20.4). As coroas que eles usam são stephanoi ("coroas da vitória"), 4, e os tro­ nos que ocupam mostram que esses san­ tos são tidos como já julgados pelas suas obras (ver comentários sobre o julgamen­ to do crente em ICo 3.11-15; 2Co 5.10), ten­ do também recebido suas recompensas (cf. Dn 7.9,10). O estarem "vestidos de branco", 4, os revela como sacerdócio régio remido (IPe 2.9), ocupados em serviços sacerdo­ tais (Ap 5.8). Eles aguardam funções judici­ ais e régias, que lhes serão dadas no segun­ do advento de Cristo (20.4-6). O termo "ancião" é comumente empre­ gado nas Escrituras para designar o líder representativo de uma nação, tribo, cidade

ou família. O número vinte e quatro repre­ senta os santos do at divididos segundo as doze tribos de Israel, e os santos do n t se­ gundo os doze apóstolos do Cordeiro (cf. as doze pedras fundamentais dos doze apóstolos do Cordeiro e as doze portas das doze tribos de Israel, Ap 21.10-14). O núme­ ro vinte e quatro, além disso, representa assim uma posição sacerdotal rem ida. Quando Davi dividiu os sacerdotes em tur­ mas, encontrou vinte e quatro líderes de famílias sacerdotais e os tornou represen­ tantes de todo o sacerdócio (lC r 24.1-19).

4.6-11. Os quatro seres viventes 6-8. A identidade. São uma ordem especi­ al de seres criados, ligados ao trono de Deus, aparentemente combinando as ca­ racterísticas dos querubins, ligados à pú­ blica glória governamental de Deus (Gn 3.24; Êx 25.17-20; Ez 10.1-22), e dos serafins, liga­ dos à santidade de Deus (Is 6.1-7). Sua inteli­ gência e conhecimento do plano de Deus para a terra se revelam no fato de serem

( 684 1 Apocalipse

humano); (3) como homem-Deus, ele "ven­ ceu", e assim pode "abrir o livro", 5; (4) ele é o Cordeiro que parecia estar "morto", 6. A morte de Cristo é o fundamento da re­ denção não só dos pecadores, mas da ter­ ra (Rm 8.18-22). Os "sete chifres" denotam a plenitude ou eficácia, e os "sete olhos", a plenitude da inteligência na administra­ ção judicial do Espírito sobre a terra, base­ ada na redenção de Cristo, 6. 7-1 0 .0 ato sublime. "[Cristo] veio e pegou 5.1-4. 0 livro dos sete selos o livro da mão direita de quem estava assen­ 1. O que é o livro. O livro de sete selos tado no trono" (cf. Dn 7.13,14, onde se vê a mesma cena grandiosa). Era o caso de um é o documento de posse da herança perdida parente (o homem-Deus) capaz de fazer o da terra quando da queda de Adão. Esse que ninguém mais podia (3,4; cf. Lv 25.23-34), documento legal, que garante a expulsão sendo o preço da redenção o próprio sangue de Satanás e dos homens ímpios da terra de Cristo (IPe 1.18-20; cf. Rt 4.1-12). Esse ato (cf. Ef 1.13,14; Rm 8.22,23), e que foi lavra­ atrai a adoração dos seres viventes, 8-10. do pela morte expiatória de Cristo, é visto "sobre" (gr.) a mão direita aberta daquele que está sentado no trono (Deus Pai), la. 5.11-14. A adoração universal "Um livro escrito por dentro e por fora" do Cordeiro implica a completitude da provisão legal para a expulsão, 1b. "Selado com sete se­ 11,12. A adoração dos seres celestiais. los" simboliza o hermetismo desse selar Essa grande cena retratando os direitos e até o aparecimento da pessoa legalmen­ glórias de Cristo no reino (caps. 4 —5), que te habilitada a abrir o documento estrita­ alcança seu ápice quando ele toma o livro mente lacrado. de sete selos para reclam ar a posse da 2-4. Quem é digno de abri-lo? Essa per­ terra, provoca o louvor e a adoração de gunta avulta em 2. "Ninguém" pode abrimultidões de anjos, dos seres viventes e lo. Nem mesmo os seres angélicos, porque da humanidade remida no céu, 11. O gran­ a herança foi perdida por um ser humano, de tema é este: "O Cordeiro [...] é digno" e, portanto, um homem é quem deveria (cf. 5.2,3, 9; cf. Fp 2.9-11). abri-lo. Tampouco, nenhum dos descenden­ 13,14. A participação de toda a criação. tes de Adão, porque são todos pecadores. Toda a criação adora e louva o Cordeiro. O ardente desejo de João de conhecer a Essa ad oração é repetida pelos quatro revelação prometida parece frustrado, 4. seres viventes, 14a, e pelos anciãos, 14b

"cheios de olhos", 6, 8. Sua semelhança com animais e com o homem indica o ca­ ráter do governo judicial divino sobre a terra, pois toda a terra está prestes a ser julgada (caps. 5 —19). 8-11. A adoração. Eles adoram ao Se­ nhor Deus Todo-Poderoso, 8,9, e são acom­ panhados no culto pelos vinte e quatro anciãos, 10,11.

(ver 4.4).

5.5-10. 0 que é digno de abrir o livro 5,6. O Leão da tribo de Judá. Só ele é

digno, porque: (1) ele é o "Leão da tribo de Judá" (a tribo real), título do Messias na segunda vinda, como "Rei dos reis" (19.16; Gn 49.8-10), que com poder majestático as­ seguraria a bênção de Israel e de toda a terra e, com seu caráter leonino, esmaga­ ria seus inimigos; (2) ele é "a raiz de Davi" (divino, Senhor e Criador de Davi, SI 110.1; Mt 22.42-45; e "geração de Davi", 22.16, i.e.,

6.1—8.5. A abertura do livro de sete selos 6.1-17. Os selos um a seis 1-4. Selos um e dois. A abertura dos se­ los precipita o dia do Senhor e o período de tribulação na terra para expulsar Satanás e os homens ímpios. Diante de cada um dos primeiros quatro selos, um dos seres viventes associado ao governo judicial de

Apocalipse [ 685 1 Deus sobre a terra grita: "V em !". Assim eles invocam os prim eiros ju ízos, sim bolizados pelos quatro cavaleiros. O cavaleiro do ca­ valo branco, 2, é o anticristo, que imita Cristo (19.11), sendo que o "arco " e a "coroa" sim­ b olizam suas grand es con qu istas, O cav a­ leiro do cavalo verm elho, 3,4, sim boliza a guerra e a carnificina (cf. Zc 1.7-11; 6.1-8). 5-8. Selos três e quatro. O cavaleiro do cav alo n e g ro sim b o liz a a fo m e , que vem depois da guerra. O pão é racionado: "U m a medida de trigo por um denário, três medi­ das de cevada por um d en á rio ", 5,6. Um d en á rio g e ra lm e n te p o d ia c o m p ra r oito m edidas de trigo ou vinte e quatro m edi­ das de cevada. O cavaleiro do cavalo am a­ relo rep resen ta a p este e ch am a-se "M o r­ te", 7,8 (cf. 20.14). 9-11. O quinto selo. As almas debaixo do altar (o altar do sacrifício onde o sangue era derram ado) representam os mártires da prim eira m etade do período da tribulação. A "palavra de D eus" é aquilo por que eles morreram, e seu "sangu e" clamava vingan­ ça, 10 (cf. Gn 4.10). Eles são o rem anescen­ te dos ju d eu s cujo clam or é o dos salm os proféticos im precatórios — Salm os 35, 55, 59, 94, etc. As "túnicas brancas" indicam a re d en ção da alm a d eles. E les d ev em re ­ pousar por pouco tem po (o curto período da grande tribulação na terra, D n 9.27) até que "s e u s c o n s e rv o s " e seu s irm ã o s (os outros crentes jud eus) tam bém participem de seu m artírio (cf. Ap 20.4-6). 12-17. O sexto selo. Esse selo aparente­ m ente sim boliza a an arqu ia g overn am en tal sob as m etáfo ras do terrem o to , do e scu ­ recim ento do sol e da lua e da queda das estrelas. O colapso de todo o governo h u ­ m ano gera trem endo terror diante da che­ gada do grand e dia da ira do Sen hor (cf. 14.10; 15.1; 16.1; 19.14).

(Cap. 7. Primeiro parêntese) 7.1-8. 0 selar dos israelitas 1-3. O rem anescente preservado de Isra­ el. Esses eleitos na terra são p reservad os dos ju ízos da tribulação que assola a terra no final dos tempos, 1. A preservação é sim ­

bolizada por um "selo ", 2a (cf. Ef 1.13,14). É um a preservação pública, pois "o s servos do nosso D eus" devem ser selados na fron­ te, 3, sem o m enor vestígio de discipulado s e c r e to . 4-8. A especificação do número dos israeli­ tas selados. São os israelitas que vivem na terra no tempo de "angústia para Jacó" (Jr 30.5-7). Em bora as gen ealogias tribais te­ nham cessado, D eus sabe quais são as tri­ bos e onde estão (Is 11.11-16), e preservará um rem anescente eleito, devolvendo-o ao reino restaurado (At 1.6). O evento ocorrerá quando os tempos "dos gentios" se comple­ tarem (Lc 21.24), com a reunião do número com pleto dos gentios (At 15.14; Rm 11.25). Na enum eração, as tribos de D ã e Efraim são om itidas, provavelm ente por conta de sua cumplicidade com a idolatria (Dt 29.1821; lR s 12.25-30, mas cf. Ez 48.1-7, 23-29).

7.9-17. A salvação dos gentios 9-14. A preservação dos gentios eleitos. Esse grupo de salvos é form ado por genti­ os eleitos, como o grupo eleito dos judeus, 1-8, que será preservado até o tem po final da trib u la ç ã o , 14, p ara e n tra r n o rein o. C o m o o re m a n e s c e n te sela d o de Isra el, eles m ostram que D eus, m esm o em m eio a sua ira, lem b ra -se de sua m isericórd ia (Hc 3.2). Eles são aparentemente homens não glorificados da terra, vistos com o "salvos" e, portanto, tam bém vistos "em pé diante do tro n o e na p re sen ça do C o rd eiro , tod os vestidos com túnicas brancas e segurando palm as nas m ão s", com o sím bolo de ale­ gria e triunfo milenários, 9 (Lv 23.40; Jo 12.13). Eles p assaram por ind izíveis sofrim en tos na grande tribulação, 14 (Dn 9.27; M t 24.1551; 2Ts 2.1-12), tendo sido alçados à salva­ ção pela pregação do evangelh o do reino (Mt 24.13,14; também chamado "evangelho eterno", Ap 14.6). 15-17. A felicidade do reino lhes é asse­ g u ra d a . E le s e stã o "d ia n te do tro n o de D e u s ", d en o ta n d o n ão p o sição esp acial, m as status m oral, e servem a D eus inces­ santem en te "n o seu santu ário" (o templo do m ilénio, Ez 4 0 —44), 15H »M iír i lM Í I^STtH ■ «* I iv» 1 in c i lArxt 1

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livros segundo a conveniência litúrgica. Assim, defendem-se datas antigas para os livros do a t , que conservam sua integridade. A posição protestante sempre foi a adesão estrita ao cânon judaico. A obra dos massoretas Antes de 500 d.C., os manuscritos hebraicos não tinham um sistema de indicação de vogais, a não ser determinadas consoantes que indicavam vogais longas. Entre 600 e 950 d.C., eruditos judeus, chamados massoretas (tradicionalistas), inventaram um completo sistema de vogais e acentos

para pontuar o texto. Também padronizaram 0 texto, incluindo leituras marginais (chamadas qerê) e variações textuais (chamadas ketib). A obra dos massoretas em cima da Bíblia hebraica, providencialmente, preparou-a para o advento da imprensa, cinco séculos mais tarde. As Bíblias hebraicas impressas 0 Saltério foi a primeira parte da Bíblia hebraica a ser impressa. Surgiu em 1477. Em 1488, saiu a primeira edição de todo o a t hebraico, impresso com vogais e acentos.

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As escrituras cristãs mais antigas Durante quase duas décadas após a ascensão de nosso Senhor, as Escrituras do a t , principalmente em grego, eram a única Bíblia existente. 0 primeiro livro do n t foi aparentemente Tiago, escrito talvez ainda em 45 d.C. 0 Apocalipse é geralmente tido como 0 último, datado de cerca de 95 d.C. Nesse período primitivo, a igreja usava 0 a t como Bíblia. Pedro pregou segundo 0 a t (At 2.14-36), assim como Estêvão (At 7.2-53), Filipe (At 3.32-35) e Paulo. Todos os autores do n t estavam imbuídos do

[ 708 1 Como a Bíblia chegou até nós e seus escritos inspirados fundaram-se nessa revelação inspirada.

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A origem dos livros do Novo Testamento O evangelho (1Co 15.3,4) foi, de início, pregado oralmente e interpretado à luz da história e da profecia do a t . Os relatos orais sobre a vida e a obra de Cristo foram fixados por escrito e, finalmente, deram lugar aos inspirados evangelhos sinóticos antes de 70 d.C. A necessidade de interpretação doutrinária da pessoa e da obra de Cristo logo se tornou premente, acentuada pela necessidade de definir o cristianismo para defendêlo de erros como o legalismo e o antinomianismo. As epístolas paulinas e outras foram escritas para suprir tal necessidade. A demanda por um esboço histórico da evolução da igreja foi atendida no livro de Atos. 0 Apocalipse foi escrito para consumar a revelação dos planos e desígnios de Deus para o tempo e a eternidade. A canonização do Novo Testamento Literatura cristã antiga não incluída no cânon do Novo Testamento 1Clemente, epístola escrita por Clemente de Roma (c.96 d.C.) à igreja coríntia, era altamente estimada. Alguns lhe atribuíam autoridade canónica, e ela

era lida publicamente na igreja de Corinto por volta de 170. Vários autores do Egito a usaram, como Clemente de Alexandria e Orígenes. Foi anexada ao Códice Alexandrino. 2Clemente é uma epístola que também foi anexada ao Códice Alexandrino. Era falsamente atribuída a Clemente de Roma e jamais foi largamente lida. Nem ela nem 1Clemente jamais tiveram reconhecimento canónico no Ocidente. O Didaquê (o ensinamento dos doze apóstolos) (c.1 2 0 ) era considerado como componente das Sagradas Escrituras por alguns do Egito, notavelmente Clemente de Alexandria e Orígenes. Teve ampla circulação. A epístola de Barnabé (c.130) foi incluída no Códice Sinaítico e tinha status autorizado no Egito. Jerônimo (c.400) a considerou apócrifa, e ela gradualmente perdeu qualquer direito ao status de componente das Sagradas Escrituras. Pastor de Hermas (c.140) foi escrito por Hermas, irmão de Pio, bispo de Roma. Foi também incluído no Códice Sinaítico e era tido em alta estima pelo Cânon Muratoriano, mas jamais se estabeleceu como componente das Sagradas Escrituras. O Apocalipse de Pedro (c.145), de menor importância que os livros precedentes, era assim mesmo altamente considerado no Oriente e

conhecido também no Ocidente. Reprovado pelo Cânon Muratoriano, foi tido como espúrio por Eusébio. Atos de Paulo (c 170) circulou amplamente e era tido por alguns como canónico, mas a erudição iluminada percebeu sua natureza apócrifa, relegando-o gradualmente à rejeição. Ainda surgiram, atribuídos aos apóstolos, numerosos outros evangelhos, atos, epístolas e apocalipses tardios. Mas eram óbvias falsificações e jamais foram levados a sério pela igreja. Fatores que favorecem a canonicidade do Novo Testamento 0 reconhecimento de 1 Clemente, do Didaquê, da Epístola de Barnabé e do Pastor de Hermas como canónicos ou semicanômcos, especialmente no Oriente, antes do final do século m, chamou a atenção para a necessidade de um cânon claramente definido. Além disso, o cânon incompleto do herético Marcião (c.140) foi largamente endossado. Marcião era gnóstico e, com base em fundamentos doutrinários, aceitou somente o evangelho de Lucas e dez das epístolas paulinas, não sem antes gravemente mutilá-los. O surgimento, com o tempo, de outros livros apócrifos e pseudepigráficos que reclamavam reconhecimento exigiu um cânon claramente

Como a Bíblia chegou até nós 1 709 1 delimitado. Um pouco mais tarde, o edito do imperador Diocleciano (303), ordenando a queima de todos os livros sagrados, tornou imprescindível a cuidadosa definição do cânon. Os critérios da canonicidade do Novo Testamento O primeiro critério foi a apostolicidade. Acaso o autor era um apóstolo verdadeiro? Se não, será que tinha relação próxima com um dos apóstolos, caso dos autores do evangelho de Marcos, do evangelho de Lucas, do livro de Atos e da epístola aos hebreus? O segundo critério era o conteúdo. Porventura o tema e o tratamento do tema tinham a elevada categoria e o selo espiritual exigido pelo teste das Sagradas Escrituras? Segundo esse critério eliminaram-se os livros espúrios. O terceiro critério foi a universalidade. Será que a igreja como um todo adotou o livro? Será que tinha apelo universal? O quarto critério era a inspiração divina. Será que a obra exibia prova inequívoca de ser "divinamente inspirada" (2Tm 3.16)? E será que o Espírito Santo dava a convicção aos homens de Deus de que isso era verdade? Esse era o teste final. Sem orientação da Providência, o cânon do n t jamais teria sido corretamente delimitado.

Os primeiros livros tidos como canónicos Esses livros reconhecidos foram denominados homologoumena (livros "professados" ou "teconhecidos") por Orígenes (c.245). Eram os escritos do nt universalmente tidos como Sagradas Escrituras inspiradas. Orígenes incluiu os quatro evangelhos, as epístolas de Paulo, I Pedro, 1João, Atos e o Apocalipse. Embora não tenha incluído Hebreus entre os homologoumena, citou a epístola como paulina e canónica. De fato, os únicos livros que ele não menciona como canónicos são Judas e 2 e 3João. Eusébio de Cesaréia (c.300-325), o historiador da igreja, incluiu entre os homologoumena os quatro evangelhos, Atos, as epístolas paulinas, Uoão, 1 Pedro e o Apocalipse. Ele parece ter inadvertidamente omitido Hebreus. Os livros do Novo Testamento que foram questionados no início Orígenes denominou esses livros questionados de antilegomena ("aqueles contra que se argumenta" ou "contestados"). Entre esses, ele colocou Hebreus (ver acima), 2Pedro, 2 e3João, Tiago, Judas e a apócrifa epístola de Barnabé, o Pastor de Hermas, o Didaquê e o evangelho dos hebreus. Eusébio de Cesaréia dividiu os antilegomena em: ( 1 ) os meramente

contestados ou questionados — Tiago, Judas, 2Pedro, 2 e 3João; (2 ) os realmente espúrios ou não inspirados — Atos de Paulo, Pastor de Hermas, 0 Apocalipse de Pedro, Epístola de Barnabé e Didaquê. Razões para duvidar de determinados livros do Novo Testamento Os sete livros que de início foram contestados são Tiago, 2Pedro, Hebreus, 2João, 3João, Judas e o Apocalipse. A hesitação de alguns líderes da igreja primitiva em aceitar esses livros se explica com base em suas evidências internas peculiares. (1) Tiago e Judas se autodenominam meros "servos" de Cristo, e não apóstolos, enquanto o autor de 2 e 3João refere-se a si mesmo como "presbítero" ou "ancião", não como apóstolo. João, no Apocalipse, chama-se "servo" e "irmão". (2 ) Hebreus é anónimo e difere quanto ao vocabulário e ao estilo das epístolas paulinas reconhecidas. A segunda epístola de Pedro, embora não anónima, difere de 1Pedro segundo os mesmos critérios. (3) Tiago também foi escrito aos primeiros conversos judeus, não sendo endereçada à grande igreja gentia universal. (4) Judas também foi questionada porque usou o apócrifo livro de Enoque (1.9; 5.4; cf. Jd 14,15). Gradualmente, entretanto, todos esses livros controversos, porém genuínos, acabaram sendo universalmente aceitos pela

[ 710 1 Como a Bíblia chegou até nós

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Página da Bíblia de Wycliffe, a primeira tradução completa para o inglês, revisada em c.1400, condenada e queimada em 1415. Pelos menos cento e setenta manuscritos sobreviveram. Seu ponto fraco foi ter-se baseado na Vulgata latina, e não no original grego

Como a Bíblia chegou até nós [ 711 1 igreja. No Ocidente, isso aconteceu antes de 400 d.C. e, no Oriente, antes do ano 500. Desenvolvimento inicial do cânon no Ocidente 0 testemunho de Clemente de Roma (c.96 d.C.). Em sua carta altamente estimada à igreja de Corinto (conhecida como 1 Clemente), na condição de bispo de Roma, ele revela conhecimento de Mateus, Romanos, ICoríntios e ainda se refere repetidamente a Hebreus. O testemunho de Marcião (c.140). Como herético gnóstico, ele só aceitou o evangelho de Lucas e dez das epístolas de Paulo. Mas seu testemunho, embora erróneo, é esclarecedor e constitui importante marco na compilação da igreja e na aprovação do atual cânon do n t . O testemunho de Hermas (c.150). Como renomado autor do altamente respeitado Pastor de Hermas, ele autentica o evangelho de Mateus, Efésios, aparentemente Hebreus e Tiago, e notavelmente o Apocalipse. 0 testemunho de Ireneu (c.140-203). Como homem que em sua juventude teve contato com Policarpo em Esmirna e, mais tarde, como bispo de Lion, na Gália, ele dá testemunho dos quatro evangelhos, além de Atos, 1 Pedro, Uoão, todas as cartas de Paulo, exceto Filemom, e o Apocalipse. O testemunho do cânon Muratoriano (c.172). O

fragmento foi descoberto pelo italiano Muratori na Biblioteca Ambrosiana de Milão, em 1740. O início mutilado continha aparentemente Mateus e Marcos. Atesta todos os livros do n t , exceto 1Pedro, 2Pedro, Tiago e Hebreus. O testemunho da Antiga Versão Latina, anterior a 170. Atesta todos os livros, exceto Tiago e 2Pedro, tendo sido Hebreus acrescentada antes do tempo de Tertuliano. O testemunho de Tertuliano (c. 150-222). Esse prolífico autor latino de Cartago atesta os quatro evangelhos, treze epístolas paulinas, Atos, 1Pedro, Uoão, Judas e o Apocalipse. Fiel ao princípio da autoria apostólica, rejeitou Hebreus, pois acreditava que o autor era Barnabé. O testemunho de Cipriano (c.200-258). Como bispo de Cartago, ele acompanhou de perto Tertuliano no tocante a Hebreus, e não citou Filemom, Tiago, 2 e 3João nem Judas. Desenvolvimento posterior do cânon no Ocidente O testemunho de Jerônimo (c.340-420). O grande tradutor da Vulgata latina, além de renomado estudioso, atestou todos os nossos livros canónicos do n t. Aceitou Hebreus como obra de Paulo e explicou como Tiago e 2Pedro vieram a ser reconhecidas. Sua opinião tem altíssimo valor.

O testemunho de Agostinho (354-430). Sua opinião, diferentemente da de Jerônimo, foi duvidosa. Embora tenha aceitado todos os sete livros que eram questionados, atribuiu diferentes graus de autoridade bíblica e foi em grande parte responsável pelo cânon ampliado da igreja Católica Romana, incluindo os Apócrifos. O papel dos concílios da igreja. A delimitação do cânon do n t não foi obra de qualquer concílio ou concílios. O valor inspirado e a autoridade intrínseca de cada livro eram, esses sim, os fatores decisivos. Esse fato é forte prova da genuinidade e autenticidade dos livros que nos foram legados pelo cânon. Somente no final do século iv é que os concílios passaram a se pronunciar sobre o assunto. O terceiro Concílio de Cartago (397) forneceu a primeira decisão sobre o cânon. Um dos cânones desse concílio estipulava que somente os livros "canónicos" podiam ser lidos nas igrejas. Depois relacionava exatamente nossos atuais vinte e sete livros. Hebreus foi reconhecido como de autoria paulina. O Concílio de Hipona (419) repetiu a lista do Terceiro Concílio de Cartago. A seleção do cânon foi, assim, um processo espontâneo que se desenrolou na igreja até que cada livro provasse seu valor.

[ 712 I Como a Bíblia chegou até nós

Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai, onde o Códice Sinaítico foi encontrado por Tischendorf, em 1844. Desenvolvimento do cânon no Oriente Inácio, bispo de Antioquia (c.116); Policarpo, bispo de Esmirna (c.69-155); e Papias, bispo de Híerápolis (c.80-c.155), atestaram Mateus, João, as epístolas paulinas, 1Pedro, Uoão e provavelmente Atos. O Didaquê (c.120) destaca ■Mateus e demonstra conhecimento de Lucas, bem como da maioria dos nossos livros do n t. Melito, bispo de Sardes (c. 170), citou trechos de todos os livros do n t , exceto Tiago, Judas e 2 e 3João. Teófilo de Antioquia (c.115 -C .1 8 8 ) adotou a maior parte dos livros do n t e os considerava tanto quanto o cânon do a t . Contudo, seu sucessor.

Luciano (martirizado em 312), em seu "Cânon de Antioquia", excluiu Apocalipse, 2Pedro, 2 e 3João e Judas em seu texto revisado do a t e do n t . Basílio, o Grande, da Capadócia (c.329-379) e Gregório de Nazianzo (c.330-390) reconheceram todos os livro do nosso cânon atual, exceto o Apocalipse, embora o tenham citado como obra de João. João Crisóstomo (347-407) aceitou todos, menos 2Pedro, 2 e 3João e o Apocalipse. Teodoro de Mopsuéstia (c.350-428) rejeitou as epístolas católicas e o Apocalipse. A opinião dessa seção da igreja foi assim fortemente influenciada

pelo cânon de Constantinopla, que rejeitou 2 e 3João, 2Pedro, Judas e o Apocalipse, fruto do "Cânon de Antioquia", de Luciano. A Peshita (411-435) igualmente seguiu o cânon de Constantinopla. Só no tempo de Filoxeno (c.508), que revisou a Peshita siríaca para acrescentar os livros rejeitados, é que se rompeu a imprópria influência do cânon de Constantinopla. Desenvolvimento inicial do cânon no Egito e na Palestina iustino Mártir (c. 100-165) deu importante testemunho acerca do Apocalipse, que ele considerava obra do apóstolo João. Também conhecia Hebreus e,

Como a Bíblia chegou até nós [ 713 J

provavelmente, referiu-se ao evangelho de Marcos, sob o título "Memórias de Pedro". Clemente de Alexandria (c.155-215) foi autor de grande penetração e aceitou todos os livros do nosso n t , incluindo Judas, Hebreus, as epístolas católicas e o Apocalipse. Orígenes de Alexandria (c.185-c.253) exibe indícios de ter aceitado os livros comumente contestados (Hebreus, 2Pedro, 2 e 3João, Tiago e Judas). Incluiu o Apocalipse entre os livros aceitos (.homologoumena). Desenvolvimento posterior do cânon no Egito e na Palestina Os Papiros de Chester Beatty, do século m, editados em 1933-37 por Frederic Kenyon, autenticaram os quatro evangelhos, Atos, as epístolas paulinas e Hebreus (que vem depois de Romanos) e o Apocalipse (deste, porém, só se preservou a seção 9.10— 17.2). Dionísio de Alexandria (c.200-265) autenticou Hebreus como epístola de Paulo, além de reconhecer Tiago, 2 e 3João e o Apocalipse como Escrituras inspiradas. Atanásio de Alexandria (298-373) aplicou o termo "canónico" aos mesmos vinte e sete livros de nosso n t canónico. Resumo da formação do cânon do n t O cânon do n t formou-se espontaneamente, e não pela ação dos concílios da

igreja. A inspiração e a intrínseca autoridade de cada livro foram os fatores determinantes em seu reconhecimento e efetiva canonização. Em 200 d.C., o fjT já continha essencialmente os mesmos livros que temos hoje. Os cristãos da época lhes atribuíam a mesma autoridade e finalidade que nós atribuímos. No século m, debateramse os antilegomena. O livro do Apocalipse enfrentava oposição no Oriente. Hebreus era controvertido no Ocidente. Antes do final do século iii, praticamente todos os livros extracanônicos já haviam

sido expurgados das listas autorizadas. Durante o século iv, praticamente cessou no Ocidente o debate sobre as questões do status canónico de determinados livros, isso graças à influência de Jerônimo e de Agostinho e às claras distinções feitas com relação ao cânon por Atanásio no Egito. O terceiro Concílio de Cartago (397) selou a decisão alcançada, e a partir daí não houve oposição considerável a nenhum dos livros do n t . Todavia, o debate persistiu no Oriente por mais algum tempo. Mas o exemplo do Ocidente, de Atanásio em Alexandria, bem como a influência dos pais da Capadócia, varreram

Ilustração retrata dois rolos de cobre encontrados entre os manuscritos do mar Morto, em Qumran. Esses manuscritos, encontrados em 1947, revelam textos hebraicos datados de cerca de mil anos antes do que os manuscritos conhecidos até então.

[ 714 l Como a Bíblia chegou até nós toda a oposição. Com o acréscimo de 2 e 3João, 2Pedro, Judas e o Apocalipse à Peshita (Bíblia siríaca), a questão do cânon se resolveu também no Oriente. Assim a canonicidade do n t foi estabelecida, para todos os fins práticos, por volta de 400 d.C. no Ocidente, e por volta de 500 d.C. no Oriente. A história do cânon até o presente Afora poucas diferenças mínimas, o veredicto dos primeiros quatro séculos a respeito do cânon do n t é ainda o veredicto da igreja até o presente. Durante a Reforma, os reformadores insistiram na autoridade de uma Bíblia infalível sobre a suposta autoridade de uma igreja infalível. Todavia, a respeito do cânon do n t , em 1546, no Concílio de Trento, pelo Decreto Sacrosancta, a igreja Católica declarou canónicos onze dos quatorze livros apócrifos. São eles: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, 1 e 2Macabeus, Cântico dos Três, Susana e Bei e o Dragão. Também aceitou acréscimos tardios ao livro de Ester. O texto do Novo Testamento Nenhum outro documento da antiguidade tem influenciado tanto o mundo ocidental quanto o n t . Tampouco há outro texto antigo tão bem atestado. Pode-se encontrá-lo em

quase cinco mil manuscritos (cópias manuscritas) gregos e em mais de dez mil manuscritos que são cópias de versões mais antigas, além de milhares de citações dos Pais da igreja. O problema da crítica textual é usar essas cópias para determinar, via estudo e comparação, o puro texto original. Fontes da crítica textual do Novo Testamento Os papiros. Como resultado de um século de pesquisas arqueológicas, hoje existem mais de setenta e cinco fragmentos de papiro do n t , designados pela letra P com índices numéricos, como P-j, ?2 - Datam do século ii ao século viu, abrangendo seções de vinte e cinco livros, cerca de 40% do texto do n t. P5 2 contém partes de João 18.31-34, 37,38 e data de cerca de 135 d.C., sendo o mais antigo. P4 5 , P4 5 e P4 7 pertencem aos Papiros de Chester Beatty 1, 11,111 (c.200 d.C.). P5 5 é o famoso Papiro 11 de Bodmer, do evangelho de João, datado de cerca de 200 d.C. P7 5 é o recentemente descoberto Papiro xiv-xv de Bodmer, de João e Lucas, datado de c.200 d.C. Unciais. São escritos sobre pergaminho em um estilo de letra maiúscula, usadas nos manuscritos do n t até» c.800. Existem cerca de trezentas unciais. Minúsculos. Manuscritos dessa categoria eram feitos em uma escrita cursiva ou corrente e datam do século ix ao século xvm.

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O fragmento de John Rylands (c.130 d.C.), encon­ trado no Egito, contém parte do Evangelho de João. Catalogou-se um total de dois mil seiscentos e quarenta e sete minúsculos. Versões. As mais valiosas foram as traduções do grego original antes do ano 1000. Dessas, as mais importantes são a Antiga Latina (século 11), a Vulgata (latim) de Jerônimo (38284), a Siríaca (séculos iv e v), a Copta (séculos 11 a iv), a Arménia (início do século v), a Antiga Georgiana (século v), a Etíope e a Gótica (meados do século iv). Lecionários. São livros usados no ofício da igreja, contendo lições sobre as Escrituras para serem lidas durante todo o arfo. Existem cerca de dois mil lecionários, tanto unciais quanto cursivos. Datam de c.280 a c.1600. Óstracos e Talismãs. Hoje se conhecem vinte e cinco óstracos e nove talismãs

Como a Bíblia chegou até nós [ 715 1 (amuletos) gravados com trechos do texto do n t. Datam do século iv ao século xm. Citações dos Pais da igreja. Conhecem-se mais de oitenta e seis mil dessa citações. Os mais antigos manuscritos do Antigo Testamento Os mais antigos manuscritos hebraicos massoréticos têm data não anterior ao final do século ix. São o Códice do Cairo, contendo os Profetas (895 d.C.), o Códice de Alepo, contendo todo o a t (c.925), e o Códice de Leningrado (concluído em 1108 d.C.) Esse último é usado como o texto da Bíblia Hebraica de Kittel. Os manuscritos do mar Morto, notavelmente os dos manuscritos de Isaías, descobertos a partir de 1947, porém, fornecem-nos um texto hebraico mil anos mais antigo, além de fragmentos de praticamente todos (com uma única exceção) os livros do a t , datados dos séculos i e n a.C. Os mais antigos manuscritos do Novo Testamento Códice Sinaítico (J^ ), século iv. O n t está completo, com cento e quarenta e oito folhas. Foi descoberto por Tischendorf no mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai, em 1844 e 1859. Também contém fragmentos do a t em grego. Códice Alexandrino (A), século v. Contém a maior parte do a t e do n t . Em 1627,

William Tyndale, responsável pela versão de Tyndale, traduzida dos originais hebraicos e gregos. A importância dessa versão reside no fato de ter sido a primeira de uma série de traduções, tão criativa e de estilo tão admirável que formou a espinha dorsal da versão Autorizada do Rei Tiago ( k j v ), de 1611. foi dado de presente pelo patriarca de Constantinopla a Carlos i da Inglaterra e transferido ao Museu Britânico em 1757. Códice Vaticano (B), século iv. Está na Biblioteca do Vaticano, em Roma, desde 1481. Contém quase todo o a t e o n t , exceto Hebreus 9.14— 13.25, as epístolas pastorais, Filemom e o Apocalipse. Códice Efraimita (C), século v. Contém cento e quarenta e cinco folhas do n t , de um total de duzentas e trinta e oito. Códice Beza (D), século v. Não se preservou todo o n t .

Papiro i de Chester Beatty (P4 5 ), início do século 111. Contém trinta folhas do códice original de papiro dos evangelhos e Atos. Papiro 11 de Chester Beatty (P4 6 ). início do século 111. Subsistem oitenta e seis das cento e quatro folhas originais de códice de papiro das epístolas de Paulo. Papiro 111 de Chester Beatty (P4 7 ), final do século 111. Restaram dez folhas das trinta e duas folhas originais do códice de papiro do Apocalipse. Papiro 11 de Bodmer (Pgg), início do século 111. Ainda existem cento e cinquenta

( 716 ] Como a Bíblia chegou até nós

páginas de um códice de papiro do evangelho de João. Papiro xiv-xv de Bodmer (P7 5 ), início do século m. Encontraram-se todas as cento e quarenta e quatro páginas de um original de cento e quarenta e quatro páginas páginas dos evangelhos de Lucas e João. Versões da Bíblia em língua portuguesa Com 0 advento da Reforma protestante, ocorrida em 31 de outubro de 1517, os esforços para tornar a Bíblia disponível no idioma nativo foram intensificados. Em consequência desses incansáveis esforços, hoje podemos ter quantas bíblias quisermos, em diversos idiomas, cores, tamanhos e versões. Contudo, uma dúvida muito frequente é: entre as várias versões existentes em português, qual devemos adotar como texto-padrão? Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida. Na verdade, o ideal é que tenhamos todas as versões disponíveis em nosso idioma. Não se pode dizer que existe a versão definitiva das Escrituras, a fiel das fiéis, a versão das versões, pois todas têm contribuições importantes no campo do estudo das Escrituras. Apresentamos a seguir as principais versões em português adotadas pela comunidade evangélica:

João Ferreira de Almeida Esse é o nome mais conhecido das versões

protestantes da Bíblia. Ao 16 anos, 0 português João Ferreira de Almeida entraria para sempre na história das traduções das Escrituras. Com essa idade, ele empreendeu a árdua tarefa de traduzir a Bíblia diretamente das línguas originais, dedicando toda a vida a esse empreendimento. Infelizmente, morreu antes de concluir seu intento. Outros terminaram o que ele começou. Sob esse nome há diversas versões: 7. Almeida Revista e Corrigida ( a r c ou r c ) — publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), fundada em 1948. Foi publicada originariamente em 1898 pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Em 1995, a SBB elaborou uma revisão nesse texto, dando origem à

Almeida Revista e Corrigida, 2

,a edição.

2. Almeida Revista e Atualizada (a r a ou r a ) — texto que começou a ser produzido pela SBB em 1948 e publicado em 1956. Trata-se de uma atualização teológica e linguística da ARC. O trabalho foi elaborado por uma equipe de tradutores brasileiros. Em 1993, a SBB fez uma revisão no texto, que ficbu conhecido como Almeida Revista e Atualizada, 2.a edição.

3. Almeida Corrigida e Fiel ( a c f ) — publicada pela Sociedade Bíblica

Trinitariana do Brasil, fundada em 1969. 4. Versão Revisada de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego (vr) — publicada em 1967 pela Imprensa Bíblica Brasileira (IBB), órgão da Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), ligada à Convenção Batista Brasileira. 5. Edição Contemporânea de Almeida ( e c a ) — tendo como ponto de partida a a r c , essa versão, publicada em 1990 pela Editora Vida, é uma revisão estilística da própria a r c . Traz as palavras de Cristo em vermelho. 6 . Almeida Século 21 — a mais nova versão das Escrituras baseada no texto de Almeida, Trata-se de um trabalho de tradução e revisão inspirado pela v r . Prima pela exatidão exegética e pela fluência do texto sagrado, aliados ao respeito à tradição histórica. Essa versão é fruto do trabalho de organização e realização de Edições Vida Nova, com a participação da Imprensa Bíblica Brasileira/Juerp, Editora Hagnos e Editora Atos.

Nova Versão Internacional (n v i )

Traduzida diretamente das línguas originais por tradutores de diversas denominações evangélicas, a n v i é uma das mais novas versões das Escrituras. É publicada pela Editora Vida e pela Sociedade Bíblica Internacional desde 2001.

Como a Bíblia chegou até nós t 717 1

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Página de rosto da versão bíblica do Rei Tiago versão autorizada do Rei Tiago.

D o m .i d i i .

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também conhecida como

I 718 l Como a Bíblia chegou até nós

Nova Tradução na Linguagem de Hoje ( n t l h ) Lançada em 2000 pela SBB, trata-se de uma revisão da Biblia na Linguagem de Hoje (BLH), publicada em 1988 pela mesma entidade.

Bíblia Viva ( b v ) Publicada em 1981 pela Editora Mundo Cristão, é considerada mais uma paráfrase das Escrituras que uma tradução, embora empregue o método idéia por idéia, em vez de palavra por palavra. Uma versão heterodoxa Há uma versão heterodoxa das Escrituras, pois foi feita para se conformar às doutrinas da seita religiosa Testemunhas de Jeová. Trata-se da Tradução do

Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados. Uma versão completa dessa versão foi publicada em português, em 1967. Os adeptos da seita defendem que essa versão é a única tradução confiável das Escrituras. Por meio dessa obra, as Escrituras foram adaptadas ao sistema doutrinário da seita, que nega a divindade absoluta de Cristo (em João 1.1 afirma-se que Jesus é "um deus"); sua morte na cruz (o termo "cruz" foi substituído pela expressão "estaca de tortura"); em Filipenses 2.6 afirma-se que Jesus consideraria ser igual a Deus uma usurpação, quando o texto bíblico diz

justamente o contrário, ou seja, Jesus considerava-se Deus, mas nunca usou isso como meio de se autopromover; em Hebreus 1 . 6 afirma-se que os anjos "prestam homenagem" a Jesus, em vez de adorá-lo etc. Bíblias de estudo São bíblias com comentários do texto bíblico e notas sobre os mais diversos tópicos das Escrituras, além de outros recursos igualmente importantes para o estudo da Bíblia (o leitor só precisa tomar o cuidado de fazer distinção entre aquilo que a Bíblia diz e aquilo que consta das notas do comentário). O ideal é ter todas elas em nossa biblioteca. A comparação entre os comentários de cada uma conduz o estudante a diversos pontos de vista sobre temas bíblicos. Algumas são bem focadas, destinando-se ao público jovem (Bíblia Jovem, da Editora Vida; Bíblia Teen, da Editora Hagnos), às mulheres

evangélico. Essas notas foram escritas no Brasil, tendo em vista o leitor brasileiro. A Bíblia Shedd é publicada por Edições Vida Nova em parceria com a SBB. Ferramentas de estudo: notas de rodapé (que incluem miniesboços de sermão), concordância bíblica, cronologia bíblica, tabela de pesos, dinheiro e medidas, mapas coloridos e análise e introdução aos livros da Bíblia. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 a edição.

2. Bíblia de Estudo Esperança — publicada em 1998 em co-edição por Edições Vida Nova e SBB, destina-se a responder objetivamente às questões mais importantes da vida, apresentadas por meio de centenas de perguntas espalhadas por suas páginas. Ferramentas de estudo: notas exegéticas, textos paralelos dos evangelhos etc. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 a edição.

(Bíblia de Estudo da Mulher, da Editora Mundo Cristão;

Bíblia Devocional da Mulher, da Editora Vida; Bíblia da Mulher, da Editora Atos), aos líderes (Biblia do Executivo, da Editora Vida) etc. As principais são:

1. Bíblia Shedd — Sob â coordenação do eminente teólogo Dr. Russell Shedd, uma equipe de comentadores produziu milhares de notas para essa bíblia de estudo altamente respeitada no meio

3. Bíblia de Estudo Almeida — Publicada em 1999 pela SBB. Ferramentas de estudo: concordância temática, dicionário, guia sinótico dos evangelhos, cronologia bíblica e tabela de pesos, moedas e medidas. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 a edição.

4. Bíblia Anotada — Publicada em 1991 pela Editora Mundo Cristão, com

Como a Bíblia chegou até nós [ 719 ] introdução, esboço, referências laterais e notas. Ferramentas de estudo: notas de rodapé, harmonia dos evangelhos, resumo da doutrina bíblica, estudos sobre a Bíblia, cronograma de leitura da Bíblia em um ano, concordância, mapas etc. O texto bíblico adotado é o da a r a , 1 .a edição.

5. Bíblia de Estudo Vida — Publicada pela Editora Vida em 1999. Ferramentas de estudo: notas laterais, dicionário, mapas, tabelas, concordância e plano de leitura. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 ,a edição.

6. Bíblia de Estudo NVI — Publicada pela Editora Vida em 2003. Ferramentas de estudo: notas de rodapé (traduzidas da edição americana da New International Version), cronologia do Antigo e do Novo Testamento e concordância bíblica. O texto bíblico adotado é a NVI. 7. Biblia de Estudo de Genebra — Publicada pela Cultura Cristã (editora confessional da Igreja

Presbiteriana do Brasil) e Sociedade Bíblica do Brasil em 1999. É uma Bíblia voltada para a teologia reformada (calvinista). Ferramentas de estudo: notas de rodapé, introdução a cada livro da Bíblia, diversos artigos, além de concordância e mapas. O texto bíblico adotado é o da a r a , 2 .a edição.

8. Bíblia de Referência Thompson — Publicada pela Editora Vida em 1990. Ferramentas de estudo: palavras de Cristo em vermelho, sistema Thompson de estudo bíblico original e exaustivo (sistema numérico de referências em cadeia, análise de livros, estudos esboçados e ilustrados, harmonias, mapas, descobertas arqueológicas e concordância). O texto bíblico adotado é o da e c a . Outras versões importantes O leitor também tem à disposição versões interlineares da Bíblia (traz o texto grego na primeira linha, uma tradução literal

para por palavra na segunda e, opcionalmente, uma versão corrente em língua portuguesa), como o

Novo Testamento interlinear grego-português, da Sociedade Bíblica do Brasil. Outro excelente recurso é o Antigo Testamento poliglota (Edições Vida Nova e SBB), que traz em colunas paralelas o texto hebraico (Texto Massorético), grego (Septuaginta, versão de Ralphs), português ( a r a , 2.a edição) e inglês ( n v i ). As duas editoras também lançaram em co-edição o

Novo Testamento trilingue, contendo em colunas paralelas o texto em grego (Nestle-Aland 27.a edição), português ( a r a , 2 .a edição) e inglês ( n v i ).

Esboco da história da igreja *

O fundamento da história da igreja Definição. A história da igreja é o relato cronológico e a interpretação do impacto de Cristo e seu evangelho sobre a humanidade.

Preparação. (1) A língua grega, como língua comum do mundo greco-romano, proporcionou um veículo adequado para a escrita e a pregação do nt. (2) A lei romana, além da unidade política romana e da concessão da cidadania, uniu os homens. A paz romana (Pax romana) e a rede de estradas facilitaram a evangelização do século i. (3) O monoteísmo judaico forneceu a esperança messiânica do at e a base da revelação do nt .

Gravura de Rembrandt: Cristo ensinando o povo.

Períodos da história da igreja Período da Igreja Primitiva 30-590 d.C. 30-100

Período apostólico

100-150

Período subapostólico

150-313

Conflito com o Império Romano e erros doutrinários

313-590

Crescimento da antiga igreja católica imperial

Período da Igreja Medieval 590-1517 590-1054

O cristianismo no ocidente

1054-1305

Idade de ouro do poder papal

1305-1517

Movimento inicial rumo à Reforma

Período da Igreja Contemporânea 1517 até o Presente 1517-1648 A Reforma protestante 1546-1648 A Contra-Reforma católica 1648-1789 Cristianismo colonial e reavivamento 1789-1914

Expansão cristã na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos

1914 até

A igreja no século xx

o presente

Esboço da história da igreja [ 721 l

O período da igreja primitiva 30-590 Período apostólico (30-100)

Período subapostólico (100-150)

Político

Político

Religioso

117-38 Adriano

Pais apostólicos. Entre esses estavam: Clemente, bispo de Roma; Inácio, bispo de Antioquia, martirizado; Papias, bispo de Hierápolis; Policarpo, bispo de Esmirna, martirizado

138-61 António Pio, também perseguiu os cristãos

Escritos primitivos. Alguns dos mais confiáveis: Epistola aos Coríntios, de Clemente Epístola de Barnabé, que apresentava a morte de Cristo como suficiente para a salvação, dependentemente da lei mosaica. Pastor de Hermas (literatura apocalíptica) enfatizava a responsabilidade eo arrependimento. Didaquê (catequético) foi escrito para instruir novos conversos.

14-37 Tibério

Religioso Fundação da igreja pelo Espírito Santo. O evangelho a Jerusalém, Judéia, Samaria . (At 1— 12). Pregação de um Salvador crucificado e ressuscitado em Jerusalém. Evangelização, perseguição, martírio de Estêvão. Evangelização de Samaria.

37-41 Calígula

Conversão de Paulo.

41-54 Cláudio

Conversão de Cornélio.

54-68 Nero, primeiro imperador a perseguir os cristãos

O evangelho aos confins da terra (At 13—28). Ação missionária a partir de Antioquia da Síria. Paulo salva o cristianismo do legalismo, evangeliza cidades do Império Romano e escreve suas grandes epístolas.

68-69 Galba 69 Oto e Vitélio

Epístolas de Paulo, Sinóticos, Epístola aos Hebreus

69-79 Vespasiano 79-81 Tito

Destruição de Jerusalém (70).

81-96 Domiciano, Exílio de João em Patmos. perseguidor Perseguição aos cristãos. 96-98 Nerva 98-117 Trajano, perseguidor

Conclusão dos livros do nt.

Antes de 250, a perseguição era local e dissipada, fomentada por judeus, por intelectuais pagãos e por alguns dos imperadores.

M o ed a judaica do período da revolta de Bar Cochba retrata o templo, destruído em 70 d.C.

[ 722 J Esboço da história da igreja

150-313 Conflito com o Império Romano e com erros doutrinários Imperadores romanos Marco Aurélio (161-80) perseguiu os cristãos; entre os martirizados, Justino e Policarpo. Cômodo (180-92) Septímio Severo (193-211) Severo localizou a perseguição, e muitos foram martirizados em Alexandria, no Egito, no norte da África e na Gália. Os cristãos foram torturados, decapitados, queimados e lançados a feras selvagens. Caracala (211-17); Heliogábalo (218-22); e Alexandre Severo (222-35); todos esses toleraram os cristãos. Maximino (235-38) levou à morte muitos líderes cristãos

proeminentes; Origines escapou por pouco. Górdio (238-44) e Filipe (244-49) favoreceram os cristãos. Décio (249-51) inaugurou o período da perseguição violenta e geral após 250; multidões de cristãos morreram debaixo de medidas cruéis em todo o império. Valeriano (253-60) promoveu intensa perseguição; Cipriano foi morto. Diocleciano (284-305), em uma tentativa de exterminar o cristianismo, iniciou a mais severa perseguição imperial contra a igreja até aquela época. Erros doutrinários. O gnosticismo, postulando o dualismo, ensinava que a matéria era inerentemente má, e, assim. Cristo não

poderia ter tido um corpo de verdade. O neoplatonismo era uma filosofia religiosa que defendia que uma substância divina permeava e animava todos os objetos adorados nas várias religiões, mas negava essa qualidade ao cristianismo. O montanismo foi uma tentativa, por Montano, de contrabalançar a dependência excessiva da organização humana e do formalismo na igreja. Alegou revelação direta do Espírito Santo e enfatizou a imediata vinda de Cristo. O monarquianismo enfatizou a unidade de Deus, negando a trindade de Pessoas. Apologistas. Escreveram aos altos funcionários do governo em busca de reconhecimento legal do cristianismo. Justino Mártir, principal

Esboço da história da igreja [ 723 ]

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apologista, defendeu o valor moral e espiritual do cristianismo e advogou sua legalização em Primeira Apologia. Também o defendeu contra o judaísmo no Diálogo com Trifão. Polemistas. Escreveram contra as heresias. Ireneu, em Contra as heresias, defendia a divindade e a ressurreição de Cristo diante do gnosticismo. Orígenes, alegorista, escreveu De Principiis, a primeira teologia sistemática, e o Hexapla, um monumento de crítica textual. Tertuliano formulou a doutrina da trindade de Deus em Contra Práxeas. Cipriano formulou as doutrinas da sucessão apostólica e da primazia de Pedro.

O desenvolvimento da igreja. (1) A idéia da primazia do bispo de Roma nasceu da necessidade de liderança no tempo da perseguição e no combate à heresia. (2 ) O cânon do nt começou a se cristalizar por volta de 2 0 0 d.C. (3) Desenvolveu-se o calendário da igreja, com o Natal e a Páscoa como principais festas. (4) A forma primitiva do Credo dos Apóstolos tornou-se um símbolo da ortodoxia. Perseguição. A razão básica do ataque do Estado romano era o medo de que um cristianismo separatista ameaçasse um Estado pagão, religiosamente sincretista.

Revelações arqueológicas. As catacumbas de Roma eram cavernas onde os cristãos buscavam refúgio. Essas grandes cavernas contêm milhares de inscrições desse período. A cristianização do império. As severas perseguições (250-311) não só não conseguiram extinguir a fé, mas testemunharam seu fenomenal crescimento. Constantino estabeleceu o domingo como dia de descanso e adoração (321); favoreceu o cristianismo no império; incentivou a construção de igrejas; mudou sua capital para Bizâncio (Constantinopla); encomendou a Eusébio a confecção de 50 Bíblias do

A conversão dos bárbaros. Os godos, os vândalos e os hunos conquistaram o império. Alguns foram cristianizados, mas sua conversão foi somente de fachada e ajudou a introduzir práticas pagãs na igreja. Os bretões celtas foram evangelizados pelos cristãos romanos; os irlandeses, por Patrício; os godos, por Úlfilas; e os escoceses, por Columba, que fundou um mosteiro na ilha de lona (563). Controvérsias quanto ao credo (325-451).

A respeito da pessoa de Cristo. Ário ensinava que Cristo era uma criatura essencialmente distinta de Deus. Atanásio defendia que ele era coexistente e co-eterno, da mesma essência do Pai. O Concílio de Nicéia (325) condenou o arianismo, decidindo a favor da posição de Atanásio.

A respeito das duas naturezas de Cristo. O Concílio de Constantinopla

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(381) tratou da heresia de Apolinário, que propunha que o espírito humano de Cristo fora substituído pelo Logos. Nestório separou as duas naturezas e enfatizou excessivamente a humana, heresia que foi abordada no Concílio de Éfeso (431). O Concílio da Calcedônia (451) refutou a visão de Eutíquio, de que as duas naturezas de Cristo foram fundidas em uma única — a divina. A

Definição da Calcedônia confirma a posição ortodoxa das duas naturezas unidas em uma só Pessoa.

LUSITÂNIA

A respeito da graça divina e do livre-arbitrio humano. Agostinho de Hipona sustentava firmemente a total depravação do homem e a absoluta necessidade da graça divina para a salvação. Pelágio negou tal visão e insistiu que o homem podia cooperar com a graça divina. Outros concílios ecuménicos trataram de problemas doutrinários. Constantinopla (553) tratou da controvérsia monofisista, e Constantinopla (680), das duas vontades de Cristo (monotelismo). Nicéia (787) tratou da adoração de imagens. 313-590

O crescimento da antiga igreja católica imperial Desenvolvimentos religiosos e políticos. Constantino (306-37) converte-se ao cristianismo (312) e publica o Édito de Milão (313). Silvestre I torna-se bispo de Roma.

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M A U R IT À N IA

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mais fino velino; reformou a escravidão e muitos costumes pagãos. Foi um período em que a igreja, não mais purificada pela perseguição, viu-se ameaçada pelo influxo do mundo. A prosperidade da igreja tornou-se sua maior ameaça. Essa era preparou o caminho para a corrupção eclesiástica da Idade das Trevas. Em vez de separar-se do paganismo, a igreja imperial se adaptou a ele.

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[ 724 ] Esboço da história da igreja

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Os três filhos de Constantino governam o império (337-61). Juliano "o Apóstata" (361-63) lidera uma curta reação pagã. Joviano (363-64) restaura a fé cristã. Teodósio, o Grande (37995), suprime o paganismo e faz do cristianismo a religião oficial do Estado (380).

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Esboço da história da igreja [ 725 ]

A Extensão da Crintandade em 300 d.C.

• G E R M Á N IA INFERIOR

G E R M Â N IA SUPER IO R

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C IR E N A IC A

A igreja imperial dos séculos iv e v torna-se uma instituição diferente da igreja peregrina dos três primeiros séculos. Os pais posteriores a Nicéia. Pais orientais. Crisóstomo, boca de ouro (345-407), foi grande pregador e bispo de Constantinopla. Teodoro, bispo de Mopsuéstia,

patrocinou uma saudável interpretação históricogramatical da Bíblia. Eusébio de Cesaréia (264340), o pai da história da igreja, escreveu um relato das peripécias da igreja até o seu tempo (323). Pais ocidentais. Jerônimo (340-420) produziu a Vulgata Latina que se tornou a Bíblia da

cristandade por mais de mil anos. Agostinho de Hipona (354-430) foi proeminente teólogo. Sua obra A cidade de Deus imaginou um império universal cristão, e suas Confissões são ainda hoje um clássico da literatura devocional. A ascensão do papado. O título "papa" quer dizer "pai" em italiano.

! 726 1 Esboço da história da igreja Anteriormente, fora aplicado a todos os bispos ocidentais, mas depois do ano 500 passou a se limitar ao bispo de Roma, que depois, gradualmente, transformou-se em "bispo universal", com base na doutrina romana da sucessão apostólica e da primazia de Pedro. Leão i (440-61) obteve reconhecimento como primaz de todos os bispos junto ao imperador Valentiniano m(445). Com

seu sucessor, Hilário (461 6 8 ), advogou um papado exclusivo e universal. A queda do império do ocidente (476) deixou os papas livres para firmar alianças vantajosas com os vários novos reinos bárbaros que surgiam. Durante o período de Simplício (46883) e de Pelágio n (578-90), a autoridade dos papas cresceu grandemente, preparando o caminho para o papado medieval e moderno.

A divisão do império Depois de 364 d.C. Valentiniano i

Valente

(36 4 -7 5 )

(3 6 4 -7 8 )

Valentiniano n

Teodósio

(37 5 -8 3 )

(3 7 8 -9 5 )

Teodósio, o Grande (3 8 3 -9 5 )

Honório

Arcádio

(3 9 5 -4 2 3 )

(3 9 5 -4 0 8 )

Valentiniano m

Teodósio

(423-55)

(408-50), etc.

O império ocidental ruiu diante da invasão dos bárbaros (476)

Anastácio (491-518), etc. Justiniano (527-65), etc.

Idade das Trevas O império papal emerge das ruínas do império ocidental.

O império oriental persistiu até a queda de Constantinopla diante dos turcos (1453).

ii

O surgimento do monasticismo. Começou no Egito, com Paulo de Tebas e António, por volta de 250 d.C., e espalhou-se por todo o império. Sua meta era a santidade pelo isolamento do mundo. Na Europa, os monges moravam em mosteiros e, durante a Idade Média, promoveram a educação, o conhecimento, a literatura e a agropecuária.

Esboço da história da igreja I 727 1

O período da igreja medieval 590-1517 590-1054 O cristianismo no ocidente O crescimento do papado. Gregório i (590-604) foi um dos melhores e mais iluminados papas. Lançou as bases da igreja medieval que se ergueria sobre as ruínas do Império Romano. Como teólogo, sintetizou a teologia romana, enfatizando o conceito de purgatório e o caráter sacrifical da missa. Iniciou a evangelização que conquistou a Grã-Bretanha para o cristianismo romano, por intermédio dos esforços de Agostinho de Cantuária. O surgimento do islamismo. Maomé nasceu em 570. Em 610, declarouse profeta. Embora tenha sido forçado a fugir de Meca em 622 (hégira), mais tarde conquistou a cidade, fazendo dela sua capital. Morreu em 632. Em um curto período, a Ásia ocidental e o norte da África adotaram o islã, religião da espada e do ódio — a Síria em 634, Jerusalém em 638, o norte da África e a Espanha em 711. Carlos Martel, na Batalha de Tours (732), rechaçou o islã e salvou a Europa para o cristianismo.

O renascimento do império no ocidente. O papa Zacarias (741-52) ajudou Pepino, o Breve, pai de Carlos Magno, a tornarse rei dos francos germânicos. A pedido de Estevão ii (752-57), Pepino levou seu exército à Itália, conquistou os lombardos e doou suas terras ao papa (754). Esse reino papal gerou os estados papais, que perduraram até 1870. Carlos Magno (742-814) ergueu um império europeu e foi coroado "imperador dos romanos" pelo papa Leão ni, em 800. Esse acontecimento suscitou várias questões e problemas relativos à autoridade delegada na matéria do estado-igreja. Em 962, Oto, soberano germano, foi coroado santo imperador romano de um reino que perdurou até 1806. Expansão missionária. O crescente monasticismo forneceu o grosso da força missionária durante esse período, especialmente da Irlanda e da ilha de lona. Aidano levou o evangelho aos habitantes da Nortúmbria, no nordeste da Inglaterra (c.634). No ; Sínodo de Whitby (663), o rei Oswiu decidiu a favor do cristianismo romano, predominante no sul como

consequência da missão de Agostinho de Cantuária (596). Colombano pregou aos borgonheses, no continente (589), Bonifácio (Winfrid) levou a influência do evangelho às tribos teutônicas (moderna Alemanha) depois de 700. Willibrod, inglês, conquistou a Frísia para o papado (692). Ansgar (80165), o "apóstolo do norte", foi à Dinamarca e à Suécia. Em meados do século ix, Cirilo e Metódio, os “apóstolos dos eslavos", inventaram um alfabeto eslavo, traduziram as Escrituras e converteram os búlgaros e os morávios ao cristianismo. Houve pouca atividade missionária na igreja oriental, que estava ocupada se defendendo do islã. A degeneração do papado (858-1054). Nicolauí (85867), primeiro papa ausar uma coroa, reclamou supremacia papal citando as Decretais de PseudoIsidoro. Estas, tendo surgido em meados do século IX, eram p.resumidamente cartas e decretos de bispos, de Constantino e dos concílios da igreja dos primeiros séculos. Mais tarde se revelaram falsificações que tentavam demonstrar a

[ 728 ] Esboço da história da igreja

A Primeira Cruzada OCEANO ATLÂNTICO

(109|>-1099)

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Papa Urbano II conclama a 1*. cruzada no Concílio de Clermont, 1095 ' —.

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historicidade e a antiguidade das alegações do papado. A influência corruptora do conceito do reino papal e do poder temporal, aliada a sucessores fracos e imorais, impôs a reforma. O cisma oriental da cristandade. A tensão entre os papas e o patriarcado de Constantinopla gerou uma cisão entre as igrejas oriental e ocidental. As disputas acerca da data da Páscoa, a presença de imagens nas igrejas, o filioque (dupla procedência do Espírito Santo) e o uso de pães sem fermento na missa provocaram o cisma de 1054 e a formação da igreja Ortodoxa Grega, do oriente.

km

1054-1305 A idade de ouro do poder papal O ápice do poder papal. Os papas dos séculos xi a xiv instituíam reformas e humilhavam os reis. Hildebrando (Gregório vii), cujo conceito de papado é esboçado em Dictatus Papae, reinou de 1073 a 1085. Reprovou a imoralidade do clero e a simonia (venda de ofícios da igreja) e humilhou Henrique IV da Germânia (1077). Inocêncio m (1198-1216) elevou o papado medieval ao ponto mais alto do seu poder, forçando a submissão dos reis da França, da Inglaterra e do sacrossanto Império Romano. Ele

:ADO FATÍMIDí

assumiu muitos títulos, como "vigário de Cristo", etc., e subordinou o Estado à igreja. Por intermédio do Quarto Concílio Lateranense (1215), decretou a necessidade da confissão auricular e a doutrina da transubstanciação. Iniciou a inquisição papal, exterminou os heréticos (albigenses) e patrocinou a quarta cruzada. A igreja anulou os albigenses e valdenses com as cruzadas, a Inquisição e a proibição das Escrituras. O declínio do papado. Papas fracos sucederam a Inocêncio. Bonifácio vm (1294-1303) mergulhou em uma disputa de poder com Filipe, o Belo, da França, durante a qual publicou a bula papal Unam Sanctum.

Esboço da história da igreja I 729 ] Determinava que a autoridade temporal deveria ficar sujeita à espiritual (à igreja, i.e., ao papa); que havia "uma única Santa Igreja Católica e Apostólica, e que fora dessa igreja não há nem salvação nem remissão dos pecados..."; que "é indispensável à salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao pontífice romano". Antes de ser excomungado, Filipe mandou prender Bonifácio por breve tempo; logo depois da libertação, o papa morreu. Em 1309, o papa Clemente v (1305-14), um francês, transferiu o papado para Avinhão, iniciando o "Cativeiro Babilónio" do papado (1309-77). As cruzadas. Propósito: recuperar a Palestina das

mãos dos muçulmanos, expulsar os mouros da Espanha, eliminar os albigenses da França. A primeira cruzada, pregada por Urbano n, conseguiu fundar o reino latino de Jerusalém (1099-1187). As sete cruzadas acabaram não conseguindo a libertação permanente da Terra Santa, mas contribuíram para o enfraquecimento do feudalismo, aumentaram o poder e o prestígio do papado, geraram as ordens monásticas militares, estimularam o comércio entre o oriente e o ocidente e facilitaram o intercâmbio cultural. A quarta cruzada, desviada para Constantinopla, fundou o reino latino de Constantinopla (1204-61), enfraquecendo o império

oriental e aprofundando a cisão entre as igrejas oriental e ocidental. Tentativas de movimentos reformadores. (1) Os albigenses, chamados cátaros, originários da cidade de Albi, no sul da França, lembravam os gnósticos. (2) Os valdenses eram seguidores de Pedro Valdo (c.1150), que propôs um movimento de simples volta à Bíblia dentro da igreja. (3) Reformas monásticas foram lideradas por Bernardo de Clairvaux, da ordem cisterciense, e pelos templários e hospitalários. As ordens mendicantes, i.e., os franciscanos, ordem fundada por Francisco de Assis (1182-1226), e os

Estátua do reformador John Huss, em Praga.

[ 730 1 Esboço da história da igreja dominicanos, ordem fundada por Domingos (1170-1221), também propugnavam a reforma. A teologia medieval. O escolasticismo lançou mão da lógica e da filosofia aristotélicas para sistematizar a verdade cristã. (1) Anselmo de Cantuária (1033-1109), o "pai da teologia sistemática", era um realista, crendo que a fé precedia a razão. Escreveu sobre a existência de Deus e a teoria propiciatória da expiação. (2) Tomás de Aquino (1225-74) transformou-se no principal teólogo católico, especialmente na sua Summa Theologica. Era um realista moderado, enfatizando o uso da razão e da lógica aristotélica para alcançar um grau de verdade complementada até certo ponto pela fé e pela revelação. (3) John Duns Scotus (c. 1264-1308) opôsse a Aquino e elaborou a teoria da imaculada conceição de Maria. (4) Outros que contribuíram

para essa era e desenvolvimento foram Abelardo (1079-1142), Bernardo de Clairvaux (1091-1153), Pedro Lombardo (c. 1100-1160), Alberto Magno (c. 1206-80) e Guilherme de Occam (c. 1300-49).

1305-1517 Movimento inicial rumo à reforma A necessidade de reforma na igreja (1305-1517). A imoralidade do clero, a venda de indulgências e de ofícios na igreja; altos tributos papais; a interferência papal nos negócios do Estado; o "cativeiro babilónio" do papado em Avinhão, na França (1309-77); o grande cisma de 1378-1417, com papas rivais em Roma e Avinhão — tudo isso indicava a necessidade da reforma. Pressões a favor da reforma. (1) Grupos de maior inclinação bíblica, como os místicos, os Amigos de Deus e os Irmãos

da Vida Comum, exerceram ampla influência. (2) John Wycliffe (c. 1329-84), a "Estrela da Manhã da Reforma", traduziu a Bíblia para o inglês e atacou vigorosamente a autoridade papal e a missa (1378). (3) John Huss (c. 1369-1415), reformador boémio, influenciado pelo Dideas de Wycliffe, condenou a venda de indulgências e propôs a reforma na igreja. (4) Savonarola (1452-98), monge florentino, pregou contra a corrupção papal. (5) Uma série de concílios, entre 1409 e 1439, propunham a reforma. (6 ) A Renascença do conhecimento e o novo interesse pelas Escrituras hebraicas e gregas expôs os acréscimos não bíblicos da igreja medieval. (7) A ascensão de fortes estados nacionais (especialmente a Inglaterra e a França), a decepção diante da corrupção, da interferência e dos tributos papais e ainda as extensas terras que a igreja possuía — tudo favoreceu a Reforma.

Esboço da história da igreja [ 731 l

O período da igreja contemporânea 1517 até o presente 1517-1648 A era da Reforma Protestante. Os papas da era da Reforma. 0 papa Leão x (1513-21) enviou Johannes Tetzel à Alemanha para vender indulgências e, assim, levantar fundos para completar a basílica de São Pedro, em Roma. Foi a bula da excomunhão de Leão que Lutero queimou em 10 de dezembro de 1520. Ao papa Leão, sucederam Adriano v (1522-23) e Clemente vu (1523-34). O papa Paulo m (1534-49) autorizou a formação dos jesuítas e instigou a guerra contra os protestantes alemães (154649), a qual continuou durante o reinado de Júlio m (1550-55). Lutero e o rompimento com Roma. Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano, tornou-se o maior emancipador humano desde o apóstolo Paulo. Influências que modelaram sua vida. (1) Passado rígido e supersticioso de camponês. (2) Educação escolástica preparatória para a carreira

do direito. (3) A súbita morte de um amigo, a experiência de escapar da morte durante uma forte tempestade e uma profunda consciência do pecado o fizeram entrar em um mosteiro da ordem agostiniana em 1505. Ordenou-se dois anos mais tarde. (4) Enquanto se preparava para o magistério universitário, recebeu conselho e incentivo espiritual de Johann von

Staupitz, vigário-geral da sua ordem. (5) De novembro de 1510 a abril de 1511, ficou chocado diante da corrupção e das práticas de Roma, enquanto lá esteve a serviço da sua ordem. (6 ) Estudou as Escrituras, santo Agostinho, J. Tauler (místico) e a Theologica Germanica. (7) Convenceuse da autoridade da Bíblia e da justificação somente pela fé enquanto lecionava na Universidade de

Martinho Lutero

[ 732 1 Esboço da história da igreja Wittenberg, como doutor em teologia e professor das Escrituras. Ao final de 1516, Lutero teve a certeza da sua própria salvação, e a senha era: "O justo viverá por fé" (Rm 1.17). A crescente ruptura. (1) Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou As noventa e cinco teses contra o abuso do sistema de indulgências. A gota d'água foi a extravagante pregação de Johannes Tetzel (14701519), agente de Albrecht de Brandemburgo, arcebispo de Mainz e arcebispo de Magdeburg, que fora autorizado pelo papa Leão x a vender indulgências para a construção da basílica de São Pedro, em Roma. (2) Engajado em diversos debates, foi forçado às conclusões lógicas de suas premissas básicas a respeito da fé e das Escrituras. (3) Em 15 de junho de 1520, o papa Leão x deu a Lutero sessenta dias para que se submetesse à bula papal Exurge Domine. (4) Ele escreveu três tratados,

Manifesto à nobreza alemã, Cativeiro babilónio e Da liberdade dos cristãos (1520). (5) O famoso discurso: "Aqui estou", na Dieta de Worms, foi proferido em abril de 1521. Proscrito pelo império, foi raptado por amigos. A ascensão do luteranismo. (1) Em 1522, Lutero traduziu o nt para o alemão, enquanto vivia escondido no castelo de Wartburg. (2) Em 13 de junho de 1525, Lutero casou-se com Katherine von

Bora (1499-1552). (3) Na Dieta de Speier, em 1529, os príncipes luteranos leram seu Protesto, daí a palavra protestante. (4) Em 1529, na Conferência de Marburg, Lutero e Zwínglio discordaram a respeito das palavras: "este é o meu corpo", na comunhão. Publicou-se o Catecismo menor. (5) Em 1530, rascunhou-se a Confissão de Augsburgo, a primeira confissão protestante que firmava a posição luterana. Filipe Melâncton (14971560) foi o principal autor. Também escreveu Loci Communes, a primeira teologia protestante, em 1521. (6 ) Os luteranos começaram a ordenar seus próprios clérigos (1535). (7) As guerras de Schmalkald na Alemanha começaram no ano da morte de Lutero (1546). Terminaram com a Paz de Augsburgo (1555), que estendeu aos luteranos os mesmos direitos legais dos católicos romanos. Estabeleceu-se o princípio de duas religiões na Alemanha — cuius regio, ejus religio ("Na pátria do príncipe, a religião do príncipe"). (8 ) Depois da morte de Lutero, controvérsias impediram a unidade dos luteranos até que afinal entraram em acordo na Fórmula da Concórdia, concluída em 1577 e publicada em 158*0, como o Livro da concórdia, a declaração definitiva da teologia luterana. (9) Na sexta década do século xvi, o luteranismo já se havia disseminado por todos os países escandinavos, e suas

idéias reformistas, a outros países. O surgimento da fé reformada. Na Suíça. A Reforma chegou a Berna e Zurique por meio de Ulrico Zwínglio (1484-1531), que, em seu

Comentário sobre as religiões verdadeiras e falsas (1525), opôs-se, com sucesso, às indulgências dos católicos e, também, à missa, ao celibato, às imagens e às outras práticas não bíblicas de seu tempo. Genebra juntou-se à Reforma pela pregação de Guillaume Farei (1489-1565), protestante francês, e pelo ensinamento e a capacidade de organização de João Calvino (1509-64), que após 1536 tornou-se o líder da fé reformada. /4s institutas da religião cristã (1536) e as

Ordenanças eclesiásticas (1541), de Calvino, são clássicos ainda atuais. Na França. Os protestantes franceses criaram uma Igreja Reformada em 1559, em um sínodo que adotou a Confissão Galicana da Fé. Após 1560, passaram a ser chamados de huguenotes e tornaram-se alvo de perseguição e guerras religiosas até o Édito de Nantes (1598), que garantiu a liberdade religiosa. O terrível massacre de São Bartolomeu começou em 1572 e, no total, foram mortas entre dez e vinte mil pessoas. O almirante Coligny, líder dos huguenotes, foi um dos assassinados, aparentemente por

Esboço da história da igreja [ 733 1 instigação de Catarina de Médicis, sobrinha do papa Clemente vn. Na Escócia. Patrick Hamilton (1504-28) pregou a reforma e, em virtude disso, foi queimado em 1528; George Wishart (1513-46), também morreu na fogueira em consequência da fé em 1546. John Knox (1513-72), entre 1560 e 1567, conseguiu o auxílio da nobreza e dos mercadores da Escócia, derrotando a tentativa de Maria Stuart (rainha dos escoceses) de manter a Escócia sob jurisdição de Roma. Knox fundou a igreja Presbiteriana na Escócia em 1567. Na Holanda. A liberdade religiosa em relação a Roma estava ligada à luta pela libertação política do jugo da Espanha católica. A igreja reformada foi fundada em 1571, e a emancipação política veio em 1581. Guilherme de Orange foi o libertador político. Jacobus Arminius (1560-1609) rejeitou o calvinismo, tornando resistível a graça divina e ilimitada a expiação. Embora o Sínodo Calvinista de Dort (1618) tenha se pronunciado contra o arminianismo, ele sobrevive ainda hoje em algumas ramificações do protestantismo. No norte da Irlanda. Tiago i da Inglaterra (15661625), que patrocinou a Versão Autorizada da Bíblia ou a do Rei Tiago (1611), assentou os presbiterianos escoceses no norte da

Irlanda após 1603, a fim de reduzir a possibilidade de revolta. Daí veio a divisão religiosa da Irlanda: o norte protestante, e o sul católico. No resto da Europa. O calvinismo e a fé reformada também penetraram na Boémia, na Hungria e no Palatinado Alemão. O movimento anabatista. Esse grupo rejeitava a igreja estatal e o batismo infantil. Originário do movimento zwingliano em Zurique, em 1525, sob a liderança de Conrad Grebel (c.14901526), o grupo exigia o rebatismo de todos os crentes adultos. Eram chamados pejorativamente de anabatistas (batize novamente). O movimento se espalhou à Alemanha e à Morávia. Menno Simons (c.1496-c.1561), padre católico, converteu-se aos ensinamentos anabatistas em 1536 e tornou-se o líder do movimento holandês que leva seu nome (menonitas). Entre as crenças fundamentais dos anabatistas estão a autoridade das Escrituras, a igreja dos crentes, o batismo dos crentes (no início do movimento não havia uniformidade) e a separação entre igreja e Estado. O rompimento da Inglaterra com Roma. Henrique vm (que reinou de 1509 a 1547) declarou, no Ato de Supremacia (1534), a igreja da Inglaterra independente do papa o que tornou o rei e seus

sucessores líderes únicos e supremos da igreja da Inglaterra. Confiscou as propriedades monásticas e deu ao povo as Escrituras em inglês comum (a Grande Bíblia). Durante o reinado de Eduardo vi (1547-53), a reforma eclesiástica iniciada por Henrique tornou-se essencialmente protestante. Thomas Cranmer rascunhou os Quarenta e dois artigos e o Livro de orações comuns. Maria Tudor ("Bloody Mary [Maria sanguinolenta]", 1553-58) tentou em vão restabelecer o catolicismo. Numerosos protestantes foram martirizados pela sua fé, entre eles Cranmer, Ridley e Latimer. O Acordo Elisabetano, no reinado de Elizabeth i (1558-1603), reinstituiu o protestantismo como anglicanismo, o "Caminho do Meio". O Livro de orações comuns foi revisado, assim como os

Quarenta e dois artigos, que, reduzidos, tornaram-se os Trinta e nove artigos, transformados no credo da igreja da Inglaterra pelo Parlamento em 1563. O papado retaliou, excomungando Elizabeth (1570), estabelecendo uma escola jesuíta em Douai, Flandres, para treinar missionários com o objetivo de reconquistar a Inglaterra, e recrutando o auxílio de Filipe da Espanha, que despachou a grande Armada espanhola contra a Inglaterra. A tentativa foi derrotada em 1588, reduzindo a ameaça do papado.

[ 734 ] Esboço da história da igreja Réplica do Mayflower, navio em que os primeiros puritanos ingleses chegaram à costa americana.

O movimento puritano. O puritanismo nasceu da insatisfação com o Acordo Elisabetano. Advogando um rompimento mais profundo com o catolicismo romano, alguns queriam purificar ainda mais a igreja estatal anglicana, mudar sua organização para o congregacionalismo ou o presbiterianismo, ou separar-se totalmente dela em busca de pureza doutrinária ou eclesiástica. Surgiram também vários grupos batistas, como os Batistas Gerais (afusionistas e arminianos) e os Batistas Particulares (imersionistas e calvinistas). Em 1604, Tiago i convocou a Conferência de Hampton Court para satisfazer as demandas puritanas de reformas mais profundas. O único resultado foi a autorização da tradução das

Escrituras, a celebrada Versão do Rei Tiago (1611). Muitos puritanos emigraram para os Estados Unidos entre 1629 e 1640. Outros se engajaram em guerras civis (1642-49) que deram prevalência aos puritanos. A Assembléia de Westminster se reuniu em 1643-53 e formulou a Confissão Calvinista de Westminster. Carlos i foi executado em 1649, e, depois do estabelecimento da Commonwealth (República da Inglaterra), Oliver Cromwell surgiu como lorde-protetor.

1546-1648 A contra-reforma católica Em menos de meio século, o movimento protestante fez um tremendo avanço na

Europa. A maior parte do continente, exceto a Itália e a Espanha, parecia perdida para o papado. A França estava ameaçada. Para compensar o avanço protestante, a Igreja Católica buscava reconquistar fiéis perdidos, evitar que outros desertassem do rebanho e reformar a igreja, eliminando assim algumas das causas da Reforma. Eis os fatores importantes do movimento: ( 1 ) O ímpeto dado ao movimento reformista pelo Oratório do Amor Divino. (2) A ordem jesuíta foi fundada pelo espanhol Inácio de Loyola (1491-1556) e sancionada pelo papa Paulo mem 1540. Exigia obediência absoluta e inquestionável ao papa, proporcionando assim à Igreja Católica Romana uma das suas armas mais

Esboço da história da igreja t 735 1 eficazes para interromper as defecções, recuperar os seguidores perdidos e lidar com a heresia. (3) O Concílio de Trento (154563), dominado pelos italianos, entre outras coisas, dogmatizou a teologia medieval dos escolásticos. Considerou a Vulgata Latina como a Bíblia autorizada, incluindo no at onze livros apócrifos, e declarou como autoridade última as Escrituras e a tradição. (4) A Inquisição, embora de origem anterior, foi usada, com o aval da bula papal de 1542, como meio de lidar com a heresia e os desertores. Táticas impiedosas eram empregadas para arrancar confissões e condenações dos acusados. (5) O índex, uma lista de livros que não deveriam ser lidos pelos fiéis, foi criado já em 1543. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Foi uma luta do protestantismo contra a intolerância católica no sacrossanto Império Romano. Na fase boémia e dinamarquesa (1618-29), houve vitória de Roma. A fase sueca (1630-34) salvou o protestantismo, quando o exército de Gustavo Adolfo da Suécia derrotou as forças católicas. A fase final (163548) foi uma luta da Casa de Habsburgo contra a França, na qual esta emergiu como o Estado mais forte da Europa. O Tratado de Vestefália (1648) deu status legal ao luteranismo e ao calvinismo, permitindo que terras que eram

protestantes antes de 1624 assim permanecessem legalmente.

1648-1789 Cristianismo colonial e reavivamento A colonização do hemisfério ocidental. A descoberta do Novo Mundo por Colombo (1492) tinha como uma das metas campos mais vastos para o estabelecimento da igreja. (2) Os exploradores ingleses tomaram posse do litoral do Atlântico. (3) Os peregrinos, em 1620, assentaram-se em Plymouth, (4) John Endicott e os puritanos se assentaram em Salém, Nova Inglaterra (1628). (5) Connecticut foi colonizado (1636-62). (6 ) Maryland foi fundada, em 1634, pelo católico Cecil Calvert. (7) Os quacres, liderados por William Penn, assentaramse na Pensílvânia, em 1681. (8 ) A Geórgia foi colonizada por James Oglethorpe. (9) O protestantismo destinava-se a predominar na América do Norte, e o catolicismo na América do Sul. Educação superior nas colónias. Fundaram-se várias faculdades, como Harvard (1636), William and Mary (1693), Yale (1701), Princeton (1746), Brown (1764), Rutgers (1766) e Haveford (1833). A maioria das primeiras escolas foi formada para o treinamento de ministros.

As missões católicas. Depois da conquista do México pelos espanhóis (1520), houve a "conversão" dos nativos às cerimónias católicas. Jesuítas franceses (Joliet, padre Marquette e La Salle) fundaram missões no vale do Mississippi, tomando posse do território em nome da França e batizando-o de Louisiana. O reavivamento religioso na América. O reavivamento surgiu entre os reformados holandeses de Nova Jersey, em 1726, sob a liderança de Theodore Frelinghuysen, e logo se disseminou entre os presbiterianos escoceses e irlandeses, liderados por Gilbert Tennent, espalhando-se depois às colónias centrais. George Whitefield fez progredir o reavivamento em 1739. Na Nova Inglaterra, Jonathan Edwards (1703-58) pregava com veemência. O reavivamento nas colónias sulistas foi predominantemente propagado pelos batistas e metodistas. Como consequência disso, nova vida se difundiu pelas igrejas e muitos foram os convertidos. Isso deu impulso às missões e à educação, criando cismas e demonstrando a possibilidade de cooperação intercolonial, favorecendo assim a Guerra da Independência que viria a seguir. Formas do reavivamento na Europa. O pietismo se desenvolveu como reação à

[ 736 1 Esboço da história da igreja

fria ortodoxia do luteranismo na Alemanha. Fundado por Philip Spener (1635-1705), a Universidade de Halle tornou-se o centro do movimento, preparando bom número de missionários. Além de infundir nova vida no luteranismo, contribuiu também para o despertar morávio sob a liderança do conde von Zinzendorf (1700-1760). O reavivamento espiritual na Inglaterra. O reavivamento wesleyano, liderado por John Wesley (1703-91) e seu irmão Charles (autor dos hinos), influenciou a Inglaterra após 1738. George Fox (1624-91) havia fundado o quacrerismo em 1648, e Robert Barclay, teólogo quacre, declarou que a iluminação interior proporcionava contínua orientação e inspiração. Racionalismo e deísmo. Descartes (1596-1650) fundou a filosofia moderna. Spinoza (163277) advogou o panteísmo. O deísmo ensinava um Deus transcendente e enfatizava a bondade e a perfectibilidade do homem. Isso tudo foi resultado do avanço da ciência e da filosofia racionalista de Locke, Leibnitz, Kant, Voltaire, Rousseau e Lessing. O deísmo se desenvolveu na Inglaterra e depois se disseminou pela França e Alemanha. O deísmo e o

unitarismo se propagaram pelos Estados Unidos.

1789-1914 Protestantismo e catolicismo romano O cristianismo americano na Era Nacional. A Guerra da Independência enfraqueceu as igrejas. O deísmo e a incredulidade grassavam (1775-1800). A Idade da razão (1794), de Thomas Paine, e os aspectos anti-religiosos da Revolução Francesa exerceram sua influência negativa. A expansão da fronteira teve uma grande influência corruptora na moralidade, criando assim uma imensa carência espiritual. O segundo Grande Despertar. Começou nas várias faculdades do leste após 1786, espalhando-se pelo litoral, ao norte e ao sul. Disseminou-se pela fronteira oeste, começando em Logan Country, Kentucky, por volta de 1800. Os resultados eram vistos nos novos crentes e nas igrejas, nos cismas e nas novas denominações, em um novo senso de liberdade da igreja, na reforma moral, nos encontros em acampamentos fronteiriços, nas novas faculdades, nos novos seminários como Princeton e Andover, na propagação de obras missionárias nacionais e internacionais (Adoniram Judson e outros) e na formação de numerosas sociedades bíblicas e de propaganda religiosa.

Preocupações com a reforma social. Como consequência do despertar espiritual e da crescente preocupação com as condições de vida, a igreja passou a se envolver mais ativamente nas atividades sociais. (1) As igrejas patrocinavam campanhas de tolerância e antiescravagistas (a questão escravagista dividiu metodistas, presbiterianos e batistas). (2) Ganhou destaque o trabalho missionário das Associações Cristãs de Moços (ACMs) e dos evangélicos. (3) Favoreceuse o crescimento das escolas dominicais. Isso resultou em um grande desenvolvimento do cristianismo americano. (4) Entraram em cena o mormonismo, os adventistas do sétimo dia, a Ciência Cristã e o espiritualismo, todos tirando vantagem dos problemas humanos e sociais. (5) O "evangelho social" de Walter Rauschenbusch (18611918) defendeu a educação e a legislação, em vez da evangelização, como meio de avanço espiritual. O papado e a Revolução Francesa. Rousseau, Montesquieu e Voltaire atacaram a igreja católica na França. As terras da igreja foram declaradas propriedade pública no país (1789). A igreja foi ignominiosamente humilhada durante a Revolução.

Esboço da história da igreja I 737 1 O papado e Napoleão. A Concordata de 1801 reconheceu a religião católica como religião da maioria, mas não como fé oficial e, tampouco, devolveu as terras da igreja tomadas em 1790. O cristianismo britânico. Tornou-se a principal vertente no século xix. (1) O trabalho missionário foi levado a muitas terras, começando na India, com William Carey (1793), e na África, com David Livingstone (1813-73). (2) Charles Haddon Spurgeon (1834-92) e outros pregavam a multidões na Inglaterra. (3) Surgiram o Exército da Salvação, de Booth (1865), e os Irmãos de Plymouth, de John Darby (1800-1882), entre outros grupos não conformistas. (4) A igreja da Inglaterra gerou um segmento influente, representado por William Wilberforce (17591833) e John Newton (1725-1807), o qual se preocupava com a evangelização e a reforma social, especialmente a abolição do tráfico de escravos (1807) e a própria escravidão (1833), bem como com reformas sociais e económicas para os trabalhadores. Os inimigos do cristianismo. (1) Desenvolveu-se a critica bíblica racionalista, baseada na filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), Georg Hegel (1770-1831) e Albrecht Ritschl (1822-89). A negação da autoridade

mosaica e da autenticidade do Pentateuco foi aprofundada por Johann Eichhorn (1752-1827), Hermann Hupfeld, Karl Graf e Julius Wellhausen. A teoria de Wellhausen apresenta o Pentateuco como uma compilação de documentos tardios pouco confiáveis, datados de 800 a 500 a.C. Atacou-se a unidade de Isaías, bem como a historicidade de Daniel. (2) A Origem das espécies (1859) e A Origem do homem (1871), de Darwin, promoveram a evolução. (3) O comunismo fundou-se na filosofia materialista de Karl Marx (1818-83) e de Friedrich Engels no Manifesto comunista (1848). Os sucessos do papado (1815-70). (1) Os jesuítas (dissolvidos por decreto papal em 1773) foram restaurados por Pio vn (1814). (2) O período romântico favoreceu o colorido ritualismo da Igreja Católica. (3) Metternich, o poderoso chanceler austríaco, favoreceu Roma, e o Congresso de Viena, que ele presidia, devolveu os estados papais ao pontífice. (4) O Movimento de Oxford da Igreja Anglicana viu mais de seicentos anglicanos importantes e duzentos e cinquenta clérigos anglicanos voltarem para a fé católica entre 1845 e 1862. (5) O pontificado de Pio ix (1846-78) resultou em duas declarações de destaque: a doutrina da

imaculada conceição de Maria (1854); e o decreto da infalibilidade papal (1870) pelo Concílio Vaticano i. Essa doutrina afirma que o papa é infalível em questões de fé e moral sempre que fala ex cathedra (i.e., como líder da igreja na terra). Os reveses do papa (18701914). (1) Quase imediatamente após a declaração da infalibilidade papal, desenvolveu-se a hostilidade anticlerical. (2) Quando a Itália se unificou, o papa perdeu seu poder temporal, retendo somente as propriedades do Vaticano. (3) Para erguer uma forte Alemanha unificada, o chanceler Bismarck retirou da igreja, em 1871, boa parte de seu poder. (4) Na França, veio um severo golpe com a Lei da Separação de 1905, que separava a igreja do Estado. Até os bens da igreja foram confiscados pelo Estado. A Igreja Católica Romana até hoje não conseguiu reconquistar efetivamente a França para o papado, embora sua população seja nominalmente católica.

1914 até o presente Protestantismo e catolicismo A controvérsia liberalfundamentalista (192034). O liberalismo enfrentou a oposição do conservadorismo na teologia. A evolução foi atacada (julgamento de

[ 73B 1 Esboço da história da igreja Scopes, em 1925). J. Gresham Machen, em 1929, retirou-se do seminário de Princeton para promover a ortodoxia. Inauguraram-se a conferência bíblica e o instituto bíblico: Faculdade Missionária de Nyack (1882) e Instituto Bíblico Moody de Chicago (1886). Aproximadamente quarenta institutos bíblicos foram fundados entre 1930 e 1940. As faculdades cristãs ganharam destaque (Wheaton, Calvin, etc.). A neo-ortodoxia. Karl Barth e Emil Brunner adotaram a crítica bíblica liberal, rejeitando a infalibilidade bíblica e a plena autoridade das Escrituras. O movimento, embora pouco saudável, não gerou a esterilidade teológica do antigo liberalismo. A igreja Católica acomodou o liberalismo com uma tentativa de adaptar a teologia de Aquino à moderna era científica (neotomismo). O avanço das seitas. A Ciência Cristã, o mormonismo e as Testemunhas de Jeová crescem velozmente em todo o mundo, complicando ainda mais o complexo cenário religioso do século xx. Os papas atuais. O papa Leão xiii (1878-1903) foi um ardente defensor da infalibilidade papal. Denunciou os protestantes

como "inimigos do nome cristão". A Leão xm sucederam Piox (19031914), Benedito xv (1914— 1922) e Pio xi (1922-1939). Durante o pontificado de Pio x ii (1939-1958), promulgou-se o dogma da assunção corpórea de Maria (1950). Ele e seu sucessor imediato careciam da ênfase ecuménica exibida por João x x iii (1958-1963) e por seu sucessor Paulo vi (1963-1978), este mais conservador. João Paulo ii (1978-2005) deu sequência a essa tendência conservadora, confirmando a linha dura nas questões do controle da natalidade, e aconselhando veementemente o dero latino-americano a não se envolver em política. Foi sucedido por Bento XVI, atual pontífice. O Vaticano n. Concílio ecuménico realizado entre 1962 e 1965, o Vaticano ii recebeu os não católicos como "irmãos separados" e pregou a renovação da Igreja Católica. Os papas João xxm e Paulo vi lideraram a modernização que tentava fazer com que a igreja servisse melhor ao mundo. Alguns resultados: os ofícios passaram a usar a língua do povo; atribuiu-se maior autoridade à Bíblia, ampliando-se seu uso no^ cultos; os católicos passaram a assumir um papel mais ativo nas questões sociais. A Teologia da Libertação. Esse movimento, nascido ao

í> ALASKA

1900

CANADÁ

1768

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PANAMÁ

A Diaspora Judaica (do equador. século VI a.C. ao século XX) 1898 Data do primeiro assentamento permanente conheddo Períodos de assentamento: Exílio 500 d.C. 500-1000 1000-1500 1500-1900 Após 1900

final do Vaticano ii , abarca católicos e protestantes de pontos de vista amplamente variados. Há a tendência de tratar da reforma da sociedade — na direção do socialismo — para a salvação do homem. A eliminação da pobreza material tem precedência sobre a satisfação das necessidades espirituais. Ecumenismo. É um movimento que propõe a unidade cristã. Dentro do catolicismo, busca atrair os "cristãos não-católicos" de volta ao rebanho. Entre os protestantes, o ecumenismo é, em larga medida.

Esboço da história da igreja [ 739 ]

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^UB^1906

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1. 2 3. 4 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17 18 19. 20.

inspirado e liderado por americanos. Diversos grupos se engajaram em uniões ou confederações orgânicas na busca da unidade cristã. Em alguns casos, elementos da mesma denominação se uniram para formar um só grupo (a Igreja Presbiteriana Unida nos eua , etc.). Outros grupos cruzaram barreiras denominacionais para criar uma denominação inteiramente nova (a Igreja Unida do Canadá). Líderes liberais e neo-ortodoxos argumentam que todos os membros da igreja são crentes, e que, portanto, todos os membros da igreja

BÉLG IC A H OLAND A A L EM A N H A POLÓNIA TCH ECO -ESLOVÁ QUIA SU lÇ A AÚ STR IA ;i H U N G R IA r ITÁLIA ESLO V ÊNIA CRO Á C IA B Ó SN IA lU G U S L Á v iA R O M ÉN IA B U LG Á R IA M A C E D Ô N IA G R É C IA G EÔ R G IA A ZER BAÚÂG A R M ÉN IA

300 d.C. 1200 d.C 600 d.C. 800 d.C 900 d.C. 800 d C. 900 d.C lOOOd.C 150 d.C. 1000 d.C. 1000 d.C 1000 d.C. 1000 d.C. 1650 d.C. 100 d C 100 d.C. 100 d C. . c l d.C. c. 1 d .C c. 1 d.C.

são um só em Cristo. Estes sustentam o Concílio Nacional de Igrejas de Cristo dos Estados Unidos e o Concílio Mundial de Igrejas. Os conservadores, percebendo que a verdadeira unidade cristã não depende de unidade orgânica, relatividade e uniformidade doutrinária, patrocinam organizações como a Associação Nacional de Evangélicos (1950) e seu par internacional, a Fraternidade Evangélica Mundial (1951), ou o Concílio Americano de Igrejas (1941) e o Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (1948).

y-' NOVA vzeiAndia 1840

O movimento carismático. Um dos mais importantes desenvolvimentos da história recente da igreja é o crescimento fenomenal do movimento carismático, especialmente entre as denominações principais, protestantes e católicas. A ascensão do comunismo. Inexistente antes do início do século xx, esse sistema ateu controlou cerca de um bilhão e seiscentas mil pessoas e ameaçou muitos países em todo o mundo. Os governos comunistas, geralmente, tentavam destruir o

[ 740 1 Esboço da história da igreja cristianismo, e a perseguição nesses países era severa, embora, inevitavelmente, sobrevivessem pequenos bolsões de fé. Avanço e declínio nos números mundiais. No início do século xx, trechos da Bíblia já haviam sido traduzidos em sessenta e sete idiomas. Em 1983, esse número subira para mil setecentos e sessenta e três, alcançando potencialmente

97% da população mundial. O uso da mídia pelos cristãos colocou o evangelho ao alcance de milhões e milhões de pessoas, mudando a natureza tanto do trabalho missionário quanto da vida da igreja. Em 1980, perto de mil e quinhentas estações de rádio e de tv tinham orientação cristã em todo o mundo. Na África, na América Latina e no Extremo Oriente, registra-se um tremendo

crescimento do cristianismo evangéiico. No antigo mundo comunista — e especialmente na Europa Oriental — toma corpo um movimento evangélico claramente sólido, embora difícil de mensurar. Nos Estados Unidos, tem-se registrado um crescimento da igreja, mas não o bastante para acompanhar o aumento da população. A Europa Ocidental tem experimentado um forte declínio da fé cristã.

As principais religiões do mundo O judaísmo é composto pelas doutrinas e os ritos dos descendentes de Jacó, segundo as prescrições das leis de Moisés. O islamismo (cujos seguidores são os muçulmanos) é a religião rigidamente monoteísta fundada por Maomé (morto em 632). Suas escrituras são o Alcorão. O hinduísmo, a religião da índia, é uma constelação de crenças e divindades extremamente diversas, com uma tendência geral ao monismo. O budismo vê o mundo como ilusório e pleno de sofrimento; assim apresenta um sistema de abnegação ascética para abandonar o plano material. Em algumas vertentes adora-se Buda (século VI a.C:).

A religião tradicional chinesa é uma combinação de budismo, taofsmo (filosofia mística que ensina a conformidade à natureza), magia e animismo (a crença de que os objetos materiais são habitados por espíritos). A religião tribal é geralmente animista e adora divindades específicas de determinado -local e de determinado grupo. Osiquismoéuma combinação de elementos hinduístas e islâmicos. Fundado por volta de 1500 d.C,, é monoteísta. Oconfucionismoéo sistema ético, político e filosófico que envolve rígida veneração dos ancestrais — vivos e mortos — , ensinado pelo chinês Confúcio (551-478 a.C.).

O bahaísmo é uma variante do Islã do século xix. que prega a unidade espiritual da humanidade e a verdade de todas as crenças religiosas. O jainismo é talvez a mais antiga religião organizada, e restringe-se à índia. Ensina a libertação da alma por meio de práticas ascéticas. O xintoísmo, religião japonesa, é uma mistura de adoração da natureza, especialmente do sol, com o culto aos ancestrais.

[ 742 1 As principais religiões do mundo

AMÉRICA DO Ni

Filiações Religiosas Predominantes da População Mundial M aio ria d a p o p u la çã o:

Muçulmana Budista

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L

4000 km 2000 Budista, confucionista e taolsta __ Budista e xintolsta

Animista

1

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As principais religiões do mundo [ 743 ]

O retrato moderno da distribuição mundial das religiões ainda reflete muito do modelo tradicional: islamismo no Oriente Médio, no norte da África e, em ritmo acelerado, na Indonésia; hinduísmo na India; budismo no leste asiático. Na China, o budismo convive com o confucionismo e o taoísmo e, no Japão, com o xintoísmo. O animismo (crença de

í

que todas as formas identificáveis da natureza possuem poder espiritual) ainda é forte em algumas sociedade primitivas. Somente na África o quadro mudou radicalmente no século XIX. A religião predominante no mapa é o cristianismo. Entretanto, na maioria das sociedades ocidentais, o secularismo tem substituído o cristianismo, cuja

filiação é apenas nominal. O mapa, que mostra o crescimento e o declínio relativos na filiação, dá uma impressão mais realista da situação do cristianismo no mundo.

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